Seafood Brasil #31

Page 1

MKT & INVESTIMENTOS

Campanhas promocionais, o pré-Fenacam e o pós-IFC

seafood

ESPECIAL

Noruega constrói o futuro da aquicultura mundial

brasil

#31 - Jul/Set 2019 ISSN 2319-0450

www.seafoodbrasil.com.br

Em processo

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

1

Frigoríficos lutam para ganhar competitividade e acompanhar o crescimento da produção para o interior


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

2


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

3


Editorial

Construção do presente

J

ohn Lennon disse que a vida é aquilo que acontece enquanto estamos fazendo planos. Poucas situações se aplicam melhor a esta frase do que a evolução da aquicultura na Noruega. Como disse o ministro da pesca e aquicultura dos nórdicos, Harald Nesvik, “a melhor forma de prever o futuro é construi-lo”. Leia a partir da pág. 70 qual é modo norueguês de construir o futuro entre o offshore, cultivos costeiros e o land-based. Aqui no Brasil o presente também se impõe com as necessidades imediatas de absorção da crescente matéria-prima advinda do interior do País, que não encontra frigoríficos em número adequado para processá-la e entregar produtos melhores ao consumidor final (Capa, pág. 40). Na ponta da cadeia, o consumo recebe bastante estímulo a partir das campanhas Coma Mais Peixe e Semana do Pes-

cado, além do churrasco de tambaqui em plena Esplanada dos Ministérios (MKT & Investimentos, pág. 22). Com mais uma Fenacam pela frente (pág. 12), precisamos encaminhar as discussões para resolver os problemas de sanidade, produtividade e competitividade que ainda mantêm a carcinicultura estagnada, embora haja perspectiva de expansão. Nos demais setores, há muito a ser feito e o primeiro International Fish Congress (IFC), em Foz do Iguaçu, apontou diversos caminhos para toda a cadeia (pág. 32). Na comercialização, tenho certeza de que um trabalho com afinco e qualidade como a da família Marcatti é uma grande referência (pág. 82). Boa leitura!

Ricardo Torres - Editor

Índice

06 Cinco Perguntas

10 Na Água

12 MKT & Investimentos

40 Capa

54 Na Gôndola

56 Suplemento especial

70

82 Personagem

Especial

Expediente Redação redacao@seafoodbrasil.com.br

Comercial comercial@seafoodbrasil.com.br Tiago Oliveira Bueno

Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres Editor: Ricardo Torres Repórter: Fabi Fonseca Diagramação: Emerson Freire Adm/Fin/Distribuição: Helio Torres Foto de capa: MFoods/MCassab

Impressão Maxi Gráfica e Editora A Seafood Brasil é uma publicação da Seafood Brasil Editora Ltda. ME CNPJ 18.554.556/0001-95

Sede – Brasil R. Serranos, 232 São Paulo - SP - CEP 04147-030 Tel.: (+55 11) 2361-6000 Escritório comercial na Argentina Av. Boedo, 646. Piso 6. Oficina C (1218) Buenos Aires julio@seafoodbrasil.com.br

/seafoodbrasil /seafoodbrasil www.seafoodbrasil.com.br


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

5


5 Perguntas a Márcio Castro de Souza

Entrevista

Caminho integrado “Não há incompatibilidade entre o crescimento da produção pesqueira e aquícola”, diz Márcio Souza, da FAO/ONU

A

chave para a evolução sustentável do pescado mora dentro da instituição que nasceu da paz entre as nações recém-saídas do maior conflito já presenciado pela humanidade. “Foi em 1945 que um grupo de 42 países criou, no Canadá, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como um órgão perene para se discutir os principais problemas afetando os países e as suas populações nas áreas de agricultura, florestas e pescas, envolvendo particularmente a fome e nutrição”, conta o Secretário do Subcomitê de Comércio Pesqueiro da FAO e coordenador do serviço estatístico da FAO/ONU para o pescado, o Globefish. Souza abre o I Venda Seu Peixe, em 24 de outubro, e mostra nesta entrevista abaixo como as informações de mercado são essenciais para uma potência em construção, como o Brasil, que pode conciliar a expansão sustentável em aquicultura e pesca na busca pelo protagonismo mundial. A FAO/ONU tem um papel substancial sobre o pescado em todo o mundo, seja com as diretrizes para uma aquicultura e pesca mais sustentáveis, seja com a compilação de estatísticas e estudos econômicos que suportam o setor. Como se deu o processo histórico de vinculação da entidade com o setor? A pesca sempre esteve presente desde os primórdios da FAO. Em 1945, quando da primeira Conferência da FAO, os países-membros já observaram que havia a necessidade de se aumentar a produção pesqueira com um melhor aproveitamento dos recursos. Entretanto, foi também observada a baixa qualidade das informações estatísticas e científicas existentes e que melhorias seriam

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

6

1

necessárias nas técnicas para o processamento do pescado e conservação de seus nutrientes. Por fim, ressaltou-se que os objetivos de longo prazo deveriam ser concentrados em aumentar a oferta de pescado para consumo, com a consequente melhoria para aqueles que dependem do setor para a sua sobrevivência.

técnico e capacitação nas diversas áreas envolvidas com a pesca e aquicultura, dentro do prisma de sustentabilidade envolvendo os aspectos ambientais, econômicos e sociais, além de promover e apoiar a implementação do Código de Conduta para a Pesca Responsável e seus instrumentos associados.

Dessa forma, com base nas decisões da primeira Conferência, o papel da FAO concentrou-se em coletar, analisar e disseminar informações sobre a ocorrência, produção e utilização dos recursos aquáticos vivos, promovendo ações nacionais e internacionais na área de pesquisa, educação e gerenciamento pesqueiro, incluindo aspectos de serviços na área de pesca, aliada à promoção do uso consciente e a conservação desses recursos.

Por sinal, o Código de Conduta para a Pesca Responsável da FAO comemorará 25 anos em 2020. O Código de Conduta foi um instrumento extremamente inovador para a sua época e com uma abordagem bastante ampla. É um instrumento completamente fascinante ao abarcar todos os aspectos da pesca e aquicultura por toda a cadeia de valor (da pré-captura à comercialização), enumerando uma série de princípios fundamentais associados. O Código de Conduta para a Pesca Responsável deveria ser de amplo conhecimento por todos os operadores do

Dentro da estrutura atual, o Departamento de Pesca e Aquicultura da FAO provê ações de apoio


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

7


5 Perguntas setor da pesca e da aquicultura, independentemente da sua posição e tamanho na cadeia de valor.

Aliás, estamos sempre abertos a receber novas sugestões. Não deixem de acessar www.globefish.org.

Quais são as atribuições da área que passou a coordenar recentemente e quais são os desafios que pretendem alcançar? O Subcomitê de Comércio Pesqueiro da FAO é o principal órgão global de debate entre países de questões envolvendo comércio internacional afetando a pesca – os países se reúnem a cada dois anos e discutem uma série de documentos onde os principais tópicos e tendências envolvendo o setor são analisados. Aliás, a próxima reunião do Subcomitê será em Vigo (Espanha), no final de novembro, e os documentos para essa reunião estarão disponíveis no final de outubro no site da FAO. Os documentos são públicos e tendo em vista a sua abrangência e as informações apresentadas, tornam-se grandes ferramentas de análise para o setor. Para esse ano, iremos discutir aspectos importantes no setor da pesca e aquicultura, como rastreabilidade, acordos comerciais, comércio de serviços, problemas de comunicação para produtos da aquicultura, relacionamento com outros organismos internacionais, biodiversidade e comércio, análises estatísticas e aspectos de responsabilidade social, dentre outros temas.

Os dados do SOFIA mostram uma estagnação do setor pesqueiro e consolidação da aquicultura como principal origem de matéria-prima de pescado. O crescimento global do consumo, no entanto, sugere que uma ascensão não se deu em detrimento da outra. Você concorda com esta visão? Quais têm sido as implicações práticas disso no cenário global de produção de pescado? A aquicultura tem cada vez mais desempenhado um papel fundamental no fornecimento de produtos da pesca no mundo. As últimas projeções da FAO estimam que a aquicultura continuará a ser o principal “driver” da produção global na próxima década. Em 2022, a aquicultura superará a pesca de captura em valores totais – atualmente ela já é maior no que se refere ao consumo humano. Os países em desenvolvimento, particularmente aqueles localizados na Ásia, continuarão a desempenhar um papel fundamental na produção aquícola e também na de captura.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

8

2

O projeto Globefish da FAO serve como uma grande plataforma de análise de produtos pesqueiros e mercados. São analisados preços, produção, comércio, tendências e outros aspectos. A questão de assimetrias de informações é um dos principais problemas existentes nos negócios – no setor da pesca, essa assimetria de informações é particularmente severa. Nesse sentido, Globefish procura minimizar esse “gap” de informações com a divulgação de dados, estudos, publicações periódicas, análises de mercados, entre outros. Além disso, provê atividades de capacitação na área de comércio internacional de pescado. Brevemente, várias novidades serão implementadas no projeto, sempre objetivando proporcionar mais informações úteis e práticas para acesso a mercados.

3

Hoje em dia temos uma produção pesqueira relativamente estável no que se refere aos produtos de captura, ao contrário dos produtos da aquicultura, que têm apresentado um crescimento constante. Entretanto, essa estabilidade da produção para produtos de captura possui exceções. Para determinadas regiões e espécies tem havido um crescimento sustentável da produção de captura e isso é um dado bastante relevante. Dessa forma, observa-se que não existe nenhuma incompatibilidade do crescimento da produção aquícola e de captura. A principal questão que baliza o crescimento da oferta de pescado é a questão de sustentabilidade – a expansão da produção deve sempre levar aspectos de sustentabilidade (ambiental, econômica e social) de modo a se manter o setor sustentável no longo prazo e se atender a demandas crescentes de informações sobre a origem do produto comercializado. Apesar da ausência de dados oficiais, estima-se que o Brasil consuma em torno de 10 kg de

4

pescado per capita por ano, enquanto a média mundial é de 20 kg per capita por ano. O que esta defasagem indica sobre o Brasil? O consumo de pescado no mundo apresenta muitas nuances em relação a questões culturais. Independente desse aspecto, a FAO e outros órgãos das Nações Unidas têm preconizado as vantagens nutricionais do consumo de pescado de forma constante. Nesse sentido, particularmente em países onde não há uma tradição cultural, é inegável como as gerações mais novas introduziram em seus hábitos alimentares o consumo de pescado, principalmente em função de aspectos de saúde. Um dos aspectos críticos envolvendo o consumo de pescado está relacionado à existência de eficientes cadeias de valor e distribuição. Trata-se de um produto altamente perecível, cuja qualidade está diretamente relacionada ao tempo que se leva da “rede ao prato”. Adicionalmente, produtos desenvolvidos para facilitar o preparo doméstico, dentro de sociedades com cada vez menos tempo livre, têm tido grande penetração de mercado. O Brasil tem uma enorme diversidade de espécies, mas começa a trilhar seu caminho no mercado mundial de pescado apoiado em commodities. Quais são as consequências disso para o mercado doméstico e à posição do País como player internacional? O mercado internacional para pescado e seus produtos é imenso e altamente diversificado. “Commodities” tradicionais como atum, camarão, determinados crustáceos, salmão, dentre outras espécies possuem um grande fluxo internacional de comércio.

5

Não obstante, produtos locais e regionais possuem sempre a possibilidade de encontrar nichos de mercado, onde características únicas de produção, sustentabilidade, sabor e outros aspectos têm sido ressaltados e resultam em preços diferenciados. Muitos países, mesmo grandes produtores de pescado, também têm atuado em nichos de mercado com produtos específicos, gerando inclusão social e regional, com o corolário de rendas adicionais para pequenos e médios produtores e pescadores.


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

9


Na

Água Tecnologia para pesca e criação

Sistema imunológico mais forte

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

10

A Yes, empresa de biotecnologia em nutrição animal aproveitou o IFC, em Foz do Iguaçu, para lançar o GlucanGold. O produto tem 60% de betaglucanos purificados e promete estimular o sistema imune do animal, com dosagens diferenciadas para tratamento e prevenção de enfermidades em peixes e camarões, aumentando a resistência e proteção contra desafios sanitários, impactando de forma positiva sua sobrevivência e minimizando o efeito imunosupressor de fatores antinutricionais na ração.

Monitoramento inteligente A IO Fish já está há dois anos no mercado oferecendo monitoramento inteligente para piscicultura e promete auxiliar na gestão dos processos com um controle simples e preciso dos tanques. Conforme a empresa,

as tarefas são automatizadas com armazenamento de dados em segurança na nuvem, para buscar maior agilidade nos processos e maior eficiência.

Mais saúde, melhor performance A Nexco se destacou no IFC pela linha Anpario, um portfólio de produtos para o cultivo de tilápias e outras espécies de água doce. Para a ração, a empresa oferece o pHorce com propriedades antibacterianas e antifúngicas e o Mastercube, para melhorar a qualidade do pellet, a ingestão de ração e o desempenho.

Já na produção, Orego-Stim líquido, disponível também em pó, promete ser o principal eubiótico fitogênico (equilibrador da flora intestinal); o Ultrabond procura auxiliar no controle de metabolismos secundários, apoiar a função imunológica e manter o desempenho. O Prefect completa a linha ao atuar como agente de descontaminação bacteriana para aprimorar de taxas de crescimento, conversão alimentar e digestibilidade das proteínas.

Maior resistência A BioSyn Saúde Animal levou sua linha Acqua para aquicultura, que promete a melhora dos índices zootécnicos na criação comercial de peixes e camarões. O produto é indicado para o equilíbrio da microbiota

Automação monitorada Produto desenvolvido pela Agrotatil, a TatilFish é uma plataforma de automação monitorada para piscicultura que promete auxiliar o piscicultor e proporcionar maior competitividade, diminuindo custos e facilitando o manejo. Tudo pode ser acompanhado pelo celular, em tempo real, como a temperatura da água para cálculo da quantidade correta de ração e o funcionamento de equipamentos. Um aplicativo dá suporte à automação total à distância e também o recebimento de notificações em caso de situações extremas.


A EnjoyEnergy oferece soluções para geração e otimização de recursos energéticos com o uso de energia solar fotovoltaica. A empresa garante a facilidade de financiamento, assistência pós-instalação, monitoramento remoto e cinco anos de garantia.

Os aeradores Chafariz Linha SEW têm energia trifásico e potência 1.5 cv e 2.0 cv. Já os chafariz linha Weg são bifásico ou trifásico com potência de 1.5 cv. Também fazem parte da linha aqua os alimentadores com capacidade de 500 kg, 850 kg e 1250 kg com sistema automático, semi-automação ou manual.

Dieta japonesa

Melhor conversão

A Prilabsa quer consolidar a atuação em dietas para formas jovens com a linha Higashimaru, desenvolvida no Japão especialmente para alevinos e juvenis de peixes. Outro destaque na feira foi a linha de probióticos da Keeton Industries, com microrganismos benéficos liofilizados para o controle microbiológico e dos compostos nitrogenados dos cultivos, seja na larvicultura, seja na engorda.

Desde 1987 na produção de alimentos para animais e pets, a Anhambi Alimentos criou uma linha de alimentação nutricional para peixes. A ração da empresa promete maior digestibilidade e melhor conversão alimentar e pode ser encontrada em diferentes porcentagens para todas as fases de desenvolvimento do animal.

Aeradores manuais e automáticos A Germann Agroequipamentos apresenta sua linha Aquagermany com soluções para aquicultura. Seus aeradores de pás podem ser encontrados de 1.5 cv com 45 pás ou 2.0 cv com 55 pás.

11

Energia solar

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

intestinal, melhora da absorção dos nutrientes da dieta e do aproveitamento metabólico das proteínas e energia. Entre os efeitos, o aumento da resistência a doenças e ao estresse.


Marketing & Investimentos

Difícil equilíbrio

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

12

Com expansão de áreas e produtividade por hectare estagnadas, carcinicultura brasileira quer fazer da 16ª Fenacam a plataforma para se tornar mais competitiva diante de Equador, Peru e Índia

D

melhor ano na série histórica entre 1998 e 2018 foi 2003, não à toa o ano em que éramos os líderes da América em exportação do camarão - a produtividade era superior a 6kg/hectare.

Se acontecer conforme o planejado, a produtividade por hectare praticamente terá de dobrar, passando para 4 kg/hectare, patamar que ocorreu pela última vez no Brasil em 2010. Nosso

Hoje temos uma produtividade similar à do Equador pela predominância dos sistemas extensivos, mas o volume nos coloca muito aquém do potencial de negócios que eles geram. Os equatorianos produziram 506 mil toneladas no ano passado com uma produtividade/ hectare de 2,3 kg/hectare. Com um território pouco maior que o do Piauí, eles têm quase 10 vezes mais lâmina d’água para produzir que os carcinicultores brasileiros. A exportação quase total

urante o último International Fish Congress (IFC), Antonio Santana Junior representou a Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC) com um diagnóstico otimista da carcinicultura nacional. As 3 mil fazendas de camarão do País irão entregar no fim de 2020 mais de 120 mil toneladas de produção, o que representaria o dobro da produção de 2016, nos mesmos 30 mil hectares registrados em 2018.

deste volume gerou divisas de US$ 3,25 bilhões em 2018. Se o crescimento brasileiro não se der por área de cultivo, aumentar a produtividade se torna condição fundamental para o Brasil sobreviver até no âmbito doméstico em um cenário de intensa competitividade global. Depois do vannamei do Equador e da Argentina com os camarões selvagens Pleoticus muelleri, a investida agora vem do Peru e até da Índia. É por isso que quem está na vanguarda da produção nacional insiste tanto em investimentos ousados, da ração à melhora do plantel - tema que


Visitantes da Fenacam não verão este estande da Camanor este ano: empresa se concentra na importação de matrizes e construção do quarentenário para fazer frente ao preço do camarão importado

ainda gera muita polêmica entre os principais empresários do segmento. A Camanor, por exemplo, está em fase final de instalação de um quarentenário para a aclimatação e garantia de sanidade da importação de reprodutores da Tailândia. Neste ano inaugurou o laboratório de produção de pós-larvas exclusivas para consumo próprio.

No âmbito comercial, a executiva enxerga um cenário adverso. “Ao mesmo tempo em que há dificuldades em relação à União Europeia [fechada para exportações do Brasil], vemos abertura da importação de camarões do Equador e da Índia.” Ela vê o mercado interno bem aquecido, o que eleva o interesse dos estrangeiros. “Já está entrando camarão importado com preço que não dá para

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

13

Tanto foco no aprimoramento da produção fez a empresa decidir não participar da Fenacam neste ano. “Estamos muito envolvidos com o nosso projeto e queremos cumprir o que foi apresentado na Fenacam do ano passado”, indica a diretora operacional, Marisa Sonehara. “Nossa expectativa é conseguirmos os reprodutores limpos

[de doenças] e com uma genética melhor.”

www.tilabras.com.br |

contact@tilabras.com.br |

+55 11 2667.0232 |

Selvíria – MS | Brasil |

A TILÁPIA PERFEITA


Marketing & Investimentos

PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE E DESTINO DO CAMARÃO CULTIVADO NO BRASIL - 1997 A 2018 | ABCC 100.000

90.190

75.000

70.000 60.128

50.000

25.000

0

40.000

6.850 4.320 1.678 1.678 400

15.000 12.750 5.200 2.885 2.250

1998

1999

25.000 15.038 9.962 6.250 4.000

21.274 18726 8.500 4.706

2000

2001

Área (ha)

85.000 75.904 65.000

65.000

65.000

34.902 30.098

49.485

70.000

65.000

41.947

69.571

85.000

76.833

76.000

75.000

60.000

73.399

57.004

37.800

75.000

60.063

59.272

18.500

19.847

22.000

23.000

25.000

18.500

21.000

27.000

19.715

65.000

30.000 30.000

22.328 11.016

20.190 14.284

18.900 16.598

23.053 15.000

15.200

17.000 15.515

5.458

6.314

4.573

4.333

4.276

3.824

3.551 9.937

3.514 5.728

4.054 1.601

3.505 108

3.571 0

3.864 612

3.696 277

3.040 77

2.182 514

2.167

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017 2018

Produção (ton)

competir. Isso é algo muito sério, estamos correndo para reabrir o mercado europeu, porque esta é a nossa alternativa, a depender do câmbio.” Os preços médios do camarão importado até aqui ainda refletem a insegurança jurídica dos países exportadores e seus clientes nacionais, mas o dólar alto talvez iniba ainda mais um maior volume de negócios. “Pelos últimos preços [a importação]

Produtividade (KG/ha/ano)

Mercado interno (ton)

não preocupa, sobretudo com o câmbio atual. O fato é que as importações estão bem tímidas e os números mostram isso”, reflete Ricardo Pedroza, diretor comercial da Camarões do Brasil, que representa fazendas como a Aquadelta, Maris e 3 Mares. Ele já enxerga o cenário de forma mais otimista. “Ano a ano estamos superando a produção [de anos anteriores]. Há uma ampliação de mercado

2.567 167

Exportações (ton)

e estabilização maior de produção e preço, com expectativa de melhoria da economia.” A abertura a camarões importados, diz ele, trouxe “curiosos” ao negócio. “A importação trouxe para o ‘business’ alguns importadores que não trabalhavam com camarão e acharam que iam ganhar muito dinheiro pelo seu valor agregado. Quebraram a cara.” Camarão parece mesmo ser um negócio para especialistas, como mos-

O destino dos pequenos Quem não tem capacidade de investimento como os grandes produtores amarga um período complicado na atividade. “A realidade na prática é que faz algum tempo que não acontece nada de diferente na carcinicultura. Os pequenos estão com as mesmas produtividades de 2017”, diz o consultor do Sebrae Jonathas Sales, que trabalha com 200 carcinicultores da Área de Proteção Ambiental Lagoa de Guaraíras, no Rio Grande do Norte. O local é um estuário compreendido entre os municípios de Tibau do Sul, Goianinha, Arez, Georgino Avelino, Nísia Floresta e São José do Mipibu.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

14

A ABCC calcula que micro e pequenos produtores como os da região, com densidades de estocagem e volumes de produção muito baixos, correspondam a 77% do número de produtores. “Vemos nas estatísticas que o RN está aumentando a produção, mas em campo não vemos isso acontecer”, sublinha Sales, indicando que este é um desempenho concentrado nos grandes produtores. “A realidade desses produtores é a mesma há alguns anos. Eles não conseguem mudar até porque não têm muito recurso para fazer investimentos que poderiam melhorar suas condições.” A interiorização da carcinicultura, porém, criou um novo perfil de pequeno produtor, como explica Ana Carolina Guerrelhas, sócia da Aquatec. Ela vislumbra crescimento de pequenos que operem com grande eficiência. “Os intensivos entram neste grupo, que arrisca mais e é onde surgem oportunidades de novas tecnologias, diferentes tamanhos de camarão, produção próxima ao centro consumidor e com poder aquisitivo como o Sudeste do Brasil.” Ela não espera que a Fenacam traga muitas novidades, já que a Aquatec têm participado de encontros regionais na Bahia, Paraíba e São Paulo e tem visto a inovação acontecer no interior. “São reuniões onde atingimos um número grande de pequenos produtores e notamos, por exemplo, a necessidade de desenvolver embalagem especial para vendas de PLs via aérea, sistemas de aclimatação de larva para os que trabalham com salinidade baixa, entre outras questões.” No entanto a Fenacam, diz, “é um evento ao qual não podemos deixar de ir”.


