Seafood Brasil #39

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MKT & INVESTIMENTOS

ESPECIAL

O bilionário negócio dos games vicia jogadores, empresas e a publicidade

Camarão da Argentina chega sem preço ou tamanho, mas promete rivalizar com rosa

seafood

brasil

#39 - Abr/Jun 2021 ISSN 2319-0450

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Sob os olhos do mundo

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Salvar o planeta e comer pescado não são incompatíveis, mas lidar com telhados de vidro é chave para a sustentabilidade


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Editorial

Sem pisar em ovos

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esde que o documentário Seaspiracy foi lançado pela Netflix, em março deste ano, as redes sociais ferveram em comentários de consumidores assustados com a sentença de morte aos oceanos trazida pelo diretor, Ali Tabrizi. Para além das imprecisões e meias-verdades do filme, queremos chamar a atenção para que a cadeia não apenas desqualifique o personagem ou seus argumentos, mas reconheça que há, sim, telhados de vidro no setor. Como toda atividade antrópica que adquire caráter industrial, a aquicultura e a pesca fazem parte de uma mesma engrenagem que gera impactos ao meio. Foi assim que a humanidade resolveu a equação de produzir o suficiente para fornecer ao menos 20% da dieta de 3,3 bilhões de pessoas diariamente. Há outras muitas equações, porém, sobre as quais precisamos nos debruçar genuinamente, cientificamente e sem paixões, para endereçar o paradigma da sustentabilidade. A reportagem de Capa (pág. 28) é um chamamento para

assumirmos nossas responsabilidades - inclusive a de informar e se posicionar sobre em que pé estamos. A informação é uma proteção para ninguém pisar em ovos. Um veículo segmentado como a Seafood Brasil também tem a responsabilidade de sintonizar nosso setor com o espírito do momento. É por isso que trazemos a vocês nesta edição uma deliciosa reportagem da seção Marketing & Investimentos (pág. 12) sobre a bilionária indústria de games. Já em Especial (pág. 46), o leitor confere a evolução das importações de camarão santana da Argentina. Em Ponto de Venda (pág. 58), destacamos os preparativos para a 18ª Semana do Pescado. E para fechar com um tema mais leve, celebramos o Dia Mundial do Rock (13 de julho) com um Personagem (pág. 74) que é um peixeiro rockeiro, ou um rockeiro peixeiro - fica a seu critério. Boa leitura!

Ricardo Torres - Editor-chefe

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Índice

06 5 Perguntas

10 Na Água

12 MKT & Investimentos 26 Na Planta

44 Na Gôndola

46 Especial

58 Ponto de Venda

Expediente Redação

redacao@seafoodbrasil.com.br

66 Na Cozinha

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Capa

74 Personagem

CAMARÃO INTEIRO CRU COM CASCA Sortimento: Congelado a bordo ou na planta.

Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres Editor-chefe: Ricardo Torres newsanfood.com.ar Editor-executivo: Léo Martins Repórter: Fabi Fonseca Diagramação: Emerson Freire Adm/Fin/Distribuição: Helio Torres Crédito da foto de Capa: Zhu Jiamin/Pixabay

Comercial

Tamanhos: Embalagem: L1 10/20 peças x kg 6 pacotes x 2 Kgs comercial@seafoodbrasil.com.br L2 21/30 peças x kg cada um L3 31/40Oliveira peças x Bueno kg Tiago

Impressão

Máxi Gráfica A Seafood Brasil é uma publicação da

Seafood Brasil Editora Ltda. ME CNPJ 18.554.556/0001-95

Sede – Brasil

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R. Serranos, 232 São Paulo - SP - CEP 04147-030 Tel.: (+55 11) 2361-6000

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Escritório comercial na Argentina

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5 Perguntas à Chefe Geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, Dra. Danielle de Bem Luiz

Entrevista

Por uma cadeia estruturada A nova chefe geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, Danielle de Bem Luiz, quer colocar a ciência a serviço da organização setorial Texto: Ricardo Torres

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Depois de começar a carreira profissional justamente na Embrapa

Pesca e Aquicultura, onde atuou na área de Pesquisa, a engenheira de alimentos resolveu retornar à casa pelo “sentimento de pertencimento”, explica. De forma palpável, ela também enxerga que uma forte integração entre as diferentes unidades da empresa e outras instituições parceiras pode render uma estruturação das demandas evolutivas da cadeia produtiva da forma como ocorreu em aves e suínos. Depois de passar pela Embrapa Agropecuária Oeste e Embrapa Suínos e Aves, você retorna à Palmas. Qual foi sua motivação para se candidatar ao cargo de chefe-geral e o que foi determinante para que você vencesse o pleito, na sua opinião?

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Divulgação/Embrapa Pesca e Aquicultura

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uando a última edição da Feira Agrotecnológica do Tocantins (Agrotins) encerrou a programação científica, a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) assinou o Termo de Entrega de 11 áreas aquícolas para criação de tilápia no Estado, com potencial de produzir 50 mil toneladas de peixes. Além das lideranças do governo do Estado, na foto oficial também estava a nova chefe geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, Doutora Danielle de Bem Luiz.

Costumo dizer que é o sentimento de pertencimento. Fiquei com o sensação de que poderia ter feito mais. Nos estudos de mestrado e doutorado, visitamos também as cooperativas e produtores de suínos e aves e vimos como é estruturado este setor. Venho de um Estado em que essa organização é uma realidade. Verifiquei que poderia trazer

essa necessidade de estruturarmos a cadeia produtiva da aquicultura no Brasil. Estamos passando por um processo muito rápido de estruturação da cadeia - e a pandemia acelerou isso. Todas as tecnologias de TIC (TI e Comunicação) colaboraram com isso. Do mesmo jeito que precisamos estruturar o setor, estamos estruturando uma rede de pesquisa voltada para o segmento. Uma verticalização maior do setor trará uma profissionalização maior da cadeia produtiva e, assim, teremos maior certeza em relação às demandas. Precisamos priorizar as principais espécies para fechar este pacote tecnológico, sem desprezar as demais espécies. Se hoje uma família de classe média vai ao supermercado e tem cinco bocas para alimentar, ela ainda irá preferir comprar outras proteínas, porque isso [o pescado] pesa no bolso do consumidor. A Embrapa completou 48 anos com diversos indicadores que apontam relação direta entre produção de café (que dobrou nos últimos vinte anos), aumento de 509% na produção de grãos com elevação de duas vezes na área plantada, sete vezes a produção de leite; 60 vezes a produção de carne de frango e 100% no rebanho bovino, entre outros. Como a Unidade pretende articular-se com as demais para deixar um legado similar à aquicultura e pesca brasileiras?

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Em nosso planejamento estratégico, temos de inserir alguns números que


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5 Perguntas

“Uma verticalização maior do setor trará uma profissionalização maior da cadeia produtiva e, assim, teremos maior certeza em relação às demandas.”

A metodologia que usamos é um conceito da Nasa chamado Technology Readiness Levels (TRL). Quando se chega ao nível oito dessa TRL, conseguimos medir o impacto e evolução da tecnologia. Em março vocês realizaram mais uma etapa do Plano de Execução da Unidade. Até o momento, quais são as principais diretrizes do plano e como ele dialoga com as prioridades da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Mapa e entidades privadas, como a PeixeBR?

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Fizemos um workshop com várias entidades com horizonte 2030 e estamos nos aproximando do setor, tanto para explicar a política de inovação da Embrapa voltada para projetos com desenvolvimento, visando à inovação aberta com o setor para a pronta entrega de um TPPS (Tecnologia, Produto, Processo ou Serviço), em conjunto com uma empresa ou associação.

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Uma unidade ou instituição sozinhas não conseguirão ter resultados de impacto trabalhando de forma isolada. A primeira etapa foi essa do ambiente externo, convidamos estes parceiros e outras unidades da Embrapa. Temos compromissos compartilhados, como a priorização de espécies, a questão nutricional - rações adequadas para as diferentes fases de espécies nativas, que respondem por 70% dos custos operacionais. Nossa unidade completará 12 anos neste ano, mas antes de ela existir,

outras unidades já tinham atuação nessas temáticas. Eles continuam com pesquisadores focados e estamos trabalhando em rede com eles. Estas reuniões também contemplaram as lideranças do setor pesqueiro? Como você enxerga a atuação da Unidade junto ao setor pesqueiro e que desafios apontaria como passíveis de serem endereçados pela unidade?

da tilápia e camarão marinho, gerar pacote tecnológico mais apurado para o tambaqui e preencher lacunas de conhecimento na produção de garoupa em cativeiro.

Hoje temos poucos pesquisadores na área de pesca - eles estão direcionados para a pesca artesanal e continental. Com o setor pesqueiro extrativista de forma industrial, temos atuado em algumas ações ligadas ao processamento de pescado.

Entre os resultados que poderíamos citar, está o tambaplus, o SIT Aquicultura (Sistemas de Integração Territorial), sondas multiparâmetros, o drawback da tilápia, que possibilitou o incentivo à exportação que estamos vendo agora, entre outros.

Isso não é uma questão interna da Embrapa, mas de quantitativo de pessoas.

O BRS Aqua pretende estruturar a Embrapa e seus parceiros para atuar mais fortemente na cadeia produtiva - essa estruturação fortaleceu a rede de pesquisa interna e externa. Fortalecemos ainda nossas instalações físicas, com equipamentos valiosos.

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Acervo pessoal

ainda não estão disponíveis sobre a atividade, então não podemos ainda projetar o avanço. Esperamos que, nos próximos anos, possamos mostrar informações de ganhos financeiros ou adoção por lâminas d’água, em contraste com a adoção por hectares.

O BRS Aqua, projeto apoiado pelo BNDES Funtec, SAP e a própria Embrapa envolve em torno de 270 pessoas de 22 unidades da empresa, além de parceiros externos. Quais foram os resultados até o momento e que projeções você faz para o futuro do projeto?

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O projeto apresenta atualmente 115 resultados, entre entregas e serviços para o setor produtivo, 50 parceiros públicos (universidades, instituto de pesquisa e a SAP) e 11 parceiros privados. Os resultados atendem às principais espécies comercializadas no País e englobam soluções para refinar tecnologias

A conversa inicial sobre o projeto começou em 2012, avançou em 2013 e entrou em vigor no final de 2017. Ele foi escrito com base nas demandas da época, mas hoje, temos outras demandas. A mudança para a garoupa foi uma dessas indicações, já que antes estávamos focados no bijupirá. Toda e qualquer mudança do gênero precisa ser apresentada ao banco [BNDES], que por sua vez, possui um processo inteiramente auditado.


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Do pó viemos e em pó aditivaremos

Na

Água Tecnologia para pesca e criação Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Dados da sanidade

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A Sanphar Saúde Animal apresenta um programa de gestão sanitária que promete melhorar os índices zootécnicos das produções de piscicultura. A iniciativa prioriza proteger os peixes contra enfermidades, evitando perdas ou mortalidade decorrentes de problemas sanitários de maneira contínua. Para isso, o programa realiza o gerenciamento dos dados levantados para fazer um amplo controle da propriedade e assim, contribuir para o bem-estar dos lotes na obtenção de melhores índices zootécnicos e produtos seguros para os consumidores.

Atuando na produção e desenvolvimento de aditivos e suplementos de nutrição animal, a Salmix disponibiliza ao mercado o Nubila, aditivo conservante em pó fino. Com aderência à superfície, o produto é um gerador de monômetros de vapor de ácido propiônico e pode ser utilizado em silos, caminhões, fábricas de rações e galpões. O Nubila é disponibilizado ao setor em sacos de 20 kg e possui validade de 24 meses.

Totalmente natureba A Biotide extra é uma solução 100% natural e sustentável da Biorigin para produções intensivas. Derivada da levedura Saccharomyces cerevisiae, a solução é fonte de nucleotídeos dietéticos (RNA) e uma alternativa aos nucleotídeos livres que garante produtividade e retorno ao produtor, mesmo em situações de desafio sanitário. De acordo com a empresa, os estudos conduzidos com o Birigin extra indicaram ROI mais de 3x superior quando considerado desempenho e de 15x maior frente desafio sanitário com Aeromonas.

Para descer redondo Emulsificante à base de lecitina de soja. É assim que a Feedis,

companhia austro-brasileira do setor de nutrição e saúde animal, apresenta o FRA LeciMax. Segundo a empresa, o produto traz desempenho que melhora a digestão de gordura do animal por possuir concentração de LPC e LPE e ser composto por leticina de soja parcialmente hidrolisada a 60%. Podendo ser usado para peixes e crustáceos, o FRA LeciMax possui uma inclusão de 250 a 2.000 g/ton de ração e pode ser encontrado em sacos de 20 kg e Big Bags de 1.000 kg.

O tempo não para O alimentador de peixe estacionário da Trevisan é um sistema mecanizado capaz de realizar fornecimento de ração para tanques de piscicultura. Utilizando um timer, o equipamento pode ser acionado a qualquer hora, além de oferecer a possibilidade de programar horário para descarregar a ração. Podendo ser utilizado para diversos tamanhos de ração (excetos as em pó), o alimentador lança um leque de até 20 m de comprimento por até 18 m de largura, dependendo da densidade da ração.


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Marketing & Investimentos

Um play nos negócios SEAFOOD BRASIL • ABR/JUN 2021 • 12

Com a expansão da Internet e o crescente número de aparelhos celulares em todo o planeta, empresas embarcam no uso dos jogos eletrônicos como ferramentas relevantes para a geração de negócios e receita Texto: Fabi Fonseca | Edição: Léo Martins

U

m baixinho, italiano, de macacão azul, camisa e boina de cor vermelha com um “M” estampado na frente, usa bigode e é muito carismático. Estamos falando do encanador mais

famoso de todos os tempos e, independentemente da sua idade, caro leitor, é quase impossível você não acertar. O Mario, mascote oficial da Nintendo, é talvez o maior herói da história dos games.

Desde quando foi criado pela Nintendo em 1981, seja como protagonista ou em participações especiais, Mario já apareceu em mais de 200 jogos, vendendo mais de 520 milhões de unidades pelo mundo


Divulgação Nintendo

O personagem Mário já apareceu em mais de 200 jogos e ajudou a vender mais de 520 milhões de unidades ao redor do mundo

Atualmente, várias empresas de diversos setores estão dando o play, literalmente, e embarcando no uso dos jogos eletrônicos como ferramentas relevantes para a geração de negócios e receita, seja via merchandising, na gamificação ou até nos Esportes Eletrônicos (eSports) - que se tornaram uma categoria profissional.

Game é coisa de gente grande Os números sobre a indústria de games no mundo ilustram bem a sua própria expansão. Um recente estudo da Accenture, empresa multinacional de consultoria de gestão, tecnologia da informação e outsourcing, estima que o valor total da indústria de jogos globais agora excede US$ 300 bilhões. A receita é maior do que os mercados de filmes e música somados. Todo esse alcance foi ainda mais potencializado no ano passado. O motivo? A pandemia da Covid-19, que aumentou os jogos móveis via celular e a interação virtual.

“A indústria de games vai muito bem, obrigado”, afirma sem medo, SJ Santos, mestre em Game Design pela Full Sail University e Managing Director da Honkytonk Games e Esports.

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e fluindo rios de dinheiro a seus criadores. O fascínio que o baixinho bigodudo despertou em sua história mostra o poder dos games para ajudar empresas a expandirem suas marcas e negócios. E tudo só “piorou” com a expansão da Internet e o crescente número de aparelhos celulares em todo o planeta.

Um estudo chamado “Jogos: a nova super plataforma” analisou dados de 4 mil jogadores em quatro dos maiores mercados de jogos - China, Japão, Reino Unido e Estados Unidos que, combinados, representam 47% de todos os jogadores globais e 64% de todos os gastos diretos do consumidor em jogos. Buscando compreender as necessidades dos jogadores e os impulsionadores do crescimento massivo da indústria, a pesquisa constatou que, nos últimos três anos, a indústria de jogos ganhou mais de meio bilhão de jogadores, chegando a 2,7 bilhões de pessoas em todo o mundo. E tem mais: o relatório ainda prevê que mais de 400 milhões novos jogadores são esperados até o final de 2023.

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O fato é que hoje, o universo dos jogos virtuais tornou-se um negócio gigantesco e global. E, em meio a tantas oportunidades e com a consolidação de uma tendência antes considerada futurista, as empresas de pescado também precisam ficar atentas. Elas podem até não saber por onde começar, mas hoje os games são uma aposta do presente tão certeira quanto a criação do Mário em 1981.


Marketing & Investimentos Mais celulares, mais crianças no mercado Já que a criançada hoje em dia é uma grande influência para seus pais jogarem, é importante dizer que o salto no aumento do consumo de jogos virtuais pelo público infantil também está relacionado ao crescente número de aparelhos celulares no mundo.

expectativa é que a gente tenha uma retração de 1% neste ano em relação a 2020. Mesmo assim, a indústria de celular vai crescer 4,4%.”

Uma pesquisa sobre o panorama Mobile da Time/Opinion Box Crianças e Smartphones no Brasil entrevistou, em setembro de 2020, 1.982 brasileiros que acessam a Internet, possuem smartphone e são pais de crianças de 0 a 12 anos, respeitando as proporções de gênero, idade, renda mensal e distribuição geográfica. Segundo a pesquisa, descobriuse que 61% das crianças de 0 a 3 anos têm acesso a smartphone, seja próprio ou dos pais. A proporção sobe conforme a idade e alcança 95% na faixa de 10 a 12 anos. Já entre as crianças de 7 a 9 anos, o número de quem usa smartphone por três horas ou mais por dia saltou de 30% para 43% em um ano - aumento decorrente provavelmente da pandemia. Por fim, a proporção de crianças de 7 a 9 anos com smartphone que usam o WhatsApp subiu de 36% para 50% em um ano.

Dá o play, Brasil!

