A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN EM SANTA CATARINA
Design brasileiro em NY E N T R E V I S TA : I A B - S C P E L O E S TA D O | B I O A R Q U I T E T U R A : SUSTENTÁVEL NA PRÁTICA | BEM FEITO: MOSTRA DE TALENTOS | TENDENCIAS: AS CORES DE 2009 | PROFISSÃO: ARQUI TE TURA PAISA GÍSTICA | QUEM FAZ : ANDRÉ S CH MI TT
ISSN 1982-2731
ANO II Nº 4 R$ 9,90
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Letícia Wilson
ENTRENÓS |
Além das pranchetas ENFIM, A SUSTENTABILIDADE NA PRÁTICA. Já não são poucos os projetos de arquitetura que prevêem uma maior eficiência das habitações em relação ao custo de produção, ao consumo de energia, ao melhor aproveitamento e ao reaproveitamento dos recursos naturais, à redução de desperdício e do impacto ambiental. A disseminação dos conceitos e da urgência de práticas sustentáveis vem tornando comuns estas definições nos programas de necessidades. Na matéria de abertura desta edição, apresentamos alguns exemplos possíveis. Muitos projetos estão sendo executados sob essas premissas e muita pesquisa tem sido feita para tornar ainda mais acessíveis os chamados processos construtivos ‘alternativos’. Os ‘green buildings’ estão na moda e os empreendedores não querem ficar fora dessa. Ponto para eles, para o mercado, para a natureza e para os usuários destas edificações verdes. A passagem de Rosa Kliass, referência em paisagismo no Brasil, por Santa Catarina não poderia deixar de ser registrada pela revista. Em parceria com o programa Missão Casa, da TVCOM, trazemos uma entrevista com a arquiteta, uma das pioneiras na área. Outro expoente da arquitetura está em nossas páginas. É André Schmitt, figura ímpar, de encantadora simplicidade e de admiráveis projetos. O designer Sergio Fahrer, que vai representar o Brasil no MoMa, em Nova Iorque, também esteve recentemente em Florianópolis e está nesta edição. E esta edição marca uma nova etapa da revista ÁREA. A publicação passa a ser vendida em bancas de revistas das principais cidades catarinenses, ampliando a sua abrangência e visibilidade. A parceria reafirmada com o IAB-SC, para composição do Conselho Editorial, igualmente colabora para esta descentralização e para que ainda mais profissionais catarinenses possam participar da revista. E mais novidades vêm por aí: a partir da próxima edição, vamos passar a apresentar projetos de arquitetura e de design em detalhe, com descrição técnica e curiosidades. Escreva para nós e envie seus trabalhos. Boa leitura!
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A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN SANTA CATARINA ANO DE II | Nº 4
ENTREVISTA
DIVULGAÇÃO
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Nova diretoria da entidade aposta na descentralização como um diferencial da gestão, comandada pelo arq. Jorge Raineski
BIOARQUITETURA Sustentável na prática Arquitetos demonstram que as soluções sustentáveis não estão mais apenas no papel. Já são realidade, inclusive em Santa Catarina
UGALDEW/STOCKXCHANGE
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B E M F E I T O Mostra de talentos
DIVULGAÇÃO
18
A criatividade dos profissionais que participaram da Mostra Casa Nova, em Florianópolis, e as novidades do evento
PROFISSÃO
DIVULGAÇÃO
24
DIVULGAÇÃO
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Arquitetura paisagística Referência no setor, Rosa Kliass fala aos profissionais catarinenses. E ÁREA debate: paisagismo é exclusividade de arquitetos?
F O R M A S
DIVULGAÇÃO
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IAB-SC pelo Estado
Sergio Fahrer Curiosidades dos bastidores da criação de algumas das peças mais premiadas deste expoente designer brasileiro
QUEMFAZ
André Schmitt A versatilidade de um dos arquitetos de maior destaque em Santa Catarina. Sábio, simples e sem meias-palavras
6 EM DIA A agenda da Área 8 ARQUITETANDO Os 50 anos do CREA-SC 10 PAPO SÉRIO Arquitetura do Design, por Lígia Fascioni 32 TENDÊNCIAS Salão do Móvel de Milão 38 UP NEWS As novidades da arquitetura e do design mundiais 50 NO MERCADO O que está nas prateleiras 52 FATOS & FEITOS Acontecimentos do setor 56 ATELIÊ Franklin Cascaes 57 NA ÁREA Revista social 58 ONDE ACHAR O que está na Área À esquerda, Leão Estilizado, gravura de Franklin Cascaes produzida em 1960.
Feiras/Mostras
EMDIA
ABIMAD 2008 A segunda edição deste ano da feira da Associação Brasileira das Indústrias de Alta Decoração, considerada da maior da América Latina. O evento passou a ser semestral, apresentando decoração primavera-verão, em agosto, e outono-inverno, em fevereiro. De 31 de julho a 3 de agosto Centro de Exposições Imigrantes - São Paulo/SC www.abimad.com.br
MOSTRA 4 ELEMENTOS Mostra com 22 ambientes assinados por 34 designers e arquitetos realizada pela loja 4 Elementos Mobiliário Selecionado. A edição deste ano do evento marca a entrada da Artefacto em Santa Catarina por meio da representação exclusiva com a loja. Entrada franca Até 10 de agosto Avenida 3ª, 1929 - Balneário Camboriú/SC
MOSTRA CASA NOVA E CIA 2008 Serão 35 ambientes assinados por 60 profissionais na edição da mostra Litoral Norte realizada pelo Grupo RBS sob a curadoria do arq. Abreu Júnior. O evento será realizado nas dependências da loja Lemniscato di Cassini, ocuparando uma área interna de 1 mil m2 e externa de 500 m2. De 20 de agosto a 20 de setembro Avenida Osvaldo Reis Divisa entre Itajaí e Balneário Camboriú / SC
CONSTRUSUL 11ª edição da Feira da Indústria da Construção. Estima-se um público de 60 mil pessoas. São realizados, em paralelo, cursos, palestras e seminários. De 6 a 9 de agosto de 2008 Centro de Eventos da Fiergs - Porto Alegre/RS www.feiraconstrusul.com.br
SALÃO DO IMÓVEL 15ª edição do Salão do Imóvel, realizado pelo Sinduscon da Grande Florianópolis, que este ano contará com a 1ª Construfair. São esperados 200 expositores num espaço de 9 mil m2. Além da feira, serão realizados cursos e palestras sobre temas do setor. A entrada será franca. De 5 a 10 de agosto CentroSul - Florianópolis/SC www.acfeiras.com.br
CRAFT DESIGN 13ª edição do evento exclusivo para profissionais de arquitetura e decoração, designers e empresários do setor. Será lançado o 1º Prêmio Craft Design, que destacará a criatividade, o empreendedorismo e a inovação de peças produzidas por designers, decoradores, artistas e empresários que proponham novas soluções para objetos de decoração utilitários ou decorativos. De 13 a 17 de agosto Centro de Eventos São Luis - São Paulo/SP www.craftdesign.com.br
HOUSE & GIFT FAIR SOUTH AMERICA 37ª edição da feira líder de mercado e a maior do setor de artigos para casa da América Latina. Cerca de 900 expositores apresentarão suas novidades numa área de 56 mil m2. Em paralelo acontecem mostra de design e ciclo de palestras. De 16 a 19 de agosto de 2008 Pavilhão Expo Center Norte - São Paulo/SP www.grafitefeiras.com.br
6
| ÁREA | Nº 4
MERCOMÓVEIS 2008
A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN EM SANTA CATARINA
Terceira maior feira de móveis do País. Ocorre, em paralelo, o III Salão Design, mostra de produtos inéditos assinados por designers. São esperados 180 expositores e 20 mil visitantes. 25 a 29 de agosto Parque de Exposições Tancredo Neves - Chapecó/SC www.mercomoveis.com.br
FEITINTAS 2008 Esta é a 6ª edição da Feira da Indústria de Tintas e Vernizes & Produtos Correlatos, realizada a cada dois anos pelo Sindicato da Indústria de Tintas e Vernizes do Estado de São Paulo (Sitivesp). Em 18 mil m2, o evento deve contar com 100 expositores e receber em torno de 30 mil visitantes. De 17 e 20 de setembro Centro de Exposições Imigrantes - São Paulo/SP www.feitintas.com.br SEMINÁRIOS
ARCHITECTOUR 2008 O 1º Seminário Internacional de Arquitetura para o Turismo reunirá renomados arquitetos do Brasil e do exterior no debate sobre a importância do planejamento das cidades para o desenvolvimento de um turismo sustentável. São esperados 1,3 mil participantes. 7 e 8 de agosto Centro de Convenções da UFSC - Florianópolis/SC www.architectour.com.br.
CONCURSOS ARQUITETANDO DESIGN DOCOL Criar um projeto de design para um chuveiro. Este é o desafio proposto pela Docol para esta edição do seu tradicional concurso. Detalhe: não serão aceitos desenhos para chuveiro elétrico. O vencedor receberá uma viagem internacional; o segundo colocado, um Apple Macbook Pro 17’’. O terceiro, um Apple Macbook Pro 15’’ . Inscrições até 25 de julho Envio de projetos até 22 de agosto www.docol.com.br
INOVAÇÃO EM ALUMÍNIO 7ª edição do concurso anual promovido pela Alcoa aberto a estudantes e profissionais nas seguintes categorias: Produtos & Aplicações, para novos produtos ou novas aplicações do alumínio; e Gestão da Reciclagem, para projetos de serviços ou de produtos que promovam a reciclagem do material. Inscrições até 22 de agosto www.alcoa.com.br
PRÊMIO CNI 2008 Promovido pela Confederação Nacional das Indústrias, o objetivo do prêmio é destacar indústrias que promoveram iniciativas de design para realizar mudanças e adaptações em seus produtos. Em cada Estado serão selecionados seis candidatos para a etapa nacional do prêmio. Até 29 de agosto www.cni.org.br/premiocni
ANO II | AGO/SET 2008 | Nº 4
Direção-edição Letícia Wilson leticia@revistaarea.com.br
Diretor de Arte Eduardo Faria eduardo@revistaarea.com.br
Textos Fabiana Nonjah Letícia Wilson Sandro Guidalli Simone Bobsin
Fotografia Gabriel Portela
Diretor Comercial Cesar Saliés comercial@revistaarea.com.br (48) 3237.2477
Conselho editorial Santa Comunicação & Editora Design Catarina Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/SC)
Redação Av. Pequeno Príncipe, 971 conj. 7 88063-000 Campeche Florianópolis SC (48) 3259.3626 contato@revistaarea.com.br
Capa Poltrona Slick – design de Sergio Fahrer Foto: divulgação _____________________________________ A Revista ÁREA é uma publicação trimestral especializada em Arquitetura e Design de Santa Catarina. Comercializada em bancas de revistas das principais cidades do Estado, é também distribuída por meio de assinaturas. Conceitos e opiniões emitidas por entrevistados, colaboradores e articulistas não refletem, necessariamente, a posição da publicação e de seus diretores. Espaços editoriais não são comercializáveis. A Revista ÁREA é um dos produtos da parceria entre as empresas Santa Comunicação & Editora e Officio Comunicação.
_____________________________________ PARTICIPE! Os profissionais, empresas e projetos executados
www.revistaarea.com.br A versão virtual da Revista Área traz um resumo das principais matérias e adianta, na seção Últimas notícias, o que está acontecendo no setor. Participe! Envie suas sugestões e acompanhe o que é notícia em Arquitetura & Design em SC.
em Santa Catarina têm prioridade na Revista Área. Participe, enviando suas dúvidas, críticas e sugestões de pautas para materias@revistaarea.com.br.
Nยบ 4 | ร REA |
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ARQUITETANDO
CREA 50 anos: Força profissional e bem-estar social A criação do CREA-SC, há 50 anos, coincide com o crescimento exponencial tanto da indústria quanto da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia catarinenses. Por essa época, essas atividades receberam impulso considerável no Estado, atraíram investimentos internos e externos e conduziram Santa Catarina à condição de excelência na área tecnológica. A FUNDAÇÃO DO CREA-SC aconteceu em 17 de março de 1958, após luta
Houve também avanços significativos na valorização, atualização e aper-
iniciada no ano anterior pelo movimento liderado pelo eng. civil Celso Ramos
feiçoamento profissional, embasados em forte parceria com as entidades de
Filho, então presidente da ACE – Associação Catarinense de Engenheiros. Ra-
classe, na maior integração com as instituições de ensino, na proximidade com
mos Filho foi o primeiro presidente do Conselho do CREA-SC e permaneceu no
os profissionais e na maior participação e posicionamento junto à sociedade.
cargo até 1973. Foi também nesse período que surgiram os primeiros cursos
Esta nova visão gerencial implantada no Conselho tem levado o CREA-
de Engenharia na Universidade Federal de Santa Catarina, padrão de excelên-
SC a um outro patamar de credibilidade, de prestígio e de interação social,
cia até hoje. A regulamentação e a fiscalização do exercício das nossas pro-
resultando, também, em novas demandas. Temos plena consciência da nossa
fissões, feitas por catarinenses e para os catarinenses, foi um fator decisivo
responsabilidade e de que precisamos nos adaptar a estas mudanças, sob
para que a área tecnológica pudesse se desenvolver da forma como ocorreu,
pena de não mais podermos justificar nosso papel perante a sociedade e os
tanto em termos quantitativos como DIVULGAÇÃO
qualitativos.
Passados 50 anos desde sua fundação, o CREA-SC é hoje uma instituição
O Conselho vem experimentando uma profunda mudança de postura,
8 | ÁREA | SETEMBRO 2007
forte e respeitada junto à comunidade profissional e à sociedade catarinense, com números que comprovam esta importância.
comportamento e comprometimento,
O maior objetivo do CREA-SC é trabalhar pelo desenvolvimento sem que
em especial nos aspectos relacio-
a sociedade perca o seu bem mais precioso: a qualidade de vida. Para tanto,
nados à fiscalização do exercício
contamos com a dedicação de todos os nossos profissionais, sejam eles enge-
profissional. Adotou uma política de
nheiros, arquitetos, agrônomos, geólogos, geógrafos, meteorologistas, técnicos
orientação e educação, voltada ao
industriais e tecnólogos.
relacionamento com a sociedade,
O Conselho agradece e parabeniza os ex-presidentes, conselheiros, inspe-
com os profissionais e às parcerias
tores, funcionários, dirigentes de entidades de classe e instituições de ensino,
e convênios com entidades de classe,
empresas do setor tecnológico e profissionais que ajudaram a escrever esta
órgãos públicos e privados.
história vitoriosa.
Raul Zucatto
profissionais.
Engenheiro Agrônomo | Presidente do CREA-SC
ANUÁRIO DE ARQUITETURA DA REVISTA ÁREA 2008
O Anuário de Arquitetura da Revista Área 2007 é um sucesso de vendas. E já estamos reservando os espaços para a edição 2008, que trará ainda mais projetos de destaque no Estado. Garanta a sua participação nesta publicação, única do gênero em Santa Catarina. Solicite informações pelo e-mail anuario@revistaarea.com.br.
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A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN DE SANTA CATARINA
PAPOSÉRIO
Arquitetura do design Se tem uma coisa que causa mal estar entre designers é um arquiteto se intitular um deles. Para os primeiros, arquitetura e design são disciplinas completamente distintas, que só têm em comum a preocupação estética. A discussão, para mim, não se resume a apenas isso
COMO DEFENDO A DEFINIÇÃO de design como atividade que se sustenta sob o
morar, é nas adaptações e nos detalhes que as personalidades se revelam.
tripé Projeto-Conceito-Estética (definição essa que está longe de ser unânime
De anões de jardim a portas entalhadas; de janelas trancadas a varandas
entre os profissionais), penso que os arquitetos são, sim, designers, já que a
floridas; de lixo espalhado a luzes de natal; tudo depõe sobre o jeitão de quem
arquitetura igualmente se baseia na mesma trindade.
tomou as decisões estratégicas sobre a aparência do lar-doce-lar.
