A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN EM SANTA CATARINA
Niemeyer em Santa Catarina BIOARQUITETURA: ECOPÓLIS, UMA POSSIBILIDADE?|CIDADANIA: DESIGN NO ARTESANATO | DECOR: MADEIRA DE DEMOLIÇÃO|SC NA BIA: PRESENÇA CATARINENSE NA 7ª BIENAL | ENTREVISTA: O RESPEITADO ROBERTO SIMON | TENDÊNCIA: O QUE VEM POR AÍ EM 2008
ISSN 1982-2731
ANO I Nº 3 JAN 2008 R$ 9,90
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Letícia Wilson
ENTRENÓS |
Será possível? A CONSTRUÇÃO DE UMA cidade sustentável, na prática, parece possível. O investimento em pesquisa e em tecnologia tem resultado em técnicas e materiais mais eficientes, menos poluidores e, inclusive, economizadores. E não se trata apenas de reduzir o impacto ambiental das edificações mas, também, da adoção de atitudes inteligentes para redução de custos na obra e para a melhoria da qualidade de vida de todos. Nesta edição, apresentamos alguns exemplos citados no painel Ecopólis da Ecopower Conference, em Florianópolis. Para a construção desse novo modelo de cidade, entretanto, o maior desafio não está somente no estímulo a atitudes ‘ecológicas’ individuais, na substituição de materiais e na otimização dos processos. Como defendeu o PhD em Engenharia Vanderley John e reforçou a jurista Samantha Buglione no evento, é preciso, antes de tudo, acabar com a corrupção, com a sonegação e com o desrespeito à legislação. A tão combatida informalidade passa por uma mudança de consciência e de conduta moral e ética que atinja todos os agentes envolvidos neste processo. E esta preocupação é mundial. Na 7ª Bienal Internacional de Arquitetura, não foram poucos os arquitetos que revelaram iniciativas em prol da sustentabilidade. Algumas delas incluíam até idéias para o crescimento sustentável da China do século XXI, como apresentamos na matéria de cobertura feita pela jornalista Simone Bobsin. Destacaram-se, neste que é um dos maiores eventos do mundo do setor, trabalhos catarinenses como os de Roberto Simon – único profissional do Estado convidado para uma exposição individual. Trazemos neste numero, uma entrevista exclusiva com ele, considerado uma referência no setor, não apenas pela qualidade dos seus projetos, mas por sua luta em favor da classe. E, como não poderia deixar de ser, preparamos uma reportagem especial sobre o centenário de Oscar Niemeyer, revelando seus traços por Santa Catarina e algumas curiosidades do trabalho deste polêmico e admirado mestre. Boa leitura!
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A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN ANO I | Nº 3 JANDE 2008 SANTA CATARINA
BIOARQUITETURA
DIVULGAÇÃO
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Na Ecopower Conference, em Florianópolis, especialistas apontaram os caminhos para a construção de cidades sustentáveis
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CIDADANIA
Artesanato e design
DIVULGAÇÃO
Projeto Tranças da Terra, de Joaçaba, agrega design, gestão e marketing ao artesanato com palha de trigo e torna-se referência no Estado
D E C O R
DIVULGAÇÃO
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E X P O
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SC na Bienal Três projetos catarinenses foram destaque na 7ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, revelando o talento local
ENTREVISTA
PHOTUSPRESS
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Redescobrir a madeira De demolição ou de redescobrimento, este tipo de madeira atrai cada vez mais interessados. Mas é preciso saber escolher
MARCO BOCÃO/PML
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DIVULGAÇÃO
Ecopólis é possível?
Roberto Simon Único profissional de SC convidado a participar da 7ª Bienal de SP, Simon fala sobre mercado, urbanismo e sua militância na profissão
ESPECIAL
Niemeyer em SC A Escola do Teatro Bolshoi, projetada em 2001, pode se tornar a grande referência no Estado do disposto e centenário mestre das curvas
6 EM DIA A agenda da Área 12 ARQUITETANDO Sustentabilidade, pela AsBEA-SC 34 TENDÊNCIAS O que vem por aí em 2008 38 EM EXECUÇÃO Automação residencial 42 UP NEWS As novidades da arquitetura e do design mundiais 46 QUEM FAZ Machado & Kronemberger 50 NO MERCADO O que está nas prateleiras 52 FATOS & FEITOS Acontecimentos do setor 56 ATELIÊ Hassis 58 ONDE ACHAR O que está na Área A cultura, os símbolos e o cotidiano da vida em Florianópolis foram retratados nas obras de Hiedy Assis Corrêa, o Hassis, um ícone do modernismo catarinense. Ao lado, o desenho “A Ponte” reproduz a Hercílio Luz, cartão postal da Capital
EMDIA
A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN EM SANTA CATARINA
CONCURSOS PRÊMIO ABILUX Promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Iluminação, o prêmio é aberto a designers de luminárias e indústrias do setor, que concorrem nas categorias iluminação residencial, comercial, industrial, pública e monumental. Há também o prêmio especial de conservação de energia. Até 31 de janeiro www.abilux.com.br
OPEN HOUSE
Direção-edição
A empresária Marli Richelli realiza uma mostra de interiores onde os destaques são o mobiliário, de sua autoria, e as obras de arte. Todas as peças estarão à venda. O evento é organizado pela designer de interiores Patrícia Luciana Vieira Medeiros, com o auxílio da artista plástica Andréa Cristina do Nascimento Schorner. 15 a 28 de fevereiro Condomínio Panorâmico - Bombinhas (SC) (48) 3393-7494
HOLCIM AWARDS
MOVELSUL BRASIL
As inscrições já estão abertas. Poderão participar engenheiros e arquitetos autores de projetos que valorizem o conceito de construção sustentável. Com uma premiação total de 2 milhões de dólares, o Holcim Awards promove inovação por meio de uma série de competições em níveis local e global e está dividido em cinco regiões: Europa, América do Norte, América Latina, África & Oriente Médio e Ásia & Pacífico. Até 28 de fevereiro www.holcimawards.com
A 16ª Movelsul Brasil, considerada a mais representativa do setor da América Latina, terá mais espaço para expositores e reservará 900 m2 para o Salão Design Movelsul onde serão apresentadas as criações de designers de 21 estados brasileiros. Entre as novidades está o Prêmio Mérito Social, para projetos que levam em consideração a participação de comunidades carentes. O evento é realizado pelo Sindicato das Indústrias de Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis). De 24 a 28 de março Parque de Eventos – Bento Gonçalves/RS www.movelsulbrasil.com.br
Letícia Wilson leticia@revistaarea.com.br
Diretor de Arte Eduardo Faria eduardo@revistaarea.com.br
Textos Kellen Rodrigues Letícia Wilson Sandro Guidalli Simone Bobsin
Fotografia
Gabriel Portela
Diretor Comercial Cesar Saliés comercial@revistaarea.com.br (48) 3237.2477
Conselho editorial Santa Comunicação & Editora Design Catarina Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/SC) Núcleo Catarinense de Decoração
Redação
FEIRAS/MOSTRAS CASA HAU Mostra permanente de arquitetura e decoração organizada pela arquiteta Hilariani Martins Pagani, do escritório Hilariani Arquitetura e Urbanismo (HAU). O local, de 500 m2, deve também abrigar eventos paralelos, como exposições de arte, lançamentos de livros e encontros técnicos. O acesso é gratuito e em horário comercial. Rua Caetano Silveira de Matos, 2.463 Palhoça (SC) (48) 3242-5261 www.hau.com.br
ABIMAD 2008 A Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração realiza a 5ª edição de sua tradicional feira, considerada a maior do segmento da América Latina. Num espaço de 50 mil m2, apresenta as novidades de 175 expositores. De 14 a 17 de fevereiro 10h às 19h Centro de Exposição Imigrantes – São Paulo/SP http://feira.abimad.com.br
Av. Pequeno Príncipe, 971 conj. 7 88063-000 Campeche Florianópolis SC (48) 3259.3626 contato@revistaarea.com.br
REVESTIR Uma das mais importantes feiras do setor no país, a Feira Internacional de Revestimentos terá, como evento paralelo o 6º Fórum Internacional de Arquitetura e Construção, com palestrantes internacionais como Henri Ciriani (FRA) e Henri Petrosky (EUA), presentes na edição passada. De 11 a 14 de março Transamérica Expo Center - São Paulo/SP www.exporevestir.com.br
FEICON BATIMAT A Semana Internacional da Indústria da Construção e Iluminação em São Paulo reunirá a 16ª Feira Internacional da Indústria da Construção (Feicon), a 11ª Feira Internacional da Indústria da Iluminação (Expolux), a 5ª Feira Internacional de Cozinhas e Banheiros e a 2ª Feira Internacional de Cerâmicas Vermelhas. De 8 a 12 de abril Parque de Exposições do Anhembi São Paulo/SP www.feicon.com.br
www.revistaarea.com.br A versão virtual da Revista Área traz um resumo das principais matérias e adianta, na seção Últimas notícias, o que está acontecendo no setor. Participe! Envie suas sugestões acompanhe que é notícia em Arquitetura & Design em SC. | Nº 3 – JANEIROo2008 6 |eÁREA
Capa Esboço do projeto de Oscar Niemeyer para a Escola do Teatro Bolshoi, de Joinville ____________________________________ A Revista Área é uma publicação trimestral, dirigida a profissionais de Arquitetura e Design de Santa Catarina e distribuída a um mailing específico. Entidades de classe, imprensa, institui ções de ensino, lojistas e outros empresários do setor também recebem a revista. Conceitos e opiniões emitidas por entrevistados, articulistas e colaboradores não refletem, necessariamente, a posição da publicação e a de seus diretores. Espaços publicitários são negociados diretamente com o departamento comercial da Revista. Espaços editoriais não são comercializáveis. A Revista Área é um dos produtos da parceria entre as empresas Santa Comunicação & Editora e Officio Comunicação.
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PARTICIPE! Os profissionais, empresas e projetos executados em Santa Catarina têm prioridade na Revista Área. Participe, enviando suas dúvidas, críticas e sugestões de pautas para materias@revistaarea.com.br.
Errata Laguna Preservada A artista plástica Gizely Cesconetto, responsável pelos projetos setor de educação patrimonial da 11ª SR do Iphan/SC, não ministrou o curso para capacitação de mestres de obras, serventes, pintores e pedreiros para trabalhar em restauro como citado na página 28 da última edição. Este curso foi, na verdade, coordenado e ministrado pelo arquiteto Dagoberto Martins, professor da Unisul, especialista em restauro, com o auxílio do mestre artífice Alcides Bosa. Na mesma reportagem, Belo Horizonte foi equivocadamente listada entre cidades históricas brasileiras.
Design A nova linha de móveis da Officeform desenvolvida pelo estúdio paulista Nada se Leva está à venda na loja Studio Conceito e não na Studio Ambientes conforme publicado na pág. 50 da última edição.
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BIOARQUITETURA
Ecopólis: uma possibilidade? A redução do aquecimento global requer, urgentemente, a mudança da relação de toda a sociedade com o planeta e não apenas atitudes individuais. O maior impacto é provocado pelas grandes cidades, responsáveis por 75% das emissões de dióxido de carbono na atmosfera. Somente medidas de grande impacto podem levar a tão almejada sustentabilidade – e muitas delas passam pela construção civil. No painel Ecopólis da EcoPower Conference, evento realizado em novembro, em Florianópolis, especialistas e governantes apontaram importantes possibilidades. E a Revista ÁREA esteve lá para conferir
UTILIZAR TRANSPORTE PÚBLICO, ampliar a coleta seletiva de lixo, morar próximo ao local de trabalho, criar espaços multiuso para a população, revitalizar as áreas centrais das regiões metropolitanas e restaurar o patrimônio histórico. Essas foram as cinco medidas essenciais indicadas pelo arquiteto Jaime Lerner, mediador do painel Ecopólis, para que uma cidade evolua de maneira sustentável. Ex-governador do Paraná e prefeito de Curitiba por três gestões, ele admite que não se bastam simples mudanças. “A sustentabilidade nas cidades tem que tomar forma de equação: mais economia e menos desperdício”, resumiu. A preocupação com as mudanças climáticas e com a preservação dos recursos naturais e a construção dos chamados ‘prédios verdes’ não são suficientes. O futuro das cidades passa por um planejamento urbano eficiente e pelo engajamento de governantes, industriais, construtores, arquitetos e engenheiros na construção de uma autêntica ecopólis. “O tempo de ação é muito mais curto do que imaginamos. Esta é uma crise enorme, de soluções difíceis, que envolvem grandes decisões. A humanidade está enfrentando um desafio como nunca”, falou o ex-deputado federal Fábio Feldman, autor da Lei da Mata Atlântica, a uma platéia lotada, formada por políticos, empresários, arquitetos e outros profissionais da construção civil. Ex-secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Feldman considera ingenuidade pensar que as práticas apontadas na Agenda 21, elaborada pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Eco-92, seriam suficientes. “As reuniões da ONU não são suficientes para mudar o mundo”, avalia. E lançou um desafio: “se conseguirmos mudar o modelo mental da construção civil, desde o projeto, podemos ter o mesmo impacto do Protocolo de Kyoto”. É preciso, entretanto, investir também em justiça social, na opinião do engenheiro civil Vanderley John, que realizou seu pós-douturado em Engenharia no Royal Institute of Technology da Suécia. “Com a tecnologia e o padrão de consumo que temos hoje, acabaremos com o planeta. Impossível arrumar a questão ambiental sem arrumar a social. É preciso reinventar o desenvolvimento”, alertou John, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Classificando a indústria da construção civil como “tecnologicamente conservadora”, defendeu, enfaticamente, um maior investimento do setor em pesquisa. Para ele, “excluído o desmatamento na Amazônia, a indústria cimenteira é responsável
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| ÁREA | Nº 3 – JANEIRO 2008
DIVULGAÇÃO
“A sustentabilidade nas cidades tem que tomar forma de equação: mais economia e menos desperdício”, sentenciou o arq. Jaime Lerner, mediador do painel
por 12% das emissões de gás carbônico no Brasil”, exemplificou, sugerindo a
lação, não por coerção, mas porque elegem agir assim”, ressaltou. Convidada
utilização de cimentos do tipo CP III e CP IV nas obras, por emitirem menos dióxi-
para participar de um debate que, infelizmente, não ocorreu em função da pressa
do de carbono, que é responsável por 60% do aquecimento global. John destaca
dos organizadores em encerrar a primeira parte do painel, Samantha deixou sua
que, neste processo de transformação, toda a cadeia produtiva deve dedicar-se a
pergunta no ar: “como construir uma política pública ‘desagradando’ alguns igno-
reduzir o consumo de materiais, o desperdício, as perdas e melhorar a qualidade.
rantes informados. Alguém, de fato, está disposto a pagar este preço?”.
“Talvez nossas prioridades em termos de construção sejam aumentar a durabi-
Os engenheiros Olavo Kucker Arantes e Roberto Lamberts, ambos represen-
lidade dos materiais, reduzir a área construída per capita, usar produtos cujo
tantes catarinenses no Conselho Brasileiro de Construções Sustentáveis, igual-
processo de fabricação seja menos poluente, preferir madeiras certificadas”,
mente tiveram suas participações no evento prejudicadas. Ainda assim conse-
elencou. Aumentar a eficiência energética e utilizar aquecedores solar foram
guiram registrar pequenas e relevantes contribuições. “O estudo e a normalização
outras sugestões apontadas pelo professor para as “ilhas de calor”, onde os
dos planos diretores são fundamentais neste processo. E pergunto: quais estra-
prédios respondem por quase 50% da energia total consumida nas cidades.
tégias em políticas municipais estão sendo elaboradas por cidades inseridas na
A questão da informalidade no setor da construção civil teve destaque no
Mata Atlântica?”, questionou Arantes, diretor de Meio Ambiente do Sindicato da
painel, como um obstáculo à sustentabilidade. “É preciso reduzir a sonegação
Indústria da Construção (Sinduscon) da Grande Florianópolis. Estamos realmente
fiscal, o desrespeito à legislação e aos padrões de qualidade, e acabar com a
preparados para as mudanças de hábito?, indagou Lamberts à platéia. “Temos
corrupção. Se não, de nada adiantará tudo o que já falamos”, complementou
que treinar nossos usuários para receberem menos metros quadrados e menos
Vanderley John. Segundo ele, 77% das habitações são auto-geridas, “feitas pelo
banheiros. Precisamos aproveitar a tecnologia ‘escondida’ e explicar o efeito delas.
morador e pelo construtor e tendo um arquiteto ou um engenheiro para dar aquela
Tem gente usando canos feito de garrafa PET que nem passam pelas normas de
assinada”. “Sem reduzir a informalidade não vamos sair do buraco”, sentenciou.
eficiência”, considerou o professor da Universidade Federal de Santa Catarina.
