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ISSN: 2447-3596
ANO XIV | 2016 #70 R$ 20,00
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A R Q U I T E T O S
PROJETOS Arquitetura de Interiores
EXPRESSÕES GAÚCHAS Destaques da nova geração de arquitetos
HÁBITOS E HABITANTES O reflexo do habitar brasileiro
LIFESTYLE O retorno da sobriedade
Editorial
Um novo ano começa e, com ele, as energias são renovadas, os planos reativados e as esperanças reacendem. É assim que recebemos 2016 na AAI Brasil/ RS, com determinação. Queremos deixar para trás o sentimento de descrença, pessimismo e desânimo que predominou no País nesse último ano, e nos fortalecermos para enfrentar novos desafios com nossos associados, uma união de tantos anos. Na essência do espírito associativista, somos mais fortes juntos. A AAI Brasil/RS mantém firme a missão de aproximar os arquitetos e urbanistas, que atuam com Arquitetura de Interiores, para melhor entender os seus anseios e buscar atender suas necessidades; para fortalecer a classe na batalha constante pela valorização da profissão; e para compartilhar e promover conquistas conjuntas. Buscamos estar próximos de todos, na promoção de eventos e também nas redes sociais. Quem percebe o trabalho que a Associação desenvolve há quase 30 anos, reconhece os benefícios oferecidos pela união em torno da causa da promoção da profissão, e as oportunidades geradas. Acreditamos no antigo provérbio africano: “Se quer ir rápido, vá sozinho; se quer ir longe, vá acompanhado”. O processo de escolha da imagem da capa desta 14ª edição da AAI em revista – arquitetos demonstra a forma inclusiva com a qual buscamos criar oportunidades aos associados. A nossa publicação anual é um importante instrumento de promoção so trabalho do arquiteto e urbanista e faz parte da estratégia da AAI Brasil/RS. Reconhecida no mercado, a revista é como
uma “vitrine” do resultado da arquitetura cotidiana produzida pelos profissionais do Rio Grande do Sul, promovida pela primeira e única entidade de arquitetos de interiores do Brasil. Uma novidade dessa edição é a estreia da seção “Jovens Expressões Gaúchas”, um espaço, da AAI Brasil/RS, para profissionais cuja produção arquitetônica vem se destacando no Estado. E agregamos ainda mais conteúdo, com artigos exclusivos e com uma entrevista especial com o arq. e urb. Luis Capote, do escritório paulista LoebCapote Arquitetura e Urbanismo. Ele evidencia o quanto as pessoas têm de ser sempre prioridade no programa de necessidades de qualquer projeto, no planejamento de uma indústria e na Arquitetura de Interiores. Agradecemos aos membros convidados da Curadoria do nosso concurso, e a todos os associados que participaram da seleção. Saiba mais sobre o concurso “Imagem da Capa 2016” e conheça os projetos de arquitetos e urbanistas associados nas próximas páginas. Essa publicação também conta com uma versão digital interativa com mais conteúdo, em formato atual, ágil e compatível com todas as plataformas. Acesse www.aaibrasilrs.com.br e conheça. Boa leitura,
Arq. e urb. Silvia Barakat Presidente AAI Brasil/RS - 2014-2015
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CONSELHO EDITORIAL
PRODUÇÃO E EDIÇÃO
assessoria comercial
Arq. e urb. Gislaine Saibro
Letícia Wilson (Reg. 8.757 MTB/RS)
Conexão Corporativa
Jornalista Letícia Wilson
Santa Editora / 48 4052.9825
51 3093.0530 / 3015.5120
Fotógrafo André Nery
redacao@santaeditora.com.br
www.conexaocorporativa.com.br
www.santaeditora.com.br CAPA
tiragem
Projeto: arq. e urb. Marcelo John
COLABORAÇÃO
3.000 exemplares
Foto: Eduardo Liotti
Jorn. Tatiana Gappmayer (Reg. 8.888 MTB/RS)
Distribuição gratuita de 2.000 exemplares
Designer Davi Leon Dias edição gráfica e publicação digital
André Nery
ISSN REVISÃO
2447-3596
Giane Jacques Antunes Severo
Conceitos e opiniões emitidos por entrevistados e colaboradores não refletem, necessariamente, a opinião da revista e de seus editores. Todos os direitos são reservados. Edição especial da AAI z - arquitetos. Distribuição dirigida a arquitetos e urbanistas, entidades de classe, instituições de ensino e empresas do setor. Órgão oficial da AAI Brasil/RS.
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AAI em revista arquitetos 2016
DIRETORIA - Gestão 2014/2015 Presidência
Arq. e urb. Silvia Monteiro Barakat
Vice-Presidência
Arq. e urb. Cármen Lila Gonçalves Pires
dir. de exercício profissional
Arq. e urb. Flávia Bastiani
dir. de Relações Acadêmicas Arq. e urb. Elisabeth Sant’Anna dir. de comunicação / relacionamento
Arq. e urb. Ana Paula Bardini
Rua Sport Club São José, 67/407
dir. de MARKETING
Arq. e urb. Andres Luiz Fonseca Rodriguez
Porto Alegre/RS
dir. de organização de eventos
Arq. e urb. Flávia Bastiani
CEP 91030-510 Fone 51 3228.8519
Arq. e urb. Elisabeth Sant’Anna
dir. financeira / tesouraria
Arq. e urb. Gislaine Saibro
www.aaibrasilrs.com.br www.facebook.com/aaibrasil/rs 5
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AAI em revista arquitetos 2016
Sumário
Concurso Imagem da Capa
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Projetos de Arquitetura de Interiores
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Jovens Expressões Gaúchas C2 Arquitetos Lineastudio Arquiteturas OSPA Arquitetura e Urbanismo
80 84 88
Entrevista Luis Capote da LoebCapote Arquitetura e Urbanismo
93
Lifestyle: o retorno da sobriedade, por Fah Maioli Habitação, hábitos e habitantes: tendências contemporâneas metropolitanas, por Marcelo Tramontano
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Concurso Imagem da Capa
A capa desta edição da AAI em revista – arquitetos estampa fotografia do projeto apresentado pelo arquiteto e urbanista Marcelo John, vencedor do concurso “Imagem da Capa 2016”. A imagem foi eleita pelos associados da AAI Brasil/RS a partir das três finalistas selecionadas pela Curadoria, formada por membros especialmente convidados para essa iniciativa. As imagens de outros dois projetos receberam menções, devidamente indicados nas páginas nas quais estão apresentados: da arq. e urb. Ana Lore Miranda e da arq. e urb. Tania Bertolucci Delduque de Souza. O processo seletivo foi iniciado com a adesão voluntária dos participantes da 14ª edição da AAI em revista – arquitetos. Ao todo, nove arquitetos e urbanistas inscreveram-se no concurso. O Conselho Editorial da publicação selecionou as melhores imagens dentre as enviadas por todos esses profissionais, para veiculação em suas páginas no anuário. Os critérios que nortearam esta primeira etapa técnica de seleção foram a representatividade dos trabalhos de Arquitetura de Interiores expressos pelas mesmas e a qualidade das imagens. “Precisávamos, ainda, avaliar a adequação da fotografia ao projeto gráfico estabelecido, em relação às dimensões e aos demais elementos que compõem a capa”, acrescenta a jornalista Letícia Wilson, editora da publicação e membro do Conselho Editorial ao lado da arq. e urb. Gislaine Saibro, ex-presidente e diretora da AAI Brasil/RS, e do fotógrafo André Nery, responsável pela editoração. Letícia e Gislaine fazem parte do grupo original que criou a revista em 2002.
Imagem vencedora do concurso “Imagem da Capa 2016” Projeto do arq. e urb. Marcelo John Fotografia: Eduardo Liotti
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AAI em revista arquitetos AAI em revista 2016 arquitetos 2015 14
As nove imagens foram, então, submetidas à apreciação da Curadoria, sem a identificação da autoria dos projetos, durante um café da manhã organizado pela Associação. O grupo foi composto pela arq. e urb. Silvia Barakat, presidente da AAI Brasil/RS; pela arq. e urb. Cristina Langer, ex-presidente da AAI Brasil/RS; pelo arq. e urb. André Huyer, vice-presidente do Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul (Saergs); e pela arq. e urb. Lisiara Camargo Simon, convidada como representante do mercado do nosso setor. Nessa etapa, três imagens foram selecionadas. Numeradas aleatoriamente, também sem a identificação dos autores dos projetos, as três imagens foram organizadas em um material específico que foi enviado a todos os associados por e-mail. Cada associado deveria indicar as imagens preferidas, destacando qual deveria ser a capa da edição 2016 e quais deveriam receber a primeira menção e a segunda menção. Os votos foram encaminhados, também por e-mail, diretamente para a editora da AAI em revista – arquitetos. Imagem escolhida como “Primeira Menção” Projeto da arq. e urb. Ana Lore Miranda Fotografia: Eduardo Liotti
A AAI Brasil/RS agradece aos associados que participaram do concurso “Imagem da Capa 2016”, e aos demais que inscreveram os trabalhos que qualificam as páginas desta revista.
Imagem escolhida como “Segunda Menção” Projeto da arq. e urb. Tania Bertolucci Delduque de Souza Fotografia: Carlos Edler 15
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Adriana
Ana Lore
Coradini
Miranda
26
30
34
38
Andres
Angela
Cíntia
Rodriguez
Limberger
Aguiar
Cristiana Brodt Bersano
42
46
50
Daisy Dias e
Elisabeth de Azevedo Sant’Anna
Gislaine
Clarice Mancuso
54
58
62
66
Laline
Lídia
Lisete Jardim e
Marcelo
Bittencourt
Maciel
Carlos Jardim
John
70 Paula Araujo Ribeiro Lino 16
Saibro
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Tania Bertolucci Delduque de Souza
Projetos 17
Adriana Coradini
arquiteta e urbanista
Rua Eudoro Berlink, 646/705 – Porto Alegre / RS (51) 3209.9304 / 8182.6215 adriana@adrianacoradini.com.br www.facebook.com/adrianacoradini www.adrianacoradini.com.br CAU: A 52514-6
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A neutralidade e a atemporalidade são características marcantes no projeto deste dormitório de bebê de um apartamento na zona norte de Porto Alegre. A arq. e urb. Adriana Coradini seguiu as diretrizes dos clientes e planejou um espaço versátil, facilmente adaptável para acompanhar o crescimento do filho que estava prestes a nascer, o João. Em especial, estabeleceu uma atmosfera delicada e aconchegante ao adotar o azul, claro, cor do enxoval, e deixar os bichinhos de pelúcia à mostra.
O espaço possui apenas 8,40m2 de área, o que representou um desafio para Adriana, considerando o tradicional programa de necessidades para um dormitório de bebê. A solução adotada por ela foi ocupar as paredes e deixar vazio o centro do ambiente, para facilitar a circulação e conferir sensação de amplitude. A poltrona de amamentação e o pufe de apoio foram posicionados no lado oposto ao berço, móveis de madeira de desenho clássico e estofamento em camurça marrom.
A iluminação planejada igualmente atende à função do espaço. Além do ponto de luz no centro do dormitório, a arquiteta acrescentou iluminação indireta, com fitas de LED instaladas no mobiliário e três arandelas decorativas na parede, “para deixar o ambiente à meia-luz, quando necessário, pois é mais confortável para o bebê”, explica. A intenção de proporcionar conforto também influenciou a decisão de utilizar, além do azul, as cores bege e marrom em peças do mobiliário, compondo com o piso amadeirado existente e com o marrom claro escolhido para a pintura das paredes. Essas foram revestidas, em boa parte, por painéis de madeira, brancos.
A arquiteta e urbanista aproveitou um armário da família e projetou um novo roupeiro e uma cômoda, em melamina branca levemente amadeirada. Dispôs a cômoda junto ao berço e, sobre ela, instalou o trocador, aproximando os acessórios para deixar fraldas, roupas e artigos de higiene sempre à mão. Na parte inferior do móvel, criou caixas organizadoras de madeira com frentes de vidro. Os rodízios, presentes também no berço, permitem a fácil transformação do espaço na medida em que João for crescendo. Os registros dos melhores momentos estarão futuramente expostos no quadro magnético projetado pela arquiteta no painel do armário existente.
Apoio Móveis Schorr
Fotografia Carlos Edler
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Neste projeto, Adriana Coradini planejou um dormitório funcional, que mistura móveis sob medida de linhas contemporâneas com peças soltas de estilo clássico. “A composição do mobiliário e das cores escolhidas criou uma atmosfera aconchegante e tranquila, própria para um bebê”, avalia a arquiteta e urbanista. A iluminação indireta, com fitas de LED instaladas no mobiliário, também colabora para essa sensação. Tons de bege e marrom predominam na ambientação. O cenário neutro ganhou um pouco de cor com o tom azul escolhido para o enxoval. Os bichinhos de pelúcia deixados à mostra evidenciam a fase da vida do “dono” do espaço.
Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em 2007, Adriana Coradini, atua, desde então, no desenvolvimento de projetos de arquitetura de interiores residencial, comercial e corporativa. Para ela, o comprometimento é a característica mais marcante do seu escritório. O profissionalismo marca, também, a atenção na execução das obras, para que sejam atendidos os prazos e os requisitos legais e de segurança. A participação na Casa Cor RS 2012 rendeu à Adriana o prêmio Montagem Nota 10.
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Ana Lore Miranda
arquiteta e urbanista
Travessa Wilhelms, 2470 – Taquara / RS (51) 3542-1192 analore@analore.com.br analorearquiteta.blogspot.com www.analore.com.br CAU: A12286-6
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Por ter participado do planejamento desta casa, em Taquara, desde o início da sua concepção, em 2011, a arq. e urb. Ana Lore Miranda implantou cada ambiente com muito critério para o melhor aproveitamento do visual da pequena reserva natural existente logo ao lado. A área social foi voltada para o Norte, assim como os dormitórios, no segundo pavimento. “Esses espaços usufruem dos benefícios naturais”, diz, referindo-se à iluminação e à ventilação. A piscina, assim, é banhada pelo sol, e oferece privacidade aos moradores, um jovem casal e a filha, de seis anos. Amplas aberturas integram o espaço externo à área social, de 78m2. No amplo local, a profissional integrou cozinha gourmet, estar com lareira e ambiente de home theater. A atmosfera despojada reflete o estilo dos clientes, e o uso das cores amarelo e vermelho atende, especialmente, às exigências da proprietária. Outros pedidos feitos pelo casal foram a integração da cozinha, com cuba e com triturador de alimentos na ilha; churrasqueira com cooktop; e a criação de uma lareira. Na ambientação, desejavam o contraste da mistura de superfícies lisas e contemporâneas com a madeira de demolição dos móveis que já
possuíam, uma mistura sofisticada. Era imprescindível, ainda, prever a exposição de obras de arte. Um pilar estrutural definiu o zoneamento, delimitando a ilha da cozinha. Essa foi executada em Silestone vermelho stellar, com bancada no mesmo material, em cinza. O mobiliário, em melamina lisa de cor clara, ganhou puxadores em réguas de alumínio embutidas nas portas e gavetas, o que manteve o visual limpo e elegante. Com esse mesmo objetivo, Ana Lore optou por aramados em inox e por lixeiras e filtro de água embutidos. Réguas de porcelanato de padrão amadeirado, cinza claro, revestem a churrasqueira. O material é o mesmo empregado no volume da lareira, valorizado pela iluminação pontual instalada. Foram utilizadas lâmpadas AR 111, dicroicas e AR 70 em LED. A iluminação geral é fornecida por lâmpadas econômicas e por fitas de LED, nas sancas do forro de gesso. O visual jovial do espaço combina peças soltas de diferentes estilos e materiais e cores primárias. Os móveis reaproveitados foram tratados e adaptados à nova proposta. “É uma casa com vida, colorida, muito prática”, conceitua Ana Lore.
Apoio Portobello Shop Novo Hamburgo DR Móveis Parobé
Fotografia Eduardo Liotti
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Na implantação da casa, em um terreno de esquina, a arq. e urb. Ana Lore Miranda privilegiou o melhor aproveitamento das condições naturais e do visual da pequena reserva ambiental existente ao lado da propriedade. A área da piscina foi planejada de forma a receber forte insolação e permitir privacidade. Como revestimento de piso, a arquiteta e urbanista adotou um porcelanato de grande formato especial para áreas molhadas. Do mesmo material, escolheu réguas amadeiradas para o “lounge” externo. A pedido do casal, Ana Lore previu a exposição de obras de arte no espaço interno. A principal delas – uma tela do artista plástico gaúcho Victor Hugo Porto – ganhou destaque no ambiente do home theater.