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Ele comenta que na contramão da pandemia, onde muitos setores tiveram queda no faturamento em 2020, os games tiveram um crescimento assustador e acima do que estava projetado. “Isso porque, globalmente, conforme os países entraram em lockdown, as pessoas passaram a ter menos oportunidades de lazer e diversão. Logo, o game passou a ocupar um espaço muito grande na vida das pessoas”, explicou. Segundo Santos, esse salto impressionante dos games está diretamente relacionado com o grande número de celulares no planeta. “O celular, que já vinha se destacando desde 2015, foi a principal plataforma de jogos em 2020. Com o auxílio do aparelho, a indústria de games cresceu 21% em 2020, quando comparada a 2019, com o faturamento de

US$ 177,9 bilhões”, informa. Para 2021, por conta da vacina e dos países cada vez mais abrindo mão do lockdown, o executivo prevê que o faturamento deverá cair, mas será um reflexo quase imperceptível do crescimento anormal e não esperado do ano passado. “A

No Brasil, a indústria de games também vem acompanhando esse crescimento. “Tudo que o mundo sentiu [o salto do setor], a gente sentiu também. Então, durante a pandemia esse setor cresceu no País e as empresas [de games] faturaram muito em 2020”, sublinha Santos. Terceiro mercado mundial no consumo de eSports - ficando atrás apenas de China e Estados Unidos -, o Brasil viu muito do crescimento desse setor devido às pessoas que passaram a jogar mais de casa e a consumir mais conteúdo online. No entanto, ele explica que neste ano o Brasil também deverá sentir uma certa retração do setor. “Conforme as pessoas voltam para escola ou ao trabalho, a retração acontece. Mas, o importante é deixar claro que essa retração não é necessariamente ruim. Afinal, ninguém esperava que fosse acontecer o que aconteceu no mundo no ano passado”, pontua Santos.

Crescimento que não para mais: nos últimos três anos, a indústria de jogos ganhou mais de meio bilhão de jogadores, chegando a 2,7 bilhões de pessoas em todo o mundo

Pixabay/Liberadas


Petula Ponciano, chefe-geral da Embrapa Solos, explicou que a ideia do SoilsPlay partiu da percepção de que várias empresas de diversos segmentos vêm trabalhando com gamificação

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O desafio SoilsPlay é o pontapé da Embrapa para a criação da primeira plataforma de games dedicada ao agro

www.br-ecil.com


Marketing & Investimentos Fortnite + música = revolução Em abril do ano passado, a primeira de uma série de apresentações do rapper americano Travis Scott ao vivo dentro do jogo Fortnite foi considerada pelos críticos internacionais do setor de música e games como o “evento revolucionário” na indústria de shows e eventos segundo a consultoria Nielsen Sports, os shows de Scott alcançaram 28 milhões de pessoas em todo o mundo. O Fortnite adaptou-se muito bem às circunstâncias provocadas pela pandemia da Covid-19 e, conforme a Nielsen Sports, reinventou o conceito de “agregação’’. A empresa Epic Games, em colaboração com Travis Scott, organizou uma jornada musical única inspirada em influências do artista e criaram do zero dentro do jogo a Astronomical.

Reprodução

O Fortnite apresenta-se como um jogo altamente lucrativo e conhecido. Ele arrecadou, só em 2019, cerca de US$ 1,8 bilhão e, no primeiro trimestre de 2020, permaneceu como um dos títulos de jogos de maior crescimento e mais populares nos Estados Unidos. Entre março e abril, com o console e PC, a receita cresceu 106% e o jogo atingiu um alto nível de conhecimento de todos os tempos entre a comunidade de jogos (92%).

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Segundo a consultoria Nielsen Sports, os shows de Scott Travis no Fortnite alcançaram 28 milhões de pessoas, tornando o evento revolucionário

Para a vice-presidente da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames), Carol Caravana, é fato que durante a pandemia se começou a consumir mais jogos. Ou seja, quem jogava passou a jogar mais tempo e quem não jogava, começou a jogar. “Muitos jogos acabavam sendo feitos pensando na pessoa que estava no ônibus, no Metrô, no trânsito parado e precisava, muitas vezes, jogar com

uma mão só. Agora, isso não acontece tanto”, expõe. O trabalho presencial agora vai rivalizar com muita gente em casa. “Alguns jogos que saíram em uma época em que o consumo era de um jeito, agora estão sendo consumidos de outra forma. E isso é bastante interessante”, comenta. Caravana diz que realmente é possível atribuir esse crescimento do setor a diversos elementos: as demandas por mais jogos, por novidades ou jogos antigos sendo

relançados. Ou por um motivo bem curioso. “Os pais, por passarem mais tempo com as crianças, também começaram a jogar com elas não só para acompanhá-las ou só para matar o tempo em casa de um novo jeito.”

Game e gamificação são iguais? Com a indústria de games sendo impulsionada no Brasil e no mundo, a gamificação também vem ganhando protagonismo e impactando positivamente diversos setores da indústria, sobretudo durante a pandemia. SJ Santos esclarece que existem diferenças entre game e gamificação. “Quando a pessoa ouve o termo gamificação pela primeira vez, imediata e automaticamente ela pensa em jogos por conta do radical ‘game’. Esse conceito está errado e adotá-lo é nocivo”, falou. De acordo com o especialista, games ou jogos são um conjunto de ações que um jogador pode adotar dentro de um universo controlado. “Sendo assim, existem milhares de definições diferentes de jogos: tomar decisões, seguir caminhos, fazer escolhas, encarar ou não desafios, resolver problemas, mas sempre dentro de um universo controlado”, esclarece. Já a gamificação pode ser considerada um processo. “E, por isso, você pode anexá-lo a inúmeras coisas”, completa. Ele exemplifica pensando em uma certificação que pode ser acoplada a uma linha de produção e que, para ser conseguida, é preciso pensar no que se precisa fazer antes, depois e qual é a tolerância de erro. Logo, somente se esse processo for igual ao padrão do começo ao fim, é possível ser certificado. “A gamificação é a mesma coisa. Não é transformar em um jogo, mas sim usar


Cases: publicidade e os jogos Havaianas

os elementos dos jogos e aplicá-los neste processo”, esclarece Santos.

“O agro entrou no jogo” De olho nesse potencial da gamificação e agregando duas das maiores cadeias de valor do mundo dos negócios - o agronegócio e a indústria de jogos -, a Embrapa Solos (RJ), Firjan SENAI e Sistema CNA/Senar lançaram, em março deste ano, o “SoilsPlay: o agro entrou no jogo”. O projeto busca desafiar empresas e startups a apresentarem propostas de games que contemplem aspectos técnicos, capacitação e possíveis simulações de cenários, de maneira lúdica e atrativa. Os temas são baseados nas vertentes de sistemas integrados de produção, serviços ecossistêmicos, mercado de carbono, recuperação e conservação de solos e experiência do consumidor. Petula Ponciano, chefe-geral da Embrapa Solos, explicou que a ideia partiu da percepção de que várias outras empresas de diversos segmentos no País vêm trabalhando com a gamificação, como parte de ações de treinamento quanto à gestão de risco,

A empresa se aproveitou do poder do Fortnite e lançou recentemente a sua nova coleção de chinelos em uma ilha virtual dentro do jogo. No modo criativo, os jogadores conhecem a ilha de verão da marca em forma de chinelo.

Havaianas/Divulgação

O Boticário Já a marca de cosméticos se uniu ao Avakin Life, jogo de realidade virtual que permite que o jogador crie um avatar e uma segunda vida. Na ação, os jogadores poderiam realizar O Boticário/Divulgação diversas ações, como resgatar recompensas do jogo por meio de pontos (BotiCoins) e adquirir itens do portfólio da marca e uma consultora virtual.

Brahma Em outubro de 2020, a cervejaria embarcou nos jogos online para apresentar a cerveja Duplo Malte no formato long neck. Em parceria com a agência Cheil, a empresa inaugurou um bar virtual que recebeu cerca de 40 influenciadores que juntos, fizeram mais de 1,3 milhão de pessoas acompanharem o lançamento através de streaming.

Brahma/Divulgação

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Continua na pág. 20.


Marketing & Investimentos Os perfis de quem está ajudando a impulsionar o setor de games no mundo

ESCOLHA SEU JOGADOR

Além do Brasil, ao menos 14 outros mercados como Coreia do Sul, Alemanha, França e Canadá geram mais de US $ 1 bilhão.

Os homens representam 52% dos jogadores, as mulheres 46% e não binários 2%.

Os novos jogadores de hoje são mais jovens: 32 anos contra 35 para aqueles que jogam há cinco ou mais anos.

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Nos novos jogadores, o sexo feminino domina com 60% e apenas 39% para o sexo masculino.

Um terço dos novos jogadores são identificados como não brancos.

APERTE O START, ESCOLHA ESSA JOGADORA E CONFIRA O PERFIL DELA AO LADO Fonte: Análise da Accenture sobre o cenário global de jogadores


O perfil do jogador brasileiro

VOCE ESCOLHEU IARA

IARA

51,5% do público de jogos eletrônicos do País é feminino Mais da metade do público se identificou como parda ou preta (50,3%,

anos 2.090

A principal classe social dos jogadores no Brasil é a média-alta (B2), com

27,6%

Graças aos smartphones, cerca de metade dos consumidores são das classes C1,

D e E (49,7%, na soma)

C2,

A maioria opta por jogar em smartphones (41,6%), seguido por consoles (25,8%) e computador (18,3%)

Fonte: 8ª Pesquisa Game Brasil (PGB), que ouviu 12.498 pessoas em 26 Estados e no Distrito Federal. As entrevistas foram realizadas entre os dias 7 e 22 de fevereiro deste ano.

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Possui uma renda média familiar de até R$

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O público é adulto e possui entre 20 e 24

na soma)


Marketing & Investimentos

No jogo Farming Simulator, a empresa de máquinas John Deere oferece aos jogadores um trator com as mesmas especificações, cores e força do trator real

cenários, tendências etc. “Pensamos em criar um desafio de inovação que tivesse duas vertentes: da comunicação e da conscientização”, falou. Conforme ela, ao trabalhar com a gamificação, é possível mostrar para a sociedade que o Brasil possui, por exemplo, diversas vertentes do agro que são sustentáveis. “A gente pode fazer uma comunicação específica para o público que não é do agro, que é urbano e que às vezes não conhece ou não tem informações adequadas de como que a agricultura brasileira é o que é hoje”, explicou. Segundo Ponciano, também é possível usar a gamificação para ser uma ferramenta de transferência de tecnologia ou também para reciclar e capacitar técnicos extensionistas.

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O game, a gamificação e o Marketing Com crescente número de pessoas conectadas à Internet em todas as partes do mundo, tanto os games quanto às ferramentas de gamificação apresentam um potencial

enorme, sendo mais desenvolvidos e utilizados por diversos segmentos a cada dia que passa. Logo, eles ganham espaços em áreas estratégicas como o Game Marketing e na busca pela diversificação de ações de comunicação para gerar melhores resultados às empresas. A vicepresidente da Abragames, Carol Caravana, além de reforçar o boom do setor de games em 2020, ressalta que, consequentemente, a publicidade dentro de jogos também cresceu. Caravana esclarece que há tipos diferentes de formatos de publicidade que podem acontecer relacionados aos jogos. Um deles, por exemplo, são as ações merchandising, que surgem como alternativas interessantes para quem busca novas formas de aumentar a visibilidade de suas marcas e produtos. Além das ações de merchandising, as empresas e marcas também estão apostando em eventos dentro de jogos, seja em eSports ou de “entretenimento normal”. No caso de eSports, a

modalidade tornou-se um fenômeno mundial e vem atraindo uma multidão de fãs e de jogadores nos últimos anos. Sendo assim, o que era um jogo, tornou-se profissão para homens e mulheres que buscam competições em todo o mundo por prêmios milionários e com renome em eventos esportivos. Atentos a isso, a crescente popularidade faz os desenvolvedores de videogames também organizarem torneios internacionais para promover seus respectivos jogos, recebendo assim patrocínios de empresas de marcas bilionárias como Microsoft e Red Bull. Caravana reforça a aposta e o sucesso da realização desses eventos em jogos mais populares. Um grande exemplo é o Fortnite - jogo de maior sucesso no Brasil - e que vem recebendo diversos shows de artistas famosos e inúmeros outros eventos durante a pandemia. “Esses eventos dentro de jogos podem ser uma coisa pequena ou grande. Podem ser tanto com relação a jogos 3D [mais complexos] ou aos jogos casuais de celular. Enfim, a escala vai depender, mas existe uma grande abertura desse tipo de possibilidade”, falou Caravana. Ainda conforme ela, também há propagandas relacionadas a ações que podem ser customizadas para a marca e possível de acontecer em vários jogos já existentes. Logo, existem outras duas formas: uma é via campanha publicitária - normal e dentro do digital -, só que funcionando dentro dos jogos como banner, vídeos, entre outros; e a outra é dos jogos Advergame, que é um tipo de estratégia de comunicação baseada no uso dos jogos. “São jogos


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Marketing & Investimentos Nos reclames do Plim-Plim O recente estudo da empresa do Reino Unido, Juniper Research, apontou que o faturamento com os eSports e jogos de streaming na indústria global será de US$ 3,5 bilhões até 2025 - um salto de 70% nos próximos quatro anos - com aumento de US$ 2,1 bilhões ainda em 2021. Já a pesquisa, eSports & Games Streaming: Emerging Opportunities & Market Previsões 20212025, prevê que o valor de mercado será impulsionado pelos gastos com assinaturas para plataformas de streaming e gastos com publicidade em streams. Conforme a pesquisa, haverá mais de 1 bilhão de espectadores de eSports e jogos em 2025, alcançando o número de 800 milhões de telespectadores até o final de 2021.

que precisamos, na verdade, estar relacionados ao que hoje é o grande demandante deste processo: o consumidor final”, falou. Outro dos desafios do projeto é em relação aos serviços ecossistêmicos. “Quando a gente fala que o recurso hídrico é importante, no caso do pescado, é sobre a importância do uso e do reuso da água, da qualidade do produto, de onde ele vem e todos esses questionamentos em relação ao pescado de criação e ou da pesca tradicional”, completou Ponciano. Para ela, é possível, com o uso de ferramentas de gamificação, atingir este público questionador, que é formado principalmente por jovens. “A gente precisa encontrar o canal de se comunicar com eles. Eles [os jovens] daqui a pouco escolherão as suas profissões e entrarão no mercado de trabalho. Então, como é que a gente vai levar essa informação para além das gôndolas do supermercado, por exemplo?” refletiu. “Sendo assim, eu acredito que a gamificação veio para ficar”, afirma.

Como unir games e o pescado? Wikipedia/Commons

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Recente estudo da empresa do Reino Unido, Juniper Research estima que haverá mais de 1 bilhão de espectadores de eSports e jogos em 2025

publicitários feitos sob medida para marcas específicas”, completou.

que é muito eficiente com relação à propagação de valores.”

Segundo Caravana, há ainda as marcas que gostam de se aproximar com uma abordagem “mais educativa” como, por exemplo, o porquê de comer peixe. “É muito comum as marcas quererem se aproximar dessa parte educativa falando com crianças”, comenta. E ainda completa. “Esse já é um público um pouco mais restrito no sentido de desenvolvimento, mas

Petula Ponciano, da Embrapa Solos, conta que o desafio do SoilsPlay poderá de forma bem estratégica, resultar em ações que promovam o aumento da conexão com o consumidor final. “Cada vez mais a gente percebe que os sistemas de produção estão totalmente integrados e

Diante de tantas possibilidades, fica claro que o mercado de proteínas animais do Brasil também pode se beneficiar do desenvolvimento em games, de ferramentas de gamificação e até do eSports. Para o setor de pescado, Carol Caravana analisa que é totalmente possível criar diversos jogos ou usar os já existentes para os inúmeros tipos de publicidade. “Colocar uma publicidade dentro de um jogo de pescaria, por exemplo, pode ser uma coisa interessante. Também é possível realizar algum evento patrocinado [por empresas do setor] em alguns jogos desse tipo”, comentou. Ainda na tentativa de descobrir as formas em que os jogos podem ajudar no desenvolvimento do setor,


Oportunidades para Indústrias:

Um exemplo de sucesso ao qual Santos se refere é no jogo Farming Simulator, simulador de fazenda onde o jogador pode realizar todo o processo do dia a dia desse ambiente e encarar todos os problemas que um fazendeiro real encara. “Esse jogo é um sucesso há muito tempo e todos os anos têm uma nova edição”, conta. Mas qual foi a sacada de algumas empresas que estão no agro? O executivo explica que no Farming Simulator, a empresa de máquinas John Deere oferece aos jogadores um trator com as mesmas especificações, cores e força do trator real. Porém, a empresa sabia que desenvolver um jogo do zero exigiria um esforço grande e a chance de falhar ou de não ter sucesso também. “Sendo assim, eles pensaram ‘vamos deixar o desenvolvimento de jogos para quem entende e entrar nesse universo só com nosso produto e know-how, mas tudo no universo da simulação’.” Esse movimento da John Deere deu tão certo que outras milhares de marcas também buscaram estar presentes em jogos. “Hoje, as pessoas sabem que John Deere é um trator”, contou. Para Santos, esse é o melhor para frigoríficos de pescados! exemplo do que é entender o mercado

de games e como uma empresa pode fazer parte dele sem chutar a porta. “O desenvolvimento de jogos demora muito. A gente costuma dizer que se você gastou, por exemplo, R$ 10 milhões para fazer o jogo, você vai gastar mais R$ 10 milhões, no mínimo, para promover o jogo e, mesmo assim, não é certeza de sucesso”, completou. Carol Caravana faz coro com Santos e destaca que, para quem deseja entrar neste mercado de games, o ideal é buscar suporte de empresas que já tenham conhecimento do negócio. “A minha sugestão é entrar em contato com as associações ou com empresas que já oferecem esse tipo de serviço. Existem agências que já fazem e que têm parcerias com empresas”, completou. A primeira aparição do Mario foi como carpinteiro no jogo Donkey Kong em 1981. De lá para cá, o carpinteiro se tornou encanador, ganhou jogo próprio, família, novas missões e se consolidou como um verdadeiro ícone dos games. Ele mostrou que, assim como em Super Mário 64 - jogo da franquia lançado em 1996 e que fez história ao ser o primeiro da série com mundo aberto, abrir os horizontes e quebrar as fronteiras de seu próprio mundo é uma atitude fundamental para alcançar nados mais distantes. E se o game pode fazer isso no setor de pescado, por que não fisgar também essa isca?

