Narrativas míticas 5º ano B 2014

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Colégio Rainha da Paz

Narrativas Míticas Baseado nas obras lidas pelos alunos do 5º ano B

São Paulo 2014



“A

leitura é, provavelmente, uma outra

maneira de estar em um lugar” José Saramago



ÍNDICE

Apresentação..........................................................................................................

1. A batalha no submundo ........................................................................................... ENZO LUNA ALBINO e GABRIELA GIARDINO BERTI FABRI

2. O fim de Poseidon ................................................................................................... LETÍCIA VALSECCHI GERALDINI e VÍTOR DE SOUZA CORDEIRO GUIMARÃES MARTINS

3. A vingança do Minotauro ......................................................................................... LEONARDO MIRONIUC FERNANDES e LUCA CONESTABILE URAS

4. A vingança de Odisseu ............................................................................................ ISABELLA ROMANO GREGORACI e SARAH ROMEU MARQUES

5. Hércules luta por Perséfone ..................................................................................... FELIPE FLORES DE FREITAS e IAGO KIKUCHI

6. A paixão de Medusa ................................................................................................ LIA CIVOLANI GIRALDO e OLÍVIA CATTANI KUROSAKI

7. Confronto no templo ................................................................................................ PEDRO GRECO PINHEIRO e RAFAEL BARBOSA PASQUINI

8. O “roubo” do Olimpo ................................................................................................ GABRIELA BELLINI TRANJAN e GIOVANNA MENDES DE ASSIS

9. Travessuras dos deuses .......................................................................................... CLARA PARENTE CASTELLO e FERNANDA FERNANDES TOSCANI

10. O chamado de Atena ............................................................................................... LUIZ FELIPE SOUZA ANCHIETA e NICHOLAS BELLINGHAUSEN MAIA


11. O que ninguém sabia... ............................................................................................ DÉBORA BITTENCOURT ZUM WINKEL e GABRIELA DUARTE DE BARROS

12. A vingança de Hades ............................................................................................... GABRIEL BRAGANÇA AUGUSTO e PEDRO SADAO TSUJI

13.Medusotauro ............................................................................................................. LUCIANO DE OLIVEIRA RODRIGUES e PEDRO HENRIQUE SAGGESE SILVA


APRESENTAÇÃO As narrativas aqui apresentadas foram cuidadosamente criadas, escritas e corrigidas pelos alunos do 5º ano B no decorrer do segundo trimestre. A ideia do livro nasceu a partir do trabalho pautado na leitura e interpretação de algumas obras da Mitologia Grega, tais como Ilíada, de Homero, A Odisseia, recontada por Silvana Salerno, Divinas aventuras, de Heloísa Prieto, entre outras. O grupo partiu de um roteiro onde deveria criar uma nova aventura para as personagens já conhecidas, não deixando de lado suas principais características. Foi um trabalho árduo, mas que valeu cada minuto! A cada semana, na sala de aula, os grupos dividiam suas escritas para que os demais pudessem ler e fazer críticas que contribuíssem com o trabalho. Depois das narrativas digitadas, mais uma vez foram relidas pelo grupo a fim de “ajeitar” os últimos detalhes. É para todas as pessoas que, como nós, apreciam uma boa obra, que escrevemos as narrativas.


A vinganรงa de Odisseu, por Sarah e Isabella


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A batalha no submundo Em um dia qualquer em Esparta, durante a primavera, Peleu estava caminhando em seu cavalo quando se deparou com uma linda mulher. Lembrou-se de que, nessa época do ano, Perséfone voltava do Tártaro para ficar com sua mãe. Ele a reconheceu e rapidamente convidou-a para um banquete. A esposa de Hades, sabendo que Peleu era rei de Ftia, começou a pensar: “Eu estou precisando de algumas joias... Sendo rei, ele me dará muitos presentes... Quanto a Hades, o que pode me oferecer, é uma pilha de ossos! Cansei daquele lugar escuro e sombrio!” E ela aceitou o convite de imediato. Alguns dias depois, Peleu e Perséfone estavam casados. O rei estava ansioso para contar a novidade ao seu filho, Aquiles, que achou estranho o fato da traição de seu pai com sua mãe Tétis. Mas decidiu não fazer perguntas para não incomodar seu pai. Quando passou a primavera, Hades achou estranho o fato de Perséfone não voltar e foi investigar. Ele subiu para a superfície, disfarçado de cobra. Chegando lá, procurou em toda Grécia e não a encontrou. Decidiu mudar de rumo... Quando chegou a Esparta, sentiu o cheiro de Perséfone, que conhecia muito bem, e seguiu para um campo onde viu Peleu e sua amada colhendo flores. Hades rastejou até Peleu e o picou. O rei ficou quieto, pois não vendo a serpente, pensou que um espinho o havia machucado e voltou a sua cabana sentindo-se mal. Enquanto Perséfone preparava uma sopa, começou a ficar tonto e correu para o quarto. − Peleu, a sopa está pronta! − gritou Perséfone Ninguém respondeu. A bela moça, preocupada, foi até sua cama, mas era tarde demais: Peleu estava morto. A mulher ficou desesperada e chamou por Aquiles. Quando chegou, Perséfone mostrou o pai morto e o herói ficou sem palavras.


No dia do funeral, o filho colocou duas moedas em seus olhos e queimou seu corpo na pira. Perséfone ficou chorando sozinha na cabana, pois não podia ser reconhecida. Porém não foi nada bom ela ter ficado... Hades surgiu, a puxou até o submundo e forçou-a a ter um filho. Quando o filho do rei dos mortos nasceu, ele cresceu rapidamente. Perséfone ficou um pouco assustada, porque nunca iria nascer um filho bonito com um deus que cuida dos mortos. Por isso, ela não se aproximou. — Você vai se chamar Pérsio e derrotará aquele que mais tem sede de vingança, Aquiles, o maior guerreiro de todos os tempos. —disse Hades. Pérsio ouviu o recado e respondeu: — Eu vou ganhar! Você verá pai e ficará orgulhoso! Alguns dias se passaram e Aquiles, mais raivoso por causa da morte de seu pai, decidiu ir ao submundo para vingar-se. Quando chegou na caverna, andou um pouco até chegar ao rio Estige e lá esperou o barqueiro. E claro, não podia esquecer-se das duas moedas de ouro que usaria como pagamento, uma na ida e outra na volta. Depois de muita espera, chegou o barqueiro e Aquiles entregou uma moeda a Caronte, o homem, que o levou até a outra margem do rio. O guerreiro andou até o fim de um grande corredor e deu de cara com Cérbero, o cão de três cabeças. Ele tomou um susto, mas lembrou-se de que era a fera que protegia aquela dimensão. Aquiles pensou em voltar para sua casa, mas ele queria muito vingar seu pai. Virou-se e jogou uma lança que cravou na testa de uma das cabeças do monstro. O bicho continuou a batalhar como se não tivesse acontecido nada. A briga durou muito tempo até que Cérbero ficou cansado. Aquiles aproveitou e pulou na fera cortando suas três cabeças. O herói suspirou e disse: — Fácil! Aquiles estava muito cansado! Andou durante muito tempo naquele mundo estranho até que encontrou um templo gigante. Como era muito corajoso, decidiu entrar. Lá, viu uma passagem, mas ao lado havia um homem com um capuz. Aquiles perguntou:


— Quem é você? Como não obteve resposta, ele perguntou novamente: — Quem é você? Num piscar de olhos, o homem misterioso virou-se e jogou uma lança no guerreiro, que com sua agilidade defendeu-se colocando o escudo que ganhou de Hefesto em sua frente. Depois disso, a criatura falou: — Eu sou Pérsio, filho de Hades! — Preciso falar com seu pai! – exclamou Aquiles — Não antes de passar por mim! Treinei e esperei muito por esse dia! A batalha sangrenta começou e durou mais de dois dias, até que Aquiles acertou um golpe em cheio na cabeça de Pérsio, arrancando-a. Aquiles andou por mais um tempo até que deu de cara com o grande palácio de Hades. O herói demorou uma hora para subir a longa escada, acompanhado de sua lança e seu escudo. Quando estava prestes a abrir os portões do palácio, escutou uma voz: — Aquiles, saia daí! É muito perigoso! Aquiles reconheceu a voz de sua mãe, Tétis, e disse: — Mãe?? — Sim, filho! Sou eu. E preste atenção! Eu já perdi seu pai e não quero te perder! — exclamou Tétis — Não, mãe! Ele matou meu pai! Quero vingança! — Não entre, por favor! Aquiles, o nobre herói, pensou nas palavras de sua mãe e decidiu voltar para sua casa. Porém, em algum momento de sua vida, ele ainda teria que enfrentar a fúria de Hades, pois um dia saberia que o inimigo grego havia matado seu filho. E foi assim que, para os gregos antigos, começou a existir a VINGANÇA.


