santaremdigital U M
D I S T R I T O
C O M
2014 ● ABRIL/MAIO/JUNHO (TRIMESTRAL) ● NÚMERO 08 ● ANO III ● GRATUITO
VENHA CONHECER
H I S T Ó R I A
MUSEU RURAL E DO VINHO
COMPOTAS
sabores do campo
RIBATEJANOS pelo mundo
JOVENS talentos do distrito
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D I S T R I T O
C O M
H I S T Ó R I A
Proprietário e Diretor Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt
editorial Primavera, onde andas tu?
Editora Cristina Mendes Ferreira cmf@santaremdigital.pt
Redacção Guiomar Fragoso
guiomar.fragoso@santaremdigital.pt
Escrevo num dia de chuva, frio, vento…anda tudo às avessas! Já tivemos dias de sol, quentinhos, céu azul…e agora?
Departamento Web / Gráfico lusibrand
Mas a verdade é que a nossa memória às vezes nos trai…a tradição - afinal - ainda é o que era e por isso bate certo o ditado “Março, marçagão, manhãs de Inverno, tardes de Verão” e também “em Abril, águas mil”… Estejamos preparados!
Departamento de Marketing Fátima Meireles
“Estejamos preparados” é um bom mote pra este ano…estejamos preparados para as melhorias que dizem estar a chegar, estejamos preparados para a continuação do “apertar o cinto”, estejamos preparados para o que “der e vier”, estejamos preparados para Viver! Este número da Santarém Digital continua a mostrarnos o melhor do nosso distrito…porque não agendar um passeio? Porque não umas férias “vá pra fora cá dentro “? Portugal está na moda!
Editora
Cristina Mendes Ferreira
geral@lusibrand.com
marketing@santaremdigital.pt
Paula Fidalgo
paula.fidalgo@santaremdigital.pt
Departamento de Fotografia Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt
Colaboradores Câmara Municipal do Cartaxo, Cláudia Coutinho, Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, Filipa Serrano Silva, João Pando, Ollem Turismo, Pedro Passos Canavarro, Scalregional Entrevistas João Teigas WAKO
Publicidade e feedback: Apartado 38, 2001-901 Santarém Telefone: (351) 934 700 579 Email: revista@santaremdigital.pt Online: www.santaremdigital.com
Sede Rua Ana de Macedo, 9, 4 Esq / 2001-901 Santarém Contribuinte - 224 619 934 / Registo na ERC - n.º 126 248
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MUSEU RURAL E DO VINHO DO CONCELHO DE CARTAXO
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OLLEM TURISMO -FLUVIAL
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COMPOTAS
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GALERIA
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A VERSATILIDADE DA CASCA FERNÃO PIRES
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GUITARRA
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DIETA MEDITERRÂNEA
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JOVENS TALENTOS
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RECEITA
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RIBATEJANOS PELO MUNDO
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CASA-MUSEU PASSOS CANAVARRO
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AQUI NA MINHA TERRA
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OS “S” DA VIDA: SIMPLESMENTE SABER SER
Sabor do Campo
Frango com Frutos Secos
Museu Rural e do Vinho Para Todos Os WAKO
João Teigas
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MUSEU RURAL E DO VINHO DO CONCELHO DO CARTAXO
Uma viagem pela história e pelas tradições do Ribatejo
Mais do que conhecer a identidade e a cultura do concelho do Cartaxo, visitar o Museu Rural e do Vinho é fazer uma viagem pelas tradições do Ribatejo. Inaugurado a 23 de novembro de 1985, este espaço museológico, situado no Complexo Desportivo e Cultural da Quinta das Pratas, reúne um vasto conjunto de elementos geográficos, etnográficos e históricos que dão a conhecer a vida das gentes locais e as tradições associadas ao mundo rural, em particular à cultura da vinha e à produção do vinho. Vários espaços temáticos apresentam diferentes perspetivas da cultura rural, desde o labor das terras, criação de gado e fabrico de pão e azeite, passando pela produção de vinho até à reconstituição de uma taberna tradicional. Esta viagem começa na exposição permanente “À Descoberta da Cultura Rural”, que apresenta 4 | santaremdigital
elementos geográficos, etnográficos e históricos do concelho. Conhecido como “terra de pastagens abundantes e de criação de gado”, o Ribatejo possui uma forte ligação às atividades tauromáquicas, que estão igualmente representadas neste espaço, através de elementos alusivos ao toiro, ao cavalo e ao campino. É também neste espaço que podem ser apreciados objetos associados ao fabrico do pão e do azeite. As várias fases da produção de vinho – plantação do bacelo, tratamento da vinha, preparação do vasilhame, vindima, pisa das uvas, trasfega e conservação do vinho – são retratadas numa antiga adega restaurada, onde é apresentado todo este percurso, que começa na vinha e termina na adega. No alpendre anexo ao museu encontram-se elementos que documentam a mecanização agrícola, entre os quais um dos primeiros tratores usados no cultivo das terras do
concelho. A taberna tradicional, reconstituída com todos os elementos característicos deste espaço de convívio, é um dos espaços mais simbólicos do museu e nela poderá ser apreciado o vinho do Cartaxo. O espaço pode ser visitado de modo autónomo, ou numa visita guiada, a marcar junto dos serviços do Museu, o que dará ao visitante uma perspetiva ainda mais clara de como os objetos, máquinas agrícolas, vestuário e demais peças museológicas, fizeram parte da vida rural no Ribatejo. Conhecer um pouco mais... Quando completou 25 anos de existência, a 23 de novembro de 2010, o Museu Rural e do Vinho do Concelho do Cartaxo ganhou dois novos espaços: o Centro de Documentação e o
Fotografia cedida pela Câmara Municipal do Cartaxo
Núcleo de Reservas Visitáveis. No Centro Documental pode ser consultada bibliografia de interesse histórico e científico, relacionada com a agricultura, com destaque para o vinho e a vinha, assim como um vasto conjunto de publicações antigas que foram editadas no concelho. No espaço criado para o Núcleo de Reservas, estão expostos utensílios usados nas várias atividades artesanais associadas à agricultura e ao meio rural. As novas valências ocupam parte do espaço onde o Museu começou a funcionar em 1985. Museu de portas abertas a novas dinâmicas Além da vertente museológica e de preservação do património histórico e cultural do concelho e da região, o Museu Rural e do Vinho criou um projeto de Serviço Educativo que, partindo dos valores culturais, tem como principal objetivo desenvolver novas
dinâmicas que facilitem a compreensão e interpretação da cultura, da sociedade e do mundo em geral, proporcionando também uma maior aproximação do Museu à comunidade. Os Ateliês de Música, criados em 2008 e dirigidos a crianças e jovens, são uma das principais iniciativas desenvolvidas no âmbito deste projeto. Através destes ateliês temáticos, o Museu proporciona um conjunto de experiências educativas que permitem estimular o gosto e o interesse pelas vertentes artísticas, em especial pela música. O trabalho desenvolvido no âmbito deste projeto foi reconhecido a nível nacional em 2010, com o prémio “Melhor Serviço de Extensão Cultural”, atribuído pela APOM – Associação Portuguesa de Museologia. Além do prémio “Melhor Serviço de Extensão
Cultural”, o Museu Rural e do Vinho do Concelho do Cartaxo voltou a estar em 2011 entre os vários espaços museológicos distinguidos pela APOM, dessa vez recebendo uma Menção Honrosa na categoria de “Melhor Trabalho de Museografia”, que veio reconhecer a importância da então recém-criada área de Reservas Visitáveis do Museu. SERVIÇOS Visitas guiadas, serviço educativo, serviço de restauro, centro de documentação e loja. HORÁRIO Terça a sexta-feira: 10h30 - 12h30 e 15h00 -17h30 Sábados, domingos e feriados: 9h30 - 12h30 e 15h00 - 17h30 CONTACTOS Telefone: 243 701 257 | Fax: 243 702 641 Email: museu@cm-cartaxo.pt Endereço Internet: www.cm-cartaxo.pt santaremdigital | 5
Fotografia cedida pelos Sabores do Campo
compotas sabores do campo “A origem das compotas e dos doces provém de tempos remotos, da Idade Média, quando o Homem dependia das estações do ano para a produção de alimentos. A Península Ibérica sempre foi rica em frutos, o açúcar, no entanto, era considerado um ingrediente bastante valioso na Idade Média, sendo comercializado a preços muito elevados.