Novos Projetos para Plantas de Processamento:

Diminuição de Custo Industrial

Fluxo Contínuo

Mudança de Layout Operacional

Estudo de Refrigeração Linear

Estudo da Capacidade do Processo

Plataforma de Custos Operacionais

Treinamento e Gerenciamento de Rotina

Projetos Arquitetônicos e Utilidades

Ganho de Rendimento e Produtividade

Levantamento de Potenciais Oportunidades

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Em um mercado em expansão e com milhares de jogos disponíveis, Santos ressalta que no momento, um dos melhores caminhos para as empresas de pescado que estão pensando em iniciar neste ambiente é identificar um desses jogos de pesca ou qualquer outro tema relacionado que seja sucesso entre os jogadores. Também é necessário realizar junto com a desenvolvedora uma DLC - sigla em inglês que significa downloadable content, um conteúdo extra de um jogo já existente no mercado. “Para mim Excelência em consultoria industrial essa é a chave: identificar um estúdio,

um desenvolvedor com know-how, um histórico de um jogo de sucesso e entrar nesse game como um parceiro”, explicou.

SEAFOOD BRASIL • ABR/JUN 2021 •

SJ Santos conta que o tema de um dos jogos de maior sucesso no mundo é a pescaria, justamente em um jogo casual, que são definidos como aqueles em que a pessoa não dedica muito de seu tempo para jogar e o fazem eventualmente. “Eu sei que a pescaria é diferente da indústria do pescado. Mas o que eu quero dizer é: o tema do jogo não tem necessariamente a ver com o sucesso que ele pode ou não fazer”, esclarece. Ele conta que em 2015, por exemplo, o jogo mais rentável na loja do Google Play, ou seja, que as pessoas mais gastaram dinheiro para baixar, foi em um game que o jogador podia ser uma manicure. “Isso prova que o tema não tem tanto a ver com a qualidade do jogo , mas com o engajamento que ele gera”, justifica. “Sendo assim, um jogo de pescaria é sempre um dos jogos mais rentáveis, não importa em qual plataforma”, completa.

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Marketing & Investimentos

IARA

COVID 19

IARA

COVID 19

ROUND

1 Os números do game no Brasil na pandemia 75,8% dos gamers brasileiros afirmam jogar mais durante o período de isolamento

social da Covid-19

72% da população do País afirma jogar jogos eletrônicos no geral 51,5% dos gamers realizaram mais sessões de partidas online com amigos 60,9% do público afirma ter consumido mais conteúdo relacionados a jogos SEAFOOD BRASIL • ABR/JUN 2021 • 24

42,2% investiram mais dinheiro em jogos durante o período de isolamento social Fonte: 8ª Pesquisa Game Brasil (PGB) ouviu 12.498 pessoas em 26 estados e no Distrito Federal. As entrevistas foram realizadas entre os dias 7 e 22 de fevereiro deste ano.


IARA WINS

O valor estimado total da indústria de jogos já excede US$

300 bilhões.

O número vem dos US$ 200 bilhões em gastos diretos em consoles, software e assinaturas, compras no jogo e receitas de anúncios móveis.

US$ 100 bilhões é de setores adjacentes, como dispositivos móveis, PCs para jogos, periféricos e comunidades relacionadas a jogos. A indústria se adaptou enfatizando cada vez mais a dimensão social dos jogos, trazendo novos níveis de engajamento com diferentes grupos.

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Fonte: Accenture

setores,

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As inovações nos jogos estão sendo amplamente utilizadas em outros desde medicina e defesa até treinamento e educação corporativa.


Na

estão o range de etiquetas que vão de 6 mm a 24 mm de largura - e os atalhos no teclado para ativar funções cotidianas como etiquetagem para cabos, patch panels e simbologias para sinalização. Aqui no Brasil a Reymaster é um dos distribuidores do rotulador.

Tecnologia em processamento de pescado

Umidade foi removida do grupo

Planta Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Abram-se as cortinas A Cortina de Ar Industrial da CRC Plásticos foi projetada para realizar o isolamento de dois ambientes distintos, sejam eles aquecidos ou refrigerados. A solução impede que partículas suspensas, gases tóxicos, contaminantes, insetos e odores passem de um ambiente para o outro sem utilizar barreiras visuais ou físicas. Permitindo livre tráfego de pessoas ou empilhadeiras, a Cortina de Ar Industrial está disponível em inox e chapas galvanizadas.

SEAFOOD BRASIL • ABR/JUN 2021 • 26

Internet das coisas A Brother traz um equipamento que promete auxiliar o dia a dia dentro da indústria. Trata-se do rotulador eletrônico PTE550W, solução que permite rastreamento de equipamentos em indústrias via IOT (internet das coisas), atende a NR10/12, gera etiquetas inteligentes e protocolos em QR Code. Dentre outras características do equipamento

Projetado com exclusividade pela Mayekawa do Brasil, o desidratador de amônia DA-4090 remove a umidade instalada do sistema de refrigeração que utiliza amônia como fluido refrigerante. Pensado para trabalhar com temperatura de evaporação abaixo de -6OC, o equipamento remove o acúmulo de água para melhor troca térmica do fluido refrigerante para restabelecer a eficiência do sistema. O DA4090 ainda protege o sistema contra a formação de borras e oxidações, além de contribuir com a redução no consumo de óleo evitando a formação de compostos solúveis na amônia.

Avanço que os clientes avançam A Hitachi Vantara anunciou alguns avanços para sua plataforma de software Lumada, solução que conecta dados, ativos e pessoas para extrair insights que conduzem resultados operacionais e de negócios. Agora, o portfólio atualizado da Lumada vai permitir que os clientes automatizem suas tarefas e tomem decisões mais rápidas, treinando modelos de dados na nuvem e implantando-os em dispositivos

para criar percepções acionáveis a partir conjuntos de dados com menor custo de infraestrutura. Segundo a empresa, o objetivo dessa atualização é trazer avanço nos negócios da indústria ao aprimorar a agilidade do setor.

Frio sob controle A Danfoss traz ao mercado a linha de controladores MCX. Os equipamentos foram desenvolvidos para trabalharem em sistemas HVAC-R e podem ser aplicados em qualquer segmento da refrigeração que demande automação. Com arquitetura de hardware modular, os controladores possuem software de programação para a linguagem C++ ou de blocos, além de um sistema de supervisão web. Os equipamentos estão disponíveis com comunicação de rede integrada Modbus RS485 que integra diretamente com o sistema predial.

Cuca artificial Empresa que atua no ramo de logística, a Maersk lança o NeoNava, solução digital que utiliza inteligência artificial para ajudar as empresas a otimizarem suas cadeias de suprimentos, cortar custos e realizarem um melhor gerenciamento dos estoques. De acordo com a empresa, ao invés de ser realizado somente a cada trimestre, a solução sincroniza imediatamente os dados coletados de armazenamento, remessas e demanda, o que oferece um controle, visibilidade e transparência em tempo real.


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Um mar de conspirações e culpados Ao pregar a incompatibilidade entre o consumo de pescado e a preservação dos oceanos, polêmico documentário da Netflix Seaspiracy simplifica a longa e complexa jornada que o setor empreende para resolver seus telhados de vidro

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Texto: Leandro Silveira | Edição: Léo Martins e Ricardo Torres

A

aquicultura e a pesca são atividades milenares, mas hoje estão completamente inseridas na lógica de escala e da industrialização da globalização capitalista. Essa evolução não ocorreu sem que um elemento fundamental para o seu êxito enquanto atividade produtiva não fosse penalizado: o ambiente e, mais especificamente, a água e tudo que nela habita. Para perdurar por séculos, seguindo ativa e financeiramente viável

pelos próximos anos, essa indústria já foi obrigada a olhar para a necessidade de se adotar práticas sustentáveis - a exploração dos recursos até o limite máximo de sua renovação. Segundo o documentário Seaspiracy, lançado em março deste ano pela Netflix, porém, essa jornada só seria possível com a interrupção do consumo de pescado e a migração para uma dieta a base de produtos vegetais. O filme conta a jornada

pessoal do diretor do longa Ali Tabrizi, um jovem britânico apaixonado pelo oceano que narra sua descoberta de como a pesca industrial - embora também critique a aquicultura - como fator indutor de uma eventual extinção da vida aquática na Terra. O documentarista parece ignorar, porém, o princípio básico da renovação dos estoques. “Quando você começa a pescar, costuma tirar os peixes mais velhos, que consomem muito, mas


De fato, o argumento mais explorado na obra é o de que não há uma forma confiável de se definir uma pesca como sustentável. Como

Um desses profissionais incansáveis, referência para seus pares em todo o mundo, o professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Fábio Hazin [que morreu em junho de consequências da Covid-19] dividiu uma live com Miyaji em que apresentou, de forma didática, como o mundo do pescado já enfrenta e discute o tema há décadas. As primeiras legislações de ordenamento pesqueiro surgiram na década de 1990, lembrou. “Existe um arcabouço de instrumentos jurídicos que tem trabalhado desde a década de 90 para tornar mais sustentável a pesca. Normativas surgiram a partir de 1994, com a Convenção das Nações Unidas Sobre a Água do Mar, o Acordo de Nova York, o Código de Conduta da FAO para a Pesca Responsável e umas duas dúzias de regulamentos que organizam o ordenamento pesqueiro em águas internacionais”, afirmou. Para ele, essas legislações internacionais forçaram mudanças no ordenamento regional, tornando, em consequência, a atividade mais sustentável. Uma das consequências foi a formação dos grupos chamados RFMOs (Regional Fisheries Management Organizations), que fazem uma abordagem ecossistêmica sobre a gestão de recursos compartilhados entre vários países,

como o atum e o bacalhau. O Brasil é signatário de um deles: a International Commission for the Conservation of Atlantic Tunas (ICCAT), onde se tornou protagonista em boa parte pelo trabalho de Hazin e seus pares, como o professor Paulo Travassos.

“Telhados de vidro” do setor Uma das definições possíveis para o termo “telhado de vidro” é a condição de quem pode ter a reputação questionada por ter cometido alguma falta ou erro. Na pesca, essa fragilidade é maior na gestão pesqueira adotada em países como o Brasil. “O grave problema na gestão pesqueira hoje se resume aos países em desenvolvimento, como na África, com sua costa depauperada por embarcações estrangeiras. O Brasil não tem dados há 10 anos, com um sistema de gestão colapsado por falta de informações”, avaliou Fábio Hazin. Como já tratado aqui em edições anteriores da Seafood Brasil, a ausência de dados consolidados no Brasil não permite uma avaliação precisa sobre a sustentabilidade – ou não – de uma atividade. Esse “apagão” informativo afeta a realização de um monitoramento pesqueiro efetivo no País e desencadeia outras consequências. Sem os dados, afinal, não é possível avaliar estoques, e o quanto se pode retirar de uma espécie para consumo humano sem afetar a sua capacidade de regeneração. Somada à falta de dados, Cintia Miyaji não consegue enxergar na cadeia produtiva brasileira uma preocupação efetiva com a sustentabilidade. Em sua visão, o tema

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escreveu Miyaji, o documentário cria situações e edita entrevistas para colocar em dúvida a idoneidade de alguns esquemas de certificação, selos ambientais e ONGs para construir um argumento de que pesca ou aquicultura sustentáveis são apenas “narrativas inventadas”. “Sem fazer juízo dos casos isolados apresentados, nada disso é justo e honesto com uma legião de profissionais que trabalham dura e incansavelmente para promover transformações na pesca e na aquicultura, atividades econômicas importantíssimas para o bem-estar de pessoas, dos ecossistemas, do oceano e de todo o planeta.”

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não geram biomassa. Isso deixa mais espaço e recurso para os juvenis crescerem. E assim a biomassa cresce”, comenta. No entanto, conforme Olinto, isso pode se tornar um excedente. “Se a sua pesca não retirar mais biomassa do que o estoque produzido, você está em uma safra verde. A sobrepesca, então, é a maior retirada da biomassa. O estoque diminui e a pesca também”, diz. Olinto ressalta que a sobrepesca não representa o fim imediato de uma espécie. Com o manejo adequado, ela pode até se recuperar. “Ao sair da sobrepesca, o maior beneficiado é o pescador”, destaca. Ele completa dizendo que nos países que têm manejo, é grande a recuperação dos estoques. “E isso gera mais renda e alimento para a população.” Só que o aspecto biológico é apenas uma das frentes para que uma pesca seja considerada sustentável. Cintia Miyaji, diretora-executiva da consultoria Paiche, lembra que é preciso observar aspectos de responsabilidade social e legal, do foco em segurança alimentar e dos peixes, e das boas práticas de produção. Em um texto publicado sob o calor de ter assistido ao filme, a especialista - outra apaixonada pelos oceanos considerou o filme uma oportunidade desperdiçada. “O fato é que, embora os problemas apresentados pelo documentário sejam exatamente aqueles que me incomodam todos os dias, como a depleção dos estoques e a sobrepesca, a pesca ilegal, o impacto sobre espécies ameaçadas, as redes fantasma, os descartes e desperdícios, a aquicultura mal manejada, a violação dos direitos humanos, entre tantos outros, Seaspiracy incentiva o público a acreditar que ele tem o poder de mudar esses cenários de horror através de uma solução simplista... parar de comer peixe.”

Moritz320/Pixabay

Arcabouço jurídico para a exploração sustentável dos recursos pesqueiros data da década de 90, quando o mundo começou a discutir mais seriamente os impactos da atividade


Capa

Divulgação/ONU

Pesca responsável e a Agenda 2030

Agenda 2030, da ONU, aborda especificamente os recursos pesqueiros no 14º objetivo; novo diretor geral da entidade, porém, disse que o setor não avança para o seu cumprimento “na velocidade ou escala necessárias”

Seguindo um apelo da Conferência Internacional sobre Pesca Responsável (1992), a Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO/ONU) criou o manual de todos os manuais de exploração sustentável de recursos pesqueiros. O Código de Conduta da FAO para Pesca Responsável completou 25 anos no ano passado ainda como a principal referência para os esforços nacionais e internacionais na formulação de políticas, instrumentos jurídicos e institucionais. O documento dá uma série de diretrizes, da captura à comercialização, para assegurar a pesca sustentável e a produção de recursos aquáticos vivos em harmonia com o meio ambiente. Ele foi o precursor de iniciativas como a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, na figura acima. Entre os 17 objetivos propostos, a preservação da vida aquática é o 14º. O novo diretor geral da FAO/ONU, o chinês Qu Dongyyu, reconheceu, porém, que “a ação [do setor] para atender aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) não está avançando na velocidade ou escala necessárias.” Por este motivo, a edição 2020 do State of The World Fisheries and Aquaculture (Sofia), um compêndio estatístico e analítico sobre as atividades de aquicultura, captura, processamento e consumo de pescado, foi dedicada à sustentabilidade. O documento trouxe um alerta grave: a fração dos estoques de peixes dentro de níveis biologicamente sustentáveis diminuíram de 90% no mundo em 1974 para 65,8% em 2017. Com base nestes dados, a situação apontava que dificilmente o planeta veria a meta 14,4 dos ODSs alcançada: acabar com a sobrepesca da pesca marinha até 2020.

TENDÊNCIAS GLOBAIS NO ESTADO DOS ESTOQUES PESQUEIROS MARINHOS | 1974-2017 Biologicamente sustentáveis 100

Biologicamente não-sustentáveis

Sobreexplotados

Não-sustentáveis

PORCENTAGEM

SEAFOOD BRASIL • ABR/JUN 2021 • 30

75

Capturados no nível máximo sustentável 50

Sustentáveis

25

Subexplotados 0

1974

1980

Fonte: FAO/ONU - Sofia 2020

1990

2000

2010

2017

é tratado como secundário pela indústria e as principais associações do segmento, ao contrário do que acontece entre outros países. “Claro que regramento e influência política são importantes, mas é preciso se preocupar com sustentabilidade e rastreamento”, disse. Tal cobrança para que as empresas sejam mais comprometidas também tem se inserido em ações globais com o estabelecimento da Agenda 2030 pela ONU e do Acordo de Paris, ambos com estabelecimento de metas de desenvolvimento sustentável. Boa parte do investimento dos governos no setor pesqueiro é hoje concentrado em subsídios para a equalização das condições para uma competição global. A Organização Mundial do Comércio (OMC) discute o tema desde 2001, aplicando sanções a países que distorcem o mecanismo. A própria organização estima que o volume mundial de subvenções à pesca oscila entre US$ 14 bilhões e US$ 54 bilhões por ano. Outra questão sensível é a introdução de práticas sustentáveis na cultura de todos os envolvidos na atividade pesqueira. No Brasil, a gestão pública federal da SAP tem procurado atuar em favor de uma pesca mais sustentável, mas enxerga dificuldades de entendimento dos pescadores e da indústria, como defende o diretor do Departamento de Registro e Monitoramento de Aquicultura e Pesca da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cadu Villaça. Ele dá o exemplo da pesca da tainha, que em 2021, adotou a menor cota para a captura


Ela também integra um grupo internacional com 13 organizações distintas de 11 países, o Global Seafood Rating Alliance (GSRA), que se reúne mensalmente para discutir e elencar coletivamente um conjunto de critérios mínimos que caracterizam e que permitam avaliar pescarias e cultivos como ambientalmente sustentáveis para assim, podermos elaborar recomendações de consumo de pescado em todo o mundo. “[..] temos clareza de que pesca e

O engenheiro de pesca Fábio Hazin dedicou toda a vida aos recursos pesqueiros e projetou-se internacionalmente como um hábil negociador na gestão transnacional da sustentabilidade no setor

aquicultura sustentáveis são possíveis e, embora complexas de se definir individualmente, elas tendem a crescer e aumentar sua representatividade global e localmente, como consequência do nosso trabalho.” É pelas diferentes formas de expressão desta indústria que ao menos 17% da ingestão de população global de proteínas animais acontece. Globalmente, o peixe forneceu mais de 3,3 bilhões de pessoas com 20% de sua ingestão média per capita de proteínas animais, atingindo 50% ou mais em países em desenvolvimento, segundo a FAO/ONU. Converter 3 bilhões de pessoas em veganos e dinamitar, pela interrupção do consumo, o trabalho de 59,5 milhões de pessoas em todo o mundo não parece uma abordagem razoável.

