


Como o setor vem se reinventando para atender a um consumidor que busca mais do que sabor no pescado que consome?




























Como o setor vem se reinventando para atender a um consumidor que busca mais do que sabor no pescado que consome?
“Estamos todos no mesmo barco.” Essa expressão traduz bem a dinâmica da cadeia produtiva do pescado. Por vezes, o setor se fragmenta em desafios específicos, mas, no fim, compartilha a mesma responsabilidade: atender ao consumidor. E esse consumidor está mudando – impulsionado por expectativas e valores que têm redefinido o que espera dos produtos de pescado, desde as escolhas alimentares até o processo de compra e consumo.
A Capa da edição #57 da Seafood Brasil (pág. 36) mergulha nessa transformação e mostra como as empresas estão ajustando suas estratégias para conquistar um público cada vez mais exigente, informado e atento a temas como qualidade, sustentabilidade e conveniência. E o setor já responde a essa demanda: de investimentos em pesquisa, marketing e eficiência operacional a embalagens mais funcionais, produtos diferenciados, adaptação no varejo e novos modelos de negócios no food service. O desafio, no entanto, continua sendo equilibrar esses avanços com um fator que ainda dita muitas escolhas na gôndola: o preço.
Redação
Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres
Editor-chefe: Ricardo Torres
Editor-executivo: Léo Martins
Repórter: Fabi Fonseca
Diagramação: Thalita Cibelle Medeiros
Marketing e Tráfego: Letícia Baptiston
Crédito da foto de capa: Montagem de SDenisov/Canva e flukesamedphotos/Canva
Outra revolução que atravessa o setor é a Inteligência Artificial (IA). Em 5 Perguntas (pág. 06), conversamos com Gustavo Donato, professor da Fundação Dom Cabral, sobre como a IA deixou de ser um conceito futurista para se tornar uma ferramenta essencial na otimização de processos e no fortalecimento das empresas. Já em partir da pág. 12), também olhamos para a Quaresma 2025, que se estende até abril e promete impulsionar as vendas com uma demanda aquecida e estabilidade de preços do pescado em relação a outras proteínas animais. E, enquanto revisamos outros eventos que marcaram o fim de 2024, já projetamos os próximos passos do setor com o de eventos 2025 (pag. 26).
O mercado está em constante evolução e acompanhar essas transformações é essencial para manter a competitividade. É isso que buscamos entregar a cada edição da SeafoodBrasil informação relevante para uma reflexão estratégica e um olhar atento sobre os rumos do setor – até porque também estamos nesse barco, não é mesmo?
Boa leitura!
Fabi Fonseca
A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser um tema do amanhã para se tornar um assunto cada vez mais recorrente no cotidiano de qualquer negócio. Neste bate-papo, o professor Gustavo Donato conta o por que a IA é o caminho que toda empresa da cadeia de pescado deve buscar para retornar aos rumos do futuro
Texto: Léo Martins e Fabi Fonseca Divulgação
Omeio cinematográfico sempre nos ajudou a imaginar como seria o futuro. Nesse cenário, duas obras marcaram definitivamente a cultura pop: De Volta para o Futuro 2 (1989) e Matrix (1999). Com 10 anos de diferença entre um e outro, ambos os filmes mostraram, de formas distintas, como a tecnologia influenciaria nossas vidas no futuro. E algo que existia nesses longas-metragens não pode mais ser considerado uma “viagem hollywoodiana”: a Inteligência Artificial (IA).
Não precisamos ir ao futuro para ver que hoje, a IA ocupa várias áreas de nossas vidas e é uma aliada poderosa para negócios que desejam otimizar sua produção e resultados. Atento a esses benefícios, o mercado de
“A IA é um campo da ciência da computação que se combina com áreas como a neurociência e que se baseia fortemente em estatísticas. O objetivo dela é desenvolver sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente exigiriam competências humanas.”
pescado tem olhado cada vez mais com atenção para a IA. Prova disso é que o tema foi profundamente abordado na Seafood Show Latin America (SSLA) 2024, na palestra de Gustavo Donato, professor da Fundação Dom Cabral e especialista em IA.
Engenheiro pela FEI, com MBA pela FGV, doutorado em Engenharia pela POLI/USP, formação executiva pelo MIT e pelo Copenhagen Institute for Futures Studies, Donato liderou mais de 85 projetos de PD&I e estratégia com empresas, além de ser autor de mais de 140 artigos, capítulos de livros ou patentes. Hoje, além de ser professor, ele atua como palestrante, abordando o uso da IA para expandir a competitividade na indústria e no varejo, conhecimento esse que o levou não só à SSLA do ano passado, mas também o trouxe para ser o entrevistado desta seção.
Apesar de ainda não termos carros voadores ou formas de aprender qualquer coisa em segundos, como já vimos no cinema, o professor Donato desmistifica temas relacionados à IA e explica como ela é a realidade que vai influenciar positivamente qualquer empresa do mercado de pescado que deseja transformar o futuro em seu novo presente.
1 Atualmente, quando pensamos em Inteligência Artificial (IA), existe uma impressão muito grande de que ela começou (ou é somente) com o ChatGPT. É certo pensar desta maneira?
De fato, as pessoas têm a impressão de que a inteligência artificial começou com o ChatGPT ou outros algoritmos e sistemas similares, mas isso não é verdade: ela vem sendo estudada desde as décadas de 1940 e 1950, envolvendo diversas técnicas que já
utilizamos na prática cotidiana, tanto em empresas quanto em nossas vidas há muitas décadas. Embora seja algo que nos acompanha há muito tempo, a Inteligência Artificial tem ganhado escala, refinamento e uma complexidade significativamente maior nos últimos 5 a 10 anos.
A IA é um campo da ciência da computação que se combina com áreas como a neurociência e que se baseia fortemente em estatísticas. O objetivo dela é desenvolver sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente exigiriam competências humanas.
A confusão com o ChatGPT acontece porque foi a primeira vez que uma ferramenta dessa natureza ficou disponível de maneira prática, permitindo a interação direta com as pessoas. Porém, dá para dizer que a IA já é uma realidade em nossas vidas em aplicativos de smartphones como o Waze, Uber e Spotify, além da personalização de conteúdo, como sugestões de filmes, publicidade direcionada e até na detecção de fraudes bancárias. Ou seja, a IA é um campo vasto e extremamente impactante, tanto para a eficiência das corporações quanto para a conveniência do nosso dia a dia.
2 Em sua palestra na Seafood Show Latin America, você citou que a tecnologia é um meio para um fim. O que é necessário para uma empresa, em específico da indústria de pescado, adotar uma IA e como o setor pode se beneficiar dessa tecnologia? Nas palestras, costumo dizer que a tecnologia deve ser vista como um meio, e não como um fim. O fim precisa ser o objetivo do negócio: a geração de valor e a entrega que a tecnologia pode proporcionar, seja em ganho de eficiência operacional,
melhoria da experiência do cliente, qualidade do produto ou desenvolvimento das pessoas, entre outros aspectos.
Para que uma empresa utilize a IA de maneira responsável, o primeiro passo é avaliar se possui uma cultura orientada por dados (data-driven) e se ela está preparada para adotar essa mudança de mentalidade. Além disso, é fundamental que a empresa tenha dados sendo coletados, organizados e disponíveis, pois eles são o “alimento” da IA - não adianta falar em IA sem antes construir uma base sólida de dados e inteligência analítica, envolvendo estatística descritiva e multivariada. Por fim, é essencial investir na capacitação das pessoas, que são parte fundamental nesse contexto.
Na indústria de pescado, vejo muitas oportunidades. Desde a pesca de precisão, que utiliza sensores e visão computacional para identificar espécies, reduzir capturas indesejadas e aumentar a eficiência operacional, até o monitoramento da qualidade do pescado, o dimensionamento de peixes, o controle de estoques e a otimização da cadeia de suprimentos. Já na aquicultura, onde o grau de controle é ainda maior, a IA pode otimizar a alimentação dos peixes, monitorar a saúde em tempo real, gerenciar tanques, reduzir custos e, naturalmente, aumentar a produtividade de forma expressiva.
3 Quais são os principais desafios técnicos, operacionais, regulatórios e de segurança de dados na implementação da IA na indústria do pescado? Que medidas podem ser tomadas para superá-los e quais os principais cuidados que uma empresa deve ter ao adotar um IA?
Em relação aos desafios técnicos e operacionais, destacaria a necessidade de contar com pessoas capacitadas, não apenas
“A indústria do pescado pode, sim, tirar proveito da filosofia, do conceito e também das tecnologias e processos que envolvem a indústria 4.0 e 5.0.”
para desenvolver um roadmap de implementação técnico, mas que também esteja conectado aos objetivos de negócio. O foco deve estar na eficiência operacional, no aumento da produtividade, na melhoria da qualidade do produto, e, por exemplo, na mensuração da engorda dos animais.
Do ponto de vista regulatório, é essencial respeitar as questões relacionadas à proteção de dados, especialmente quando envolvem clientes, parceiros, fornecedores e colaboradores. Isso exige muito cuidado com a segurança da informação, não apenas para atender à LGPD, mas também para lidar com a crescente preocupação em relação à proteção de dados sensíveis e à prevenção de invasões de sistemas. Nesse contexto, o uso de tecnologias em nuvem com certificações adequadas torna-se indispensável.
Além disso, é fundamental que as empresas desenvolvam políticas claras de governança de dados e de governança para a implementação de IA, que por sua vez, devem ser conduzidas pela alta gestão e, quando aplicável, em parceria com conselhos administrativos, com o suporte de departamentos jurídicos internos ou externos, assegurando conformidade com a legislação vigente.
4 Ainda em sua palestra na Seafood Show, você citou o exemplo da Ypê, que tem uma indústria 4.0 em sua operação sem nenhum tipo de operador e com 72 robôs. Neste contexto, quais são as principais tecnologias da indústria 4.0 que podem ser aplicadas na indústria do pescado?
A indústria do pescado pode, sim, tirar proveito da filosofia, do conceito e também das tecnologias e processos que envolvem a indústria 4.0 e 5.0. Por exemplo, na parte de produção e operação, é possível fazer uso de tecnologias como a Internet das Coisas
(IoT), que envolve sensores conectados capazes de monitorar a qualidade da água, temperatura e outros parâmetros em tempo real, tanto no ambiente de pesca quanto em aquicultura. Isso ajuda a manter as condições ideais para os peixes, detectar problemas e, ao mesmo tempo, gera uma grande quantidade de dados, que por sua vez, podem ser utilizados em big data, análise de dados (analytics) e aplicação de Inteligência Artificial para tomada de decisão e aumento da produtividade das operações. Essa é uma frente.
Já a outra frente é a corporativa e de negócios. Nesse âmbito, bons sistemas ERP, combinados com estruturas de dados organizadas como bancos de dados, data lakes e data warehouses, permitem que as informações estejam acessíveis para alimentar inteligências artificiais. Essas ferramentas ajudam a automatizar processos, detectar padrões e fazer previsões de mercado. E aqui, cabe dizer que tudo isso também é considerado automação, gerando o que chamamos de gêmeos digitais das
“(...) na aquicultura, onde o grau de controle é ainda maior, a IA pode otimizar a alimentação dos peixes, monitorar a saúde em tempo real, gerenciar tanques, reduzir custos e, naturalmente, aumentar a produtividade de forma expressiva.”
operações ou, pelo menos, operações mais automatizadas.
Além disso, podemos utilizar robôs na produção industrial de pescado e também tecnologias de automação de processos administrativos e de escritório, como o Robot Process Automation (RPA). Outras tecnologias relacionadas à indústria 4.0 incluem transações eletrônicas e blockchain para criação de contratos inteligentes (smart contracts), entre outras.
5 No contexto onde a preocupação com o meio ambiente está em alta, qual a contribuição da IA para a sustentabilidade e a otimização na indústria de processamento animal? Quais ações que envolvem IA você tem visto na prática e que auxiliam no equilíbrio entre inovação e responsabilidade ambiental?
Quando falamos da indústria do pescado, é essencial ter um grande cuidado com a sustentabilidade em suas três vertentes: econômica, social e ambiental. Focando especialmente na parte ambiental, eu vejo que tecnologias da Indústria 4.0, como análise de dados e a própria Inteligência Artificial, têm contribuído significativamente para a sustentabilidade ao otimizar o processamento para melhorar a qualidade do que é produzido, bem como redução de desperdícios.
Sendo assim, ações como o avanço na aquicultura sustentável, a redução de desperdícios em todas as etapas do processamento e na cadeia de suprimentos, bem como uma previsão mais eficiente de estoques, têm sido fundamentais para minimizar estes tipos de perdas. Além disso, práticas como a pesca de precisão, aquicultura sustentável e o monitoramento em tempo real - tanto dos processos produtivos, quanto dos negócios - são exemplos concretos que promovem maior equilíbrio entre inovação e responsabilidade ambiental.
Tecnologia para pesca e criação
Crédito das fotos:
Divulgação/Empresas
Alimentação e crescimento automáticos
Oferecer uma forma de crescimento mais uniforme e melhor conversão alimentar em sua criação de peixes. Foi por isso que a RF Piscicultura desenvolveu o Tratador Automático para Peixes. De acordo com a empresa, o equipamento, que também pode ser utilizado em criação de camarões, é capaz de lançar rações em um diâmetro de até 60 m. Com um quadro de comando com contatora, relé térmico e timer digital para até 20 programações diárias com ajuste de acionamento em segundos. O equipamento possui modelos com capacidade de 80 Kg, 150 kg, 200 Kg, 300 Kg, 400 Kg e 600 kg (24 sacos).
A Acqua Supre aposta em seu difusor circular com abraçadeira inox para auxiliar pisciculturas com uma melhor aeração da
água. De acordo com a empresa, o equipamento opera através do ar difuso que é proveniente de compressores radias (sopradores de ar). Contendo uma vazão de ar aproximada de 300 litros/ min com 1 mca, a solução pode ser aplicada como aeração em: tanques de criação; tanques de depuração de peixes em frigoríficos e alevinos; tanques de criação intensiva em sistema de recirculação de água ou com bioflocos; e caixas d’água usadas no abastecimento de laboratórios (remoção do excesso de gases e oxigenação).
A linha de esteiras de despesca da Weemac foi desenvolvida para reduzir a mão de obra durante o processo de despesca em tanques escavados, trazer praticidade no manejo dos peixes e proporcionar maior agilidade e facilidade ao produtor. Disponível nos modelos de 6 m, 8 m, 10 m e com comprimento personalizado, o equipamento possui capacidade total de 200 kg, capacidade de peso por caixa de 20 kg, motor de 7 HP e estrutura galvanizada a fogo.
Um aditivo prebiótico desenvolvido a partir de aprofundados estudos na área de nutrigenômica. É assim que a Alltech define o Actigen, solução que é a fração ativa de mananoproteínas produzidas a partir de uma cepa específica
da levedura Saccharomyces cerevisiae que contribui para a saúde intestinal animal. Segundo a empresa, o produto auxilia no equilíbrio da microflora intestinal, traz diversidade microbiana e ainda promove a modulação da função imunológica e da microbiana intestinal.
A SNatural traz o Biomax, produto biológico para tratamento de sistemas de criação de peixes e camarões em todas as suas fases. A empresa destaca que a solução atua na água reduzindo o fósforo, amônia e lodo para assim, aumentar a disponibilidade de oxigênio no sistema. Considerado inofensivo para os animais, o Biomax possui em sua composição ativos como Protease, Amilase, Lipase, Hemicelulase, Beta-glucanase, Bacillus subtilis, licheniformes e polymyxa naturais do solo. A solução pode ser encontrada em embalagens a partir de 1 litro.
Pensando em facilitar a indústria do salmão com medição digital precisa da cor dos filés, a dsm-firmenich destaca o SalmoFan Digital. Dispositivo sensor de cor portátil, o equipamento conta com um aplicativo que captura os resultados em uma planilha-padrão, tudo para serem exportados para bases de dados maiores posteriormente. Com sensores de LED sensíveis e sua própria fonte de luz, o equipamento ainda pode se conectar sem fio com smartphones e tablets via Bluetooth.
Com a proximidade da Quaresma e da Semana Santa, cresce o interesse por hábitos alimentares mais leves, impulsionando o consumo de pescado
Setor entra em 2025 com boas perspectivas, mas exige planejamento e adaptação. A estabilidade de preços frente às outras proteínas e a demanda ampliada por uma Quaresma que vai até abril deve impulsionar as vendas no início do ano
Texto: Fabi Fonseca
Osetor do pescado se prepara novamente para um período de demanda aquecida e vendas ampliadas na Quaresma e na Semana Santa de 2025. A extensão do ciclo de alta neste ano vai até abril, o que reforça o otimismo da cadeia produtiva.
A proximidade do período tem animado as empresas importadoras, como conta Julio César Antônio, presidente da Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (Abrapes). Para ele, as datas seguem como uma das mais relevantes para o mercado, impulsionando as vendas, especialmente em redes supermercadistas e varejistas. “Em
2025, esse potencial é reforçado pelo calendário, o que favorece também um bom movimento no comércio desde o final do primeiro trimestre”, explica.
Segundo Antônio, os importadores, mesmo enfrentando oscilações cambiais menos favoráveis, têm se preparado com programações de compra mais robustas para atender à demanda com maior eficiência. “A experiência ao longo dos anos tem permitido ao setor ajustar melhor suas operações, garantindo um estoque adequado mesmo com os desafios impostos pelo mercado internacional”, destaca.
Na pesca, as empresas que compõem o Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região
(Sindipi) preveem que a temporada de captura deve manter os níveis de 2024, especialmente pelo calendário do ano. Segundo a entidade, historicamente, um período mais longo de comercialização em safras importantes, como a da sardinha, que tem início no final de fevereiro, representa um incremento substancial nas vendas
Pescado na dianteira das proteínas animais
Já a indústria de pescado também projeta um período positivo, impulsionado pelo calendário da Páscoa, mas sobretudo pelos valores do pescado no mercado. Segundo Jairo Gund, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados
(Abipesca), o mercado já começou aquecido, reflexo da inflação sobre os alimentos. “A inflação, a ameaça ao consumo, também favorece o pescado neste momento, pois se torna mais viável ao consumidor em comparação às carnes”, afirma.
Os preços do pescado vêm destoando da inflação geral e das demais proteínas. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em dezembro de 2024, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Brasil encerrou a variação acumulada nos últimos 12 meses em 4,83%, enquanto o pescado encerrou o mesmo período em 0,81% - número bem abaixo das demais proteínas animais analisadas. Já o grupo “Alimentação e Bebidas” acumulou alta de 7,69% em 12 meses, impactando o índice em 1,63 pontos percentuais.
