santaremdigital
2013 ● JULHO/AGOSTO/SETEMBRO (TRIMESTRAL) ● NÚMERO 06 ● ANO II ● GRATUITO
U M
D I S T R I T O
C O M
VENHA CONHECER
O CONVENTO DE CRISTO
CASTELO de Almourol
RIBATEJANOS pelo mundo
JOVENS talentos do distrito
H I S T Ó R I A
editorial E não é que já chegou o Verão? Quer dizer…tem dias! Tem dias que sim, parece que estamos como antigamente, com as estações do ano como deve ser…tem outros dias que o tempo parece estar “desorientado”, sem saber para que lado se deve virar, se deve estar sol, se deve chover e sempre, sempre um vento enervante a mexer connosco…
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Proprietário e Diretor Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt
Mas é o que temos e se formos comparar com outros países, Portugal (ainda) é um paraíso para se viver…refiro-me ao clima, claro! Nesta época de férias apetece descansar, preguiçar e ler! E por falar em ler nada melhor que este número da Santarém Digital que nos faz partir em descoberta do Convento de Cristo, em Tomar, maravilha arquitectónica e monumento mágico... A Santarém Digital faz um ano de existência, imaginem...que orgulho! Como o tempo passa rápido! Mas é muito bom contar com uma revista que nos mostra o que temos de melhor na nossa região, que tem a preocupação de não deixar passar o que vai acontecendo por aí, de realçar o que temos na nossa terra e o que acontece aos “nossos”... A Santarém Digital tem a preocupação de apresentar os novos talentos, sempre ligados ao Ribatejo, de contar histórias sobre a nossa região, de relembrar velhas memórias, de manter acesa a tradição... Num mundo de hoje, a parte má da globalização faz com que as regiões sejam “engolidas” por outras com mais visibilidade e cabe a cada um de nós manter o interesse na nossa identidade, na nossa tradição, nas nossas raízes. Em termos de promoção turística o Ribatejo tem desde sempre ficado “entalado” entre Lisboa e o Alentejo e sinceramente aguardo com certa ansiedade o que vai acontecer futuramente, com esta renovação e restruturação no panorama da promoção turística. É por isso muito importante que se mantenham iniciativas como esta e que surjam mais entidades, sejam revistas digitais como esta, revistas impressas ou associações que defendam e promovam a identidade de cada região.
Editora Cristina Mendes Ferreira cmf@santaremdigital.pt
Departamento Web / Gráfico lusibrand geral@lusibrand.com
Departamento de Marketing Fátima Meireles marketing@santaremdigital.pt
Paula Fidalgo
paula.fidalgo@santaremdigital.pt
Departamento de Fotografia Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt
Colaboradores Álvaro Barbosa, Câmara Municipal Vila Nova da Barquinha, Guiomar Fragoso, Humberto Nelson Ferrão, João Oliveira, João Pando, João Silvestre, Paula Fidalgo Entrevistas Fabiana Ahne João Pereira Fotografia da Capa Osvaldo Cipriano
Numa época em que se fala de perda de valores sociais não podemos deixar que se faça uma globalização geral regional em que se perdem não só valores como características tão importantes para a definição de cada região. Vamos continuar o bom trabalho, com consciência e brio! Vamos continuar a dar a conhecer “quem somos”! Boas férias!
Publicidade e feedback: Apartado 38, 2001-901 Santarém Telefone: (351) 934 700 579 Email: revista@santaremdigital.pt Online: www.santaremdigital.com
Editora
Cristina Mendes Ferreira
Sede Rua Ana de Macedo, 9, 4 Esq / 2001-901 Santarém Contribuinte - 224 619 934 / Registo na ERC - n.º 126 248
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O CASTELO TEMPLÁRIO E O CONVENTO DE CRISTO DE TOMAR
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RECEITAS REGIONAIS
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IRMÃS CLARISSAS EM SANTARÉM
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AL-ZULEIQUE
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CASTELO DE ALMOUROL
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BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CALÇADA
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FESTAS E FESTIVAIS
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GUITARRA PARA TODOS
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QUE GARANTIA NOS DÁ UM VINHO CERTIFICADO?
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JOVENS TALENTOS
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MIRACULOSA SANTARÉM
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RIBATEJANOS PELO MUNDO
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GALERIA
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PASSATEMPO
Da missão à contemplação
Em busca do sentimento perdido
Castelo de Almourol
Breve História do Azulejo - Parte III
João Pereira
Fabiana Ahne
Santarém Hotel
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O CASTELO TEMPLÁRIO
E O CONVENTO DE CRISTO DE TOMAR
I - OS TEMPLÁRIOS E O CASTELO DE TOMAR Os Cavaleiros Templários fundaram o castelo de Tomar em 1160. Tomar era então o nome do rio que atravessava o território do castelo de Ceras. É assim que o lugar é enunciado no documento de doação, que D. Afonso Henriques fez aos Templários, de Ceras e do seu termo.
castelo de Tomar. A fortaleza foi construída para acolher duas comunidades distintas: os freires cavaleiros e os habitantes da vila. Dentro da cintura de muralhas que rodeava o cabeço cada comunidade tinha o seu próprio espaço. Este resultava da divisão da área castreja em três recintos; no mais vasto, ocupando a pendente sul do cabeço murado, foi estabelecida a primitiva vila de Tomar. O recinto mais elevado, situado a norte foi destinado para a casa militar dos Templários; este recinto aproveitava os dois colos que constituíam a cimeira do morro para implantar a casa do mestre, a Alcáçova, na eminência a nascente, e o oratório dos cavaleiros, a Rotunda - ou Charola, - no colo situado a poente.
O morro do castelo pertencia a um grupo particular de colinas que circundavam um pequeno mas profundo vale onde corria uma ribeira: a Riba Fria. A cidadela institui-se assim numa unidade de paisagem que logo de início ficou conhecida como o lugar dos “Sete Montes” o qual era formado por um maciço montuoso que descrevia um arco de ferradura em torno do vale. Este, descendo de poente para nascente fazia verter as águas da ribeira no rio de Tomar. No morro do extremo norte Na Torre de Menagem, que a muralha da deste grupo colinar os Templários erigiram o Alcáçova rodeia, encontram-se patentes 4 | santaremdigital
memórias da ocupação do lugar anteriores à milícia do Templo. É o que testemunha a ara votiva romana incorporada na construção; deitada, esta ara ou altar serve de pedra de fundação ao cunhal sul/poente da Torre de Menagem; ostenta a inscrição GENIO MUNICIPI, nome dado à divindade autóctone que, diversa do panteão romano, era cultuada pelos romanos nas terras por eles ocupadas e povoadas, - era o espírito do lugar. Juntamente com o altar ao Génio Municipi, estão dispersas na construção, outras lápides romanas, paleocristãs e visigóticas - ou moçárabes, - testemunhos da vida humana revolvida e da tradição espiritual de que este lugar, desde a antiguidade clássica, já era pródigo. O Terreiro do Castelo, ou Pátio Meão, constituía
Fotografia de Osvaldo Cipriano
o terceiro recinto que, situado na depressão entre os dois colos, separava através de duas cortinas, a casa militar templária e do recinto da vila. Em épocas indeterminadas mas posterior ao tempo de D. Manuel I, foi o terreiro objecto de sucessivos aterros, que ocultaram, do lado do terreiro, a muralha - ou cortina, que fechava internamente o recinto da vila; apenas emerge como sua memória o murete que, a sul, encerra o actual jardim no qual o terreiro foi transformado. Do lado norte deste recinto a antiga cortina que o separava da casa militar, foi perfurada com janelas apalaçadas na época de D. Manuel I, para engrandecerem um paço real que as vicissitudes da História, e a ruína, fizeram desaparecer. A grande cortina que separava o recinto da povoação do terreiro foi, com o correr dos séculos, sofrendo obras com vista a ser transformada no muro que suporta o aterro do terreiro, onde actualmente se encontra o jardim. Nos dias de hoje, a percepção desta muralha é ainda possível ao viajante que
descer ao Parque do Laranjal, - o recinto da antiga vila, - onde poderá longeá-la em grande parte da sua extensão. Apesar dos socalcos de pomares e hortas que trouxeram a este espaço os finais do século XVI, o visitante poderá sentir a memória do burgo primitivo, denunciado numa ou noutra parede, por uma verga de janela ou vão de porta, que o tempo entaipou. Entre dois torreões vêse, no laranjal, a porta da vila que D. Manuel mandou entaipar, no início do século XVI, e que continua a assinalar ao transeunte que ali fora, no dealbar de Portugal, a Villa de Thomar.
Sé, é instituída a Milícia de Nosso Senhor Jesus Cristo. A nova de cavalaria teve o espírito e a regra idênticos aos da ordem do Templo. A sua sede será inicialmente em Castro Marim, para reafirmar a continuidade da missão dos monges guerreiros, na defesa da Fé face ao Andaluz muçulmano.
