AAI em revista ed. 68

Page 1

d e ta l h e A valorização da madeira natural pelo setor de mobiliário Páginas 4 a 7

PROFISSÃO O singular trabalho de Shigeru Ban, vencedor do Pritzker Price Architecture 2014 Páginas 8 a 10

PROJ E TO Mirante do Dmae: a contribuição do escritório MooMAA para a arquitetura de Porto Alegre Páginas 12 a 15

NORMA ABNT amplia área de atuação dos arquitetos e urbanistas Páginas 16 e 17

Ano 13 | JUL/AGO/SET | 2014

#68

Publicação da Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil/RS

FOTO: luciano lanes / divulgação pmpa

Caminho do gol

O mar de torcedores holandeses na avenida Borges de Medeiros, no centro de Porto Alegre, simboliza uma ideia que deu certo. O trajeto criado pela prefeitura, bloqueando o trânsito de veículos do Centro Histórico da cidade até o Estádio Beira-Rio, foi uma alternativa que funcionou tão bem que até mereceu o reconhecimento da FIFA. O “Caminho do gol” deverá ser criado nas próximas edições da Copa do Mundo. No dia do jogo contra a Austrália, milhares de turistas seguiram a pé, na maior festa, alheios ao fato de que diversos empreendimentos planejados para garantir mobilidade urbana na Capital não ficaram prontos a tempo para o campeonato mundial. Páginas 18 a 21


o maior campeonato de futebol do mundo sendo realizado no Brasil – e tendo sido ele o provocador de importantes transformações na cidade – o assunto torna-se pauta obrigatória do AAI em revista. Especialmente agora, neste momento que nos permite refletir sobre os resultados obtidos, sobre os ganhos para

aai brasil/rs

e d i to r i a l

Impossível não falar de Copa do Mundo. Com

Reunião-almoço A expansão do shopping Iguatemi, em Porto Alegre, foi o tema da Reunião-Almoço de maio, apresentado pelo arq. e urb. José de Barros Lima, autor do projeto. Com 35 anos de mercado, o profissional é experiente em projetos de grande porte.

a Capital e para os gaúchos. Em relação à or-

Reciclagem profissional

ganização, rendeu ao prefeito de Porto Ale-

Com o tema “Gestão dos Escritórios de Arquitetura e Urbanismo”, a AAI Brasil/RS realizou, em junho, a terceira edição da RECICLAGEM, uma das iniciativas do Programa de Atualização e Valorização Profissional. Destaque para a participação de Affonso Henrique Lima de Mesquita Barros, graduado em Ciências Contábeis e Mestrando em Desenvolvimento Empresarial.

gre uma medalha de reconhecimento da FIFA. O Caminho do Gol foi a iniciativa mais elogiada pelo presidente da entidade, Joseph Blatter, que já pensa até em estabelecer algo semelhante em futuras Copas do Mundo, em ou-

conferência nacional

tros países. Do Centro Histórico ao estádio

A AAI Brasil/RS esteve participando da I Conferência Nacional de Arquitetura e Urbanismo realizada pelo CAU/BR em Fortaleza (CE), entre os dias 22 e 25 de abril. Estiveram presentes a presidente da Entidade, Silvia Barakat, e as diretoras Maria Bernadete Sinhorelli, conselheira do CAU/ RS, e Gislaine Saibro, conselheira do CAU/BR.

Beira-Rio, ruas foram bloqueadas ao trânsito de veículos para dar passagem aos milhares de torcedores que se dirigiam aos jogos. O que tratamos aqui nesta edição do AAI em revista é sobre o legado que o evento esportivo deixa para nós, gaúchos, em termos de infra-estrutura. De todos os projetos planejados pela administração pública, principalmen-

Parceiros AAI Brasil/RS 2014

Estas empresas garantiram participação nos eventos e projetos da AAI Brasil/RS.

te para garantir melhor mobilidade urbana, apoio editorial exclusivo

muitos não foram concluídos e são bastante questionados. Convidamos especialistas no assunto para debater a questão para que você, leitor, possa fazer a sua análise e chegar as suas próprias conclusões. Boa leitura. Arq. e urb. Silvia Barakat Presidente AAI Brasil/RS - 2014-2015

DIRETORIA - Gestão 2014/2015 e urb. Silvia Monteiro Barakat Vice-Presidência Arq. e urb. Cármen Lila Gonçalves Pires dir. de exercício profissional Arq. e urb. Flávia Bastiani dir. de Relações Acadêmicas Arq. e urb. Maria Bernadete Sinhorelli e Rua Sport Club Arq. e urb. Elisabeth Sant’Anna São José, 67/407 dir. de comunicação / relacionamento Arq. e urb. Ana Paula Bardini Porto Alegre/RS dir. de MARKETING Arq. e urb. Andres Luiz Fonseca Rodrigues CEP 91030-510 dir. de organização de eventos Arq. e urb. Cezar Etienne Machado de Araújo Fone 51 3228.8519 www.aaibrasilrs.com.br dir. financeira / tesouraria Arq. e urb. Gislaine Saibro Presidência Arq.

JORNALISTA RESPONSÁVEL

Letícia Wilson (Reg. 8.757) aaiemrevista@aairs.com.br Colaboração

Tatiana Gappmayer (Reg. 8.888) CONSELHO EDITORIAL

Arq. e urb. Gislaine Saibro Letícia Wilson COMERCIALIZAÇÃO

Projetato Assessoria e Comunicação 51 3239.2273 - 51 8858.6556 projetato@projetato.com.br

Conceitos e opiniões emitidos por entrevistados e colaboradores não refletem, necessariamente, a opinião da revista e de seus editores. Não publicamos matérias pagas. Todos os direitos são reservados. Publicação trimestral, com distribuição dirigida a arquitetos e urbanistas, entidades de classe, instituições de ensino e empresas do setor. Órgão oficial da AAI Brasil/RS.

EDIÇÃO GRÁFICA

Evaldo Tiburski | Tiba



DE T AL H E

O setor de mobiliário volta os olhos novamente para o uso da madeira e de matérias-primas sustentáveis

Retorno ao natural O que antes era desperdício, resultado da ação do homem ou do tempo na natureza, nas mãos de artistas como o polonês radicado no Brasil Frans Krajcberg e do designer gaúcho Hugo França transforma-se em obra de arte. As queimadas e os desmatamentos na Amazônia e no Mato Grosso, por exemplo, influenciaram o trabalho de Krajc­ ­berg, sendo retratados em fotografias e esculturas feitas de cipós, troncos e raízes calcinadas.

chaise longue tuwalole, de hugo frança

Já os resíduos urbanos e florestais – árvores condenadas – são os materiais utilizados por França

guinha. Vejo esse retorno com a procura cada

tiva da Unisinos, Giulio Federico Palmitessa, tam-

para a criação de suas esculturas mobiliárias. A

vez maior por minhas peças para locais públicos”,

bém vê um crescimento forte no emprego co-

preocupação ambiental presente há anos nas pe-

comenta. No entanto, ele ainda percebe olhares

mercial da madeira após anos de acabamentos

ças desses profissionais e a valorização do natu-

diferentes. Segundo o designer, os americanos

em MDF e melaminas. “Notamos um esforço por

ral em suas trajetórias começam, agora, a ganhar

se surpreendem mais com seus elementos mo-

parte dos projetistas e das empresas em usar di-

mais importância tanto para o segmento move-

numentais e ricos em texturas, buracos e formas,

ferentes tipos de essências naturais”, afirma Pal-

leiro no Brasil como para os consumidores.