Na mesma linha falou a jurista e professora de Direito Samantha Buglione, dire-
A atitude do consumidor é realmente fundamental no processo de mudan-
tora executiva do Instituto Antígona, uma ONG de acompanhamento e pesquisa
ça. “Com atos simples, ele posiciona-se politicamente, boicotando uma marca
de decisões judiciais relacionadas a direitos humanos, bioética e meio ambiente.
ou consumindo mais de outra. E os governos podem estimular aqueles produtos
“Em Florianópolis, 50% das habitações estão irregulares e 72% do comércio es-
mais eficientes. Foi preciso acontecer um apagão no País para as lâmpadas
tão em área irregular. Entretanto, a informalidade está também em grupos sociais
economizadoras terem sua tributação reduzida”, exemplificou Fábio Feldman.
que têm acesso à informação, mas a ignora. Agem independentemente da legis-
Para ele, a humanidade é capaz de responder a este grande desafio imposto. Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
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BIOARQUITETURA
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15 2 14
3 4 Exemplos bem-sucedidos
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Apesar da falta de tempo para debates, o que seria engrandecedor considerando o nível técnico dos participantes, o painel destacou-se por apresentar exemplos de quem já está aplicando, na prática, conceitos de sustentabilidade, e com sucesso. Em sua palestra, o engenheiro civil e empresário paulista Luiz Fernando Lucho do Valle, um dos pioneiros na construção de
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condomínios sustentáveis no Brasil, demonstrou, em números, que os benefícios da chamada ‘ecologia urbana’ vão além da preservação dos recursos naturais e também podem ser percebidos nas planilhas financeiras dos empreendedores da construção civil e no bolso dos moradores. “Com as medidas que adotamos, poupamos R$ 162 mil por obra e proporcionamos uma economia de R$ 4.804,00 por ano a cada apartamento de nossos con-
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domínios de 100 unidades”, exemplificou o presidente da Ecoesfera Empre-
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endimentos Sustentáveis, comprovando que essas soluções não precisam,
Diferenciais ecológicos implementados pela Ecoesfera em seus
necessariamente, exigir um maior investimento.
empreendimentos. [1] Energia solar para pré-aquecimento e
Tendo como benchmarking a indústria automobilística, o empresário
iluminação, [2] coleta de óleo de cozinha, [3] aquecimento a gás, [4]
adaptou o conceito de produção em massa aos empreendimentos, padroni-
medidor individual de gás, [5] churrasqueira limpa, [6] água filtrada,
zando-os e garantindo ganhos em escala. “Os conceitos básicos são reduzir,
[7] sensores de presença, [8] tratamento e reuso, [8] captação de água
reutilizar e reciclar, num metabolismo circular. Se todos fizessem isso, o pro-
da chuva, [9] pomar e herbário, [10] coleta seletiva, [11] lâmpadas
blema seria menor”, resume. As decisões sustentáveis são tomadas ainda no
econômicas e motores, [12] persiana conjugada, [13] economia de água,
canteiro de obras. As construções são feitas com alvenaria estrutural, levando
[14] elevador ecológico, [15] telhado ecológico
madeira apenas na fase do acabamento, o que representa a preservação de 50 árvores por torre e uma economia de R$ 50 mil ao construtor. Já no canteiro de obras, toda a água é reutilizada, poupando 600 mil litros e R$ 4,8 mil por empreendimento. A instalação de sensores de presença, lâmpadas economiza-
Investimento inteligente
doras e o uso de equipamentos com motores eficientes garantem uma redução
Optar por soluções sustentáveis na construção civil não só é pos-
de 10% no consumo de energia elétrica – uma economia de R$ 5,9 mil. No
sível como é importante tanto para o meio ambiente como para
caso do entulho, outro bom exemplo, com a separação e a venda de todo o lixo
as contas das incorporadoras e, consequentemente, para as do
produzido. “Retiramos 326 caçambas a menos”, conta.
usuário final também. Confira o impacto das medidas adotadas
Nas unidades habitacionais, a incorporadora aplica 15 diferenciais ecológicos, como telhado verde, captação da água da chuva, chuveiros a gás e tubulação específica para o descarte do óleo de cozinha, posteriormente comercializado pelo condomínio. Com apenas dois anos de vida, a empresa já contabiliza 1,4 mil apartamentos lançados e planeja entregar outros 2,2 mil até julho do ano que vem. E está em vias de conquistar a certificação LEED (The Leadership in Energy and Environmental Design) para um de seus empreendimentos. “Já temos a pré-certificação do que será o primeiro green building da América Latina”, comemora. As vantagens? “Nos Estados Unidos, a valorização dos imóveis certificados é de 20% em relação a um edifício convencional”, argumenta.
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pela Ecoesfera, considerando um prédio com 100 unidades: Energia – economia de 25.514 kw/ano Água – economia de 14.984.000 l/ano 2,4 bilhões de litros de água livres de óleo de cozinha 240 árvores preservadas/ano Economia do apartamento - R$ 4.804/ano Economia nas contas condominiais - R$ 105.206,00/ano (cerca de 25%) Ganho Global - R$ 519.446,00/ano
Despoluição visual
Planejamento urbano
Com 11 milhões de habitantes, a cidade de São Paulo enfrenta grandes desa-
Curitiba é referência mundial em planejamento urbano e apresenta solu-
fios nos mais diferentes setores. “E o principal deles é garantir a qualidade de
ções – como a do transporte público – que são modelo até para outros
vida das pessoas”, destacou o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, que
países. A área verde por habitante, em níveis superiores ao recomendado
esteve no Ecopólis para apresentar as iniciativas de sua gestão na construção
pela Organização das Nações Unidas (ONU), é um dos mais altos do Brasil,
de uma cidade sustentável. Um dos destaques é o ‘Cidade Limpa’, um projeto
iniciativas que renderam à cidade o prêmio United Nations Environment
radical de despoluição visual a partir da eliminação da publicidade exterior. A
Program (UNEP). Considerada o prêmio máximo de meio ambiente no mun-
medida, polêmica num primeiro momento, contou com o apoio de 92% da po-
do, a honraria foi concedida pela ONU nos anos 1990. Ainda assim, a capital
pulação, importante ‘fiscal’ da prefeitura. “As pessoas começaram a acreditar”,
paranaense não pára de investir em melhorias, como apresentou o prefeito
comemora. E no embalo da confiança popular, a prefeitura está implementando
Beto Richa no evento. “Assumimos, nos Estados Unidos, o compromisso de
este ano a inspeção veicular. “Cerca de 70% da poluição da cidade vêm dos ve-
ser uma cidade verde”, destacou, referindo-se à Declaração das Cidades
ículos e dos aterros. Estes últimos já estamos controlando com a transformação
Verdes assinada por ele em junho de 2005, em São Francisco. Richa foi
dos poluentes emitidos em energia”, disse. O próximo passo, segundo Kassab,
um dos 60 administradores municipais escolhidos pela ONU para assinar o
será a despoluição da água, ainda este ano. “Numa parceria entre prefeitura e
documento, que prevê, nas áreas urbanas, um conjunto de ações voltadas
os governos estadual e federal serão investidos R$ 1,2 bilhão na recuperação
à sustentabilidade nos setores de energia, redução de dejetos, projetos de
dos mananciais”, adianta. Outras medidas serão o plantio de 200 mil árvores e
transporte, saúde ambiental e preservação das águas.
a construção de novos parques, cujo número deve ser triplicado. “Queremos que
Curitiba aposta agora na construção da Linha Verde – a maior obra
São Paulo seja referência em relação ao meio ambiente”, afirmou, otimista.
viária do Paraná –, cuja primeira etapa será concluída ainda no início de 2008. A avenida abrigará o sexto corredor de transporte da cidade e seu BRUNNO COVELLO/SMCS /DIVULGAÇÃO
projeto conta com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).“É a urbanização da BR 116, que cortava a cidade, com a implantação da Linha Verde, que terá 12 pistas, ciclovia, parque linear e ônibus movidos a biodiesel”, resumiu o prefeito. Ao todo, 2,6 mil árvores serão plantadas ao longo desta que será a maior avenida urbana de Curitiba, com 18 quilômetros de extensão.
Construção da Linha Verde garante a urbanização de importante área de Curitiba. Abaixo, o resultado da despoluição visual de São Paulo com o projeto Cidade Limpa JOÃO LUIZ G.SILVA/SECOM/DIVULGAÇÃO
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ARQUITETANDO
Caminhos sustentáveis A sustentabilidade permeia todas as nossas atividades, sejam elas pessoais ou profissionais. Por isso, precisamos nos comprometer com seus preceitos
O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE, introduzido em âmbito mundial no início
Sabemos que a sustentabilidade por si só não resulta em edificações de
dos anos 1980, define que uma comunidade sustentável é aquela capaz de
qualidade, pois ela é apenas um dos ingredientes que, se bem usados, contri-
satisfazer as próprias necessidades sem reduzir as oportunidades das gera-
buem para a excelência de uma construção. A ela devem ser acrescidos outros
ções futuras. Trazer este conceito para atividades profissionais do dia-a-dia é
conteúdos para a prática da boa arquitetura.
o grande desafio que temos pela frente.
Somente construir com princípios sustentáveis igualmente não resulta em
A sustentabilidade permeia todas as nossas ações, sejam elas pessoais
economia de recursos. Fatores como a vida útil desta edificação e a forma do
ou profissionais. Por isso, precisamos nos tornar cidadãos comprometidos com
seu uso e da sua manutenção também são aspectos significativos. É necessá-
seus preceitos. Em nossa vida laboral, como arquitetos, precisamos responder
rio focar no usuário final que deve ser instruído de sua correta utilização. Hoje
a estes desafios, pois é através da construção civil que a cidade se desen-
já contamos com o CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
volve. Basta lembrar que esta atividade é responsável por mais de 70% das
– o que fortalece uma visão mais regional dos problemas ao evitar a simples
agressões ao meio ambiente.
importação de soluções estrangeiras, prática comum no Brasil.
A AsBEA – Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, uma
A sustentabilidade é um terreno amplo em que a pesquisa precisa avan-
entidade nacional com representação regional em Santa Catarina, criou re-
çar. Trata-se de um processo. Não podemos dizer que uma arquitetura é sus-
centemente Grupos de Trabalho em Sustentabilidade (GTS). Reunimo-nos
tentável e outra não, mas sim que uma arquitetura é mais sustentável que a
desde a criação destes fóruns e uma das primeiras conclusões a que chega-
outra.
mos é que, para a sustentabilidade fazer parte de nossos projetos, devemos
Pensar em sustentabilidade também não representa encarecer o projeto.
investir em educação continuada. A graduação não é o fim, mas o começo
Pode-se começar por soluções simples como melhorar a orientação da edifi-
de uma vida profissional que deverá estar sempre em busca destes novos
cação em sua implantação, valorizar a mão-de-obra e materiais locais, evitar
conhecimentos.
a informalidade na construção civil, que corrói toda a cadeia de produção do
Acreditamos que a sustentabilidade, além de ser uma resposta às ameaças
setor, entre outras. Como entidade, organizamos encontros e convidamos palestrantes com
ficação está inserida. É que o espaço
conhecimento acerca do tema e que estão mais próximos de nós. A intenção é
construído que se apropria de diretrizes
divulgar o conhecimento já produzido e que está facilmente ao nosso alcance.
auto-sustentáveis irá se adequar à
Assim fazemos uma ponte entre teoria e prática. Podemos, com isso, aplicar
topografia, à orientação solar, à ilumi-
mais rapidamente os conteúdos gerados, através das pesquisas dentro das
nação natural e aos ventos, conside-
universidades, e solicitar pesquisas em temas surgidos na prática.
DIVULGAÇÃO
ao meio ambiente, ajuda-nos a melhor definir o caráter da região onde a edi-
rando materiais, toxidade, capacidade
Para 2008, estamos programando informativo digital que divulgue todo
de mão-de-obra, entre outros fatores
tipo de assunto relacionado à sustentabilidade; encontros, seminários e sim-
de estudo. Toda esta busca nos leva a
pósios que divulguem resultados e fomentem a discussão do tema; criar ou
desenvolver projetos de acordo com as
apoiar cursos que promovam educação continuada aos arquitetos; e a co-
peculiaridades locais, o que lhes coloca
brança, junto aos fornecedores de material e de mão-de-obra, de catálogos
em linha com as necessidades impos-
que contenham dados que possibilitem ao profissional fazer a escolha correta
tas pelo modelo sustentável.
em seus projetos.
Ronaldo Matos Martins 12 | ÁREA | SETEMBRO 2007
Arquiteto | Coordenador GTS | AsBEA-SC
Em fevereiro nas bancas w w w. r e v i s t a a r e a . c o m . b r
CIDADANIA
DIVULGAÇÃO
Mãos que 14 | ÁREA | Nº 3 – JANEIRO 2008
valem prêmios Projeto transforma a palha do trigo em objetos de design e revela como uma boa dose de marketing associada à ousadia e ao talento de mais de 100 artesãs do Meio-Oeste catarinense mudam a realidade de comunidades distantes dos grandes centros urbanos Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
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CIDADANIA
O USO DA PALHA DO TRIGO por artesãos do interior dos estados do sul não
Definidos os objetivos do que então ainda eram estudos da professora,
é novidade. Geralmente associados ou em grupos familiares, eles produzem,
novos parceiros começaram a colaborar. Os primeiros foram a Associação dos
com talento único, cestos, bolsas, chapéus, acessórios e outros pequenos ob-
Municípios do Meio-Oeste Catarinense (Ammoc) e o Sebrae/SC. Este reuniu
jetos de utilidade cotidiana ou feitos simplesmente para a decoração. No pas-
facilitadores e articuladores e deu início ao projeto batizado de “Tranças da
sado, a técnica artesanal era aplicada na confecção de sacolas usadas nas
Terra” que inclui aplicações de associativismo, gestão, design, capacitação
plantações de trigo, cultivo muito relacionado, por exemplo, às regiões monta-
técnica e tecnológica, propriedade industrial, registro de marca, marketing e
nhosas de Santa Catarina. Hoje, esses objetos são vendidos nas cidades pró-
comercialização de produtos.
ximas e suprem a demanda de turistas e consumidores a procura do caráter regional e culturalmente rico desse produtos artesanais.
Do Rio Grande do Sul foi recrutado o escritório Gueto Ecodesign, que desenvolveu o visual dos produtos e de suas coleções e realizou oficinas de
Porém, mesmo com o interesse demonstrado por estes clientes, o su-
repasse de técnica de confecção às artesãs. “A troca sempre foi harmônica,
cesso empresarial sempre foi um desafio para as comunidades envolvidas.
muitas vezes com sugestões e comentários das artesãs, que aos poucos
E foi essa dificuldade que despertou o interesse de instituições de apoio e
lembravam as técnicas que haviam aprendido quando criança”, comenta
fomento ao empreededorismo. Mãos habilidosas encontraram cérebros afia-
a administradora da Gueto, Solange Wittmann. Ela e a designer Karin Wil-
dos que escrevem agora uma história diferente no Meio-Oeste catarinense.
smann participaram das oficinas de confecção das tranças de trigo como
A necessidade de reinserir o artesanato no painel produtivo e de adicionar
alunas, juntamente com as artesãs. Para Solange, o projeto foi um desafio e
valor aos produtos confeccionados levou pesquisadores da Universidade do
exigiu muita criatividade.
