santaremdigital
2012 ● AGOSTO/SETEMBRO (BIMESTRAL) ● NÚMERO 02 ● ANO I ● GRATUITO
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D I S T R I T O
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H I S T Ó R I A
VENHA CONHECER A CULTURA AVIEIRA GASTRONOMIA descubra os sabores do tejo
RIBATEJANOS pelo mundo
JOVENS talentos do distrito
Caros leitores... Estamos de volta, como prometido, ainda entusiasmados com o sucesso da nossa estreia no meio “jornalistico” ribatejano e já ansiosos por vos apresentar o nosso nº 2. Aplausos, críticas e sugestões...foi inesperada mas deveras gratificante a forma como por vós, leitores, foi acolhida a nossa revista. Obrigado por tornarem viável esta nossa aposta e por todo o interesse manisfestado neste nosso humilde mas ambicioso projecto. É o vosso entusiasmo que aguça a nossa curiosidade e a nossa vontade de encontrar, algures adormecida na História do nosso distrito, outras histórias contadas e vividas pelas gentes locais, enquanto seres humanos individuais ou enquadrados numa determinada cultura. Assim sucede com a cultura avieira, principal temática que abordaremos neste número, como forma de homenagear as memórias do povo ligado ao rio, ao Tejo. Como forma de louvar as valências da sua actividade, divulgamos um artigo de opinião, um olhar fotográfico que testemunha o seu modo de vida e o que dele sobrevive ao passar do tempo. Como não podia deixar de ser, apresentamos sugestões gastronómicas assentes nas tradições culinárias destes povos. Trata-se, indubitavelmente, de uma herança cultural regional que merece ser preservada. Nesta perspectiva, não poderíamos deixar de ser solidários com o projeto levado a cabo pelo Instituto Politécnico de Santarém, a ESES, a AIDIA e a APCA que pretendem a classificação de algumas das aldeias avieiras a património nacional. Mas, para além do nosso tema de capa, temos muito mais para vos oferecer. Com temáticas tão diversificadas como, tauromaquia, cinema, desporto, musica, ambiente, esperamos que desfrutem do conteúdo de cada página desta revista, que possam dela retirar proveitosos momentos de reflexão, informação e até mesmo diversão. O vosso contributo, repetimos, é, precioso e insubestituível, na divulgação da nossa História, na dinamização da nossa cultura e no traçar de novos caminhos com vista à exploração das vivências ribatejanas como forma de melhorar o futuro da nossa preciosa Região. Estamos orgulhosos do nosso trabalho, confiantes na prossecução dos nossos objectivos e.. já com as nossas mentes a fervilhar de novas ideias para vos presentear no próximo número... Até daqui a dois meses!!..
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Proprietário e Diretor Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt
Editor José Raimundo Noras raimundonoras@santaremdigital.pt
Departamento Web / Gráfico O Scalabitano contact@oscalabitano.com
Departamento de Marketing Audrey Jorge marketing@santaremdigital.pt
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Departamento de Fotografia Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt
Colaboradores Alexandre Pita Soares, Bento Costa, Dinis Ferreira, Fátima Cipriano, Filomena Pereira, Francisco Noras, Guiomar Fragoso, Humberto Nelson Ferrão, João Oliveira, João Pando, João Vitor Mendes, Luís Mata, LT-SRU, Ludgero Mendes, Maria de Lurdes Véstia, Maria João Arcanjo, Patricia Bernardes, Pedro Caetano, Sónia Pinto, Zeferino Silva Entrevistas Pedro Ferreira The Kaviar Fotografia da Capa Maria João Arcanjo Publicidade e feedback: Apartado 38, 2001-901 Santarém Telefone: (351) 934 700 579 Email: revista@santaremdigital.pt Online: www.santaremdigital.com
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Diretor
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Sede Rua Ana de Macedo, 9, 4 Esq / 2001-901 Santarém Contribuinte - 224 619 934 / Registo na ERC - n.º 126 248
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PATRIMÓNIO
CULTURA
06 Cultura Avieira 10 Reabilitação Urbana
19 Ribatejo e Jogos Tradicionais 22 Guitarra para todos 23 Citius, Altius, Fortius 24 A caminho do centenário 26 O Western Lusitano 27 Da oliveira ao prato
AMBIENTE 12 Percursos da Água
GALERIA 14 Aldeias Avieiras do Tejo
ENTREVISTAS
GASTRONOMIA
29 Jovens Talentos 30 Ribatejanos Pelo Mundo
16 Pescadores do Tejo 18 Receitas do Rio Tejo
PROMOÇÕES 32 A nova mercearia santaremdigital | 5
CULTURA AVIEIRA
O ideário e os objetivos do Projeto Nacional da Cultura Avieira Maria de Lurdes Véstia*
Migrações avieiras
Verão... e para sempre ficaram ligados à anfiteatro da Escola Superior de Educação história do Tejo, os homens da Vieira, os de Santarém (ESES). O Vale do Tejo é um eixo geográfico e físico Avieiros. No começo pensava-se dar relevância ao historicamente relevante para o estudo da história da fixação do Homem na península A candidatura a património nacional - a património imaterial dos pescadores Avieiros, mais do que ao edificado. Mas desde Ibérica. Toda a região conheceu movimen- componente imaterial logo emergiu que existiam importantístos migratórios de gentes atraídas pela abundância dos produtos da natureza, A ideia de projeto germinou a partir de simos vestígios materiais, como as casas como consequência de uma reconhecida uma ideia simples de investigação, os das aldeias Avieiras, os pontões ancorafertilidade invulgarmente rica dos terre- Avieiros da aldeia do Patacão, em Alpiarça, douros, os barcos, as artes de pesca, os nos da Lezíria. tomada em meados do ano de 2005. À me- trajes e ainda muitos pescadores a exercer dida que o estudo evoluía, as evidências a sua atividade no Tejo. O final do séc. XIX marcaria relevantes con- apontavam todas para a existência de uma tornos no desenvolvimento de Vieira, as cultura rica, em estado latente, à espera À ideia inicial, desenvolvida pelo Instituto obras de regularização do leito do Lis e a de condições para reaparecer algures no Politécnico de Santarém (IPS), pela ESES Invasão Francesa de 1810 em que quase tempo e no espaço, trajando novas vestes e pela Associação Independente para o metade da população foi dizimada por epi- mas mantendo uma originalidade a toda Desenvolvimento Integrado de Alpiarça (AIDIA), juntou-se entretanto um vasto demias e mais de metade das casas foram aprova. número de pessoas e de instituições públidestruídas ou danificadas. O agravamento das condições de vida dos pescadores, Da constatação deste facto emergiu uma cas e privadas. aos quais a praia da vila nada tinha para ideia nova e simples, ou seja, a de que a oferecer para além de um inverno rigoroso partir daí se deveria institucionalizar o Parceiros que veem no Tejo e no Sado, bem e muita fome, criou um grande fluxo mi- estudo com base na cooperação com in- como nos seus recursos naturais e humagratório em direção ao Tejo e ao Sado e stituições de desenvolvimento local e nos, os principais fatores para o desenforam-se estabelecendo junto das vilas regional. Como consequência forçou-se volvimento económico e social endógeno e ribeirinhas dos dois rios, encaminhando- a abordagem do estudo para uma óptica auto-sustentado. se depois para o tráfego comercial fluvial mais abrangente, mantendo no entanto a Por isso, o Projeto de Candidatura da Cule terrestre. As maiores movimentações mesma matriz de investigação-ação. tura Avieira a Património Nacional e da terão ocorrido entre 1919 e 1939. Trabalhou-se duramente a partir de então UNESCO, inicialmente focado no estudo Durante décadas esta gente dividiu a sua para instituir um processo de candidatura académico, evoluiu e hoje é considerado vida entre o verão em Vieira e o inverno da cultura Avieira a património nacional. o projeto âncora das propostas de invesno Tejo, entre a arte xávega da sardinha Este foi formalmente iniciado em 30 de timento consagradas na constelação dos e a arte varina do sável. Mas chegou o dia Junho de 2007, com a realização do pri- restantes projetos complementares. em que deixaram de regressar durante o meiro Encontro Regional, que teve lugar no 6 | santaremdigital
aldeias avieiras
a património nacional
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Fotografia de Maria João Arcanjo
O projeto de investimentos PROVERE
das ações culturais, da formação, dos pro- ira como Património Nacional e da UNESCO. jetos educativos e da investigação cientí- Este reconhecimento formal permitirá dar visibilidade a um conjunto de saberes, O Projeto de investimentos aprovado no fica. tradições e vestígios materiais únicos no âmbito do QREN/PROVERE, inclui um consórcio, liderado pelo IPS, que visa investir Em conformidade com as estratégias a País e na Europa, como as casas das altrinta milhões de euros ao longo do rio adotar pelo PROVERE, o Projeto agrega deias Avieiras, os pontões ancoradouros, Tejo, para a criação de um novo destino um conjunto de parceiros dos sectores os barcos, as artes de pesca, os trajes, a turístico em Portugal, repartindo-se por Público, Privado e Social orientados para biodiversidade da Lezíria do Tejo. Aspetos várias áreas, com 36 projetos de investi- a melhoria da competitividade territorial como os fluxos migratórios, o modo de orde áreas de baixa densidade da região da ganização das comunidades e das famílias mento. Lezíria do Tejo, visando acrescentar valor e o papel da religião nas aldeias avieiras O projeto visa posicionar-se como um mo- económico a recursos endógenos (recur- têm sido objeto de inúmeros estudos de tor de desenvolvimento regional, nome- sos naturais, património histórico e re- investigação, dado tratar-se de uma culadamente dos territórios de baixa densi- ligioso, saberes tradicionais ou outros). tura com características muito próprias; Estima-se que poderão ser criados 136 dade da sub-região da Lezíria do Tejo. postos de trabalho diretos e 270 postos 2- Recuperar as aldeias Avieiras. A estratégia do Projeto centra-se na im- de trabalho indiretos, no final de três anos Caso as construções a recuperar se enconplementação de 10 Projetos Âncora e de de investimentos. trem desocupadas, a intervenção terá um 26 projetos complementares, que irão ter carácter relativamente epidérmico, visanum impacto significativo nos domínios da Objetivos Estratégicos do Programa: do a rua recuperação integral de acordo reabilitação habitacional, da promoção do turismo e do emprego, da inclusão social, 1- Obter o reconhecimento da Cultura Avie- com a traça original, sendo que, se as con8 | santaremdigital
sões do problema: sociais, económicas, de respeito pelo ambiente, no que se designa de “intervenção sustentável” para o território, assim como de respeito pela matriz cultural dos Avieiros, ou seja, da região da Gândara. Fazem parte do projeto as Câmaras de Cartaxo e Salvaterra de Magos. 3- Desenvolver atividades educativas/formativas inerentes à Cultura Avieira. struções a recuperar estiverem integradas em conjuntos urbanos, a sua reabilitação contribuirá para uma efetiva melhoria da imagem conjunta destes aglomerados, podendo até equacionar-se a remoção dos elementos construtivos exógenos às construções originais. Uma aldeia Avieira integralmente recuperada constituirá sem dúvida um importante fator de diferenciação do turismo local e regional, bem como de captação de turistas e de criação de novas atividades económicas ligadas à indústria do turismo.
