santaremdigital
2014 ● JULHO/AGOSTO/SETEMBRO (TRIMESTRAL) ● NÚMERO 09 ● ANO III ● GRATUITO
U M
D I S T R I T O
C O M
VENHA CONHECER
H I S T Ó R I A
MATA NACIONAL DOS SETE MONTES
GALA
vinhos do tejo
RIBATEJANOS pelo mundo
JOVENS talentos do distrito
editorial Viva o Verão?? Estou a escrever-vos em pleno Verão, mas um Verão distraído, que ainda não percebeu que é Verão…que chove, que troveja, que está cinzento…enfim…um Verão com cheiro de Outono… mas dizem que melhora! Esta época é “nervosa”…são os alunos com os exames, com a ansiedade das notas, são os adultos com as decisões de férias – quando as há – com o trabalho que se quer deixar orientado, é aquela sensação de que alguma coisa se vai passar e que se calhar nem temos tempo para tratar de tudo… Paremos para respirar! Paremos para ler este número da Santarém Digital que mais uma vez nos traz o orgulho ribatejano na sua melhor expressão…vejam por exemplo a Companhia das Lezírias e a Casa-Museu Fundação Passos Canavarro…vale a pena visitar! Não querendo tornar-me repetitiva tenho consciência de que cada vez mais temos que incentivar as pessoas a ter admiração por aquilo que é nosso e a respeitar o legado que recebemos de outras gerações! No outro dia tive uma experiência engraçada com uma amiga que veio almoçar comigo a Santarém e trouxe uma tailandesa de 16 anos que está cá num intercâmbio da AFS, uma associação internacional de intercâmbio de jovens… pois decidimos ir almoçar a um dos restaurantes mais emblemáticos e típicos da cidade de Santarém, a Taberna do Quinzena e foi engraçado ver como ela estava de certo modo pouco à-vontade com a decoração do local, para quem não sabe, resume-se a cartazes e fotografias de corridas de touros…não estava à espera de outra coisa mas achei interessante a minha amiga querer que a tailandesa conhecesse uma cultura tão diferente da dela! Decidimos ir de seguida ao Jardim das Portas do Sol e aí visitámos um museu muito interessante chamado USCI – urbi scalabis centro de interpretação, pouquíssimo divulgado mas de grande interesse e aí pudemos constatar que para uma tailandesa (e de 16 anos) as referências romanas e muçulmanas não dizem nada de nada…nem a época medieval como nós a vivemos! Ela mostrou-se interessada mas a mim parece-me que foi por uma cortesia oriental e nada mais... Fiquei a pensar no quanto importante é para os jovens saberem o que foi a nossa evolução ao longo dos tempos e por isso não me canso de apelar à divulgação e exaltação do que é nosso e que nos define enquanto população!
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Proprietário e Diretor Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt
Editora Cristina Mendes Ferreira cmf@santaremdigital.pt
Redacção Guiomar Fragoso
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Departamento Web / Gráfico lusibrand geral@lusibrand.com
Departamento de Marketing Fátima Meireles marketing@santaremdigital.pt
Paula Fidalgo
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Departamento de Fotografia Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt
Colaboradores Câmara Municipal de Tomar, Companhia das Lezírias, Filipa Serrano Silva, João Pando, António Canavarro Entrevistas Gumelo Tiago Alves Capa Osvaldo Cipriano
Publicidade e feedback: Apartado 38, 2001-901 Santarém Telefone: (351) 934 700 579 Email: revista@santaremdigital.pt Online: www.santaremdigital.com
Boa leitura!
