Suspense e mistério 2016

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Colégio Rainha da Paz São Paulo, SP



Quando iniciamos o segundo trimestre, entramos em contato com vários livros e “causos” que contavam histórias do interior. Essas histórias nos envolveram por conta dos mistérios que tentávamos decifrar, mas nunca conseguíamos. Começamos

a

ler

“Minha

querida

assombração”,

de

Reginaldo Prandi, e ficamos entusiasmados com a esplêndida história. Outras narrativas foram apresentadas, sob a luz de velas, e eram de “arrepiar” os cabelos... Edgar Allan Poe, Marcos Rey, Stella Carr, João Carlos Marinho, Angela Lago, entre outros. À medida que ouvíamos, observávamos as características do gênero e construíamos um novo repertório. Durante as aulas de Língua Portuguesa, decidimos criar nossos próprios contos e reuni-los aqui para que outras pessoas possam lê-los e apreciá-los. Então, tome coragem, acenda a luz e, boa leitura!

Alunos do 5º ano D, 2016



A alma da morte – 08 MARIANA LIMA KOMATSU

A casa da frente – 11 MARINA RODRIGUES DUARTE

A cidade amaldiçoada – 15 CAIO NUNES PIMENTA

A cidade sombria – 18 PEDRO FERNANDES GEROLAMO

Lá vem o homem do saco – 20 ENZO CABRINI FREITAS

A construção abandonada – 21 GUILHERME LIEFF

A menina que vendia panos – 25 SOFIA RIBEIRO CARELLI

A noite infinita – 32 CAIO NUNES PECHER

A tragédia – 38 MATHEUS BUENO PIOVESAN


A volta de Charlie Charlie – 41 RYAN EUDES MACHADO SANTOS

As duas noites – 46 MARIANA SOARES SBRAGIA

Você tem Gomes em seu nome? Cuidado! – 50 THALES VIANNA ARTICO

Enterrado vivo – 53 MIGUEL RABELO NORMEY

O assalto – 56 SOFIA BRASIL BENASSI

O casaco – 58 JÚLIA ALVES REIS

O castigo – 63 JOÃO TOMÁS DE CAMARGO SILVA

O homem possuído pela roupa de palhaço – 68 GUILHERME OLIVEIRA SANTOS

O homem velho de Eisicsity – 72 MARIA CLARA FERREIRA LEITE

O lago do homem morto – 78 ANDRÉ DE GOUVEIA GOMES MORDINI


O mistério do assassinato – 83 MANUELLA RODRIGUES DINIZ

O sumiço – 86 NATÁLIA GOMES MACIEL

Pesadelos – 90 CLARICE BOHLAND FIGUEIREDO

Pizzaria macabra – 96 IAN BAZARIAN CONTRUCCI

Um sonho real e uma realidade nada boa – 100 ESTELLA HIROMI GUNJI

Uma longa jornada pela floresta – 108 BEATRIZ SOUZA MALACHIAS


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Em uma noite escura de sexta-feira treze, eu e minha família estávamos em uma estrada, bem longe da cidade, à procura de um local para passar a noite. Já era tarde e no lugar onde estávamos não tínhamos muitas chances de encontrar um hotel. De repente, um homem com uma cicatriz no rosto, com aparência de muito idoso, apareceu no meio da estrada com uma lamparina apontando para uma casa grande, muito antiga. Meu pai decidiu seguir na direção para onde o senhor estava apontando. Era meia noite. Outra pessoa apareceu, porém dessa vez era uma velha vestida de preto que estava na frente da casa. O local aparentava ser um hotel, mas era bem antigo e apavorante. Meus pais começaram a conversar com a idosa que, de repente, nos mandou entrar. Eu queria muito ter ouvido a conversa entre eles, mas falavam muito baixo, sem condições de escutar nenhuma palavra. O lugar era muito escuro, somente iluminado por pequenos castiçais. As madeiras do piso eram bem gastas e sujas. Havia uma lareira com duas poltronas também muito velhas e sombrias. Dava para perceber as teias de aranhas por todos os lados. Meus pais resolveram ficar nesse lugar, mesmo sendo estranho e apavorante demais. Eu estava com medo, mas eles falaram que se eu não dormisse lá, teria que dormir no meio da estrada, por isso concordei em ficar no hotel. Finalmente fomos até o quarto, que não mudava muito. Também era sombrio e as janelas não se abriam. Era bem grande e igualmente iluminado por velas. Todos estavam dormindo, somente eu estava acordada, até que ouvi um barulho através da porta e das vidraças. Levantei da cama e fui ver o que era através da janela. Avistei um vulto com aparência de um cadáver. Saí correndo para a cama, novamente, com muito medo, mas o barulho tinha mudado...

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Agora era um barulho de passos pesados, junto aos sons de correntes, que batiam no chão vindo à direção do nosso quarto.

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A porta se abriu bem devagar, como se quem estivesse abrindo-a não tivesse forças para empurrá-la. Fingi que estava dormindo. A imagem que estava na minha frente era a mesma que estava na janela, só que agora dava para ver os pequenos detalhes: era mesmo um cadáver, muito assustador. Não pude fazer nada contra aquilo, estava com muito medo! A assombração pegou uma das velas que estava no nosso quarto, que servia para iluminá-lo. Então, o cadáver veio em nossa direção e soltou o objeto aceso no velho tapete de pano que estava em frente à nossa cama. Eu gritava para todos escutarem, mas era tarde demais. A porta estava sendo fechada pela assombração, já não tinha como nenhum de nós escaparmos. O fogo já tinha devastado todo o lugar. Minha família toda já tinha morrido e eu fui a última a virar defunto. Daquele dia em diante, eu já não era mais uma sobrevivente. E, desde então, eu sou uma assombração e assusto a todos que leem ou ouvem essa minha história.

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Em uma noite escura, uma menina chamada Raquel que morava em um casarão na Rua Roberto Moraes, número 587, era muito judiada pelos seus pais. Sempre batiam nela, trancavam-na no escuro e puxavam seu cabelo quando a menina se recusava a fazer o que eles pediam. Seu irmão, já adulto, nem estava sabendo da situação da garota. Raquel estava se preparando para dormir, quando ouviu um grito vindo da casa da frente, um grito muito parecido com o seu e isso se repetiu por doze noites até que a garota não resistiu. Na décima terceira noite, quando seus pais já dormiam, saiu de casa. Quando estava na frente da casa dos gritos, percebeu que esta era idêntica a sua. Ficou muito assustada, pensou em voltar, mas seguiu em frente. Quando entrou, seguiu um corredor escuro até dar de frente com uma porta, entrou por ela e se deparou com uma sala com um lindo sofá florido, uma televisão bem grande e uma pequena mesa de vidro com três cadeiras, além de várias prateleiras, algumas com livros, outras com enfeites. Ficou aterrorizada, pois tudo aquilo era idêntico a sua moradia. Saiu correndo e atravessou um pequeno corredor até chegar a uma escadaria de madeira. Ouviu um ruído vindo lá de cima da casa, então gritou: - Tem alguém aqui? - ninguém respondeu e a menina andou pelos escuros corredores da casa até que encontrou uma porta e segurou na maçaneta. Quando a abriu, levou um grande susto! Era ela e seus pais. Eles estavam batendo nela, pois a menina não havia arrumado sua cama. Parecia que via em um teatro, eram pessoas de verdade, pelo menos pareciam. Raquel presenciou esta cena mas achou que estava em um sonho. Esfregou os olhos, mas nada. Era real!

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Raquel se assustou, voltou correndo para sua casa e foi direto para seu quarto. Tentou dormir, mas não conseguiu, pois só pensava no que havia acontecido. Depois de muito tempo, conseguiu pegar no sono. No dia seguinte, tudo que havia visto no casarão, no dia anterior, se repetiu em sua própria vida. E a garota, curiosa, resolveu ir até lá todas as noites, no mesmo horário. Foi por seis noites e, na sétima, aconteceu algo inesperado. A casa mostrou seus pais a matando por ter fugido de casa por uma semana. Raquel não pensou duas vezes. Morrendo de medo, saiu da casa e foi correndo para sua. Foi aí que cometeu um erro, resolveu fugir de verdade. Entrou sorrateiramente em sua casa, para não acordar seus pais, encheu uma mala com comidas e roupas, e partiu para as ruas. Uma semana se passou, Raquel estava acabada, não conseguia dormir com o barulho dos carros. Então, sem ter outra solução, resolveu voltar para casa. Chegando lá, não viu seus pais. Subiu uma escadaria de madeira que dava ao seu quarto e, quando entrou, lá estavam eles. Furiosos, começaram a gritar com a menina, bravos por ela ter fugido, foi quando seu pai tirou uma faca do bolso e a matou. Um grito ecoou pela casa. A mãe olhou para o corpo da menina e simplesmente deu uma risadinha como se quisesse dizer “ainda bem que me livrei de você”. Depois de matarem a filha, foram até o quintal e cremaram o corpo em uma fogueira. As cinzas da filha, jogaram no lixo. A mãe da menina, chamada Cristiana, começou a dormir no quarto da menina falecida, já que tinha maior espaço.

Nele havia uma janela bem

grande, que dava para ver a casa da frente. Quando foi dormir, ouviu um grito parecido com o seu... e isso se repetiu por treze noites. Na décima quarta noite resolveu ir até lá para ver o que estava acontecendo. Entrou na casa e gritou: - Tem alguém aqui? - ninguém respondeu. Então ela subiu uma escadaria de madeira, entrou por uma porta e levou um susto. Viu seu marido a matando, depois de voltar bêbado para casa.

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A mulher, achando que estavam brincando com ela, voltou brava para casa. Quando seu marido chegou, o que a casa havia mostrado se repetiu, novamente um grito ecoou pela casa. Depois de consciente, o marido percebeu o erro que havia cometido e começou a chorar. A vizinha, que havia presenciado a cena da janela de sua casa, ligou para polícia. Depois de um tempo, os homens armados chegaram, entraram na casa e o revistaram. Acharam uma faca ensanguentada em seu bolso e levaram-no para cadeia. Lá permaneceu até o resto de sua vida. A casa ficou trancada para sempre. Quando as pessoas passavam por lá, ouviam gritos aterrorizantes. E foi assim para sempre.

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Há um tempo, numa cidadezinha muito pequena e pouco conhecida, as pessoas desconfiavam umas das outras. Ninguém ajudava ninguém. Talvez o que houve lá, tenha sido questão de falta de sorte, ou, talvez, tenha sido amaldiçoada. As pessoas começaram a morrer... acidentes de carro, todas doenças possíveis, suicídios aqui e ali, não havia mais paz. Quem tentava fugir, morria. Um verdadeiro inferno. A história começou a se espalhar, já que muitos morriam ali. Um jornalista

bem

rico

pensou

em

fazer

uma

matéria

sobre

aqueles

acontecimentos, então ele pediu a um padre que investigasse o local por três dias. No primeiro dia, por onde o padre passava, ele sentia uma energia ruim, a desconfiança entre as pessoas e também o ódio. Quando o sol se foi e a lua brilhou, o padre foi dormir. Porém não teve uma boa noite de sossego. Enquanto dormia teve um horrível pesadelo. Nele escutava uma voz bem longínqua, mas cada vez mais perto, que dizia: - Vá embora e nunca mais volte!!! Vá embora e nunca mais volte!! Ou então morrerá. Quando o sol raiou novamente, infelizmente o padre não se lembrou do que havia sonhado e continuou por lá. Ele, para espantar os maus espíritos, decidiu fazer uma reza com todos da cidade, pelo menos com os que se cansaram de sua insistência. No terceiro dia ele percebeu uma melhora grande e, quando anoiteceu, foi embora. Chegando à sua cidade, contou tudo ao jornalista e foi embora. Porém foi a última vez que aquele padre foi visto. Dizem que ele mexeu com forças

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que estavam ‘’quietas’’, ou, como disse, pode ter sido uma grande coincidência, falta de sorte... Mesmo assim, essa lenda continua sendo um verdadeiro mistério, pois quem conta um conto, aumenta um ponto.

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Em um nebuloso dia, em que mal se conseguia enxergar uma mão a sua frente, um menino andava de bicicleta tranquilamente. Ele começou a ouvir ruídos e tentou se convencer que eram apenas as árvores, mas por via das dúvidas passou a pedalar mais rápido, com medo de algum animal. De repente, começou a chover. Ele viu dois vagalumes e freou bruscamente. Os insetos começaram a tomar forma de um vulto preto. Era o lendário monstro de Harrisson. O menino imediatamente lembrou-se da lenda do monstro demoníaco, que era mais ou menos assim: “Em um dia chuvoso, um engenheiro elétrico estava trabalhando quando fez algo de errado e toda a energia da cidade acabou. Mas esta escuridão não era negra, e sim roxa, nebulosa e soltava raios. Uma nuvem de raios começou a ir em direção à cidade Harrisson. Assim que a neblina se espalhou pela cidade, surgiu um monstro, com sobretudo preto, máscara obscura com formato demoníaco e os olhos verdes amarelados, iguais a de um vaga-lume. O monstro sombrio aterrorizou toda a cidade, fazendo-a virar um caos e pulverizando as pessoas com raios alaranjados e muito quentes, igualados ao calor do Sol. Quando a chuva parou, o monstro desapareceu misteriosamente, mas a destruição da cidade estava completa. Até hoje, dizem que se ouvem gritos e a respiração fúnebre da criatura sombria. ” O menino começou a pedalar muito mais rápido até que chegou na sua casa. A porta estava escancarada. Desesperado, tentou acender a luz, mas a energia tinha acabado. Procurou pelos seus pais, porém não os achou. O menino só viu dois vagalumes e, antes que eles virassem aquele demônio sombrio, o menino desmaiou de susto.

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Quando acordou na sua cama achando que nada tinha acontecido, viu novamente dois vagalumes, correu para a floresta, onde a chuva estava mais forte, e caiu rolando por um barranco que dava na cidade. Ao se levantar, correu para dentro de uma loja de eletrônicos e, olhando pela janela, viu os vagalumes se transformando no demônio, que se aproximava da porta da loja. De repente, a chuva parou e o monstro sumiu. As televisões do estabelecimento ligaram com o retorno da energia e a moça do tempo apareceu na tela falando sobre a previsão para o dia seguinte: chuva. O menino tinha acabado de perceber que a chuva é que trazia o monstro, mas ninguém acreditaria em sua história.

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Havia uma vila que se chamava Romana. Um dia apareceu o homem do saco, carregando um saco grande e pesado. Tinha uma criança olhando pela janela e viu o homem passar, a criança ficou assustada. O homem continuou andando pela vila, olhando para baixo, com olhar triste. O saco estava maior. E de repente outro menino olhou assustado para o homem do saco. Ele começou a ficar bravo, olhar desconfiado. As crianças continuavam olhando pra ele com muito medo achando que tinha uma criança dentro do saco. Algumas meninas choravam de pavor. Ele continuou andando pelas ruas da vila carregando o saco que estava maior. Por onde passava, crianças olhavam para ele com medo. Então ele viu as crianças na escola e sentou no banco na frente do lugar. As crianças continuavam olhando pra ele assustadas. De repente ele começou a abrir o saco devagar, as crianças olhando admiradas sem saber o que tinha lá dentro. Aos poucos, ele foi abrindo devagar o saco e tirou uma sanfona vermelha. Então chamou as crianças para vê-lo tocar. Elas ficaram felizes e perderam o medo do homem do saco.