Oeste de Santa Catarina Unoesc (UNOESC), em 2004, a buscar alternativas
Para a gestora local do Sebrae/SC, Sueli Bernardi, o trabalho foi feito
que removessem as artesãs e agricultores de uma rotina que ainda refletia o
literalmente “com muitas mãos”, carinho e dedicação. “Mas sempre de olho
baixo crescimento econômico dos últimos anos. Segundo a professora de De-
no mercado, nas tendências e no diferencial”, diz ela. “Sem dúvida alguma,
senvolvimento Sustentável da Unoesc, Eliane Filippin, era preciso produzir com
o design deu às peças formas modernas e criativas, sem perder o conceito,
qualidade e criar produtos atraentes para os turistas, mas com a identidade
a cultura e a história da região”, avalia. Hoje, mais de 100 famílias estão en-
da região. “Além disso, o projeto tinha de ser ambientalmente responsável e
volvidas na Associação Tranças da Terra que, em abril, de 2006 ganhou um
socialmente justo, ou seja, precisava incluir um número cada vez maior de
website: www.trancasdaterra.com.br. Nele, pode-se acompanhar a evolução
beneficiados”, acrescenta.
do projeto nos últimos anos, conhecer detalhes dos produtos e até obter informações sobre como adquiri-los. Menos de quatro anos após o início do projeto, o reconhecimento do mercado é incontestável para o Tranças da Terra. A iniciativa já obteve vários prêmios, em especial o primeiro lugar no House Gift de Design 2006, na categoria artesanato regional. Além disso, acaba de conquistar o segundo lugar na categoria Inovação Social do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2007 – Região Sul. “Para nós, este troféu é
Produtos com jeito da terra Os produtos Tranças da Terra são divididos em três coleções:
motivo de muito orgulho, fiquei realmente muito emocionada ao recebê-lo”, disse a presidente da Associação Tranças da Terra, Nadir Nardi, na cerimônia de premiação, em dezembro.
Flores da Terra, Cores da Terra e Curvas da Terra. No primeiro caso, a inspiração das artesãs vem dos temas florais dos panôs e esculturas religiosas de madeira. Assim são os chapéus, os móbiles, as cestas e os sousplats. A coleção Cores da Terra é uma referência à arquitetura italiana e ao vestuário da época da colonização, com tingimentos naturais das palhas. Marcadores de livros, bolsas utilitárias e jogos americanos fazem parte da coleção. Já a coleção Curvas da Terra, a de maior número de produtos, é uma brincadeira com as curvas do arado e as curvas de nível das colinas semeadas. Destaque para a cor dourada dos trigais em produtos como os rechauds porta-velas, bolsas, cestas, o bowl (utilizado como peça decorativa no acondicionamento de produtos não
Design agregou valor às peças produzidas pela Associação Tranças da
perecíveis) e o capitel (usado como peça decorativa religiosa).
Terra, que também somou ferramentas de gestão de marketing ao projeto, um dos vencedores do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2007
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
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DECOR ROBERT AICHINGER/STOCK.XCHNG
Nobres e OUTRORA ABUNDANTES, as chamadas ‘madeiras de demolição’ ou ‘de redes-
aparadores. O processo de recuperação é demorado pois, além de garimpar
cobrimento’, já são esporádicas no comércio de móveis de estilo colonial. A
as melhores tábuas, é preciso arrancar delas os pregos e cortar suas partes
Imbuia e a Canela, árvores da família Lauraceae, e as 34 espécies de Peroba,
danificadas. Com isso, a perda é grande e a mão-de-obra onerosa.
todas da família Apocynaceae, constituíam casarios construídos por europeus
Apesar da riqueza do casario existente nas áreas rurais dos estados do Sul
e seus descendentes nos períodos de colonização do sul do Brasil. No entanto,
do País, a movelaria colonial brasileira está plenamente identificada com Minas
o êxodo rural das últimas décadas do século passado resultou no abandono de
Gerais. Filho de uma mineira, o empresário Fernando Campos, apaixonado pela
muitas destas residências que acabaram por se transformar em verdadeiros
madeira de redescobrimento, afirma que o estado natal de sua mãe não tem o
tesouros de raras e nobres madeiras.
mesmo padrão florestal catarinense ou paranaense. No entanto, seu estilo pecu-
Vendidas por intermediários ou procuradas pelas próprias empresas que
liar de vida rural e a presença da cultura caipira na formação de seu povo, deu ori-
produzem o mobiliário resultante de seus espólios, estas casas são caracterís-
gem a uma indústria moveleira colonial bastante típica. “Minas é a origem do que
ticas de uma era em que a madeira de boa qualidade era extraída da natureza
conhecemos como móvel colonial, mas a produção mobiliária oriunda de lá simu-
e explorada sem restrições.
la o envelhecimento que aqui no Sul é natural, principalmente no caso da Canela
Diferentemente das opções novas, o tempo age sobre a madeira de demolição funcionando como uma estufa natural, o que impede a retração ou o
(ou Caneleiras)”, explica Fernando, proprietário da Pau Canela, de Florianópolis, que produz e vende móveis fabricados a partir da madeira de redescobrimento.
empenamento. Utilizada de várias formas, a madeira de demolição é recu-
Independente de eventuais polêmicas sobre a origem das madeiras mais
perada dessas antigas edificações para transformar-se em mesas, bancos e
nobres usadas pela arquitetura de interiores, Fernando avalia que dificilmente
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raras Texto: Sandro Guidalli | Fotos: Divulgação
Elas já foram ‘madeiras de demolição’ e agora são ‘madeiras de redescobrimento’. Seja qual for o nome, saiba por que, há dez anos, elas continuam disputadas no mundo da decoração de interiores
este tipo de produto natural perderá seu vigor comercial. “O que vai acontecer
passou a predominar em mostras de decoração. Foi quando profissionais como
é que, paulatinamente, ficará mais difícil encontrar madeiras originais e de
Sig Bergamim começaram a usá-la em seus projetos”, conta Ricardo, referin-
qualidade. Há muita coisa forjada e as pessoas não têm como se defender dos
do-se a um dos mais festejados arquitetos brasileiros da última década.
embustes”, considera.
Para a designer de interiores com especialização na Fundació UPC,
O problema não está apenas em discernir a qualidade da madeira. Para
da Espanha, e na Scuola Politecnica de Design (SPD), na Itália, Michela
o arquiteto Ricardo Moura Mendonça, formado em Design na França e há 14
Damascena, todo decorador, designer ou arquiteto deseja “criar um canto
anos trabalhando com ‘mobiliário exótico’, é preciso ter cuidado também na
para um móvel em madeira de demolição”. Nenhuma tendência no mercado
aplicação dos móveis ou de peças feitas com a madeira de redescobrimento.
dispensa a utilização de móveis com este material. “Além da qualidade, o
Para ele, esta matéria-prima deve ser usada com parcimônia. “Além de ser
produto torna os espaços mais aconchegantes e bonitos, coordenando har-
cara, a madeira de demolição deve ser utilizada para valorizar um ambiente
moniosamente o rústico com o moderno”, considera. Peças produzidas em
e não para preenchê-lo totalmente. Use-a em painéis. Em salas de jantar, por
demolição, com design simples, reto, e acabamento semi-rústico são as pre-
exemplo, o ideal é combinar a mesa de madeira de demolição com cadeiras de
feridas da designer. “Compõem perfeitamente com materiais de alto brilho,
outro material”, sugere.
como pedras, polipropileno ou aço”, diz. Michela produz móveis a partir de
Profundo admirador da ‘brasilidade’ da madeira de redescobrimento, Ri-
restos de casas e galpões, sem vernizes, colas ou tintas, para causar o
cardo lembra que ela se tornou tendência como elemento destacado em pro-
menor impacto ambiental possível. O compromisso com a preservação am-
jetos paisagísticos. “Desde então, a partir do final dos anos 1990, este estilo
biental é sua marca registrada.
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De olho na qualidade DECOR
Não é simples identificar a verdadeira madeira de redescobrimento. Ela exige muita pesquisa na hora da compra, principalmente a respeito dos fornecedores das lojas, para se evitar comprar ‘gato por lebre’. Um dos sócios da Bicho Carpinteiro, também em Florianópolis, o João Batista da Silva conta que os lojistas são procurados pelos intermediários com lotes cuja procedência nem sempre é confiável. “O caráter sentimental da movelaria provinciana e o revival deste
FOTOS: GABRIEL PORTELA
gênero no País fazem com que, muitas vezes, o comprador se esqueça de aferir a autenticidade do que está levando para casa”, avalia ele, que também produz mobiliário ‘de descobrimento’. João também partilha da opinião de que a madeira de redescobrimento deve ser usada com cuidado, em detalhes. “Como forma de revestimento ela também valoriza os ambientes mas aí ela é pouco competitiva”, diz, lembrando que a dificuldade de se obter esse tipo de madeira torna alto o seu custo. Os comerciantes preferem não mencionar valores, pois a variedade dos lotes não permite determinar um padrão de preço por metragem. Além disso, elas exigem cuidados de manutenção, pois precisam ser enceradas freqüentemente e não devem ser molhadas ou umedecidas. Vale a dica da designer Michela Damascena: o uso da cera de carnaúba pura, em toda área externa do móvel, cria uma consistência na superfície e forma uma camada de proteção. Michela não recomenda outros produtos industriais, já que as químicas contidas neles mancham e alteram a cor natural da madeira.
Madeiras são largamente utilizadas na produção de móveis, dos mais diferentes estilos. Ao lado, as peças rústicas oferecidas pela Bicho Carpinteiro. Na página seguinte, os modelos contemporâneos produzidos pela designer Michela Damascena
Da Demolição ao Redescobrimento O termo ‘de demolição’ designa como as madeiras oriundas da Canela, da Peroba e da Imbuia eram obtidas pelos fabricantes. As casas eram demolidas e as tábuas removidas para o comércio. Devido ao aspecto negativo, o termo foi substituído por outro, que carrega o sentido de reaproveitamento ou de novo uso para algo que estava teoricamente abandonado. Surgiu então o ‘redescobrimento’, que significa encontrar uma nova utilidade e função para aquela madeira anteriormente usada no casario antigo. Como a nova expressão ainda não caiu em uso, os comerciantes, em geral, ainda utilizam a palavra ‘demolição’ para a madeira tão especial com que trabalham.
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
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SCNABIA
EX 22 | ÁREA | Nº 3 – JANEIRO 2008
FOTOS: DIVULGAÇÃO
A 7ª edição da Bienal Internacional de Arquitetura, realizada em São Paulo, revelou talentos e muita criatividade na apresentação de soluções voltadas à sustentabilidade. Projetos catarinenses estiveram em evidência, revelando o potencial dos profissionais locais. A jornalista Simone Bobsin esteve lá e apresenta aqui as suas impressões sobre este que é um dos maiores eventos de arquitetura do mundo
PO Texto Simone Bobsin Fotos: Divulgação
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SCNABIA A BIA, COMO É CARINHOSAMENTE APELIDADA a Bienal Internacional de Arqui-
idealizado há oito anos, previa apenas uma intervenção paisagística no Mu-
tetura de São Paulo, em sua sétima edição abrigou trabalhos de profissionais
seu Histórico de Santa Catarina. Porém, a pesquisa arqueológica necessária
estrangeiros e brasileiros, dentre os quais vários catarinenses. A exposição
para a edificação, erguida no século XVIII, exigiu a revisão do projeto e a sua
ocupou os 25 mil m do prédio da Fundação Bienal, instituição que, ao lado
readequação, a fim de preservar o material encontrado nas escavações. Um
do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), organizou a mostra. Considerado um
novo projeto foi então concebido, aprovado e executado em 2006. Parte das
dos maiores acontecimentos do ramo no mundo, a 7ª BIA foi encerrada em 16
ruínas foi exposta em caixas de vidro transparente, iluminadas internamente,
de dezembro após 40 dias de evento, contabilizando números que impressio-
revelando mais um importante capítulo da história catarinense no Palácio, que
nam: 1.237 projetos de 818 arquitetos, 300 maquetes e um público de 120
é aberto ao público diariamente.
2
mil visitantes.
Quem circulou pela Exposição de Arquitetos Brasileiros Convidados de-
O próprio Pavilhão da Bienal, erguido em concreto, aço e vidro no Parque
parou-se com um diversificado panorama da arquitetura nacional. Um dos
do Ibirapuera sob o traço do nosso ilustre Oscar Niemeyer, era um destaque
12 participantes era Roberto Simon, único representante de Santa Catarina
à parte. A história do projeto, ilustrada por desenhos originais, ocupou a Sala
convidado para esta que era a seção mais selecionada da 7ª BIA. Simon levou
Especial dedicada ao centenário mestre. Niemeyer foi um dos homenageados
para o evento amostras dos seus 25 anos de trabalho na liderança do escri-
desta edição, ao lado de Paulo Mendes da Rocha, os dois únicos profissionais
tório Studio Domo. Entre os projetos apresentados estavam os da loja Guga
brasileiros a conquistar o Pritzker, prêmio máximo da arquitetura mundial.
Kuerten, do Centro Médico Baía Sul, do Residencial Vila Ramos e da Indústria
Catarinenses
Farmacêutica Milian.
Dos 125 trabalhos que integraram a Exposição Geral de Arquitetos, dois
Posicionada com destaque no espaço de Roberto Simon estava a maquete
levavam a assinatura de catarinenses. Um deles, o da Igreja Comunitária de
do projeto urbanístico da nova etapa da Cidade Universitária Pedra Branca, em
Teresópolis, localizada nas imediações do município de Águas Mornas, na
Palhoça (SC), que já partiu para a 7ª BIA premiado na XI Bienal Internacional
Grande Florianópolis, é fruto da parceria entre os arquitetos Thiago Dorini e
de Arquitetura de Buenos Aires, realizada em setembro de 2007. Em 14 pai-
Eduardo Faus, da capital, que destacaram o processo participativo na defini-
néis, Simon apresentou detalhes do empreendimento, cujo conceito já passou
ção do desenho. Em reuniões quinzenais com os profissionais, a comunidade
a ser conhecido como ‘novo urbanismo’ por reunir em um mesmo bairro es-
debatia, deliberava e aprovava as etapas do projeto em desenvolvimento. En-
truturas voltadas à moradia, ao trabalho e ao lazer dos moradores. Trata-se
tretanto, ao invés de construir uma réplica da igreja já existente, como a comu-
de um projeto inovador, desenvolvido a muitas mãos e competências, do qual
nidade havia sugerido, os arquitetos propuseram uma releitura contemporânea
o Studio Domo participa associado a outros escritórios: DPZ Latin Amercia
do edifício original, idéia aprovada em uma dessas reuniões.
(EUA), Jaime Lerner (PR), Benedito Abud (SP), Vigliecca & Associados (SP) e os
A Requalificação dos Jardins do Palácio Cruz e Souza, em Florianópolis, foi
catarinenses Desenho Alternativo, Matovani e Rita, Marchetti + Bonetti, MOS
o outro representante de Santa Catarina na Exposição Geral. O projeto inicial
Arquitetos Associados, Nelson Teixeira Netto Arquitetura e Urbanismo, Ruschel
dos ex-colegas de faculdade Rafael Alschinger, Maurício Holler e Tatiana Pretto,
Arquitetura e Urbanismo e Sílvia Lenzi.
