Seafood Brasil #11

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ESPECIAL

FEIRAS

AquaNor, Aquishow, TecnoCarne, Japan Food. Fomos a todas!

As responsabilidades sobre as fraudes no pescado

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Vikings do salmão Desbravadores por natureza, noruegueses apostam em inovação para aprimorar as bases da aquicultura moderna

#11 - Jul/Set 2015 ISSN 2319-0450 R$ 20,00


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Editorial

Esqueletos no armário

F

oram cinco meses de sondagens e conversas até que a Seafood Brasil conseguisse publicar uma matéria sobre os tipos de fraudes praticadas no pescado, que pode ser lida na página 46. O leitor pode pensar que o motivo é a complexidade do assunto, que exige muita pesquisa. Antes fosse: em toda a cadeia produtiva, poucos foram os contatados que aceitaram se expor.

em aquicultura do mundo. Conhecemos também duas gigantes locais da salmonicultura, que contam como os últimos 30 anos foram cruciais para a Noruega se tornar o maior exportador de salmão do mundo. Algumas das tecnologias que tornaram isso possível já estão acessíveis aqui, como mostrou a última Aquishow, em Santa Fé do Sul (SP). Dentro da indústria também não faltam inovações, como constataram os visitantes da última TecnoCarne. E no comércio, as lojas on-line chegaram ao pescado e cada vez mais se consolidam como um canal eficiente de vendas, como se vê a partir da página 36. Nos tempos sombrios em que estamos vivendo, é hora de se atualizar para se destacar jogando limpo.

O assunto é delicado e tem muitas nuances além da busca por culpados, como tantos outros temas no segmento. Mas, na nossa visão, quanto mais falamos sobre os esqueletos no armário, mais eles podem sair de lá. Se queremos atingir outro patamar de profissionalização, o melhor caminho é discutir sobre nossos problemas para, de uma vez por todas, solucioná-los. Outro meio é buscar segredos escondidos no exterior. É por isso que aceitamos o convite da Norge e Innovation Norway para visitar a Aquanor, a maior feira de tecnologia

Boa leitura!

Índice

06 Cinco Perguntas

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36 Ponto de Venda

44 Na Gôndola

Marketing

20 Artigo

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46 Especial

50 Personagem

Capa

Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres Editor: Ricardo Torres Repórteres: Léo Martins, Marcela Gava, Itamar Cardin e Thais Ito Diagramação: Emerson Freire Distribuição: Marcus Vinicius Crisóstomo Alves Tráfego de anúncios: Rosi Pinheiro

Comercial comercial@seafoodbrasil.com.br Tiago Oliveira Bueno Impressão Maxi Gráfica e Editora A Seafood Brasil é uma publicação da Seafood Brasil Editora Ltda. ME CNPJ 18.554.556/0001-95

Sede – Brasil Av. Bosque da Saúde, 599 Praça da Árvore - São Paulo (SP) CEP 04142-091 Tel.: (+55 11) 4561-0789 Escritório comercial na Argentina Hipólito Yrigoyen, 4021 - C1208ABC C.A.B.A. – República Argentina julio@seafoodbrasil.com.br

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Expediente

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5 Perguntas a Newman Costa, coordenadora nacional de Aquicultura e Pesca do Sebrae

Entrevista

A mão que ampara os pequenos Há anos no fomento de micro e pequenas empresas, Sebrae insere aquicultura e pesca no movimento “Compre do Pequeno Negócio”

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Texto e foto: Ricardo Torres

o Brasil, não fazemos parte de um setor que envolva grandes conglomerados nacionais, multinacionais com grande poder de expansão e mão de obra extremamente capacitada. A pesca e a aquicultura ainda dependem fortemente de pequenas e micro empresas, que, diariamente, se esforçam para dar contornos mais reais ao sempre promissor “país do pescado”. É o dia a dia de pequenos e microempresários que fabricam e vendem insumos, transformam matériasprimas, comercializam serviços e a própria experiência que faz crescer todas as pontas da cadeia produtiva. Não à toa, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) dispõe de uma área específica para colaborar com esse desenvolvimento: a Coordenadoria Nacional de Aquicultura e Pesca da Unidade de Agronegócios. Alocada no Sebrae nacional, a divisão segue a lógica das demais atividades do órgão: por meio do incentivo aos Sebraes regionais e à formação de cooperativas e associações, pretende colaborar com o aumento da produção, produtividade e comercialização do pescado em todo o País. A coordenadora, Newman Costa, confere presencialmente diversas dessas iniciativas, o que lhe rende pouquíssimo tempo para entrevistas como essa que concedeu à Seafood Brasil.

Divulgação/Sebrae e CNM

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Ela conta a seguir mais detalhes do movimento “Compre do Pequeno Negócio”, cuja data 5 de outubro foi seu marco. Com o apoio de entidades setoriais, como a PeixeBR, teve a intenção de valorizar as compras de micro e as pequenas empresas, bem como os microempreendedores individuais. A intenção do Sebrae é alertar para o papel dos pequenos negócios, que representam mais de 95% do universo empresarial brasileiro, geram 52% dos empregos e respondem por 27% do PIB. Não há dados específicos sobre a representatividade do setor neste total, mas a própria existência da coordenadoria mostra a importância que o Sebrae concede à atividade. O segmento, por meio de entidades representativas, mostrou adesão ao movimento Compre do Pequeno Negócio, capitaneado pelo Sebrae. De que maneira a campanha pode beneficiar a cadeia produtiva da pesca e aquicultura? O motivo para se adquirir produtos da cadeia da aquicultura e pesca é evidenciar que esse segmento respon-

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É preciso levar em consideração os impactos socioeconômicos decorrentes da escolha pelo pequeno comércio. Ao comprar da pequena empresa, o consumidor ajuda os pequenos negócios a se fortalecerem, estimulando a empresa a inovar, a melhorar o seu desempenho, a diversificar a oferta de produtos e serviços, a atender melhor o cliente. Valorizar os pequenos negócios gera resultados coletivos e toda a comunidade é beneficiada. Certamente, a maior razão que justifica todo esse esforço conjunto do Sebrae, dos parceiros e sociedade é que eleger o pequeno negócio na hora da compra fortalece esses segmentos e impulsiona a economia. Sendo este um ato capaz de transformar o País, ganha o pequeno negócio, ganha o consumidor, ganha o cidadão, ganha o Brasil. Como gestora da carteira de aquicultura, como você acompanha a evolução do segmento dentro do Sebrae nacional? Ele é estratégico para a entidade? Por quê? Sim, é um segmento estratégico porque acreditamos no seu crescimento e temos

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Como o Sebrae está estruturado para apoiar os pequenos e microempresários da aquicultura nas diferentes regiões produtoras? Existem Sebrae UFs em cada Estado Brasileiro, bem como vários escritórios regionais e equipe de profissionais para dar apoio a estratégia nacional desse segmento. Também conta com o apoio de parceiros estratégicos como Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Embrapa Pesca e Aquicultura, universidades e órgãos governamentais ligados a aquicultura e pesca.

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Esta dedicação ao segmento se desdobra em ações regionais, como a organização da Feira Nacional de Peixes Nativos, realizada em Cuiabá, ou internacionais, como a visita de produtores a feiras no exterior. Qual é a relevância de ações do gênero? O Sebrae, junto com parceiros, busca realizar ações como estas citadas acima no intuito de compartilhar políticas públicas, inovação tecnológica e estratégias de mercado que facilitem e contribuam para que o segmento possa estar mais organizado.

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Sabemos que a pesca tem potencial de crescimento muito limitado se comparada à aquicultura. Ainda assim, como o Sebrae pode apoiar micro e pequenas empresas da pesca extrativa para que incrementem suas atividades? O Sebrae tem feito um trabalho com equipe do MPA com o objetivo de estabelecer um Plano de Ação de Fortalecimento dos Empreendimentos da Pesca Artesanal, com foco nas entidades que receberam equipamentos e benfeitorias do Ministério para as regiões Nordeste, Sudeste e Sul, estimulando a gestão e melhoria do uso dos equipamentos.

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A motivação está relacionada ao fato de que comprar do pequeno negócio local faz com que o dinheiro fique no bairro, gerando novas oportunidades de emprego e distribuição de renda. Destaca ainda um aspecto mais amplo com ênfase na qualidade de vida, já que optar pela compra no pequeno comércio da vizinhança evita deslocamentos pela cidade e contribui para reduzir a emissão de gases poluentes.

o objetivo de contribuir para a sua organização, bem como estimular os Sebrae UFs a trabalharem no aumento da produção, produtividade e comercialização do pescado brasileiro.

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de pela produção de produtos mais homogêneos, com requisitos básicos de segurança alimentar e produzindo alimento de qualidade com planejamento e regularidade. Além disso, ele desempenha um papel social de fundamental importância na produção de peixes, cujo estoques naturais estão cada vez mais escassos.


Marketing & Investimentos

Balcão de negócios acusa golpe, mas reage Protagonismo de empresas associadas ao pescado em feiras de negócio minimiza profundidade da crise econômica Texto: Ricardo Torres

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xiste uma avaliação corrente de que o agronegócio de alimentos é blindado contra crises econômicas. Em plena década perdida, nos anos 80, a produção rural voltada a encher a barriga da população cresceu com regularidade apesar das decisões do governo sobre a economia. Afinal, nem na crise se deixa de comer. Trazendo a análise aos dias atuais, percebe-se o mesmo clima de protagonismo do agronegócio, que busca superar o atual momento com boas doses de criatividade, inovação e diversificação de atividades. É nesse contexto que se insere a produção de pescado. Parece ser um caminho sem volta, que atrai um número crescente de empreendedores cada vez mais interessados pelo que acontece debaixo d’água. Muitos deles, calejados em outros ramos do agronegócio,

desembarcam no segmento com muita demanda por tecnologia. Talvez por isso tenhamos visto tanta gente do setor em feiras como a TecnoCarne, ambas realizadas neste ano em São Paulo com foco em processamento de proteínas animais. A 12ª TecnoCarne & Leite, realizada entre 11 e 13 de agosto, mostrou essa ânsia por inovação em prol da produtividade. Ali, muito se falou de crise, mas sem lamento. “A crise existe, mas vai passar. Quem olhar para o curto prazo enxerga somente a crise. Porém, quem olha para o médio e longo prazo, diante da crescente demanda da população mundial por proteína animal e do potencial que existe, sabe que precisa continuar investindo para aprimorar os processos na indústria”, disse na abertura do evento o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar.

Já o diretor-geral do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Luis Madi, ressaltou a oferta de tecnologia disponível na feira. Também aproveitou para dizer que os próximos 10 anos terão como característica uma busca por saudabilidade e bem-estar, sensorialidade, sustentabilidade e ética. “São esses os desafios de quem pesquisa e quem produz: fornecer alimentação saudável, saborosa, que seja possível de ser conservada e produzida de forma correta para a crescente população urbana”, disse. As características inerentes ao pescado se encaixam no cenário projetado por Madi e é por isso que, entre as mais de 500 marcas expositoras da feira, diversas apresentaram soluções exclusivas para peixes e frutos do mar, devidamente indicadas pelo peixinho da Seafood Brasil em seus estandes:


Da despesca ao processamento A Branco Máquinas levou apenas soluções exclusivas para a cadeia produtiva do pescado, da produção ao frigorífico. “Nosso lançamento é uma descouradeira de pequeno porte, para pesque-pagues e pequenos abatedouros”, contou o engenheiro da empresa Joaquim Ferreira. O estande ainda apresentou descouradeiras para grandes volumes, uma máquina de sucção de peixes (fish pump), uma classificadora e uma despolpadeira, todas desenvolvidas no Brasil. De acordo com Ferreira, o estande recebeu muitos contatos, inclusive investidores estrangeiros que pretendem iniciar projetos de piscicultura no Brasil. “Nossa próxima evolução é desenvolver tecnologias para grandes frigoríficos, acompanhando o desenvolvimento do segmento”, diz Ferreira.

Tecnologia inovadora a caminho A Bettcher considera o segmento emergente e pôde constatar o crescente interesse pela visitação na TecnoCarne. “Eram poucos clientes, agora a procura aumentou bastante”, relatou Tarcísio Barbosa, gerente de vendas (à dir.). Ao lado do responsável pelas vendas técnicas do sudeste, Wlademir Fernandes, ele antecipou que a empresa está com alguns desenvolvimentos de maquinário sob demanda de empresas do setor, mas não quis dar mais detalhes. Comentou, no entanto, que os trimmers da empresa atraem quem processa tilápia, cação ou salmão.

“Todos querem modernizar suas plantas” A mudança no hábito do consumidor como fator indutor da expansão do agronegócio do pescado foi o destaque de Joelson Galvão da Luz, sócio da Usinox (à esq., ao lado dos demais sócios), que já forneceu embaladoras e outras máquinas para empresas como a Dell Mare, Potiporã, Lagubras e Frumar. “Na Frumar montamos a linha completa, com embaladora, chegada e saída automatizada, além de balanças em parceria com outras empresas”. Segundo ele, este é um mercado aberto, com possibilidade muito grande de crescimento. “Estamos sentindo que o mercado começa a criar corpo. O consumidor cuida de comer melhor e isso expande os negócios. Todos querem modernizar suas plantas”, apontou.