Com 30 anos de atuação no mercado, a arq. e urb. Ana Lore Miranda comanda escritório próprio que atua na região do Paranhana e em Gramado, na serra gaúcha. A profissional formou-se em Arquitetura e Urbanismo em 1985, pela UniRitter, e fez pós-graduação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG. A sua atuação está no desenvolvimento de projetos arquitetônicos, residenciais e comerciais, e de iluminação; na execução de reformas e de projetos de arquitetura de interiores; e, nos últimos 16 anos, no planejamento do design conceitual de construtoras.
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Andres Rodriguez
arquiteto e urbanista
Rua Dr. FlorĂŞncio Ygartua, 208 - Porto Alegre / RS (51) 9289.7873 / 3398.8994 meuarquiteto@gmail.com www.facebook.com/meuarquiteto.escritoriodearquitetura CAU: 1754-0
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Mais do que uma habitação, essa casa vem sendo passada de pai para filho há gerações e, por isso, está carregada de história e de “personalidade”. No entanto, na dúvida entre permanecer morando ali ou mudar-se para um apartamento, os proprietários convidaram o arq. e urb. Andres Rodriguez para auxiliá-los nessa tomada de decisão. O profissional acompanha o casal de advogados há dez anos e já realizou diversas intervenções no imóvel, localizado na Zona Sul de Porto Alegre.
residência, uma demanda baseada no interesse de prolongar a vida útil do imóvel e ampliar o conforto dos moradores. “Para tanto, foi preciso alterar e reforçar parte da estrutura da residência”, explica. Assim, estabeleceu uma marcante volumetria à fachada interna ao pátio, sem interferir no desenho original da casa. A nova intervenção ainda contemplou a substituição do telhado e, na área interna, a restauração do piso original de madeira e atualizações do mobiliário e de elementos decorativos.
Durante a conversa, optaram por uma nova atualização; desta vez, com ênfase nos ambientes externos, no paisagismo e na criação de um lago de carpas. Cuidar dos peixes e do jardim são os hobbies favoritos da moradora. “Ela colocou uma pilha de livros e revistas americanas em minhas mãos e disse: ‘te vira doutor’. O resultado apareceu depois de muitas pesquisas e estudos”, relata Andres. Os trabalhos foram iniciados pelo projeto do lago de carpas com cascata, executado com pedras grês, granitos e basaltos em cortes regulares, envolvido por uma variada vegetação. A partir de então, o arquiteto partiu para a implantação de um elevador panorâmico na
Os materiais empregados no paisagismo foram, basicamente, diferentes pedras no seu estado mais bruto. Posteriormente, as pedras-ferro foram pintadas na cor marrom. Junto à piscina, Andres instalou um SPA, valendo-se do visual sem barreiras para o lago Guaíba. “Cada pedacinho dessa casa foi pensado com o maior cuidado, sempre com muita qualidade e nunca deixando de lado o DNA da proprietária, que ama viver na sua casa”, destaca. No projeto luminotécnico, associou novas tecnologias em equipamentos trazidos dos Estados Unidos, para onde o casal viaja com frequência, às tradicionais luminárias que fazem parte da história da casa.
Fotografia Carlos Edler
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O lago de carpas com cascata, implantado junto às escadas, tornou-se o recanto preferido da proprietária. Para a execução, o arquiteto e urbanista Andres Rodriguez especificou pedras brutas, como grês, granitos e basaltos. O mesmo material que reveste a estrutura da escada foi adotado para o volume do elevador panorâmico, voltado para o visual privilegiado do Guaíba. “Quando se fala de um projeto completo, que passa pelo arquitetônico, depois pela arquitetura de interiores e acaba com o paisagismo, sem esquecer da execução da obra, percebemos que não existem projetos ou etapas isoladas. O arquiteto e urbanista tem de estar sempre buscando soluções para todas as áreas de atuação. Não existem trabalhos isolados”, enfatiza Andres.
O arquiteto e urbanista Andres Luiz Fonseca Rodriguez formou-se em 1989 pela Universidade Ritter dos Reis. Desde então atua em escritório próprio no desenvolvimento de projetos de Arquitetura e Urbanismo e de Arquitetura de Interiores nas áreas residencial, comercial e industrial, tanto individualmente quanto m parceria com outros arquitetos e urbanistas. Atualmente, também responde pela diretoria de marketing da AAI Brasil/RS. Pós-graduado em Luminotécnica, Andres busca desenvolver projetos completos.
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Angela Limberger
arquiteta e urbanista
Praça Júlio de Castilhos, 20 / 202 – Porto Alegre / RS (51) 3311.0913 / 9969.5447 arq.angelalimberger@hotmail.com CAU: A 8767-04
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Um projeto único para uma cliente especial. Esta casa foi um presente da arq. e urb. Angela Limberger e de seu marido para a filha, uma jovem médica que se prepara para tornar-se pediatra. Localizado em um condomínio residencial da praia de Xangri-lá, no litoral gaúcho, o imóvel serve para o lazer e o descanso da filha junto a seus amigos e familiares. A intervenção iniciou 2013, com ajustes no projeto arquitetônico, assinado por Angela e por sua afilhada, também arquiteta e urbanista e colega de escritório. Foi definido porcelanato marfil para o revestimento de piso e os tons “tapete de jutá e galho seco” para a pintura das paredes. A lareira e a escada receberam a aplicação de travertino, e granito cignus foi especificado para as bancadas. Este ano, o escritório dedicou-se ao projeto do mobiliário para a área social, de 67,5m2, com ambientes de estar, jantar e espaço gourmet integrados. Foram quatro meses e meio entre o detalhamento e a finalização, no mês de julho. As linhas contemporâneas guiaram a proposta, cuja meta era proporcionar convivência integrada. Na entrada, próximo à porta, duas poltronas formam um
pequeno estar para receber informalmente. O estofamento compõe com o assento das cadeiras da cabeceira do conjunto do jantar, em laca fosca na cor areia. As demais receberam seda sintética branca, para reforçar a luminosidade. O lustre de cristal, um desejo da cliente, valoriza a área de pé-direito duplo. O lustre, aliás, foi a realização de um sonho “de pai e filha”. “Ele teve de ser executado sob medida pela necessidade do aço inox nos elos entre os cristais”, detalha a arquiteta. Os rebaixos no forro, em gesso, disfarçaram vigas e permitiram a instalação de corda luminosa, nas sancas. “A disposição do mobiliário para o armazenamento de mantimentos, de utensílios e louçaria, deveria ‘estar pronto’ para receber até dez pessoas”, explica. A cozinha ganhou mobiliário em MDF e melamina no tom fendi. O ambiente foi delimitado por uma bancada, que apresenta acabamento amadeirado roble mayor, o mesmo adotado no móvel da TV. O sofá retrátil com chaise foi outro pedido da filha atendido pela mãe/arquiteta, que escolheu camurça para o estofamento, aumentando a sensação de conforto.
Apoio Leffa Móveis M. Chaves Iluminação
Fotografia André Nery
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Cores claras e acetinadas nortearam a proposta desenvolvida pela arq. e urb. Angela Limberger para “ampliar a luminosidade”. Peças na cor laranja foram especificadas para contrapor ao azul, na tonalidade preferida da proprietária, sua filha. A pintura do forro em branco fosco, com luminárias embutidas, igualmente agrega maior luminosidade. A intensidade da luz natural é controlada pelas cortinas rolõ instaladas nas portas de correr e na janela alta. Para as aberturas frontais, preferiu o modelo de persiana romana, com tela solar na cor areia.
Dedicada a projetos de Arquitetura de Interiores para residiencias, com enfoque no detalhamento de móveis sob medida para marcenaria, Angela Limberger formou-se em 1987 em Arquitetura e Urbanismo pela Unisinos e em Desenho pela Faculdade de Belas Artes, na Universidade Federal de Santa Maria. Há 28 anos no mercado, atende basicamente profissionais liberais que buscam atendimento personalizado, e mantém equipe com foco no respeito às individualidades e à valorização de objetos pessoais que irão nortear a funcionalidade de seus projetos.
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CĂntia Aguiar
arquiteta e urbanista
Av. Cel. Lucas de Oliveira, 505/706 – Porto Alegre / RS (51) 3346.1121 / 9955.2828 cintia@cintiaaguiar.arq.br www.cintiaaguiar.arq.br www.facebook.com/cintia.aguiar.arquitetura CAU: A 8767-04
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Depois de ter projetado outros dois salões de beleza e a residência de um jovem casal de empresários, a arq. e urb. Cíntia Aguiar foi acionada para a criação do novo empreendimento deles, em um shopping do bairro Bela Vista, em Porto Alegre. A missão foi assumida com tranquilidade, pela relação de confiança já estabelecida com os clientes. A primeira medida adotada foi a unificação das três salas existentes, eliminando todas as paredes divisórias. Assim, a profissional conquistou um espaço integrado de 20m 2, e conseguiu dispor quatro cadeiras para atendimento, gaveteiros para apoio, sofá e muitos armários. Os pertences dos funcionários são acomodados em armários individuais no móvel planejado para a parede lateral, no mesmo acabamento amadeirado Fresno Fonchal utilizado em toda a marcenaria. Na porção central e nas laterais, os principais produtos utilizados no salão são exibidos em grandes nichos em laca fosca cereja. “Esse tom proporciona uma quebra na neutralidade do espaço, conferindo um aspecto moderno ao ambiente”, considera Cíntia. A cor também aparece nas bancadas e no nicho projetado para instalação da autoclave – um
equipamento importante para a esterilização dos materiais manipulados. O restante da área foi envolvido por papel de parede com nuances de azul, em unidade com o tom celeste escolhido para o sofá. O projeto luminotécnico recebeu especial atenção. “Como o ambiente não tem janelas, foi necessário trabalhar com calhas para contemplar todo o espaço”, explica Cíntia, referindo-se ao tipo de luminária escolhido para iluminação geral. Na área de atendimento, luminárias verticais, com lâmpadas de LED, foram embutidas na marcenaria, e minidicroicas valorizam os produtos, nos nichos projetados. Um pendente arremata o cenário. O revestimento de piso foi substituído por porcelanato Off White 60x60 cm para potencializar a luminosidade do local e por ser um material que apresenta facilidade de manutenção. Essa era uma preocupação constante, por se tratar de um salão de cabeleireiros, onde são utilizados produtos químicos e gerados muitos resíduos. Por isso, os móveis têm superfícies lisas e tons escuros, incluindo o revestimento das cadeiras, de cor marrom.
Apoio Sangali möveis Luminare
Fotografia André Bastian
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Ao dispensar as tradicionais bancadas em frente às cadeiras de atendimento, a arquiteta e urbanista Cíntia Aguiar garantiu maior área livre para o trabalho dos cabelereiros e para circulação. Os grandes espelhos e o piso de tom claro potencializam a sensação de amplitude. A marcenaria planejada acomoda armários individuais para os funcionários e, na lateral, área de preparo dos produtos a serem utilizados. O acabamento em laca fosca no tom cereja rompe com a neutralidade da proposta e contribui para for talecer a imagem de “modernidade” do salão.
Há 15 anos, o escritório da arq. e urb. Cíntia Aguiar atua no segmento de Arquitetura de Interiores, reformas, e projetos residenciais e comerciais. Seja em obras novas ou na reestruturação de espaços já existentes, o cuidado com os detalhes e as novas tendências é uma premissa. Do mesmo modo, o paisagismo é uma preocupação da profissional, que também presta consultorias. Cíntia formou-se na Universidade Federal de Pelotas, em 1999, e concluiu Mestrado em Engenharia Civil na Ufrgs/Norie em 2006.
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Cristiana Brodt Bersano
arquiteta e urbanista
Av. Iguassu, 119 / 205 – Porto Alegre / RS (51) 3334.4981 / 9991.1341 cbersano@terra.com.br CAU: A26952-2
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Uma oportunidade, um privilégio, um marco. Há 17 anos, a arq. e urb. Cristiana Brodt Bersano acompanha a trajetória de vida dos proprietários deste apartamento, no bairro Mont’Serrat, em Porto Alegre. “Foi para esse querido casal que desenvolvi o meu primeiro trabalho de Arquitetura de Interiores, em 1998, quando iniciei minha atuação profissional”, revela. Do apartamento de 240m 2 , no bairro Moinhos de Vento, planejado para um casal com dois filhos pré-adolescentes, voltou a reformular o projeto em 2002, quando os filhos tornaram-se “jovens adultos”. Agora, teve a honra de participar de cada detalhe da nova morada dos clientes, de 120m 2 , em parceria com outra arquiteta e urbanista. Já com os filhos crescidos, passaram a viver sozinhos. “A mudança coincidiu com a comemoração dos 40 anos de união do casal”, acrescenta Cristiana, orgulhosa da relação que mantém com esses clientes: uma professora aposentada e um empresário no ramo de fabricação de acessórios de decoração em aço inoxidável. Eles gostam de assistir filmes juntos em casa, apreciando um bom vinho, e costumam receber os filhos e outros familiares com frequência. Com base
nessas preferências, a arquiteta desenvolveu o projeto da área social do apartamento, com 60m 2 setorizados em hall de elevador privativo, estar/jantar, cozinha, lavabo e circulação íntima. A principal orientação para o projeto foi o aproveitamento de móveis, tapetes, obras de arte e peças decorativas existentes no apartamento antigo. A proposição de uma grande estante linear, ao longo de toda a área social, estabeleceu-se como uma forte estratégia. Nichos assimétricos, iluminados por fitas de LED, valorizam esculturas e outros objetos especiais do casal. Foram incorporados, ainda, dois vitrais de grande apreço, criados pelo artista Juan Motta (in memoriam). Outra estante, de mesma linguagem estética, acomoda a televisão e os equipamentos de home theater. Cristiana ousou ao propor paleta com cinco diferentes cores para a pintura das paredes. E manteve o branco das esquadrias, destacando o belo visual do entorno. Na renovação dos estofados, elegeu veludos e sedas, pretos, rosados e perolados. “Representou excelente custo-benefício e consciência sustentável”, avalia.
Apoio Rodrigo Lerner Marcenaria JF Reformas & Construções
Fotografia Marcelo Donadussi
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Com um toque assumidamente feminino, o projeto combina cinco diferentes cores nos ambientes integrados, consideradas tendências internacionais do ano por empresa fabricante de tintas: “rosa empoeirada, biscoito de amêndoa, muffin, biscoito de castanha e marajoara”. O encantador visual dos altos do bairro Mont´Serrat foi valorizado com a adoção de persianas do tipo tela solar, apenas para controlar a abundante iluminação natural. “O projeto transmite, aos que ali vive m e co nvive m , leveza , ha rm o nia , sofisticação e sensação de bem-estar e de bemviver”, resume a arquiteta e urbanista Cristiana Brodt Bersano.
Formada em Arquitetura e Urbanismo em 1998, pela Ufrgs, Cristiana Bersano obteve na mesma universidade o título de Mestre em Engenharia Civil, em 2003. Sua atuação tem ênfase em Arquitetura de Interiores residencial (obra civil e ambientação). Nos projetos, busca oferecer serviços com alta qualidade de projeto e de execução da obra. Em seu escritório, prima por um ambiente de cooperação, harmonia e satisfação na relação entre clientes, colaboradores e fornecedores. Atua como docente na FAU/PUCRS desde 1998.
