Revista Santarém Digital #7

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santaremdigital

2013 ● OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO (TRIMESTRAL) ● NÚMERO 07 ● ANO II ● GRATUITO

U M

D I S T R I T O

C O M

VENHA CONHECER

H I S T Ó R I A

A CAPITAL MUNDIAL DA CORTIÇA

CASA-MUSEU Passos Canavarro

RIBATEJANOS pelo mundo

JOVENS talentos do distrito


editorial E pronto! Acabou-se oficialmente o Verão… É hora de regressar às rotinas, aos horários…Setembro ainda é um mês de “meio-termo” mas Outubro já representa o regresso às responsabilidades, aos empregos, às aulas, aos casacos, às écharpes e às meias e sapatos fechados!

santaremdigital U M

D I S T R I T O

C O M

H I S T Ó R I A

Proprietário e Diretor Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt

Mas também temos a parte boa…voltaram as castanhas quentinhas e a lareira, as cores fantásticas da Natureza e lá mais para a frente...chegamos ao Natal…

Editora Cristina Mendes Ferreira

Confesso que com o passar dos anos cada vez me parece que o tempo passa mais depressa…será que é só a mim que isto acontece?

Redacção Guiomar Fragoso

Que saudades dos tempos em que o dia parecia não acabar! Agora até as crianças acham que os dias passam a correr…é a actualidade que não deixa ninguém respirar! Tudo se passa ao minuto, tudo está em transformação contínua! A Santarém Digital saúda-vos neste princípio de estação! Já vos acompanhamos há bastante tempo, “atravessámos” estações do ano convosco e partilhámos muitos temas de capa; desta vez destacamos a cortiça, elemento tão importante da indústria do nosso País! Em Setembro estive em Veneza e não podia deixar de visitar o Pavilhão de Portugal na Bienal de Veneza, claro! O “pavilhão” é nada mais, nada menos, do que um cacilheiro recuperado, fantasticamente recuperado, aliás, com a criatividade da Joana Vasconcelos! A certas horas o cacilheiro passeia pelo Grande Canal e é um orgulho ver passar aquele “monumento” ambulante da genialidade portuguesa! Mas falo-vos do cacilheiro porque toda a parte superior, assim como o acesso da entrada, são um “hino” à divulgação da cortiça, em que podemos encontrar bancos para descansar, mesas, chão, tudo forrado a cortiça! Extraordinário! Que belo cartão de visita de Portugal! Desejo-vos um final de ano cheio de saúde, energia e felicidade! Vamo-nos encontrando nestas páginas, sempre defendendo e divulgando o que há de melhor na nossa região… Fiquem bem e até para o ano!

cmf@santaremdigital.pt

guiomar.fragoso@santaremdigital.pt

Departamento Web / Gráfico lusibrand geral@lusibrand.com

Departamento de Marketing Fátima Meireles marketing@santaremdigital.pt

Paula Fidalgo

paula.fidalgo@santaremdigital.pt

Departamento de Fotografia Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt

Colaboradores Câmara Municipal de Coruche, Filipa Serrano Silva, João Oliveira, João Pando, José Gaspar, Maria Júlia Antunes, Pedro Caetano, Pedro Passos Canavarro, Vera Duarte Entrevistas Bruno Fernandes Cláudio Miguel Maria Alexandra Vicente

Publicidade e feedback: Apartado 38, 2001-901 Santarém Telefone: (351) 934 700 579 Email: revista@santaremdigital.pt Online: www.santaremdigital.com

Editora

Cristina Mendes Ferreira Sede Rua Ana de Macedo, 9, 4 Esq / 2001-901 Santarém Contribuinte - 224 619 934 / Registo na ERC - n.º 126 248


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CORUCHE, CAPITAL MUNDIAL DA CORTIÇA

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LENDA DE SANTA IRIA

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ESTÁTUA

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GALERIA

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REDESCOBRINDO SANTARÉM

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REQUALIFICAÇÃO

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CASA MUSEU PASSOS CANAVARRO

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A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO

A VIDA DE UM VINHO

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GUITARRA

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SOC. AGRI. CASAL DO CONDE

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JOVENS TALENTOS

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RECEITA TRADICIONAL

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RIBATEJANOS PELO MUNDO

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D. Afonso Henriques Uma Visita Guiada Pela Cidade

De Afonso Henriques a Passos Manuel

Entrevista com Maria Alexandra Vicente Bolos de Noiva

Lost In Time

Para Todos

Cláudio Miguel

Bruno Fernandes

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Fotografia cedida pela C창mara Municipal de Coruche


CORUCHE, CAPITAL MUNDIAL DA CORTIÇA

Com uma extensão territorial de cerca 1.114 km, Coruche é o maior concelho do distrito de Santarém. A paisagem de montado de sobro que corresponde a cerca de 49.719 hectares representa 7% da área total nacional, estando associada a esta não só a extração da cortiça como também a componente de produção que tem proporcionado a fixação da indústria do sector nesta zona com vantagens acrescidas para a economia local. Falamos não só da fileira da cortiça, mas de todo o setor florestal que é responsável pela captação de emprego no concelho. A nível concelhio, Coruche é o maior produtor de cortiça e em termos de indústria o assombroso número de rolhas que aqui são produzidas diariamente, falamos de cinco milhões, justifica amplamente a marca que o distingue – Coruche, capital mundial da cortiça. Portugal é líder mundial na produção e transformação de cortiça com uma quota de mercado de 61% e Coruche tem uma presença significativa nesses valores.


O Observatório do Sobreiro e da Cortiça

É neste contexto que o município tem procurado desenvolver outras áreas associadas a este setor como a investigação e a formação profissional. O Observatório do Sobreiro e da Cortiça tem sido o pólo agregador de várias entidades ligadas à fileira: universidades, associações empresariais e associações de produtores. O edifício é ele mesmo uma metáfora ao sobreiro e à cultura coruchense, expressa no tom de azul presente no edifício e no aglomerado negro que reveste criteriosamente este equipamento. (vide fotografia). As suas valências traduzidas em laboratórios, centro de documentação, salas de formação e auditório com 150 lugares, têm servido para aglutinar massa crítica e promover o espaço de debate, de investigação e de forma muito específica a formação profissional nesta área.

Fotografia cedida pela Câmara Municipal de Coruche

ficor Desde 2009 que o município organiza no último fim de semana de maio a FICOR – Feira Internacional da Cortiça, assumindo-se como um grande evento, único em Portugal, que reúne toda a fileira da cortiça: Produção, Indústria e Investigação, mas que também promove uma vertente lúdica, associada a atividades de animação e às designadas genericamente, novas aplicações da cortiça. O Observatório do Sobreiro e da Cortiça e o Parque do Sorraia são os grandes espaços de afirmação da FICOR que se centra numa promoção sustentada do Montado de Sobro e da Cortiça, para além de outros espaços de divulgação em que o município vai Fotografia cedida pela Câmara Municipal de Coruche apostando ao longo do ano. Também na FICOR foi inaugurada a Plataforma de Transação da Cortiça promovida pela APFC - Associação de Produtores Florestais de Coruche sendo esta plataforma, uma “bolsa da cortiça” que tem como objetivo melhorar as condições de comercialização da matéria prima através da exposição de amostras representativas de cada produtor. 6 | santaremdigital


PROVERE O Município de Coruche assume ainda a liderança da Estratégia de Eficiência Coletiva PROVERE “O Montado de Sobro e a Cortiça”, na qual estão envolvidos dezasseis parceiros em torno de uma estratégia comum, cujos objetivos se consubstanciam no upgrade competitivo do setor, na Valorização do Potencial Turístico e na Educação e Investigação Aplicada. Ainda de destacar a participação na Comissão Executiva da Candidatura do Montado a Património da Humanidade (UNESCO), em fase de preparação com data prevista para entrega final de dossier até setembro de 2014.