Mas, alto lá! Isso não significa que arquitetos possam sair por aí livremente
Da mesma forma, fachadas de edifícios públicos contam a história de seus
criando marcas gráficas, websites, embalagens ou luminárias. O curso de ar-
governantes; a organização de uma cidade fala muito da cultura de seu povo;
quitetura não contempla essas habilitações e penso ser saudável respeitar as
empresas grandes e pequenas entregam os segredos de seus gestores; im-
limitações que cada formação impõe. Arquitetos são designers sim, mas de
ponência, solidez, amadorismo, descaso, competência, cuidado, fragilidade,
outra coisa muito especial, que os outros designers de produto não costumam
orgulho, ostentação, extravagância, discrição, bizarrice – quase tudo pode ser
(e nem possuem qualificação para isso) meter o notebook. Arquitetos projetam
dito pelas paredes dos lugares onde se vive, trabalha, estuda ou namora.
objetos de morar, de trabalhar, de conviver, de se divertir. E isso não é nem de
Alain nos alerta que idéias políticas e éticas podem ser escritas em esquadrias
longe pouca coisa; portanto, não há mesmo razão para eles quererem projetar
de janelas e maçanetas de portas; em grandes construções ou pequenos ca-
marcas também.
sebres; em jardins, avenidas, viadutos e até num espremedor de limão. É essa
Alain de Botton, no seu ótimo livro “Arquitetura da Felicidade”, acerta em cheio
missão que une o design à arquitetura; juntos, eles traduzem uma civilização.
quando diz que somos inconvenientemente vulneráveis ao ambiente que nos
Para uma tarefa tão grandiosa e de tão grande responsabilidade, conviria que
cerca. A cor das paredes, o formato do sofá, o desenho do tapete, tudo in-
deixassem de lado essas rivalidades tão vãs…
fluencia o nosso humor, mesmo que a gente não perceba. Eu, pelo menos, não consigo produzir em ambientes feios (claro que esse “feio” é compatível com cordo com Botton que, no fundo, todas as almas sensíveis são afetadas pelo cenário. Você não está nem aí para a estampa do sofá? Pois o Alain advoga que aquelas pessoas que aparentemente não se comovem com o entorno estão, na verdade, protegendo-se da possibilidade da angústia de serem expostas à ausência da beleza. São aqueles tipos que vivem se economizando e não se apegam para não sofrer depois. Para os afoitos de plantão, não custa lembrar que a estética não tem qualquer relação com dinheiro. Sensibilidade não tem classe social e pode-se fazer maravilhas com um caixote de madeira ou um banquinho produzido no quintal. Da mesma forma, torneiras de ouro e tapetes de pele de leopardo importados das savanas africanas estão longe de serem sinônimos de harmonia visual. Isso quer dizer que, assim como a roupa, a casa de uma pessoa também pode dizer muito sobre ela. Os estilos arquitetônicos são muitos e, mesmo que nem sempre se possa escolher com total liberdade a cara do lugar onde se vai
Lígia Fascioni
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Engenheira Eletricista | Doutora em Gestão Integrada do Design Consultora e palestrante
DIVULGAÇÃO
as minhas referências estéticas). Fico triste, de mau-humor, quero sair. Con-
continue NA AREA .
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A REVISTA DE ARQUITETURA & DESIGN DE SANTA CATARINA
ENTREVISTA
A descentralização do IAB-SC FOTO: DIVULGAÇÃO
Aproximar o Instituto dos Arquitetos do Brasil de Santa Catarina dos catarinenses. Essa é a importante missão da nova diretoria do IAB-SC, que já traz a descentralização na base. Apenas dois dos seis diretores são da Capital e o presidente, o arquiteto e urbanista Jorge Pias Raineski, é de Lages. Esta configuração garante uma nova e forte dimensão política à entidade, que espera fortalecer sua representatividade e se preparar para o iminente Conselho de Arquitetos e Urbanistas (CAU). A Revista ÁREA conversou com Raineski sobre os projetos da gestão 2008/2009 e apresenta, com exclusividade, no que deverá se transformar o IAB-SC nos próximos dois anos.
Pelo Estado
Projetos
buída pelo interior do Estado, já que antes a diretoria do IAB-SC era formada
e projetos que desenvolve, como o PEC, de Educação Continuada. Temos
somente por profissionais da Capital. Temos hoje cinco núcleos - Blumenau,
enumerado quase uma centena de projetos de cursos de atualização. Vamos,
Joinville, Lages, Chapecó e Caçador – e mais um está em formação: Jaraguá do
ainda, realizar encontros estaduais de arquitetura nos diversos núcleos. O
Sul, região atualmente atendida por Joinville. Os de Criciúma e Joaçaba estão
primeiro já aconteceu no dia 6 de junho em Lages, aberto a todos os arqui-
inativos; porém, basta que constituam uma chapa e façam uma eleição de
tetos. Foi uma oportunidade para confraternização e troca de experiências,
diretoria para que voltem a funcionar. O Estado é muito grande e precisamos
devolvendo um pouco daquele espírito que a gente perde quando sai da uni-
nos aproximar dos profissionais que estão mais distantes”
versidade”.
“O diferencial da nossa gestão é também um desafio com a diretoria distri-
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“O IAB-SC estará presente em toda Santa Catarina por meio dos programas
Associativismo
Fortalecimento
outras entidades do setor. Estamos presentes em todos os eventos da As-
do IAB), em Brasília, com a eleição do novo presidente do IAB Nacional. Le-
BEA-SC e queremos trazer também o Sindicato dos Arquitetos. Vamos incen-
vamos todos os conselheiros eleitos do IAB-SC , ou seja, seis votos, para que
tivar os profissionais para que também se filiem e participem do sindicato,
tivéssemos influência na eleição e conseguíssemos eleger alguém que repre-
o que é muito importante para a classe. Esse nosso projeto de realizar en-
sentasse nossos interesses no IAB Nacional. O IAB-SC agora está muito unido
contros estaduais de arquitetura é o primeiro passo para que o arquiteto
e, é importante que se saiba, votamos todos em bloco. Nesta oportunidade,
acredite no associativismo. Fiquem atentos e participem destes encontros
formamos uma comissão, entre todas as entidades que formam o Colégio Brasi-
em suas cidades”.
leiro de Arquitetos, que acompanhará a formulação do novo projeto do CAU, que
“Desde o início da gestão, estamos fazendo o possível para trabalhar com
Academia
“A aproximação com os estudantes também é nossa meta. Queremos estar presentes em todos os movimentos estudantis, como o EREA, realizado no dia
“Nos dias 22 e 23 de maio, foi realizada a reunião do COSU (Conselho Nacional
ainda está na Casa Civil” (leia sobre a eleição do IAB Nacional na pág. 53)
Gestão
“Apesar da distância entre os diretores, estamos conseguindo organizar muito
10 de maio em Balneário Camboriú, onde estive representando o IAB Nacional
bem nossa gestão. Todas as quintas-feiras fazemos uma teleconferência entre
para falar sobre o CAU e a UEA.”
as 18h e 19h – uma reunião deliberativa, da qual é cobrada participação de
CAU
todos. A tecnologia nos permite fazer isso com muita facilidade. E uma vez por mês, aproveitando a época de reunião dos conselheiros do CREA-SC, nos “A nossa principal meta política é a constituição do CAU e nosso grande objetivo é angariar a força de todos os arquitetos, em todo o Estado. Precisamos, por isso, reforçar nossa presença no interior para demonstrar que
reunimos na sede do IAB, em Florianópolis”.
Concursos
Desde o ano passado, com a realização do concurso público para o Mercado
estamos organizados e preparados para a formação do
Público de Blumenau, estamos enfatizando a importância e a necessidade do
CAU. O Sistema Confea/Crea tem sido inoperante e já demonstrou que nós, ar-
IAB-SC buscar a realização do maior número possível de concursos. Abomina-
quitetos, não temos mais o que fazer lá. Nossos representantes no CREA, con-
mos a idéia de licitações por tomada de preço. Já estamos com o do Sapiens
selheiros, são guerreiros, heróis, pois enfrentam artilharia pesada na defesa
Parque, em Florianópolis, coordenado pelos arquitetos Sérgio Oliva e Rael Belli,
dos nossos direitos. Além disso, outras profissões tentam, diariamente, retirar
que está em vias de estruturação do concurso, que deverá acontecer ainda
atribuições que historicamente pertencem aos arquitetos, como restauração e
neste primeiro semestre. Com a posição de notório saber do IAB-SC, esta-
paisagismo. A criação do CAU não é uma questão corporativa: é a defesa da
mos dispensados de licitação para a organização do concurso, mas queremos
qualidade da arquitetura para a sociedade brasileira. O Brasil é um dos poucos
manter toda a transparência neste processo. Por isso, o IAB-SC contratou uma
países que não possui um conselho próprio para arquitetos”.
assessoria jurídica só para cuidar desta questão”.
Quem é Raineski defesa da classe. Formado na UFRGS em 1982, atua no IAB-SC há
A nova diretoria Gestão 2008/2009
dez anos, tendo sido presidente do Núcleo da sua região. É conselhei-
Presidente - Jorge Raineski (Lages)
Aos 51 anos, Jorge Pias Raineski acumula importante experiência na
ro do CREA-SC e membro do COSU (Conselho Nacional do IAB) por dois mandatos. No ano passado representou o Estado no Congresso de Profissionais do Sistema Confea/Crea como delegado. Sócio proprietário da Oráculo Arquitetura, assina projetos de prédios públicos
Vice Presidente - Dácio Medeiros (Florianópolis) Diretor Institucional - Ana Maria Luiza Pokora Schirmer (Florianópolis) Diretor Geral - Umberto Bragaglia (Chapecó)
em diversos municípios do Planalto Norte de Santa Catarina e atua
Diretor Administrativo/Financeiro - Rafael Fornari Carneiro (Lages)
na coordenação e elaboração de Planos Diretores. Acaba de ser eleito
Diretor Cultural - Rael Belli (Blumenau)
vice-presidente extraordinário da região Sul do IAB Nacional”
Diretor de Comunicação - Anderson Buss (Blumenau)
Nº 4 | ÁREA |
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BIOARQUITETURA
Chega de teoria
Com reportagem de Fabiana Nonjah e Sandro Guidalli
As soluções arquitetônicas possíveis em prol da preservação dos recursos naturais já deixaram de ser apenas tema de debate em salas de aula e eventos técnico-científicos. As discussões ganharam as ruas e muitas alternativas sustentáveis estão sendo colocadas em prática em projetos exemplares. A CONSTRUÇÃO, O USO E A OPERAÇÃO das edificações estão entre os grandes
região onde será implantado o projeto”, adiantou. Em relação ao desempenho
consumidores dos recursos naturais. As edificações consomem, no seu ciclo
térmico da edificação, diversas outras variáveis influenciam no resultado como
de vida, aproximadamente 44% da energia elétrica produzida, dos quais 22%
os tipos de materiais e cores empregadas; o uso de materiais para isolamento
vão para o consumo residencial, 14% para os prédios comerciais e 8% para
em paredes e na cobertura; a orientação da edificação em relação à insola-
os públicos. Em relação ao gás carbônico (CO2), um dos gases que provoca o
ção; o tamanho das aberturas e o vidro especificado; a existência ou não de
efeito estufa, o processo da construção civil como um todo, assim como o de
sombreamento; e propriedades dos materiais utilizados. “Também é importante
fabricação dos seus principais materiais, são grandes geradores. Estes dados,
considerar as cargas térmicas internas que variam de acordo ao uso de cada
apresentados pela arquiteta Maria Andréa Triana em junho, durante o encontro
edificação”, acrescenta, lembrando que no Brasil já foram aprovadas duas nor-
de arquitetura promovido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-SC) em
mas de desempenho térmico: a NBR 15220 e, mais recentemente, a do Comitê
Lages (SC), respaldaram sua argumentação sobre a importância da transfor-
Brasileiro de Construção Civil (Cobracon). A primeira, voltada para habitações
mação do método construtivo, não apenas pelo bem do planeta, mas, também,
de baixa renda, especifica o zoneamento bioclimático brasileiro e dá parâmetros
para o aprimoramento do desempenho das edificações.
para tamanho de aberturas e desempenho térmico dos materiais. Já a segunda
Mestre em Arquitetura e pesquisadora do Laboratório de Eficiência Energé-
considera parâmetros para edifícios de até cinco pavimentos.
tica em Edificações (LabEEE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
Projetar sustentavelmente equivale a respeitar a seleção e o consumo de
Maria Andréa foi além dos conceitos e apresentou aos seus colegas arquitetos
materiais. “O importante é escolher materiais de acordo com seus ciclos de
algumas medidas práticas para iniciar o processo em busca da sustentabilidade.
vida e pelo impacto que causam ao meio ambiente”, ensina Maria Andréa. Ela
“A construção civil, de forma geral, está em evidência. E este tema tem sido
exemplifica citando o uso da madeira, material de fonte renovável. “Para que
foco da atenção, na atualidade. Os interesses se voltam para projetos que
ela tenha emprego sustentável é preciso que até mesmo os produtos finais
incorporem as três dimensões da sustentabilidade – a ambiental, a social e a
usados para protegê-la não agridam o meio ambiente. A escolha de forne-
econômica – e que estejam mais adaptados à realidade do local onde serão
cedores ambiental e socialmente responsáveis também é importante”, com-
implantados”, afirma. Neste contexto, e considerando as múltiplas variáveis
plementa. “Uma escolha acertada”, reforça, “representa economia em longo
envolvidas, a especialista pergunta: “e qual é o papel do arquiteto?”.
prazo”. Em alguns casos, como o de projetos que especificam componentes
“Projetos pensados em termos bioclimáticos, são indispensáveis como
economizadores de água para banheiro – entre eles bacias de dupla descar-
ponto de partida. Assim, as estratégias utilizadas nos projetos devem responder
ga, torneiras com aerador e sensor – a redução de custos é mais facilmente
às variáveis temperatura, umidade, ventos, insolação e nível pluviométrico da
mensurável. “Em outros, para a especificação de um material isolante, – como
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U G A L D E W / S TO C K XC H A N G E
lã de vidro – , ou de uma parede dupla – para regiões onde seja necessário
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) vigentes e aplicáveis. A
o uso de inércia térmica como estratégia de projeto –, seria necessária uma
concessão da etiqueta será realizada nas diferentes fases do edifício: projeto
simulação para se obter a quantidade de energia que deixou de ser usada no
de nova edificação; edificação concluída, após o Habite-se; edificação existen-
aquecimento”, argumenta.
te, após a reforma com vistas à melhoria da eficiência energética. A etiqueta
Neste aspecto, a palestrante sugere o emprego da energia solar para aque-
será dividida em quatro partes: envoltória, sistema de iluminação, sistema de
cimento da água, item de eficiência comprovada no setor residencial “unifami-
condicionamento de ar e a edificação como um todo. “Com isso, busca-se es-
liar”, o que a leva sempre a indicá-lo sempre para este tipo de projeto. “Além da
tabelecer níveis mínimos de eficiência energética das edificações desse setor,
economia que representa para os usuários, a energia solar também representa
classificando-as de acordo com o seu desempenho”, explica.
uma grande economia para o País, na medida em que influi na própria geração
Maria Andréa Triana ainda cita outros aspectos que devem ser considera-
da energia”, justifica. Outras fontes de energias renováveis ainda não são tão
dos pelos arquitetos nos projetos, como a taxa de ocupação e a permeabilidade
difundidas, mas, de acordo com a arquiteta, existem vários projetos em anda-
do solo. “Pode-se colaborar para a redução das ilhas de calor pela especi-
mento que almejam ampliar essa utilização e diminuir seu custo de implantação.
ficação de materiais adequados tanto para a pavimentação quanto para as
Importante, ainda, considerar o uso de aparelhos energeticamente eficientes,
coberturas. Deveria ser considerado o uso de teto jardim e de coberturas com
aqueles classificados como nível A pelo Inmetro (selo Procel - Programa Nacional
baixo índice de absorvidade, o que geralmente está associada ao uso de cores
de Conservação de Energia Elétrica). “No setor residencial, a geladeira e o freezer
claras”, ressalta. O uso eficiente da água pode ser obtido com a especificação
são os maiores responsáveis pelo consumo de energia. No comercial, são o ar
de equipamentos que reduzam seu consumo; a captação e reaproveitamento
condicionado e a iluminação”, exemplifica.
da água da chuva; e o reuso das águas cinzas, quando possível, são medidas
A arquiteta conta que foi aprovada no ano passado a “Regulamentação para
fundamentais num projeto sustentável. De acordo com a especialista, ainda
Etiquetagem Voluntária de Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais
não existem estudos específicos no Brasil sobre o custo final de edificações
e de Serviços e Públicos”, projeto desenvolvido pelo Procel em parceria com o
sustentáveis mas, com base em pesquisas feitas em outros países, estima-
LabEEE/UFSC, que está em período de teste (www.labeee.ufsc.br/eletrobras/reg.
