A revista da pequena empresa no Paraná
Revista trimestral nº12 Ano3 Dez/11
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Feliz o empresário que entender as mulheres!
Globalização para todos
De olho na Copa
Elas são responsáveis por 66% do que é consumido pelas famílias brasileiras
Pequenos fazem parte de uma complexa cadeia produtiva e são peças-chave
Fifa divulga em 2012 regras para interessados nas oportunidades do Mundial 97
Editorial
Empreendedorismo multiface Na última edição da Soluções Sebrae – A Revista da Pequena Empresa no Paraná, em 2011, os leitores conferem reportagens especiais sobre associativismo, mercado, comportamento, capacitação, conhecimento, inovação, oportunidades, tendências e feiras e eventos. Fernando Dolabela, pai da Pedagogia Empreendedora, é o nosso entrevistado e dá uma lição de cidadania. Na sua avaliação, o empreendedorismo é uma ferramenta inteligente para o desenvolvimento, mas que, para ser eficaz precisa ser trabalhada, desde criança. A reportagem de capa, ‘Anjos’ do empreendedorismo, mostra como funciona o crowdfunding, traduzido como “financiamento da multidão”, para o português. Uma solução inovadora para concretizar projetos e ideias, difundida em alguns países, mas ainda incipiente por aqui. A Revista Soluções traz ainda duas outras reportagens especiais, uma sobre a força do consumo feminino, com dicas para micro e pequenas empresas conquistarem a confiança do segmento. E outra sobre o papel dos pequenos negócios na complexa cadeia produtiva. As oportunidades de negócios geradas com a Copa de 2014, para micro e pequenas empresas, também estão em pauta. Nesta edição, você acompanha algumas regras já fixadas pela Fifa, para normatizar a exploração do Mundial sob o ponto de vista empresarial. Destaque também para reportagem sobre a febre dos sites de compras coletivas e os cuidados que os empresários de micro e pequenas empresas precisam ter. E um serviço, sobre como evitar desperdícios e promover mudanças simples, ambientalmente corretas. Nesta edição, o empreendedorismo e suas múltiplas faces.
Boa leitura! E um ótimo 2012! Leandro Donatti, o editor
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SEBRAE/PR – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná Jefferson Nogaroli Presidente do Conselho Deliberativo Allan Marcelo de Campos Costa Diretor Superintendente Julio Cezar Agostini Diretor de Operações Vitor Roberto Tioqueta Diretor de Gestão e Produção
Expediente Coordenação Renata Todescato Gerente de Atendimento Individual e Marketing Edição/Jornalista Responsável Leandro Donatti Registro Profissional– 2874/11/57-PR Ammanda Macedo Especialista em Marketing Adriana Schiavon Gonçalves Especialista em Marketing Reportagens: Adriana Bonn, Adriana De Cunto, Adriano Oltramari, Andréa Bordinhão, Cleide de Paula, Giselle Ritzmann Loures, Graziela Castilho, Juliana Dotto, Katia Michelle Bezerra, Leandro Donatti, Maigue Gueths e Mirian Gasparin.
Ano novo, ‘cara’ nova
Índice
A Revista Soluções, em sua 12ª edição, está de ‘cara’ nova. E você vai conhecer em primeira mão a nova proposta de identidade visual. Mais clean, moderna e organizada, como exigem os novos tempos, esta edição é uma mostra do que queremos para 2012. O saldo do ano que passou é positivo. As micro e pequenas empresas resistiram às turbulências da crise global. Os pequenos negócios foram campeões na geração de empregos com carteira assinada e renda nos municípios. Queremos um 2012, cheio de ótimas notícias para o empreendedorismo. Um ano de superação, com foco em gestão e planejamento. E a Revista Soluções, que caminha para o seu quarto ano, será, sem dúvida, o canal de disseminação das boas novas. O ano que começa promete e o momento é de renovarmos o compromisso, entre você, nosso leitor, e o Sebrae/PR. Construamos em 2012 a Revista Soluções que queremos! Participe com ideias, sugira pautas, formule críticas por meio de nossos canais.
Pag. 10 - Capa ‘Anjos’ do empreendedorismo Investidores passam a contribuir, com pequenas quantias e de maneira colaborativa, para viabilizar ideias, negócios ou projetos específicos.
Persistência x teimosia
Excelente ano novo! E fale conosco, no revistasolucoes@pr.sebrae.com.br. Você é ‘peça-chave’ nessa construção!
Globalização para todos
Prefeitos visionários
PÁG.
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PÁG.
Fernando Dolabela defende ensino do empreendedorismo a crianças e jovens.
Muitos clientes, poucos lucros A arte de atender bem
PÁG.
PÁG.
Além das fronteiras
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SGC democratizam crédito
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Semana da Pequena Empresa
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Tendência
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De empreendedor individual a empresário de microempresa
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Comércio no interior vive transformação
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Serviço
Renata Todescato, gerente de Atendimento Individual e Marketing do Sebrae/PR
Não ao desperdício!
PÁG.
70 Capacitação
Artigos PÁG.
Periodicidade Trimestral
Eloi Zanetti - pag. 33 ter ideias até que não é difícil...
Fifa divulga regras em 2012
PÁG.
Empreendedorismo verde-amarelo
Personalidade PÁG.
um comparativo entre pequenas e grandes empresas.
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Allan Costa - pag. 93
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Feliz o empresário que entender as mulheres!
Mercado
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Pag. 6
Críticas e comentários, mande um e-mail para revistasolucoes@pr.sebrae.com.br
ISSN 1984-7343
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Feiras e eventos
“O sonho materializado”
Design Gráfico e Diagramação Ingrupo//chp Propaganda
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PÁG.
Entrevista
sebrae@pr.sebrae.com.br http://asn.sebraepr.com.br
Impressão Artes Gráficas Renascer Ltda. (Mult-graphic)
Empreendedorismo com sotaque
E façamos juntos a diferença, com a elaboração de conteúdos jornalísticos, capazes de auxiliá-lo na arte de empreender.
Fotos: Alex Garcia, Claiton Biaggi, Cléo Lattmann, Cristiane Shinde, Flavio Bertan, Luiz Costa, Rodolfo Buhrer, Valdecir Schimidt e Wilson Vieira.
Anuncie na Revista Soluções: publicidade.revistasolucoes@ pr.sebrae.com.br
Comportamento
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DNA Empreendedor
Giro pelo Paraná PÁG.
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Revista Soluções -
alidade.” A afirmação é de Fernando Dolabela, criador dos dois maiores programas
avalia a qualidade do empreendedorismo
de ensino sobre empreendedorismo no Brasil, o Pedagogia Empreendedora, para
outros países?
educação básica, e o Oficina do Empreendedor, para o público universitário. Educador, consultor e professor da Fundação Dom Cabral, ex-professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista da área, Fernando Dolabela é autor de inúmeros livros e de softwares, com publicações nos maiores congressos nacionais e internacionais. Convidado do Sebrae/PR, para participar da formulação de projeto voltado à educação empreendedora, o entrevistado desta edição da Revista Soluções, fala sobre conceitos e experiências bem-sucedidas. “O empreendedor concebe o futuro, mas não é só isso, ele transforma o futuro em realidade.” Muita gente acha, diz ele, que o empreendedor é alguém que tem ideias, é alguém que tem grande imaginação. “Tudo bem, ele tem, mas essa não é a parte mais importante! A parte mais importante é de transformação de uma ideia, de um sonho, em realidade!”, reforça. Para Fernando Dolabela, o empreendedor é alguém extremamente prático! “Nele cabe qualquer perfil, o empregado, o empregador, o funcionário público, o religioso. Empreender é a capacidade de transformar, em outras palavras, conhecimento e energia, em riqueza material ou imaterial.
Fernando Dolabela, educador
O sonho
Confira alguns trechos da conversa com Fernando Dolabela.
Revista Soluções - O que é empreender na sua concepção? É uma atividade relacionada apenas aos negócios?
materializado
Criador dos programas Pedagogia Empreendedora e Oficina do Empreendedor defende o ensino do empreendedorismo para crianças e jovens Por Leandro Donatti
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Fernando Dolabela - Empreender é um conceito que nasceu na empresa e já transbordou para todas as áreas. Empreender significa, em síntese, a capacidade de transformar, inovando, e de oferecer o novo de forma a agregar valor positivo. O ato de empreender ocorre em qualquer área, qualquer atividade humana, qualquer área da ação humana. O empreendedor pode estar numa empresa, como empregado, pode ser um funcionário público, pode ser um professor. Enfim, é muito mais uma forma de ser do que se fazer. O empreendedorismo significa ação e, mais, diz respeito à relação que uma pessoa estabelece com outra e com a natureza.
Como o senhor
praticado no Brasil, se comparado com
Fernando Dolabela - Vamos avaliar o assunto sob dois aspectos. Um é a qualidade em si do empreendedorismo praticado no Brasil, que é muito boa. Nós somos capazes de realizar grandes empreendimentos, temos grandes empreendedores. O que chama a atenção é a quantidade, que é pouca. Por quê? Em virtude de todo um contexto. O nosso contexto é bastante frágil. Quando eu falo contexto, falo de cultura empreendedora, ou seja, pessoas com a vontade de empreender e, também, o contexto regulatório, ou seja, como a economia e as leis recebem os empreendedores brasileiros. O nosso contexto, o nosso ambiente é muito negativo para o empreendedorismo. Então, nós temos, nós sofremos restrições que impactam tanto na qualidade quanto na quantidade, o que não quer dizer que os empreendedores brasileiros não sejam grandes empreendedores.
Revista Soluções - Quais são os desafios dos empreendedores?
Fernando Dolabela - Os grandes empecilhos são o ambiente - o ambiente representa um obstáculo de 90% - e, também, o apoio que os cercam. Quero dizer que os empreendedores precisam de informação democratizada, eles precisam de instrumentos disponíveis com facilidade e, também, de marcos regulatórios, como oferta de crédito, sistema tributário adequado, legislação trabalhista, respeito a contratos, abertura e fechamento de empresas, enfim de elementos, que são fundamentais à ação empreendedora.
Entrevista
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Educação cidadã
“Empreender é transformar sonhos em re-
Empreendedor é o cara que transforma, é o cara que inova, é o cara que oferece novos valores positivos para a coletividade
Revista Soluções -
De cada quatro pequenos negócios que abrem no Brasil, um fecha nos dois primeiros anos. O índice de mortalidade já foi de 50%. Essa redução significa que os empreendedores estão mais preparados?
Fernando Dolabela - Sim. Temos feito muitos progressos. O Sebrae é líder nessa transformação. O que sinto é que estamos ainda dando passos pequenos. Estamos muito longe de atingir uma situação favorável, adequada. Mas essa mudança é uma tarefa de todos, que não é só do Sebrae. É uma tarefa para a sociedade bra-
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da autonomia, da autossuficiência e da dignidade, não precisa saber muito. Experiências no mundo todo mostram que analfabetos conseguem o próprio sustento. Então, são duas coisas que podem andar paralelas e não dependem de uma acumulação, quer dizer, não é preciso ter um ensino de primeiro mundo, para depois começar o empreendedorismo.
Revista Soluções - O senhor já disse que o empreendedorismo não pode ser um instrumento de concentração de ren-
É possível ser empreendedor mesmo em condições pre-
Revista Soluções -
cárias de ensino. Ou seja, você não precisa ter um ótimo ensino para estimular o em-
tar o conhecimento produzido na acade-
bate à miséria. No Brasil, tem que ser assim. Na Suíça, não precisa, porque lá não tem miséria da forma que a conhecemos.
sileira. Caminhamos sim. As coisas têm mudado, mas de forma muito lenta.
Revista Soluções - O ensino no Brasil enfrenta uma série de desafios, muitos deles extremamente básicos. Com esse contexto, é possível a escola brasileira pode ser um canal de disseminação do empreendedorismo?
Fernando Dolabela -
preendedorismo. É lógico que uma educação fraca impacta em todos os âmbitos da
Fernando Dolabela - O empreendedorismo deve ser um instrumento de com-
mia no mundo corporativo?
Fernando Dolabela - Isso também é
xa percepção política, baixa participação. Mas isso não quer dizer que a gente tenha
distantes da geração de riqueza. Historicamente, nós inovávamos muito pouco ou quase nada. Nós tínhamos uma política de reserva de mercado que protegia nosso produto da concorrência internacional e, evidentemente, inibia a inovação. Quer dizer, nós sabemos inovar, mas temos pouca prática. A nossa cultura é muito restrita nesse sentido, nós temos hoje bons centros de geração de conhecimento, de pesquisa, mas não sabemos transformar esse conhecimento em riquezas, em tecnologia e produtos para a sociedade. Isso é uma questão cultural também, não é questão de ter inteligência, nem maturidade acadêmica, é questão de cultura. Não basta saber para inovar, é preciso ter cultura de inovação.
tes. Uma pergunta se faz importante nesse processo: como tirar da dependência 40 milhões de pessoas, que vivem do Bolsa Família, a não ser por meio do empreendedorismo? O que significa empreendedorismo? Significa estimular as pessoas para que desenvolvam habilidades e talentos que já têm e os ofereçam a outras pessoas, que desejam pagar por isso. Isso é empreendedorismo e não há necessidade de muita coisa, para isso. Quero dizer que, para dar o primeiro passo na construção
endedorismo então?
dades estiveram, durante algum tempo,
disciplina nos cursos de graduação e transformar professores de qualquer área - Física, Química, Computação, e não só os de Administração - em professores de Empreendedorismo. Já implantei essa metodologia através de 5 mil professores, que participaram de seminários comigo, em 400 instituições de ensino superior. Tem ainda
mo como um instrumento de Justiça Social, porque é um instrumento de geração de renda, em que a renda já pode nascer distribuída. Em países como o nosso, de uma forte concentração de renda e poder, é muito difícil distribuir a renda depois de gerada, ela tende a se concentrar por um processo circular: se eu tenho renda, tenho conhecimento, e não volta. Então, quando você expande por meio do empreendedo-
ca, de quatro a 17 anos. E por que isso? Porque o empreendedorismo é um tema cultural e, ao trabalhar com universitários,
preendedora, que é para a educação bási-
Fernando Dolabela - Empreendedor é um indivíduo de primeira categoria! É o protagonista do nosso tempo, seja ele empreendedor na empresa, no ensino ou na poesia. É o cara que transforma, é o cara
percebi que, infelizmente, os universitários não mudam (com tanta flexibilidade como as crianças). E o empreendedorismo no Brasil tem que visar à mudança cultural. Os universitários já estão prontinhos, o que eles querem é estabilidade. Muitos buscam um lugarzinho no serviço público, aposentadoria aos 22 anos. Não que o serviço público não mereça os grandes cérebros, pelo contrário, mas eles não querem servir, querem estabilidade, com salário alto, até a morte. E isso é um mal caminho para o País. Então, acho que os esforços têm que ser feitos na área de educação infantil, porque na hora que esses meninos chegarem à universidade, eles já estarão com outro modelo mental, com outra percepção do mundo. E não essa história de ser empregado, ainda mais no serviço pú-
que inova, é o cara que oferece novos valores positivos para a coletividade. Aqui tem duas palavras que pesam: positivo, porque
blico. O serviço público, à exceção das empresas estatais, gera custo. Então quando você abre vaga para o serviço público, você
o valor pode ser negativo, e para a coletividade, porque o valor pode ser individual,
está aumentando o custo do País. Repito: é importantíssimo você se ter cérebros ex-
voltado só para ele mesmo. O professor tem a missão de dizer para os alunos que a única forma que o País tem de se desenvol-
celentes no serviço público, mas não pode ter um Estado inchado e não podemos ter
Revista Soluções - Que dica o senhor daria para um professor que tem como missão estimular o empreendedorismo para um estudante, para uma criança?
Se você quiser ser um cidadão responsável e não um mero apertador de parafusos, seja um empreendedor! É isso que os professores devem dizer.
Revista Soluções - O senhor pode falar um pouco da Oficina do Empreendedor e da Pedagogia Empreendedora, como
metodologias para os empresários?
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ção universitária, foi ali que comecei, e o objetivo dela, sua estratégia, é inserir uma
a minha preferida, ou meu doce do coco, como se diz lá em Minas (Gerais), que é a metodologia chamada de Pedagogia Em-
ver é através do empreendedorismo. É a única forma de fazer o PIB (Produto Interno Bruto) crescer e a renda ser distribuída!
Fernando Dolabela
A Oficina do Empreendedor, ela é voltada para a educa-
Porém, o empreendedorismo lá é tão fundamental quanto aqui. Estamos num estágio de utilizar essa ferramenta poderosa para eliminar a miséria, o empreendedoris-
rismo, na base da pirâmide, você constrói uma solidez, em termos de Justiça Social, desenvolvimento social e distribuição.
Foto: Luiz Costa/La Imagen
O professor tem a missão de dizer para os alunos que a única forma que o País tem de se desenvolver é através do empreendedorismo
enriquecimento. O que dever ser o empre-
distância empresa-universidade e aprovei-
um processo cultural. As nossas universi-
entrar no empreendedorismo. As etapas, elas podem ser concorrentes, concomitan-
uma estratégia pessoal pura e simples de
Como diminuir a
vida social, da vida humana. Os alunos terão baixo desenvolvimento científico, bai-
que primeiro resolver o problema da educação brasileira, que é fraca, para depois
da; de aumento de diferenças sociais ou
Fernando Dolabela -
É possível ser empreendedor mesmo em condições precárias de ensino
esse valor incutido nos meninos. Ser funcionário público é sonho de um País do século XVII (risos).
Revista Soluções - É
por isso que a
Pedagogia Empreendedora mexe com a criança?
Fernando Dolabela - Pedagogia Empreendedora é pensar em educação, como uma proposta de mudança cultural. Essa é a nossa meta! (Colaborou nesta entrevista a jornalista Giselle Ritzmann Loures)
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Capa
Crowdfunding transformador
‘Anjos’ do empreendedorismo Investidores contribuem, com pequenas quantias e de maneira colaborativa, para viabilizar ideias, negócios ou projetos específicos Por Maigue Gueths
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Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
Normalmente, com ações na internet e
meta de arrecadação for atingida, o dono
com o objetivo de arrecadar uma quantia mínima de dinheiro necessário para execu-
do negócio dá a recompensa, não financeira, a seus colaboradores. Por exemplo, se o projeto anunciado for uma peça de teatro, os investidores podem receber ingressos. Se for um filme, podem ganhar uma cópia em primeira mão.
tá-lo, que dificilmente poderia ser desenvolvido se dependesse dos métodos tradicionais e processos burocráticos financiamento público ou privado.
de
O processo é bastante simples e, em geral, segue o modelo do site americano Kickstarter, lançado em 2009, e que virou referência em plataforma para projetos artísticos no mundo todo. O autor do negócio ou projeto apresenta sua proposta em uma
A ‘vaquinha virtual’ abrange qualquer tipo de projeto e, sem dúvida, representará uma nova fronteira de potencialização do empreendedorismo
plataforma online. Ali, ele publica um vídeo que explica seu projeto, define o valor que pretende captar e promete recompensas para quem colaborar. Os brindes variam de acordo com a doação. A partir daí, é só iniciar a divulgação do
Lucinéia Cordeiro, empreendedora
Em dezembro de 2009, a então bancária Ana Paula Pinheiro decidiu que estava mais do que na hora de ir atrás de um sonho antigo: ter um negócio próprio. Pediu as contas no banco e, coincidência ou não, viu na televisão uma reportagem sobre um grupo de geração de renda apoiado pela Aliança Empreendedora, organização social que atua com o fomento e apoio ao empreendedorismo comunitário e de baixa renda.
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Ana Paula procurou a entidade, começou a fazer pães de mel junto com o grupo, mas, com a cabeça focada na ideia de ser dona do seu nariz, passou a frequentar cursos de capacitação de empreendedorismo oferecidos pela Aliança Empreendedora. Entre aulas de marketing, técnicas de venda e relações com fornecedores, ela fez uma pesquisa junto ao público, para descobrir qual a receita de pão de mel preferida pelas pessoas. “Nada de bolacha seca, todo mundo queria uma bolacha macia, com recheio e cobertura”, conta ela, que logo achou um nome “gostoso” para batizar o novo empreendimento: Chamelle Pão de Mel. Com a receita na mão e alguns conhecimentos de gestão na cabeça, ainda faltava o essencial para começar o negócio: dinheiro. Foi aí que ela recorreu a um outro instrumento disponibilizado pela Aliança Empreendedora: o financiamento colaborativo pela internet.
