O legado saudável e nada perecível que Abilio Diniz deixou para o pescado nacional no varejo
www.seafoodbrasil.com.br
Como Morada Nova de Minas e região utilizam a criação de tilápia para colocarem o Estado mineiro no mapa da aquicultura nacional
O legado saudável e nada perecível que Abilio Diniz deixou para o pescado nacional no varejo
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Como Morada Nova de Minas e região utilizam a criação de tilápia para colocarem o Estado mineiro no mapa da aquicultura nacional
Não se faz o tipo de jornalismo que a Seafood Brasil faz há 10 anos sem molhar os pés na beira do rio.
Desde o início da nossa trajetória, sempre investimos em viagens que nos permitam mostrar direto da fonte como a atividade cresce. Tem sido um privilégio enorme testemunhar a consolidação de polos produtivos, como é o caso de Morada Nova de Minas, tema da nossa reportagem de Capa (leia mais na pág. 40). Graças ao suporte de associados da PeixeMG, pudemos nos deslocar à região para acompanhar, dos alevinos à comercialização dos filés, como se estruturou a cadeia que em breve fornecerá ao Brasil o segundo maior volume da piscicultura nacional.
Essa foi uma previsão revelada pela PeixeBR no lançamento do 10º Anuário da Piscicultura (cujos principais números nós sintetizamos na pág. 70). Mas como nem só de rankings e de grandes volumes se constrói um relato sobre o setor, nós também fomos ao Piauí, a partir do convite dos produtores locais, para acompanharmos a expansão da articulação regional na região de Madeiro, que se estrutura como um polo para os nativos e também para o pangasius
Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres
Editor-chefe: Ricardo Torres
Editor-executivo: Léo Martins
Repórter: Fabi Fonseca
Diagramação: Thalita Cibelle Medeiros
Marketing e Tráfego: Letícia Baptiston
Crédito da foto de capa: Seafood Brasil
produzido em território nacional (pág. 16).
Se a Quaresma rendeu ganhos expressivos na maior parte do País (pág.62), este foi um período de perdas humanas muito significativas, das quais destacamos duas: 1) Abilio Diniz, que influenciou diretamente na configuração das peixarias frescas do GPA e Carrefour; e 2) Nelson Pereira da Fonseca, saudoso pai da nossa querida Fabi Fonseca, a quem seremos eternamente gratos pelo legado que deixou para todos os que leem as reportagens escritas pela nossa talentosa repórter especial. Nelson e Abilio se estabeleceram na terceira margem do rio, “que fica para lá do mistério da morte, da morte de cada um, que cada um tem de viver e que nunca ninguém contou como é”, como cunhou Walnice Galvão sobre a obra-prima de João Guimarães Rosa.
Boa leitura! Ricardo Torres - Editor-chefe
Participação em feiras internacionais
Seafood North America
Boston - EUA 10 a 12 de março de 2024
Seafood Expo Global Barcelona - Espanha 23 a 25 de abril de 2024
Danielle Garry se torna a primeira mulher a presidir o Instituto Foodservice Brasil (IFB) e usa seu próprio exemplo para deixar um legado que seja memorável não só para o setor, mas também para a trajetória de todas as mulheres
Texto: Fabi Fonseca e Léo Martins
Em meio à história do Instituto Foodservice Brasil (IFB), um marco inédito ecoou em 2024: a nomeação de Danielle Garry como sua nova presidente. Esse momento não traduz apenas uma uma nova liderança, mas também simboliza um avanço significativo na pauta da visibilidade às mulheres na indústria de food service.
Garry acumula mais de 20 anos de experiência no mercado food service, com passagens por empresas renomadas como Unilever Foodsolutions e Nestlé Professional - atualmente, ela é responsável pela área de vendas na Puratos, empresa belga da indústria de panificação, confeitaria e chocolate.
Conhecida por sua liderança de sucesso e a forma apaixonada com que sempre se dedicou ao nicho de alimentação fora do lar para vencer desafios e promover excelência e crescimento sustentável do segmento, a trajetória da paulistana chegou ao ápice com a nomeação à liderança do IFB - um marco histórico não só para a entidade, mas também na trajetória de vida profissional e pessoal de Garry.
Dentre outros assuntos, a nova presidente do IFB revela neste batepapo como o pescado pode ser um aliado importante para fortalecer o setor de food service, qual o legado que ela espera deixar às mulheres
estando à frente da entidade e ainda deixa um recado inspirador e inesquecível a todas as profissionais que ajudam a compor a cadeia de pescado.
Como você recebeu o resultado da eleição que sagrou você como a nova presidente do Instituto Foodservice Brasil? Quais serão seus maiores desafios à frente da entidade?
1
Receber a notícia da minha nomeação como a nova presidente do IFB foi um momento de imenso orgulho e gratidão. Este marco não representa apenas uma conquista pessoal, mas também um avanço para a diversidade e a inclusão dentro do nosso setor. É uma honra ser reconhecida e eu vejo isso como uma confirmação da intensa dedicação e da paixão que tenho dedicado ao segmento de alimentação fora do lar ao longo dos anos.
Também estou ciente da responsabilidade e dos desafios que acompanham a liderança de uma organização tão importante para o nicho de alimentação fora do lar no Brasil. Nossa missão de promover tecnologia, desenvolvimento sustentável e a profissionalização desta área é mais relevante do que nunca, especialmente em um momento de rápidas mudanças.
Por isso, no IFB, intensificaremos nossas iniciativas para promover a adoção de tecnologias inovadoras entre nossos associados através do Comitê dedicado ao assunto. Também vamos integrar a sustentabilidade como um dos pilares das atividades do IFB com soluções sustentáveis, realização de workshops sobre gestão ambiental e criação de incentivos para empresas que adotarem práticas verdes. Por fim, para qualificar a mão de obra, estamos trabalhando em um projeto de Treinamento e Capacitação, em parceria com instituições de ensino e entidades especializadas,
para abordar as necessidades de desenvolvimento profissional em todos os níveis do setor.
Outro desafio importante é navegar pelo ambiente regulatório e representar efetivamente os interesses da área junto aos órgãos governamentais e entidades reguladoras. Investimos nossos esforços de advocacy, trabalhando de perto com órgãos governamentais e reguladores para assegurar que as vozes de nossos associados sejam ouvidas. A criação de um ambiente regulatório favorável é essencial para o crescimento e a inovação do segmento.
2 Sendo a primeira mulher a presidir o IFB, qual é a representatividade que você espera trazer às mulheres, sejam elas parte do setor ou não? Qual o legado que você quer deixar a elas?
Minha nomeação como presidente do IFB simboliza um momento significativo de progresso e mudança. Representa a quebra de barreiras em uma área tradicionalmente dominada por homens , enviando uma mensagem poderosa de que as
“(...) o pescado, com sua diversidade e flexibilidade culinária, oferece oportunidade para enriquecer o mercado de alimentação fora do lar, alinhandose às tendências de consumo consciente e sustentabilidade.”
profissionais femininas não apenas pertencem a espaços de liderança, mas também podem prosperar neles. Espero sim inspirar outras profissionais a perseguirem suas paixões e objetivos de carreira com confiança, sabendo que suas vozes e contribuições são valiosas e necessárias. Quero ser um exemplo tangível de que, com determinação, habilidade e apoio, as barreiras podem ser quebradas.
Neste contexto, espero deixar em meu mandato uma mudança sustentável e um progresso contínuo em direção à igualdade de gênero. Ao liderar com integridade, paixão e compromisso, espero inspirar não apenas as mulheres no setor de food service, mas também fora dele, a reconhecerem seu potencial ilimitado e lutarem por seus lugares à mesa de liderança.
3 Falando nisso, em março de 2024, o IFB promoveu o evento “Conexão IFB - Mulheres na Liderança” em Barueri, São Paulo. Quais outros eventos e ações que você, à frente do instituto, pretende realizar com este viés durante o seu mandato?
Estou entusiasmada com a oportunidade de ampliar e aprofundar nosso compromisso com a promoção de mulheres na liderança, não só para o nicho de food service, mas em todas as esferas de atuação profissional. O evento “Conexão IFB - Mulheres na Liderança” foi apenas o começo de uma série de iniciativas planejadas para destacar e apoiar cada profissional feminina em posições de liderança.
Planejamos organizar fóruns de liderança feminina, proporcionando um espaço para empreendedoras e profissionais de diversas áreas compartilhem suas experiências, desafios e sucessos. Esses fóruns serão uma oportunidade para networking,
“Ao liderar com integridade, paixão e compromisso, espero inspirar não apenas as mulheres no setor de food service, mas também fora dele, a reconhecerem seu potencial ilimitado e lutarem por seus lugares à mesa de liderança.”
aprendizado mútuo e inspiração.
Para ampliar o impacto de nossas iniciativas, buscaremos estabelecer ainda parcerias com outras organizações, empresas e instituições de ensino que compartilham nosso compromisso com a promoção da liderança feminina. Através dessas parcerias, podemos oferecer mais recursos, oportunidades e plataformas que criem um ambiente em que mulheres de todas as esferas possam se sentir à vontade, trocar experiências e prosperar rumo à liderança.
4 Em seus mais de 20 anos de experiência no food service, você demonstrou grande dedicação à promoção da excelência e do crescimento sustentável do setor. Como você acha que o pescado poderia ser inserido como aliado para que esse objetivo seja alcançado?
Reconheço o potencial inexplorado do pescado como um catalisador para promover a excelência e o crescimento sustentável no nosso segmento de food service. Afinal, o pescado, com sua diversidade e flexibilidade culinária, oferece oportunidade para enriquecer o mercado de alimentação fora do lar, alinhando-se às tendências de consumo consciente e sustentabilidade.
O peixe é conhecido por conta de seus diversos benefícios à saúde, sendo uma excelente fonte de proteína de alta qualidade, ácidos graxos ômega 3 e vitaminas essenciais. A inclusão de opções de pescado nos cardápios pode ajudar os estabelecimentos a se diferenciarem, atraindo uma base de clientes mais ampla e interessada em opções alimentares saudáveis e sustentáveis. Neste ponto, o IFB pode liderar iniciativas de conscientização e educação sobre a importância da certificação sustentável do pescado, incentivando tanto fornecedores quanto operadores de food service a optarem
por fontes responsáveis. Isso não apenas vai assegurar a preservação dos ecossistemas marinhos, mas também responde à crescente demanda dos consumidores por práticas de negócios éticas e sustentáveis.
5 Da produção à gôndola, a cadeia de pescado é formada em sua maioria por homens. No entanto, a cada ano que passa, surgem mais e mais mulheres que ajudam a fortificar essa área. Qual mensagem você, como a primeira presidente do IFB, gostaria de
deixar para elas?
O setor de pescado apresenta desafios e oportunidades, especialmente para as mulheres que estão buscando seu espaço e reconhecimento em um campo tradicionalmente dominado por homens. É com grande admiração que observo o número crescente de profissionais femininas que estão não apenas entrando, mas também inovando, fortalecendo e transformando a indústria do pescado com novas perspectivas, habilidades e soluções para os desafios enfrentados.
Para todas as mulheres que fazem parte da cadeia de pescado, eu digo que vocês são fundamentais para o futuro do segmento. Cada uma, com sua dedicação, trabalho duro e inteligência está contribuindo para um setor de pescado mais resiliente, sustentável e inclusivo. Vocês estão quebrando barreiras, desafiando estereótipos e provando que o talento e a liderança não conhecem gênero! Sendo assim, não subestimem o impacto de sua presença. Através do seu trabalho diário, vocês estão abrindo caminhos para outras mulheres e meninas que sonham em seguir carreiras no pescado ou em outras áreas dominadas por homens. Vocês são modelos de papeis vitais, demonstrando que é possível superar obstáculos e alcançar posições de liderança e sucesso. Por isso, busquem sempre se apoiar mutuamente, compartilhando e buscando mais conhecimento e experiências que ajudem na construção de redes de apoio que fortaleçam ainda mais a presença de cada uma dentro desta indústria.
Dessa forma, é possível continuar quebrando barreiras e fazendo a diferença para que o futuro do setor do pescado seja mais promissor, igualitário e inclusivo para que todas vocês tenham as mesmas oportunidades de crescimento e sucesso que os homens que fazem parte do segmento!
Tecnologia para pesca e criação
Crédito das fotos:
Divulgação/Empresas
A Agronorte apresentou para o mercado seu software de gestão Inovapeixe, ferramenta que é considerada completa para projetos de peixes de cultivo como tilápia e nativos. A solução faz parte de uma plataforma desenvolvida pela própria Agronorte, sendo definida pela empresa como um pacote tecnológico moderno que ajuda piscicultores de todo o Brasil terem uma visão clara dos seus empreendimentos e assim, gerenciá-los profissionalmente. Com uma série de possibilidades para gestão da propriedade a partir da inclusão de dados, o Inovapeixe orienta ainda sobre o manejo e a nutrição, além da própria administração dos lotes de peixes.
para o próximo nível Lançada para oferecer um novo patamar para as pisciculturas, a MGM apresenta sua extrusora de ração 300. Com capacidade
de 150 a 300 kg/hora e peso de 380 kg, a solução garante aos usuários uma produção de ração eficiente, sem deixar de abrir mão da qualidade nutritiva através de uma alimentação balanceada. Considerada versátil pela empresa, a extrusora possui diferentes espessuras e comprimentos disponíveis na matriz, o que permite personalizar a ração de acordo com as necessidades específicas dos seus animais.
rádio pirata
A Rádio Naval apresenta o GM800, equipamento que atende aos requisitos de rádio VHF e MF/HF do Sistema Global de Socorro e Segurança Marítima (GMDSS). Segundo a empresa, essa característica, além de cumprir as condições de “marca de roda” MED para navios mercantes europeus, ainda supre quesitos exigidos para embarcações comerciais para viagens internacionais. Com PX7 (1 m de profundidade de água por 30 minutos), o GM800 possibilita uma operação confiável e de longa duração nos mais diferentes ambientes marítimos.
O balde para manejos de ovos de larvas de peixes é o destaque da Sulpesca para que produtores tenham mais praticidade na criação e reprodução de peixes.
A empresa informa que a solução é ideal para transferência e transporte de ovos e larvas para outros recipientes como incubadoras ou tanques de criação, o que garante uma movimentação segura e delicada. O produto também pode ser usado para a lavagem e higienização dos ovos que removam possíveis contaminantes ou substâncias prejudiciais à sua incubação e desenvolvimento.
A GenoMar Genetics laçou no mercado brasileiro uma linha genética Premium. Trata-se da GenoMar 1000, solução que faz parte do portfólio de linhas e produtos do programa genético da empresa e que oferece rápido crescimento e que reduz o ciclo produtivo da tilápia com aumento da produtividade agrícola.
Combinando robustez, resistência a patógenos específicos e rendimento competitivo de filé, os peixes submetidos ao GenoMar 1000 cresceram de aproximadamente 20g para 1.000 g em 114 dias (em gaiolas) e 121 dias (em tanques). Além disso, os peixes GenoMar também apresentaram uniformidade significativamente melhor, além de taxas de sobrevivência em gaiolas maiores.
Resíduos e lodos têm atrapalhado em sua produção? A Prilabsa promete ajudar sua criação com o Waste & Slodge Reducer (WRD), redutor de resíduos e lodo que, através de cepas bacterianas, melhoram a qualidade da água. Com quatro espécies de Bacillus que utilizam múltiplos modos de ação para reduzir os resíduos orgânicos, o produto contém bactérias esporuladas que garantem altas concentrações de bactérias vivas para reduzir também gases nocivos. Podendo ser aplicado durante o preparo ou com populações de organismos, o WRD atua em água doce, salobra e salgada e é disponibilizado em caixas de 3 kg.
Inovação, qualidade e competitividade estão em nosso DNA. Seguimos sempre as boas práticas de fabricação e sustentabilidade. Para nós é a melhor forma de respeitar o consumidor. Nosso time é formado por experientes profissionais, em todas as áreas estratégicas da operação. Vem ser nosso parceiro. Vem ser MARCHEF.
A MARCHEF JÁ NASCEU GRANDE:
• 2.000 hectares de produção de camarão distribuídos em fazendas parceiras no NE;
• 1 indústria de beneficiamento no CE com capacidade para produzir 6.000 toneladas/ano;
• 1 indústria em SC focada na produção de pescados e produtos com valor agregado.
VISITE NOSSO STAND
Pavilhão Azul B | rua D stand 2045
Com números superlativos no food service e expectativa de incremento de vendas também no varejo, SENA 2024 anima trade global e os brasileiros interessados em disputar uma fatia
Texto e fotos: Ricardo Torres
Oque expoentes do varejo e do food service tais como Aldi, Amazon Fresh, Carnival Corporation, Costco, Disney, Publix, Red Lobster, Sysco, Target, US Foods, Walmart, Whole Foods Market, entre outras, têm em comum? Todas enviaram seus compradores ou representantes na área do pescado para participarem da Seafood Expo North America (SENA 2024). A 42ª edição da feira mais importante das Américas para o nosso segmento aconteceu entre 10 e 12 de março de 2024 em Boston e reuniu mais de 19.780 profissionais.