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Em uma pequena cidade, havia uma construção que nunca foi acabada. Sete amigos de escola resolveram ir até o local. Um deles disse: - Iremos amanhã bem cedo. Como já era tarde, todos foram para suas casas e dormiram, menos Rafa, o mais novo. Passaram-se três horas e quando Rafa finalmente conseguiria dormir, ouviu passos na iluminada rua de asfalto. Ficou com medo quando ouviu a porta de sua casa ser destrancada e aberta. Tentou chamar os pais, mas nada de resposta. Ouviu passos arrastados no corredor em direção de seu quarto e a porta se abriu lentamente. Uma imagem se formou. Quando Rafa ia gritar, sentiu uma mão tampar sua boca. A luz de seu quarto se acendeu e o menino viu que era Steven, seu amigo e vizinho. Então, sussurrou: - Olá Steven. - Olá Rafa, partiremos agora. Arrume-se, os outros já estão a caminho. - Ok. Espere um pouco. Steven, ao sair do quarto, ouviu barulhos que poderiam acordar os pais de Rafa, o que poderia acabar com os planos de ir até o lugar. Voltou ao cômodo e sussurrou para o menino: - Rafa, faça menos barulho. Nesse mesmo instante, ouviram latidos vindos das outras casas, depois passos no corredor. Steven virou os olhos e viu os outros cinco amigos. Então lhes disse: - Vamos esperar pelo Rafa. Ele está se trocando. Sete minutos depois, saíram da casa, com Rafa tentando alcançá-los. Quando todos estavam juntos, começaram a caminhada. Lucas, o mais velho,

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olhou no relógio e era três da manhã. Logo em seguida, perceberam que Steven não estava mais ao lado deles. Então Rafa sussurrou: - Ei gente, vocês perceberam que Steven não está aqui? Todos fizeram que sim com a cabeça, menos Lucas que, com um simples gesto, apontou para frente. Todos olharam para onde Lucas apontara e viram Steven ao lado do portão fechado da construção. Depois que todos chegaram, Rafa fez sinal para pularem o portão. Eles fizeram o que fora pedido. Alguns segundos mais tarde já estavam dentro da construção. O bando estava caminhando pelo corredor muito escuro, somente iluminado pela luz do celular de Lucas. Todos ouviram passos no corredor, trataram de se apressar em direção à uma escada vista a poucos metros. Rafa, que sentia mais medo, não se separou deles. Os passos ficaram mais altos, todos começaram a tremer e de repente Steven sentiu duas patas peludas tocarem sua calça e gritou: - Socorro!! Olharam para trás e viram que era só um simples gato. Então, Lucas exclamou irritado: - Steven! Você quer nos matar de susto!! - Não. Só tomei um susto com o gato. Lucas, ainda um pouco irritado, continuou seu caminho, enquanto Rafa acariciou o gato. Mas não era só um simples gato... O menino mais novo percebeu que o ambiente estava mais escuro, ou seja, o grupo havia sumido. Olhou bem no fundo dos olhos do gato acinzentado e viu uma coisa vermelha. Começou a ficar com medo, olhou em volta, mas nem sinal do grupo. Olhou novamente para o gato e este não mais se encontrava no corredor escuro, mas havia um tapete com um líquido estranho e grudento. No mesmo instante sentiu cutucadas e acordou. Isso mesmo! Estava

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tendo ilusões... - Rafa, por que você estava olhando para o nada? – perguntou Lucas

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- Não sei, acho que tive uma ilusão. - Aliás... - interrompeu Steven - vocês estão sentindo um ventinho aqui? - Sim - respondeu Lucas - E por que está ficando mais claro aqui? - Acho que já sei o porquê! - disse Rafa - Mas preferia que não. Olhem! Todos olharam e viram um fantasma. Não! Dois fantasmas! Saíram correndo como sete foguetes, atrapalhados e medrosos, em máxima velocidade. Havia três corredores, Rafa foi com Leslie e Lucas. Os outros quatro garotos se separaram nos dois corredores. No mesmo instante, Leslie sentiu um buraco no chão e caiu. Rafa e Lucas pararam e perceberam que não havia nenhum fantasma atrás deles, então foram até o buraco e viram que Leslie não estava mais lá. Logo em seguida ouviram gritos que pareciam ser de Steven. Lucas ligou o celular para examinar o buraco em que Leslie havia caído e viu um líquido verde. Rafa se lembrou dos rastros do gato acinzentado em sua ilusão. Viu dois olhos vermelhos indo na direção de Lucas. Rafa olhou para baixo e havia um esqueleto com uma faca na mão. O menino pegou-a e, com um golpe fatal, esfaqueou o gato que caiu morto no chão. Rafa e Lucas sentiram o mundo girando mais rápido, ou seja, já estava de manhã. Agora os dois enxergavam melhor e viram a saída. Imediatamente, saíram correndo da construção e, cansados, sentaram-se para esperar. Depois de alguns longos minutos, duas portas se abriram e todos os outros saíram também correndo e perguntaram sem fôlego: - Onde está Leslie? - Acho que ele morreu - respondeu Lucas com uma lágrima escorrendo no rosto. Todos voltaram tristes para suas casas e decidiram nunca mais olhar para aquela construção assombrada.

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Em uma pequena cidade da Rússia, Tiumen, vizinha de Moscou, morava uma jovem de apenas 13 anos, chamada Elisa. Sua família não estava em boas condições, então seus pais decidiram parar com os estudos da filha e mandá-la a Moscou. Assim, ela poderia vender panos de pratos em uma barraca de certa avenida movimentada da cidade, pois sabiam que desta maneira teriam mais lucro. E, tarde da noite, a menina voltaria à sua casa. Os panos foram feitos pela vó de Elisa quando a família ainda tinha dinheiro. O amor dela por essa arte era tanto que ela havia feito mais de 5000 panos. Quando morreu, deixou tudo para sua filha. Aproveitaram os panos para ganhar dinheiro, pois estavam sem nenhuma reserva financeira. Como seus pais estavam desempregados e não podiam pagar um condomínio, decidiram morar em um prédio abandonado. Para a iluminação, usavam velas, e, dormiam todos em um mesmo cômodo. Toda vez, comiam pão que guardavam em uma pequena e velha despensa e bebiam água que armazenavam da chuva. Por isso, antes de dormir, a jovem rezava para chover em abundância, pois temia que faltasse água e simplesmente morressem de sede. Todo dia após tomar o café, Elisa saía de casa, às oito horas e ia direto para o metrô, rumo a Moscou, capital da Rússia. Após um cansativo dia de vendas, Elisa voltava para sua casa pelo mesmo transporte. Jantava e ia dormir em um duro e velho colchão junto de seus pais. No mês de fevereiro de 1974, o metrô de Moscou passara por uma longa reforma que só acabou em Julho de 1977, mês do aniversário de Elisa. Durante este tempo, os pais da jovem garota a mantinham em casa, sendo que só saíam de sua humilde residência nas quartas-feiras para vender alguns panos de prato no semáforo. Porém, conseguiam vender apenas um ou dois.

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Pelo menos, com esse dinheiro, poderiam comprar alguns pães para comerem durante a semana e uma ou outra vela para iluminarem sua casa. Quando a reforma do metrô acabou, Elisa voltou com disposição para a sua rotina, pois sua mãe disse-lhe que se ela conseguisse vender mais de 800 panos de prato, usaria parte do dinheiro arrecadado para comprar o seu presente de aniversário. No primeiro dia que voltou ao trabalho, Elisa saiu com um sorriso no rosto e caminhou até o metrô de sua cidade. Lá, comprou sua passagem de ida a Moscou e volta para Tiumen. Ao olhar para a moça que estava na bilheteria, estranhou-a, pois a cor de seu cabelo e os traços de seus olhos eram um tanto semelhantes aos de sua mãe. Era pálida e usava uma camiseta cor de vinho. Apesar de sentir uma energia diferente ao ver a mulher, sabia que quanto mais rápido pegasse o metrô, mais conseguiria vender os panos, e a sua mãe lhe compraria um presente. Então, saiu correndo para não perder o trem subterrâneo. Após esperar aproximadamente 4 minutos, o metrô chegou e Elisa entrou no último vagão, pois todos estavam sujos. Lá havia uma mulher estranha. Estava sentada no último banco do vagão. Usava uma roupa preta e um capuz que cobria metade de seu rosto. Tinha umas olheiras, e, seus olhos, eram extremamente inchados. Era pálida e carregava consigo um pequeno escapulário. Durante toda a viagem, a mulher não se mexia. Apenas subia um pouco o seu capuz e olhava para Elisa, de modo tenebroso. O medo era tanto que a jovem menina rezava para chegar logo em seu destino, pois a mulher desconhecida lhe dava arrepios. Quando o metrô chegou à capital da Rússia, a menina desembarcou. Porém, a mulher não desceu.

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Elisa montou sua mini barraca na esquina da avenida. As vendas subiram e Elisa conseguiu mais dinheiro que o normal. Dos 60 panos de pratos que ela levou no dia, 46 foram vendidos. Voltou para casa pelo mesmo transporte que havia usado pela manhã. Passou o bilhete pela catraca e esperou o metrô chegar. Ao seu lado, havia um homem, até que jovem, que aparentava uns 30 anos. Tinha olhos claros e usava um gorrinho colorido que fazia parecer que o rapaz era uma criança. A garota, que agora estava próxima de completar 17 anos, perguntou: -Olá, tudo bem? O homem olhou para Elisa com um olhar estranho e ficou mudo. A menina continuou sua fala: - O senhor sabe me responder por que os metrôs que vão para os outros bairros desta cidade são novos e limpinhos e os que vão para cidade vizinha daqui, Tiumen, são sujos e antigos? O homem a ignorou e olhou para o lado, fingindo que não ouviu nada. Quando o metrô chegou o homem permaneceu sentado em um banquinho. Já a menina foi ao último vagão, pois era o único que tinha uma limpeza até que razoável. Ao entrar, encontrou aquela mulher novamente. Esta vestia o mesmo traje da outra vez, e continuava a cobrir seu rosto. A viagem inteira, Elisa sentia que aquela estranha mulher tentava se comunicar, mas a jovem não a entendia. Ao chegar em sua cidade, a menina desembarcou e pensou: “Por que ela não desembarcou se aquele bairro de Moscou é a primeira estação, e aqui, o meu bairro, é a última?”. Quando chegou em casa, a menina abriu a porta e chamou sua mãe: - Mãe, cheguei! Olha que legal, consegui vender 46 panos! Veja quanto dinheiro há em minha bolsinha! Mãe? O pai da menina entrou na sala.

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- Vá dormir filha. Você já teve um longo dia de trabalho. - Cadê a mamãe? - Vá dormir! Não quero escutar nenhum pio! - Mas... - Chega! – interrompeu o pai. A menina abaixou a cabeça e dirigiu-se ao velho colchão em que sempre dormia. Ao deitar, fechou os olhos e pensou em todos os lugares que sua mãe poderia estar. Depois se lembrou de tudo o que aconteceu no dia. A mulher que lhe vendeu o bilhete. A sinistra mulher que sentava no último banco de metrô... Até que caiu no sono, pois tinha tido um dia um tanto cansativo. A menina foi despertada por um grito de seu pai: - Elisa! Acorde! Você precisa ir! Caso contrário, não teremos mais dinheiro para nos sustentarmos. A menina fingiu que estava doente, pois estava cansada, e não queria ir trabalhar. O pai acreditou na garota, e disse: -Ouça bem, filha. Se você ficar doente amanhã, não ganhará presente! -Ok - respondeu a filha – Mas pai, mudando de assunto... Cadê a mamãe? Ela sumiu? -Vá descansar menina! – exclamou o pai - Você não está doente? A menina não retrucou, pois sabia que seu pai ficaria bravo, e ela não gostava quando ele ficava assim. Achou estranho, pois toda vez que falava de sua mãe, ele mudava de assunto. Mas decidiu dormir, porque estava exausta. No dia seguinte Elisa acordou, levantou, pegou um velho pedaço de pão da despensa, deu algumas mordidas, tomou um copo de água e vestiu uma roupa mais leve do que costumava usar normalmente, pois era verão na Rússia, e essa época a temperatura era de aproximadamente 20 o C. Na estação, comprou novamente sua passagem de ida e volta. Examinou um pouco a mulher da bilheteria e novamente lembrou-se de sua

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mãe. Sentiu uma energia diferente ao ver a mulher de novo, porém, ouviu um barulho, e logo identificou que era o metrô. Então saiu correndo para não perdê-lo. Entrou no último vagão, pois era o que estava mais próximo. Ao entrar, encontrou aquela mulher aterrorizante novamente, sentada no mesmo banco da última vez. A menina pensou: “Aquela mulher de novo! O que eu faço? Se acalme Elisa, você tem quase 17 anos! Seja corajosa, e tente descobrir o que essa mulher esconde!”. A partir de então, Elisa passou a olhar fixamente nos olhos da mulher. Até que pouco a pouco, passou a perceber que ela aparentava ter uma vida triste, solitária. Seus olhos eram chorosos, e ao mesmo tempo, amedrontadores. Porém seus sentimentos pareciam ser de ódio. Quando o metrô chegou à capital da Rússia, a menina desembarcou. Porém a mulher permaneceu no mesmo lugar com a cabeça levemente abaixada. A menina, que já era quase uma adulta, montou sua miúda barraquinha e arrumou os panos. Após ter realizado ótimas vendas novamente, Elisa voltou para casa pelo mesmo transporte que havia vindo. A menina passou o bilhete pela catraca e esperou o metrô chegar. Quando ele chegou, a adolescente entrou e encontrou aquela mulher novamente. Ela ficava com a cabeça um pouco abaixada, mas ainda era possível ver seu rosto. Elisa até pensou em conversar com a mulher, porém, tinha medo, e preferiu apenas reparar como ela agia. Ao chegar a sua cidade, Elisa saiu correndo para sua casa, pois queria ver se sua mãe já havia voltado. Quando chegou, deu três batidas na porta, e foi seu pai quem a atendeu. Ao ver que sua mãe não estava em casa, nem se atreveu em tocar no assunto. Apenas deitou-se em seu duro colchão, cobriu-se com seu fino cobertor e dormiu. Essa rotina se repetiu por vários dias. Porém, isso acabou um dia antes de seu aniversário. Colégio Rainha da Paz


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Neste dia, quando entrou no metrô rumo a Moscou, tudo fluiu normalmente. Porém, duas estações antes do seu destino, a estranha mulher levantou o rosto, tirou seu capuz, e ficou de pé pisando fortemente. No mesmo momento as luzes do trem subterrâneo se apagaram e ele simplesmente parou com uma brecada. A mulher andava na direção de Elisa e a menina tentava se afastar indo para trás. Até que a mulher desapareceu em um simples toque de mágica. A garota sentiu duas mãos agarrem seus ombros e ouviu uma voz aterrorizante como as de um fantasma: -Olívia... Olívia... Você destruiu minha vida! - O o o o lívia? – interrogou a menina morrendo de medo. - Você, Olívia! Destruiu minha vida, minha família! - Como a a assim? - Em nossa outra vida! Quando nós éramos melhores amigas na infância, até que um dia você... A raiva da mulher era tanta que ela parou de falar e, enlouquecidamente, puxava os próprios cabelos e dava tapas em si mesma, como se precisasse se agredir. Ficou assim por alguns segundos. Depois, louca, gritou: - Você não tinha o direito, você acabou com a minha vida! Eu era feliz, eu era feliz! Entendeu? Imagens começaram a aparecer na cabeça de Elisa e ela entrou em choque. Lembranças de um passado muito antigo: uma família feliz em uma casa, e ela, na mesa de jantar, com um veneno no bolso... Elisa voltou a si e mal teve tempo de entender o que tinha se passado, viu a mulher correndo em sua direção com ódio no olhar. Com um único golpe na cabeça, Elisa desmaiou. Nenhuma testemunha. A partir de então, Elisa nunca mais voltou para casa. Ninguém mais soube da moça que vendia panos na avenida de Moscou.