Ana Paula Pinheiro, empreendedora
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No Portal Impulso, criado para captar crédito para empresários de pequeno porte como Ana Paula, foi postado um vídeo con-
tando a sua história. O objetivo era conseguir R$ 1,5 mil para a compra de uma batedeira, formas e outros equipamentos para a produção, microcrédito que foi fechado por meio de 54 pessoas, chamadas de Anjos Investidores, que viram sua história no portal e investiram no empreendimento. “Foi um retorno muito bacana e rápido”, avalia. Hoje, ela atende encomendas para festas e hotéis. Sua capacidade máxima de produção é de 2.500 pães de mel por mês. Número que alcança com muito trabalho. “Sou só eu para produzir, entregar, vender”, diz ela, que pretende, assim que terminar de quitar o valor obtido, buscar outro crédito por meio do Impulso. “Meu ideal é formalizar minha empresa, comprar uma cozinha industrial e montar uma equipe de trabalho”, afirma.
Multidões que financiam O que Ana Paula fez foi participar de um a forma de financiamento que ganha cada vez mais espaço em todo mundo, o crowdfunding. Traduzido para o português, seria algo como “financiamento pela multidão”. A ideia é fazer com que várias pessoas contribuam, com pequenas quantias, de maneira colaborativa, para viabilizar uma ideia, um negócio ou um projeto específico. Outra definição. Segundo o Wikipedia, crowdfunding é a obtenção de capital para iniciativas de interesse coletivo, por meio da agregação de múltiplas fontes de financiamento, em geral pessoas físicas interessadas no sucesso de um projeto ou ideia.
projeto nas redes sociais, nas rodas de amigos e contatos em geral. Os internautas interessados em apoiar o projeto fazem a sua contribuição, em qualquer valor, a partir de uma quantia mínima. Quando a
Se o projeto captar os recursos desejados, os donos da plataforma ganham uma comissão, que pode oscilar desde 3% até 10% do valor arrecadado. Mas se a meta não for alcançada, os investidores recebem seu dinheiro de volta, e tanto os donos da plataforma como o dono da ideia saem sem nada. Para ter uma ideia da força desse novo sistema, até maio deste ano, mais de 400 mil pessoas tinham investido mais de US$ 35 milhões em 14 mil projetos oferecidos pelo site americano Kickstarter.
País vive um boom de crowdfunding, tanto em número de apoiadores quanto de plataformas”. Até a metade deste ano, já existiam 25 plataformas, o que posicionava o Brasil entre os cinco mais do cenário de microfinanciamento. À frente, estão Estados Unidos, França, Holanda e Alemanha. A expectativa, segundo ele, é que o Brasil chegue ao segundo lugar até o início de 2012. Em maio, o jornal O Globo publicou matéria sobre o assunto, onde afirmava que os 12 sites existentes até então tinham atraído R$ 600 mil em investimentos, vindos de 3.500 internautas. Levantamento feito pelo jornal nas nove principais plataformas do País revelava, ainda, que 67% dos investimentos foram para projetos artísticos, como a produção de filmes e livros. Os projetos de empreendedoris-
Crowdfunding no Brasil
mo, seja para a criação de empresas ou
No Brasil, o modelo também vai de vento em popa. Segundo Rafael Zatti, fundador do blog Crowdoque e do site Ideias.me, “o
de produtos inovadores, ficaram com a fatia de 28,83% e projetos de cunho social, com 3,4% dos recursos.
Alguns sites brasileiros de crowdfunding Projetos criativos com.br BePart - www.bepart. .me Catarse - www.catarse re.me Movere - www.move
Projetos em geral
mfeitoria.com.br Bemfeitoria - www.be mecaaki.com.br Começa Aki - www.co eupatrocino.com.br Eu Patrocino - www. ha.com.br Vakinha - www.vakin w.queronacasa.com Quero na Capa - ww
bientes Projetos sociais e am lso.org.br Impulso - www.impu da) de baixa ren (para empreendedores
LET’S - www.lets.bt mosagir.com Vamos Agir! - www.va
e Projetos de softwar
makeitopen.com.br Make IT Open - www.
Existem outras plataformas de crowdfunding, mas ainda não estão em operação. A lista completa está em http://migre.me/6e0UT Fonte: André Gabriel. Fundador do LET’S e Vamos Agir!
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para todos os gostos. O primeiro do País foi o gaúcho Vakinha, uma versão digital da tradicional vaquinha realizada entre
la a primeira plataforma de crowdfunding no mundo destinada ao público adulto.
Motivação empreendedora
O Começa Aki, segundo Bruno, é o único
Para o consultor do Sebrae/PR e econo-
no Brasil que permite à empresa patrocinar e interagir com o projeto, colocando a sua logomarca. “É um caminho interessante para as empresas que quiserem investir”, diz. A plataforma abriga, hoje, dois projetos de empreendimento. Um deles é do chef de cozinha Guilherme Guzela, que, até o fechamento desta edição, precisava de R$ 4,5 mil para fazer uma linha de camisetas personalizadas para profissionais da cozinha (cozinheiros, chefs, confeiteiros, padeiros, dentre outros). A ideia de Guilherme era dar início, assim, a uma coleção inteira de uma linha de produtos de vestuário para a cozinha, como aventais, dólmãs (vestimenta de origem turca) e uniformes personalizados. O valor mínimo de investimento é de R$ 10. Como recompensa, quem investisse receberia desde DVDs com receitas, camisetas e avental exclusivos até um jantar para dois, em casa, feito pelo próprio chef.
conhecidos têm como foco os projetos ar-
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
tísticos, como é o caso do Queremos, o Embolacha, o Incentivador e o Fairplace, só para citar alguns. Há os sites para projetos sociais e ambientais, como o Impulso, o Let´s e o Vamos Agir, e até o recém lançado Quero na capa, que se autointitu-
mista Ricardo Dellaméa, colocadas de lado as particularidades do sistema de financiamento brasileiro onde “o capital é o único fator produtivo que não corre riscos no processo empreendedor”, pode-se vislumbrar o surgimento de novas formas e novas fontes colaborativas de financiamento para os projetos. “Ao postar projetos em plataformas específicas para essa finalidade, os projetos convidam investidores a fazerem seus aportes podendo haver retornos financeiros e/ou não financeiros.” Uma banda que viabiliza a produção de seu show captando aportes pode “pagar” o fi-
Até a metade deste ano, já existiam pelo menos 25 plataformas, o que posicionava o Brasil entre os cinco mais do cenário de microfinanciamento
nanciador oferecendo um ingresso ou até um “kit patrocinador” que poderia ser, por exemplo, tocar ao vivo no seu aniversário na festa em sua casa, de acordo com o aporte realizado, sinaliza Dellaméa. “Mais uma vez, vemos presente a possibilidade de acessar o mercado quase sem barreiras, sem passar por muitos filtros.” A adesão ao projeto é voluntária e, por isso, há uma motivação empreendedora diferente, quase que ideológica, no entendimento do consultor do Sebrae, que extrapola os aspectos financeiros e/ou econômicos incentivando de uma forma diferente o empreendedor. “Algo como se ...o sonho (projeto) do empreendedor fosse (de fato) um sonho compartilhado.” “O crowdfunding tangibiliza essa aposta. Inicialmente disseminado como formato de financiamento para projetos com perfil de cunho mais cultural, a ‘vaquinha virtual’ pode abranger qualquer tipo de projeto e, sem dúvida, representará uma nova fronteira de potencialização de projetos empreendedores no Brasil.”
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Aliança Empreendedora, para ajudar os empreendedores que são apoiados pelos pro-
Entre os sites com projetos diversos, está o Começa Aki, criado por três jovens paranaenses. “Nós estávamos procurando uma plataforma de negócios que tivesse a ver com a internet e ajudasse a sociedade. Foi aí que encontramos o crowdfunding”, diz Bruno Barros, entusiasta e um dos donos da plataforma. Em três meses de funcionamento, o site recebeu e analisou 20 propostas de vários estados. Dessas, 12 foram aceitas e publicadas, sendo que três já foram financiadas. Ao todo, foram levantados R$ 40 mil em crédito.
amigos para arrecadar dinheiro. Os mais
Ricardo Dellaméa, consultor do Sebrae/PR
Experiência paranaense
Mas muitas pessoas se perguntam por que as pessoas investem nesses projetos, já que elas não terão nenhum retorno financeiro com isso. Os responsáveis pelo blog Crowdoque foram atrás dessa resposta. Em conversas com 300 apoiadores, descobriram que 89% apoiaram porque se identificaram com o projeto, 33% conheciam o dono da ideia, 19% porque gostaram da recompensa que receberiam e 9% revelaram, ainda, que investiram porque faltava pouco dinheiro e o tempo estava acabando para que o dono do projeto conseguisse seu investimento.
jetos da entidade para que tenham acesso ao crédito”, diz a fundadora da Impulso Mi-
crocrédito e co-fundadora da Aliança Empreendedora, Lina Maria Useche. Ela explica que a plataforma foi inspirada em um modelo estrangeiro, o portal Kiva. org, maior site do mundo de microcrédito para empreendedores. O site é fortíssimo na África, Ásia e América Latina, mas não conseguiu entrar no Brasil em função da legislação brasileira. Primeiro, porque lá fora, o Kiva devolve o dinheiro aos investidores, o que não é permitido a uma organização sem fins lucrativos em nosso País. O Brasil também não permite que o capital doado saia do país. Para se adequar à lei brasileira, o Impulso teve que transformar os empréstimos dos internautas em doações. Mas, com isso, o site criou um diferencial em relação aos demais. Em vez dos investidores receberem recompensas, eles recebem de volta um crédito no mesmo valor investido, para que seja novamente aplicado em outros projetos que estão no portal. Lançado no final de 2010, o Impulso captou em menos de um ano em torno de R$ 13 mil, que financiaram oito empreendimentos.
Dois projetos que deram certo A Ylumine Velas Artesanais, de Lucinéia Cavalheiro Cordeiro, 32 anos, funciona em Curitiba. Assim como Ana Paula, da Chamelle Pão de Mel, Lucinéia também teve início na profissão por meio de um grupo de geração de renda. “O grupo fazia vários
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
Há sites para financiamentos coletivos
praças e até chegou a abrir uma loja, mas foi fechada depois de um tempo, porque era economicamente viável”, diz. Casada e com um filho de quatro anos, ela viu que, se quisesse que um negócio próprio desse certo teria que se qualificar como empreendedora. Foi aí que procurou a Aliança Empreendedora e, num segundo passo, foi em busca de crédito através do Portal Impulso. O objetivo era conseguir um empréstimo de R$ 700 para comprar formas, matérias-primas e outras ferramentas para poder aumentar a sua produção. “Foi muito bom, porque deu uma alavancada nos meus negócios. Antes eu tinha que trabalhar direto, de dia e de madrugada, porque não tinha forma para fazer muitas velas ao mesmo tempo”, conta ela, que hoje comercializa suas velas pela internet e na feira de artesanato do Largo da Ordem, em Curitiba. Outra história interessante é de Edson de Maia Speinheisir, de Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba. Apesar de ter apenas 23 anos, e ter aberto a ED Modas e Lan House há apenas três anos, Ed, como é conhecido, já dobrou o número de computadores disponíveis para os clientes e, melhor ainda, conseguiu acabar com o aluguel com a compra de um imóvel para instalar a sua loja. “Eu trabalhava com carteira assinada, mas sempre pensei em ter um negócio meu. Eu via que aqui no meu bairro não tinha uma porção de serviços, como um xerox, um lugar para pagar as contas, nem um lugar para tomar sorvete. Para tudo, a gente ti-
nha que sair do bairro”, conta. A loja original vendia roupas, brinquedos e artigos de papelaria. Um mês depois, já agregou uma lan house, a princípio com quatro computadores com acesso à internet – hoje são oito – e passou a oferecer outros serviços, como xerox, venda de doces e sorvetes, até pagamento de contas online. Para aumentar o empreendimento, ele contou com dois empréstimos viabilizados por meio da Aliança Empreendedora. Pelo Portal Impulso, obteve um investimento de R$ 1.200, usados para a compra de mercadoria. “Foi uma combinação de acontecimentos que deu certo. Hoje, tenho oito computadores na minha lan house, também vendo equipamentos de informática. Eu passei um ano pagando aluguel, e hoje estou num espaço que é meu. E as pessoas da região não precisam mais sair do bairro para fazer coisas simples.”
Saiba mais Blog editado por Rafael Zatti http://crowdoque.typepad.com/
Blog editado por Diego Reeberg do Catarse http://crowdfundingbr.com.br/
Portal Impulso www.impulso.org.br
Comunidade no Orkut “Selo eu Sou um Anjo Investidor”: http://www.orkut.com.br/ Main#Community?cmm=115147122
Site da Aliança Empreendedora: www.aliancaempreendedora.org.br
Site da Kiva: www.kiva.org
Papel social A plataforma Impulso, também paranaense, tem um diferencial importante com relação às demais: é a única no País voltada para o microcrédito de empreendedores de baixa renda. “A Impulso nasceu dentro da
tipos de artesanatos. Vendia em feiras, em
Bruno Barros, empresário
Matéria de O Globo http://oglobo.globo.com/tecnologia/ mat/2011/05/08/modelo-de-financiamento-pela-web-crowdfunding-avancano-brasil-mas-ha-barreiras-924412343. asp#ixzz1LrxvwjY8
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Nicho diferenciado
Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), neste ano, não tem nada de profecia. A afirmação tem o respaldo em estudos e pesquisas que constataram que o avanço feminino vai marcar os setores, econômico, político, cultural e social, nas próximas décadas.
tado do estudo não foi surpresa, pois, há décadas, é nítida a evolução econômica da mulher e a ampliação do seu poder de decisão dentro das famílias. “A surpresa foi o tamanho do mercado”, comenta a coordenadora, referindo-se ao montante de R$ 1,3 trilhão. Isabela Portella deixa claro, no entanto, que “a mulher não é a dona desse poder aquisitivo, mas sim cabe a ela a tomada
O sexo feminino está mais forte do que nunca. As brasileiras são responsáveis pela decisão de compra de 66% de tudo o que é consumido pelas famílias no País. O
de decisão pela compra”. Ou seja, as mu-
poder de decisão da mulher equivale a R$ 1,3 trilhão em gastos por ano. Os dados foram levantados pela empresa de pes-
A pesquisa identificou quatro grupos de mercado que, juntos, somam 79% do consumo total das famílias. O restante, 21%, são gastos obrigatórios, que não implicam em decisão de compra, como luz, água, gás e impostos. No primeiro
quisas Sophia Mind, do grupo de comunicação Bolsa de Mulher, focada em compreender as mulheres. A pesquisa da Sophia Mind, realizada no ano passado com 1.917 mulheres das cinco regiões do País, mostra que o Brasil é hoje o 10º maior mercado de consumo feminino no mundo. Diante disso, felizes os empresários que descobrirem o que deseja e como pensa o sexo feminino. A coordenadora de Pesquisas da Sophia Mind, Isabela Portella, explica que o resul-
lheres gastam o dinheiro que ganham e controlam, em muitos casos, os recursos dos homens.
grupo estão os segmentos em que predominam as escolhas femininas, incluindo os produtos específicos para as mulheres (vestuário, beleza e cuidados
que entender as mulheres! Sexo feminino é responsável por 66% de tudo o que é consumido pelas famílias brasileiras, o equivalente a R$ 1,3 trilhão de gastos por ano Por Adriana De Cunto
Os mercados dos planos de saúde, fitness e serviços financeiros são apontados por elas como os que menos entendem as necessidades femininas
pessoais), produtos para a casa (alimentação, limpeza e decoração) e bens e serviços ligados à educação dos filhos. No segundo grupo estão os mercados em que a participação feminina é maior que a
É com elas
Feliz o empresário
Comportamento
“Este será o século das mulheres.” A declaração, feita pela presidente Dilma Roussef, na abertura da 66ª Assembleia
Quanto aos gastos familiares, as mulheres decidem por:
93%
82%
73%
66%
das despesas com salões de beleza
dos produtos da alimentação familiar
dos gastos com educação dos filhos
das despesas em restaurantes
63%
58%
das decisões referentes a planos de saúde e telefonia celular
dos gastos com tevês, sons e DVDs
51%
das compras do vestuário masculino e bebidas
46%
dos serviços de conserto de eletrônicos e eletrodomésticos
Fonte: Sophia Mind
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serviços para a família (telefonia e internet) e gastos de maior valor, como reforma da casa ou compra de eletrodomésticos. No terceiro grupo, a decisão de compra é equilibrada entre homens e mulheres. Nele, estão incluídos os serviços bancários e produtos eletrônicos. O quarto grupo reúne os mercados com menor participação feminina nas decisões de compra, como serviços ligados ao setor automobilístico, cuidado pessoal masculino e manutenção de aparelhos domésticos. Se antigamente a mulher casada trabalhava para comprar roupas e maquiagem, hoje o perfil mudou. Isabela Portella explica que os principais gastos da mulher
Vestuário, beleza, cuidados pessoais, alimentação, limpeza, decoração, bens e serviços ligados à educação dos filhos são itens que dominam a escolha feminina
casada são, em primeiro lugar, as despesas fixas (mercado, luz, água, plano de saúde, transporte). Em segundo lugar, internet e telefonia fixa e celular. Em terceiro lugar, objetos para a casa (decoração e eletrodomésticos). Em quarto lugar, cuidados pessoais (cabeleireiro,
meu
presas precisam conhecer melhor esse nicho, oferecendo produtos e serviços
2009 com 1.311mulheres entre 18
que atendem às expectativas femini-
e 60 anos, apontou que apenas 6%
nas.” “É importante lembrar que as mu-
não trocariam seus produtos
lheres estão sempre atentas às novidades que o mercado oferece, cada vez
habituais em nenhuma situação.
mais buscam por qualidade e conside-
O estudo mostrou que 79% das
ram também o preço como um dos critérios de decisão na hora da compra.” A consultora do Sebrae/PR aconselha os empresários a buscarem pesquisas,
entrevistadas usavam produtos de beleza regularmente e 83%
como apoio na tomada de decisão.
Um site só para elas O universo feminino é o foco de um novo negócio lançado em setembro por duas
Ainda quando o assunto é beleza, a empresa descobriu que as
empresárias de Chopinzinho, no sudoes-
mulheres são ávidas por mudan-
te do Paraná, Tatiana Schoneweg Mello e Néia Gasperin. As amigas colocaram no ar um site de compras, o Diva`s Secrets, dedicado às mulheres. A empresa foi criada a partir de uma necessidade percebida pelas próprias sócias, que moram em uma cidade com pouco mais de 20 mil habitantes, sem muitas opções de lojas com peças diferenciadas para comprar. “A meta é atingir mulheres como a gente, que moram no interior e não têm acesso a muitas coisas originais, de qualidade, com mais personalidade”, explica Tati Mello. O foco da Diva’s são as mulheres com idade entre 30 e 55. No mix de produtos do site, objetos do desejo feminino que dificilmente seriam encontrados em uma loja de um pequeno município: lingeries com cristais Swarovski, joias exclusivas do designer paranaense Rodrigo Alarcón, adereços para cabeça do ateliê curitibano A Bossa do Pano e em breve bijuterias da Indonésia, feitas à mão, bijuterias de borracha para serem usadas na piscina e praia, entre muitas outras novidades que as mulheres “adoram”.
O Brasil é hoje o 10º maior mercado de consumo feminino no mundo, portanto os empresários, independente do porte de sua empresa, precisam estar atentos
Nos primeiros dez dias do site no ar, os clientes começaram a aparecer. A primeira venda foi feita para a cidade de Maravilha, em Santa Catarina. “Estamos caminhando
ças. Noveta e cinco por cento das entrevistadas mudariam uma parte
Isabela Portella vê oportunidades de negócios para o empresário de micro e pe-
do corpo de fosse possível, principalmente barriga e seios. A principal insatisfação delas era estar acima do peso, seguido da aparência dos cabelos.
é dedicada à casa e à família”, enumera.
Entre os produtos de beleza mais
O ponto de partida para a compreensão pode estar justamente em analisar as reclamações levantadas pela mulher na pes-
usados estão aqueles para cabelos,
As principais reclamações dão conta de que os produtos e serviços não levam em
crescente e interessante de mercado e os empresários de micro e pequenas em-
Mind no Brasil, em dezembro de
sas com os bens de consumo familiar.
