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EDIÇÃO DE LANÇAMENTO

ANO I | Nº 0 DEZ 2006

ARQUITETURA & DESIGN EM SANTA CATARINA

O traço da dupla Theiss Girardi BIOARQUITETURA: HABITAR O AMANHÃ | BEM FEITO: O TRABALHO DE PAULO ROSATTO | DEBATE: DESIGN NO SÉCULO XXI | TENDÊNCIAS: BRASIL ECODESIGN | CIDADANIA: CONSTRUIR ESPERANÇA | DECOR: O SUCESSO DO FUTON | CIDADE: O BOOM DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ



Letícia Wilson

ENTRENÓS |

Nascimento planejado A REVISTA ÁREA acaba de nascer, na esteira do desenvolvimento da construção civil em Santa Catarina. E é graças ao potencial imobiliário de muitas regiões e à crescente valorização da arquitetura e do design como fundamentais para tornar uma casa e uma cidade habitáveis e um produto funcional. O período não poderia ser melhor para o lançamento de uma publicação que se propõe a debater estes temas. Cidades estão em plena fase de elaboração dos seus planos diretores, incentivadas – e pressionadas – pelo Estatuto das Cidades. Neste momento, milhares de pessoas estão debatendo a ocupação urbana de suas cidades, estabelecendo padrões e normas para garantir a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes, incluindo aí, questões essenciais, como sustentabilidade e desenho universal. Santa Catarina é mesmo um mosaico cultural. A arquitetura predominante em suas cidades revela a miscigenação de seus colonizadores e a riqueza de suas heranças. São dezenas de conjuntos históricos preservados, de variadas origens: fortes portugueses; casas e igrejas coloniais açorianas; residências em estilo enxaimel dos imigrantes alemães; e os casarões de madeira dos italianos. Em algumas localidades, contrastes intrigantes, como em Florianópolis, onde os diferentes estilos de suas edificações revelam, também, o crescimento desordenado de uma cidade sem planejamento urbano. Há de se preservar o passado e planejar o futuro. A meta deve ser a de construir uma cidade digna de seus moradores. Este Estado é também um celeiro de talentos do Design, sendo o segundo em números de instituições de ensino na área. O debate em torno da importância desta ferramenta se intensifica, capacitando o mercado e a sociedade a respeito das suas potencialidades e possibilidades. E a revista ÁREA pretende colaborar, pelo menos em parte, com esta construção. Projetos exemplares, discussões polêmicas, tendências, profissionais bem-sucedidos e outros que se revelam em seu ofício, serão destaque em nossas páginas. Tecnologia, ergonomia, lançamentos de produtos e serviços igualmente serão pauta das edições. O propósito da revista ÁREA é servir de suporte para os profissionais do setor, nosso público-alvo. Boa leitura e até março.

Castiçal ‘interativo’. Projeto de Paulo Rosatto. EDU LYRA

Confira na página 15



A IREVISTA DE ANO | Nº 0 ARQUITETURA DEZ 2006

& DESIGN EM SANTA CATARINA

EDIÇÃO DE LANÇAMENTO

BIOARQUITETURA Viver o amanhã As bioconstruções, auto-sustentáveis e de baixo impacto ambiental, ganham espaço, inclusive nas grandes cidades. A idéia é adaptar as construções ao ambiente, e não o contrário

EDU LYRA

8

D E B A T E R Design no século XXI O debate sobre a atividade como ferramenta essencial aos negócios, travado no 23º Encontro do Clube de Propaganda e Marketing de Santa Catarina, e o Prêmio Design Catarina

DIVULGAÇÃO

19

TENDÊNCIAS

C I D A D A N I A Construir esperança O projeto Casa da Criança revitaliza instituição assistencial de Palhoça e demonstra que arquitetos e empresários catarinenses têm responsabilidade social. A reforma transformou vidas

EDU LYRA

34

Q U E M F A Z Theiss Girardi Vencedor do Programa de Fidelização do Núcleo Catarinense de Decoração 2006, o escritório dos arquitetos Alcides Theiss e Rosane Girardi foi o que mais viabilizou negócios nas lojas associadas à entidade

EDU LYRA

50

DIVULGAÇÃO

56 Arquiteta Rosane Girardi em ação

Brasilecodesign O Brasil está na moda. Materiais alternativos, como fibras naturais e pastilhas de coco, revelam a brasilidade dos móveis – tendência consolidada até no exterior. Profissionais e indústrias estão atentos

VIERDRIE/SXC

28

C I D A D E

Balneário Camboriú Pólo turístico do sul do País, o município atrai, cada vez mais, moradores e investidores. A explosão imobiliária impulsiona o mercado da construção civil e da alta decoração

EDU LYRA

15 BEM FEITO O talento de Paulo Rosatto e a originalidade de seus objetos de decoração 14 ARQUITETANDO Planejamento, pelo CREA-SC 18 PAPO SÉRIO Regulamentação, pela SCDesign 24 UPNEWS A coluna de Paulo Guidalli 42 DECOR Saiba mais sobre o futon 46 NO MERCADO O que está nas prateleiras 60 FATOS & FEITOS O que aconteceu no setor 62 ONDE ACHAR O que está nesta edição


EMDIA

ARQUITETURA & DESIGN EM SANTA CATARINA

FEIRAS

EVENTOS / CONCURSOS

NRF 96TH – NATIONAL RETAIL FEDERATION Tema: “Movimentando o mercado” De 14 a 17 de janeiro Jacob K. Javits Convention Center, em Nova Iorque Informações: www.nrf.com/annual/

NDESIGN FLORIPA 2007 17º Encontro Nacional de Estudantes de Design De 15 a 21 de julho Informações: www.meiaduzia.com.br /ndesignfloripa ndesignfloripa@gmail.com

FEIRA ABIMAD 2007 Feira Brasileira de Móveis e Acessórios de Alta Decoração De 9 a 12 de fevereiro Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP Informações: www.abimad.com.br REVESTIR 2007 Principal evento do setor de revestimento, promovido pela Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica, Anfacer De 13 a 16 de março Transamérica Expo Center São Paulo – SP Informações: www.exporevestir.com.br KITCHEN & BATH EXPO 2007 Feira Internacional de Produtos e Acessórios para Cozinha e Banheiro De 13 a 16 de março Transamérica Expo Center São Paulo - SP Informações: www.kitchenbathexpo.com.br

FIMMA BRASIL 2007 Feira Internacional de Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira De 20 a 24 de março Parque de Eventos Bento Gonçalves – RS Informações: www.fimma.com.br

Letícia Wilson leticia@revistaarea.com.br

Sub-editora

Mônica Roemmler

Diretor de Arte Eduardo Faria

1º CONCURSO DE DESIGN PREMIER Projetos inéditos em mobiliário diretivo e corporativo Público: Estudantes e profissionais de Design, Arquitetura e áreas afins, de Santa Catarina Prêmio: os primeiros colocados em cada categoria terão despesas pagas para a Fimma Brasil 2007, além de troféu e possibilidade de de signature by, caso o móvel seja produzido comercialmente. Apoio: SC Design Inscrições: até 16 de fevereiro Informações: www.moveispremier.com.br

Textos

Letícia Wilson Mônica Roemmler Ana Cláudia Menezes

Fotografia

Edu Lyra Gabriel Portela

Diretor comercial

Cesar Saliés comercial@revistaarea.com.br (48) 3237.2477

Conselho editorial

2º PRÊMIO DESIGN CATARINA Inscrições: a partir de fevereiro de 2007 Premiação: julho Informações: (48) 3233.5506

Santa Comunicação & Editora Design Catarina Núcleo Catarinense de Decoração

Redação

EXPOSIÇÕES UM PRESÉPIO BRASILEIRO EM ROMA Por Jone Cezar de Araújo DIVULGAÇÃO

FEICON BATIMAT 2007 15ª Feira Internacional da Indústria da Construção De 13 a 17 de março Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo - SP Informações: www.feicon.com.br

Direção-edição

Av. Pequeno Príncipe, 971 conj. 7 88063-000 Campeche Florianópolis SC (48) 3232.8812 contato@revistaarea.com.br

Capa

Projeto de residência, em Florianópolis, do escritório Theiss Girardi Arquitetura & Interiores | Foto: acervo pessoal ____________________________________

Tema: Presépio premiado com medalha de ouro na mostra italiana Dei 100 Presepi, em 2005, e outros dez selecionados pelo artista. Até 25 de fevereiro De segunda a sexta, das 8h às 18h Espaço Fernando Beck, Fundação Cultural do Badesc – rua Visconde de Ouro Preto, 261. Centro. Florianópolis Informações (48) 3224.8846

A Revista Área é uma publicação trimestral, dirigida a profissionais de Arquitetura e Design de Santa Catarina e distribuída a um mailing específico. Entidades de classe, imprensa, instituições de ensino, lojistas e outros empresários do setor também recebem a revista. Conceitos e opiniões emitidas por entrevistados, articulistas e colaboradores não refletem, necessariamente, a posição da publicação e a de seus diretores. A Revista Área é um dos produtos da parceria entre as empresas Santa Comunicação & Editora e Officio Comunicação.

____________________________________ PARTICIPE! Os profissionais, empresas e projetos executados em Santa Catarina têm prioridade na Revista Área. Participe, enviando suas dúvidas, críticas e sugestões de pautas para materias@revistaarea.com.br.

www.revistaarea.com.br

6 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 7


BIOARQUITETURA

Habitar

8 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


o amanhã Texto: Ana Cláudia Menezes | Fotos: Edu Lyra

Auto-sustentáveis e de baixo impacto ambi­ental, as bioconstruções chegam às grandes cidades. Arquitetos, construtores e ambientalistas comemoram A AMEAÇA DE ESGOTAMENTO dos recursos naturais vem sendo alardeada por ativistas do meio ambiente há pelo menos quatro décadas. Na última, no entanto, depois de ser vítima de catástrofes naturais jamais vistas, a humanidade parece ter acordado para esta ameaça que pode virar realidade a médio prazo. Para muitos ambientalistas, ainda é possível reverter o quadro se agirmos rápido e repensarmos a relação com o espaço no qual vivemos. O convívio harmonioso com o meio ambiente, baseado nos ensinamentos de povos ancestrais e da própria natureza, e a retomada de hábitos simples podem ser passos importantes. Na década de 1990, especialmente após a Eco 92, o apelo ecológico ganhou mais força em nível mundial. Foi quando surgiram as primeiras ecovilas - comunidades auto-sustentáveis, integradas ao ambiente de entorno e de baixo impacto ambiental no que diz respeito à utilização da água e da energia, ao tratamento de esgoto e lixo, à produção de alimentos, às formas de transporte e, especialmente, aos métodos de construção. O desenvolvimento das ecovilas proporcionou o surgimento de outros conceitos, como a bioarquitetura (ou bioconstrução) e a permacultura (ou agricultura permanente), sistema agrário que tem como ideal a não degradação ambiental e a utilização da terra de forma ética. Naturalmente, as três filosofias (ecovilas, bioarquitetura e permacultura) coexistem de forma bastante integrada. Em Santa Catarina, as primeiras iniciativas em bioarquitetura foram tomadas na década passada, na forma de projetos com design sustentável, solicitados por pessoas interessadas em uma forma alternativa de habitação e de vida. Para a arquiteta, urbanista e permacultora Sumara Lisboa, o conceito de ecovila pode ser transposto até mesmo para as cidades grandes. “Viver em uma ecovila, para mim, é viver feliz e poder ver meus vizinhos também felizes. O ideal é fazer da sua casa e do seu bairro uma ecovila, ao invés de tentar isolar-se desta sociedade conturbada”, argumenta a profissional, uma das sócias da Eco&Tao, empresa de arquitetura e urbanismo especializada em consultoria, planejamento e construções ecológicas.

Mais do que evitar danos à natureza, o conceito de ecovilas envolve a adequação das habitações ao meio ambiente. Telhados de cobertura vegetal, como o da foto, são excelentes isolantes térmicos e acústicos ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 9


BIOARQUITETURA

A psicóloga Gisela Franco, de Florianópolis, optou pela bioarquitetura. No projeto do arq. Cláudio Cassacia, prioridade para a iluminação natural. Em alguns locais da casa, reboco feito com barro do próprio local

Se o consumidor tem preocupação ecológica, o arquiteto tem de orientá-lo na escolha dos materiais de menor impacto ambiental “Mesmo em comunidades urbanas estão pipo-

ÁLVARO VARGAS

domínio no Rio Tavares (leste da Ilha de Santa

cando loteamentos que reproduzem o estilo de vida

Catarina, bairro que sofre intensa urbanização).

rural”, comemora Sumara. Desde que concluiu sua formação acadêmica, em

São 36 mil m2 divididos em 22 lotes. “Demar-

2003, e após um curso de permacultura para profissionais de diversas áreas da

camos os lotes voltando-os para o norte, de forma que recebam luz solar o

construção civil da Grande Florianópolis, Sumara, como integrante da Eco&Tao, já

dia todo, e, também, para facilitar a captação de energia dos ventos prove-

desenvolveu 19 projetos, metade deles executada com sucesso. “Cada projeto de-

nientes desta direção, os mais constantes na região. Ou seja, estamos nos

pende das condições do cliente, de seus orçamentos e prazos. Contudo, todos têm

adaptando ao terreno e não o terreno a nós”, ensina o arquiteto Paulo Rodri-

algo em comum”, observa. “As pessoas que desejam viver à maneira das ecovilas

guez, um dos membros do instituto. Para Álvaro Vargas, também membro e

não se interessam por status, mas pela integração com a natureza”, avalia. É, por

arquiteto do EcoHabitar, esta filosofia pode mudar o mercado da construção

isso, imprescindível que as bioconstruções tenham a participação dos proprietários

civil. “Se o consumidor tem preocupações ecológicas, o mercado terá de se

em todas as fases de planejamento e de execução. Para ela, neste tipo de emprei-

ajustar a esta nova realidade. Cabe ao profissional de arquitetura e enge-

tada, os pedreiros são mais do que simples operários, são ‘bioconstrutores’.

nharia, por exemplo, orientá-lo na escolha de produtos mais econômicos e de

Em Florianópolis, o Instituto EcoHabitar desenvolve o projeto de um ecocon 10 | ÁREA | DEZEMBRO 2006

menor impacto ambiental”, explica.


Ecocondomínio A

B

C

D O

E

N

F G

M L

H

J

ESTACIONAMENTO PARA VISITANTES

PORTARIA

I

A

B

Viveiro de mudas – produção de mudas para o paisagismo das áreas comuns e particulares do ecocondomínio; local de realização de cursos de Educação Ambiental.

C

Lago de tratamento final de efluentes domésticos – lago paisagístico que receberá o excedente da água já previamente tratada em sistemas de filtros combinados, atuando como um reservatório para uso eventual no jardim ou viveiro de mudas.

Projetado pelo Instituto EcoHabitar e instalado em um terreno de 36 mil m2 no bairro Rio Tavares, na Capital, o Ecocondomínio foi desenhado para que seus moradores tenham qualidade de vida. O segredo está na integração com o meio ambiente. No croqui, algumas atrações do empreendimento. Acima, maquete de uma das residências adequadas ao local: telhado verde e captação de

Pomar agroflorestal – sistema integrado de produção de frutas (banana, mamão, limão, bergamota, acerola, pitanga, uva) e alimentos da ‘roça’ (milho, mandioca, café, batata-doce, feijões) à vegetação nativa existente, proporcionando produtividade e impacto ambiental positivo, com aproveitamento produtivo ao longo do tempo.

D

Área de exercícios – local equipado com aparelhos de ginástica.

E

Centro de convivência – espaço especialmente dimensionado para a realização de oficinas, palestras, meditações e cursos.

energia solar

F Playground – espaço de brincar integrado à natureza.

G

Anfiteatro – local para realização de eventos culturais e esportivos.

H J

Pista de skate – treinamento e competição.

I

Ateliê – espaço destinado ao desenvolvimento de atividades profissionais que possam gerar fonte de sustentabilidade econômica para os moradores, sem a necessidade de deslocamento casa-trabalho.

L

Varal de roupas – protegido visualmente por cerca viva.

Garagem – isolada do restante do terreno pela vegetação, de forma a minimizar a circulação de automóveis no ecocondomínio. Cobertura vegetal produtiva sobre caramanchão de madeira.