Família Maia, da Samaria/Potiporã: verticalização dá sequência a processo contínuo de expansão por aquisições

tra a ascensão da Samaria/Potiporã. Um processo contínuo de aquisição de fazendas menores e expansão das já existentes aumentou o potencial produtivo do grupo controlado por Cristiano Maia. Só Pendências (RN), maior fazenda da empresa, deve dobrar o volume e chegar a 12 mil toneladas anuais. Após os investimentos em genética e pesquisa no laboratórios de PLs de Touros (RN), a empresa partiu para a verticalização total com a aquisição da fábrica de rações de 25.000 m2 de área em Maracanaú (CE) que a Trouw Nutrition fechou em 2018. “Este cenário de recuperação é muito promissor. Com a aquisição da fábrica de ração nos tornamos detentores de todos os elos da

Reunimos as ferramentas mais inovadoras para soluções personalizadas em processamento de rações para animais aquáticos

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

15

Estamos preparados para ajudá-lo na escolha das ferramentas certas. Entre em contato conosco e leve inovação aos seus processos com todo o apoio da marca lider em Extrusão. Imagine as possibilidades!

Transformando ideias em oportunidades ejordao@wenger.com USA

www.wenger.com

+ 55 19 3881.5060 |

BELGICA

|

TAIWAN

|

BRASIL

|

CHINA


Marketing & Investimentos ATÉ DA GROENLÂNDIA Em 2019 o Brasil experimentou a importação de distintas espécies de camarão de três origens: Equador, Índia e até da Groenlândia. IMPORTAÇÃO DE CAMARÃO | 2019 País

Produto

Dispêndio (US$)

Volume (KG)

US$/KG

Equador

Camarão Litopenaeus vannamei

842.233

86.010

9,79

Índia

Camarão Litopenaeus vannamei

109.445

10.320

10,61

Camarão do Ártico - Pandalus borealis

16.222

3.078

5,27

Groenlândia Fonte: Siscomex

Maria Cláudia e Ana Carolina, da Aquatec: “eventos no interior têm gerado mais resultados em ampliação de mercados, mas não podemos deixar de participar da Fenacam”. Empresa celebrou 30 anos em junho

cadeia do camarão”, celebra a diretora comercial, Christianny Maia.

cessos industriais, automação e projetos que cuidam da excelência operacional.”

O diferencial, segundo ela, é ser cliente dos próprios insumos. “Temos o objetivo de fazer o melhor, já que somos os principais clientes, estamos oferecendo ao mercado produtos de excelência em pós-larva e ração de camarão.”

A capacidade produtiva é de 4.000 ton/ mês, mas atualmente o volume está na metade apenas com rações para camarões. “O volume é crescente, neste último mês [setembro] atingimos 2.000 ton de rações para camarões, exclusivas para todas as fases e desafios conforme região e manejo dos clientes e fazendas do grupo Samaria”, explica Simão. A linha compreende soluções de berçários à fase final de engorda. Em torno de 80% do produzido atualmente segue para as fazendas do grupo, mas o objetivo é aumentar a porcentagem de clientes fora do grupo.

A linha de rações SM, da Samaria Rações, que será uma das principais novidades da feira, exigiu investimento em maquinário e reorganização de processos internos, como explica o gerente da planta, Marcelo Simão. “[Houve] criação do departamento de engenharia de pro-

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

16

Programação para o interior A interiorização da carcinicultura ainda será o norte das apresentações paralelas à Fenacam ‘19, segundo o assessor técnico da ABCC, Itamar Rocha, e um dos responsáveis pelo evento. “O vannamei está no Brasil inteiro e a intensificação desta atividade será o principal tema da programação, incluindo o sistema multifases e cobertura por estufa agrícola.” José Carlos Di Salvo, da Plantfort, fabricante destas estufas, diz que a intensificação não é, “de forma alguma”, uma onda passageira. Ele vê na Bahia o terceiro pólo nacional, com produtores duplicando as áreas cobertas. Segundo Rocha, os tradicionais Simpósio Internacional de Carcinicultura e de Aquicultura terão 18 conferencistas internacionais que aproveitarão este perfil de expansão para enfocar nos múltiplos aspectos relativos à intensificação e interiorização dos cultivos. Rocha garantiu ainda que as demais espécies aquícolas também terão destaque, inclusive as nativas como o tambaqui, pirarucu e surubim. Veja a programação completa em www.fenacam.com.br


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

17


Marketing & Investimentos Uma das fazendas do complexo Sabores da Costa, em Acaraú (CE): melhoramento genético encurtou ciclo de camarão de 12 g para 65 dias em bom convívio com a mancha branca

Convívio com a doença Desde que a mancha branca mostrou suas garras e ceifou a produção brasileira a partir de 2015, a carcinicultura brasileira tem dito que era preciso aprender a conviver com a doença e não erradicá-la. Como a enfermidade foi democrática, carcinicultores de todo o litoral tiveram de buscar meios de se acostumar com o vírus e recuperar aos poucos os níveis de produtividade de outrora. A família Sales, principais atores da carcinicultura na Costa Negra, próximo ao paraíso de Jericoacoara, também não foi poupada. Depois de altas taxas de mortalidade e muitos prejuízos, as fazendas do grupo passaram por uma transformação, principalmente no que diz respeito à formas jovens. “Tem um ditado que diz ‘a dor ensina a gemer’”, filosofa Rubens Sales. “Depois da me-

tade de 2016, quando o nosso camarão foi atingido pela mancha branca, investimos em estufas para controlar a temperatura na larvicultura e conseguir um crescimento maior na fazenda e conseguimos conviver com a doença.” A próxima etapa foi iniciar um programa de melhoramento genético, como todos os grandes produtores procuraram fazer sozinhos ou com a ajuda de terceiros. “Iniciamos investimentos na área de genética, com cruzamento de animais e marcadores genéticos, até chegar esta larva nova no mercado, que lançamos em junho deste ano, a larva X”, conta Sales. O diferencial é que ela rompe, segundo o executivo, com o paradigma da velocidade de crescimento x sobrevivência. “Nosso trabalho no laboratório foi para conseguir um animal que cresce mais rápido em curto espaço de tempo e sobrevive mais.”

Larvicultura natural A Larvi, sediada em Macau, também enxerga uma recuperação pós-mancha branca, mas se diz preocupada com a iniciativa de importar reprodutores do exterior, caso aconteça de forma

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

18

descontrolada. “A importação de animais doentes pode afetar toda a carcinicultura”, diz a sócia, Jaqueline de Medeiros Gastelú. “A Larvi continua investindo em qualidade e buscando boas alternativas em produtos naturais.” A média de produção de camarão marinho é de 33 milhões de póslarvas/mês, mas Gastelú enxerga um aumento na procura pelo camarão de água doce. “Os produtores estão aprendendo a cultivar o Macrobrachium rosenbergii e o mercado promete”, aponta.

Atualmente, a larvicultura produz 350 milhões de pós-larvas/mês, mas a estimativa para o próximo ano é chegar a 560 milhões/mês. Todas já com a larva X, que tem apresentado bons resultados. “Hoje, com 65 dias de cultivo, conseguimos um animal na faixa de 12 g. Com 71 dias conseguimos um animal de 15 g com sobrevivências mínimas de 85%.” Ele garante que o animal foi testado em fazendas de Mossoró (RN) ao litoral do Piauí, sempre com estes resultados. Os indicadores animam a Sabores da Costa, marca criada para comercializar o camarão produzido nos 650 hectares de lâmina d’água de Livino Sales. A estimativa para o próximo ano é produzir em torno de 4 mil toneladas/ano só nesta área própria. Deste volume, 373.258 kg serão de camarão orgânico e 1.296.000 kg/ano livre de antibióticos. Além disso há mais de 3 mil hectares extras capazes de fortalecer este volume, com ajuda de parceiros, descritos por Rubens como “cooperados”. “Tudo isso levando em consideração aos novos resultados da genética nova”, acrescenta Rubens, para quem a Sabores é a única empresa capaz de ofertar camarões orgânicos e livre de antibióticos com volume para atender restaurantes e até grandes redes de varejo para fazer marca própria.


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

19


NEOVIA

INSTRUTERM

PLANFORT

BIO ARTEMIA PLANFORT

MERCADO AQUA

CIPATEX

IBRAM MARIS

SAMARIA

AQUASYSTEM TREVISAM

PRILABSA

GOVERNO DO RN

ASSUNÇ. DRISTR

GIGATANK

AQUATEC CUSTOMIZZARE

CAMAR

ALLTECH

INVE

DAMARFE

SK BOMBAS TROPICAL ESTUFAS

BIOEXPERTS

NEOVIA

ESCAMA FORTE

PCI GASES

NEXCO

BAYER

BNB

BERNAUER

ESCAMA FORTE

ASSUNÇÃO DRISTRIBUIDORA

AQUASUL

ESCAMA FORTE

ASTEN

NORTENE

PISCICULTRUA AQUABEL

20

MARKEN IMAJE

KERA BRASIL

MICROVET

NOVA AQUA

ALTAMAR

AQUACULTURA INTEGRADA

POLINUTRI

HANNA INSTRUMENTS

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

ETEC SAS

TROPICAL MARINE

GREEN HOUSE ESTUFAS

GINEGAR POLYSACK

KAYROS AMBIENTAL

NANOPLASTIC

ACCAL

PANORAMA DA AQUICULTURA

TECELAGEM ROMA

WENGER

YESSINERGY

POLICONTROL

CARBOMIL

ENGEPESCA

ZANATA

ZANATA

ZANATA

Marketing & Investimentos

Planta dos estandes - FENACAM 2019

12 a 15 de novembro de 2019 Centro de Convenções de Natal - RN

GUABI

GUABI

IMEVE

BIOMAR

IBRAFLEX


Nยบ 190

IBRAM

Nยบ 50

Nยบ 198

IMEVE

Nยบ 112

Nยบ 30

ALLTECH

Nยบ 156

ALTAMAR

Nยบ 04

ALISUL

KAYROS AMBIENTAL

Nยบ 192

Nยบ 146

KERA BRASIL

Nยบ 07

Nยบ 130

LARVI

Nยบ 34

AQUACULTURA INTEGRADA

Nยบ 03

MARIS

AQUASUL

Nยบ 94

MARKEM - IMAJE

Nยบ 174 Nยบ 126

Nยบ 38

AQUASYSTEM/TREVISAN

Nยบ 100

MCR AQUACULTURA

AQUASYSTEM/ TREVISAM

Nยบ 102

MERCADO AQUA

Nยบ 54

AQUATEC

Nยบ 82

AQUAVITA

Nยบ 118

MM COMERCIAL

Nยบ 144

ASSUNร ร O DISTRIBUIDORA

Nยบ 172

MQPACK

Nยบ 138

NANOPLASTIC

Nยบ 191

MICROVET

Nยบ 06

ASTEN

Nยบ 66

BAYER

Nยบ 168

NEOVIA

Nยบ 88

BERNAUER

Nยบ 78

NEOVIA

Nยบ 90

BIO ARTEMIA

Nยบ 62

NEXCO

BIOEXPERTS

Nยบ 15

NORTENE

Nยบ 44

NOVA AQUA

Nยบ 84 Nยบ 170

BOMBAS SANPATRICIO

Nยบ 124

PANORAMA DA AQUICULTURA

CAMAR

Nยบ 148

PCI GASES

CARBOMIL

Nยบ 184

PHIBRO/INNUTRI

Nยบ 05 Nยบ 189 Nยบ 14 Nยบ 140

Nยบ 52

PLANTFORT

Nยบ 58

Nยบ 164

PLANTFORT

Nยบ 60

Nยบ 16 Nยบ 183

PISCICULTURA AQUABEL POLICONTROL

Nยบ 10 Nยบ 185

ESCAMA FORTE

Nยบ 70

POLINUTRI

Nยบ 02

ESCAMA FORTE

Nยบ 72

PRILABSA

Nยบ 114

ESCAMA FORTE

Nยบ 176

SAMARIA

Nยบ 46

ETEC SAS

Nยบ 196

SK BOMBAS

FEED&FOOD

Nยบ 200

TERCELAGEM ROMA

Nยบ 188

GUABI

Nยบ 152

TROPICAL ESTUFAS

Nยบ 162

GUABI

Nยบ 154

TROPICAL MARINE

Nยบ 195

GIGATANK

FAERN SENAR

Nยบ 160

ANCC

CUSTOMIZZARE

FIERN

Nยบ 64

INVE

AMMCO PHARMA

ENGEPESCA

LARVI

INSTRUTHERM

Nยบ 76

Nยบ 18

VAZ FLUX

Nยบ 36

GINEGAR POLYSACK

Nยบ 193

WENGER

Nยบ 187

GREEN HOUSE ESTUFAS

Nยบ 194

YESSINERGY

Nยบ 186

HANNA INSTRUMENTS

Nยบ 01

ZANATTA

Nยบ 182

Nยบ 197

ZANATTA

Nยบ 181

Nยบ 42

ZANATTA

Nยบ 180

HIDROGOOD IBRAFLEX

ร ltima atualizaรงรฃo em 02 de outubro

21

ALISUL

CIPATEX

FIERN

ESTANDE

AGROLORD SOLUร ร ES PLASTICAS

DAMARFE

VAZ FLUX

EMPRESA

ACCAL

BIOMAR

BOMBAS SANPATRICIO

ESTANDE

SEAFOOD BRASIL โ ข JUL/SET 2019 โ ข

WENGER

WENGER

WENGER

FEED&FOOD

PHIBRO/INNUTRI

ASSUNร . DRISTR

ANCC

AQUAVITA

MM COMERCIAL

MQPACK

MCR AQUACULTURA

AMMCO PHARMA

WENGER

AGROLORD SOLUร ร OES PLร STICAS

HIDROGOOD

EMPRESA


Divulgação/Festival do Tambaqui

Divulgação/Semana do Pescado

Divulgação/Coma Mais Peixe

Marketing & Investimentos

Marketing do pescado Organizações, entidades e setor privado concretizam diversas iniciativas para aumentar a comercialização e promover o consumo de peixes e frutos do mar no País

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

22

Texto: Fabi Fonseca

O

mercado das proteínas animais já sabe que o pescado veio para ficar. Mas desde o primeiro semestre um esforço de diversas entidades e empresas pretendeu mostrar este despertar também às redes de varejo, ao food service e ao consumidor final. A Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) lançou em maio a ‘Coma

Mais Peixe’, dedicada a expandir o consumo de peixes de cultivo. Pouco tempo depois, em junho, a Semana do Peixe foi anunciada como a Semana do Pescado e iniciou a mobilização com as redes varejistas para os preços promocionais praticados na primeira quinzena de setembro. Em agosto foi a vez de Brasília entrar de cabeça no marketing do pescado

com a realização do I Festival de Tambaqui da Amazônia. Diferentes no escopo, nas estratégias e nos grupos de apoio, as iniciativas tinham em comum a intenção de aumentar o que no marketing se chama de brand awareness do pescado, ou seja, a consciência de marca. Os resultados mostram que ainda temos muito pela frente.


Campanha criou canais on-line e ações off-line para estimular o consumo de peixes de cultivo

“Coma Mais Peixe” de cultivo Além de fomentar a demanda dos peixes de aquicultura, a “Coma Mais Peixe” também procura reforçar os benefícios nutricionais do pescado e a incentivar um maior envolvimento da cadeia produtiva nacional. Para isso, programou diversas ações que destacam os aspectos nutricionais dos peixes de cultivo, boas práticas de produção, certificações de qualidade do pescado e a segurança alimentar. Conforme o último anuário da PeixeBR, a produção de peixes de cultivo no Brasil chegou a 722.560 toneladas ano passado, enquanto em 2017 o número esteve em 691.700 toneladas, o que representa um aumento de 4,5% em 2018. Em entrevista à Seafood Brasil no início deste ano, Francisco Medeiros, presidente executivo da PeixeBR, revelou as expectativas para o desenvolvimento da aquicultura em 2019. “Ela deve continuar crescendo acima de 10% e apesar dos problemas do ano anterior, os principais players nacionais devem continuar com o pé no acelerador, seja em povoamento ou em processamento”, falou.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

23

Com expansão da oferta, a Peixe BR procurou uma forma de fomentar a demanda pelos produtos “para


Marketing & Investimentos Livro de receitas está disponível on-line; site colocou camisetas e outros produtos à venda

elevar o consumo nacional, fomentar a demanda de peixes de cultivo no Brasil, reforçar os benefícios nutricionais dos peixes, provocar o maior envolvimento dos diversos players da cadeia produtiva, reforçar a qualidade da piscicultura e fortalecer a atividade como um todo”, declarou Medeiros.

ainda pela distribuição de produtos exclusivos. Adesivos, camisetas, bolsa térmica e aventais que foram entregues para influenciadores digitais, jornalistas e autoridades do setor. O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o secretário da Aquicultura e Pesca (SAP), Jorge Seif Jr. foram algumas das autoridades que circularam com os materiais oficiais. Os produtos também estão disponíveis para compra através do site oficial em comamaispeixe.com.br. Uma das primeiras realizações da campanha foi um jantar no restaurante Tembuí, em São Paulo, com mais de 500 pessoas e 15 kg de cortes de tambaqui, doados pela apoiadora Zaltana. A campanha também marcou presença no International Fish Congress (IFC) que reuniu toda a cadeia de pescado nacional, em Foz do Iguaçu (PR), entre os dias 17 e 19 setembro. No evento, colaboradores e prestadores de serviço estavam uniformizados com a camiseta oficial da ‘Coma Mais Peixe’.

Nesta primeira fase, encerrada em setembro, a campanha realizou parceria com a chef Manoela Lebrón, ex-MasterChef profissionais e o chef Igor Martins para potencializar a divulgação de receitas com tambaqui e tilápia. O período ficou marcado

No final de setembro, a campanha lançou um livreto de receitas com vários pratos de tilápia e tambaqui, procurando oferecer dicas de preparo, consumo, escolha e armazenamento adequado dos peixes. Pontos da Cidade de São Paulo como o Largo da Batata,

Dados da Texto Assessoria, responsável pela execução da campanha, apontam mais de 300 mil pessoas impactadas com a “Coma Mais Peixe” através das mídias digitais. As divulgações à imprensa (+ de 120) já atingiram público potencial de 10 milhões de pessoas e, com os influenciadores digitais presentes ao evento de lançamento da campanha campanha, atingiu mais de 1 milhão de seguidores. As empresas que apoiaram a campanha foram: Aquabel, Aquafeed, Copacol, Cristalina, Elanco, Geneseas, Grupo Ambar Amaral, Mcassab, Presence, Socil, Phibro, Tilabrás e Zaltana Pescados.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

24

“Queremos envolver a população nessa causa e oferecer oportunidades para todos participarem dessa importante ação. O Brasil é o 4º maior produtor mundial de tilápia e o maior produtor de tambaqui. Essas duas espécies representam os principais pilares da piscicultura nacional, mas têm potencial para produzir muito mais, oferecendo proteína de qualidade indiscutível para a população”, ressalta.

