Seafood Brasil #51

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MKT & INVESTIMENTOS

Um giro pelos principais eventos do setor que fecharam 2023

10 anos

#51 - Out/Dez 2023 ISSN 2319-0450

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O futuro aponta para o Nordeste Produção de pescado cresce dentro e fora dos pólos tradicionais da Região

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As tecnologias, serviços e tendências inovadoras no beneficiamento

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SUPLEMENTO


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Esperamos por você no próximo ano. Enquanto isso, você pode nos encontrar em nosso escritório comercial em São Paulo ou em: vendas.brasil@cermaq.com


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abipesca.com.br

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Editorial

Relatos propositivos

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sta edição da Seafood Brasil celebra uma nova era na indústria nordestina do pescado, destacando a transformação dos pólos de produção para além dos limites tradicionais. Nossa reportagem de Capa (pág. 48), feita pela repórter Fabi Fonseca, mergulha fundo nessa expansão, explorando os cenários inovadores que têm impulsionado o crescimento da produção de pescado na região. É um testemunho poderoso da resiliência e adaptação desse setor crucial para a economia local. Outro ponto-chave para o segmento é o tema da sanidade. Na seção Cinco Perguntas (pág. 06), tivemos o privilégio de entrevistar Allan Alvarenga, o recémnomeado secretário-adjunto da Defesa Agropecuária. Sua expertise singular em pescado oferece insights valiosos sobre os caminhos para retomarmos as exportações para a União Europeia e superarmos as

discussões sobre as questões de qualidade e inocuidade dos produtos importados e seus impactos comerciais. Aqui nesta edição #51 você acompanhará a cobertura abrangente dos eventos de destaque no período, como o IFC, ExpoPesca, Fenacam e Bacalhau da Noruega na seção MKT & Investimentos (pág. 30). Já a Seafood Show Latin America, a segunda edição física da feira mais importante para a comercialização de pescado abaixo da linha do Equador, ganha uma ampla cobertura no Especial (pág. 66). Completa a pauta o nosso tradicional Suplemento de Tecnologia de Processamento (pág. 74), que traz os principais avanços das empresas e pitadas de pesquisa científica para nortear os investimentos na área. Boa leitura e excelentes festas (repletas de pescado)!

Ricardo Torres - Editor-chefe

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Índice

06 5 Perguntas

10 Na Água

14 MKT & Investimentos 42 Caiu na Rede

46 Na Planta

48 Capa

62 Na Gôndola

66 Especial

74 Suplemento

82 Personagem

Expediente Redação

redacao@seafoodbrasil.com.br Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres Editor-chefe: Ricardo Torres Editor-executivo: Léo Martins Repórter: Fabi Fonseca Diagramação: Thalita Cibelle Medeiros Marketing e Tráfego: Letícia Baptiston Crédito da foto de capa: Seafood Brasil

Comercial

comercial@seafoodbrasil.com.br Tiago Oliveira Bueno

Impressão

Máxi Gráfica A Seafood Brasil é uma publicação da

Seafood Brasil Editora Ltda. ME CNPJ 18.554.556/0001-95

Sede – Brasil

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Rua Guairá, 72 São Paulo - SP - CEP 04142-030 falecom@seafoodbrasil.com.br

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Escritório comercial na Argentina

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PRODUTOS DE ALTA QUALIDADE QUE CONQUISTAM O CONSUMIDOR FINAL. UM DOS LÍDERES EM VENDAS DE KANIIKAMA E KANI PATINHA DE CARANGUEJO*


5 Perguntas Allan Rogério de Alvarenga, secretário-adjunto de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa)

Entrevista

Compromisso com a sanidade Os desafios da SDA/Mapa na retomada das exportações à União Europeia, nas importações de produtos-chave para a consumo nacional e na inserção de pequenos aquicultores e pescadores

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Divulgação

Texto: Ricardo Torres


“Não podemos associar diretamente o aspecto comercial com a segurança dos alimentos”

Estamos na fase de responder às indagações da UE sobre o controle de resíduos, contaminantes e antibióticos. Essas exigências vão ser mantidas até 2025, conforme o Regulamento 2023/905, com previsão de entrar em vigor em março de 2025. Em relação às importações, sabemos que a indústria com SIF não concorda com a importação do salmão, por estabelecimentos sem SIF de indústria. Do ponto de vista sanitário, existe risco na importação destes produtos por outros estabelecimentos que não as indústrias com SIF? No Ministério da Agricultura, trabalhamos com avaliação de risco por meio da análise dos perigos e de cada impacto que esses perigos têm, o que determina a possibilidade de alguém importar um produto. Desde que o ministério alterou as regras e passou a fiscalizar na fronteira, todos esses estudos de risco associado foram avaliados. O Ministério já concluiu que não há necessidade de encaminhar isso para o Sistema de Inspeção Federal (SIF), porque não há risco associado à população.

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Há um debate sobre esse comércio, pois cria desigualdades entre quem importa. Quem

possui uma indústria gera mais empregos, paga mais impostos e tem uma série de compromissos que aumentam os custos na operação. Parece ser um pedido justo, mas é mais uma solicitação que envolve outros ministérios, não o Ministério da Agricultura. Precisamente, a responsabilidade pela parte comercial não cabe ao Ministério da Agricultura. Contudo, isso não significa que o produto não seja seguro. Não podemos associar diretamente o aspecto comercial com a segurança, já que o Chile garante que seu produto é seguro, e a fiscalização do comércio não é competência do Ministério. Solicitamos que, se possuem alguma informação sobre desvios, façam uma denúncia ao ministério para que sejam tomadas medidas contra esse ilícito. Posso assegurar que o produto que chega ao Brasil é seguro para consumo. Outro tema central são os problemas sanitários que vêm colocando indústrias em RAI. A SDA vê possibilidade de atender aos pleitos dos importadores sobre sódio e parasitas da merluza argentina, por exemplo? O RTIQ do peixe congelado foi submetido a uma consulta pública e estamos agora na fase de análise das contribuições recebidas. Recebemos uma variedade de contribuições, não apenas de universidades, mas também de empresas e associações. Essas contribuições estão em processo de avaliação e, posteriormente, será realizada uma audiência pública para discutir o RTIQ de peixe congelado.

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Desde 2017, o Brasil não exporta pescado à União Europeia. Você está participando dos esforços para esta reabertura? Do ponto de vista sanitário, o Brasil está preparado para pleitear esta reabertura? Saímos da UE por questões relacionadas às embarcações e estamos empenhados em fornecer as garantias exigidas para retomar as exportações. O Dipoa está elaborando um material consolidado para essa retomada. Temos uma série de regras a cumprir, desde o uso das águas marinhas, material das embarcações, até o gelo em contato com o pescado. São condicionantes que, se não forem atendidas, impossibilitarão nossas exportações. Será difícil obter um grande número de embarcações habilitadas para a UE, mas é um custo inerente para quem deseja exportar para lá, sendo necessário adequar-se à legislação.

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Estamos dedicando esforços totais para reabrir esse mercado. Acreditamos que nosso pescado é seguro, oferecemos garantias a respeito, mas a UE é extremamente rigorosa quanto à rastreabilidade e eles têm aumentado suas exigências, especialmente em relação a resíduos e contaminantes na aquicultura. Já temos um controle por meio do Programa Nacional de Controle de Resíduos (PMCRC), mas a UE possui uma visão diferente sobre garantias de antibióticos, alguns proibidos em qualquer situação e outros permitidos em circunstâncias específicas.

Em relação à merluza da Argentina, estamos em contato com o país e fizemos ajustes na fiscalização, não para reduzir a segurança do produto, mas para adequar o nível de inspeção. No que diz respeito ao sódio, é um tema que o RTIQ está reavaliando em vários

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Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SDA/Mapa) tem, desde novembro, um especialista em pescado como secretário-adjunto. Allan Rogério de Alvarenga tem uma extensa trajetória no Ministério, com experiência desde 2007 em diferentes áreas ligadas ao pescado. Nomeado para o cargo em novembro de 2023, Alvarenga tem larga experiência como fiscal federal agropecuário, no Vigiagro e na inspeção de pescado, além da atuação como professor no Instituto Qualittas. Ele reconhece a importância do diálogo com a indústria, incluindo questões sensíveis como as exportações para a União Europeia (UE) e os desafios das importações de salmão e merluza - buscando soluções para questões como os limites de sódio, pH e parasitas na merluza argentina, por meio da nova versão do Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Peixe Congelado (RTIQ).


Divulgação

“Será difícil obter um grande número de embarcações habilitadas para a UE, mas é um custo inerente para quem deseja exportar para lá, sendo necessário adequar-se à legislação” aspectos. Em relação aos parasitas, há uma disparidade global na fiscalização. Estamos buscando aprimorar nossos métodos de fiscalização e avaliação de parasitas, estudando e buscando uma visão mais ampla, buscando alinhar nossas práticas com as normas internacionais e com as legislações de outros países.

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Como vocês acompanharam a situação em torno da importação de tilápia do Vietnã? A importação de pescado é regulada pelo Ministério da Agricultura, através da SDA. Existe uma discussão sobre a importação da tilápia, porém, até o momento, não houve solicitações formais nesse sentido. O setor teme que essa importação reduza os custos do produto, impactando a produção nacional que ainda está em fase inicial e, em algumas situações, é instável. Isso poderia prejudicar a competitividade dos produtores nacionais. A autorização para importação é concedida somente se não houver risco sanitário, e a SDA é extremamente rigorosa nesse aspecto. Se houver informações sobre doenças que não existem no Brasil, é

Para Allan Rogério de Alvarenga, o controle sanitário não deve ser visto como uma barreira, mas sim um aliado indispensável para oferecer um produto seguro e uma propaganda positiva para o setor

fundamental que o setor as apresente ao Ministério, pois isso subsidiaria a SDA na análise das solicitações. Nenhuma importação é autorizada se representar risco de introdução de doenças ou pragas no território nacional. A decisão sobre importação, especialmente no caso da tilápia, envolve diversas considerações que buscam proteger a indústria nacional e seu potencial de crescimento, sem comprometer a capacidade de produção e geração de empregos.

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Como você enxerga a relação entre o controle sanitário e a inclusão de pequenos produtores de pescado no mercado formal? Eu vejo o controle sanitário não como uma barreira, mas como um aliado para o comércio de pescado. Oferecer um produto seguro é uma propaganda positiva. No passado, houve problemas de falta de cuidado na produção de pescado, causando impacto na população consumidora. A fiscalização sanitária

é indispensável nesse processo. Afinal, a pesca é uma atividade de caça e precisamos encontrar maneiras de garantir a segurança e a inspeção desses produtos em regiões específicas. Por isso, a educação sanitária é fundamental. Temos um projeto na SDA de educar sobre a importância da inspeção sanitária, melhorando a qualidade dos produtos da pesca, como no caso das marisqueiras que estão por todo o litoral. A fiscalização é essencial para a proteção do setor, mas precisa se adaptar ao porte e equipamento. A inclusão desses pequenos produtores no mercado formal é crucial, proporcionando acesso à crédito e a meios que não têm na informalidade. Sendo assim, a fiscalização tem o papel de divulgar a segurança do produto e precisamos adaptá-la ao porte dos estabelecimentos, orientando esses pequenos produtores para que possam atuar de maneira mais segura e inclusiva.


Navegar é preciso Nosso compromisso de manter aceso o farol-guia permanece. E, em conjunto, aproveitar as oportunidades de mercado que vislumbramos para o setor de pescados em 2024.

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Oceani. Sua marca de pescados

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Aproveitamos para desejar um Feliz Natal aos nossos tradicionais fornecedores ao redor do mundo, aos nossos milhares de clientes no Brasil e a toda a nossa equipe.


Na

Água Tecnologia para pesca e criação Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Novidade no IFC Paraná

A Sanvet apresentou ao mercado durante o IFC 2023 um novo aliado no combate aos desafios sanitários na aquicultura. Trata-se do Celtz GH Aqua 128, um aditivo nutricional, com combinação sinérgica e exclusiva. Segundo a empresa, a solução possui nove tipos de 1-monoglicerídeos provenientes de ácidos graxos de cadeia média e curta, desenvolvidos nutricionalmente para auxiliar os produtores nas dificuldades sanitárias diárias. Estável, o Celtz GH Aqua 128 ainda promete proporcionar uma ação entérica e sistêmica.

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Para cumprir as exigências de uma rockstar

Desenvolvido para apoiar os aquicultores na fase reprodutiva, a Poli-Tilápia Reprodução é a novidade da Polinutri que promete elevar a reprodução das tilápias a um novo patamar. De acordo com a empresa, a solução é uma nutrição especializada para aqueles que buscam alcançar o sucesso na preparação para a

estação reprodutiva, passando pela reprodução, coleta de ovos, incubação e terminando na transferência. Outra novidade da empresa é a Super-Trato Vacinação, solução que contém aditivos específicos para atender às necessidades imunológicas das tilápias e preparam os animais para atravessarem o manejo vacinal.

Desempenho a mil por hora

Durante o IFC 2023, os visitantes puderam conhecer o PAQProtex, definido por sua desenvolvedora Phibro Saúde Animal como o primeiro melhorador de desempenho natural para peixes e camarões do País. A solução é um fitogênico com fitoativos padronizados e de alta biodisponibilidade que asseguram saúde integral para o plantel com melhora dos resultados de produção, redução do uso de antibióticos, bem-estar animal e sustentabilidade. Ainda segundo a empresa, o produto ainda melhora a saúde e integridade intestinal, atua na modulação das respostas pró e anti-inflamatórias e auxilia no controle de patógenos.

Ninguém segura esses bebês

A Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos lançou oficialmente o seu módulo de incubação de ovos de peixes de água doce, sistema que atua em uma grande quantidade de organismos com padrões de sanidade e qualidade de água. Com sistema de filtragem completo, a solução realiza desinfecção UV-C de alta dosagem, possui protein skimmer auto limpante e controle de aquecimento e resfriamento. Por fim, o módulo utiliza uma central de controle de processos e de qualidade de água eletrônica totalmente integrada à internet, tudo para controlar o pH, oxigênio e demais processos através do celular.

Chegada de novos ares

Já a AquaGermany apresentou no IFC sua nova linha de aeradores chafariz. Equipados com motores Weg, os equipamentos possuem capacidade de oxigenação de até 1.500 kg de biomassa e possuem superfícies lisas com efeito autolimpante, além de hélice confeccionada em nylon e fibra de vidro. Com flutuadores e capa de proteção moldados em polietileno virgem com fator de proteção UV16, resistente ao ressecamento solar, os equipamentos estão disponíveis em diferentes potências, o que oferece versatilidade de aplicação em várias atividades.

Do pó ao crescimento

A farinha de camarão e a farinha de atum foram as novidades da Patense durante o IFC. Utilizadas como ingredientes na fabricação de rações balanceadas de animais não ruminantes, as soluções podem ser incluídas em dietas de peixes e rações. Ricas em gordura benéfica e fontes de ômegas, as farinhas são produtos 100% nacionais, são oriundos de resíduos coletados de restaurantes e parceiros da Patense e estão disponíveis em sacos ráfia de 25 kg, big bag ráfia 800 kg a 1500 Kg e granel.

Sorria: vocês estão sendo filmados

Com intenção de investir cada vez mais no mercado de aquicultura, a norueguesa Imenco Aqua lançou o Imenco Welfare, sua mais recente linha de produtos com câmeras de saúde voltada para os peixes. Definido pela empresa como medidores de biomassa, os equipamentos contam com um software da empresa Createview especializado na contagem de piolhos e trazer uma estimativa de biomassa de cada animal, tudo para que o produtor possua um controle total sobre o bemestar dos peixes.


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Marketing Divulgação/IFC

& Investimentos

O IFC original

5ª edição do evento reuniu 3.100 visitantes físicos e virtuais, além de 150 expositores

Versão Paraná do IFC Brasil fecha com 3.100 participantes online e presenciais, com rodada da Apex-Brasil gerando mais de R$ 80 milhões em negócios

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Texto: Fabi Fonseca | Ricardo Torres

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om a expansão do International Fish Congress & Fish Expo Brasil (IFC) para outros pólos produtivos, como Itajaí (SC) - na versão ExpoMar - e Belém (PA), o evento, realizado entre 19 e 21 de setembro de 2023, deixou de ser o único do portfólio criado pelo ex-ministro Altemir Gregolin e pela diretora-executiva Eliana Panty.

Embora alguns expositores tenham notado um público ligeiramente menor que no ano anterior em Foz do Iguaçu (PR), a organização desta 5ª edição do evento garante números superlativos: participação de 3.100 congressistas presenciais e online, 150 empresas expositoras e patrocinadoras, 52 conferencistas de 12 nações e 130 projetos científicos inscritos.

O ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, e o governador do Paraná, Ratinho Jr., foram duas das autoridades presentes na cerimônia de abertura. Eles enfatizaram a importância estratégica da aquicultura para a segurança alimentar global e como indutora do crescimento regional. Já o consultor Osler Desouzart, CEO da OD Consulting fez a palestra de


Entretanto, no segmento pesqueiro, o Brasil ainda representa apenas 0,77% da produção mundial, com suas exportações correspondendo a 0,15% do total global. A conquista da posição global nas demais proteínas se deu por estratégias assertivas, que devem ser observadas pelas empresas aquícolas. Desouzart citou entre elas: a criação de associações profissionalmente geridas; construção de estratégias de longo prazo; enfrentamento estruturado de adversidades, internas e externas; atendimento às demandas do mercado e superação dos concorrentes; e aproveitamento de oportunidades sem que elas sejam desperdiçadas. “A abertura de novos mercados demanda mais do que esforços individuais. Requer um plano estratégico coeso, baseado na resiliência e na cooperação. Um exemplo disso é a recente busca dos EUA por novas fontes de tilápia, impulsionada pela guerra comercial com a China. Embora o Brasil tenha crescido nesse contexto, Colômbia e Honduras ainda lideram o mercado localmente”, provocou. O pesquisador da

Embrapa Pesca e Aquicultura, Manoel Pedroza, apresentou um levantamento estatístico que mostra como as indústrias de tilápia preferem aproveitar oportunidades no mercado nacional. “A exportação em cinco anos cresceu 80% na piscicultura e 73% na pesca, mas a piscicultura caiu em 2022, cerca de -26%, tudo em função da demanda de tilápia no mercado interno.” Para colaborar com a superação desta tímida presença internacional do pescado brasileiro, a feira contornou seu foco majoritário nos insumos para produção aquícola e se tornou uma plataforma para rodadas de negócios organizadas pela ApexBrasil. A projeção fechada no pós-feira foi a de que os negócios realizados ultrapassaram os R$ 80 milhões, conectando compradores de países como China, Estados Unidos, Uruguai e Emirados Árabes Unidos a 14 empresas de todas as regiões do Brasil. As vendas externas já são uma realidade frequente na C.Vale, que também expôs na feira. O analista comercial da cooperativa Gustavo Fernandes frisou que em torno de 20% da produção é exportada. “A gente trabalha com os mercados dos Estados Unidos, Taiwan, China, Japão, Hong Kong”, detalhou. “O principal foco nosso hoje, assim como o destino, são os Estados Unidos, ao qual enviamos atualmente 85% das nossas exportações. Dentro do portfólio, nós fazemos filé fresco, com embarques diários, que vão para Miami e Los Angeles, mas também fazemos a

tilápia inteira eviscerada congelada via contêineres em navios, além de produtos como o filé IQF.”

Internacionalização dos peixes amazônicos O tema ganhou força no setor no começo do ano após a costelinha de tambaqui de Rondônia ser premiada como melhor produto para food service na Seafood North America, realizada em Boston. A Netuno USA, que comprou e levou os produtos a clientes norte-americanos, enviou ao IFC seu gerente de Sustentabilidade e Compliance, André Macedo Brugger. Ele comentou que ainda estão tentando entrar no grande mercado norte-americano de petiscos e aperitivos - consumidos principalmente nos eventos esportivos. “O americano adora assistir basquete e futebol americano normalmente tomando uma cerveja e algum tira-gosto. E aí a gente pensou: ‘vamos entrar com uma costelinha de tambaqui’”. Brugger revelou que, por enquanto, o produto ainda entra como um complemento de outras vendas. “Os nossos compradores levam outras coisas. A pessoa já tem o frango e entra com o peixe. Lá também temos peixes diferentes, além de vendermos polvo, lagosta e garoupa. É aí que estamos entrando com um: ‘olha, você quer experimentar essa costelinha de tambaqui?’”, explicou Brugger. Ele completou: “Realmente, até agora, não tivemos vendas muito grandes e por isso que coloco: temos trabalho pela frente.”