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A declaração é do presidente da GEA Refrigeration, Paulo Mariotto (à esq.), que, ao lado do supervisor de vendas de alimentos e bebidas, Silvio Trajano, constata um bom momento para a empresa. Especializada em refrigeração, a GEA se esmera em mostrar, em tempos de crise, tecnologias que trazem redução de consumo de energia, com aumento de produtividade. “Estamos com 30% de vendas acima do esperado para o ano”, relata Mariotto. “O aumento dos custos de produção faz com que as empresas busquem eficiência energética e resolvem trocar velhos equipamentos de refrigeração por novos, como a fábrica de gelo para até 50 mil kg por dia, além de um freezer espiral para até 7 mil kg/h.

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“Não sentimos retração”


Marketing & Investimentos Otimismo debaixo d’água Com termômetros e medidores multiparâmetros com aplicações diversas, da aquicultura ao restaurante de pescado, a Akso celebrou a feira como um bom palco ao segmento. “Percebo que a demanda pelos nossos produtos cresce porque os produtores querem investir para controlar melhor a piscicultura”, conta o supervisor técnico Magnus Müller, à esq. na foto ao lado de Valeska Braga e Leandro da Silva. O maior interesse do segmento é por data loggers para câmara fria ou transporte refrigerado, controle de parâmetros de qualidade de água e monitoramento da temperatura.

Adeus à madeira na paletização A transição já aconteceu há alguns anos na carne bovina, suína e de aves, mas também está em curso na cadeia produtiva do pescado. Os paletes de madeira são proibidos na operação com alimentos, embora ainda sejam usados. Aos poucos, as variantes metálicas ocupam este espaço. A Alutent fornece paletes de alumínio, “uma alternativa mais adequada a câmaras frias por sua alta condutividade, possibilidade de reciclagem e segurança alimentar. No peixe, o uso ainda é mais importante, pois ele precisa estar ao menos a 0°C. O alumínio não sofre com a umidade”, conta Márcio Reis, gerente comercial.

Harmonização de parâmetros A multinacional Foss olha para o setor com carinho, mas ainda não possui clientes na área. As aplicações de seus equipamentos de monitoramento de parâmetros são múltiplas. A linha varia de acordo com o número de itens a se monitorar, mas as máquinas são capazes de avaliar gordura, umidade, quantidade de proteína animal, colágeno e sal, entre outros parâmetros. “No Brasil ainda não é realidade, mas no Chile tem mais procura por conta da nutrição”, relata Ricardo Utishiro, gerente de vendas.

Armadilhas luminosas

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Insetos não são bem-vindos dentro da planta de processamento. É pensando nisso que a Ultralight desenvolveu uma linha ampla que inclui variações em eletrocussão, adesivos laterais ou centrais com ou sem aço inox, além de armadilhas tipo arandela ou vertical. Para o consultor de vendas Hícaro Bassa, a demanda do segmento não é tão alta, mas em visitas recentes a frigoríficos de pescado é possível constatar diversos equipamentos do gênero. Demanda, portanto, há.

Termógrafo descartável Nos transportes refrigerados, tão comuns no pescado, o controle de temperatura é fundamental. É por isso que empresas como a Jonhis expandem constantemente sua atuação com inovações. A empresa apresentou na TecnoCarne um termógrafo descartável de temperatura fabricado no Brasil com 150 dias de autonomia. Com escala entre -30°C e 30°C, ele acompanha a variação de temperatura. “As indústrias de conservas se interessam muito pelos termógrafos”, conta Fábio Araújo, gerente comercial. Ele revela ainda que, uma semana antes da feira, a Frescatto Company havia comprado 200 peças.


Embalagens com precisão oriental Com parte da linha fabricada no Japão, a Ishida atua da pesagem à embalagem. Para a TecnoCarne, lançou uma linha de máquinas com aplicação em pescado, como seladoras de bandejas (tal qual a da foto), classificadoras por peso ou quantidade e detecção por raio-X. “A indústria de pescados tem um potencial muito grande a ser explorado, com produtos de maior valor agregado e apelo de alimentação saudável”, indica Nilson Martins, gerente de vendas (Na foto ao lado com todo o time da Ishida na feira). O executivo garante que existe uma determinação de aumentar o portfólio de máquinas que pode atender a cadeia de processamento de pescado.

Peixe em busca de escala “O peixe está fazendo hoje o caminho que o frango fez há 30 anos”, compara o gerente regional de vendas da Middleby Worldwide, Kleber Velloso. Ele se refere à profissionalização dos frigoríficos de pescado, que hoje querem soluções cada vez mais modernas para gerar escala de produção. Fatiadoras e descouradeiras (skinners) automáticos ou manuais, da Grasselli, linha da Middleby, podem operar, por exemplo, com até 2 toneladas por hora. Outra linha, a Maurer-Atmos, possui equipamentos para defumação industrial a quente ou a frio, além de secagem.

Compressores a bordo

Quer eficiência na sua planta industrial? A FCALHAO desenvolve plantas eficientes para indústrias e dinamiza processos de aprovação. É liderada pelo médico-veterinário Fábio Calhao, Mestre em Ciência Animal e especialista em Gestão de Qualidade e Produtividade. São mais de 15 anos de experiência industrial atuando em pequenas empresas e multinacionais, com os serviços: Desenvolvimento de plantas inteligentes (economia + versatilidade) Remodelação de layout produtivo Tramitação e aprovação de projetos nos âmbitos municipal, estadual e federal Desenvolvimento e aprovação de processos de rotulagem (mercado interno e externo) Desenvolvimento e implantação de programas de autocontrole Habilitação de plantas fabris para exportação

FCALHAO - Projetos Industriais Inteligentes

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Para barcos congeladores e outras aplicações industriais ligadas à refrigeração, a Mayekawa apresentou uma linha de compressores parafuso que operam com amônia ou freon. “Temos um modelo que pode ser instalado dentro do próprio barco”, aponta Fabio Alexandre Gomes Lucchesi, da divisão comercial.

(65) 9995-2395 | projetos@fcalhao.com.br


Marketing & Investimentos

Frio garantido A própria água do mar pode ser resfriada nos trocadores de calor a placa Thermowave, distribuídos pela Güntner. O coordenador técnico da linha, Luis Antonio Porciúncula, (na foto ao lado da gerente de marketing, Paula Cislaghi), explica que este uso é comum em barcos pesqueiros, embora também possa ser aplicado na indústria. Com foco em economia de energia, a empresa dispõe ainda de evaporadores, condensadores evaporativos, máquina de gelo em escamas etc.

Vácuo a caminho do ATM No Brasil ainda parece estarmos distantes da atmosfera modificada (ATM), que aumenta o shelf-life dos produtos de pescado consideravelmente. No entanto, quem passou pela TecnoCarne pôde conferir in loco a tecnologia ofertada por empresas como a Multivac. “Temos muito interesse no setor”, revela o diretor, Michael Teschner. “Na Europa, já estamos embalando ostras vivas em nossas termoformadoras”, conta. O vendedor técnico Antonio Guimarães, à dir. na foto, ao lado de Teschner, apresentou a linha de embaladoras a vácuo ou ATM que tiram o excesso de embalagem. “É um diferencial nosso”, disse.

Consumo de embalagem cresce A cadeia do pescado tem consumo crescente de embalagens, conforme o coordenador de contas VIP da Ulma, José Eduardo. “As indústrias estão preparadas, possuem câmaras frias adequadas, mas o consumo de embalagem só não avança mais pelos problemas da cadeia do frio no ponto de venda e na logística.” O executivo é outro defensor do ATM ao setor e rebate as críticas de que seu custo seria proibitivo. “O custo mais alto se dilui pelo shelf-life.” Enquanto mudar a atmosfera da embalagem ainda não se torna realidade por aqui, a empresa comercializa soluções em vácuo termoencolhível, embaladora de filés em sacos-envelopes, termoformadora para embalagens rígidas ou flexíveis, entre outras.

Evolução exponencial

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“Apareceu muita gente do setor de pescado aqui, ficamos até surpresos”, relatou Wandeir Coelho, do comercial da Engefril, empresa de soluções em refrigeração que compartilhou o estande com a fabricante de máquinas de processamento Camrey. “Muita gente com produção própria que pretende incrementar a tecnologia dentro dos frigoríficos de pescado passou por aqui.” Tamanho foi o interesse que, de entrevistado, Coelho passou a entrevistar a reportagem da Seafood Brasil para saber como está a evolução do segmento. “Exponencial!”, respondemos, sem titubear.

Robustez na limpeza Os novos modelos de pás para higiene alimentar da Brasmo chamaram muito a atenção de visitantes do segmento, segundo indicou a gerente comercial, Aline Lohman (na foto ao lado da equipe no estande da TecnoCarne). “O pessoal pretende usar essas pás com gelo, disseram que são perfeitas para isso.” As pás são moldadas em uma única peça, fabricada com polipropileno em até 10 cores. A foto mostra como a equipe confia na resistência do material para o uso pesado, como dentro de um frigorífico ou até na aquicultura, para manejo de rações.


Codificação, inspeção e embalagem As três divisões da Sunnyvale têm aplicações com boa penetração na cadeia do pescado. Na inspeção, Antony Pongeluppe (1º a partir da esq.), detalha as máquinas da japonesa Anritsu, que podem detectar metais com 0.8 mm de espessura. “No pescado, é possível verificar até a espinha do peixe, dependendo da densidade da espinha”, indica. Na codificação, o destaque foi uma impressora ink jet da Domino, cujos dados podem ser editados na própria máquina, como revelou Marcos Lopes (1º a partir da dir.). Já nas embalagens, onde a empresa é mais conhecida no setor, Fábio Nascimento (no centro) apresentou as embaladoras Digi para filés frescos, os sistemas a vácuo da Saccardo e as máquinas de fazer cintas da Bandall.

De saída da informalidade

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A Mebrafe enxerga uma nova era na cadeia do pescado se formando a média prazo. “A demanda cresce muito com o aumento da profissionalização do setor. Estão se transformando em indústrias e saindo da informalidade”, advertiu o gerente de vendas, Tiago Machado. A empresa fabrica equipamentos para refrigeração, como túneis helicoidais, congeladores a placas e fábricas de gelo – o último item despertou mais interesse na feira.


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O símbolo do progresso Realização do VI Aquishow termina com sucesso de público e demonstra como Santa Fé do Sul já se consolidou como pólo fundamental Texto: Itamar Cardin | Fotos: Tiago Bueno

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ão houve espaço para seca, crise hídrica, entraves econômicos ou conchavos políticos. Todos os problemas conjunturais e setoriais ficaram em segundo plano durante a realização do VI Aquishow e VII Seminário da Piscicultura e da Pesca do Noroeste Paulista, realizado entre 26 e 28 de agosto, em Santa Fé do Sul (SP). Embora o debate sobre os problemas tenha sido inevitável durante o Aquishow, a feira terminou com um saldo extremamente favorável de palestras, negócios realizados e prospecções. Consolidou-se como o encontro da aquicultura paulista, realizado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati).

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Dados disponibilizados pela organização apontam que 24 empresas expositoras e 12 instituições públicas e ONGs participaram do evento. Houve, ainda, a circulação de quase seis mil pessoas,

enquanto outras 650 acompanharam as 14 palestras apresentadas por especialistas do setor. “A feira superou as expectativas em termos de participação das empresas, diversidade de equipamentos e quantidade de público. Os níveis do debate também agradaram bastante”, comemorou Fernando Jesus Carmo, da Cati Regional de Jales e presidente da comissão organizadora. “É a consolidação da cadeia produtiva da tilápia na região.”

Já Barbalho, que voltara recentemente da AquaNor, a maior feira aquícola do mundo, detalhou como possíveis parcerias internacionais podem auxiliar no desenvolvimento da região. “Durante o evento [na Noruega], reforçamos nossa parceria com a ministra norueguesa [Elisabeth Aspaker] e vamos tentar trazer algumas tecnologias e adaptar aos peixes da região – e de todo o Brasil”, garantiu o ministro.

Importantes autoridades como Helder Barbalho, ministro da Pesca e Aquicultura, e Arnaldo Jardim, secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, estiveram presentes na cerimônia de abertura. E, sem exceção, todos conclamaram o potencial do setor. “Nossa produção já é bem significativa, mas pode ser ampliada. Estamos buscando novas parcerias que possam desenvolver o setor”, comentou Jardim.

A realização da feira em Santa Fé do Sul, na avaliação de Barbalho, reflete todo o potencial que o setor poderá ter futuramente. “Esta região de Santa Fé do Sul, como também parte de outros Estados que estão na proximidade, como o Mato Grosso do Sul, representa o que há de mais importante à tilápia. Ela tem um excelente caminho pela frente para se consolidar como polo fundamental no desenvolvimento da proteína.”

Refletindo o setor Presente com um sistema de recirculação de água, a Prevet procurou representar na feira a sustentabilidade do setor. “Estamos aproveitando para demonstrar não só nosso trabalho, como de todo o segmento”, comentou Jesaias Ismael da Costa (à dir.), gestor da empresa especializada em sanidade animal. “Diante desse cenário de seca, é uma importante novidade”. O sistema da Prevet, que não tem perda de água, já é utilizado por duas pisciculturas da região - Peixe Vivo e Sempre Viva.


Segurança e qualidade Um único – e fundamental – conceito simboliza a atuação da MSD Saúde Animal na aquicultura: a biosseguridade. “Não é algo novo, sempre existiu, mas estamos tentando difundir, trabalhando com controle e redução da carga patogênica”, explicou Frederico Issao Tomiita, assistente técnico comercial da Suiaves (no centro, com Fábio Franco de Souza à esq. e Gabriel Cristofoletti à dir.), representante da MSD. Parceira do projeto de biosseguridade da Geneseas, uma das referências na área, a empresa realizou recentemente um encontro técnico apenas para difundir o tema.

