ANO I | Nº 1 ABR 2007 R$ 7,90
A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN DE SANTA CATARINA
Mosaico de possibilidades BEM FEITO: O PREMIADO ESCRITÓRIO DESIGN INVERSO | CIDADANIA: ARQUITETURA E INCLUSÃO BIOARQUITETURA: BAMBU VERSÁTIL | ENTREVISTA: CRISTINA PIAZZA, PRESIDENTE DO IAB/SC QUEM FAZ: O PADRÃO MARCHETTI+BONETTI | CIDADE: O PLANO DIRETOR DE FLORIANÓPOLIS
Letícia Wilson
ENTRENÓS |
Risco calculado A BASE DE UM PROJETO EFICIENTE é o planejamento, sem dúvida. Independente do resultado almejado, estudar as variáveis e estabelecer metas e prazos determinarão o sucesso da empreitada. As chances de erros não são eliminadas, mas serão minimizadas, ou seja, calculadas. Otimiza-se o tempo, reduz-se os custos e potencializa-se os resultados. É assim no Design, com o briefing, e na Arquitetura, com o programa de necessidades. E é assim que se faz o planejamento de uma cidade. Florianópolis, hoje, traça o “programa de necessidades” da sua população para elaboração do novo Plano Diretor Municipal. Muita polêmica, discussões e disputas são travadas nestes encontros; porém, o essencial é a troca de idéias. A posse do Núcleo Gestor, com 39 membros e maioria representativa da comunidade, demonstra o interesse comum em torno da ampliação e do fortalecimento dos debates sobre uma causa comum e interessante a todos os cidadãos. A Capital, com seus quase 400 mil habitantes e uma população flutuante incalculável, sofre hoje as conseqüências da falta de planejamento, da despreocupação com o futuro. O futuro chegou depressa em Florianópolis. O número de habitantes aumentou 70% só nos últimos 15 anos, provocando maior demanda em diversos setores, que não avançaram na mesma proporção. Apresentamos um pouco desta realidade nesta edição e as expectativas do setor em relação a este amplo debate. O briefing está sendo bem feito; agora é torcer para que os resultados sejam fiéis. Este levantamento também fizemos ao planejar a Revista ÁREA, identificando os interesses dos profissionais. Acreditamos trilhar o caminho certo, diante das centenas de manifestações positivas recebidas. Impossível publicá-las aqui; por isso, destacamos algumas na versão virtual da ÁREA, desenvolvido para ser uma extensão do nosso trabalho. Novos parceiros juntam-se a essa caminhada, como forma de garantir a qualidade pretendida. O Instituto dos Arquitetos do Brasil de Santa Catarina, sob nova direção, passa a integrar o conselho editorial da publicação, colaborando para ampliar a abrangência da revista, que deve traduzir, com excelência, a produção catarinense. Boa Leitura.
Quem nunca sonhou em ter a casa na árvore! w w w . t a e d a . c o m . b r
P R O D U T O S F L O R E S T A I S
Decks Paisagismo Cercas Painéis Construção A Taeda Produtos Florestais trabalha com madeira autoclavada de florestas renováveis,que além de não agredirem o meio ambiente ajudam no equilíbrio climático,na proteção do solo e das bacias hidrográficas. Então da próxima vez que for consumir madeira, pense no impacto ambiental e opte pela madeira autoclavada de florestas renováveis. Taeda Madeira Ltda - Rodovia Osvaldo Reis, 2861 - Praia Brava, Itajaí - SC Cep: 88306-002 - Fone: 47 3349 4839 - taeda@taeda.com.br
Escritรณrio Marchetti+Bonetti Foto: Cezar Motta
A REVISTA DE & DESIGN ANOARQUITETURA I | Nº 1 SANTA CATARINA ABRDE 2007
CIDADANIA
Arquitetura inclusiva Promover a acessibilidade é um desafio cada vez maior para arquitetos, engenheiros e responsáveis por políticas públicas das grandes cidades brasileiras
DIVULGAÇÃO
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BEMFEITO
BIOARQUITETURA
D E C O R
Q U E M FA Z
GABRIEL PORTELA
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Marchetti+Bonetti Fundamentado na técnica e na competência de seus proprietários, o tradicional escritório de arquitetura está entre os maiores, mais produtivos e respeitados do Estado
CEZAR MOTTA
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Beleza em fragmentos A técnica do mosaico representa também uma solução arquitetônica eficiente para romper com as formas planas. Como elemento decorativo, já é fabricado em escala industrial
GABRIEL PORTELA
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Bamboom As mil e uma facetas do bambu, presente desde a alimentação até a arquitetura. O Estado começa a valorizar esta planta de grandes potencialidades
DIVULGAÇÃO
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Design Inverso Com a conquista de três prêmios no IF Product Design Award 2007 - o Oscar da categoria, a Design Inverso coloca definitivamente Santa Catarina no cenário mundial do setor
DIVULGAÇÃO
17
C I D A D E
Florianópolis Belezas naturais e qualidade de vida, características tão propagandeadas da Capital, estão ameaçados pela degradação e pelo crescimento desordenado. Questões urgentes para o novo Plano Diretor
6 EM DIA A Agenda da Área 14 ENTREVISTA Cristina Piazza, presidente do IAB/SC 15 BIBLIOGRAFIA Dicas de livros técnicos 16 PAPO SÉRIO Valorização dos produtos locais, pela designer Lia Krucken 20 UP NEWS As novidades da imm cologne 31 PROFISSÃO O surpreendente trabalho de um designer recém-formado 38 NO MERCADO O que está nas prateleiras 56 FATOS & FEITOS Acontecimentos do setor 60 ATELIÊ O centenário de Martinho de Haro 62 ONDE ENCONTRAR O que está na Área
EMDIA
CONCURSOS
CURSOS / EVENTOS
ARTEFACTO DE DESIGN
2º CICLO DE PALESTRAS.
2ª edição do concurso. São aceitas apenas propostas inéditas no mercado de produtos voltados para ambientes domésticos e institucional nas categorias móveis, objetos de decoração, iluminação e revestimentos e acabamentos. Os 25 trabalhos selecionados na primeira fase serão produzidos e finalizados pela Artefacto e seus parceiros, sem custo adicional para os candidatos.
A Design Catarina apresenta o tema “Para quê design? - O Profissional do design agregando valor a produtos e serviços de MPEs” para micros e pequenos empresários, estudantes e profissionais de Design, com entrada franca. O evento conta com o apoio do Sebrae/SC e parceria de diversas instituições. Palestrante: Gabriela Botelho Mager, Ms. Coordenadora do curso de Design da UDESC. Locais: São Miguel do Oeste (20/04) e Florianópolis (26/04), todos das 19h às 21h. Informações: (48) 3233-5506 e www.designcatarina.org.br
Inscrições: até o dia 30 de abril Participantes: profissionais, estudantes e interessados Prêmio: Viagem a Milão, para a Semana do Design, em abril de 2008, e curso técnico em Design de Interiores no SENAC São Paulo para o primeiro colocado. Informações: www.concursoartefacto.com.br e (11) 3897-7004
FEIRAS/MOSTRAS HABITACON SUL 2007 9ª Feira Nacional de Habitação e Construção De 24 a 28 de abril - Parque Vila Germânica Blumenau-SC Realização: Montebello Eventos Informações: montebello@montebelloeventos. com.br e (47) 3328-1155
MOSTRA CASA NOVA 2007 Com o tema “Cenários de Sonhos”, a mostra apresenta 50 ambientes criados por cerca de 100 profissionais. A partir de 1º de maio De Terça a Domingo, das 14h às 22h Av. Beira-Mar Norte – Condomínio La Perle Realização: Diário Catarinense Coordenação técnica: Arq. Abreu Jr.
CONGRESSOS O CREA-SC realiza, em abril e maio, uma série de encontros preparatórios ao Congresso Estadual de Profissionais (CEP), que acontece em maio na Capital. O objetivo é definir as propostas que representarão o Estado no Congresso Nacional dos Profissionais (CNP), em agosto no Rio de Janeiro – três para cada um dos sete eixos relacionados ao tema central: “Pacto Profissional e Social”.
9º CEP
25 e 26 de maio (1ª etapa) 4 de outubro (2ª etapa)
6º CNP
15 e 18 de agosto (1ª etapa) 25 a 27 de outubro (2ª etapa) Informações: www.crea-sc.org.br
INSTALAÇÕES COMERCIAIS Com foco nos diferenciais de projetos comerciais em shoppings centers, o IAB/SC realiza o workshop “Planejamento e Execução de Instalações Comerciais”. Com 16 horas de duração, o evento é voltado a arquitetos, engenheiros e estudantes. 11 e 12 de maio - Florianópolis Informações: (48) 3224-4428 e eventos@IAB/SC.com.br
Direção-edição
Letícia Wilson leticia@revistaarea.com.br
Diretor de Arte Eduardo Faria
Textos
Letícia Wilson Mônica Roemmler Ana Cláudia Menezes
Fotografia
Cezar Motta Gabriel Portela
Diretor comercial
Cesar Saliés comercial@revistaarea.com.br (48) 3237.2477
Conselho editorial
Santa Comunicação & Editora Design Catarina Núcleo Catarinense de Decoração
Redação
Av. Pequeno Príncipe, 971 conj. 7 88063-000 Campeche Florianópolis SC (48) 3232.8812 contato@revistaarea.com.br
Capa
Mosaico de Jo Kawamura | Foto: acervo pessoal ____________________________________
EXPOSIÇÃO Na exposição “Rio Itajaí em Aço e Forma”, a artista plástica espanhola Isabel Mir, radicada no Brasil desde 1960, apresenta esculturas abstratas em aço que revelam uma nova faceta deste material.
RIO ITAJAÍ EM AÇO E FORMA
14 de abril a 5 de maio - segunda a sexta-feira das 9h às 19h - sábados das 15h às 19h Galeria Municipal de Arte - Balneário Camboriú (47) 3366-5491 Sobre a artista: www.isabelmir.com.br
DIVULGAÇÃO
A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN DE SANTA CATARINA
A Revista Área é uma publicação trimestral, dirigida a profissionais de Arquitetura e Design de Santa Catarina e distribuída a um mailing específico. Entidades de classe, imprensa, institui ções de ensino, lojistas e outros empresários do setor também recebem a revista. Conceitos e opiniões emitidas por entrevistados, articulistas e colaboradores não refletem, necessariamente, a posição da publicação e a de seus diretores. Espaços publicitários são negociados diretamente com o departamento comercial da Revista. Espaços editoriais não são comercializáveis. A Revista Área é um dos produtos da parceria entre as empresas Santa Comunicação & Editora e Officio Comunicação.
____________________________________ PARTICIPE! Os profissionais, empresas e projetos executados
ÁREA NA WEB - A versão virtual da Revista Área traz um resumo das principais matérias e adianta, na seção Últimas, o que está acontecendo no setor. No www.revistaarea.com.br também são publicadas cartas e e-mails de leitores. Participe! Envie suas sugestões e acompanhe o que é notícia em Arquitetura & Design em SC.
em Santa Catarina têm prioridade na Revista Área. Participe, enviando suas dúvidas, críticas e sugestões de pautas para materias@revistaarea.com.br.
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CIDADANIA
A falta de acessibilidade é a principal barreira enfrentada por pessoas que convivem com algum tipo de deficiência nas grandes cidades brasileiras. E a inclusão desta importante parcela da população – 24,6 milhões de pessoas em todo o país, segundo
Arquitetura “SINTO-ME PEQUENINA”. O desabafo é de uma mulher, adulta, diante de mais um entre tantos obstáculos arquitetônicos que ela enfrenta diariamente em Florianópolis. A assistente social Maria Helena Koerich, de 53 anos, é cadeirante e, por isso, sofre uma série de dificuldades para ir e vir na cidade onde vive. A limitação, é importante ressaltar, não é por conta de sua condição física – ela perdeu o movimento dos membros inferiores quando teve poliomielite, ainda bebê. É, sim, por causas das barreiras que encontra em seu caminho para o trabalho, para utilizar o transporte público, freqüentar um restaurante, ir à praia, enfim, usar os serviços como qualquer cidadão “que paga em dia os seus impostos”, comenta ela. O tema da acessibilidade ganhou ainda mais força com a promulgação da Lei 8.123, de julho de 1991, que obriga empresas com 100 funcionários ou mais a contratarem pessoas com deficiência. As empresas, indiretamente, foram também obrigadas a rever a arquitetura de seus prédios, para adequar os espaços de trabalho aos novos colaboradores. O Estatuto das Cidades, que determina aos municípios a previsão da acessibilidade em seus planos diretores, também é referência para as políticas públicas locais. A inclusão e a acessibilidade – e não somente de deficientes físicos, mas de idosos, obesos e gestantes – não é preocupação apenas de setores da sociedade brasileira. A Organização dos Estados Americanos (OEA), por exemplo, estabeleceu, em 2006, que esta será a Década das Américas pelos
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o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um desafio cada vez maior para arquitetos, engenheiros e responsáveis pela definição e implantação de políticas públicas que permitam aos que têm mobilidade reduzida se locomoverem com autonomia e independência.
inclusiva
Texto: Ana Cláudia Menezes Fotos: Cezar Motta
Direitos e pela Dignidade das Pessoas com Deficiência com o lema ‘Igualdade, dignidade e participação’. Na declaração, a OEA pede o empenho dos Estados para assegurar a inclusão e a participação plena destas pessoas em todos os aspectos da sociedade. Com o aumento da expectativa de vida, a discussão sobre acessibilidade se espalha por diversas áreas. O IBGE calcula que nos seus últimos 14,6 anos de vida o brasileiro terá que conviver com algum tipo de deficiência física ou mental. E muitos já se preparam para isto. Há alguns anos, o arquiteto paulista Ricardo Vasconcelos percebeu que muitos de seus clientes na faixa dos 40 e 50 anos estavam interessados em adaptar suas casas para garantir uma velhice segura. “É importante que as pessoas levem esta preocupação também para o seu ambiente de trabalho, não somente em seu próprio benefício”, explica Vasconcelos, mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e professor dos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O debate sobre a inclusão de pessoas com baixa mobilidade física chegou à academia e aos escritórios de arquitetura; porém, Vasconcelos acredita que a sociedade brasileira ainda é ‘muito crua’ neste sentido, mesmo tendo avançado significativamente nas duas últimas décadas. “A inclusão é um desafio para a nossa sociedade. E os arquitetos são as figuras-chave na distribuição deste conhecimento”, avalia.
