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RISANQUIZUMABE

CAPÍTULO 20

André Vicente Esteves de Carvalho1 Jaquelini Barboza da Silva2

Risanquizumabe (RIZ) é um anticorpo monoclonal humanizado que se liga seletivamente e com alta afinidade à subunidade p19 da IL23, sendo esta um heterodímero composto também pela subunidade p40. A subunidade p19 também é compartilhada pela IL-39, mas a atividade desta ainda não foi comprovada em humanos.436,437 O bloqueio da ação da IL-23 diminui proliferação e estimulação das células T helper, que são a principal fonte de citocinas pró-inflamatórias, dentre elas a IL-17. A regulação da resposta imune mediada pelo RIZ leva à diminuição da ação da IL17, principal citocina efetora na patogênese da doença, e consequente ação inibitória sobre a proliferação queratinocítica, angiogenese e recrutamento celular, principalmente de neutrófilos.438-441 A ação do medicamento parece não afetar a ação antifúngica e antibacteriana da IL-17, pois somente a atividade da forma patogênica dos linfócitos Th17 é afetada. A atividade dos linfócitos Th17 modulada por interferons, que leva à produção de baixas quantidades de IL-17 (ação antifúngica) e grandes quantidades de IL-10 (ação anti-inflamatória), não parece ser afetada pelo risanquizumabe.441-443 Sua eficácia na semana 16, medida por PASI 90, nos estudos pivotais foi de 75.3% e 74.8% contra 4.9% e 2% do grupo placebo (estudos UltIMMa-1 e UltIMMa-2 respectivamente) (A)444 (vide ficha técnica). Quando comparado RIZ com ustequinumabe (UST), no estudo UltIMMa-1, os desfechos PASI 90 - na semana 16 - foram 75.3% versus 42%, respectivamente, diferença mantida no estudo UltIMMa-2 (74,8% contra 47,5%). Na semana 52, a eficácia, medida pelo PASI 90, foi de 82% do RIZ contra 44% do UST (p<0,001) A.444 O estudo IMMvent comparou RIZ à adalimumabe (ADA), obtendo PASI90 de 72% e 47%, na semana 16 (p<0,001), respectivamente. Dentre os respondedores parciais ao ADA (resposta maior do que PASI50 e menor do que PASI90), 66% alcançaram PASI 90, na semana 44, ao serem re-randomizados para RIZ, contra 21% dos pacientes que mantiveram uso do ADA (A).445 Os dados agregados dos estudos pivotais avaliados em 136 semanas mostram que 84% e 54% dos pacientes atingem PASI 90 e 100, respectivamente (A).446 Quanto à qualidade de vida, 66% dos pacientes em uso de RIZ atingiram DLQI 0-1 na semana 16, contra 43% do UST (p<0,0001%). Na semana 52, o resultado foi de 75% versus 47%, respectivamente (p<0,0001%).444 Em seus estudos pivotais UltIMMa 1 e UltIMMa 2, o RIZ mostrou perfil de segurança similar ao UST e ao placebo. Infecções foram mais frequentes no grupo do RIZ do que no grupo placebo. Porém quando comparados com ustequinumabe, o perfil de segurança quanto a infecções graves foi semelhante. Nenhum paciente desenvolveu tuberculose ou tuberculose latente durante ambos os estudos. No estudo UltIMMa-1, até a semana 16, a taxa de malignidade foi menor no grupo usando a medicação que no grupo placebo (A).444

1. Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre (RS). 2. Universidade de Santa Cruz do Sul - Unisc, Santa Cruz do Sul (RS).

CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE 2020 ALGORITMO DE TRATAMENTO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA

Uma revisão sistemática447 considerou RIZ, certolizumabe, pegol, tildraquizumabe e guselcumabe os imunobiológicos para tratamento de psoríase que têm perfil de segurança mais favorável. Isso porque apresentam menor taxa de efeitos adversos e de descontinuação da medicação devido a efeitos adversos (A). Uma metanálise concluiu que RIZ e bimequizumabe (anti-IL17A/F) foram os medicamentos com melhor relação risco x benefício entre todos os medicamentos para psoríase avaliados em até 16 semanas. Apontou ainda que o perfil de segurança do RIZ foi melhor do que o do placebo quando analisado o desfecho PASI 90 no mesmo período (A).448 A ficha técnica do risanquizumabe encontra-se abaixo (Quadro 20.1). Consultar item “gravidez e lactação” para informações específicas.

Nome comercial Forma de comercialização Mecanismo de ação Meia-vida

Quadro 20.1. Ficha técnica do risanquizumabe.

Skyrizi® 75mg / 0,83ml – seringa Bloqueio da IL-23 pela ligação a sua subunidade p19 28-29 dias

Aprovação artrite Monitorização laboratorial

Dose inicial Dose de manutenção Ajuste de dose (*) Eficácia (estudos pivotais)

Não aprovado até esta data Inicial: PPD/IGRA, RX tórax, sorologias (hepatite B, C e HIV), hemograma, provas de função renal e hepática Acompanhamento: PPD/IGRA anualmente para pacientes que nunca trataram TB latente. Outros exames laboratoriais devem ser guiados por sinais e sintomas. 150Mg, SC, na semana 0 e 4 150mg, SC, a cada 12 semanas Não é necessário Semana 16: PASI90 75.3 PASI 100 35.9% (ULTIMMA-1) Semana 52: PASI 90 81.9 PASI 100 56.3% (ULTIMMA-1) Semana 136: PASI 90 84 PASI 100 54% (LIMMITLESS) Contraindicações absolutas (*) Reação alérgica ao medicamento Tuberculose ativa (Anvisa) Infecções graves em curso Efeitos adversos específicos da classe Não observado até a data de publicação deste consenso Efeitos adversos comuns (*) Infecções do trato respiratório superior, micoses superficiais, cefaleia, fadiga, reação no local da injeção

Interação medicamentosa Nenhuma específica

Considerações especiais (*) Gestação: categoria B. As mulheres com potencial para engravidar devem utilizar um método contraceptivo eficaz durante o tratamento e, pelo menos, 21 semanas após a última dose do tratamento

Vacinas (*) Os pacientes tratados com Risanquizumabe não devem receber vacinas de vírus vivo ou atenuados quatro semanas antes, durante e após 4-5 meias-vidas após interrompido o tratamento.

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