M Círculo de bananeiras – integrado com o

pomar, tem como principal função a absorção da água cinza proveniente da cozinha, chuveiro e lavatórios.

N

Horta domiciliar – seguindo o método permacultural, próximo à cozinha é desenvolvida uma horta no sistema ‘buraco-fechadura’, com capacidade para produzir hortaliças orgânicas para uma residência. Atividade deve ser monitorada pela zeladoria do ecocondomínio.

O

Espiral de ervas – herbário em formato espiral, que favorece o adensamento de plantas em uma pequena área, com capacidade para produzir chás e temperos.

ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 11


BIOARQUITETURA

Interesse é multisetorial O perigo da escassez dos recursos provenientes da natureza é motivo de preocupação não só de permacultores e ambientalistas, como também de segmentos da construção civil O engenheiro de produção civil Olavo Kucker Arantes, diretor de Meio Ambiente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) da Grande Florianópolis, alerta para a necessidade de se repensar os rumos do ser humano nas cidades grandes. “Vivemos numa sociedade altamente consumista e precisamos rever os conceitos envolvidos no estilo de vida que levamos. Temos que acreditar que esta transformação é possível. Se todos só consumirem, não vai sobrar planeta”, salienta. O engajamento deve ser de todos, alerta o dirigente. “Os consumidores também têm que começar a exigir, por exemplo, materiais de construção que não prejudiquem o meio ambiente”. Diversos órgãos e instituições têm se unido na criação de metodologias para a construção de edifícios sustentáveis. É o caso da parceria entre Sinduscon, Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e Laboratório de Eficiência Energética em Construções da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), com a participação, ainda, de outras universidades brasileiras, como USP e Unicamp. A iniciativa tem por objetivo a pesquisa de materiais e a elaboração de técnicas ecologicamente corretas para a construção civil. E esta aliança já vem dando frutos: alguns de seus projetos já ganharam a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), selo criado em 2000 pelo Conselho de Edifícios Verdes dos Estados Unidos. Um deles é o Primavera Office Green, prédio comercial que deverá ser construído na rodovia SC 401, na Capital. Assim como os permacultores, Olavo Kucker Arantes defende que os profissionais de Arquitetura e Engenharia valorizem a realidade local e não importem modelos aplicados, por exemplo, em outros países. É preciso estudar e adaptar a filosofia a cada região. “Estes profissionais não devem se preocupar apenas com a beleza e o conforto de suas obras. É preciso que eles estudem e se atualizem a respeito de novos materiais e tecnologias para reversão do impacto ambiental”, explica.

Precisamos rever o estilo de vida que levamos. Temos que acreditar que mudar é possível OLAVO KUCKER ARANTES 12 | ÁREA | DEZEMBRO 2006

No alto, painéis OSB, feitos com lascas de madeira e resina, para melhor acústica. Abaixo, eucaliptos auto-clavados e certificados sustentam estrutura


Residência na Vargem Pequena, em Florianópolis, com telhado vivo de 10 cm de espessura para maior conforto térmico. Em outra casa, no mesmo bairro, cisterna em ferro-cimento

Ecohabitantes O sonho de morar em uma ecovila está se tornando realidade para o casal de educadores e permacultores Suzana Martins Maringoni e Jorge Roberto Timmermann. Há alguns anos, eles se uniram a um grupo de amigos para comprar um sítio no município de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, o Yvy Porá ou ‘terra sem males’, na língua guarani “Viver numa sociedade como a nossa está insustentável do ponto de vista

terreno é a cisterna para captação de água da chuva, elemento muito conhecido

ambiental”, comenta a permacultora Suzana Martins Maringoni. Para ela, uma

nas regiões semi-áridas do nordeste brasileiro e, agora, presente também no

cidade com mais de 30 mil habitantes torna-se inviável por não conseguir suprir

sul do País. A cisterna é garantia de água limpa e fresca o ano todo. Contudo, o

as necessidades básicas do ser humano, como a produção de alimentos e de

sistema tem um significado mais amplo para a proprietária da casa. “Não serve

energia e o tratamento de água e esgoto. Na contramão dos grandes projetos

apenas para resolver problemas, como nos períodos de seca, mas também para

imobiliários, o processo de planejamento de uma ecovila exige tempo, paciência

dar bom uso aos recursos que nos são presenteados. Assim, a gente repensa a

e a observação do terreno e do entorno. É necessário, também, conhecer bem

nossa relação com a natureza”, comenta Gisela.

todas as pessoas envolvidas e a si mesmo – esse, um dos princípios básicos da

Construída em ferro-cimento, a cisterna armazena a água da chuva captada

permacultura. “Este projeto nasceu do desejo de algumas pessoas envelhecerem

por calhas no telhado. Os primeiros cinco minutos de chuva servem para a limpe-

juntas em uma área comum. Para nós, desde o início, ficou muito claro que as

za da cisterna, lavando-a, retirando folhas das árvores e outros resíduos. Depois

questões surgidas ali não deveriam passar pelo aspecto financeiro. Cada um

disso, a água coletada já pode ser utilizada no cotidiano de Gisela e seus três

colaborou dentro de suas possibilidades”, explica Suzana.

filhos. No projeto do arquiteto Claudio Cassacia, a residência ganhou formas que

A preparação do terreno ainda está em fase inicial e, futuramente, o local

permitem boa iluminação natural e, consequentemente, a economia do consumo

acolherá pessoas de fora do grupo que poderão participar de cursos sobre

de energia elétrica. “Casa em que entra sol não entra médico”, compara Suma-

permacultura e ajudar na plantação de alimentos e de árvores. “Mas não será

ra Lisboa, arquiteta da Eco&Tao, responsável pelo projeto da cisterna. Gisela

um hotel fazenda ou um spa”, esclarece. Suzana ministra cursos de design

também aproveitou o barro do próprio local para o reboco de algumas paredes.

em permacultura (PDC) por todo o Brasil, para estudantes, professores e pro-

Eucaliptos auto-clavados e certificados suportam a estrutura de alvenaria.

fissionais. A metodologia segue a

A poucos quilômetros dali, a casa de Luiz Carlos Hoffmann passou por

linha criada pelos australianos Bill

uma longa reforma que lhe deu um aspecto mais aconchegante. No projeto da

Mollison e David Holmgren, funda-

sua casa na Vargem Pequena, em Florianópolis.

Desde o início, ficou claro que as questões surgidas ali não deveriam passar pelo aspecto financeiro

O primeiro diferencial que se percebe ao avistar o

SUZANA MARINGONI

dores da permacultura, nos anos 1970, e tem seguidores em todo o mundo. Foi prestando atenção ao entorno em que vive que a psicóloga e educadora Gisela Sartori Franco optou pela bioarquitetura na hora de construir

Eco&Tao, um ‘telhado verde’, conhecido também como telhado vivo ou telhado jardim, com 10 cm de espessura (cinco de terra e cinco de leiva), proporciona maior conforto térmico tanto no inverno como no verão, além de maior luminosidade. A Eco&Tao também reforçou as paredes com uma segunda camada utilizando, para isso, painéis OSB, feitos de lascas de madeira misturadas à resina, que garantem melhores acústica e proteção. ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 13


ARQUITETANDO

Planejamento e sustentabilidade

A mudança efetiva da realidade habitacional e urbana do País passa pela definição de políticas públicas e pelo empenho dos profissionais de Arquitetura e de Engenharia. Eles podem oferecer seu saber técnico e experiência à sociedade NAS ÚLTIMAS DÉCADAS, houve uma significativa ‘periferização’ da população

da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas edilícias,

pobre em cidades de grande e médio porte, devido, entre outros fatores, às difi-

com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta das unidades

culdades das famílias de baixa renda em ter acesso à terra urbana. Hoje, 82%

habitacionais. A matéria determina, ainda, a regularização fundiária e urbani-

da população brasileira vive na área urbana. A conseqüência é a acentuada

zação de áreas ocupadas pela população de baixa renda, mediante preceitos

proliferação de assentamentos humanos informais em áreas ambientalmente

especiais que consideram as normas ambientais e a situação socioeconômica

vulneráveis, como as de preservação ambiental, encostas e topos de morro,

da população.

matas nativas e margens de mananciais e de cursos d’água.

A partir do Estatuto das Cidades, a legislação urbana iniciou uma nova fase

A maior parte dos problemas ambientais das cidades, deve-se destacar,

no que diz respeito aos critérios de sustentabilidade. Há referência expressa ao

tem sua origem no processo de expansão urbana, relacionado ao parcelamento

direito à moradia, ao saneamento, à infra-estrutura urbana, ao transporte, aos

do solo. A implantação de loteamentos nas periferias tende a ser problemáti-

serviços públicos, ao trabalho e lazer e à adoção de padrões de produção, consu-

ca, seja pela localização inadequada, seja pela ausência de benfeitorias e de

mo de bens e serviços e de expansão urbana, compatíveis com esse conceito.

infra-estrutura adequadas no projeto, ou mesmo por problemas no traçado do sistema viário.

No entanto, para a mudança efetiva da realidade habitacional e urbana do País, onde favelas, palafitas e cortiços fazem parte integrante da paisagem

Podemos classificar a cidade em duas partes: a formal – onde moram,

urbana, é imprescindível o empenho das políticas públicas federais, estaduais

trabalham, circulam e se divertem os grupos que têm acesso aos melhores

e municipais. A meta deve ser a redução da carência de moradia para signifi-

investimentos públicos; e a informal – onde trabalha, circula e têm seu lazer a

cativa parcela da população brasileira.

população de baixa renda. Estes últimos moram em favelas e em loteamentos

Neste contexto, a participação dos profissionais de Engenharia, Arqui-

irregulares e ilegais, que se expandiram sem a ação efeti-

tetura e Agronomia é fundamental. Por meio de suas entidades sindicais e

va do poder público na dotação necessária dos serviços e

associativas ou do sistema CONFEA/CREAs, podem oferecer seu saber técnico

equipamentos urbanos básicos.

e experiência, além de capacitar a sociedade para a importância de pensar o

Um passo importante para política urbana brasileira foi

desenvolvimento econômico associado às possibilidades do meio ambiente,

a implementação da Lei nº 10.257/01. Intitulada Estatuto

aliando-o à inclusão social. Desta forma, ajudarão a construir uma sociedade

das Cidades, inseriu, dentre suas diretrizes, a simplificação

mais justa e democrática para as presentes e futuras gerações.

Arquiteta Stela Maris Ruppenthal DIVULGAÇÃO/CREA-SC

14 | ÁREA | DEZEMBRO 2006

1ª Vice-Presidente do CREA-SC | arqstela@terra.com.br


Um negócio gerado a partir de uma amizade põe a prova o ditado “quem não tem competência não se estabelece”. E Paulo Rosatto, o Paulinho, impulsionado pela Imaginarium, se estabeleceu

UMA JANELA de uma casa antiga é recuperada e, em lugar dos vidros, espelhos. Foi assim que Paulo Rosatto, administrador de empresas e designer por força do destino, iniciou seu relacionamento de sucesso com a Imaginarium, da qual é fornecedor de objetos decorativos – e inusitados - há 10 anos. Hoje, Paulo tem um mix de mais de 50 itens e uma produção de 4.000 peças por mês, 90% direcionada para as 70 franquias da rede Imaginarium. Na sua loja, Fatto a Mano, no Canto da Lagoa, em Florianópolis, entre as massas e antepastos artesanais que produz, estão peças de decoração únicas, que já saíram de linha, oferecidas a preço de fábrica. Tudo começou por acaso, no Rio de Janeiro, fruto da sua amizade com o casal Luiz Sebastião Rosa, médico, e Karin Engelhardt Rosa, arquiteta, proprietários da Imaginarium. “Ficamos muito amigos e eu vim para Florianópolis gerenciar a primeira loja deles, na rua Bocaiúva, que também funcionava como bar e cafeteria”, conta Paulinho, como é conhecido. Com o tempo, arrendou a loja e arriscou-se a criar suas próprias peças – o tal espelho com janela de demolição. Deu tão certo que passou a fornecer o produto para as 15 franquias que a marca detinha na época. “Começou de brincadeira”, lembra. A janela, que passou a ser fabricada a partir de material de refugo das marcenarias, não é mais produzida. A reciclagem tornou-se o diferencial do trabalho de Paulo Rosatto, que entra em sua oficina, no bairro Campeche, com uma caixa de garrafas de vinho. Delas, cria copos com o símbolo da reciclagem grafado a jato de areia que estão sendo vendidos para a Tok&Stok. “Eu gosto de trabalhar com materiais reciclados e evito a madeira. Agora estou pesquisando os usos do bambu”, adianta. Paulinho também tem feito trabalhos personalizados para empresas. “Criamos

FOTOS: EDU LYRA

luminárias, tapetes e espelhos pa­ra um hotel por indicação de um ar­­quiteto”, acrescenta. Entre os segredos do sucesso de Paulinho está o bom humor de suas peças, como o relógio Zuzubem?, que opera no sentido anti-horário

BEMFEITO

Chance

talento


BEMFEITO

No sentido horário, porta-temperos em alusão às famosas calçadas do Rio e de São Paulo, o tradicional relógio em vinil, o castiçal Sputinik e os copos feitos de garrafas de vinho 16 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


Espelho fabricado com janela de demolição. O primeiro trabalho do designer tem espaço reservado no ateliê

Matéria-prima

Além da criatividade e da dedicação, o trabalho de Paulinho também envolve a preocupação com o meio ambiente. A reciclagem, para ele, é fundamental Num canto da oficina, pilhas de discos de vinil que são transformados

Paulinho não se considera designer; entretanto, segue a risca a cartilha:

em cestas, porta-CDs, porta-bilhetes e relógios. Relógios, aliás, há de todos

estuda a viabilidade das peças, analisa a produção e a logística, com muita

os formatos e tipos de materiais. Um deles, inclusive, funciona em sentido

responsabilidade. Em sua equipe, formada por seis pessoas, estão estagiários

anti-horário, batizado Zuzubem? pela Imaginarium. Outro, de vinil, ganhou o

de Design. A filha cursa o segundo ano da faculdade de Design e talvez venha a

selo da coleção Skol Beats, numa parceria da loja com a cervejaria. Em outro

dar suporte para a empresa mais tarde. Porém, para ele, é preciso talento. “Boas

canto da oficina-quase-fábrica, estão de-

idéias não se aprendem na faculdade”, arremata. E a criatividade é o grande

zenas de palets de garrafas de vidro para

patrimônio desta empresa e, também, o diferencial contra a desleal concorrência

o castiçal Sputinik. “Usávamos garrafas de um tipo de suco, mas não as encontrávamos em quantidade suficiente para produzir em escala”, explica. Alumínio, ferro, plástico e tecido também são matérias-primas.

Boas idéias não se aprendem na faculdade

dos importados, principalmente de produtos chineses. “Eles começaram com os calçados, tecidos e agora exportam objetos de decoração”, reclama. Daí o investimento na profissionalização da equipe e do processo e a expansão para outros mercados. ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 17


PAPOSÉRIO

Regulamentação. Quando? Em quase três décadas de tentativas pelo reconhecimento e definição das responsabilidades, direitos e deveres do designer, pouco avançamos

APÓS 26 ANOS, desde os primeiros debates sobre a importância de regula-

é conferida apenas aos profissionais de áreas regulamentadas, para que te-

mentação da profissão de Design, acompanhamos o amadurecimento dos

nham seus deveres e direitos resguardados perante um registro legal. Daí vem

pensamentos, mesmo que aos poucos, e da estruturação da profissão em

a dúvida: e no Design, quem nos resguarda legalmente?

torno do dilema da viabilidade da sua regulamentação. Vivemos em um país

Santa Catarina é o segundo entre os estados brasileiros com o maior

onde tudo tem de ser regulamentado para ser reconhecido e ter definidos

número de cursos de graduação em Design. O mercado é diversificado e com

seus direitos e deveres.

grande potencial tecnológico nos mais diversos setores, o que retrata a urgen-

Analisando historicamente, o marco no design brasileiro ocorreu em 1979

te necessidade de organização da profissão. Diante deste cenário e demanda,

com o Projeto de Lei 29.461, do então deputado Athiê Coury. Desenvolvido no

surgiu a idéia de criar uma organização para promover e estruturar ações que

primeiro Encontro Nacional de Desenho Industrial (ENDI), realizado naquele ano

beneficiassem a diversidade do potencial da região. Após anos de tentativas, a

no Rio de Janeiro, o documento foi o primeiro a tratar da regulamentação profis-

Associação Catarinense de Design (SCDesign) foi fundada em agosto de 2005,

sional. Acabou arquivado, inclusive em outras tentativas, de 1983 a 2002. Fato

durante o Simpósio Internacional de Design em Florianópolis. Desde então, a

curioso: na época em que a Constituição Federal de 1988 estava em processo

entidade vem promovendo, intensamente, a cultura do Design nas academias e

de elaboração e aprovação, todos os projetos que tramitavam no Congresso

servindo de suporte aos profissionais do mercado.

foram suspensos e arquivados.