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Catarinenses na 7ª BIA: o premiado projeto do ‘novo urbanismo’ da Cidade Universitária Pedra Branca, apresentado por Roberto Simon, e os jardins revitalizados do Palácio Cruz e Souza, que exibem material arqueológico encontrado durante as escavações, na página anterior. Ao lado, a Igreja Comunitária de Teresópolis projetada pelos arquitetos Thiago Dorini e Eduardo Faus
Entre os demais convidados da 7ª BIA para a Exposição de Arquitetos Bra-
ral de Santa Catarina (UFSC). O projeto “Difusor de Desejos – Uma Experiência
sileiros, destaque para Gustavo Penna, que mostrou suas idéias em uma tela de
Sobre o Corpo Ciborgue”, desenvolvido na universidade catarinense, conquistou
plasma; José Botura Portocarrero e suas pesquisas sobre habitações indígenas;
Menção Especial. A PUC Campinas levou o primeiro lugar com o projeto “Brás
Francisco e José Nasser Hissa, sócios em um dos escritórios mais atuantes do
Intervenção Urbana – Largo da Concórdia” e a Universidade Mackenzie ficou em
nordeste brasileiro, donos de traços claros e sofisticados; e Roberto Loeb, idea-
segundo, com “Mutação Matriz – Uma Nova Experiência do Espaço Urbano”.
lizador de uma proposta de metrô aéreo para a cidade de São Paulo.
Sustentabilidade O setor das Representações Nacionais, que recebeu projetos de 13 países, foi o que mais seguiu o tema deste ano “Arquitetura: o Público e o Privado”. Difícil restringir-se a alguns, mas COBE & Chingqing University, da Dinamarca, marcou forte presença com o projeto Co-Evolution, vencedor do Leão de Ouro na Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza de 2006. São idéias que oferecem soluções sustentáveis para o desenvolvimento da China do século XXI.
A Comissão Julgadora considerou critérios como compreensão dos conceitos e dos valores culturais, sociais e políticos em jogo; definição do local e da permanência das intervenções, constatação dos problemas atuais e proposição das soluções alternativas urgentes cabíveis; expressão arquitetônica e urbanística, facilitação da inclusão social assegurando acessibilidade espacial; economia e durabilidade física e funcional; apresentação inteligível dos gráficos, textos e maquetes, entre outros.
Casas Modernistas
Outro profissional que explorou esta temática foi o premiadíssimo Steven Holl,
A visão sobre a bienal é sempre particular. Das diversas mostras espe-
norte-americano, considerado um vanguardista com edificações erguidas em
ciais, a Casas Brasileiras – Movimento Moderno +1 merece especial aten-
todo o mundo, apresentando projetos desenvolvidos em Pequim.
ção neste relato. Foram apresentadas oitos casas brasileiras, de arquitetura
A África do Sul instigou a reflexão sobre a importância dos espaços públicos como condição para ambientes democráticos. E a Holanda provocou os sentidos ao questionar a pasteurização do mundo globalizado, debatendo os espaços, as instalações, as fábricas, o vestuário e o mobiliário. Chamou, ainda, a atenção, a forma como o chileno Alejandro Aravena exibiu suas maquetes: em papel, fixadas à parede. Ele e seu compatriota Mathias Klotz representam a modernidade da arquitetura latino-americana.
UFSC premiada
moderna, construídas entre as décadas de 1930 e 1960. Entre elas, a Casa Canoa, projetada por Oscar Niemeyer nos anos de 1950; e a Casa de Adolpho Bloch, desenhada por Francisco de Paula Lemos Bolonha no mesmo período. O projeto de pesquisa foi da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ). Muito é aprendido e outro tanto criticado na Bienal, mas uma coisa é certa: o time de curadores buscou retratar e debater a arquitetura projetual brasileira e mundial, proporcionando um panorama que só irá se repetir em 2009. Vale destacar ainda que, pela primeira vez, a curadoria reuniu vários
A 7ª BIA também abriu espaço para os estudantes. O Concurso Internacional
profissionais de diferentes segmentos, reforçando a diversidade de opiniões
de Escolas de Arquitetura premiou projetos de estudantes baseados no tema
sobre o tema. Para o arquiteto Roberto Simon, esse foi um passo importante na
desta edição do evento. Ao todo, 68 instituições participaram, entre as quais o
transparência do evento, considerado o segundo maior do mundo em dimen-
Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Tecnológico da Universidade Fede-
sões, ficando atrás apenas da Bienal de Veneza. Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
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ENTREVISTA
Traços e Único profissional de Santa Catarina convidado a ocupar uma sala especial na 7ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, o arquiteto Roberto Simon é uma referência em profissionalismo e voz retumbante na defesa da classe no Brasil e no exterior como membro titular do Conselho da União Internacional de Arquitetos (UIA), sediada em Paris. Com exclusividade, ele falou à Revista ÁREA sobre o convite da BIA e também sobre projetos, urbanismo, mercado e a respeito de sua militância na profissão. Para ele, não há dúvidas de que o Estado é um celeiro de talentos e que “os profissionais catarinenses estão prontos para qualquer desafio”. 26 | ÁREA | Nº 3 – JANEIRO 2008
FOTOS: GABRIEL PORTELA
palavras Revista ÁREA - Como aconteceu o convite para participar da 7ª BIA, com
senta um resultado final amplificado. Penso que isso tenha pesado na deci-
uma exposição exclusiva, como um dos 12 participantes do setor Exposição de
são do COBIA. Foi uma honra ter sido convidado. Temos 25 anos de atividade
Arquitetos Brasileiros Convidados?
profissional e uma produção bastante preocupada com a qualidade. Nossa
Roberto Simon - Hoje a Bienal de Arquitetura conta com um conselho curador
equipe, sempre renovada, tem proposto e implantado mais e mais soluções
permanente, o COBIA, que independe da alternância das diretorias do IAB e é
inovadoras, sem perder nunca de vista a sustentabilidade. Somado a isso,
composto pelos arquitetos José Magalhães (coordenador da curadoria), Pedro
creio que a exposição pública, advinda das participações nacionais e interna-
Cury, Francisco Spadoni, João Honório de Mello Filho, Jorge Wilheim, José Luiz
cionais, tenha atraído a atenção para nosso Estado. Infelizmente sempre vimos
Tabith, Luiz Fisberg, Paulo Sophia. Estes recebem trabalhos e indicações de
nosso Estado ser preterido, se comparado a Paraná e ao Rio Grande do Sul, por
diversos arquitetos do Brasil e do exterior, analisam, discutem e definem os
exemplo. Uma injustiça, tendo em vista a grande quantidade de profissionais
participantes. Não são poucos esses indicados.
competentes que temos por aqui.
ÁREA - A que você atribui este reconhecimento?
ÁREA – Você foi o único profissional de Santa Catarina convidado à expor in-
Simon - Creio que a criatividade é um dos pontos mais importantes do Studio
dividualmente na BIA, apresentando projetos desenvolvidos aqui. É um motivo
Domo, e a conseqüência dela é que, associada aos aspectos técnicos, apre-
de orgulho para os arquitetos e a arquitetura do Estado? Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
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ENTREVISTA Simon - Não me lembro de outro colega ter sido
Projetos com base na dita ‘qualidade de vida’ se
convidado a ter uma sala especial nas bienais an-
avolumaram no pós-guerra em condomínios de
teriores, mas já tivemos colegas na exposição geral
baixa densidade sem as demais atividades es-
de arquitetos, o que demonstra a força de nossa
senciais à vida humana, de trabalho e de lazer,
arquitetura. Naturalmente, o fato de ter sido selecionado para esse espaço tão relevante, é motivo de orgulho para todos nós catarinenses, e, em especial, para os arquitetos desse fabuloso Estado. ÁREA - Estamos em pé de igualdade, em termos de volume e de qualidade de produção, em relação aos outros Estados? Simon - Veja bem, temos arquitetos preparados e que estão, com certeza, em pé de igualdade com os profissionais dos demais Estados. Ocorre, entretanto, que o nível de investimentos e os desa-
Assim como em São Paulo, metade dos profissionais de SC estão na Capital e a outra metade pulverizada no interior
fios lançados são muito diferentes. É praticamente
no chamado ‘sprawl’ ou “espalhamento”. O resultado disso, hoje, é catastrófico, se pensarmos nas estradas necessárias para conectar estes condomínios a essas outras atividades, no investimento público envolvido, no combustível fóssil consumido, na poluição pelo CO2 e ácido sulfúrico resultantes, nos engarrafamentos, no estresse, obesidade e diabetes. Isso só para começar. Não quero me estender mais, pois só esse assunto já seria objeto de muita discussão. Algumas pessoas acham que esse é um movimento com formato possível em um só País. Isto é uma inverdade.
impossível compararmos estes dois elementos com estados como São Paulo,
Tenho colhido exemplos de muitos lugares, nos cinco continentes, e cada um
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul ou Paraná. Mas, volto a afir-
contempla o seu desenho característico.
mar: os profissionais catarinenses estão preparados para qualquer desafio.
ÁREA - E o Studio Domo tem conseguido trabalhar nesta linha?
ÁREA – E quais os principais desafios da arquitetura catarinense, na sua opinião?
Simon - Recentemente, junto há mais dez escritórios de Florianópolis e de
Simon - Santa Catarina tem a melhor distribuição demográfica do País. Não
fora do Estado, trabalhamos em um projeto que caminha fortemente nessa
temos metrópoles, como alguns Estados brasileiros, tampouco imensas áreas
direção e que será implantado no município de Palhoça, mais especificamente
sem ocupação. As cidades estão harmoniosamente distribuídas sobre o terri-
no bairro Cidade Universitária Pedra Branca. O resultado esperado é o melhor
tório, com renda e populações semelhantes. Entretanto, ainda temos um de-
possível, principalmente porque tomou por base o que coloquei anteriormente.
sequilíbrio no que se refere à distribuição profissional. Assim como São Paulo,
O projeto assegura as condições necessárias à vida do cidadão, considerando-
metade dos profissionais do nosso Estado estão na Capital e a outra metade
o como pedestre. Nesse sentido, não medimos esforços para que, mesmo ob-
pulverizada no interior. Precisamos nos distribuir melhor. A concentração des-
servadas essas premissas, o projeto estivesse adequado ao País e ao Estado
proporcional acirra a disputa pela sobrevivência, reduz preços e, conseqüen-
em que será implantado. O senso de lugar e unidade, buscados por todas as
temente, a qualidade. Temos que tomar cuidado com o que produzimos porque
equipes de profissionais envolvidas sob um mesmo teto, acabou por resultar
a população está atenta.
uma experiência extraordinária.
ÁREA - Em suas palestras, você costuma defender o resgate do “velho e bom
ÁREA - E quais os projetos do escritório para os próximos anos?
urbanismo”. Como seria a cidade ideal neste contexto?
Simon - Temos atuado com muita força no segmento da saúde há mais de 20
Simon - É verdade, tenho falado sempre que possível sobre a cidade voltada
anos e creio que este setor sempre terá uma participação importante em nosso
para o cidadão, para o pedestre. Este é um tema que me apaixona. O nome
dia-a-dia. Acredito, também, que será ampliada, mais e mais, a preocupação com
dado a isso não importa muito, mas podemos chamar de ‘Bom e Velho Urba-
a sustentabilidade de nossas obras através dos chamados ‘Green Buildings’.
nismo’, ‘Novo Urbanismo’, ‘Smart Growth’ ou, como prefiro, ‘Transit Oriented
ÁREA - Ao completar 25 anos de mercado, como você avalia as transforma-
Development – TOD’. O mais importante é que não só os pequenos lugares,
ções vivenciadas neste período em relação ao urbanismo e à construção civil
mas também as grandes cidades, têm se movimentado nessa nova direção.
em SC?
Ainda modestamente, porém, se levarmos em conta a urgência de reduzirmos
Simon - A construção civil em Santa Catarina vai bem, como demonstram as
os impactos provenientes da maior utilização do automóvel em detrimento de
estatísticas e a chegada de construtoras de outros estados. As que abriram
um transporte de massa mais eficiente.
seus capitais, e precisam apresentar resultados a seus acionistas, anun-
28 | ÁREA | Nº 3 – JANEIRO 2008
ciam meta de crescimento de 20% para 2008,
gerar resultados na mesma proporção. É como se
caindo para 10% em 2009. Tudo indica, pelo
usássemos combustível para ir à lua e chegásse-
menos, que o crescimento este ano será superior
mos a Curitiba. Estou convencido de que o foco
aos dos anteriores. Já com relação ao urbanis-
só virá com o advento do CAU, o que acontecerá
mo, não vejo com tanto otimismo. Se tomarmos Florianópolis como exemplo, observamos que a cidade infelizmente ainda perambula sem um projeto forte que a conduza ao futuro. Os projetos e obras são ‘rodoviaristas’, desprezando as vocações do município. Segue-se na esperança de que somente a legislação (plano diretor) possa desenhar seu destino. Na verdade, sem um projeto próprio, sem políticos com vontade e idéias, vimos desperdiçado um tempo precioso. Faltam ícones, faltam marcos, calçadas generosas e
Florianópolis ainda perambula sem um plano forte que a conduza ao futuro. Seus projetos e obras são ‘rodoviaristas’
equipamentos públicos. Com relação aos par-
em breve. ÁREA - O que poderia ser melhorado na defesa da classe? Simon - Nossas organizações estão crescendo, criando programas e atingindo suas bases com muito mais eficiência. Programas em níveis nacional e internacional de integração e de nivelamento, certificações e centros de pesquisa distribuídos nos continentes descentralizarão as informações sobre o setor, compartilhando as conquistas. E isso tudo deverá também ocorrer em breve.
ques públicos, então, nem pensar. Eu perguntaria onde está nossa gentileza com o urbano? Aí você poderia me perguntar: ‘mas por que, então, somos objeto de atenção até em termos globais’? Eu te responderia: porque aqui
Talento e disposição
a natureza abusou de sua generosidade. E se retirássemos a estrutura da
Natural do Rio de Janeiro e graduado em Curitiba, pela Universidade
cidade deste lugar maravilhoso e a transferíssemos para outro nem tanto, o
Federal do Paraná, o arquiteto Roberto Simon construiu sua carreira
que você me diria?
em Santa Catarina. Na Capital, há 25 anos fundou a empresa Studio
ÁREA – Você sempre foi um representante da classe. Como avalia a mobiliza-
Domo Arquitetura & Design Ltda., que hoje soma cerca de um milhão
ção dos profissionais em torno de seus interesses, como a criação do Conselho
de metros quadrados em projetos no Estado. Além das plantas, lapi-
de Arquitetura e Urbanismo (CAU), entre outros?
seiras e compassos, Simon também experimentou o quadro negro.
Simon - Tenho tido oportunidade de, através do voto de colegas preocupados
Foi professor na UFSC (1983 a 1985), professor assistente na UDESC
com os destinos de nossa profissão, assumir representações importantes
(de 1985 a 2001) e professor visitante na Escola de Arquitetura da
para a nossa profissão, seja no Brasil ou fora dele. Vivemos uma época de
Universidade de Virgínia – EUA (1991 a 1992). Sua liderança e em-
profundas transformações na área tecnológica. Na arquitetura, as conseqü-
penho na defesa dos interesses da classe o levaram à presidência da
ências da globalização e do grande desenvolvimento científico e tecnológico
seccional catarinense do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/SC)
também imprimiram severas mudanças, as quais exigiram o aprimoramento
em 2000. Um ano depois já atuava como suplente no Conselho da
profissional e possibilitaram a movimentação dos arquitetos entre Estados e
UIA. Em 2002, assumiu a vice-presidência de Planejamento do IAB
até entre países.
Nacional e, na gestão seguinte, a vice-presidência para a Região Sul.