Estas atividades serão levadas a cabo pelo Instituto Politécnico de Tomar (IPT), IPS e AIDIA.
O IPT levará a cabo o Projeto de educação e formação especializada, cujo objetivo é a produção de conhecimento e sua aplicação em ações de educação e formação especializada usando as “Oficinas de investigação e criação de conteúdos no domínio do património avieiro e seu contexto” anexas à disciplina de Gestão Autárquica do Património Cultural, do Mestrado em Está igualmente prevista a construção de Desenvolvimento de Produtos de Turismo novas edificações, por parte de investi- Cultural. dores privados, a “imitar” as habitações Avieiras, bem como a melhoria das in- O IPS irá desenvolver o Projeto: Educação, fraestruturas que servem as populações Comunicação, Formação e Investigação, locais do ponto de vista dos acessos (ter- que tem como Objetivos: (i) Na Educarestres e fluviais, por exemplo com estra- ção, com os estudos de Ensino Básico e das e zonas de embarcadouro e de atraca- Secundário da Lezíria do Tejo, para degem de barcos), do saneamento (melhoria senvolvimento de ações de promoção de das condições de drenagem e saneamento futuros públicos críticos e exigentes, (ii) das aldeias), da gestão dos lixos, do Na formação, na tripla dimensão a) de eqabastecimento de água ou de outras in- uipas para operar no terreno; b) de goverfraestruturas complementares a outros nação de projetos; c) de formação para a usos (por exemplo turísticos), tais como dimensão cívica; (iii) Na pesquisa, através colocação de redes sem fios. Estas estra- da afetação de meios humanos e técnicos tégias representam uma efetiva mais-valia para o desenvolvimento de produtos de para as populações residentes, podendo natureza educativa, de gestão, desportiva inclusivamente funcionar como incentivo à (iv) Na museologia, através de protocolos que permitam a interação e o desenvolvifixação de nova população. mento desta componente visando a dinA visão sistémica da recuperação do pat- amização dos espaços da região. rimónio cultural Avieiro deverá determinar qualquer estratégia de intervenção. Assim, Por sua vez a AIDIA levará a cabo o Projeto qualquer intervenção ao nível do edificado de Formação cujos objetivos serão os seou do espaço exterior deverá, por isso, ser guintes: (i) Formação ao longo do projeto pensada em conjunção com outras dimen- com o objetivo de relevar a cultura sempre
presente dos Avieiros, afirmativa, histórica e identitária; (ii) Mostrar a importância das atuais comunidades Avieiras como depositárias de uma ancestralidade cultural – trata-se de uma ação de educação cívica voltada para as questões educativas e culturais; (iii) Fazer uma formação-tipo desta natureza ao longo da vida do projeto, num horizonte temporal de médio e longo prazo, no sentido de incluir a cultura Avieira como fator de identidade cultural nacional, fazendo incidir essa identidade para o interior do projeto de desenvolvimento, dando-lhe um conteúdo e uma dimensão complementares à formação profissional; (iv) Concretizar a formação na governação de projetos.
Conclusão A cultura é o resultado da luta permanente do Homem pelo reconhecimento e pela construção de significado, num processo constante de elaboração e de domínio de instrumentos de trabalho, que resultam numa aprendizagem social de boas práticas que se estendem para as gerações seguintes. A Cultura Avieira é, pois, a consequência de uma visita permanente aos arquivos da memória comunitária para avaliar o que correu mal no processo vivencial e para determinar as formas de agir corretamente para garantir a sobrevivência, daí resultando o que de mais essencial nesta cultura reside: a honra e a vida. * Educadora Social lllurdesvestia@hotmail.com
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REABILITAÇÃO URBANA O
Palácio de Landal é um edifício emblemático da cidade de Santarém e situa-se no seu Centro Histórico. Edificado no final do século 17 e o início do século 18, no local onde existia, anteriormente, um solar quinhentista da família Sousa Coutinho, que contemplava a totalidade do quarteirão. O Palácio conheceu vários usos e vários proprietários, tendo sofrido várias alterações e ampliações até aos nossos dias. Atualmente, à exceção do 1º DRT onde funcionavam serviços da Câmara, que havia realizado obras de beneficiação, todo o edifício se encontrava num avançado estado de degradação, que colocava em causa o funcionamento do mesmo e constituía perigo a quem dele se servia, como por exemplo, as atividades da Sociedade Recreativa Operária.
João Oliveira*
Com o início da atividade da Str-UrbHis a 1 de Agosto de 2010, o imóvel passou para a sua posse e, enquadrado em candidaturas da Autarquia a fundos comunitários, surge o projeto de requalificação. Objetivos:
Este projeto mais do que a equipa técnica envolveu toda a equipa da Str-UrbHis. Foi -Requalificar um dos equipamentos mais um trabalho de equipa em que todos os emblemáticos do Centro Histórico, colaboradores contribuíram. A obra teve início em Julho de 2011 e es-Revitalizar a zona com a criação de um es- tará concluída no final de 2012, o investipaço para fins culturais. mento é de cerca de 480.000,00€ comparticipado a 80%. A proposta de Requalificação apoiou-se numa filosofia de preservação e recupe- Na sequência da reunião de Câmara de ração dos elementos arquitetónicos rele- 12.03.2012 da sessão ordinária da Asvantes, ou seja, repor ao máximo a situação sembleia Municipal de 27.04.2012 delioriginal do edifício e eliminar os elementos berou-se considerar o Palácio de Landal dissonantes que foram sendo acrescenta- imóvel de interesse municipal. dos e que adulteraram o valor que possui. * Optou-se por uma uniformização de novos Arquiteto materiais que serão fundamentalmente os joao.oliveira@santaremdigital.pt mesmos que os existentes.
O Palácio possui grande importância histórica e cultural e terá lá nascido, em 1555, Frei Luís de Sousa, um grande nome da literatura portuguesa, retratado num painel em azulejo neobarroco na fachada principal. Os projetos foram desenvolvidos e coorPUB
denados pela equipa técnica da Str-UrbHis e por uma empresa contratada externamente, para algumas especialidades as quais não se dispõe de técnicos para a sua elaboração.
Lezíria do Tejo
SOCIEDADE DE REABILITAÇÃO URBANA A LT-Sociedade de Reabilitação Urbana, EM (LTSRU), é uma empresa intermunicipal, participada por nove dos Municípios que integram a Comunidade Intermunicipal Lezíria do Tejo (CIMLT), designadamente pelos Municípios de Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Cartaxo, Coruche, Chamusca, Golegã, Rio Maior e Santarém, dedicada exclusivamente à Reabilitação Urbana. A LTSRU diferenciase das restantes por ser o primeiro núcleo intermunicipal no país que angaria economias de escala e sinergias no processo de reabilitação urbana à escala regional. Atendendo ao desígnio estratégico de promoção e desenvolvimento dos Municípios que a participam, está incumbida de desenvolver um plano de intervenção assente num projecto inovador de gestão urbana e fundiária de matriz empresarial local.
social dos seus habitantes; e Programa Estratégico de Reabilitação Urbana para cada ARU, com a vertente intermunicipal que a caracteriza.
• Promover a melhoria dos níveis de BemEstar, desenvolvendo uma política de apoio social e participação em iniciativas conjuntas, público-privadas;
Importa salientar que todos os Municípios • Informar todos os interessados dos seus da LTSRU concluíram a 1º fase do trabalho, direitos, deveres, e apoios (benefícios fiscais) para a reabilitação de imóveis; • Revitalizar as zonas históricas, dandolhes mais segurança e tornando-as mais atractivas, potenciando o turismo e comércio, o que se traduzirá em ganhos quantitativos para os Municípios; sendo que o Município de Santarém já finalizou todo o processo, inclusive aprovou por unanimidade, no dia 18 de Junho de 2012, o Programa Estratégico em Reunião de Câmara.