Antigamente, o fabrico dos doces era efetuado de forma artesanal e pouco mecanizado. Atualmente, esta produção é efetuada com base nos ensinamentos tradicionais, mas com a aplicação de tecnologias existentes que permitem tornar todo o processo mais rápido, cumprindo a legislação em vigor, mas mantendo todas as características típicas de um produto artesanal.
Com os Descobrimentos, foi introduzida a cana-de-açúcar no Novo Mundo e o produto final era transportado para a Europa em grandes quantidades. Estima-se que foi nessa altura que a produção de doces caseiros se multiplicou, especialmente como forma de conservar a fruta por longos períodos de tempo. As receitas variavam de país para país e de região para região, de acordo com a disponibilidade da matéria-prima.” 6 | santaremdigital
Fotografia cedida pelos Sabores do Campo
Cada vez mais a indústria alimentar tem de apostar na inovação e procurar ir ao encontro da satisfação dos seus consumidores. Em 2003, pela vontade e experiência nas áreas de agricultura e financeira, três homens amigos fundaram a Scalregional - Doces e Outros Produtos Regionais do Ribatejo, Lda”, uma pequena empresa produtora de doces de fruta (compotas) na região do Ribatejo. Encontra-se sediada no Verdelho, em pleno coração do Ribatejo, pertencendo ao concelho e distrito de Santarém. A sua localização permite assim uma fácil aquisição de matérias-primas bem como um fácil escoamento do produto final, uma vez que se encontra próxima da autoestrada do Norte (A1). A principal preocupação da gerência da Scalregional, Lda consiste em produzir, desenvolver e comercializar produtos seguros e de elevada qualidade, por forma a ir ao encontro das necessidades e expetativas dos seus clientes, visando a sua total satisfação.
Fotografia cedida pelos Sabores do Campo
Sendo o mais apreciado pelos consumidores, pela suavidade da sua doçura, consistência e persistência no paladar que tanto fica na memória de quem a consome. É usado de forma tradicional para barrar torradas e uma combinação perfeita com o requeijão.
Face às obrigações legais no domínio da qualidade e segurança alimentar tem implementado um sistema de HACCP, que permite controlar adequadamente todo o processo de produção, analisando os perigos e controlando os pontos críticos.
Valorizam por exemplo o semifrio com doce de amora silvestre ou morango, um gelado com doce de abacaxi com coco, os doces regionais com o doce de abóbora gila, os crepes com doce de maçã, o doce de ameixa a acompanhar as suas carnes, tantas outras sugestões que existem.
A constante evolução da empresa conduziu à implementação de um sistema de gestão da qualidade de acordo com o referencial internacional ISO 9001, sendo certificada pela SGS em abril de 2013. Os doces “Sabores do Campo” são hoje uma referência no mercado, sustentada na sua enorme qualidade e na excelência dos seus sabores, tão apreciados por quem os consome. Entre os vários doces que produz, desde do doce de tomate, morango, abacaxi com coco, figo, amora, ameixa, entre outros, o doce de abóbora é notoriamente uma referência nesta gama de produtos.
sem dúvida conseguir manter uma reputação de liderança de qualidade dos seus produtos. Atualmente os hábitos alimentares têm vindo a mudar, o consumo de doces começa novamente a ser privilegiado pelas gerações mais jovens.
Arrisque a provar os doces “Sabores do Campo” e delicie-se com o seus sabores tão variados… Fotografia cedida pelos Sabores do Campo
Ser uma empresa de referência no mercado a nível nacional e internacional, pela elevada qualidade e excelência dos seus sabores tão apreciados por quem os consome, é a visão da empresa. Em 2009 começou a exportar para a Alemanha, conseguindo assim aos poucos afirmar-se também a nível internacional.