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Em outra frente, a SAP realizou em junho, em conjunto com a Marinha do Brasil, o Seminário Nacional sobre Pesca Ilegal, Não declarada e Não regulamentada (INN, ou IUU Fishing, no termo em inglês) na “Amazônia Azul”. Além disso, em abril, o Brasil se tornou o 9º da América Latina a aderir à Declaração de Copenhague, que na prática torna o Brasil signatário da iniciativa Blue Justice, ação transnacional contra o crime organizado na indústria pesqueira. O projeto é uma iniciativa do governo da Noruega e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP, sigla em inglês). A descoberta recente

Do lado da ciência, a dificuldade está em dar uma resposta única ao que significa ser sustentável nas cadeias da aquicultura e pesca. Miyaji, que orienta multinacionais como o Carrefour a qualificar a oferta de pescado comercializado nas lojas, reconhece a complexidade do tema. “Não há critérios que possam ser utilizados de forma homogênea em todas as pescarias e cultivos, muito menos nas diferentes realidades de cada país ou região. Nem sempre sabemos como lidar com a ausência de dados. Não sabemos exatamente como ponderar as diferentes medidas de impacto da pesca artesanal em relação à industrial”, expõe Miyaji.

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A autarquia tem feito uma digitização nos documentos impressos que norteavam a gestão pública, como o Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP) e o processo de cessão de áreas da União para aquicultura. Em paralelo, tem tocado em temas sensíveis que geraram muitas críticas a este governo, como a extinção dos Comitês Permanentes de Gestão (CPGs) - retomados agora em novo formato pelo Decreto nº 10.736. Por outro lado, a SAP instituiu um grupo de trabalho interministerial para rediscutir a Portaria 445, de espécies ameaçadas.

de um barco de pesca carregado com 2,8 toneladas de cocaína em Itajaí (SC), que tinha como destino a costa africana, é uma prova dos desafios de gestão do mar territorial brasileiro - a “Amazônia Azul”. Mais: embora seja esta uma clara exceção, mostra como a pesca também pode ser usada para mascarar atividades ilegais em todo o mundo, como sinaliza o documentário.

Acervo pessoal

da espécie desde o estabelecimento do modelo de cotas, em 2018, pela SAP. “A gente não consegue colocar na cabeça do pescador e do industrial o princípio da sustentabilidade. Prossegue a busca pelo dinheiro, mas isso estressa o ambiente. Estamos tentando apertar o controle, mas não é um diálogo fácil”, argumenta.


Capa não tem conseguido transpor. E independentemente das artimanhas utilizadas pelo diretor, a avaliação é de que o filme de Tabrizi expõe uma comunicação frágil do segmento, segundo Miriam Lopes, consultora em comunicação, prevenção e gestão de risco de imagens. “Entrevistados disseram que as falas foram distorcidas. Mas o gestual e as expressões estavam muito ruins, com caras de espanto, sorrisinhos fora de contexto”, comentou.

Vácuo de posicionamentos Seaspiracy expõe como a comunicação é ponto sensível que merece atenção, investimentos e respostas esclarecedoras

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S

easpiracy é um filme com alvo claro: uma elite socioeconômica preocupada com questões ambientais e que se sente impotente diante das mazelas do mundo. Talvez esteja aí a chave para entender como a obra se tornou um fenômeno de audiência desde o lançamento. Exageros, meiasverdades e contradições à parte, o diretor Ali Tabrizi conseguiu, a partir de 1 hora e 30 minutos, transmitir um chamado à ação para que a humanidade assuma uma espécie de missão cívica para conter a destruição dos ecossistemas marinhos, deixando de consumir pescado. Potências pesqueiras rapidamente se manifestaram, assim como cientistas que usam o rigor da academia para indicar que é possível ser sustentável extraindo recursos pesqueiros. “Temos matemática, modelos de computador e todo um ramo da ciência para descobrir a quantidade certa - e está

funcionando. A maioria das unidades populacionais de peixes é pescada em níveis sustentáveis”, disse em um artigo sobre o filme Emily De Sousa, uma especialista canadense em comunicação científica e governança ambiental internacional. “Quando os estoques de peixes são administrados de forma sustentável, eles são mais produtivos, o que significa mais frutos do mar para alimentar o mundo, mais empregos para os trabalhadores e mais lucro. Não há conspiração aqui; todo mundo quer pescarias sustentáveis. Por que todo o espaço de frutos do mar, desde ONGs, indústria, cientistas e governos, seria mais incentivado a mentir e pilhar em vez de considerar a sustentabilidade? Isso não faz sentido”, completa De Sousa no mesmo artigo. Passar um discurso como esse, que contrapõe a argumentação do filme, é um desafio que o setor

A especialista ainda aponta que o espaço para comunicar e esclarecer pontos sobre o filme não está sendo ocupado pelo setor. “As pessoas não sabem o que é sustentabilidade, rastreabilidade, como é feita a pesca. E estamos chegando em um momento em que o cliente vai ser cada vez mais duro com as empresas”, acrescenta. Talvez mais do que as acusações apresentadas pelo filme, a forma de se comunicar com a população, de uma forma compreensível por todos e didática, seja tão importante para o segmento quanto ter práticas sustentáveis. “A comunicação e a informação são pontos sensíveis do setor. É preciso estar pronto para ouvir e responder. E estar aberto para passar as informações. O setor tem resposta, dados, mas precisa de uma adequação na linguagem. Sinto o setor desunido, sem explorar suas vulnerabilidades”, conclui.

Divulgação

Divulgação/Netflix

Documentário tem alvo claro: elite socioeconômica preocupada com questões ambientais e que se sente impotente diante das mazelas do mundo

Para Miriam Lopes, o Seaspiracy traz uma grande oportunidade ao setor de propagandear suas ações e mostrar a importância da pesca em várias dimensões Matéria continua após o infográfico


SEAFOOD BRASIL • DEZ/JAN ABR/JUN 2021 2021 •

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Capa

Além da conspiração

Será que tudo o que o Seaspiracy traz é verídico? Confira 5 fatos importantes do documentário da Netflix e veja quais deles são falsos, verdadeiros ou meias-verdades

OS OCEANOS FICARÃO SEM PEIXES EM 2048 FALSO A comunidade científica rechaçou e continua rechaçando esta informação. O mesmo grupo de cientistas responsáveis por este estudo, que saiu em 2006, se retratou e integrou um novo grupo que, em 2009, mostrou que não há tendência de queda para todos os estoques pesqueiros.

A ATIVIDADE PESQUEIRA SE UTILIZA DE TRABALHO ESCRAVO VERDADEIRO De fato, existem relatos de que trabalhadores são submetidos a essa condição, embora seja a exceção na indústria. Recentemente, os Estados Unidos proibiram a importação de pescado da frota da Dailan Ocean Fishing sob a alegação de que a companhia chinesa realizava tal prática, incluindo abusos de indonésios.

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46% DO PLÁSTICO NO OCEANO PROVÉM DE REDES DE PESCA

?

MEIA-VERDADE

Estudo realizado em 2018 demonstrou que em peso, 46% do plástico na Grande Mancha de Lixo do Pacífico foi estimado como proveniente de redes de pesca. Porém, essa massa leva em conta apenas o plástico que não afunda, ao contrário do que acontece com a maior parte desse material, ainda mais que muitas redes contam com boias de flutuação.


NÃO EXISTE PESCA SUSTENTÁVEL FALSO A manutenção dos estoques é uma premissa básica que assegura a continuidade da atividade pesqueira. Há diversos exemplos de pescarias, como no Alasca, Noruega ou na Argentina, em que a captura é gerida de forma que haja capacidade de regeneração de estoques. Com base no Código de Conduta da FAO/ONU, as certificações - difíceis de obter - buscam atestar a sustentabilidade com o argumento de que há independência no processo, feito com observação das práticas, análises de dados e impacto.

PISCICULTURA É PESCA SELVAGEM DISFARÇADA

?

MEIA-VERDADE

Em torno de 10% da biomassa capturada é destinada para a fabricação de ração para peixes carnívoros, como o salmão. Por seu custo e impacto, porém, a indústria já está migrando para o uso de subprodutos da pesca e da aquicultura e farinhas de insetos, além dos ingredientes à base de plantas e aditivos naturais para pigmentação da carne.

Fontes: Diversos artigos, lives e vídeos foram postados na internet refutando ou esclarecendo algumas das imprecisões e informações falsas do documentário. Para esta matéria, nos baseamos nos entrevistados, além das seguintes fontes:

Seaspiracy e a armadilha das meias verdades. Disponível em https://www.batepapocomnetuno.com/post/seaspiracy-e-a-armadilha-das-meias-verdades The science of Seaspiracy. Disponível em https://sustainablefisheries-uw.org/science-of-seaspiracy/ Conspirasea of the Commons? Not quite. https://www.otterstrategies.blue/post/seaspiracy-review The Future of Aquatic Protein: Implications for Protein Sources in Aquaculture Diets. Disponível em https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/ S2590332219301320 A 20-year retrospective review of global aquaculture. Disponível em https://www.nature.com/articles/s41586-021-03308-6

A solução natural e lógica para seu cultivo de peixe e camarão ou fábrica de ração SEAFOOD BRASIL • ABR/JUN 2021 •

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A dança das certificações Selos para atestar uma produção sustentável são o produto de uma construção coletiva entre ONGs, empresas e governos

Sérgio Santos, diretor de negócios da Actemsa, explica que o monitoramento das capturas e a articulação entre os diversos

departamentos são a chave para conquistar as certificações. “Na prática, temos profissionais de qualidade que monitoram o recebimento de pescado para saber sobre como e onde foi a captura, bem como se encontraram outras espécies”, revela. Ele conta ainda que são produzidos relatórios com indicadores. “Periodicamente, colocamos pessoas de campo em uma ou outra viagem nas embarcações, com um olhar independente, de auditoria, para entender como se tem atuado”, relata. Ter selos certificadores é fundamental para dar à Leal Santos a oportunidade de acessar mercados internacionais, exigentes quanto a informações de origem e sustentabilidade do pescado. “Eles querem produtos sustentáveis e a evidência de que você cumpre isso. E os selos são o reconhecimento que o mercado dá”, argumenta Santos.

Pela origem da matriz, a Leal Santos reconhece que parcela relevante da sua atuação sustentável é apoiada nessa cultura internacional, reforçando a filosofia de que a atividade só será perene se realizada dessa forma. “A gente tem uma filosofia, que vem da matriz, de que se eu não tenho cuidado com o pescado, amanhã eu não tenho o meu negócio”, conta Santos. De

Hakaimagazine/Chictype/iStock

M

ais antiga indústria da pesca no Brasil, a Leal Santos carrega consigo certificados que asseguram a qualidade do seu produto. A empresa, hoje parte do grupo espanhol Actemsa, é membro da International Pole & Line Foundation (IPLF) e possui, desde o ano de 2010, os selos “Friend of the Sea” e “Dolphin Safe”. A empresa decidiu ainda se submeter ao processo de avaliação do Marine Stewardship Council (MSC) para a certificação de sustentabilidade da pesca do atum bonito-listrado (Katsuwonus pelamis). Caso o processo seja concluído com êxito, os produtos da empresa portarão o selo azul da MSC de pescaria sustentável.

Carregar certificados que atestam a procedência e forma na captura e criação do pescado é um caminho para dirimir desconfiança do consumidor

Leal Santos/Divulgação

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Pesca de vara e isca viva do bonito-listrado: artes de pesca tradicionais, reproduzidas em escala industrial, asseguram capacidade de renovação de estoques


Aquicultura sustentável

Se para a pesca o desafio de ser sustentável passa pela unificação de dados que permitam uma avaliação mais precisa das formas de contenção de danos, a aquicultura precisa provar à sociedade que o confinamento de animais também pode ter seus impactos gerenciados adequadamente. “Acho que há muito para se avançar em co-localização da aquicultura com espécies diferentes, por exemplo algas e bivalves, como com atividades diferentes. Também há exemplos de uso da aquicultura comercial em diversos projetos de conservação”, afirma Darien Mizuta, bióloga, especialista em aquicultura, analista da política pesqueira e colaboradora da MSC.

de rações vegetais para peixes e a introdução de ingredientes, como a farinha de inseto”, afirma Silvio Romero, auditor independente BAP (Best Aquaculture Pratices). A única empresa da aquicultura brasileira certificada pela Aquaculture Stewardship Council (ASC) e BAP até o momento é a GeneSeas, entre as líderes nacionais na produção de tilápias. “Para ser sustentável, você precisa entender como isso para a empresa pode ser algo mais rentável, não algo obrigatório. Aqui, pautas ESG [da sigla em inglês Enviromental, Social, Governance] são um requisito prioritário. Tudo o que faz e se pensa, avalia-se impacto e eficiência”, diz João Pretto, responsável pela gestão de projetos da GeneSeas. A empresa é uma das pioneiras no fornecimento de animais revertidos

A avaliação de profissionais é que a atividade, após a adoção de algumas práticas consideradas lesivas, especialmente em seus primeiros anos, tem evoluído e se tornado mais sustentável, especialmente pela evolução da nutrição. “Reduziu-se drasticamente o uso de antibióticos nos últimos 10 anos, sendo 80% no salmão. No camarão e na tilápia, tem sido quase zero a sua aplicação na América Latina, e ainda assim com atenção a programas de sanidade. Também houve o aprimoramento da ciência de nutrição, com o desenvolvimento

sexualmente sem hormônios em escala comercial, em uma linha que explora com a Korin. Além disso, tem projetos para reduzir os gases do efeito estufa em sua operação e possui uma meta ousada para o futuro próximo, ainda sem data certa: converter 100% da sua matriz energética em energia solar. “Temos um produto, a tilápia sustentável, que tem certificados da

Leal Santos/Divulgação

acordo com ele, o negócio precisa ter perenidade além do lucro. “Dizer que temos 131 anos é um belo cartão de visita, mas não basta. Ter a consciência é fundamental para que o negócio cresça”, avalia.

Divulgação/Acervo pessoal

Silvio Romero Coelho, do BAP: 80% da aquicultura colombiana é certificada, embora apenas cerca de 30% seja para exportação

GeneSeas na feira de Boston (EUA): certificação dá acessos a mercados internacionais, mas também dá eficiência à gestão doméstica dos processos

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Leal Santos/Divulgação

Seja na imensidão de um mar, em um rio ou mesmo em uma área controlada, avaliar as práticas de uma atividade que retira das águas o seu sustento e lucros demandam. É a partir do somatório dessas informações que as certificadoras decidem se fornecem o seu selo que atesta as práticas de sustentabilidade. Apesar da certificação ser um caminho de acesso à sustentabilidade, ela foi um dos alvos de críticas do documentário Seaspiracy. Questionar a validade da atuação dessas empresas, sua independência e a eficiência da avaliação foram vistas, por especialistas consultados no documentário, como uma estratégia para negar um conceito mais amplo: a de que a pesca não pode ser sustentável. Observação das práticas, análises de dados e impacto de uma atividade que retira das águas o seu sustento e lucros: esse são os critérios para uma certificadora fornecer seu selo de prática sustentável

A lógica de certificação

“Existem mais de 400 pescarias com certificação MSC em todo o mundo. Este processo de certificação não é realizado pelo MSC - é independente de nós e realizado por organismos de avaliação especializados”, afirmou a MSC, em nota oficial. O processo ocorre da seguinte forma: interessadas em contar com um selo certificador, as empresas enviam, para organismos que os fornecem, manifestações de interesse e preenchem um cadastro básico, necessário para dar início ao processo. Assim, elas recebem, uma proposta de royalty e o custo da auditoria. Caso aceitem, se inicia a inspeção. “No nosso caso, a renovação é feita a cada 3 anos. Mas é especificado que no meio desse período, há uma verificação com uma auditoria focalizada apenas nos pontos críticos. Depois, então, tem a de renovação. Tudo isso é feito pelos organismos auditores. Nós só recebemos os resultados”, explica Paolo Bray, fundador e diretor da Friend of the Sea. “Há um organismo de acreditação nacional que verifica a atuação da Friend of the Sea”, diz. “Não podemos interferir na certificação e na auditoria”, acrescenta. Ele reconhece que há desafios ao trabalho das certificadoras, como os fatos de observarem apenas uma amostra da atuação das atividades avaliadas, além de ela ocorrer a partir do ponto de vista dos observadores. Ainda que isso seja considerado por ele uma exceção, a tecnologia tem funcionado como aliada. “Decidimos começar a tornar o uso de câmeras obrigatórios. Esperamos, assim, contribuir para a transparência da pesca”, diz o profissional. “Satélites também permitem o acompanhamento de barcos durante anos, para ver, por exemplo, quanto tempo a tripulação fica no barco”, completa. ONGs conscientizam sobre sobrepesca e impactos aquícolas

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Aquicultura e pesca sustentáveis são incentivadas

Varejistas e marcas demandam aumento de produtos ecocertificados

ONGs expõem nomes de varejistas e marcas

Varejistas e marcas buscam ecoselos para evitar risco à reputação

Adaptado de Eco-label logic model. Barclay & Miller 2018

Leal Santos/Divulgação

Como atuam as certificadoras?

Delfim, embarcação da Leal Santos que recentemente foi habilitada pelo Mapa a exportar à União Europeia

ASC e do BAP. Vendida nos Estados Unidos, ela tem rentabilidade 10% maior, mesmo sendo mais cara. Tem uma parcela do mercado que pode absorver esse tipo de produto”, relata Pretto. Romero destaca que o a realidade da certificação se espalha pela América Latina. Segundo ele, por exemplo, 80% da aquicultura colombiana é certificada, embora apenas cerca de 30% dela seja exportada. “Assim, além da população local ter acesso a um produto de qualidade comprovada, a atividade evolui.” Para ele, certificação não é só para exportar. “Com ela, a empresa conhece mais o seu processo de produção, a disciplina da sua operação. E com a análise dos registros, você tem uma gestão melhor dos negócios, vendo onde estão ocorrendo perdas para concretizar um processo economicamente mais controlável e mais competitivo. É uma roda, que faz aumentar o consumo”, argumenta o certificador. Esse é um caminho que Romero pouco vê sendo seguido no Brasil e que para ele, é em um desperdício de oportunidade de ter um produto de maior qualidade, independentemente dos mercados que irá acessar. “Como o mercado interno é grande, ninguém busca a certificação, pensando que ela é só para exportação. E tê-la ajudaria a conhecer seus processos, te daria argumentos para mostrar que você segue os pilares da sustentabilidade”, defende.


