Revista Santarém Digital #3

Page 1

santaremdigital

2012 ● OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO (TRIMESTRAL) ● NÚMERO 03 ● ANO I ● GRATUITO

U M

D I S T R I T O

C O M

VENHA CONHECER O

H I S T Ó R I A

FESTIVAL DE GASTRONOMIA

XXXVII FEIRA

nacional do cavalo

RIBATEJANOS pelo mundo

JOVENS talentos do distrito




editorial Há coisas engraçadas na Vida...Quando menos esperava surge um convite, um desafio para colaborar com a revista Santarém Digital, como Editora, convite que muito me honra e me responsabiliza! Não tenho experiência em “escrita profissional”, mas gosto de escrever e tenho muita vontade de colaborar com a Santarém Digital, acho-a de muito bom gosto e interesse e apela ao orgulho comum pela nossa região, que mais se pode querer? O meu nome é Cristina Mendes Ferreira, tenho 45 anos, tenho formação em Turismo e tenho a convicção de que a nossa região precisa de um veículo como a Santarém Digital para a dinamizar e unir no propósito da defesa dos mesmos valores e na sua promoção...foi isso que me fez avançar e espero contagiar-vos! Feita a minha apresentação gostava de vos falar dos temas principais deste número 3, dois eventos que muito devem orgulhar os Ribatejanos: o Festival Nacional de Gastronomia de Santarém e a Feira Nacional do Cavalo da Golegã. O Festival Nacional de Gastronomia de Santarém enaltece o que mais une um povo, a sua Gastronomia, e é sem dúvida o mais importante e mais antigo a nível nacional. Primeiro no seu género, reúne uma variedade imensa de representações gastronómicas de todo o país e é, há mais de 30 anos, um ponto de referência no horizonte gastronómico de Portugal, com as suas tasquinhas e almoços temáticos por região ou por produto. São vários dias de Festa Gastronómica e nos últimos anos tem mostrado também o que se faz na “nova cozinha”, através de Chefs que apresentam em workshops novas variantes da Cozinha em Portugal. A Feira Nacional do Cavalo/ Feira Internacional do Cavalo Lusitano e Feira de São Martinho , existe desde há muitos séculos (desde o século XVI) e é o expoente máximo do Cavalo em Portugal. Esta Feira ímpar ganha uma nova dimensão de ano para ano e chama cada vez mais visitantes nacionais e internacionais; é o Cavalo em todo o seu esplendor, seja na apresentação ao público, na sua vertente comercial ou nas suas variantes desportivas, como as provas hípicas ou o horse ball. Entramos neste número a par com o Outono/Inverno, dizemos adeus ao Verão e ao calor...chegam as castanhas, as broas, os pratos de bacalhau! Época de confraternização, de magusto e água-pé, de “Verão de S. Martinho”, de frio e de chuva, de memórias recentes e de outros tempos...

Editora

Cristina Mendes Ferreira

santaremdigital U M

D I S T R I T O

C O M

H I S T Ó R I A

Proprietário e Diretor Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt

Editor Cristina Mendes Ferreira cmf@santaremdigital.pt

Departamento Web / Gráfico O Scalabitano contact@oscalabitano.com

Departamento de Marketing Fátima Meireles marketing@santaremdigital.pt

Departamento de Fotografia Osvaldo Cipriano osvaldocipriano@santaremdigital.pt

Colaboradores Carlos Abreu, Festival Nacional de Gastronomia, Fernando Pita Soares, Filomena Pereira, Francisco Noras, Guiomar Fragoso, Humberto Nelson Ferrão, João Gomes Moreira, João Oliveira, João Pando, José Veiga Maltez, Pedro Caetano, Ricardo Gonçalves, Sónia Pinto, Teresa Batista, Zeferino Silva Entrevistas Filipe Pina Vitor Guimarãis Fotografia da Capa Osvaldo Cipriano

Publicidade e feedback: Apartado 38, 2001-901 Santarém Telefone: (351) 934 700 579 Email: revista@santaremdigital.pt Online: www.santaremdigital.com

Sede Rua Ana de Macedo, 9, 4 Esq / 2001-901 Santarém Contribuinte - 224 619 934 / Registo na ERC - n.º 126 248


06

16 36

42

06

ENTREVISTA Com Carlos Abreu

26

O QUE É UMA COMISSÃO VITIVINÍCOLA

13

ZÉ DAS PAPAS

27

COMISSÃO VITIVINÍCOLA REGIONAL DO TEJO

14

RECEITAS

30

GUITARRA PARA TODOS

16

FEIRA NACIONAL DO CAVALO

31

RIBATEJO

20

O DESPORTO

32

CRÓNICA

21

REABILITAÇÃO URBANA

34

PRAÇA VELHA

24

SABER USAR PARA NÃO FALTAR

36

JOVENS TALENTOS

38

RIBATEJANOS PELO MUNDO

Tradicionais Portuguesas

Na Feira Nacional do Cavalo Competitividade

Uma história de poder A Escola de S. Bento Reconstituição do Mercado diário Tradicional Com o Chef Filipe Pina

Com Vitor Guimarãis

santaremdigital | 5


ENTREVISTA COM CARLOS ABREU Fundador do Festival Nacional de Gastronomia de Santarém, evento que completa em 2012 o seu 32º aniversário. Como começou o Festival da Gastronomia, taram fazer uma coisa assim lá em Lisboa, em Alcântara, que não resultou. Vamos lá falar qual foi a ideia? A ideia aparece da Feira Nacional da Agricultura. Uma vez, era eu miúdo, vínhamos de uma corrida de touros durante a Feira e aqui na Rua Perigosa - a Rua Perigosa era aquela rua dos “comes e bebes” – ouvi o meu pai, que era um Ribatejano de gema, dizer para o Celestino Graça (eles ainda eram primos) – eh pá, tu havias era de fazer uma feira de “comes e bebes” aqui – e aquilo ficou cá dentro. Entretanto passaram-se uma data de anos, eu era miúdo quando isto aconteceu. Fui para a Câmara em 1979/80 e o Botas, presidente na altura, tentou traçar as estratégias e os objetivos que cada um devia de ter e sugeriu-me: – você tem de utilizar aquele espaço da feira durante o ano porque é uma pena termos ali aquele riquíssimo património e que só é utilizado 15 dias por ano. E eu comecei a pensar e lancei a ideia do Festival de Gastronomia, e da Flor, da Transcan e uma data de coisas que apareceram para ocupar aquele espaço ao longo do ano. Portanto falei com o Botas, o Botas abraçou a ideia, mas claro, como presidente não era coisa que o preocupasse em primeira mão. Comecei a falar com as pessoas, nomeadamente com o Alfredo Zé Pinheiro, que foi o primeiro que me disse – oh Dr., se quiser fazer uma coisa destas, eu levo-o a Lisboa ao Zé Carrasco da Direção Geral de Turismo, porque eles já ten6 | santaremdigital

1981 Ano do primeiro Festival Nacional de Gastronomia de Santarém.

2000 O Governo escolheu a Casa do Campino para decretar a Gastronomia como Património Cultural.

2001 20 anos de grandes sucessos e elaboração de um magnifico livro cheio de receitas tradiocionais portuguesas.

com ele. Entretanto fui com o Sr. Pinheiro falar com o Zé Carrasco e quando lhe disse que queria fazer um Festival de Gastronomia ele disse – Olhe, eu chamo-lhe doido, mas estou cá por Entrada das Equipas Olimpicas no Festival trás para o apoiar porque acho que Portugal já Nacional de Gastronomia. merecia um Festival deste género. Quis que o Festival tivesse essencialmente 3 coisas: juntar a gastronomia a toda a cultura popular portuguesa e ter a preocupação de não fazer apenas uma feira de “comes e Último ano de Carlos Abreu como Presidente bebes” mas essencialmente fazer uma dido Festival Nacional de Gastronomia de vulgação do património gastronómico porSantarém. tuguês, das várias regiões do País, em que todos os dias houvesse uma refeição de uma região e por isso é que este Festival ainda hoje é diferenciador de todos os outros, por causa da refeição que em cada dia é dedicada a uma região. O primeiro objectivo era chamar estão na moda os grandes concertos e temos a atenção para a cozinha portuguesa, com uma de trazer grandes artistas senão nada se faz. ementa de todas as regiões do País para salvaguardar e defender a cozinha regional por- E o Festival sempre arrancou? tuguesa associada a outras vertentes. Arrancou, arrancou, e era uma preocupação Quais eram as outras vertentes? minha. Estávamos em 1980, ora 1980 é a altura - não digo que seja a data exata - mas As outras vertentes eram o artesanato, que é altura em que começa a proliferar a comida esteve sempre desde o princípio e a música plástica, o hamburger e a pizza, e eu que fui popular portuguesa que hoje já ninguém educado em casa pela minha avó, uma pesaceita, infelizmente. Hoje, se a gente trouxer soa do campo que sempre defendeu a cozinha para aqui ranchos ou bandas, já estão ultra- tradicional portuguesa, preocupava-me com passados. Hoje, só grandes concertos, porque isso. Nós próprios lá em casa, ao domingo,

2005

2008


Fotografia de Osvaldo Cipriano

quando as empregadas eram dispensadas, éramos nós que íamos para a cozinha, e tínhamos de aprender a cozinhar, homens e mulheres, porque nisso a minha avó fazia questão. Pronto, apaixonei-me pela gastronomia e lancei a ideia e depois fui falar com o Manuel Alves Castela do Departamento de Cultura, com o Dr. Nuno Domingos e o Octávio Mendes, com o Zeferino Silva e o Dr. Luís Miguel Soares Rodrigues, que eram as pessoas, como vocês sabem, da altura e eles agarraram na ideia. Agarraram na ideia, lançámo-nos e começámos a fazer as primeiras reuniões a nível nacional.

Era com as Câmaras na altura? Não, era uma mistura. Onde havia regiões de Turismo, por exemplo, a Serra da Estrela já tinha região do Turismo, o Alto Minho já tinha Região de Turismo, aliás o Dr. Sampaio foi um dos primeiros a participar nessas reuniões, a do Alto Alentejo também já existia, a do Algarve também já existia... O mais curioso é que existia a da Madeira e dos Açores e que hoje era impensável fazer o que se fez nesse primeiro ano. As duas Regiões fizeram um almoço em conjunto e tiveram a tasquinha em conjunto! Eu não estou agora a ver isso possív-

el. O Alberto João e o Carlos César matavamse um ao outro... E avançou-se, avançou-se, a ideia foi muito bem aceite, foi uma ideia que teve a aceitação da cidade, a cidade não sabia o que era, muitas pessoas nem sabiam o que era a palavra gastronomia, ainda me lembro de que na véspera chegavam e diziam, o que é isto? E a gente ia falando, ia explicando, mas havia muita, muita gente de Santarém que nem sabia o que era gastronomia. Mas caiu muito bem na cidade, a cidade abraçou-a como coisa sua e a partir daí foi o despoletar de toda uma situação. Primeiro, e segundo a pergunta que me fazes santaremdigital | 7


Fotografia de Zeferino Silva

8 | santaremdigital

Neste primeiro festival os restaurantes eu venho para aqui mais a minha mulher e duda cidade aceitaram bem a participação rante a noite fazemos-lhe a refeição. Portanto, a sopa já estava definida, era sopa de peixe, o ou foi difícil convencê-los? Aceitaram, aceitaram, até porque desconheciam o que era - depois quando viram a concorrência... - eu lembro-me de que nós não tínhamos tasquinha, apareceu-nos a tasquinha - e é giro isto, um dia havia de se escrever isto tudo - na véspera do Festival começar! A gente tinha-se esquecido de que havia o almoço in-

resto foi feito pelo Manuel do Vaticano, era a alcunha dele não era? E depois ele ficou com uma tasquinha. Quer dizer, as tasquinhas de Santarém – repara, só havia 8 tasquinhas, era só a cavalariça 1- toda a gente achou piada, mas o mais importante, é que a política mete sempre os pés, mas ás vezes mete-os na altura devida. Quando encerrou o Festival, na

Já há o Abril em Portugal, vamos fazer o Outubro em Portugal com a Gastronomia

augural, que era o almoço de Santarém, ficámos muito aflitos e fomos buscar as cozinheiras do CAS para irem fazer o almoço. Quem é que nos aparece? O homem da Ribatejana, ele e a mulher! Eh pá, quando eles chegaram aqui eram 11 horas da noite, deviam ter saído do restaurante e viram-nos muito aflitos na cozinha, eu, o Nuno Domingos, tudo aflito com as cozinheiras do CAS e ele disse: Dr., se quiser,

com toda a lógica, tivemos as Câmaras. Um grande apoiante disto, que já tinha apresentado ou estava a apresentar a sua candidatura a Património da Humanidade, foi a Câmara de Évora, que até fez aqui no pavilhão da Holanda uma grande exposição sobre a sua candidatura a património da Humanidade. Évora deu-nos logo o apoio, portanto já tínhamos o Alentejo representado; por outro lado, as Beiras, aquilo estava um pouco confusa embora a Serra da Estrela já existisse, mas havia ali uma certa divisão entre a Beira Baixa, a Beira Alta e até Trás-os-Montes. Apareceu Viseu, a Câmara de Viseu com o Cortiço, o restaurante Cortiço, o Minho já tínhamos, o Alentejo também já tínhamos, tínhamos o Algarve que também já tinha Região de Turismo, os Açores e a Madeira. Apareceram estas primeiras regiões. Portanto, onde havia regiões, foram as Regiões de Turismo que assumiram o projeto, onde não havia Regiões de Turismo foram as câmaras. A partir de 1985, com a regionalização turística, isto foi tudo assumido pelas Regiões de Turismo até á sua extinção, que elas ultimamente já não dão apoio nenhum.