A independência de Maria Helena por vezes é freada diante de obstáculos como o da foto ao lado. Na impotência, o desabafo que inicia este texto ÁREAÁREA | DEZEMBRO | ABRIL 2007 2006 || 9
GABRIEL PORTELA
FOTOS: DIVULGAÇÃO
CIDADANIA Planejamento Para a arquiteta Ana Maria Luiza Pokora Schirmer, conselheira do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Santa Catarina (CREA-SC) e excoordenadora da Comissão de Acessibilidade da entidade, estas questões precisam ser previstas ainda na fase do projeto, reforçando a importância da conscientização dos responsáveis técnicos, como engenheiros e arquitetos. “Se for pensar depois de feito, haverá custos adicionais, o que sairá muito mais caro para o cliente”, explica. Neste ano, a Comissão de Acessibilidade do CREA-SC pretende publicar e distribuir entre os profissionais uma cartilha sobre o assunto.
coordenadora do projeto ‘Pesquisa e Desenvolvimento de Pisos Cerâmicos
O principal instrumento norteador dos arquitetos é a NBR 9050, editada
e Compósitos para Acessibilidade’, que consiste em avaliar e propor novas
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estabelece parâ-
tecnologias para pisos cerâmicos para acessibilidade em espaços públicos
metros de acessibilidade para edificações, mobiliário, espaços e equipamen-
externos e internos. Serão quatro anos de pesquisa, iniciados em 2006, com
tos urbanos. “Esta é uma ferramenta formidável para a formulação de projetos
a parceria da A2D - Agência para o Desenvolvimento do Design Cerâmico,
que contemplem a acessibilidade universal. Obviamente, possui alguns pontos
e recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), da Fundação de
incompletos e outros que tendem a projetar o equipamento e/ou o ambien-
Ciência e Tecnologia (Funcitec) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento
te como se a norma fosse um manual com receitas. Daí a importância do
Científico e Tecnológico (CNPq).
arquiteto entendê-la como uma ferramenta reguladora de apoio”, ressalva o
Depois dos testes, que já contam com a participação de entidades como
arquiteto Juliano Darós Amboni, de Florianópolis, responsável pela adaptação
a Associação Catarinense para Integração do Cego (ACIC), o grupo produzirá
de uma clínica em Criciúma. Para ele, falta interesse dos profissionais em
material informativo para ser distribuído entre profissionais, lojas e indústrias.
buscar essas informações. A norma é disponibilizada gratuitamente em alguns
Os pisos também ganharão selo de certificação do Instituto Nacional de Me-
sites na Internet. A versão original é comercializada pela ABNT, a R$ 75,00. “A
trologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). “É importante cons-
arquitetura é o acesso! A liberação do indivíduo no ato de viver, proteger-se,
cientizarmos sobre a necessidade de serem desenvolvidos novos produtos. O
abrigar-se, contemplar. A acessibilidade deve ser vista como uma exigência
maior parque cerâmico do Brasil está aqui, no sul do Estado, e isto deveria ser
de projeto, não só para que ele seja um bom projeto, mas para que atenda
aproveitado positivamente”, ressalta.
as atribuições de arquiteto. Infelizmente, muitos profissionais ainda não se atentaram a isso”, lamenta.
Outro ponto fundamental, frisa Marta Dischinger, é a formação dos profissionais nas universidades. “As pessoas precisam ser melhor capacitadas,
E não se trata apenas de prever o dimensionamento e os equipamentos
com mais conhecimento e abertura para esta questão da inclusão. Existem
adequados. É preciso pensar nos materiais. E a solução passa pela inte-
iniciativas nesta área, mas muito ainda é feito sem projeto, sem preparo”,
gração de dois aliados de peso: “a indústria e a universidade”, acredita
comenta a professora, autora do livro “Design para todos os sentidos: espaços
a professora doutora Marta Dischinger, do departamento de Arquitetura e
acessíveis para cidadãos cegos”, resultado de sua tese de doutorado defendi-
Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Marta é sub-
da na Chalmers University for Technology, na Suécia.
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Adaptações A Lei 8.123, de julho de 1991, não só obrigou as médias e grandes empresas
Juliano Daros Amboni, responsável pelo projeto. “Primeiramente, procurei mate-
a incluírem pessoas com deficiência em seu quadro de funcionários, como as
riais que atendessem aos critérios contidos na norma. A seguir, foi importante ter
forçou a adaptarem suas instalações. A Softway Contact Center, com sede na Ca-
em mente a resistência e segurança dos produtos quanto ao uso, seja no critério
pital, é um exemplo. Hoje, 72 pessoas com algum tipo de deficiência trabalham
público, seja no critério de se tratar, também, de usuários especiais com defici-
na empresa de call center, entre elas a assistente social Maria Helena Koerich. A
ências neurológicas, além de crianças, agitadas e curiosas por natureza”, conta.
substituição do revestimento do piso e a ampliação das aberturas foram algumas
Segundo ele, alguns equipamentos especiais, como o lavatório de semi-encaixe,
das mudanças feitas no prédio. A nova unidade da empresa, que está sendo
foram difícies de encontrar, por não existir a pronta-entrega. “Outra dificuldade
construída no bairro Cidade Universitária Pedra Branca, em Palhoça, já trará
foi o prazo de execução da obra. Foram 10 dias, no período de recesso da clínica,
estas especificações. Foram todas definidas ainda na fase de projeto, elaborado
para não afetar o atendimento”, acrescenta. Entretanto, faz questão de ressaltar
pelo escritório do arquiteto paulista Ricardo Vasconcelos, totalizando 10 mil m2.
as facilidades do projeto. “Iniciado com sete meses de antecedência, permitiu o
“O prédio, de construção horizontal, terá rampas, elevadores, escadas, corrimões
seu completo amadurecimento e contamos, também, com a confiança total do
e banheiros equipados com pisos adequados para cegos”, destaca.
cliente”, destaca. Na sua opinião, a NBR 9050 deve fazer parte do material de
Mesmo pequenos projetos podem fazer a diferença. Na cidade de Criciúma,
trabalho do arquiteto, que também deve estar atento às questões de segurança.
a Clínica Integrar, especializada em tratamento e reabilitação neurológica, refor-
“Cantos vivos, vidros acessíveis, degraus e peças soltas, devem ser evitados.
mou totalmente o seu banheiro, com o objetivo de torná-lo universalmente aces-
Além disso, vivenciar, por alguns momentos, o cotidiano do usuário facilita a per-
sível a seus clientes, de acordo com a NBR 9050. O que mais surpreendeu foi a
cepção dos obstáculos e deficiências de acessos existentes em todo os lugares
dimensão da obra e o tempo de execução: 6 m em dez dias, explica o arquiteto
de nossas cidades”, ensina.
2
Na página anterior, à esquerda, as novas aberturas do prédio da Softway, ampliadas para permitir o acesso dos cadeirantes. À direita, o banheiro reformado pelo arq. Juliano Amboni para clínica de reabilitação neurológica em Criciúma. Abaixo, planta baixa do mesmo projeto, na escala 1/25.
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FOTOS: CEZAR MOTTA
CIDADANIA Num passeio pelo Centro da Capital, Maria Helena aponta entraves, como o calçamento mal projetado e o degrau na entrada da loja
A voz da experiência Ágil e veloz em sua cadeira de rodas motorizada, Maria Helena Koerich co-
um piso sinalizador numa distância adequada para evitar colisões dos cegos
nhece cada pedra em seu caminho. A primeira delas é o transporte urbano de
com a cobertura dos orelhões. Outro entrave é a fila de pessoas sobre os pisos
Florianópolis, que disponibiliza poucos ônibus adaptados. Quando desembarca
de alerta junto às plataformas de embarque nos terminais de ônibus. “Seria
de um desses coletivos, novos obstáculos surgem à frente: calçadas inade-
importante desenvolver uma campanha avisando o que significa a faixa”, co-
quadas, elevadores e banheiros mal dimensionados, prédios sem rampas...
menta Maurício, que vem perdendo a visão progressivamente desde os oito
“Há iniciativas, sem dúvida, mas as coisas são adaptadas pela metade. Quan-
anos de idade por causa de um problema congênito. Para ele, a sinalização
to tem uma coisa, falta outra”, observa.
sonora nos semáforos e nos elevadores (muitos já dispõem do alfabeto Braile)
Para os deficientes visuais, os problemas parecem ainda maiores. Maurí-
proporcionaria aos cegos maior independência.
cio de Souza, 36 anos, conhece como poucos cada esquina da capital catari-
Exemplos como o de Maria Helena e de Maurício, ativos trabalhadores,
nense por conta de sua profissão como office-boy da Associação Catarinense
são exceções. Para a arquiteta Ana Maria, conselheira do CREA-SC, as pesso-
para Integração do Cego (ACIC). Assim como Maria Helena, ele reclama da
as com deficiência ainda são ‘marginalizadas’ porque não encontram nos es-
falta de sinalização adequada entre os terminais do sistema integrado de
paços públicos um local seguro para circular. “Onde está o cego e o cadeirante
transporte coletivo – fundamental para assegurar o seu direito constitucional
em nossa cidade?”, questiona. Ela afirma que “quem tem o poder na mão”,
de ir e vir. Entretanto, sua principal queixa recai sobre os telefones públicos,
como os governos e a imprensa, “ainda fazem muito pouco por esta expressiva
os quais considera uma armadilha e tanto. O ideal, aconselha, seria instalar
parcela da população”.
O ônibus adaptado é uma conquista, porém, ainda são poucos. O banheiro do Terminal de Integração (TICEN) é outro bom exemplo de acessibilidade
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ENTREVISTA
A nova fase do IAB/SC
Após um período de estagnação, o IAB/SC retoma suas atividades com uma nova diretoria. A arquiteta Cristina Piazza assume a presidência para um mandato ‘tampão’ de um ano. Apesar da gestão reduzida, os diretores está empolgados, como contou em entrevista à Revista ÁREA. pleitear a liberação de uma edificação que possa servir como sede ao IAB/SC junto
extraordinária. Como foi este processo?
a órgãos municipais e estaduais; reivindicar ação efetiva das Câmaras de Verea-
Arq. Cristina Piazza – Quando o processo não acontece de maneira natural é
dores e demais instâncias municipais, para aprovação dos textos dos Planos Di-
sempre um pouco desgastante e, portanto, mais complicado. Este será um manda-
retores; lutar pela continuidade da estadualização do IAB/SC, que creio deverá ser
to ‘tampão’, de apenas um ano, cujo principal objetivo é o de retomar as atividades
mais abrangente e, portanto, mais inclusiva; revitalizar as diversas coordenações
que vinham sendo desenvolvidas desde 2005. O IAB/SC não pode parar, porque
de trabalho, como as de Paisagismo, Arquitetura de Interiores, Patrimônio Histórico,
tem muitas respostas a dar aos arquitetos, ainda mais com as ações que estão
Artístico e Natural, Planejamento Urbano, Acessibilidade, Sustentabilidade, através
correndo no Congresso Nacional por conta da criação do Conselho de Arquitetos.
de uma atuação firme junto à sociedade, em detrimento de posicionamentos que
ÁREA - Será um desafio. Quais as suas expectativas?
não contemplem as aspirações verdadeiras dos arquitetos; incentivar a atuação
Arq. Cristina - São as melhores possíveis. Agregamos, na diretoria, profissionais
dos arquitetos junto a programas sociais de atendimento a comunidades social-
extremamente firmes e responsáveis com a causa dos arquitetos. Além da gran-
mente desfavorecidas; reforçar a campanha ‘Sou Arquiteto’, que objetiva a capaci-
de competência profissional, possuem articulação na área, seja junto à socieda-
tação profissional para promovermos a separação do “joio e do trigo”.
de civil, seja nos órgãos de classe e instituições do setor. Importante ressaltar
ÁREA - E o mercado da arquitetura em Santa Catarina, qual a sua avaliação?
que todos os atuais membros da diretoria já participavam ativamente do IAB/SC
Arq. Cristina - Está se abrindo, também por conta da necessidade dos mu-
há muito tempo, nos mais diferentes programas.
nicípios de realizarem os Planos Diretores. Este fato está fazendo com que os
ÁREA – Quem integra a diretoria?
arquitetos tenham a oportunidade única de mostrarem a sua competência no
Arq. Cristina – O arq. Juliano Darós Amboni é o diretor institucional e representa
trato das questões citadinas, e cujas definições irão se refletir em todas as ou-
o IAB junto à Inspetoria do CREA/SC. O arq. Sérgio Oliva assume como diretor Ge-
tras atividades públicas e privadas da sociedade em geral, inclusive nas novas
ral, é Conselheiro do IAB no CREA e atual Coordenador da Câmara Especializada
possibilidades de trabalho e áreas de atuação dos arquitetos.
de Arquitetura do Conselho. Eu sou professora da Unisul nos cursos de Arquitetu-
ÁREA - E a formação acadêmica?
ra e Urbanismo e Design, e representante do IAB junto ao Cotesphan – Comissão
Arq. Cristina - Existem 11 cursos de Arquitetura e Urbanismo em Santa Cata-
Técnica do Serviço de Patrimônio Histó-
rina, o que faz com que, a cada seis meses, adentrem ao mercado de trabalho,
rico, Artístico e Natural de Florianópolis.
aproximadamente, 150 novos profissionais. Porém, o curso de graduação, nos
Nós três fazemos parte do grupo que
dias de hoje, não é mais garantia de uma carreira vitoriosa. Com o advento da
coordenou o Projeto Casa da Criança
internet, as informações estão ao acesso da maioria das pessoas e, principal-
na Capital. Vale ressaltar que os de-
mente, dos possíveis clientes, o que torna fácil um rápido comparativo entre as
mais arquitetos que sempre estiveram
competências profissionais.
presentes na entidade entenderam a
ÁREA - Quantos associados o IAB/SC possui hoje?
situação e estão sendo companheiros e
Arq. Cristina - Atualmente, o IAB/SC possui três mil associados, mas nem todos
apoiando esta diretoria.
ativos. Gostaria de lembrar aos colegas arquitetos que a fidelização ao IAB/SC
ÁREA - Quais serão os principais
tornará sua atuação facilitada quando da efetivação do Conselho de Arquitetura,
projetos para 2007?
cuja formalização está bem próxima. Uma instituição só consegue ser efetiva
Arq. Cristina - Apesar das condições
no pleito das questões que interferem na vida profissional de uma classe, e na
em que assumimos, temos algumas
nossa não é diferente, com a vinculação de um maior número de arquitetos à sua
ações pré-definidas. Entre elas estão:
entidade representativa.
GABRIEL PORTELA
Revista ÁREA – A nova diretoria acaba de assumir o IAB/SC numa eleição
Arq. Cristina: “o IAB/SC não pode parar, porque tem muitas respostas a dar aos arquitetos” 14 | ÁREA | ABRIL 2007
BIBLIOGRAFIA
Bioarquitetura 1 No livro “Ecohause – a casa ambientalmente sustentável” (ed. Bookman - 408 páginas – R$ 108,00) a professora de arquitetura da Oxford Brookes University Sue Roaf apresenta como é possível construir uma edificação de baixo impacto ambiental e baixo consumo energético.
Bioarquitetura 2 Um be-a-bá para os profissionais interessados em bioarquiteura. Em sua obra “Manual do arquiteto descalço” (Ed. Livraria do Arquiteto – 697 páginas – R$ 99,00), o arquiteto holandês Johan Van Lengen alerta os leitores sobre sua responsabilidade pela construção do futuro, debatendo projetos, climas, materiais e tecnologias apropriadas. Ex-pesquisador de energia solar da Unicamp e consultor internacional sobre melhoramentos em moradias populares, Van Lengen é fundador do Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura (TIBÁ), criado há 20 anos no Brasil como um instrumento para a disseminação de uma arquitetura integrada com a natureza.
Concreto armado Com a proposta de iniciar os profissionais na técnica, o engenheiro civil Manoel Henrique Campos Botelho lança o livro “Concreto armado eu te amo - para arquitetos” (Ed. Edgard Blucher – 223 páginas – R$ 59,90), com o apoio do IAB/SP. A publicação apresenta detalhes técnicos do material, componentes, tabelas, além de critérios de escolha, dicas e cuidados especiais.
Interiores Em sua segunda edição, o livro “Arquitetura de Interiores Ilustrada” (Ed. Bookman – 352 páginas – R$ 88,00) traz uma abordagem completa sobre projeto de espaços internos, tratando de acabamentos, móveis e texturas, iluminação, sustentabilidade e acústica. Os temas são ricamente ilustrados por seus autores: o arquiteto Francis D. K. Ching, professor de Arquitetura da University of Washington, e Corky Binggeli, professora do Wentworth Institute of Technology e do Boston Architectural College.