O chamado de Atena, por Luiz Felipe e Nicholas


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O fim de Poseidon Como vocês já devem saber, Hades se apaixonou por Perséfone, raptou-a e levou-a para o seu reino. Hermes teve que convencê-lo a deixar que ela ficasse nove meses com a mãe. É aí que a nossa história começa... Em um belo outono, Perséfone estava andando pela praia de Acrópole. Quando Poseidon a viu, ficou apaixonado e mandou uma onda enorme para levá-la até o seu reino. Chegando lá, a bela moça ficou confusa, não sabendo o que estava acontecendo, mas quando o deus do mar entrou, descobriu tudo: — Já sou casada, Poseidon! — disse Perséfone — Hades vai descobrir, ele acabará com você! — Não fale assim! Eu sou mais poderoso que Zeus e Hades juntos!! E além disso, Hades nem é um deus. — disse Poseidon tentando menosprezá-lo, para convencer Perséfone a ficar com ele. — E não fale mais nada sobre esse assunto! Isso tudo ocorreu nos meses em que Perséfone ficava com Deméter, sua mãe. No final desse período, Hades ficou esperandoa voltar para o mundo subterrâneo, mas ela não voltou. Ele, desconfiado de que algum de seus irmãos a tivesse raptado, foi falar com Zeus, seu principal suspeito. Quando chegou lá, o deus dos deuses disse que tinha sido seu irmão Poseidon. Ao ouvir isso o deus dos mortos berrou enfurecido: — Todos me desprezam! Você me deixou com o mundo inferior! Poseidon sempre me insulta dizendo que não sou um deus e agora rouba minha esposa? Ele vai pagar pelo que fez! Zeus tentou conter a ira de Hades, mas isso não foi possível... Ele foi tirar satisfações com seu irmão, mas o deus do mar estava determinado a ficar com a bela moça: — Poseidon, devolva a minha esposa!!! — gritou Hades enfurecido.


— Por que eu tenho que devolvê-la? Eu já a peguei! Eu devolvo se eu quiser! — disse o rei dos mares. — Você vai se arrepender do que fez... Mas pode ficar com ela! — ameaçou o marido de Perséfone. Poseidon achou estranha a atitude do irmão, mas queria ficar com sua amada... Nessa noite, Hades ficou pensando em como derrotar seu irmão, até que teve uma ideia e a colocaria em prática logo que amanhecesse. No dia seguinte foi falar com Leto e com Sono. Pediu então para que a deusa da noite fizesse escurecer antes da hora certa e que Sono adormecesse Poseidon. Também pediu a Atena que assumisse a forma de Perséfone, ficasse no reino de Poseidon e passasse a curta e falsa noite lá, para que o deus não estranhasse. No momento em que despertasse, veria Atena disfarçada de Perséfone e não desconfiaria de nada. Depois de um tempo ela se mostraria e diria que a esposa de Hades havia voltado ao mundo inferior, mas ela estaria mentindo... Isso porque, enquanto Poseidon dormisse, Deméter, com a ajuda dos deuses, buscaria Perséfone, sua filha, e a esconderia na segurança de seu lar. Atena gostou da ideia, pois sempre quis derrotar seu tio Poseidon. E ajudou a colocar o plano em ação. Quando soube que Perséfone estava de volta ao mundo dos mortos, Poseidon enlouqueceu e correu para a fenda por onde Orfeu desceu ao Tártaro, no passado, para buscar Eurídice da morte. Ao chegar lá, encontrou Hades que foi logo dizendo: — Perséfone está lá embaixo, olhe! Poseidon acreditou nele, olhou e não viu nada. Na mesma hora, Hades o empurrou, o aprisionou no Tártaro e o destinou a ser torturado eternamente por Cérbero, o cão de três cabeças. Como era imortal sofria o castigo sem morrer. Sempre que ficava irritado com o que Atena fazia com suas cidades e por não poder disputar mais nada com ela, de onde estava, continuava com o poder de controlar o mar e fazia grandes


ondas que devastavam Acr贸pole, a costa de Atenas. E assim surgiram os tsunamis que existem at茅 hoje...


Travessuras dos deuses, por Fernanda e Clara


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A vingança do Minotauro Como a maioria de vocês devem saber, Teseu foi o único que conseguiu matar o terrível monstro, Minotauro, filho de um touro de Poseidon e a esposa de Minos, Pasífae. Depois disso, voltou para sua casa, em Atenas, esquecendo-se de um combinado que havia feito com o Rei Egeu, seu pai. Por conta disso, o rei suicidou-se e Teseu acabou assumindo o trono. Na verdade, as histórias dizem que o moço não era filho do Rei Egeu e sim de Poseidon... Em um dia frio de inverno, Teseu estava sentado em seu trono, em Atenas. Hermes entrou no salão trazendo uma carta mandada por Minos, o governante de Creta, que dizia: “Teseu, Creta está em perigo. Por favor, venha o mais rápido possível. Peço que esqueça nossos conflitos e ajude-nos”. Teseu ficou preocupado. Mandou chamar seus melhores soldados para que preparassem um barco e pudessem partir. Obedeceram imediatamente a ordem e em cerca de algumas horas eles já estavam no mar. A viagem foi longa e dura, pois enfrentaram alguns monstros como serpentes marinhas. No meio da luta, a serpente matou dois de seus soldados. Além disso, também tiveram que passar no meio do mar de Caribdes, onde mais cinco soldados foram perdidos e metade do navio foi destruído. Então tiveram que parar em Ítaca para pedir um barco a Odisseu, que aceitou emprestá-lo. Depois disso, a viagem seguiu tranquila e em dois dias eles já estavam em Creta. Chegando lá, procurou sozinho o rei da ilha. Logo que o achou, perguntou-lhe: ─ Nobre rei Minos, o que assombra Creta? ─ No la-labirinto... ─ gaguejou o rei Minos. ─ O que há no labirinto? ─ Um monstro terrível! Eu não tenho certeza, mas acho que vi o Minotauro, porém dez vezes mais forte! E na mesma hora pensei em você, pois é o único que pode matá-lo! ─ Minos sabia que