ESG, sustentabilidade e green washing O conceito tradicional de sustentabilidade, que também partiu dos escritórios da ONU para os escritórios das empresas globalmente, é a capacidade de cumprir com as necessidades do presente sem comprometer àquelas das gerações futuras. Um conceito tão bonito quanto abstrato, porém, precisava de uma aplicação mais clara. Foi assim que o tripé da sustentabilidade começou a ser utilizado mais frequentemente, a partir de 2002, com a discussão sobre a integração das três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental.

Social

ESG

Governança

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Tudo indica que o novo conceito da moda trilha o mesmo caminho. A sigla ESG (do inglês Environment, Social and Governance) está no topo das buscas atualmente pela sua abordagem orientada a investimentos e consumo. Como publica a ONG Observatório Justiça e Conservação, ESG é o conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança que pode ser usado para guiar investimentos e escolhas de consumo focadas em sustentabilidade. Quando surgiu, ESG era um padrão para que as empresas pudessem reportar suas “pegadas de carbono” e sociais, seja de produtos ou serviços, reporta a ONG. Resta saber se a evolução dos compromissos ESG não desembocarão em novas formas de greenwashing.

Meio ambiente

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A partir de então, plantar uma árvore no quintal da empresa passou a ser visto como suficiente para mostrar uma contrapartida ao impacto gerado para as gerações futuras. Claramente, a dimensão ambiental passou a prevalecer sobre as demais, de forma a seduzir consumidores preocupados com suas próprias consciências. A profusão de “empresas verdes” que assim se vendiam ao público gerou outro fenômeno: o greenwashing. Literalmente, seria como pintar de verde um comportamento nocivo a qualquer um dos pilares do desenvolvimento sustentável.


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Atum e lagosta: a busca pela sustentabilidade Pela demanda externa, recursos voltados à exportação são os que mais estimulam adoção dessas práticas

“C

As palavras foram escritas por Cintia Miyaji, diretora-executiva da consultoria Paiche, e sintetizam os desafios associados à busca pelo desenvolvimento sustentável do setor pesqueiro. Ela avalia que, embora o governo tenha obrigações reguladoras e de gestão, é a indústria quem deve puxar pautas necessárias para a modernização da atividade. E de modo coletivo. “Sobre rastreabilidade, não vejo iniciativas sérias na cadeia. É um movimento que precisa ser da indústria. E em conjunto seria mais fácil”, argumenta, citando como uma exceção a Open Tuna (opentuna.org).

Acervo/Seafood Brasil

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riar zonas de exclusão, orientar e estabelecer períodos e tamanhos proibidos de captura, definir cotas, limitar licenças, regulamentar práticas e métodos de pesca e cultivo de menor impacto, entre tantas outras iniciativas, quando baseadas em ciência de qualidade, permitem que os estoques se recuperem e cresçam. Para além de propiciar pescarias sustentáveis, medidas de gestão adequadas podem garantir a regeneração de áreas e ecossistemas degradados”.

Considerados “jóias” pela pesca de espinhel do RN, atuns e afins são exemplo da jornada pela sustentabilidade pesqueira aqui no Brasil


Divulgação/Opentuna.org

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Iniciativa Open Tuna une produtores, indústrias e clientes para liderar promoção da pesca sustentável no Oceano Atlântico

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Lançado em abril, o portal Open Tuna foi impulsionado por empresários exportadores de atum e criadores da Aliança do Atlântico para o Atum Sustentável, também reunindo a ONG Oceana, UFRPE e as organizações não governamentais Projeto Albatroz e Projeto Tamar. O grupo se juntou para promover a sustentabilidade da pescaria por meio da modernização da coleta e sistematização de informações, transparência e adoção de medidas para melhorar as práticas a bordo visando reduzir as capturas acidentais. O site ainda traz um compilado de dados sobre os mapas de bordo de 14 embarcações vinculadas ao projeto.


Acervo Seafood Brasil

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Oceana e CeDePesca veem redução de estoques da lagosta; Abipesca cobra mais pesquisas para avaliar impacto de fatores externos à pesca, como fenômenos climáticos

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O representante da Aliança do Atlântico para o Atum Sustentável, Rodrigo Hazin explicou que a Coalização Aliança do Atlântico para o Atum Sustentável apresenta um conceito inovador, ousado e disruptivo da cadeia da pesca de atuns, através da união de produtores, indústrias de processamento e de seus clientes em torno de ideias e ações coordenadas com propósito de liderar a promoção da pesca sustentável de atores no Oceano Atlântico e ao estímulo do consumo responsável de atum para clientes, distribuidores, restaurantes e supermercados. “Temos um produto muito bom, muito valorizado nos Estados Unidos, mas não há identificação. Clientes como a rede Whole Foods seguem estas listas de produtos a serem evitados e, portanto, não podemos vender a eles”, lamentou Hazin. A lagosta, que trilhava um caminho similar por meio de um Fisheries Improvement Project (FIP), voltou atrás, segundo o presidente e fundador da CeDePesca, Ernesto Godelman. “Acabamos de avaliar o estoque da lagosta vermelha, e ela não é boa. A verde é ainda pior, com estoques não saudáveis. É preciso tomar medidas sem demora e deixar de lado o jeitinho, o faz de conta”, acrescenta.

Duas avaliações de estoque publicadas pela Oceana ainda em 2020 indicam que a lagosta se encontra numa situação extremamente delicada com apenas 18% de sua biomassa virginal, isto é, o tamanho teórico do estoque na ausência de pesca. “Consecutivas falhas na gestão da pescaria fizeram com que o estoque sofresse uma redução superior a 80%”, publicou em maio no site da Seafood Brasil o diretor-geral da Oceana Brasil, Ademilson Zamboni. Godelman aponta um aprimoramento, ainda que lento, dos sistemas de manejo, com a preocupação da manutenção dos estoques e com cuidados ambientais. Mas enxerga o Brasil em ritmo ainda mais lento do que a maior parte dos vizinhos da região, em função de problemas com estatísticas, falta dos comitês de gestão, cadastros desatualizados e uso de petrechos não legalizados para a captura da lagosta. Preocupado com a possibilidade de um colapso da lagosta no litoral do Nordeste, Godelman aponta que se não fosse por aspectos sociais de sustento dos profissionais envolvidos na atividade, medidas drásticas deveriam ser adotadas para a recuperação dos

estoques desse crustáceo, como a interrupção da captura por dois anos. “É preciso baixar a mortalidade com a pesca, porque há sobre-explotação, especialmente na verde. Havíamos sugerido medidas graduais, com a redução da mortalidade em 20%, para os estoques se recuperarem aos poucos. Pela questão ecológica, deveria até ser fechada por dois anos. Mas sabemos que é drástico e socialmente impossível”, explica. O recurso também passa por mudanças no seu regramento, segundo Cadu Villaça, diretor do Departamento de Registro e Monitoramento de Aquicultura e Pesca da Secretaria de Aquicultura e Pesca, para a safra de 2022. “Vamos mexer na lagosta ano que vem. Aumentar o tamanho de 13 cm (de cauda) para 14 cm e proibir a venda na segunda metade do defeso, porque é isso que alimenta a ilegalidade”, disse. Recentemente, a Portaria SAP/ Mapa nº 221 proibiu o ingresso de novas embarcações nas Modalidades de Pesca que envolvam a captura de lagosta e o incremento da quantidade de armadilhas estabelecida nas Autorizações de Pesca já concedidas até a data de publicação, 8 de junho. Parte do setor privado relativiza o estudo da CeDePesca que serviu


Para dirimir estas e outras dúvidas, além de oferecer estudos mais abrangentes, Lobo anunciou antes do fechamento desta edição que a Abipesca pretende montar um comitê técnico de especialistas remunerados para avaliar criticamente a situação de estoques fundamentais para a pauta exportadora do Brasil: pargo, atuns e afins, lagosta e sardinha. É um compromisso alinhado com a pressão que cientistas fazem sobre a necessidade de o setor privado assumir seu protagonismo na sustentabilidade. Afinal, existe um oceano de demandas para evitar que iniciativas como o Seaspiracy destruam a reputação de uma indústria que, no Brasil, ainda está em construção.

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Em artigo publicado no site da Seafood Brasil, ele defende maior aprofundamento das pesquisas

sobre o recurso. “As flutuações anuais devem ser olhadas de forma mais abrangente e fatores como as mudanças climáticas, El Niño e La Niña deveriam ter atenção em próximas pesquisas”, sublinha. O texto cita ainda um artigo do professor Raúl Cruz, cientista chefe de Pesca e Aquicultura da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), que também se concentra no Ceará, mas em período diferente do estudo da CeDePesca. As conclusões também são outras. Segundo a pesquisa, durante o período 2012-2018, a pressão da pesca sobre os estoques de lagosta diminuiu e observou-se uma tendência de recuperação, apesar dos baixos níveis de biomassa de aproximadamente 29%.

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de base para a análise da Oceana, por considerar que ele leva em conta apenas o recurso capturado no Ceará. Atualmente, há desembarque de lagostas do Espírito Santo ao Pará. “Como você vai refletir toda a situação da lagosta do Brasil a partir de um universo de 3 ou 4 empresas situadas no Ceará?”, questiona Eduardo Lobo, presidente da Abipesca e diretor da Prime Seafood, a maior exportadora individual de lagostas. “É um estudo importante, mas funciona como um indicador de um recurso que está no Ceará. Não é um indicador que se aplica ao RN, PB, PE, BA, ES, PI, MA ou PA.”


Na

Gôndola A oferta de peixes, crustáceos e moluscos Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Mamma mia!

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Já ouviu falar em peixe em forma de massa? Essa é a aposta da Pescanova España com a La Pasta del Mar, literalmente um macarrão em feito de peixe. Disponível no país europeu em embalagens de 125 g, o produto possui três tipos de massa com sabores diferentes: macarrão de salmão; espaguete de merluza; e espaguete de merluza com tinta choco. Lançada juntamente com o chef Ángel León (conhecido como o “Chef do Mar”), a La Pasta del Mar pode ser preparada em 1 minuto.

A grande família A Korin lança o Filé de Truta Rosa Porcionada, produto que entra na família da Salsicha de Frango e o Filé de Peito de Frango em Bifes. Com proteínas e Ômega 3, o Filé de Truta Rosa Porcionada é vendido pela

empresa com o apelo de ser produzido a partir da criação livre de antibióticos, quimioterápicos, hormônios e corantes artificiais. E por ser da mesma família do salmão, a Truta Rosa possui a mesma coloração por conta de sua alimentação que é rica em betacarotenos e outros carotenoides naturais. O produto é disponibilizado em pedaços embalados individualmente à vácuo e em pacotes de 500 g.

Pronto até o 1º tempo acabar Com o objetivo de oferecer ao consumidor saúde, praticidade e sabor em um só produto, a Komdelli traz ao mercado o filé de salmão com champignon, azeite de oliva e ervas. Disponibilizado em embalagem assa fácil, segundo a empresa, o produto tem preparo rápido - basta levar ao forno por 45 minutos. Feito para servir até quatro pessoas, o produto, que é preparado com temperos naturais, é disponibilizado em embalagens de 700 g.

Roupa (re)Nova A Gomes da Costa está renovando as embalagens de toda sua linha de produtos. O objetivo do novo design é trazer cores mais vivas, com fontes mais legíveis, novas fotos e um novo

logotipo da marca. Outra novidade fica por conta da linha de patês, cuja tradicional tampa de plástico substituída por tampa de aço. Segundo a empresa, essa troca está alinhada com o objetivo da Gomes da Costa de ter 95% dos produtos recicláveis até 2025.

Perfeito para a Luisa Mell O Pão de Açúcar passou a comercializar no mercado brasileiro a posta de salmão plant-based desenvolvida pela foodtech brasileira The New Butchers. Batizado de New Fish, o alimento, que é considerado o primeiro salmão vegetal do País, traz o diferencial de ser feito à base de proteína de ervilha, extrato natural de páprica, sem adição de soja ou qualquer outro alergênico. Outro destaque do produto lançado é o fato dela, assim como o salmão tradicional, também contém Ômega 3. A posta de salmão da The New Butchers é disponibilizada em embalagens de 180 g e pelo preço de R$ 24,90.


Saúde para dar, vender e comer Com o objetivo de ampliar sua linha de filés de tilápia empanados, a Copacol lança no mercado dois novos sabores do produto: o Filé de Tilápia Empanado com Coco e o Filé de Tilápia Empanado Corn Flakes. As novidades, de acordo com a empresa, podem ser preparadas de várias maneiras, seja na airfryer, fritos, assados ou ao modo que o consumidor desejar. O intuito da empresa, além de trazer mais opções ao mercado, é cooperar mais e mais com pratos saudáveis e nutritivos para o consumidor.

Trazido pela Bomar Pescados, o Mexilhão Desconchado Cozido Congelado é indicado para quem gosta de receitas mais sofisticadas. Como o próprio nome do produto sugere, o mexilhão da empresa vem desconchado e cozido, diferenciais que procuram facilitar o preparo, porém, sem perder o toque gourmet em situações com confraternizações entre

amigos e famílias. Ainda de acordo com a Bomar Pescados, o produto é disponibilizado em embalagens de 400 g.

Um trio para todos os gostos Atum sólido ao natural, atum pedaços ao natural e atum pedaços em molho de tomate foram os produtos escolhidos pela Robinson Crusoe para apresentar uma nova embalagem econômica ao mercado. O lançamento agrupa na mesma embalagem, três unidades do mesmo produto em sleeve, tipo de embalagem que é termoencolhível. Segundo a empresa, o objetivo é trazer mais custo-benefício, além de praticidade aos consumidores no momento da compra.

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A DellMare Pescados desenvolveu um Kit Paella para os fãs dessa iguaria tipicamente espanhola. O produto, além de trazer ingredientes selecionados para este alimento, foi desenvolvido especialmente para quem gosta muito deste prato, mas que deseja ter praticidade na hora de prepará-lo, porém, sem perder a qualidade em sabor. A empresa divulgou que o produto possui dois tipos de embalagens com 400 g cada.

Para os masterchefs domésticos

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Te amo, espanhola!


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Pesquera Veraz/Divulgação

Especial

Camarão da Argentina: uma novela brasileira


O dólar na casa de US$ 6, a expansão da oferta nacional de vannamei a preços relativamente baixos, a abertura da safra do camarão rosa e o ineditismo do produto criaram um cenário não tão receptivo ao camarão no Brasil

Desbloqueio da importação de camarão argentino mobiliza compradores, mas dúvidas sobre posicionamento do produto, preço e classificação tornam popularização mais lenta Texto: Ricardo Torres | Edição: Léo Martins

A versão em espanhol merece um capítulo à parte. Avenida Brasil foi o maior sucesso melodramático latinoamericano depois de Betty, a Feia, mas foi entre os argentinos que a obra alcançou um êxito inimaginável. Depois de estrear como um entretenimento vespertino, foi alçada ao horário nobre. Tão nobre que, ao menos naquele 7 de julho de 2014, tornou-se, por um dia, uma febre maior que a do futebol. Mais de 6 mil argentinos ocuparam todas as cadeiras do Luna Park, a mais tradicional casa de shows de Buenos Aires, para vibrar com o final da novela, que culminou com a prisão de Carminha.

Com uma inflação ainda galopante e um cenário econômico prejudicado pela pandemia, o governo argentino presidido por Alberto Fernández celebrou intensamente a novidade. O Ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca, Luis Basterra, acompanhado do Secretário da Agricultura, Jorge Solmi, da Chefe de Gabinete, Diana Guillen, e do Subsecretário de Pesca e Aquicultura, Carlos Liberman, fizeram questão de receber Mariano Retrivi e Julieta Martinez, diretores da empresa Buena Proa, que fez a primeira remessa para o Brasil direto de Mar del Plata, com destino à paulistana Premier Pescados.

Pouco menos de sete anos depois, outra novela brasileira também parecia que chegava ao final. Em abril deste ano, o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina certificou a primeira exportação de camarão vermelho ou santana (Pleoticus muelleri) de

“É muito importante avançar na agenda de abertura de mercados e intercâmbio bilateral entre os dois países, que inclui o acordo para a comercialização de camarão. Esta foi uma das questões históricas que propusemos no início de 2020, com base na confiança e na seriedade do

trabalho realizado pelos serviços de saúde dos dois países”, disse Basterra, que esteve no Brasil durante o mês de março, quando foram formalizados convênios com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Mapa, Teresa Cristina. Na mesma direção, o vicepresidente da Senasa, Carlos Milicevic, destacou que “um mês após a reunião no Brasil e, em decorrência das negociações realizadas e coordenadas entre os ministérios da Agricultura e Relações Exteriores e a Senasa, o mercado está aberto definitivamente ao camarão, uma excelente notícia, há muitos anos esperada pelo setor ”. A abertura, porém, era só o começo. Habituados ao processo de homologação de plantas frigoríficas e ao registro dos produtos no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa/Mapa), os argentinos contiveram a euforia por esta e muitas outras razões. Em uma reunião da Câmara de Armadores de Pesqueros e Congeladores da Argentina (CaPeCa) à qual a equipe da Seafood Brasil teve acesso, mais de 20 empresários atuantes no segmento dos langostinos demonstravam um certo ceticismo com o negócio, dado o histórico de judicialização do tema. À esfera jurídica somaram-se também às condições dadas pelo mercado interno e externo. A Europa e os Estados Unidos, tradicionais Matéria continua após o infográfico

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Mar del Plata para o Brasil, após conseguir a reabertura do mercado com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A liberação aconteceu em março pelo atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux (leia mais na edição #38 da Seafood Brasil). A remessa daquele mês consistiu em 1.231 caixas de cauda de camarão congelado, 14 de camarão inteiro congelado e 84 de camarão descascado desfiado com um peso líquido total de 23.306 kg.

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A

novela Avenida Brasil foi um marco da teledramaturgia brasileira. As reviravoltas na trama que envolvia Carminha e Nina (ou Rita) renderam 179 capítulos eletrizantes acompanhados por uma audiência brutal. Uma rápida busca na Wikipedia revela que a obra teve os direitos de exibição licenciados em 106 países e, posteriormente, em mais 24 nações, somando 130 países. A novela brasileira mais vendida para o exterior em toda a história foi dublada em 19 línguas.