Editora
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MATA NACIONAL DOS SETE MONTES
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CASA-MUSEU PASSOS CANAVARRO
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COMPANHIA DAS LEZÍRIAS
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GALA VINHOS DO TEJO
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GALERIA
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GUITARRA
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JOVENS TALENTOS
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RIBATEJANOS PELO MUNDO
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AQUI NA MINHA TERRA
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Frango com Frutos Secos Gala Vinhos do Tejo Para Todos Gumelo
Tiago Alves
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MATA NACIONAL DOS SETE MONTES Um segredo bem guardado e em estado natural
Aliado a um conjunto monumental Património da Humanidade e a um rio que modela a cidade à sua passagem e ajudou a consolidar o seu centro histórico, Tomar possui um parque natural de 39 hectares, raríssimo em espaço urbano. Três factores que fizeram desta uma cidade única. De facto, destacando-se pela sua riqueza arquitectónica, o conjunto monumental constituído pelo Castelo Templário e pelo Convento de Cristo ganha um realce especial ao ser observado da cidade de Tomar pelo facto de as suas pedras se erguerem sobre uma vasta mancha verde. Eis a Mata Nacional dos Sete Montes. O conjunto de colinas e vales que, sendo harmonioso e suave, não deixava de se mostrar propício a atalaia e resguardo em épocas de frequentes escaramuças, e a nascente do qual cresceu a cidade apresenta vestígios de ocupação muçulmana antes de 4 | santaremdigital
ter sido escolhido pelo mestre D. Gualdim Pais para ali erigir, em 1160, o castelo que seria sede da Ordem do Templo em Portugal. Ultrapassados os anos da reconquista cristã, começou a ser utilizado como espaço de cultivo adjacente, já referido no reinado de D. Dinis como propício para a cultura da oliveira. Na época de D. Manuel I aparece a referência mais antiga que se conhece a um recinto murado no lugar, provavelmente a primeira cerca conventual, resultante da reforma que aquele rei fez na já então Ordem de Cristo. Durante todo o século XVII e até meados do seguinte, a Cerca terá sido exclusivamente local de lazer e recolhimento dos freires de Cristo, transformando-se posteriormente numa quinta da Ordem, mas destacada da própria estrutura do Convento. Extintas as ordens religiosas por D. Maria II, em 1834, os bens foram anexados à Coroa, e posteriormente vendidos em hasta pública.
No Diário do Governo de 9 de Novembro de 1837 é anunciada uma lista de propriedades que serão postas à venda da qual consta a “Cerca do Convento de Cristo, denominada dos Sete Montes, que se compõe de terras de pão, vinha, oliveiras, pomares, hortas, terras de mato; e é toda murada em circunferência.” A Cerca foi adquirida juntamente com a parte sul/poente do Convento, a horta dos frades e a antiga Cerca da Vila, por António Bernardo da Costa Cabral, ministro do Reino e Conde de Tomar. Foi propriedade deste e dos seus herdeiros, que mantiveram a vocação agrícola da quinta até que, em 1936, todos esses bens foram de novo vendidos em hasta pública e comprados pelo Estado. A Cerca foi transformada em campo experimental hortícola pela Brigada Agrícola de Tomar e, em 1938, convertida em Parque Florestal e Jardim Municipal. Para o efeito o Governo encarregou os Serviços Florestais
Fotografia de Osvaldo Cipriano
Fotografia cedida pela C창mara Municipal de Tomar
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e permitiram criar percursos pedestres e interpretativos, levando à descoberta de recantos mágicos como a Charolinha, a Alameda dos Freixos ou a Torre da Condessa. Para quem pretende praticar exercício físico, as condições são também ideais para correr, andar de bicicleta ou desfrutar do Circuito de Manutenção. E os mais pequenos podem contar, para além de locais extraordinários para darem aso às brincadeiras mais imaginativas, e da possibilidade de encontros com animais como os esquilos, com um amplo e divertido parque infantil. Mas uma das grandes novidades que a Mata tem para oferecer em termos de equipamentos é a antiga Casa do Guarda, à esquerda de quem entra, completamente recuperada, e que agora acolhe o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental (CMIA) espaço lúdico e pedagógico, dirigido a todos os públicos, que inclui uma área com informação permanente alusiva à história da Mata Nacional dos Sete Montes; uma área para a realização de ateliês temáticos, workshops, sessões de esclarecimento e exposições temporárias; uma eco-biblioteca e um laboratório. Câmara Municipal de Tomar Fotografia cedida pela Câmara Municipal de Tomar
de Sintra de delinear e plantar a Mata, bem como o Jardim Municipal. Abriram-se novos caminhos e plantaram-se numerosas árvores, sobretudo pinheiros e coníferas, entre o olival existente na antiga Cerca. Os valados e as suas hortas desapareceram dando lugar ao Jardim Municipal. Em 1986, a Mata Nacional dos Sete Montes, como passou a ser designada, foi integrada no Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza, passando, desde então, a fazer parte do nosso património natural classificado. Em Dezembro de 2010, sofreu estragos 6 | santaremdigital
comunicacao@cm-tomar.pt
significativos resultantes do tornado que afectou o concelho de Tomar, e que, no interior da Mata derrubou e danificou grande número de árvores, em particular na vertente Poente. Fragilizada no seu coberto vegetal, sofreu mais alguns danos de intempéries posteriores. Porém, e enquanto a natureza vai fazendo o seu papel de rejuvenescimento, tem vindo também a ser alvo de uma vontade de devolução deste espaço à fruição dos cidadãos e ao aproveitamento turístico, reforçando a sua ligação ao centro histórico e ao Convento de Cristo. Recentemente foi alvo de obras de beneficiação que recuperaram a casa do guarda e as instalações sanitárias
Fotografia cedida pela Câmara Municipal de Tomar
Fotografia cedida pela Câmara Municipal de Tomar
APLICAÇÃO PARA iPHONE Venha descobrir os roteiros disponíveis para visitar na cidade bem como onde pode comer, dormir e sair.