se que este seja apenas 10% superior ao de construções que não respeitam
etiquetagem.voluntaria.html). A regulamentação é de caráter voluntário para
esses conceitos. Entretanto, essa diferença será compensada pela redução do
edificações novas e existentes, e passará a ser obrigatória para edificações no-
custo de manutenção e do consumo da edificação. “O emprego da sustentabili-
vas no prazo máximo de cinco anos a partir da data de sua entrada em vigor. Os
dade na construção civil só garante vantagens, tanto aos projetistas, como aos
edifícios submetidos a esta regulamentação devem atender a todas as normas
usuários e aos empreendedores”, enfatiza. E ao meio ambiente, é claro. Nº 4 | ÁREA |
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Para alguns especialistas, soluções sustentáveis parecem ser mais urgentes em cidades como Florianópolis, uma quase metrópole em busca de uma saída urgente para um iminente caos ambiental e urbano se nada for feito. Por isso, temas como o uso mais racional da água e da energia elétrica e a aplicação
IMAGENS: DIVULGAÇÃO
BIOARQUITETURA
Na voz do povo
de técnicas de aproveitamento da luz solar, outrora reservados a um grupo privilegiado de pesquisadores, hoje ganham literalmente as ruas. Para o engenheiro civil Roberto Lamberts, professor e pesquisador do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações do Núcleo de Pesquisa em Construção da UFSC, a preocupação do cidadão comum com o meio ambiente, embora tardia, é, sem dúvida, positiva. Doutor em Engenharia Civil pela University of Leeds, Inglaterra, onde defendeu tese sobre Energia do Ambiente Construído, Lamberts salienta que há vários e complexos fatores ambientais e energéticos a serem estudados e debatidos pela sociedade. “Mas o fato de que estas preocupações estejam vindo à tona é importantíssimo. Inclusive para nortear políticas públicas até aqui ineficientes”, acrescenta Lamberts, uma das maiores autoridades do segmento em que atua na América Latina. O pesquisador também possui Pós-Doutorado pela University of California, EUA, sobre Instalações Prediais. Este panorama, que não escapa aos seus olhos, precisa ganhar a atenção dos políticos e dos planejadores urbanos na capital catarinense. Crítico da permanente mudança de regras no zoneamento do município, Lamberts gostaria que o planejamento da cidade não fosse contaminado pelo aspecto eleitoral que retarda decisões e inibe posturas mais ousadas dos administradores. “O planejamento de uma cidade, com os desafios que temos pela frente, não poderia ficar vinculado à política tradicional que permite quebras de contrato e de regras em benefício de um ou outro grupo de especuladores imobiliários”, arremata o professor, membro do Conselho Deliberativo do Comitê Brasileiro de Construções Sustentáveis (CBCS). Sua opinião é compartilhada por outro especialista em sustentabilidade, o engenheiro mecânico e Mestre em Arquitetura Tom Paladino, membro do Green
Esquema de funcionamento de protótipo desenvolvido para a “Torre
Building Council (USGBC), um dos mais importantes fóruns sobre o tema no
sustentável” que integra soluções referentes à captação e armazenagem
mundo. Ele esteve recentemente em Palhoça (SC), onde ministrou uma pales-
de água de chuva, água potável e aquecimento solar para habitações.
tra sobre o tema ao lado de Lamberts, a convite do empreendimento imobiliário
O projeto, desenvolvido pelos engenheiros Roberto Lamberts e Márcio
Pedra Branca. Dono de uma empresa especializada na construção de edifica-
Andrade e pela arq. Maria Andréa Triana (LabEEE/UFSC), foi selecionado
ções sustentáveis, Paladino é um entusiasta dos revolucionários conceitos que
para a Mostra de Tecnologias Sustentáveis promovido pelo Instituto
estão mudando a maneira de se construir em praticamente todo o mundo.
Ethos em São Paulo, em maio deste ano.
O norte-americano, que teve papel fundamental na definição dos critérios do sistema de certificação The Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), enfatiza que a sustentabilidade não é uma moda e, sim, um novo ciclo do mundo capitalista ocidental ao qual todos nós teremos de aderir sob pena de sacrificar as próximas gerações. “As mudanças climáticas pelas quais estamos passando tiveram o poder de alertar as pessoas para uma nova realidade. E ela implica basicamente em poupar os recursos naturais e finitos do planeta e em educar as novas gerações para uma postura conservacionista nas cidades. Por isso o meio urbano precisará de líderes arrojados que façam as mudanças e tomem as atitudes que precisam ser tomadas sem hesitações”, disse Paladino. Em época de aprovação de planos diretores e às vésperas das eleições municipais, este conselho é mais do que bem-vindo aos políticos catarinenses.
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Entre os diferenciais do Primavera Office Green estarão o tratamento de efluentes, a reutilização da água pra irrigação, o isolamento acústico e térmico, a ventilação e a iluminação natural, o controle de dióxido de carbono e o terraço-jardim
Prédio verde em Florianópolis Está sendo construído na capital catarinense um ‘edifício verde’ de alta
no Km-4 da Rodovia SC-401, estão sendo seguidos os critérios do sistema
performance para escritórios corporativos, com aproximadamente 12,5 mil
de certificação LEED. A equipe é integrada pela construtora Bautec, pelo eng.
m2. Entre os diferenciais do Primavera Office Green estarão o tratamento de
Roberto Lamberts e pela empresa norte-americana Paladino-Green Building
efluentes, a reutilização da água pra irrigação, o isolamento acústico e térmico,
Strategies, especializada em Green Building. O paisagista Benedito Abbud in-
a ventilação e a iluminação natural, o controle de dióxido de carbono e o terra-
tegra o time. O projeto venceu o III Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa,
ço-jardim. Para atender à sustentabilidade do empreendimento, a ser erguido
em 2006, na categoria Green Building.
Do próprio mall o visitante poderá ver os parques internos, por meio de aberturas envidraçadas, criadas para aproveitar a iluminação natural
Projeto consciente e premiado O arquiteto paulista Roberto Candusso foi o grande vencedor do V Grande Prê-
até 70% no consumo de energia elétrica; e cortinas de vidros voltadas para
mio de Arquitetura Corporativa, promovido pela Flex Eventos em parceria com
os jardins, para aproveitamento da iluminação natural. A inauguração está
a AsBEA em maio, conquistando o Prêmio Master com o projeto arquitetônico
prevista para abril de 2009.
do Shopping Praça da Moça, que está sendo construído pela R3 Investimentos
Santa Catarina também teve destaque na premiação. O edifício Call Center
em Diadema (SP). O grande diferencial do projeto arquitetônico está no uso da
Pedra Branca, em Palhoça, recebeu o Prêmio Destaque na categoria Green
racionalidade na distribuição das áreas em consonância com o aproveitamento
Building. Em plena operação, o edifício traz projeto de acordo com as diretri-
dos recursos naturais. O empreendimento preserva a vegetação local e adota
zes do sistema de avaliação e certificação ambiental LEED, totalizando 11 mil
processos para a redução de emissão de CO2, captação e reuso de água e
m2, com economia de 30% no consumo de energia e de 20% no de água. Os
coleta de óleo de cozinha para reaproveitamento. Além disso, serão instalados
responsáveis pelo projeto são os arquitetos Ricardo Vasconcelos, Ricardo José
equipamentos de ar condicionado a gás, o que representará uma economia de
Monti, Valdir Humberto Secco e Emília Kazumi Okuda. Nº 4 | ÁREA |
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BEMFEITO
Idéias na vitrine
Mostra Casa Nova revela o talento dos profissionais e também novidades e tendências de mercado. A Revista ÁREA visitou o evento, realizado entre maio e junho em Florianópolis, e selecionou algumas boas soluções.
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CASA-CASULO | Atração especial desta edição da mostra, a Casa Pod apresentou, em 84 m2, tudo o que é realmente necessário para um casal sem filhos ou uma pessoa solteira viver. Como módulo único, abrigou, num cubo de 3m x 3m, todas as funções de uma casa em cada um de seus lados: o espaço para comer, de lazer, cozinha, serviço, armários e banheiros. “Estes ‘casulos’ já podem ser vistos em países da Europa, nos EUA e no Japão. É uma forte tendência de moradia”, explica Abreu Jr., arquiteto responsável pela Casa Pod, ao lado da arquiteta Bia Kubelka e do designer Jimi Haensel. Os três se inspiraram na famosa Casa de Vidro criada em 1949 por Philip Johnson em New Caanan, Connecticut, EUA. A Personal Glass forneceu o sistema Evolution – Envidraçamento Inteligente, que revestiu todas as laterais da casa, com panos de vidro com articulações independentes. O projeto estrutural foi desenvolvido pela PJ Engenharia, com estrutura metálica. A Casa Pod contou também com um sistema de reaproveitamento de água da chuva desenvolvido pela Casan. REVESTIMENTO VIRA OBRA DE ARTE | No espaço Dubai Contemporâneo, os arquitetos Giovani e Taís Marchetti Bonetti revestiram as paredes com painéis especiais de porcelanato produzidos pela Mosarte. Cortadas a laser, as peças tornaram-se uma atração à parte, numa alusão aos muxarabis – os treliçados de madeira utilizados como quebra-sóis. No piso, como não poderia deixar de ser, dezenas de tapetes persas da Pazyryck, dispostos em sobreposição. As luminárias pendentes da L’oeil conferiram um charme extra ao espaço.
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BEMFEITO
ALTERNATIVAS ECOLÓGICAS | A arquiteta Vanessa Andrijic Petro imprimiu um ar rústico aos Toaletes Masculino e Feminino ao empregar madeira de pinus jateado com areia em painéis nas paredes. Ripas do mesmo material foram aplicadas nas portas dos sanitários, criando um efeito único. Os móveis de madeira de demolição da Pau Canela seguiram a proposta. No ambiente Adega Santo Emílio (detalhe), os arquitetos Darley Voltolini, Rafael Alschinger e a designer de interiores Janaina Prevedello inovaram e surpreenderam ao aplicar tábuas de pinus numa montagem criativa.
A VEZ DAS LUMINÁRIAS | Elas sempre foram vedetes, mas agora ganham corpo. Seguindo a tendência apresentada no Salão do Móvel de Milão este ano, alguns ambientes da mostra Casa Nova também trouxeram grandes luminárias, como a Sala de Jantar (foto), dos arquitetos Alcides Theiss e Rosane Girardi, que aplicaram uma peça da Ouse Iluminação; e o Espaço Dimas Hyundai, projetado pela engenheira civil e designer de interiores Walesca Pinho, que expôs um pendente de generosas dimensões da Luz e Arte Iluminação.
DECORAÇÃO ESPECIAL | A primeira vista pode parecer um exagero, mas a disposição dos diversos quadros nas paredes do Espaço Cinema da Família, da decoradora Maria Rachel Neves Damiani, resultou numa solução delicada e especial. Destaque também para o revestimento da parede: fibra de vidro colada e pintada.
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SOB MEDIDA | A arquiteta Cláudia Riggenbach Wendhausen
CONVIDATIVO E ELEGANTE | O Spa Banheiro do Casal, da arquiteta
aproveitou muito bem um espaço reservado no ambiente Living
Camila Fernandes Sopelsa e da designer de interiores Rose Campos,
e projetou um móvel ímpar, que combina biblioteca e adega.
ficou encantador e aconchegante. Futon da Studio Ambientes e a pol-
Fabricado pela Harmonia Móveis sob Medida, a peça foi feita
trona de design da Cassini Edição Especial conferiram elegância ao
com MDF e revestida com lâmina de imbuia.
convidativo espaço.
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BEMFEITO COZINHAS DESLUMBRANTES | Os diversos ambientes de cozinhas da mos-
mara De Vicenzi e Victor Raulino, uma mesa de madeira de demolição da
tra trouxeram inovação em acabamentos, móveis e acessórios e revelaram
Pau Canela foi disposta em torno da bancada de granito verde Ubatuba, sem
uma tendência: a mistura de materiais. Na Cozinha Itacell, do arquiteto Ro-
polimento, da Marmoraria Três Riachos. Na Cozinha Final Forma, da arquiteta
drigo Shutz Luiz, a bancada em corian da DuPont estava integrada a uma
Carolina Gobbi Mucelin e da designer de interiores Kenia Garcia, uma mesa
mesa feita de madeira, da Itacell Móveis. No espaço O Chef é Você, assinado
de vidro foi muito bem integrada à bancada de porcelanato, produzida pela
pelos designers de interiores Cheila Ferlin, Juliana Carvalho, Mari Faraco, Si-
Marmoraria Nunes. ELETROS DE LUXO | Na Cozinha Lounge Formabella, a funcionalidade foi aliada à elegância. Gavetas especiais com fechamento por amortecedores e com diversas divisórias, inclusive para taças, eram novidades. Interessante foi a disposição do mobiliário, em formato de ilha. Mas o destaque mesmo ficou por conta dos acessórios: as coifas com aparência de luminárias e os eletrodomésticos com ar retrô, todos da Simps, expostos como obras de arte. O ambiente foi concebido pelo arquiteto Roni Steiner, pelos designers Túlio Marques, Ana Caroline Furtado, Gilca Assmus, Ana Paula Gambá e Flávio Carvalho, e pelos projetistas Gilberto Luiz Saldanha Junior e Carla Bonifácio.
Outras preciosidades »»Os minirefrigeradores retrô com cara de frigidaire, lançamento da Bras-
»»O piso de cimento imitando madeira da Decori Revestimentos Cerâmi-
temp, expostos pela Empório da Cozinha no Espaço Multimídia dos Fi-
cos no ambiente Cuisine Somelier pour SCA, projetado pelo arq. José
lhos, assinado pelos arquitetos Beto Gerbara, Marila Filártiga e Juliana Schürmann. »»A bancada de trabalho em vidro projetada pelos arquitetos Robson Nascimento e Cristiana Bez Delpizzo em torno da grande viga existente no Home Family. Para um problema, uma criativa solução. »»O refrigerador industrial, da Refrisul, na Cozinha da casa de praia, projetada pela designer de interiores Rosete Cruz. Com várias portas, permite o acesso somente ao alimento desejado, economizando energia. »»No Home Office, painel Eucafix, da Ultrapiso, aplicado por Cristine Ângelo Boing e Fernanda Carlin da Silva como destaque em uma das paredes.
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Fernando P. Neto. »»O telado de cerâmica da Gail fornecido pela Hércules Representações, aplicado a uma das paredes do Espaço SCGás, lembrando pedra São Tomé. O ambiente foi assinado pela arquiteta Cristina Piazza. »»As luminárias palito criadas pelas designers de interiores Adriana Tiezzi e Marisa Lebarbenchon no Lounge Casa Fort by Lemniscato di Cassini. O efeito gráfico valorizou o ambiente. »»A delicadeza e o charme do “jardim seco” Zen Tokyo, projetado pela arquiteta paisagista Juliana Castro na garagem do prédio, com um excepcional trabalho de desenho na areia.
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PROFISSÃO
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Mestra da paisagem “DEI MUITO E AGORA ESTOU RECEBENDO”. O tom era de emoção na fra-
pelos temas Paisagem e Ambiente, Paisagem e Cidade e Paisagem e Arqui-
se proferida pela arquiteta paisagista Rosa Grena Kliass, logo no início da
tetura, todos com projetos em áreas públicas, residenciais, institucionais,
palestra em Florianópolis, onde esteve em abril para o lançamento do li-
rurais e planejamento paisagístico.
vro Rosa Kliass - Desenhando Paisagens, Moldando uma Profissão. Rosa
O reconhecimento de sua contribuição tem sido comprovado não apenas
agradeceu a presença das mais de 300 pessoas e se disse surpresa com o
pelo grande número de publicações em livros e revistas nacionais e internacio-
interesse e com o número de estudantes, professores e colegas da área na
nais, mas também pelos prêmios recebidos no Brasil e no exterior. Em 2005, em
platéia. “Rosa é a mais importante arquiteta paisagística do Brasil. Ela per-
celebração aos 50 anos dedicados à arquitetura paisagística, Rosa foi agraciada
tencente à segunda geração de profissionais brasileiros”, disse o arquiteto
com uma Sala Especial na 6ª Bienal Internacional de Arquitetura, em São Paulo.
André Schmitt, encarregado da apresentação da convidada de honra, a todos
“Fui muito mais drástica na seleção de obras, escolhi apenas nove projetos, foi
que estavam ali para conhecer um pouco dos mais de 50 anos de trajetória
muito difícil. No livro tem uns 40”, disse Rosa em entrevista ao programa.
de Rosa Kliass. Muitos dos projetos urbanos desenhados por ela ilustram
Trajetória
cartões-postais em cidades como São Paulo (SP), Belém (PA), Salvador (BA) e São Luis (MA).