E para garantir o abastecimento neste começo do ano, a indústria reforçou estoques e ampliou compras desde o segundo semestre de 2024. No entanto, conforme Gund, desafios como a falta de alinhamento entre
o calendário de defeso e o período comercial ainda persistem, afetando o fluxo de caixa das empresas que não contam com os mesmos incentivos financeiros do agronegócio.
Peixes de cultivo fortalecem participação
Na aquicultura, as projeções são de crescimento na participação dos peixes cultivados na Quaresma e Semana Santa e isso se deve à facilidade dos estabelecimentos de comercialização em oferecer um produto com padrão estabelecido, no período programado, com preços acertados e aos hábitos do consumidor, como conta Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR). “A oferta e aceitação do consumidor ao filé de tilápia congelado ajudou a todos os elos desta cadeia de produção, processamento e comercialização, haja vista o hábito do consumidor com o produto”, completa.
Já para os produtores de peixes nativos, o cenário é mais desafiador.
IPCA acumulado em 2024 (%)
InflaçãoGeral: 4,83%
• Carnes: +20,84% Carne de porco: +20,06%
• Aves e ovos: +6,51%
• Pescado*: + 0,81%
*Entre os produtos industrializados: a sardinha em conserva aumentou 1,11% e o atum em conserva 4,67%.
Fontes: IBGE/IPCA
“Teremos redução da oferta e aumento de preço em relação a 2024, mas sem risco de desabastecimento”, explica Medeiros.
Camarão: consumo interno aquecido
No caso da carcinicultura brasileira, esse segmento também inicia 2025 com perspectivas otimistas para a comercialização do camarão marinho cultivado. Segundo Itamar Rocha, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), o consumo interno da iguaria tem crescido de forma expressiva, passando de 200 g per capita em 2023 para 1 kg em 2024. “100% da sua expressiva produção de 210.000 toneladas foi absorvido pelo mercado interno, além das importações de camarão do Equador, que somaram 1.345,54 toneladas a US$ 10.924.433,00, e da Argentina, que totalizaram 1.191,51 toneladas a US$ 9.149.260,00”, afirma Rocha. Ele destaca que, com as vendas aquecidas desde dezembro, a tendência é que esse movimento se mantenha firme até abril.
Para ele, a suspensão das importações de camarão equatoriano, que ocorre desde dezembro de 2024,
também tem impactado diretamente a dinâmica do setor. “Ainda está vigente, pois as razões da suspensão, a presença de ‘vibrioses’ de notificação obrigatória, não deixam margem para se pensar que a suspensão será revertida no curto ou médio prazo. O impacto real na carcinicultura será, sem dúvida, o incentivo para o aumento da produção”, explica Rocha.
2025 e seus desafios: o que esperar deste ano?
Apesar das boas perspectivas, o setor deverá ter mais um ano cheio de desafios - que exigirá planejamento e adaptação. Na carcinicultura, por exemplo, a projeção é de alcançar 230 mil toneladas neste ano. Entretanto, a falta de apoio financeiro ainda é um entrave significativo, principalmente para micros e pequenos produtores. “Tanto no tocante aos investimentos, mas especialmente ao custeio operacional”, pontua Itamar Rocha.
Já a piscicultura segue fortalecida, impulsionada pelo crescimento contínuo da tilápia, que mantém média anual de 10% na última década. “Mais de 70% da produção de 2025 já está na água, garantindo uma boa oferta para este ano”, aponta Francisco Medeiros. Por sua vez, para os peixes nativos, a recuperação dos preços ao produtor em 2024 tende a tornar o ano mais rentável, embora o consumidor final enfrente valores mais altos.
Na pesca extrativa, o presidente do Sindipi, Agnaldo Hilton dos Santos, conta que os números da sardinha em 2024 trouxeram otimismo, com aumento de 58% na captura – a melhor safra dos últimos 15 anos. “Apesar de não esperarmos os mesmos resultados de 2024, a expectativa é de uma safra boa. Ainda assim, é importante ressaltar que fatores como preços dos insumos, condições climáticas e decisões sobre a gestão pesqueira podem influenciar nos resultados”, frisa.
Para Julio Cesar, da Abrapes, o setor enfrentou desafios de rentabilidade em 2024, com oferta
Nem todas as espécies apresentam um panorama favorável na pesca extrativa, como por exemplo, o camarão-rosa, que segundo o Sindipi, teve a safra de 2024 foi prejudicada por um aumento da pressão de pesca, ocasionado pela interdição de áreas em
Para os importadores, Julio César Antônio destaca que mudanças no fluxo de exportação de países fornecedores podem favorecer o abastecimento local em algumas categorias, mas a volatilidade cambial e gargalos logísticos continuam impactando o setor.
superior à demanda. Já para 2025, a expectativa é de recuperação. “Com a esperada reposição dos preços da carne bovina, que pode reduzir sua competitividade no mercado, há uma expectativa de que o pescado recupere parte do espaço perdido, tanto em termos de volumes vendidos quanto de margens de lucro”, diz.
No cenário internacional, a Abipesca aposta no fortalecimento das exportações por meio do Projeto Brazilian Seafood, em parceria com a ApexBrasil. “Nosso objetivo é garantir
o escoamento da produção ao longo do ano, elevando o ‘sarrafo’ do padrão de qualidade dos nossos produtos e estabilidade econômica às indústrias”, comenta Jairo Gund, da Abipesca. A escalabilidade da produção é outro fator estratégico, tornando o pescado brasileiro mais competitivo lá fora e viabilizando preços acessíveis no mercado interno. “Essa é nossa missão para 2025, começando com a Seafood Expo North America, em Boston, principal destino das exportações brasileiras”, finaliza Gund.
Sabor caseiro, praticidade e inovação no seu cardápio!
A Brazilian Fish apresenta uma linha completa de pratos prontos, combinando sabor caseiro com praticidade e inovação.
Cada refeição vem em um pote colecionável e colorido, agregando valor ao seu negócio e incentivando novas compras.
Tradição do peixe salgado e seco, desafios do setor em meio às adversidades na Noruega, ações para impulsionar o mercado e reflexões sobre a percepção do consumidor brasileiro de bacalhau. Foi dessa forma que o “Seminário 2024 - O Futuro do Bacalhau Brasil” mostrou que o Brasil segue como um mercado estratégico para o pescado norueguês
OBrasil é um dos mercados mais relevantes para o peixe salgado e seco da Noruega. Para debater as oportunidades futuras desse segmento e ampliar a discussão sobre o pescado no mercado brasileiro, o Conselho Norueguês da Pesca (Norwegian Seafood Council - CNP) promoveu mais uma edição do seminário “O Futuro do Bacalhau Brasil” durante a Seafood Show Latin America, realizada em 22 de outubro de 2024 no Distrito Anhembi, em São Paulo.
As exportações de pescado norueguesa alcançaram um patamar histórico em 2024, mesmo diante de desafios como redução nas cotas de bacalhau, desafios na produção de salmão, oscilações geopolíticas e turbulência econômica global. Segundo o Norwegian Seafood Council, foram embarcadas 2,8 milhões de toneladas de frutos do mar, movimentando NOK 175,4
bilhões. O montante equivale a 38 milhões de refeições diárias ao longo do ano.
No evento, a diretora do CNP no Brasil, Randi Bolstad, destacou que o bacalhau salgado e seco tem uma posição consolidada entre os consumidores brasileiros. De acordo com um estudo realizado pelo CNP, em um universo de 500 consumidores, a maioria deles no Brasil demonstra preferência pela compra de bacalhau salgado e seco. “Quando fizemos uma pergunta aos compradores sobre as suas primeiras associações com o bacalhau, a resposta predominante foi o processo de salga e secagem. Esta tendência é consistente em todos os gruposalvo, mas é particularmente proeminente entre os consumidores brasileiros de bacalhau”, conta Bolstad.
Ainda conforme a pesquisa, 46% afirmaram que, nas duas últimas compras de bacalhau, optaram pela versão salgada e seca. Já outros 28% adquiriram bacalhau preparado ou processado, enquanto 26% escolheram a versão dessalgada. “Todos esses produtos têm uma posição importante no mercado e contribuem para o fortalecimento da relação do consumidor com o bacalhau”, acrescentou.
O ritual de preparo também foi um aspecto ressaltado pela pesquisa: para grande parte dos consumidores, a escolha do bacalhau salgado e seco está associada a momentos especiais, como as celebrações de Natal e Páscoa. “Não é apenas uma questão de compra, mas também de cortar, dessalgar e, no final, compartilhar com a família”, finalizou Bolstad.
Pedro Pereira, que atualmente é gerente de negócios da Opergel Alimentos e acumula mais de duas décadas de experiência no setor de pescado, também trouxe reflexões ao evento. “Procurei apresentar não a visão da indústria, do distribuidor ou do varejista, mas sim a óptica do cliente final”, falou.
Conforme ele, para o consumidor brasileiro, o bacalhau é uma iguaria de
alto valor agregado, tradicionalmente associada a momentos especiais. “É um produto aspiracional. Todo brasileiro gostaria de consumir mais. Ele só não consome todo dia porque não cabe no bolso”, explicou Pereira. Ele comparou a dinâmica do bacalhau com a do filé mignon no varejo: “Quando o produto entra em promoção, o volume de vendas cresce exponencialmente, mostrando uma elasticidade significativa. O mesmo acontece com o bacalhau.”
E para enfrentar barreiras junto ao consumidor final, Pereira acredita que cortes pré-prontos e produtos já dessalgados e congelados podem ampliar o alcance do bacalhau. “Acho que a gente tem que ter um pouco mais de clareza do que é hoje no ponto de venda um bacalhau curado ao sal e o bacalhau in natura.”
As indústrias de pescado no Brasil
Helinton José Rocha, que na época era diretor de Indústria do Pescado do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), levou ao encontro um panorama do setor industrial de pescado no Brasil, evidenciando a diversidade entre as regiões. Segundo ele, atualmente, há 260 estabelecimentos com Serviço de Inspeção Federal (SIF), distribuídas da seguinte forma:
Norte: 46
Nordeste: 41
Centro-Oeste: 17
Sudeste: 73
Sul: 83
Mesmo dentro de uma mesma região, a realidade das indústrias pode ser bastante distinta.
“No Sul, por exemplo, há 83 estabelecimentos, mas quando analisamos o cenário do Rio Grande do Sul, vemos desafios bem diferentes dos do Paraná. No Rio Grande do Sul, há um grande parque industrial enfrentando diversos problemas, enquanto o interior do Paraná tem um setor florescente”, destacou Rocha.
Além disso, o diretor abordou estratégias para ampliar o mercado do pescado brasileiro e destacou os números de importação que reforçam a importância do bacalhau norueguês no mercado: em 2023, o País importou um total de US$ 207,3 milhões em bacalhau, sendo a Noruega responsável pela maior fatia, com US$ 112,5 milhões (54,28%).
Encontro contou com executivos do setor para uma reflexão sobre os resultados do ano e as estratégias para 2025 do Alaska Seafood Marketing Institute
Texto: Fabi Fonseca
Acrescente presença do pescado do Alasca no mercado latino-americano foi um dos destaques das apresentações promovidas pelo Alaska Seafood Marketing Institute (ASMI) no evento realizado em 28 de novembro de 2024, em São Paulo (SP). Leonardo Silveira, CEO da River Global, empresa que representa a ASMI na América Latina, abriu as apresentações destacando a importância do encontro. “É um momento de reflexão para analisarmos o que fizemos neste ano e traçarmos os rumos para o próximo”, afirmou.
Na sequência, Vanessa Pamio, trade & marketing da ASMI, explicou o papel da entidade na promoção do pescado do Alasca. “A ASMI é uma parceria públicoprivada entre o governo do Alasca e a indústria pesqueira. Logo, somos responsáveis por promover os pescados do Alasca na América Latina”, lembrou. A especialista ainda ressaltou que a abordagem do instituto abrange tanto o mercado B2B quanto o B2C.
Expansão digital e novas estratégias de marketing
O uso das redes sociais foi um dos grandes destaques das ações da ASMI em 2024. Segundo Pamio, a empresa trabalhou com uma média
ASMI une setor para balanço, perspectivas e reforço da estratégia de promoção do pescado do Alasca na América Latina
de cinco influenciadores ao longo do ano, alcançando um público diversificado e ampliando a presença digital. “Conseguimos crescer cerca de 500 seguidores este ano. Então, conseguimos abranger um público bem legal”, destacou.
Outra iniciativa de impacto foi a parceria com o Instituto de Pesca (IP) de São Paulo para o projeto “Tem Peixe na Vila”. Por sua vez, a campanha “Torne-se Independente dos Produtos de Sempre”, lançada em 4 de julho, também foi uma ação importante no ano. Ambos os projetos foram realizados em parceria com a Seafood Brasil e focaram no incentivo ao consumo de pescado na infância e na diversificação do portfólio dos produtos do Alasca no Brasil.
Sustentabilidade e crescimento na região
A preocupação com a sustentabilidade segue como um dos principais diferenciais da indústria pesqueira do Alasca. Segundo Leonardo Silveira, essa é uma das razões que impulsionam o avanço da presença dos produtos da região na América Latina. “Temos um crescimento constante, com dois novos importadores atuando no
Brasil e no Chile, [neste segundo] onde muitos não esperavam ver o salmão do Alasca chegando”, revelou.
Atualmente, o pescado do Alasca já está presente em mais de 36 mil lojas físicas ao redor do mundo, um reflexo direto da estratégia de expansão. “Tem muita coisa acontecendo no Alasca e, quando elas acontecem, mais pessoas ficam sabendo da qualidade e dos diferenciais dos pescados em termos de origem e sustentabilidade”, concluiu Silveira.
Pautando o sucesso
A ideia do evento também era apresentar cases de sucesso que pudessem servir de inspiração e reflexão. Uma das apresentações foi a de Carolina Nascimento, fundadora da Xtra Mile. Especialista com mais de 15 anos em vendas e desenvolvimento de mercado na América Latina, ela representou a American Seafoods Company.
Nascimento destacou a história de crescimento da empresa e sua contribuição para a evolução do consumo de pescado ao redor do mundo, além de compartilhar como a indústria pode se reinventar e prosperar em mercados desafiadores com estratégias bem definidas e um olhar atento às necessidades dos consumidores.
Fundada no final dos anos 80, a American Seafoods se consolidou como a maior processadora de polaca do Alasca e de merluza do Pacífico. “Os barcos-fábrica capturam, processam e congelam o pescado ainda no oceano, garantindo um produto fresco e de altíssima qualidade”, explicou Nascimento. Anualmente, a companhia captura cerca de 350 mil toneladas de pescado, operando com uma equipe de mais de mil colaboradores, o que a posiciona como a maior indústria pesqueira do Ocidente.
Outro tema central do encontro foi apresentado pela consultora técnica comercial da E.C. Consultoria, Elane Santos. Ela trouxe insights sobre a influência dos formatos de exposição do pescado congelado e fresco no desempenho de vendas no varejo.
“Nada adianta desenvolver um novo produto, trazer uma embalagem diferenciada, um skin pack, uma embalagem plástica clean, se não expuser isso de forma correta e atrativa para o varejo, que é onde acontece a venda”, destacou Santos. Segundo a especialista, a organização visual dos produtos influencia não apenas a atratividade, mas também a percepção de qualidade e frescor do pescado.
A proposta ousada no mercado
Yves Moyen, professor da Fundação Dom Cabral, apresentou as expectativas para 2025 sob a ótica da macroeconomia, do mercado de pescado e com dicas para líderes empresariais
paulistano de pescado da Notorious Fish também atraiu a atenção dos presentes. Fundada por Pedro Barreto e mais dois sócios, a empresa surgiu em plena pandemia da Covid-19. “A gente nasceu como delivery, mas hoje é um destino de frutos do mar em São Paulo. Gostamos de misturar técnicas da cozinha, porém numa linguagem mais descomplicada e casual”, afirmou Barreto.
Com duas unidades na cidade, quase 40 colaboradores e um atendimento que ultrapassa os 5.000 clientes mensais, a empresa desafia a monotonia e aposta em uma experiência descomplicada e marcante com o pescado. Entre os produtos do cardápio, dois se destacaram: um sanduíche de polaca, que hoje utiliza a polaca selvagem do Alasca, e o clássico fish and chips. “A ideia inicial era combinar comida de rua com frutos do mar, criando um delivery especializado”, completou.
Evento reuniu especialistas e representantes do setor para debater o panorama do pescado a partir de diferente elos da cadeia produtiva nacional
Texto: Fabi Fonseca
Aúltima plenária e o tradicional happy hour da Divisão da Cadeia Produtiva da Pesca e da Aquicultura do Departamento de Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) marcaram o encerramento de 2024 com a conexão entre os elos do setor e a disseminação de conhecimento qualificado. Realizado em São Paulo, no dia 29 de novembro de 2024, o evento reuniu especialistas para discutir um panorama do setor a partir de diferentes perspectivas.
Representando a Associação
Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), o pesquisador do Instituto de Pesca de São Paulo, Fábio Sussel, apresentou o cenário da carcinicultura brasileira, destacando tendências e oportunidades para 2025, principalmente relacionadas ao aumento do cultivo em águas interiores. Já Ricardo Torres, editor-chefe da Seafood Brasil e um dos porta-vozes da Seafood Show Latin America (SSLA), trouxe os principais desdobramentos da feira.
Além disso, a relação entre o consumo de pescado e a saúde ganhou destaque, reforçando a importância da proteína aquática na nutrição, no esporte e no bem-estar do consumidor
final. A professora Nágila Damasceno, da Faculdade de Saúde Pública da USP e coordenadora do Laboratório de Bioquímica da Nutrição Aplicada às Doenças Crônicas Não Transmissíveis, apresentou um panorama científico. “A missão que ficou para mim nesta tarde é conversar um pouco sobre como o consumo de pescado pode modificar o risco da incidência de doenças e também prevenir a mortalidade”, afirmou, reforçando a necessidade de traduzir dados acadêmicos em informações acessíveis para valorização do setor.
Segundo Damasceno, espécies como tilápia, sardinha, pescada-
Uma seleção especial da gastronomia de pescado brasileiro deixou o evento mais especial esportivo, com a apresentação do educador físico e fisiculturista Fabrício Alcântara. “É sensacional como as nossas profissões, a educação física e a nutrição, se cruzam”, destacou ele, que também está cursando nutrição.
branca e espécies importadas populares no Brasil possuem perfis nutricionais altamente favoráveis. “Quando colocamos uma posta de peixe no prato, estamos ganhando duas vezes: retiramos colesterol e gordura saturada e adicionamos gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas”, explicou. A especialista destacou que essas gorduras estão associadas à redução de doenças cardiovasculares e vários tipos de câncer, as duas maiores causas de morte no Brasil.
