IFC Brasil 2024 e XX Fenacam: como foram os principais eventos que fecharam 2024
NA COZINHA
Como o pescado vem conquistando um espaço cada vez maior nos bares brasileiros
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Malha de produção paranaense entrelaça produtores, fornecedores e distribuidores para entregar uma tilápia que não deixa escapar o seu protagonismo nacional
2024: Um ano de novas navegações
Éconsolador, animador e, ao mesmo tempo, assustador pensar que, tão fluida quanto a própria água, é a transformação da vida. Nós, como numa embarcação, estamos sujeitos às diversas direções para as quais o mar nos empurra e, às vezes, mesmo segurando o timão com toda a força, é difícil modificar o rumo do barco.
Esse dinamismo também esteve presente na própria Seafood Brasil ao longo de 2024. Para os mais atentos, as transformações foram notáveis. A começar pelo fim: neste editorial, que pela primeira vez em 11 anos de dedicação ao setor de pescado, deixa de ser escrito pelo brilhante editor-chefe Ricardo Torres - para tranquilizar a todos, ele continua conosco, afinal, é o criador e o coração da Seafood Brasil
Mas, como mencionei, não dá para prever onde a fluidez das águas nos levará. A gente simplesmente segue o fluxo. E seguimos. A Seafood Brasil percorreu diversos caminhos nos últimos 12 meses. Mudamos, melhoramos e nos estabelecemos definitivamente como uma das
Redação redacao@seafoodbrasil.com.br
Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres
Editor-chefe: Ricardo Torres
Editor-executivo: Léo Martins
Repórter: Fabi Fonseca
Diagramação: Thalita Cibelle Medeiros
Marketing e Tráfego: Letícia Baptiston
Crédito da foto de capa: Seafood Brasil
maiores plataformas de comunicação voltadas ao aumento do consumo e à geração de negócios de pescado no Brasil.
O time cresceu, e nossa ousadia também. Lançamos novos projetos e abraçamos outros. O resultado? A sensação de dever cumprido, mas sempre em busca de mais, pois o setor continua a nos inspirar. Exemplos disso foram os grandes eventos dos últimos meses (MKT & Investimentos pág.10 e Especial na pág.60), além da ascensão da tilápia paranaense, destacada na Capa desta edição (pág.38).
E das nossas quatro edições regulares, todas as reportagens de Capa deste ano trouxeram uma reflexão em comum: são as transformações que nos tiram da zona de conforto e nos impulsionam em direção ao novo. Felizmente, somos tão fluídos quanto a água.
Para o novo ano, o meu desejo (e do time da Seafood Brasil) é permanecer em movimento.
Sendo assim, deixo aqui os meus sinceros votos de boas festas.
Boa leitura e nos vemos em 2025!
Fabi Fonseca
Na Cozinha 72
O início de um novo capítulo
José Luis Ravagnani Vargas assume o desafio de escrever páginas inéditas na história da indústria do pescado, trazendo novas ideias, energia e a visão de alguém que acredita no potencial do setor
Texto: Fabi Fonseca e Léo Martins
Sabe aqueles momentos em que começamos um novo capítulo de um livro e sentimos uma mistura de expectativa e ansiedade? Foi exatamente essa sensação que marcou a chegada de José Luis Ravagnani Vargas como
diretor do Departamento da Indústria do Pescado (DIP), da Secretaria Nacional de Pesca Industrial, Amadora e Esportiva do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA).
Formado em Medicina Veterinária, Vargas iniciou sua carreira no setor privado, atuando em vendas e marketing. Já em 2005, ingressou no
serviço público, dedicando-se à área de Defesa Agropecuária. Desde então, ocupou diversos cargos de liderança, com destaque para Diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) e Diretor do Departamento de Serviços Técnicos. Agora, assume o DIP em um momento estratégico, com projetos emblemáticos e desafios significativos para fortalecer a cadeia produtiva nacional.
“É uma honra assumir esse cargo [de Diretor do Departamento da Indústria do Pescado]. Como eu sempre acreditei muito nesse segmento, espero fazer um bom trabalho para ajudar o setor a crescer em prol da sociedade brasileira e se desenvolver dentro das regras, da normalidade e de forma sustentável”, resume.
No bate-papo a seguir, Vargas dá uma ideia do que esperar de sua gestão e oferece ainda uma previsão clara do que aguardar deste novo capítulo que se inicia no setor. Confira!
1 Um dos marcos do início de sua gestão é o lançamento [em dezembro/2024] da Plataforma Nacional da Indústria do Pescado (PNIP). Qual a importância dessa ferramenta, os desafios de implementá-la e como pretende engajar as indústrias na sua adoção?
A principal importância dessa ferramenta é trazer celeridade ao processo. Para isso, o sistema vai compilar uma série de dados e fazer uma análise prévia para a emissão do Certificado de Acreditação de Origem Legal (CAOL), por exemplo. Então, ele já checa notas fiscais, mapas de bordo e faz uma série de conferências e traz tudo mastigado para o analista. Ou seja, uma análise para a emissão de um certificado necessário para exportação a determinados países, que antes levava um mês, hoje é realizada em 4 ou 5 dias. No futuro, imaginamos que essa análise leve somente 20 minutos.
Quanto ao engajamento das indústrias, o caminho é simples: vamos
Divulgação
fazer dela obrigatória. Assim, aos poucos, as próprias indústrias vão entendendo os benefícios que só o PNIP pode trazer.
Outro desafio iminente é a obrigatoriedade do Certificado Oficial de Boas Práticas Higiênico-Sanitárias a Bordo, que entrou em vigor em dezembro. Qual a estratégia para garantir que as embarcações pesqueiras cumpram os requisitos dentro do prazo e como isso impactará a cadeia produtiva?
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Essa certificação também já foi definida de forma obrigatória. O que fizemos agora é um calendário de 18 meses com grupos de análises estabelecidos para que assim, possamos fazer essa certificação atingir o maior número de embarcações.
Um dos maiores benefícios que essa certificação oferece à indústria é a valorização da matéria-prima. Afinal, ela garante que a qualidade do que está sendo oferecido ao consumidor é extrema. Logo, o pescador que trouxer isso à indústria vai ser melhor remunerado. É algo que beneficia toda a cadeia e traz um valor agregado maior ao produto final.
O Brasil ainda ocupa uma posição tímida no comércio internacional de pescado. Que iniciativas são essenciais para alavancar nossas exportações e tornar o País um player mais competitivo globalmente?
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Apesar de termos um mercado interno muito forte, de fato, hoje importamos mais do que exportamos. No entanto, também temos muitas oportunidades para reverter isso.
Uma coisa que precisamos para aproveitar essas oportunidades é o próprio desenvolvimento do setor em si, com apoio à indústria para que ela cresça e melhore. Somado a isso, precisamos de muita matéria-prima, que é o pescado em si, além de uma modernização de nossa frota. E para isso, o Ministério da Pesca tem um papel fundamental no fomento à indústria, na agregação de valor aos
“Somos muito bons produtores com excelentes produtos. Agora, o que falta é fazer com que outros países enxerguem isso também”
produtos brasileiros e na pesca em si.
Outro ponto é a educação sanitária dos pescadores e dos produtores. Com isso, podemos garantir um produto de melhor qualidade e assim, competir em pé de igualdade com outros players.
4 O recente Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado neste ano entre o MPA e a ApexBrasil é um exemplo de como as parcerias podem fortalecer a cadeia produtiva de pescado brasileiiro. Como a sua gestão pretende potencializar essa parceria e quais resultados espera alcançar no curto e longo prazo?
Esse acordo com a ApexBrasil é pensando em promoção, que é uma das formas da gente divulgar o nosso produto lá fora, e que também faz parte da competência do departamento. No entanto, temos outras barreiras sanitárias que precisam ser superadas, além de termos mais produtos de qualidade para acessarmos os mercados mais exigentes.
Sendo assim, temos que fazer o dever de casa: demonstrar para as autoridades sanitárias dos outros países a credibilidade no nosso produto. Somos muito bons produtores com excelentes produtos. Agora, o que falta é fazer com que outros países enxerguem isso também.
Por isso, através de ações promocionais ou de demonstração perante às autoridades sanitárias dos outros países, vamos buscar um caminho para começarmos a exportar uma maior quantidade a partir de um bom volume de produção.
5 Nos últimos anos, vimos a abertura de novos mercados para o pescado brasileiro (como Egito e Filipinas), estamos em negociações para o Reino Unido e ainda buscando retorno à União Europeia. Com tantas oportunidades no radar, quais ações estão sendo planejadas para atender às exigências sanitárias e garantir que as indústrias
estejam prontas para competir nesses novos destinos?
De fato, tanto o Reino Unido, quanto a União Europeia, são mercados muito exigentes. Logo, temos uma preocupação muito grande, o que nos faz trabalhar para retornar a esses mercados o mais rápido possível. Neste caso, a competência maior é do Ministério da Agricultura e Pecuária, que é quem coordena e recepciona as missões. Já a gente do DIP, dentro do MPA, tem a responsabilidade com a certificação das embarcações.
Hoje, por exemplo, temos somente sete embarcações certificadas para envio de pescado à União Europeia e ao Reino Unido. Porém, nós sabemos que assim que o mercado abrir, teremos uma série de outras embarcações que vão solicitar fazer parte da frota. E se a gente já tem que se preparar para isso, por que não começar a certificar agora?
Então, eu acho que esse calendário de certificação, bem como nossas próprias ações e um trabalho muito forte não só com o Ministério da Agricultura, mas também com as associações para que se unam a nós, são fundamentais para que tenhamos mais embarcações e produtos. Isso, junto com as nossas indústrias e a confiança no trabalho que o Serviço de Inspeção Federal está realizando, nossos produtos poderão ser exportados para qualquer localidade.
“Apesar de termos um mercado interno muito forte, de fato, hoje importamos mais do que exportamos. No entanto, também temos
muitas oportunidades para reverter isso”
Na Água
Tecnologia para pesca e criação
Crédito das fotos:
Divulgação/Empresas
Palhetando novos ares
O aerador de palheta foi a novidade que a BRX Aeradores apresentou durante a Fenacam 2024. Com uma incorporação maior de oxigênio do que os equipamentos de modelo chafariz, a novidade possui redutores frisados e motor de 2 CV, além de trabalhar com amperagem baixa para economizar energia elétrica. Por fim, a empresa destaca que a solução é ideal para quem busca incorporar bastante oxigênio para ter uma alta demanda de criação, aumentando assim a quantidade de pescado ou camarão por metro cúbico.
Minecraft dos peixes
A Safeeds apresentou o Aquabloco, um blend de aditivos voltado para tanques-rede e que tem o foco de reduzir o estresse, além de melhorar o ambiente durante momentos críticos como a vacinação, por exemplo. Segundo a empresa, o produto utiliza vitaminas, aminoácidos e probióticos em uma formulação única, promovendo sustentabilidade e aumento na sobrevivência dos peixes em todas as fases de reprodução.
Servir e proteger para crescer Podendo ser utilizado tanto para o uso de dietas de tilápias quanto para camarões, o PAQ-Protex é o lançamento da Phibro para auxiliar o desempenho e na melhora da saúde dessas espécies. O aditivo fitogênico possui em sua composição saponinas e polifenóis de Quillaja saponaria e Yucca schidigera, que promovem a saúde e integridade do trato gastrointestinal, além de contribuírem para o controle parasitário e bacteriano dos animais. Ainda segundo a empresa, o PAQ-Protex também reduz os níveis de a amônia na água de cultivo.
Do pó ao oxigênio
Já a Prilabsa destacou durante a Fenacam 2024 o seu Percarbonato de Sódio. Chamado popularmente pela própria empresa como “oxigênio em pó” justamente por liberar oxigênio durante a decomposição, o produto possui 98% de pureza e foi desenvolvido especialmente para viveiros de camarão. Ainda segundo a empresa, a solução também auxilia no controle do crescimento indesejado de algas, além de possuir propriedades desinfetantes em sua composição.
Back in Black
A INVE Aquaculture trouxe um produto especial para dietas de camarões. Trata-se do Epac Black, solução voltada para o pós-larvas de camarões, desde a fase larval
até o berçário. De acordo com a empresa, justamente por ser uma dieta de forte pigmentação, a novidade é voltada para larviculturas que buscam produzir pós-larvas escuras. O produto possui ainda cinco tamanhos de partículas para uma alimentação sem desperdício, além de boa estabilidade das partículas na água.
O guardião das águas
Considerado um núcleo mineral e um energético com probiótico e prebiótico, o AcquaGuard é o lançamento da Real Fish para tirar o estresse e dar desempenho aos animais no manejo e na biometria. A solução é um premix com de aminoácido, mineral e vitamínico disponibilizado em embalagens de 2 kg que ajuda durante todo o ciclo do camarão, desde a fase de larva até a parte final. Ainda segundo a empresa, para evitar perdas após a biometria e manejo, o produto pode ser aplicado diretamente na ração 10 dias antes e 10 dias depois dos procedimentos.
Multiverso do camarão
A Global Biotecnologia destacou durante a Fenacam 2024 seu TCP Camarão, alternativa sustentável para a produção de camarões. A solução é resultado de um processo de cultivo e desenvolvimento de ecossistemas formado por grupos de microorganismos 100% naturais. Segundo a empresa, os benefícios do uso do produto em criações de camarões são o antagonismo ao Víbrio, redução de matéria orgânica, aumento da imunidade e de massa dos animais, maior taxa de sobrevivência e maior conversão alimentar.
Marketing & Investimentos
Nos vemos no Paraná
Com mais de 4.000 participantes e 150 empresas expositoras, IFC 2024 reuniu líderes do setor, representantes governamentais e produtores em Foz do Iguaçu para promover lançamentos e debater temas importantes do segmento
Texto: Fabi Fonseca | Colaboração: Letícia Baptiston | Crédito das Fotos: Seafood Brasil
Novamente, o Paraná foi destino para quem esteve à procura de oportunidades e soluções para os desafios da aquicultura. Entre os dias 24 e 26 de setembro de 2024, em Foz do Iguaçu, líderes do setor pesqueiro e aquicultura, representantes governamentais, empresas do setor e produtores se encontraram na sexta edição do International Fish Congress & Fish Expo Brasil (IFC Brasil).
A edição deste ano também recebeu delegações de diversos países, como Argentina, Paraguai e Chile. “O IFC Brasil se consolida como um evento
internacional e um dos grandes eventos da aquicultura e pesca da América Latina. Essa é a marca da sexta edição”, celebrou o presidente do IFC, Altemir Gregolin.
“O IFC Brasil se diferencia pelo cuidado especial com os expositores e visitantes, buscando proporcionar um ambiente confortável, oferecer conteúdo de qualidade com uma programação ampla e focada, e uma feira direcionada. Com tudo isso, é um evento que busca excelência”, disse a CEO do IFC Brasil, Eliana Panty.
Segundo ela, a edição atingiu um nível de maturidade, com avanços a cada ano marcados também pelo envolvimento da gastronomia, o ritual do corte do atum, o festival do tambaqui
e o interesse de outros Estados, tanto para comprar quanto para vender.
Alinhando as ideias
Em um dos momentos-chave da abertura do congresso, o secretário executivo do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Édipo Araújo, pontuou a importância de consolidar a aquicultura como um vetor essencial no combate à fome e no fortalecimento da economia brasileira. Para ele, osetor precisa estar alinhado com as demandas globais e as transformações internas. “Ao recriar oMinistério da Pesca, sob a liderança do presidente Lula, o Brasil reafirmou seu compromisso com esses territórios estratégicos, garantindo espaços tanto na pauta presidencial quanto
A sexta edição do International Fish Congress & Fish Expo Brasil (IFC Brasil), trouxe à tona temas cruciais para o futuro da pesca e aquicultura no Brasil
IFC BRASIL
2024 EM NÚMEROS:
4.000 participantes
Mais de 150 empresas expositoras 175 trabalhos científicos inscritos
internacional para essa temática”, afirmou. O MPA, segundo o secretário, tem se empenhado em várias frentes para promover a sustentabilidade e o crescimento do setor. Uma das iniciativas em destaque é o trabalho em torno da isonomia no preço da ração para aquicultura, no contexto da reforma tributária, além da histórica demanda pela inclusão do pescado nas cestas básicas.
Mais de 70 conferencistas
Além disso, conforme ele, o MPA se dedica à reabertura de mercados importantes para o Brasil, como o Reino Unido e a União Europeia, através de negociações que envolvem mudanças nas regras sanitárias da frota pesqueira. “Entretanto, vale lembrar que o crescimento do setor deve estar alicerçado na ciência, respeitando os acordos internacionais e as normas nacionais vigentes, além de contar com
a participação social no processo de gestão, visando a sustentabilidade da atividade e a segurança jurídica dos empreendedores”, concluiu.
Alto nível nos debates
O Congresso Internacional de Aquicultura trouxe um alto nível em seus debates. Entre os temas mais discutidos estiveram as exportações de pescado, a Economia Azul e o desenvolvimento sustentável da produção de pescado, com uma atenção especial à crescente demanda mundial e à preservação ambiental.
O painel “Exportações de pescado: Evolução, desafios e estratégias para consolidação das exportações brasileiras” trouxe à tona discussões estratégicas para o setor. Altemir Gregolin iniciou o debate destacando
Marketing & Investimentos
Panty e
a evolução recente das exportações brasileiras, que atingiram cerca de US$ 400 milhões por ano. No entanto, ele chamou atenção para a balança comercial negativa do Brasil, enfatizando a necessidade de aumentar a produção de pescado no País, já que o mercado interno é um dos maiores consumidores de peixe.
“O mundo quer alimento, o mundo quer produto sustentável”, afirmou Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Para ele, tecnologia que garante a produção de alimentos
sustentáveis e comunicação são fatores cruciais para o setor de produtos cárneos.
Já Paula Soares, coordenadora de Agronegócio da Apex Brasil, defendeu que o setor está trabalhando com melhor valor agregado no mercado internacional. “Hoje, os pescados são a maior proteína comercializada mundialmente”. Contudo, considerando o mercado de exportação de proteína animal brasileira, o setor de pescado comercializa apenas 0,23% desse total. Logo, para ela, há muita oportunidade de crescimento. “A gente sabe que isso [volume de exportação de pescado] pode
ser bem maior que 1%. Mas, para isso, a gente precisa da cadeia integrada.”
No painel “Economia Azul e o desenvolvimento sustentável da produção de pescado para atender à crescente demanda e preservar o meio ambiente”, especialistas internacionais discutiram como a inovação e a sustentabilidade são essenciais para o futuro da aquicultura. José Aguilar Manjarrez, oficial de aquicultura da FAO para a América Latina e Caribe, alertou que, no ano de 2050, os mares possuirão uma tonelada de plásticos para cada tonelada de peixes, sendo necessário proteger os recursos ambientais. “A transformação azul, lançada no ano de 2022, pretende aproveitar as oportunidades que os sistemas alimentares aquáticos oferecem para aumentar a segurança alimentar, erradicar a pobreza e apoiar as metas da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.”
Gonçalo Santos, diretor de projetos na Hatch Innovation Services, destacou as principais tendências da aquicultura mundial, como sistemas autônomos para diversos segmentos que integram a cadeia de valor da aquicultura. “A tendência em inovação na aquicultura é unir distintas tecnologias para o desenvolvimento da genética, prevenção e tratamento de enfermidades; desenvolvimento de nutrição com distintos ingredientes e origens, provenientes dos insetos e micróbios; e novos sistemas aquícolas”, disse.
Conversar para melhorar
O painel mais aguardado do evento trouxe debates sobre a Lei da Pesca e Aquicultura, as mudanças necessárias e as diferentes perspectivas do setor para sua modernização. Com sala cheia de empresas e congressistas, distintos atores representaram o setor pesqueiro, aquícola, industrial e governamental.