Quando, em 1312, no seguimento das perseguições do rei francês Filipe IV contra os Templários, a ordem foi extinta, pelo papa Clemente V, os cavaleiros templários foram, em Portugal, poupados ao processo de extinção porque D. Diniz logrou mantê-los, juntamente com os bens da extinta ordem, sob o nome de uma nova cavalaria religiosa, circunscrita ao seu Reino. Assim, em 1319, após alguns anos de negociações com a Santa santaremdigital | 5
II - O CASTELO DE TOMAR E O CONVENTO DE CRISTO Em 1357 o Castelo de Tomar torna-se a sede da ordem de Cristo. Com a dinastia de Avis, o século XV trará modificações à casa templária e à vila murada de Tomar. Em 1417, a pedido de D. João I o Papa designa o terceiro filho do monarca Governador e Regedor da Ordem de Cristo. Torna-se assim o Infante D. Henrique, o primeiro mestre laico da Ordem. Na verdade, investido de poderes enormemente superiores aos que qualquer mestre religioso jamais tivera, este governador e regedor vai proceder a uma série de inovações no seio da ordem. É com o Infante que a Milícia de Cristo vê modificada a sua missão, transformando o Infante os cavaleiros nos navegantes das Descobertas Marítimas portuguesas dos séculos XV e XVI. Por outro lado o Infante reforma espiritualmente a ordem dotando-a de religiosos residentes estritamente praticantes; para o efeito transforma a velha casa militar dos Templários num convento
para o ramo de frades contemplativos que instituiu no seio da ordem de cavalaria. Desse primeiro convento restam dois claustros góticos: o do Cemitério e o das abluções, - dito “das Lavagens” - que avizinham a Rotunda templária, ela mesma transformada por D. Henrique em igreja conventual. Por volta de 1435 o Infante iniciou a restruturação urbana da vila extramuros, entre a colina do castelo e o rio de Tomar. Proveu ao seu povoamento aliciando os moradores do castelo com oferta de talhões na vila nova em escambo das suas casas da Vila da Cerca. Mais tarde, em 1499, D. Manuel I expropriou os últimos moradores do castelo e mandou entaipar a porta da primitiva vila, no castelo, a pedra e cal.
para ocidente, extramuros do castelo, descendo com a construção cerca de 16 metros desde o piso do santuário até a base da colina. Com D. Manuel, a nova entrada no templo é estabelecida a Sul e dedicada a Santa Maria, padroeira da Ordem de Cristo. A primitiva porta da Rotunda, virada a oriente será transformada em janela. Na Charola a simplicidade da arquitectura templária ficará confrontada com a exuberância ornamental e construtiva da nave manuelina, que a continua para poente. O oratório templário e a nave manuelina, constituem uma nova entidade formal enquanto arquitectura sacra.
Em 1510 D. Manuel I, terceiro mestre laico da Ordem de Cristo, ampliou a igreja templária
III – O Convento do Renascimento Quando D. João III se torna rei de Portugal, em 1528, fez uma reforma dramática na ordem de Cristo, suprimindo-lhe o ramo de cavalaria e tentando, em vão, transformar os cavaleiros em simples frades de clausura. A fim de consumar o seu objectivo, construiu um novo e grandioso convento para oeste, extramuros do castelo, em torno da igreja ampliada por seu pai, o falecido rei D. Manuel I.
Fotografia de Osvaldo Cipriano
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Para resolver o problema do acentuado declive do terreno, para o vale da Riba Fria, o arquitecto João de Castilho projecta o novo convento em torno de quatro claustros maiores e um menor, central. O mais imponente de todos eles é o Claustro Principal, contíguo à igreja conventual e flanqueando pelo sul a Nave Manuelina. Refeito após a morte de Castilho por Diogo de Torralva, no estilo maneirista do Cinquecento italiano, este claustro irá receber uma graciosa fonte da lavra de Filipe Terzi, engenheiro do aqueduto conventual. Ladeando a fachada norte da igreja desenvolve-se o amplo Claustro da Hospedaria. A ligar os dois espaços e a confrontar a fachada ocidental da nave manuelina, - a da famosa Janela do Capítulo, - situa-se o pequeno claustro de Santa Bárbara, o qual faz também a comunicação com os aposentos dos noviços, no 1.º andar. Os dois restantes claustros, o dos Corvos, a sul-poente e o da Micha, a norte-poente, encerram os restantes aposentos conventuais. Os espaços domésticos ao nível do rés-do-chão têm a seguinte disposição:
Fotografia de Osvaldo Cipriano
Os aposentos domésticos desenvolvem-se sobre quatro pisos, cada um correspondendo a um estrato funcional. Alguns corpos de construção possuem duplo pé-direito como é o caso do Claustro Principal, o Refeitório dos Professos e o Scriptorium. O piso de 2.º andar encerra, na junção dos claustros, o grande Dormitório dos Professos cujas celas se distribuem ao longo de três extensos corredores que formam uma cruz latina encabeçada por uma preciosa capela onde entrona o Ecce Hommo, numa imagem em terra cota pintada. A fachada sul do convento joanino dá a ver a evolução dos quatro pisos, com o monumental piso das caves a servir de assento à fábrica do convento e cuja fachada com aparelho de pedra imitando a rusticae da vila romana denuncia já o advento do paramento maneirista tão caro ao arquitecto Giulio Romano, um dos iniciadores do Maneirismo. D. João III dotou o convento do seu próprio domínio rústico, ao circundar o grupo dos sete montes com um muro ao longo das cumeadas para que a área cercada fizesse parte do convento. Era a Cerca do Convento de Cristo celebrada nos finais do século XVI por Fernão Álvares Oriente como a Floresta dos Sete Montes na sua novela Lusitânia Transformada:
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Bem junto à ribeira do antigo Nabão, a par de um lugar fresco, a que os seus moradores por justa ocasião chamaram os Sete Montes, porquanto sete montes o rodeiam todo, está uma floresta tão oculta aos olhos dos pastores, que parece que não só à vista mas também aos pensamentos se nega entrada nela.
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entre o claustro Principal e o claustro dos Corvos situa-se o grande refeitório Professos; a cozinha, copas e despensas desenvolvem-se entre os claustros dos Corvos e o da Micha; em torno do Claustro da Micha distribuemse o refeitório dos Noviços, a Casa do Forno, os aposentos para receber os pobres e os enfermos, a Procuradoria para recebimento de rendas e foros. Todo o complexo conventual se desenvolve segundo um eixo nascentepoente que culmina no seu extremo, após o Claustro da Micha, com a Casa das Necessárias, uma obra notável de engenharia sanitária do Renascimento, ainda operacional em meado século XX.
Fotografia de Osvaldo Cipriano
Bem junto à ribeira do antigo Nabão, a par de um lugar fresco, a que os seus moradores por justa ocasião chamaram os Sete Montes, porquanto sete montes o rodeiam todo, está uma floresta tão oculta aos olhos dos pastores, que parece que não só à vista mas também aos pensamentos se nega entrada nela.
Principal, accionada pela água do aqueduto; a Sacristia Nova, no claustro do Cemitério e a Portaria Real, na fachada norte do convento. Após a Restauração da independência de Portugal, em 1640, o novo rei português, D. João IV, restabelece o ramo da cavalaria na Ordem de Cristo com uma original inovação: os novos cavaleiros advêm irmãos religiosos seculares da Ordem. Estes viviam fora do Depois de se ter feito aclamar mestre da convento com as suas famílias e tinham Ordem, D. João III obtém da Santa Sé o direito uma regra especial para a sua vida secular. A de os reis portugueses passarem a exercer missão destes cavaleiros era de lutar contra perpetuamente o cargo de mestres da Ordem Espanha na guerra da Restauração. de Cristo. Nesta ocasião foi construída a grande Por isso, quando Portugal perde a sua Enfermaria e a nova Botica cujos corpos de independência, em 1580, é o rei espanhol construção fecharam o edificado conventual, Filipe II, herdeiro do trono português, que se respectivamente na fachada norte, desde a torna o mestre da Ordem de Cristo. portaria filipina até ao topo nascente onde a enfermaria se conclui com a sala de cirurgia, Da presença da presença filipina no convento - dita a “sala dos cavaleiros” - para a seguir são testemunhos o aqueduto de Filipe II se articular com a Botica, cuja construção se na fachada sul do convento joanino, o qual estende para sudeste até à muralha do antigo percorre uma distância de 6 km para levar paço real, a qual liga com a Alcáçova. a água ao convento; a fonte do claustro
IV – O Monumento Em 1834, com a revolução liberal, as ordens religiosas masculinas foram extintas. Porém D. Maria II mantém a Milícia de Cristo enquanto Ordem honorífica da qual a própria soberana é o Mestre. Muitos dos bens das Ordens extintas foram vendidos em hasta pública pelo governo liberal; outros foram mantidos como monumentos históricos. Em 1835 foram vendidos a Cerca conventual, o recinto da vila antiga, no castelo, e parte dos edifícios do claustro dos Corvos, no ângulo sul poente do convento. Todos estes bens foram adquiridos por um influente político liberal, António Costa Cabral, a quem mais tarde a rainha conferiu o título nobiliário de Conde de Tomar. A adaptação da ala poente do claustro dos Corvos a um palacete neoclássico é o testemunho da arquitectura e do gosto do século XIX. O Conde de Tomar e os seus descendentes ainda aqui viveram por várias gerações.