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Daisy Dias Clarice Mancuso
arquitetas e urbanistas
Rua Fernandes Vieira, 637 / 402 – Porto Alegre / RS (51) 8252.5270 contato@destudioarquitetura.com www.destudioarquitetura.com www.facebook.com/destudioarquitetura CAU: A65661-5
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Rua Fernandes Vieira, 637 / 402 – Porto Alegre / RS (51) 3330.7488 / 8119.5830 arquitetura@claricemancuso.com.br www.claricemancuso.com.br www.facebook.com/claricemancuso CAU: A4806-2
Localizado no bairro Tristeza, em Porto Alegre, este é um apartamento criado a seis mãos, com muito carinho e criatividade. A arq. e urb. Clarice Mancuso entrou com a experiência em projetos de Arquitetura de Interiores e o vasto conhecimento a respeito das preferências do cliente, afinal, o proprietário do imóvel é o seu próprio filho, formado em jornalismo. A arq. e urb. Daisy Dias, convidada pela colega, associou seu “olhar jovial e descolado” à proposta contemporânea. E a namorada do jovem, publicitária, acrescentou ideias inusitadas, como o revestimento da mesa de centro com grama sintética e o uso de uma escada de “obra” sobre a bancada de bar, servindo de apoio para plantas e para a corda luminosa. “Ele queria que utilizássemos materiais e móveis reaproveitados, como o rack da TV, feito a partir de uma estante de aço”, conta Clarice. O painel de madeira foi executado com pallets recuperados, e um locker de aço tornou-se o armário do bar. Encontrar esses móveis no mercado e recuperá-los foi um dos grandes desafios enfrentados pela dupla de arquitetas e urbanistas. Outra missão importante
foi especificar materiais que tornassem a área social, de 30m2, o mais aconchegante possível. No piso, aplicaram revestimento vinílico amadeirado, proporcionando conforto para caminhar descalço, um hábito do morador. O estilo industrial proposto é reforçado pelas eletrocalhas aparentes no teto, com dicroicas e spots direcionáveis PAR 20. No centro, destaque para o pendente de fios amarelos com lâmpadas de bulbo. A solução foi ao encontro da decisão de realizar uma obra “sem entulhos”: dispensaram o uso de rebaixos de gesso e mantiveram a cerâmica branca na cozinha. Para cobrir as amplas aberturas, as profissionais escolheram persiana horizontal preta, por bloquear a luz natural para a “hora do cinema” e, ainda, permitir a vista parcial ou total do lago Guaíba - um sonho realizado para o jovem. O layout quadrado do espaço, obtido a partir da incorporação de um segundo dormitório, dificultou a criação de ambientes de estar e de jantar setorizados. A saída foi projetar uma mesa de jantar alta, com banquetas, na divisa com a cozinha americana, junto à churrasqueira. “Dessa maneira, bar e jantar se fundem, resultando em um excelente lugar pra receber, jantar e conversar”, considera Daisy.
Apoio Bela Vista Cortinas - Luxaflex Masotti
Fotografia Carlos Edler
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Ao seguir o conceito de obra limpa, as arquitetas e urbanistas Daisy Dias e Clarice Mancuso preservaram as cerâmicas brancas originais da cozinha. Na área da cuba, aplicaram adesivos com estampa nas cores preto e branco, para um efeito diferenciado. O tampo foi projetado em Silestone. O volume da churrasqueira, junto ao bar, foi pintado com tinta acrílica semibrilho para possibilitar seu uso como quadro negro. A mensagem em destaque foi uma ideia da namorada do jovem jornalista. A viga estrutural que marca a divisa dos ambientes também recebeu pintura na cor preta. Um painel na base estabelece o acabamento e serve de prateleira para exposição de livros e peças decorativas.
Daisy Dias formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Ufrgs em 2010. Nos últimos anos, tem participado de diversos cursos de extensão em Hotelaria e Arquitetura Efêmera oferecidos pela Unisinos. A Arquitetura de Interiores, em projetos residenciais e comerciais, é o segmento principal de sua atuação, incluindo execução e consultorias. Clarice Mancuso também é graduada pela FAU/Ufrgs, em 1979, e, desde então, desenvolve projetos de Arquitetura de Interiores. Concluiu pós-graduação em Técnicas Construtivas Arquitetura Tradicional Paulista (Patrimônio) na Universidade de São Paulo e em Didática na Faculdade de Tecnologia de São Paulo. Clarice já foi presidente da AAI Brasil/RS, em 1994; e também atua com palestras, workshops e consultorias, para profissionais da área e para clientes.
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Elisabeth de Azevedo Sant’Anna
arquiteta e urbanista
Av. Cel. Lucas de Oliveira, 649 - Porto Alegre / RS (51) 3328.3478 / 9283.4534 bethsantanna@terra.com.br www.bethsantanna.com.br CAU: A 2624-7
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Um ambiente elegante, acolhedor e bastante atual. No projeto de Arquitetura de Interiores deste escritório de advocacia em Porto Alegre, a arq. e urb. Elisabeth de Azevedo Sant’Anna apostou em tons neutros e em linhas retas para uma proposta contemporânea. A partir da disposição do mobiliário, setorizou o espaço, de 31m2, para atender aos interesses da cliente. Com uma divisória de vidro, com película texturizada aplicada, delimitou a área de trabalho, estabelecendo certa privacidade aos olhos de quem entra na sala. “Criar um ambiente com vários espaços de trabalho distintos, em uma sala de medidas não muito grandes e sem poder estabelecer divisões físicas fechadas, foi o principal desafio”, revela a profissional. No primeiro ambiente, Beth criou um pequeno estar, com duas poltronas e mesa de apoio. Logo em frente, dispôs a mesa de reuniões junto ao painel da TV, na parede, para não prejudicar a circulação. Essa área conta com o apoio de uma pequena copa, com despensa instalada no armário projetado pela arquiteta, aproveitando um nicho existente entre a porta de entrada e o volume do lavabo.
O mobiliário apresenta acabamento amadeirado, assim como o piso vinílico escolhido como revestimento. O contraste é estabelecido pela mesa de trabalho, em superfície de quartzo, na cor amarela - tonalidade pontuada também no fribogar. Os objetos coloridos sobre a mesa atendem a um pedido da cliente, uma advogada experiente que passou a trabalhar sozinha recentemente. Do escritório antigo, ela aproveitou apenas alguns quadros e objetos. Elisabeth já havia desenvolvido outros projetos para essa cliente, o que facilitou a comunicação sobre as demandas e as necessidades e o atendimento das expectativas. As amplas aberturas existentes são banhadas por forte insolação. Para preservar o lindo visual, a arquiteta especificou persianas com tela solar, para proteção e conforto térmico. Na parede oposta à mesa de trabalho, Elisabeth projetou um grande móvel, com bancada e prateleiras, onde foram dispostos os livros de constante consulta pela advogada. A intervenção ainda contemplou o projeto luminotécnico, que envolveu rebaixos no forro de gesso e a instalação de luminárias embutidas para contemplar os diferentes ambientes do escritório.
Apoio Antônio e Paulo Marcenaria Essenza Casa e Jardim
Fotografia Carlos Edler
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Implantada junto às aberturas, a mesa de trabalho oferece à cliente uma bela vista da cidade de Porto Alegre. A partir da disposição desse ambiente, a arquiteta e urbanista Elisabeth de Azevedo Sant’Anna determinou a setorização dos demais espaços do escritório de advocacia. Os tons neutros revelam a sobriedade desejada pela advogada para a ambientação. Porém, os toques de cor vibrante rompem com a sisudez característica dos escritórios de advocacia tradicionais.
Elisabeth Sant’Anna formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Ufrgs em 1976 e, desde então, desenvolve projetos, execução de obras e consultoria na área de Arquitetura de Interiores. A profissional também atua pelo interesse da classe, respondendo como diretora da AAI Brasil/RS, em sucessivas gestões, desde 1994.
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Gislaine Saibro
arquiteta e urbanista
Rua Jacinto Gomes, 657 / 301 - Porto Alegre / RS (51) 9985.6927 gislainesaibro@uol.com.br CAU: 10690 – 9
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Um convite ao encontro das pessoas, em uma atmosfera repleta de afeto, deveria estar impresso no projeto desta casa de veraneio em Xangri-Lá, no litoral gaúcho. A arq. e urb. Gislaine Saibro planejou ambientes amplos, integrados e confortáveis para atender ao desejo dos clientes de muitos anos: reunir a família, com irmãos, sobrinhos, filhos e netos. A casa foi projetada por um profissional da região e Gislaine assumiu o desenvolvimento do projeto de Arquitetura de Interiores. Ao todo, foram 18 meses de trabalho, acompanhando as obras da casa, desde o início. A área social é composta por dois ambientes de estar, ligados a varandas, e um de jantar, com acomodações para 12 pessoas. “O espaço tem mais de 60m2, sem incluir a cozinha integrada, que tem mais seis lugares à mesa e banquetas de apoio na bancada que delimita os espaços”, explica a arquiteta. É ali onde todos preferem se reunir para os churrascos e os fartos cafés da tarde em família, em volta da mesa central. A bancada recebeu revestimento em porcelanato de padrão amadeirado, também empregado nos volumes da churrasqueira e da lareira - esse último, servindo de base para a TV. Com textura de pedra polida no
tom ferrugem, outro porcelanato cobre todo o piso. Na definição do mobiliário, a arquiteta associou peças de linhas contemporâneas, algumas de design autoral, com móveis coloniais e de estilo clássico, como o sofá da família, a cristaleira e a mesa central, em madeira natural torneada. Cor preferida da cliente, o vermelho foi adotado em detalhes da composição, como a base da mesa rústica da cozinha e do tecido do estofamento das banquetas junto à bancada. Estampas florais de fundo neutro, nas mesmas tonalidades do conjunto, foram escolhidas para “dar alegria” ao amplo espaço de estar da casa. Na cozinha, a opção no projeto foi pelo clássico dueto branco e preto, usado nas melaminas, e pelos tampos em granito preto absoluto. Em gesso, o forro foi rebaixado de modo uniforme em toda a ampla extensão, para recobrir as grandes vigas sob a laje e criar sancas para a iluminação indireta no contorno. “A intenção foi tratar o espaço como um todo, sem setorização por meio de elementos arquitetônicos”, explica Gislaine. A iluminação prevê várias possibilidades de acionamento, com lâmpadas econômicas e de LED. Cortinas em linho protegem aberturas voltadas para a área externa da casa.
Apoio La Provence Móveis
Fotografia André Nery
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A arquiteta e urbanista Gislaine Saibro utilizou o próprio mobiliário de forma que a amplitude do espaço fosse mantida e para estabelecer os dois ambientes de estar intercalados pelo amplo jantar. Acomodar o máximo de pessoas era prioridade do projeto de Arquitetura de Interiores. Entre a área social e a cozinha, a profissional valorizou a grande bancada que dá apoio à churrasqueira, atendendo ao programa original - por solicitação dos clientes - pela integração dos ambientes para convívio informal da família. Peças clássicas e contemporâneas foram co m bina d a s na d ef iniç ã o d o m o biliá rio, valorizando o sofá de madeira torneada de estilo clássico. Nas escolhas, proporcionar conforto e amplitude eram prioridades.
Diplomada em 1984 na Ufrgs, Gislaine Saibro atua em Arquitetura de Interiores há mais de 25 anos. Além de dedicar-se à atividade profissional em seu escritório, é diretora e foi presidente da AAI Brasil/RS e, atualmente, é também diretora do Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul (Saergs) e conselheira federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – CAU/BR, sendo parte do Conselho Diretor. Acredita que “junto à qualidade e competência técnicas no trabalho, é preciso compreender a função social da profissão, valorizar a formação e praticar a coerência na prestação de serviço aos clientes”.
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Laline Bittencourt
arquiteta e urbanista
Rua Marcelo Gama, 1412 / 503 – Porto Alegre / RS (51) 3024.3801 / 8444.8058 laline@lalinearquitetura.com www.facebook.com/ Laline Arquitetura www.lalinearquitetura.com CAU: A9589-3
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Essa residência de três pavimentos, localizada no bairro Nonoai, em Porto Alegre, fora adquirida pelo casal por atender bem às suas necessidades. Para os espaços internos, desejavam ambientes práticos e modernos, despojados, mas com certa sofisticação, para reunirem a numerosa família e receber bem os amigos, tanto deles quanto dos filhos, de seis e de oito anos. A arq. e urb. Laline Bittencourt assumiu o projeto de Arquitetura de Interiores, e, também, o da área externa.
A lareira “de canto” existente foi preservada, com revestimento em travertino romano. Em continuidade, Laline optou por tons neutros na pintura das paredes e na marcenaria projetada para acomodar a TV e os equipamentos de som, com acabamento em laca fosca. Para esse espaço, elegeu materiais de texturas rugosas, madeira natural e aplicou cores quentes de forma pontual, como o vermelho do tapete oriental e o amarelo das poltronas, para proporcionar aconchego.
“A ampla área destinada ao setor social estava dividida em dois níveis. Mantivemos o jantar no mesmo nível do hall e do gabinete, por ser utilizado apenas nos finais de semana”, detalha a profissional. A prioridade foi dada aos espaços de estar, da televisão e da adega, implantados no mesmo nível da varanda externa, para melhor usufruírem da vista panorâmica do lago Guaíba. O longo degrau existente, antes em curva, foi regularizado, e o piso substituído por um revestimento liso de acabamento acetinado. O projeto de forro, em gesso, foi refeito para instalação da iluminação adequada, do ar condicionado do tipo cassete e dos cortineiros.
Na parede oposta, um móvel em laca branca com portas de correr abriga cristaleira, louçaria e bebidas. Ali, a arquiteta configurou outro ambiente de estar - o preferido dos clientes - dispondo quatro confortáveis poltronas ao redor de módulos em madeira wengé claro, desenhados com diferentes dimensões para apoiarem livros, revistas e petiscos. A setorização é feita pelo volume do lavabo, com porta voltada para o hall. “A sofisticação ficou por conta da laca preta alto brilho da mesa, do aparador e dos painéis espelhados no ambiente do jantar, assim como dos tecidos em azul e preto, da cortina em tafetá cinza e dos lustres pendentes em cristal”, considera Laline.
Apoio Di Luce Móveis Zagonel
Fotografia Carlos Edler
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Para as aberturas, Laline optou por persianas do tipo rolô com tela solar, por controlarem a incidência solar com eficiência e, ainda, permitirem a visualização da cidade e do Guaíba, enquanto os clientes apreciam um bom vinho do ambiente de estar, com adega. O volume do lavabo, adjacente, recebeu tratamento marcante com pintura em cor escura, valorizando as telas dos artistas plásticos Benno Pferscher e Leandro Baur. No espaço do jantar, o contraste das cores frias e materiais sofisticados, como a cortina em tafetá.
A arq. e urb. Laline Bittencourt atua desde 1998 na área de Arquitetura e Paisagismo, com ênfase em projetos de Arquitetura de Interiores. Formada pela Ufrgs, em 1984, seus trabalhos são desenvolvidos por meio de consultoria, projeto simplificado ou detalhado. A equipe é preparada para dar suporte desde a definição do programa até a implantação e o gerenciamento da obra, atendendo ao cronograma pré-estabelecido. Em 2015, conquistou o Prêmio Imprensa e o 2a lugar no Concurso Melhores Trabalhos de Arquitetura de Interiores AAI Brasil/RS.
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LĂdia Maciel
arquiteta e urbanista
Av. Carlos Gomes, 777/ 1205 - Porto Alegre / RS (51) 3388.2415 / 9186.5150 / 9127.4540 / 9253.6898 lidiamaciel_arq@yahoo.com.br / lidiamaciel.arqedesign@gmail.com www.lidiamaciel.arq.br CAU: A89809-0
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Um ambiente claro, jovem e requintado, para receber bem e sentir-se confortável. Essa era a principal expectativa do jovem empresário, proprietário desse apartamento, em relação ao projeto de Arquitetura de Interiores. “O cliente deixou livre a nossa criação, pois confiava na proposta que viria”, afirma a arq. e urb. Lídia Maciel, contratada para o desenvolvimento do projeto, logo após a entrega do imóvel pela construtora. Localizado no bairro Bela Vista, em Porto Alegre, o apartamento possuía living e cozinha independentes e três dormitórios, e, aproximadamente, 100m 2 de área. Para melhorar o aproveitamento do espaço, os ambientes sociais e da cozinha foram integrados, assim como dois quartos, transformando-os em uma grande suíte com closet. A partir da demolição das paredes divisórias, Lídia conquistou um espaço único de 47m2 na área social, setorizado em hall, living com home theater e recanto de leitura integrado ao amplo ambiente de jantar. Uma área gourmet foi criada, com cooktop em ilha, churrasqueira, adega, cervejeira e apoio de banque-
tas. “Cada centímetro foi precisamente calculado para a boa circulação em todas as áreas”, revela Lídia, referindo-se ao desafio da disposição da ilha no local. A mesa, projetada em paralelo, foi a solução arquitetônica encontrada na busca pelo equilíbrio estético. O acabamento do mobiliário em laca alto brilho, branca, foi escolhido para promover o contraste com a lâmina de madeira natural aplicada como revestimento de uma das paredes, “para aquecer o espaço”. As bancadas foram executadas em Corian branco. Espelhos conferem a sensação de amplitude, aplicados tanto na parede do jantar como no mobiliário da cozinha, espaço totalmente inserido na área social. A iluminação foi explorada ao máximo, com lâmpadas em pontos focais e fitas de LED. “O uso de luminárias decorativas de design atende ao conceito de modernidade, com requinte, como os pendentes e a luminária de coluna escultórica”, detalha Lídia. Eleito como base para o projeto, o branco se destaca diante do tom cru da pintura das paredes e do grafite escolhido para as cortinas e para o sofá. Na área do home theater, mármore crema moca cobre a parede principal para proporcionar uma atmosfera sofisticada.
