Seafood Brasil #54

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DIRETO DA PRODUÇÃO

Os entraves e as conquistas que fortalecem cada vez mais a união da piscicultura no Piauí MKT & INVESTIMENTOS

O que rolou de mais importante na Aquishow 2024, PEC Nordeste e Apas Show 2024

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Com uma trajetória de superação e vitórias, camarão cearense mostra o porquê ainda continua na liderança isolada da carcinicultura brasileira

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE PESCADOS

CAMARÃO NA CAMEX

Começa a safra de eventos

Atemporada de feiras em 2024 começou agitada como a eclosão dos ovos de qualquer alevinagem. E justamente por isso, a edição #54, na seção MKT & Investimentos (pag. 10) traz a cobertura completa da Apas Show 2024 em São Paulo, Aquishow Brasil em São José do Rio Preto (SP) e PEC Nordeste em Fortaleza (CE) - aliás, esta última, nos rendeu um mergulho lado a lado com os crustáceos mais desejados do planeta, tema da nossa reportagem de Capa (pag. 42). Embarque nesta viagem junto à nossa repórter Fabi Fonseca para o Ceará e se prepare para se aprofundar mais no tema e desvendar os segredos por trás da dominância do Estado na produção do P. vannamei.

Já no Direto da Produção (pag. 64), o mergulho foi no Estado do Piauí, que busca notoriedade no cenário aquícola. Lá, acompanhamos a rotina dos piscicultores nos municípios da região de Cocais e Entre Rios, apuração essa que revela os desafios, as estratégias, a resiliência e uma inovação que de fato inspira produtores de todo o País.

Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres

Editor-chefe: Ricardo Torres

Editor-executivo: Léo Martins

Repórter: Fabi Fonseca

Diagramação: Thalita Cibelle Medeiros

Marketing e Tráfego: Letícia Baptiston

Crédito da foto de capa: Seafood Brasil

Esta edição traz ainda a primeira matéria da série “Especial Aniversários” (pag. 74), que celebra os principais marcos das empresas mais longevas do setor. No texto, vocês vão poder conhecer as histórias de sucesso e os planos para o futuro dessas empresas que têm se destacado ao longo dos anos, contribuindo para o crescimento e a consolidação do mercado de pescados no Brasil. Afinal, por incrível que pareça, chegar ao topo é a parte mais fácil da jornada - difícil mesmo é se manter lá por tanto tempo.

Boa leitura!

Ricardo Torres - Editor-chefe

Fabi Fonseca e Ricardo Torres

A vitória está na genética

Com mais de 30 anos de carreira na indústria aquícola, Gustavo Bozano funde seu gene ao do Grupo GenoMar

Genetics para, através da genética, trazer mais vitórias à história da empresa e à indústria aquícola nacional

Texto: Fabi Fonseca e Léo Martins

Gustavo Bozolo é daquelas pessoas que carregam em seu DNA o gene e a visão de quem quer vencer. E, para entender essa genética, é só analisar sua trajetória na aquicultura até os dias de hoje.

Desde que iniciou sua carreira no setor, todas as experiências de Bozano o ajudaram a ter uma visão global sobre esse mercado e, assim, estar sempre pronto para grandes oportunidades em sua jornada - em seus mais de 30 anos de trajetória, ele ocupou diversos cargos técnicos,

gerenciais e de liderança na Mcassab, Grupo InVivo e AquaLagus Consultoria, por exemplo.

No entanto, em 2024, o gene vitorioso de Bozano o levou ao ponto mais alto de sua carreira profissional: ele recebeu o convite da GenoMar Genetics para assumir, no dia 01 de maio, como CEO do grupo no lugar de Alejandro Tola Alvarez – agora, novo Diretor Executivo de Não-Salmonídeos na Blue Future Holding.

Neste bate-papo, Bozano revela como vai emprestar seu gene vencedor para a GenoMar Genetics e aponta como a genética é o caminho para a cadeia produtiva de tilápia conquistar mais e mais vitórias.

1 Como foi receber o convite para ser o novo CEO do Grupo GenoMar Genetics? Em sua avaliação, qual a contribuição que seus mais de 30 anos de experiência na indústria aquícola brasileira contribuíram para este momento?

Receber o convite foi um grande privilégio. A empresa buscava alguém que tivesse uma formação técnica e conhecimento de toda a cadeia produtiva de aquicultura, além de uma visão global sobre o mercado, o negócio de tilápia e a aquicultura no Brasil e no mundo.

A forma eclética como eu tenho trabalhado durante minha carreira, contribuiu para a proposta de ser o CEO do grupo no mundo. Em 30 anos na área, pude atuar como consultor de diversas empresas em diferentes áreas da aquicultura: produção de formas jovens, engorda e processamento de tilápias, além de empresas de nutrição

Divulgação

como fabricantes de ração e de aditivos nutricionais.

Também sou engenheiro agrônomo com mestrado e doutorado em ciência animal pela USP, tenho especialização em estratégia de negócios pela Universidade de La Verne e ainda ministrei aulas como professor de MBA em agronegócio da ESALQ/USP. Ou seja, tudo contribuiu para este convite.

2 Quais são os maiores entraves que você espera enfrentar como CEO da GenoMar Genetics e o que você pretende fazer para contorná-los?

O grande desafio da produção aquícola é a questão da bioseguridade. Com toda a pressão ambiental, obstáculos sanitários e mudanças climáticas que existem hoje no Brasil e no mundo, é um desafio diário entregar a melhor genética em um produto que seja o melhor e o mais seguro para os nossos clientes.

Para isso, a empresa, há algum tempo, vem trabalhando em protocolos de biosseguridade completos. Hoje, todas as nossas unidades passam por controles sanitários que foram desenhados para que tenhamos o máximo possível de segurança. Exemplo: um caminhão (e o caminhoneiro) que sai para a entrega de animais em um cliente, não pode voltar para dentro de uma unidade nossa sem 2 dias de vazio sanitário.

“Com sustentabilidade, nosso objetivo é trazer a melhor genética com segurança para os nossos clientes, melhorando sua rentabilidade e ajudando a cadeia produtiva a se tornar mais e mais eficiente”

a genética é uma ferramenta fundamental que melhora ou atenua essas situações.

Hoje, por exemplo, nós temos uma nutrição adequada no Brasil para a aquicultura, bem como sistemas de produção que têm sido ajustados em função dessas novas demandas sanitárias. Porém, na tilapicultura, ainda não damos a atenção necessária à genética, ainda mais se comparada à produção de outras carnes. Por isso, temos o objetivo de usar nosso conhecimento e tecnologia genética para melhorar o desempenho dos animais, índices zootécnicos e também a resistência às doenças. É dessa forma que nós conseguiremos contribuir para a melhoria da eficiência econômica na produção da tilápia de forma contínua.

4 O investimento da GenoMar no Brasil inclui a construção de um segundo núcleo genético no Tocantins e o lançamento da linha tilápia GenoMar 1000, que promete crescimento rápido e resistência a patógenos. Quais são suas expectativas para a aceitação dessa nova genética no mercado brasileiro e como essa expansão contribuirá para o desenvolvimento da indústria aquícola nacional?

Nós temos um plano de expansão da nossa unidade no Tocantins, que hoje, já desenvolve a Aquabel, uma linha conhecida pelos produtores brasileiros por sua genética e pelos

resultados estáveis à produtividade. Sendo assim, o objetivo da ampliação é que possamos trazer mais novidades no futuro com linhagens genéticas diferenciadas, como melhoria de rendimento de carcaça e de resistência às doenças, que vão ampliar o espectro de produtos possíveis de serem utilizados.

No entanto, nós também trouxemos a GenoMar 1000, que tem mostrado resultados sensacionais em testes feitos em tanques-rede e em viveiros dentro do Brasil - alguns clientes estão testando essa solução e têm obtido resultados geotécnicos fantásticos com velocidades de crescimento nunca vistos em sistemas de produção com tilápia aqui no Brasil. Por isso, acreditamos que essa linha é revolucionária e vai ajudar nossos clientes a melhorarem os índices zootécnicos e desempenho econômico dos seus negócios.

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Como você avalia o atual momento da tilápia no Brasil e no mundo? Sendo referência em genética de tilápia, como a GenoMar Genetics pretende usar a tecnologia para contribuir com a tilápia para que ela evolua cada vez mais globalmente? Estamos em um momento de produção de definições em relação aos pacotes tecnológicos e sistemas de produção. Sabemos que as pressões sanitárias serão cada vez mais intensas, assim como as mudanças climáticas, o que traz a necessidade de nos adaptarmos cada vez mais. E neste caso, não há dúvidas que

5 Com você à frente da GenoMar Genetics, quais são os planos da empresa para reforçar ainda mais a sua posição no mercado de genética de tilápia para além dos mercados Sul-americano e Sudeste Asiático? Os planos de expansão da empresa não estão se iniciando agora durante a minha gestão: já existia um estudo de crescimento no mundo, que por sua vez, passa pela ampliação da nossa participação nos países onde nós já atuamos - hoje, por exemplo, eu tenho na mão projetos de ampliação da nossa estrutura de produção no Vietnã, Malásia e Filipinas. E no Brasil não é diferente.

No entanto, é vital trazermos genética para dentro do dia a dia do negócio dos nossos clientes e parceiros. O que temos conversado cada vez mais com eles é que a genética é um fator chave para alcançarmos índices de eficiência melhores. Com sustentabilidade, nosso objetivo é trazer a melhor genética com segurança para os nossos clientes, melhorando sua rentabilidade e ajudando a cadeia produtiva a se tornar mais e mais eficiente

Divulgação

Na Água

Tecnologia para pesca e criação

Crédito das fotos:

Divulgação/Empresas

Aerando sem quebras

Eficiência e grande durabilidade. Essa é a melhor descrição para o aerador de pás da Agricotec. De acordo com a empresa, a solução, que atende a todos os tamanhos de tanque, possui grande capacidade de incorporação de oxigênio e alto poder de movimentação da coluna superior de água dos tanques de produção de peixes e camarões. O aerador de pás ainda possui caixa de redução com coroa e pinhão, conjunto de pás flexível e de alta resistência contra quebras, além de uma área de abrangência de 2.500 m2 a 5.000 m2

Tilápias com saúde de touro

Criado para proporcionar segurança e eficácia no tratamento da Estreptococose, a Vaxxinova trouxe para os visitantes da Aquishow

o Farmaflor 50. Desenvolvido pela Farmabase, a solução é um antimicrobriano à base de florfenicol 50% registrado para uso na ração de tilápias para atuar na redução da mortalidade do pescado através do combate ao Streptococcus agalactiae. Termoestável, o Farmaflor 50 é resistente à peletização e possui alta lipossolubilidade, o que garante rápida absorção e distribuição nos tecidos.

Para os mais grandinhos

Já a Cardinal Aquatecnologia apresentou ao público sua bomba para peixes grandes de 10 polegadas. A empresa desenvolveu o equipamento para realizar a transferência e despesca de tilápias e, assim, atender os mais diversos trabalhos com peixes de 700 g até 2 kg. Com motorização elétrica ou a diesel, a bomba possui altura máxima de trabalho de até 6 m, deslocamento de até 1.000 m em nível e capacidade de transferência de 36 a 50 toneladas por hora.

O suprassumo aquático

Potência aerada

Os aeradores chafariz são o lançamento da AquaGermany. Com motores WEG, os equipamentos podem ser utilizados em tanques e utilizam o polietileno virgem com fator de proteção UV16 para moldar a capa de proteção e flutuadores. Ainda segundo a AquaGermany, esses aeradores são os primeiros do mercado a utilizar uma lâmpada de LED embutida para sinalizar o funcionamento do equipamento e ornamentar o tanque. Por fim, as soluções possuem diferentes potências, que variam de 0.5 a 2.0 cv.

Fórmula MasterChef

A linha Acqua Line, pertencente à marca Supra, foi o destaque da Alisul na Aquishow 2024. Segundo a empresa, a linha é baseada em rações polifásicas desenvolvidas para cada espécie de peixes, desde o nascimento até o tamanho de comercialização, nos diversos sistemas de cultivos. Utilizando qualidade e tecnologia de processamento nas formas extrusada e farelada, a linha possui alta digestibilidade e é produzida com produtos ecológicos. Todas em sacos de 25 kg, a Acqua Line está disponível nas seguintes versões:

Supralevino Inicial; Supra Pré-juvenil; Supra Pré-juvenil 1 mm HS; Supra Juvenil 1,7 mm e 2,5 mm; e Supra Tilápia 36% e 32%.

A Fosfish apresentou a nova composição de sua linha de ração, que possui novos aditivos especializados que oferecem condições para o peixe suportar situações de estresse. De acordo com a empresa, a linha foi desenvolvida e baseada em modernos conceitos de nutrição, cuidadosamente formulados e balanceados visando atender e superar as exigências nutricionais de peixes em sistemas de criação intensivos e semi-intensivos.

Feita com ingredientes de alta digestibilidade e atratividade, a linha também é enriquecida com vitaminas e minerais.

AQUISHOW 2024

Marketing & Investimentos

Apas não cansa de crescer

Pescado manteve presença estável na Apas Show 2024, com cerca de 30 expositores que apresentaram suas novidades para o varejo brasileiro

Pescado tem presença importante no evento com lançamentos em produtos, novas marcas e forte intenção de disputar espaço nas gôndolas com as proteínas animais tradicionais

global, reunindo mais de 140 mil visitantes e 850 expositores de 22 países.

Acada ano, a Apas Show se assemelha mais e mais a um elefante com sobrepeso: tão fascinante quanto exagerado. A 38ª edição, realizada entre 13 e 16 de maio de 2024, no Expo Center Norte, em São Paulo, reafirmou que o setor supermercadista brasileiro lidera a inovação no varejo. Com a atmosfera dinâmica de sempre, apesar da visitação engessada e os já tradicionais e constantes problemas logísticos, a feira se consolidou como um marco

O evento, além de promover um volume recorde de R$ 15,3 bilhões em negócios, acrescentou ainda um novo anexo ao pavilhão azul, chegando a 78 mil m². O pescado anda estável na Apas, ano após ano, com aproximadamente 30 expositores do segmento, ou 3,5% do evento - este número já foi de 10% há uma década, quando a Apas tinha em torno de 600 expositores. Como de praxe, além da área de exposição, as palestras trouxeram discussões cruciais sobre as tendências do mercado, incluindo o

crescente interesse do consumidor por produtos mais saudáveis e sustentáveis. Para os profissionais da indústria de pescados, a Apas Show 2024 foi um palco de inovações e oportunidades, refletindo uma demanda crescente por peixes e frutos do mar de alta qualidade.

De forma geral, o evento revelou mudanças significativas nos hábitos de consumo dos clientes de supermercados, com destaque para a busca por produtos mais saudáveis e perecíveis. A pesquisa “Comportamento do Consumidor”, realizada pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) em parceria

Texto e fotos: Fabi Fonseca e Ricardo Torres | Créditos fotos: Seafood Brasil

FORÇA PAULISTA EM 2023

Com um faturamento que representa 30% do total nacional e uma participação de 9,3% no PIB do Estado, São Paulo continua a se consolidar como o principal representante do setor supermercadista do País, conforme divulgou a Apas:

Faturamento

R$ 300 bilhões em 2023

Participação no PIB do Estado 9,3%

Representação no total nacional 30%

Presença de pequenos estabelecimentos 61% do total

Número de lojas Mais de 23 mil, predominantemente micro e pequeno porte

Total de empregos diretos Mais de 669 mil em 2023

Marketing & Investimentos

Na pesquisa que revelou os canais de compra favoritos do consumidor para diferentes produtos, os peixes ganharam destaques na preferência por compras em supermercados (57%)

com Scanntech e Shopper Experience, divulgada durante a tradicional coletiva de imprensa do evento, mostrou que 57% dos consumidores estão focados em manter uma boa alimentação, um aumento de 4% em relação ao ano anterior. “Percebemos que os produtos saudáveis cresceram de forma acelerada em todas as cestas com os perecíveis em alta e bebidas com o maior crescimento”, disse Felipe Queiroz, economista da Apas. Com isso, produtos como peixes e frutos do mar estão ganhando espaço nas cestas de compra.

A análise destacou ainda o crescimento significativo nas vendas de alimentos saudáveis, como frutas (44%), legumes (18%) e verduras (26%). Queiroz enfatizou a importância de entender e antecipar as mudanças nas preferências dos consumidores, especialmente a valorização dos alimentos saudáveis e a diversificação das escolhas de produtos.

Além disso, o estudo apontou um aumento no interesse por compras online, com 66% dos entrevistados fazendo suas aquisições de supermercado pela internet, motivados principalmente pela conveniência e facilidade de encontrar preços competitivos. Este dado é particularmente relevante para o setor de pescados, que pode aproveitar a plataforma digital para oferecer produtos frescos e de alta qualidade diretamente

aos consumidores, garantindo praticidade e eficiência. Em relação às compras para o domicílio, a preferência por compras mensais se manteve alta, com 81% dos entrevistados praticando essa modalidade em 2024. Entretanto, houve uma leve queda nas compras de reposição e emergência em comparação com o ano anterior.

A pesquisa também revelou que cerca de 70% dos consumidores visitam múltiplos estabelecimentos para suas compras, com uma tendência maior entre os consumidores da Classe A. “Aspectos associados à conveniência representam mais de 50% das menções”, acrescentou Carlos Corrêa, diretor geral da Apas, destacando a importância da conveniência para a fidelização dos clientes.

Apas Show 2024 e suas muitas novidades de pescado

O evento deste ano reafirmou seu papel como plataforma para negócios e inovações no setor supermercadista. E o pescado não podia ficar de fora. As empresas participantes demonstraram como a combinação de expansão, certificação e inovação pode impulsionar o crescimento e atender às demandas dos consumidores. Veja a seguir o que as empresas do setor levaram para o evento:

Força da tilápia e momento dos empanados

Alexandre Lachi, gerente de marketing da Copacol, destacou a nova oferta da empresa: “Estamos trazendo para a feira o novo Fishggets, uma forma diferente de comer tilápia.” A novidade vem em pouches de 275 g ou 700 g e é uma evolução do “Fishggets” lançado em 2012, que envolvia formatos como estrela e peixinhos. Agora, o formato é apenas em peixes. “O objetivo é aumentar o consumo de tilápia. Desta forma, acreditamos que iremos alcançar o público mais jovem, até infantil, de uma forma muito mais legal de comer a tilápia Copacol”, completou Lachi.

A tilápia também esteve na esteira de lançamentos da Opergel. Geraldo Neves, novo executivo da empresa que entrou para comandar a operação em Santa Catarina, apresentou a nova linha de itens nacionais. “A empresa sempre foi conhecida de forma muito forte na parte de importados e agora resolveu fazer um complemento de mix de espécies nacionais.” São cinco espécies novas, com 11 itens e apresentações, como manjuba, sardinha, tilápia e corvina.

Com pouco tempo de atuação no setor de pescado, mas com uma estratégia cada vez mais agressiva, a GTFoods, por meio de sua marca Canção, trouxe à Apas Show 2024 lançamentos focados na expansão dos empanados. Rafael Tortola, CEO da empresa, destacou o lançamento do filé de tilápia empanado e das iscas de tilápia empanadas, ambos feitos com 100% de filé de tilápia e embalagens de 600 g e 400 g, respectivamente. “Esses produtos são de fácil preparo, pré-cozidos e com mais praticidade. Pensamos ele para a família brasileira”, afirmou Tortola.