5 em 1 Especializada em diversos segmentos da cadeia de proteína animal, a Akso reforçou sua presença na aquicultura. E, como novidade, lançou o AK 88, um medidor multiparâmetro à prova d’água. O instrumento realiza medições de pH, condutividade, salinidade, oxigênio dissolvido e temperatura. “Nossos medidores chamam atenção pelo preço”, acrescentou Marcelo Firmino, consultor técnico.

Conexão Brasil-Angola A crise econômica afetou os negócios da Maxtelas. E, para minimizar o impacto, a companhia voltou-se ao exterior. Especializada em tanques-rede, a empresa lançou recentemente uma classificadora, novidade que foi bem aceita no mercado angolano. “Já vendemos três unidades para Angola e duas para o Brasil. E a reação lá foi muito positiva, eles até nos visitaram para conhecer a empresa”, revelou Karol Souza, do departamento comercial da Maxtelas (á dir. ao lado de Silvana Mattos.

Programa nutricional Mais do que apostar em uma ração única e especializada, a Nutreco tem voltado seu foco a um verdadeiro programa nutricional. “Hoje esse pacote nutricional traz uma grande evolução tecnológica, que está beneficiando a todos. Os produtores têm gostado muito”, disse Daniela Nomura Varandas, do departamento técnico da Nutreco (no centro, com Ibrahim Deghaid à esq. e Eduardo Urbinati à dir.). O Programa Fri-Aqua de Nutrição para Aquicultura foi desenvolvido pela Skretting, marca que representa a divisão aquícola da Nutreco.

Made in Brazil

Um combo de novidades Não faltaram lançamentos no estande da Escama Forte: hormônio para reversão sexual de tilápia 100% regularizado, contador automático para mesa de classificação e o recém-regularizado FF Florfenicol 50%, um probiótico para ser utilizado em fábricas de ração. “Travamos uma luta de anos e anos com o Ministério da Agricultura até finalmente conseguirmos regularizá-lo. Até hoje existia um monopólio do FF”, comemorou André Luiz Scarano Camargo, diretor da companhia (a partir da esq.: Sandro Nucci, André, Fábio Borba e Marcos Nakamura).

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Tecnologia internacional com fabricação nacional: é esta a aposta da Manso Aquicultura, sobretudo em um momento de turbulência econômica. “Estamos mostrando nossos tanques-redes grandes PEAD, circulares e metálicos. É uma tecnologia utilizada no Chile e na Noruega. E é o único de fabricação nacional”, garantiu Renan Vanderlinde, consultor de vendas da empresa (no centro, com Francisco Medeiros à esq. e Manoel Padilha à dir.). A aposta, aliás, foi bem-sucedida. “É a atividade que mais produz por m². Para nós, o mercado está ótimo.”


Marketing & Investimentos

Do Cristo ao peixe Multinacional responsável pela limpeza do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, a Kärcher investe na piscicultura há três anos. O trabalho de higienização de tanques é feito por três máquinas apresentadas na feira – cada qual com um processo de pressão, alimentação (energia ou combustível) e função específicos. “A reação tem sido legal, o projeto tem se difundido”, comentou Lucas Curto, gerente comercial de agronegócio da Kärcher, ao lado de Eder Alonso. “As principais pisciculturas da região já utilizam nossos equipamentos.”

Uma mão lava a outra A Intaba, especializada em tanques-rede com tela de inox, vive um interessante momento. Se, por um lado, o ano difícil afetou os pequenos produtores, segundo Vanderlei de Paula, diretor-proprietário da companhia, por outro os grandes tiveram de equilibrar a demanda. “Os pequenos sentiram. Já o grande produtor é quase obrigado a ampliar, e uma coisa compensa a outra”. Assim, na retórica do “uma mão lava a outra”, a empresa segue firme no mercado.

Milhões em segundos Um aparelho portátil e capaz de contar milhões de organismos em segundos, lançado mundialmente em setembro, foi apresentado no estande da Marine Equipment durante o Aquishow. O XpertCount é capaz de calcular substâncias como ovos, larvas, alevinos, artêmias, rotíferos e juvenis. “A versão 1 do aparelho contava alguns organismos, mas este é mais elaborado, abrange mais espécies”, explicou Fabio de Macedo Vieira Rossi, sócio-diretor da empresa (à esq. ao lado de Felipe Suplicy).

Barco do futuro? Tudo o que é bom dura pouco, certo? Não com o Primex 500. O barco lançado com exclusividade ao setor é feito de polietileno e não possui solda ou rebite. “Ele é reciclável e sua duração é praticamente infinita”, prometeu Ricardo Barcellos, representante comercial da Primex Boats. “O barco é de plástico, então inicialmente o pessoal dá uma estranhada. Mas, depois, acaba se encantado. A manutenção é zero. Isso é o futuro.”

Parceria contra o mexilhão

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Na luta contra um dos principais inimigos da região, a Telamarck fez uma parceria com a Belgo Aqua para disponibilizar o arame Belgo Bezinal, um produto com revestimento de liga metálica de zinco e alumínio que reduz “drasticamente” a aderência do mexilhão dourado. “É o que menos adere ao mexilhão. Estou lançando na feira, aposto muito nesse arame”, comentou Otávio Luiz de Marchi Neto, diretor da Telamarck (à esq., ao lado de César R. Mondini de Oliveira, da Belgo Bekaert Arames).

Bomba para gigantes Uma bomba de despesca em pleno funcionamento conquistou os visitantes do Aquishow. Era a BDP 300, versão 2016 do equipamento lançado pela Piraí no início de 2015. Diferentemente da anterior, a nova máquina pode ser utilizada para peixes maiores, de até 1 metro e 5 quilos. “A outra bomba teve bastante procura, o mercado gostou bastante. Esperamos repetir o sucesso”, projetou Humberto Luiz Dall’Oglio Zasso, sócio administrador da empresa (à dir., ao lado do pai, José Luiz Zasso).


Trator econômico Por meio da Agronew, sua concessionária para o Noroeste do Estado de São Paulo, a Case IH apresentou na feira um modelo de trator econômico, o Farmall 120 A, uma máquina de 122 cv, cabinada e com motor turbinado intercooler. “Como é turbinada, ela tem boa economia de combustível”, salientou Adriano César Baltagin (ao lado de Edson Atahide), vendedor da Case IH.

Louco ou visionário? Há mais de 30 anos, quando começou a trabalhar com reaproveitamento de água, Marcelo Carrão Castagnolli escutava a mesma pergunta: por que se preocupar com água no Brasil? Agora, no auge da crise hídrica, o representante da Sansuy levou à feira - em parceria com a S3 Piscicultura e a Dognani - uma concorrida unidade demonstrativa de recirculação de água. Feliz, Castagnolli celebrou sua vitória. “Agora, finalmente, depois de anos, estão vendo que eu tinha razão. Não sou mais tido como louco.”. (Da esq. à dir.: Eduardo Gornati Gonçalves (S3 Piscicultura), Marco Dognani (Dognani), Marcelo Carrão Castagnolli, Egídio João e Rodrigo Massao Tiba (Sansuy).

Viagem de sucesso Os representantes da Branco Máquinas foram de Blumenau a Santa Fé do Sul para participar do Aquishow. E a longa viagem definitivamente valeu a pena. Em apenas dois dias a empresa concretizou a venda de máquinas e encaminhou a instalação de projetos. “A procura está grande, o ano está excelente. Nossa única crise, como deu para perceber aqui, é que quase não temos tempo para atender a demanda. Tem trabalho até de final de semana”, brincou Joaquim Ferreira, engenheiro da companhia (à esq., ao lado de Milvo Branco).

Tecnologia itinerante Uma das figuras mais conhecidas entre os participantes do Aquishow, Emerson Esteves observou com grande alegria o crescimento da feira. Sócio da Peixe Vivo e membro do comitê organizador, ele garantiu que o evento tem relação direta com o fortalecimento da região, sobretudo ao possibilitar o intercâmbio tecnológico. “Muitos produtores locais não têm oportunidade de viajar para conhecer novas tecnologias. Então, aqui, elas vêm até eles.” (Da esq. à dir. Marcelo P. A. Toledo (Nutreco), Emerson Esteves e Assis Henrique Castellan (Peixe Vivo) e Ibrahim Deghaid (Nutreco))

O ministro aprovou

Não ao desperdício A exatidão foi a grande aposta da Weemac durante o Aquishow. Lançado recentemente pela empresa, e recebido com entusiasmo pelo mercado nacional, o distribuidor de ração com balança digital foi apresentado aos produtores da região. Esse equipamento tem capacidade de duas mil toneladas e pesa até 100 quilos por vez. “Antes mesmo do lançamento já havíamos vendido algumas unidades”, revelou Alex Weege, diretor da empresa (à esq., ao lado de Anderson Volpi). “Ele garante eficácia e precisão, além de evitar o desperdício.”

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A Brazilian Fish, marca pertencente ao Grupo Ambar Amaral, foi a responsável pela praça de alimentação do Aquishow. Entre os atrativos, claro, em opções como a Tilápia à Parmegiana ou o Strogonoff de Tilápia, o peixe reinava. Mas foi a peculiar Pururuca de Tilápia quem mais atraiu a atenção. E até mesmo o ministro Helder Barbalho se rendeu à iguaria. “Quem estava ao lado, durante o almoço, garantiu: ele falou muito da pururuca”, festejou Antonio Ramon do Amaral Neto, sócio-diretor do grupo (À esq. ao lado de Vinícius Alves de Lima, Jairo Bianchini, Felipe Georges Ambar do Amaral, Emerson Assakawa, Vida Jeruska e Deise Rossi).


Marketing & Investimentos

Rostos da Aquishow 01

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Helder Barbalho (MPA) e Altemir Gregolin (Brazpeixes)

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Fernando de Jesus (Cati) e Arnaldo Jardim (Secretário Agricultura SP)

Edison Kubo (IPesca), Patrícia Merola (Fundepag), Nilton Eduardo Torres Rojas e Helenice Barros (IPesca)

Felipe Matarazzo Suplicy (Marine Equipment), Luiz Ayroza (Apta) e Juliano Kubitza (Royal Fish)

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Ricardo Neukirchner (Piscicultura Aquabel) e Eder Benício (Peixe BR)

Rodrigo Maia e Jurandi Ramos (Grupo Peixe Bom) e Daniela Nomura Varandas (Nutreco)

Fernando de Jesus, José Carlos Rossetti e Luiz Pedrão (CATI)

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Martinho Colpani (Colpani Pescados) e Eduardo Gornati Gonçalves (S3 Piscicultura)

Junior, Josiani, Jurandir Ramos (Grupo Peixe Bom), Daercy Ayroza e Luiz Ayroza (Apta) e Ademir Calvo Fernandes (Biosense)

Meg C. Felippe (Fiesp/GPA) e Alessandra Weyandt (ABNT)

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Eliana Cristina Germano (Sebrae), Eduardo Amorim (Peixe BR), Newman Maria da Costa (Sebrae) e Eder Benício (Peixe BR)

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André Camargo (Escama Forte) e Eduardo Amorim (PeixeBR)


10 mil pontos de venda de pescado

L

ogo na primeira edição, a feira Japan & Asian Food Show, realizada entre 5 e 7 de agosto no Pavilhão Azul do Expo Center Norte, recebeu 3.200 de visitantes interessados nos expositores, painéis de discussão, fóruns gastronômicos e aulas com renomados chefs, como Shin Koike. É um mercado com mais de 10 mil pontos de venda de culinária oriental. E onde tem restaurante oriental, tem peixe. 02

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Shin Koike (Aizomê/Sakagura)

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Megan Davidow (USDA) e José Madeira (ASMI)

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(Da esq. à dir.) Sergio Massahiko Ogawa e Arthur Hiroshi Fugita (Tozan), José Boris Davidoff Neto (Assessor Parlamentar), José Madeira, Megan Davidow e Marina Gouvea (USDA)

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(Da dir. à esq.) Miguel Parente Dias e Rosana Nakano (Aliança Cultural Brasil-Japão), Maria Cristina Haddad e Claudete Morandi Romano (Senar), Conceição Zeppelini (Francal), In Sung Park (Centro Cultural Coreano) e Tiago Bueno (Seafood Brasil)

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(Da esq. à dir.) Celso Mizukami, Rúbia Tomita e Edison Kubo (Instituto de Pesca), Roberto

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Imai (Fiesp), Sergio Tutui (IPesca), Luis Guilherme De Buone (Francal) e Takeshi Aihara, vice-cônsul do Departamento de Economia, do Consulado Geral do Japão em São Paulo

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(Da esq. à dir.) Eric Routledge e Alexandre Aires de Freitas (Embrapa), Newman Costa (Sebrae), Valeska de Oliveira Ciré (Francal) e convidados da feira

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(Da esq. à dir.) Pablo Rillo (Ecil), Éderson Krummenauer, Luiz Tondo e Rafael Orso (Frumar), Jose Ricardo Soler (Opergel), Luiz (Marcomar) e Ronaldo Gregory (Frumar)

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Eder Benicio, Francisco Medeiros e Eduardo Amorim (PeixeBR)

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Alexandre Colaferri (Maui), Diego Fávero (Grupo 5), Thiago Mariano (Targ), Rodrigo Joaquim (Grupo 5), Tathyana Araújo (Grupo 5)

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José Madeira (ASMI), Gilberto Bucholtz (Kalena), Rodrigo Nojiri (Kampomarino), Eilon Schreiber (Kalena), Kazuo Nojiri (Kampomarino) e Marcelo Eiger (Trident)

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Eduardo Lobo (Abipesca), Altemir Gregolin (Brazpeixes), Eduardo Amorim e Francisco Medeiros (PeixeBR)

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Rafael Belmonte (Zippy), Domingos LLorca (Maricultura Itapema), Altemir Gregolin, Vasco Simões (Maricultura Itapema), Alexandre Freitas e Eric Routledge (Embrapa)

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Artigo

Conheça o Programa de Proteção ao Emprego Em plena crise econômica, PPE pode ajudar a minimizar efeitos aos trabalhadores e empresas Texto: Robson Almeida Souza e Marco Cantuária Ribeiro*

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governo federal publicou no Diário Oficial da União do dia 07/07/2015 a Medida Provisória 680, regulamentada pelo Decreto 8.479/2015, que instituiu o Programa de Proteção ao Emprego (PPE). Posteriormente, o Comitê do Programa de Proteção ao Emprego (CPPE), criado pelo Decreto 8.479/2015 editou a Resolução nº 2, que regulamenta definitivamente o programa, que é valido em todo o território nacional e pode ser aderido por empresa em qualquer ramo de atividade.