Rosa Kliass formou-se em 1955 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Rosa fez questão de afirmar que a “grande figura de proa” era Burle
da Universidade de São Paulo (USP). Sua trajetória se confunde com o de-
Marx. Ele no Rio de Janeiro e ela em São Paulo, cidade que não soube valo-
senvolvimento do Paisagismo no País. O encanto pela profissão aconteceu a
rizar e respeitar a autoria dos projetos paisagísticos, na sua opinião. A sua
partir do convívio com o professor americano Roberto Coelho Cardozo, que lhe
assinatura está em intervenções como no Vale do Anhangabaú, Avenida Pau-
apresentou a escola californiana.
lista, Parque da Juventude, Praça do Pôr do Sol. O livro lançado pela Editora
Em 1969, Rosa foi para os Estados Unidos conhecer tudo o que existia em
Senac é uma opção para conhecer um pouco da história de seus projetos, o
paisagismo, além dos ícones da época. “Eu fui pra lá depois de ter exercido
que foi realizado e o que deixou de ser feito. A seleção das obras foi dividida
realmente a profissão aqui e ter inclusive penetrado na área de planejamento
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Rosa Kliass esteve em Santa Catarina e compartilhou com os profissionais locais um pouco de sua experiência de mais de 50 anos de trabalho. O programa Missão Casa, da TVCom, fez a cobertura da palestra da arquiteta. Os destaques desta conversa você confere aqui na revista ÁREA.
Rosa Kliass: “temos que batalhar é pelo campo da arquitetura paisagística, pelo sistema todo, tudo tem que estar interligado”. À esquerda, o Parque da Juventude, em São Paulo (2003-2007), um de seus trabalhos mais significativos, premiado na Bienal Internacional de Quito. O projeto nasceu de um concurso nacional para a área até então ocupada pelo complexo penitenciário do Carandiru.
paisagístico. Nós estávamos fazendo os planos das Áreas Verdes da Cidade de
por 12 anos. O trabalho foi contínuo e ele teve capacidade de ação e fez um
São Paulo quando fui descoberta pelos americanos e convidada a conhecer o
trabalho extraordinário de requalificação”, diz.
estado da arte da arquitetura paisagística nos Estados Unidos”, conta.
Em 1976, Rosa, sob influência da universidade e das associações profis-
Esse estado da arte teve influência em seus projetos no Brasil. Rosa co-
sionais americanas, esteve à frente da criação da Associação Brasileira dos
nheceu os repertórios plásticos dos americanos com suas composições vegetais
Arquitetos Paisagistas (ABAP). No mesmo período, lutou pelo aprimoramento
que privilegiam a expressão de formas e texturas das folhas, com ênfase no
do ensino, sobretudo pela regulamentação da arquitetura paisagística no Bra-
cuidadoso desenho de muros, pisos, volumes, pérgolas, espelhos d’água e outros
sil, defendida pela paisagista a partir da década de 1970. Desse momento em
elementos. “Eu vi tudo o que estava acontecendo naquele momento, aqui não
diante, a arquitetura paisagística começou a se desenvolver no Brasil. Foi
acontecia nada”, diz Rosa, completando: “Aqui acontecia Burle Marx”.
uma longa estrada até a sua valorização. “A gente sabe que a profissão está
Planejamento paisagístico
se expandindo. As faculdades hoje são obrigadas a ter uma disciplina, no mí-
O planejamento paisagístico tem lugar de destaque em sua trajetória, com
nimo, de arquitetura paisagística. Além disso, existe uma demanda efetiva de mercado”, opina.
forte atuação desde os anos 1960. Entretanto, Rosa é crítica quando o assunto
Exemplo citado por Rosa são as propagandas em jornais dominicais de
é requalificação urbana. “É uma área dificílima, porque a conscientização da
condomínios em São Paulo. “Sempre tem o nome de um paisagista e alguns,
população e dos órgãos governamentais é muito falha, fraca ainda. Claro que
inclusive, viraram grife. Isso é uma grande vitória”, acredita. Entretanto, a luta
teve reflexo positivo a questão do meio ambiente e da preservação, a partir da
ainda é pela formação específica deste profissional. Ainda temos que batalhar é
década de 1970, mas estamos muito longe de ser realmente um assunto que
pelo campo da arquitetura paisagística, pelo sistema todo. Tem que existir escola
norteie as políticas urbanas no Brasil”, avalia.
para formar este profissional, para formar profissionais de nível médio e mestres
A exceção é Belém (PA), onde a paisagista teve várias obras realizadas. ““Eles tiveram um arquiteto como Secretário da Cultura, que ficou no governo
de obras; tem que ter mercado e produção de mudas, além de um sistema de produção de espaços paisagísticos. Tudo isso tem que ser interligado”, conclui. Nº 4 | ÁREA |
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PROFISSÃO
A palestra de Rosa Kliass trouxe um tema para o debate: paisagismo é atividade exclusiva de arquiteto?
pétalas na A QUESTÃO É POLÊMICA NO MERCADO. O aumento da demanda e a conseqüente
Há oito anos atuando na área, à frente da Jardim & Afins, em Florianópolis, a
proliferação de empresas do setor fortaleceram o ingresso de profissionais de
arquiteta Juliana Castro avalia que a questão se baseia em aspectos sociais,
diferentes formações na área. Entidades defendem a regulamentação da profis-
culturais e até econômicos. “Pouca gente contrata arquiteto para fazer a casa,
são de paisagista de forma independente. Entretanto, de acordo com o Conselho
quanto mais paisagismo”, sentencia. Segundo ela, seus clientes são pesso-
Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), compete ao arquiteto o
as que viajam muito, principalmente para o exterior, e que têm muito acesso
desempenho das atividades relacionadas à arquitetura paisagística, abrangendo
à informação. “As possibilidades de trabalho aumentaram muito entre estes
desde o estudo, o planejamento, o projeto, o ensino, a pesquisa, a fiscalização,
clientes mais exigentes e, também, entre as construtoras, que enxergam os
até a condução de equipe, execução de instalação e manutenção de equipamen-
jardins dos empreendimentos como diferenciais de vendas”, conta Juliana.
to, conforme estabelecido na resolução nº 218, de 29 de junho de 1973.
A formação técnica do arquiteto é imprescindível para este tipo de projeto,
“Paisagismo é uma atividade de ‘concepção arquitetônica do espaço interno
na opinião das arquitetas paisagistas Mariana Regis e Louise Riedtmann. “Um
e/ou externo das edificações que compõem o conjunto de escalas que o ser
arquiteto paisagista irá desenvolver um estudo minucioso dos elementos cons-
humano percebe com seus sentidos’, ou seja, é arquitetura pura. Somente o
trutivos, fauna e flora de entorno, posição solar, ventos, geografia do terreno e
arquiteto tem atribuição e competência para elaborar projetos de paisagismo”,
tipo de solo”. Segundo elas, juntamente com o proprietário, o profissional irá
defende o presidente da seccional catarinense do Instituto Brasileiro de Arqui-
desenvolver um programa de necessidades, incluindo os possíveis efeitos de
tetos (IAB-SC), Jorge Raineski. Para ele, “o amadorismo impera e desespera
moldura – maciço, renque, teto, direcionamento –, e combinações de sensações
a sociedade pelos péssimos resultados”, referindo-se à atuação de leigos
– sombreamento, cheiros, sons, floração, frutificação – , além das opções de de-
na área. O presidente do IAB-SC admite, entretanto, que nada impede que o
cks, esculturas, cascatas, piscinas, mobiliário externo e iluminação cenográfica,
paisagismo seja resultado de uma equipe técnica multidisciplinar. “Principal-
por exemplo. “Local avaliado e programa de necessidades elaborado, o arquiteto
mente quando envolve conhecimento sobre vegetação, que é especialidade de
desenvolverá um planejamento racional de implantação de elementos que aten-
outra profissão. Mas o arquiteto tem autoridade sobre a criação, preservação,
da aos desejos do proprietário e que esteja adequado às características de cada
restauro ou mudança da paisagem”, enfatiza.
área”, acrescentam as sócias da Harmonia Verde, de Florianópolis.
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prancheta Já Juliana, considerada um dos expoentes da nova geração de arquite-
zação dos arquitetos. “Arquiteto não entende de planta”, admite Juliana Castro.
tos paisagistas de Santa Catarina, não considera um problema a atuação de
Por isso, ela buscou especializar-se no assunto ainda durante a faculdade de
profissionais de outras áreas no paisagismo. “Quando comecei neste mer-
Arquitetura, na UFSC. “Cursei disciplinas na Biologia e na Agronomia”, relem-
cado eu me preocupava, mas, depois, concluí que quem nos procura busca
bra. Mais tarde fez mestrado na Engenharia de Produção da UFSC, desenvol-
um diferencial. O que eu faço, um agrônomo não faz”, enfatiza. A arquiteta
vendo uma metodologia para leitura do paisagismo. Porém, ela não considera
destaca que a vegetação, nestes casos, é apenas mais um elemento a ser
que a ausência de disciplinas específicas no curso de Arquitetura seja uma
considerado, assim como a iluminação e as estruturas a serem construídas,
falha da formação. “Precisamos é aprender a projetar. Apenas a formação,
por exemplo. “Projetar grandes áreas – já fizemos inclusive uma de 30 mil m2
independente da profissão, não basta para ninguém. É preciso estar sempre
–, um profissional de outro setor não conseguiria porque não possui noção de
estudando, se aperfeiçoando”, avalia. No caso do paisagismo, diz, além de
espaço, não tem divisão de escala”, completa. Considera-se, ainda, que um
conhecer sobre plantas, é preciso aprofundar-se no estudo de iluminação e
profissional de outra habilitação não poderia projetar pergolados, piscinas ou
impermeabilização, por exemplo.
outras estruturas construtivas, por exemplo, por ser uma atribuição exclusiva de arquitetos.
Entretanto, Juliana considera válida a discussão acerca do tema, principalmente para “defender o consumidor”. “Eu não sou prejudicada se outras pessoas que não tem a mesma habilitação que eu atuam no paisagismo. Eu
Flora, elemento arquitetônico
estudei cultivo de plantas e adubação, e não entraria no mercado sem con-
“O projeto paisagístico baseia-se nos mesmos princípios aplicados na elabo-
disso.”, afirma. Por outro lado, enfatiza: “não basta ser arquiteto para fazer
ração de projetos arquitetônicos: formas, proporções, combinação de cores,
um bom paisagismo”, lembrando que Burle Marx, tido como um dos maiores
texturas e elementos, com o acréscimo de que é composto por elementos na-
paisagistas brasileiros, não era arquiteto por formação; assim como o paulista
turais, que têm seu crescimento considerado desde a concepção”, destacam
Gilberto Elkis, referência da atualidade, que é graduado em Administração de
Mariana e Louise. E esta questão da “arquitetura viva” é que exige a especiali-
Empresas.
dições. O mais lesado é quem contrata o serviço e, muitas vezes, não sabe
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PROFISSÃO
FOTOS: DIVULGAÇÃO
TRANSFORMAÇÃO | Juliana Castro enfrentou um desafio ao assumir o espaço dos jardins na mostra Casa Nova 2007. Era preciso suavizar o grande desnível de 1,80m existente na estrutura, o que ela resolveu intercalando ambientes, interligados por decks de madeira. Na mostra Casa Nova deste ano, Juliana inovou ainda mais: projetou um “jardim seco”, sem plantas, instalado na garagem do prédio – onde não havia iluminação natural –, e que resultou em algo conceitual, de pura arquitetura
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ANTES E DEPOIS | A queda de uma árvore por causa de um vendaval provocou um estrago no jardim desta residência. Os portões e gradeados que delimitavam a área também ficaram comprometidos. Além disso, a linguagem do espaço estava desatualizada e precisava de uma reforma. As arquitetas paisagistas Mariana Regis e Louise Riedtmann desenvolveram o novo projeto. A rampa que leva à garagem foi refeita com a aplicação de blocos de concreto que permitem o plantio de grama e, assim, a absorção da água da chuva. A área de acesso à residência foi marcada com um caminho de bolachas de madeira, ladeado por renque de moréias. Com o novo gradil e vegetação baixa, composta por maciços de moréias brancas e miniagapantus, a horizontalidade da casa foi acentuada e o ipê-amarelo já existente ganhou novo status. Trepadeiras se enroscam na cerca de cabos de aço, emoldurando a casa e garantindo certa privacidade. Este jardim foi criado para ser exuberante o ano inteiro, mas especialmente na primavera, quando os jasmins desabrocham e exalam seu peculiar perfume e o ipê fica completamente florido.
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FORMAS
As peças criadas pelo designer Sergio Fahrer vão além da funcionalidade. Formado pela Musician Institute Of Technology e tendo a música como uma de suas inspirações, Sérgio cria móveis com formas orgânicas, que carregam uma mensagem de alerta pela preservação do meio ambiente e são uma prova de que, com talento, pesquisa e parcerias, é possível inovar em favor da natureza
acordes e O QUE SERIA DE SERGIO FAHRER sem um guardanapo... Nas mais inusitadas situações, quando a inspiração o arrebatava de rompante, ele implorava por este pedaço de papel a quem quer que fosse. Ali, rabiscava os primeiros esboços de peças que vieram a figurar entre as suas mais premiadas. “Assistindo a uma apresentação de tango numa rua em Buenos Aires, apertado em meio à multidão com minha mulher, tive uma visão e pedi: alguém me alcance um guardanapo”, lembra o bem-humorado designer, que fez questão de contar os detalhes dessas curiosidades dos bastidores de sua carreira na palestra que ministrou no dia 11 de junho, na mostra Casa Nova, em Florianópolis. Ele veio a Santa Catarina a convite do Grupo Cassini, revendedor exclusivo de suas peças no Estado. Desta visão na capital Argentina nasceu a chaise Passo Doble, exposta no evento, finalista do prêmio iF Product Design Awards em 2006. A sinuosidade do móvel é uma referência ao movimento da gaita do tradicional ritmo argentino no espetáculo de dança e a base remete aos pés trançados dos bailarinos. A criação, aliás, também revela as origens de Sergio como designer.
A partir do segundo semestre deste ano, as poltronas Glide e Slick es-
Formado pelo Musician Institute Of Technology (MIT), em Los Angeles, EUA, ele
tarão em exposição no Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova Iorque. O
iniciou sua carreira pela arte da Luteria - desenho e construção de instrumen-
convite aconteceu depois que Sergio Fahrer estampou a capa e mais cinco
tos musicais. Com o passar dos anos, especializou-se no design de mobiliário
páginas da revista americana The Robb Repport Colection, considerada a
contemporâneo, de linhas orgânicas, e construiu uma carreira de sucesso, com
bíblia mundial do universo do luxo. E o diferencial de seu trabalho não está
reconhecimento internacional. Ele acumula premiações em Buenos Aires, Nova
apenas no seu criativo traço. Sergio Fahrer é incansável na busca por novas
Zelândia e nos Estados Unidos, além do Brasil, é claro; e tem peças expostas
tecnologias e materiais para desenvolver móveis com menor impacto am-
na Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e na Argentina.
biental. Quando usa madeira, por exemplo, exige a certificação do FSC (Fo-
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FERNANDO WILLADINO/DIVULGAÇÃO
HERMES BEZERRA/DIVULGAÇÃO
Sergio Fahrer apresenta a sua Passo Doble na palestra em Florianópolis. E Espaço Nova York da Mostra Casa Nova, com destaque para as poltronas Glide e Slick, ampliadas abaixo. O ambiente foi projetado pelos arquitetos Marcos Jobim, Silvana Carlevaro e Paola Carlevaro
texturas
rest Stewardship Council), garantindo que é proveniente de manejo sustentável. “A preocupação e a responsabilidade ecológica e social são obrigações de um profissional de design. É assim que faço o meu trabalho. Se a madeira é minha principal matéria-prima, de trabalho e inspiração, ela precisa continuar existindo. Também as pessoas que trabalham comigo, aquelas que fornecem a madeira ou as que constroem o móvel, devem ter uma vida me-
lhor”, argumenta Fahrer. Para ele, é fundamental que as pessoas possam se reconhecer em seu trabalho. “O manejo sustentável é uma alternativa para o Brasil, pois também promove a união de pessoas e comunidades produtivas, o que aumenta a renda familiar e torna mais fortes esses pequenos coletivos de trabalho,” avalia. Dentre as tecnologias inovadoras, Sergio Fahrer orgulha-se de contar que criou a multilaminação de MDF, uma novidade no mundo. “Fui na Duratex e pedi um MDF de baixa espessura. A menor que eles tinham era de 6mm e eu perguntei porque não faziam de 2,5mm. Eles acharam que era loucura, mas quando viram meu projeto... E chegamos numa espessura de 3mm, a mesma
– Mostra Design, criado pelos arquitetos Marcos Jobim, Silvana Carlevaro e
usada para fundo de móveis”, relata. E agora acaba de desenvolver uma téc-
Paola Carlevaro na Mostra Casa Nova 2008.
nica inédita: o uso de fibra de carbono mista – “a mesma utilizada para fazer
Orgulhoso de levar o design brasileiro para o exterior, Sergio Fahrer é ta-
carros de Fórmula 1”, compara. A coleção 2008 que leva a assinatura Sérgio
xativo quando o assunto é tendência: “não podemos endeusar um momento
Fahrer tem 28 produtos desenvolvidos a partir desta nova tecnologia, 18 deles
que acontece uma vez por ano na Itália. É muito bonito o que se faz por lá,
à disposição. Um dos destaques é a poltrona Slick, que ainda recebeu pintu-
mas é muito mais bonito o que fazemos por aqui”, frisou em sua palestra, re-
ra automotiva durante a produção, numa fábrica de carrocerias de carros de
ferindo-se ao Salão do Móvel de Milão, incentivando os arquitetos e designers
corrida. Algumas dessas peças estiveram em exposição no Espaço Nova York
catarinenses a apostarem em seu talento. Nº 4 | ÁREA |
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TENDÊNCIA
Compromisso anual de muitos arquitetos e designers catarinenses, o Salone Internazionale del Mobile di Milano, maior evento de design do mundo, voltou a impressionar este ano. Quase 300 mil pessoas desembarcaram na cidade italiana em abril para conhecer os lançamentos dos expositores de 140 países e para participar de alguns dos 400 eventos paralelos à feira principal. A arquiteta Maria Aparecida Cury Figueiredo foi uma das centenas de profissionais de Santa Catarina que conferiram as tendências apresentadas por lá e, a convite da Revista ÁREA, revela aqui as suas impressões, em texto e fotos.