RETECORK O Município de Coruche foi sócio fundador da RETECORK – Rede Europeia de Territórios Corticeiros e em abril passado, o Presidente da Câmara Municipal de Coruche, Dionísio Simão Mendes foi eleito presidente da Comissão Executiva. A RETECORK foi concebida a partir de um primeiro encontro de territórios corticeiros que teve lugar em Palafrugell em outubro de 2006, no qual participaram 46 assistentes e 11 oradores, onde se aprovou a Carta de Palafrugell, que promoveu a constituição de uma Associação de Coletividades Corticeiras a nível europeu. Em abril de 2007, constitui-se formalmente em Cassà de la Selva, a Rede Europea de Territórios Corticeiros - RETECORK, composta inicialmente por 23 associados de Espanha, Portugal, Itália e França, com o objetivo de constituir ao nível da administração local e com vista ao desenvolvimento económico-social das povoações, uma plataforma para o conhecimento, promoção e desenvolvimento da cultura da cortiça, com representantes das diversas entidades, tradicionalmente ligadas à promoção, transformação e comercialização da cortiça. Actualmente, a RETECORK, composta por cerca de 70 sócios de Espanha, Portugal, Itália e França, quer representar e defender os interesses das colectividades territoriais com presença na fileira da cortiça; contribuir para a valorização e difusão do legado cultural e patrimonial vinculado a esta atividade e visar o desenvolvimento sustentável local a nível económico, social e ambiental. Câmara Municipal de Coruche

geral@cm-coruche.pt


estátua d. afonso henriques jardim da porta do sol

Guiomar Fragoso* Certamente o mais conhecido dos “retratos” de D. Afonso Henriques, a estátua em bronze, inaugurada em 1999, encontra-se na antiga Alcáçova, no actual Jardim da Porta do Sol. É uma réplica da iconográfica obra erigida em 1888, em Guimarães, berço da nacionalidade. Presumivelmente foi fundida a partir de um gesso do autor, existente no Regimento de Artilharia da Serra do Pilar. A obra original, de António Soares dos Reis (1847-1889), escultor e professor, incompreendido à época mas hoje considerado um renovador e um dos maiores escultores portugueses do séc. XIX, é uma representação mítica do fundador da nacionalidade e primeiro rei de Portugal. Nesta simbolização de D. Afonso Henriques, este mostrase pujante, desafiador e imponente, numa abordagem formal e tratamento plástico inovadoras na época. Tendo a inauguração prevista para 1885, na comemoração dos 700 anos da morte de D. Afonso Henriques (1185), a obra atrasou-se dois anos devido a contingências inerentes às escolhas do escultor. O projecto teve duas versões: na primeira, eventualmente mais de acordo com a verdade histórica, a cota de malha chegava acima do joelho e a manga roçava os pulsos; na segunda, a versão final, a cota de malha bordeja os tornozelos e a manga é curta… O puritanismo novecentista terá tido a palavra final na decisão acerca do que cobrir ou mostrar do real corpo. Imagem paradigmática para o Estado Novo, foi profusamente utilizada na propaganda do regime. Em 1947, na comemoração dos 800 anos da tomada da cidade (1147), foi colocada uma réplica no Castelo de S. Jorge em Lisboa. A reconquista de Santarém aos Muçulmanos, por D. Afonso Henriques, tal como Lisboa, data de 1147. Em termos de nacionalidade podemos afirmar que Santarém é quase tão antiga quanto a fundação de Portugal (1143). * Técnica de Turismo

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Fotografia de Osvaldo Cipriano


Redescobrindo Santarém

uma visita guiada pela cidade

Fotografia de Osvaldo Cipriano

Escolhemos o Miradouro de S. Bento para ponto de partida. O nosso olhar estendeuse pela paisagem que tínhamos diante de nós, tomando aquele momento como a oportunidade para enfim despertar. Segundo reza a história, Santarém tem, tal como Lisboa, Roma e Istambul, sete colinas. O frade e escritor Frei Luís de Sousa, nascido em Santarém como Manuel de Sousa Coutinho, desenhou-a como uma mão esquerda aberta, em que os dedos correspondem às colinas e os espaços entre eles aos vales. Mas Santarém é muito mais. É também os seus bairros ribeirinhos da Ribeira, de Alfange e das Caneiras e o rio. O rio Tejo, que sendo o maior da Península Ibérica, está intimamente ligado à sua génese, à sua época áurea e inclusive à origem do seu nome. Ao longe avistamos as muralhas e as torres entre o casario, e só de olhar facilmente nos apercebemos que visitar Santarém é como que uma viagem constante no tempo. O conjunto histórico revela-nos não só a evolução da cidade mas também a própria história do país num enlaçar de estórias e lendas que não nos deixam esquecer a sua riqueza cultural e identitária. Seguimos a pé desde do miradouro, no qual existiu um mosteiro beneditino que ainda hoje lhe dá nome. Passamos pelo antigo liceu e actual Escola Secundária Sá da Bandeira e

pela Igreja de Santa Clara. A igreja, agora em obras, fazia parte de um complexo conventual mais alargado. A sua construção iniciou-se em meados do século XIII, e foi acrescentada ao longo dos séculos. A demolição teve lugar já no início do século XX, na altura com o intuito de ali fazer construir um bairro residencial para pessoas menos favorecidas. Hoje existe um grande terreiro utilizado como parque de estacionamento ao centro do qual ainda é possível ver a cisterna gótica. Continuamos e entramos no Convento de S. Francisco, por largos anos fechado ao público e agora visitável, apesar de necessitar de várias obras de restauro, porque as que teve foi de embelezamento. A sua planta é em grande parte semelhante à da Igreja de Santa Clara, não possui no entanto a capela-mor que entretanto ruiu. Foi também construído em meados do século XIII, em estilo gótico. Passamos pelo claustro, olhando com atenção para os seus capitéis e descobrindo a representação de animais e de pessoas. O Convento sofreu várias vicissitudes desde incêndios, a terramotos, à utilização por regimentos de cavalaria e contudo continua a valer a pena a sua visita. Atravessamos o Jardim da República, que já foi o Passeio da Rainha no século XIX, vemos o coreto e dirigimo-nos para a estátua do Infante D. Fernando, nascido nesta cidade em 1402. A estátua data do século XX por

Leopoldo de Almeida, também responsável, entre outras, pelas esculturas do Tribunal de Santarém e pelas que compõem o Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa. Por detrás da estátua a fachada da antiga Escola Prática de Cavalaria, ali instalada na década de 50 do século XX e que absorveu na totalidade ou em parte o local de dois conventos, o dos trinitários e o dos franciscanos. A construção do Convento dos Trinitários teve início no século XIII e ao longo dos 700 anos em que ali permaneceu foi sofrendo várias obras, sendo a torre sineira ainda visível disso exemplo. Próximo localizam-se os Paços do Concelho num antigo palácio do século XVII e o Mercado Municipal, datado da década de 30 do século XX, cujos painéis de azulejo vale a pena ver mais de perto, testemunho que são de uma Santarém antiga. Lá se pode ver num dos painéis a ponte D. Luís I a ser atravessada não por carros, como hoje, mas por carroças e pessoas a pé. Noutro painel a antiga praça de touros de Santarém, construída no antigo Convento de S. Domingos e do qual existem vestígios no Museu Municipal. Mas também uma representação do sítio onde hoje se encontra o Jardim da Liberdade, e do Padrão de Santa Iria servindo de ancoradouro. Dirigimo-nos para o Largo do Seminário, ou melhor dizendo Praça Sá da Bandeira, passando pelo busto do escritor Alexandre Herculano, que escolheu a Quinta de Vale de santaremdigital | 9


Lobos, próxima da cidade, para passar os últimos anos da sua vida. No largo ou praça para o qual nos dirigimos espera-nos outra personalidade do século XIX, sobre a qual Alexandre Herculano diria que era o português mais ilustre do seu tempo. O Marquês Sá da Bandeira, importante militar e estadista, nascido em 1795 na casa dos avós localizada por detrás da estátua, seria também o seu trajecto de vida exemplo do conturbado início do século XIX, com as invasões francesas e a guerra civil. Neste largo existem vários pontos de interesse, como a Igreja de Nª Senhora da Piedade, do século XVII, em estilo maneirista. Trata-se de uma igreja invulgar por possuir uma planta em cruz grega e ter uma cúpula octogonal. No seu interior guarda um segredo, uma porta ogival da muralha, que rodeava Santarém. Novamente no exterior é possível ver a muralha entre a igreja e o edifício contíguo. A igreja dita do Seminário e que é hoje a Sé de Santarém, impõe-se com a sua bonita fachada e escadaria. O interior barroco contrasta surpreendentemente com um exterior mais sóbrio, mas não menos interessante, até porque nos permite contar uma das muitas estórias da Santarém, na qual a Nª Srª da Conceição dá por falta de um bolo ou de um arroz doce, perguntando a cada um dos santos jesuítas ali representados pelo seu destino, a começar pelo santo fundador da companhia, o santo Inácio de Loyola. Um olhar mais atento permite-nos identificar o responsável. Tanto o interior como o exterior foram recentemente recuperados. No final do ano, terminadas as obras, o espaço visitável será maior, integrando um museu de arte sacra. Por cima da “Lojinha”, uma janela manuelina. A estória diz que foi daquela janela que D. Pedro assistiu à morte de dois dos três assassinos de Inês de Castro, que na verdade ocorreu no interior do Paço Real onde hoje se localiza a Sé de Santarém.