A área de exposição ocupou 23,2 mil m2 de espaço de exposição, um aumento de 5% em relação a 2023.
do mercado norte-americano
Sobre a qualidade da visitação, o vicepresidente de seafood da Diversified Communications, organizadora da feira, Wynter Courmont, disse: “Ano após ano, a exposição reúne stakeholderschave da indústria para se encontrarem pessoalmente e alcançarem seus objetivos comerciais. Desde grandes empresas até startups de pequena escala, a variedade de profissionais do ramo que participam do evento proporciona um valor único para a indústria aprender uns com os outros e levar seus negócios para o próximo nível.”
A visitação qualificada foi um dos ativos apontados pelos expositores neste ano. Nos corredores era nítida a sensação de que não só as redes apontadas acima, mas um grande grupo de operadores do food service havia retornado com apetite para
negócios após 3 anos de ausência ou baixa perspectiva de compras após os impactos generalizados da pandemia de Covid-19.
A alimentação fora do lar nos Estados Unidos realmente dá sinais de uma recuperação e ascensão inéditas. A Associação Nacional de Restaurantes (NRA, na sigla em inglês) prevê que as vendas de restaurantes ultrapassem US$ 1,1 trilhão de dólares em 2024. Em uma pesquisa recente conduzida pela entidade, quase oito em cada dez proprietários de restaurantes antecipam que suas vendas aumentarão (33%) ou pelo menos se manterão estáveis (45%) em comparação com o ano passado.
Assim como no Brasil, o food service é a porta de entrada do consumo de pescado nos Estados Unidos.
Segundo a consultoria Circana, 65% do consumo de pescado nos EUA ocorre no food service e 35% nos lares dos norte-americanos. No entanto, se o food service vai bem, a inflação dos alimentos tem prejudicado o consumo doméstico. Em um levantamento
divulgado durante a feira, as vendas do varejo de pescado caíram 3,1% em 2023, principalmente em itens congelados.
Camarão congelado (-8%), cod (-10,4%) e camarão fresco (-12,7%)
lideraram as quedas. A exceção foi o salmão, que teve aumento nas vendas
dos itens congelados de 3,3%, mas a comercialização do pescado resfriado caiu -0,9%. A consultoria afirma ainda que cortes embalados e pré-temperados caíram no gosto do consumidor norteamericano desde a pandemia e persistem agora como um fator indutor de compra, pela conveniência e praticidade.
A feira de Boston foi pródiga em informações e novidades que podem orientar a expansão e investimentos das indústrias de pescado em todo o mundo. Confira algumas delas:
Tendências setoriais
• Food Service explodiu nos EUA. Faturamento vai superar USD 1 trilhão e vão contratar mais 200 mil pessoas
• 65% do pescado ao food service e 35% nos lares norte-americanos
• No varejo norte-americano, vendas caíram 3,1% em 2023, principalmente congelados
• Inflação desmotivou consumo do camarão congelado (-8%), bacalhau fresco (-10,4%) e camarão fresco (-12,7%)
• Exceção: salmão teve aumento nas vendas (congelado +3,3%, fresco -0,9%), mas os cortes embalados e pré-temperados caíram no gosto
Tendências em produtos
• Uso de ingredientes orgânicos
• Aproveitamento integral em produtos de valor agregado
• Cortes inovadores, como “borboleta” para peixe
• Embutidos, como o salame de salmão
• Snacks com embalagens atrativas
• Marinados e molhos especiais
• Produtos curados e defumados
Tendências em tecnologia, processamento e embalagem
• Linhas completas de transporte, filetagem, pesagem e envase
• Embalagens biodegradáveis e compostáveis, alternativa ao isopor
• Automação de processos manuais, como descascar camarão
Fontes: The Food Industry Association, Circana Consulting, National Restaurant Association
Os prêmios do Seafood Excellence Awards deste ano refletem a tendência (leia mais no box da pág. 20.
Nesta 42ª edição do evento norteamericano, participaram do estande 15 empresas e associações brasileiras. Além da própria Abipesca, estiveram presentes a C. Vale, Fider, Brazilian Fish, Copacol, Governo de Rondônia/ Acripar, Cais do Atlântico, Allmare, Frumar, Fênix Alimentos, Produmar, Greenfish, Tudo do Mar, Zaltana Pescados, Primo Logística e Sindicato das Indústrias de Frio do Ceará.
Os brasileiros buscam conquistar espaço no competitivo mercado norteamericano. Apesar de um aumento modesto nas exportações previsto para este ano devido à demanda doméstica, as empresas brasileiras estão otimistas, aproveitando um mercado interno forte e uma Páscoa promissora. Elas continuam a desenvolver canais e parcerias no exterior, esperando por um aumento na produção capaz de atender tanto ao mercado interno quanto ao externo.
O foco dos brasileiros já rendeu resultados. No último dia da feira, a estreante Tudo do Mar já começava a preparar um embarque para a semana seguinte. “Saiu pedido hoje aqui na feira e um contêiner na próxima semana. Já trabalhamos há um ano e meio com o mercado dos EUA, com produto fresco, mas agora também iniciaremos com congelado”, celebrou José Epitácio, diretor da Tudo do Mar. Sediada em Recife (PE), a empresa trabalha com a oferta de peixe do Pará, mas também de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte para a venda a distribuidores em Miami.
Lincoln Dubiela, diretor da Independent Brazil, ressalta o clima positivo entre os compradores dos EUA. “Ao contrário de 2023, quando achamos os clientes desanimados, este ano todos os que consultamos estão muito animados com os negócios em 2024, que tem tudo para ser um ano bem positivo.” Ele acredita que tilápia,
O SENA2024 foi também a materialização do novo projeto setorial Brazilian Seafood, um convênio entre a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) e Apex Brasil lançado em fevereiro deste ano. O objetivo do projeto é alavancar as exportações do pescado brasileiro por meio da participação em eventos internacionais, além da realização do Projeto Comprador, uma rodada de negócios com compradores internacionais, e missões para abertura de mercados.
A inauguração oficial aconteceu na manhã do terceiro e último dia da feira e contou com a presença do presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana . Para ele, o propósito é somar força com o setor produtivo e “ estar presente no mundo inteiro”. “Se tem um setor em que o Brasil po de crescer interna e externamente, é este. Com o Projeto Setorial, nós vamos avançar. Nós temos água, tecnologia e o melhor pescado do mundo. Agora, queremos ganhar mercado também”, arrematou.
lagosta e o pargo continuarão como destaque da oferta brasileira aos EUA.
Ramon Amaral, diretor da Brazilian Fish, também contabiliza novos negócios pós-feira. “Norte-americano é direto e reto. Fechamos em março a parceria com um distribuidor local na feira e em 2 de abril, já fizemos o primeiro carregamento. Agora estamos em três vezes por semana, com exportações de 50 toneladas por mês apenas via este distribuidor para três redes de supermercado locais”, celebra o executivo.
Outros expoentes da tilápia, principal produto ofertado no pavilhão brasileiro, também se mostraram contentes com o resultado. “Das idas para Boston, vejo que a feira em que nós nos sentimos mais preparadas para fazer negócios de fato. Já estamos seguindo com algumas exportações fechadas na feira, passo a passo vamos ganhando espaço”, explica Juliano Kubitza, gerente da Fider Pescados, unidade de negócio da MCassab dedicada à tilapicultura.
O executivo destaca que a competitividade brasileira começa a despontar, já que a disponibilidade de água e insumos no cenário póspandemia se tornou um diferencial. “Chegamos em patamares de preços mais reais e vemos o quanto podemos ser competitivos, embora ainda haja muito o que fazer. A cada ano, subimos um degrau.” A C.Vale também considerou
a feira uma plataforma propícia aos negócios neste ano. “Conseguimos gerar bastante negócio, além de entender o mercado. Criamos muita oportunidade e foi ainda mais produtivo com as visitas que nós fizemos”, pontua o gerente comercial da empresa, Fernando Gonçalves de Aguiar.
A oferta marinha tradicional do Brasil segue na pauta dos compradores internacionais, com a lagosta (spiny lobster) e o pargo (red snapper) liderando a demanda, juntamente com o atum (yellowfin e big eye - este último, sendo um dos preferidos dos consumidores norte-americanos). “Depois de 2 anos de muita dificuldade pós-pandemia, estamos confiantes na volta do mercado norteamericano. Apesar das turbulências que tem acontecido aqui, estamos achando que o mercado irá prosperar e melhorar o consumo”, sublinhou no evento Arimar Filho, diretor da Produmar. “Cerca de 50% da nossa exportação é produto fresco e estamos sentindo que agora o mercado está se recuperando e se moldando a novos preços, volumes e produtos”.
Também teve espaço até para a corvina, uma espécie que a Ayamo trabalha com frequência no mercado externo. Para o diretor da empresa, Vinicius Zucco, a feira rendeu um estreitamento de contatos entre clientes e “muitos compradores”. “O Brasil vem se destacando como fornecedor ao mercado norte-americano e vemos
muita oportunidade, principalmente com a tilápia. Aqui, já estão vendo a potência que é o Brasil, mas também com produtos da pesca selvagem, como corvina e pargo.”
O saboroso fruto da Amazônia brasileira continuou a fazer barulho na feira de Boston, um ano depois de as costelinhas de tambaqui da Netuno USA conquistarem o paladar dos jurados do Seafood Excellence Awards. Neste ano, o Estado de Rondônia capitaneou uma delegação que contou com a participação do próprio governador de Rondônia, Marcos Rocha, além de representantes da Zaltana, Friocenter, Sebrae-RO e a Associação de Criadores de Peixe do Estado de Rondônia (Acripar).
O vice-presidente da Acripar, Édson Sápiras, disse que a estratégia este ano foi incrementar a comercialização do produto durante a feira. “Este ano viemos comercializar, fazendo degustação, tanto da costela, quanto do filé, que será o carro-chefe neste ano, além da banda.” Ele assegura que tanto Zaltana e Friocenter tiveram aumento de vendas por conta das ações em Boston, Miami e Nova York. A degustação no estande brasileiro contou com a participação do vicecônsul em Washington D.C., Lauro Beltrão, e do secretário executivo do MPA, Carlos Melo.
Apesar da boa receptividade, o incremento nas vendas pode levar tempo e requer paciência e muito esforço para a popularização do produto, como explicou o gerente de sustentabilidade da Netuno USA, André Brugger. “Ficamos muito contentes com o prêmio e nosso esforço foi fazer o público norte-americano conhecer este produto. Temos como clientes o food service, companhias de cruzeiro etc. Temos enviado a todos e a receptividade é excelente, todos gostam do produto, seja qual for o método de preparo.” Segundo ele, porém, isso não está se concretizando em vendas imediatas. “Nosso presidente disse recentemente que é normal levar 3 ou 4 anos para o mercado se consolidar. O pessoal gosta muito, só falta acertar nas vendas”, finalizou.
Seafood Excellence Awards
A Highland Farms e Social Kitchens Professional/SK Foods Brand foram anunciadas como vencedoras do Seafood Excellence Awards 2024 , divulgado em 10 de março, primeiro dia da feira.
O Seafood Excellence é o mesmo prêmio em que, no ano passado, a Netuno USA ganhou para o food service com a costelinha de tambaqui do Brasil. As Tambaqui Ribs foram adotadas por uma rede de bares esportivos na Flórida, e a empresa lançou hambúrgueres de camarão com alho e ervas.
A Highland Farms conquistou o prêmio de Melhor Novo Produto para Varejo com seu Salame de Salmão , enquanto a Social Kitchens Professional/SK Foods Brand levou o prêmio de Melhor Novo Produto para Serviços de Alimentação com seus Premium Shrimp Sliders.
Os finalistas de 2024 foram escolhidos entre 70 inscrições no New Product Showcase da expo e competiram em duas categorias: Melhor Novo Produto para Serviços de Alimentação e Melhor Novo Produto para Varejo. Leia mais sobre os indicados no site da Seafood Brasil em www. seafoodbrasil.com.br.
Produto: Salame de salmão
Descrição: O Salame de Salmão da Highland Farms, é composto por “salmão do Atlântico seco ao ar por 14 dias e curado sobre madeira de faia aromática, e incorpora a fusão entre a habilidade artesanal tradicional e um sabor excepcional”, conforme declarou a empresa.
Produto: Premium Shrimp Sliders
Descrição: O petisco premium, uma espécie de quiche, é feito com pedaços sólidos de camarão. Sem aglutinantes, aparas ou glúten.
Venha nos visitar no Stand da OPERGEL na feira da APAS Rua M15, Número 557
A linha de pescados Oceani cresceu: Pescada,Tilápia, Sardinha, Corvina, Manjuba e muito mais; agora com o selo verde-amarelo nas embalagens.
Apartir da retomada do ritmo das negociações de pescado, impulsionada pelo resgate do food service pós-pandemia, as fotos pontilhadas de sorrisos são os registros sinceros e verdadeiros da expressão do clima positivo que imperou na SENA 2024. Confira a seguir!
do Piauí
O III Encontro de Aquicultura e Piscicultura do Piauí proporcionou um ambiente estimulante e enriquecedor para os participantes, onde ensinamento, aprendizado, experiências gastronômicas e lançamentos importantes se combinaram para fortalecer e impulsionar ainda mais o setor na região
Texto: Fabi Fonseca
Aaproximadamente 232 km de Teresina, capital do Piauí, o município de Madeiro recebeu no domingo, 09 de abril, o III
Encontro de Aquicultura e Piscicultura do Piauí. Reunindo produtores, técnicos, especialistas, líderes do setor e autoridades políticas, o evento, que busca se consolidar na indústria
pesqueira da região, movimentou a pequena cidade de cerca de 8.000 pessoas que vivem especialmente da agricultura, da pecuária, da pesca e também da aquicultura.
“Esperávamos 600 produtores, mas tivemos em torno de 750, revelou Luiz Vicente da Silva Filho, conhecido como Luiz do Peixe, um dos responsáveis pela organização do encontro. “Foi um
verdadeiro sucesso, com representantes de diversas cidades e territórios, desde os Cocais até as planícies litorâneas. Para mim, foi a melhor edição de todos os anos.”
A história do evento começou há 3 anos, quando um grupo de produtores locais decidiu se reunir para celebrar o sucesso das vendas pós-Semana Santa. O que iniciou com 47 aquicultores em uma fazenda, logo se transformou
em um encontro estadual. “Foi aí que percebemos que não poderíamos mais parar”, disse Luiz do Peixe. Neste ano, a iniciativa ganhou força e profissionalismo. “Queríamos abraçar mais produtores e elevar o nível do evento. O feedback que recebemos foi maravilhoso”, enfatizou.
Um dos pontos altos do encontro foi a oportunidade de negócios proporcionada aos participantes. “Apenas uma negociação foi suficiente para um produtor afirmar que valeu por toda a viagem”, destacou. Assim, conforme ele, o encontro não apenas promoveu a troca de conhecimento e experiências, mas também fortaleceu os laços entre os produtores e empresas do setor.
Conhecer para melhorar
Apesar da diversidade de espécies, incluindo tilápia, nativos e especialmente panga, os números do recente Anuário da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) mostraram queda na produção de peixes de cultivo do Piauí em 2023: foram 21.900 toneladas de peixes no período, redução de 4,37% em relação a 2022. Essa realidade pode ser justificada por muitas questões, mas uma das mais evidentes é a necessidade de uma maior integração entre o setor produtivo e o governo, especialmente em questões como o licenciamento ambiental.
Entre as diversas autoridades políticas presentes no evento, Alípio Ribeiro de Paiva Filho, Superintendente Federal de Pesca e Aquicultura do Piauí (SFPA-PI), lembrou dos avanços, desafios e potencial do Estado. “Nós somos o 14º produtor de peixes do Brasil. Mas podemos produzir mais”, disse no evento.
Ele abordou o tema do licenciamento ambiental e esclareceu que o objetivo é compreender a realidade de cada um para implementar medidas que promovam o desenvolvimento sustentável do setor. “Quando se fala em licenciamento ambiental, os pequenos ficam com ‘as orelhas em pé’, tudo por acharem que o Estado quer tributá-los. No entanto, na verdade, o que nós queremos é saber qual é a real situação de vocês”, contou.
Um dos momentos mais aguardados foi o lançamento da Associação dos Pequenos Aquicultores do Brasil (APAQ-BR). “É uma associação de pequenos aquicultores do Brasil, criada com o propósito de organizar, formar profissionalmente e fornecer apoio técnico e jurídico aos pequenos produtores em todo o país”, explicou Luiz do Peixe , que também é presidente da associação. “Ela surge para preencher um a lacuna importante na representação do setor, abraçando os pequenos produtores que, até então, não tinham voz em âmbito nacional.”
O lançamento da APAQ-BR também marcou o início do cadastramento dos primeiros associados. Já a diretoria, composta por membros de diferentes Estados brasileiros, busca refletir a abrangência e diversidade do setor no País. “Nosso objetivo é crescer rapid amente e de forma organizada. Planejamos estabelecer sede em Teresina em 6 meses e expandir para Brasília em 1 ano, consolidando nossa atuação nacional”, pontuou Luiz do Peixe.
Além disso, ele revelou os próximos passos da associação, incluindo a conquista da aprovação de uma Unidade de Beneficiamento de Pescado no Território dos Cocais, cidade de Barras (PI), marco importante para a indústria local e o projeto “Pescadores do Futuro”, que visa capacitar pequenos produtores de cidades ribeirinhas para produzirem seu próprio alimento. “Com a assistência técnica, pretendemos ensinar e aju dá-los a produzirem os peixes nativos da região, tudo para que aquele peixe possa servir tanto para reprodução, quanto alimento para as populações ribeirinhas”, disse.