Livros à venda nas Livrarias Catarinense
PAPOSÉRIO
Valorização de produtos locais O designer pode contribuir para fortalecer a vocação e a imagem de uma região, desenvolvendo produtos com alto valor agregado, que dinamizam a economia local. Neste sentido, a integração deste profissional em empresas, associações de produtores, organizações governamentais e não-governamentais é essencial para a promoção da competitividade territorial.
O DESIGN VEM SENDO reconhecido, cada vez mais, como ferramenta estratégica
‘autêntico’ e ‘original’. Assim, o consumo torna-se uma experiência única, um
para a valorização produtos locais, por promover o reconhecimento e a preser-
ritual de apreciação de qualidades ímpares. O mesmo ocorre na hotelaria e
vação de identidades e culturas regionais. Ao tomarmos um bom vinho francês
gastronomia. Neste caso, a intenção é criar momentos memoráveis, os quais o
ou italiano, por exemplo, experimentamos uma qualidade ligada a um território, a
cliente deseje repetir e compartilhar com outras pessoas.
uma nação, a tradições incorporadas pela sociedade ao longo dos anos.
De fato, o desenvolvimento de produtos com alto valor emocional é, hoje,
A França e a Itália, aliás, são referências na promoção do reconhecimen-
um grande desafio para as empresas, de todos os setores. Não basta apenas
to de seus produtos, investindo fortemente em ações de conscientização do
garantir alta qualidade; é preciso comunicar eficientemente seus atributos,
consumidor, no fortalecimento da imagem destas mercadorias e dos territórios
por meio de embalagens, sites e pontos de venda. Neste cenário, o papel do
de origem e no desenvolvimento de serviços relacionados, como hotéis e res-
designer é fundamental. Afinal, equilibrar valores objetivos (preço, funcionali-
taurantes. Não por acaso, muitos produtos franceses e italianos têm reputação
dade, sustentabiidade) e subjetivos (valores estéticos, culturais, emocionais),
tão positiva.
no projeto de produtos e serviços é uma de suas competências. Em uma visão mais ampla, o designer pode contribuir para fortalecer a vocação do território, através da concepção de produtos que agreguem maior
do Café do cerrado mineiro e do queijo do Serro em Minas Gerais,
valor localmente e do desenvolvimento de estratégias que promovam susten-
além dos vinhos de diversas regiões do estado de Santa Catarina.
tabilidade econômica, social e ambiental. Para tanto, é essencial a integração
DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Observamos, também, uma crescente tendência desta valorização no Brasil, como no caso dos famosos Doces de Pelotas, da cachaça de Luís Alves,
Mas o que realmente diferencia estes produtos? Quais ele-
deste profissional com produtores, empresas, instituições governamentais e
mentos os tornam especiais? Há um valor emocional associado
de pesquisa, para estimular o desenvolvimento da cultura de design e para a
aos produtos, que respondem ao interesse dos consumidores pelo
compreensão da sua importância para a competitividade territorial.
Lia Krucken 16 | ÁREA | ABRIL 2007
Doutora em Engenharia de Produção (UFSC). Professora da Escola de Design da Universidade Estadual de Minas Gerais e colaboradora do Departamento de Design da UDESC e do Centro de Pesquisas em Design para Sustentabilidade e Inovação do Politécnico de Milão
aquecedores elétricos. A criação é da equipe de Marcos Sebben, que na
BEMFEITO
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Premiado no iF Award 2007, o Luciferver é um redesign dos tradicionais foto abaixo apresenta os seus outros produtos vencedores
Agora, o mundo
A Design Inverso, de Joinville, já vinha ameaçando. Agora, definitivamente, colocou Santa Catarina no mapa mundial do setor com a conquista de três prêmios no iF Product Design Award 2007 - o Oscar do Design. A trajetória de sucesso desta empresa, que deixou a incubadora tecnológica há pouco mais de seis meses, é uma prova de eficiência da fórmula talento+competência+estratégia. TEM PRODUÇÃO CATARINENSE no pavilhão-sede do Fórum Internacional de De-
incubadora de base tecnológica de Joinville administrada pelo SENAI e mantida
sign, na Alemanha, este ano. Até agosto, os vencedores do iF Product Design
pelo Sistema FIESC, e já é reconhecida como um dos principais escritórios de
Award 2007 estarão em exposição e, dentre os 19 brasileiros, três desenvolvidos
design estratégico do Estado. Nasceu do empreendedorismo de Sebben, sempre
e produzidos aqui, pela Design Inverso: a embalagem para mudas de hemero-
fascinado pela estruturação lógica e pela representação dos desenhos. O seu
callis, para a Agrícola da Ilha; a cachaça de marca
interesse pelo Design aumentou quando foi também
própria; e o aquecedor elétrico Luciferver, para a Eletro
atraído pelos aspectos sócio-econômicos e culturais
Zagonel. Os produtos passaram pela eliminatória Bra-
para análise e interpretação do mercado e das deci-
sil e, na Alemanha, sede da IF Design, concorreram
sões de compra, momento em que conheceu o curso
com quase 2,3 mil inscritos de 35 países. “Esta é a
de desenho industrial. “Mas a aproximação definitiva
primeira vez que um escritório de Santa Catarina ven-
aconteceu em 1997, quando, ainda no primeiro ano
ce um prêmio iF. Estamos muito felizes”, comemora o
de faculdade, fiz estágio em um escritório de design
designer Marcos Sebben, diretor da Design Inverso.
de Joinville. Ali descobri meu talento e como aprovei-
Fundada há cerca de seis anos, a empresa foi graduada em setembro do ano passado na MIDIVille,
tar minhas habilidades para o Design. Muito do que aprendi naquela época aplico até hoje”, reconhece. ÁREA | ABRIL 2007 | 17
BEMFEITO
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Apesar da história recente, a Design Inverso tem em sua equipe o maior pa-
Unidos, ao lado de outras sete empresas brasileiras, para receber o prêmio
trimônio. Formada por colaboradores de diferentes áreas, trazem na bagagem
World Star 2006 pelo design estrutural e identidade visual do clareador den-
talento e experiência. “Somos 11 profissionais, a maioria designers. Alguns com
tal White Class, da FGM Produtos Odontológicos. Concedida pela ONG sueca
pós-graduação no exterior e com reconhecida expertise em suas áreas de atu-
World Packaging Organisation (WPO), esta é a maior premiação do segmento
ação: design gráfico e design de produto”, conta Sebben, graduado em Design
de embalagens. “Vencer pela segunda vez reflete o profissionalismo com que
e com MBA em Gestão Empresarial. Para ele, a multidisciplinaridade da equipe
são tratados os projetos na Design Inverso”, argumenta.
é fundamental, desde que bem administrada. “O grande problema de muitos
E o orgulho da equipe é evidente. “Quando informamos sobre o iF, todos le-
empresários é o alinhamento das reais competências de suas equipes com os
vantaram-se e aplaudiram. Foi um momento gratificante, pois diariamente luta-
objetivos empresariais”, avalia o jovem executivo.
mos pelo design catarinense. Com a premiação, mostramos para o mundo que
Ainda no período de incubação, a Design Inverso conquistou importan-
Santa Catarina começa a se despontar como referência em design”, afirma, ainda
tes prêmios nacionais e internacionais, como o da Associação Brasileira de
emocionado. Para Sebben, três iF no portifólio representa uma carga extra de res-
Embalagem (ABRE), em 2005 e 2006 – pela embalagem da hemerocallis; e o
ponsabilidade, pelo pioneirismo. “O importante é que o design seja visto como uma
World Star 2005, ano em que também foi finalista do Talentos Empreendedo-
ferramenta de gestão e não como produto de consumo estanque. O processo é
res, do Sebrae/SC. Em abril, Marcos Sebben esteve em Chicago, nos Estados
complexo e exige total interação e integração com o negócio da empresa”, frisa.
Os premiados no iF A cachaça Design Inverso foi desenvolvida no final de 2006 e entregue aos clientes, for-
passou na fase final do prêmio da Abiplast e do Museu da Casa Brasileira.
necedores e parceiros da empresa. Trata-se
A embalagem para Hemerocallis, de-
de uma embalagem diferenciada, em vidro
senvolvida para a Agrícola da Ilha, revo-
jateado, com um êmbolo, semelhante a um
lucionou o mercado de flores no Brasil. O
tubo de ensaio, dentro da garrafa com a mar-
objetivo do projeto foi criar uma solução
ca empresa. Foi selecionada, em abril, pelo
que garantisse a competitividade do pro-
corpo de jurados para participar da 8ª Bienal
duto – até então vendido sem embalagem,
Brasileira de Design Gráfico.
como seus concorrentes - nos novos ca-
Desenvolvido pelos designers Irene Mal-
nais de distribuição almejados pelo cliente.
dini e Eduardo Sanches, o Luciferver é um re-
A embalagem conquistou o prêmio mundial
design dos tradicionais aquecedores elétricos
de embalagens, o WorldStar, concedido
usados no sul do País, Argentina e Uruguai.
pela World Packaging Organisation (WPO),
Leva em conta a segurança, não permitindo o
e também levou o Prêmio da Associação
acesso direto à resistência elétrica, protegida
Brasileira de Embalagens (ABRE 2005), e
por suporte plástico. O trabalho conceitual
o prêmio Design Catarina.
18 | ÁREA | ABRIL 2007
Na página anterior, a embalagem premiada no ABRE 2005 e o clareador dental White Class, que arrematou um World Star 2006. Ambos foram desenvolvidos para a FGM Produtos Odontológicos
O caminho começa agora a ser trilhado, apontando uma longa trajetória pela frente. “No cenário nacional, Santa Catarina é vista às margens do design brasileiro. Somos um pólo industrial e de inovação tecnológica, mas os cursos de Design ainda são recentes – apesar de Florianópolis ter abrigado, nos anos 90, o LBDI- Laboratório Brasileiro de Design Industrial. Por este motivo, temos poucos profissionais despontando no mercado”, considera. Otimista, ele aposta no amadurecimento do setor e na valorização profissional, lamentando que ainda haja empresários que pensam o design como “reforma cosmética”. “Há um grande despreparo dos empresários, o que também significa uma oportunidade para os designers, que precisam mostrar isto a eles. Cabe a nós explicarmos e provarmos porque a cultura do Design precisa entrar de vez nas empresas. Hoje, nas grandes multinacionais, o Design é levado muito a sério. Prova disto é que no último Fórum Econômico de Davos foram apresentadas 22 sessões com temas relacionados ao setor”, frisa. Para Marcos Sebben, os profissionais devem, de uma vez por todas, mostrar que aqui há competência de sobra. “Muitos empresários catarinenses não valorizam a produção local, preferindo comprar as marcas dos grandes centros. Cabe a nós,
O valor dos móveis e objetos de decoração não está apenas na beleza e no design. Está também na história.
designers catarinenses, levantar de uma vez por todas a bandeira do design de nosso Estado”, provoca. E aos empresários de Santa Catarina – a maioria conservadores, na sua opinião – deixa outro recado: “tirem o pé do freio e apostem nos talentos locais”.
MÓVEIS RÚSTICOS E ANTIGOS OBJETOS DE DECORAÇÃO R o d o v i a S C 4 0 5 , 1 4 6 2 - R i o Ta v a r e s Florianópolis - (48) 3226 7455
A cachaça de marca própria e a nova caixa da Hemerocallis
UPNEWS Por Paulo Guidalli
FOTOS: DIVULGAÇÃO
A vanguarda da Arquitetura e do Design no Brasil e no exterior
imm cologne Na principal feira da Alemanha, o mobiliário está de volta.
Paulo Guidalli comanda um escritório de marketing em Curitiba, desenvolvendo estratégias para empresas de Arquitetura e Design. É colaborador de diversas publicações, entre elas a Revista Área. 20 | ÁREA | ABRIL 2007
O ANO DE 2007 COMEÇOU com o sucesso da imm cologne graças a maior apro-
a apresentação renovada da Ideal House, em nova localização, agora na
ximação dos compradores internacionais e do interesse renovado do público
seção norte da Trade Fair Boulevard, que liga aos outros pavilhões da feira.
pelo mobiliário para a casa. A apresentação emocional dos exibidores colocou
Intitulado The Architect and the Poet, a arquiteta Zaha Hadid e o designer
o tema nos corações dos consumidores. Este novo frescor, se confirmado, trará
poeta Naoto Fukasawa apresentaram suas geniais criações para as casas do
otimismo para o setor e colocará o mobiliário na lista das prioridades.
futuro. Os imensos cubos vermelhos no local se tornaram parte integrante,
Mais uma vez a imm cologne se firma como um local global de negócios. Foram sete dias com 1.301 expositores, que apresentaram um espectro de
assegurando o espaço e estimulando troca de informações entre visitantes e jornalistas.
móveis de design e móveis clássicos para as casas do mundo todo. A parti-
Um excitante contraste para o público foi providenciado pela criativa casa
cipação estrangeira de 66% entre os expositores reflete este mercado global.
mobiliada por jovens designers no [d3] design talent. Inspirados estudantes
Cerca de 115 mil pessoas estiveram no evento, incluindo 34 mil visitantes nos
apresentaram soluções inovadoras e divertidas para o futuro do design.
dois últimos dias, reservados para o público em geral, informando-se sobre tendências e novos produtos no setor.
Para quem segue a cartilha, de forma geral, a prioridade para o mobiliário será o desenho limpo, pouco arredondado, orgânico. Formas suaves, quase
Mesmo que a previsão para o mercado doméstico alemão seja boa, o
abraçando ou embalando, para sofás e easy-chair. Aumenta o número dos
crescimento motor no setor está diretamente ligado à exportação – 40% dos
tecidos tramados e com texturas usados nas superfícies dos sofás. O couro
visitantes vieram de fora. Apesar do decréscimo dos europeus, aumentou
ganha mais qualidade e estende seu status. A tendência na cor é o lilás. A
o número de visitantes vindos do Estados Unidos, da Ásia, da Rússia e do
madeira continua em tons escuros. As divisórias ganham leveza e flexibilidade.
Oriente Médio. Este ano, a imm cologne apresentou novas atrações e con-
Neste contexto contemporâneo, as telas planas substituem as obras de arte. A
ceitos para as áreas de arquitetura, design e interiores, como a primeira
tecnologia, portanto, continua com o papel de destaque. Um destaque popular
edição da Architecture Code Cologne, um disputado ciclo de palestras, e
graças aos preços, que competem com o próprio mobiliário.
Na página anterior, em sentido horário, exemplo de chaise leve e descontraída, tendência no evento; cadeira Aetos da alemã Varangis Schemata, com formas envolventes; e o modelo Inspired by Cologne de tecnologia inovadora e uma profusão de lâminas torcidas. Acima, uma das peças divertidas dos jovens designers no [d3] design talent ÁREA | ABRIL 2007 | 21
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UPNEWS
A arquitetura desconstruída.