Teseu com certeza entraria no labirinto, por isso nem tentou enganá-lo. Teseu relutou, mas estava tão confiante, que foi até a embarcação e chamou seus soldados. Logo entrou com seus homens no labirinto para caçar a fera. Como ele já havia entrado lá antes, lembrava-se de alguns caminhos e rapidamente já estavam no meio. Para agilizar o processo de caça ao monstro, Teseu e seus soldados se separaram em duplas, e cada um foi para um lado. Uma das duplas logo gritou por socorro, mas estavam tão longe que Teseu só ouviu um ruído. Outra dupla nem teve tempo de gritar porque logo caiu em um buraco cheio de espinhos. Teseu caminhou por horas e quando estava quase caindo em uma armadilha ouviu um grito. Um guarda tinha sido pego pela criatura. O rei de Atenas foi desesperado ao encontro de seu homem ferido, mas na verdade o que ele encontrou foi uma pilha de ossos e seu pior inimigo: o Minotauro (Ele era um homem com cabeça de touro e comia carne humana). Foi uma briga longa e sangrenta. O rei de Atenas quase perdeu um braço para as garras da fera, e, outra vez, quase morreu com um soco do monstro, mas quando Teseu já estava perdendo as forças, conseguiu dar um golpe certeiro e decapitar o homemtouro. O filho de Poseidon levou o corpo do Minotauro até o rei Minos e disse: ─ Nobre rei de Creta, matei o terrível monstro do labirinto. ─ Impossível! Quando Hermes enganou Hades para trazê-lo de volta do mundo dos mortos, ele me garantiu que o monstro lhe mataria para eu tomar o poder de Atenas! Logo que ouviu isso, Teseu acertou, com suas flechas, alguns soldados do rei de Creta que estavam distraídos. Seus guardas imobilizaram e mataram os outros soldados cretenses que estavam surpresos. Depois, simplesmente prendeu Minos e pediu que seu pai, Poseidon, falasse com Hades para aprisionar o rei de Creta, no Tártaro, eternamente. Pediu também que dessem ambrósia, a comida dos deuses, para deixá-lo imortal com o objetivo de fazê-lo


sofrer todos os dias, sem morrer, pois para Teseu, a morte era pouco para que Minos pagasse por seus crimes.


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A vingança de Odisseu Em uma bela noite de lua cheia, enquanto Penélope dormia, Odisseu resolveu ir ao templo de Atena, que ele mesmo construiu em Ítaca, pois queria conversar com sua amada deusa. Penélope acordou e notou que seu marido não estava ao seu lado. Saiu do quarto, procurou-o pela casa e não o encontrou. A mulher ficou muito brava, pois ele havia saído sem avisá-la. Então resolveu se vestir para ir atrás dele e fazer-lhe uma surpresa, pois já suspeitava que poderia estar no templo de Atena. — Odisseu! — Penélope o chama e lhe dá um beijo. Atena ficou muito brava ao ver a cena e foi falar com seu pai, Zeus, que recomendou a não falar e nem fazer nada, pois a deusa era protetora de Odisseu. Zeus foi falar com sua mãe, Reia: — Mãe, você não sabe o que aconteceu! — O que foi, filho? — Penélope beijou Odisseu no templo que ele construiu para Atena. Lá é um local sagrado. Ele não poderia ter feito isso! — Nossa! Atena deve ter ficado furiosa! O que ela fará com os dois? — Eu recomendei que não fizesse e nem falasse nada... Não sei se conseguirá conter sua raiva. Atena, sem ouvir os conselhos de seu pai, foi tirar satisfações com Odisseu, muito brava. Como sabia que a fraqueza dele era sua mulher, decidiu não mais conversar e optou por separar os dois usando um sábio plano... Enquanto os dois dormiam, a deusa pegou a mulher do guerreiro. Ele quase acordou, mas ela, com sua esperteza, pediu ajuda para Sono, que fez o mortal dormir. Penélope foi entregue para o Tártaro e Odisseu ficou em Ítaca sem saber do paradeiro de sua amada.


Quando acordou, Hermes estava parado em seu quarto e foi logo contando o que havia acontecido enquanto ele dormia. Odisseu ficou furioso e pensou em um jeito de acabar com Atena, enquanto Penélope continuava no mundo dos mortos. O guerreiro decidiu mandar uma carta para Hades pedindo ajuda. Na carta, ele ofereceu sua alma em troca da vida de sua amada Penélope. Além disso, ele ajudaria o rei dos mortos a derrotar Atena. Hades, quando recebeu a proposta, aceitou de imediato. Sempre quis a alma do guerreiro para sua coleção. No dia seguinte, o céu estava nublado na hora do confronto em que Odisseu e Hades lutariam contra Atena. O deus dos mortos levou algumas almas, Tífon e Penélope, já que havia combinado a troca com Odisseu. Também o capacete que o deixava invisível. Atena e Zeus levaram todos os deuses, menos Poseidon que ficou assistindo de longe a guerra. A deusa levou seu escudo com a cabeça de Medusa. A guerra durou três anos! No fim, Odisseu morreu... Antes de morrer, suas últimas palavras foram: — Hades, obrigado por libertar minha esposa. Agora minha alma é sua! E quanto a você, Atena, não é mais minha protetora... Desculpe leitor! Esqueci-me de falar como Odisseu morreu... Foi quando Atena mirou seu escudo, mas ficou com pena e o desviou de Odisseu. Porém, Zeus, com muita raiva, pegou a faca e enfiou-a no coração do herói. Depois que a guerra acabou, Atena resolveu construir um templo para Odisseu, onde seus amigos velaram o seu corpo. Penélope ficou horrorizada com a morte de seu marido e entrou em depressão. Telêmaco, seu filho, tentou ajudar, mas isso não foi possível... Então ele resolveu ser um guerreiro, pois não tinha conseguido enquanto seu pai estava vivo.


O “roubo” do Olimpo, por Giovanna e Gabriela Bellini


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Hércules luta por Perséfone Certo dia, na primavera, Hércules estava andando perto da casa de Perséfone e de sua mãe. Depois de um tempo olhando para a bela moça, apaixonou-se e foi conversar com mãe e filha: — Olá, tudo bem? Eu sou Hércules. — Sou Deméter, essa é minha filha Perséfone. — Vocês já devem me conhecer, sou o homem mais forte da Grécia. — Por que você não vem tomar um café em minha casa? Podemos nos conhecer melhor... — convidou Perséfone, pensando em que ele poderia ser útil, afinal ela não queria voltar para o Tártaro e nem ficar com Hades. — Está bem, eu aceito! Mas terei que ser breve, tenho muito o que fazer... — fingiu Hércules. No dia seguinte, o moço foi até a casa de Perséfone. Quando chegou, ela pediu para que entrasse. — Entre, Hércules — disse Perséfone — Vamos tomar o nosso café... Então, ela começou a contar que era a prisioneira do rei dos mortos. — Eu fico com Hades quase o ano inteiro. Na primavera, posso ficar com minha mãe. Estou cansada dessa vida! Queria encontrar alguém que me salvasse... Hércules pediu licença para se retirar. Pegou Pegasus emprestado de Perseu e foi até a morada de Aquiles pedir alguns suprimentos e armas. Na morada de Aquiles... — Aquiles! — disse Hércules — Empresta-me algumas armas pois quero tirar Perséfone das mãos de Hades. — Não empresto, mas vendo! Me dê mil moedas de ouro.


— Tá bom, vou até minha casa e já volto. Hércules foi até sua casa e buscou a fortuna. De volta à casa de Aquiles, foi pegar suas armas e dar−lhe as moedas de ouro como o combinado. — Toma seu dinheiro, agora dê minhas armas! Hércules voltou para sua casa e se preparou para lutar contra Hades e salvar a linda Perséfone por quem estava apaixonado. Depois de algumas semanas... No verão Hércules estava tenso com a guerra que teria de enfrentar pela frente. Ele sabia que Hades era muito poderoso e imortal. Chegou a hora do combate! Pegou duas moedas de ouro das muitas que tinha, respirou fundo e foi até Pegasus. — Ei, amigão! Me leve até o Tártaro. Hércules foi voando, montado em Pegasus. Depois de algumas horas, quando já estava perto do reino dos mortos, aterrissou e se despediu do cavalo alado. — Adeus! — disse Hércules. Ao entrar, avistou o barqueiro, pegou uma moeda de ouro e deu a Caronte. Enquanto atravessa o rio Estige, Hércules ficou observando como era horrível o lugar onde as almas das pessoas mortas viviam. Hércules, horrorizado apenas com o início de sua jornada, sentiu medo e pensou em voltar atrás. Mas, lembrando-se de sua amada, resolveu continuar. — Pode sair! — disse o barqueiro — Espero que tenha outra moeda para a volta... Isto é, se voltar vivo! Hércules se retirou do barco e seguiu em frente. A guerra estava prestes a começar. Já avistava Cérbero, o enorme cão de três cabeças.