enquanto que os brasileiros são mais acostuma-

mitessa, designer com graduação e mestrado no

dos com as florestas tropicais e tal grandiosida-

Instituto Politécnico de Milão. Ele atribui esse mo-

de não está tão distante de sua realidade.

vimento a diversos fatores, entre eles a demanda

Para França, estamos caminhando, no País, para uma tendência de reconhecimento dos móveis

4

desenvolvidos a partir de matérias-primas sus-

O professor coordenador do Laboratório de

dos clientes que se interessam por materiais na-

tentáveis. “Mas, é sempre um trabalho de formi-

Modelos e Protótipos da Escola de Indústria Cria-

turais e que sejam resultantes de processos de


produção sustentáveis. Dessa forma, várias com-

ficação ambiental ou de reflorestamento, mas que

lização, pouca oferta de matéria-prima de boa

panhias do setor de mobiliário estão investindo

ganham nova vida ao serem reaproveitadas) e as

qualidade e a facilidade de obtenção de outros

em procedimentos que contemplam a aplicação

lâminas de madeira natural, procuradas para a

elementos para substituí-lo. “Há oito anos traba-

de madeiras naturais.

produção de “conchas” de cadeiras e poltronas,

lhei com o SZFA – Shenzhen Furniture Associa-

A madeira como matéria-prima oferece muitas

através de prensagem a quente. O supervisor de

tion, na China, para a criação de uma linha de

possibilidades de criação, como indica o profes-

Educação e Tecnologia do Senai/Cetemo (Cen-

mobiliário popular em bambu. Infelizmente, mes-

sor da Unisinos, pois é um organismo vivo que

tro Tecnológico do Mobiliário, em Bento Gonçal-

mo com os implantes fabris chineses e o baixo

reage de distintas maneiras, conforme sua utili-

ves/RS), Renato Bernardi, acrescenta que aço

custo de mão de obra, não conseguimos chegar

zação e o processo de transformação escolhido.

inox, acrílico, vidro e granito vêm sendo combi-

a um preço interessante para o consumidor”, re-

“Contudo, no Brasil, ainda se encontram meios de

nados com a madeira na elaboração dos móveis.

lata Palmitessa. A cultura de longa data de países

produção, na maior parte dos casos, semi-indus-

Quanto ao emprego do bambu no desenvolvi-

asiáticos no processamento desse material, ex-

triais, que limitam a atuação dos projetistas e afe-

mento das peças, tanto Bernardi quanto Palmi-

plica o supervisor do Senai/Cetemo, está ligada

tam a qualidade dos produtos finais”, pondera.

tessa salientam a complexidade de lidar com es-

ao fato dessa planta ser uma das poucas alterna-

De acordo com Palmitessa, passarem-se 186 anos

se recurso, devido aos seus custos elevados de

tivas que eles têm para a produção de móveis e

desde a primeira grande invenção industrial de

produção, alto desperdício na fase de industria-

para a construção civil.

Michael Thonet – que em 1830 idealizou uma máquina para fabricar móveis em madeira natural curvada – e, infelizmente, há poucas

chaise camborim, de hugo frança

empresas que foram mais adiante, com métodos produtivos para séries usando sistemas a controle numéricos.

Desafios dos elementos da natureza Dentro dessa perspectiva mais natural, outros materiais estão sendo empregados nas peças de mobiliário. Além das madeiras naturais e maciças de reflorestamento, existem as de demolição (que não possuem necessariamente um selo de certi5


DE T AL H E

O fortalecimento da tendência de peças de

samento projetual”, argumenta. Visão também

destaca. O desafio, aponta França, é sempre abrir

mobiliário e acabamentos naturais e feitos a par-

defendida pelo designer Hugo França. Em sua

os olhos das pessoas para reconhecerem e prio-

tir de recursos sustentáveis passa pelo investi-

opinião, o caminho para a utilização responsável

rizarem esse tipo de serviço. O artista analisa que

mento que as companhias e os designers farão

dos materiais é uma das funções principais do

essa conscientização já começa a ser possível

em processos inovadores no Brasil, acredita o

design. “Estamos em contato direto com maté-

com as obras de móveis públicos que tem feito

professor da Unisinos. “Para mudar os paradig-

rias-primas e técnicas que atendem aos mais di-

em locais como o Parque Ibirapuera, Parque Bur-

mas da madeira natural, precisamos desafiar a

ferentes meios de produção. Podemos e devemos

le Marx e Largo do Arouche, em São Paulo. “As

cadeia e apostar em novas tecnologias de reflo-

assumir a responsabilidade de sermos exemplo

pessoas interagem com a peça e se sentem pró-

restamento, transformação e acabamento, sem

do uso consciente dos recursos e tecnologias”,

ximas dela por poderem tocá-la”, avalia.

esquecer do melhor processo de inovação: o pen-

HUGO FRANÇA E SUA MATÉRIA-PRIMA: “A ideia do desenho surge a partir do material. É ele que me instiga, que estimula meu olhar e meu raciocínio”

6


Do desperdício à arte O processo criativo de Hugo França e sua inspiração na natureza AAI em revista – Desde o final dos anos 1980, o senhor desenvolve esculturas mobiliárias empregando resíduos florestais e urbanos. O que o levou a trabalhar com esse tipo de material? Hugo França – Tudo começou com a preocupação. Quando morei em Trancoso, assisti ao final da grande devastação da Mata Atlântica no sul da Bahia. Era tão absurdo! Eu vi a quantidade de resíduos que as queimadas e extrações irresponsáveis deixaram pra trás e entendi que aquilo também era um recurso, talvez um meio eficaz de falar sobre a importância do uso consciente do que a natureza oferece. Em Trancoso, conheci também as canoas utilizadas pelos índios Pataxós. Foi ali que descobri as propriedades do pequi, minha principal matéria-prima de trabalho. Essa madeira é oleosa, o que a torna mais resistente à água (por isso viravam canoas) e traz muito mais durabilidade para minhas criações, que ficam livres de cupins. AAI em revista – Como surge a inspiração para o desenvolvimento dos móveis? Hugo França – O que me inspira são as árvores; cada novo tronco ou raiz é uma nova história. Não costumo fazer projetos antes de analisar a madeira com que vou trabalhar. A ideia do desenho surge a partir do material. É ele que me instiga, que estimula meu olhar e meu raciocínio. As peças de que mais gosto são aquelas em que consigo um equilíbrio, em que a escultura e a função estão tão integradas que não se possa focar demais em um aspecto ou outro. Procuro criar, digamos, novas maneiras de funcionalidade. Busco propor uma nova percepção sobre o uso e outra forma de interação entre as pessoas e o mobiliário. 7


do PRITZKER ARCHITECTURE PRIZE 2014, imprimirá seus inigualáveis traços em projetos no brasil:

FOTO HIROYUKI HIRAI/DIVULGAÇÃO

P R O F ISSÃ O

Shigeru Ban, vencedor

amazônia é seu destino

Simples, único O que fazer com tonelas de madeira apreendida na Amazônia pelo Ibama? Fruto do desmatamento ilegal, o material deixará de ser

“naked house”, em saitama, no japão.

leiloado para tornar-se matéria-prima para a

projetada no ano 2000, tem estrutura de

execução de projetos que serão desenvolvi-

madeira e paredes duplas com folhas de

dos pelo arquiteto japonês Shigeru Ban, ven-

papelão corrugado, de um lado, e tecido

cedor do Pritzker Architecture Prize 2014. A

de nylon de outro. entre elas, cordas de

conquista da maior honraria da arquitetura

polietileno expandido para isolamento

mundial, no entanto, não foi a motivação do

térmico. os “quartos” estão em grandes cubos com rodízios. “essa casa É

Ministério do Meio Ambiente para firmar es-

resultado da minha visão agradável e

sa parceria com o profissional. As tratativas

flexível de estar”, diz shigeru ban

já vinham sendo feitas há dois anos, desde quando Shigeru Ban esteve no Brasil para a Rio + 20. No ano passado ele retornou ao País e esteve na região amazônica para avaliar as 8

plástico reforçado com fibra de


FOTOs Didier Boy de la Tour/DIVULGAÇÃO

centre Pompidou-metz, na frança (2010)

o prédio e o detalhe da estrutura de madeira da sede da tamedia em zurique, na suíça (2013)

possibilidades construtivas. A ideia do governo

maneceu por um ano. A empresa também possui

brasileiro é construir escolas para a comunidade,

escritório em Nova Iorque, nos Estados Unidos.

torres de observação e postos para visitantes e

Aos 56 anos, Shigeru Ban é um ícone da arqui-

pesquisadores nos parques nacionais. O arquite-

tetura mundial, tanto pela criatividade e pela ino-

to e urbanista Bernardo Jacobsen está cogitado

vação de seus projetos, quanto pelo trabalho hu-

para integrar o time de Ban no Brasil. Ele já co-

manitário que realiza em diversos países. Duran-

nhece bem o trabalho do colega japonês, que o

te vinte anos, ele viajou para regiões onde ocor-

convidou para fazer parte de sua equipe em Pa-

reram desastres naturais e guerras civis para tra-

ris, na França, em 2005. No ano seguinte, Shige-

balhar com os cidadãos locais, voluntários e es-

ru Ban o chamou para morar em Tóquio, no Ja-

tudantes, para projetar e construir residências

pão, onde fica o seu escritório-sede, e lá ele per-

dignas e de baixo custo, abrigos simples, reciclá9


FOTO HIROYUKI HIRAI / DIVULGAÇÃO

P R O F ISSÃ O

veis e ​​ abrigos comunitários para as vítimas. “Receber este prêmio é uma grande honra e, com isso, devo ser cuidadoso.... Vejo este prêmio como um incentivo para eu continuar o que estou fazendo”, disse ele aos realizadores do Pritzker Architecture Prize. O diferencial da sua arquitetura está na busca incessante pela leveza, pela valorização da luz e da ventilação naturais e pelo conforto. De residências a sedes de empresas, de museus a abrigos temporários, ele utiliza-se de elementos simples e abre mão da tecnologia a favor da engenhosidade. Madeira e papel são suas principais matérias-primas. As estruturas que ergue com tubos de papelão recicláveis (paper log) são uma marca da sua singularidade. Shigeru Ban é uma força da natureza, como classificou o presidente do júri do Nobel da Arquitetura mundial, Lord Palumbo, de “olho infalível e sensibilidade aguda”.

o pavilhão do japão na expo 2000 hannover, na alemanha

FOTO KARTIKEYA SHODAN/DIVULGAÇÃO

FOTO SHIGERU BAN ARCHITECTS/DIVULGAÇÃO

a construção do abrigo de emergência, também com paper log, em porto príncipe, no haiti (2010), coordenada por shigeru ban

10

paper log house, em bhuj, na índia (2001)


www.expressodooriente.com.br

/expressodoorientetapetes

mts


p r oj e to

ao planejarem o mirante do dmae, os titulares do escritório MooMAA criaram um ícone arquitetônico de uso público em porto alegre

Valorização da paisagem

12


serviços para atender a sua população, também em elevação, aumenta a discussão sobre como realizar obras de grande porte, integrando as novas edificações ao seu entorno, preservando a paisagem e estabelecendo um diálogo com os moradores. Nesse cenário, Porto Alegre ganhou, em março deste ano, um bom exemplo de como uma

fotos: André Cavalheiro / divulgação mommaa

O crescimento das cidades e da demanda por

construção de infraestrutura necessária à região foi transformada em um ambiente adequado para apreciar o famoso pôr do sol no Lago Guaíba: o Mirante do DMAE – Departamento Municipal de Água e Esgoto. Instalada a 20 metros de altura (correspondendo ao oitavo andar de um edifício), a estrutura faz parte do complexo arquitetônico da Estação de Bombeamento de Esgoto Cristal (EBE), na Zona Sul da Capital. A EBE Cristal, que compõem o Projeto Integrado Socioambiental (Pisa), irá ampliar a capacidade de tratamento dos esgotos da cidade de 27% para cerca de 80%. Articulado às chaminés de equilíbrio (duas torres de 26 metros e uma de

o visual do por do sol do guaíba foi a motivação para o projeto do mirante. O fechamento em vidro permite uma visão de 270 graus do entorno

12 metros de altura, de base circular e com diâmetro de sete metros) e formando um conjunto

do escritório MooMAA, o projeto representou o

vância da paisagem, como o da infraestrutura.

com a Casa de Bombas, o Mirante permite uma

Brasil na VIII Bienal Iberoamericana de Arquitetu-

Outra barreira foi a de acertar a solução técnica-­

vista de mais de 270 graus do Guaíba. A estru-

ra e Urbanismo de 2012, em Cádiz (Espanha), além

construtiva e estrutural pretendida na concepção

tura está em harmonia com as Tribunas do Joc-

de ter sido selecionado, entre 95 iniciativas, como

arquitetônica às limitações de orçamento e sis-

key Club do Rio Grande do Sul, localizadas nas

uma das dez melhores obras realizadas no País.

temas construtivos disponíveis.

Para os profissionais, um dos principais desa-

A inspiração veio, segundo Sergio Marques, ao

fios foi fazer arquitetura em um contexto normal-

tentar tornar um equipamento de tratamento do

Desenvolvido pelos arquitetos e urbanistas

mente ausente de atenção às questões de quali-

sistema de esgoto da cidade em um espaço pú-

Moacyr Moojen Marques e Sergio Moacir Marques,

dade formal e visual, morfologia urbana e rele-

blico utilizável, como, por exemplo, a Hidráulica

imediações, em uma abordagem que remete ao modelo construtivo do movimento moderno.