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O PPE tem por objetivo assegurar o emprego do trabalhador e dar um fôlego para a empresa que esteja em comprovada dificuldade financeira em virtude da crise econômica do momento atual. Nesse passo, qualquer pessoa jurídica com mais de 2 (dois) anos de cadastro no CNPJ, estendido à filial, poderá aderir ao PPE, desde que cumpridas as seguintes exigências: Deverá comprovar com certidões, a regularidade da sua situação fiscal perante a Fazenda Federal, o FGTS e o INSS;

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Comprovar sua situação de dificuldade econômico/financei-

ra, com a utilização do Indicador Líquido de Empregos (ILE), calculado com base no CAGED, cujo resultado deve ser igual ou inferior a 1%; Firmar, com o sindicato representante dos empregados, Acordo Coletivo de Trabalho Específico (ACTE), devidamente registrado no Sistema Mediador do Ministério do Trabalho e Emprego.

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Durante a vigência do programa, a empresa não poderá demitir os funcionários inscritos, exceto se for por justa causa. O período mínimo de adesão é de 6 (seis) meses, prorrogáveis sucessivamente até o fim de 2016, não podendo ultrapassar o prazo de 12 (doze) meses.

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Existem outras informações que serão exigidas da empresa no bojo da negociação com o sindicato dos empregados, tais como demonstração de que a empresa já esgotou os períodos de férias e banco de horas, a aprovação do ACTE em assembleia dos funcionários atingidos pela redução, entre outras medidas administrativas. Fato é que o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) já está em vigor e poderá ser uma forma de suavizar a travessia da difícil crise econômica que estamos vivenciando.

A empresa que aderir ao PPE não poderá aplicar o lay-off, ou seja, estará proibida de suspender o contrato de trabalho do funcionário participante do programa.

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Ainda, a empresa que aderir ao Programa não poderá demitir arbitrariamente ou sem justa causa o funcionário participante no PPE, enquanto perdurar o acordo e, após o seu término, o empregado terá estabilidade de 1/3 do período em que ficou no programa. A empresa também não pode contratar novos empregados na mesma função dos empregados participantes.

*Advogados e sócios do escritório ASCR Sociedade de Advogados, especialistas em Direito Empresarial e idealizadores da ferramenta CONSULTA LEGAL (Acesse: bit.ly/ CONSULTALEGAL). Contatos: robson@ascr.adv.br; marco@ascr.adv.br


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Noruega:

o salmão em seu esplendor

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Marius Fiskum

Exploramos as profundezas do maior produtor do mundo para desvendar as histórias, segredos dos grandes players e ensinamentos para alavancar a aquicultura brasileira


Texto: Thais Ito*

Localizado em uma das regiões mais importantes da aquicultura local, Frøya carrega o nome da deusa da fertilidade, segundo a mitologia viking. O eco dessa crença parece ter

contribuído para tornar os negócios de pescado frutíferos por ali. A Noruega exporta 2,7 milhões de toneladas de pescado anualmente, gerando uma receita de US$ 8,4 bilhões – apenas os rendimentos de petróleo e gás superam essa soma. Do total, dois terços vêm dos salmonídeos. O salmão é o carro-chefe da nação, que coleciona bons indicadores. A Noruega tem, por exemplo, o melhor IDH do mundo e um PIB per capita 79% superior à média da União Europeia, além de habitantes simpáticos e educados e belezas naturais de tirar o fôlego. Como em um passeio pelos profundos e inspiradores fiordes, convidamos o leitor a uma imersão

aos bastidores do líder mundial na produção de salmão. Tudo remonta à década de 70, mais especificamente na ilha de Hitra, próxima a Frøya. “Algumas pessoas começaram a armazenar e alimentar outros tipos de peixes em tanques para levá-los, em seguida, ao mercado. E pensaram: ‘por que não tentar com salmão?’. E eles conseguiram”, relata Karl Almås, ex-presidente e atual conselheiro da instituição de pesquisa SINTEF para pesca e aquicultura. “Não havia normas, nem tecnologia ou conhecimento, mas o negócio começou a expandir conforme o mercado demandava – era um produto de luxo; hoje, é uma commodity.”

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cima, ar fresco, casas de madeira coloridas de vermelho e um dia que teima em seguir noite adentro – o entardecer brilha azul e laranja em plenas 10 da noite. Abaixo, cardumes de salmão, entre outras espécies, dão vida à segunda atividade mais importante das exportações da Noruega. Entre os dois cenários, uma fina película ondula progressivamente conforme a cortamos em uma embarcação no arquipélago de Frøya, na porção central do país.


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A evolução do setor surpreende até mesmo os mais experientes, como o executivo e biólogo Bjørn Myrseth, um dos pioneiros. “Sempre fui interessado em peixes e em negócios, então a aquicultura foi o casamento perfeito, por isso entrei nesse ramo nos anos 70”, recorda. Foi seu primeiro trabalho logo após se formar na Universidade de Bergen. Uma aposta certeira? Ele ri. “Sabíamos que poderia se tornar rentável, mas não imaginamos que cresceria tanto. Os custos eram altos e encareciam o peixe, mas à medida em que passamos a produzir mais e com mais eficiência, conseguimos reduzir os custos de produção e os preços para os consumidores, que puderam comprar mais salmão e expandiram o mercado.” Thais Ito

Da Noruega ao Brasil

A forte demanda foi crucial para a produção deslanchar, enquanto a truta, que começou a ser cultivada à época, não vingou da mesma forma. O mercado queria a “carne rosa”, conforme ressalta Almås, que enumera outras razões favoráveis ao negócio. “As ovas de salmão são grandes, o que facilita a produção de juvenis. Além disso, foi fácil acostumar os juvenis à ração pois eles não se alimentam de alimentos vivos (tradução livre para live food), diferente dos alabotes”, acrescenta. O sabor do salmão tempera o prato nórdico há mais de mil anos. Com idas e vindas, o peixe esteve presente na dieta cotidiana dos vikings. O principal era o cod seco, principalmente para o comércio, mas Almås conta que eles também pescavam salmão nos rios e na costa, ainda que em volumes bem menores. Hoje, o salmão norueguês estampa menus e marca presença nos lares e supermercados de toda a Noruega, onde o consumo per capita é

de 2,8 kg por ano, segundo a Europanel, além de ser exportado para mais de 100 países. Em 2014, o país embarcou quase 1 milhão de toneladas.

Anders Tennefoss, da Lerøy, segura embalagem de filés de truta que ingressa no Brasil neste ano; atrás dele, uma das fazendas que produzirá esse produto

Marius Fiskum

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Bjørn Myrseth, um dos pioneiros: crescimento exponencial da aquicultura na Noruega era inimaginável

“Brazil, here we go!”, brada Anders Tennefoss, gerente de desenvolvimento de negócios da Lerøy, a segunda maior produtora de salmão na Noruega. A empresa despacha seu primeiro contêiner ao mercado brasileiro ainda em 2015 com filés de salmão e de truta com e sem pele. O anúncio de Tennefoss


Marius Fiskum

Torre de controle da Leroy tem joysticks para controlar câmeras que vigilam tanques-rede, fornecendo informações como temperatura e nível de oxigênio ecoa na sala branca do frigorífico e no equipamento recém-inaugurado para dobrar a capacidade de processamento e embalagem de defumados. Foram NOK 20 milhões (equivalente a US$ 2,4 milhões, em set/15) de investimento, elevando a capacidade desta planta para 7 mil toneladas de produtos finais por ano. Faz parte dos planos para o Brasil? Tennefoss sorri e sinaliza grandes expectativas para o mercado brasileiro.

O grupo Leroy tem raízes em 1899, quando seu precursor Ole Mikkel Lerøen comercializava peixes vivos no mercado de Bergen após pescá-los ou comprá-los de outros pescadores, em jornadas num barco a remo que podiam demorar até 12 horas. Hoje, a companhia produz cerca de 166 mil toneladas de salmão por ano e responde por 16% das exportações nacionais. Em uma das 70 fazendas da Lerøy

espalhadas pela Noruega, o executivo explica o modus operandi estabelecido pela empresa secular. Os ovos adquiridos pela empresa são armazenados em chocadeiras com água doce. Quando os peixes atingem 100g, são transferidos para a água salgada nos tanques-rede circulares de grande volume. O peso ideal para o abate do salmão é de 5kg; no caso da truta, 4kg. O tempo entre produção e processamento do produto

Descamadeiras Branco Máquinas: SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2015 • 25

qualidade, eficiência e produtividade ao seu alcance para uma melhor filetagem do pescado.

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Thais Ito

final é de um ano e meio para o primeiro e doze meses para o segundo. Cada tanque-rede, com aproximadamente 40 metros de profundidade e 50 metros de diâmetro, comporta cerca de 200 mil peixes e precisa contar com 98% do seu volume em água. A ração dos peixes, alimentados cinco vezes ao dia, é desenvolvida pelas empresas BioMar, Skretting e Ewos. Uma cabine de controle guarda equipamentos que registram a quantidade de ração distribuída, além da pressão e a velocidade de entrega. Outra tela exibe a temperatura e o nível de oxigênio da água, informações enviadas por câmeras submersas controladas por joysticks. Como em um videogame, os operadores supervisionam os peixes que conformarão os quatro milhões de produtos exportados diariamente pela Lerøy a 70 mercados, entre os quais em breve estará o Brasil. “Controlamos toda a cadeia, por isso nosso consumidor pode se sentir seguro”, garante Tennefoss. Seu filho de 10 anos, ao seu lado durante todo o dia de nossa visita, puxa-o pela manga da camisa para relembrá-lo: é importante mostrar aos visitantes o verso dos produtos da Lerøy. Assim, tomamos conhecimento de que a embalagem declara sua origem.

Thais Ito

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Beneficiamento de ponta

Interior da maior fábrica de processamento da SalMar. Cerca de 600 toneladas de peixe são processadas diariamente para exportar a 45 países. É desta planta que saem filés vendidos na rede de móveis e decoração Ikea.

A proximidade da Lerøy com a SalMar – que estima atingir 140 mil toneladas neste ano – não se limita ao ranking de maiores produtores da Noruega. Com acordos de cooperação industrial, as empresas também compartilham infraestrutura. Enquanto a SalMar utiliza instalações da concorrente no norte do país, a Lerøy tem portas abertas para processar salmão na maior planta da SalMar.


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Leif Inge Nordhammer, CEO da SalMar: empresa cresce 22% ao ano em volume de produção

Pescados com qualidade

Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás. São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.

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O início dessa intensa atividade frigorífica se dá do lado de fora, conforme nos mostra Runar Silversten, chefe de relações com investidores da SalMar, apontando para tanques através do

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A InnovaMar, como a estrutura foi batizada, está situada em Frøya e abriu as portas em 2010 com investimentos de NOK 550 milhões (equivalente a US$ 67,5 milhões, em set/15). Com capacidade média de processamento de 130 peixes por minuto, é dali que partem, por exemplo, os filés de salmão servidos no Ikea – uma das maiores redes de móveis e decoração da Europa, que possui um restaurante conhecido pela qualidade do que serve. Em um dia normal, a planta processa 600 toneladas. Cerca de 90% da produção total é voltada para a exportação a 45 países.

O sabor que faz a diferença


Capa Novidades para importar A terceira maior cidade da Noruega, Trondheim, testemunhou novos recordes da AquaNor, tradicional feira de tecnologia para a aquicultura realizada há 36 anos. Nesta edição, foram mais de 20 mil visitantes de 76 nações atraídos pelas novidades do setor. Confira uma seleção de soluções adaptáveis para o Brasil.

Diagnóstico portátil A Europharma, distribuidora de soluções para sanidade, apresentou um equipamento capaz de diagnosticar ou descartar a presença de doenças em 16 amostras, simultaneamente. Denominado Q16 e produzido pela Primer Design, o aparelho tem outra vantagem: a portabilidade. Um pouco maior que uma lata de Coca-Cola, o Q16 é como um mini-laboratório portátil (imagem 1). “O exame é realizado com uma amostra de tecido do peixe e serve para qualquer doença e espécie”, assegura Eduardo Hoffman, veterinário da Europharma. Segundo ele, o aparelho custa US$ 7 mil.

Medidor de biomassa Premiado no quesito “inovação” durante a AquaNor, o AkvaVision da Storvik Aqua é um equipamento baseado em um software que gera modelos 3D e estima o peso médio dos peixes a partir das imagens captadas por uma câmera dentro d’água. O aparelho conta com uma câmera de alta resolução e permite acesso ao histórico de dados a partir de laptop, celular, iPad, entre outros (imagem 2). “É possível acompanhar quanto os peixes estão crescendo”, frisa Geir Romstad, gerente de produto.