definitivamente em 1909 aí se manteve até 1993; as construções que rodeiam os pátios dos claustros da Hospedaria e da Micha estiveram na posse de uma companhia da Guarda Nacional Republicana desde o início do século XX até 1935. Outras dependências, nos andares destes claustros, foram transformadas em residências para oficiais militares e funcionários públicos, que abandonaram os locais a partir de 1921 com a vinda para o convento do seminário da Sociedade Portuguesa das Missões Ultramarinas. Finalmente o Estado adquiriu, em 1934, aos descendentes de Costa Cabral, todas as propriedades, rústicas e urbanas, que estes detinham por aquisição ou posse do seu antepassado. O conjunto monumental ficou a partir de então confinado a três actividades distintas: A cultural, animada pela associação local de defesa do património, que entretanto se constituíra, a União dos Amigos As restantes construções do conjunto dos Monumentos da Ordem de Cristo (UAMOC); monumental que eram pertença da Coroa a educativa e religiosa, incluindo o culto na constituíam cerca de três quintos da área igreja conventual, pela sociedade missionária; bruta construída; englobavam os espaços a hospitalar pela instituição militar. castrejos e os conventuais e tiveram diversos e variados destinos. Assim, em No início dos anos 80 a Secretaria de Estado 1876, o conjunto da Enfermaria e Botica, foi da Cultura passa a tutelar a parte cultural e destinado hospital militar, o qual instalado, turística do conjunto monumental e, nos anos
90, dá-se a partida dos locais, primeiro do Seminário das Missões e depois do Hospital Militar. Em Março de 2002 o IPPAR toma posse dos locais da Enfermaria e Botica. A parte urbana do conjunto monumental volta a estar reunida sob a tutela de uma única entidade estatal, ao fim de 165 anos. São sete séculos de história que voltam a encontrar a sua unidade espacial, a qual se desenvolve por cerca de 4,5 hectares de área bruta construída, incluindo as construções castrejas, e cerca de 3,7 hectares de área útil, a maior parte distribuída pelos quatro pisos do convento renascentista, aos quais resta acrescentar a cerca de clausura do Convento de Cristo, de quarenta e cinco hectares – os Sete Montes de Tomar. Álvaro Barbosa
Tecnico Superior do Convento de Cristo
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Irmãs Clarissas em Santarém Da missão à contemplação
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A vida de 10 mulheres cruzou-se “por vontade de Deus”, no Mosteiro da Imaculada Conceição em Santarém. A mais nova tem 67 anos e a mais velha 84. Em comum têm um mesmo desejo: seguir Jesus pobre, sem nada possuir, sem nada reter. “Com passo ligeiro e pé seguro”, as irmãs clarissas, que se distinguem pelo seu hábito castanho e véu preto, são sentinelas vigilantes da oração e da contemplação silenciosa a Cristo.
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Fotografia cedida por Paula Fidalgo
Fotografia cedida por Paula Fidalgo
Paula Fidalgo* No final de uma manhã primaveril, a revista Santarém Digital foi ao encontro das irmãs Clarissas, que deixaram o mundo por terem a palavra “amor” escrita no coração. No Mosteiro da Imaculada Conceição, local idílico, respirase paz e reina o encontro com Deus.
hábito castanho e o véu preto e caminham em silêncio para a capela da igreja, de traça moderna. Em conjunto, ajoelham-se e ficam em contemplação até às oito e meia da manhã, hora do pequeno-almoço. Depois de retemperar forças muitas tarefas as esperam. Arrumar os quartos, tratar da horta, da roupa, A placa “Paz e Bem” centrada no imenso e do jardim e dos animais (ovelhas, galinhas, cuidado jardim dá-nos as boas as vindas e patos e coelhos). Também fazem bordados denuncia a missão destas “servas” de Deus, para fora por encomenda, tal como doces. instaladas há 13 anos nesta quinta, situada numa das encostas da velha Scallabis. A seguir ao almoço têm até às três da tarde para ler ou passear pelos terrenos da quinta. Rezam, trabalham e vivem numa comunidade Sempre em silêncio. Retomam os trabalhos silenciosa, longe dos olhares e dos vícios da de manutenção e as orações, até à hora da sociedade. Outrora, prestavam adoração ao missa, às seis da tarde. São muitos os fiéis Santíssimo Sacramento na igreja do Mosteiro, que assistem. vinte e quatro horas por dia. Mas, hoje, as mazelas próprias das idades avançadas das Durante todo o dia há também sempre uma monjas já não o permitem. A mais nova tem 67 irmã, em regime de turnos, na capela a adorar anos e a mais velha 84. o Santíssimo. A hora de recolher aos quartos é às 10 da noite. Apenas um cruxifico e a Às seis da manhã levantam-se, vestem o imagem da Imaculada Conceição decoram as
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paredes dos dormitórios. Para se inteirarem do que se passa no mundo as clarissas têm televisão e internet. Quanto a jornais e revistas só contactam com os de inspiração cristã.
O amor eucarístico Com a imagem da padroeira do mosteiro – a Imaculada Conceição – ao peito, a Madre Abadessa Maria Emília diz “a nossa vida contemplativa é um dom, é uma graça. Vivemos numa necessidade de ter uma relação muito grande com Deus, e a vida contemplativa cria essa relação permanente de comunhão, seja no trabalho, seja nas horas de oração”. A Madre Abadessa Maria Emília, que o ano passado comemorou 50 anos de vida religiosa, é a mais nova do Mosteiro da Imaculada Conceição e a responsável pela quinta. Natural de Barcelos, Maria Emília entrou para o Convento das Clarissas – Vila das Aves, com 13 anos. Mas o chamamento para Deus aconteceu muito mais cedo. “Tinha 6 anos quando senti uma luz dentro de mim. Desde essa idade que eu dizia que queria seguir a vida religiosa”, recorda. Para trás deixou uma grande família que sempre a apoiou na sua vocação. E que visita quando tem autorização do Bispo de Santarém. “Há pouco tempo fui visitar a minha irmã que é viúva. Estive lá três dias. Deu para ‘matar’ saudades e para descansar. É que aqui há sempre tanto que fazer. Também já saí para ir ao casamento dos meus sobrinhos”, sublinha a religiosa. E adianta: “com a abertura do Vaticano, é-nos permitido sair apesar dos limites. Há quem pense que a clausura é a isolação total. Mas não. É a abertura para o infinito”.
Fotografia cedida por Paula Fidalgo
“Espalho a fé e faço muito postulado através do facebook. Em África não faltam vocações. Há famílias muito pobres e muitos jovens De trato afável a Madre Abadessa comenta que procuram este caminho de fé, este que hoje sente-se por todo o lado uma crise compromisso com Deus”. de vocação. Tanto ao nível das freiras como de padres. O apelo que sentiu aos 6 anos, de Além das tarefas domésticas, a Madre se entregar a Deus, já não é tão habitual. No Abadessa tem ainda a seu cargo as novas entanto, confessa-se esperançosa quanto tecnologias e toda a contabilidade do à chegada de novas irmãs para o mosteiro: mosteiro, pois as ajudas teimam em escassear
dada a conjuntura económica do país. “Não passamos dificuldades porque aprendemos a viver na pobreza e com privações. Todas as semanas tenho que ir às compras. É também preciso comprar muitos medicamentos e pagar consultas médicas dada a idade avançada das monjas. O Banco Alimentar também presta auxílio com a oferta, todos os meses, de um cabaz de bens alimentícios”, relata.
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Uma luz para sociedade Não são muitos os momentos que as religiosas passam fora do mosteiro. “O recolhimento é um meio de proteção à nossa vida interior. O recolhimento protege-nos da dispersão. Ao mesmo tempo, cria todo um ambiente de silêncio, de serenidade, de paz, de fraternidade”, aponta a irmã Isaura de S. José, natural de Turquel.
encanto e detentora de um grande dinamismo, a irmã Isaura diz com firmeza: “O sinal divino foi muito forte. Nasci para ser Clarissa. A alegria, o espírito de fraternidade e de serviço, e o gosto pela oração eram qualidades intrínsecas”. Para trás ficou o curso de educadora de infância e a família.
postiça. Vem de dentro”.