13


p r oj e to

do Moinhos de Vento, também do DMAE. “A ideia foi agregar ao empreendimento um local de visitação, destinado à divulgação de informações sobre o meio ambiente e o Pisa”, ressalta. Essa proposta foi viabilizada com a definição de duas salas gêmeas, uma no térreo e outra flutuando no nível superior, sendo o próprio Lago Guaíba a última imagem dessa exposição. No alto, o Mirante é coberto e aberto ao exterior, com ventilação natural permanente devido ao espaçamento entre os vidros. O seu volume, explicam os arquitetos, está apoiado na estrutura da escada (que é ancorada em vigas metálicas que travam todo o conjunto nas torres) e suspenso por peças metálicas verticais dispostas no topo das torres. Para alcançar a textura final da EBE, os idealizados do projeto precisaram convencer os responsáveis pela concretização da Estação e a Prefeitura de Porto Alegre a deixarem o concreto aparente. Com o complexo, erguido em uma área de 3.362m2 e com uma área construída de 1.150m2, os arquitetos e urbanistas Moacyr Moojen Marques e Sergio Moacir Marques tinham como desejo principal recuperar certa tradição de qualidade arquitetônica e construtiva das edificações, assim como de significado da obra pública, o que já foi uma marca no Estado. As visitas ao Mirante, localizado na Avenida Diário de Notícias, 760, estão vinculadas a ações de educação ambiental. Ao chegar, o visitante é convidado a assistir um vídeo sobre o funcionamento da EBE e outras informações ligadas ao meio ambiente. São permitidas turmas de, no máximo, 20 pessoas no espaço ao mesmo tempo. Os horários de visitação são das 14h às 19h, de terças-feiras a domingos, Deve ser feito um agendamento prévio pelo site www.portoalegre.rs.gov.br/dmae. Outras informações: (51) 3289-9727.

14

ancorada em vigas metálicas que travam todo o conjunto nas torres, a estrutura da escada sustenta O volume do mirante, a 20 metros de altura



aai brasil/rs

Reserva técnica volta à pauta No segundo evento promovido pela AAI

to, polêmico, vem sendo tratado de forma

Brasil/RS sobre Reserva Técnica foram con-

transparente pela Associação, no intuito de

vidados, além de empresários do setor, tam-

esclarecimento e debate sobre a questão,

bém os presidentes das entidades IAB, As-

explicitamente considerada falta de ética

BEA e SAERGS, e o coordenador da Co-

profissional pelo CAU. Segundo Marcelo,

missão de Ética e Disciplina do CAU/RS,

que explicou como o tema está sendo tra-

Marcelo Petrucci Maia. Essa iniciativa dá con-

tado pelo Conselho gaúcho, será realizado

tinuidade ao encontro realizado em março,

um seminário estadual sobre ética em no-

entre a diretoria da AAI Brasil/RS e lojistas

vembro e, entre outros temas, a prática da

para discutir a questão ética envolvida no

RT será debatida. O dirigente aproveitou a

pagamento e recebimento de comissões

oportunidade e convidou todos os lojistas

pela especificação de produtos ou pela con-

presentes, enfatizando que é preciso envol-

tratação de serviços de terceiros. O assun-

ver toda a sociedade nessa discussão.

Nova norma da ABNT amplia mercado

16

Com a publicação da NBR 16280:2014, em vi-

ao síndico do condomínio, um projeto, assinado

gor desde o dia 18 de abril, a Associação Brasi-

por um arquiteto e urbanista ou por um enge-

“A medida vai ampliar a área de atuação dos

leira de Normas Técnicas (ABNT) passou a suge-

nheiro, incluindo a informação sobre os materiais

arquitetos e urbanistas e traz mais segurança pa-

rir a comprovação da atuação de um responsável

que serão utilizados, a quantidade e a duração

ra quem está atuando em arquitetura de interio-

técnico na reforma de imóveis. O proprietário do

da obra. A exigência é para a derrubada de uma

res, que inclui reformas”, acredita a arq. e urb.

apartamento, por exemplo, tem de apresentar,

parede, troca de piso, instalação de gesso, subs-

Silvia Barakat, presidente da AAI Brasil/RS.

tituição de canos, entre outros reparos.


AAI em revista – arquitetos 2015 A edição especial da AAI em revista já está sendo produzida, mas ainda é possível reservar participação até agosto. O anuário da AAI Brasil/RS, lançado em dezembro, apresenta trabalhos de arquitetura de interiores de profissionais associados. A publicação conta com versão impressa e digital. Confira quem já garantiu seu espaço na 12ª edição da AAI em revista - arquitetos: Alessandra Alves e Daniela Zoppas, Beatriz Cherubini e Bebel Grazziotin, Cristiana Brodt Bersano, Gislaine Saibro, Laline Bittencourt, Marcelo John, Maria Cristina Jaeger Zimmermann, Paula Araújo Ribeiro Lino e Tania Bertolucci Delduque de Souza.

concurso A novidade dessa edição é a realização do concurso “Melhores Trabalhos de Arquitetura de Interiores” dentre os projetos apresentados na publicação por aqueles associados que manifestaram interesse em participar da premiação, a exceção dos realizados em mostras de arquitetura. Do total de inscritos, 15 serão selecionados para a segunda etapa, quando um júri elegerá cinco para apresentação no seminário que será realizado pela AAI Brasil/RS em outubro. Esses trabalhos serão expostos em imagens aos participantes do evento, sem a identificação dos autores, para que possam votar nos seus preferidos. Três trabalhos serão premiados e o primeiro colocado conquistará a capa da AAI em revista - arquitetos 2015. 17


especial

No fim, (quase) deu certo

apesar da derrota do brasil para a alemanha, essa é a sensação de quem esperava mais do que gols na copa do mundo. “Talvez seja prudente afirmar que a principal herança da Copa seja a constatação da necessidade de formas mais eficientes e efetivas de gestão pública, que possam concretizar as promessas e garantir a credibilidade nas decisões que afetam toda a população”, diz a arq. e urb. ana rosa cé, professora da pucrs, mestre em desenho urbano

Cristine Rochol/PMPA

O anúncio do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 – ocorrido em outubro de 2007 – gerou a expectativa nas possíveis cidades-sedes de ter em mãos a oportunidade, e os investimentos, para a realização de obras necessárias para qualificar as infraestruturas locais. Em Porto Alegre, uma das capitais que recebeu jogos do torneio, a perspectiva da população era ver sair do papel uma série de projetos essenciais para melhorar a mobilidade urbana. Nesse contexto, a Prefeitura Municipal definiu 14 iniciativas prioritárias, envolvendo desde a duplicação de vias, construção de viadutos até a implantação do BRT (Bus Rapid Transit), totalizando em mais de R$ 880 milhões o aporte previsto para a concretização dessas ações – muitas delas amparadas pelo Programa de Aceleração do Cres18


ivo gonçalves / DIVULGAÇÃO pmpa

quando as decisões políticas prevalecem sobre as técnicas e quando a sociedade não participa das resoluções sobre seu futuro”, descreve. Ele cita como exemplo disso o atraso dos trabalhos viários, o acesso “vergonhoso” ao Aeroporto Internacional Salgado Filho, a interrupção das obras na Avenida Tronco (que precisa de planejamento e solução adequada para os moradores da região) e os corredores do BRT que estão pela metade. “Além disso, o projeto do metrô continua parado e o processo que se desenha é equivocado, pois o negócio com a obra e com a exploração da linha está muito à frente dos benefícios sociais e urbanos”, reforça. O viaduto da Rua Pinheiro Borda – inaugurado no dia 7 de junho deste ano –, e a duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, fundamentais para o acesso ao Estádio Beira-Rio (onde ocorre-

ricardo giusti / DIVULGAÇÃO pmpa

ram as partidas), assim como o Viaduto da Aveno viaduto pinheiro borda, acesso ao estádio

nida Júlio de Castilhos, são o legado da Copa

beira-rio pela zona sul, o trânsito foi liberado

efetivamente concluídos até agora. No entanto,

cinco dias antes da abertura da copa. o viaduto

Tiago Silva avalia que os projetos são inadequa-

da avenida júlio de castilhos, inaugurado no dia 12 de junho, integra as obras do “complexo da rodoviária”

dos, porque favorecem, mais uma vez, o automóvel privado a um custo ambiental e urbano altíssimo, com redução da área do parque do Gasô-

não privilegiam um olhar de desenvolvimento a

metro e com o corte de centenas de árvores. O

longo prazo para a cidade.