Fotografia cedida pelos Sabores do Campo
Scalregional
geral@scalregional.pt
O objetivo dos doces “Sabores do Campo” é santaremdigital | 7
A VERSATILIDADE DA CASTA FERNÃO PIRES produção pretendida por hectare, passando pela densidade de plantação, condução, poda, adubação, rega e outras técnicas culturais. Uma maior produção por hectare, em solos férteis e bem drenados, geralmente está associada a uma menor concentração em açúcares e outros componentes da uva, que, se associada a uma vindima antecipada, pode originar mostos menos concentrados e doces, induzindo depois vinhos leves, menos alcoólicos. Optando-se por produções unitárias mais equilibradas, em solos menos ricos e férteis, vindimando-se na altura certa, originamos mostos mais concentrados em compostos aromáticos e açúcar. Esta base, vinificada de acordo com as modernas tecnologias de vinificação, com controlo de temperatura e o recurso ao aço inoxidável, obtemos vinhos equilibrados em álcool, fruta, corpo e acidez, tão ao gosto dos últimos anos. Fotografia cedida pela Câmara Municipal da Golegã
O património vitivinícola português é sem dúvida dos mais ricos e diversificados a nível mundial. Com as suas quase trezentas castas indígenas, a diversidade genética pode exprimir de Região para Região a sua característica, originalidade e também individualidade. De Norte para Sul, assistimos a um interminável desfile de nomes, cada um deles ligado a uma casta, sendo que por vezes, de Região para Região a casta muda de designação, que linguisticamente se designa por sinonímia. Sem dúvida que uma das principais castas brancas portuguesas é o Fernão Pires, cujo berço e principal território são as margens do Rio Tejo. Na Região da Bairrada dá pelo nome de Maria Gomes. No entanto é na Região do Tejo que o Fernão Pires, de forma mais exuberante exprime todo o seu potencial aromático, originando vinhos finos, frescos, frutados e exuberantes.
Essas mesmas uvas, se vindimadas mais Podemos dizer que o Fernão Pires do Tejo é tardiamente, com maior teor em açúcares e concentração e posteriormente vinificadas “pau para toda a colher”. de forma mais tradicional, recorrendoPretendemos com isto dizer que, a partir da se à fermentação em madeira e a baixas casta Fernão Pires e dando total liberdade à temperaturas, obtemos vinhos encorpados, criatividade do enólogo, se pode ali produzir menos florais mas não menos expressivos em quase todos os tipos de vinho que se quiser. termos aromáticos. Tudo depende das características da matériaprima uva, ainda na vinha e depois de toda uma Nalguns Outonos, menos pluviosos e frios, tecnologia e criatividade ligada à enologia em se o Fernão Pires permanecer nas videiras até meados de Novembro, desenvolvendo o todo o processo produtivo do vinho em si. fungo da podridão nobre, assistimos a um Podem-se produzir vinhos leves de baixo fenómeno de extrema concentração de todos teor alcoólico, vinhos brancos citrinos mais os componentes no interior do bago, açúcares ou menos frutados, vinhos de mais elevado incluídos e artesanalmente poderemos teor alcoólico com corpo variável, vinhos produzir os tão ricos colheitas tardias. encorpados e ligeiramente taninosos e com cor acentuada, colheitas tardias, vinhos E assim por diante, poderíamos continuar licorosos, vinhos espumantes e frisantes, a descrever outras variantes tecnológicas enfim, um sem número de diferentes tipos possíveis para este rico património vitícola de vinho tendo sempre como base a mesma que é a casta Fernão Pires. casta, o Fernão Pires. Eng. José Gaspar Comissão Vitivinícola Regional do Tejo Tudo começa na vinha, sua localização, terroir, técnicas culturais associadas a quantidade de santaremdigital | 9
dieta mediterrânea A palavra “dieta” tem origem no termo grego diaita que significa estilo de vida equilibrado. A dieta mediterrânea ou do mediterrâneo, muito mais do que um regime nutricional e um padrão alimentar, representa um estilo de vida, que a ciência atual considera benéfico para a nossa saúde, o que faz dela um excelente modelo de vida saudável.
gorduras saudáveis, dá primazia aos alimentos não processados ou minimamente.
Característica dos países da bacia do Mediterrâneo, assenta no elevado consumo de cereais, legumes, hortícolas e frutas sazonais, sementes e nozes. Muito colorida, utiliza produtos muito variados e de acordo com a sazonalidade de cada região, receitas e processos de cozinhar típicos de cada lugar, entusiasta das refeições partilhadas com familiares ou amigos e observadora de celebração e tradições.
• largo consumo de cereais preferencialmente integrais (arroz, trigo, milho, centeio, cevada e aveia) sob a forma de pão e massas; • hortícolas (tomate, abóbora, espinafre, brócolos, batata, alface, pimento, couve…); • fruta fresca variada; • leguminosas secas (feijão, grão, lentilhas); • consumo moderado de peixe (sobretudo gordo: sardinha, sarda, salmão, atum, cavala) e aves em detrimento de carne vermelha; • lacticínios (iogurte e queijo com baixo teor de gordura) e ovos; • frutos oleaginosos (nozes, amêndoas, avelãs…) e sementes (girassol, sésamo, abóbora, e linhaça); • azeite como principal fonte de gordura para cozinhar e temperar (uma colher de sopa, no máximo);
Dado que os produtos são colhidos no ponto de maturação perfeito e consumidos local e rapidamente, não utiliza transportes de longa distância nem maturação artificial em estufas, permite que o alimento mantenha todos os nutrientes e seja mais económico. Além destas vantagens, a dieta mediterrânea é, também, naturalmente ecológica e sustentável. Aporte energético moderado, variedade de alimentos e com nutrientes adequados, são valores primordiais; rica em fibras, vitaminas e 10 | santaremdigital
Abaixo lista de alimentos em ordem decrescente de quantidades a consumir:
frango com frutos secos 4 doses
Este prato, de origem marroquina e muito popular nos países mediterrâneos do norte de África, é designado tajine ou tagine que, em simultâneo, é também a designação dada à panela especial, de barro e com tampa cónica, utilizada tradicionalmente na sua confeção. Os tajine são, a um tempo, um utensílio e uma forma de cozinhar. Usualmente são combinações de carne de aves ou borrego, com vegetais variados e especiarias, cozinhados lentamente em lume brando. Resultam em preparados muito aromáticos e extremamente saborosos e acompanham com pão ou cuscuz.