Sousa, já anteriormente mencionado. Ao longo da rua hoje chamada de Serpa Pinto vemos vários edifícios com fachadas decoradas a azulejos e varandas de ferro. Chegados à Praça Visconde Serra do Pilar, podemos ver mais alguns edifícios com azulejos alguns dos quais felizmente restaurados. Este largo hoje com menos vida era o centro da urbe islâmica e medieval, uma vez que aqui se realizava o mercado diário e também se encontravam os antigos Paços do Concelho. O grande edifício branco é a Igreja de Marvila, o seu interior revestido a azulejos é considerado a catedral do azulejo seiscentista, a maior concentração de azulejos da primeira metade do século XVII. É uma das igrejas mais antigas da cidade. Depois seguimos para encontrar aquela que é uma das mais belas rosáceas de Portugal e que aparece representada no pórtico da A1, anunciando Santarém como a capital do gótico. A Igreja da Graça com a sua invulgar escadaria descendente, é também conhecida por conter o túmulo do navegador Pedro Álvares Cabral. Mas o mais imponente túmulo da igreja pertence ao primeiro governador de Ceuta, D. Pedro de Meneses, raro exemplar da tumulária gótica. Novamente no exterior, vemos a Escola Profissional de Vale do Tejo e o Lar de Santo António, que se localizam no antigo convento, um dos muitos existentes na cidade e adaptado a outras funções após a dissolução da ordens religiosas, em 1834. Reconhecemos ainda a estátua de Pedro Álvares Cabral que dá nome ao largo, bem como à casa de cultura próxima da igreja. Decidimos seguir as setas amarelas, indicativas do caminho de Santiago, mas que nos irão levar também às Portas do Sol, destino último do nosso percurso.

Assim encontraremos a Torre das Cabaças ou Seguimos pela antiga Rua Direita, a que é cabaceiro de Santarém. Actualmente no seu mencionada pelo escritor Almeida Garrett interior existe o Núcleo Museológico do Tempo. no seu livro “Viagens na Minha Terra”, Do cimo da torre podemos ver os telhados do aproveitamos para parar no largo Padre centro histórico e ter uma melhor noção da Chiquito e ali ver um painel de azulejos que sua dimensão. À construção está associada nos fala do local de nascimento de Frei Luís de uma lenda segundo a qual os 8 vereadores da 10 | santaremdigital


Câmara Municipal na altura teriam solicitado dinheiro ao rei a fim de edificarem a referida torre. O rei após hesitar decide finalmente aceder ao pedido, sendo depois convidado para a sua inauguração. Acontece que ao rei D. Manuel I desagradou o facto da torre não apresentar elementos decorativos, pelo que o seu descontentamento foi total e de tal ordem que decidiu castigar os oito vereadores mandando colocar por cada cabeça oca uma cabaça. As vasilhas em barro fazem hoje as vezes das cabaças mas o seu nº continua a ser de oito. As cabaças teriam como função amplificar o som dos sinos que indicariam as respectivas horas. Do lado oposto da rua a Igreja de São João de Alporão, exemplar único em Santarém, que ilustra a passagem do estilo românico para o estilo gótico. Era parte de um mosteiro de hospitalários e estava estrategicamente localizado junto a uma das portas da cidade. Encontrase temporariamente encerrada. Um pouco mais à frente o edifício do antigo Banco de Portugal e ao seu lado o Cine-teatro Rosa Damasceno, infelizmente muito longe das funções para os quais foi construído em 1938. Em frente, o Teatro Actor Taborda que datando também do século XX consegue manter a sua vida cultural. Atravessamos a Avenida da República criada no século XIX e que vence o desnível do terreno, já que originalmente a Alcáçova se localizava num cimo isolado. Do lado direito vários edifícios do século XIX e a travessa da judiaria por ser ali o antigo bairro judaico, criado no reinado de D. Pedro I. Encontramos os portões do Jardim e ao fundo a porta ogival da muralha virada a nascente que lhe dá o nome de Porta do Sol. A estátua de D. Afonso Henriques, o monumento aos soldados mortos na 1ª Grande Guerra Mundial e o Centro de Interpretação da Cidade de Santarém são motivos de interesse, mas já vão sendo horas de almoçar e num desabafo fazendo o narrador suas as palavras do escritor Almeida Garrett “Santarém fatigou-me o espirito, como todas as coisas que fazem pensar muito. Deixo-a porém com saudade…”, ao que o narrador acrescenta “na certeza de que voltarei a este mesmo local e a partir daqui farei um outro percurso, pelo tanto que ficou ainda por ver”. Vera Duarte

Guia-Intérprete Oficial visitas.guiadas@santaremdigital.pt

Fotografia de Osvaldo Cipriano


Casa-Museu Passos Canavarro - de Afonso Henriques a Passos Manuel -

Pedro Passos Canavarro* Santarém, já em pleno século XXI, continua Canavarro, localizada na sua Alcáçova. a ser uma cidade privilegiada pela qualidade de vida presente, reflexo, também do seu Santarém foi conquistada aos Mouros pelo património histórico-cultural. nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques, em 1147, o qual ocupou os paços ou pardieiros aí Se, em grande parte, muito desapareceu, não existentes para neles se instalar, fundando, deixam, porém, de ser ainda impressionantes desde logo, a Igreja de Santa Maria e, são estes, os roteiros que se podem realizar, desde a logo por detrás da cabeceira desse templo até arquitectura romano-gótica aos adornos às muralhas que olham o bairro da Ribeira – manuelinos, às “máscaras renascentistas”, às que reconhecemos na mais antiga cartografia propostas construtivas maneiristas recheadas como a da “Genealogia do Infante D. Fernando nos seus interiores de uma linguagem típica de Portugal” – os quais sempre aí existiram, do barroco decorativo português. interrompendo a linha contínua das muralhas, que os amparam nos seus extremos. É ainda de salientar a arquitectura civil, não só nos séculos XV, XVI e XVII, confrontada Na área dos primeiros paços da dinastia com quarteirões oitocentistas revestidos afonsina, a Igreja de Santa Maria foi, desde exteriormente de azulejos, como ainda a início, entregue aos Templários, logo após a presença da “art deco” dos anos trinta do conquista de 1147 e, posteriormente, em século passado. 1193, aos Cavaleiros da Ordem Santiago, ficando estes com a “torre e paços” do velho É neste sentido, de olharmos a cidade na sua castelo. dinâmica histórica e ocupação do seu espaço urbano, que abordamos a Casa-Museu Passos Julga-se que só D. Afonso Henriques ou seu 12 | santaremdigital

filho D. Sancho I aí tivessem pernoitado, pois desde que a Ordem dos Trinitários procurou instalar-se em Santarém, em 1208, acabou por ser convidada, já no reinado de D. Sancho, a fazê-lo, mas frente ao novo paço, no Castelo de Santarém (hoje Sé da Cidade), alicerçandose, no lado oposto, a poente da vila, o que nos leva a considerar o estabelecimento definitivo do Castelo da Vila ou “Alcáçova Nova” entre 1193 e 1208. Após a morte de Afonso Henriques, em 1185, D. Sancho reconstrói as muralhas do planalto de Marvila, para defesa desta, já que para poente a velha Alcáçova nada defendia, pois era morro solto versus planalto, já que uma profunda ravina a isolava da vila de Santarém. Com D. Afonso III era já indiscutível que a Corte se instalara no novo castelo, com o seu terreiro do paço, actual praça Sá da Bandeira, ficando ao abandono todos os terrenos circundantes à Igreja de Santa Maria da Alcáçova, pertencentes embora ao erário real, tais como os espaços de mudas, das covas e


Fotografia de Osvaldo Cipriano

pardieiros. Só no reinado de D. Manuel I é que se encontram nomes de proprietários, fidalgos da sua casa, que foram recebendo estas áreas como “quintal e recolhimento, pardieiros e cisterna, casa de mudas”, - paços que se desenvolviam desde a cabeceira da Igreja até à muralha que se sobrepunha à Ribeira.

ocupados noutras funções fora do Reino, com João Salinas de Benevides e com a Calçada como também pela centralização política que de Santiago. chamou a corte a Lisboa daí ficando estes espaços sempre um pouco ao abandono. Graças à recolha arquivística e à qualificada análise do investigador Mário de Sousa No Tombo de 1700 registam-se as mercês Cardoso, in “Catálogo 1 da Colecção da Casaconseguidas aos que sucederam na posse Museu Passos Canavarro”, podemos afirmar destes prazos situados junto à cabeceira ser tão significativo este estudo, balizado da Igreja de Santa Maria da Alcáçova, tais entre 1147 e 1841, que permite a esta Casacomo: Francisco de Sá, Lourenço Guedes e sua Museu assumir o “espírito do lugar” casando mulher D. Guiomar de Castro que os legaram “ um espaço no tempo” da nossa História, a D. Maria de Noronha, a qual casando com D. como um dos pilares mais significativos da Luís Gonçalves da Câmara Coutinho, Morgado identidade histórica desta Casa-Museu. das Taipas e Alcaide-Mor de Torres Vedras, os * venderam, a 1 de Maio de 1841, a Manuel da Presidente e Fundador Silva Passos e sua mulher D. Gervásia de Sousa da Casa-Museu Passos Canavarro Falcão.