Milão 32 | ÁREA | Nº 4
Cadeiras Mr. Impossible, de Phillippe Stark:
FOTOS: DIVULGAÇÃO
design e alta tecnologia
“PRIMEIRAMENTE, NÃO PODERIA deixar de falar do complexo construído na ci-
O couro liso e os tramados em couro eram unanimidade para revesti-
dade de Milão para abrigar as inúmeras feiras que acontecem ao longo de todo o
mentos de sofás, pufes, cadeiras e mesas auxiliares. Destaque, também, para
ano: um espaço moderno, amplo e muito bem estruturado. A exposição esteve
os tecidos de linha natural para sofás e poltronas, conferindo uma aparência
dividida em setores: Clássico, Contemporâneo, Design e Escritórios. No Clássi-
despojada do tecido amassado, numa sensação de aconchego e conforto. Os
co, o glamour, a harmonia e a elegância do ouro e dos entalhes estavam em to-
tons de cinza predominam nesses móveis. O colorido é muito pouco presente;
dos os ambientes. Destaque para o sofá Chester, em couro dourado. Os demais
apenas o vermelho aparece em pequenas porções. Nos lançamentos da moda
setores revelaram a primazia da cor branca, presente em todos os espaços, ora
para o verão 2008 – Gucci, Dior, Chanel, Dolce Gabana – preto, branco e ver-
mesclada a detalhes na cor preta, ora a tons de madeira. O vidro e as estrutu-
melho prevalecem, assim como o dourado e o prateado.
ras em aço cromado igualmente repetiam-se em diversos ambientes.
No Design, peças criativas e compactas definiram bem esse segmento.
A alta tecnologia associada ao design garantiu versatilidade aos móveis,
Os materiais mais utilizados nas estruturas eram aço, poliuretano e fibra de
permitindo, através de dobradiças, corrediças e alavancas, abri-los e fechá-los
vidro. Tons fortes de verde, lilás, laranja, vermelho e amarelo, além do branco e
facilmente e, ainda, aumentar ou reduzir suas dimensões, criando soluções únicas
do preto, prevaleceram nesta seção. Destaque para cadeira Mr. Impossible do
e resultando em produtos modernos, leves e atuais, um ponto forte deste salão.
designer francês Philippe Starck, que foi lançamento nesta feira. Em formato Nº 4 | ÁREA |
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TENDÊNCIA
de concha, de forma envolvente, a peça parece voar no ar, já que os pés são de
modulares. Modernas soluções lineares resultam em elegantes combinações
plástico transparente. A cadeira apresenta a primeira aplicação da tecnologia
de aço inox, madeira e vidro, em tons branco e preto no alto brilho, tendência
a laser usada na área do design, combinando conforto e beleza. Mr. Impossi-
revelada em todos os espaços. A composição da cozinha em formato ilha é
ble é a síntese do mais sofisticado design e da mais avançada tecnologia do
muito marcante, unindo a área de trabalho e a mesa de almoço. As coifas, que
trabalho em plástico.
vêm para o centro da cozinha, assumiram um papel estético determinante. A
Enfim, a Eurocucina, evento paralelo que foi a atração do Salão. Os projetos trazem cozinhas contemporâneas, com propostas originais e elementos
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elevada tecnologia associada à solução estética proporciona a criação de um projeto adequado unindo qualidade, praticidade e forma.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Dormitório minimalista, tanto em mobiliário quanto em cores, uma tendência. Abaixo, sofá revestido com tecido de linha natural, cujo efeito amassado confere uma aparência despojada ao móvel; e o Sofá Chester, em couro dourado: tom predominante entre os clássicos. Na página anterior, peças com estrutura em poliuretano, destaques no setor Design
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TENDÊNCIA
As cores de 2009 O COMITÊ BRASILEIRO DE CORES (CBC) apresentou a nova cartela de cores
quais serão as cores que comporão a cartela, o CBC, juntamente com um
2008/2009 durante a 10ª Semana Internacional da Cor, realizada no dia
grupo de profissionais voltados para pesquisas, planejamento e coordenação
18 de março no Museu de Arte de São Paulo, em parceria com a Suvinil,
cromática viajou por diversos países, visitando as principais feiras do setor
Duratex e Schimidt. A designer de interiores Elisabeth Wey, presidente do
para a coleta de dados. Definidas as tonalidades que deverão ser aplicadas
CBC, revelou o resultado do trabalho desenvolvido pelo Centro de Estudos de
em produtos industrializados, o CBC, em conjunto com o Cecal, estuda as ten-
Cor para a América Latina (Cecal), que aponta os padrões e as tendências a
dências regionais e suas aplicabilidades mercadológicas.
serem adotadas em produtos dos segmentos da construção civil, arquitetura e decoração.
Durante o evento, cerca de 100 artistas plásticos criaram obras em painéis de madeira da Duratex e em porcelanas, utilizando o máximo das tonalidades
A Cartela de Cores Cecal é lançada a cada dois anos e tem sido funda-
de cores selecionadas dentre as 26 da nova cartela. Os melhores trabalhos
mental para auxiliar profissionais, especificadores e consumidores na escolha
poderão ser vistos na exposição “Arte e Cor Industrial”, que acontecerá no
das cores que marcarão presença na temporada. Para chegar à definição de
segundo semestre deste ano.
A arte será sempre a base da arquitetura e dos melhores objetos de decoração
AT E L I E R Rua Carlos
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DE
ARTE
Imagem de arquitetura digital Corrêa, frente da 206 NGM (em Consultoria
Pintura a óleo e acrílica, desenho de observação e artístico, mosaicos e reciclagem de materiais e de objetos. Projetos sob encomenda. Cursos para adultos e crianças em todos os períodos. Exposição permanente.
ao estacicionamento do Supermercado Angeloni Beira Mar) - Agronômica - Florianópolis Fone (48) 3333 7571 | betinhatrevisan@hotmail.com
AS TONALIDADES
A nova cartela traz 26 cores divididas em quatro grupos. Conheça*
Ecotom
MAXImini
Os tons de um Brasil multicolorido foram a inspiração: verdes das matas
Uma estética de excessos para sair da banalidade. Esta tendência ex-
fechadas, azuis das águas cristalinas, amarelo do sol escaldante, ter-
travagante influenciará grandes projetos, visto que está sendo aplicada
racota das terras secas. A “Era do Verde” foi fator determinante desta
em locais marcantes da elite mundial. O conceito: menos rebelião e mais
tendência.
revolta, permitindo viver experiências excepcionais.
Ludis
Neogolden
O comportamento lúdico e sonhador serviu de base para a definição des-
Inspiradas na ostentação e extravagância típicas do Barroco, essas cores
tas cores, de tons fortes e divertidos, com foco no bem-estar.
sugerem a suntuosidade na decoração. A adaptação dessa tendência na modernidade está gerando uma série de novos produtos. O contraste aparece quando o que é moderno e prático não desaparece da rotina.
* As cores aqui apresentadas não atendem fielmente às apresentadas pelo CBC, dificilmente reproduzidas pela impressão gráfica. Solicite a sua cartela de cores 2009 diretamente com o CBC pelo e-mail eemm@uol.com.br ou pelo site www.corcecal.com
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Por Paulo Guidalli
FOTOS: DIVULGAÇÃO
UPNEWS A vanguarda da Arquitetura e do Design no Brasil e no exterior
Público recorde, cenários futurísticos, peças com novas leituras e eventos FuoriSalone confirmaram Milão como a Meca do Design.
Paulo Guidalli comanda um escritório de marketing em Curitiba, desenvolvendo estratégias para empresas de Arquitetura e Design. É colaborador de diversas publicações, entre elas a Revista Área.
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il Saloni 2008
Uma proposta ousada: um emaranhado de tramas e texturas e um
OS SALÕES COMEÇARAM com uma boa notícia: o aumento de 5% no fatura-
choque brusco de cores vibrantes para um quarto de dormir. Na página
mento e 8,4% na exportação, demonstrando a dinâmica da indústria italiana
anterior, moda: a casa italiana Missoni equipando o living com uma
no setor legno-arredamento e revelando um saldo positivo em 2007. “Mas o
roupagem amparada nos cruzamentos do branco com o preto
horizonte permanece incerto”, declarou Rosario Messina, presidente do Cosmit, sociedade organizadora do Salone del Mobile, convidando à cautela. “O aumento dos preços das matérias-primas e, sobretudo, da energia, a crise financeira de muitos fornecedores e a instabilidade atual das Bolsas, são sinais importantes de que não iremos atravessar facilmente o ano de 2008, principalmente em um setor como o do mobiliário italiano, fortemente orientado para a exportação”, argumentou. Diferente dos outros anos, no entanto, os Salões deste ano já estão sendo eleitos como os melhores das últimas edições. O quartel expositivo da Fiera Milano em Rho-Pero retornou com um design puro e sensível. Embora as bases das criações dos cenários e dos ambientes estejam apoiadas nos tons pretos e brancos, as cores primitivas e sólidas se fortalecem. Durante seis dias Milão se transformou no reino do design graças a ampla oferta mercadológica das cinco manifestações, com um número total de 2.440 expositores. Os salões acolheram, numa superfície expositiva de 230 mil metros quadrados, o quinteto feirístico composto pelo Salone Internazionale del Mobile, o Salone Internazionale del Complemento d’Arredo (com 1.426 nomes presentes), a Eurocucina, o novo Salone Uffucio/Bienale Internazionale dell’Ambiente del Lavoro (ex Eimu), o Salone Internazionale del Bagno e o Salone Satellite. E os Salões terminaram registrando um público recorde. As estimativas falam de 348 mil visitantes, 29% acima da edição precedente, dos quais 210 mil eram estrangeiros. Os principais fluxos vieram da Espanha, Rússia, França, Alemanha e dos países do Sudeste Asiático. Percebe-se um interesse particular dos visitantes vindos da América do Sul, agora mais dispostos a abrir seus mercados para os produtos made in Italy. E se a maioria não percebeu, o incremento de público gerou diversas críticas dos organizadores quanto à logística e ao transporte, que ainda prejudica o quarteirão feirístico de Rho-Pero. Mas sejamos condescendentes: são cinco enormes pavilhões que receberam mais de duas mil empresas expositoras. E o grande apelo é o fato da Itália contar com os melhores fabricantes do setor, cujos produtos são reconhecidos em todo o mundo pela qualidade da matéria-prima empregada e do grande conteúdo em design. Nº 4 | ÁREA |
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NO CORAÇÃO DA CIDADE, a via Tortona e o quarteirão Bovisa já são considera-
Pavillion, projetado pelo mesmo Pesci para a instituição milanesa, experimen-
dos os locais com as maiores taxas de concentração de vitrines e de público.
tando o uso do poliuretano expandido na edificação. Ainda na Triennale, era
Na área em torno da estação da Porta Genova ficam as ruas que formam
possível visitar a mostra Daily Design, focada nos eletrodomésticos criados
a Zona Tortona. Este percurso expositivo se caracteriza por uma sinalização
por Antonio Merloni para a marca Ardo. No espaço espositivo BaseB da via
especial, com mapas e catálogos coordenados pela primeira vez pela Design
Lambruschini 36, a Zanotta festejava os 40 anos da poltrona Sacco. No ex-
Partner, um grupo integrado por oito sociedades de serviços e por fábricas
gasômetro da via Giampietrino 24, a Slide apresentou as novas criações assi-
locais e internacionais do setor. Para descobrir este itinerário bastava visitar
nadas por Giulio Cappellini, Flavio Lucchini, Paola Navone e Marcel Wanderes.
o espaço Forcela 5, onde também funciona o quartel general da casa Erme-
Ainda no coração da cidade, o evento chave desta edição dos salões organi-
negildo Zegna, onde, em 2 mil metros quadrados, Paola Lenti apresentava
zados pela Cosmit, foi a Última Ceia de Leonardo na visão do cineasta inglês
sua última coleção, junto com outras marcas internacionais protagonistas do
Peter Greenaway, instalada na Sala delle Cariatidi do Palazzo Reale e que fazia
living público e privado. Enquanto isso, no epicentro da via Tortona, e depois
contraponto a Loggia dei Mercanti, que exibiu também a instalação-evento do
do sucesso no ano passado, acontecia o That´s Design, um evento especifi-
Segno Arte Uffici de Michelangelo Pistoletto. A fundação Cittadellarte explorou
camente dedicado às escolas internacionais, nascido da iniciativa da Domus
o tema Ufficcio Fabbrica Creativa, lançado no SalloneUfficio. E por último, mas
Academy, do Consorzio Poli Design, da Faculdade de Design do Politécnico de
não menos importante, o Green Energy Design tratou de projetos sobre energia,
Milão e da própria Zona Tortona. Mas o quarteirão Bovisa reivindica a própria
design eco-sustentável e eco-compatível promovido pela revista Interni no
centralidade da semana milanesa do mobiliário. O local, onde está a Trinnela
Cortili dell´Universitá degli Studi de Milano. Nestes highliths de uma semana
Bovisa, é o novo pólo de pesquisa, de formação e de cultura da cidade. A
intensa, se juntaram também as iniciativas singulares das fábricas do setor
Triennale Bovisa apresentou este ano uma instalação e uma nova proposta de
da moda, que são sempre interessantes e que contribuem para colocar a ci-
mesa (Fish Table) de Gaetano Pesce, colocada no interior provisório do Pink
dade na ribalta internacional. FOTOS: DIVULGAÇÃO
UPNEWS
Zona Design
Algumas regiões de Milão se caracterizam pelo design e atraem multidões de devotos.