Além dos empanados, a empresa também está apostando em uma linha premium de bacalhau, buscando oferecer

Mar & Rio Pescados traz produtos com novas embalagens enquanto visa saudabilidade e praticidade no cotidiano com produtos destinados à airfryer

lascas do pescado com preço mais acessível, especialmente na Quaresma e na Páscoa. “Queremos tornar esses produtos mais presentes na mesa dos brasileiros. Sabemos que o grande desafio é custo, mas vemos uma crescente familiaridade do consumidor, ainda que sejam mais caros comparados com outras proteínas,” explicou Tortola. A expectativa é que a reformulação do portfólio traga novidades como sardinha, camarão e merluza até o final de 2025.

Fundada em 2024, a Marchef Pescados marcou presença na Apas com uma proposta diversificada de produtos que também apostam na variedade de empanados como filé de tilápia, anéis de lula e camarão butterfly, além da linha de produtos em ATM (atmosfera modificada) como tentáculos de polvo, kit paella e camarão. “Nossa proposta é trazer inovação para o mercado de pescado, com produtos que oferecem praticidade e qualidade tanto para o varejo quanto para o food service”, revelou Rafael Pedrosa, diretor da Marchef.

Os empanados também estiveram em destaque na Mar & Rio Pescados, que aproveitou o evento para anunciar a reformulação das embalagens, agora em pacotes de 350 g, como conta Rodrigo de Paulo, supervisor de vendas. “Estamos trazendo camarão empanado com calda, camarão empanado totalmente descascado, anéis de lula, tiras de tilápia e panga. Seguindo essa mesma linha, temos o camarão recheado com catupiry, que seria um produto mais premium. Todos eles são pré-fritos e podem ser finalizados na air fryer”, explicou. Além disso, a empresa lançou uma linha de produtos de jacaré, incluindo linguiça pura e mista, coxa, espetinho e jacaré inteiro eviscerado. “Esses produtos já existiam, mas agora vêm em uma nova embalagem também”, finalizou.

Márcio Ortega, diretor comercial da Fênix, da Baita Alimentos, contou que a empresa especializada em empanados apostou em dois lançamentos: “Estamos lançando o panga empanado e a lula empanada, ambos produtos full cook, prontos para esquentar na air fryer”, explicou Ortega. Conforme ele, a escolha do panga empanado como novidade reflete a estratégia da Fênix em criar produtos únicos. “A empresa sempre procura inovar e neste ano, vamos apostar bastante nesses dois produtos”, comentou o diretor.

Marketing & Investimentos

Celebrando e expandindo

O evento também serviu para atualizações de mercado e expansão de diversas marcas, como a própria Masterboi Pescados, que agora conta com mais de 200 itens no mix incluindo peixes importados como o bacalhau, filés e crustáceos. “Nos últimos anos, o consumo de pescado vem crescendo devido ao hábito saudável de consumir peixe. Hoje, ele briga entre a segunda e terceira categoria em termos de preferência, perdendo apenas para a carne bovina”, disse Maurício Bortoleto, gerente de suprimentos da Masterboi. Conforme ele, o desempenho da marca com pescado no último ano foi excepcional, com um recorde de vendas superior a 2.500 toneladas de pescado, abrangendo todo o Nordeste. “O pescado representa cerca de 15% a 20% do nosso mix total, um volume muito expressivo”, destacou.

Hélio Mota, gerente de vendas de exportação, mencionou a ampliação da distribuição para grandes redes como Assaí e Mateus, além dos distribuidores tradicionais. “Saímos de 1.500 para 1.800 lojas atendidas, crescimento esse totalmente exponencial. Claro que temos uma identidade de bovinos, mas o pescado já está entrando no DNA”, afirmou.

Mariana Midori Nagata, diretora de Marketing, Produtos e Negócios Internacionais da Korin Alimentos, compartilhou que a empresa continua apostando na tilápia, truta rosa e truta arco-íris, mas a grande novidade é a penetração em grandes redes supermercadistas. “Este ano, conseguimos entrar no grupo Pão de Açúcar em São Paulo e, mais recentemente, no Rio de Janeiro. Isso é bastante significativo para nós, especialmente no setor de pescado”, afirmou.

Segundo ela, a empresa tem

focado em uma comunicação mais educativa com os consumidores, destacando os diferenciais de seus produtos, como a tilápia livre de antibióticos e hormônios de reversão sexual com certificação. “Essa certificação traz uma clareza maior para o consumidor, que agora pode ver o selo nas embalagens e entender os benefícios de consumir um produto mais saudável”, explicou a diretora.

A Brazilian Fish também estava em um momento de celebração na Apas Show. Ramon Amaral, diretor, apresentou a nova identidade visual da empresa, que inclui um logotipo modernizado e embalagens reestilizadas. “Estamos trazendo uma nova roupagem para a Brazilian Fish, refletindo um novo momento”, destacou Amaral. A empresa também

lançou a coxinha de tilápia, premiada no Seafood Show Latin America, agora com a nova identidade visual e selo de produto vencedor.

A tilápia também esteve em destaque no estande da Bello Alimentos, como informa Marcos Paludo, gerente nacional de vendas da empresa. “A tilápia é o produto do momento e acho que pelo hábito de consumo que está dentro da casa do brasileiro. A penetração dele nos pontos de venda é muito melhor e a gente consegue ter ainda uma criação muito parecida com o sistema de integração de frango e suínos”, ressaltou Paludo. A espécie mais produzida e consumida do Brasil esteve juntamente com outros pescados nativos como tambaqui, pacu e pintado, além dos importados.

Brazilian Fish aproveitou a Apas Show 2024 para apresentar a nova identidade visual da empresa

Marketing & Investimentos

Diversas opções de importados

As empresas que atuam com importados no mercado brasileiro também estavam cheias de novidades. João Machado, gestor do mercado da Soguima no Brasil, destacou a introdução do polvo cozido. A inovação visa reduzir as perdas no preparo e proporcionar mais praticidade ao consumidor. “O polvo cozido evita a perda significativa que ocorre com o polvo cru, oferecendo uma experiência sem desperdícios.” Além disso, a empresa apresentou novas embalagens, realçando seu já conhecido diferencial de cor verde nas gôndolas.

Mas, naquele momento de “ressaca da Quaresma”, Machado também destacou os desafios logísticos enfrentados e atrasos na liberação de contêineres na fronteira, que provocaram dores de cabeça aos importadores e impactaram as vendas durante a Quaresma. “Muitos parceiros ficaram sem produto para a Páscoa, o que é prejudicial não só para nós, mas principalmente para o consumidor brasileiro,” lamentou.

A Caxamar Brasil também enfrentou desafios para trazer seus produtos neste ano, como revela o CEO, Abner Almeida. “ Tivemos contêineres que demoraram 45 dias para serem liberados, o que impacta diretamente nos custos e na ruptura de SKUs”, disse. A empresa portuguesa l evou ao evento lombo de bacalhau para churrasco com 2,3 kg dessalgado e congelado. “O lombo tem mais de 1 ano de cura, o que confere uma firmeza maior, ideal para a grelha. Não há outro com esse tamanho no mercado nacional”, afirmou Almeida. Segundo ele, a decisão de lançar esse produto no Brasil foi motivada pela crescente demanda por produtos cada vez melhores. “O mercado brasileiro é exigente”, explicou.

Randi Bolstad, diretora do Conselho Norueguês da Pesca no Brasil, comentou sobre os esforços de promoção do peixe de origem norueguesa: “O produto que exportamos ao Brasil é principalmente o bacalhau salgado e seco. Apoiamos e fazemos investimento em divulgação destes produtos. A Quaresma foi muito boa, houve boas vendas, apesar dos problemas nos portos na hora da importação. Mas a venda de saithe foi muito expressiva e estamos satisfeitos.”

Já a Di Salerno, com 30 anos de experiência no mercado de filé de anchova, apresentou na Apas Show o extrato de anchovas. Taina Alfano, diretora da Di Salerno, explicou que o extrato é um produto gourmet ideal para finalizar pratos como carnes e peixes. “É um produto de nicho, mas com potencial de crescimento”, comentou.

Anchovas seguem sendo apostas da Di Salerno que agora compõe o portfólio com um extrato para finalização de pratos

Novos horizontes para superar desafios

Leonardo Silveira, COO da River Global, empresa representante do Alaska Seafood Marketing Institute (ASMI) para a América Latina, destacou: “Estivemos mais uma vez na Apas com uma participação muito importante para a ASMI. Pudemos fazer com que nossos importadores e distribuidores no Brasil realizassem muitas reuniões, networking e reencontrassem os parceiros da indústria. Temos apresentado novos produtos ao mercado brasileiro, como o peixe halibut do Alasca com a Frescatto e Maritos com a Noronha Pescados.”

A Frumar fez questão de participar da Apas neste ano, apesar de estar sob o então recente impacto das chuvas que devastaram o Rio Grande do Sul. José Ricardo Soler, da empresa, explicou: “Estamos no estande do Alasca, onde compramos nossos produtos para processar em nossa unidade de Santa Catarina, em Tijucas (SC). Conhecemos novos clientes e recebemos os atuais e estaremos também no mês de outubro na Seafood Show com nosso estande próprio. Gostaríamos de lembrá-los deste momento de dificuldade, justamente por termos a nossa sede em São Leopoldo e nosso depósito em Porto Alegre. Com a fibra do gaúcho, retomaremos isso em breve e temos preservada nossa indústria em Santa Catarina e nossas filiais”, concluiu.

máquinas e equipamentos ®

Um aperitivo da Apas Show 2024

Dos dias 13 a 16 de maio, muitas personalidades do setor de pescado marcaram presença na Apas Show e deram à feira o toque final para fazer dela o maior evento supermercadista do mundo.

Crédito das fotos: Seafood Brasil

Edu Guedes, Ana Hickmann, Fabricia Roweder Antônio e Júlio César Antônio (Mar & Rio Pescados)

Paulo Silva, Marcelo Varela e Pedro Duque (Qualimar)

Nanook (Alaska Seafood) e Vitor Pierri (Planalto Fish)

Marcio Ortega (Baita Fênix)

Lidiane Monteiro e Thiago Monteiro (Golden Foods)

Equipe Minerva Foods

Equipe BomPORTO

Rodolfo Assis, Sidónio Barros e Flávia (Soguima / Reymar)

Jan Zacher e Marcílio Alfano (Di Salerno)

Júlio César Antônio e Lucas Almeida (Mar & Rio Pescados)

Marcela Zanoto, Fabricia Roweder Antônio e Letícia Jacinto (Mar & Rio Pescados)

Mário Silva, James Loureiro e Carlos Aragon (Bom Peixe)

Valderi Santos, Paulino e Tiago Moratelli (Copacol)

Cristina Oliveira e Cidalia Ferreira (Ferraz & Ferreira)

Expedito Ferreira e Nacione Torres (Maris Pescados)

Equipe Noronha Pescados

Sinthya Sussel e Fábio Sussel (Instituto de Pesca-SP)

Sônia Amaral, Antônio Ramon Amaral e Ana Helena Amaral (Brazilian Fish)

Lazaro Ribas, Felipe Amaral, Marcio Ardigueri (Raguife Rações / FanFood)

Anderson Serafim, Marcelo Cireli, Rodrigo Silva e José Noujaim (Bello Alimentos)

Gustavo Fernandes, Adrian Santos e Jair de Sordi (C.Vale)

Enio Lima, Denise Maia, Danuza Santos, Marcantoni Albuquerque e Helio Mota (Masterboi)

Elielson Rocha e Lucas Schlipake (Caxamar)

Emmanuel Klein e Marcelo Varela (Qualimar)

Mike Cusak, Rasmus Soerensen (American Seafoods) e Carolina Nascimento (Xtra Mile)

Lee Fei Félix (Brasino) e João Ferreira (Noronha Pescados)

Bianca Andrade (Zaltana Pescados), João Ricardo (Frumar) e Gustavo Faria (Lex Experts)

Alexandre, Mariana Nagata (Korin Alimentos), William Yamamoto (Frumar) e Tiago Bueno (Seafood Brasil)

Felipe Scartezinni e André Peres (Frumar)

Diego Orsi, Leandro Orsi, Alessandro Orsi (Seven Foods / Altamar Foods) e Fabi Fonseca (Seafood Brasil)

Conceição Zeppelini e Débora (Francal)

Charles Mendonça (Marchef Pescados), Luiz Paulo Henriques (COPACAM e APCC) e Ricardo Pedrosa (Marchef Pescados)

Geraldo Filho, João Pedro, Pedro Pereira e Felipe Almeida (Opergel)

Luiz Carlos Dematte e Mariana Midori Nagata (Korin Alimentos)

Lauri Paludo e Marcos Paludo (Bello Alimentos)

Marketing & Investimentos

A menina dos olhos dos eventos de pescado

A organização também pôde celebrar a qualificação do público, com caravanas de diversas regiões brasileiras e internacionais, e pela inovação ao oferecer mais de 80 atendimentos de consultoria especializada. Fora isso, o encontro gerou 400 empregos diretos e indiretos

Com números expressivos em negócios e a participação de empresas e públicos, incluindo representantes internacionais, Aquishow Brasil 2024 provou mais uma vez sua importância ao gerar empregos, promover inovações e oferecer caminhos para o setor aquícola continuar sempre evoluindo

Não tem sido uma tarefa fácil permanecer no pódio entre as principais feiras de pescado do Brasil e da América Latina – afinal, o setor vem se expandindo ano a ano e, nesse pós-Covid-19, presenciou uma ampliação de encontros

presenciais. E se a agenda do pescado brasileiro está cada vez mais cheia, os eventos já consolidados precisam, mais do que nunca, demonstrar sua força.

Pois bem, em meio aos “burburinhos” que tomaram conta dos corredores sobre a possibilidade de a Aquishow Brasil do próximo ano se tornar itinerante ou ter

um novo local, a edição 2024 alcançou números expressivos e provou mais uma vez a sua potência: R$ 173 milhões em negócios realizados e prospectados, um aumento de 5% em relação a 2023 Além de mais de 100 estandes, o evento ainda atraiu aproximadamente 7 mil participantes, incluindo representantes

Organização
Aquishow
Brasil

Na segunda-feira (20), antes da feira começar oficialmente, a Aquishow Brasil 2024 levou sua tradicional cerimônia de abertura para o Parque Tecnológico de São José do Rio Preto (SP), onde foram reunidas as lideranças setoriais, políticos, empresas, universidades e estudantes

internacionais de países como Chile, Estados Unidos e Noruega. “A Aquishow Brasil 2024 foi um sucesso e atingiu o seu principal objetivo, que é a geração de negócios, além de fomentar o setor

maio no Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental, do Instituto de Pesca (IPApta), teve organização da Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (Peixe-SP), coorganização do Ministério da Pesca e Aquicultura, do Instituto de Pesca (IP-Apta), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e da Prefeitura de São José do Rio Preto.

“Estamos

na luta”

Em seu tradicional discurso de abertura, Marilsa Fernandes foi direta em enfatizar os desafios enfrentados pela aquicultura brasileira e a necessidade urgente de uma maior coesão dentro do setor. “Nós estamos na luta e vamos conseguir fazer a ai172080293861_Inak_Anúncio75anos_MeiaPágina_ARTE.pdf 1 12/07/24 13:49

aquícola com as mais modernas tecnologias e tendências do mercado”, disse Marilsa Fernandes, idealizadora e organizadora da Aquishow.

O evento, realizado de 21 a 23 de

Marketing & Investimentos

diferença a partir de um evento como a Aquishow que traz tecnologia, inovações e discute os problemas e as transversalidades que estão no dia a dia de todo o produtor de organismo aquático, seja ele a rã, o jacaré, a maricultura e por aí vai”, disse. Ela destacou que, embora a tilapicultura seja o foco principal do evento, é crucial incluir outros setores para fortalecer o setor como um todo.

Entre as autoridades políticas presentes, o ministro da Pesca e Aquicultura (MPA), André de Paula, aproveitou a ocasião e contou sobre a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o MPA e o Ministério de Minas e Energia. Segundo ele, esse ACT possibilita o desenvolvimento da aquicultura em reservatórios e usinas

hidrelétricas. “Isso tem sido tratado com prioridade pelo Alexandre Silveira [ministro de Minas e Energia] e tenho convicção de que vamos avançar muito nisso”, disse. De Paula ainda anunciou que nos próximos dias, o MPA estará publicando as portarias que trazem a liberação de capacidade de suporte para uso das represas de Ilha Solteira, Três Marias e Furnas.

Avanços e desafios no cenário

A Aquishow Brasil trouxe à tona discussões fundamentais sobre o cenário atual e as perspectivas futuras da piscicultura no País. Com painéis abordando desde oportunidades de investimento até inovações tecnológicas, os palestrantes destacaram tanto os avanços quanto

Premiações e reconhecimentos

Durante a abertura oficial da 13ª edição da Aquishow Brasil, a organização anunciou os vencedores do “Prêmio Personalidades Brasileiras da Aquicultura: Aline Brun e Geraldo Bernardino – Edição 2024”. Na ocasião, os vencedores foram Juliana Lopes da Silva, diretora do Departamento de Aquicultura em Águas da União do MPA, e Francisco Medeiros, presidente-executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR).

Já pelo “Prêmio Inovação Aquícola - 2024”, foram premiadas as seguintes iniciativas:

• Na categoria Academia: a vencedora foi Amanda Rodrigues Magnabosco, com o segundo e terceiro lugar ficando com Maria Luiza Rodrigues de Souza e Marcelo Ricardo de Souza, respectivamente.

• Na categoria Produção: o vencedor foi Wagner Chakib Camis. Já Ulisses Marcel de Freitas Marcelino ficou em segundo lugar e André Augusto de Melo Pereira na terceira posição.

• Na categoria Beneficiamento/Produto Final: o primeiro e segundo lugar ficaram com a Marilaine Del Pintor Sanches. Katia Mastroto ficou classificada em terceiro lugar.

5ª edição do “Prêmio Personalidades Brasileiras da Aquicultura: Aline Brun e Geraldo Bernardino – Edição 2024”
Fernandes convocou os profissionais presentes a se unirem em prol de um objetivo comum e a buscarem maior profissionalização, interação e networking
Prêmio Inovação Aquícola - 2024 reconheceu iniciativas capazes de provocar transformações reais em toda a cadeia produtiva da aquicultura, além de aproximar o setor produtivo da área de pesquisa

os desafios que o setor enfrenta. Manoel Pedroza, da Embrapa, abriu a discussão com uma análise detalhada sobre o crescimento da piscicultura brasileira. “Entre 2016 e o ano passado, o setor cresceu quase 40%, com uma média anual de 4,7%”, destacou Pedroza, ressaltando a expansão regular nos últimos anos. No entanto, ele apontou que esse crescimento não é uniforme, variando conforme a região e a espécie cultivada. De acordo com dados apresentados, a produção de tilápia tem mostrado um aumento consistente, enquanto a produção de espécies nativas apresentou queda.

O destaque da tilápia ante os nativos também apareceu na apresentação de Lícia Maria Lundstedt, chefe adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa

Pesca e Aquicultura. Ela trouxe tendências para a próxima década, como a implementação de sistemas mais sustentáveis, o aumento da demanda por produtos processados e o crescimento do consumo de peixes criados em sistemas de produção ante a pesca. “A gente tem que, sim, respeitar as tendências regionais. Mas, eu acredito que isso ocorre pela falta de um pacote tecnológico adequado para as nossas espécies nativas”, comentou Lundstedt.