O primeiro proprietário, segundo consta, teria sido Estevão Bernardes, escrivão do Tesouro (1497) para que construísse casa entre a Igreja e as mudas; outros fidalgos aqui se instalaram também como Jorge de Aguiar (1501), Capitão-Mor da Armada da India, e que logo, em 1511, as passou a Lopo de Sousa – feitor na cidade de S. Jorge da Mina, que por sua vez as doou, a seu genro D. Rodrigo de Sousa, Capitão e Governador de AlcáçarCeguer, reunindo este as doações régias Estes espaços que Passos Manuel comprou na anteriores e adquirindo também os espaços Alcáçova de Santarém, visualizam-se na planta pertença de Estevão Barradas. de 1833, elaborada pelos engenheiros de ElRei D. Miguel, confrontando-os com a Igreja de Estes prazos foram mudando, de mão-em- Santa Maria, com quintais dos Malheiros (hoje mão, quer pela ausência dos seus possuidores parte nascente do jardim das Portas do Sol),

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A vida de um vinho Somos muitas vezes confrontados com a ●As castas em si, se considerarmos a grande questão de sabermos até quando podemos ou divisão entre Brancas e Tintas, têm também devemos guardar um vinho. uma palavra a dizer. Todos sabemos que, genericamente, os Vinhos Tintos envelhecem Embora legalmente não seja obrigatório a melhor que os Vinhos Brancos. fixação na embalagem a data de validade dos vinhos, todos nós sabemos que, na prática, já No entanto, quase sempre essa característica nos confrontamos com abertura de garrafas de está mais associada à tecnologia de fabrico vinho que já não se encontravam nas melhores do que às castas em si. Veja-se por exemplo, condições de consumo. o caso dos Vinhos Rosés, que produzidos, tal como os tintos, a partir de Castas tintas, são de Este tema não pode ser abordado com consumo jovem, envelhecendo geralmente mal. linearidade, pois nenhum produtor de vinho pode informar o consumidor acerca da São no entanto conhecidas castas que induzem longevidade do vinho no geral. a maior longevidade umas que outras. Não posso deixar de referir o caso da Casta Branca Existem uma multiplicidade de factores que “ Arinto”, que quando bem vinificada, origina directa e indirectamente influencia a vida de vinhos favoravelmente ao envelhecimento um vinho. Vamos tentar equacionar. durante décadas. As Regiões vitivinícolas em si apresentam características distintas de solo, clima e orografia que influenciam a longevidade dos vinhos. Embora não se possa nem deva generalizar, sabemos que as Regiões mais a Sul, estão geralmente associadas a vinhos menos acídulos e mais propícios a serem bebidos enquanto jovens. Por outro lado, as regiões centrais, de influência marítima e as situadas mais a Norte, por originarem vinhos mais acídulos e/ ou encorpados, geralmente estão associadas a vinhos difíceis enquanto muito jovens e com características de guarda. As Regiões Centrais mais interiores, em função dos tipos de solos e disponibilidades hídricas, geralmente associam ambas as características de Juventude e capacidade de envelhecimento. 14 | santaremdigital

A tecnologia tem evoluído exponencialmente de há duas décadas a esta parte. Pode hoje considerar-se como sendo um dos principais factores que influencia a característica de envelhecimento dos Vinhos.

tecnológicas, permitem dar mais ou menos Dentro da mesma Região e Casta, o Enólogo corpo e estrutura aos vinhos. Associado a esse pode hoje utilizar um conjunto de tecnologias corpo e estrutura está invariavelmente a sua que lhe permitem, a partir de uma mesma capacidade de envelhecimento. matéria-prima, produzir um vinho para E se isto é válido para os vinhos tintos não o é consumo em jovem ou para guarda. menos para os vinhos brancos. Tudo começa com a marcação da data de vindima, influenciando o teor em açúcar, O tipo de embalagem, a sua dimensão e os taninos, matéria corante, polifenois e outros. cuidados de higienização associados ao Segue-se depois todo o trabalho em adega, engarrafamento em si têm também uma onde recorrendo a um maior contacto da importante palavra a dizer. pelicula das uvas com o mosto, tempo, temperatura de fermentação, prensagem, Começando pelo tipo de embalagem em si, o envelhecimento em madeira e outras práticas vidro é tradicionalmente a mais usual para


o vinho, estando normalmente associada à se mais tempo do que uma 0.75 litros. As ditas vedação com cortiça. meias garrafas e as miniaturas têm um tempo de vida mais limitado. No entanto, outro tipo de embalagens têm ultimamente surgido no mercado, igualmente Em conclusão, há vinhos para beber muito com um bom desempenho, embora associadas jovens, como alguns Vinhos Brancos de menor a vinhos de consumo mais rápido, ou seja, mais teor alcoólico e frutados, cujo consumo deve adaptadas para vinhos de consumo em jovem. preferencialmente fazer-se no ano seguinte á sua produção. O mesmo se passa com alguns De qualquer forma, a regra de que quanto maior tintos menos encorpados, que embora possam é o volume da embalagem mais apropriada esta suportar algum envelhecimento, nada ganham é para o envelhecimento, mantem-se válida com isso. quer para as garrafas quer para os outros tipos de embalagem entre si. Uma garrafa Magnum No outro extremo estão os Vinhos Tintos com (1,5 litros), para o mesmo vinho, pode guardar- mais estrutura, corpo e teor alcoólico, mais

propícios a serem guardados, alguns durante décadas e que são quase imbebíveis na sua juventude. Pelo meio ficam alguns Vinhos Brancos elaborados e mais encorpados, estagiados em madeira, bem como a grande maioria dos vinhos tintos, que influenciados pela Região produtora, se podem guardar durante parte de uma década. José Gaspar Presidente da CVR do Tejo

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s ocieda d e agrí col a

casal do conde entrevista com Maria alexandra Vicente, Enóloga

A

Sociedade Agrícola Casal do Conde tem a sua origem no início do séc. XX em Vila Chã de Ourique na Região do Tejo. Com uma raiz familiar, esta Sociedade fundada pelo vinicultor Manuel Henriques (n. 1890 - f. 1984) , foi sempre caracterizada por um crescimento dinâmico que lhe permitiu chegar ao início do século XXI como uma das maiores produtoras vinícolas do Tejo. A sua estratégia de aquisição de algumas das melhores quintas e vinhas da Região como a Quinta d’ Arrancosa e as vinhas da Correchana, foram acrescentando capacidade produtiva, e permitiram seguir uma filosofia de produção de vinhos de qualidade, devidamente reconhecidos com a atribuição de inúmeros prémios em concursos nacionais e internacionais.

Qual foi a evolução da vinícola? Em 2009, a Sociedade Agrícola Casal do Conde foi adquirida por um grupo de investidores luso-angolanos que veio modernizar os seus processos de gestão, a sua estratégia de marketing e o seu posicionamento comercial, dotando-a de uma forte capacidade de investimento. Esta nova realidade veio acelerar o processo continuado de evolução da sua estrutura produtiva, e encarar o futuro numa perspectiva de expansão da sua oferta e a presença da marca em novos mercados. Actualmente, a Sociedade Agrícola Casal do Conde dispõem de 160 ha das melhores terras do Vale do Tejo, das quais 75 ha estão afectos à vinha. Estas foram reestruturadas nos últimos anos, juntando, em talhões separados, castas tradicionais portuguesas às castas nobres internacionais, selecionadas pelo seu potencial nas características intrínsecas do terroir. A sua adega localizada junto à povoação de Porto de Muge, tem acompanhado a evolução tecnológica do sector, apostando nos mais avançados processos de vinificação e engarrafamento, espelhando a tradição vinícola da empresa, num contexto de modernidade e confiança no futuro da região vinícola do Tejo como uma referência na produção de vinhos de qualidade em Portugal.

Quais são as características do vinho Casal do Conde? Os vinhos são produzidos na adega do Casal do Conde em Porto de Muge, junto ao rio Tejo, a partir de produção própria oriunda de vinhas Regionais e D.O.C. certificadas, sendo envelhecidos em barricas de carvalho francês.