que se vê hoje na cidade são muitos canteiros de

Na visão do presidente do Instituto de Arqui-

obras e desvios viários incorporados ao dia a dia

tetos do Brasil no Rio Grande do Sul (IAB-RS),

dos porto-alegrenses, sem perspectivas imedia-

Tiago Holzmann da Silva, Porto Alegre está um

tas de finalização, acrescenta a professora da Fa-

cimento (PAC). Contudo, passados quase sete

“caos” atualmente. “São obras paradas, mal pla-

culdade de Arquitetura e Urbanismo da PUCRS

anos e com o fim do mundial, o que ficou de he-

nejadas e projetadas, improvisações, falta de re-

e mestre em Desenho Urbano, Ana Rosa S. Cé.

rança foram empreendimentos inacabados e que

cursos e outros problemas típicos que ocorrem

“No mesmo ritmo, o transporte público aguarda 19


Cristine Rochol / DIVULGAÇÃO pmpa

especial na fifa fan fest, realizada no anfiteatro pôr do sol, milhares de torcedores assistiram ao jogo Brasil X alemanha, no dia 8 de julho. destruído o sonho da conquista do hexa, é hora de encarar a realidade sobre o legado da copa para o país

20


os BRTs circulando pelas vias em implantação

trimento de estudos físico-espaciais de desenho

Ao longo dos últimos anos, ocorreu o fortale-

nos eixos principais da malha urbana e a rede ci-

urbano, com visão de suas diferentes escalas:

cimento das atividades cientificas e tecnológicas

cloviária requer mais extensão e continuidade de

cidade/bairro/rua.

nessa localidade através, por exemplo, do Tec-

percursos”, pondera. Ana Rosa analisa que a gran-

O professor da Faculdade de Arquitetura da

noPuc e da expansão de complexos hospitalares

de oportunidade para qualificação do município

UFRGS, coordenador do Núcleo de Tecnologia

como o do Hospital São Lucas, Mãe de Deus e

parece ter sido reduzida ao mínimo para que o

Urbana da Universidade e do Laboratório para

Ernesto Dornelles. No entanto, o investimento pú-

evento pudesse acontecer no estádio Beira-Rio

Simulação e Modelagem em Arquitetura e Urba-

blico na região restringiu-se à construção da III

e em seu entorno. A professora observa, ainda,

nismo da instituição (SimmLab), Benamy Turkie-

Perimetral, prevista desde a década de 1950. “O

que o Mundial ocorreu dentro de estádios gran-

nicz, frisa que não há estratégias de mobilidade

caso da bacia do Dilúvio é emblemático quanto

diosos, cenários pontuais construídos com vulto-

urbana associadas a de sistemas de transportes

à ausência de planejamento estratégico para Por-

sos investimentos públicos e privados. Enquanto

para a indução de ações de transformação do

to Alegre.” Turkienicz pondera que a falta de vi-

isso, espaços públicos deficientes e equipamen-

solo. “Porto Alegre é uma cidade com mais de

são tática possa ser resultado do enfraquecimen-

tos urbanos reduzidos permanecem na mesma

500 km2. Isso implica que a otimização dos re-

to dos órgãos de planejamento urbano tanto da

situação de descaso. “Tampouco o olhar foi diri-

cursos empregados em obras e iniciativas deve-

Região Metropolitana quanto da Capital ou, ain-

gido às áreas urbanas degradadas e negligencia-

ria ter como princípio a noção de compacidade

da, à falta de perspectiva das lideranças políticas

das, ao expressivo contingente vulnerável ou até

urbana que é oposta à tendência hoje observada

que vincularam o crescimento econômico da ci-

ao possível resgate do pedestre como protago-

de dispersão da malha urbana”, relata.

dade aos negócios imobiliários e a verticalização

nista da cidade. Pífios avanços nesse momento

Para ele, faltam táticas que aliem o setor eco-

de alguns de seus bairros.

nômico ao planejamento territorial. “A cidade não

Na mesma linha o presidente do IAB-RS salien-

possui uma filosofia de desenvolvimento urbano

ta que o mais urgente e desafiador daqui para

Dupla forte para o futuro

na qual fiquem claros os objetivos e as metas a

frente é a atuação do poder público municipal

Mobilidade urbana e planejamento são os refor-

serem alcançados”, afirma Turkienicz. Essas es-

como mediador de conflitos e de vontades e co-

ços necessários para colocar a capital gaúcha

tratégias são cruciais, na sua opinião, no momen-

mo indutor do desenvolvimento integrado que

no rumo certo. A principal lição que fica após a

to em que se depara com dados que indicam que

beneficie a população em geral. “Enquanto a ad-

passagem da Copa, nas avaliações de Ana Rosa

a população porto-alegrense não apresenta si-

ministração de Porto Alegre trabalhar para aten-

S. Cé e Tiago Holzmann da Silva, é a de discutir

nais de ampliação nem o município se mostra

der aos interesses dos grandes grupos imobiliá-

um conceito para Porto Alegre. “Falta um proje-

atrativo. “No final da década de 1990, fizemos um

rios, de transporte e dos shoppings dificilmente

to de cidade para a capital”, assinala o presiden-

estudo na UFRGS que indicava a bacia do arroio

teremos uma cidade melhor para todos”, critica.

te do IAB-RS. Para a professora da PUCRS, o

Dilúvio, em especial a Avenida Ipiranga, como um

Ana Rosa aponta que, para o futuro, anseia por

município ficou refém de um sistema de plane-

dos principais eixos para o incremento cientifico

uma capital viva, cujos espaços possam ser dig-

jamento atrelado a um modelo matemático de

e tecnológico do Estado. Identificamos o poten-

namente apropriados pela sociedade, mais hu-

índices e taxas versus lotes e associado ao volu-

cial para a criação de um forte cluster de servi-

mana e esteticamente agradável – com harmonia

me edificado. Esse padrão foi adotado em de-

ços vinculados à saúde”, lembra.

entre as edificações e os ambientes abertos.

histórico!”, lamenta.

21


22 divulgação saergs

e n t r e v i s ta


ao completar 40 anos de atuação,

AAI em revista – Nestes 40 anos de

gou a deputado federal.

saergs lança livro comemorativo

SAERGS, quais as principais bandeiras

Bruno – Não só pelo Clóvis Ilgenfritz da

que se mantêm?