Em todos os níveis de decisão está presente a sensação de que a um só tempo
Atuou, ainda, eleito, como Conselheiro Federal do CONFEA entre 2002
nós, arquitetos, somos muito fortes e muito fracos. Fortes porque temos uma
e 2004. Também em 2002 tornou-se membro titular do Conselho da
capacidade extraordinária de lutar por nossas causas, fracos porque ainda
UIA, na Assembléia Internacional em Berlim, para representar o con-
estamos dispersos. E a principal razão disso diz respeito ao conselho profis-
tinente americano (região III) até 2008. Integra, ainda, as comissões
sional do qual ainda fazemos parte e que representa os interesses de mais
de Finanças, de Visões e Estratégias e a de Prática Profissional da
de trezentas profissões. O que se pode esperar disso? Esse modelo multi-
UIA. Em abril de 2007, representou o Brasil no Fórum Mundial para
profissional existe somente em meia dúzia de países no mundo. É ineficiente
Construção Sustentável, realizado em Xangai, na China.
pelo seu gigantismo, arrecada uma soma enorme de recursos sem, contudo, Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
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APESAR DE NÃO CONTAR com uma grande obra de Oscar Niemeyer, como outros
ESPECIAL
estados, Santa Catarina possui algumas marcas do mestre. O único exemplo edificado está no Lagoa Iate Clube (LIC), em Florianópolis, para o qual o arquiteto desenvolveu amplo projeto em 1967. Entretanto, do traçado original – que previa administração, vestuário, trapiche, piscinas, restaurante, capela e espelho d´água – pouco restou após as diversas intervenções executadas pelas várias diretorias que passaram pela associação ao longo dos anos. Hoje, algo de Niemeyer pode ser percebido apenas no salão principal e na piscina, que foi posteriormente parcialmente coberta para atender as necessidades do clube. Das mãos de Niemeyer também saíram os projetos da Biblioteca Pública Estadual de Florianópolis, em 1958, e de um marco comemorativo em Itajaí,
O Estado não exibe sequer uma obra de destaque do centenário arquiteto Oscar Niemeyer. Por enquanto. A nova sede da Escola do Teatro Bolshoi, em Joinville, projetada por ele em 2001, deve sair do papel em breve e pode se tornar uma referência nacional. E a contar pela disposição desta lenda viva da arquitetura brasileira, outras de suas criações ainda podem surgir em terras catarinenses.
ambos não executados, de acordo com o Centro de Documentação e Pesquisa da Fundação Oscar Niemeyer. O último, tratava-se de um monumento em bloco de concreto com representação do mapa do Brasil, que traria o registro da seguinte frase sugerida por Niemeyer: “Foi aqui, no dia 5 de abril de 1955, que o presidente Juscelino Kubitschek assumiu pela primeira vez o compromisso de construir a nova capital deste país”. O grande destaque de Niemeyer no Estado, porém, deverá ficar por conta da construção da nova sede da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville – o Complexo Cultural Bolshoi-Brasil, em fase de captação de recursos. O projeto foi desenvolvido em 2001 e prevê cerca de 31 mil m² de área construída, com capacidade para abrigar a Escola, um Teatro e, ainda, um edifício de moradias envolvido pelos 500 mil m² de floresta do Parque Morro do Boa Vista. “É bem diferente de tudo o que já fiz. É um projeto complexo, importante para o Brasil; não só por sua arquitetura, mas por sua finalidade e por ser voltado aos jovens”, explica o arquiteto em matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, em 4 de dezembro de 2003. Instalada em Joinville desde março de 2000, a escola é a única mantida fora da Rússia pela secular companhia daquele País e oferece a 264 alunos (84% bolsistas integrais) aulas de balé, estúdios de música, ateliê, núcleo de saúde, biblioteca, cantina, espaços culturais e dois laboratórios cênicos com a missão de formar artistas-cidadãos. Niemeyer idealizou o projeto da nova sede da Escola em cerca de um mês, conforme a reportagem da Folha de
Niemeyer Texto: Letícia Wilson Fotos: Divulgação
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São Paulo. “A construção do teatro parte de uma rampa e vai causar surpresa
em SC
Como não poderia deixar de ser, as curvas do mestre estão presentes também em projetos desenvolvidos no Estado, como na Escola do Teatro Bolshoi, em Joinville, e na piscina do Lagoa Iate Clube, em Florianópolis
porque não há nenhum desse estilo no mundo”, destacou. A execução do projeto,
Palácio do Planalto, o Ministério da Justiça e o Palácio do Itamarati, em 1962.
entretanto, ainda não está entre as prioridades da instituição. De acordo com a
Suas curvas estão presentes também na França, na sede do Partido
assessoria de comunicação da Escola, a lista é encabeçada pela criação da Cia.
Comunista, em Paris, cidade onde se instalou em 1967, ao ser impedido de
Jovem de Ballet e pela própria manutenção da Escola, em situação estável.
trabalhar no Brasil. De lá, expandiu horizontes, assinando projetos na Itália e
Curvas inconfundíveis
até na Argélia. Seu reconhecimento internacional rendeu-lhe a nomeação como membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos dos Estados Unidos e a
O que fez de Oscar Niemeyer um referencial da arquitetura brasileira em
medalha da Academia Polonesa, em Varsóvia. Em 1970, desligou-se da Acade-
nível internacional foi, sem dúvida, a sua ousadia e o seu estilo inconfundível.
mia Americana de Artes e Ciências em protesto contra a Guerra do Vietnã e, em
Nascido no Rio de Janeiro, foi lá que iniciou sua carreira, em 1934, ao obter
1990, deixou o Partido Comunista Brasileiro, ao lado de Luiz Carlos Prestes.
o diploma de engenheiro arquiteto na Escola de Belas Artes. E foi ao lado de
Em 1985, na gestão de José Sarney, voltou a trabalhar em Brasília, co-
Lúcio Costa e de Carlos Leão que traçou seus primeiros projetos. “Não queria,
meçando pelo Panteão da Liberdade e da Democracia. Dois anos depois, o seu
como a maioria dos meus colegas, me adaptar a essa arquitetura comercial
congraçamento profissional: tornou-se o primeiro brasileiro a receber o Prêmio
que vemos aí. E apesar das minhas dificuldades financeiras, preferi trabalhar,
Pritzker de Arquitetura, nos Estados Unidos, considerado o Nobel do setor. E
gratuitamente, no escritório do Lúcio Costa e Carlos Leão, onde esperava en-
Niemeyer continuou fazendo história, desenhando projetos que se tornaram
contrar as respostas para minhas dúvidas de estudante de arquitetura. Era um
símbolos nacionais, como o Memorial da América Latina, em São Paulo (SP) e
favor que eles me faziam”, destaca Niemeyer no site da Fundação.
o Museu de Arte Contemporânea, em Niterói (RJ). Outros projetos emblemáti-
Sua paixão pelas curvas revelou-se já em 1938, ao projetar a Casa de
cos são a Passarela do Samba e os CIEPS, na capital carioca. Acumula tam-
Oswald de Andrade, em São Paulo. Na fachada, definiu um jogo inovador de
bém reconhecimentos importantes, como os títulos de Doutor Honoris Causa
curvas e retas justificado pelas diferenças de pé-direito. O que na época preci-
das Universidades de São Paulo e de Minas Gerais (1995), a Royal Gold Medal
sava ser explicado tornou-se o grande diferencial do arquiteto, que seguiu tra-
do Royal Institute of British Architects – RIBA (1998), o título de Arquiteto do
çando curvas Brasil afora, como no Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte,
Século XX, do Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil (2001), e
projetado a convite do então prefeito Juscelino Kubitschek, em 1940. Muitas
o prêmio UNESCO 2001, na categoria Cultura.
vezes, sua liberdade de formas não era compreendida, mas a “invenção arqui-
A idade pareceu avançar na mesma velocidade que sua paixão pelo traba-
tetural” era o que lhe interessava. Insistiu. E delineou, em 1951, as hoje famo-
lho. Aos 90 anos, em 1997, iniciou os estudos para o Museu de Arte Moderna
sas curvas dos conjuntos Ibirapuera e Copan, ambos em São Paulo. O fato de
de Brasília (DF); e para o Centro de Convenções do Riocentro (RJ). Nesta última
ser comunista e de declarar-se ateu tornava-o ainda mais incompreendido.
década ainda dedicou-se a dezenas de outros projetos no Brasil e no exterior.
Quando foi procurado por Juscelino Kubitschek, então Presidente da Re-
Um deles é o do novo Teatro do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Hoje, aos
pública, para que ajudasse na construção de Brasília, não se preocupava mais
100 anos, Niemeyer e sua equipe continuam sendo requisitados. Em Santa
em dar explicações. “Já me sentia a vontade para fazer o que bem entendia”,
Catarina, seu nome é cogitado pelo governo do Estado para o projeto do novo
confessou, conforme publicado no site da Fundação. Estava consolidado: Nie-
Parque da Santur, em Balneário Camboriú. E ele permanece uma unanimidade
meyer havia se tornado um referencial. Assumiu a chefia do Departamento de
em Brasília, numa polêmica relação com o Governo Federal, que vem dispen-
Arquitetura e Urbanismo da NOVACAP, encarregada da construção de Brasília,
sando licitação ao longo dos anos para a contratação dos seus trabalhos. É o
em 1955. Lá, além do plano-piloto da nova cidade, projetou o Palácio da Al-
reflexo da arquitetura-obra de arte que sempre fez das obras de Niemeyer um
vorada, a Catedral, a Praça dos Três Poderes, o Supremo Tribunal Federal, o
espetáculo à parte. Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
31
ESPECIAL
Lúcido, ativo e bem humorado Por Vicente Wissenbach*
Ao completar 100 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer continua lúcido e trabalhando. Apesar das dificuldades para caminhar – em virtude de uma queda que sofreu em sua casa em 2006 – segue indo regularmente ao seu escritório, numa cobertura em Copacabana, onde se reúne com sua equipe, recebe amigos, governadores e prefeitos e artistas. Continua acompanhando os principais acontecimentos nacionais e internacionais e discute política e filosofia. Até pouco tempo, ao lado de um seleto grupo de amigos e colaboradores, continuava tendo aulas semanais de filosofia. Mas, acima de tudo, continua projetando e acompanhando o desenvolvimento dos projetos em construção. Atualmente, há seis grandes obras suas sendo realizadas no Brasil e no exterior. Entre eles, um centro cultural em Avilés, no Principado das Astúrias, norte da Espanha, que vai levar seu nome e faz parte de um plano de revitalização urbana da cidade. “Com a obra assinada pelo mestre, esperamos mais 1 milhão de turistas por ano na região”, declara Natalio Grueso, diretor do centro cultural. Alheio às homenagens realizadas em quase todo o Brasil, dedica uma atenção especial à sua luta para corrigir ‘um desacerto’ de projeto e completar a obra do Parque do Ibirapuera – esperou quase 50 anos para ver realizado o projeto do Auditório. Agora, batalha pela demolição de uma ponta de 40m2 da marquise, que foi projetada em 1954 e tem um total de 27 mil m2, e pela construção da praça de entrada do parque. “Para a entrada do Parque Ibirapuera foi sempre prevista uma praça, tendo em cada lado um edifício – a cúpula destinada e exposições e o Auditório. Uma praça importante, com o piso coberto de placas de concreto.” A cúpula (OCA) foi o primeiro prédio a ser construído. Uma forma pura toda pintada de branco. E foi para preservar a unidade arquitetônica da praça que procurei fazer o Auditório com uma forma igualmente simples: um triângulo pousado na praça. A ponta da marquise que servia de entrada ao parque ficou como que cortando a praça em duas. E como é imprescindível eliminar tal desacerto, pedi que uma parte dela fosse suprimida, dando-lhe uma forma arquitetônica mais bonita, conforme mostram os desenhos e fotos anexos. Contrariar o que proponho, mantendo a praça dividida em duas, é desmerecer o Parque Ibirapuera, tão importante para São Paulo,” escreveu Oscar Niemeyer no ano retrasado para o Conselho do Patrimônio Histórico, que não quer autorizar a modificação em seu próprio projeto. Na 7ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, na sala especial dedicada ao centenário de Niemeyer, foi apresentado o projeto completo de todo o parque do Ibirapuera, incluindo as propostas que ele fez em 2006. A 7ª BIA encerrou-se no dia 16 de dezembro, um dia após o aniversário de Niemeyer. E por sua disposição, amor à vida e bom humor deverá, por mais alguns anos, continuar fazendo arquitetura. Há pouco tempo, um grupo de italianos o visitou em seu escritório e um deles perguntou por que ainda trabalhava tanto. Sorrindo, ele respondeu: “Gostaria de estar fazendo mais sexo e trabalhando menos, porém na minha idade....”. * Vicente Wissenbach é editor e crítico de arquitetura. Fundador do jornal Arquiteto e das revistas Projeto, Design & Interiores, Obra e Finestra/Brasil. Curador de importantes exposições de arquitetura, acumula prêmios nacionais e internacionais por suas exposições e edições, inclusive as medalhas de prata e de ouro da UIA, como editor de arquitetura. É também o criador do prêmio ‘Opera Prima’, para trabalhos de graduação em arquitetura e urbanismo.
32 | ÁREA | Nº 3 – JANEIRO 2008
Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito o Universo. O Universo curvo de Einstein”. Oscar Niemeyer
Cadeira de balanço, desenhada na década de 1970 por Niemeyer e sua filha Anna, e fabricada na época. O material é madeira curvada com acabamento laqueado preto, pau ferro ou imbuia natural e estofamento em palha natural. Peça fabricada na década de 70, a marquesa tem palha natural e mesmo acabamento em laqueado preto ou vermelho. Poltrona Easy Chair, desenhada em 1971, primeira incursão do arquiteto no campo do mobiliário. Originalmente projetada em aço, é feita em madeira curvada com três opções de acabamento e revestimento em couro: natural, envelhecido ou winchester
Curvas também no design por Fernando Trauer*
Há momentos em que o mobiliário dá um salto na sua concepção e passa a
cher espaços internos nos prédios que projetou em Brasília. Sua marca
ser uma obra de arte. Com Oscar Niemeyer não poderia ser diferente. Embo-
registrada, as curvas, também é reproduzida nos móveis. Elas ficam
ra pouco conhecidos do público brasileiro, principalmente daqueles que não
evidentes na poltrona Easy Chair, na Cadeira de Balanço, na Marquesa
freqüentam Brasília – no Salão Verde do Congresso Nacional, por exemplo,
(peças dos anos 1970), e também em móveis inéditos, que ainda não
há as poltronas e pufes Easy Chair –, os móveis de Niemeyer, feitos em
haviam sido produzidos, como os sofás e a mesa de jantar redonda. Todos
parceria com sua filha, a designer Anna Maria, são clássicos do mobiliário
os móveis são fabricados com autorização da Fundação Oscar Niemeyer
mundial e extremamente disputados por colecionadores do exterior.
e vêm com número de série e selo holográfico.
As peças começaram a surgir no início dos anos 1970, não por meio de encomendas, mas sim de um desejo de Niemeyer, que queria preen-
* Fernando Trauer é estudioso de móveis de design e empresário. Diretor da Suporte & Inovação Interiores
Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
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TENDÊNCIAS
o v n a s s A 34 | ÁREA | Nº 3 – JANEIRO 2008
ondas A Revista Área conversou com quem sabe o que será novidade ou estará em uso em 2008 em alguns segmentos da Arquitetura e da Construção A FACILIDADE COM QUE as informações circulam no mundo digitalizado de
um retrato de universos em constante transformação, inacabado e, portanto,
hoje produz um fenômeno difícil de explicar às gerações mais velhas: o que
repleto de inúmeras possibilidades. “A proposta é motivar insights, para que
acontece na Europa ou nos Estados Unidos, principais fontes de novidades,
novas idéias surjam. É treinar a percepção para a leitura das sutilezas, e não
simultaneamente ocorre no resto do planeta. Para acompanhá-las, basta
do escancarado, e assim poder traduzir manifestações e sentimentos que se
estar ‘conectado’ ou recorrer às principais feiras de cada setor e pronto!
instalam na coletividade humana”, argumenta.