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Era uma sexta-feira 13, de 1989, durante o inverno. Foi onde tudo começou. Estava um frio de gelar as mãos. Eu tinha acabado de voltar da escola para a minha nova casa, que eu achava meio horripilante porque tinha cara de ser abandonada. As janelas eram de madeira de carvalho bem escuro que parecia se camuflar na escuridão da noite. Os vidros das janelas eram cristalinos, onde a luz do luar encontrava-se refletida, e, ainda, a cor da casa era um branco meio desbotado. Então, dei um suspiro de angústia e segui pelo jardim da frente da casa, cheguei perto da porta e dei duas batidas. Quem atendeu foi a minha danada irmã, Ana. Fazendo uma cara de desaforo, e já meio brava, disse: - Por que demorou tanto? - O pai e a mãe já voltaram? – perguntei. - Ainda não. Então entrei na casa. Tirei o sapato, saí correndo e pulei no sofá. Liguei a TV, coloquei em qualquer canal que estava passando. Mal me ajeitei no sofá, quando ouvi a Ana gritar “Caio!!!!!” Tomei um susto, caí do sofá, levantei e corri para a escada. Cheguei ao segundo andar da casa, abri a porta do quarto dela e não havia acontecido nada. Eu só a vi, ali, parada com uma cara de santa. - O que aconteceu? - Olha o que eu descobri. - disse ela com uma cara de inocente. - Você me chamou para isso? Tchau.

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- Mas ... Bumm!

Bati a porta do quarto. Desci as escadas, sem pensar, saí

correndo e dei um pulo no sofá, cheio de molas tão resitentes que quase me fez cair no chão duro e frio. Quando novamente chegou aquele ser irritante e disse: - O que você está fazendo? - Eu estava quase dormindo, mas quando você deu um berro eu acordei. - Eu vou te mostrar uma coisa - disse Ana meio frustrada. - Se for aquilo que você queria me mostrar, esquece Ana. - Vai... vem, deixa eu te mostrar. - disse ela me cutucando. - Tá bom, o que foi? Subi as escadas com calma e desprezo. Quando cheguei ao quarto ela falou: - Venha por aqui. Então ela abriu a porta do quarto e foi direto para o armário, empurrou as roupas penduradas no cabide e puxou uma tampa que estava no fundo. Quando ela puxou a tampa só dava para ver um buraco sombrio e escuro. E Ana disse: - Vamos, pule! Ela pulou e me puxou junto. Do nada tudo ficou escuro, era como se tudo tivesse acabado. Então eu ouvi uma voz grave sussurando: - Bem vindo ao seu pior pesadelo. Então, já ficando um pouco apavorado falei: - Ana, onde nós estamos? - Não pense em nada apavorante - disse Ana - Por quê?

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E então apareceram duas imagens familiares, olhei bem, olhei novamente, e não acreditei no que vi... Era a minha mãe e meu pai. De repente Ana disse: - Caio, no que você pensou? - Ops... - Como assim “ops”? - falou Ana - Eu pensei justo no pior. Eu pensei que o pai e a mãe não iam voltar, depois não me lembro no que pensei. E as duas imagens fantasmagóricas começaram a avançar em nossa direção. Sem saber o que fazer, Ana me puxou para fora do sombrio buraco e o fechou rapidamente com a sua tampa de madeira. - Ana, o que foi isso? - disse eu apavorado. - Agora você vai falar que está com medo disso? - disse Ana em ar de zombação - Vamos entrar de novo. É só não pensar em nada apavorante. - Como eu faço isso? - Respire, feche os olhos e vamos. - e ela me puxou para dentro do buraco. - Onde estamos? - falei preocupado - Ainda não abra os olhos - falou Ana Ana abriu uma porta que estava no meio de toda essa escuridão. Era de carvalho, mas, sua maçaneta e sua lateral eram de ouro maciço. Ana girou a maçaneta e a porta se abriu. Era um quarto normal. Então, me mandou abrir os olhos. Tomei um susto. - Onde estamos? - eu perguntei - No meu segundo quarto! - falou empolgada - Ana, sinto muito te dizer, mas este lugar parece que tem alguma coisa sombria e oculta que me incomoda.

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- Ahh não... é coisa da sua cabeça. - e começou a pular na cama. Fiquei olhando para o quarto que tinha várias prateleiras lotadas de livros velhos e empoeirados, o carpete era velho e fedido, as paredes de madeira de carvalho desgastadas. E tinha uma bancada de madeira com buraco quadrado bem no meio. Já cansado de ver Ana pulando na cama empoierada, disse: -Ana, você não acha que já chega? Depois de dizer essas palavras, segui em direção à porta, encostei-me à maçaneta de ouro puro, girei-a e puxei-a, mas ela não queria abrir. Já ficando meio desesperado, puxei de novo, e de novo, então puxei mais forte e nada da porta de madeira reforçada abrir. Já com o coração na boca, dei um baita chute, e, com um estrondo, caiu um livro. Nele havia um bilhete, em sua capa vermelha e empoeirada. Aranquei o bilhete da capa e o abri. Sua escrita dizia:

QUEM ESTÁ LENDO ESTE BILHETE, ABUSOU DO QUARTO INFINITO, OU SEJA, NÃO VAI VIVER PARA CONTAR SUA HISTÓRIA....

Então, quando fechei o bilhete, suas bordas se fecharam e não abriram mais. De repente senti uma sensação estranha, parecia que o quarto velho estava encolhendo pouco a pouco. Depois comecei a reparar no tapete que estava envergando e diminuindo. Então concluí, eu mesmo, que o quarto estava encolhendo de pouco em pouco e disse para Ana: - Venha, vamos para debaixo da cama. - Por quê? - perguntou Ana. Puxei-a para debaixo da cama e de repente o quarto começou a encolher mais rápido. As paredes, em pouco tempo, já estavam praticamente grudadas na cama. Olhei para os lados e o sentimento de desespero e de angústia me tomaram. Pensei que o meu coração iria parar, mas refleti e concluí que ficar desesperado em nada iria ajudar. Recuperei a calma, respirei

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fundo e comecei a apaupar o velho carpete empoeirado. De repente senti uma espécie de anel preso no chão, puxei-o com muita força e uma enorme porta de alçapão surgiu do carpete velho, rasgando-o. Enquanto segurava a porta, pedi à Ana que olhasse o que havia debaixo do alçapão. Ela observou e disse: - Esse alçapão dá na nossa sala!!! - O quê? - falei duvidando. - É sério, dá para ver até o nosso sofá - Tá bom, então pula logo !!! – gritei. Ela pulou, caiu certinho em cima do sofá da sala e falou: - Pule !! Bem na hora em que eu iria pular, algo segurou o meu pé. Tomei um susto porque além de ter me segurado, senti que era uma mão gelada e com dedos muito compridos. Virei para trás e vi uma imagem horrosa e um rosto tão pálido que parecia o branco das nuvens chuvosas. Tinha apenas o olho esquerdo e o outro estava costurado. Seu rosto era indescritível, de tão horroroso. Então, sem pensar, o reflexo fez o meu pé dar um chute em sua mão gelada. Aproveitando o tempo em que o "monstro" havia recuado, pulei para fora daquele lugar horrível e misterioso. Depois que caí no sofá, o alçapão se fechou e sumiu do teto da casa. Já no sofá, eu disse: - Ana, vou ficar um bom tempo sem ir para o seu quarto.

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Essa historia conta sobre Ryan, um menino de 10 anos, sua irmã chamada Alice, de apenas 4 anos, sua mãe Marcia e seu pai Marcelo. Essa era a família de Ryan. Eles eram muito felizes em sua casa, em Roma, na Itália. Ryan foi para a escola e era o primeiro dia de aula da Alice, sua irmã. Ele levou-a até sua sala e depois foi para sua classe. Era um bom aluno e tirava muitas notas boas. Era muito bom em esportes como futebol, luta e outros. Ryan amava sua professora e seus colegas, mas seu melhor amigo se chamava Arthur. Os dois sempre andavam juntos, mas Arthur não gostava de futebol e nem de luta. Apesar de serem muito amigos, não tinham nada em comum. Depois de vários meses, veio uma notícia ruim para Ryan e Alice: eles iriam se mudar. Ryan não quis falar para seus amigos e nem para sua professora que, logo depois da escola, eles iriam para Nova York, nos Estados Unidos.

No dia seguinte já estavam em Nova York. Eles ficariam em uma casa alugada que tinha portas que rangiam e madeiras quebradas... até parecia uma casa mal-assombrada. Mal eles sabiam que a casa era assombrada! Várias famílias já estiveram nesse local, mas só se salvavam a filha ou o filho mais velho. Eles, os filhos, matavam sua família, com uma morte muito trágica, e, filmavam para mostrar para os outros que também fizeram o mesmo. Mas não eram eles que queriam matar seus parentes, sem mais nem menos... Eram possuídos por fantasmas de outras crianças que já fizeram isso. Esses fantasmas gostavam

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tanto disso que não queriam sair dali. Eles viviam no porão, vendo as filmagens. Na noite em que chegaram, Ryan e Alice foram falar com os pais: - Nós queríamos dormir aqui com vocês, podemos?- disse Ryan - Não, nós estamos cansados e acho que vocês também. -

disse

Marcelo. Então os dois foram para seus quartos e dormiram. Mas Ryan acordou desesperado, no meio da noite, com um barulho de porta batendo e teve um pesadelo muito esquisito e por isso não dormiu mais. Quando amanheceu, Ryan foi logo correndo contar a seus pais o barulho que escutou e o “sonho” que teve, mais parecido com um pesadelo. - Mãe, pai! Eu tenho que contar algo. De noite eu ouvi um barulho de porta, parecia que tinha mais alguém na casa. E eu sonhei que duas crianças falaram para eu descer até o porão. Daí eu desci e me mostraram vários vídeos deles matando a própria família. Quando eu falava que eu tinha que subir para o meu quarto, eles sempre diziam, “só mais um”. Eu via... mas teve uma hora que eu saí correndo para o meu quarto, tranquei a porta e comecei a chorar! - Filho, não precisa ficar com medo. Quando você tiver esse tipo de sonho, você vem correndo para cá, está bem? - disse sua mãe. - Certo! - respondeu Ryan

Naquela noite Ryan teve esse mesmo pesadelo, onde duas crianças foram chama-lo de verdade. Ele acordou com as palavras “Ryan, Ryan...” e disse: - Thomy, Lisa... o que vocês estão fazendo aqui?! - Nós viemos te buscar para fazer a mesma coisa que a gente fez! - Lisa respondeu – Lembra do que assistimos ontem?

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Então foram para o porão para escutar o plano de Ryan, de como matar sua família.

- Eu já tenho a ideia na cabeça... Eu vou pegar três guilhotinas, vou por eles lá e vou colocar fogo. Ao mesmo tempo, vou soltar a corda e vai cortar a cabeça pegando fogo!!! - Está bem, mas como vai chamar a filmagem? - perguntou David - A Tragédia!

Então, quando escureceu, era hora de por o plano em ação. Primeiro, com ajuda de seus companheiros, amarrou as mãos e as pernas com cordas. Levaram-nos até a guilhotina. Começaram a filmar. O menino pôs o fogo e soltou as cordas. E no mesmo tempo, cortou a cabeça deles enquanto os corpos continuaram a pegar fogo. Quanto a Ryan, ficou possuído para sempre, morando no porão da casa, esperando por outras famílias. Colégio Rainha da Paz


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Em uma casa grande, com os fundos escuros, vidros cristalinos, havia um menino chamado Matheus. Ele tinha uma prima chamada Elaine, os pais do garoto se chamavam Lucas e Mariana. Matheus estudava no 1° ano do ensino médio. Sua prima, no 7°ano da mesma escola. Certo dia, em um sábado ensolarado, Matheus decidiu fazer uma brincadeira de terror. Pensou, mas não conseguiu uma boa ideia. Então chamou sua prima e perguntou: - Elaine, sabe alguma brincadeira de terror? Elaine respondeu: - Ah! Sim, eu sei: Charlie Charlie! - Vamos brincar? Mas... Como que é que se brinca? - Ah! Simples: é só pegar uma folha e escrever “SIM” e “NÃO” na diagonal. Depois pegue dois lápis quadrados e coloque-os fazendo um sinal de “+”. Por último, pergunte: “Charlie Charlie! Você está aqui”. Se o lápis cair no “sim” quer dizer que ele está aqui, se cair no “não” quer dizer que ele não está. Atenção nas pessoas que estão jogando. Elas não podem assoprar o lápis. - É simples, não é? - É sim, vamos brincar? - Sim! Matheus foi correndo até sua bolsa, procurou seu estojo, mas não o achou. Depois, foi correndo até sua prima, pois ouviu um grito feminino. Assustado, respirou fundo: - Elaine!!! Cadê você? – falou com a voz baixa, quase murmurando.

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Como não teve resposta, não aguentou e começou a chorar, muito triste. Foi jantar, deixando seu jogo montado. Não sabia como falar para seus pais e para o seu tio, pai de Elaine. Então, preferiu ficar quieto. Chegando à mesa de jantar, sua mãe Mariana percebeu que Matheus estava quieto e perguntou: - Filho, o que aconteceu? O menino fingiu que nada aconteceu, foi andando até o armário e pegou um prato. Depois ele se serviu. De repente ouviu seu nome ser chamado: - Matheus!!! Matheus!!! - a voz era grossa e parecia que tinha mais do que uma pessoa gritando. Matheus deixou seu prato e foi correndo até onde a voz o chamava. Ele seguiu a voz até seu quarto, onde brincaria com sua prima. Quando chegava perto do seu tabuleiro, as vozes paravam de chamá-lo, mas ao virar as costas, a voz retornava a perturbá-lo. Toda hora, quando ele ia comer, a voz o convocava. Sua família ficava dando risada dele, pois ninguém ouvia. Parecia que o menino estava louco, porém, a sanidade dominava seu cérebro. Sua mãe sentiu falta da sobrinha, então perguntou: -Matheus? Cadê a Elaine? Matheus baixou a cabeça e disse: - Mãe, ela sumiu! Eu perguntei para ela se sabia um jogo de terror, minha prima disse que sim. Então me explicou como se jogava e eu fui pegar dois lápis. Mas eu ouvi um grito. Assim, saí de onde estava e fui correndo até a voz, mas não encontrei nada. - Mas onde está ela? - A Elaine desapareceu.

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Sua mãe pensou rápido e disse:

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- Ela deve estar brincando de esconde-esconde com você. Daqui a pouco ela aparece. Não se preocupe. Matheus ignorou a mãe e foi correndo em direção ao seu quarto. Apenas algo poderia ter pegado sua prima. Ou melhor, alguém: Charlie Charlie. Quando chegou em seu quarto, Matheus se debruçou sobre a folha onde faria a brincadeira. Quase caiu de susto. Os lápis já estavam posicionados. Com medo, o menino fez sua primeira pergunta: - Charlie, Charlie, você está com a minha prima? Com um leve movimento, a ponta do lápis se direcionou a palavra “SIM”. - Charlie, Charlie, você vai devolver a Elaine? A ponta do lápis se moveu, apontando para o “NÃO”. “Você só vai ter sua prima de volta se for ao cemitério por volta da meianoite, achar minha tumba, desenterrar-me e pegar um pequeno amuleto de ouro do meu pescoço. Depois, coloque o colar. Assim, você terá a garota. Para encontrar minha tumba, leve o jogo. O lápis apontará para ela”. Depois de ouvir a voz, Matheus sentiu um arrepio. Morria de medo. Mas precisava salvar sua prima. Então, pegou o tabuleiro. O menino colocou-o numa mochila e pulou a janela, levando a bolsa consigo. Como morava numa casa térrea, não se machucou com a queda. Sacudiu a poeira da roupa e seguiu rumo ao cemitério. Eram onze e meia da noite quando Matheus chegou ao campo santo. Colocou a mochila no chão e pegou a folha de papel onde estavam escritas as palavras “SIM” e “NÃO”. Posicionou os lápis e eles rapidamente apontaram para uma tumba. O menino se aproximou do local apontado. Nele, estava escrito: “Charlie, Charlie”. O garoto abriu o caixão devagar e tomou um susto quando viu o que ele guardava. Um corpo frio e acinzentado, deteriorado pelo longo tempo em que lá permaneceu. E, no pescoço do morto estava o cordão

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de ouro, era brilhante. Apesar de a luz fosca pairar no ar, o colar ainda se ressaltava com glamour. Com as mãos trêmulas, arrancou o colar do pescoço do defunto e colocou-o na mochila. Partiu para sua casa. Já em casa, Matheus pegou o colar e colocou-o no seu pescoço. Quando ele olhou, sua mão estava desaparecendo. O pobre garoto começou a gritar e, de pouco em pouco, este desapareceu. E em seu lugar surgiu Charlie Charlie.