Mônica Brick Peres, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) da área de grandes Unidades Oceânicas, ressaltou que, desde 2017,
Gregolin lideraram evento que contou com conferências apresentadas por mais de 70 especialistas de quatro continentes e mais de 20 horas de conteúdo
Debates importantes nortearam as apresentações, como a proposta de atualização para promover o desenvolvimento sustentado do setor aquícola e pesqueiro na Lei da Pesca
estão trabalhando em uma proposta que visa o ajuste da legislação atual, destacando algumas medidas, como a inclusão dos critérios e diretrizes internacionais, como o Código de Conduta para a Pesca Responsável, as Diretrizes Voluntárias para a Pesca de Pequena Escala e o Plano de Combate à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada; medidas para fortalecer a cooperação internacional; e integração da gestão pesqueira com outras políticas nacionais, como o Zoneamento Ecológico-Econômico e a Política Nacional de Recursos Hídricos.
Liliam Catunda, diretora de Relações Institucionais da Abipesca, expôs os desafios que a indústria pesqueira enfrenta com a atual legislação. “A Lei não define as responsabilidades dos agentes administrativos para a implementação da Política Nacional; não define diretrizes/critérios e padrões para
combate às ilegalidades e erradicação da pesca predatória (...) e, no caso das indústrias, a Lei não traz uma definição das responsabilidades na cadeia, o que acarreta insegurança jurídica.”
Eduardo Ono, membro da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), lembrou que, em julho deste ano, a CNA e o MPA assinaram um Acordo de Cooperação Técnica que busca promover o desenvolvimento sustentável da aquicultura brasileira. “Como que o produtor e o empresário vão investir em uma atividade que não tem lei que regula? Vai ser regulado por instrumentos infralegais?”
“Nós [da aquicultura] temos a legislação mais rigorosa do mundo”, lembrou Francisco Medeiros, presidente executivo da PeixeBR “A Lei 11.959/2009 é um fator de risco, perda de competitividade, e somente grandes e médios produtores
poderão atendê-la”, afirmou. Para ele, o Marco Regulatório não melhora a competitividade, sendo necessária a exclusão do Registro Geral do Pescador (RGP) e da Licença de Aquicultor (LA).
Por sua vez, o secretário Édipo Araújo Cruz comentou que haverá um diálogo com os atores (da pesca e aquicultura) para monitorar e validar as dores do setor. No entanto, será preciso uma consonância entre os atores. Para isso, é importante definir a atuação do setor, seja estadual, municipal ou regional, sendo necessária a instituição de plenárias e conferências do setor, após a formação do grupo gestor da Conferência. “Sendo conhecido pelo MPA esse trabalho do SEBRAE, o MPA falou: ‘Queremos trabalhar em conjunto. É necessário que o setor produtivo e o governo estejam lado a lado para que a gente possa emplacar qualquer mudança na Lei da Pesca e Aquicultura’”, comentou o secretário.
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Um pouco de tudo
Veja a seguir o que as empresas levaram ao evento deste ano na Feira de Tecnologias e Negócios (VI Fish Expo):
Setor tecnológico
Fábio Andreis, consultor comercial da PCI Gases do Brasil, destacou a solução da empresa para geração local de oxigênio, tecnologia que atende piscicultores e frigoríficos em busca de maior autonomia e economia. “Ele oferece uma solução de produzir o oxigênio no local, ao invés do aquicultor ou do frigorífico ter que comprar um oxigênio no distribuidor”, explicou. Além disso, o sistema apresenta alta eficiência energética e reduz impactos ambientais.
Para promover um ecossistema integrado na piscicultura, com foco em troca de conhecimento e capacitação, foi que a Meu Pescado esteve no evento. O CEO Jorge Oliveira lembrou que a recente aquisição da VaiAqua fortalece essa estratégia, permitindo avanços em gestão de dados, automação e ferramentas de inteligência artificial voltadas para pequenos, médios e grandes produtores. “Sinto que as pessoas estão mais dispostas a ouvir e trocar [ideias]. E o Meu Pescado está trabalhando bastante nessa direção”, destacou Oliveira, que também celebrou a conquista do segundo lugar no prêmio Sebrae Startups.
Paulino César Gaspar, CEO da GPX Tecnologia, apresentou a inovação no IFC 2024 ao certificar o evento como carbono neutro. “O negócio da GPX é fazer inventário de gases e efeitos de estufa, fazer toda a rastreabilidade, todo o monitoramento desses projetos de inventário de gases e efeitos de estufa, gerar crédito de carbono e ativos ambientais também”, explicou.
Reestruturação e expansão na tilapicultura
A C.Vale levou ao IFC 2024 sua forte presença no mercado de tilápias,
enfatizando o crescimento expressivo no último ano. “Saímos de 175 mil para 195 mil tilápias processadas por dia, e a expectativa para 2025 é de um aumento de 30 mil unidades diárias”, compartilhou Fernando Aguiar, gerente comercial. A empresa, que responde por 60% das exportações de tilápia resfriada aos EUA, aproveitou o evento para conectar seus associados a novos conhecimentos e tecnologias, além de participar das rodadas de negócios promovidas pela ApexBrasil. Apesar de reconhecer um mercado desafiador, Aguiar destacou um ano positivo e cauteloso, reforçando a consolidação da marca com novas embalagens e logotipos.
Com sede próxima, em São Miguel do Iguaçu (PR), a Frimapar usou o IFC para lançar sua nova logomarca e anunciar uma reformulação completa das embalagens, prevista para conclusão em breve. Segundo Marcelo Pauvels, gerente comercial, essas mudanças refletem o momento estratégico da empresa, que busca expandir sua base de clientes e mercados. “Foi um ano excelente, não somente para a Frimapar, mas para todas as empresas que trabalham com pescado e especialmente com a tilápia”, afirmou. Os desafios de sazonalidade e descompasso entre produção e consumo foram destacados, mas ele reforça que a empresa mantém um olhar estratégico para a safra de 2025, com foco na Quaresma e na superação de gargalos.
Foco na nutrição
Já a Raguife , consolidada como a maior fabricante de ração aqua por metro quadrado no Brasil, também trouxe novidades. De acordo com Victor Rasteiro , a aquisição de novas máquinas elevou a capacidade produtiva, hoje estimada em 16 mil toneladas, com exportações para países como Angola e República do Congo. A empresa revelou planos ambiciosos para 2025, incluindo a construção de uma nova fábrica em Marechal Cândido Rondon (PR), visando atender Santa Catarina e Paraná com maior eficiência logística. “Em 2025, a gente continua nessa tendência de crescimento. O pessoal está vendo o peixe mais como uma alimentação e está sendo mais consumido dentro de casa”, destacou Rasteiro.
Já a IMEVE apresentou seu mais recente lançamento: um premix alimentar enriquecido com probióticos líquidos. “A principal finalidade dele é prover as bactérias probióticas no alimento dentro da fábrica [usado no processo de fabricação da ração], e desenvolvemos esse produto líquido principalmente pela facilidade de aplicação”, explicou Renato de Almeida, gerente de produtos da linha Aqua.
Sustentabilidade, inovação na sanidade e bem-estar animal
Com um portfólio robusto que inclui vacinas autógenas comerciais, a Vaxxinnova Brasil esteve no evento reforçando a importância da saúde animal. E, embora a empresa não tenha lançado produtos na edição, Rodrigo Pedrali, gerente da unidade de negócio de Aqua , lembrou que agora contam com um antimicrobiano. “É uma molécula que é o Florfenicol, que é o Farmaflor 50. Então, hoje nosso portfólio contempla vacinas autógenas, vacina comercial e
O IFC 2024 foi palco de lançamentos que reforçam a inovação e a busca por soluções sustentáveis no setor Divulgação
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também antimicrobiano.”
No caso da MSD Saúde Animal, a empresa aproveitou o evento para apresentar novas soluções. Entre os destaques, André Blanch, gerente de mercado de aquicultura, mencionou o lançamento de produtos que vieram com a aquisição da Elanco, como o Pond Dtox, voltado para a redução de gás sulfídrico em tanques de camarão. “O mercado para nós é bastante interessante e, como a tilapicultura vem crescendo ano após ano, a gente acaba surfando essa onda. A unidade de negócio está vendo um amplo crescimento e ampla expansão do nosso faturamento, que é muito importante”, afirmou Blanch. Para 2025, a empresa aposta em soluções multidisciplinares e no combate ao iridovírus, um dos principais desafios sanitários na tilapicultura atual.
Já a Safeeds apresentou o Aquabloco, um blend de aditivos voltado para tanques-rede, com foco em reduzir o estresse e melhorar o ambiente durante momentos críticos, como a vacinação. Segundo Rômulo Fiorucci, técnico comercial, o produto utiliza vitaminas, aminoácidos e probióticos em uma formulação única, promovendo sustentabilidade e aumento na sobrevivência dos peixes. “Para nós, que trabalhamos com ideias inovadoras, o mercado está vindo muito forte, e estamos crescendo pelos desafios sanitários e também pela demanda técnica e inovação que o produtor vem solicitando”, destacou.
Estruturas e soluções integradas
Com tradição em redes de arrasto e telas para piscicultura, a Têxtil Sauter foi ao IFC com sua nova linha agro, ampliando seu alcance para plantações. Renata
Moreira, gerente da empresa, destacou que 2024 foi um ano de crescimento, com os produtores investindo mais em proteção para suas criações. “Os ataques de predadores têm levado produtores a apostar em coberturas e redes de qualidade. Estamos prontos para atender essa demanda crescente”, afirmou. Para 2025, a empresa projeta um volume ainda maior de vendas, acompanhando o avanço da produção de pescado no Brasil.
Por sua vez, a Trevisan destacou sua robustez e visão de mercado. Com 34 anos de experiência, a empresa apresentou seu mais recente aerador, importado de Israel, que combina eficiência e custo competitivo. “É uma inovação de equipamento com motores de inox blindados e refrigerados”, enfatizou Nedir Chiesa. Além disso, Chiesa contou que a abertura de uma filial em Natal (RN) reforça o compromisso da empresa em expandir sua presença no Nordeste, mesmo diante de desafios econômicos. Assim, para 2025, a Trevisan promete investir pesado em automação. “O produtor hoje não vive mais sem tecnologia. Precisamos de soluções que tornem as propriedades mais produtivas e autossuficientes”, concluiu.
Paulo Guth, gerente de contas
da Marel no Brasil, apresentou a FlexCut, máquina equipada com inteligência artificial, projetada para aprimorar a produtividade e a qualidade dos cortes de tilápia. “A máquina tem um conceito de inteligência artificial com um raio-X que detecta o filé para assim, o usuário definir qual é o tipo de refile que ele quer fazer e onde ele quer que o corte seja feito”, disse. Segundo Guth, a automatização atende à crescente demanda por soluções que enfrentem a escassez de mão de obra qualificada nos frigoríficos.
Já a Zoetis reforçou a presença de sua máquina Fishteq NFT20, que vacina, mede e classifica peixes em larga escala. Presente no Brasil desde 2021, Daniela Damasceno, gerente técnica e comercial de aquacultura, conta que a solução já se consolidou. Além disso, a empresa esteve apostando na vacina inativada para Streptococcus 1B. “É a única do mercado que tem proteção prevista em bula de pelo menos 8 meses”, explicou. Os planos para 2025 da Zoetis continuarão com a personalização de soluções e o suporte técnico, com o objetivo de atender às demandas específicas de cada produtor.
“O IFC Brasil se diferencia pelo cuidado especial com os expositores e visitantes, buscando proporcionar um ambiente confortável, oferecer conteúdo de qualidade com uma programação ampla e focada, e uma feira direcionada” - Eliana Panty, CEO do IFC Brasil
Alguns dos eventos que compuseram o IFC Brasil 2024:
• Dia do produtor (26 de setembro): Atraindo mais de 300 produtores das cooperativas paranaenses, como C.Vale e Copacol.
• Congresso internacional de aquicultura: Abordou temas como Economia Azul, estratégias de exportação e inovações tecnológicas, destacando as tendências do setor e as perspectivas para o futuro da aquicultura.
• Fórum Aquacultura 4.0: Organizado pela Embrapa, discutiu as últimas tendências em aquicultura digital e de precisão, promovendo a integração de tecnologias no setor.
• Encontro Mulheres da Aquicultura - 5ª edição: Com o tema “Cooperativismo e Negócios”, este evento reuniu mulheres da cadeia produtiva do pescado para debater liderança feminina, oportunidades de negócio e o fortalecimento da participação feminina no setor.
• Workshop sobre Sistema de Recirculação de Água: Realizado em parceria com a BluEco Net e a Unioeste, o workshop se concentrou na produção sustentável em sistemas intensivos de aquicultura.
• Apresentação de trabalhos científicos: O evento registrou um recorde com a apresentação de 175 trabalhos científicos, destacando as contribuições acadêmicas e tecnológicas para o setor.
• 4ª Reunião Ordinária do Coesaqua (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná): Tratou da inclusão da Peixe BR na agência, discutindo políticas públicas e estratégias para o fortalecimento da aquicultura no Estado.
Marketing & Investimentos
O futuro é logo ali
2024 reuniu dos dias 24 a 26 de setembro todos os elos da cadeia produtiva aquícola brasileira para assim, ajudar a construir os rumos do mercado brasileiro e traçar o amanhã do segmento através de inovação, tecnologia e conhecimento.
Crédito das fotos: Seafood Brasil
Ana Paula Santos (ETEC São Paulo), Thamires Lopes e Aryanne Costa (Growd), Guilherme Bueno (Incubadora Aquário de Ideias - UNESP), Danilo Proença (Biomonetize) e Esthefany França (Incubadora Aquário de Ideias - UNESP)
Átila Bankuti (FUNDEPAG), Celso (Itaipu Binacional), Sérgio Tutui e Cristiane Neiva (Instituto de Pesca) e Thiago Satiro (FUNDEPAG)
Bizulas e Daniela Nomura (Vidara do Brasil)
Equipe Frimapar
Renata Moreira e Jenniffer Aline (Têxtil Sauter)
Equipe Raguife
Evandro Lorenz e Luiz Eduardo Conte (SUIAVES), Marco Túlio (Multifish), Thainá Marques (Aquagermany) e Fabio Zanuzzo (Onda)
Equipe Trevisan
Fabi Fonseca e Leticia Baptiston (Seafood Brasil)
Fabiane e Francisco Cortez (Anhambi Alimentos)
Filipe Chagas e Francisco Altimari Jr. (Real Fish)
João Paulo Brito (Piscicultores do Tamanduá) e Luiz do Peixe (Alevinos Luiz do Peixe)
Gustavo Araujo, Carol Vasconcelos e Mauricio Rocha (Alltech)
Gilberto de Bona, Adrinei Colombo e Adilson Peruzzo (NIJU)
Gustavo Soares (De Heus) e Carlos Varnier e Douglas Demenech (Lar Cooperativa Agroindustrial)
Missão ACRIPAR
Luis Guerra (Hipra), Lara Lopes (Fazenda Jamel), Alexandre Baumann (Piscicultura Caxias), Leomel Júnior (KMB Technologies), Flávia SAAD (Hipra), Luiza Coutinho (ADAPAR), Bernardo Lara (Minas Fish) e André Nascimento (Agricotec/Cardinal)
Paulo Guth, Fernanda Chisté e Marcos Hellgren (Marel)
Jorge Oliveira, Alexandre Girald e Luiza Pimenta (Meu Pescado), Maria Sandri (Vai Aqua), Álvaro Leal e Thiago Madeira (Meu Pescado)
Liliam Catunda (ABIPESCA), Gustavo Fernandes (CVale) e Paula Caminha Soares (APEX BRASIL)
Lucas Vianna e Marilsa Patrício (PeixeSP)
Lucas Yamin e Danielle Damasceno (Zoetis)
Letícia Baptiston (Seafood Brasil) e Leticia Hoag (Auburn University)
Luis-Ignacio Libreros (Pezco), Liliam Catunda (ABIPESCA), Juan-Carlos Libreros (Pezco), Rosario Flores (Delamar) e Ian Schmidt (Ahumados Del Sur)
Renan e Sergio Alexsandro (Genegeral System)
Luiz Ayroza (APTA SP), Francisco Medeiros (Peixe BR), Simão Brun (Projeto Pacu), Cristiano Carioni (Expana) e Roberto Imae (FIESP)
Renato Mori, Luan Winter e Anderson Sassi (Solsten Energia Solar)
Nazaré Zucolotto e Francisco Medeiros (Peixe BR), Vinícios de Carvalho (Agronorte) e Jorge Vieira Barbosa (Peixe MG)
Rodrigo Pedralli, Larissa Silva e Leonardo (Vaxxinova)
Paulino Gaspar e Giuliano (GPX)
Tiago Benvenutti e Renato de Almeida (IMEVE S.A)
Pierina Pablo (Prilabsa BR) e Renato de Almeida (IMEVE S.A)
Ramon Grigio (Paturi), Alessandro Giacomini (Rações Cocamar) e Gerson Mursoletto (Baxifoods)
Marketing & Investimentos
Realizada de 19 a 22 de novembro no Centro de Convenções de Natal, a Fenacam estimou mais de 7 mil visitantes
Assoprando velinhas em festa cheia
Evento referência da carcinicultura do Brasil, Fenacam celebrou sua 20ª edição com ampla presença do público e lideranças do setor, boa adesão das empresas do segmento e dezenas de palestrantes nacionais e internacionais
AFeira Nacional do Camarão (Fenacam) celebrou duas décadas de protagonismo, consolidando-se como um dos mais importantes eventos da carcinicultura e aquicultura do Brasil. Em sua 20ª edição, o evento assoprou as velas se propondo a ser um reflexo das transformações que o setor tem vivenciado, trazendo à tona questões cruciais para o futuro da atividade.
Para Itamar Rocha, presidente da Fenacam, a edição foi marcada por superação e inovação. “Sentimento de um dever, assim, cumprido. De uma superação de todas as expectativas. Porque eu sou sempre um vibrador, mas eu nunca sonhei que a gente ia chegar nesse ponto aqui. Nós começamos a Fenacam, fizemos 13 edições numa área de 4 mil metros quadrados e nunca
Lagusta
lotamos. Agora, nós estamos [em 2024] nesta área de 8 mil metros quadrados, e não tem mais espaço”, celebrou, destacando os desafios superados ao longo das duas décadas.
A edição especial levou um grande público à cerimônia de abertura. Em um dos momentos mais esperados, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, anunciou avanços no plano de interiorização da carcinicultura no Estado. “No ano passado eu assumi o compromisso com vocês. E hoje, chego aqui para dizer o seguinte: os estudos já foram concluídos. Nós já visitamos 17 municípios e quero informar que até o final deste mês, estaremos enviando para a Assembleia Legislativa o Projeto de Lei para a modernização e a gente, se Deus quiser, avançar no que diz respeito à interiorização do camarão.”
Conforme noticiado pelo portal do
governo do Rio Grande do Norte, um grupo de trabalho com diversos órgãos elaborou o arcabouço teórico do Projeto de Lei que institui a política de interiorização da carcinicultura no Estado. A aprovação da lei não vai onerar os cofres do Estado e os benefícios aos produtores serão usufruídos através de incentivos fiscais, outorgas e o monitoramento das bacias afetadas pela produção.
“A atividade de carcinicultura com até 5 hectares de área inundada produtiva, excluídos os canais de abastecimento, reservatórios e bacia de sedimentação e, atrelada a ações de incentivos setoriais pela administração pública, fica isenta do pagamento das taxas de outorga para uso de água e das taxas de licenças ambientais”, determina o texto da lei.
Programação histórica
O papel do cooperativismo financeiro na expansão da carcinicultura foi um dos temas centrais abordados no XX Simpósio Internacional de Carcinicultura e no XVII Simpósio Internacional de Aquicultura. Fernando Luiz Vidigal, da Cooperativa de Crédito
Durante a 20ª Fenacam, a governadora do Rio Grande do Norte anunciou que o plano de interiorização da carcinicultura no Estado concluiu seus estudos para assim, enviar à Assembleia Legislativa um Projeto de Lei a favor do avanço da atividade
do Brasil (Sicoob), comentou que com uma base de 8,2 milhões de cooperados e R$ 48,3 bilhões em liberações na safra 23/24, o Sicoob é um parceiro estratégico para o setor rural. Mais de 518 mil produtores rurais estão integrados ao sistema, que oferece crédito e soluções completas para o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas, incluindo a carcinicultura.