O Município de Azambuja está igualmente a terminar a elaboração do seu Programa Durante os próximos dois anos, a LTSRU Estratégico, assim como o Município da pretende iniciar a operacionalização de 10 Golegã se encontra numa fase de desenProgramas Estratégicos de Reabilitação volvimento do mesmo. Urbana para as 10 ARU (Áreas de Reabilitação Urbana) previamente delimitadas A LT - Sociedade de Reabilitação Urbana, pelos Municípios envolvidos, que terão EM, tem como principais objetivos: com prazo máximo de execução 15 anos. O trabalho da LTSRU em cooperação com • Promover a Reabilitação Urbana nos Muas equipas municipais, divide-se em duas nicípios associados; fases: 1º - Levantamento de campo, que corresponde à recolha de informação rela- • Elaborar 10 Programas Estratégicos de tiva a cada imóvel\propriedade, espaço Reabilitação Urbana para as Áreas de Repúblico e fachadas de conjunto. abilitação Urbana (ARU); 2º - Diagnóstico do tecido urbano, quer ao • A eficaz gestão de recursos e financianível do edificado, infra-estruturas e espa- mento à escala regional, no processo de ços públicos, quer ao nível da componente reabilitação urbana;
• Promover a sustentabilidade ambiental, cultural, social e económica dos espaços urbanos, bem como a modernização das suas infra estruturas; • Garantir a proteção e promover a valorização do património histórico-cultural, respeitando os valores tangíveis e intangíveis, que constituem a identidade, diferenciação e competitividade de cada Município. A LTSRU conta com a colaboração de todos os intervenientes, Municípios associados e seus munícipes para o sucesso das operações de reabilitação urbana, pois só assim se poderá realizar um projeto ambicioso e complexo para a Lezíria do Tejo, que irá certamente melhorar as condições de vida e bem-estar de todos. A equipa da LT-SRU www.leziriatejosru.eu
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PERCURSOS DA ÁGUA Filomena Pereira e Sónia Pinto*
A existência de bens essenciais à vida quando disponíveis e acessíveis de forma aparentemente natural, contribuem para que sejam desprovidas do verdadeiro valor e importância. A água é um desses bens. No nosso país, grande parte da população tem disponibilidade de serviço público de abastecimento de água, pelo que este bem está presente nas nossas casas, aparentemente sem esforço. Nesta edição propomos seguir o percurso da água entre a natureza e as cidades dando relevo ao engenho necessário para que no dia a dia da população tudo pareça simples e natural. A água presente nos mares e nos rios, por ação da energia solar, evapora-se e passa para a atmosfera na forma de vapor. Esse vapor, quando atravessa zonas frias, arrefece e condensa, formando as nuvens que quando descarregam água na forma de chuva alimentam os rios, lagos e aquíferos, onde o homem recolhe a água para abastecimento. Para que a atividade humana tenha o menor impacto possível neste ciclo natural há que assegurar a sustentabilidade da utilização deste recurso nos meios urbanos, recolhendo água de uma forma racional e devol12 | santaremdigital
vendo-a em condições de não causar dano à vida dos nossos rios. O percurso forçado pela intervenção humana de modo a colocar a água ao seu serviço, o qual inclui a água de abastecimento e a drenagem e tratamento de águas residuais, designa-se por ciclo urbano da água. A água é recolhida em captações superficiais (rios, albufeiras e lagos) e captações subterrâneas (furos, poços e nascentes), tratada em estações de tratamento de água (ETA), de modo a atingir características de qualidade para consumo humano e é adicionado um agente de desinfeção para garantir que não ocorre contaminação até ao consumidor. O transporte e distribuição é assegurado por uma rede de condutas. Para garantir um abastecimento constante em todos os centros urbanos é armazenada em reservatórios situados em pontos específicos da rede de distribuição. Para garantir a qualidade da água é efetuada uma monitorização rigorosa em diversos pontos do sistema, que inclui a torneira do consumidor.
fundidade, como é o caso do concelho de Santarém.
Depois de utilizada, dá origem a águas residuais, que têm de ser recolhidas e transportadas através de uma rede de tubagens (rede de drenagem) até à Estação de Tratamento de Águas Residuais onde são trataA ETA, é dispensável quando a qualidade das por processos físicos e biológicos, para da água na origem não carece de correção que possam ser restituídas ao meio ambipara além da simples desinfeção. É o que ente, sem impacto no meio hídrico. acontece com frequência quando a água é de origem subterrânea, captada em pro- Quando as águas residuais têm origem em
indústrias mais poluentes e agressivas, têm de ser sujeitas a um pré tratamento antes de serem recolhidas nos coletores públicos, de modo a dotá-las de características semelhantes a efluentes domésticos, não afetando assim o normal funcionamento da ETAR. Para além da rede de águas residuais domésticas, existem também os coletores pluviais que preferencialmente devem ser independentes dos anteriores e que recebem a água das chuvas e das lavagens
dos pavimentos, conduzindo-as diretamente ao curso de água mais próximo. Cabe a todos nós ter um papel ativo na preservação deste recurso natural. A maneira como hoje nos servimos do bem “água”, condiciona a sua disponibilidade nas gerações futuras. * A partilha do conhecimento A.S. – Empresa das Águas de Santarém Informação da Direção da Qualidade e do Gabinete de Comunicação
Glossário: Águas Residuais – águas resultantes da atividade em instalações residenciais e serviços, essencialmente provenientes do metabolismo humano e de atividades domésticas;
Águas Pluviais – águas resultantes do escoamento de precipitação atmosférica originadas quer em áreas urbanas quer em áreas industriais. Consideram-se equiparadas a águas pluviais as provenientes de regas de jardim e espaços verdes, de lavagem de arruamentos, passeios, pátios e parques de estacionamento, normalmente recolhidas por sarjetas, sumidouros e ralos;
ETA – Estação de Tratamento de Água ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais CAUDAL - Volume de água ou de águas residuais que atravessa uma dada secção num determinado intervalo de tempo;
Sistema – Conjunto de equipamentos e infraestruturas que conseguem de forma autónoma completar o processo para o qual foi concebido. EX: sistema de abastecimento de água (furo, condutas, estações elevatórias, reservatórios e redes).
GALERIA
ALDEIAS AVIEIRAS DOTEJO Osvaldo Cipriano nasceu a 4 de Janeiro de 1982, em Santarém, cidade onde atualmente reside.
máquinas fotográficas, para poder registar imagens e revelar a sua arte e a sua paixão.
Começou a interessar-se por fotografia em 2005, altura em que comprou a sua primeira máquina digital com a qual começou a explorar a sua sensibilidade artística com registos sobre a sua cidade.
Este trabalho “Aldeias Avieiras do Tejo” foi realizado especialmente para o número dois da revista Santarém Digital, para poder demonstrar aos leitores como se encontram as Aldeias nos dias de hoje.
Já participou em várias exposições fotográficas e várias fotografias já foram publicadas em revistas da especialidade e jornais.
Poderão ver mais fotografias deste projeto na página do facebook do Santarém Digital.
Adora viajar, sempre na companhia das suas
gastronomia
PESCADORES DO TEJO Humberto Nelson Ferrão*
A
ntes de falar do tipo de pratos dos pescadores do Tejo, convém reter alguns pressupostos que nos ajudam a ter um maior conhecimento desta subcultura ligada àqueles que fazem ou fizeram a sua vida neste rio.
Desses tempos tornaram-se conhecidos alguns pratos que fizeram esta cozinha de pescadores, em determinada situação, e cujos depoimentos vão todos no sentido da forte carestia da vida que se vivia, pouco comparável, mesmo assim, com as “relativas” dificuldades de hoje. Temos, pois, de ser cautelosos. Não devemos ter uma perspectiva romântica destes tempos, quando ouvimos e lemos gente responsável falar sobre eles, como se não houvesse um processo histórico e como se este tipo de gastronomia hoje aparecesse como se fosse uma magia. Mas não foi. Por isso, em primeiro lugar, devemo-nos lembrar quais foram as condições materiais que levaram as gentes do rio a socorreremse dos parcos alimentos que iam tendo à disposição para sobreviver. Por outro lado, também devemos ter cuidado com as épocas a que nos reportamos quando falamos da gastronomia avieira ou dos pescadores do Tejo. O tipo de alimentos de um lugar pode não ser o mesmo do de outra zona, junto ao rio. Daí, não se poder generalizar um prato como se fosse de todas as comunidades do rio e também os alimentos usados numa determinada época podem não ser os usados, geralmente, em épocas mais recentes, devido à melhoria das condições de vida.