Investimentos e IA

Os investimentos estrangeiros também ganharam destaque na aquicultura e foram temas da palestra de André Okubo, da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Mapa). “O Brasil vive um momento diferenciado hoje com essa retomada dos bons diálogos internacionais. É importante produzir, mas é importante acessar o mercado. Falando do mercado externo, é fundamental que estes mercados estejam abertos aos nossos produtos”, disse Okubo. Conforme ele, neste ano já são 41 mercados abertos, dos quais sete possuem alguma relação com o mercado de pescado.

Uma maneira de acessar novos nichos é tornar a produção de pescado cada vez mais sustentável e efetiva. Neste cenário, o uso de inovação tecnológica com inteligência artificial aparece como um recurso importante. Silvio Roberto Medeiros Evangelista, da Embrapa Agricultura Digital, lançou o aplicativo Aquitec durante o evento, que promete ajudar com essa gestão

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da piscicultura, promovendo uma produção mais eficiente e sustentável. “O Aquitec integra funcionalidades avançadas, como monitoramento climático e da qualidade da água, e uso de IA para prever o crescimento dos peixes”, finalizou Evangelista.

Equipamentos e estruturas

No estande da Trevisan, o engenheiro de aquicultura João Bordignon apresentou o sistema de automação Fish Tronics. “Hoje, o produtor necessita de um sistema de automação para atingir a produtividade máxima da sua propriedade”, destacou Bordignon. O Fish Tronics permite monitoramento e controle remoto dos equipamentos, garantindo eficiência operacional e segurança para o produtor. “O sistema é personalizado para cada propriedade, acionando os equipamentos somente quando necessário, de acordo com a configuração do local”, explicou.

Marcelo Shei, diretor fundador da Altamar, destacou a nova versão dos tambores rotativos, reafirmando o compromisso da empresa com a inovação contínua. “Investimos bastante na montagem de sistemas completos e integrados, facilitando exportações e otimizando a instalação”, comentou Shei. A Altamar tem expandido sua presença internacional, com exportações para países como Equador, Colômbia e Estados Unidos.

Pela primeira vez com um estande na Aquishow, Débora Mato Grosso, representante da BMD Têxteis, que faz parte do Grupo Maccaferri, ressaltou como o segmento da aquicultura vem crescendo na empresa. “A cada ano, vemos mais potencial para evolução, especialmente no

Avalanche de novidades

Reunindo as principais marcas do setor, o evento trouxe uma estrutura com mais de seis mil metros quadrados de área construída e mais de 100 empresas participantes. A Aquishow

consumo de peixe”. No evento, ela reforçou junto aos produtores a compreensão da importância das telas para a piscicultura. “Produzimos telas em forma de bobina e produtos confeccionados como bolsões, comedouros e tampas, além de geomembranas para impermeabilização do solo”, explicou.

No caso da Alambrado Top, a empresa resolveu apostar em telas anti-mexilhão desenvolvidas para evitar a fixação do molusco bivalve e garantir melhor oxigenação para os peixes, como ressaltou Thiago Velho. “O diferencial dessas telas é que elas não permitem a aderência de mexilhões, o que melhora significativamente a qualidade da água nos tanquesrede”, explicou Velho.

Por sua vez, Cristine Balestrin, representando a Mazzaferro, contou como a empresa também tem encarado o crescimento da atividade e a importância de impulsionar os negócios na aquicultura e ampliar sua rede de contatos no ramo. “O segmento da aquicultura na empresa está em constante crescimento, bem como o próprio mercado deste ramo no Brasil”. Na ocasião, ela apresentou as redes de anti-pássaro e as cordas trançadas e torcidas da empresa.

Com diversas opções de equipamentos para o setor, Vinícius de Souza Belisario, vendedor da Instrutherm, destacou o medidor de oxigênio dissolvido UMA 920

Brasil 2024 demonstrou que o setor de aquicultura está em constante evolução, impulsionado por inovações tecnológicas, nutricionais, de sanidade, ações institucionais e outras. Veja a seguir o que empresas e representações do setor levaram para a edição 2024:

e o microscópio portátil MP 800. “Nosso medidor de oxigênio tem uma durabilidade excelente e é essencial para a medição precisa na aquicultura”, disse.

Já a GL Máquinas optou por introduzir a descouradeira de pescado contínua por esteira. “É um lançamento de uma linha já existente no mercado, mas que faz sua estreia na feira devido à demanda”, comentou o diretor Gusmann Walker. A máquina atende frigoríficos de diferentes portes, removendo a pele dos peixes com eficiência e capacidade de até 1.000 kg de filé por hora.

As soluções que envolvem o trabalho em campo, como bombas e selecionadoras, foram as apostas da Agricotec Cardinal. “Fabricamos aeradores, alimentadores e produtos voltados para piscicultura, atendendo desde pequenos a grandes produtores”, explicou o proprietário André Nascimento.

Por fim, as tecnologias que possibilitem baixo consumo energético estiveram em destaque no estande da MixLife. “Somos referência em difusores de aeração, com mais de 40 mil unidades vendidas”, afirmou o diretor Cecil Balieiro. A MixLife também lançou uma bomba de 30 mil litros por hora, eficiente e de fácil manutenção, projetada para atender as necessidades dos produtores de forma prática e econômica.

Nutrição

A Fosfish aproveitou o público do evento para o lançamento do programa Vitalidade, uma linha completa de rações desenvolvida para estimular a imunidade das tilápias desde a fase inicial do alevino até a fase de engorda. “Nosso foco é melhorar a imunidade dos peixes por meio da nutrição, reduzindo o uso de antibióticos curativos e a incidência de doenças”, explicou Daniel Carvalho, responsável comercial.

No caso da Raguife , a empresa resolveu focar na melhoria do status sanitário e no crescimento dos peixes, como contou Bruno Urach, consultor. Ele apresentou a

linha Pro Start, que inclui rações microextrusadas nas micragens de 0,3, 0,5 e 0,8 mm. “Nós já tínhamos a micragem menor para as fases larvais, que era a partir de 1 g. Agora, temos também para as fases menores.”

Já a Guabi levou à feira o portfólio completo da empresa, com destaque para a remodelada linha Evolution. “Fizemos alterações no perfil de aminoácidos, no balanço de proteína e energia, reforçando a importância da saúde dos peixes”, afirmou Gustavo Pizzato, gerente de produtos de aquicultura. Ele também mencionou que ainda neste ano, a empresa lançará uma linha

de iniciais reestruturadas.

Com trabalho forte destinado às produções em tanques-rede, Sérgio Malavassi, gerente técnico em aquicultura da Supra Rações, destaca a linha de rações microextrusadas lançada em 2020, com 48% de proteína da Rações Supra. “Elas são uma nutrição bem mais avançada pelo percentual de proteína, níveis de aminoácidos e níveis de gordura,” explicou Malavassi. Ele enfatizou a importância de uma nutrição de alta qualidade para melhorar a imunidade dos peixes, reduzindo a incidência de viroses e bactérias.

Marketing & Investimentos

Tecnologias

O fundador e CEO Maicon Brande, da Aqui9, apresentou soluções tecnológicas que buscam ajudar o produtor. “Desenvolvemos tecnologia para facilitar o dia a dia no campo, o manejo, monitoramento do manejo, controle e a gestão”, explicou. A empresa utiliza sensores para captar dados cruciais como pH, temperatura e oxigênio da água, transmitindo essas informações para um sistema na nuvem.

Também com expertise tecnológica, um sistema de controle integrado para pisciculturas foi o destaque da IE Fish . “Ele é um

software que vai integrar todas as partes da piscicultura para ajudar o piscicultor a organizar melhor o que está acontecendo na piscicultura dele”, contou Leonardo, analista de dados da empresa . O sistema auxilia desde a produção até as vendas e permite que os dados sejam registrados em tempo real através de um aplicativo, sincronizando essas informações para análise posterior.

Com soluções focadas no bemestar animal, a FAI , que tem sede em Oxford, Inglaterra, e atua no Brasil desde 2008, desenvolveu

um protocolo de bem-estar para a tilápia e camarão baseado em uma vasta revisão científica. “Revisamos 10 mil artigos para priorizar pontos essenciais no bem-estar da tilápia”, destacou o consultor Clever Sonbornak. Segundo ele, a FAI validou esse conhecimento acadêmico em campo, simplificando-o para os produtores. Para isso, a empresa lançou uma plataforma de cursos online e um aplicativo que auxilia os produtores a implementarem práticas de bem-estar de forma prática, acessível e gratuita.

Institucional

Entre as diversas representações institucionais, Liliam Catunda, diretora de relações institucionais da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), destacou a luta contra a importação de tilápia do Vietnã e a inclusão do pescado na cesta básica nacional como pautas prioritárias. “Estamos buscando apoio para que o pescado volte a fazer parte da cesta básica, o que é crucial para promover a sustentabilidade e o consumo de alimentos mais saudáveis,” disse. Ela enfatizou que, considerando a regionalidade e a sustentabilidade, o

pescado é a proteína mais adequada para estar na cesta básica.

Já no estande da Cooperativa dos Produtores de Pangasius de Mococa (Cooperpanga) e da Associação Brasileira dos Criadores de Pangasius (ABCPanga), Martinho Colpani atualizou sobre o status da espécie no País. Segundo ele, a Cooperpanga alcançou um marco significativo ao estabelecer uma presença constante em grandes mercados varejistas como Pão de Açúcar, Carrefour e Ceagesp e uma cadeia produtiva eficiente

está finalmente começando a dar frutos. Mas, para garantir a sua viabilidade, é crucial a formação de Arranjos Produtivos Locais (APL), que envolvem a integração de indústrias de ração, frigoríficos e produtores. “O panga não é uma espécie de dupla aptidão; é destinado exclusivamente à indústria,” disse. Portanto, ele ressalta que quem deseja entrar nessa atividade precisa entender a necessidade de uma indústria que consuma e processe o panga para os centros de comercialização.

A menina dos olhos da Aquishow 2024

Formado por visitantes, personalidades e empresas do segmento, o público voltou a abrilhantar a 13ª Aquishow para assim, reforçar a sua importância perante a um disputado calendário de eventos do setor.

Crédito das fotos: Seafood Brasil

Lucas Patrício e Marilsa Fernandes (Aquishow e PeixeSP)

Sergio Tutui (APTA-SP) e Álvaro Camargo (ProChile)

Gonzalo Winkler (Inchalam), Valeria Mancilla e Alvaro Alvarado (HDPE Solutions)

Jose Miguel e Hugo Hoa (AHV)

Nazaret Zucolotto, Éder Benicio e Francisco Medeiros (Peixe BR)

Giovanni Mello (Aquaculture Brasil), Renato Alexandre (Beraqua) e Clemilson Andrade ( Mar do Brasil)

Fábio Santos e Marcelo Silva (MQPack)

Lucas Yamin, Terje Tingbo e Danielle Damasceno (Zoetis)

Estande Raguife (Grupo Ambar Amaral)

Geraldo Borba e Diego Manso (Nexco)

Natália Shiogiri e Nilton Ishikawa (Aqua In / SIMPOP)

Rui Teixeira e Antônio Assreuy (MPA)

Thiago Ushizima (Adisseo), João Manoel e Francisco Medeiros (PeixeBR)

Mauro Junior e Marco Medeiros (CHR.OLESEN)

Claudio Tuamm, Filipe Chagas (Real Fish), Fabio Sussel (IPesca/SP) e Francisco Altimari (Real Pesca)

Liliam Katunda (ABIPESCA) e Altemir Gregolin (IFC Brasil)

Leonardo Faria, Luiz Otávio, Rodrigo Quintino e Carlos Gambi (Piscicultores de MG)

Ricardo Krause (Acqua Sul), André Camargo (Pé de Peixe) e Thiago Tardivo (Sec. Aquicultura e Pesca - TO)

Lucas Piva (Abase), Fred Tomiita (Prevet), Ricardo Krause (Acqua Sul), Fernão (Ingelvet) e André Camargo (Pé de Peixe)

Estande Ammco Pharma

Maite Costa e Bruna Fernandes (ABCC / FENACAM)

Roberto Imai (DEAGRO) e Mauro Nakata (Cristalina)

Fabi Fonseca, Leticia Baptiston e Tiago Bueno (Seafood Brasil)

Juliana Lopes, Tereza Nelma, Janaína e Wanessa Cabral (MPA)

Juliano Kubitza (Fider Pescados), Eduardo Urbinati (Phibro) e Daniel Fuziki (IFish)

Rafaela Dalsasso, Daniela Gaspr (Phibro), Bruna Estefano (IFish) e Bruna Castro (Phibro)

João Moutinho (Hipra) e Vinícius Bueno

Wagner Camis (Piscicultura Água Pura e Ilce Santos (Sec. Aquicultura e Pesca - RO)

Luara Cassiano, Carlos Ishikawa e Masé (IPesca / SP)

Eder Carvalho, Cristiane Balestrin, Gilmar Guedes, Daniela Simini e Gustavo Anterio (Mazzaferro)

Fabiana Pilarski (CAUNESP) e Daniela Nomura (CAUNESP / Vidara)

Marcelo Ricardo e Cristiane Neiva (IPesca / SP)

Amanda Hoch (Tilápia Leather) e Ana Silva (By Fish)

Gabriel Boni (#VaiAqua), Jorge Oliveira, Alvaro Leal (Meu Pescado), José Farias (#VaiAqua) e Alexandre Giraldi (Meu Pescado)

Marcelino Tilli e Samuel Silva (Triunfo Piscicultura)

Emily Kievel, Leia Feiden, Irineu Feiden e Paulo Junior (Multipesca)

Marketing & Investimentos

Lizandro Bauer (Guabi), Emerson Esteves (Global Peixe), João Manoel (PeixeBR) e Rodrigo Zanolo (AquaGenetics)

Daniel Carvalho, Marina Valdo e Rodrigo Rego (FosFish)

Kika Esteves, Assis Castellan e Cris Castellan (Global Peixe)

Thalita Palanedi e Pedro Gomes (AquaGenetics)

Carlos Brandão (Real Fish) e Sandro Lahmann (Marlin Azul)

Lorraine Rodrigues e Leonildo Costa (Investt Aquicultura)

Paulo Vinicius Andrade, João Pedro, (Neo Genetics), Edvaldo Júnior (Engenheiro de Pesca) e Vitor Sasaki (Neo Genetics)

Estande ADM

Bahia Pesca

Estande Vaxxinova

Rogério Fontana e Gusmann Walker (GL Máquinas)

Katia Mastroto, Renan Mastroto e Silvania Briganó (UnaPele Couros)

Marcelo Lara e Julio César Antonio (Abrapes)

Marcelo Shei e Isabela Farias (Altamar)

Estande Imeve

Estande Kamaro

Crescendo cada vez mais

A PEC Nordeste 2024 trouxe a 2ª edição da Expo Camarão, que cresceu de forma significativa com muito networking, rodada de negócios e programação técnico-científica para o setor

Considerada a maior feira indoor do agronegócio do Norte e Nordeste, a PEC Nordeste, realizada entre os dias 6 e 8 de junho em Fortaleza (CE), repetiu as experiências do ano passado e trouxe em sua 27ª edição mais uma Expo Camarão, evento voltado à aquicultura e carcinicultura que chega com mais de 188 estandes - crescimento de 195% em relação a 2023.

Com o apoio da Associação dos Produtores de Camarão do Ceará (APCC), a 2ª edição da Expo Camarão, além do networking entre os profissionais, contou com rodada de negócios, feira de exposição de produtos e serviços, e uma programação técnicocientífica exclusiva.

Na cerimônia de abertura da PEC Nordeste, o secretário de

Desenvolvimento Econômico do Ceará, Salmito Filho, representou o governador Elmano de Freitas e celebrou conquistas que, segundo ele, tendem favorecer os produtores de camarão e toda a cadeia da piscicultura do Estado. “O governo do Estado [do Ceará], a partir de uma pauta construída com a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), já garante, através do Decreto 35.982, de 03/05/2024, a isenção total de ICMS para todos os produtores de camarão do Estado do Ceará.”

Luiz Paulo Sampaio Henriques, presidente da Associação dos Produtores de Camarão do Ceará (APCC) e da Cooperativa de Produtores de Camarão do Ceará (Copacam), destacou a importância das ações do governo e deste anúncio. “Tudo que você diminui, que consegue enxugar dentro do plano de custo do

produtor, é uma forma de chegar com o produto mais barato para o consumidor final. E, obviamente, quando o produto é mais barato, a tendência é que o consumo aumente.”

Itamar Rocha, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), também comentou a relevância da iniciativa. “O governo está dizendo que não precisa da nota fiscal para sair da fazenda para chegar na ponta. Vai ser importante, principalmente quando a informalidade é grande. Isso vai dar tempo para esses produtores se organizem.”

“O camarão pede socorro”

Mas, em meio às festividades, negócios e palestras na Expo Camarão, um movimento que já havia sido visto nas redes sociais da ABCC, da APCC e de outros produtores de camarão, aproveitou a ocasião para se destacar. “O camarão pede socorro”, como conta Itamar Rocha, é hoje a pauta mais urgente do setor e trata do pedido de suspensão das importações de camarão do Equador. “Nós não podemos deixar que o Brasil, um País líder das exportações do agronegócio e que tem um critério grande com a questão da sanidade, veja o seu produtor sofrer mais só porque permitimos a entrada de um camarão com o risco de doença”, opinou.

Em fevereiro, o presidente da ABCC conversou com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) sobre a preocupação dos produtores em relação à sanidade dos camarões que entram no Brasil vindos do Equador

Seafood Brasil
Canva

A Expo Camarão reuniu pequenos, médios e grandes produtores da carcinicultura brasileira para apresentar inovações, soluções estratégicas e novas parcerias no setor. Confira a seguir!

A Brusinox colocou em prática a decisão estratégica de retomar a participação nos encontros do setor. “A carcinicultura está em ascensão no Nordeste e nossa presença aqui nos ajuda a entender as necessidades dos produtores locais e oferecer equipamentos que possam inovar e reduzir os custos de produção”, afirmou Ambrósio Leonel Bacca Filho, gerente comercial.

Essa expansão do camarão cearense também levou a empresa de soluções químicas Alquimia ao evento com uma nova estrutura em Fortaleza. “Estamos oferecendo produtos químicos essenciais para a indústria pesqueira, como hipoclorito de cálcio, bicarbonato de sódio e metabissulfito de sódio”, disse Tiago Felix, gerente de produtos.

Para aumentar a participação no mercado cearense, a Zeigler lançou o EZ Larva Ultra, uma dieta líquida microencapsulada que, conforme Chris Stock, diretor global de aquicultura, foi desenvolvida para ter qualidades muito próximas às das microalgas. “A ideia é trazer para os produtores que têm desafios com a produção de microalgas um produto com maior biossegurança e melhor performance em seus sistemas.”

Já a Prilabsa destacou suas demais soluções e produtos para a carcinicultura. “Conseguimos uma boa aceitação no mercado com a Saponina e o probiótico WFR. Agora, nosso foco é fortalecer a presença desses produtos e continuar inovando”, disse Ricardo Marinho, consultor técnico.

Com um portfólio de produtos já consolidados, Maria Cláudia Menezes, uma das diretoras do laboratório de pós-larvas de camarão

Aquatec, contou que no ano passado, eles participaram como visitantes e neste ano, sentiram a obrigação de estarem presentes para mostrarem suas soluções. Agora, a empresa passa por uma transição gradual, com novas lideranças e mudanças estruturais. “Desativamos uma unidade e estamos reformulando a larvicultura para fase única, limitando a produção para 160 milhões de pós-larvas mensais.”