A discussão também abordou a relação do pescado com o desempenho
Alcântara enfatizou que a proteína de alto valor biológico presente no pescado beneficia tanto atletas de alta performance quanto indivíduos que buscam uma alimentação equilibrada. “A fácil digestibilidade é um dos grandes diferenciais do pescado, principalmente para atletas que realizam várias refeições ao longo
A relação entre gastronomia e sustentabilidade nunca esteve tão em evidência e o chef Fabio Leal, compartilhou sua luta pela democratização do consumo de pescado no Brasil em meio aos desafios do projeto Penacos, que busca valorizar espécies pouco conhecidas. Nascido em Santos, Fabio Leal construiu uma carreira na gastronomia desde 1999, especializando-se em atendimento ao cliente no setor de alimentos e hospitalidade, tanto no Brasil quanto em Portugal.
Em 2012, ele deu início a uma jornada de pesquisas e estudos sobre peixes não convencionais (Penacos), impulsionado por uma inquietação pessoal: “Eu via em todos os cardápios,
nos restaurantes, nos supermercados, e não encontrava o pescado da minha infância. Onde está o roncador, a guaivira, a cabrinha?”, questionou.
A resposta para essa dúvida veio de um encontro casual, quando ele foi convidado para acompanhar a descarga de pescado de uma embarcação. Foi ali que reencontrou os peixes de sua infância, mas percebeu que algo estava errado: “Vi pescado a R$ 0,80 o quilo, e era esse tipo de peixe que minha família consumia. Só que, ao mesmo tempo, assistia à descarga de espécies [vendidas] a R$ 30 o quilo. Até então, eu não entendia o que estava acontecendo e por que esses peixes não chegavam aos restaurantes ou
do dia”, explicou.
No fisiculturismo, por exemplo, a frequência alimentar é um fator crucial. Logo, o consumo de uma proteína de rápida digestão e absorção é essencial. “Se eu tenho uma proteína que a digestão é mais rápida, eu consigo um esvaziamento gástrico acelerado, facilitando a minha próxima refeição”, ressaltou.
A recuperação muscular foi outro ponto da apresentação. “Após qualquer sessão de treinamento, há um dano muscular e a proteína é o nutriente que promove essa recuperação”, explicou. Alcântara também reforçou que o pescado contribui diretamente para a função cardiovascular, corroborando os pontos discutidos por Damasceno no evento.
A convergência entre nutrição, saúde e performance esportiva reforça o potencial do pescado como um aliado fundamental no dia a dia da população. Para Damasceno, a disseminação desse conhecimento pode agregar valor ao setor e ampliar o consumo no Brasil. “Quando transformamos dados de pesquisas em informação acessível, agregamos valor ao produto e fortalecemos toda a cadeia produtiva”, concluiu.
supermercados”, lembra.
Por 6 anos, ele acompanhou as descargas dos barcos de pesca no litoral de São Paulo, conversando com pescadores e investigando o destino desses peixes. Com o tempo, a pesquisa ganhou notoriedade e o Instituto de Pesca passou a apoiar o projeto. A partir dessas descobertas, Leal cunhou o termo Penacos, sigla para “Pescados Não Convencionais”, inspirando-se no conceito de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). “Achei adequado que o pescado também seguisse essa linha. Chamei esse projeto de Penacos, e ele não parou por aí…”, finaliza. ( Leia mais sobre o assunto na seção“Na Cozinha”,na página74)
Marca carioca inaugura loja em São Paulo, reforça sua atuação direta no varejo e aposta na valorização da experiência do consumidor para ampliar o mercado de pescado no Brasil
Texto: Fabi Fonseca
Na noite de terça-feira (11/2), a Frescatto mergulhou em uma nova fase no varejo brasileiro com a inauguração de sua primeira loja conceito em São Paulo. Localizada em Moema, bairro da Zona Sul da capital onde a família De Luca já administrou uma peixaria há quase 60 anos, a unidade não é apenas um ponto de venda: é um espaço pensado principalmente para o consumidor final. “Queremos nos aproximar do cliente e construir, com ele, um repertório daquilo que mais valorizamos, que é a qualidade e a nossa preocupação com a sustentabilidade”, destaca a gerente de marketing, Lívia Cravo. Com a nova loja, a marca carioca também tem como objetivo ganhar experiência com a unidade paulista para replicar seu modelo em outros locais.
Além do mix de produtos que vai desde salmão, tilápia e merluza, até opções como ovas de ouriço, black cod e vieiras canadenses, um dos diferenciais da unidade é a abordagem educativa: a loja conta com um espaço interativo onde os clientes podem aprender sobre a época de defeso por meio de jogos lúdicos.
Celebração e inauguração
No evento de inauguração, o CEO da Frescatto, Thiago De Luca, recebeu, junto da família e de colaboradores, convidados para a celebração da nova
loja. Estiveram presentes diretores do grupo, como Carmelo De Luca, diretor financeiro, Claudia Leal, diretora de RH, Eduardo Lobo, sócio-diretor da Frescatto e presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Meg C. Felippe, diretora de varejo e Ronaldo Monteiro, diretor de indústria.
Além deles, empresários e parceiros do setor, como Carol Maciel (CCO da Blu Logistics Brasil), Ricardo Torres (CEO da Seafood Brasil), Mauricio Cerutti (consultor de varejo) e Sandra Tanaka (presidente do Instituto Mulheres do Varejo), também compareceram para conferir a novidade de perto.
1 Exposição inteligente:
Produtos armazenados em geladeiras e freezers com total visibilidade, evitando manuseio excessivo.
2 Atendimento especializado:
Equipe treinada por especialistas e profissionais do setor para orientar clientes sobre cortes, frescor e melhor aproveitamento dos produtos.
3 Workshops, degustações e experiências: Programação contínua para aproximar o público do universo do pescado, da diversidade de receitas e dos benefícios da proteína.
Pensando além da compra, nova unidade da marca contará com um espaço dedicado a eventos gastronômicos, com workshops, degustações e experiências ao consumidor
Nossos produtos de cara nova!
Bruno De Luca, Pati Viana e Douglas Pereira
Carmelo De Luca e Fabiano Mazzei
Clara, Luyza, Carmelo, Fernanda, Toni e Vitoria De Luca
Chef Roberto Ravioli
Cláudia Leal, Sérgio Tavares e Meg C. Felippe
Daniel De Luca e Salvador De Luca
Thiago De Luca, Carmelo De Luca e Andre Iase
Eduardo Lobo, Thiago De Luca, Bruno De Luca e Toni De Luca
Renato, Aline, Higor, Regis Sassaki e Júlio César (Equipe Sassaki)
Toni De Luca, Edson Cosac e Angela
Fred Cheng e Ricardo Tasaki
Gabriela De Luca, Cristiane De Luca e Fernanda De Luca
Olga Campos, Leonardo Baptista, Gabriela Ximenes, Lívia Cravo e Flavio Vicente
Ricardo Torres, Eduardo Lobo e Regis Sassaki
Thiago De Luca, Sergio Tavares, Carmelo De Luca, Ronaldo Monteiro e Meg C. Felippe
Carol Maciel e Marina Colaferri
2025 promete ser repleto de encontros que trazem oportunidades únicas para se realizarem negócios, aumentar networking, buscar conhecimento e traçar novos caminhos para o futuro do setor. Veja o calendário com os principais eventos deste ano
Texto: Fabi Fonseca e Léo Martins
Osetor de pescado se prepara para um 2025 movimentado, com eventos que prometem impulsionar o desenvolvimento do segmento no Brasil e no mundo. Os encontros globais começam em março e seguem até dezembro, com um calendário intenso e estratégico. Já em solo brasileiro, a situação é semelhante: a cada ano que passa, a agenda aquática ganha novas edições, reestruturações e estreias que apostam no compartilhamento de conhecimento e na aproximação entre os agentes da cadeia para impulsionar a competitividade e abrir novas oportunidades no segmento.
Neste ano, uma das mudanças que veremos, por exemplo, é o no IFC Amazônia, que ficou para abril e acontece em Belém (PA), cidade que também será sede da COP 30, em novembro. A conferência internacional trará conteúdo técnico e promoverá
debates sobre a produção sustentável de pescado na região amazônica, além de uma dimensão política, como conta o presidente do IFC Amazônia, Altemir Gregolin. “Vamos tratar da aquicultura e pesca como alternativa econômica sustentável e estratégica para o desenvolvimento da Amazônia, discutir e aprovar no evento a Carta de Belém, defendendo esta tese e propondo sua inclusão na programação da COP 30”, destaca.
Outra novidade no calendário é a mudança de formato da Aquishow Brasil que, em sua 15ª edição, adota um modelo itinerante e acontecerá em Uberlândia (MG). Marilsa Fernandes, idealizadora e organizadora, vê a alteração como um passo estratégico para aumentar a capilaridade do evento e fomentar a atividade ao levar tecnologia, inovações, modelos de gestão adequados, manejo e informação. “A mudança para Uberlândia já eleva nosso nível de qualidade porque conseguimos
um lugar próprio para eventos, com toda uma infraestrutura muito bem preparada e organizada”, diz.
Logo, para ela, as expectativas são as mais positivas possíveis:“Estamos numa grande parceria com o poder público, que está dando todo o apoio, então creio que faremos o melhor evento de todas as 15 edições da Aquishow Brasil”, afirma. Além da nova localização, a edição reforça seu papel na internacionalização do setor e na promoção de discussões com foco nos obstáculos que a atividade enfrenta no Brasil. Por isso, entre as ações realizadas, está uma audiência pública para encaminhamentos sobre ordenamento, legalização e sustentabilidade da aquicultura no Brasil. Sendo assim, pensando em te ajudar a se programar diante da extensa agenda ao longo deste ano, preparamos um calendário com os principais eventos que vão movimentar o nosso setor em 2025. Confira!
Market Experience
Priority in Booking
Global Partnerships
Competitive Conditions
Relationship and Market Knowledge
connecting people and routes
kpmlogistics.com
SEAFOOD EXPO NORTH AMERICA/SEAFOOD
PROCESSING NORTH AMERICA
Quando: de 16 a 18 de março
Onde: Boston, USA
SUPER RIO EXPOFOOD
Quando: de 19 a 21 de março
Onde: Rio de Janeiro, Brasil
III EXPO PESCA & AQUICULTURA
Quando: de 03 a 06 de abril
Onde: Salvador, Brasil
ANUGA SELECT
Quando: de 08 a 10 de abril
Onde: São Paulo, Brasil
EXPO APRAS
Quando: de 22 a 24 de abril
Onde: Pinhais, Brasil
SEAFOOD EXPO GLOBAL/SEAFOOD PROCESSING GLOBAL
Quando: de 06 a 08 de maio
APAS SHOW
AQUISHOW
Onde: Barcelona, Espanha
Quando: de 12 a 15 de maio
Onde: São Paulo, Brasil
FENAGRA, FEED & FOOD E EXPO AQUA FEED
Quando: de 13 a 15 de maio
Onde: São Paulo, Brasil
Onde: Belém, Brasil
Quando: de 27 a 29 de maio
Onde: Uberlândia, Brasil
FISPAL FOOD SERVICE
Quando: de 27 a 30 de maio
Onde: São Paulo, Brasil
Quando: de 23 a 25 de abril
WORLD AQUACULTURE 2025
Quando: de 24 a 27 de abril
Onde: Qingdao, China
PEC NORDESTE
Quando: 05 a 07 de junho
Onde: Fortaleza, Brasil
5TH EDITION OF THE WORLD AQUACULTURE AND FISHERIES CONFERENCE
Quando: de 09 a 11 de junho
Onde: Roma, Itália
EXPOSUPER 2025
Quando: de 16 a 18 de junho
Onde: Balneário Camboriú, Brasil
FISPAL TECNOLOGIA
Quando: de 24 a 27 de junho
Onde: São Paulo, Brasil
AQUAEXPO EL ORO
Quando: de 08 a 10 de julho
Onde: Machala, Equador
CONXEMAR
AQUANOR
Quando: de 19 a 21 de agosto
Onde: Trondheim, Noruega
SEMANA DO PESCADO
Quando: de 01 a 15 de setembro
Onde: em todos os estados do Brasil
Quando: 06 de outubro
Onde: Vigo, Espanha
LACQUA 2025 – LATIN AMERICAN & CARIBBEAN
Quando: de 07 a 09 de outubro
Onde: Puerto Varas, Chile
AQUAEXPO INTERNATIONAL
Quando: de 20 a 23 de outubro
Onde: Guayaquil, Equador
SEAFOOD SHOW LATIN AMERICA
Quando: de 21 a 23 de outubro
Onde: São Paulo, Brasil
CHINA FISHERIES SEAFOOD EXPO
INTERNATIONAL FISH
CONGRESS (IFC)
Quando: de 02 a 04 de setembro
Onde: Foz do Iguaçu, Brasil
TEM PEIXE NA VILA
Quando: de 06 a 07 de setembro
Onde: São Paulo, Brasil
SEAFOOD EXPO ASIA
Quando: de 10 a 12 de setembro
Onde: Cingapura
EQUIPOTEL
XXI FENACAM
Quando: de 11 a 14 de novembro
Onde: Natal, Brasil
XI AQUA CIÊNCIA E ENCONTRO
Quando: de 16 a 19 de setembro
Onde: São Paulo, Brasil
AQUACULTURE EUROPE
Quando: de 22 a 25 de setembro
Onde: Valência, Espanha
12TH WORLD CONGRESS ON AQUACULTURE & FISHERIES (ICFA) 2025
LATINO AMERICANO DE PATOLOGISTAS DE ORGANISMOS AQUÁTICOS (ELAPOA)
Quando: de 29 a 31 de outubro
Onde: Qindao, China
Quando: de 11 a 14 de novembro
Onde: Campos do Jordão, Brasil
Quando: 26 e 27 de setembro
Onde: Hanoi, Vietnã
A Brazilian Fish anunciou a primeira tilápia editada geneticamente para desenvolvimento do País. Para chegar a este resultado, a empresa utilizou tecnologias avançadas de edição de genes para assim, reproduzir uma variação genética que ocorre naturalmente em outras espécies - mas agora, tudo vai ser aplicada de forma precisa e controlada à tilapicultura. A empresa ainda contou com o suporte do Center for Aquaculture Technologies (CAT), dos Estados Unidos, para editar genes específicos da tilápia-do-Nilo. Ainda segundo a Brazilian Fish, a principal meta com a descoberta é justamente elevar o rendimento do filé e otimizar o desempenho produtivo dos peixes.
Pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) fecharam uma parceria com o Departamento de Pesquisa e Estatística do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Em resumo, a colaboração tem o objetivo a “reconstrução da estatística pesqueira marinha do Brasil para o período de 1950 a 2022”. Na reunião, que aconteceu ao final de janeiro, foram discutidas as metodologias empregadas. “Essa é uma importante ação que tem por objetivo a execução da reconstrução da estatística pesqueira nacional, produzindo estimativas robustas e confiáveis sobre a captura dos recursos pesqueiros brasileiros”, comentou o diretor do Departamento, Alex Lira. “A existência de tais informações é crucial para a condução de políticas públicas que promovam o ordenamento pesqueiro de maneira eficaz e sustentável”, completa.
Os preços do pescado apresentaram variações ao longo de 2024, refletindo um cenário de desafios e ajustes no mercado nacional. De acordo com os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a variação acumulada no ano para o segmento foi de 0,81%. Em dezembro, com a demanda crescente no fim do ano, o índice registrou uma inflação de 0,51%, com destaque para espécies como o peroá, que teve alta mensal de 13,52%, e o filhote, com 4,83%. Por outro lado, itens como a tainha (-7,37%) e a anchova (-2,57) sofreram deflações no período.
Com sede em Medianeira (PR), a Lar Cooperativa Agroindustrial anunciou que adquiriu os ativos da indústria de processamento de peixes que pertenciam à Frimapar Indústria e Comércio de Alimentos, empresa que fica em São Miguel do Iguaçu (PR). A Lar comentou em uma nota que o objetivo da aquisição da Frimar faz parte da estratégia de uma expansão mais efetiva da cooperativa. “Nosso objetivo é garantir a continuidade das operações, mantendo os padrões de excelência já estabelecidos e ampliando as oportunidades para produtores, funcionários, fornecedores e parceiros comerciais”.
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Uma cooperação inédita entre pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), algumas instituições de pesquisa nacionais e internacionais, empresas e o governo resultou no desenvolvimento de dois protocolos inéditos que afetam diretamente as tilápias produzidas no reservatório da Usina Hidrelétrica de Chavantes ao sudoeste do Estado de São Paulo. Utilizando técnicas sequenciais, os protocolos possibilitaram que um selo fosse desenvolvido para denominar a origem para o filé de tilápia dessa região. Segundo os pesquisadores envolvidos, o selo garante que o produto provém de um território com características ambientais únicas, assegurando sua autenticidade e valor no mercado. Com o uso dessa certificação, os produtores ainda poderão elevar a qualidade percebida de seus produtos, obter maior competitividade, agregar valor e fortalecer sua posição no mercado.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado em dezembro também constatou que bares e restaurantes finalizaram 2024 com um forte cenário de pressão inflacionária. Em resumo, o grupo de “Alimentação e Bebidas” teve uma alta de 1,18%, elevação essa que além de ser a quarta consecutiva, teve causa pelos preços da alimentação no domicílio - que por sua vez, subiram 1,17% -, mas também pelos da alimentação fora do domicílio - que registraram aumento de 1,19%. Dentro desta análise, a alimentação fora do lar teve impactos relevantes: as refeições, por exemplo, tiveram alta de 1,42%, acima do preço dos insumos; já os lanches registraram um aumento de 0,96%.
Segundo monitoramento realizado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o Consumo nos Lares Brasileiros registrou um crescimento de 3,72% ao final de 2024. De acordo com a entidade, o salto foi impulsionado pela recuperação do mercado de trabalho e pela ampliação dos rendimentos reais dos consumidores. Ainda segundo a Abras, na comparação entre dezembro de 2024 e dezembro de 2023, a alta foi de 7,23%, enquanto, em relação a novembro, o avanço chegou a 12,81%. “O aumento do emprego e da renda resultou em maior consumo das famílias, com destaque para a forte aceleração a partir de novembro, impulsionada pela entrada dos recursos do 13º salário na economia”, analisa Marcio Milan, vice-presidente da entidade.