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Num panorama onde 208 países contribuem para a produção de proteínas animais, apenas 15 detêm mais de 70% dessa produção. “As exportações são controladas por poucos países, sendo o Brasil um protagonista nesse contexto, representando 27,7% das exportações globais de frango e, juntamente com os EUA, respondendo por 40% da produção mundial”, disse.

Osler Desouzart: “O Brasil tem participação tímida nas exportações globais, mas pode crescer ainda mais se seguir caminho das demais proteínas”

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Segundo ele, o cenário internacional da indústria de proteínas animais se remodela, com empresas adotando uma abordagem “glocalizada”. Neste contexto, de acordo com o especialista, a presença global é forjada pela soma das operações locais, um modelo evidenciado pelas gigantes brasileiras JBS e BRF - ambas lideram o segmento de proteínas animais, figurando entre os 15 países que dominam 80% da produção mundial nesse setor.

Divulgação/IFC

abertura no dia seguinte e optou por provocações propositivas ao segmento, comparando a trajetória da expansão aquícola com a de outras proteínas animais que ele conhece bem.


Marketing & Investimentos Manual de boas práticas para controle de Salmonella

Juliana Galvão, professora e pesquisadora no Departamento de Agroindústria da USP/ESALQ, contou que a partir de 2012, surgiram diversos casos de salmonelose ocasionados pela bactéria salmonella em peixes nativos. “Encontrouse que a contaminação estava na água de cultivo desse peixe, nas fezes de peixes e nas fezes de capivaras, que é um roedor que tem acesso aos tanques escavados”.

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O Painel sobre Sanidade, coordenado pela Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), foi uma das atrações do evento com o lançamento do Manual de Boas Práticas para o controle da bactéria Salmonella spp em tambaqui e também em peixes redondos.

Prejuízos econômicos anuais da doença giram em torno de R$ 8 bilhões em termos globais, aponta a professora Juliana Galvão, que lançou livro de boas práticas com a PeixeBR

Então, um projeto de pesquisa passou a ser desenvolvido para rastrear as formas de contaminação e também propor ações de controle e minimização dos problemas através das boas práticas de manejo e fabricação. Ao apresentar a publicação, a pesquisadora destacou que o manual também está disponível através de QR Code para todo o Brasil. “É só acessar o portal da PeixeBR que as pessoas vão ter acesso a todos os pontos críticos de controle da salmonella, da água ao prato, dentro da cadeia produtiva de peixes”, completou Galvão. “É um trabalho inédito e extremamente importante para os sonhos que nós temos de introduzir o nosso pescado, principalmente os nativos, no mercado internacional’, disse o presidente da PeixeBR, Francisco Medeiros.

Melhorias no controle sanitário

Embora o mercado de vacinas tenha crescido consideravelmente, com uma estimativa de 260 milhões de alevinos vacinados anualmente, Figueiredo ressaltou que, apesar do processo de vacinação, a taxa de

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Melhorias no controle sanitário A presença das Mulheres da Aquicultura já se tornou uma parte importante dos eventos pelo setor Brasil afora. No IFC deste ano, o grupo mais uma vez esteve presente para mostrar a força da mulher e discutir o fortalecimento da organização, direitos e participação na atividade e na sociedade. Durante o evento, também foi decidido que o grupo, agora, passará a ser uma associação nacional.

Professor Henrique Figueiredo disse que Brasil melhorou muito a cobertura vacinal, mas taxa de mortalidade ainda é de 40%

mortalidade ainda é alta, atingindo cerca de 40% na fase de recria e engorda. Isso aponta oportunidades para melhorias no controle sanitário da produção de tilápias e destaca a necessidade contínua de inovação e aprimoramento no setor.

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Durante esse período, as vacinas provocaram uma mudança significativa, reduzindo o uso excessivo de antimicrobianos na aquicultura. Figueiredo destacou também a expansão das variantes genéticas de Streptococcus agalactiae 1B e a descrença inicial na eficácia das vacinas para tilápias.

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Henrique Figueiredo, pesquisador e professor da UFMG, apresentou uma análise dos últimos dez anos de vacinação na tilapicultura do Brasil. Em 2012, o País iniciou a vacinação em larga escala, coincidindo com o primeiro licenciamento de vacina pela MSD, quando a produção de tilápias ultrapassava 183 mil toneladas.

Grupo de mulheres da aquicultura pretende reconhecer e valorizar a presença feminina nas atividades do setor


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Marketing & Investimentos

Organização contabilizou 150 expositores das diferentes áreas de insumos, serviços e máquinas para produção aquícola e processamento

Os expositores da Fish Expo, a área comercial do IFC, procuraram levar tecnologias mais avançadas em equipamentos com uso de inteligência artificial e conectividade para oferecer rastreabilidade e eficiência. Mas o desenvolvimento tecnológico apresentado também passa pela formulação de soluções de sanidade, aditivos e rações de alta digestibilidade com baixo impacto ambiental, com o objetivo final de melhorar o rendimento de filé no abate enquanto se asseguram os aspectos sanitários dos animais.

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A equipe da Seafood Brasil fez uma rota por algumas das tecnologias apresentadas conforme as áreas de atuação e também aproveitou para colher o depoimento de expositores sobre o momento atual do segmento. Veja a seguir:

Nutrição O gerente da Unidade de Negócios Aquacultura da Polinutri, Rodrigo Alencar, colocou o lançamento Poli-Tilápia Reprodução como uma ração inovadora. “Isso ocorre porque é uma nutrição especializada para aqueles que buscam alcançar o sucesso na estação reprodutiva”, enfatizou ele, ressaltando que o benefício é visto antecipadamente:

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A rota das tecnologias

“Começa na preparação, reprodução, coleta de ovos, incubação e termina na transferência.” Outro destaque foi a Super-Trato Vacinação, que contém aditivos específicos para atender às necessidades imunológicas das tilápias, preparando os animais para atravessarem o manejo vacinal. “Com esta ferramenta nutricional desenvolvida pela nossa equipe de P&D, o produtor terá a oportunidade de preparar o animal previamente à vacinação, além de acelerar o retorno do desempenho após esse manejo, um momento crítico que afeta significativamente as fases futuras”, disse o gerente. A Patense aproveitou o IFC para apresentar a farinha de salmão e o óleo de salmão produzidos no último ano, a partir de resíduos coletados de restaurantes e parceiros da Patense. Produtos 100% nacionais, são uma opção à farinha de salmão e ao óleo de salmão importados que abastecem o mercado brasileiro. “Nós somos opção, uma vez que não necessita de importação, trânsito de tempo e o cliente consegue trabalhar com um estoque e entrega no dia que pedir o produto”, completou diretor comercial, Dário França. A farinha de camarão e a farinha de atum são utilizadas como ingredientes na fabricação de rações balanceadas de animais não ruminantes e incluída em


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Sanidade A MSD Saúde Animal levou seu portfólio de imunizantes contra as principais enfermidades que desafiam a produção de peixes - além disso, André Blanch, gerente nacional de Aquacultura, foi um dos palestrantes do evento com o tema “A revolução das vacinas”. Entre as soluções apresentadas estava a AQUAVAC® Irido V, primeira vacina brasileira para prevenção e controle de Iridovírus, que permite a redução da mortalidade dos peixes por infecções causadas pelo vírus e outros patógenos oportunistas. Outro destaque foi o Omnicide® Aqua, primeiro desinfetante com informações específicas de dosagens e protocolos para programas de biosseguridade em aquicultura. Já a Sanvet, cuja atuação já é tradicional no mercado de aves e suínos, voltou-se à piscicultura. Na feira, a empresa apresentou o Celtz GH Aqua 128, um aditivo nutricional projetado para enfrentar desafios sanitários na aquicultura. Rodrigo Bernardi, diretor de negócios, destacou a expansão do portfólio da Sanvet para o setor. “A gente já é conhecido

no mercado pela parte de vacinas autógenas, mas estamos trazendo agora mais produtos e serviços para deixar o portfólio de aquacultura mais robusto, assim como é o portfólio de aves e suínos”, disse Bernardi. A Phibro Saúde Animal apresentou seu PAQ-Protex, o primeiro melhorador de desempenho natural para peixes e camarões do País. “Trata-se de um produto fitogênico com fitoativos padronizados e de alta biodisponibilidade que asseguram saúde integral para o plantel com melhora dos resultados de produção, redução do uso de antibióticos, bem-estar animal e sustentabilidade”, explicou a zootecnista Bruna Bruna Martins, gerente de produtos e serviços técnicos da Phibro na América do Sul e responsável pela linha de especialidades nutricionais. De acordo com Martins, a solução proporciona nutrição funcional para desempenho aprimorado na aquacultura. “PAQ-Protex melhora a saúde e integridade intestinal, possui ação antioxidante que contribui para redução do impacto do estresse oxidativo, atua na modulação das respostas pró e anti-inflamatórias, auxilia no controle de patógenos, além de contribuir com a qualidade da água por reduzir os níveis de nitrogênio, amônia e nitrito nos viveiros.” A Elanco, que possui atuação no mercado de aquicultura em diversos países que cultivam salmão, está expandindo o portfólio no Brasil. Com isso, Cristiano Anjo, diretor de marketing, destacou que foi o primeiro ano de participação da empresa no IFC como expositores, para mostrar ao mercado o portfólio atual que é composto por dois produtos: Pond Plus para o mercado de tilápia e camarão e Pond DTOX para o mercado de camarão. “Ambos os produtos são biorremediadores que possibilitam a melhoria do ambiente de tanques escavados através da degradação da matéria orgânica e eliminação do gás sulfídrico, proporcionando

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O diretor da Raguife, Felipe Amaral, apontou estabilidade de preços na matéria-prima para a fabricação de rações, o que favorece a introdução da nova linha de micro-extrusadas MM. “Nós lançamos há dois anos a ProStart na linha 1 mm, que hoje é um sucesso de vendas. É uma ração de extrema qualidade, com vários aditivos, que faz o peixinho crescer melhor.” A MM é uma evolução dela, com milimetragens ainda menores. “Queríamos fazer um produto específico para essa fase, praticamente logo após a eclosão dos ovos, para que o peixinho cresça melhor no começo e continue assim até no final.”

Patense ofereceu alternativa às farinhas de peixe importadas

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dietas de aves, suínos, peixes e rações pet. “Além disso, são ricas em gordura benéfica e fontes de Ômegas”, contou o diretor.


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Marketing & Investimentos

Altamar lançou módulo de incubação de ovos de peixes de água doce

melhora no bem-estar e na produtividade.” A feira também serviu para o início da divulgação do Coforta A, um produto que entrará em linha em 2024 e procurar melhorar o metabolismo de peixes e camarões.

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A Zoetis esteve no evento para reforçar sua marca na vacinação de tilápias, bem como a automação para a vacinação desta espécie. “Nós temos uma máquina que acredito ser a mais moderna do mundo. Foi desenvolvida para salmão, mas o Brasil é o primeiro País onde a gente trouxe essa tecnologia para ser utilizada na vacinação de tilápias também. Hoje, os maiores produtores de tilápia do Brasil ou produtores juvenis de tilápia vacinados já utilizam essa tecnologia”, falou Danielle Damasceno, gerente técnica e comercial da Zoetis. “Os produtores têm uma visão hoje a longo prazo muito mais otimista do que a gente via há pouco tempo”, disse. Outro executivo com uma visão otimista sobre o setor foi João Moutinho, gerente da empresa para a América Latina, que inicia um novo desafio: expansão das vacinas para a Costa Rica, Honduras, México e Colômbia, “justamente pelos desafios sanitários que aquela região também está passando agora, com as novas enfermidades”, explicou Moutinho. Ele estava acompanhado de Luiz Otávio Del Guerra, que se juntou à empresa recentemente como representante de vendas. “Estou focado nos clientes brasileiros com a implantação do protocolo de imersão e injetáveis para as tilápias com as vacinas autógenas. Já temos clientes em todo o Brasil com resultados positivos e seguiremos em frente.”

Equipamentos A busca por automação e mecanização de processos continua, conforme Marcelo Serpa, gerente de negócios da Brusinox. “Nós temos visto que a escassez de mão de obra e funções laborais mais pesadas estimulam este processo”, contou, completando que as perspectivas para o próximo ano são boas. “A tilápia em si é um peixe que caiu no gosto do povo, o que tem trazido cada vez mais crescimento. Logo, muita gente vem procurando ou abrir empresa ou aumentar a produção, o que nos deixa animados.” Dentro desta tendência, a MQ Pack apresentou a quarta geração da balança de pesagem e distribuição para filés de tilápia. “O equipamento vem com 20 cabeçotes, o que dá em torno de 60 mil combinações matemáticas, uma máquina que vai dar mais precisão e mais performance de produção”, explicou o diretor, Marcos Queiroz. E sempre com a característica de tecnologia aberta. “O nosso site tem uma área de assistência técnica com todos os vídeos de como o cliente faz a manutenção do equipamento.” A Marel apresentou o que considera a peça que faltava para a solução completa de processamento de tilápia. A novidade foi a skinner com esteira. “Era uma etapa do projeto que ainda estava faltando para nós termos uma solução completa em linha. É uma melhora importantíssima no projeto, porque diminui o retrabalho e o reprocesso”, sublinhou o gerente de contas, Paulo Guth. Já a Dosetech também se animou e deu sequência à estreia na feira, em 2022. “No ano passado, lançamos o nosso cabeçote múltiplo horizontal, um equipamento que faz o fracionamento para o processo final de embalagem”, lembrou o gerente comercial, Telmo Dick. Neste ano, a empresa trouxe a segunda versão do equipamento na sua segunda versão, que é composto de 10, 14 e 16 balanças. “Abaixo de cada esteira, há uma célula de carga. Então, alimentamos o pescado, seja em postas, inteiro ou mesmo filé”. A máquina faz a combinação entre as peças que, somadas, atingem o peso programado, além de rodar em média a 25 ciclos por minuto. “E como ela possui peças descartáveis, pode ser higienizado com jatos de água corrente sem o uso de ferramentas. Por fim, o sistema de esteiras pode ser desmontado facilmente e rapidamente”, acrescentou. Mas não é só no processamento que as máquinas ganham cada vez mais lugar. Para Marcelo Shei, diretor da Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos, a feira foi o local ideal para lançar oficialmente o módulo de incubação de ovos de peixes de água doce. Segundo Shei, o sistema permite a incubação de uma grande quantidade de organismos com padrões ótimos de sanidade e


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quase sem manutenção para medir o oxigênio dissolvido e a temperatura. “Ele é robusto, fácil de usar e tem uma longa longevidade. Pode armazenar até 2.500 conjuntos completos de dados, incluindo carimbos de hora e data, com conectividade bluetooth.” Sempre buscados nas feiras de tecnologia aquícola, os aeradores tiveram como representantes a paranaense AquaGermany, cujo lançamento foram os aeradores chafariz. O produto tem motor Weg, capacidade de oxigenação de 1.500 kg de biomassa e foi um dos destaques tecnológicos do IFC 2023.

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Outra empresa que apresentou inovação no ramo foi a Marine Equipment, que levou ao evento as sondas dinamarquesas Oxyguard e o aparelho Oxímetro Handy Polaris Óptico. De acordo com o diretor, Fabio Rossi, o Polaris C é um medidor de alto desempenho, baixo custo e

MQ Pack apresentou nova versão da balança de pesagem e distribuição para filés de tilápia

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qualidade de água. “Nossa solução possui um sistema de filtragem completo, com filtro mecânico de tambor rotativo, filtro biológico, filtro de carvão ativado, desinfecção UV-C de alta dosagem, protein skimmer autolimpante e controle de aquecimento e resfriamento”. O equipamento utiliza ainda uma central de controle de processos e de qualidade de água eletrônica e integrada à internet. “Com isso, é possível controlar o pH, oxigênio e demais processos através do celular.”


Marketing & Investimentos

Nada melhor que o original E

ntre os dias 19 e 21 de setembro de 2023, a 5ª edição do IFC Brasil reuniu 3.100 participantes online e presenciais, 150 empresas expositoras e patrocinadoras, 52 conferencistas de 12 nações, 130 projetos científicos inscritos e diversos visitantes buscando conhecimento e inovação. Crédito das fotos: Seafood Brasil

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Rosa Reche e Ricardo Castilho (Safeeds)

Marinosio Neto e Dario França (Patense)

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Gov. Marcos Rocha (RO), Paco Farina (CNA), Sérgio Gonçalves da Silva (Sedec-RO), Edson Sápiras (Acripar) e Walberto Costa Fernandes

Renata Moreira e Jéssica Lima (Têxtil Sauter) Douglas Sell, João Maffei, Geraldo Zimmermann, Tiago Karkow, Maicon Agostini (Aquagermany) Equipe da Elanco Gussmann Walker e Rogério Fontana (GL Máquinas)

Pedro Fonseca e Rafael Rocha (Pescados Bem Fresco)

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Luiza Pimenta, Alvaro Leal e Jorge Oliveira (Meu Pescado)

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Delegação de produtores do Piauí Ricardo Bacelette (MPA), Jairo Gund (Abipesca) e Eduardo Chaves (Camil Alimentos)

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Kátia Mastroto, Kátia Mastroto, Rosemeire Souza e Silvania Briganóx (MF Couros)

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Bruna Pimentel e Danillo Oliveira (Friocenter Pescados)

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Marcelo Shei e Lucas Laurini (Altamar)

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Valdemir Paulino dos Santos (Copacol) e Mauro Nakata (Piscicultura Cristalina)

Guilherme Blanke, Meg Fellipe, Rosa Malavacci (Abrapes), Stela Conte (Verum Assuntos Regulatórios) e Fabi Fonseca (Seafood Brasil)

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Julio Antonio Roweder (Abrapes), Evandro Silva (BTJ), Felipe Franco (BTJ), Henrique Franco (BTJ) e Márcio Ortega (Fênix Alimentos)

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Simone Yokoyama Oliveira (Piscicultura Yokoyama) e João Manoel Cordeiro Alves (Aquabusiness)

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Ramon Amaral (Brazilian Fish), Paulo Guth (Marel) e Christian Becker (Brazilian Fish)

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Altemir Gregolin (IFC), André de Paula (MPA), Orlando Lobato (Fe. Pesc. PA) e Eliana Panty (IFC)

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Agraciados com o Prêmio Nécton 2023 Delegação do Piauí com Newman Costa (Sebrae) Grupo Mulheres da Aquicultura

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Liliam Catunda (Abipesca) Jairo Gund (Abipesca), Meg Felippe (Carrefour), e Aniella Banat (Abipesca)

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Marketing & Investimentos

Sealba: um novo sentido para união

2ª edição do evento colocou o desenvolvimento da região Sealba no centro dos debates

Além de diversas palestras sobre os principais temas que cercam a cadeia produtiva de Sealba, a 2ª edição da ExpoPesca e Aquicultura também teve uma feira de exposição de produtos e serviços com empresas do setor

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Texto: Fabi Fonseca

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o ano passado, a ExpoPesca fez sua estreia em Sergipe com o objetivo de fortalecer a pesca e a aquicultura no Nordeste. No entanto, além de promover e impulsionar negócios no setor, o evento tinha outro plano: expandir sua presença para Sergipe, Alagoas e Bahia. E em 2023, isso tornou-se realidade com a realização da ExpoPesca e Aquicultura Sealba.