Fotografia Cristiano Carniel
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“Espaço clean, jovem, requintado, confortável, bem distribuído e prático”. Esse é o conceito do apartamento, na opinião da arquiteta e urbanista Lídia Maciel. Sua intervenção envolveu a demolição de partes da alvenaria e os projetos de iluminação, automação e de sistemas de áudio e vídeo. A profissional também detalhou os rebaixos do forro, em gesso, o mobiliário sob medida, especificou revestimentos, como mármores, porcelatos, madeiras e espelhos, e definiu o mobiliário solto e a ambientação em geral. Para o lavabo e o dormitório, seguiu a linguagem contemporânea, mas com a mesma atmosfera requintada adotada em todo o projeto.
Lídia Maciel formou-se em Arquitetura e Urbanismo na Unisinos em 2008, e especializouse em Gestão Empresarial para Arquitetos, com MBA na Fundação Getúlio Vargas. Em sua trajetória, registra premiação nas últimas cinco edições da mostra Casa Cor RS. Lídia e sua equipe priorizam propostas que apresentem “as novidades do mercado, com projetos contemporâneos e sofisticados para um público que busca a inovação”. Por sua atuação, conquistou o Prêmio Destaque AAI Brasil/RS em 2014, eleita pelos associados da Entidade.
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Lisete Jardim Carlos Jardim
arquitetos e urbanistas
Rua Mariante, 288 / 1301 – Porto Alegre / RS (51) 3346.5715 / 9966.2287 jardimarquitetura@terra.com.br www.facebook.com/jardimarquitetura www.jardimarquitetura.com.br CAU: A75700-4 e A5719-3
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A revitalização da sede campestre deste clube fazia parte das comemorações dos 35 anos de fundação, visando proporcionar ao associado um espaço de atendimento modernizado. As atividades foram iniciadas em 1980, em uma propriedade de 38 mil m2, cercada por muito verde, no bairro Jardim Ypu, em Porto Alegre. O espaço de loja e atendimento ao associado, de 33m2, apresentava mobiliário antigo e fluxo de circulação incompatível com as necessidades atuais. O projeto de Arquitetura de Interiores ficou a cargo dos arquitetos e urbanistas Lisete Jardim e Carlos Jardim, que vêm realizando intervenções no clube há 15 anos, desde que projetaram a antiga sede administrativa. “Felizes com o trabalho, nos chamaram novamente, esse ano, para mais esse projeto”, comenta Carlos. Para a dupla, os clientes solicitaram o acréscimo de uma estação de atendimento ao público, passando de dois para três atendentes, e espaço para exposição de produtos promocionais e souvenirs. “Eles pediram, também, que fosse criado um ambiente de espera e redefinido o fluxo de circulação dos usuários”, conta Lisete. O principal desafio foi adaptar o layout
com a circulação em diagonal existente, que corta o ambiente da loja, preservando o acesso principal e o acesso à área administrativa. A solução adotada pelos profissionais foi desenhar o balcão de atendimento de forma a absorver a circulação diagonal e, ao mesmo tempo, gerar mais espaço e conforto para os clientes. Com tampo curvo, esse elemento tornou-se a peça central do ambiente, compondo com a estante de fundo vazado e iluminação embutida projetada para exposição de souvenirs, artigos esportivos e produtos promocionais. A marcenaria combina acabamentos em melamina branco brilho e laca azul acetinada, remetendo às cores do clube. O balcão tem base revestida em fórmica com padrão aço escovado, imprimindo uma atmosfera “high-tech” ao local. A facilidade de manutenção era uma premissa de projeto. Por isso, os arquitetos especificaram porcelanato 90x90 cm acetinado de tom cimentício para o piso, papel de parede lavável, poltronas em couro ecológico e cadeiras em polipropileno, que suportam o grande fluxo de pessoas atendidas no local.
Apoio Marcenaria Duda - Veranópolis
Fotografia Eduardo Liotti
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O papel de parede, em listras, envolve o espaço, servindo de base para a exposição de quadros com imagens que revelam a estrutura do clube. As fotografias compõem o ambiente de espera, marcado pela iluminação de destaque, com dicroicas LED direcionáveis instaladas no forro. O projeto luminotécnico, todo em LED, é complementado por placas, para luz geral, e pendentes sobre as mesas de atendimento; arandela junto à logomarca do clube e fitas luminosas nas prateleiras da estante e na base da mesa do balcão. “A intenção era que o projeto fosse limpo, contemporâneo, acolhedor e que transmitisse ao associado a evolução do clube ao longo dos 35 anos”, reforça Carlos Jardim, autor do projeto ao lado de Lisete Jardim.
Carlos Jardim é arquiteto e urbanista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) em 1980. Lisete Jardim obteve a mesma formação pela Uniritter, em 1984. Dedicam-se à concepção e à execução de projetos de Arquitetura de Interiores para espaços comerciais, residenciais e corporativos e ao design. Em 2012, pelo conjunto de seu trabalho, foram homenageados como “Arquitetos Destaque” pela AAI Brasil/RS.z
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Marcelo John
arquiteto e urbanista
Rua Guarani, 20 / 202 – Canoas / RS (51) 3463.6077 / 9826.0912 marcelojohn@marcelojohn.com.br www.facebook.com/marcelojohn.john www.marcelojohn.com.br CAU: A 41861-7
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A primeira vez que o arq. e urb. Marcelo John conheceu este espaço, deparou-se com um amplo terraço no segundo pavimento da casa, totalmente descoberto. “Devido à grande incidência solar e de ventos, a área era totalmente inutilizada, além de gerar infiltrações no andar inferior”, detalha. A construção da residência, localizada na praia de Xangri-lá, recém havia sido concluída e seria preciso partir para a reforma e ampliação, com a definição de acabamentos. Os proprietários já conheciam bem o trabalho do Marcelo, pois ele havia projetado o escritório profissional do cliente, empresário. O casal, com dois filhos pequenos, apesar de ter o hábito de receber amigos em casa, para festas e eventos, desejava que esse ambiente fosse planejado como um estar íntimo, especial para a família se reunir e assistir televisão. “A construção deveria ser rápida e não provocar sobrecarga na estrutura existente”, enfatiza o arquiteto. A alternativa foi utilizar estrutura metálica, para agilizar o processo construtivo e não gerar carga extra ao pavimento térreo existente. Esquadrias de PVC, com vidro duplo, proporcionam o conforto térmico adequado para uso do local durante todo o ano,
assim como a opção por telhas com revestimento atérmico para a cobertura. Persianas automatizadas, com blackout, barram a excessiva luminosidade. A marcenaria foi projetada de forma a ocupar a maior extensão possível, com os painéis de MDF encobrindo armários escondidos, com acabamento em melamina grigio. O sofá principal, com chaise retrátil, forma par com duas grandes poltronas com pufes, estofados com tecidos em tonalidades de cinza. Duas clássicas poltronas Charles Eames, em couro preto, arrematam o conjunto. O cinza também foi eleito para a pintura das paredes. A cor marcante ficou restrita a almofadas, vasos, mesa lateral e em elementos menores, “que podem ser substituídos com o tempo, mantendo a unidade visual do espaço”, explica Marcelo. Para o piso, o arquiteto escolheu porcelanato, no padrão travertino, pela facilidade de manutenção e por contribuir para uma atmosfera de requinte sem sobrecarregar visualmente o espaço. O forro, em gesso acartonado, foi projetado com rebaixamento e sancas para proporcionar recursos luminotécnicos distintos, com luminárias embutidas e lâmpadas em LED.
Apoio Andréa Feine Cortinados e Persianas Expresso do Oriente
Fotografia Eduardo Liotti
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Um espaço íntimo e exclusivo construído em uma área antes pouco aproveitada. A partir da intervenção do arquiteto e urbanista Marcelo John, o casal de empresários conquistou um amplo ambiente de estar para uso em família. O conforto é garantido pela adoção de esquadrias de PVC com vidro duplo e, ainda, pela grande lareira projetada na base do painel para a TV. O arquiteto acomodou ali os equipamentos de som e vídeo e outros artigos em armários embutidos atrás dos painéis. No desenho do móvel, objetivou o visual limpo e elegante. As mesas de centro, em vidro, também atendem a essa proposta.
O arq. e urb. Marcelo John atua nas áreas de Arquitetura de Interiores residencial e comercial, desenvolvendo projetos completos, consultoria e gerenciamento de obra. Formado em Arquitetura e Urbanismo em 2004, pela Ulbra, tem pós-graduação em Arquitetura de Interiores pela UniRitter e especialização em Arquitetura Hospitalar, pela Feevale. Por meio de uma infraestrutura informatizada, o escritório está organizado para atender a clientes de diversos portes, e capacitado para elaborar projetos nas mais variadas áreas da Arquitetura e Urbanismo.
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Paula Araujo Ribeiro Lino
arquiteta e urbanista
Rua Silva Jardim, 254 / 306 – Porto Alegre / RS (51) 3023.6204 / 9968.9665 paulalino@terra.com.br paula@paulalino.arq.br www.paulalino.com.br CAU: 46197-0
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Um ambiente planejado para um advogado, que trabalha em casa, onde costuma receber clientes e amigos. Ele aprecia livros, boa música e obras de arte. Esse é o perfil do cliente fictício idealizado pela arq. e urb. Paula Araujo Ribeiro Lino como usuário deste espaço, criado para uma mostra de arquitetura e decoração em Porto Alegre. A profissional considerou todos os elementos alusivos ao estilo de vida desse morador e buscou imprimir uma atmosfera de conforto ao ambiente, de 30m2. O ponto de partida foi enfrentar o desafio do formato retangular do espaço, desenvolvendo um projeto que contornasse o aspecto de “corredor”. Decidiu, então, dividir o local em dois ambientes: dispôs a mesa de trabalho junto à lareira e a uma estante para exposição de obras de arte, próximos de um apoio de bar, e criou um pequeno estar na outra extremidade. Nessa parte, estendeu um tapete em patchwork de persas. “Essa é uma tendência, que até permite a reutilização de persas antigos”, reforça. O revestimento de piso e a iluminação diferenciada também contribuíram para o zoneamento. Paula es-
pecificou porcelanato para toda a área, mas com padrão amadeirado para um lado e cimentício para o outro. Para “neutralizar” o conjunto, a arquiteta escolheu a cor cinza para a pintura das paredes, ressaltando objetos e móveis. No teto, adotou um tom mais claro da mesma cor. Painéis de PVC com textura ondulada marcam o ambiente de estar, empregados como um elemento decorativo e como solução para melhor desempenho acústico do local. A mesa lateral e as duas poltronas, estofadas com tecido impermeável, são criação da arquiteta. Um pequeno sofá completa o conjunto. O projeto luminotécnico foi planejado para ressaltar quadros e obras de arte, com lâmpadas AR70 e dicroicas instaladas em luminárias embutidas no forro, em gesso. Fitas de LED foram aplicadas nas prateleiras. “A iluminação indireta, no mobiliário, proporciona extremo conforto visual”, ressalta. Na área de trabalho, o rebaixo do forro contribuiu para a setorização, assim como a sanca iluminada. O sistema de som escolhido, com caixas coloridas, reforça o apreço do usuário por música e por design. A lareira, com acionamento elétrico, evidencia o interesse por um clima aconchegante.
Apoio Frazzon Iluminação Estofaria Petrópolis
Fotografia André Bastian
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Para o espaço que assumiu na mostra, a arquiteta e urbanista Paula Lino projetou o mobiliário, sob medida, incluindo as poltronas e a mesa lateral do ambiente de estar. Na área de trabalho, destaque para a marcenaria em módulos, com nichos assimétricos e iluminação embutida. A soluç ão es ta b ele ce u uma p e rce p ç ão d e profundidade ao estreito espaço. As cores adotadas evidenciam o caráter masculino da proposta. A profissional associou tons complementares para uma linguagem estética contemporânea.
Paula Araujo Ribeiro Lino formou-se em Arquitetura e Urbanismo em 1985, na Faculdade Ritter dos Reis. Há 15 anos mantém escritório próprio, com atuação na área de Arquitetura de Interiores, desenvolvendo projetos residenciais e comerciais. “Nosso perfil é atender sempre com profissionalismo clientes que são quase amigos, mantendo carteira de clientes fiéis que perduram por até 15 anos de atendimento”, enfatiza.
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Tania Bertolucci Delduque de Souza
arquiteta e urbanista
Av. Taquara, 586 / 602 – Porto Alegre / RS (51) 3333.3061 tania@tania.arq.br www.facebook.com/arquitetura.taniabertolucci www.tania.arq.br CAU: A 3306-5
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Empresa de administração de imóveis, com forte componente familiar. De perfil conservador, é totalmente avessa à ostentação. A interpretação dessas características foi fundamental para o planejamento dos ambientes da empresa, instalada em um espaço de 450m2 no 150 andar de um edifício corporativo da Av. Carlos Gomes, em Porto Alegre. Já na primeira reunião, os diretores enfatizaram à arq. e urb. Tania Bertolucci Delduque de Souza que o projeto de Arquitetura de Interiores deveria transmitir a ideia de solidez, simplicidade e profissionalismo. Ao vencer a seleção de propostas, a equipe de Tania recebeu o layout desenvolvido pelo arquiteto e urbanista da empresa. “Era um trabalho já aprovado pela diretoria, que deveria ser detalhado sem alterações”, explica. Nesse anteprojeto, estavam determinadas as circulações, a distribuição básica das divisórias e a localização dos móveis existentes. O trabalho do escritório foi desenvolver o projeto executivo: detalhar e compatibilizar todos os sistemas complementares, móveis e esquadrias novas, e a personalização das divisórias; definir um projeto para execução de obra e os acabamentos, além das luminárias e cortinas.
O maior desafio foi reduzir a impressão de circulação muito extensa, uma vez que as salas foram distribuídas perifericamente às amplas janelas, gerando um grande corredor central. Ela e sua equipe lançaram mão de recursos luminotécnicos aliados a rebaixos em gesso para instalação de iluminação indireta em sancas previamente definidas. Porcelanato texturizado foi aplicado no painel junto ao balcão horizontal da recepção, para “alongar o olhar”. A compatibilização dos projetos complementares exigiu um criterioso trabalho do escritório, uma vez que era necessário atender às exigências de funcionalidade, economia e facilidade de manutenção, e as questões referentes à legislação de segurança do trabalho, conforto térmico e de acústica. A unidade no revestimento do piso e nas cores das paredes objetivou proporcionar uma percepção de continuidade e harmonia. “A opção por divisórias com vidro e portas em melamina amadeirada afasta a previsibilidade dos espaços corporativos e aquece o ambiente”, avalia. Placas de carpete com um padrão têxtil irregular cobrem a área de trabalho, de piso elevado, por sua performance acústica e facilidade de manutenção.
Apoio Purper´s Móveis
Fotografia Carlos Edler
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O projeto desenvolvido pela arquiteta e urbanista Tania Bertolucci Delduque de Souza e por sua equipe manteve foco no briefing do cliente: espaços claros, funcionais e sem ostentação. “Embora seja um ambiente de trabalho com base neutra, nossa intenção foi fornecer personalidade por meio da elaboração de móveis desenhados especialmente para o local; do uso de painéis amadeirados e da colocação de revestimentos de porcelanato em locais estratégicos, dinamizando e aquecendo os espaços”, afirma a arquiteta. Na recepção, os elementos verticais projetados nas duas laterais do balcão protegem visualmente o ambiente de trabalho, sem vedar completamente a vista externa. Porcelanato texturizado foi aplicado na parede de fundo do corredor, criando um ponto focal para a circulação.
Com foco na Arquitetura de Interiores, residencial e corporativa, o escritório comandado por Tania Bertolucci também presta assessoria a construtoras. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) em 1977, Tania acredita que sua “marca registrada” é a permanente atenção ao projeto, estabelecendo uma relação de respeito, de ética e de profissionalismo com clientes, parceiros e fornecedores. O escritório completou 35 anos em 2015, buscando o constante aperfeiçoamento de processos.