Especial

Camarão santana da Argentina Uma síntese biológica e mercadológica Arte: Instituto Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Pesqueiro da Argentina (Inidep), adaptado por Seafood Brasil

CEFALOTÓRAX Aloja todos os órgãos internos, com exceção do intestino e parte dos ovários (em fêmeas).

ONDE VIVE

Espécie de águas frias temperadas e hábitos demersais-bentônicos, ou seja, vivem no fundo do mar durante o dia e em águas associadas ao fundo durante a noite.

TAMANHO | PESO | COR Diferem de acordo com o sexo. Os machos alcançam tamanhos de até 18 cm e um peso total de 50 g. As fêmeas alcançam os 22,5 cm e 100 g de peso. A cor varia entre rosado e avermelhado.

CICLO DE VIDA

Curto. Existe uma substituição quase total da quantidade de exemplares disponíveis, que podem ser capturados em duas temporadas de pesca sucessivas.

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ABDÔMEN

Aloja parte do ovário (fêmeas) e intestino (machos e fêmeas).

TEMPORADA DE PESCA Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Período de captura habitual em jurisdição nacional. Período de defeso destinado a proteger a reprodução no Golfo San Jorge.

ALIMENTAÇÃO Pequenos crustáceos (anfípodes), vermes marinhos (poliquetos) e moluscos. Tem forte tendência à predação em vez de ingestão passiva.


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Da costa de Santa Cruz (Argentina) até o Rio de Janeiro (Brasil). As maiores concentrações se encontram no litoral patagônico, das costas de Rawson até o sul do Golfo San Jorge (área amarela no mapa), tanto em águas de jurisdição nacional como provincial. Habita em profundidades que oscilam entre os 3 e os 100 metros.

Classificação comercial do camarão santana da Argentina

MÉTODO DE CAPTURA Barcos de arrasto duplo (tangoneiros). Embarcações dotadas de dois tangones (hastes) que permitem o arrasto de redes de fundo, desenvolvidas especificamente para a captura deste camarão. Podem congelar a bordo (congeladores) ou desembarcar fresco para processamento nas plantas (fresqueiros).

Item

A apresentação

Inteiro L1 10/20 peças/kg L2 20/30 peças/kg L3 30/40 peças/kg L4 40/60 peças/kg

6 pacotes x 2 kg cada um

S/ Cabeça com casca C1 30/55 peças/kg C2 56/70 peças/kg

6 pacotes x 2 kg cada um ou 20 bolsas x 400 g cada uma

Tail-On (cauda eviscerada com casca) C1 30/55 peças/kg C2 56/100 peças/kg

6 pacotes x 2 kg cada um ou 20 bolsas x 400 g cada uma

Descascado (filé) 40/70 peças/kg 90/70 peças/kg

IQF a granel: 1 x 12 kg ou 20 bolsas x 400 g cada uma

IMPORTÂNCIA PESQUEIRA

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Junto com a lula e a merluza, compõem as espécies mais representativas da pesca comercial argentina. São exportadas a Espanha, Japão, Itália e China e comercializados congelado a bordo (inteiro ou sem cabeça - colas), congelado em terra ou fresco.


Especial Safras controladas A temporada do camarão santana na Argentina é altamente regulada pelo governo local, um dos motivos pelos quais ela se expandiu tanto ao longo dos últimos anos, especialmente a partir da primeira década do novo milênio. O Pleoticus muelleri tornou-se a estrela da pesca argentina não só por conta de sua demanda crescente mundial, mas porque o animal tem um ciclo de vida anual, altas taxas de crescimento e grande potencial reprodutivo, como avalia o Instituto Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Pesqueiro (Inidep). Somados, os fatores biológicos e de mercado foram determinantes para a ascensão como recurso pesqueiro tão demandado e rentável. A manutenção dos recordes de captura acima de 200 mil toneladas alcançados no final da década passada se tornou uma espécie de obsessão para o setor privado e às autoridades locais, que a cada ano vão aprofundando os regulamentos específicos para preservar o processo reprodutivo do estoque que ocorre durante todo o ano. Entre as principais delas está uma espécie de rodízio de áreas pesqueiras que privilegia os exemplares maiores. Quando a temporada é aberta, especialistas do Conselho Federal Pesqueiro (CFP) verificam os resultados das primeiras capturas e decidem, com base em uma série de aspectos, se a pesca pode continuar naquela área. Se os exemplares são muito pequenos - o que é biologicamente e comercialmente desinteressante, as capturas são realocadas. Foi o que aconteceu no início da safra 2021. Depois de três semanas consideradas muito boas, no final de junho a captura majoritária de exemplares nos tamanhos L4 e L3 fizeram o CFP fechar a zona em que se pescava. Apenas uma zona que não oferecia risco ficou aberta, mas o mau tempo e pouca biomassa disponível desanimaram as empresas. No fechamento desta edição, a expectativa era de que julho apresentasse um cenário mais favorável.

HISTÓRICO DE DESEMBARQUES DO CAMARÃO SANTANA PELA ARGENTINA

VOLUME (TONELADAS)

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FONTE: Painel do Pescado

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compradores do camarão argentino, passam por um momento de forte reaquecimento da economia com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a recuperação do food service categoria na qual o produto argentino se destaca mundo afora. Com a China ainda muito apegada a medidas restritivas anti-Covid nos alimentos, a via Ocidental se tornou uma avenida. Já aqui no Brasil, o dólar na casa de US$ 6, a expansão da oferta nacional de vannamei a preços relativamente baixos, a abertura da safra do camarão rosa e o ineditismo do produto criaram um cenário não tão receptivo ao produto. “Estamos muito céticos porque estamos vendo dúvidas do lado brasileiro”, avalia Federico Angeleri, diretor comercial da Pesquera Veraz. As dúvidas principais se referem ao encaixe do produto no mercado brasileiro. Com tamanhos equivalentes, o camarão vermelho da Argentina tem sido comparado com o rosa para facilitar o entendimento dos compradores brasileiros. Fato é que, à margem do tamanho, ambos os produtos são diferentes na textura, sabor e coloração, o que torna vendê-los na mesma categoria um problema. Até agora, porém, o preço e a predileção do food service pelos crustáceos maiores têm feito eles disputarem a mesma fatia de mercado. “Nosso camarão compete com o camarão rosa, que está agora em plena safra e com o preço baixo, então nossos preços ficaram altos”, opina Angeleri, o que justifica a incerteza sobre como vai reagir o mercado brasileiro. A Pesquera Veraz despachou até o momento 30 toneladas do produto, mas já preparava para o início de julho um contêiner de 20 pés para um grande cliente nacional com uma mistura de camarão vermelho descascado, em filé e uma menor


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Newsan Food/Divulgação

Especial

Barco tangoneiro construído pela Valastro e Newsan Food na Espanha: Newsan quer ultrapassar 35.000 toneladas de exportações totais em 2021 com Brasil, Europa e EUA

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quantidade de caudas. “A maioria não quer carregar um contêiner inteiro, querem ir aos poucos, com 5 ou 10 toneladas, junto com merluza”, conta o executivo argentino. O problema é que não há merluza agora, já que os barcos estão concentrados nos “langostinos”. Outra empresa que já fez seus primeiros embarques ao Brasil é a Newsan Food, que já tem tradição de fazer negócios aqui em merluza e lula. “Nesta temporada, fechamos negócios não só em merluza, mas também em lulas e já despachamos as remessas de nossas primeiras vendas de camarão selvagem”, conta o responsável pela divisão Newsan Food, Marcelo Glikman, que demonstra otimismo. “Embora ainda seja muito incipiente, estamos muito

felizes com o caminho que começamos a percorrer e temos grandes expectativas de fornecer volumes importantes em um futuro próximo.” Glickman dá a medida da expectativa que os argentinos depositam no mercado brasileiro, colocando-o ao lado dos Estados Unidos como destinos relevantes para a retomada pós-Covid-19. “Além do Brasil, temos grandes expectativas nos Estados Unidos. Acreditamos que serão eles os locais que contribuirão para a recuperação, claro, além dos mercados que tradicionalmente atendemos.” E são muitos. Com um faturamento superior a US$ 200 milhões com produtos pesqueiros em 2020, a empresa vende a 70 países, com destaque para China, Japão, Espanha,

Itália, Rússia, Israel, Estados Unidos, Alemanha e Brasil. Essa retomada global faz a empresa vislumbrar um crescimento exponencial em 2021. “Estabelecemos uma meta ambiciosa e, este ano, esperamos ultrapassar 35.000 toneladas de exportações totais e uma meta de faturamento de US$ 250 milhões”, projeta Glikman. Deste total, até 70% corresponderá aos camarões vermelhos em destinos como o Brasil. Para realizar estes números, a empresa vem investindo pesado. “Nos últimos tempos, temos feito investimentos em novas embarcações e podemos dizer que contamos com uma das frotas mais modernas do País, bem como câmaras frigoríficas para a armazenagem dos nossos produtos.”


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Se a safra melhorar, importadores querem ter certeza de que argentinos realmente estarão dispostos a “botar preço” e entrar no Brasil, ou se vão priorizar Europa e EUA

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O investimento também contempla o marketing, para popularizar a marca em um mercado ainda virgem para o produto como o Brasil. “Estamos convencidos de que nosso camarão terá uma ótima aceitação e também estamos preparando ações de marketing e comunicação para posicionar nosso produto”, antecipa Glikman. Ele avalia que o Brasil já larga com uma vantagem que é uma demanda reprimida por camarão, mas que será preciso apresentar o camarão santana aos clientes brasileiros. “Estamos realizando atividades de degustação com nossos clientes para aproximar nossos produtos e para que possam verificar seu sabor e textura.”

CRÉDITO: Piscare/Divulgação

Nos últimos três anos, a Newsan Food incorporou dois navios construídos na Espanha que congelam a bordo e agora planeja renovar a frota em estaleiros argentinos. “Atualmente, temos uma frota de nove embarcações, incluindo barcos de arrasto para a captura de merluza negra, tangoneiros e poteiros [para pesca de lula] que processam e congelam a bordo, além de barcos fresqueros que entregam o produto a plantas de processamento selecionadas.” Entre as embarcações, estão cinco congeladores a bordo que fazem todo o processamento a bordo, já envasando o produto inteiro em caixas de 2 kg.


Divulgação/Piscare

Especial

Mauricio Monteiro (esq.), da Piscare, e o embaixador argentino Daniel Scioli observam a caixa com camarões inteiros na companhia de um comerciante argentino da Ceagesp

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Tradicional player em terras brasileiras com a merluza, a Iberconsa se considera o maior fornecedor do crustáceo na Argentina. Com 13 barcos que congelam a bordo (com capacidade entre 90 e 200 toneladas), três barcos fresqueros e outros seis fornecedores parceiros, a empresa embala em torno de 30 mil caixas de 10 kg por dia. Pablo Basso, diretor comercial da empresa na Argentina, tem certeza de que o camarão santana terá “aceitação gigante” no mercado brasileiro. Ele considera, porém, que uma oportunidade ainda pouco explorada nas cotações e sondagens dos brasileiros é o camarão inteiro congelado a bordo. “Este camarão é um produto premium, serve até para fazer sashimi”, defende. O executivo diz que espera a pandemia arrefecer para poder viajar ao Brasil para percorrer as cadeias de restaurantes e mostrar os atributos do produto.

Outro foco do trabalho será com o varejo, onde a Iberconsa pretende comercializar o produto vendido já em pacote de 400 g com a marca NOS. Basso se preocupa, porém, com eventuais restrições sanitárias que possam desestabilizar o negócio, como já acontece com a merluza. Desde que o regulamento técnico de pescado congelado entrou em vigor aqui no Brasil, barcos congeladores a bordo que exportam para exigentes mercados como a Espanha e a Alemanha têm sido colocados no Regime de Alerta de Importação (RAI) por terem amostras com inconformidades nos parâmetros físico-químicos previstos na norma - algo que eleva a temperatura das críticas de Basso ao ambiente brasileito para o negócio. “Clientes brasileiros estão pedindo produtos e eu digo que lamentavelmente, temos os dois barcos registrados no Brasil em RAI. A produção [de merluza] com destino ao Brasil caiu 50%”, lamenta.

O que querem os importadores? Em uma palavra: preço. “Precisamos ter certeza se eles realmente estarão dispostos a botar preço e entrar no Brasil, ou se vão querer ficar concentrados no mercado europeu e norte-americano, deixando o Brasil de lado”, avalia Mauricio Monteiro, diretor da Piscare, para quem o movimento dos argentinos é compreensível. O executivo foi o anfitrião do embaixador argentino Daniel “Camarão” Scioli na chegada de uma das primeiras cargas do produto desta reabertura às instalações locadas pela Piscare na Serbom, na Ceagesp, em São Paulo (SP). Monteiro foi um dos primeiros a importar matéria-prima em diversas apresentações. “Foi uma importação pequena, em um momento um pouco conturbado, em que há acomodação de preço porque a pesca estava fechada”. Com a queda do dólar ao patamar de R$ 5 e a reabertura da


O contrabando é outro ponto crítico. “O que escuto é que se importou mais por baixo do pano por vias erradas do

Oportunidade considerada pouco explorada nas cotações e sondagens dos brasileiros, o camarão inteiro congelado a bordo é um produto que será trabalhado pela Iberconsa ao lado do filé

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Segundo consultas da Seafood Brasil a especialistas argentinos, em condições normais o camarão inteiro congelado a bordo gira em torno de US$ 9,50 por kg, enquanto aquele congelado em planta (nos frigoríficos) é cotado em R$ 8,50. Já o filé (pelado devenado) não sai por menos de US$ 15. Um produto tão valorizado é completamente diferente do que os brasileiros estão acostumados a comprar da Argentina. Uma das fontes consultadas para esta matéria levantou, inclusive, o receio do roubo de carretas. “A própria logística é outra fonte de temores. O roubo de um caminhão de camarões a US$ 15/kg assusta muito mais que uma carreta carregada de merluza a US$ 5/kg.”

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O presidente da Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (Abrapes), Julio César Antônio, coincide. Segundo ele, a reabertura do rosa baixou o preço em 15%. “O camarão de classificação 30/40 está saindo por volta de R$ 73, enquanto o argentino sai por US$ 8,50, sem nacionalizar”. Antônio, que é fundador da Mar & Rio, a primeira a importar o camarão do Equador quando este foi liberado, mostra também uma certa cautela. “Estamos fazendo cotações e recebemos a informação de que eles estão reavaliando alguns preços, pelo fato de que, neste momento, eles só estão conseguindo capturar o L2 [equivalente ao 30/40]”, expõe. O executivo calcula que por volta de 10 importadores estão realmente negociando o produto, em quantidades que giram em torno de 50 toneladas. Outra porção do produto deve chegar ao Brasil em conjunto com outro produto da oferta argentina bem

conhecido. “Os importadores estão fazendo mix com merluza. Estão trazendo 4, 5, 6 toneladas de camarão para conhecer o produto”, atesta o brasileiro.

Iberconsa/Divulgação

safra, Monteiro conserva expectativa de que os preços possam se acomodar em um nível mais baixo.


Especial que pelas vias legais, principalmente no ano passado e retrasado”, conta o gerente de vendas da Ecil, Pablo Rillo. Isso cai no mercado via distribuidores menores, que operam principalmente no food service. “Até o cliente final já conhece o produto, isso fez com que não houvesse surpresa [com a liberação oficial das importações da Argentina]”, completa.

Rodada de negócios O interesse do lado brasileiro ficou latente com uma rodada de negócios realizada em maio pelo governo argentino com associados da Abrapes, que se envolveu diretamente nas discussões da reabertura. Logo durante as saudações protocolares, o novo presidente da entidade, Julio César Antônio, traçou um paralelo entre o espaço ocupado pela merluza no mercado local e o camarão santana. “Atualmente o Brasil já é um grande importador da merluza argentina, um pescado de excelente aceitação no mercado brasileiro e se faz presente com regularidade na mesa da nossa população”, disse. “Entendemos que esta abertura de mercado representa um positivo avanço na nossa relação bilateral, mas abre um espaço não só ao camarão como aos demais produtos da pesca argentina. Isso ajuda a fomentar a indústria brasileira direta ou indiretamente, na redução de custos e em preços mais justos ao povo brasileiro.”

O executivo da Piscare também confirma o diagnóstico. “Este camarão já existia no Brasil há muito tempo ilegalmente. Todo dia tinha gente batendo na nossa porta oferecendo este camarão, inclusive como [se fosse] rosa brasileiro. Ele limpo é mais difícil de identificar a diferença”, atesta. Ele acha que agora que os supermercados também mostram interesse, a situação pode mudar. “O que pode fazer diferença aqui é colocar este camarão no varejo. O varejo não mexe com contrabando.”

O ex-governador da Província de Buenos Aires e atual embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, conta como se tornou conhecido nos corredores das esferas diplomáticas brasileiras, apesar de fazer parte de um governo desalinhado politicamente à gestão de Jair Bolsonaro. “Na minha primeira reunião com o Bolsonaro, este foi o tema, porque a Argentina tem US$ 52 bilhões de déficit. Queremos vender mais e não comprar menos. Essa era minha agenda. Como eu sempre falava deste tema, me chamavam de ‘camarão Scioli’.”

O preço e o contrabando parecem ser temas de maior atenção que a concorrência com o vannamei, razão de temores históricos da carcinicultura brasileira. “O camarão ficou barato, não sobe de preço há dois anos. Subiu todo o resto, mas o camarão ficou barato”, avalia Ricardo Pedroza, da Camarões do Brasil. “Os donos de fazenda ficaram apertados, porque a produção cresceu bem e está sobrando camarão, mas o preço não consegue subir”, diz.

Acervo/Seafood Brasil

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Embora a organização do evento tenha recebido críticas, fontes de ambos os lados garantiram que foi uma boa oportunidade para abrir portas entre as indústrias argentinas e os importadores brasileiros. Para Thamires Quinhões, diretora-executiva da Abrapes, a rodada só não foi melhor porque foi realizada no início da safra, quando ainda não havia boas ofertas e o dólar beirava os US$ 6. “Agora já há condições mais favoráveis e algumas empresas já tiveram LI [Licença de Importação] aprovada.”