Avenida Faria Lima, Parque Villa Lobos, Parque da Água Branca, Avenida Paulista e o Parque do Ibirapuera foram escolhidos para a primeira fase de divulgação do livreto. Entre os dias 25 e 29 de setembro, quem passeava pelas regiões, recebeu um exemplar sem custo. O livreto de receitas de peixes de cultivo já está à disposição dos interessados para download nos sites www.comamaispeixe.com.br e www. peixebr.com.br.

Chefs Manoela Lebrón e Igor Martins se tornaram embaixadores da campanha; população paulistana recebeu livro de receitas e brindes em ações promocionais


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

25


Marketing & Investimentos

Da Amazônia para a Esplanada Enquanto a polêmica sobre a Amazônia ganhava proporção mundial, em 7 de agosto, o noticiário crítico deu uma trégua com o I Festival Tambaqui da Amazônia em Brasília. O evento, que já tinha realizado edições regionais em Rondônia, levou um grande churrasco do peixe para o jardim da Esplanada dos Ministérios e distribuiu ao público da capital federal quase seis toneladas de tambaqui da Amazônia (o equivalente a 4 mil bandas) assadas.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

26

Divulgação/Acripar

O evento que deu visibilidade ao peixe nativo surgiu do Churrasco de Tambaqui em Ariquemes (RO), e a iniciativa de levá-lo a Brasília partiu da

SAP/Mapa e do governo de Rondônia, com o apoio do Sebrae. Os peixes do festival foram doados pela Associação de Criadores de Peixes do Estado de Rondônia (Acripar), Zaltana Pescados e Agrofish. O evento se encaixou no propósito da SAP de fomentar o desenvolvimento de programas e projetos para promover meios de ampliar o acesso da população ao pescado. Na cerimônia de lançamento, a ministra do Mapa, Tereza Cristina, frisou a necessidade de incentivos do Governo Federal para o aumento da produção do pescado de cultivo e destacou as qualidades do

tambaqui. “Com a ação realizada aqui em Brasília, o tambaqui deixa de ser apenas de Rondônia, da Amazônia. Agora é o tambaqui do Brasil”, discursou. O secretário Seif Jr. também estava no evento e reforçou que o Mapa trabalha em conjunto com os produtores de peixes de Rondônia. “Nós conhecemos e comemos peixes de outros países, e, agora chegou a vez do brasileiro conhecer esse peixe delicioso que é o tambaqui”, ressaltou. O Churrasco de Tambaqui já acontece há três anos seguidos, porém o encontro ganhou mais importância em maio deste ano, quando a Acripar, em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Ariquemes (Acia), entrou para o RankBrasil pelo recorde de maior churrasco de peixe. Para o presidente da Acripar, Francisco Hidalgo Farina (Paco), a edição em Brasília foi fantástica e alcançou os objetivos esperados: a ação de marketing deu a visibilidade desejada ao peixe e colocou-o em pauta na mídia nacional. “Quiçá tenha até ultrapassado as nossas expectativas”, declarou Paco. Além da exposição e divulgação do tambaqui, outro objetivo do Festival era aquecer a indústria de Rondônia ao proporcionar a abertura de novos mercados e aumento no cultivo. Sem autorização para passar números, ele confirma que após um mês da realização do evento as indústrias de pescado local já viram aumentar as demandas e ampliar os seus mercados, “sobretudo de produtos processados”, sublinhou. Segundo o presidente da Acripar, as empresas envolvidas confirmaram ter aumentado a venda do produto acabado, transformando mais tambaquis em bandas, que em outro momento seriam comercializados in natura. “Isso gera emprego, divisas para o Estado de

Ministra Tereza Cristina foi uma das entusiastas do projeto que levou 4 mil bandas de tambaqui ao jardim da Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF)


População recebeu 1 banda de tambaqui de graça em troca da doação de 1 kg de alimentos não perecíveis; quase 4 mil kg de doações foram repassadas a instituições de caridade

Ele explica que o movimento não é uma corrente contra o aumento de produção e consumo de outros peixes, defende um mercado disponível para todos. “Nós temos uma uma briga internacional de preservação da Amazônia e estamos dizendo: ‘o que o tambaqui da Amazônia promove ou pode promover para o povo da Amazônia e para o mundo é incomparável e por um preço acessível que ainda gera sustentabilidade”, declarou.

27

A Ceagesp por sinal deve ser o próximo destino do Festival Tambaqui da Amazônia. Uma nova edição em pleno mercado deverá acontecer de 9 a 10 de novembro. “Estamos discutindo uma parceria para colocarmos não só o tambaqui na forma processada, mas também in natura”, informou Paco.

O projeto se encaixa com a meta das empresas de Rondônia de expandir a todo o território nacional e ao exterior. “Agora então são dois gargalos que estamos buscando vencer em um breve espaço de tempo: a organização definitiva da cadeia, para garantir qualidade na produção, e inclusive já estamos implementando selo de qualidade com sustentabilidade e também o investimento de indústrias para processamento”, falou.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

Rondônia e para a região Amazônica”. Ele citou ainda a Pescado do Vale, que também atua com processamento e já dobrou a capacidade de processamento, além de um terceiro grupo industrial da região, a Rondo Fish - que pretende iniciar o beneficiamento ainda no segundo semestre deste ano e também teria verificado aumento na demanda. Os pedidos vêm principalmente dos distribuidores de São Paulo e de redes de supermercado, assim como no tradicional e maior mercado atacadista da América Latina, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), em São Paulo.


Marketing & Investimentos

Além do peixe: a 16ª Semana do Pescado A tradicional Semana do Peixe inaugurou este ano uma nova organização e até mudou de nome para englobar todas as categorias de pescado, o que se refletiu no novo logotipo. No ano de sua 16° edição, a Semana do Peixe virou Semana do Pescado. A mudança de nome fez parte da estratégia de proporcionar maior visibilidade para todas as categorias de pescado e ampliar as ações de comunicação, conforme explicou Roberto Imai, diretor do Instituto ProPescado, que assumiu a organização neste ano. “Procuramos tornar nossa campanha ainda maior, mais ampla e efetiva”, declarou. Há 16 anos, entre 1º e 15 de setembro, a Semana do Peixe, agora Semana do Pescado, incentiva o varejo e o food

Semana do Pescado se concentrou na promoção de todos os itens de pescado no varejo, de peixarias a hipermercados

Da Academia às peixarias A vencedora da primeira temporada do MasterChef Brasil Profissionais, em 2016, Dayse Paparoto, foi um dos destaques da campanha. A chef participou de uma oficina gastronômica realizada em parceria com a Abrasel-SP e a agência BR3 e preparou receitas com pescado em seu canal no Instagram. Nos vídeos, ela aproveitou para desmistificar a crença de que é difícil preparar pratos com pescado, e demonstrou que peixes e frutos do mar podem ser incorporados de forma fácil ao cotidiano dos brasileiros.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

28

Como parte da mobilização, a campanha estimulou ações por todo o Brasil. O Instituto de Pesca (IP), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realizou em Santos um encontro sobre peixes não-convencionais (Penacos) com a presença de chefs, jornalistas do segmento e pesquisadores científicos. Em Paulo Afonso (BA), a organização de estudantes do curso de Engenharia de Pesca da Universidade do Estado da Bahia, realizou a 11ª Semana de Engenharia de Pesca (SEPA). Já a Federação das Associações de Moradores do Paraná (Famep) realizou em Londrina o Peixe Vivo, evento com artesanato, espaço infantil, aquários e gastronomia de pescado. Em ação na Ceagesp, em São Paulo, uma Jornada Gastronômica recebeu recebeu imprensa, membros do setor de comercialização de pescado e autoridades, como o secretário Jorge Seif Jr., o superintendente da Abras, Márcio Milan, e o presidente da Abipesca, Eduardo Lobo. A programação foi além da data. Em 23 de setembro, organizadores da campanha convidaram especialistas para um debate. O evento “Semana do Pescado: o perfil, os comportamentos de compra e as tecnologias em uso pelo consumidor moderno de alimentos” reuniu representantes do varejo na sede da Fiesp, em São Paulo, para discutir o perfil do consumidor moderno de alimentos.

service a promoverem ações para aumentar a comercialização de pescado no País em três eixos: capacitação, mobilização e comunicação. A campanha buscou o patrocínio de entidades do setor em vez das empresas, como havia sido feito em 2017, e fechou com a Associação Brasileira da Indústria de Pescado (Abipesca), Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (Abrapes), Alaska Seafood Marketing Institute (ASMI) e Seafood From Norway. O suporte das entidades permitiu retomar uma rede de articulação em prol da organização da cadeia e deu visibilidade a ações de comunicação, marketing e incentivo ao consumo do pescado em todo o País. Neste ano a campanha apresentou novidades, como vídeos institucionais e site, materiais de ponto de venda distribuídos a redes de todo o País, publicidade digital, um mapa interativo de ações em todo o Brasil e ações próprias com influenciadores digitais e vídeos de receitas com a chef Dayse Paparoto, campeã do I MasterChef Profissionais. A mobilização nas diversas regiões brasileiras foi além dos varejistas e


Além de gravar vídeos de receitas no Instagram, chef Dayse Paparoto (ao centro) comandou oficina gastronômica transmitida on-line para desmistificar dificuldade no preparo de pescado

Em um balanço preliminar, a gerente da América do Sul da Alaska Sea-

food, Carol Nascimento, comemorou o crescimento em cerca de 50% das vendas nas redes associadas durante os dias em que realizaram degustação de produtos, em relação ao ano passado. Neste ano, o Alaska Seafood trabalhou com onze redes de supermercados Walmart - agora BIG -, G Barbosa, Carrefour, Pão de Açúcar, Oba Hortifruti, Farinha Pura, Hortifruti, Hortisabor,

29

A fase agora é de levantamento estatístico e também de elaboração das estratégias para 2020. De acordo com a organização, a 2ª Pesquisa Nacional de

Consumo de Pescado, que foi realizada durante a campanha, deverá fornecer informações sobre as preferências da população e novos caminhos para o setor. “Vamos debater agora o que pode ser feito para aumentar o consumo em todo o País e incrementar os resultados a todos”, frisou Imai.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

envolveu produtores, empresas de insumos, importadores, centros de ensino, universidades e as mídias. Na primeira fase, nos meses de junho e julho, o objetivo foi ativar a cadeia para que iniciassem o planejamento de suas ações específicas, além da articulação institucional com universidades, órgãos governamentais, associações e federações. Já na segunda fase, entre agosto e setembro, os materiais de comunicação e as ações executadas se voltaram ao consumidor final, para estimular o consumo em todo o País.


Marketing & Investimentos

Promotores das marcas e gerentes do varejo usaram os materiais promocionais da campanha e realizaram ações de degustação para decorar as lojas e atrair o consumidor

Mambo, Organomix e Zona Sul) que realizaram degustações, mas havia produtos em outras redes como parte da campanha geral. Ao todo, o grupo registrou ações em 53 lojas. “Foi um bom crescimento”, avalia Nascimento. Ela informa que importadores também registraram o dobro das vendas durante a campanha, em relação aos períodos sem campanha/fora da sazonalidade.

A Abrapes parabenizou a iniciativa e notou aquecimento dos negócios no período, segundo a diretora-executiva, Thamires Quinhões. “Para nós, a Semana trouxe um aquecimento do mercado doméstico de pescado. Dessa forma, com as ações conduzidas ao longo da campanha, observou-se o aumento das vendas no período. Esperamos que, em 2020, consigamos atingir ainda mais pessoas, com uma campanha forte,

capilarizada e constante” declarou. Ao ressaltar a importância da campanha para o fomento do consumo de pescado no Brasil, Quinhões frisa que as expectativas para o próximo ano englobam o apoio governamental e as demais entidades representativas do setor. A Semana aproxima o consumidor da proteína, desmistificando mitos, apresentando formas de preparo rápidas e divulgando os benefícios do consumo desse rico alimento”, sublinhou.

No varejo

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

30

As 100 maiores redes do Ranking Abras/Super Hiper foram estimuladas a realizar ações promocionais com pescado no período. Em uma soma inicial das lojas participantes de grupos como Carrefour, Grupo Pão de Açúcar, Walmart, GBarbosa | Prezunic, Super Muffato, Coop, Atacadão Atakarejo, Hiperideal Supermercados e outras redes, o número dos estabelecimentos esteve perto de 2000. A mobilização ganhou ainda mais impacto com o apoio da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), que disparou materiais de comunicação e publicidade aos seus mais de 20 mil associados de 27 regionais. Imai sinalizou que isso colaborou com a disseminação da mensagem de que “pescado é saboroso, saudável e cabe em todos os bolsos”. “Em termos de adesão tivemos bons resultados: perto de 3 mil lojas de aproximadamente 20 redes do varejo nacional, de todos os portes, aderiram à campanha. Isso significa que em torno de 60% do faturamento nacional do varejo vendeu pescado mais barato neste período, rompendo uma das principais barreiras ao entrave ao consumo”, garantiu. De acordo com Rafael Monezi, Gerente Comercial do GPA, o grupo esperava contribuir com o aumento de consumo per capita e com a solidificação da cadeia não apenas durante a campanha, mas em todos os meses do ano. “O consumidor brasileiro precisa se familiarizar e inserir na sua cultura de consumo de proteína animal o hábito semanal de optar por pescados em sua dieta e entendemos que, como varejistas, temos um

papel importante na disseminação dessas informações e no oferecimento de diferentes espécies a preços justos”, disse Monezi. Para o GPA, a Semana do Pescado se tornou a terceira data mais importante para a venda de pescado, consolidando-se no calendário comercial do setor. A rede aproveitou a Semana para lançar o seu Programa de Consumo de Pescado não-convencionais, como pargo-rosa, sororoca, carapau, saramonete, olhete, catuá, olho de boi, olho de cão, cavala e xaréu. Monezi explicou que a Semana do Pescado na rede foi direcionada para o consumo destas espécies e que a data foi importante para o grupo, onde utilizou-se de toda a comunicação com o consumidor para um trabalho mais relevante no sentido de ensinar o preparo dos peixes, contar um pouco mais de suas histórias e mostrar suas variedades. Além das grandes redes varejistas do País, grupos regionais também realizaram ações na Semana do Pescado. Para atrair os consumidores, diversas empresas anunciaram condições especiais de preços e ações promocionais. A Rede Imperatriz, com lojas em Santa Catarina (Florianópolis, São José, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Balneário Camboriú e Rio do Sul), anunciou que ofereceria condições especiais durante toda a quinzena em que ocorresse a campanha. E grupos como o Natural da Terra, de São Paulo, e Atakadão Atakarejo, da Bahia, também aderiram à campanha com ofertas em peixes, crustáceos e moluscos.


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

31


Marketing & Investimentos

Cadeia reunida SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

32

International Fish Congress (IFC) supera expectativas de público ao unir todos os elos do setor no congresso e feira em Foz do Iguaçu (PR)

“S

urpresa” foi a palavra de ordem durante a primeira edição do International Fish Congress (IFC) e Fish Expo Brasil, realizado entre 17 e 19 de setembro no Maestra Grand Convention, em Foz do Iguaçu (PR). O próprio idealizador do evento, o ex-ministro da pesca e aquicultura Altemir Gregolin, confessou ter sido isso o que mais ouviu por lá. “As

pessoas não imaginavam um evento com as características e a qualidade que foi o IFC.” A organização do congresso e feira ficou a cargo da executiva Eliana Panty, responsável por outros eventos do gênero na área de suínos e aves. Durante os três dias, mais de 40 especialistas de 12 países abordaram uma ampla lista de temas, que en-

volveu desde a aquicultura e pesca até a comercialização de pescado. A grande visitação (mais de 1100 inscritos) preencheu os auditórios quase na totalidade. Ponto alto, a programação extensa também gerou problemas aos presentes, que muitas vezes tinham de escolher entre dois temas apresentados no mesmo horário. Este e outros pontos devem ser aprimorados para a próxima edição, já confirmada para 2020. “O


próximo deverá ser maior, melhor e, claro, com a experiência do primeiro, iremos implementar uma série de novidades que anunciaremos no momento oportuno”, disse Gregolin.

Abertura com José Graziano

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

33

Depois da abertura oficial por Gregolin e Panty, o secretário da Aquicultura e Pesca (SAP), Jorge Seif Jr., frisou que mais de 40% do PIB brasileiro vem do agronegócio e que a aquicultura e pesca estão totalmente inseridas neste quadro. Conforme ele, a crise veio acompanhada de uma insegurança jurídica muito pesada contra produtores e empresas. “Temos uma grande missão no governo: pacificar a relação entre o Ministério do Meio Ambiente e a Agricultura.”


Marketing & Investimentos O futuro do setor Um dos painéis mais concorridos do IFC foi o debate entre as autoridades do setor privado. Eduardo Ono, presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), fez uma apresentação sintética dos desafios do segmento. Para ele, é preciso racionalizar o número de regulamentações sobre a atividade. “Temos 60 mil normas que regem o agronegócio no Brasil. Com isso, as decisões jurídicas podem migrar para cada um dos lados.” Outros caminhos que apontou foram a desburocratização do crédito e a operacionalização do seguro aquícola - tema que contou com um seminário com seguradoras paralelo à realização do evento. “A aquicultura é uma atividade de alto risco, se não temos instrumentos para mitigar este risco, mais dificuldade teremos.” Do ponto de vista da comercialização, ele sublinhou a necessidade de promover a diferenciação do pescado brasileiro e a cultura exportadora. “Não necessariamente precisaremos esgotar o mercado interno para começar a exportar.” Alinhado com a visão, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), Eduardo Lobo, frisou que o mercado de pescado é de US$ 163,1 bilhões em trocas globais. Para o Brasil se inserir nisso, é preciso um planejamento estratégico que passe por: ordenamento inteligente, planejamento aquícola, fomento industrial, equivalência internacional e incentivo às exportações e ao consumo interno. Para ele, a industrialização é chave neste processo, já que a produção de matéria-prima deve crescer 89% até 2030, segundo a FAO/ONU.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

34

Francisco Medeiros, diretor-presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), debruçou-se sobre as linhas de trabalho da entidade, como a campanha Coma Mais Peixe (leia mais nas páginas anteriores) e o trabalho junto à SAP para o destravamento da cessão de áreas aquícolas. Santana Júnior, representando a Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), projetou expansão do segmento para os próximos dois anos (leia mais nas páginas anteriores).

O governador do Paraná, Carlos Roberto Massa Júnior, o Ratinho Jr., sublinhou a vocação brasileira para produzir alimentos e, em especial, do Estado do Paraná. “Somos um grande produtor de proteína animal: 32% da tilápia brasileira vem do Paraná”, pontuou. Ratinho Jr. anunciou ainda que deverá soltar em breve uma normativa para que uma propriedade com lâmina d’água de até 15 hectares dispense o licenciamento ambiental, o que foi muito celebrado pelos pre-

sentes. Na prática, isso deixa isento do licenciamento quase a totalidade dos produtores regionais, que têm perfil de pequeno produtor. Outro anúncio do governador é a intenção de criar um grande projeto com compra de peixes para merenda escolar. “O brasileiro come muito pouco peixe e isso começa na infância”, declarou. A palestra magna ficou com o ex-diretor Geral da Fundação das Nações Unidas para agricultura e Alimentação

(FAO/ONU), José Graziano da Silva. Na ocasião ele foi apresentado como embaixador especial do painel global sobre Agricultura, Segurança Alimentar e Nutrição. Graziano falou sobre a importância de preservar os oceanos e que é preciso pensar na pesca além dos peixes. “A finalidade da alimentação é a mais nobre, mas também temos de olhar sob a ótica da sustentabilidade”, declarou. E reforçou que os oceanos têm capacidade de absorção de carbono 4 vezes maior que a das florestas, porém lamentou que tenhamos transformado “nossos oceanos e mares na lixeira do mundo”, sublinhando a enorme preocupação com a quantidade de metais pesados, contaminantes e radioativos que são jogados diariamente nas águas. Com passagem por mais de 140 países durante sua gestão à frente da FAO, Graziano diz ter observado um amplo espaço para aprimorar a dieta da humanidade e o pescado faz parte disso. “O problema é que nossos sistemas alimentares não foram criados para alimentar de forma saudável a população.” Para o especialista, valorizamos muito mais produtos ultraprocessados do que produtos frescos e saudáveis. “Os países ricos e de renda média têm na obesidade seu grande desafio.” Para o ex-diretor, a superestrutura (leis, regulamentos, o Estado e as universidades) impede um maior desenvolvimento da cadeia. Ele também lembrou das dificuldades da relação com o Estado e os produtores, das universidades e seu papel na pesquisa. E concluiu que a interlocução entre estes pares é fundamental no desenvolvimento de uma atividade produtiva. Questionado se algum dos países que ele conheceu tem um arranjo eficiente neste sentido, ele disse ser difícil apontar só um modelo. “Depende das circunstâncias históricas do desenvol-


Comércio e sustentabilidade O diretor de sustentabilidade do Carrefour, Lucio Vicente Silva, apontou caminhos para as grandes redes de varejo do pescado, como os programas de rastreabilidade e origem sustentável. Para ele, o fundamental é o varejo

perceber que o consumidor determina o que os produtores irão fornecer. Silva disse que a rede já adotou o compromisso global de seleção de fornecedores “que atendam aos anseios dos consumidores por produtos com garantia de origem e produção com sustentabilidade.” Com a carne suína o grupo já desenvolveu um aplicativo baseado na tecnologia blockchain que permite a rastreabilidade total do produto, desde o nascimento à loja. Carlos Mario Ramírez, coordenador para a América Latina da certificadora Best Aquaculture Practices (BAP), relembrou o conceito clássico da sustentabilidade. “É bom recordarmos que a sustentabilidade não é apenas o meio ambiente, mas um tripé.” O BAP trabalha com 4 pilares: segurança alimen-

35

Um exemplo desta diversidade de modelos foi dado por Carlos Wurmann, ex-Fundación Chile e consultor FAO/ ONU, em outro painel. Segundo ele, não houve uma estratégia nacional para desenvolver a aquicultura no país. “O Estado nunca conseguiu acompanhar as demandas do setor. A energia do setor privado e as condições de mercado é que favoreceram o desenvolvimento da aquicultura no Chile.” A escala e o foco nas exportações foram elementos-chave da evolução. O resultado é que o país produz hoje 1,2 milhão de toneladas de produtos aquícolas e vai chegar a 2030 com 3 milhões de toneladas. “Hoje nenhuma empresa de cultivo de salmão se sustenta se produz menos de 30 mil toneladas por ano.”