E é com esta mesma felicidade que trata de todo o jardim da quinta. “Sou muito inclinada para a beleza, para a arte. As árvores, as flores têm alma. São lindas”, diz com um sorriso contagiante. E remata: “precisava era de ter mais dois braços para dar conta da Sublinha ainda: “não trocava a vida jardinagem”. Tem 76 anos. “É feliz?” Responde, quase sem contemplativa por coisa nenhuma. Estou aqui pensar, com outra pergunta: “Não se nota?”. por amor e em louvor à presença do Corpo e Com uma linguagem espiritual cheia de Sangue de Jesus. A minha felicidade não é
Fotografia cedida por Paula Fidalgo
Um mosteiro que acolhe O portão do Mosteiro da Imaculada Conceição está sempre aberto. Ao contrário do que se possa pensar por se tratar de um mosteiro de clausura, são muitas as visitas de pessoas de fora ao longo do dia e ao fim de semana. Todas procurando apoio espiritual. “Somos muito procuradas por pessoas de todas as idades que querem desabafar, que querem ouvir a nossa palavra, que querem estar connosco”, sublinha a Madre Abadessa Maria Emília. E a porta das Clarissas nunca se fecha. “Seja a quem for”. “Há casais que renovam aqui 14 | santaremdigital
connosco o seu casamento”, exemplifica a religiosa.
grupos organizados, paróquias ou catequistas e as suas crianças. Nestes momentos toda a comunidade das religiosas se reúne para Com as novas tecnologias, ultimamente dar as boas vindas “os convívios são sempre também recebem pela Internet muitos lindos e fraternos, de parte a parte”. pedidos de orações. E nenhum é recusado: “o * Técnica Superior de Comunicação Mosteiro da Imaculada Conceição é um coração Câmara Municipal de Santarém aberto para todas as lutas, alegrias e vitórias pifidalgo@gmail.com e sofrimentos”, garante Maria Emília. Além de pessoas a título individual, as Clarissas de Santarém acolhem também
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Fotografia de Osvaldo Cipriano
CASTELO DE ALMOUROL Elevando-se no meio do Tejo, entre a Vila Nova da Barquinha e a freguesia de Praia do Ribatejo, o Castelo de Almourol é o ex-libris do Concelho. A originalidade do local onde foi edificado torna-o alvo das mais variadas lendas envolvendo-o numa auréola misteriosa.
Egitânea. No entanto, a tese que parece ter mais consistência é a do Dr. Leite Vasconcelos que faz derivar o topónimo de “moura” ou “mouro” com significado de “pedra alta”.
que nos conduz à parte central da edificação. As largas muralhas que nos envolvem são servidas por uma escadaria de pedra que dá acesso ao coroamento da muralha.
Seja qual for a etimologia de Almourol, o que parece certo é a sua origem romana. Esta opinião é fundamentada pela diferença de construção entre as bases e o restante corpo do edifício, e também por alguns vestígios arqueológicos encontrados nas escavações feitas na ilha.
A nossa atenção prende-se principalmente na Torre de Menagem que se ergue altiva nesse recinto.
Cercado pelas águas do rio, destaca-se num maciço granítico de uma ilhota do Tejo. É um afloramento com a altitude de 18 metros sobre o nível de estiagem, com 310 metros de comprimento e 75 de largura máxima. À sua volta tufos de vegetação completam o deslumbrante quadro paisagístico. As características arquitectónicas da construção são muito semelhantes às A fortaleza foi reconstruída por Gualdim Pais, fortalezas medievais existentes no nosso mestre da Ordem dos Templários, em 1171. país: dois recintos comunicantes rodeados por muralhas encimadas de ameias e alcançadas A singular localização do Castelo serviu de através de um pavimento para os guerreiros, inspiração a poetas e romancistas. Várias dez torreões com seteiras e ameias e uma lendas correm em romances e livros de torre de menagem no segundo recinto. cavalaria, ligadas a esta fortaleza. Detenhamo-nos agora a observar o traçado Francisco de Morais, na crónica de Palmeirim do edifício. Por um carreiro escarpado de Inglaterra situa ali o rapto das princesas atingimos a entrada principal, uma porta Polinarda e Miraguarda, e o combate entre o entre dois torreões semicirculares. Por Palmeirim e o Cavaleiro Triste. cima do arco da porta encontra-se uma inscrição em duas pedras rectangulares de Com os Castelos de Ceras (Tomar), do Zêzere calcário branco. Nessa lápide se menciona o e da Cardiga constituía um dos Baluartes da obreiro da reconstrução e o ano em que foi cintura defensiva do Tejo. Era por conseguinte efectuada. Transposta esta porta, pode-se um elemento de grande importância ver numa das ombreiras do lado interior uma estratégico nos tempos conturbados da pedra dum monumento sepulcral romano. É Reconquista Cristã. um cipo trazido provavelmente das ruínas da antiga Nabância, junto a Tomar, quando A origem do nome Almourol tem levantado Gualdim Pais iniciou as obras de reconstrução várias conjunturas. Este topónimo aparece- do Castelo. No interior do espaço murado nos escrito nas seguintes variantes: Almoriol, reparamos nos vestígios das várias divisões Almourol, Almorol, Almourel, Almoirel. Alguns do castelo. É neste terraplato inferior que autores relacionam a designação com Moron, se situa a paterna ou porta da traição. Junto cidade citada por Estrabão e por este situada dela parece ter existido um poço actualmente nas margens do rio Tejo. Outros afirmam que cheio de entulho, que serviria para obter água. o nome está associado a Muriella, nome que Prosseguindo, chegamos a outra porta servida surge na descrição dos limites do Bispado da por degraus e encimada por uma inscrição e
Acima da janela vê-se a cruz patesca que foi primitiva insígnia adoptada pelos Templários. A Torre quadrangular é servida por uma escada de madeira, uma vez que a porta de entrada dista do terreno 2,8 metros. Subindo os três pisos que constituem a torre atingimos o topo, actualmente de cimento, mas assente sob um pavimento de madeira tal como os outros pavimentos. No terraço a nossa vista perde-se na deslumbrante paisagem que daí avistamos. Depois, concentramo-nos de novo no Castelo e reparamos nas dez torres cilíndricas e bastões que o formam e constatamos a irregularidade da sua planta, a qual se deve ao relevo rochoso da ilha e no qual assentou a base das muralhas. A fortaleza teve um papel notável na história dos templários e esteve na posse da ordem até 1311, data da sua extinção. O Castelo foi considerado monumento Nacional por decreto de 16 de Junho de 1910. Câmara Municipal Vila Nova da Barquinha www.cm-vnbarquinha.pt
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Fotografia cedida pela Câmara Municipal de Santarém
FESTAS E FESTIVAIS EM BUSCA DO SENTIDO PERDIDO
Humberto Nelson Ferrão* De Julho a Setembro tem sido o tempo de inúmeras notícias e realizações de Festas e Todos sabemos desta situação, mas Festivais, em homenagem a este ou àquele, continuamos a fazer mais do mesmo há celebrizado por alguma razão. 10, 20 ou 30 anos. Por outro lado, também sabemos que todos os dias e todos os anos há Já em tempos dei conta que a forma, o modelo, mudanças significativas no nosso quotidiano em que os Festejos ditos tradicionais e os que nos obrigam a mudar as nossas práticas. habituais Festivais que anualmente ocorrem nesta época estão moribundos, numa letargia Ora, se isto é assim, então há aqui uma confrangedora, assente num silêncio tão contradição que é preciso equacionar e ruidoso que já merece uma atenção mais esclarecer: as Festas ditas tradicionais e os apurada de todos, incluindo o leitor destas Festivais estão a realizar-se tendencialmente linhas. da mesma maneira, mas existem mudanças 18 | santaremdigital
que exigem novas atitudes, novas práticas, que não estão a ser contempladas. Em nome de quê? Da tradição? Da nossa memória, dos nossos antepassados...?? Este parece ser o argumento da “boa consciência social e política”, quando, ao contrário, sabemos que os nossos antepassados (mais recentes) modificaram, atualizaram as Festas e os Festivais dos seus antepassados (mais antigos). Os nossos antepassados não actualizaram as práticas e comportamentos festivos à medida dos seus interesses e
indo ao encontro das expectativas dos seus concidadãos, em diversas épocas e em diversas latitudes?? Tudo indica que sim... Para rematar este ponto podemos só lembrar que a Tradição é uma invenção, aquilo que se diz ser uma tradição foi um conjunto de práticas inventadas, em determinada ocasião, que, depois, se foram tornando habituais e rotineiras, para cumprir objetivos muito precisos; por isso... Para os nossos antepassados, as Festas eram o espaço único, periódico (1 ano, 7 anos, 3 anos...) onde todos (ou quase) concentravam os seus interesses e jogavam os seus papéis sociais de representação e cerimonial, simbólicos, mais ou menos lúdicos. Havia uma maior participação dos cidadãos de cada lugar a fazer a sua Festa, que tinha um sentido preciso para o seu destino colectivo (Vale de Santarém, Póvoa da Isenta) ... Agora não. O espaço da Festa e dos Festivais é mais um, parecido com muitos outros semelhantes existentes por todo o lado, com os quais está em concorrência. E estes novos espaços oferecem situações e entretenimento de maior interesse e de formas menos usuais, que mobilizam outros investimentos (pessoais e financeiros), que fazem mais sentido para os entendimentos e a perceção dos públicos atuais (estou a lembrar-me de Amiais de Baixo, Alcanhões, Chamusca, Coruche, Samora Correia, Feira Nacional de Agricultura…). Daí, muito provavelmente, aqueles espaços mais tradicionais não possuírem um valor acrescentado suficiente que mobilize os seus correligionários e outros públicos, vindo então a definhar – esta é uma hipótese como muitas outras, mas suficiente
para o que aqui abordamos. Ora, na minha opinião, este círculo vicioso só é mais possível de ultrapassar se a mentalidade dos festeiros e organizadores for mais aberta e possibilitar a introdução de inovações nas Festas e Festivais que os tornem momentos, espaços de encontro únicos, que motivem alguém a sair do conforto de casa. E porquê? Porque as motivações de outrora já não são aquelas de agora, para levar as gentes às suas Festas... há mais concorrência de produtos culturais e festivos mais raros e espectaculares que mobilizam públicos que a dita “tradição” não faz ou não tem sido aproveitada para fazer.... Não digo que isto seja fácil de cumprir, mas aquilo que agora chamamos de Festas Tradicionais, dantes também seriam fáceis de realizar?? Para os “nossos antepassados”, há um século atrás ou há 50 anos também era fácil montar uma Festa? Bem, as Festas e Festivais, em vez de serem a candeia que vai à frente, como anteriormente, são antes a lanterna vermelha, sem criatividade, que está a dar mais do mesmo, ao longo dos anos, a públicos que não têm mostrado interesse nessa oferta...