(29%) e serviços financeiros (28%) são apontados por elas como os que menos entendem as necessidades femininas.
mulheres fazem parte de um segmento
Pesquisa realizada pela Sophia
apresentados no mercado.
quisa. Pode ser que os empresários ainda não entenderam o poder do “consumo salto alto”, pois 89,25% das entrevistadas se disseram insatisfeitas com pelo menos um segmento e produto ou serviço. Os mercados dos planos de saúde (38%), fitness
gayer, concorda com a importância de se conhecer melhor o público feminino. “As
de beleza, as mulheres são infiéis.
estavam satisfeitas com os itens
gastos da solteira que mora sozinha não é muito diferente do perfil da mulher casada, exceto pela preocupação maior das espo-
A consultora do Sebrae/PR, Virginia All-
Quando se trata de produtos
O panorama muda completamente quando se analisa as despesas da solteira que mora
quena empresa em todos os quatro grupos especificados pela pesquisa da Sophia Mind. Entender as necessidades femininas pode ser o ponto de partida, afirma a coordenadora. “Ela quer atenção, quer estudar, trabalhar, busca qualificação profissional,
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Espelho, espelho
academia e produtos de beleza).
com os pais: o principal destino para o dinheiro dela são os itens de cuidados pessoais, comenta Isabela Portella. Já a lista de
consideração necessidades, como falta de tempo e uma comunicação mais eficiente e atenta. “Fazer um celular feminino não quer dizer que ele deve ser cor de rosa. É preciso pensar no comportamento da mulher e como esse comportamento deve influenciar o produto”, explica.
Foto: Cléo Lattmann
masculina: lazer e entretenimento, saúde,
cremes hidratantes e maquiagens, sendo que o gasto médio mensal nesse segmento era R$ 177. As entrevistadas revelaram que, em uma situação de crise financeira, frequentar o salão de beleza seria o segundo item a ser cortado do orçamento, enquanto a compra de produtos de beleza é uma das últimas opções.
Néia Gasperin e Tati Mello, empresárias
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bem”, comemora Tati Mello, que conseguiu boas parcerias com os fornecedores e continua na busca por novos produtos. Néia Gasperin é formada em Administração e Tati Mello, em Design Gráfico, com pós-graduação em Administração Estratégica e mestrado em Gestão de Design. A história dela é parecida com a de muitas
É importante lembrar que as mulheres estão sempre atentas às novidades que o mercado oferece
mulheres que deixaram o emprego para acompanhar o marido que mudou de cidade por questões profissionais, acabou dando um tempo para criar os dois filhos, com três e seis anos, e agora retoma ao trabalho cheia de ideias e disposição. Embora o site tenha entrado no ar em setembro, a produção dele foi iniciada em janeiro, com muita pesquisa e consultas no Sebrae/PR. O aumento do poder de compra das mulheres e o crescimento da participação delas no e-commerce deram mais confiança à Tati e à Néia. A designer lembrou que as mulheres brasileiras representam 50% dos consumidores da internet. Em 2001, esse índice era de 39% e, em 2005, 42%, segundo dados do e-bit.
Saiba mais Recomendação de leitura: Vida de Equilibrista, de Cecília Troiano, Editora Cultrix. Por que elas compram, de Bridget Brennan, Editora Campus-Elsevier. www.sophiamind.com
Curiosidades - De 2 mil mulheres entrevistadas pela Sophia Mind, 90% disseram ser cadastradas em alguma rede social, como Orkut, Facebook ou Twitter. E 53% acessam as redes ao menos uma vez por dia, durante duas horas. - Pela internet, as mulheres compram mais por menos. Apesar dos homens serem os maiores clientes, são elas que realizam mais compras e normalmente estão atrás dos melhores preços. - Sites de compras coletivas informam que as mulheres buscam mais promoções de estética e beleza, enquanto os homens se interessam por bares e eletrônicos. - Pesquisa realizada com com 3.274 mulheres com idades entre 18 e 60 anos, residentes no Brasil, na Argentina e no México, além de latinas residentes nos Estados Unidos, mostra que elas dão importância à opiniões de terceiros antes de fazer uma compra, tanto que gostam de opinar nas redes sociais. As brasileiras (66%) e as latino-americanas (56%) são as que mais recomendam ou não um produto ou serviço. Outra semelhança entre as mulheres desses países é que 50% delas podem desistir de uma compra se um produto ou serviço não for bem avaliado. - A falta de tempo é uma das principais preocupações das mulheres e dificulta o reconhecimento para os papéis que ela considera fundamentais - mãe, esposa e profissional. Tanto que de 340 mulheres das cinco regiões do País ouvidas por pesquisadores, 57% afirmaram que a vida pessoal e profissional não estão em equilíbrio. Quando perguntadas sobre que atividades não abririam mão em função da carreira, 71% citaram cuidar da saúde, 60% escolheram os momentos de lazer com a família e 57% disseram não abrir mão da maternidade.
Fonte: Sophia Mind
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tarde e hospedar-se em um hostel ou em uma construção ao estilo wood frame, durante a noite. Um roteiro que pode ser um passeio por muitas culturas, mas que também é possível encontrar em apenas uma cidade. Isso por conta dos negócios abertos por estrangeiros no Brasil. Por aqui, eles encontram um ambiente acolhedor, que pode trazer vantagens e desvantagens na hora de tocar um negócio próprio. Os resultados, no entanto, mostram que o significado de empreender não muda, independente da língua em que a
com sotaque Pequenos negócios, abertos por estrangeiros, revelam, cada vez mais, a cultura de outros países no Paraná Por Katia Michelle Bezerra
hoje a oferta de matéria-prima é muito maior. Hoje encontro tudo o que preciso para fazer minhas receitas aqui em Curitiba”, comemora. Algumas das receitas, claro, precisaram ser adaptadas ao gosto brasileiro. “O brownie original, por exemplo, é mais doce, mas percebi que aqui as pessoas gostam mais
Para a norte-americana Martha Garret Pe-
à cultura local sem perder a própria essên-
“No início, senti resistência a algumas receitas, principalmente pela questão do sanduíche no almoço, mas acreditava no conceito e segui em frente”, conta. Formada em Administração de Empresas e Ciências da Saúde nos Estados Unidos, além de acumular vasta experiência na área de gastronomia, ela conta que não foi apenas nos hábitos alimentares que sentiu a diferença cultural, mas também nos relacionamentos. Para ela, é preciso bastante paciência – principalmente no início – para entender essas diferenças. “Não é só a burocracia fiscal que conta, acho que isso é parecido em qualquer país, mas aqui existem muitas variáveis nos relacionamentos, desde a relação com cliente até com o fornecedor”, exemplifica. Questões que, na opinião de Martha, podem determinar desde a qualidade da matéria-prima que se compra até o preço em que se vai pagar nos ingredientes necessários. Nos últimos anos, porém, cidadãos mais cosmopolitas e um mercado mais aberto contribuíram para mudanças nessa rela-
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te diferença no mercado curitibano. “O mercado está mais profissionalizado e
palavra é falada.
do seu empreendimento, o Missouri Gourmet Deli, no Bairro Batel, em Curitiba. Casada com um brasileiro e com experiência em gastronomia, ela decidiu montar um restaurante com receitas práticas e rápidas, mas não abriu mão de produtos que traduzissem a sua própria cultura. Receitas tradicionais americanas, como chesscakes, pekan pies e brownies, além de sanduíches, o carro-chefe da casa, batizados com o nome das cidades dos Estados Unidos, foram incorporados ao cardápio.
Empreendedorismo
rado no estado americano em que nasceu – em 2005 e desde então já sentiu bastan-
amargo”, revela. A experiência frente ao restaurante mostrou para a empresária que é preciso ter flexibilidade e adaptar-se
coits, por exemplo, entender a cultura brasileira foi fundamental para o sucesso
Canaiti Bejarano, empresário
ção. Martha abriu o Missouri – nome inspi-
Comportamento
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Visão cosmopolita
Almoçar um sanduíche, comprar uma roupa nova, comer uma chipa-gazu no meio da
cia. “Se você é de outro país e tenta montar um negócio querendo impor sua cultura, pode se frustrar”, diz. Não é o caso dela. O café tem cada vez mais clientes cativos e já ganhou vários prêmios por suas receitas originais. Agora, para expandir, ela busca consultoria do Sebrae/PR, além de fazer um planejamento. “E isso é igual em qualquer país. Para crescer, é preciso se planejar e também manter sempre a qualidade dos produtos”, conclui.
Recomeço Maria Antonia Gomes Diogo é portuguesa e, há cerca de um ano em meio, mora no Brasil, em Umuarama, noroeste do Paraná. Em Portugal, ela já atuou no cargo de recepcionista, comerciante e, na Espanha, trabalhou na área da construção civil. A crise financeira de 2008, porém,
Entender o mercado e as possibilidades de inclusão e crescimento futuro são fundamentais para o sucesso do negócio
abalou a vida de Maria Diogo e do marido, Rodrigo Santini Oliveira, fazendo-os perder o emprego. No Brasil, Rodrigo Oliveira conseguiu emprego e Maria Diogo encontrou refúgio e ambiente favorável para empreender no ramo do vestuário, com vendas. “Percebo que aqui as pessoas são muito consumidoras e isso ajudou a minha decisão de iniciar um negócio. Roupa é um bem essencial e se eu trabalhar com peças de qualidade e com preços competitivos, penso que vou conseguir atingir minhas metas e o rendimento desejável”, afirma a portuguesa. Com o auxílio do Sebrae/PR, Maria Diogo se formalizou como empreendedora individual na primeira quinzena de setembro. Satisfeita com os benefícios da categoria, ela diz que a conquista do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) foi funda-
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mental para conseguir melhores fornecedores, inclusive no atacado. “É bem melhor
quatro anos na capital paranaense, ela de-
iniciar um negócio na formalidade, porque as oportunidades são maiores”, enfatiza.
nhece o empreendimento, hostel é sinôni-
No período de adaptação ao País, a portuguesa realizou alguns cursos e, um deles, foi na área de artesanato. Interessada no segmento, Maria Diogo pretende desenvolver a atividade de modo secundário.
Quem vem de outro país precisa entender ainda mais as questões culturais e o que pode ser diferente do país de origem do empreendedor
Por enquanto, está estruturando o empreendimento e pretende vender roupas, porta a porta, para aproximar os produtos dos consumidores. “Quero um negócio que me permita tempo para o meu filho e para os estudos”, completa.
Qualidade é fundamental O paraguaio Canaiti Bejarano, proprietário do Hacienda Café, compartilha a opinião de Martha e também acha que, independente o país em que se está, manter a qualidade do empreendimento faz toda a diferença. Nascido em Asunción, ele veio fazer faculdade no Brasil no final dos anos 1990, aos 18 anos. Depois que se formou em Administração, decidiu montar um negócio próprio e imprimir o “jeitinho paraguaio” ao café. “Como estudei aqui não tive nenhum choque cultural, mas percebi que as pessoas eram mais fechadas e eu tenho um jeito mais acolhedor. Queria montar um negócio em que as pessoas que eu recebesse se sentissem na minha casa”, conta. A recepção cordial acabou se tornando a marca do café, inaugurado há oito anos.
Foto: Cristiane Shinde/Studio Alfa
Comidinhas típicas, como a tradicional chipa-guazu, uma espécie de torta de milho comum no Paraguai, também se tornaram conhecidas, além de bebidas importadas e a preocupação com a qualidade do atendimento ao longo dos
por isso menos confortável”, indica Emília. Formada em Turismo, ela desembarcou em Curitiba para estudar. Na cidade, conheceu os amigos – que logo virariam sócios – Natália Gavoti e Lucas Heredia, também argentinos. “Curitiba tem um clima europeu e é uma cidade com muitas atrações turísticas, achávamos estranho não ter esse tipo de opção na cidade”, conta. Ela acredita que com eventos próximos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, uma opção de hospedagem mais barata e confortável será muito eficaz para turistas que querem ficar na cidade sem gastar muito, mas em abrir mão do conforto e da segurança. “Esse tipo de hospedagem é cada vez mais utilizado em todo o mundo e por gente de todas as idades. São pessoas que querem poupar na hospedagem, mas gastar mais nas viagens”, observa. O processo de abertura da empresa ainda estava em andamento, no fechamento desta edição, embora ela e os sócios já tivessem identificado o local mais apropriado para instalar o hostel. “Procuramos o Sebrae/PR para entender o mercado e tirarmos as nossas dúvidas quanto a questões legais.” Segundo ela, para um estrangeiro, é ainda mais importante estar por dentro da legislação e entender questões tributárias, por exemplo. “Qualquer desconhecimento pode causar um erro e trazer problemas futuros”, avalia.
Além de cuidar do seu próprio negócio, o empresário trabalha na Weinmann, fábri-
exemplo ferramentas para auxiliar o empreendedor a verificar se o negócio a ser
ca de máquinas para industrialização de
montado pode ser interessante para o Brasil”, diz Erlon Labatut. O consultor
casas pré-fabricadas, que possui unidades instaladas em 60 países, inclusive o Brasil. Em Curitiba, a Weinmann funciona no bair-
cita o Programa Próprio, para quem vai abrir a primeira empresa, como um exem-
ro Boqueirão. Para suprir a matéria-prima necessária para o sistema de construção
plo. “Não é específico para estrangeiros, mas é fundamental para quem quer abrir
seca (wood frame e steel frame), Tobias Ott fundou também a empresa InOS. O mon-
um negócio sem risco”, salienta.
tante investido pelo empresário nos negócios gira em torno de R$ 4 milhões.
Em todas as unidades do Sebrae/PR, espalhadas pelo Estado, também são realizadas orientações sobre a legalização do ne-
Um dos desafios da EcosHaus é criar uma cultura de consumo do produto no Brasil.
gócio, e, em alguns escritórios, são ministradas as palestras “Legalizando sua
Por se tratar de uma tecnologia inovadora e diferente das existentes no País, os clien-
empresa”, que abordam as questões legais que são imprescindíveis para os empreendedores que vão abrir o seu próprio negó-
tes têm dificuldades para entender o sistema construtivo e o confundem com uma
cio. Segundo Erlon Labatut, por desconhecimento das exigências legais pode haver riscos – e prejuízos – para os empreendedores que desconhecem essas informações. “O ideal é pesquisar e se planejar. Sempre”, conclui.
Busca por oportunidades Para o empresário Tobbias Ott, 28 anos, a única opção para um empreendedor é seguir para frente. O jovem, formado em Engenharia da Produção, deixou a família e os amigos na Alemanha, país de origem, e fundou em agosto de 2010, a EcosHaus. A empresa está instalada em Curitiba e é especializada na construção de residências com a tecnologia wood frame, sistema que difere da alvenaria tradicional porque dispensa o uso de cimento preparado em obra, os tijolos e as armações convencionais. Nesse modelo, a unidade construtiva é toda planejada e fabricada antes de ser
Para os estrangeiros que querem abrir empresas no Brasil, uma boa dica é procurar uma consultoria especializada. Indepen-
instalada em um local. As paredes já saem da fábrica com janelas, vidros e todas as instalações necessárias, ou seja, prontas para receber o acabamento. A
tamente por isso que a argentina Maria Emília Echezarreta decidiu montar um negócio ainda pouco conhecido no Brasil,
dente do investimento e da origem do empreendedor, entender o mercado e as possibilidades de inclusão e crescimento futuro são fundamentais para o sucesso do negócio. “Mas quem vem de outro país precisa dedicar atenção especial em pesquisar as questões culturais para identificar o que pode ser diferente do país de origem do empreendedor”, ressalta o consultor do Sebrae/PR, Erlon Labatut de Oliveira.
mas que ela identificou a cidade de Curitiba como sendo um mercado promissor. Há
Ele salienta que o Sebrae/PR oferece diversos programas, palestras e consulto-
anos. “O café acaba sendo um agregador e faz com que a gente participe muito da vida das pessoas. Aqui já aconteceu de tudo, as pessoas se conheceram, arrumaram empregos por meio dos clientes que frequentam e também já rendeu muito
Ingrediente cultural Agregar culturas é uma receita típica de quem está fora do seu próprio país e é exa-
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mo de albergue, acomodações mais baratas que um hotel comum. “Mas nem
rias específicas para quem vai abrir uma empresa. “O Sebrae/PR pode indicar, por
Sem dúvida
namoro e até casamento”, brinca.
Maria Antonia Gomes Diogo, empresária
cidiu montar um hostel. Para quem não co-
montagem das casas é feita em média em 12 horas. A vantagem dos projetos da EcosHaus é a sustentabilidade, precisão,
casa tradicional de madeira. “Somente apresentações, catálogos e fotografias não foram suficientes para gerar credibilidade. Por isso, montamos um showroom, no bairro Santa Felicidade, para mostrar o resultado das construções ecológicas totalmente projetadas por um sistema computadorizado”, assinala. Como todo empresário brasileiro, Tobbias Ott também esbarra em entraves como burocracia, alta carga tributária e a dificuldade de enquadrar sua empresa no sistema nacional de classificação de atividades econômicas, uma vez que não se trata de construções em alvenaria e nem em madeira. O empreendedor alemão planeja para os próximos anos, comercializar os projetos e as unidades construtivas em todo o Brasil e também vender maquinários para outras empresas que atuam na construção civil. O
Após dois anos de atuação, a EcosHaus recebeu, no início de setembro, uma boa notícia. O governo federal lançou o Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Produtos Inovadores (SiNAT), no âmbito do Ministério das Cidades. Isso possibilita que clientes interessados pleiteiem o financiamento de residências em wood frame pela Caixa Econômica Federal. O aceite ocorreu após o produto passar por inúmeros testes de qualidade no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). (Colaboraram nesta reportagem as jornalistas Cleide de Paula e Graziella Castilho)
Qualquer desconhecimento pode causar um erro e trazer problemas futuros, por isso informação é fundamental
empresário estima que esse número possa ser em média 50 organizações e brinca que está criando sua própria concorrência. “Percebo a Copa de 2014 como uma grande oportunidade de negócio. Acredito, inclusive, ser possível repetir no Brasil o que acontece na Europa, onde prédios com 20 ou 30 andares são construídos rapidamen-
rapidez, economia e limpeza, além de quase não gerar desperdício.
te, por meio de estruturas convencionais (aço e concreto) e fechamento pelo sistema wood frame”, analisa.
Tobias Ott conta que o fato de a capital pa-
“Antes de me instalar no Brasil, sabia que a
ranaense ter o título de ecológica e preservar a cultura europeia foi determinante para a instalação da fábrica em Curitiba. O
aceitação do produto no País não seria tarefa fácil. É uma quebra de paradigma que não acontece de um dia para outro, mas
Brasil foi escolhido pelo tamanho do mer-
quando se é empresário é necessário supe-
cado, pelo bom desempenho da economia e em razão do déficit habitacional.
rar muitos desafios e há só um caminho, que é para frente”, afirma.
Saiba mais Ligue para 0800 570 0800 e agende uma consultoria no Sebrae/PR.
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lhava. Chegou ao Paraguai em 2005, mas antes, já tinha realizado trabalhos em pelo
que, em terra estrangeira, é melhor agir conforme os costumes locais, como os na-
menos 14 países, incluindo Ásia, Europa, América do Norte e América Latina.
tivos. Mas nem sempre o ditado deve ser levado ao pé da letra. E os brasileiros, que resolveram levar um pouco da cultura empreendedora tupiniquim para o exterior, que o digam! Há 16 anos em Londres, Jane Camargo decidiu abrir um café em terras estrangeiras, quando teve certeza que era hora de “arriscar”. No processo de abertura e enquanto esteve à frente do Café Bossa Nova, como em qualquer lugar do mundo, encontrou barreiras, como a necessidade de conhecer a fundo o público de outro país. Mas a maior dificuldade, segundo conta, foi encontrar mão de obra especializada.
Além das fronteiras Por Katia Michelle Bezerra
vizinho. “Um custo de vida menor e oportunidades de construção de uma carreira independente também foram atrativos”, revela. Depois de mais de 30 anos como funcionário de um banco, Williams Silva decidiu abrir o próprio negócio. “Esse processo foi sendo construído gradualmente, de forma planejada e organizada há pelo menos três anos. Sabia que chegaria o dia de sair da estabilidade e do conforto de ser empregado, pois o tempo é indelével. Então, fiz a minha hora, porque entendo que é melhor que cada um tome as rédeas do seu próprio destino”, diz.
Para Jane, quando o assunto é mão de obra, os obstáculos não acabam ao oferecer treinamento especializado. “Depois de treinados, é comum os funcionários irem embora, pois a maioria é estudantes que está só de passagem. Além disso, temos mais um inconveniente: as leis do país, que impedem estrangeiros com visto de estudante de trabalharem mais de quatro horas por dia”, considera.
Há um ano, depois de muito planejamento, ele abriu a ISEISA – Integral Soluciones Empresariais e Innovaciones S. A.. A empresa atua no segmento de elaboração de projetos de investimento, relacionamento bancário, sondagem de mercado, apoio a investidores, gestão de riscos, auditoria, controle interno e assessoria em geral, inclusive para abertura de empresas.