Sabe-se de tudo. Muito diferentemente daquilo que acontecia há 100 anos
Surgiu então o caderno “Referências em Mobiliário 2008” que, na prá-
quando as novidades “viajavam” nos navios de passageiros da linha Rio-
tica, é a sexta edição do Caderno de Tendências como novo nome. Nele, o
Veneza, os antigos “paquetes”, grandes barcos de luxo movidos a vapor. Mas
Senai aponta o uso do artesanato, obras de arte, peças étnicas e móveis de
aí surge um problema: como processar e assimilar tanta informação? De que
antiquários como grande “referência” para o ano. “O artesanato está presente
maneiras as empresas trabalham para definir o que será ou não aplicado em
em todos os países do mundo: lojas de design, exposições em museus, livros
suas fábricas? A Revista ÁREA conversou com algumas dessas pessoas cujo
editados, consagração de artesãos como genuínos artistas. Em todo lugar se
dever profissional é saber o que se passa no mundo e ajudar a definir o que
percebe a presença e a valorização cada vez maior do trabalho realizado pela
vai parar no mercado. Veja o que elas dizem sobre o que deve acontecer em
mão humana. Essa corrente é uma explícita reação à globalização. A volta às
2008 no que diz respeito às tendências no setor imobiliário, cerâmico, na
raízes, o resgate das tradições culturais e a valorização dos objetos ingênuos
luminotécnica e no mundo das cores.
produzidos pelo povo ajudam a compreender melhor o funcionamento da so-
Tendência ou referência?
ciedade”, diz Gilberto. Já o “regional étnico” valoriza as raízes humanas. Sua inspiração vem
Responsável no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) pela
das culturas distantes ou primitivas, que podem ter toques indianos, buscar
coordenação e divulgação de um Caderno de Tendências publicado anualmen-
objetos da estética africana ou passar pela enigmática Amazônia. O clima de
te, o Tecnólogo Moveleiro Gilberto Amaral diz que este ano o foco do trabalho
mistério e os ambientes, verdadeiros garimpos culturais, transmitem muita
realizado por técnicos da entidade em oito estados brasileiros (Acre, Alagoas,
personalidade e valorizam a diferença entre pensamentos, costumes, raças e
Bahia, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul)
crenças. A valorização da mistura de estilos de mobiliário e o reaproveitamento
foi a construção de uma ferramenta de “referências”, e não de “tendências”,
de móveis de família também está presente nesses cenários. Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
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TENDÊNCIAS
Cerâmica
Cores
tendências originam-se nos comportamentos do consumidor que são inspira-
dência mundial. No Brasil, indústria e arquitetos precisam estar atentos às
dos na arte. “Achamos que os artistas são pessoas que apontam direções, que
mudanças do design, principalmente no que acontece na Itália. Para a arquite-
estão sempre um pouco à frente da moda. Baseadas nesses formadores de
ta e pesquisadora paulistana Márcia Lazzarin, essa análise deve ser ‘filtrada’
opinião, as pessoas nas ruas inventam coisas e também apontam caminhos
pela cultura brasileira, pelo estilo do nosso povo.
Para Christiane Ferreira, coordenadora de gestão de marca da Portobello, as
na maneira de morar”, diz ela.
Como tem acontecido nos últimos anos, as cores também seguem uma ten-
Outra determinante para a predominância de certos tons é a absorção,
Sobre as tendências do setor cerâmico em 2008, Christiane lembra que
no Brasil, de técnicas orientais como o Feng Shui, na Arquitetura, e a Acu-
algumas novidades foram antecipadas na Cersaie, a Feira Internacional da
puntura, na Medicina. E isso se reflete também na escolha da cor. “Cores em
Cerâmica que ocorreu em Bolonha em outubro do ano passado. “Podemos des-
voga, como amarelo, vermelho e anil, estão intimamente ligadas ao Oriente”,
tacar a madeira em preto e branco, um up-grade da linha Ecowood (cerâmica
observa.
com aspecto e textura de madeira) com a cor Ébano (preto) que se combina
Para Márcia, uma cor não sai de moda, mas sim cai em desuso pelo
com o branco de uma forma incrível. Outra novidade é a Linha Walking, um
cansaço visual que proporciona no decorrer de sua utilização. “A moda, neste
porcelanato técnico em grande formato, onde o preto e branco é interpretado
caso, passa rapidamente. Há uma tendência, para 2008, que vem a reboque
em texturas com efeitos em metal”, descreve.
da tecnologia das máquinas tintométricas. São dezenas de nuances de verde,
E a volta dos papéis de parede, eles não ameaçam o mercado das cerâ-
por exemplo. Haverá também muito azul, amarelo, areia, vermelho, laranja,
micas? Para a executiva, trata-se, na verdade, de uma grande oportunidade
cores que remetem à natureza. Isso sem falar nas fibras naturais em parede
para a indústria.“Os revestimentos cerâmicos também interpretam esse
viva, com vegetação mesmo”, opina. Os consumidores dispõem hoje de catálogos hiperdiversificados, sites e
as paredes da sala, do quarto, etc. Hoje em dia, há uma pluralidade de usos
programas de simuladores em que se encontram cores análogas e comple-
e também de materiais que não restringem o mercado, ao contrário, abrem
mentares, escolhidas ou descartadas de acordo com o perfil, estilo do ambien-
oportunidades”, acredita.
te e do cliente em questão.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
conceito e começam a ser utilizados em ambientes inusitados da casa como
Mistura de materiais, variações de tons, produtos economizadores e a valorização do artesanato são as referências apontadas para o ano. A associação com elementos da natureza permanece como forte tendência 36 | ÁREA | Nº 3 – JANEIRO 2008
Iluminação
Construção civil
Difícil falar sobre tendência no ramo da iluminação sem mencionar a preocu-
O setor que em 2007 esbanjou procura, juros mais baixos e prazos de
pação da indústria com a criação de produtos em linha com os preceitos da
financiamento mais elásticos, está preocupado com o que pode vir a
sustentabilidade. Economia de energia, no que se refere à iluminação, não é
acontecer em 2008: falta de determinados materiais de construção e de
um tema recente. Desde a década de 1980, quando eram lançadas as primei-
mão-de-obra qualificada. Para o presidente do Sinduscon de Balneário
ras lâmpadas economizadoras, este debate é freqüente.
Camboriú, entidade que funciona como uma espécie de termômetro para
Para o lighting designer Plinio Godoy, o acesso a essa tecnologia “de
o ramo, Carlos Júlio Haacke Júnior, será necessário que o governo faci-
economia” tornou-se viável. “Estamos alcançando uma escala tal que já nos
lite a importação de insumos a fim manter equilibrado o consumo sem
permitiu a criação de sistemas de iluminação ditos “economizadores”. Nas
alterar seu custo. A falta deles pode inibir o crescimento e encarecer os
residências, o uso de lâmpadas desse tipo de sistema já é uma realidade,
imóveis. Outro ‘gargalo’ está na falta de mão-de-obra qualificada. “O
impulsionado pelo fator ‘apagão’ quando a lâmpada incandescente passou a
setor deve se mobilizar para ampliar e intensificar a formação de pro-
ser a vilã e a fluorescente compacta, a salvadora”, lembra. O fato é que novas
fissionais. Por isso, devemos acionar os organismos criados para esta
lâmpadas levam a indústria a desenvolver novas luminárias e, conseqüente-
finalidade”, diz Haacke.
mente, novos conceitos. Esse investimento em design, ou seja, essa busca
Mesmo assim, o dirigente acredita que 2008 continuará a repercutir
pela criação de formas e soluções para esses novos equipamentos, é o que
o crescimento da indústria da construção verificado no ano passado.
estabelece novas tendências.
“Começa a sobrar dinheiro para o pequeno e o grande empresário que
Plinio aposta no que ele chama de ‘não-iluminação’ e explica: “a minia-
fazem seus investimentos no mercado imobiliário por causa da seguran-
turização dos sistemas e a minimização estética das soluções são tendências
ça que ele proporciona. Para o microempresário é possível reformar ou
fortes, principalmente no mercado residencial e comercial. Estamos vivendo
ampliar seu negócio”, aposta.
um período onde há uma nova fonte de luz, o LED (Light Emitting Diode), que
O mercado de capitais já é a maior fonte de financiamento para as
é um grande catalizador de novas experiências”. No campo estético, aponta
empresas de construção civil, tarefa que antes ficava sob a responsabi-
a difusão cada vez maior do uso de tecnologias de injeção e extrusão de alu-
lidade do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e da Caixa Econômica
mínio. “As técnicas do repuxo e dobra, tão tradicionais na indústria brasileira,
Federal. Somente nos sete primeiros meses de 2007, onze construtoras
estão com seus dias contados”, avalia.
abriram o capital e lançaram ações na Bolsa de Valores de São Paulo.
Internacionalmente, os fabricantes, principalmente europeus, investem
Para completar, nos últimos 10 anos a Caixa Econômica Federal regis-
muito dinheiro no desenvolvimento de novas tecnologias, novos materiais,
trou seu melhor desempenho. Só em liberação de recursos, de janeiro
utilizando as fontes existentes e recentes de maneira inusitada, eficiente e
a agosto, houve acréscimo de 21,8% para os financiamentos de casa
criativa. Para Plínio, o sucesso de vendas em 2008 dependerá cada vez mais
própria.
da qualidade e da diferenciação para que possa ser atingido o mercado do topo da pirâmide, aquele que consome peças de alto valor agregado.
Os revendedores de materiais de construção estão ainda mais confiantes. A expectativa é de crescimento não apenas em 2008, mas para os próximos quatro anos, de acordo com o empresário Afonso João Ramos, presidente da Federação das Associações de Comerciantes de Materiais de Construção de Santa Catarina (Fecomac-SC). “Em 2007, o aumento nas vendas de cimento foi de 12%. Esperamos que esses números sejam ainda maiores para 2008”, aponta Afonso. A sustentar esta estimativa, o empresário cita a decisão do Grupo Votorantim de investir 2 bilhões de dólares na região Sul nos próximos anos, dinheiro a ser aplicado na construção de novas indústrias e de novos centros de distribuição. Parte destes recursos será aplicada no sul de Santa Catarina. “Este investimento pesado é um exemplo de como o mercado deverá agir nos próximos cinco anos”, diz o dirigente, também presidente da Acomac Joinville.
Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
37
EMEXECUÇÃO
GABRIEL PORTELA
A automação virou uma realidade e já é comum em projetos arquitetônicos. Suas possibilidades são inúmeras e, em seus cenários futurísticos, as soluções tecnológicas integram-se ao dia-a-dia dos usuários e oferecem conforto, praticidade e segurança.
38 | ÁREA | Nº 3 – JANEIRO 2008
Prático e automático KAREL CAPEK (1890 - 1938), escritor e filósofo tcheco, foi o primeiro a usar
de pesquisas e aplicações, as quais, felizmente, nos dispensam de conviver
a palavra robô (ou robot) para designar o homem-máquina de cérebro eletro-
com réplicas humanas a fazer trabalhos domésticos dentro de casa. Que isso
eletrônico, criado pelos humanos para executar trabalhos para os próprios. A
fique para as grandes indústrias.
termo vem do tcheco ‘robotnik’, e significa algo como ‘servo’. Em resumo, o
No caso da automação residencial, hoje no mercado equipamentos e
robô é a projeção científica de um objeto que executa funções que gostaríamos
sistemas de múltiplas utilidades. Precisamos, apenas, acionar alguns botões,
que alguém fizesse domesticamente para nós. E o melhor: sem pagar salário.
esforço ínfimo para tantos benefícios. Para não abusar do velho lugar comum,
Se na época de Capek - um mundo recém-industrializado onde as máqui-
que idealizou anos atrás um sujeito que saía do trabalho e acionava a banheira
nas passavam a ser cada vez mais comuns - robôs eram sinônimos de ficção
de hidromassagem pelo celular, é preciso lembrar que a automação eficiente
científica, hoje o escritor se surpreenderia ao avistar uma moderna fábrica de
significa muito mais do que a realização remota de tarefas como essa.
automóveis ou uma instalação de pesquisa e testes do MIT, o famoso Instituto
Para o empresário Guilherme Angeloni, sócio da Smart Homes, empresa
Tecnológico de Massachusetts (EUA), uma das principais fontes de lançamen-
catarinense especializada em automação, quem a associar meramente com o
tos e novidades do mundo da robótica e da tecnologia avançada. E ficaria
conforto pensa errado. “Adquirir algum estágio de automação residencial im-
estupefato, também, ao verificar que seu robô imaginado não é tão necessário
plica em obter economia e segurança”, diz. O uso racional da luz artificial e
em nossas casas quanto se poderia pensar no passado.
dos equipamentos eletro-eletrônicos conectados à eletricidade e integrados a
Fruto das pesquisas da área da robótica, a automação predial e residen-
serviços de segurança, como o monitoramento por câmeras e alarmes, são os
cial é uma prova de que podemos viver com conforto sem fazer força para
principais benefícios, na sua opinião. O avanço da tecnologia, o aumento da
obtê-lo. Assim como a Internet, idealizada no meio militar com função espe-
demanda e a conseqüente queda nos preços têm tornado a automação resi-
cífica de comunicação estratégica, a automação em residências é um extrato
dencial possível para muitas pessoas, segundo ele. Assim como os televisores
do desenvolvimento de circuitos inteligentes presentes em indústrias dos mais
de plasma, aparelhos de DVD e iluminação fluorescente, os quais já foram
variados setores mundo afora. As opções residenciais são resultados de anos
recursos para poucos, hoje, dependendo do projeto, a tecnologia de integração Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
39
EMEXECUÇÃO
de sistemas, da qual consiste grande parte dos projetos de automação residencial, já está financeiramente acessível a quase todas as classes sociais. Este tipo de projeto envolve diversos recursos, desde os mais simples aos extremamente complexos e dispendiosos. São vários os sistemas autônomos, que podem ser manipulados de forma automatizada: persianas, biometria, aspiração central, eletrodomésticos, iluminação por cenários, sistemas de climatização, irrigação e de áudio e vídeo, por exemplo. E diversos tipos de
FOTOS: GABRIEL PORTELA
integradores (centrais de automação) que permitem unificar esses sistemas: analógicos, com interruptores ou controles remotos que possibilitam a mudança dos cenários; e equipamentos mais modernos, com painéis touch-screen com funções de monitoramento, agendamento de tarefas ou mesmo controlados a distância, via Internet. De acordo com Angeloni, o investimento é proporcional à quantidade de sistemas autônomos a serem integrados à central e não a integração em si. Somados, podem pesar no orçamento. No entanto, grande parte deles já está nas residências, podendo ser adaptada e associada à automação de toda a casa, diminuindo, assim, o custo geral do projeto. Os preços dessas centrais instaladas e programadas podem variar de R$ 3 mil a R$ 25 mil. Já um projeto completo de automação residencial geralmente custa entre R$ 80mil e R$ 250 mil.
Sob medida De nada adianta dispor de espaço físico e de equipamentos, se o usuário não definir exatamente seus desejos ou necessidades. E esse é o ciclo vicioso que, aos poucos, vem sendo quebrado na automação residencial. Para os especialistas, as pessoas geralmente não conhecem seus benefícios por ser um ramo relativamente novo no Brasil e acabam desconhecendo todo o potencial da tecnologia. Ao contrário do que muitos pensam, a automação residencial não surgiu da intenção de tornar as residências complexas, com computadores exercendo milhares de funções com milhares de botões espalhados por toda a casa. O objetivo é exatamente o contrário. A idéia é criar um ambiente simples, com os sistemas autônomos totalmente integrados e de fácil manipulação por meio de controles únicos (touch-screen, controles remotos, palmtops) para gerenciá-los de forma rápida e fácil. De acordo com Andre Stradiotto, sócio-diretor da Artello, especializada na implementação de soluções e automação para residências, com sede em Florianópolis, não existe um cenário padrão de automação residencial. “Depois dos sistemas estarem integrados à central, o usuário pode utilizá-los tanto de forma independente quanto em conjunto, prédefinindo os cenários. Isso permite a cada pessoa adaptar a tecnologia ao que mais lhe convier no momento. Por exemplo, com o reconhecimento das digitais, o usuário pode ter acesso à sua casa e, ao mesmo tempo, ser recebido com o som ambiente, climatização e iluminação personalizados. Ao acionar o cenário home theater pelo controle remoto, as persianas podem fechar-se automaticamente, a iluminação ser dimmerizada e as caixas de som embutidas no forro de gesso, posicionarem-se adequadamente, proporcionando um ambiente mais agradável e com maior praticidade para se ver um filme”, explica ele. “Já num escritório ou uma sala de reuniões, pode-se ter recursos completos de iluminação, persianas e áudio/vídeo, viabilizando um ambiente mais propício para reuniões, apresentações e video-conferências. As possibilidades são muito diversificadas”, garante.