Organizada pela Câmara Empresarial de Pesca e Aquicultura da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe (Fecomercio-SE) e a Fecomércio/SE, realizada pela Êxito Soluções em Eventos e com apoio do Governo do Estado, o evento reuniu representantes do governo, produtores e empresas de serviços e equipamentos entre os dias 13 e 16 de setembro, no

Centro de Convenções AM Malls, em Aracaju, Sergipe. “Fomos de um evento de 1.000 m² para 3.000 m². A gente não deu um passo, mas sim um pulo!”, celebrou Humberto Eng, coordenador da Câmara de Pesca e Aquicultura da Fecomércio e idealizador da ExpoPesca e Aquicultura. Ele ressaltou que o evento permitiu


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Humberto Eng considera que o evento foi vitorioso, pois não existia nada nesse formato em Sergipe, Alagoas ou na Bahia

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Presente na abertura do evento, a secretária de Pesca e Aquicultura do MPA, Teresa Nelma, abordou um dos grandes desafios atuais de Sergipe: o Terminal Pesqueiro de Aracaju. A conclusão da obra do terminal estava programada para o ano de 2017, mas foi interrompida, encontrando-se abandonada desde então. Já em 2022, o governo realizou

“Esta é uma grande batalha para vocês. Existem quatro terminais pesqueiros no País que estão prontos

e se deteriorando devido à falta de sucesso nos editais - um dos problemas foi a ausência de incentivos fiscais para os investidores. Porém, a boa notícia é que até dezembro, será lançado um novo edital de chamamento para investidores,” mencionou a secretária.

Teresa Nelma destaca que colocar o TPP em operação trará benefícios significativos para o Estado de Sergipe. “Não apenas para aprimorar a qualidade de vida, a qualidade dos produtos ou as vendas, mas o terminal pesqueiro também tem um potencial turístico.”

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Se a edição de 2023 superou as expectativas da organização, Eng revelou que já é possível sonhar com uma ExpoPesca e Aquicultura Nordeste. “Por quê? Porque vários Estados aqui não têm um evento como esse para mostrar tudo sobre a pesca que, em grande parte, é artesanal. Nossa esperança é ter um evento duradouro e diferente a cada ano,” justificou.

uma licitação para concessão a uma empresa terceirizada, porém, nenhum interessado se manifestou.

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perceber a importância da cadeia produtiva da pesca para as comunidades desses três Estados. “É uma grande força de desenvolvimento social e econômico para essa região. Nós demos visibilidade a essas pessoas que estavam no ostracismo. Todos sabiam, mas não se mostravam”, contou o coordenador.


Marketing & Investimentos Estados (e empresas) presentes

Além de Sergipe e com a participação dos Estados de Alagoas e Bahia, a edição de 2023 contou com 41 estandes, incluindo institucionais e empresariais. A Bahia Pesca, vinculada à Secretaria de Agricultura da Bahia (Seagri), representou o Governo do Estado da Bahia, recebendo produtores e representantes de empresas em seu estande para troca de conhecimentos e experiências de negócios. Bruno de Andrade Falcão, técnico de campo da Bahia Pesca, destacou o papel fundamental de fomentar a pesca e a aquicultura no Estado, abrangendo diversos ramos. Segundo ele, a edição foi positiva: “Conversamos com secretários, técnicos, professores, pesquisadores e todos nesse ramo da aquicultura e da pesca para fortalecer cada vez mais as atividades”, afirmou.

O município de Socorro, maior produtor de camarão de Sergipe, também esteve presente com seus

No entanto, Luiz Garrido, gerente de negócios da superintendência de Sergipe do Banco do Nordeste do Brasil, disse que a instituição, gerencia o chamado Fundo Constitucional do Nordeste (FNE). Ele falou que as pessoas da área têm pouco conhecimento sobre as ações do banco. “Por isso, ficamos alegres ao participar dessa exposição em que vários parceiros estão mostrando como fazer as coisas.”

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Maria José, presidente da Federação dos Pescadores do Estado de Alagoas (Fepeal), revelou que a inovação e peculiaridade da ExpoPesca e Aquicultura em investir na aquicultura foram motivos para participar e se manter atualizada sobre as ações futuras. Ela estimou que o governo, ao agregar a aquicultura à pesca, cria uma alternativa de renda para os pescadores que necessitam do seguro-defeso. “Criando uma nova visão para uma renda a mais aos pescadores artesanais.”

A cidade de São Cristóvão, terceira maior produtora de camarão do estado, também marcou presença. Wesley Felix, diretor de Agricultura de São Cristóvão, pontuou que, além do camarão, a região está crescendo na produção de tilápia e na pesca artesanal, mas ainda enfrenta desafios na assistência técnica. “Hoje, conseguimos trazer essa política por meio de parcerias com o Sebrae e o Senar”, disse.

Evento reuniu o público para debater, entre outras questões, como o pequeno produtor está atuando na região, como a atividade pode ser feita e quais políticas públicas podem ser implementadas

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No estande que representava o governo de Alagoas, Cauê Castro, superintendente federal do MPA de Alagoas, falou que o evento foi crucial para conhecer de perto a realidade dos pescadores e aquicultores no Brasil. “Juntou em Sergipe três Estados potenciais [Bahia, Sergipe e Alagoas] e conhecer de perto quem e como produz, onde estão essas pessoas e como podemos ajudá-las,” conta. Já Marival Santana, secretário executivo da Seagri/SE, disse que o governo de Sergipe tem procurado disponibilizar técnicos para apoiar a aquicultura e pesca. “Também investimos R$ 2 milhões em barcos pesqueiros e em combustíveis, além de R$ 600 mil em compra de camarão para a merenda escolar estadual.”

estandes, recebendo produtores. David Lopes, secretário de Agricultura, Irrigação e Pesca, disse que a atividade ganhou destaque na região a partir de 2017, quando o prefeito solicitou à secretaria uma força-tarefa para auxiliar os produtores. “Identificamos que, dentro do setor, a produção de camarão era a que tinha maior destaque, mas não tinha trabalho de assistência. Então, levamos nossos técnicos para visitas e acompanhamentos em campo para começarmos o trabalho de assistência e eventos”, explicou.

A edição de 2023 contou com expositores como o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Banco do Nordeste, Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e da Paraíba (Codevasf), entre outros.

Aproveitando esta atenção que o evento possui, Valdeilton Andrade, gestor do Banco Social de Indiaroba e da Moeda Aratu, marcou presença divulgando iniciativas bem-sucedidas na região, como a moeda social Aratu, que beneficia cerca de mil famílias. O ainda evento contou com estandes de empresas. Pela primeira vez, a Prilabsa aproveitou a ocasião para demonstrar sua solução em aditivo contra moluscos e parasitas em viveiros de camarão, a Saponina. Pierina Pablo, gerente comercial, destacou o entusiasmo com a região Sealba. “A feira foi boa e alguns negócios foram fechados”, celebrou. A BRX Aeradores de Dracena (SP), também esteve presente pela primeira vez para divulgar seus produtos. Evandro Penha, representante comercial, explicou que a empresa ainda não comercializa suas soluções em Sergipe, “mas a feira serviu para aproximá-lo da região.”


Iniciativas e gargalos em pauta

Em sua apresentação, destacou que o primeiro passo para que o camarão fosse introduzido no Estado foi vencido em relação ao “preconceito” de que a aquicultura e a criação do crustáceo eram poluentes. “Esse foi um grande trabalho de desconstrução”, disse.

rede pública]”. Atualmente, a iniciativa de introduzir o camarão em filé na merenda escolar da rede pública do Estado já atende 42 unidades escolares de tempo integral.

Por isso, o presidente da Confederação Brasileira dos Assim, conforme Sobral, a Trabalhadores da Pesca e Aquicultura aquicultura em Sergipe tem um futuro (CBPA), Abraão Lincoln Ferreira de Cruz, promissor. “A gente precisa seguir ressaltou como a cadeia produtiva da os bons exemplos como é o caso de pesca artesanal precisa de uma gestão Indiaroba [primeiro município do eficiente por parte especialmente dos Estado a introduzir o camarão em filé órgãos1 governamentais e lembrou ai17010991207_Seafood 51 Brasil 210x135 mm AF.pdf 27/11/2023 16:32:03 na merenda escolar dos alunos da ai17010991207_Seafood 51 Brasil 210x135 mm - AF.pdf

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O presidente da CBP, Abraão Lincoln Ferreira de Cruz aproveitou a presença do público na região para comentar o “Potencial Econômico e Social da Pesca Artesanal”

que ela representa mais de 65% da produção nacional. Para ele, com a volta do MPA, o setor retomou o desenvolvimento e passou a ter um endereço na Esplanada dos Ministérios. Mas, não deixou de ter problemas encarados, como é o caso da extensão pesqueira. “A presença de um engenheiro de pesca nas nossas bases ajudava bastante em novas metodologias e novas maneiras de capturar o pescado e, principalmente, na questão do manuseio com o pescado”, completou.

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Entre as diversas palestras que fizeram parte da programação do evento, os principais gargalos e iniciativas de desenvolvimento estiveram em pauta nos três dias. O secretário de educação e cultura de Sergipe, Zezinho Sobral, apresentou a palestra sobre a inclusão do camarão na merenda escolar do Estado.


Marketing & Investimentos

Junção que traz muita força A

edição de 2023 da ExpoPesca e Aquicultura contou com a união dos Estados de Sergipe, Alagoas e Bahia e deu um novo significado à sigla Sealba.

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Estande Bahia Pesca

Ibrain Monteiro (ALESE), Marcelo Sobral (Dep. Federal SE) e Zezinho Sobral (Vice Governador SE) Marival Santana (SEAGRE/SE), Tereza Nelma (MPA), Patrícia Barreto (SEAGRE/SE) e Éverton Siqueira (MPA)

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Evandro Penha (BRX Aeradores)

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Estande Alagoas

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Crislayne Berry e Taynã Matos (SENAR Sergipe)

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Marcos Cruz (Embrapa Tabuleiros Costeiros) e Laércio Oliveira (Senado) Lucas Mendes e Samiro Rocha (IABS)

Luiz Alberto Tavares, Synthia Souza e Luis Verginio (Banco do Nordeste) Leide Oliveira e Luciane Dantas (Fecomércio | SENAC SE)

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Alexandre Porto e Humberto Eng (ExpoPesca & Aquicultura)

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Fabi Fonseca, Tiago Bueno (Seafood Brasil) e Marcos Elias (Mangue Cultural)

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Sibelle Melo e João Pedro Ameida (CODEVASF)

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Wesley Felix e Elaine Luiza de Jesus (SEMDET São Cristóvão)

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Ingrid Nayara, Eduardo Todeschini, Damiris Sena e Ricardo Evangelista (ISMAP Socorro)

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Mayris Nascimento (Nosso Mangue), Cauê Castro (MPA)e Maria José (Fepeal)

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Ednilson Barbosa e João Vieira Neto (Seagri/SE)

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Cléber Ribeiro (BPA), Maria Assunção, Sandra dos Santos (GME Terra Caída), Ana Luiza Chaves e Bruno Lessa (BPI)

Humberto Eng (ExpoPesca & Aquicultura) e Jefferson Costa (Codevasf)

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David Lopes (Secretaria de Socorro)

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Pierina Pablo (Prilabsa) e Rafael Liano (Aquatec)

Alunos do curso técnico em Aquicultura da Universidade Federal de Sergipe

Márcia Santana e Naty Cake (GME Terra Caída) Lee Fei Flix (Brasino) e Adinaldo do Nascimento (Prefeitura de Indiaroba SE)

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Dilma Silva e Maria Silvania (CBPA)

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A caminho das 20 edições XIX Fenacam se mostrou como “a mais concorrida de todos os tempos” e, mais do que celebrações, o também serviu para importantes lembretes de gargalos do segmento que busca por crescimento no mercado nacional enquanto decide se retorna às exportações

De olho no mercado internacional, 19ª Fenacam buscou reunir as maiores autoridades do setor para debater gargalos do segmento em 4 dias de evento

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Texto: Fabi Fonseca

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o ano que antecede a celebração de duas décadas de um dos maiores eventos de carcinicultura e aquicultura do setor, a XIX Feira Nacional do Camarão (Fenacam 23’), que reuniu o setor produtivo nacional entre os dias 14 a 17 no Centro de Convenções de Natal, Rio Grande do Norte, mostrou-se como “a mais concorrida de todos os tempos”, como celebrou o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha. “Ela surpreendeu do ponto de vista

da satisfação. Fui a um auditório cheio e depois fui em outro, que também estava cheio. Ninguém veio para reclamar e todo mundo ficou satisfeito. Acho que ela atingiu todos os objetivos e já estamos animados para comemorarmos a 20ª edição” contou Rocha. O presidente da ABCC não poderia deixar de lembrar dos desafios que impactam a atividade, como a instabilidade do mercado nacional e a manipulação de preços

na entrada das fazendas. Além disso, contrariando as expectativas da edição anterior, não houve o esperado retorno do camarão brasileiro ao mercado internacional. “Fica difícil entender e aceitar que este estratégico setor, por falta de prioridades governamentais, no tocante a licenciamento ambiental e apoio financeiro, tenha sido alijado do seu expressivo mercado internacional (US$ 25 bilhões /ano), sem qualquer protesto ou preocupação dos governos estaduais e federais”, disse. Ele ainda apontou que, a exemplo do Ceará,


Itamar Rocha costuma usar seu tradicional discurso de abertura para destacar os avanços do setor, mas lamenta que a edição de 2023 traga os mesmo problemas visto no ano anterior, como a falta do retorno às exportações

A notícia celebrada nos corredores do evento vai ao encontro de um setor que carece de ter suas demandas atendidas já há algum tempo. Ao abordar a situação do mercado norte-americano, por exemplo, Rocha

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estão em curso e quero convocar as entidades e as associações porque, no ano que vem, o Rio Grande do Norte vai implementar um ousado programa estadual de interiorização da carcinicultura potiguar”, disse.

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O projeto de interiorização da carcinicultura, aliás, deve se expandir para o Rio Grande do Norte no próximo ano. Ao menos esse foi o recado levado pela governadora Fátima Bezerra (PT): “Os estudos já

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a interiorização da carcinicultura com o L. vannamei já se constitui uma nova ordem econômica no setor primário do Estado da Paraíba, cujo mérito, conforme ele, é não depender de obras públicas estruturadoras e nem de chuvas, com ciclos contínuos de produção, utilizando águas oligohalinas impróprias para o consumo humano – e, na maioria das vezes, para a própria dessedentação de animais.


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em quantidade, se eu não conseguir produzir um alimento seguro”, disse.

mencionou que o camarão brasileiro só tem sustentabilidade para as classificações pequeno-médio, mas mesmo assim, como segundo mercado. “E, como não conseguimos liberar as exportações do pescado/camarão brasileiro para a União Europeia ou alternativamente para a China, que, em 2023, irá assumir a liderança mundial das importações setoriais, não temos competitividade para exportar nosso camarão”, lamentou.

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Antenada a temas atuais Esta edição mostrou sintonia com os temas atuais. Os debates foram diversos como a palestra “Otimizando a produção de camarão: como a inteligência artificial impulsiona a rentabilidade”, de Jaime Rodríguez Andrade e Iván Ramírez. Os equatorianos explicaram as funcionalidades de uma plataforma de biometria de precisão que permite informações precisas para a tomada de decisão pelo produtor. “São usados dados de peso individual, tamanho, cor e fatores de condição”, falou Ramírez. A tecnologia também pode ser usada para orientar e educar os consumidores de pescado, como

Parte técnica foi concentrada nas palestras apresentadas no XIX Simpósio Internacional de Carcinicultura e no XVI Simpósio Internacional de Aquicultura

é o caso do “Fish Code”- tema da palestra de Fábio Sussel, do Instituto de Pesca de São Paulo. “Seja da aquicultura, seja da pesca, seja importado ou nacional, é urgente iniciativas que visam fomentar o consumo de pescado. Enquanto o mundo consome 20 kg/hab/ano de pescado, o brasileiro consome apenas 9 kg/hab/ano”, pontuou o pesquisador. No Fish Code, o consumidor pode, entre outras funções, fazer a leitura do QR Code e conseguir acessar as características do produto, origem, estado de sustentabilidade da espécie e tipo de preparo recomendado. Com uma apresentação voltada à segurança do alimento, Juliana Galvão, pesquisadora da Esalq/USP, pontuou ações para monitorar os sistemas de produção preventivamente e agir de forma corretiva a fim de produzir um pescado seguro. “Quando eu falo em segurança do alimento, ela está dentro do contexto de segurança alimentar. Não adianta eu produzir

A programação paralela contemplou diversos outros eventos, com uma mesa redonda discutindo “Como melhorar o uso e reuso da água na aquicultura”, “Workshop Internacional: BluEco Net- INOVA Carcinicultura Summit, Alemanha x Brasil” e o “Desafio Sebrae Like a Farm” neste ano, vencido por Caio Fagonde com a startup Quasar Space. A empresa oferece a solução de monitoramento de qualidade de água de forma 100% remota, analisando 12 parâmetros de qualidade de água com imagens de satélite multiespectrais e de radar de abertura sintética (SAR) processadas em nuvem, utilizando inteligência artificial. “Estamos retirando a necessidade de equipamentos custosos e de difícil manutenção como o oxímetro para fazer o monitoramento da piscicultura e carcinicultura”, explicou.

Fernanda Queiróz e Silva

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Programação paralela

Para Juliana Galvão, alimento seguro é aquele que, na verdade, chega para o consumidor final com atributos como padrão de qualidade, nutrientes e vindo de uma cadeia produtiva e segura


Oferta diversificada Com muitos expositores e ampla presença do público, os corredores da feira estiveram cheios nos dias de eventos para um público ansioso por uma oferta diversificada de produtos e serviços. Confira algumas a seguir: Entre os lançamentos disponíveis na edição, a Trevisan apostou na parceria com uma empresa israelense para o desenvolvimento de um alimentador de camarão para tanque escavado. “É um alimentador que trabalha com placas solares com um software para tecnologia de gestão”, explicou Eniel Klein, vendedor de equipamentos da empresa. Conforme ele, essa aposta procura aliar tecnologia e sustentabilidade e já é fruto de um novo perfil de produtor que, aos poucos, está se tornando mais tecnológico, a exemplo de outros países.

Com diversas soluções para a aquicultura e com atuação na carcinicultura em montagem de estruturas para ambiente controlado e execução de projetos, Irineu Freire, sócio-proprietário da Multipesca, contou que a presença no evento demonstra que, apesar de ser uma empresa do Sul, a atuação no Nordeste precisa voltar a ser forte. “Nós atuamos aqui, mas a gente estava um pouco afastado. Agora, com nossa ampliação de espaço interno e melhora da indústria, temos capacidade de atender um pouco mais o povo nordestino e os produtores da região.” Por sua vez, a BRX Aeradores já está há 10 anos no mercado e há três participando da Fenacam. “Esse ano foi um marco porque o movimento aumentou bastante: as

A XIX Feira Internacional de Equipamentos, Produtos e Insumos para a aquicultura contou com mais de 100 expositores de empresas nacionais e internacionais sobre diversos segmentos da atividade

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Já a fabricante de sistema de bombeamentos flutuantes, a Acquasystem Brasil está no Nordeste há 22 anos e participou de todas as edições da feira. Maurício Dorigatti, diretor comercial, conta que o desafio é inovar e desenvolver produtos mais eficientes para o produtor economizar energia. “É um dos custos pesados da criação de camarão. Então, quanto mais eficiente for o sistema, menos energia vai gastar”, explica. Assim, a novidade é uma bomba maior, de 250 cavalos.

Foi a segunda vez que a empresa de tecnologia Meu Pescado participou da Fenacam. Jorge Oliveira, CEO da empresa manifestou contentamento com o retorno e revelou que neste ano o aplicativo desenvolvido para simplificar o controle na produção passou por diversas atualizações. “A nossa solução está cada vez mais enquadrada com a realidade do produtor. É um sistema para gerenciar suas propriedades e ajudá-lo a ter um melhor controle possível de todos os custos”, falou. Presente em todos os Estados, ele contou que o objetivo é finalizar 2023 com o aplicativo funcionando em mais de 200 fazendas de camarão.


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Lançamentos do segmento relacionados com geração de tecnologias, produtos, insumos e serviços marcaram o evento

vendas foram em torno de 40% maiores”, celebrou Evandro Penha, sócio-administrador. Neste ano, a empresa apostou em uma solução simples, mas com impacto no dia a dia dos produtores: uma bandeja comedouro para camarão. Por sua vez, a iAqua tem experiência de anos no evento e esteve novamente para reforçar a parceria com diversos fornecedores e clientes. Além de encontrar os amigos, a empresa tinha outro motivo para comemorar: neste ano, foi a primeira vez que conseguiu recuperar os números vistos antes da pandemia da Covid-19. “2019 foi um ano que a gente vinha em pleno crescimento, mas a pandemia provocou a retração de faturamento e vendas a partir de 2020”, lembrou o diretor Alfredo Freire.