Constatamos recentemente, com o designer Eduardo Fernando Naso, presidente da Associação dos Desenhistas Industriais da Argentina, que a profissão

putado Eduardo Paes e tendo como relatora a deputada Iara Bernardi, o projeto

já está regulamentada numa das províncias argentinas - primeiro passo para a

renovou as esperanças em relação à viabilidade da regula-

expansão para todo o País. No Brasil, o Projeto de Lei está praticamente parado.

mentação. A utilização de instrumentos como a Anotação de

Depende, quase que somente, do interesse organizado dos seus representados,

Responsabilidade Técnica (ART), permite, por meios legais,

sob pena de tornar-se mais um projeto em vias de arquivamento. Percebo a

a identificação, autoria e os limites de responsabilidade nos

urgência do amadurecimento dos designers, para que, quando a profissão for

projetos de quem está inscrito num conselho federativo,

legalmente reconhecida em nosso País, sejamos capazes de organizá-la de for-

onde o mais conhecido é o CREA. A certificação, no entanto,

ma coerente e responsável.

DIVULGAÇÃO

Em 2003 foi criado o PL 2621, atualmente em discussão. De autoria do de-

Adriano Wagner dos Santos 18 | ÁREA | DEZEMBRO 2006

Bacharel em Design de Produto | Presidente da SCDesign | Associação Catarinense de Design | www.scdesign.com.br


do século XXI

ZÉ AFONSO/SXC

Mesmo sob diferentes interpretações, o Design é uma unanimidade. Profissionais de diferentes áreas travaram um importante e interessante debate sobre o tema no 23º encontro do Clube de Propaganda e Marketing de Santa Catarina, realizado no dia 9 de outubro no auditório da Brasil Telecom, em Florianópolis. Revelaram, a partir de suas experiências e conceitos, que o Design, apesar de às vezes incompreendido, é inquestionável. Confira, nas próximas páginas, algumas dessas impressões.

ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 19

DEBATER

Design. A ferramenta


DEBATER

DESIGN – É a grande ferramenta de diferenciação para todos os modelos de

DESIGN - Aproxima as pessoas do

DESIGN - É a atividade-meio que

negócio no século XXI. Durante muito tempo, o importante era a funcionalidade.

produto.

promove a qualidade de vida do ser

Depois, preocupou-se com a estética. E, por anos, eles esqueceram de andar

FOTOGRAFIA X DESIGN – Caminham

humano, com base no projeto e na

juntos. Hoje, é preciso voltar-se para a estética pela funcionalidade.

juntas e juntas funcionam melhor

criatividade.

LUXO – Shakespeare já dizia que se tirar do homem a sensação de prazer, ele

PUBLICIDADE X DESIGN – Duvido

DESIGNER – A formação se dá de

será levado à condição de animal. Será difícil compreender que todo o homem

que uma agência tenha expertise

duas formas: a formal, acadêmica,

precisa de algum excesso para viver? Supérfluo é o ânimo e o estímulo da vida.

para lidar com Design. As atividades

e a informal, feita a partir da obser-

O luxo sempre existiu, mas era uma atividade isolada, da burguesia, e familiar. A

são complementos, às vezes, de uma

vação, da influência externa. Muitas

aristocracia passou por transformação, o dinheiro mudou de mãos e a atividade

estratégia de comunicação.

boas sacadas vieram da natureza

de luxo profissionalizou-se, até a criação do conglomerado Louis Vuitton – uma

VITRINES. DESIGN COMUNICA? – De­

para resolver um problema.

empresa que fatura 17 bilhões de dólares e detém marcas como Dior e Moet

sign comunica, mas pouco. O que vale

LUXO – Temos que lembrar que todo

Chandon. O que era pequeno e familiar, tornou-se um grande negócio. Mostra,

é a comunicação da publicidade. Ela

esse luxo gera muito lixo e o designer

com ferramentas, técnicas e diferenciais para fugir da concorrência do preço.

é que passa a emoção e vai influen-

também tem que pensar nisso.

O luxo fatura 210 milhões de dólares diretamente e 425 milhões indiretamente,

ciar a tomada de decisão no ponto de

MARCA – Uma marca precisa nascer

considerando o ‘novo luxo’, como a HStern. Por que o luxo cresce? Porque o

venda.

bem, com gestão adequada, controle

mundo é cada vez mais impactado pelo estético, pela forma, pelo emocional. Se

da presença no mercado, garantias

não se discute mais a qualidade, então onde está a tomada de decisão? Naquele

de que será utilizada. Muitos projetos

que melhor se comunica com você. É uma atividade em crescimento que encon-

de identidade visual já nascem com

tra uma sociedade à espera e o resultado é combustão total. O homem precisa

problemas, maduro e bruto.

disto? Não. Mas pode? Pode. Por isso, não faça melhor depois, faça excelente

DESIGN PARA DIFERENTES MÍDIAS

agora e depois faça diferente.

– Planejamento e equipe multidisci-

MERCADOS – O berço do Design contemporâneo é a Itália, que roubou da França

plinar, com a participação do cliente a

o mercado. Porém, dois países ainda irão surpreender em idéias: a Índia, que in-

partir da capacidade de investimento.

veste muito em educação, e a China, que é o paradoxo do século por ser a maior

MERCADOS – Dependendo do que

fábrica do mundo de cópia e o maior mercado consumidor. O País que desfruta no

se pretende, em Santa Catarina, e

mundo do Design é o Brasil, por entregar uma visão cool, leve, de fácil degusta-

mesmo nesta sala, há muitos bons

ção e entendimento. Se o Brasil conseguir dar forma e gestão para esta expansão

profissionais.

intuitiva do Design, estaremos consolidados. Santa Catarina precisa quebrar a cultura industrial e surpreender o Brasil naquilo que melhor faz: proporcionar sensações. A Hering e a Colcci surpreendem. É preciso abandonar aquele papo babaca de que o Brasil é o país do futuro, que tem dificuldades. Está na hora de assumirmos este choque de gestão, não repetindo mais isso. PRODUÇÃO EM MASSA – A sacada do consumo se deu pela democratização do Design.

Carlos Ferreirinha – Convidado Gláucio Chagas Lima – Pu-

MART1N/SXC

FOTOS: RENATO GAMA/DIVULGAÇÃO

especial no evento, Ferreirinha é referência nacional sobre o Negócio de Luxo. Sócio da MCF Consultoria, a qual fundou há 5 anos, atua há mais de 10 no Gerenciamento Total de Operações, Desenvolvimento de Negócios, Marketing, Vendas e Comunicação como Executivo de empresas como EDS – Eletronic Data Systems e Louis Vuitton.

20 | ÁREA | DEZEMBRO 2006

blicitário, também cursou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFSC e Artes Plásticas da UDESC. Já trabalhou na D/ Araújo como diretor de arte e de criação e tornou-se sócio da empresa. Em 1996 fundou a Fórmula Grey, da qual é vice-presidente de criação.

Alexandre Wisinteiner – Gra-

duado pela UDESC em arte-educação com especialidade em desenho. Designer pleno com enfoque no planejamento e gestão do Design, é sócio da LEX Gestão de Marca.


DESIGN - É o esforço criativo para

DESIGN - Não é aplicado só à funcio-

DESIGN – É um pouco de tudo. Estéti-

DESIGN - É o processo mental de inter-

solucionar problemas, com projeto

nalidade, mas também ao estilo. É o

ca + tecnologia + funcionalidade =

venção sócio-cultural, que trafega en-

para ser produzido em escala basea­

grande atrativo atual, principalmente

estética funcional.

tre as ciências humanas e as ciências

do em conceitos e estética.

em relação ao luxo. Amplitude do ter-

MERCADOS – Santa Catarina, Porto

culturais. Percebe-se a sensação que o

DESIGNER – A escola abre as portas

mo e da aplicação de projetos.

Alegre, São Paulo, Itália, França, In-

produto evoca e, a partir daí, desenvol-

da informação, mas a cultura é im-

FOTOGRAFIA X DESIGN – Aumentou

glaterra e Japão são os mais avança-

ve-se o repertório, com planejamento,

prescindível, em qualquer profissão.

muito a possibilidade de atuar no De-

dos em relação ao Design.

pesquisa, criatividade. A linguagem

DESIGN PARA EMPRESA DE SERVIÇOS

sign a partir do advento do Macintosh.

DESIGNER X ESTILISTA – Nem todo o

formal será definida a partir das sen-

– Design pode ajudar todo mundo. Pode

A fotografia e as artes gráficas andam

designer é estilista. As duas coisas se

sações. Tornar o produto inteligível é

ajudar a empresa a descobrir a sua

juntas. Tudo é Design. A fotografia é

confundem, mas não são similares.

o papel do designer. A estética é uma

identidade, pode traduzir o ambiente

Design puro. Não existe desassocia-

O Design tem que ser pensado para

tática que causa muita comoção.

e a marca; enfim, pode tudo. Porém,

ção entre ambos.

um produto em massa, baseado num

DESIGNER – A UDESC é uma das me-

precisa ter um norteador e, portanto, a

DESIGN PARA DIFERENTES MÍDIAS

conceito, num projeto.

lhores escolas de Design e o material

empresa precisa se conhecer. Se não,

– Há que se respeitar o tempo relativo

LUXO – É muito de marketing, assim

humano em Santa Catarina é bastante

ela vai querer usar o Design como um

das mídias; o tempo do homem em

como o Design.

privilegiado. Experiência e formação

braço e não como a cabeça. O designer

frente à TV, ao computador ou lendo

MARCA – É a identidade do produto.

acadêmica são simbióticos. A Acade-

tem um cabedal de conhecimento para

uma revista. Há a profusão das três

mia dá os processos, as teorias. As

traduzir uma empresa.

mídias, todas visuais. O Design, as-

vivências, cases, viagens também são

MARCA – Branding se faz com um

sim como a fotografia, deve ser pen-

importantes e nunca são o bastante,

bom marketing e um bom marketing

sado para cada mídia.

não só em relação à criatividade e à

se faz com um bom designer.

VITRINES. DESIGN COMUNICA? – A

estética. O coeficiente artístico faz

VITRINES. DESIGN COMUNICA? – Hoje

aplicação do Design ao vitrinismo e

parte do processo, mas são miríades

se diz que o Design segue a mensa-

às gôndolas pode ter valor agregado

de percepção. Num país de consumo

gem. Antes se dizia que a forma se-

na ergonomia, estilo, praticidade. Às

emocional, é claro que a estética já

guia a função.

vezes tomamos uma decisão pelo De-

cumpre o papel para dar o start.

PRODUTOS EM MASSA – Até a re-

sign mesmo sem perceber.

LUXO – É o fetiche, alegoria, simbolo-

volução industrial, os produtos eram

gia distintiva, serve para buscar uma

feitos artesanalmente. Após, a produ-

representação.

ção passou a ser feita em escala. O

MARCA – Isto é muito sério. Todo o

design surge como uma nova maneira

sistema deve ser bem pensado, inclu-

de conceber o produto para produção

sive na questão nominativa.

em massa. Por isso, Hair Design não

VITRINES. DESIGN COMUNICA? Design

é Design, porque não pode ser produ-

é o modulador do sensório.

zido em escala.

Lígia Fascioni – Engenheira Eletri-

cista, é Mestre em Automação e Controle Industrial, Pós-graduada em Marketing e Doutora em Gestão Integrada do Design. Autora do livro “Quem sua empresa pensa que é?”, é consultora empresarial na área de gestão da identidade corporativa.

Fábio Cabral

– Fotógrafo publicitário e artístico de moda há 10 anos. É diretor de fotografia de comerciais e longa metragens, com 25 anos de mercado.

Patrícia Costa

– Publicitária e administradora de empresas, é diretora do departamento de produções e eventos da Propague Promo. É experiente na área de moda, com a produção de figurinos para desfiles, filmes e anúncios.

Calligaris Neto – Designer com

especialização em Moda: Criação e Produção pela UDESC, é graduado em Comunicação Visual pela UnG / SP. Já trabalhou como Programador Visual da marca ELLUS e exerceu a função de Designer Pleno na espaço Z DESIGN (SC). Atualmente, é professor no curso de Design Gráfico na UDESC, realizando pesquisas nas áreas de abrangência em Moda e Design.

ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 21


DEBATER

E quem precisa de Design?

A valorização do Design passa pelo entendimento de que se trata de um elemento de gestão dos negócios e ferramenta essencial para o alcance da produtividade, qualidade, competitividade e para agregar valor a produtos e serviços A DIFUSÃO DA IMPORTÂNCIA do Design tem sido a meta da Design Catarina,

sendo planejado um almoço de negócios na região para 2007. Em Xanxerê,

entidade sem fins lucrativos criada pelo Sebrae/SC e pela FIESC no ano pas-

com público majoritário de estudantes, o debate centrou-se em mercado de

sado. Certificada com o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse

trabalho e competitividade.

Público (OSCIP), a associação reúne instituições de ensino e de tecnologia

A Design Catarina também presta serviço às MPEs por meio dos Núcleos

na missão de conscientizar os micro e pequenos empresários da utilidade do

de Inovação do Design (NIDs) instalados nas instituições integrantes. No ano

profissional do Design dentro de sua empresa.

passado, a associação realizou o 1º Design Catarina para MPEs, reconhecendo

Para atender a sua principal função, a Design Catarina promove ações de conscientização, como cursos, premiações, palestras e workshops. O 1º Ciclo

cases que demonstraram a utilização do design para agregar valor aos produtos. A segunda edição está programada para julho de 2007.

de Palestras, realizado entre novembro e dezembro, levou o tema para os em-

A promoção da cultura e a divulgação da qualidade do Design catarinense

presários da Capital e das regiões Oeste e Norte do Estado. Doutora em Gestão

no país e no exterior também fazem parte dos objetivos da Design Catari-

de Design pela UFSC e pelo Politécnico de Milão, a professora Lia Krucken, da

na, que igualmente se propõe a promover a capacitação e o aperfeiçoamento

Universidade do Estado de Minas Gerais, apresentou a importância do Design

da área, apoiar e disseminar a proteção legal do Design e realizar estudos e

em seus encontros. “Em São Miguel do Oeste, por exemplo, muitos participan-

pesquisas. A partir destas iniciativas pretende promover o desenvolvimento

tes associavam Design apenas à moda, sem qualquer noção do profissional.

econômico e social, por meio da criação ou aperfeiçoamento de oportunidades

O tema foi tão interessante que eles pediram mais palestras informativas”,

de trabalho e renda, com agregação de valor a produtos e serviços com a

destaca Milton F. Borges, coordenador da Design Catarina. Segundo ele, já está

aplicação do Design.