Assembleia Municipal em vez de ser alguém do meu partido a ter elogiado o Festival foi o José Manuel Cordeiro que propôs uma moção de louvor à iniciativa da Câmara no Festival de Gastronomia e que ele iria ser um grande marco para Santarém. É giro como é que ele faz aquilo... Pronto, e depois avançou-se. O mais interessante disto tudo é que acho que o Botas foi um homem com um discernimento


do caraças! Em 1981 nós não tínhamos nada, não tínhamos mesas, não tínhamos cadeiras, não tínhamos toalhas, não tínhamos garfos, não tínhamos facas, não tínhamos copos, não tínhamos nada. Era preciso investir aí. Sabe quanto é que a Câmara investiu nesse ano? Também, foi o único ano em que investiu: dois mil e doze contos. Para a altura era uma fortuna, nem o concelho tinha água, nem tinham ainda alcatroado as estradas, nem não sei quê. Foi uma loucura, mas realmente foi uma perspectiva correta e ele acedeu a isso. Primeiro foi muito renitente, mas depois acedeu e apoiou isto tudo e foi um dos grandes apoiantes. Foi preciso ter coragem política nesse ano para assumir isso. Hoje se eu fosse pedir a uma Câmara, não quero referir a Câmara de Santarém, ou de Almeirim ou de Alpiarça, uma Câmara qualquer, cerca de 2000 contos para fazer um festival, matavam-me, davam-me um tiro! E ele assumiu arriscar. Depois o Festival no segundo ano já melhorou. Entretanto a grande explosão do Festival é em 85 quando todo o País é regionalizado turisticamente, então vamos começar a fazer cada dia dedicado a cada região, só que inicialmente eram 12 regiões, depois passaram a 15, depois passaram a 19 e já era uma desgraça. Nos 25 anos foram 25 dias, mas já eram sempre, pelo menos, 16 ou 17 dias das regiões, porque a Madeira teve várias interrupções. Os Açores foi dos que nunca interrompeu, esteve sempre presente, havia uma ou outra região que um ano não podia vir até por questões económico-

financeiras e a gente percebia isso. A partir daí houve um envolvimento muito grande, começou a ser reconhecido no sector como o grande certame da gastronomia portuguesa e logo a partir daí, na inauguração em que o Secretário de Estado do Turismo era o Dr. Nandim de Carvalho, na apresentação o grupo de trabalho propôs que a gastronomia fosse classificada como património cultural português. Foi um percurso muito longo, sem vontade política da maioria dos políticos que passaram pelos governos e só ao fim de 20 anos é que houve coragem de elevar a gastronomia a património cultural português, e por ter sido Santarém a despoletar essa situação e a ter criado o Festival, a apresentação pública da elevação da gastronomia a património cultural português foi feita aqui no Festival de Gastro-

nomia.

Fotografia de Zeferino Silva

Tinha curiosidade em saber se na cavalariça 1 se optou por tasquinhas por causa do espaço ou se já havia uma ideia de não fazer um restaurante formal? Aí deve-se um bocadinho a palavra “tasquinhas” ao Zé Carrasco,.eu inclinava-me para “tabernas portuguesas”. O Zé Carrasco é que disse tanto isso como a data, porque propôs: já há o Abril em Portugal, vamos fazer o Outubro em Portugal com a Gastronomia. Eu era para chamar “tabernas portuguesas”, mas ele disse: eh pá, taberna pode ser depreciativa para muita gente, põe antes o nome de “tasquinhas”, e foi assim. Pôs-se o nome de “tasquinha”, mas na altura não havia nada como há hoje, eram os próprios estábulos dos cavalos, eram as manjedouras, cobriam-se e ali se petiscava, não havia cadeiras, não havia mesas, havia fardos de palha pelo corredor para as pessoas estarem sentadas a comer e a beber, mas era só isso, que era muito mais giro do que é agora.

Mas isso hoje era impensável? Eh pá, não sei, há a ASAE... Hoje aquilo tem condições, haver balcões à volta e essencialmente a gente estar virada para o petisco, eu sou favorável a isso, não ao restaurante. Isto hoje é um restaurante, isto é uma cópia do que se está a fazer no País inteiro, enquanto que antigamente era mais típico, era mais bonito, bebiam um copo aqui depois petiscavam e depois a seguir passavam para outro lado. Fotografia cedida pelo Festival Nacional de Gastronomia de Santarém


De futuro defendo que cada restaurante presente fizesse um concurso do petisco. E como era isto? Cada restaurante tinha de apresentar 4 petiscos a concurso. Os 4 petiscos tinham direito a um jarro pequeno de vinho, para dar um copo a cada pessoa, e não podia ir além de 30€, o que quer dizer que nós íamos os quatro, cada um pagava, ou íamos a 4 sítios, cada um pagava mas não pagava mais

as melhores bandas, vinha tudo, mas até isso se foi perdendo, hoje as pessoas... eu penso... eu, palavra de honra, apetecia-me fazer um festival à moda antiga! Um dia experimentar fazer, nem que fosse só uma semana, o festival do petisco, com uma condição, agarrar nos produtos tradicionais do Ribatejo ou do País, caso fosse de âmbito regional ou nacional, e as tasquinhas só podiam trabalhar com os

E é aí nessas Olimpíadas que temos ganho prémios? E muito medalhados!

E não é estranho, de repente num Festival de Gastronomia tão típico, eles aparecerem?

Não, por isso, quando foi dos 25 anos eu disse, do tradicional à modernidade! Uma coisa é eu ser defensor da cozinha tradicional portuguesa, mas outra coisa é que eu tenho de aceitar a modernidade, e eu já comi em bons restaurantes gourmet em que a qualidade é grande. E de 30€ ou 40€ por uma refeição completa, 4 produtos da região, hoje todos nós queremos repara, há 2 anos esteve aqui o rapaz que ganrefeições. Porque hoje, o problema aqui, é que essas coisas, a gastronomia melhorou, houve hou o prémio de melhor cozinheiro do mundo! as refeições começam a ser caras e há muitos uma mudança muito grande... Como é que isso funciona? É alguma fedprotestos, há aqui pessoas que reclamam que eles levam muito caro. Eu não me quero meter Como é que entram agora no Festival de eração? nisso, hoje os preços são livres, a gente ainda Gastronomia as equipas olímpicas? tenta controlar mas é muito difícil. Não, é uma associação de cozinheiros, apaCom os produtos tradicionais portugueses, receram há muitos anos. Hoje estão na Lapa, As entradas no início não eram pagas? em vez de andarem a fazer gelatinas, façam têm condições, fazem formação para toda Sempre se pagou desde o princípio? coisas com os nossos produtos e é óptimo. gente, fazem recuperação de tipos que andam Mas as equipas olímpicas estão a fazer já isso. aí na rua e depois tentam pô-los a trabalhar no Sempre se pagou, imposição da Direção Re- Em Outubro vão outra vez às Olimpíadas na restaurante. Eles têm um muito trabalho, tem aulas diárias, têm não sei quantos alunos... gional de Turismo para fazer uma pequena Alemanha. seleção. Sem isso podia ser que os bêbados acorressem todos ao Festival; não é que não merecessem, que eu respeito-os, eu que também de vez em quando gosto de beber, mas para haver uma certa separação. E então, sempre se pagou entrada. Agora não tinha era esta vedação, onde se pagava, era à entrada da porta da Casa do Campino.

Os cozinheiros de Portugal renderam-se, tivemos a sala lá em cima com 200 cozinheiros a ouvir as palestras

Onde é que se vendiam os bilhetes para as refeições? Nas janelas laterais, e a procura dos bilhetes para as refeições era tanta que havia pessoas que passavam aqui a noite dentro do carro para marcar lugar. Depois passou para o posto de turismo. O movimento era muito grande.

Sempre houve animação nos almoços? Sempre, sempre, a animação foi sempre a ligação da gastronomia à componente cultural. Havia os ranchos, vinham os melhores ranchos, Fotografia de Zeferino Silva 10 | santaremdigital


PUB

E quanto a concorrência? Sentiram-na, cozinheiros e aí foi o grande trunfo, fizemos cá com o passar do tempo, com as outras 3 congressos dos cozinheiros em Santarém. regiões todas a quererem ter um festival? Fui chamar as confrarias, e chegou a uma al-

tura que toda a gente tinha de reconhecer o Sim, houve logo no segundo ano. O Estoril Festival porque estavam comprometidos com tentou fazer um festival, que foi abortado à o próprio Festival. Porque andava tudo por última hora. Depois ainda houve um Secre- fora a dizer mal, que era o sítio dos “comes tário de Estado, o Alexandre Relvas, que foi e bebes” e das bebedeiras. A vinda dos cozSecretário de Estado do Turismo, que propôs inheiros há dez anos foi determinante, teve aqui em pleno congresso, que num ano o Fes- muita aceitação porque todos os cozinheiros, tival devia ser aqui, no outro ano no Minho, e esses cozinheiros de gabarito, vieram cá e o Dr. Sampaio queria logo fechar, mas a ideia ficaram todos encantados com o Festival. O também não vingou. Então eu acordei com o ano passado no Estoril chamaram a atenção Dr. Sampaio que fazíamos uma coisa: a gente que aquele congresso tinha muito mais razão fazia aqui o Festival e ele fazia lá o Congresso. de ser realizado em Santarém no festival de Por isso houve uma data de anos que não gastronomia do que ali no Estoril. Da outra vez houve Congresso em Santarém, por causa trouxemos cá grandes cozinheiros, por exemdeste acordo que havia com o Dr Sampaio. plo, o sexto cozinheiro do mundo que tem o Agora repara, este Festival é um festival que vigésimo-terceiro restaurante do Mundo, que é o pai de todos os outros festivais, como se é de São Paulo, entre outros e foi um sucesso. costuma dizer, mas é um Festival que é dife- Os cozinheiros de Portugal renderam-se, renciado de todos os outros, porque, o que é tivemos a sala lá em cima com 200 cozinheiros que as pessoas querem saber? É qual é o dia a ouvir as palestras. do Minho, qual é o dia de Trás-os-Montes, qual é o dia de não sei quê, e a grande tónica deste O Festival em si sofreu uma alteração, festival era ter as regiões e haver uma re- mas continuou no seu melhor? feição de cada região, porque também havia cá a tasquinha de TrásPois, e foi preciso chamar os os-Montes e a tasquinha parceiros para a aceitado Minho e tudo, mas ção do Festival, porque não, eles queriam havia uma grande A apresentação pública era a refeição no contestação, diziada elevação da gastronomia salão. se que era a feira a património cultural português dos farta-brutos, O festival ao fim cheguei às vezes foi feita aqui no a ouvir isso e foi de 30 e tal anos preciso chamar os Festival de Gastronomia continua a ser vários sectores desum sucesso. Como de a restauração, aos é que se conseguiu hotéis... A partir do décimo durante anos que o festival ano quando se falou muito de fosse sempre um sucesso? internacionalização, o que é que a gente acordou na altura: que não havia internacionalizaRepara, mas há aqui um aspecto que é im- ção mas juntávamos as tradições culturais portante, a determinada altura, a partir aí portuguesas e convidávamos todos os anos do décimo ano, começou a haver muita inveja uma ex-colónia a fazer uma refeição cá. Veio do Festival, começou a haver detratores do Angola, veio São Tomé, veio a Guiné, veio Mafestival. O que é que eu fiz? Primeiro tive de cau, veio Cabo Verde, veio essa gente toda. começar a chamar outras pessoas ao Festival Todos os anos tinha que haver uma inovação. que não fossem só as Regiões de Turismo, fui negociar com a AHRESP, fui negociar com Entrevista de Osvaldo Cipriano e Cristina Mendes Ferreira a associação dos hotéis de Portugal, fui negociar com os cozinheiros, a associação dos