• ervas aromáticas (salsa, coentros, tomilho, hortelã, orégãos…) e especiarias (cravinho, canela, noz moscada…) como contributo para redução de sal; • ingestão moderada de vinho (durante as refeições); • doces, devido ao elevado aporte energético e reduzido valor nutricional, devem ser consumidos raramente. Segundo múltiplas investigações, esta dieta muito saborosa, aromática e agradável à vista, ajuda a controlar os níveis de colesterol e triglicéridos, pressão arterial e glicose, reduzindo o risco de contrair doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e alguns tipos de cancro. Em 2013 a dieta mediterrânica foi consagrada como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em resultado de uma candidatura conjunta desenvolvida por Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Marrocos e Chipre, acrescendo mais responsabilidades para a transmissão dos seus valores culturais às gerações vindouras. Guiomar Fragoso
Ingredientes: 1 frango em pedaços 3 dentes de alho 1 cebola 1 beringela 2 curgetes 1 pimento vermelho 2 cenouras ½ chávena de azeitonas (verdes e pretas) descaroçadas 1 chávena de frutos secos (tâmaras, figos, alperces, sultanas…) picados grosseiramente Azeite 2 colheres (chá) de caril 1 colher (chá) de canela em pó 1 colher (chá) de coentros em pó 1 colher (chá) de pimenta recém moída (mistura de preta, branca e vermelha) Sal 1 casca de laranja (bem grande) 1 copo de água Preparação: Retirar a pele e gorduras do frango e reservar. Preparar os vegetais: cortar a beringela, as curgetes e as cenouras em rodelas; cortar o pimento em tiras. Numa tigela, misturar o caril, a canela, os coentros e as pimentas. Regar o fundo de um tacho com um pouco de azeite e juntar os alhos esmagados e a cebola cortada em meias luas finas. Colocar o frango e polvilhar com metade da mistura de especiarias e sal, em seguida colocar os frutos secos, os vegetais, as azeitonas, a casca de laranja e restante mistura de especiarias. Regar com um copo de água, tapar o tacho e levar ao fogo. Quando ferver, reduzir o fogo para mínimo. Retificar o sal se necessário e cozinhar durante 40/45 minutos. Acompanhar com cuscuz.
Técnica de Turismo santaremdigital | 11
Casa-Museu Passos Canavarro
- de Almeida Garrett a pedro canavarro -
Pedro Passos Canavarro* Estamos a 17 de Julho de 1843. A convite de Passos Manuel, Almeida Garrett desloca-se de barco, de Lisboa a Vila Nova da Rainha, e, daí, de carroça, até a Azambuja donde parte, de seguida, montando uma mula até Santarém! “Depois de muito procurar”, nesta vila de então “entre pardieeiros e entulhos” descobre a Igreja de Santa Maria da Alcáçova, que tanto o desgosta pelo abandono em que está, dirigindo-se de seguida às reais casas de Afonso Henriques, actual residência de Manuel da Silva Passos. Descreve, assim, a sua chegada: “Aqui, pegado com o pardieeiro rebocado da capela hão de ser. Por onde se entra? Por esta portinha estreita e baixa, rasgada, bem se vê que há poucos anos, no que parece muro de um quintal ou de um pátio. É com efeito aqui; apeemo-nos. Recebeu-nos com os braços abertos o nosso 12 | santaremdigital
bom e sincero amigo, actual possuidor e Almeida Garrett é apresentado então por habitante do régio alcáçar, o senhor Manuel Passos Manuel a sua mulher D. Gervásia de Passos.” Sousa Falcão “senhora de porte gentil e grave”, beija os filhos e preparam-se para se sentar De seguida, Almeida Garrett realça o facto à mesa. Não deixa, porém de reflectir, ainda inédito de que o chefe do partido progressista neste XXVIIIº capítulo das “Viagens na Minha em Portugal, possuidor das “mais sinceras Terra”, de que “o palácio de Afonso Henriques convicções democráticas e que mais está como a sua capela; nem o mais leve, nem sinceramente as combina com o respeito e o mais apagado vestígio da antiga origem. adesão às formas monárquicas” viesse aqui fixar a sua residência nos paços do nosso Sabe-se que é ali pela bem confrontada e primeiro rei! inquestionável topografia dos lugares, por mais nada…” Após cumprimentarem-se, entram na “pequena horta em forma de claustro que une Depois de jantarem e conversarem, receberam a antiga casa dos reis com a sua capela… A visitas com as quais abordaram temas políticos parede oriental da igreja é o muro do quintal e literários, não esquecendo Santarém, olhada de um lado, (…) plantada de laranjeiras desde a sua histórica grandeza à decadência antigas, os muros forrados de limoeiros e presente. parreiras, aquela pequena cerca, apesar de Cansado da viagem, foi naturalmente deitar-se muitos canteiros e alegretes de alvenaria com e é, no dia seguinte, ao acordar do “regalado que está moirescamente entulhada, é amena sono” e ao “repicar incessante e apressurado e graciosa à vista.” dos sinos da Alcáçova”, que salta da cama e
Fotografia de Osvaldo Cipriano
indo à janela olha para um dos mais belos e quadro imenso e formosíssimo, a imaginação grandiosos panoramas que jamais vira. tomava-me asas e fugia pelo vago infinito das regiões ideais…” “No fundo de um largo vale aprazível e sereno, está o sossegado leito do Tejo, cuja areia ruiva Com a publicação das “Viagens na Minha Terra” e resplandecente apenas se cobre de água inicia-se a literatura romântica em Portugal junto às margens, donde se debruçam verdes e ao descrever os momentos vividos na casa e frescos ainda os salgueiros que as ornam e de Passos Manuel, Garrett imortaliza esta de defendem. (…)Com os olhos vagando por este forma peculiar.