Da natureza: a cadeira Aguapé, desenhada para a italiana Edra, é
Mil e uma noites: Francesco Binfaré criou um pufe multicolorido e multi-
inspirada em elementos da natureza comuns no trabalho dos
funcional (na foto, em primeiro plano). Não importa o espaço ou o destino.
designers brasileiros Campana, que costumam adotar o caminho singular
Serve como repouso, como mesa de centro ou para espalhar almofadas
de expandir um único conceito para criar peças para usos diferentes
e objetos. Já Massimo Morozzi reinterpreta o biombo Paesaggi Italini, que ganha a frieza do aço, enquanto que o gaveteiro do mesmo nome (ao fundo) permite a montagem livre das gavetas
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Tapete Bizâncio em cenário da arquiteta curitibana Karen Camilotti. Ao lado, linha Casa da Le Lis Blanc, em sintonia com as tendências e que deverá atrair a legião de admiradores da marca
Coleção Casa A exemplo das grifes italianas, a brasileira Le Lis Blanc cria a uma linha exclusiva para a casa A exemplo das casas italianas como Missoni, Armani e Versace, para citar algumas, a Le Lis Blanc inaugurou no ParkShopping Barigui de Curitiba, uma megastore de 360 m2, com arquitetura e decoração assinadas pelo paulista Sig Bergamin, para abrigar a linha especial da marca: a Le Lis Blanc Casa. A linha possui mais de 800 itens, como móveis, tapetes, porcelanas, cestarias, vasos, copos, almofadas, talheres, cristais, artigos de mesa e decoração, todos garimpados pelos próprios sócios da marca e trazidos da Ásia. A Le Lis Blanc Casa traz ainda o serviço de entregas e lista de casamentos. Outro diferencial é que os arquitetos poderão solicitar as peças em consignação. A loja comercia-
A vanguarda clássica Artesanais, originais e de vanguarda A Originale nasceu com a premissa de oferecer tapetes de vanguarda endereçados a um público diferenciado que aprecia técnicas e métodos de fabri-
lizará também a linha Aromas, oferecendo aos clientes uma linha de produtos aromatizantes de ambiente, como o calmante e cítrico do alecrim. A linha possui seis itens, como as velas nos tamanhos pequena e grande, extremamente decorativas, que valorizam os ambientes com seu odor e visual, o home-spray, que pode ter seu frasco reutilizado adquirindo o prático refil; o sabonete líquido e a caixinha com seis mini-savons, perfeitos para o lavabo e o mini-coffret que contém o home-spray, à vela e o sabonete em versões mini.
cação associados à durabilidade e elegância. A fábrica, localizada no interior do Rio Grande do Sul, aposta na pesquisa, no desenvolvimento, na edição e produção de tapetes, com novidades em materiais, técnicas e design, e investe no treinamento contínuo das equipes de criação e execução. As primeiras coleções colocadas no mercado já atenderam a expectativa dos profissionais de interiores. A filosofia da marca não é apenas lançar tendências, mas fazer com que as pessoas morem melhor, com tapetes sofisticados, que agradem a todos os sentidos, e com idéias criativas que preencham com energias positivas os locais de morar e trabalhar. Nº 4 | ÁREA |
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QUEMFAZ
simpli Texto: Simone Bobsin Fotos: Divulgação
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Os temas podem ser os mais variados. Urbanismo, projetos arquitetônicos, culturais, planejamento, universo acadêmico. A resposta, sempre fundamentada, vem de forma emocional. Quem escuta, e não é da área, recebe uma aula clara e objetiva; no entanto, jamais sem paixão. É esse sentimento que move o arquiteto André Schmitt, referência em arquitetura em Santa Catarina e dono de uma sábia simplicidade. Talvez resida exatamente aí sua sabedoria. O colega Giovani Bonetti ressalta esse traço. “O André se posiciona de maneira igual perante os colegas e está sempre trazendo suas sugestões para discussão na AsBEA-SC [Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura], colocandose sempre como coordenador e nunca como autor único de uma idéia”, diz.
cidade TER ATUADO COMO PROFESSOR ajudou André Schmitt a moldar o perfil de
da Barra – “Prêmio Arquitetura” na Bienal de Olinda/Recife –; o Plano
valorização do coletivo e de respeito aos colegas. Seu olhar sobre a Arquitetura
de Urbanização da Praia de Taquarinhas, em Balneário de Camboriú; e o
não é personalista. Ao contrário, junto à equipe do seu escritório, o Desenho
Plano Urbanístico do Pólo de Desenvolvimento Eco-Turístico-Habitacional,
Alternativo, instalado em Florianópolis, busca parcerias sempre que necessá-
em Paraty, Rio de Janeiro.
rio. Principalmente porque encara os projetos como desafios a serem vencidos,
Mesmo expandindo para outras cidades, é em Florianópolis que o escritó-
utilizando as “armas” mais eficientes em relação à tecnologia e a equipe mais
rio acumula mais projetos. Para André, é um desafio projetar em um município
apropriada ao tipo de trabalho a ser realizado.
que “cerceou o setor de arquitetura e construção depois de um longo período de
A maioria dos projetos assinados pelo Desenho Alternativo é de equi-
exploração urbana desenfreada e sem limites”. “Não existe um equilíbrio, Flo-
pamentos turísticos e hoteleiros. Entre as obras já implantadas, as de
rianópolis está engessada”, desabafa o arquiteto, que critica o engavetamento
maior destaque são o condomínio Canajurê Clube; o Costão do Santinho
do projeto de Urbanização do Aterro da Baía Sul, premiado com o 1º lugar
Resort – premiado pela Revista Expressão Ecologia e selecionado para
no Concurso Público Nacional organizado pelo IAB/SC (Instituto de Arquitetos
as Bienais Internacionais de Buenos Aires e de São Paulo –; e o Costão
do Brasil) e pelo IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis). O
Golf Club, todos em Florianópolis; e o Plano de Ocupação Espacial para
plano, que foi coordenado por ele, previa a reurbanização do Parque Dias Velho,
a Ilha João da Cunha – Etapa Pioneira –, em Porto Belo. Dos que ainda
onde hoje está instalado o terminal rodoviário Rita Maria, e infra-estruturas
estão em aprovação, destacam-se o projeto Náutico/Habitacional Porto
viária, náutica e paisagística. Nº 4 | ÁREA |
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QUEMFAZ
Viagem de estudos
Formado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do
André Schmitt (de pé) e a equipe do Desenho Alternativo. Abaixo, os
Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1969, André escolheu a Ilha de Santa Catarina
folhetos do projeto Roteiros Turísticos da Lagoa, premiado pelo IAB-
para morar depois de um período de residência em Itapema/SC (1972/75), quan-
SC. Na página seguinte, o resort Costão do Santinho e o condomínio
do coordenou as obras da segunda etapa de implantação do Complexo do Hotel
Moradas do Cacupé, que levam a assinatura do escritório
Plaza Hering, em Blumenau, para a Rede Plaza de Hotéis. “Foi a minha formação prática, de canteiro de obra”, conta. A partir de uma viagem de estudos, em 1976, por países africanos, o arquiteto despertou o olhar para o fenômeno da atividade turística e para as diferentes formas de apropriação do espaço. Por outro lado, travou contato com os temas que já inquietavam o mundo: a mudança de paradigmas da questão energética, motivada pela crise internacional do petróleo dos anos 1970, e seus reflexos na arquitetura e no urbanismo. Nessa época, fez um estágio no National Center for Alternative Technology, no País de Galles, onde foi apresentado a práticas pioneiras de tecnologias alternativas para a arquitetura. Ainda embrionárias, tais questões de sustentabilidade hoje fazem parte, de forma indissociável, das discussões dos arquitetos. “Esta viagem marcou, de forma definitiva, dois importantes aspectos incorporados à minha formação e atuação profissional: arquitetura e espaço do turismo; arquitetura e alternativas tecnológicas”, resume.
Formação continuada
Atuação política e cultural
No retorno a Florianópolis, André criou, em 1977, com seu ex-colega de curso
A atitude de agregar e dividir atenções e tarefas também é fruto de seu perfil
de Arquitetura Antonio Aiello, o escritório Desenho Alternativo. Dois anos depois,
político. Durante três anos (1986-1988), o arquiteto foi Secretário de Turismo,
tornou-se professor na UFSC, onde lecionou as disciplinas de Projeto Arquitetô-
Cultura e Esporte de Florianópolis. Entre os vários projetos na área cultural,
nico e de Tecnologia Alternativa no Departamento de Arquitetura e Urbanismo até
destacaram-se a criação e implantação da Fundação Franklin Cascaes e a
1995. “Por incrível que pareça, proferir aulas foi outro complemento na minha
reforma e revitalização de espaços como o vão central do Mercado Público
formação, pois me obrigou a estudar muito mais do que o tempo de faculda-
(espaço Luiz Henrique Rosa), propostos no período de sua gestão. A atuação
de”, lembra André, confirmando a importância da formação continuada do pro-
política estendeu-se também à frente do IAB-SC, como vice-presidente, presi-
fissional arquiteto. No campo do escritório, André e seu sócio seguiram rumos
dente e representante do Conselho Superior.
diferentes. Enquanto Aiello atuava em Porto Alegre com desenho do mobiliário
Por conta da visão de que não há como dissociar a cidade onde se mora do que
e equipamentos, André mantinha-se em Santa Catarina, responsabilizando-se,
é projetado, o “André-cidadão” criou o Plano de Roteiros para passeios turísti-
como titular do Desenho Alternativo, pelos projetos de arquitetura e urbanismo.
cos e Culturais da bacia hidrográfica da Lagoa da Conceição, em Florianópolis.
Em 1979, associou-se ao uruguaio Daniel Ceres Rubio.
O projeto, de 1981, foi premiado pelo IAB-SC e selecionado para apresentação no Congresso Nacional de Arquitetos, na Bahia, no mesmo ano. Seguindo esta linha, recentemente idealizou e organizou a exposição “Destaques das Bienais de Arquitetura”, realizada no Centro Integrado de Cultura, no mês de abril. “A Arquitetura tem que ser vista como uma manifestação cultural”, acredita André, que trouxe para Florianópolis, em 1995, a exposição de arquitetura do mobiliário de Lina Bo Bardi. Para o segundo semestre deste ano, André e o crítico de arquitetura e jornalista Vicente Wissenbach, estão planejando mais uma mostra para a capital catarinense, desta vez sobre a inter-relação de arquitetura e arte.
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Maquete do Aterro da Baía Sul, projeto que ficou em 1º lugar no Concurso Público de Idéias realizado há 10 anos em Florianópolis, mas que está engavetado até hoje. Ao lado, um dos mais recentes trabalhos do escritório: edificação integrante do projeto de Novo Urbanismo da Cidade Universitária Pedra Branca, em Palhoça (SC), premiado na XI Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires, em 2007. Na página anterior, maquete e esboço do Marina Porto da Barra, projeto iniciado em 1989 e não implantado, premiado na Bienal Internacional de Arquitetura de Olinda (PE), em 1992
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QUEMFAZ
André Schmitt é assim, sem meias palavras. Para ele, arquiteto e Arquitetura são agentes de transformação da sociedade. Nesta entrevista exclu siva à Revista ÁREA, ele demonstra seu descontentamento com a desvalorização do desenho urbano. E ressalta: “A produção privada está em grande parte massificada, especulativa ao extremo, a ponto de desqualificar o produto arquitetônico”. Revista ÁREA - Você veio morar em Florianópolis nos anos 70 e teve forte
zado e que concedeu o 1º lugar por unanimidade, está até hoje engavetado.
atuação como secretário Municipal de Turismo e presidente do IAB-SC na
ÁREA - Os trabalhos premiados como o Costão do Santinho Resort, já im-
década de 80. O que mudou na arquitetura nessas últimas décadas?
plantado, e os do Complexo Porto da Barra e Urbanização Aterro da Baía Sul,
André Schmitt - Nestes 30 anos, a cidade cresceu acima da média nacional, tri-
que não saíram do papel, impõem quais desafios ao profissional arquiteto na
plicou sua população e, apesar de ter o seu quadro de profissionais (arquitetos)
construção e planejamento da cidade?
ampliado em 10 vezes, perdeu muito da sua qualidade urbana. Os exemplos mais
André - Não podemos esquecer que, ao propormos um projeto arquitetônico ou
significativos são os da ausência de desenho e tratamento dos espaços públicos.
desenho urbano, não importa a escala, estamos desenhando “trechos da ci-
Não existem mecanismos adequados, nossos Planos Diretores estão defasados
dade”. É importante que os reflexos desta intervenção no meio tenham um ba-
e os organismos responsáveis por este desenho estão totalmente fragilizados e
lanço positivo. No caso específico do projeto Aterro da Baía Sul, nossa proposta
desprestigiados. O IPUF [Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis] tem
foi de reforçar a “centralidade urbana” do centro histórico de Florianópolis,
quase o mesmo número de funcionários do tempo de sua fundação, 30 anos
devolvendo à cidade o contato com o mar, através de uma ‘Praça d’água’ que
atrás. Por outro lado, a produção privada está em grande parte massificada,
revaloriza o seu patrimônio histórico (Mercado Público, Alfândega e Casario
especulativa ao extremo, a ponto de desqualificar o produto arquitetônico.
Colonial), reforçando sua condição de Ilha e cidade marinheira”.
Os ícones arquitetônicos importantes da cidade são os mesmos, e poucos, do
ÁREA - Quais as suas influências na arquitetura?
passado: a Ponte Hercílio Luz, o Mercado Público e a Alfândega, longes do mar
André - As primeiras foram de bons mestres: os professores da Faculdade de
que lhes deu maior significado, e o Palácio Cruz e Souza e a Catedral junto à
Arquitetura (FAU – UFRGS), como Miguel Pereira, Carlos M. Fayet e Emil Bered,
Praça XV. Pior, foram destruídos importantes conjuntos arquitetônicos, registros
para citar alguns nomes, que souberam bem apresentar a arte e o processo
da nossa história, e substituídos por edificações sem a mesma importância.
de projetar, levando em conta os aspectos técnicos, sócio-culturais e estéti-
A cidade carece de referências arquitetônicas contemporâneas qualificadas.
cos que envolvem a produção do espaço arquitetônico. Em segundo lugar, eu
Prédios como os da Assembléia Legislativa, de Pedro Paulo Saraiva e Paulo
diria que foi o hábito de freqüentar a biblioteca e, aprender a ‘ler’ projetos
Mendes da Rocha, ou da Eletrosul, de Fortes/Gandolfi, ou da CELESC e do
em revistas de arquitetura, descobrindo os mestres da arquitetura nacional e
Terminal Rita Maria, de Carlevaro e Brena, são raras exceções e já possuem,
internacional. Sempre me atraíram mais, e seguramente mais me influencia-
quase todos, mais de um quarto de século.
ram, os arquitetos cuja prática de projetos é marcada pela forte relação com
A saudável prática dos concursos de projetos de arquitetura, públicos ou
os valores sócio-culturais e ambientais onde o projeto se insere, tais como:
fechados, foi esquecida. O último concurso público de idéias – do Aterro da
Severiano Porto, Lina Bo Bardi e João “Lelé” Figueiras Lima no Brasil; Solsona,
Baía Sul, já tem 10 anos e, apesar de haver passado por duas etapas de
na Argentina; Barragan, no México; e Charles Correa, na Índia; para lembrar
seleção, sendo a segunda composta por um júri técnico altamente especiali-
alguns nomes de importantes arquitetos ‘terceiro-mundistas’.
48 | ÁREA | Nº 4
“Arquitetura é manifestação cultural. Se assim não for, estaremos somente empilhando tijolos” ÁREA - Uma geração de arquitetos, principalmente em São Paulo, procu-
que o fenômeno da arquitetura se completa. Pois afinal, uma “bela arquite-
rou tratar a arquitetura como fato cultural. Esse conceito você trouxe com a
tura”, não “usada”, não responde para que veio. Seria no máximo uma “bela
exposição do mobiliário da Lina Bo Bardi, em 1995, e agora com a mostra
escultura”. Fiquei surpreso com a premiação de “Projetos Arquitetônicos após
Destaques das Bienais de Arquitetura, ambas realizadas no Centro Integrado
10 anos de sua implantação”, da qual tive conhecimento existir a mais tempo
de Cultura, em Florianópolis. A Arquitetura tem que ser vista de forma mais
na Espanha. Recentemente, na Argentina, o mestre Clorindo Testa foi agraciado
ampla, como manifestação cultural?
com o primeiro prêmio da versão portenha deste concurso com a obra de um
André - Sem dúvida. Se assim não for, estaremos somente empilhando tijolos.
terminal de transporte coletivo, pela “manutenção, no tempo, de suas qualida-
Arquitetura é a resposta às necessidades espaciais, mas também é expressão
des espaciais e de uso”, e ainda “pelo fato do projeto ter irradiado qualificação
de valores estético/culturais de cada tempo e espaço. A arquitetura é, ao mes-
ao entorno, com a pintura que os vizinhos deram às suas casas, em resposta
mo tempo, parte e configuradora da cidade, entendida como a mais importante
ao colorido da obra do autor...”
manifestação cultural do ser humano.
ÁREA - Os arquitetos do escritório Brasil Arquitetura e o americano Steven
ÁREA - A sua intenção com exposições como esta em Florianópolis é formar
Holl acreditam que a arquitetura tem o poder de transformar o modo de viver?
um público crítico?
Você acredita nesse poder?