Fotografia de Maria João Arcanjo 16 | santaremdigital
Os pratos simples deste tipo de cozinhas de subsistência reportam-se a uma época de grande privação e quando são conhecidos de público mais alargado, já se vive noutra altura, com uma melhoria de vida, com outras condições de acesso a bens ligados ao prazer e ao lazer. Muitas vezes são o Turismo e os Festivais
- como o Festival Nacional de Gastronomia que deu um forte impulso a alguns pratos da cozinha avieira - que aproveitam para dar visibilidade a determinado tipo de alimentação específica, para além das Festas Anuais das localidades ou restaurantes ao longo do rio. Em terceiro lugar, devemos reter a informação de que não há muitas indicações que nos levem a considerar que exista uma gastronomia avieira, estruturada o suficiente para ser assim considerada (os estudos não abundam). Por isso defendemos que o termo deve ser usado com alguma parcimónia e não como muitos responsáveis fazem, usando e abusando dele. Ora, a alimentação dos avieiros, nos meados do século XX, era bastante simples, tal qual a alimentação dos trabalhadores rurais da mesma região de inserção onde passavam mais tempo, uma vez que, nesta altura, os avieiros ainda usavam bastante o barco como local para comer e dormir. E foram os pratos mais singulares desta época que vieram, mais tarde, a ser considerados como os mais característicos da cozinha avieira, embora aqui apenas consideremos alguns dos pratos que as famílias iam cozinhando na região mais ligada à lezíria do Tejo.
gamente era um peixe com pouca atenção, agora ela é cozinhada e apreciada como um prato especial e por isso a sua captura bem remunerada).
Assim, encontramos sopas de couves com feijão, de tomate e peixe, de feijão-verde, de fataça, de coentros, de saramagos, com toucinho, em que este, muitas vezes, era comido sem pão.
Era muito importante deitar-lhes sal antes de cozinhar, para o peixe tomar o gosto do sal. Alguns avieiros, a este modo simples de cozinhado, chamavam o “peixe de águae-sal”, comido talvez mais por necessidade do que por gosto. O peixe era cozido, sem mais acompanhamentos. O que eles faziam era apanhar o peixe, amanhar, cozinhar, pôr sal e condimentos e comer... Mas o peixe cozido tinha que levar sempre um tempero quando era comido: azeite, vinagre, pimenta, cebola.
E para terminar, para alem da água-pé que acompanhava a refeição ou do pão feito por cada um, os doces que se comiam não andariam muito para além do arroz doce e, eventualmente, coscorões ou outros bolos, que se começaram a fazer mais tarde. Ora, o que aqui descrevemos é apenas um conjunto de situações relacionadas com a alimentação duma primeira fase da vida dos avieiros. Mais tarde, outros produtos, condimentos e formas diferentes de fazer a sua cozinha vieram a ser conhecidos e a Por outro lado, também faziam o peixe de ter uma visibilidade maior, mas isso será caldeirada, que acompanhava com migas. para outras linhas. As migas são um tipo de uma sopa feita de peixe, pão de milho e pão de trigo mistu- Para além das enguias, do sável e da lamrados. A caldeirada tinha como condição preia, deixamos apenas, como exemplo, o levar batatas e os condimentos que se prato da fataça na telha que, de uma quase conseguissem arranjar (cebola, alho, louro, experiência imaginativa e de necessidade pimenta, piripiri, colorau ou tomate…), da autora, passou a ser projetado como um misturando-se tudo na caldeira, cozendo prato de degustação para dias especiais, tudo junto. com uma confeção algo elaborada.
Ainda com a saboga ou com outros peixes faziam uma variante: o peixe era assado na brasa ou sob a forma de assado no espeto, como o caso da saboga, em ocasiões especiais, em que esta era assada, lentamente, Nessa altura, os pescadores do Tejo quase acompanhada depois com batatas, azeite, só comiam peixe e a carne ia para a mesa vinagre e ovas cozidas. só em alturas muito raras. A carne só aparecia na mesa em situações No dia-a-dia, os pescadores preparavam o especiais, nalguma doença ou festa, como peixe de forma rápida e pouco trabalhosa, o casamento. Normalmente, ela provinha sendo o modo cozido, porventura o mais da criação de animais em casa: carneiros, usado, embora também o peixe pudesse porcos, coelhos e galinhas. ser caldeirado, assado ou frito. A dieta alimentar dominante era ainda Os peixes mais usuais eram a fataça, o feita de sopas de produtos que se consebarbo, a saboga, o sável, o pampo, a lam- guiam arranjar, forjados pela necessidade preia... principalmente para venda (o caso e que fossem o mais barato ou gratuito da lampreia é curioso uma vez que ela nun- que se encontravam nas terras agrícolas ca desapareceu do rio, mas, enquanto anti- das redondezas.
Com estas linhas, chamámos a atenção para alguns pratos dos pescadores do Tejo e algum contexto do seu surgimento, que podem estar hoje na nossa mesa esporadicamente ou como iguaria, mas que, há mais de 50 anos, garantiram a subsistência diária de muitas famílias da nossa região. * Sociólogo tsbnel@gmail.com
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Sopa de PEIXE DO RIO INGREDIENTES: Fataça ou sável (quantidade a gosto); 1,5 dl azeite; batata cortada às rodelas finas; alho picado; 2 folha louro; tomate picado e pimento verde e vermelho cortado às tiras sem sementes; cebola grande picada; colorau q.b.; sal q.b.; pão torrado cortado em pedaços; hortelã.
preparação: Deitar os ingredientes num tacho. Colocar o peixe por cima e temperar com sal. Tapar o tacho. Levar ao lume até apurar. Retirar o peixe. Numa terrina colocar o molho apurado com a batata e dispor o peixe por cima. Guarneça com as fatias de pão torrado e hortelã e sirva.
Fotografia de Osvaldo Cipriano
RECEITASDORIOTEJO FATAÇA NA TELHA INGREDIENTES: 1 fataça, fatias de toucinho, 1 cebola grande,2 dl de azeite, colorau, alho a gosto, 2 folha de louro, vinagre q.b., picante q.b., salsa, batatas aos cubos.
preparação: Antigamente este peixe era confeccionado numa telha. Esta levava barro nos extremos para segurar outra telha colocada por cima, de forma a fechar, e era depois atada com um arame comprido e enterrada debaixo de uma fogueira a assar. Faça-o no tabuleiro e sirva-o numa telha previamente muito bem lavada. Amanhe o peixe, lave-o muito bem e enxugue-o; dê-lhe uns golpes nos lombos e nos cortes rechear com as fatias de toucinho. Temperar com sal. Picar a cebola e juntar os restantes ingredientes. Colocar o peixe no fundo da telha disponha sobre estas fatias de toucinho. Juntar as batatas cortadas em cubos pequenos e regar com a cebola picada com os ingredientes. Regue tudo com um pouco de azeite e leve a assar, cerca de 30 a 40 minutos, em forno médio. 18 | santaremdigital
Fotografia de Osvaldo Cipriano
ribatejo e jogos tradicionais J
ogar é fundamentalmente uma actividade voluntária executada dentro de um determinado parâmetro de tempo e limite de espaço, em que se respeitam regras obrigatórias livremente estipuladas e acordadas (e por isso vinculativas), onde existe um objectivo (a vitória ..., a glória ..., o record ..., a taça ...), sendo este objectivo estreitamente paralelo a um sentimento de exaltação/libertação, de tensão psicofísica de alegria espontânea e de consciência onde se experimenta um momento sobremaneira “diferente” da vida normal... O jogo tradicional liga-se essencialmente à recreação livre e espontânea, ao trabalho, à terra, ao prazer da intercomunicação humana, à natureza, ao lazer activo e à festa popular. O jogo tradicional que geralmente tem a sua continuidade e perpetuação na tradição oral e através dela se transmite de geração em geração, constitui um veículo privilegiado da convivência social pacífica. Ele encerra uma mensagem de paz e harmonia e tudo o que é pacífico e harmonioso transparece aquilo que é natural e puro. O jogo tradicional não precisa, para se organizar e praticar, de recintos ou espaços especiais; não precisa de processos ou expedientes complicados de equipamentos,
Dr. Alexandre Pita Soares*
bem como de regulamentos muito elaborados e complexos. O material necessário para o seu desenvolvimento (um pau, uma pedra, uma corda, uma malha de ferro …) é geralmente muito simples e por vezes rudimentar. Mais que o sentido da competição, é no jogo tradicional mais importante o sentido gregário da participação.