Silva, mas por um grupo de profissionais

Bruno – O que é sua função principal e

que militaram no Saergs. Essa ideia foi

exclusiva: a defesa do arquiteto e urba-

gestada no Sindicato dos Arquitetos no

nista na condição de trabalhador assala-

final da década de 1970. Chamava-­se ini-

riado. Para o Sindicato dos Arquitetos, va-

cialmente Assistência Técnica à Moradia

lorizar a arquitetura e urbanismo é valo-

Econômica. Esta proposta foi apresenta-

rizar os profissionais, pagar maiores salá-

da como tese do Saergs no CONCLAT,

rios, garantir os direitos dos profissionais,

reunião de sindicatos e movimentos so-

ampliar seu mercado de trabalho. Além

ciais urbanos e rurais ocorrido em São

disso, o Saergs mantém seu compromis-

Paulo no início da década de 1980. Isto já

so político com a melhoria das cidades

indica como a conquista desta pauta foi

para as camadas mais desfavorecidas da

longa e árdua.

população e pela democratização da ar-

Andréa – Após esse período, a luta pela

quitetura e urbanismo como oportunida-

assistência técnica foi constante. Os sin-

de de melhoria da vida dos mais pobres.

dicatos, junto com a Federação Nacional

Andréa – Nesse sentido, a luta pela refor-

dos Arquitetos, realizaram vários debates

ma urbana e pela assistência técnica gra-

através de inúmeros seminários no País e,

tuita são importantes bandeiras que fa-

em 2008, tivemos a aprovação da Lei 11.888

zem o Saergs acreditar que, como uma

– a Lei da Assitência Técnica (AT). Agora,

entidade sindical, também tem o compro-

nossa luta é fazer com que a lei seja efe-

misso com a sociedade e com uma cida-

tivamente implementada, de forma que

de melhor para toda a população.

as famílias de baixa renda, efetivamente,

e reforça luta pela PROMOÇÃO dos profissionais e da arquitetura gaúcha

Atuação renovada O AAI em revista apresenta a trajetória do

tenham assegurado seu direito à AT PúAAI em revista – Extrapolando a fun-

blica e gratuita, garantindo uma moradia

ção de defesa do Salário Mínimo Pro-

de qualidade e de acordo com a realida-

Grande do Sul (Saergs) e suas novas bandeiras.

fissional, o Saergs também assumiu lu-

de das famílias.

Confira a entrevista realizada com a atual

tas como Assistência Técnica em Ha-

Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio

presidente, arq. e urb. Andréa dos Santos e com o arq. e urb. Bruno Cesar Euphrasio de Mello, ex-diretor e atual conselheiro fiscal da entidade.

bitações de Interesse Social. Essa ban-

AAI em revista – Quais lutas têm regis-

deira, em especial, vinha sendo ergui-

trado mais avanços? E quais são eles?

da pelo primeiro presidente do Saergs,

Bruno – As que mais têm avançado são:

o arq. e urb. Clóvis Ilgenfritz, que che-

a reconquista da credibilidade da enti23


arquivo saergs

e n t r e v i s ta momento histórico: a posse da primeira diretoria do saergs

dade e as ações informativas. O número de pes-

moção dos arquitetos e urbanistas e da arquite-

com a união da categoria profissional nas ações

soas que têm feito recolhimento da contribuição

tura e urbanismo como um todo.

do Saergs e com ações informativas sobre os di-

sindical e o número de associados tem crescido

24

reitos dos arquitetos e urbanistas.

bastante. Isso permitiu que o Saergs fizesse im-

AAI em revista – Onde o Saergs tem obtido me-

portantes campanhas, como as do rádio e as

nos êxito e por quê?

AAI em revista – Em relação aos honorários pro-

cartilhas “Contrate um Arquiteto e Urbanista” e

Bruno – Temos tido menor êxito na contratação

fissionais, ainda há muito que avançar?

“Manual de Defesa Pessoal do Jovem Arquiteto

regular dos arquitetos e urbanistas nas empresas

Bruno – Sem dúvida. E isso é mais delicado no

e Urbanista”.

privadas e no atendimento do salário mínimo pro-

momento atual. Como explicar aos profissionais,

Andréa – Ao mesmo tempo, essas campanhas

fissional nos setores privado e público. Estamos

principalmente aos inúmeros recém-formados,

ajudam, não só no crescimento do Sindicato, mas

atentos a essa demanda, mas não há como re-

que no momento de maior aquecimento do se-

também a informar a sociedade e buscam a pro-

verter estas situações por decreto. Só mesmo

tor da economia vinculado à construção civil ha-


ja oferta de salário muito abaixo do mínimo profissional estabelecido em lei? Como explicar que os engenheiros, nossos primos próximos de atua-

“O Saergs foi fundado num momento muito duro da política nacional – a ditadura militar. Não era fácil constituir entidade

ção profissional, tenham condições profissionais melhores que as nossas? A profissão tem perdi-

de classe de defesa de trabalhadores nesse período.”

do credibilidade e reconhecimento. Acabamos

Arq. e urb. Bruno Cesar Euphrasio de Mello

nos apresentando como aqueles profissionais do luxo, do supérfluo, do inacessível à população. Temos que desconstruir essa noção, demonstrando que trabalhar com arquitetos e urbanis-

AAI em revista – E quais foram aqueles mais

administrações municipais de forma a qualificar

tas é mais econômico e melhor para a obra. É no

difíceis?

o serviço demonstrando, além das atribuições do

projeto que conseguimos antecipar problemas,

Andréa – As dificuldades são várias ao longo des-

profissional arquiteto e urbanista, que esse pro-

custos e etc.

te tempo; a atuação sindical sempre esteve liga-

fissional é o responsável pela melhoria das cida-

da a situação política e econômica do País. Assim

des por meio de ações de planejamento urbano

AAI em revista – Nessa trajetória de quatro dé-

em muitos momentos de crise econômica, inú-

e implementação das políticas públicas na área

cadas, quais os momentos mais importantes,

meros foram os problemas de condições salariais.

de urbanismo e de habitação social, além de ou-

de grandes conquistas?

Somente com o aquecimento econômico e com

tros projetos como o das obras públicas.