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
Soluções compatíveis com a necessidade e com o desejo de cada cliente podem ser implementadas, como no projeto executado pela Smart Homes em Palhoça (SC), nas fotos na página anterior. Ao lado, exemplos do uso da tecnologia nas variadas situações do dia-a-dia familiar.
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Por Paulo Guidalli
A vanguarda da Arquitetura e do Design no Brasil e no exterior
FOTOS ALAN VISTOSH/DIVULGAÇÃO
UPNEWS
Duas mostras de decoração envolvendo uma legião de profissionais da arquitetura e do design de interiores comprovam que o brasileiro já está preparado para escolher e selecionar os melhores produtos e conceitos para suas casas
Acima, os móveis, cores e revestimentos propostos pelo arquiteto Jorge Elmor na mostra Inove Decor Paulo Guidalli comanda um escritório de marketing em Curitiba, desenvolvendo estratégias para empresas de Arquitetura e Design. É colaborador de diversas publicações, entre elas a Revista Área.
demonstram como é possível agregar conforto, funcionalidade e estética em um ambiente só. Para Elmor, as empresas devem investir em espaços agradáveis e funcionais que inspirem criatividade e motivação. Na página seguinte, à esquerda, a forneria projetada pela arquiteta curitibana Carla Kiss que pode ser uma tendência daqui para frente. Neste espaço de convivência, a tradicional churrasqueira foi substituída por um forno de pizza. À direita, o projeto do Quarto do Casal da Jovem Designer que alia conforto e praticidade e foi desenhado pelas arquitetas Mariana Savi, Sabrina Sertã e Tainah Freitas. A curiosidade fica por conta da utilização de discos de vinil como objetos de decoração e pelo painel da TV em placas de OSB
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
O chique é democrático A SEGUNDA EDIÇÃO CURITIBANA da Mostra Morar Mais Por Menos acon-
jovens talentos da arquitetura de interiores que, ao lado de nomes consa-
teceu em uma casa construída na década de 1930, em uma das mais
grados, acrescentam criatividade ao bom gosto do elenco de expositores.
vibrantes regiões da capital paranaense, o bairro Rebouças, que hoje
A Inove Decor é outra mostra realizada em Curitiba que se consolida
encontra-se em processo de transformação imobiliária. Os 43 espaços
no circuito da alta decoração e que demonstra o entusiasmo e a recepti-
projetados por 65 arquitetos, decoradores e paisagistas consolidam a ex-
vidade dos curitibanos por este tipo de iniciativa. O evento de decoração
posição no circuito dos grandes eventos de Curitiba. Este ano, os desafios
acontece em duas lojas Inove Design Store e apresenta ambientes residen-
lançados aos profissionais, pela organização foram, além da criação de
ciais e corporativos assinados por renomados profissionais. O que chama
ambientes mais acessíveis, também a aplicação de materiais que mini-
a atenção são os espaços comerciais que ganham um destaque especial,
mizam o impacto ambiental. Nascida no Rio de Janeiro, a Morar Mais Por
como o assinado pelo arquiteto Jorge Elmor. Para ele “a área corporativa é
Menos é realizada em Salvador, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e em
uma das que mais sofreram mudanças em sua configuração ao longo dos
breve chegará a Florianópolis. O conceito inovador atrai números cada vez
anos. Estas modificações têm origem nas reestruturações organizacionais
maiores de visitantes. Ao contrário das exposições tradicionais do gênero,
e administrativas e também nos avanços tecnológicos que expandiram a
que exibem projetos geralmente cenográficos e de realização caríssima
comunicação. A adoção de máquinas, especialmente do computador, dimi-
para os padrões brasileiros, a Morar Mais Por Menos cativa pelas soluções
nuiu o quadro de empregados e fez com que as empresas procurassem por
que tornam o design de interiores mais acessível. A mostra também atrai
funcionários mais qualificados para exercer novas funções”. Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
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UPNEWS
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Linhas orgânicas aliadas ao design avançado fazem da Tekno uma estação de trabalho de vanguarda
Tudo à mão em um móvel só Na Tekno, além da versatilidade, o charme fica por conta da vértebra exposta A paranaense Flexiv continua na dianteira do design. A empresa, especializada
energia e dados. A energia é provida por meio de uma discreta vértebra vertical,
em móveis para escritório, faz o lançamento oficial da Tekno, uma estação de
branca, e de acordo com o estilo moderno da estação. O plano suspenso é ideal
trabalho que pertence à linha 3D, de reconhecido design, e que preza a versatili-
para acomodar a impressora e outros equipamentos, facilitando o acesso a
dade. O móvel consegue aliar em um mesmo nível o plano para trabalho e outro
eles. A Tekno tem um design de linhas orgânicas, misturando estrutura metálica
suspenso para equipamentos, acessórios e, ainda, sistemas de iluminação,
cromada e branca ao MDF com acabamento em resina brilhante.
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Em plena luz A nova criação do ícone Karim Rashid para Artemide espalha luz verticalmente e obtém o máximo em efeito visual A Cadmo Light é a mais nova peça de decoração criada por Karim Rashid para a Artemide. A luminária tem quase dois metros de altura e é inspirada no desdobramento de uma folha. A peça possui o corpo em aço laqueado de branco. A versão exclusiva é feita em vidro preto soprado, disponível no Brasil apenas sob encomenda. O designer egípcio Karim Rashid, radicado em Nova Iorque, e conhecido com o “rei do plástico”, cria peças para grandes marcas como Prada, Issey Miyake, Umbra, Armani e Melissa. A luminária Cadmo Light é vendida com exclusividade pela La Lampe, que representa oficialmente a italiana Artemide no Brasil.
A Cadmo Light alcança quase dois metros de altura e é inspirada no desdobramento de uma folha Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
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QUEMFAZ
Referências do Sul Texto: Kellen Rodrigues Fotos: Divulgação
A dupla Machado e Kronemberger está entre os arquitetos mais atuantes da região Sul do Estado. Com mais de um milhão de metros quadrados construídos, carregam a bandeira da sustentabilidade e, investindo em mídia, colaboram para desmitificar a profissão
É DIFÍCIL ANDAR POR CRICIÚMA sem encontrar várias indicações de obras de
necessitava de uma nova identidade. Era preciso tornar mais atraentes seus
Machado & Kronemberger Arquitetura e Design. Assim como não é fácil tam-
acessos”, conta Machado. Com a proposta de conferir amplitude à entrada
bém encontrar quem, na cidade, nunca ouviu falar neles. Com mais de uma
da edificação e valorizar as fachadas, adotaram uma cor amarela, clara e
década de mercado, a marca MK se tornou referência na região. O escritório
vibrante.
já soma quase um milhão de metros quadrados edificados, acumula obras
Grandes painéis foram instalados para a fixação de banners e promoção
representativas e foi pioneiro na sensibilização dos clientes para implantação
de campanhas dando movimento à fachada. Um vidro espelhado também to-
de sistemas de tratamento de efluentes.
mou espaço, refletindo a vegetação abundante da Praça Nereu Ramos. Para o
A arquitetura comercial é o carro chefe do escritório de Altanir Machado e Alexandre Kronemberger. Lojas, consultórios, estandes e shoppings compõem
mall, o escritório desenvolveu luminárias de generosas proporções em forma de cubo, cuja iluminação destaca as lojas.
a maior parte dos seus trabalhos, mas os projetos residenciais, de interiores e
Para a ampliação da praça de alimentação, foi criado um ambiente mais
industriais não ficam de lado. “Como resultam em obras de execução rápida,
aconchegante, com o uso de painéis de madeira, associados a uma faixa ex-
os projetos de arquitetura comercial são em maior número do portfólio da em-
tensa e estreita de espelhos. As mesas, em granito, e as cadeiras são em mar-
presa. Isso faz com que recebamos muitas indicações para este segmento”,
rom-café. Já os banheiros, ampliados, receberam novos equipamentos, com
explica.
mais tecnologia, e sistemas economizadores, de acordo com os novos padrões
A revitalização do shopping Della Giustina, no Centro de Criciúma, é um
ambientais. A escolha dos revestimentos partiu da idéia de aliar modernidade
dos projetos mais expressivos do MK, considerando-se a história do empre-
e praticidade com a utilização de materiais nobres, porém duradouros, facili-
endimento. A dupla mudou totalmente a ‘cara’ do estabelecimento, desde as
tando, inclusive, a limpeza. Agora, a dupla trabalha na remodelagem de outro
fachadas até a praça de alimentação e os banheiros. “O prédio, de 25 anos,
estabelecimento comercial de peso na cidade: o Criciúma Shopping.
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QUEMFAZ
Sustentabilidade e divulgação Se a arquitetura ainda é desconhecida ou vista como elitista pelo grande público, Machado e Kronemberger querem desmitificar esta questão. Os dois apresentam um programa em canal aberto de televisão onde mostram, por exemplo, como se produz o gesso ou a cerâmica que reveste a casa das pessoas. “É uma forma de nos comunicarmos com quem não sabe muito sobre arquitetura”, diz Machado. Segundo ele, a intenção é tornar a profissão mais conhecida, além, é claro, de fortalecer a marca do escritório. A dupla também mantém uma coluna semanal em um dos jornais de maior circulação na região. A preocupação em desenvolver construções sustentáveis é outro diferencial dos arquitetos. São deles os primeiros projetos prevendo reservatórios para reaproveitamento de água da chuva em prédios da cidade, sistemas que já foram adotados pela Criciúma Construções. Os projetos atuais também prevêem espera para instalação de tratamento de efluentes. A parceria entre Altanir Machado e Alexandre Kronembeger começou em 1996. Formado em 1984 pela Unisinos, de São Leopoldo (RS), Machado iniciou sua carreira em Porto Alegre e por quatro anos permaneceu na capital gaúcha. De volta a Criciúma, montou seu próprio negócio direcionado à arquitetura residencial. A expansão do escritório levou Altanir a procurar outros profissionais que o ajudassem a atender a demanda. Foi então que ele uniu forças com Kronemberger, natural de Petrópolis (RJ) e graduado em 1990 pela Universidade Santa Úrsula, especializado em arquitetura de interiores. Hoje, a dupla e sua equipe de apoio estão estruturados em um local privilegiado da cidade, o Bairro Michel, e se orgulham em dizer que formam o maior escritório de arquitetura do Sul de Santa Catarina.
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A arquitetura comercial é um dos destaques no portfólio do escritório. Na página 47, o antes e o depois da revitalização do shopping DellaGiustina, um dos projetos mais expressivos da dupla. Na página anterior, na foto maior, o interior do shopping hoje; no detalhe, o mesmo espaço antes da remodelação; na foto seguinte, a creche da indústria Mafferson e seu volume em movimento, e a livraria Bookstore, projetada em 2005. Acima, a maquete de residência construída no mesmo ano, cuja arquitetura reflete o dinamismo do casal de moradores. E o conjunto Torres de Prata, da Criciúma Construções, que deve ficar pronto este ano com 22 mil m2 e 168 unidades habitacionais. Granito preto e placas de alumínio revestem a fachada
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NOMERCADO
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Está chegando às lojas catarinenses a mais nova grife de iluminação: a Accenda!, lançada pelo grupo New Line. São luminárias sofisticadas, com peças exclusivas e de alto padrão – to-
A Top Mobile, de Blumenau, ofe-
das criadas pelos designers da própria
rece aos seus clientes a novi-
empresa e produzidas com materiais
dade dos puxadores em Cristais
certificados. Uma das coleções, a Fiori
Swarowsky. A linha Conceito foi
(foto), inteiramente fabricada em alu-
lançada pelo fabricante, a Obis-
mínio, já conquistou reconhecimento.
pa Design, no início do ano, mas
O pendente da linha, desenvolvida pelo
chegou ao mercado apenas no
designer Toni Dias, recebeu o Prêmio
segundo semestre de 2007. As
Houseware & Gift de Design 2007 na
peças assemelham-se a jóias,
categoria iluminação.
oferecendo todo o design e requinte a qualquer projeto.
Urbano Caleidocolor é a mais colorida e divertida das coleções lançadas pela Tok&Stok. São acessórios que variam de luminárias, bolsas de fibra, canecas a artigos para cozinha, multicoloridos, em tons fortes e brilhantes, de design lúdico. Nos móveis, a empresa segue esta tendência, inserindo mais cores a pufes, sofás e cadeiras. O fúcsia retorna para ficar lado a lado com cores como o roxo vibrante, o verde kiwi e o laranja. As peças estão à venda na loja virtual: www. tokstok.com.br
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Com cores vivas e acabamento de efeito perolizado, as novas placas cimentadas da Revelux conferem glamour para paredes internas e externas. Sediada em Capivari de Baixo, a indústria apresenta a linha de revestimento ColorClass, com peças de 24x24cm e tozetos de 12x24cm. O diferencial está na Tecnologia e praticidade. A Poligress Shop,
técnica de tingimento por imersão superficial,
de Criciúma, apresenta vasos sanitários
o que confere o aspecto perolizado e forma
que dispensam o uso de papel higiênico,
uma película protetora. A linha está disponí-
com funções ativadas por controle remoto.
vel nas lojas Cassol, Espaço Pisoarte e Casas
Pelos comandos, o assento é aquecido, o
da Água a preços médios de R$ 25,00 a placa
desodorizante é lançado, o jato de água in-
e R$ 35,00 os tozetos.
terno é acionado para a higiene do usuário e ainda ar quente para a secagem. “O vaso é para todos, mas pode ter uma utilidade ainda maior para pessoas com alguma deficiência ou que dependem da ajuda de outras para ir ao banheiro”, explica o diretor da empresa, Valdemir Darós, importador exclusivo da tecnologia chinesa no Brasil. A Linha Fienza, da Víqua, cresceu e chegou à cozinha. A indústria de
Para atender a quem deseja design, qualidade, mas
Joinville oferece dois novos modelos,
também preço acessível, a Deca lançou a linha Max,
de parede e de mesa, nas opções
com misturadores e torneiras para banheiros. Os vo-
cromada e branca. Entre os diferen-
lantes, em formato de cruzeta, facilitam a abertura e o
cias estão o arejador que proporcio-
fechamento das peças. A torneira para lavatório com
na economia de água de 50%, jato
bica baixa custa cerca de R$ 62,00
Consciência ambiental. A Hydra apresenta
suave e o fácil manuseio, devido ao
quatro novos modelos de válvulas de des-
sistema de ¼ de volta. Os produtos
carga com enfoque na economia de água. A
são fabricados com uma tecnologia
HydraDuo incorporou ao seu desenho dois
exclusiva que combina vários tipos
botões de acionamento, um que libera uma
de polímeros. Por isso, são resis-
descarga simples (3 litros), para líquidos, e
tentes à abrasão, ao impacto e à
outro que fornece uma descarga completa
temperatura, não sofrem ataques
(6 litros), para sólidos. O preço sugerido é
corrosivos e não enferrujam.
de R$ 180,00. Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
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FATOS&FEITOS
Beleza Natural
ÁREA lança anuário de arquitetura
A primeira edição do Concurso Catarinense
Reunindo 27 projetos de arquitetura, o Anuário da
do Criador de Jóias revelou o talento e a
Revista ÁREA apresenta as soluções adotadas por
criatividade de designers brasileiros sobre
alguns dos maiores escritórios de Santa Catarina
o tema ‘Praia’, numa homenagem ao litoral
nos mais diversos segmentos. A publicação revela
catarinense. A grande vencedora foi a ca-
a criatividade e o talento dos profissionais locais
rioca Aretusa Duarte, com a pulseira Beleza
em textos e fotos. Produzido pelas jornalistas Le-
Natural, em prata e brilhantes. James Von
tícia Wilson, diretora e editora da Revista ÁREA, e
Urban, mineiro, foi classificado em segundo
Simone Bobsin, apresentadora do programa Mis-
lugar com o anel Onda e a curitibana Suellen
são Casa (TVCOM), o anuário contou com o apoio
Valduga Malgarezi ficou em terceiro, com o
da AsBEA/SC, garantindo a participação de parce-
bracelete Renda de Bilro e Ouro.