da atividade das Associações Culturais e Recreativas, quando sabemos que, até há pouco tempo, aquelas Comissões bastavamse autonomamente sem recorrerem tanto aos dinheiros públicos. Nesta ordem de ideias, talvez seja altura dos organizadores e das entidades apoiantes deverem repensar os objectivos e os meios de cada Festa e Festival, em cada lugar, por forma a ser realizada a sua Festa atual e não a dos “seus antepassados” (?), se esta já não tiver o sentido de atracção anterior... mesmo que isso custe o adjetivo “tradicional” (assim considerado um falso)... É esta mudança de eixo que é preciso fazer e implementar entre todos os agentes culturais, depois do diagnóstico de cada situação, como forma de motivação e mobilização de públicos, para que não fiquemos eternamente presos às invenções de práticas que se tornaram habituais por força só da sua rotina e que incorreta e irrefletidamente dizemos que é “tradição a preservar”... enganos a não manter!! * Sociólogo nelson.ferrao@gmail.com
Ora, aqui chegados ficam duas ideias ainda para equacionar neste contexto: 1) as Festas com menor dimensão também deverão ter “direito à vida”, mas deve ser revista qual a forma, com equivalência em relação às outras; 2) também devem ser ponderados o sentido e a oportunidade dos apoios das entidades oficiais, bem como a tendência concorrencial e a possível substituição do trabalho pontual das Comissões de Festas devido à regularidade PUB
Sempre que vamos a uma prateleira de supermercado para comprar uma garrafa de vinho, certamente já reparámos que na maioria dos casos esta ostenta um selo de garantia de origem emitido pela respectiva entidade certificadora. No caso particular dos vinhos do Tejo o organismo responsável pela emissão desse selo é precisamente a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo). Ao contrário dos vinhos de mesa, que não têm qualquer tipo de certificação não havendo portanto qualquer garantia da sua origem e qualidade, os vinhos que têm selo de garantia tratam-se de vinhos certificados e oferecem ao consumidor outro tipo de garantias. Mas o que significa esse selo? E que garantias é que o consumidor pode esperar duma garrafa de vinho que tenha o selo de garantia? Antes de mais, e tal como o nome indica, o selo atesta a origem do vinho, ou seja, dá-nos a garantia que o vinho é proveniente de uma determinada região Vitivinícola. Quando numa garrafa vimos um selo de garantia “TEJO” existe assim a garantia que esse vinho foi produzido a partir de uvas cultivadas na região vitivinícola do Tejo. Contudo não podemos resumir a certificação de um vinho à sua proveniência. A certificação é um processo complexo, composto por várias etapas, que tem o seu início na parcela de vinha acamando com o engarrafamento do vinho, e no decorrer do qual são realizados exigentes testes de qualidade. A CVR Tejo, como Entidade Certificadora dos Vinhos do Tejo, devidamente acreditada para o efeito pelo IPAC (Instituto Português de Acreditação) possui um departamento 20 | santaremdigital
que garantia nos dá um vinho certificado?
Fotografia cedida pela CVRT Camara de Provadores da CVR Tejo
Fotografia cedida pela CVRT Laboratório de Análise Físico Química
de certificação com técnicos especializados partir desta etapa todo o processo é tratado nesta matéria. de uma forma anónima, sendo atribuído a cada amostra um código, para que o processo Começando pelo início do processo, ou seja decorra de uma forma completamente isenta a vinha, após a sua inscrição na CVR Tejo, e imparcial. todas as parcelas de vinha são objecto de uma visita pela equipa técnica para confirmar As amostras terão assim que superar dois a aptidão das mesmas para a produção de exigentes testes de qualidade para que o lote vinhos de qualidade, sendo verificados vários possa ser considerado um produto certificado. parâmetros nomeadamente as castas, o tipo Estamos a falar da análise físico-química e de solo, o tipo de condução, a exposição entre da análise sensorial. Quanto à análise físicooutros. química, que é realizada num laboratório devidamente acreditado para o efeito com Após a aprovação da vinha, todo o processo de o qual a CVR estabeleceu uma parceria, são vinificação e estágio do vinho é acompanhado determinados vários parâmetros analíticos de perto pela CVR Tejo, de modo a garantir sendo os principais o teor alcoólico, a acidez que as práticas enológicas utilizadas são as volátil os teores de sulfuroso o teor de mais adequadas e que a vinificação ocorre açúcares, parâmetros estes que têm de estar em separado de outros tipos de vinho que o compreendidos dentro de limites pré definidos produtor possa eventualmente produzir. quer na legislação da União Europeia quer na legislação nacional. Concluída que está esta etapa estamos então em presença de um vinho apto a ser No que diz respeito à análise sensorial, a certificado, ou seja, temos a garantia que mesma é efectuada pela Câmara de Provadores a vinha reúne as condições exigidas e que o da CVR Tejo que é composta por um conjunto vinho é proveniente da região vitivinícola do de 10 técnicos devidamente treinados para o Tejo mas não sabemos se ele tem a qualidade efeito e sujeitos a várias testes ao longo do suficiente para ser comercializado como vinho ano para aferir a sua aptidão para a prova. certificado. As sessões de prova têm uma periodicidade É então colhida uma amostra do respectivo semanal e as amostras (no máximo de 20 lote de vinho para se dar início ao processo de por sessão) são apreciadas pelos técnicos, certificação propriamente dito. Refira-se que a em absoluto anonimato, sendo avaliados 4 parâmetros, o Aspecto, a Cor, o Aroma e o Sabor. Sendo classificados de acordo com a sua qualidade numa escala de 0-100 pontos. Para que o vinho seja certificado terá que atingir uma determinada pontuação que varia consoante a categoria a que o vinho
se candidata (Denominação de Origem ou Indicação Geográfica) e consoante pretende ou não utilizar designativos de qualidade como Reserva, Colheita Seleccionada, Grande Escolha, entre outros. Outro dos parâmetros avaliados é a rotulagem, que também carece de aprovação por parte da CVR Tejo, sendo os rótulos avaliados no sentido se apurar se dos mesmos constam todas as indicações obrigatórias que a legislação impõe, sendo também verificado se na rotulagem não são dadas informações que confundam ou induzam o consumidor em erro. Uma vez superadas com sucesso todas estas etapas que compõe a certificação de um lote de vinho estamos assim em condições de atribuir a certificação ao mesmo. A certificação é então evidenciada com a entrega pela CVR ao produtor dos selos de garantia de origem para serem colados nas garrafas. Cada selo possui uma codificação alfa numérica que permite à CVR através desse código ter acesso a toda a informação sobre o vinho. Podemos então afirmar que, quando estamos perante uma garrafa de vinho que ostente um selo de garantia de origem “TEJO” se trata de um produto oriundo da nossa região e que foi sujeito a rigorosos testes o que nos dá a garantia de estarmos na presença de um produto de elevada qualidade. João Silvestre
Secretário Geral Comissão Vitivinícola Regional do Tejo
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MIRACULOSA SANTARÉM
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... os pasmosos milagres, e relíquias, que de tudo é venturoso cofre a (...) miraculosa Scalabitana. P.e Inácio da Piedade Vasconcelos
Urbe de gentes profundamente crentes, Santarém deu guarida a trinitários, franciscanos, dominicanos, claristas, beneditinos, jesuítas, agostinhos calçados e descalços, carmelitas, capuchos e capuchinhas... Este acolhimento à fé é atestado pela existência, outrora, de dezasseis conventos e mosteiros e mais de quarenta ermidas. À sombra das casas monacais surgiram relatos de prodígios miraculosos. As crónicas das ordens religiosas aqui estabelecidas desdobram-se em relatos de êxtases místicos, aparições celestiais e relíquias milagrosas, cimentadas pela fé viva da população. Santarém guarda vestígios de algumas destas maravilhas e é através delas que pretendemos conduzir-vos e dar testemunho deste passado místico.