Eliana Panty anuncia os vencedores do prêmio Nécton, destinado às personalidades do segmento

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

vimento do País”, pontuou. “Os países europeus têm presença forte do setor privado, que é praticamente o capitão do navio. Outros modelos igualmente eficientes têm o governo como capitão do navio, com presença muito forte do Estado.” Ele destacou instrumentos como as Câmaras Setoriais, consideradas um “grande modelo de governança”.


Marketing & Investimentos

Aqua 4.0 Um dos eventos paralelos do IFC foi a criação do Aqua 4.0, um espaço destinado às startups do setor. Confira abaixo algumas das novidades apresentadas no local.

Gerenciamento da água à venda A piauiense AquaBit iniciou em 2018 o desenvolvimento de uma plataforma de gestão da produção aquícola por meio de uma parceria com o Sebrae e Embrapa. A primeira versão para Android saiu em outubro do ano passado e um ano depois eles já preparam o aplicativo para IOS (Apple) e WEB com entrada de dados para atender aos médios e grandes produtores. O CEO Ailton Rodrigues esclarece que o objetivo é oferecer a todos uma ferramenta capaz de monitorar o desempenho zootécnico, custo de produção e fluxo de caixa para diminuir custos e aprimorar o lucro.

De ponta a ponta Alexandre Fagundes, da PackID, explicou o funcionamento da plataforma que pretende assegurar o monitoramento da temperatura e umidade de cargas perecíveis por meio de sensores RFID. O sistema usa tecnologia cloud, o que permite o acesso em qualquer dispositivo para o acompanhamento do registro dos dados mesmo sem conexão com a internet.

Ração e aeração controladas O controle automático do arraçoamento e da aeração, dois dos principais custos associados à produção, são os principais objetivos da plataforma Tatil Fish. O sócio Luiz Volso foi ao IFC para defender as vantagens da plataforma criada por eles, entre os quais o custo. Apenas o serviço é cobrado, já que todos os equipamentos são alugados. Na visão dele, isso evita grandes investimentos iniciais e garante a substituição de equipamentos danificados pelo uso.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

36

Tudo automatizado O vídeo de uma planta de pequeno porte totalmente automatizada chamou a atenção no estande da Tecfric, de Toledo (PR). A empresa aplicou o princípio de atordoamento e transporte de carcaças do frango a uma planta de tilápia e obteve bons resultados. A linha apresentada por Leonardo Stewens e Devail Mendes inclui “invenções” como o arrastador, pescador, cuba de insensibilização, sangrador e outros itens mais convencionais, como descamadeira e transportador aéreo/nória.

tar, bem estar social, meio ambiente e bem estar animal. No Brasil já certificou toda a cadeia de custódia da Geneseas, com a Aquafeed (ração) e a Aquabel (alevinos). Em outro painel sobre a competitividade da cadeia, o diretor da Frescatto Company, Thiago De Luca, representou a Abipesca em apresentação sobre os desafios regulatórios. Em tom incisivo, ele disse que a sustentabilidade só será alcançada se resolvermos os temas relativos à competitividade. “Uma das principais barreiras que enfrentamos é lidar com a legislação de rotulagem, porcionamento, peso x glazing”, lamentou o vice-presidente da entidade. Uma vitória da entidade, segundo ele, foi conseguir que o Inmetro aceite que se desconte a taxa do glazing para calcular o peso líquido do produto. Mas ainda persistem muitas distorções, conforme sua visão, no tratamento dado ao pescado do ponto de vista de rotulagem, desequilibrado em relação a outras proteínas. “O novo desafio agora são os produtos que imitam proteínas. Já há embalagens que claramente chamam a atenção do consumidor para aquela proteína, mas têm outra composição.” Ele deu exemplo de uma marca nacional de “ovo” vegetal e outra estrangeira de “atum” fish-free. De Luca insistiu ainda que o preço permanece como um grande entrave à competitividade e clamou por um “pacto nacional de todas as entidades para baratear o preço e aumentar o consumo”. Pedro Pereira, diretor comercial da Brascod, fez eco a este apelo, mostrando dados da I Pesquisa Nacional de Consumo realizada no âmbito da Semana do Peixe 2017. “O preço ainda é o principal fator impeditivo ao aumento de consumo”, ressaltou. Egresso do varejo, o executivo vê uma clara melhora na qualidade da oferta, mas ressaltou a necessidade de formar os peixeiros, criar a cultura do pescado e ganhar escala na produção para baratear o preço.


Seminário Wenger discute extrusão Juntos para um bate-papo aprofundado sobre as tecnologias mais avançadas para extrusão de rações peletizadas para a aquicultura no Brasil. Este foi o clima do Seminário Wenger, realizado em 16 de setembro, às vésperas do IFC. Com o apoio da Seafood Brasil, a empresa norteamericana convidou representantes da área comercial e técnica de diversas fábricas de ração, como Algomix, Guabi, Ambar Amaral e C.Vale participaram do encontro, que nivelou o conhecimento dos presentes sobre o segmento. Para Eduwaldo Jordão, responsável pela Wenger na América Latina, o seminário pôde mostrar o que é um processo de extrusão. “Detalhamos o processo e fizemos networking, conhecemos empresas e pessoas novas.” A empresa fez questão de trazer direto de Kansas Spencer Lawson, gerente do departamento de U P & C Technology da Wenger, para integrar o programa junto a Jordão. Para o gerente de produtos da Neovia, Daniel Fuziki, o evento foi importante por apresentar uma visão geral sobre o processo de produção das rações usadas para peixe. “Às vezes trabalhamos a formulação e desenhamos o produto, mas precisamos conhecer todo o processo e tecnologia envolvida na produção. Associando a fórmula e a produção do alimento certamente teremos resultados melhores ao produtor.”

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

37

Samara Mostafá, coordenadora técnica da produção da Nutricon, buscava conhecimento na parte técnica de extrusão e secagem de rações para peixes ornamentais. “É uma empresa referência, então aprendemos muito em relação à qualidade dos ingredientes, o controle de processos as matrizes que podem ser utilizadas e até a configuração deste processo para melhorar o cozimento dos produtos.”


Marketing & Investimentos

I International Fish Congress e Fish Expo

O Brasil ganhou um novo evento para discutir questões de fundo para toda a cadeia produtiva. Realizado em Foz do Iguaçu, entre 17 e 19 de setembro, eventou atraiu mais de 1000 inscritos para os três dias de debates e exposição de produtos e serviços.

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

Hector Lemainski Lemainski e Diogenes Lemainski

06

Giovanni Resende (Epamig), Ailton (Peixe MG) e João Moya (Unesp)

02

Eduardo Frasson (Bom Peixe), Rodrigo Joaquim (Grupo 5), Will Maranhão e Christianny Maia (Potiporã/Samaria)

07

Alessandra Kushikawa e Sandra Takahashi (Nordsee)

03

Leandro Cesar (Friocenter), Maria Jose (Sebrae), Isabella Toiansk, Cleiton Coldebella, Lilian Hudson e Sergio Cintra

08

Marcos Queiroz (MQ Pack) e Jorge Seif Jr. (SAP/Mapa)

09

Lucas Granuzzo, Jorge Seif Jr., Claudio Batirola (Aquabel), Taciano Maranhão (IAP) e Ricardo Neukirchner (Aquabel)

14

Marcus Canedo e Geraldo Borba (Nexco) e Carlos Graziano (Piscicultor) (Nexco)

10

Chef Elenir, Chef Marcelo, Anderson Rueda (Alaska Seafood Marketing Institute), Tiago Bueno (Seafood Brasil),

15

11

Tiago Bueno (Seafood Brasil), Ricardo Carriero (Lago Pesca) e Débora Bueno (C.Vale)

Emerson Assakawa, Bruno Pereira, Felipe e Milena Amaral, Danielle Zanerato, Victor Rasteiro e Vinicius Alves (Raguife)

16

Luiz do Peixe (à dir.) e empresário do Piauí

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

38

01

04 05

Alexandre Freitas (Embrapa), Jenner Menezes (Biofish), André Camargo (Escama Forte), Célia Scorvo (Aquabio), Dariane Enke (Unesp) e Marcelo Toledo Hilário Gotsrlig (Diretor Agricultura e Pesca SC), Jorge Neves (Sindipi), Ricardo de Gouvêa (Fiesc), Ricardo Torres (Seafood Brasil)

12 13

Mauricio Pessoa (SAP/Mapa), Ariel Scheffer (Itaipu), Rui Donizete Teixeira (SAP/Mapa) e Afonso Vivolo (TrutasNR) Lorival R. de Amorim (Agropecuária Água Boa), Victor Leite, Wilson Guerino Bertoli e Ade Luiz (Zaltana Pescados)

17

Parte da caravana do Sebrae presente no IFC

18

Eduwaldo Jordão (Wenger), Mahmoud Wehbi (Braspeixes) e Francisco Medeiros (PeixeBR)

19

Rui Donizete Teixeira, Henrique Figueiredo (UFMG), Santiago Benites (Biovet) e Thiago Nascimento (MCassab)

20

Eduardo Weschenfelder (Marel) e Wagner Camis (Piscicultura Água Pura)


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

39


Capa

Tão perto, tão longe Expansão da produção aquícola e reorganização da oferta extrativa muda lógica das unidades de beneficiamento, que historicamente se organizaram ao longo da costa brasileira

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

40

A

interiorização dos frigoríficos brasileiros já começou. Seja pela verticalização de muitos grupos, seja pelo ponto focal que estas estruturas representam na cadeia produtiva, a migração das estruturas da costa ao interior obedece à lógica da maior proximidade possível entre a origem e o destino. Ainda assim, as grandes oscilações de oferta e demanda de pescado evidenciam que esta transição não acontece no ritmo de expansão da aquicultura e da reorganização dos pólos pesqueiros.

O mapa desta página foi elaborado pela Seafood Brasil a partir do cruzamento de dados de produção aquícola do IBGE (Pesquisa Pecuária Municipal 2019), do SisComex (municípios que mais importaram pescado em 2018) e do SigSif/Mapa (número de estabelecimentos com inscrição no Serviço de Inspeção Federal aptos a processar pescado no Brasil). A partir dele, é possível tirar diversas conclusões. Por um lado existe uma carência geral de frigoríficos, inclusive

nos pólos mais produtivos do Brasil. Por outro lado, as empresas âncoras, como a C.Vale e Copacol no oeste do Paraná, e a Zaltana em Ariquemes (RO), estão cercadas de uma produção superior à capacidade de processamento. Outra camada de análise não está no mapa: são justamente as plantas clandestinas ou com Serviços de Inspeção Municipal ou Estadual, que não têm a abrangência de atuação das plantas com SIF e nem sempre estão próximas do mercado consumidor.


Municípios com produção aquícola superior a 1000 toneladas (IBGE/PPM 2019)

Indústrias com SIF aptas a processar pescado

Curiosidades sobre o mapa do SIF no Brasil

Municípios com maior volume de importação de pescado em 2018 (Siscomex)

Este mapa compreende entrepostos de pescado e estabelecimentos aptos a processar pescado, como: entrepostos frigoríficos, fábricas de produtos cárneos, conservas de pescado e até barcos fábrica. Veja abaixo as curiosidades que ele contempla: Mais antigo: O SIF de pescado mais antigo do Brasil em atividade é o de número 20 e pertence à Femepe, de Itajaí (SC) Mais novo: o SIF mais recente, 4707, também está em Santa Catarina, na cidade de Penha, e pertence à Jaf Pescados. 5 Estados com mais SIFs: SP lidera com 96 unidades com SIF, seguido por SC (87), PR (27), PA (26) e MG (21) 5 cidades com mais SIFs: Itajaí (26), São Paulo (20), Belém (12), Rio Grande (10) e, empatadas com 9 SIFs estão Osasco, Navegantes e Brasília Na costa: 345 SIFs estão em Estados costeiros, número equivalente a cerca de 80% do total; apenas 69 estão em Estados sem ligação com o mar Produção x SIFs: Líder da produção aquícola segundo o IBGE, Nova Aurora (PR) tem ao lado dois dos maiores frigoríficos do Brasil: Copacol e C.Vale. Morada Nova de Minas (2º lugar) e Ariquemes (3º lugar) também têm SIFs próximos. Jatobá (PE) está a 20km da planta da Netuno, em Paulo Afonso (BA).

NORTE

49

NORDESTE

56

41

SUL

133

SUDESTE

143

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS COM SIF APTOS A PROCESSAR PESCADO NO BRASIL

CENTRO-OESTE TOTAL

33 414 (Consulta em 09/10/2019)


Capa

Para diminuir os riscos sanitários inerentes ao transporte do pescado capturado, a Produmar construiu no mesmo terreno do frigorífico o maior porto pesqueiro privado do Nordeste

Quanto mais planejado melhor Proximidade da matéria-prima extrativa definiu o estabelecimento das indústrias no passado, mas a previsibilidade e a verticalização devem ditar os rumos da expansão

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

42

P

ode não parecer, mas existe um ponto em comum entre a derrocada do pólo pesqueiro paulista, na década de 1970, e a ascensão meteórica do Paraná como potência aquícola. A busca pelos cardumes de sardinha e outras espécies deslocou a captura para o Sul, o que exigiu uma estrutura industrial capaz de absorver o crescente volume da época e o pólo de Itajaí e Navegantes (SC) dominou o cenário. No caso do Paraná, a âncora foram as cooperativas e o sistema de integração, que construíram a oferta a partir do impulso à tilapicultura regional. Ambos os casos mostram como a disponibilidade de pescado é determinante para a ascensão ou queda de um pólo produtor. De acordo com os dados da Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE (PPM 2019), o município com maior volume de produção em 2018 é Nova Aurora (PR), cujo centro fica a apenas

3km de distância da Unidade Industrial de Peixes da Copacol. Todos os municípios paranaenses entre os 100 maiores municípios aquícolas ficam em um raio de 80km da Copacol ou da C.Vale. Jair de Sordi, gerente do abatedouro de peixes da C.Vale, ilustra o impacto desta transformação regional. “A produção de pescado vem transformando as regiões onde é produzido, já que para movimentar a cadeia produtiva houve necessidade de instalar as atividades-meio, gerando empregos e renda, mantendo o produtor no campo.” O frigorífico em Palotina (PR) tem capacidade para abater 150 mil tilápias/dia e já há planos de expansão, uma vez que a empresa entrou recentemente na exportação de filés congelados. O modelo da cooperativa é, para Francisco Medeiros, diretor-presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), uma das duas respostas

possíveis para responder à equação da competitividade no segmento. “Quem for fazer planejamento de negócio tem de fazer sob duas óticas, a verticalização ou integração”, diz. Quem não seguir um destes dois modelos ficará suscetível ao mercado, conforme explica Medeiros. E este é o cenário mais incerto. A recuperação da piscicultura no segundo semestre deverá gerar nova-

Planta da Peixes da Amazônia em Senador Guiomard (AC): fracasso do projeto mostra que não basta construir estrutura de absorção se não houver matéria-prima disponível


Jair de Sordi, da C.Vale: cooperativismo fixou a produção próximo às indústrias

Peixe, outros 4 com inspeção estadual e 22 clandestinos dão conta de absorver a matéria-prima local. Outros dois casos associados ao tambaqui contrastam radicalmente. Medeiros contabiliza 22 frigoríficos em Mato Grosso, Estado que ostenta o quarto lugar na produção nacional de acordo com o Anuário da PeixeBR. Rondônia, responsável pelo terceiro

43

Como explicar, porém, os altos volumes de outros pólos produtivos, como Morada Nova de Minas (MG), o segundo município que mais produziu peixe em 2018? Medeiros explica que os próprios produtores se organizaram regionalmente para construir estruturas de abate e processamento, o que contrasta frontalmente com outras regiões de maior vocação agropecuária, como o sudoeste de Goiás. “Como é que lá tem 30 frigoríficos e Goiás não tem nenhum? São todos pequenos produtores que têm a clara visão de que precisavam de um frigorífico.” O resultado foi a criação da Cooperativa dos Piscicultores do Alto e Médio São Francisco (Coopeixe), que junto ao frigorífico privado Serra do

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

O mercado abastecido não recompra, desestimulando a produção e reiniciando o ciclo de volatilidade de preços. Cooperativas apoiadas na integração, como Copacol e C.Vale, na visão do executivo, estão menos suscetíveis a isso. “Elas não repassam preço por variação de produto no mercado. Se o frigorífico repassa, o varejo se assusta, aumenta e desestimula o consumo.” Para de Sordi, o patamar ideal de preço é definido pelo “equilíbrio entre custo de produção, preço competitivo

de mercado e o amadurecimento da atividade.” Neste raciocínio, só consegue fazer isso quem domina a ração, alevinagem, engorda, processamento e comercialização.

Divulgação/C.Vale

mente um excesso de oferta, derrubando os preços a um patamar que não irá remunerar o produtor. “Neste ano, a maioria dos frigoríficos e associados da PeixeBR trabalhou em capacidade total pós-Semana Santa. Isso nunca aconteceu”, indica Medeiros. Segundo ele, em plena safra da tilápia, o preço não deve ultrapassar R$ 5,00 na maioria dos pólos.


Capa 30 MAIORES MUNICÍPIOS PRODUTORES (IBGE/PPM 2019) Volume (KG)

Nova Aurora (PR)

13.936.235

Morada Nova de Minas (MG)

13.516.000

Ariquemes (RO)

11.458.997

Jatobá (PE)

10.250.000

Toledo (PR)

9.656.000

Aparecida do Taboado (MS)

9.512.000

Nossa Senhora do Livramento (MT)

8.880.600

Assis Chateaubriand (PR)

8.546.000

Palhoça (SC)

8.055.900

Glória (BA)

7.846.370

Santa Fé do Sul (SP)

7.360.000

Maripá (PR)

7.268.000

Palotina (PR)

7.258.000

Petrolândia (PE)

7.100.000

Cafelândia (PR)

6.804.719

Sorriso (MT)

6.176.600

Almas (TO)

5.623.460

Cujubim (RO)

5.144.952

Santa Clara d'Oeste (SP)

5.098.110

Tupãssi (PR)

4.969.000

Nova Santa Rosa (PR)

4.820.200

Alvorada do Sul (PR)

4.650.000

Jesuítas (PR)

4.543.500

Zacarias (SP)

4.190.000

Amajari (RR)

4.156.000

Paragominas (PA)

4.054.638

Marechal Cândido Rondon (PR)

4.000.000

Pendências (RN)

3.765.000

Jaguaribara (CE)

3.636.681

Rubinéia (SP)

3.615.254

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

44

maior volume nacional, tem 2, a Zaltana Pescados e a Agropecuária Água Boa. Em um dos Estados falta peixe e sobra frigorífico, enquanto no outro faltam unidades de processamento e o tambaqui é abundante. Nestes casos, a dinâmica de mercado prevalece. O tambaqui de Rondônia tem mercado cativo, como as cidades de Belém e Manaus, que compram o peixe inteiro e não toleram oscilações no valor. “Se baixar o preço o consumo não aumenta”, indica Medeiros. Com esta demanda por nativos atendida pelos vizinhos, os mato-grossenses se

viraram ao mercado interno, sem potencial para absorver tanta oferta. O pólo de Paulo Afonso é outro caso particular em que o mercado justifica integralmente o forte ritmo produtivo, apesar das dificuldades ambientais (leia mais na edição #29 da Seafood Brasil). Os pequenos produtores de Glória (BA) Jatobá e Petrolândia (PE), muitos egressos de reservatórios outrora pujantes, como Castanhão e Orós (CE), vendem a tilápia inteira para as populares feiras do interior do Nordeste. O único frigorífico da região é o da Netuno, que também atua de forma verticalizada. “Lá não existe necessidade de processamento, o peixe inteiro é barato e cabe no bolso da população”, justifica Medeiros.