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Jovens Expressões Gaúchas 79
fotos: Edson Pereira / divulgação
C 2 Arquitetos 80
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Clínicos gerais da Arquitetura
Com sede em Caxias do Sul, o escritório C2 Arquitetos conquistou seu espaço no mercado da Serra gaúcha investindo em excelência. A arquiteta e urbanista Cristina Mioranza define, em uma frase, o foco de atuação da empresa que fundou há 13 anos: “somos clínicos gerais”. Com a comparação, a profissional dá um panorama da abrangência dos projetos desenvolvidos pelo escritório, que vão desde o corporativo comercial e industrial até o segmento da Saúde e do Direito, com grande destaque para a área da Arquitetura de Interiores. Além disso, com o crescente número de condomínios erguidos em Caxias do Sul, as demandas no setor residencial têm aumentado no C2 Arquitetos, nos últimos anos. Formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UniRitter, em 1996, e com pós-graduação em Arquitetura de Interiores e especialização em Clínicas Médicas, Cristina começou sua carreira elaborando o projeto de uma loja localizada em um Shopping Center de Caxias do Sul. Contratada por um amigo, a arquiteta e urbanista dedicou-se full-time a essa chance e o resultado veio por intermédio de indicações para novas oportunidades. “A partir disso, fui trilhando um caminho de muito trabalho”, recorda. O C2 Arquitetos nasceu por meio de uma parceria com uma colega, em 2002, que se manteve por seis anos. “Como a única coisa em comum que tínhamos eram os Cs dos nomes, surgiu a ideia do C2. Após o fim da sociedade, em 2008, fiquei com a marca e segui na direção da empresa”, conta. Cristina acrescenta também que o escritório possui o apoio de profissionais comprometidos, que buscam a excelência no exercício da Arquitetura e Urbanismo.
Caxiense e de uma família tradicional da região, a arquiteta e urbanista partiu para estudar em Porto Alegre já com a decisão de voltar à cidade natal e ali se estabelecer. Ela lembra que, naquela época, havia no município apenas um curso de Arquitetura e Urbanismo recém-iniciado, revelando um campo gigante para o fomento de sua trajetória profissional. A seriedade do envolvimento das pessoas, a proximidade de grandes fábricas relacionadas ao segmento, a existência de um polo moveleiro e a facilidade de encontrar mão de obra e produtos de alto padrão são os diferenciais do mercado da serra gaúcha, na sua opinião. Projetos exclusivos O interesse pela arquitetura apareceu quando Cristina ainda era pequena. “Acho que foi lá pelos dez anos de idade, quando aconteceu a construção do prédio da minha família”, puxa pela memória. Ela acredita, ainda, que a proximidade com esse universo está muito ligada ao fato de o pai ter uma empresa de estruturas metálicas, o que a fez estar em contato desde cedo com os processos das obras e da própria arquitetura, os quais sempre adorou. A diversidade dos empreendimentos e das facetas que podem ser propostas a cada novo trabalho é o que mais fascina a profissional, no ramo que escolheu para trabalhar. “Cada projeto é único e exclusivo. Sem falar que gosto muito de pesquisar sobre tendências e o que está acontecendo no mundo nesse setor”, reforça.
Os projetos dessa empresa de advocacia, com unidades em Caxias do Sul, Recife e São Paulo, foram confiados à
Cristina enfatiza a influência da Arquitetura e Urbanismo no modo de vida da população. “O urbanismo faz com que a gente viva de acordo com o pensar do arquiteto e urbanista. Dependendo do município, por exemplo, o fato de você comprar pão em um determinado lugar está diretamente ligado ao Plano Diretor daquela zona comercial. Dessa maneira, mo-
arquiteta Cristina Mioranza. Os ambientes privilegiam tons sóbrios para criar uma atmosfera profissional, sem abrir mão do aconchego e do conforto para o trabalho. A decoração seguiu o mesmo conceito na definição das cores, com quadros preto e branco, e em peças discretas, que confirmam a “seriedade” do local e, ao mesmo tempo, o tornam agradável e convidativo. 81
fotos: Guilherme Jordani / divulgação Instalado na recentemente inaugurada sede, em Bento Gonçalves, o showroom é o cartão de visitas da Meber Metais para as coleções de metais sanitários ali fabricados. O ambiente exibe uma atmosfera cosmopolita que valoriza o design de cada criação do portfólio. Em uma área de cerca de 200 m 2, a arquiteta e urbanista concebeu instalações corporativas inteligentes, com forte apelo clean para surpreender os visitantes. Para compor o espaço, foram usadas divisórias e mobiliário planejado, combinando praticidade, funcionalidade e estética. Os módulos, no estilo vitrine, são o ponto alto do projeto: ambientam os metais e traduzem os diferenciais da aplicação funcional de cada peça. Ora alegres, ora neutras, as cores garantem um mix de composições aos produtos da marca, com o objetivo de tornar a atmosfera mais elegante e envolvente. Painéis decorativos, com imagens que remetem à natureza, relembram o compromisso da empresa com a sustentabilidade. Piso em porcelanato, forro acústico e iluminação pontual completam os espaços. Uma cozinha gourmet também foi projetada para momentos de integração com os visitantes. 82
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rar, consumir e se divertir tem relação ao pensamento arquitetônico e urbanístico dos profissionais que refletem sobre os espaços urbanos”, pondera. Para ela, os principais desafios dos arquitetos estão vinculados ao contrabalanço entre clientes e fornecedores e a capacidade de traduzir para o projeto aquilo que o contratante deseja e conseguir executá-lo. A dificuldade que pode surgir ao trabalhar com fornecedores que, muitas vezes, quebram prazos ou são complicados também é apontada por Cristina como mais um obstáculo a ser ultrapassado. “Absorver os transtornos das obras é, para mim, a coisa mais difícil da nossa carreira”, revela. Com relação a sua visão sobre a Arquitetura e Urbanismo, ela pega emprestadas as palavras do arquiteto Mies van der Rohe – um dos nomes mais importantes da Arquitetura no século XX: “menos é mais”. Esse é o princípio que norteia seus empreendimentos, desde o início, independentemente do ramo para o qual estão voltados. Entre os diversos trabalhos já desenvolvidos pela profissional, ela destaca a o projeto do showroom e dos
escritórios corporativos da Meber Metais, importante companhia da Região Serrana do Rio Grande do Sul, com sede em Bento Gonçalves; das filiais do escritório Lini&Pandolfi Advogados Associados no Estado, em Pernambuco, em São Paulo e no Ceará; e o do edifício comercial da Novello Assessoria Econômica, Contábil e Projetos, em Caxias do Sul. Cristina ressalta, também, as obras residenciais de alto padrão que vêm possibilitando ao C2 Arquitetos aliar bom trabalho e custo-benefício para os clientes. Ao longo de sua trajetória profissional, Cristina teve a possibilidade de elaborar diversos projetos de Arquitetura de Interiores, área que considera fundamental dentro do planejamento de um empreendimento. Na sua opinião, em um projeto residencial, a Arquitetura de Interiores agrega valor, dimensionando melhor os ambientes para o bem-estar de quem irá habitá-los. O mesmo ocorre quando se pensa em espaços comerciais e industriais. “Quando temos a parte interna bem resolvida, sem deixar de pensar volumetricamente, temos um trabalho de excelência”, resume.
Um projeto em estilo contemporâneo, mesclando branco e tons de bege para uma ousadia maior na ambientação. Esse foi o conceito escolhido pela arq. e urb. Cristina Mioranza, titular da C2 Arquitetos, para essa cobertura em Flores da Cunha. O hall de entrada é o grande charme, com aspecto minimalista, espelhos facetados e móveis em marcenaria brancos com puxadores ‘Índio da Costa’. 83
foto: Eduardo Marcanth
Lineastudio Arquiteturas 84
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Atuando em Santa Maria, Porto Alegre e outras cidades gaúchas, o Lineastudio Arquiteturas busca o equilíbrio perfeito entre forma, função e matéria em seus projetos. A Arquitetura não foi a primeira opção de Zé Barbosa ao concluir o Segundo Grau (atual Ensino Médio) no colégio. No momento do vestibular, escolheu a Medicina para atender ao desejo que tinha de cuidar das pessoas. Foram precisos três anos de curso para concluir que aquele não era o seu caminho, trocar de rumo e se encontrar profissionalmente. “Foi quando percebi que poderia realizar a vontade de ‘cuidar’ dos outros por meio da transformação dos espaços, do aperfeiçoamento da paisagem urbana e da melhoria da qualidade de vida dos indivíduos”, revela o sócio-fundador e diretor geral e de projetos do escritório Lineastudio Arquiteturas. Com sede em Santa Maria e filial na capital gaúcha, a empresa surgiu a partir dessa mudança de trajetória que levou Barbosa à Unisinos, onde concluiu a faculdade de Arquitetura e Urbanismo em 2003. Ao reencontrar o interesse adormecido pela área, algo que vinha desde criança – época em que acompanhou, entre os 11 e 12 anos, a edificação da casa dos pais e já observava com curiosidade o trabalho da construtora do avô paterno –, e terminar a graduação, Barbosa retornou a Santa Maria, pois sempre pensou em contribuir de alguma forma com o desenvolvimento da terra natal. E foi com o objetivo de concretizar essa resolução que o arquiteto inau-
fotos: Rafael Stecca
A transformação dos espaços em bem-estar
gurou, em agosto de 2003, o seu escritório. “Comecei sozinho. Inicialmente a companhia se chamava ‘Zé Barbosa Arquiteto’, e eu era responsável por tudo, literalmente, desde atender à porta, ao telefone, fazer cafezinho e até planejar os empreendimentos”, descreve. Com três anos de experiência e a demanda crescente de trabalho, veio a necessidade de ampliar a equipe e o ambiente físico. Diante dessa realidade, nasceu, em 2006, a marca Lineastudio Arquiteturas. Com nome e endereço novos, a empresa passou a contar também com um grupo de colaboradores. Atualmente, fazem parte do escritório equipe composta por sete arquitetos e uma engenheira agrônoma que atuam de forma setorizada, abrangendo os segmentos de Arquitetura Residencial e Edificações, Arquitetura Comercial e Serviços de Planejamento, Administração e Assessoria de Obras, Arquitetura de Interiores e Paisagismo. Sobre o início da carreira, Barbosa relata a lembrança da primeira residência que concebeu. “Fiz os projetos arquitetônico e de interiores e, com isso, consegui imprimir minhas convicções de linguagem e reforcei a certeza da força e coesão do resultado final ao se concretizar todas as ideias simultaneamente”, pondera. Com especialização em Arquitetura Comercial (Unisinos, 2004), em Gestão Empresarial (Fundação Getúlio Vargas - FGV, 2006) e em Gestão para Escritórios de Arquitetura (FGV, 2015), o profissional obteve outros reconhecimentos, como o prêmio de Melhor Ambiente das mostras Casa&Cia Centro 2004 e 2005 e o de Prestadora de Serviço do Ano 2014, concedido pelo Sinduscon/Santa Maria ao escritório.
Na foto acima, detalhe da multifuncionalidade planejada para o projeto do apartamento. Os espaços podem ser integrados ou sutilmente separados através da persiana automatizada, que também atua como elemento decorativo. A televisão foi fixada em um suporte giratório, possibilitando sua visualização em ambos os ambientes. Na residência, ampla área social com espaços integrados, em total conexão com o jardim e a piscina. Na página anterior, a área interna do restaurante projetado pela equipe, incluindo construção, arquitetura de interiores, luminotécnico e paisagismo. 85
fotos: Zé Barbosa
A residência foi projetada para expressar uma volumetria limpa e bem definida. Os materiais utilizados no revestimento da fachada demarcam os diferentes planos. O projeto da adega, que ocupa o subsolo de uma residência em Santa Maria (RS), vai além da sua função original e funciona também como estar com home theater. A linguagem rústica é incorporada ao lugar através dos materiais utilizados no acabamento: concreto aparente, forro em madeira e paredes revestidas por tijolos de demolição. Ao lado, Luara Mayer, coordenadora de projetos arquitetônicos; Zé Barbosa, fundador e diretor geral; Roberta Noal, coordenadora de projetos de arquitetura de interiores; Ronald Jung, coordenador de modelagem 3D; e Lisian Ceolin, coordenadora de serviços de obras. Na página seguinte, detalhe do espaço projetado para uma gelateria da mesma cidade. O desafio foi criar um ambiente funcional e aconchegante, que cativasse tanto adultos quanto crianças, remetendo ao cuidado e à exclusividade do produto manufaturado. 86
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Desafio das novas tecnologias A fusão sinérgica entre arte e ciência, entre subjetivo e objetivo, abstrato e concreto na arquitetura sempre fascinou Barbosa. Para ele, a procura pelo equilíbrio perfeito entre forma, função e matéria é algo instigante na profissão, assim como a sua contribuição cultural, social e econômica. “Sem falar nas infinitas possibilidades de interferir de maneira positiva nos municípios, na vida dos cidadãos e no meio ambiente, racionalizando investimentos, criando espaços com mais qualidade e menores custos de ocupação e de manutenção dos imóveis”, acrescenta. Ao comentar sobre a importância da área, o arquiteto afirma que vê esse campo de conhecimento como uma forma de planejamento, transformação, inovação e de manifestação cultural de um período, que identifica as pessoas e seu estilo de vida nos mais diferentes lugares do mundo. Entre os desafios enfrentados pelos profissionais, Barbosa destaca a utilização das novas tecnologias de um jeito racional, evitando a influência de modismos. Além disso, defende que os arquitetos e urbanistas precisam entender a sua responsabilidade na preservação da cultura e, para isso, é fundamental que tenham a compreensão de que cada projeto é um legado arquitetônico. “As pessoas vão, mas a obra permanece”, sentencia. A oportunidade de trabalhar em prol da preservação do meio ambiente, garantindo um planeta sustentável para as gerações futuras, o instiga. Outra missão, na sua avaliação, é a de desmistificar a visão da população em relação aos profissionais desse setor, ainda enxergados como supérfluos. Para isso, observa, é essencial que todos se prepararem para serem mais do que arquitetos e urbanistas, ou seja, que estejam aptos para atuar com planejamento e absorvam conhecimentos multidisciplinares, focados na melhor solução pelo menor custo (financeiro e energético), racionalizando os investimentos.
ideias perfeitamente adequadas às necessidades de cada um. Já sobre as diferenças, um aspecto marcante refere-se ao atendimento. Em Santa Maria, por exemplo, praticamente todos os contratantes são recebidos no escritório, enquanto, na capital, muitos preferem a visita do profissional em suas casas. Quanto ao mercado, a cidade da região central do Estado tem uma procura mais intensa por projetos arquitetônicos residenciais; e, por outro lado, em Porto Alegre predominam os de Arquitetura de Interiores. Independentemente do município, Barbosa assegura que mantém uma metodologia de trabalho mais “interiorana”. “O atendimento ao cliente adotado pelo Lineastudio é o mais próximo possível, personalizado e focado nas demandas e individualidades das famílias ou negócios”, informa. E confessa que mantém um carinho especial pelos projetos concretizados de-
vido à convivência com as pessoas que os procuram. “Cada iniciativa tem desafios únicos, que nos levam a buscar soluções inéditas. Gosto de pensar que o melhor projeto será sempre o próximo”, diz. Um dos principais planos do Lineastudio é a expansão da atuação do escritório, que hoje também desenvolve projetos em Santa Cruz do Sul, Passo Fundo, Tapejara, Não-me-Toque, Palmeira das Missões, Santo Ângelo, Santiago e Caçapava do Sul entre outras cidades gaúchas. “Queremos ampliar nosso trabalho nessas localidades e levá-lo a outras, contribuindo com o bem-estar das pessoas, qualificando a paisagem urbana e dando sentido à crença de que o legado da nossa profissão ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço”, planeja o arquiteto e urbanista.
foto: Rafael Stecca
Meta de expandir para novos mercados Os clientes do Lineastudio Arquiteturas em Santa Maria e em Porto Alegre têm perfil semelhante, no que diz respeito à preocupação com detalhes, qualidade e exclusividade. E são exigentes. O que representa um incentivo maior para a elaboração de boas 87
imagens: OSPA Arquitetura e Urbanismo
OSPA Arquitetura e Urbanismo 88
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Movida a desafios
À frente da OSPA Arquitetura e Urbanismo, Carolina Flach Souza Pinto teria sido engenheira se não tivesse se encantado com a multidisciplinaridade da Arquitetura e Urbanismo e com o impacto que ela tem na rotina das pessoas.
dade de Arquitetura da UFRGS (ela se formou em 2006), onde pôde colocar em prática a criatividade e a curiosidade que sempre a acompanharam. “Gosto do desafio, de buscar soluções alternativas. Tive um professor, no início do curso, que dizia que não podia utilizar alvenaria e aço no mesmo prédio, que não funcionava. Mas, como tinha visto tantas referências com o uso desses materiais fui atrás do detalhe construtivo para explicar como fazia a liga”, salienta. Foi também na faculdade que começou a nascer a OSPA Arquitetura e Urbanismo, escritório em Porto Alegre no qual Carolina é sócia-fundadora e diretora de projetos. Dos trabalhos da graduação, ela e mais dois colegas passaram a fazer pequenos projetos em conjunto, do banheiro de uma tia que precisava de ajuda na escolha dos revestimentos ao design gráfico da revista do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer/RS). “Aos poucos, estavam nos indicando para
os vizinhos, amigos e a coisa ficou mais séria e decidimos alugar uma sala. Tivemos uma plotadora por um tempo para ajudar a nos manter, contudo decidimos abrir mão dela para nos focarmos na arquitetura”, explica. Desde as atividades iniciais com Arquitetura de Interiores até a conquista do primeiro concurso público, a empresa cresceu, ganhou novo endereço – hoje ocupa um edifício na Av. Osvaldo Aranha, próximo ao Campus Central da UFRGS –, nome e organização na sociedade, com a saída de um dos sócios-fundadores. Atualmente, a OSPA tem uma equipe formada por 15 pessoas, além de contar com consultores de engenharia. “Nosso escritório é multidisciplinar, atuamos com vários parceiros para ter um produto final, seja uma casa ou um prédio construído, que funcione 100%. Para isso, precisamos conversar com o calculista, com a climatização, por exemplo, em distintas etapas do planejamento. Não vemos a arquitetu-
Projeto do Campus Igara da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, vencedor de concurso público nacional. Sem área disponível para a construção de um ginásio de esportes amplo, a equipe da OSPA projetou a estrutura em dois níveis, prevendo diversas instalações esportivas sob um campo de futebol.