Rodada de negócios realizada em maio atraiu exportadores argentinos e importadores associados à Abrapes

O próprio Pedroza, que opera com fazendas e indústrias especializadas no vannamei, como a Maris, não vê qualquer sinal de competição com o produto nacional de criação. “Não choca com o vannamei de forma alguma”, crava. “Este camarão é de 15 g para baixo, no máximo 18 g. Acima disso é menos de 5% da produção. Já o produto da Argentina dificilmente fica abaixo de 16 g.” Com esse roteiro e os atores cientes de suas posições no cenário, tudo indica que a novela brasileira do camarão, que tem uma audiência que só cresce dia após dia, ainda vai demorar a engrenar.


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Divulgação

Ponto de Venda

Conhecida como a “segunda Quaresma” em relação às vendas, a Semana do Pescado foi criada pelo extinto Ministério da Pesca e Aquicultura, mas atualmente é organizada pelo próprio setor produtivo

Muito além dos grandes centros

C

18ª Semana do Pescado, que acontece entre os dias 1 e 15 de setembro, reacende articulação do setor produtivo e promete movimentar o setor por todo o Brasil

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Texto: Jéssica Martinez Feller | Edição: Léo Martins

omo em todos os últimos 18 anos, a Semana do Pescado 2021 já está confirmada para a tradicional primeira quinzena de setembro. A campanha, conhecida como a “segunda Páscoa” em relação às vendas, foi criada pelo extinto Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e mantida pelo próprio setor produtivo durante os últimos anos. O que era uma ação de governo tornou-se uma oportunidade considerada indispensável pelo varejo para incrementar a venda de pescado em um período tradicionalmente baixo em movimento.

Uma das principais novidades deste ano é a formação de um comitê de coordenação liderado por Jéssica Feller Martinez, assessora de comunicação do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Pedro Pereira, diretor comercial da Brascod, e Roberto Imai, diretor-adjunto do Departamento do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Juntos, eles convidaram Thamires Quinhões, diretora executiva da Abrapes, e o próprio Altemir Gregolin, ex-ministro do MPA, a integrar o grupo de coordenação.

“A Semana do Pescado foi concebida para estimular o consumo de pescado no Brasil por duas razões”, explica o ex-ministro. Segundo ele, a primeira razão é criar a cultura do consumo de pescado, normalmente compreendida como sinônimo de saúde e qualidade de vida. Já a segunda é o aumento do consumo em um País com mais de 200 milhões de habitantes, o que impacta especialmente na cadeia produtiva. “Ou seja, aumentar a demanda vai estimular a produção, gerar empregos, renda e riqueza para o Brasil, desenvolvendo o grande potencial produtivo que temos nas


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Ponto de Venda

conteúdos próprios que serão republicados nos canais oficiais da campanha. “Ao mesmo tempo, estamos oportunizando uma base para aqueles que não dispõem no momento de um grande orçamento”, completa.

Divulgação

Robustez na comunicação

Segundo Jéssica Martinez Feller, as cores fortes e alegres da identidade visual da campanha representam o dinamismo do setor e, ao mesmo tempo, a pluralidade cultural do Brasil

áreas da aquicultura e da pesca”, complementa.

no plano de comunicação para viabilizar a campanha.

Até o fechamento desta edição, a adesão à campanha incluía 27 doadores, que contribuíram com uma cota individual de R$ 4.000, além de outros 47 participantes, entre indústrias, aquicultores, armadores, importadores, varejistas, food service, entidades representativas, entre outros.

Por outro lado, os patrocinadores terão suas logomarcas divulgadas junto às peças oficiais da campanha, bem como destaque no site e nas redes sociais, além de participar dos Outro ponto focal dos eventos oficiais da campanha e de organizadores é desmistificar que o reuniões exclusivas, que devido à pescado é difícil de ser preparado, pandemia da Covid -19, estão sendo limpo e armazenado, bem como que o realizadas por videoconferência. “A consumo deve estar atrelado somente Semana do Pescado está com um a datas especiais. A ideia é apresentar projeto de comunicação muito sólido, as inúmeras possibilidades de espécies pois foi elaborado com antecedência, provenientes da pesca e aquicultura, o que permite que todos os atores possam desenvolver ações de acordo com suas Fique dentro de todas as novidades realidades”, comenta a da Semana do Pescado assessora de comunicação, Jéssica Martinez Feller. Siga os perfis do evento nas redes sociais:

A campanha em 2021

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A identidade visual da Semana do Pescado, que inclui a logomarca, paleta de cores, tipografia, entre outros elementos, já foi atualizada. Agora, a coordenação da comunicação trabalha nas próximas ações, que têm como foco produções para as redes sociais e demais canais online. A intenção é aproveitar o alcance desses meios, para atingir os mais diversos públicos e, é claro, fidelizar consumidores. A Semana do Pescado 2021 contará também com assessoria de imprensa nacional, responsável por produzir materiais jornalísticos e entrar em contato com veículos de comunicação a fim de divulgar a campanha de forma espontânea.

Em respeito à pluralidade da cadeia produtiva e do próprio País, a proposta da Semana do Pescado neste ano é descentralizar as ações dos grandes centros de produção e consumo de pescado, para atingir todas as cidades brasileiras. Para isso, a estratégia é que os patrocinadores e apoiadores trabalhem como agentes de multiplicação da campanha através de seus contatos e meios de comunicação próprios. Todo o valor arrecadado com as doações será destinado a executar ações previstas

Nesse contexto, as empresas que possuem um orçamento maior e equipes de comunicação estão produzindo

@semanadopescado @semanadopescado


Juntos em um só objetivo: a Semana do Pescado costuma também ter forte adesão do varejo nacional, tudo em prol do aumento do consumo do pescado no Brasil

além da diversidade de produtos frescos, congelados e processados que estão disponíveis. Mas para isso, a organização acredita que é preciso que toda a cadeia produtiva se prepare oferecendo produtos com valores promocionais, por exemplo. Nesse contexto, o intuito é que a campanha tenha adesão desde o produtor, passando pelas processadoras e redes de varejo, chegando ao food service.

Como apoiar a Semana do Pescado?

Pescados com qualidade

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Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás. São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.

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do Exija cedor e n for seu alidade a qu dutos pro dos ás ubr Nat

Divulgação

A proposta é que os atores ligados à cadeia produtiva, que não possuem o capital para serem patrocinadores, sejam apoiadores da campanha divulgando a Semana do Pescado e

O sabor que faz a diferença


Ponto de Venda Quem já aderiu à campanha? Entre indústrias, aquicultores, armadores, importadores, varejistas, food service, entidades representativas, entre outros componentes importantes do setor, a 18ª Semana do Pescado contava, até o fechamento desta edição, com 27 patrocinadores e 47 apoiadores. • Câmara Setorial do Pescado - Mapa

• Conselho Norueguês da Pesca

• Secretaria da Aquicultura

• Brascod

e Pesca - SAP/Mapa

• Geneseas

• Ass. Legislativa de Santa Catarina

• Seara

• Diretoria de Pesca e Aquicultura

• Gomes da Costa

do Pará • Abrapes • Abipesca • Pesca BR • ABCC • Camarão BR • CNA - Comissão de Aquicultura • CONEPE • Sinpesca - PA • Sindifrio - CE • Sinpesca - RN • Saperj - RJ

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• Costa Sul

• Sebrae Nacional

• AV09 • Mar e Rio • Tilabras • Ambar Amaral • Opergel • Kanemar • Zaltana • Bom Peixe • Planalto Fish • Noronha Pescados • Nordsee

• SIPESP - SP

• IFC

• FIESP - SP

• Seafood Brasil

• Peixe SP

• Piscishow

• Sindipi - SC

• Aquishow

• ACAC - SC

• Anufood Brasil

• Sind. Pesca RS

• Abrasel

• Alaska Seafood Marketing Institute

• Francal Feiras

procurando parceiros na sua região para fortalecer a mesma, seja através de promoções na oferta de pescado ou de outras ações que fomentem o consumo. “A Semana do Pescado não é um evento nos moldes tradicionais, mas uma forte organização de toda cadeia de pescados, com a finalidade de realizar vários eventos simultâneos, focados no fomento ao consumo do pescado, sendo estes, concentrados em

um mesmo período do ano. Por isso, as possibilidades são infinitas”, explica Pedro Pereira, diretor comercial da Brascod. Na prática, isso significa que patrocinadores e apoiadores têm a liberdade de explorar a data como for mais interessante de acordo com a sua perspectiva, produto, público-alvo, região etc. Entrando

em contato com a organização, através do e-mail contato@semanadopescado. com.br, os interessados podem se apresentar e solicitar que sejam adicionados à listagem de e-mail ou no grupo de WhatsApp. Além de receber informações sobre a campanha e ter acesso às peças oficiais, o grupo de multiplicadores (que inclui apoiadores e patrocinadores) funciona como uma plataforma de troca de ideias, contatos e experiências. Esta é uma forma de estreitar os laços de todos os envolvidos com pescado em todas as regiões do Brasil, fortalecendo o setor como um todo. “A Abrapes sempre foi uma grande incentivadora da Semana do Pescado. A campanha é extremamente efetiva no seu objetivo de promover o consumo e fazer parte da coordenação para mim é uma honra”, ressalta Thamires Quinhões, diretora executiva da Abrapes. A diretora conta que a associação está envolvida em um intenso trabalho para que esta edição conte com ações em todos os Estados brasileiros, entrando para a história como a mais abrangente de todas.

Primeiros grandes passos As primeiras conversas acerca da 18ª edição da Semana do Pescado aconteceram já no início do ano de 2021. O grupo responsável pela coordenação deu início às atividades, realizando reuniões semanais com diferentes atores ligados à cadeia pesqueira e aquícola, com o intuito de os engajar em relação à campanha. No dia 25 de maio, a Câmara Setorial da Produção e Indústria de Pescados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) promoveu uma reunião extraordinária - fora da programação anual - para que o comitê organizador apresentasse seu projeto – mais de 47 pessoas participaram do evento.


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Faça parte da 18ª Semana do Pescado:

Ponto de Venda

Baixe o material de campanha Que tal ajudar a multiplicar a mensagem da Semana do Pescado, ajudar a fidelizar consumidores e fortalecer o setor mostrando todo o potencial de se consumir pescado para a saúde e os negócios? Baixe os cartazes de divulgação e participe!

As redes sociais serão amplamente usadas com posts e stories para a divulgação da 18ª Semana do Pescado e assim, atingir os mais diversos públicos e fidelizar consumidores

Grelhado, frito, assado ou ensopado, o pescado vai ser o prato principal das suas refeições. Esse ano o evento terá muitas novidades e promete entrar para a história como a maior e melhor edição. Aproveite nos estabelecimentos participantes. /semanadopescado

/semanadopescado

Patrocinadores:

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Na ocasião, a edição de 2021 da Semana do Pescado também ganhou apoiadores de peso, como o presidente da Câmara e da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Eduardo Lobo, o vicepresidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), Marcio Milan e Vinícius Reis, representante da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). “Estamos muito confiantes que essa será uma das maiores, se não a maior, edição da Semana’’, afirma Altemir Gregolin.

www.semanadopescado.com.br

Apoiadores:

Para os organizadores, o próximo passo será realizar as reuniões regionais. “Temos a oportunidade de aproximar vários atores ligados à cadeia pesqueira e aquícola, com o varejo e o food service das diferentes reuniões do País”, expõe Roberto Imai, coordenador na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Acreditamos que essa ‘segunda fase’ do engajamento será a mais importante, pois ela irá ditar o tom e o tamanho da campanha que vamos realizar em setembro”, finaliza.

Toda divulgação da edição 2021 da Semana do Pescado conta com uma cota de patrocínio de R$ 4 mil para executar ações previstas no plano de comunicação da campanha

Acesse aqui para encontrar todos os materiais da Semana do Pescado: bit.ly/18_SemanadoPescado


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Na Cozinha

A festa da comida em casa SEAFOOD BRASIL • ABR/JUN 2021 • 66

Na esteira das reinvenções do food service, festivais gastronômicos se adaptam aos tempos para encantar o cliente seja lá onde ele estiver

S

Texto: Ricardo Torres e você perguntar para qualquer dono de restaurante como andam os negócios, três em cada quatro vão responder: “A coisa tá feia.” De acordo com uma pesquisa nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel),

72% do setor estava endividado até abril deste ano (dados mais recentes) e 77% tinham tido prejuízo. O Brasil perdeu três em cada dez negócios voltados à alimentação fora do lar ao longo de 2020 e a segunda onda da Covid-19 acentuou o cenário já crítico.

Diante de um cardápio tão cheio de dificuldades, os estabelecimentos remanescentes não tiveram opção a não ser mergulhar de cabeça nos novos formatos adornados por termos em inglês tão complicados quanto inéditos. Last-mile, take-away e cloud kitchen passaram a constar no vocabulário


da cozinha profissional, que já conhecia o delivery e o drive-thru. A experiência de quase um ano e meio da segunda pandemia mais mortífera da história mostrou que era preciso estar atento e forte para incorporar algum destes modelos e, assim, contornar os imensos prejuízos com o fechamento intermitente do salão. Para muitos, a incapacidade de adaptar o formato tradicional às mudanças tão drasticamente aceleradas foi fatal. A disrupção também pegou em cheio os festivais gastronômicos espalhados por todo o Brasil. Enquanto muitos festivais com o turismo acoplado em seus formatos foram simplesmente cancelados, outros foram ajustados ao contexto online. O tradicional Festival de Tiradentes (MG), que até 2020 havia ocorrido por 22 anos seguidos, foi um dos exemplos. No ano passado, os pratos criados no festival foram repetidos em cozinhas espalhadas em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e em São Paulo, onde os chefs fizeram o preparo e entregaram por delivery. Outros festivais são nativos digitais - nasceram justamente em razão do próprio confinamento causado pela pandemia. No Rio de Janeiro, o festival 100% delivery Rio Gastronomia na Palma da Mão reuniu 20 restaurantes e sete food trucks, além de 18 produtores artesanais selecionados em parceria com o Sesc RJ. Em São Paulo (SP), o Food Delivery Series, festival gastronômico de delivery que estreou em setembro do ano passado, reuniu mais de 50 bares e restaurantes com um menu exclusivo (prato principal e sobremesa) por R$ 60.

A própria Abrasel teve de reinventar o seu Brasil Sabor, festival fundado em 2006 a partir das experiências regionais do Belô Sabor (Belo Horizonte) e Rio Sabor. “Em 2020, como todos os eventos, o Brasil Sabor também foi pego de surpresa. Vínhamos realizando o evento ininterruptamente desde 2006”, conta Lucas Pêgo, diretor nacional de desenvolvimento da entidade. “No ano passado nem consideramos que tenha sido uma edição oficial. Em função de a frequência estar proibida por conta dos decretos de fechamento na maior parte do País, apenas três Estados resolveram fazer o festival.” Ele sublinha que a realização foi quase como um protesto. “Foi uma ação de reafirmar a segurança dos restaurantes, aqueles que adotam as medidas sanitárias e os protocolos.” Pêgo reforça a linha de argumentação da entidade, segundo a qual os bares e restaurantes sempre souberam lidar com vírus, bactérias e protozoários. “O setor de alimentação fora do lar tem uma legislação específica [Resolução de Diretoria Colegiada nº 216 da Anvisa de 2004], então já estavam acostumados a controlar a qualidade da água, saúde do manipulador, higiene das superfícies de produção e serviço”, explica. Para ele, não foi difícil aos bares e restaurantes se adaptarem às medidas sanitárias, embora o distanciamento entre funcionários, entre funcionários e clientes e, por fim, entre clientes e clientes, tenha representado um desafio. O mais difícil, porém, foi se adaptar à falta de homogeneidade das

medidas restritivas entre os Estados e municípios para realizar o festival em 2021. A diretoria da entidade resolveu realizar uma edição oficial de maneira híbrida - uma mistura de virtual com físico. E deu certo. “A 15ª edição foi histórica”, celebra Pêgo. “Tivemos 901 restaurantes participando em 13 Estados no formato “híbrido”. O conceito do Brasil Sabor é de se trabalhar a comida do lugar. “Não gostamos de chamar de comida típica e sim de gastronomia típica, porque a gastronomia é como qualquer outra arte: você pode encontrá-la apenas em um determinado lugar onde só ela exista ali. Para citar um exemplo de Belo Horizonte, o fígado acebolado com jiló do mercado central não é uma comida de Minas, mas é a comida daquele lugar”, explica. Trata-se de um grande esforço conjunto de comunicação. Os restaurantes se inscrevem com um prato, um nome e uma descrição. Alguns Estados fazem uma ação promocional, como foi o caso do Amazonas, que pretendeu homenagear a cultura amazonense. A tradicional intimidade da culinária local com os peixes influenciou a média nacional de uso de pescado na edição 2021, como avalia Pêgo. “Neste ano, por volta de 20% dos pratos eram com pescado. No ano em que recebemos apoio do Ministério da Pesca, foi de 50%.” Ele se refere a uma ação realizada em conjunto com o extinto Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), no âmbito da Semana do Peixe. “Mais do que o patrocínio, naquela edição houve uma

Sua conexão direta com as principais origens de pescado no mundo

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O resultado foi positivo, mas apresentou um desafio que foi a manutenção, no delivery, do padrão de qualidade dos pratos servidos no salão. “Quem trabalha com peixe sabe que delivery é uma atividade muito selvagem, sem trocadilho, é muito ruim para peixes, que não viajam tão bem.” Em edições futuras, Nascimento ouviu dos restaurantes que preferem criar pratos novos para quando voltar totalmente a experiência no salão.

Lucas Pêgo, da Abrasel, em entrevista virtual: festival Brasil Sabor adotou formato híbrido em 2021, mas será fortemente presencial em 2022

conexão entre os restaurantes e os produtores, com a divulgação de uma lista de produtores cadastrados - uma forma de aproximação muito boa com os restaurantes.” A diferença daquele período para agora é que o consumo de pescado enfrenta um momento de ascensão causado pela inflação e até pela imagem de outras proteínas. “O número de pessoas que passa a evitar carne vermelha por uma questão de saúde ou opção é cada vez maior temos falado sobre isso nas tendências de cardápio.”