Todas essas dificuldades fizeram com que Jane decidisse por fechar o negócio. “Era muito cansativo, acumulava muitas horas de trabalho e quase não tinha folga, nem feriados ou finais de semana”, diz. Mas Jane não se arrepende da experiência e dá
Para ele, a diferença cultural, tanto de comportamento, como relativa a questões empresariais (tributárias e fiscais, por exemplo) não chegaram a ser uma barreira. “Eu fui treinado para entender, respeitar e atuar no cenário internacional,
algumas dicas para quem quer abrir um negócio fora do país.
acatando as diferenças sem perder de vista os objetivos maiores, a dignidade, a ética e a moral. A minha experiência interna-
“É preciso planejar cada passo, estudar muito as leis do país – tanto as de trabalho
cional prévia me ajudou muito, tanto no desempenho de minhas funções anterio-
como as fiscais – e também estar atendo aos direitos de importação e exportação
res, quanto no que se refere à minha decisão de ficar no exterior e abrir minha própria empresa do segmento de consultoria
para não ter surpresas”, salienta. “Ter um bom contador também é muito importante, assim como pesquisar muito bem o local em que pretende abrir o seu negócio”,
De olho no futuro Planejamento foi uma palavra-chave para o empresário Williams Francisco da Silva. Com formação em Ciências Contábeis e acumulando vários títulos de especializações acadêmicas, ele saiu do Brasil depois de ser transferido pela empresa que traba-
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midade com o Brasil foram algumas características que o fizeram ficar no país
“A mão de obra é muito difícil porque a maioria dos brasileiros que moram em Londres não é profissional da área, então temos que treinar todos do zero”, conta.
complementa.
Independente do país em que se está, o sonho de abrir um negócio próprio é comum e exige muito dos empreendedores
Foi no Paraguai, no entanto, que ele encontrou condições adequadas para estabelecer-se. A qualidade de vida e a proxi-
Comportamento
Ousadia
Existe um conhecido ditado que diz: “em Roma, como os romanos”. A frase significa
Mão de obra, legislação fiscal e comportamento dos consumidores são problemas comuns enfrentados por brasileiros que empreendem fora
e assessoria.” Segundo ele, conhecer profundamente o mercado local ajudou a não encontrar maiores dificuldades nas suas atividades e projetos, tanto que agora auxilia futuros empresários a abrirem seus próprios empreendimentos. Williams Silva salienta, no entanto, a importância de ser prudente ao abrir um negócio fora do seu país de origem. “Quem está interessado em trabalhar empresa-
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rialmente em um país estrangeiro, deve saber que as diferenças culturais devem
ser conhecidas, avaliadas, ponderadas e que, no trato diário, deve-se agir de forma educada, sensata e elegante para que os contrastes culturais auxiliem, em vez de prejudicar”, assinala.
Sem medo de ousar O publicitário Paulo Cigagna está nos Estados Unidos há 11 anos. Ele decidiu sair do Brasil por enxergar em terras brasileiras um mercado pouco promissor para sua profissão. Nos Estados Unidos, encontrou um terreno fértil em sua área de atuação. “Sempre tive espírito empreendedor, desde o início sonhava em montar uma empresa. Sabia que teria que trabalhar muito para conquistar meu sonho e daí o nome Dream Factory Productions (Fábrica dos sonhos), mas no início eu não tinha ideia que estava fabricando meu próprio sonho.” Em 1999, seis meses após chegar nos Estados Unidos, Paulo conseguiu um emprego de assistente de produção de um filme que estava rodando na Universal, uma das mais importantes produtoras cinematográficas do mundo. Graduado, com especializações e falando três línguas, ele não teve problemas em exercer a função que consistia em tarefas como varrer o estúdio e carregar cabos. Quando o filme terminou, porém, ele não teve medo de ousar: entrou na sala do presidente do grupo e ofereceu a empresa Dream Factory, para integrar o grupo de produção da Universal. “A resposta não foi imediata, mas duas semanas depois recebi a carta de aceitação do grupo de produção dos Estúdios da Universal, na Flórida”, relembra.
Especializada em desenvolvimento estratégico e produção, a empresa é composta atualmente por 16 pessoas e o número de participantes em cada projeto varia dependendo de cada trabalho. “Já tivemos projetos com a participação de mais de 70 pessoas”, conta Paulo, que gerencia e ajuda a desenvolver cada um dos setores da empresa, além de atuar também como diretor de criação. Paulo salienta a importância de globalizarse e expandir os horizontes, independente da área de atuação e da região em que se está. “É fundamental estudar o mercado local para analisar se o produto ou serviço tem um público-alvo definido em outro país. O comportamento de compra em outro local, com outra cultura é, na maioria das vezes, muito diferente do comportamento de compra do brasileiro.” Entender as regras do jogo, para o empresário, é fundamental. “Assim você não terá problemas, nem surpresas”, aconselha.
Uma dica importante é entender, respeitar e atuar, acatando as diferenças sem perder de vista os objetivos maiores, a dignidade, a ética e a moral
REVER
Foto: Divulgação
O início não foi fácil. Como todo começo, Paulo encontrou dificuldades. Desde as mais básicas, como a barreira com o idioma, até como preencher os formulários de imposto de renda e imigração. “Comecei do zero, realinhando meu cérebro a um novo mundo onde tudo é diferente, das leis de trânsito ao nome de remédios na farmácia. Parece difícil, mas a realidade é que, quando você está imerso nesse novo cenário, tudo passa a ser parte do cotidiano.” A Dream Factory é uma agência de propaganda, marketing e relações públicas especializada em migrar marcas americanas para solo brasileiro e vice-versa. “Fazer parte do grupo de produção da Universal nos dá acesso a ferramentas e técnicas que outras agências não possuem”, conta.
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Paulo Cigagna, empresário
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Atitude nos negócios
indicado para se obter o sucesso? A insistência em uma ideia ou em um negócio pode ser vista por dois diferentes ângulos: sob a ótica da teimosia ou da persistência. Para muitos empreendedores, as duas palavras querem dizer praticamente a mesma coisa, porém uma se encaixa em um contexto negativo e a outra serve para situações vistas de forma positiva. A real diferença entre teimosia e persistência, no entanto, vai além de significados tão simples. Os rumos a que a teimosia e a que a persistência levam são opostos e podem fazer toda a diferença no sucesso de um negócio. “A persistência é um dos principais fatores de sucesso no contexto empresarial porque se refere à ação e efeito de manter-se constante nos objetivos do negócio.” A explicação é da especialista em Gestão Estratégica e de Pessoas, Eliane Bringmann. Já a teimosia, de uma forma simples, significa insistir no erro. Isso é, o empresário persistente procura caminhos alternativos, novas ideias quando não atinge seu objetivo. Já o teimoso continua agindo da mesma forma, tentando chegar aonde quer fazendo sempre as mesmas coisas.
Persistência
x teimosia
Quando as escolhas podem decidir (ou não) o futuro dos negócios; saiba como ter uma atitude empresarial positiva Por Andréa Bordinhão
Segundo Eliane Bringmann, a persistência é “o ‘combustível’ do empreendedor. A energia pessoal, a ‘transpiração’, a dedicação para enfrentar obstáculos ou desafios dos negócios e assim atingir as metas”. “Portanto, persistência somente tem sentido quando existe meta”, salienta a especialista. “Um empreendedor persistente sabe aonde quer chegar e por isso não mede esforços, se preciso faz sacrifícios, muda de estratégia até alcançar seus objetivos e metas. Diante das experiências mal-sucedidas para e pensa, avaliando o que foi feito (ações), como foi realizado (estratégia) e os resultados obtidos. A dificuldade serve de estímulo para encontrar novas alternativas (métodos) que conduzam em direção à conquista das metas e do futuro desejado”, afirma a especialista.
Comprometimento A persistência é, de fato, necessária para o sucesso. Entretanto, explica Eliane Bringmann, de nada adianta se não houver comprometimento. Isso quer dizer que o empresário precisa ter “responsabilidade pessoal com os resultados e se esforçar
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para manter a satisfação dos clientes, mesmo que perca dinheiro no curto prazo”. “Durante minha prática profissional conheci vários empresários de microempresas que se tornaram bem-sucedidos, orien-
Comportamento
Murro em ponta de faca, como diz o ditado, ou força de vontade? O que é o mais
tando-se pela crença de que é melhor perder dinheiro num primeiro momento do que perder um cliente. Isso porque, muitas vezes, o dinheiro perdido é insignificante frente ao ganho do aprendizado obtido para uma gestão mais eficaz do negócio e dos clientes”, explica. A fim de não repetir os mesmos erros, após eventual fracasso, a consultora do Sebrae/PR, Fernanda Pesarini, recomenda que os empresários de micro e pequenas empresas definam seus objetivos, metas e resultados para depois planificar cada etapa. E, na medida em que implantarem cada ação, revisem os planos, mantenham registros para tomada de decisões, e ajam para reduzir os riscos e controlar os resultados. Fernanda Pesarini entende que persistência e teimosia, em muitos casos, se confundem, porém os empresários precisam trabalhar sempre suas atitudes, já que a teimosia tende induzi-los ao erro. A consultora acredita que um bom trabalho de coaching pode fazer toda a diferença. Coaching é um processo, definido em comum acordo entre coach (profissional) e coachee (cliente) em torno de objetivos. O coach apoia o cliente na busca pela realização de metas de curto, médio e longo prazo, por meio da identificação e uso das próprias competências desenvolvidas, como também do reconhecimento e superação de fragilidades.
A persistência é um dos fatores de sucesso no contexto empresarial porque se refere à ação e efeito de manter-se constante nos objetivos do negócio
Mudança de rumo Eliane Bringmann diz que toda atitude de teimosia pode ser transformada em atitude persistente. Parece contraditório, mas a própria especialista é exemplo disso. “Lembro-me de quando deixei de atuar como professora e abri minha empresa de desenvolvimento humano e organizacional. Educadora por formação sempre fui ‘conteúdista’ e insistia em disponibilizar aos clientes programas de desenvolvimento de longa duração, com extensas apostilas”, conta. No entanto, o que os clientes priorizavam era orientação e soluções pontuais para as principais dificuldades do momento. “Fazia enormes sacrifícios para desenvolver todos os materiais e tinha poucos clientes. Eu me recusava a ouvir os clientes por-
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que não acreditava na eficácia dos resultados. Foram dois anos assim. Quando
tava a pista e levava meu filho pequeno
Cansado da vida em São Paulo, que mesmo
junto. Aquela situação me incomodava”,
finalmente reconheci minha teimosia pas-
conta. “Resolvi abraçar a causa e fiz um mutirão para recuperação da pista. Então um jornal local publicou uma matéria sobre a iniciativa. No final de semana seguinte tínhamos centenas de pessoas ajudando.”
há muitos anos já era agitada, resolveu mudar-se para o interior do Paraná e abrir
sei elaborar cursos, palestras e programas de acordo com a necessidade de cada cliente. Comecei a fazer diagnóstico estratégico e a fornecer serviços totalmente customizados e na justa medida, respeitando o limite de tempo. Como resultado, há 11 anos me sinto cada vez mais motivada e realizada”, diz. E completa: “minha carteira de clientes de longa data foi construída pela indicação dos próprios clientes”.
Solidariedade O empresário Juliano Robson da Silva já é bem-sucedido no comando da sua empresa no ramo da construção civil. Mas agora também quer transformar o seu hobby em negócio. E com um adicional, que certamente vai precisar de muito empenho e persistência: incentivar o esporte e assim ajudar os jovens de Paranaguá, cidade onde mora. “Quero resgatar os jovens das ruas e dar oportunidades para que eles pratiquem um esporte saudável.” Skatista desde criança, o empresário de 33 anos viu a única pista pública para prática do esporte na cidade – que foi conseguida depois de muita reivindicação – se deterio-
rada, já que falta iluminação e os banheiros ainda não funcionam. Mas o trabalho fez Juliano da Silva ir além. Ele está abrindo uma loja de produtos voltados para o esporte em frente à pista e agora procura patrocínio para ajudar os skatistas de Paranaguá a se desenvolverem e participarem de competições. “Lancei uma marca própria, a Zion Saktboard, e quero gerar emprego na cidade, produzir os produtos aqui mesmo no futuro”, finaliza.
Fibra O aposentado Tanios Yousef El Achkar, 77 anos, pode ser considerado um exemplo para muitos. O trabalho que mais lhe dá prazer não está ligado ao lucro. Achkar conseguiu unir seus objetivos financeiros ao seu hobby e, há alguns anos, ainda achou uma forma de ajudar a comunidade. Achkar, nascido na Líbia e morador de Nova Aurora, oeste do Paraná, há 43 anos, veio ao Brasil aos 17 anos trabalhar como mascate - vendedor de porta em porta.
Foto: Claiton Biaggi
rar por falta de manutenção. “Eu frequen-
A pista ainda não está totalmente recupe-
uma loja de tecidos.
Até então a história do aposentado não traz nenhuma novidade. Porém, ele tem um dom que pode se considerar único no Brasil. Ele domina a arte do traforo – recortes em madeira feitos à mão com uma serra especial. A técnica é dominada por poucos no mundo. “Nem tem material no Brasil. Eu trouxe uma serra do Líbano em 2005 e nunca mais consegui outra”, conta. A união do trabalho com o hobby fez a história de sucesso do aposentado, que levou as duas atividades em paralelo por mais de 40 anos. “Nunca pensei em vender minhas peças porque ninguém paga o que elas valem. Nem expor mais eu quero, pois o transporte é muito difícil porque são peças muito delicadas.” Há 11 anos, Achkar se aposentou e achou que se dedicar apenas ao seu hobby era pouco. “Eu pratico musculação há 40 anos. Então resolvi abrir uma academia e cobro um valor simbólico para quem quiser se exercitar”, afirma. Mas a academia de Achkar tem um diferencial: todos os mais de 60 equipamentos foram feitos por ele com sucata.
Já o empresário teimoso é aquele que continua agindo da mesma forma, tentando chegar aonde quer fazendo as mesmas coisas
Saiba mais
Tanios Yousef El Achkar, empresário
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Artigo
Quer complementar seu conhecimento sobre o tema? Assista aos filmes Door to Door, lançado em 2002, e Julie & Julia, lançado em 2009.
O segredo está no acabamento da ideia Por Eloi Zanetti
Certa vez o diretor de cinema Win Wenders recebeu uma incumbência do museu francês Georges Pompidou: produzir um documentário sobre moda. A primeira reação do cineasta ao deparar com o desafio imposto foi “Por que eu? Não sei nada sobre moda.” Logo em seguida pensou: “Tenho um paletó que veste muito bem, é confortável, bonito e elegante. Quem o produziu deve entender muito de moda.” Tirou a vestimenta, procurou a etiqueta e viu o nome Yoshi Yamamoto – um estilista japonês que vivia entre Paris e Tóquio. Seguiu a pista, foi procurar o nome indicado na etiqueta e, por meio dele, produziu um belíssimo documentário sobre processos criativos. Entre as entrevistas com o mestre da costura está a seguinte fala: “Começo a criação das minhas peças tocando, alisando e passando meus dedos sobre os tecidos com que vou trabalhar, depois vem a inspiração e, por fim, o acabamento da ideia. O segredo de tudo, para mim, está nesse acabamento da ideia.” É sempre assim, em todo o trabalho de mestre, seja ele do ramo que for – pintura, cinema, literatura, indústria ou a simples produção de um prato de comida -, a arte do acabamento primoroso estará sempre presente. No ano passado tivemos o privilégio de ver no Museu Oscar Niemeyer a exposição do brasileiro Vik Muniz, aquele que usa o lixo e material reciclável para produzir suas peças. Ao observar o conjunto da sua obra, seja ela de apropriação do lixo urbano, industrial ou de diamantes, nos damos conta de que o segredo da beleza da sua arte é revelado
Eloi Zanetti é consultor e palestrante em Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas. Acesse www.eloizanetti.com.br.
pelo refinado acabamento. Tudo o que ele faz parece perfeito e no lugar certo. Num país onde o costume é deixar tudo pra lá porque ninguém vai ver mesmo, Vik Muniz tornou-se internacional por causa do esmerado detalhamento de cada produção. Dá trabalho a eterna busca pelo acabamento bem feito. O artista tem que estar comprometido consigo mesmo de forma visceral. Michelângelo, ao ser interpelado porque demorava tanto nos detalhes invisíveis da Capela Sistina, por aqueles que ficavam longe da vista dos observadores, respondeu à pergunta: “Quem vai saber se a pintura está bem acabada ou não desta distância? Eu vou saber”, disse o mestre. Na alta costura, a obsessão pelo acabamento perfeito é condição de sobrevivência no mercado. Roupas da Casa Channel são usadas por décadas. Balanciaga, até seu falecimento, pegava agulha e linha todos os dias e treinava a feitura dos seus pontos. Com isso mostrava às suas costureiras como a perseguição pelo acabamento perfeito de-
duzir maior efeito e da explicação correta de uma ideia. Hemingway chegou a escrever 400 laudas antes de elaborar o conceito de “O velho e o mar”. Obsessivo com a construção da sua escrita, permanecia horas observando os quadros de outro mestre do acabamento – Cézanne. Nenhuma pincelada desnecessária, admirava ele. Talvez o mais obstinado exemplo do perfeito acabamento de ideias e produtos dos tempos atuais tenha sido Steve Jobs, da Apple. Sua obsessão por detalhes ia ao limite do tolerável para um ser humano normal. Dizem que trabalhar com ele era um suplício constante. Para Jobs tudo tem de funcionar de modo simples, desde o tirar um produto da embalagem até o clic de um engate qualquer. Assim ele circulou pelos
veria ser. Outro obsessivo pelo mesmo tema foi Walt Disney, que chegou a falir sua empresa por várias vezes, tal era sua preocupação com a qualidade final de seus filmes. O tempo passou, suas obras, definiti-
mundos do cinema, dos computadores e da telefonia. Sempre exigindo o máximo de si e dos seus colaboradores. O resultado foi a criação de uma das empresas mais admiradas do mundo.
vas, abriram caminho para centenas de outras e mostram à moçada do mundo digi-
Ter ideias até que não é difícil, o complicado é colocá-las em prática. Ao agir para que aconteçam, temos de persistir na boa finalização. Por isso, ao entregar um trabalho, pergunte a si mesmo: “Ao assinar meu nome
tal quanto foram importantes os cuidados que tinha com os detalhes mecânicos e óticos na feitura dos seus filmes. Na literatura são conhecidas as técnicas de alguns escritores que ficam dias à procura da palavra perfeita, da frase que possa pro-
nessa obra, terei vergonha de ser questionado?” Se a resposta for sim, recomece o trabalho até chegar ao acabamento perfeito.
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Engrenagem
deixou de ter fronteiras. As diferenças de idiomas e costumes e de fusos horários não são mais um problema para o comércio entre empresários de todos os países e, nesse amplo universo comercial, todos competem para produzir melhor, a um custo menor, e se manter firmes no mercado. Num mundo, onde as distâncias não são mais medidas por quilômetros e sim por
alerta para o que o mercado busca, diz o empresário e consultor credenciado do Sebrae/PR Márcio Thales da Silva, que é especializado em gestão de negócios e operações logísticas. E, nesse contexto, as micro e pequenas empresas podem se destacar, segundo ele. “As micro e pequenas empresas têm capacidade de atender com um grau de personalização buscado pelo mercado, porque já fazem isso com seus clientes no dia a dia. Isso já não acontece normalmente com as grandes empresas que tendem a padronizar demais e isso se reflete no atendimento”, explica.