Como fazer a máquina girar Há um outro lado da moeda, porém: a presença de frigoríficos é tão importante quanto a oferta regular. O que mantém a máquina da produção e

captura funcionando é a oxigenação constante de uma estrutura cara. Não à toa as grandes empresas do setor que fizeram investimentos nos últimos anos se concentraram na aquicultura, salienta o consultor industrial Uilians Ruivo. “Isso porque é possível planejar a produção, ver o estoque debaixo dos olhos, ter previsibilidade de abastecimento diário, frescor, padronização, custo, trabalhar a melhoria genética, aperfeiçoar as rações, entre outros parâmetros.” Ruivo vislumbra a possibilidade de crescimento de frigoríficos em pólos de cadeias em formação, como a do pangasius. “Creio também que haverá um incremento de frigoríficos nas proximidades dos grandes e promissores centros demográficos, produzindo localmente, reduzindo as grandes pegadas de carbono. Isso não significa que só serão produzidas tilápia e panga, para abastecer a base do consumo, o Brasil é um país diverso, com classes sociais que

Estrutura da MCassab em Rifaina (MG): frigorífico com produção de 4.000 t/ano fica a 7km dos tanques. Peixes chegam vivos à estrutura, que os transforma em filés frescos, congelados, ATM, postas e iscas e os entrega em até 24 horas em um raio de 500 km.

Divulgação/MCassab

Município


Quando o frigorífico vai até você

O objetivo, como relatou a pesquisadora Patrícia Mochiaro, é buscar uma solução “com o maior compartilhamento possível da estrutura, para reduzir o tempo ocioso e os custos de aquisição e de manutenção dessas estruturas.” O projeto inclui uma linha de processamento montada em um caminhão, capaz de processar de 3 a 5 toneladas/dia. Para Mochiaro, esses modelos de unidades de beneficiamento são ideais para Arranjos Produtivos Locais (APLs) organizados por associações, consórcios, cooperativas e empresas visando a ofertar peixes inspecionados, para o mercado local (SIM) e mercado regional (SIE).

45

As indústrias tradicionalmente ligadas à pesca extrativa e situadas na costa também terão de seguir esta lógica. A Robinson Crusoe conhece bem esta dinâmica: a empresa foi o principal fator indutor do crescimento da pesca de sombra de atum no Ceará e Rio Grande do Norte por conta da indústria de conservas instalada em São Gonçalo do Amarante (CE) (leia mais na edição #28 da Seafood Brasil). No primeiro semestre deste ano, porém, teve de interromper as compras por excesso de produção, o que levou muitos armadores a buscar outros fontes de escoamento, como restaurantes orientais de São Paulo que compram o peixe fresco para sashimi. Como não havia tanto mercado para o volume, cargas foram descartadas ou vendidas muito abaixo do preço de custo, um desperdício para uma matéria-prima nobre como o atum.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

continuarão consumindo produtos de maior valor agregado, como bacalhau, camarão e salmão.”

Como vimos no caso do Mato Grosso, muitas vezes a falta de frequência no fornecimento inviabiliza alguns frigoríficos. Em outros polos, não há condições de a região assumir o investimento, contribuindo para altos índices de informalidade. A Embrapa Aquicultura e Pesca se debruçou sobre a questão e apoia a disseminação do Entreposto Móvel de Pescado, com apoio das empresas Engmaq e da Pisces.


Divulgação/C.Vale

Capa

Cruzada da industrialização Frigoríficos com SIF de pescado engrossam discurso contra a informalidade, reivindicam protagonismo na organização da cadeia produtiva e querem barreiras para a venda a atacadistas e varejistas

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

46

N

inguém sabe qual é o tamanho da informalidade no beneficiamento do pescado no Brasil, mas a julgar pelo contraste entre o número de frigoríficos e os volumes produzidos estamos falando de quantidades relevantes. “A questão da informalidade se arrasta há muitos anos por falta de um planejamento efetivo por parte do governo e do setor produtivo, que assim fica distante das possíveis soluções que poderiam levar o país a deixar de ser importador para ser um exportador”, sinaliza o médico-veterinário, professor e ex-auditor fiscal federal agropecuário, Ricardo Calil. Para as indústrias de processamento de pescado inscritas no Serviço de Inspeção Federal (SIF), em especial as

filiadas à Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), a comparação com outras cadeias de produtos perecíveis mostra como a indústria precisaria ter maior protagonismo. “Quando observamos [estas] cadeias, torna-se impossível dissociar a indústria como ponto focal da organização da cadeia produtiva setorial. Sem indústria não existe produto, apenas matéria-prima”, opina Eduardo Lobo, que acumula os cargos de presidente da entidade e da Câmara Setorial da Produção e Indústria de Pescado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Thamires Quinhões, diretora-executiva da Associação Brasileira do Fomento ao Pescado (Abrapes), que reúne indústria, distribuidores e importadores,

adota postura similar. “A indústria possui um papel fundamental na organização da cadeia produtiva e está diretamente relacionada à absorção de matéria-prima. Portanto, precisa estar estrategicamente posicionada para que a cadeia seja econômica e sanitariamente viável.” Lobo vai além. Na visão dele, o Brasil precisa restringir a venda direta de pescado a estabelecimentos atacadistas e varejistas que não possuam SIF de pescado. “A indústria é o único local capaz de receber e processar matéria-prima e expedir produtos com a necessária segurança e inocuidade alimentares.” O Estado, continua, precisa concentrar esforços “naqueles que geram riscos e reduzir sua presença frente àqueles que não oferecem ao longo de sua história perigos à sociedade”.


Eduardo Lobo e Thiago de Luca, da Abipesca: entidade quer fortalecer barreiras à venda de pescado que não passa por indústrias sifadas

O caminho básico é apostar nas Boas Práticas de Fabricação (BPF), com procedimentos operacionais padronizados para organizar a produção e conferir higiene operacional. Além disso,

ele cita a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) (veja nas próximas páginas informações sobre o curso que a Abipesca realizou sobre o tema) uma ferramenta apontada há anos pelo SIF como fundamental para a segurança da qualidade do alimento na indústria do pescado. “Mas se a ideia for estar mais adiante, o passo seguinte são as certificações como as da

47

O consultor industrial Uilians Ruivo faz eco às palavras de Lobo. “Não só a informalidade pode ser um problema neste segmento, como ‘empresas’ que processam pescado sem qualidade, sem frescor, com troca de espécie ou peso abaixo do declarado. Isso, depõe contra todo o setor perante o consu-

midor.” O professor Ricardo Calil vê hoje um cenário mais crítico em prol da qualidade por conta das exigência do consumidor. “Para muitos a segurança do produto, [de forma] que não cause problema a saúde, tem um apelo mais sólido e definitivo no momento da escolha do pescado. Se assim for considerado, as indústrias precisam se colocar em condições de atender este tipo de demanda que só é resolvida se a empresa adotar as ferramentas da qualidade.”

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

O executivo considera ainda que as regras para processamento e comercialização são “excessivamente rigorosas” para empresas no SIF. “A segurança e inocuidade alimentares são inquestionáveis, contudo, as exigências afugentam investidores e inibem atuais empresários a ampliarem seus negócios.” Ele cita o caso de empresas que solicitaram ampliação da planta de processamento e esperaram dois anos para investir na compra de maquinário e contratação de pessoal. “Frente à ineficiência do Estado, o ambiente para expansão da atividade industrial fica comprometido.”


Capa Demora na regularização de ampliações e modificações inibe investimentos em frigoríficos

ISO ou outras disponíveis, que obrigam a empresa a adotar critérios padronizados e auditados por empresas externas, que atestam e conferem certificados aceitos internacionalmente.”

Ambiente regulatório Por Eduardo Lobo, presidente da Abipesca e da Câmara Setorial da Produção e Indústria de Pescado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“O ambiente regulatório nacional deve ser compreendido olhando-se por três diferentes prismas. O primeiro olhar deve se debruçar necessariamente nas leis, normas e regras que garantem a segurança e inocuidade alimentares. Sobre este aspecto o Brasil está acima do que se percebe em nível mundial. O pescado processado pela indústria nacional sob o regime do Serviço de Inspeção Federal, como no caso dos associados à Abipesca, encontra nível de rigor superior ao percebido na maior parte dos países do mundo. Tal constatação por si só já nos conduz para questionamentos importantes sobre o próximo olhar que deva ser aplicado nesta análise sistêmica.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

48

Como segundo modo de ver o ambiente regulatório nacional, temos a própria condição que este gera de incentivo à produção primária, à industrialização, ao desenvolvimento de novos produtos e, por último, o quanto de custos esse ambiente agrega à mercadoria e por curso natural ao consumidor final. A legislação atual impede, por exemplo, e produção de produtos elaborados, como por exemplo peixes empanados. Também proíbe o uso de aditivos alimentares que poderiam por exemplo aumentar o tempo de conservação do produto e, portanto, reduzir o custo de acesso à proteína. Impede também o uso de nomes comuns regionais ou internacionais, o que tornaria o pescado mais atrativo. Tais restrições, além de limitar a oferta de produtos ao consumidor restringindo e resumindo a escolha a apenas e então somente formas distintas de apresentações, como filé, lombo, cauda, entre outras, agregam elevadíssimo custo pela impossibilidade do uso de tecnologias alimentares consagradas e utilizadas nos principais mercados consumidores do mundo. Por último, devemos nos ater ao arcabouço legal nacional vis-à-vis o ambiente regulatório internacional. Quando observamos aquilo que se tem como regulamentação em mercados maduros e de grande consumo, como na União Europeia ou nos Estados Unidos, notamos que determinados requisitos são percebidos somente no Brasil. Ainda que o Acordo Sanitário e Fitossanitário celebrado no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1995 tente nivelar a equivalência sanitária internacional e coibir práticas protecionistas, a soberania garante aos países o direito de impor medidas necessárias à manutenção dos níveis desejados de segurança alimentar. Neste sentido, quando olhamos para o regramento nacional, torna-se cristalina a identificação de elementos desconexos da realidade internacional que restam amparados exclusivamente pela insensibilidade técnica de reconhecer que maior liberdade producente não se confunde com perda dos níveis de segurança alimentar.”

É difícil buscar a excelência, no entanto, quando não se tem uma condição de isonomia entre os estabelecimentos processadores. A relação entre diferentes regimes de inspeção oficiais e o rigor na fiscalização é um ponto central na batalha empreendida pela Câmara Setorial, conforme acrescenta Lobo. “Tenho lutado para que consumidores nacionais não encontrem produtos com maior ou menor qualidade em função dos diferentes regimes de inspeção e fiscalização.” Ele afirma ter identificado que indústrias ligadas a serviços estaduais ou municipais se beneficiam com um menor rigor na fiscalização por parte desses sistemas. “Isso acarreta não apenas em competição desleal como também em fraudes ao consumidor, seja por troca de espécies, uso excessivo de água ou pelo uso de aditivos ou coadjuvantes de tecnologia não permitidos na legislação”, adiciona.


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

49


Capa

Em escala industrial Processamento de pescado passa por período de aceleração normativa no âmbito do Mapa e Anvisa a partir de maior interlocução com entidades e a Câmara Setorial do Pescado

O

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

50

elogio veio lá da Noruega. “Claramente vejo uma diferença agora”, relatou a conselheira sênior da Norwegian Food Safety Authority, Helen Christiansen, sobre o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura (Dipoa/Mapa) durante a nossa expedição à Noruega (leia mais na seção Especial desta edição). Ela se referia à interlocução e agilidade para discutir pleitos sanitários envolvendo produtos noruegueses. “A reorganização do sistema brasileiro nos ajudou, porque havia muitos departamentos diferentes.” Ela elogiou o advento do novo sistema PGA-SIGSIF, criado para concentrar os procedimentos necessários para registro de produtos de origem animal.

Christiansen, no entanto, fez um alerta sutil que diz muito sobre os pleitos das indústrias e importadores brasileiros sobre os produtos processados de pescado. “Esperamos manter um bom fluxo de comunicação com as autoridades brasileiras, como temos com outros países; é importante se apoiar nos padrões internacionais, como o Codex Alimentarius.” Ela não confirmou, mas provavelmente alguma empresa norueguesa já teve problemas em aprovar um rótulo de produto que contivesse um aditivo não permitido no País. Da mesma forma que a norueguesa sente agora maior receptividade das autoridades brasileiras, o setor privado parece ter entrado em uma fase de construção conjunta com os representantes do ministério para discussões mais técnicas. A aglutinação das demandas em torno das principais entidades do setor, como a Abipesca e a Abrapes, também favorece o diálogo. Uma das consequência é que o Brasil agora já dispõe de Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade (RTIQs) para peixes congelados, camarão e lagosta, para os quais houve forte participação do setor privado nas sugestões durante o período de consulta

pública. Nem todas foram acatadas a contento, como a Seafood Brasil mostrou nas últimas edições impressas e no site, mas a sensação é que agora existe uma referência a partir da qual se pode seguir e, inclusive, se rediscutir parâmetros conforme a realidade da indústria exigir. Aberto às sugestões da indústria, o Dipoa não deixa de reafirmar o compromisso com o consumidor. “Houve um avanço muito grande nos últimos anos na defesa do consumidor brasileiro em relação à segurança e qualidade do produto importado. Em 2016, com a reestruturação do Dipoa, foi criada a Divisão de Produtos Importados (DIMP/CGI) que padronizou e melhorou a gestão sobre as empresas que apresentaram algum tipo de violação na entrada no Brasil, bem como, em conjunto com a Coordenação de Caracterização de Risco (CRISC/CGPE), implementou, desde o ano de 2017, controles oficiais intensificados e baseados em análise de risco sobre os produtos de origem animal importados de acordo com os produtos e países que mais exportavam ao Brasil ou que apresentavam casos de não conformidades em seus produtos”, diz comunicado enviado à Seafood Brasil. As mudanças criaram uma série de procedimentos que geraram muito desconforto inicial, seja pelo período de adaptação do setor privado, seja por deficiências no própria sistema ou limitações da estrutura do Mapa. Uma delas dizia respeito aos procedimentos de reinspeção de cargas importadas. Ao ser selecionado, o produto do fabricante internacional é coletado para análises laboratoriais de controle e precisa

Secretário-Adjunto da Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA, Fernando Augusto Mendes, no curso sobre APPCC da Abipesca: evento capacitou 41 associados e convidados. Para Christiano Lobo, diretor-executivo da entidade, a análise é um instrumento de gestão que não só garante produtos de melhor qualidade como favorece a criação de um ambiente menos conflituoso com a fiscalização


• Atualização da Instrução Normativa MAPA nº 29/2015, que trata da lista de espécies de peixes e respectivos nomes comerciais. • Normas de destinação aplicadas ao pescado submetido a aproveitamento condicional. • Publicação pela ANVISA da norma de aditivos e coadjuvantes de tecnologia para uso em pescado. • RTIQs pendentes: molusco; peixe empanado; defumados; semi-conservas; temperados. • Elaboração de manuais para garantir a isonomia nos procedimentos de fiscalização. Fonte: Rosa Malavacci, Abrapes

os 15 dias previstos viram 30, 40 porque há necessidade de refazer.” Durante o período de consulta pública, finalizado em 24 de junho, o professor Alex Augusto Gonçalves, hoje integrante da SAP, compilou diversas contribuições do setor privado e o diretor técnico da Abipesca, Carlos Mello, submeteu à consulta em nome da Câmara Setorial da Produção e Indústrias de Pescado. A expectativa era a de que a lista ampliaria

os aditivos de seis para mais de 400 e os coadjuvantes de tecnologia de um para seis, seguindo o padrão do Codex Alimentarius sobre o tema. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que cuida da segurança alimentar, precisa construir um posicionamento conjunto com o Mapa. Neste momento uma força-tarefa de fiscais do Dipoa se debruça sobre a lista para verificar quais aditivos sugeridos pela indústria serão aprovados.

51

Na prática, porém, houve relatos em agosto de casos em que esta análise demorava semanas, o que impactava fortemente os custos logísticos. Ricardo Bermejo, especialista em despachos e serviços aduaneiros da Satel, diz que a situação melhorou bastante. “Continuamos com um único laboratório em São Paulo e outro novo no Paraná, mas as análises vêm saindo rápido.” Outro problema crônico era a emissão de Licenças de Importação (LIs), que também melhoraram, pelo menos para quem cumpre todos os detalhes do pedido. “Hoje eles [Dipoa] estão vendo todos os detalhes no processo. Há despachantes que não colocam todas as informações e

Temas em discussão entre Mapa e indústria

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

aguardar o resultado da análise antes da liberação. O Mapa diz oficialmente que o importador cujo produto foi escolhido para as análises presentes neste controle pode realizá-los em laboratório credenciado pelo Ministério, o que teria ampliado a quantidade de opções, “diminuindo o tempo para aguardo dos resultados”.


Capa Diferentes regimes de inspeção Autocontrole Ainda no governo Michel Temer, o setor de proteínas animais viu se popularizar o termo autocontrole. Inicialmente a novidade soou como se fosse uma “libertação” da presença dos dos fiscais federais agropecuários nos frigoríficos. Na verdade, como explica aqui a responsável técnica da Abrapes, Rosa Malavacci, a implantação do programa de autocontrole reforça a responsabilidade da empresa sobre os processos e parâmetros estabelecidos na Norma Interna DIPOA/SDA nº 01, de 08 de março de 2017, e no Ofício Circular GAB/DIPOA nº 25/09, de 13 de novembro de 2009. “Para ser implementado de maneira satisfatória, é necessário o empenho da alta direção, de gerentes e coordenadores, em conjunto com os profissionais da área de qualidade, para que um sistema robusto e seguro seja descrito e seguido pela empresa.”

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

52

Na visão da Abipesca, os programas de autocontrole já são exigidos das indústrias nacionais. “O autocontrole é rotina operacional e de gestão industrial há muito consagrada e obrigada a todos. O que se tem no atual diálogo do Mapa para os setores de proteína animal seria um fortalecimento desses procedimentos como substituição da presença física de fiscais”, explica Eduardo Lobo. O executivo defende uma abordagem na qual o SIF ou sistemas adjacentes se atentem aos produtos que são disponibilizados para o consumo. “Questões relativas à matéria-prima internalizada nas plantas, desenho dessas, processos e outras questões de interesse exclusivo da indústria ficariam de livre decisão do estabelecimento produtor.” Segundo ele, vantagens competitivas hoje estão limitadas à capacidade de investimento e não ao desenvolvimento de processos mais eficazes e eficientes. “A interferência e aprovação governamental necessariamente colocam todos operando dentro do mesmo modelo de produção.” O ponto é que, considerando os regulamentos técnicos de identidade e qualidade editados pelo Mapa e a obrigatoriedade de segui-los, Lobo acredita que

Atualmente a legislação nacional estabelece o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa). Fazem parte do sistema o Serviço de Inspeção Federal (SIF); o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa); e os sistemas de inspeção estaduais e municipais. Os frigoríficos de pescado devem estar necessariamente vinculados a algum desses serviços. Para se vender nacionalmente, um estabelecimento que processa pescado deve estar necessariamente sob o regime do SIF ou tenha sido aceito no Sisbi. Fonte: Abipesca/Mapa

se torna incoerente a presença da inspeção e fiscalização em todas as etapas produtivas. “Autocontrole é passado, presente e continuará a ser futuro, mas tão importante quanto o autocontrole é a modernização da legislação e da cultura fiscalizatória dos órgãos responsáveis, que ainda operam com paradigmas do século passado quando a tecnologia e o conhecimento industrial ainda não se encontravam como hoje.” O Mapa recomenda uma estratégia de autocontrole que leve em conta medidas preventivas, padrões de conformidade (legais ou técnico-científicos na falta dos primeiros), monitoramento, medidas corretivas, verificação e registros. “Evitar que um problema ocorra é sempre melhor que corrigi-lo depois de ocorrido. Lembremos sempre de que um dos objetivos é evitar o desperdício. Assim, prevenindo os problemas durante o processo produtivo evita-se um potencial descarte de produtos que venham a ser impróprios ao consumo.” Já os padrões de conformidade balizam a empresa indicando que as medidas preventivas foram eficientes, quando esses são atendidos, ou que são necessárias medidas corretivas, quando há desvios nesses padrões. O monitoramento é um conjunto de procedimentos e técnicas para avaliar de forma imediata o atendimento aos padrões de conformidade e, consequentemente, atestar a eficiência das medidas preventivas. “Quando, no monitoramento, se identifica um desvio em relação a um ou vários padrões de conformidade, chega o momento de tomar as medidas corretivas. Tais procedimentos englobam, de forma geral, observações e medições com instrumentos como termômetros, balanças, etc.”