André - Primeiramente, dentro de limites reais, contribuir para a formação de
André - Sim, sem dúvida. Mas é importante entender que esta transformação
inúmeros estudantes de Arquitetura da cidade e mesmo na alimentação da
pode ser para melhorar ou piorar nossas vidas. Um espaço público qualificado
formação continuada dos profissionais arquitetos que atuam na região. Mas,
- o que não significa luxuoso - pode ser altamente indutor do processo de
ao trazermos a exposição para o Centro Cultural mais importante da cida-
transformação social. Um “evento” arquitetônico ou urbano que nos “emocio-
de, o CIC, onde tradicionalmente participamos de mostras de artes plásticas,
ne e surpreenda” favoravelmente, pode ajudar a elevar a nossa auto-estima, a
apresentações cênicas e cinematográficas ou de música, estamos colocando a
da população de um bairro e até a de uma cidade. Já num espaço deteriorado,
Arquitetura neste mesmo patamar das manifestações artísticas. Conseqüen-
ou carente de significados, acontece o inverso.
temente, ao apresentá-la como produto cultural – vale lembrar que os projetos
ÁREA – Como você vê a questão da formação profissional no Brasil hoje?
expostos foram destacados e premiados em importantes Bienais de Arquitetu-
André - A massificação do ensino de arquitetura, através da proliferação de
ra –, contribuímos para o surgimento de um público disposto a exigir por uma
“escolas” e “cursos”, tem colocado no mercado um contingente de arquite-
cidade com espaços qualificados e com boa arquitetura.
tos com frágil bagagem cultural e profissional. Pautar o ensino de arquitetura
ÁREA - Para onde devemos dirigir o olhar do ponto de vista arquitetônico?
somente pelas demandas de mercado, que é o caso de alguns cursos, é, no
André - A arquitetura “deve nos causar emoções/ surpresa/ espanto...” como
mínimo, desprezar a capacidade do arquiteto – e da arquitetura ser também
diz o mestre Niemeyer, mas é na resposta do “uso”, lembrando Lina Bo Bardi,
agente de transformação da sociedade. Nº 4 | ÁREA |
49
As principais feiras do setor apresentaram resultados animadores para o setor da construção civil e da alta decoração este ano e refletiram o aquecimento nas vendas, compro-
A gaúcha Decde lançou a sua coleção 2008, apresentando as linhas
vado pelo aumento de 8,5% nos últimos doze
Santa Fé, Angolo, Atrium, com mesa, aparador, cadeira, banco e
meses, de acordo com a Associação Nacional
sofá destinados para salas de estar e jantar. Inovou com o funcional
dos Comerciantes de Materiais de Construção.
banco Tappo, com formato inspirado na rolha da garrafa de cham-
A primeira edição da Feira da Abimad – Fei-
pagne, pode ser usado como mesa de apoio, banco ou pufe.
ra Brasileira de Móveis e Acessórios da Alta Decoração -, realizada em fevereiro em São Paulo com 175 expositores, registrou 14 mil vi-
Produzidos em madeira de demoli-
sitantes, do Brasil e do exterior. Os 150 impor-
ção, os móveis lançados pela Velha
tadores presentes participaram do “Encontro
Bahia Móveis – uma das mais tra-
Internacional de Negócios”. E a entidade está
dicionais marcas cariocas – seguem
otimista para a próxima edição da feira, em
a linha contemporânea e trazem
agosto. Na Movelsul Brasil, em março em Ben-
pequenos textos entalhados. Geral
to Gonçalves (RS), os 430 estandes receberam a visita de 34 mil profissionais, vindos de 57 países. O Projeto Comprador, com rodadas de
FOTOS: DIVULGAÇÃO
NOMERCADO
F E I R A S ABIMAD
mente são orações em latim que acabam criando um resultado gráfico surpreendente e original.
negócio entre expositores e importadores, gerou cerca de 12 milhões de dólares em novos negócios. No total, a projeção do Sindmóveis
Ao completar 50 anos de mercado, a Cerâmica Tupy vem se apri-
era de faturamento de 270 milhões de dólares.
morando em objetos de decoração. Na Feira, lançou luminárias,
Também em março, na capital paulista, a Reves-
esculturas, centros de mesa, vasos e coluna confeccionados em
tir contabilizou um público de 40 mil pessoas e
resina de poliéster polida nas mais diversas cores.
131 milhões de dólares em novos negócios, um crescimento de 9, 17% em relação à edição anterior. Já na Semana Internacional da Indústria da Construção e Iluminação em São Paulo (Fei-
Moderno, o mobiliário apresentado pela Mene-
con / Expolux), em abril, 160 mil pessoas con-
golla Móveis e Decoração desmonstrou a evo-
feriram as cerca de duas mil novidades apre-
lução do design da empresa, instalada em Caxias
sentadas pelos 680 expositores – um aumento
do Sul (RS). Destaque para os racks, mesas de
de 40% no público. “Superamos a marca dos
centro e de apoio e aparadores fabricados em MDF
R$ 400 milhões em negócios”, comemorou Jair
laminados com acabamento em laca alto brilho e
Saponari, diretor dos eventos. E a expectativa é
acetinada e lâminas especiais.
grande também para a 6ª edição da Feitintas, que acontecerá entre 17 e 20 de setembro em São Paulo. O setor registrou crescimento de 6,45% em 2007, com um faturamento de 2,76 bilhões de dólares, de acordo com o Sindicato da Indústria de Tintas e Vernizes do Estado de São Paulo. Toda esta movimentação deixa os
A Eleganti Mobili apresentou os móveis produzidos a partir da sua mais nova tecnologia: lâmina de bambu. O design é do arquiteto local Mateus Szomorovszky, que associou a rusticidade típica da indústria, de Joinville (SC), com peças de linhas retas, minimalistas.
empresários confiantes. “Devemos alcançar entre 8,5% e 10% até o final de dezembro”, acredita Cláudio Conz, presidente da Anamaco.
A Kleiner Schein, de Blumenau (SC), levou para a Abimad uma linha de móveis mais contemporânea e peças de decoração produzidas com madeira de eucalipto e MDF.
50 | ÁREA | Nº 4
FEICON
REVESTIR A Ekobe Revestimentos Ecológicos impressionou com o mosaico de
Em seu estande, a Tramontina apre-
de 700 m³/h, motor com três velocida-
casca de coco com acabamento em
sentou a diversidade dos produtos que
des, duas lâmpadas halógenas, filtro de
diversas cores. As peças da linha
fabrica. Entre eles, as coifas/depurado-
alumínio (lavável) com cinco camadas
Aoba Elementos são feitas a partir
res de linhas modernas e alta tecnolo-
e um filtro de carvão ativado incluído.
do reaproveitamento de resíduo agro-
gia. Possuem capacidade de extração
Disponível em 110V ou 220V.
industrial. Disponível em chapas nas dimensões 42x84cm e 42x42cm.
A catarinense Vicqua lançou em São Paulo uma linha de filtros, marcando A Duratex levou para a Revestir sete
FOTOS: DIVULGAÇÃO
seu ingresso no novo segmento. A linha Purifica traz peças para ponto de uso (redução de odores e sabores
linhas e 48 padrões de pisos laminados. Entre as novidades, peças em tons ‘ebanizados’ com veios acin-
desagradáveis da água) e ponto de entrada (redução de particulados da
que toda a água que sai é tratada. O
zentados e outras de textura rústica,
água, como areia, barro e outros se-
elemento filtrante da torneira é des-
levemente entalhada. Destaque para
dimentos). Nos modelos acompanha-
cartável e tem vida útil de seis meses
os novos padrões da linha Design:
dos de torneira, uma das vantagens é
ou seis mil litros.
carvalho provençal e nogueira mel.
A Mosarte, de Tijucas, lançou uma inovadora série: Metamorphose, com telados inspirados no artista gráfico holandês M.C Escher e sua arte matemática. Figuras geométricas se transfiguram com a repetição e a reNada mais de madeira nos telhados. A proposta apresentada pela Jorsil é uma
fletividade. As peças promovem efei-
dósia com vidros e holografias, em
estrutura de aço galvanizado substituindo caibros, ripas, pontaletes e cumeei-
tos tridimensionais de brilho e mo-
sofisticadas peças de junta seca.
ras de madeira. O novo sistema construtivo é formado por perfis aparafusados
vimento por suas formas orgânicas,
Na foto, Senda Ferrugem, vendida no
entre si que formam uma estrutura rígida, porém, leve. Nichos, alçapões, jane-
que unem pedras de mármore e ar-
formato 26,4cmX27cm.
las, boiler, chaminés e outros detalhes arquitetônicos são também atendidos por este sistema. Nos beirais, o aço pode ser pintado eletrostaticamente em diversas cores ou ocultado por um forro.
Craft, Rock e Retrô são as novas linhas de pisos acimentados refra-
HAMILTON PENNA/DIVULGAÇÃO
O revestimento Formiwall foi uma das novidades expostas pela Fórmica. Indicado para ambientes internos, comerciais e residenciais, permite a criação de painéis de diferentes padrões. Pode, inclusive, ser personalizado com fotos, grafismos ou com o logotipo da empresa. É fácil de instalar e pode ser colado diretamente sobre azulejos, alvenaria, cerâmicas, concreto, paredes de gesso acartonado. Na foto, o produto, no padrão bronze, aplicado pela arquiteta Cynthia Pimentel Duarte na Mostra Clássica Design 2007, em São Paulo.
tários da Solarium Revestimentos. Criada pela designer Heloísa Crocco, a Craft apresenta texturas inspiradas nos anéis de crescimento de árvores com peças para áreas internas e externas. A Retro, desenvolvida por Renata Rubim, tem produção artesanal e serve tanto para pisos como para arremates de painéis e contornos de ambientes. Já a linha Rock, assinada por Ana Cristina de Souza Gomes,
Craft (acima), Rock e Retrô
proprietária da empresa, possui três
são as novas linhas de piso da
texturas diferentes, todas remetendo
Solarium Revestimentos
à pedra natural caxambu. Nº 4 | ÁREA |
51
FATOS&FEITOS
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Estações Wharton, agora também disponíveis para residências
Catarinense na Anfacer O empresário catarinense Edson Gaidzinski, Jr., presidente executivo da Eliane S/A Revestimentos Cerâmicos, é o novo
Tratamento de Efluentes
presidente do Conselho de Administração da Anfacer (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimen-
A Wharton Tecnologia Ambiental, que atende
dice de manutenção. A remoção da carga polui-
grandes empresas dos mais variados setores,
dora é feita por meio da depuração biológica das
está oferecendo Estações de Tratamento de
águas residuais de origem orgânica, com índice
Efluentes (ETE) Sanitários também para resi-
que chega a 99%. Podem, ainda, ser adaptadas
dências. Com modelos para atender 10, 20 ou
em embarcações. A Wharton é representada
30 usuários, as ETEs apresentam boa perfor-
em Santa Catarina pela Metaurbana Tecnologia
mance, baixo consumo de energia e reduzido ín-
(metaurbanafpolis@gmail.com).
to). Formado em Ciências Econômicas pela UFSC, com MBA nos Estados Unidos, Edson é representante da terceira geração de acionistas do grupo Eliane.
Exemplo de Design O Centro de Design da Formus não pára de criar.
Papel reciclato foi utilizado nas folhas internas e
E não apenas seus tradicionais e reconhecidos
couro sintético no revestimento e na capa do ca-
móveis, mas também peças exclusivas – e pre-
derno, costurado a mão. Grãos de café torrado fo-
miadas, como o caderno Formus Casa Conceito,
ram esfregados nas bordas do papel para conferir
confeccionado para presentear alguns clientes,
um detalhe envelhecido e um aroma sem igual.
traduzindo os conceitos de sustentabilidade da
Outro elemento adicionado para garantir o ‘design
marca. Pois este ‘relicário’ foi vencedor da 6ª
sensorial’ do projeto, é a folha de abacateiro, que
edição do Prêmio Max Feffer de De-
pode ser utilizada como marcador de página. Ao
sign Gráfico, promovido pela
folhear o caderno, mais surpresas, com os
Suzano Papel e Celu-
19 textos e citações sobre sustentabilidade
lose, no final do ano
impressos aleatoriamente. Os 1.000 exem-
passado. De acordo com
plares produzidos foram confeccionados pela
o designer gráfico Sandrigo
organização não-governamental Instituto da
Vieira, o processo de produção
Terra, com mão-de-obra dos detentos do
remete às antigas técnicas de fabri-
Presídio Masculino de Florianópolis. Recicla-
cação de cadernos e diários.
gem de papéis sociais também!
Salão Design A Mesa Ofício, projetada pelos estudantes Luiza Almeida Barroso e Quenti Vaulot, da Unisul, de Palhoça (SC), foi vencedora na categoria da 11ª edição do Salão Design, realizado em paralelo à Movelsul, considerada a maior feira de móveis da América Latina. Os acadêmicos contaram com a orientação do professor Eduardo Barroso Neto no desenvolvimento da mesa, feita com MDF e acabamento em resina epóxi e com base de tubos de aço dobrado e soldado. “Ofício é inspirada no caos existente no início de um processo de criação, e que logo se ordena e clarifica, dando espaço a algo novo e coerente. A superfície desestruturada do lado esquerdo simboliza o nascimento e ebulição das idéias, a coletânea de informações congruentes ou divergentes que dão espaço à criatividade (no centro da mesa), que por sua vez dá forma às idéias, ordena os pensamentos e resulta em algo ordenado e estável, como o plano horizontal na extremidade direita da mesa”, resumem, poeticamente, os estudantes.
52 | ÁREA | Nº 4
Com exclusividade É dos arquitetos Felipe Schneider e Marcelo Martins da Rosa, do escritório Schneider Martins Arquitetura, o projeto da agência de intercâmbio Global Experience, inaugurada recentemente no centro de Florianópolis. A dupla lançou mão das lapiseiras para criar, não só a ambientação jovem da empresa, mas diversas peças, exclusivas, como os pufes redondos do ambiente de estar, com base em alumínio e revestidos em chenille claro. É deles, também, o banco com traços dos anos 1950, em couríssimo marrom escuro; as quatro mesas de trabalho; a comprida bancada que acomoda publicações e onde foram embutidos os equipamentos eletrônicos; e as luminárias, na área de atendimento, feitas em acrílico e sustentadas por cabos de aço encobertos com as tradicionais mangueiras de metal de chuveiro para um divertido resultado high-tech.
Acrílico para o setor moveleiro
Design catarinense
Quem circulou pela Movelsul, realizada em Bento Gonçalves (RS) em março,
É da LatinDesign, de Florianópolis, o design da
pôde descansar num dos diversos bancos em acrílico distribuídos em pontos
nova coleção de garrafas térmicas da Invicta,
estratégicos da feira pelo Instituto Nacional do Acrílico (Indac). O objetivo era
lançada na Gift Fair, em São Paulo, este ano. As
divulgar o material e estimular a indústria moveleira a utilizá-lo em subs-
decorações incluem as linhas Gourmet (café), Re-
tituição a outros materiais. E há muito mercado. Dados do Indac apontam
gional (chimarrão), Air pot (institucional), Vollare,
que o setor é responsável por apenas 10% do volume de chapas acrílicas no
Favorita, GLT e potes de vidro com temas florais,
Brasil, de cerca de 750 toneladas/ano. Os bancos em exposição na Movelsul
geométricos e grafismos. Huey Jen Lo, criadora
foram projetados por estudantes da Universidade de Caxias do Sul. Confira
das peças, explica que os temas facilitam a per-
algumas vantagens do acrílico: versátil; 50% mais leve do que o vidro; resis-
cepção do conteúdo das garrafas térmicas, com
tente a intempéries e aos raios ultravioleta; e de grande durabilidade - 92%
aplicação de cores e desenhos atuais, modernos
se mantêm ao longo de pelo menos dez anos, conforme o Indac.
e diferenciados que combinam com o ambiente do lar brasileiro.
Tecnologia digital A Real Bordados, de Blumenau, lançou uma linha de roupas de cama para bebê que traz aplicação de tecnologia digital na produção da estamparia. As peças são decoradas com motivos típicos do universo infantil aplicados com tinta atóxica. O sistema, inovador no segmento e sem similar no mercado, garante as características originais do tecido 100% algodão, percal 180 fios, utilizado na confecção das fronhas, lençóis e sobre-lençóis. O mesmo processo pode ser utilizado em tecidos para decoração, inclusive com estampas exclusivas, sob encomenda. Nº 4 | ÁREA |
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O empresário Marcelo Martinez entrega a presidência do Núcleo Catarinense de Decoração à colega Paula Pereira Oliveira comeFOTOS: DIVULGAÇÃO
FATOS&FEITOS
FATOS&FEITOS
Dê vida aos seus projetos.
Missão cumprida! morando resultados. Entre eles, o recorde de R$ 38 milhões movimentados pelo programa de fidelidade em 2008, volume três vezes maior ao registrado há dois anos, quando assumiu a entidade:
Revista ÁREA - Quais as principais conquistas
Marcelo - Sim, há. Já estamos negociando com
desta gestão?
algumas lojas para formatar a regional Sul do Nú-
Marcelo Martinez – Sem dúvida, a expansão do
cleo. Na verdade, não é questão de dar certo ou
Núcleo para outra cidades, saindo da fronteira de
não. Para montarmos uma regional necessitamos
Florianópolis. Seguimos para Balneário Camboriú
de um número mínimo de lojas para torná-la vi-
e Blumenau, ampliando o número de lojas creden-
ável e forte. E como nosso conceito são lojas de
ciadas de 19 para 48, nas três regionais.
alto padrão, sempre há diversos fatores e cuida-
ÁREA – A entidade cresceu também em prestígio.
dos para credenciarmos um negócio.
A que você atribui esta nova realidade?