Controle da cadeia inteira A Maritech lançou na feira um software de rastreabilidade e análise econômica que concentra dados de cada etapa da cadeia, desde o cativeiro até a indústria, distribuição e mercado final (imagem 3). É o Digital Seafood. “Ao adquirir informações da captura e produção, processamento e embalagem, por exemplo, é possível calcular custos dependendo do rendimento; podemos estimar a quantidade de produtos finais e, com isso, determinar valores do produto”, exemplifica Steinar Mykløy, diretor de vendas.

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Tecnologias acessíveis A AKVA destacou as plataformas de alimentação que podem ser entregues em locais remotos. Com uma estrutura modular, a plataforma pôde ser transportada a uma região nas montanhas do Tibet, na China, em 26 contêineres. Com medidas de 18x28m, o armazém da plataforma comporta 120 toneladas de ração. “Atende às necessidades de nossos clientes em relação a tecnologias avançadas em alimentação em locais que antes eram inacessíveis”, pontua Andrew Campbell, COO da AKVA Americas e Australásia.

No embalo do frescor Manter a qualidade e o sabor do peixe e aumentar o shelf life do pescado. São essas as promessas da embalagem Superfresh apresentada pela Vardtal Plast. Segundo a empresa, sua tecnologia mantém um volume de gás dentro da embalagem selada capaz de evitar a deformação do produto. “Isso mantém o peixe fresco”, atesta Jan Endre Vartdal, diretor da companhia, que garante frescor dos filés de salmão por 20 dias. Além disso, ele ressalta que a embalagem pode ser adequada a outras espécies de peixe.

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Gestão das águas Para melhorar a qualidade de gestão da água, a Sentronic lançou na feira um sensor óptico de oxigênio (imagem 4). O aparelho, que mede o nível de oxigênio dissolvido na água, é aplicável na aquicultura, no tratamento industrial de água, projetos ambientais, entre outros. Levando em consideração o potencial hídrico brasileiro, o gerente da empresa, Matthias Lau, acrescentou: “Pode ser utilizado tanto em água doce como em água salgada”.

Monitoramento profundo Em agosto, a Olex lançou um novo sonar multibeam desenhado para vigilar o fundo aquático em alta resolução. Com um design compacto, o aparelho pesa 4,3kg e pode operar em temperaturas entre -4oC a 40 oC. Segundo Ketil Dahl, diretor de vendas, algumas das vantagens do levantamento batimétrico é a melhor definição de onde ancorar e, principalmente, a avaliação do impacto ambiental de atividades na região. A análise periódica pode, por exemplo, mostrar se o fundo está sofrendo acúmulo de resíduos.

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Thais Ito

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Edel Norderhus e Nils Grønlie, da Pharmaq: tratamento preventivo tem contribuído para reduzir uso de antibióticos

Depois do abate, os peixes seguem por esteiras automatizadas pelos processos de lavagem, seleção, evisceração, identificação e filetagem. Na seção de embalagem, o formato das caixas indicam o mercado de destino - os quadrados para a Ásia e os arredondados para a Europa, por exemplo. Desde que é abatido na planta até chegar ao

seu destino, o peixe leva menos de um dia. Ou menos: a França ou a Polônia, principais clientes da SalMar, podem recebê-lo em 16 horas. Com um ritmo de crescimento anual de 22% em volume produzido, a SalMar tem sonhos grandiosos. O projeto inovador que mantém engatilhado é prova disso. Trata-se de um tanque-rede oceânico em forma de cilindro quase duas vezes mais alto que o Cristo Redentor e com área maior que a de um campo de futebol. “Algumas pessoas dizem que, para controlar o piolho-do-mar e as taxas de fuga, é preciso trabalhar no continente, mas eu discordo”, declara o CEO da companhia, Leif Inge Nordhammer. “Nós acreditamos que devemos cultivar salmão em seu habitat natural: alto mar.”

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vidro. É ali onde os peixes recém-transportados em barcos com tanques são armazenados por dois ou três dias – é o tempo de acalmá-los do estresse do deslocamento. Em seguida, são bombeados para dentro da fábrica, onde o abate é realizado automático e manualmente. “É para garantir que todo o sangue seja retirado rapidamente do pescado, pois, caso contrário, coagula dentro dele e não podemos comercializá-lo”, ressalta Silversten.


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O projeto, em desenvolvimento há três anos, prevê uma instalação com volume de 245 mil m3 (67 metros de altura e 110 metros de diâmetro). Segundo a empresa, a estrutura pode flutuar em águas com profundidade de 100 a 300 metros. A expectativa é de que as autoridades norueguesas autorizem o projeto ainda em 2015.

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Entre trancos e avanços Em uma apresentação para delegações da China, Vietnã e outros, o CEO da SalMar levanta diversos outros fatores que jogam a favor da aquicultura de salmão no país, como a longa costa, a corrente que permite uma excelente reposição de água marinha e os bons níveis de oxigênio. Mas, ao se referir ao desafio de conter as fugas, diante de um público internacional, Nordhammer investe em uma linguagem universal: “Às vezes, merdas acontecem”. Enquanto a plateia se descontrai, o executivo exalta uma taxa de 0,008% de fugas de salmão

de cativeiro na Noruega. Bem-humorado, arremata: é uma taxa menor que a de prisioneiros noruegueses foragidos (0,189%). O otimismo também impera em relação a entraves conjunturais, como o embargo russo imposto em agosto de 2014 a pescado da Noruega, entre outros alimentos de diversos países. “Cerca de 10% da nossa produção era destinada à Rússia, então tivemos que encontrar outros mercados. E conseguimos”, assegura o executivo. Os números do país corroboram. Apesar da suspensão do Kremlin, o volume exportado pela Noruega cresceu 4% em relação ao ano anterior. O incremento de 11% das embarcações à União Europeia foi reflexo do remanejamento circunstancial.

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O cultivo de algas atrelado à aquicultura é uma saída para eliminar poluentes e gerar mais biomassa, segundo Harald Sveier, gerente da Ocean Forest

Não tão bem-humorado, Konstantin Zgurovsky, coordenador do programa marinho da WWF, alerta para o alarmante desafio da sustentabilidade. Ele defende a pesca selvagem em detrimento da aquicultura e baseia seu argumento na saúde humana, que se beneficia mais com alimentos naturais. “Em cativeiros, os peixes têm movimentação limitada, não são tão ativos e ainda sofrem alterações por conta do uso de antibióticos e da alimentação artificial”, argumenta. Por outro lado, o ambientalista reconhece o potencial da aquicultura para “produzir alimento para a crescente população do planeta”. “Não


podemos deter o desenvolvimento da aquicultura, mas devemos proteger os ecossistemas, pois, uma vez destruídos, eles não voltam nunca mais”, acentua. Por essa razão, Zgurovsky é entusiasta de sistemas multiespécies que possam mitigar consequências negativas da aquicultura, como a poluição gerada. “Requer bastante pesquisa, mas é um caminho promissor”, pondera.

Mais um entrave que atrai a atenção do setor é o piolho-do-mar. Não é à toa, o maior prêmio de inovação

Ministros reunidos: Elizabeth Aspaker quer abrir mais caminho para pescado norueguês no Brasil; Helder Barbalho quer transferir conhecimento da Noruega para aquicultura brasileira entregue pelo júri da feira de tecnologia Aqua Nor foi para uma instalação “hospitalar” para combate dessa parasita. O projeto, resultado da parceria entre a Stranda Prolog e a Måsøval Fish Farming, conta com uma balsa com tanques e equipamentos para tratamento medicinal próximos a tanques-rede.

Os problemas existem, mas os avanços prosseguem. Aliás, como tudo na Noruega, onde os aeroportos se adiantam em oferecer tecnologia selfservice para despacho de bagagem e a atmosfera agradece aos noruegueses por liderarem o setor de carros elétricos. Na área de saúde animal, também há

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“A ideia é usá-los para capturar o nitrogênio e o fósforo liberados pelos peixes”, explica Harald Sveier, gerente da Ocean Forest. Embora sejam poluentes nocivos ao meio ambiente, são nutrientes para as algas e mexilhões, que, depois, seriam utilizados como matéria-prima para consumo humano ou para ração de peixe. “Dessa maneira, fechamos um ciclo e limpamos a área dos cativeiros.”

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Atenta a essas questões, a Noruega conta com um projeto da Ocean Forest, uma empresa fundada por um dos líderes da indústria de salmão, a Lerøy, em parceria com uma ONG ambientalista, a Fundação Bellona. Uma das propostas da empresa, com aplicação em um projeto-piloto em Bergen, integra unidades de aquicultura ao cultivo de mexilhões e cinco tipos de alga.


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Infográfico

Pescado, bem-estar e filme da Disney Com menos habitantes que a nossa cidade maravilhosa, a Noruega é o 6º maior país em aquicultura e pesca, além de ser referência em outros setores. Descubra seus fatos, números e curiosidades progressos. Dados da Pharmaq, empresa da área especializada em aquicultura, apontam uma redução de 99,8% do uso de antibióticos em salmão e truta desde 1987 graças à introdução de vacinas. Paralelamente, a aquicultura norueguesa saltou de 57 mil toneladas, naquele ano, para 1,2 milhões, em 2012. “7 em cada 10 salmões do mundo estão vacinados com nossos produtos”, atesta o diretor comercial Nils Arne Grønlie. A empresa, que comercializa 25 vacinas para diversas espécies e registrou uma receita de US$ 75 milhões no ano passado, vai introduzir neste ano uma nova solução contra a síndrome rickettsial do salmão (SRS) no Chile. Ela já possui uma vacina contra a bactéria Streptococcus agalactiae para a tilápia e está buscando as demandas dos produtores brasileiros para estrear no País. Sem restrições para o aumento da procura por seus farmacêuticos, a Pharmaq está para inaugurar uma nova fábrica em 2016 que dobrará sua capacidade produtiva.

Noruega • PIB em 2014: NOK 3.150 bilhões (equivalente a US$ 387 milhões, em set/15) • No 1 no ranking de IDH • População: 5,1 milhões (menos que a cidade do Rio de Janeiro, que contabiliza 6,4 milhões)

Frøya e Hitra • Berço da aquicultura de salmão • InnovaMar, indústria de beneficiamento da SalMar

Ålesund • Aquário Atlanterhavsparken • Inspirou cenários do filme Frozen • Capital do bacalhau

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Na frente e avante Definitivamente, a Noruega está à frente do nosso tempo, não só no fuso horário. O desenvolvimento é impulsionado por um dos fatores mais notáveis que podemos aprender com a Noruega: a cooperação. Na ACE, um laboratório de larga escala cujo dono majoritário é a instituição de pesquisa SINTEF, há infraestrutura para experimentos em aquicultura em escala comercial, sob condições e volumes de peixes comparáveis aos presentes no dia a dia das indústrias. A pesquisa contempla parcerias dedicadas à produção comercial. É o que acontece com a SalMar, por exemplo, que chega a incluir em suas contas 15 mil toneladas de salmão geradas a cada ciclo em uma das unidades da ACE. Inovação é uma das palavras-chave da engrenagem norueguesa. “A Noruega gasta US$ 450 milhões anual-

Bergen • 2a maior cidade • Sede do tradicional mercado de peixes fundado em 1276 • Região do Sognefjorden, o maior e mais profundo fiorde da Noruega • Uma das fábricas da Lerøy, de onde partem os produtos exportados ao Brasil, está próxima a Bergen


Salmão • Exportações em 2014 totalizaram 999 mil toneladas e NOK 49,9 bilhões (equivalente a US$ 6,1 bilhões, em set/15) • Preço médio em 2014: NOK 41,06/kg (equivalente a US$ 5, em set/15) • Principal mercado importador: União Europeia, com destaque para a Polônia • Tamanho ideal para abate: 4,5kg • Desafios do momento: combater piolho-do-mar e fugas

Tromsø • Região de bacalhau • Matriz do Conselho Norueguês da Pesca • Aurora boreal

• 3 maior cidade • Aqua Nor a

Aquicultura e pesca • 6a maior do mundo, atrás da China, Índia, Vietnã, Indonésia e Bangladesh • 95% da produção é exportada • Exportações de 2014 totalizaram 2,7 milhões de toneladas e NOK 69 bilhões (equivalente a US$ 8,4 bilhões, em set/15). “Salmão e truta” respondem por 66% dessa receita. • É o 2º setor exportador mais importante, atrás de Petróleo e Gás • Quase 50 mil empregos diretos e indiretos

De rolê pela cidade

Oslo • Capital

Os noruegueses • PIB per capita: NOK 613 mil (equivalente a US$ 75 mil, em set/15)

Para o truck circular em ruas • Expectativa de vida: mais de 80 anos públicas, precisa dispor de uma • Alimentação: o país das batatas está mudando. O consumo desse tubérculo licença. No caso de São Paulo, caiu quase três vezes nos últimos 50 anos, enquanto frutas e vegetais ganharam exige-se o Termo de Permissão de mais espaço no prato norueguês. A presença de pescado permanece estável. Uso (TPU), além do Certificado de Manipulação da Vigilância • Consumo de 2,8 kg per capita de salmão • Dirigem mais de 50 mil carros elétricos Sanitária (CMVS).