Cerimônia de abertura reuniu políticos, produtores, acadêmicos, técnicos e empresários do setor
Seafood
Marketing & Investimentos
No caminho da liderança
Em entrevista especial à Seafood Brasil, Itamar Rocha, presidente da Fenacam, compartilhou suas perspectivas sobre os desafios da carcinicultura, o papel do evento na superação desses obstáculos e o impacto da edição comemorativa para o setor. Veja a seguir:
Um dos maiores nomes da carcinicultura brasileira, Itamar Rocha, também é responsável diretamente pela realização e promoção do evento no Brasil e faz questão de expor seu orgulho ao ressaltar que, desde sua criação, a Fenacam se destaca como um polo de disseminação de conhecimento e inovação na atividade.
“Trouxemos cerca de 350 palestrantes e acho que 180 internacionais, das maiores autoridades que você pode imaginar: da China, da Índia, dos Estados Unidos, da França, de todo o mundo. Ninguém dá uma palestra na Fenacam que não for para deixar alguma contribuição. É para que a gente possa passar a informação adiante com muita qualidade”, exemplificou.
Nesses anos, ele lembra que as parcerias com universidades foram um pilar estratégico. “No início, nenhuma universidade tinha estande aqui. Oferecemos espaços gratuitos, pois sabíamos da importância de conectar a academia com o setor produtivo e empresarial”, afirmou. Logo, esse modelo colaborativo gerou avanços significativos, como o fortalecimento da transferência de tecnologia e a integração dos segmentos envolvidos. “Aqui tem gente de todo mundo e estamos muito conscientes e satisfeitos com o resultado da Fenacam 2024”, celebrou.
Mas nem tudo é festa nessa história. Atualmente, Rocha pontua
Itamar Rocha comemora o sucesso da edição 2024 que pela primeira vez em 20 anos ocupou todo o espaço disponível
“Trouxemos cerca de 350 palestrantes e acho que 180 internacionais, das maiores autoridades que
você pode imaginar: da China, da Índia, dos Estados Unidos, da França, de todo o mundo. Ninguém dá uma palestra na Fenacam que não for para deixar alguma contribuição na palestra. É para que a gente possa passar a informação adiante com muita qualidade.”
que a carcinicultura brasileira enfrenta desafios, a exemplo das importações de camarão do Equador. “O Brasil está teimando em importar o camarão. E aí, o que acontece? Essa doença que a gente não quer que venha para cá, que é a morte súbita, consegue ter uma
produção com o camarão que é do nativo. Porém, eu não conheço nenhum país que o P. vannamei não é nativo que não foi ao chão”, alertou.
No início de dezembro, o pleito de Rocha e de outros líderes do setor surtiu efeito. Isso porque o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) suspenderam as importações de camarão equatoriano após um relatório técnico confirmar inconformidades sanitárias. “O que nós estamos fazendo aqui é um trabalho em parceria entre a iniciativa privada e o governo federal que resulta na preservação dos melhores interesses do setor produtivo nacional”, declarou o ministro do MPA, André de Paula.
Outro ponto crítico da atividade, segundo Rocha, é o financiamento. “Nós não temos. Como posso produzir um alimento que custa US$ 2 dólares e não produzir um quilo sem custeio? O Brasil não estaria nem produzindo, nem exportando soja sem custeio”, apontou. Ele enfatizou que, sem acesso ao crédito, pequenos produtores ficam dependentes de atravessadores.
Por outro lado, Rocha acredita na consolidação do camarão como uma das estrelas do agronegócio brasileiro. “Nenhum produto agropecuário tem o valor agregado do camarão, que pode ser vendido a US$ 4 ou US$ 5 por quilo. E mais: ele utiliza soja na ração, assim como o peixe, agregando valor à cadeia produtiva.”
Assim, para ele, a liderança brasileira na produção de P.vannamei é uma questão de tempo. “Não era justo que o Brasil não assumisse essa liderança. Sabemos das dificuldades e que no País sempre é assim, mas acredito muito que vamos vencer”, concluiu.
Lagusta
O cooperativismo financeiro na expansão da carcinicultura é um dos temas centrais não só da atividade atualmente, mas também foi discutida de forma ampla durante o XX Simpósio Internacional de Carcinicultura e no XVII Simpósio Internacional de Aquicultura.
Entre as ferramentas apresentadas, a Cédula de Produto Rural Financeira (CPRF) ganhou destaque. Vidigal ressaltou que a CPRF possui taxas e prazos negociáveis, além de dispensar projeto técnico, tornando-a mais acessível. Um dos pilares do Sicoob é o fortalecimento das cooperativas de produção.
“Conheçam o cooperativismo. Uma das coisas que nós vamos apoiar muito são as cooperativas de produção que estão na região, aquelas que fazem o beneficiamento do camarão. E as pessoas não precisam estar na cooperativa, mas sim quererem beneficiar. Nós queremos incentivar a
industrialização, a agroindústria familiar e, principalmente, o beneficiamento da sua produção”, afirmou.
Luís Henrique Lins, da AQUALINS, destacou a importância de uma análise financeira sólida como ferramenta essencial para o sucesso da piscicultura. Ele abordou como indicadores financeiros e práticas de gestão podem transformar empresas, especialmente no Nordeste. “Aquicultura dá dinheiro? Não! Quem dá dinheiro são os pais para os filhos. Aquicultura dá trabalho e remunera este trabalho, se for bem planejado e executado”, provocou.
Segundo Lins, conhecer a realidade do negócio e criar planejamentos estratégicos de curto, médio e longo prazo é fundamental. A boa análise econômica, interpretação de dados e
Marketing & Investimentos
controle com base em indicadores são diferenciais essenciais no mercado.
Já a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) celebrou meio século de atuação em 15 estados e no Distrito Federal. Durante a Fenacam 2024, Albert Bartolomeu de S. Rosa, representante da entidade, destacou seu papel no avanço da aquicultura nacional. Entre as principais contribuições estão a reprodução de mais de 30 espécies nativas do Rio São Francisco e os programas de soltura de peixes, os chamados peixamentos. “A Codevasf tem um legado muito importante porque, até o início da década de 80, a média de produção de alevinos por estação de piscicultura no
A boa análise econômica, interpretação de dados e controle com base em indicadores são diferenciais essenciais para a expansão da atividade
Brasil era em torno de 100 mil alevinos/ ano e, com a tecnologia que a Codevasf trouxe de fora e difundiu no País, essa média passou a 50 vezes. Então, hoje, estamos produzindo ao menos 5 milhões de alevinos por estação de piscicultura/ano no Brasil”, falou.
A Codevasf também lidera iniciativas como interiorização da carcinicultura marinha, capacitação técnica e monitoramento ambiental em rios e reservatórios, promovendo sustentabilidade e fortalecendo pequenos produtores e pescadores.
Por sua vez, Giovanni Lemos de Mello, fundador da Mar do Brasil, levantou uma questão provocativa: o Brasil realmente possui uma cadeia produtiva consolidada de camarão? Segundo ele, embora o País produza mais de 100 mil toneladas anuais, apenas 40% desse volume permanece sob o controle do setor. “A gente produz camarão e depois se livra dele. Ele vai para outra cadeia, a da indústria do pescado, que não é a nossa. E aí, perdemos oportunidades
A edição celebrativa contou com dezenas de palestrantes nacionais que abordaram as últimas inovações, tendências e desafios do setor no XX Simpósio Internacional de Carcinicultura e no XVII Simpósio Internacional de Aquicultura
que valem ouro”, afirmou.
Mello comparou a estrutura brasileira a modelos bem-sucedidos, como o salmão chileno e o camarão equatoriano. “A gente produz ele lindo, coloca nessas caixinhas com
Exija do seu fornecedor a qualidade dos produtos Natubrás
gelo e sai de nós para uma outra cadeia que não é a nossa”, disse. Ele defendeu uma maior integração, inspirada no setor avícola, unindo produção, beneficiamento e comercialização para agregar valor diretamente na porteira. Mello é
sócio da Mar do Brasil, empresa que combina produção, beneficiamento e comercialização de camarões e frutos do mar em Laguna (SC). No evento, destacou os desafios e sucessos de um negócio que une produção ecológica, turismo rural e delivery de pescado.
Pescados com qualidade
respeitaempresaUmaque o ambientemeio
Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás. São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.
Temas dos Simpósios estimulam debates técnicos e práticos, essenciais para impulsionar a competitividade do setor
Lagusta
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Inovações marcam a Fenacam 2024
A feira de exposições e serviços da Fenacam 2024 reuniu mais de 200 expositores nacionais e internacionais. Veja o que as empresa levaram a seguir:
Otimizando a nutrição
Completando 50 anos de história, a Guabi celebra como uma das pioneiras na nutrição animal no Brasil. Gustavo Pizarro, gerente de produtos de aquicultura, destacou que 2024 foi um ano de solidez para a empresa. “A gente tem diversas comemorações, dentre elas a nossa atuação em todos os segmentos e também dentro do aqua, com peixe e camarão”. Embora sem novos lançamentos no evento, a Guabi focou no reforço dos benefícios de sua linha atual de produtos. “A atividade precisa crescer organizada, estruturada e com nutrição de qualidade”, apontou Pizarro, enfatizando que novas soluções estão nos planos futuros da empresa.
A Phibro Saúde Animal aproveitou o evento para reforçar o PAQ-Protex, produto baseado em saponinas que ajuda no controle de patógenos como o Vibrio, um dos maiores desafios sanitários da carcinicultura. Eduardo Urbinati, gerente de negócios Aqua, enfatizou que a solução vem sendo bem recebida, especialmente por ser incorporada diretamente às rações pelos fabricantes parceiros. “A gente está mostrando que não temos somente produtos curativos, mas também focados na prevenção das doenças”, explicou
Urbinati. A empresa já projeta novos lançamentos para 2025, ampliando o portfólio de soluções à base de saponinas.
Tecnologia e parcerias estratégicas
A Iaqua levou um portfólio de inovações em parceria com grandes players do setor, a exemplo da MSD e Beraqua. Alfredo Freire, diretor da empresa, apresentou lançamentos como o biorremediador em pastilhas, que atende à crescente demanda por soluções sustentáveis para a carcinicultura, e uma sonda de oxigênio. “É uma inovação realmente para o setor em termos de medição de parâmetros de oxigênio e temperatura”, disse. Além disso, Freire destacou os avanços na automação da alimentação, com sonares que captam sons dos camarões para ajustar os processos de maneira precisa.
Pela quinta vez na Fenacam, a BRX Aeradores marcou presença com um novo aerador de paletas para aquicultura, um produto mais eficiente em termos de incorporação de oxigênio. Evandro Penha destacou que a inovação reflete as necessidades dos produtores, especialmente no Nordeste. “A aeração é primordial. Quem não tiver o aerador não consegue aumentar a quantidade de camarão por metro cúbico”. Segundo ele, o ano de 2024 foi marcado pela expansão da empresa no Nordeste, com cobertura de 100% das cidades da região, o que resultou em aumento significativo na demanda. “Temos expectativas positivas para 2025, com a aquicultura ganhando relevância frente à alta dos preços da carne”, ressaltou.
Foco na prevenção
A Korin destacou o Korin AQUA, bioestimulador que trabalha simultaneamente nos parâmetros de solo e água. “Ele é eficiente porque abrange ambos os ambientes, algo essencial para a carcinicultura moderna”, destacou Zeca Marcondes Luz, representante da marca no Nordeste. No mercado há um ano com essa formulação, o produto já é utilizado intensivamente em fazendas do Rio Grande do Norte e Ceará, regiões-chave para a
carcinicultura. Marcondes ressaltou ainda o compromisso da Korin com o atendimento direto ao produtor, permitindo respostas mais ágeis às demandas do campo.
Francisco Altimari Jr., diretor da Real Fish, apresentou o Acqua Guard, um premix mineral e probiótico desenvolvido para reduzir o estresse e melhorar o desempenho dos animais. “É um produto versátil, que pode ser usado ao longo de todo o ciclo de cultivo, especialmente em momentos de manejo como biometrias”, explicou Altimari. Segundo ele, o produto reflete a preocupação com o bem-estar dos camarões e o equilíbrio ambiental, com expectativas de grande aceitação em 2025.
A sustentabilidade também esteve em destaque na solução da Vooa Biotech. Rafael Sales, CEO da empresa, apresentou o Alga Boost, um produto natural que combina imunonutrição e sustentabilidade. “As algas são uma fonte rica de compostos exclusivos, que promovem saúde e desempenho nos estágios iniciais de peixes e camarões. E também na forma úmida, como aditivo na ração”, explicou. Conforme ele, o produto é diferenciado por ser composto de algas, consideradas alimentos naturais e sustentáveis, capazes de capturar CO₂ e produzir oxigênio.
Com o lançamento do CitroNex, ácido orgânico que tem em sua fórmula óleos essenciais, a Nexco reforçou sua aposta em inovação sustentável. “Pode ser usado tanto no mercado de carcinicultura, como também no mercado de piscicultura. A aplicação dele é muito simples, podendo ser usado na ração ou direto na água”, explicou Ana Tereza, gerente comercial. Além de produtos, a empresa também oferece equipamentos como compressores e mangueiras que auxiliam desde os laboratórios até as fazendas.
Por fim, a Global Biotecnologia utilizou a Fenacam para consolidar a Tecnologia do Consórcio Probiótico (TCP) no mercado, uma solução que melhora a sanidade nos ambientes de cultivo. Wagner Falcão, representante técnico, destacou o crescimento contínuo da marca: “Foi lançado em 2021 e desde
Além de grandes empresas nacionais, o evento reuniu companhias do Canadá, EUA, México, Equador, Austrália, Bélgica, Tailândia e China
Lagusta
então, a gente vem ganhando espaço no mercado”, celebrou.
Ampliação e certificações
Representando a Potiporã, empresa do Grupo Samaria, Roseli Pimentel enfatizou os avanços de 2024. “Tivemos aumento na produção de pós-larvas e maior participação no mercado de terceiros, alcançando cerca de 20% das vendas externas”, disse. Segundo ela, essa proporção poderia ser maior se as três fazendas do grupo, agora operando com densidade de 40 camarões por m2, não estivessem em ampliação. Para 2025, a meta é obter uma segunda estrela na certificação de Boas Práticas da Aquicultura (BAP) e expandir para mercados europeus, impulsionados por uma auditoria sanitária bem-sucedida com representantes do Reino Unido. “Estamos com expectativas de entrar no Reino Unido e é um passo importante para a Europa, que hoje tem o maior consumo per capita de camarão do mundo.”
No caso da Prilabsa, a empresa também está com plano de expansão em 2025, como contou Pierina Pablo. “A partir do próximo ano estaremos abrindo mais uma loja no Ceará, na região de Acaraú, para atender melhor o litoral oeste do País que está em expansão. E, em breve, também para o Sul do País para atender o mercado da piscicultura”, revelou. O ano de 2024 foi de grandes desafios para a empresa, mas isso não intimidou os lançamentos de produtos. No evento, o destaque foi para o Percarbonato, oxigênio em pó de 98% de pureza, para viveiros de camarão e peixes.
Tecnologia
e soluções completas
Já a INVE levou a atualização do Snapp Art. “É uma inteligência artificial aplicada ao gerenciamento do setor de artemia, importante dentro dos laboratórios de produção, que visa exatamente usar esse recurso não só em prol de uma melhor nutrição das larvas de camarão que são produzidas, mas principalmente também dentro de controle de custos”, explicou Marco Santos, especialista global. Além disso, a empresa lançou o EPAC Black, com
Fenacam 2024 se consolidou como uma vitrine global para inovações e novos players no setor de aquicultura
cinco granulometrias, e o LANSKY Shrimp, soluções que reforçam suas inovações para a aquicultura.
Mauricio Dorigatti, diretor comercial da AcquaSystem, destacou os desafios enfrentados pela fazenda de camarão da empresa no primeiro semestre devido às chuvas intensas e à baixa qualidade da água. Em resposta, a empresa desenvolveu um sistema de bombeamento de alta vazão, já em operação em algumas fazendas maiores. “A aceitação foi boa porque o produto atende à necessidade de maior troca d’água, especialmente nos períodos mais críticos”, afirmou Dorigatti. Ele também ressaltou o otimismo para 2025, apontando o crescimento dos investimentos no setor como motor para um mercado mais promissor.
Por outro lado, Ricardo Connelly, sócioadministrador da Engepesca, destacou a personalização como diferencial da empresa. Com redes projetadas para atender às especificidades de cada tanque ou sistema de cultivo, a empresa fortaleceu sua presença na carcinicultura em 2024. “Embora nosso mercado principal seja a piscicultura, a carcinicultura continua sendo essencial para nossa história e registrou crescimento modesto, mas significativo, neste ano”, afirmou Connelly.
Soluções que vêm de fora
Empresas estrangeiras também aproveitaram o evento para apresentar soluções disruptivas que prometem transformar a carcinicultura brasileira. Christian Paredes, diretor regional da APRAKON AK1, destacou a entrada da
empresa no Brasil, apostando na tecnologia de alimentação automática sônica. “Nosso sistema escuta o camarão comendo e ajusta a oferta de ração conforme a demanda real, evitando desperdícios e maximizando o ganho de peso”, explicou. Essa abordagem reduz custos, melhora a eficiência e preserva o meio ambiente.
No caso de Julio Figueroa, da Higienizo Espanha, contou que a empresa trouxe o Protacid OX/I, solução à base de ácidos orgânicos, que combate doenças em camarões sem prejudicar o meio ambiente. Desde 2023, a empresa atua no Brasil, com resultados positivos tanto em laboratórios de pós-larvas quanto em fazendas. “Desenvolvemos uma molécula que resolve os desafios de corrosividade e volatilidade dos ácidos orgânicos. Essa solução facilita o manejo e aumenta a segurança no uso”, destacou Figueroa.
A Shrimpl, empresa australiana com sede em Singapura, aposta no uso de inteligência artificial e análise de dados para elevar o desempenho de fazendas de camarão. Segundo o CEO, Ciaron McKinley, a plataforma ERP da empresa permite gerenciar desde genética até dados financeiros em tempo real. “Estamos aproveitando bastante nosso tempo no Brasil, conhecendo uma variedade de produtores, fábricas de ração, bancos e provedores de serviços financeiros”, falou. A solução ainda possibilita coletar, analisar, modelar, relatar e compartilhar dados.
Por fim, a alemã Trovan Microchips, com duas décadas de experiência no Brasil, revelou sua expansão para a identificação eletrônica de camarões. Jorge Lasso, representante da empresa, ressaltou que os microchips possibilitam um controle rigoroso de famílias e genética, promovendo ganhos de produtividade de até 30%.
“O Brasil é um mercado emergente com grande potencial de crescimento. Nossa tecnologia ajudará os produtores a alcançarem novos patamares de eficiência, tanto para o mercado interno quanto para exportação”, finalizou.
Lagusta
Marketing & Investimentos
Duas décadas de celebração
Em 4 dias pra lá de históricos, Fenacam 24 comemora sua 20ª edição ao lado de todos aqueles que ajudaram a feira a se tornar um evento pioneiro no cenário da carcinicultura e aquicultura brasileira.
Crédito das fotos: Seafood Brasil
Liliam Catunda (ABIPESCA) e Deborah Rossoni (Apex-Brasil)
Luiz Peregrino (Acquaquantica) e Fabio Sussel (IPesca)
Cesar Calzavara, Stephany Miranda, Talita Silva e Ana Carolina Braga (Produmar)
Arimar Filho e Rayana França (Produmar)
Pierina Pablo, Pablo Paez (Prilabsa), Stélio Aguiar (Carcinicultor) e Wilson Junior (Prilabsa)
Lucineia Maia, Moacy Maia, Luzia Maria Maia, Cristiano Maia, Christianny Maia, Will Maranhão, Roseli Pimentel e Daniel Lanza (Samaria / Potiporã)
Rafael Gomes (Prilabsa) e Daniel Cavalcanti (Triângulo do Camarão)
Estande Samaria
Geraldo Borba (Nexco) e Itamar Rocha (ABCC / Fenacam)
Raissa Pinheiro, Raquel Aguiar e Maisa Magna (Larvifort)
Origines Neto (APCC) e Ricardo Pedroza (Marchef Pescados)
Rui Teixeira (MPA) e Eduardo Conte (Suiaves)
Sarah Oliveira (Adisseo) e Daniela Nomura (Vidara)
Lucas Tavares, Ricardo Campos e Wilamar Paulino (Itaueira)
Gustavo Maia, Aline Guilherme e Ciaron McKinley (Shrimpl.)