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No estande da empresa de tecnologia, que é distribuidora de diversas marcas de outras empresas, como é o caso da Elanco, um dos destaques foi o Coforta A, solução que tem butafostana e é desenvolvida para restabelecer e melhorar o metabolismo dos camarões durante a produção. “Estamos fazendo o pré-lançamento, mas queremos ter ele disponível para a venda entre dezembro e janeiro de 2024”, explicou Pedro Sbardella, gerente de marketing de Monogástricos Brasil da Elanco. Com uma forte atuação no segmento, a Adisseo não levou um novo produto, mas esteve com o Aqualyso, antigo Nutrilyso, que é um emulsificante à base de lisofosfolípidos que ajuda o camarão no processo de ingestão de gorduras. “Eu vejo as empresas avaliando as enfermidades locais e desenvolvendo novos produtos para poder apoiar o produtor para uma produção mais rentável”, falou o gerente de aquicultura na América Latina da Adisseo, Thiago Ushizima. Distribuidora dos produtos da Phibro da linha Aqua no Nordeste, a grande aposta da Inutri foi reforçar um

produto que já está há três anos no mercado: o PAQ-Protex. Ele é uma solução fitogênica de saponinas e polifenóis que proporcionam saúde integral para o plantel com melhora dos resultados de produção. “Acabamos de fazer um estudo e agora está comprovado cientificamente como um melhorador de desempenho natural e isso está trazendo excelentes resultados em campo”, comentou Railton Prata, diretor comercial da Inutri. Como a aquicultura passa por fases, Gustavo Maciel Pizzato, gerente de produtos de aquicultura da Guabi, analisa que o setor é promissor, sendo que a empresa aposta muito no segmento. “Até porque a nossa presença aqui [na Fenacam] foi um dos maiores investimentos da Guabi nos últimos anos em eventos. Estamos muito otimistas para o final de 2023 e o ano de 2024”, disse. Há alguns meses, a empresa relançou a linha de iniciais que agora é o GuabiTech Active Inicial. De formas gerais, a principal novidade é o aumento do foco no atual momento da atividade para, assim, trazer ainda mais competitividade. A analista P&D Sênior na Korin Agricultura & Meio Ambiente, Amanda Miyuki, revelou que a empresa se preparou para a sua primeira vez no evento. ”A gente trabalhou durante o ano todo para trazer a Korin AQUA, que pode ser usado tanto para a carcinicultura e piscicultura, especialmente a tilápia. Ele ainda melhora a qualidade de água, os compostos nitrogenados e aquele lodo que acaba ficando acumulado no fundo do viveiro”, disse. O bioestimulador já existia, mas foi adaptado com pesquisas para melhor desempenho biomecânico, ambiência, bem-estar e densidade de criação. Com toda perspectiva de melhora do segmento, a Biovalle apostou em diversos lançamentos para a edição, como um produto definido antes para a aquicultura e agora também para a carcinicultura. “São cepas de bactérias que tem a finalidade de promover a limpeza do fundo do tanque juntamente com Acqua System, que é um bioestimulador que vem com funcionalidade de baixar amônia, nitrito e controlar esses índices para eles não ficarem oscilando e não correr riscos do animal ter problemas metabólicos”, falou Carlos Brandão, consultor técnico da Real Fish e Biovalle. Já Wilson Junior, responsável pela Prilabsa no Ceará diz que concluiu a feira com sensação de “dever cumprido”. A empresa tem investido cada vez mais em tecnologias e inovações aos clientes e neste ano, as novidades estiveram no setor de maturação de laboratório com uma lula importada dos EUA, um probiótico de pastilhas e a saponina. “Em 2024, será melhor ainda porque temos perspectivas de crescimento e vamos abrir uma loja em


Seafood Brasil

No evento, a Bomar Pescados mostrou aos produtores uma linhagem nova de tilápia para a região. “A gente está trazendo a linha que já está presente no Sul e Sudeste, a Tilamax. Ela tem um crescimento maior, rendimento melhor também por carcaça e para indústria de modo geral é melhor”, explicou Ricardo Carriero,

A Samaria levou para o evento as empresas do grupo que produzem ração e de pós-larvas, a Samaria Rações e Potiporã. Para as rações, o portfólio tem produtos para todas as esferas de cultivo. Já quando o assunto é PL, a bandeira levantada é da diversidade genética. “Já passamos pela fase da resistência e, hoje, temos aprendido que com as ferramentas tecnológicas, é possível mensurar a diversidade genética - e quanto mais diversa for uma população, menos suscetível ela é”, explica Roseli Pimentel, gerente operacional. Para isso, a empresa fez investimentos em equipamentos e consultorias especializadas para ter o produto que, hoje, já está disponível no mercado.

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Um dos elos do Grupo Compescal, a Maris é laboratório de análise, produção e distribuição de póslarvas de camarão e mais uma vez marcou presença na Fenacam. Gabriel Gomes, da área comercial, contou que em breve haverá novidades: “Nós trabalhamos com linhagem padrão e nós temos uma genética que está em teste, mas por enquanto, está na fase de avaliação e com expectativas de lançamentos para 2024”, disse.

gerente comercial Aqua da empresa. Na região, há mais de 7 anos que a empresa atua com a genética Gift que tem sua resistência melhorada.

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Acaraú e construir estoques para receber químicos em Aracati”, finalizou.

Empresas utilizaram a Fenacam para levar ao público o que há de mais inovador em produtos e serviços


Marketing & Investimentos

Ao camarão, com carinho A

Fenacam mais concorrida de todos os tempos integrou visitantes, expositores e palestrantes para celebrar e mostrar o futuro do segmento entre os dias 14 e 17 de novembro.

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Charles Mendonça, Ricardo Pedroza e Rafael Pedroza (Marchef Pescados)

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Evandro Penha (BRX Aeradores)

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Flávio Farias, Marcelo Shei e Lucas Laurini (Altamar)

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Tadeu Silva, Marcos Santos e Andy Shinn (Inve)

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Estande Ammco Pharma e parceiros

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Louer Moura e Paulo Ferreira (MPA) Irineu Feiden e Léia Feiden (Multipesca)

Fabiano Wasen (AquaGermany) e Jefferson Januário (Tilápias Magaratiba) Francisco Medeiros (PeixeBR) e Thiago Ushizima (Adisseo)

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Zeca Marcondes, Amanda Oshiro, Alan Anjos e Rodrigo Tiba (Korin Agricultura e Meio Ambiente)

Adenir Trevisan, Marcelo Trevisan, Nedyr Chiesa e Eniel Klein (Trevisan)

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Wellington Rossito, Thais Milena e Renato Almeida (Imeve)

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Marcelo Lara e Nuno Furtado (ABRA)

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Maria Cláudia e Ana Carolina (Aquatec)

Fabi Fonseca (Seafood Brasil) e Liliam Catunda (Abipesca)

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Estande Prilabsa

Jesus Pasco (JMP Aquaculture), Rafael Liano (Aquatec) e Pedro Moro (Congressista)

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Itamar Rocha (ABCC / Fenacam) e Sheila Castro (MCR)

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Francisco Altimari (Real Fish), Tiago Bueno (Seafood Brasil), Filipe Chagas e Carlos Brandão (Real Fish)

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Bruna Fernandes, Yohanna Galarza, Neuma Rocha e Fernanda Maruoka (ABCC / Fenacam)

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Estande Elanco

Maurício Dorigatti e Maurício Dorigatti Junior (AcquaSystem Brasil)

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Estande Nexco

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Hudson Lucena e convidado (Maris Laboratório)

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Rafael Coelho, Thais Moron, Jéssica Levy, Cristiane Neiva e Daniel Lemos (Pescado para Saúde / IPesca)

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Danylo Guerra, Everson Zotti e Rômulo Fiorucci (Safeeds)

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Rui Teixeira (MPA)

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Daniel Cavalcanti (Triângulo do Camarão) e Luiz Peregrino (AcquaQuantica)

Diego Rocha (Synbiaqua) e Fábio Sussel (IPesca)

Ricardo Campos (Itaueira) e Alfredo Freira (iAqua)

Marcelo Simão, Moacy Maia e Roseli Pimentel (Samaria / Potiporã)

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Marketing & Investimentos

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Bacalhau norueguês no Brasil: de olho no consumidor

Brasil é um dos principais mercados globais de bacalhau com base em valor para a Noruega

Apesar dos desafios do pescado norueguês no Brasil, o setor permanece em crescimento com oportunidades na importação de bacalhau

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Conselho Norueguês da Pesca (Norwegian Seafood Council) mais uma vez trouxe a sua tradicional atualização de dados e estratégias para alavancar as vendas do bacalhau norueguês no Brasil durante o tradicional “Seminário Bacalhau da Noruega”, realizado em 16 de outubro no Museu de Arte Moderna (MAM), no Ibirapuera, em São Paulo. Se o evento seguiu com os moldes dos anos anteriores ao reunir os principais importadores do pescado norueguês no País, a última edição também teve como destaque a nova diretora do Conselho Norueguês da Pesca, a norueguesa Randi Bolstad. Desde março deste ano, ela está à frente do posto no segundo mercado mais importante para a Noruega, perdendo apenas para Portugal, como revelou em sua apresentação sobre o mercado brasileiro de bacalhau

Afinal, a importância dos brasileiros aos noruegueses é justificada em números: foram 15.641 toneladas exportadas ao Brasil em 2022, das quais 15.307 de peixe seco e salgado. Como peixe inteiro, seriam aproximadamente

38 mil toneladas de bacalhau. Já em relação a receita, as importações do pescado da Noruega ao Brasil resultaram em um dispêndio de cerca de US$ 99.983,983, conforme dados do Painel do Pescado. A norueguesa também garantiu que, apesar das cotas se reduzirem ano a ano, o que já é uma tendência, não vai faltar bacalhau salgado e seco. Mas ela também pontuou sobre a cota do saithe, que subiu, o que representa uma oportunidade de consumo para itens mais em conta. “Haverá mais matériaprima de saithe e é necessário adaptar as estratégias nos próximos anos”, completou Bolstad.

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Texto: Fabi Fonseca

A norueguesa Randi Bolstad assumiu a diretoria do Conselho Norueguês da Pesca, cargo que antes pertencia a Øystein Valanes

As estratégias para alavancar o consumo de pescado dos noruegueses no País vão além de espécies específicas. Afinal, tem espaço para o crescimento de todo o pescado, como reforçou Bolstad. “O setor de pescado foi o que mais cresceu em consumo em 2022, segundo levantamento


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Marketing & Investimentos

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Marketing do pescado norueguês: vendendo além do pescado

Kari-Anne Johansen destacou as ações de marketing que auxiliam a Noruega a ser a segunda maior exportadora mundial de frutos do mar do mundo

O marketing é uma das principais estratégias de promoção do pescado da Noruega. Kari-Anne Johansen, diretora de marketing do Conselho Norueguês da Pesca, comentou que enquanto segundo maior exportador de pescado do mundo, a primeira meta dos noruegueses é criar valor agregado aos seus produtos. “Esse conceito é baseado na ampla presença da marca ‘Seafood From Norway’ e por isso, é importante a marca mostrar ao nosso consumidor os nossos valores e o porquê somos a melhor escolha”, falou. A marca de origem “Seafood From Norway” é uma plataforma comum, na qual a indústria norueguesa de produtos do mar se baseia no seu trabalho de marketing e vendas. É baseado na história do pescado do mar da Noruega e suas espécies que visa ainda aumentar a familiaridade e preferência por frutos do mar da Noruega. O trabalho promocional vai estabelecer uma base para quando um exportador individual pretende chegar com os seus produtos a mercados em todo o mundo.

Embora os números revelem as oportunidades do pescado norueguês, o segmento ainda enfrenta desafios regulatórios na importação, como lembrou Stela Conte, médica veterinária sanitarista e proprietária da Verum Regulatórios. “É um momento sensível de mudanças regulatórias e precisamos estreitar o contato entre setor privado e governo.” Neste cenário, os principais problemas no rechaço das cargas de bacalhau, por exemplo, estão em relação à umidade versus proteína. Ao relembrar os conceitos, ela destacou que: o peixe salgado é aquele tratado pelo sal, com umidade mínima de 53% e máxima de 58%; e o peixe salgado seco é aquele tratado pelo sal e posterior secagem por evaporação natural ou artificial, com umidade máxima de 52,9%. “Na nomenclatura estava como salgado, mas a questão da umidade diverge do que está previsto. O tempo de secagem é fundamental”, analisou Conte. Dentro deste contexto, o secretário-executivo do Ministério da Pesca e Aquicultura, Carlos Mello, lembrou que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é quem atua nas questões regulatórias. No entanto, ele destacou que tanto o MPA quanto o Ministério do Meio Ambiente (MMA) - enquanto gestão compartilhada - são interlocutores. “E nos colocamos como agentes de fomento ao setor no Brasil”, frisou. “Nossa preocupação é com o uso sustentável dos recursos e hoje fazemos uma gestão compartilhada entre MPA e MMA. É uma sinalização para o mundo que o Brasil está preocupado com os critérios de sustentabilidade e a história dos produtos colocados à mesa”, completou. Melo ainda reforçou o potencial do Brasil, lembrando que o País é responsável por 12% do fornecimento de água doce da terra, 53% dos recursos hídricos da América do Sul, 3,5 milhões de km²²de espaço na Amazônia Azul, diversidade de espécies e ecossistemas marinhos e de água doce.

Marketing é aposta forte da Noruega para fazer o brasileiro comer mais bacalhau norueguês

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Atualmente, ela lembrou que está criando uma nova campanha de marketing específica para o Bacalhau da Noruega, destacando que a origem do pescado é importante levando em consideração a natureza, sustentabilidade, as tradições e cuidados com as famílias dos países consumidores. “Começou há 4 anos, em Portugal, e o mote era ‘seu fiel amigo’. No Brasil, queremos mostrar a combinação de tradição local e origem norueguesa”, finalizou Johansen.

que incluiu outras proteínas, e espera-se um crescimento de 18% nos próximos cinco anos.”

Carlos Melo apresentou aos presentes a nova estrutura do MPA e o potencial de pescado no Brasil.


Marketing & Investimentos

O sabor da mistura do Brasil e Noruega S

eminário Bacalhau da Noruega reuniu os principais importadores e nomes do pescado norueguês no Museu de Arte Moderna (MAM) para atualizar os dados e suas estratégias para alavancar as vendas do bacalhau norueguês no Brasil.

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Roberta Ferreira (Cencosud), Lily Hewett (Casino Global), Nathalia Martins (Cencosud) e Paula Monteiro (Pratikah Representações)

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Victor Arruda e Rosa Malavacci (Abrapes)

Juliana Meyer Gottardi e Alexandre de Carvalho (Consulado da Noruega)

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Denise Guerschman (Escandinavo) e Alice Ehmke (Horta vitae)

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Monique e Silvana Chaves (FH)

Kari-Anne Johansen (Conselho Norueguês da Pesca), Juliana Meyer Gottardi e Alexandre de Carvalho (Consulado da Noruega)

Rosa Malavacci (Abrapes), Ricardo Torres (Seafood Brasil) e Stela Conte (Verum Assuntos Regulatórios)

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Randi Bolstad, Kari-Anne Johansen (Conselho Norueguês da Pesca), Stela Conte (Verum Assuntos Regulatórios) e Carlos Mello (MPA)

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Caiu na Rede As notícias mais importantes de nosso site no último bimestre

Pixabay

Investigação da PF revela golpe nos sistemas do MPA

No último dia 07 de dezembro, a Operação Big Fish, da Polícia Federal (PF), cumpriu nove mandados de busca e apreensão da investigação que apura acessos irregulares aos sistemas do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) responsáveis pela emissão de carteiras de pescador profissional, requisito esse usado para a concessão do benefício do seguro-defeso. Realizada nas cidades de Redenção (PA), Belém (PA), São Luís (MA) e Santos (SP), a ação da PF, com a cooperação do MPA e do Ministério da Gestão e Inovação, identificou os responsáveis pelos atos de invasão aos sistemas e inserção de dados falso. Os investigados responderão pelos crimes de invasão de dispositivo eletrônico, fraude eletrônica, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Consumo nos lares brasileiros cresce 2,89% em outubro

A Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (Abrapes) realizou na última semana de setembro, em Brasília, o 1º Diálogo Técnico Abrapes & Governo - Desafios e Oportunidades no Mercado de Pescado. O evento contou com as participações de empresas, embaixadas e representantes dos ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Pesca e Aquicultura (MPA) para debater aspectos da regulação do setor e perspectivas de abertura de novos mercados.

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Brasil retoma negociações para exportação de pescado ao Reino Unido

Divulgação

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Um levantamento que contempla todos os formatos e canais operados pelos supermercados verificou que o consumo nos lares brasileiros registrou alta de 2,89% em outubro de 2023 na comparação com setembro, após 2 meses de crescimento na casa de 0,80% (agosto e setembro) - já na comparação com outubro do ano passado, a alta é de 0,61%. Com o resultado do mês, o indicador acumula alta de 2,64% na comparação com o mesmo período do ano passado (jan. a out.), de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Os indicadores do estudo foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Abrapes realiza diálogo técnico entre associados e governo

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) deu um importante passo para o Brasil voltar a exportar pescado para a União Europeia: o País retomou as negociações pela reabertura do mercado de pescado do Reino Unido. Apesar de os britânicos não fazerem mais parte da União Europeia desde 2020, a possibilidade de voltar a enviar pescado brasileiro para aquele país é importante ao setor. Afinal, como destaca o MPA, trata-se de um comércio que, ao ser interrompido em 2018, movimenta cargas de mais de 200 toneladas produzidas no Brasil e rendia US$ 1,6 milhão aos pescadores e aquicultores brasileiros. Por isso, conforme o MPA, a reabertura do mercado do Reino Unido é vista como estratégica. “Temos tratado desse tema com todo o cuidado que ele merece”, pontuou o ministro André de Paula.


Seca extrema ameaça pesca e meios de sobrevivência no Amazonas

Cadu Gomes/VPR/Agência Brasil

Cerca de 80% dos 200 mil pescadores do Amazonas têm sofrido com o impacto da seca extrema que atinge 60 dos 62 municípios do Estado desde o final de setembro. A estiagem tem comprometido a pesca, a navegação, a comercialização e isolou comunidades pesqueiras no Estado. Além disso, a luta dos ribeirinhos ainda é contra as queimadas, a fumaça que se mantém em diversas regiões, a falta de água potável e impactos na alimentação, na saúde e na educação. “Também estamos lidando com a escassez de água potável devido ao aquecimento das águas, o que está causando a morte de peixes, principalmente nas calhas do Solimões e Purus, onde existem reservas importantes”, contou Pedro Hamilton Prado Brasil, presidente da Associação dos Pescadores de Manaus.

A Spring Genetics, empresa norte-americana do grupo Benchmark especializada em genética da tilápia, anunciou a conclusão de uma Compra da Gestão (MBO) de seu negócio pela empresa Advanced Aquaculture Biotechnology. Para executar o MBO, Hideyoshi Segovia Uno, antigo gerente geral da Spring Genetics e atual CEO da Advanced Aquaculture Biotechnology, estabeleceu a nova empresa com Carlos Victor Lopez, gerente comercial e de operações. Segundo comunicado, o acordo teve apoio financeiro “de parceiros sólidos para crescimento e desenvolvimento contínuos”, consolidando assim “um passo significativo na jornada da Spring Genetics por uma busca contínua em inovação na indústria aquícola”.

Divulgação

Equipe de gestão adquire Spring Genetics

Segundo balanço, as vendas de pescado na 20ª Semana do Pescado aumentaram 35% no Brasil. Conforme a organização, a adesão integral de Estados e Distrito Federal novamente potencializou a cadeia produtiva da federação. O resultado é o esforço dos setores produtivos que, durante 15 dias, se uniram para ampliação da oferta de pescado. Realizada entre os dias 1 a 15 de setembro, a Semana do Pescado impulsionou a indústria, supermercados, peixarias, restaurantes, feiras livres, pontos de venda no atacado e varejo, ampliando participação popular.