D. Antónia, segunda filha de Passos Manuel, viria a casar-se com Pedro de Souza Canavarro e seria Pedro de Passos Canavarro, seu bisneto, o único descendente a nascer, quase um século depois, no quarto onde pernoitou Almeida Garrett em 1843. * Presidente e Fundador da Casa-Museu Passos Canavarro
Fotografia de Osvaldo Cipriano
OS “S” DA VIDA: SIMPLESMENTE SABER SER
Dizem que a felicidade está nas coisas simples da vida. As coisas simples são aquelas que estão sempre connosco e que fazem parte de nós. No outro dia alguém me propôs fazer uma reflexão sobre a minha “verdade” e sobre o que movia os meus dias e objetivos. Não soube responder. De imediato vi apenas um grande vazio. Ao fazer esta reflexão percebi que a felicidade passa por algo tão simples, como saber amar. Fotografia de Osvaldo Cipriano Vivemos num mundo de aparências, em que importa ter todas as respostas e certezas, afastando-nos da nossa estrutura. Hoje em dia, o mundo exige que as pessoas tenham sucesso, e ao menor percalço podemos ser punidos. Parece que, se a pessoa não for sensacional em tudo o que faz, será um perdedor. E mais: neste mundo de aparências, em que o dinheiro é cada vez mais valorizado em detrimento dos sentimentos, as pessoas encontram-se mas não se relacionam, trabalham mas não se realizam e, principalmente, vivem sem conhecer a própria verdade. Tudo o que procuramos está ligado ao quê? A nossa felicidade resume-se a quanto podemos gastar? E quando não temos recursos para gastar? E quando gastamos muito e, ainda assim, não atingimos o que considerávamos ser um estado de felicidade? A felicidade consiste em conseguirmos “saber” e “ser” aquilo que somos. Se não soubermos quem somos e o que é realmente importante, não temos capacidade de olhar para o lado, de atender às necessidades das pessoas que fazem parte das nossas vidas e assim desenvolver uma das nossas melhores e gratificantes capacidades: amar o outro. Experimentem conseguir um sorriso à vizinha do lado que todos os dias passa por si e nem sabe o nome, ou de passar pelo porteiro e mostrar que se preocupa com ele, ou de valorizar um ato de alguém que lhe é próximo como um simples elogio. De facto se nos centrarmos nos outros e valorizarmos o melhor de cada um, receberemos um bonito sentimento de felicidade e recompensa. Essa disponibilidade e interesse pelos outros, muda a nossa vida. Conhecer e respeitar aquilo que somos, as nossas necessidades e encontrar formas de exercer o que somos, é para mim o caminho da felicidade. Distante de padrões estipulados socialmente, longe da hipocrisia social que exige a anulação do que se é, como forma de ser, podemos valorizar tudo o que produz vida em nós. Não há nada melhor que o sentimento de fazer alguém feliz! Somos felizes se soubermos amar os outros. Parece tão simples! Claúdia Coutinho
coutinhoclaudia@hotmail.com 14 | santaremdigital
venha conhecer
a Região de Santarém NOVA VERSÃO DISPONIVEL
APLICAÇÃO PARA iPHONE Venha descobrir onde ficar, comer e sair no distrito de Santarém. Conheça-o através da nossa galeria de imagens e conheça os monumentos mais importantes da região. Esteja atualizado hora a hora com as notícias do distrito. Fotografia de Osvaldo Cipriano
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ollem turismo - fluvial
A conciliação das comunidades loca com o rio e promover essa mesma zona junto da população residente e de quem a visita, respeitando as especificidades ambientais, culturais e sociais das zonas ribeirinhas, levou ao aparecimento da empresa Ollem Turismo Fluvial que aposta nos cruzeiros fluviais, dando a conhecer a beleza natural de uma zona do Tejo marcada por mouchões que parecem vaguear pelo rio, ao sabor da corrente, e pelas aldeias Avieiras construídas em palafite.
Um mundo real que nos é dado a conhecer quando percorremos a bordo do Ollem, uma embarcação típica do rio.
A principal rota da Ollem é a Rota dos Avieiros que conta uma história começada no inicio do século XX, da fome que fez sair os pescadores da Praia de Vieira de Leiria, no Concelho da Marinha Grande, em busca do sustento que as condições do mar agitado não lhes oferecia durante o Inverno. Os mesmos pescadores que subiram o rio Tejo e encontraram esta zona repleta de peixe, que primeiramente vinham até aqui apenas sazonalmente, permanecendo nos seus barcos, para mais tarde se fixarem nesta região com as suas famílias, tendo trocado definitivamente a pesca marítima pela fluvial, tendo sido autorizados pelos donos das terras da borda d’água a estabelecerem-se nas margens do Tejo.
É nossa intenção que a região do Ribatejo se transforme num novo destino turístico de qualidade, aproveitando as sinergias da proximidade a Lisboa. Iremos construir um Tejo à semelhança do Douro mas com a sua personalidade própria onde haverá interacção com as quintas do Ribatejo onde produzem vinho, museus, cavalo lusitano, gado bravo, restaurantes, a Cultura
E assim, se deu ao inicio das primeiras barracas de madeira em cima de estacas – palafitas, cobrindo-as com palha de caniço, estacas que já usavam nas dunas junto ao mar e que agora passavam a impedir que as cheias do rio Tejo atingissem as suas casas. A Rota dos Avieiros leva-nos a partir de Valada do Ribatejo ao encontro de momentos inspiradores, como o encontro da aldeia do Escaroupim e da aldeia Palhota, da beleza de um Ribatejo desconhecido, de lendas e tradições, de uma vegetação única, dos cavalos lusitanos que correm livremente pela ilha dos cavalos, das garças brancas, dos corvos marinhos, das galinholas, dos guarda-rios e das águias pescareis. 16 | santaremdigital
Neste momento temos mais um espaço/casa em Valada do Ribatejo onde em conjunto com os vinhos do Tejo podemos fazer provas de vinho e degustar a gastronomia Ribatejana
Avieira com as suas aldeias recuperadas e a beleza natural da natureza nesta região. Neste contexto a Ollem Turismo faz parte do projecto da governação na estratégia de desenvolvimento do consórcio. Esta Agência para o Desenvolvimento actuará, prioritariamente no Desenvolvimento de uma Rota Turística do Tejo, dinamização de parcerias, Turismo e Promoção no Exterior entre outros eixos. O presente projecto enquadra-se numa EEC Estratégia de Eficiência Colectiva Provere, estratégia reconhecida, fazendo parte de um conjunto de projectos que têm por finalidade afirmar a Cultura Avieira a Património Nacional. Salientamos a nossa experiência de 9 anos nesta actividade. O nome Ollem já existe como marca há algum tempo. Ollem Turismo www.ollem-turismo.com www.facebook.com/ollemturismo
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GALERIA
museu rural e do vinho Fotografias cedidas pela C창mara Municipal do Cartaxo
GUITARRA PARA TODOS ACORDES (I)
João Pando*
Normalmente quando aprendemos a tocar guitarra livre, ensinam-nos os acordes de uma forma que nos leva a ter de os memorizar. Sabemos fazer o Dó Maior porque é daquela forma que se faz, foi assim que nos ensinaram e nós só tivemos de memorizar a forma de fazer. E se eu quiser fazer o Dó Maior noutro local do braço da guitarra? Terei de memorizar mais um acorde. Ora, considerando que existem milhares de acordes que podem ser executados na guitarra, significa isto que seria humanamente impossível memorizar todos eles. Existe uma outra forma de os aprender, em lugar de os memorizar. Essa forma passa pela compreensão da sua construção. É essa vertente que irei retratar neste e nos próximos números da revista.
ACORDE E TRÍADE Um acorde é um conjunto de notas tocadas ao mesmo tempo, que formam uma relação harmónica específica entre si e que suportam a melodia. O acorde mais básico é a tríade. Uma tríade, como o nome dá a entender, é composta por três notas, separadas por intervalos de terceira. Por exemplo, as notas Dó, Mi e Sol tocadas em simultâneo, formam a tríade Dó Maior.