Bruno – O Saergs foi fundado num momento mui-

as diversas políticas públicas voltadas ao desen-

to duro da política nacional – a ditadura militar.

volvimento as cidades que o mercado voltou a

AAI em revista – Vocês poderiam citar al-

Não era fácil constituir entidade de classe de de-

reagir. Porém, a busca pela valorização e atendi-

guns nomes de arquitetos que foram impor-

fesa de trabalhadores nesse período. Os arquite-

mento das questões salarias, mesmo com signi-

tantes para a formação e fortalecimento do

tos e urbanistas que participaram desse momen-

ficativa melhora, continua. Atualmente, nossa maior

Saergs naqueles primeiros anos e as suas

to da década de 1970 demonstraram grande co-

dificuldade está na atuação junto ao serviço pú-

contribuições?

ragem e determinação. Depois disso, já no início

blico municipal. Como a maioria dos servidores

Bruno – Um personagem muito importante foi

da década de 1980, o Saergs participou de mo-

municipais não tem vínculo de emprego com ba-

Clóvis Ilgenfritz da Silva. Ele foi presidente da

vimentos de contestação à ditadura, de amplia-

se da CLT, e sim um regime próprio de contrata-

Associação Profissional de Arquitetos de Porto

ção da democracia. Enfim, o Saergs sempre par-

ção – normalmente o estatuto do servidor públi-

Alegre, entidade que antecedeu o Saergs. E, de-

ticipou de movimentos políticos nacionais e re-

co, o Saergs não tem como exigir o atendimento

pois disso, foi presidente do sindicato durante as

gionais representando a categoria profissional.

do salário mínimo profissional e, na maioria dos

três primeiras gestões. Depois que ele atuou no

Mais recentemente, engajou-se na criação do CAU

casos, o salário dos arquitetos e urbanistas do

Saergs, participou da criação da Federação Na-

e em sua viabilização. Essa foi uma luta de todas

serviço público é muito aquém do que realmen-

cional dos Arquitetos e Urbanistas, foi vereador

as entidades de arquitetos e urbanistas e o sin-

te deve ser pago a esses servidores. Assim, nos-

da capital gaúcha, deputado federal, foi candi-

dicato esteve presente em todo momento.

sa meta é uma importante campanha junto às

dato a cargos eletivos diversas vezes. Ele foi um 25


e n t r e v i s ta

“Muitas das politicas públicas para as cidades estão

personagem politicamente muito ativo não só nos temas específicos à categoria, mas os trans-

sob nossa responsabilidade profissional e, por isso,

cendeu. Além dele, outros personagens muito importantes foram Newton Burmeister, Claudio Casaccia, José Guilherme Picolli, Hermes de As-

não temos duvidas de quanto o arquiteto e urbanista é

sis Puricelli, dentre outros.

responsável pelo êxito da implementação delas.”

Andréa – Não temos dúvidas que todos os cole-

Arq. e urb. Andréa dos Santos

gas que atuaram junto ao Saergs ofereceram importante contribuição para as nossas lutas sindicais em favor dos arquitetos e urbanistas e também no fortalecimento da entidade. Reforço que a Sindicato dos Arquitetos nunca perdeu de vis-

o número de associados cresceu. E o número

AAI em revista – E, para os próximos anos, quais

ta os colegas que a ajudaram a se consolidar e,

de pessoas que tem procurado o sindicato para

os planos do Saergs?

dessa forma, mesmo com as alterações de diri-

defesa de seus interesses e direitos aumentou

Andréa – Atualmente, estamos focados em duas

gentes, sempre os valores sindicais, as lutas so-

também. Contudo, há muito espaço ainda para

direções: a primeira é a ampliação de nossa base

ciais e profissionais, o respeito aos colegas e a

crescimento.

sindical para todo o Rio Grande do Sul. Este ano

incessante busca pela valorização profissional fo-

Andréa – Um crescimento que desejamos que se

iniciamos a criação das delegacias regionais do

ram respeitados.

espalhe por todo o Estado. Infelizmente, ainda

Saergs. Para tanto, homologamos em Assembleia

hoje, temos o maior número de associados loca-

o nome de vários colegas que passaram a exer-

lizados em Porto Alegre e região metropolitana.

cer a principal função de representar o Sindicato

AAI em revista – A conquista de associados é

no interior do Estado e, também, da região me-

sempre um problema para as entidades em ge-

26

ral. Qual a realidade do Saergs e qual a evolu-

AAI em revista – Da realidade atual dos arqui-

tropolitana de Porto Alegre. Para levar o Sindi-

ção no quadro de associados registrada nesses

tetos e urbanistas, quais áreas têm de ser me-

cato para as diversas regiões do RS, estamos de-

40 anos?

lhor trabalhadas, na sua opinião?

senvolvendo o SAERGS NA ESTRADA, uma pro-

Bruno – Houve oscilações importantes. No iní-

Andréa – Nosso compromisso está mesmo no

posta de apresentação do sindicato e promoção

cio da entidade, por conta da ditadura, a ade-

fortalecimento da categoria profissional e em ga-

da arquitetura e urbanismo. SAERGS NA ESTRA-

são não foi grande. Depois, com os movimentos

rantir melhores condições de trabalho, incluindo

DA terá como ponto de partida e de chegada a

de abertura política e de Diretas Já, o número

a questão salarial, o que sempre será a nossa

cidade de Porto Alegre e ocorrerá em outras dez

de associados cresceu bastante. Na década de

prioridade. Entendemos também que, para a me-

cidades do Estado. O programa conta com o apoio

1990, por conta das crises econômicas e de um

lhoria das condições trabalhista e salariais, a pro-

e a participação do Conselho de Arquitetura e

desinteresse geral pelas questões políticas – além

moção da arquitetura e urbanismo frente à so-

Urbanismo do RS – CAU/RS. A segunda impor-

da fundação de sindicatos que concorreram com

ciedade, ao poder púbico e junto aos próprios

tante ação planejada para iniciar ainda este ano

o nosso – houve estagnação. Nos últimos anos

arquitetos, é fundamental.

é a promoção da arquitetura e urbanismo e dos


arquivo saergs

arquitetos e urbanistas quiserem acessar um pouco da história dessa instituição representativa. O livro traz a lista das diretorias com todos os profissionais que delas participaram, notícias sobre os temas de interesse e os debates travados ao longo dos anos, os profissionais agraciados com o prêmio “Arquiteto e Urbanista do Ano”, além de entrevistas com personagens importantes dessa história. AAI em revista – De quem foi a iniciativa da publicação e quem está envolvido neste projeto? Quando e como será o lançamento? Bruno – A iniciativa foi de toda a gestão 2011-2013 do SAERGS, presidida por Cícero Alvarez. Nesse contexto, o registro da memória do Saergs foi preservado. Seus documentos foram higienizados, catalogados e organizados. Hoje, qualquer pesquisador ou curioso que quiser investigar qualquer assunto relacionado à profissão terá um arquivo acessível para trabalhar. O lançamento está previsto para o segundo semestre desse ano de 2014. Estamos finalizando a editoração e a obra já deve ir para impressão ainda este mês. Andréa – É um orgulho para nossa gestão poder

momento histórico: a entrega da carta sindical, em 1974

fazer o lançamento dessa publicação que é uma importante referência histórica da militância dos

colegas arquitetos e urbanistas para as adminis-

AAI em revista – O Saergs publicará um livro

arquitetos em favor da arquitetura. Por isso mes-

trações municipais. Muitas das politicas públicas

sobre os 40 anos da entidade. Conte um pou-

mo é que, na “largada” do SAERGS NA ESTRA-

para as cidades estão sob nossa responsabilida-

co sobre como será o livro e quais os principais

DA, faremos uma festa de lançamento do livro,

de profissional e, por isso, não temos duvidas de

tópicos?

como forma também de homenagear todos os

quanto o arquiteto e urbanista é responsável pe-

Bruno – O livro trata da trajetória da entidade. A

colegas que fazem parte dessa tragetória de lu-

lo êxito da implementação de tais políticas.