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De acordo com a “Pesquisa Alimentação Hoje: a visão dos operadores de foodservice”, realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR), Galunion - consultoria especializada no mercado foodservice - e Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), o setor de refeições fora de casa (bares, restaurantes, cafés, lanchonetes e toda a cadeia de foodservice) segue em recuperação, com a queda do endividamento e maior lucratividade dos operadores. A pesquisa, realizada entre os dias 14 de julho e 16 de agosto de 2023, teve 680 respondentes que representam 24.553 pontos de vendas, sendo 49% do Sudeste e 61% das capitais. Nela, 88% dos entrevistados indicaram possuir um faturamento igual ou superior no 1º semestre de 2023, em relação ao mesmo período do ano anterior.

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20ª Semana do Pescado termina com crescimento de 35% nas vendas

Setor aumenta lucratividade e começa a ensaiar recuperação


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Planta Tecnologia em processamento de pescado

da empresa elimina problemas de tensão, alinhamento e limpeza que geralmente surgem com as tradicionais esteiras planas ou tensionadas de acionamento positivo. Por fim, a tecnologia ThermoDrive busca eliminar riscos higiênicos impostos por esteiras de tecido, tecido exposto ou reforços de fios, além de superar processos complicados e demorados que envolvam a higienização.

É possível simplificar o controle de qualidade na produção? Com o EasyPAC, solução para gerenciamento de riscos e processos da Atak Sistemas, sim. Segundo a empresa, o sistema é uma solução indicada para auxiliar indústrias que precisam seguir normas regulatórias de qualidade, mas que também estão sempre em busca da melhoria contínua. Dentro deste contexto, além da gestão de processos e riscos, o EasyPAC atua com outros benefícios e funcionalidades como operação off-line, armazenamento na nuvem e baixo custo na implantação e licenciamento.

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Higiene fora de qualquer suspeita Oferecer a mesma confiabilidade de uma esteira modular plástica, mas com os benefícios de higiene de uma estrutura termoplástica sólida. É isso o que promete a tecnologia Intralox ThermoDrive da Intralox. Leve e fácil de instalar, o sistema de esteiras

Não me toque

Um sistema para todo frigorífico

Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Qualidade + produção = simplicidade

devidamente tratado e suportam o trânsito de equipamentos pesados sem estragar as peças e ainda reduzem o consumo de água durante a limpeza.

Um sistema de refrigeração composto de compressor, condensador, trocador de calor a placas e de um separador de líquido, tudo em um único equipamento de fácil instalação e operação. É desta forma que o sistema chiller da Engefril é composto, com a principal função de realizar o resfriamento de água ou fluidos secundários, tais como etilenoglicol, propilenoglicol entre outros. Por isso, a solução é indicada para frigoríficos e indústrias alimentícias em geral, justamente por sua versatilidade e possibilidade de ser instalado em um skid compacto a fim de otimizar o espaço interno da sala de máquinas.

Mandando a falta de eficiência pelo ralo

Rachaduras dos pisos e drenos, contaminação excessiva, mau cheiro e corrosão são problemas recorrentes em instalações industriais. Como solução, a Brasmo traz ao setor, os sistemas de drenagem Blücher. Fabricados com foco em manter um alto nível de higiene e facilitar os procedimentos de limpeza, os sistemas Blücher não deixam cheiro, apresentam material de alta qualidade e atendem todos os requerimentos das normativas tanto nacionais e internacionais. Todos os sistemas da solução da Brasmo são feitos em aço inoxidável 304 e 316 L

Para quem deseja fazer uma aplicação de etiqueta sem contato, a rotuladora MPL80 da Marel pode ser o que você procura para sua operação. Segundo a empresa, o aplicador realiza a rotulagem C e de topo, além de lidar com todos os tamanhos de bandejas populares, tornando a solução adequada para uma ampla gama de aplicações de empacotamento. Equipado com o software Balança Etiquetadora Innova, a MPL80 pode operar com impressão por transferência termoquímica direta ou transferência térmica, o que garante uma operação exata e veloz de rotulagem, tudo sem abrir mão da impressão de alta qualidade e um layout flexível.

Condensando o verde e amarelo

Projetada 100% no Brasil, a nova unidade condensadora OptymaTM INVERTER é o lançamento da Danfoss destinado para câmaras frias. De acordo com a empresa, a solução conta com um importante diferencial: o alto índice de componentes próprios - cerca de 80% dos componentes utilizados são produzidos pela empresa. A OptymaTM INVERTER é equipada com o tradicional compressor recíproco Danfoss Maneurop na versão Inverter, que permite aplicação para média e baixa temperatura e 30% de eficiência superior comparada com uma unidade condensadora padrão de mesma capacidade. Com uma capacidade de refrigeração que atua entre -20° e 5°C, pode ser aplicada em câmaras de congelamento ou em frigoríficas.


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Capa Tanto em pesca quanto em aquicultura, Região Nordeste é responsável por diversas espécies de peixes fundamentais para a pauta nacional

Nordeste, o destinatário do futuro Apesar de carência de investimentos em pesquisa, capacitação, infraestrutura, políticas públicas adequadas, entre outras questões, Nordeste quer participar ativamente do desenvolvimento sustentável da aquicultura e pesca brasileiras

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Texto: Fabi Fonseca | Edição: Léo Martins

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Nordeste do Brasil tem experimentado mudanças significativas na indústria aquícola à medida que novos polos produtivos se somam aos tradicionais, impulsionando o aumento da produção nacional, tanto em aquicultura quanto na pesca, consolidando a região de forma definitiva como um importante player no panorama nacional.

São diversos os fatores que contribuem com a transformação deste cenário nos últimos anos, como a diversificação de espécies; introdução e aprimoramento de técnicas de criação; a adoção de tecnologias; investimentos em pesquisa e desenvolvimento; expansão da aquicultura marinha, fortalecimento de parceria e surgimento de cooperativas; melhor aproveitamento de recursos hídricos locais; desenvolvimento de infraestrutura; e apoio governamental.

Mas, embora a região apresente um grande potencial e o somatório desses fatores reflita uma transformação positiva, há desafios significativos que precisam ser enfrentados como as secas e variabilidade climática; infraestrutura limitada; regulamentação e fiscalização, comercialização e logística; desafios tecnológicos; entre outros. Assim, superar esses desafios e alavancar a produção nacional parece


Neste ano, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, que esteve ao lado de diversos outros governantes e lideranças, aproveitou a visibilidade do encontro para anunciar que o governo vai elaborar um plano de incentivo à interiorização do camarão no Estado. “Os estudos já estão em curso e quero convocar as entidades e as associações porque no ano que vem o Rio Grande do Norte vai implementar um ousado programa estadual de interiorização da carcinicultura potiguar”, disse. Para Itamar Rocha, presidente da ABCC e da Fenacam, o plano do governo é um importante despertar com potencial de um impacto enorme. “A gente pega os dados da interiorização do Ceará e da Paraíba

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No ano passado, a ExpoPesca e Aquicultura estreou na esteira dos eventos anuais como um reflexo da expansão dos novos polos produtivos de pescado na área. Organizado pela Câmara Empresarial de Pesca e Aquicultura da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe (Fecomercio-SE), levou em setembro nomes representativos do governo

Através da organização da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), a Fenacam está há quase duas décadas provocando a cadeia produtiva da carcinicultura e da aquicultura a unir forças em prol do desenvolvimento. Para isso, o evento costuma reunir as maiores empresas e autoridades do setor.

Ministro do MPA e governadora do Rio Grande do Norte se encontraram em Natal com foco em ações para gargalos da região

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exigir uma abordagem integrada no Nordeste, envolvendo o governo, a iniciativa privada, a sociedade civil e as comunidades locais. Neste sentido, encontros e eventos do setor também aparecem como estratégias importantes, como é o caso da consolidada e tradicional Fenacam e da recente ExpoPesca e Aquicultura.

O Nordeste já é grande produtor de espécies da aquicultura, a exemplo do camarão L. vannamei com uma indústria pronta para competir globalmente, mas Eng pontua a necessidade urgente de políticas públicas que facilitem o acesso a créditos, destacando o papel crucial do Banco do Nordeste e as políticas voltadas aos pescadores e marisqueiras, onde saúde, previdência social e suporte institucional são apontados como aspectos essenciais para promover o bem-estar dos envolvidos, sobretudo às mulheres. “É necessário uma política pública de apoio às mulheres e agricultura familiar, bem como sua saúde e dos seus filhos, além de moradia. Afinal, você só faz a sua atividade se tiver

moradia e uma perspectiva de vida. Ou seja, precisamos mudar isso”, completa.

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LK Drone Produções/Seafood Brasil

e lideranças setoriais à Aracaju, Sergipe. Neste ano, reuniu ainda Alagoas e Bahia, além de expositores institucionais (incluindo o MPA) e empresariais e serviu como vitrine para uma cadeia produtiva que busca se mostrar à altura, refletindo não apenas o potencial, mas ampliando as discussões em torno dos desafios. “Na hora que vai fazer isso, você se mostra bem arrumado ou mal arrumado. Então, a gente está mostrando a nossa cara. Se a nossa cara ainda está desarrumada, precisamos melhorar. Se em alguns Estados estiver com o trabalho melhor, então a gente precisa absorver isso e unir esse povo”, pontua o coordenador da Fecomércio e idealizador da ExpoPesca e Aquicultura, Humberto Eng.


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Capacitação e investimentos Com a contribuição do MPA também no plano de desenvolvimento da carcinicultura no Estado do Rio Grande do Norte, Paulo Faria, diretor de Desenvolvimento e Inovação da Aquicultura do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), destaca que o ministério está em fase de consolidação e o orçamento do próximo ano ainda não está definido. Entretanto, já foi utilizado em várias ações, desde capacitação até o fomento de diferentes cadeias produtivas e projetos de pesquisa e inovação. “Em relação à capacitação, temos alguns projetos consolidados, como o programa Multiplicadores Aquícolas, um curso a distância disponível na página do governo. A inscrição é gratuita e pode ser feita até 14 de agosto de 2024. Lá, os participantes aprenderão sobre aquicultura, piscicultura, carcinicultura e como ganhar dinheiro na produção de organismos aquáticos, abrangendo toda a cadeia produtiva”, destaca Faria. Outros módulos abordarão temas como licenciamento ambiental e acesso ao crédito. Para além dos cursos EAD existe capacitação presencial a exemplo do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e

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e as áreas interiores já estão com uma produtividade maior do que as águas do litoral. É uma capacidade de produzir que seguramente será com projetos pequenos com redução de custo de produção, melhora na eficiência de conversão alimentar e fora que aqui no Rio Grande do Norte já tem tradição porque a gente já produziu 38 mil toneladas em 2003”, fala. Entretanto, como destaca Rocha, um dos gargalos do projeto é ainda um dos maiores do setor: a carência de indústria de processamento: “Os caminhos para levar ao mercado interno é, por exemplo, daqui para São Paulo, no Ceasa, que vai enviar para outras regiões ou até Santa Catarina, que vai reprocessá-lo. O Brasil é muito grande e tem muitas cidades, mas não estamos com um produto que consiga avançar nelas. Para mandar aqui para Manaus, por exemplo, como vai mandar o fresco? Mas o fato é que a gente poderia mandar”, analisa.

Paulo Faria destacou na Fenacam 2023 os planos de desenvolvimento da carcinicultura no Estado do Rio Grande do Norte. Ele ainda falou das ações do MPA neste ano, como os editais de fomento para equipamentos de laboratório às universidades e institutos federais

Emprego (Pronatec), com o Ministério da Educação, que destinará R$ 36 milhões para mais de 20 mil vagas após levantamento de demandas nas universidades federais, escolas técnicas vinculadas e institutos federais. Apenas no Rio Grande do Norte, foram oferecidas duas mil vagas em cursos de aquicultura, operador em beneficiamento de pescado e agente de desenvolvimento cooperativista.

TPPs: um problema parado no tempo A estagnação de Terminais Pesqueiros Públicos (TPP) em regiões centrais para o desenvolvimento do setor no Nordeste entra na lista de gargalos da região. No ano passado, o governo realizou um leilão de concessão de sete dos 12: Aracaju (SE), Belém (PA), Cananéia (SP), Manaus (AM), Natal (RN), Santos (SP) e Vitória (ES), mas só teve êxito com Manaus, Belém e Vitória. Os TPPs parados têm gerado prejuízos e frustrações para diversos Estados, como é o caso de Aracaju (SE) e Natal (RN). Durante sua recente passagem a Natal (RN), o ministro do MPA, André de Paula, visitou o TPP da cidade que está com as obras paradas há muitos anos e garantiu que o restante das estruturas passará por um novo edital que deverá ser lançado ainda neste ano. “A gente não ver o terminal funcionar é sempre uma grande frustração. Nós estamos trabalhando e eu tenho muita convicção de que dessa vez, a gente vai atender a uma determinação do presidente Lula: colocar em funcionamento o terminal pesqueiro, que será um instrumento valioso para consolidar e fazer a pesca no Rio Grande do Norte avançar”, fala o ministro do MPA, André de Paula.


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Com o impulso da pesquisa Pesquisas, inovação, práticas sustentáveis e garantia da qualidade dos produtos são aspectos importantes para o crescimento sustentável da malacocultura no Nordeste e fazem parte da linha de ações da Embrapa Tabuleiros Costeiros

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malacocultura refere-se à uma aquicultura específica para moluscos marinhos ou de água doce para a produção de mexilhões, ostras e vieiras. No mundo, a atividade tem crescido nos últimos anos impulsionada pela demanda por pescado e pela busca de alternativas sustentáveis de produção de alimentos.

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No Brasil, apesar de diversas regiões costeiras apresentarem condições para o cultivo de moluscos, o desenvolvimento da produção varia de região para região, dependendo de fatores como pesquisas, infraestrutura, adaptação climática, regulamentações ambientais, mercado consumidor e capacitação dos produtores. Dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que, no Brasil, a produção de ostras, vieiras e mexilhões contabilizou 8.739.136 toneladas em 2022. O número significa uma queda de 22% na comparação a 2021, quando somou 11.204.381. No ano passado, a região Sul, com predominância de Santa Catarina, foi

a maior responsável pela produção nacional (8.291 toneladas). Por outro lado, o Nordeste ainda tem uma atuação muito tímida no segmento, sendo responsável por apenas 100 kg de toda produção da malacocultura brasileira em 2022.

Em 2018, para impulsionar a produção da maricultura, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) definiu que, das três unidades que atuavam na temática maricultura (Tabuleiros Costeiros, Meio-Norte e Pesca e Aquicultura), a Embrapa Tabuleiros Costeiros

Produção da malacocultura entre janeiro e dezembro de 2022 Malacocultura (ostras, vieiras e mexilhões) Quantidade (ton.)

Valor da Produção (1 000 R$)

Brasil

8 739

90 375

Nordeste

100

1 410

Maranhão

25

175

Piauí

-

-

Ceará

-

-

Rio Grande do Norte

-

Paraíba Pernambuco

24

-

288 -

Alagoas

13

345

Sergipe

5

160

Bahia

33

443

Exceto sementes de moluscos IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa da Pecuária Municipal 2021-2022


Para a produção da malacocultura no Nordeste, o sistema mais tradicional consiste na atuação com as estruturas chamadas de “Método Francês”. Ele é feito próximo ao solo, com as ostras dispostas em travesseiros, sobre estruturas chamadas mesas, camas ou racks. Nelas, as mesas fixas são cobertas pela água durante a maré cheia e ficam expostas ao ar durante a maré baixa, período no qual é possível fazer o povoamento, manejo e despesca das ostras. Mas em áreas tropicais essa prática pode causar problemas. Para isso, a Embrapa Tabuleiros Costeiros está com o projeto Aquicultura com tecnologia e sustentabilidade – Aquitech. Financiado pelo Sebrae e conduzido no Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, o estudo é desenvolvido com várias espécies. No

Essa estrutura, quando implementada, facilitaria o manejo e ainda permitiria a atuação dos produtores em águas tropicais marinhas mais profundas. Além disso, com instalações possíveis de serem anexas às fazendas de camarão, o produtor poderá atuar com sistema multitrófico. Em paralelo, ainda atua no projeto OstraNNE (Bases tecnológicas para a produção sustentável de ostras nativas no Norte e Nordeste). Financiado pela Embrapa e conduzido no Pará, Maranhão, Sergipe, ele engloba pesquisa com coleta de sementes e de engorda, maturação de reprodutores, desova, alimentação e mais. Enquanto a Embrapa tem desenvolvido sementes nos laboratórios de malacocultura, ao mesmo tempo, tem realizado teste em

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um cultivo experimental de ostras em Brejo Grande (SE). E para alavancar ainda mais as ações no segmento, além dos laboratórios de aquicultura e malacocultura que já estão em operação, a Embrapa Tabuleiros Costeiros tem buscado recursos para a finalização da construção e operacionalização do Laboratório de Pesquisa e Inovação em Maricultura (Lapimar). Quando finalizado, o espaço terá um sistema de recirculação de água para pesquisa e capacitação em piscicultura marinha. Com estrutura compacta, o objetivo ainda é que seja modelo replicado em outros locais. “Com as estruturas que a gente tem, campo experimental e a parte de cultivo, o Lapimar e as estruturas de laboratórios, com tudo isso pronto, a gente vai ser uma estrutura referência não somente da Embrapa, mas para toda a região Nordeste”, completa o pesquisador.

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Desde então, a Embrapa Tabuleiros Costeiros, com sede em Aracaju, Sergipe, tem desenvolvido projetos no segmento. Atualmente, por exemplo, está em andamento um projeto na malacocultura cujo foco principal é elevar as taxas de crescimento e sobrevivência da ostra nativa Crassostrea gasar em águas estuarinas no Norte e Nordeste. “Enquanto Santa Catarina desenvolveu todo um sistema de produção apoiado pela Universidade Federal, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), uma universidade privada e vários pequenos produtores que eram pescadores e se tornaram empresários na região Nordeste continuaram adotando práticas que foram trazidas na década de 1970 e sem adaptação local”, explica o oceanólogo, pesquisador e coordenador do projeto de malacocultura da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Jefferson Francisco Alves Legat.

caso das ostras, visa à avaliação e à adaptação de técnicas e tecnologias para a produção da Crassostrea gasar em águas tropicais e já está em fase final de avaliação de custo e com estimativas de lançamento em 2024. “Nesse sistema, os resultados mostraram um aumento de até 76,5% a mais de ostras em tamanho comercial após 10 meses de cultivo do que o método tradicional”, pontua o pesquisador.

Com obras iniciadas em 2020, o Lapimar, porjeto da RS Aqua, financiado pelo BNDES, está numa área de 580 m², na sede do Centro de Pesquisa, em Aracaju, e tem potencial para impactar positivamente todo o Nordeste. Mas a implantação de toda a estrutura depende da Embrapa conseguir recursos financeiros em cerca de R$ 2 milhões

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concentraria as pesquisas relacionadas à atividade nacional.

Pesquisador Jefferson Legat explica a Fabi Fonseca que, entre outras ações, os projetos da Embrapa têm adaptado estruturas de cultivos e práticas de manejos mais eficientes em águas tropicais brasileiras

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Em 2002, foi formada a equipe de maricultura da Embrapa para atender a demanda de produtores da carcinicultura e para realizar a prospecção de espécies nativas com potencial aquícola


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O baixo volume de produção inviabilizou o beneficiamento dos camarões em Indiaroba e por isso, ele é feito em uma indústria particular localizada no município de Propriá. As propostas de cardápio incluem a macarronada de camarão e também o risoto

Projeto de filé de camarão na merenda escolar começou em Indiaroba (SE) e já chegou a escolas estaduais

Camarão no recreio Além do impulso à produção, à saudabilidade e à questão econômica de aquisição do camarão produzido no próprio município pela aquicultura familiar, um forte apelo à inclusão social também foi fator importante para o L. vannamei fazer parte do cardápio da merenda escolar

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ntre os rios Saguim e Real, o município de Indiaroba, em Sergipe, que tem uma pequena população estimada em cerca de 16.549 pessoas conforme o último censo do IBGE, ganhou notoriedade recentemente ao ser o primeiro do Estado a incluir o filé de camarão na merenda escolar. A região atualmente abriga uma das duas unidades de beneficiamento no Estado que têm Serviço de Inspeção Federal (SIF) e cerca de 60 produtores de camarão, sendo que muitos deles compõem uma associação e se enquadram como produtores familiares.