ACORDES MAIORES Um acorde maior é composto pela tónica (T), pela terceira maior (3ªM) e pela quinta perfeita (5ªP) - tríade maior. Por exemplo, na tríade de Dó Maior, o Dó está separado de Mi por um intervalo de 3ªM (2 tons) e o Mi está separado de Sol por um intervalo de 3ªm (1 + ½ tom). Esta estrutura é válida para todas as tríades maiores. Vejamos a tríade de Sol Maior: Sol, Si e Ré, o Sol e o Si estão separados por 2 tons, o Si e o Ré estão separados por 1 tom e meio. Existe também a tríade Aumentada que é como uma tríade maior mas o intervalo entre a 3ªM e 5ªP passa a ser de 3ªM, ou seja, no caso da tríade de Sol Maior, a nota Ré passa a ser Ré sustenido - 5ªAum, (Sol, Si, Ré#).
ACORDES MENORES Um acorde menor é composto pela tónica (T), pela terceira menor (3ªm) e pela quinta perfeita (5ªP) – tríade menor. Por exemplo, na tríade de Dó menor (Dó, Mi bemol, Sol), o Dó está separado de Mib por um intervalo de 3ªm (1 + ½ tom) e o Mib está separado de Sol por um intervalo de 3ªM (2 tons). Esta estrutura é válida para todas as tríades menores. Vejamos a tríade de Sol menor: Sol, Sib e Ré, o Sol e o Sib estão separados por 1 tom e meio, o Sib e o Ré estão separados por 2 tons. Existe ainda a tríade Diminuta que é como uma tríade menor, mas o intervalo entre a 3ªm e a 5ªP passa a ser de 3ªm, ou seja, no caso da tríade de Dóm, a nota Sol passa a ser Sol bemol - 5ªDim, (Dó, Mib, Solb). Como podemos verificar pela comparação das respetivas tríades, os acordes maiores e acordes menores diferem unicamente no 3º grau da escala. Estas duas tríades são de longe as mais utilizadas pois produzem sonoridades mais estabilizadas ao ouvido humano.
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Normalmente a perceção que se tem dos acordes maiores e menores é a de que os primeiros produzem sonoridades mais alegres e os segundos produzem sonoridades mais tristes. Atente na figura 1 que mostra em esquema e de uma forma fácil de entender, os intervalos que compõem as tríades atrás referidas.
3ªM
5ªP
Tríade Maior:
T
2 tons
Tríade Menor:
T
1 + 1/2 tom
Tríade Aumentada:
T
2 tons
3ªM
2 tons
5ªAum
Tríade Diminuta:
T
1 + 1/2 tom
3ªm
1 + 1/2 tom
5ªDim
3ªm
1 + 1/2 tom 2 tons
5ªP
Figura 1 - Estrutura das tríades maior, menor, aumentada e diminuta.
Vejamos como tudo isto se aplica na prática, considerando a tónica Ré. 3ªM T 5ªP
Figura 2 - Tríade de Ré maior (Ré, Fá#, Lá)
3ªm T 5ªP
Figura 3 - Tríade de Ré menor (Ré, Fá, Lá)
3ªM T 5ªAum
Figura 4 - Tríade de Ré Aumentado (Ré, Fá#, Lá#)
3ªm T 5ªDim
Figura 5 - Tríade de Ré Diminuto (Ré, Fá, Láb)
Agora é só escolher outras tónicas e praticar. Espero que esta minha primeira abordagem à temática dos acordes vos tenha sido útil, de alguma forma. No próximo número continuarei com a abordagem aos acordes. Boa prática e até ao próximo número.
Exercício 9 este exercício consiste na execução da escala maior de Dó, tocada em tercinas (neste caso, 3 notas de igual duração, por tempo), nas cordas Lá e Ré, com conclusão na nota Dó, no 13 trasto da corda Si, para dar ao exercício uma entoação mais musical. Conselho: utilizem sempre metrónomo na execução dos exercícios, começando de forma lenta e indo aumentando o tempo (incrementos de 5 ou 10 batidas), à medida que forem executando de forma mais confortável (sem enganos).
* joao.pando@santaremdigital.pt santaremdigital | 21
Jovens Talentos
Os WAKO
Os WAKO (We Are Killing Ourselves) são uma banda de Almeirim de renome nacional e internacional patrocinada pela Dean Guitars. Em 2007, lançaram “Deconstructive Essence”, que os catapultou para o grande universo musical através de tournées pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos da América. Em 2011 lançaram “The Road of Awareness”, o seu segundo álbum de originais que os levou mais uma vez a atingir uma caminhada triunfante. Este álbum foi mixado e masterizado por Josh Wilbur, vencedor do prémio Grammy (Chevelle, Staind, Puddle of Mud, Hatebreed e Lamb of God) nos Spin Studios, na cidade de Nova Iorque. Com 13 anos de existência é considerada uma das maiores bandas de death- droove- trash em Portugal. Contam já com muitos concertos ao vivo e partilharam palcos com grandes nomes como Soulfly, Sepultura, (Hed)pe, Moonspell, Municipal Waste, Bizarra Locomotiva, Breed 77, Benediction, Obituary, Textures, Pestilence e Aborted, entre muitos outros. Na calha está já um novo disco que esperam lançar no final deste ano. Santarém Digital esteve à conversa com o vocalista dos WAKO, Nuno Rodrigues que ostenta uma poderosa voz e escreve letras profundas, que parecem sair das profundezas e se afixarem na eternidade, ou na conclusão da impossibilidade de chegar a ela. Paula Fidalgo (PF): Os WAKO, uma abreviatura de We Are Killing Ourselves são uma força contraditória. Vieram para ficar e não para morrer… Porquê a escolha deste nome e o que representa?
o seu próprio estilo de som. Passados 13 anos de carreira naturalmente muita coisa mudou em termos de amadurecimento, crescimento e visão não só no que respeita à parte humana mas também sobre o vosso próprio metal…
Nuno Rodrigues (NR): WAKO é na sua extensão por iniciais (siglas), uma providência, uma antítese que parte de um significado e culmina noutro. WAKO é então o espectro do mundo, em que se reflete a loucura absoluta atingida pelo homem na destruição de si próprio. Pintamos de forma crua o pulsar condutor de cada um de nós, logo WAKO somos todos nós, a apelar por uma intervenção e por uma nova revolução de consciência.