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Em uma noite escura, em Ouro Preto, havia por aquelas bandas, uma fazenda antiga onde diziam que negros haviam trabalhado lá. Um velho imponente, alto e pálido, com barbas longas caminhava por ali. Suzi, uma estudiosa, viera passar as férias em Ouro Preto. Iria aproveitar para estudar sobre a escravidão. Hospedara-se em uma pousada com seus dois sobrinhos, Luiza e Rafael. A casa ficava quase no centro da cidade, era antiga, mas fora reformada e parecia nova. Faltavam vinte minutos para escurecer, um ou dois raios de sol iluminavam a terra seca, quando Suzi e seus sobrinhos foram à fazenda para visitá-la. Lá, nos cômodos, não havia energia elétrica. Tiveram que explorá-los com uma lanterna e, como o celular estava sem sinal, não se ligaram no tempo e, quando se tocaram, já era bem tarde. Luiza, que era uma menina sensitiva, percebeu o ambiente mais escuro, bem diferente de quando tinham chegado, disse à Suzi em um tom baixo: - Suzi! – murmurou - Os raios de sol já foram embora, pela cor do céu já é bem tarde. Devemos achar um local para descansarmos, afinal o carro está quase sem gasolina. - Luiza, - disse a tia - você pode esperar um pouco? Ainda temos mais coisas para ver. Leitor, agora vou lhe contar a história do velho que rondava a fazenda enquanto Suzi e seus sobrinhos estavam lá explorando. Vamos começar: “O velho chamado Lauro tinha uma história diferente. Diziam as pessoas daquela época que Lauro era um português que havia se casado com uma negra escrava. Certo dia, por um motivo qualquer, naquela fazenda, sua mulher tinha sido chicoteada até a morte. Desde então, Lauro ronda por aí a procura de se vingar de uma pessoa, seja lá quem for”.

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Os três abriram a boca de sono. Na hora mais escura da noite arrumaram seus tatames, na sala da fazenda, e se deitaram à procura de ter um sono profundo. Mas seria possível? A resposta é não! Luiza, que dificilmente pegava no sono, ficou olhando as estrelas através de uma janela velha, quase sem vidros. Quando menos esperava, passos nas escadas velhas que faziam um ruído agudo, correntes arrastando no chão e, principalmente, vozes que diziam em um tom sombrio: -Eu me vingarei de vocês, me vingarei... hahahaha... Luiza, já acordada, chamou Rafael, que chamou Suzi. Parecendo uns doidos, sem parar para pensar, saíram correndo para o lado de fora da fazenda. Em uma estrada de terra esburacada, os três caminhavam, até olharem para trás e sua respiração ser interrompida por aquele mesmo velho que os seguia. Desesperado, Rafael falou: - Suzi, por que não entramos nessa floresta? Podemos despistar o velho, afinal não temos para onde ir agora. Entraram na mata, fechada e densa. Como o velho ainda os seguia, eles teriam que entrar em algum lugar seguro ou caminhar até uma cidade próxima. Rafael, medroso como era, puxou Luiza pela mão e a levou para uma mina nem se tocando que tinham se separado da tia. - Luiza, que escuridão. Você poderia acender a luz de seu celular, por favor? - Sim... mas agora não, podem ter morcegos aqui, por isso fale bem baixo. A caverna tinha vários túneis imensos que emendavam em outros túneis e assim por diante

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Depois de andar incansavelmente, só então Suzi olhou para trás e...

- Onde estão meus sobrinhos!! Já havia despistado o velho, mas perdera seus sobrinhos. O que mais poderia acontecer? Leitor, eu te digo que muitas coisas ainda vão acontecer. É só se preparar... Os dois primos estavam na caverna desesperados, depois de entrarem em mais de vinte túneis e não acharem nenhuma saída. Entraram por um caminho em que o chão parecia desnivelado, talvez fossem pedras, se perguntavam. Mas pedras compridas e longas? Luiza acendeu a luz de seu aparelho celular e não acreditou no que viu. Leitor você tem ideia do que era? Se você não souber, vou te dizer agora: Eram ossos! - São ossos! São ossos!! – disseram os dois em coro, desesperados.

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Saíram correndo e, olha lá! Não é que acertaram o caminho? Estavam fora do túnel, porém perdidos de Suzi. Uma noite já havia passado e a outra já se preparava para começar. - Há duas noites que estamos aqui, eu quero ir para casa - disse Rafael. Dormiram e, quando acordaram, o sol vinha em seus rostos sonolentos. Levantaram-se calmamente, caminharam de mãos dadas e sempre em linha reta para não se perderem da caverna, caso precisassem voltar. Com olhos e ouvidos atentos para qualquer coisa, Rafael ouviu barulhos de motores velhos que faziam ruídos. Leitor, os ruídos eram de uma estrada que ficava ali perto, uma estrada de terra esburacada e com pedras fincadas no barro. Andaram pelo acostamento da estrada até chegarem à cidade de Ouro Preto. Param no posto mais perto que havia e sentaram. Suzi, que também achara a estrada e caminhara pelo acostamento, seguiu até chegar a Ouro Preto e parou no primeiro posto que encontrou para perguntar se havia alguma delegacia por perto para fazer um boletim de ocorrência sobre o sumiço de seus sobrinhos. Entrou em loja que havia no posto e, quando ia perguntar ao vendedor, viu seus sobrinhos. Os dois a viram e disseram: - Tia!! - Oi!! Estão bem? Não se machucaram? - Não tia, estamos bem! - disse Luiza - Ótimo, vamos para casa. Suzi falou com o vendedor, perguntou se havia um carro para alugar por três dias, e ele respondeu que sim. Entraram no carro e partiram, rumo a Belo Horizonte.

Leitor,

você

sabe o que aconteceu com Lauro, o velho que queria se vingar? Podemos dizer isso em outra história.

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Em uma fria noite de outono uma leve brisa soprava sobre o cemitério. A escuridão da noite tomava a cidade. Somente a lua aparecia sobreposta pelas terríveis árvores sem folhas. Todos dormiam. Somente os lobos ficaram acordados uivando durante a noite inteira. Foi nesse horroroso cenário que aconteceu o primeiro de muitos assassinatos peculiares. Depois do horripilante acontecimento, as únicas coisas que alguém poderia escutar eram passos lentos quebrando pequenos galhos no chão e quentes gotas de sangue caindo no solo frio da noite. Ao nascer do sol, um grupo de policiais especializados neste tipo de caso já estava agindo, mas nunca tinha visto algo do gênero... Um homem estava enforcado com suas próprias tripas, em formato de corda. A árvore a qual o homem estava pendurado era uma figueira muito esquisita, seus galhos eram desajeitados, cada um ia para um lado. E embaixo do defunto, havia um túmulo, com alguém que era seu xará, ou seja, alguém que possuía o mesmo nome que o seu, mas o que mudava eram apenas os sobrenomes. O nome da vítima era Henrique Pereira Gomes. O nome do defunto, escrito na lápide, era Henrique Silva Gomes. Não dava para ler, nem Pereira nem Silva, pois os dois sobrenomes estavam cobertos de sangue. A equipe policial procurava respostas sobre o acontecimento de três meses atrás, mas nada. O assassino é, ou era, muito cuidadoso, não tinha deixado nenhum rastro, digitais, fios de cabelo, ou até mesmo alguma parte da roupa. Nada, nada mesmo!

“Como alguém poderia ser tão esperto? ” –

TRIM, TRIM, TRIM - Tocou o telefone que interrompeu o pensamento do general Tom Gomes da Silva. - Alô, bom dia, é da... - É da polícia? - Interrompeu uma voz assustada e aterrorizada.

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- Sim - respondeu Tom, o general - Sim, é da polícia. Por quê? Algo aconteceu? - Certamente! Meu irmão está enforcado com partes de seu próprio organismo. Ele está no meu quintal que se localiza na Rua Almeida, número 312. É uma casa amarela, com faixas de lilás claro e dois cachorros. E só para constar, eles não mordem! - Qual o nome inteiro de seu irmão, por favor? - Matheus Vieira Gomes Mendonça. - Tudo bem, eu enviarei equipes especiais, tenha um bom dia e obrigado! - Eu que agradeço. Tom ficou matutando em sua cabeça... “Ué, isto é muito parecido com o que aconteceu no cemitério. Ou virou moda, ou é o mesmo cretino”.

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No mesmo momento, o general deu um soco na mesa. Foi tão forte a pancada, que os lápis e as canetas voaram e em seguida caíram no chão fazendo um barulho irritante. Toda a sua papelada e documentos se embaralharam. E para quem sobrou arrumar? Para um de seus homens: - João, arrume esta bagunça. - Sim, chefe – e, com raiva, murmurou – Você será o próximo! Era primavera, um padre rezava sobre um altar. Em volta deste, homens do exército e de uma família importante, pois eram parentes do general Tom, choravam tristes. De longe, um assassino assistia toda aquela choradeira e dava risadas: - Ah, ah, ah... merecido. Chorem mais, otários. Ah, ah, ah. Foi muito bom eu te eliminar, assim, menos um para atrapalhar em meus planos. Assim, uma pessoa muito importante se foi. Será que para o céu junto com Deus e seus anjos? Ou será que para o inferno com o capeta? E outras pessoas, com sobrenome Gomes, continuaram a ser assassinadas...

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Antônio era um moço de 27 anos. Ele era segurança de um cemitério, morava com seus amigos em um apartamento. Ele tinha um caso grave de insônia o que não o deixava dormir. Em uma quinta-feira à noite, quando Antônio estava indo para seu trabalho, sentiu um peteleco em suas costas, olhou para trás e não viu ninguém, então continuou como se nada tivesse acontecido. Antônio era treinado em artes marciais e em boxe. Ele era novo em seu trabalho, tinha sido contratado há quatro dias. O bairro era seguro, mas houve alguns sumiços de caixões. Já que o dono do cemitério estava preocupado, resolveu contratar dois seguranças para cobrir o cemitério dia e noite. E um desses seguranças era Antônio que tinha ficado com o turno da noite. Enquanto o segurança estava usando seu celular, viu uma sombra se aproximando, cada vez mais perto... Até que apareceu.

Antônio deu um

suspiro de alivio. Era o dono da padaria. Ele acordava mais cedo do que os galos para colocar o estabelecimento para funcionar. Antônio estava cochilando porque havia tomado o seu remédio de sono na hora errada. Acordou com um ruído vindo da pilha de lixo. O segurança resolveu dar uma olhada para ver o que estava acontecendo. Quando aproximou-se do ruído, se deparou com uma entidade de uns três metros de altura coberta por um pano preto. Quando iria sacar a pistola, desmaiou. Acordou pensando que era só um pesadelo. Quando foi se levantar, bateu a cabeça em algum lugar. Foi estender a mão e a bateu em uma tábua de madeira. Então, ele ligou sua lanterna e viu que estava dentro de um caixão! O segurança estava sem sua pistola. Quando tentou se mover, lembrou que o oxigênio só iria durar duas horas. Antônio começou a gritar, pois tinha claustrofobia, medo de lugar fechado. Ele sabia que iria ter que lutar contra seus próprios medos para sair de lá.

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Como viu que gritar não adiantava, resolveu guardar fôlego e examinar o caixão. A madeira era de baixa qualidade. Antônio decidiu que iria tentar quebrá-la. Ele rasgou um pedaço de sua roupa e fez uma máscara improvisada para não morrer sufocado, caso o caixão cedesse, e rasgou outra parte para proteger seu punho. O homem, apavorado, deu o primeiro soco, a madeira cedeu, as tábuas caíram sobre ele. Era uma luta constante entre a vida e a morte. Ele não via nada, só sentia a terra em seu rosto. Na verdade não era terra, era lama, o que dificultava mais ainda. Quando Antônio colocou a cabeça para fora da lama, reparou que estava em uma floresta e gritou o mais alto que podia: - Socorro! Tire-me daqui! Dois homens que estavam andando pela trilha o ouviram e saíram da floresta para ajudá-lo. No mesmo instante, Antônio desmaiou outra vez. Quando acordou, estava no hospital, em uma cama. A enfermeira lhe contou que quando havia chegado ao pronto-socorro seu coração estava parado. Vinte minutos depois, já declarado como morto, o seu coração voltou a bater normalmente, sem motivo algum.

Antônio ficou famoso por sua história. Todo dia ele tinha entrevista, com vários repórteres, inclusive com a

.

Quando ele estava a caminho do aeroporto, para fazer uma viagem aos ESTADOS UNIDOS, pois seria entrevistado pela

,perdeu o controle do

carro, capotando até o lago. Quando retiraram o carro do lago, não havia ninguém dentro dele. Alguns falam que o corpo dele afundou no rio. Outros dizem que a criatura que o havia enterrado vivo o raptou. E outros, ainda afirmam que Antônio saiu andando e se enterrou na antiga cova.

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Era sexta feira treze, eu estava sozinha em casa e já era quase meia noite. Puxei minhas cobertas e dormi. Foi nesse momento que eu ouvi um pequeno ruído, como um “clac”. Eu reconheceria isso em qualquer lugar. Era a janela da sala! Bem nessa hora me lembrei de que havia deixado-a aberta! Eu estava com medo, não sabia o que fazer. Não queria ir até lá, então só esperei.

Ele havia entrado. Olhou por todos os cantos, mas não achou o que procurava. Continuou andando pela casa. Não era muito grande, então foi fácil procurar. Andava quando viu uma porta de madeira e a abriu cuidadosamente, pois sabia que tinha alguém na casa, só não sabia onde. Entrou, viu uma pia e um banheiro com a porta entreaberta. Mais para a direita estava muito escuro e não conseguiu ver mais nada.

Eu estava ainda sentada na minha cama quando ouvi passos chegando mais perto. Até que, com um ruído, ouvi a porta do meu quarto se abrir. Olhei para lá, mas a única coisa que vi foi a sombra de um homem que ia chegando cada vez mais perto. Eu não sabia o que fazer. Meu coração batia forte e eu não parava de tremer. Até que resolvi agir. Levantei e gritei corajosa: - Quem é você e o que está fazendo na minha casa!? O homem não perdeu tempo, disparou para fora. Eu o segui, sai do quarto correndo e ele na minha frente. Tentei ver melhor aquela figura, mas com as luzes ainda apagadas, apenas o que consegui ver foi uma pulseira amarrada em seu pulso, extremamente familiar, e o barro que seus sapatos deixavam enquanto corria. Ele saiu pela janela, pulou a grade e rapidamente desapareceu na escuridão da noite. Não perdi tempo. Fui logo até o vizinho, que veio para minha casa. Ligamos para a polícia e tentei me acalmar. Cinco minutos depois, ouvi barulho

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de helicóptero e sirenes de carros de polícia. Depois bateram na minha porta e eu abri. Contei toda a história. Foram procurar o homem, pois suspeitavam que ele ainda estava nas redondezas. Daqui a pouco voltaram e trouxeram um homem encharcado de água, que seguravam firmemente. Eu o reconheci por sua pulseira. Falaram que o encontraram dentro do riozinho que havia nas proximidades do condomínio. O homem foi revistado, como também minha casa, mas ele não tinha levando nada. Mesmo achando aquilo muito estranho, eles foram embora levando o homem para o juiz. Depois que tudo havia acabado, fiquei apenas pensando “o que o homem queria se não levou nada? E de onde eu conhecia aquela pulseira em seu braço?” Isso fica um mistério para que você, leitor, continue pensando...