As medidas corretivas, conforme o Mapa, tem como principal objetivo fazer com que o processo produtivo e os produtos voltem a atender os padrões de conformidade, nem que para isso seja necessário interromper a produção por algum tempo, ou diminuir o seu ritmo, ou descartar produtos impróprios para o consumo ou dar tratamento para que esses produtos incialmente impróprios possam ser consumidos em outra forma. “Um exemplo seria um pescado com relação umidade/ proteína alta, que não pode mais ser consumido em natureza, mas após ser defumado ou ser transformado numa conserva enlatada estaria apto ao consumo.” Tudo isso deve ser registrado. “Com esse conjunto de medidas, padrões e procedimentos as empresas devem conseguir manter seus processos produtivos sob controle, ou seja, sem ou com poucos desvios.” O Mapa assegura que o desvio por si só não chega a ser uma não conformidade ou uma perda de controle, mas é um alerta para que se corrija o processo de forma que o mesmo desvio não ocorra novamente e, se necessário, se dê algum tratamento aos produtos potencialmente atingidos. “Quando a empresa não é capaz de identificar os desvios e tratá-los de forma imediata, corrigindo-os ou interrompendo o processo, cabe ao SIF, dentro de suas atribuições de verificação oficial de elementos de controle tomar ações fiscais, que podem se materializar numa apreensão cautelar de produtos ou suspensão cautelar de processo produtivo ou equipamento, diminuição de ritmo de produção/abate, e notificação por meio de auto de infração quando couber.”


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

53


Na

Gôndola A oferta de peixes, crustáceos e moluscos

Praticidade com IQF A C.Vale segue com a aposta na praticidade com dois novos produtos em sistema de congelamento IQF (congelados individualmente). A posta de tilápia pode ser encontrada em pacotes de 800 g e 2kg. Já as iscas de tilápia estão disponíveis em embalagens de 500 g e 2kg.

bacalhau dessalgado e processado em caixas de 650 g.

rede, a inovação chega agora a todo o varejo nacional.

Do atacado ao consumidor

Nativos em skin pack

A AV09, especialista em comércio exterior, extrapola a venda por atacado e desembarca no varejo com a marca Ninefish Seafood em embalagens de 800 g e 500 g, incluindo este filé de panga.

A Friocenter investiu pesado em maquinário de embalagem para preparar o lançamento do lombo de pirarucu e filé de pintado em skin pack, mas não deixou de lado os pouches mais simples para produtos mais acessíveis como as postas de mapará, pintado e piramutaba.

Sabor tropical e lusitano A Costa Sul aproveita o período de preparação para as festas de fim de ano para apresentar dois lançamentos: a linha bacalhau, com lombos e postas dessalgados em caixetas de 600 g, além de bolinhos importados de Portugal em pacotes de 270 g; e a piramutaba em filé e posta em embalagens de 800 g.

Camarão orgânico

Cabeça de tilápia

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

54

Direto de Portugal No ano em que completa 50 anos de atividade, a Noronha Pescados resolveu comemorar a data com alguns lançamentos neste segundo semestre, incluindo uma parceria com a Mar Lusitano, fornecedores portugueses de bacalhau dessalgado. O acordo incrementa a linha Premium, que já conta com salmão e bacalhau fresco do Alasca e com o lombo de

Pirão sem cabeça de peixe não é pirão. Pensando nisso e em como melhorar o aproveitamento da carcaça, a Brazilian Fish lançou a cabeça de tilápia em pacote de 1 kg. Inicialmente desenvolvida em parceria com uma grande

O selo de “Produto Orgânico” concedido pelo IBD, instituto especializado neste tipo de produto, atesta que a produção de camarão da Fazenda Cacimbas, da Sabores da Costa, ocorre sem uso de antibióticos ou promotores de crescimento. É com este produto que a empresa pretende ampliar mercado no varejo nacional.


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

55


SUPLEMENTO ESPECIAL DE TECNOLOGIA PARA PROCESSAMENTO E COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO

A

Seafood Brasil preparou, com a ajuda da Embrapa Aquicultura e Pesca e as empresas Atak Sistemas, Brusinox, Lex Experts, Lizard, Marel, Mayekawa e MQ Pack este material para colaborar no aprimoramento da indústria de pescado brasileira.

Processamento

56

As empresas apresentam as principais novidades em equipamentos e serviços, enquanto os pesquisadores delineiam novas tendências. A Embrapa designou especialistas de diferentes unidades para esmiuçar estes caminhos ao

Sistemas

Refrigeração

Consultoria

processamento: Leandro Kanamaru Franco de Lima (Embrapa Pesca e Aquicultura), Men de Sá (Embrapa Agroindústria Tropical Ceará), Fabíola Helena Fogaça (Embrapa Agroindústria Tropical Rio de Janeiro) e Renata Torrezan (Embrapa Agroindústria de Alimentos).

Logística


57


Streamline, da Marel: aumentar a agilidade e o rendimento das linhas de processamento são uma obsessão dos fabricantes de máquinas

4.agora

A

indústria 4.0 chegou para ficar e os esforços dos fabricantes de máquinas e equipamentos mostra que já não se trata de uma tendência. Os frigoríficos de pescado terão de buscar a fórmula mais adequada para se integrar aos benefícios da geração, monitoramento e controle de dados em nuvem combinada à robótica e à automação para reduzir custos e aprimorar a rentabilidade do negócio. Isso se reflete na adequação das linhas que os fabricantes tradicionais estão promovendo. A Brusinox, por exemplo, hoje se considera capaz de oferecer soluções completas para todas as etapas do processamento fortemente apoiada no monitoramento em tempo real de indicadores de desempenho. “ Em termos de viabilidade de processamento, hoje possuímos todas as etapas desde a recepção do pescado até o congelamento”, conta Daniel Bacca, gerente de marketing da empresa. Ele exemplifica 58

com uma segmentação dos distintos processamentos. “Primeiramente os peixes marinhos: é um processamento um tanto complexo pela variedade e tamanho de espécies sendo processadas. Temos equipamentos de descarga de barcos e recepção de pescado com capacidade de até 6000 kg/h.” Na linha de processamento, a empresa tem descamadora de pescado a jato d’água e cilíndrica e mesas de processamento com sistema de controle de produção individual. “[Por este sistema] medimos os KPIs [do inglês, Key Performance Indicator, ou Indicador-chave de Desempenho, conjunto de parâmetros que estabelece um cenário mais real sobre o status da produção]” Depois o produto segue para o congelamento contínuo com sistema de glaceamento integrado, o que possibilita, segundo Bacca, um congelamento preciso sem variação no percentual de glazing.

Já no caso dos peixes amazônicos de cultivo, como tambaqui, pirarucu e pintado, o processo começa com a recepção dos peixes e segue para o atordoamento por eletronarcose e sangria. “O tambaqui passa então por um processo de descamação a jato d’água e evisceração a vácuo. Já o pirarucu passa por uma descamadora e evisceração a vácuo, especificamente desenvolvido para essa espécie, e o pintado vai para a evisceração a vácuo”, relata Bacca. O próximo passo é o pescado passar pelas mesas de processamento com sistema de controle de produção individual, nas quais medem-se os KPIs, e finalizar a operação com o sistema de glaceamento integrado já descrito. No caso da tilápia, os equipamentos da Brusinox permitem que ela seja recepcionada, depois passe ao atordoamento por eletronarcose, sangria automática, descamação a jato d’água, evisceração e filetagem automática, retirada de costela, retirada de pele,


refile e inspeção final com sistema de controle de produção individual, onde se auferem os KPIs. Daí é para o congelamento contínuo com as mesmas vantagens já citadas sobre a manutenção do percentual de glazing. Para Bacca, a vantagem do maquinário já integrado aos conceitos da indústria 4.0 é o maior retorno sobre o investimento. “A mecanização, aliada com sistema de controle de produção individual que mede os KPIs possibilita o melhor payback no investimento, além de uma implementação gradual da linha de processamento. Também permite a implementação em linhas existentes, às quais vamos adicionando equipamentos conforme a necessidade do cliente.” Apresentar estas vantagens ao cliente ainda é um desafio, já que o custo é normalmente a primeira pergunta, como sublinha Bacca. “Hoje busca-

mos mostrar o payback pois somente mecanizando as indústrias é que se conseguirá ser competitivo no mercado. Buscar otimizar processos produtivos e obtendo informações de produção para se ter condições de tomar decisões rápidas fará com que a empresa esteja atualizada com as mudanças no mercado global.”

Integração total A adoção de sistemas integrados (homem-máquina-computador) é um grande norte para a islandesa Marel. Eduardo Weschenfelder, gerente de contas da empresa, ressalta o alto volume de recursos empregados pela multinacional em pesquisa e desenvolvimento que os permite exercer o pioneirismo nas novas tecnologias para o processamento de pescado. “Nossa experiência no segmento é definida por nossa dedicação à inovação, refletida em nosso amplo investimento em pesquisa e desenvolvimento. Anualmente,

a Marel investe 6% da receita em R&D, o que foi traduzido em 74 milhões de euros em 2018.” Os equipamentos e sistemas integrados podem ser usados para todas as etapas da cadeia de valor do processamento de pescado. “Nossos sistemas variam de balanças simples a linhas de produção integradas, tanto a bordo quanto em terra”, frisa o executivo. “Para o processamento de tilápia, desenvolvemos linhas de filetagem e refile que geram maior valor por meio da melhor utilização da matéria-prima, maximização do rendimento e melhor qualidade do produto final. Integradas ao nosso software de processamento de alimentos Innova, garantem controle total do processo, com rastreabilidade e monitoramento da produtividade em tempo real”, defende. As espécies nativas também são um norte para a empresa, que já possui

59


linhas capazes de processar estes produtos. “O Brasil também tem se desenvolvido em relação às espécies nativas, como o tambaqui e o pacu. Neste mercado, nossos equipamentos podem ser aplicados na classificação, retirada de pele, porcionamento e em todo o processo de embalagem primária.” Além disso, a Marel tem equipamentos para classificação e formação de lotes, bem como manejo de produtos congelados (IQF) para minimizar o desperdício com sobrepeso e, ao mesmo tempo, garantir que o peso mínimo seja respeitado. As soluções Marel têm uma barreira de entrada alta, mas Weschenfelder garante o retorno se uma boa estratégia for montada. “É preciso avaliar o plano de negócio da empresa, dimensionando corretamente os mercados e consumidores que busca alcançar. Se olharmos o custo total da operação, o investimento inicial mais alto pode facilmente ter

um melhor retorno, caso viabilize que a empresa entre em novos mercados ou atenda consumidores mais exigentes.” Ele insiste que a Marel atende a pequenas, médias e grandes empresas. “Oferece soluções para exceder o rendimento e a eficácia dos processos, com alto retorno do investimento e o menor impacto possível na operação diária”, garante. “Ao desenvolver os projetos, consideramos parâmetros importantes como produtividade, segurança alimentar e rastreabilidade, qualidade do produto final e o atendimento às exigências dos mercados doméstico e internacional.” Uma linha de trabalho complementar ao fornecimento de equipamentos é a experiência mundial convertida em prestação de serviço. “A Marel possui grande know-how em processos e experiência no setor de processamento de pescado no Brasil e no mundo, ofere-

Embalagens A pesquisadora Fabíola Helena Fogaça, da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ), coordena pesquisas que visam ao desenvolvimento de embalagens para conservação do pescado. Em parceria com a Universidade do Rio Grande, ela desenvolveu, em escala laboratorial, um sensor a base de uma enzima que muda de cor quando o pescado fresco permanece armazenado em temperaturas acima da faixa ideal permitida pela legislação brasileira (-2 a 0°C). Isso ajudaria o consumidor a identificar a qualidade do produto. Segundo a pesquisadora, no Japão, foi desenvolvida uma etiqueta com sensor que muda de cor ao absorver os compostos voláteis gerados pela deterioração de peixe, uma tendência de embalagem inteligente que monitora a vida útil do pescado. Outra linha de pesquisa da Dra. Fogaça, em parceria com Universidades do Ceará e Piauí, é o desenvolvimento de filmes nanoestruturados bioativos com propriedades antimicrobianas. O produto forma uma película protetora que reveste o filé de peixe e aumenta sua vida útil. Nessa linha, estudos desenvolvidos por sua equipe comprovaram a eficiência de nanoestruturas à base de quitosana enriquecidas com óleo essencial de plantas na garantia da qualidade de filés resfriados de tambaqui. Atualmente, dedica-se a pesquisa com nanotecnologia aplicada à polímeros naturais como a goma de caju, que possui comprovada atividade antimicrobiana.

60

cendo consultoria personalizada para o fornecimento de produtos e serviços exclusivos, de acordo com as necessidades atuais e futuras dos processadores”, completa Weschenfelder. No último International Fish Congress (IFC), em Foz do Iguaçu, o executivo anunciou o lançamento mundial do novo sistema de filetagem para tilápia. O Streamline foi apresentado oficialmente no Whitefish ShowHow, em 25 de setembro. “O sistema é composto por estações de trabalho inteligentes, que alimentam automaticamente os operadores e controlam, em todas as etapas, o peso inicial e o final do produto, assim registrando a produtividade total e individual. Como o sistema é integrado ao software Innova da Marel, é possível gerar relatórios e acompanhar, em tempo real, a produtividade da linha.”

Tecnologia aberta A MQpack já trilha um caminho sólido no segmento de pescado, embora atue também com outras proteínas animais. De acordo com o diretor, Marcos Queiroz, a empresa se destaca pelo conceito de tecnologia aberta em seus sistemas de pesagem e empacotamento automático, com dados produtivos na nuvem. “Os termos atuais utilizados, como IoT (internet das coisas), machine learning (o equipamento aprende com o processo) e inteligência artificial (o equipamento coleta dados e aperfeiçoa automaticamente sua configuração) já fazem parte das funcionalidades dos equipamentos MQpack”, garante. A empresa opera com fabricação nacional em balanças de múltiplos cabeçotes de pesagem e empacotamento. “Temos o orgulho em dizer que somos o único fabricante no mundo com tecnologia totalmente aberta nas balanças de múltiplos cabeçotes de pesagem”, defende Queiroz. Ele acredita em um modelo em que o cliente não é um “refém do fabricante da máquina em peças e em serviços”.


Empresas citadas Por este motivo, na análise do projeto a longo prazo, a MQpack garante oferecer o melhor custo-benefício. “Temos exemplos reais de clientes que utilizam nossa tecnologia aberta há mais de seis anos em ambientes frigoríficos e nunca foi necessário gastar R$ 1,00 de serviço técnico. O cliente tem total autonomia sobre o equipamento e total independência do fabricante da máquina”, indica. Para ele, a vantagem de utilizar tecnologia de controle aberto é saber que, em qualquer lugar, o cliente terá várias opções de compra de peças de reposição a um preço “não abusivo”. Além disso, as máquinas possuem conexão ethernet de fábrica e garantem suporte técnico remoto vitalício gratuito.

Queiroz indica que a grande novidade da empresa em 2019 foi disponibilizar os dados de operação e produção da máquina em tempo real direto na nuvem, em qualquer lugar, e em qualquer dispositivo. “Essa tecnologia permite que o cliente tenha na palma da mão, dados e informações em tempo real da performance da linha de produção, monitorando ao longo do tempo o que o operador está fazendo com os parâmetros da máquina, quando mudou, e o que mudou, e quem mudou. Isso permite uma transparência e padronização operacional inigualável, garantindo o máximo em performance produtiva”, sustenta.

Ambrózio Leonel Bacca Filho (47) 3351-0567 ; 9 9948 7667 bacca@brusinox.com.br

Dark Blue CMYK: 100c + 74m Pantone: 654 RGB: 0r + 43g + 83

Eduardo Weschenfelder (19) 3414-9000 eduardo.weshenfelder@marel.com

Red CMYK: 0c + 100m + Pantone: 485 RGB: 206r + 23g +

Marcos Queiroz (11) 9 8981-6103 marcos.queiroz@mqpack.com

61


Software: eficiência e rastreabilidade

Q

uando o gerente de produção e operações da Lagopesca, Ricardo Carriero, recebeu o Prêmio Inovação Aquícola na categoria Beneficiamento, durante a 10ª Aquishow Brasil, em Santa Fé do Sul (SP), ele fez questão de reconhecer que os resultados obtidos 62

passaram pela correta implantação de um sistema de gerenciamento da planta fornecido pela Atak Sistemas. Durante a repercussão do case premiado com o segundo lugar, Carriero disse que a ideia surgiu pela necessidade de ter informações confiáveis para auxiliar na tomada de decisões, além de

automatizar alguns processos, reduzir desperdícios e melhorar a ergonomia para o colaborador. Se a indústria reduz custos com as informações corretas para o monitoramento ponta a ponta, o maior beneficiado é o consumidor, como constata o


diretor da Atak, Roberto Lúcio Pavan. “O mais importante é garantir ao consumidor final que ele tenha visibilidade da origem dos produtos que consome.” Segundo o empresário, o software desenvolvido pela empresa compreende processos e controles que permitem ao empresário gerenciar todas as etapas de processamento dos peixes, desde a recepção até a venda. Conforme Pavan, o sistema ERP de apontamento de produção se baseia em 2 pilares: rastreabilidade total no processo e controle de rendimentos. “Para garantir estes controles, o sistema realiza a coleta de informações em todas as etapas do processo de processamento, que transforma a matéria-prima em produto pronto para a venda.” No recebimento do pescado, o sistema pesa as caixas com peixes e coleta esta informação automaticamente da balança. Depois emite etiqueta de código de barras para identificação do lote/rastreabilidade. De acordo com as ordens de produção, as caixas de peixes (matéria-prima bruta) são baixadas do estoque através da leitura de código de barras, com registro de produto, lote e quantidade utilizados na industrialização.

Durante o processo de industrialização (evisceração, filetagem, porcionamento), os produtos em processo são registrados no sistema através de pesagem na entrada do túnel de resfriamento/congelamento. “Desta maneira, temos o estoque em elaboração. Na saída do túnel, os produtos em elaboração são baixados do estoque, através da leitura do código de barras das bandejas.” A próxima etapa é a embalagem primária, na qual o sistema verifica se os pacotes estão dentro da faixa de peso permitida e emite etiquetas de identificação. Em seguida, são acondicionados na embalagem secundária, onde o sistema pesa as caixas, o operador identifica o produto e a etiqueta de identificação da caixa é gerada, registrando a entrada em estoque do produto acabado. O sistema WMS integrado ao software (sigla que significa Warehouse Management System) permite aos operadores montar os paletes de produtos, gerando uma etiqueta mãe, e então sugere quais endereços de estocagem estão aptos a receber cada palete. Por meio de coletores de dados, o operador

da empilhadeira registra sua posição no sistema ao armazenar o palete em determinado endereço. Já na expedição, o sistema permite gerar as cargas, roteirização, e ordens de carregamento de acordo com os pedidos que a empresa receber. O carregamento dos caminhões é realizado com base nos parâmetros das ordens, com controle de produto, quantidade, lote, data de produção, data de validade, entre outros parâmetros. “Todos os produtos expedidos são registrados pela leitura do código de barras das embalagens secundárias, gerando dados precisos para o faturamento. Através desta leitura individual de cada produto, é possível realizar um recall por exemplo, em caso de necessidade”, explica Pavan.