Desde a infância, a arquitetura está presente na vida de Carolina Flach Souza Pinto, mesmo quando ela não sabia de fato o que era isso. O gosto por desenhar, montar estruturas com Lego e criar seus próprios brinquedos já revelava uma tendência para o setor da construção, que foi acentuada ainda mais pelo fato de ter avô e pai engenheiros. “Era algo que estava no sangue”, revela. Tanto que sua ideia inicial era seguir a carreira dos familiares até que uma feira de profissões acabou por alterar o rumo de sua trajetória. Ela recorda que chegou ao evento e viu maquetes, perspectivas e percebeu que a arquitetura reunia tudo o que ela queria fazer. “Quando cheguei em casa, meu pai disse que precisava conversar comigo e eu anunciei: ‘não vou mais fazer engenharia, vou ser arquiteta’. E ele respondeu que era sobre isso que ia falar, que achava a arquitetura mais ampla e que na parte da criação eu poderia trabalhar em diferentes frentes”, diverte-se ao lembrar da coincidência. E foi justamente essa possibilidade de atuar em múltiplas áreas e com profissionais de outros campos de conhecimento que a conquistou de vez. Com o novo caminho a percorrer, Carolina entrou na Facul89
Centro comercial, na avenida Nilo Peçanha, em Porto Alegre (RS). Estruturas em alumínio anodizado em diversas cores estabelecem o contraste com a austeridade da edificação, construída com concreto pré-fabricado.
ra como algo em separado e esse é um dos nossos maiores diferenciais”, aponta. Outra particularidade é que todos os arquitetos e urbanistas da empresa são ex-estagiários que evoluíram com eles. Definindo vidas A diversidade também marca os projetos com os quais a OSPA trabalha. Carolina reforça que cada demanda é um desafio único, que exige conhecimentos específicos (seja sobre esporte, fisioterapia aquática ou laboratórios de amostras de gelo), soluções criativas e muita pesquisa sobre o que está sendo feito de melhor no Brasil e no mundo. “Os clientes nos procuram com uma necessidade que, muitas vezes, não sabem explicar. Interpretar o que eles querem é o passo inicial para a elaboração de uma ideia”, pondera. A inspiração, enfatiza a arquiteta e urbanista, pode vir tanto de um material, de uma técnica construtiva como da observação do que as escolas de arquitetura estão empregando. “Até mesmo quando participamos de concursos ou ações para órgãos públicos buscamos compreender o que eles desejam de fato para atendê-los e ir além do que precisam.” 90
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Essa visão está presente desde o primeiro empreendimento idealizado pelo escritório. A concepção de uma galeria com 12 lojas, localizada na Av. Nilo Peçanha, 1.700, foi começada ainda na universidade. “Logo depois da formatura, protocolamos o projeto na Prefeitura e, em 2007, ele começava a ser desenvolvido”, relata. Com uma área construída de 1.075 m2, o local colorido acabou tornando-se um ponto de referência para aqueles que circulavam por ali. “Quando ele ficou pronto, em 2012, quem ia lá no domingo tomar um suco ficava na parte externa, sentava no chão mesmo. A arquitetura favoreceu a utilização daquele espaço aberto”, descreve. O projeto da galeria Nilo 1700 é de autoria de Carolina, Lucas Obino (OSPA Arquitetura e Urbanismo) e Jean Grivot (Hype Studio). A ocupação do ambiente pelas pessoas reflete, segundo Carolina, a importância da Arquitetura e Urbanismo. “Ela modifica a rotina e define a vida dos cidadãos, desde o planejamento de uma parada de ônibus, de uma casa até a posição de um prédio, tudo interfere na qualidade do seu dia a dia”, defende.
Ela cita como exemplo desse impacto o projeto da OSPA para o Aeromóvel de Canoas, na Região Metropolitana do Estado. “Como a cidade já é dividida em duas por causa do trem da Trensurb, nos preocupamos com a definição do trajeto, das estações, a conexão com os demais meios de locomoção e com a repercussão que terá a implantação de um novo sistema de transporte na dinâmica das pessoas”, informa. No total, serão construídos três trechos, com a extensão de cerca de 15 quilômetros. A empresa foi responsável ainda pelo projeto executivo e o design da via elevada de um quilômetro de extensão do Aeromóvel de Porto Alegre, que liga o aeroporto Salgado Filho e a Trensurb (Empresa de Trens Urbanos da Capital), e pelas duas estações erguidas baseadas no conceito de um escritório de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro. Conquistas de peso Com trabalhos nas áreas residencial e corporativa, a OSPA foi ganhando, com o tempo, o reconhecimento dos clientes para promover mais uma alteração de foco. O primeiro lugar obtido no concurso nacio-
Também em 2014, Carolina foi premiada pelo Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul (Saergs) na categoria Jovem Profissional pelo destaque que a OSPA vem recebendo nacionalmente. “Eu
não imaginava o impacto que teria junto aos clientes, me surpreendeu muito”, confessa ela, fundadora do escritório ao lado do colega Lucas Rocha Obino, que responde como diretor de Planejamento. Atualmente, os colegas Cristiano Selbach Caneiro, Manoela Obino, Franco Miotto, Aline Taís Comiran e Ellen Renata Bernardi também são sócios da empresa.
foto: André Fauri
A visibilidade alcançada com a premiação resultou na oportunidade de projetar empreendimentos como o Linx Hotel no Aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro, o Centro Polar Climático da UFRGS e o Condomínio Tomas Gonzaga. Mais recentemente, em 2014, a empresa venceu o concurso público nacional para o desenvolvimento do anteprojeto do Cam-
pus Igara, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). A instituição precisava de um plano diretor para seu novo campus esportivo em Canoas, reunindo salas de aula e ambientes para a prática de esportes. “O problema era como adequar tantos espaços, piscinas, pista de atletismo, quadras poliesportivas e de futebol, em um terreno que não era muito grande e ainda prever que o campus pudesse crescer mais adiante”, enfatiza. A solução encontrada pela equipe foi levantar o campo de futebol do chão e instalar as outras áreas esportivas abaixo dele. Dessa forma, foi criada uma circulação, uma praça, que permite a conexão entre as duas entradas do lote retangular. “Colocamos um prédio em uma das frentes e previmos a construção de mais um no futuro no outro acesso, que poderá ser feito sem parar as atividades da universidade”, argumenta.
fotos: Marcelo Donadussi
nal para a nova sede do CREA do Paraná, em 2009, trouxe credibilidade para o escritório passar a realizar complexos maiores em esferas como a de transporte, órgãos públicos e hotéis. “Foi a primeira vez que participamos de uma disputa e foi estimulante saber que tínhamos capacidade para ganhar”, diz. Elaborado por Lucas Obino (OSPA), Carolina Flach Souza Pinto (OSPA) e Jean Grivot (Hype Studio), a proposta teve a sustentabilidade como sua principal característica, tanto na técnica construtiva adequada ao terreno como na criação de um conjunto bioclimático a partir da orientação solar e da ampliação dos espaços de convivência. Além disso, o edifício foi planejado de forma modular e montável, garantindo um processo de obras mais ágil e eficiente.
Equipe OSPA 2015
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Entrevista 93
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A arquitetura é industrial, e o seu cerne são as máquinas. No entanto, o conforto e o bem-estar dos trabalhadores é que são alçados ao topo do programa de necessidades. É assim que a equipe do escritório paulistano LoebCapote Arquitetura e Urbanismo trabalha: focada no componente humano. “É a partir dessas pessoas que o projeto pode ser melhorado”, diz o arquiteto e urbanista Luis Capote nessa entrevista exclusiva à AAI em revista – arquitetos.
lorização e representação da classe de arquitetos do país”. Nesta mesma oitava edição do prêmio da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, arrematou quatro outras distinções: na categoria Projetos Especiais com a Ponte Fiedrich Bayer, em São Paulo; na categoria Edifícios Industriais com o Data Center Santander, de Campinas (SP); e na mesma categoria, Menção Honrosa para o projeto da fábrica de freios Knorr-Bremse, construída em Itupeva (SP). Ainda em 2014, LoebCapote conquistou o W Award 2014, na categoria Projetos Corporativos, com o Data Center Santander – premiação de iniciativa do Instituto São Paulo de Arte e Cultura ,em conjunto com o Ministério da Cultura e Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). E a Ponte Bayer foi ainda considerada uma das produções de destaque do ano, arrematando o principal prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, na categoria Projeto Urbano.
Luis Capote ingressou no escritório Roberto Loeb e Associados no ano 2000, com apenas 25 anos de idade, dois anos depois de concluir a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie. Tornou-se sócio de Roberto Loeb em 2004, ano em que o escritório completava quatro décadas de atuação. Desde então, vem contribuindo para a construção de “edifícios sustentáveis e com alma”. Dos diversos projetos desenvolvidos, atuou como coordenador de projetos de destaque como o edifício Santander Cultural, em Porto Alegre; o do Instituto Itaú Cultural e do Cine Belas Artes, ambos em São Paulo. Uma década mais tarde, o escritório – já consagrado – conquista importantes prêmios nacionais, incluindo o Prêmio Roberto Cláudio dos Santos Aflalo, pelo segundo ano consecutivo, concedido pela AsBEA “em função da importância no desenvolvimento, va-
AAI em revista – De toda a produção do escritório, os projetos desenvolvidos para indústrias têm se destacado pela inovação. Vocês se especializaram nesse segmento? Luis Capote - A gente não é especialista em um tipo de projeto de Arquitetura. A gente é especialista em ajudar o cliente a encontrar uma solução que seja viável para o que ele quer. E, na indústria, essas coisas são muito claras. O primeiro grande desafio é montar o programa de necessidades, em todos os campos da Arquitetura. A receita é sempre a mesma.
fotos: Leonardo Finotti / divulgação
Projetos para pessoas
AAI - Quais as possiblidades que o projeto industrial pode explorar? Luis Capote – É preciso, antes de tudo, pensar nas pessoas que vão utilizar o edifício. A partir delas é que o projeto pode ser melhorado, acrescentando qualidade de vida dentro do ambiente, promovendo 95
fotos: Leonardo Finotti / divulgação
Nas páginas anteriores e ao lado, a nova sede da Knorr-Bremse apresenta 35 mil m 2, formada por dois blocos: um abriga a fábrica e outro, o restaurante e os vestiários. A vedação em vidro proporciona uma transparência entre os diferentes setores internos da companhia e a paisagem externa. O galpão, em estrutura metálica com vãos de 35 metros, reúne todas as etapas fabris em um único ambiente: montagem, expedição e docas. Sobre pilotis, as salas da administração da empresa ficam no interior do galpão. Uma ponte em aço, de 45 metros, permite cruzar pelo alto a área da produção. O edifício do restaurante e vestiário situa-se um pouco abaixo do prédio maior. Esta defasagem de altura permite que seu teto verde fique no mesmo nível do galpão, tornando-se um terraço de convivência onde todos os que trabalham na empresa podem apreciar a base da Serra do Japi, entre os municípios de Jundiaí e Itú, em São Paulo. 96
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foto: Pedro Kok/ divulgação A ponte móvel “Friedrich Bayer” foi projetada em frente à sede paulistana da multinacional alemã Bayer, na confluência do rio Pinheiros com o canal extravasor da represa de Guarapiranga. Ao ligar as duas margens, o equipamento urbano projetado, de 90 metros de extensão, ampliou a ciclovia paralela ao rio e aproximou os trabalhadores da empresa e a comunidade da estação de metrô Santo Amaro. Duas ilhas metálicas de 18 metros de diâmetro tornam-se espaços de parada em meio ao fluxo. Cobertas com vegetação, uma referência às vitórias-régias, elas apoiam-se sobre tubulões de concreto. Para manter a navegabilidade do canal, o vão central é móvel: as metades dessa estrutura linear central rotacionam-se por meio de motores elétricos. A ponte foi oficialmente inaugurada em dezembro de 2013. 97
fotos: Leonardo Finotti / divulgação 98
O Data Center do Banco Santander é um complexo de 80 mil m2 de área construída no inte-
tirada na construção foi reaproveitada no próprio edifício, formando taludes que acertam
rior de São Paulo. Trata-se de três edifícios para Centros de Processamento de Dados e dois
sua proporção, deixando-o leve na paisagem. Dois pavilhões de apoio formam o Núcleo de
pavilhões de apoio. Os CPDs são idênticas construções, feitas em estrutura de concreto ar-
Operações e Controle, resolvidos com microclimas de jardins internos e espelhos d’água, o
mado semienterrado, para manter a temperatura e segurança dos equipamentos. A terra re-
que permitem aos funcionários e visitantes conviver em meio a uma variada vegetação.
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a integração com a natureza, a integração social. Todos esses valores tornam o edifício sustentável e com alma. Na indústria, conforme o grau de serviço que ela presta, há menos margem para investir no que não esteja ligado à produção. Então, a gente procura dar função aos elementos arquitetônicos. O espelho d´água numa fábrica, por exemplo, serve de reservatório de água. Ele entende que vai trazer benefício para ele e vai despindo de certos preconceitos... AAI – Vocês percebem os empresários mais interessados nesse tipo de projeto, mais humano? E quais elementos vocês lançam mão para tornar os espaços mais agradáveis? Luis Capote – Essa é uma conversa que tivemos com a Bayer. Quando eles nos chamaram para fazer um pavilhão, o Ecocommercial Building* (em São Paulo), eles disseram que queriam um prédio sustentável. E nos perguntaram: ‘o que vocês conhecem de tecnologia para isso?’. Eu respondi que um projeto sustentável começa com uma boa Arquitetura, uma Arquitetura eficiente, com ventilação e iluminação natural, independente do que eu gosto ou do que você gosta. São princípios básicos que vêm desde a origem da Arquitetura, de como aproveitar-se dos recursos
naturais. E disse a ele: ‘a partir daí, você me fala o que a empresa tem de tecnologia e eu vou por no projeto’. E trabalhamos juntos. *O EcoCommercial Building foi o primeiro prédio do Brasil certificado com o selo LEED-NC Platinum, nível máximo da certificação ambiental do U.S. Green Building Council, em dezembro de 2014. O edifício utiliza em torno de 20 tecnologias para construções sustentáveis baseadas em matérias-primas produzias pela Bayer MaterialScience, divisão de materiais inovadores do grupo. AAI – O interesse das empresas pela certificação ambiental é uma estratégia comercial? Luis Capote – Muitas empresas têm foco no marketing e vão querer certificar. Por outro lado, há companhias que querem os benefícios da sustentabilidade, mas não querem a certificação. É o caso da Mahle*. Eles pensaram: ‘o que vou fazer com esse selo? Nada’. Então, tinham como objetivo gastar menos água e menos energia. É outra abordagem. *O projeto para a Mahle foi desenvolvido pelo escritório em 2013, construído no município paulista de Jundiaí. Com 35 mil m 2 , é o maior Centro de Distribuição dos produtos automotivos da indústria no Brasil.