A Fider Pescados anunciou a inauguração de uma nova fazenda de engorda, no reservatório de Estreito, vizinho a Rifaina, cidade onde fica localizada sua sede no interior de São Paulo. Ocupando somente 2 hectares de água, o projeto tem a capacidade para produção de 8 mil toneladas de tilápia por ano, aumentando assim em 83% a oferta atual que é de 9,6 mil toneladas por ano. Ainda de acordo com a Fider, a nova fazenda prevê instalar 400 tanques-rede, começando com 100 unidades a partir de abril de 2025 para assim, aumentar
Tecnologia em processamento de pescado
Peixe à mesa
Desenvolvida para a evisceração de pescado, a mesa da MetalFish foi construída totalmente em aço inox tipo AISI-304, abas e calhas em aço inox e chuveiros individuais, que por sua vez, são montados sobre esteira superior. A empresa ainda destaca que a esteira central possui acionamento através de um motoredutor elétrico.
Abram-se as cortinas
Já a Multifrio aposta em sua cortina PVC standard para indústrias que precisam separar ambientes de uma forma prática. A empresa destaca que a cortina é incolor e possui 1,80 m x 0,90 m, o que a torna adequada para a maior parte das aplicações justamente por impedir a entrada de pó, fagulhas, fumaça e ar contaminado, além de
proteger sensores de máquinas, reduzir ruídos e outras funcionalidades. A solução é indicada para ser usada em ambientes como: câmaras refrigeradas, frigoríficas e de congelamento; transportes/ carrocerias que oferecem refrigeração dos produtos; e outros fins.
A VXM EC Eletrônico é a solução da Multivac para ventilação e exaustão em todo ambiente de uma indústria que precise de tratamento de ar. De acordo com a empresa, o equipamento é um gabinete tipo “Plenum Fan” para renovação de ar em ambientes condicionados sem renovação de ar externo. Por isso, o produto incorpora vazões de 7.000 m3/h a 20.000 m3/h, podendo ser instalado em qualquer posição, vertical ou horizontal.
A Multivac ainda destaca que a solução opera na faixa de temperatura de -150C até 600C e contém um motor eletrônico que permite controles Modbus e sinais externos de 0 a 10V para controles de vazão e ou pressão para sistemas de T.A.E.
Considerado uma referência em sistemas para frigoríficos, o Frigosft da Atak Sistemas atende todos os segmentos da indústria, do pescado ao bovino. De acordo com a empresa, o sistema atua em toda fase de “Controle” passando pela parte de cortes, WMS e expedição, além de ainda atuar na fase de “Rastreabilidade” e no momento do “Custeio”. Por fim, a solução também tem aplicação nos períodos de “Apontamento e controle de produção” e “Controle de rendimento e produção”.
A Smurfit Kappa aposta em suas caixas para peixe, que por sua vez, foram desenvolvidas para proporcionarem a quantidade necessária de resistência à água, além de terem resistência e isolamento para cumprir os requisitos físicos da cadeia de fornecimento, seja por via rodoviária ou por via aérea. Fabricadas a partir de um recurso renovável, as soluções são 100% recicláveis, sendo assim uma alternativa ecológica às caixas em poliestireno e plástico. Por fim, as caixas para peixe podem ser fornecidas em formato plano, reduzindo o espaço de armazenamento e minimizando os custos de transporte.
As máquinas de gelo da Mebrafe foram desenvolvidas para ambientes que necessitam deste insumo de forma rápida e prática, o que motivou a criação de 4 modelos: o fabricador de gelo em escamas, que possui capacidade de 1.300 a 20.000 kg/24h; o gerador de gelos em escamas, que conta com uma capacidade de 2.000 a 30.000 kg/24h; o gerador de gelos em escamas para amônia, que vem com tubos encamisados e confeccionados em aço-carbono, com formação de gelo nas faces externa e interna; e o gerador de gelo em cilindro para amônia, que tem capacidade de 3.000 a 15.000 kg/24h.
Produção global de pescado cresce, mas o Brasil ainda tem gargalos para expandir o consumo interno e atender às exigências de um consumidor mais atento a preço, qualidade, sustentabilidade e outras tendências
Texto: Fabi Fonseca
“O Brasil vai alimentar o mundo”.
A frase, repetida à exaustão no setor agropecuário, ganha ainda mais relevância quando o tema é pescado. Considerado “a proteína do futuro”, o setor nacional busca se consolidar como um dos principais fornecedores globais de pescado, em um cenário onde a curva de produção mundial segue ascendente. Globalmente, a produção da aquicultura e pesca atingiu 223,2 milhões de toneladas em 2022, um salto de 4,4% ante 2020. Aqui, o destaque foi a aquicultura, com 130,9 milhões de toneladas, das quais 94,4 milhões de toneladas foram de animais aquáticos (51% do total), conforme o The State of The World Fisheries and Aquaculture (SOFIA 2024), divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU).
Com o mercado global de pescado em expansão, as perspectivas para os próximos anos são animadoras. No entanto, no Brasil, o grande desafio está em mirar com precisão no centro do alvo: o consumidor – e ele está cada vez mais exigente. Consumo em alta
Antes de falar sobre o perfil do
consumidor brasileiro de pescado, é necessário entender o desafio de ampliar o consumo no País onde a média per capita está abaixo da média mundial. No geral, em 2024, o consumo nacional alcançou 2,525 milhões de toneladas, salto de 6% em relação a 2023, como conta o consultor Wilson Santos. “Os números projetados para 2024 foram excelentes, indicando um crescimento de 140 mil toneladas”, afirma.
No Brasil, o consumo é impactado por diversos fatores, como hábitos regionais, fatores religiosos, ciclo
produtivo, oferta, clima, comércio exterior, renda e outros. No entanto, o fator econômico ainda é o mais decisivo. “O principal motor do consumo de massa é o econômico”, fala o consultor.
O pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, Manoel Xavier Pedroza Filho, reforça que o preço ainda é o principal fator na decisão de compra. No entanto, ele observa que, embora sustentabilidade e rastreabilidade ainda não sejam determinantes para a maioria dos consumidores, especialmente os de menor poder aquisitivo e nível de instrução, essas exigências tendem a ganhar
Para Cunha, a principal estratégia para construir e manter a fidelidade do consumidor é demonstrar, de forma clara, como os atributos estão presentes nos produtos
relevância no médio e longo prazo.
“Sustentabilidade e a rastreabilidade podem influenciar consumidores mais conscientes e aptos a pagar o diferencial de preço atrelado a esses atributos”, explica.
A percepção de qualidade dos produtos é um dos principais fatores que orientam a escolha dos consumidores brasileiros nos últimos 10 anos, como destaca Christiano França da Cunha, professor e especialista em comportamento do consumidor. “Diversos são estes atributos, mas podemos destacar a preocupação com o meio ambiente e a relação custo-benefício. Esse último aspecto está mais ligado à relação entre a sua qualidade do produto e o preço pago por ele, ou seja, o valor a ser pago pelo produto que tem este atributo desejado”, diz.
Segundo Cunha, o consumidor atual aceita pagar mais por alimentos que apresentem maior qualidade, especialmente se estiverem alinhados a valores socioambientais. “Por isso, produtos com um apelo maior à sustentabilidade têm normalmente um maior apelo para os consumidores e por isso têm sido encontrados nos varejos de alimentos com preços mais elevados”, diz o especialista.
Os estudos do professor indicam que os consumidores brasileiros estão cada vez mais atentos a aspectos como saudabilidade, sustentabilidade e conveniência. “Esse padrão de comportamento no consumo de alimentos em geral também se reflete na escolha do pescado. Em um estudo que desenvolvi com coautores em 2019, antes mesmo da pandemia, mostra que estes mesmos atributos são solicitados quando se pensa em compras de pescado”, completa.
Oportunidades para o crescimento
Em um cenário dinâmico e repleto de variáveis, Pedroza Filho destaca a consolidação da demanda por produtos práticos, como cortes e préprocessados, tendência já consolidada em diversos países e que, segundo ele, deve se firmar no Brasil. “Mas o preço desses produtos – mais elevado em comparação ao peixe inteiro – e a falta de oferta de cortes de peixes nativos são fatores que podem ‘frear’ essa tendência junto a determinados segmentos da sociedade e em algumas regiões do Brasil”, pondera.
O setor ainda pode aprender com outras cadeias alimentares já adaptadas a demandas de nicho, como as proteínas alternativas e os mercados vegetariano, vegano e plant-based. “A diversificação da gama de produtos é uma estratégia adotada por outras cadeias de proteína animal e deve ser implementada pela indústria de pescado para acessar novos nichos e ampliar o consumo”, avalia Pedroza Filho. No entanto, no caso específico das proteínas alternativas, ele defende que são “complementares ao pescado convencional, e não concorrentes”.
Com isso, Pedroza prevê um aumento do consumo per capita de pescado no Brasil a longo prazo, desde que a governança setorial favoreça a integração dos pequenos produtores com a indústria e a inovação tecnológica impulsione produtividade, redução de custos, aproveitamento integral do pescado e desenvolvimento de novos produtos de forma competitiva e sustentável. Além disso, a competitividade frente a outras proteínas, também será crucial. “E isso, por outro lado, exige uma ampla transformação da cadeia – em especial da aquicultura –, que precisará se verticalizar e se integrar para alcançar a escala necessária e ofertar uma ampla gama de produtos, como vemos hoje na cadeia do frango”, completa.
No curto prazo, Santos projeta um crescimento modesto para 2025, com aumento de 2% no consumo nacional,
1
Crescimento do consumo per capita no mundo
Segue em alta devido a fatores como urbanização, aumento da renda e mudanças demográficas.
A urbanização global saltou de 34% em 1961 para 57% em 2021.
2
Impacto da urbanização na alimentação
Migração para centros urbanos impulsiona consumo de proteínas de origem animal.
Consumidores urbanos buscam alimentos práticos e saudáveis, como pré-cozido e processado.
3 4
Retrocesso e recuperação
Consumo per capita global caiu de 20,5 kg (2019) para 20,2 kg (2020) devido à pandemia da Covid-19. Em 2021, consumo voltou a crescer chegando a 20,7 kg em 2022, mas metade dos países ainda não atingiu os níveis pré-pandemia.
Insegurança alimentar e redução no consumo de proteínas
A fome global aumentou, com 90 milhões de pessoas entrando em situação de insegurança alimentar entre 2019 e 2020. Consumo de todos os alimentos de origem animal foi impactado.
Fonte: SOFIA 2024/FAO/ONU
Wilson Santos observa um crescimento expressivo do consumo entre as classes de maior poder aquisitivo, evidenciado pelo aumento na demanda por espécies “mais nobres”
cerca de 50 mil toneladas de pescado. No entanto, a alta do câmbio e os custos internos podem limitar essa expansão. “A variação cambial deve ser alta. Em janeiro de 2024, o dólar estava em R$ 4,90, e a pressão nos custos internos é forte em toda a cadeia produtiva”, finaliza o consultor.
da segurança
Se antes o consumo de pescado era pautado por hábitos culturais e disponibilidade local, hoje, a escolha também se baseia em uma combinação de fatores e tendências com destaque para os benefícios nutricionais. De acordo com o relatório SOFIA 2024, o pescado desempenha um papel estratégico na segurança alimentar e nutricional global e, mesmo em pequenas quantidades, pode fornecer nutrientes essenciais para uma dieta equilibrada.
“O pescado é uma fonte rica em proteínas de alta qualidade, em vitaminas como a D e a B12, em minerais essenciais como o iodo, selênio e zinco e, principalmente, de ácidos graxos essenciais ômega-3 – eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico (DHA)”, explica a nutricionista Daiane Reis. Esses nutrientes, segundo ela, desempenham papéis fundamentais na manutenção da saúde cardiovascular, no desenvolvimento cerebral e no fortalecimento do sistema imunológico.
Pescado tem ganhado destaque não apenas pelo sabor, mas por seus benefícios nutricionais reconhecidos, mas desafios ainda limitam a sua presença na dieta dos brasileiros
O pescado também se destaca como uma alternativa saudável na luta contra as doenças crônicas. “Ele contribui para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares em geral e vários tipos de câncer. Além disso, seu consumo está associado a um menor risco de desfechos cognitivos, como perda de memória, demência, depressão e até mesmo Alzheimer”, destaca Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva, diretora-geral do Instituto de Pesca e coordenadora do Projeto Pescado para a Saúde.
Mas, apesar de seus benefícios amplamente reconhecidos, o pescado ainda enfrenta barreiras para se consolidar como um alimento essencial na dieta dos brasileiros.
Conforme Neiva, o pescado é um dos principais itens da dieta mediterrânea, reconhecida como a mais eficaz para a proteção contra doenças cardiovasculares. No entanto, esse conhecimento ainda é restrito,
A nutricionista Daiane Reis indica que priorizar produtos que contenham apenas peixe e ingredientes naturais auxilia na escolha de opções alinhadas a uma alimentação equilibrada
e o preço do pescado em países em desenvolvimento ou emergentes, como o Brasil, é elevado, o que limita o acesso a essa proteína - além disso, o consumo per capita abaixo da média global ainda é um problema. Logo, para ela, o desafio está no conhecimento de base: “Oferecer pescado nas escolas desde cedo para criar hábitos saudáveis na vida adulta. As crianças são multiplicadoras, levando conhecimento para seus familiares e amigos próximos”, indica.
Nos consultórios, os profissionais de nutrição também enfrentam gargalos para posicionar o pescado como um alimento essencial em dietas saudáveis, como destaca a nutricionista Daiana Reis. “Um dos principais desafios é a falta de conhecimento dos pacientes sobre os diferentes tipos de pescado e seus benefícios. Além disso, preocupações com contaminantes ambientais podem gerar hesitação no consumo”, analisa.
Por isso, segundo Reis, é essencial que os profissionais de nutrição tenham acesso contínuo a informações atualizadas sobre a qualidade, a segurança e os benefícios do pescado para orientar
Com uma abordagem científica aliada a estratégias de comunicação acessíveis, o Projeto Pescado para a Saúde foi criado em 2022 para impulsionar o consumo de pescado no Brasil, bem como buscar um alimento que seja cada vez mais nutritivo e benéfico à saúde. “Acreditamos que a condução de pesquisas voltadas para a fortificação nutricional, associada à nossa missão de disseminar conhecimento junto à sociedade sobre os benefícios do pescado para a saúde, contribuirá para o aumento do consumo dessa proteína e para maiores benefícios à saúde dos consumidores”, reforça Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva, coordenadora do projeto.
A iniciativa, que conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e um time de especialistas do Brasil e do exterior, já participou de mais de 20 eventos, organizou dois concursos de receitas, publicou cinco artigos científicos e promoveu o diálogo com órgãos estratégicos, como a FAO, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e a Coordenadoria de Segurança Alimentar da Secretaria da Agricultura.
adequadamente seus pacientes.
Neiva completa dizendo que diante dos desafios de consumo, são necessários investimentos em ações conjuntas do governo, além da promoção de campanhas de descontos e incentivo ao consumo e à comercialização. “É fundamental a criação de políticas públicas para garantir acesso e abastecimento a todos e em todos os lugares”, finaliza.
e inovação: cresce
O crescimento expressivo da prática de atividades físicas no Brasil reflete uma preocupação cada vez maior com a saúde e a qualidade de vida. Conforme o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, a atividade física é essencial para o pleno desenvolvimento humano e deve ser praticada em todas as fases da vida e em diversos momentos.
É justamente a preocupação com a saúde e qualidade de vida que tem levado uma legião de pessoas à prática regular de atividade física nos últimos anos. Segundo a pesquisa Panorama
Setorial Fitness Brasil 2024, elaborada pela Fitness Brasil em parceria com a EY e a Armatore Market + Science, a orientação de um profissional de saúde é o principal estímulo para a retomada ou início da prática de exercícios físicos (31% dos participantes).
Nesse cenário, para a nutricionista Daiane Reis, as empresas podem desenvolver produtos com apelo saudável, destacando o alto teor de proteínas e a presença de ômega-3, além de investir em embalagens informativas que evidenciem os benefícios nutricionais. “Campanhas de marketing direcionadas ao público fitness também são estratégias eficazes, tendo em vista o grande papel que os influenciadores possuem na decisão de compra hoje em dia”, destaca.
Atendendo o mercado
Há alguns anos, a Robinson Crusoé identificou uma oportunidade de mercado ao lançar o Atum My Protein, um produto desenvolvido para quem
buscava alto teor proteico aliado à saudabilidade e conveniência. “Foi inspirado em produtos do mercado externo, que fornecíamos através de marca própria nos Estados Unidos”, afirma Juliana de Oliveira Antunes, gerente de Trade e Marketing da empresa. A proposta é oferecer uma fonte prática de proteína para o público que demanda reposição nutricional eficiente para o pré e pós-treino. Conforme ela, a aposta se mostrou acertada. “Tivemos uma boa receptividade com o My Protein. Além de 31 g de proteínas por lata, o produto entrega nobreza, sabor e melhor experiência de consumo”, destaca.
Também apostando na tendência de combinar saudabilidade e sabor sem abrir mão da conveniência, a Brazilian Fish lançou, no ano passado, o Gelafish Protein, um sorvete enriquecido com proteína de tilápia. Segundo David Carvalho
Feitos de atum yellowfin, os produtos são comercializados em lata e buscam entregar sabor e melhor experiência de consumo
Potencial nutricional do pescado: como explorar melhor?
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O pescado vai além do ômega-3: é uma
fonte rica de vitaminas e minerais essenciais
Vitamina A — Fundamental para crianças com deficiência nutricional
Ferro — Essencial para mulheres/meninas em idade fértil
Proteína — Auxilia na força muscular de adultos e idosos
Cálcio — Contribui para a saúde óssea
Selênio e Magnésio — Reforçam a imunidade
Principais barreiras
ao consumo
Falta de conhecimento sobre espécies
Mitos: “cheiro forte” e “gosto de barro”
Preço considerado alto Desconhecimento sobre seleção e preparo
Como expandir o mercado de pescado?
Campanhas educativas e eventos gastronômicos
Promoção de espécies alternativas mais acessíveis (ex: Penacos – veja mais na seção “Na Cozinha” na página 74)
Maior proximidade entre pesquisa e mercado para baratear custos
Colaboração entre todos os elos da cadeia produtiva
oferecer os benefícios da tilápia
Gomes, gerente de desenvolvimento de produto da Brazilian Fish , o item não é voltado exclusivamente para o público fitness, mas para qualquer consumidor que busca uma alimentação nutritiva e equilibrada. “Nosso objetivo sempre foi inovar criando produtos saudáveis”, afirma.