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Thales diz que as empresas e seus dirigentes devem estar atentos aos consumidores
curto espaço de tempo. Bem como à facili-
produtiva está em manter-se antenado e
Por Adriana Bonn
anos anteriores e os empresários precisam perceber isso e agir.”
ve nesse processo. O segredo para participar da grande cadeia
Pequenas empresas fazem parte da complexa cadeia produtiva e são peças-chave no fornecimento de matérias-prima e na diferenciação
riação hoje no dólar afeta muito mais a cadeia produtiva de uma empresa do que em
as micro e pequenas empresas, peças-cha-
grandes corporações, como também para
para todos
ainda que a globalização exige mais rapidez e agilidade dos empresários. “Uma va-
que, atualmente, têm em suas mãos muitas opções de ofertas – o que faz com que eles migrem com muita rapidez e em um
bits, as portas estão abertas não só para as
Globalização
to nas micro e pequenas quanto nas grandes empresas”, explica Thales. Ele lembra
O problema, para Thales, é que muitos empresários de pequenas empresas ainda não perceberam o novo cenário. “São poucos os que agem globalmente e, para que isso aconteça, os empresários precisam tornarse world-class, ou seja, devem desenvolver produtos que façam frente aos seus concorrentes europeus, pelo design e qualidade, ou chineses, pelo baixo custo.” O consultor diz que a tarefa não é fácil, mas é perfeitamente possível. Para isso, os empresários precisam ser mais dinâmicos e conhecer o que os seus concorrentes fazem em outros países e antecipar essas tendências no Brasil. A boa notícia, segundo Thales, é que os empreendedores podem fazer isso sem mesmo sair de suas empresas, apenas utilizando ferramentas de tecnologia e informática, como a o Facebook e a do Twitter. Além disso, informação é a palavra de ordem. “Enfrentar um mercado globalizado exige informação, necessária para uma boa tomada de decisão e essa competência pode ser perfeitamente desenvolvida, tan-
Mercado
Com a globalização da economia, o mundo
dade de informação, o que os tornam mais exigentes, tanto em relação à qualidade, quanto aos preços dos produtos. Outro alerta do especialista é que com a diminuição das distâncias, causada pela globalização, as micro e pequenas empresas precisam entender que agora seus clientes são o Sr. João, que mora no bairro onde está instalada a empresa, mas também o Sr. Jun, que reside em qualquer outro país do outro lado do mundo. Thales afirma que hoje não há mais diferença de atendimento para os dois clientes, exceto pela necessidade logística um pouco mais complexa para atender o segundo deles. “Quando uma micro e pequena empresa não entende isso e não leva em conta a oportunidade de vender para o Sr. Jun, por estar focada apenas no Sr. João, ela com certeza será ultrapassada por um concorrente mais antenado no momento.”
Os clientes das pequenas empresas são o Sr. João, que mora no bairro onde está a empresa, mas também o Sr. Jun, que reside do outro lado do mundo
Lucas Hahn, consultor do Sebrae/PR, diz que as micro e pequenas empresas devem perceber que a competição globalizada não acontece mais apenas entre empresas, mas sim entre grupos empresariais. Isso significa, na sua avaliação e também na de Thales, que as micro e pequenas empresas podem se unir a concorrentes e criar ferramentas para atender mercados que de outra forma não poderia fazer sozinha, com condições semelhantes ou até melhores do que uma grande empresa. “Juntas, ganham escala e tornam-se mais fortes”, observa Lucas Hahn. Para tirar proveito da globalização e crescer, o consultor do Sebrae/PR também explica que o empresário de micro e pequena empresa precisa olhar sua cadeia produtiva de forma extensiva, deixando de pensar apenas regionalmente, para pensar mundialmente. Essa regra vale inclusive para a compra de insumos que possam diferenciar
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Foto: Claiton Biaggi
poo Distribuidora de Cosméticos, que tem sede em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, e produz e comercializa produtos capilares da marca Tricofort. “Para sobreviver no mercado globalizado é preciso ter informação do segmento em que se atua, e isso se consegue observando as tendências e novidades de todas as áreas que compõem a sua organização. Isso nos ajuda a desenvolver produtos que atendem às expectativas do consumidor e oferecer ao mercado produtos de alta performance a um preço justo”, explica o empresário. Jean Paulo acredita que a globalização é importante para todas as empresas de uma cadeia produtiva, porque ela exige a constante qualificação delas. “Para participar de um mercado globalizado é necessário buscar sempre a melhoria e a profissionalização dos seus processos.”
Bárbara Lopes, empresária seu produto e serviço. Um bom começo é visitar nossos vizinhos do Mercado Comum do Sul (Mercosul). As familiaridades culturais e os frutos de relacionamentos comerciais de décadas ajudarão o empresário nas primeiras experiências. Outra dica é procurar o Sebrae/PR que tem programas específicos que ajudam nessa busca.
Terra Roxa aposta na qualidade Com apenas dois anos de existência, a Rebeca Sapeca, especializada na produção de roupas para crianças de um a oito anos, investe na qualidade e nos preços competitivos para se sobressair no mercado. A empresária Sandra Antônio diz que essa é a estratégia da empresa para enfrentar a forte concorrência que é ainda mais acirrada com a globalização do comércio. “O difícil é concorrer principalmente com as grandes empresas que conseguem ter bons preços em função de comprarem matéria-prima em grandes quantidades”, diz a empresária. A Rebeca Sapeca está instalada em Terra Roxa, município da região oeste do Estado e considerado a Capital da Moda Bebê. A confecção conta com 12 funcionários que trabalham nas áreas administrativa, de corte e acabamento e de embalagem. Sandra Antônio conta que o serviço de costura é terceirizado e feito por três facções, em Terra Roxa, Assis Chateaubriand e Palotina. A produção chega a 5 mil peças por mês, mas deve ser ampliada em 50% a partir da
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produção da próxima coleção. “Hoje a Rebeca Sapeca vende sua produção para lojistas do Paraná, Bahia, Rio Grande do Sul, Maranhão, Piauí e da capital paulista. Mas para a próxima coleção de inverno preten-
guns anos de experiência, decidiu abrir sua própria empresa e depois se expandir no Paraná.
demos chegar a Santa Catarina, Minas Gerais e interior de São Paulo”, explica Sandra Antônio. A médio prazo, o projeto da empresa é atingir todo o Brasil.
tas e confeccionistas no Paraná, entre eles a Rebeca Sapeca, de Terra Roxa, e mais 65 confecções e lojas de São Paulo. Em Cascavel, a Tonytex é especializada em tecidos para modinha e uniformes.
Para colocar em prática o projeto de expansão, Sandra Antônio conta que busca novas facções para garantir a produção das peças e que terá que aumentar em 30% o número de funcionários. Como acontece em todo comércio, a Rebeca Sapeca faz parte de uma cadeia produtiva que envolve outras empresas e garante a chegada das roupas que produz nas lojas. Além das facções que fazem a costura das peças, Sandra Antônio depende de fornecedores de matéria-prima têxtil instalados em São Paulo e Santa Catarina, responsáveis por 80% de sua produção. Os outros 20% de matéria-prima, a empresária adquire da Tonytex Tecidos Finos, localizada em Cascavel, também no oeste paranaense, e de propriedade da empresária Bárbara Lopes. Bárbara conta que a Tonytex surgiu em 1999, como uma ramificação da Antônio Mota Lopes Tecidos, atacado criado pelo
Hoje, com 17 anos de experiência no mercado, Antônio e Bárbara atendem 108 lojis-
“O mercado é muito competitivo e por isso é preciso ter personalidade, pulso firme e jogo de cintura”, diz a Bárbara. Além disso, a empresária conta que uma das estratégias que adota é ter estoque para atender todos os clientes e priorizar o atendimento. “Nosso atendimento é VIP (para pessoas muito importantes, traduzido em português) e para isso nos desdobramos para atender bem e fazer com que o cliente saia satisfeito.” Embora a concorrência seja bastante acirrada, Bárbara diz que a globalização da economia trouxe vantagens para as pequenas empresas. “Antes só os grandes domi-
Mas o empresário diz que não é possível falar de globalização sem levar em consideração as pressões vividas pelas empresas, que vão desde o número de impostos e taxas a serem pagos, a concorrência externa e interna, até a adequação de seus produtos às legislações dos mercados onde quer atuar.
Ana Carolina Winkler Heemann, proprietária da Heide Extratos Vegetais, explica que a empresa existe há 11 anos, possui cinco funcionários e é especializada na produção de extratos vegetais alimentícios e cosméticos. A empresa conta ainda com a administração de Rodrigo Heemann, marido de Ana, ambos farmacêuticos industriais. Integrante de uma cadeia produtiva, a Heide Cosméticos exporta camomila e vende extratos e insumos para outras empresas que produzem e comercializam seus produtos no mercado interno e externo. Na linha de extratos cosméticos, oferece destilados; extratos glicólicos, oleosos, fluídos e tinturas; além de óleos. Já na linha alimentícia comercializa chás solúveis em pó e extratos secos, aromáticos e de guaraná. “Poucos no Paraná fazem o que a Heide faz se levarmos em conta o tamanho da empresa. Nessa área, a maioria é das empresas é grande e conta ainda com a vantagem de ser centenária”, explica a empresária. Segundo Ana, seus maiores concorrentes estão instalados em São Paulo e em Santa Catarina. Para Ana, uma pequena empresa deve ter
Para poder competir com as grandes empresas, principalmente, Jean Paulo diz que a Tricofort se preocupa com toda a sua operação, com os colaboradores, fornecedores e prestadores de serviços, o que habilita a empresa a oferecer ao mercado produtos com qualidade.
como estratégia a diferenciação de mercado para poder se destacar. “Se a empresa não tem volume, é fundamental que ela
Presente há mais de 30 anos no mercado de cosméticos brasileiro, a Tricofort pesquisa, desenvolve e comercializa xampus e hidratantes para os cabelos. Atualmente, a empresa possui 500 clientes, o que faz com
A estratégia da Heide para buscar esse di-
tenha diferenciação. Isso porque uma micro e pequena empresa não pode querer competir fazendo o que uma grande empresa faz.” ferencial, diz Ana, está nos processos exclusivos com personalização. Assim a empresa faz o que o cliente precisa e ainda
que seus produtos cheguem a todo o Brasil
garante o compromisso de manter estoque. A empresária acredita também que,
e também no mercado externo, mais precisamente na Venezuela, Portugal, Espanha, Cabo Verde, Congo, Angola e Moçambique.
com isso, a pequena empresa ganha das grandes por ter mais agilidade para atender os pedidos feitos pelos clientes. “As
“Mas a empresa planeja para os próximos anos ampliar o seu mix de produtos, aumen-
navam o mercado, mas hoje todos compe-
tar a participação no mercado interno e externo, desenvolvendo e oferecendo ao
tem e os pequenos também podem atender empresas e representantes. O segredo para isso é ter qualidade para con-
mercado produtos e serviços cada vez mais modernos e eficientes”, explica Jean Paulo. Para a fabricação de seus produtos, a Tri-
quistar todos os clientes”, resume.
cofort adquire matéria-prima de 30 fornecedores, de pequeno, médio e grande
grandes empresas possuem uma lista de produtos estabilizada que quase não muda, o que não acontece com as pequenas que estão sempre buscando a diversificação”, comenta. Atualmente, a Heide Cosméticos possui
Estar em sintonia com o mercado em que
porte. Entre eles está a Heide Extratos Vegetais, uma microempresa que funcio-
clientes em toda a Região Metropolitana de Curitiba, Londrina e Maringá, no Paraná; na capital paulista e em Minas Gerais. Como toda empresa, o projeto é de expandir os ne-
atua. Esse é o segredo do empresário Jean Paulo Almeida Silva, proprietário da Sham-
na no município de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
gócios, aumentando o espaço físico e o número de funcionários, a partir de 2012.
marido, Antônio Mota Lopes, em São Pau-
Sintonia com o mercado
lo, na década de 1990. Antônio era bancário, mas decidiu abandonar a profissão para ser representante de tecidos. Com al-
As grandes empresas têm uma lista de produtos fixa, que quase não muda, o que não acontece com as pequenas, que sempre buscam a diversificação
Saiba mais Leia o artigo sobre globalização e gestão de pequenas empresas www.unieuro.edu.br/downloads_2005/ criatividade_01.pdf
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ços Financeiros do Sebrae/PR, Flavio Loca-
to a instituições financeiras, três têm seus pedidos negados por falta de garantias. A
chave na prestação de avais técnicos e comerciais e de assessoria financeira para
estimativa, do Sebrae, mostra uma realidade bastante comum no Brasil e no Paraná:
a obtenção de crédito, contribuindo para
boa parte dos empresários de pequenos negócios não dispõe de bens suficientes
acesso a informações sobre as condições das micro e pequenas empresas.
para oferecer em garantia, o que inibe a concessão de empréstimos, ameaçados pela inadimplência.
Locatelli diz ainda que as SGC trabalham com crédito orientado e assistido, contri-
Para reverter o quadro e democratizar o
das melhores opções. No seu entendimen-
acesso ao crédito, empresários e lideranças empresariais do Estado, sob a articulação do Sebrae/PR, e com o apoio do Sebrae
to, crédito qualificado representa melho-
Nacional, iniciaram em 2008 uma discussão que culminou com a criação recente de Sociedades de Garantia de Crédito (SGC). Muito comuns na Europa, as SGC prestam, em nome das pequenas empresas, garantias complementares exigidas pelos agentes financeiros. Atualmente, existem quatro SGC em funcionamento no Brasil, três no Paraná, e a Garantiserra, pioneira no Rio Grande do Sul. Operam no Estado a Sociedade de Garantia de Crédito do Oeste do Paraná – Garantioeste, com sede em Toledo e atuação na região oeste do Estado; a Sociedade de Garantia de Crédito do Sudoeste do Paraná – Garantisudoeste, em Francisco Beltrão, e alcance no sudoeste; e a Sociedade de Garantia de Crédito do Noroeste do Paraná Noroeste Garantias, com sede em Maringá e alcance no noroeste.
Eloi Rios, empreendedor
SGC
A Sociedade de Garantia de Crédito do Norte do Paraná - Garantinorte, com sede em Londrina, e alcance no norte do Estado, e a Sociedade de Garantia de Crédito do Centro-Sul do Paraná, com sede em Guarapuava, foram constituídas no final de outubro e de novembro deste ano, respectivamente. A projeção é de que en-
democratizam crédito Iniciativa deve atender em cinco anos 7,5 mil empreendimentos; volume de crédito a ser concedido pode chegar a R$ 120 milhões Por Leandro Donatti
trem em funcionamento no primeiro semestre de 2012. O Sebrae/PR projeta que, em cinco anos, as SGC paranaenses devam atender em média 7,5 mil micro e pequenas empresas. A estimativa é que o volume de crédito a ser concedido, por meio das garantias, deva chegar a R$ 120 milhões. “As SGC do Paraná contam com fundos de aval estimados em R$ 4 milhões cada, formados por recursos do Sistema Sebrae e também de instituições como o Sicoob (Sistema de Cooperativa de Crédito)”, explica o coordenador estadual de Acesso a Servi-
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telli Junior. Segundo ele, as SGC são peçasMercado
Foto: Flavio Bertan/VSi Produtora - Maquiagem: Gerusa Mello
Garantia
De cada dez micro e pequenas empresas interessadas em obter financiamentos jun-
que as instituições financeiras ampliem o
buindo na indicação, para os empresários,
res condições para empreender. Outro fator de destaque, ponto positivo das SGC, é sua contribuição na retenção de recursos nas regiões, uma consequência da melhor negociação do empresário com as instituições financeiras.
Proposta pioneira Depois de completar um ano e meio de mercado em Toledo, no oeste do Paraná, o casal de empresários Jaqueline e Thiago Rezende sentiu que era hora de inovar na Capricho Molduras, loja de molduras para quadros e decorações em espelhos e painéis que os dois gerenciam na cidade. A oportunidade estava bem próxima do casal, mas era preciso capital para investir em outro ponto e ampliar o negócio. De olho no mercado, os dois procuraram por financiamento de capital de giro e encontraram, na Garantioeste, a força que buscavam para alavancar os negócios. “Com a garantidora, conseguimos taxas de juros mais baixas, que farão com que o crédito saia 50% mais barato se comparado com outras operações”, cita Thiago Rezende que recebeu a aprovação de cerca de R$ 20 mil para comprar o novo ponto.
Muito comuns na Europa, as SGC prestam, em nome das pequenas empresas, garantias complementares exigidas pelos agentes financeiros
A mudança está prevista para janeiro de 2012. “Além de aumentar em 80% o tamanho da loja, também começaremos a trabalhar com móveis, que complementarão as vendas das molduras e decorações. O novo ponto e produto têm tudo a ver com nosso negócio e o objetivo virá no aumento do faturamento da empresa”, preveem os empresários. Augusto José Sperotto, presidente da Garantioeste, diz que as lideranças empresariais que assumiram o processo das SGC no Paraná, com o auxílio do Sebrae, podem ser comparadas a “desbravadores”. “O começo é difícil, mas a cada dia que passa os resultados passam a ser medidos. As SGC
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Foto: Claiton Biaggi
Beltrão, também é um dos beneficiários da garantidora de crédito do sudoeste do Paraná. Ele teve uma operação de crédito aprovada no valor de R$ 15 mil, a juros abaixo de mercado. Eloi, dono da Casa de Massas Santa Clara, que fornece bolos, pães, massas e alimentos em geral sob encomenda, há quatro anos, vai planejar o uso do dinheiro. “A Garantisudoeste vai ajudar os empreendedores a acessarem o crédito, com mais facilidade.”
Diferencial regional Integrante do Conselho Fiscal da Garantinorte, Valter Orsi, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Londrina (Sindimetal), conselheiro do Sicoob e ex-presidente da Associação Comercial de Londrina (ACIL), é um entusiasta da SGC no norte do Paraná. “As SGC vêm como um guarda-chuva de proteção, que estimula o crédito com taxas diferenciadas.” Na Europa, de acordo com Orsi, as SGC estão no dia a dia das micro e
Célio Boneti, presidente da Garantisudoeste
Sperotto contabiliza os primeiros resultados da garantidora de crédito. O dirigente informa que a Garantioeste já vinha operando em abril e, desde então, até outubro, havia analisado mais de 70 operações. Ao todo, foram aprovadas 55 cartas de crédito que envolveram R$ 813 mil em financiamentos para micro e pequenas empresas do oeste paranaense.
Educação financeira Para o presidente da Garantisudoeste, Celio Boneti, o crédito é fator de desenvolvimento em qualquer economia no mundo. “Tem crédito bom e crédito ruim. As micro e pequenas empresas têm se utilizado, em muitos casos, do crédito ruim, o que causou uma cultura de distanciamento do segmento e dos agentes financeiros. As SGC
Boneti ressalta que o número superou a meta estabelecida no plano de negócios, que era, inicialmente, de oito operações mensais. “É uma amostra de que este tipo de organização está atendendo uma demanda, assegurando a garantia e o acesso ao crédito de qualidade com gestão financeira e planejamento por parte das empresas”, atesta Boneti.
to de qualidade, com gestão financeira e
O empreendedor Eloi Rios, de Francisco
Na avaliação de Boneti, os empresários de micro e pequenas empresas, na maioria
dito da região ainda não havia realizado operações porque estava em fase de estruturação, fechamento de convênios, capacitação de equipe de trabalho, adesão de novos associados e prospecção de micro e pequenas empresas em projeto de expansão. “O principal objetivo das SGC é promover o desenvolvimento econômico e, para isso, vamos priorizar empresas que visam o crescimento”, assinala. A Prefeitura de Maringá firmou protocolo, manifestando a intenção de aportar R$ 1 milhão no fundo garantidor da Noroeste Garantias. Na avaliação de Rezende, a decisão é uma atitude de vanguarda porque o poder público entende que a SGC é uma importante ferramenta para a geração de novos empregos e desenvolvimento. Jean Flávio Zanchetti, presidente da Coordenadoria das Associações Comerciais da Região Norte e Noroeste e da Associação Comercial de Nova Esperança, também aposta no sucesso da Noroeste Garantias. “As SGC vão tirar as micro e pequenas empresas da agiotagem e dos juros altos, comuns no chamado crédito especial. Os
Crédito produtivo O empresário Valdir Grigolo, presidente da Coordenadoria das Associações Comerciais do Centro-Oeste do Paraná (Cacicopar) avalia como pertinente a instalação de uma SGC, com sede em Guarapuava. “Desde o início, acompanho as discussões sobre as SGC e sempre subentendi sua importância. É evidente que é preciso trabalhar fatores de esclarecimento junto aos empresários sobre as garantidoras, o que vem sendo feito, pois a população não gosta daquilo que não conhece”, observa. Para Grigolo, as empresas da região demandam por crédito, mas é preciso que o crédito seja produtivo. “Cerca de 98% das empresas da região são micro e pequenas e esse apoio na concessão de crédito tem que ser dado. Com a privatização de bancos públicos, mudou a concessão de crédito, mesmo, ao meu ver, o governo oferecendo linhas de crédito, mas mais voltadas para o consumo”, avalia o empresário, que há 21 anos atua no setor de confecção. (Colaboraram nesta reportagem os jornalistas Graziela Castilho, Juliana Dotto e Adriano Oltramari)
Saiba mais
Para o empresário Daniel Fernando Cagol, a Garantisudoeste deixou claro para que foi criada. “O acesso ao crédito foi rápido, o
dos casos, solicitam crédito sem planejamento. “Precisa haver uma educação financeira. Os empresários devem acessar crédi-
mover uma aproximação. É um trabalho de catequização que temos pela frente.”