E como a tecnologia tem oferecido contribuições à carcinicultura brasileira, Felipe Mendonça, à frente do aplicativo Quero Camarão,

ressaltou o foco em soluções na maneira como os produtores vendem seus produtos. “Nosso app permite que o comprador de camarão se conecte diretamente com o pequeno produtor via WhatsApp, que agora, tem uma plataforma para vender seu camarão.”

No caso da distribuidora de produtos EHAqua, ela optou por levar ao evento a linha de probióticos da Biomart, incluindo o Propi+Aqua e o MultiAqua, além de dois lançamentos da Vitafort. “O primeiro é o Prokashi, um probiótico enzimático de biofermentador 100% natural para a nutrição dos peixes e camarão. Já o segundo é o Profish Acqua, um biorremediador que contém bactérias probióticas com ação no bioma aquático - superfície e sedimentos”, diz o vendedor Ian Sena.

Especialista em oferecer soluções completas, desde bombas até serviços de instalação e manutenção, a Bombas King apresentou uma gama diversificada de produtos e serviços. “Temos um leque de opções, tanto de fabricação própria quanto de terceiros”, afirmou Ricardo Castro Alves, engenheiro civil.

Quem também levou seu portfólio foi a IAqua. Laís Barbosa, gerente executiva da empresa, destacou os lançamentos e parcerias na PEC Nordeste 2024. “Este ano, estamos reforçando o Confort da Elanco e promovendo aeradores em parceria com a Beiraqua”, completou.

Para todos no camarão
Expo Camarão reuniu os produtores e empresas da carcinicultura do Brasil
Diversos lançamentos marcaram a segunda edição da Expo Camarão
Seafood Brasi

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Do Norte e Nordeste para o Brasil

Realizada entre os dias 06 e 08 de junho, a Expo Camarão, realizada dentro da PEC Nordeste 2024, mostrou em sua 2ª edição a união do setor para fortalecer a carcinicultura da região e de todo o País.

Francisco Medeiros (PeixeBR)

Maicon Agostini e Fabiano Wasen (Aqua Germany) Davi Maia, Christianny Maia, Moacy Maia, Luzia Maia, Cristiano Maia e Luzia Maria Maia (Samaria Rações | Potiporã)

Cristine Macedo (INVE Aquaculture), Itamar Rocha (ABCC | Fenacam) e Valdomiro (Camar Tecmares)

Ricardo Carrieiro e Gentil Filho (Bomar Pescados)

Maria Cláudia e Thiago Bastos (Aquatec)

Otávio Martins, Marina Aguiar (Damarfe) e Leonel Ferreira (produtor de camarão)

Rômulo Fiorucci (Safeeds), Evandro Penha (BRX Aeradores) e Bruno Paiva (Polinutri)

Gustavo Pizzato, Micaele Sales e Álvaro Teixeira (Guabi)

Deivide Miranda, Raphael Stedile, Charlys Batista, Cláudio Generoso, Flávio Oliveira e Deborah Carvalho (Agronorte)

George Modesto, Lays Barbosa e Caio Holanda (iAqua)

Ricardo Campos (Itaueira) e Mauricio Dorigatti (AcquaSystem)

Luiz Paulo (APCC), Francisco Mesquita (AcquaSystem), Glauber Gomes (APCC), Samuel Dorigatti (AcquaSystem) e Ravi Porto (FAEC / SENAR CE)

Armando Xavier e Sebastião Chagas (Ass. dos Carcinicultores do Gurguri)

Fabi Fonseca e Tiago Bueno (Seafood Brasil)

Karen de Castro, Luciana Oliveira e Mayara Barreto (Engenheiras de Pesca UFC)

Renato Almeida, Thais Milena e Wellington Rossitto (Imeve)

Expedito Ferreira e Expedito Ferreira Junior (Maris Pescados)

Celso Nagai (Integral Mix), Pedro Watanabe (UFC) e Daniela Nomura (CAUNESP / Vidara)

Thiago Carvalho (Biotê), Rodrigo Alencar (Polinutri), André Pereira (ADM), Pedro Duque e Diego Maia Rocha (Biotê)

Estande Prilabsa

Marcelo Simão (Samaria Rações)

Ambrósio Bacca, Ambrósio Bacca Filho e Cristiano Clemer (Brusinox)

Estande Zeigler

Experimente o sabor inigualável do Salmão Coho do Aqua

O salmão Coho se destaca por uma série de atributos que o tornam uma espécie única

ATRIBUTOS PRINCIPAIS

COR INTENSA

Essa espécie se destaca pela cor vermelha vibrante de sua carne, mais intensa que a de outras espécies de salmão. Coho tem tons acima de 28 na escala SalmoFan, dando-lhe uma aparência única.

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O salmão coho é rico em gorduras anti-inflamatórias, minerais e ômega-3. O consumo de ômega-3 ajuda a manter a saúde cardiovascular e melhora a função cerebral e ocular.

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Tem um sabor mais suave do que o Salmão Salar e Sockeye, tornando-se uma excelente alternativa para todos os tipos de paladares.

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Seafood Show abre credenciamento gratuito para profissionais do setor

Feira com foco em comercialização de pescado mais importante da América Latina, a Seafood Show Latin America (SSLA), já está com seu credenciamento aberto. Neste ano, o evento acontecerá pela primeira vez no Distrito Anhembi, em São Paulo, entre os dias 22 e 24 de outubro. Em 2023, a Seafood Show Latin America movimentou o mercado, com mais de 100 marcas presentes de nove países, além de um público visitante que contou com 3.300 profissionais. Para se credenciar, basta acessar o site o evento em: www.seafoodshow.com.br

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Produção de ração no Brasil cresce com impulso da aquicultura

O Brasil encerrou 2023 com crescimento de 1,84% na produção de ração animal, atingindo 83,32 milhões de toneladas métricas (MMT). Esse avanço foi impulsionado por aumentos em diversas áreas, incluindo aquicultura (2,55%), além de animais de estimação/pets (6,18%), frangos de corte (3%), suínos (2,53%), aves de postura (0,99%) e equinos (0,78%). Com o crescimento na produção brasileira de ração em geral no ano passado, o País permanece em terceiro lugar no ranking mundial de produção, segundo o levantamento Perspectivas do Setor Agroalimentar 2024 (Alltech Agri-Food Outlook 2024) divulgado pela Alltech. Ainda segundo o estudo, apesar da produção de ração globalmente do setor aquícola ter tido uma queda de 4,41%, na América Latina, houve um crescimento de 0,27 MMT (3,87%) no setor.

Consumo nos Lares

Brasileiros acumula alta de 2,07% no quadrimestre

De acordo com monitoramento mensal realizado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o Consumo nos Lares Brasileiros acumulou alta de 2,07% no quadrimestre (janeiro a abril) na comparação interanual – entre abril de 24 x abril de 23, o indicador registrou alta de 0,63%. Em abril, houve recuo de -7,29% ante março – resultado influenciado pelo consumo sazonal da Páscoa (31/03). Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e contemplam todos os formatos de supermercados.

MPA participa de diálogo global sobre sanidade e biossegurança da FAO

A convite da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o secretário-executivo do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Carlos Mello, participou do “Fish-Vet+ Dialogue II: One Health and Biosecurity”, realizado de 18 a 20 de junho em Roma. No evento global que focou na sanidade e biossegurança da aquicultura, Mello destacou o imenso potencial e desenvolvimento da carcinicultura no sertão nordestino do Brasil. “Estamos trabalhando estrategicamente de maneira preventiva e responsável para evitar que surtos de doenças interrompam o desenvolvimento da região e de milhares de famílias”, reforçou. Na ocasião, ele também abordou a piscicultura brasileira, com destaque para a tilapicultura e o potencial das espécies nativas, como o tambaqui amazônico.

Sindipi completa 44 anos de trabalho na pesca de Santa Catarina

O Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi) completou no mês de abril 44 anos de trabalho em prol da pesca catarinense. Para comemorar, a entidade realizou no dia 29 de abril um evento com dois lançamentos para o setor: 1) O Observatório da Pesca SC, uma plataforma desenvolvida em parceria com o Sebrae de Santa Catarina e que traz, em tempo real, dados que vão desde a produção e captura, até a venda e os valores que a pesca representa para o Estado; 2) A 2ª ExpoMAR, marcada para os dias 09, 10 e 11 de julho, em Itajaí.

FAO/Sofia 2024: pela primeira vez, a aquicultura global supera a pesca

Segundo o relatório “The State of The World Fisheries and Aquaculture (SOFIA 2024)”, da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU), a produção global de aquicultura e pesca atingiu um novo recorde em 2022 com 223,2 milhões de toneladas, um aumento de 4,4% em relação a 2020. Desse total, o destaque foi a aquicultura com 130,9 milhões de toneladas, das quais 94,4 milhões de toneladas são animais aquáticos (51% do total), o que significa que, pela primeira vez, a aquicultura superou a captura pesqueira, que respondeu por 92,3 milhões de toneladas em 2022. Ainda conforme o relatório, o crescimento da aquicultura indica a sua capacidade de contribuir ainda mais para satisfazer a crescente procura global de alimentos aquáticos.

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mm, além de tubo quadrado de 40 mm x 40 mm e 40 mm x 20 mm. Com produção de 160 kg/h (pacu 1,0/1,5 kg) e motor de eixo longo bipartido, o equipamento tem registro de 1/2 controle de entrada da água.

Livre de qualquer peso

Com o diferencial de oferecer uma tecnologia aberta, a MQ Pack destaca suas balanças que, segundo a própria empresa, oferecem ao cliente a chance de não serem reféns do fabricante da máquina, do software ou do serviço. Fabricadas com aço 100% inoxidável e com grau de proteção IP66/IP69, as balanças são ideais para a indústria de pescado por oferecerem alta performance e trabalharem com as mais diversas espécies. Por fim, a empresa ainda destaca que, além dos equipamentos serem customizados de acordo com cada necessidade, todos os dados produtivos da balança são visualizados e seguros na nuvem.

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Filé de produtividade

Para ajudar a aumentar a produtividade de indústrias que têm a tilápia como grande estrela, a Brusinox apresenta a filetadora automática de pescado. Compacto, o equipamento é destinado para corte do filé com separação automática da espinha, garantindo rendimento e produtividade com processo de linha contínua. Ainda segundo a empresa, a solução traz facilidade na higienização e na limpeza, mas também no manuseio, o que dispensa a necessidade de um grande treinamento operacional.

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Liderança cearense isolada

a liderança nacional

Apesar de desafios sanitários e limitações para o licenciamento ambiental, Ceará se mantém na dianteira nacional na produção de camarão e adota medidas para superar obstáculos e buscar novos mercados para ajudar a alavancar o consumo do crustáceo no Brasil

Texto: Fabi Fonseca | Créditos fotos: Seafood Brasil

No futebol, um líder isolado não vê ninguém em sua cola e mantém uma vantagem confortável sobre os concorrentes. Se aplicarmos essa analogia ao camarão, a hegemonia é do Ceará. Quem está na posição sabe, no entanto, que conservar a liderança é quase tão difícil quanto conquistá-la, tamanho os desafios que se apresentam. A produção de P. vannamei do Estado somou 113,3 mil toneladas em 2022 – quantidade 5,9%

maior comparada ao ano anterior – e o Ceará foi responsável por 61,3 mil toneladas, 54,1% do total produzido no País. Os dados são da última Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na sequência, aparecem o Rio Grande do Norte (25,2 mil toneladas) e a Paraíba (7,2 mil toneladas). Entre os 10 municípios com as maiores produções de camarão do Brasil, oito estão no Ceará, o que evidencia a hegemonia do Estado na atividade.

No pódio nacional, Aracati (CE) lidera essa produção com 12,7 mil toneladas, seguido por Jaguaruana (CE) com 8,5 mil toneladas e Pendências (RN) com 7,8 mil toneladas.

A carcinicultura cearense está em um momento crucial e atrativo a novos entrantes. “O Ceará foi uma grande surpresa para nós: em 2017, fizemos um censo que registrou 700 produtores. Já em 2021, esse número subiu para 1.860 produtores”, frisa Itamar Rocha, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC).

Estudo da ABCC destaca que micro e pequenos produtores somaram 88,2% do total de produtores do Ceará; com grandes empresas como âncoras no processamento e distribuição, Estado conserva

O RAIO-X DA CARCINICULTURA CEARENSE

Crescimento da produção de camarão no Ceará

Evolução (em toneladas)

Número de fazendas

Área de produção

Laboratórios de maturação e produção de pós-larvas

Laboratórios ativos nove laboratórios espalhados em Acaraú, Aracati, Beberibe, Icapuí e Itarema

Entrepostos de pós-larvas 10 entrepostos ativos em nove municípios

Distribuição de empresas de insumos e equipamentos

Comercialização do camarão

Canais Atravessadores (principal canal) e unidades de beneficiamento (10,93% das fazendas)

Crescimento de empresas

Fábricas de ração para carcinicultura

Número de indústrias

Três: Eusébio, Jaguaribe e Maracanaú

Principalmente fresco

Indústrias de beneficiamento

Número de indústrias: 10 ativas e três em implantação

A carcinicultura cearense está em um momento crucial: a produção de L. vannamei do Estado somou 113,3 mil toneladas e foi responsável por 61,3 mil toneladas, 54,1% do total produzido no País em 2022

Os censos da carcinicultura dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, com informações referentes aos anos de 2020 e 2021 da ABCC revelam que a criação de camarão no Estado se intensificou principalmente nos últimos 5 anos, quando 54,5% das fazendas foram instaladas. Conforme o presidente da ABCC, esse aumento significativo ocorreu sem incentivos financeiros ou programas governamentais, refletindo um empreendedorismo nato e uma capacidade de adaptação dos produtores às águas interiores. “Quando você analisa como esses produtores cresceram e qual foi

Produção
Fonte: PeixeBR
Nordeste Sudeste

o incentivo? Não teve nada e cresceu. Um sinal claro de que a atividade realmente encontrou no Ceará uma força motriz para o seu desenvolvimento”, comenta Rocha

“Esse crescimento no número de produtores está baseado quase que totalmente em micro e pequenos. Áreas antes exploradas por agricultura e pecuária convencional agora produzem camarão, pois foi descoberto que o camarão também cresce em águas de baixa salinidade”, completa Luiz Paulo Sampaio Henriques, presidente da Associação dos Produtores de Camarão do Ceará (APCC) e da Cooperativa de Produtores de Camarão do Ceará (Copacam). Para Henriques, esse desenvolvimento ainda está amparado em experiências de anos e na desmistificação de que a carcinicultura era uma atividade que exigia grandes investimentos e pacotes tecnológicos complicados. “Para alcançar o conhecimento e o pacote tecnológico de produção que temos hoje, foi necessário muito investimento e trabalho de alta qualidade técnica, ajustando a carcinicultura aos moldes atuais no Brasil.”

Velhos vilões

Apesar da notoriedade da atividade no Estado, a carcinicultura ainda enfrenta desafios significativos, como questões de sanidade, já que, nos últimos anos, o Brasil sofreu surtos de ISKNV e da doença da Mancha Branca. Além disso, para Itamar Rocha, da ABCC, outra pauta urgente para a entidade é a tentativa de suspensão das importações de camarão do Equador [leia mais em MKT & Investimentos nesta edição na página 32] e a falta de licenciamento ambiental. “Mais de 80% dos produtores de camarão do Ceará, em 2021, não tinham licença”, lembra.

Por isso, os representantes estimam que, associado a outras medidas, um aumento do apoio governamental impulsionará mais o desenvolvimento

Rocha destaca que a ausência de licenças na carcinicultura está impedindo o acesso a financiamentos e limita o crescimento sustentável da atividade

Henriques destaca que uma forte característica da carcinicultura cearense é o desenvolvimento mesmo em áreas sem chuva ou água doce corrente, que vem transformando vidas e revertendo o êxodo rural

do setor. “Esperamos um crescimento de 180 mil toneladas em 2023 para 220 mil toneladas em 2024. O mercado interno tem potencial, e vemos oportunidades na China, onde há demanda por camarões menores”, diz Rocha. “Precisamos licenciar todos os produtores, impulsionando um segundo grande passo para a carcinicultura cearense”, completa Luiz Paulo Sampaio Henriques, da APCC.

Cooperar para solucionar

Neste cenário de desafios, o tamanho da cadeia de comercialização também é preocupante, pois ela ainda é muito longa e prejudicial à atividade. Se o camarão cearense passa por várias mãos até chegar ao consumidor, como sempre, é o produtor quem menos ganha nesse sistema. Nesse sentido, Luiz Paulo Sampaio Henriques pontua que a única forma de conseguir quebrar esse modelo é levar o produto o mais próximo da ponta possível. Pensando nisso, foi fundada a Cooperativa dos Produtores de Camarão do Ceará (Copacam).

Com um pouco mais de 2 anos de existência, a Copacam aposta no cooperativismo para fomentar a cadeia produtiva de camarão cearense e alcançar grandes mercados. “Estamos comercializando há 1 ano e meio e já temos filial em São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Curitiba e Maringá (PR). Formada por pequenos e médios produtores, somos 34 ao todo em uma área de 500 hectares, com produção média de 200 toneladas de camarão por mês”, explica.

A Copacam recebe o camarão do cooperado, manda para a indústria de processamento terceirizada e embala com sua própria marca Copacam e comercializa no food service e varejo. O diferencial, conforme o presidente da Copacam, está em embalagens com fração específica. “Nosso objetivo é popularizar o consumo. Nesse sentido, nós temos uma embalagem para autosserviço de 200 g”, finaliza Henriques.

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Elos de sustentação

A hegemonia cearense na produção de camarão é suportada por uma combinação de inovação, eficiência, qualidade e tecnologia: interconexão na cadeia produtiva contribui ao sucesso e crescimento

Aexpansão de produtores no Ceará tem motivado a criação e expansão de laboratórios de pós-larvas, fábricas de ração de e outras empresas de insumos básicos e soluções de produtos na atividade. Associadas às inovações tecnológicas, diversas empresas têm se estabelecido em diferentes etapas da cadeia, de modo a conectar os elos da produção.

Em terras cearenses

Desde sua chegada a Acaraú (CE) em 2001, a Aquasystem, por exemplo, tem sido uma das empresas que mudaram sua história graças à carcinicultura cearense. “Nós viemos em 2001 e eu percebi que o camarão tinha um futuro promissor. Desenvolvemos tecnologias inovadoras que não existiam aqui, e as pessoas ficaram impressionadas com a eficiência dos equipamentos”, relembra o sócio-diretor Maurício Dorigatti. A empresa nasceu em Campinas (SP) e, segundo Dorigatti, introduziu bombas flutuantes em 2002, que ganharam o mercado ao eliminar a necessidade de construções caras

A carcinicultura do Ceará tem também desencadeado um processo de criação e de migração de empresas de outros Estados em direção às terras cearenses

Créditos fotos: Seafood Brasil

Dorigatti ressalta que a chegada das bombas flutuantes têm evitado construções de alvenaria e preservado o meio ambiente

e complicadas em áreas de mangue, além de facilitar o cumprimento das regulamentações ambientais.