PUBLICITE AQUI 934 700 579



Zé papas das

Aquando do 1º Festival de Gastronomia, durante as reuniões preparatórias, tornouse clara a necessidade de criar um símbolo que representasse a filosofia e a essência subjacentes ao projeto. Foi deliberado, então, que um membro da organização, Manuel Alves Castela, visitasse o Museu das Caldas da Rainha. De entre as inúmeras figuras populares criadas por Bordalo Pinheiro, uma se apresentou, que nem de encomenda: o Zé das Papas. O tempo demonstrou, à sociedade, que a escolha não poderia ter sido mais pertinente… Rafael Augusto Prostes Bordalo Pinheiro (1846-1905) nasceu numa família de artistas e cedo demonstrou gosto pelas artes. Teve sólida formação cultural e frequentou a Academia de Belas-Artes; foi a intensa catividade de desenhador e pintor que pautou a sua vida artística. Incorrigível boémio teve vida curta e atribulada, sendo figura marcante da cultura portuguesa da segunda metade do século XIX. Começou tentando ganhar a vida como artista plástico e, em simultâneo, desenvolveu a faceta de ilustrador e decorador. Inovando, Im-

Guiomar Fragoso*

pulsionou o desenho humorístico e o cartoon com expressão artística, tendo concebido a sequência narrativa figurada, precursora da banda desenhada. Dotado de apurado sentido de humor, do absurdo e de crítica social, caricaturou todas as personalidades significativas da política, do clero e da cultura, com uma maestria que desmanchava a agressividade da denúncia e a apresentava como realidade incontornável no riso. Apesar da crítica demolidora, mas sem azedume, conquistou popularidade, admiração, e respeito; privando com personalidades influentes da sociedade oitocentista, incluindo a Corte. Mostrou, através da sua obra, uma imagem fiel da sociedade de então. Enquanto homem de imprensa manteve uma indiscutível independência face aos poderes instituídos, pautando-se sempre pela isenção de pensamento e praticando o livre exercício de opinião. A Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, foi fundada em 1884 com o fito de reanimar as artes tradicionais da cerâmica e do barro, cruzando-as com a modernidade e, acima de tudo, com a originalidade do seu criador, Rafael Bordalo Pinheiro. Assim nasceu a produção em série de peças que permanecem, até hoje, no nosso imaginário, e são referência cultural universal. Na sua mais popular “personagem” criou a síntese do povo português, de forma simples mas admirável: o Zé Povinho. - o homem desconfiado mas ingénuo, rebelde mas conformista, alegre mas saudoso; a voz de todos aqueles que a não têm. Baixo e gordito, bigode, calças remendadas e botas rotas, mão coçando a grenha e usando como expressão corporal o manguito, é o símbolo da eterna vítima dos poderosos. * Técnica de Turismo

BEM-VINDO AO 32º FESTIVAL NACIONAL DE GASTRONOMIA De 26 de outubro a 4 de novembro, “Todos os Sabores de Portugal” estão de regresso a Santarém. Ano após ano, o País reúne-se à mesa em Santarém, onde a Gastronomia é Rainha! Iguarias de todo o País: das ostras, aos mariscos, às carnes qualificadas, aos peixes do nosso Mar, às conservas portuguesas, mundialmente famosas, passando pelos queijos, pela doçaria tradicional portuguesa, pelos azeites e pelo arroz, mostram-se aos milhares de convivas que nos visitam para celebrar o que de melhor se produz e a melhor gastronomia de Portugal! O maior festival gastronómico português junta à mesa milhares de pessoas que confraternizam e provam as melhores iguarias dos quatro cantos de Portugal. O reconhecimento deste Festival, há muito alcançado, orgulha todos aqueles que trabalham e se esforçam para que a sua continuidade seja possível, bem como todos os ribatejanos que têm o privilégio de acolher esta iniciativa, de âmbito nacional. Para além da afirmação dos valores culturais do receituário português, marco de um País, que se acalenta com os sabores e saberes da Dieta Mediterrânica - Património Imaterial da Humanidade - transmitidos de geração em geração, o Festival Nacional de Gastronomia tem o dom de preservar a tradição, ao mesmo tempo que abraça a modernidade. Prova disso, são as diversas iniciativas e concursos realizados ao longo das várias edições, e que mostram a gastronomia renovada, com toques de nouvelle cuisine, aliada à cozinha tradicional. Aceite o desafio! Prove e comprove! Viaje connosco nos 9 dias deste Festival, pelas maravilhas da gastronomia regional em que a boa comida, bebida, o artesanato e a música portuguesa se reúnem em Santarém e mostram o melhor do património português! Esperamos por si!

Ricardo Gonçalves Presidente da Câmara Municipal de Santarém


Sopa da pedra INGREDIENTES: 0,5 litro de feijoca, 4 batatas médias, 0,5 kg chispe, 50 gr toucinho magro, ½ chouriço, ½ chouriço de sangue (morcela), 1 farinheira, 1 cebola, 6 dentes de alho, 1 folha de louro, 1 ramo de cheiro (salsa, coentros, hortelã, cebolinho), 1 colher (chá) de pimentão, 4 cravinhos, sal e pimenta.

preparação: Coza a feijoca (demolhada 24 horas), com a cebola (com os cravinhos espetados), o louro, o chispe, o toucinho, os chouriços e sal. Retire as carnes e enchidos, quando cozidos, corte em pedaços e reserve. Retire a cebola e os cravinhos. Ao caldo do feijão junte as batatas cortadas em pequenos cubos, os alhos esmagados, o pimentão, o ramo de cheiros, a farinheira (deve ser previamente demolhada, durante 1 ou 2 horas, e depois picada com um alfinete para não rebentar durante a cozedura). Tempere com pimenta e retifique o sal. Deixe cozinhar lentamente até estar bem apurado. Retire o ramo de cheiros. Retire a farinheira e corte em rodelas. Finalmente junte de novo as carnes e enchidos à sopa, apenas o tempo suficiente para aquecerem. Sirva a sopa abundantemente polvilhada com coentros frescos picados. Fotografia de Osvaldo Cipriano

RECEITASTRADICION mangusto com bacalhau INGREDIENTES: 5 couves Portuguesas, 2,5 dI de azeite, 8 alhos, 1 pão de milho, 4 bolas, sal e 3 postas de bacalhau.

preparação: Cozer as couves em água e sal e após cozidas, escorrem-se. Seguidamente juntar o pão já demolhado às couves, o azeite, o sal e bastante alho picado. Leva-se novamente ao lume a ferver para acabar o mangusto. Assar o bacalhau em lume de lenha ou carvão para ficar mais gostoso, levando no final bastante alho picado e o azeite a ferver aromatizado com alho.

Fotografia de Osvaldo Cipriano 14 | santaremdigital


cabrito assado no forno INGREDIENTES: 3 kg. cabrito, 1/2 chouriço, 150 gr. toucinho gordo, 3 dentes alho, 3 cebolas, 2 malagueta de piripiri, 700 gr. batatinhas, 2,5 dl vinho branco, sal grosso q. b., pimenta q.b., azeite q.b.

preparação: Deixar o cabrito a marinar de um dia para o outro com sal, pimenta, chouriço, azeite, toucinho gordo, alho, cebola e piripiri. No dia seguinte colocar num tabuleiro batatas pequenas sem pele temperadas com sal à volta do cabrito. Vai ao forno durante uma hora e trinta minutos até cozinhar e ficar dourado.

Fotografia de Osvaldo Cipriano

NAISPORTUGUESAS bolos podres do natal INGREDIENTES: 750 g de farinha de trigo, 3,5 dl de azeite, 250 g de açúcar, 2 dl de água, 5 g de canela, 5 g de erva-doce, amêndoas

preparação: Num tacho levam-se ao lume o azeite, a água, a canela e a erva-doce. Deixa-se levantar fervura. Tem-se a farinha peneirada com o açúcar num alguidar e escalda-se com a mistura anterior a ferver. Amassa-se tudo muito bem e tende-se a massa em pequenos bolos de forma cónica, no cimo dos quais se espeta uma amêndoa. Colocam-se os bolos num tabuleiro e levam-se a cozer em forno quente. Deixam-se arrefecer um pouco e depois passam-se por açúcar (não pilé).

Fotografia de Osvaldo Cipriano

santaremdigital | 15


FEIRA NACIONAL DO CAVALO FEIRA INTERNACIONAL DO CAVALO LUSITANO FEIRA DE SÃO MARTINHO DESDE 1571 A Feira de São Martinho da Golegã foi instituída em 1571, por alvará de 6 de Julho, arquivado no Livro 7, dos Privilégios da Chancelaria de el Rei D. Sebastião. Esta Feira seria de ora avente um dos grandes pólos de desenvolvimento da Golegã. No primitivo regulamento do evento, uma das principais normas em vigência no século XVI consentia aos particulares alugar as suas propriedades para a instalação de vendas, confirmando já a popularidade da Golegã durante o mês de Novembro. Em 1641, um documento da Chancelaria do Rei D. João IV, datado de 18 de Março, defende os interesses da Feira da Golegã. O Rei D. Luís assinou, a 10 de Junho de 1865, um decreto que instituiu na Golegã um concurso de gado cavalar a realizar-se anualmente por ocasião da Feira de São Martinho, a qual começou a desempenhar um papel angular na produção equestre, motivando não só o comércio, mas também a competição entre criadores, estimulando-os ao aperfeiçoamento dos exemplares que obtinham nas respectivas coudelarias.

Fotografia da Câmara Municipal da Golegã

Fotografia da Câmara Municipal da Golegã

16 | santaremdigital


em 1972 veio a ser reconhecida oficialmente com a distinção, pelo Governo de então, de Feira Nacional do Cavalo

A Feira da Golegã atingiu, em 1873, um dos seus momentos altos no século XIX, ao combinar os Concursos de Apresentação do Cavalo de Sela, com provas de corridas de cavalos em hipódromo. Nos finais do século XIX, a Comissão de Remonta do Exército utilizava a Feira para aquisição de equinos. Já no século XX, quer o conflito mundial de 1914-18, quer o de 193945 estimularam a procura de solípedes, factor também responsável pelo crescimento da Feira de São Martinho na Golegã.

Fotografia da Câmara Municipal da Golegã

A partir da década de 50, as capacidades e o prestígio do Cavalo de Sela motivaram e ampliaram o grande sucesso da Feira, a qual em 1972 veio a ser reconhecida oficialmente com a distinção, pelo Governo de então, de Feira Nacional do Cavalo, pela sua singularidade, pela sua estratégia de especialização e, sobretudo, pelo seu mediatismo dentro e fora de fronteiras. Tendo sido comprometida a sua realização nos anos de 1975 e 1976, pela ideologia política preponderante pós 25 de Abril de 1974, mas no ano de 1977, viria a impor-se pela sua carga, conteúdo, substrato, e por ser um espetáculo lídimo, espontâneo e obrigatório, transmitido de geração em geração, independente das vicissitudes sociopolíticas e económicas.