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giro e as demais para investimentos.
prazo é bom porque permite parcelas menores e taxa de juro ficou a metade da que é praticada no mercado. A empresa não sente no caixa”, justifica. Daniel, que dirige a empresa que está na família há 20 anos e atua no ramo de tecidos, aviamentos e comercialização de equipamentos para indústrias de confecção, realizou operação para capital de giro, via a garantidora.
são uma excelente oportunidade para pro-
pequenas empresas. “Vamos trabalhar para a concretização da proposta no norte do Paraná. Não tenho dúvidas que as regiões que possuírem SGC terão diferenciais na economia, a partir de micro e pequenas empresas mais fortes e mais competitivas”, aposta o presidente do Sindimetal.
planejamento a médio prazo. As SGC são uma alternativa inteligente”, entende o presidente da Garantisudoeste, que, nos primeiros 60 dias, realizou 20 operações, totalizando R$ 486 mil em repasse para micro e pequenas empresas em Pato Branco, Coronel Vivida e Francisco Beltrão. Do total, 15 operações foram para capital de
Ilson Rezende, presidente da Noroeste Garantias, aposta na iniciativa. Até o fechamento desta edição, a garantidora de cré-
agentes financeiros darão orientação e o Sebrae tem papel fundamental no planejamento empresarial, antes do crédito.”
Foto: Claiton Biaggi
De cada dez micro e pequenas empresas interessadas em obter financiamentos, três em média têm pedidos negados por falta de garantias
repercutem na matriz de custo das empresas e evitam o dreno financeiro, sobrando, assim, mais recursos para a ampliação dos negócios.”
Potencial econômico
A sede da Garantioeste é em Toledo, no Edifício da Associação Comercial e Empresarial de Toledo (ACIT), que fica no Largo São Vicente de Paulo, 1.333, 6º andar, Sala 61. A Garantisudoeste está instalada em Francisco Beltrão, na Rua Florianópolis, 478.
Augusto José Sperotto, presidente da Garantioeste
E a Noroeste Garantias está localizada nas dependências da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM), na Rua Basílio Sautchuk, 388, no telefone (44) 3226-3344.
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MOTIVO PARA TER O ACESSO AO CRÉDITO NEGADO
Raio-x das necessidades de crédito no Paraná
Prazo muito curto 4% Exigência de reciprocidade 5%
Pesquisa realizada pelo Sebrae/PR nas regiões oeste, sudoeste, norte, noroeste e centro-sul do Estado, contemplando 90 municípios, mostra uma demanda por sociedades de garantia de crédito. Foram realizadas entrevistas no período de junho de 2005 a novembro de 2010, com empresas dos segmentos de indústria, comércio e serviços. Confira os principais resultados:
Projeto inadequado 7%
Das razões para não terem acesso a crédito, a principal citação foi burocracia (33%), seguida de taxas de juros elevados (31%) e falta de garantia (17%).
Indisponibilidade de linhas de crédito 12% Limite de crédito insuficiente 12%
NECESSITA DE CRÉDITO?
Restrições cadastrais 13%
FREQUÊNCIA COM QUE A EMPRESA ACESSA CRÉDITO
Todo mês
Outras razões 13%
A cada 2 meses
48%
sim 54%
Falta de garantia 17% Taxas de juros elevadas 31% Burocracia 33%
1 vez por ano
não
A cada 6 meses
A cada 3 meses
QUAIS AS LINHAS MAIS CONTRATADAS Capital de giro 49% Cheque especial 32% Desconto de cheques pré-datados 31% PROGER 26%
Dos entrevistados que utilizaram recursos de terceiros nos últimos 12 meses, 48% informaram que utilizaram uma vez por ano, 21% utilizaram todo mês.
Conta garantida 19% Desconto de duplicatas 18% Outro 12%
ORIGEM DOS RECURSOS
Antecipação de recebíveis (cartão) 9% Leasing 7%
Instituições financeiras 93%
FINAME 5% Cartão BNDES 5%
Recursos de familares 9%
Linhas do fabricante fornecedor 3% Recursos dos sócios 7% Recursos próprios (lucro) 7% Outros 5% Agiotas 4% Receitas não-operacionais 0%
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BNDES automático 3% Nesta questão, aplicada aos entrevistados que utilizaram recursos de terceiros nos últimos meses, levantou-se qual foi a origem desses recursos e 93% informaram terem obtido recursos junto a instituições financeiras.
Hot money 1% FINEP 0% Conforme demonstrado no gráfico acima, as linhas de crédito de curto prazo são as mais utilizadas pelos entrevistados que fizeram uso de recursos de terceiros nos últimos 12 meses, a linha de crédito para capital de giro foi a mais citada por 49% dos entrevistados. Destacam-se ainda outros recursos como cheque especial (32%), desconto de cheques pré-datados (31%), conta garantida (19%) e desconto de duplicatas (18%). Das linhas de financiamento de longo prazo destinadas a investimentos, destaca-se o PROGER, com 26% . 43
Feiras e eventos Foto: Luiz Costa/La Imagen
Informação
Semana da Pequena Empresa
Evento mobiliza quase 3 mil empreendedores e empresários e traz palestras presenciais e online Por Leandro Donatti
Waldemar Niclevicz , alpinista
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Ciro Bottini
Quase 3 mil empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas participaram das palestras presenciais e online realizadas durante a Semana da Pequena Empresa, uma iniciativa do Sebrae/PR, de 24 a 28 de outubro. Em sua quinta edição, o evento reuniu especialistas, de renome nacional, em Cascavel, Curitiba, Londrina, Maringá e Pato Branco.
empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas participaram de dois seminários pela web. O diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo de Campos Costa, falou sobre “Harvard para pequenas empresas”. E o consultor credenciado do Sebrae/PR, André Ott, sobre “Por que sua empresa deve estar na internet”.
Com o mote “Uma semana estratégica para seus negócios”, o Sebrae/PR convidou o alpinista Waldemar Niclevicz; o conferencista Carlos Hilsdorf; o professor Marco Auré-
“A Semana da Pequena Empresa é um evento feito para mostrar a importância da informação e do conhecimento no mundo corporativo”, assinala Allan Costa. Hoje, lembra o diretor-superintendente do Sebrae/PR, um a cada quatro empreendimentos fecha as portas antes dos dois primeiros anos de vida, devido à falta de orientação e de informação técnica adequada.
lio Vianna; e o vendedor Ciro Bottini, para avaliarem, a partir de suas experiências, o empreendedorismo, o mercado e o comportamento, variáveis que influenciam o dia a dia dos pequenos negócios. As inscrições para as palestras-magnas foram gratuitas e o Sebrae/PR pediu aos empreendedores e empresários a doação de um quilo de alimento não-perecível. Nos cinco dias da Semana da Pequena Empresa, foram arrecadadas mais de duas toneladas de alimentos, que já foram doados para instituições que apoiam causas sociais, nas cidades que sediaram as palestras-magna. Waldemar Nicleviz, em Curitiba, atraiu cerca de 500 empreendedores, totalizando
Eventos como a Semana da Pequena Empresa ajudam, na sua avaliação, a melhorar
Semana Instituída pela primeira vez em 2006, a Semana da Pequena Empresa é, atualmente, um evento bianual que tem como objetivos divulgar a importância do empreendedorismo e das micro e pequenas empresas, assim como apresentar e disseminar as soluções do Sebrae/PR. A iniciativa também comemora o Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa, instituído no dia 5 de outubro. A data foi instituída simbolicamente para marcar o início da vigência do primeiro Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (legislação em favor dos pequenos negócios), em 5 de outubro de 1999.
No Paraná, o Sebrae/PR trabalha com um universo de 450 a 500 mil micro e pequenas empresas formais, de acordo com a RAIS 2010. O Estado possui também mais de 85 mil empreendedores individuais, e 450 mil informais.
Maringá, Carlos Hilsdorf reuniu cerca de 200 participantes (130 quilos); em Londrina, Professor Vianna, 300 participantes
No Brasil, são 6 milhões de micro e pequenas empresas, 1,5 milhão de empreendedores individuais e 10 milhões de informais. As micro e pequenas empresas respondem por 99% das empresas formais e 60% dos empregos com carteira assinada.
(400 quilos); em Pato Branco, Ciro Bottini mobilizou mais de 1,1 mil participantes (1 tonelada) e, em Cascavel, a palestra do Professor Vianna contou com a presença de 150 participantes (100 quilos). A realização de palestras online, novidade
desta edição, foi um sucesso. Mais de 500
a qualidade tanto do planejamento como da gestão das micro e pequenas empresas. “O Sebrae/PR é a Casa do Empreendedorismo e tem como missão auxiliar as micro e pequenas empresas a serem sustentáveis e competitivas”, assinala.
Força
350 quilos de alimentos arrecadados. Em
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Foto: VSi Produtora
Professor Viana
Foto: Cristiane Shinde/Studio Alfa
Foto: Wilson Vieira/Videographic
Mais de 500 empreendedores e empresários participaram de dois seminários pela web
Carlos Hilsdorf 47
referências para o desenvolvimento local, a partir do apoio e do incentivo ao
O prefeito de Iretama, Antonio José Quesada Piazzalunda, o Toinzé. venceu na ca-
brae/PR, Jefferson Nogaroli, a Diretoria Executiva do Sebrae/PR e lideranças e gestores públicos.
tegoria Promoção do Desenvolvimento Rural, com um projeto de desenvolvimento da agroindústria e turismo rural. A prefeita de Jacarezinho, Valentina Helena de Andrade Toneti, Tina, foi destaque na categoria Planejamento e Gestão Pública para o Desenvolvimento Sustentável, com um programa de modernização da gestão pública. E o prefeito de Serranópolis do Iguaçu, José Arlindo Sehn, na categoria Crédito e Capitalização, por ter ampliado um fundo de desenvolvimento econômico do município. Da esq. para a direita: Silvio de Souza, Elson Munaretto, José Salim Haggi Neto, Valentina Helena de Andrade Toneti, Luciano Ducci, Edgar Bueno, Antonio José Quesada Piazzalunda, Marcelo Sehn (que representou José Arlindo Sehn)
Prefeitos visionários
Projetos focados no empreendedorismo e nas micro e pequenas empresas rendem prêmio para gestores públicos do Paraná Por Leandro Donatti
O prefeito de Lindoeste, Silvio de Souza, foi destaque temático na categoria Compras Públicas dos Pequenos Negócios Locais, com a regulamentação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. O prefeito de Cambará, José Salim Haggi Neto, na categoria Lei Geral Municipal, por conta da implantação de uma sala para empreendedores e de uma política de estímulo à formalização. O prefeito de Cascavel, Edgar Bueno, venceu a categoria Formalização de Pequenos Negócios e Apoio ao Empreendedor Individual, com parceiras, associativismo e benefícios às micro e pequenas empresas. O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, levou a categoria Médios e Grandes Municípios, sobretudo por suas ações em prol da capacitação de mais de 11 mil empreendedores em diversos bairros da capital paranaense. E o prefeito de Bom Sucesso do Sul, Elson Munaretto, foi o grande vencedor da noite, na categoria Melhor Projeto Estadual. A proposta de Munaretto, com o objetivo de evitar a evasão populacional, incentivou o comércio local, por meio de feiras, eventos e exposições, desenvolveu ações de inclusão cidadã, disseminação do empreendedorismo, renda e qualidade de vida no meio rural. O Prêmio Prefeito Empreendedor reconhece as iniciativas consideradas como
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empreendedorismo e às micro e pequenas empresas em municípios. Em sua sétima edição, foram 105 inscritos e 70 finalistas no Paraná.
Feiras e eventos
Foto: Alex Garcia
Gestão
Oito prefeitos do Paraná venceram a etapa estadual do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor e são exemplo de gestores públicos que apostam no empreendedorismo e nas micro e pequenas empresas, como mecanismo para o desenvolvimento. O anúncio dos vencedores foi em novembro, durante a XXI Convenção Anual da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap), em Foz do Iguaçu.
O diretor-técnico do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos, acompanhou a divulgação da etapa paranaense do Prêmio Prefeito Empreendedor, com o presidente do Conselho Deliberativo do Se-
“Todos os prefeitos são vencedores. Afinal, foram 70 projetos voltados para o desenvolvimento”, disse o dirigente do Sebrae. Carlos Alberto dos Santos informou que os oito prefeitos vencedores do Paraná concorrem, em abril do ano que vem, à etapa nacional do Prêmio Prefeito Empreendedor, em Brasília. Jefferson Nogaroli, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, comparou o prefeito ao CEO (diretor geral, em português) de uma empresa. “Ao vencer um prêmio como o Prefeito Empreendedor, o prefeito melhora sua prática de gestão.” “Os prefeitos do Paraná entenderam que se não houver um ambiente favorável aos pequenos negócios, não há arrecadação de tributos, empregos e renda”, assinalou, para uma plateia com quase 1 mil pessoas.
Os oito prefeitos vencedores do Paraná concorrem, em abril do ano que vem, à etapa nacional do Prêmio Prefeito Empreendedor, em Brasília
O Prêmio O Prêmio Prefeito Empreendedor teve início em 2001 para reconhecer o trabalho de prefeitos de todos os municípios brasileiros e administradores regionais do Distrito Federal e de Fernando de Noronha. Nesses dez anos, 342 prefeitos venceram as etapas estaduais e 44 gestores ganharam na fase nacional. No período, 2.998 líderes municipais se inscreveram na premiação. A premiação promove a regulamentação e a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, aprovada em dezembro de 2006 como um instrumento para promover o desenvolvimento de pequenos negócios. A legislação já foi regulamentada em 3.008 cidades, que representam 54% do total do País e mais de 70% da população brasileira. No Paraná, dos 399 municípios, cerca de 350 já têm Leis Gerais Municipais.
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Foto: Alex Garcia
A premiação promove a regulamentação e a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, aprovada em dezembro de 2006
Etapa nacional Os premiados no Paraná vão concorrer à etapa nacional, na qual serão concedidos cinco prêmios na categoria Melhor Projeto Nacional, um por região, e sete prêmios nacionais temáticos, escolhidos a partir dos projetos vencedores em cada categoria na etapa estadual. O Prêmio Prefeito Empreendedor é realizado pelo Sebrae, com o apoio da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Associação Brasileira de Municípios (ABM), Frente Parlamentar das Micro e Pequenas Empresas, Movimento Brasil Competitivo, Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e Governo Federal.
Saiba mais Elson Munaretto, prefeito de Bom Sucesso do Sul
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Acesse www.sebraepr.com.br.
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Tendência
Foto: Wilson Vieira/Videographic
Compras coletivas
Alexandre Alves de Melo, empresário
Muitos clientes, mas pouco lucro
Febre na internet, sites de compras coletivas devem ser vistos com cautela por empresários de micro e pequenas empresas Por Adriana De Cunto
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Em 24 horas, o maringaense Norley Fernando Alamino Silveira viu o seu campo de
Segundo a Gmattos Consultoria, em dezembro do ano passado, com apenas nove
paintball (prática esportiva que consiste no arremesso de bolas com tinta colorida) receber 500 clientes. O up grade nos negócios
meses de vida, os sites de compras coletivas foram responsáveis por mais de 2 milhões de transações no Brasil. Pesquisa da
não foi milagre e, embora as vendas tenham sido feitas em apenas um dia, as cen-
Fecomércio/São Paulo prevê que a venda de bens de consumo pela internet em
tenas de clientes demoraram semanas para marcar o jogo.
2011 em todo o País será de R$ 18,7 bilhões, crescimento estimado m 36% em relação a 2010.
Silveira é um dos empresários brasileiros que aderiram à nova febre na internet, os sites de compra coletiva. Apesar da atividade no Brasil estar apenas engatinhando – ainda não completou dois anos -, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camarae.net) calcula que existam no País hoje entre 1.800 e 2.000 sites. Destes, de 800 a 1.200 estão ativos. O modelo de serviço surgiu nos Estados Unidos e o primeiro a entrar em funcionamento
Para 2012, a previsão é de um volume de vendas 25% maior comparativamente a 2011. A Fecomércio ainda estima que o Brasil conta hoje com 80 milhões de usuários de internet, dos quais 27 milhões são consumidores virtuais, e calcula que até o ano acabar, 32 milhões de pessoas terão feito alguma compra pela internet, o dobro em relação a 2009.
A Camara-e.net calcula que existam no País hoje entre 1.800 e 2.000 sites de compras coletivas, destes, de 800 a 1.200 estão em atividade
As expectativas de crescimento dos sites
por aqui foi o Peixe Urbano, em março de 2010. O site Bolsa de Ofertas, que divulga mensalmente o ranking das maiores empresas nesse segmento, colocou em setembro
de compras coletivas também impressionam. Gerson Rolim, consultor do Comitê de Compras Coletivas da Camara-e.net, diz que a projeção é que o setor feche 2011
o Peixe Urbano como o segundo maior site de compras coletivas do Brasil, perdendo para o Groupon e à frente do ClickOn.
com receita bruta de R$ 1 bilhão, sendo que 90% do faturamento estão concentrados nas mãos dos sete maiores sites. No
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ano passado, a receita bruta atingiu R$ 150 milhões. Considerando esses números de crescimento, muitos empresários aderem aos sites de compras coletivas. Afinal, quem não gostaria de ver, de uma noite para o dia, centenas de clientes em potencial batendo à sua porta? Porém, cautela é a palavra de ordem antes de decidir colocar seus produtos ou serviços em oferta na internet. Consultores ouvidos pela Revista Soluções lembram que não há fórmulas mágicas e ingressar em um site requer muito planejamento, caso contrário, as ofertas podem sair caras demais para os anunciantes.
Fidelizar o cliente é a segunda etapa do processo e trata-se de uma tarefa que exige qualidade no atendimento e organização por parte do empresário
Eduardo Costa, sócio proprietário da consultoria Phocus Interact, de São José dos Campos, em São Paulo, lembra que um empresário não deve esperar lucro na participação de um site de compras coletivas, pois trata-se de uma ferramenta de marketing promocional. A principal vantagem é trazer novos clientes. “Com o desconto, o empresário vai atrair para o seu negócio um novo consumidor”, explica, lembrando que a maioria dos frequentadores dos sites é da classe A e B. Alexandre Alves de Melo, sócio no Restaurante O Casarão, em Londrina, concorda que dificilmente terá lucro com a promoção, pois para colocar na rede uma oferta atraente, o empresário deve dar um super desconto, no mínimo de 50%. Os 50% restantes serão divididos com o administrador do site. Ou seja, o comerciante ficará com 25% do que deveria custar o serviço. “Financeiramente é péssimo, mas como ferramenta de marketing é excelente”, diz. Melo e os sócios Roberto Ávila Scaff e Daniel Rosa gostaram tanto da experiência do primeiro anúncio, em setembro de 2010, que não pararam mais e hoje o Casarão é habitué em vários sites de compras coletivas. “Queremos trazer clientes para o restaurante, atender bem e fidelizar. Se a pessoa for bem atendida, ela vai voltar”, acredita Melo. O empresário reforça que é preciso muito planejamento, tanto que contratou um funcionário só para cuidar dos cupons e clientes dos sites. “É trabalhoso, pois antes de tudo precisamos ter certeza de que teremos condições de atender bem aquela quantia de clientes que virá por conta dos cupons”, conta. Assim como Alexandre de Melo, Norley Silveira também participa de vários sites e diz que a ideia é movimentar o Head Shot Pain-
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tball. “Você não pode colocar valor alto”,
Vantagens e desvantagens Antes de ser seduzido pelos sites de grupos de compras coletivas, o empresário deve fazer as contas: quantos clientes a mais o estabelecimento pode receber? O negócio pode arcar com o desconto, ou seja, com o investimento? Há linhas de telefones para agendar novas reservas? Existem funcionários suficientes para atender a nova demanda de clientes? Se não houver planejamento, em vez de publicidade positiva, o empresário pode ter a desagradável surpresa da publicidade negativa, vendo o nome da empresa em sites de reclamações ou até mesmo em serviços de proteção ao consumidor. O bom gerenciamento de todas as etapas do serviço prestado é a chave para o sucesso. Diversos consumidores irão pela primeira vez ao estabelecimento e, se saírem satisfeitos, falarão bem do atendimento e poderão até retornar.
ensina. Mas ele orgulha-se em dizer que consegue lucrar com as promoções, pois dificilmente o jogador fica só nos 50 tiros de bolinhas de tinta vendidos pelo site a R$ 7,50. Normalmente, no mesmo dia, o cliente acaba gastando mais R$ 25 por outras 100 bolinhas (preço normal) já contando o aluguel de roupa e equipamento. “Alguns também trazem amigos para jogar, aumentando o lucro”, justifica.