A iAqua é outra fornecedora de soluções para a carcinicultura, fundada em 2008, que começou suas operações em Botucatu (SP) e apenas em 2013 se estabeleceu no Nordeste, inicialmente em Natal (RN) - à época o maior produtor de camarão do Brasil. Observando o crescimento significativo do mercado cearense, a empresa abriu filiais em Aracati (CE), em 2014, e, posteriormente, em Acaraú (CE). Alfredo Freire, sóciodiretor, ressalta que o diferencial está na extensa gama de soluções para a carcinicultura, com mais de 300 produtos. “Temos quase tudo que o produtor precisa para melhorar seus resultados zootécnicos”, afirma Freire. Conforme ele, a empresa se destaca pelo dinamismo e inovação, incorporando novas tecnologias como biorremediadores e suplementos inovadores. “O ‘i’ de iAqua representa internet, conectividade e inovação no mundo digital. Nossa proximidade com o cliente é um dos nossos maiores trunfos.”

Já a Samaria Rações, parte do Grupo Samaria, um dos maiores produtores de camarão do País, tem na verticalização um dos pilares da estratégia de crescimento. Com fazendas e laboratório de pós-larvas no Rio Grande do Norte e Ceará, a aquisição das fábricas de ração veio para completar essa integração.

Maracanaú (CE) abriga a principal unidade fabril que produz a alimentação desses animais - a outra unidade da empresa é em Goiana (PE). Juntas, as duas unidades produzem cerca de 7 mil toneladas de ração por mês.

Com instalações e equipamentos modernizados, as unidades atendem à demanda das fazendas do grupo e de produtores do Nordeste e outras regiões do Brasil. “O processo para a ração do camarão triplicou só na unidade de Maracanaú, que produz cerca de 6 mil toneladas por mês”, destaca Marcelo Simão, gerente geral da Samaria Rações. Ele explica que a empresa adota uma abordagem de “nutrição de precisão otimizada”, ajustando a alimentação conforme as condições de cada ecossistema. “Durante mais de 30 anos, a indústria produzia ração padrão, sem observar as particularidades de cada ambiente. Nossa proposta é diferente. Sentamos com os produtores para entender as necessidades específicas de cada viveiro”, afirma. Para ele, essa abordagem é um dos motivos que justificam a ascensão da empresa no setor. “Tirando as fazendas do grupo, a gente já ‘morde’ cerca de 45% de market share”, destaca.

Nem tudo é tão bom assim

Apesar das inovações e do crescimento da carcinicultura cearense

e da aposta na ampliação, a atividade ainda enfrenta questões delicadas, como a instabilidade no fornecimento de energia. Focada no problema, a Aquasystem desenvolveu uma parceria com a WEG para criar soluções contra oscilações de energia e responder às preocupações com a sustentabilidade e a eficiência. “Estamos investindo em quadros de comando e motores mais protegidos para evitar queimaduras e falhas, que são comuns devido à má qualidade da energia fornecida”, explica Maurício Dorigatti.

Na iAqua, apesar de também precisar lidar com esses desafios, Alfredo Freire completa que o surgimento de “empresas aventureiras” tem gerado preocupações. “Elas não têm muito compromisso com o setor, tanto de produtos quanto de serviços e isso é algo que o produtor deve avaliar, especialmente no Ceará, que tem muitos produtores novos. O Estado está crescendo rapidamente, mas de forma desordenada. Ainda tem muita gente nova entrando e muitas empresas novas se aproveitando disso.

Embora o cenário de desenvolvimento seja inevitavelmente desafiador, o crescimento da carcinicultura cearense ainda tem impulsionado diretamente o avanço em efeito cascata dessas empresas. Com aposta contínua na inovação, a Aquasystem já planeja o lançamento de bombas flutuantes de

Desafios logísticos e instabilidade econômica não são impeditivo para expansão das atividades da iAqua

Samaria Rações está no mercado desde 2020 com rações que se ajustam conforme as condições de cada ecossistema de camarão, desde a qualidade da água até a composição de microalgas

alta potência enquanto passa por expansão para uma nova sede em Acaraú, em um galpão de 1.800 m2 e 5.000 m2 de área livre para estoque. “Estamos sempre em busca de eficiência. Nossas novas bombas fornecem mais água com menos consumo de energia, impactando diretamente no custo de produção”, destaca Maurício Dorigatti.

Para Alfredo Freire, o futuro da empresa também deverá acompanhar a atividade, o que pode incluir novas estruturas e planos de expansão em áreas de maior produção. “Estamos sempre avaliando novos polos de produção de camarão e a viabilidade ou não de nos estabelecermos fisicamente”, comenta.

Já a Samaria, enquanto tem desenvolvido novos produtos nutricionais, deve continuar a expandir suas operações. “Estamos em startup de uma nova fábrica e em um projeto de ampliação para uma nova peletizadora. A genética do camarão melhorou muito após a mancha branca e as fazendas estão aumentando a densidade. Sendo assim, esperamos um aumento no consumo”, finaliza Marcelo Simão.

PLs acompanhando o setor

O laboratório de pós-larvas (PL) de camarão Larvifort foi fundado em 2020 e surgiu com uma missão: abastecer a fazenda de engorda do grupo: a Aquaforte. No entanto, a produção se expandiu de forma tão rápida que, em 2022, o negócio se tornou uma nova vertical de negócios. “Inicialmente, projetamos entre 60 a 70 milhões de pós-larvas mensais, com 70% destinadas à Aquaforte e 30% para terceiros. Hoje, se inverteu: produzimos em média 150 milhões de pós-larvas por mês, com capacidade para 200 milhões, sendo que 80% dessa produção é comercializada para terceiros”, explica Júlia Leal, oceanógrafa e diretora de produção das duas unidades de PLs da empresa.

O laboratório matriz está em Itarema (CE), com uma área de 5 hectares, juntamente com a filial em Morada Nova (CE), que ocupa 1 hectare, formando a espinha dorsal da Larvifort. A segunda unidade nasceu justamente para aproveitar o potencial de crescimento da produção em regiões interioranas de água doce e fornecer PLs que têm acompanhado o setor. “Para a gente, foi muito importante estar inserido lá [em Morada Nova] por conta da logística de entrega e acesso aos produtores. E o mais fundamental: a aclimatação e a adaptação da pós-larva já na condição de água doce da própria região”, destaca a diretora.

Apesar do pouco tempo de atuação no mercado, Leal pontua que a empresa se destaca pelo seu programa de melhoramento genético, conduzido em parceria com o geneticista João Rocha. “Nosso trabalho é voltado especificamente para o crescimento e, mesmo tendo só 4 anos, já tivemos resultados positivos. Afinal, quando

Expansão da produção de pós-larvas de camarão da Larvifort é principalmente por conta das regiões interioranas de água doce no Ceará

uma larva cresce mais, o produtor consegue diminuir o tempo de cultivo e, consequentemente, os custos de produção”, afirma. Para Leal, a empresa está preparada para atender à crescente demanda, especialmente dos pequenos produtores.

A filial em Morada Nova foi projetada inicialmente para produzir entre 10 a 15 milhões de pós-larvas mensais, mas já alcança uma capacidade de 50 milhões. “A gente está em processo de construção da Aqualiança, uma fazenda de engorda de água doce lá em Morada Nova, para que consigamos trazer as nossas matrizes reprodutoras de água doce, porque já sabemos que o animal responde melhor ao ambiente em que ele cresceu e fez todo o ciclo de vida”, finaliza.

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Processo nada lento

Indústrias novas e tradicionais apostam em tecnologia, infraestrutura, parcerias e outras estratégias para ampliar a eficiência no beneficiamento de camarão

Oarranjo produtivo cearense não seria o mesmo se não houvesse investimentos contínuos em infraestrutura, tecnologia e parcerias estratégicas para o beneficiamento e distribuição do crustáceo em território nacional. Apesar de não serem muitas, as unidades fabris locais refletem a combinação de tradição e inovação e tem garantido o destaque alcançado pelo Estado na carcinicultura.

Mais nova entrante no segmento, a Marchef Pescados nasceu há menos de um ano como resultado da combinação estratégica de expertise em indústria e comercialização de quatro sócios. A empresa é um desdobramento estratégico da Camarões do Brasil, consultoria longeva no setor. “Com a Camarões do Brasil, já estávamos há 15 anos no mercado comercializando produtos de camarão de diversos produtores do Nordeste, especialmente do Rio Grande do Norte e Ceará”, explica Charles Mendonça, diretor de operações e um dos sócios. Ele conta que a decisão de criar a empresa foi motivada pela necessidade de maior autonomia e capacidade produtiva para atender à crescente demanda.

Por outro lado, a Cajucoco, localizada em Itarema (CE), apesar de ter sua própria fazenda, se consolidou no beneficiamento de camarão no Estado com outra fórmula: a terceirização de clientes de todo o Brasil. A empresa iniciou suas atividades industriais em 2004, enquanto a fazenda de camarão começou a operar em 1998, no município de Acaraú (CE). “A indústria nasceu da necessidade da fazenda, pois tínhamos produção, mercado de exportação com parceiros, mas enfrentávamos dificuldades para conseguir espaço

e serviços que atendessem às nossas necessidades”, explica Isaac Menezes, gerente industrial da Cajucoco.

Atualmente, sua planta fabril ocupa uma área de 3 hectares, com 2,2 hectares de área construída. A ampliação constante da infraestrutura foi necessária para atender às demandas crescentes do mercado. “Recebemos, em média, 450 toneladas de camarão por mês, sendo que apenas 10% dessa produção vem da nossa fazenda”, detalha Menezes.

“Uma nova marca para um novo tempo”

A Marchef Pescados já iniciou as atividades com duas unidades industriais: uma no Ceará, focada

em camarões, e outra em Santa Catarina, dedicada a outros itens de valor agregado - há ainda a Marchef Comercial, que comercializa produtos não fabricados nas duas indústrias. A escolha da unidade no Ceará não foi à toa. “Tivemos nossa base no Rio Grande do Norte e no Ceará por 15 anos. Mudamos do município de Aracati para Itarema para começar uma nova história. Como diz nosso slogan: uma nova marca para um novo tempo”, conta Charles Mendonça.

A Marchef assumiu a operação de uma unidade fabril que havia sido desativada em 2023. Após um ano parada, passou por reformas significativas, especialmente nos setores de congelamento e armazenagem. “Nossa meta é alcançar uma produção

Processamento no Estado se alimenta da matéria-prima local e também do vizinho RN para alavancar o crescimento
No modelo anterior, Marchef Pescados usava indústrias de terceiros, o que limitava seu crescimento
Créditos fotos: Seafood Brasil

de 300 a 400 toneladas por mês entre camarão e peixe. Estamos projetando chegar a 350 toneladas de camarão por mês até o final do ano”, afirma Mendonça, que ainda informa que a produção inicial já alcançou 50% dessa meta, com expectativa de crescimento constante. O diretor de operações ainda destaca que um dos diferenciais da empresa é a valorização, a motivação e o bem-estar dos colaboradores, sobretudo porque a escassez de mão de obra é um dos problemas da região. “Nosso maior patrimônio é a mão de obra. Por isso, implementamos um sistema de bonificação por metas atingidas que incentiva a produtividade e melhora o ambiente de trabalho.”

Na Cajucoco, o gerente geral Isaac

Menezes conta que a informalidade em algumas etapas da cadeia e a escassez de mão de obra também são sentidas. Por isso, há um grande investimento em automação. “Estamos implantando uma linha com três máquinas chinesas e seis máquinas americanas, substituindo a necessidade de 40 colaboradores”, revela.

Aposta no nacional

Inicialmente focada na exportação, a Cajucoco passou a se concentrar no mercado nacional após 2008, devido à valorização do real e às dificuldades com enfermidades nos camarões. “Hoje, 100% da nossa produção é destinada ao mercado nacional. Porém, temos

Cajucoco beneficia o camarão de 15 empresas parceiras localizadas em diversos Estados do Brasil, sendo que no Ceará são cinco grandes

Lado a lado com o vizinho

Mendonça conta que a Marchef também atua com outras espécies de pescado como tilápia e lulas, além de investir em tecnologia com automatização de setores-chave da produção, como descascamento e evisceração de camarão

Isaac Menezes ressalta que a automação não apenas aumenta a eficiência, mas também mantém a qualidade dos produtos na indústria

planos de voltar a exportar, buscando competitividade frente a países como o Equador”, explica Isaac Menezes. Neste cenário de perspectivas, ele ainda vê um futuro promissor para o camarão na dieta dos brasileiros. “Antes, você tinha o costume de consumir camarão somente em casamento ou aniversário porque era caro. Hoje, isso mudou bastante”, finaliza Menezes.

Com um planejamento ambicioso para os próximos anos, a Marchef Pescados também sonha alto e visa triplicar sua capacidade produtiva, alcançando 1.000 toneladas por mês em sua unidade no Ceará até 2029. “Queremos inovar continuamente, trazendo novos produtos e soluções para o mercado. Nosso objetivo é consolidar a Marchef como uma referência em soluções de pescado no Brasil”, conclui Charles Mendonça.

É justamente para uma indústria cearense localizada em Acaraú que o Grupo Carapitanga escolheu enviar seus camarões. Com um histórico de mais de duas décadas no mercado, o grupo que solidificou-se como um dos maiores produtores de camarão do Brasil, possui 17 fazendas de P.vannamei espalhadas pelo Nordeste, além de infraestrutura própria para beneficiamento e produção de ração através de empresa associada.

E, apesar de não possuir fazendas no Ceará, a Carapitanga também tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento da atividade no Estado: “Beneficiar em Acaraú é estratégico para nós, pois a proximidade garante que o camarão chegue com altíssima qualidade”, analisa Jeffresson Couto, responsável pela fazenda Secom no Piauí, em Luis Correia (PI).

A produção da Carapitanga é robusta, com um total superior a 7 mil toneladas anuais - a Secom, especificamente, possui 240 hectares e produz uma média de 60 toneladas de camarão por mês. Além disso, com um laboratório de pós-larvas que fica no mesmo terreno, a empresa está expandindo sua capacidade de produção com uma nova unidade de PLs, em Barra de Sirinhaém (PE).

A ideia é que a nova estrutura forneça uma capacidade maior de animais e ainda possibilite o desenvolvimento de tecnologias voltadas ao melhoramento genético. “Inicialmente, serão 60 milhões de pós-larvas por mês, mas tem capacidade para em média de 120 milhões por mês. Aqui no laboratório, a gente já tem capacidade média de 40 milhões de PL mensal, mas tem períodos que chegam a 50 milhões”, explica Samila Radeny, responsável pelo laboratório de pós-larvas.

Até maio deste ano, a empresa só produzia PLs exclusivamente para atender às demandas do grupo, mas com um novo laboratório, ela destaca que a perspectiva é a comercialização dessas PLs ainda para o mercado externo - plano que coloca os produtores cearense também na mira da Carapitanga. “Antes a gente não conseguia atender porque tudo era para o próprio grupo, mas agora já começamos a abrir e atender a alguns clientes locais e vamos fornecer PLs para o Maranhão, Piauí e ainda para o Ceará”, finaliza.

Jeffresson Couto e Samila Radeny lideram a estrutura de integração da Carapitanga entre o laboratório de pós-larvas e as fazendas de camarão
Fazenda Secom produz camarão da Carapitanga que está majoritariamente no varejo brasileiro, com 95% da produção destinada a supermercados e restaurantes

Camarão geracional

Com inovação e pioneirismo, a Aquacrusta/ Sabores da Costa cresce sob um legado familiar e segue se consolidando como importante produtor de camarão e fornecedor de pós-larvas no Ceará

Com diversas operações no Ceará, como a Fazenda Cacimbas, em Acaraú, a Aquacrusta/Sabores da Costa passa por um processo de sucessão familiar para assegurar a inovação contínua na produção de camarão e no fornecimento de pós-larvas no Estado.

A história da Aquacrusta/Sabores da Costa remonta à década de 1970, quando Livino Sales decidiu investir na criação de camarões. “No início, a empresa era uma salina do meu avô, José Rubens. Aí, meu pai [Livino Sales] viu uma oportunidade de se afastar da pesca para se dedicar à aquicultura, onde teria controle sobre a matériaprima. Foi um tiro no escuro”, conta Rubens Sales, diretor comercial. Com a construção dos primeiros viveiros, a empresa se consolidou no mercado, mesmo enfrentando desafios como a falta de tecnologia e conhecimento na época. Já o processo de sucessão na empresa foi natural: Rubens Sales, sendo o filho mais velho, assumiu inicialmente o comercial, enquanto seu irmão, Hugo Sales, cuidou das operações financeiras e organizacionais e Norberto Junior, atual CEO, foi integrado ao time pela sua expertise e metodologia de trabalho.

sempre foram pilares na Aquacrusta/Sabores da Costa

Seguindo sempre a expansão

A partir dos anos 1990, a empresa que já era vista como referência começou a produzir pós-larvas não apenas para uso interno, mas também para comercialização. “Iniciamos a produção comercial de pós-larvas em resposta à demanda dos vizinhos que queriam seguir nosso exemplo”, diz Rubens Sales, destacando ainda que a expansão dos laboratórios em 1999 permitiu aumentar muito a produção, com picos de 450 milhões de pós-larvas mensais.

Atualmente, a Aquacrusta/Sabores da Costa conta com 11 laboratórios, sendo que alguns são dedicados exclusivamente a testes e à produção de pós-larvas distintas como a X2, que se destaca por sua resistência e crescimento. “Trabalhamos com epigenética, modificando o DNA dos camarões através da alimentação, o que nos permite obter melhores resultados”, afirma Rubens Sales.

O filho mais velho de Livino lembra que, entre os momentos mais importantes, a Aquacrusta/Sabores

da Costa enfrentou crises em 2003 e em 2016. Nessas ocasiões, ele pontua que a seleção massal foi crucial para o desenvolvimento de larvas resistentes, com a Delta sendo determinante para a carcinicultura brasileira durante a NIN, e a X fazendo o mesmo durante a Mancha Branca. Agora, a aposta é na X2, uma larva que promete combinar resistência e crescimento. “A X é um divisor de águas em relação à Mancha Branca, pois trouxe uma tolerância que resolveu o problema de resistência ao vírus. A X2, por sua vez, é uma PL de performance que exige um ambiente adequado e uma equipe técnica altamente engajada”, reforça Norberto Júnior, CEO da Aquacrusta/Sabores da Costa.

Operação pujante

A produção de camarões na Fazenda Cacimbas atinge grandes volumes, com expectativas de alcançar 2,5 milhões de quilos anualmente. “Só aqui, mesmo sem as ampliações, já produzimos mais de um milhão e meio de quilos”, comenta o diretor comercial da empresa. Toda

Durante décadas na carcinicultura cearense, o pioneirismo e a inovação
Créditos fotos: Seafood Brasil

caminhões para transportar grandes quantidades de larvas. Hoje, com pedidos menores e mais frequentes, caminhões menores e mais econômicos são mais adequados para nossas operações.”

Entre as tecnologias atuais, a empresa aposta no uso de cinco espécies de microalgas e investe em biorreatores para produzir probióticos a partir de bactérias do próprio ambiente dos viveiros

a produção é destinada ao mercado de camarão fresco, com os principais mercados localizados no Sul e Sudeste do Brasil. Já a produção de pós-larvas está em cerca de 200 milhões mensais em uma estrutura que inclui 38 hectares dedicados a testes e reprodutores na fazenda em Acaraú.