A ‘turca louca’, cujos projetos mal saíam da prancheta, se torna ícone da arquitetura internacional. Zaha Hadid representa a possibilidade de desenvolver uma arquitetura inovadora, original, bem resolvida tecnicamente e respeitosamente humana. DURANTE ANOS, ZAHA HADID foi conhecida como a arquiteta que ganhava
museus, fábricas e projetos urbanos, como o plano urbanístico de Cingapura
prêmios por projetos, mas que não os via ir muito além das pranchetas ou
que desenvolve atualmente.
simulações. Os críticos diziam que eles eram impossíveis de serem realizados,
Fã do pintor russo Kasimir Malevich, fundador do movimento conhecido como
que suas idéias eram apenas modismos momentâneos que se dissipariam com
suprematismo (que qualificava a pintura à pura abstração geométrica e que in-
o passar dos anos. Que engano! Hadid tem hoje uma infinidade de projetos
fluenciou o construtivismo), Hadid acredita em um discurso de arquitetura inter-
em execução distribuídos pelo mundo todo: Estados Unidos, Europa e Ásia. E
nacionalizado e contra o pensamento estereotipado. Projetos como o Vitra Fire
não são simples projetos; são marcos arquitetônicos que desafiam os estudos
Station, na Alemanha, o BMW Central Building, também na Alemanha, e o Hotel
matemáticos e os conceitos de espaço em paisagens urbanas, com o objetivo
Puerta America, na Espanha, são exemplos da linha descontrutivista. O descons-
de encontrar uma estética que dê conta de todo o discurso que envolve a ar-
trutivismo não é considerado um movimento arquitetônico por muitos teóricos,
quitetura com as artes plásticas e a literatura.
mas como um sincronismo de pensamento entre alguns profissionais que partilha-
Nascida em 31 de outubro de 1950, em Bagdá, Hadid formou-se em
vam das mesmas idéias nas décadas de 1980 e 1990. Independentemente dessa
matemática e depois foi estudar na Architectural Association de Londres.
consideração teórica, Hadid permanece fiel ao seu estilo. A sua intimidade com o
Teve aulas com Rem Koolhaas, de quem se tornou amiga e companheira
desconstrutivismo se dá também pela familiaridade que mantém com o concreto
profissional. Enquanto não conseguia pôr em prática todas as suas idéias
e suas possibilidades curvas. O exemplo visual mais claro dessa relação é a Ber-
visionárias, Hadid teve uma bem-sucedida carreira como professora. A
gisel Ski Jump, uma rampa de esqui construída na Áustria, altamente estilizada,
união da teoria com a prática foi altamente promissora. Ela lecionou em
que foi um dos projetos que rendeu para a arquiteta a notoriedade mundial.
Harvard, na Universidade de Chicago e em Columbia. Essa facilidade em
Zaha Hadid tornou-se capa de revistas internacionais. A ‘turca louca’,
transitar no meio acadêmico e no mercado também se reflete na diversidade
como era chamada, agora integra o clube de profissionais geniais, aqueles que
de projetos do escritório da arquiteta, em Londres, desenvolve: pavilhões,
transitam livremente na linha tênue entre a genialidade e a loucura.
22 | ÁREA | ABRIL 2007
De cima para baixo, algumas das sempre ousadas idéias de Hadid: a sede da BMW na Alemanha, o projeto para um cassino na Suíça e de um conservatório de música na Espanha
Novo Produto
Luminária D69 Vicky Luz e estilo na luminária Vicky, desenhada por Nicola Gardin e Roger Zanon para a italiana Fabbian. A pureza e a luminosidade parcialmente velada do cristal permitem redescobrir uma decoração real. A difusão trapezoidal em cristal decorado e o acabamento em cromo polido dão vida a esta coleção formada por luminárias suspensas, de mesa e de parede. A Vicky pode ser montada em diversas formas, permitindo criações livres. A Fabbian trabalha com iluminação desde 1961 e seu percurso é coerente com a evolução do design contemporâneo. Designers como Roberto Pamio, Francesco Lucchese, Alessandra Baldereschi, entre outros, emprestam suas criatividades à marca.
ÁREA | ABRIL 2007 | 23
BIOARQUITETURA DIVULGAÇÃO/OFICINA DO BAMBU
É impressionante e possivelmente infindável a potencialidade do bambu. A planta dos mil usos, como é conhecido na China, maior produtor mundial, está presente na alimentação, decoração, veículos, instrumentos musicais, produtos de beleza e medicinais, papel, carvão, tecidos, arquitetura e construção civil. As cerca de 1,3 mil espécies existentes no mundo são intensamente pesquisadas e novas aplicações são descobertas. O Brasil despertou há pouco para o bambu, e Santa Catarina já está entre os destaques.
DE APARÊNCIA DELICADA, esta gramínea típica de regiões de florestas tropi-
As características físicas e mecânicas do bambu indicam sua potencialida-
cais ou subtropicais largamente utilizada pelos povos nativos da Ásia, África
de para a construção civil. Pode servir como coluna, viga e lastro, na estrutura-
e nas Américas, revela-se uma excelente matéria-prima por sua resistência,
ção, ou como telha, forro e até para determinados encanamentos de água. Novos
durabilidade e versatilidade. Por seu caráter sustentável, torna-se interessan-
usos vêm sendo explorados na medida em que avançam as pesquisas para a
te às empresas e profissionais que desejam associar seu trabalho ao conceito
substituição da madeira e identificação de materiais de baixo impacto ambien-
‘ecologicamento correto’.
tal. No Brasil, onde há em torno de 230 espécies nativas, agora é que os estu-
Milenar, o bambu tem seus ícones na história. A estrutura original – mi-
diosos – e o mercado – parecem despertar. “Nas Américas, a cultura dos povos
lenar – da abóbada do Taj Mahal, por exemplo, era feita com este material.
indígenas foi subjugada e em grande parte substituída pela cultura européia.
Albert Santos Dumont usou bambu na estrutura de uma série de seus aviões.
Usar bambu era, evidentemente, coisa de índio, portanto era considerado de
No Equador, pesquisadores identificaram resquícios de bambu em sítios ar-
pouco valor ou mesmo dispensável”, avalia o pesquisador e permacultor Hans-
queológicos de cerca de 5 mil anos, utilizado pelos indígenas. Neste país e
Jürgen Kleine, fundador da Associação Catarinense do Bambu, a BambuSC.
na Colômbia, pontes, cercas, barricadas, aquedutos e até prisões já foram erguidas com a espécie Guadua Angustifólia, considerada a gigante. 24 | ÁREA | ABRIL 2007
As espécies mais adequadas à construção civil, curiosamente, estão na América, de acordo com Kleine. “As mais usadas são do gênero Guadua, que
GABRIEL PORTELA
Versรกtil bambu ร REA | ABRIL 2007 | 25
Há seis anos produzindo peças para o mercado brasileiro e externo, o
tros e diâmetros de até 20 cm, como o Guadua angustifolia, encontrado nos
casal Ioná Beck e Marco di Bernardi, da Oficina do Bambu, em Florianópolis,
países da Região Amazônica”, explica. O principal diferencial está nos colmos
acredita que a maior dificuldade para a popularização do bambu é a falta de
uniformes, retilíneos e resistentes, além de ser menos atacada por fungos e
mão-de-obra e de tecnologia especializadas. As espécies mais utilizadas pela
insetos, quando tratada apropriadamente. “Esta espécie está sendo plantada
empresa são os moso, cana-da-índia e o gigante. “Nosso fornecedores são do
em diversas regiões do Brasil, inclusive em Santa Catarina, mas a produção é
Paraná e de São Paulo. O bambu daqui não é o ideal, porque é rico em amido
muito inferior à demanda”, argumenta. No Estado, as espécies mais abundan-
que atrai muitas pragas”, explica o empresário. Entre seus clientes estão pro-
tes são do gênero Bambusa, de origem asiática, trazidas pelos portugueses
fissionais e indústrias. “Do bambu aproveita-se tudo. Vendemos até lasca do
há mais de 300 anos, que “normalmente, não são empregadas na construção
miolo para uma indústria fazer um detalhe de um móvel”, conta. A empresa
civil, devido às suas formas irregulares e baixa resistência contra fungos e
também investe em produção própria, desenvolvendo cadeiras, chaises lon-
insetos”, complementa Kleine.
gues e bandejas. “Temos um protótipo de tapete com bambu, com acabamento
O interesse das indústrias e dos profissionais do setor é crescente. A Nor-
em couro e tecido”, adianta di Bernardi. A grande aposta, entretanto, está
móveis, de Campo Alegre, já anunciou que pretende colocar no mercado, ainda
nos laminados (também chamados de Plyboo em referência aos laminados de
neste primeiro semestre, cinco peças exclusivamente feitas com bambu. Há
madeira, Plywood) – inovador em Santa Catarina. “Estamos desenvolvendo
alguns anos a indústria estabeleceu parceria com o arquiteto e designer Paulo
uma linha de produção para o Brasil e para o exterior, mas vamos ter que criar
Foggiato, de Curitiba, para pesquisa que envolve desde o plantio até a elabo-
uma máquina para isso”, adianta.
ração da matéria-prima para uso industrial, passando pelo acompanhamento
Outra inovação made in Santa Catarina é a Estação de Preservação Am-
da colheita, tratamento, secagem e manipulação. E o retorno do investimento
biental – uma tecnologia desenvolvida pelo projeto SISNATE (Sistema Natural
já é percebido. Em 2004, uma das cadeiras desenvolvidas foi premiada no
de Tratamento de Efluentes) fabricada e comercializada pela Cipla Indústria
Salão Design MovelSul, realizada em Bento Gonçalves (RS). Outra ficou entre
de Materiais de Construção, de Joinville. Lançada em março na Feicon, a EPA
as finalistas da última edição do iF Product Design Awards, na Alemanha,
promove o tratamento de efluentes por processo anaeróbio, sem o uso de pro-
premiação considerada o Oscar do setor.
dutos químicos e sem o consumo de energia, usando apenas fibras naturais
A Teclar Móveis, de São Bento do Sul, optou em usar o bambu apenas em
– no caso, o bambu –, eliminando 99% dos coliformes fecais. De acordo com
detalhes de seus produtos. Pequenas chapas laminadas coladas a um painel de
o ambientalista e líder comunitário, Galdino Santana de Limas, inventor do
MDF revestem portas de móveis, estruturas de sofás e cabeceiras de camas. O
SISNATE, os filtros de bambu instalados sobre os tanques de concreto serão a
empresário Décio Weiler preferiu não usar o bambu na totalidade dos móveis por-
solução definitiva para o tratamento de efluentes. Segundo ele, a manutenção
que nem todos os produtos seguem uma linha “rústica e natural”. Para ele, a
do sistema deve ser feita a cada três anos, conforme a saturação do bambu,
preocupação ecológica deve estar sempre presente no cotidiano das empresas.
que pode ser reaproveitado como adubo. O produto final - um líquido transpa-
Quase 100% das indústrias na região utilizam madeira reflorestada na produção
rente, quase inodoro e não poluente – pode ser lançado diretamente nos lagos,
de suas peças, como o eucalipto e pinus, “e o bambu veio para somar”, acredita.
rios ou lagoas sem poluição do meio ambiente, de acordo os técnicos.
DIVULGAÇÃO/NORMÓVEIS
BIOARQUITETURA
se caracterizam por seu grande porte, com altura dos colmos de até 25 me-
26 | ÁREA | ABRIL 2007
DIVULGAÇÃO/OFICINA DO BAMBU
Cadeiras da Normóveis, desenvolvidas pelo arquiteto e designer Paulo Foggiato, foram premiadas no iF Award 2007. A peça na página anterior também conquistou o Salão Design MovelSul em 2004. Acima, forração executada pela Oficina do Bambu
ÁREA | ABRIL 2007 | 27
BIOARQUITETURA
DIVULGAÇÃO/OFICINA DO BAMBU
Chaise e espreguiçadeiras estão entre os móveis desenvolvidos pela Oficina do Bambu. O material também é usado como revestimento de parede e em peças de design arrojado
Impulso à cadeia produtiva Em Santa Catarina, as redes para disseminar o conhecimento sobre o bambu
para reuniões, palestras, seminários, exposições em troca de conhecimentos
vêm se fortalecendo nos últimos anos. Em outubro do ano passado, o Centro
sobre bambu que são oferecidos a alunos e professores. “Já temos em SC
de Tecnologia do Mobiliário do SENAI de São Bento do Sul, por meio do Núcleo
fornecedores de mudas de bambu de diversas espécies de uso comercial”, co-
de Inovação e Design Moveleiro, aproveitou a Semana Nacional de Ciência e
memora o fundador Hans-Jürgen Kleine, hoje diretor-secretário da BambuSC.
Tecnologia para realizar o seminário “O Uso do Bambu na Indústria Brasileira”,
A entidade obteve junto ao Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo
acompanhado de uma mostra de produtos fabricados na região. “O assunto
Sul (BRDE) a garantia de financiamento para projetos de plantio de bambu.
despertou interesse das indústrias pelas aplicações, facilidades e beleza es-
“E para indústrias que usem bambu como matéria-prima, embora ainda falte
tética proporcionadas pelo material”, lembra Malis Maria Liebl Keil, gestora
despertar os empresários para estas atividades”, admite.
do Núcleo de Inovação e Design Moveleiro do SENAI. “O resultado do evento
Em fevereiro deste ano, em parceria com a empresa Eco&Tao, a entidade
superou as expectativas pela grande procura e repercussão”, complementa
trouxe a Santa Catarina o arquiteto urbanista e permacultor paraguaio Guil-
ela, também gestora do Núcleo do Mobiliário da Design Catarina.
lermo Gayo, um dos maiores especialistas em bambu na América do Sul (leia
A BambuSC, criada em 2005, está empenhada na implantação da cadeia
entrevista na página 30). Durante três dias, num sítio em Florianópolis, Gayo
produtiva do bambu no Estado, baseada na difusão de conhecimentos tecnoló-
demonstrou a engenheiros, arquitetos, designers, agrônomos e estudantes
gicos nos campos agrícola, industrial e artesanal. Conta com duas importantes
práticas de manejo e de aproveitamento da planta, ensinando como explorar
parcerias: a Agrorede da UFSC, que hospeda um grupo de discussão sobre
recursos renováveis e criar uma nova estética. Os próximos passos são o lan-
bambu na Internet, com mais de 70 membros; e o CEFET-SC – Centro Federal
çamento da campanha “Bambu – plante esta idéia” e de uma cartilha sobre
de Educação Tecnológica, em Florianópolis, que empresta suas instalações
manejo de bambuzais, elaborada pela arquiteta e permacultora Sumara Lis-
28 | ÁREA | ABRIL 2007
parte do curso de manejo e montagem de estruturas em bambu realizado por Gayo em Florianópolis
DIVULGAÇÃO/TAKUARA RENDÁ
Armações e tramas variadas fizeram
boa. Também está no programa para este ano, firmar parcerias com a Empresa
sofreram com o desmatamento. “O bambu é a planta de mais rápido cresci-
de Pesquisa Agropecuária de SC (Epagri) e com o Departamento de Botânica da
mento, tem alta produtividade agrícola, comparável ao do eucalipto e é pouco
UFSC para fortalecer a base da futura cadeia produtiva do bambu.
exigente em relação a solo e clima”, explica Hans-Jürgen Kleine. E as vanta-
No Brasil há outras importantes iniciativas como a do site www.bam-
gens não param por aí. O bambu libera 35% de oxigênio a mais na atmosfera,
bubrasileiro.com, referência internacional, que oferece grupos de discussão
se comparado a outras árvores, e a serragem que sobra na produção pode
e muita informação sobre a planta. O interesse dos brasileiros neste tema
tornar-se um excelente adubo orgânico. “O momento que estamos vivendo, de
é tanto que o País foi o escolhido para sediar o 8º Congresso Mundial de
repensar o tratamento que damos ao meio ambiente, é excelente para olhar-
Bambu, que reunirá os principais especialistas no setor no Rio de Janeiro.
mos o bambu como uma alternativa viável e saudável”, ensina.