SANTUÁRIO DO SS MILAGRE / IGREJA DE STO. ESTÊVÃO A igreja, outrora designada de Santo Estêvão, sagrada em 1241, foi reconstruída no séc. XVI, eventualmente na sequência do terramoto de 1531. A actual resultou um espaço renascentista por excelência. Uma campanha barroca, no séc. XVIII, deixou as suas marcas, sobretudo nos retábulos e coro. Nas naves laterais 4 telas relatam passagens da ocorrência milagrosa. No sacrário, uma âmbula guarda a Sagrada Relíquia, alvo de devoção e peregrinações centenárias.
santíssimo milagre Não longe da Igreja de Sto. Estêvão vivia uma mulher que, inconformada com a infidelidade do marido, resolve procurar uma sua conhecida, dada às artes da bruxaria, a fim de resolver a sua aflição. Diz-lhe a bruxa, para que o problema que a aflige se resolva, que deverá a queixosa ir à igreja e, simulando comungar, deverá trazer a hóstia com ela. A mulher assim faz e, cometido o sacrilégio, dissimuladamente embrulha a hóstia na beatilha e toma o caminho de casa. Poucos passos andados, dá-se conta que gotas de sangue começam a pingar da beatilha. Apressa-se em direcção a casa e, temerosa de que o marido suspeite do roubo, guarda a hóstia numa arca. Noite alta acordam, marido e mulher, com a casa iluminada por uma estranha claridade e saturada de um aroma perfumado. Incapaz de ocultar por mais tempo a sua acção, a mulher conta ao marido o que havia feito. De imediato este se dirige à igreja e relata ao pároco toda a ocorrência. Em solene procissão, com acompanhamento do povo, regressa a sagrada partícula à igreja de Sto. Estêvão. Mas a maravilhosa ocorrência não se queda por aqui: envolta a relíquia em cera, sucede aparecer esta, mais tarde, miraculosamente encerrada numa âmbula de cristal. É esta âmbula embutida numa custódia e guardada na Igreja que passa a ser conhecida como a do Santíssimo Milagre e onde, desde então, é venerada por peregrinos vindos de todo o mundo. 22 | santaremdigital
IGREJA DE SANTA CLARA A fundação do Convento das Clarissas remonta ao reinado de D. Afonso III, no séc. XIII. O Convento beneficiou dos favores de uma sua filha, Leonor Afonso, que aqui professou e veio a morrer, aureolada de santidade. Apenas a igreja resta, já que as demais dependências - celas, claustros, cozinhas - foram demolidas no início do séc. XX. Ao fundo das naves encontrase o primitivo túmulo de Leonor Afonso, obra de bela execução que remonta ao séc. XIV., junto da nova arca tumular do séc. XVII, onde se encontram hoje os despojos da infanta.
DONA LEONOR AFONSO Filha do rei D. Afonso III, Leonor Afonso professa no Mosteiro de Santa Clara, fundado por seu pai, e aqui leva vida exemplar, considerada um “espelho de prudência”, “retrato da virtude” e um “modelo da santidade”. A sua glória maior é servir o Mosteiro e todas as monjas e, quando morre, todos os seus bens revertem a este. São muitas as ocorrências milagrosas associadas à intercessão desta princesa, ao longo da sua vida, mas uma há merecedora de perpétua memória. Estando uma monja enferma e padecendo do maior fastio, deseja somente cerejas não sendo, contudo, o tempo delas; Dona Leonor Afonso, que a assiste, recorre à oração esperançada no socorro divino: desce ao pomar da cerca e encontrando uma cerejeira quase seca, benze-a em nome do Senhor e, no mesmo instante, esta cobre-se de flores, de folhas e de cerejas escarlates. Come a doente destas cerejas e logo alcança perfeita saúde. Muitos outros feitos prodigiosos são associados a Dona Leonor Afonso, após a sua morte, nomeadamente na cura de doentes.
IGREJA DE N. SRA. DA PIEDADE A igreja de Nossa Senhora da Piedade, maneirista, foi construída em comemoração da vitória portuguesa na batalha do Ameixial. As obras, iniciadas em 1664, prolongaram-se até 1698. O plano centralizado define uma planta em cruz grega, sendo três dos braços assinalados por portas e o quarto pelo altar-mor no qual se destaca a bela imagem da Virgem da Piedade.
NOSSA SENHORA DA PIEDADE Após a restauração da independência de Portugal face a Espanha, em 1640, vinte e três anos depois recrudesce a luta com a invasão de Portugal pelo exército espanhol. A situação dos Portugueses, após a tomada de Évora, torna-se grave: as tropas espanholas dividem o país, isolando o Algarve e o Baixo Alentejo do resto do país. A notícia chega a Santarém, a 26 de Maio, e por decreto mobiliza-se o levantamento de uma barreira que fizesse face à invasão. O povo, em desespero, dirige as suas preces a N. Sra. da Piedade e verifica, maravilhado, que o rosto da Virgem se inclina para o rosto do seu Filho, como que acedendo aos rogos. Os dois exércitos encontram-se em 8 de Junho de 1663, nos campos do Ameixial; da renhida contenda resulta a completa derrota dos Espanhóis. O povo de Santarém agradecido, ciente de que a vitória se deve à intercessão da Virgem, logo a toma como padroeira da Restauração. Publicado por sentença do Cabido, o prodigioso milagre da Sra. da Piedade, em 22 de Janeiro de 1664, no dia seguinte D. Afonso VI parte para Santarém com o intuito de venerar a Virgem; durante esta visita, no local onde se situava a Ermida de N. Sra. da Guadalupe, até então depositária da imagem, é lançada a primeira pedra da Igreja de N. Sra. da Piedade, com o intuito de lhe providenciar mais digno acolhimento.
JARDIM / MIRADOURO DA PORTA Do SOL Das velhas muralhas defensivas restam hoje vários troços e das antigas portas permanecem de pé a de Santiago, a de Leiria e a do Sol, situada na muralha nascente da Alcáçova. O local, transformado em jardim municipal é, simultaneamente, o mais belo miradouro da cidade, com vista esplendorosa sobre o rio Tejo e as lezírias. Daqui se avista a Ribeira de Santarém, com o seu velho casario, e, não longe do leito do rio, o Padrão de Santa Iria.
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Fotografia de Osvaldo Cipriano
IGREJA DE STA. IRIA A Igreja de Santa Iria veio substituir uma outra mais antiga, cuja fundação se atribui a D. Afonso Henriques. Da traça medieval, porém, quase nada subsiste, já que houve lugar a uma reconstrução quinhentista. O terramoto de 1755 abalou-a profundamente e novas obras ocorreram no final dessa centúria e na seguinte. A igreja apresenta três naves, colunas toscanas com vestígios de brutescos e uma cúpula pintada em trompe l’oeil. O altar, de talha dourada, alberga o famoso Cristo de Mont’iraz, uma rara escultura em madeira, do séc. XIII. Assinalável o revestimento azulejar do séc. XVII.
santa iria Tendo nascido em Nabância e de ascendência nobre, Iria desde cedo manifestou o desejo de professar; logo que atingiu a idade entrou para um mosteiro, onde concluiu a sua educação com Remígio, um sábio monge. Um dia em que sai em procissão com outras monjas, Iria é vista por Britaldo, filho do senhor de Nabância. A sua beleza impressiona o cavaleiro que se apaixona de tal forma que adoece e nada parece curá-lo da enfermidade. Através de um sonho, Deus revela a Iria a doença de Britaldo e a sua causa tendo a monja decidido visitar o enfermo e dissuadi-lo de tal amor, já que ela se votara exclusivamente a Deus. Face à determinação de Iria, Britaldo conforma-se mas pede que prometa jamais dar a outro o amor que lhe negava, ao que ela acedeu deixando-o de perfeita saúde ao partir. O tempo correu e também Remígio se apaixona pela pupila; Iria repele-o e, despeitado, o monge decide vingar-se. Conhecedor de experiências alquímicas, prepara uma beberagem que dá a Iria, dissimulada na sopa: algum tempo depois a monja começa a engrossar com sinais de gravidez. Segura de si, continua fazendo a vida rotineira do mosteiro. Britaldo, tendo conhecimento dos sinais da gravidez, crê-se traído e incumbe um soldado de esperar Iria junto ao Nabão para aí a degolar e lançar o corpo ao rio. Na manhã seguinte começa a correr a notícia de que Iria fugira com Britaldo. Mas Deus revela a verdade a seu tio Célio, abade do convento, reunindo o povo na igreja e a todos conta o sucedido; partem em busca do corpo da mártir, primeiro no rio Nabão, depois no Zêzere e, finalmente, no Tejo. Quase a desistir das buscas, subitamente deparam com um túmulo de alabastro que, milagrosamente, encerra o corpo de Iria. Tentam retirar o sepulcro mas as águas, que haviam descido para mostrar o prodígio voltam a subir para o cobrir para sempre.
RAINHA SANTA ISABEL Reinando em Portugal D. Dinis, em 1295, a Rainha Santa Isabel, conhecedora da existência do túmulo de Sta. Iria submerso nas águas do Tejo junto a Santarém, desloca-se até ao local. Acompanhada pelo rei e pela corte, pede ao Senhor que lhe conceda a graça de ver o sepulcro; de imediato as águas abrem-se deixando a descoberto o túmulo de alabastro. Logo D. Dinis ordena que, sobre o túmulo, seja erigido um alto pedestal que permita, quando as águas voltem a fluir, o reconhecimento do local. E, com efeito, quando as águas se cerram verifica-se que o pedestal continua visível. Em 1664, o Senado da Câmara de Santarém, a instâncias do povo, manda elevar e guarnecer com cantaria lavrada o pedestal e, no topo, é colocada uma imagem de Sta. Iria, protegida por uma cúpula em metal.