Bom para quem está começando Dois fatores devem explicar o grande sucesso dos sites de compras coletivas no Brasil no último ano, conforme avaliou a consultoria Gmattos. O primeiro é o crescimento das mídias sociais, que ajudam muito na divulgação das ofertas. A segunda razão para o sucesso é que os sites focam sua atenção na venda de pequenos serviços em que os descontos são maiores (como spas, salões de beleza, restaurantes, entradas para cinemas e outras formas de lazer) gerando muitas transações comerciais. Eduardo Costa, da Phocus Interact, alerta que os sites de compras coletivas não são indicados para todos os ramos de negócios. Na opinião dele, têm mais chances de sucesso os prestadores de serviços, pois
Os maiores
eles pagarão pela promoção com esforço próprio ou de seus funcionários. Os prestadores de serviços não dependem de fornecedores e correm menos risco de não terem o produto na hora em que os clientes
quiserem concretizar a compra. Já o consultor do Sebrae/PR, João Luis de Moura, afirma que, se bem planejada, a promoção também pode beneficiar não só o setor de serviços, mas também o de bens de consumo. O importante, segundo ele, é ter consciência das vantagens e desvantagens de anunciar em um site de compras coletivas. Moura lembra que os sites são uma ação de um plano de marketing e devem estar relacionados com outras ações e diferentes mídias. “É perigoso divulgar em um só canal”, alerta. E conclui: “Os sites são eficazes para trazer o cliente para a empresa, tornando-se uma estratégia interessante para quem está começando.” Trazer o freguês para dentro de casa é só a primeira parte do trabalho. Fidelizar o cliente é a segunda etapa do processo e trata-se de uma tarefa que exige qualidade no atendimento e organização por parte do empresário de pequena empresa e de seus colaboradores. Segundo o consultor do Sebrae/PR, não adianta atrair um maior número de clientes, se um bom pósvenda não for realizado, estabelecendo um canal de comunicação por meio das mídias sociais, telefonemas, correspondência, mensagens via celular ou e-mail.
Cuidado para não diferenciar clientes. A preocupação em seduzir o novo visitante pode causar ciúmes nos consumidores constantes, que pagam o preço normal do serviço e nunca ganharam 50% de desconto.
6 - ofertaunica.com
Outra tarefa difícil para os empresários que adotam esse tipo de promoção é identificar, entre as centenas de novos clientes que baterem à sua porta, aqueles que realmente estão abertos para tornarem-se consumidores constantes. Pois certamente a maioria está atrás do desconto e não é fiel à nenhuma marca. “Quando se anuncia em um site de compras coletivas, é preciso ter consciência que vai atingir um grupo de consumidor muito diferente e o empresário tem que estar preparado para esses atendimentos”, comenta João Luis de Moura, do Sebrae/PR.
7 - azeitonapreta.com.br
De boca em boca
8 - clubedodesconto.com.br
Fontes: Eduardo Costa, da Phocus Interact, e João Luis de Moura, do Sebrae/PR.
Fonte: www.bolsadeofertas.com.br (setembro de 2011)
Pesquisa realizada no mês de março de 2011 pela empresa e-bit, em parceria com a Camara-e.net, mostra que 61% dos entrevistados disseram conhecer o conceito de compras coletivas sendo que, desses, 49% afirmaram que já tinham comprado alguma oferta. Dos consumidores que já
Esse novo modelo de comércio eletrônico conquistou novos compradores e também fez surgir concorrência para os grandes sites de compras coletivas. Pesquise antes de escolher o parceiro e não deixe de negociar a forma de pagamento. Empresários reclamam de pequenos sites locais que demoram para repassar o dinheiro da venda.
sites de compras coletivas do Brasil
1 - groupon.com.br 2 - peixeurbano.com.br 3 - clickon.com.br 4 - groupalia.com 5 - hotelurbano.com.br
9 - qpechincha.com.br 10 - vitrinecoletiva.com.br
haviam comprado, 82% pretendiam adquirir novamente uma oferta em compras coletivas nos próximos três meses. Quando se trata de sites de compras coletivas, a opinião dos amigos é a que mais conta, revelou a pesquisa, pois 37% das pessoas que adquiriram um cupom de desconto ficaram sabendo do serviço por recomendação de amigos e parentes. Só 19% alegaram ter recebido a promoção por e-mail. Embora o Brasil tenha mais de mil sites, a pesquisa mostrou que o mercado caminha para a consolidação e algumas marcas ganham muito mais espaço nas lembranças dos consumidores. Segundo o estudo, as mais lembradas foram Groupon, Peixe Urbano e ClickOn. A pesquisa também mostrou que a grande maioria (74%) dos entrevistados afirmou estar satisfeita com essa modalidade de compras coletivas.
A projeção é que o setor feche 2011 com receita bruta de R$ 1 bilhão, sendo que 90% do faturamento estão concentrados nas mãos dos sete maiores sites
Saiba mais Sugestões de pesquisa: www.bolsadeofertas.com.br www.blogdoecommerce.com.br www.ebit.com.br
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de instalação de toldos, Luiz Alvino de Barros resolveu investir no conhecimento acumulado, para abrir o próprio negócio, em Umuarama, noroeste do Paraná. Porém, a formalização do empreendimento aconteceu só cinco meses depois do seu efetivo funcionamento, no início de 2010. Luiz Alvino de Barros enxergou a oportunidade de entrar para o mercado formal com a figura jurídica do Empreendedor Individual, instituída no Brasil em julho de 2009. No dia 5 de março de 2010, tornou-se empreendedor individual e consolidou a formalização da empresa, a L.A.Toldos e Luminosos, com orientações de consultores do Sebrae/PR. A escolha pela legalização do negócio significou novas perspectivas. A condição de emitir nota fiscal, inclusive para atender órgãos públicos, mais competitividade e acesso ao crédito influenciaram no aumento do faturamento do negócio. O teto anual de R$ 36 mil (em 2012, aumentará para R$ 60 mil, conforme projeto sancionado pelo governo federal) tornou-se pequeno.
Luiz Alvino de Barros, empresário
De empreendedor individual a empresário de microempresa Levantamento, divulgado pelo Sebrae, revela que 87% dos recém-formalizados paranaenses desejam crescer Por Giselle Ritzmann Loures
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Com o crescimento, a L.A.Toldos e Luminosos, no início de 2011, passou de empreendimento individual para microempresa, empreendimento que fatura até R$ 240 mil por ano (em 2012, até R$ 360 mil). Uma evolução que garantiu ao empresário, além de ampliar sua carteira de clientes num raio de até 100 quilômetros de Umuarama, a possibilidade de contratar mais funcionários. Hoje, a empresa emprega seis pessoas e tem espaço para novas contratações. Para o empresário, o crescimento sustentável é um desafio permanente. “Penso daqui uns quatro anos passar para a faixa de faturamento que corresponde ao de pequena empresa (empreendimentos que faturam a partir de R$ 360 mil até R$ 3,6 milhões, por ano, pela nova legislação)”, projeta. O otimismo de Luiz Alvino de Barros não é um sentimento isolado e faz parte de estatísticas. O Sebrae/PR reuniu em uma pesquisa informações sobre o comportamento dos empreendedores individuais paranaenses. Segundo o levantamento, divulgado no primeiro semestre deste ano, 87% dos empreendedores individuais entrevistados afirmaram querer crescer e virar donos de microempresas. Assim como
o hoje empresário de Umuarama. A maioria dos empreendedores individuais do Paraná, ainda de acordo com o estudo do Sebrae, não possui fonte de renda complementar. São artesãos, cabeleireiros, carpinteiros, costureiras, manicures, pedreiros, pintores e sapateiros, dentre 400 atividades, que sobrevivem exclusivamente de ofícios, pequenos empreendimentos que viraram negócios, por ‘herança’ dos pais e que evoluíram, no dia a dia, com a prática do exercício.
Tendência
Foto: Cristiane Shinde/Studio Alfa
Crescimento constante
Há 15 anos como funcionário do segmento
Conforme a pesquisa, realizada pelo Sebrae Nacional nos 26 estados e Distrito Federal, para traçar um perfil do segmento, 70% dos empreendedores individuais paranaenses – até o fechamento desta edição, eram mais de 85 mil - afirmaram depender de seus negócios como única forma de sustento. Os outros 30% possuem fontes de renda alternativa. “Esse índice (70%) de empreendedores que têm em seus ofícios única fonte de renda é significativo. E mostra que o Sebrae e parceiros estão no caminho certo. O Empreendedor Individual, como programa de estímulo à legalização de pequenos negócios, é uma proposta de inclusão produtiva que atende, de forma efetiva, empreendedores. É uma opção de desenvolvimento, com geração de emprego e renda”, diz Julio Cezar Agostini, diretor de Operações do Sebrae/PR. Do total de empreendedores individuais no Estado, no período analisado pela pesquisa (de setembro de 2009 a maio de 2011), 56% são homens e 44% são mulheres. Oitenta e seis porcento trabalham sozinhos no negócio e 14% possuem um empregado.
Setenta porcento dos empreendedores individuais paranaenses afirmaram depender de seus negócios como única forma de sustento
A distribuição dos formalizados, por setores e atividades, é a seguinte: serviços (36,3%); comércio (35,2%); indústria (16,9%); e construção civil (11,5%). Enquanto que a faixa etária com maior número de empreendedores individuais é a de 18 a 39 anos (60% do total). Os empreendedores individuais paranaenses veem vantagens na formalização e 97% dos entrevistados a recomendam. Noventa e oito porcento disseram que, após a formalização, aumentaram ou mantiveram suas vendas.
Perfil Apesar de a imagem do empreendedor individual ser frequentemente associada a do vendedor ambulante e outras atividades desenvolvidas na rua, 80% dos empre-
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Foto: Cristiane Shinde/Studio Alfa
O Empreendedor Individual, como programa de formalização, é uma proposta de inclusão produtiva que atende, de forma efetiva, empreendedores
Principal motivo para formalização
Impacto da formalização nas vendas
68% benefícios do registro formal
74% não se alteram 24% aumentaram
29% benefícios do INSS
Luiz Alvino de Barros
endedores paranaenses entrevistados dis-
seram operar seus negócios em casa, em escritórios ou em estabelecimentos comerciais. Dezessete porcento afirmaram atuar na rua e 4% em outros lugares. Outro dado relevante diz respeito à escolaridade dos empreendedores individuais paranaenses. Quarenta e um porcento dos entrevistados têm ensino médio ou técnico completo; 30%, fundamental incompleto; 14%, fundamental completo; 9%, superior completo; 4%, superior incompleto; e 2%, pós-graduação.
Conhecimento
Razões
Para Rissete, ainda há pontos a serem me-
A pesquisa do Sebrae aponta os motivos para a formalização no Paraná. A figura jurídica do Empreendedor Individual entrou em vigor em julho de 2009, atende empreendedores com renda bruta anual de até R$ 36 mil (R$ 60 mil em 2012), e a legalização é feita pelo www.portaldo empreendedor.gov.br.
lhorados. “Há necessidade de avanços em serviços empresariais de suporte às ativi-
Sessenta e oito porcento formalizaram-se por aspectos relacionados ao próprio negócio, como a possibilidade de emitir nota fiscal, conseguir empréstimo ou de vender para o governo, dentre outros; e o restante virou empreendedores individuais para garantir benefícios previdenciários.
que o conhecimento faz a diferença. “Conhecer a figura jurídica do Empreende-
“Ser empreendedor individual é uma opção inteligente. Daqui a alguns anos, a informalidade não terá mais espaço. A sociedade e os consumidores, cada vez mais
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exigentes, vão dar preferência aos produtos e serviços advindos de empreendimentos formais, até por questões de segurança”, avalia Cesar Rissete, coordenador de Políticas Públicas do Sebrae/PR.
Segundo Rissete, nunca houve um programa que mostrasse de forma tão clara as vantagens da formalização. “O poder público, de forma geral, enxerga hoje a necessidade de atender os empreendedores que atuam na informalidade. Com a formalização, ganham todos.”
dades dos empreendedores individuais, como serviços bancários, cursos de qualificação profissional e capacitações empresariais, bem como ainda nas legislações de estados e de municípios.”
de artigos do vestuário e acessórios; cabeleireiros; obras de alvenaria; lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares; bares e outros estabelecime ntos especializados em servir bebidas; atividades de estética e outros serviços de cuidados com a beleza; instalação e manutenção elétrica; e serviços de pintura de edifícios em geral.
O Sebrae Nacional ouviu 10.585 empreendedores individuais em todo o Brasil, selecionados do Cadastro de Empreendedores Individuais da Receita Federal. A amostra teve como objetivo a seleção dos empreendedores individuais por estado. A pesquisa foi feita por telefone, de 9 de maio a 17 de junho deste ano. Foi utilizado, para o levantamento das informações, um questionário com 15 questões objetivas. A margem de erro é de 5%. (Colaborou nesta reportagem o jornalista Leandro Donatti)
já se formalizaram e que querem crescer”, assinala Rissete. Os segmentos de atividades que mais vêm se formalizando no Paraná, ainda de acor-
2% diminuíram
Perfil
do
empreendedor individual no
Paraná
Metodologia
O coordenador de Políticas Públicas diz
dor Individual, seus deveres e vantagens, é de fundamental importância. O Sebrae/PR pode ajudar tanto os que querem se formalizar como também os que
3% outro
Onde opera o negócio
Como se formalizou
Por conta própria, no Portal do Empreendedor
40% em ponto comercial
39% em casa
27% Com o apoio do Sebrae
29% Com o apoio de um contador
17% na rua
Saiba mais Quer saber mais sobre a figura jurídica do Empreendedor Individual e como formalizar-se? Acesse www.portaldoempreendedor.gov.br.
34% Com o apoio de um amigo ou familiar
6% 4% outro
Outro
4%
do com a pesquisa, são: comércio varejista
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Segmentação
fundas. Mais exigente, ele não quer saber apenas o preço do produto que compra ou do serviço que contrata. Com isso, as empresas perceberam que, muito além de oferecer produtos e serviços de qualidade, também é preciso investir no atendimento ao cliente. Mas a dúvida de muitos empresários é de que forma deve ser feito esse atendimento de qualidade, para se alcançar a excelência. Qual é o verdadeiro perfil do consumidor e existe uma tendência de atendimento ao cliente no comércio vare-
Por Adriana Bonn
uma loja de fast fashion”, diz. Camargo exemplifica ainda que em uma loja de varejo de materiais de construção há produtos que os consumidores compram sozinhos, sem enfrentar qualquer problema. “Mas no caso de alguns materiais temos uma dificuldade imensa de de-
Há ainda outra situação que demonstra que
em varejo e merchandising e autor e editor
a forma de atendimento pode variar dependendo do ponto de venda: quando vai ao supermercado, o consumidor compra sozinho frutas, verduras e legumes; mas quando vai à feira livre, ele sempre quer ouvir a opinião do feirante que, nesse caso, é
Camargo diz que muitas pessoas acreditam que o autoatendimento ou o autosserviço é uma fórmula de sucesso, por alcançar resultados positivos nos grandes centros. “Mas nem sempre a fórmula de sucesso de um, funciona com todos. Muitas lojas têm a preferência do consumidor porque ele sente confiança em comprar de quem está do outro lado do balcão, a quem considera um verdadeiro expert no assunto. Mas esse consumidor pode se sentir constrangido e até mesmo desprestigiado quando a loja migra repentinamente para o conceito de autosserviço”, explica. Para o especialista, a preferência pelo atendimento personalizado ou o autoatendimento tem a ver não só com o merca-
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não gostam de ter um vendedor acompanhando a compra de uma calça jeans em
O professor Caio Camargo, especialista
diferentes, compram em locais diferentes, passeiam por locais diferentes e por aí vai.” Com relação à forma de atender o cliente,
Forma de atender cliente pode variar, de acordo com o segmento de mercado, produto e região, alerta especialista
alguém compre um carro sem qualquer tipo de assistência, mas muitas pessoas
cisão, se não houver qualquer tipo de atendimento personalizado.”
Para Camargo, ao se falar de varejo, é praticamente impossível determinar um perfil único de consumidor. “Mesmo quando o mercado busca ser mais generalista, classificando o consumidor apenas por sua renda, mesmo dentro de uma mesma faixa, são encontrados diversos perfis”, diz. Ele cita como exemplo duas famílias de Classe C, uma formada por pai, mãe e filhos, e a outra por um casal que acabou de sair da faculdade. “Os desejos e aspirações dessas famílias são diferentes: compram produtos
de atender bem
cipalmente com o produto que está sendo comercializado. “É muito improvável que
jista?
do blog Falando de Varejo, diz que não existe um só tipo de consumidor e que a forma de atender um cliente pode variar, de acordo com os segmentos de mercado, produto e até regiões. “O mais importante é atender bem, ouvir o consumidor e buscar atender o trabalho de acordo com as preferências dele.”
A arte
do, mas também com a localização e prinTendência
Ao longo dos anos, o perfil do consumidor brasileiro passa por transformações pro-
o especialista. “Tudo isso mostra que mesmo considerando um tipo específico de perfil de consumidor, de uma loja para outra, de um produto para o outro, nossa preferência entre autosserviço e atendimento personalizado tende a variar.” Com tantas questões para se levar em conta, na hora de definir a forma de atendimento que será oferecida ao cliente, Camargo afirma que o segredo para as micro e pequenas empresas está em atender bem. Para a consultora do Sebrae/PR, Danieli Doneda, é importante também frisar que atender bem, não termina ao finalizar uma compra. O empresário, segundo ela, precisa manter todos os processos, com a mesma qualidade, desde o início do atendimento até o pós-venda, como trocas ou defeitos. “Uma experiência de compra bem-sucedida, gerará novas compras”, afirma. A consultora do Sebrae/PR entende ainda que os empresários de micro e pequenas empresas precisam criar, com o cliente, uma relação de confiança. “A fidelização é um desafio numa economia altamente competitiva, formada por consumidores cada vez mais interessados em experiências de consumo e menos fiéis às marcas”, avalia Doneda.
Muitas lojas têm a preferência do consumidor porque ele sente confiança em comprar de quem está do outro lado do balcão, a quem considera um expert
Cliente é “Rei” Com 41 anos de experiência no mercado de ótica, a Super Ótica São José, considerada a maior rede de óticas da região sul do País, está se preparando para mudar o sistema
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de atendimento aos clientes que hoje estão
presentes em cidades como Curitiba, no Paraná; Joinville, em Santa Catarina; Canoas, Gravataí, São Leopoldo e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul; Macapá e Santana, no Amapá; Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, e em Minas Gerais. Ao todo são 52 lojas, 12 delas franqueadas. Carlos Canto, um dos proprietários da Super Ótica São José, explica que, por ser técnico, o segmento no qual atua contempla o atendimento personalizado, mas que, levando em consideração uma tendência mundial, a empresa optou por implantar o autoatendimento. “Vivemos uma nova fase na empresa e estamos adequando as lojas para que os produtos fiquem expostos de uma forma que os clientes possam pegá-los e prová-los, ficando mais livres para escolherem a peça que desejam comprar”, diz. Para o empresário, o perfil do consumidor é um processo dinâmico que vai se adaptando ao tempo. “Nesse momento, o autoatendimento é uma tendência de mercado no segmento de ótica. Na Europa e na América do Norte isso já vem acontecendo nos últimos dez anos. Nesses locais, hoje, aproximadamente 90% das óticas possuem salão de venda com autoatendimento agregado ao atendimento personalizado”, comenta.
O lema garantiu o sucesso da empresa que foi fundada em 1969, com o empresário Geraldo Canto, pai de Carlos Canto, que tinha trabalhado em uma ótica em Curitiba e decidiu abrir seu próprio negócio. A primeira loja foi inaugurada em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, o que deu origem ao nome da empresa. Naquela época, a loja – localizada na Rua XV de Novembro, centro da cidade, era apenas um ponto de referência para o trabalho que Geraldo executava. Sua principal estratégia de venda era viajar para localidades onde não havia óticas e nem profissionais que cuidassem da saúde visual de seus moradores, então chamados de oculistas. A loja conquistou clientes e com o aumento dos serviços, Geraldo precisou contratar mais funcionários. Logo depois foi aberta a primeira filial, em Curitiba, na Rua Comendador Araújo, já com um laboratório completo, inclusive com o pioneirismo de oferecer lentes orgânicas. O processo de expansão da empresa aconteceu a partir de 1973, quando foi inaugurada a primeira loja fora do Paraná,
desta vez em Porto Alegre. Em função desse projeto, na década de 1980, Geraldo decidiu dirigir seus negócios com a ajuda de seus filhos, Carlos Augusto e Júlio César. Logo depois, a família levou a empresa para Santa Catarina, mais especificamente para Joinville.
Inovadores, pai e filhos decidiram também atuar no ramo da fotografia e para reduzir os custos e eliminar intermediários, passaram a produzir armações com a marca própria Santini, que depois foram substituídas pela importação de produtos, principalmente italianos. Em 1995, mais uma decisão ousada de Geraldo: a separação das administrações na região Sul. Com isso, cada um dos filhos passou a administrar um estado. Isso fez com que cada região tivesse um desenvolvimento diferenciado, dobrando o número de lojas. Hoje, as três administrações atuam de maneira autônoma nas finanças e em conjunto nas estratégias de mercado.