Erica Araújo e Victor Firmino (Larvi)
Paulo Rocha (Alliplus) e Isaac Menezes (Cajucoco)
Carol Vasconcelos (Alltech) e Elane Santos (Raru Brasil)
Paulo Ferreira (MPA), Denis Farias (Sebrae-RO) e Miyuki Hyashida (SEPEA-TO)
Jaqueline Berg (Acripar), Francisco Medeiros (Peixe BR), João Campos (Nova Aqua) e Denis Farias (Sebrae-RO)
Ricardo Marinho (Prilabsa) e Diego Flores (Ziegler)
Danyllo Guerra, Jonas Bren, Railton Prata, Everson Zotti e Rômulo Fiorucci (Safeeds)
Jesus Pasco (JMP Aquaculture) e Felipe Tavares (Fecam)
Marketing & Investimentos
Itamar Rocha (ABCC / Fenacam) e Dep. General Girão (PL)
Fabi Fonseca (Seafood Brasil) e Itamar Rocha (ABCC)
Vinicius Soares e Wagner Falcão (TCP - Global Biotecnologia)
Tiago Bueno (Seafood Brasil), Carol Vasconcelos (Alltech), Fabi Fonseca (Seafood Brasil) e Elane Santos (Equali-z)
Não é todo dia que se comemora uma história de 80 anos com o frescor e a energia de quem está começando. Frescor que levamos para os nossos pescados. Energia para desenvolvermos toda a cadeia produtiva da pesca e da gastronomia.
As notícias mais importantes de nosso site no último bimestre
MPA e Embrapa iniciam Propesca para monitorar a pesca artesanal
O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) iniciaram o projeto “A bioeconomia da pesca artesanal nos Estados do Tocantins e de Roraima: caminhos seguros para a inclusão socioeconômica e a estruturação da cadeia produtiva”. Conhecido como Propesca, o projeto visa monitorar os desembarques pesqueiros em ambos os Estados, criando uma base sólida de dados que deverá orientar políticas públicas voltadas para o setor. Para isso, o projeto acompanhará durante 2 anos, os desembarques de pescadores artesanais nesses Estados, monitorando tanto a pesca comercial quanto a de subsistência, para analisar o papel do peixe na segurança alimentar desses profissionais e de seus núcleos familiares. Os monitores ainda coletarão dados de gênero, produtividade, renda, consumo e comercialização para embasar as estatísticas do setor nas bacias do Tocantins/Araguaia e do Baixo Rio Branco.
Novo acordo promove aquicultura em 74 reservatórios hidroelétricos
Em novembro, André de Paula, ministro da Pesca e Aquicultura, assinou o Pacto Nacional para o Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e Energia em Reservatórios que tem o foco no aproveitamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas de forma sinérgica com sua operação e atendimento à segurança energética. O acordo, em parceria com o Ministério de Minas e Energia, torna as águas brasileiras de 74 reservatórios de controle da União mais produtivas, geradoras de alimento, emprego e renda, além de visar a utilização eficiente do espaço aquático brasileiro com um menor custo de implantação.
Bares e restaurantes estão otimistas para o fim de 2024
De acordo com um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) entre os dias 21 e 28 de outubro com 2.195 empresários do setor de bares e restaurantes de todo o País, 78% dos entrevistados projetam aumento nas vendas em relação ao mesmo período de 2023. Em resumo, o otimismo dos entrevistados reflete justamente a confiança de que o setor tem com o maior fluxo de clientes por conta das festividades e das férias de fim de ano, além do aumento do poder de compra devido o pagamento do 13º salário.
Sindirações divulga resultado do 1º semestre de 2024 da aquicultura
Conforme com a prévia do primeiro semestre de 2024 do setor de alimentação animal anunciada pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), a demanda de rações para aquicultura variou +5,6% e -2,7% nos intervalos (1º. Sem/24 vs. 1º. Sem/23) e (2º. Tri/24 vs. 2º. Tri/23), respectivamente. A previsão elaborada preliminarmente ainda é atingir 1,69 milhão de toneladas em 2024 e crescimento de 4,6% em relação a 2023. Ainda segundo o Sindirações, a produção geral acumulada de aproximadamente 42 milhões de toneladas de rações e concentrados registrou crescimento de 1,4% quando comparada ao mesmo período do ano passado.
Brasil conquista isenção de CSI para exportação de pescado aos EUA
A Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e empresários do setor de pescado no Brasil anunciaram, em outubro, que a emissão do Certificado Sanitário Internacional (CSI) para a exportação de pescado aos EUA não será mais obrigatória. Essa mudança representa não apenas uma simplificação nos procedimentos de exportação, mas também um avanço para o setor, especialmente no que diz respeito à exportação de tilápia fresca e resfriada. Com essa decisão, as empresas brasileiras de pescado também podem focar em atender às exigências do FDA para exportação aos EUA.
Peixes da Amazônia
S.A. tem falência decretada pela justiça do Acre
Enfrentando problemas desde 2018, a empresa Peixes da Amazônia S.A. teve sua falência oficialmente decretada pela justiça do Acre no dia 11 de novembro. Apesar de ter entrado com um processo de recuperação na justiça, a empresa descumpriu um plano estabelecido, deixando de pagar credores e honorários do administrador judicial. De acordo com a justiça, a decisão atual destaca que o complexo da Peixes da Amazônia S.A. já foi furtado diversas vezes, em razão do estado de “total abandono das instalações físicas, o que reafirma a ausência de qualquer sinal de recuperação da Peixes da Amazônia S.A.”. Como consequência, todos os falidos envolvidos ainda não poderão exercer qualquer atividade de âmbito empresarial.
NÃO
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IBGE e Embrapa firmam acordo que aprimora estatísticas na aquicultura
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Embrapa Territorial assinaram um acordo de cooperação técnica para aperfeiçoar a identificação de viveiros escavados, com o objetivo de melhorar as estatísticas relacionadas à aquicultura brasileira. Com duração de 5 anos, o acordo terá um foco inicial na aquicultura, mas poderá ser ampliado para incluir outras atividades agrícolas. Em síntese, a parceria prevê a integração dos dados espaciais do mapeamento de viveiros escavados com os de produção aquícola para assim, realizar análises para identificar unidades de produção aquícolas coincidentes. A expectativa é aumentar o percentual de validação dos tanques mapeados, melhorando a precisão do mapeamento e subsidiar de forma prévia os recenseadores com a localização de unidades de produção aquícola.
Na Planta
Tecnologia em processamento de pescado
“Winter Is Coming”
Os evaporadores/resfriadores são os destaques da Engefril para túneis de congelamento ou resfriamento; câmara de resfriamento de carcaça; ambientes climatizados; câmaras de estocagem; e ambientes com controle de umidade. Os produtos utilizam o sistema de “Full Collar”, no qual o colarinho das aletas determina o espaçamento entre as mesmas e traz uma melhor eficiência na troca térmica. Com baterias em arranjo triangular, os equipamentos também podem ser projetados para operar com amônia (circulação forçada ou sistema por gravidade), refrigerantes halogenados, água, glicol ou outros fluidos.
filme retrátil em lâmina produtos individuais e de qualquer comprimento. De acordo com a empresa, o equipamento conta com duas bobinas que são seladas transversalmente para produções de até 1.080 ciclos/h. Com esteira de transporte motorizada de velocidade regulável para carga e saída de produtos, a solução ainda traz um sistema de selagem e corte de filme através de barra aquecida teflonada.
No estilo Sub-Zero
Confeccionada em fio acrílico banhada e com látex natural, a luva térmica da Prevemax é indicada para ser usada em atividades que exigem resistência à abrasão e impermeabilidade na palma e na ponta dos dedos –por isso, a solução é amplamente usada em trabalho de carga e descarga em ambiente refrigerado como indústria alimentícias ou atividades em ambientes térmicos com temperaturas abaixo -5°C.
O triturador da indústria
Enfaixadora faixa preta
Para quem precisa de embalagens onde um fechamento total não é necessário, a Ulma Packaging apresenta sua enfaixadora automática em linha.
Pertencente ao modelo SVAL, a solução possui design modular para envolver com
Já a Branco Máquinas aposta no Automatic Fish Grinder 90, triturador de pescado que promete trazer mais produtividade no dia a dia da indústria. O equipamento possui estrutura tubular com perfil de 40 x 20 mm e chaparias de 1,5 até 10 mm de espessura, além de um conjunto de facas trituradoras e pentes separadores. Com saída de resíduos com direcionador e painel com botoeiras eletrônicas e emergência, a máquina também possui acionamento através de motoredutor trifásico da
marca SEW, com chave elétrica de partida. Por fim, a empresa informa que para tilápias, a solução possui 1.500 kg/hora.
Despolpa com pompa
A máquina despolpadora da Usitecnica é a solução para quem busca produtividade. Afinal, o equipamento possui alta performance com elevada taxa de extração de carne. Com construção robusta e capacidade de processamento de até 20 toneladas por hora, a solução também proporciona economia de manutenção devido ao seu cabeçote alongado que permite maior durabilidade do conjunto com a melhor qualidade de separação.
De tremer a espinha
Com a promessa de garantir um rendimento consistente às produtoras de salmão, a FleXicut Salmon da Marel realiza remoção de espinhas, corte e porcionamento automáticos utilizando raio-X para localizar os ossos e assim, garantir perda mínima de rendimento. Segundo a empresa, a FleXicut Salmon trabalha com um ângulo de corte ajustável do jato de água, tem capacidade para processar até 36 filés por minuto e conta com uma interface de usuário simples, que facilita a troca rápida de programas.
Da entrada à sobremesa,
A BRAZILIAN FISH COMPLETA A SUA MESA.
Proteína saudável com sabor e inovação do começo ao fim.
Na Brazilian Fish, cada produto é pensado para surpreender você e a sua família. Desde os aperitivos até o prato principal, oferecemos uma variedade saborosa e versátil de tilápia e seus derivados. E para a sobremesa, apresentamos o Gelafish Protein, uma inovação que combina a proteína da tilápia com zero açúcar em um picolé delicioso e saudável. Completar sua mesa nunca foi tão gostoso e nutritivo.
O maior portfólio de produtos à base de tilápia do mundo.
Capa
A “receita” que o Paraná encontrou para produzir tilápia não só transforma o mercado interno, mas também posiciona o Brasil em novos patamares no cenário global da aquicultura
A receita do sucesso da tilápia paranaense
O Paraná se destaca na produção de tilápia graças a uma cadeia integrada, onde o cooperativismo conecta produtores, fornecedores e distribuidores, impulsionando o crescimento econômico e atraindo empresas ao setor
Na produção de tilápia, não existe uma receita pronta, como a de um bolo, com medidas exatas e resultados garantidos. Cada passo demanda ajustes, experiência e resiliência diante de desafios que vão desde a genética, passando pelo consumo e até pressões de mercado. No entanto, o Paraná tem mostrado que a combinação certa de ingredientes pode gerar um modelo de sucesso.
Nesta “receita”, podemos afirmar com segurança que o cooperativismo, aliado à inovação e ao trabalho
dedicado dos produtores, tem sido o fermento que faz o Estado alcançar resultados expressivos, elevando a tilápia paranaense ao patamar de referência internacional.
De acordo com o Anuário da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), a tilápia respondeu por 579.080 toneladas em 2023, ou seja, 65,3% do total de 887.029 toneladas da produção nacional de peixes de cultivo, desempenho esse que consolidou o Brasil como o quarto maior produtor mundial da espécie. Já o Paraná, líder nacional, produziu 209,5 mil toneladas no período, um crescimento de 11,5% em relação ao ano anterior.
Francisco Medeiros, presidente executivo da PeixeBR, explica alguns dos fatores que levaram o Paraná a ser o primeiro na produção. “Primeiro, a organização setorial do agronegócio no Estado, que é um dos mais bem estruturados do Brasil. Segundo, as cooperativas identificaram na tilapicultura uma oportunidade no mercado e aproveitaram sua estrutura, desde a produção até a comercialização, para introduzir essa nova proteína.”
Ele também destaca o impacto das políticas públicas e privadas na competitividade da tilapicultura paranaense. “É um ambiente que
Texto: Fabi Fonseca
Seafood
Brasil
A FORÇA DA
TILÁPIA BRASILEIRA
Crescimento em Números
Produção Nacional
285 mil toneladas
2,84 kg percapita por ano
Exportações
A exportação total de pescado no Brasil em 2023: foi de 59.984 toneladas, sendo 5.191.273 toneladas somente de tilápias (congelados, filés e frescos), uma receita de US$ 21.782, 373
Fonte: Anuário PeixeBR e Painel do Pescado
Crescimento de na última década
Principais mercados
Estados Unidos com 5.060.278 toneladas
Paraná: totalizou o volume de 5.208 toneladas de pescado exportado em 2023, sendo 4.496.941 toneladas de tilápia
Angelozi lidera a Peixe Paraná que tem atuação em sete regiões produtoras do Estado e promovido a integração entre produtores, universidades e órgãos reguladores
tecnicamente, não seria o melhor para tilápia em função do clima. Mas eles [produtores] transformaram essa dificuldade numa oportunidade.”
A “tilápia turbinada” do Estado também é fruto de avanços na genética. Neste cenário, apesar da genética ainda aparecer como um dos gargalos do setor, Medeiros afirma que o Brasil já possui alguns dos melhores materiais genéticos do mundo, além de outras iniciativas de empresas nacionais e estrangeiras. “Já evoluímos muito e estamos evoluindo. Atualmente, nós temos outras ferramentas que, inclusive, associados à PeixeBR, estão com um projeto ambicioso com relação à genética e resultados que levem à competitividade. Ou seja, estamos no
caminho certo.”
Essa articulação vai além do campo: o cooperativismo organiza os produtores e conecta fornecedores, distribuidores e consumidores e sistemas de integração com a agroindústria dão aos produtores uma velocidade maior para enfrentar desafios, graças à curva de aprendizado herdada de outras cadeias, como suínos e aves. “As perspectivas são boas e podemos falar que existem mais 10 anos de liderança do Estado na produção de tilápia no Brasil”, finaliza o presidente da PeixeBR.
Para fortalecer cada vez mais
Foi para organizar cada vez mais a cadeia produtiva no Estado que
Francisco Medeiros, presidente da PeixeBR, considera que competitividade da tilapicultura paranaense é um processo de evolução constante e as empresas estão investindo nisso
em abril deste ano, em Toledo (PR), a Peixe Paraná nasceu. Os principais objetivos da associação são a união do setor e fortalecer a representatividade perante o governo, as autoridades e a sociedade como um todo. “Através da união da nossa associação, poderemos conquistar cada vez mais respeito e espaço para a aquicultura, valorizando nossos associados, promovendo a segurança jurídica necessárias e o desenvolvimento sustentável da aquicultura”, afirma Valério Angelozi, presidente da associação.
Estado que tem promovido a integração entre produtores, universidades e órgãos reguladores
No entanto, entre os desafios enfrentados pelos produtores no Estado, Angelozi cita a insegurança jurídica, o excesso de burocracia, comercialização e os impactos climáticos - atualmente, a seca tem dificultado o enchimento dos tanques, enquanto questões de comercialização pressionam os valores e inviabilizam parte da produção. Ainda assim, o presidente da Peixe Paraná enxerga oportunidades, especialmente com o aumento das exportações. “O Brasil tem condições de atender [a demanda global] com produtos de qualidade, sustentáveis e com rastreabilidades. E, neste caso, os produtores têm em seu DNA a resiliência como um dos seus pontos fortes”, reforça.
Complexo industrial da C.Vale conta com dois abatedouros (frangos e peixes), duas fábricas de ração (frangos e peixes), uma unidade de termoprocessados de frango e uma esmagadora de soja
Cooperando e evoluindo
C.Vale consolidou-se como uma das maiores cooperativas agroindustriais do Brasil e nos últimos anos, conquistou grande destaque na tilapicultura nacional
AC.Vale completou 61 anos de atuação em novembro de 2024, consolidando-se como uma das maiores cooperativas agroindustriais brasileiras. Com operações em cinco estados e no Paraguai, a diversificação é a marca da cooperativa, que atua nas cadeias produtivas de grãos, aves, suínos, leite e - nos últimos anos na tilápia-, segmento no qual vem intensificando seu foco.
Embora a produção de tilápia atualmente represente uma pequena fração do faturamento da cooperativa (cerca de 2%), o potencial de crescimento é notável, como destaca Reni Eduardo Girardi, diretor industrial da C.Vale. Para ele, o futuro da tilapicultura é promissor, traçando paralelos com a ascensão da avicultura no Brasil. “Temos uma história inteira para construir”, afirma.
Em 2024, a C.Vale exportou mais de 30% de sua produção de tilápia industrializada, com destaque para os
Estados Unidos. “Trabalhamos com o produto inteiro, eviscerado e congelado, sendo que o grande volume é de filés frescos”, comenta Jair De Sordi, gerente do abatedouro de peixes.
A cooperativa também tem como meta expandir sua presença internacionalmente, com foco em mercados como Reino Unido, este mais próximo de ser alcançado, mas também para a União Europeia. “Diversificar o mercado facilita a colocação do produto”, comenta De Sordi. “No Brasil, temos 200 milhões de habitantes, certo? Mas, no mundo, são bilhões”, complementa Girardi.
Entre desafios e avanços
O modelo de integração adotado pela C.Vale abrange todas as etapas da cadeia produtiva, garantindo qualidade desde a reprodução até o processamento. Paulo Roberto Poggere, gerente do departamento de peixes, destaca a relevância desse modelo para pequenos e médios produtores de 17 municípios paranaenses, que
Reni Girardi reforça que os investimentos em tecnologia, sustentabilidade e expansão internacional são os pilares da estratégia da cooperativa
integram a produção entre tanquesrede e escavados. “A atividade trouxe mais estabilidade para o campo e tem sido uma via promissora para a sucessão familiar, atraindo novas gerações a continuar na propriedade”, ressalta. No entanto, ele aponta que alguns desafios da atividade persistem, como o custo elevado de produção e o controle de doenças como streptococcus e francisella
Texto: Fabi Fonseca | Créditos das fotos: Seafood Brasil
Seafood
Brasil
Outro obstáculo é trazer novas gerações para a piscicultura. No entanto, neste caso, a diversificação e a rentabilidade da tilapicultura têm ajudado a reverter esse cenário, atraindo filhos e netos dos produtores, mas até empresários de outros setores. Kleber Francisco Carvalho, advogado e piscicultor integrado, é um exemplo. Ele transformou a propriedade herdada em Terra Roxa (PR) em 80 mil m² de lâmina d’água para produção de tilápia. “Hoje, estamos muito satisfeitos com a piscicultura. Quem puder investir, eu recomendo muito”, afirma Carvalho.
O desenvolvimento da produção também inclui a diversificação dos sistemas produtivos, com foco na sustentabilidade. Entre as inovações - e sem muitos spoilers -, a cooperativa está desenvolvendo um sistema amparado em estudos internacionais para maior densidade de peixes com menor consumo de água. Esse sistema possibilitará, conforme os executivos, um expressivo salto da produção de peixes da C.Vale.
Infraestrutura industrial forte
O complexo agroindustrial da C.Vale em Palotina (PR) é um exemplo de eficiência. Na indústria, por exemplo, a cooperativa mescla a atuação tradicional com a utilização de tecnologias avançadas, como
filetamento automático e identificação de espinhas. Em 2023, os cooperados alcançaram 44,5 milhões de cabeças e 40,2 milhões de quilos de carne.
A infraestrutura também inclui uma moderna fábrica de rações para peixes que totalizou 822,5 mil toneladas produzidas em 2024 (aves e peixes). Janaina Lucyk Giessler, coordenadora de produção de rações, explica que a unidade implementada em 2015, geralmente atende toda a integração. “Em períodos de maior demanda, compramos ração de terceiros porque a fábrica ainda não é autossuficiente”, observa.