22 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


ANTES

Prêmio

Realizado em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-SC), Sebrae/SC

e Rede Design Catarina, com o apoio de diversas instituições, o Prêmio Design Catarina MPE 2005 revelou 12 bem sucedidos cases do uso de Design por micro e pequenas empresas catarinenses. Para eleger os vencedores, os jurados basearam-se em critérios como diferencial de desempenho empresarial, qualidade técnica, inovação, aplicabilidade e impacto social. Um dos premiados foi o case da embalagem premium para a cachaça Beleza, da Indústria de Derivados Cana-de-Açúcar Ltda., de Itapiranga (SC). FOTOS: DIVULGAÇÃO

Desenvolvido pelo designer Eugênio Merino, o projeto deu origem a uma embalagem em formato cilíndrico, com diâmetro de 86 mm e 290 mm de altura, utilizando, como materiais, papelão ondulado no seu miolo e alumínio estampado e polido na sua base e na tampa. Cola industrial e rótulos adesivados

DEPOIS

fixam as partes. “As organizações, quaisquer que sejam, precisam se diferenciar. E o Design é uma das ferramentas que potencializa evidenciar as virtudes de cada um, de forma consciente e efetiva, num trabalho integrado entre áreas afins”, argumenta Merino. Para a fabricante da cachaça, o processo foi uma excelente oportunidade. “Não tivemos este tipo de orientação no início, por isto é que somos muito gratos. Estamos cientes de que precisamos melhorar. Devemos considerar e destacar em nossos produtos a sua origem e qualidade, juntamente com a forma de produção familiar, que nos caracteriza e diferencia”, reconhece Cornélio Rohden, proprietário da indústria.

Design Catarina Associação civil criada pelo SEBRAE e FIESC com a participação das seguintes instituições: Universidade do Vale do Itajaí (Univali); Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc); Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), por meio da Fundartec; Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio da FEESC; Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate); e Instituto GENE. Núcleos de Inovação do Design (NIDs): > Artesanato, vinculado ao curso de Design da UDESC; > Cerâmico, ligado à Engenharia de Materiais da UFSC; > Moda, associado ao Design da Univali, em Balneário Camboriú; > Mobiliário, vinculado ao curso de tecnólogo de Design do SENAI, em São Bento do Sul; > Embalagem, associado ao Design da Unoesc, em Xanxerê; > Metal Mecânico, ligado ao curso de tecnólogo em Design da Unoesc, A cachaça Beleza em sua antiga embalagem e de

em São Miguel do Oeste.

visual novo. O case rendeu à indústria, de Itapiranga, o Prêmio Design Catarina 2005 ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 23


UPNEWS

LANÇAMENTO

Coletivo

Por Paulo Guidalli

As últimas novas da Arquitetura e do Design no Brasil e no exterior

IDÉIAS SEMELHANTES sobre a cidade de São Paulo servem de ligação entre seis escritórios paulistas que traçaram um recorte da produção contemporânea da arquitetura local no livro “Coletivo – 36 Projetos de Arquitetura Contemporânea”, lançado pela editora CosacNaify. Os pensamentos ideológicos de João Batista Vilanova Artigas e de Paulo Mendes da Rocha instigaram o grupo, constituído por arquitetos formados pela FAU-USP entre 1986 e 1996, à criação de projetos arquitetônicos éticos, mais que estéticos. O livro é resultado da exposição homônima que aconteceu em São Paulo entre agosto e novembro desse ano. A idéia é que o projeto possa contribuir para uma visão mais profunda e humana da cidade, para que haja

FOTOS: DIVULGAÇÃO

uma interferência positiva no futuro dos espaços vitais.

Paulo Guidalli comanda um escritório de marketing em Cu­ritiba, desenvolvendo estratégias para empresas de Arquitetura e Design. É colaborador de diversas publicações, entre elas a Revista Área. 24 | ÁREA | DEZEMBRO 2006

Idéias arquitetônicas tão éticas quanto estéticas para São Paulo estão reunidas no livro “Coletivo”. De cima para baixo, o Centro Universitário Maria Antonia, desenhado por Una Arquitetos, e a EE Roberto Marinho, criado por Morettin Arquitetos


FOTOS: PAUL TAHON E R & E BOUROULLEC

The Floating House OS IRMÃOS RONAN e Erwan Bouroullec construíram uma carreira rapida-

por uma comissão de profissionais em 2002, convidados através do Centro

mente ascendente no mundo do Design. Isso se deve à qualidade e origi-

Nacional de Arte Contemporânea da França. Além dos irmãos Bouroullec,

nalidade do trabalho, além do fato de terem sido descobertos pelo arquiteto

os arquitetos Jan-Marie Finot e Denis Daversin colaboraram com o projeto.

Giulio Cappellini, em 1997, o que contribuiu para que a dupla pudesse co-

Eles definem as linhas simples da estrutura da casa como uma resposta

locar em prática as idéias de um design radical e funcional. O fato é que,

poética e pragmática ao orçamento extremamente limitado que tiveram para

hoje, o estúdio Bouroullec, instalado na França, é extremamente requisitado

desenvolvê-la. Com uma superfície de 110 m2, a estrutura de alumínio é en-

para a criação de objetos e projetos arquitetônicos conceituais. A França

volvida e delimitada por madeira, em um projeto considerado desafiador. Os

também é o cenário para uma das mais belas criações da dupla: The Flo-

grandes vãos intensificam o contato com a exuberância da natureza em Île

ating House. A Casa Flutuante é um estúdio destinado às artes, no qual

des Impressionnistes. Ronan e Erwan trabalham juntos desde 1999 e, além

artistas residentes e convidados provavelmente encontram muita inspiração

de projetos arquitetônicos como o Floating House, eles assinam produtos

natural para seus processos criativos. A idéia do espaço foi desenvolvida

para Vitra, Cappellini, Ligne Roset e Habitat.

The Floating House, de Ronan e Erwan Bouroullec

ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 25


UPNEWS

20th Interieur Biennale “DESIGN (ED) FOR YOU” foi o tema escolhido para comemorar a 20ª edição da

e sofás até cadeiras e moldes de vidros. Nascido na Argentina em 1964, ele

belga Interieur Biennale, que aconteceu entre os dias 13 e 22 de outubro em

mudou-se com a família para a Suíça aos 13 anos. Lá, estudou arquitetura

Kortrijk. A expressão vai de acordo com o significado que o Design conquistou

e graduou-se em design industrial. O fato de ser destaque da Biennale é a

com o passar do tempo: na década de 1970, ainda estigmatizado como ina-

comprovação da harmonia entre a tradição e a inovação, da brincadeira lúdica

cessível e dispendioso e, hoje, considerado fundamental e universal. Desde

e da energia de suas criações, características que fazem de seu trabalho um

1968, a Biennale construiu uma forte tradição ao promover o que há de melhor

dos prediletos de fabricantes como Moroso, Alias, Iittala, entre outros. Afinal,

no mundo em design de interiores. Nessa última edição, mais de 500 marcas

ele ocupou na Biennale um lugar já freqüentado por Verner Panton, Alessandro

expuseram seus lançamentos. O destaque, como não poderia deixar de ser,

Mendini e Philippe Starck. Quem teve a oportunidade de visitar a mostra, viu

foram as criações do convidado de honra da mostra, o suíço Alfredo Häberli.

que a Interieur também se preocupa com o espaço externo: profissionais ex-

A versatilidade foi provavelmente fator decisivo para a escolha do portfólio de

tremamente conceituados, como o arquiteto inglês John Pawson e a equipe do

Häberli, já que ele transita com a mesma habilidade pelo design de calçados

birô de design CUºBIºST Creations, assinaram a Exterieur 06.

Air chair, de Eugenio Perazza, um dos destaques da 20th Interieur Biennale. Na página seguinte, de cima para baixo, as poltronas Voido, criadas também por Perazza; o conjunto de tigelas Akasma Glass, de Satyendra Pakhalé; e a cadeira Take a Line, da Moroso, desenhada por Alfredo Häberli 26 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


NOVO PRODUTO

Luminária UNUE-L

A luminária pendente UNUE-L é o segundo produto desenvolvido pelo Studio Bizq no estilo Newdeqo. O estúdio holandês destaca-se internacionalmente pela utilização de materiais inovadores e pela invenção do rótulo ‘Newdeqo’, que seria basicamente uma linguagem sem fórmulas preestabelecidas, criado pelo designer Timo Voorhuis. O diferencial dessa luminária é a cúpula de silicone, resistente ao calor. A forma cônica é resultado da busca por um formato que permitisse um efeito visual simples e original: folhas de silicone cortadas a laser que, ao se juntarem, assemelham-se a um cone. Nas palavras de Voorhuis: “Estamos preparados para uma nova geração de produtos decorativos e estou consciente de que a minha através de novos materiais”.

FOTOS: STUDIO BIZQ/NEWDECO.NL

FOTOS: DIVULGAÇÃO

obrigação como designer é criar objetos

Detalhe do filamento de carbono no bulbo da luminária UNUE-L ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 27


Brasilecodesign S PA

N IS

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TENDÊNCIAS

28 | ÁREA | DEZEMBRO 2006

Texto: Letícia Wilson

A marca da diversidade nacional está estampada na produção de diversos segmentos da indústria moveleira e de decoração. À tecnologia, somou-se o artesanal. Ao sintético, o natural. E desta aparente contradição surgiu uma nova linha de criação, que vem sendo reproduzida até no exterior. As coleções 2007 apontam a consolidação desta tendência


LOCAL E UNIVERSAL. Rústico e sofisticado. A brasilidade é percebida pela soma de elementos antes considerados antagônicos na concepção de produtos que revelam a diversidade e a riqueza da cultura nacional. O respeito à natureza transpõe o intocável e a flora nativa passa a compor o mobiliário. Desta relação com o meio ambiente, o chamado ecodesign também ganha mercado, utilizando materiais reciclados e resíduos como matérias-primas.

fibras naturais, pastilhas de coco ou sementes de Jarina; ou da fauna, como

Esta realidade, já tão presente no mercado, veio para ficar, como confirmou

as pastilhas de chifre”, argumenta. Para ela, as composições com estes mate-

o Catálogo Tendências em Mobiliário 2007, produzido pelo Serviço Nacional de

riais, tão familiares aos brasileiros de forma artesanal, na maioria das vezes,

Aprendizagem Industrial (SENAI), que chega a sua quinta edição. A publicação

diferenciam a produção nacional e podem vir a caracterizar um móvel made in

traz uma síntese do que vem se confirmando no segmento, em termos de con-

Brazil. “Temos convicção de que a notoriedade da marca Brasil é um processo

ceitos, materiais e tecnologias, a partir de uma ampla e intensa pesquisa em

natural na evolução dos produtos aqui fabricados”, frisa. Alguns segmentos da

62 livros, sites e revistas, e junto a 97 profissionais e 207 empresas, do Brasil

indústria catarinense, complementa, vêm procurando utilizar materiais alter-

e do exterior. Também foram visitadas as principais feiras e eventos, como o

nativos, não só pelo fato de ser um diferencial, mas como forma de promover a

Salão do Móvel de Milão e a Feira Internacional da Alemanha.

integração social entre artesanal e produção industrial. “Exemplos podem ser

“O objetivo do caderno é proporcionar, ao micro e pequeno empresário,

encontrados em vários produtos. Importante é a divulgação das experiências

acesso às informações”, explica Malis Maria Liebl Keil, gestora do Núcleo de

bem sucedidas que podem ser adaptadas nos diversos setores produtivos”,

Design Moveleiro do SENAI/SC, sediado em São Bento do Sul. Um CD, com cer-

avalia a dirigente. Algumas delas são específicas de uma determinada região

ca de três mil imagens, acompanha o catálogo, distribuídos gratuitamente em

ou cultura. Para Malis, cabe ao designer traduzir o contexto, adaptar à realida-

workshops realizados pela instituição. “Pretendemos criar uma rede difusora

de da empresa, aplicando as tendências de forma mais depurada.

de informações, promovendo atividades voltadas para a reflexão e capacitação

Os consumidores estrangeiros confirmam a preferência. “Eles querem ver

em Design. Também estimular a cultura do uso do estudo de tendências regio-

a brasilidade. O algo a mais que nós temos”, afirma Tiago Lecey, analista de

nais no desenvolvimento de produto, fortalecendo o conceito de brasilidade nos

comércio exterior da Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta

setores do mobiliário e vestuário”, acrescenta.

Decoração (ABIMAD), sediada em Palhoça (SC). Lecey refere-se aos lojistas

É a primeira vez que Santa Catarina participa deste projeto, que envolveu

americanos que lotaram o showroom do Brazilian Furniture na Feira de High

mais cinco Estados (Paraná, São Paulo, Bahia, Alagoas e Acre) e demonstra

Point, nos Estados Unidos, da qual participaram empresas como Formanova,

o crescente interesse do empresariado local. Segundo Malis, a intensificação

MAC Design, Velha Bahia, Tonarte e Saccaro. Segundo ele, integrante da dele-

do conceito da brasilidade e do ecodesign já era previsível, por serem dife-

gação brasileira, diversos importadores demonstraram interesse nos produtos

renciadores da cultura nacional. “Não estamos propondo uma ‘marca Brasil’,

nacionais. “Os EUA são um mercado importante, mas, primeiro, precisamos

mas a utilização dos materiais alternativos e típicos de nossa flora, como as

mantê-lo para depois poder ampliá-lo”, enfatiza o dirigente da entidade, que está trabalhando para aumentar a base exportadora dos seus associados. Atualmente, 37% das vendas externas das empresas da ABIMAD têm como destino o mercado norte-americano.

Quinta edição do Catálogo Tendências em Mobiliário 2007, produzido pelo SENAI: conceitos, materiais e tecnologias ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 29


TENDÊNCIAS

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Defendida há muito por ambientalistas e, agora, valorizada pelos consumidores, a sustentabilidade vem sendo perseguida por empresas de diversos segmentos

A confirmação do mercado Os pequenos e médios empresários do setor dependem de iniciativas como

Empresa do grupo Rudnick, a Móveis Vogue deve seguir a linha da bra-

a do Catálogo de Tendências do SENAI para ganharem competitividade. “Esta é

silidade em 2007 nos seus modulados de alto padrão. “Estamos trabalhando

uma experiência fantástica e o catálogo é muito bem elaborado”, avalia Mau-

para alguns lançamentos com fibras naturais”, adianta o gerente de marke-

rício Fernandes Trevisan, designer sênior do Grupo Rudnick, uma das fontes

ting do grupo, Roy Rudnick. A Vogue voltou à ativa em julho deste ano, após

consultadas na produção da publicação em Santa Catarina. Ele destaca que

quase uma década fora do mercado, com a inauguração da primeira loja, em

sua empresa sempre designa um profissional para acompanhar as principais

Florianópolis.

feiras internacionais, como a de Milão, visitada por ele este ano. “Nós temos

A Todeschini já revelou sua novidade nesta área e lançou, em outubro,

condições, mas os pequenos não. E o catálogo garante a eles uma amplitude

a Coleção Natural Life, que utiliza padrões madeirados que reproduzem – ao

do que é o mercado e do que precisam”, considera o designer. Trevisan confir-

máximo – os acabamentos naturais, com veios e desenhos marcantes, se-

ma a tendência da brasilidade e do ecodesign já apresentada na feira italiana.

melhantes aos encontrados na natureza. O mobiliário é produzido 100% em

“Os padrões amadeirados, revelando texturas, estão voltando. Na fórmica, de-

MDF E1 - classificação européia que identifica os produtos com baixa emissão

talhe dos veios. E muitas sementes integradas aos móveis”, conta.

da substância tóxica formaldeído. “Nossa preocupação não é só atender as

As referências apontadas pelo SENAI também orientam as empresas ex-

exigências do mercado internacional, mas também a de promover o bem estar

portadoras. “É muito importante conhecer a cultura do país para o qual será

e a saúde de nossos colaboradores e clientes”, salienta o presidente da Todes-

destinado um novo produto, para se obter sucesso de vendas”, ressalta a

chini, João Farina Neto.

designer Kátia Regina P. Peixer, da Móveis Polska. A indústria, de São Bento

A sustentabilidade defendida há muito por estudiosos e ambientalistas e,

do Sul, fabrica mobiliário em madeira de pinus para exportação aos Estados

mais recentemente, valorizada pelos consumidores, vem sendo perseguida por

Unidos. “Um produto destinado ao mercado norte-americano, por exemplo,

empresas de diversos segmentos. As indústrias cerâmicas crescem e inves-

tem conceitos e dimensões ergonômicas totalmente diferentes dos produtos

tem cada vez mais diante deste cenário. “Os revestimentos são, naturalmente,

direcionados aos países europeus, assim como para os países asiáticos e ao

uma alternativa baseada na sustentabilidade, dado que a extração possibilita

nosso próprio mercado nacional”, justifica. Kátia reconhece, porém, que há

a recuperação das áreas. O conceito fica mais evidente nos porcelanatos, que

tendências mundiais que inspiram a criação de novos produtos, como a inser-

se tornaram a grande alternativa para substituir as pedras naturais, que agri-

ção de peças, no mobiliário, em materiais diferenciados, como vidro, acrílico e

dem muito o meio ambiente”, conceitua o gerente de marketing da Portobello,

metais, e a utilização de cores e texturas da atualidade.