Conforme ele, a curiosidade e o desejo por alternativas saudáveis têm levado muitas pessoas a experimentálo. “Quem prova, aprova! Recebemos inúmeros relatos elogiando o sabor, a cremosidade e o fato de ser uma opção saudável e inovadora”, destaca. No entanto, lançar um produto que combine saudabilidade, conveniência e apelo comercial não é tarefa simples. “Para entregar um produto que atenda às necessidades dos consumidores e à ideologia da empresa, é necessário investimento em processos fabris, pesquisas, testes, dedicação, entre outros fatores. Isso pode gerar um maior tempo para o lançamento”, conta Antunes. Já para Gomes, agora, com a demanda crescente, o desafio também está na oferta de opções inovadoras. “Quando algo como o Gelafish Protein surge, o público não só aceita, como abraça a ideia”, finaliza.
Não é todo dia que se comemora uma história de 80 anos com o frescor e a energia de quem está começando.
Frescor que levamos para os nossos pescados. Energia para desenvolvermos toda a cadeia produtiva da pesca e da gastronomia.
Quando o assunto é o crescimento populacional, é praticamente impossível não entender que a demanda por alimentos se torna um fator indispensável dentro desta equação. E, neste contexto, a sustentabilidade se torna um protagonista produtivo fundamental na pauta de qualquer empresa que atua com alimentos, bem como para seus consumidores. Logo, esse assunto se torna igualmente significativo no setor de pescado. “Houve uma popularização do debate a respeito dos impactos da pesca, da aquicultura e das condições de trabalho nas comunidades envolvidas”, destacam Fernanda David, supervisora de certificação sênior e Tamara de Almeida, analista de certificação pleno, ambas da Control Union.
Dentro desta visão, é importante destacar que hoje, existem sim diversas certificações que podem ser utilizadas no setor de pescado. “As principais [certificações] disponíveis para a aquicultura são: Aquaculture Stewardship Council (ASC); Best Aquaculture Practices (BAP) e Global G.A.P.; Marine Stewardship Council (MSC ) para a pesca e Fair Trade USA (FTUSA); e a Friend of the Sea (FOS), que se aplica às duas modalidades de produção”, explicam.
Sobre a certificação ASC, Laurent Viguié, gerente de marketing comercial-ASC Brasil e Ana Carolina Iozzi, Consultora Independente ASC, fazem questão de destacar que as empresas que buscam esse tipo de reconhecimento, precisam
O setor está usando certificações, práticas sustentáveis e uma comunicação eficaz para educar consumidores e criar um novo caminho para a indústria do pescado, alinhado às necessidades do consumidor
Como obter uma certificação?
Como obter uma certificação?
a Padronize processos e procedimentos a Registre dados regularmente
a Conte com consultores para se adequar e atender os critérios das normas
Desafios particulares de cada segmento Aquicultura: depende unicamente da vontade e organização da empresa. Pesca: políticas públicas e dados históricos confiáveis sobre a sustentabilidade dos estoques pesqueiros são necessários, como no caso da certificação MSC.
O setor de pescado conta com diversas certificações e tem visto crescimento das discussões das práticas sustentáveis
obrigatoriamente investir na melhoria de seus processos. “Essas empresas têm investido em sistemas de gestão cada vez mais robustos que possibilitem implementar, verificar e demonstrar de forma contínua a conformidade com os Requisitos ASC, além de monitorar, detectar, prevenir e mitigar os riscos da operação”, contam.
Juliano Kubitza, diretor de Unidade de Negócios da Fider Pescados, concorda com os profissionais da ASC ao endossar que, de fato, a gestão é fundamental quando o assunto é certificação. “Certificar significa assegurar um trabalho bastante abrangente que precisa ter rotina nas operações, pois deve-se implementar processos claros e auditáveis.”
Pescado sustentável e seus desdobramentos
O Alasca, um local tradicionalmente exportador de pescado, é o único Estado dos Estados Unidos que possui a sustentabilidade em sua Constituição, fato esse que impacta significativamente as negociações
com grandes redes varejistas globais. “Suas diretrizes garantem que os recursos sejam utilizados, desenvolvidos e preservados de maneira equilibrada. Com o apoio do Alaska Seafood Marketing Institute (ASMI), as certificações renomadas e gratuitas como o Responsible Fisheries Management (RFM) podem ser solicitadas pelos varejistas ao incluírem o pescado do Alasca em seus portfólios”, comenta Vanessa Pamio, Trade & Marketing da ASMI.
Indo nesta linha, Felipe Katata, gestor comercial e Head na América Latina da Cermaq, destaca que a sustentabilidade também é um pilar central da empresa, que por sua vez, possui a Certificação Certified Humane para a produção na região de Magallanes. Para ele, sem as
certificações internacionais, não seria possível vender pescado às grandes redes varejistas nacionais e internacionais. “Sem a comprovação dos aspectos de sustentabilidade, através de órgãos certificadores independentes, certamente os grandes clientes globais não nos considerariam como fornecedores”.
Também entendendo a seriedade do tema como um ponto de diferencial competitivo, Reginaldo Morikawa, CEO do Grupo Korin, conta o pioneirismo da empresa em uma tilapicultura mais sustentável. “Ela [a tilápia] foi a primeira criação a ser certificada justamente por não aplicar antibióticos e hormônios de reversão sexual nos animais”, explica. Sendo assim, a empresa resolveu dar continuidade a este tipo de conquista
ao desenvolver uma linha inteira de produtos composta por filé de truta, filé de tilápia e filé de truta arco-íris. Neste ano, o grupo também vai lançar o salmão defumado em pedaços.
Já no caso da Fider Pescados, a sustentabilidade é um elemento tão fundamental no DNA da empresa que a fez ser conhecida em 2024, como uma das fazendas mais sustentáveis do Brasil com o prêmio “Fazendas Sustentáveis”. “É um trabalho de longo prazo baseado nos pilares de meio ambiente, bem-estar animal e bem-estar social. E faz parte da filosofia do Grupo MCassab”, ressalta Juliano Kubitza.
Neste contexto, ele pontua que são cada vez mais frequentes os clientes que só trabalham com produtos certificados para assegurar a origem sustentável do produto. “Por isso, esse reconhecimento é extremamente bem-vindo.”
Concordando com o pensamento de Kubitza em que a venda de pescado sustentável é uma tendência, Fernanda David e Tamara de Almeida da Control Union lembram que as grandes redes de varejo têm um papel fundamental para que isso se torne uma realidade. “O mercado interno ainda está sendo conscientizado e os grandes varejistas são atores importantes para que essas tendências se consolidem no Brasil.”
Nesta linha, Elane Correia, consultora técnica comercial na EC Consultoria, ressalta que de fato, no mercado nacional de pescado, o conceito de sustentabilidade vem crescendo. “Porém, é bom lembrar que ele ainda não está consolidado por aqui
Como oferecer transparência e ter resultados comprovados?
Certificações: ofereça destaque para selos de pesca sustentável.
Impactos reduzidos: mostre quais ações minimizam os danos no processo produtivo.
Consumo consciente: compartilhe números e práticas que incentivem escolhas responsáveis.
Quais ferramentas de comunicação usar?
Conteúdos de redes sociais de amplo alcance: produza conteúdos diretos e educativos.
Rótulos de produtos: dê para o consumidor informações claras sobre o produto e o porque ele é sustentável.
Quais benefícios uma boa comunicação traz para a marca?
Educação do consumidor: aproximação com o público-alvo. Fortalecimento da reputação: associação a valores de responsabilidade e inovação.
como em países da Europa e nos EUA. Ou seja, os consumidores até entendem a importância da sustentabilidade, mas a grande maioria, ainda não está disposta a pagar um valor mais alto por produtos certificados e com selo sustentáveis”, pondera.
Parcerias público-privado são importantes para que novos costumes e conceitos sejam implementados nos mais diversos segmentos de produção brasileira. E, no caso da sustentabilidade no setor agroindustrial, isso não poderia ser diferente para que novas realidades sejam alcançadas. “A iniciativa privada pode realizar parcerias, com apoio financeiro para ONG´s e cooperativas em educação ambiental e reciclagem de materiais. Essa forma de iniciativa também pode ser implementada em pesquisa em fontes renováveis de energia e material de embalagem, entre outras dos ecossistemas agroindustriais inovadores”, exemplifica Cecilia Mendes, gerente de inovação e sustentabilidade na Korin Agricultura e Meio Ambiente. “A aproximação entre setores para discutir sustentabilidade, equilibrando uso responsável dos recursos e viabilidade econômica, é essencial para consolidar a sustentabilidade na cadeia nacional do pescado”, reforça a consultora Elane Correia.
Para trazer esse pensamento para a realidade, Vanessa Pamio, da ASMI, conta sobre uma parceria com cientistas federais realizada no Alasca que, conforme ela, traz benefícios a toda a cadeia local. “Essa parceria inclui o desenvolvimento de tecnologias inovadoras que melhoram a qualidade das capturas, preservam o habitat natural e ainda fortalecem o compromisso do Estado com a sustentabilidade”, detalha.
No entanto, não basta apenas ter apenas boas intenções e colocar todas em prática através de produtos e ações que concretizem este pensamento sustentável. É preciso que todo esse pacote seja comunicado ao público para que assim, reforce este conceito com o consumidor e ele, por consequência, compreenda a importância do assunto para o seu dia a dia. Sendo assim, é fundamental que as empresas trabalhem a comunicação dos temas relacionados à sustentabilidade.
Reginaldo Morikawa, do Grupo Korin, revela que neste ano, a empresa ganhará mais um item em seu portfólio de produtos sustentáveis
“Uma excelente forma de guiar essa comunicação é alinhar as ações da empresa aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o famoso ODS, que é uma espécie de ‘bússola sustentável’, que orienta e comunica ações de maneira estratégica. Ou seja, isso vai trazer à empresa direções claras para práticas empresariais e sociais”, explica Flávia Mendes, consultora em comunicação, especialista em sustentabilidade e professora em cursos de graduação e pós-graduação.
No entanto, Elane Correia faz questão de lembrar que uma comunicação eficiente é aquela que engloba todos os stakeholders da empresa. “A produção sustentável deve integrar a missão da empresa, com estratégias de comunicação interna, informações em embalagens e parcerias no varejo para educar consumidores”, reforça. “É assim que é possível uma empresa conectar e comunicar com autenticidade sua ética aos consumidores, fornecedores, colaboradores e outras partes interessadas no mercado e em qualquer outro ambiente que ela atue”, completa Mendes.
Soluções tecnológicas impulsionam a competitividade, transparência e sustentabilidade, entre outros benefícios no setor, motivando seu uso pelas empresas para aprimorar a eficiência dos processos na indústria e fortalecer a confiança do consumidor
Se por um lado o crescimento populacional obriga com que as empresas de pescado pensem com carinho na sustentabilidade, por outro, a tecnologia aparece como protagonista quando os temas são produtividade e lucratividade. E o que ambos os assuntos têm em comum? Os dois trabalham de forma conjunta para o crescimento do negócio, justamente por propiciar maiores resultados econômicos e redução do risco.
“É um requisito essencial para que as produções aquícolas sejam sustentáveis e eficientes. No cenário atual, onde margens de lucro estão cada vez mais apertadas e a concorrência é crescente, os produtores que não investirem em profissionalização, tecnologia e melhoria de processos correm o risco de se tornarem inviáveis no mercado’, explica Jorge Oliveira, CEO da Meu Pescado.
No entanto, Oliveira alerta sobre a necessidade de se relativizar as realidades distintas que existem entre grandes produtores e os pequenos e médios produtores. Ou seja, embora grandes produtores enfrentem desafios significativos na hora de implementar alguma solução tecnológica, o impacto
desses obstáculos é proporcionalmente menor em relação ao todo se comparado com as dificuldades encaradas pelos pequenos produtores, que possuem negócios mais sensíveis. “Um único
proporcionados”, completa.
Por isso, na visão do CEO da Meu Pescado, é impossível operar de forma eficiente e competitiva sem elementos básicos como acesso à internet, gestão estruturada e processos bem definidos. “Uma propriedade rural, no final das contas, não deixa de ser um negócio e precisa de ferramentas modernas para garantir sua sustentabilidade no longo prazo.”
contratempo pode comprometer seriamente sua viabilidade econômica, aumentando o risco de falência. Por isso, acreditamos que, para pequenos produtores, a digitalização e o uso de ferramentas como as que oferecemos são ainda mais essenciais”, ressalta Oliveira. “De fato, a tecnologia está acessível aos pequenos produtores, mas muitas vezes, o custo de acessála é analisado isoladamente, desconsiderando os benefícios
Foi pensando em oferecer uma solução para gestão aos pequenos e médios piscicultores que a Embrapa Informática Agropecuária resolveu surfar nesta onda tecnológica. O resultado desta iniciativa foi o desenvolvimento do aplicativo “Aquicultura Certa”, ferramenta que ainda está em fase de validação. “Projetado para otimizar a produção aquícola, o aplicativo será disponibilizado gratuitamente, permitindo que piscicultores tenham acesso a tecnologias avançadas para monitoramento e tomada de decisão. Com ele, os piscicultores podem monitorar e ajustar práticas
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de manejo com base em dados climáticos, qualidade da água e modelos de crescimento dos peixes, tornando o processo produtivo mais eficiente e sustentável”, ressalta Silvio Evangelista, analista da Embrapa Informática Agropecuária.
Evangelista ainda comenta que além do aplicativo gratuito, as APIs utilizadas no projeto “Aquicultura Certa” estarão disponíveis para que outros desenvolvedores de software possam integrar essas informações e modelos em suas próprias soluções digitais, ampliando assim o alcance e a aplicabilidade da tecnologia na aquicultura.
para a pesca
Nos dias atuais, a tecnologia é quase que uma aliada indispensável para ajudar a tornar as coisas mais fáceis ou menos complicadas, tanto em nosso dia a dia como indivíduos, bem como na rotina de controle e monitoramento das atividades da cadeia pesqueira. Afinal, é através da tecnologia que é possível, por exemplo, ter uma gestão completa do processo para assim, garantir eficiência da captura à mesa do consumidor final.
“Com a tecnologia, além de identificarmos perigos durante a rastreabilidade, também existe a preocupação em estimular a sustentabilidade pela prevenção quanto a captura acidental de espécies que não são o alvo da pesca como tartarugas, aves marinhas e etc.”, introduzem Rayana e Arimar França, diretores da Produmar, empresa especialista em captura e exportação de atuns. Eles continuam.
“Além disso, o fator tecnológico ajuda a evitar a contaminação dos oceanos por lixo da embarcação ou combustível, bem como ter um melhor controle das
Buscando melhorar seus processos rumo a uma produtividade mais eficiente, a Marchef Pescados implementou recentemente o software EasyPAC da Atak Sistemas e de cara, já observou melhorias significativas em muitos aspectos da operação. “O EasyPAC proporciona acesso rápido e simplificado aos registros auditáveis, eliminando a necessidade de armazenar documentos físicos e garantindo maior agilidade no atendimento às demandas dos órgãos de fiscalização” explicam Sarah de Oliveira e Gustavo Faria, gestores da Lex Experts e responsáveis técnicos da Marchef Pescados.
Para eles, o EasyPAC é uma solução digital que moderniza o gerenciamento dos programas de autocontrole, superando as limitações dos processos manuais através da coleta e organização estruturada de dados, customização de relatórios e análise de tendências. “A solução proposta pela Atak foi bem aceita pelo Serviço de Inspeção Federal, pois o sistema oferece mecanismos robustos que asseguram a integridade e a inviolabilidade dos registros, garantindo confiabilidade e conformidade com os requisitos regulatórios”, pontuam.
Para eles, a efetividade é potencializada quando aliada à uma gestão estratégica da qualidade e conformidade regulatória. “A Lex Experts atua como um parceiro nesse processo, oferecendo suporte técnico para a estruturação de programas de autocontrole, auditorias internas, treinamentos especializados e responsabilidade técnica, combinando conhecimento técnico e soluções tecnológicas inovadoras que maximizem os resultados das empresas”, completam.
espécies capturadas, respeitando as proibições, períodos de defeso e cotas estabelecidos na legislação. No final das contas, o investimento em métodos e soluções inovadoras ajudam a proteger o meio ambiente e a utilizar os recursos naturais de forma racional.”
Os irmãos França ainda comentam
que nos últimos anos, a Produmar conseguiu automatizar e informatizar todos os processos de rastreabilidade do produto. “Buscamos centralizar as informações do produto desde a origem como fornecedores, embarcações pesqueiras, zonas e locais de pesca”, comentam. “Além disso, conseguimos
identificar os produtos em elaboração por lote, controle de embalagens e insumos, mantendo sempre um rigoroso controle de estoque em todas etapas, desde a captura, passando pela entrada da matéria-prima na indústria, a elaboração dos produtos e a sua comercialização, com as informações necessárias à rastreabilidade – números de lacres, nº de lotes, datas”, ressaltam Rayana e Arimar. Apesar dos avanços nos últimos anos, eles completam: “Esse é um processo que deve ser encarado como um desenvolvimento constante.”
O
“A tecnologia precisa ser vista como um meio para atingir objetivos e gerar valor, e não como um fim.” É com essa frase que Gustavo Donato, professor da Fundação Dom Cabral e especialista em Inteligência Artificial (IA) defende a visão de uma empresa que deseja ter uma tecnologia como parceira
No caso de ferramentas como a IA, Donato indica que a empresa que quer adotá-las precisa de coisas básicas, como uma cultura orientada por dados (data-driven). “Com uma coleta de dados consistente da sua operação, ela [empresa] tem um banco de dados organizado com os dados sem redundâncias, sem dados incompletos. Assim, é possível configurar, por exemplo, um data lake complementar ou um data warehouse, onde os indicadores e os dashboards dos executivos buscarão as informações”, exemplifica. “Por isso, não adianta falar em IA sem antes construir uma base sólida de dados e inteligência analítica, envolvendo estatística descritiva e multivariada.”
Além disso, para que uma tecnologia tenha êxito dentro da empresa, é preciso investir na capacitação das pessoas, que são parte fundamental nesse contexto. “Afinal, sem elas, tecnologia nenhuma é capaz de entregar resultado. Elas não apenas vão desenvolver um roadmap de implementação técnico, mas também precisam estar conectadas aos objetivos de negócio”, finaliza.
Para conhecer mais sobre o uso da Inteligência Artificial na indústria do pescado, leiaaseção“5Perguntas”presentenestaediçãonapágina06.
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Setor tem se reinventado para atender à crescente demanda do varejo, buscando, ao mesmo tempo, produtos inovadores para consumo, novos modelos de venda, praticidade ao consumidor e embalagens que impulsionam as vendas e atraem cada vez mais o público
Texto: Fabi Fonseca
Em um cenário onde os tradicionais enlatados e congelados dividem espaço com categorias inovadoras, as empresas do setor se desafiam a oferecer soluções que aliem sabor, praticidade, nutrição e outras saídas ao varejo, atendendo tanto aos consumidores tradicionais quanto aos novos.