Fotografia de Osvaldo Cipriano
Casa-Museu Passos Canavarro - De Pedro Canavarro à Casa-Museu O único descendente da família Passos Canavarro que nasceu no quarto onde pernoitou Almeida Garrett foi Pedro Canavarro, a 9 de Maio de 1937. Nesta casa de família cresceu, brincou, formou-se, no então Liceu Sá da Bandeira, em Santarém, licenciou-se em História na Faculdade de Letras de Lisboa e em Museologia, no Museu Nacional de Arte Antiga.
Renovador Democrático, Eurodeputado e o primeiro cidadão europeu a concorrer como independente a eleições europeias por Itália, em 1994.
alguém que se transmite pelo seu espaço e pelos objectos que possui, numa simbiose de acções e funções desenvolvidas e que estão presentes no ambiente em causa”.
Considerou que na transição do Século XX para o XXI devia transformar a sua Casa da Família em Casa-Museu, numa abertura e partilha com os outros, tendo em conta que esse espaço, na Alcáçova de Santarém, possui valores Desta Casa partiu para o Japão, onde foi, imanentes, tanto no âmbito da História, como em Tóquio, o primeiro leitor de português, da Política, da Literatura e do Humanismo, regressando a Portugal para leccionar na que devem ser preservados. Daí considerar mesma Faculdade, dedicando-se também que “um Homem percorre o mundo inteiro em aos movimentos associativos de índole busca daquilo que precisa e volta a casa para cultural, tanto em Santarém como em encontrá-lo”. Lisboa. Foi Comissário-Geral da maior exposição realizada, entre nós, em 1983, É nessa óptica, após ter muito viajado pelo sobre Arte, Ciência e Cultura, intitulada “Os país e estrangeiro, que decidiu criar, em 2000, Descobrimentos Portugueses e a Europa do a Fundação Passos Canavarro – Arte, Ciência e Renascimento”, sob os auspícios do Conselho Democracia, visualizada na Casa-Museu, já que da Europa. Posteriormente foi militante, esta torna-se “assim, o teatro da vida, a visão Secretário-Geral e Presidente do Partido do mundo necessariamente fragmentária, de
Com a abertura ao público da Casa-Museu, em 2011, dá-se a “democratização do privado”, em que Pedro Canavarro se torna objecto para o outro que o visita e possivelmente condição da sua própria existência!
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“Estamos a preservar” diz Canavarro, em Dezembro de 2000, “um património que embora pertencente a uma família consideramos que no dealbar do Século XXI deveria ser usufruído por muitos mais, já que fora berço e “espírito do lugar” só para alguns”. Já que “sem a Casa o Homem seria um ser disperso”. Daí este pensamento alicerçar a Casa-Museu Passos Canavarro. António Canavarro
Vice-Presidente da Fundação da Casa-Museu Passos Canavarro
companhia das lezírias
Fotografia cedida pela Companhia das Lezírias
Situada a pouco mais de 40km de Lisboa e fundada em 1836, a Companhia das Lezírias é a maior exploração agropecuária e florestal do País, englobando a Lezíria Grande de Vila Franca de Xira e um vasto território que inclui a Charneca do Infantado, o Catapereiro e os Pauis das Lavouras e de Belmonte. Com uma extensão total aproximada de 18.000 hectares, dentro dos seus limites encontra-se uma das maiores áreas de montado de sobro em mancha contínua de Portugal, extensos arrozais, pinhais, olivais e vinhas. Fotografia cedida pela Companhia das Lezírias
Mas, como a própria palavra lezíria indica, uma vez que deriva do árabe al-jazirâ (“a ilha”), a verdade é que inclui ainda uma ilha, cercada pelos rios Tejo e Sorraia, e um conjunto de zonas húmidas ricas em biodiversidade. Na confluência dos dois rios (Ponta da Erva), desenvolveu-se um inovador projecto de observação de aves – EVOA (Espaço de Observação e Visitação de Aves) –, inaugurado em Dezembro de 2012 e que constitui uma das mais importantes apostas da CL no sector do Turismo. Este território alia a excelência do espaço e uma riquíssima biodiversidade a múltiplas prácticas agrícolas e rurais, reunindo todas as condições para actividades de lazer, pedagógicas, workshops ou meras reuniões de trabalho.