Pegou sua espada e lutou com Cérbero. Seu adversário começou atacando. Hércules reagiu dando um golpe em sua pata. Primeiramente o cão não sentiu nada, mas depois de alguns golpes começou a sentir muita dor. O guerreiro subiu na perna do demônio fazendo cortes durante o caminho. Quando chegou na cabeça, enfiou a espada em cada um dos pescoços do monstro e Cérbero caiu morto. O próximo desafio, antes de achar Perséfone, seria enfrentar Cronos, o deus do tempo, porque estava no meio do caminho impedindo sua passagem. — Cronos, meu avô! Deus do tempo, deixe-me passar! — Não, primeiro você terá que passar por mim!!! Essa é a única chance de vingar-me de meus filhos. Hércules bravamente pegou sua espada e foi para cima de Cronos, pulou e enfiou sua lâmina várias vezes na barriga do deus. Mas o senhor do tempo não desistiu e começou a bater em Hércules. Machucado, o herói afastou-se e atirou uma flecha em sua cabeça, e deixando-o desacordado. Hércules foi na direção de Hades. Lá, o semideus começou atacando o deus dos mortos que se desviou de alguns golpes. Depois, atirou flechas de fogo em Hércules, mas ele continuava em pé. Hades não desistiu e atirou mais flechas. Uma acertou o joelho do inimigo. Hércules, fingindo que estava machucado, pegou sua espada e golpeou Hades, mas o deus dos mortos deu um soco no guerreiro e ele caiu. Mesmo machucado, lançou sua espada na cabeça de Hades e o deus caiu inconsciente. Hércules correu para o Caronte, entregou a moeda e voltou apressadamente para a casa de Deméter. Chegando lá, disse: — Perséfone, não é necessário voltar para o reino de Hades, por enquanto... Ele acordará a qualquer momento, mas eu estarei pronto...


A vinganรงa do Minotauro, por Luca e Leonardo


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A paixão de Medusa Como vocês já devem saber, houve uma história de amor entre Medusa e Poseidon. Quando a deusa Atena viu sua sacerdotisa beijando seu rival no templo que a pertencia, ficou furiosa e transformou a bela mulher que Medusa era em uma tremenda monstra, que foi presa em uma ilha. Bom, agora que você já conhece uma parte dessa antiga história, podemos começar a nossa. Há milhares e milhares de anos atrás, Medusa, cansada de ficar sozinha em sua caverna, depois da maldição de Atena, decidiu transformar-se em uma bela mulher para seduzir Zeus. Vendo aquela bela mulher, o deus dos deuses apaixonou-se e acabou tendo um filho com ela chamado Píriton. Era um monstro horrível, porém ingênuo. Nunca havia feito mal a alguém. Tinha olhos irregulares, era alto, gordo, tinha dez braços, cinco de cada lado e, em cada um, dois dedos. Tinha também três pernas e um cinturão de cobra. Atena, que já esperava por uma vingança do rei dos mares, convocou Ulisses para vigiar o monstro, pois não queria que seu pai, Zeus, perdesse um de seus filhos. Poseidon, que ainda era apaixonado por Medusa, ficou enciumado quando soube do acontecimento e lançou uma maldição para que, quando seu sobrinho fizesse 14 anos, entrasse na água do mar. Assim, o deus teria a chance de matá-lo. Hera, do Monte Olimpo, vendo aquele monstro, perguntou a Zeus: — Meu querido marido, quem é aquele monstro? Posso saber se ele é mais um de seus filhos? Zeus, já sabendo que sua mulher era ciumenta e vingativa, tomou cuidado ao responder: — Não, Hera! Nem o conheço!


Mesmo assim, a deusa do casamento, desconfiada da traição de Zeus, pediu para que Atena vigiasse Píriton: — Atena, vigie aquele monstro. Suspeito que Zeus esteja me escondendo alguma coisa... — Quem? Píriton? Não acha que ele seja filho de Zeus, né? — respondeu ironicamente tentando defender seu pai. — Claro que desconfio! Você conhece o seu pai! — Ah, tenha a santa paciência! — Pallas Atenas respondeu e depois saiu bufando do lugar onde estava, deixando Hera sozinha. Enquanto Zeus passeava pela ilha, procurando sua amada, viu uma caverna e resolveu investigar. Chegou lá bem na hora da transformação da monstra em uma bela mulher. Ele viu tudo! Saiu de lá rápido, achando que era ilusão. Desconfiado, voltou para conferir e constatou que a bela mulher por quem havia se apaixonado era Medusa. Zeus ficou furioso e começou a lançar raios. Medusa, percebendo-os, viu que seu namorado, agora seu ex-namorado, havia descoberto quem ela era realmente e se pôs a chorar. Não queria ficar sozinha e nem com o deus dos mares. Finalmente chegou o dia 31 de outubro, aniversário de Píriton, uma data muito especial para o monstro e também para Poseidon, pois o menino faria catorze anos. Ulisses, que o vigiava, percebeu que o monstro estava se aproximando da água, então o seguiu. Enquanto isso, no mar, Poseidon estava muito ansioso, porém não fazia ideia de que um herói estava vigiando sua vítima. Píriton estava prestes a entrar na água e Atena, rápida como o vento, avisou Ulisses: — Ulisses, ouça atentamente meus comandos: irei lhe dar uma nuvem que protege apenas uma pessoa. Entre nela e tire Píriton da água. O guerreiro ouviu sua protetora e quando Píriton entrou na água, o rei de Ítaca o seguiu.


Poseidon atacou. Na hora do sufoco, Ulisses, já dentro da nuvem, foi até Píriton, tentou levantá-lo, mas não conseguiu. A vítima do deus dos mares era muito pesada e como o herói não tinha mais tempo, resolveu sair da nuvem e empurrar o filho de Zeus para dentro, assim sacrificando-se. Atena e Zeus ficaram muito tristes com a morte de Ulisses, porém, gratos por sua coragem e lealdade. Zeus, que ainda estava com raiva de Medusa, convocou Perseu para matá-la... Mas essa já é outra história, leitor! Como Poseidon ficou enfurecido por não ter matado seu sobrinho, fez com que a maré subisse, com esperança de inundar a ilha de Medusa e vingar-se, mesmo amando-a. E é por isso que até hoje a maré sobe...