A empresa também tem sua produção orgânica de camarão, tratada de maneira distinta. “O camarão orgânico é apenas congelado. Temos três clientes em São Paulo que compram, mas o restante é produzido de forma convencional”, explica Rubens Sales. Entretanto, em meio a tantas operações, os desafios também são diversos, a exemplo dos relacionados às margens de lucro, que historicamente vêm se estreitando e hoje precisam ser garantidos por meio da tecnificação e controle de custos, como conta Hugo Sales, diretor financeiro. “Por isso, a palavra de ordem passou a ser readequação.”

A mudança nas densidades de cultivo e no perfil dos produtores também transformou a logística da empresa. Antes, grandes quantidades de larvas eram entregues a poucos clientes. Agora, há mais clientes, mas com pedidos menores, dispersos geograficamente

Outro desafio significativo é a gestão do estoque vivo. Com a natureza perecível do estoque, impondo uma necessidade de precisão na produção e nas vendas, todas as operações da empresa focam em processos internos. “Nosso objetivo é alcançar a máxima eficiência e qualidade em tudo o que fazemos”, afirma Rubens Sales.

O filho caçula de Livino Sales destaca um exemplo recente dessa estratégia: “Antigamente, as densidades de camarões por metro quadrado eram muito altas, demandando grandes

Atestando o original

As mudanças da atividade em meio aos desafios do mercado também justificam a abordagem cautelosa para o futuro. “Aqui a gente não foca hoje em aumentar a produção ou ampliar o laboratório. Pelo contrário, a gente quer o equilíbrio”, completa Rubens Sales. “Estamos buscando readequação e eficiência. O cenário mudou e nós precisamos nos adaptar para continuar competitivos”, finaliza Hugo Sales.

Em 2011, a região da Costa Negra, no litoral oeste do Ceará, ganhou destaque na produção de camarão, graças ao reconhecimento da Denominação de Origem (DO). Esse selo, o primeiro no mundo a ser emitido para um crustáceo, confere ao camarão produzido na região uma identidade única e agrega valor ao produto, especialmente no mercado internacional.

A Costa Negra é banhada pelo Rio Acaraú, cujas águas escuras e ricas em matéria orgânica, juntamente com os sedimentos únicos da região, dão à costa uma coloração mais escura e ao camarão um sabor e uma textura distintos.

Livino Sales, empresário carcinicultor e fundador da Associação dos Carcinicultores da Costa Negra (ACCN), foi o idealizador desse projeto. Ele explica que a diferenciação do camarão da Costa Negra sempre foi evidente devido às características peculiares da região. “ Ele cresce menos, mas ganha mais peso, e essas características únicas precisavam ser reconhecidas”, destaca.

Selo de Denominação de Origem continua como diferencial competitivo importante e um marco para a região de Costa Negra

Livino Sales construiu uma trajetória importante na carcinicultura cearense e presencia o processo de sucessão familiar para seus filhos Rubens e Hugo Sales

Bomar aposta na diversificação de investimentos e combinação da produção de camarão com unidade de produção de alevinos de tilápia e uma fazenda de engorda para crescer no mercado. Ao mesmo tempo, terceirização das estruturas industriais gera maior flexibilidade e recursos para expandir operações no campo

ANem todos os ovos na mesma cesta

Bomar fez direcionamento estratégico para crescimento no laboratório de pós-larvas de camarão e na produção de alevinos de tilápia e engorda do peixe

pesar de ser o protagonista da história, não é apenas o P. vannamei que tem sido crucial para o desenvolvimento de empresas cearenses. A Bomar Pescados, que nasceu no Estado e tem se consolidado na produção e comércio do crustáceo, aposta em Icaraizinho de Amontada (CE), uma de suas maiores unidades, na combinação da produção de camarão com um laboratório de alevinos de tilápia e uma fazenda de engorda de peixe. Ao combinar a produção de camarão com a tilapicultura, a empresa não apenas otimiza o uso de seus recursos naturais e estruturais, mas também abre novas frentes de mercado que garantem maior estabilidade financeira e operacional, mostrando que às vezes nem todos os “ovos precisam estar na mesma cesta”.

A unidade em Amontada ganhou mais relevância há cerca de 2 anos, quando a empresa deixou de investir na indústria própria para concentrar investimentos nos laboratórios. “Gentil [Gentil Linhares, diretor comercial] teve a visão de que, sendo produtores tanto de camarão quanto de tilápia, poderíamos explorar melhor esses laboratórios e fazendas, focando mais no agronegócio para ganhar dinheiro no campo, ao invés de apenas vender camarão congelado”, explica Ricardo Carriero, gerente comercial da Bomar.

Força no camarão

A produção de camarão da Bomar atinge cerca de 2 mil toneladas por ano com animais variando de 9 a 20 g - só em Amontada são produzidas cerca de 450 toneladas anuais. “Temos 39 viveiros escavados, com média de 4 hectares cada e uma capacidade de produção de 1.300 kg por hectare, produzindo camarões de 14 g em 90 dias de cultivo”, detalha Irlandir Alves de Melo, gerente de produção dos camarões da Bomar em Amontada.

O camarão da empresa é majoritariamente destinado à

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industrialização, com 80% sendo beneficiado e enviado para supermercados e restaurantes no Ceará, Sul do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo. Porém, nos últimos anos, a Bomar tem investido em novas tecnologias e práticas de manejo na produção do crustáceo para aumentar a produção e garantir a sustentabilidade da empresa, minimizando os impactos das oscilações climáticas e sanitárias. Porém, a expansão da fazenda também é uma prioridade. “Estamos licenciando 100 hectares adicionais para aumentar nossa capacidade de produção e reduzir custos. Esse é um passo essencial para atender à demanda crescente e garantir nosso

e

Eficiência e experiência

crescimento sustentável”, finaliza Melo.

A fazenda Bomar em Icaraizinho de Amontada ainda tem 3 hectares dedicados à produção de alevinos e 12 hectares para a engorda de tilápia. “Nosso laboratório tem uma capacidade de produção de até 10 milhões de larvas por mês, embora ainda não estejamos aproveitando essa capacidade ao máximo”, conta Claudinei Battirola, responsável pela unidade de laboratório de alevinos e piscicultura da Bomar. Ele lembra que a decisão de incorporar a tilapicultura foi motivada por problema sanitário na carcinicultura e pela alta demanda local pelo peixe, que tradicionalmente era suprida pelo Sul-Sudeste do País.

Recentemente, a Bomar investiu em uma nova genética de tilápia, adquirida do Paraná, com o objetivo de melhorar o rendimento do filé e do crescimento. No entanto, a adaptação ao clima nordestino ainda está sendo avaliada. Ao mesmo tempo, a tilápia GIFT, utilizada há 10 anos, foi melhorada para se adaptar às condições ambientais locais, suportando altas salinidades e temperaturas. Além disso, a estratégia de diferentes cultivos na mesma propriedade é vista como uma otimização de recursos e espaço, aproveitando a presença de água doce e salobra para produzir tanto camarão quanto tilápia. “Estamos livres das principais doenças que afetam a tilápia no Sul, o que nos permite fornecer alevinos saudáveis para o mercado”, destaca Carriero.

Entretanto, assim como o camarão, os desafios climáticos, especialmente durante o inverno, impactam a produção de alevinos. “O período de chuvas pode reduzir a qualidade da água, afetando nossa produção. No entanto, estamos preparados para identificar e prevenir problemas antes que eles se tornem críticos”, explica o responsável pela piscicultura. Essas e outras ações já têm gerado resultado considerando que nos últimos anos, a produção de alevinos da Bomar dobrou, chegando a 2 milhões por mês.

A bióloga equatoriana Lorena Moreno, com mais de 25 anos de experiência na aquicultura, assumiu em agosto de 2023 o desafio de aprimorar o laboratório de póslarvas (PL) da Bomar em Cajueiro da Praia (PI), na divisa com o Ceará. Com média de 60 milhões de PLs por mês, 50% são para uso interno da empresa e os outros 50% para clientes externos localizados em diversas regiões,” explica Moreno.

Entretanto, na estrutura do Piauí, Moreno enfrenta desafios, como a logística de envio das PLs, principalmente devido à distância e às condições de transporte. “Para garantirmos que as PLs cheguem em ótimas condições ao destino, contamos com acompanhamento especializado, aeração e oxigênio adequados,” explica. A empresa também enfrenta gargalos climáticos, adaptando-se às variações sazonais que afetam a qualidade da água e, consequentemente, a produção de camarão.

A especialista destaca que o laboratório da Bomar tem investido em melhoramento genético, utilizando reprodutores selecionados para garantir PLs com características superiores de crescimento e resistência. “Conseguimos reduzir o tempo de desenvolvimento de PL4 de 14-15 dias para nove dias, graças a inovações e melhorias nos processos,” explica. As mudanças efetivas na operação do laboratório justificam os planos de expansão. “Queremos construir um galpão adicional para aumentar a capacidade de produção” revela Lorena.

Moreno trouxe consigo uma vasta experiência do Equador, adaptando e implementando novas tecnologias e práticas no Brasil

Já no segmento de varejo e food service, a Bomar tem se concentrado em comercializar os produtos que ela própria produz, além de fabricar para marcas próprias
Carriero
Battirola contam que movimento da Bomar com implementação da tilápia foi estratégico especialmente durante os períodos de crise hídrica e a problemática da Mancha Branca no camarão

União faz camarão no “condomínio”

A união e o empreendedorismo colaborativo dos pequenos produtores do “Condomínio de Camarão Alagamar” mostram como a organização e a cooperação podem transformar realidades e impulsionar a carcinicultura brasileira

Na comunidade de Olhos D’água, em Acaraú (CE), cerca de 20 produtores familiares se uniram em uma iniciativa que aposta no fortalecimento da produção de camarão através do cooperativismo e empreendedorismo: o “Condomínio de Camarão Alagamar”. A produção de P. vannamei no “condomínio” não é apenas um modelo de negócio, mas também uma força para o desenvolvimento socioeconômico dos pequenos povoados da região e mostra que, no cenário onde a carcinicultura cearense cresce a cada dia, os pequenos produtores têm uma contribuição fundamental — sobretudo quando unidos.

O local reúne aproximadamente 30 viveiros escavados de camarão. “Eu larguei a pesca na praia e virei produtor de camarão. Quase todos nós aqui éramos empregados das grandes fazendas. Hoje, somos donos do nosso próprio negócio”, conta Manoel Rodrigo dos Santos, pequeno produtor de camarão.

A aposta no modelo de “condomínio” abrange uma área de aproximadamente 20 hectares, onde cada viveiro produz, em média, 800 kg de camarão. Santos explica que a dinâmica de trabalho é marcada pela colaboração mútua, onde os produtores compram pós-larvas de camarão e ração em grupo, possibilitando que todos continuem a produzir, mesmo quando enfrentam dificuldades financeiras. “Se o produtor está apertado, fornecemos a ração e ele paga após a despesca”, detalha.

Apesar de cada produtor ter seu próprio viveiro, sistema “condominial” facilita nas tarefas do cotidiano

O impacto do condomínio na comunidade é significativo, já que este modelo cooperativo permitiu que muitos moradores melhorassem suas condições de vida. “Hoje, muitos aqui já têm sua própria casa, transporte e conseguem sustentar suas famílias com a renda da produção de camarão”,

destaca o produtor. Além disso, a produção anual de camarão no condomínio gera cerca de R$ 4 milhões, alimentando o comércio da região e gerando emprego e renda para centenas de pessoas.

Apesar dos avanços diários, os desafios também seguem presentes. “Os investimentos são poucos. Ninguém dá uma ajuda, nem o governo, nem a prefeitura. Trabalhamos na vontade de trabalhar mesmo”, desabafa Santos. Mas, embora a falta de licenciamento ambiental esteja travando o desenvolvimento do empreendimento, Santos garante que os produtores estão dando os primeiros passos para regularizar suas atividades. “Estamos nos organizando para trazer um engenheiro que possa nos ajudar a melhorar a produção e nos legalizar. A esperança é que, com a licença, possamos acessar programas de financiamento e expandir ainda mais nossa área de produção”, finaliza Santos.

“Condomínio” de produção de camarão tem fortalecido pequenos produtores familiares no Ceará e mostrado que com união é possível se desenvolver na atividade
Créditos fotos: Seafood Brasil

Nossa missão é oferecer produtos de qualidade superior, continuamos a inovar e fortalecer o compromisso com a excelência, garantindo a melhor qualidade diretamente do mar para a sua mesa!

Na Gôndola

A oferta de peixes, crustáceos e moluscos

Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Novidade empanada

A Mar & Rio Pescados aproveitou a Apas Show 2024 para lançar oficialmente sua nova linha de empanados. Segundo a empresa, a novidade, que é perfeita para ser degustada como aperitivo, conta com variedades que vão fisgar o paladar de todos os amantes de pescados. São eles: filé de tilápia e filé de panga; camarão sem cauda; camarão com cauda; anéis de lula; e tirinhas de tilápia. Ainda de acordo com a Mar & Rio Pescados, a nova linha estará em breve nos pontos de vendas de todo o País.

A grande família

A Apas Show 2024 também foi palco para que a Qualimar trazer parte de sua família de produtos. Durante a feira, a empresa destacou sua linha de camarões em embalagens 350 g e 200 g disponíveis em forma inteira, sem cabeça, descascada, descascada e eviscerada, descascada eviscerada com cauda e a coroa de camarão com molho. A empresa ainda trouxe sua linha de peixe que conta com pescada, dourado e atum em postas, cada um em embalagens de 500 g, além do filé de tilápia, que vem em embalagens de 400 g.

Bem-vindos ao time

As iscas de tilápia empanadas e o filé de tilápia empanado foram os lançamentos da Canção Alimentos para enriquecer o portfólio de produtos de pescados da empresa. Produzidos 100% com filés de tilápia e congelados de forma individual, as novidades foram desenvolvidas para garantir sabor ao consumidor e podem ser preparadas em fornos, fritos por imersão ou em air fryers. Por fim, os dois lançamentos chegam em embalagens de 600 g (para os filés) e 400 g (para as iscas).

Maré cheia

Com a promessa de levar o mar aos consumidores, a Opergel trouxe para a Apas Show 2024 seu portfólio de produtos. Dentre eles, o destaque ficou por conta dos pescados importados, que são divididos nas categorias congelados, salmão e moluscos e frutos do mar e salmão, tendo ainda origem de países como Argentina, Chile, Peru, China e Nova Zelândia. Os bacalhaus de origem norueguesa e chinesa também foram outros destaques da empresa.

Uma novata no pedaço

A Apas Show 2024 foi o local escolhido para o mercado conhecer uma nova marca: a Marchef Pescados. E para tornar essa estreia inesquecível, a empresa apresentou sua linha completa de camarão pré-cozido. Disponibilizados em embalagens que variam de 150 g e 300 g, a linha, segundo a Marchef Pescados, foi desenvolvida especialmente para proporcionar sabor, qualidade e praticidade ao público. Outro produto apresentado foi o kit paella criado para quem busca uma alternativa rápida e de qualidade para degustar esse prato.

Apas Show 2024

Família de vencedores

A Brazilian Fish trouxe para a Apas Show 2024 os produtos que fazem parte da família da tilápia: a pururuca, a parmegiana, as iscas e o filé, todos derivados do pescado. No entanto, o destaque ficou por conta de sua coxinha com tilápia, que ganhou no ano passado o prêmio Innovation durante a Seafood Show do ano passado - o produto, inclusive, vem com um selo na embalagem mostrando que a coxinha foi 1º lugar na competição. A empresa também apresentou o camarão descascado em embalagens de 400 g, tudo em embalagens totalmente reformuladas com a nova identidade visual.

Black é o sabor mais quente

Conhecido por seu sabor inconfundível, intenso e ligeiramente adocicado, o Black Cod, também é conhecido como Sablefish ou peixe-carvão, foi um dos destaques da Alaska Seafood durante a Apas Show 2024. O produto, considerada uma iguaria rara, o que a faz ser muito apreciada na alta gastronomia, possui alto teor de ácidos graxos ômega 3, o que torna esse peixe muito nutritivo. Ainda segundo o instituto, o produto é disponibilizado no mercado brasileiro em forma de filé.

Além do arco-íris

O filé de truta arco-íris foi um dos produtos apresentados pela Korin durante a feira supermercadista de 2024. Da família dos salmonídeos, assim como o salmão, a truta arco-íris é produzida em locais controlados, livres de hormônios, antibióticos e fungicidas, químicos e corantes. Com a possibilidade de ser usado em pratos variados, o produto é comercializado em embalagens de 500 g.

Para os camarãolovers

Os amantes de camarão puderam conferir de perto o produto como um dos destaques da Bom Peixe na Apas Show 2024. Comercializado de forma congelada e em embalagens de 400 g, o produto é altamente indicado para as mais variadas receitas em que o camarão é a estrela principal do prato. De acordo com a empresa, o camarão é disponibilizado ao consumidor de forma eviscerada e descascada.

Direto da produção

conta com inúmeras espécies de pescado em sua produção, mas o crescimento do panga vem ganhando destaque

Diversidade piauiense

Indepententemente da variedade dos tipos de peixes produzidos, a piscicultura no Piauí enfrenta desafios como a falta de integração entre o setor produtivo e o governo, além da carência de indústrias. Contudo, movimentos como na região dos Cocais e Entre Rios em que produtores se unem para transformar suas realidades, são exemplos de atitudes que apontam o rumo da prosperidade

Apesar da diversidade de produção de espécies, incluindo tilápia, nativos e especialmente panga, a piscicultura no Piauí tem enfrentado desafios significativos, como aqueles evidenciados pelos números recentes do Anuário da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR). A publicação mostrou que o Estado não segue tão bem no cenário nacional: em 2023, houve queda de 4,37% na produção quando comparada a 2022 (22.900 toneladas), somando 21.900 toneladas

Texto: Fabi Fonseca | Créditos imagens: Seafood Brasil no período. Essa realidade é um reflexo direto da carência de melhorias e ajustes no setor, como a necessidade de uma maior integração entre o setor produtivo e o governo, especialmente em questões como o licenciamento ambiental e a carência de indústrias. No entanto, a exemplo da região dos Cocais e Entre Rios, é possível identificar um movimento crescente dos produtores piauienses nos últimos anos, que estão em busca de soluções e oportunidades para transformar a sua própria realidade enquanto sonham com um futuro promissor em meio a uma produção cada vez mais diversa.

ESPÉCIES MAIS PRODUZIDAS NO PIAUÍ EM 2023 | EM TONELADAS

Piauí
Fonte: PeixeBR
Tilápia
Nativos
Outros (carpa, truta e panga, principalmente)

Todos no mesmo balaio

A produção de diferentes espécies e métodos de cultivo no Piauí, desde grandes empreendimentos até iniciativas familiares e associativas é, de fato, um dos ativos mais importantes que permite aos produtores do Estado explorar diferentes nichos de mercado e fortalecer a resiliência do setor.

Na Fazenda São Francisco, em José de Freitas, por exemplo, o Grupo Fortes Farias é responsável por um dos maiores produtores de pirarucu do Estado. O sócio-proprietário Herbert Farias começou a produção de pirarucu em 2012, quase por acaso, após receber alguns exemplares de um amigo que não conseguiu continuar na atividade. Hoje, o empreendimento

é uma referência na produção do peixe, atingindo uma média de 2 toneladas de filé de pirarucu por mês, com capacidade para 4 toneladas em uma extensão de 17 hectares de lâmina d’água ocupada por viveiros escavados. A comercialização do pescado da propriedade é local, mas o empresário revela que os planos são de, em breve, enviar este peixe também para fora do Estado. “Vendemos diretamente para restaurantes e supermercados, mas tem gente que vem comprar diretamente aqui para comer em casa mesmo. O filé de pirarucu é muito apreciado, inclusive para sushi,” comenta Farias.