Fotografia cedida pela Companhia das Lezírias
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A Companhia das Lezírias faz criação de capital, fazem da Companhia das Lezírias gado bovino, para a produção de carne um destino turístico de eleição. biológica, tendo actualmente cerca de 3500 cabeças de gado. As visitas guiadas para grupos, os percursos a pé, os passeios de btt, os A criação de cavalos lusitanos é outra das passeios a cavalo (desde uma hora a actividades importantes desta empresa. A três dias), as provas de vinho, as festas origem da Coudelaria data, praticamente, temáticas e uma enorme variedade do ano da fundação, mas só a partir de outras actividades ao ar livre são de 1976 a CL começou a criar, quase complementadas por um conjunto de 12 exclusivamente, animais Puro-Sangue bungalows em madeira, servidos por duas Lusitano e, hoje, a sua Coudelaria não piscinas, o que constitui um dos mais produz outro tipo de cavalos. agradáveis e singulares alojamentos da vasta região ribatejana. A par das actividades agroflorestais e do património natural, é possível descobrir O vinho é hoje um dos grandes um património histórico importante, de embaixadores da Companhia das Lezírias. que se toma consciência, por exemplo, A produção é muito diversificada, mas o através do património construído, como “Tyto Alba”, última marca a ser lançada o setecentista palácio do Infantado ou o no mercado, constitui-se como a grande fortim de S. João Baptista de Belmonte, referência da empresa em termos edificado no século XIII. vitivinícolas (www.tytoalba.pt). Toda esta riqueza ímpar, bem como as potencialidades cinegéticas de todo o seu território e a grande proximidade da PUB
Gala Vinhos do Tejo DISTINGUE MELHORES VINHOS, ENÓLOGOS E EMPRESAS
Tal como os pintores têm o permanente desafio de pintar uma nobre obra com várias paletas de cores, texturas e formas, os produtores de vinhos têm o permanente desafio de fazer grandes vinhos para serem reconhecidos não só no mercado nacional mas também a nível internacional. E na Gala Vinhos do Tejo, organizada pela Confraria Enófila Nossa Senhora do Tejo, em parceria com a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo), a 23 de maio, no Convento de S. Francisco, em Santarém, foram muitos os vinhos galardoados. Mas não só. Foram ainda distinguidas empresas e eleito o enólogo do ano.
Fotografia de Osvaldo Cipriano
Pedro Sereno
eleito enólogo do ano 2013 “Não estava à espera. Mas é com enorme orgulho que recebo este prémio. É o reconhecimento do trabalho e dedicação de uma grande equipa”. Foi assim, que Pedro Sereno da “Encosta do Sobral” – (Tomar) eleito Enólogo do Ano 2013, na Gala Vinhos do Tejo, descreveu o seu galardão. Com 33 anos, Pedro Sereno foi o técnico da região que alcançou no ano passado, o maior número de medalhas em concursos nacionais e internacionais. Detentora de vários galardões, a “Encosta do Sobral”, durante a gala, foi ainda premiada com o troféu Excelência Vinhos do Tejo 2013. Segundo Pedro Sereno também proprietário do projeto “Encosta do Sobral” situada no Outeiro da Serra “este prémio dá-nos força para continuar a trabalhar de forma ainda mais árdua. Nesta empresa, o trabalho, a dedicação e a paixão são ingredientes cruciais para o sucesso”. Oriundo da família proprietária, que há
Fotografia de Osvaldo Cipriano
várias gerações se dedica à cultura da vinha, Pedro Sereno possui um enorme carinho pelos vinhedos pois “é onde tudo nasce. Se a qualidade das uvas não forem boas não há milagre que lhes valha na adega”. Com os olhos postos na inovação e na conquista de outros mercados para uma melhor representação a nível mundial, a empresa “Encosta do Sobral” efetuou um grande investimento no negócio. Construiu uma adega maior e tecnologicamente preparada para novos compromissos. Outra das recentes apostas foi a atualização da imagem, “deveras importante para nos aproximarmos das preferências do
consumidor”, concluiu Pedro Sereno. O projeto aposta num misto de castas nacionais e internacionais. Nos brancos utilizam Fernão Pires, Arinto Malvasia Fina e Chardonay e nos tintos Aragonez, Camarate, Castelão, Touriga Franca, Touriga Nacional, Tricadeira Preta. Quanto às castas internacionais, optaram pelo Cabernet Sauvignon, Syrah e Merlot. A exportação representa 65 por cento da faturação desta empresa que está representada em diversos países, tais como: Angola, Brasil, China, Hong-Kong, Holanda, Macau, Reino Unido e Suíça.