E as iniciativas da APAQ-BR não param por aí. Luiz do Peixe destacou o interesse de empresários em investir na região, vislumbrando a construção de uma cooperativa que promete impulsionar ainda mais o desenvolvimento da aquicultura no Estado.
E, embora as ações iniciais da associação estejam centralizadas no Piauí, o presidente explica que, para expandir pelo Brasil, a APAQ-BR vai precisar, neste primeiro momento, buscar associados fora do Estado. “A associação é a nível nacional. Então, precisamos de piscicultores, catadores, marisqueiras, colônias de pescadores, sindicatos e demais membros ou organizações da atividade que se associem, que venham até nós, ou nos chamem até eles para que iniciemos com ações direcionadas”, finalizou.
O superintendente ressaltou também a importância da Licença de Aquicultor, incentivando os presentes a efetuarem seus cadastros junto ao governo federal. Ele observou que muitos piscicultores ainda não estão cadastrados, o que pode estar subestimando a verdadeira produção de peixes do Piauí. “Estimamos que nossa produção pode estar acima de 35 mil toneladas/ano”, informou. “Para que vocês, piscicultores, estejam debaixo do guarda-chuva do governo estadual e federal,, nós precisamos que estejam cadastrados”, completou, defendendo seu posicionamento.
O tambaqui assado já é tradição no evento, que busca levar experiências gastronômicas aos presentes com peixes criados na região
A degustação foi outra parte aguardada do evento. Quem esteve presente, teve a oportunidade de conferir uma variedade de pratos preparados com peixes locais, incluindo mais de uma tonelada de tambaquis assados, um pirarucu também assado e um boi no rolete.
Parte da programação, as Oficinas de Culinária com amostras de diversas receitas de pescado, além da Oficina de Filetagem de Peixes, também foram importantes, animando o público e contribuindo assim para aumentar seu conhecimento sobre o setor.
Além disso, pela primeira vez, 12 estandes entre empresas e institucionais ofereceram aos participantes a oportunidade de conhecerem tecnologias, equipamentos e serviços disponíveis no mercado.
O CEO da Aquabit, Ailton Rodrigues, contou que aproveitou a oportunidade para compartilhar com os presentes suas percepções sobre a crescente produção de peixes na região e o papel da tecnologia nesse cenário - sua empresa oferece soluções para o controle da produção de peixes e camarões, desde a estruturação dos tanques até a despensa, tudo através de uma plataforma digital. “A recepção das soluções da Aquabit ainda causa certa estranheza entre os piscicultores, muitos dos quais estão acostumados a uma produção empírica. No entanto, à medida que buscam expandir suas operações e enfrentam os desafios da produção em escala comercial, percebem a necessidade vital de um controle detalhado”, observou.
“Contribuir para o avanço da aquicultura na região é uma honra. Por isso, para nós, é um prazer participar deste evento”, endossou Ricardo Martins, gestor comercial da Integral Mix. Ele explicou que a empresa de nutrição animal teve como objetivo principal mostrar seus produtos, suas aplicações práticas, e fornecer avaliações econômicas em relação ao custo de produção e rentabilidade “Acreditamos que ações como essa são
essenciais para impulsionar a cadeia produtiva do pescado.”
Ansiosos pela regularização
Em sua palestra sobre os desafios do cultivo de panga no Brasil, Martinho Colpani, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Pangasius (ABCPanga), lembrou que o mercado de pescado brasileiro é caracterizado por seu baixo poder aquisitivo, bem como o fato das pessoas quererem comer filé de peixe, sem espinhas e barato. Sendo assim, os produtores precisam fazer essas equações. “É uma maravilha vender a um valor peixe alto, a R$ 14 ou R$ 15. Mas será essa a realidade nos próximos anos?”, disse. Conforme ele, para que sejam mais competitivos, o caminho é uma mudança de comportamento dos produtores do Estado. “Precisamos de mais eficiência e melhorar a produtividade”, finalizou.
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Encontro de Aquicultura e Piscicultura do Piauí reuniu mais de 750 participantes na cidade de Madeiro (PI). Com figuras já conhecidas do setor e novas aparecendo, o evento vem se fortalecendo para entrar de vez na agenda dos encontros do pescado nacional.
Martinho Colpani (ABCPanga), Israel Garcia (Prefeitura de Matias Olímpio e Antônio Vasconcelos (Sindicato Rural de Matias Olímpio)
Girlana Brasil e Alípio Ribeiro de Paiva Filho (Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura do Piauí)
Associação APPML
Marcelo Castro Filho (Superintendência da Codevasf-PI), Luiz do Peixe (Alevinos Luiz do Peixe Sempre) e Marcelo Castro (Senado)
Bárbara do Firmino (Deputada PI), Marcelo Castro (Senadr) e Antônio Hilário (Vereador de Madeiro)
Luiz Vicente da Silva (Fiscal da APAQ-BR), Luiz do Peixe (Alevinos Luiz do Peixe Sempre), Francisco das Chagas Lima, (Deputado PI) e Benedita Vilma Lima (Prefeitura de São João do Arraial)
Clebio Coutinho (Superintendente da Secretaria de Agricultura Familiar), Alípio Ribeiro Paiva Filho, Superintendente Federal de Pesca e Aquicultura do Piauí, Luiz Vicente (APAQ-BR), Danilo Rocha, (Superintendente da CONAB), Francisco das Chagas Lima, (Deputado PI) , Luiz do Peixe (Alevinos Luiz do Peixe Sempre), Veim da Fetraf, Naiara Leal Prefeitura de Miguel Alves) e Benedita Vilma Lima (Prefeitura de São João do Arraial)
Dilson Soares e Domingo Rodriguês (Netcom)
Márcia Bastos (Sindicato Rural de Matias Olímpio), Camila Marinho (Senar-PI), Clenilsa Ferreira (Prefeitura de Medeiro), Alane Guimarães e Afonso Neto (Senar PI)
Jasna Maria Luna e Manoel Francisco (Codevasf)
Tiago Bueno (Seafood Brasil), Jasna Luna (Codevasf) e Fabi Fonseca (Seafood Brasil)
Ailton Rodrigues e Rayane Vitória (Aquabit)
Juventude de Madeiro (organização/III Encontro de Aquicultura e Piscicultura do Piauí)
Luiz Carlos Souza, Inedina Satina, Luiza Sátiro, Aureliano Miranda, Samia Miranda e José Luiz (produtores de Murici de Portela)
Ricardo Hugo Guedes Martins e Raimundo Martins Junior (Integral Mix)
Gledson Rodrigues (Alevinos Luiz do Peixe Sempre) e Roberta Maria (Oficina Gastronômica)
Luiz do Peixe e Cássia Cristina Silva (Alevinos Luiz do Peixe Sempre)
Serão cerca de 30 estandes de empresas de pescado entre os mais de 850 expositores aguardados para a Apas Show 2024
Texto: Fabi Fonseca
Em uma área de mais de 78 mil m2, que ocupa os cinco pavilhões do Expo Center Norte, a Apas Show segue o ritmo de expansão visto nos anos anteriores e, por isso, vem com um tamanho maior para a edição de 2024. Neste ano, a expansão de área do evento é especificada no chamado Pavilhão Azul B, um espaço de 1.700 m2 construído ao lado do Pavilhão Azul.
Organizada pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), a feira acontecerá entre os dias 13 e 16 de maio de 2024, no Expo Center Norte, em São Paulo, e busca refletir os avanços que o varejo supermercadista do Brasil conquistou nos últimos anos. “Se o País vem construindo uma imagem internacional forte, essa imagem certamente passa pelos supermercados e a Apas Show representa esse bom momento”, afirma Carlos Corrêa, diretor-geral da Apas.
Neste ano, nossa equipe apurou
que serão cerca de 32 estandes de empresas de pescado que estarão apresentando novas soluções para o varejo ou reforçando produtos e linhas já existentes no mercado.
O número é praticamente o mesmo do ano anterior (em 2023, foram 31 estandes), o que reforça que, embora o pescado na Apas não tenha retomado a força dos anos anteriores, a maior feira supermercadista da América Latina ainda tem papel de destaque no calendário anual do pescado brasileiro.
Na estreia do Pavilhão Azul B, no estande 2045, a Marchef Pescados
também fará sua inauguração oficial no mercado. Um dos sóciosproprietários da nova empresa é Ricardo Pedroza, que usou toda a sua bagagem do setor para a criação da nova empresa voltada ao varejo de pescado. “A Marchef é um projeto que já nasce com duas indústrias, sendo uma no Ceará, focada em camarões e outra em Santa Catarina, focada em produtos de valor agregado de pescados”. Conforme ele, a marca chegou num momento oportuno.
“A inauguração das indústrias e os lançamentos dos produtos coincidem justamente com o período da Apas e,
Apas 2024 terá mais 850 expositores, sendo 200 internacionais, com perspectiva de ultrapassar a marca de R$ 14 bilhões em negócios gerados Marchef Pescados apresentará sua linha de camarão pré-cozido de varejo, linha de empanados, kit paella e mais algumas novidades.
Mariana Midori Nagata destaca que as novidades da Korin são as parcerias com foco na sustentabilidade: a Eccaplan vai realizar a compensação de carbono e a Insider vai confeccionar os uniformes da equipe com tecidos tecnológicos que ajudam na preservação de recursos hídricos
em que conseguimos encontrar grande parte dos nossos clientes e parceiros e
Korin Alimentos leva seus produtos sustentáveis no Pavilhão Vermelho, estande P18
Conforme ela, a Korin Alimentos, no ano em que completa 30 anos de história, leva para o encontro o conceito de sustentabilidade (em essência), não só com relação à produção, mas tudo que seu método produtivo influencia no meio ambiente. “Já participamos há quase 10 anos da Apas Show e é muito importante
Coorganização: Organização:
DivulgaçãoMapa atualizado em 17/04*
De 13 a 16 de maio – 2024
Expo Center Norte – São Paulo (SP)
Navegue entre os peixinhos do mapa e as tabelas para encontrar as empresas que ofertarão pescado na Apas Show 2024. Até o fechamento dessa edição, não pudemos confirmar as empresas que representarão cada país. No entanto, as localizações estão indicadas na tabela que se encontra na página ao lado.
*Esse é o layout e as empresas confirmadas na Apas Show 2024 até o fechamento desta edição. Mudanças podem ocorrer até o dia do evento, o que vai ocasionar divergências com as informações aqui publicadas com aquilo que vai se ver nos dias de feira.
1Brazilian Fish1261AmareloI/8
2Raguife 1261AAmareloI/8
3Marchef Pescados 2045Azul-claroD/1
4Alaska Seafood110Azul-escuro B/2/1
5Bacalhau Bom Porto (Brascod) 179Azul-escuroC/D/7
6Baita Alimentos (Fênix)146Azul-escuro B/6
7Caxamar Bacalhau156Azul-escuro A/7
8Masterboi 158Azul-escuro A/6
9Qualimar Pescados (Carapitanga) 192Azul-escuroA/9
10BRF 377CinzaG/17
11Di Salerno 387CinzaI/18
12Ferraz & Ferreira399CinzaJ/20
13Fundación Argentina 342/349/361CinzaH/15/13/12/11
14Marfrig 383CinzaG/19
15Minerva Foods334CinzaF/10
16Plena Alimentos 385CinzaH/I/17
17Riberalves 311CinzaJ/7
18Aurora Coop 505VerdeK/L/6
19Bom Peixe 579VerdeL/20
20Camil/Coqueiro539VerdeM/11
21Copacol 523VerdeL/9
22Friboi 589VerdeJ/21
23Frimesa 552VerdeO/13
24GT Foods 570VerdeO/18
25Opergel 557VerdeM/15/16
26Seara Alimentos 589VerdeJ/21
27Soguima 527VerdeJ/K/11
28Bello Alimentos 770VermelhoS/12
A Frescatto Company anunciou a adição da executiva Meg Felippe à equipe de direção, marcando um passo significativo na expansão da empresa após a recente fusão com a Prime. A contratação de Felippe, agora ex-executiva do Carrefour e uma referência para todo o varejo de pescado, pretende impulsionar o crescimento e a inovação da empresa sediada no Rio de Janeiro. “Saio do Carrefour muito contente com tudo o que realizamos no varejo, bem como a forma como sempre tratamos nossos fornecedores. O Thiago De Luca [diretor geral da Frescatto Company] era um parceiro muito importante para nós e sempre pude confiar na palavra dele. Isso criou uma relação muito boa entre nós e facilitou o meu processo de decisão de sair do varejo para entrar na Frescatto”, disse a nova executiva. A atuação de Felippe estará centrada no desenvolvimento comercial e de novos produtos, enfatizando a intenção da Frescatto Company de explorar tendências e ampliar seu portfólio.
Foi publicada no Diário Oficial no dia 27 de abril a Portaria Interministerial Ministério da Pesca e Aquicultura e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima nº 10, de 26 de março de 2024. De forma geral, a portaria estabelece para o ano de 2024 o limite de captura as seguintes espécies: albacora-branca (T. alalunga) com 3.040 toneladas; albacora-bandolim (T. obesus) com 5.639 toneladas; espadarte (X. gladius) com 2.839 toneladas (abaixo do paralelo 5°N) e 45 toneladas (acima do paralelo 5°N); e tubarão-azul (P. glauca) com 3.481 toneladas. O controle do limite de captura vale no Mar Territorial, na Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e nas águas internacionais para embarcações de pesca brasileiras e será efetuado por meio do mapa de bordo e do Mapa de Produção. A Portaria entrou em vigor na data de sua publicação.
O pescado está incluído na nova cesta básica em decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início de março. O Decreto Nº 11.936 estabelece a composição da cesta básica de alimentos no âmbito da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e da Política Nacional de Abastecimento Alimentar. De acordo com o decreto, a nova cesta básica será composta por alimentos in natura ou minimamente processados, além de ingredientes culinários – neste contexto, sardinha e atum enlatados entram nessa regra. A inclusão do pescado na cesta básica era uma das medidas defendidas pelo setor produtivo na pauta da nova reforma tributária.
Mapa publica portaria que aprova RTIQ de cefalópodes
Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 04 de março a Portaria SDA/ MAPA nº 1.022 que aprova o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ) a que devem atender os produtos de moluscos cefalópodes, em suas diversas formas de conservação: fresco, resfriado, congelado, descongelado, cozido e tenderizado. O documento, assinado por Allan Rogério De Alvarenga, secretárioadjunto de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), define que moluscos cefalópodes são animais que pertencem à classe Cephalopoda, conhecidos como lula, polvo, sépia e argonautas que, morfologicamente, apresentam os braços e tentáculos unidos a cabeça, com simetria bilateral e corpo mole. A portaria entrou em vigor no dia 01 de abril.
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Os Ministérios da Pesca e Aquicultura e do Meio Ambiente e Mudança do Clima publicaram a Portaria Interministerial MPA/MMA n° 9, no dia 01 de março, que determina as cotas de captura da tainha (Mugil liza) em 2024. A cota estabelecida para a pesca da modalidade de emalhe anilhado é de 586 toneladas e para a modalidade cerco/traineira de 480 toneladas. A modalidade industrial poderá contar com até oito embarcações para a safra de 2024, e as demais modalidades não estão submetidas ao regime de gestão por cotas de captura e devem pescar observando as regras dispostas na Portaria SG-PR/MMA nº 24, de 2018. A portaria ainda estabelece a Autorização de Pesca Especial Temporária, o limite de embarcações de pesca submetidas às cotas de captura e as medidas de monitoramento e controle para a temporada de pesca da tainha em 2024, nas regiões Sudeste e Sul do Brasil.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e a Associação Brasileira da Indústria de Pescado (Abipesca) assinaram em fevereiro um convênio de mais de R$ 8 milhões para o desenvolvimento do projeto setorial Brazilian Seafood. “A assinatura do convênio representa um momento histórico e lembrou que o comércio de pescado no mundo movimenta perto de R$ 500 bilhões, sendo que o Brasil participa com apenas 0,23%”, ressaltou o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana. A internacionalização do comércio era um desejo do setor produtivo há mais de 15 anos, segundo o presidente da Abipesca, Eduardo Lobo. “A parceria com a ApexBrasil também vai possibilitar igualdade de oportunidades para os produtores de pescado. O Brazilian Seafood vai dar capacitação a todo pequeno e médio produtor que quer exportar pescado e não sabe como começar.”
Um estudo realizado por pesquisadoras da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e instituições parceiras revela dados alarmantes sobre o assédio enfrentado por trabalhadores em embarcações no Brasil: três em cada quatro profissionais (75%) já sofreram assédio moral ou sexual no ambiente de trabalho. O cenário é ainda mais grave para as mulheres, das quais 82% relatam terem sido alvo de algum tipo de assédio nesses ambientes - em situações mais frequentes, quatro em cada cinco ocorreram com mulheres entre 25 e 40 anos, em início de carreira, e envolvem piadas sexistas e discriminatórias. “O objetivo desta pesquisa foi analisar as situações de assédio moral e sexual relatadas por pessoas que atuam em embarcações, buscando compreender as desigualdades vivenciadas por mulheres nesses ambientes”, explicou Catarina R. Marcolin, bióloga em oceanografia e professora da UFSB.