Fontes: Instituto de Estatísticas da Noruega, Conselho Norueguês da Pesca, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

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Trondheim


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mente em pesquisa marítima”, destaca Elizabeth Aspaker, ministra da Pesca e Assuntos Costeiros da Noruega. De olho no futuro, ela sublinha a importância do pescado como “parte crucial” da solução para a crescente demanda mundial por alimento. Além disso, vislumbra o esmorecimento da economia baseada em petróleo e a ascensão da economia de conhecimento. ‘Nessa transição, a aquicultura só tende a crescer em importância”, salienta. Em relação ao Brasil, a ministra enaltece o poder atrativo do tamanho do nosso mercado e está otimista em relação à estreia da Lerøy no País. Na semana da Aqua Nor, a ministra se reuniu com o colega de pasta Helder Barbalho, quando relatou: “Temos planos de cooperação com relação a sistemas de gestão e sobre como garantir um crescimento sustentável da aquicultura no Brasil”. Sobre a reunião, Barbalho destaca a transferência de conhecimento da Noruega em gestão das águas, em qualidade nutricional e na questão

Cooperação científicocomercial: tanques da ACE/Sintef onde a SalMar produz 15 mil toneladas; no destaque, Karl Almås, ex-presidente e atual conselheiro da Sintef

Thais Ito

Thais Ito

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genética como pontos importantes a serem desdobrados. Ao comentar sobre os novos produtos de salmão que chegam ao País, o ministro ficou dividido. “Nós desejamos que haja a diversificação de oferta na expectativa de que os preços possam se diluir. Valorizamos as relações bilaterais de comércio, mas o nosso foco central é a produção nacional. Temos que produzir para que o Brasil possa ser autossuficiente.” Seja no comércio ou na produção, não faltam ensinamentos noruegueses que nos inspirem. São cerca de 40 anos de trajetória. Com experiência acumulada nesse mesmo período, o empresário Bjørn Myrseth compartilha alguns fatores de sucesso: gestores experientes, plano de negócios bem

preparado, funcionários treinados, juvenis de qualidade, prevenção de doenças e comercialização local. À frente e avante, a Noruega veleja pelo tempo desbravando novas tecnologias, afrontando desafios e alcançando cada vez mais pratos onde servir o fruto dessas aventuras. Seja cru, defumado, grelhado ou cozido, a textura do salmão norueguês entrelaça o sabor da conquista ao pioneirismo dos vikings – sabia que eles chegaram à América antes de Cristóvão Colombo? –, com fortes doses de inovação e uma pitada caprichada de um futuro promissor.

*A repórter viajou a convite da Norge e Innovation Norway


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Ponto de Venda

Peixe na geração Y E-commerce invade a oferta de empresas do setor e mostra como a modernidade pode ajudar a extrapolar barreiras físicas Texto: Léo Martins

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O

dicionário define o comércio como o ato de negociar, trocar, vender, revender ou comprar algo. Desde os tempos mais primitivos, quando o homem fazia troca direta de produtos ou escambo, muita coisa mudou: o surgimento do dinheiro, de bancos, linhas de créditos, o dinheiro de plástico (cartão de débito) e até virtual (bitcoins) etc. Esqueça, portanto, o peixe vendido no jornal: a onda das lojas virtuais também chegou ao setor. “Pense que todas as formas de compra e venda que utilizam a Internet como canal compõem o e-commerce”, simplifica Alexandre Marquesi, professor de pós-graduação da ESPM-SP.

Só em 2015, segundo o professor, esta modalidade movimentou R$ 41 bilhões, mais de 128 mil pedidos e atraiu 54 milhões de consumidores brasileiros. Nos Estados Unidos, um estudo feito em 2013 pela eMarketer revelou que as vendas on-line no varejo alimentício terão um crescimento, até 2017, de 17%, número esse que perde somente para as categorias de roupas e acessórios. Outro aspecto dessa modalidade de comércio é o impacto para a economia global, segundo João Carlos Neto, coordenador do curso de pós-graduação de marketing digital e e-commerce

do Senac Lapa Tito. Na visão dele, há benefício aos consumidores como a redução de custos e facilidade de acesso para chegar dos produtos e serviços para completar as transações. “Consequentemente, há um aumento ainda maior na economia e acréscimo de outras fontes de concorrência”, complementa. Já há sinais de que o mercado de pescado também pegou carona nessa onda. Um exemplo bem bacana é o Farm-2-Market, site online de frutos do mar que existe há 12 anos no mercado e pertence a empresa Costarella Seafoods. A gigante Amazon.com


Para sair na frente! Confira cinco dicas para você se dar bem na montagem de um e-commerce: 1. E-commerce é planejamento estratégico em primeiro lugar e não tecnologia; 2. Tenha um planejamento tributário; 3. Evite estoque ao máximo: use o cross docking;

Já Natércia Gusela, gerente de vendas da New Fish, conta que a necessidade de aumentar o lucro, juntamente com um melhor relacionamento com o cliente, foram essenciais para a companhia apostar no modelo. “O trabalho é feito passo a passo e com muito cuidado, pois as pessoas ainda possuem certa desconfiança nas compras on-line, ainda mais se tratando de peixes”, revela. Nesse aspecto, ela conta que o boca a boca é um aliado nessa “quebra” de preconceito. “Clientes que já compram conosco para seus restaurantes nos indicam aos interessados na compra dos produtos que eles comercializam”, acrescenta. Apesar de recente, Natércia faz um balanço do impacto da loja eletrônica para a New Fish. “Este trabalho está sendo muito gratificante e estamos recebendo um retorno muito positivo.”, diz, orgulhosa.

4. Cálculo e controle financeiro rígido;

Para uma empresa dispor de uma loja virtual, precisa ter um mínimo de estrutura. “Existe uma enorme variabilidade de soluções. Depende do negócio que a ferramenta deve suportar”, expõe o professor João Carlos Neto. É preciso fazer uma modelagem adequada da ferramenta para tirar vantagens da tecnologia disponível, dos processos e ser sustentada por profissionais qualificados e experientes. O doutor Alexandre Marquesi exemplifica: se levarmos em conta uma loja pequena, é necessário um escritório de 30 m², uma pessoa, softwares de e-commerce e de emissão de nota fiscal. “Agora, se a estrutura for para um grande varejista, ele deve começar com 10 pessoas e, aproximadamente, 200 m²”, orienta.

5. Planejamento de marketing focado em ações que não demandem investimento alto, mas gerem resultado em conversão, um bom exemplo é o market place.

Renato Cabral Gullo de Figueiredo, CEO da Piscare, conta que além da estrutura física, outro fator é importante como preparação para a montagem: o conhecimento. “Temos um time de desenvolvimento bastante experiente e conhecedor do business

Fonte: Dr. Alexandre Marquesi, professor de pós-graduação da ESPM-SP

varejista, ou seja, que fala a língua das equipes de negócios”, diz. Isso, em sua visão, ajudou na escolha da melhor plataforma para viabilizar a construção e manutenção do site no modelo de negócio proposto. Na implementação, as dificuldades irão aparecer. No caso da Norte Pesca, Rodrigo Hazin, diretor-presidente da empresa, conta que vários obstáculos foram enfrentados, porém, a logística foi escolhida como o “mais chato”. Ele explica como é o funcionamento do site para ilustrar todos esses problemas. “É possível o consumidor comprar um produto para recebê-lo, no dia seguinte, em sua casa, ou estabelecimento, esteja onde ele estiver”, explica. “Então, o

Cássio Hazin, diretor da Norte Pesca

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No Brasil também temos empreendimentos antenados a essas tendências. A Norte Pesca, por exemplo, notou o aumento do consumo online e já vende seus produtos para grandes distribuidores pelo Brasil. No entanto, o objetivo da Epesca (marca específica para este projeto) é a venda direta para os restaurantes e consumidores finais. “Vendemos produtos com maior valor agregado e customizados conforme o tamanho e necessidade de cada cliente”, conta Cássio Hazin, diretor da Norte Pesca. “E o website, nesse caso, oferece um diferencial e tanto, pois podemos ofertar pescado imediatamente após sua captura.”

Algumas leves mudanças

Norte Pesca/Divulgação

também já tem um pé no segmento, desde que lançaram, no fim de 2013, um serviço chamado Amazon Fresh [Frescor da Amazônia, em tradução livre], que é destinado somente a frutos do mar. O sucesso é tão grande que a Santa Monica Seafoods, único fornecedor do site, sorri à toa: teve vendas triplicadas.


Ponto de Venda

Que benefícios dá o e-commerce para o pescado?

Piscare/Divulgação

e planejamento de toda sua linha de produção.

Renato Cabral Gullo de Figueiredo, CEO da Piscare aparato logístico é essencial para o bom funcionamento do projeto, assim como para assegurar a qualidade de nossos produtos”, acrescenta. Por fim, Hazin relembra que a industrialização dos produtos ofertados, mais elaborados, também requereu um remanejamento

A nova ferramenta muda não só a estrutura física da empresa, mas também a rotina. “Em nosso caso, precisamos planejar e modificar a linha de produção, assim como estratégias inovadoras de mercado. Também precisamos admitir mais funcionários especificamente para esse projeto”, afirma Rodrigo Hazin. Já no caso da Piscare, os bons resultados com o comércio eletrônico anteciparam expectativas e situações que o plano de negócios para food service previa somente para o futuro. “O volume obtido nos favoreceu bastante na definição das importações e mesmo em negociação com transportadoras. E finalmente, contribuiu com o amplo acesso de pessoas físicas buscando e divulgando nossos produtos”, diz. Toda essa situação obrigou a companhia a se mexer na ampliação de seu call center para restaurantes e supermercados, clientes obtidos pelo site. Outra mudan-

1. Visibilidade da sua empresa na web 2. Maior facilidade para o cliente final 3. Desenvolvimento de marca de maneira exponencial 4. Transparência na relação com o cliente 5. Diversificação dos meios de venda 6. Marketing on-line e melhor divulgação dos seus produtos 7. Oportunidades de negócios em vendas e promoções sazonais Fonte: Natércia Gusela, da New Fish, e Renato Figueiredo, da Piscare

ça exigida foi na implantação de um controle de qualidade no telemarketing ativo. “Crescemos mais rápido que o esperado e nossa infraestrutura teve que acompanhar tudo isso, desde os servidores de computador até a área de recursos humanos”, informa Figueiredo. Com tudo preparado e muito bem planejado, a empreendimento de pescado pode então aproveitar todas as vantagens da nova ferramenta. “Temos sido bastante procurados por novos clientes e recebido bastantes elogios pelo site, que é associado ao tom profissional que damos ao negócio. Alguns usuários têm nos procurado até mesmo para uma recolocação profissional”,

Piscare/Divulgação

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Em uma loja virtual, a empresa deve investir em uma boa apresentação para atrair a atenção do consumidor


E é sobre esse tipo de atendimento mais pessoal com o cliente uma história de Figueiredo. Ele relata que, na última páscoa, a Piscare realizou para um advogado uma venda no site de um

bacalhau específico para churrasco. “De posse de um isopor, ele se dispôs a atravessar São Paulo de ônibus só para pagar em dinheiro e levar o produto”, narra. Resultado: o cliente adorou a abordagem que a companhia dava aos produtos vendidos. “Embora o produto também estivesse disponível em alguns supermercados de São Paulo, ele nos privilegiou com sua compra e se tornou um grande cliente nosso.”

A rotina de um pescado 3.0 O funcionamento de um e-commerce é bem simples: o cliente, munido de algum suporte digital (computador, celular, tablets etc.) acessa o site da empresa. Lá, ele faz os pedidos pela loja virtual, enche o seu carrinho com os

produtos que deseja e, depois, finaliza a compra. Nesse momento, são efetuados os cadastros (dados pessoais e endereço de entrega), assim como a forma de pagamento e pronto. Só que para garantir um melhor atendimento, Natércia Gusela, da New Fish, lembra que loja eletrônica precisa dar muitas opções ao seu consumidor. “Em nosso caso, para o cliente final, proporcionamos a compra do pescado em diversas formas, como porcionada, filetada ou limpa.” Matéria continua na página 42. A seguir infográfico com guia especial para você montar seu negócio virtual.

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relata Figueiredo. Não diferente disso, Cássio Hazin afirma que a maior vantagem da loja on-line é justamente poder inserir no mercado algum produto que seja inteiramente customizado de acordo com as necessidades dos clientes. “No Brasil existe uma grande demanda por produtos customizados e com qualidade. Isso é bastante difícil encontrar, principalmente para o nicho de consumidores no final da cadeia produtiva/econômica, como restaurantes, casas de recepção e famílias”, justifica.


Ponto de Venda Infográfico

Bem-vindo à era Matrix!

Aprenda em 10 passos como criar sua loja virtual da maneira correta

Pesquisa, muita pesquisa: faça

Quanto vale o seu negócio?

Amigos do peito: nesse momento, é

1

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uma pesquisa de mercado para saber se o consumidor compraria este produto que está habituado a comprar na loja física via e-commerce.

É necessário realizar um business plan estratégico e financeiro para você saber quanto será gasto e quais os ganhos estimados.

importante definir quais serão os produtos vendidos e se, em algum momento, você necessitará de parceiros.

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$

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Hora do software: nenhum sistema

Medindo os resultados: além do

on-line funciona sem um programa/site. Pesquise e escolha alguma tecnologia/ sistemas compatíveis com a sua necessidade.

lucro financeiro, você precisará saber se sua loja digital está caminhando bem na web. Por isso, você precisará adquirir softwares para análise de resultados e métricas. O Google Analytics é uma das mais conhecidas.

8 Estocar ou não?: outro aspecto

muito importante é decidir se você terá um estoque próprio ou um cross docking, sistema em que a mercadoria recebida é imediatamente dispensada para a entrega.


Open house: depois de resolvidas as

questões anteriores, chega a hora “chata”: correr atrás da abertura de sua empresa nos âmbitos tributários e fiscal.