CRISTO DE MONT’IRÁS Corre o reinado de D. Dinis, um nobre cavaleiro começa a perseguir uma pastora e a induzi-la ao pecado, ao que ela se nega alegando ter jurado manter intacta a virgindade até ao dia da subida ao altar. Não desiste o galanteador e com tanta tenacidade a assedia que ela, já sentindo por ele algum afecto, começa a fraquejar. Ocorre-lhe então levá-lo à capela e, ante a imagem de Cristo, fazê-lo jurar que a desposaria em breve, ao que ele acedeu. Feita a jura, a pastora entrega-se ao apaixonado. Em breve o sedutor esquece a promessa feita; a pastora, comprometida aos olhos da família e do povo, insiste para que ele cumpra o prometido, ao que ele se nega alegando não a conhecer sequer. Desesperada, lembra-se a pastora de solicitar aos juizes do burgo que em presença da imagem de Cristo, juntos seduzida e sedutor, aquela peça justiça. É aqui que a cena milagrosa terá ocorrido: quando a pastora, fitando em lágrimas o Cristo, inquire em alta voz se é ou não verdade que, naquele mesmo local, lhe havia o cavaleiro jurado amor eterno e casamento, eis que o Cristo de Mont’Irás levanta o braço direito da cruz e, em sinal de assentimento, a deixa cair. Guiomar Fragoso
Técnica de Turismo
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GALERIA
CASTELO DE ALMOUROL Fotografias cedidas pela C창mara Municipal de Vila Nova da Barquinha.
Fotografia cedida pela C창mara Municipal de Vila Nova da Barquinha
Fotografia cedida pela C창mara Municipal de Vila Nova da Barquinha
Fotografia de Osvaldo Cipriano 26 | santaremdigital
Fotografia cedida pela C창mara Municipal de Vila Nova da Barquinha
Fotografia cedida pela C창mara Municipal de Vila Nova da Barquinha
Fotografia cedida pela C창mara Municipal de Vila Nova da Barquinha
Fotografia de Osvaldo Cipriano santaremdigital | 27
SALADA DE TOMATE À CAMPINO Preparação
ingredientes
Assar o bacalhau e os pimentos (pode assar o pimento no bico de gás do fogão).
Tomate, bacalhau, cebola, azeitonas, pimento, pepino, pasta de alho, sal, azeite e vinagre.
Também pode utilizar bacalhau cru. Limpar o bacalhau de peles e espinhas e lascar. Em seguida tirar a pele aos pimentos já assados e cortar em tiras finas. Empratar o tomate, o pepino e a cebola às rodelas, juntar o bacalhau desfiado e o pimento. Verter o excesso de líquido deixado pelo tomate e seguidamente tempera-se com ½ colh. de café de pasta de alho, sal, azeite, vinagre e orégãos.
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TORRICADO COM TOMATE Preparação
ingredientes
Torrar ligeiramente o pão.
Fatias de pão caseiro, alho, azeite virgem, sal grosso, um pouco de queijo ralado, cubos de tomate, orégãos e azeitonas.
Depois esfregue o pão com um dente de alho por toda a superfície tostada, de seguida com sal grosso de modo a que fique retido no pão. Regue com um fio de azeite virgem. Colocar o tomate aos cubos e o queijo, por fim adicionar os orégãos. Levar ao forno até o queijo começar a fundir e servir de imediato.
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ALZULEIQUE Breve história do azulejo Parte III (Séc. XIX/XX)
Guiomar Fragoso* Os primeiros trinta anos do séc. XIX foram para a azulejaria portuguesa de acentuada decadência, devido à grande instabilidade política que o país viveu, a qual começou com as “invasões francesas” e culminou numa desgastante guerra civil. O ano de 1834, em que terminou este conflito, viu o início da ascensão ao poder de uma dinâmica burguesia que tomaria em mãos reactivar o comércio e a indústria que se encontravam praticamente paralisados. As fábricas de cerâmica multiplicaram-se, em especial no Porto e Lisboa mas, no que ao azulejo concerne, a qualidade está muito aquém dos requintados painéis dos séculos anteriores. Passou a fabricar-se azulejo utilitário, destinado ao revestimento de fachadas de prédios de arrendamento. O Centro Histórico de Santarém possui várias dezenas destas fachadas azulejadas, sendo possível encontrar alguns dos mais representativos padrões que, à época, se executaram nas grandes fábricas de Lisboa, nomeadamente Viúva Lamego e Sacavém. Um dos mais interessantes padrões estampilhados produzidos pela Viúva Lamego, conhecido na gíria dos operários pelo nome de “travessão”, encontrase nos números 8 a 10 da Praça Sá da Bandeira e no 18 a 22 da Praça Sá da Bandeira. Tendo apenas um azulejo como base criou-se um complexo padrão que permite várias leituras conforme a distância do
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espectador em relação ao local em que se encontra situado, característica que é aliás comum a boa parte desta produção oitocentista. Também da Fábrica de Sacavém a cidade possui bons exemplares. Maioritariamente monocromos, os padrões desta fábrica produzem belos efeitos decorativos, por vezes realçados pela proximidade ou confronto com fachadas azulejadas com padrões distintos. É o caso de dois edifícios frontais na Rua Iº de Dezembro, um com padrão azul e outro castanho. Ambos fazem esquina, prolongando-se por outras artérias (M. Bombarda e C. Ivens). De salientar o remate com barra policroma Arte Nova, de motivo floral no primeiro, e com pavões no segundo. Na Rua C. Ivens, 47 (loja a “Barateira”) um interessante conjunto de cinco painéis: dois são figurativos e representam o Comércio e a Indústria; são secundados por um outro, ocupado por um medalhão em cujo centro se lê a legenda “João Cesário da Costa” (eventualmente o primeiro proprietário da loja) e dois com vasos de flores. Da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, fundada em 1884 por Rafael Bordalo Pinheiro, o nº 91 da Rua 1º Dezembro, prédio neo-islâmico, tem a encimar a porta um friso formado por azulejos de inspiração hispano-mourisca, produto típico desta fábrica que recuperou inúmeros modelos mudéjares e renascentistas. Ladeando a mesma, revestimento
formado por padrão em relevo, verde e branco, de idêntica inspiração, conhecido pela designação de “Pé de Galo”. No 1º andar do nº 84 a 86 da Rua Serpa Pinto está colocado um padrão, também relevado, formado por cabeças de nabo de que irradiam ramagens e flores. Nas primeiras décadas do séc. XX voltou o azulejo figurativo, marcado pelo gosto historicista e nacionalista através do qual se propagaram valores que tentaram reviver grandes feitos do passado ou retornar a uma natureza idílica, sobretudo, na decoração de mercados e estações de caminhos-deferro. Estes painéis representam feitos da História de Portugal, cenas alusivas às principais actividades laborais ou de lazer de cada região ou, ainda, os seus monumentos mais significativos. Alguns destes painéis revelam traçado qualificado, executado por pintores de prestígio na época; na sua maioria, o tema era pintado a azul, sendo a moldura policroma de inspiração joanina ou rococó. Entre 1930 e 34 a cidade conheceu uma autêntica campanha azulejar: datam desta época todos (para além dos painéis da CP, de 1927) os restantes núcleos de azulejos de pintura naturalista aí existentes, sendo o do Mercado Municipal o mais interessante. A temática dos painéis é alusiva à região: monumentos escalabitanos, trabalhos no campo, faina no rio Tejo, touradas e criação de touros, todos da Fábrica de Sacavém. Além do intrínseco valor artístico, estes painéis são fonte de estudo da sociologia, história, arqueologia industrial Finalmente, de 1932, e também produzidos em Sacavém, são os dois painéis colocados no ex-Quartel dos Bombeiros Voluntários de pintura a azul, mais claro na cena e gradualmente mais escuro da moldura até aos azulejos marmoreados que os limitam, neles se representam veículos utilizados pela corporação em diferentes épocas. * Técnica de Turismo
Fotografia de Osvaldo Cipriano
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breve evolução histórica da calçada João Oliveira* A calçada portuguesa pode ser definida como “um pavimento empedrado, cujos componentes são de pedra natural, com base em calcários, assentes e dispostos no solo de forma mais ou menos homogénea”. Actualmente, é reconhecida e apreciada internacionalmente como uma bemsucedida manifestação da nossa cultura. A calçada portuguesa é uma herança histórica da cultura e da tecnologia de construção dos Romanos. Estes iniciaram o uso da pedra ao criarem uma vasta rede viária para melhor servir o seu vasto império.
Fonte: www.portugalromano.com
Calçada Romana nos arredores de Setúbal
A herança Árabe caracteriza-se pelos seus desenhos arabescos através das mudanças estruturais e organizacionais das suas pavimentações, onde é nítido um uso ordenado em sistema de espinha ou espiga para aproveitamento das águas. No reinado de D. João II, este manda empedrar a Rua Nova da capital, que mais tarde viria a dar origem à abertura de pedreiras junto a Cascais, no entanto seria o rei D Manuel I que lhe sucedeu a terminar a obra 30 anos depois As cartas régias de 20 de Agosto de 1498 e de 8 de Maio de 1500, assinadas pelo rei D. Manuel I, marcam o início do calcetamento das ruas de Lisboa.