“Quinta dos Penegrais” conquista troféu dinamismo “Conquistar o Troféu Dinamismo Vinhos do Tejo 2013, foi maravilhoso. Faz-nos acreditar ainda mais nas nossas capacidades”, referiu visivelmente emocionado o proprietário da “Quinta dos Penegrais”, António Carvalho Machado. “Há mais de 50 anos que a família Machado se dedica à atividade vinícola. Tudo é feito com a prata da casa. Há muito trabalho. Trabalho, esse, que é feito em equipa e com gosto. E isso ajuda-nos a seguir em frente”, afirmou António Carvalho Machado. A “Quinta dos Penegrais” conta com cerca de 38 hectares de vinha distribuídos por Arruda dos Pisões (Rio Maior) e ainda Manique do Intendente (Azambuja). Nestas vinhas cultivam-se as castas tintas 14 | santaremdigital
Fotografia de Osvaldo Cipriano
Syrah, Alicant Bouschet, Castelão, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Caladoc, mas também as castas brancas Moscatel, Arinto e Fernão Pires. Apesar do seu longo historial na área vinícola, só em 2004 é que a “Quinta dos Penegrais” entrou no mercado com o seu primeiro vinho regional (marca Quinta dos Penegrais) O primeiro concurso da CVR Tejo em que a empresa participou foi em 2008, com uma reserva de 2006. “Conquistámos a medalha
de excelência (acima do ouro). Esta medalha foi surpreendente”, disse António Carvalho Machado com um largo sorriso. Depois desta, outras medalhas já constam no currículo desta empresa familiar (15 de prata, 3 de ouro e 2 de bronze (a nível internacional). Atualmente algum do vinho da “Quinta dos Penegrais” vai para França, Angola, Suíça, Polónia e S. Tomé e Príncipe. A nível nacional o seu maior mercado é o dos Açores, nomeadamente as ilhas de S. Miguel, Flores e Pico.
Fotografia de Osvaldo Cipriano
Medalhas de Excelência
Concurso de Vinhos Engarrafados do Tejo 2014 No âmbito da gala conheceram-se também os vencedores do “Concurso de Vinhos Engarrafados do Tejo 2014”. Foram trinta e oito as medalhas entregues a um total de 18 produtores da região. De realçar a Enoport United Wines de Rio Maior, a Sociedade Agrícola Quinta da Ribeirinha da Póvoa de Santarém e a Adega Cooperativa de Almeirim que foram galardoadas com a Medalha de Excelência neste concurso. O primeiro produtor recebeu esta medalha com o vinho Quinta de São João Batista Special Selection Touriga Nacional Tinto 2010, o segundo com o Vale de Lobos Branco 2013 e o último com o Portas do Tejo Branco 2013. Apesar da confiança na qualidade dos seus produtos, para estas empresas, o prémio foi uma “surpresa”. No caso do Grupo Enoport United Wines, detentor de várias marcas centenárias de vinho, tais como as Caves Velhas, Caves Dom Teodósio, Adegas Camillo Alves, Caves Acácio, Caves Monteiros e Caves Moura Basto, a medalha de excelência neste concurso representou “o reconhecimento de uma grande equipa”. O grupo pauta-se pelos mais rigorosos níveis de qualidade e ao longo do tempo, em particular nos últimos anos, tem vindo a ser reconhecido pela particularidade excecional
dos vinhos que produz, tendo arrecadado várias medalhas em concursos nacionais e internacionais. Só em 2013, os vinhos Enoport somaram 140 medalhas e distinções e nos últimos 3 anos este número ascendeu a 390. O Grupo Enoport United Wines tem sedes não só em Portugal mas também em Angola, China e Ásia. Também para a Sociedade Agrícola Quinta da Ribeirinha da Póvoa de Santarém, “o prémio é um reconhecimento e deixou-nos muitíssimo satisfeitos”, frisou o médico Joaquim Cândido, que em 1995 decidiu seguir as pisadas do seu pai José Cândido, relativamente à produção de vinho. Apaixonado pela vitivinicultura, Joaquim Cândido disse que “esta região possui todas as condições para a produção de vinhos brancos”, acrescentando que o vinho premiado “é um vinho novo (2013) com uma casta predominantemente Fernão Pires e com uma pitada de Arinto”. A Quinta da Ribeirinha possui várias medalhas e exporta para 24 países. Presentemente possui mais de 15 trabalhadores em várias vertentes, nomeadamente na produção (vinha), na transformação (adega), no engarrafamento e embalagem, e nas áreas de gestão e comercialização. Outro dos premiados foi o vinho Portas do