A Coalizão Internacional de Associações de Pesca (ICFA), à qual o Conepe está indiretamente ligado por sua afiliação à Alpescas, defendeu este conceito em evento paralelo à 9ª Conferência Our Ocean, em abril, na Grécia. A conferência busca alinhamento de estratégias, a nível global, para a proteção dos oceanos.
Em nossa colaboração, sustentamos três pilares: abordagem equilibrada, gestão adequada da pesca e redução do impacto ambiental dos produtos derivados da pesca.
O primeiro ponto destaca o desequilíbrio de ações e campanhas de conservação marinha que acabam por ameaçar a segurança alimentar global. Portanto, há necessidade do equilíbrio entre conservação da biodiversidade e uso sustentável dos recursos naturais. A ICFA, ainda alerta que somente a criação de Áreas Marinhas Protegidas (MPAs), sem levar em conta o uso sustentável e as necessidades das comunidades costeiras podem afetar negativamente a segurança alimentar e os meios de subsistência.
OUTRAS MEDIDAS EFICAZES DE CONSERVAÇÃO
BASEADAS EM ÁREA
A ICFA afirma que a gestão efetiva da pesca é eficaz e critica propostas que estabelecem “linhas em mapas”, sem bases científicas, sem equalizar custos e benefícios, apenas para atingir a meta de 30% de Áreas Marinhas Protegidas até 2030. “Consideramos uma postura ecológica infrutífera que compromete o papel vital da pesca na oferta de alimentos saudáveis. Ainda, defendemos que a gestão eficaz promove a saúde dos oceanos e o desenvolvimento humano”.
Segundo o relatório SOFIA 2022 da FAO, há uma melhora na situação dos estoques pesqueiros globais entre as últimas avalições,
sendo 57,3% no nível de rendimento máximo sustentável (MSY), 7,2% sub-explorados, enquanto 35,4% estavam sobre-explorados.
No terceiro ponto da resolução, ICFA ressalta que a economia azul atual é altamente sustentável, com a pesca desempenhando funções importantes no combate às mudanças climáticas, sendo atividade chave para um futuro sadio, fornecendo produtos de alto valor nutricional e baixa pegada de carbono.
O Coletivo Nacional da Pesca e Aquicultura (Conepe), no Brasil, a Aliança Latino-Americana para a
Destaca, ainda, a importância das Outras Medidas Efetivas de Conservação baseadas em área (OMEC) para promover a colaboração entre pesca e conservação da biodiversidade. Enfatiza a necessidade de união entre governos, academia, ONGs e setor pesqueiro para criar soluções. Para Javier Garat, vice-presidente da ICFA, “as OMEC são efetivas, ao contrário das Áreas Marinhas Protegidas, apenas teóricas ou das declarações grandiosas de políticos que acabam sendo vazias”.
Fonte: Global Fishing Watch - GFW. Legenda: Arrasto: rosa claro; Emalhe: lilás; Cerco: vermelho; Potes: azul neon; Espinhel: amareloPesca Sustentável e a Segurança Alimentar (Alpescas) como América Latina, e a International Coalition of Fisheries Associations (ICFA), mundialmente, representam os interesses pesqueiros industriais e trabalham em colaboração e representação mútua, visando a sustentabilidade, continuidade e reconhecimento da atividade e seus atores.
Conheça mais em:
www.conepe.org.br
www.alpescas.com.br
www.fishcoalition.org
No Brasil, o presente processo visando a criação do Parque Nacional do Albardão, no Rio Grande do Sul, com 1,6 milhões de hectares, exemplifica as questões debatidas na Conferência Our Ocean.
Este pretenso Parque Nacional, cujos objetivos alegados são impulsionar o ecoturismo e a conservação, apesar da alta produtividade pesqueira da região, entre as maiores do Brasil, sob influência da Zona de Convergência subtropical/temperada e da Pluma do Rio da Prata, além de ressurgências ocasionais que a enriquecem. A iniciativa, promovida até aqui de forma apressada e, pensamos, pouco transparente e amadurecida, reflete uma postura do governo federal em atender a compromissos conservacionistas internacionais sem considerar o impacto nas comunidades locais e nas atividades pesqueiras. Esta abordagem contrasta com as recomendações do Conepe e a narrativa política dominante, centrada nos aspectos sociais, culturais e econômicos.
A Matriz de permissionamento da pesca brasileira estabelece como unidade geográfica, ou área de operação, a região Sudeste Sul, salvo raríssimas exceções. Portanto, é comum que comunidades de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e até mesmo do Espírito
Santo concentrem seus esforços de pesca, sazonalmente, na área agora proposta à demarcação e que prevê a proibição das atividades extrativistas. A limitação das consultas às cidades do Rio Grande e a Sta. Vitoria do Palmar, configuram evidente intensão restritiva.
O exíguo prazo entre a publicação do chamamento à Consulta e sua realização, a não negociação prévia com entidades representativas reconhecidas; a omissão do tema e de seus proponentes em outros fóruns participativos; incoerências de delimitações geográficas em avaliações técnicas restritas anexadas ao processo e considerações de impacto na pesca baseadas em rastreamento de embarcações por um sistema repleto de problemas técnicos, institucionalidade complexa, legalidade questionada e principalmente, cobertura bastante restrita portanto, do ponto de vista estatístico, de baixa representatividade, desconsiderando a atuação regional, predominantemente de embarcações pequenas, isentas do alegado rastreamento e com implicações socioeconômicas locais muito relevantes, mostram uma pressa, um atropelo, uma desconexão com o razoável.
Quando inserido no contexto da Economia Azul, do defendido diálogo e gerenciamento entre as atividades no ambiente marinho (PL 6969 em amadurecimento no congresso), o Planejamento Espacial Marinho recentemente noticiado pela CIRM, a evidente vocação da região para a atividade pesqueira, conforme apontado pelo Projeto Demersais, a ausência de uma avaliação sensata dos benefícios e custos, de uma consideração dos resultados de tantas outras medidas restritivas já impostas à atividade em diferentes modalidades, recursos e momentos, só reforçam que o interesse não parece condizer com os objetivos alegados, mas sim com a submissão
à Agendas internacionais, ou ao estabelecimento de justificativas para restrição de outros projetos e atividades em detrimento do desenvolvimento, da economia e da sociedade, em benefício do “poder”. Ainda, desconsideram os impactos do aumento previsível no esforço pesqueiro em áreas adjacentes, as consequências em empregos e na sustentabilidade de outros elos da cadeia de valor, que incluem o processamento, transporte, distribuição no atacado e no varejo, consumo residencial e do food service, enfim, o SEAFOOD business.
É nítido que o processo não tem uma argumentação plausível, que não seja, como sugerido recentemente na Grécia, o “belo discurso político”.
Há de evidenciar, expor e avaliar atores e omissões de posicionamento daqueles que podem questionar este processo e reverter esta tentativa de impor restrições, possivelmente muito maiores do que se avalia, à sociedade brasileira, regional e global.
Mapa da área pretendidaTecnologia em processamento de pescado
Luz sobre as ameaças
A PMR Solutions trouxe uma aliada fundamental na detecção das bactérias na indústria alimentícia. Trata-se do revelador de bactérias o LocLight On Cells, lanterna portátil que é leve e livre de produtos químicos para iluminar o invisível, detectar bactérias e oferecer benefícios significativos para a higiene e segurança em diversas áreas. Para isso, a solução utiliza uma combinação única de LEDs, com diferentes comprimentos de ondas e filtros especializados para criar uma luz especial. O LocLight On Cells pode ser usado par a: validação de limpezas; prevenção de contaminações cruzadas; rastreamento e localização de focos de bactérias; e identificação de contaminações entre produtos, como alergênicos.
Tem lugar na mesa
Se você busca trazer mais produtividade à sua produção, a mesa para filetagem de pescados da MetalFish vem para ser a solução. Com utilização em tilápias,
tambaquis, pintados, peixes marítimos e lagostas, a solução conta com uma mesa com esteira acionada através de um moto redutor. Por fim, a mesa para filetagem possui diversas dimensões que podem variar de acordo com o projeto de cada cliente.
Fabricação e papelão ondulado para o transporte de peixe fresco ou congelado. É assim que a Smurfit Kappa define suas caixas para peixe, concebidas para proporcionarem a quantidade necessária de resistência à água. Além disso, segundo a empresa, as caixas possuem resistência e isolamento para cumprir os requisitos físicos da cadeia de fornecimento, seja ela por via rodoviária ou aérea. Com fabricação 100% reciclável, as caixas possuem ainda impressão com alta qualidade e estão disponíveis em formato plano.
Esquenta que sela
A Ulma aposta em sua termoseladora automática TSA 875 para auxiliar a indústria de pescado a agilizar seu processo de embalagem. Segundo a empresa, o equipamento pode ser usado para todo tipo de bandejas pré-fabricadas de diferentes composições, além de realizar embalagens com ou sem atmosfera modificada (MAP), vácuo e skin em função dos requerimentos do produto a ser embalado. Projetado para integração em linhas de produções médias-altas ou em processos que requeiram um controle preciso do movimento no transporte de bandejas, com a TSA 875, o processo de selagem pode ser realizado em 1 fila (mono-linha) ou em 2 filas (linha dupla), dependendo do formato a ser embalado.
Desenvolvido para trazer agilidade ao processamento de pescados, a Branco Máquinas destaca o seu triturador de pescados, o Automatic Fish Grinder 90. Com um conjunto de facas trituradoras e pentes separadores, a solução possui uma capacidade de produção de 1.500 kg/hora (tilápia). Equipado com saída de resíduos direcionada e painel com botoeiras eletrônicas e emergência, o triturador de pescados tem acionamento através de motoredutor trifásico da marca SEW e possui uma estrutura em Inox AISI 304.
Para trazer mais agilidade no processamento de pescado, a Engmaq destaca sua estação para abate e evisceração de pescados modelo MP2022. Fabricada com aço inox AISI 304, a novidade pode ser utilizada para as funções de sangria, evisceração, cortes/filetagem, separação de cortes e toalete. Por fim, a empresa destaca que o equipamento vem acompanhado de itens como: esterilizadores de facas; grelha de sangria; apoios de corte em PEAD; óculos para resíduos; torneiras para lavação; e gradeado inferior duplo para apoio de caixas.
Equipada com seis unidades geradoras, a UHE Três Marias abriga um reservatório com uma área de 1.054,6 km², espaço ideal para a expansão da tilapicultura em Minas Gerais
Mesmo com obstáculos enfrentados por empresas e produtores, a região de Morada Novas de Minas faz a tilapicultura mineira crescer exponencialmente e se tornar exemplo de arranjo produtivo no País nos últimos anos
Texto: Fabi Fonseca
Desde os tempos coloniais até os dias atuais, Minas Gerais tem a história ligada às suas águas. De fato, a região ficou conhecida por sua riqueza natural, incluindo ouro e pedras preciosas como diamantes. No entanto, foram seus recursos hídricos que mantiveram - e ainda mantêm - algumas das suas principais atividades econômicas.
Graças à grande capacidade de armazenamento de água, o território mineiro também é conhecido como
“caixa d’água do Brasil”, justamente por abrigar nascentes importantes de rios das grandes bacias hidrográficas, entre elas o rio São Francisco. Por sua vez, com grande potencial hidrelétrico, o rio tem a presença de importantes usinas instaladas, como a Usina Hidrelétrica (UHE) Três Marias.
E foi justamente no reservatório da UHE Três Marias que a história de outro garimpo mineiro - a tilapicultura - começou há poucas décadas. A atividade se expandiu ao longo dos anos e se tornou atualmente exemplo
de organização e desenvolvimento de pequenos, médios e grandes produtores e de diversas empresas que constituem o município de Morada Nova de Minas e região como uma das principais cadeias produtivas de tilápia do Brasil.
Colocando os primeiros peixes na água
A história da tilapicultura em Minas Gerais remonta aos passos pioneiros de figuras como o médico veterinário José Eduardo Aracena Rasguido. Em 1976, Rasguido ingressou na equipe
da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG) e testemunhou os primeiros esforços de um projeto destinado aos pequenos produtores. “Naquela época, o pequeno produtor estava precisando melhorar a sua alimentação. E qual alimento seria melhor para ele do que o peixe?”, indaga.
O experimento inicial foi com carpas e logo evoluiu para incluir a tilápia, que destacou-se por sua produtividade. Em 1978, na fazenda experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), junto aos peixes, o experimento ganhou espaço, integrado à suinocultura.
Com o avanço do conhecimento sobre a tilapicultura, os tanques rudimentares que eram feitos de bambu deram lugar a tanques-rede mais modernos, fruto de uma parceria entre Emater-MG e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Em 2001, um marco importante foi a doação de alevinos para produção comercial, impulsionando o setor. “Foram 30 tanques-rede de 2x2x1,20 para produzir, na época, 400 quilos de peixes de até 40 gramas. Lá, cada peixe era utilizado como refeição para uma pessoa em um prato” pontua Rasguido.
De início, a atividade provocou preocupação aos pescadores locais, temerosos de não poderem mais capturar peixes no local. Mas a união dos produtores locais superou esta e outras dificuldades com a formação da Associação dos Piscicultores de Morada Nova (ASPIM). Já no ano de 2002, diversas questões transformaram a associação na Cooperativa dos Piscicultores de Morada Nova (COOPIM).
Depois de 2003, a atividade seguiu em expansão e deu início também às articulações para uma nova organização cooperativa e, em 2006, a Cooperativa dos Piscicultores do Alto e Médio São Francisco (Coopeixe)
foi implantada oficialmente. Posteriormente, para viabilizar o escoamento da produção, com apoio da prefeitura e da Codevasf, o primeiro frigorífico licenciado da região foi inaugurado - que segue em funcionamento até hoje. “A partir daquele momento, foi a arrancada que a tilápia estava precisando. Mostramos o caminho e a atividade foi crescendo”, celebra Rasguido.
Fomentando a tilapicultura local
Documentos da Epamig contam que a expansão da atividade no Estado ainda foi impulsionada por uma série de fatores, entre eles: os cursos de capacitação destinados aos produtores; atuação de diversas instituições públicas e privadas para fomento; extensão e difusão de tecnologia e laboratório de produção de alevinos; e novos estabelecimentos de beneficiamento de pescado.
Segundo dados do recente Anuário da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), em 2023, o Brasil produziu um total de 887.029 toneladas de peixes de cultivo, das quais 579.080 toneladas correspondem à tilápia.
No cenário estadual, o Paraná desponta como o líder no cultivo da espécie (209.500 toneladas), seguido por São Paulo (75.700 toneladas). Contudo, dentre os três principais Estados produtores, Minas Gerais se destacou, registrando um aumento significativo de 12,6% em relação ao ano anterior, com uma produção de 58.200 toneladas. Além disso, o Estado também figura como o terceiro maior produtor de peixes de cultivo do País em 2023, totalizando 61.600 toneladas, mas no balanço de 2024 deve ultrapassar São Paulo e se tornar o segundo maior..
Uma dessas instituições foi o Sistema de Cooperativas Financeiras do Brasil (Sicoob Aracoop), cooperativa de crédito com histórico de oferecer financiamentos com condições favoráveis de pagamento a taxas mais acessíveis. Em 2023, a Sicoob Aracoop contava com 45 cooperados dedicados à tilapicultura no município de Morada Nova de Minas. Veja o infográfico na próxima página.
Conforme a Associação dos Aquicultores e Empresas e Especializadas do Estado de Minas Gerais (PeixeMG), são estimados que Morada Nova de Minas e região tenham atualmente cerca de 90 empreendimentos de produção de peixes. Além disso, são 7 frigoríficos certificados pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) ou Serviço de Inspeção Federal (SIF) que atuam no local.
Peixe MG, entidade representativa da aquicultura mineira, iniciou há pouco tempo com uma gestão mais efetiva na busca por desenvolvimento e expansão em um cenário desafiador da produção de tilápia no Estado
As origens da aquicultura em Minas Gerais remontam às margens da UHE Três Marias que, junto às condições climáticas favoráveis, possibilitaram o desenvolvimento da atividade na região, os primeiros empreendimentos aquícolas eram individuais, sem grandes estruturas organizadas e com pouco suporte institucional. Essas e outras questões fizeram com que o caminho para o crescimento e consolidação da atividade fosse (e ainda se mantenha) cheio de desafios.
“A gente costuma dizer que a régua aqui em Minas é muito alta porque é um Estado minerador. A mineração, que é a principal atividade, exige atenção grande de licenciamento ambiental. E como a aquicultura era uma atividade incipiente, que não tinha valor, as exigências de licenciamento ambiental eram e continuam muito altas”, explica Leonardo Romano,
coordenador da Câmara Técnica
Setorial de Aquicultura da Secretaria de Agricultura e vice-presidente da Associação dos Aquicultores e Empresas e Especializadas do Estado de Minas Gerais (Peixe MG).
Em 2014, com a necessidade de estarem mais próximos juntos aos órgãos regulatórios para resolver esse e outros gargalos, os piscicultores mineiros criaram a Câmara Técnica de Aquicultura no Conselho Estadual de Políticas Agrícolas (Cepa), vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Já em 2018, foi criada a Peixe MG, que nasceu com o objetivo de unir esforços e dar voz ao setor.
Entretanto, por questões internas e circunstanciais, Romano explica que aquela associação nos moldes iniciais não avançou e a representatividade da atividade ficou no limbo de novo. Foi agora, em 2022, que uma nova gestão assumiu para tentar alavancar o setor e dar apoio à Câmara Técnica.