Quais as castas utilizadas para a produção dos vinhos? Quais as marcas comercializadas? Fotografia de Osvaldo Cipriano

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As variedades das castas presentes nos vinhos do Casal do Conde são


as seguintes: Tintas - Touriga Nacional, Tinta Roriz, Castelão, Merlot, Syrah, Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet. Brancas - Arinto, Alvarinho, Malvasia, Trincadeira das Pratas, Moscatel, Viognier, Sauvignon Blanc. As marcas de vinho comercializadas pelo Casal do Conde são: Casal do Conde - D.O.C. Tejo, branco e tinto. Terras do Vale - Vinho Regional do Tejo, branco e tinto. Quinta d’Arrancosa - Vinho de Regional do Tejo, branco e tinto.

Qual o vinho que destacaria e porquê? Gostaria de realçar um vinho em particular, o vinho Moscatel por se tratar de um novo lançamento e por ser a primeira vez que produzimos um vinho 100% moscatel. Ficha Técnica abaixo.

Como tem sido a experiência além-fronteiras? Quais os prémios recebidos? A Casal do Conde encontra-se em fase de Internacionalização e tem vindo a conquistar diversos mercados além fronteiras, nomeadamente, Angola, China, Brasil, Rússia, EUA, Polónia, Holanda etc. Temos vindo a verificar um grande interesse e excelente aceitação dos nossos Vinhos no mercado internacional. PRÉMIOS CONQUISTADOS CASAL DO CONDE TINTO DOP RESERVA 2011 • Medalha de Ouro no Concurso de Vinhos Engarrafados do Tejo 2013 • 88 Pontos no Buying Guide da Revista Americana Wine Enthusiast Abril 2013 • 1º Prémio no XIII Concurso Vinhos do Tejo 2011/12 • 1º Prémio no XXVIII Concurso Vinhos do Cartaxo 2011/12 • Medalha de Prata 11º Selezione del Sindaco Itália 2012

quinta da arrancosa - regional tejo moscatel graúdo 2012 Marca: Quinta da Arrancosa Ano: 2012 Tipo de Vinho: Vinho Branco Regional Região: Tejo Área de Vinha: 3 ha Castas: Moscatel Graúdo Solo: Aluvião Vinificação: Fermentação em cubas de inox com temperatura controlada a 16ºC Prova organoléptica: Cor citrina. Aroma floral, cítrico e a uvas. Elaborado a partir de Moscatel Graúdo o mais perfumado da família Moscateis, revela equilíbrio e harmonia na boca, elegância e muito prazer. Enóloga: Maria Alexandra Vicente ANÁLISE SUMÁRIA Álcool: 13,0% Acidez Total: 5,9 g/L Acidez Volátil: 0,27 g/L pH: 3,12 SO2 Livre: 34 mg/L SO2 Total: 114 mg/L Açúcares Redutores: 2 g/L


• Medalha de Bronze no Decanter Asia Wine Awards 2012 • Prémio de Mérito Concurso Nacional de Vinhos de 2012 TERRAS DO VALE TINTO COLHEITA SELECCIONADA 2011 • Medalha de Ouro- Concurso de Vinhos Engarrafados do Tejo 2013 • Medalha de Prata - Concurso Selezione del Sindaco Itália 2013 • 85 Pontos no Buying Guide da Revista Americana Wine Enthusiast Abril 2013 • Revista Alemã Selection Magazine- 85 pontos 2013 CASAL DO CONDE BRANCO ALVARINHO 2012 • BEST BUY na Revista Americana Wine Entusiasth - 88 pontos • Revista Alemã Selection Magazine- 84 pontos 2013 • Commended – Concurso Mundial de Bruxelas 2013 QUINTA DA ARRANCOSA BRANCO MOSCATEL 2012 • BEST BUY na Revista Americana Wine Entusiasth - 88 pontos 2013 • 1º Prémio COLHEITA 2012/2013 - XIV Concurso de Vinhos do Tejo • 1º Prémio COLHEITA 2012/2013 - XXIX Concurso de Vinhos do Cartaxo • Medalha de Prata – Concurso Mundial de Bruxelas 2013 • Medalha de Prata – International Wine Challenge 2013 • Medalha de Prata- Concurso de Vinhos Engarrafados do Tejo 2013 CASAL DO CONDE BRANCO VIOGNIER 2012 • BEST BUY na Revista Americana Wine Entusiasth - 87 pontos 2013 • Medalha de Prata - Concurso de Vinhos Engarrados do Tejo 2013 • Revista Alemã Selection Magazine- 84 pontos 2013

Quais são os planos da empresa para o futuro? A Sociedade Agrícola Casal do Conde SA, pretende investir na total remodelação das suas instalações, em novas plantações de vinha e no desenvolvimento da sua vertente enoturística. Tem como principal objetivo produzir vinhos de elevada qualidade e proporcionar experiências gustativas de excelência! Fotografia de Osvaldo Cipriano


RECEITATRADICIONAL RIBATEJANA

BOLOS DE NOIVA Não sabemos qual a origem da tradição, mas encontra-se bastante difundida por todo o concelho, com ligeiras variantes de freguesia para freguesia, ou de aldeia para aldeia. Basicamente consiste numa oferta que a noiva faz, geralmente cerca de 1 semana antes do casamento, nalguns casos aos convidados, noutros a vizinhos ou conhecidos que não participam na boda. Como forma de agradecimento é costume oferecer uma “lembrança” aos noivos, que pode ser em géneros ou dinheiro. Recentemente surgiu o uso de oferecer os bolos, dentro de sacos de chita, apenas aos convidados, no dia do casamento, sendo este o momento em que aqueles entregam a “prenda de casamento” aos noivos.

INGREDIENTES:

preparação:

10 kg de farinha de trigo 5 kg de açúcar 1 kg de manteiga 0,5 kg de margarina 1 kg de limões (aproveitar apenas a raspa) 1 colher (sopa) de bicarbonato de sódio 1 colher (sopa) de fermento em pó Royal 2,5 dl de azeite 50 gr de sal paus de canela 20 gr de fermento de padeiro 4 ovos + 8 gemas

Amassar 2 kg de farinha com o fermento de padeiro e deixar levedar (+- durante 1 hora e meia). Juntar à massa lêveda a restante farinha, o açúcar, o bicarbonato, o fermento em pó, o sal e a raspa de limão. Fazer um buraco no centro, adicionar a manteiga e margarina amolecidas e o azeite. Amassar, juntando aos poucos goles de água morna (que, entretanto, foi fervida com o sal e os paus de canela). Quando a massa tiver a consistência necessária para tender, formam-se ferraduras, com aproximadamente 500 gr de peso. Batem-se os ovos inteiros com as gemas e pincelam-se as ferraduras. Vai a assar, de preferência em forno de pão ou de padeiro, até estar bem cozido (+- 20 a 25 minutos). Receita cedida pela Sra. Maria Júlia Sá Soares Antunes (Aldeia da Ribeira)

Fotografia cedida por Ana Maria Henriques



Lenda de Santa Iria Iria nasceu em Nabância, cidade que se crê ter existido próximo de Tomar. Seus pais eram nobres e, da educação que recebeu, nasceulhe o desejo de servir Cristo; assim, logo que atingiu idade suficiente, entrou para um mosteiro governado por um seu tio, o abade Célio. No convento completou a sua educação através de Remígio, um douto monge.

adormecesse e saiu de mansinho, deixando o cavaleiro de novo cheio de saúde.