corda, das lutas da tracção com corda, das escondidas, do gato e do rato, do burro, das danças de roda, da ferradura, da bilharda, da corrida com arco, do malhão ao galo, do “eixo-rebaldeixo-caramelo-ao-pau-doTodas as pessoas (ambos os sexos e de eixo”, da laranjinha, do pau, da malha, da todas as idades) podem praticar o jogo subida ao pau de sebo e do chinquilho do tradicional e podem desenvolvê-lo em nosso Ribatejo. qualquer lugar: na aldeia, no bairro da cidade, nas festas populares, nas feiras, Tentemos sinteticamente caracterizar o nos pátios de recreio da escola, na praça Ribatejo. Francisco Câncio in “Ribatejo” – e jardim público, junto ao pelourinho, na 1929 comenta: “ Terra ribatejana. Terra eira, no coreto, junto ao rio e ao mar, na bendita que dá pão, que Deus abençoou, montanha, na rua, no campo, em casa, nos que Deus olha e cobre com seu olhar dicaminhos para o trabalho, na charneca, no vino; Terra que canta a cada hora o hino arneiro, na coutada, na floresta, no lar de sacrossanto do trabalho !!! Terra fértil 3ª idade, no jardim de infância, no adro da donde brota em cada canto um punhado igreja, no café da esquina, na associação de trigo louro, ouro em bago, no dourado cultural e recreativa, perto do rancho fol- da espiga”. clórico, na taberna enquanto se bebe um “copo de 3” de tinto... A designação de Ribatejo (terrenos ao logo do Rio Tejo) que se encontra em documenE todos nós os praticámos por vezes tos até à remota data de 1370, sendo cor(quando crianças, quando adultos, mesmo rentemente usada pelo povo, terá sido pela quando velhos ...). Quem não se lembra do primeira vez utilizada por Silva Telles para jogo do pião, da cabra cega, do botão, do indicar certa região geográfica nitidamberlinde, da paulada ao cântaro, da barra ente definida: chama-se aos terrenos que do lenço, do avião, da macaca, do salto à de um e de outro lado do vale inferior do santaremdigital | 19
Jogo das Bolas de Azinho - Fotografia cedida pelo Dr. Alexandre Pita Soares
Tejo, começando na Barquinha e seguindo uns 90Km em linha recta, terminam no Mar da Palha (Alcochete, Montijo) com limite Sul nos contrafortes da Serra da Arrábida. A individualidade geográfica do Ribatejo, região predominantemente agrícola, pecuária e agroindustrial, adquire o mais elevado expoente na região ribeirinha (“borda de água”, “campo”, “campina” ou “lezíria”) como variadamente é conhecida. Todavia dentro do Ribatejo admitem-se outras sub-regiões, tais como, o Ribatejo da margem direita do rio Tejo a que correspondem as terras de “barros”, “serra”, “bairros”, “areias” ou “areneiros” e o Ribatejo da margem esquerda de transição sul configurado pelas terras de “charneca” ou dos “grandes matos”. Na região da “borda de água” ou “lezíria” encontramos a planície de grande latifúndio com terrenos de regadio, onde a colheita de produtos hortícolas para transformação agro-industrial (nomeadamente o tomate) tem a sua maior expressão; na região do “bairro”, os terrenos de sequeiro sobrelevam-se à “lezíria” e aí encontramos o solar da vinha, do trigo e da oliveira, símbolo da riqueza agrícola do Ribatejo; na região da “charneca”, nos terrenos argilo20 | santaremdigital
sos de peneplanície dominam os montados mento ecológico que o rio Tejo e a sua bade sobreiro e os grandes matos de pinheiro cia hidrográfica (mormente os rios Zêzere, e eucalipto. Nabão, Almonda, Alviela e Sorraia) impõem quer à terra, quer aos homens e povoações Falemos agora um pouco do encontro dos circundantes pelas cheias cíclicas (por jogos tradicionais com o Ribatejo. vezes devastadoras) que provocam, mas também pelo “maná” dos nateiros para a Por mim próprio, porque neste Ribatejo agricultura e pela faina piscatória introduvivo já um quotidiano de longos anos e zida há muitos anos por “avieiros” vindos porque dele penso que lhe sinto o pulsar de Vieira de Leiria, que surge da generosa da vida do seu povo, prefiro enquadrá-lo a pesca da fataça, do sável, da enguia, da como região natural girando em torno de lampreia e do achigã, que brota das suas três ciclos (ou ecossistemas) fundamen- águas vivas; o ciclo do gado, explicado tais: o ciclo da semente e da árvore; o ciclo pela tradicional exploração pecuária (boda água e o ciclo do gado. vina, cavalar, suína, e avícula) de que a criação de gado bravo (o touro) instalada O ciclo da semente e da árvore, explicado nas ganadeiras existentes na lezíria e a pelo intensivo povoamento ou aproveita- criação do cavalo lusitano nas coudelarias mento agrícola de que são maiores ex- da Companhia das Lezírias e nos campos da poentes não só a produção de cereais (o Golegã patenteiam um sinal mais forte. trigo, a cevada e o arroz), de produtos hortícolas, de pomar fruteiro e de vinho É de facto o Homem do Ribatejo quem e de azeite, como também a paisagem acciona, com o seu trabalho árduo mas e o recorte verdejante dos pastos e dos saudável, estes três ciclos de vida, que tufos arbóreos de ulmeiros, salgueiros, reciprocamente lhe tributam também a pinheiros, sobreiros, eucaliptos e choupos; alegria da alma e a vida que o faz (ou já ciclo da água explicado pelo condiciona- fez…) praticar jogos tradicionais.
Jogo do Burro - Fotografia cedida pelo Dr. Alexandre Pita Soares
Num levantamento cultural efectuado no âmbito do “I Encontro de Jogos Tradicionais do Ribatejo”, promovido em 1980 pela Delegação de Santarém da Direcção Geral dos Desportos, em que tive oportunidade de participar na respectiva organização, foram encontrados e descritos nesta região jogos tradicionais demarcados no contexto da “lezíria”, dos “bairros” e da rede hidrográfica do Tejo ligados ao ambiente geofísico, às técnicas tradicionais de trabalho, à faina dos pescadores do grande rio e seus afluentes e à labuta dos homens da campina nos jogos tauromáquicos ou boieiros e outras artes e jogos de perícia equestre ligados à lezíria. Vejamos alguns exemplos de jogos tradicionais intrinsecamente ligados aos referidos três ciclos naturais do Ribatejo: Jogos do ciclo da semente e da árvore
fange – Santarém, Vila Franca de Xira e Castanheira do Ribatejo); Jogo da Chapa ou da Chapinha (antigos barqueiros de Alfange – Santarém); Jogo do Barro (mondadeiras do vale do rio Sorraia – Coruche)...
no seu património cultural, sendo necessário promover levantamentos culturais e encontros etno-desportivos, ordenar e disciplinar este espólio sagrado dos nossos antepassados.
Jogos do ciclo do gado
É preciso redescobrir inúmeros fenómenos que se precipitam no campo do etnográJogo do Corno (Porto de Muge, Vale de San- fico, onde o jogo tradicional é apenas um tarém e Palhota - Valada); Jogo da Ferra- epifenómeno muito importante. dura (muito espalhado pelo Ribatejo); Jogo do Malhão ao Galo (Chamusca, Sardoal, De facto, nos últimos tempos, já se vem Chouto e Semideiro); Pau ao Pato (Abran- falando bastante nos jogos tradicionais. tes); Cavalhadas ou Gincanas de Burros Assiste-se como que a uma fúria dos jo(Vila Nova do Coito, Sardoal, Cardigos e gos tradicionais, como também tem sido Carvoeiro), Corridas de Carroças (festa a fúria dos “patrimónios culturais” por dá dos tabueleiros – Tomar); Jogo do Rabo aquela palha ... ou por dá aquela pedra... do Porco (Coruche, Couço e Gloria do Ribatejo); Jogo Hípico da Rosa (Campinos da Torna-se impossível e é improprio repor os Lezíria do Tejo) e Jogos Tauromáquicos ou jogos tradicionais sem repor a motivação Boieiros e de perícia equestres particular- social que o sustenta, ou seja, sem repor mente ligados à Lezíria do Tejo (condução a vida económica e sociocultural que os de cabrestos, volteio, enchocalhação, explica... apartação, desmama de garraios, ferra, tenta, picaria em terrado, picaria fluvial ou Não valerá a pena estudá-los e testede borda de água, picaria à corda, espera munha-los com as costas voltadas para o de gado e largada de touros... presente!
Corte de troncos a machado e a serrote (Ferreira do Zêzere); Jogo do Bogalho (Espinheiro - Alcanena); Jogo do Pau (Azervadinha - Coruche e Espinheiro); lançamento de barrotes de lenho e Jogo do Ferra-gato (Mação); Jogo da Porca Russa É imperioso que pelo jogo tradicional se (Mação, Envendos e Penhascoso); Jogo mobilizem os responsáveis pela cultura do das Bolas de Azinho e Jogo da malha com nosso Ribatejo, no sentido de o preservar paliçada (Lagoa do Furadouro - Vila Nova de Ourém); Jogo Cerimonial da Queima do Pinheiro (Pontével - Cartaxo); Corrida de Pipas e Carregamento de Cestos (Tomar); Subida ao Pau de Sêbo e Jogo do Chinquilho de tabuleiro côncavo e malha maquinada (muito praticados por todo o Ribatejo)...
* Licenciado em Ciência Sociais e Humanas pela Universidade Nova de Lisboa Comendador da Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil Pedro Alvares Cabral apitasoares@hotmail.com
Jogos do ciclo da água Jogo da Estaca ou do Pica-Pau (Areais do Tejo, Palhota, Valada e Escaroupim – Salvaterra de Magos); Jogo do Cântaro (Chamusca); Jogo das Três Caninhas (Porto de Muge e Valada); Jogo do Pato (Rossio ao Sul do Tejo – Abrantes); Jogo da Malha de Cerâmica (Areais do Tejo); Corridas de Barqueiros ou Corridas de Bateiras (Al-
Jogo da Malha - Fotografia cedida pelo Dr. Alexandre Pita Soares santaremdigital | 21
GUITARRA PARA TODOS
João Pando*
No número anterior, apresentei as componentes da guitarra elétrica assim como um exercício muito simples de quatro notas, a percorrer todas as cordas.
DICAS PARA AQUISIÇÃO DE UMA GUITARRA ELÉTRICA Hoje falaremos da aquisição de uma guitarra elétrica que não deve ser guiada somente pela sua beleza mas também por aspetos técnicos e mecânicos. Vamos falar de alguns aspetos importantes a ter em conta, aquando da aquisição. Aqueles para quem alguns destes termos soam de forma estranha (ex. harmónico), devem procurar a ajuda de alguém mais conhecedor. Falaremos destes termos num dos próximos números. Aqui ficam as dicas.
AFINAÇÃO
- Comparar o harmónico do 12º trasto com a nota pressionada no mesmo trasto, para cada corda. A nota deve ser a mesma.
TENSÃO
- Não deve ser necessário um grande esforço para pressionar as cordas. A guitarra deve ter uma tensão média. - As cordas não devem ter um grande afastamento em relação à escala da guitarra.