Nos últimos 2 anos, a PeixeMG se tornou a principal representante da aquicultura mineira, ampliando sua atuação e conquistando espaços e diálogo com órgãos governamentais e entidades do setor. A criação de regionais em polos estratégicos, como Três Marias e Furnas, bem como outros
locais do Estado, fortaleceu a presença da organização.
Além do licenciamento ambiental, questões regulatórias são uma das principais bandeiras da associação. E no momento, o que tem impactado diretamente os produtores da região da represa de Três Marias é a estagnação das licenças reservadas aos parques aquícolas. Segundo Romano, o governo federal criou os parques aquícolas em 2009 para possibilitar a ampliação de produção no local, mas o projeto nunca foi à frente. Com isso, essa capacidade de produção ficou reservada, impedindo o licenciamento de novos empreendimentos.
Recentemente, a Peixe MG conseguiu junto à Secretaria de Estado
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (SEMAD), o licenciamento desses parques aquícolas para transformá-los em áreas de produção aquícola e, com a atuação do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), tem lutado para realizar o potencial de produzir cerca de 20 mil toneladas a mais de peixes por ano.
O combate à informalidade também entra na pauta de ações da entidade, junto à melhoria da infraestrutura, questões tributárias, a logística, a falta de energia, aquecimento global e o nível do reservatório de Três Marias. E, embora Minas Gerais tenha a maior malha rodoviária do Brasil, há problemas também nas estradas.
“Infelizmente todas as pisciculturas estão em locais que sempre tem uma estrada de terra. Agora mesmo, estamos juntos ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER) para falar sobre a manutenção da estrada na região de Felixlândia. E ainda tem a balsa em Morada Nova de Minas. Afinal, dependendo para onde a mercadoria está indo, tem que passar pela balsa. E isso é um gargalo”, fala.
Sobre esse problema, Morada Nova
de Minas deve receber uma ajuda em breve. Isso porque o município foi um dos 26 do Estado atingidos pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho, que ocasionou a morte de 272 pessoas e espalhou resíduos de minério pela bacia do Rio Paraopeba em janeiro de 2019.
Segundo o Governo do Estado, no ano passado, ficou definido que, entre as iniciativas que a Vale seria obrigada a executar no município, estava a entrega de três máquinas para recuperação de estradas e vias municipais - o asfaltamento dos trechos de estradas leva até a BR-040, que é o principal polo de escoamento de Morada Nova de Minas e Felixlândia.
Romano vislumbra que, apesar dos desafios, há um futuro promissor para a tilapicultura em Minas Gerais, com potencial para crescimento e inovação. “Nós já temos contatos de outros empresários, principalmente do ramo de suinocultura, querendo investir na aquicultura”, conta.
expansão. Segundo o vice-presidente, ele oferece apoio e financiamento para a implantação de empreendimentos voltados para a agricultura familiar. Com o uso principalmente de tanques escavados em pequenas propriedades, ele revela que o MPA tem uma meta ousada: “Ampliar em 100 mil toneladas/ ano a produção de peixes em Minas Gerais nos próximos 3 ou 4 anos.”
Em termos de potencial, Romano ainda lembra das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), que hoje são pouco utilizadas para a piscicultura no País. “Já estamos trabalhando junto à Seapa e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) para um estudo sobre a capacidade de suporte delas”, diz.
Toda essa expansão pretendida pela PeixeMG é para a produção de tilápias suficiente não apenas para abastecer o mercado nacional, mas também para extrapolar as fronteiras nacionais. “Vemos a exportação como uma grande oportunidade desse crescimento”, finaliza Romano.
O Projeto Minas Aquícola, do MPA, também amplia essas expectativas de
A mudança da nossa nova identidade visual vai além de um novo logotipo e novas embalagens, é uma transformação que se traduz em uma experiência de compra mais atraente na hora da escolha.
Nas gôndolas, os novos elementos visuais se destacam e chamam a atenção dos consumidores. As cores e o design moderno refletem o nosso momento, marcado pela inovação, sustentabilidade e o compromisso com a qualidade. Tradição com mais de 16 anos de história, agora renovada.
Vanguarda tecnológica da Multifish e o misto de tradição e juventude da Estância da Tilápia colocam as duas empresas em evidência na produção de formas jovens e engorda da tilápia
“O sucesso é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade”. Esse é um ditado popular que poderia se encaixar perfeitamente na trajetória de duas empresas na tilapicultura mineira: a Multifish, em Morada Nova de Minas; e a Estância da Tilápia, em São José do Buriti, localizada no município de Felixlândia. E embora distintas em muitos aspectos, as empresas têm uma coisa em comum: medo nenhum de inovar.
A história da Multifish teve início em 2009, mas sua origem é do reencontro entre Marco Tulio Diniz Peixoto, médico veterinário especialista na produção de tilápias, e Miguel Henrique Machado Pizziolo, ex-cliente da época em que Peixoto atuava por outra empresa na região. Ambos viram uma oportunidade de negócio diante da crescente demanda dos produtores locais por alevinos de qualidade nos primeiros anos de desenvolvimento da tilapicultura em Morada Nova de Minas e região.
Em 2012, quando a empresa deu início às atividades e instalou-se em um terreno de 3 hectares cedido pela prefeitura da cidade, um problema administrativo forçou sua mudança para outro lugar. Fora isso, uma crise hídrica, que provocou a escassez da represa de Três Marias em meados de 2013, mudou os planos da produtora de alevinos. Daquela escassez de água e com a obrigatoriedade de construir uma nova estrutura, a Multifish adotou uma abordagem inovadora ao implementar o sistema intensivo de produção com recirculação.
Tilapicultura em Morada Nova de Minas e região destaca-se ainda pela efetivação de antigos e novos empreendimentos
Embora o modelo já estivesse se espalhando em outras partes do mundo (e no Brasil com a carcinicultura), à época, era considerado “ousado” para um laboratório de alevinos de tilápia. “No momento em que tecnicamente tivemos que colocar uma tecnologia, fomos forçados a desenvolvê-la [natilapicultura] e nacionalizá-la”, observa Peixoto.
Logo, com um ambicioso e necessário projeto para a região, a empresa vem
se destacando pelo desenvolvimento contínuo de suas instalações.
Atualmente, a fazenda, localizada a 18 km do centro de Morada Nova de Minas e com acesso aos rios São Francisco e Indaiá, abrange uma área de 54 hectares e mantém uma produção estável de 3 milhões de alevinos por mês. E os avanços tecnológicos adotados, como a incubação artificial e o uso de estufas, garantem uma produção constante ao longo de todo o ano.
“Livre de doenças”, mas não livre de preocupações...
Esse sistema de produção, segundo Peixoto, traz ainda outras vantagens, principalmente em relação à biosseguridade. Por isso, a Multifish mantém o isolamento de seu plantel e todos os reprodutores são cuidadosamente selecionados e monitorados com chips, garantindo a qualidade genética dos peixes e minimizando os riscos de contaminação por doenças. “Somos uma larvicultura livre de vírus devido a medidas sanitárias e ao controle rigoroso na aquisição de reprodutores e na utilização de água do reservatório”, explica. Além disso, a Multifish implementou uma estratégia de vendas direcionada exclusivamente para clientes fixos, aliada a um setor
Os sócios-proprietários da Multifish, Marco Tulio Diniz Peixoto e Miguel Pizziolo, comandam um negócio que abastece 51 produtores no reservatório de Três Marias
de acompanhamento pós-venda, fortalecendo assim sua relação com os produtores da região.
Contudo, apesar de todo esse constante preparo e controle, o sócio da Multifish expressa preocupações com a atual produção na região. Nestes primeiros meses do ano, a diminuição da quantidade de chuva na região bem como os impactos do aquecimento global, traz medos e lembranças de um passado recente - na época dessa entrevista, o nível de água da represa de Três Marias estava em torno de 55%. Por causa desses riscos, Peixoto revela que muitos produtores de peixes na represa têm repensado os planos de aumentar a
produção neste momento.
Ainda assim, a empresa planeja expandir suas instalações e produção. O primeiro esforço será é a construção de mais cinco estufas, que se juntarão às 17 atuais em modelos de 30 m3 e 50 m3 Já a segunda etapa é fazer com que os alevinos, que hoje são comercializados em tamanhos de 3 g, possam ser ofertados ao menos em 5 g.
“Transformando potencial em potência”
A Rivelli Alimentos nasceu do sonho dos irmãos Carlos e Márcio Rivelli e consolidou-se como uma grande empresa verticalizada na avicultura do Brasil, em Barbacena (MG). Agora, quase 4 décadas depois, em São José do Buriti, distrito de Felixlândia (MG), a segunda geração da família com os irmãos Pedro e Ana Rivelli, filhos de Carlos, busca construir sua própria trajetória de sucesso onde o frango dá lugar ao peixe.
Pedro e Ana vinham atuando e sendo preparados em planejamento sucessório quando perceberam que não era a hora de ocuparem aqueles lugares planejados, o que trouxe a vontade de começarem seu próprio negócio. Então, no ano de 2022, encontraram na Estância da Tilápia o cenário perfeito para a
visão empreendedora de transformar a antiga piscicultura em uma operação moderna.
A tomada de decisão do investimento dos irmãos também foi baseada no vasto potencial do peixe no Brasil e em sua trajetória, que lembra a avicultura, da qual eles entendem muito bem. “Como nosso pai falava e a gente vem vivenciando, o peixe de hoje é o frango de 30 anos atrás”, diz a sóciaproprietária, Ana Rivelli.
e obstáculos rumo ao topo
Um dos pilares da transformação da piscicultura especializada em engorda de tilápia na represa de Três Marias promovida pelos irmãos foi a adoção de tecnologias e práticas inspiradas na indústria avícola, como silos e um desidratador. A introdução de silos para armazenamento de ração, por exemplo, inicialmente desenvolvidos para galpões de frango, simplificou o processo de alimentação dos peixes, reduzindo custos e aumentando a eficiência operacional.
Para não perderem a toada, a preocupação com a sanidade e a adaptação às mudanças climáticas são constantes na empresa. “Em outras épocas a gente já chegou a produzir
peixe sem uma grama de antibiótico”, conta Lucas Breno de Oliveira, gerente de produção. Por isso, ele sublinha que, apesar de a Estância da Tilápia estar em um local “privilegiado” do lago – segundo ele, os problemas sanitários tendem a chegar primeiro nas outras regiões -, é necessário manter a vigilância e aumentar a colaboração entre os produtores.
Com um olhar voltado para o futuro, Pedro e Ana buscam transformar a Estância da Tilápia em uma referência não apenas regional, mas nacional. Por isso, aumentar a produção é fundamental. “A gente investiu bastante para modernizar a estrutura que antes produzia 40 toneladas de tilápias por mês para ter a capacidade máxima de 600 toneladas. Atualmente, a gente deve fechar em 160 toneladas”, pontua Pedro Rivelli, sócio-proprietário da piscicultura Estância da Tilápia. Hoje, a empresa já atende a frigoríficos em todo o País, embora a maioria dos clientes seja do próprio Estado. “Eu acredito que vamos nos tornar um grande exportador de tilápia. E a gente entrou para ser protagonista nesse cenário e transformar o potencial em potência.”
Implementação de um desidratador de carcaça otimizou o tratamento de resíduos dos peixes, tornando a produção na Estância da Tilápia mais segura e ambientalmente responsável
Empresas de tilapicultura em Morada Nova de Minas e região apostam em qualidade e verticalização para sustentar-se em meio a busca por consolidação no mercado
Morada Nova de Minas e região vêm se desenvolvendo nos últimos anos, sustentadas por empresas que têm despontado como protagonistas na crescente indústria da tilapicultura. A partir de empreendimentos apoiados em sociedades, o Grupo Morada Fish e a Cardume Brasil, por exemplo, estabeleceram suas bases no mercado compartilhando esse protagonismo.
A Cardume Brasil começou em 2010, quando Eloi Rodrigues, aceitou um convite para construir um negócio na piscicultura com mais dois sócios. Embora desconhecesse sobre a produção de peixes, sua proximidade com a região de Morada Nova de Minas o levou a aceitar o desafio e começar a jornada da Cardume Brasil com um propósito claro: “Eu queria uma empresa sustentável, que se mantivesse por si só,” conta o hoje sócio-gestor da empresa.
Os dois sócios saíram posteriormente, mas a Cardume Brasil seguiu com Rodrigues na gestão e a ajuda de seus
filhos. A empresa, que iniciou alojando 10 mil alevinos de tilápia por mês nos tanques-rede em Paineiras (MG), na represa de Três Marias, logo expandiu suas operações. “Hoje, alojamos 150 mil alevinos/mês, somando uma produção anual de 1.440 toneladas.”
Depois de uma dura crise hídrica em 2013, a Cardume Brasil se viu obrigada a mudar de Paineiras para Morada Nova de Minas, iniciando a produção em outra região da represa, mais próxima aos rios São Francisco, Pará e Paraopeba.
Já o Grupo Morada Fish foi formado em 2017 por três empresários que se associaram como empresa privada. Em 2021, os sócios apostaram na verticalização com a produção de juvenis em tanque escavado para resolver desafios de sobrevivência dos alevinos à época. Já em 2022, a empresa adquiriu uma unidade de beneficiamento no centro de Morada Nova de Minas. “Hoje, focamos na sustentabilidade e agregamos valor na cadeia”, destaca
Rodrigo Costa, diretor de produção do Grupo Morada Fish e responsável pela unidade de produção de juvenis e uma das unidades de engorda.
Contudo, como uma jornada iniciada em região incipiente, Costa conta que a informalidade do mercado e as oscilações de preço têm sido os maiores obstáculos enfrentados. “A gente tinha muito processamento informal e clandestino, sem referências de preço, além de grandes oscilações, o que nos tornava reféns do humor do mercado. Mas as coisas vêm melhorando.”
Inovação para a expansão
Para a Cardume Brasil, a atenção está voltada para a saúde dos peixes. Conforme Eloi Rodrigues, os produtores de juvenis enfrentam problemas na represa, ocasionando perdas enormes. “Antes era de 10%. Hoje, a gente já perde de 20% a 30% do alevino que se aloja na represa,” conta.
Por isso, ele adotou uma abordagem diferente, investindo na reposição nos próprios tanques-rede. “Continuo comprando 150 mil alevinos que vão
Eloi Rodrigues administra a sua empresa baseado em uma filosofia de trabalho com valores e pilares de sustentação e valorização das pessoas
ficar alojados dentro da água. E a perda que ocorrer, eu vou repor com 33 e 36 mil juvenis de 40 gramas que já chegam mais fortalecidos.”
No caso da Morada Fish, Rodrigo Costa relata que a empresa tem buscado enfrentar seus gargalos com inovação e informação, com técnicas avançadas de produção e controle de qualidade. “Conseguimos desenvolver uns KPIs [em inglês, KeyPerformanceIndicators, que
são indicadores-chave de desempenho observados por um negócio] que ajudam no processo como um todo.” Já a garantia da sanidade dos peixes aparece como consequência da melhora desses processos. “A vacinação é feita em tanques escavados para que os peixes possam chegar já imunizados e fortes na represa.”
Eloi Rodrigues faz questão de que sua empresa tenha ainda um foco rigoroso nos indicadores de desempenho e na margem. A abordagem meticulosa no manejo dos peixes é outro aspecto diferencial para manter o peixe vivo até o abate. “Desse cuidado com a qualidade do peixe, a estabelecemos uma meta de rendimento mínimo de 35%.”
Por sua vez, a sustentabilidade é um dos pilares de atuação do Grupo Morada Fish. Com um manejo cuidadoso da água coletada na represa, Rodrigo Costa detalha que a empresa adota práticas de reciclagem de nutrientes e dos peixes mortos em adubo para o gado. “A adoção desses e outros processos possibilitou um crescimento de volume de produção em cerca de 20% no último ano, com cada unidade de engorda produzindo em média 120 toneladas de tilápia por mês.”
Seminário de Carcinicultura
Palestras abordando a Nutrição, balanço iônico, manejo, genética, custos de produção, mercado, policultivo, mecanização e muito mais, com grandes especialistas da carcinicultura.
Seminários de aquicultura
Renomados especialistas Aqua abordando as oportunidades e as tendências da carcinicultura e da piscicultura no Nordeste
Expocamarão
Feira com a presença das empresas líderes na produção e distribuição dos insumos e serviços indispensáveis ao carcinicultor e ao piscicultor.
Rodrigo Costa, diretor de produção do Grupo Morada Fish, acredita que a sustentabilidade ambiental é parte essencial da missão da empresa Breno Tupy Breno TupyDiferentes perfis de frigoríficos de pescado de Morada Nova de Minas e região abrem novos mercados e levam benefícios econômicos e sociais enquanto enfrentam desafios, como a concorrência clandestina
Texto: Fabi Fonseca | Entrevistas: Breno Tupy (free-lancer)
Agregar valor, garantir a segurança alimentar, promover o acesso a novos mercados e impulsionar o desenvolvimento econômico local são papeis que o beneficiamento e processamento desempenham no desenvolvimento de uma cadeia de proteína animal. E no caso do pescado mineiro em Morada
Nova de Minas e região, esses objetivos não são diferentes.
Porém, em um local que abriga diferentes e diversos frigoríficos - estima-se que sejam mais de 20 estabelecimentos -, as empresas enfrentam obstáculos enquanto compartilham a meta de expandir suas operações para atender à crescente demanda por pescado.