Fotografia da Câmara Municipal da Golegã

Nos finais dos anos 70 e durante a década de 80, a Feira Nacional do Cavalo consolidou a sua atividade e estendeu o seu programa angariando apoios e patrocínios de entidades oficiais e particulares. As várias modalidades equestres começaram a integrar concursos e competições e o aumento do número de coudelarias foi marcante, tendo a edição de 1986 reunido 1.000 cavalos. Fotografia da Câmara Municipal da Golegã santaremdigital | 17


Em 1998, a Golegã passa a ostentar oficialmente o título de Capital do Cavalo Portuguesa e, em 1999, ao secular certame de São Martinho, que já era Feira Nacional do Cavalo, associou-se também a Feira Internacional do Cavalo Lusitano, celebrando-se assim uma raça que tanto tinha feito distinguir Portugal nos vários continentes e para qual, na Golegã, se tinham dado contributos decisivos, nomeadamente no apuramento, seleção e promoção. Inúmeras publicações descrevem e testemunham o valor e o interesse inegável desta Feira (certamente a decana e a multisecular das feiras portuguesas), pelo seu papel na economia nacional pelas transações e consequente entrada de divisas, assim como pelas suas características que atraem e captam cada vez mais visitantes nacionais e estrangeiros. A Feira de São Martinho, Feira Nacional do Cavalo e Feira Internacional do Cavalo Lusitano acontece na atualidade (2.000 equídeos por edição) com os valores de antanho, que chegaram até aos nossos dias e numa simbiose de tradição e modernidade, é palco e cenário de grandes transações comerciais e afluxo de turismo interno, além de externo (mais de meio milhão de visitantes por evento), este marcado por visitantes europeus e americanos que cada vez mais descobrem o nosso Puro-Sangue Lusitano e o seu mundo, nomeadamente um dos seus berços, a Golegã, que em Novembro, por ocasião da sua Feira, se engalana, para nela receber quem quer fazer desfilar os nossos valores tradicionais e culturais, que concorrem para a nossa identidade e que naqueles primeiros quinze dias de Novembro proporcionam uma contemplação continua e em crescendo, de cor e movimento, onde a beleza do Cavalo e a arte de quem o doma se conjugam num espetáculo único e verdadeiro. José Veiga Maltez Presidente da Câmara Municipal da Golegã e da Associação Feira Nacional do Cavalo

Fotografia da Câmara Municipal da Golegã



O DESPORTO

NA FEIRA NACIONAL DO CAVALO

A

Pedro Caetano*

Feira Nacional do Cavalo, na Golegã alterou bastante a sua matriz desde as primeiras edições até aos dias de

hoje.

Se no seu início esta era uma Feira que servia essencialmente o propósito de promover a facilitar a compra e venda de animais (cavalos, burros, mulas) com fins agrícolas, após o 25 Abril – e com a consequente diminuição e modernização da actividade agrícola no nosso país – este certame foi mudando as suas características, sendo aos dias de hoje cada vez mais um evento ligado à promoção do Cavalo Lusitano e também palco de excelência de actividades desportivas ligadas ao Cavalo. Na Capital do Cavalo serão vários os eventos desportivos que ocorrerão entre os dias 02 e 11 de Novembro. Para os amantes do desporto equestre não faltarão pontos de interesse distribuídos pelos 10 dias de duração desta Feira. Serão múltiplas competições de diversos tipos e para todos os gostos.

Concursos de Saltos, Concursos Completos de Atrelagem (Ensino, Maratona e Cones), Provas de Resistência Equestre, Concursos de Dressage, Equitação à Portuguesa, o Prémio Marquês de Marialva (Concurso de Dressage Nacional), a Taça de Portugal de Equitação de Trabalho, Jogos de Horseball, Cross (Individual e por Equipas), o Campeonato Nacional de Derbys e Provas de Perícia e Destreza. Entre as diversas modalidades gostaria de destacar o Horseball. É um confronto espectacular, sempre explosivo e agradável de ver onde se aliam capacidade técnica, destreza e equitação. É jogado entre duas equipas de quatro cavaleiros cujo objectivo passa por marcar golos nas balizas/aros que estão colocadas a 3,5 metros do solo, na extremidade do campo. De referir ainda que foi na Golegã que Portugal viu o primeiro jogo de Horseball, num jogo de exibição, em 1988. Como se ilustra, existem motivos de sobra para se deslocar à vila da Golegã, no coração de Portugal e do Ribatejo. Lá realizar-se-ão alguns dos mais belos espectáculos na apresentação do cavalo. Seja por lazer, negócio, curiosidade ou um ponto de interesse particular, todos os pretextos servem para estar presente na Feira de homenagem a S. Martinho. Garantidamente não faltarão a água-pé e as castanhas assadas para justificar o adágio popular de “no São Martinho vai à adega e prova o vinho”. * pedrocaetano@portugalmail.pt


REABILITAÇÃO URBANA competitividade

A

s diferentes dinâmicas de crescimento e desenvolvimento verificadas nas cidades de hoje definem uma hierarquia que conduz inevitavelmente à competição entre as mesmas. Esta competição poderá reforçar a sua identidade e poderá ser direcionada ou controlada para reforçar o seu desempenho e notoriedade. Atualmente, Santarém assiste a uma obstrução do seu desenvolvimento turístico e do aproveitamento das suas potencialidades histórico-culturais, devido à degradação do seu parque edificado e sua consequente desocupação, bem como, a inexistência de um produto turístico integrado com qualidade e diferenciação suficientes para integrar as rotas turísticas na região. Tal facto reforça a convicção da necessidade de afirmação identitária do Centro Histórico de Santarém. Numa lógica de integração dever-se-á apostar em três vertentes: competitiva, social e sustentável. Para a primeira, o desenvolvimento coincide com o bom desempenho da cidade na competição com outras, atraindo, desta forma, recursos externos para o local. Já para a vertente social, o foco é o combate à desertificação habitacional, sendo o desenvolvimento econômico associado diretamente

João Oliveira*

à requalificação do edificado de forma a haver uma reocupação dos imoveis devolutos para habitação. Com isso aumentará a oferta ao nível do comércio de bairro que desapareceu e o consequente aumento do emprego local. Contribui-se assim para a melhoria da autoestima do espaço e de quem o vive, numa perspetiva sustentável e planeada.

samento na totalidade dentro de um ponto para outro sem ter de se sair do Centro Histórico.

Para se atingirem níveis maiores de competitividade deverá apostar-se na qualidade de forma a gerar maiores dinâmicas e diferenciação:

O Centro Histórico já possuiu grande competitividade noutros tempos, continuando ainda assim, face à situação atual que é cada vez mais oposta, a atrair imensos visitantes. Possui portanto condições melhores do que uma qualquer outra cidade pois não necessita de recomeçar tudo do zero. É fundamental potenciar a atratividade apostando nas suas características identitárias, intervir no Centro Histórico de forma a potencializar essas características e procurar integrar novos elementos que o valorizem.

Ativismo e empreendedorismo são duas tendências na gestão do Centro Histórico numa procura de relançar a competitividade. A primeira com a procura da autonomia e da identidade local. A segunda porque procura incrementar e potencialiAssim outro elemento determinante é a zar as vantagens comparativas com outpromoção da imagem urbana, que a cidade ras. Ambas visões constituem a estrutura quer ver de si associada e/ou produto que básica do desenvolvimento que dá sustentabilidade à integração. quer “vender”.

•Criação de imagem de marca de forma a existir uma identidade e identificação com o local; •Uniformização da Sinalética; •Aumento da oferta cultural acima de tudo apostada na qualidade com maior diversificação e periodicidade; •Oferta turística. Aposta no património existente com criação de rotas turísticas. Abrir os espaços ao público; •Melhorar acessibilidades viárias. Estas não permitem, atualmente, o seu atraves-

* Arquiteto joao.oliveira@santaremdigital.pt

PUB http://store.oscalabitano.com

Plano PRO

O SCALABITANO ALOJAMENTO E DOMÍNIOS AOS MELHORES PREÇOS NACIONAIS

• Espaço em disco ilimitado • Tráfego ilimitado • Domínios e Sub-domínios ilimitados • Contas de email ilimitadas • Contas de base de dados MySQL ilimitadas • Contas de FTP ilimitadas

10

€ mês


GALERIA

festivaldegastronomia

A

s fotografias aqui apresentadas foram cedidas pelo Festival Nacional de Gastronomia de SantarĂŠm.


santaremdigital | 23


saber usar para não faltar Filomena Pereira e Sónia Pinto*

A população que ainda hoje vive num processo de difícil acesso à água, essencialmente a água potável, tem maior facilidade em perceber o seu valor. Nas sociedades onde a distribuição de água já está estruturada, vive-se agora o dilema de interiorização de conceitos de valor e atitude no uso desse bem tão precioso. Nas sociedades ditas civilizadas, a problemática da água e do seu uso, evoluiu em primeiro lugar para uma distribuição cada vez mais próxima do consumidor e do local de consumo, processo que remete para uma nova dimensão do problema que se prende com o destino a dar à água após utilização. É neste momento que começa um longo processo de encaminhamento e posterior tratamento dos efluentes, águas residuais, com o objetivo de preservar a saúde pública e regenerar o meio ambiente com a devolução da água já tratada, inibidora de impactos negativos na natureza. E se é verdade que nos países onde a água potável escasseia e não está disponível através de processos estruturados como o indicado no parágrafo anterior, a preocupação com a poupança da água, o aproveitamento para usos encadeados em processos compatíveis, como por exemplo regar com água de enxaguamen-

tos ou aproveitar a água das chuvas, é uma constante, também é verdade que não está enraizado idêntico tipo de preocupação quando o acesso à água está facilitado. Quando se pensava que a água era um recurso inesgotável, começa a surgir a perceção que alguns lençóis freáticos e outras “fontes” de concentração de água, já não reúnem as condições de quantidade e qualidade expectável e estão contaminadas pela ação do Homem, carecendo de significativos investimentos na sua recuperação. Em alternativa e ao sabor do engenho humano, já é possível utilizar a água do mar através de processos de dessalinização, aumentando o volume de água a poder ser usada, contudo são processos tecnicamente exigentes e dispendiosos. Está na hora de criar uma nova consciência e de aprendermos todos a saber usar a água, evitando poluí-la e racionalizando o seu uso. Ficam então alguns conselhos sobre o uso da água de forma mais racional quer da parte das entidades gestoras dos sistemas quer da parte dos utilizadores. * A partilha do conhecimento A.S. – Empresa das Águas de Santarém Informação do Gabinete de Comunicação e da Direção da Qualidade

24 | santaremdigital


CONSELHOS Fechar a torneira enquanto escova os dentes, se ensaboa ou se barbeia;

Tomar duche rápido em vez de banho de emersão e fechar a torneira enquanto se ensaboa e coloca champô;

Instalar um sistema de dupla descarga no autoclismo ou colocar uma garrafa de plástico dentro deste de modo a diminuir o volume de água;

Não depositar restos de comida e outros resíduos no lava loiça ou na sanita de forma a evitar mais descargas de água;

Não lavar os legumes ou a loiça com água corrente. Utilizar um recipiente e não lavar a loiça antes de ir para a máquina, em alternativa coloca-la de molho ou limpar com uma espátula;

Utilizar máquinas de loiça e roupa apenas quando estão cheias e recorrer a programas económicos;

Regar a horas de menor calor para evitar evaporação da água e reaproveitar água já utilizada ou da chuva para regas e lavagens de espaços exteriores;

Tapar a piscina quando não está a ser utilizada para evitar evaporação;

Lavar os carros em estações de serviço dotadas de sistemas ecológicos ou lavar manualmente com recurso a balde e esponja;

Em situações de pré-aviso de falta de água, armazenar apenas a necessária e caso sobre, utilizar na rega de plantas, na casa de banho ou para lavagens;

Verificar com regularidade as torneiras, autoclismos e canalizações providenciando a reparação rapidamente quando avariada de modo a evitar desperdícios e aumentar o consumo;

ENTIDADES GESTORAS Manter as infra-estruturas em bom estado de conservação evitando perdas;

Dimensionar e projetar adequadamente as redes e infra-estruturas, nomeadamente ao nível da regulação das pressões e caudais, tendo em atenção a gestão do armazenamento;

Procurar manter-se atualizado sobre a evolução do setor e as boas práticas;

Sensibilizar para a importância do uso racional e criterioso do recurso e disponibilizando informação sobre as ações a tomar;

Contribuir e ajudar à preservação da qualidade dos aquíferos;

santaremdigital | 25


O QUE É UMA COMISSÃO A actual União Europeia, onde Portugal se inclui, contém a maior área mundial de cultura da vinha.