Realizado pela Escola de Bioarquitetura e Centro de Pesquisa e Tecnologia Experimental de Bambu (Ebiobambu) e pela Organização Mundial do Bambu, o evento estava previamente agendado para novembro deste ano, mas deve acontecer em 2008. Além da possibilidade de testar e ousar novos formatos, o bambu permite
Saiba mais w w w. b a m b u b r a s i l e i r o . c o m . b r w w w. a b m t e n c . c i v. p u c - r i o . b r
o uso racional do solo sem prejuízos ambientais, como observa o arquiteto Fo-
http://sitiovagalume.com/bambu/bambusc/
ggiato. “Como matéria-prima, é um material extremamente saudável ao meio
w w w. t a k u a r a r e n d a . o r g
ambiente”, frisa. Após oito anos do primeiro plantio, o bambu tem colheita
w w w. w o r l d b a m b o o c o n g r e s s . o r g
anual, sem a necessidade de replantio, e atua como regenerador de áreas que
w w w. e b i o b a m b u . c o m . b r ÁREA | ABRIL 2007 | 29
BIOARQUITETURA
Mudança de hábito
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Há 12 anos, o arquiteto urbanista e permacultor paraguaio Guillermo Gayo declarou seu amor ao bambu. Formado pela Universidade Nacional de Mar del Plata, na Argentina, e pela Universidade Americana do Paraguai, em planejamento estratégico para empresas, Gayo encontrou no bambu uma forma de unir satisfação profissional e pessoal com engajamento social e político. No final de 2001, Gayo formou a Takuara Rendá, uma organização
móveis, utensílios e até ikebanas. Usamos um sistema simples de
sem fins lucrativos localizada em Sapukai (95 km de Assunção),
ferramentas e de encaixe das peças que não depende de energia
no Paraguai. Lá, junto a uma comunidade de camponeses, são
high tech e obedece a normas internacionais de excelência. Com o
desenvolvidos programas para incentivar o aproveitamento sus-
mínimo gasto energético, aproveitamos o máximo do material. Além
tentável do bambu, de acordo com os princípios da permacultura,
disso, quando a mão-de-obra é treinada, ela desenvolve um bom
respeitando o meio ambiente e a cultura local. Durante sua estada
nível de capacidade e criatividade.
em Florianópolis, em fevereiro, onde ministrou curso a convite da
ÁREA – O mais o atrai no trabalho com o bambu?
Eco & Tao e da BambuSC, Gayo concedeu entrevista à Revista Área
Gayo – O bambu não tem um ciclo de vida complexo. Pode facil-
e falou sobre os motivos que o levaram a optar pelo bambu na
mente ser incluído num plano econômico de sustentabilidade, des-
arquitetura e design.
de que se levem em conta as questões ambientais, sociais e econô-
Revista ÁREA - Como são desenvolvidos os projetos no Takuara
micas. O bambu é como um capim, uma primeira pele muito rústica
Rendá?
que vai preparar e proteger o terreno. É uma cultura de reprodução
Guillermo Gayo – A nossa proposta não está totalmente estrutu-
rápida e auto-sustentável e não é necessário replantá-lo.
rada. Buscamos respeitar o modo de vida dos povos locais e ouvi-
ÁREA – E quais são as vantagens, do ponto de vista ambiental?
los atentamente. Há um sistema de hábitos estabelecidos e uma
Gayo – Por ser auto-sustentável, o bambu pode substituir a ma-
realidade que devem ser levados em conta; não podemos chegar
deira da Mata Atlântica, que sofre um processo de degradação não
impondo o nosso pensamento. A mudança de hábitos deve ser feita
só no Brasil como também no Paraguai. Todo o ciclo pode ser apro-
de acordo com a mudança de consciência ambiental.
veitado em prol do meio ambiente, como ensina a permacultura.
ÁREA - Como utilizar o bambu na arquitetura e no design?
O bambu pode ser usado na alimentação, na proteção da água e
Gayo – O bambu pode ser usado tanto em construções comple-
na geração de combustíveis alternativos, e para recompor terrenos
xas como em estruturas simples, como quiosques, e, também, em
degradados com a derrubada de matas e florestas.
Nem de longe pode-se pensar que um estagiário está na empresa apenas para conhecer, na prática, o dia-a-dia da profissão escolhida. Os escritórios e as indústrias estão repletas de estudantes dedicados, motivados e – o principal – criativos.
anos, de São Bento do Sul, recém-formado em Tecnologia em Móveis na Universidade do Contestado (UnC), de Rio Negrinho. Em seu trabalho
FOTOS: ACERVO PESSOAL
UM BOM EXEMPLO é Thiago Brancaleone, 22
sito de melhorar o aproveitamento, pois utilizamos quase 100% da matéria–prima (MDF)”, conta. A experiência no chão de fábrica foi essencial para Thiago. “Com o estágio, foi possível aprender mui-
de conclusão de curso, desenvolveu um projeto
to e verificar detalhes às vezes esquecidos, que
que pode se transformar numa referência para
podem ser facilmente solucionados se houver uma
as indústrias moveleiras da região. “O produto
integração maior da área de desenvolvimento com
é fantástico e inovador”, assegura o professor
a área produtiva”, arremata. O profissional está,
Maurício Trevisan, coordenador do curso da UnC
agora, aprofundando os estudos para garantir a
e designer da Rudnick.
fabricação em escala industrial. “A direção da em-
Trata-se da Mesa Puzzle, desenvolvido por
presa já demostrou interesse”, comemora.
Thiago na empresa onde iniciou seu estágio e ain-
Oportunidade única - A Universidade do Con-
da trabalha, como desenhista e projetista, a Mó-
testado mantém a disciplina de estágio obriga-
veis Clement, de São Bento do Sul. “A grande sacada deste móvel é que o mesmo
tório para o curso de Tecnologia em Móveis (Modalidade Design de Móveis e
design criado para o aproveitamento de matéria-prima tornou-se uma solução
Interiores). “Acredito que, para nossa região, faz muito bem”, avalia Maurício
de embalagem e montagem também”, resume o designer, que começou es-
Trevisan. Assim, na sua opinião, os empresários têm mais contato com
tágio em 2003, enquanto cursava o curso técnico de Design de Móveis no
o Design, e com todas as técnicas empregadas, como briefing, painel
SENAI, que não chegou a completar. A montagem da mesa é feita por meio
semântico, pesquisa de concorrência e com o consumidor, entrevistas,
de encaixes, dispensando a utilização de ferragens, daí o nome do móvel.
geração de alternativas e conjunto de protótipos. Para o coordenador
“E a embalagem tornou-se muito prática, pois é somente a chapa de MDF utilizada para a confecção na forma encaixada plana, como ela sai do centro de usinagem, principal processo produtivo da Mesa Puzzle”, explica Thiago. A amostra produzida foi pintada nos tons creme e vermelho, para destacar a peça, mas a escolha é dos clientes, com acabamento laqueado. “Ao desenvolver este produto, pensei
do curso da UnC, o estágio é uma experiência única. “Existe o estagiário que arquiva documentos, catálogos, revistas, sem prestar a devida atenção e tirar algum benefício. Outros arquivam as mesmas coisas e observam o conteúdo, lêem, questionam e propõem mudanças. Esse é o aluno interessado, porque sabe que poderá usufruir disso em outra situação”, ensina. Que o diga Thiago Brancaleone.
na nova realidade econômica enfrentada pelas indústrias de móveis da região, exportadoras em sua maioria, e já não conseguem mais obter um desempenho econômico favorável em função da mudança cambial”, argumenta o recém-formado. A Puzzle foi planejada para reduzir custos de produção. “A alternativa selecionada atendeu perfeitamente ao que-
Desenvolvida por Thiago como trabalho de conclusão do curso de Design, a Mesa Puzzle é considerada uma inovação para o setor. A solução de embalagem e montagem permite o aproveitamento de quase 100% do MDF utilizado como matéria-prima ÁREA | ABRIL 2007 | 31
PROFISSÃO
Aprender e ensinar
DECOR
Fragmentos transformadores. O mosaico revelou-se, por milênios, mais do que arte concebida a partir de cacos. A técnica representa uma eficiente solução arquitetônica, como consagrou Gaudí em suas obras, rompendo com as formas planas das construções. Como elemento decorativo, ultrapassa as fronteiras do artesanato e passa a ser fabricado em escala industrial. Santa Catarina desponta na produção e na valorização deste produto.
infinitas possibilidades NA COMPOSIÇÃO, pedras, vidros, louças e cerâmicas misturam-se. Na execução,
em 1900, era para a construção de uma cidade-jardim para sua propriedade,
técnica e criatividade são empregadas, num processo nada efêmero. Forma e
de 15 hectares. O resultado: uma revolução arquitetônica, declarada Patrimônio
função, tecnologia e arte, racionalidade e sensibilidade em simbiose. “Não se
da Humanidade pela Unesco, em 1984. Os mosaicos de Gaudí estão pelas ruas
pode separar arquitetura de obra de arte; é apenas um gênero, uma forma de
de Barcelona e em outras obras notáveis, como a Casa Batló, uma propriedade
expressão pictórica”, enfatiza o multifacetado artista Rodrigo de Haro – a prin-
particular de sete pavimentos completamente transformada por ele. Na sinuosa
cipal referência catarinense no assunto. Santa Catarina é destaque nacional na
fachada, característica de Gaudí, aplicou mosaicos brilhantes, cuja intensidade
produção de mosaicos, uma tradição preservada e cada vez mais valorizada,
varia conforme a incidência de luz. Os cacos de azulejo foram seus aliados para
com requintes de sofisticação.
permitir as formas curvas de suas criações.
A história registra os sumérios como pioneiros na técnica, há 5.000 anos.
Na arquitetura moderna, os mosaicos – que já pavimentavam calçadas
Estes povos revestiram pilastras com cones de argila colorida em motivos geo
e decoravam equipamentos urbanos – ganharam as fachadas de prédios e as
métricos, inspirados na arte da tapeçaria. Trabalhos clássicos foram identifica-
ruas, em composições grandiosas. Cândido Portinari, Di Cavalcanti e Tomie
dos entre os gregos, datando de 300 anos a.C, reunindo pequenos seixos bran-
Othake são referências importantes na arte. “Os mosaicistas contemporâneos
cos, pretos e vermelhos em reproduções de cenas de lutas e caça e de figuras
sabem que ainda há o que fazer para ampliação do emprego do mosaico nos
mitológicas. De lá para cá, diversos materiais, estilos e motivos já formaram
espaços públicos, mas sabem, também, que o mercado cresce e reconhece
mosaicos mundo a fora. Na Idade Média, seu uso tornou-se recorrente no in-
que o espaço se humaniza quando a ele se integra uma obra de arte. Um bom
terior de igrejas cristãs e na arte bizantina. No século XIX, o arquiteto catalão
mosaico atende esta exigência quando porta valores além do caráter mera-
Antoni Gaudí (1852-1926) notabilizou e revolucionou a técnica, principalmente
mente decorativo”, avalia a mosaicista blumenauense Maria Josefina Polli Ka-
em Barcelona (ES), onde estão suas principais obras. No Parque Güell, o artista
wamura, radicada em Curitiba (PR). O mosaico como obra de arte foi tema do
misturou arquitetura, pintura, escultura, paisagismo, artesanato numa produção
workshop que ministrou em fevereiro na Fundação Cultural de Balneário Cam-
colorida e multiforme. A encomenda feita por Don Eusebio Güell, seu mecenas,
boriú. “Constrói-se sobre aquilo que foi destruído e cada tessela desempenha
32 | ÁREA | ABRIL 2007
FOTOS: GABRIEL PORTELA
ÁREA | ABRIL 2007 | 33
mosaico como gênero artístico autônomo”, comemora. Entre as obras de Jo
cumprindo-o, colabora para multiplicidade de sentidos que constituem a obra
está um mosaico de 60 m2 no edifício CEPAR em Balneário Camboriú.
de arte”, resume Jo Kawamura, mestre em Antropologia Filosófica pela PUCRS
Os grandes painéis em mosaicos são a paixão do ‘catarinense’ Rodrigo
e filiada à Associazone Internazionale Mosaicissti Comtemporanei, com sede
de Haro, nascido em Paris, autor do mural “O Livro da Criação da América
na província italiana de Ravenna. Para o mosaicista gaúcho Airton Adami, com
Latina”, construído na fachada da reitoria da Universidade Federal de Santa
ateliê em Florianópolis, esta é uma linguagem própria de expressão. “Diferente
Catarina (UFSC), em Florianópolis, em 1998. Sua equipe levou dois anos na
da pintura, onde a mistura de cores permite a criação de novas tonalidades,
produção do mural, que ocupa uma área de 443 m2 – o maior em extensão
no mosaico cada peça que o compõe tem sua cor e não pode ser modificada.
do País, segundo ele. “Interesso-me muito em participar de projetos arqui-
O jogo de formas dessas tesselas e o espaçamento entre elas permitem que a
tetônicos e de decoração em áreas públicas. Iniciaremos em maio um portal
imagem formada seja muito expressiva”, ressalta.
em Caçador, sobre o Contestado, para o Instituto Caramori”, conta Rodrigo
Artistas, arquitetos, restauradores, galerias de arte, mosai-
de Haro. Em Jaraguá do Sul está o maior painel em mosaico da
cistas e empresas fornecedoras de matéria-prima têm-se reunido para promover a pesquisa, apoiar a produção e a aplicação do mosaico em espaços internos e externos, na avaliação de Jo Kawamura. “A pesquisa cada vez mais diversificada e
América do Sul, conforme o seu autor, o mosaicista Paulo David da Silva, o Paulico. “São 600 m2, revelando a história da família Weege no Brasil, e levou 18 meses para ser confeccionado e aplicado”, conta. Finalizada em dezembro de 2005, a encomenda foi
as idéias ousadas do
feita pela Malwee como
mundo contemporâ-
parte das comemora-
neo engrandeceram
ções do centenário
esta téc nica mile
da Firma Weege, que
nar, inscrevendo o
originou a empresa.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
DECOR
um papel no todo. Eu diria, até, que cada fragmento cumpre o seu destino, e,
Na página anterior, painel de Rodrigo de Haro, com 443 m2, que estampa fachada do prédio da reitoria da UFSC, em Florianópolis. Acima, calendário asteca do mosaicista Airton Adami. Mosaicos também revestem paredes, não só em detalhes, como no projeto da Mosarte ao lado 34 | ÁREA | ABRIL 2007
Arquitetos e decoradores já descobriram o mosaico para a criação de ambientes únicos e sofisticados. “Os profissionais brasileiros passaram a agregar valor ao revestimento de ambientes de uns 10 anos para cá. Antes, usavam mármore para revestimentos mais nobres”, afirma o empresário Marco Aurélio Sedrez, que fundou a Mosarte em 1995. Instalada em Tijucas, a indústria é pioneira na produção de mosaicos artesanais em escala industrial, associando mármore, cerâmica, porcelanato, vidro, metal e outros materiais, e líder nacional no segmento, respondendo por 70% do mercado. Para ele, raros são os revestimentos que permitem a liberdade de criação dos mosaicos. A Fatto a Mano, de Itapema, nasceu em 1999 a partir de uma oportunidade: um pedido de um cliente da antiga empresa de um dos sócios, João Batista Thamasia. A principal matéria-prima usada é o mármore, importado de países como Itália, Turquia e Espanha. “Também disponibilizamos uma linha só de vidro, e detalhes das peças de resina, metal, vidro e cerâmica decorada”, descreve a designer Taís Roberta Amaral. Segundo ela, a preferência dos profissionais está nas transparências e no brilho das peças de resina e de vidro. Em Santa Catarina, na opinião de Marco Aurélio Sedrez, ainda há muito o que expandir. “O interesse aqui é mais no mosaico artesanal. Vendemos bem no Estado, mas muito melhor para São Paulo, que representa 40% do nosso mercado”, relata. Para ele, esta realidade pode representar uma falha de divulgação dos próprios fabricantes. “Podemos investir mais nos profissionais da região. Muitos nem sabem o que é; pensam que só se usa pastilhas de vidro em mosaicos”, admite. Com uma produção de cerca de 500 mil peças/mês, a empresa aposta, também, na abertura de novos mercados em países da América do Sul, Ásia e da América Central. A boa aceitação internacional faz a Mosarte projetar um crescimento substancial nas exportações da marca de 10% para 30% do faturamento total. Entre as novidades da Fatto a Mano está o ecomosaico, elaborado a partir do resíduo de pó de mármore e cerâmica reciclado. Produzido artesanalmente, o material tem resistência técnica igual ou superior ao porcelanato. “Para coleção 2007, estamos lançando o ecomosaico como deck de piscina, com tela 35x60cm em duas cores: natural e marfim, e também telas filetes 30x30cm e telas com diferenças de tamanhos e espessuras 25x60cm nas cores marfim e natural”, explica Taís. A Mosarte está investindo na linha Brasil Mosaico, inspirada nos elementos da natureza e do folclore nacional. A coleção traz novos modelos de rosones que complementam as linhas Kuarup – misturando cerâmica e mármores importados em composições que remetem à arte indígena - e Maracatu – colorida e brilhante, como os adornos e vestimentas das festas e folguedos nacionais. A Eliane traz uma linha de mosaicos que promete ser uma inovação mundial no setor de revestimentos, produzidos em vidro e pasta de vidro que têm na sua base substâncias minerais naturais fundidas à alta temperatura. Levam, ainda, cádmio e selênio em sua composição. Os diferenciais das coleções SICIS Water Glass, Glimmer estão na reunião de transparência, profundidade, luminosidade e brilho, tamanhos e possibilidade de revestir formas curvas num só produto. Mosaicos elegantes, permitindo novos efeitos, que oferecem quase 30 opções de cores.