Com apenas sete empreendimentos formais, certificados com o Serviço de Inspeção Federal (SIF) ou selo do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o panorama dos frigoríficos de pescado em Morada Nova de Minas e região revela uma significativa parcela que opera na clandestinidade em pequenas instalações conhecidas como “fundo de quintal” - geralmente, eles comercializam seus produtos para bares e restaurantes de Belo Horizonte. Esse cenário é um desafio para as associações locais e órgãos reguladores, justamente por constituírem uma concorrência desleal em relação aos frigoríficos formais.
Frigoríficos têm agregado valor ao pescado, incentivando profissionalização dos produtores e contribuindo para o desenvolvimento econômico de Morada Nova e região
A Cooperativa dos Piscicultores do Alto e Médio São Francisco (Coopeixe) tem sua sede localizada em Morada Nova de Minas. Fundada em 2007, ela surgiu após o fim de uma das primeiras associações da região e, além de ter sido fundamental para a união e representação dos piscicultores locais, inaugurou ainda o primeiro frigorífico local certificado, em dezembro de 2008. Essa iniciativa, realizada em parceria com a prefeitura local e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), impulsionou a produção de tilápias em Morada Nova de Minas. “Desde a fundação, ela [a cooperativa] vem incrementando o setor e abrindo as portas”, conta José Carlos Marques, membro do conselho de administração da Coopeixe.
Atualmente, o frigorífico da Coopeixe opera em uma área construída de 547 m2 em um lote com mais de 2.000 m2,
Marques revela que hoje, a Coopeixe mantém 21 cooperados, dos quais apenas 7 participam ativamente. Por isso, diante do crescimento do mercado e para atender as demandas, ela por um processo de reestruturação
empregando 54 colaboradores e utilizando tecnologias como esteiras rolantes e balanças eletrônicas para otimizar os processos e aumentar a produtividade.
Levando o nome Morada Nova de Minas para o Brasil
Geograficamente bem próxima à sede da Coopeixe, a indústria de beneficiamento do Grupo Morada Fish foi adquirida em 2022 e desde sua fundação, triplicou sua capacidade de processamento de peixe. “A gente processava 4 toneladas de peixe por dia e hoje, nós estamos com 12 toneladas. Até o final do ano, pretendemos chegar entre 15 e 20 toneladas de peixe por
cooperativa
dia”, revela Rodrigo Costa, diretor de produção do Grupo Morada Fish
Mas apesar de estar localizado em um dos principais polos produtivos de tilápia do Brasil, o frigorífico da empresa enfrenta desafios para se manter em atividade, como a necessidade de qualificação da mão de obra, a informalidade, infraestrutura e a disponibilidade de energia elétrica. “Ainda tem muitos trabalhadores sem condições adequadas de trabalho e sem receber o justo. Por isso, intensificamos o treinamento de pessoas, dando oportunidade para elas”, fala Costa.
Hoje, as vendas do filé de tilápia congelado da empresa são feitas a grandes redes de supermercados que ficam em Minas Gerais, mas a marca já tem presença em Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito Federal.
E se os produtores parceiros da região podem se beneficiar das estruturas do Grupo Morada Fish, no frigorífico da Coopeixe, os peixes dos associados são recebidos, passam por pesagem, abate, filetagem, retirada de couro e espinhos, embalagem, congelamento, pesagem e distribuição ao cliente.
Com um abate diário de 6 toneladas de peixes, a cooperativa almeja expandir essa produção em curto prazo para 10 toneladas de peixe por dia. “Nós ainda queremos continuar aumentando o beneficiamento local do pescado - hoje, apenas 20% a 30% do peixe produzido é processado aqui”, destaca José Carlos Marques.
Já no que diz respeito ao futuro, a Morada Fish também planeja expandir sua capacidade de processamento e construir uma nova planta de beneficiamento. “Vamos levar essa planta até a sua capacidade máxima e construir outra em breve. Para 2024, a gente quer trabalhar um volume entre 15 e 20 toneladas de peixes por dia”, completa Rodrigo Costa.
Pequena estrutura,
O empreendedor e piscicultor
Rodolfo César Cheloni transformou seu sonho em realidade ao inaugurar o Entreposto de Pescado Cheloni Peixe e Cia em abril de 2022, no município mineiro de Felixlândia. O negócio foi o primeiro frigorífico familiar de pescado em Minas Gerais a receber certificações do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI).
Dirigido por ele e sua esposa
Elen, o local abastece consumidores e restaurantes locais, fornece pescado para merenda escolar e ainda colabora piscicultores locais, que carecem de estrutura para processamento.
Atualmente, a dificuldade financeira, especialmente devido aos limites de vendas impostos por programas de apoio à agricultura familiar, é o que tem travado sua expansão. “A saída é o aumento de volume, mas esbarramos nos requisitos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar [Pronaf], que financia toda a estrutura do projeto.”
O entreposto fornece pescado para 13 escolas da rede estadual de Minas Gerais, mas como a venda é limitada a R$ 40 mil mensais para cada município, Cheloni destaca que fica inviável para a sobrevivência do negócio. Por isso hoje, para a expansão do frigorífico, é necessário acrescentar mais famílias ao projeto. “Precisamos que o governo aumente a cota do Programa Nacional de Alimentação Escolar para a proteína animal”, completa.
Casal Cheloni conta que já existe o projeto para expandir o modelo do frigorífico em outras cidades
Ao
olhar o desenvolvimento do pescado mineiro de trás para frente também, encontrase empresas no final da cadeia que focam em tecnologia, novos produtos e alta qualidade, beneficiando produtores, consumidores e a tilapicultura em geral
Odesenvolvimento de uma cadeia de proteína animal, como a do pescado, é complexo e envolve uma série de desafios e considerações. Com empresas contribuindo de maneiras diferentes, o desenvolvimento da tilapicultura em Minas Gerais acontece quando os modelos de negócios aproveitam oportunidades e também são pensados “de trás para frente”.
Na região, enquanto a Inproveter foca na produção de rações de alta qualidade e tecnologia, a Bem Fresco trabalha com distribuição de pescado de olho no aumento do consumo para fortalecer a cadeia produtiva como um todo.
Em maio de 2018, os aumentos persistentes no preço do diesel desencadearam uma paralisação dos caminhoneiros em 24 Estados do Brasil, evento esse que marcou também o momento inaugural da entrada da Inproveter no mercado de nutrição para peixes.
“Com a greve dos caminhões, as rações de peixe de outras indústrias passaram a não chegar à represa de Três Marias por um período de 10 a 15 dias. E como nosso acesso era mais fácil para entregar lá, o pessoal [produtores] nos descobriu aqui. Então, aproveitamos”, lembra Eduardo Franco Amaral, médico veterinário, proprietário e diretor geral da empresa.
Especializada no desenvolvimento de produtos veterinários com foco na nutrição animal, a Inproveter está localizada na cidade de Bom Despacho (MG), a aproximadamente 160 km de
Morada Nova de Minas. “Adquirimos a empresa em 1992 como uma fábrica de sal mineral e na época, vimos a oportunidade de ingressar no segmento de rações extrusadas para pets. Em 1998, inauguramos a primeira extrusora nesse
segmento e em 2002, expandimos essa fábrica. Já em 2017, inauguramos uma nova unidade com 90 mil m2”, conta.
Naquele mesmo ano da inauguração da nova unidade da empresa, a tilapicultura já estava avançando para a represa de Três Marias. Logo, a proximidade com a região motivou a decisão de deixar a unidade anterior exclusivamente para a produção de rações para tilápia.
A Bem Fresco se beneficiou dessa expansão do pescado na região, mas enxergando uma oportunidade de transformar a indústria pesqueira começando pela visão do consumidor. “Por que comemos tão pouco pescado, sendo uma proteína tão consumida no mundo e com tantos benefícios para a saúde?” Essa foi a pergunta inicial que,
Bem Fresco tem uma linha completa de pescado: Tilápia, salmão, camarão, piramutaba, além de outros que estão sendo desenvolvidos, como a linha Amazônia e uma linha de empanados
como explica Rafael Alvarenga Rocha, Diretor Comercial e de Marketing da Bem Fresco, deu origem, no ano de 2017, à empresa.
A distribuidora de pescado foi criada em parceria entre um sócio com experiência no varejo alimentar e o outro em consultoria de gestão. “A gente começou no ponto de venda, na marca e na ativação. Gosto de falar que nascemos de trás para frente. Todo mundo primeiro coloca o peixe na água e vê o que vai fazer. A gente não”, pontua. Atualmente, Rocha destaca que a empresa tem se dedicado ao desenvolvimento da aquicultura de pequena escala em Minas Gerais, promovendo parcerias com produtores locais e valorizando a produção regional.
Em crescimento
A evolução da tilapicultura em Morada Nova de Minas e região tem possibilitado a expansão das empresas, o que resulta em benefícios para o próprio mercado. Na Inproveter, por exemplo, tecnologias aplicadas facilitam o manejo do piscicultor, economizando mão de obra. “Fomos a primeira empresa a implantar a granulada, através de granel, na região de Morada Nova de Minas, o que facilita o manejo do piscicultor e economiza na mão de obra”, conta Eduardo Franco Amaral.
Com capacidade de produção
Inproveter possui frota própria com 90 caminhões para a distribuição das rações para peixes. Hoje, 70% da venda dessas rações é a granel e o restante é comercializado em sacos de 25 kg
de 5 mil toneladas/mês, na unidade que produz exclusivamente a ração para peixes, a produção atual é de 15 toneladas por hora - e deverá chegar a 20 toneladas por hora até o final deste ano.
Já o crescimento da Bem Fresco tem mirado nas indústrias menores de pescado. Para englobar esse público, a empresa criou a marca Q-Pescado que, segue padrões de exigência distintos da linha Bem Fresco.
Ainda segundo Rocha, o papel da Bem Fresco é chamar a atenção para o consumo como motor do crescimento da categoria e não somente a produção. “Os dados mostram, inclusive em estudo divulgado pela Seafood Brasil, que o consumo médio de pescado do Brasil é bem abaixo da média mundial e do recomendado pela FAO/ONU. Além disso, Minas Gerais e Paraná têm os menores consumos per capita do País, mesmo sendo os grandes produtores. Esse é um tema pouco falado na cadeia, mas os números são alarmantes, enquanto a produção cresce constantemente”, reflete.
Sendo assim, o aumento do consumo de pescado e do ponto de vista da distribuição é desafiador. Os custos comerciais, de logística, de armazenagem, dentre outros, são altos e a infraestrutura ainda não é a ideal. “Estamos lidando com isso de duas formas: gestão e parcerias”, diz Rocha. E para a empresa continuar
crescendo mais de dois dígitos por ano, como acontece desde a fundação, ele revela que o foco está no aumento de eficiência operacional, gestão, ativações constantes ao longo de todo o ano e parcerias com diversos setores. No caso da Inproveter, para o diretor geral da empresa, o diferencial é ter um departamento técnico todo estruturado e um rigoroso controle de qualidade da matéria-prima. E nesse caminho de expansão do pescado mineiro, o desenvolvimento a tecnologia em todos os setores é determinante. “Quando se tem tecnologia, o rendimento e a capacidade de produção são muito melhores”, finaliza Amaral.
de ser a distribuidora oficial dos pescados. Ela ainda possibilita a distribuição de outras
e
A oferta de peixes, crustáceos e moluscos
Crédito das fotos: Divulgação/Empresas
Para se esbaldar de tilápia
A Quaresma foi o empurrão que a Copacol precisava para apostar na tilápia no balde, novidade da empresa que promete agradar a todos os paladares que buscaram por opções inéditas para a Páscoa (e depois dela).
A empresa conta que o novo produto é feito com filé de tilápia, empanado em farinha milanesa especial e frito na gordura vegetal. O lançamento pode ser encontrado em duas opções de tamanhos: de 250 g e 400 g, ambos ideais para atender reuniões de família ou para quem prefere a porção individual.
Busca um atum com uma qualidade acima da média? Então os Filés de Atum Super Premium da Gomes da Costa prometem entregar aquilo que você está procurando. Disponibilizados em embalagens de vidro, os filés são produzidos de forma artesanal a partir das partes mais nobres do peixe. Ainda segundo a empresa, todos os filés são feitos com cortes especiais e passam por um processo de cozimento que garante maciez, suculência e sabor. Por fim, o produto é disponibilizado em duas versões: pimenta jalapeño com azeite de oliva extra virgem; e somente com azeite de oliva extra virgem.
Depois de 9 meses
você vê o resultado
Da espécie Gadus morhua, os lombos de bacalhau da Caxamar, empresa portuguesa em expansão no Brasil, foram pensados para quem busca praticidade e sabor no mesmo produto. Mantidos por 9 meses em cura, os lombos são derivados de um corte transversal da parte anterior do peixe, o que contribui com seu sabor que perdura no paladar do consumidor. Pré-embalados em caixas de cartão, o produto é disponibilizado em embalagens de 1 kg com três unidades de lombo cada.
Buscando trazer uma opção saborosa e criativa para aquelas pessoas que não dispensam um bom petisco, seja em casa, no bar ou em uma reunião com os amigos, a C. Vale traz os petiscos de tilápia. Com embalagens de peso líquido de 500 g, o produto é disponibilizado com cada pedaço congelado individualmente, tudo para garantir o sabor e a textura do pescado. Ainda de acordo com a empresa, os petiscos são feitos com a barriguinha da tilápia e levados à gôndola de forma in natura.
Sem trabalho para comer
Camarões meticulosamente eviscerados. É isso que os camarões Tail Off da Camanor buscam trazer ao prato dos clientes. A empresa conta que todos os camarões são submetidos a um rigoroso controle de qualidade e são reclassificados em
cada etapa do processo, além de seguirem a Escala Internacional de Classificação, onde a unidade de medida é a quantidade de peças/Libra –no caso, 454 g. Por fim, a Camanor destaca que seus camarões não usam glazing ou conservantes artificiais.
Recheado sem moderação
O bolinho de bacalhau é a aposta da Frumar para fisgar o paladar de quem gosta deste pescado. No caso deste produto, o destaque é a porcentagem de bacalhau que os bolinhos possuem: 70%, o que promete agradar os paladares que gostam de pratos bem recheados. Ainda segundo a empresa, o produto é disponibilizado de forma individual em bandejas de 300 g, com 12 unidades de bolinhos cada embalagem ou caixas com 12 bandejas.
A Swift foi buscar na Patagônia chilena uma novidade para os consumidores que gostam, de diversificar seu paladar com o pescado: o filé de truta. Da mesma família que o salmão, o produto é da espécie arco-íris criada nas águas geladas do mar da Patagônia. Reconhecido por suas excelentes qualidades nutricionais e sabor inigualável, o filé de truta da Swift é disponibilizado em embalagens de 600 g e é indicado para ser feito de forma grelhada com a própria pele.
A nata do bacalhau
Parte da coleção “Linha Chef pra Família”, o bacalhau em natas foi o destaque da Frescatto para a Quaresma. Preparada com bacalhau Gadus Morhua, o produto fica pronto de 10 a 15 minutos quando levado ao forno e conta
com tempero naturais, além de uma cuidadosa seleção de ingredientes como creme de leite, batata gratinada e queijo parmesão. Podendo servir até duas pessoas, o bacalhau em natas vem em embalagens de 850 g e é cozido com o método sous vide, cozimento à vácuo, lento e em baixa temperatura que confere suculência e preserva todo o valor nutritivo do peixe.
A DellMare promete oferecer a seus consumidores uma refeição saborosa e especial em poucos minutos com seu risoto de camarão. Com ingredientes separados em pacotes de forma individual, cada um pode ser preparado no micro-ondas ou em banho-maria para que assim, o consumidor possa desfrutar o produto sem abrir mão do seu tempo. Por fim, o risoto de camarão é disponibilizado em embalagens de 340 g.
Embora o valor de comercialização não tenha sido dos melhores para todos, as vendas de pescado durante a Quaresma e Semana Santa de 2024 mantiveram uma tendência positiva e garantiram resultados satisfatórios
Texto: Fabi Fonseca
Osetor enfrentou mais uma vez o desafio anual de atender à demanda crescente de pescado durante a Quaresma e a Semana Santa. No entanto, as celebrações do período continuam a desempenhar um papel fundamental ao impulsionar a produção e as atividades comerciais, conectando tradição, consumo e economia local.
Os produtores, importadores e comerciantes já haviam revelado que
estavam se preparando para enfrentar o período com o otimismo em alta. Neste ano, no caso da produção, no geral, a comercialização foi satisfatória, embora os preços pagos ao produtor tenham deixado a desejar em algumas regiões, com algumas espécies destacando-se mais do que outras. Já as importadoras não lamentaram o faturamento que foi superior ao visto em 2023.
Entretanto, desafios comuns do período voltaram a acontecer, com grande parte deles ocasionados pela
tradição cultural, condições climáticas, econômicas locais, morosidade e burocracia para a obtenção de licenças e autorizações.
Peixe no prato
Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), relata que as vendas dos peixes de cultivo na Quaresma e Semana Santa deste ano foram boas, assim como os preços pagos ao produtor. “Tivemos um aumento médio de 30%
[nas vendas] em relação aos meses anteriores”, diz. Entretanto, ele destaca que aos poucos, o perfil do período vai tomando outros contornos, ocasionado sobretudo pelo aumento contínuo na participação da tilápia, em detrimento dos peixes nativos, às preferências do mercado e à logística de comercialização.