VITIVINÍCOLA

inícola originado de uvas provenientes dessa região e cuja qualidade ou características se Ancestralmente cultivada na Europa, a Vitís devem, essencialmente ou exclusivamente, ao Vinífera, vulgarmente designada por videira meio geográfico, incluindo os factores natueuropeia, ocupa grandes áreas de cultura em rais e humanos e cuja vinificação e elaboração todos os países da bacia mediterrânica, es- ocorrem no interior daquela área ou região getendendo-se para norte até ao paralelo 48. ográfica delimitada. Tendo como necessidade regulamentar e disciplinar a cultura da vinha e a produção do vinho, a comunidade europeia criou o conceito de denominação de origem e indicação geográfica, defendendo dessa forma a genuinidade e autenticidade dos vinhos produzidos nas várias regiões vitivinícolas. Em Portugal, tal como em toda a E u ropa, como forma de controlo de cada região, foram oficialmente criadas as comissões vitivinícolas regionais. Normalmente conhecidas por CVR’s, estas entidades certificadoras, legalmente constituídas pelo decreto-lei nº 212/2004 de 23 de Agosto, são associações de direito privado e carácter interprofissional, criadas oficialmente para a defesa do interesse público. Satisfazendo os requisitos definidos em caderno de encargos aprovado pelo despacho nº 22522/2006 do Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, as CVR’s são por este reconhecida, adquirindo assim competência, no âmbito da respectiva região, para certificar vinhos, promover, defender e controlar as denominações de origem (DO’s) e indicações geográficas protegidas (IGP’s) e exercerem as demais funções que lhe forem legalmente atribuídas. Por denominação de origem “DO”, entende-se o nome geográfico de uma região, que serve para designar ou identificar um produto vitiv26 | santaremdigital

Por indicação geográfica protegida “IGP”, entende-se o nome de um país ou região, ou de uma denominação tradicional, associada a uma origem geográfica, ou não, que serve para designar ou identificar um produto vitivinícola originado de uvas daí provenientes em pelo menos 85%, no caso de região ou de local determinado, cuja reputação, determinada

qualidade ou outra característica podem ser atribuídas a essa origem geográfica e cuja vinificação ocorra no interior daquela área ou região geográfica delimitada. As DO´s e IGP´s constituem património colectivo cuja defesa compete às CVR´s e supletivamente ao Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas. O reconhecimento das DO´s e IGP´s confere legitimidade às CVR´s para impedir a utilização ilícita daquelas designações. Teresa Batista

Comissão Vitivinícola Regional do Tejo Departamento de Promoção e Marketing


Com o objectivo de dignificar e valorizar o vasto património vitivinícola da região, foi criada, em Setembro de 1997, a Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo (CVRR). As actividades desta entidade consistiam na promoção e divulgação da marca Ribatejo, desencadeando mecanismos que permitissem aos vinhos da região acompanharem a evolução dos mercados, assim como garantir a certificação de qualidade dos vinhos do Ribatejo junto do consumidor. A Denominação de Origem Controlada (D.O.C.) Ribatejo estava, assim, em condições de ser criada. Desta forma, os V.Q.P.R.D (Vinhos de Qualidade Produzidos em Região Determinada) de Almeirim, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Santarém e Tomar passaram a ter acesso à D.O.C Ribatejo na rotulagem dos seus vinhos. Em 2006, surge o despacho nº 22522/2006 com os requisitos de ordem técnica e organizacional, para as entidades certificadoras. Como consequência, a direcção da CVRR entendeu que, de forma a estar totalmente alinhada com os novos requisitos legais, deveria ser feita a constituição de uma nova entidade. Assim, em 2008, a CVRR foi extinta passando a constituir-se a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo). Na prática, as

duas entidades são a mesma – a segunda representa a evolução da primeira. A CVR Tejo constitui-se enquanto organismo de natureza associativa de direito privado sem fins lucrativos e com carácter interprofissional assegurando todos os interesses profissionais, de produção e de comércio ligados ao sector. As suas funções são, como já se disse, as de controlo, certificação, fiscalização e promoção dos vinhos sujeitos a Indicação Geográfica Protegida (DO e IGP). Para reforçar e uniformizar a identidade da marca, a Indicação Geográfica dos vinhos da região foi alterada em Abril de 2009, passando de Ribatejano para Tejo, numa transformação que foi complementada com a alteração da denominação de origem dos seus vinhos, consolidada em Março de 2010, que passou de DOC “Ribatejo” para DO “DoTejo”. A sustentar estas mudanças está o facto da área geográfica correspondente à tradicional denominação “Ribatejo” se encontrar fortemente conotada com o rio Tejo. Todos os vinhos certificados pela CVR Tejo possuem um selo de garantia “Tejo” pub-

licado pelo Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas (Instituto da Vinha e do Vinho) através do aviso nº 9005/2009. A CVR do Tejo conta neste momento com 96 produtores de vinho inscritos. Em Janeiro de 2011, a CVR Tejo foi aceite, pelo IPAC (Instituto Português de Acreditação), enquanto entidade acreditada para a certificação de produtos vitivinícolas. Com esta acreditação, a CVR Tejo passa a ser oficialmente reconhecida, segundo a norma NP EP 45011, como organismo apto e qualificado para emitir certificações no que respeita aos vinhos, espumantes e vinagre de vinho com a Denominação de Origem “DoTejo” e com a Indicação Geográfica Protegida “Tejo”. Enquanto entidade certificadora, a CVR Tejo autenticou, em 2011, mais de 3,4 milhões de garrafas do que em 2010, ultrapassando os 15,5 milhões de selos fornecidos, o que se traduziu num aumento da taxa de certificação na ordem dos 28%.

Objetivos A CVR do Tejo tem como principais objectivos funcionar em íntimo relacionamento com os Operadores Económicos da Região, quer do sector cooperativo, quer privado ou público.

Minimizar a imagem da CVR como mero organismo controlador, fiscalizador e disciplinador.

Fazer dos operadores económicos os “parceiros de negócio”, colaborando e ajudando nas tarefas de promoção e divulgação dos seus vinhos.

Garantir a genuidade e qualidade dos vinhos certificados, de acordo com os procedimentos internos acreditados.

santaremdigital | 27


Fotografia da CVRT

direção A presidência da CVR Tejo é exercida, desde 2008, por José Pinto Gaspar, que em Março de 2011 foi reeleito para um novo triénio (2011/2013) como Presidente da Comissão. Licenciado em Engenharia Agrónoma, em 1974, pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA), construiu um percurso profissional relacionado com a vinha e o vinho, acumulando diversas experiências, quer no sector público, quer no sector privado. Depois de iniciar, em 1981, os trabalhos práticos de suporte à Tese de Doutoramento subordinada ao tema “Hábitos de Vegetação e Frutificação de alguns Clones de Vitis Vinífera”, desempenhou, até final de 1986, a função de ‘Assistente’ no ISA. No sector privado, após a aquisição das Caves Raposeira pelo Grupo Seagram, em 1980, foi, enquanto Director de Produção, responsável pelo desenvolvimento e execução do Projecto de Reestruturação Global da empresa. Ainda na década de 80, passou pela Direcção de Produção de mais duas empresas do Grupo Seagram (Sandeman e Macieira), tendo integrado, em 1987, o Conselho de Administração das empresas deste grupo empresarial. Na década de 90, assinala-se a passagem pela presidência do Conselho de Administração do Grupo Internacional Bavaria, bem como pelo Conselho de Administração das Caves Dom Teodósio, onde foi Director-Geral. Em 2004, foi convidado oficial do Governador de Macau para integrar uma missão de carácter técnico, tendo como finalidade a avaliação das potencialidades agro-técnicas de desenvolvimento de provectos vitivinícolas na região de Urumuchi, no Cazaquistão Chinês. 28 | santaremdigital


As distinções da CVR Tejo 2009 – Vencedora do Prémio W na categoria “Melhor Indicação Geográfica Protegida” – distinção de âmbito nacional feita pelo conceituado crítico de vinhos Aníbal Coutinho. 2010 – Pela 2ª vez consecutiva é vencedora do Prémio W na categoria “Melhor Indicação Geográfica Protegida” – distinção pelo trabalho desenvolvido nas acções de promoção nacionais e internacionais, bem secundadas por um ano gordo de medalhas em concursos. 2011 – Pelo 3º ano consecutivo vence de novo o Prémio W na categoria “Melhor Indicação Geográfica Protegida” – premiada pelo seu empenhamento, profissionalismo, inovação e iniciativa que se traduziu num grande crescimento dos vinhos do Tejo. 2012 – CVR Tejo é eleita a “Melhor Organização Vitivinícola do Ano 2011” pela Revista de Vinhos, pois foi considerada a região vitivinícola portuguesa que melhor desempenho registou. Teresa Batista

Comissão Vitivinícola Regional do Tejo Departamento de Promoção e Marketing

Fotografia de Osvaldo Cipriano


GUITARRA PARA TODOS

João Pando*

No número anterior da revista, apresentei algumas dicas para servirem de orientação a quem quer adquirir uma guitarra e não ser enganado. De qualquer forma, quando pretenderem adquirir uma guitarra, levem sempre um amigo mais experiente na matéria. Hoje vou falar da afinação da guitarra. É claro que o marcado está repleto de afinadores para guitarra, uns bons outros menos bons, uns grandes outros pequenos, uns são digitais outros mecânicos,… O que importa é que hoje o guitarrista tem muita oferta por onde escolher. Mas a questão que coloco é: e se estamos numa festa com amigos, existe lá uma guitarra, pedem-nos para tocar umas músicas mas…a guitarra está desafinada e não há afinador? Ora, existem sempre duas alternativas:

1. Deixamos estar a guitarra quieta, apesar da insistência dos amigos em tocarmos; 2. Pegamos na guitarra e afinamo-la pelo método tradicional com a afinação dita “normal”.

Para quem não se lembrar da posição de cada corda ao longo do braço, sugiro que consultem a primeira revista SantarémDigital (número 1).

1 . AFINANDO A 6ª CORDA – MI

Para se iniciar a afinação é necessário antes termos algum som como referência (p.e. diapasão). Não havendo essa referência, há que tentar idealizar como será o som da 6ª corda pois será essa a referência para a afinação. Se tiverem afinador no telemóvel, então melhor ainda. A 6ª corda tocada solta tem o mesmo som da 1ª corda tocada solta, porém em oitavas diferentes, ou seja, a nota musical é a mesma embora uma seja mais grave (6ª corda) e a outra mais aguda (1ª corda).

2. AFINAR A 5ª CORDA - LÁ

Para afinar esta corda LÁ (5ª corda - 2ª corda mais grossa), pressionamos a 6ª corda (MI) no 5º trasto e rodamos o carril-

hão da 5ª corda, apertando ou desapertando conforme o caso, até que o som desta corda seja igual ao som da 6ª corda.

3. AFINAR A 4ª CORDA – RÉ

Com a 5ª corda afinada, podemos afinar a 4ª corda (RÉ) sem necessitar de ouvir um outro som de referência. Para isto basta tocar a 5ª corda no 5º trasto e em seguida tocar a 4ª corda solta. Os dois sons devem ser iguais. Vá rodando o carrilhão da 4ª corda (RÉ) até que os dois sons sejam iguais.

4. AFINAR A 3ª CORDA – SOL

O processo aqui é igual ao anterior. O som da 3ª corda (SOL) solta deve ser igual ao da 4ª corda tocada no 5º trasto. Vá rodando o carrilhão da corda SOL até que os dois sons sejam

iguais.

5. AFINANDO A 2ª CORDA – SI

A diferença aqui é que a 2ª corda (SI) tocada solta é igual à 3ª corda tocada no 4º trasto. Vá rodando o carrilhão da corda SI até que os dois sons sejam iguais.

6 . AFINANDO A 1ª CORDA – MI

A 1ª corda (mi – corda mais fina de todas) tocada solta tem o mesmo som da 2ª corda (SI) tocada no 5º trasto. Como nos passos 1, 2 e 3. Vá rodando o carrilhão da corda mi até que os dois sons sejam iguais.