ÁREA | ABRIL 2007 | 35
FOTOS: DIVULGAÇÃO
DECOR Mosaicos Glimmer Eliane Sicis, aplicados na parede, piso e nas luminárias. O produto, produzido em vidro e pasta de vidro, promete ser uma inovação no setor. Abaixo, rosone da linha Kuarup da Mosarte mistura cerâmica e mármore importado em composições que reproduzem a arte indígena
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Mosaicos cantantes
Painel de 60m2 produzido pela mosaicista Jo Kawamura para o edifício CEPAR, em Balneário Camboriú. Desenvolvido em Curitiba, onde a artista reside, foi montado no local
“As notas musicais são fragmentos ainda silenciosos para ouvidos despreparados. Decodificadas pelos executantes da obra (sinfonia, prelúdio, sonata), abrem a porta para os ouvintes do cosmos sonoro, que é a música. Cada integrante da orquestra é um fragmento que, se ausente ou despreparado, compromete o conjunto. A nota musical mal executada é o fragmento do mosaico mal colocado, ou ausente, gritando a dissonância do vazio. O músico, indo até as profundezas da sonoridade, abre o espaço para a universalidade da fala musical. O mosaicista, indo até as profundezas da matéria, martelando a pedra, cortando e recortando a cerâmica, quebrando porcelanas, é o músico da cor e da forma edificadas sobre as notas musicais do fragmento. Supomos que haja mundo afora, mosaicos cantantes”. Jo Kawamura
ÁREA | ABRIL 2007 | 37
NOMERCADO
Gaveta magnética Um novo sistema de gaveta com abertura e fechamento magnético já está no mercado. Ideal para acondicionar talheres, mantimentos e especiarias, a peça é travada a partir de um cartão, tornando praticamente nula a possibilidade de abertura acidental e FOTOS: DIVULGAÇÃO
o risco de imprevistos, principalmente com crianças. A gaveta foi desenvolvida pela Formaplas Cozinhas.
Cobertura versátil O Select é o toldo de projeção solar mais versátil da suíça Stobag, uma das líderes mundiais em coberturas para residências.. Os braços articulados são ideais para locais em que haja necessidade de área livre para circulação. Sua forma de construção em monobloco facilita a instalação. É fixado em balanço sem apoio frontal e possui inclinação de varia de 5 a 60 graus. Disponível na Ana Lubi Decorações, em Florianópolis, o Select é indicado para terraços, piscinas, hotéis, lojas, restaurantes e residências.
Clima de cinema Em época de cinema em casa, nunca foi tão importante a escolha do sofá. Na Perfacto, entre os modelos da coleção 2007, está o P 65 de 330 x 220 com profundidade de 1,10m. Robusto, o sofá tem chaise e almofadas de assento e encosto soltas em costura de pesponto. Modelo italiano com tecido em couro sintético by Eco Texas, pode ser encontrado na cor concreto, combinação perfeita para trazer para dentro de casa o clima das boas salas de exibição.
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Silestone mais perto A Distribuidora curitibana de mármore importado Malmo abriu neste trimestre um escritório com ponto de venda em Balneário Camboriú. A principal pedra do estoque da Malmo é o Silestone, um compacto de quartzo e cristais fabricado pela espanhola Cosentino e que virou febre nos Estados Unidos. Balneário torna-se o terceiro ponto de distribuição (além da sede, Curitiba e Londrina) da empresa liderada pelo empresário Marcelo Ribeiro. Segundo ele, a estratégia catarinense da distribuidora ainda prevê nos próximos meses a instalação de um showroom em Florianópolis e a expansão, numa segunda etapa, para o Rio Grande do Sul. Dados da Abirocha, a Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais, revelam que a importação de mármore e seus derivados obteve um incremento de quase 40% este ano no país. O Brasil fechou 2006 com cerca de 70 mil toneladas de pedras de primeira linha trazidas do exterior, algo em torno de 30 milhões de dólares.
Rendas de bilro A designer de interiores Lourena Genovez está lançando uma coleção de móveis e objetos de interiores com sua grife. A inspiração da marca vem das tendências do design internacional que evidenciam a imagem de rendas francesas no mobiliário. E a sua aposta está na renda de bilro, marca do artesanato da Ilha de Santa Catarina, herança dos imigrantes portugueses. Elas estão reproduzidas nos acabamentos em vidro de mesas de jantar e buffets e em vasos de cerâmica pintados a mão. As originais revestem almofadas confeccionadas em seda indiana.
Tecnologia e design A coleção 2007 de metais sanitários e chuveiros Deca apresenta a união do design e da alta tecnologia. Um dos destaques é a linha Contemporânea, vencedora do prêmio iF Design Award. Com desenho mais clássico, está disponível nos acabamentos cromado e dourado e possui mecanismo de acionamento suave, com ¼ de volta. A linha é composta por misturador de lavatório, misturador de bidê, torneira de mesa e registro de ducha manual. Esta é a terceira vez consecutiva que a marca levou para casa um iF Design. ÁREA | ABRIL 2007 | 39
FOTOS: DIVULGAÇÃO
NOMERCADO Contemporâneo A Tramontina inovou a sua linha de interruptores com a IZY, lançada este ano na Feicon, em São Paulo. Com placas e módulos em ABS, mais largos, têm acabamento texturizado. Destacam-se em tons metalizados em seis opções de cores. A empresa apostou na modernidade e desenvolveu
Escritório otimizado
um produto com design contemporâneo.
O mobiliário da linha JOB da paranaense Tecnoflex traz recursos que atendem às necessidades dos escritórios modernos, pequenos e repletos de equipamentos. Os painéis divisórios, com 75mm de espessura, podem abrigar o cabeamento internamente. Uma tampa que se desloca no sentido horizontal, permite o fácil acesso para conexão e manutenção de computadores, impressoras e telefones. Outra inovação está na opção de persiana entre os vidros, acionada por um botão deslizante, garantindo a privacidade dos ambientes. A linha está disponível na Camilli & Cia, em Florianópolis.
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Tecnologia e conforto Entre as novidades da Bell´Arte, apresentadas na Abimad 2007, está o sofá Gibson, fornecido em módulos e com sistema simultâneo de reclíneo e alongador. Com almofadas em fibra siliconada, o conforto é ainda maior em função das molas Bonnel trançadas com as tradicionais percintas. Este sistema também colabora para suavizar as rugas no tecido e evitar que a espuma afunde, comum em grandes áreas de sentar, além de causar um conforto tipo ‘cama elástica’.
Jardinagem simples A Tigre facilitou e coloriu o processo de irrigação de jardins e hortas com o lançamento da linha Jardinagem. Com design moderno, as peças são de fácil instalação e montagem por meio de roscas e engates rápidos, que permitem diversas configurações. Os componentes foram desenvolvidos em polipropileno expandido, nas cores laranja e verde, e incluem hidropistola, aspersores estático e circular, esguicho, mangueira de jardim, suporte para mangueira, conector para mangueira e ligação reparadora. ÁREA | ABRIL 2007 | 41
FOTOS: CEZAR MOTTA
QUEMFAZ Entre os maiores escritórios de arquitetura de Santa Catarina, Marchetti + Bonetti está fundamentado na técnica e na competência de Taís e Giovani. O perfil empreendedor dos profissionais e a ênfase em gestão também fazem a diferença.
casamento NO CENTRO DE FLORIANÓPOLIS, mais precisamente na rua Victor Konder, o
e nem percebia a equipe sobre os andaimes, restaurando no maior silêncio.
casal de arquitetos Giovani Bonetii e Taís Marchetti Bonetti mantém uma de
É perfeitamente viável fazer uma reforma como esta sem interromper as ati-
suas preciosidades, um projeto singular. Trata-se de uma casa centenária,
vidades”, sugere Taís. Os empresários planejam agora a pintura externa do
tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal, completamente restaurada pela
imóvel, pesquisando a cor original. O próximo passo será convencer o proprie-
dupla para servir de sede à empresa. Um ano de trabalho e muita atenção
tário do imóvel, um antiquário, a vendê-lo. “Nós queremos muito comprar esta
aos mínimos detalhes, recuperando as características originais da edificação e
casa”, enfatiza Giovani.
adequando-a aos novos usos. Quem vislumbra a riqueza do resultado tem uma
Esta estreita, e nostálgica, relação com o patrimônio histórico remete ao
mostra dos talentos que a edificação abriga: competência, profissionalismo,
início da carreira profissional dos arquitetos, há 17 anos. Recém-formados na
dedicação e respeito.
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Giovani, natural de Florianópo-
“Quando entrei aqui a primeira vez, fiquei deslumbrado”, revela Giova-
lis, e Taís, de Ibirama, casaram-se e seguiram para um intercâmbio de um ano
ni. Com 300 m , a residência apresentava uma disposição excelente para
na Europa. No arquipélago de Malta, Giovani participou do projeto de construção
se adequar às necessidades da empresa, com 30 colaboradores, dos quais
de um museu ao ar livre, como estagiário de um escritório local, enquanto Taís
13 são arquitetos. Como todas as edificações da época, os ambientes são
atuava numa das maiores empresas do pequeno país europeu. Em Barcelona, a
interligados, facilitando a comunicação entre os departamentos. A empresa
missão era adaptar um restaurante de fastfood ao estilo gótico predominante no
Memória Conservação – Restauração, comandada pela especialista Cláudia
bairro que seria instalado. “As pessoas associam a preservação do patrimônio
Scharf, foi contratada para recuperar os afrescos originais e dotar o espaço da
ao uso limitado da edificação. O que não é verdade. A adequação é perfeitamen-
infra-estrutura básica, sem interferir na estrutura da casa. “A gente trabalhava
te possível, inclusive conferindo um ar contemporâneo”, ensina Taís.
2
42 | ÁREA | ABRIL 2007
eficiente Dupla formada há 17 anos diversificou os segmentos de atuação como diferencial de mercado. Os arquitetos nutrem especial paixão pela preservação do patrimônio histórico. Na sede da empresa, um imóvel tombado, afrescos originais foram recuperados (ao lado)
ÁREA | ABRIL 2007 | 43
QUEMFAZ
vem, com maior abertura a mudanças”, comemora. O processo, vale destacar, não é estanque, e é diária a luta para manter as rotinas incorporadas aos processos. “E somos muito autocríticos, procurando sempre o aperfeiçoamento
Empreendendo e padronizando
dos procedimentos”, arremata Taís. O gerenciamento do escritório tornou-se menos complexo com a nova formatação, numa gestão participativa. Foi criada a figura do gerente geral,
De volta à capital catarinense, a dupla firmou sociedade com um primo de
que acompanha todas as fases do projeto, supervisionando o trabalho dos
Giovani, Mário André Bonetti. A parceria durou três anos, até que o casal de-
coordenadores de equipe e dos gerentes de projetos. Um software espe-
cidiu alçar vôo próprio, montando escritório num imóvel também restaurado
cialmente desenvolvido para a dupla auxilia nesta tarefa. A cada 15 dias
na Travessa Stodieck. E tornar-se empresário não foi fácil. “Fazíamos a parte
são realizadas reuniões ordinárias de avaliação e de troca de informações,
administrativa e o livro-caixa de madrugada, mas nunca fechava”, diverte-
principalmente sobre novos produtos, já que o atendimento a fornecedores é
se Giovani. Para ele, a falta deste tipo conhecimento não é apenar falha da
feito por vários coordenadores. Especialistas em diversas áreas são convi-
universidade. “A parte administrativa é um caos, mas não se aprende em um
dados para ministrar workshops internos. Todos contribuem com sugestões
semestre. O ideal seria um curso de empreendedorismo ao final do curso, tal-
e críticas aos processos e, no final de cada semestre, participam da divisão
vez do Sebrae”, avalia. E Taís arremata: “dificilmente uma pessoa conseguirá
de lucros, inclusive os estagiários.
trabalhar bem em todas as áreas. É preciso dividir funções”.
O grupo não é reunido apenas para momentos profissionais. “Toda a sex-
E foi o que eles fizeram. Giovani assumiu os projetos comerciais e estrutu-
ta à tarde fazemos um lanche coletivo, para confraternização. A cada dois
rais, enquanto Taís especializou-se em interiores. “E sempre fizemos qualquer
meses, promovemos um happy hour fora do escritório, para celebrar com os
negócio”, brinca ele. Esta abrangência foi importante para sobreviver a todas
aniversariantes do período”, conta Giovani. Ainda há o evento de final de ano,
as crises do mercado. “Quando reduzia a demanda numa área, atuávamos
que, em 2006, levou a equipe e seus familiares para o Palmas Parque Ho-
em outra. Assim, sempre tivemos trabalho”, explica. A ascensão profissional
tel, em Governador Celso Ramos. “É uma oportunidade para quebrar a rotina
e a consolidação do escritório permitiram ao casal ampliar a equipe, investin-
do dia-a-dia”, considera Taís. Para ela, ações como estas fazem a diferença
do também na contratação de especialistas para a área administrativa, hoje
quando o escritório cresce. “Lutamos tanto para conquistar este espaço e é
comandada por um economista. O foco também em gestão passou a ser um
bom ver que todos estão felizes”, celebra. No planejamento de 2007, eles já
compromisso de toda a equipe.
programam ações de Responsabilidade Social Empresarial. A primeira será o
A ênfase na qualidade, a revisão de procedimentos, os treinamentos cons-
compromisso de especificar materiais ecologicamente corretos em 30% do
tantes, e o criterioso controle de processos, projetos e de fornecedores levaram
total da obra, como estruturas em pinus autoclavado, madeira de demolição
o Marchetti + Bonetti a obter a certificação ISO 9001, norma que garante a
e vidros reciclados.