“[Na Quaresma] mais de 80% da produção de peixes nativos é comercializada fresca nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste em mercados e feiras. Com a redução da produção de peixes nativos no Brasil, que em 2023 foi de 1,3%, a cada ano, temos uma Quaresma vendendo menos peixes do que no ano anterior”, diz Medeiros. Conforme ele, o importante dos peixes nativos é que ainda tem grande parte da comercialização da produção direcionada ao período. “Faz que tenhamos aumento de até 100% em algumas praças.”
No caso da tilápia, com exceção do Nordeste, onde a venda em feiras livres é maior, hoje, mais de 60% da comercialização é de filé destinados a supermercados e ao food service nas
demais regiões do País. “Este cliente compra e entrega antecipadamente, pois o produto é congelado e permite essa venda e logística. Além disso, a tilápia é a proteína animal que
Exija do seu fornecedor a qualidade dos produtos Natubrás
o ambientemeio
Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.
mais cresceu no Brasil nos últimos 10 anos, o que traz um pico de venda na Quaresma. No entanto, não temos quedas significativas após este período, o que leva a uma venda mais regular o ano todo”, analisa Medeiros.
Para Emerson Esteves, presidente da Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (PeixeSP), embora a região esteja sempre em destaque com grandes empresas que se planejam o ano todo para atenderem a demanda do período, o balanço regional no cenário de 2024 apresentou alguns desafios: o volume de comercialização subiu cerca de 30%, mas os valores de venda foram ruins em comparação a 2023. “Tivemos uma Quaresma com muita oferta de peixe. Logo, os preços caíram já na préQuaresma e se mantiveram até o presente momento com quedas semanais.”
Segundo Esteves, ao fazer um balanço de 2023 versus 2024, o produtor fica assustado com quedas de preço acima de 15%. “Ou seja, mais de R$ 1,50 por quilo comparado com a Semana Santa de 2023. Como as margens se estreitaram bastante, muitos produtores repensaram os planejamentos da próxima safra”, completa.
A comercialização do camarão vannamei neste ano começou aquecida em janeiro, mas os preços oscilaram no primeiro trimestre de 2024, com aumento nas buscas por camarões de 10 g e 20 g, como revela Itamar Rocha, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). “Na verdade, embora a demanda tenha se mostrado aquecida e, de forma surpreendente, para as gramaturas acima de 20 gramas, no mesmo período de 2023, os preços variaram de R$ 21,50 em janeiro, R$ 21,65 em fevereiro e R$ 20,33 em março”, explica.
Conforme ele, o volume estimado de vendas entre o consumo local nos Estados produtores e nacional foi de 25 mil toneladas, com preço médio de R$ 25 kg (inteiro) e resultando num valor estimado de R$ 625 milhões. “Na
na forma de filé / congelado e 60% como camarão inteiro, fresco
verdade, as expectativas de elevação dos preços nas festividades, não foram atendidas. No entanto a demanda se manteve aquecida e, quando se tem presente a queda de preços no mercado internacional, associado a generalizada crise da economia mundial, os preços praticados no mercado interno brasileiro estão bastantes competitivos”, finaliza.
Importadores e seus gargalos
No cenário da comercialização de pescado deste ano, as empresas associadas à Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (Abrapes) tiveram aumento no faturamento em comparação com o ano anterior. Mesmo sem revelar o número, este crescimento, segundo o presidente da entidade Julio César Antônio, reflete a contínua adesão à tradição, com um consumo robusto de uma variedade de pescado, incluindo frescos, congelados, salgados e secos. Entretanto, Antônio sinaliza que o salto poderia ter sido maior, mas a proximidade da Quaresma com
Em análise econômica mais ampla, mesmo com a Quaresma e a Semana Santa, a inflação do Brasil desacelerou em março, registrando alta de 0,16%, 0,67 ponto percentual (p.p) menor que em fevereiro, quando marcou 0,83%. Entretanto, o pescado teve aumento nos preços no período.
Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, a inflação do setor atingiu 1,73% em março, contribuindo para uma elevação anual de 3,53%, com uma variação acumulada nos últimos 12 meses de 3,87%. Os dados são baseados na comercialização em domicílio, ou seja, valores praticados geralmente no varejo.
De acordo com o estudo, apenas cinco das 22 espécies analisadas não apresentaram aumento em seus preços durante o período. Entre as espécies que registraram deflação, destacam-se o peroá (6,71%), dourada (4,80%) e o filhote (2,25%). Por outro lado, entre as maiores altas de inflação, a corvina liderou o ranking (6,50)%, seguida pela palombeta (5,78%) e cavala (4,19%).
Já o Consumo nos Lares Brasileiros em março também foi diretamente influenciado pela Quaresma e a Semana Santa. Segundo a Superhiper, o mês registrou alta de 8,85% na comparação com fevereiro – maior resultado para o mês de março desde 2021. Na comparação interanual, o indicador saltou 3,13%. No trimestre, o consumo acumula alta de 2,04% – patamar próximo das projeções do setor para 2024, de 2,5%.
As espécies mais procuradas foram commodities de importação como panga, merluza, cação e sardinha, juntamente com os clássicos bacalhau e salmão
o início do ano e sua ocorrência no último final de semana do mês contribuíram para limitar o potencial de crescimento. Fora isso, as importadoras enfrentaram dificuldades para a liberação de containers, principalmente pela operação padrão do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). “Hoje, contamos com apenas um laboratório credenciado para o escopo completo de análises de pescado, o que gera entraves, onera a operação e causa um efeito cascata para importadores e transportadoras”, analisa.
Outro obstáculo foi a burocracia associada à importação do cação azul (Prionace glauca) desde sua inclusão no Anexo II da lista de animais protegidos pelo Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), fazendo com que a espécie passe a ser comercializada globalmente apenas se tiver certificado emitido pela autoridade ambiental de cada país.
Além disso, Antônio observa que os procedimentos morosos para obtenção de licenças e autorizações, além de falhas de comunicação que culminaram na suspensão temporária da emissão de licenças para produtos de Taiwan, geraram insegurança e reduziram as importações. “Sendo o cação muito comercializado no Brasil, não podemos permitir que a entrada na CITES signifique uma queda drástica do comércio.”
Uma apuração feita por nossa equipe revela como as vendas na Quaresma e a celebração da Semana Santa impulsionaram feirões e feiras de pescado em diferentes regiões do País. A variedade de resultados refletiu não apenas a tradição cultural, mas também as condições climáticas e econômicas locais.
Em Campos dos Goytacazes (RJ), o portal da prefeitura conta que em 3 dias, a Feira do Pescado, realizada na Semana Santa, comercializou 8 toneladas de peixes e frutos do mar, totalizando R$ 230.795,00, segundo balanço final divulgado pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca.
No Pará, a Agência do Estado destaca que a tradicional Feira do Pescado, nos 5 pontos de venda na Região Metropolitana de Belém e em mais de 50 municípios no interior, atendeu às expectativas da organização: o balanço parcial é a comercialização de cerca de 10 toneladas de pescado, com a previsão geral de mais de 100 toneladas em todo o Estado.
Já na cidade de São Paulo, especificamente no bairro da Vila Leopoldina, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) retomou a Santa Feira do Peixe após 4 anos e, em 3 dias de evento, comercializou quase 30 toneladas de pescado. No atacado, a alta em março foi de 52% em relação aos meses anteriores de 2024 e na Páscoa, a alta das vendas foi de 2,2% quando comparada ao desempenho do ano passado.
Já em Caraguatatuba (SP), a Tamoios News contou que a feira local registrou um aumento na venda de peixes no Entreposto de Pesca do Camaroeiro entre 40% e 50% na Semana Santa. A procura estava relacionada, principalmente, à alta no preço do bacalhau, que fez com que os consumidores optassem por opções como a corvina, pescada, cação, robalo e linguado para variar o cardápio.
No entanto, nem todas as cidades testemunharam um crescimento robusto nas vendas. Em Pelotas (RS), no Sul do Brasil, o Diário Popular informou que de acordo com dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), a comercialização de peixes em geral foi 21,56% inferior e, a de camarão, 96,25%. As condições climáticas desfavoráveis, incluindo chuvas abundantes que afetaram a salinização da Lagoa dos Patos impactam o volume de camarões e peixes, contribuíram para esse declínio nas vendas.
sabor
Essa espécie se destaca pela cor vermelha vibrante de sua carne, mais intensa que a de outras espécies de salmão. Coho tem tons acima de 28 na escala SalmoFan, dando-lhe uma aparência única.
O salmão coho é rico em gorduras anti-inflamatórias, minerais e ômega-3. O consumo de ômega-3 ajuda a manter a saúde cardiovascular e melhora a função cerebral e ocular.
Tem um sabor mais suave do que o Salmão Salar e Sockeye, tornando-se uma excelente alternativa para todos os tipos de paladares.
A textura excepcional do salmão Coho o torna ideal para todos os tipos de ocasiões e preparações.
A produção de peixes no Brasil registra novo crescimento em 2023, com a região Sul liderando esse progresso seguida de perto pelo Nordeste e Sudeste
A tilápia novamente se destaca como a espécie principal, com os peixes nativos registrando uma produção ligeiramente menor devido a alguns desafios e as outras espécies apresentando sinais de evolução em algumas regiões do País
Texto: Fabi Fonseca
Oano de 2023 para a produção de peixes no Brasil foi marcado por problemas climáticos e sanitários, mas também por preços firmes pagos ao produtor. Diante deste cenário, a piscicultura nacional mostrou toda a sua resiliência e força ao atingir a marca de 887.029 toneladas de peixes de cultivo, registrando um crescimento de 3,1% em relação ao ano anterior,
conforme o Anuário 2024 da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) divulgado no final de fevereiro.
A região Sul (296.200 toneladas) lidera com folga a produção nacional de peixes de cultivo, representando 33,4% do total. Em seguida vêm o Nordeste (170.933 toneladas), com 19,3%; Sudeste (165.950 toneladas), com 18,7%; Norte (143.096 toneladas), com 16,1%; e Centro-Oeste (110.850 toneladas), com 12,5%. Todas as regiões
cresceram em 2023, exceto o Norte, com recuo de 1,5%. Os destaques aqui ficam para a região Sul, que incrementou o cultivo em 7,4%, e o Sudeste, com aumento de 4,1%.
Segundo o levantamento, a queda na região Norte deve-se às questões ambientais e à falta de planos de governo estruturados para apoio à atividade, além da questão climática, que foi um fator importante no ano passado.
Entre os Estados, a queda da produção ou baixa taxa de crescimento em outros importantes centros fornecedores de tilápia, aqueceram o mercado do Paraná, principalmente na Região Oeste, onde se localiza a maior produção do Brasilo Estado ainda lidera o ranking de peixes de cultivo no Brasil totalizando 213.300 toneladas em 2023.
Em seguida, São Paulo, que somou 82.400 toneladas, teve queda de 1,2% no período cuja produção caracterizou-se majoritariamente em tanques-rede nos lagos de hidrelétricas e dominado por empresas verticalizadas na produção de tilápia.
Já na terceira posição, Minas Gerais saltou 12,6% em relação a 2022 e somou 61.600 toneladas de peixes de cultivo no
ano passado. Conforme o levantamento, o Estado tem um dos melhores arranjos produtivos da piscicultura do Brasil, mais especificamente na região de Morada Nova de Minas (veja mais na matéria de Capa na página 40). Outras regiões, como Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, começam a trilhar o mesmo caminho.
1 Paraná 187.800209.50011,6%5.3002.500-52,8%1.0001.30030%194.100213.3009,9%
2 São Paulo77.30075.700-2,1%4.9004.600-6,1%1.2002.10075%83.40082.400-1,2%
3 Minas Gerais51.70058.20012,6%2.2002.50013,6%80090013%54.70061.60012,6%
4 Rondônia
5 Santa Catarina42.50044.6004,9%3.2003.000-6,3%8.6008.500-1%54.30056.1003,3%
6 Maranhão5.2005.000-3,8%39.10038.343-1,9%6.0005.800-3%50.30049.143-2,3%
7 Mato Grosso 4.1004.000-2,4%38.00040.5006,6%700400-43%42.80044.9004,9%
8 Mato Grosso do Sul 32.20032.000-0,6%2.1001.900-9,5%15020033%34.45034.100-1,0%
*Carpas, trutas e/ou pangasius, principalmente
Liderança absoluta
No ano passado, a tilápia foi novamente a espécie que mais se destacou na produção nacional, totalizando 579.080 toneladas, representando 65,3% do total produzido - nos últimos 10 anos, a produção da espécie no Brasil saltou de 285 mil toneladas para 579 mil toneladas, registrando um aumento de 103%.
“A tilápia ganha participação no mercado devido ao interesse crescente dos consumidores, o que faz a piscicultura responder com maior produção. A espécie já está presente nos cardápios de todo o País, mesmo na região Norte, onde não é cultivada. Contribui ainda para o aumento da produção e da demanda a qualidade da tilápia brasileira, indiscutivelmente uma das melhores do mundo em
2.1502.000-7,0%
1.280990-22,7%
termos de sabor, suculência e saudabilidade”, ressalta Francisco Medeiros, presidente da PeixeBR. Neste contexto, o Paraná lidera o cultivo de tilápia no País com 209.500 toneladas, com a produção no Estado crescendo 11,5% em relação a 2022 (187.800 toneladas). Em seguida, São Paulo totalizou 75.700 toneladas, mas a produção local caiu 2% em 2023.
Entre os cinco maiores Estados produtores da espécie, destaque para Minas Gerais (58.200 toneladas), que teve aumento de 12,6%. Fecham a lista Santa Catarina (44.600 toneladas), Mato Grosso do Sul (32.000 toneladas) e Pernambuco (32.000 toneladas), em 2023. Apesar do desempenho positivo em mais um ano, Medeiros ressalta que no ano passado, a tilápia cresceu, mas pouco em comparação aos últimos 9 anos - ocasionada, sobretudo, a problemas sanitários responsáveis pela redução da produção de alevinos e aumento da mortalidade no campo, principalmente no cultivo em tanquesrede. Porém, o setor reagiu e novas unidades de produção, com sistemas mais rigorosos de biossegurança,
além de programas de vacinação mais robustos, proporcionaram já no último trimestre do ano passado uma oferta regular de alevinos. Os juvenis, porém, essenciais para quem produz em tanquesrede, não atenderam à demanda.
O levantamento da PeixeBR mostra ainda que a tilápia é a proteína animal cujo consumo mais cresceu na última década, passando de 1,47 kg/hab/ano para 2,84 kg/hab/ano, um crescimento de 93%. Já nos peixes de cultivo, o consumo per capita foi de 3 kg/hab/ano para 4,35 kg/hab/ano.
Nativos em alerta
Por sua vez, os peixes nativos contribuíram com 263.479 toneladas de peixes produzidos no Brasil em 2023, desempenho esse 1,3% inferior ao ano anterior (267.060 toneladas)
“Não se pode dizer que o resultado do cultivo de peixes nativos no ano passado foi positivo, mas também não foi tão negativo”, comenta Francisco Medeiros. Conforme ele, o resultado foi impactado por problemas fora da cadeia produtiva. “Falta maior atenção das autoridades estaduais, que precisam priorizar essa atividade tão importante para as economias locais, além de gerar centenas de milhares de empregos. A questão ambiental é prioritária, assim como é necessário definir e levar adiante um modelo de negócios atrativo para o investimento da iniciativa privada. Exemplo disso é que os Estados que estão nesse caminho, apresentam melhor desempenho”, analisa.
Sendo assim, a categoria também enfrentou os mesmos problemas dos anos anteriores: “Baixo nível de industrialização e ainda um nível indesejado de comercialização irregular, mas com uma vontade imensurável dos produtores e empresários em fazer acontecer”, completa Medeiros.
Segundo o presidente da PeixeBR, este foi o sexto ano que a categoria teve queda na produção, desempenho ocasionado, sobretudo, por muita informalidade em um cenário onde mais de 60% da região não tem serviço de inspeção.
Aqui, é importante lembrar que os peixes nativos estão, prioritariamente, na região Norte: Rondônia é o maior produtor (56.500 toneladas), porém teve queda em 2023 (-1,2%). Já entre os cinco maiores produtores, somente Mato Grosso teve ligeiro aumento da produção - além de Rondônia, Maranhão, Pará e Amazonas tiveram recuo.
Outras espécies em evolução
As outras espécies (carpa, truta e pangasius) atingiram 44.470 toneladas do total de produção de peixes no Brasil em 2023. “Este é um nicho liderado por carpas e trutas, espécies de regiões mais frias. A notícia positiva é o crescimento da produção de pangasius, especialmente em Estados da região Nordeste, como Maranhão e Piauí”, informa o presidente da PeixeBR. Segundo ele, ainda é importante destacar que estão em andamento conversações no Ibama em relação à regularização da criação de pangas no Brasil.
Já o Rio Grande do Sul, com 17.000 toneladas em 2023, lidera o cultivo dessas espécies, seguido por Santa Catarina, Maranhão, Piauí e São Paulo. Entre os cinco Estados, dois apresentaram queda da produção de outras espécies (SC e MA), dois tiveram alta (PI e SP) e um estabilidade (RS), como mostra o quadro geral.