Passou-se o tempo e, dois anos depois, veio a apaixonar-se por Iria o velho preceptor, Remígio. A monja repeliu-o, primeiro docemente, mas por fim, dada a sua insistência, foi obrigada a usar de áspera severidade. Ferido nos seus desejos, Remígio jurou a si mesmo vingarNessa época era senhor de Nabância o príncipe se da virgem que assim desprezava os seus Castinaldo, o qual tinha um filho de nome favores. Britaldo, cavaleiro corajoso, bom e leal. Muito dado às experiências alquímicas, A jovem Iria era lindíssima e, uma vez em Remígio, preparou no seu laboratório que atravessava Nabância em procissão com uma beberagem que, na manhã seguinte, as outras monjas, foi vista por Britaldo que, conseguiu que Iria bebesse misturada na sopa encantado pela sua formosura, se apaixonou do almoço. Algum tempo depois começou a imediatamente. E de tal forma que perdeu o sentir-se vingado: Iria engrossava como se apetite, o sono, a alegria e quase enlouqueceu. grávida estivesse. Acabou por cair doente e nem o físico nem o boticário conseguiram achar remédio Segura de si, a virgem, não atinando com a apropriado para curar aquele estranho mal. causa do que lhe acontecia, continuou fazendo a mesma vida rotineira do mosteiro. Redobrou, Em sonhos, Deus apareceu a Iria e contou- porém, as orações e os cilícios, tentando lhe a desgraçada doença do jovem Britaldo, desse modo provocar uma explicação de Deus revelando-lhe ser ela a causadora da para o fenómeno. Mas Britaldo, vendo apenas enfermidade. Ao acordar, a monja decidiu ir os efeitos exteriores da poção mágica, sentiuvisitar o infeliz ao palácio e tentar dissuadi- se traído e decidiu matar Iria. lo daquele amor. Assim, depois de rezar as matinas à beira do rio Nabão, como era Incumbiu então um soldado de acabar com a seu costume, a monja dirigiu-se a casa de monja, e, conhecendo o seu hábito de rezar Castinaldo a pedir permissão para visitar matinas à beira do Nabão, mandou o homem Britaldo. esperá-la no local onde de costume se recolhia em oração. Ali a encontrou, pois, o soldado Pousando docemente a usa mão na testa na madrugada de 20 de Outubro de 653. escaldante do enfermo, Iria tentou dissuadi- Ali a degolou com uma espada, atirando em lo do sentimento que lhe havia inspirado, já seguida o cadáver ao rio. que ela se prometera a Deus e jamais faltaria à promessa feita. O cavaleiro fê-la, então, Na manhã seguinte, Iria não apareceu e, prometer que nunca daria a outro o amor que imediatamente, começou a correr a notícia a ele negava. Iria prometeu e, fazendo-lhe o de que fugira com Britaldo. Mas Deus é sinal da cruz na testa, esperou que Britaldo grande e, por isso, revelou a Célio a verdade

do acontecimento. Este, por sua vez, mandou reunir o povo na igreja e contou-lhe toda a verdade. Inflamado pelas palavras do abade, o povo, juntamente com monjas e monges, iniciou a busca do corpo de mártir. Começaram primeiro buscando no Nabão, depois passaram ao Zêzere e, por fim, procuraram no Tejo. Estavam quase a desistir das buscas quando, perto de Scalabis, se lhes deparou um sepulcro de mármore branco onde milagrosamente estava encerrado o corpo incólume de Iria. Quiseram retirá-lo, mas as águas, que tinham baixado de repente para mostrar o túmulo, voltaram a subir, cobrindo para sempre o sepulcro da mártir. A tradição medieval acrescenta que, desejando a Rainha Santa venerar o túmulo de Santa Iria, as águas do Tejo tornaram a retirar-se milagrosamente para que lhe fosse possível orar sobre a laje de mármore. Em agradecimento a Deus e à Santa, D. Isabel mandou erigir, ao lado do túmulo, um padrão que assinalasse para sempre o local. Ainda hoje, sucessivamente restaurado, aí se encontra essa marca.


GALERIA LOST IN TIME

“Lost In Time” é um projecto fotográfico que nasceu em 2010. Na sua génese reside a ideia de apresentar uma visão particular sobre esta localidade situada á beira rio que desempenhou um papel tão importante na história de Santarém. A cidade cresceu, modernizou-se mas a Ribeira de Santarém permaneceu perdida no tempo, esquecida na história, escondida atrás do grande planalto como que desaparecida nos dias de nevoeiro. As casas abandonadas onde apenas residem memórias e solidão, as ruas construidas de pedra e gastas pelo tempo, as igrejas e monumentos que outrora juntavam multidões entregues ao vazio. Sim, a Ribeira está “perdida no tempo”, mas ela está lá, sempre presente.. dormente mas viva através da sua gente, envolta em melancolia, à espera que lhe devolvam a glória do passado... Fotografo: Osvaldo Cipriano COMPRAR O LIVRO http://www.blurb.com/b/1666805-lost-in-time

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REQUALIFICAÇÃO Desde sempre e ao longo dos tempos, o Homem tem vindo a transformar o espaço em função do que dele necessita, mas só muito recentemente se começou verdadeiramente a preocupar com o seu real valor. O espaço tem a mesma importância que o tempo e o ser social. O espaço em si pode ser dado, mas a organização e o sentido de espaço são produtos de experiência e vivências sociais. O espaço é, portanto, um fator muito importante, pois o Homem que o constrói e o determina acaba ele próprio por ser condicionado por ele. Winston Churchill usava esta expressão: “primeiro formamos os nossos edifícios depois eles formam-nos a nós”. O que a história nos tem ensinado é que o Homem tem-se apropriado dos espaços e desenvolvido os mesmos até ao ponto em que deixem de satisfazer as suas necessidades, deslocando-se, então, para outros locais onde existem novas e melhores condições. Assim, os espaços ficam desertificados e votados ao abandono. Verificamos que muitos dos antigos centros urbanos, se encontram, hoje, localizados em outros novos lugares. Encontramos mesmo, em algumas cidades, placas que identificam o centro antigo e o centro novo. Os espaços vão aparecendo e vão-se desenvolvendo de forma quase espontânea, através da intervenção do Homem, e cabe a este pensar a forma que permita perpetuar a memória e prolongar o tempo de vida dos mesmos. É então que surge o termo «Requalificação». Requalificar é diferente de Reabilitar. De forma

Fotografia de Osvaldo Cipriano

simples, podemos entender na arquitetura Requalificar como qualificar um espaço para um uso novo, e Reabilitar será voltar a qualificar para o mesmo uso. O Centro Histórico de Santarém necessita de uma Requalificação estratégica integrada, que lhe dê uma nova identidade e permita, assim, estimular a apropriação do espaço por parte dos utentes. Quanto mais os utentes se sentirem emocionalmente envolvidos com o espaço, maior atenção lhe darão e mais o valorizarão. E o Centro Histórico não é só o seu edificado. Como afirmou o arquiteto Oscar Niemeyer, quando olhamos para uma floresta não vemos apenas as árvores. O mesmo acontece com os edifícios, os espaços que os rodeiam não estão vazios. O que distingue o nosso centro Histórico de todos os outros? Qual a nossa identidade? Uma sinalética num centro histórico homogénea e integrada, centrada num tema identificativo, poderá, simultaneamente, permitir uma identificação do e com o espaço. Se não houver sentido de pertença, os proprietários do espaço não reagem à degradação, pelo contrário, o sentimento de pertença levará a que se sintam responsáveis pela sua preservação. A existência e a identidade do Homem dependem do ambiente em que vive, cabendo à arquitetura dar uma resposta harmoniosa e integrada. Cabe a todos nós a responsabilidade de preservar a integridade do nosso património. João Oliveira

Arquitecto joao.oliveira@santaremdigital.pt



A Importância da Formação Desde cedo senti a vontade de um dia poder ser Treinador. Recordo-me em particular dessa vontade ter crescido após uma época desportiva a todos os títulos excepcional da Equipa em que jogava, no Campeonato Nacional de Iniciados, em representação da União Desportiva de Santarém. Nessa época conseguimos superar-nos como nunca até aí, levando bem alto e longe o nome de Santarém. Talvez por não ser o jogador mais evoluído – longe disso até – pude valorizar os feitos que íamos alcançando jornada após jornada, como nunca até então. Tendo em conta que éramos um grupo de jovens que já jogava há alguns anos juntos, foi evidente que todo o sucesso teve um rosto evidente: o nosso Treinador. Foi ele que nos preparou e capacitou para acreditar como nunca tínhamos acreditado. Foi ele que nos deu a motivação para surpreender todos à nossa volta – nós incluídos – e chegar à fase final desse campeonato juntamente com Benfica, Sporting e Farense (conseguindo 2 vitórias e terminar em 3º lugar). No decorrer dessa temporada percebi o quão importante era a figura de um Treinador junto de uma Equipa. De um Líder junto de um grupo que procura alcançar um objectivo colectivo, potenciano ainda o melhor de cada elemento. Recordo com total nitidez a última palestra que o nosso Treinador nos deu na última jornada, em pleno Estádio da Luz, a um grupo de jovens de 14 anos que queria entrar naquele Estádio magnífico e simplesmente disfrutar de uma época que se iniciara no início de Setembro e iria terminar nas primeiras semanas de Junho – 10 meses juntos, uma verdadeira família. E que nos disse ele? Que aquela época era o fim de algo muito belo, mas que o mais importante da nossa vida estava para chegar: a preparação para o nosso futuro. Em nenhum momento nos afastou dos nossos sonhos, nos cortou ambições. Apenas referiu e realçou da forma mais emocionada possível que, para conseguir fosse o que fosse na nossa vida e nos nossos sonhos tínhamos de nos preparar. No ponto alto da temporada, no último dia juntos, 26 | santaremdigital