BRAÇO
- Verificar a curvatura do braço, a olho nu. - Verificar a curvatura do braço pressionando a corda Mi baixo no primeiro trasto e no 15º simultaneamente. A corda deve tocar todos os trastos. No caso de ter afastamento, não é aceitável se for superior a 0,5 milímetros. Significa que o braço está anormalmente curvo para a frente. - Verificar o estado dos trastos, se estão bem ajustados ao braço. - Verificar a pestana se não está danificada e se as cordas estão à mesma distância.
MADEIRA DO CORPO
- Verificar se tem lascas, mossas ou outros (ex. pintura).
VERNIZ/PINTURA
- Verificar se a pintura tem fendas ou se não está em bom estado.
CARRILHÕES/CRAVELHAS
- A sua ação deve ser suave e gradual por forma a permitir uma perfeita afinação. Verificar se não estão demasiado presos ou demasiado soltos.
POTENCIÓMETROS
- Devem produzir efeito de forma gradual. Por exemplo, o potenciómetro do volume não deve debitar todo o volume quando passa do 0 para o 2 e depois permanecer inalterado.
ENTRADA DE JACK (conetor do cabo)
- Verificar se produz algum tipo de ruído, abanando o jack do cabo ou se o jack fémea está desapertado.
PICKUP’S
- Os mais comuns são os single coil e os hanbucker. Os primeiros emitem um som mais limpo, cristalino e mais estridente. Os segundos, um som mais cheio e encorpado. Os primeiros são mais utilizados em estilos como Country, Blues e outros suaves. Os segundos são mais utilizados no Rock, Heavy Metal e outros mais agressivos. Quanto mais perto estiverem das cordas, maior a sua captação de som. Verificar se todas as cordas emitem o mesmo volume de som. - Verificar se o seletor de pickup’s não emite ruídos, se tem ferrugem e se muda convenientemente de pickup, quando acionado.
PONTE
- Se a guitarra tiver Floyd Rose, verificar aquando da sua utilização, se as cordas deslizam bem. - Verificar se está bem fixa.
PINO DA CORREIA E PARAFUSOS
- Verificar se os pinos da correia (strap-lock) estão solidamente colocados. - Verificar se os parafusos têm ferrugem.
Exercício 2 Este exercício é semelhante ao exercício apresentado no número anterior da revista, mas agora só vamos utilizar três dedos. Podemos criar dois grupos de três dedos: 123 e 234. Já sabemos que os números na tablatura representam os trastos a tocar. Assim, vamos começar com o conjunto de dedos 1,2 e 3, tocando uma corda de cada vez. Por exemplo, no 4º compasso, o dedo 1 toca a corda Mi bordão no trasto 3, o dedo 2 no trasto 4 e o dedo 3 no trasto 5. Depois mudamos para a corda La e executamos da mesma forma. Este exercício deve ser executado até o indicador atingir o 12º trasto e depois deve ser executado até chegar ao ponto de partida. Devemos utilizar da mesma forma o conjunto de dedos 2, 3 e 4. Até ao próximo número.
* joao.pando@santaremdigital.pt 22 | santaremdigital
CITIUS, ALTIUS, FORTIUS… A
na Rente (Ginástica), David Rosa (Ciclismo – Cross Country), Diogo Ganchinho (Trampolins), Inês Henriques (20 km Marcha), Pedro Isidro (50 km Marcha), Pedro Oliveira (Natação) e Vera Santos (20 km Marcha)… ao ler estes nomes é provável que o leitor fique confuso. Afinal estes são, para a maioria dos portugueses, ilustres desconhecidos.
tos já vividos e decerto inesquecíveis. Seguramente que para todos será uma experiência memorável, o culminar de uma preparação exaustiva, de 4 anos de trabalho, de alegrias e tristezas, de prazer e sofrimento, de esperanças e desânimos. Uma oportunidade única de inscrever o seu nome a letras douradas na história do desporto nacional. Lembrem-se disso quando desfilarem no Estádio Olímpico de Londres Pois bem, serão estes os 7 atletas ribateja- na Cerimónia de Abertura. nos que representarão Portugal nos Jogos Olímpicos de Londres – entre 25 Junho e Importa que cada um consiga superar12 Julho. Ilustre a representação dos nos- se e atingir todos os objectivos a que se sos Atletas no maior evento desportivo à propôs à partida para Londres. Da minha escala planetária. parte ficarei a torcer por todos, sabendo que nem só de medalhas e recordes vive a Para alguns será a primeira oportunidade participação de um atleta olímpico. A parde estar entre os “melhores dos melhores”. ticipação é, muitas vezes, a maior medalha Para outros será a repetição de momen- que alguma vez poderão recolher, face às
Pedro Caetano*
dificuldades enfrentadas no dia-a-dia de um atleta de alta competição – ainda para mais num cenário adverso como o que o País atravessa. Citius, Altius, Fortius – mais rápido, mais alto, mais forte é o lema olímpico proposto por Pierre de Coubertin na génese dos JO. É o que esperamos dos nossos briosos Atletas. Depois…. bem, depois é acreditar que poderão repetir os feitos de outros que no passado encheram o Distrito de orgulho e se cobriram de Glória – Luís Mena e Silva (Equitação – Berlim 1936 e Londres 1948), Nuno Delgado (Judo - Sydney 200) e Rui Silva (1500m – Atenas 2004). Eu acredito. * pedrocaetano@portugalmail.pt santaremdigital | 23
Fotografia de Osvaldo Cipriano
grupo de forcados amadores de santarém
A caminho do centenário… Ludgero Mendes*
O Grupo de Forcados Amadores de Santarém assinala a 8 de Agosto o seu 97º aniversário, cumprindo-nos evocar tão significativa efeméride num preito de homenagem devida a quem tanto tem contribuído para o engrandecimento de uma expressão taurina tão eivada de portugalidade. Longe vai já esse ano de 1915! Para a história ficam os nomes de António Gomes d’Abreu, Diogo do Rego, João da Costa, Manuel Esteves, Joaquim de Aguiar, Miguel Calado, João Figueiredo, Fernando de Vasconcelos, José Maria Antunes, José 24 | santaremdigital
Maria Pedroso e Casimiro Igrejas, como a primeira formação do Grupo de Forcados Amadores de Santarém, que se apresentou pela primeira vez em público na antiga praça de Almeirim, enfrentando toiros de António Branco Teixeira e de Ribeiro Telles, toureados por David Godinho e D. Alexandre Mascarenhas “Fronteira”. A arte de pegar toiros evoluiu substancialmente no último século muito em virtude do contributo técnico e artístico de prestigiados elementos dos “Amadores de Santarém”, que, assim, muito valorizaram
a imagem do próprio forcado. Dentro e fora da praça! A sua forma de pegar, o desinteresse financeiro na base da sua actuação, o altruísmo e generosidade expressos em tantos espectáculos de beneficência, denunciaram, desde logo, novos tempos na sorte de pegar toiros. Os primeiros Cabos definiram as regras próprias de um Grupo de Amadores, contribuindo, decisivamente, para a evolução da própria arte de pegar toiros. António Abreu transmitiu o espírito de amizade e de respeito mútuo entre todos os forcados
do Grupo; D. Fernando de Mascarenhas foi precursor de um novo conceito de pega, ao citar de frente, com o Grupo formado em linha, e dando-se vantagens aos toiros; Ricardo Rhodes Sérgio impôs a pega de cernelha como uma sorte maior, deixando de ser, apenas, uma sorte de recurso, quando o Grupo não consumava a pega de caras. Todos num nível de imenso senhorio! Estes contributos permitem-nos definir, na arte de pegar toiros, um tempo antes dos “Amadores de Santarém” e o tempo actual, em que o Grupo escalabitano continua a pontificar entre os melhores. Os Cabos que lhes sucederam – José Manuel do Souto Barreiros, Carlos Filipe da Gama Empis, Carlos Vasconcellos e Sá Grave, Gonçalo da Cunha Ferreira, Pedro Figueiredo (Graciosa) e, atualmente, Diogo Sepúlveda – assumiram o tremendo desafio de honrar a memória dos que os precederam no desempenho da tão difícil missão de prestigiar a jaqueta de ramagens dos “Amadores de Santarém”, permanecendo como verdadeiras referências entre os seus pares, num estatuto consolidado e reconhecido consensualmente entre os aficionados portugueses. A par da sua notável expressão técnica e artística, o Grupo de Forcados Amadores de Santarém mantém a mística que os distingue entre os forcados portugueses de todos os tempos, e preserva o espírito de altruísmo e generosidade que sempre o norteou. Bem Haja pela sua obra e pelo seu exemplo! A caminho do século, tempo e oportunidade para consagrarmos ainda mais perenemente o quanto devemos a este punhado de amigos, que entre os seus tantos afazeres ainda encontram tempo, gosto e motivação para enfrentar galhardamente os toiros bravos, aferindo perante estes a sua técnica e o seu valor. *
ludgeromendes@gmail.com
Fotografia de Osvaldo Cipriano
“Um Homem do Ribatejo” o Western Lusitano
Francisco Noras*
Perfazia o ano de 1946, quando, ao sabor de um regime altamente nacionalista, Henrique Campos presenteou os seus conterrâneos escalabitanos com aquela que viria a ser a sua obra mais icónica de um estilo cinematográfico muito próprio da nossa terra, o Western Lusitano (peço emprestada a expressão a Leonor Areal). Falo-vos do filme “Um Homem do Ribatejo”, protagonizado por Barreto Poeira e Eunice Muñoz e rodado na lezíria do Ribatejo, cujo cerne ideológico se confunde com os valores do paternalismo e do “patronalismo” nacionalistas que fomentavam a estratificação social da época. Este Western Lusitano foi dos primeiros projectos de Henrique Campos a colocar o herói escalabitano, o campino, no lugar do herói americano, o cowboy. A analogia com o género clássico de Hollywood surge, não só graças ao paralelismo entre estes arquétipos de herói, mas também noutras características, como a sua lógica de planos. Os travellings das planícies, os planos dos touros e dos campinos e os planos muito gerais da lezíria são versões menos criativas do leque visual usualmente utilizado nos clássicos Western, que John Ford imortalizou. Mas a analogia torna-se mais forte quando consideramos os pressupostos narrativos de Um Homem do Ribatejo, um filme que se estrutura à volta do seu herói, Manuel, um campino que vê o seu orgulho ferido, sendo afastado do seu meio natural. Ao defender o 26 | santaremdigital
luto da sua família e ignorar o pedido do seu patrão Don Luiz, Manuel vê-se despedido e escorraçado da herdade onde trabalha. O filme é uma viagem que retrata a luta do herói no restabelecimento da sua honra. Uma premissa recorrente, nos Westerns americanos. Basta lembrar o personagem Chance (John Wayne), no filme Rio Bravo (1959), de Howard Hawks, um xerife que
de todas as coisas. A verdade é que o filme enaltece exacerbadamente a figura patronal, como figura central no estabelecimento e manutenção dos velhos e tradicionais costumes. Aí, até uma história impossível de amor, entre Manuel e a filha do patrão, é pouco desenvolvida e cortada pela raiz. A ideologia faz diferir em relação ao modelo formal seguido pelo filme. No cinema hollywoodiano, tal trama amorosa seria, sem espaço para dúvidas, um poderoso trunfo narrativo.