Empresa citada

Daiane Scareli (44) 2101 – 5657 comercial@atak.com.br

63


Desafio do frio

“É

praticamente unânime a preocupação do consumidor com a qualidade e procedência do produto, o aumento significativamente a procura por pescado fresco ao congelado”, constata Ricardo César dos Santos, supervisor comercial da Mayekawa do Brasil. No entanto, o processamento de congelados também cresce com a necessidade de superar os desafios logísticos de um País continental, prolongando o shelf-life dos produtos e oferecer qualidade compatível com o rigor cada vez maior do crescente grupo de consumidores desta proteína. A implantação de uma fábrica para o processamento de pescado não pode desconsiderar a importância de um investimento em produtos de qualidade para diminuir o impacto do ponto 64

mais sensível do processamento: o frio. “Diríamos aos empresários que colocam a qualidade em segundo plano que isso se refletirá negativamente na cadeia do frio em todas as fases que compreendem o processamento e manipulação do pescado, como, por exemplo: na redução do prazo de validade de seus produtos; perda de aparência, frescor, e consequentemente na qualidade final de seu produto.” A empresa centenária observa com atenção o processo de evolução dos frigoríficos do segmento. “As últimas décadas foram cruciais para a produção de frio no mar. A grande revolução ocorreu quando a tecnologia permitiu que os navios de pesca levassem suas próprias instalações de refrigeração a bordo, incluindo a fabricação de gelo. No final dos anos 90, a reconversão da

frota passou do transporte de produtos frescos para congelados, permitindo que a frota passasse mais tempo em alto mar e acumulasse mais capturas, graças à capacidade de congelar o produto in loco”, avalia Santos. De origem japonesa, o grupo Mayekawa fabrica compressores industriais, como os da marca Mycom, chillers, sistemas de refrigeração e outras soluções. No Brasil atua há 51 anos com o desafio de se adaptar às novas exigências, como a demanda por fluidos refrigerantes “limpos”, como a água, amônia, CO2, propano, que garantem maior performance e geração de eficiência energética. “Em se tratando de pescados o controle rígido dos parâmetros de processo, das temperaturas de manipulação e de armazenamento é o ponto crucial para a sua qualidade


final. Nossos laboratórios de P&D trabalham continuamente para acompanhar a demanda do mercado. O resultado é um portfólio com alternativas de sistemas totalmente voltados ao ganho de eficiência energética, confiabilidade operacional e segurança ambiental e operacional”, sublinha o executivo. No controle das temperaturas ideais para a conservação do alimento, a empresa aposta na experiência em automação de equipamentos de monitoramento do sistema de frio da planta para garantir a qualidade e o melhor aproveitamento energético possível. “Para estas demandas, a automação é uma das principais ferramentas disponíveis no mercado. No que diz respeito as variáveis de resfriamento, congelamento e conservação de pescados, o gerenciamento dos processos de produção e estocagem contam hoje com sistemas de automação cada vez mais avançados.” A correta administração das variáveis da refrigeração, como o resfriamento, congelamento e conservação, é um desafio que também pode ser endereçado com a automação. Atenta à tendência, a Mayekawa passou a disponibilizar um controle automático por CLPs (controladores lógicos programáveis) integrado a software, que possibilita interligar todo o controle do sistema do frio em busca da melhor condição de operação: “que a temperatura final do produto e ambiente seja mais estável com o menor consumo de energia possível.” Santos acrescenta que a área de P&D trabalha continuamente com este foco, de forma a fornecer sistemas com ganho de eficiência e controle. Um exemplo são as unidades satélites criadas pela empresa, nas quais é possível destacar uma sala de máquinas totalmente independente da fábrica e realizar o monitoramento do frio com informações de processo. Outro componente importante é o controle de segurança do sistema através de detectores de vazamento do fluido refrigerante, detectores de vibração nos compressores, monitoramento das pressões e temperaturas de trabalho e possíveis

Ricardo César dos Santos, supervisor comercial da Mayekawa

acionamentos de segurança conforme a necessidade. Nestas unidades, parâmetros pré-programados oferecem subsídio para o supervisor monitorar e controlar o funcionamento dos compressores e atender a esta demanda com a melhor eficiência energética possível. E agora já há uma nova camada de monitoramento remoto on-line. “É possível gerenciar todos os parâmetros de funcionamento do sistema a partir de nossa fábrica, onde técnicos especializados analisam e acompanham fatores como temperatura, umidade, carga de fluido refrigerante, entre outros e, dessa forma, podem realizar interferências on-line e manutenções preditivas de forma preventiva no sistema, a qualquer sinal de alarme, em qualquer momento, efetuando ajustes ou, se necessário, programando manutenções. Isso evita paradas desnecessárias no equipamento e oferece maior confiabilidade e eficiência no sistema de refrigeração.” Empresa citada

Ricardo César dos Santos (11) 4654-8000; 3215-9000 comercial@mayekawa.com.br 65


Qualidade é crescimento

A

expansão dos volumes produtivos por todo o Brasil demanda uma atenção especial à qualidade do pescado beneficiado. Só que a realidade ainda mostra que este ainda não é o norte de muitas empresas, mais preocupadas com a rentabilidade de seus negócios. “A qualidade é um fator de geração de crescimento na cadeia produtiva de alimentos”, defende a médica-veterinária e consultora Sarah de Oliveira, da Lex Experts. A qualidade, porém, não vem de um lampejo de criatividade ou um insight, mas se trata de um processo gradual. “É preciso construir o caminho e isso se faz trabalhando com um time de qualidade engajado e tecnicamente capacitado.” Por um lado, diz a especialista, o profissional da área da qualidade precisa estar consciente que a vida prática requer muito mais do que ciência e conceitos. “É preciso versatilidade e dedicação para convencer sobre a importância da Gestão da Qualidade dentro da própria organização que o contrata.” Por outro lado, Oliveira avalia que o empresário responsável pelo frigorí-

fico que traz o atendimento ao requisito legal como premissa fundamental e que percebe qualidade como valor intrínseco da sua empresa retroalimenta o processo. “Quando essas duas forças se unem gera-se um ciclo virtuoso que alavanca o negócio de forma extraordinária, às vezes a ponto de anular pontos fortes da concorrência. Na prática percebemos que retrabalho, refugo, desperdício, falhas de produção e reclamação de clientes são condições que podem ser reduzidas ou eliminadas a partir da implementação e gestão de robustos Programas de Qualidade.” A consultora avalia que estes programas garantem produtos seguros, padronizados e de excelência, mantêm clientes satisfeitos, aumentam a competitividade no mercado e possibilitam a expansão dos negócios pela confiança na marca. “Nessa perspectiva fica claro que qualidade se traduz também como saúde financeira para a organização.” Baseada nesta crença é que a Lex Experts se especializou na gestão da qualidade e em assuntos regulatórios na área de pescado. O escopo de trabalho envolve: (1) implementação, revisão e treinamento

dos programas de qualidade como, por exemplo, boas práticas de fabricação (BPF), programas de autocontrole (PAC), qualificação de fornecedores, análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC), food defense, food fraud, entre outros; 2) assessoria regulatória: elaboração e revisão de rotulagem, registro e atualização de projetos de plantas industriais, embasamento técnico-científico para defesas jurídicas e consultorias regulatórias específicas; (3) auditoria internas de qualidade para diagnóstico em normas de segurança do alimento; e (4) inspeção de produtos, seja no mercado interno ou para importação e exportação.

Autocontrole A autonomia concedida ao Mapa por meio da política de autocontrole traz consigo muitas responsabilidades. Quando considerados a partir de uma visão sistêmica do negócio, os programas de autocontrole vão muito além do atendimento às exigências legais, tornando-se ferramentas de gestão, gerando indicadores de processo que servirão como base para decisões da alta direção. “Por outro lado, o desafio está na competência técnica de quem descreverá os programas, uma vez que, programas sem um embasamento robusto, assim como a ausência de coerência entre teoria, prática e requisitos legais, poderá ocasionar consequências muito mais severas decorrentes do novo modelo de fiscalização”, complementa a especialista. A Lex Experts opera com uma customização do serviços a cada cliente e bebe na fonte da experiência de Oliveira, que tem passagens pela Cais do Atlântico e Camil. “A concepção da empresa se deu a partir da nossa experiência prática como profissionais da indústria pesqueira, porque conhecemos

66


a complexidade e o volume de demanda que se dá no dia a dia.” A meta da consultoria, diz ela, é ser o suporte para atividades que exigem foco e dedicação. “Os programas de autocontrole e o APPCC são um dos nossos principais escopos, uma vez que entendemos que são a base para todo o processo produtivo e devem ser absorvidos como parte estratégica do negócio.”

Regulamentação, inovação e sustentabilidade Outro ponto em que a qualidade é fator impulsionador de bons resultados financeiros é na elaboração de produtos com Carne Mecanicamente Separada (CMS). Para o pesquisador Leandro Kanamaru, da Embrapa, falta regulamentação e padronização do produto. “Formas de reaproveitamento de resíduos gerados com o beneficiamento industrial do pescado, considerando suas diferentes particularidades, são desejáveis e trazem vantagens comerciais e minimizam possíveis potenciais impactos ambientais.” A CMS consiste em uma tecnologia utilizada para a obtenção de polpas do pescado naturalmente desprezado do beneficiamento industrial para a elaboração de produtos considerados nobres. “Entretanto, apesar das vantagens que representa, esta tecnologia ainda carece de padronização das etapas que consistem em sua própria obtenção e conservação, principalmente quando são utilizadas diferentes espécies de pescado. No final, isto resulta em produtos de característica inferior podendo trazer consigo riscos para sua comercialização e alimentação.” Kanamaru acredita, assim, que as pesquisas deverão abordar trabalhos que sejam desenvolvidos para definir um regulamento de identidade e qualidade

do produto CMS de pescado. Devem ser consideradas todas as etapas que englobam o processo de sua obtenção na indústria: matéria-prima, equipamentos, mão-de-obra, critérios microbiológicos, uso da cadeia do frio, modelos de conservação, comercialização, etc. A Embrapa aposta ainda em outra tendência: o desenvolvimento e validação de métodos viáveis de insensibilização para o abate industrial de espécies aquícolas com potencial de comercialização, considerando critérios de bem-estar animal e qualidade da carne. “A inexistência de uma instrução normativa que possa regulamentar a insensibilização de espécies aquáticas exploradas comercialmente no Brasil dificulta o estabelecimento de regras padronizadas para o abate tecnológico de peixes como a tilápia, o tambaqui e o pirarucu, por exemplo, que detêm características corporais distintas, mas podem responder a estímulos dolorosos nas etapas que antecedem o seu abate.” Para ele, produtores e órgãos de fiscalização sanitária precisam demandar tecnologias viáveis para o abate humanitário de organismos aquáticos, levando-se em consideração a viabilidade técnica do método de insensibilização, o bem-estar do animal durante os procedimentos que definirão as formas de insensibilização pré-abate e a qualidade superior da carne resultante da minimização do estresse manifestado pelas espécies trabalhadas no âmbito da indústria processadora. Kanamaru recomenda ainda a adoção de uma ferramenta pouco comum na realidade atual dos frigoríficos

de pescado: a análse dos impactos de sistemas de produção, produtos de beneficiamento e serviços da aquicultura, por meio da Avaliação do Ciclo de Vida – ACV. “A sustentabilidade de um produto, processo ou serviço deve ser avaliada em três dimensões: econômica, social e ambiental. As soluções propostas para os problemas apresentados pelo setor aquícola, devem ser avaliadas nestes três aspectos. Do ponto de vista ambiental, a ACV apresenta-se como uma ferramenta para estimar os potenciais impactos ambientais, auxiliar na identificação de pontos críticos e de alternativas para o desenvolvimento de processos, produtos e serviços mais sustentáveis.” Empresa citada

Sarah de Oliveira (47) 9 98856-2714 contato@lexbr.net

67


Modais em transição

A

logística é um fator-chave para a busca por aprimoramento tecnológico nos frigoríficos e na comercialização, seja a matéria-prima importada ou nacional. Além do impacto óbvio das ferramentas tecnológicas de monitoramento das cargas, a escolha do modal de transporte interfere diretamente na forma como se dará o processamento do pescado, a embalagem, o acondicionamento, a conservação, transporte e entrega ao cliente. Para aumentar a eficácia das decisões do gênero, as estratégias são normalmente conduzidas em conjunto com os responsáveis pelas áreas de P&D, embalagem, qualidade, expedição e

68

um departamento ou empresa especializada em logística. “Nossa responsabilidade é o acompanhamento do produto desde a retirada até a entrega no cliente final, fazendo com que ele não se preocupe com esta parte de logística e foque naquilo que ele tem de melhor, que é a produção de pescado”, sinaliza Francisco Blanco, do departamento de vendas da Lizard International. Especializada em fretes internacionais, a empresa cuida de toda a parte documental e física do embarque da carga, seja ela de importação ou exportação. “Não vendemos apenas o frete dos modais e sim soluções logísticas para o cliente”, pontua Blanco, que vislumbra uma mudança gradual nos

modais usados para o transporte de pescado. “O modal marítimo é o mais utilizado no mundo todo, devido ao seu baixo custo, e ao grande avanço de tecnologias específicas, como as cargas reefers [contêineres com equipamento próprio de refrigeração], por exemplo.” As vantagens, aponta o especialista, são as grandes quantidades de mercadorias que podem ser transportadas. “Desde peças que serão usinadas até produtos acabados, como pequenas embarcações e até mesmo cargas projeto, na qual o tamanho dos produtos são fora dos padrões. O custo baixo também é um grande atrativo para este tipo de modal e também a confiabilidade e segurança. A desvantagem é como


ele é mais demorado em alguns casos, se comparado ao aéreo, acaba comprometendo os prazos.” Por este motivo, o modal aéreo vem ganhando espaço e já há inclusive experimentos de transporte aéreo de salmão que extrapola o volume de amostras. “Hoje 1/3 do salmão produzido no mundo está no Chile, o que facilita o transporte rodoviário, mas o modal aéreo está sendo cada vez mais utilizado devido à rapidez na entrega.” A maior vantagem deste transporte é o tempo de entre produção e entrega do produto final aos grandes consumidores. A principal desvantagem é o elevado custo do frete. Tudo depende se os produtos serão comercializados congelados ou frescos. “Falamos também do shelf-life da mercadoria; a validade dos produtos frescos é menor e isso compromete a operação, por isso sempre optamos trabalhar com o aéreo, encurtando assim longas dis-

CHILE FAZ EXPERIÊNCIAS COM AÉREO A Blumar inaugurou em agosto uma nova rota de exportação de salmão ao Brasil por via aérea. Uma carga de 2 mil kg de peixe fresco saiu de Carriel Sur, aeroporto internacional da cidade de Talcahuano, na Grande Concepción, no Chile, em direção ao aeroporto de Viracopos, no Brasil. Para o gerente comercial e de valor agregado da Salmon Blumar, Daniel Montoya, a ação foi significativa, pois como uma empresa regional, a descentralização dos embarques aéreos dará maior fluidez às operações, além de uma oportunidade de aumentar os negócios em grandes mercados. Ele ainda revelou que são estimados embarques de até US$ 2 milhões por ano, podendo aumentar para US$ 5 milhões quando o aeroporto tiver a infraestrutura necessária.

tâncias e mantendo esta validade por mais tempo.” Ele reconhece porém que, além do alto custo do frete, em alguns casos há problemas com a segurança do produto “na hora do manuseio da mercadoria nos aeroportos, pois sabemos que não há um grande cuidado nesta parte.” Blanco acredita que a logística não está acompanhando o rápido crescimento do setor de pescado. “Falta

investimento em aeroportos mais afastados e também nos grandes portos para atender uma demanda maior de navios e das exportações. Por ser um produto com uma perecibilidade maior, a logística precisa ser bem just in time”, finaliza.

Empresa citada

Francisco Blanco (11) 2312-3066; 9 4245-6920 blanco@lizard-int.com.br

69


Especial

Futuro em construção

Com forte investimento em pesquisa e desenvolvimento, Noruega segue como celeiro da inovação aquícola mundial, mas futuro não está exclusivamente no RAS

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

70

Texto: Ricardo Torres | Fotos e apuração: Tiago Bueno*

B

ilhões de dólares circulam na indústria aquícola mundial e boa parte deste fluxo segue para a Noruega por conta da lucrativa indústria do salmão Atlântico. É por isso que a feira AquaNor, que chegou neste ano à 40ª edição, costuma ser uma vitrine das principais inovações que a aquicultura vai seguir nos próximos anos. Na abertura do evento, o ministro da pesca e aquicultura da Noruega, Harald Tom Nesvik, disse que o “efeito bola de cristal’ é a principal contribuição do evento. “A AquaNor

oferece um olhar sobre o que o futuro guarda para a indústria, mas o melhor caminho de prever o futuro é criá-lo nós mesmos.” Com um ambiente crítico na opinião pública local a respeito do impacto ambiental da aquicultura, a responsabilidade dos noruegueses de criar este futuro é enorme, como salientou Árni Mathiesen, diretor-assistente do departamento de aquicultura e pesca da FAO/ONU. “Mais pessoas estão com fome do que antes, mas as mudanças

ambientais também preocupam. Temos de abordar a questão juntos como comunidade mundial e confio que a Noruega estará na dianteira para construir [um caminho], no espírito de alto respeito pelos oceanos e na pesquisa orientada a avanços científicos e tecnológicos.” O governo norueguês assumiu seu papel no compromisso ao apresentar recentemente uma estratégia nacional de diversificação de espécies, uso de biotecnologia e novos usos de recursos


Pesquisa aplicada

controle de resíduos (RAS, ou sistemas de aquicultura em recirculação). O que não há, no entanto, é uma migração completa de toda a indústria para um destes sistemas. Mesmo entre as grandes empresas, ainda não é unanimidade sobre qual sistema prevalecerá. O mais provável é que haja uma

convivência entre diversos modelos, o que, por si só, já tira pressão dos módulos tradicionais de produção em tanques de grande volume nos fiordes noruegueses.

* Tiago Bueno viajou para a Noruega a convite da Innovation Norway e Seafood From Norway

71

O setor privado já entendeu a mensagem e faz sua parte para diversificar os sistemas de produção ao mesmo tempo em que minimiza os impactos da atividade. Já há experiências concretas de sistemas off-shore (em alto mar), land-based (produção em terra) ou instalações completamente fechadas com

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

marinhos. “Estamos criando o futuro baseado nas melhores tradições norueguesas, respeitando o ecossistema de uma forma que isto não fique no caminho de crescimento econômico”, sublinhou Nesvik. “Ao mesmo tempo em que a lucratividade é o que move esta indústria, a sustentabilidade pode também ser uma vantagem competitiva.”

A crescente atuação e interesse no Brasil pela Innovation Norway, agência de inovação e promoção de investimentos noruegueses no exterior, deve gerar cada vez mais frutos. Uma delegação de empresários e autoridades desembarcou aqui em 2018 para estabelecer convênios e estimular a colaboração. Um dos resultados foi um convênio entre a Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega (NTNU), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Piscicultura Cristalina (Fartura SP) para avaliar como o stress e diferentes composições de dietas influenciam os valores nutricionais da tilápia, no estudo chamado de Distress Tilapia. Mas ainda há muito a aprimorar nesta integração, como mostrou uma visita nossa aos laboratórios da Sintef, um corpo de pesquisa privado financiado por empresas, Estado e entidades diversas, em Trondheim. Entre as diversas linhas de pesquisa do órgão, está a realização de modelos matemáticos para simular cenários e prever situações, como o padrão de descarte de fezes do salmão, conforme o estágio de crescimento, tamanho e espécie, para estimar qual será o impacto do cultivo naquela área específica. Um projeto do gênero já está em andamento no Chile, mas os pesquisadores locais comentaram sobre o interesse em estabelecer uma parceria similar com o Brasil.


Especial

40 anos de vanguarda D epois de quatro décadas de compromisso com a inovação aquícola, a feira AquaNor chegou à data comemorativa com o desafio de crescer para receber adequadamente 28 mil visitantes de 74 países. O Trondheim Spectrum, centro de eventos construído em 1962, passou por uma ampliação para dar conta deste fluxo de pessoas e estandes. Durante 20 e 23 de agosto, o evento se tornou o palco das discussões sobre as tendências que irão nortear a atividade nos próximos anos.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

72

Com as restrições cada vez maiores ao cultivo costeiro em todo o mundo, o

RAS continua a atrair muita atenção. Estandes com soluções para instalações em terra, como a israelense AquaMaof atraíram os visitantes. A empresa apresentou a solução que chama de Smart RAS Based Ecosystem, que se baseia em sistemas fechados superintensivos com controle total da biossegurança, monitoramento e controle, planejamento de despesca, reúso de água, canais de transferência e economia de energia e ração. No caso da Akva Group, o objetivo é oferecer sistemas de recirculação capazes de manter a reutilização da água entre 95% e 99%. Outras empresas levaram ao evento soluções que integram os sistemas RAS. desinfecção

da água por filtros UV (Ultra Aqua), alimentadores automáticos, data loggers e difusores de oxigênio (Vard).

Já no âmbito das tecnologias costeiras, o exemplo da FiiZK mostra que o caminho deve ser nas gaiolas fechadas para controle de dejetos e enfermidades, como o piolho do mar. Um dos tanques apresentados é capaz de estocar até 750 toneladas de biomassa (salmão). A internet das coisas (IoT) é outro foco da empresa, cuja plataforma é capaz de integrar o controle da alimentação com os demais indicadores da produção, possibilitando correções e ajustes remotos. Velhos conhecidos do Brasil,


Brasileiros na Noruega

A Innovation Norway e a Seafood From Norway montaram um programa de visitas para o qual convidaram Jomar Carvalho Filho, da Panorama da Aquicultura, e Tiago Bueno, pela Seafood Brasil. A comitiva contou com mais brasileiros, incluindo o secretário Jorge Seif Jr., que se juntaram à programação ao longo dos dias de evento e foram de Trondheim a Ålesund, do salmão ao bacalhau.