O que ninguĂŠm sabia, por DĂŠbora e Gabriela Duarte


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Confronto no templo Alguns de vocês já conhecem o mito de Píton, um dragão que foi derrotado por Apolo, deus da luz e da música, e por sua irmã Ártemis, a deusa da caça. É aí que nossa história começa... Em um dia, no reino dos mortos, Hades, o imperador, decidiu que daria uma nova chance ao dragão Píton, que morava com ele desde o dia em que perdeu a grande batalha. Seu objetivo não era agradar o monstro, e sim vingar-se de Apolo e de sua família. Gaia, a deusa que previa o futuro, viu no oráculo que Píton estaria de volta, em breve, e foi logo avisando seu neto, Zeus. O deus supremo ficou preocupado com a possibilidade de Apolo não conseguir derrotá-lo, pois muito tempo havia passado e o deus da música já não era mais o mesmo. Resolveu procurá-lo para contar sobre as visões de sua avó e percebeu que o herói já estava muito velho para a batalha. Com certeza, não conseguiria derrotar o dragão com a mesma facilidade do passado. Durante a conversa, Apolo teve uma ideia: — Pai, fale com Hermes! Tente convencê-lo a derrotar o dragão. Ele ainda é moço... Suas chances são grandes! — Vou tentar, mas não garanto nada. — falou o deus supremo — Seu irmão gosta mesmo é de voar por aí! Zeus, em seguida, foi até Hermes e pediu: — Hermes, querido filho, mate o dragão Píton! Seu irmão Apolo está muito velho para isso. Você é a nossa única chance. — Mas, pai! Não fui eu quem derrotou o dragão Piton no passado. — disse Hermes. — Eu sei filho. — murmurou baixinho Zeus — Seu irmão, quando lutou com Píton, era jovem e capaz de vencê-lo. Agora, se eu o mandar para essa batalha, ele acabará morto. E a ideia de mandar você, foi dele!


— Tá bom, pai... Se for assim, posso tentar. — falou Hermes mostrando coragem. Hades, que escutou toda a conversa, correu para avisar Píton que Hermes lutaria no lugar de Apolo. Encontrou o dragão preparando-se para a batalha. O deus mensageiro, logo após a conversa com o pai, correu ao quarto de seu irmão Apolo. Quando chegou, pediu: — Meu querido irmão, posso pegar seu arco e flecha? Eu aceitei lutar com Píton em seu lugar. Não quero decepcioná-lo! — Sim, posso emprestar. perguntou Apolo.

Mas sabe como usá-los? —

— Não... — respondeu Hermes chateado — Eu nunca quis aprender a mexer com armas. — Então vai aprender comigo! — respondeu Apolo animado. Os irmãos passaram por um longo tempo de treinamento envolvendo mira, força e velocidade. Agora o mensageiro dos ventos estava pronto para a grande luta. No dia seguinte, Hermes se armou e foi ao templo em que Apolo derrotou o monstro no passado. Mas o dragão estava mais forte do que nunca! Píton chegou primeiro no templo. Logo depois chegou Hermes, que ficou escondido do lado de fora. Discretamente, o moço atirou uma flecha que acertou no tornozelo de Píton... Então ele descobriu que Hermes já estava em seu território. O dragão foi para a entrada do templo. Hermes começou a voar por cima do monstro, sempre com uma flecha apontada para a fera. Atirou pela segunda vez, mas não acertou. Píton voou na direção do deus mensageiro e tentou atingi-lo com sua cauda, porém foi pego de surpresa com uma flecha certeira em sua asa fazendo-o cair. O mensageiro aproximou-se do dragão, mas este conseguiu acertá-lo, usando sua pata, lançando-o ao chão. Píton estava com muita dor no tornozelo e na asa atingida. Hermes aproveitou o momento de fraqueza do dragão e aproximou-


se lançando uma flecha em sua cabeça que definitivamente mandou-o para o submundo. O herói comemorou a vitória com seu pai e seu irmão. Foi uma grande festa. Todos os deuses compareceram. O Monstro voltou ao reino dos mortos e está lá até hoje...


A paixão de Medusa, por Olívia e Lia


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O “roubo” do Olimpo Em um dia ensolarado, estavam Zeus e Hera vendo o que seus humanos faziam. Todos estavam felizes, era primavera, e tudo estava produzindo, pois Deméter estava com sua filha Perséfone. Mas esta alegria estava prestes a mudar, e é aí que nossa história começa... Hades, deus dos mortos, e Poseidon, deus dos mares, não haviam ficado nada felizes com a divisão do universo. Poseidon queria o mundo dos mortos e Hades o céu. Mas, como Zeus era o todo poderoso, não podiam lhe contrariar. Por conta disso, Hades ficou planejando sua vingança enquanto sua amada estava fora. Claro que não queria prejudicá-la, mas sua cólera era maior que tudo e seria capaz de muita coisa para vingar-se. Seu plano era perigoso! Vou lhes contar: ele queria chamar seu irmão, rei dos mares, para executar seu objetivo, que era roubar o Olimpo de Zeus e Hera. Eu, narrador, não gostei do plano, achei muito mal pensado. Por que Hades achou que conseguiria pegar o Olimpo dos deuses?! Há! Há! Há! Não me faça rir! O deus dos mortos foi ao encontro de seu irmão e lhe falou: — Poseidon, tive uma grande ideia! — Qual? — Vamos executar aquele plano que já tinha lhe falado há dois meses? — Aquele de pegar o Olimpo de Zeus e Hera? — Este mesmo! — Não tenho certeza! — respondeu Poseidon — Você se lembra que Zeus derrotou nosso pai, o titã Cronos?!


— Sim, mas sem a nossa ajuda ele não conseguiria nada, concorda? — Concordo! — disse ele — Não gostei da divisão do universo feita por Zeus! Aliás, vou chamar também minha amada Medusa e suas irmãs para nos ajudarem! — Ótimo! — Então está combinado! Até amanhã! Ele foi, então, falar com Medusa. Chegando lá, lhe disse: — Meu amor, você e suas irmãs me ajudam? — Para quê? — Para roubar o Monte Olimpo do deus dos trovões e de sua esposa. Você será minha linda rainha e juntos destruiremos Atena. — Ahhh, com certeza eu aceito. Destruir Atena é meu maior desejo... Adorei!!! — Hades também está nesse plano. Obrigado, querida. Amanhã cedo vá ao mundo dos mortos. Eu estarei lá. No dia seguinte, os dois foram ao mundo subterrâneo. Lá, combinaram que falariam tranquilamente com o poderoso do Olimpo. Zeus estava bravo com eles, pois já haviam tentado uma vingança que não tinha dado certo. Certamente seria grosseiro e isso seria um bom motivo para começarem a batalha. Chegando ao Olimpo, Hades falou a Zeus e Hera: — Eu e Poseidon não gostamos da divisão do universo, Zeus! — E o que eu tenho a ver com isso?! — respondeu o soberano muito bravo — Eu venci nosso pai! Eu sou o deus supremo! — Mas sem a nossa ajuda você não conseguiria nada... — disse Poseidon tranquilamente. — Não quero nem saber! Eu consegui, então eu sou o deus do universo! Agora vão embora! Tenho muita coisa para fazer! — Muito bem! Vamos embora. — disse Hades virando-se para Medusa e Poseidon com um sorriso malicioso — Zeus não nos quer aqui.


Eles ficaram felizes com a atitude grosseira de seu irmão, porque assim poderiam começar a batalha. Pediram a Hefesto escudos, lanças, elmos e espadas para o combate. Medusa, Esteno e Euríale agora estavam imortais, pois havia comido ambrosia dos deuses, uma comida que fazia com que as pessoas ficassem imortais e que Poseidon trouxera do Olimpo. Eles pegaram os deuses desprevenidos e começaram a guerra: — Se vocês não nos derem o Olimpo, nós os mataremos! — gritou o deus dos mortos — Só porque você venceu nosso pai, não quer dizer que você é melhor que nós. — Vocês não são nada sem os deuses do Olimpo! — respondeu Zeus — Atena já estava desconfiada de vocês e eu falei que ela não tinha com o que se preocupar. Vocês são muito perversos! — Atena?! Ela não passa de uma megera!! — falou Medusa, muito brava. — Megera é você! — disse Zeus defendendo sua filha amada. — Alguém falou meu nome? — perguntou a filha do supremo. — Depois eu te falo, nós temos que ser rápidos! — sussurrou o deus dos deuses a sua filha— Os cinco querem roubar o nosso Olimpo! Peça a Hera que avise os deuses e busque nossos instrumentos de batalha! — Eles não conseguirão, mas farei o que você me pediu! — respondeu a deusa da sabedoria. Já com tudo pronto, Atena disse: — Vocês querem guerra? Então guerra é o que vocês terão! A batalha iniciou com Apolo atirando uma flecha em Esteno, que urrou de dor. Continuou com Zeus tentando acabar com Hades, enquanto Hera lutava com Poseidon e Atena com Medusa. As outras duas górgonas, com medo, fugiram.