Pavimento árabe
A chamada calçada portuguesa, conforme a conhecemos, em calcário branco e negro, foi empregue pela primeira vez em Lisboa no ano de 1842, Séc. XIX, por presidiários. O seu grande impulsionador foi o governador do Castelo de S. Jorge em Lisboa. O desenho foi uma aplicação simples, tipo zig-zag. Posteriormente começou a generalizar-se pelo restante território português. Já em pleno, séc XX passou do uso exclusivo em exteriores para a decoração de espaços interiores privados e públicos, quer na construção residencial quer em zonas comerciais e de escritórios.
Fonte: http://beijinhosembrulhados.blogspot.pt
Calçada
Na calçada portuguesa, são utilizados padrões e elementos decorativos tipicamente portugueses, relacionados com atividades socio económicas, e sobretudo do período dos Descobrimentos marítimos com caravelas, ondas do mar, estrelas e esferas armilares. A Calçada Portuguesa constitui-se como um elemento fundamental da história de Portugal e da construção da nossa identidade nacional. * Arquiteto joao.oliveira@santaremdigital.pt Fonte: Wikipedia 32 | santaremdigital
Fonte: http://calcadaportuguesa.blogspot.pt
Primeira Calçada Portuguesa (Castelo de S. Jorge, 1842)
GUITARRA PARA TODOS
João Pando*
No número anterior da revista, apresentei a escala menor natural. Tal como tinha referido, neste número vou falar-vos das escalas menores Harmónica e Melódica. Começando pela escala menor harmónica, ela surge pela necessidade de criar uma nota sensível (semitom) entre o sétimo (VII) grau da escala menor e o oitavo (VIII). Assim, passámos a ter um intervalo de terceira (III) menor (um tom + meio-tom) entre o VI grau e o VII grau. A sonoridade desta escala menor apresenta características de um certo dramatismo. É muito utilizada tanto na música clássica como no flamenco. Na música árabe também encontramos certas sequências desta escala. A figura seguinte apresenta a estrutura da escala menor harmónica de Dó.
mi MI
Escala Dó Menor harmónica
T Dó
S
T
Ré Mib
III
V
T Fá
S
T+S
Sol Láb
T Si Dó
VII As tónicas estão assinaladas a amarelo. A configuração é igual para qualquer escala menor harmónica.
Exemplo: escala de Dó menor harmónica nas 6 cordas (a tónica está assinalada pelo círculo)
T s
T T s T+s T
Dó Ré Mib Fá Sol Láb
Si Dó
Além da escala menor natural e da menor harmónica, existe ainda a escala Menor Melódica. Esta é uma escala que à partida pode soar um pouco dissonante (à semelhança de outras) mas é uma escala muito utilizada no jazz. Normalmente a forma ascendente é diferente da forma descendente, ou seja, sobe-se com a menor melódica e desce-se com a menor natural. No jazz, tanto a subida como a descida fazem-se da mesma forma. Pode-se dizer que a escala menor melódica é uma escala maior com o seu III (3º) grau diminuído num semitom. A figura seguinte apresenta a estrutura da escala menor melódica de Dó. mi MI
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T Dó
S Ré Mib
T
T Fá
T Sol
T Lá
S Si Dó
Escala Dó Menor melódica
III
V
VII As tónicas estão assinaladas a amarelo. A configuração é igual para qualquer escala menor melódica.
Exemplo: escala de Dó menor melódica nas 6 cordas (a tónica está assinalada pelo círculo)
T s
T T T T s
Dó Ré Mib Fá Sol Lá Si Dó
Exercício 6 Este exercício tem por objetivos: primeiro, tornar os dedos mais independentes entre si; segundo, treinar uma sequência melódica com salto de corda. Bom treino.
* joao.pando@santaremdigital.pt PUB
Jovens Talentos
João Pereira Quem é o João Pereira? Não gosto de falar sobre a minha pessoa, não gosto de me auto-elogiar, mas posso dizer que o João Pereira é um escalabitano, um aficionado de tauromaquia, tendo sido durante anos um profissional apaixonado pela pintura, realizando várias exposições colectivas e individuais em vários locais.
particular.
Fale-nos um pouco do seu último projecto?
Encontro neste meio artístico a satisfação de forma a soltar aos meus sentimentos mais puros. Tento transmitir através da cor e do desenho o meu estado de ânimo e a forma de ver a vida, e o meu mundo interior.
O meu último e actual projecto, porque está em fase de amadurecimento, é uma viragem na minha pintura que era toda figurativa e está a passar para um figurativo abstracto, de forma mais solta e livre sintetizando mais os elementos dum quadro.
Na realização de uma pintura, o que domina, é sobretudo a sensibilidade da escolha da forma Tem sentido alguma dificuldade na própria, para evitar a banalidade.
divulgação do seu trabalho? Porquê?
Quando é que começou o interesse pela O silêncio, a emoção e a alegria na criação da Dificuldade em divulgar o meu trabalho a nível obra existem, mas em tempos diferentes, o pintura? regional não, mas é tema que não me preocupa O meu interesse pela pintura começou cedo como um hobbie, quando no secundário conheci o professor e pintor Américo Marinho.
Quem são as suas fontes de inspiração? Porquê? As fontes de inspiração são várias. Tudo e todos os pintores com qualidade, desde os naturalistas, aos impressionistas, aos abstraccionistas, tudo me interessa ver para poder aprender mais e mais, mas o que mais me fascina são as cores e a luz como por exemplo a luz do outono. Emociono- me muitas vezes a ver num quadro, a cor, o movimento, a textura, a marca da pincelada, o momento, a luz.
O que representa para si a pintura? O que é a pintura? É difícil de explicar, porque é algo tao íntimo e tão único... Cada pessoa necessita de encontrar a forma de expressar os seus sentimentos e emoções para se sentir realizada, eu sou incapaz de entender a vida sem arte em geral e sem a pintura em
silêncio no início, a emoção no momento da pois tenho muito presente o meu rumo e o que criação e a alegria no fim da obra completa, quero, prefiro fazer um trabalho de base com quando sinto que esta resultou, e funciona uma boa estrutura, para depois dar o passo num conjunto em equilíbrio. seguinte que me possa dar maior visibilidade.
RIBATEJANOS pelo mundo Como tem sido a sua experiência no estrangeiro?
Quem é a Fabiana Ahne? (Fabiana Reis) Nasci em Santarém em 1984. Emigrei para Nova Iorque com os meus pais quando tinha um ano de idade, em 1985. Voltei para Portugal em 1999, já com 15 anos e terminei o ensino secundário em Santarém. Em 2007 cheguei à conclusão de que seria melhor voltar novamente para Nova Iorque. Antes do meu filho nascer, em Março deste ano, eu estava a trabalhar num escritório de contabilidade para uma empresa de petróleo. Por agora vou dedicar-me só ao meu filho.
O que a levou a emigrar? Com um ano de idade não tive grande escolha senão emigrar com os meus pais. Os meus avós maternos já eram emigrantes em Nova Iorque desde 1976. Em 2007 quando decidi deixar Portugal e regressar para Nova Iorque foi para estar perto dos meus pais e irmão que já tinham voltado para os Estados Unidos em 2005, para conseguir conforto financeiro e melhores oportunidades profissionais.
Porque escolheu este país? Acho que já deu para perceber que não fui eu que escolhi este país, mas sim os meus avós. Não me posso queixar porque viver em Nova Iorque é o sonho de muitas pessoas. Agradeço portanto aos meus avós por me terem dado esta oportunidade.
Quando era criança não gostava nada de cá viver porque os verões eram sempre passados em Portugal com os meus avós, primos, tios e amigos e quando regressava a Nova Iorque acabavam-se as férias, começavam as aulas e lá tornava eu a fazer a contagem decrescente para o próximo ano. Agora já tenho uma opinião diferente. Tem sido excelente a minha experiência a todos os níveis.
Sente que em Portugal não teria as mesmas condições de vida e oportunidades de sucesso? Infelizmente acho que não. Se Portugal tivesse as mesmas condições de vida, eu nunca teria voltado para os EUA. Portugal será sempre um cantinho do céu e será sempre a minha “casa”, foi onde nasci e onde estão as minhas raízes.
Já equacionou voltar para Portugal? Porquê? Em 1999 foi isso mesmo que fizemos. Voltámos para Portugal com a esperança de conseguirmos fazer uma vida igual à de Nova Iorque, mas junto do resto da família e amigos. Como em Portugal não existe conforto financeiro, chegámos todos à conclusão de que tinha sido apenas uma ilusão e aos poucos fomos regressando um a um para os EUA novamente. Portanto por agora está fora de questão.
De que mais sente saudades de Portugal? Da família, amigos, gastronomia, certas cidades, aldeias, do povo Português e de certas experiências que não se conseguem recriar noutra parte do mundo senão aí.
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