Exercício 3 O exercício de hoje é composto por tercinas (3 notas tocadas num único tempo). Tem por objetivo o seguinte: • Permitir a independência dos dedos; • Permitir a coordenação de ambas as mãos. Este exercício pode ser treinado também de uma forma alternada, por exemplo, na 6ª corda executa-se o formato 124, na 5ª corda executa-se o formato 134, na 4ª corda volta-se ao formato 124 e assim sucessivamente. O exercício deve ser executado nos dois sentidos, até o dedo indicador atingir o 12º trasto e voltar ao início. Os dedos a utilizar são 1, 2 e 4 para o formato 124 e 1, 3 e 4 para o formato 134. É um treino importante para mais tarde se praticar escalas, executando três notas por corda. Bom treino.

30 | santaremdigital

* joao.pando@santaremdigital.pt


ribatejo

uma história de poder Francisco Noras*

Tivemos, anteriormente, a oportunidade de explorar, neste espaço, o filme que lançou Henrique Campos no desdobramento do mundo ribatejano dos anos 40. Em sequência, proponhovos a análise da sua obra seguinte, Ribatejo, de 1949, que, de certa forma, funciona como segundo volume desta crónica fílmica sobre a nossa terra.

Belinha revoga aquela pretensão e proclama o seu poder. «Quem manda sou eu». Para tal, faz alusão da constante bondade da entidade patronal daquela herdade. «Alguma vez vos faltou pão, alguma vez foram maltratados?». A batalha entre Homem e Mulher acaba finalmente com

Todavia, não nos devemos iludir. Esta apologia à emancipação feminina esconde por detrás uma outra ideologia, patente na obra precedente. O filme reforça o direito e a bondade da entidade patronal e uma dependência indispensável dos camponeses perante os proprietários, seus protectores. Um encómio total ao “patronalismo”. Esta exacerbação e omnipotência da figural patronal é, como sabemos, imagem de marca do regime e dos valores ideológicos que marcam o contexto dos filmes Um Homem do Ribatejo e Ribatejo.

Nesta nova tentativa de retratar o espírito ribatejano da década de 40, Henrique Campos retoma a narrativa de Um Homem do Ribatejo, em género de sequela, e relança Belinha (Eunice Muñoz) como protagonista. Agora, a filha do patrão é quem mais ordena, depois de ter herdado a propriedade das terras do seu falecido pai. Entre autoridade e doçura, Belinha governa os homens que lhe estão subordinados, que por sua vez, pressionados pelos seus valores arcaicos, acabam por se revoltar contra esta administração feminina. Este nó acaba por ditar, como problemática do filme, o atavismo machista frente à emancipação da mulher. A intriga surge de uma simples premissa: A nova patroa, ao estilo do pai, mantem a tradição daquela herdade e nomeia António (Virgílio Teixeira), filho do antigo maioral (que entendemos ser o protagonista do filme antecedente) para esse mesmo cargo. Contudo o maioral interino despeitado, Miguel (Alves Costa), instigado pelo Feitor Fernando (José Gamboa) [que representa, aqui, a ganância e cobiça da cidade, alheias aos valores rurais], consegue sublevar os trabalhadores contra a patroa. O confronto final, que dita o clímax do filme, põe a protagonista à prova. Frente à sua gente,

o caso de Belinha que corrobora com esta asserção. Também a pretendente de António é irreverente. Não teme estar com o namorado à noite, ao contrário das «outras». Já a cigana cantadeira (Hermínia Silva), consegue lubrificar as imposições do tratador de porcos (Vasco Santana) colocando-o à sua mercê.

a subordinação total dos trabalhadores face à sua patroa. Este ataque directo aos valores arcaicos desta comunidade rural ribatejana é algo de irreverente neste filme. Apesar de encontrarmos a dualidade entre cidade e campo em Um Homem do Ribatejo, representada na personagem de Helena (irmã de Belinha), em Ribatejo proclama-se a emancipação da mulher em cargos de chefia. Coisa rara para a época. E não é apenas

Este último, porém, peca menos neste sentido. O retrato do Homem ribatejano, dos seus afazeres, as suas touradas, as suas ambições e desejos, tenta não ser tão limitado. Henrique Campos realça características negativas, valores arcaicos, que, em comparação à dinâmica citadina, se tornam obsoletos. É, em suma, um retrato menos adulterado. * Licenciado em Cinema e Comunicação

santaremdigital | 31


QUE COMECE A ÉPOCA...

A

nova época caminha a passos largos para o seu começo. Com ela chega também o início de um percurso desgastante, de sacrifícios e empenho para todos os intervenientes. Sobretudo no panorama desportivo do nosso Distrito – maioritariamente amador. Atletas, Treinadores e Dirigentes irão tentar com o seu trabalho e organização alcançar os objectivos que por agora se vão traçando com mais ou menos ambição. Esta é a fase da época em que todas as ambições são permitidas. Todos os sonhos são possíveis. Depois, à medida que o tempo avança, surge a calendarização, os sorteios, o início da competição… altura em que tudo se começa a clarificar. A separar os melhor preparados dos que, por este ou por aquele motivo, não se conseguiram dotar das mesmas capacidades. Para aqueles que ano após ano vão dando o seu contributo aos Clubes e Associações Desportivas do Distrito fica uma palavra de incentivo e de apreço pelo trabalho desenvolvido. Ele é fundamental para que se continue a formar atletas de excelência, equipas competitivas e, sobretudo, Homens e Mulheres saudáveis e de cultura verdadeiramente desportiva. Pois que comece a nova época. Está na hora…

Pedro Caetano Colunista

A ESCOLA D

evo ter feito parte, com alguma certeza, de um grupo de malfeitores quando – pelos inícios dos anos cinquenta – frequentei a “instrução primária”, ali pela Escola de S. Bento. E vejamos: - se não sabia as estações da Linha do Tua, reguadas - se desconhecia a data da celebração do Tratado de Methuen, bofetadas - se ignorasse os afluentes da margem esquerda do Vouga (todos eles), canadas Eram tempos de pesadelo, aqueles... Logo no edifício, de sobriedade complexa. Envolvido pelo recreio, não contemplava um elemento de graça, de cor, de imaginação. Todo ele era um severo conjunto que excluía a alegria e o convite ao conhecimento, um edifício de náusea, perturbador. E mesmo o recreio não passava de um espaço térreo, de uma simplicidade atroz... mas, porque era ali que se brincava e fugia ao pesadelo da geografia, da aritmética, da História de Portugal, o recreio acabava por ser o templo da alegria. O recreio era, para nós, a escola, com intervalos que compreendiam as aulas. As salas, com as carteiras duplas agrupadas em filas, tinham apenas por decoração os mapas do Império, de Portugal Continental e das Ilhas Adjacentes, os retratos de Suas Excelências, e o Crucifixo. Ao meio da parede defronte das carteiras, o quadro, que só podia ser preto...

E havia os dedos, grossos e peludos, do professor. Lembro as filas para os (autênticos) interrogatórios da gramática, das contas, onde se punia o que não fora decorado. O conhecimento, esse, era um esforço e um caminho que cada qual – se pudesse – teria de percorrer. A Escola tinha, porém, a grande virtude de nos abrir horizontes, de abrir portas para o mundo exterior às nossas famílias. Naqueles tempos, a mãe não trabalhava de modo que os miúdos abandonavam, ao ir para a escola, seis anos de pleno e acolhedor convívio familiar. Os jogos, as brincadeiras, a comunicação eram concebidos e feitos com irmãos ou vizinhos, e assim ela, a Escola, era a verdadeira iniciação com o mundo, a porta de abertura de relações até aí insuspeitas. Que iriam moldar (e moldaram) o nosso carácter, e nos preparar (e prepararam) para as agruras e alegrias do destino. Mas quando se é criança, os jogos e brincadeiras (que tanta vez acabavam mal...) eram a nossa obsessão. Um mistério, nunca per-


DE S. BENTO Fotografia de Osvaldo Cipriano

cebido, era o estabelecimento programático da época dos jogos, ao longo ao ano escolar. Afora alguns, praticados todo o ano (o “31”, a “bandeira”, o “lenço”, a “rolha”, a “bola”), o “peão”, o “berlinde”, só eram jogados em determinadas épocas. Quem estabelecia o calendário, quem dizia que os “5 cantinhos” se iniciavam pela Primavera, nunca se soube e julgo que ninguém o sabia. Mas, na chegada da Quaresma ou do Inverno, com a regularidade de um relógio, lá iam os miúdos para as tampas das “caixas de fósforos”, para a “macaca”, para as “caricas”...

que nos aguardariam o dia seguinte...

Os jogos acabavam por ser o nosso encantamento, a graça que nos fazia esquecer os medos, as agonias dos livros, dos algarismos, do pó do giz a escorrer do quadro, da sempre presente régua (severa companheira que, ou estava na mão – ameaçadora – do professor, ou em repouso “ocular”, por de cima da secretária...).

o olhar ainda se descobre a centelha que, a nós – e só a nós, velhos e puros amigos – Paragens pelos largos da cidade a jogar a bola, os identifica irremediavelmente e os torna a fugir da polícia, idas à catequese, dos primei- “naquelas” pessoas tão inconfundíveis e tão ros contactos – envergonhados e tímidos – singularmente guardadas no cofre dos nossos com as raparigas. A iniciação com os mesmos corações. sentimentos que nos iriam acompanhar vida fora: o ciúme, a presunção, o encantamento, o Ainda que pudesse esquecer - mas não esdesejo, o medo, o sofrimento... queço - as marcas da régua que escorregou da mão do parceiro e carimbou as páginas do meu Enfim, estão longínquos esses tempos de livro da 3ª classe, a Escola de S. Bento acabou pesadelo mas também de tanta graça e de por ser a chave de entrada para um destino, a iniciação, de quotidiano deslumbramento pela porta aguardada de uma vida! novidade. O que ela, a vida, nos reservava exigia bons Quando agora passo pela Escola de S. Bento, leitores, viemos depois a saber... a guerra conão deixo de recolher e sentir memórias tão lonial, o início da revolução cultural e social, o contraditórias que fizeram parte desses 25 de Abril, a globalização, não se iriam comtempos de infância, revisitados de alma ap- padecer dos que pensavam que a infância não ertada num penoso regresso, mas também, havia terminado ali, pela Escola de S. Bento. verdade seja, saudoso, comovedor e sempre inesquecível. Crónica de

Acabada a escola, pelas 3 da tarde, era a correr que íamos ao encontro de mais emoções. Ninguém estudava, e os chamados trabalhos de casa, se feitos eram, era mais por imposição paterna do que por medo das severas punições

Uma amálgama de imagens, que logo surgem em ocasionais e brevíssimos encontros com idos companheiros de Escola. Eles hoje estão derreados, gordos, esconsos, a maioria quase careca, de rugas cavadas... mas ao rever-lhes

Fernando Pita Soares

santaremdigital | 33


PRAÇA VELHA Reconstituição do mercado diário tradicional

João Gomes Moreira*

A

Praça Velha de Santarém foi, ao longo da sua existência, um local central da vivência urbana da cidade. O seu mais recente topónimo indica-a como Praça Visconde Serra do Pilar, da freguesia de Marvila.

Também neste espaço se realizou, entre a Câmara e a Igreja de Marvila, como se pode verificar em fotografias antigas, o Mercado Diário da cidade, até 1929. Nesta data foi transferido para o Pátio da Câmara situado nos terrenos hoje ocupados pela Caixa Geral de Depósitos e Escritórios Foi aqui que esteve instalada a sede da Câmara da Portugal Telecom (Rua Pedro Calmon). Municipal de Santarém, até 1957. Com a sua saída para as atuais instalações, passou ali a Finalmente, passou para o Merfuncionar a Escola Comercial e Industrial de San- cado Municipal, inaugurado em tarém (EICS) que, a partir de 1969, deu lugar 1930, em frente ao Jardim da aos serviços que gerem o sector das águas do República. concelho. Ora, para realizar a reconstiEm tempos remotos, nesta Praça, também se tuição de um mercado à moda praticaram torneios, se fizeram espetáculos e antiga, na Praça Velha (para foi o centro público da freguesia de Marvila. além de outras atividades), a autarquia e os Grupos ou Ranchos No antigo edifício da Câmara Municipal, com Folclóricos do Concelho de Sanazulejos do séc. XVII, podem ver-se, ainda, os tarém estabeleceram um protobrasões do reino e do senado de Santarém, este colo que, neste primeiro ano, foi ali instalado até finais da década de 50. Junto da desenvolvido pelos Ranchos Folporta principal pode ler-se, numa placa de már- clóricos seguintes: Abitureiras, more, ali colocada em 1935, o seguinte: Académico, Alcanhões, Bairro (Grainho e Fontainhas), Pombalinho, Portela das Padeiras, “1640-1935 Póvoa da Isenta, Ribeira de SanNO DIA 5 DE DEZEMBRO DE 1640, tarém, Vale de Figueira, Verdelho FERNÃO TELES DE MENEZES, CONDE DE UN- e Viegas.