Edson Moritz.

30 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


A empresa foi ainda além em uma de suas mais recentes linhas: a Eco-

A indústria catarinense Renaux Moda Têxtil também apostou na tendência

wood, apresentada na Cersaie 2006, maior feira mundial do setor, realizada

de uso de materiais naturais e inseriu tecidos de fio tinto produzidos com fibra

em outubro, na Itália. “É uma alternativa para substituir o uso da madeira,

de bambu em sua coleção 2007, batizada de Crisálida. Inédito no Brasil, o

tendo em vista que seu design é muito próximo ao natural”, argumenta Moritz.

produto foi desenvolvido para diferentes aplicações, tanto em moda como em

O novo produto é um porcelanato com aparência de madeira de demolição e

homewear, um novo segmento para a empresa. De acordo com a indústria,

formato semelhante ao de tábuas. A textura dos veios da madeira também está

os tecidos são mais macios e leves, quatro vezes mais absorventes que o

evidenciada nas peças, produzidas nos tamanhos 15X90 cm e 22,5X90 cm e

algodão. Possuem proteção natural aos raios UV e têm características bacte-

nas cores pátina branco, pátina marfim, freijó, cedro e canela. A linha dispõe,

riostáticas, que impedem a proliferação de bactérias na peça, naturalmente. O

ainda, de mosaicos nos formatos 30X30 cm e 22,5X45 cm. De acordo com Mo-

fio de bambu é importado da China e é tingido antes de seguir para a tecelagem

ritz, a Ecowood deverá estar em todos os pontos de venda do Brasil em janeiro

na indústria, pioneira no país a tecer fio tinto em larguras superiores a três

e continuará sendo promovida no próximo ano. Mas vem mais por aí. “Há uma

metros. “Cada vez mais a moda está presente na vida das pessoas, também

grande novidade para 2007, em fase final de criação”, diz ele, sem adiantar

dentro de casa – nas roupas de dormir, nas roupas de cama, nas cortinas. Es-

qualquer pista, apenas que será conhecido na feira Revestir, que acontecerá

tamos oferecendo soluções de moda também para este mercado de interiores”,

em março, em São Paulo.

diz Armando Hess de Souza, presidente da empresa. O hometheater da Móveis Vogue, no alto à esquerda, foi produzido em lâmina de madeira Roveri Natura no tom Grofato Marrom com portas de alumínio. À direita e no detalhe, o novo porcelanato da Portobello. As texturas à esquerda são da Renaux Moda Têxtil, que misturou fibra de bambu aos tecidos. Na página anterior, os padrões amadeirados da coleção Natural Life, recém-lançada pela Todeschini

ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 31


TENDÊNCIAS

As cores de 2007 Ditando tendências de tons para as indústrias dos mais variados segmentos desde a sua fundação, em 1983, o Comitê Brasileiro de Cores (CBC), em conjunto com o Centro de Estudos da Cor para América Latina, lançou a cartela de cores CECAL 2007. Desta vez, trabalha com três harmonias de cores: Oásis,

Cartela de cores CECAL Rosa

Lavanda

Fucsia

Ameixa

Carmim

Girasol

Salmão

Vermelho Chinês

04.02.18.2 CL

04.06.32.2 CL

07.22.43.8 CL

07.20.51.9 CL

07.17.21.8 CL

07.20.12.6 CL

07.15.13.5 CL

07.24.24.9 CL

Bolero e Orgânica. Para apresentar as novidades ao mercado, o Comitê propôs a indústrias de diversos segmentos a inserção das novas cores no mobiliário e em outros materiais que compõem as cozinhas. Desde o dia 16 de outubro, os showrooms das 20 empresas participantes do projeto “Colorindo a Cozinha”,

Bolero Remete à latinidade, buscando regionalismos culturais e sociais de cada país. Luna

Jeans

Marinho

Kiwi

Amazonas

Ametista

Menta

Pavão

04.04.42.2 CL

07.12.38.5 CL

07.22.45.9 CL

07.20.22.4 CL

04.21.35.8 CL

02.19.57.8 CL

07.20.41.6 CL

07.18.56.8 CL

em São Paulo, estão apresentando as combinações possíveis. “A globalização que assolou a casa do indivíduo – e ele ainda não percebeu isso – vem obrigando as pessoas a buscarem uma praticidade que, de tão obsessiva, se expande em algo que poderia se chamar de ‘pratiburrice’”, argumenta a consultora Elisabeth Wey, criadora da cartela CECAL e idealizadora do projeto. Ela

Oásis São cores das atmosferas reconfortantes e revitalizantes. Na busca por um contraponto cromático, foi utilizada, desta vez, uma tonalidade violácea (ametista). Nas cores de baixa freqüência, destacamse pavão e jeans que serão grandes vedetes da coleção 2007. Cobre

Tangerina

Dourado

Pelle

Moca

Sépia

Iceberg

Chumbo

04.12.10.3 CL

07.10.15.8 CL

04.16.15.6 CL

07.63.58.1 CL

07.07.08.9 CL

07.06.30.8 CL

07.63.58.1 CL

04.07.36.9 CL

explica que escolher o branco é mais fácil, pois não há riscos de arrependimento. “Muitos acreditam que o branco é fácil de limpar. Um terrível engano. Na verdade, o branco é muito mais fácil de sujar, física e abstratamente falando”,

Orgânica A vida é como ela é: terra, musgo, pedra, minerais, resíduos de coisas que um dia tiveram saturação, permanecem com suas características básicas de perenidade e solidez.

justifica ela no catálogo do projeto. A Formaplas Cozinhas é uma das empresas que aderiram à proposta. “Foi

Em relação a materiais, Walter Martinez frisa que as escolhas têm de ser

um balão de ensaio, para verificar a receptividade. Sempre fomos muito reti-

responsáveis. “Cozinha é uma fábrica onde se produz algo, por isso precisa ser

centes em relação ao uso de cores, porque a distância é muito pequena entre

resistente, funcional e higiênica”, ensina. Nesta linha, justifica que a madeira

o sofisticado e o ridículo”, alega o diretor comercial da marca, Walter Martinez.

nunca será forte neste ambiente, nem as lâminas. “São materiais hostis à

Dentre as apostas, estão produtos na linha Bolero da cartela da Cecal, batizada

cozinha, porque mancham e mudam de cor facilmente”, alega. As melhores

de Cozinha Merlot, misturando os tons vinho e grafite. Há, também, opções nas

opções, aponta, são vidro – com mais de 20 tipo de cores e texturas -, aço

harmonias Oásis e Orgânica. “O impacto é muito positivo e as pessoas gostam

e alumínio. “Também estamos desenvolvendo produto para portas e gavetas

muito. A questão é se vão comprar...”, pondera. Entretanto, admite que tende a

com pedra natural”, revela. A pesquisa da Formaplas é intensa. Além de visitar

adotar uma das novas propostas de cores na coleção 2007/2008. Ele acredita que

as principais feiras internacionais, os executivos conferem nas lojas se as ten-

poucas indústrias do segmento devem ‘se aventurar’, considerando que os mó-

dências apresentadas são vendáveis. “O italiano faz bonito, mas nem sempre

veis da cozinha têm vida útil longa e, portanto, devem ter tons mais ‘digeríveis’.

faz funcional”, exemplifica.

Há 40 anos no mercado, é a primeira vez que a Formaplas Cozinhas testa cores mais ousadas, como na linha Merlot (à esquerda), que segue a harmonia Bolero da cartela Cecal. À direita, outra proposta da empresa, fabricada em vidro, alumínio e aço, materiais mais adequados ao ambiente

32 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 33


CIDADANIA

Fotos: Edu Lyra

Construir UMA MOSTRA de decoração. Esta é a primeira impressão de quem visita a

trando todos os ambientes e descrevendo o que foi feito ali. A fundadora e

Sociedade João Paulo II, em Palhoça. Desde a fachada tem-se a certeza: um

atual presidente da Sociedade João Paulo II lembra do estado precário das

arquiteto passou por aqui. Contemplada pelo projeto Casa da Criança, uma

instalações e se admira com o preciosismo dos arquitetos em todos os de-

franquia social que reúne profissionais e empresas para a reforma de institui-

talhes. “Repara nestes quadrinhos. E olha só as escovinhas de dentes. E os

ções assistenciais, a entidade teve suas dependências revitalizadas e, mais

brinquedos do pátio? São o boi-de-mamão e a maricota”, vai citando a irmã,

do que isso, ganhou nova vida e ainda mais forças para continuar o trabalho

ainda encantada com o resultado da reforma, inaugurada no dia 19 de setem-

exemplar que desenvolve na comunidade.

bro. Porém, o que fica evidente, é que a dedicação dos profissionais envolvidos

Com muito orgulho e disposição, Alete Alves – a irmã Neves – vai mos 34 | ÁREA | DEZEMBRO 2006

e o apoio das empresas parceiras elevaram a auto-estima das 190 crianças


Arquitetos catarinenses emprestam sua experiência e talento ao projeto Casa da Criança e, em parceria com outros profissionais e empresas da construção civil, revitalizam instituição assistencial de Palhoça e transformam vidas

esperança e adolescentes atendidos pela instituição, todas em situação de risco social.

pedido do próprio doador. “Naquela época, a região era uma favela de pala-

“Tem menino que vem para cá com a chave da casa, tamanha a sua respon-

fitas, com problemas de saneamento básico. Decidimos que nossa prioridade

sabilidade”, conta ela, que, em 34 anos como orientadora educacional, nunca

seria arrumar um ambiente adequado às crianças”, explica irmã Neves. Hoje

passou por tal experiência.

a instituição faz muito mais do que apenas dar educação e alimentação aos

A Sociedade João Paulo II ocupa uma residência com área total de 1,5

menores, oferece aulas de música, cursos profissionalizantes, atendimento de

mil metros quadrados, doada pela família Teski, de Blumenau, que a havia

saúde e psicológico, somando 18 funcionários contratados e outra dezena de

comprado do artista plástico Tirelli. Foi fundada em 26 de junho de 1980, na

voluntários. “Conseguimos, com a benção de Deus, que sempre nos deu per-

mesma época da visita do Papa ao Brasil – daí veio o nome da entidade, a

sistência e fé, para não desanimar”, agradece a religiosa. ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 35


CIDADANIA

A transformação Com imóvel próprio, sem fins lucrativos, atendendo entre 100 e 300 crian-

ampliar as salas de aula; criar um novo espaço de refeições e uma cobertura

ças, em condições de se manter física e financeiramente e precisando, urgen-

para unir os dois blocos da creche; relocar ambientes; incrementar as salas

temente, de reforma em suas instalações, a Sociedade João Paulo II cumpriu

de artes, biblioteca e as dos funcionários; e, é claro, levar mais cores aos

os pré-requisitos e foi selecionada pelo projeto Casa da Criança, que já bene-

ambientes, assim como móveis e objetos.

ficiou 26 entidades em 16 estados brasileiros desde a sua criação, em 1999.

A ação foi coordenada pelo IAB/SC, com a atuação de quatro associados

Esta foi a segunda instituição catarinense atendida. A primeira foi o Centro de

franqueados – os arquitetos Alexandre Gobbo Fernandes, Cristina Piazza, Ju-

Educação Infanto-Juvenil Primeiro São João, sediada em Blumenau, e inaugu-

liano Amboni e Rosana Cervo. Cada um dos 33 arquitetos participantes ficou

rada no início deste ano. O programa de necessidades da Sociedade João Paulo

responsável por procurar patrocinadores para o seu ambiente. Os franqueados

II era amplo e exigia muitos recursos materiais e humanos para viabilizá-lo.

deveriam viabilizar parcerias com empresas para a reforma como um todo,

“Nós verificamos o local e identificamos diversas coisas, entre elas: drenagem

que totalizava 870 metros quadrados. O início, porém, não foi fácil. “Tivemos

total do terreno; substituição de quase 100% dos pisos do térreo, devido a

um atraso de seis meses devido a dificuldades de obtenção da mão-de-obra e

infiltrações de umidade e lajotas descoladas; verificação total da cobertura,

dos materiais necessários. Depois de muita negociação, acabamos diminuindo

com goteiras em diversos pontos; revisão e ampliação do sistema elétrico;

um pouco a área de intervenção, o que possibilitou que um pool de empresas

adequação do sistema hidrossanitário às normas da Vigilância Sanitária; re-

filiadas ao Sistema Sinduscon da Grande Florianópolis nos doasse a mão-

forço estrutural; e separação do fluxo interno da creche do fluxo externo de pais

de-obra. Quando a obra começou, as coisas se tornaram mais fáceis, pois já

e fornecedores”, enumera a arquiteta e urbanista Rosana Montagner Cervo, do

podíamos levar os patrocinadores até lá e mostrar o que estava sendo feito”,

Conselho Superior do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/SC) e responsável

lembra Rosana. No total, 17 construtoras e mais de 50 empresas participaram

por Comunicações e Eventos no projeto Casa da Criança. Era preciso, ainda,

do projeto.

A fundadora e atual presidente da Sociedade João Paulo II, Irmã Neves, ainda se admira com o preciosismo dos 33 arquitetos participantes. Ao lado, a fachada da entidade, também revitalizada. Na página anterior, os corredores coloridos

A realização O projeto parece não ter beneficiado apenas a instituição. “Esta é uma iniciativa fantástica, que traz ao profissional a chance de humanizar seu trabalho

do que uma simples reforma. É o plantio de um embrião de qualidade de vida, de possibilidades...”, ressalta a coordenadora.

e mostrar que, através da arquitetura, podemos transformar vidas, colocar

E esta é uma experiência que ela recomenda a todos os profissionais

colorido no sorriso das crianças, e sonhos onde não existiam. Todos os que

da área. “Nós sabemos que um único arquiteto, onde quer que esteja,

trabalharam neste projeto saíram transformados, tocados de alguma forma

consegue modificar o padrão de entidades e comunidades, pois atua com

com o milagre que fizemos ali”, afirma Rosana. Segundo ela, os familiares dos

criatividade e sai do ‘lugar comum’. O arquiteto consegue fazer mais com

arquitetos e patrocinadores foram envolvidos na reforma e diversos eventos

menos. Porém, o dia-a-dia da profissão, aliado a toda esta panacéia da

foram organizados para promover esta integração. “Este projeto é uma forma

economia brasileira, que faz a todos matarem um leão por dia, retira – ou

de levar condições de uma educação e crescimento saudáveis para uma par-

não deixa entrar – a grande maioria dos profissionais deste meio, que

cela da população que, provavelmente, nunca teria acesso a isto. É muito mais

necessita tanto desta ajuda”, reconhece.

36 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


Refeitório, portal de entrada e sala de atendimento receberam atenção especial dos profissionais. No total, 870 m2 de intervenção

ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 37


ACERVO PESSOAL

ACERVO PESSOAL

ACERVO PESSOAL

CIDADANIA

Estímulo à criatividade A arquiteta Marina Makowiecky assumiu a reforma da Sala de Música e

de placas de isopor”, acrescenta. Bancos independentes foram projetados,

Sala de Instrumentos Musicais. Sua intenção era criar um cenário, ainda que

para serem organizados tipo auditório. Quando dispostos em conjunto, formam

funcional, a fim de proporcionar um ambiente capaz de interferir e estimular

uma grande mesa para ser utilizada em atividades coletivas – neste caso,

a criatividade as crianças – e conseguiu. Os pequenos detalhes da decoração

a clave de sol pintada nos bancos se revela. Um quadro branco substituiu o

evidenciam a dedicação da profissional ao projeto.

antigo e desgastado quadro negro, eliminando a poeira provocada pelo uso de

Marina precisou resolver diversos e importantes problemas. A sala estava

giz nas aulas. “Em uma das paredes, estão dispostos três grandes quadros,

em condições precárias. Em conseqüência da umidade excessiva, o piso de

elaborados com tema musical, que se caracterizam como três grandes janelas

taco de madeira estava estufado, assim como algumas paredes. Não havia

de imaginação e sonhos”, compara Marina. A sala ganhou instrumentos musi-

forro, deixando aparente a viga que dividia o ambiente e prejudicava a acústi-

cais, pufes coloridos, luminárias, armários e equipamentos de som e TV.

ca. O mobiliário também não estava adequado ao uso.