Foi de olho na diversificação de consumidores que a Copacol resolveu diversificar também os formatos de seus produtos. Para ampliar o alcance, Alexandre Martinez Lachi, gerente de marketing, P&D, trade e SAC da companhia, destaca que a marca trouxe ao mercado o Fishggets – um pequeno moldado feito 100% de tilápia – que visa atrair principalmente o público jovem e infantil. “Atendendo a uma demanda de mercado, onde os pais querem incentivar seus filhos a consumirem mais peixe, o Fishggets chegou para atrair esses consumidores com um formato mais divertido e versátil”, explica.
A preocupação com uma alimentação mais nutritiva para o público infantil também tem impulsionado as empresas do setor a lançarem produtos adaptados a esse segmento, como pontua Guilherme Blanke, diretor da Noronha Pescados. “Observamos uma demanda por produtos voltados para o público infantil, especialmente à medida que os pais estão mais conscientes da importância de oferecer opções saudáveis e saborosas nas refeições das crianças”, diz.
Para atender a essa oportunidade, no ano passado, a marca lançou o Maritos que, junto aos empanados em geral, tem permitido à Noronha consolidar sua presença no segmento familiar. “Ao desenvolver produtos que se alinham às necessidades e preferências das crianças, estamos não apenas promovendo a marca como uma fornecedora de pescado, mas também como uma opção confiável e saborosa para a alimentação de toda a família”, afirma Blanke.
Além disso, para ele, a praticidade que esses produtos oferecem —
sendo fáceis e rápidos de preparar — é um fator crucial para atender à demanda das famílias que buscam soluções que economizem tempo sem comprometer a qualidade nutricional. “Essa combinação de sabor, nutrição e praticidade tem sido um diferencial que fortalece nossa marca no mercado, tornando-nos uma referência em qualidade e inovação.”
O investimento em praticidade e produtos prontos para consumo já ocorre há alguns anos na Nauterra, proprietária da marca Gomes da Costa, com as saladas prontas de atum como exemplo desse movimento. Disponíveis em sabores como atum com maionese, batata-doce, batata e seleta de legumes, elas se tornaram uma das opções da marca para o consumidor que busca uma refeição equilibrada, rápida, pronta e nutritiva. “Além do abre fácil, já vêm com talher para descomplicar o consumo, que pode ser realizado em qualquer lugar”, explica Camila Cruz, gerente de Produto e Inovação da empresa.
Cruz conta que a empresa
planeja ampliar o portfólio para atender à crescente demanda por conveniência, praticidade e sabor. Segundo ela, as possibilidades de novas saladas são inúmeras, sempre priorizando ingredientes naturais e oferecendo opções equilibradas para lanches e refeições. “Tudo combina com atum!”, enfatiza.
Na Copacol, a estratégia focou em 2024 e agora em 2025, com o aumento da versatilidade e consolidação da Campanha Momentos Copacol. “Posicionamos a marca para todas as ocasiões, levando praticidade e versatilidade para nossos consumidores e potenciais consumidores”, afirma Lachi. Com isso, a expectativa de crescimento do produto é de 40% nas vendas de empanados no portfólio da marca neste ano.
As novas tendências de consumo têm ainda impulsionado o surgimento de diversos produtos na indústria de alimentos e motivado um boom dos empanados e a ascensão de itens voltados para as cada vez mais populares airfryers – as famosas fritadeiras elétricas.
No Brasil, as marcas de pescado apostaram nessa tendência na APAS Show 2024, realizada em maio, em São Paulo:
— A GTFoods, por meio da marca Canção , por exemplo, expandiu sua linha de empanados com o lançamento do filé de tilápia empanado e das iscas de tilápia empanadas.
— Já a Marchef Pescados , apostou na variedade de empanados, como filé de tilápia, anéis de lula e camarão butterfly.
— Por sua vez, a Fênix, da Baita Alimentos , apresentou o panga empanado e a lula empanada, ambos produtos full cook, prontos para serem finalizados na air fryer.
— Os empanados também tiveram destaque na Mar & Rio Pescados , com camarão empanado com calda, camarão empanado totalmente descascado, anéis de lula, tiras de tilápia e panga - todos são pré-fritos e podem ser finalizados na air fryer.
Fonte: Entrevistados da Seafood Brasil
Embalagens que acompanham os novos hábitos
As mudanças nos hábitos de consumo e as novas demandas dos consumidores também impactam a forma como os produtos são apresentados nas gôndolas. Nesse cenário, as embalagens ganham protagonismo ao proporcionar mais conveniência, frescor e sustentabilidade aos itens, influenciando diretamente a decisão de compra. “Além de proteger o produto, as embalagens reforçam valores importantes para o públicoalvo”, destaca Assunta Napolitano Camilo, diretora do Instituto de Embalagens e especialista com mais de 40 anos no setor.
Segundo ela, os consumidores estão cada vez mais interessados em embalagens práticas que facilitem o manuseio e o porcionamento, o que tem aumentado a demanda por produtos de pescado prontos para cozinhar ou já prontos para consumo. “Em termos de design, observo o uso crescente da embalagem como uma ferramenta estratégica de storytelling e comunicação da marca”, finaliza Camilo.
A demanda por conveniência e novas experiências do consumidor também se reflete na hora de comprar pescado, seja com delivery ou plataformas digitais. A diversificação dos canais de venda tem desempenhado um papel fundamental na ampliação do consumo de pescado e um exemplo dessa tendência é o oPeixeiro, uma peixaria delivery sem balcão que conecta diretamente produtores e consumidores. “Trabalhamos com poucos estoques para garantir um ciclo curto de consumo”, explica Thomaz Ayres, criador do oPeixeiro.
Com atuação na cidade de São Paulo (SP), o diferencial da empresa está justamente na forma como o
1. Frescor e Qualidade
Janelas transparentes ou materiais translúcidos: Melhor visualização e transmitem confiança.
Cores e imagens: Tons de azul e branco remetem à pureza e reforçam a percepção de qualidade.
Rótulos informativos: Indicação clara de data de pesca, processamento e validade.
Sensores de temperatura: Tecnologia inteligente garante a qualidade e segurança do pescado.
2. Conveniência e Funcionalidade
Sistemas de abertura e fechamento: Embalagens com zip-locks e selos reutilizáveis facilitam o uso.
Porções individuais: Evitam desperdício e atendem às novas demandas de consumo.
Embalagens prontas para preparo ou kits com temperos: Atendem à necessidade de praticidade.
Embalagens compatíveis com micro-ondas, forno ou panela: Quando combinadas com instruções claras de preparo, agregam ainda mais valor ao produto.
3. Sustentabilidade e Redução de Impacto Ambiental
Materiais recicláveis: PET, vidro, aço e alumínio têm altas taxas de reciclabilidade e durabilidade.
Selos de certificação: Reforçam o compromisso com práticas sustentáveis.
Embalagens menores ou tecnologia MAP (Atmosfera Modificada): Prolongam a vida útil do pescado e reduzem desperdícios.
4. Inovação e Digitalização
QR Codes e NFC: Permitem acesso a informações sobre origem, sustentabilidade e rastreabilidade.
Design minimalista: Comunicação objetiva e relevante.
Personalização: Embalagens adaptadas a nichos específicos, como dietas especiais.
Valorização da origem: Destaca a procedência do pescado e fortalece a identidade regional e os produtores locais.
pescado chega ao consumidor, fugindo do modelo convencional e apostando em um serviço mais moderno e eficiente. A proposta estabelece uma ponte direta entre produtores e consumidores, com entregas pontuais ou recorrentes, por meio de planos de assinatura personalizados.
“Aliados ao atendimento, a agilidade no processamento e na entrega também são fundamentais. Cuidamos rigorosamente de todas as etapas para que o cliente receba um pescado íntegro, bem embalado e acondicionado de forma correta, garantindo uma entrega rápida e na temperatura adequada”, afirma Ayres.
O modelo digital não apenas otimiza a distribuição, como também amplia a oferta de produtos. “As vendas online oferecem um leque maior de tipos de pescado, permitindo que os consumidores experimentem produtos
diversos, sazonais, cortes diferenciados e até opções prontas para o consumo, com maior valor agregado. Além disso, possibilitam o acesso a produtos de diferentes regiões”, explica.
Outro benefício das vendas online é a conexão direta com os consumidores mais exigentes, que garantem maior acesso às informações. “Sejam sobre os produtos, fornecedores ou etapas do processo e da cadeia do pescado”, finaliza Ayres.
Exija do seu fornecedor a qualidade dos produtos Natubrás
Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.
o ambientemeio
Nos últimos anos, o setor de food service também tem observado um consumidor cada vez mais exigente. Essa nova dinâmica tem ampliado o espaço do pescado no mercado e permitido que restaurantes, bares e projetos gastronômicos apostem em uma criatividade crescente e mais consciente na maneira de se posicionar e capturar essas oportunidades.
De acordo com Fernando Blower, diretor-executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), a busca por uma alimentação equilibrada tem sido um dos principais motores dessa mudança. “Há uma tendência crescente entre os consumidores de adotar dietas mais equilibradas, priorizando alimentos ricos em nutrientes e com benefícios claros para a saúde. O pescado, reconhecido por seu alto teor de proteínas de qualidade e ácidos graxos ômega-3, tornou-se uma escolha popular para aqueles que buscam melhorar o bem-estar físico e mental”, explica. Segundo ele, pesquisas indicam que 40% dos consumidores priorizam alimentos que beneficiem tanto o corpo quanto a mente, impulsionando a demanda por peixes frescos no food service
Para além do fator nutricional, a questão ambiental também se torna critério fundamental na escolha dos consumidores de food service. “ O pescado é valorizado por sua baixa pegada de carbono em comparação com outras proteínas animais, posicionando-se como uma opção sustentável”, afirma Blower.
A evolução do comportamento do consumidor
Pescado no food service mostra que não se trata apenas de uma questão de demanda, mas de adaptação estratégica e consciente ao comportamento do consumidor à realidade local
tem levado restaurantes a reformularem seus modelos de negócio e a adaptarem seus cardápios, incorporando opções mais nutritivas e sustentáveis, como ingredientes orgânicos e menus com baixo teor de açúcar e sódio. “Os consumidores, cada vez mais conscientes da importância de uma alimentação equilibrada, têm impulsionado o mercado de alimentos saudáveis, que movimentou R$ 100,2 bilhões no Brasil em 2020, com projeção de crescimento de 27% até 2025”, conclui Blower.
Além disso, o diretor-executivo da ANR conta que a crescente preferência dos consumidores por alimentos frescos e de origem conhecida levou os restaurantes a buscar fornecedores locais. “Essa prática não só garante a qualidade e a sazonalidade dos ingredientes, mas também fortalece a economia regional e reduz a pegada de carbono associada ao transporte de alimentos. Ingredientes locais permitem a criação de menus que refletem a cultura e os sabores da região, enriquecendo a experiência gastronômica do cliente.”
O chef Rodrigo Bellora, à frente do Valle Rústico, conta que a preocupação com a origem dos ingredientes sempre esteve presente em seu restaurante, antes mesmo de se tornar um tema amplamente discutido. Por isso, hoje em dia, esse cuidado tem sido cada vez mais reconhecido pelos clientes. “Eles questionam sobre a origem dos ingredientes e se interessam pelo impacto ambiental do que consomem. Essa mudança de comportamento é muito positiva e reforça a importância de valorizar o que é local, sustentável e alinhado com a biodiversidade.”
Para o chef, o movimento de transparência na cadeia produtiva e a conexão com os produtores também se intensificam, já que, cada vez mais, os consumidores querem saber de onde vem o que estão consumindo. Isso reforça a importância da rastreabilidade. “As pessoas querem saber a procedência do que estão comendo, e os restaurantes têm um papel fundamental nessa transformação. Aqui, no Valle Rústico, sempre buscamos trabalhar com ingredientes que têm história e com pessoas que fazem isso de maneira justa. Quando trabalhamos com peixe, seja de rio ou de mar, seguimos essa linha”, conta.
Localizado na Serra Gaúcha, o Valle Rústico trabalha com uma rede de produtores locais, destacando a importância de respeitar a sazonalidade e garantir o máximo frescor dos produtos. Embora seu foco principal não seja o pescado, quando o utiliza, o restaurante de Bellora prioriza espécies de rio capturadas por pequenos produtores da região. “Usamos, por exemplo, o
restaurante que trabalha com um menu degustação baseado no conceito de Slow Food, priorizando ingredientes locais e sazonais
lambari, um peixe tradicional da região, explorando seu potencial gastronômico e valorizando métodos artesanais de pesca”, explica.
Além dos restaurantes tradicionais, novas iniciativas têm surgido para atender à demanda por pescado no food service Um exemplo disso é o projeto A Milagrosa, idealizado pelo chef Roger Lima e sua sócia Luana Costa, que se diferencia por apostar na produção artesanal de conservas.
O modelo reforça a versatilidade do pescado e sua capacidade de adaptação a diferentes formatos de consumo. “O consumidor está mais aberto, mas ainda temos muito chão pela frente”, reflete Lima. Parte do desafio é educar o público sobre novas possibilidades de consumo. “Entendemos que temos a responsabilidade de apresentar
sabores e produtos pouco explorados, seja falando do pescado em si ou de cortes em geral”, completa Costa.
Entre os produtos de pescado enlatados da A Milagrosa, há opções como aratu com flor de sal, polvo com kombu, filé de siri com trufas e sardinha com tomate seco. “Só consumimos e usamos pescado 100% fresco e local”, afirma Costa. A comercialização da A Milagrosa acontece no menu do restaurante do Tahafa, na Rota Ecológica dos Milagres (AL), e também por meio de pedidos.
prato e em toda a cadeia
Para o chef Rodrigo Bellora, do Valle Rústico, o diferencial não está apenas no pescado como ingrediente, mas em toda a cadeia de valor que o envolve. “O futuro do pescado no food service não está só no ingrediente em si, mas em como ele é obtido,
Tecnologias para novas demandas de consumo no food service
1. Blockchain: transparência e confiança
Permite rastrear alimentos desde a origem até o consumo.
Garante informações imutáveis e combate fraudes.
Reforça a confiança dos consumidores na procedência dos produtos.
2. Certificação de produtos: garantia de sustentabilidade
Programas e certificações validam padrões ambientais e sociais.
Destaque para marcas que seguem práticas sustentáveis.
Consumidores fazem escolhas mais éticas e sustentáveis.
3. Plataformas digitais integradas e sensores conectados à Internet das Coisas (IoT)
Monitoramento em tempo real das condições de transporte, como temperatura, umidade e localização.
Seguridade da qualidade no transporte de alimentos e redução de desperdícios.
Códigos QR permitem integridade e a procedência dos alimentos através de verificação instantânea pelos consumidores.
4. Inteligência Artificial (IA): eficiência na cadeia de suprimentos
Processamento de grandes volumes de dados para previsão de falhas.
Otimização de estoques e redução de desperdícios.
Melhor decisão para qualidade e sustentabilidade dos produtos.
5. Benefícios integrados das tecnologias combinadas para food service
Fortalecimento da imagem das marcas.
Fortalecimento de um mercado de alimentos mais sustentável e ético.
Liderança na transformação digital do setor.
Construção de um futuro alimentar mais responsável.
preparado e valorizado”, explica. Segundo ele, cresce o número de cozinheiros e restaurantes que buscam alternativas sustentáveis, respeitando a sazonalidade e trazendo novas formas de trabalhar o peixe.
Já Luana Costa, do A Milagrosa, analisa que, embora ainda seja um nicho em expansão, há um público cada vez mais atento ao consumo
consciente e disposto a investir em produtos que valorizam a cadeia produtiva. “O consumidor não quer apenas ser saudável: quer contribuir para uma sociedade mais sustentável. E tudo isso envolve se preocupar com toda a cadeia de produção ou, pelo menos, apostar em marcas que fazem isso”, complementa.
Para Roger Lima, também do
A Milagrosa, essa mudança de comportamento já se reflete no perfil do consumidor que busca sua marca. “Hoje, eu vejo que meu consumidor já é formado por pessoas que questionam a procedência do que comem e o propósito da marca. Eles querem fazer parte disso, querem ter a sensação de que o que consomem faz parte de algo maior”, afirma.
E apesar das oportunidades e do crescente interesse dos consumidores, há diversos entraves também à expansão de projetos inovadores no setor. A Milagrosa, por exemplo, enfrenta dificuldades com certificações e regulamentações. “Há quase 2 anos, estamos batalhando pelo Selo Arte, mas esbarramos em burocracias que sugerem transformar nosso
trabalho artesanal em um modelo industrial”, conta Lima. Segundo ele, o investimento necessário para criar uma indústria é muito alto, e falta suporte para iniciativas que valorizam as comunidades pesqueiras locais.
De fato, incluir pescado nos cardápios de forma competitiva ainda representa desafios no food service. O alto custo do produto, especialmente os que possuem certificação sustentável, bem como a sazonalidade dos preços são fatores que exigem uma gestão consciente. “A perecibilidade do pescado exige uma logística eficiente, controle rigoroso de estoque e armazenamento adequado para evitar desperdícios. Também é necessário treinamento contínuo da equipe para garantir o preparo adequado e a segurança alimentar”, completa Fernando Blower, da ANR. “Por isso, para equilibrar qualidade e preço, é fundamental uma gestão eficiente e parcerias estratégicas com fornecedores que ofereçam produtos consistentes.”
O maior evento do agronegócio do Norte e Nordeste.
A pesca, aquicultura e carcinicultura vão mostrar a sua força e gerar grandes oportunidades de negócios nesse mega evento. Expocamarão.
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5 A7 DE JUNHO/2025 CENTRO DE EVENTOS DO CEARÁ
Promoção e Realização Comercialização
A oferta de peixes, crustáceos e moluscos
Crédito das fotos: Divulgação/Empresas
A Gomes da Costa apresentou ao mercado um novo layout para as suas embalagens econômicas de sardinhas. Os produtos, que possuem peso de 350 g, estão disponíveis nas versões em óleo e em molho de tomate. Segundo a empresa, a novidade, que já pode ser encontrada em todo o País, tem como objetivo facilitar a identificação do produto e ganhar mais destaque nas gôndolas dos supermercados.