Na produção de rações, o supervisor Gilmar Ferreira ressalta que o controle da granulometria é essencial. “A moagem reduz o grão a uma granulometria de 450 DGM, garantindo que o produto final flutue no tanque”, detalha.
Além da eficiência operacional, a C.Vale investe no bem-estar e na capacitação dos colaboradores como pilares essenciais. “A essência da cooperativa está em cuidar das pessoas”, afirma De Sordi. Danilo Brito e Aline Gonçalves Esser ilustram a filosofia de desenvolvimento humano da cooperativa: Brito, que começou como auxiliar de produção, tornou-se encarregado após concluir o curso superior e Esser, iniciou como estagiária, ascendeu à coordenadora de produção piscícola. “O desenvolvimento humano faz toda a
A tecnologia desempenha um papel crucial no processo produtivo, como o uso de tratadores automáticos e sistemas de monitoramento de oxigênio e temperatura da água, por exemplo
De Sordi enfatiza a importância dos programas de formação e a melhoria nas condições de trabalho na cooperativa
diferença”, conta Esser.
Já no final de novembro, a C.Vale assumiu o controle da Paturi Piscicultura Agroindustrial, fortalecendo sua operação com um frigorífico em Nova Prata do Iguaçu com um sistema de integração capaz de produzir 55 mil tilápias por dia. A aquisição permitirá à cooperativa operar sua nova linha de abate a plena capacidade, elevando o processamento diário para 240 mil peixes. (Leiamaissobre a Paturiapartirdapágina52)
Portanto, a aposta na tilapicultura como nova fronteira de crescimento da cooperativa reflete o espírito inovador da C.Vale e a ambição de continuar avançando. “Por que não acreditar que podemos ser competitivos em qualquer parte do mundo? Esse é o nosso desafio e o que devemos fazer”, finaliza Girardi.
No mesmo local, a infraestrutura moderna e processos eficientes da C.Vale também permitem uma cadeia de abastecimento otimizada para ração de peixes
Comunicação
C.Vale
Pioneira (e em expansão)
Copacol se mantém entre os líderes na tilapicultura brasileira com sustentabilidade, integração e tecnologia, elementos esses que juntos, são a grande aposta da cooperativa para garantir inovação e novas oportunidade na cadeia produtiva
Créditos
Com 16 anos de atuação na piscicultura, a Copacol se consolidou como pioneira na integração da produção de tilápia no Paraná. A iniciativa, não apenas veio como resposta a uma crise na produção local, como também diversificou as fontes de renda para os produtores cooperados no Oeste do Estado. “Nós entendemos que era importante montar uma estrutura de integração para atender nossos associados”, afirma Valter Pitol, presidente da Copacol.
Hoje, a Copacol mantém operações complexas e para sustentar sua escala de produção, a cooperativa investiu em tecnologia e infraestrutura, como a nova Unidade de Produção de Alevinos (UPA) inaugurada em Quarto Centenário (PR), que representa um marco em inovação sustentável. A unidade também completa a produção de alevinos em Nova Aurora (PR).
Aposta tecnológica
A UPA de Quarto Centenário, inaugurada em 2023, destaca-se pelo uso de tecnologias avançadas inspiradas em métodos israelenses que permitem recircular 90% da água consumida. “Quando pensa em evoluir em uma cadeia produtiva, você busca tecnologias mais atualizadas. E foi
isso que fizemos”, explica Pitol. Com um investimento de R$ 60 milhões, a unidade tem capacidade para produzir 50 milhões de alevinos anualmente.
A unidade também inova na automação dos controles de temperatura e oxigenação, além de utilizar estufas para ciclos controlados. Segundo Diego André Werlang, supervisor da UPA, o sistema de recirculação e bioflocos exigiu adaptações, mas já apresenta resultados satisfatórios. “Nosso maior desafio foi mudar o sistema produtivo que a gente já sabia fazer. São sistemas de aprendizagem novos e a cada dia é um novo processo”, diz.
Na estrutura, também continua a ser desenvolvido o banco genético para melhoramento da Copacol, que permite a cooperativa avançar na
Presidente da Copacol reforça o objetivo de crescer no mercado interno e também intensificar o mercado externo, garantindo resultados sólidos para o cooperado
Recentemente, a aposta da Copacol é em tecnologia e infraestrutura para atingir a meta da empresa de 23 mil toneladas de tilápia em 2024
qualidade e na robustez genética das tilápias. Conforme Alex Junio da Silva, zootecnista responsável pela genética na unidade, o foco está na seleção e reprodução controlada das famílias cuidadosamente escolhidas que irão originar matrizes e reprodutores para futuras gerações. “Buscamos peixes mais produtivos, mais adaptados às condições de viveiros escavados e com capacidade para enfrentar os desafios do campo como pressão de oxigênio e peso”, complementa.
fotos: Seafood Brasil
Para Werlang, todo esse controle, associado aos feedbacks dos produtores, representa uma importante vantagem competitiva. “Como o melhoramento genético está dentro de casa, a gente consegue fazer uma retroalimentação se isso está funcionando ou não”, analisa.
A trajetória do casal Pedro Henrique Gurski e Ana Claudia Bido Gurski ilustra o impacto positivo do modelo integrado da Copacol. “Sempre fomos cooperados em grãos e aves, mas a piscicultura nos trouxe uma nova oportunidade de crescimento. Fomos atrás e deu tudo certo”, diz Pedro. “A Copacol nos deu segurança para crescer e melhorar nossa estrutura”, completa Ana.
Ivan Lucas Beliski, técnico que
atende o produtor a campo, reforça que a segurança passada pela cooperativa e o acompanhamento aos produtores justificam os investimentos e garantem a qualidade do peixe. “Durante o lote, o Pedro acompanha semanalmente parâmetros de qualidade da água, como amônia e nitrito, e toma decisões com base nessas informações. Isso assegura que a tilápia tenha uma boa qualidade final”, explica.
Automação: produtividade e bem-estar
A Copacol conta com duas unidades industriais dedicadas à tilapicultura no Estado do Paraná e que também são motores da força da cooperativa na atividade: Nova Aurora e Toledo. Em Nova Aurora, o foco está em um portfólio variado, que inclui filés, postas, costelinhas e petiscos, além de coprodutos como pele e escamas. Por sua vez, Toledo é dedicada à produção exclusiva de filés para o mercado interno. Juntas, as plantas têm volume médio mensal de 1.600 toneladas de carne. “No último ano, passamos por uma fase de adequação de layout com aumento de automação. Então, a planta foi ao longo dos anos se reinventando”, explica Laís Peça, gerente da unidade industrial de Nova Aurora.
Ela pontua que o investimento em automação tem gerado bons resultados: no setor de filetagem, por exemplo, transformou a operação e, além de um
aumento de 35% na produção de filés, a qualidade do produto foi aprimorada, garantindo cortes mais precisos e homogêneos. “A automação não só elevou a produtividade, mas também melhorou as condições de trabalho dos colaboradores”, diz.
Esse esforço é complementado por iniciativas de desenvolvimento humano, como bolsas de estudo para colaboradores. Um exemplo é Leon Lima, líder de produção, que utilizou os benefícios para cursar Engenharia de Produção e planeja ascender na cooperativa. “Meu objetivo é continuar crescendo aqui. Quem sabe, um dia, me tornar supervisor ou gerente”, projeta.
Expansão e desafios
E embora o mercado interno seja o principal foco, a Copacol avança no mercado externo, com exportações de escamas, pele e produtos resfriados para os Estados Unidos e China. Somada a outros destinos, aproximadamente 12% da produção atual é destinada ao exterior, e a cooperativa vê espaço para aumentar essa participação.
E para os próximos 2 anos, a Copacol planeja aumentar o abate diário para 210 mil tilápias e, até 2028, alcançar 270 mil peixes por dia. “Esse crescimento abrirá oportunidades para novos produtores e garantirá uma renda maior para nossos associados”, finaliza o presidente da Copacol.
Com 40 mil m² de lâmina d’água e suporte técnico, os Gurski alojam cerca de 280 mil tilápias em sua propriedade
Revolução que é sustentável, tecnológica e moderna
Empresas no Paraná constroem o caminho para um futuro mais sustentável, tecnológico e moderno da tilapicultura do Estado, resultando em competitividade e ampliando as possibilidades de mercado da espécie
Com sedes em Maringá (PR), a Alltech , a Atak Sistemas e a Real Fish são exemplos de como inovação e tecnologia estão redefinindo os rumos da tilapicultura no Paraná. Mesmo com atuações diferentes, as empresas compartilham a missão de oferecer soluções que atendem às demandas específicas do setor, enfrentando desafios como sanidade, eficiência operacional e competitividade no mercado global.
Carolina Vasconcelos Tavares de Farias, gerente de vendas para aquacultura da Alltech, conta que a missão da empresa é enfrentar desafios como sanidade, comercialização e mudanças climáticas. “Nosso compromisso vai além: estamos sempre empenhados em fortalecer a competitividade dos nossos parceiros por meio de uma rede global de técnicos e consultores altamente qualificados. Além de suporte em análises e tecnologias de produção, trazemos uma visão global, somada à nossa experiência em várias espécies”, explica.
Já a Atak Sistemas, embora tenha o segmento de pescado como apenas 5% de sua atuação, tem se empenhado em contribuir com o desenvolvimento da tilapicultura nacional ao investir em tecnologias que se adaptam às mudanças e desafios. “Nossos sistemas fornecem suporte para controlar todas essas operações, do campo à indústria frigorífica. É uma estratégia que se replica,” destaca o CEO, Roberto Pavan lembrando que recentemente, a empresa inaugurou sua nova sede no Parque Tecnológico de Maringá, o que
reflete sua expansão no mercado.
Por sua vez, a Real Fish alia tecnologia, pesquisa científica e suporte técnico ao produtor. Entre as soluções ofertadas, a Tilamax, uma variedade desenvolvida a partir da tilápia Gift e adaptada ao mercado brasileiro desde 2005, é o carro-chefe da empresa. Filipe Chagas, zootecnista e sócio da Real Fish, explica que a genética aprimorada é fruto de uma parceria com o grupo de pesquisa PeixeGen, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). “Nosso foco é fornecer
Crédito das fotos: Seafood Brasil
material genético de alta qualidade, garantindo peixes mais resistentes, com melhor conversão alimentar e maior padronização dos lotes”, afirma.
Fortalecendo a sanidade animal
Embora a Alltech tenha presença nacional, a forte representatividade no setor faz do Paraná um foco estratégico. “Nos próximos anos, esperamos fortalecer ainda mais nossa atuação junto às empresas estabelecidas, auxiliando no crescimento e na superação de desafios, além de apoiar novas iniciativas e projetos no Estado”, destaca Carolina Farias.
A expansão da Alltech no Brasil acompanha o crescimento da produção de ração para aquicultura,
A Alltech se destaca pelo uso de tecnologias voltadas à saúde e à funcionalidade intestinal, áreas nas quais a empresa tem investido intensamente
Divulgação
Alltech
e networking entre os diversos elos do setor aquícola.
Pavan e Zussa destacam que a Atak Sistemas atende desde pequenas empresas, até cooperativas e indústrias de grande porte
que aumentou 2,55% em 2023, conforme o relatório Alltech Agri-Food Outlook. “Nossas tecnologias estão alcançando um número crescente de clientes, ampliando nossa credibilidade e representatividade no mercado. O abrangente portfólio da Alltech permite apoiar na mitigação dos desafios de cada cliente, além de criar novas oportunidades para nossos parceiros”, afirma.
Outro diferencial é o compromisso com a sustentabilidade, refletido
no uso, por exemplo, de minerais orgânicos. “Eles são mais biodisponíveis, permitindo uma absorção mais eficiente e reduzindo a excreção de minerais. Assim, ajudamos a impulsionar uma produção mais sustentável, alinhada com as necessidades do planeta e com o 14º ODS: Vida na Água”, completa Farias.
Já a planta industrial da Alltech em São Pedro do Ivaí (PR), uma das maiores de fermentação de
pontua que as soluções nutricionais visam promover um sistema digestivo mais eficiente ao animal
leveduras do mundo, proporciona maior autonomia no fornecimento de produtos e atingindo a marca de 140 toneladas de produção anual de ingredientes especiais para nutrição animal e vegetal. “A unidade oferece uma vantagem logística significativa, além de atender às necessidades do setor aquícola de forma mais eficiente e sustentável”, finaliza Farias.
Tecnologia que navega
Na tilapicultura do Estado, amparada no modelo de produção integrada, Roberto Pavan conta que uma das soluções da Atak Sistemas é voltada para “controle total da propriedade até a entrega do produto final”, beneficiando tanto produtores quanto frigoríficos. O sistema integra gestão financeira, contábil e análise detalhada de custos e rendimentos, permitindo que o produtor monitore o fornecimento de ração, o custo dos alevinos, e indicadores-chave como a biometria dos peixes e a conversão alimentar. “Não só na piscicultura, mas em todas as proteínas, a estratégia da Atak é permitir um controle desde o campo até o cliente, seja no mercado interno ou externo. E é uma estratégia que se replica”, destaca.
Se no pescado a rastreabilidade
Farias
Em setembro, a Alltech promoveu a 2ª edição do Aqua Experience, encontro marcado por discussões estratégicas
Divulgação Alltech
tem se tornado um elemento cada vez mais essencial, na Atak, essa demanda é atendida integrando o feedback dos clientes com tecnologias de ponta, como a Internet das Coisas (IoT). “ O caminho agora é a IoT. E com o IoT, os sensores, câmeras e balanças vão coletar esse dado e alimentar um banco na nuvem. Na verdade, os usuários que estão fazendo a gestão, seja no campo ou indústria, passam a ser consumidores desse dado”, diz Pavan.
Recentemente, ele revela que a Atak adquiriu uma empresa especializada em tecnologia IoT voltada para a avicultura, mas já está adaptando essa tecnologia para a piscicultura. A expectativa é que sensores instalados nos tanques monitorem parâmetros fornecidos no lote em tempo real, permitindo aos piscicultores tomar decisões rápidas e eficientes.
Eficiência na pesca
A Atak Sistemas, em parceria com a Produmar, desenvolveu um sistema para monitoramento e processamento de pescado, projetado para aumentar a eficiência em todas as etapas. A solução identifica cada peixe capturado com um lacre único, garantindo rastreabilidade desde a captura até o frigorífico.
Na indústria, a tecnologia classifica e etiqueta os peixes automaticamente, otimizando o trabalho dos operadores e a disposição nas caixas com base na melhor combinação de peso. Isso reduz custos no transporte aéreo e aumenta a eficiência logística. “A combinação melhor dos peixes e a quantidade de peso que a caixa suporta no máximo possível é para otimizar porque o transporte desse tipo de produto é aéreo. Ele vai dar a melhor combinação possível usando a efetividade do peso da caixa”, conta Carlos Zussa, gerente de desenvolvimento.
Com o DNA da tilapicultura moderna
Os avanços tecnológicos da tilapicultura no Paraná visam aumentar a competitividade e superar grandes gargalos da atividade, como a questão genética. “A tilápia Gift passou por uma intensa seleção genética, adaptandose ao nosso ambiente e manejo. Hoje, a Tilamax apresenta características como cabeça menor, corpo mais arredondado e excelente rendimento de filé”, destaca Filipe Chagas, zootecnista e sócio da Real Fish.
Assim, segundo ele, o impacto dessa genética refinada é imenso e vai além das fronteiras nacionais. Recentemente, Chagas revela que linhagens brasileiras melhoradas (Tilamax) foram enviadas a Moçambique, num movimento
“Acreditamos que em meados de 2025 estaremos com o produto pronto para o mercado”, projeta.
Para mais, a empresa paranaense está desenvolvendo um aplicativo para o registro digital do diário de bordo das embarcações, o que ajudará a garantir que as capturas sejam realizadas em áreas e períodos autorizados, conforme as normas internacionais de sustentabilidade.
Genética e qualidade em sintonia
A Real Fish, fundada em 2020, por Filipe Chagas e Francisco Carlos Altimari Jr., nasceu com o propósito de aliar genética de ponta a soluções em qualidade de água para produtores, fortalecendo a cadeia produtiva com inovação e sustentabilidade. “Nosso objetivo é oferecer aos piscicultores uma produção viável e sustentável, desde o manejo inicial até a entrega do peixe de alta qualidade ao mercado”, afirma Francisco Altimari
que classificou como “um marco histórico”. “Levamos um peixe que originalmente veio da África, melhoramos geneticamente aqui e agora, devolvemos a eles um material superior. Foi uma enorme gratificação para toda a equipe.”
A infraestrutura do projeto da UEM em Floriano (distrito de Maringá-PR) contempla um laboratório de incubação, onde ovos são coletados das matrizes, desinfetados e incubados em um sistema controlado. “Cada incubadora simula a boca da fêmea, garantindo a segurança e a eclosão dos ovos. A temperatura é mantida entre 28°C e 30°C, e o processo é monitorado para assegurar biosseguridade”, acrescenta. Outro diferencial é a metodologia de seleção genética, que evita a consanguinidade.
Chagas e Altimari Jr. lideram a Real Fish, cujo diferencial está na atuação integrada e o suporte completo aos produtores através de uma rede de parceiros em diversos estados do Brasil
Jr., engenheiro agrônomo e diretor da Real Fish. Além da genética, a aposta no suporte aos produtores e na qualidade da água são pilares fundamentais, por meio de biorremediadores e bioestimuladores.
No entanto, em apenas 4 anos de
Hoje, cerca de 80% do material genético da tilápia no Brasil está diretamente ligado ao trabalho desenvolvido, seja por meio de linhagens puras ou com algum grau de parentesco com a Tilamax
atuação, a Real Fish já alcançou as primeiras exportações para a África e a República Dominicana. “Conseguir mandar um animal para fora do Brasil envolve um esforço técnico enorme, e ver os resultados nos motiva a crescer ainda mais”, destaca.
recuperada em biofiltros e reutilizada, eliminando o contato com fontes externas
Mas, apesar dos avanços, a logística ainda é um desafio considerável e, para mitigar esse problema, a empresa já iniciou a estruturação de uma filial em Maceió (AL), que servirá como ponto de apoio estratégico no Nordeste. Fora isso, a Real Fish planeja continuar
“Isso minimiza problemas como a endogamia, garantindo maior resistência a doenças e melhor desempenho no campo”, destaca Chagas.
Atualmente na 13ª geração (G13), a Tilamax destaca-se pelo rápido crescimento e eficiência alimentar e, segundo Chagas, a contribuição vai além das fronteiras paranaenses, já que o material genético tem alimentado o rápido crescimento da tilapicultura também no Nordeste. Porém, apesar dos avanços, conscientizar os produtores sobre a importância da genética de qualidade ainda é um desafio. “Muitos acreditam que podem realizar melhoramentos genéticos sem rigor técnico, o que compromete a produtividade”, alerta.
expandindo sua atuação. “O Brasil tem potencial para se tornar um dos maiores produtores de tilápias do mundo. Nosso papel é oferecer as ferramentas para que isso aconteça de forma sustentável e lucrativa”, conclui Altimari Jr.
Local trabalha com sistemas de recirculação fechados, onde a água da nascente é desinfetada,
Locomotiva integradora
A produção de tilápias da Paturi conta com quatro propriedades próprias da empresa e mais 43 propriedades integradas de diferentes perfis
Modelo de integração da Paturi impulsiona a tilapicultura no Paraná, destacando inovação, parceria com produtores e soluções para desafios setoriais
Crédito das fotos: Seafood Brasil
APaturi Piscicultura
Agroindustrial*, tem se consolidado como um dos grandes nomes da tilapicultura no Paraná, indo além do tradicional cooperativismo. Com um modelo de negócios inspirado em sistemas de integração que lembram franquias, a empresa conecta pequenos, médios e grandes produtores em um ecossistema produtivo eficiente.