em vez de nos falar de tácticas, de resultados, de jogadores, falounos do nosso futuro enquanto Homens. E nunca pude esquecer essa Palestra especial. E eu que até seria suplente nesse jogo (como fora em tantos outros). Anos mais tarde tive oportunidade de realizar esse sonho também. Também eu fiz o percurso de me preparar para poder ser Treinador de jovens como eu fui. E também procurei e sempre procurarei transmitir aos nossos jovens como é importante prepararmo-nos para agarrar os nossos sonhos. É fundamental rodearmo-nos de todas as ferramentas que nos permitam ser melhores e mais preparados a cada dia. Somente com uma forte formação de base podemos ser melhores todos os dias e interpretar da forma mais correcta tudo o que nos rodeia e nos influencia. A formação adequada, juntamente com a experiência e sabedoria que vamos acumulando tornam-nos melhores a cada dia. E sendo melhores e mais competentes mais facilmente poderemos liderar o grupo que nos foi confiado. Felizmente no nosso Distrito é visível a melhor preparação que todos os Treinadores possuem, época após época, independentemente da Modalidade ou Escalão. É hoje comum vermos líderes com muita competência e conhecimento sobre as diversas matérias que abordam e disponibilizam àqueles com quem convivem todos os dias, nos treinos, nos jogos, em todas as intervenções com quem os rodeia. Finalmente posso dizer que nesse último desafio perdemos por 3-0 em pleno Estádio da Luz, contra uma equipa recheada de

futuros profissionais e até internacionais. Mas ganhámos muito também. Ao longo de toda a época ganhámos bases e valores que nos foram transmitidos pela figura mais marcante que conheci enquanto Atleta. Ainda hoje quando nos juntamos num convívio, gostamos de recordar como foi aquela época já longínqua de 1993/1994. Gostamos de recordar como foi bonito todo o percurso que conseguimos. Gostamos de recordar histórias e estórias que aconteciam. Gostamos de reviver as lições que nos foram transmitidas por um Líder bem preparado e com uma dimensão fenomenal. Já agora, posso dizer que ainda joguei os últimos 20 minutos. Obrigado por tudo Mister. Pedro Caetano

pedrocaetano@portugalmail.pt


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GUITARRA PARA TODOS INTERVALOS (PARTE I)

João Pando*

No número anterior da revista, apresentei os conceitos de escala menor harmónica e escala menor melódica. Tal como prometido, vou falar-vos agora do conceito de intervalo, que neste número da revista será apresentada a parte I e no próximo número concluirei o tema com a parte II. Um intervalo mede a distância entre duas notas. A nota mais grave é designada por fundamental e a nota mais aguda por intervalar ou de intervalo. Quanto à sua estrutura, os intervalos podem ser quantitativos e qualitativos. QUANTITATIVOS Tem a ver com o número de notas existentes no intervalo. Imaginemos duas notas, DO e MI, por exemplo. Será um intervalo de 3ª pois de DO a MI existem três notas: DO, RE e MI. Imaginemos outras duas, RE e LA. Se pensaram num intervalo de 5ª, acertaram pois de RE a LA, existem cinco notas: RE, MI, FA, SOL e LA. QUALITATIVOS Tem a ver com o tipo de intervalo entre as duas notas. Pegando no exemplo anterior, o intervalo existente entre DO e MI é de 3ª Maior e o intervalo entre RE e LA é de 5ª Perfeita. Os intervalos podem ter as designações: menor, maior, perfeito, aumentado e diminuto. Existem ainda as designações superaumentado (semi-tom acima do aumentado) e superdiminuto (semi-tom abaixo do diminuto). Os intervalos podem ainda ser simples, quando se encontram dentro da mesma oitava ou intervalos compostos, quando se encontram fora da mesma oitava. Há também quem defenda a distinção entre intervalos harmónicos, quando as duas notas são executadas em simultâneo (ex. power chord) e intervalos melódicos, quando as notas são executadas em sequência (ex. solo). O esquema seguinte incide unicamente sobre uma oitava e indica como são designados os intervalos relativamente a uma tónica (no exemplo, DO). Os intervalos normalmente são apresentados em duas oitavas ou seja, em 24 trastos. Os mais utilizados são os intervalos simples, ou seja, os que estão situados na primeira oitava (8va). OITAVA 7ª MAIORA 6ª MAIORA 5ª PERFEITA 4ª PERFEITA 3ª MAIORA 2ª MAIORA

TÓNICA 2ª MENOR 3ª MENOR 4ª AUMENTADA / 5ª DIMINUTA 5ª AUMENTADA / 6ª MENOR 7ª MENOR 28 | santaremdigital


Considerando a figura anterior e tomando como referência a tónica DO, o intervalo entre DO e RE é de 2ª Maior (distam 1 tom entre si). Se considerarmos as notas DO e SOL, o intervalo passa a ser de 5ª Perfeita (distam 3 tons e meio). Um intervalo entre DO e FA sustenido (FA#) é de 4ª Aumentada ou 5ª Diminuta (distam 3 tons).

Exercício 7 O exercício 7 é baseado na escala DO e deve ser executado em qualquer escala. É composto por uma oitava de intervalos simples. Cada nota é executada alternadamente com a tónica. Os números apresentados debaixo da tablatura representam os dedos que devem ser utilizados. O objetivo deste exercício é dar a conhecer ao guitarrista, onde estão e de que tipo são os intervalos existentes próximos da tónica, seja ela qual for. Este conhecimento será muito útil na configuração de acordes, que fica para um próximo número. Sugestão: definir uma tónica, por exemplo RE e repetir o exercício em cada RE da escala da guitarra. Boa prática e até ao próximo número.

* joao.pando@santaremdigital.pt PUB


Jovens Talentos

Cláudio Miguel

Cláudio Miguel é um jovem scalabitano de 24 anos, residente na Moçarria, desde novo apaixonado pela tauromaquia sendo, actualmente, Bandarilheiro Profissional. Considera-se uma pessoa extrovertida, simpática, bastante sociável e amigo do amigo, (mas confessa que talvez seja um pouco difícil de aturar nos dias que antecedem as corridas importantes) É um jovem activo, que adora desporto, principalmente se for radical, e gosta de música. Encara a vida de modo descontraído, procurando fazer o que realmente gosta. Como o facto de ser bandarilheiro é uma profissão sazonal, desempenha outra actividade sendo que nem sempre é fácil conciliar ambas.

O que o levou a ser Bandarilheiro? No início queria ser matador de touros e aos 10 anos entrei para a escola de toureiro de Almeirim. Fui discípulo do bandarilheiro Pedro Gonçalves, pois era ele o professor da mesma, sendo que foi quem me ensinou praticamente tudo aquilo que sei e a quem devo muito. Toureei ainda algumas novilhadas até que, de 6 de Janeiro a 20 de Fevereiro de 2007 , surgiu o concurso “Á procura de novos toureiros” no Campo Pequeno e decidi concorrer. Entrei no concurso e apesar de ter ficado pelo caminho a meio do concurso, como já tinha alguma capacidade para bandarilhar fui convidado pelo maestro Rui Bento Vasques para tourear como bandarilheiro na final. Correu muito bem e decidi tornar-me bandarilheiro. Tirei então a prova de bandarilheiro praticante em Santarém no dia 08-06-2007. Estive um ano e meio nesta categoria e em 22 de Março de 2009 tiro então a alternativa passando, a partir daí a ser bandarilheiro profissional. Desde então participo em 50 a 60 corridas por ano. Já passei pelas quadrilhas de várias figuras 30 | santaremdigital

do toureio nacional, integrando actualmente as do Cavaleiro Filipe Gonçalves e do Novilheiro Manuel Dias Gomes – ao serviço de quem tive o privilégio deste ano poder realizar mais um sonho e tourear na praça mais importante do mundo a Monumental de Las Ventas em Madrid.

Como recorda o dia da sua alternativa de bandarilheiro profissional? Era uma corrida tradicional, pois marca o início da temporada com um cartel importante, com cerca de 9 mil pessoas na praça, à moda antiga, isto é, com um toiro exclusivamente para o acto. A somar a tudo isto, foi em Santarém, praça da minha terra por isso a pressão era enorme. Partilhei este momento com um


colega de escola de toureio, o Telmo Serrão e executado por poucos bandarilheiros. No tivemos como padrinho o Pedro Gonçalves. entanto, na sua maioria, têm um elevado nível de execução e acho que temos cada vez mais Com a carga de toda a responsabilidade jovens a honrar a nossa classe. de quem de amador se vai tornar em profissional, numa carreira com os riscos e a Qual foi a corrida que mais gostou de responsabilidade que esta acarreta recordo tourear? Porquê? com muita alegria, satisfação e sentimento de dever cumprido. São várias, no entanto recordo com muito

do mundo e todos sonhamos poder pisar essa arena.