No sétimo dia, os vilões estavam muito machucados, quase morrendo. Discórdia chegou e falou: — Chega! Só eu começo as brigas! — Discórdia, pare com isso! Nós vamos continuar! — disse Hades. — Tudo bem, Discórdia. Não quero acabar com meus irmãos porque não tenho como cuidar de tudo sozinho. — respondeu Zeus — E, Hades, não vou matá-lo, mas você receberá um duro castigo! — Obrigado! — retrucou Hades ironicamente. — Poseidon e Medusa, sei que foram subornados, mas do mesmo jeito receberão um castigo. Hades ficará preso a uma pedra onde cairão raios todos os dias. Como é imortal, não morrerá, mas sofrerá muito. Quanto a vocês dois, terão que cuidar do Tártaro enquanto meu irmão cumpre seu castigo! — Não Zeus, isso não! — disse o medroso Poseidon — Tenho muito medo que Atena tome conta de uma das minhas cidades sem que eu saiba! — Assunto encerrado! Ninguém mandou vocês fazerem isso! — Você me paga, Zeus!!! — ameaçou Hades. E, durante seu castigo, quando ficava bravo, Hades fazia o chão tremer, e é por isso que hoje existem os terremotos. O deus dos mortos planejava sua nova vingança, mas essa já é outra história...


Medusotauro, por Luciano e Pedro Saggese


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Travessuras dos deuses Quando Medusa morreu, os deuses de nossa narrativa mítica brigaram por muitos motivos. Mas o principal deles, foi por conta do sumiço do escudo de Atena... Depois da morte da mais horripilante monstra da Grécia antiga, uma mulher com cabelos de cobras chamada Medusa, Atena e Poseidon brigaram por uma eternidade. Isso porque, no passado, o deus dos mares seduziu Medusa no templo da deusa de olhos de coruja e ela nunca o perdoou. Sendo assim, ajudou Perseu a matar a monstra o que provocou a fúria do deus dos mares. Agora sim começa a nossa história. Como vocês devem saber, Atena morava no Monte Olimpo. Poseidon o inundou porque estava com raiva devido a transformação e morte de sua amada. Sua cólera era tanta, que ele não pensou nas consequências. Com o local inundado, a deusa saiu voando do monte, com a ajuda de Hermes que também estava lá. Na correria, esqueceu seu importante escudo no qual estava gravado a imagem da cabeça de Medusa. Aproveitando-se do momento, Poseidon pegou a arma e levou-a para o seu reino. Ele pretendia fazer uma troca com Hades, o escudo pela alma de Medusa. — Senhor do Olimpo! Esqueci o meu escudo em nossa morada! Vou tentar recuperá-lo. — disse a deusa diante de seu pai. Voltou ao Monte Olimpo e encontrou Tétis que olhava a destruição feita por Poseidon. A ninfa ofereceu-se para ajudá-la na busca do escudo. Nadou durante muito tempo e nada encontrou. Atena logo desconfiou que Poseidon havia pegado seu precioso instrumento. Ela ficou muito brava e disse: — Vou procurar por Poseidon até encontrá-lo! Ele pagará por tudo o que fez.


Quando Atena chegou no reino de Poseidon, perguntou a si mesma: “Como ficarei respirando debaixo da água?” Hermes, curioso, perguntou a Atena porque estava tão pensativa. E ela respondeu: — Não sei respirar debaixo das águas. Preciso encontrar Poseidon para conversarmos, mas nem pergunte o porquê! Hermes, com suas sandálias magníficas, buscou uma alga mágica e falou: — Coma isso Atena, mas lhe digo que essas algas são temporárias! Você tem que dar pequenas mordidas, porque cada uma dura apenas duas horas mortais. Atena agradeceu a Hermes e entrou no reino de Poseidon, mas ele não estava. Procurou-o em todo o reino. Enquanto procurava, apareceu um dos vários guardas do rei dos mares e falou a Atena: — Quem é você? O que está fazendo aqui? Está procurando Poseidon? — Estou sim! — disse a deusa — Sou Atena, filha de Zeus. Sabe onde posso encontrá-lo? Se você me ajudar, posso recompensá-lo... — De que forma pode me recompensar? — Ouro! Muito ouro... O seu peso em ouro! — No reino de Hades, minha deusa. — respondeu sem pensar duas vezes — Eu ouvi quando disse que ia até o reino dos mortos. A deusa de olhos de coruja agradeceu e nadou o mais rápido que pode. Quando chegou no Tártaro, Poseidon estava com o espírito de Medusa. Já havia feito a troca com Hades. A deusa ficou com muita raiva pelo fato do deus dos mortos ter aceitado a proposta. No momento em que o deus dos mares tentou sair do Tártaro, Atena interferiu e disse: — O que está fazendo com esse espírito?!


Poseidon saiu correndo e, para sua tristeza, sua amada não conseguiu escapar de Atena. — Esqueci meu amor nas garras de Pallas Atenas! O deus dos oceanos correu novamente para o mundo dos mortos, mas quando chegou, nada de Medusa. Hermes apareceu com uma mensagem da filha de Zeus para o deus dos mares. — Poseidon, se você não devolver o escudo, ela o matará. O deus ficou assustado, porém tinha um plano. Será que esse plano dará certo, leitor? Poseidon procurou Atena para devolver o seu escudo. Porém, antes, ele tirou a água que tinha colocado sobre o Monte Olimpo, onde começou nossa história. Enquanto o deus dos mares estava distraído tirando a água, Atena surgiu com uma espada que Hermes lhe deu e o matou, antes que ele pudesse colocar seu plano em ação. Depois, foi até o submundo e desfez a troca, pegando seu escudo. Zeus, viu tudo isso e deu um castigo a Atena. Ela ficou muito brava porque sua punição era eterna como a de Prometeu. Ficaria presa em uma rocha para que a cada dia uma águia comesse um pedaço de seu fígado. Furiosa, ela exclamou: — Poseidon foi quem começou com tudo isso, pai! — Ele morreu, esqueceu? Só me resta dar a você um belo castigo por ter matado meu irmão! — retrucou Zeus — Mas...-— disse Atena — Mas... — Você disse “mas”? — gritou Zeus — Vá para as rochas. Vou pedir a Hermes que te amarre! Hermes não desobedeceu a ordem de seu supremo, caso contrário, seria castigado da mesma maneira. Zeus, ainda furioso com Atena, fez com que as nuvens acima da cidade protegida por sua filha fossem para bem longe, deixando o local deserto para sempre.


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O chamado de Atena Nós já sabemos que Odisseu era o protegido de Atena e também rei de Ítaca. E acabara de voltar da Guerra de Troia. Um dia o herói estava treinando seus soldados, quando reencontrou Atena: ─ Odisseu, está ocorrendo uma guerra em Creta, e é preciso que você ajude os atenienses que estão correndo perigo. ─ Não! Não vou deixar meu filho e minha esposa novamente. ─ Mas os atenienses vão morrer!!! ─ Está bem, prometo pensar no assunto. Amanhã darei minha resposta. ─ Pense logo! Se fizer o que estou pedindo, prometo cuidar da sua família. No dia seguinte, Odisseu procura por Atena, em seu templo, para dizer que aceita sua proposta: ─ Mas terá que prometer que cuidará de minha família. ─ Eu já havia prometido. Enquanto você esteve em Tróia, eu cuidei deles o tempo todo! Agora sim nossa história começa! Odisseu, no porto, preparou seu melhor barco, com os melhores marinheiros e zarpou para Creta. Mas ele esqueceu das oferendas a Éolo, o deus dos ventos. Então, uma grande ventania os levou a Micenas, uma cidade perto de Ítaca. Em Micenas ocorreu um tsunami, agora por falta de oferenda a Poseidon, o rei dos mares, que ainda estava bravo por conta da última aventura do guerreiro. Sua onda destruiu o barco e os levou até a praia. Como Odisseu conhecia muito bem aquelas terras, foi até Argos, uma pequena cidade, para pedir algumas informações sobre a guerra.