“A partir disso a gente se ligou: temos os produtores, a indústria, a legislação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que permite você colocar um produto e o Conselho de Alimentação Escolar (CAE) que deliberou. Então, aproveitamos a

oportunidade e pensamos no ‘Marisco na Escola’”, explica o secretárioadjunto de Administração da Prefeitura de Indiaroba, Bruno Lessa. Conforme ele, o envolvimento da prefeitura com as entidades promoveu uma relação de confiança para que o projeto acontecesse. E para se tornar a primeira cidade sergipana a incluir o marisco no cardápio escolar, Indiaroba “arquitetou” um plano. Em 2021, realizou o estudo entre as secretarias de Educação e a de Desenvolvimento Econômico de Indiaroba. Nele, além de levantamento nutricional, foi realizado um Teste de Aceitabilidade dos alunos, alergias alimentares também foram consideradas e ainda foi realizado um pedido de autorização de consumo do camarão para os pais de todos os alunos das escolas do município. “Posterior a isso, a gente conseguiu

fazer a inclusão do camarão sendo mais uma fonte de proteína no cardápio da alimentação escolar”, comenta a nutricionista da secretaria de Educação de Indiaroba, Amanda Martins. No programa, com todo o camarão vindo de pequenos produtores familiares, Indiaroba já forneceu cerca de 7.400 quilos de L. vannamei para a alimentação escolar dos alunos da rede pública municipal. O fornecimento do filé do camarão aos alunos é feito apenas a cada 15 dias seguindo as diretrizes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e normas do PNAE que, para garantir um cardápio saudável aos alunos de todas as etapas da educação básica pública, aumentou a oferta de alimentos naturais e restringiu produtos processados.


O produtor Dudu tem dois pequenos viveiros de camarão e chega a obter cerca de 1.000 kg. Antes do projeto, a venda era direta para atravessadores, o que muitas vezes inviabilizava os lucros

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A cooperativa também dá suporte não apenas na venda, mas no acompanhamento técnico e orientação, regularização das áreas, inclusão social e influência econômica no cotidiano das pessoas. Assim, apesar do pouco tempo de implementação, o impacto para os pequenos produtores já é enorme. “Ele [produtor] pode povoar um tanque ciente que já tem a quem vender e já sabe a que preço e isso para o mercado é muito importante”, completa Marcos Paulo.

A partir do case de sucesso de Indiaroba, o Governo do Estado de Sergipe colocou em prática a proposta para a inclusão do camarão também em suas escolas estaduais. Em abril deste ano, a Cooperafir também venceu o chamamento público de aquisição do camarão e mais três alimentos da agricultura familiar que, com um orçamento de cerca de R$ 1,2 milhão, entraram no cardápio escolar.

“O incentivo à produção, esse é o benefício. A gente quer reconhecer, incentivar e validar a produção de camarão e do pescado de um modo geral da aquicultura”, pontua Zezinho Sobral, secretário de educação e cultura do Estado de Sergipe durante sua palestra sobre o coração na merenda escolar na ExpoPesca e Aquicultura SEALBA. “A perspectiva de ampliação é para que a gente possa chegar não só em 42, mas em 96 escolas de tempo integral em todas as diretorias regionais”, finaliza Sobral.

O governo de Sergipe já comprou 10.205 kg do crustáceo a serem distribuídos em cinco lotes a 42 Centros de Excelência da rede pública. Em todo o Estado, já são cerca de 20 mil estudantes de 45 unidades escolares que consomem o filé de camarão duas vezes ao mês

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Já Eduardo de Oliveira Chagas, conhecido como Dudu, é um pequeno produtor do Povoado Cajuerinho, em Indiaroba, e um dos produtores que fornece o camarão para a Cooperafir. Ele conta que iniciou na atividade em 2007, mas desde então sempre teve muita dificuldade em vender seu produto. Agora, com o projeto de 2022 em colocar esse camarão na merenda escolar, a situação mudou muito. “Hoje em dia está muito diferente. Isso porque a gente vende nosso produto aqui mesmo, o que tem ajudado demais para que todo mundo saia ganhando”, celebra Dudu.

Coisa boa se copia, sim!

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Em outra ponta, a Cooperativa de Produção, Comercialização e Prestação de Servicos dos Agricultores Familiares de Indiaroba e Região (Cooperafir) firmou acordo para aquisição do camarão dos pequenos carcinicultores familiares e é responsável pela comercialização do produto repassado para as escolas municipais. Mas, apesar de ser considerada uma referência de cooperativismo no Nordeste com cerca de 16 outras cooperativas com espécies de “filhas emancipadas” de diversas cadeias produtivas, o camarão ainda é uma novidade e tanta para eles, conforme conta Marcos Paulo, presidente da Cooperafir.

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Bom para todos


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O Grupo Carapitanga tem mais de 500 viveiros instalados em 14 fazendas localizadas no Nordeste brasileiro e dedicadas exclusivamente à carcinicultura

Para se manter entre os grandes

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Muitas são as iniciativas no Nordeste para manter a região entre as maiores produtoras de pescado nacional: seja com o investimento e ampliação de grandes empresas, como é o caso do Grupo Carapitanga, ou em projetos de inovação e sustentabilidade, como com camarão-pitu, da Codevasf

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ergipe abriga quatro das 14 fazendas de camarão do Grupo Carapitanga espalhadas pelo Nordeste para a produção, processamento e fornecimento de camarão L. vannamei. A dona da marca Qualimar está entre os principais produtores de camarão do Brasil e colabora há mais de 20 anos para o desenvolvimento da atividade no País. No Estado, as fazendas Sibra, Água Boa, Canaã e a Eco Shrimp, juntas, são responsáveis por mais de

500 toneladas de camarão em 2023. Para este ano, a estimativa de produção de todas as fazendas do Grupo é de 7 a 8 mil toneladas. Apesar de localizadas no mesmo Estado, cada fazenda do Grupo apresenta suas especificidades, desafios e planos. Com sistemas de produção semi-intensivo e densidades que variam de 8 m³ no inverno a 15 m³ no verão, mantendo-se uma média de 10 m³ na maior parte do ano, as duas unidades

Thales Veríssimo está à frente das fazendas de produção Nossa Senhora de Socorro, Canaã e Água Boa

Esperando por mais

Em 2020, em meio às tratativas sobre ampliação de mercados internacionais para o camarão produzido no Brasil, a Carapitanga concretizou o envio de dois contêineres para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O envio, junto da Camar, foi a única operação para aquele país em 20 anos.

vizinhas localizadas em Itaporanga D’ajuda, Água Boa e Canaã passarão por um plano de unificação. Enquanto a Água Boa tem 60 hectares atualmente com produção anual estimada em 250 toneladas, a ampliação dará ao local mais 50 hectares. Por sua vez, a Canaã, que está exatamente ao lado, também tem cerca de 60 hectares e estimativa para de aproximadamente 250 toneladas por ano. Na Água Boa, como o próprio nome já apresenta, a boa


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PACOTE TECNOLÓGICO Sanidade + Crescimento


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produção é justificada por questões como qualidade da água e solo. Os mesmos pontos positivos são encontrados ainda na fazenda Sibra, uma das produções mais antigas do Grupo, construída no ano de 2002. “Com animais, que têm média de 10 a 12 gramas, a gente contempla a produção anual em média de 350 a 400 toneladas”, explica Thales Veríssimo, gerente de produção.

quando a indústria necessita de um camarão específico, a produção também é possível. “Principalmente na Água Boa onde, pela condição do ambiente, da água e da energia, a gente tem aeradores que contribuem para levar o camarão a um tamanho maior e isso corresponde, de forma geral, a cerca de 10 a 15% da produção anual”, diz Veríssimo.

Ampliação hoje e sempre

A ampliação deverá acontecer em breve entre Canaã e Água Boa, que por sua vez, vai se tornar a maior fazenda de Sergipe do Grupo Carapitanga. Atualmente, a fazenda Sibra, com 110 hectares, é quem lidera - no Nordeste, a maior fazenda do Grupo fica em

A maior parte do camarão que sai das fazendas de Carapitanga, em Sergipe, é comercializado fresco para os grandes mercados consumidores de Rio de Janeiro e São Paulo. Entretanto,

Pernambuco, Atlântica, com 800 hectares. “Sergipe está numa condição de lugar bom, que aí favorece para que o desenvolvimento flua. Assim, de dois lados, tanto da produção quanto das obras, é simultâneo. No momento que a gente vai construindo, a o mesmo temo, já vamos colocando também para operar”, fala Veríssimo. Já na Bahia, a Maricultura São José, em Jandaíra, é um dos carros-chefes das produções do grupo. Única fazenda de L. vannamei da Carapitanga no Estado, a propriedade é a segunda maior com 450 hectares e 160 com produção estimada em 1.400 toneladas. “Os diferenciais da Maricultura São

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Preservando e multiplicando Em 2018, em colaboração com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL/Polo Penedo), a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) incluiu o camarão-pitu (Macrobrachium carcinus), na lista de espécies a ser trabalhada em seu Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Betume, em Neópolis, Sergipe. O projeto com a espécie tem como foco principal o repovoamento no rio São Francisco e, no futuro, também para o cultivo. “Nós já fizemos dois testes e eles têm comprovado a viabilidade do camarão-pitu ainda como uma espécie secundária na criação de peixes, mas os resultados são muito promissores”, afirma o engenheiro de pesca da Codevasf, Alexandre Delgado.

Alexandre Delgado explica que o projeto com camarão-pitu é crucial não apenas para a preservação ambiental, mas também para o sustento das comunidades ribeirinhas e, num futuro próximo, para o fortalecimento da aquicultura

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No Centro Integrado em Sergipe, a reprodução segue a mesma dinâmica. A fêmea é colocada em caixas para a desova. Depois, no berçário, a água doce é substituída pela água salgada. Para aumentar a taxa de sobrevivência, são colocados no rio apenas os juvenis de camarão-pitu. Para este ano, a projeção é de produzir aproximadamente 100 mil pós-larvas da espécie, sendo o laboratório de reprodução do camarão-pitu em larga escala da Codevasf o único no Brasil. “Hoje, o principal desafio é conseguirmos produzir em larga escala, e é isso que estamos fazendo”, finaliza Delgado.

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Para isso, matrizes e reprodutores da espécie foram capturados na região. Cada reprodução da fêmea do camarão-pitu resulta em cerca de 20 a 30 mil larvas por ano, ocorrendo até duas vezes anualmente. Neste projeto, o desafio, conforme destaca Delgado, é manter as larvas vivas, pois só desova na água doce, porém só se desenvolve na água salgada. “Então, a larva precisa ser levada para a água salgada e passar um tempo lá, por isso sua produção só ocorre próximo ao litoral. Ele migra da água doce para a salobra. Reproduz e retorna para a água doce para crescer”, explica.

O projeto da Codevasf, em Sergipe, realiza diversas iniciativas de repovoamento de inúmeras espécies no Rio São Francisco, destacando-se entre elas a preservação e reprodução do camarão-pitu


Sérgio Galvão está à frente da única fazenda do Grupo Carapitanga na Bahia

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Por sua vez, na Bahia, o empreendimento também precisou lidar com as enfermidades causadas por vírus

que afetam a sobrevivência dos animais no período de inverno. Além disso, as condições climáticas adversas para o cultivo também foram desafiadoras. “As baixas temperaturas e muitas chuvas causam variação brusca da salinidade, afetando o desenvolvimento do camarão”, completa Sérgio Galvão.

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Não muito diferente das demais fazendas de camarão espalhadas pelo País, as produções da Carapitanga precisam lidar com entraves na atividade, como logística, baixa tecnologia, custos da ração e, neste caso, a qualidade das pós-larvas e a sanidade acabam sendo os maiores. “Você vê que todo tipo de cultura hoje atrelada a genética, seja para um grão de milho até um boi, passa por genética. Então, há poucos laboratórios no Brasil, talvez um ou outro que trabalhe com a questão genética mais elaborada. Eu não conheço a larvicultura nesse quesito assim, mas acho que esse é o principal fator”, conta o gerente em Sergipe. Particularmente neste ano, as fazendas do Estado sofreram, ainda que com pouca incidência de Mancha Branca e Síndrome da Necrose Idiopática Muscular (NIM), embora Vibrio e hepatopancreatite necrosante (NHP) tenham sido mais incisivos.

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José é a qualidade da água, o clima quente na maior parte do ano e o corpo técnico especializado”, analisa o gerente de produção, Sérgio Galvão.


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Diversas espécies de alevinos peixes com grande apelo comercial fazem parte do portfólio da empresa

Aquicultura Santa Clara está há 30 anos produzindo alevinos focados na qualidade genética

Dedicação total em terra sergipana Com a produção de alevinos de peixes, Aquicultura Santa Clara se destaca na região como um dos principais produtores de alevinos de peixes. Entretanto, logística, baixo desenvolvimento e falta de incentivos na atividade da região são obstáculos para o empreendimento

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á mais de três décadas, Bonifácio Valgueiro deixou sua terra natal em Pernambuco para seguir sua paixão pela produção de peixes em Sergipe. Com formação em engenharia de pesca, Boni, como é conhecido, viu na época a oportunidade de aplicar todo o seu conhecimento e formação em engenharia de pesca na criação da Aquicultura Santa Clara. Localizado em Propriá, Sergipe, esse empreendimento familiar se destaca na região como um dos principais produtores de alevinos em grande escala, atendendo todas as regiões do Brasil. A produção atual, que se estende por aproximadamente 20 hectares e 80 tanques, foca em alevinos de surubim, carpa, tambatinga, tambaqui, tilápia e panga. Este último, segundo Boni, é uma aposta, apesar das oscilações na comercialização. “O panga não emplacou, mas acredito muito”, comenta

o empresário, cuja confiança na espécie é respaldada por experiências adquiridas durante uma viagem ao Vietnã. “Passei 27 dias naquele país e adquiri muitas experiências de produção. O peixe tem potencial”, enfatiza. O laboratório de larvicultura da Aquicultura Santa Clara é um ponto focal, com a capacidade de produzir até 7 milhões de pós-larvas por semana para peixes redondos, 1 milhão e 200 mil larvas de tilápia, e entre 10 e 12 milhões de larvas de panga semanalmente. Apesar desses números expressivos, Boni lamenta que sua capacidade está superdimensionada para a realidade da piscicultura no Nordeste do Brasil, principalmente na área de desova artificial. Na propriedade, os alevinos de tilápia destacam-se como os mais comercializados no Brasil. No entanto, apesar de estar localizado numa região

que ocupa o segundo lugar nacional com 170.065 toneladas em 2022, quase 20% das 860.355 toneladas que o Brasil cultivou no ano, conforme destaca o Anuário 2023 da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), nem a região e nem o Estado representam os principais mercados para a Aquicultura Santa Clara. “Em Sergipe, por exemplo, dos alevinos que produzo aqui não ficam 5%. Ainda não é, mas tem um potencial muito grande e eu gostaria de deixar tudo aqui”, conta Valgueiro. Segundo Valgueiro, o Estado carece de grandes investimentos cruciais para o seu desenvolvimento. “Aqui, a maioria dos produtores são pequenos. E mesmo que você junte muitos, eles não ficam grandes. Tem que ter um grande investimento aqui porque temos áreas excelentes, tem água, tem clima, tem solo e tem pessoal que gosta de trabalhar, mas tem que ter também uma remuneração digna e


Além disso, a depender do destino, a região enfrenta desafios logísticos significativos para o transporte de cargas, limitado a caminhões ou destinos com voos diretos. “A quantidade de voos e conexões são problemas. Na conexão muitas vezes deixam até 24 horas para reembarcar a carga e a gente perde o produto”. Para ele, a hesitação dos empresários em investir na região se deve, em grande parte, à falta de conhecimento. Além disso, ele destaca a necessidade de ações mais efetivas por parte do governo estadual. “O Estado tem que abraçar essa causa e ir atrás. O governo pode ter os incentivos fiscais, que é a primeira coisa. Pode ter a linha de financiamento mais barata até porque é uma área trabalhando junto aos pequenos produtores, o pessoal da agricultura familiar. Então, você consegue ter um recurso quando tem um fim social. Nós precisamos

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Boni considera que Estado carece de grandes investimentos que seriam determinantes para o seu desenvolvimento

Alevinos de nativos e híbridos são ofertados na propriedade

disso, o Baixo São Francisco precisa disso e o Nordeste precisa desses empurrões”, expõe.

um grande problema para Boni. “A gente tem uma água bem tratada, uma água boa, o volume nosso fica na faixa de mais ou menos 7 mil metros cúbicos de água renovada e filtrada. É quase um hectare de área só para reservatório e filtragem.”

Apesar dos desafios, a propriedade de Boni continua a expandir-se, destacando-se pela qualidade da água regional e sua estrutura. “A nossa piscicultura é uma das únicas que usa realmente o sistema de recirculação. Eu uso só probiótico e a parte de filtragem é feita com plantas aquáticas”, ressalta. Graças a esse sistema, a sanidade não é

Nos últimos 5 anos, a propriedade cresceu de 12 para 20 hectares. “Quase dobrou e tem expectativa de dobrar nos próximos anos, mas só depende de uma coisa: se a atividade começar a se desenvolver”, conclui Valgueiro.

Pescados com qualidade

Um empr a respe esa que ita o mei ambi ente o

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do Exija cedor e n for seu alidade a qu dutos pro dos ás ubr Nat

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uma garantia de compra do produto. Só assim é certeza absoluta que vai ter muita gente entrando na área.”

Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás. São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.

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O sabor que faz a diferença


deste pescado. De acordo com a empresa, o lombo já vem dessalgado e possui baixo teor de gordura, o que faz dele uma opção saudável. Com procedência portuguesa, o lombo de bacalhau é disponibilizado em caixas de 680 g.

Na

Gôndola A oferta de peixes, crustáceos e moluscos Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Coxinha com gosto de prêmio internacional A coxinha com tilápia não só é o grande destaque da Brazilian Fish, como também foi a vencedora do Prêmio Seafood Innovation Show, evento reservado à inovação na indústria do pescado que aconteceu durante da Seafood Show Latin America. O produto é feito com massa de mandioca e foi desenvolvido para ser apreciado em diversas ocasiões, como happy hours, barzinhos, recepções entre outros eventos. A coxinha com tilápia é disponibilizada em embalagens de 400 g.

Para baixinhos e grandinhos Das novidades apresentadas pela Noronha Pescados também durante a Seafood Show Latin America, duas tiveram destaque. A primeira é o Maritos, produto criado para atender ao público infantil e que ganhou terceiro lugar no Prêmio Seafood Innovation Show. Feito com polaca do Alasca em formato de desenhos de peixinho, estrela do mar e âncora, a novidade foi desenvolvida para introduzir peixes na dieta infantil. Já o segundo destaque fica por conta do bolinho de bacalhau préfrito, produto desenvolvido com pescado importado. A novidade dispensa ser passada no óleo em casa e vem preparada para ser aquecida no forno ou air fryer.

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Nova estrela da ceia? Se bacalhau é o que o seu cliente busca para dar uma incrementada na mesa das festas de fim de ano, o destaque da Bom Peixe pode te ajudar. Trata-se do lombo de bacalhau, produto que promete trazer uma opção saudável aos amantes

Insolação rápida Facilidade. Essa é a aposta da Frumar/ Komdelli com a linha Assa Fácil para agradar seus consumidores com paladar mais exigente, mas que buscam praticidade em sua rotina. A linha da empresa é composta por três produtos: filés de tilápia com manjericão (250 g); pedaços de salmão com limão e ervas (250 g); e filé de salmão com champignon e ervas (700 g). Todos os produtos Assa Fácil foram desenvolvidos para irem direto ao forno e também podem ser servidos para duas e quatro pessoas.