Mas esta é, no fundo, uma obra sobre o Ribatejo, ou melhor, sobre os homens ribatejanos. A história acaba como começa: exaltando o homem simples e tradicional. O filme torna-se, em todos os seus aspectos, num verdadeiro manual de “boas maneiras” para o homem português. A personagem de Manuel batalha pelo controlo da cidade, que luta, no é, dessa forma, o espelho de um população iletrada, rude e humilde, que se presa pela fundo, pela retoma da sua honra. sua virilidade e honorabilidade. Porém, o Western Lusitano diferencia-se, em muito, daquele que lhe emprestou o Acredito que o filme é um laboratório de nome, devido à sua componente altamente valores sociais que vão de acordo com os ideológica. Mas o que pauto-a realmente ideais do regime salazarista da época: famíesta obra, para que se confunda com um lia, pátria, trabalho, honra e ordem social. leque de valores muito específico do estado Mesmo assim, não deixa de se pautar por vigente da altura da sua concepção? Ora ve- um extremo regionalismo que toca em todos os corações escalabitanos. Afinal, a jamos. memória cinematográfica de Um Homem do O arco deste protagonista não culmina na Ribatejo colocou Santarém no mapa do cinsua usurpação sobre o opressor, mas sim ema português. * no contrário. Manuel só restabelece a sua Licenciado em Cinema e Comunicação honra quando escolhe servir o patrão acima
da oliveira ao prato João Vitor Mendes e Bento Costa*
Na região a Norte de Santarém, conhecida por “Bairro”, em solos argilo-calcários, situam-se os olivais que dão origem a um dos melhores azeites nacionais, o azeite Quinta do Juncal. Trata-se duma exploração que engloba as várias vertentes da produção do azeite: o olival, o lagar e o embalamento. Em cada uma dessas vertentes é necessário trabalhar de acordo com um conjunto de condições, pois só assim é possível obter um azeite virgem extra de elevada qualidade. Convém referir, antes de mais, que os azeites virgens são os que realmente se produzem nos lagares de azeite, pois provêm duma extracção exclusivamente mecânica. Simplificando, “espreme-se” a azeitona e extrai-se o seu “sumo” – o azeite. Assim, os melhores azeites serão, sem dúvida, os virgens extra. Mas como é que se faz um bom azeite virgem extra? Em primeiro lugar é imprescindível ter uma matéria-prima – a azeitona – de boa qualidade, a qual, por sua vez, só é conseguida em olivais bem cuidados. Nesta exploração agrícola, há um acompanhamento constante das oliveiras, com fertilizações, tratamentos, podas e também regas, pois grande parte do olival é de regadio. Um aspecto determinante nas características do azeite é o das variedades de oliveiras instaladas, a partir das quais ele é produzido. Cada tipo de azeitona tem características muito específicas, que depois se irão reflectir nos sabores e aromas dos azeites dela extraídos. A Galega, a Cobrançosa, a Arbequina, a Arbosana e a Picual são as variedades aqui cultivadas.
A azeitona de cada uma destas variedades poderá ainda ser colhida mais verde, mais madura, ou num estádio intermédio, o que vem aumentar ainda mais a diversidade dos tipos de azeite que se podem obter. O tipo de colheita que se realiza depende do tipo de olival: tradicional, intensivo ou em sebe, todos eles existentes na exploração agrícola. É feita manual ou mecanicamente, havendo o cuidado de não se danificarem os frutos e transportando-os de imediato para o lagar para que a extracção do azeite seja feita também de seguida. Isto acontece no lagar de azeite situado em Comeiras de Baixo, perto de Pernes. Este lagar está equipado com tecnologia que permite que o azeite preserve, depois de extraído, as características de aroma e sabor que tinha enquanto ainda se encontrava no interior da azeitona. Para que isto seja uma realidade, as três linhas de extração trabalham a baixas temperaturas, pois caso contrário perder-se-iam as substâncias aromáticas, muito voláteis, que a azeitona contém. É necessário também assegurar um elevado nível de higiene, assim como evitar o contacto do azeite com metais que não o aço inoxidável, no qual é construída a quase totalidade dos equipamentos de extracção deste lagar, bem como os depósitos de armazenamento do azeite e a linha de embalamento. Depois da extracção, a fase seguinte é a da criação dos lotes de azeite, que é feita testando previamente, através da prova por técnicos especializados, várias composições possíveis de variedades e estados de maturação, tendo sempre a preocupação de manter as mesmas linhas aromáticas todos os anos. O que se pretende é que haja uma harmonia entre os diversos aromas e sabores que se podem encontrar num azeite, de entre os quais podemos destacar o frutado de azeitona, madura ou verde, o aroma a outras frutas maduras, o verde (folha ou erva), o amargo e o picante. Estando os lotes feitos, os azeites Quinta do Juncal são embalados e estão prontos a consumir. Agora só falta uma boa posta de bacalhau, um peixe grelhado, uma salada... * Engenheiros Agrónomos azeite_quintadojuncal@hotmail.com
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Jovens Talentos
The Kaviar Quem são os The Kaviar? Qual a razão Onde os leitores podem comprar os os 28 minutos que tocamos na primeira parte do Xutos, nas festas de Abrantes de do nome? CDs e produtos da banda? Somos amigos de longa data, cujo objetivo primário passava por dar forma a uma vontade tremenda de fazer música em conjunto, chamar Kaviar à banda partiu do objetivo de que esta se manifestasse numa atitude estética e sonora que ambicionasse o luxo, o requinte, a opulência, nunca esquecendo que ao virar da esquina está e estará sempre a decadência, a ruína e o excesso que sempre vaguearam no estereótipo do consumidor de caviar, tal como no arquétipo do Rock’n’Roll.
Quais as vossas influências musicais? Ouvimos desde os Led Zeppelin ao Jimi Hendrix, passando pelos Doors, Beatles, etc... mas estamos atentos e adoramos descobrir nova música.
Nas lojas Fnac, El Corte Inglês ou nos nossos concertos.
Quais os novos projetos dos The Kaviar? Algum CD ou Vídeo em mente? A banda continua a trabalhar, mas existe uma grande vontade de mudar tudo, temos muitas ideias, queremos experimentar novas estéticas sonoras e novos formatos ao vivo. Acredito que, se conseguirmos colocar um novo trabalho cá fora, será muito diferente do primeiro.
2010. Foi uma tempestade de emoções em cima do palco. Por ser a primeira parte dos Xutos, por termos vinte e tal mil pessoas à nossa frente e por precisarmos daquele carinho todo. Foi um momento determinante para banda, ajudou a criar um ambiente muito positivo dentro da banda. É isso que motiva. Isto foi depois da Aula Magna, depois disso fomos ao Optimus Alive, e percorremos outros festivais, mas aquele concerto foi mítico para os Kaviar. Estamos a precisar de outra descarga dessas... info@thekaviar.com www.thekaviar.com
Qual foi o melhor concerto da banda até agora? Porquê? Para mim, o melhor concerto da banda foram
Qual a vossa música favorita? Porquê? Provavelmente a Come ou a Big Jack, são as que gostamos mais de tocar.
Como é a relação da banda com os fãs? É uma relação de amizade, na maioria dos casos. Temos noção que é em Abrantes que temos mais seguidores e falamos com a grande maioria. Ouvimos os elogios e as criticas e até convidamos alguns para os ensaios. santaremdigital | 29
RIBATEJANOS pelo mundo E
m poucas palavras, o Pedro Ferreira é um Scalabitano que saiu de Santarém por volta dos onze anos de idade para viver na Bélgica. Quando regressou a Portugal foi viver para Lisboa.