Fundada em 1993 pelo patriarca
Angélio José Pereira, pai do atual diretor, Marcos Aurélio Pereira, a Paturi começou com um modesto restaurante de peixe frito e um açude no Oeste paranaense. “No início, era um pequeno restaurante e eu mesmo
era o garçom”, relembra Marcos Pereira. Ao longo dos anos, a empresa cresceu e diversificou, investindo em abatedouros, novas propriedades e parcerias com produtores.
Parceria franqueada
O modelo de integração adotado é inspirado nas práticas de grandes empresas do setor agroindustrial e uma espécie de parceria com produtores independentes, no qual a empresa fornece insumos essenciais, como alevinos, assistência técnica e ração. “É uma relação que funciona como uma franquia”, explica Pereira. “Nós entregamos o peixe, e ele [produtor] cuida da criação. No final, retiramos o produto e pagamos conforme o rendimento, sem
chegar ao nível societário.”
Além de flexibilizar a entrada e saída de produtores no sistema, Pereira ressalta que essa abordagem oferece estabilidade tanto para a empresa, quanto para os parceiros. Com o sistema de integração, é possível controlar o preço e manter acordos de longo prazo com os clientes, algo essencial para atender grandes redes de varejo.
Outro diferencial da Paturi é a diversificação na produção de tilápia, que abrange tanto o uso de tanques escavados quanto tanques-rede. Embora o tanque escavado ainda seja predominante, representando cerca de 60% da produção, o tanque-rede oferece vantagens em produtividade e controle.
Desafios e inovações
Mesmo com um modelo de atuação que tem alavancado a Paturi, a atuação no setor traz desafios, especialmente no campo do melhoramento genético. “Não é só a Paturi: todos ainda têm essa dificuldade e estão buscando um melhoramento”, aponta o diretor. Segundo ele, um pacote tecnológico eficaz pode reduzir em até 20% o tempo de produção, aproximando a tilapicultura da produtividade observada na avicultura. Outros obstáculos incluem a burocracia para renovação de licenças, como o Registro Geral de Piscicultor (RGP), o aumento nos custos de produção, agravado pela perda de incentivos, como tarifas reduzidas de energia e a sanidade.
Diante desses desafios, a Paturi investe em práticas de controle sanitário rigoroso e na automação, como vacinadoras e alimentadores automáticos, para melhorar a rotina de alimentação e reduzir o estresse dos peixes.
Além disso, a empresa está construindo um frigorífico moderno em Toledo, com filetadoras automáticas e certificação internacional. “No entanto, a exportação da tilápia não está nos planos atuais”, ressalta Pereira.
Atualmente, com uma indústria própria e uma terceirizada, a Paturi tem capacidade de processar até 50 mil peixes por dia em suas unidades de Toledo e Nova Prata do Iguaçu, ambas no Paraná, atendendo apenas ao mercado nacional e fornecendo para até sete marcas parceiras. “Vamos inaugurar [o frigorífico] com capacidade
de 100 mil [tilápias abatidas] por dia. Com mais 50 que a gente tem, já estaríamos com 150 mil [tilápias abatidas por dia].
Por isso, eu tenho que começar a destinar algo para exportação”, finaliza Pereira.
*Nota da Redação: Esta entrevista foi realizada em setembro de 2024, antes da C.Vale assumir oficialmente as operações da Paturi, evento este que ocorreu apenas no final de novembro do mesmo ano.
Na busca por “ser excelente no negócio com baixo valor investido”, Marcos Pereira aposta no modelo “franqueado” para impulsionar a produção de tilápia no Paraná
Para lidar com os desafios da atividade, a Paturi desenvolveu uma fórmula específica de ração para sua necessidade, visando ganho de peso e um melhor rendimento de filé
A aposta na líder
Expansão da GTFoods no segmento de tilápias reforça o papel do Paraná como protagonista e demonstra que a aposta na espécie é uma oportunidade em ascensão para grandesplayersde proteínas animais
Créditos das fotos: Seafood Brasil
AGTFoods já é consolidada como um dos maiores nomes na avicultura brasileira e que agora, está ampliando sua presença no setor de proteínas animais com uma aposta estratégica justamente na liderança da tilápia. Em 2022, a empresa iniciou o abate do peixe em Mandaguaçu (PR) e, desde então, vem acelerando seus investimentos em um projeto verticalizado que consolida ainda mais a força da tilapicultura paranaense.
Com um olhar atento às demandas do mercado, o grupo está investindo pesado na diversificação de proteínas animais através da comercialização de sua marca Canção Alimentos. “É um projeto que a gente sempre idealizou, estudou algumas proteínas alternativas e, no momento certo, veio a oportunidade de entrar na tilápia. Mas é claro que estamos no processo de aprendizado e investindo bastante”, destaca Rafael Tortola, CEO da GTFoods.
Diversificação estratégica
O projeto de produção da GTFoods é baseado em um modelo verticalizado, garantindo controle total sobre a cadeia produtiva. Segundo Filipe Chagas, gerente da unidade de piscicultura, todas as etapas do ciclo produtivo são realizadas dentro da propriedade em Terra Rica (PR). “É o produto que a gente viu nascer, fez todo o processo, tem controle total e rastreamento Assim, oferecemos ao consumidor final um peixe de qualidade garantida, com foco em biosseguridade e bem-estar animal, que sabemos ser muito importante”,
Com uma ampla estrutura em expansão em Terra Rica (PR), a GTFoods também já opera com cerca de 400 tanquesrede localizados a apenas 5 km da nova propriedade, consolidando seus ambiciosos planos de crescimento no setor
explica Chagas. Atualmente, a GTFoods abate cerca de 12 mil tilápias por dia - mas o objetivo é crescer exponencialmente. Com a produção 100% verticalizada, prevista para no início de 2025, a empresa espera eliminar a necessidade de compra de peixes de terceiros
A fazenda em Terra Rica opera hoje em 40 hectares, porém a meta é atingir 250 hectares de lâmina d’água nos próximos anos. “Hoje, estamos operando com 20% do projeto Quando ele estiver completo, sem aeração, será possível abater 40 mil tilápias por dia. Mas, com a aeração, esse número pode chegar a 80 mil”, projeta Tortola. Nos próximos 3 anos, o objetivo é atingir a marca de 100 mil tilápias abatidas diariamente, o que demandará uma expansão significativa da capacidade industrial. “Já estamos planejando a expansão do frigorífico atual ou até
CEO da GTFoods destaca o crescimento contínuo da tilapicultura e acredita num processo de consolidação das empresas de frango também no segmento de pescado
Comunicação GT Foods
Estratégia de verticalização ainda inclui a aquisição de matrizes genéticas, programas de melhoramento e uma fábrica própria de ração, planejada para operar dentro do complexo produtivo
mesmo a construção de uma nova planta. A ideia do grupo é se tornar, em 3 anos, o terceiro [maiorprodutor detilápia] do Brasil, com 100% do ciclo completo dentro de casa”, revela o CEO.
O desafio do “novo”
Mesmo com uma expansão estruturada, a GTFoods adota cautela ao considerar o modelo de integração com produtores independentes. “Não estamos fechados para essa possibilidade. Temos hoje mais de mil produtores de frango e parceiros no Paraná e estamos presentes em mais de 200 cidades”, explica Rafael Tortola. “Mas, nesse primeiro momento, a empresa optou por fazer investimentos dentro de casa porque trazer integrados é muita responsabilidade e eles esperam ter o retorno que a gente nem sabe. Como estamos em um cenário novo, precisamos primeiro passar pelo processo de maturação dentro das nossas
de 100 países, como já faz com o frango
empresas genéticas no mundo que provaram por A mais B que os seus produtos eram melhores, o que fez com que elas tivessem cada dia mais ‘corpo’. Mas, quando a gente pega a tilápia, principalmente em termos de genética, vê que cada empresa age de forma individual”, diz. Em busca de soluções, a GTFoods conta que faz parte da união de algumas empresas com a Peixe BR em uma iniciativa de desenvolvimento do melhoramento genético.
Investimentos e inovação
Com aportes que ultrapassam R$ 120 milhões, a GTFoods está criando um modelo de produção que também prioriza sustentabilidade e eficiência, como os sistemas de recirculação de água e viveiros que simulam o ambiente natural garantem, bem-estar animal e qualidade do pescado. Outro pilar da operação é o programa de melhoramento genético das matrizes obtidas com a Universidade Estadual de Maringá (UEM). “Nosso objetivo é oferecer uma tilápia de alto padrão e competitiva” afirma Filipe Chagas.
unidades, acertar e errar dentro de casa, para então expandir”, completa.
E embora a experiência consolidada da empresa na avicultura oferece vantagens significativas na transição para a tilapicultura, como as semelhanças entre os processos produtivos e uma sinergia que também se estende à distribuição e ao relacionamento comercial, a jornada da GTFoods na tilapicultura está repleta de desafios típicos de um mercado em transição. “A maior dificuldade hoje é lidar com o ‘novo’. É um mercado onde você tem ainda muitas empresas profissionalizadas, mas parece que ainda não tem um padrão estipulado, sabe?”, diz o CEO.
Conforme ele, a falta de uniformidade na genética da tilápia no Brasil é outro ponto crítico. “No frango, por exemplo, temos duas
Os investimentos em infraestrutura são outro ponto forte da estratégia da GTFoods. Por isso, a empresa investe em uma planta sifada e com planos de certificações sanitárias voltadas aos mercados internacionais. Entretanto, os planos de exportação não são prioridades porque o foco inicial está no mercado doméstico.
“Hoje, nossa produção de peixe é pequena em comparação ao frango, oque nos faz trabalhar para que não tenhamos ruptura com os nossos clientes. Estamos acessando entre 15% e 20% dos clientes de frango com a tilápia, porém, não podemos olhar somente a lucratividade: precisamos das parcerias, do trabalho de marca que já estamos fazendo e aumentar a capilaridade para conseguir chegar às gôndolas onde já estamos com o frango”, finaliza Rafael Tortola.
Com a produção de tilápia nos trilhos, a longo prazo, empresa vislumbra levar a tilápia brasileira a mais
Na Gôndola
A oferta de peixes, crustáceos e moluscos
Crédito das fotos: Divulgação/Empresas
Tilápia no palito
Quem circulou os corredores da Seafood Show Latin America 2024 se deparou com inúmeros visitantes rodando a feira com um picolé na mão: trata-se do Gelafish Protein, novidade da Brazilian Fish que garantiu o segundo lugar no Seafood Innovation Show. Produzido com 7,8 g de proteína de tilápia, a novidade é uma sobremesa voltada ao público fitness e a todos que buscam uma alimentação equilibrada e prática. Por isso, o picolé é zero açúcar, traz em sua composição colágeno e ômega 3 e pode ser encontrado nos sabores chocolate preto, chocolate branco e pistache.
We Are The Champions
O salmão limão e ervas da Frumar não é só a novidade da empresa neste segundo semestre, mas também foi o grande campeão do Seafood Innovation Show, premiação que reconheceu e destacou as inovações na indústria de pescado em 2024. Desenvolvido com tempero 100% natural, o produto possui uma formulação de ingredientes clean label, além de uma adição de um blend secreto de temperos naturais e um autêntico azeite de oliva extra virgem. Ainda segundo a empresa, a novidade é disponibilizada em porções de 180 g em embalagens 100% biodegradáveis.
Gadus morhua premiado
Terceiro lugar no Seafood Innovation Show, o lombo de bacalhau congelado e dessalgado Gadus Morhua foi o destaque da Rebela em 2024. Disponibilizado de forma congelada e dessalgada, a novidade é apresentada ao consumidor em embalagens de 800 g com lombos individuais. Totalmente limpo, sem pele e sem espinhas, o produto é ideal para um preparo imediato, atendendo às exigências de consumidores que não abrem mão do sabor do bacalhau, mas que precisam de praticidade no dia a dia.
Sabor luso, paladar brasileiro
Já o bolinho de bacalhau préfrito é definido pela Noronha Pescados com um produto que une tradição, praticidade e inovação. Embalado de forma prática, o bolinho conta com uma autêntica receita portuguesa adaptada ao paladar brasileiro, o que significa que ele é crocante por fora e macio por dentro. Por fim, ainda segundo a empresa, o produto é ideal para air fryers, permitindo que em 10 minutos os consumidores possam degustá-lo.
Messi + Cristiano Ronaldo
A Bom Porto busca agradar consumidores que buscam praticidade no dia a dia, mas sem abrirem mão do sabor. Para isso, a empresa resolveu juntar duas iguarias em um único produto. Foi assim que nasceu a empanada de bacalhau. Disponibilizado de forma unitária, o produto foi desenvolvido para ser pronto para assar, seja em fornos ou especialmente em air fryers. Por fim, a empanada é vendida em embalagens de 80 g.
Tambaqui criativo
O filé de tambaqui defumado é o destaque da Karu para quem busca ideias diferentes para o preparo de pratos principais ou mesmo entradas mais elaboradas. Produzidos a partir do corte longitudinal do peixe, o produto é disponibilizado em generosas postas do filé do lombo, o que garante ao consumidor uma carne macia e de sabor marcante. Ainda de acordo com a empresa, o filé de tambaqui é defumado individualmente em processo artesanal e é vendido em bandejas à vácuo de 500 g.
Sem harmonização facial
A Invermar aproveitou a reta final do ano para anunciar o lançamento de sua nova identidade visual que foi desenvolvida com o objetivo de projetar tanto o caráter de seus produtos, quanto a cultura da empresa em si. De acordo com a Invermar, o rebranding inclui uma mudança no logo, nas cores corporativas e nas embalagens, tudo com uma estética moderna e distintiva que mostra a evolução natural da empresa, bem como seu novo enfoque adotado atualmente.
Defumado é mais gostoso
Você é uma daquelas pessoas que gosta de salmão, mas também não resiste a um toque de defumado?
Então o lombo de salmão defumado da Multi X é ideal para o que você procura. De acordo com a empresa, o produto, que tem origem chilena, não é produzido apenas para dar sabor, mas também para quem busca cuidar da saúde, justamente por conter ácidos graxos e ômega 3. Por fim, o salmão é disponibilizado em caixas, com cada corte embalado à vácuo de forma individual.
Atum ao cubo
Os cubos de atum fresco são o destaque da Frescatto para quem busca agilidade em receitas na rotina diária. Vendidos sem pele e de coloração avermelhada, os cubos de atum são protegidos por uma embalagem especial que garante maior prazo de validade, segurança alimentar e suculência ao peixe. Por fim, o produto é disponibilizado em bandejas de 400 g.
Agilidade e saúde evisceradas
Praticidade para quem tem uma vida mais agitada no dia a dia, mas não quer abrir mão de se alimentar de forma saudável. É esperando atingir essas pessoas que a Copacol traz a sua tilápia eviscerada, produto que promete trazer economia de tempo e saúde à rotina dos consumidores. Comercializado de forma congelada, o produto é uma proteína magra rica em ômega 3 e é indicado para ser usado nas mais variadas maneiras que utilizam a tilápia como estrela do prato.
Experimente o sabor
ATRIBUTOS PRINCIPAI S
COR INTENSA
Essa espécie se destaca pela cor vermelha vibrante de sua carne, mais intensa que a de outras espécies de salmão. Salmão do Pacífico tem tons acima de 28 na escala SalmoFan, dando-lhe uma aparência única.
O Salmão do Pacífico é rico em gorduras anti-inflamatórias, minerais e ômega-3. O consumo de ômega-3 ajuda a manter a saúde cardiovascular e melhora a função cerebral e ocular.
EXCELENTE CUALIDADE E SABOR
Tem um sabor mais suave do que o Salmão Salar e Sockeye, tornando-se uma excelente alternativa para todos os tipos de paladares.
A textura excepcional do Salmão do Pacífico o torna ideal para todos os tipos de ocasiões e preparações.
ESCOL H A SAUDÁVEL
Especial
Avante na América Latina
Seafood Show Latin America segue reafirmando sua posição como um dos principais eventos para o setor de pescado no Brasil e na América Latina, conectando inovação, sustentabilidade e tendências de mercado
Texto: Fabi Fonseca | Crédito das fotos: Seafood Brasil
Se alcançar o topo já é desafiador, manter-se nele é ainda mais, especialmente no competitivo cenário de eventos de pescado no Brasil e na América Latina. É com esse objetivo que a Seafood Show Latin America (SSLA) realizou, uma terceira edição superior em relação aos anos anteriores (neste ano, no Distrito Anhembi) para assim, seguir na missão de manter-se entre as principais feiras do setor de pescado e frutos do mar da América Latina com uma programação de atrações e debates com os principais nomes da indústria, varejo e food service de pescado.
“A edição deste ano foi um grande sucesso, refletindo o crescimento contínuo e a importância da indústria de pescado e frutos do mar. Tanto a competição do melhor sushiman, como dos Melhores Peixeiros e tantas outras
Evento reuniu setor de pescado em São Paulo e recebeu a presença de autoridades e líderes setoriais
DESTAQUES DA SSLA 2024
+4.000 profissionais
Representando a cadeia do pescado global
20 países
25 Estados brasileiros
125 expositores
Marcas de diversos países
Quando é a próxima SSLA? 21 a 23 de outubro de 2025. Nos vemos lá!
Rodada de Negócios - Brazilian Seafood
Parceria: Apex-Brasil e Abipesca
Negócios imediatos: US$ 830 mil
Projeção para 12 meses: US$ 2,95 milhões
Organizado pela Francal Feiras e pela Seafood Brasil, o evento deste ano estreou no Distrito Anhembi, em São Paulo, entre 22 e 24 de outubro
atrações que realizamos nesses dias intensos de evento, trouxeram um brilho especial a todos os envolvidos”, analisou Ricardo Torres, um dos porta-vozes da feira e editor-chefe da Seafood Brasil.
Setor se encontra na capital Paulista
O evento em São Paulo reuniu autoridades políticas, representantes do setor e profissionais ligados ao segmento. Fernando Ruas, CEO da Francal Feiras, destacou o crescimento do evento: “A gente está muito feliz. A feira cresceu 25% de um ano para o outro vai continuar crescendo”. “Estamos aqui para servir o mercado de pescado. Falo isso em nome do Abdala [Abdala Jamil Abdala, antigo presidente da Francal Feiras] e do Ricardo, da Seafood Brasil”, completou.
Já o Ministro da Pesca e Aquicultura (MPA), André de Paula, reforçou o compromisso do governo com a cadeia produtiva. “Fortalecer um encontro como este é prioridade no Ministério. Aqui, estão presentes todas as etapas da cadeia produtiva”. Ele destacou ações como a recriação do Conselho Nacional da Pesca e Aquicultura (CONAPE) e parcerias com instituições como a Embrapa e a Apex-Brasil e também aproveitou a ocasião para assinar a portaria nº 361/2024 que oficializou o
no mercado internacional. “A qualidade superior nunca é questionada e deve ser incrivelmente boa. (...)”
lançamento da Plataforma Nacional da Indústria do Pescado (PNIP). (Veja mais detalhes da plataforma na seção “5 Perguntas” na página 6 e 7)
Insights e tendências na Arena Talks
A Arena Talks destacou temas centrais para o mercado de pescado, reunindo especialistas nacionais e internacionais em discussões estratégicas. No painel sobre sustentabilidade, Cintia Miyaji, da Paiche Consultoria, mencionou que
Shows e muitas premiações na SSLA
A Abrasel SP, com apoio da BaresSP, esteve com espaço que ofereceu aulas, aplicações de produtos, receitas, degustações de insumos
À noite do segundo dia, durante o jantar no Global Reception, foram anunciados os vencedores das premiações Melhores Peixeiros do Brasil e Seafood Innovation Show
e lançamentos, tudo apresentado por chefs renomados e especialistas da gastronomia japonesa na Seafood Service Show.
Já o título dos Melhores Peixeiros, pelo segundo ano seguido, ficou com Heitor Marcatti e Cleriston Souza, da Peixaria Hermes Pescados.
Por fim, o Seafood Innovation Show, premiação que reconheceu e destacou as inovações na indústria de pescado, as empresas vencedoras foram:
acredita no lema “alimento para todos: projetando sistemas sustentáveis e seguros para o futuro do pescado”. Para ela, a rastreabilidade na cadeia do pescado traz melhores resultados econômicos, inclusive para a empresa e que precisa ser considerado como um “mainstream”, e não apenas uma vantagem competitiva.