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Lógico, muito lógico: para dar

certo, a loja virtual depende muito da logística. Pense quais as regiões serão atendidas e a forma que seus produtos chegarão até lá.

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Crie sua loja virtual do zero!

Você sabia que existem algumas ferramentas gratuitas para você criar seu próprio e-commerce sem muito esforço? Confira algumas seguir! OpenCart: de fácil instalação e configuração, esse é um sistema Open Source (código aberto), o que dá a possibilidade de você mesmo poder reprogramar o site (toda linguagem é em PHP) e deixá-lo com a sua cara.

1

www.opencart.com PrestaShop: mais um sistema Open Source e que ganha destaque por ser completa e rápida. Outro destaque é a facilidade de atualização e variedade de modelos templates disponíveis.

2

www.prestashop.com Magento: uma das plataformas mais conhecidas, o Magento possui três edições para utilização - a CE é a versão que possui o Open Source. Seu destaque fica por conta da grande variedade de plug-ins e um forte trabalho de SEO (otimização de sites).

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A alma do negócio: um belo plano

Toca o pau: com tudo nos conformes,

de comunicação e marketing deve ser realizado quando tudo estiver certo. Afinal, o mercado precisa saber o que a sua empresa tem de novo, não é mesmo?

chegou a hora de testar tudo! Faça um piloto para ver rodar toda a base. Identifique erros, faça melhorias e para sua empresa entrar de vez na era 3.0!

Dica esperta: para dúvidas, toques de elaboração de planos, dicas, legislação orientações e outras informações, acesse o site do Sebrae. Lá, você terá acesso a muitos documentos e até vídeos interessantíssimos sobre o assunto! O endereço é www.sebrae.com.br.

Fonte: Dr. Alexandre Marquesi, professor de pós-graduação da ESPM-SP

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9

www.magento.com


Retorno sobre investimento

Ponto de Venda

PISCARE http://piscareimportacao.com/ Alimentos perecíveis e produtos congelados tem exigências particulares, como a agilidade em todo processo. Exemplo: a Norte Pesca recebe grandes embarcações pesqueiras no cais de sua planta. Nesse momento é realizada a classificação da qualidade do produto. “Essas informações são imediatamente transmitidas e passadas ao pessoal que gerencia o site, que por sua vez, coloca a oferta de venda no portal”, acrescenta. Dessa forma, o cliente escolherá seu produto em embalagens específicas – a venda é feita em unidades de caixas – e a forma de pagamento. “A mercadoria então é despachada via aérea e, dependendo da hora da compra, será possível a entrega do produto fresco em menos de 24 horas”, conclui Rodrigo Hazin. O site da Norte Pesca disponibiliza atum sem cabeça e em lombos, assim como peixes da costa nordestina, como sirigado, bijupirá, robalo e vermelho. Se não bastasse todo esse cuidado, Renato Figueiredo ainda atenta para o problema da extensão territorial do Brasil. Isso fez com que a companhia “usasse a cabeça” para garantir a qualidade de todo produto entregue. “Num 1º momento, optamos por disponibilizar acesso para colocação de pedidos pela nossa equipe de vendas e telemarke-

ting, onde se definem produtos, prazo de entrega e transportadora - em nosso caso, temos opção de frete próprio”, destaca. No site da Piscare, o consumidor encontrará produtos nacionais ou importados, oriundos de pesca marítima, rios ou até mesmo de cativeiro. Outros dois fatores são primordiais: estoque e transporte. No primeiro caso, a Norte Pesca possui suas próprias embarcações, armadores parceiros, assim como bases de compras nas praias nordestinas. “Como se trata de produtos frescos, em sua maioria, nosso estoque está no mar. A ideia é encurtar as etapas entre a produção e a entrega ao cliente final”, reforça Rodrigo. Já a Piscare, conforme Figueiredo, se estabeleceu em local específico de armazenagem refrigerada. A logística segue como grande obstáculo. “Por exemplo, há poucos voos diretos saindo de Natal/RN. Nesse caso, o desafio é garantir que o produto escolhido no carrinho de compras chegará ao consumidor final com a mesma qualidade que saiu da empresa”, exemplifica Rodrigo. E mesmo dentro de São Paulo, sede da Piscare, os desafios também se fazem presentes. “Aqui, o obstáculo está em conseguir fazer as rotas adequadas para que se

Retorno de vendas: em cerca de 6 meses, uma evolução de 20% para 60% do volume total de vendas no on-line Volume de venda on-line: cerca de 20 toneladas por mês NORTE PESCA www.epesca.fish/

Investimento médio: R$ para o site)

10 mil (só

Retorno de vendas: em 1 ano, a projeção é aumento de 7% Volume de venda on-line: cerca de 3 toneladas por mês NEW FISH www.lojanewfish.com.br

Investimento médio: não foi utilizado um valor específico Norte Pesca/Divulgação

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Atum em preparação para despacho: caixas são condicionadas para garantir o frescor do pescado na entrega

Investimento médio na operação de ecommerce: R$ 30 mil

Retorno de vendas: como é inicial, ainda não há um retorno Quanto pescado é destinado ao site: não existe um estoque específico para e-commerce (o estoque é central)


Norte Pesca/Divulgação

Na Norte Pesca, quando o atum é recebido, a informação é transmitida para a equipe do site para que eles possam anunciar o novo produto on-line entregue tudo com qualidade em uma cidade tão grande e com um trânsito tão complicado”, cita Figueiredo. Para assegurar todo o frescor do produto, a Piscare faz uso de carros com refrigeração ou com isolamento térmico. “Também é necessário se tomar muito cuidado com o manuseio entre o veículo e as câmaras frias, que precisa ser feito de forma rápida.” Já a Norte Pesca despacha toda a mercadoria via aérea e, posteriormente, entrega o que foi pedido na porta do comprador. Para se certificar de que tudo será feito com padrão, a companhia envia os peixes em caixas de isopor e papelão. “Quando em papelão, há um revestimento em isopor. Os pescados são mantidos refrigerados com a utilização de gel-packs dentro das caixas”, complementa Cássio. Já a New Fish opta por caminhões frigoríficos com temperatura controlada. “O produto fresco é embalado a vácuo e acondicionado em caixa de isopor com gelo”, afirma Natércia.

A estratégia on/off-line também faz parte dos planos da Piscare. Além de ampliar o leque de produtos, a companhia pretende ainda lançar gourmet shops para atender consumidores finais. “O site deverá se transformar em um portal de alimentação saudável e investir em e-mail marketing para nossos assinantes”, afirma Renato Figueiredo. “Queremos surfar nessa onda e vamos mostrar que o e-commerce de pescado pode contribuir com a vida moderna”, conclui.

O futuro ao e-commerce pertence

Já Rodrigo Hazin, da Norte Pesca – que quer incluir em seu site diferentes produtos, como salmão e outros itens utilizados na culinária oriental –, as lojas virtuais para o mercado de pescado podem atingir consumidores/ clientes em potencial que, hoje, não têm acesso à oferta direta de produtos com qualidade. “Cidades localizadas fora dos grandes centros ou nas regiões Norte e Centro -Oeste possuem um grande mercado consumidor, mas não têm acesso a esses produtos”, afirma Rodrigo. E como a cadeia de pescado fresco não permite que haja muitas etapas entre a produção e a utilização do produto, a venda digital é a grande saída.

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A venda on-line já é praticamente um item obrigatório para aqueles que desejam expandir seus negócios e extrapolar qualquer fronteira física na busca de novos clientes. “Nosso trabalho com esse modelo, apesar de ser inicial, já trouxe muitos benefícios para nossa métrica de trabalho”, comenta Natércia. E nesse ponto, o próprio site é um dos maiores aperfeiçoadores. “Afinal, é por lá que temos o contato com os clientes, que podem nos passar o que falta para melhorarmos”, opina.


Na

Gôndola

pink do Alasca eviscerado e sem cabeça. O pescado será vendido embalado e rotulado para o consumidor final e representa, na visão da empresa, uma novidade, já que este tipo de apresentação não é comum. A Ecil é dona da marca de kani kama Inak, que também engloba outros produtos de pescado congelado.

A oferta de peixes e frutos do mar

Aberta e versátil A sardinha eviscerada da Buona Pesca, linha de entrada da Frescatto Company, ganhou a companhia de uma sardinha espalmada em embalagens de 800 g. A intenção é render aos consumidores mais opções de preparo do produto, uma fonte reconhecida de ômega 3, proteína e cálcio.

De carona na onda selvagem SEAFOOD BRASIL • JUL/SET 2015 • 44

A importadora Ecil lançou recentemente o salmão selvagem

Nova embalagem, novos produtos Novidade é palavra de ordem na Yoshi Pescados, que acaba de reformular suas embalagens e lançar uma inovação no varejo: a linha de croquetes de pescado, composta por opções com sardinha, atum e salmão. As linhas dos bolinhos e empanados Yoshi também cresceram, com o bolinho de salmão defumado, as iscas de atum e de tilápia empanados com grãos.

Saúde com praticidade A Gomes da Costa cada vez mais se consolida como uma empresa de alimentos e amplia seu portfólio para além das conservas, que continuam como carro-chefe. Para fisgar o

consumidor “geração saúde” em busca de uma refeição rápida e saudável, a novidade são as saladas prontas para comer, com validade de 18 meses, em dois sabores: “Salmão, Batata e Maionese” e “Atum, Batata-Doce e Azeite”. Os potes de 150g e 170g vão com um garfinho na embalagem para o cliente comer onde quiser.

Ling com nobreza É a proposta desta embalagem da Mathias, empresa norueguesa que aposta fortemente no potencial de consumo dos diferentes tipos de bacalhau no Brasil. Durante a Apas, a empresa já havia lançado o Gadus morhua envasado diretamente na terra dos vikings. Agora é a vez do bacalhau ling, que em breve estará por aqui neste formato.

Linha extensa A Dell Mare montou uma oferta grande de produtos, mas aposta forte no camarão (emba-


Aproveitamento total O objetivo da Brazilian Fish, marca da Ambar Amaral, é aproveitar na totalidade um peixe que dá 30% de rendimento de filé. O bolinho e a pururuca de tilápia (feita da pele do peixe) prontas para fritar são excelentes exemplos disso. Mas há espaço para produtos mais sofistica-

dos na linha de pratos prontos, como o strogonoff, parmegiana e tilápia 4 queijos.

Leia este código para ver o portfólio e contatos destas empresas. Ou acesse bit.ly/SEAfornecedores

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lagem de 200g) e tilápia (embalagem de 400g) empanados. A linha contempla ainda o kit paella com sachê de temperos, filés de tilápia e o camarão 36/40. Todos os produtos são envasados em pouch com fechamento Zip.


Especial

Um problema mundial O intrincado enredo que permite os três tipos de fraudes mais comuns no pescado e como a tecnologia e as certificações podem ajudar sua empresa a combatê-los Texto: Ricardo Torres

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E

m 2013, toda a venda de pescado no país foi passada a limpo quando uma ONG resolveu coletar 1.215 amostras de 674 lojas de varejo em 21 Estados para determinar se o rótulo indicava corretamente a espécie vendida ali. O choque foi grande quando testes de DNA revelaram que 33% das amostras estavam mal rotuladas, ou seja, a espécie descrita na embalagem não era aquela que estava à venda. O caso ganhou grande proporção com a extensa cobertura da mídia, que culminou, em junho deste ano, na criação de uma força-tarefa do governo federal para combater as fraudes e a pesca desregulada.

Não, isso não aconteceu aqui no Brasil, mas lá nos Estados Unidos. A ONG em questão é a Oceana, que cuida da preservação dos oceanos e também já tem presença em terras brasileiras. O que os ambientalistas constataram e que virou uma política pública nos EUA é, na verdade, um problema mundial. Um mapa feito pela Oceana, que leva em conta mais de 100 estudos de 29 países, mostra que a porcentagem de fraude no pescado varia de 1,5% a 100%, mas o índice médio é de 22% de adulteração.

estatística. Em Florianópolis, a operação DNA do Pescado constatou 24% de adulteração em amostras coletadas em estabelecimentos comerciais – a mesma campanha foi realizada em 2015 e descobriu fraudes no bacalhau. Como a troca de espécies é um crime das relações de consumo, a Polícia Federal – em atenção a uma demanda dos fiscais federais do Mapa – deflagrou a famigerada Operação Poseidon em Itajaí, Itapema e Navegantes bem próximo da Páscoa daquele ano. Resultado: autuações, multas e prisões.