Tejo Branco 2013, da Adega Cooperativa de Almeirim fundada em 1958. Um prémio que para o enólogo Romeu Gonçalves, mostra a “dedicação e esforço da equipa desta adega. Aliás, os vários prémios conquistados pelos nossos vinhos fazem-nos pensar que estamos no caminho certo”. Acompanhado pela enóloga e diretora de qualidade da Adega Cooperativa de Almeirim, Romeu Gonçalves, ressaltou que “criar um vinho é como criar uma criança. Há que acariciar tudo e depois cuidar deles”. O vinho premiado é feito com cerca de 50 por cento de casta Fernão Pires com Moscatel. “É um vinho bastante fresco. Ótimo como aperitivo para o verão ou para pratos de peixes e alguns pratos de carnes menos fortes”, evidenciou o enólogo Romeu Gonçalves. A Adega Cooperativa de Almeirim possui cerca de 2.000 hectares de vinha e a sua capacidade de produção ronda os 23 milhões de litros por ano. Na última década, realizou importantes projetos de modernização na sua estrutura produtiva, tornando-a hoje uma das mais bem equipadas adegas do país. Paula Fidalgo
Técnica Superior de Comunicação Município de Santarém pifidalgo@gmail.com
GALERIA
gala vinhos do tejo 2014 Fotografias de Osvaldo Cipriano
GUITARRA PARA TODOS
João Pando*
ACORDES (II)
Tal como referido no número anterior da revista, vamos continuar com o estudo dos acordes até porque esta é uma matéria sobre a qual muito há a dizer. Depois de termos visto como se formam os acordes fundamentais (tríades), vamos ver como se formam as dissonâncias nos acordes que, não é mais do que adicionarmos outros intervalos à tríade do acorde, por exemplo 6ª maior.
8ª 5ªP 3ªM T
8ª 5ªP 3ªM T
Figura 1 - Acorde de Dó
Figura 2 - Acorde de Dó6
A designação do acorde, além de assumir o nome da fundamental (tónica), assume também o intervalo que lhe é adicionado, neste caso o intervalo de 6ª maior (Lá). Quando nos referimos a acordes maiores, colocamos somente a nota musical que lhe dá origem, ou seja, Dó6 (retirando o M da designação do acorde como no exemplo anterior). Vejamos outro exemplo para dar mais consistência ao conceito.
9ª 6ªM 3ªM T
Neste caso, alterámos na tríade o intervalo de 5ª para 6ªM (Lá) e o intervalo de 8ª para 9ª (Ré). Assim, o acorde assume a designação de Dó6/9.
Figura 3 - Acorde de Dó6/9
Vejamos no caso do acorde de Lá, como facilmente o transformamos em LáM7.
3ª 8ª 5ªP T Figura 4 - Acorde de Lá
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3ª 7ªM 5ªP T Figura 5 - Acorde de LáM7
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Como facilmente se pode verificar, basta retirar meio-tom à 8ª da tónica (Lá bemol) para alterar o acorde. Se retirássemos um tom à tónica ( juntando a nota Sol), iriamos obter o acorde de Lá7. Uma boa prática será a de executar uma qualquer tríade que conheçam e começarem a juntar-lhe outros intervalos, por exemplo: 7M (7ª Maior), #5 (5ª aumentada), e outros. Esta temática dos acordes é muito vasta mas com esta simples explicação espero ter-vos ajudado a olhar para a construção dos acordes de forma mais facilitada. Não se esqueçam de que qualquer questão sobre estes assuntos pode ser enviada para o e-mail aqui apresentado. Boa prática e até ao próximo número.