Difícil imaginar este ambiente, onde a matéria-prima é a criatividade, repleto de procedimentos padrões irrevogáveis. “A implantação dessas rotinas exigiu bastante de nós. Foi um elemento disciplinador desde o início, mas hoje não consigo imaginar como seria gerenciar um escritório deste porte sem estes procedimentos”, afirma Taís, acrescentando que o mais importante para eles era justamente o processo e não a conquista do selo. Giovani confessa que algumas pessoas na equipe não conseguiram se adaptar às novas exigências e desligaram-se da empresa. “A maioria da equipe, no entanto, tem o perfil jo-
Padronização dos procedimentos foi fundamental para a gestão da empresa, que conta com 30 colaboradores 44 | ÁREA | ABRIL 2007
CEZAR MOTTA
qualidade do produto desde o projeto inicial até a entrega ao consumidor final.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Participando desde o início da construção deste apartamento, na Avenida Beira Mar Norte, em Florianópolis, Giovani e Taís puderam intervir na planta, modificando revestimentos e ampliando o pé direito em parte do imóvel (ao lado). Para o piso das áreas sociais especificaram mármore italiano. Pedras sem polimento revestem algumas paredes ÁREA | ABRIL 2007 | 45
QUEMFAZ
Os projetos Extenso e invejável, o portifólio do Marchetti+Bonetti foi formado com muito
francês. “O universo da hotelaria é completamente diferente e esta experiência
profissionalismo e de sólidas parcerias, como as travadas com a rede El Divino
foi muito importante por se tratar de uma área que não havíamos lidado ain-
e com a Formaplas, das quais assinam os projetos de todos os showrooms. Não
da”, diz Taís. O trabalho ganhou destaque na revista Vogue e rendeu à dupla o
tem sido apenas uma questão de sorte, mas sim de estarem preparados e ca-
convite para participar do Casa Hotel, a primeira mostra de decoração deste
pacitados para aproveitarem as oportunidades. Nos últimos meses, importantes
segmento. Giovani e Taís já participaram de quase todas as principais mostras
projetos ganharam forma. O mais recente é o Floripa Loft Juarez Machado, inau-
realizadas em Santa Catarina, iniciando em 1995 na Casa Arte, na Capital.
gurado em fevereiro, desenvolvido em parceria com o escritório Realiza Arquite-
Também já projetaram na Artefacto em São Paulo e em Curitiba. Esta, porém,
tura, de Curitiba durante quatro anos. Outro é a loja Carlos Machado, a terceira
foi a primeira no segmento de hotelaria. Realizada pela Casa Cor no início de
que projetam para o empresário, também em Florianópolis. “Temos uma sinto-
março, o evento ocupou dois andares do WCT Hotel, em São Paulo. O escritó-
nia grande com ele, um dos nossos fornecedores mais antigos, e também com o
rio foi o único catarinense convidado a participar e criar uma das 40 suítes
produto (Luxaflex). Foi uma experiência gratificante”, considera Taís.
da mostra, sem alterar a estrutura arquitetônica. Durante todo este ano, os
O projeto de maior destaque, entretanto, foi o Sofitel, marca de hotéis
quartos estarão à disposição dos hóspedes, que poderão escolher as suítes
de luxo da Accor Hotels, instalado na Avenida Beira Mar Norte, na Capital
assinadas por seus profissionais favoritos. Vale a pena conferir. O WTC hotel
Desenvolveram fachada e interiores, com projeto monitorado por um escritório
fica na Avenida das Nações Unidas, 12.559. FOTOS: DIVULGAÇÃO
Compromisso com o cliente Marchetti+Bonetti é um escritório que tem a valorização profissional como bandeira e o compromisso com o cliente como premissa. “Somos ossos duros com os fornecedores”, brinca Taís, revelando o nível de exigência da empresa. “Fornecedor bom é aquele que atende bem e faz o pós-venda.E se eu não posso especificar algum produto é porque ele não se encaixa no projeto”, acrescenta. “Na arquitetura há muita informalidade e o reflexo é um mercado ruim, de baixa valorização profissional. Por isso, focamos na valorização do nosso trabalho, cobrando honorários de acordo com o custo da hora, da criação e do desenvolvimento do projeto”, justifica Giovani. Para ele, este diferencial é entendido pelo cliente. Entre os responsáveis pela instalação da regional da AsBEA em Santa Catarina, recém-fundada, eles são otimistas em relação a contribuição da entidade para a melhoria do mercado. “São empresas de arquitetura, com compromissos e necessidades diferentes do profissional autônomo”, resume Taís. “A associação de escritórios é importante, porque todos falam a mesma língua”, completa o sócio e marido.
Entre os mais recentes projetos, o Sofitel foi o primeiro na área de hotelaria do escritório 46 | ÁREA | ABRIL 2007
Projetos para a rede El Divino, voltados para o lazer e o entretenimento, com um programa diferenciado. O restaurante, acima, foi totalmente reformulado, aproveitando o pé direito original. Criou-se uma atmosfera intimista, com mobiliário em tons escuros. Para o El Divino Lounge, nas demais fotos, os profissionais planejaram ambientes integrados com a pista de dança. Foram preservados elementos originais da edificação tombada ÁREA | ABRIL 2007 | 47
FOTOS: DIVULGAÇÃO
CIDADE Um paraíso em vias de extinção. A capital catarinense, de belezas naturais e qualidade de vida invejáveis, vive hoje um momento crucial. O debate em torno da elaboração do novo Plano Diretor da cidade permeia questões fundamentais para frear o processo de degradação resultante de um crescimento acelerado e desordenado, adequar a infra-estrutura e para preservar o que ainda é possível. 48 | ÁREA | ABRIL 2007
GABRIEL PORTELA
Floripa Texto: Letícia Wilson
em foco
ÁREA | ABRIL 2007 | 49
CIDADE
ARQUIVO ÁREA
É GRANDE A EXPECTATIVA em torno do projeto do novo Plano Diretor Municipal
do as áreas de conservação – que ocupam 42% do município -, formadas por
(PDM) de Florianópolis, em discussão desde agosto do ano passado. Governan-
dunas, florestas, restingas, manguezais e lagoas. Destaca-se que apenas 47%
tes, empresários, empreendedores e – principalmente – a sociedade anseiam
da população conta com coleta e tratamento de esgoto, conforme a Casan, cuja
pela elaboração de um documento com regras claras e critérios definitivos que
meta é atingir 70% em 2010.
possam determinar um novo futuro para a capital catarinense.
O adensamento populacional, agravado pela ocupação flutuante e sazo-
2
Ocupando uma área de 436,5 km , habitada por quase 400 mil habitan-
nal, provoca um caos no trânsito nos horários de pico. Diversas obras em an-
tes, Florianópolis enfrenta problemas típicos de grandes cidades: crescimento
damento para desafogar os gargalos da cidade. Mas o principal deles – a liga-
desordenado, congestionamentos, transporte público ineficiente, degradação
ção com continente – ainda está longe de ser resolvido. Em março, um projeto
ambiental e falta de segurança pública e de saneamento básico. “Temos um
inédito, definido como “uma solução alternativa sistêmica” foi apresentado ao
Plano Diretor de Primeiro Mundo, pelas exigências, enxertado no Terceiro Mun-
secretário de Estado da Infra-Estrutura, Mauro Mariani. Desenvolvido em con-
do e numa cidade caótica em nível de planejamento”, avalia a arquiteta Elian-
junto pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA-
ne Klenner, que convive diariamente com as peculiaridades de se construir em
SC), Sindicato dos Engenheiros de Santa Catarina, Associação Catarinense
Florianópolis. “Aqui temos as carências de vias públicas, passeios e praças e,
de Engenheiros e pela Associação Comercial e Industrial de Florianópolis, o
também, de uma cultura de respeito à legislação urbana”, continua.
projeto prevê a duplicação da Via Expressa (BR 282) continental e a construção
Os Planos Diretores em vigor datam de 1985 (dos Balneários) e de 1997
de mais uma ponte ligado a Ilha ao Continente, sugerindo a possibilidade de
(do Distrito Sede). De lá para cá, dezenas de leis alteraram zoneamentos, limi-
cobrança de pedágio, como é feito na ponte Rio-Niterói (RJ), e a estadualiza-
tes e gabaritos de construção – algumas, inclusive, polêmicas. O planejamen-
ção da Via Expressa. A Capital possui, hoje, a maior frota per capita do País,
to, entretanto, não aconteceu de forma definitiva e na mesma vertiginosa ve-
com uma média de um veículo para cada dois habitantes. Para o secretário,
locidade do aumento da sua população, permitindo realidades contrastantes.
o sistema viário da cidade é um dos maiores e mais complexos desafios do
Em 40 anos, o número de habitantes triplicou, com um crescimento de 70%
Estado e, por isso, deveria receber tratamento diferenciado. “Nossa idéia é
somente nos últimos 15 anos, de acordo com o IBGE. Estatísticas da Prefeitura
formar um Fundo de Infra-Estrutura, que garanta um investimento mínimo.
apontam que a migração foi responsável por 60% deste inchaço populacional
Temos que enfrentar este problema com mais veemência”, disse Mariani, no
na última década. As construções irregulares multiplicaram-se, comprometen-
encontro com as entidades.
Ocupando uma área de 436,5 km , habitada por quase 400 mil habitantes, Florianópolis enfrenta problemas típicos de grandes cidades: crescimento desordenado, congestionamentos, transporte público ineficiente, degradação ambiental e falta de segurança pública e de saneamento básico. 50 | ÁREA | ABRIL 2007
FOTOS: CEZAR MOTTA
No Sunrise Boulevard, da Cota, quase 70% de área livre no empreendimento de alto padrão. Erguido à beira-mar no bairro Cacupé, o residencial conta com estação de tratamento de esgoto. O projeto é assinado pelo arq. Renee Gonçalves e o paisagismo pela arq. Sílvia Monteiro. Na página anterior, registro evidente do crescimento desordenado no Centro da Capital ÁREA | ABRIL 2007 | 51
O boom imobiliário iniciou em 1980, quando Florianópolis foi ‘descoberta’ por
urbano planejado, e, acima de tudo, integrado com nosso meio ambiente”,
milhares de brasileiros que escolheram a cidade para habitar e outra centena
argumenta. A praia do Santinho foi a escolhida pela Costão Ville para a insta-
para empreender. Foi neste ano que o Grupo Habitasul começou a implantar
lação do Vilas do Santinho Costão Residence, que começa a ser construído em
Jurerê Internacional (JI) nos 495 hectares (49,5 km ) que adquirira do Governo
abril numa área de 26 mil m2. “O bairro tem suas carências, mas a geografia
do Estado dois anos antes. Hoje com 1,2 mil hectares e cerca de 3 mil morado-
é abençoada e há áreas disponíveis para empreender”, justifica o diretor de
res, o empreendimento, erguido com base em conceitos internacionais, conta
marketing da incorporadora, Silvio Elias. Na sua opinião, a questão viária é a
com estação de tratamento de esgoto própria, coleta de lixo e monitoramento
principal a ser resolvida na região.
2
da balneabilidade. O planejamento de urbanização de JI foi inovador para a
A instabilidade do marco regulatório e a falta de planejamento estraté-
época, numa cidade que nem possuía um Plano Diretor. O grupo criou o seu
gico por parte dos governantes exigem um “esforço hercúleo” para construir
próprio plano, mais rígido que o que veio a ser desenvolvido pela prefeitura
ou empreender em Florianópolis, na opinião do empresário Paulo Cordeiro, da
cinco anos depois, permitindo 70% a menos de ocupação.
Condomínios Inteligentes, que acaba de inaugurar, no Centro, o Loft Juarez
Uma nova explosão imobiliária parece ter iniciado nos últimos cinco anos.
Machado – o primeiro do gênero na Capital. Para ele, as incertezas fortalecem
“Investir em Florianópolis é ter a certeza de bons negócios”, admite o presi-
grupos interessados em barrar o desenvolvimento auto-sustentável da cidade
dente do Sinduscon da Grande Florianópolis, Helio Bairros. Novos bairros des-
e impedem investimentos importantes, a geração de empregos, o crescimento
pontam, como Cacupé, Itacorubi e Campeche, este ainda com muito potencial.
econômico e a melhoria da qualidade de vida. “E afastam os empresários que
O avanço dos empreendedores, muitas vezes, tem de ser contido. “Acabo de
não correm riscos desnecessários ou não se curvam aos interesses escusos
sair de uma reunião que não precisaria ter acontecido se o cidadão tivesse
dos ‘donos do pedaço’”, acrescenta Cordeiro, para quem os órgãos públicos e
construído na área para a qual tinha o alvará. Ele licenciou num lugar e execu-
de fiscalização locais são despreparados.
tou o projeto em outro, numa área de preservação”, exemplifica o promotor Rui
A coro é reforçado pela arquiteta Elianne Klenner: “os órgãos públicos são
Arno Richter, titular da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente do Ministério
contraditórios e competitivos entre si. Deveriam existir para beneficiar o cidadão
Público de Santa Catarina (MPSC).
e organizar a paisagem urbana, porém só contribuem para o caos generalizado”.
Os empresários reclamam das dificuldades burocráticas. “Principalmen-
Para ela, outros fatores também contribuem para este crítico cenário em Flo-
te ambientais, em função da sobreposição de competências administrativas
rianópolis. “Leis imprecisas e subjetivas; cidadãos acostumados a subdividir a
entre os órgãos fiscalizadores sobre o meio ambiente”, argumenta Bairros.
terra, construir e destruir a natureza impunemente, que não têm conhecimento,
A opinião é compartilhada pelo vice-presidente do Sinduscon, o empresário
por ignorância ou conveniência, da existência de regras de afastamentos, insola-
Joci José Martins, diretor-presidente da Cota Empreendimentos Imobiliários,
ção, tratamento de esgotos; e profissionais da construção que, por alguma razão,
que acaba de inaugurar o Sunrise Boulevard, um residencial de alto padrão no
são coniventes e contribuem para o caos que hoje vive a cidade”, relaciona.