ÁREA - Com tantos programas de pontuação no
Marcelo – A uma soma de fatores: busca de novas
mercado (entidades, lojas, shoppings), como você
lojas; mudança no modelo de adesão de novos filia-
acha possível garantir a fidelidade dos profissio-
dos; mudança de estatuto, tornando-o mais flexível,
nais?
completo e claro; a criação de uma nova identidade
Marcelo - Não vejo somente e simplesmente
visual, mais leve e jovial. Mas, principalmente, ao
um programa de fidelidade tornar uma entidade
investimento na melhoria do nosso portal para tor-
forte, isso é só um pedaço de um todo. O Nú-
nar claras, rápidas e eficientes as informações para
cleo já tem seu nome fixado no mercado e nossa
os profissionais, demonstrando nossa preocupação
credibilidade não vem ao acaso: são nove anos
com a fidelidade e a segurança, já que nosso princi-
trabalhando com os profissionais. Estar próximo
pal produto é a credibilidade com os profissionais.
a eles, trabalhar e detectar suas necessidades
ÁREA - Em que medida o ingresso de novas lojas na
são a nossa missão para que sejamos cada vez
entidade colabora para o seu amadurecimento?
mais parceiros.
Marcelo - Novas lojas abrem um leque de ofertas de
ÁREA - O Núcleo está profissionalizando sua es-
marcas importantes para o profissional de decora-
trutura?
ção, oportunizando pontuar em segmentos que antes
Marcelo – Sim. O Núcleo cresceu muito e, com
tínhamos carência. Além disso, a soma de novas
isso, temos que ter pessoas contratadas para re-
idéias, com a vinda de novos lojistas, faz cada vez
almente pensar todos os dias nas ações que po-
mais o Núcleo ter um objetivo, uma qualidade e um
demos realizar. Nós, lojistas, não deixaremos de
profissionalismo na prestação de nossos serviços.
estar junto e participar, já que o crescimento do
ÁREA - Sua meta era ampliar o número de regio-
Núcleo veio através de nossos esforços e conhe-
nais da entidade. Há alguma região em prospec-
cimentos, mas não temos todo o tempo para nos
ção? Porque ainda não deu certo?
dedicarmos integralmente.
Fidelidade premiada Numa festa com cara de Oscar, o Núcleo entregou, no dia 8 de julho, os prêmios aos profissionais
personal render
que mais pontuaram nesta edição do programa de fidelidade da entidade. O primeiro lugar geral na categoria Escritório foi conquistado por Robson Nascimento Arquitetos, e pela decoradora Kátia de Menezes Niebuhr na categoria Individual. Ambos receberam 3 mil dólares em créditos de viagem. A vencedora na regional Balneário Camboriú foi Sandra Claumann e, na regional Blumenau,
Maquetes eletrônicas internas e externas.
Arianne Decorações. Da regional Florianópolis, o primeiro lugar ficou também com Robson Nasci-
Visualizações arquitetônicas em 3D.
mento Arquitetos. No total, foram distribuídos 16,6 mil dólares em créditos de viagem, aparelhos
Orçamentos descompromissados.
de Home Theater, DVDs Player, TVs LCD e notebooks.
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54 | ÁREA | Nº 4
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Boa Forma
EXPRESSIVAS
O Cabide em Bambu desenhado por Marcelo de Resende, de Florianópolis, conquistou o certificado Boa Forma no concurso Design da Terra, realizado no final do ano passado em Cuiabá (MT). Tratase da terceira edição do Prêmio Senai de Design, entre artesãos, designers e indústria.
»»O Sebrae, em parceria com a Associação Brasileira de Embalagem (Abre), renovou o Programa de Design de Embalagens, subsidiando em 70% os custos de projetos de design de embalagens para pequenas e microempresas. Em Santa Catarina, a O3 Design, de Florianópolis, foi credenciada
Piso definitivo
para atender as empresas interessadas. As
A Veka do Brasil acaba de lançar no País um piso de
solicitações devem ser feitas diretamente à
PVC expandido para revestimento de decks, bordas
empresa: contato@o3design.com.br.
de piscinas, piers e varandas. Importado dos Estados Unidos, o produto é fornecido em pranchas de
»»A Universidade Regional de Blumenau
14 x 2,5 cm, com 5,90m de comprimento, poden-
(FURB) lançou este ano um curso de Pós-
do ser cortado, serrado, pregado ou aparafusado
graduação Latu Sensu em Arquitetura Sus-
sem a necessidade de ferramentas especiais. De
tentável. Os arquitetos e os engenheiros
superfície antiderrapante, apresenta diversas van-
civis são o público-alvo da instituição para
tagens sobre outros materiais, como facilidade de
o curso, coordenado pelo prof. Amílcar
manutenção, imune a fungos e insetos, resistente à
Bogo, Doutor pela UFSC. As aulas inicia-
umidade e aos raios UV. A empresa oferece o VEKA-
ram em abril e seguem até outubro do ano
deck nas opções branco, cinza azulado e em várias
que vem.
tonalidades semelhantes às da madeira.
»»A Acomac da Região Sul, em comemoração aos seus 10 anos de fundação, lançou o Fábio Matiolli Gonçalves, diretor da Luxaflex; o consultor Sacha Tonelli John, da loja Sollo Pisos, e as decoradoras Maria Luiza Ávila Otte e
Acomac-Card, um cartão de crédito para facilitar as compras nas lojas associadas. O parcelamento poderá ser feito em até 24 vezes. A entidade espera, com a iniciativa, que as lojas registrem um crescimento nas vendas de até 10%.
Káttia Ruzza
Luxaflex Talent As decoradoras Maria Luiza Ávila Otte e Káttia Ruzza ganharam um automóvel Peugeot, super equipado, da Luxaflex. As profissionais de Blumenau foram o destaque máximo do Luxaflex Talent 2007. O programa, destinado a arquitetos e decoradores, reconhece o trabalho e o talento do profissionais desta área.
»»O arquiteto João Suplicy, do Paraná, é o novo presidente do IAB Nacional, eleito no final de maio pelo Conselho Superior da entidade (COSU). O presidente do IABSC, arq. Jorge Raineski, assume como vice-presidente extraordinário da região Sul. Entre as principais propostas estão
Fidelidade
reafirmar como prioridade a aprovação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo
Será encerrada no dia 31 de outubro a 2ª edição do Programa de Fidelidade do Núcleo do Vale, que reúne
(CAU), incentivar a formação de grupos
30 lojas de alto padrão do Vale do Itajaí. Os vencedores serão conhecidos em novembro, na festa de
de trabalho sobre o CAU nas Câmaras de
encerramento das atividades. A presidente da entidade, Kelyne Bins de Marco, está confiante e aposta
Arquitetura do Sistema Confea/Crea, criar
num aumento das vendas em relação à edição anterior. “Sempre que o mercado conversa entre si e,
a “Rede IAB de Sustentabilidade” nos de-
principalmente, trabalha em parceria, o resultado é o crescimento contínuo em todas as direções. As-
partamentos, incentivar e apoiar a implan-
sim, nossa expectativa não poderia ser outra”, afirma. Os prêmios oferecidos aos profissionais que mais
tação da “Lei da Assistência Técnica” para
pontuarem no programa são viagens a Dubai, Mônaco, Las Vegas, Santiago do Chile e Buenos Aires.
projeto, construção e regularização fundiária da habitação de interesse social. Nº 4 | ÁREA |
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MUSEU UNIVERSITÁRIO PROFESSOR OSWALDO R. CABRAL/UFSC
ATELIÊ
Desenho retratando um cruzeiro típico das áreas colonizadas por portugueses. Uma das primeiras providências dos colonizadores era erguer uma cruz para simbolizar a presença cristã. Na cruz concebida por Cascaes, evidenciam-se elementos que remetem ao martírio de Cristo, como os pregos e a coroa de espinhos.
Este ano marca o centenário de nascimento de Franklin Joaquim Cascaes, uma
paulista Cid da Rocha Amaral. Duas décadas depois, com a ‘modernidade e
das maiores expressões da herança cultural açoriana de Santa Catarina. Es-
o progresso’ influenciando a classe artística, “Seo Francolino”, como era co-
critor, pesquisador, folclorista, ecologista e artista plástico, Cascaes teve como
nhecido entre os pescadores, seguia na contramão e partia para a retomada
grande inspiração o folclore, as lendas, as superstições locais e, principalmen-
das tradições seculares da região: resgatou histórias e estórias, e registrou os
te, os “causos” documentados por meio de uma extensa pesquisa feita pelo li-
usos e costumes do povo do litoral catarinense nas mais diversas expressões
toral catarinense, em especial por Florianópolis. Na infância gostava de rabiscar
artísticas. No processo de criação dos presépios, feitos basicamente com barba
desenhos usando carvão e de moldar bonecos em argila, feitos nas tradicionais
de velho, piteira e catuto, e montados sob a lendária figueira da Praça 15 de
olarias, a maioria representando as imagens de santos das igrejas que freqüen-
Novembro, na Capital, Cascaes demonstrou que fazia o possível pela preserva-
tava. E foi aos 20 anos que teve seu talento descoberto, durante celebração da
ção da identidade local. “Tive que recriar o Barroco para poder representar as
Semana Santa em Itaguaçu, onde nascera. Algumas de suas esculturas, que
pessoas do interior da ilha”, dizia. Franklin Cascaes faleceu em 1983, deixando
integravam uma série sobre a Via Sacra, encantaram o professor e escultor
um legado de milhares de trabalhos, entre escritos e de artes plásticas.
56 | ÁREA | Nº 4
A revista ÁREA firmou parceria com o pro-
Mais um Anuário de Arquitetura da Revista ÁREA
a convite do Grupo Cassini. As reservas de espaço
(RBSTV), para garantir ainda mais abrangên-
está sendo preparado. A novidade desta segun-
devem ser feitas até o dia 30 de agosto. O lança-
cia às pautas desenvolvidas pela publicação
da edição está na possibilidade de apresentação
mento será em dezembro. Informações: anuario@
e vice-versa. A convergência das mídias
de projetos em execução em Santa Catarina, por
revistaarea.com.br e (48) 3259.3626.
permitirá aos telespectadores terem acesso
meio de maquetes eletrônicas – uma solicitação
Em tempo: o Anuário de Arquitetura da Revista
a mais informações sobre a matéria assisti-
de muitos profissionais.
ÁREA é dirigido ao consumidor final, destacando
da e aos leitores a complementação de uma
A participação no anuário é por adesão. E para ga-
a importância da intervenção do profissional por
reportagem feita também pelo programa, co-
rantir um maior número de profissionais do interior
meio de textos e fotos. O objetivo da publicação,
mandado pela jornalista Simone Bobsin.
do Estado, foram realizados eventos de apresenta-
produzida pelas jornalistas Letícia Wilson, edi-
_____________________________
ção em Criciúma, em parceria com a Formus, e em
tora da revista, e Simone Bobsin, apresentadora
Joinville, com a Bellacatarina. Ainda estão sendo
do programa Missão Casa (TVCOM), é divulgar a
agendados em Balneário Camboriú e em Blumenau.
excelência da arquitetura produzida no Estado. O
Na Capital foram promovidos dois encontros: um na
lançamento da primeira edição foi realizado em
Evviva Bertolini e outro no encerramento da pales-
fevereiro, na loja Carlos Machado by Luxaflex,
tra do designer Sergio Fahrer, na mostra Casa Nova,
apoiadora do evento. Confira algumas fotos:
FOTOS: GABRIEL PORTELA/REVISTA ÁREA
DIVULGAÇÃO
grama Missão Casa, transmitido pela TVCOM
Promoção AcontecendoAqui A designer gráfico Paloma Gonsalves Ishika-
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NAÁREA
Anuário de Arquitetura 2008
Parceria Missão Casa
wa (foto), de Florianópolis, e a publicitária Melissa Schaucoski Amancio, de São José, foram as vencedoras da promoção realizada pela revista ÁREA em parceria com o portal AcontecendoAqui. Elas foram sorteadas entre os participantes e ganharam assinaturas da revista e um exemplar do Anuário de Arquitetura 2007. _____________________________
Nas bancas A revista ÁREA ampliou a sua abrangência no Estado e está sendo distribuída em bancas de revistas das principais cidades catarinenses.
[1] Parte da equipe do Anuário: jornalista Sandro Guidalli, com o diretor de arte Eduardo Faria e o diretor comercial Cesar Saliés; [2] A arquiteta Juliana Pippi registrou seu depoimento ao Missão Casa; [3] arquiteta Denise Rosatto; [4] arquiteta Beatriz Dequech; [5] Fábio Gonçalves, diretor da Luxaflex, entre os arquitetos Alexandre Kronemberger e Altanir Machado (D), de Criciúma; [6] Os arquitetos Adriano Klein e Margarida Milani; [7] arquiteta Cristiane Passing com Roberto Rita, presidente da AsBEA-SC, entidade apoiadora da publicação; [8] arquiteta Maria Aparecida Cury Figueiredo; [9] Empresário Carlos Machado (D) e os arquitetos Giovani e Taís Marchetti Bonetti; [10] Os arquitetos Claudia e Ronaldo Martins; [11] Os arquitetos Ricardo Fonseca, Dirlene Serrano e Mário Pinheiro (D) com os jornalistas Sandro Guidalli e Simone Bobsin; [12] Arquitetos Anderson e Schussler Anna Maya; [13] A dupla do Studio Domo: os arquitetos Roberto Simon e Emerson da Silva [14] Os arquitetos Paulo Cezar Gobbi e Maria Lúcia Mendes Gobbi; [15] arquiteta Carolina Gobbi Mucelin; [16] arquitetos Osvaldo R. Segundo e Christian Krambeck, do Terra Arquitetura e Planejamento, de Blumenau; [17] arquiteta Marília Ruschel; [18] arquiteto Celso Thomé; [19] arquiteto Nelson Teixeira Netto; [20] Danilo e Joce Holanda, da DWall Revestimentos
Nº 4 | ÁREA |
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ONDEACHAR
ENCONTRE QUEM ESTÁ NESTA EDIÇÃO ABIMAD
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Abreu Jr. – arquiteto
FURB – Univers. Regional de Blumenau
Museu Universitário UFSC
(48) 3224.8595
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(48) 3721.8821
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Gail
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www.gail.com.br (11) 6423-2600
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Núcleo do Vale
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(48) 3257.1845
www.nucleodedecoracaodovale.com.br
Anamaco
Hércules Comércio e Representações
Ouse Iluminação
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www.ouse.com.br (48) 3222.0834
IAB-SC
Pau Canela
www.iab-sc.com.br (48) 3224.4428
(48) 3338.2328
Indac – Inst. Nacional do Acrílico
(48) 3224.7972
Alcides Theiss e Rosane Girardi - arquitetos
www.anamaco.com.br (11) 3151.5822
Artes e Oficios Artesanato www.arteseoficios.net (81) 3468.2000
Bellacatarina www.bellacatarina.com.br (47) 3422.0082
Beto Gebara e Marila Filártiga – arquitetos www.gebaraefilartiga.arq.br (48) 3338.9070
Jimi Haensel – designer
conhecer o Beto Plotagem.
(47) 3348.2144
Primavera Office Greeen www.officegreen.com.br
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Juliana Castro – arquiteta paisagista
(48) 3223.0488
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CBC/CECAL
Juliana Schürmann – arquiteta
www.corcecal.com (11) 3083.3758
www.julianaschurmann.com.br (48) 3733.8133
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Robson Nascimento e Cristiana Bez Delpizzo - arquitetos (48) 3282.9349
Rodrigo Schutz Luiz – arquiteto www.schutzarquitetura.com.br (48) 3246.7797
Kenia Garcia – designer de interiors
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Rosete Cruz – designer de interiores
Cheila Ferlin – designer de interiores
Kleiner Schein
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SCA Móveis
(48) 9628.8353
Cláudia R. Wendhausen – arquiteta www.wendhausenarquitetos.com.br (48) 3223.4666 www.crea-sc.org.br (48) 3331.2000
Cristina Maria da Silveira Piazza – arquiteta www.cmsparquitetura.arq.br (48) 3224.1263
Cristine Ângelo Boing e Fernanda Carlin da Silva – arquitetas www.angeloecarlinarquitetura.com (48) 3234.6009
Darley Voltolini e Rafael Alschinger – arquitetos www.voltolini.com.br (48) 3223.9049
Dcde www.dcde.com.br (54) 4009.3680
Decori Revestimentos Cerâmicos www.decori.com.br (48) 3028.6010
www.duratex.com.br
Ekobe Revestimentos Ecológicos www.ecombrasil.com.br (82) 3355 1128
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LabEEE / UFSC www.labeee.ufsc.br (48) 3721-5184
LatinDesign www.latindesign.com.br (48) 3234.0458
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Schneider Martins Arquitetura www.smarq.blogspot.com (48) 3222.4766
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Lígia Fascioni - designer
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L’oeil Luminárias www.loeil.com.br (11) 3897.8787
Louise Riedtmann e Mariana Regis – arquitetas paisagistas www.harmoniaverde.com.br (48) 9111.2709 / 9918.0768
Luxaflex www.luxaflex.com.br 0800.147148
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Vanessa Andrijic Petro – arquiteta (48) 3225.2529
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