05

03

04

01 Jomar Filho (Panorama da

Aquicultura), Renata Prado (Innovation Norway) e Tiago Bueno (Seafood Brasil)

02 Maíra Bruno e Marcelo Shei

(Altamar)

03 Renata Prado e Tom-Ivar Bern

(Innovation Norway)

04 Da esq. para dir: Helen

Christiansen (Norwegian Food Safety Authority), Øystein Valanes (Seafood From Norway), Maurício

Nogueira (SAP), Jorge Prata Embaixador do Brasil na Noruega, Jorge Seif Jr. (SAP) e Ane Bjørkum (Ministério Norueguês da Pesca e Aquicultura) 05 Ricardo da Fonte Filho e Natállia

da Fonte (Da Fonte Aquicultura)

73

02

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

como as bombas de despesca AquaScan distribuídas aqui pela Marine Equipment, tinham estande próprio. Gadgets interessantes, como drones subaquáticos (Chase) e câmeras de monitoramento (Panoptes) também fizeram parte da variada oferta de produtos da feira. Confira a cobertura completa dos estandes com vídeos no especial AquaNor no site www.seafoodbrasil.com.br

01


Especial

Como ser seguida N a gestão empresarial, fazer um benchmarking é uma comparação de produtos, serviços e práticas que tornam uma empresa única; benchmark é a própria empresa a ser copiada. Não à toa o grupo que controla a Spring Genetics, que também atua no Brasil com formas jovens de tilápia geneticamente aprimoradas, leva o mesmo nome. Neste ano a Benchmark Genetics deu diversas demonstrações de que pretende ser seguida. Primeiro inaugurou, em maio, a SalmoBreed Salten, na Noruega, considerado o maior laboratório de formas jovens do mundo, com 10.000 m2 de área construída e capacidade de água de 8.000 m3. Quando estiver em ritmo total, a capacidade de produção será de 150

milhões de ovas de salmão por ano e os primeiros lotes já foram entregues em novembro. A unidade consumiu US$ 45 milhões em investimentos e opera sob os três diferentes sistemas de cultivo em voga: fluxo contínuo, reuso e recirculação, conforme explica Birgitte Sørheim, diretora de marketing da Benchmark. “Depende da temperatura requerida para o cultivo e para assegurar a melhor qualidade de água em todos os momentos.” Já em julho a Spring anunciou a descoberta de um marcador genético na tilápia que confere resistência ao Streptococcus iniae. Em uma análise genômica dos dados relativos à resistência controlada as doenças demonstrou que uma pequena região do DNA – um Locus de Características Quantitativas, ou QTL –, é responsável por uma grande parcela da variação genética para a resistência. O avanço tecnológico representa uma oportunidade à indústria de reduzir o uso de antibióticos, já que se espera redução no nível de infecções pela bactéria. Em plena AquaNor, em agosto, a empresa comemorou o Innovation

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

74

Em sentido horário: Neil Robertson, chefe do Clean Treat, tecnologia premiada na AquaNor; as instalações da SalmoBreed, agora parte da Benchmark Genetics Norway, o maior laboratório de formas jovens do mundo

Award 2019 pelo CleanTreat, um sistema de purificação de água criado em 2017 para remover medicamentos da água de tratamento dos salmões contra o piolho do mar antes de devolvê-la ao mar. Os “banhos” de água com medicamento ocorrem dentro dos well-boats (barcos que transportam o salmão vivo). O objetivo da inovação é filtrar produtos químicos e compostos orgânicos para reduzir o impacto ambiental dos descartes. “[O CleanTreat] veio da convicção que a sustentabilidade da aquicultura e produção de alimentos em geral se tornará o fator preponderante para o futuro e queremos assumir o nosso papel evitando descarga de medicamentos no meio ambiente”, indica o CEO da Benchmark Holdings, Malcolm Pye. Para concluir (até o fechamento desta edição), a Benchmark fundiu em setembro a SalmoBreed com a Akvaforsk Genetics Centre - que já controlava - formando a Benchmark Genetics Norway. A nova empresa acumula 36 funcionários, dos quais 22 têm ao menos mestrado ou doutorado e pretende se consolidar como o pólo mais importante da Noruega em pesquisa para o melhoramento genético. “Acreditamos que este movimento estratégico também irá fortalecer nossa posição na Noruega e em mercados internacionais”, comentou à época Jan-Emil Johannessen, chefe da Benchmark Genetics.


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

75


Especial

Estado da arte off-shore O s sistemas de recirculação em terra enchem os olhos da comunidade aquícola mundial, mas nada se compara ao assombro que tomou conta do setor quando a SalMar inaugurou aquela que seria a maior fazenda aquícola oceânica do planeta, em 2017. O Ocean Farm 1 é a mais ousada - e cara - iniciativa associada ao cultivo de salmão no mundo. A China Shipbuilding Industry Corp. recebeu cerca de US$ 72 milhões para dar forma ao plano de levar a 4,5 km da costa de Trøndelag, em Frohavet, um tanque-rede gigante capaz de produzir 1,5 milhão de peixes em 14 meses.

A fazenda oceânica tem 110 m de diâmetro, suporta terremotos de magnitude 12 e se baseia em uma estrutura circular de aço semi-submersível com uma longa coluna central e outras 12 colunas laterais interconectadas. Esta “pizza” se divide em quatro câmaras que totalizam 250 mil m3 de área propícia para o cultivo do salmão. No topo, uma edificação que funciona como escritório, depósito de insumos e central de monitoramento. A equipe da Seafood Brasil visitou a área, que fica na área central da Noruega, em uma excursão internacional em 19 de agosto. A sensação que se tem é de se estar perto de uma plataforma de petróleo.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

76

Muita coisa está em jogo com a Ocean Farm 1. O êxito da fazenda também representará o sucesso de um modelo alternativo ao cultivo costeiro em tanques-rede de grande volume, que emergem dos fiordes ao longo de toda a costa. A pressão social sobre estas estruturas e seus impactos ambientais no ecossistema, bem como a redução de licenças emitidas pelo governo norueguês, transformou a iniciativa em um projeto que pode ser um farol para a indústria aquícola.

A SalMar define a Ocean Farm 1 como uma unidade piloto em escala real para testar, aprender, pesquisar e desenvolver. “É equipada com diversas atividades de P&D, com foco particular em condições biológicas e bem-estar do peixe.” Os resultados foram considerados positivos até o momento. A primeira despesca aconteceu um ano depois da inauguração, em setembro de 2018, e a empresa garante ter obtido baixos níveis de mortalidade e de infestação de piolho do mar. A experiência deu segurança para a continuidade do plano off-shore da empresa, que já obteve oito licenças para cultivos similares. Um irmão da Ocean Farm 1 já está a caminho com o dobro da área, oito câmaras de engorda com 780 toneladas cada e uma estrutura na coluna central que terá até um frigorífico. A Smart Fish Farm, como foi batizada, foi desenvolvida pela Mariculture AS, empresa que teve o controle adquirido no ano passado pela SalMar e será responsável pelo projeto. Enquanto isso, os chineses que construíram a fazenda pioneira tomaram gosto pelo negócio: anunciaram em março um projeto para cultivar 45 mil toneladas de salmão nas águas frias do Mar Amarelo, entre a China e as Coreias do Norte e do Sul.


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

77


Especial

Robôs fertilizadores A s salmoneiras norueguesas têm demanda por ovas de salmão ao longo de todo o ano, o que forçou a criação de estruturas fechadas e climatizadas para a fabricação de ovas fertilizadas. A “fábrica da fertilidade” da AquaGen em Hemne, a uma hora de Trondheim, é o reflexo de quase 50 anos de experiência da empresa na produção de ovas de salmão e truta. Boa parte do processo de fertilização é automatizado na estrutura, que dispõe de galpões climatizados e tanques com recirculação de água para a maturação.

Somada à unidade que construiu na Escócia, a AquaGen tem capacidade para fornecer 100 milhões de ovas fertilizadas durante todo o ano. A empresa produz as ovas por ordem de pedido e demora no mínimo sete semanas da fer-

tilização até o despacho. Para cumprir com a qualidade, quantidade e tempo de entrega, pedem aos clientes reservas com antecedência de 10 semanas. Um dos destaques é um robô fertilizador construído especificamente para dar agilidade ao processo, antes feito manualmente. O responsável pela máquina é Torstein Fjukstad, que explica o funcionamento: “O robô recebe as ovas e as escaneia, enquanto tira uma amostra do fluido de ovário para testar [para doenças]. Depois ele preenche potes com água salgada, o fluido e o esperma para iniciar o processo de fertilização.” A máquina tem diversas ferramentas, como um braço que segura as seringas e entrega a mesma quantidade de ovas em cada caixa. Outra funcionalidade é um misturador automático. “O processo todo dura em torno de cinco minutos.

Antes de eles irem para a próxima etapa eles são descontaminados”, indica Fjukstad. Parte do EW Group, do qual faz parte também a brasileira Aquabel, a empresa está mergulhada em um programa de melhoramento genético que já identificou marcadores e selecionou famílias para cor, resistência a parasitas e maior crescimento. Hoje o cliente da AquaGen pode escolher entre ovas de salmão para qualquer um dos itens acima. O estoque da empresa é baseado na coleção de salmão Atlântico de 40 rios diferentes da Noruega de mais de 1000 famílias. O resultado são mais de 20 traços distintos que hoje podem ser selecionados a partir de 930 mil marcadores genéticos analisados por peixe, dispensando o modelo de seleção familiar ainda adotado nas incubadoras e centros de alevinagem brasileiros. O melhoramento genético foi um dos principais responsáveis por reduzir o tempo de cultivo de 22 meses para 4 kg, em 1975, para 9 meses para 4 kg em 2013. “Nossa primeira missão é entregar a tempo. A indústria é tão dependente de receber ovos porque é o começo de toda a cadeia de valor”, sublinha Sven Korsvoll, breeding director da Aquagen.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

78

Em sentido horário, Svein Hjeldnes e Sven Korsvoll, tanques com reprodutores e a fachada da “fábrica da fertilidade”, em Hemne


No coração da Noruega A verticalização da Lerøy Seafood, da produção de formas jovens aos filés de salmão e truta, levou a empresa a um patamar produtivo invejável. Atualmente a empresa é capaz de produzir 170 mil toneladas de salmonídeos nas três regiões em que atua na Noruega. Mas é bem no centro do país, em Hitra, que a empresa construiu a maior unidade de processamento do grupo até o momento, a Leroy Midt AS.

A estrutura está preparada para processar 100 mil toneladas por ano, mas opera com 70% desta capacidade no momento, o que dá uma dimensão dos planos de expansão da empresa. O CEO da Leroy Midt, Sven Amund Fjeldvaer, encontrou os brasileiros para

O sistema de produção por enquanto não contempla o sistema off-shore, em que a concorrente SalMar aposta tantas fichas. “Temos planos de produzir off-shore no futuro, mas não agora. Não temos mais de 10 fazendas com este modelo, temos de esperar o que está acontecendo antes de entrar nisso”, avalia Sven. Enquanto isso, a empresa se contenta com ter a maior estrutura para a produção de smolts da Noruega, em Belsvik, toda em RAS e com capacidade para 14 mil indivíduos de 80 g por ano.

Pescados com qualidade

Um empr a respe esa que ita o mei ambi ente o

Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás. São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.

www.natubras.com.br

Fone: (47) 3347-4800 | Balneário Piçarras – SC

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

79

do Exija cedor e n r fo seu alidade a qu dutos pro dos ás ubr a N t

contar que o frigorífico foi aberto em maio de 2018 de forma a dar suporte às 35 fazendas da empresa que operam na região, das quais de 20 a 25 funcionam ao mesmo tempo - o complexo todo no centro da Noruega obteve 57 licenças.

O sabor que faz a diferença


Especial

Estômago industrial R oger Hofseth não tem papas na língua. Membro de uma das famílias tradicionais da salmonicultura que segue prosperando em meio a um universo de CEOs e fundos de investimento, ele diz que a divisão aqua da empresa não vai entrar na onda do cultivo off-shore ou RAS. “Minha meta é ter o menor custo de produção da Noruega. Acho que alguns conseguirão a fazer 100% na terra, mas nunca chegarão ao custo que temos e nunca chegarão ao mesmo nível de qualidade”, aposta.

Ele tem números para defender o raciocínio. Em 2008 a Hofseth international faturou US$ 17 milhões. Dez anos depois chegou a US$ 383 milhões e estima fechar 2019 com US$ 470 milhões. Os principais mercados são os

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

80

Trutas steelhead processadas na planta

Estados Unidos (com 70% da oferta local de salmão, garante Hofseth), Europa, Austrália e China. “Estamos focando na abertura de novos mercados, espero que um deles seja o Brasil.” O foco, porém, não é no produto mais consumido aqui: o peixe inteiro eviscerado. “Não vendemos o peixe inteiro, vendemos filés, defumados, marinados, porções e os subprodutos”, frisa Roger. A Hofseth se especializou em obter o máximo aproveitamento do salmão. “A fábrica funciona como um estômago: recebe o peixe, digere-o e o divide em porções.”

Ele se refere aos produtos acima e aos subprodutos operacionalizados pela companhia irmã, a Hofseth Biocare, que está listada na bolsa de Oslo.

“Tiramos as cabeças, espinhas dorsais e pele para produzir subprodutos de alto padrão, como proteínas, óleo com ômega-3, cálcio marinho, para tentar usar 100% do peixe. Se voltarmos 100 anos, nós comíamos o peixe inteiro, então é um retorno à origem.” Cerca de 75 pessoas trabalham na unidade de processamento visitada em Ålesund, cuja capacidade é para 45 mil toneladas ou volume diário de 150 toneladas de produtos frescos ou congelados. Junto a mais duas unidades sediadas em Valderøy e Syvde, a empresa se orgulha de ser eficiente. “A Marine Harvest tem uma estrutura na Polônia com 4 mil empregados; nós temos 400 e produzimos quase a mesma coisa. Mas o nosso custo por funcionário é de 200 NOK e na Polônia é 25 NOK”, provoca.

Roger Hofseth: meta da empresa é ter o menor custo de produção da Noruega, com aproveitamento total do peixe com filés, defumados, porções e subprodutos


Família seca e salgada O O foco persiste no bacalhau seco e salgado, do qual produz em torno de 8 mil tonelada anuais, mas a empresa também é uma potência em outros produtos. “Produzimos 35.000 toneladas de mackerel e 25.000 toneladas de herring”, indica Jakobsen. Cerca de 90% de todo esse volume é exportado.

81

Em 1959, a companhia evoluiu para o mercado externo e realizou a primeira exportação de saithe seco e salgado. Hoje seus 80 funcionários com dedicação exclusiva comercializam a diversos mercados, incluindo o Brasil e o emergente mercado da República

Dominicana. “O país cresceu 40% no último ano só com saithe. A qualidade de vida está melhorando lá”, diz o gerente geral da empresa, Kurt-Martin Jakobsen.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

sobrenome Sperre é comum na região de Ålesund, entrecortada por montanhas e fiordes e conhecida como a terra do bacalhau da Noruega. O local é uma espécie de cluster marítimo, por onde passam diversas embarcações. Os Sperre são uma das famílias mais tradicionais do local, com diversas ramificações. Uma delas é dona da Nils Sperre, empresa fundada em 1923 para produzir peixe seco e salgado.


Personagem

Boutique de peixeiros A história de um feirante de Santo André que se tornou referência nacional em segurança alimentar e hoje tem uma peixaria com ampla variedade de itens frescos, congelados e pratos prontos

F

oi ainda criança na feira em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, que Hermes Marcatti começou a história da Pescados Hermes: a boutique do peixe. Com apenas 11 anos de idade, começou a trabalhar em uma barraca de peixes em frente a um terreno que se encaixava perfeitamente nos seus sonhos. “Na barraca eu olhava para esse terreno, onde havia quatro casas antigas, mas já sonhava em montar um comércio aqui no local”, relembra. Mais de 40 anos se passaram até que ele concretizasse o sonho, mas muitas etapas o conduziram até lá. “Após 12 anos trabalhando como funcionário, comprei minha própria barraca de peixe e comecei a participar do circuito de feiras de Santo André, nos bairros Jardim, Vila Bastos, Santa Terezinha, Utinga etc”, conta.

Da esq. para a dir: Heitor, Mirian, Hermes e Tamires Marcatti

Nesta época, o empresário se lembra de como era difícil armazenar as mercadorias. “Fui o primeiro a introduzir vitrine na feira”, garante. E conta orgulhoso que depois da inovação, a barraca virou modelo para a vigilância sanitária e com o tempo as vitrines passaram a ser exigidas em todos os demais estabelecimentos do gênero.

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

82

Marcatti deixou a feira por uns anos para aventurar-se em outros negócios, mas a paixão por pescado falou mais alto e ele retornou ao primeiro ofício. Ele até havia comprado o famoso terreno e construído nele um galpão que alugava a terceiros. “Um dia viraram pra mim e disseram: você tem um galpão bom, porque não monta uma peixaria?.” Desafio aceito, Marcatti envolveu a família para construir um espaço moderno e sofisticado onde o consumidor pode encontrar uma ampla variedade de itens de pescado, de pescada amarela inteira (cuja pele ele faz questão de deixar no filé para garantir a autenticidade) a vieira, passando por haddock defumado, tainha, lula, camarão, namorado, robalo e peixes de cultivo, como tilápia e tambaqui. O aspecto do frescor é a principal marca dos produtos, mesmo aqueles congelados em pratos prontos ou pré-preparados. “Hoje o meu peixe congelado vende mais do que o [fresco] do balcão”. O peixeiro não economizou em equipamentos para montar uma cozinha industrial, sob comando da esposa e sócia, Mirian, que prepara delícias como ceviche de robalo com salmão, filé de pescada branca à parmegiana, estrogonofe, escondidos, lasanhas, panquecas, entre outros. O próximo passo é converter toda esta experiência em uma série de treinamentos para criar uma boutique de peixe. O tão sonhado prédio da família Marcatti já está preparado.


INOVAÇÃO INSPIRADORA PARA CRIAR UM FUTURO SUSTENTÁVEL SOBRE NÓS

NOSSOS FILÉS PREMIUM

Fundada em 1997, a Vinh Hoan cresceu de uma pequena oficina de processamento para ser a maior produtora e exportadora de pangasius do mundo.

Hoje em dia, os consumidores estão escolhendo cada vez mais os alimentos naturais - aqueles com menos aditivos e mínimo processamento. Em resposta a esta demanda cada vez maior, a Vinh Hoan introduziu filés premium sem química, uma alternativa isenta de fosfatos. Vinh Hoan também customiza diferentes cortes de filés premium, sendo todos eles excepcionalmente frescos, com textura deliciosamente firme e tenra, alem de serem absolutamente deliciosos.

Em 2018, a empresa exportou um volume equivalente a 345,1 milhões de dólares, um aumento de 27,7% em relação ao ano anterior. Essa soma representa 15% do valor total de exportação do pangasius do Vietnã, com os EUA, China, Reino Unido e Canadá permanecendo como os quatro maiores mercados. A empresa também está exportando para Bélgica, Japão, Holanda, Espanha, Suíça e Austrália. A Vinh Hoan fornece aos clientes internacionais uma linha de produtos de alta qualidade, como filés premium e produtos prontos para cozinhar (ready-to-cook). Olhando para alguns dos principais mercados, nos EUA, Vinh Hoan é líder, responsável por 50% do mercado de pangasius vietnamita. Na China, Vinh Hoan é o terceiro maior fornecedor, respondendo por 9% do mercado, concentrando-se principalmente no segmento high-end (alta qualidade).

As oito qualidades que impulsionam o sucesso internacional do nosso pangasius premium: FILÉS PURAMENTE BRANCOS

SEM SABOR ACENTUADO DE PEIXE MENOS PREOCUPAÇÃO COM ESPINHAS

PREÇO ACESSÍVEL

PRÊMIOS Prêmios internacionais que a Vinh Hoan recebeu, demonstram nosso sucesso nas atividades de pesquisa e desenvolvimento de produtos: "Seafood Harmony" - Vencedor do Seafood Prix d'Elite na categoria Health and Nutrition na Seafood Expo Global, Bruxelas 2009; "Provocake" - Vencedor do Seafood Prix d'Elite na categoria Health and Nutrition na Seafood Expo Global, Bruxelas 2011;

CERTIFICADO SUSTENTÁVEL

CARNE FIRME SEM CHEIRO

O pangasius da Vinh Hoan também é famoso devido à sua capacidade distinta de fornecer produtos sustentáveis certificados internacionalmente por entidades como a Aquaculture Sterwardship Council ("ASC") e Best Aquaculture Practices ("BAP 4 estrelas").

SEM GOSTO DE BARRO

Pangasius empanados manualmente Pangasius marinado

National Road 30, Ward 11, Cao Lanh City, Dong Thap Province, Vietnam

+84 2838 364 849

Pangasius à milanesa Outros

info@vinhhoan.com

www.vinhhoan.com

SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

Além dos filés premium, a Vinh Hoan também desenvolveu excelentes produtos prontos para cozinhar, atendendo aos estilos do Ocidente ao Oriente, como empanados, marinados, grelhados e uma variedade de outras opções de processamento.

83

PRODUTOS PRONTOS PARA COZINHAR


SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2019 •

84


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.