Na onda do rebranding, a Saciatta também anunciou que a marca está passando por uma repaginada, que por sua vez, foi feito junto com a Agência CBA –BMAG de São Paulo. De acordo com a empresa, a mudança se deu em função da expansão da empresa e para reposicionar a marca no mercado. Os produtos que podem ser encontrados nos supermercados de Mato Grosso, em Cuiabá, Campo Verde e Sinop, são disponibilizados em forma de filé e postas de tilápia e ventrecha de tambatinga.
A Primato Cooperativa anunciou a ampliação de sua atuação no mercado de tilápia, lançando sua própria marca. Essa é mais uma ação estratégica para diversificar seus negócios e reforçar seu compromisso com a saúde e o desenvolvimento sustentável. A empresa destaca que seu objetivo é oferecer aos consumidores um produto de excelência, promovendo saúde e bem-estar por meio de alimentos saudáveis.
O camarão cinza empanado da Baita é ideal para quem quer unir sabor, qualidade e promete agradar os paladares mais refinados. Disponibilizado de forma congelada e em embalagens de 300 g, o crustáceo da empresa é descascado, eviscerado e temperado. Por fim, para trazer praticidade aos consumidores, o camarão da marca ainda vem pré-frito e pode ser preparado em forno, fogão e air fryer.
A Member’s Mark destaca o seu bacalhau desfiado dessalgado para quem busca alternativas para o período de Páscoa. Pronto para o preparo, o produto garante ao consumidor os maiores benefícios do bacalhau, ou seja, um peixe nutritivo e saboroso, mas que também é rico em vitaminas e minerais. O produto é oferecido em embalagens de 500 g.
Disponibilizada nas gôndolas de mercado em pacotes de 800 g, as postas de tilápia da Copacol são ideais para quem busca sabor sem abrir mão de agilidade no dia a dia. Congeladas uma a uma, as postas vêm com pele e garantem proteínas de 14 g
por porção. Por fim, as postas também podem ser encontradas em caixas com 11,2 kg cada.
Sabor inconfundível associado a benefícios para a saúde. É assim que a Noronha Pescados define o seu lombo de bacalhau dessalgado congelado com pele. A empresa destaca que o produto, de origem portuguesa, é dessalgado e produzido respeitando altos padrões de qualidade, tudo para que ele chegue fresco à casa dos clientes.
Fonte rica em proteínas e ômega 3, vitaminas A, D, E, B6 e B12, o item pode ser encontrado em embalagens de 650 g.
A Natural Meat destaca o seu St. Peters sustentável, que faz parte de sua linha Natural Fish. Segundo a empresa, o filé comercializado é leve, saboroso e suave, contando ainda com uma carne muito macia e quase sem espinhas. Com baixo teor de gordura, o item é versátil e ideal para quem busca uma alimentação mais balanceada no dia a dia, justamente por oferecer altos níveis de proteína e poucas calorias.
O lombo de bacalhau também é o foco da Mariscal. Comercializado com pele, o produto é oferecido ao consumidor de forma dessalgada, congelada e com duas unidades por item. Indicado para pratos que contêm o bacalhau como a sua verdadeira estrela, o item pode ser encontrado nas gôndolas em embalagens de 600 g.
Pensando em unir sabor e agilidade no dia a dia, a Pesquali destaca a sua polaca do Alasca. Apresentada ao consumidor em forma de filé em pedaços, o produto desenvolvido pela empresa possui o gosto característico do pescado, além de não deixar de lado os elementos que tornam o alimento saudável como as vitaminas A e D. Por fim, o produto pode ser encontrado em embalagens de 500 g.
Experimente o sabor inigualável do
COR INTENSA
Essa espécie se destaca pela cor vermelha vibrante de sua carne, mais intensa que a de outras espécies de salmão. Salmão do Pacífico tem tons acima de 28 na escala SalmoFan, dando-lhe uma aparência única.
O Salmão do Pacífico é rico em gorduras anti-inflamatórias, minerais e ômega-3. O consumo de ômega-3 ajuda a manter a saúde cardiovascular e melhora a função cerebral e ocular.
EXCELENTE CUALIDADE E SABOR
Tem um sabor mais suave do que o Salmão Salar e Sockeye, tornando-se uma excelente alternativa para todos os tipos de paladares.
A textura excepcional do Salmão do Pacífico o torna ideal para todos os tipos de ocasiões e preparações.
O ano passado registrou números recordes com exportações e importações. Com um crescimento em volume de 108% em relação a 2023, o destaque foi a tilápia, que se posicionou como a principal espécie exportada. Já nas importações, chamou atenção o aumento de 48% na entrada de filés congelados
Texto: Abraão Oliveira | Edição: Fabi Fonseca e Léo Martins
Omercado de pescado brasileiro encerrou 2024 com números expressivos e grandes movimentações no comércio global. A Balança Comercial do setor registrou avanços tanto nas exportações quanto nas importações. Como consequência, o dispêndio
atingiu patamares recordes em relação ao ano anterior.
Mas, apesar dos números positivos e mesmo após 5 anos da pandemia, o segmento ainda enfrenta incertezas significativas em meio às turbulências globais. O contexto de mudanças climáticas, disputas geopolíticas e uma economia
mundial em constante reavaliação tem resultado em cenários cada vez menos previsíveis. Logo, isso exige que os responsáveis por estabelecer as diretrizes econômicas reavaliem seus dados constantemente, refletindo as dificuldades de um mercado em adaptação no Brasil e no mundo. No Brasil, por exemplo, a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD/IBGE) mostrou que a população ocupada em novembro de 2024 foi de 103,7 milhões de pessoas, um aumento de 2,9% em comparação com o mesmo período de 2023. Ao mesmo tempo, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, estimando um crescimento de 3,5% em 2024 e uma inflação (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA) de 4,4% em 2025. Contudo, o IPEA alerta que “os níveis de incerteza embutidos nas previsões estão elevados.”
Já no âmbito climático, 2024 foi marcado por tragédias como as enchentes históricas que atingiram o Rio Grande do Sul em março, afetando 475 dos 497 municípios do Estado. Sendo assim, o setor aquícola gaúcho sofreu perdas significativas, evidenciando a necessidade de estratégias de recuperação e maior resiliência frente a eventos extremos.
Por outro lado, no campo político, o retorno do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) em 2023 e a nova composição do governo federal trouxeram desconfianças e expectativas, acompanhadas de movimentos importantes ao
longo dos últimos 2 anos. Entre os destaques do ano passado, estão a inclusão do pescado na nova “Cesta Básica”, a regulamentação da Nova Reforma Tributária e a conclusão das negociações do Acordo de Parceria entre Mercosul e União Europeia.
Além disso, com foco na expansão internacional e na competitividade do pescado brasileiro no mercado global, o setor foi marcado, em 2024, por iniciativas estratégicas e decisões fundamentais. Entre elas, a parceria público-privada no projeto Brazilian Seafood e a conquista do fim da obrigatoriedade do Certificado Sanitário Internacional (CSI) para a exportação de pescado aos Estados Unidos.
Em resumo, todas essas mudanças e movimentações trazem reflexões importantes, como destacou o executivo de uma multinacional estrangeira de pescado que preferiu não se identificar: “Estamos cientes de que não há mais como aumentar a nossa produção global pesqueira. Precisamos aumentar o valor do que produzimos”, afirmou. Essa visão tem se tornado cada vez mais evidente, com os preços de espécies importadas pelo Brasil mostrando aumentos consistentes ao longo do ano, especialmente aquelas oriundas da pesca industrial.
Mesmo assim, as exportações brasileiras de pescado atingiram 64,6 mil toneladas em 2024, um aumento de 7,7% em relação a 2023. Em termos de valor, o setor registrou US$ 396 milhões em receitas, marcando um crescimento de 19,6%, impulsionado pela elevação de 11% no preço médio em dólares - esses resultados representam os melhores números dos últimos 15 anos.
Neste cenário, as “Tilápias”
reafirmaram seu protagonismo como a principal espécie exportada, com 10.823 toneladas enviadas ao mercado externo, crescimento expressivo de 108% em relação ao ano anterior. Outros destaques incluem a “Corvina”, com aumento de 11% no volume exportado, e os “Atuns e Afins”, que embora tenham registrado uma queda de 20,6%, continuam sendo um dos pilares da pauta exportadora.
Aqui, cabe ressaltar que os Estados Unidos consolidaram sua posição como o principal destino do pescado brasileiro, absorvendo 46,9% do volume total exportado e respondendo por 56,5% da receita gerada pelo setor. Outros mercados de destaque incluem a China e Hong Kong que juntos, tiveram uma participação expressiva no desempenho das exportações.
Já as importações brasileiras
de pescado totalizaram 291,6 mil toneladas em 2024, um crescimento de 8% em relação ao ano anterior. Embora os volumes permaneçam historicamente baixos, o valor gasto atingiu um recorde de US$ 1,571 bilhão, impulsionado por uma elevação de 42% no preço médio das importações desde 2019. Neste contexto, os principais itens importados foram
“Salmões e Trutas”, que somaram 120,8 mil toneladas e US$ 911,2 milhões em gastos, seguidos por “Pangas e Bacalhaus”. No entanto, o Chile manteve sua posição de liderança como maior fornecedor, respondendo por 58,8% do valor total importado pelo Brasil. Essa combinação de volumes moderados e aumento significativo
nos custos é resultado de uma nova configuração de preços em diversos segmentos no mercado global, especialmente após a pandemia. Para contextualizar, o preço médio das importações brasileiras de pescado em 2019 era de US$ 3.797/tonelada, enquanto, em 2024, esse valor saltou para US$ 5.388/tonelada — uma alta de
Os dados desta análise foram extraídos do Painel do Pescado, uma plataforma desenvolvida a partir do algoritmo Jubart Data com base em um data lake de informações relativas ao setor de peixes e frutos do mar, segmento de expertise dos fundadores, o engenheiro de pesca Abraão Oliveira e o jornalista Ricardo Torres. O painel funciona como um dashboard que centraliza e facilita o acesso e visualização a estatísticas de um setor para a construção de cenários analíticos, emitindo relatórios automatizados com cálculos e gráficos exclusivos. A tecnologia permite seleci concorrentes mundiais, estratificados por produção ou por comer
Saiba mais sobre os Painel do Pescado lendo esse QR Code:
SEAFOOD BRASIL 57.pdf 1 19/02/2025 16:30:11
◦ Controle integral da cadeia de abastecimento.
◦ Presença em 5 continentes e mais de congeladores de camarão.
O Brasil bateu recorde nas exportações de pescado somando 64.614 toneladas (salto de 7,7%).
Dezembro de 2024 foi o mês com maior volume de exportação: foram 8.136 toneladas.
Apesar de iniciar o ano com volumes inferiores a 2023, o último trimestre foi crucial para o crescimento das exportações brasileiras.
DISTRIBUIÇÃO POR PAÍSES
EM KG 2023 X 2024
A importância dos Estados Unidos para as exportações brasileiras de pescado continua a crescer. Em 2023, o mercado norte-americano representava 40,4% das exportações totais. Já em 2024, com um volume de 30.290 toneladas (alta de 24,9%), os EUA passaram a responder por 46,9% do total exportado pelo Brasil. Enquanto isso, mercados como China e Costa do Marfim apresentaram queda nos volumes importados, com retrações de 4,3% e 8%, respectivamente.
DISTRIBUIÇÃO POR PAÍSES
EM US$ 2023 X 2024
Outros
Santa Catarina
Ceará
Rio Grande do Sul
Pará
Paraná
Mesmo com uma queda significativa de 22% no volume exportado, Santa Catarina segue como o principal Estado exportador do Brasil, com 11.683 toneladas em 2024. O Ceará (alta de 10,7%), e o Rio Grande do Sul (crescimento de 17,4%) completam o Top 3.
Em termos de valor, a participação norte-americana é ainda mais expressiva. Dos US$ 396 milhões gerados pelas exportações brasileiras de pescado em 2024, US$ 223,6 milhões vieram das transações com os Estados Unidos, representando um aumento de 31,7%. Já a China ocupa o segundo lugar no ranking, com US$ 41 milhões (alta de 22%), seguida por Hong Kong e Taiwan, que geraram US$ 22 milhões (alta de 32%) e US$ 15,5 milhões (queda de 3,8%), respectivamente.
Ceará
Outros
Pará
São Paulo
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Já em termos de receitas geradas, as posições dos Estados e os valores mudam completamente. O Ceará é o principal exportador com US$ 112,7 milhões, seguidos por Pará, com U$ 70,8 milhões e São Paulo, que saltou de U$ 14,2 milhões para U$ 39,7 milhões. Ainda na casa dos US$ 30 milhões em faturamento com exportação, temos Santa Catarina com U$ 39,5 milhões e Paraná com U$ 35 milhões.
Outros
Tilápias
Corvinas
Atuns e Afins
Pargos
Lagostas
Houve mudanças significativas no ranking das espécies mais exportadas pelo Brasil. Desconsiderando o grupo diversificado classificado como “Outras espécies” (que representa mais da metade dos volumes), a “Tilápia” se destacou com um crescimento de 108% em volume, assumindo a liderança em 2024. Enquanto que os “Atuns e Afins” em 2023 foram os principais itens exportados, em 2024, o grupo perdeu a terceira posição para a “Corvina”.
Outros
Lagostas
Tilápias
Atuns e afins
Pargos
Subprodutos
O desempenho financeiro das espécies reflete diferenças expressivas nos valores médios praticados. A Cauda de Lagosta, por exemplo, fechou o ano com um preço médio de US$ 36,93/kg (alta de 3,3%), enquanto o Pargo Congelado atingiu US$ 9,83/kg (crescimento de 19%). Assim, com US$ 90,8 milhões em receitas (alta de 19,5%), a “Lagosta” foi a espécie que gerou as maiores receitas com exportação em 2024, seguida pela “Tilápia” (US$ 53,4 milhões), “Atuns e afins” (US$ 50 milhões) e “Pargos” (US$ 38,3 milhões).
Quando se trata dos principais fluxos das exportações brasileiras no ano passado em volume, é possível ver que o mercado norte-americano se destaca como protagonista nesta categoria. Também é possível notar e as mudanças significativas nas espécies, bem como os Estados líderes.
As importações brasileiras de pescado totalizaram 291,6 mil toneladas (salto de 8%).
KG. Preço Médio (US$/kg)
As importações brasileiras permaneceram em alta no primeiro trimestre do ano passado, e o preço médio atingiu seu pico no início do segundo trimestre.
As importações brasileiras de pescado apresentaram números contraditórios em 2024, como já mencionado: enquanto os volumes estão entre os menores da década, o dispêndio atingiu um recorde, impulsionado pelo aumento gradual do preço médio desde a pandemia. Como consequência, houve um dispêndio recorde de US$ 1,571 bilhão -
de 10,4% em relação a 2023.
Chile
Vietnã
Outros
China
Argentina
Noruega
Portugal
Cerca de 78% das importações brasileiras de pescado provêm de apenas quatro países: Chile, Vietnã, China e Argentina. O Chile lidera com 123 mil toneladas, sendo responsável por 4 em cada 10 kg de peixe importados pelo Brasil, registrando ainda um aumento de 5,8% no volume em 2024. Outros países também apresentaram avanços significativos: Vietnã (53,8% e alcançando 50,5 mil toneladas); China (crescimento de 99%, totalizando 27,5 mil toneladas) e Argentina (alta de 30%, com 26,4 mil toneladas importadas).
São Paulo
Santa Catarina
Outros
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Dentre os Estados importadores, tanto pela importância do mercado consumidor quando pela posição estratégica dos importadores e os benefícios fiscais dos Estados, São Paulo e Santa Catarina permanecem como responsáveis por quase 2/3 de todo o volume importado. São Paulo aumentou sua importância, comprando 133,9 mil toneladas (alta de 14,7%), enquanto Santa Catarina diminuiu em 9,6% o volume importado, fechando em 2024 com 76,5 mil toneladas oriundas do mercado externo.
Chile
Outros
Vietnã
Noruega
Portugal
Argentina
Em termos de valor, o peso do Chile é ainda mais relevante. De cada US$ 10 gastos com pescado importado, quase US$ 6 foram destinados ao país, totalizando US$ 923,5 milhões (alta de 9%). O Vietnã aparece em segundo lugar com US$ 136,6 milhões (alta de 38,6%), seguido pela Noruega, que ocupou a terceira posição com US$ 112 milhões (queda de 0,5%). Portugal, Argentina e China, todas com volumes da ordem de US$ 95 a US$ 99 milhões, ocupam as demais posições de destaque, embora com variações bem diferentes quando comparadas com os dispêndios de 2023.
São Paulo
Santa
Outros
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Em valores, a participação paulistana é ainda mais significativa: mais da metade dos dispêndios com importação de pescado são oriundos de São Paulo. Foram pagos US$ 791 milhões em 2024, uma alta de 11,5% em comparação com 2023. Já Santa Catarina teve um aumento de 2,6%, fechando em 2024 com U$ 377,8 milhões de remessas para o exterior.
Mostrar menos
Salmões e Trutas
Outros
Bacalhaus
Pangas
Em valor, o “Salmão” também representa o maior dispêndio realizado: foram US$ 911,2 milhões, um aumento de 8,6% em relação às despesas do ano de 2023. Já os produtos de “Bacalhaus” representaram 14,8% do total dos dispêndios, com U$ 214,7 milhões, redução de 0,4%. No ano, US$ 136,6 milhões foram gastos com a compra de filés de “Panga” do Vietnã (alta de 40%), mas com as “Merluzas” o aumento do dispêndio foi de 16,7%, fechando o período com US$ 81,8 milhões gastos pelo Brasil.
Salmões e Trutas
Pangas
Outros
Bacalhaus
Merluzas
Sardinhas e Sardinelas
Atuns e Afins
O “Salmão” é a principal espécie importada pelo Brasil, somando 120,8 mil toneladas no ano passado, um aumento de 5% em relação a 2023. Dentre as demais espécies, o “Panga”, segundo maior espécie importada, teve um aumento de 55% e volume de 50,3 mil toneladas. Por fim, os “Bacalhaus” foram o terceiro item mais importado com 27,3 mil toneladas (alta de 4,7%) e as “Merluzas” aparecem na sequência com 23,2 mil toneladas importadas (alta de 22,6%).
Quando o assunto são os principais fluxos das importações brasileiras no ano passado em volume, é possível perceber que houve destaque na concentração em parceiros comerciais e produtos estratégicos.
Restaurantes inovam ao apostar em espécies de peixes menos conhecidas e valorizados no mercado, promovendo sustentabilidade e trazendo novos sabores à mesa dos consumidores
Enquanto a tilápia e o salmão seguem como protagonistas nos cardápios brasileiros, seja nos PFs ou em pratos mais elaborados, um movimento gastronômico vem ampliando as opções disponíveis, trazendo à tona espécies menos conhecidas e exploradas comercialmente.