Polvo ao povo O mercado ganhou um novo representante de polvo. Trata-se do polvo tenderizado congelado da Brasmar, empresa portuguesa na qual a Mar Nobre é representante no Brasil. O destaque do produto fica por conta de sua suculência e sabor que, segundo a empresa, faz toda


A Karam’s Mar Pescados apostou na praticidade para agradar clientes que gostam de comer bem, mas andam com tempo escasso. Por isso, a empresa lançou uma linha de produtos prontos para fritar, como: mini acarajé de camarão; casquinha de siri; bolinho de camarão com catupiry; e bolinho de bacalhau. Segundo a Karam’s Mar Pescados, os produtos vêm prontos para serem fritos, estão disponíveis em embalagens que variam de 300 g a 360 g e vão muito bem como aperitivos.

Quem disse que peixe não combina com churrasco? É para mostrar como essa tendência tem se espalhado cada vez mais que a Mar & Rio criou a Peixe na Brasa, linha de produtos desenvolvida para bater cartão naquele, que é uma das maiores paixões do brasileiro: o bom e velho churrasco. A linha conta com diversos cortes de pescado como filhote, pirarucu, pintado e salmão, que estão disponíveis em embalagens de 800 g e ainda tem em seu portfólio o camarão cinza descascado e o eviscerado.

Tudo totalmente fresco Peixe fresco e com procedência. É dessa forma que a Frescatto destaca a sua linha Alfresco, que conta com diversas espécies como salmão, atum, camarão, tilápia, entre outras, tudo em variados cortes. Desenvolvida em bandejas embaladas em atmosfera protetora, a linha promete entregar ao consumidor praticidade e

textura, além de frescor por mais tempo. Por fim, a Alfresco pode ser encontrada em mercados de todo País, bem como no site de vendas da empresa: o www.portofrescatto.com.br.

Pegando a onda do tubo De origem chinesa, o tubo de lula da Opergel oferece aos amantes deste pescado sabor e qualidade em uma só compra. De acordo com a companhia, as lulas, ao contrário de outros animais do mesmo filo, não possuem uma casca externa dura, mas sim um corpo externo macio, característica essa que é revertida diretamente no sabor do produto. Ainda segundo a Opergel, o tubo de lula é disponibilizado em caixas de 10 kg com 10 unidades cada.

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Para a correria do dia a dia

O novo integrante do churras

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a diferença na hora de fazer pratos que contam com o polvo como estrela. Anda de acordo com a Mar Nobre, o polvo tenderizado congelado está disponível em embalagens de 800 g e promete levar à casa do consumidor praticidade e sabor no dia a dia.


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Especial

“La feria de Latinoamérica” Seafood Show Latin America fecha a 2ª edição com êxito e vai para novo pavilhão em 2024. Com a presença de 100 marcas, evento registrou crescimento na participação do trade, food e varejo

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Texto: Fabi Fonseca | Letícia Baptiston | Ricardo Torres

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m passo de cada vez rumo ao topo: é assim que a Seafood Show Latin America caminha para se consagrar como a maior feira de negócios da América Latina focada na comercialização de pescado. Realizada entre os dias 24 e 26 de outubro, no Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo, o evento novamente foi palco de lançamentos de produtos, apresentações de tecnologias e palestras nacionais

e internacionais, encerrando com êxito a sua 2ª edição. Promovido pela Francal Feiras em parceria com a Seafood Brasil, a programação contou com aulas shows, festival de gastronomia japonesa, premiações, rodada de negócios e a presença de diversas autoridades e players nacionais e internacionais do mercado. Já para 2024, a Seafood Show Latin America vai mudar de pavilhão e acontecerá no novo Distrito Anhembi, de 22 a 24

de outubro, em São Paulo. “Com o sucesso de 2023, vamos planejar um evento em um local ainda maior ampliar a feira com mais expositores e conteúdo, gerando assim, mais negócios para o mercado de pescado”, contou Valeska Oliveira, head de produto da Francal Feiras. Durante seu discurso na solenidade de abertura, Ricardo Torres, editor da Seafood Brasil, celebrou a materialização mais uma vez desse sonho. “Esse evento é o


Seafood Show Latin America

Cerimônia de abertura reuniu lideranças setoriais, políticas e institucionais

André de Paula, ministro da Pesca e Aquicultura (MPA) destacou a importância que o evento tem para discussões no Congresso para novas políticas públicas. “Hoje foi falado de o pescado ser integrado à cesta básica e no início da minha caminhada, a aquicultura nacional me passou

Antoine Karam, fundador da empresa Karams, esteve pela primeira vez no evento e aproveitou para apresentar seus produtos. “Conhecemos muita gente e, como é um evento também internacional, tivemos a oportunidade de mostrar nossa linha completa.” Já Eder Krummenauer, diretor da Frumar/Komdelli, destacou que

Seafood Show Latin America

produto dos sonhos de todos nós que estamos aqui hoje. Uma feira deste porte pode nos ajudar a destravar a comercialização global de pescado a partir da América Latina”, falou.

Com o objetivo de proporcionar e fortalecer relações de negócios no âmbito da América Latina, a 2ª edição da Seafood Show Latin America recebeu em seus estandes uma oferta ampla de pescado para comecialização no Brasil e na América Latina.

Empresas de diferentes segmentos da cadeia do pescado apresentaram seus produtos no evento

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Com ampla programação, evento foi palco de lançamentos de produtos, apresentações de tecnologias e palestras nacionais e internacionais e diversas outras iniciativas

O recém nomeado secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, aproveitou a oportunidade para falar diretamente ao setor sobre o desejo de apoiar e incentivar o crescimento do segmento. “O segmento é muito importante para a secretaria e claro, temos a missão de apoiar e ouvi-lo.”

De tudo um pouco: a América Latina ganhou um novo endereço

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Seafood Show Latin America

como prioridade a isonomia tributária como os suínos e aves. Questões como essas tem no Congresso Nacional o seu polo principal de debates e questões comuns para criar um espaço orçamentário no Ministério que nos permite apoiar eventos da importância da Seafood Show.” O ministro sublinhou ainda a importância do objetivo da organização de se tornar um dos três eventos de maior relevância global no setor.


Especial Os números superlativos da 2ª edição

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Além da ampla programação da Seafood Show Latin America, o destaque ficou para os excelentes números que marcaram a 2ª edição:

3.300 profissionais visitantes, com aumento de 43% na participação do food service, 37% no varejo, 16% em importadores e 2% em distribuidores; 100 marcas expositoras, de nove países, em 5.000 m² de exposição; 38 empresas envolvidas na Rodada de Negócios promovida pelo evento; 99% de satisfação dos visitantes; 94,2% de satisfação dos expositores; e 94,3% realizaram negócios.

Estima-se que as 125 reuniões realizadas na Rodada de Negócios gerem mais de R$ 21,4 milhões em volume de negócios nos próximos 12 meses

a empresa participou pela primeira vez como grupo. “Nosso foco foi no lançamento da Linha de produtos da Komdelli, que até então era 100% em salmão, mas desde que a Frumar assumiu, passou a trazer outras espécies de peixes”, informou.

explicou que o produto é prático porque são camarões congelados já cozidos e prontos para consumo imediato. A feira também foi uma oportunidade para comunicar a expansão. “Saimos de 15 fazendas para 18 fazendas e uma produção de 25 toneladas por dia.”

Com destaque aos lançamentos de produtos para churrasco e empanados, a Mar & Rio Pescados esteve de olho em divulgar a diversificação do pescado para estes fins, como revelou Aline Matarozzo, coordenadora de compras. “Hoje quando você pensa em churrasco, você não pensa em peixe, pensa em carnes. E a Mar & Rio vem com essa linha para levar à dona de casa o sabor do churrasco no pescado.”

Já a especialista em espécies nativas Bio Pescados da Amazônia levou toda sua linha Amazônia com mais de 30 espécies de peixe nativos para o evento, como informou o presidente Armando do Peixe. Entretanto, apesar da boa receptividade do mercado, ele destacou que sua região vem enfrentando problemas com a extrema da seca dos últimos meses. Diante do problema, a empresa voltou a trabalhar com peixes de aquicultura. “A gente está conseguindo repor a produção que deveria ser 100% do rio”, falou.

Fortalecendo o posicionamento do seu filé de tilápia, Fabio Shaen, gerente comercial do Grupo Bello Alimentos, contou que a força do grupo é a tilápia congelada e resfriada e, apesar da sua expertise vir do frango, a atuação é desafiadora. “A dificuldade hoje do consumidor é conseguir receber esse produto, que tem uma data de validade muito curta. E isso exige planejamento bem feito e uma logística apuradíssima.” Os crustáceos também tiveram destaque no vento. A Qualimar, por exemplo, estava com petisco de camarão em coroa. Nathalia Luches, que faz parte da gestão comercial,

As empresas de equipamentos também marcaram presença na edição de 2023. Marcelo Serpa, gerente comercial da Brusinox para a América Latina, celebrou mais uma participação no evento. “Neste ano tivemos mais reuniões, mais visitas e mais participações”, destacou. Por sua vez, Leonardo Tochetto, representante comercial da MQ Pack, apresentou uma solução para a indústria de automação para pesagem

e empacotamento de pescado, a Smart Weight C 20, lançamento considerado por ele ideal para o momento atual do setor. “Nós vemos que o pescado há demanda de equipamentos para tornar o crescimento do setor mais eficiente.”

Programação paralela Além da exposição de produtos e serviços, a programação paralela da Seafood Show incluiu diversas apresentações e palestras importantes para o setor, com a participação de palestrantes nacionais e internacionais. Com a apresentação “O status do comércio mundial de pescado”, Angel Rubio da Urner Barry pontuou que, seguindo a tendência de crescimento, a produção de pescado deve aumentar 32,8% até 2030 na América Latina, sendo puxada pela aquicultura. Em outro painel, as oportunidades para expandir as vendas das commodities em outros países da América Latina estiveram em pauta com “Commodities do pescado: Salmão, Tilápia, Camarão, Bacalhau e Peixe Branco”. Em sua fala, Esteban Ramíres, gerente geral do Instituto Tecnológico de Salmão da Samón de Chile, considerou que no Brasil, Colômbia e toda América Latina, a Covid-19 gerou um “comportamento”


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Linha Chef


Especial das pessoas que querem cozinhar mais em suas casas. Os produtos de nicho como atum, lula gigante, peixes amazônicos e lagosta também estiveram em evidência. Arimar França Filho, diretor da empresa Produmar, considerou que é preciso equilíbrio neste segmento. No mesmo painel, Francisco Hidalgo, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Tambaqui (Acripar), pontuou que há sempre um objetivo de tornar aquilo que está sendo produzido uma commodity, o que é o objetivo de todos os países.

Thomaz Ayres, CEO do O Peixeiro, Kaká Ambrósio, CEO da Dupeixe e Manu Ornelas, diretora da Peixaria Divina Providência, foram convidados para debater os “Novos canais de venda e marketing digital para o setor de pescado”, na qual conexão foi a palavra de ordem. “Naturalidade e conexão nas mídias. Pessoas se conectam com pessoas”, falou Ornelas, que é considerada a maior influencer de pescado do Brasil. Ambrósio detalhou a visão de que existe uma dor aguda para conectar quem vende com quem compra.

Por sua vez, entre as tendências do setor, o debate sobre “Novo pescado: Pescado celular, plant-based e modelos alternativos e sustentáveis de negócios” reuniu Isabela Pereira, analista de Ciência e Tecnologia da The Good Food Institute Brazil, Graziele Karatay, especialista em Ciência e Tecnologia da The Good Food Institute Brazil, Caroline Takita Levy empreendedora e mentora de negócios de impacto e Marcelo Szpilman, fundador & CEO da Sustineri Piscis. No painel, foi ressaltado que a carne tradicional sempre vai existir, mas a carne celular vem como uma alternativa de proteína para ser consumida.

Perspectivas estrangeiras fortalecem evento

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No entanto, Basso também trouxe à tona preocupações sobre obstáculos no comércio com o Brasil. Ele expressou inquietação quanto ao impasse persistente sobre os parasitas e a estagnação da consulta pública do RTIQ. “A incerteza resultante tem impactado a presença de exportadores argentinos no evento, com apenas quatro participando este ano. O receio de ser incluído no RAI tem sido um fator desencorajador para os negócios entre os dois países”, afirma. Por outro lado, Basso demonstrou entusiasmo com a crescente visibilidade do camarão argentino no Brasil, graças a uma campanha de destaque realizada em parceria com a Opergel. “A mudança de interesse, do tradicional foco na merluza para o langostino indica um potencial promissor para o produto argentino no mercado brasileiro.” Max Dominguez, diretor regional da Aquachile para

a América Latina, elogiou o evento e já confirmou presença em 2024. “Vemos a consolidação da feira não apenas para o Brasil, mas para toda a região latinoamericana. Pude me reunir com clientes de todo o continente, promovendo não só o salmão salar, mas também o coho e as marcas Aqua e Verlasso.” Para a Aquachile, essa feira tem sido fundamental para ampliar mercados e fortalecer laços comerciais. Dominguez expressou a satisfação da empresa com o número de reuniões produtivas e visitas, confirmando a presença para os próximos anos.

Três dias de feira provocaram intercâmbio efetivo de negócios entre países de toda a América Latina Divulgação/Seafood Show

A participação internacional na Seafood Show Latin America 2023 trouxe não apenas diversidade, mas também perspectivas valiosas sobre a feira e o setor. Pablo Basso, diretor comercial da Iberconsa Argentina, expressou seu otimismo em relação ao evento, destacando o crescimento significativo em escala, qualidade dos estandes e excelência dos serviços oferecidos.


Prêmios e reconhecimentos Rodrigo Azevedo/Divulgação Frescatto

O Global Reception, coquetel de confraternização oficial do Seafood Show 2023, foi palco do Prêmio Seafood Innovation Show, que contou com os seguintes vencedores:

1º lugar - Brazilian Fish com a coxinha de tilápia 2º lugar - Frescattto com o arroz de polvo 3º lugar - Noronha Pescados com os Maritos Além disso, a cerimônia anunciou os ganhadores do 2º Prêmio dos Melhores Peixeiros do Brasil, que reconhece a excelência na exposição de pescado fresco nos pontos de venda. A noite foi marcada pela conquista de Heitor Marcatti e Cleriston Souza, representantes da peixaria Hermes Pescados.

Vencedores do 2º Prêmio dos Melhores Peixeiros: premiação aconteceu ao vivo durante o evento

Conteúdo de cara nova

Já na Arena Talks, o Festival da Gastronomia Japonesa movimentou o último dia de evento. O evento, que ano passado era chamado apenas de encontro, trouxe

discussões sobre “A importância da cadeia de suprimentos no setor de restaurantes japoneses” com Jun Sakamoto, chef Sushiman e empresário, Felipe Katata, gerente comercial da Mitsubishi Brasil e Luizinho Hirata, Presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel SP) e Associação Brasileira de Gastronomia Japonesa (ABGJ). Rodrigo Azevedo/Divulgação Frescatto

Surfando na onda dos podcasts, a 2ª edição da Seafood Show Latin America foi palco do lançamento do Podcast Seafood Brasil, que foi pensado para conectar fornecedores e consumidores de pescado. A novidade é o reflexo da união de comunicadores do pescado formado por Ricardo Torres, Fábio Sussel, Fabi Fonseca, Letícia Baptiston e Tiago Bueno. Os bate-papos tiveram diversos convidados, entre os quais chefs e sushimen, representantes de redes de varejo, produtores e muitos outros especialistas do segmento da indústria de pesca e aquicultura.

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Podcast Seafood Brasil conectou fornecedores e consumidores de pescado para fomentar o consumo a proteína e discutir as principais dores do food service e do consumidor final


Especial Imagens que marcaram história D

urante seus três dias de evento, 2ª edição da Seafood Show Latin America reuniu empresas expositoras, profissionais e visitantes que puderam ver de perto não só a evolução do setor, mas também a trajetória de um evento que caminha passos largos rumo ao topo. Crédito das fotos: Seafood Brasil

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Lucas Vianna e Marilsa Fernandes (PeixeSP / Aquishow)

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Josiani Dias, Nazaré Zucolotto, Eder Shizuo e Francisco Medeiros (PeixeBR)

Ana Maria Silva (By Fish)

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Ana Helena Amaral, Antônio Ramon Amaral e Sônia Amaral (Brazilian Fish)

Josué Epitácio (Tudo do Mar Pescados)

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Edu Guedes e Júlio César Roweder (Mar & Rio)

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Mathieu Bourdeaux (Siam Canadian)

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Estande de Rondônia/ Tambaqui da Amazônia

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Ana Patrícia Grassiteli, Kaka Ambrósio (DuPeixe) e Francisco Abraão (JubarteDATA)

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Patrícia Pagnossin e Natália Luches (Carapitanga)

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Alexandre Reis (DeepSea) e Kazumy Miura (Japa da Ostra)

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Estande da Bello Alimentos

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João Machado, Igor Andrade e Antônio Guimarães (Soguima)

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Rodrigo Conci (Clearwater) e Rafael Barata (Frescatto)

Leonardo Tochetto e Samuel Guerreiro (MQ Pack)

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Thiago Sodré (Chef)

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Cristiane Santos, Daiane Scareli e Natália Santos (Atak Sistemas)

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Estado de Rondônia/ Tambaqui da Amazônia

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Luis Antônio Vera, Roberto Veiga e Moacyr Veiga (DAMM)

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Luis Sergio Santarosa, Sabrina Haila, Tiago Freitas, Marcelo da Silva e Diemes Junior (BTJ Aqua)

Sarah Oliveira, Gustavo Faria (Lex Experts) e Fábio Oliveira (Morota Pescados)

Dagoberto Coracini, Patrícia Thomaz, Vanessa Schreiber e Elaine Sales (Tilabras Aquacultura)

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José Undurraga, José Lago e Andres Peres (Multi X)

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Gustavo Pedrosa e Bruno Campos (Bio Pescados AM)

Tiago Bueno (Seafood Brasil), Angélica Seiblitz e Sérgio Sousa (BomPORTO)

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Estande AquaChile

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Luis Plameira (New Fish), Totonho Castilho (Peixes Megg`s) e Gustavo Palmeira (New Fish)

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Adelmo de Oliveira, Elaine Alves, Eduarda Mülhbauer, Jade Pereira e Lincon Dubiela (Independent Brazil)

Guilherme Blanke, Tanara Carvalho, Dayane Rodrigues, Milena Figueiredo e Marcelo Uchoa (Noronha Pescados)

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Estande Alaska Seafood (ASMI) Rui Teixeira e Paulo Ferreira (MPA)

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Caique Alfonso, Mateus Chiarelli, Marcelo Tadeu, Leticia Chiarelli e Camila Barros (Rebela)

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Felipe Magdiel, Fábio Serra e Lucas Medeiros (SEDEC RO)

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Fernanda Tucci, Rossana Gomez e Pedro Henrique (Opergel)

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Cláudio Spina (Expresso Alaska)

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Éder Krummenauer (Frumar | Komdelli), Pablo Rillo e José Kacelnik (Ecil | Inak)

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Leandro Orsi, Diego Orsi e Alessandro Orsi (Altamar Foods | Seven Foods)

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Fabio Karam, Antoine Karam e Alessandro Karam (Karam`s Mar)

Marcos Najar (Opergel), Mateus Chiarelli (Rebela), Ivan Filho (Opergel) e Daniel Menegueti (Menegueti Comercial)

Fernanda Yamasaki e Jesse Diaz (Vinh Hoan)

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Jairo Gund, Eduardo Lobo e Liliam Katunda (ABIPESCA)

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Thiago De Lucca (Frescatto) e Ricardo Torres (Seafood Brasil)

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Aderlan Lange, Felipe Fortunato e Jony Silva (Safegold)

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Marcelo Lara (ABRAPES), Victor Arruda (Fenix SP / ABRAPES) e Totonho Castilho (Peixes Megg`s)

Tiago Bueno (Seafood Brasil), Roberto Gutierres e Gustavo Gutierres (Bom Peixe)

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Danielle Dias, Luara Cassiano, Carlos Ishikawa, Leonardo Tachibana (IPesca) e Leonardo Takahashi (CAUNESP)

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Elane Correa (Equali-Z) e Fabi Fonseca (Seafood Brasil)

Armando do Peixe (Bio Pescados da Amazônia)

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Divulgação/Marel

Suplemento

Controle de parâmetros produtivos chega a novo patamar com inteligência artificial

Tecnologia e sustentabilidade: o molde do futuro

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m mais uma edição do Suplemento de Tecnologia de Processamento, mergulhamos na interseção entre inovação tecnológica e sustentabilidade na indústria de pescado brasileira. A crescente demanda por pescado produzido de forma responsável e sustentável está reformulando as práticas de produção e processamento, refletindo as preocupações atuais dos consumidores e da sociedade.