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Pescado viaja bem? Assim como fizeram com as incontáveis lives do primeiro semestre de 2020, empresas e marcas também atentaram para o potencial do público sedento por experiências diferentes dentro dos próprios lares. O Alaska Seafood Marketing Institute (ASMI), que promove a oferta de peixes do Alasca pelo mundo, realizou em São Paulo entre novembro e dezembro do ano passado o festival Delivery Selvagem Alaska Seafood. Uma das representantes do programa no Brasil, Carolina Nascimento, confessa que a experiência foi trabalhosa. “Tínhamos a intenção de fazer um festival desde o meio do ano, mas muita gente não queria entrar no festival porque é um desembolso

grande: peixe é uma proteína cara”, avalia. Com muita luta e uma certa ânsia dos restaurantes por algo diferente, a equipe do ASMI conseguiu cravar 10 restaurantes participantes. Todos eles também realizaram o festival no salão e ficaram livres em relação a preço e espécies trabalhadas, mas com a condição de que o prato estivesse disponível também no delivery. As casas compraram o produto diretamente dos fornecedores indicados pela ASMI, com descontos negociados, e receberam como contrapartida investimentos em marketing e divulgação. “Fizemos landing page, campanha com influencer, produzimos as etiquetas de delivery, demos brindes, campanhas em redes sociais e assessoria de imprensa. Em termos de público e audiência, alcançamos 1,3 milhão de pessoas durante a campanha”, calcula Nascimento. Ao todo, foram 27 receitas: três com bacalhau, quatro com polaca, 11 com salmão keta, nove com salmão sockeye e um black cod. “Houve restaurante espanhol, orgânico, com estrela Michelin, um pouco de tudo. No final, foi 1 tonelada vendida de peixe do Alasca e quase 1.800 pratos comercializados. Tivemos um retorno sobre o investimento de 172%”, contabiliza.

Apesar dos desafios logísticos, há quem não tenha tido muita alternativa a não suspender a realização. Foi o caso dos Festivais Gastronômicos Ceagesp, que no ano passado abortaram a edição de verão, focada em peixes e frutos do mar, para se concentrar nas tradicionais sopas do inverno. Nem o modelo drive-thru, adotado para manter o festival de pé, salvou o pescado em 2020. “Por questões operacionais, os pratos de peixes e frutos do mar não foram oferecidos pelo drive-thru, estrutura que se concentrou nas sopas”, relembra Jair Legnaioli, responsável pela operação dos Festivais Gastronômicos Ceagesp. Em março, a expansão da pandemia pós-carnaval interrompeu o Festival de Camarão e Massas, que acabara de iniciar. “Não houve tempo nem de começar a segunda semana. A partir daí, todos os esforços foram voltados para a operação de delivery.” Felizmente, segundo Legnaioli, em 2018 a estrutura dos festivais já havia iniciado um projeto para oferecer pratos do evento via entregas. “Uma estrutura de produção focada em delivery, com cozinha e armazenamento, já operava de forma experimental, basicamente com sopas e alguns pratos de pescado. Com a pandemia, essa operação de delivery foi impulsionada e ampliada com mais pratos de pescado e frutos do mar, sendo fundamental para a sobrevivência do evento.” Com a flexibilização das medidas restritivas e a possibilidade de presença de público, o Festival do Pescado e Frutos do Mar Ceagesp foi reaberto em agosto de 2020. Passou a atender, de


Ainda assim, Legnaioli tem certeza de que fez do limão uma limonada. Apesar dos efeitos da pandemia no faturamento, o canal de entregas virou prioridade. “Nos desafiou a criar novos pratos e a nos adaptar às

novas condições de atendimento do nosso público”, expõe. Segundo ele um exemplo disso foi a criação de kits com pratos do Festival de Frutos do Mar. “Esses itens foram oferecidos ao público em datas especiais, como Sexta-feira Santa e Páscoa, Dia das Mães, além de Natal e Fim de Ano. Independentemente de pandemia, esses kits, pelo sucesso que alcançaram, já estão definitivamente incorporados ao nosso portfólio de produtos.”

Um pé no turismo e outro no social Nem só da discussão sobre a presença física nos restaurantes ou virtual via delivery vivem os festivais neste momento. O impacto social da pandemia chamou a atenção

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O novo formato derrubou o volume de pescado consumido

tradicionalmente, mostrando que o delivery não substitui a experiência presencial no caso do evento. Antes da pandemia, o volume médio anual dos Festivais de Pescado e Frutos do Mar, incluindo a edição de verão e do Festival de Camarão e Massas, era de aproximadamente 40 toneladas. “Ao longo do ano passado, quando foi possível o atendimento presencial, e até o dia 23 de maio, quando encerrou o evento, o volume computado foi de apenas 16 toneladas.”

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quinta a domingo, em horário reduzido e com público menor, para atender a todas as regras da flexibilização. A consequência foi sentida rapidamente. “O público foi reduzido a cerca de 40% do volume que atendíamos antes da pandemia”, lamenta Legnaioli. “O Festival do Pescado e Frutos do Mar Ceagesp operou nessas condições até meados de dezembro. Reabriu em janeiro [Edição de Verão], nas mesmas condições anteriores. Porém, voltou a ser interrompido com o recrudescimento da pandemia.” Novamente, a operação delivery voltou a responder por 100% da demanda de pratos à base de peixes e frutos do mar.


Na Cozinha

Drive “Tour”

No segundo semestre, haverá uma edição híbrida em algumas cidades, ainda com pouca flexibilização das fases de abertura, mas com adaptações para cumprir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) - com atendimento presencial por reservas, mesas espaçadas, toda a brigada de restaurantes e consumidores atendendo os protocolos de segurança.

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“O Restaurant Week Drive Tour será mais um evento proposto para recuperação de impacto rápido no setor gastronômico, convidando o público para experienciar o melhor da gastronomia local, em um circuito de carro pela cidade”, explica Rodrigues. A ênfase será no consumo Drive Thru, mas também apostará em um modelo híbrido

com possibilidade também para consumo presencial, desde que sejam respeitadas as orientações e medidas de segurança de cada Estado. Neste momento, o evento tem duas edições em andamento: Paraíba (até 18/07) e Pernambuco (até 11/07). “As demais edições acontecerão no segundo semestre, aproximadamente no mês de outubro e estamos buscando parcerias e patrocinadores para a realização”, conta. Divulgação/Brasil Restaurant Week

O pescado normalmente ganha destaque, já que a organização sempre sugere aos restaurantes elaborar ao menos uma opção com peixes e frutos do mar. “Normalmente os menus recordistas são os cardápios ricos em frutos do mar, como camarão”, avalia Camilla Rodrigues, coordenadora de marketing do evento. Diante das dificuldades para adesão dos restaurantes, a organização resolveu apostar em um novo formato para 2021.

Rodrigo Pierrot

Outra “vítima” do período foi o consagrado Brasil Restaurant Week, criado há 12 anos para aquecer o mercado gastronômico em período de baixa sazonalidade. Em todo Brasil são cerca de 1 mil restaurantes participantes nas edições de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas, Ribeirão Preto, Santos, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Espírito Santo, Salvador, Pernambuco, Paraíba e Fortaleza. A Restaurant Week acontece em cada cidade, normalmente duas vezes ao ano, de 24 a 30 dias, aproximadamente.

Restaurant Week viu diminuição de praças e aposta em modelo Drive Tour para manter festival em 2021

da organização dos eventos, que procuraram fazer sua parte. A organização da Restaurant Week, por exemplo, realizou o Delivery Solidário, entre maio e junho de 2020. Na ação, os menus foram vendidos por delivery e take away e as vendas revertidas em marmitas solidárias para doações para a população em situação de rua.

Poder Legislativo do RN (Aspol) é um bom exemplo. Liderada pelo servidor Francisco José Alves Oliveira, a iniciativa é resultado de uma agenda implantada há três anos que visa promover a interiorização do turismo no Rio Grande do Norte, sempre muito concentrado nos inúmeros atrativos da costa potiguar.

Em outra frente, incentivadores de festivais do gênero apostaram em usar a pandemia como uma forma de acelerar o desenvolvimento regional, com forte apelo turístico. A Rota da Tilápia Potiguar, criada pela Associação dos Servidores do

A rota, que traça no mapa a forma de um cajado, começa na cidade de Bom Jesus e segue por Serra Caiada, Tangará e Sítio Novo, culminando em Santa Cruz, onde está a maior imagem católica do mundo - com 56 metros de altura, a Nossa Senhora de Santa Cruz

tem quase o dobro da altura do Cristo Redentor. A visita inclui até uma vista panorâmica, com direito a bolinhos de tilápia, do pitoresco castelo Zé dos Montes, que também pode ser visitado como parte do roteiro. Em maio, este que é considerado o primeiro roteiro turístico social do RN, lançou um passaporte aos turistas que é carimbado em cada um dos restaurantes selecionados dos cinco municípios do percurso. O objetivo é fazer com que potiguares e turistas com excursões em andamento possam fazer um “bate e volta” no interior. “É o ‘turismo do bem’, onde você poderá


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Um dos vetores da Rota da Tilápia Potiguar, além do turismo gastronômico, cultural, religioso e aventura, é incrementar a produção de tilápias na região, descreve o servidor. “Visamos à transformação da economia dos cinco municípios para produção sustentável que vai além da sua proteína saudável, como o aproveitamento do seu couro de muito valor agregado e com o foco ambiental imensurável”. Oliveira conta que a entidade se aliou às prefeituras

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ajudar, se divertir no pesque e pague com crianças, apreciar as iguarias típicas em todo o percurso, visitar o enigmático castelo com fantasias da época e fazer suas orações aos pés da Nossa Senhora em Santa Cruz”, conta.

Divulgação/Rota da Tilápia Potiguar - Aspol

Em forma de cajado, a Rota da Tilápia Potiguar leva turistas a cinco municípios entre produção de tilápias, restaurantes, um castelo e a maior imagem católica das Américas


Na Cozinha

Open delivery Uma ferramenta que pode auxiliar muito os restaurantes a lidarem com eventos de perfil híbrido, como os festivais gastronômicos, é o open delivery. Uma pesquisa da Abrasel mostram que, até 2019, 19% dos restaurantes ainda recebiam seus pedidos por telefone e mais de 40% recebiam por aplicativos próprios ou consagrados, como iFood, Uber Eats e Rappi. Na pandemia, os aplicativos aumentaram muito esta fatia e hoje dominam a forma de interação entre clientes e os estabelecimentos.

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“Os restaurantes não estavam preparados e a clientela continuava pedindo pelo telefone”, sublinha Lucas Pêgo. “Aí veio essa revolução digital, por um lado extremamente positiva para o segmento de alimentação fora do lar, mas que trouxe consigo outros problemas.” Ele descreve o que se tornou uma situação comum nas casas. “Um restaurante, para lidar com estas plataformas, precisa ter quatro telas abertas. E os pedidos chegam de forma desordenada.” Por isso, a Abrasel resolveu lançar uma padronização da linguagem entre estes aplicativos, chamada de open delivery. Para o cliente não mudará nada, mas aos restaurantes será um sopro de organização em prol da produtividade. “Vai facilitar aos operadores logísticos, meios de pagamento, empresas de software e outros. E mais: com uma linguagem única, muitas oportunidades disruptivas surgirão.” O executivo imagina que o impacto poderá ser similar ao que o PIX representou para o sistema bancário, graças à harmonização de linguagens trazida pelo open banking.

Para 2022, a previsão é que tudo volte às origens: com o público marcando presença fortemente nos eventos, justamente pela saudade das pessoas em ter contato com outras pessoas para, em parceria com uma grande marca líder do varejo e indústria têxtil, captar recursos e estudos para o curtume na região, carente de indústrias e outras fontes de oportunidades à população local. Outra iniciativa que pretende deixar um legado econômico é a adoção da tilápia como ingrediente para a merenda escolar dos municípios envolvidos. “Essa modalidade de turismo está ajudando a construir as comunidades e fazê-las crescer”, diz Oliveira, que se permite até fazer uma concessão bíblica. “Quando o turista faz a nossa rota, tem a sensação de que fez a multiplicação dos peixes”, conclui.

O futuro dos festivais Encarado como modo de sobrevivência para muitos, o delivery veio para ficar, assim como outros modais de entregas ao cliente. A demanda do público foi intensa, como explica Lucas Pêgo. Mas isso não indica que o delivery seja a salvação da alimentação fora de casa e muito menos dos festivais gastronômicos. “O delivery não é salvação, em raríssimos casos ele compensa o faturamento com atendimento de salão.” A avaliação é de Pêgo, da Abrasel, para quem as pessoas se ajustaram rapidamente às novas modalidades em destaque, descritas abaixo:

Delivery tradicional: pedido por telefone ou aplicativo e entregue no destino via portador; Drive thru convencional: estrutura adaptada para carros em que o cliente escolhe, paga e retira sem sair do veículo;

Drive thru não convencional: quando o cliente encomenda e retira direto no estabelecimento sem sair do carro; Take away ou para levar: normalmente quando o cliente está a pé e retira o pedido direto no local, ainda que faça o pedido antecipadamente; Grab & go: quando a comida já está pronta e o cliente apenas paga e a retira, como já ocorre nos aeroportos. O próprio Brasil Sabor híbrido de 2021 é um balizador da tendência de múltiplos modelos em convivência. “Ele não foi híbrido porque a Abrasel gostaria que fosse, mas este realmente é um ‘novo normal’”, comenta Pêgo. O termo, que é rechaçado pela própria Abrasel, ilustra o que, entre as inovações do período pandêmico, deve permanecer assim que superarmos a situação. No caso dos festivais, ele considera que o food service se deu conta de que não é possível ignorar a demanda dos clientes de serem atendidos onde quiserem - até mesmo em casa. “O delivery é irreversível, assim como o home office para determinadas empresas”. Festivais no modelo circuito (que envolvem várias casas) vão continuar cativando o público, desde que ofereçam a ele a insubstituível experiência do salão combinado as demais formatos. Para 2022, salvo alguma nova catástrofe, não haverá mais fechamento de cidades e do comércio, o que promoverá uma certa volta às origens, na visão de Pêgo. “Pretendemos que o festival de 2022 seja fortemente presencial, até mesmo porque gente sempre vai querer ser cuidada por gente”, finaliza.


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Personagem

O pulso da pesca Apaixonado pela rebeldia e liberdade do blues e rock n´roll, Dagoberto Castoldi vê no dinamismo da pesca um paralelo que mantém sua empolgação em 120 decibéis Texto: Ricardo Torres

“A

água é indispensável na vida do homem, amigo, pode crer.” A letra do compositor e surfista carioca Zeca Proença é uma ode ao mar. Mas quem pensa que ela ficou conhecida como surf music, se engana. Apesar da canção já ter tido até uma versão suingada na voz de Seu Jorge, é a versão do Blues Etílicos que mais chama a atenção do gerente de vendas da Cais do Atlântico, Dagoberto Castoldi. Talvez seja porque, assim como Flávio Guimarães, ele também é fã de gaita. A harmônica entrou cedo na vida de Dago. O pai, um empresário do ramo frigorífico, comprava sacos de ráfia de um fornecedor em São Paulo. O zeloso Seu Antônio Pinto, pai do ator Carlos Moreno - o “garoto-bombril” - presenteou a cria de seu parceiro comercial com uma gaita em um de seus aniversários. O sopro já estava nos ouvidos quando ele viu o rock, o filho bastardo do blues, entrar na sua cabeça para nunca mais sair. Aos 14 anos, a conexão mais próxima com a música era integrar o tradicional grupo de fanfarras da cidade do Colégio Dom Bosco Salesiano. Um dia, no trajeto entre a escola e a casa, ele se deteve ao passar pela janela de uma casa: na parede, um cartaz mostrava a capa do álbum Led Zeppelin I. Os alto-falantes explodiam com a força da bateria de John Bonham e o inconfundível riff de guitarra de Black Dog [hit do quarto álbum da banda britânica]. “Eu parei em frente a essa casa para escutar o som e os rapazes que trabalhavam na rádio, perguntaram o que eu estava fazendo ali na frente. Disse que tinha gostado da música e estava curtindo o som e aí, eles me convidaram para eu me aproximar e escutar melhor. Eles me mostraram os discos em vinil do Led Zeppelin e me explicaram quem era a banda.” A experiência o marcou. Em um ensaio de uma música para o Dia das Mães, um amigo que tocava guitarra se surpreendeu quando ele sacou do bolso uma gaita e colocou o sopro no meio da canção, situação essa que fez todos vibrarem com a riqueza que o instrumento trouxe para a melodia. Aos 15 anos, Dago já acompanhava bandas de blues na cena noturna das cidades catarinenses.

Na cabeça e no coração de Dago, as duas paixões se cruzam pela dinâmica, rapidez, agilidade e adrenalina. “É a batida do rock n’ roll, assim como é a batida da pesca, né?”, pergunta, já dando a resposta. “Existem as angústias, existem as frustrações, mas também existem muitas alegrias”. Como a sensação que a pesca e a música evocam são difíceis de explicar, Dago convoca Raul Seixas e a máxima “Deus Salva… o rock alivia.” É como disse Zeca Proença, “o urubu voando, a gaivota planando, marinheiro que é malandro viaja na proa. É no balanço do mar”. Não entendeu? Apenas sinta. Acervo pessoal

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Apesar de tanta paixão, a música não rendeu uma carreira a Dago. Mas o tino comercial o acabou levando ao pescado - outra paixão. Ele foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento de uma caixeta de tilápia da catarinense Ranac Agroindustrial para a bandeira Sam’s Club, que então fazia parte do grupo Wal-Mart. Mas foi na Cais do Atlântico, porém, que ele descobriu o universo da pesca extrativa, do mar e da indústria. “Aqui, hoje se trabalha com 66 espécies do mar, como pesca de traineira, parelha e arrasto. Só não temos espinhel.” Motivo de preocupação para muitos, o inesperado mundo da pesca comercial é exatamente o que o move. “Nesse universo do extrativismo, nenhum dia é igual ao outro: um dia você tem zero peixe para trabalhar, no outro você tem 300 toneladas. A coisa acontece numa dinâmica, numa rapidez que se torna quase uma bolsa de valores. Isso é empolgante!”, afirma.

Música na veia! Dago transmite no sopro de sua gaita todo seu amor pelo blues e o rock n’ roll


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