Cacupé. “O maior desafio é a escassez dos espaços e, num segundo plano, e
“Muitos reclamam que não têm segurança e descobrem, mais tarde, que seria
não muito distante, a insegurança jurídica. A qualquer momento você pode ser
possível prevenir se não se limitassem a uma consulta de viabilidade de apenas
surpreendido com um embargo, por vezes requerido por uma organização não-
uma folha, feita no balcão da SUSP, e fizessem um estudo aprofundado com
governamental ou pelo próprio Ministério Público, uma vez que na própria le-
uma equipe técnica”, frisa o promotor Rui Arno Richter. Segundo ele, muitos em-
gislação existem muitas implicações que devem ser observadas”, acrescenta.
preendimentos avançam com um projeto de ‘aparência legal’ para, mais tarde,
A crítica também é feita por Ronan Koerich, diretor executivo da Koprime
argumentar à sociedade que o embargo causaria ainda mais prejuízos. “É uma
Construtora e Incorporadora. “Não quero dizer que não tenhamos que ter le-
tentativa explícita para que não se aplique a legislação federal. Há insistência em
gislação, mas certamente devemos tê-la como apoio para o desenvolvimento
algumas teses como forma de consolidar a ilegalidade”, arremata
A arq. Elianne Klenner projetou esta casa, na Lagoa da Conceição, em torno da vegetação existente. Fachada com módulos de alturas diversas atendem à legislação quanto aos recuos. “A cor vermelha escolhida não agride o visual de quem está por terra ou na água”, diz
52 | ÁREA | ABRIL 2007
DIVULGAÇÃO
CIDADE
Desafio de construir
FOTOS: CEZAR MOTTA
Na construção do Loft Juarez Machado, no Centro, a Condomínios Inteligentes preservou e integrou casa tombada ao projeto. Transformada em bistrô, funciona também como ateliê do artista catarinense que criou obra especialmente para o local (foto acima). Marchetti+Bonetti desenvolveu o projeto em parceria com o escritório Realiza, de Curitiba ÁREA | ABRIL 2007 | 53
CIDADE
A urgência do novo Plano Diretor “Posso dizer que vivemos um momento muito especial. Esse é o projeto mais
o processo do Plano Diretor Participativo, conforme a Lei nº 10.257/2001 - o
importante da minha gestão”, disse o prefeito Dário Berger na solenidade de
Estatuto das Cidades -, que torna obrigatória a participação da sociedade na
posse dos 39 membros do Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo de Flo-
elaboração e revisão do PDM. Na audiência pública, definiu-se a formação
rianópolis, realizada no dia 21 de março. O Núcleo Gestor é um órgão de cará-
do Núcleo Gestor, cuja tarefa é interligar as propostas dos técnicos da área
ter consultivo composto por dez representantes do poder público, 16 de seg-
de planejamento urbano e as demandas da comunidade. Este processo nor-
mentos da sociedade civil organizada e 13 conselheiros distritais, escolhidos
teará os trabalhos da equipe técnica do Instituto de Planejamento Urbano
em audiências públicas. “Esperamos que o Plano Diretor estabilize as relações
de Florianópolis (IPUF), responsável pela elaboração do projeto. O processo
entre a ocupação de solo por empreendimentos multifamiliares e fixe as áreas
agora entra numa nova fase, de acordo com o presidente do IPUF, Ildo Rosa.
de proteção ambiental”, afirma Bairros, presidente do Sinduscon, integrante do
Segundo ele, o próximo passo é a realização de oficinas de trabalho com o
Núcleo Gestor. Diante da preocupação com a qualidade dos empreendimentos
Núcleo, e de seminários temáticos com as comunidades. “O cenário daqui
e do respeito ao meio ambiente, o Sindicato está desenvolvendo o projeto do
para frente tende a ser melhor. Tenho a certeza de que, com a qualidade das
Selo Ético, em parceria com a UFSC e com o Grupo Habitasul.
pessoas envolvidas, chegaremos a um bom termo, tornando mais produtivas
A Prefeitura tem consciência da complexidade das questões que precisam ser discutidas e revistas. Por isso, no dia 10 de agosto de 2006 deflagrou
as discussões e mais eficiente o processo de construção do Plano Diretor”, afirmou Rosa, otimista.
Amaral vidros. Para deixar ver e atrair a atenção.
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FATOS&FEITOS
Docol revela finalistas Os arquitetos Luciana Hoff Blagits e Paulo Henrique Rosens-
FOTOS DIVULGAÇÃO
tock, de Joinville, são os únicos catarinenses entre os dez
Sofisticação
finalistas na categoria Profissional do 8º Concurso Arquite-
A Villa Francioni inovou no lançamento do seu
que transformou o banheiro da suíte de uma casa modernista
Rosé 2006. A vinícola catarinense, de São Joa-
construída em 1950, atualizando-o e adaptando-o às novas
quim, elaborou uma fórmula inspirada nos rosés
necessidades. No projeto foram especificados todos os metais
do Sul da França e investiu, também, em design.
da linha Syrius da Docol. A edificação é utilizada hoje como
A novidade traz rótulo criado pelo publicitário
escritório e residência dos profissionais, que concorrem a um
Marcelo Vieira, sob a direção do artista plástico
carro Citroën C3. Dez acadêmicos também participam da dis-
e diretor de criação Luciano Martins, da Prime
puta, na categoria estudantes, competindo por um prêmio em
Brasil. Em adesivo transparente, com impressão
dinheiro no valor de R$ 5 mil. Todos os finalistas já ganharam
em pantone branco, revela a coloração salmão
IPod Apple Nano. A premiação ocorrerá no dia 25 de abril, no
da bebida. A opção pelo formato alongado valo-
Hotel Unique, em São Paulo. Mais informações pelo www.ar-
riza a sofisticada garrafa.
quitetandodocol.com.br.
tando Docol. Eles são autores do projeto “De 50 para hoje”,
Arte para beber As obras ‘Galo’ e ‘Casario da Ilha’ do artista plástico catarinense Meyer Filho inauguram as novas embalagens das garrafas de 300 ml da Água Mineral de Santa Catarina. Em vidro, foram desenvolvidas para atender ao público das chamadas classe A e B de bares e restaurantes, com rótulos sleeve que ocupam toda a superfície da garrafa. A intenção da envasadora é trocar os rótulos a cada três meses, apresentando o trabalho de outros artistas. A O3 Design, com sede na Capital, participou do processo de criação das embalagens.
Shopping de decoração O grupo E. Dellatorre Gestão Imobiliária & Participações está à frente de mais um empreendimento da família na cidade: o Casa Hall Shopping, que está sendo construído na Avenida do Estado, no antigo Cinerama. Em cerca de 6 mil m2 de área construída, serão disponibilizadas onze lojas, todas do setor de decoração. Entre as confirmadas estão La Luce Iluminações e Algardi Cama Mesa e Banho. O projeto do shopping, em estilo neoclássico, foi desenvolvido em parceria pelo engenheiro civil Willibert Brandt e pela designer Maria Dolores Krauss Brandt. E mesmo antes de abrir as portas, os empreendedores já lançaram um clube de fidelidade para os profissionais do setor, cujas compras serão revertidas em pontos. As mais altas pontuações serão trocadas por brindes e prêmios. Os arquitetos, decoradores e designers cadastrados ainda terão acesso livre ao Estúdio Casa Hall, um espaço para atendimento aos clientes, e descontos especiais em cursos, palestras e eventos organizados pelo empreendimento.
56 | ÁREA | ABRIL 2007
Mostra Casa Nova & Cia
Loja conceito A Luxaflex Cortinas Persianas e Toldos, inaugurou a sua primeira loja conceito em Santa Catarina em parceria com
Balneário Camboriú é, definitivamente, a bola
o empresário Carlos Machado, revendedor da marca há 15
da vez. O município ganhará este ano o seu
anos. Localizado na rua Altamiro Guimarães, no Centro de
primeiro grande evento de decoração. A Mos-
Florianópolis, o showroom de 105 m2 apresenta diversas
tra Casa Nova & Cia, realizada em parceria
opções de produtos numa ambientação singular. A loja foi
pelo Diário Catarinense e pelo Jornal de Santa
projetada pelos arquitetos Giovani Bonetti e Taís Marchetti
Catarina, traz o tema ‘Arquitetos Consagrados’
Bonetti e conta também com sala VIP, assistência técnica e,
num conceito de valorização de marcas. Por
em breve, espaço para a lavanderia de cortinas e persianas
isso, pela primeira vez, o evento oferece a pos-
– mais uma novidade da Luxaflex para o Estado. A super
sibilidade de patrocinadores VIPs. Sob a coor-
Matiolli Gonçalves, diretor da Montadora Luxaflex para SC
patrocinado pela Lemniscato di Cassini e tem
e PR; e por William Bennett, diretor-geral do grupo Hunter
o apoio da GGe Design. No lançamento do pro-
Douglas no Brasil, multinacional de origem holandesa que
jeto, em março, arquitetos, decoradores e pai-
detém a marca Luxaflex.
sagistas de toda a região confirmaram participação nos 26 ambientes disponíveis. A mostra
FABRÍCIA PINHO/DIVULGAÇÃO
festa de inauguração, em janeiro, foi prestigiada por Fábio
denação do arquiteto Abreu Júnior, o evento é
será realizada de 5 de julho a 5 de agosto, na Rodovia Osvaldo Reis, 3.685, na divisa com o
Núcleo chega a Blumenau
município de Itajaí.
Em continuidade ao processo de expansão do Núcleo Catarinense de Decoração, a entidade inaugurou uma regional em Blumenau, lançada oficialmente em março, que já nasce com 14 lojas associadas. “Este município é estratégico por sua localização no Vale do Itajaí, uma região que se consolidou como pólo do setor”, argumenta Marcelo Martinez, presidente da entidade. A regional é dirigida por Moacir Santana, da Portobello Shop. Como vice-diretor, assumiu Robson Dalmolin, da Larmagio.
Eficiência energética Um modelo pela sustentabilidade. A Casa Eficiente, inau-
bairro Pantanal, em Florianópolis. A visitação acontece a cada
gurada em março do ano passado em Florianópolis, abre ago-
15 dias, das 9h às 17h, de acordo com o seguinte cronograma:
ra suas portas à comunidade mostrando como é possível aliar
terças-feiras – estudantes universitários; quartas – arquitetos e
conhecimento e tecnologia para a preservação dos recursos na
engenheiros; quintas – população em geral; sextas-feiras – es-
construção de uma habitação confortável, eficiente e de baixo
tudantes do ensino médio; e sábado – população em geral. O
Casa eficiente: conforto e
impacto ambiental. Com 206,5 m , a casa é resultado da parce-
agendamento pode ser feito pelo telefone (48) 3231-7374.
baixo impacto ambiental
2
ria entre a Eletrosul, Eletrobrás/Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), e o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Cerca de R$ 477 mil foram investidos no projeto, que inclui o uso de tecnologias como reutilização de materiais, isolamento térmico, projeto arquitetônico que amplia o aproveitamento das condições climáticas (orientação solar, radiação e ventos), instalações hidráulicas e elétricas aparentes para facilitar a manutenção, proteções solares (uso de persianas externas de madeira), coleta e reaproveitamento de água da chuva. No site www.eletrosul.gov.br/casaeficiente há maquetes e vídeos e todas as especificações técnicas da construção. A Casa Eficiente está instalada na sede da Eletrosul, no ÁREA | ABRIL 2006 | 57
FATOS&FEITOS
ARQUIVO ÁREA
Via Gastronômica Transformar a Rua Visconde de Taunay na Via Gastronômica de Joinville é a proposta do projeto do Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares (Sihrbes) apresentado à Prefeitura em março. Contratada para desenvolver o projeto, a Spazio Arquitetura propõe um novo equipamento turístico na área central da cidade, organizando a convivência entre os cerca de 20 bares e restaurantes da região, e conferindo um ar contemporâneo à rua. Os dois quilômetros da via foram divididos em quatro grandes áreas, que serão identificadas por pórticos com base de tijolos, estrutura metálica e vidros coloridos na parte superior, onde serão divulgados dados da cidade. “É uma solução imponente e ao mesmo tempo limpa, para não competir com o restante da rua”, explica o engenheiro Fábio Rivero, diretor da Spazio. As calçadas serão revestidas por lajotas de cimento (taver), com figuras geométricas próprias. Outro ponto forte será a construção de placas para que artistas deixem suas marcas, inspirada na
Coletânea de design
famosa Calçada da Fama, de Hollywood. Em cada esquina, tótens
Uma seleção do melhor do design brasileiro dos últimos quatro anos está na publicação
informarão os serviços disponíveis ao longo do trecho. Áreas ver-
lançada pelo Museu da Casa Brasileira. Em 144 páginas coloridas, o livro-catálogo traz
des com opções de lazer serão propostas para os terrenos ocio-
imagens e textos de 105 produtos, contemplados com primeiros e segundos lugares ou
sos. A intenção dos realizadores é que as obras sejam iniciadas
menções honrosas no Prêmio Design nas edições de 2002 a 2006. Na abertura, o mo-
neste primeiro semestre para que a Via Gastronômica possa ser
biliário infantil Jocker desenvolvido em parceria por Heitor Gilberto Éckeli e pelo então
entregue à comunidade ainda este ano.
estreante no prêmio Célio Teodorico dos Santos, da catarinense Paradesign. A publicação pode ser encomendada pelo (11) 3032.3727.
A arte será sempre a base da arquitetura e dos melhores objetos de decoração
AT E L I E R
DE
ARTE
Pintura a óleo e acrílica, desenho de observação e artístico, reciclagem de materiais e de objetos, e mosaicos. Projetos sob encomenda. Cursos para adultos e crianças em todos os períodos. Exposição permanente.
Rua Carlos Corrêa, 206 (em frente ao estacicionamento do Supermercado Angeloni Beira Mar) - Agronômica - Florianópolis Fone (48) 3333 7571 | betinhatrevisan@hotmail.com
Iguatemi Florianópolis O Shopping Iguatemi Florianópolis abriu as portas no dia 17 de abril trazendo
sica contemporânea e o projeto privilegia os espaços livres, a acessibilidade e
marcas ainda inéditas em Santa Catarina, como Wal-Mart, Zara, Calvin Klein,
a visibilidade, tanto na horizontal, com amplas circulações e mall, quando na
Brooksfield, Le Lis Blanc e Montana Grill. O empreendimento – uma parceria entre
vertical, onde vazios trazem muita luz natural para o interior, através de aberturas
a Iguatemi Empresa de Shopping Centers e o Grupo Santa Fé – tem 95 mil m2 de
zenitais”, adianta a arquiteta Margarida Milani. Nas fachadas, composição com
área total construída, em sete níveis.
materiais contrastantes, como tijolo, alumínio e vidros refletivos. Nos interiores, mármores, granitos e detalhados forros em gesso – a maioria em tons claros. A recomposição da mata ciliar ao longo do rio Sertão garantiu um belo jardim con-
no Estado, dentre eles o Neumarkt, em Blumenau; o Breithaupt, em Jaraguá do
templativo. “Os acabamentos seguem o padrão de elegância que é o conceito de
Sul; e o Müeller, em Joinville. “A arquitetura do Iguatemi segue uma matriz clás-
todos os empreendimentos com a grife Iguatemi”, complementa Margarida.
DIVULGAÇÃO
O projeto é assinado pelo escritório Milani & Klein Arquitetura, com consultoria do arquiteto Manoel Dória, responsável por projetos de diversos shoppings
É básico. Em qualquer lugar do planeta, exige-se de um bom arquiteto estudo, experiência e bom gosto. Já em Florianópolis, é preciso ainda outro pré-requisito: conhecer o Beto Plotagem.
Rua Germano Wendhausen, 176 | 88015-460 | Centro Florianópolis SC [48] 3222 6666 | beto@betoplotagem.com.br
ATELIÊ SEM DÚVIDA, 2007 entra na história das artes plásticas de Santa Catarina. Este
presidente da ACAP, que celebrou este ano, pela primeira vez, o Dia do Artista
é o ano do centenário do pintor Martinho de Haro (1907-1985), um ícone ca-
Plástico Catarinense. A data - 18 de março, dia da fundação da entidade - foi ofi-
tarinense e um expoente do modernismo brasileiro. Nascido em São Joaquim,
cialmente instituída pela Assembléia Legislativa em dezembro do ano passado,
gostava de exaltar suas origens serranas e de pintar Florianópolis, cidade que
com a aprovação do projeto do deputado Onofre Agostini, atendendo a um pedido
escolheu para viver quando voltou de Paris, em 1939. Entre seus feitos está a
da associação. “Temos muito a festejar. Conseguimos a garantia do Governo do
fundação da Associação Catarinense de Artistas Plásticos (ACAP), há 32 anos,
Estado de que podemos permanecer no prédio da Alfândega e nossos artistas es-
ao lado do filho, Rodrigo de Haro, e de outros consagrados artistas, como Franklin
tão produzindo cada vez mais”, comemora a presidente da ACAP, Cirley Macedo
Cascaes, Ernesto Meyer Filho e Vera Sabino. Martinho de Haro foi o primeiro
Ludwig, que agora busca apoio para reformar o local.
60 | ÁREA | ABRIL 2007
A obra Auto-retrato do artista catarinense Martinho de Haro, executada com nanquim sobre papel (42 x 31,5cm). Na página anterior, a tela Nu, produzida em óleo sobre madeira (46 x 31cm). Imagens reproduzidas do livro “Martinho de Haro”, da Christiano Editorial (RJ, 1986), disponível na Biblioteca do Museu de Arte de Santa Catarina (MASC)
ÁREA | ABRIL 2007 | 61
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