Exercício 10 Este exercício consiste na execução de intervalos de 3ª sobre a escala de Lá menor. A última nota do 8º compasso (Lá bemol) não pertence à escala mas foi colocada para dar uma entoação mais musical ao exercício. Conselho: utilizem sempre metrónomo na execução dos exercícios, começando de forma lenta e progressivamente aumentando o tempo (incrementos de 5 ou 10 batidas), à medida que forem executando de forma mais confortável (sem enganos). 1
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* joao.pando@santaremdigital.pt santaremdigital | 19
Jovens Talentos
Gumelo
Como surgiu a ideia de criar este negócio? A ideia começou quando João Cavaleiro, biólogo, em 2009 teve acesso a um estudo que demonstrava que os subprodutos do café poderiam ser utilizados como um substrato alternativo para a produção de alguns tipos de cogumelos. Ao interesse que sempre teve pela micologia juntou-se uma ideia que poderia vir a tornar-se um negócio. Após um período de testes e investigação, João falou com Tiago Marques, um designer de comunicação que é seu amigo de infância, para desenvolver a marca Gumelo e a estratégia global de comunicação da empresa e do produto. Rui Apolinário, farmacêutico, envolveu-se pouco depois contribuindo com a sua experiência em desenvolvimento de negócios para criar um modelo de negócio sustentável.
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Quais os produtos que põem à disposição dos vossos clientes?
online em www.gumelo.com. O Pre Gumelo está disponível apenas na loja online.
Neste momento a Gumelo tem dois produtos: o Eco Gumelo, que é o cogumelo gourmet pronto-a-crescer; e o Pre Gumelo, que é o cogumelo gourmet pronto-a-cultivar. O primeiro consiste num produto que permite cultivar em casa, de forma fácil e divertida, cogumelos frescos a partir de borra de café. O Pre Gumelo destina-se a quem quer entrar no processo mais cedo, preparando os seus próprios blocos de produção, desde a sementeira à colheita.
Quais as principais vantagens de vendas online?
De que forma podem ser adquiridos? O Eco Gumelo está disponível em mais de 50 pontos de venda em Portugal, 5 pontos de venda na Bélgica, e através da nossa loja
As principais vantagens são a comodidade e o serviço. É cómodo, tanto para os clientes como para nós, porque pode ser feita em qualquer horário, através de métodos de pagamento como a transferência bancária, o PayPal, e o Multibanco. Muitas vezes os clientes utilizam os serviços de e-banking para fazer o pagamento de imediato evitando deslocações a um terminal Multibanco. O serviço que é prestado tem um leque alargado de vantagens, porque o cliente lida diretamente com o fabricante, fazendo com que exista um suporte contínuo, desde o momento da encomenda até à utilização dos
próprios produtos.
Como foi a aceitação destes produtos? Os nossos produtos foram muito bem aceites, despertando a curiosidade de diversas pessoas, de todas as idades. A vertente ecológica dos nossos produtos é também apreciada por muita gente, e é sinal de mudança que está a ocorrer na sociedade em geral. Cada vez mais o consumidor preocupase com o impacto ambiental das suas escolhas e dos produtos que utiliza.
Quais as expectativas para o futuro? Esperamos crescer para além de Portugal, estando neste momento presentes na Bélgica também. Ainda este ano contamos ter os nossos
produtos disponíveis em Espanha, França e Reino Unido.
Que novos produtos serão lançados brevemente? Este ano será particularmente interessante para a Gumelo porque estamos a preparar vários lançamentos: no início do Verão lançaremos os cogumelos prontos a preparar (mais surpresas em breve), contamos ter uma reposição do Eco Gumelo Citrus, uma edição de Verão do Eco Gumelo, e em Setembro teremos novidades para os nossos clientes de palmo e meio.
expectativa os consumidores e o mercado vão ditando o valor da nossa marca e do nosso projeto. Podemos hoje dizer que a Gumelo é uma marca de referência em Portugal e um projeto pioneiro a nível europeu. As reações ao nosso projeto na Alimentaria Barcelona, uma das maiores feiras internacionais de alimentação, foram muito boas e permitiramnos perceber que temos muito potencial a nível global. Gumelo
Pessoa de contacto: Tiago Marques Telefone: 916 194 319 E-mail: tiago@gumelo.com Website: www.gumelo.com
Pretendem tornar a marca uma referência do ribatejo e não só? Para além da nossa vontade e da nossa santaremdigital | 21
RIBATEJANOS PELO MUNDO
e criado em Santarém, Tiago Alves é Ntourosascido produto da colheita de 1980. Apaixonado por e cavalos, sonhou um dia ser veterinário,
depois engenheiro civil e acabou a trabalhar em informática, isto ainda em Portugal. Em ‘99 migrou para a Covilhã para onde viveu 8 anos, encontrou aquela que viria a ser sua mulher, e pilar essencial nesta longa batalha a que chamam vida. De momento a cozinha é a nova paixão, embora algo forçada.