HÃO, VEIO APEAR-SE À PORTA DOS PAÇOS DO CONCELHO E TOMANDO A BANDEIRA DA VILA SEGUIDO DOS FIDALGOS E POVO SAUDOU O NOVO POVO PORTUGUÊS E D. JOÃO IV, NO MEIO DAS PROVAS MAIS AFECTUOSAS DE CONTENTAMENTO. REBELO DA SILVA HISTÓRIA DE PORTUGAL - TOMO IV”

34 | santaremdigital

E foi assim que, em 10 de Novembro de 2001, bem cedo, se iniciava no Largo do Seminário, ao toque de um búzio, um desfile pelas ruas da cidade, composto de carroças e burros com “seirões”, carregando os produtos do seu bairro ou da sua freguesia, que iam ser vendidos na Praça. Também alguns elementos dos grupos transportavam cestos, alforges, cabazes com produtos mais leves e seus objetos pessoais. Uma rapariga levava uma cabra pela mão. Seria mesmo para vender? A população da cidade aplaudia este típico desfile animado pelos músicos de cada rancho.

Chegados ao terreiro, cada grupo ocupou o seu espaço e montou a banca com os produtos que trazia. Os animais descansavam da parte de trás dos vendedores e comiam pasto colocado nas carroças, agora com os varais no chão. E então era ver, espalhados por todo o recinto, toda a espécie de vegetais das nossas hortas, como couves, nabos, alfaces, cenouras, feijão-verde,

batatas, cebolas (em réstias e avulso), alhos e fruta variada como romãs, laranjas e pêssegos… Algumas bancas vendiam também abóboras, galináceos, loiças de barro e peças de artesanato. Uma tabuleta colocada ano alto de cada banca indicava o nome do rancho. As vendedoras com os seus trajes antigos, lenços na cabeça e algibeira à ilharga, davam a nota típica ao local, apregoando os seus produtos às potenciais freguesas que por ali circulavam; naturalmente, os habitantes da cidade, que com gosto colabo-


raram neste empreendimento, iam comprando o nes, em que reportei aquilo que ali se estava a que mais lhes agradava e por preços mais módi- passar. Feitas as vendas, os elementos dos grucos. pos abriram então os seus farnéis e convidaram amigos e passantes para confraternizarem com Certas bancas vendiam, ainda, pão de milho eles. A pinga não faltou a acompanhar grelha(broa) e de trigo, merendeiras, bolos de mel, dos e pastéis de bacalhau. Foi festa de arromba coscorões, café e, um ou outro vendedor, convi- e os ranchos voltaram às suas freguesias com dava fregueses seus conhecidos para uma gin- algum dinheirito no bolso e a consciência de jinha, uma jeropiga ou um copinho de água-pé lá terem participado numa jornada etno-folclórica da lavra, a acompanhar uma chouricinha assada de sucesso. no fogareiro, com pão caseiro. Junto à banca, uma mulher de abano na mão mantinha o lume Esta mostra de produtos como foi apresentada, aceso para aquecer o almoço e assar castanhas. só foi possível devido ao esforço e muita dedicação dos elementos dos ranchos, quer diretores Era a festa e muita gente acorreu ao local. En- quer bailadores. Se alguns produtos foram ofetidades municipais não faltaram e até um ani- recidos, o que acredito, outros foram feitos em mador do Minho, muito conhecido, o “Canário”, casa e uma grande parte, não há dúvida, foram comprados aos agricultores por preços que lhes dessem alguma margem de lucro. Muito pode quem quer e é verdade… Entre os muitos visitantes e compradores que percorriam o recinto do improvisado Mercado, fui encontrando responsáveis da Câmara e da Junta de Freguesia, bem como do Jornal Folclore e da Rádio Pernes (programa “Ribatejo em Pessoa”). Todos comentando o resultado positivo desta iniciativa, sobre a qual estavam incumbidos de fazer a avaliação, que foi pronunciada após o almoço que decorreu num restaurante, ao tempo, existente na Rua 1º de Dezembro, o “Rafael”, ao lado da sede da Associação de Defesa e Estudo do Património Históricocom a sua concertina e mais dois companheiros, Cultural de Santarém. improvisavam quadras sobre o evento e tocavam chulas e viras, que muito animava o local. Não foi Ainda voltando a toda a movimentação e azáfaesquecida, neste conjunto do antigamente, uma ma que se verificou junto às bancas de vendas, moça a vender água fresquinha com uma púcara os gritos das vendedoras a chamar os fregueses de barro. e o colorido dos produtos expostos, transportou-me aos meus tempos de menino em que, Houve música de fundo pelos acordeonistas agarrado à saia de minha mãe, a seguia nas suas dos ranchos e por todo o Ribatejo se pôde sa- compras. E com um grande amigo que encontrei ber que em Santarém se estava a realizar uma no final do “mercado”, o Justino Domingos, meu reconstituição de um mercado à antiga, devido companheiro de escola, fomos lembrando a disà transmissão de uma reportagem da Rádio Per- tribuição das bancas por todo aquele espaço nos

já longínquos tempos de fins dos anos vinte, do século passado. E concluímos, por exemplo, que em frente à Igreja de Marvila era o local onde se vendiam galinhas, frangos e perus. Junto à parede lateral ficavam as bancas do peixe. Em frente à loja do “Cabralão” (hoje um bar, Barvila) e do Sr. Neves ficavam situadas as bancas de carnes diversas; mas lembra-me bem do talho do Sr. Sebastião da Paz, na esquina da rua que segue para o Terreirinho das Flores, onde se situou um minimercado e antes foi uma alfaiataria. O talho do Sr. António Moço ficava a seguir à loja de ferragens do Sr. Braz Ruivo (hoje Duarte & Reis). A padaria do Sr. Ventura, logo a seguir à Câmara e a do Sr. José Machado, no Largo do Cartaxeiro (Terreirinho das Flores), padaria que depois veio a ceder a um Sr. de Aveiro. Recordámos ainda que as bancas eram arrumadas, depois da venda e de limpas, por baixo das escadas que, nesse tempo, conduziam à sacristia da Igreja de Marvila (hoje inexistente), a qual estava adoçada à parede da Igreja, voltada para a Praça; e mais, que o encarregado deste serviço era um senhor de nome Victorino. Havia também uma banca de quinquilharias, mas não representada nesta reconstituição. Em resumo, reforçando o que já disse atrás, felizmente que existem hoje agrupamentos folclóricos dispostos a este esforço de nos trazer estas reconstituições de “como era dantes”. Trata-se de um património que deve ser preservado e continuado a ser mostrado. É uma das suas funções. Preservar e dar a conhecer a riqueza das nossas tradições, usos e costumes, é um dever a que os Ranchos não devem furtar-se. Não é só dançar, cantar e mostrar os trajes. O Folclore e a Etnografia são tão ricos e compõemse de tantas vertentes que é de esperar que os Ranchos as estudem e as mostrem para conhecimento de uma realidade desconhecida hoje em dia. *

jmoreira31@gmail.com

santaremdigital | 35



Jovens Talentos

Filipe Pina Filipe Pina é um Jovem Ribatejano apaixonado pela cozinha que saiu de Santarém em busca de um futuro promissor. Conseguiu agarrar as oportunidades que surgiram pelo seu caminho e tirou o maior partido delas, empenhando-se de forma a ser um profissional de excelência.

Como se Tornou Chefe de Cozinha? Comecei por baixo como começam quase todos os Chefs de Cozinha. A minha primeira experiência foi no Peter’s Café Sport como cozinheiro de Terceira. Passei depois pelos Restaurantes Quinta da Marinha, Verbasco, O Picadeiro, Health and Raquet Club, BBC, e Restaurante Senhora Mãe. Fui responsável pelas Cartas de Gelados de Verão da CartD’or- Grupo Nestlé, fui igualmente Chef Consultor do Restaurante Capa Verde; passei pelos Hotéis Pestana Cascais e The Oitavos, onde fui cozinheiro de primeira, fui Chef no Restaurante So Simple e no Restaurante Unique da Estilista Fátima Lopes e atualmente sou Chef do Restaurante Cantinho do Avillez, sendo também Chef Agenciado pela ProChef Agency, que agencia igualmente outros Chef ’s. Devido a este percurso e diversidade de experiencias, fui adquirindo competências para liderar uma equipa. Torneime então Chef de Cozinha devido ao meu empenho e à experiencia que fui adquirindo ao longo do meu percurso profissional.

Qual a Melhor Cozinha do Mundo? Sem dúvida que há muita cozinha boa por esse mundo fora, mas melhor que a nossa cozinha Portuguesa não há. A nossa cozinha para além

de ser muito diversificada, consegue ser óptima em todas as partes do País. O alho, o azeite, o bacalhau… o peixe em geral… não parava de elogiar as nossas iguarias. A nossa cozinha, sem dúvida alguma, é a melhor do Mundo.

Qual o seu estilo de Cozinha? Não tenho um estilo de cozinha, tenho sim um estilo de cozinhar que é o humilde, que respeita os alimentos, ou seja, não lhes dou uma cozedura tão forte, quando não é necessário, ou uma fritura ou cozedura exageradas, que podem estragar a sua essência. Em relação a ser gourmet, ou tradicional ou ainda nouvelle cuisine, não a posso identificar concretamente porque faço um pouco de tudo o que me dá prazer. Cozinhar é uma arte, com amor e carinho ao alimento, cria-se o próprio estilo.

Qual o melhor prato Nacional e Internacional para si? Porquê? Para mim, um bom Bacalhau à Brás é o melhor prato nacional, pela simplicidade que o caracteriza, e porque identifica bastante a Cozinha Portuguesa. Relativamente ao prato Internacional, elejo Sashimi, uma vez que adoro a cozinha Oriental. No entanto, não deixo de ressalvar uma boa Pizza, que hoje em dia é difícil encontrar em Portugal.

receber um feedback positivo do cliente; gosto de saber que teve prazer em experimentar os meus pratos.

O que pensa do Festival de Gastronomia e da introdução da Nouvelle Cuisine? Penso que o Festival de Gastronomia é um evento fantástico que promove a Gastronomia Nacional, a boa cozinha que se faz por cá e claro está também a Grande Cidade de Santarém. Quanto à introdução da Nouvelle cuisine, não concordo, uma vez que não se deve misturar as coisas, o Festival de Gastronomia, é um Festival Típico; a cozinha praticada neste Festival é uma Cozinha Tradicional, uma cozinha chamada de “Prato cheio”, onde não há lugar para reduções e crocantes... entre outros.

Que dicas gostaria de deixar? As minhas dicas são simples e quase sempre as mesmas: na cozinha só se deve estar com amor e carinho. A cozinha é muito mais que uma receita. Nunca se esqueçam, não há maus produtos… há maus cozinheiros;) vamos respeitar os produtos, pois eles dão-nos um resultado fantástico. Bom Apetit! Chef Filipe Pina pinafilip@gmail.com

O que mais gosta na Gastronomia? Sem dúvida, o que mais gosto é da experiencia que adquiro em eventos. Estes fazem-me crescer enquanto profissional e é onde tenho encontrado grandes amigos. E claro que não posso deixar de frisar que gosto bastante de santaremdigital | 37


RIBATEJANOS pelo mundo Vitor Guimarãis é um jovemadulto ribatejano (27 anos) cuja infância foi passada entre Almeirim e Santarém, tendo residido em Lisboa entre os 18 e os 25 anos, onde concluiu o Mestrado em Viticultura e Enologia no Instituto Superior de Agronomia (ISA). É da 3ª geração de uma família ligada ao mundo da Viticultura e Enologia.

um anúncio de emprego pela internet que procurava um enólogo para uma adega no estado da Virginia, nos EUA. Respondi relutantemente, mais por descargo de consciência, mas 2 meses depois recebi um e-mail do meu actual empregador perguntando se ainda estava interessado em emigrar. Depois de umas semanas pesando prós e contras, resolvi aceitar o convite. Por outras palavras, o facto de não arranjar trabalho na minha área de formação em Portugal levou-me a emigrar.