ideia é que ele seja obra de referência quando os

ta, crescimento e maturidade do Saergs. 27


R O T EIR O

“A Croácia impressiona por sua diversidade”, DIZ A ARQ. E URB. CARMEN ADEGAS, que incluiu o país em seu recente roteiro pela europa

Cercado de história Com a meta de visitar os países que tiveram domínio romano, a arq. e urb. Carmen Adegas partiu de Porto Alegre, na companhia do marido e de um casal de amigos, rumo à porção leste da Europa. O grupo uniu-se a outro, maior, em uma excursão com guia turístico presente durante toda a viagem. “O idioma é muito difícil”, argumenta Carmen. Surantes, muita história e surpresas agradáveis. “Em Montenegro existe uma cidade, Kotor, que é um fiorde. Lá, há um órgão tocado pelas ondas do mar”, maravilha-se a profissional. O passeio ainda incluiu passagem pela Croácia, pela Bósnia Herzegovina e pela Eslovênia. A estada na Croácia agradou, e muito, a Carmen. “As mais belas e preservadas florestas da Europa, as grandes cachoeiras de água potável que se sucedem, os lagos de águas cristalinas verdes e azuis. É um país que impressiona por sua diversidade”, elenca. A capital, Zagreb, é uma “sobrevivente” da guerra civil dos anos 1990, quando lutava para se tornar independente da Iugoslávia. “Hoje é fácil 28

o litoral croata assemelha-se ao da costa grega, bastante recortado e com mais de 1.000 ilhas. em Dubrovnik, a impressionante muralha de 2.000 metros de extensão que circunda o centro antigo e emoldura a moderna marina. “Dubrovnik é considerada a pérola do adriático”, diz a arq. e urb. Carmen adegas FOTOs: acervo pessoal arq. carmen adegas

perado esse desafio, o roteiro só revelou paisagens exube-


entender a capital croata. A Cidade Baixa corresponde à parte moderna, enquanto a Cidade Alta remonta às origens medievais, fusão de duas vilas inimigas, Kaptol e Gradec”, explica a arquiteta. No atual bairro de Kaptol estão belas igrejas e palácios góticos e barrocos, como a Catedral de Santo Estevão, Igreja de São Marcos, e o convento de Santa Clara. A cidade que mais sofreu com a guerra, no entanto, foi Mostar, na Bósnia. “Ela tornou-se uma cidade-símbolo que lembra que o espírito humano pode vencer, reconstruindo a região e voltando a florescer com mais força”, afirma Carmen. O exemplo é a Ponte Antiga, sobre o rio Neretva – considerada Patrimônio Mundial da Unesco em 2005. Erguida pelos Otomanos em 1566, foi destruída durante a guerra, em 1993. “Ela foi reconstruída com as pedras originais colhidas do rio em 2004”, acrescenta.

história milenar A cidade croata de Pula tem um dos foros romanos mais

FOTOs: acervo pessoal arq. carmen adegas

bem conservados do mundo. Foi construído e ampliado enPatrimônio da humanidade, a Ponte Antiga

tre os anos 20 a.C e 72 d.C, com capacidade para mais de

é o símbolo de mostar, na bósnia, e é

20.000 espectadores. “Ainda pode-se visitar os subterrâ-

exemplo do triunfo da região. na cidade

neos onde ficavam os gladiadores e os animais. Possui um

croata de pula, está um dos foros

vasto acervo de restos arqueológicos”, enfatiza Carmen. Em

romanos mais bem conservados do mundo, com capacidade para 20 mil espectadores.

Split, a segunda maior cidade da Croácia, depois da capital,

a igreja São marcos, na croácia

a arquiteta admirou-se diante do Palácio do Imperador Diocleciano, construído com pedra branca – um dos edifícios romanos mais impressionantes do mundo. “O enorme conjunto palaciano continua a ter importância na vida da cidade, pois mais de 3.000 pessoas vivem dentro de seus portais”, enfatiza. Lá estão importantes ruínas arqueológicas, como o Templo de Jupiter, a catedral São Domingos e o Mausoléu Diocleciano. Em frente, uma moderna marina, com charmosos cafés e restaurantes de frutos do mar. 29


Fotos: divulgação

GALERIA

Lançamento no ateliê do designer gaúcho Fernando Jaeger, o sofá Lover integra uma linha totalmente modular. Uma das versões apresenta módulo divã com profundidade menor que o padrão (130cm), preservando o conforto sem comprometer a circulação no ambiente. Saiba mais em www.fernandojaeger.com.br

A Cinex firmou parceria com a Fundação CERTI, instituição de tecnologia e inovação com sede em Florianópolis (SC), e desenvolveu a luminária Ufficio – que já conquistou o prê-

claus weihermann / divulgação

mio IDEA Brasil, na categoria escritório. Com layout simples e moderno, a luminária foi criada com pendente de OLED (diodo emissor de luz orgânico), material de alta eficiência energética. Suspensa por finos cabos de aço revestidos de nylon, a estrutura é composta por uma fina camada de aluCortes retos e a mistura

mínio e vidro. Mais detalhes em www.cinex.com.br

de materiais rústicos, como madeira e mármore travertino, são a marca da

30

coleção Paiol, lançada pe-

Nascida no berço do estaleiro Kalmar, locali-

la Mosarte. Disponível em

zado em Itajaí (SC), a Movelaria Boá apresen-

três versões com estam-

ta peças que exploram as técnicas da constru-

pas únicas, obtidas atra-

ção naval, produzidas pelos mesmos artesãos

vés da impressão digital

que produzem as embarcações. A criação leva

sobre a madeira, o produ-

as assinaturas de Lorena Kreuger, diretora do

to é indicado para ambien-

estaleiro Kalmar, juntamente com os designers

tes internos. Detalhes em

José Serafim Junior e Mayara Atherino. Mais

www.mosarte.com.br

informações www.movelariaboa.com.br


31

P R O DU T O S & SERVIÇ O S


você ainda não é parte da AAI? A primeira e única Entidade do Brasil exclusivamente de arquitetos e urbanistas que atuam em Arquitetura de Interiores. A Associação de Arquitetos de Interiores do Rio Grande do Sul - AAI-RS foi criada em 1997, em Porto Alegre/RS; o objetivo é a valorização do exercício profissional, divulgando a produção dos associados e esclarecendo o mercado quanto as particularidades da atividade. Em 2009, passou a chamar-se AAI Brasil/RS, Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil - Seccional RS, congregando a entidade nacional também fundada no Estado, a Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil - AAI Brasil.

por que participar? A AAI Brasil/RS promove a troca de experiências entre seu associados, incentiva o aprimoramento profissional, propondo o debate sobre a Arquitetura e Urbanismo; busca o estabelecimento de procedimentos uniformes para os aspectos principais do exercício profissional, promovendo a valorização da Arquitetura de Interiores; com outras entidades, sugere ações de para a regulamentação e fiscalização do exercício profissional da Arquitetura de Interiores nos âmbitos estadual e nacional.

Arquiteto e urbanista, faça parte de um grupo especial de profissionais!

venha para a AAI: Para saber mais: AAI Brasil/RS www.aaibrasilrs.com.br e 51 3228 8519 Projetato Assessoria projetato@projetato.com.br www.facebook.com/aaibrasilrs twitter: @aaibrasilrs


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.