la representativa dos escritórios catarinenses. Im-
A catarinense Mellina Makowiecky, da Ca-
portante registrar, também, o apoio da empresária
pital, conquistou um prêmio especial com
Saviany Monteiro Lucas, da Evviva Bertolini, na
a jóia O Milagre da Pesca, que trouxe renda
realização do evento de apresentação da proposta
em ouro branco sobre uma água marinha. O
aos profissionais de Florianópolis; e das empresas
concurso registrou 95 inscrições e contou
Luxaflex e Portobello Shop Santa Mônica, patroci-
com jurados, especialistas no segmento, de
nadores da publicação. Arquitetura & Design, Marchetti + Bonetti Arqui-
revistas e livrarias a R$ 29,00. Também pode ser
tetos Associados, Maria Aparecida Cury Figueire-
encomendado pelo e-mail anuario@revistaarea.
do, Martins Arquitetura, Mendes Gobbi Arquite-
com.br. Confira quem está nesta primeira edi-
tura, MilaniKlein Arquitetura, Passing Arquitetura
ção do Anuário de Arquitetura da Revista ÁREA:
e Construção, Patrícia Volpato Arquitetura e Arte,
Anna Maya e Anderson Schussler, BD Detalhes
Pinheiro e Serrano Fonseca Arquitetura, Projetto
Arquitetura, Celso Thomé Arquitetura, Doria Lo-
Engenharia e Arquitetura, Robson Nascimento
pes Fiuza Arquitetos Associados, Elianne Klenner
Arquitetos, Ruschel Arquitetura e Urbanismo e
Arquitetos Associados, Final Forma Projetos de
Nelson Teixeira Netto Arquitetura e Urbanismo,
Interiores, Jardins e Afins Arquitetura Paisagísti-
Studio Domo Arquitetura e Design, Terra Arquite-
ca, Juliana Pippi Arquitetura & Design, Le Maitre
tura e Planejamento, e Theiss Girardi Arquitetura
Rosatto Arquitetura, Machado & Kronemberger
e Interiores.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
O anuário está sendo vendido em bancas de
diversas regiões do País. A iniciativa resultou da parceria entre a Associação Comercial e Industrial de Florianópolis – Regional da Lagoa da Conceição, a Editora Escola 2000 Jóias e a Escola Arte Ofício Florianópolis.
Público e sustentável O novo Mercado Público de Blumenau deverá estar habilitado a obter certificação da instituição Leadership for Energy and Environmental Design (LEED) em relação ao seu alto desempenho ambiental. Esta é a meta da equipe vencedora do concurso nacional de Arquitetura promovido pela Prefeitura de Blumenau em parceria com a regional catarinense do Instituto dos Arquitetos do Brasil: arquitetos Daniela Pareja, Christian Krambeck, Osvaldo S. de Oliveira (sócios no escritório Terra Arquitetura), Carla Caroline Tomaselli, Chiara Mariele Gurgacz Destro, Francisco Refosco Nunes, Sara Moretti; engenheiro florestal Julio Cesar Refosco; e os estudantes Aliessa Sabadin, de Arquitetura, e Maycon Gasda, de Engenharia Civil. Desenvolveram um projeto de linguagem contemporânea e de soluções arquitetônicas simples. As cores e texturas dos tradicionais jardins da região estão retratadas na fachada da edificação, de amplas aberturas e acessos fáceis. Saiba mais sobre o projeto acessando www.mercadoblumenau.blogspot.com.
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Diversificação Entre as maiores redes do varejo em Santa Catarina, a Berlanda renovou seu mix de lojas e abriu a primeira unidade voltada ao público A/B, em Itapema: a Berlanda Class. Com setores ambientados, o espaço conta com atendimento personalizado, incluindo visitas domiciliares e até cotação de preços direto com fornecedores de eletrodomésticos.
Esculturas Brusque encantou seus moradores e visitantes com mais uma edição do Simpósio Internacional de Esculturas, realizado em novembro no kartódromo municipal. Ao todo, 19 artistas participaram desta sétima edição do evento, o único do gênero no País. Das esculturas, 20 foram incorporadas ao Patrimônio Histórico do Município, somando-se às 87 já existentes. A Prefeitura já vem buscando recursos para construir o Parque das Esculturas de Brusque às margens da rodovia Antônio Heil. O artista pernambucano Francisco Brennand, considerado o ‘Mestre dos Sonhos’, foi o homenageado desta edição do simpósio.
Revelando talentos Associados à arte, em sua essência, não são poucos os arquitetos que se dedicam também às artes plásticas. A revista ÁREA apresenta três colegas que, sob diferentes motivações, revelam talento e criatividade além das pranchetas.
Manoel Doria – O arquiteto demonstrou seu
Paulo Gaiad – Iniciou o curso de Arquitetura na
Maria Lúcia Mendes Gobbi – Entre 2006 e 2007,
talento com os pincéis ao participar, ao lado de
Universidade de Brasília, seguiu para um curso
criou a série “Arquitetura da Mulher – Da dor ao
outros onze profissionais, da exposição “Arquite-
de Planejamento Regional e Urbano na Univer-
estado de graça”, lançando-se como artista plás-
tura do Bem”, realizada pela Schneider Electric
sidade de Oslo, Noruega, e retomou as aulas de
tica. São onze quadros a óleo retratando mulheres
– Divisão Prime durante o Fórum Nacional de Ar-
arquitetura em Mogi das Cruzes, em São Paulo,
diante da sua visão. A coleção foi exposta, acom-
quitetura, Iluminação e Sustentabilidade (Fonai)
mas abandonou o curso no último ano. Nas telas
panhadas de poesias de Sandra Xavier, em diver-
em São Paulo, em novembro. Um interruptor da
é que ele se encontrou. Desenvolveu sua carreira
sas galerias e instituições culturais do Estado.
marca deveria ser utilizado como componente ar-
artística em Florianópolis, onde fixou residência
Sua proposta é de uma “reflexão sobre o feminino,
tístico no trabalho.
em 1980, e hoje é considerado uma das principais
como um ser sagrado e como um espírito eterno,
expressões da arte catarinense contemporânea.
único e belo”. Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA |
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FATOS&FEITOS
FATOS&FEITOS
Preciosidade A Martins Editora está lançando um livro que deve ser referência para qualquer arquiteto por sua importância histórica. Trata-se do Tratado de Arquitetura de Vitrúvio (560 pp. / R$ 49,00) - único texto sobre arquitetura datado da Antigüidade clássica, escrito em 27 a.C. e supostamente dedicado ao imperador Augusto. A obra tornou-se referência já durante a Antigüidade
e, séculos mais
tarde, redescoberto numa abadia italiana, viria a influenciar as concepções renascentistas. A edição apresentada pela Martins Editora, realizada a partir do original latino pelo historiador português M. Justino Maciel, inclui diversas notas que ajudam o leitor a entender esse genuíno monumento da cultura clássica. Na obra estão os dez livros sobre arquitetura escritos pelo arquiteto, engenheiro, agrimensor e pesquisador romano
Dê vida aos seus projetos.
Vitrúvio, ou Marcos Vitruvius Pollio (séc. I a.C) – considerados a primeira teorização desenvolvida que se conhece da arquitetura e o primeiro manual conjunto de urbanismo,
FOTOS: DIVULGAÇÃO
construção, decoração e engenharia.
Marco Medeiros e Meise Faustino
personal render
Silvya Caprario e Ana Lúcia Wandscheer
Mário, Marcela, Dirlene e Ricardo
Natal especial
Maquetes eletrônicas internas e externas.
Doze profissionais, entre arquitetos, decoradores e designers, assinaram projetos especiais na 1ª Expo-
Visualizações arquitetônicas em 3D.
sição de Natal do Shopping Iguatemi, em Florianópolis. Diferentes propostas de decoração para tornar
Orçamentos descompromissados.
os ambientes mais acolhedores e charmosos para as festas de final de ano foram apresentados na mostra, organizada pela jornalista Simone Bobsin.
(48) 9992 7292 | 3d@personalrender.com www.personalrender.com
EXPRESSIVAS Patrimônio Histórico O projeto Roteiros Nacionais de Imigração do Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Nacional (Iphan) passou por Santa Catarina e tombou 110 imóveis. A maioria deles está localizada no interior do Estado e o estilo arquitetônico predominante é o germânico. Em janeiro outros 14 prédios serão tombados.
Guia de Boas Práticas O departamento de Crédito Imobiliário do Banco Real acaba de editar o Guia de Boas Práticas na Construção Civil. Com 35 pá-
Concurso de vitrines
ginas, traz informações e recomendações
O Shopping Casa & Design convidou profissionais do setor de decoração para produzirem as lojas com o
nos canteiros de obras, a gestão de resíduos
tema “festas e celebrações de final de ano”, na primeira edição do Concurso de Vitrines realizado pelo
sólidos e efluentes e sobre a comunicação
empreendimento. A vencedora foi a decoradora Kátia Menezes com a ambientação da loja Studio Conceito.
com a comunidade do entorno do empreen-
O segundo lugar foi compartilhado por Dani e Karla Silva (loja Portiere) e Mariana Pesca e Francine Faraco
dimento. A publicação também faz um apa-
(loja P&P). O arquiteto Giovani Bonetti classificou-se em terceiro lugar, assinando a vitrine da loja Amazô-
nhado estatístico do setor e apresenta as
nia. Um prêmio Destaque foi entregue aos arquitetos Anna Maya e Anderson Schussler, que decoraram a
concepções mais modernas sobre eficiência
loja Resevila fugindo do tema e apresentando um trabalho desenvolvido com a participação de crianças na
energética, conforto ambiental e conserva-
leitura de uma cozinha divertida.
ção da água.
sobre demolições, a logística e a segurança
Cartilha A Câmara Estadual da Indústria da Construção de Santa Catarina (CEIC/SC) com apoio do Sinduscon e da prefeitura de Chapecó lançou uma cartilha com orientações sobre a separação e a reutilização dos resíduos gerados na Construção Civil. Estão sendo distribuídos dois mil exemplares do livro, de 15 páginas, nos 24 municípios abrangidos pelo Sindicato. Com o título “Resíduo de Construção: soluções sustentáveis para um grave problema urbano”, a cartilha também será oferecida em escolas, faculdades e nas empresas associadas.
Joinville em exposição
CEIC/SC O presidente do Sinduscon da Grande Flo-
Um grande mosaico de projetos, maquetes e imagens de obras de 36 dos mais atuantes arquitetos de
rianópolis, Helio Bairros, foi eleito por unani-
Joinville esteve em exposição no shopping Müller, em novembro. Divulgar a influência da arquitetura na
midade, presidente da CEIC/SC. A entidade
qualificação dos espaços da cidade foi o objetivo da mostra, organizada pelos arquitetos Ana Raquel, Arno
agrega 21 Sinduscons de Santa Catarina.
Kumlehn, Eneida Arraes, Julio de Abreu, Marcos Bustamante e Sérgio Gollnick.
ATELIÊ HIEDY ASSIS CORRÊA, o Hassis (1926-2001) foi um dos principais expo-
As obras “Cafezinho Expresso” (acima) e “Snooker” (ao lado) estiveram entre
entes da famosa exposição ‘Pintura e Desenhos de Motivos Catarinen-
os destaques de Hassis na mostra que revelou o seu talento há 50 anos.
ses’ ocorrida em novembro de 1957 no Ibeu (Instituto Brasil-Estados
O artista permanece como unanimidade entre os modernistas catarinenses
Unidos) em Florianópolis. A exposição é considerada um ponto-chave do Modernismo em Santa Catarina. Cinqüenta anos depois, a obra do desenhista e ilustrador voltou a ser valorizada pelo público catarinense. Em comemoração aos 50 anos da primeira mostra, a obra de Hassis pôde ser vista no âmbito do projeto ‘Ressonâncias Modernistas’ quando seus desenhos ocuparam a Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vecchietti, na Capital, no final do ano passado. Segundo a professora de História e Teoria da Arte da Udesc, Rosângela Cherem, Hassis, junto com Meyer Filho, artista da mesma geração, era desconhecido em 1957. Ela é coautora do livro ‘Meyer Filho, um modernista saído da lira’. Exímio observador das atividades humanas na cidade, Hassis é o autor de obras como as intituladas ‘Snooker’, ‘Cafezinho Expresso’ e ‘Vento sul com chuva’ em que anônimos personagens de Florianópolis são capturados em cenas do cotidiano.
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A arte será sempre a base da arquitetura e dos melhores objetos de decoração
AT E L I E R Rua Carlos
DE
ARTE
Imagem de arquitetura digital Corrêa, frente da 206 NGM (em Consultoria
Pintura a óleo e acrílica, desenho de observação e artístico, mosaicos e reciclagem de materiais e de objetos. Projetos sob encomenda. Cursos para adultos e crianças em todos os períodos. Exposição permanente.
ao estacicionamento do Supermercado Angeloni Beira Mar) - Agronômica - Florianópolis Nº 3 – JANEIRO 2008 | ÁREA | 57 Fone (48) 3333 7571 | betinhatrevisan@hotmail.com
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Roberto Simon – arquiteto
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Machado & Kronemberger Arquitetura
Senai/SC
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Dani e Karla Silva arquiteta e decoradora (48) 3222.1029
exige-se de um bom arquiteto
Deca
estudo, experiência e bom
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Escola do Teatro Bolshoi www.escolabolshoi.com.br (47) 3422-4070
Shopping Casa & Design
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Márcia Lazzarin – arquiteta (11) 6642.7778
Maria Lúcia Mendes Gobbi – arquiteta
Shopping Iguatemi www.iguatemiflorianopolis.com.br (48) 32398700
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Martins Editora
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Michela Damascena – designer (48) 9963.0104
Pau Canela
Sinduscon Balneário Camboriú (47) 3367-1234
Sinduscon Grande Florianópolis
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Paulo Gaiad – artista plástico
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(48) 3237.2737
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Poligress Shop
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(47) 3435-0660
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Fundação Bienal
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Fundação Oscar Niemeyer www.niemeyer.org.br (21) 2509 1844
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Manoel Doria – arquiteto
(11) 5575.4540
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Tassoglas | padrão G-180n
Cerâmica Aurora | Natura Blitz 114/1650
Forbo | Piso vinilico Antiderrapante SAFESTEP Piso vinilico Smaragd
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DWall Revestimentos. Bons produtos, bons serviços, excelentes parceiros.
A DWall apresentou soluções eficientes para cada necessidade da Clinica Imagem, cumprindo perfeitamente o cronograma da obra” Roberto Simon, do Studio Domo, que escolheu os pisos Forbo, fornecidos pela DWall, para a Clínica Imagem, de Florianópolis.
Optamos pelo revestimento cerâmico da Aurora, comercializado pela DWall, porque ele proporciona um visual realmente natural, possui durabilidade e resistência, além de ser um produto 100% catarinense” Margarida Milani, do escritório MilaniKlein Arquitetura, que selecionou revestimento da cerâmica Aurora, representada pela DWall, para a fachada do Shopping Iguatemi.
Há anos utilizamos os produtos da DWALL, tanto pela qualidade estética e técnica que eles imprimem aos nossos projetos, quanto pela excelente prestação de serviço que a empresa nos oferece” Giovani Bonetti, do Marchetti+Bonetti Arquitetos Associados, que preferiu o revestimento de fibra de vidro Tassoglas, instalado pela DWall nas paredes do hall do residencial Trompowsky Class, na Capital
Showroom: Rua Silva Jardim 893 88020-200 Prainha Florianópolis SC (48) 3028 1844 (48) 8808 4898 info@dwall.com.br