O que o levou a emigrar? Há já alguns anos que pretendia emigrar. A falta de uma perspectiva de futuro num país com a situação económica de Portugal, levou-me a crer que teria de emigrar para poder vir a construir uma nova família sem ter que depender financeiramente quer da minha família quer da da minha mulher, situação que tem vindo a ser muito comum no nosso país.
Porque escolheu esse país? Na verdade eu não escolhi o país. Tinha uma série de cartas em cima da mesa com vários países entre os quais Alemanha, Angola, Bélgica, Brasil, França, Inglaterra, Suiça. Tudo países cujo dominador comum era a presença de alguém conhecido que me pudesse dar a mão. Casado e com 33 anos já não me sentia muito à vontade para me lançar de cabeça, à aventura, para um qualquer país sem apoio. Aliás, já considero aventura suficiente mudar-me de armas e bagagens para outro país. E assim foi, quando finalmente tinha todas as condições reunidas comecei a apalpar terreno junto das pessoas. Certo dia contactei uma prima em Inglaterra. Quando lhe perguntei se sabia de alguma coisa, em menos de nada respondeu que se eu tivesse disponibilidade imediata me arranjava trabalho. Pode-se dizer que foi o contacto certo no momento certo. Não desperdicei a oportunidade e em menos de 2 semanas estava em Inglaterra.
Como tem sido a sua experiência no estrangeiro? A minha experiência devo dizer que tem sido bastante positiva. Sinto-me bem recebido pela comunidade, quanto mais não seja porque qualquer inglês educado, tratará bem os imigrantes porque é correcto. Qualquer tipo de atitude racista, xenófoba ou discriminatória é altamente criticada. Tento fazer uma vida tanto quanto possível idêntica à que fazia em Portugal, frequento o mesmo café diariamente, os mesmos espaços comerciais, e em alguns locais já nem é preciso pedir, à semelhança de quando vais ao café da esquina na tua rua.
Sente que em Portugal não teria as mesmas condições de vida e oportunidades de sucesso? Claro que em Portugal não teria as mesmas condições
de vida, senão vejamos: em Portugal encontravame desempregado, a viver de subsídios do estado e ajudas familiares e a viver em casa dos mesmos. Mesmo quando trabalhava, os valores recebidos não eram suficientes tendo em conta o transporte e alimentação na deslocação para o trabalho. Em Inglaterra, tenho trabalho, não dependo de subsídios ou ajudas familiares e tenho a minha casa com a renda paga com o dinheiro do meu trabalho. É um país de oportunidades, em que se pode ter um trabalho bem modesto e uma vida acima da média em Portugal. Mais, se trabalhasse na mesma área em Portugal, receberia 1/3 do que aqui recebo, o que não seria suficiente para alugar uma casa, quanto mais constituir família.
Já equacionou voltar para Portugal? Porquê? Voltar a Portugal, em especial a Santarém, estará sempre no pensamento. Foi onde nasci, onde me criei, onde me sinto confortável. No entanto julgo não passar de um sonho que irá esmorecer com o passar do tempo. Faz parte dos meus planos daqui por muitos anos quando a vida estiver feita e a idade da reforma se aproximar. Mas o mais certo é que por essa altura a vontade de voltar a um país onde tudo o que conhecíamos mudou ou acabou irá ser muito pouca. Veremos.
De que mais sente saudades de Portugal? O mesmo que qualquer imigrante de qualquer país, deduzo. Família, amigos e comida. Como qualquer ribatejano de coração também irei ter saudades da tradição do Ribatejo.
aqui na
minha terra Chegou a altura de nos apresentar a sua cidade/vila/aldeia. Este passatempo destina-se a todos aqueles que nos queiram dar a conhecer o local onde residem/nasceram. Consiste na elaboração de um texto no qual nos apresentem o “BI” da vossa terra destacando os seus pontos de interesse, seja a nível histórico, social ou cultural. O artigo também poderá ser ilustrado com fotografias. Em todas as edições iremos escolher o melhor texto que será publicado na revista Santarém Digital. Os textos devem ser enviados para o email revista@santaremdigital.pt Nota: Qualquer pessoa pode participar, não havendo limite de idade. O texto não poderá ultrapassar os 3000 caracteres já com espaços. Os textos não poderão conter referências politico/partidárias nem linguagem imprópria sob pena de ser excluído o texto/excerto em causa.
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