José Brites-Neto
CABELOS PRATEADOS Madrugada de expectativas, No silêncio de uma recepção, Pai e Avô esperam pela parida, De sua própria ressurreição. Logo segue um menino na vida, Sentindo a poeira sortida na estrada, Vai buscar com seu próprio tino, O destino de uma árdua jornada. Precisa morrer pela pátria, sem nenhuma razão? Não, logo me diz uma avoengueira compreensão, Basta viver nesta lida, com um bom coração, Assim meu avô ensinou, minha primeira lição. Com um olhar de laboriosa atenção, Sinto a força de meu pai, na palma de minha mão, Sei que fiz coisa errada, porque reclamar então? Com uma ditosa maestria, logo me conduz à razão. Pressinto minha hora de partir, mas como dizer então? As lágrimas de minha mãe são contidas pela precisão. Rumo como um nômade de esperanças, Tendo em minha aljava, uma triste solidão. 62