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Regina era uma moça tranquila que morava em uma cidade pequena, no interior de Minas Gerais. Sua única preocupação era encontrar um novo trabalho, já que a economia de sua região estava muito ruim e vários moradores haviam sido despedidos de seus empregos e abandonado o local. Certo dia, Regina foi fazer uma entrevista de emprego, para ser corretora de imóvel. Havia muitas casas à venda em sua cidade quase deserta! Ao chegar no prédio da empresa, ela não parava de tremer de tão ansiosa que estava. - Regina Alves! Pode ir, é a sua vez.- disse o secretário do lugar. - O chefe já está te esperando. Regina foi à sala de João um pouco nervosa. Apesar do nervosismo, teve uma conversa bastante interessante com seu entrevistador, o que a encheu de esperança em conseguir o novo emprego. Dias depois da entrevista, Regina recebeu uma carta.

“1 de agosto de 1945, Cara Regina, Informo que o trabalho que você queria como corretora está disponível. Se quiser o emprego, entre em contato. João”

Regina não aguentou a alegria, começou a dançar na porta do apartamento. Ela, sem dúvidas, aceitou o emprego no mesmo dia.

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O dia seguinte foi o primeiro dia de trabalho no novo emprego. Logo quando chegou, teve de ir para uma casa, para avaliá-la. Que casa estranha! Ela nunca havia notado aquela casa tão isolada das demais...quem morava lá? Por que havia sido posta à venda? Ao chegar na casa, viu o número “713” pregado na porta. Regina entrou na residência e, logo na entrada, havia uma goteira que pingava sem parar em sua cabeça. O chão era feito de uma madeira escura antiga que rangia ao caminhar. O teto caía aos pedaços e os móveis eram tão antigos quanto a casa. Havia pó por todos os lados! E muitas teias de aranha! Logo Regina pensou como conseguiria vender uma casa tão abandonada assim! Quem compraria? Ainda mais em uma cidade quase sem novos moradores... A corretora subiu as escadas, de carpete, para o segundo andar. A ala de cima da casa não parecia ser usada pelo antigo morador. Lá, Regina andou por todos os cômodos até que no último deles algo diferente lhe chamou a atenção. Ali só tinha um armário... um armário que não era comum. Era um velho armário com desenhos feitos à mão na madeira. Um armário que mudaria o destino de Regina. A moça abriu a porta do armário e ele, frágil como era, se despedaçou. Entre madeiras mofadas e não mofadas, ela achou um casaco lindo, um casaco francês da marca French. O casaco servia perfeitamente em Regina. Ela não achou mal nenhum pegá-lo... afinal, para ela, “ninguém mora aqui. Ninguém vai sentir falta”, pensou. Mas o que ela não sabia era que havia sim alguém que poderia sentir falta deste casaco no armário... sua antiga dona, já falecida! A dona do casaco, Vera de Oliveira, era a mais rica em sua época, 1930. Ela tinha tudo do mais caro. Tinha todas as roupas da cidade, também duas mansões e milhões de Reais na conta bancária. No dia 1 de agosto de 1935, ela estava viajando no avião mais luxuoso, quando houve uma fortíssima turbulência que fez com que o transporte caísse em cima de uma de suas mansões. Ninguém sobreviveu. Naquele dia, Vera estava com aquele casaco.

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Regina pegou seu bloco de notas do bolso e começou a anotar os pontos positivos e os negativos da casa. Depois voltou para seu apartamento,

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com o casaco nos braços, para mandar um e-mail ao seu chefe, que estava viajando, com suas impressões sobre aquela casa vazia. Depois de enviar o e-mail ao chefe, Regina lavou e colocou o casaco no corpo para fazer alguns poucos ajustes. Mas ao dar a primeira agulhada no tecido, sentiu seu coração apertar cada vez mais forte. Essa dor que sentia era a mesma dor que Vera sentiu ao cair com o avião. Ela estava com o corpo fervendo, por isso tirou o casaco do corpo. O mais estranho foi que, quando tirou o velho casaco, não sentiu mais nada. O que acabara de acontecer com Regina, ela sentia todas as outras vezes ao colocar o casaco: o coração apertava e o seu corpo fervia. O casaco ficou jogado no sofá da sala da moça, que decidiu não o usar mais. Mas todas as noites seguintes, Regina ouvia passos em sua sala. Sempre que ela ia ver quem estava andando, não encontrava nada! Ao chegar perto do casaco jogado no sofá, Regina começou a sentir um perfume forte, mas muito gostoso. “De onde vinha esse cheiro? ” pensava ela. Até que um dia ela resolveu voltar à casa para devolver o casaco. No dia 29 de setembro de 1940, Regina voltou até a casa para devolver o casaco. Pegou a chave que havia esquecido de entregar da outra vez e abriu a porta. Um senhor que estava dentro da casa ficou assustado com a corretora, pois não a conhecia. Já Regina não compreendeu um senhor morar, já que o seu chefe falara que a casa não havia sido vendida. E aquela goteira da entrada, onde estava? Regina reparou que o teto estava sem nenhum problema... - Bom, vim devolver um casaco que estava em um armário lá de cima. disse Regina. - Quando você veio aqui pegar um casaco? - perguntou o senhor. - Não me lembro de você. - É que quando eu vim, você não estava morando aqui. A casa estava abandonada e muito malcuidada. - Mas eu moro aqui desde a minha adolescência. - falou o homem. Depois que voltei da faculdade, minha mãe, que morava aqui, morreu em um Colégio Rainha da Paz


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acidente aéreo. Então, vendi a outra moradia dela e fiquei com essa. Ela nunca ficou abandonada. Eu sempre cuidei dela. Regina deu um passo para trás para ver se estava na casa certa... e viu o número “713” na porta. “Não pode ser!” pensou ela. “Eu tenho certeza de que esta era a casa abandonada que visitei dias atrás!” De repente, um vento forte bateu em sua direção, e Regina pode sentir um perfume muito forte que ela já conhecia... o perfume do casaco! Regina se arrepiou inteira e, com as pernas tremendo de medo, guardou o casaco no antigo armário e saiu correndo. Depois deste dia, Regina decidiu abandonar o emprego de corretora e resolveu escrever um livro de suspense para crianças que se chamaria “O casaco”. Ou seria melhor chamá-lo de “O perfume”?

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Às onze horas, o garoto de cabelos escuros como a morte, levantou. Andou lentamente até um pequeno armário, perto de sua cama. De lá, tirou uma faca afiada com escritas em hebraico. O menino abriu a porta de seu quarto, suas pupilas lacrimejavam, andou pelo corredor escuro, iluminado somente por um abajur. A luz piscava. Depois de andar um pouco, o garoto abriu a porta do quarto de seus pais, chegou perto deles e sussurrou: ─ Me desculpe. Em seguida, esfaqueou seus pais. O último som que ouviu antes de sair do quarto foi o de seu pai gritando por socorro e depois foi morto por falta de sangue. Caiu de joelhos na rua, uma pequena lágrima escorreu lentamente pela sua pálida feição. Levantou e continuou andando abaladamente. As escritas da faca, em hebraico, diziam que se a pessoa que possuísse aquela arma matasse as duas pessoas que mais amava, poderia obter qualquer desejo. Mas o garoto de olhos azuis como o céu estava se sentindo muito mal. Ele matara os pais só para realizar um desejo extremamente egoísta. Agora ele vingaria os pais tirando a própria vida. A única coisa que poderia impedi-lo era o seu desejo. Antônio acelerou o passo e começou a olhar a paisagem em sua volta. Edifícios grandes, casas... Porém, nenhuma luz acesa. O garoto sentiu algo errado. A faca em sua mão começou a arder. Imediatamente, o menino largou a arma. Das escrituras saiu uma luz negra que, depois de alguns segundos, desapareceu. Antônio se assustou, chutou a adaga para longe e saiu correndo. Ele só não viu a figura baixa com uma foice e olhos vermelhos sair da lâmina

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Alguns metros à frente, o garoto começou a andar mais devagar, o sol já estava nascendo. Olhou para o chão asfaltado e, ao lado de sua sombra, havia outra. Antônio olhou para trás, mas não viu nada. “Acho que estou tendo alucinações” ─ pensou o garoto ─ e seguiu andando. Por volta das três horas da tarde, Antônio notou um prédio alto e pensou que, a uma altura daquela, quem sofresse uma queda não sobreviveria. Subiu no topo do prédio e, de lá, pensou em toda a sua vida. Ele fora uma pessoa boa até poucas horas atrás. Já era hora de ele fazer algo nobre. Ao se sentir mais responsável pelos seus atos, pulou. Sua mente foi dominada pelo desespero. Sabia que ia morrer. Mas, então, o menino que matara os pais começou a planar. A grandeza e a importância de suas asas eram inexplicáveis. Elas o haviam salvado. A faca realizara o seu desejo. Porém haveria um castigo pelo assassinato. Em seu encalço, estava seu maior medo. Desesperado, Antônio começou a rezar para Deus e para o diabo. De tanto rezar, a criatura foi embora, mas logo ela voltaria. Mais tarde, naquele dia, Antônio ainda estava planando levemente, porém as batidas de seu coração eram extremamente rápidas. Aquela criatura estava atrás dele. Não teria escapatória. Dali a poucas horas ele estaria morto. O garoto precisava se proteger. E talvez a única maneira de escapar do terrível castigo fosse a morte. Antônio pousou. Ele parara em uma floresta. Rapidamente correu até uma flor branca. A planta era conhecida como o jade mortal. Ela continha um veneno que causava morte instantânea. O menino se aproximou da flor, ia tocar em seu espinho, mas ouviu uma voz gritar. ─ Pare! ─ parecia que várias pessoas estavam gritando ao mesmo tempo. Porém, ao se virar, Antônio viu só uma pessoa, ou melhor, um monstro.

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─ O que você quer de mim? ─ disse o garoto. ─ Eu quero a sua alma. ─ retrucou a criatura. ─ Por que eu? ─ Você sabe o porquê. E agora vou pegar o que eu desejo. ─ Por favor, não me mate. A criatura balançou o chicote, estendeu-o para cima e chicoteou o garoto. Antônio estava morrendo de dor, seu corpo não aguentaria por muito tempo. Seu peito latejava, suas mãos sangravam, seu coração batia em uma velocidade surreal. Será que esse seria o seu fim? Novamente a criatura estendeu o chicote e, com um gesto rápido e certeiro, tirou a vida de Antônio. Quando o áspero couro do chicote o atravessou, o garoto não sentiu mais nada, não viu nada. Estava ficando tonto, e, a última coisa que ouviu, foi uma risada diabólica cortar o silêncio profundo da floresta. Ao recobrar a consciência, Antônio percebeu que estava deitado em uma cama dura, coberto por um lençol vermelho de sangue. Em seguida ele levantou e se dirigiu à uma porta próxima a ele. Ela era preta e possuía as mesmas escritas em hebraico de sua faca. O garoto abriu-a e, ao ver o que havia fora daquele quarto, estarreceu de medo. Atrás da escura porta havia um campo repleto de árvores grandes, porém estavam em chamas, rios com ossos humanos boiando e, em seu leito, estavam seu pai e sua mãe com as mesmas marcas do assassinato. Porém o que mais o assustou foi que, à sua frente, havia uma lápide e nela estava escrito “Aqui jaz Antônio Barbosa”, o seu nome. Muitas perguntas passavam pela mente de Antônio, mas poucas seriam respondidas. Ele estava morto e seria obrigado a ficar naquele lugar até o fim dos tempos...

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Depois de se acalmar um pouco, Antônio andou lentamente na direção do rio onde seus pais estavam. Ao chegar perto deles, tentou abraçá-los, mas, ao tocar em sua pele, desapareceram instantaneamente e o garoto caiu no rio. Aquela água o queimava, seus olhos ardiam. O mais rápido que pode, o menino de olhos azuis saiu da fonte. Dias se passaram até que o garoto com cabelos escuros resolveu sair dali. Por mais que ele andasse, a paisagem parecia ser a mesma. Porém, apenas alguns metros à frente, centenas de corpos estilhaçados arrastavam-se em sua direção. Assim que os avistou, Antônio começou a correr. Mas eles eram rápidos. Os mortos-vivos alcançaram o garoto e tornaram-no um deles. Dizem que até hoje aqueles corpos continuam se arrastando, e, Antônio, é um deles.

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No aniversário de seu filho, Carlos comprou uma roupa de palhaço para divertir Leo. Após comprar a fantasia, seguiu o caminho para sua casa. Quando chegou, brincou com seu filho até ele não aguentar mais. Quando a festa acabou, o pai colocou o filho para dormir e depois foi até o banheiro onde tentaria tirar a fantasia. Tentou, tentou, mas não conseguiu e deixou para o dia seguinte. Amanheceu e Carlos foi o primeiro a acordar enquanto Leo e Ana, sua esposa, continuaram dormindo. Carlos foi para o banheiro tirar a fantasia. Olhando-se no espelho, disse: - Como vou tirar essa fantasia? Meu Deus!!!! Ela parece estar grudada em meu corpo! Pensou , pensou e pensou, mas não achava uma solução. Então foi ao trabalho daquela mesma maneira. Quando chegou ao escritório, entrou e pôsse a trabalhar. Quando acabou seu trabalho, viu que estava diferente: suas unhas cresceram e seus pés ficaram enrugados. Carlos saiu de seu comércio e, quando entrou no carro, começou a sentir uma dor e não conseguiu controlar seu corpo. Então saiu do carro e começou a bater nas pessoas e quebrar tudo o que via pela frente. Uma senhora viu e ligou pra polícia dizendo : - Polícia! Polícia, nos ajude! Tem um homem com uma vestimenta de palhaço batendo nas pessoas e quebrando tudo. Muitas pessoas gritavam : - Socorro!! Socorro, por favor . Após 10 minutos com todo aquele caos, Carlos parou de bater e quebrar as coisas e desmaiou. Na mesma hora a polícia chegou com sua sirene piscando nas cores azul e vermelho.

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Os polícias levantaram Carlos, e o colocaram na viatura para ser levado até o Hospital Penhor Amizade. Após chegarem, ouviam-se : - Emergência!! Vou levá-lo à sala 13. Médicos terão que estar lá! Homem muito mal, desmaiado. A emergência parecia grande, leitor. Mas após chegar à sala 13, Carlos estava acordando. Faria ele o mesmo caos de antes? Sim, é a resposta! Carlos, quando acordou, se levantou e rendeu a enfermeira : - Socorro! - dizia a enfermeira a todo momento - Fique quieta ,garota – falava Carlos. Após o grito de socorro, muitas pessoas estavam ligando para a polícia. Quando a polícia chegou, já era tarde! O Palhaço Assassino havia matado e enfermeira e feito uma bagunça imensa dentro do hospital. Todos da cidade foram avisados sobre o palhaço que assassinava as pessoas, até mesmo sua mulher e Leo, seu filho que tanto o amava. Ana e Leo estavam na cozinha fazendo um lanche, quando por acaso ouviram um barulho vindo da porta da frente. Ana perguntou quem era, de longe, mas ninguém respondia : - Quem é? Quem é que está na porta? – insistia Ana. A mulher foi até a porta para ver quem era. Quando ela abriu, viu Carlos totalmente diferente. Então, correu até a cozinha para pegar Leo e fugir. Foram ambos para a garagem, mas o carro de Ana não estava lá. Depois voltou para casa pensando em se trancar dentro do pequeno quarto de limpeza. E conseguiu antes que o ser horripilante os avistasse. - Leo, meu filho! – gargalhava o palhaço ! Venha para os braços do papai – dizia tentando atrair o garoto. - Mãe, é o papai. - Sim, filho. É ele!

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TUM, TUM. Carlos havia os achado e batia na porta para abri-la, até que conseguiu. Mas quando foi tirar Leo dos braços de Ana, ela deu-lhe uma facada nos olhos com a faca que fazia o lanche. Após o ocorrido, Leo e Ana correram até a delegacia e fizeram um boletim de ocorrência. O carro de polícia os levou até sua casa, onde a fantasia e o corpo de Carlos não estavam mais.