Guilherme Coelho de Carvalho, conhecido como Dila do Peixe, compartilha uma trajetória semelhante.

Após quase duas décadas no ramo de sorvetes, ele se voltou para a piscicultura em 2007, motivado pela paixão pela pesca. “Eu nasci no interior, me criei na roça e sempre gostei de peixe,” relembra. Apesar dos desafios iniciais, que incluíram a aquisição mínima de técnicas e conhecimentos e a necessidade de se adaptar às flutuações econômicas, Dila do Peixe conseguiu transformar sua produção em uma operação de sucesso. Em 2013, ele expandiu o negócio adquirindo a Fazenda Currais, propriedade atual também chamada de Piscicultura Volta do Rio, na zona rural de Batalha (PI), onde construiu um complexo de tanques escavados focados sobretudo em tambaqui. Aliado ao seu conhecimento no setor e sua ida de “porta em porta”

o carro-chefe

A Fazenda São Francisco é uma das maiores do Piauí na produção de pirarucu. Na propriedade, o peixe é comercializado em diversos formatos, mas o filé é

Direto da produção

para ajudar os piscicultores que surgiam na região, destacou-se dos demais produtores e isso lhe rendeu o título de “Rei do Peixe”.

Já Antônio Hilário, sócio-proprietário do Criatório Peixe Gordo, situado na cidade de Madeiro, também tem ganhado mercado no Estado com a criação de panga e tambatinga, os carros-chefes de sua produção. Ele, que também exerce o papel de vereador no município, iniciou sua trajetória na piscicultura em 2018, mesmo vindo da área sindical. Seus primeiros passos na piscicultura foram marcados por desafios, especialmente com a criação de tilápia, que enfrentou problemas de oxigenação - do erro, veio a inspiração para investir no panga, um peixe que, como defende, “demanda menos oxigenação e proporciona uma maior produção por metro quadrado”. Hoje, a aposta dele é nos tanques elevados para otimizar a produção. “O panga tem um sistema pulmonar diferente: ele vai buscar ar na superfície, o que reduz a necessidade de oxigênio adicional,” ressalta. Este diferencial permitiu uma produção mais eficiente, com tanques de 40 mil litros de água, gerando até 600 kg de panga, em comparação aos 300 kg de tilápia.

Colaboração e apoio certo

Já a história de Gracimar Rocha e a Piscicultura Criuli é um exemplo onde a determinação e o apoio certo fazem a diferença na atividade. No município piauiense de Joca Marques, Rocha começou a criar peixes em 2012 como única solução para sustentar sua família com a criação de tambatinga em tanques escavados.

No início, ela teve que lidar com um cenário desafiador devido ao pioneirismo de uma atividade sem equipamentos adequados e com pouca orientação, além do machismo da época e a conciliação das obrigações do cotidiano de uma mulher que cuida da casa e de duas filhas. Mas, após anos de dificuldades e com pouca orientação, a chegada em 2022 de Camila Marinho, engenheira agrônoma e técnica do

Dila do Peixe construiu sua piscicultura às margens do rio Longá, onde foi marcada por sucesso e tenacidade de quem atualmente busca superar adversidades e retornar com excelência no setor

Piscicultura Criuli, liderada por Gracimar Rocha e família, é especializada em tambatinga e reconhecida como referência na piscicultura familiar da região

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar - PI), transformou a realidade da piscicultura Criuli. “Ela ensina tudo direitinho em termos de arraçoamento e alimentação, além de fazer as análises das águas. Porém, o fator principal ainda é a motivação”, destaca Rocha.Com a assistência de Marinho, a produção cresceu: passou de 500 para 7 mil peixes por safra, tudo em quatro tanques escavados e um açude. A Associação de Pescadores e

Piscicultores de Luzilândia, chamada de Peixe Bom, em Luzilândia, também é um exemplo de como a união pode transformar uma comunidade. De pescadores artesanais a aquicultores, os membros da associação, que hoje somam sete pessoas, não só aumentaram a produção de tilápia, mas também diversificaram e fortaleceram a economia local, criando um modelo de desenvolvimento sustentável e replicável na comunidade Bico do Patu.

Direto da produção

Entretanto, essa transição não foi isenta de desafios. “Enfrentamos problemas, mas como já trabalhávamos na pesca, a adaptação foi natural,” conta José dos Santos, um dos líderes da associação.

A iniciativa teve início em 2012 com 20 gaiolas doadas pelo governo em parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Mas, ao longo dos anos, a produção vem crescendo exponencialmente com o cultivo de tilápia em tanques-rede nas águas do rio Parnaíba. “Aqui na nossa piscicultura, já produzimos o pintado, o tambaqui, além do panga. No entanto, o nosso carro-chefe ainda é a tilápia,” destaca o produtor.

Ninguém está livre dos desafios

Independentemente do tamanho, espécies ou forma de produção, quem atua com pescado no Piauí tem lidado com muitos desafios no cotidiano. E neste contexto, um dos principais é o licenciamento ambiental por conta das dificuldades burocráticas e na demora nos processos. “A gente está sempre

desenrolando e buscando resolver as coisas, mostrando a necessidade e a renda que gera ao município”, comenta Herbert Farias, do Grupo Fortes Farias.

A demora ainda é sentida por Farias nos trâmites legais de seu frigorífico, que está em fase de implementação na propriedade. Além disso, a produção do peixe na região depende fortemente das condições climáticas - a reprodução do pirarucu, como ele explica, pode variar, chegando a 5 mil larvas em uma única desova. No entanto, nem todas as reproduções atingem esse número, tornando o planejamento e a gestão dos estoques um desafio constante.

Apesar do sucesso em sua produção e na popularidade local, Dila do Peixe enfrentou nos últimos anos o desafio entre produção versus custos de ração, que mudou sua história. Em 2020, o último ano mais produtivo, a produção na fazenda totalizou 220 toneladas de tambaqui, tilápia, panga e pintado, mas desde então e até 2023, ele vivenciou um desequilíbrio fatal entre o custo da ração e o preço de venda do peixe em sua região. “A ração chegou a R$ 94 o saco, enquanto o quilo do peixe era

vendido por apenas R$ 8. Então, eu não consegui acompanhar um com o outro”, explica o Rei do Peixe. Esse desajuste econômico, somado a outros desafios da época, além da necessidade de manutenção da propriedade, forçou o produtor a esvaziar seus tanques e paralisar a produção, culminando em uma pausa completa em 2023. Porém, agora, em 2024, Dila do Peixe está determinado a ressurgir: com os tanques limpos e a expectativa de novas chuvas, ele planeja retomar a produção com um foco renovado em tilápia e tambaqui. “Estou renascendo das cinzas este ano,” declara. Já a redução no preço da ração e o aumento do valor do peixe no mercado dão a ele a confiança necessária para recomeçar.

Mas, ainda que a produção esteja retomando aos poucos, ele lamenta que continuará a enfrentar velhos gargalos como a logística e o processamento do pescado. Com a produção em larga escala, a distribuição tradicional em pequenos volumes torna-se inviável, apontando para a necessidade de uma infraestrutura industrial. “Tem comprador e tem peixe, mas está faltando a indústria”, destaca.

Antônio Hilário, do Criatório Peixe Gordo, partilha a opinião de que frigoríficos e certificações são essenciais para acessar grandes mercados e a falta deles é um gargalo da região. Por isso, a logística de produção e a venda para grandes mercados estão complicadas. “Precisamos de apoio governamental para resolver essas questões,” argumenta. Já a regularização do cultivo do panga, para ele, é crucial para atrair investimentos e expandir a produção.

“Hoje, produzimos 15 toneladas, mas temos capacidade para 100 toneladas.

A liberação do cultivo estimularia a confiança dos investidores,” conclui.

A situação é parecida com a da Piscicultura Criuli, que também enfrenta desafios contínuos, principalmente na comercialização e dependência de atravessadores.

“O nosso maior problema hoje é

Os piscicultores de tilápia da associação Peixe Bom, cuja produção é feita em tanquesrede na afluente do rio Parnaíba, têm a atividade em complemento à pesca, transformando a realidade dos moradores do município de Luzilândia

a comercialização por causa dos atravessadores. Às vezes, eles querem mandar que a cada 10 kg, se coloque 1 kg a mais”, explica a piscicultora Gracimar Rocha.

Por sua vez, hoje, a associação da comunidade do Bico do Patu produz entre 4 e 5 mil toneladas de tilápia por mês, embora já tenha alcançado picos de até 15 toneladas mensais. Segundo José dos Santos, a produção enfrentou adversidades como a contaminação por agrotóxicos das plantações ao redor da lagoa e as variações na qualidade da água devido a chuvas intensas, fatores esses que causaram mortandades significativas que afetaram gravemente a produção. Por isso, entre 2015 e 2019, a associação quase desistiu devido às dificuldades. “Muitos associados saíram, mas persistimos”, conta Santos.

A organização interna da associação, com uma gestão rigorosa dos recursos e uma reserva emergencial, permitiu a continuidade das atividades. Essa resiliência levou à diversificação econômica local.

Inovações e criatividade para expansão no futuro

A piscicultura no Piauí está em um momento de transformação, com desafios significativos, mas também com oportunidades de crescimento e inovação. Neste processo de recomeço, o produtor Dila do Peixe, por exemplo, sabe que um dos maiores e mais persistentes problemas dos produtores da região é o alto custo da energia. “Por isso, a saída é o sistema solar,” afirma, planejando implementar placas solares para alimentar suas operações.

Além disso, Dila do Peixe mantém uma visão otimista para o futuro e revela que vê na união dos piscicultores e em eventos de troca de experiências, como o III Encontro de Aquicultura e Piscicultura do Piauí, realizado em abril deste ano (leia na edição #53 da Seafood Brasil), uma forma de atrair a atenção das autoridades. “Eu acho que essa indústria é um sonho de todos os piscicultores. Começamos a fazer barulho e já tem gente nos ouvindo,” comenta.

Gracimar Rocha também é positiva e assegura que o futuro da Piscicultura Criuli é promissor e, por isso, já planeja expandir sua propriedade de quatro hectares e diversificar as espécies com a criação de tilápia. “Quero tentar criar tilápia em tanque escavado e oferecer um produto diferente, uma vez que a nossa região cria só tambatinga”, conta a produtora.

Direto da produção

Já para Antônio Hilário, a adaptação é constante e uma produção em tanques elevados necessita de ajustes nos sistemas de escoamento e proteção contra predadores, como pássaros, por exemplo. “Hoje, nossos tanques têm uma estrutura mais eficiente para concentrar resíduos e facilitar a manutenção,” diz. A expansão da produção exigiu criatividade também na divulgação do produto, o que levou ele a utilizar mídias sociais e desenvolver receitas próprias, incentivando o consumo do panga. “Preparei pratos na minha cozinha e criei panfletos com receitas, distribuindo-os aos feirantes,” conta. Esse esforço de marketing resultou em uma boa aceitação do peixe, que hoje é comercializado no Piauí e no Maranhão.

Herbert Farias, além de aumentar a produção de pescado, planeja explorar o aproveitamento integral do pirarucu, incluindo o couro. “O pirarucu é um peixe que pode ser aproveitado 100%. Estamos buscando maneiras de usar o couro de forma eficiente,” diz ele. Já Dila do Peixe vê no sistema solar uma solução para os altos custos de energia. “A saída é o sistema solar,” afirma, planejando implementar placas solares para suas operações.

Com a piscicultura que trouxe prosperidade à comunidade do Bico do Patu, o trabalho da associação gerou bares, restaurantes, lanchonetes e inúmeros empregos diretos e indiretos no local que é frequentado por muitos turistas na época de alta. “Nos finais de semana, empregamos cerca de 22 pessoas nos bares e restaurantes, além de gerar empregos indiretos para a comunidade”, conta João Francisco, membro da associação, que lembra que a venda de peixes diretamente aos consumidores e para intermediários impulsiona a economia local. Apesar dos desafios, a associação continua a investir em tecnologias e práticas sustentáveis como a vacinação dos peixes e o manejo cuidadoso dos tanques-rede, que são medidas que vêm mostrando resultados positivos na saúde dos animais. “Graças à vacinação, não tivemos mortalidade recente. O peixe está 100% saudável”, afirma José dos Santos.

Para o futuro, a melhoria da infraestrutura, como o acesso viário à lagoa onde se encontra a produção, e a redução do custo dos insumos, especialmente a ração, são cruciais para sonhar com uma expansão. “O

custo da ração consome entre 70% e 80% da produção. Precisamos de suporte governamental para continuar crescendo”, ressalta Francisco. Do lado positivo, o recebimento de mais 40 gaiolas pela Codevasf acendeu as esperanças do retorno da parceria, que é vista como positiva pelos produtores. “Estamos trabalhando com cerca de 5 a 6 mil alevinos mensais, mas agora, com essas 40 [gaiolas], a gente vai passar a trabalhar com 10 mil. Temos a esperança de que isso vai voltar, porque já começou e é um bom início”, finaliza Francisco.

Suporte é essencial

Em meio a tantos desafios, a colaboração, o suporte técnico e as ações governamentais são essenciais para o desenvolvimento da piscicultura piauiense. Alípio Paiva, superintendente federal de Pesca e Aquicultura do Piauí (SFPA-PI), destaca que, diante dos gargalos históricos do setor, o governo é sensível à cadeia pesqueira e está empenhado em transformar sua realidade.

Segundo ele, a criação da Secretaria da Pesca, posteriormente

Tilápia lidera produção no Estado, mas produtores esbarram em diversos gargalos

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Direto da produção

elevada ao ministério e, em outro mandato, rebaixada à secretaria e integrada ao Ministério da Agricultura, representou oscilações administrativas subsequentes e impactou negativamente, especialmente nas regiões dos Cocais e Entre Rios. “A ausência do Estado gera estagnação na produção”, afirma.

Logo, segundo Paiva, isso gerou o sucateamento da superintendência federal da pesca em todas as unidades federativas. “E isso representa a falta de amparo do governo, de um modo geral, para esses produtores. Na nossa visão, quando o Estado está presente, a produção evolui e cresce”, diz. Ele lembra que atualmente, os piscicultores da região trabalham o ano inteiro focando na despesca e nas vendas para a Semana Santa e no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que compra a produção. Esse ciclo, porém, gera incertezas econômicas, pois, se a venda não for total, os produtores enfrentam prejuízos com os custos de manutenção dos peixes. “Isso tem que acabar. Nós, da Superintendência Federal da Pesca, com o apoio do Ministro André de Paula e do presidente Lula, temos que tornar isso sustentável”, aponta Paiva.

Assim, segundo ele, a Superintendência do Estado tem se mobilizado para mudar esse cenário, destacando, por exemplo, a importância de uma unidade de beneficiamento na região. “Estamos trabalhando na construção de uma unidade em Entre Rios, mas precisamos de um esforço conjunto do governo federal, estadual e municipal para viabilizar sua conclusão”, explica o superintendente. A região dos Cocais também carece de infraestrutura essencial, como caminhões frigoríficos e mecanismos que reduzam os custos de ração.

Outro ponto crítico é o licenciamento ambiental, frequentemente visto como um empecilho pelos produtores. No entanto, Alípio Paiva pontua que o governo pretende adotar uma abordagem mais prática e colaborativa. “Nossa perspectiva é criar um checklist

básico para facilitar o processo e permitir que os produtores se adequem e se regularizem num prazo de 3, 4, 5 ou mais anos”, explica. Esse novo modelo, para ele, visa transformar o licenciamento em um instrumento de incentivo, em vez de uma barreira.

A aquicultura é vista pelo superintendente como uma ferramenta vital para o desenvolvimento econômico do Brasil, especialmente no Piauí. “A produção aquícola gera demanda e beneficia desde o pequeno até o grande produtor”, destaca Paiva. Ele acredita que a região dos Cocais, com investimentos adequados, pode se tornar um polo de produção de proteína de alta qualidade, ajudando a elevar o consumo per capita de pescado no País.

Amadurecendo a operação

A Piscicultura Alevinos Luiz do Peixe Sempre destaca-se como uma das principais fornecedoras de alevinos no Estado do Piauí. Fundada por Luiz Vicente da Silva Filho (conhecido justamente como Luiz do

Peixe), a empresa é localizada em Madeiro e se especializou na produção de alevinos de panga, pirarucu, tambaqui, entre outras espécies de peixes nativos e híbridos, sendo que a tambatinga é a com maior saída.

Luiz do Peixe iniciou na piscicultura há cerca de 9 anos inspirado por vídeos no YouTube e com o incentivo de seu sogro, João Magalhães, pioneiro na piscicultura em Madeiro. Motivado pelo desejo de trabalhar na atividade, Luiz do Peixe foi estudar biologia e, em 2015, ele e o sogro fundaram a Alevinos Peixe Vivo, que em 4 anos de operação, se tornou o maior laboratório de reprodução de peixes do Piauí.

A piscicultura expandiu por meio de parcerias e distribuidores em várias cidades, mas o fim da sociedade com o sogro levou o piscicultor a criar a Piscicultura Alevinos Luiz do Peixe Sempre. Agora, Luiz do Peixe, que também preside a Câmara Setorial da Piscicultura do Território dos Cocais e a Associação dos Pequenos Aquicultores do Brasil (APAQ-BR), planeja uma expansão essencial para amadurecer a operação, que está com capacidade de produção girando em torno de 4 a 5 milhões de alevinos por ano. O plano inclui transformar a piscicultura em uma escola, proporcionando oportunidades de aprendizado para associações e indivíduos. “Nós vamos abrir espaço para associações vivenciarem todo o processo de reprodução”, afirma.

A nova estrutura aumentará a produção para 7 milhões de alevinos por ano e deverá impactar positivamente toda a região, beneficiando tanto a produção local quanto o desenvolvimento de novos piscicultores. “Esse nosso segundo passo será pensando em todos os piscicultores, onde eles vão poder buscar o alevino e, acima de tudo, o conhecimento”, ressalta. A empresa já fornece alevinos para todo o Estado do Piauí, principalmente para os produtores da região Norte, território Litorâneo, Entre Rios e até para o Ceará. A previsão é concluir as obras em 2025.

Piscicultura de alevinos de Luiz do Peixe é um dos principais empreendimentos que abastece a região dos Cocais e Entre Rios no Piauí

Inspiração ao feminino

Em 2020, em meio aos desafios impostos pela pandemia da Covid-19, Camila Marinho começou na região do Madeiro com um trabalho de assistência técnica e gerencial no Senar. Desde então, tem sido uma figura central na inclusão e motivação de outras mulheres no setor, que vai além do campo técnico. “Quando a gente chega no campo e não tem outra mulher, eu acho que desmotiva as produtoras, da mesma forma que a gente fica motivada quando encontra outras. Quando comecei no Senar, de 30 produtores acompanhados, só tinha uma mulher. Agora, já são 9 produtoras”, celebra.

No começo deste ano, Marinho foi uma das vencedoras do Prêmio Mulheres das Águas, uma iniciativa do MPA que recebeu inscrições de mulheres em 23 estados brasileiros, além do Distrito Federal. Indicada pela Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ela recebeu a Menção Honrosa na categoria Gestão Pública ou Privada. “Ser reconhecida entre tantas histórias inspiradoras é uma honra. É um sentimento de gratidão por tudo que Deus proporcionou”, afirma emocionada.