Este suplemento conta com a contribuição das especialistas Érika Furlan e Rúbia Tomita, do Instituto de Pesca (IP-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e os pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura, incluindo Leandro Kanamaru Franco de Lima, Viviane Rodrigues Verdolin dos Santos,

Roseane Veras de Souza, Andrea Lorena Neuberg e Julyanne Alves Leite​​. Uma das linhas principais da intersecção pesquisa-indústria é o bemestar animal. Segundo os pesquisadores da Embrapa, já existem comprovações científicas consistentes demonstrando que os peixes possuem a capacidade de sentir e responder a estímulos tanto positivos quanto negativos (são sencientes). “Assim, durante o abate, os peixes precisam ser submetidos a procedimentos operacionais muito bem definidos e que causem sua correta insensibilização tornando o processo mais humanitário.” Por outro lado, temos o desafio de comunicar isso adequadamente aos diferentes públicos, como explica Furlan. “É um excelente momento para informar os consumidores e orientá-

los também para um consumo mais consciente; aproveitando que o consumo de pescado já está relacionado à dietas mais saudáveis e que as discussões globais quanto aos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável-ODS estão em destaque.” Para Tomita, outro conceito que deve ser mais difundido no setor é o One Health. “É uma nova abordagem para lidar com a segurança alimentar, dentre outras temáticas. No português, Saúde Única, integra a saúde humana, a animal e o meio ambiente, além de estimular a adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle de enfermidades, trabalhando em nível local, regional, nacional e global.” A Seafood Brasil preparou este material com o suporte financeiro e editorial das empresas Brusinox, Envirolyte Brasil, Lex Experts, Marel e MQ Pack.


Consultoria

Sanidade

Embalagem

Processamento

Consultoria: trabalho pelo bem coletivo

Em 2023, a Lex inaugurou o Centro de Estudos LEX e contabilizou 278 participantes nos cursos, com destaque para o de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e de Programa de Autocontrole (PAC), com metodologias próprias e foco na atuação prática dos profissionais da indústria do pescado. “Nosso Centro de Estudos agrega diferentes conhecimentos e faz discussões para desenvolver o setor”, conta Oliveira.

A evolução constante da agenda regulatória e da atuação da fiscalização dos serviços de inspeção exige acompanhamento estrito do segmento. “É possível perceber de forma clara como essa evolução precisa ser acompanhada pelos Programas de Autocontrole das indústrias. Quanto mais bem desenvolvidos, preventivos e técnico-científicos são os PACs, mais assertiva se torna a relação entre fiscalizador e fiscalizado”, diz Oliveira.

O aumento do interesse das indústrias pela capacitação está relacionado ao crescimento da

Os consultores frisam que o Mapa realizou em 2023 um intenso trabalho na ampliação da quantidade

Programas de Autocontrole

de Serviços de Inspeção Estaduais e Municipais aderidos ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA). Os estabelecimentos registrados no SIE ou SIM com SISBI-POA podem pleitear sua adesão e com isso, comercializar livremente seus produtos em todo o território nacional, explica Oliveira. Mas o trabalho fundamental continua a ser feito na construção das parcerias para amplificar a missão da empresa em fortalecer e desenvolver o setor pesqueiro e aquícola. “Durante o ano, nossas parcerias com o terceiro setor se consolidaram e cresceram com abordagens inclusivas e direcionadas para o desenvolvimento das pessoas”, fala Oliveira. “Isso reforça a nossa crença de que a pesca e a aquicultura são feitas de pessoas para pessoas”, conclui.

Empresa citada: Sarah de Oliveira e Gustavo Faria +55 (47) 9 8856-2714 contato@lexbr.net

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busca por certificações em sistemas de gestão de segurança. “Tivemos a oportunidade de participar de processos de certificação em grandes indústrias e perceber como o setor está evoluindo seus sistemas de gestão da qualidade e segurança dos alimentos”, aponta Faria. A Lex atuou diretamente com consultorias especializadas para a realidade das indústrias de pescado.

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caminho da evolução tecnológica e regulatória do setor do pescado no Brasil em 2023 passou por ações de formação continuada, busca por certificações e fortalecimento da cultura de segurança dos alimentos, aprimoramento técnico dos processos e produtos, e por iniciativas relacionadas à preservação dos recursos e melhor aproveitamento - síntese feita por Sarah de Oliveira e Gustavo Faria, fundadores da Lex Experts.


Suplemento

Sanidade e sanitização: conceito one health

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A adaptabilidade de microrganismos ao ambiente natural, associada às práticas de uma aquicultura intensiva, leva a um aumento do risco de contaminação entre os animais contaminados e não contaminados, contribui para infestação no peixe e, por consequência, na indústria processadora. Parte da produção aquícola brasileira, conforme lembram os pesquisadores da Embrapa, ocorre em viveiros de terra e tanques-rede instalados em reservatórios de água. “Esses sistemas podem ser considerados, de certa forma, desprotegidos por

em toda a cadeia da indústria de pescados, guiando uma solução de maior eficácia, reduzindo custos e diminuindo insalubridade no manuseio de produtos químicos de forma sustentável.”

Divulgação/Envirolyte

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esde 2008, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) passaram a desenvolver estratégias conjuntas dentro do conceito One Health, com o objetivo de reduzir os riscos emergenciais e a disseminação de doenças infecciosas resultantes da interface entre animais, humanos e ecossistemas. De acordo com Rúbia Tomita, do IPesca, a proximidade cada vez maior do ser humano com os animais (selvagens e domésticos) acentuou o risco, como mostrou a pandemia da Covid-19. “Além disso, a alta mobilidade do homem pelo planeta e sua capacidade de alterar a natureza e os ecossistemas, resulta em maior oportunidade de disseminação e transmissão de doenças entre os seres vivos, além de alterações também em partes ambientais.”

Equipamento de fabricação de desinfetante anólito da Envirolyte

ficarem expostos à contaminação ambiental de variadas fontes, como fezes de animais ou pela introdução de alimentos e rações contaminadas. Além disso, o clima quente, associado à riqueza de nutrientes na água de cultivo, potencializa a multiplicação destes microrganismos indesejáveis e prejudica a abordagem de Saúde Única na piscicultura brasileira”, indicam os pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura. Atenta a estes aspectos, a multinacional fabricante de sistemas de desinfecção, esterilização e purificação de água Envirolyte desembarca no segmento com grande expectativa. Segundo o doutor em química Roberto Zuchetti, responsável pela área de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, para toda a indústria, é de tremenda importância receber a crescente demanda de maneira sustentável. “A Envirolyte Brasil chega para trazer um benefício importante para os processos de limpeza e desinfecção

Zuchetti avalia que os produtos ofertados podem contribuir para aumentar a qualidade dos produtos alimentícios e, ao mesmo, reduzir custos. “Esta equação é a que ofertamos ao mercado.” A linha contempla geradores de produtos de limpeza e desinfecção in-loco, por meio de uma patente exclusiva desenvolvida em laboratórios na Europa. “Conseguimos entregar para nossos clientes soluções mais eficientes para os processos de CIP (Clean-and-Place), COP (Clean-onPlace) e Limpeza & Desinfecção das instalações em geral.” O portfólio inclui geradores que realizam um processo de eletrólise no interior de um reator inovador com uma membrana, desenvolvido e patenteado pela empresa, produz uma solução desinfetante - anólito - e uma solução limpadora alcalina católito - considerada extremamente versátil para a aplicação.

Empresa citada:

Mateus Menezes (21) 97663-5830 mateus.figueiredo@wasco.com.br


s processos de embalagem são a chave para a segurança, a comercialização e qualidade para os consumidores. Aqui, a MQ Pack vem se destaca com suas balanças de múltiplos cabeçotes que fazem milhares de combinações para a melhor pesagem.

diretor da empresa, Marcos Queiroz.

‘visível’ alterações na cor da embalagem.”

A novidade apresentada durante a Seafood Show Latin America de 2023 tem duas derivações: um para filé de tilápia e outro para múltiplas espécies.

Outro exemplo de embalagem inteligente é quando um alimento depende do tempo-temperatura. “A embalagem poderia ‘interagir’ com o consumidor, informando se sua qualidade e conservação foi realmente eficiente e se pode ser consumida.”

A novidade agora é a terceira geração da balança horizontal de múltiplos cabeçotes, que combina peso, classifica, mistura e faz descarte automático. “Lançamos em 2023 a balança SmartWeight C20, capaz de fazer 60.495 combinações matemáticas de peso em um único Scan Time”, explica o

O conceito emergente possibilita o controle da qualidade dos alimentos durante o período de armazenamento e comercialização. A especialista Rúbia Tomita, do Instituto de Pesca, diz que uma das estratégias é incorporar às embalagens substâncias como os compostos fenólicos. “Assim, pode ser

Empresa citada: Marcos Queiroz (11) 9 89816103 marcos.queiroz@mqpack.com

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Embalagem inteligente e ativa

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Divulgação/MQ Pack

Embalagem: preservação e eficiência

Balança de múltiplos cabeçotes da MQ Pack: milhares de combinações em busca do peso ótimo


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estagnação da pesca extrativa e a expansão da atividade aquícola e seus impactos forçam o setor a lutar incessantemente para aumentar os níveis de eficiência e produtividade nos frigoríficos. Os fornecedores de máquinas e equipamentos estão atentos a isso. “Ao longo dos últimos 50 anos, a produção de pescado no Brasil teve uma gigantesca mudança, tanto na forma de se obter o pescado, bem como nos volumes de produção”, avalia Ambrózio Bacca, diretor da Brusinox. O crescimento da aquicultura - e a previsibilidade de fornecimento que ela trouxe - impactou de forma bastante positiva no dimensionamento da linha de processamento. Um dos reflexos foi a mecanização da maior parte da linha, como frisa Bacca. “No caso da tilápia, podemos trabalhar com descabeçadora, evisceradora e até mesmo filetadora, onde se pode medir produtividade e rendimento em vários pontos da linha”. O executivo avalia que a Brusinox assumiu a dianteira na criação de soluções ao setor, não só na tilápia hoje, os equipamentos da empresa estão na América do Sul, América Central, América do Norte, África e Ásia. A novidade que a empresa antecipa à Seafood Brasil é um novo conceito de máquina para filetar salmão. “Nossos testes já comprovaram um rendimento muito acima dos padrões existentes”, diz Bacca, sem antecipar os detalhes.

Dois desafios ainda se impõem aos fabricantes como a Brusinox. O primeiro deles é fornecer um equipamento que permita realizar o processamento por um longo período sem paradas, que seja de fácil higienização e fácil manutenção. “Isso torna o equipamento eficiente e econômico, gerando resultado para a indústria.” O segundo é a obtenção de linhas de crédito acessórias, para que desenvolver novos equipamentos, pois todo o desenvolvimento é feito somente com recursos próprios.” A gigante islandesa Marel também faz inovação com capital próprio. “Anualmente, investimos aproximadamente 6% das nossas receitas em pesquisa e desenvolvimento, reafirmando nosso propósito de oferecer soluções avançadas para os mercados onde atuamos”, frisa o gerente de contas da Marel Fish, Paulo Guth. O aporte possibilitou o lançamento de diversas soluções que já estão disponíveis no mercado brasileiro. Uma delas é o sistema de inspeção de espinhas por raio-X. “A tecnologia SensorX, com aplicação especificamente para o processamento de tilápia, aprimora a segurança dos alimentos ao identificar baixas densidades de cálcio para a detecção de espinhas em filés, proporcionando um nível superior de garantia da qualidade dos alimentos”, aponta Guth. Outro desenvolvimento digno de nota é a linha inteligente

Divulgação/Brusinox

Processamento: honrar a matériaprima aquática

Brusinox aumentou número de soluções para indústria do pescado a partir da expansão da aquicultura

StreamLine para o corte e refile de filés de tilápia. “Essa solução distribui automaticamente os produtos, possibilita o acompanhamento da linha de processamento e integra o monitoramento individual da performance dos operadores, ambos em tempo real, promovendo maior controle operacional e eficiência.” Durante o último IFC, a Marel lançou a Skinner MAJA ESB 4434 WF em linha, projetada especificamente para atender às necessidades dos processadores brasileiros no que diz respeito à remoção de pele de filés frescos. “Este novo equipamento não apenas proporciona robustez, mas também se destaca pela facilidade de higienização, tornando as tarefas de manutenção e limpeza descomplicadas”, defende Guth.


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Suplemento

Ao longo dos últimos anos, a Marel tem acompanhado de perto a evolução do setor de processamento de pescados no Brasil, especialmente no que diz respeito ao crescimento significativo do processamento de peixes de cultivo. Se por um lado a empresa enxerga esforços para oferecer produtos de maior valor agregado, por outro ainda vê falta de padronização da matériaprima e a inconsistência no volume de peixes destinados ao processamento. “A ausência de padronização na matériaprima implica em variações que impactam a eficiência dos processos. Com volumes mais expressivos, o setor pode usufruir substancialmente da automatização, promovendo uma utilização mais eficiente da matériaprima disponível.”

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Qualidade e destinação nobre Diminuir o desperdício, gerar menos resíduos e aumentar a rentabilidade do setor são pilares para o sucesso da atividade no cenário atual, como apontam os pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura. “Considerando que um determinado tipo de peixe pode gerar até 70% de resíduo nos processos de filetagem industrial, seja automatizado ou não, cada vez mais as empresas estão buscando formas de aproveitar o material descartado para a geração de coprodutos com alto valor

Divulgação/Marel

O executivo destaca ainda o que considera “avanços significativos” em soluções de softwares para integrar o processo produtivo desde o recebimento da matéria-prima até a expedição do produto acabado. “Isso fornece aos gestores uma visão detalhada do negócio, permitindo a identificação em tempo real de desvios de planejamento para correções imediatas. O software também capacita a controladoria com informações detalhadas sobre o rendimento, possibilitando uma distribuição mais precisa dos custos da matéria-prima”, explica.

Linha de processamento da Marel: empresa nota evolução, mas ainda vê falta de padronização da matéria-prima e inconsistência no volume de matéria-prima

agregado.” Outro destaque apontado pelos especialistas é o aproveitamento de peles e escamas para as diversas aplicações cosméticas e medicinais. O aproveitamento e conversão de subprodutos em aplicações mais nobres com pescado é uma linha de trabalho consistente do Instituto de Pesca. A Unidade Laboratorial de Referência de Tecnologia do Pescado (ULRTP) já criou diversas aplicações com Carne Mecanicamente Separada (CMS), entre as quais uma já foi premiada. Os crackers de pescado foram pensados para atender ao mercado institucional de compras públicas, mas os pesquisadores o consideram um item com grande possibilidade de penetração junto ao consumidor final. Estes e outros desenvolvimentos podem ser feitos sob medida para indústrias, já que a ULRTP presta consultoria em processos de desenvolvimento de produtos até a

transferência de informações sobre legislação e a oferta de cursos e treinamentos para os profissionais do pescado, bem como na adequação de estruturas de processamento de pescado em si.

Empresas citadas:

Ambrózio Leonel Bacca Filho (47) 3351-0567 ; 9 9948 7667 bacca@brusinox.com.br

Paulo Guth (19) 3414-9000 paulo.guth@marel.com


SensorX

Proteja sua marca e seus consumidores contra reclamações de espinhas

marel.com/pt

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• Taxa de detecção de 99% em ossos de até 0,7mm • Aumenta a velocidade de processamento • Reduz o trabalho manual e a manipulação dos filé

O SensorX da Marel se integra perfeitamente para transformar sua linha de processamento de pescados em uma solução completa, avançada, eficiente e precisa, que impulsionará seu negócio para o futuro. SEAFOOD BRASIL • OUT/DEZ 2023 •

Garanta alimentos mais seguros e menos reclamações sobre espinhas com a detecção óssea de precisão do SensorX


Personagem

“Menina do Mangue” Conheça a história da filha de pescadores Mayris Nascimento, fundadora da Nosso Mangue, que viu a ação inicial de plantio de mudas de mangue se tornar empresa de impacto social combinando turismo regenerativo, preservação ambiental e inovação social Texto: Fabi Fonseca

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o francês filet, que em tradução significa rede, o bordado filé fez da região Pontal da Barra, em Maceió, Alagoas, ser conhecida mundialmente como o bairro das rendeiras. Isso porque a região abriga boa parte das artesãs que, com as próprias mãos, dão origem ao bordado, uma das riquezas culturais do Estado e do Brasil. Além das rendeiras, Pontal da Barra também se destaca pela pesca. E é da pesca, assim como do turismo e da culinária local, atividades que giram em torno dos manguezais, que boa parte da comunidade sobrevive.

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social e ambiental nos projetos de comunidades locais, até chegar à criação do Nosso Mangue. “O nome da empresa traz esse viés de que todos nós devemos cuidar do nosso manguezal. Não somente eu ou você. E assim, o impacto ambiental que conseguimos gerar no ecossistema é bem maior”, pontua.

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Este é o caso de Mayris Nascimento e de toda sua família. Filha de pescadores, ela tem 27 anos e é CEO e fundadora do Nosso Mangue, uma empresa de impacto social que se dedica à preservação ambiental e ao empoderamento das comunidades por meio de abordagens inovadoras para a resolução de problemas socioambientais.

Em 2022, após Mayris concentrar suas forças no Nosso Mangue, o projeto passou a ganhar mais visibilidade, importância social, reconhecimento e diversos prêmios. Naquele ano, a empresa recebeu o Prêmio Nacional do BNDES Garagem Negócios de Impacto e o primeiro lugar no Startup NE e GDH Indústria, pela inovação e impacto positivo da iniciativa.

Mayris nasceu na própria Pontal da Barra e teve desde cedo um forte contato com a natureza e com os manguezais, tanto que sua relação lhe rendeu o apelido de “Menina do Mangue”. Já naquela época, ainda criança, ela começou a perceber que cada vez mais as áreas de mangues estavam sendo desmatadas. Logo, aos 12 anos de idade, passou a se envolver em projetos sociais e ambientais na comunidade. “A gente fez uma ação social para conhecer o manguezal e eu me apaixonei porque tinha tudo a ver com a minha história”, lembra.

Atualmente, o Nosso Mangue trabalha com turismo regenerativo dentro dos manguezais em Pontal da Barra, onde leva as pessoas para vivenciarem o contato com o ecossistema, entenderem o contexto histórico e cultural da própria comunidade, onde atuam e como o próprio negócio surgiu. Desde sua criação, a empresa foi responsável por plantar mais de 15 mil mudas de mangue, além de 18 ações de plantio e monitoramento da área piloto, plantando um total de 15.147 mudas e sementes.

Mas a ação que despertou o interesse de Mayris foi desfeita pela organização responsável. E foi quando a jovem, com apenas 16 anos, decidiu dar continuidade àquele trabalho de plantio de propágulos de mangue, visando recuperar as áreas que estavam sendo desmatadas.

Responsável diretamente por números que geram impactos e inspiram, a CEO cursa atualmente administração e em breve retornará para a graduação em química, tudo parte de um plano ainda maior: “Consolidar a empresa realmente como de impacto. E não só aqui, em Maceió e no Estado de Alagoas, mas em outros Estados para gerar esse pertencimento nas pessoas de como é importante preservar esse ecossistema”, finaliza.

Então, deu início ao desenvolvimento de um modelo de negócio com uma forma de atuação por meio do movimento

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3ª FEIRA INTERNACIONAL DE COMERCIALIZAÇÃO E TECNOLOGIA DO PESCADO

SUCESSO DA FEIRA CONFIRMA IMPORTANTE PLATAFORMA PARA O SETOR DE PESCADO NA AMÉRICA LATINA

profissionais

profissionais visitaram visitaram

marcas expositoras

estados participaram

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países estiveram presentes

horas de conteúdo

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