AAI – Apesar das inovações arquitetônicas, vocês demonstram grande preocupação com o orçamento, com o investimento do cliente. Luis Capote – A gente vive no mundo real. Então, não adianta sonhar com coisas que não podem ser executadas. É só manter uma relação transparente entre cliente, arquiteto e gerenciador. A responsabilidade do arquiteto é fazer o cliente economizar, e, para isso, precisa ser muito mais criativo, pesquisar mais os materiais. Tem arquiteto que diz que não precisa acompanhar a sua obra, ou cobra mais por isso. E eu digo: ‘deixa que eu a acompanho de graça’. Quero que tudo saia bem – é um comprometimento nosso. Temos um valor a zelar. AAI – Esse foi um dos motivos que os levou a fundar a Ybyraa Gerenciamento de Projetos e obras em 2012, em sociedade com os arquitetos e urbanistas Damiano Leite e Chantal Longo? Luis Capote – Nosso custo de gerenciamento é fixo, independente se o cliente vai ganhar mais ou menos com o projeto. Quando eles começavam os primeiros orçamentos, a construtora analisava, achava tudo caro, e ia cortando soluções. Com a nova empresa, começamos a questionar os orçamentos com os fornecedores para conseguirmos viabilizar nossas ideias.
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E o cliente fica mais seguro com a gente agindo no todo, tendo um interlocutor único. No projeto convencional, o cliente costuma comprar o terreno e não consulta ninguém. Faz o projeto arquitetônico e, às vezes, contrata os complementares de outro lugar. Nós desenvolvemos tudo e, os que não temos, terceirizamos. Assim, diminuímos outro conflito. O cliente só fala com a gente e com a construtora. Todo o arquiteto é como o maestro de uma orquestra e cada projetista toca um instrumento – fundações, estrutura, instalações – a gente tem que fazer todos eles tocarem uma música boa aos ouvidos. E isso é bem difícil. AAI – Quando vocês fazem o cliente economizar, ganham credibilidade? Luis Capote – Sim! Isso mostra o nosso serviço. No final, ele tem que ficar satisfeito e chamar a gente de novo.
AAI – Muitos projetos assinados por LoebCapote têm características similares e são muito marcados pela inovação, por soluções criativas. Como vocês a classificam? Luis Capote – Procuramos não dar rótulo para a nossa Arquitetura. Queremos entender o que o cliente quer e a gente procura o que gostamos e o que entendemos que seja adequado para ele. Em alguns casos, usamos soluções que já funcionaram em outros projetos. Às vezes, o problema encontrado traz um desafio e você tem que pensar muito mais para resolver. Quando você está na sua zona de conforto, criando, tudo bem. Mas quando vai para a realidade, para a aprovação, para a execução, aí é preciso ser muito mais criativo.
Os sócios: Chantal Longo, Roberto Loeb, Luis Capote e Damiano Leite
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fotos: Leonardo Finotti / divulgação O novo conjunto fabril da suíça Sicpa, fabricante de tintas especiais, foi implantado no
Os edifícios, em estrutura metálica, são distribuídos de modo regular no terreno, abrindo-
bairro de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Trata-se de um grande complexo de 26 mil m2,
-se em varandas, pontes e marquises. As cores claras dos acabamentos e as telas trans-
com fábrica, escritórios, laboratórios, biblioteca, restaurante, cafeteria, clube de funcio-
lúcidas e elementos vazados garantem um ambiente que, apesar de fabril, é iluminado e
nários e jardins tropicais.
confortável.
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Artigos 103
Lifestyle: o retorno da sobriedade
O uso deste conceito, comum na moda, está cada vez mais forte no Design, como vimos nas últimas três feiras internacionais do setor (Maison Objet, Fuori/Salone, Imm Cologne).
Fah Maioli Escritora e Trend Analyst. Master in Gestione del Processo Creativo (IULM Milão), expert em Trendsetting (IED Milão) e especializada em Design de Produto (UCS Brasil). Há mais de quinze anos atua nos mercados italiano, brasileiro e americano. Participou como relatora no TEDx, no Mobile For Future, sendo a única brasileira convidada a falar no WorkstyleTalking na Hermann Miller em Milão. É autora do livro “Manual de Coolhunting: Métodos e Práticas” e de uma dezena de ebooks direcionados a tendências, lifestyle e contaminações entre Moda, Design e Arte. Fah Maioli escreveu esse artigo com exclusividade para a AAI em revista – arquitetos. 104
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O que chamamos de lifestyle ou “estilo de vida” tem sua origem no célebre livro de Thorstein Veblen “The Theory of the Leisure Class” (1899) e nos estudos de Max Weber sobre o conceito de status, além da contribuição do psicólogo Alfred Adler. Sinteticamente significa que cada pessoa possui seu próprio e individual estilo de vida, com qual vive e habita neste mundo e o interpreta com a sua originalidade. Pode ser compreendido como um modelo ao qual as pessoas associam esquemas de relação, comportamento e consumo, ou individualmente falando, quais são as minhas atitudes, meus interesses e minhas opiniões. Entender esse imenso universo é parte do processo de desenvolvimento de produtos, do marketing e da forma como a empresa quer se relacionar com seu cliente.
Lifestyle made in Italy Um estilo de vida famoso no mundo inteiro é, sem dúvida, o the italian way of living, que caracteriza profundamente três setores economicamente importantes: a Moda, o Design e a Gastronomia. Evidentemente, na cultura, na criatividade, na forma como as empresas criam e se relacionam com o mercado, mas, sobretudo, nas relações humanas que permeiam esse território. Caracteristicamente, percebemos que esse lifestyle tem como imprinting principais a atenção à pessoa, às suas exigências, a uma modalidade de vida que privilegia as relações humanas (assim como tempo para si mesmo), um espaço para estar confortável em casa ou na rua (as ruas e prédios realizados sempre com espaços “humanizados” e não apenas comerciais atestam isso), uma relação de admiração e afeto com a sua própria cultura (cada cidade terá o seu prato típico, o seu dialeto característico, etc.) e o amor pelas suas tradições. Todo esse complexo comportamento, que vem sendo alimentado e lapidado há séculos, foi claramente transportado para os setores da Moda, do Design e da Gastronomia e, hoje, o visualizamos como uma única entidade.
A forma lúdica das batatas inspirou o estúdio holandês Floris Wubben a criar uma série de estantes no projeto batizado de Potato Family. A estrutura é de madeira e os pés são de aço inox polido. fotos: Studio Floris Wubben / divulgação 105
Um estilo de vida condizente com o Zeitgeist Em tempos de crise moral e econômica como esse, torna-se sempre mais urgente adotar um lifestyle que nasce do pessoal e se amplia ao coletivo, mais parcimonioso, mais limpo, mais lento, inserido nos ciclos naturais, que se distinga entre desejos reais (o que eu realmente preciso e/ou desejo) e aqueles impostos (o que a mídia quer que eu compre e/ou o que quero mostrar ao meu vizinho que possuo). Em uma única palavra, um estilo de vida que seja caracterizado pela sobriedade, ou seja, a capacidade de dar às exigências do corpo o justo peso sem esquecer das necessidades afetivas, intelectuais, espirituais e sociais. Um modo de organizar a sociedade para que seja garantida a todos a possibilidade de satisfazer os desejos fundamentais com o menor dispêndio de recursos e produção de dejetos ambientais. Culturalmente, significa colocar-se interrogativos sobre as consequências que podem ter as nossas ações quotidianas no presente, no futuro e no resto do mundo.
O estúdio de design holandês Formafantasma surpreende com a coleção De Natura Fossilium. Na foto, as mesas em volumes geométricos esculpidos em basalto e tampos produzidos a partir de lava vulcânica extraída da erupção do Monte Etna, na Itália, ocorrida em novembro de 2013. Na próxima página, novamente a lava vulcânica como matéria prima no sofá Onyx, criado pelo Peugeot Design Lab. Com três metros de comprimento, a peça combina a brutalidade da pedra a uma tecnológica estrutura de fibra de carbono. 106
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foto: Luisa Zanzani / divulgação
A sobriedade do mood raw chic Dentro desse estilo de vida, com uma sobriedade que vai do corpo ao mundo, surge um estilo de interiores que virou lifestyle de sabor vintage, mobiliário despretensioso e muita matéria-prima natural, que podemos chamar de Raw Chic. De forma geral, esse mood encontra a pureza mais primitiva e a transforma em essência viva, fácil de ser utilizada. Matérias-primas com acabamento rústico (áspero, muitas vezes) e trabalho irregular. É a aplicação dessa estética contrastando com as certezas tranquilizadoras de tudo o que é homogêneo, o que dá vivacidade à imperfeição. Entre virtuosismo artesanal, evocações e referências primitivas, é mais uma vitória da ecosustentabilidade. Tem quem continue vendo aqui um lifestyle que é reflexo da crise financeira que continua a atormentar o Ocidente Europeu, promovendo discussões sobre as tradicionais declinações do luxo. Tem quem veja como uma resposta extrema ao conformismo do gosto (depois de anos de minimalismo era de se esperar!), que aborrece a vitalidade criativa da
imperfeição. Claramente influenciado pelo mood raw (cru ou bruto em inglês), que também podemos ousar chamar de shabby chic, que surgiu em 1980 na revista “The World of Interiors” e tornou-se um verdadeiro lifestyle graças à designer inglesa Rachel Ashwell, que iniciou decorando a própria casa com os cânones deste. Obtendo um enorme sucesso, ela decidiu fundar, em 1989, uma loja em Santa Mônica, Califórnia, chamado então Shabby Chic. Foi um estilo muito popular nos anos 1990 nos Estados Unidos, em cidades como Los Angeles e San Francisco, mas se diferencia, porém, do Raw Chic, pois esse, ao contrário, pode cair no high-tech, e no luxo, ao mesmo tempo em que adora o primitivismo. Graças a um incrível mix de miséria e nobreza que sofreu grande influência do movimento italiano Arte Povera, ele oferece até um desdobramento na gastronomia com a mais recente dieta da moda, o “crudismo” ou ainda “dieta paleolítica” (ambas encorajam o consumo de comida crua e não transformada, como fazíamos antes da descoberta dos moinhos e processamentos industriais), muito
apreciada nos Estados Unidos e que está conquistando muitos adeptos na Europa, principalmente na França. No design, é um grande vetor inspiracional, como vimos no Fuorisalone 2015, por exemplo, através da centena de produtos com metais oxidados, madeiras não acabadas e reaproveitadas, cujo exemplo de Riva 1920 é muito interessante. Ela que tem um lindo trabalho de resgate dos briccola de Veneza há anos: são os pedaços de madeira de quercia utilizados para ancorar barcos e delimitar o tráfego que ela transforma em peças de design elegante e de alto valor comercial. Em resumo, um mood conquistado com muito metal oxidado, madeira em estado bruto, cores orgânicas, bases corroídas, materiais como cobre, lava e mármore, e acabamentos imprecisos que cristalizam a poética do tempo que passa e restituem novo valor à anualidade e ao saber fazer artesanal. A chave aqui, nos materiais, é explorar o máximo possível, indo da fragilidade à força, resgatando materiais usados em tempos antigos, colocando-os no mundo por meio de de processo artesanal, industrial ou mesmo tecnologia 3D.
foto: Peugeot Design Lab / divulgação 107
Mesa Sky Briccola, com design assinado por Natura by Riva 1920. Tampo produzido com a madeira dos postes dos ancoradouros de barcos de Veneza e base em ferro. Na página seguinte, a cadeira Upside Down, feita de árvore de salgueiro. O assento e o encosto foram naturalmente mantidos alinhados. As pernas foram obtidas pela torção dos seus ramos. O design é do Studio Floris Wubben.
fotos: Riva 1920 / divulgação 108
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A mais recente declinação deste lifestyle na moda conseguimos observar com as ultimas coleções de Gucci e Ralph Lauren, que, na sua comunicação, focalizaram-se em elementos “selvagens” como vemos nos acessórios da modelo e na pele que “transborda” do sapato masculino, acenando uma ruptura com o tradicionalismo desse elemento do acessório de moda. Tratando ainda de comunicação, destaco aqui no design a mais recente Campanha Boffi ‘Kitchenology’ de 2015, que conseguiu nos impactar por meio do que chamamos artsy style, incluindo propostas de mobiliário com um toque bem rústico. Exemplos de materiais utilizados no design com o mood Raw & Chic fazem parte dos seguintes produtos: os tijolos usados pelo studio do designer Kuehn Malvezzi para dar vida à simbólica união com livros; o aparador Beam de Piet Hein Eek apresentado no Fuorisalone; da coleção Potato Family do studio holandês de Floris Wubben com a cadeira Upside Down; do banco em lã de ovelha Schoonebeeker do studio 0304; do sofá Onyx em lava de Volvic e carbono de Peugeot Design Lab; toda a última coleção De Natura Fossilium em basalto, cobre e areia vulcânica da dupla de designers Formafantasma, no que foi uma linda homenagem ao designer italiano Ettore Sottsass, frequentador apaixonado das vulcânicas ilhas Eolie; o resgate do mármore em quase todos players nas penúltimas feiras principais do setor, dos materiais como o Jurassic Brown de Antolini, um mármore jurássico, prestigiosa pedra de limestone rica de fósseis, brilhantemente apresentado por Claudio Silvestrin na IMM Cologne. E por fim, entra aqui o pinho fossilizado de Jack Craig como todos os objetos - e comportamentos projetuais - do art-designer Nacho Carbonell e Max Lamb, esse cuja última performance no Fuorisalone 2015, ofereceu este mood em produtos e na cenografia, que obteve todos os melhores julgamentos dos experts e jornalistas internacionais do setor e que está disponível em http://migre.me/rzDDV
foto: Studio Floris Wubben / divulgação 109
Habitação, hábitos e habitantes: tendências contemporâneas metropolitanas
Avant-propos
Marcelo Tramontano Arquiteto e Urbanista, Doutor e Livre-Docente em Arquitetura e Urbanismo. Professor Associado do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo IAU-USP. Coordenador do Nomads.usp – Núcleo de Estudos de Habitares Interativos, Universidade de São Paulo (www.nomads.usp.br).
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Esse artigo foi escrito em 1997, para o 3o. Prêmio Jovens Arquitetos, do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, do qual foi vencedor na categoria Ensaio Crítico. Atendendo ao gentil convite da AAI em revista, ele é republicado aqui, dezoito anos depois, praticamente sem alterações nem revisões. Seria curioso atualizá-lo, pois os números referentes ao comportamento demográfico dos brasileiros acentuaram-se desde então, e as tendências supostas aqui se tornaram uma realidade nacional, constatadas pelos Censos de 2000 e 2010, além das PNADs - Pesquisas por Amostra de Domicílios, do IBGE. Mais do que demográficas, no entanto, as principais mudanças nos modos de vida, verificadas nesse período, devem-se ao desenvolvimento da Internet e das maneiras como as pessoas se comunicam. Em 1998, a Internet comercial tinha apenas quatro anos de vida, os telefones celulares eram privilégio de poucos e tinham como única função a realização de ligações telefônicas. De lá para cá, a vida cotidiana passou a ser vivida nos planos físico e virtual, de maneira tão integrada e tão natural que muitas pessoas nem se dão conta das dife-
renças entre eles. As relações humanas passaram a ser mediadas digitalmente em muitas instâncias, e, talvez por isso, mesmo quando viajamos para lugares desconhecidos, assim que acessamos nossos perfis nas redes sociais e reencontramos laços familiares e de amizade, sentimo-nos em casa. Mas onde, afinal, é a nossa casa? Quais são, hoje, os limites dos territórios privado e público, que, em 1998, eram ainda tão claros? Quais os limites entre as esferas física e virtual do habitar? Ao transitarmos entre elas, com a desenvoltura que o uso intenso dos dispositivos eletrônicos nos confere, somos capazes de identificar com clareza, como éramos ainda em 1998, os locais onde trabalhamos e os locais onde habitamos? É com essas indagações em mente que compartilho esse texto, a convite da AAI Brasil/RS. Um anuário é sempre uma oportunidade de enxergarmos uma produção de forma panorâmica, e espero que essas reflexões, nesse momento, contribuam para prosseguirmos no caminho saudável, necessário e sempre urgente da reflexão crítica que deve sempre situar-se na base das nossas ações.