─ Vossa Majestade, sabe alguma coisa a respeito da guerra em Creta? ─ Não, porque não estou participando. Estava viajando nesses últimos dias e não sei de nada, mas acho que o rei de Esparta deve saber. ─ Mas nós estamos cansados. Não conseguimos nem andar! ─ Então lhe darei cavalos, para você e seus soldados, já que também não gosto de Creta. Odisseu partiu a caminho de Esparta com os cavalos, mas no caminho, bandidos tentaram roubar seus animais. No entanto, ele não deixou e começou a lutar. O rei de Ítaca e seus companheiros, sacaram seus arcos e começaram uma grande briga. Um dos bandidos pegou uma espada e tentou matar Odisseu, mas o nosso herói atirou uma flecha que matou o bandido. Os outros viram a força bruta e a agilidade do guerreiro e saíram correndo de medo. Odisseu e seus homens seguiram viagem tranquilamente. Ao chegar em Esparta, depois de algumas horas, ele fala com o rei: ─ Menelau, você tem alguma informação da guerra em Creta? ─ Eu só sei que os atenienses estão perdendo e que os cretenses estão bem equipados. ─ Poseidon destruiu meu barco. Já que sabe sobre a guerra, preciso de sua ajuda para chegar até Creta e ajudar os guerreiros de Atenas. ─ Posso te dar um barco com tripulantes. Mas tenho uma condição... Fico com seus cavalos. ─ Está bem! Tudo por Atena! ─ e partiu com seus companheiros. Quando estava chegando na ilha, uma serpente marinha apareceu para matá-los. Odisseu pegou sua espada e tentou derrotá-la, mas o monstro destruiu o barco. O herói nadou até o monstro tentando decapitá-lo. Levou uma pancada e quase se afogou. A fera enrolou-se em seu corpo, mas, Odisseu, com sua esperteza, sacou sua espada e cortou a cabeça do bicho. Como o


barco estava destruído, ele e seus companheiros pegaram os destroços e construíram jangadas. Depois de dois dias, partiram novamente para Creta. Chegando em um acampamento, Odisseu perguntou a um guerreiro de Atenas: ─ Por que essa guerra começou? No passado vocês já perderam muitos soldados na batalha causada pela morte do filho do Rei Minos... ─ Sim, mas dessa vez estamos com razão. Os cretenses roubaram muitos de nossos tesouros! Quando Odisseu chegou no campo de batalha, viu que o rei de Esparta tinha razão, os atenienses estavam perdendo. Então, o rei de Ítaca e seus companheiros começaram a lutar. Os soldados cretenses partem para cima de Odisseu porque ele era uma grande ameaça. Mas o rei de Ítaca consegue matar a maior parte dos inimigos. Em um determinado momento, um homem ficou com uma faca no pescoço de Odisseu, fazendo-o de refém. No entanto um de seus companheiros deu uma flechada na cabeça do inimigo libertando o protegido de Atena. Depois que Odisseu foi libertado, ele, juntamente com seus soldados, fizeram uma oferenda para Zeus, pedindo ajuda para acabar com o exército cretense. O deus soberano ouviu sua prece e rapidamente atendeu. Mandou um raio em cima do campo de batalha que atingiu somente os soldados adversários. Sem esquecer das oferendas para Éolo e Poseidon, Odisseu consegue voltar para sua casa tranquilamente.


O fim de Poseidon, por VĂ­tor e LetĂ­cia


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O que ninguém sabia Antes da Guerra de Troia... Poseidon, muito entediado, resolveu causar uma pequena guerra, só para se divertir. Lá no mar não tinha muita coisa para se fazer! A causa dessa batalha seria um motivo muito bobo, a vaidade. O deus do mar havia pensado em pedir a Hermes que convencesse Discórdia a causar a confusão em que havia pensado, mas se ele não fosse fiel, daria tudo errado. Então, decidiu que ele mesmo falaria com a causadora de conflitos. Para convencê-la, o deus dos mares pensou em oferecer comida que havia trazido do reino dos mortos e muito ouro e prata. Então foi atrás dela. Quando a achou, disse: — Discórdia, melhor pregadora de peças e travessuras de toda a Grécia, vou lhe pedir um favor... — Que tipo de favor? E o que eu ganho em troca? — Bom, é só para pregar uma peça... E eu posso lhe oferecer em troca comida do Tártaro e muito ouro e prata, que tal? —sugeriu o deus do mar —Depende... Só se você derrotar o meu novo monstro, Lopes, filho de uma águia com o leão de Nemeia, o mesmo que foi derrotado por Hércules. — Um monstro não é páreo para o deus dos mares! Que ele venha! Ela o chamou com um assobio e ele veio voando. Sua cabeça era de leão e seu corpo de águia. Estava com a boca suja de sangue humano. Discórdia disse a ele que era para lutar com Poseidon. O monstro avançou no deus dos mares que pulou e mandou um tsunami para derrubá-lo. Porém, Lopes esquivou-se e sua


cabeça chegou perto do deus que, com seu tridente, o feriu no pescoço. Seu sangue era verde. Ele caiu no chão e morreu. Discórdia, espantada, disse: — Tudo bem, o que você quer que eu faça? — Cause uma pequena guerra, por vaidade, pois quero me divertir um pouquinho... — Bem, como vou fazer isso? —perguntou Discórdia. — Você decide, afinal é a rainha das travessuras... Poseidon entregou a comida dos mortos e as riquezas, depois foi embora. Discórdia preparou uma maçã de ouro para realizar o plano de Poseidon. Na fruta estava escrito “para a mais bela”. Quando estava tudo pronto, era hora de ir para o casamento de Tétis e Peleu. No casamento, Poseidon deu o sinal para Discórdia jogar a fruta perto de Hera, Atena e Afrodite, as mais belas do Olimpo. Mas, bem na hora, Zeus passou e a maçã foi parar no seu calcanhar. Ele disse: — Opa, de quem é esta maçã? — e leu a frase. Quando olhou para a direção de onde foi jogada a fruta, viu Discórdia e falou: — Você está querendo causar confusão, né?! — Na...na...nãooo! —gaguejou Discórdia. — Ah, vai ver só. Cem mil anos no Tártaro. — Não fui eu, foi seu irmão Poseidon que deu a ideia. — O que, meu irmão? Não é possível... Ele não faria isso. Além do que, sempre que você aparece é para causar algum tipo de intriga. Não tente colocar a culpa em outra pessoa! Agora, adeus! E Discórdia desapareceu, em uma nuvem de poeira, que foi direto para o Tártaro.


Zeus, distraído com o casamento, acabou esquecendo-se da maçã. Poseidon, depois de achar a fruta dourada na mesa ao seu lado, esquecida por seu irmão, jogou-a novamente perto das três deusas que brigaram para saber quem era a mais bela... Mas essa é outra história e terá que ser contada em outra ocasião... Quem sabe na Ilíada!


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A vingança de Hades Estava chegando o dia de Perséfone sair do mundo inferior para passar nove meses com sua mãe Deméter, graças a Hermes, o mensageiro dos deuses. Ele pediu para Hades deixar a bela moça ficar com sua mãe por esse período.