A arquiteta sentiu-se gratificada com a experiência. “Com a ajuda de

Para transformar o espaço, foi retirado o piso de taco de madeira, e após

grandes e pequenas empresas e de muitas pessoas dotadas de boa vontade

a regularização do contra-piso, foi realizada a impermeabilização com massa

apenas, nos foi dada a oportunidade de, através do nosso trabalho e dedica-

cimentícia no piso e em 70 cm de altura nas paredes. Com isso, pôde ser insta-

ção, fazer a diferença na vida dessas crianças. Proporcionamos uma melhor

lado piso vinílico para proporcionar qualidade acústica e conforto ao ambiente.

qualidade no ambiente escolar, no seu aprendizado e, consequentemente, em

“Também para favorecer a acústica, foi colocado forro de PVC acompanhado

suas vidas”, avalia.

O antes e o depois da sala de música, projeto da arq. Marina Makowiecky. No detalhe, um dos quadrinhos decorativos

38 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


O que é

Idealizado pelos arquitetos Patrícia Chalaça e Marcelo Souza Leão, o Projeto Casa da Criança é uma associação qualificada como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), que iniciou suas atividades em 1999, em Recife (PE) com a reforma de instituições de atendiInstalado no corredor, o escovódromo

mento e acolhimento de crianças em situa­

estimula as crianças na hora da higiene. Os

ção de risco social.

banheiros também foram reformados. No pátio, brinquedos que remetem ao folclore ilhéu

Como funciona

O principal objetivo é atender menores da população de baixa renda do País, garantindo acomodações dignas, com instalações adequadas e possibilitando, assim, a assistência nas áreas de educação, saúde, esportes e lazer. Para tanto, em forma de franquia social, firma parceria com arquitetos e designers de interiores que se interessem em realizar o projeto em suas regiões. Eles terão de mobilizar profissionais e empresas para viabilizar a reforma da instituição selecionada – que deve atender a uma série de requisitos.

Resultados

Entidades atendidas no País: 26 Construtoras envolvidas: 961 Profissionais participantes: 1.939 Crianças beneficiadas: 8.630

Informações www.projetocasadacrianca.com.br

ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 39


PROFISSÃO

Para crescer e se consolidar no mercado, sempre tão competitivo, o arquiteto-empresário precisa investir em capacitação e adotar estratégias de qualidade e de otimização de resultados

Dupla jornada

UM ESCRITÓRIO DE arquitetura não se sustenta apenas com talentos, lapisei-

se na Unisinos (RS), onde conheceu o sócio, natural de Erechim; mas ampliou

ras e pranchetas. Software de gestão deve se unir a programas de desenho,

seus conhecimentos com cursos técnicos para capacitar-se à nova função: a de

revelando uma nova realidade enfrentada pelos profissionais, mesmo a con-

empresário. “Eu fiz um curso dirigido a administradores de empresas e a troca de

tragosto. Qualquer iniciativa, entretanto, deve ser precedida de muita pesquisa

experiências é excelente”, considera. No rol de fornecedores do escritório, Rita não

e orientação. “Antes de constituir uma empresa, recomendo a procura de um

dispensa um bom contador e um bom advogado: “eu faço contratos para tudo”. E

profissional que possa orientar sobre tributos, responsabilidades civil e crimi-

o presidente do CRC/SC orienta: “procure contabilistas estabelecidos há bastante

nal”, alerta o contabilista Nilson José Goedert, presidente do Conselho Regional

tempo e busque referências com outros clientes do profissional”.

de Contabilidade (CRC/SC). Segundo ele, este especialista orientará sobre os

Com dez funcionários, dos quais seis são arquitetos, o escritório Mantovani

órgãos de registro da empresa, assim como as penalidades pela não entrega

e Rita implantou um Sistema de Gestão de Qualidade com vistas à certificação

dessas obrigações, custos mensais de tributos e sobre honorários. “Será uma

ISO 9001 para organizar e sistematizar o planejamento, a operação e o controle

análise detalhada para

das atividades. É esta expertise, acumulada em quase três décadas de atuação,

verificar se vale a pena

que Roberto Rita leva para a presidência

ser autônomo ou constituir uma empresa”, explica o dirigente. Para Nilson Goedert, essas orientações podem ser transmitidas ainda nas faculdades. “No semestre de encerramento do curso, para que o profissional já conheça esses fatos quando for ao

Antes de constituir uma empresa, recomendo a procura de um profissional que possa orientar sobre tributos e responsabilidades NILSON JOSÉ GOEDERT

da franquia catarinense da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA), fundada em outubro. A entidade reúne treze dos maiores escritórios de Florianópolis, que, juntos, totalizam 360 mil m2 em projetos aprovados na Prefeitura em 2005.

mercado de trabalho”, diz. Contudo, como na maioria das profissões, empreen-

“Estamos voltados ao

dedorismo e técnicas básicas de administração não costumam figurar entre as

desenvolvimento dos escritórios e o que precisamos para ter sobrevida. Indi-

disciplinas dos cursos de Arquitetura. “De arquiteto de desenho tive que virar

retamente, ganham também os arquitetos, porque nossa meta é a valorização

administrador”, conta Roberto Rita, que comanda um dos escritórios mais bem

profissional”, acrescenta Rita. O mercado competitivo, as questões éticas e os

sucedidos de Santa Catarina em parceria com o arquiteto Sylvio Mantovani. Com

honorários são assuntos que provocam debates, exigem normatização e estão na

26 anos de mercado, a empresa Mantovani e Rita Arquitetura assina projetos de

programação da AsBEA/SC, que já programa eventos específicos sobre estes e

grandes construtoras catarinenses. Nativo de Florianópolis, Roberto Rita formou-

outros temas.

40 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


UPNEWS

FOTOS: EDU LYRA

ENTREVISTA

Dividindo seu tempo entre o escritório e a presidência da AsBEA/SC, Roberto Rita acredita que a saída para a competitividade está na especialização

Arquitetura Ltda. Arquiteto Roberto Rita, presidente da AsBEA/SC, falou sobre mercado, formação acadêmica e capacitação profissional para a Revista Área. Confira: Revista Área – Os arquitetos estão preparados para comandar um escritório?

naqueles cujo mercado está saturado. Mas isso reflete a estrutura da edu-

Roberto Rita – Recém-formados, os arquitetos querem abrir um escritório,

cação deste País.

mas não estão capacitados para isto. A maioria acha mais fácil trabalhar em

Área – Em suas palestras, o que costuma dizer aos estudantes?

casa, atendendo a clientes indicados pelos amigos. Tem profissional que ganha

Rita - Eu falo a eles que falta acabamento e projetos diferenciados, também

R$ 1 mil por mês e está vivendo.

por preguiça profissional. O arquiteto tem que ser, primeiro, um bom artista;

Área – E como está o mercado?

ter sensibilidade, soltar o traço, soltar as paredes. Eu instigo isso neles e reco-

Rita – Toda a semana tem gente pedindo emprego aqui. Afinal, são 1,6 mil

mendo que vão às obras, observar, perguntar.

arquitetos na região e há apenas uns 30 escritórios que teriam estrutura para

Área – Quais as suas dicas para a administração eficiente de um escritório

contratar. Nós temos dez funcionários, dos quais seis são arquitetos. Em fun-

de arquitetura?

ção da concorrência, optamos pela diferenciação. Há cinco anos, deixamos

Rita – É preciso ter um bom contador e um bom advogado para fazer contra-

de atender decoração e, hoje, 90% dos nossos projetos são empresariais - a

tos. Eu faço para tudo. Deve-se saber o custo do escritório, quanto sai para

maioria para construtoras.

‘montar o circo’ e formar o preço de venda. E esse é um problema, em função

Área – Nestes 25 anos de escritório, vocês percebem mudanças na formação

da concorrência. No mínimo, há uns mil aí rodando.

profissional?

Área – Como a AsBEA/SC vai atuar?

Rita – Está tudo muito igual. Eles estão perdendo o desenho em função

Rita – Temos um projeto na Câmara para regulamentar aqui a lei federal que

do computador. O Mantovani (sócio) é um dos únicos que ainda usa lápis.

obriga as empresas a divulgarem o nome do arquiteto autor do projeto em

E este é um diferencial que as faculdades não deveriam deixar de lado;

folders, anúncios e outdoors. É a valorização profissional. Os profissionais

afinal, vivemos de arte. Os novos arquitetos também têm pouca paciência

serão os próprios fiscais. Vamos bater fundo nisso e seremos os maiores ‘fofo-

de estudar alternativas – logo percebemos os projetos que não foram bem

queiros’. Vamos trabalhar para a qualificação de toda essa cadeia, de grandes

estudados.

contrastes, com o ser humano mais pobre (pedreiros e serventes) servindo

Área – As instituições de ensino deve-

para o mais rico. Se melhorar o projeto, com mais detalhamento, a obra será

riam rever o conteúdo programático em

melhor executada, com menos desperdício, que

Arquitetura? Rita – O que tem está fraco. Temos dois estagiários que treinamos com a política do escritório. Precisamos analisar dez, doze, para escolher um. Como eles vão ser profissionais? As instituições deveriam criar novos cursos, técnicos, e não investir

Tem arquiteto que ganha R$ 1 mil por mês, atendendo em casa, e está vivendo

chega a quase 20% no Brasil contra 5% nos Estados Unidos. Nosso lema não será ‘construa certo, contrate um arquiteto’, mas sim ‘construa certo, contrate uma boa empresa de arquitetura’, que tem mais respaldo, melhor relação com os fornecedores e maior profissionalismo. ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 41


DECOR

bonito

Versátil e confortável, o futon conquista cada vez mais adeptos e amplia mercado em Santa Catarina

polivalente

UM SOFÁ-CAMA PARA LÁ DE DESCOLADO. Em cidades litorâneas, onde o programa de necessidades invariavelmente prevê acomodações para hóspedes, os futons conquistaram arquitetos, decoradores e moradores interessados em compor ambientes mais descontraídos e confortáveis. A versatilidade é outra característica importante deste milenar colchão, que traduz o estilo de vida oriental de equilibrar corpo e espírito. Para os ocidentais representa, contraditoriamente, modernidade. O arquiteto Marco Antônio Medeiros já especificou futon em seus projetos e considera o produto essencial para espaços mais informais. “É um sucesso e acreditei muito nele, desde o início. Gosto dele solto, como pufe ou almofadinhas”, revela ele, que arrisca novos usos, como em mesas de centro. Num

despojado 42 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


bar em Florianópolis, indicou futon como revestimento dos bancos. As possibi-

bilidade de negócio. Criaram a Futon Company, primeira loja especializada no

lidades de aplicação e composição são realmente diversas. Desde o século XV

País, na capital paulista. “Os nossos clientes, hoje, são pessoas de um certo

até hoje, o futon – shikibuton para os japoneses - continua sendo o colchão

nível social e cultural, prontos a mudar alguns hábitos em termos de cama ou

tradicional e preferido na terra do sol nascente. Combinado com um tatame,

pesquisando um estilo de decoração diferente”, afirma o engenheiro Mathieu,

garante uma cama firme e suave, para um sono reconstituinte. O futon chegou

que desenvolve toda a linha de mobiliário da empresa baseado em pesquisas

a Europa e aos Estados Unidos nos anos 1980 e, em duas décadas virou um

para verificar a na melhor maneira de adaptar o produto e o mobiliário oriental

clássico, superando todas as modas. No ocidente, ganhou base de madeira

contemporâneo chique ao estilo brasileiro. “A nossa preocupação sempre foi

e camadas de látex e de fibras naturais ao tradicional algodão. Tornaram-se

mostrar o futon como um produto super moderno, apesar de milenar. Com teci-

mais espessos, passando de 7 cm para 15 cm, em média, o que possibilitou

dos diferenciados, bases de madeira contemporâneas, estilo rebaixado e pecas

novas formas, com futon dobrado em L ou S.

de design assinado, o estilo é único”, complementa Benedicte. Sediada em São

Esse savoir-faire europeu chegou ao Brasil há cinco anos, introduzido pelo

Paulo, a empresa apresenta, também, releituras e versões diferenciaidas desses

casal de franceses Benedicte Salles e Mathieu Halbronn, naturais da região de

colchões. O próprio futon é recriado e transformado em módulos para camas e

Provence. Consumidores de futon, procuraram, sem êxito, até no bairro Liber-

tatames, sofá-cama, poltrona, futons turcos, cubos, sofá, kit massagem e numa

dade, em São Paulo, reduto da imigração japonesa. Da frustração, uma possi-

linha especial para áreas externas, como spa, varandas, jardins e piscinas.

FOTOS: DIVULGAÇÃO/FUTON COMPANY

Como sofá-cama, os futons consolidaram-se entre as preferências de clientes e profissionais

Consolidação Em pouco tempo, os futons tornaram-se indispensáveis em qualquer mer-

chaise, cama, sofás e, também, para a área externa, com enchimento e aca-

cado, um clássico na decoração. “A oferta e a demanda estão crescendo no

bamento especiais. “Há uma série de padrões, mas também podemos pedir

Brasil”, diz Benedicte. E a informação é confirmada pela lojista Wilma Rosa, da

tamanhos especias”, esclarece.

Casa a Caso, representante exclusiva da empresa em Santa Catarina. “Desde

O sucesso do futon pode ser atribuído ao crescente movimento de pro-

que iniciamos a divulgação, em fevereiro do ano passado, nos surpreendemos

moção do bem-estar pessoal. “O futon tem isso: uma volta aos valores anti-

com a procura. Vendemos muito para profissionais e consumidores finais”,

gos simples, o conforto e o saudável do natural. Ele traz em nossos interiores

conta a empresária. Wilma reafirma a consolidação do produto, que revela

um charme diferente, que pode ir bem além de um curto efeito de moda”,

praticidade, conforto e versatilidade, na sua opinião. Na loja, há modelos para

resume Benedicte. ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 43


DECOR

Para os mais diferentes estilos, o tradicional colchão japonês ganhou novos revestimentos e usos no ocidente, onde chegou nos anos 1980. Ao lado, a variedade de cores das zabuton

44 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


A história

O futon tem sua origem na Índia, na Valle do Indus, há aproximadamente

4.000 anos. No caminho da seda, conquistou a China, a Coréia e o Japão, já no século XV. Na terra do sol nascente, é formado por um shikibuton (colchão de algodão de 5 cm de espessura) e um kakebuton (o edredon). Nos Estados Unidos e na Europa, o futon – ou seja o ‘shikibuton replanejado’ - aparece nos anos 70 e 80. Há cinco anos está à disposição dos brasileiros.

Glossário

> Tatame: placa feita de palha de arroz e revestida de esteira de junco de arroz. Os tatames são usados para revestir o piso das casas tradicionais japonesas. > Shikibuton: no Japão, colchão fino de algodão, colocado no tatame. > Kakebuton: edredon. > Futon: no Japão, conjunto para dormir que reúne o shikibuton e o kakebuton. Nos países ocidentais, futon é sinônimo de shikibuton (mais espesso e mais elaborado) e/ou de um certo tipo de sofá-cama (base de madeira com futon dobrado em L ou S). > Zabuton: almofada quadrada de origem japonesa, com recheio de algodão, usada para sentar-se no tatame. > Zafu: pufe de meditação redondo.