Mundo, 1998, 2015 Na história de diversos países do mundo, o processo de industrialização tem-se associado, com frequência, à concentração de população em polos industriais, e a profundas mudanças na composição do grupo familiar e nas relações entre seus membros. Filhos legítimos desses acontecimentos, o nascimento de um modo de vida metropolitano, nos séculos XVIII e XIX, e a afirmação da família nuclear como modelo familiar Moderno vieram substituir um modo de produção anterior, inserido em um modelo econômico que se baseava, sobretudo, na mão-de-obra da família extensa.1 Este grupo medieval compunha-se de familiares, empregados e aprendizes sob a tutela de um pai-patrão proprietário dos meios de produção, todos morando na casa onde se sobrepõem, em muitos casos, em um único grande cômo2 do, habitação, trabalho e espaço de uso público. Contrariamente, a casa da sociedade industrial não mais abriga o espaço de trabalho, e é habitada por pessoas ligadas umas às outras por laços de consanguinidade muito estreitos. O espaço fabril, território por excelência masculino e aberto ao público, diferencia-se do espaço doméstico, feminino e privado por oposição, dividido em cômodos que se organizam em zonas, a exemplo da habitação burguesa parisiense da Segunda metade do século 19. A partir de 1945, a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial consagra a cultura norte-americana como referencial de costumes para toda sociedade mecanizada que se queira moderna, difundida, sobretudo, pelo
mais poderoso e mais abrangente meio de comunicação de que se havia tido notícia até então: Hollywood, máquina perfeita na divulgação da maneira de morar americana, que incluía eletrodomésticos, automóvel, o marido no papel do forte, inteligente, lógico, consistente e bem-humorado provedor, e a esposa, no da intuitiva, dependente, sentimental, autossacrificada, mas sempre satisfeita gerenciadora de uma habitação impecavelmente limpa, agora ele3 vada à categoria de bem de consumo. No entanto, à nuclearização da unidade familiar, cujo processo estende-se desde, pelo menos, o século 4 XVI até os nossos dias , seguiu-se seu estilhaçamento, potencializado, na segunda metade do século XX, quando surgem novos formatos de grupos domésticos: famílias monoparentais, casais DINKs – Double Income No Kids –, uniões livres – incluindo casais homossexuais –, grupos coabitando sem laços conjugais ou de parentesco entre seus membros, e uma família nuclear renovada, ainda dominante nas estatísticas, mas com um enfraquecimento da autoridade dos pais em benefício de uma maior autonomia de cada um de seus membros. Todos os passos em direção a um – aparentemente – novo padrão social: pessoas vivendo sós. As causas desta evolução são inúmeras e, relativamente, recentes. O ano de 1965, por exemplo, tem sido apontado, tanto pelos Censos e Pesquisas Nacionais por Amostras de Domicílios brasileiros, como por sociólogos e demógrafos europeus, como o turning point da taxa de fecundida-
de. Considerando dados para a França, a Inglaterra, a Suécia, a Itália, a Alemanha e a Holanda, a demógrafa brasileira Elza Berquó, por exemplo, constata que “por volta de 1965, a fecundidade destes seis países variava entre 3,2 e 2,5 filhos por mulher. Em 1970, esta variação cai para 2,5 a 2,0; em 1975, a grande maioria tem sua fecundidade entre 2,0 e 1,5. O ano de 1985 registra valores entre 1,8 e 1,3 filhos por 5 mulher.” Por trás da queda da fecundidade, encontra-se uma mulher que reivindica, entre outras coisas, um lugar no mercado de trabalho, a liberdade de ter relações sexuais dissociadas da obrigatoriedade católica de procriação, o direito de escolher quando ter – ou não ter – filhos, o direito de separar-se do parceiro – ou parceira – sem ser, por isso, estigmatizada pela sociedade. Esta nova postura feminina, respaldada pela difusão de métodos contraceptivos mais acessíveis e mais eficazes, vai tornar-se passagem obrigatória de qualquer reflexão sobre as alterações nos padrões de comportamento que acabamos herdando dos anos 1960. É também por volta das décadas de 1950 e 1960 que a informatização começa a dar sinais de um desenvolvimento capaz de permitir-lhe suceder à mecanização. Apenas trinta anos mais tarde, a comunicação à distância vê-se já completamente modificada, as noções de deslocamento postas em cheque, enriquecidas com a banalização do conceito de realidade virtual. Diferentemente da sociedade industrial, na qual a população agrupa-se em polos onde está
1 Nesse artigo, tomamos o cuidado de descrever uma breve parte da história da habitação e dos modos de vida contemplando, particularmente, os casos francês, japonês e brasileiro, por termos tomado, em nossa pesquisa, Paris, Tóquio e São Paulo como exemplos emblemáticos de metrópoles ocidentalizadas e industrializadas. As grandes etapas históricas referentes a estas tres realidades são, em linhas gerais, semelhantes, apesar de terem duração e ocorrerem em momentos, às vezes, bastante distintos. De qualquer modo, nosso intuito principal nestas linhas introdutórias é o de expor a tendência convergente das maneiras de morar nestas áreas, a partir da chegada dos efeitos da Revolução Industrial inglesa, que incluem a disseminação de informações através dos meios locais de comunicação de massa. 2 “The medieval home was a public, not a private place”. Rybczynski, W. Home - A short history of an idea. New York: Penguin Books; 1987. p. 26. 3 Nina Leibman, em seu livro “Living Room Lectures: The Fifties Family in Film and Television”, acrescenta que qualquer personagem que não exibisse estes traços com clareza, ou que adotasse traços do outro sexo, seria visto como um desequilibrado, se fosse um homem, ou como um ser diabólico, se se tratasse de uma mulher. 4 Tal processo, iniciado durante a Idade Média europeia com as separações preliminares entre, de um lado, membros da família do patrão e, de outro, empregados e aprendizes vivendo sob o mesmo teto, atravessou o século XIX, reafirmando a opção burguesa de nuclearização da família, e estende-se até os nossos dias, em direção à individualização extrema: uma sociedade formada, basicamente, por singles vivendo sós. Não se trata, certamente, de uma evolução linear, regular e unívoca. Mas, incontestavelmente, longa e dificilmente reversível. 5 Berquó, E. A família no século XXI: um enfoque demográfico, in Revista Brasileira de Estudos de População, volume 6, no 2; julho/dezembro 1989. 111
Ilustração: Davi Leon Dias
a informação, na emergente sociedade pós-industrial, como tem sido chamada, a informação é que seria levada aos indivíduos, e o lugar onde eles concretamente se encontram importa pouco. O chamado modo de vida metropolitano propaga-se também através dos meios de telecomunicação, o que contribui, sem dúvida, para o movimento – em curso – de população a partir das grandes cidades do mundo em direção a comunidades menores. Por diversas razões, São Paulo, Paris e Tóquio têm experimentado o chamado efeito doughnut, que significa o decréscimo de densidade populacional nas áreas centrais e o aumento de população além de suas fronteiras administrativas. Além disso, em anos recentes, esta tendência vem sendo acompanhada por uma alteração no perfil dos habitantes das cidades: mais e mais pessoas solteiras, jovens profissionais, trabalhadores de escritório e estudantes preferem gastar maiores somas com o aluguel de um apartamento – cuja área é cada vez menor – situado nas áreas centrais das cidades, próximos da vida noturna e do lazer urbano, ao invés de submeterem-se a longos deslocamentos diários em transportes coletivos, vivendo em bairros e subúrbios distan112
AAI em revista arquitetos 2016
“Estudiosos de diferentes horizontes têm apontado na mesma direção quando o assunto é a metrópole do século XXI: seu habitante parece ser um indivíduo que vive, principalmente, sozinho, que se agrupa eventualmente em formatos familiares diversos, que se comunica à distância com as redes às quais pertence, que trabalha em casa, mas exige equipamentos públicos para o encontro com o outro, que busca sua identidade através do contato com a informação.”
tes. O habitante das grandes cidades do mundo parece assemelhar-se, cada vez mais, aos seus congêneres de outros países, agrupando-se em formatos familiares parecidos, vestindo roupas de desenho semelhante, divertindo-se das mesmas maneiras, degustando os mesmos pratos, equipando suas casas com os mesmos eletrodomésticos, trabalhando em computadores pessoais que se utilizam dos mesmos programas, capazes de ler, em todo o mundo, as informações contidas em um mesmo suporte digital. Isto significa que, aparentemente impulsionada pela potencialização dos meios de comunicação de massa, uma enorme transformação de hábitos está em curso, minimizando, inclusive, a influência de culturas locais. É, sobretudo, nesse sentido que essas transformações são profundas: no ponto em que, equipado com meios mais performáticos de comunicação à distância, o local de trabalho tende a ocupar novamente o espaço da habitação, que deverá alojar um número mínimo de pessoas, talvez – e com, aparentemente, crescente probabilidade – uma única, criando o cenário que abrigará um novo tipo de força de trabalho, completamente fragmentada.
No que concerne o desenho do espaço doméstico para esta população em transformação, o ritmo das inovações tem sido bem mais lento. Paulistanos, parisienses e toquioítas habitam casas e apartamentos cujos espaços tendem a assemelhar-se a tipologias que vão do modelo da habitação burguesa europeia do século XIX, caracterizado pela tripartição em áreas social, íntima e de serviços, ao arquétipo Moderno da habitação-para-todos, com sua uniformidade de soluções em nome de uma suposta democratização das características gerais dos espaços. Mesmo que agora tendam a habitá-la grupos domésticos cujo perfil difere cada vez mais da família nuclear convencional, e cujos modos de vida apresentam uma diversidade cada vez maior, o desenho dos espaços desta habitação permanece intocado, sob a alegação de que se chegou a resultados projetuais economicamente viáveis, que atendem às principais necessidades de seus moradores. Como se sabe, esses dois modelos foram originalmente concebidos para a família nuclear, em um momento em que esta tipologia familiar surgia como absolutamente dominante. No caso da habitação europeia oitocentista burguesa, seu funcionamen-
to vinculava-se à presença de pessoal doméstico, propositalmente separado dos patrões. Quartos de empregados, tanto quanto banheiro e cozinha, eram considerados espaços de rejeição e, portanto, relegados aos fundos da moradia. Salas e vestíbulos compunham os espaços de prestígio - a face pública da habitação - em oposição aos espaços de intimidade, os quartos de dormir do dono da casa e de sua família. Já nas propostas Modernas do primeiro pós-guerra europeu, materializadas exemplarmente nas siedlungen patrocinadas pela social-democracia alemã, a cozinha foi trazida dos fundos da casa para, fundida com a sala de estar, tornar-se o espaço privilegiado do convívio entre os membros de uma família nuclear cuja mãe era a principal encarregada das tarefas domésticas. Além disso, a pouca área útil de cada unidade foi tratada com elementos flexíveis - camas escamoteáveis, mesas dobráveis ou sobre rodízios, portas de correr - procurando viabilizar a meta de um cômodo por pessoa, fosse ele minúsculo. É verdade que as principais tipologias habitacionais, encontráveis nas grandes cidades do mundo inteiro, permanecem aproximadamente as mesmas há décadas. O Movimento Moderno europeu do entre-guerras constituiu o primeiro e único momento em toda a história da Arquitetura em que o desenho e a produção de espaços de morar foram integralmente revistos, analisados de acordo com critérios claramente formulados, cujos resultados nortearam – e ainda norteiam – boa parcela de projetos de habitação em todo o mundo ocidentalizado. Além disso, tais análises incluíram o projeto da habitação social entre as atribuições do arquiteto, o que, por si, já seria suficiente para assegurar-lhe importância. No entanto, os arquitetos Modernos previram uma habitação prototípica, que correspondia a um homem, a uma cidade, a uma paisagem igualmente prototípicos em sua formulação. Criaram um arquétipo, o da habitação-para-todos, baseado em uma concepção biológica do indivíduo, mas a abrangência das proposições que ele continha foi sendo gradativamente desconsiderada pela lógica técnico-financeira dos empresários da construção, que preferiram apropriar-se apenas de elementos e conceituações economicamente rentáveis. É esse arquétipo Moderno da ‘habitação-para-todos’, mesclado aos princípios da repartição burguesa oitocentista parisiense, que veio sendo reproduzido ad infinitum, em todo o mundo de influência
ocidental, durante todo o nosso século, com pequena variação local, destinado a abrigar, basicamente, a família nuclear. No entanto, estudiosos de diferentes horizontes têm apontado na mesma direção quando o assunto é a metrópole do século XXI: seu habitante parece ser um indivíduo que vive, principalmente, sozinho, que se agrupa eventualmente em formatos familiares diversos, que se comunica à distância com as redes às quais pertence, que trabalha em casa, mas exige equipamentos públicos para o encontro com o outro, que busca sua identidade através do contato com a informação.
corresponder uma flexibilidade contínua do espaço da habitação?
O que tem a dizer a Arquitetura diante desse quadro, se é que o tema Habitação já não lhe escapou de vez por entre os dedos para tornar-se atribuição de investidores e usuários que não possuem outra referência senão os modelos citados? Segundo quais critérios serão formuladas novas propostas para o desenho desse espaço? Os estudos e pesquisas relativos ao assunto costumam limitar-se a questões de natureza tecnológica, à discussão de políticas habitacionais governamentais visando populações de baixa renda, ou, no máximo, a aspectos da história da Habitação. O próprio ensino de Projeto da Habitação, nos cursos de Arquitetura brasileiros, costuma exigir dos alunos competência para reproduzir os modelos existentes, e, apenas muito raramente, procura despertar-lhes uma reflexão mais profunda sobre novos desenhos possíveis para estes espaços, em função de comportamentos emergentes. Ainda que de forma muito preliminar, algumas questões podem ser rapidamente esboçadas. Exemplos:
Que relações existiriam de fato entre carro e moradia? Quais qualidades devem ser atribuídas aos lugares reservados aos carros? Seriam estas máquinas extensões do espaço privado circulando no território público, ou, inversamente, porções impregnadas da instância pública toleradas na esfera privada?
De que maneira a porção do espaço doméstico reservada temporária ou exclusivamente ao trabalho remunerado – o trabalho-em-casa – integra-se ao restante da habitação? Deveria situar-se na esfera privada da moradia, ou nas instâncias coletiva ou pública? Quais novos desenhos poderiam corresponder a cada espaço da casa, se o banho passa a constituir um momento de relaxamento, cozinhar torna-se uma atividade convivial, e a habitação se superequipa?
Sabemos que, no que concerne ao desenho da habitação metropolitana, o processo de tomada de decisões envolve uma infinidade de parâmetros de natureza política e econômica – e não apenas reflexões específicas de projeto – assim como um grande grupo de profissionais, entre os quais o arquiteto. No entanto, acreditamos que a esse profissional cabe estar atento às transformações cada vez mais intensas e profundas da sociedade cuja moradia ele é chamado a projetar. Utilizar-se dos novos comportamentos como critério de projeto certamente contribuirá para que seus desenhos de novos espaços de morar influenciem aqueles que detêm o poder de efetivar mudanças.
Quais seriam os limites desejáveis do espaço privado da habitação? Que tipo de espaços coletivos e públicos poderiam assegurar condições para o desenvolvimento de novas relações sociais e, ao mesmo tempo, de relações já existentes? Quais atividades tradicionalmente realizadas em uma destas esferas tenderiam a deslocar-se para alguma outra? Quais novas estruturas espaciais corresponderiam ao abrigo de coabitantes com crescente necessidade de privacidade, já que esta parece ser uma reivindicação de membros de todos os grupos domésticos? Em que medida seria razoável supor que à alternância de comportamentos de um mesmo grupo poderia
Referências bibligáficas: Berquó, E. A família no século XXI: um enfoque demográfico. In: Revista Brasileira de Estudos de População, volume 6, no 2; julho/dezembro 1989. Leibman, N. Living-room lectures: the fifties family in film and television. Dallas: University of Texas Press; 1995. Rybczynski, W. Home - A short history of an idea. New York: Penguin Books; 1987. 113
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