É agora que nossa história começa... Um dia a mãe de Perséfone encontrou Poseidon e pediu a ele que derrotasse Hades e libertasse a sua filha. O deus dos mares queria uma recompensa para aceitar a proposta. Deméter queria que Poseidon libertasse sua filha porque não aguentava mais ficar sozinha durante três meses, e por isso lhe ofereceu como recompensa a própria filha. Ele fingiu aceitar por conta da insistência, mas na verdade gostou da ideia. Poseidon resolveu que avisaria Hades sobre o resgate de Perséfone. Para isso, chamou o mensageiro dos deuses, Hermes, para levar a notícia. Hermes queria muito ajudar Poseidon, mas não podia porque estava muito ocupado com as mensagens que seu pai, Zeus, tinha lhe pedido para levar ao deus Éolo. Poseidon tinha que tomar uma decisão, teria de fazer algo para levar a mensagem até Hades. O deus do mar teve uma ideia para derrotá-lo: ele iria até o Tártaro e atacaria de surpresa seu inimigo. Então pensou: “Ainda bem que Hermes não avisou Hades... Assim posso surpreendê-lo!”


Hades estava com Perséfone quando o deus do mar chegou. Assim que viu o deus dos mortos o atacou rapidamente, como no plano. O deus dos mares derrubou Hades. Em seguida, entrou no Tártaro e, quando estava prestes a resgatar Perséfone, seu rival levantou-se. Atirou uma bola de fogo levando Poseidon para os ares. Do alto, o deus do mar mandou uma grande onda no seu oponente que caiu.

Poseidon estava quase na saída com Perséfone, mas Hades conseguiu dar um golpe em seu irmão. A bela moça, aproveitandose da situação, fugiu. Hades ficou com muita raiva porque seu irmão resgatou Perséfone e levou-a para a superfície. Mas não é assim que a história acaba... Hades saiu do mundo subterrâneo para vingar-se. Poseidon, sabendo que o deus dos mortos se vingaria, foi pedir ajuda a Zeus. O deus dos deuses sabia o que fazer, mas precisaria da ajuda de Atena. Os dois irmãos foram até a deusa da sabedoria: — Minha filha, poderia nos ajudar a derrotar Hades, seu tio? — Isso tudo é por Poseidon? — Mais ou menos. É porque eu queria ajudar Deméter resgatando Perséfone! — disse Poseidon entrando na conversa. — Receberei alguma recompensa? — Sim! Poderá ser mais do que imortal... Me ajudará a governar os deuses. Menos eu! Não quero ser controlado por uma mulher! — Está bem, aceito! Mas como faremos isso? — Como vamos fazer? Você se transformará em Perséfone e ficará no Tártaro no lugar da verdadeira moça. Será insuportável!


Mandará nele, modificará todo o reino e domesticará Cérbero, deixando-o manso como uma ovelha. Hades não suportará e você será expulsa. Assim tudo será resolvido. Enquanto isso, eu e Poseidon levaremos Perséfone até Deméter, entendeu? Faremos isso quando amanhecer. — explicou Zeus. — Entendi! — falou a deusa da sabedoria. No dia seguinte colocaram o plano em ação. Atena se fingiu de Perséfone, enquanto Zeus e Poseidon levaram Perséfone até Deméter, sem nenhum arranhão. A deusa da agricultura ficou feliz e agradeceu. Depois de um tempo com a suposta Perséfone, Hades não suportou a situação e a expulsou resolvendo ficar solteiro porque as mulheres dão muito trabalho.


HĂŠrcules luta por PersĂŠfone, por Iago e Felipe


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Medusotauro Poseidon, triste com a morte de Medusa, pediu para que Hermes fosse discretamente ao Tártaro e pegasse a alma de sua amada. Hermes, distraído, entendeu que além da alma da monstra, era também para trazer a do Minotauro. O mensageiro dos deuses tinha uma caixa, de ouro, que recuperava a alma dos mortos do mundo subterrâneo e, quando chegava à superfície, transformava-a em carne e osso novamente. Quando o deus mensageiro chegou com as duas almas, Poseidon ficou muito bravo e mandou que colocasse o homem touro no labirinto de Creta. Hermes, distraído como sempre, além do Minotauro, levou a alma de Medusa também para a ilha. No meio da noite, Minotauro, enfurecido, começou a quebrar os muros do labirinto. Ao sair, a fera correu para a caverna mais próxima, que era a de Medusa. Entrou na caverna e, no mesmo instante que viu a monstra, de costas, apaixonou-se. Eles combinaram que teriam um filho e que a Medusa usaria uma venda nos olhos para que Minotauro não virasse pedra. O filho de Medusa teve o nome de Medusotauro. Como seu pai, o novo monstro cresceu rápido e forte, e em pouco tempo já tinha a sua própria caverna. Medusotauro tinha corpo de homem, cabeça de cobra e a altura de três humanos. Odisseu, que acabara de chegar da guerra de Tróia, viajou com sua esposa para Creta para poder descansar. Chegando lá, foram para a beira da praia e avistaram uma caverna onde poderiam passar a noite. — Penélope, iremos passar a noite naquela caverna. Ali estaremos protegidos.


— Eu não entro lá nem morta! Morro de medo de lugar escuro... — Estamos muito cansados! Acabei de voltar de uma guerra e não tenho forças para andar a procura de outro local... Nem mesmo consigo construir um pequeno abrigo. — Está bem! Eu confio em você! Eles entraram na caverna. — Que cheiro de carne podre é esse? — perguntou Penélope. — Não sei... Deve ser algum animal morto. Melhor procurarmos outro local. Quando estava de saída, no coração da caverna, o casal começou a ouvir urros e gritos: — Estou cansado desses animais fugirem! E viram um bezerro que correu, todo ensanguentado. Odisseu mandou Penélope se esconder atrás de uma pedra. O herói sacou o seu arco e começou a procurar pelo causador daquela gritaria. Depois de um tempo Odisseu finalmente encontrou a fera: — Quem é você homenzinho? — perguntou o filho de Minotauro. — Sou Odisseu, o saqueador de cidades, aquele que foi torturado por Poseidon durante anos. Você não é nada para mim, pois já enfrentei Polifemo. — Belo discurso Odisseu, agora é minha vez. Eu sou Medusotauro, filho de Minotauro e de Medusa e agora tirarei sua vida. E sem mais nem menos, Medusotauro deu um soco em Odisseu que foi parar longe. O herói, gemendo de dor, pegou seu arco e acertou uma flecha bem na perna da criatura que deu um berro: ― Ai, minha perna! Você me pagará por isso! Agora conhecerá minha cólera!


Medusotauro pegou uma grande pedra e jogou em Odisseu. O rei de Ítaca, quase morto, deu outra flechada e dessa vez acertou bem na cabeça do monstro, que caiu no chão fazendo um barulho infernal. Penélope ouviu o barulho e correu para ver o que havia acontecido. Quando chegou ao local, viu seu marido todo machucado e perguntou assustada: ― O que aconteceu? Você está muito machucado... Quem fez isso? Eu bem que avisei que não era uma boa ideia entrarmos nessa caverna. ― Encontrei um monstro, filho de Medusa e Minotauro. Mas consegui derrotá-lo. Do sangue do poderoso Medusotauro, nasceu a primeira ninfa alada. Quando saíram da caverna, correram para o barco que, por grande sorte, ainda estava lá. Então zarparam para Ítaca. Chegando lá, todos ficaram assustados ao ver Odisseu sangrando: — O que aconteceu, pai? ― perguntou Telêmaco. ― É uma grande história... Poseidon, irritado com o acontecimento entre Minotauro e Medusa, lançou uma onda enorme que inundou e destruiu a caverna onde estavam os dois. Quando percebeu que sua amada também estava no local atingido, já era tarde demais...


Fim


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