Neste ano, a estatística de produção de peixes de cultivo no Brasil elaborada pela PeixeBR completa 10 anos (2014 a 2023), mesmo tempo de existência da entidade. Nesse período, o cultivo saltou de 578.800 toneladas para 887.029 toneladas, um crescimento de +53,25%. Já a média de crescimento anual é de 5,325%.
Conforme a PeixeBR, considerando que as exportações ainda são pouco representativas – apesar de em crescimento –, o aumento da oferta representa elevação direta do consumo interno. Atualmente, segundo a publicação, o brasileiro consome 4,35 kg de peixes de cultivo por ano.
As exportações, conforme a associação, também cresceram. No total, o País comercializou 6.815 toneladas de peixes de cultivo – com liderança expressiva da tilápia – e receita de US$ 24,7 milhões. Esse resultado é 4% superior ao obtido em 2022, como mostra o relatório da Embrapa Pesca e Aquicultura, elaborado para a PeixeBR.
Legado deixado pelo empresário Abilio Diniz mostra a forma que o varejo pode atuar como parceiro daqueles que querem ter uma vida mais saudável
Como a preocupação de um dos maiores empreendedores brasileiros com a saúde – a dele e a de seus clientes –, Abilio Diniz deixou uma herança que auxiliou no desenvolvimento do mercado de varejo e do pescado em todo o País
*Até o fechamento dessa matéria, o Grupo Pão de Açúcar não respondeu as nossas solicitações de entrevistas, mas contribuiu com fotos usadas nesta matéria.
Texto: Mariana Naviskas (free-lancer)
Abilio Diniz , um dos maiores empreendedores brasileiros, que morreu em 18 de fevereiro de 2024 aos 87 anos, costumava dizer que desde os 29, já se preparava para os 80. Coincidência ou não, foi bem nessa época que o empresário, conhecido por sua atuação à frente do Grupo Pão de Açúcar (GPA)* , ouviu de um cardiologista, após crises de stress e dores no peito, que poderia
ter problemas cardíacos se não começasse a cuidar direito da saúde.
A partir disso, uma alimentação saudável e equilibrada, bem como a prática de exercícios físicos, tornaram-se prioridades na vida de Diniz, passando a pautar também diversas decisões do empreendedor ao longo da carreira. E por conta dessa sequência de fatos, hoje, o setor de pescado – e de perecíveis como um todo – tem muito a agradecer àquele cardiologista que previu os problemas que Diniz poderia ter.
As lojas do Grupo Pão de Açúcar investem em técnicas de armazenamento e logística para garantir atratividade aos perecíveis
O papel social do supermercado
Não foi à toa que o empresário conseguiu transformar uma empresa familiar em um gigante do varejo brasileiro – Diniz foi um visionário, conhecido por sua capacidade de liderar e inovar. Desde o começo de sua carreira, o paulistano possuía uma visão holística sobre o papel do supermercado na vida das pessoas, entendendo que oferecer produtos frescos e de qualidade não era apenas uma estratégia comercial para a fidelização, mas também uma responsabilidade social e de saúde pública.
Com essa visão em mente, o Grupo Pão de Açúcar passou a investir de forma significativa no mercado de perecíveis. Afinal, para Diniz, esses alimentos eram essenciais para uma dieta equilibrada e, consequentemente, para o bem-estar dos clientes.
Até então, os supermercados não consideravam tão atrativas as áreas de bancas de frutas, legumes e verduras, além dos setores de carnes e peixes. Por esse motivo, antigamente, esses itens eram mantidos nos fundos das lojas, algumas vezes sem os cuidados corretos para manutenção do frescor e atratividade dos produtos.
Acervo/Meg C. Felippe
Especialista em pescado, Meg C. Felippe atuou por 18 anos no GPA e 4 anos no Carrefour
No entanto, Abilio Diniz fez exatamente o oposto: ele foi um dos primeiros a dar protagonismo aos perecíveis quando compreendeu o deslumbramento que esses produtos poderiam ter no varejo, implementando ainda técnicas de armazenamento e logística para assim, garantir qualidade e frescor nas prateleiras. Prova disso é que hoje em dia, na rede Pão de Açucar, a “feira” é uma área nobre, colorida, quase sempre logo na entrada do supermercado.
Pedro Pereira, que atualmente é gerente de negócios da Opergel Alimentos, trabalhou no Grupo Pão de Açúcar entre 2003 e 2012 e conta um pouco de sua experiência com o empresário. “Tive a honra de trabalhar no GPA durante 9 anos e, durante esse tempo, pude ouvir o Abilio na famosa ‘Reunião Plenária’ que realizávamos toda segunda-feira pela manhã. Era uma verdadeira aula, uma lição de varejo e um enorme aprendizado de gestão e estratégia empresarial”, relembra.
Segundo ele, o empresário sabia exatamente a importância dos perecíveis como ferramenta de diferenciação social e fidelização dos clientes. “Ele era um grande incentivador dos produtos frescos, saudáveis, alinhados a sua forte vertente esportista e sua constante preocupação com saúde.”
O GPA foi responsável por criar o primeiro centro de recepção de pescados no varejo, que garantiu a possibilidade de os supermercados receberem pescados diretamente do produtor
Uma herança ao perecível e pescado no varejo
Ainda pensando no apreço de Abilio Diniz pelos perecíveis, vale lembrar que a história do Grupo Pão de Açúcar nasceu de uma vertente, digamos, doce: a Doceria Pão de Açúcar, uma pequena loja familiar fundada pelo pai de Abilio, Valentim dos Santos Diniz, em 1948. “Com isso, já podemos imaginar o carinho dele pelos produtos frescos das lojas”, observa a hoje diretora da Frescatto Company, Meg C. Felippe, que atuou por 18 anos no GPA e 4 anos no Carrefour.. “É incrível pensar em tudo que foi feito neste departamento. O GPA inúmeras vezes convidou as diferentes cadeias produtivas a darem saltos em sua qualidade, em sua forma de produzir e em sua forma de comercializar [devido à atuação inovadora de Abilio no varejo]”.
De acordo com a diretora, que fez parte da criação da área de Desenvolvimento de Perecíveis no grupo, foram muitas as conquistas garantidas pelo GPA ao setor e que ficou de legado para todo o varejo brasileiro. “Para você
ter uma ideia, nós pegávamos na mão dos fornecedores para implementar as melhorias, criar controles, rastreabilidade, estimular as certificações, entre outras coisas. Tudo era feito para garantir a qualidade dos produtos.”
Quando começou a trabalhar no Grupo Pão de Açúcar, no início dos anos 2000, a intenção de Felippe, que é médica veterinária sanitarista, já era atuar no setor de pescado. “Encontrei um universo bastante inconsistente. Na época, os produtos congelados eram comercializados a granel, com bastante glazing e constante troca ou mistura de espécies. O produto fresco era entregue direto nas lojas e transportado em Kombis sem refrigeração, por vezes sem gelo”, relembra. À época, a regulamentação, relata a diretora, era insuficiente ou inexistente e as redes de varejo eram obrigadas a criar suas próprias regras e não comprar mais de fornecedores que não aceitassem segui-las.
Ali já entrava em cena o pioneirismo de Diniz, do GPA e a herança que eles começaram a construir para o pescado: devido a todo
seu interesse e conhecimento no setor de peixaria, Felippe acabou sendo convidada pela equipe da Cadeia de Suprimentos para realizar um estudo sobre possibilidades de centralizar o recebimento e a distribuição do pescado fresco na companhia. “Aquilo soou como música, aqueceu meu coração. Já nessa época, era apaixonada pelo pescado e com esse convite, me senti livre para mudar a história da comercialização dentro da líder do varejo”.
Foi feito, então, um projeto piloto desse novo modo de distribuição para a bandeira Extra que, em poucos meses, se mostrou um sucesso. Com isso, Abilio e toda a diretoria executiva do GPA aprovaram um investimento para centralizar 100% do pescado fresco no GPA, em toda a região Sudeste e parte do CentroOeste. “Para conseguir isso, exigimos muitas mudanças no modus operandi da cadeia e nem todos ficaram felizes. Mas o cliente, sem dúvida, ganhou muito: em qualidade, em preço, em conservação e em sortimento. É um orgulho gigante ter feito parte disso”, vibra Felippe
Além desta grande alteração no modo de vender pescado iniciada por Diniz, segundo Felippe, há também outras conquistas para o setor que foram capitaneadas pelo empresário: a fabricação própria de sushi, a briga travada com o excesso de glaciamento, a formalização das espécies e o filé fresco, de peixe branco e sem espinho, pronto para comercializar. “Tudo isso é fruto do olhar vanguardista de Abilio.”
O presidente do Sindicato da Indústria da Pesca no Estado de São Paulo (Sipesp), Roberto Imai, endossa a opinião de Meg Felippe. “Com o GPA, foi criado o primeiro centro de recepção de pescados no varejo, que garantiu a possibilidade de os supermercados receberem pescados diretamente do produtor, de diversos tamanhos, encurtando assim a cadeia até o
consumidor final. E tudo isso foi graças à visão e a atitude de Abilio Diniz.”
Ele conta ainda que o GPA investiu na profissionalização do setor de pescado, com recursos para capacitação de equipes. “O grupo também foi um dos primeiros a desincentivar a prática do glaciamento como fator de competitividade, entre outras ações que revolucionaram o varejo de pescados no Brasil. Talvez, esse tenha sido o primeiro grupo de varejo a realmente profissionalizar o setor de pescado, com profissionais gabaritados a fazerem o diferente, visando a qualidade que gostariam de entregar aos seus clientes”, detalha. “E isso é mais uma prova do legado que
Abilio Diniz deixou ao pescado e ao setor de perecíveis de varejo.”
Nas prateleiras do Pão de Açúcar
Assim como foi feito com frutas, legumes e verduras, os supermercados da rede Pão de Açúcar possuem peixarias que visam atrair olhares, bem iluminadas e organizadas, com grande diversidade de produtos. “A qualidade da peixaria em um supermercado gera fidelização. A visibilidade da peixaria é um atrativo para as lojas e o Pão de Açúcar atua nisso com qualidade excepcional”, afirma Abraão Oliveira, que foi coordenador-geral de Comercialização do Ministério da Pesca e Aquicultura entre 2008 e 2011 e coordenador da Semana do Peixe, campanha que teve forte adesão e apoio de Abilio Diniz e do Grupo Pão de Açúcar (saiba mais no box ao lado).
“É um segmento de alto custo, com alto consumo de energia, fábrica de gelo e ilhas de congelados. Há também uma dificuldade no manuseio e limpeza dentro do varejo, por existir um risco de odores e sujeira que trazem uma imagem negativa. Por outro lado, uma boa peixaria, com diversidade de cores e qualidade, é um atrativo para as lojas, com as pessoas indo até a peixaria para ver o que tem lá”, detalha Oliveira.
Com um compromisso contínuo com a excelência e a satisfação dos clientes – marcas da gestão Abilio Diniz –, as peixarias do GPA contribuem para elevar o padrão e a percepção dos consumidores sobre os pescados, o que influencia diretamente na melhoria da oferta e na valorização dos pescados em todo o mercado varejista nacional. “Essa busca de Abilio pelo pioneirismo, pela excelência, em ser o melhor e superar a expectativa criou uma relação de confiança do cliente com o varejo, alavancando o consumo de perecíveis e do pescado. Abilio Diniz criou uma cultura, deixou valores, e ensinamentos. Levaremos suas frases e filosofia sempre como lições”, conclui Meg Felippe, da Frescatto Company.
Criada em 2004, a Semana do Peixe, conhecida atualmente como Semana do Pescado, acontece todos os anos no início de setembro e tem como propósito incentivar o consumo de pescados, promover a sustentabilidade da pesca e aquicultura e conscientizar a população sobre os benefícios de incluir peixes na alimentação.
O surgimento dessa iniciativa está diretamente relacionado ao Programa Fome Zero, que teve início em 2003 com a finalidade de erradicar a fome e a desnutrição no País por meio da distribuição de alimentos e da implementação de políticas públicas voltadas à segurança alimentar.
“Naquele momento, começaram a enxergar mais a importância do pescado como uma alternativa viável para combater a fome, a partir da produção nacional e consumo de pescado pelas famílias brasileiras”, afirma Abraão Oliveira, que foi coordenador da Semana do Peixe. “O Brasil sempre foi um grande consumidor de carne bovina, frango e suínos. Sendo assim, era necessário colocar também o pescado com mais destaque na mesa do consumidor”.
A Semana é também uma oportunidade para o varejo adquirir e disponibilizar aos seus clientes uma variedade de peixes que geralmente, não fazem parte do catálogo habitual. “O pescado desempenha um papel crucial na fidelização e clientes que se encantam com a qualidade da peixaria de um supermercado tendem a estabelecer uma relação de confiança duradoura”, opina Oliveira. Na época da criação da Semana do Pescado, Oliveira conta que Abilio Diniz
As peixarias do GPA investem em iluminação e organização, além da variedade de espécies à disposição do consumidor
aderiu totalmente à campanha, assim como o vice-presidente institucional e administrativo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan. Foi, então, criado um convênio entre o Ministério da Pesca, a Secretaria de Pesca e a Abras para ações relacionadas à Semana. “A Semana do Peixe envolveu uma forte atuação do varejo nos últimos 20 anos. Nesse período, realizamos cursos de peixaria e adotamos as melhores práticas de conservação e exposição no ponto de venda, de modo a levar alternativas saudáveis à mesa do consumidor com preços mais acessíveis”, explica Milan. Nessa época, as equipes envolvidas na Semana realizavam visitas a redes de supermercados pelo Brasil, levando representantes políticos e autoridades locais para chamar atenção para a campanha e incentivar o consumo do pescado. Neste contexto, o GPA era o grupo com mais informações sobre a realidade do pescado no varejo, os volumes de venda, as maiores dificuldades do setor etc.
Apesar dos esforços contrários de seu pai, Francisco das Chagas Gomes de Souza foi capturado pelo destino que há quase 20 anos, é a linha condutora que guia sua história como pescador
Texto: Léo Martins
Em certo momento, a série Dark, famosa obra de ficção científica da Netflix, diz: “Você não conhece o seu final, mas o seu final conhece você”. Esta frase é uma reflexão sobre como o destino atua em nossas vidas, mas também ajuda a entender a história de Francisco das Chagas Gomes de Souza, capitão da embarcação Flávia Monteiro, como pescador há 19 anos.
Filho da professora Maria e do pescador Antônio, Souza nasceu e mora na cidade de Rio do Fogo (RN). E foi na família que o destino começou a fisgar Francisco. “Com 2 anos, fui morar com meu avô, que também era pescador e desde pequeno, sonhei trabalhar com pesca”, relembra. “Porém, meu pai fez de tudo para que eu não me tornasse pescador. Ele queria que eu estudasse para arrumar um emprego bom e ter uma vida melhor.”
Apesar de não ter tido a oportunidade de fazer faculdade, Souza finalizou o segundo grau e serviu à aeronáutica por 4 anos. “Após esse período, em 2005, tirei minha carteira de pescador profissional e no ano seguinte, comecei a trabalhar em um barco de pesca que passava 60 dias em alto mar. De lá para cá, nunca mais parei”, diz ele que atualmente, captura em seu barco, o Flávia Monteiro, atum e outras espécies como meca, tubarão azul, dourado e cavala.
No entanto, um detalhe influenciou sua história como pescador: ele havia se casado em 2004 com Silvana, sua atual esposa e mãe de seus filhos. E, para quem trabalha com pesca em alto mar, sabe que a questão familiar é algo complicado de lidar. “Lembro que quando eu era pequeno, o momento mais difícil era ver meu pai e avô viajarem e ficarem 3 meses fora de casa.”
Essa barreira ainda é um problema para o capitão que hoje, se vê do lado que seu pai e avô já estiveram um dia. “Geralmente, fico de 20 a 25 dias no mar e com mulher e três filhos, é muito difícil. Sinto muita falta deles e eles de mim. Essa é a pior parte de ser pescador: a saudade da família”, conta. Mesmo com essa questão, o sentimento pela
Francisco é capitão do
e a prova viva de que fugir do destino é algo praticamente impossível
Arquivo pessoal
pesca fala mais alto. “Quando minha esposa brinca dizendo que eu deveria procurar outro trabalho, sempre digo que não sei fazer outra coisa. Eu amo o que faço!”
Cuidar da integridade de seus tripulantes contra acidentes é outro grande desafio enfrentado pelo capitão. “Na verdade, esse é o meu maior medo em alto mar”, revela. Ele conta que hoje em dia, o apoio marítimo em caso de acidente melhorou, mas está longe do ideal. “Por isso, o que me resta é ter algo que todo pescador tem de sobra: fé em Deus. Oro sempre por proteção para que possamos voltar em segurança para nossas famílias.”
Mas, e se algum de seus filhos quiser ser pescador? “Hoje, por entender muito bem o que e como meu pai pensava, eu falaria para nenhum deles seguir na pesca”, responde com humor, justificando ao revelar seu maior sonho. “Quero fisgar oportunidades para que meus filhos estudem, façam faculdade e trabalhem em um bom emprego.”
No entanto, ele lembra de um detalhe importante. “Mas, se for o destino deles seguir como pescadores, não tenho muito o que fazer”, finaliza o capitão do Flávia Monteiro, corroborando sua própria história de que é impossível fugir do destino. Afinal, ele sabe melhor do que ninguém de que quando o destino fisga alguém, o final é um só.
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