Além da representatividade e incentivo às mulheres, o trabalho de Marinho tem gerado um impacto profundo junto aos demais produtores, cuja maioria se enquadra na agricultura familiar. Por isso, ela acredita que o papel do técnico vai além das questões produtivas. “É preciso se colocar no lugar do produtor, se integrar à família e ser um ponto de apoio”, conclui.

Técnica de campo do SENAR-PI, Camila Marinho, mostra como o impacto do suporte técnico pode ser um diferencial no desenvolvimento dos pequenos produtores.

Especial

E elas continuam a nadar

Apesar de nem sempre terem a maré a seu favor, empresas do setor continuaram nadando para em 2024, celebrarem com mérito os anos de esforços que as conduziram rumo à longevidade responsável pela construção de seus legados

Texto: Mariana Naviskas (free-lancer)

“Continue a nadar”. Esse é o lema da personagem Dory, peixinha do desenho

“Procurando Nemo”, quando ela está enfrentando algum um problema que a impede de chegar a determinado destino ou objetivo. E dentro do cenário empresarial brasileiro, marcado por um ambiente econômico e regulatório desafiador, operar em um segmento tão específico quanto o do pescado torna o lema da personagem do filme da Pixar

Sérgio Santos, diretor executivo da Leal Santos, a história de sucesso da empresa vem do propósito de industrializar produtos de qualidade com o compromisso de preservar e gerar empregos

ainda mais motivador, principalmente para quem busca a construção de um legado longevo que os levou a conviver algumas vezes com a boa e velha sensação de se estar nadando contra a maré.

No entanto, algumas empresas do setor conseguiram desafiar as probabilidades e mostraram suas forças ao se destacarem por décadas – e até por mais de um século –, provando que mesmo nos mares mais bravos, é possível prosperar fazendo o que a peixinha Dory fez: continuar nadando.

A Seafood Brasil trouxe histórias de algumas empresas do setor que são uma prova viva de persistência e que agora, em 2024, celebram aniversários marcantes de suas trajetórias que coroam seus legados e fortificam suas longevidades para continuarem nadando para ainda mais longe. A pesquisa para esta reportagem revelou diversas aniversariantes, o que nos obriga a dividir o texto em duas partes. A primeira o nosso leitor confere a seguir.

LEAL SANTOS - 135 ANOS

Uma odisséia centenária do biscoito ao pescado

Criada em outubro de 1889, na cidade de Rio Grande (RS), a Leal Santos passou por diversos setores e regiões do Brasil. Atuando inicialmente no mercado de biscoitos, a empresa partiu posteriormente para a litografia em folhas de flandres e produção de latas, cápsulas para garrafas e pregos. Nesse meio tempo, já em Pelotas (RS), a Leal Santos também se dedicou à produção de conservas de frutas, legumes e de carnes, mas também trabalhou com chocolates no Rio de Janeiro (RJ).

Porém, foi só em 1947 que a companhia entrou no mundo dos pescados e começou a formar sua frota pesqueira própria. “Neste ano,

foram iniciadas operações envergando a flâmula da Leal Santos, gerando como resultado os primeiros barcos riograndinos a se dedicarem à pesca de alto mar no sul do Brasil”, conta o diretor de Recursos Humanos, Julio Kubaski Franco.

A partir deste ponto, a Leal Santos investiu na região Sul para o desenvolvimento do setor de pescados e, no início da década de 70, iniciou a construção da unidade de beneficiamento de pescado e produtos de pescado: as Indústrias Alimentícias Leal Santos Ltda., na cidade de Rio Grande (RS). Aos poucos, a empresa foi ganhando espaço no setor e, em 2010, começou a produzir enlatados de peixes - especialmente sardinha e atum - para consumo interno e exportação. Já em 2014, a companhia lançou a produção de lombo de atum e exportação de matéria-prima congelada.

A dedicação foi reconhecida em 2018 com o Prêmio Exportação RS, promovido pela ADVB-RS. A partir daí, ela passou a atuar no processamento de pescado costeiro, com atividades voltadas ao recebimento e congelamento para mercado interno e externo.

Já em 2021, a Leal Santos deu início à operação de evisceração de pescado costeiro, assim como de habilitação para exportação para Estados Unidos e União Europeia. “Na trajetória da Leal Santos, há fatores externos que ultrapassaram as fronteiras da empresa. Por exemplo: o fechamento das exportações de pescados do Brasil para a União Europeia, em 2017, cenário que ainda persiste. Fomos fortemente impactados, considerando a grande concentração de clientes e negócios que tínhamos naquele mercado”, explica o diretor executivo Sérgio Santos.

Diretor de Recursos Humanos da Leal Santos, Julio Kubaski Franco conta que a empresa entrou no mundo dos pescados em 1947 com sua frota própria

A empresa buscou se reposicionar por meio da diversificação de produtos e mercados, além de adequações na estrutura física e organizacional para suportar a nova configuração de negócios. “Quando ocorreu o fechamento nas exportações, o produto da Leal Santos era o atum comercializado quase sempre inteiro. Hoje, contamos com um portfólio mais amplo: além do atum inteiro e do lombo de atum, temos a conserva de atum e a comercialização de outros pescados inteiros e eviscerados, encontrados na costa do Rio Grande do Sul, como corvina, castanha, anchova, savelha, palombeta, pescada, merluza, entre outros.” Com uma planta de mais de 21 mil m2, a Leal Santos passou também a prestar serviços de industrialização de pescados para clientes, atuando

na descarga de embarcações, manipulação, evisceração, filetagem, congelamento, embalagem e expedição para o mercado interno e externo.

De acordo com Santos, os 135 anos de sucesso se devem ao propósito de industrializar produtos de qualidade com o compromisso de preservar e gerar empregos continuamente. “Tivemos linhas de produtos e negócios variados, mas o que não mudou e nunca mudará é a essência de uma indústria de alimentos tradicional e comprometida com o bem-estar dos clientes e consumidores”, comenta. No entanto, para o futuro, a Leal Santos quer antecipar necessidades do mercado pensando fora da caixa, com produção de alimentos cada vez mais saudáveis e com qualidade. “Com a busca constante por automação e tecnologia, além do foco em mercados, oportunidades, produtos, serviços, clientes e canais de vendas para ampliação do volume e comercialização de subprodutos de pescados, miramos nas transformações necessárias para nos mantermos sempre atuais”, finaliza Santos.

Especial

Montagem da fábrica de farinha de peixe da Ecil: em 75 anos de história, empresa investe em tecnologia e produtividade para fortalecer seu legado

Tecendo seu próprio destino

Pode parecer algo difícil de acreditar, mas a Ecil, hoje uma empresa consolidada no mercado de pescado, começou suas atividades em um setor totalmente diferente: o têxtil. “Começamos efetivamente durante a 2ª Guerra Mundial, como um negócio de intermediação. Ainda em 1949, passamos a ser uma empresa formal, inicialmente no ramo têxtil, no qual ficamos até os anos 80”, conta o sócioproprietário, José Alberto Kacelnik.

montou uma empresa na Holanda e passou a entender melhor o mercado de marcas próprias. “Quando o Brasil abriu o mercado para importações, já conhecíamos bastante o conceito de marcas próprias e começamos a fornecer conservas de frutas para grandes empresas, como Cica, Arisco e Quero.”

Já na década de 80, a Ecil teve sucesso exportando alto-falantes brasileiros para a Europa. “Fomos responsáveis por exportar os altofalantes para a sonorização do metrô de Londres, do [aeroporto de] Heathrow e do Eurotunnel [sob o canal da Mancha]”, conta. A partir disso, a Ecil

Foi então que, em 1994, a Ecil deu início a sua história nos pescados: eles decidiram vender atum para a Gomes da Costa – que, até então, fabricava apenas sardinha – e passaram a trazer o peixe da Tailândia. “Vimos que o negócio do peixe era extremamente diversificado, tanto em espécies para venda quanto em origens para fornecimento. Era desafiador, porque descobrir fornecedores e registrá-los para venda no Brasil era complicado. Mas também era algo que sabíamos fazer. Certamente, fomos os primeiros a importar salmão do Alasca, por exemplo. Para a China, nesse ano, completamos 30 anos da primeira viagem”, conta Kacelnik.

Segundo o sócio-proprietário, a Ecil acredita

que o mercado de pescados é algo para especialistas e um ramo no qual são necessárias melhorias constantes. “Nós buscamos ter relevância na área em que atuamos. Então, queremos conhecer o produto que vamos vender, procurar fornecedores confiáveis e conhecer o mercado. Não temos pressa e, assim, crescemos organizadamente” Tomando seu tempo, a Ecil abriu filial em Santa Catarina, em 2010 e, nove anos depois, em Recife.

Sobre o futuro, Kacelnik considera que planejar no mercado de pescado é difícil. “Quando entramos no setor, vendíamos principalmente pescado inteiro ou HGT. Hoje, atuamos mais com filés e produtos semiprocessados. Entendemos que a questão do meio ambiente é um objetivo de todo o segmento, porque todos compreendem a necessidade da pesca sustentável e de práticas corretas na captura, processamento e fornecimento. Estamos comprometidos com isso.”

O head de Pescados da ECIL, Pablo Rillo, e o gerente de Logística Internacional da Worldwide Fishing Company (WOFCO), Carlos López, na Seafood Expo Global, em Barcelona
Divulgação/Ecil
ECIL - 75 ANOS

Especial

Registro raro do fundador da Noronha Pescados, Wilhelm Blanke

de Abreu Blanke discursando na festa de aniversário de 55 anos da Noronha Pescados durante a Seafood Expo Global

O legado de uma paixão à primeira vista

Foi na década de 40 quando o imigrante alemão Wilhelm Blanke se estabeleceu em Pernambuco e se apaixonou pelo Estado e se encantou com as oportunidades de pesca da região. Sua paixão pela pesca foi transmitida ao seu filho, Guilherme Blanke, que viu nesse interesse compartilhado uma oportunidade de empreender e, aos 18 anos, o levou a adquirir seu primeiro barco para explorar as águas nordestinas.

Já no fim da década de 60, mais especificamente em 1969, Wilhelm Blanke e seu filho decidiram dar oficialmente nome ao empreendimento: Noronha Pescados - uma homenagem direta ao arquipélago de Fernando de Noronha –, que chegou a operar com oito barcos no início.

Ao longo dos anos, a empresa enfrentou desafios como a imprevisibilidade do clima e das marés e a inconsistência na produção local de peixes. No entanto, Guilherme e sua família demonstraram

resiliência e visão estratégica, adaptando-se constantemente para superar essas dificuldades. Dentro deste cenário, um marco importante foi a decisão de Guilherme, em 1983, de vender os barcos e iniciar o processamento de peixes em terra firme, em Belém do Pará, diversificando assim as operações da empresa ao entrar na distribuição.

Com a entrada do neto de Wilhelm, Guilherme de Abreu Blanke, e de um novo sócio, Marcelo Uchôa, a Noronha expandiu ainda mais suas operações, diversificando sua linha de produtos para incluir camarão, lagosta e outros frutos do mar. “Alcançamos nossos 55 anos de sucesso por meio de uma combinação de fatores. A empresa soube capitalizar a experiência e a paixão pela pesca, a necessidade de adaptação, diversificação e inovação ao longo do tempo. Essa capacidade de se adaptar e buscar novas oportunidades de negócio, foi fundamental para o crescimento da Noronha”, reforça o neto do fundador, hoje, diretor-executivo da empresa.

Além disso, a empresa sempre valorizou a qualidade dos produtos

e a satisfação do cliente. “Ao investir em tecnologia e sistemas de controle para garantir a segurança alimentar e a qualidade dos produtos, a Noronha estabeleceu uma reputação sólida no mercado. Nossa preocupação com a sustentabilidade e o respeito aos pescadores e suas famílias também contribuíram para nossa imagem positiva e diferenciação no setor”. Apesar do ambiente desafiador para o empreendedorismo no Brasil, a Noronha Pescados conseguiu se destacar no mercado com inovação, compromisso com a qualidade e respeito pelo meio ambiente e pela comunidade pesqueira. A empresa investiu em tecnologias de ponta para garantir a segurança alimentar e a qualidade dos produtos, além de ser pioneira na venda de pescado certificado, linha de empanados diversos e kids e o primeiro bolinho de bacalhau pré-pronto. Atualmente, a Noronha Pescados mantém uma posição de destaque no mercado, com duas plantas fabris e logística própria e atende a uma ampla gama de clientes, grandes redes de supermercados, restaurantes e cozinhas industriais. “Continuamos inovando

Guilherme
NORONHA - 55 ANOS

Grupo Iberconsa , especialistas em PRODUTOS DO

e diversificando nosso portfólio de produtos para acompanhar as

Seafood_Brasil

Especial

KORIN - 30 ANOS

Honrando a filosofia da alimentação natural

A Korin Alimentos nasceu com visão empresarial baseada na filosofia e no método da Agricultura Natural, que privilegia o perfeito equilíbrio entre saúde humana, preservação do homem no campo e uso dos recursos naturais. “Temos orgulho de sermos pioneiros na criação de frangos sem o uso de grãos transgênicos e sem antibióticos, sejam eles terapêuticos ou como promotores de crescimento”, afirma a diretora de marketing e novos negócios da Korin, Mariana Nagata.

Criada em 1994 pelo então presidente da Igreja Mundial do Brasil, reverendo Tetsuo Watanabe (Japão, 1935-2013), a Korin considera fundamental a integração de valores ecológicos e sociais para a produção de alimentos naturais. A empresa também busca estimular e orientar tecnicamente os agricultores para o fortalecimento de unidades agrícolas familiares sustentáveis, com o objetivo de gerar desenvolvimento econômico e social.

Em 2012, a Korin Alimentos recebeu, pela primeira vez, o Prêmio Eco de Sustentabilidade, conferido pela Câmara Americana de Comércio (AMCHAM), por sua produção de frangos sustentáveis. Já em 2019, a empresa lançou a primeira tilápia sem o uso de hormônios de reversão sexual no Brasil. A partir daí, a empresa seguiu avançando no mercado de pescados e, em 2021, realizou uma grande mudança de identidade visual, criando ainda as três marcas de produtos da empresa hoje: Korin Orgânico, Boa Pedida e Que Tal?, sendo esta última a que contempla a linha de pescados.

“Desde sua fundação, a Korin investe em pesquisa e inovação para atuar de forma disruptiva no mercado de alimentos no Brasil. Com o tempo, fomos ganhando espaço nas gôndolas e na mesa dos consumidores, à medida

No meio, Sede da Korin Alimentos localizada na cidade de Ipeúna, interior do Estado de São Paulo

Diretora de Marketing e Novos Negócios da Korin Alimentos, Mariana Nagata destaca que desde sua fundação, a empresa investe em pesquisa e inovação para atuar de forma disruptiva no mercado de alimentos no Brasil

Equipe de profissionais da Korin no início das atividades: empresa foi criada em 1994 pelo então presidente da Igreja Mundial do Brasil, reverendo Tetsuo Watanabe

que crescia a conscientização sobre a importância da alimentação equilibrada e saudável e à medida que o público experimentava cada um de nossos produtos”, afirma Nagata. Segundo ela, milhares de consumidores enxergam a Korin como sinônimo de produtos de qualidade e saudáveis. “Isso nos dá confiança e credibilidade para buscarmos outros mercados, como o de pescados. Estamos sempre buscando ampliar nosso portfólio com o objetivo de oferecer aos nossos consumidores os alimentos necessários para uma alimentação balanceada e saudável em todas as refeições”.

Agora, a Korin está focada também em projetos de exportação, inicialmente para o Japão. “Mantemos a responsabilidade ética de garantir não apenas a qualidade, mas também a garantia de origem dos nossos produtos para que possamos formar novas gerações de consumidores, que pensam na qualidade dos alimentos que consomem”.

Personagem Sonhos esculpidos com arte

Criativo e inventivo, Edismar Arruda da Silva descobriu desde cedo seu dom: transformar seus sonhos em realidade ao esculpir com sucata de ferro seu próprio destino como um artista

Texto: Léo Martins

Odicionário define a arte como uma produção consciente de obras, formas ou objetos voltados para a concretização de um ideal de beleza que expresse toda a subjetividade humana. E foi nesta forma de expressão que Edismar Arruda da Silva descobriu sua vocação de transformar em realidade a subjetividade de sua imaginação para hoje, viver de sua arte: esculturas feitas de sucatas de ferro.

Nascido na cidade de Jaguaribara (CE), Silva é o filho mais novo de oito irmãos. “Não tínhamos muitas condições, mas meus pais nunca nos deixaram passar necessidade. Meu pai era agricultor e pescador e minha mãe ajudava na roça e lavava roupa.”

Apesar das dificuldades econômicas, esse período o ajudou a desenvolver suas futuras habilidades. “Eu era obrigado a fabricar meus próprios brinquedos, não tinha jeito”, lembra. Já na adolescência, o garoto começou a trabalhar vendendo dim-dim (o famoso sacolé ou geladinho) nas ruas. Porém, ele gostava mesmo era de vender nas oficinas mecânicas por causa das sucatas de ferro e metal, que eram vistas por ele como matérias-primas. “Então, eu ganhei a oportunidade de trabalhar na oficina de um dos donos. Lá, eu fiquei 3 anos e aprendi a soldar para fazer minhas primeiras esculturas.” A oficina ficava em Jaguaribara Nova – a antiga foi demolida para a construção da Barragem do Castanhão –, cidade que era um grande açude produtor de tilápia da região. “Ou seja, eu fabricava muitas canoas, gaiolas e tanques-rede.”

Depois, já com 18 anos, o aspirante a artista trabalhou por 7 anos no canal de integração no Eixão das Águas para então abrir sua própria metalúrgica. “Lá, fiz uma motinha para um amigo. Ela ficou tão legal que ele falou: ‘Dá uma olhada na internet porque isso é arte!’. Pesquisei e vi obras maravilhosas feitas de sucata de ferro. Foi aí que me toquei de que eu também era artista.”

Encantado, ele não parou mais de produzir, o que o

Silva utiliza sucata de ferro para esculpir o que está em sua imaginação

levou a participar de feiras e ganhar algum dinheiro com sua arte. “Fazia esculturas em tamanho real de animais na frente de casa. Um dia, alguém filmou essas esculturas e o vídeo viralizou nas redes sociais”, disse. Foi nesse ponto que as coisas mudaram de vez. “A repercussão foi tanta que fui obrigado a fechar minha metalúrgica!”

Desde então, Silva pode dizer que vive de sua própria arte. “Fiz esculturas de muitos animais. Porém, como peixes são algo que ainda mexe muito comigo, também fiz muita tilápia, pirarucu, pitu, traíra, cascudo e camarão”, relata. O último, inclusive, chamou a atenção dos presentes no evento PEC Nordeste 2024, no Ceará. “Essa escultura [o camarão] foi o centro das atenções!”, vibra. Ainda em 2022, Edismar participou do quadro “The Wall”, do programa “Domingão com Huck”. “Lá, ganhei uma grana que usei para reformar o local em que trabalho hoje, além de ganhar seguidores para o meu Instagram.”

Hoje, com 36 anos e mais de 300 esculturas feitas, o agora artista sonha em ter seu próprio parque temático para “expor suas obras e dar oficinas para despertar novos artistas.” E se a arte é a habilidade de transformar em realidade tudo aquilo que se sonha, parece então que essa é a obra-prima de Silva a ser esculpida. Afinal, esse é o dom que faz dele um artista.

Arquivo pessoal

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