Que mensagem deixaria aos aficionados para a temporada que ai vem?

A Corrida de Touros é uma das mais enraizadas tradições em Portugal. Não deixem morrer os nossos usos e costumes. Sejam patriotas. carinho a da alternativa e também a primeira Apoiem cada vez mais os novos valores pois Actualmente como vê o desempenho da que toureei em Madrid. são eles que dão seguimento aquilo que mais classe dos bandarilheiros? amamos… A da Alternativa pois foi o grande teste para Numa actividade que em Portugal quase se me poder tornar profissional do toureio. resume ao toureio a cavalo fica muito limitada. Praticamente, o tércio de bandarilhas, é A de Madrid porque é a praça mais importante santaremdigital | 31


RIBATEJANOS PELO MUNDO


B

runo Fernandes é uma pessoa modesta, que gosta de conviver com os amigos e a família, adepto das coisas simples. Formado em design gráfico e multimédia, é fã de design e de tecnologia, partilhando essa paixão entre o trabalho e a vida privada, não escapando ao ditado de o português ser um “desenrasca”, por exemplo, ter sempre o bom plano para usar o smartphone com as tarefas do dia-a-dia, ou então usar o tempo livre para reparar velhos gadjets (telefones, consolas, entre outros). Desloca-se na maior parte do tempo em bicicleta, sempre que seja possível, não deixando de parte o uso do carro quando necessário. Mesmo em viajem, procura sempre uma bicicleta para conhecer os arredores.

O que o levou a emigrar? Ao início o objectivo era visitar apenas a família, que já morava na Suíça, durante uns meses. O facto de não ter encontrado um trabalho que oferecese garantias na minha área em Portugal, levoume a prospectar alternativas, uma vez que já me encontrava no local.

Porque escolheu este país? Já tinha família a viver em Genebra, e a isso veio se juntar o facto de aí ter feito ERASMUS, durante um semestre, enquanto ainda estudava em Portugal, o que me permitiu fazer amizades. Foram estes os principais factores que me levaram a fazer essa escolha. Além disso, por ser uma cidade internacional, onde se ouve falar tanto o francês, o inglês e o alemão, permite-me praticar outras línguas.

Como tem sido a sua experiência no estrangeiro? Devo dizer que existem sempre experiências boas e más, mas em geral estou muito contente com a minha escolha, tendo em conta a situação actual de Portugal. Aqui tenho oportunidades que dificilmente teria sem ter emigrado. Tenho a possibilidade de abrir mais amplamente os horizontes para novas experiências e oportunidades. À priori, temos uma imagem dos suíços como pessoas frias, distantes e de gostos luxuosos que passam o tempo a “discutir” sobre bancos, chocolate e relógios. Mas à medida que os vamos conhecendo,

vemos como são afáveis e acolhedores, encontrei grandes amigos aqui. Existe mesmo uma região ao norte, onde os costumes se assemelham em muito aos dos portugueses. Ainda mais, o português goza de uma imagem muito boa por ser trabalhador e competente. Ao fim ao cabo, só na cidade de Genebra fazemos parte das maiores comunidades estrangeiras presentes.

Sente que em Portugal não teria as mesmas condições de vida e oportunidades de sucesso? Como referi anteriormente, a crise actual do país deixa pouca margem para novas oportunidades, apenas ideias verdadeiramente inovadoras e autossustentáveis, teriam oportunidade de ver a luz do dia. Eu emigrei pouco antes do rebentar da crise económica. Hoje posso viajar e descobrir novos locais dentro e fora do país mas em Portugal certamente teria menos oportunidades dessas. Aqui temos bons serviços e boas oportunidades, onde o rendimento pode ser elevado, mas também pagamos, justamente, para se ter essas condições.

Já equacionou voltar para Portugal? Porquê? Creio que como qualquer outro português ou emigrante de outra origem, o desejo de voltar às raízes é sempre evidente, no entanto, guardo em mim esse espírito aventureiro de gerações e gerações de partir em busca de novos horizontes. Ao mesmo tempo já ganhei uma nova família aqui o que me facilita muito mais a adaptação. Por outras palavras, voltar ao país, só mesmo em férias.

De que mais sente saudades de Portugal? Saudade, essa palavra tão única e impregnada no nosso ADN... diria que acima de tudo, sinto falta dos amigos mais próximos, da família, da boa comida, principalmente, da ribatejana, da Feira da Agricultura, do meu cão Budha, do calor abrasador da planície, das noites quentes à conversa entre amigos, das festas das aldeias, das noites de paródia com dois dos meus melhores amigos. Mas enfim, a saudade também é boa para nos fazer avançar em frente, guardar em memória o que nos fez feliz.


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SANTARÉM

FERREIRA DO ZÊZERE

Festival Bike Portugal 2013 18 a 20 de Outubro

4º Festival Internacional do Acordeon 12 de Outubro

Festival Nacional de Gastronomia 25 de Outubro a 03 de Novembro

GOLEGÃ

Avisan 2013 29 de Novembro a 01 de Dezembro

XXXVIII Feira Nacional do Cavalo 01 a 11 de Novembro

ABRANTES

TORRES NOVAS

12ª Feira Nacional de Doçaria Tradicional 25 a 27 de Outubro

28ª Feira Nacional dos Frutos Secos 03 a 06 de Outubro

CARTAXO Rainha das Vindimas do Concelho do Cartaxo 2013 04 de Outubro


CONCELHO DE ALPIARÇA

onde comer Café Restaurante e Esplanada “Os Arcos” Rua João de Sousa Falcão, 2 A 2090-091 Alpiarça Tel: 243 102 518 E-mail: osarcos.restaurante@gamil.com

Casa da Emília

Rua Manuel Nunes Ferreira, 101 2090-115 Alpiarça Tel: 243 556 316

Restaurante “Arcada”

Restaurante - Bar - Residencial “Europa” Rua Dr. Queiróz VazGuedes, 39 2090-076 Alpiarça Tel: 243 556 555 E-mail: manubenz@net.sapo.pt

Restaurante “Olívio” Churrasqueira

Rua Dr. Bernardino Machado, 14 2090-051 Alpiarça Tel: 243 558 246 E-mail: renatofernandes@pluricanal.net

Restaurante “O Romeu”

Rua Dr. Queirós Vaz Guedes,175 (perto do Monumento Fonte da Vida) 2090-078 Alpiarça Tel: 243 558 699

Restaurante “Tertúlia”

Rua Engº Álvaro da Silva Simões, 108 2090-082 Alpiarça Tel: 243 053 358 tertulia.portugal@hotmail.com

Rua da Pataia, 79 ( junto à Escola) Frade de Baixo 2090-216 Alpiarça Tel: 243 595 072

Restaurante “O Nortenho”

Restaurante “O Charrueco”

Restaurante “O Cavalo do Sorraia

Restaurante “Portal da Vila”

Restaurante - Snack Bar “Tasca do Gaibéu”

Quinta dos Patudos, Apartado 2 2094-090 Alpiarça Tel: 243 558 121 E-mail: geral@fjrelvas.com Fotografia de Osvaldo Cipriano

Rua Luís de Camões, 5 2090-109 Alpiarça Tel: 916 216 754

José Relvas, 222/224 2090-106 Alpiarça Tel: 243 557 701 E-mail: portaldavila@sapo.pt

Rua José Relvas, 65 2090-102 Alpiarça Tel: 243 558 160

Largo General Humberto Delgado, 139 Casalinho (na Rotunda da Oliveira) 2090-209 Alpiarça Tel: 918 278 052

Restaurante - Ramos e Celeste Rua 1.º de Maio - Frade de Cima 2090-217 Alpiarça Tel: 243 509 739

Restaurante “O Charrueco” Rua José Relvas, 65 2090-102 Alpiarça Tel: 243 558 160

onde ficar Quinta da Torre - Almadas Hotel Rural Quinta da Torre 2090 Alpiarça Tel: 243 558 147 Email: almadasquinta.torre@gmail.com


santaremdigital U M

D I S T R I T O

C O M

H I S T Ó R I A

VENCEDORA DO PASSATEMPO “SANTARÉM HOTEL” Maria Joao Carrola

PASSATEMPO FESTIVAL BIKE PORTUGAL Entre 01 de Outubro e 05 de Outubro de 2013, escreva uma frase que contenha “santarém digital” e “cnema” e envie-nos para o email revista@santaremdigital.pt Às 5 melhores frases, seleccionadas pela equipa da revista Santarém Digital, serão oferecidas 1 entrada dupla para o Festival Bike Portugal que se irá realizar no CNEMA.

www.santaremdigital.com



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