NR: Todo o nosso trilho foi normal, engendrado e depois catalisado na nossa sonoridade. Já são muitos anos, aprendemos muito, erramos imenso, tivemos muitos apogeus de felicidade e outras mais de catarses de desespero e motivação. Em suma somos mais humanos, melhores músicos...somos sobretudo arquitetos do nosso presente e futuro. Quanto à componente musical, enriquecemo-nos gradualmente, somos mais empreendedores e consistentes, denota-se cada vez mais um amadurecimento de ideias, uma perceção mais rica e complexa de tudo aquilo que nos rodeia.
PF: Esta banda de Almeirim nasceu em Janeiro de 2001 sob o desígnio de Outrage. Na altura era formada por um círculo de amigos com as mesmas influências musicais que tentou criar 22 | santaremdigital
PF: Como defines a música da banda? É um
corrosivo metal death/ groove metal? NR: Não gosto de catalogar a música, mas se é num sentido de identificação, sim posso situar-nos entre o Death-Groove-Trash. Mas gosto mais de ditar que oscilamos entre algo estonteante, contraponteado, balanceado, neurótico, melódico e pesado. PF: “The Road of Awareness” é o vosso segundo álbum de originais editado em 2011 pela Rastilho Metal Records. Fala-me um pouco deste álbum e que mensagem transmite? NR: Este álbum foi um virar de página na nossa carreira, em vários aspetos... Todo o processo foi mais longo e exaustivo, passamos quase um ano a criá-lo. A captação e gravação ficaram a cargo do Daniel Cardoso e Pedro Mendes e tivemos a fantástica oportunidade de mixar e masterizar com
o Josh Wilbur, um dos maiores produtores mundiais do momento. Quanto ao conceito do álbum, este reporta um ser imaginário, um produto concebido pela nossa mente, permutando-se através de estados de sonho, edificando o seu caminho por cada experiência abstrata em que se envolve. Este tipo de “wonderer”, desdobrase em vários “Eus”, sofrendo metamorfoses físicas e mentais, almejando no seu horizonte um desapego total da realidade física na procura de uma final coroação de sua existência. Contudo, todo esse caminho, esse fluxo de correntes de sonho, torna-se um infindável pesadelo no qual esta “personna” fica aprisionada, como numa cela dentro de uma cela inserida em outra cela... Uma temática livre para interpretação, mas com margem de manobra para se tornar um utensílio interventivo na consciência de cada um de nós.
PF: Este novo álbum contou com vários convidados. Estas participações influenciaram a vossa musicalidade? NR: A participação do Daniel Cardoso, que agora é baterista da banda de culto, Anathema, influenciou a dinâmica do álbum, mas não a sua estrutura. Na composição ele foi exemplar, nós tínhamos as bases de bateria premeditadas e programadas para depois serem recriadas organicamente e ele ainda fez melhor, revestiu as nossas ideias com imensa classe e precisão. PF: Estás satisfeito com os resultados do “Drifting Beyond Reality “, o primeiro vídeoclip e single retirado deste álbum? O que recria o vídeo-clip e como foi recebido pela imprensa e pelos fãs? NR: O vídeo-clip recria uma das etapas do álbum, um dos estados de sonho da
personagem central do conceito do disco. A aceitação foi muito boa, o tema viria a tornar-se um clássico da banda, sendo destacado na Sic Radical, RTP2, MTV Inglesa e em muitas plataformas internacionais de música online. PF: De que forma “The Road of Awareness” se diferencia do álbum anterior “Deconstructive Essence”? NR: Este último álbum é mais maduro, mais negro mas ao mesmo tempo também mais atmosférico e melódico, com riffs trincados, escalas nada recorrentes, ritmos discordantes e um toque um pouco mais progressivo. Tem temas bem lapidados e refrões bastante orelhudos. PF: A banda fez uma tour, como cabeças de cartaz, pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos da América para promover santaremdigital | 23
“Deconstructive Essence”. Como foi a experiência? NR: Foi o recriar de vários sonhos... Tocamos em casas bem afamadas tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido, tivemos uma visita guiada pela fábrica norte americana da Dean Guitars em Orlando, a qual ainda nos patrocina. Conseguir chegar e perfurar uma cultura diferente, sentir o calor do público e entender que com bastante trabalho pode-se chegar a muitos sítios. PF: Além do Reino Unido e da América já atuaram noutros países? E prémios…? NR: Sim. Atuamos também em Espanha e na ilha dos Açores. Prémios? Não sei o que é isso e muito menos o propósito que serve... O único prémio, que não assimilo a nenhum trofeu, é o simples facto em saber e sentir que tenho cada vez mais pessoas a seguirem e a respeitarem o nosso trabalho, são eles que nos motivam, e não o intuito de ostentar algo efémero e fugaz. PF: Em todos os vossos álbuns existem letras profundas, que parecem sair das profundezas e se afixarem na eternidade, ou na conclusão da impossibilidade de chegar a ela. São letras muito filosóficas. Qual a tua fonte ou as tuas fontes de inspiração? NR: Acho a componente escrita/lírica de extrema importância, sempre bebi de diversas fontes, desde a literatura (Nietzsche,
Schopenhauer, Goethe, Kerouac, Burroughs, Isidore Duccase, Kafka...) ao cinema (David Lynch, Fritz Lang, Kurosawa, Jodorowsky, Tarkovsky, Refn, Lars Von Trier...) e claro tudo aquilo que presencio e experimento no suposto quotidiano.
porque a vida não nos permitiu ir mais além. Queremos sim um dia debruçarmo-nos e ditar que fizemos de tudo para elevar o nosso sonho. Não tenho o “ Fado” dentro de mim...
PF: Ao longo do vosso percurso artístico já partilharam palcos com grandes bandas de metal como Soulfly, Sepultura, (Hed) pe, Moonspell, Municipal Waste, Bizarra Locomotiva, Breed 77, Benediction, Obituary, Textures, Pestilence, Aborted, Havok, Ramp, Paradise Lost, Entombed, Slayer, Megadeth, Uneven Structure e The Algorithm Queres falar um pouco sobre isso?
NR: Estamos no momento na fase de composição, esperamos conseguir lançá-lo no final deste ano ou no início do próximo.
NR: Será sempre um prazer revisitar esses momentos. Imagina... cresceste a ouvir, a ler ou a ver certos ícones, referências, e de um momento para o outro estás a partilhar um momento, neste caso um palco, com estes, só por isso já vale todo o esforço e dedicação que se depositou na banda. É caso para parafrasear” Sigam os vossos sonhos”. PF: Gostaria que me comentasses uma das tuas afirmações: “Não queremos ser categoricamente mais uma banda portuguesa”… NR: É simples, não queremos apenas dizer que temos uma banda, que nunca tentamos mais, e que nos ficamos por determinada meta,
PF: E para quando o próximo álbum?