No Brasil, duas iniciativas levadas a cabo no sul do País em 2014 evidenciaram que não estamos fora desta

“Essas iniciativas trouxeram à tona a questão da fraude por substituição de espécies no País e o número de denún-


75% a 100% de troca de espécies

Outras ocorrências de fraudes

Mapa de fraudes mundiais desenvolvido pela ONG Oceana, a partir de estudos disponíveis sobre o setor, mostra porcentagem de troca de espécies e outras irregularidades no mundo

Mariana Bertelli, da Myleus: denúncias de fraudes não param de subir, o que exige resposta das indústrias

Para Eduardo Lobo, vice da Abipesca, apesar de a importação ter aumentado o número de fraudes, problema está no Brasil

Os três tipos mais comuns de fraude Troca de espécies: modalidade mais flagrante de fraude no pescado no Brasil e no mundo, envolve a substituição de uma espécie de pescado por outra, de qualidade e preço inferior. Configura-se um crime das relações de consumo. Excesso de glaciamento (camada de gelo protetora): serve para proteger o produto do ressecamento proveniente do ar seco dos túneis ou outras estruturas de congelamento. Por lei (Ofício Circular n° 26/2010), o limite máximo de glaciamento fica em 20%. A indústria quer fazer como no exterior, onde existe o peso bruto e o líquido - já descontado o glazing. Adição interna de tripolifosfato: o Mapa diz que a legislação brasileira permite seu uso apenas no revestimento externo do pescado congelado (glaciamento), no limite máximo de 0,50g/100g. O uso excessivo na estrutura interna do produto gera retenção de líquidos e pode aumentar o peso.

cias não para de subir”, diz Mariana Bertelli, diretora de novos negócios da Myleus – uma empresa de biotecnologia especializada em análises de DNA. Um dos trabalhos sob coordenação de representantes da companhia identificou 26% de índice de substituição de espécies em 212 amostras pesquisadas. A expansão dos casos, na visão de Mariana, acompanha o aumento do fluxo de pescado asiático nos últimos anos. “Uma das razões é o aumento das importações de pescado

de países como a China e o Vietnã, que praticam preços muito mais competitivos, mas cuja procedência do pescado muitas vezes é duvidosa”. Segundo ela, a nacionalização de grandes quantidades do produto já descaracterizado (sem cabeça e pele, já filetado ou desfiado) dificulta a identificação morfológica do produto. Eduardo Lobo, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Pescado (Abipesca), acha que o problema não está no exterior. “O Brasil se tornou uma feira a céu aberto. Quando se fala em produto importado, a coisa é crítica, mas o problema não está nestes países, está no Brasil. Não há reinspeção adequada”. Ele enxerga uma fiscalização ineficiente do produto que vem do exterior e passa por um agente brasileiro para depois seguir a distribuidores pulverizados por todo o País. Esses agentes, na visão de Lobo, não deveriam ser autorizados a importar pescado a granel, já que não possuem estruturas com SIF para processá-lo. “Empresas sem estrutura de manipulação não devem manipular matéria-prima. Podem importar qualquer produto que esteja rotulado e pronto para o consumidor final, não somos contra essa importação.” Lobo reconhece que este é um pleito forte da entidade, já que é nítida a perda de competitividade das indústrias. “Competir com um mercado fraudador é impossível. A diferença de preço chega a 20%.” Em junho deste ano, na edição #9 da Seafood Brasil, o presidente da Abipesca, Tony De Luca, disse que não permitirá que seus associados vendam produtos fraudados, mas cobrou uma flexibilização maior do Ministério da Agricultura (Mapa) sobre aditivos químicos que, com limites definidos em legislação, podem colaborar no desempenho de certos produtos sem lesar o consumidor. Consultado desde abril de 2015, o Mapa não respondeu aos questionamentos da reportagem.

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1 a 25% de troca de espécies

Acervo/Seafood Brasil

25% a 50% de troca de espécies

Divulgação/Myleus

50% a 75% de troca de espécies


Especial

Fim do gato por lebre? O modelo abaixo, desenvolvido pela Myleus, mostra como a análise de DNA pode constatar troca de espécies com alta precisão. A amostra a ser testada deve ser encaminhada à Myleus, que segue o método Barcode de DNA, adotado pelo FDA – a Anvisa dos EUA. Alternativamente, a coleta pode ser realizada por profissionais ou por uma terceira parte isenta. Ao chegar ao laboratório, a amostra passa por uma série de processos, incluindo a extração do DNA e análise da identidade da espécie presente no produto. É então gerado um laudo que apresenta a espécie encontrada na amostra, enviado ao cliente. Todas as informações acerca da amostra são mantidas sob sigilo. O laboratório da Myleus segue as normas de gestão da qualidade e está em fase de preparação para acreditação na ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005.

1

2

Amostra + Formulário de envio

4 Amplificação

3

Alíquota

5 Sequenciamento de DNA

Extração de DNA

6 Comparação com banco de dados

7 Emissão de laudo

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Fonte: Myleus

Hoje é corrente o uso de tripolifosfato de sódio no pescado congelado para reter a água ligada à proteína e reduzir o volume de fluido de exsudação. Este uso, como relata a Abipesca, não é fiscalizado, o que dá margem ao uso excessivo no interior do produto com o intuito de aumentar o peso final. A indústria cobra que o governo brasileiro siga o Codex Alimentarius, um conjunto de padrões internacionais estabelecido pela FAO/ONU que insere esse fosfato entre os aditivos químicos autorizados em alimentos. No fim do ano passado, o especialista da Divisão de Pescado e Derivados do Dipoa/Mapa, Paulo Humberto de Lima Araújo, disse que a legislação brasileira permite seu uso apenas no revestimento externo do pescado congelado (glaciamento), no limite máximo de 0,50g/100g.

Enquanto se discute o tripolifosfato, há outros expedientes que buscam modificar as características organolépticas do pescado, conforme conta a engenheira Angela Busnello, diretora da consultoria Qualität. “O bleaching consiste na adição de peróxido de hidrogênio em pescado, utilizado para remover odores de putrefação (cheiro de amônia) e torna os filés de peixe e o camarão mais esbranquiçados”, detalha. “Outra fraude é a adição de chumbo, colocado no interior de lagostas para aumentar o peso e o fornecedor receber mais por este ganho de peso.” Lobo vai além. Para ele, os métodos de adulteração existentes são mais sofisticados do que temos capacidade de fiscalizar. “A tecnologia de fraudar que

é aplicada em países como Espanha e China é mais avançada que a nossa tecnologia de fiscalização. Eles estão usando práticas de injeção de produtos de textura gelatinosa que se misturam às moléculas do próprio peixe, retendo mais umidade, o que o consumidor só vai notar na hora em que fizer o cozimento.” No fim, o consumidor é lesado do mesmo jeito, porque o “nível de desidratação será tão grande que o produto sumirá na panela”, diz .

Responsabilidade compartilhada Embora a culpa pelas fraudes regularmente seja atribuída às indústrias, a responsabilidade por tornar estes casos cada vez mais raros, até extingui-los, é compartilhada entre todos os agentes da cadeia produtiva, privados e públicos. Para Lobo, a Operação Poseidon e o próprio surgimento da entidade motivaram em parte das indústrias uma mudança de postura. “Hoje em dia, quem adultera na indústria nacional é quem não tem SIF. Depois que houve a Operação Poseidon e com o surgimento da Abipesca eu diria que o setor tomou um novo rumo. Como a fiscalização é muito intensa, o produto com selo de SIF tem muito mais qualidade que aquele sem SIF”, diz. Sob a ótica de Mariana, da Myleus, um determinado elo da cadeia pode ser, eventualmente, até uma vítima e não um agente da fraude. “Neste caso, a indústria é enganada economicamente pelo seu fornecedor, e repassa, sem querer, a fraude para o próximo elo na cadeia, de modo que a fraude acaba chegando ao consumidor final.” Mesmo vítimas, a indústria e o varejo são corresponsáveis e podem ser autuados, bem como sofrerem impactos em termos de reputação e imagem. “Dado todo este cenário, nós podemos concluir que a discussão é de interesse de todos os


A espiral de responsabilidades O único que não tem responsabilidade no complexo problema das fraudes é o próprio pescado. O problema é puramente humano Varejo

Escolher e monitorar com rigor seus fornecedores e justificar ao consumidor o preço da qualidade

elos da cadeia: indúsConsumidor tria, varejo, consumiDenunciar casos de dores e autoridades fraudes e buscar comfiscais. Desta mapreender o impacto que a neira, todos devem qualidade tem no custo, unir esforços para para não privilegiar endereçar o proquem faz mal feito blema e adotarem medidas preventivas de combate à fraude.”

Para garantir a qualidade e procedência do produto, só com o uso de métodos seguros e confiáveis. O teste de DNA para verificação da espécie do pescado é um deles. Atualmente, o Mapa dispõe de um equipamento de análise de DNA no Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) de Goiás. Na esfera privada, a Myleus faz o teste sob encomenda (Veja BOX), mas quer ir além: em parceria com a certificadora Totum, desenvolveu o selo “Está no DNA”, que pretende atestar a qualidade, agregar valor e combater a concorrência desleal. Algumas empresas de pescado devem adotá-lo em breve. Se a disposição é combater firmemente as fraudes, o empresário deve se preparar para investir. “Investimentos

Indústria

Adotar critérios rigorosos de seleção e acompanhamento de fornecedores e investir para evitar fraudes internas

Poder público

Criar regras claras, fiscalizar e punir com rigor as irregularidades, independentemente do porte ou localização de quem fraudou Fonte: entrevistados

em suas plantas: estrutura física, detector de metais, equipamentos de congelamento mais ajustado, treinamento de pessoal etc. É necessário que todos os funcionários se integrem e a alta direção esteja envolvida para que as mudanças ocorram”, reforça Angela, da Qualität. Além do teste de DNA, pode apostar em sistemas de certificação. “O sistema mais utilizado no segmento é o HACCP ou APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) e a ISO 22000. Nenhuma empresa de pescado é certificada pela FSSC 22000, que a prepararia para exportar a qualquer país”, completa. No que diz respeito aos equipamentos, não faltam opções. A Marel, multinacional islandesa, possui uma tecnologia que permite monitorar o nível de glaciamento do produto. “Usando um software, balança de fluxo e balança tipo hopper,

é possível configurar sistemas para monitoramento do processo inteiro da beneficiamento do peixe. Desde o barco até para o produto pronto para o consumidor”, conta Magnús Ólason, gerente de negócios. Ele conta ainda que o sistema, com adição de outros equipamentos, pode ser customizado para padronizar tamanho, peso e outras características de determinadas espécies, o que também pode evitar fraudes. É provável que o leitor interessado em fazer tais investimentos duvide que o consumidor vá aceitar pagar mais caro por um produto sem fraudes. Mas talvez o preço de perder para sempre um consumidor lesado, ceifando a credibilidade de um setor que luta para conquistar seu espaço entre as demais proteínas animais, seja muito mais alto.

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Tudo começa com a seleção criteriosa de fornecedores. “Os diversos players da cadeia, como indústrias e varejo, podem se proteger realizando programas de seleção e avaliação”, indica Mariana. Um exemplo é a realização de monitoramento recorrente que permita a identificação da fraude e exclua o fornecedor caso este não atenda aos critérios estabelecidos. “É preciso estar atento para o fato de que a fraude pode ter início em qualquer ponto da cadeia. Assim, apenas confiar no seu fornecedor não é suficiente”.


Personagem

O golpe que fez um milionário Depois de perder dinheiro no Brasil, peixeiro norueguês investiu em nova banca no mercado de Bergen e hoje conta muitos zeros na conta bancária Texto: Thais Ito e Ricardo Torres

A

rnfinn Djukastein é um engenheiro norueguês da cidade portuária de Bergen que, assim como outros europeus, teve o sonho de investir em empreendimentos imobiliários no Brasil. Em 2004, já trabalhava no mercado de peixes da cidade – o que faz desde 1988 –, mas resolveu aplicar, junto a um amigo, em um hotel no Ceará. Só ganhou dor de cabeça: nunca recebeu a escritura e tampouco viu a cor do dinheiro. A decepção não o desanimou. Ele resolveu olhar para a própria tradição da família para trilhar um futuro diferente. Em 1988, o tio era seu chefe no que hoje é conhecido como o velho mercado de peixes de Bergen. “Acho que ganhava de 70 a 80 krones/hora”, relembra. Algo entre R$ 30 e R$ 40. Dois anos depois, em uma ascensão meteórica, ele abriu sua própria banca no mercado e vendeu, no ano, 1,2 milhões de krones (algo perto de R$ 580 mil). Entre 1990 e 2014, Djukastein manteve o estande no mercado velho. No meio do caminho, multiplicou seus negócios. Em 2012, inaugurou uma banca no novo edifício do mercado de peixes, logo ao lado do antigo mercado – uma combinação entre tradição e modernidade para nenhum turista botar defeito.

Marius Fiskum/Visit Norway

Na Fish Me, nova loja do empresário, os atendentes se apressam para atender a clientela, formada por locais e suas compras cotidianas e turistas curiosos para conhecer o king crab (caranguejo gigante), o salmão, o Gadus morhua ou cod, o halibut (alabote dente curvo) e até um salame de baleia. No dia da visita da repórter, havia um tubarão exposto na vitrine. Tudo é muito limpo e o atendimento é rico em informações – em inglês, norueguês ou espanhol. Além de fazer comprinhas, o cliente também pode comer ali. Mesas na área externa dão para um cais repleto de barcos e gaivotas. Pratos como king crab gratinado com mexilhões, lagosta e ostras; porção de peixes defumados; temakis; sopa de lagosta e até bolinho de bacalhau colorem as mesas sob o sol do verão.

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Djukastein mantém os negócios imobiliários com o amigo e também opera sua própria defumadora, onde trabalha com salmão, arenque, cod e halibut com capacidade para defumar 600 kg por semana. Os produtos, carregados de um sabor amadeirado intenso, também abastecem os displays da Fish Me. A moderna Fish Me faturou, em 2014, cerca de US$ 2 milhões brutos. Um exemplo de como uma cidade milenar, construída com base no pescado – principalmente o bacalhau seco e salgado – explora bem a cultura em torno de frutos do mar. “A Noruega é uma das mais importantes exportadoras de pescado do mundo e Bergen tem parte fundamental nessa história. O mercado de peixes tem uma longa história, uma antiga tradição que tentamos cuidar”, conta o empresário. A cidade preserva o mercado desde 1276, quando foi inaugurado. E o orgulho de gente como Djukastein que o mantém em plena operação após tantos anos de vida.


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