Sororoca, carapau e beijupirá são alguns dos peixes chamados
não convencionais (ou Penacos) que vem aparecendo cada vez mais em cardápios de restaurantes brasileiros. São estabelecimentos que desafiam hábitos enraizados e provam que a diversidade da fauna aquática brasileira também pode ser muito útil à gastronomia – além de promover mais equilíbrio ecológico.
“O Brasil tem uma das maiores biodiversidades marinhas do mundo, mas o mercado se concentra em poucas espécies, como salmão, tilápia e atum, muitas vezes importadas ou de produção intensiva”, explica Cesar Costa, chef do restaurante Corrutela, em São Paulo. Segundo ele, trabalhar com peixes não
convencionais significa respeitar a sazonalidade e disponibilidade natural das espécies. “Essa abordagem amplia nosso repertório culinário e incentiva um consumo mais responsável e equilibrado, reduzindo a pressão sobre espécies superexploradas e ainda trazendo novidades constantes ao menu dos restaurantes.”
Para o chef Gustavo Rodrigues, do Sororoca Bar, utilizar os peixes não convencionais (Penacos) também vem da busca por mais qualidade. “O melhor peixe é aquele que está na sua melhor época. Nossa escolha [de trabalhar com essas espécies] é baseada no respeito à sazonalidade”. Neta linha, o chef Gerônimo Athuel, do restaurante carioca Ocyá, concorda. “Nós não selecionamos peixe por espécie, mas sim por qualidade. A gente trabalha com o melhor peixe que o mercado pode nos oferecer no dia.”
Por isso, no Ocyá, os pratos são servidos com o pescado disponível no momento e em nenhum prato é especificado o peixe: a espécie é
anunciada ao cliente apenas na hora de fazer o pedido. “O brasileiro tem o hábito de perguntar no restaurante: ‘Tem robalo? Tem pescada? Tem badejo?’. A pergunta deveria ser: ‘Qual peixe mais fresco você tem hoje? Qual peixe de melhor qualidade você tem hoje?’”, explica o Chef.
O Sororoca, localizado em São Paulo, trabalha da mesma forma e não possui pratos específicos com os mesmos peixes. “Às vezes, temos um prato que permanece no cardápio por mais tempo, mas o peixe utilizado varia de acordo com a disponibilidade e a sazonalidade. Também não queríamos trabalhar sempre com o mesmo pescado, nem nos prender a padrões fixos ou nos limitar apenas ao que o público já está acostumado a consumir”, fala Rodrigues.
Indo além do convencional
Trabalhar “fora da caixinha” vem sempre acompanhado de desafios. Um dos maiores em relação aos Penacos é a falta de conhecimento e
aceitação do público sobre as espécies. “Muitas pessoas ainda têm resistência a peixes menos conhecidos, seja por preconceito com o nome ou por falta de familiaridade com o sabor e a textura”, diz Cesar Costa, chef do Corrutela.
É nessa hora que entra a magia dos chefs, que conseguem chamar atenção para espécies menos conhecidas ao encantar os clientes com preparos inovadores e saborosos – e, quem sabe, estimular até o consumo posterior dessas espécies para preparos em casa. “Nosso papel é pesquisar, testar, experimentar e trazer esses
para o consumidor
o sócio do Yú, Ronaldo Camelo, trabalhar com peixes não convencionais é ampliar a aceitação de novos sabores
Alguns dos peixes
não convencionais mais utilizados
Carapau (Trachurus spp.)
Possui sabor marcante e é ótimo para preparações curadas ou grelhadas
Olho-de-boi (Priacanthus arenatus)
Textura firme, perfeito para crudos e ceviches
DivulgaçãoYú, Restaurante ingredientes para o dia a dia da cozinha. Dessa forma, conseguimos trabalhar sempre com os peixes que estão na melhor qualidade na estação e ampliar o repertório gastronômico do público”, explica o chef Gustavo Rodrigues, do Sororoca Bar.
O sócio do restaurante japonês Yu, Ronaldo Camelo, também considera que trabalhar com espécies menos conhecidas é uma maneira de ampliar a aceitação de novos sabores e, assim, incentivar escolhas mais sustentáveis. “Os chefs ajudam a desmistificar o preparo e a escolha desses peixes e, quanto maior a demanda por peixes não convencionais, maior será a valorização da pesca artesanal e da diversidade de espécies no mercado”, defende.
Olho-de-cão (Gymnothorax spp.)
Peixe de sabor intenso, usado de forma grelhada ou em ensopados
Xaréu (Caranx spp.)
Carne versátil, sendo muito boa para assados e grelhados
Sororoca (Scomberomorus brasiliensis)
É da família da cavala, sendo muito saborosa quando defumada ou curada
Salmonete (Mullus spp.)
Possui carne adocicada e delicada, o tornando excelente para frituras e grelhados
Gerônimo Athuel, do Ocyá, destaca ainda que não existe espécie boa ou espécie ruim. “Toda vida é um produto nobre que você pode trabalhar da maneira correta. Nem todo peixe serve para tudo, mas todo peixe serve para alguma coisa. É questão de qualidade e manipulação”. Para ele, os Penacos permitem que os chefs ofereçam um produto diferente e ainda deem vazão a peixes que pescadores muitas vezes não conseguem vender, evitando desperdício. “É a chance de conhecer um novo produto, desenvolver um novo preparo. São muitas oportunidades ao se trabalhar com um pescado que não é comum ter no seu restaurante”.
Em contrapartida, o chef Athuel cita outra grande dificuldade da atuação com Penacos: a disponibilidade irregular e ausência de padrão. “Às vezes, você não vai ter um número muito grande da mesma espécie
Pescada-gó (Macrodon spp.)
Sabor neutro e textura macia, ideal para cozidos e caldos
Badejo-mira (Mycteroperca spp.)
Com textura firme, é muito apreciado na gastronomia
ou nem todos estarão do mesmo tamanho. Nesses casos, nós temos que nos virar para conseguir oferecer o produto da melhor maneira possível”.
Já Ronaldo Camelo considera que essa dificuldade exige dos chefs flexibilidade no menu e um trabalho contínuo de educação com os clientes. “É necessário que os consumidores compreendam a sazonalidade e estejam abertos a novas experiências”.
Por fim, Gustavo Rodrigues, do Sororoca Bar, destaca que outro grande desafio dos chefs é o acesso às espécies menos consumidas. “Muitas vezes, eles não estão disponíveis para compra ampla, pois atravessadores, peixarias e distribuidores nem sempre se interessam por espécies que não tenham preços altos ou demanda garantida.”
Além de ajudar a reduzir a sobrepesca de espécies populares e reduzir o impacto ambiental da criação intensiva, a utilização de peixes não convencionais incentiva a pesca artesanal sustentável. E para obter Penacos de qualidade para seus restaurantes, os chefs normalmente têm parcerias diretas com pescadores, uma relação que incentiva a pesca responsável e ainda auxilia no desenvolvimento da economia de comunidades pesqueiras. “Os peixes não convencionais contribuem com a sustentabilidade e com a pesca responsável, porque são espécies que, na maioria das vezes, não têm muita atenção nas peixarias. Ou seja, os pescadores têm dificuldade em vendêlos”, conta o chef Gerônimo Athuel.
Para ele, a relação próxima entre restaurante e pescador beneficia ambos. “Quando o pescador está com um volume grande, eu vou repensar o que posso fazer para receber aquele peixe. Quando se tem uma boa relação, nos dias ruins de pesca, nós estaremos lá, assim como nos dias bons de pesca”. Como o Ocyá trabalha com pescadores artesanais, a ideia é sempre comprar todo o peixe disponível. “Como são
pescarias menores, conseguimos articular dessa maneira. É uma relação importantíssima porque assim, você sempre sabe de onde está vindo o peixe, se o produto foi manipulado corretamente e se estava no gelo.”
O Corrutela também investe na proximidade com seu fornecedor, com os peixes do restaurante vindo diretamente de Ilhabela (SP) duas vezes por semana. “Evitamos pedir espécies específicas. Trabalhamos com uma lista enviada pelo fornecedor – que entende nosso perfil e envia peixes alinhados a ele – e escolhemos aquilo que está disponível de forma mais sustentável”, detalha César Costa.
O chef destaca que valorizar a sustentabilidade gerada pela pesca artesanal também mantém vivas técnicas ancestrais de pesca e fortalece o conhecimento tradicional sobre as espécies marinhas. “A conexão direta com os pescadores também permite que conheçamos melhor a procedência dos produtos e possamos garantir a qualidade e frescor dos peixes servidos no restaurante”, complementa.
Na mesma linha, no Sororoca, a preferência também é comprar diretamente do pescador, embora existam desafios logísticos, fiscais e legais que algumas vezes inviabilizam o processo. “Acreditamos que essa relação direta traz garantia de qualidade e valoriza o pescador. Nosso desejo é fortalecer essa conexão, fazendo com que o pescador não apenas forneça o peixe, mas seja
reconhecido como parte essencial da cadeia. Queremos aproximá-lo do consumidor final e destacar a importância do seu trabalho para que ele seja devidamente valorizado”, defende Gustavo Rodrigues.
Não convencional para quem? Chamamos de peixes não convencionais algumas espécies que, apesar de comestíveis e nutritivas, não são tão consumidas devido à falta de conhecimento dos consumidores ou preconceito alimentar.
Dentro deste contexto, o termo Penacos surgiu para seguir o padrão das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) criado em 2008. “Eu entrei na onda das PANCs que, na época, já estavam tendo uma certa divulgação. Como tem uma similaridade com a questão dos Penacos eu achei que faria sentido que andassem em dupla e não com um outro nome”, explica o criador do termo, o chef de cozinha e estudioso de pescado, Fábio Leal.
O nome, porém, nos faz pensar: afinal, quem designa o que é ou não convencional? “Tenho viajado cada vez mais pelo Brasil e conhecido melhor a pesca em diferentes territórios e o que sempre me chamou atenção nesse termo, tanto para pescado quanto para plantas, é que a ‘não convencionalidade’ depende de uma limitação geográfica. Quando dizemos que a sororoca é um peixe não convencional, por exemplo, falta sempre um complemento essencial: onde ele não é convencional?”, defende o chef Gustavo Rodrigues, do Sororoca Bar.
Ao falarmos do sororoca, segundo Rodrigues, estamos considerando a perspectiva da cidade de São Paulo, mais especificamente do centro da megalópole. “O que estamos discutindo pode ser considerado não convencional aqui, mas pode ser altamente convencional em outras regiões do Brasil ou do mundo.”
O chef Rodrigues reforça que não cabe apenas a quem não consome determinado produto regularmente decidir se ele é convencional ou não.
“O Brasil não se resume às capitais ou a São Paulo e ao Rio de Janeiro: existem muitos lugares no País onde esses peixes e plantas são absolutamente comuns no dia a dia das pessoas. Por isso, acredito que essa diferenciação é fundamental para evitar uma visão limitada, como se apenas o nosso ponto de vista determinasse o que é ou não convencional”, pondera.
No entanto, Leal explica que o nome foi criado com base em uma pesquisa realizada por volta de 2004. “Penacos é o nome de uma pesquisa, não o nome de um peixe. Como idealizador da pesquisa, coube a mim identificar e denominar dessa forma. É um nome registrado, inclusive, e quando pensamos em Brasil, precisamos lembrar que é um País continental, com diferentes culturas. Então, nós denominamos conforme cada região.”
A crescente valorização de peixes não convencionais abre portas para uma gastronomia mais autêntica, sustentável e conectada com a biodiversidade brasileira. “Com o crescente interesse dos consumidores por ingredientes locais e práticas
sustentáveis, chefs que trabalham com essa abordagem ganham um diferencial competitivo no mercado”, opina Cesar Costa, do Corrutela.
Além disso, outra vantagem para os restaurantes que utilizam Penacos, lembra Gustavo Rodrigues, é em relação à qualidade e custo. “Quando um restaurante compra o mesmo peixe o ano inteiro, como robalo ou salmão, os preços costumam ser mais altos, o que impacta diretamente o Custo de Mercadoria Vendida, o famoso CMV. Já ao optar por peixes sazonais, conseguimos reduzir os custos e garantir um produto de qualidade
muito superior”. De acordo com ele, isso acontece porque são peixes menos procurados por restaurantes e, seguindo a lógica da lei de mercado, quando há maior oferta, o preço é mais baixo. “Portanto, trabalhar com pescado sazonal traz um ganho de qualidade e ainda um benefício financeiro para o restaurante.”
Além disso, como destaca o chef Costa, o interesse crescente por peixes menos comuns e o consequente fortalecimento da economia pesqueira artesanal estimulam a criação de políticas públicas voltadas à pesca sustentável. “Conforme mais restaurantes e chefs utilizam Penacos, mais aumenta a pressão por melhorias na regulamentação e rastreabilidade desse tipo de pescado.”
Flexibilidade no cardápio é uma das estratégias que o Yu utiliza para driblar a disponibilidade irregular ao se trabalhar com nãoconvencionais
Restaurantes em cidades litorâneas têm uma vantagem natural na oferta de peixes não convencionais: a proximidade com áreas de pesca, que garante ingredientes de alta qualidade e frescor. Além disso, estar próximo dos pescadores locais permite ver na prática o desenvolvimento da economia da região e um aproveitamento máximo dos recursos.
É esse o caso do restaurante de culinária japonesa Fugu, localizado em Paraty (RJ). “Nós não precisamos ter estoque de pescado: os peixes costumam acabar antes mesmo de finalizar o dia”, conta o chef Eduardo Diniz. O pescado utilizado no Fugu vem diretamente da região de Ponta Negra, próxima ao centro de Paraty. “São pescadores que fazem um trabalho lindo com a pesca de cerco. É uma cadeia riquíssima a pesca sustentável”, explica. Na opinião do chef, esse tipo de pescaria gera valor para as comunidades pesqueiras e auxilia o meio ambiente. “As próprias famílias atuam nesse papel lindo da preservação.”
Atualmente, um dos peixes mais utilizados no Fugu é a pescada bicuda. “Outros que têm muito apelo são sororoca, carapau, pitangola e casaco de ferro. Os clientes procuram esses peixes por aqui, pois confiam na procedência e no preparo e buscam a autenticidade do frescor, isso não tem preço.”
Segundo ele, nas épocas de alta temporada em Paraty é comum aparecerem clientes atrás de peixes tradicionais da culinária japonesa. “Nós temos esse dever de passar a informação da origem e dos benefícios dos peixes selvagens. Me encanto quando vejo clientes que só tinham acesso a salmão provarem e se encantarem com peixes muito mais simples e verdadeiros”, conclui.
Bianicy Oliveira é a identidade secreta por trás de uma jovem repleta de talento que utiliza seu raro superpoder para conquistar (e inspirar) a todos nas redes sociais como a “Menina do Peixe”
Texto: Léo Martins
No universo dos super-heróis, quando falamos em habilidades com peixes, é normal pensarmos no Aquaman. Já no universo do pescado, uma nova personagem surge com habilidades tão impressionantes que fariam o Aquaman pensar: “Quem é essa menina?” Trata-se de Bianicy Oliveira que, não à toa, é conhecida nas redes sociais como a “Menina do Peixe”
Nascida em Brejo das Flores, povoado no interior do Maranhão, Bianicy é um verdadeiro sucesso na internet por seu “superpoder” de cortar e limpar peixes, que começou aos 12 anos de idade. Porém, antes de ser uma estrela das redes sociais, ela lembra que a sobrevivência de sua família vinha do cultivo e venda de mandioca, arroz, limão, carvão, farinha e tapioca. “Aos finais de semana, eu e os irmãos ajudávamos minha mãe, Sivanilda, em um pequeno restaurante à beira do rio que servia refeições”, lembra.
Já o trabalho com peixe veio efetivamente em 2014, após o falecimento de seu pai, Raimundo. “Eu e meus irmãos nos mudamos com minha mãe para Barcarena, no Pará. Logo na sequência, montamos nossa peixaria”, relata. E foi justamente em Barcarena, cidade em que ela mora atualmente que, em 2022, Bianicy começou a sua carreira como influenciadora. “Tudo aconteceu de forma muito espontânea, sem nenhum planejamento”, lembra. Ela conta que enquanto finalizava um curso de logística, precisou apresentar um trabalho mostrando o processo logístico da peixaria de sua família. “Então, criei um vídeo, publiquei no TikTok e para minha surpresa, ele viralizou em poucos dias mostrando a rotina da nossa peixaria.”
Hoje, a Menina do Peixe, que faz 23 anos em abril, compartilha o dia a dia de seu trabalho com quase seus quase 2 milhões de seguidores somando Instagram, TikTok e YouTube. “Nessas redes sociais, busco contar minha história e incentivar outras pessoas, especialmente jovens, a lutarem pelos seus sonhos”, revela. Para isso, a influenciadora aposta em sua autenticidade na hora de mostrar a sua habilidade em um trabalho realizado geralmente por homens: o de cortar e limpar um peixe. “Faço tudo de forma natural: sem filtros e sem vergonha de expor a minha rotina. E ainda faço muitas dancinhas!”
Bianicy conta que produz a maioria de seus conteúdos durante o atendimento que faz na peixaria da família. “Trabalho com dourada, piramutaba, tambaqui, pescadinha, pescada branca e filhote, que são as espécies que mais vendem aqui em nosso negócio e também no Pará”. Porém, não só de corte e limpeza de peixe vive as redes sociais da influenciadora. “Também compartilho cuidados de beleza que tenho comigo mesma. Ainda falo sobre fé, meus testemunhos de vida, histórias pessoais e empreendedorismo, tudo para incentivar meus seguidores a estudarem e trabalharem.”
No entanto, apesar de ter uma relação muito próxima de interação com seus seguidores, Bianicy conta que vez ou outra aparece algum hater querendo rebaixar seu trabalho. “Eles me atacam por eu estar fazendo um trabalho considerado ‘de homem’, dizendo que eu me destaco só por ser mulher e não pelo meu talento. Mas isso não me atinge”, reforça.
Apesar de hoje ainda não viver só da internet, Bianicy quer continuar crescendo mais e mais nas redes sociais e assim, atingir seu grande sonho: chegar à televisão. “Quero participar de programas para ampliar minha visibilidade, ter mais oportunidades e continuar contando a minha história para inspirar e motivar as pessoas”, finaliza. E pelo jeito, essa é uma missão que só uma heroína como a Menina do Peixe pode cumprir.
Mantenha a tradição com os Peixes
Selvagens do Alasca.
Esta é a época do ano em que pescados ganham destaque. Aproveite os Peixes Selvagens, Naturais e Sustentáveis do Alasca para refeições mais saudáveis e saborosas.
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