O que o levou a emigrar para o estrangeiro? Porque escolheu esse país? Quando entrei para o ISA em 2003 fui com o intuito de me formar para vir a trabalhar com o meu pai na sua adega em Almeirim. Como a vida dá muitas voltas, essa possibilidade caiu por terra na altura em que terminei o Mestrado. Após 4 desesperantes meses a enviar CV’s para várias empresas ligadas à área da produção primária, a minha mãe enviou-me

Não fui bem eu que escolhi o país, mas ele que me escolheu. No entanto mais facilmente aceitaria emprego num país como os EUA, onde estava ciente que poderia ter um bom nível de vida e auferir um bom ordenado, não me privando de muita coisa, pese a distância física da família e amigos.


Sente que em Portugal não teria as mesmas condições de vida e oportunidades de sucesso?

Como tem sido a sua experiência no estrangeiro?

Tenho a certeza que, na actual conjuntura portuguesa, nunca conseguiria ter as mesmas condições de vida que tenho cá. Aliás, mesmo nas melhores alturas da economia portuguesa muito dificilmente isso aconteceria. E por cá vive-se uma das maiores crises económicas da história dos EUA, que entretanto já mostra sinais de melhoria. Quando emigrei fiquei muito triste porque Portugal não dá uma hipótese a muitos jovens formados como eu, para encher os bolsos a uma cambada muito grande de compadres, tios, primos, etc.

Já equacionou voltar para Portugal? Porquê? Tem sido uma experiência extremamente positiva. A porta que se fechou acabou por abrir um portão grande! Este é um grande país, do qual ainda não posso falar muito porque não conheço nem 1%. O estado da Virginia está no top 3 dos melhores estados para se viver e trabalhar nos EUA. Há aqui uma qualidade de vida muito boa e a proximidade a cidades como Washington DC, Filadélfia, Nova Iorque, etc. tornam-no, para mim, num estado ainda mais atractivo. Tive o enorme prazer de conhecer o meu “boss”, o Sr. José Morais e a sua família, transmontano emigrado nos EUA há 40 anos e figura principal da comunidade lusófona neste país. As coisas melhoraram bastante quando a minha namorada, Antonieta Côdeas, largou a sua vida em Almeirim e veio comigo. Não imagino como seria sem ela... Além do mais, no meu primeiro ano, já conquistei 3 medalhas num concurso que englobou vinhos de 10 estados da costa Este dos EUA, o que é sem dúvida estupendo!

Não, está fora de questão! Mesmo que consiga arranjar um emprego em Portugal na minha área, nunca irei ganhar nem metade do que ganho aqui. Mesmo que a situação em Portugal melhore, o que me parece que vai demorar para cima de uma década, não penso em voltar. A não ser que surja uma proposta irrecusável ou o meu patrão dispense os meus serviços, duas situações que neste momento me parecem altamente improváveis, fico cá.

De que sente mais saudades de Portugal? Família, amigos e gastronomia. As saudades da família e dos amigos vão-se combatendo recorrendo ao telemóvel, e-mail, Facebook e Skype. Já da gastronomia é mais complicado... Sendo eu almeirinense tenho muitas saudades duma bela terrina de sopa de pedra, acompanhada por uma magífica caralhota!


CLASSIFICADOS AULAS DE GUITARRA Aulas para iniciantes.

DESENHADOR PROJECTISTA

3,14 - ESTUDOS E PROJECTOS

ARQUITETO JOÃO OLIVEIRA

Telf: 966 078 118 E-mail: joao.noliveira@outlook.com

Projectos de Arquitectura, Electricidade, Rede de Águas, IMI. Telf. 914 236 663 E-mail: cadfreelancer@gmail.com

Praceta Jaime Cortesão n.º 2 - 3.º Esq 2000-228 Santarém Telf: 966 706 463 / 914 311 879 E-mail: 3.14.estudoseprojectos@gmail.com

Projetos de Arquitetura

Telf: 966 078 118 E-mail: joao.noliveira@outlook.com

ANUNCIE AQUI

ANUNCIE AQUI

ANUNCIE AQUI

ANUNCIE AQUI

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

ANUNCIE AQUI

ANUNCIE AQUI

ANUNCIE AQUI

ANUNCIE AQUI

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

ANUNCIE AQUI

ANUNCIE AQUI

ANUNCIE AQUI

ANUNCIE AQUI

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

Contacte-nos Telf: 934 700 579 E-mail: revista@santaremdigital.pt

PUB

N Ã O P E R C A E S TA

OPORTUNIDADE ESTE ESPAÇO PODE SER

SEU

934 700 579 CONTACTE-NOS


EVENTOS Dakar Desert Challenge 26 de Dezembro a 08 de Janeiro de 2013

ENTRONCAMENTO VI Edição do Festival Nacional de Teatro | Palcos de Outono 20 Outubro a 11 Novembro

GOLEGÃ XIV Feira Internacional do Cavalo Lusitano XXXVII Feira Nacional do Cavalo 02 a 11 de Novembro

SANTARÉM

BENAVENTE

TOMAR

Festival Bike Portugal’12 19 a 21 de Outubro

Sardinha Assada’ 13 apresenta “Comédia 3D” 05 de Outubro

Feira de Santa Iria / Feira das Passas 19 a 28 de Outubro

Avisan 2012 30 de Novembro a 02 de Dezembro

CARTAXO

TORRES NOVAS

Festival Nacional de Gastronomia 26 de Outubro a 04 de Novembro

Feira dos Santos 01 de Novembro

Frutos Secos 03 a 07 de Outubro

XIII Circuito Hípico Internacional Indoor do Cnema Novembro e Dezembro

CORUCHE

ASAS DE PORTUGAL 2012 05, 06 e 07 de Outubro

XXVIII Feira do Livro 05 a 13 de Outubro

Curso de Vinhos Nível I 20 de Outubro

Jornadas de Gastronomia 05, 06 e 07 de Outubro

ABRANTES 11ª Feira Nacional de Doçaria Tradicional 26 a 28 de Outubro

ALCANENA Festas do 5 de Outubro 04 a 07 de outubro Festival Gastronómico da Cachola e da Morcela 22 de Novembro a 02 de Dezembro


onde comer A Cernelha

Estrada Nacional 3 2070 Cartaxo Tel: 243 770 970

A Prensa

Estrada Nacional 365-2 (Estrada para Pontével) 2070 Cartaxo Tel: 243 702 704

A Cocheira do Manel

EN3 - Sítio do Gaio do Meio 2070 Vale da Pedra Tel: 243 704 991

Adega do Avô

Rua 1º de Maio, Casais da Amendoeira Pontével 2070-361 Cartaxo Tel: 243 790 745

Bom Apetite

Rua Francisco Ribeiro, 6 2070 Vila Chã de Ourique Tel: 243 789 860

Casa da Caldeira

Rua 25 de Abril, 52 2070 Vila Chã de Ourique Tel: 243 789 388

Casa dos Coelhos Alameda Norte 2070 Cartaxo Tel: 243 789 418

Casa Velha

Rua de Rio Maior, 2 2070 Cartaxo Tel: 243 702 793

Cova Funda

Rua de Angola, 3-11 2070 Vale da Pinta Tel: 243 719 121

Fonte do Gaio

Quinta do Gaio de Cima Estrada Nacional 3 2070-214 Cartaxo Tel: 243 709 727 E-mail: info@fontedogaio.com

Hora da Buxa

Rua Luís de Camões, 42A 2070 Cartaxo Tel: 243 703 169

Monumental 2

Av. Mestre Cid Hipermercado Intermarché 2070 Cartaxo Tel: 243 779 167

42 | santaremdigital

O Barbatanas

Rua Santo António, 6, Rib.ª Cartaxo 2070-223 Cartaxo Tel: 243 779 891 E-mail: maria.chicharo@o-barbatanas.com

O Batalhoz

Rua Batalhoz, 3C 2070-069 Cartaxo Tel: 243 704 224

O Caçador

Praça Serpa Pinto 2070 Pontével Tel: 243 799 162

O Condestável

Travessa do Olival, Ereira 2070-326 Cartaxo Tel: 243 719 786 E-mail: geral@condestaveldeluissuspiro.net

O Mosteiro

Rua Vasco da Gama N.º 4 2070-446 Pontével Tel: 243 799 245

O Pélé

Rosa Alta

Qta. Das Pratas ( junto ao Complexo Desp. Municipal) 2070 Cartaxo Tel: 243 704 700

Salta-Moleque

Estrada Nacional, 3 Sesmarias 2070 Cartaxo Tel: 243 779 216

El Galego Jardim da República

Club Twist Estrada Nacional, 3 - S. Pedro

Vitorino`s Bar

Sítio do Miradouro do Liceu São Bento

Respública Prça do Municipio, 20

Taberna do Alfaiate

Rua Caetano Valério, 34, Lapa 2070-352 Cartaxo Tel: 243 790 005

Taberna da Celeste

Rua Lopes Baptista, 4 2070 Cartaxo Tel: 243 703 910

Tasca do Lapa

Rua de Santana,4 Ribeira do Cartaxo 2070-223 Cartaxo Tel: 243 790 567 E-mail: maria.chicharo@tasca-do-lapa.com

Abrantes Aquapolis Cervejaria Barreiras do Tejo

Almeirim Rhefugio`s Bar Parque das Laranjeiras, 29

Discoteca Quanto Baste Rua Nova, 46

Kapott Club Rua de Santarém, 27

Rua Luís de Camões, 48 2070 Cartaxo Tel: 243 770 916

onde ficar

CV Bar Travessa do Vareta, 8

O Pic Nic

Casais da Carrasqueira Casais da Lapa 2070 Lapa Tel: 243 790 477

Hotelaria Hotel Quinta das Pratas***

Cartaxo Horta da Fonte Rua Horta da Fonte

Rua do Jardim, 32 2070 Cartaxo Tel: 243 703 137

Complexo Quinta das Pratas Av. 25 de Abril 2070-207 Cartaxo Tel: 243 701 200 E-mail: info@hotelquintadaspratas.com

Palácio Belo

Turismo Rural

Rua Batalhoz, 78 a

Quinta da Marchanta

Ospital Bar

O Transmontano

Rua Serpa Pinto, 5 2070 Cartaxo Tel: 243 770 907

Quinta do Saraiva

Estrada Nacional 3, Alto do Gaio 2070 Cartaxo Tel: 243 770 084

Porto de Muge – Valada 2070-503 Cartaxo Tel: 243 749 279 E-mail: quintadamarchanta@iol.pt

Refúgio dos Petiscos

Rua José Ribeiro da Costa, 215 2070 Cartaxo Tel: 243 770 672

Ribatejana

Estrada Nacional 3 2070 Cartaxo Tel: 243 770 917

Rua Mouzinho de Albuquerque, 9 c

Office Bar

Rua José Ribeiro da Costa, 59

Rio Maior In A Bar

onde sair

Quinta da Cristina - Actividades Hoteleiras, Lda. Sítio do Pedegral 2070 Vila Chã de Ourique Tel: 243 322 455

The H Neo Club

Rua D. Afonso Henriques, 62

Vintage Club Largo do Outeiro

Santarém Barvila Largo de Marvila

Restaurante Portas do Sol

Tomar Kokito`s Club Praça da República, 21

Portas do Sol

Torres Novas

Iland Bar

Emotion Discoteca

Avenida Madre Andaluz

FRA Club

Praça de Touros de Santarém

Largo do Lamego

Casa do Guarda Largo da Ponte do Raro, 1


santaremdigital U M

D I S T R I T O

C O M

H I S T Ó R I A

PASSATEMPO GASTRONOMIA Com o lançamento do terceiro número da revista temos para vos oferecer 1 das 10 entradas para o Festival Nacional de Gastronomia de Santarém. Entre 05 de Outubro e 15 de Outubro de 2012, escreva uma frase que contenha “santarém digital” e “gastronomia” e envie-nos para o email revista@santaremdigital.pt As melhores participações, escolhidas pela equipa da revista Santarém Digital, irão receber 1 das 10 entradas para o Festival Nacional de Gastronomia de Santarém.

www.santaremdigital.com



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.