O que o levou a emigrar para o estrangeiro? A experiência de já ter vivido no estrangeiro abriu-me o apetite para viajar e conhecer outros lugares. Mais do que razões sócio-económicas, a vontade de conhecer e viajar foram fundamentais para vir até à Suécia.
Porque escolheu esse país?
Sente que em Portugal não teria as mesmas condições de vida e oportunidades de sucesso? É díficil dizer, visto que nunca trabalhei em Portugal após concluir a licenciatura... parece-me mais díficil, pelo que conheco, ter as mesmas oportunidades, mas também é verdade que com vontade há quem o consiga. Isso vê-se pela qualidade de muito trabalho de investigacão, na minha area, feito em Portugal.
Já equacionou voltar para Portugal? Porquê? Claro! Todos os dias! É a minha terra e onde me sinto mais confortável...
É uma história complicada... de forma resumida foi onde me colocaram durante o programa Erasmus. Adorei as pessoas com quem cá trabalhei e fiquei no mesmo sítio. Entretanto comecei um doutoramento dentro do mesmo grupo.
De que sente mais saudades de Portugal?
Como tem sido a sua experiência no estrangeiro?
Bem, para quem queira outras oportunidades e conhecer uma sociedade bem diferente, aconselho vivamente. Na Suécia existem bastantes oportunidades. É um país socialmente muito desenvolvido e com características sócio-políticas únicas. Para quem recear um pouco de frio, então é melhor ficarem afastados...
Excelente até agora! Tenho tido muitas oportunidades de viajar, conhecer pessoas interessantes, trabalhar e colaborar com colegas de renome. Trabalhar na Suécia é, em geral, bastante recompensador. As coisas funcionam geralmente bem e o trabalho é reconhecido e respeitado.
Família e amigos antes de mais nada. Logo a seguir vem a comida...
Aconselha os Ribatejanos a tentarem emigrar para esse País? Porquê?
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Na antiga loja gourmet de Santarém, no centro histórico da cidade, renasce o conceito das antigas mercearias de bairro com a qualidade e requinte dos produtos que quer ter na sua casa. Aqui vai encontrar o que necessita para o seu dia a dia, mas também um vinho para um jantar especial ou um presente para um apreciador dos prazeres gastronómicos.
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Festas das Abitureiras 31 de Agosto a 3 de Setembro Festa da Nossa Senhora da Luz na Póvoa de Santarém 10 a 15 de Agosto 4º Passeio Pedestre Scalabisport 12 de Agosto 1º Passeio BTT Scalabisport 05 de Agosto
BENAVENTE Festas em Honra de Nossa Senhora da Paz 03 a 07 de Agosto Festas de Samora Correia 2012 15 a 20 de Agosto Exposição “Paleta de Sabores” até 30 de Setembro
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onde comer A Noémia
Rua Avelar Machado, 2 2200-785 Rio de Moinhos Tel: 241 881 153
Aquapólis
Margem Norte – Barreiras do Tejo 2200 Abrantes Tel: 241 332 379 E-mail: aquapoliscervejaria@gmail.com
Bertolina
Estrada Nacional 118, n 699 2205-324 Pego Tel: 241 833 120 E-mail: bertolina@sigmatronica.net
Cascata
Rua Manuel L. V. Júnior, 19 A 2200-260 Abrantes Tel: 241 361 011 E-mail: restaurante@cascata.pt
Grelha Nova
Rua Monteiro de Lima, 44 2200-428 Abrantes Tel: 241 365 539 E-mail: restaurantes_novagrelha@hotmail. com
Herdade de Cadouços
Restaurante do Hotel Turismo
Largo de Santo António 2200-349 Abrantes Tel: 241 361 261 E-mail: sales@hotelabrantes.pt
Sabores da Cascata
Rua de S. Domingos – Edifício S. Domingos, 2º piso 2200-397 Abrantes Tel: 241 364 453 E-mail: restaurante @cascata.pt
Santa Isabel
Rua Santa Isabel, 12 - 14 2200-393 Abrantes Tel: 241 366 230 E-mail: restaurante.santaisabel@gmail.com
São Lourenço
By Trincanela – Parque Urb. Abrantes 2200 Abrantes Tel: 241 365 222
Terra e Mar
Rua Girassol, Ed. Girassol, Lj. 81 r/c 2200-241 Abrantes Tel: 241 365 205 E-mail: cesaralexsamp@hotmail.com Ti Artur Rua José Dias Simão, 161 2200-062 Abrantes Tel: 241 371 399
Hotel Rural – Água Travessa 2205-163 Bemposta Tel: 241 760 000 E-mail: herdadedecadoucos@ herdadedecadoucos.com
Três Coroas Rua 31 de Janeiro, 1981 2200-250 Abrantes Tel: 241 372 366
Hotel Segredos de Vale Manso
Estrada Nacional 118, 969 2205-324 Abrantes Tel: 241 833 102 E-mail: tulipa.bar@sapo.pt
Rua do Vale Manso – Albufeira de Castelo de Bode 2200-648 Martinchel Tel: 241 105 809 E-mail: reservas@hotelsegredosdevalemanso.com
O Barraqueiro
Estrada Nacional 118 2205-645 Tramagal Tel: 241 890 056
O Ramiro
Rua 1º de Maio, 5 2200-783 Rio de Moinhos Tel: 241 881 263
O Sardinha
Rua General Avelar Machado, 59 2205-563 S. Miguel do Rio Torto Tel: 241 866 174
Pelicano
Rua N.ª Sra. da Conceição, 113 2200-392 Abrantes Tel: 927 392 722 E-mail: restaurante-pelicano@live.com.pt
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Túlipa
Vera Cruz
Av. Dr. António Augusto da Silva Martins, 381 Rossio ao Sul do Tejo 2200-001 Abrantes Tel: 241 333 250 E-mail: geral.veracruz@gmail.com
Pensão Residencial Lirius (2ª) Praça Barão da Batalha, 31 2200-365 Abrantes Tel: 241 833 831
Pensão Residencial Conforto Latino (3ª) Avenida 25 de Abril, 49 – r/c 2200-299 Abrantes Tel: 241 360 620 E-mail: confortolatino@clix.pt
Pensão Residencial Pôr do Sol (3ª)
Jardim da República
Club Twist Estrada Nacional, 3 - S. Pedro
Vitorino`s Bar Sítio do Miradouro do Liceu São Bento
Abrantes
Estrada Nacional 118, 1509 – Pego 2200-322 Abrantes Tel: 241 833 831 E-mail: residencial.por.sol@mail.telepac.pt
Aquapolis Cervejaria
Pensão Residencial Vera Cruz (3ª)
Rhefugio`s Bar
Av. Dr. Augusto Silva Martins Rossio ao Sul do Tejo 2205-001 Abrantes Tel: 241 333 250
Turismo Rural Herdade de Cadouços
Água Travessa – Bemposta 2205-163 Abrantes Tel: 241 760 000 E-mail: info@herdadedecadoucos.com
Quinta de Coalhos
Lugar de Coalhos, Estrada Nacional 118 2205-306 Pego Tel: 241 833 294 E-mail: quintadecoalhos@mail.telepac.pt
Solar de Alvega
Barreiras do Tejo
Almeirim Parque das Laranjeiras, 29
Discoteca Quanto Baste Rua Nova, 46
Kapott Club Rua de Santarém, 27
CV Bar Travessa do Vareta, 8
Cartaxo Horta da Fonte Rua Horta da Fonte
The H Neo Club Rua Mouzinho de Albuquerque, 9 c
Estrada Nacional 118, km 146 – Alvega 2205-104 Abrantes Tel: 241 822 913 E-mail: info@solardealvega.com
Office Bar
Monte Velho
Rua José Ribeiro da Costa, 59
Rua Batalhoz, 78 a
Ospital Bar
Monte Velho – Concavada 2205-290 Abrantes Tel: 241 822 472
Rio Maior
Quinta dos Vales
Rua D. Afonso Henriques, 62
Rua Terra Nova – Quinta dos Vales 2205-669 Tramagal Tel: 217 976 175 E-mail: quintadosvales@sapo.pt
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Santarém
Hotel de Turismo de Abrantes ***
Barvila
Largo de Santo António 2200-349 Abrantes Tel: 241 361 261 E-mail: sales@hotelabrantes.pt
Largo de Marvila
Hotel Abrantur ***
Iland Bar
Estrada Nacional 118, km 142 – Apartado 2 2206-905 Pego Tel: 241 833 464 E-mail: abrantur-hotel@mail.telepac.pt
El Galego
Restaurante Portas do Sol Portas do Sol
In A Bar Vintage Club Largo do Outeiro
Tomar Kokito`s Club Praça da República, 21
Torres Novas Emotion Discoteca Largo do Lamego
Casa do Guarda Largo da Ponte do Raro, 1
Avenida Madre Andaluz
FRA Club
Praça de Touros de Santarém
No Próximo número não perca onde ficar e comer no Cartaxo.
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PASSATEMPO AVIEIROS Com o lançamento do segundo número da revista temos para vos oferecer o livro “Avieiros - Dores e Maleitas” de Maria de Lurdes Véstia e Emídio Rafael. Entre 05 de Agosto e 15 de Setembro de 2012, escreva uma frase que contenha “santarém digital” e “avieiros” e envie-nos para o email revista@santaremdigital.pt A melhor participação, escolhida pela equipa da revista Santarém Digital, irá receber o livro “Avieiros - Dores e Maleitas”. Uma oportunidade para conhecer uma cultura esquecida por muitos.
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