Modelos e usos

> Tradicionais: 100% algodão, com cerca de 7 cm de espessura é ideal para salas de massagem, decorar pequenos espaços ou dormir no mais autêntico estilo oriental. Com 12 ou 14 cm de espessura, torna-se uma oção básica de colchão. Recomenda-se o uso de capa protetora, removível e lavável. > Técnicos: dobráveis e duráveis, têm recheio de algodão com espuma de látex e várias opções de espessura, entre 7 e 18 cm. São ideais para bancos, sofás-cama e excelentes colchões para crianças. > Top de linha: no miolo de algodão, fibras naturais e látex ajudam a manter o volume, atuando como molas e deixando-o mais confortável. Não necessita manutenção diária, apenas ser virado de lado a cada mês. Como não é dobrável, requer base de cama rígida. Fonte : Futon Company

ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 45


A Portobello Shop está lançando um porcelanato inédito: o Índigo, que se apropria da textura do jeans, na linha Touch. A estrutura da superfície do revestimento, produzida com um mix de materiais, assimetrias, sobreposições e coordenações, estimula a percepção tátil. O jeans é apresentado em três versões: Índigo Blue, a mais escura, Índigo Washed, em tom intermediário, e Índigo Off White, o mais claro. Todos disponíveis nos formatos 45X45 cm e em mosaico palito 22,5X45 cm, próprio para curvas. FOTOS: DIVULGAÇÃO

NOMERCADO

Porcelanato jeans

Ecologicamente corretas Um dos destaques da coleção Primavera/Verão da Saccaro é a linha Ayty, composta por espreguiçadeira, tatame, poltrona e puff, ideais para jardins, piscinas e terraços. As peças, fabricadas em madeira de eucalipto de reflorestamento de baixa retração e imunizada contra pragas, traduzem o significado da interação com a natureza. Naturalmente rústico e encerado, o acabamento modifica-se sobre a madeira exposta às intempéries. De acordo com o designer da linha, Roque Frizzo, o objetivo foi criar produtos sutis, quase orgânicos. Outra vantagem da linha são as almofadas soltas nas peças, que possuem tecidos exclusivos e apropriados para áreas externas, além das ferragens em aço inoxidável.

Organização em alto estilo A Florense acaba de enriquecer a linha de cozinhas da sua coleção 2006/2007 com gavetas e gavetões Tandembox, dotados de divisões internas personalizadas para utensílios, panelas, latas, garrafas e mantimentos. As divisões são de madeira lyptus ou de aço inox. As frentes das gavetas compõem o projeto da cozinha, com diversas opções de acabamentos: madeira natural com vários padrões de tingimento; laqueado high gloss sobre madeira palissandro e noce e pintura branca ou preta; pintura microtextura com dez opções de cores; laminado melanímico, alumínio ou PVC. As gavetas utilizam corrediças telescópicas, proporcionando deslizamento suave e homogêneo, com fechamento self closing.

46 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


BEM STUDIO FOTOGRÁFICO/DIVULGAÇÃO

Cristal resistente A Casa com Vidro apresenta ao mercado catarinense o espelho DiamondGuard, cristal único e nobre, com tecnologia patenteada pela multinacional americana Guar-

Cromoterapia Valendo-se dos seculares princípios da cromoterapia, a Meber lança a ex-

dian. O produto une a qualidade ótica e a resistência a manchas, características da marca, e é dez vezes mais resistente a riscos e arranhões. É ideal para tampos de mobiliário e revestimento de móveis e paredes.

clusiva linha Lumina. O sensor acoplado no misturador de lavatório emite luz colorida no jato de água de acordo com a temperatura. A cor azul indica que está fria, agregando o efeito calmante, analgésico e harmônico deste tom. A água ganha luz vermelha, sinônimo de energia e de vitalidade, quando quente; e violeta, que acalma e purifica, quando morna. O produto está disponível em quatro versões de tamanho (18, 25, 33 e 43 cm) na opção cromado. A instalação requer pressão mínima de oito metros de coluna d’água, porque a iluminação do jato é garantida a partir da energia gerada pelo fluxo de água, dispensando baterias ou fontes externas.

Para tráfego intenso Inspirada pela mitologia grega, a indústria cerâmica Gyotoku lança o porcelanato Zeus 60X60 cm retificado na versão natural, que pode ser aplicado em áreas de intenso tráfego. O produto se destaca por ser o mais branco existente no mercado, com alto brilho.

Condicionador e filtro de ar O destaque desta temporada no showroom da Casa Carrier AJL é o Split Toshiba Daiseikai, com capacidades entre 9 mil e 24 mil BTU/h e sistema de filtragem PAP (Plasma Air Purifier), que purifica e desodoriza o ar. Com cinco velocidades de ventilação, o equipamento traz funções especiais como a distribuição automática do ar no ambiente, o desligamento automático e a detecção automática da demanda de temperatura do ambiente. No modo EcoMode, o fabricante garante que o nível sonoro de operação (25dB) é menor do que um ambiente silencioso de biblioteca (40dB). No showroom da AJL, em Florianópolis, há variadas soluções para climatização de ambientes.

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NOMERCADO

Acesso digital

Nada mais de chaves ou senhas. Abrir a porta de casa apenas com a leitura da impressão digital do morador já é uma realidade. Basta posicionar o dedo no sensor óptico da fechadura para que o sistema biométrico reconheça a identificação. Para garantir ainda mais segurança, é possível especificar uma programação para cada dedo. Por exemplo, a digital do indicador pode acionar o circuito de alarme e a do anular pode ativar as luzes e o som. A tecnologia também é vantajosa para as empresas, que podem obter autenticação individual e intransferível de seus funcionários no controle de acesso. Este e outros serviços de automação residencial podem ser encontrados na Techome, que acaba de inaugurar moderno showroom em Balneário Camboriú.

Design e tecnologia A linha Blanc é a grande aposta da Víqua, de

Joinville, em produtos de maior valor agregado. A torneira de parede para cozinha é o primeiro produto da marca assinado por um designer – Heitor Éckeli, de Florianópolis. É fabricada pelo processo exclusivo H.E.T. (High Endurance Technology), que resulta da união de processos tecnológicos aliados à combinação de polímeros nobres de última geração. A composição inclui liga de cobre, ABS, polipropileno, borracha nitrílica e cromo. O resultado são torneiras resistentes à abrasão, ao impacto e à alta temperatura. A superfície lisa impede a FOTOS: DIVULGAÇÃO

oxidação e o acúmulo de sujeira, e o produto nunca perde a cor original, sendo resistente a impactos e desgastes provocados pelo uso. Lançada em outubro, a Blanc levou dez meses para ser desenvolvido e está disponível apenas na cor

Peças exclusivas

Uma grande variedade de revestimentos especiais e pro-

branca. A linha acaba de vencer o prêmio Abiplast Design 2006 na categoria profissional/indústria, conferido pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico.

dutos exclusivos, como mosaicos em pedra natural e porcelanato, podem ser encontrados no showroom da Pedecril – Mármores Granitos e Porcelanato, em Criciúma. As peças exclusivas também estão expostas no site da empresa, que

Mais resistência e cores

atende toda a região sul do Estado e a Capital: www.pe-

A Marmoria Itália conta agora com toda a linha Silestone, que oferece a

decril.com.br. A Pedecril é a única marmoraria brasileira a

beleza e a elegância da pedra natural em cores inatingíveis pela natureza.

conquistar o Selo de Qualidade de Nível Ouro, conforme os

Isto porque o produto é composto em 94% por quartzo natural e por cristal

requisitos do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtivi-

colorido, ligados por uma resina de poliestireno. Por isso, a superfície tem

dade no Habitat (PBQP-H).

importantes propriedades físicas e mecânicas, com maior resistência ao calor, a riscos e manchas. São dezenas de opções de cores, formando a maior paleta em superfícies de quartzo do mundo, de acordo com o fabricante. Esse tipo de material se diferencia também pela tonalidade opaca, característica de pedras naturais como ardósia, quartzito e pedra sabão.

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Desenhos no ar

Há dez anos esculpindo e modelando com alumínio, a

artista plástica Marinela Goulart, com ateliê em Florianópolis, criou objetos para a Imaginarium que conquistaram toda a rede de lojas. Feitas a partir de tramas com fios de arame de alumínio e pedras de cristal, as peças utilitárias têm um toque de obras de arte. Marinela criou dois modelos de guirlanda, uma escultura de anjo, porta-retratos e um mini-painel para pendurar fotos e recados. O trabalho manual com arame é classificado pela artista como ‘desenhos no ar’ e faz com que nenhuma peça fique igual à outra.

Vidro aveludado

A Cinex acaba de incrementar seu mix de produtos com o lançamento da linha de vidros Velluto. Importada da Europa com exclusividade, a novidade tem como principal característica a textura que remete ao veludo, confirmando a influência da moda no design de interiores. O novo vidro da indústria gaúcha é uma alternativa moderna e sofisticada para as mais diversas aplicações como revestimento de paredes, portas para armários e divisórias de ambientes, colaborando com a criação de ambientes diferenciados em residências e imóveis comerciais. Fornecida sob medida pela Cinex, a linha Velluto é composta pelos padrões Nero (preto), Bronzo (bronze) e Teka (amadeirado).

Relevos originais

Sensação de movimento é o que procurou proporcionar a Mosarte com os telados Villa del Bolsco, da linha Rivestire. Os relevos irregulares ficaram ainda mais acentuados com a composição de peças de mármores de diferentes tamanhos e espessuras. Os telados, com 26x28 cm, são oferecidos nos tons Thassos, Crema, Noce, Marrom e Clássico. A indicação da indústria catarinense, pioneira em mosaicos artesanais em escala, é para uso em grandes áreas ou em detalhes, somente em superfícies planas.

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FOTOS: ACERVO PESSOAL

QUEMFAZ

dueto 50 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


o

O escritório Theiss Girardi Arquitetura & Interiores tem como política a valorização do mercado local. E o resultado não poderia ser outro: venceu o Programa de Fidelização do Núcleo Catarinense de Decoração 2006. A empresa dos arquitetos Alcides Theiss e Rosane Girardi foi a que mais viabilizou negócios nas lojas associadas. Esta conquista reflete a consolidação e a sintonia de trabalho desta dupla de profissionais, acima de tudo, amigos

EDU LYRA

Texto: Mônica Roemmler

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QUEMFAZ

Desde 1995, os projetos de Rosane e Alcides são assinados a quatro mãos. Para a dupla, o que vale é a recomendação de um cliente satisfeito “PENSAR A CIDADE é um dos grandes compromissos e talvez o maior desafio

vidros temperados Personal Glass (em obras); além de edifícios residenciais e

do arquiteto”. A afirmação é da arquiteta e urbanista Rosane Girardi, nascida

comerciais, escritórios, residências, clínicas, farmácias, lojas, mostras comer-

em Taió (SC), que optou por estudar e viver na Capital há quase 20 anos.

ciais, interiores residenciais e comerciais e eventos.

Em 1992, recém-formada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),

Com o tempo, veio o reconhecimento do trabalho. Porém, para a dupla,

venceu o Concurso Nacional Ópera Prima com o tema “Revitalização da Ca-

isso não basta: o que vale é a recomendação de um cliente satisfeito. “Na

beceira Continental da Ponte Hercílio Luz”. No decorrer da vida profissional, o

nossa área, a indicação é a melhor propaganda. Já fiz trabalhos para pessoas

enfoque do seu trabalho mudou. Hoje, em seu escritório, predominam projetos

que bateram na porta de casas que projetamos e pediram para os moradores o

de arquitetura residencial, comercial e de interiores.

nome do arquiteto”, afirma Rosane. A participação em eventos de arquitetura

Alcides Theiss, também natural do interior do Estado (Presidente Getúlio) e

e decoração também contribuiu para a divulgação da qualidade dos projetos

formado na UFSC, iniciou sua vida profissional em Brusque e em Balneário Cam-

da equipe. Na última edição da Casa Nova, em Florianópolis, – com o tema

boriú. A convite de outro escritório, mudou-se para Florianópolis, onde conheceu

Armazém Brasil – foram responsáveis pelo Espaço Dalton Andrade ACCR. “Es-

Rosane. A parceria não demorou a acontecer e, em 1995, os projetos passaram

tes eventos mudaram a visão sobre os profissionais da área. É importante

a ser criados a quatro mãos. Logo dividiram a coordenação de projetos e obras

participar para fortalecer o nome e mostrar a linha de trabalho”, acredita a

simultaneamente, como a Escola de Farmácia e Bioquímica e a Fábrica de Me-

arquiteta. Alcides complementa: “os eventos de arquitetura e decoração têm

dicamentos, da UNIVALI, em Itajaí; o projeto de Revitalização do Terminal Rodo-

contribuído para a formação de uma cultura arquitetônica, embora seu enfoque

viário Rita Maria, em Florianópolis (a obra ainda não foi executada); a fábrica de

seja maior para os interiores”.

À esquerda, apartamento na avenida Beira Mar Norte. Persianas e películas nos vidros controlam a luminosidade para não danificar as obras de arte. Ao lado, gourmeteria do salão de festas de um condomínio na Praia Brava, com ênfase no isolamento acústico. Na página anterior e na seguinte, interiores de uma cobertura no

FOTOS: ACERVO PESSOAL

Centro. Todos esses projetos foram executados na Capital

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ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 53


FOTOS: ACERVO PESSOAL

QUEMFAZ

Nós investimos no feedback, para ver o que pode ser melhorado, e oferecemos atendimento integral ao cliente ROSANE

Não acho ruim a concentração de disciplinas teóricas na faculdade, mas deveria haver também ênfase na prática ALCIDES 54 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


A realidade do mercado

“Saímos da escola entusiasmados, cheios de idéias, porém não suficien-

temente preparados para colocá-las em prática”, diz Alcides, referindo-se ao mercado de trabalho. O maior problema, para ele, é a falta de capacitação prática dos recém-formados. “Não acho de todo ruim a concentração de disciplinas teóricas na faculdade, mas deveria haver também mais ênfase na prática”, afirma. Para Rosane, outro item importante seria a abordagem de conceitos de marketing e administração. Os arquitetos destacam o quanto são exigentes em relação ao trabalho desenvolvido no escritório, tanto na gestão e organização da empresa como no gerenciamento dos projetos. “Somos ambiciosos e isso é um negócio”, frisa Alcides. Para tanto, desenvolveram métodos próprios de controle e avaliação de resultados. “Cada escritório faz o seu caminho. Nós investimos no feed­ back, para ver o que pode ser melhorado, e oferecemos atendimento integral ao cliente, desde o projeto até a produção do ambiente”, explica a sócia.

Valorização local

Desde o planejamento até a execução dos projetos, eles procuram prio-

rizar o mercado local, tanto para facilitar a aquisição quanto para valorizar a produção e a geração de emprego e renda na região. “Hoje em dia encontramos quase tudo que precisamos no comércio local. Podemos pedir por catálogos e isso facilita quando o cliente pode esperar”, ressalta a arquiteta. “Poucas vezes necessitamos buscar algum item em outras cidades”, completa Alcides. Os sócios, no entanto, alertam para a correta escolha dos fornecedores: “temos dificuldades em alguns serviços, pois nem todos são constantes no que diz respeito à qualidade e prazos”.