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Era uma noite de terror, era halloween na cidade de Eisicsity, um homem velho, de pele branca, com cabelos pretos, uma barba comprida e branca andava pela cidade, Ele não tinha amigos, não tinha família, não tinha ninguém. Eram oito horas da noite, crianças felizes se entristeciam quando olhavam para ele. Diziam que ele matou sua mulher e seus dois filhos, pois no dia do acontecimento só se ouvia gritos nas ruas escuras e sombrias de Eisicsity. Por todo o lugar que o velho passava, os pais de crianças fechavam as cortinas com medo de que o velho matasse seus filhos. Nove e meia da noite, dois meninos arteiros passaram na frente da casa do homem velho e um deles disse: - Vamos entrar na casa do velho? - Vamos! Mas e se ele estiver lá? - perguntou o outro menino. -A luz da casa está apagada, não deve ter ninguém lá... e outra, se ele estiver, a gente corre - respondeu o amigo. - Certo! Vamos lá - falou o outro indo direto para porta da casa do homem. Então os meninos entraram na casa. Lá estava escuro, a única luz que havia, era a da lua, batendo na janela cristalina da casa. Os meninos, sem medo, começaram a bagunçar toda a casa. O sofá foi deixado de cabeça para baixo. Os pratos, copos e talheres, todos jogados e quebrados no chão. E as roupas, todas espalhadas pelo quarto. Mas o que eles não sabiam era que o homem estava prestes a abrir a porta.

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Os garotos, ouvindo o barulho de alguém chegando, saíram correndo, e um deles disse: - Vamos para debaixo da cama dele! - Tá bom...- respondeu o outro. Quando o velho abriu a porta e viu toda aquela bagunça, ele ficou vermelho de raiva, suas veias incharam, e ele gritou: - Quem está na minha casa!? Seja quem for, quando eu encontrar, vai se ver comigo. Sem nem pensar, os dois meninos disseram juntos: - Vamos pular pela janela! Os meninos pularam, mas o que eles não sabiam era que o homem velho tinha um cachorro de raça pastor alemão. O cão começou a latir. O homem, ouvindo os latidos, foi correndo para o jardim e vendo as crianças disse: - Crianças enxeridas, pensaram que iriam fugir? Pois estavam errados. Agora vocês vão ver... As crianças estavam sem saída, não havia o que fazer. O velho pegou os meninos pelos seus braços e levou-os para dentro da casa. Naquela noite, em Eisicsity, não se ouvia gritos, apenas gemidos e o homem velho dizendo: - Vocês vão ver! Vocês vão ver! Vocês vão ver!!! Eu me vingarei. No dia seguinte, quando o sol nasceu, os pais de um dos meninos, estavam procurando por eles, mas os responsáveis nem sabiam se as crianças estavam em alguma casa. De repente, os dois meninos apareceram, andando na rua calmamente. Os pais saíram correndo em direção ao filho, e a mãe do menino disse: - Onde vocês estavam? - É...

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- Desembucha! - disse a mãe. - Certo, certo, eu falo... Nós estávamos na casa do homem velho.

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- E por que vocês estavam lá? - perguntou o pai. - Ele nos segurou e nos prendeu no quarto dele - disse um dos meninos. - Agora ele vai se ver comigo - falou o pai. - Não, não, nós já resolvemos - respondeu o filho. - Como assim, vocês já resolveram isso? - perguntou a mãe. - Bem, nós estávamos no quarto dele. Após um tempo ele entrou e disse: “Vocês vão ficar aí para sempre”, e então nós gritamos: “Não!!!” Depois nós saímos correndo do quarto, e conseguimos fechar ele lá. - Meninos, por que vocês fizeram isso? – perguntou a mãe. - O que iríamos fazer? Ou o velho ficava lá preso, ou nós iríamos ficar. - Nós temos que soltá-lo - disse o pai. -Não podemos soltá-lo! Ele pode nos matar, assim como matou sua mulher e seus dois filhos - falou um dos meninos. -É verdade, eu não pensei nisso, mas se deixarmos ele lá, alguém de Eisicsity notará o seu sumiço. - explicou a mãe. -Não tem problema, ninguém ligava para ele, e não é agora que vão ligar. - respondeu o filho. Enquanto o pai, a mãe e o filho conversavam sobre o que fazer, o outro menino, sem saber onde estava sua mãe e seu pai, foi para sua casa. Chegando lá, não encontrou nenhum dos dois. Assim, saiu de casa e perguntou para o porteiro da rua onde estavam seus familiares. - Porteiro Alan, você viu minha mãe ou meu pai? - perguntou o menino. O porteiro não respondeu à criança, nem se mexeu. Seus olhos estavam vermelhos e sua pele estava pálida. O menino, sem resposta, foi embora e, conforme foi andando, percebeu que as pessoas estavam iguais ao porteiro.

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Depois de andar por cerca de meia hora, encontrou seu pai e sua mãe. Ao vê-los, percebeu que seus pais também estavam iguais ao porteiro. A criança perguntou aos seus pais porque estavam ali parados, e, como o porteiro, eles não responderam. Então o menino disse: - Nossa! Vocês também estão estranhos. Bom, vamos para casa do meu amigo para vocês conversarem com os pais dele. O menino ficou sem resposta, mas mesmo assim ele segurou a mão dos pais e tentou puxá-los, mas eles não saíam do lugar. Então o garoto foi para casa do amigo para pedir ajuda. Quando chegou na casa do amigo, o colega estava desesperado porque sua mãe e seu pai também estavam com os olhos vermelhos e com a pele pálida. Então, desesperados, os meninos decidiram que iriam para casa do homem velho para ver se aquilo tinha alguma coisa a ver com ele. Quando chegaram lá, olharam pela fechadura da porta, para ver se o homem ainda estava no quarto. Como não viram nada, abriram a porta e um deles falou: - Eu acho que nós o deixamos muito tempo sem água e sem comida e ele morreu... - Eu também acho... - completou o amigo gritando desesperado - ... que ele possuiu todos... e seremos os próximos!!! - Vamos sair daqui!!! - gritou um dos meninos. Mas era tarde demais, a porta e a janela estavam trancadas. - Você trancou a porta?! – perguntou um menino. - Não!!! - respondeu o outro. - Então quem foi? - perguntou o amigo. - Talvez seja a alma do homem velho!!! - respondeu o outro.

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- Não, talvez a tranca da porta dele seja diferente, só isso - falou o amigo tentando ficar calmo. - Bom, a nossa única salvação é gritar por socorro. – falou a outra criança. - Mas todos estão estranhos! - respondeu o menino. - Mas vale a pena tentar, não é? - perguntou o outro. - Tá bom, então vamos gritar! Socorro! Socorro! Socorro!!! - gritaram os meninos. E, de repente, uma voz falou: - Ninguém irá salvá-los. Todos estão sob o meu comando, e agora só faltam vocês - falou a alma do homem velho, com um tom de voz assustador. “Não!!!”Foram as últimas palavras dos meninos, e, desde então, Eisicsity ficou dominada pela alma do temido homem velho.

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Há muito tempo, existia um casal que alugou uma casa perto de um lindo rio que se chamava Alegra. Durante a noite estava chovendo muito forte, com muitos raios. E em um desses raios, com a claridade, a mulher viu através da vidraça um homem com um capuz preto e um machado. Logo depois, no outro raio, a criatura tinha sumido. A mulher chamou o marido, mas o homem já tinha adormecido no andar de cima e não ouviu. A mulher subiu as escadas correndo, mas quando chegou em seu quarto, o marido estava morto. Chorando, a coitada desceu as escadas desesperada e viu a porta aberta. Começou a gritar e, no mesmo segundo, o homem de capuz preto enfiou um machado em seu pescoço e arrancou sua cabeça. No outro dia, o dono da casa voltou e viu aqueles corpos no chão. Naquele mesmo momento, pegou os corpos e enterrou-os no jardim. Não pensou em chamar a polícia porque ficou com medo de ser acusado de um crime que não cometeu. Quando acabou de enterrar os defuntos, debaixo de chuva, o homem de capuz preto veio em sua direção e deu uma facada em seu pescoço. O dono da casa caiu morto no chão. O homem de preto pegou o corpo e o jogou no lago com uma pedra pesada amarrada no pé para o corpo afundar. Depois de alguns dias, os policias encontraram os corpos enterrados e também um dentro do lago. E foi, a partir daí, que o lago ficou conhecido como “O lago do homem morto” Alguns anos depois, umas pessoas reformaram a casa e foram obrigadas, através de um telefonema, a pendurar a foto do homem de preto, na

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parede, com uma máscara para não mostrar seu rosto. Se eles não atendessem ao pedido, seriam mortos. Um mês depois da reforma, uma família com três filhos a alugou, mas um dos filhos adolescentes acabou não indo para lá porque estava doente. Quando chegaram à casa, eles a acharam muito estranha. - Essa casa dá muito medo! - falou o caçula, Pedro, abraçado em sua mãe. E o mais velho, João, como sempre riu de seu irmãozinho: - Você acha que essa casa é mal-assombrada e alguém, de noite, vai pegar você na sua cama. Ha! Ha! Ha! - João, pare com isso. Seu irmão tem apenas cinco anos. Entre logo e vá com Pedro procurar seus quartos. Os meninos subiram e escolhem as camas, pois os dois iriam dormir no mesmo quarto. Os pais ficariam com o outro. - Eu vou levar as malas para cima - disse o pai. E a mãe foi fazer o jantar. De repente, João e Pedro começaram a gritar e os pais foram correndo até o quarto. - O que aconteceu? - perguntou o pai, que chegou primeiro. - Nós vimos alguém na janela. - Quem? - perguntou o pai preocupado - Um homem de máscara preta igual à do retrato que está na lareira disse João. A mãe chegou depois de alguns minutos e perguntou a mesma coisa. - É só imaginação desses meninos - disse o pai. - Vamos então descer para jantar que a comida já está pronta - disse a mãe. No meio do jantar começou a chover, com muitos raios.

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- Que chuva estranha - disse a mãe. João acabou o jantar e disse que acenderia a lareira. Seu irmão Pedro também foi atrás. Os meninos pegaram alguns jornais velhos para ajudar acender o fogo, quando o mais velho leu uma notícia sobre três assassinatos que aconteceram naquela mesma casa, há alguns anos atrás e ficou com medo. Mostrou para o pai. - Isso não é nada, foi algo que aconteceu no passado. Não fiquem com medo. Os garotos subiram, desconfiados, para dormir. No meio da noite, Pedro ouviu um barulho de porta abrindo. Com medo, se cobriu todo, deixando apenas os olhos de fora. Depois ouviu alguém subindo a escada. Desesperado, acordou seu irmão e disse: -Tem alguém subindo as escadas. Os meninos foram para o corredor e não viram nada. Foram, então, para o quarto dos pais e eles não estavam lá. Apavorados, desceram as escadas e encontraram seus pais mortos no sofá. Com medo de também morrerem, saíram da casa e correram para uma estradinha de terra, para tentar chegar à cidade. No meio da estradinha uma pessoa de preto começou a persegui-los. Quando os alcançou, deu uma facada em Pedro que caiu morto. João, desesperado, chorou muito, mas não parou de correr. Enquanto estava correndo, encontrou um carro vindo em sua direção. Pediu para o veículo parar e entrou. Estava salvo. O homem começou a fazer perguntas para o menino, que lhe explicou tudo o que aconteceu na casa e na estradinha. João pediu ao homem para levá-lo à casa da cidade porque seu irmão mais velho estava lá.

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No carro, o homem ligou para a polícia para que eles fossem até a casa alugada. Enquanto isso, o homem de preto pegou os três corpos e jogou-os no lago, com pedras amarradas nos pés. Depois de um tempo, a polícia chegou à casa e não encontrou os corpos. Então, fecharam o local. Quanto aos meninos, foram morar com os avós. E a história do homem de preto continuou...

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Em certo dia, Jeff, um policial, foi investigar um assassinato na Rua Roberto Pio, no apartamento 13, da Sra. Lisbeth Moreira. Quando Jeff entrou, viu um menino sentado no sofá. - Qual é o seu nome? - perguntou Jeff. - Meu nome é Rafael. Sou filho da Lisbeth. - Onde está sua mãe? Rafael, chorando, falou: - Está no banheiro... - Não vá mais lá. Você tem o número do seu pai? - Sim, vou falar 56-11 913767777. - Obrigado, Rafael. Vou ligar para o seu pai. - Mas já, Jeff? Ele vem me buscar? - Sim. Você pode esperar na portaria? - Posso. Rafael vai para a portaria. Jeff, ao entrar no banheiro, fica muito assustado ao ver aquele corpo jogado no chão: - Acho que vou chamar os meus amigos da investigação da Polícia Civil. – e fez uma chamada telefônica – Que droga! Está dando caixa postal. Vou voltar para a delegacia. Jeff chega em seu trabalho e vê o seus amigos Carlos, Pedro e Roberto.

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- Nossa, amigos! Estava em uma investigação difícil e preciso de vocês! Uma mulher foi assassinada, dentro do banheiro de seu apartamento, e não há nenhuma pista que possa ajudar.

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Roberto, Carlos e Pedro decidem ajudar Jeff a investigar o difícil caso. Rafael chega à casa do seu pai Fernando e fica lá por algumas semanas. Seu pai o matricula em um novo colégio, pois não podia ficar sem estudar. O menino foi para a escola nova e não sabia quem era sua professora. Na saída eu pai foi busca-lo e o levou para sua casa.

Jeff volta ao apartamento, com seus três colegas, para continuar com a investigação. - Peguem tudo o que acharem que é pista importante. Não podemos deixar nada escapar. - Está bem! Faremos o possível. Parece que não há nada de estranho aqui, a não ser o corpo jogado no banheiro. – falou Carlos. - Eu e o Roberto começaremos pelos quartos. Depois, olharemos os outros cômodos do apartamento. - disse Pedro. - Está bem. Obrigado pela ajuda! – respondeu Jeff. Roberto e Pedro ficaram no local, para investigar, enquanto Jeff e Carlos levaram o corpo para o IML. Depois de alguns dias, saíram os resultados dos exames dizendo não saber a causa da morte de Lisbeth. Até hoje ninguém sabe o que aconteceu com Lisbeth Moreira. E a polícia continua investigando.

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As crianças, sem nenhum responsável, entraram em uma construção abandonada. Antes de conseguirem se aprofundar, passaram por um grupo de gatos pretos que falavam: "Cuidado, cuidado..." Eles ficaram espantados e resolveram sair. Ao lado da porta tinha uma lata e um pincel simples. Parecia que alguém havia escrito na porta, com esses mesmos objetos, uma frase assim: "Vocês morrerão". Ninguém deu importância, apenas uma menina, a mais medrosa, chamada Lucia. Ao tombar da lata, ela ficou mais assustada. Morreu de medo. Pediu para sair e virou-se. Mas, ao dar meia volta para ver se os seus amigos tinham concordado, o que menos esperava aconteceu... a gangue do palhaço assassino tinha pego seus acompanhantes. Ela sabia quem era porque no chão havia um nariz redondo e vermelho, e, naquela região, contavam muito sobre essa lenda urbana. A menina não conseguia decidir para o lado que iria. Então saiu correndo para onde pode e se escondeu debaixo de um banco todo quebrado e rachado. O palhaço assassino deixou duas pessoas de sua gangue na porta para que a menina não conseguisse sair. A garota saiu de baixo do banco e, como pensava que palhaços não eram espertos, porque faziam palhaçadas, não pensou que poderiam deixar alguém na porta e foi em direção à saída. Essas pessoas que estavam na porta viram a garota e correram para alcançá-la. Por sorte que a menina conseguiu despistá-los e saiu da construção. Para que os pais dos seus amigos não ficassem preocupados, a garota falou para os adultos que todos iriam dormir na sua casa pois fariam a noite do pijama.

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A gangue, naquele mesmo dia, quase na hora do jantar, resolveu fazer um plano, que era pegar crianças para trabalhar para eles: - Vamos fazer um circo. Nenhuma criança resiste a um espetáculo.