PF: Este ano, a vossa agenda já está preenchida com concertos? Apenas em território nacional ou também a nível internacional? NR: Este ano ainda não temos grande agenda nacional, mas sim internacional. O próximo concerto de WAKO será em junho em Bristol, UK, onde iremos figurar como co-headlners do festival “Till Death Doom Us Part”. Contudo, até lá estaremos mais compenetrados na composição do novo disco. COMPOSIÇÃO DA BANDA: Nuno Rodrigues | Vocalista João Pedro | Guitarra André Sobral | Guitarra Bruno Guilherme | Bateria Pedro Mendes | Baixo Paula Fidalgo Técnica Superior de Comunicação pifidalgo@gmail.com
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RIBATEJANOS PELO MUNDO
Teigas nasceu a 12 de Julho de 1980 em JartesoãoSantarém. É um ser humano interessado pelas e pelo lado criativo e imaginativo da vida.
Sempre se interessou por saber fazer coisas, muitas e diversificadas. Nasceu, cresceu e viveu em Santarém até o ano 2007. Acabou o curso de arquitectura e teve uma experiência de 6 meses em Amesterdão, onde viveu e trabalhou, que lhe abriram os olhos para um mundo além fronteiras.
O que o levou a emigrar? No começo foi a curiosidade e a experiência. O meu curso dava-me a possibilidade de viajar e trabalhar ao mesmo tempo, por isso fui a uma primeira experiência em Amesterdão e adorei. Desde essa altura que sou vegetariano, primeira grande alteração na minha vida. Depois de terminar a parte académica que me faltava, tive de fazer um estágio professional. O gosto em viajar e enfrentar novos desafios levaramme a procurar o estrangeiro novamente. Num aleatório padrão de acontecimentos, fui parar ao Chipre, a última ilha no mediterrâneo. A ideia seria ficar 1 ano…fiquei 5!
Porque escolheu esse país? Na altura escolhi a Holanda por ser uma meca da arquitectura. O Chipre foi uma escolha baseada no excelente trabalho do gabinete onde viria a trabalhar 5 anos. Ajudou o facto de ser totalmente desconhecido e de ser a única capital do mundo dividida pós-guerra, uma Berlim mediterrânea. Achei que seria curioso trabalhar nessas condições. Continuava na procura de conhecimentos baseados na minha área em diferentes ambientes, culturas, sociedades, etc. O resto do tempo que fiquei por lá foi porque estava a aprender mais do que esperava dentro e fora da profissão. Nada como sair da tua zona de conforto para ver a vida com outros olhos.
Como tem sido a sua experiência no estrangeiro? A experiência tem sido óptima! Viver e trabalhar num país estrangeiro expande a nossa mentalidade e a maneira de ver as coisas. Abandonas um pouco o papel principal enquanto residente no teu país e assumes-te como espectador e aprendes 10x mais rápido tudo ao teu redor. Tive oportunidades de trabalhar em projectos que seria difícil em Portugal porque a oferta de arquitectos é muita e os trabalhos são poucos. Como saís da tua zona de conforto ficas aberto a muitas experiências. Aprendi muito, porque errei muito. Fiz muita coisa, porque sai da minha zona de conforto.
Sente que em Portugal não teria as mesmas condições de vida e oportunidades de sucesso? Não teria, mas esta pergunta tem 2 lados. Eu pessoalmente acredito que a situação actual em que vivemos pode trazer muita coisa boa. Para
mim, tirando a realidade das pessoas que sofrem verdadeiramente a crise, ficando sem casa ou sem comida, o resto da população nacional tem uma oportunidade de mudar a sua maneira de viver. O formato antigo em que vivemos a nivel educativo, administrativo, social e cultural já não resulta e nós temos sido muito resistentes a uma mudança inevitável. Digamos que na minha área profissional, 9 em cada 10 já não praticam arquitectura. Talvez desses, 4 ou 5 nunca quiseram realmente ser arquitectos e foram aliciados para a área com a promessa de uma vida próspera economicamente. Muitos desses estão realmente a procurar a sua verdaderia paixão…outros ainda se iludem no ramo. Extrapolando isto, de uma maneira geral, uma grande parte da população vive ainda numa ilusão do que as suas vidas deveriam ser e estão revoltados por isso. Na minha opinão deveriam estar a procurar o que lhes dá prazer fazer profissionalmente e pessoalmente, mesmo que isso não lhes proporcione os “luxos” a que estão habituados. Por isso, alterando a minha resposta inicial, SIM eu teria sucesso em Portugal. Só teria de alterar as definições a mim impostas por gerações anteriores, sobres CONDIÇÕES DE VIDA e OPoRTUNIDADES DE SUCESSO. Basta olharmos á nossa volta que já vemos isto a acontecer. Esta revista é um pequeno exemplo disso, como te referi em conversa pessoal.
Já equacionou voltar para Portugal? Porquê? Claro que sim e a principal razão são os laços de sangue. A segunda seria o maravilhoso país que temos! Como bom português que sou falava mal do país como outro qualquer, mas a realidade é que não o conhecia… Viajando no estrangeiro, conheci muitas pessoas que viajaram e viveram em Portugal e todos me fizeram a mesmo pergunta: Porque é que saiste do teu país? Portugal é magnífico! Hoje vejo-me a dizer menos mal e a conhecer mais. Temos realmente um país magnífico com um potencial enorme por explorar, só temos, como referi anteriormente, de quebrar os padrões estabelecidos. Eu não posso viver em Portugal com a mesma consciência com que os meus pais viveram no seu tempo. Os tempos são outros… as pessoas é que insistem em ficar as mesmas. Dito isto, quando estiver pronto voltarei… ou não.
De que mais sente saudades de Portugal? Eu sinto saudades daquilo tudo que não vi e que não vivi. Sinto saudades das localidades que não conheço, sinto saudades da fauna e flora que não toquei e cheirei, sinto saudades dos sabores ainda por descobrir por esse país fora, sinto saudades dos portugueses com quem não falei por ser emigrante, sinto saudades das experiências que não vou passar com a familia e amigos e sinto muitas saudades da minha sobrinha e dos outros que virão a caminho! Sinto saudades do Portugal de amanhã, mas vivo contente com o meu presente e irei sempre procurar o que realmente me faz feliz, seja dentro ou fora do país. Obrigado
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