Relacionamento

A experiência mostrou à dupla um outro lado essencial para o bom anda-

mento do trabalho. “O arquiteto acaba sendo um pouco psicólogo. Para atingir o objetivo, precisa ter bons ouvidos e entender o que o cliente necessita e deseja para, depois, transpor para o projeto. O resultado depende tanto de compreender quanto de executar”, diz Rosane. A relação com o cliente se dá num período de convivência que nem sempre é curto e, ao fim do trabalho, os arquitetos tornam-se muito próximos. Para ilustrar, eles lembram de um cliente que fez um pedido inusitado: uma cor ‘Nova Iorque’ para as paredes. “Isto é muito subjetivo. Precisávamos saber o que ele relacionava com esse pedido. Quando mostrei o catálogo de cores, ele ficou confuso. Pensei em algo mais chique, urbano, sem perder o caráter intimista. Sugeri um cinza quente, mas não era bem o esperado. Acabamos num tom cáqui, lindo, que ele adorou”, conta Rosane. Neste exemplo está a essência do papel do arquiteto: viabilizar sonhos. “O Living de cobertura no Centro e escritório. Abaixo, romantismo

que me deixa mais realizada é quando percebo que proporcionei a descoberta

e tecnologia no projeto de interiores de residência em Jurerê

de novos usos, a visão de que os hábitos mais simples do cotidiano podem

Internacional. À esquerda, sala da lareira em casa no bairro

acontecer em ambientes mais agradáveis, mais confortáveis e, porque não,

João Paulo. Mais alguns projetos desenvolvidos na Capital

mais bonitos”, revela a arquiteta. ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 55


DIVULGAÇÃO/SECRETARIA DE TURISMO

CIDADE

Pólosu

56 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


sul

Maior centro turístico do sul do País, Balneário Camboriú recebe quase 1 milhão de pessoas por temporada. E vem atraindo cada vez mais moradores e investidores. O boom imobiliário impulsiona o mercado da alta decoração e leva os lojistas a apostarem neste setor NA ESTEIRA DO crescimento dos setores da construção civil e imobiliário de alto padrão no Vale do Itajaí, Balneário Camboriú consolida-se como um importante centro de compras da região. A cidade, emancipada em 1964 e paraíso dos argentinos na década de 80, está hoje no mapa dos investidores, que enxergam, ali, oportunidade de bons negócios. “Aqui é a Mônaco do Sul”, compara o vice-presidente do Secovi-SC, Sérgio Santos, referindo-se ao principado europeu. “Só falta uma pista de corridas e um rei”, brinca. A população, de 90,4 mil habitantes, aumenta a cada ano. “Nos últimos cinco anos está havendo uma ‘litoralização’ populacional, com a migração de muitos aposentados em busca de qualidade de vida”, classifica Santos. Segundo ele, essas pessoas, da chamada classe A, procuram apartamentos de frente para o mar, casas em condomínios fechados, o que vem provocando uma explosão desse segmento. “A classe média está retraída. Imóveis entre R$ 150 e 500 mil estão parados. E acima de R$ 500 mil está bastante atraente”, revela o dirigente. E os dados comprovam. O PIB per capita do município é de R$ 4.827,41 – um dos mais altos de Santa Catarina. Considere-se, ainda, que a cidade ocupa segundo lugar em qualidade de vida no Estado e o sétimo no País, conforme classificação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Além do apelo turístico e comercial, a cidade também é destino de universitários, interessados em estudar e também em se divertir. A 92 quilômetros da Capital, Balneário Camboriú serve de morada para muitos estudantes das universidades da região. Só a Univali, a maior de SC, recebe cerca de 10 mil. “Posso dizer que 10% do que vendemos para a classe média são para famílias cujos filhos passaram no vestibular”, diz o vice-presidente do Secovi-SC.

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Com 2,5 mil m2, a Lemniscato di Cassini

CIDADE

(fotos mais à esquerda) inaugura novo padrão de loja, com espaço para eventos. Ao lado, projetos do arquiteto Fernando Loizate na cidade. Na página seguinte, maquete do Balneário Camboriú Shopping,

FOTOS: DIVULGAÇÃO

que será inaugurado em setembro

Mercado promissor Como uma reação em cadeia, as lojas de decoração estão em alta, já

faz como se fosse morar”, enfatiza Marcelo Martinez. O vice-presidente da

que é preciso mobiliar e decorar estas novas casas. “Os empresários estão

regional, Loni Souza, também é outro empresário que não deixou passar o

investindo forte na renovação e até na ampliação de suas lojas”, conta Mar-

bom momento. Ao lado do sócio, Luiz Henrique Bueno, abriu uma nova loja

celo Martinez, presidente do Núcleo Catarinense de Decoração. A empresária

da Techome, oferecendo o que há de mais moderno em equipamentos de

Celeste Allemand é um exemplo. Ela acaba de inaugurar uma loja de 2,5 mil

alta tecnologia em ambientes decorados. “Balneário Camboriú é um ponto

m2, de alto padrão: a Lemniscato di Cassini. “Balneário Camboriú é como um

estratégico, atendendo todas as cidades do Vale. O mercado estava carente

shopping a céu aberto. O mercado está crescendo e faltava uma loja deste por-

e sentimos que existia um nicho”, argumenta Loni. Segundo ele, cerca de

te”, avalia. Ela acrescenta que, mesmo que a economia não vá bem, é preciso

80% dos edifícios que estão sendo erguidos nas avenidas Atlântica e Brasil,

arriscar. “Quem ficou parado sentiu. Para nós, houve até crescimento, de 29%

as principais da cidade, já contam com projetos de automação residencial

em 2005 em relação ao ano anterior”, acrescenta. A projeção para 2006 é de

desenvolvidos pela empresa.

um incremento de 30% a 35% nos negócios.

Os profissionais do setor percebem a transformação do mercado local,

O Núcleo Catarinense de Decoração recentimente abriu uma regional

iniciada a partir do ano 2000. “Moro aqui há dez anos e a expansão foi muito

em Balneário Camboriú, presidida por Celeste, e já atraiu dez novos asso-

rápida, não apenas das lojas, mas das construtoras, do nível do acabamento e

ciados. “É um mercado muito forte. Há muitos investidores, tanto da região

da concorrência também”, ressalta o arquiteto argentino Fernando Loizate, um

como de fora. Porém, apesar de ser uma cidade de praia, quem investe,

dos oito membros do Núcleo Arquitetura de Qualidade, fundado na região. Ele

58 | ÁREA | DEZEMBRO 2006


frente para o mar”, frisa. Conforme Loiza-

Moro aqui há dez anos e a expansão foi muito rápida, não apenas das lojas, mas das construtoras, do nível do acabamento e da concorrência também

te, o mercado está muito bem abastecido,

FERNANDO LOIZATE

acrescenta que a exigência nos projetos aumentou bastante, obrigando a qualificação dos profissionais. “Afinal, são imóveis de até 1 milhão de dólares, de

“oferecendo todas as linguagens, estilos e

catarinense Almeida Júnior, que aportou em torno de R$ 100 milhões no negócio. Com âncoras confirmadas como Renner, Americanas, Marisa e GNC Cinemas, a expectativa é de cerca de 600 mil clientes a cada final de semana visitando as 190 lojas. “Esta é uma boa

possibilidades”. “Encontra-se absolutamente tudo aqui”, diz ele. A não ser que

oportunidade de negócio. Além dos melhores índices sócio- econômicos do

o cliente queira algo muito específico, de uma grife como a Artefacto. “Que não

País, Balneário tem uma localização estratégica: fica a 90 quilômetros de

tem aqui, por enquanto”, arrisca.

Florianópolis, a 80 quilômetros de Joinville, a 58 quilômetros de Blumenau,

No ano que vem, Balneário Camboriú deve ganhar uma marina de alto

a 10 quilômetros de Itajaí e a pouco mais de 200 quilômetros de Curitiba”,

padrão, construída pelo grupo Tedesco. Ocupando uma área de 33 mil m2 e

argumenta o presidente do grupo, Jaimes de Almeida Junior. Estes e outros

capacidade para 500 barcos, o empreendimento exigiu recursos na ordem de

investimentos revelam que o mercado está em franca ascensão. “E nos pró-

R$ 15 milhões. Ainda em 2007 iniciam as obras do Camboriú Golf Iate Village

ximos anos vai vivenciar outra explosão imobiliária”, prevê Sérgio Santos,

e, em setembro, será inaugurado o Balneário Camboriú Shopping pelo grupo

do Secovi-SC. ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 59


FATOS&FEITOS

Decoração em alta A celebração dos 7 anos do Núcleo Catarinense de Decoração aconteceu em alto estilo. Cerca de 300 pessoas prestigiaram o evento, dia 24 de outubro, na Confraria das Artes, em Florianópolis. “Temos que celebrar, fundamentalmen-

22

te, a solidez do Núcleo. São anos fortalecento a relação profissional X lojista”, disse o empresário Marcelo Martinez, presidente da entidade, com 30 empresas associadas e quase dois mil profissionais cadastrados. Outro motivo para comemoração foi o sucesso da regional em Balneário Camboriú, que já conta 1

3

7

GABRIEL PORTELA

FOTOS: LEY ROSA/DIVULGAÇÃO

com 10 associados.

6

1 Bobby Krell, da Espaço D 2 Arq. Marcelo Salum e a apresentadora Gisela dos Santos, da TVBV 3 Arq. Moacyr Kruchin 4 Arq. Christina Vasconcelos Lago 5 Decoradora Cláudia Couto 6 Marcelo Martinez, presidente do Núcleo, Celeste Allemand e Loni

4

Souza, da regional de Balneário Camboriú

7 Marisa Pereira Oliveira, da Paula Papéis, entre os arquitetos Anna

5

Christina Maya, Anderson Schusler, Evandro Gaspar e Rosane Girardi

Design premiado

A lavadora Superpop, fabricada pela Mueller Eletrodomésticos, de Timbó, conquistou o primeiro lugar em sua categoria no 200 Prêmio Design Museu da Casa Brasileira. O júri considerou características importantes e inovadoras no produto, desenvolvido pelo escritório paulista Chelles & Hayashi Design. Os jurados testaram e comprovaram a facilidade e rapidez para a montagem do equipamento, vendido desmontado; a redução significativa do tamanho do equipamento na embalagem, facilitando transporte e estocagem; e a facilidade de manuseio. O primeiro protótipo da Superpop ficou pronto em abril de 2006 e, em apenas três meses, o produto tornou-se campeão de vendas da fabricante catarinense e dobrou a participação da empresa no segmento tanquinhos. Este case ainda rendeu à Mueller o prêmio Top de Marketing 2006 da ADVB/SC, entregue no dia 22 de novembro. A lavadora está em exposição no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, até o dia 21 de janeiro, assim como os demais produtos premiados.

60 | ÁREA | DEZEMBRO 2006

Casa Brasil Já estão abertas as inscrições para o Salão Design Casa Brasil, que premiará os melhores produtos criados ou produzidos a partir de 2005 nas categorias estudante, indústria e profissional. Os vencedores serão conhecidos durante a feira Casa Brasil, onde os produtos estarão expostos. Lançado em agosto em Santa Catarina, o evento será realizado de 21 a 25 de agosto de 2007, em Bento Gonçalves (RS), promovido pelo Sindicato das Indústrias do Mobiliário da região (Sindmóveis). Os interessados devem enviar os projetos até abril, concorrendo em apenas uma das nove categorias. Os prêmios variam de R$ 2,5 mil a R$ 20 mil. Mais informações pelo www. salaodesign.com.br.


De cara nova

Interiores Luxaflex

A Deca inaugura novo site, com muito mais

A Luxaflex – Cortinas, Persianas e Toldos preparou

conteúdo sobre o setor. No www.deca.com.

um prêmio especial para os vencedores do Programa

br há material não só sobre o histórico da

Talent 2007. Os profissionais catarinenses que acu-

empresa, que completa 60 anos em 2007.

mularem mais pontos em cada trimestre do progra-

Há curiosidades sobre a evolução do ba-

ma terão seus trabalhos divulgados em uma página

nheiro, propagandas veiculadas desde a

da Revista Área, a partir da próxima edição. Neste

década de 60, e dicas para economia de

projeto, batizado ‘Interiores Luxaflex’, o profissional

água. Os concursos da Deca ganharam área

poderá apresentar um ambiente onde foram aplica-

reservada. Os produtos estão divididos em

dos produtos da marca.

categorias e ilustrados com imagens e ficha técnica. No link DecaCAD é possível fazer o download dos desenhos das peças.

Marca vai premiar os vencedores do programa Talent 2007 com divulgação na revista Área, como no modelo ao lado

Arte e entretenimento Infinitas possibilidades. Esta é a proposta da Lemniscato di Cassini, inaugurada no dia 4 de novembro, em Balneário Camboriú, pela empresária Celeste Allemand. Em 2,5 mil m2, a loja apresenta diversas opções de móveis para áreas internas e externas de marcas como Decameron, Century, Schuster, Infinito, Fibras Artes, Stone Design, Grim House e Art Forma. Em anexo à loja, o Cassini Hall abriga exposições de arte, mostra e debates, como o realizado com a designer

FOTOS: GABRIEL PORTELA/DIVULGAÇÃO

Baba Vaccaro, no dia 28 de novembro. Megaloja em Balneário Camboriú oferece produtos de diversas marcas em espaços ambientados

FOTOS: FABRÍCIA PINHO/DIVULGAÇÃO

Tecnologia high end

A Techome está apostando forte em Balneário Camboriú. A nova loja, lo-

1

calizada na avenida do Estado, apresenta o que há de mais inovador em automação residencial e corporativa em 13 ambientes totalmente projetados por profissionais da região e patrocinado por diversas empresas. Uma super festa marcou a inauguração, no dia 22 de novembro.

1 Os sócios da Techome, Loni Souza, Hélio Santana e Luiz Henrique Bueno 2 Nivaldo Pinheiro (Procave Assessoria), Rogério Rosa (Construtora Embraed) e Rodrigo Calomen

3 Empresário João Ituarte com a esposa, Maria 4 Apresentadora Vanessa Campos e Emerson Pereira, da Rede TV

2 4 3 ÁREA | DEZEMBRO 2006 | 61


Abimad

Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração www.abimad.com.br (48) 3033.5959

AsBEA-SC

Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (48) 3223.3620

Balneário Camboriú Shopping

www.balneariocamboriushopping.com.br Showroom (47) 3367.9000

Futon Company

Pedecril

Gyotoku

Portobello Shop

IAB-SC

Projeto Casa da Criança

www.futon-company.com.br (11) 3083.6212 / 3081.4447 www.gyotoku.com.br (11) 4746.5010 Instituto dos Arquitetos do Brasil www.iab-sc.com.br (48) 3224.4428

Imaginarium

Casa a Caso (48) 3028.1662

www.imaginarium.com.br Florianópolis - (48) 3223.4063 Bal. Camboriú – (47) 3360.8844

Casa Carrier AJL

Instituto EcoHabitar

www.ajlarcondicionado.com.br (48) 3222.0123

Casa com Vidro www.cvidros.com.br (48) 3357.1712

Cinex

www.cinex.com.br 0800 7044900

Clube de Propaganda e Marketing

www.acontecendoaqui.com.br (48) 3236.0404

Comitê Brasileiro de Cores (11) 3287.3236

CRC-SC

Conselho Regional de Contabilidade www.crcsc.org.br (48) 3027.7000

CREA-SC

www.crea-sc.org.br (48) 3027.2000

Deca

www.deca.com.br 0800 011 7073

Design Catarina (48) 3233.5506

Eco&Tao

www.ecoetao.net (48) 3282.0717

ecohabitar@gmail.com (48) 9989.7017/9982.0691

Lemniscato di Cassini www.lemniscato.com.br (47) 3367.4762

Luxaflex

www.luxaflex.com.br 0800 147 148

Mantovani & Rita

www.mantovanierita.com.br (48) 3223.3620

Marmoraria Itália

62 | ÁREA | DEZEMBRO 2006

www.textilrenaux.com.br (47) 3255.1000

Rudnick

www.rudnick.com.br (47) 3631-1000

Saccaro

www.saccaro.com.br (48) 3238.1616

Salão Design – Casa Brasil www.salaodesign.com.br (54) 2102.6800

SC Design

Associação dos Profissionais de Design de SC www.scdesign.com.br

Sebrae-SC Secovi-SC

Mosarte

SENAI-SC

Móveis Polska

Sinduscon Grande Florianópolis

www.meber.com.br (54) 3455.3333 www.mosarte.com.br (48) 3263.0846 www.moveispolska.com.br (47) 3626.8002

Móveis Vogue

www.secovi-sc.com.br (47) 3367.1985 www.senai-sc.ind.br (47) 3631.1600

www.sinduscon-fpolis.org.br (48) 3251.7700

www.moveisvogue.com.br (48) 3024.9007

Sociedade João Paulo II

Mueller Eletrodomésticos

Techome

www.mueller.ind.br 0800.471 692

Paulo Guidalli Marketing

www.badesc.gov.br (48) 3224-8846

Renaux Moda Têxtil

Meber

Formaplas Cozinhas Fundação Cultural Badesc

www.projetocasadacrianca.com.br (81) 3467.9968

www.sebrae-sc.com.br 0800.483300

Núcleo Catarinense de Decoração

www.formaplas.com.br (48) 3224.8022

www.portobelloshop.com.br (48) 2108.2300

(47) 3360-0546

Florense

www.florense.com.br (48) 3225.5222

www.pedecril.com.br (48) 3461.4500

www.nucleocatarinensedecoracao.com.br (48) 3324.2982

(48) 3242-0061

www.techome.com.br Balneário Camboriú - (47) 3363.5412 Florianópolis – (48) 3235.1531

Theiss Girardi

Arquitetura & Interiores (48) 3225.0511

Todeschini

www.pauloguidalli.com.br (41) 3243.3066

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Paulo Rosatto

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