No dia seguinte, Lucia ouviu muitas crianças falando de um circo, mas não ficou muito interessada, até que a garota de olhos azuis avistou um cartaz escrito com letras grandes: "CIRCO PARA CRIANÇAS, COMPRE JÁ SEU INGRESSO". Então ela correu para casa e pegou sua mesada. Logo após, comprou seu ingresso. Ao chegar no horário certo, ela correu para o circo e se assustou porque viu o palhaço que havia pegado seus acompanhantes na porta. - Sei que para vocês, pequeninos, o espetáculo está sendo ótimo!. falou o palhaço. - EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEBA! - gritaram as crianças. Quando pararam de gritar, o assassino continuou: - Mas já esta acabando... e, para o nosso truque final, precisamos de um voluntário. Larry não levantou a mão, mas foi a escolhida. O truque foi passado por um moço chamado Juca Bagaceiro, que se disfarçou de mágico e fez a garota sumir.

Enquanto isso, os pais das crianças perceberam que elas não voltaram para o jantar, então ligaram para polícia. Mas Ricardo, pai de Carlos, ficou inconformado com o que sua mulher e os seus amigos fizeram e resolveu que iria resolver esse problema sozinho. A polícia procurou por 15 dias e por 15 bairros. Ricardo também... Mas nada.

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- Por que vocês foram à construção? - perguntou o palhaço dentro de um avião saindo de São Paulo e indo para o Rio de Janeiro.

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Ao chegar ao destino, ele foi de carro, junto com as crianças, para uma mina abandonada. E o horripilante assassino disse em voz alta: - Vocês trabalharão para mim até morrer! E começam a trabalhar na mina para procurar preciosidades. Os pequenos procuraram por dias, mas eles não acharam nada, só pedras sem valor. - Vocês só têm mais um dia para achar algumas preciosidades! Depois, faremos uma viagem... – e gargalhou. Ao amanhecer, as crianças seriam levadas para um hotel onde diziam acontecer fatos estranhos. Todas elas estavam com muito medo. O palhaço estava com pressa, então pegaram o primeiro avião para Minas Gerais. Depois de um tempo, chegaram no aeroporto e pegaram um táxi para o hotel. Ao entrar, o mágico do circo, conhecido melhor como Juca Bagaceiro, estava à espera deles.

Passaram três meses, só faltava um lugar para procurar o seu filho e os amigos dele, o cemitério de Cluclavers. Então, o pai de Carlos decide procurar de manhã, porque já era tarde da noite. Ao amanhecer, Ricardo pega as cartas que foram entregues pelo correio, a maioria era contas, e percebe uma carta diferente das outras. Ela é anônima, dizendo que os meninos estavam enterrados no cemitério de Cluclavers. Ele não tinha escolha, a não ser ir até lá. Então, depois do almoço, às 13h30, Ricardo, pai de Carlos, vai para o cemitério e acha cinco covas, cada uma escrita com um nome diferente: aqui jaz Carlos, Larry, Luca, Laís, Larissa. E ficou na cabeça de Ricardo e dos outros pais: "O que será que aconteceu?”

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Numa escura noite de 13 de dezembro de 1970, nasceu uma criança. Uma criança especial, determinada e forte. Ela morava em uma pequena cidade ao leste da Califórnia. Uma cidade minúscula e pobre. Sua vida era difícil, acordava cedo e dormia tarde. Mas, o pior, era a hora do descanso. Todas as noites, o mesmo sonho, o mesmo pesadelo. Ela estava em um quarto escuro, onde a única iluminação eram duas velas brancas. Na cama, também escura por causa da pouca luminosidade, uma pessoa dormia, num sono pesado e tranquilo. De repente, um vendaval apagava as velas, apesar de todas as janelas e portas estarem fechadas. Ela sempre tomava um susto nessa parte. Mas ela não saía correndo, não conseguia se mover neste sonho. Então, no quarto, a porta da varanda se abria e fechava depois de um tempo, com um baque surdo. Ouviam-se passos no carpete de veludo, mas não era possível enxergar o que fosse que estivesse ali. Em seguida, era possível ouvir uma espada sendo desembainhada. Novamente, não era possível enxergar. Alguém soltou um grito de dor, que logo foi abafado pelo silêncio da morte. Na mente da menina, o homem que dormia estava tendo apenas um pesadelo. Não entendia o porquê de saber se era um homem ou uma mulher, ela sentia que era um homem. Era um homem, isso era verdade. Mas um pesadelo por parte dele… Não era isso que estava acontecendo.

Então,

após

o

estranho

“pesadelo”,

o

dia

amanhecia

rapidamente, e a cama, que na verdade não era negra, e sim branca, estava manchada de sangue. - A próxima será você! - gritava uma voz rouca. - Pare! - gritava a menina. - Pare com isso! Depois de dizer essas palavras, ela acordava aterrorizada de seu sonho. Em seguida, tinha o seu dia normal, ia para a escola, brincava e ia dormir. Sua vida foi assim até a menina completar treze anos, quando os pesadelos se tornaram insuportáveis. A garota passou a ser uma pessoa

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deprimida e triste. Na sua noite de aniversário de quatorze anos, ela quase enlouqueceu com o pesadelo, mas sua depressão passou. Achou aquilo muito estranho, e resolveu desabafar com sua avó, uma velha benzedeira da cidade. - Calma, minha menina, calma. Sei o que está acontecendo. - É o demônio, querendo te enlouquecer. Para acabar com os pesadelos, você deve sempre dormir com isso. - a avó entregou para a menina uma cruz. - Nunca se separe dela. Mas, tenha cuidado. Se você encontrar o leito de morte do homem de seus pesadelos e estiver sem a cruz, você fará parte do sonho. Porém, leve sempre a cruzinha com você. Pode confiar, eu mesma a benzi. A menina seguiu o conselho de sua avó e sua vida se tornou melhor, os pesadelos terminaram e o seu dia rendeu mais. Ela acordava, estudava e ia se deitar, mas sem esquecer-se da cruzinha, que ela colocava embaixo do travesseiro. Assim ela cresceu, e, quando adulta, conseguiu trabalhar em uma boa empresa. Sua vida lhe proporcionou várias viagens de trabalho e passou a receber um bom salário. De noite, ela continuava a dormir com a cruz, pois se tornara uma mulher muito supersticiosa e religiosa. Em uma de suas viagens, ela teve de parar em uma grande pousada na beira da estrada, que mais parecia um casarão. O estabelecimento ainda não tinha sido afetado pela moderna luz elétrica, mas tinha um jeito simpático por fora, e a mulher resolveu entrar. - Olá, tem alguém aí? - perguntou ao passar pela porta. - Eu gostaria de passar a noite nesta pousada. Alguém pode me atender? Ela ouviu alguns ruídos no fundo da casa, e logo pode ver um pequeno facho de luz, sem dúvida causado por uma vela. Ouviu passos apressados pelo chão de madeira e a porta rangeu, abrindo-se. Um homem alto, vestido com roupas negras e cabelos ralos tinha aberto a porta. - Senhora. - disse o homem. – Sou o administrador daqui. Pode entrar, vou hospedá-la. A mulher entrou na recepção da pousada, onde conseguiu as chaves de seu quarto, algumas velas, e, uma caixa de fósforos.

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- Os hóspedes estão no salão principal. Acompanhe-me – falou o homem. Ela o seguiu até um salão iluminado por dezenas de velas, com algumas pessoas. Deveriam ser umas dez, e mais um outro homem que usava o uniforme da pousada. - Pode se sentar ali. - o administrador falou e apontou para uma cadeira. - Ele vai contar uma história. – referindo-se ao homem vestido de funcionário da pousada. Ela sentou-se e o homem começou: - Olá, boa noite! Eu vou ser o guia de vocês na pousada. Vou contar uma história, uma história sobre esse lugar. Ele era o dono disto tudo. Ele não era religioso e desrespeitava todos que tinha fé em algo. No dia do falecimento do seu amigo, seu corpo foi benzido, e ele falou que era tudo uma bobagem, que todos que acreditassem naquilo eram loucos... - o homem fez uma pausa. - Mas que bobagem! - disse um homem próximo a ela. - Verdade! - manifestaram-se outros. O funcionário da pousada fez um sinal, pedindo silêncio. Quando todos se calaram, ele continuou. - Depois de dizer aquelas palavras, o antigo dono deste lugar saiu do velório. Como ele iria se arrepender disso. Na noite de aniversário de um ano da morte do amigo do ex-dono daqui, no dia 13 de dezembro de 1970, uma coisa muito estranha aconteceu. Ela sentiu um calafrio. 13 de dezembro de 1970? Era o dia em que ela nasceu. Sem dúvida, algo estranho aconteceu naquela noite. - Ouviram o antigo dono gritar várias vezes durante a noite. Ninguém foi até o seu quarto, pois a porta estava trancada. De manhã, acharam a porta escancarada, e, o antigo dono daqui, morto, com uma espada em sua barriga. Todos os hóspedes estremeceram, ela, principalmente. Aquela história. Era muito parecida com seu sonho. Coincidência, talvez? Não, ela não

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acreditava em coincidências. Atordoada, nem percebeu que o funcionário continuava:

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- Bom, agora vou guiá-los até seus quartos. Venham! O funcionário os guiou por uma série de corredores largos e mostrou aos hóspedes seus quartos. Quando só restava ela, ele olhou o número de sua chave e disse: - Seu quarto é aquele. É tranquilo e espaçoso, mas peço que não entre no último quarto do corredor. - ele apontou para uma porta semiaberta no fundo do corredor. - Foi lá que o assassinato aconteceu. Mais uma coisa. Siga suas superstições. O fantasma foi condenado a levar as pessoas que não tem símbolos religiosos. Boa noite. - e saiu andando pelo corredor, não antes de acender um lampião em cima da porta dela. Ela destrancou o quarto e entrou fazendo o sinal da cruz. Quando o funcionário falou em seguir superstições, ela se lembrou de sua cruzinha, que a avó tinha lhe dado. Procurou em todas as malas, mas o amuleto não estava em nenhum lugar. Tinha deixado em sua casa. Começou a ficar nervosa com a situação, mas logo se acalmou. “Não vai adiantar nada eu me estressar” ela pensou. “não vou conseguir buscá-la em casa essa hora. É só uma noite, e eu vou dormir. Nada me acontecerá”. Pensando nisso, a mulher se deitou e adormeceu. Ela acordou. Ainda era noite. Sentia sua cruz em algum lugar perto dela, e queria pegá-la. Vestiu os chinelos e saiu do quarto. Estava indo para o último quarto do corredor. A cruz, agora, tinha uma presença maior na mente dela. Iria encontrá-la. Com passos corajosos, foi até a porta daquele quarto. Escancarou-a. Lá estava, a linda cruz que sua avó lhe dera, em cima da cama negra. A cama de seus pesadelos. E as velas. Lá estavam elas, iluminando o ambiente. Aquilo parecia ser menos assustador do que no sonho, então ela avançou para a cama. Só conseguiu dar alguns passos e parou de se mexer. Por mais que tentasse, só conseguia piscar. Depois que perdeu os movimentos, a porta se fechou atrás dela. E, mais uma vez, o pesadelo começou. As velas se apagaram. A porta da varanda se abriu e se fechou. A espada sendo desembainhada. O grito de dor, abafado pelo silêncio da morte. Colégio Rainha da Paz


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Tudo se repetia. O dia amanheceu rapidamente, como no pesadelo. O que, ou aquilo, que tinha matado o homem, já tinha ido embora. Então, o corpo do morto se levantou de seu leito e foi até ela. Ele tinha olhos vermelhos, que fazia contraste com a pele esbranquiçada e pálida que possuía. Ela se assustou com isso: o morto indo até ela, pois não acontecia no pesadelo. - Você será a próxima! - gritou o morto, com uma voz rouca e grave. Instintivamente, ela gritou: - Pare! Pare com isso! E ela acordou de seu pesadelo. Mas não estava no seu quarto que a pousada lhe oferecera. Estava no último quarto do corredor. Não conseguia se mexer, mas, com o canto dos olhos, viu a cruz benzida, que estava jogada no chão partida em dois. Ela olhou para as mãos. A pele estava esbranquiçada, e, os olhos, ardendo como se pegassem fogo. Lembrando-se das palavras da avó, ela chegou a uma conclusão... Agora, fazia parte do pesadelo.

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Era uma noite de inverno. Pedro, um homem desempregado, procurava em um jornal, atentamente, um emprego para ganhar dinheiro, pois seu país estava passando por uma grave crise financeira. Depois de horas procurando, achou uma vaga para guarda noturno, por uma semana, em uma pizzaria com um anúncio que dizia:

DIVERIPIZZA: atração para crianças! Show de pelúcias! Tel.(666)0102-0304

Pedro ignorou o fato de vigiar pelúcias, pois tinha trauma destas criaturas peludas desde criança, e o fato de a rede do telefone ser 666. Seguiu para a sua primeira noite de trabalho. Ao chegar lá, instalou-se em uma sala com uma cadeira e uma mesa com o computador das câmeras, um corredor escuro à frente da mesa, e, duas entradas de ventilação aos lados. Nas primeiras horas de trabalho não aconteceu nada, além da pizzaria ficar intacta. Só no último momento ouviu uma risada aguda. Checou as câmeras, mas não observou nada de diferente. Apenas notou que uma câmera falhou por alguns longos segundos e, quando a imagem voltou, havia algo de diferente, mas não sabia o que era... Neste exato momento, o badalar do sino das seis horas da manhã tomou conta da cidade. Isso significava que seu turno havia acabado. Passou o dia inteiro pensando no caso da câmera e achou que devia ser coisa da sua cabeça. Depois de um tempo, esqueceu o assunto assistindo um

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pouco de televisão e deixou-se levar por um sono pesado, aguardando a próxima noite. Nas outras quatro longas noites, não percebeu nada que o atordoasse. Foi calmo, só com o barulho do rock tocando em seu fone de ouvido. Algumas noites até notou algumas risadas ou barulhos estranhos, mas definiu que era apenas sono. Isso mudou na última noite. Após a soneca que Pedro tirava todos os dias, para não dormir em serviço, ele seguiu com longos e lentos passos até a pizzaria. Antes de entrar, sentiu algo estranho, como se ele não devesse trabalhar naquele último dia. Algo o impedia de entrar. Pedro respirou fundo e entrou. Como sempre, se acomodou na cadeira macia e aconchegante. Por um longo tempo observou o corredor escuro pensando em quando viu um filme de bonecos assassinos que lhe rendeu o medo por pelúcias. Checou as câmeras cuidadosamente e não achou nada que pudesse ser estranho, mas quando olhou para frente localizou um urso de pelúcia lhe observando. Pulou da cadeira. Ao cair, entortou o dedão, mas com um urso de pelúcia vivo não conseguia sentir dor, a adrenalina era alta demais. Ele não suportou, fechou os olhos e desmaiou ali mesmo. Acordou em uma calçada suja, incapacitado de levantar por tudo que havia acontecido nas últimas horas. Um jovem o achou minutos depois e o levou para o melhor hospital possível. Não foi nada grave, Pedro só tinha quebrado o dedão. Depois de curado, os médicos perguntaram a Pedro o que havia acontecido com ele. O homem contou toda a história, sem poupar detalhes. Os médicos não acreditaram em nada, pois disseram que a tal pizzaria estava abandonada há anos. Pedro os levou à sua casa para lhes mostrar o jornal onde viu este anúncio, mas o mesmo não estava mais naquele local. Ligou para o número da pizzaria e ouviu uma resposta assim: “Este número de telefone não existe”.

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Os médicos acharam melhor ele descansar. Sem retrucar, Pedro obedeceu às ordens. Deitou em sua cama e adormeceu em um sono pesado.