Já a digitalização ganhou destaque com o case da Marchef Pescados, que adotou o sistema EasyPac, da Atak Sistemas. Sarah de Oliveira e Gustavo Faria, da Lex Experts, destacaram como
No terceiro dia, foi a vez da cerimônia de premiação do Campeonato Brasileiro de Sushi entregue ao vencedor Allan Vitor Beckmann. Ele recebeu o prêmio do Cônsul do Japão no Brasil, Daisuke Hattori e agora representará o País em um campeonato de sushi em Tóquio no ano que vem (Saiba mais sobre o vencedor na seção “Personagem” na página 82)
1ª LUGAR - Frumar com salmão limão & ervas
2ª LUGAR - Brazilian Fish com o Gelafish
3º LUGAR - Rebela com o lombo de bacalhau dessalgado congelado Gadus morhua
Philip Walsh, da Legit Fish Inc., por exemplo, enfatizou a importância da qualidade e da responsabilidade socioambiental
Especial
a ferramenta transformou a gestão. “Estamos em tempo real podendo acessar [os dados], corrigindo em tempo real e evitando retrabalho e desperdícios. (...)”, explicou Oliveira.
Com curadoria do MPA e da Embrapa, o Fórum Soluções Inovadoras em Processamento de Pescado abordou perspectivas para o consumo interno e as exportações de produtos da piscicultura brasileira. Janine Passos, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, destacou o monitoramento das embarcações de pesca primária do camarão rosa (P. brasiliensis) e as técnicas de conservação adotadas. “Vamos monitorar os métodos de conservação utilizados, coletar dados e fornecer ao Ministério da Pesca e Aquicultura para avaliação”, explicou.
No caso do painel “Os desafios da cadeia de suprimentos para os restaurantes japoneses”, que compôs o Summit de gastronomia japonesa, e foi organizado pela Associação Brasileira de Gastronomia Japonesa (ABGJ), Felipe Katata, CEO da Cermaq Brasil, apontou que a oscilação de preços do salmão no Brasil impacta a rentabilidade. “A gente viu uma baixa de preços do meio do ano passado para cá, o que posicionou o Brasil como um dos piores mercados em rentabilidade no mundo (..)”
Em outro painel, sob mediação do chef Regis Sassaki, chefs renomados discutiram tendências e desafios da gastronomia japonesa. Seiji Enokizono, do restaurante Maza, destacou a necessidade de insumos de alta qualidade para que São Paulo consolide sua posição como referência mundial. “Temos contatos com pessoas que viajam para fora do Brasil, que vão ao Japão. O que eles trazem para gente é que o Brasil e [principalmente] a cidade de São Paulo é um grande potencial para a gastronomia japonesa.”
Já Mari Saito, do Sushi Vaz, criticou o tratamento do pescado no Brasil. “Aqui, os peixes chegam amontoados em uma mesma caixa. No Japão, cada peixe chega em uma única caixa”, observou. Além disso, Megumi Nishimori, do Aizomê, levou para o debate a inclusão de
mulheres na alta gastronomia japonesa.
Tudo de pescado para todos do mercado
A SSLA foi um evento de destaque para empresas do setor de pescado que aproveitaram a oportunidade para apresentar novidades, reforçar suas marcas e discutir as perspectivas do mercado. Confira a seguir o que as marcas levaram para a edição deste ano:
Salmão para quem é do salmão
Presente pela segunda vez, a Damm Produtos Alimentícios deu atenção especial as suas tradicionais ovas de salmão que, agora, conforme Roberto Veiga, diretor da empresa, ganham protagonismo na culinária oriental.
“As ovas além de ter um sabor bem interessante é um ponto de decoração importante para os pratos”, explicou. Outros produtos, como salmão e hadoque defumados também tiveram espaço no portfólio apresentado.
O evento também marcou um ponto de virada para a Frumar: refletir em seus produtos um propósito alinhado à excelência e à sustentabilidade. O destaque foi o lançamento do Salmão Limão e Ervas, que levou o Prêmio Seafood Innovation Show 2024, além do lançamento de linhas exclusivas de novos produtos para food service e varejo. “Para 2025, queremos consolidar a identidade de qualidade construída há mais de 30 anos unindo excelência, sustentabilidade, transparência e inovação em tudo que fazemos”, disse segundo Eder Krummenauer, CEO da companhia.
“A edição deste ano foi um grande sucesso, refletindo o crescimento contínuo e a importância da indústria de
pescado e frutos do mar. Tanto a competição do melhor sushiman, como dos Melhores Peixeiros e tantas outras atrações que realizamos nesses dias intensos de evento, trouxeram um brilho especial a todos os envolvidos” - Ricardo Torres, um dos porta-vozes da feira e editor-chefe da Seafood Brasil
Feira apresentou os recentes lançamentos de produtos e inovações tecnológicas do setor
SensorX
Proteja sua marca e seus consumidores contra reclamações de espinhas
Garanta alimentos mais seguros e menos reclamações sobre espinhas com a detecção óssea de precisão do SensorX
• Taxa de detecção de 99% em ossos de até 0,7mm
• Aumenta a velocidade de processamento
• Reduz o trabalho manual e a manipulação dos filés
O SensorX da Marel se integra perfeitamente para transformar sua linha de processamento de pescados em uma solução completa, avançada, eficiente e precisa, que impulsionará seu negócio para o futuro.
marel.com/pt
Especial
Já a ECIL Pescados fez sua estreia destacandose com produtos como bolinhos de bacalhau para air fryer e fritura, além de sua tradicional “imitação de patinhas de caranguejo”
logísticas e comerciais. “Estamos crescendo, mas devido à capilaridade do setor, com distribuidores de pescado em todo o Brasil, estamos num momento de expandir nossa base”, informou Pablo Rillo, diretor comercial.
Presente pelo terceiro ano consecutivo na SSLA, a Noronha Pescados, neste ano, destacou o lançamento do bolinho de bacalhau pré-frito, um produto que reflete a aposta da empresa na praticidade para o consumidor. “Observamos que a maior dificuldade da dona de casa é com a fritura”, explicou o diretor Guilherme Blanke. Além do bolinho, a empresa já conta com uma linha consolidada de empanados, também adaptados para preparo na air fryer, uma tendência que vem transformando os hábitos de consumo.
A BomPORTO, marca do grupo Rui Costa e Sousa, trouxe novidades em produtos e reforçou seu compromisso com a qualidade. Sérgio Costa e Sousa, vice-presidente da empresa, destacou o lançamento das empanadas de bacalhau que, segundo ele, vão contar uma estratégia agressiva e especial para a aceitação do público. “Até o final do ano, colocaremos o produto a preço de custo para degustação nos pontos de venda. Queremos que o consumidor experimente e conheça a qualidade do nosso produto.”
Já a ECIL Pescados fez sua estreia destacando-se com produtos como bolinhos de bacalhau para air fryer e fritura, além de sua tradicional “imitação de patinhas de caranguejo”. Com centros de distribuição em Recife, São Paulo e Santa Catarina, a estratégia para 2025 foca na expansão geográfica e no fortalecimento das operações
Por sua vez, a Karam’s Pescados apresentou uma nova linha de empanados de pescado. “Nossa nova linha possui cerca de sete itens, incluindo anéis de lula, isca de tilápia, filé de panca e outras opções”, disse Magda da Silva Braga, representante comercial da empresa. Além disso, a Karam’s trouxe novidades no segmento de salmão, com embalagens menores e de peso padrão. “Isso ajuda no valor agregado, o que facilita para o cliente, que não precisa pesar”, explicou ela.
Já a participação do Alaska Seafood Marketing Institute (ASMI) consolidou a relevância da entidade na promoção dos pescados selvagens do Alasca no Brasil e na América Latina. Claudia Lecarnaque, consultora de marketing e negócios internacionais da River Global, empresa que representa a ASMI, apontou um interesse crescente dos visitantes em conhecer mais sobre a origem sustentável e selvagem dos produtos do Alasca. “Vi mais interesse pelos peixes brancos, por conhecer um pouco mais sobre a genuína polaca do Alasca e entender quais são os benefícios dos nossos produtos. Afinal, a polaca é muito versátil”, explicou.
A Frescatto celebrou em 2024 seus 80 anos e entre os destaques da empresa, a lagosta viva foi apresentada como uma exclusividade voltada ao público B2B. “A demanda é até mais forte fora do mercado nacional, mas esse consumo veio se fortalecendo no Brasil nos últimos anos e a gente acabou entendendo isso”, explicou Lívia Cravo, gerente de marketing da empresa. Para 2025, a empresa prevê uma expansão e consolidação, sobretudo porque passou recentemente por uma repaginação visual com a nova marca.
Por outro lado, a Opergel aproveitou 2024 para focar no varejo que, segundo Geraldo Neves, gerente comercial da empresa, é a área que está trazendo mais oportunidades. Por isso, a empresa trouxe uma linha de produtos nacionais produzidos no Sul do Brasil que inclui a tilápia, sardinha, manjuba e outras alternativas, além de opções populares voltadas ao atacado. “Incluindo nossos tradicionais bacalhaus e salmões, nosso portfólio agora é diversificado para atender clientes de A a Z, “, ressaltou o executivo. A empresa também planeja ampliar sua linha voltada à culinária japonesa, investindo ainda mais em salmão fresco e novos insumos de marca própria.
A Brazilian Fish, marcou presença no evento destacando o lançamento do Gelafish, um sorvete à base da proteína de tilápia. Conforme o diretor Ramon Amaral, a novidade combina sabor e saudabilidade. “O sorvete não é só gostoso e refrescante, mas tem 8 gramas de proteína e zero açúcar”. O lançamento também reflete o momento de transformação da empresa, que há 2 anos, adotou uma nova estratégia de mercado e decidiu fortalecer sua marca.
As novidades que as empresas expositoras levaram ao evento reforçam a Seafood Show Latin America como a principal parceira para o mercado de pescado continuar sempre no caminho da inovação
Bacalhau e praticidade
Peixe brancos com novidades
Aposta na visibilidade e na tecnologia
“O foco neste ano foi mostrar as infinitas possibilidades de preparo que nossos produtos oferecem”, contou Mário Silva, membro do departamento comercial da Bom Peixe. Para isso, a empresa convidou um chef para preparar cada produto de um jeito diferente do que é consumido normalmente. “Trouxemos opirarucu, lulinha, filé austral de merluza, polvo peruano, tambaqui, entre outros pescados para o público apreciar, degustar, conhecer nosso produto”, falou.
A Go Fisher chegou na SSLA para reforçar os benefícios do pescado de água doce desse segmento onde a tilápia segue como o carro-chefe do setor e da empresa. “Ela representa entre 120 e 140 toneladas de vendas mensais”, contou José Luiz, fundador da empresa. Ele explicou que a estratégia é ancorada em um modelo eficiente de logística, conectando piscicultores diretamente ao mercado. “Buscamos o pescado nas pisciculturas com nossa frota própria e distribuímos no Ceagesp.”
Já a presença da Atak Sistemas destacou a força da tecnologia como aliada estratégica para a indústria de pescado. Durante a feira, a empresa deu ênfase ao EasyPac, sua solução para a cadeia produtiva. “É muito importante
trazer o controle de qualidade para dentro da indústria de pescado”, comentou Daiane Scareli, coordenadora comercial. O ano de 2024 foi marcante para a Atak, com uma mudança de sede em Maringá (PR) que, conforme a coordenadora, ocasionou melhorias estruturais e um novo patamar de posicionamento no mercado.
Por sua vez, os visitantes encontraram no estande da MQ Pack duas máquinas: uma para o embalamento de até 800 pacotes por hora e outra, lançada recentemente, com capacidade de 1.500 pacotes por hora. Além disso, a empresa trouxe seu detector de metal, uma ferramenta essencial frente à demanda crescente dos frigoríficos por inspeção de contaminação metálica em pacotes. “O mercado está exigindo cada vez mais inspeções em cada pacote para garantir a segurança dos produtos”, explicou o diretor da empresa, Marcos Queiroz.
Camarão forte e de roupa nova
A SSLA também foi escolhida pela Maris Pescados para apresentar sua nova identidade visual, um marco na trajetória da empresa. Por isso, revelou embalagens redesenhadas que unem dinamismo, clareza e apelo visual, atendendo às transformações do mercado e às demandas dos consumidores. “A Maris acredita que o mercado está em constante transformação e por isso, apostamos no dinamismo visual com cores mais vibrantes, embalagens mais acessíveis e informações mais claras”, explicou Expedito Ferreira Júnior, presidente do grupo.
O camarão também foi destaque da IE Pescados. Fabrício Ribeiro, CEO da empresa, contou que a participação no evento marcou o lançamento oficial da marca e de sua linha de produtos, consolidando uma nova fase após anos de experiência acumulada no setor. “Estamos lançando a marca IE Pescados
e toda a nossa linha de produtos, incluindo camarões, filé de tilápia, além de um kit paella com ingredientes autênticos, como polvo e mexilhão nacional”, destacou Ribeiro.
Latino-americanos reforçam presença
A participação das empresas latinoamericanas na SSLA 2024 destacou o fortalecimento de relações comerciais e as estratégias voltadas ao mercado brasileiro. Nicolas Falcão, Sales Manager da chilena Invermar, por exemplo, comentou que a participação no evento foi estratégica para reforçar o relacionamento com clientes brasileiros e ampliar a presença de seus produtos no mercado local. “Estamos aqui há 2 anos, mas este foi o primeiro com estande”, afirmou. A empresa apresentou sua nova identidade corporativa, com um rebranding que reflete avanços como o uso de tecnologia RAS para redução da pegada hídrica, inteligência artificial e alimentação remota. A renovação inclui ainda logo, cores e embalagens modernas, projetando exclusividade e compromisso com alimentos de qualidade e respeito ao meio ambiente
Durante os três dias de evento, visitantes puderam conferir as novidades que as empresas trouxeram para 2024 e as tendências para o próximo ano
Seafood Show Latin America reuniu 125 expositores de diversos países no Distrito Anhembi, na cidade de São Paulo
Especial
Seafood Show Latin America se manteve como a principal feira do setor de pescado e frutos do mar da América Latina ao trazer as novidades e inovações que vão ditar os rumos do setor
Já a chilena Multi X reforçou sua aposta em produtos de valor agregado, com destaque para a linha de salmão defumado, processado em menos de 24 horas após o abate. José Lago, gerente de vendas da empresa, revelou a importância estratégica do mercado brasileiro. “O Brasil é o segundo mercado mais importante do mundo para nós”, afirmou. Além dos defumados, a empresa levou soluções para o varejo, como porções e itens prontos para consumo.
Com 36% do salmão consumido no Brasil vindo de suas operações, a AquaChile marcou presença na feira com as marcas Aqua e Verlasso. Max Dominguez, diretor de vendas, enfatizou o salto expressivo da espécie - 17% apenas neste ano -, o que tem impulsionado a AquaChile a investir continuamente em inovação, qualidade e no fortalecimento de relações com seus parceiros locais. “O brasileiro está consumindo mais salmão do que antes. Os resultados que tivemos ano após ano estão cada vez melhores”, finalizou o diretor.
Os bastidores do sucesso na Seafood Show
Os depoimentos de profissionais que participaram da última edição da SSLA:
“Os resultados que alcançamos ano após ano estão cada vez melhores. Estamos muito felizes por estarmos aqui, compartilhando com todos os nossos clientes e parceiros”
- Max Dominguez, diretor de vendas da AquaChile
“É uma feira que tem tudo para crescer cada vez mais. Quero saber se o ano que vem já vai pegar o pavilhão todo”
- Guilherme Blanke, diretor da Noronha Pescados
“É uma feira que nos agradou pelo fato de ser muito focada no negócio profissional. Realmente, o tema principal é peixe e frutos do mar”
- Pablo Rillo, diretor comercial da ECIL Pescados
“Estar aqui é uma oportunidade de reforçar a marca, contatar pessoas do mercado e ter feedback sobre os produtos”
- Lívia Cravo, gerente de marketing da Frescatto
“A feira ter vindo para o Anhembi deixou tudo ainda melhor do que estava antes, desde a estrutura até a localização”
- Mário Silva, do departamento comercial da Bom Peixe
Grandes players do setor internacional, sobretudo de salmão, apostam na diversificação de portfólio, inovação tecnológica e sustentabilidade, reafirmando o Brasil como um dos principais destinos para seus produtos
Três dias que entraram para a história
Em sua 3ª edição, empresas expositoras, profissionais e visitantes ajudaram a reafirmar o porquê a Seafood Show Latin .America é definitivamente uma das maiores feiras de negócios da América Latina focada na comercialização de pescado.
Kalil, Marina Valdo e Daniel Carvalho (Fosfish)
Tiago Bueno (Seafood Brasil), Laurent Viguié e Ana Carolina Iozzi (ASC)
Natalia Shiogiri e Nilton Ishikawa (AquaIn e Simpop)
Giovanni Valcareggi (Costa Sul) e Daiane Scareli (Atak Sistemas)
Jennifer Zimmermann e Tiago Dreher (Focus Trading)
Tomas Walker e José Lago (Multi X)
Flávio Farias, Marcelo Shei e Izabella Farias (Altamar)
Augusto Ferraiol e Rubens Lopes (O Primo)
André Camargo, Bruna Umezu e Daniel Fuziki (iFish Foods)
Edu Guedes e Júlio Cesar Antônio (Mar & Rio)
Fabricia Roweder Antônio e Marcela Zanoto (Mar & Rio)
Pedro Freitas e Lincon Dubiela (Independent Brazil), Eder Krummenauer (Frumar) e Jairo Gund (ABIPESCA)
Paulo Rocha (Alimentos Yeda), Augusto Boccia e Clayton Alves (São Rafael)
Estande Mar & Rio
Thamires Quinhões, Marcelo Lara e Rosa Malavacci (ABRAPES)
Arimar Filho (Produmar), Liliam Catunda e Aniela Banat (ABIPESCA) e Rayana França (Produmar)
Toni de Luca e Thiago de Luca (Frescatto), Arimar Filho (Produmar), Expedito Ferreira e Expedito Ferreira Junior (Maris Pescados) e Eduardo Lobo (Prime Seafood)
Antônio Leonardo, Danielle Dias, Oscar Barreto, Eduardo Ferraz, Cristiane Neiva, Maria José Paiva, Carlos Ishikawa e Leonardo Tachibana (IPesca)
Andressa Claudino, Luara Cassiano e Elionio Galvão (IPesca)
Gilmar da Costa, Thais Moron, Jéssica Levy, Giovanna Myuke (IPesca)
Alexandre Epitácio, Alexsandra Epitácio e Josué Epitácio (Tudo do Mar Pescados)
Maria
Especial
Renato Cardoso (SFPA-MG), Rui Teixeira (MPA), Fernanda David (Control Union), Carlos Melo e Paulo Ferreira (MPA)
Pedro Furlan (Frezze), Roberto Imai (Imai Pesca) e Juliano Kubitza (MCassab/Fider)
Andrea Oliveira e Glauco Luzeiro (Karu Amazon), Daniela Castellani (IPesca) e Welcio Mendes (Karu Amazon)
Fernanda Seles David (Control Union Certificates) e Rui Teixeira (MPA)
Ricardo Firetti (APTA) e Alexandre Wakatsuki (Aquazon)
Gustavo Faria e Sarah de Oliveira (Lex Experts)
Fabricio Ribeiro e Monique Lacerda (IE Pescados)
Rafael Carvalho, José Carvalho e Pedro Carvalho (Go Fisher)
Vicente De la Cruz Weinstein, Max Dominguez, Raphaela Romito Oberlaender, Luis Eduardo Ithurbisquy Bravo, José Pedro De La Cuadra, Daysy Andrea
Miranda Peña, Bernardita Lecaros Vicuña, Rogelio Lodos Peña, Martin Cox e Matías González Pruzzo (AquaChile)
Na cozinha
Do mar ao bar
Bares e botequins apostam em peixes e frutos do mar para renovar experiência boêmia a partir de uma viagem gastronômica saborosa às profundezas do mundo do pescado
Alguns etimologistas dizem que a palavra botequim é originada do termo grego apothéké, que significa “depósito” e que originou também os termos biblioteca, botica (farmácia) e bodega (pequena venda). Para o historiador e escritor Luiz Antonio Simas, entusiasta da cultura popular brasileira, o botequim é isso tudo: “um centro de difusão do saber, como as bibliotecas; um lugar onde se preparam medicamentos para o corpo e a alma, como as boticas; e uma taberna onde se come e se bebe com simplicidade, sabor e sustância, como as bodegas”.