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Um sonho real e uma realidade nada boa Era sexta-feira à noite, nas mais altas horas, eu estava assistindo TV, um filme de terror misturado com suspense. Quando me lembrei de que há quatro anos, meu pai morreu esfaqueado por um bandido. Minha mãe, ainda viva, estava internada na UTI, por ter sido atropelada, e prestes a morrer. Desliguei a TV e fui dormir. Às três horas da madrugada, começou a chover, um trovão me acordou. Peguei o meu celular da SANSUNG. Eram cinco horas, ainda tinha tempo para dormir. Quando acordei, suando e tremendo, a primeira coisa que fiz foi pegar o meu celular, eram nove horas. Então, resolvi ligar para a minha melhor amiga, a Eliana: - Amiga você não sabe! - O que, Débora? - ela disse - Eu tive um pesadelo terrível! - Sério? Eu também! Como foi? - Como foi? - Ah, a ligação está muito ruim! - Verdade, vamos nos encontrar hoje? - Às cinco horas, pode ser? - Tá, tchau! - Tchau! Calma, onde? - No parque, na frente do cemitério. - Combinado. - Tchau!

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Depois que desliguei, senti a minha barriga roncar. Então pensei: “O que vou tomar de café da manhã?”. - Joana! - Joana era a empregada que trabalhava em casa, era loira, baixinha e tinha mão cheia para a cozinha. - Sim, posso ajudar?- perguntou Joana vestida em seu avental de tonalidade azul bebê. - O que você fez para o café? - perguntei - O mesmo de sempre: torradas, café, leite, chocolate em pó, pão e frutas. - explicou ela. -Obrigada - Joana saiu do meu quarto. Depois de tomar café, estava arrumando meu guarda roupa quando Joana falou: - Posso entrar? - Sim! Entre. – respondi. - Acabou de chegar umas correspondências. Onde eu posso colocá-las? - Na minha mesa, por favor. Aproveite e pegue o seu pagamento! - Muito obrigada! - disse Joana pegando um envelope. Quando Joana saiu, fui até a mesa e vi um envelope branco com os dizeres: “Para Débora Hiromi Alves Carelli Figueiredo, apto 20...”. Abri e gostaria de rasgar a carta, mas ela era muito importante. Lá dizia que o tratamento da minha mãe ia aumentar 15%. Fiquei totalmente triste. As minhas irmãs, Sofia e Beatriz, estavam cuidando da fábrica do meu falecido pai. Peguei o meu celular e liguei para um número. - Alô? - Bia, tudo bem? - Tudo. Aconteceu alguma coisa? – Bia me perguntou. - Está tudo muito caro! E a Sófis? Como ela está?

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- Ela ficou meio resfriada, então não veio trabalhar... Mas, por que você me ligou, digo, você esta rouca? - Hoje eu recebi uma carta dizendo que o tratamento da mamãe vai ficar mais caro! Como pode? - Sério? De quanto o aumento? - 15%, será que você pode depositar uns R$ 10.000,00? Hoje eu quero me encontrar com a Eliana, e de lá, irei conversar com um advogado para uma amiga minha. - Ta, mas R$10.000,00? Não é muita grana? - Ontem eu recebi uma mensagem da So, e lá dizia que eu não gastei nem 3% da minha parte da herança do papai... E, como vocês conseguem ganhar tanto dinheiro vendendo tinta? - É... - Bia disse gaguejando - quando você vai comprar aquele... Oi, será que pode ser mais tarde? Tá, já estou indo. Dé, eu preciso ir agora, vai ter uma reunião... - Tudo bem, eu já vou mesmo ter que desligar, tchau. - Tchau depois eu te ligo! – e ela desligou.

A tarde passou voando, e quando deu 05h45, eu já estava pronta para sair de casa. Abri a porta, saí, chamei o elevador e falei: - Joana, tranque a porta para mim, por favor, eu estou saindo e não volto tarde. - Sim senhora, vai com Deus! - foi a resposta. Fiz o sinal de tchau com a mão, ela sorriu, e eu entrei no elevador.

Quando cheguei ao local combinado, eu estava três minutos adiantados, e a Eliana já tinha chegado.

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- Estava esperando por mim há muito tempo? – perguntei. - Demorei muito? - Não, eu acabei de chegar. - Dé, o que você sonhou hoje? - Eu sonhei que nós duas estávamos passeando à noite, veio um bandido e nos sequestrou... - Daí do nada, a gente acordou em um lugar escuro e sombrio, enorme... - Como você sabe? – perguntei espantada - Esse foi o meu sonho. - Sério? - Ah! Dé, olha aquele cara todo de preto, ele estava no meu sonho! - No meu também! – falei gaguejando - Ele é quem raptou a gente. - O que aconteceu no final do seu pesadelo, Dé? - Eu não sei! – levantei. Eliana também, nós estávamos sentadas em um banco de madeira - Acordei antes de saber. Você sabe? - Não! Corre! Eu não estava conseguindo correr direito, estava de salto alto e vestido, cabelo solto e uma bolsa. Sorte da Eliana que estava com tênis, calça, camiseta, rabo de cavalo e sua bolsa. O homem começou a nos perseguir. Estávamos correndo em direção ao cemitério. Eu morria de medo do cemitério, mas o que eu iria fazer? Era coincidência demais! - O homem está se aproximando muito! – Eliana disse para mim. - Ai! – eu caí, Eliana parou para me ajudar, mas o homem já estava muito perto, e não tinha ninguém além da gente no parque, pois já estava tarde. - Corre amiga, tira o sapato!

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- Não dá, se eu parar para tirar... Socorro! Socorro! Socorro! Socorro! - o homem sequestrador nos pegou e aplicou uma injeção, em mim e na Eliana.

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- Onde nós estamos, amiga? – Eliana perguntou para mim. - Você já acordou? - Já. Socorro! - surtei - Calma amiga, respira! Acalmei-me. Onde nós estávamos? O que queriam de nós? Era um lugar sombrio, fedido, escuro. Levantei. - Amiga vem. Não adianta nada nós ficarmos aqui paradas! – falei. Nesse mesmo momento, um pouco mais acostumada com o escuro, pude ver uma claridade vinda de um lugar. - O que é isso amiga? – Eliana sussurrou. - Abaixa! Obedeci. Eram umas figuras brancas, trazendo pessoas. - O que é isso? – perguntei. Era uma corda em nossos pulsos. Vimos uma porta de madeira cheia de sangue. -Vamos? – perguntei aflita. Onde estávamos? Eu só tinha uma certeza, de que eu estava com medo, muito medo. - Vamos! – exclamou Eliana curiosa, querendo saber onde estávamos. - Não sei, estou com muito medo... - falei envergonhada. - Se acontecer algo e nós morrermos, tenha certeza que vamos para o céu! – brincou ela. “Eu vou para o céu, não você! Sempre que saímos você pede para eu comprar as coisas, mas nunca me devolve o dinheiro!” , pensei. -Tá, vamos! – e fomos. Logo que passamos pela porta, nós nos vimos em um inferno. Sangue pingava de todos os lugares, e o mais estranho é que, quando olhávamos para o chão, nós víamos pessoas conhecidas, como parentes e amigos. Eliana pegou na minha mão e disse: - Onde estamos?

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- Não sei, vamos perguntar? As pessoas eram bem reservadas e aparentemente infelizes, com um olhar triste e pesado. Um velho muito magro, com a cabeça baixa que estava passando do meu lado, olhou para mim e eu disse: - Com licença, onde nós estamos? - Estamos em um lugar terrível. E viemos porque merecemos. - Merecemos? - Eliana perguntou. - Vocês acabaram de chegar, né? - Sim. – falamos juntas. - Quando eu cheguei, há cento e vinte anos atrás, eu também estava desinformado, mas eu fui à Casa do Passado e descobri o que tinha acontecido comigo. - E onde é essa tal de Casa do Passado?- perguntei - É só você ir até o final desse caminho e chegar aos seus três desejos. Lá você pode desejar o que quiser, mas use esses desejos com cuidado. Não seja gananciosa, ou coisas horríveis irão acontecer com você e a sua amiguinha. Preciso ir. Tchau – o homem virou de costas e foi mancando - Vamos tentar? – Eliana me perguntou. - Sim Fomos pelo caminho indicado e encontrei o que procurava. Abri a porta e entramos. Pensamos que queríamos muito uma “Casa do Passado” e uma apareceu. Nós entramos. Era um lugar bem arrumadinho. Lá tinha uma pasta enorme e três banquinhos. Na pasta estava escrito: “PROCURE SEU(S) NOME(S)” Eliana começou a procurar o dela. Depois de alguns instantes ela achou. Junto com o nome dela tinha o meu. E lá estava contando, em forma de texto, tudo o que tinha acontecido. O homem, após de dar a injeção em nós, colocou-nos dentro de um saco e nos levou para um galpão, pegou os nossos órgãos e os vendeu.

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Começamos a chorar. Estávamos mortas. Eu e Eliana tínhamos morrido! MOR-RI-DO! Mas, por que nós tínhamos ido para o inferno? - Amiga, preciso voltar para o primeiro lugar, o dos desejos... - Então vamos! – Eliana gaguejou, ainda se recuperando. Nós fomos. E, quando chegamos, eu perguntei qual era o motivo de eu e Eliana termos ido para o inferno. - Vocês duas, principalmente você, Débora, utilizavam dinheiro sujo. – Foi a nossa resposta Como assim nós utilizávamos dinheiro sujo? Todo dinheiro que eu usava era lucro da fábrica e herança do me pai... E a Eliana? - Por que meu pai foi esfaqueado? – perguntei já interligando os fatos. -Ora, porque ele roubava, saía dos cafés, restaurantes e lojas sem pagar e, quando era pego, falava que ia há muito tempo e que tinha uma conta pendurada, sempre colocava em nome de outra pessoa... Não se preocupe com o assassino que esfaqueou seu pai. Assim como ele, está no inferno, só que em uma esfera bem pior... Nem queira saber. Estava me sentindo muito culpada, meu pai era um bandido e eu usava o seu dinheiro comprando coisas para a Eliana! Era minha a culpa dela estar aqui comigo! Mas ela era muito folgada também...

Agora, eu estou esperando a próxima vítima, com uma armadilha, pois quero me vingar dos culpados que me trouxe até aqui. Não pense que porque Bia e Sofia eram minhas irmãs, que não vou me vingar delas! Vai ter volta! Nem que seja a última coisa que eu faça!

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Moly era uma menina de dezoito anos de idade que morava em uma casa antiga na frente de uma floresta. Morava somente com seu pai, pois sua mãe morrera. Desde pequena, sempre ouvira seu pai dizer: – Nunca entre na floresta! – Por que papai? - perguntava a menina. – Não posso te dizer... Moly, todos os dias tinha vontade de entrar na floresta, mas sempre obedecia a seu pai. Até que um dia, curiosa, resolveu entrar lá, quando seu pai fora trabalhar em outra cidade, e só voltaria na outra noite. Ele a deixou com a faxineira que fora, escondida, em uma festa que acabaria tarde. A menina entrou na floresta. Estava tudo escuro, pois era noite, só havia uma luz, a de seu lampião. Mesmo com medo, a garota continuou andando... Na floresta havia árvores altas, gramado e muitos arbustos. Não tinha flores. O solo era úmido com folhas secas cobrindo a terra. E lagos que refletiam a luz da lua também se encontravam lá. Moly viu um banco e se sentou nele porque estava cansada. A menina dormiu. Em seu sonho, mais para pesadelo, escutou: – Saia da minha floresta! Se não sair, irei te matar! Assustada, Moly acordou. Ainda era noite. Ela olhou para os dois lados, e não havia ninguém, somente árvores. Então se acalmou e resolveu caminhar...

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Mais à frente, Moly avistou um homem muito pálido, de cabelos negros que nem as trevas, com partes do corpo sem a pele, e ele estava segurando uma faca ensanguentada. – Não saiu da floresta, por quê?! - perguntou o homem furioso. - Pensou que era apenas um pesadelo bobinho?! Pois então se enganou! Moly sentiu o maior medo de sua vida! Começou a transpirar, não sabia o que fazer. Correu! Correu com a maior velocidade que podia, e o homem resolveu segui-la. A garota achou uma casa de madeira, térrea e sem janelas. Para se esconder, já que o homem estava para trás, entrou lá e fechou a porta. A casa era muito pequena, só havia um cômodo, com muita poeira, e, um móvel com uma cadeira de madeira refinada. Moly ouviu passos, e de repente o homem com a faca ensanguentada apareceu novamente e gritou: – Menina tola, pensou que eu não iria te encontrar?! – O que você quer comigo?! - perguntou morrendo de medo. – Por quê você entrou na floresta? - questionou o homem. – Você não é uma criança para mudar de assunto! - a garota se irritou. – Não...- o homem ficou sem resposta. - Vamos descer. – Para onde? - perguntou a menina. O homem nem sequer respondeu, só abriu uma porta secreta entre os pedaços de madeira da parede, e, uma escada que parecia não ter fim, surgiu na frente dos dois. O homem pálido colocou um saco na cabeça de Moly e amarrou as mãos dela com uma corda. Cada degrau que eles desciam, mais dava para escutar o som de correntes de ferro balançando. Mesmo sem ver absolutamente nada, Moly continuava descendo, pois era obrigada.

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A garota percebeu que eles já tinham chegado lá embaixo. O homem prendeu-a em uma corrente de ferro, e depois tirou a corda de suas mãos e o saco em sua cabeça. Não adiantou nada tirar o saco de sua cabeça, pois estava um breu. – Vou subir. - falou o homem, e em seguida fechou uma porta e subiu as escadas. O silencio estava no ar, mas alguém resolveu interromper: – Ainda bem que o Moor já subiu... – Quem é você?! - perguntou Moly assustada - O nome dele é Moor? – Sim, o nome dele é Moor. - respondeu - E eu quero saber quem é você primeiro. – Eu sou Moly... Moor começou a me seguir na floresta, e eu resolvi me esconder nesta casa, mas aí aconteceu isso... ele me trouxe aqui. – Eu sou Robin, estou nesta casa há 13 anos, não quero contar como cheguei aqui... Moor me machuca todos os dias em um lugar diferente de meu corpo, você nem aguentaria me ver de tão feio que sou. - disse Robin - Você é muito parecida com sua mãe. – Minha mãe?! - questionou Moly - Como consegue me ver? – Sua mãe foi morta por Moor. Eu não morri ainda, pois ele fala que é pra sorte, mas chamo isso de azar, pois preferiria morrer de uma vez a ficar sofrendo todos os dias. – disse Robin – E de tanto ficar aqui, me acostumei a enxergar no escuro. Moly começou a chorar. E quando terminou o choro falou: – Será que meu pai, ou a minha faxineira, irá me buscar rápido? – É meia noite em ponto, eu sei porque tem um relógio acima de você, e agora devem estar dormindo, ou em festas. Será bem difícil eles acharem você aqui. - disse o garoto. – Eu sei, mas tenho esperança. - sussurrou Moly.

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– Pois é melhor não ter... - Robin deu uma dica. O silêncio voltou. Os prisioneiros dormiram. Ao amanhecer, Robin e Moly acordaram com uma voz falando: – Subam! Rapidamente as correntes de ferro presas nos braços deles se soltaram. Abriram uma porta e subiram as escadas. Moly viu Robin pela primeira vez, e era verdade, ele era feio, constrangedor, e estava todo ferido. Chegando lá em cima, se depararam com Moor e uma mulher de uns 50 anos de idade amarrada em uma cadeira, com uma fita tapando sua boca. – Esta é Rosa. Eu a peguei hoje andando pela floresta. E, portanto, um de vocês, - Moor apontou para Robin e Moly - poderá sair daqui. Só um... Robin pegou uma faca que Moor havia deixado no chão, e enfiou-a no peito de Moly. Ela morreu nesse exato momento. – Eu que vou sair daqui. - afirmou Robin. – Isso que se faz garoto. - falou Moor batendo palmas. Robin abriu a porta e, em seguida, saiu da casa onde passou a maior parte de sua vida. Desse dia em diante, ninguém nunca mais ouviu falar dele.

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