Em qualquer esquina, em todos os bairros, há sempre um deles: espaços de identidade e pertencimento, fundamentais para entender o espírito do Brasil. Mas, como até o que temos de mais tradicional, às vezes, precisa ser reinventado, muitos empreendedores e chefs estão deixando o torresmo de lado e apostando em peixes e frutos do mar para atrair novos públicos e oferecer experiências gastronômicas – e boêmias – diferentes.
Aberto há pouco mais de um ano no bairro de Pinheiros, na cidade de São Paulo, o Sororoca Bar é um projeto conjunto dos chefs Marcelo Corrêa Bastos (Jiquitaia e Lobozó), Gustavo
Rodrigues (Lobozó) e Thiago Castanho (Remanso do Peixe, em Belém do Pará). O espaço, que une bar e peixaria, surgiu como resposta ao desejo dos três chefs de terem um lugar onde pudessem receber o pescado e frutos do mar inteiros e frescos, tratá-los e servi-los da forma mais integral e com o maior controle da qualidade possível. Apesar de recente, o bar já está colhendo frutos pela qualidade que entrega: neste ano, levou o título de melhor barrestaurante pela Veja São Paulo Comer & Beber.
Segundo o chef Gustavo
Texto: Mariana Naviskas (free-lancer)
Canva/MSPhotographic
Rodrigues, o número de bares que têm os peixes e frutos do mar como carros-chefes está crescendo porque hoje, o público tem maior aceitação para pescado. “Antigamente, era difícil encontrar grupos em que todos consumissem peixe, o que tornava arriscado abrir restaurantes monotemáticos. Hoje, isso mudou, em grande parte, devido à influência dos restaurantes japoneses, que popularizaram o consumo de pescado e reduziram preconceitos, permitindo que mais pessoas experimentassem e aprovassem”, opina.
O chef atribui o crescimento também à melhoria na qualidade do pescado nos grandes centros, impulsionado por avanços em logística e distribuição. “Essa evolução responde a uma maior demanda do público, criando um ciclo positivo: mais conhecimento e interesse levam a melhores produtos e serviços.”
Como a qualidade era um dos pontos cruciais para o Sororoca, a proposta sempre foi trabalhar com peixes da estação. “A estrutura do Sororoca parte de uma peixaria, o que nos permite receber diretamente dos pescadores ou transportadores e tratar o pescado da maneira que acreditamos ser ideal. Não seguimos a lógica de comprar peixes para encaixar em pratos fixos. Por isso, nosso cardápio muda constantemente, de acordo com o que encontramos de mais fresco e de melhor qualidade”, explica Rodrigues.
Variando o menu
Como não há peixe fixo no cardápio, antes de abrir o bar, os três chefs criaram um banco de receitas com diversas preparações e técnicas, pensando em diferentes tipos de pescado. “O cardápio é definido semanalmente e essa abordagem nos permite respeitar a sazonalidade e adaptar as receitas às particularidades de
“Receitas
sofisticadas de pescado e frutos do mar eram restritas aos restaurantes de alta gastronomia. Mas, o conhecimento sobre pescado mais acessível trouxe mais pessoas para trabalhar de forma técnica e qualificada com esse ingrediente”, explica Rodrigues
cada espécie”, detalha o chef Gustavo Rodrigues. Entre os petiscos mais pedidos, estão o bao de açaí com peixe frito, picles de chuchu, sweet chili e maionese de alho e o gyoza de camarão com tucupi, dois pratos que vão super bem com os drinks oferecidos na casa.
Segundo o chef, esses pratos se
destacam por terem um apelo de compartilhamento – algo típico dos bares – que cativa os clientes. “O gyoza, por exemplo, vem em cinco unidades, perfeito para dividir com amigos. Já o bao pode ser servido cortado ao meio para duas pessoas ou até como um sanduíche prático para uma refeição rápida.”
Por conta da aceitação cada vez maior dos pescados no dia a dia do brasileiro, o pedido de peixes e frutos do mar têm crescido em bares e botecos
Tati Frison
Aislan de Paula
Para o chef Gustavo Rodrigues, o número de bares especializados em pescados está crescendo devido à maior aceitação e procura dos consumidores
“Antigamente, era difícil encontrar grupos em que todos consumissem peixe, o que tornava arriscado abrir restaurantes monotemáticos. Hoje, isso mudou (...)” - Gustavo Rodrigues
Peixe para todos
Na opinião de Rodrigues, receitas sofisticadas de pescado e frutos do mar estavam restritas aos restaurantes de alta gastronomia, principalmente, devido ao custo e conhecimento necessário para preparar esses ingredientes. “Hoje, esse cenário mudou. O conhecimento sobre pescado está mais acessível e muitas pessoas já sabem trabalhar com eles de forma técnica e qualificada”.
Também houve uma mudança, segundo o chef Rodrigues, na percepção sobre pescado. “Antes, havia uma ideia equivocada de que alguns peixes e frutos do mar eram de ‘primeira’ qualidade e outros de ‘segunda’, similar ao que acontecia com a carne bovina”, explica. “Agora, as pessoas têm entendido que, com técnicas e preparo adequados, todos os ingredientes podem ser valorizados”, completa.
É assim que o pescado vem saindo do luxo e se tornando estrela também de lugares mais descontraídos, o que o chef considera importante. “É interessante que existam lugares despretensiosos, com uma
Aislan de Paula
Os chefs Thiago Castanho, Marcelo Corrêa Bastos e Gustavo Rodrigues se uniram para abrir o Sororoca Bar
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Na cozinha
proposta mais descontraída, onde se pode experimentar comida de alta qualidade sem estar em um restaurante clássico e formal”, expõe. Para ele, isso amplia o acesso a esses produtos para quem busca uma boa experiência gastronômica em um ambiente mais acessível e informal. “Por exemplo, nós, os três cozinheiros envolvidos no Sororoca, temos experiência em restaurantes de alta gastronomia, mas sempre nos sentimos mais à vontade em lugares mais informais.”
Apesar disso, Rodrigues pondera que o Sororoca é um bar, mas não um boteco. “Nós somos um bar de pescado e frutos do mar e, embora eu admire muito a identidade única dos botecos, há elementos que diferenciam o Sororoca desse formato. Por exemplo, o ticket médio e a proposta que temos nos afastam do conceito tradicional de boteco.”
Além do gurjão
Gurjão é o termo utilizado no Rio de Janeiro para a famosa porção de peixe frito de boteco. Esse item, aliás, é um dos
poucos presentes em quase qualquer bar pelo Brasil - mesmo aqueles que não se dedicam exclusivamente aos peixes costumam oferecer as tradicionais tiras de peixe empanadas.
Já nos bares especializados em pescado, os chefs investem em novos preparos e ingredientes. “Nossa maior inspiração foi o ambiente de um bar de pé na areia no contexto urbano de São Paulo. No entanto, o objetivo do Sororoca não foi repaginar receitas tradicionais, mas sim criar pratos que se adaptassem aos pescados disponíveis aqui na estação.”
E para além de receitas modernas e inovadoras, o que mais conta, de acordo com Rodrigues, é a base de conhecimento e referências sobre os ingredientes e os métodos de preparo. “Mesmo as receitas mais simples, como um peixe frito, exigem muita técnica e atenção. Fritar um peixe pode parecer básico, mas não é. É necessário escolher ingredientes de qualidade – como uma boa farinha e uma gordura adequada para fritura – e ter
domínio sobre técnicas, como controle de temperatura e tempo, que variam de acordo com o tamanho, textura e fibras do peixe.”
Já a criatividade vem para elevar o prato e torna-lo único e memorável, seja na criação de um prato sofisticado ou uma porção de bar. “A qualidade do prato – seja ele servido em um prato de papel ou em uma cerâmica refinada – depende do domínio técnico sobre o pescado e sua preparação. Não é o ambiente ou o suporte que determinam o sucesso do prato, mas sim o cuidado e o conhecimento envolvidos em sua criação”, diz.
Frescor todo os dias
Já está claro que a popularização do acesso ao pescado, com cada vez mais bares e botecos especializados, traz benefícios tanto para o setor gastronômico, quanto para o mercado pesqueiro. Mas, com essa demanda cada vez maior e praticamente diária – já que bares têm maior rotatividade do que restaurantes refinados –, vem também alguns desafios. “O maior é, sem dúvida, o transporte e o conhecimento sobre o ingrediente. Aqui em São Paulo, muitas vezes compramos de atravessadores, não diretamente dos pescadores ou das pessoas envolvidas na pesca”, conta Rodrigues.
No caso do Sororoca, o objetivo é adquirir pescados diretamente dos pescadores, o que permite conhecer o produto, entender sua origem e qualidade, garantir o máximo de frescor e também valorizar quem está na base da cadeia produtiva. “Embora já tenhamos conseguido estabelecer parcerias diretas com alguns pescadores, isso ainda é um trabalho complexo devido às questões
Aislan de Paula
Aislan de Paula
No Sororoca Bar, até os drinks levam um toque de mar, como é o caso do dry martini de gin com alga
Gyoza de camarão com tucupi é um dos petiscos que fazem sucesso no Sororoca Bar
Na cozinha
logísticas, de armazenamento e de beneficiamento do pescado.”
Outro grande desafio é confiar na procedência do pescado: saber exatamente de onde veio, quanto tempo está fora d’água e se todas as informações fornecidas pelo vendedor são verdadeiras. “Por isso, estamos muito envolvidos nesse processo. Nós mesmos realizamos as compras, supervisionamos tudo de perto e conhecemos bem cada pessoa que está diretamente envolvida na entrega dos pescados. Esse acompanhamento é essencial para garantir a qualidade e a integridade do que oferecemos”.
O chef Gustavo Rodrigues ainda ressalta que o Sororoca não trabalha com pescado de cultivo. “Nosso foco está nos pescado silvestres, tanto de rio quanto de mar. Por isso, evitamos incluir no cardápio espécies como tilápia, salmão ou outros peixes de cativeiro. Damos preferência aos peixes provenientes de pequenos pescadores, valorizando práticas mais artesanais, ao invés de adquirir produtos da indústria. Essa escolha reflete nosso compromisso com a qualidade e a valorização da pesca de menor escala”, conclui.
Pescado com drink, pescado com chopp
Se em São Paulo o pescado invadiram os bares acompanhados de coqueteis em copos chiques, no Rio de Janeiro, eles saíram da água já acompanhados de uma cerveja no copinho americano.
E um dos lugares onde essa mistura mais prosperou foi o bairro de Irajá – onde, por coincidência, nasceu o maior fã dos botecos desse Brasil, Zeca Pagodinho –, mais especificamente no Bar da Peixaria, campeão nacional em 2024 do “Comida di Buteco”, que todos os anos elege os melhores botecos e petiscos do País. A responsável por essa conquista chama-se Manuela Ornelas, conhecida como “Manu da Peixaria” pelos seus mais de 315 mil seguidores no Instagram.
A empreendedora abriu, em 2019,
a Peixaria Divina Providência, também em Irajá. Como gostava de cozinhar frutos do mar – apesar de não ser chef –, Manu passou a divulgar suas receitas nas redes sociais e logo seus clientes quiseram comprar os pratos prontos, ao invés de levar os ingredientes. Nasceu assim o Bar da Peixaria, em 2022.
é
Manu investe em
Mesmo com todo o sucesso –hoje em dia, além da peixaria e do bar, a empreendedora conta também com um sushi bar –, Manu acredita que ainda há muito a explorar no mercado de pescado. “A busca por uma alimentação saudável vem crescendo e os empresários, vendo esse oceano azul onde estamos, estão investindo em mais peixarias. Não apenas bares especializados, mas lojas com pescado como protagonista vem crescendo justamente por encontrar espaço”, opina Ornelas.
Segundo a empreendedora, a importância desse crescimento é justamente democratizar o acesso ao pescado, principalmente os sazonais, que são mais baratos e saborosos, e acabar com o estigma de que peixe é caro. “O maior acesso a esses itens valoriza e estimula o consumo do pescado de época. As pessoas ficam muito no robalo, cherne, salmão e tem que parar com isso. Tem que ir para uma tainha, uma sardinha, um xerelete, ou seja, peixe da época. Você vai pagar mais barato e vai comer tão bem quanto. E um mesmo peixe serve para inúmeras receitas”. E foi pensando exatamente assim que Manu montou o menu do bar.
A empresária buscou fazer receitas que ela gosta, utilizando os produtos mais acessíveis de sua peixaria e tornando o cardápio mais barato, já que o preço é um dos diferenciais do Bar da Peixaria. “A ideia foi utilizar produtos baratos justamente para tornar o pescado cada vez mais acessível”. Para ela, a criatividade de mesclar os ingredientes é fundamental, mas o que mais vale é o “simples e bem feito”. “A receita de mãe, receita de vó, sabe? Se você elabora muito, afasta o consumidor do pescado”, relata sorrindo.
A empresária conta que prioriza os peixes mais facilmente
Alexander Landau
Alexander Landau
receitas com “cara de mãe e de vó”, como é o caso da moqueca de peixe
No Bar da Peixaria, o pastel de camarão
um dos petiscos mais pedidos pelos frequentadores do local
Equilíbrio é tudo
O crescimento de bares especializados em peixes indica também uma resposta à demanda de consumidores que buscam pratos mais leves e frescos. Afinal de contas, já que o álcool é bastante calórico, parece útil trocar os petiscos gordurosos por ingredientes como polvo, camarão e peixes.
De acordo com a nutricionista Fernanda Heitzmann, pescado e frutos do mar podem ser opções
menos gordura saturada do que carnes vermelhas”, explica.
Outro destaque é que, para acompanhar aquela caipirinha ou cerveja, os peixes e frutos do mar também têm uma digestão mais fácil. “Os pratos à base de peixes, em geral, são mais leves do que outras fontes de proteína. Você vai digerir melhor uma tilápia do que um bife de carne vermelha ou um torresmo. Isso ajuda a evitar aquela sensação de peso, inchaço e desconforto
Peixe amazônico filhote feito na brasa e acompanhado de uma salada de feijão manteiguinha é uma ótima opção de refeição leve e saudável para acompanhar um drink
‘bom, já que tô consumindo álcool, que tem consequentemente mais
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Kato
encontrados para o bar. “Eu tenho que trabalhar com espécies que consigo comprar semanalmente, que são os itens que vendo na peixaria também”. Os peixes mais utilizados são corvina, sardinha, tilápia e, claro, um dos queridinhos nos bares: o camarão. Por sinal, o prato mais consumido do Bar da Peixaria é o pastel de camarão. “Acredito que por ser barato (R$ 9,99) e porque camarão é uma paixão nacional”, revela.
Já a gourmetização do pescado, para Manu, impediu o acesso da maioria da população a esses itens por muito tempo. “As pessoas acham que o pescado é caro e isso virou um rótulo horroroso. Não devemos gourmetizar, as pessoas gostam de coisas práticas e fáceis”.
Por fim, para ela, a maior dificuldade ao lidar com os peixes é a manipulação e fazer com que os colaboradores entendam que com o pescado, precisa-se respeitar a cadeia do frio o tempo inteiro. “Eles têm muita dificuldade de entender que, por exemplo, não se pode congelar, descongelar, congelar de novo. Deve-se manter um padrão porque o peixe é muito perecível”, finaliza.
“As pessoas acham que o pescado é caro e isso virou um rótulo horroroso. Não devemos gourmetizar, as pessoas gostam de coisas práticas e fáceis” - Manuela Ornelas
Alexander Landau
Manu da Peixaria, como é conhecida, explodiu nas redes sociais e em menos de 3 anos, expandiu sua peixaria para bar e sushi bar
Personagem Ninguémmelhor do que ele
Com foco, dedicação e talento, Allan Vitor Beckmann conquistou o título de melhor sushiman do Brasil em 2024. Agora, ele se prepara para representar o País no Campeonato Mundial de Sushi, que será realizado no Japão em 2025
Texto: Léo Martins
Se por um lado o sushi surgiu como uma forma de conservar o peixe cru no Sudeste Asiático no ano de 718, ninguém melhor para preservar essa iguaria na gastronomia mundial do que o sushiman. E no Brasil hoje, não existe ninguém melhor para fazer isso do que Allan Vitor Beckmann, eleito o melhor sushiman do País no Campeonato Brasileiro de Sushi.
Nascido e residente de Santa Maria (RS), Beckmann tem 27 anos e é filho de Claudiomir e Lóda. Mas, apesar de hoje ser sushiman, sua paixão na infância era outra. “Eu gostava de mexer terra e plantar coisas que eu vendia para os vizinhos. Achava que ia ser agrônomo”, relembra com humor.
No entanto, sua primeira experiência na gastronomia foi só aos 15 anos como garçom e barman em uma churrascaria da cidade. “Então, de 17 para 18 anos, depois de uma conversa dura que minha mãe teve comigo, comecei a largar vários currículos na cidade. E um desses locais era um sushi bar que não pedia experiência, mas dava treinamento. Assim comecei como auxiliar de suhiman”, diz. Como sempre gostou de fazer as coisas bem-feitas, Beckmann logo pegou paixão pela profissão e aprendeu a fazer pratos como o nigiri de barriga de salmão com vieira e azeite trufado italiano, sua grande especialidade junto com o suzukuri, que é o corte fino do sashimi.
Com quase 10 anos de profissão e casado com Maria Eduarda, atualmente ele divide sua atuação como chef executivo dos restaurantes Sushi Bar Morita e Terrazzo Restobar, chef consultor em restaurantes e personal-chef em eventos.
“Além disso, também desenvolvo receitas, dou treinamento para equipes e aulas em cursos de sushi. Amo ensinar!”
E foi em um desses cursos que pintou a ideia para Beckmann se inscrever no Campeonato Brasileiro de Sushi.
“Fui fazer um curso em Porto Alegre e o chef Jonas Rosso, que era um dos professores, me incentivou a fazer a inscrição e mandar um prato meu. Fui selecionado, comecei a me preparar e treinar.”
Beckmann foi vencedor do Campeonato Brasileiro de Sushi em 2024
Durante os três dias da competição realizada na Seafood Show Latin America 2024, Beckmann lembra que o nervosismo e a pressão foram as maiores dificuldades. “Em muitas partes da prova, tremia bastante, aumentando o medo de me cortar, mas mantive o foco”, enaltece. Entretanto, apesar dos obstáculos, ele se sagrou campeão gabaritando as três modalidades da competição: edomae, livre e geral. “Por tudo que eu já passei na vida e pelo tanto que eu treinei, chegar onde cheguei é incrível. Ainda me arrepio falando sobre isso. Sou muito grato a Deus”, recorda emocionado.
Inclusive, a categoria mais cobiçada entre os competidores era a geral. Afinal, o vencedor ganharia uma passagem para disputar em agosto de 2025, o Campeonato Mundial de Sushi em Tóquio, no Japão. “Essa oportunidade vai abrir muitas portas para minha carreira. Já comecei a treinar para ir mais bem preparado, disciplinado e focado, com o objetivo de trazer esse prêmio para o Brasil.”
Mas se esse é o topo da carreira de Beckmann, o que ele ainda sonha conquistar? “Uma das dádivas da vida é repassar nosso conhecimento para frente. Então, independente do resultado no Campeonato Mundial, quero continuar ensinando, incentivando e botando as pessoas no caminho para que elas se desenvolvam e cheguem aonde desejam chegar”, finaliza. E não existe ninguém melhor do que o melhor sushiman do Brasil para mostrar que isso é possível. Ou você conhece alguém melhor?
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RESULTADOS DA EDIÇÃO 2024
CONTEÚDO E TENDÊNCIAS DE MERCADO
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