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Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
Além de ter a missão de oferecer produtos e serviços de ponta, Canto diz que a Super
Ótica São José também tem a preocupação em atender bem seus clientes para que eles saiam satisfeitos e retornem em outras oportunidades. Um conselho que o empresário dá aos empresários de micro e pequenas empresas é mostrar os produtos que os clientes desejam, mas sem forçar a compra.
Carlos Canto, empresário
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Tendência
Foto: Luiz Costa/La Imagen
‘Cara’ nova
Comércio
do interior vive transformação
Revitalização de ruas em cidades paranaenses revela novo tipo de varejo, focado em experiências de consumo Por Mirian Gasparin
Rua Rio Grande do Sul, em Marechal Rondon
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Francisco Beltrão, Maringá, Londrina, Castro e Marechal Cândido Rondon já elegeram ruas que passam por transformações,
No interior, o trabalho visa revitalizar os trechos escolhidos transformando-os num comércio de rua mais atrativo, com empresas mais capacitadas
mas a entidade somente poderia qualificar a mão de obra através do SENAC e dar assistência aos comerciários pelo SESC. Faltava a gestão do negócio. O Sebrae reconheceu a grandeza do programa e com isso unimos as forças e formamos a parceria, que continua sendo fundamental e, inclusive, vem se estendendo para outras fronteiras do País”.
visando dar um novo perfil para esses locais, com a criação de formas inovadoras
O Programa de Desenvolvimento de Espaços Comerciais começou há dois anos
de incentivo às vendas, dentro de um conceito de shopping a céu aberto.
no interior do Paraná e estará totalmente implantado nas cinco cidades que se can-
A partir dos resultados alcançados pelos comerciantes das cinco cidades, a proposta será ampliada para outras localidades. Segundo o presidente do Sistema Fecomércio/PR, Darci Piana, as próximas cidades paranaenses a serem beneficiadas com a revitalização de espaços comerciais são Morretes, Antonina e Paranaguá, no litoral do Estado. Segundo o coordenador estadual de Comércio, Bens e Serviços do Sebrae/PR, Osmar Dalquano Junior, ao contrário de algumas ruas de grandes cidades brasileiras que passaram por revitalização, porque suas áreas comerciais estavam envelhecidas e degradadas, no interior, o trabalho visa revitalizar os trechos escolhidos transformando-os num comércio de rua mais atrativo, com empresas mais capacitadas e modernizadas e colaboradores mais preparados, tornando o ambiente de rua mais competitivo. Para Piana, a revitalização de áreas comerciais degradadas pelo tempo é fundamental para que o comércio de pequenas, médias ou grandes cidades volte a gerar novas oportunidades para os comerciantes, criando mais empregos e volte a atrair mais pessoas para as localidades. Piana destaca que, no Paraná, a revitalização de espaços comerciais, que começou em Curitiba com o Paço da Liberdade SESC Paraná, estendeu-se pela Rua Riachuelo e agora alcança cinco cidades do interior, só se tornou possível graças à parceria feita entre Fecomércio e Sebrae/PR. No interior, as parcerias também foram incorporadas pelas prefeituras, associações, sindicatos e empresários. “Com inteligência, planejamento e união é possível realizar grandes projetos com poucos recursos”, afirma Piana. De acordo com o presidente do Sistema Fecomércio,
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“a ideia de trazer o desenvolvimento para espaços comerciais partiu da Fecomércio,
didataram até o final de 2012. “Trata-se de um projeto de longo prazo e que, por certo, sempre terá continuidade”, afirma o coordenador estadual de Comércio do Sebrae/PR. Ele conta que a proposta virou referência nacional. “O Sebrae Nacional decidiu utilizar nossa metodologia para formatar uma metodologia nacional que será adota nos demais estados.” Dalquano Junior explica que os shopping centers investem também no interior, levando os atrativos que todos os consumidores querem, oferecendo segurança, infraestrutura e lojas de diversos segmentos em um único local, além do que os lojistas contam com o apoio de um sindicato ou associação. “Os comerciantes de rua têm que estar preparados para enfrentar a concorrência”, observa.
bou por dividindo a rua. “Quando se falava do lado de cima da rua, a impressão que se tinha é que tudo ali valia menos. Inclusive o aluguel das lojas era mais barato porque as vendas também eram menores. A falta de inovação colaborou para o fechamento de muitos estabelecimentos. Hoje a realidade é outra”, enfatiza. O Projeto Alto da Julio, como a rua passou a ser chamada com a revitalização, foi lançado em abril do ano passado e estará totalmente implantado e funcionando no final do ano que vem. Entretanto, desde o início do programa os empresários vêm inovando para atrair clientes. Em dezembro do ano passado, 36 lojas do Alto da Julio se uniram e montaram uma história de Natal chamada de “Caminho das Fadas na Rua da Magia”, que atraiu muita gente para o local. Este ano, três ações de marketing foram implementadas. Em maio e junho, meses em que se comemora o Dia das Mães e dos Namorados, os comerciantes se juntaram e promoveram a campanha “Navegue com o seu amor!”. Com isso, diferenciaram e embelezaram a rua e as vitrines, premiaram clientes e equipes de vendas e qualificaram todos os profissionais de venda para que eles estivessem preparados para entender e atender os clientes, que buscavam algo especial para presentear os seus amores.
“O investimento vem dos parceiros. As prefeituras são responsáveis pela infraestrutura; os empresários ajudam na manutenção das calçadas, nas vitrines e na melhora do visual das lojas; o Sebrae/PR e a Fecomércio/PR dão o suporte no que diz respeito à gestão, treinamento, qualificação de mão de obra e capacitação nas áreas de finanças, marketing e liderança”, ex-
Nos sábados de julho, as lojas se transformaram em “arraiás”. O cafezinho virou quentão, tinha pipoca e até gente vestida de caipira, tudo isso dentro do projeto “Festeje Julho no Alto da Julio”, que buscou fortalecer o nome do espaço comercial e potencializar as compras nas empresas do local através da troca de cupons. “Diante das promoções, os clientes se sentiram atraídos para o local e os comerciantes puderam comemorar o aumento das vendas. É visível a mudança na rua. Novas empresas foram instaladas no local, o que era praticamente impossível até alguns anos atrás”, relata Jocelei Fiorentin, que, sob a orientação do Sebrae/PR, criou um blog para o espaço comercial.
Castro O comércio instalado na Rua Doutor Jorge, conhecida como antiga Rua das Tropas, se prepara para uma transformação proposta pelo Programa de Desenvolvimento de Espaços Comerciais. O local foi escolhido porque concentra o maior número de lojas (36 empresas aderiram ao projeto). “Castro é uma cidade histórica e tem um comércio bastante representativo”, destaca o consultor do Sebrae/PR, Gilberto Keserle. A iniciativa foi lançada em 2010 sendo formulada com base em análises realizadas por meio da aplicação de projetos do Sebrae/PR e Sistema Fecomércio/PR no segmento do varejo. O objetivo é aumentar a competitividade empresarial do comércio
Em Francisco Beltrão, são parceiros do
de rua, que está fora de grandes centros
programa, além do Sebrae/PR e da Fecomércio/PR, a Prefeitura Municipal, Câmara da Mulher Empreendedora, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação Co-
comerciais ou dos shopping centers. No segundo semestre deste ano tiveram início as ações empresariais, com a realização
mercial e Empresarial (ACEFB), Associação de Moradores e Comerciantes do Centro (Amoccen), Núcleo de Imobiliárias, Instituto de Planejamento e Pesquisa Urbana de Francisco Beltrão (IPPUB), Sindicato do Comércio de Francisco Beltrão (Sindicom), Unimed, UTFPR, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e Universidade Paranaense (Unipar).
de diagnósticos dos estabelecimentos e capacitação dos funcionários. Segundo o consultor do Sebrae/PR, os comerciantes da Rua Doutor Jorge ainda não desenvolveram ações de marketing e a campanha do Natal 2011, a pedido dos empresários, foi feita pela Prefeitura de Castro. “Somente em setembro, os empresários tiveram acesso aos resultados dos diagnósticos e ainda
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Depois do sucesso alcançado com a transformação do entorno do antigo Paço Municipal, no centro comercial de Curitiba, que acabou virando modelo para diversas cidades brasileiras, o Programa de Desenvolvimento de Espaços Comerciais, executado pelo Sebrae/PR e Sistema Fecomércio/PR, chega ao interior paranaense.
plica Dalquano Junior. Em cidades onde projetos desse tipo foram implantados, a lucratividade dos comerciantes chegou a aumentar em até 20%.
Francisco Beltrão Entre as cidades que implantam o Programa Revitalização de Espaços Comerciais, Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, está em estágio avançado. O local escolhido foi a Avenida Julio Assis Cavalheiro, entre a Travessa Frei Deodato até a Rua Luis Antonio Faedo. Segundo a consultora do Sebrae/PR, Jocelei Fiorentin, o espaço foi motivo, no passado, de discussões depois da instalação
do calçadão, na década de 1980, que aca-
Darci Piana, presidente do Sistema Fecomércio/PR
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Foto: Divulgação
tura, que alargou a rua, restaurou o asfala sinalização.
Marechal Rondon
Além de alterações no trânsito, a proposta
O Programa de Desenvolvimento de Espaços Comerciais foi lançado em Marechal Rondon em maio de 2010 e compreenderá 60 lojas da Rua Rio Grande do Sul, denominado de Espaço Rondon. De lá para cá várias ações foram desenvolvidas, informa o consultor do Sebrae/PR, Osvaldo Cesar Brotto.
prevê a realização de eventos culturais. A Prefeitura e o Sistema Fecomércio/PR assinaram protocolo de intenções para restauração do antigo cadeião da cidade. Desativada há 16 anos, a velha prisão será transformada num centro cultural de última geração nos moldes do que ocorreu com o Paço da Liberdade SESC Paraná, no centro de Curitiba. A revitalização da Sergipe é promovida em conjunto por 34 entidades, capitaneadas pela Rede Massa, Prefeitura, Sebrae/PR, Sincoval, Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL) e Sistema Fecomércio/PR. As universidades de Londrina também estão envolvidas na proposta.
Maringá Em Maringá, o Programa de Desenvolvimento de Espaços Comerciais foi lançado em julho último, depois de três anos de
Natal da Magia, realizado pelos comerciantes de Francisco Beltrão em 2010 estão estudando as soluções levanta-
das”, informa Keserle.
O Programa Revitalização de Espaços Comerciais começou há dois anos e estará implantado nas cinco cidades que se candidataram até o final de 2012
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O Sebrae/PR e a Fecomércio/PR firmaram parcerias com diversas instituições de Castro, para a criação de uma governança, união que está sendo fundamental para o andamento das atividades do Programa no município. Na avaliação do presidente da Associação Comercial e Empresarial de Castro (Acecastro), Rodrigo Morais da Silva, para o pequeno comércio aumentar a competitividade empresarial é preciso buscar diferenciação de mercado. A secretária de Planejamento da Prefeitura de Castro, Renata Macedo de Paula, informa que cronograma para a execução das obras na Rua Doutor Jorge, que devem incluir nova pavimentação, novas calçadas, substituição da rede de iluminação para uma rede subterrânea, nova sinaliza-
mércio na região mais dinâmico. Ainda de acordo com ele, o empresário que atua no varejo não pode parar de buscar atualização. “O Sebrae/PR ajuda nesse processo, a dar uma noção e passa uma outra visão, o que torna a gestão mais profissional. Não há espaço para amadorismo no comércio”, ressalta.
Londrina O projeto de revitalização da Rua Sergipe, no centro comercial de Londrina, tem entre outros objetivos criar um ambiente favorável para atividades culturais, sociais e comerciais no local, preservando a identidade da região mais tradicional do comércio varejista em Londrina. Depois da adoção de medidas estruturais, como melhorias no trânsito e nas fachadas das lojas, os empresários receberam treinamentos e foram capacitados para melho-
ção e paisagismo, foi realizado. Já os recursos virão do Ministério do Turismo, através da Caixa Econômica Federal.
rar a gestão de seus negócios.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Castro (Sindicastro), José Marioli Simão, considera que o processo de melhoria da infraestrutura da rua e as
com mais de 700 empreendimentos varejistas e possui valor histórico significativo para
Segundo informa o consultor do Sebrae/PR, Cristovam Dias Junior, a Rua Sergipe conta
consultorias oferecidas pelo programa
a comunidade londrinense. O projeto da Nova Sergipe iniciou em outubro de 2009 e já tem como destaque: calçadas com novo
de revitalização de espaços comerciais serão fundamentais para tornar o co-
layout, pagas pelos empresários, feitas numa reforma em parceria com a Prefei-
A busca por soluções locais visa tornar as empresas mais preparadas e com gestão profissional
argumenta.
to e está fazendo
intensas discussões entre representantes de entidades empresariais e de desenvolvimento. O objetivo é aumentar a atratividade e a competitividade do comércio varejista de bens e serviços na Rua Santos Dumont, no trecho entre as avenidas São Paulo e Getúlio Vargas. Os estabelecimentos localizados nessa via serão organizados em um novo conceito de consumo, o que permitirá aos clientes encontrar lojas mais atraentes, ambientes mais seguros, confortáveis e com opções para compras e entretenimento. O local foi escolhido por critérios técnicos e conta com 115 lojas de 30 segmentos. Entre as lojas, 23 pertencem ao ramo de confecções e as demais são panificadoras, restaurantes, joalheria, calçados, presentes e acessórios, móveis, alfaiataria, farmácia, livraria, artigos para festa, armarinhos, escola de línguas e revenda de automóveis. A execução total do Programa de Desenvolvimento de Espaços Comerciais está previsto para três anos, com várias etapas a curto, médio e longo prazos. Na avaliação do gestor do programa em Maringá, Marcelo Wolff, o comércio de rua, que está fora de grandes centros comerciais ou de shopping centers, nos modelos tradicionais, passa por uma fase de transformação. “A busca por soluções locais visa tornar as empresas mais preparadas e com gestão profissionalizada para obter resultados positivos, destacando-se dos concorrentes”,
Em primeiro lugar, foi trabalhada a capacitação dos empresários e trabalhadores. Em setembro foram mapeadas as empresas que farão parte do programa. Também já está concluído o diagnóstico das empresas e sendo levantado o perfil dos empreendedores. Segundo Brotto, o diagnóstico do Espaço Rondon, que também traçou o perfil dos consumidores daquela região apontou vários itens que devem ser melhorados, como segurança, lazer, acessibilidade e estacionamento. A revitalização da Rua Rio Grande do Sul estará concluída até dezembro de 2012 e compreenderá novas calçadas, placas de sinalização, mudança na fachada das lojas e estacionamento. São parceiros do Programa de Desenvolvimento de Espaços Comerciais em Marechal Cândido Rondon a Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Marechal Cândido Rondon (Acimacar), Sindicato do Comércio Varejista de Marechal Cândido Rondon (Sindicomar), Prefeitura Municipal, Sicredi, Sicoob, Associação Regional de Engenheiros e Arquitetos, Câmara de Vereadores, e SESC/SENAC.
Saiba mais Acesse www.sebraepr.com.br.
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centivador dessas pequenas mudanças
cada para a população usar verde como
dentro das empresas. Ele conta, entretanto, que não foi esse comportamento que
forma de alerta para a necessidade de um consumo mais consciente. Desde então, em 2010, após passar um dia com luzes
viu ao fazer um trabalho sobre as práticas
apagadas, para economizar energia; tor-
biental das empresas paranaenses.
neiras fechadas, para poupar água; e com impressão reduzida de documentos em papel, que a gerente de Administração Jandaia Baptista teve uma ideia.
“Muitas empresas se mostram preocupa-
“Por que não continuar a adotar essas medidas como prática cotidiana no escritório?”, questionou-se. A proposta de Jandaia não apenas foi aceita por todos, como também foi enriquecida ao longo do tempo, com várias outras medidas de mudanças de hábitos de consumo, sugeridas pelos funcionários da pequena empresa, a NQM Comunicação, uma agência especializada em Comunicação Corporativa Integrada, com sede em Curitiba.
mente, usam os recursos de forma inade-
Algumas mudanças implantadas foram a utilização racional de papel, usando os dois lados e imprimindo apenas o necessário; de energia, desligando as luzes e monitores dos computadores na hora do almoço e na ausência do usuário; e de água. A empresa também substituiu o material descartável, como copos e palhetas de mexer o café, por outros mais sustentáveis, como canecas, xícaras de porcelana para os visitantes e colherinhas de inox.
Não ao desperdício! Experiências empresariais, de racionamento de energia, água e papel, mostram como é possível melhorar resultados e respeitar o Planeta Por Maigue Gueths
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A ideia inicial, segundo Jandaia, tinha cunho ambiental, mas, com o tempo, a empresa notou que a economia feita pelos 21 colaboradores fazia diferença no final do mês. Só em papel, houve uma redução de 75% no consumo, passando de aproximadamente 20 mil folhas A4 por mês para 5 mil. Jandaia não sabe precisar quanto a empresa está economizando com as medidas, mas têm certeza de que os novos hábitos impactam nas contas. “Ouvimos tanto, hoje, sobre a importância de preservar o meio ambiente, normalmente já fazemos economia em casa, então por que não fazer também no trabalho? Antes, as pessoas saíam na hora do almoço e nem se davam conta que a luz estava acesa. Hoje é o contrário, esses hábitos já estão automáticos. Se cada um fizer um pouco, no final a gente estará fazendo bastante”, afirma a gerente. O administrador Marciano de Almeida Cunha, especialista na área de gestão de pessoas, e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) é um in-
no campo da responsabilidade socioam-
Serviço
Economia de recursos
Dia do Planeta, 22 de abril é uma data mar-
das com ações externas, elas apoiam ações contra o desmatamento, se preocupam em salvar o mico-leão dourado, mas, internaquada, elas esquecem de otimizar os seus recursos, seja humano ou material. Elas não veem que poderiam começar a desenvolver ações efetivas dentro de sua própria estrutura”, diz. Como exemplo, cita ações, como as tomadas pela NQM, dentre as quais a adoção de canecas descartáveis, a redução na quantidade de impressões, e o uso racional de energia elétrica. Na avaliação do diretor de Gestão e Produção do Sebrae/PR, Vitor Roberto Tioqueta, ações de responsabilidade socioambiental já se tornaram comuns no mundo corporativo, mas ainda são uma realidade um pouco distante da maioria das micro e pequenas empresas. “Papel, plástico, lixo. Tudo é reciclável e reaproveitável”, afirma. A palavra de ordem, de acordo com Tioqueta, é sustentabilidade, baseada nas pessoas, no meio ambiente e na saúde financeira das empresas. Conceito que também deve ser aplicável ao dia a dia dos pequenos negócios. “Ao aplicar conceitos de sustentabilidade em seus empreendimentos, os empresários não só terão mais lucros, bem como farão a sua parte na preservação do Planeta.”
Muitas pequenas empresas ainda não veem que podem desenvolver ações efetivas, de uso racional, dentro de suas próprias estruturas
Imperativo Para Yasushi Shima, consultor de gestão de qualidade, da Pentágono Consultoria Empresarial, de Maringá, assim como qualidade e produtividade eram as palavras de ordem no fim dos anos 1980 e na década de 1990, inovação e sustentabilidade são as preocupações da década atual. “Chegou-se à conclusão que os recursos naturais, que antes eram gastos sem preocupação, são finitos. Hoje, os projetos devem ser autossustentáveis ao longo do tempo”, afirma. Shima, que é consultor credenciado ao Sebrae/PR e ministra o módulo D´Olho na Qualidade, dentro do Programa Sebrae de Gestão da Qualidade (PSGQ), acredita que o problema das pequenas empresas não é falta de vontade de implementar mudan-
ças, mas sim dificuldades de gestão. “O
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Foto: Cristiane Shinde/Studio Alfa
os indicadores de gestão. Foi aí que a gente criou um indicador para o setor de embalagem de picolé e, em três dias, nós já conseguimos detectar um desperdício enorme”, conta Thiago Luiz Ramalho, um Antes de implementar o indicador de ges-
cia sorvetes de graça, à vontade para o
tão, segundo ele, a empresa perdia 1,2
quadro funcional, apresentou uma pro-
mil embalagens por mês. O indicador apontou o problema: um funcionário insa-
posta aos empregados para reduzir o consumo. A empresa mostrou o quanto gas-
tisfeito e sem habilidade para a função. A
tava produzindo os sorvetes gratuitos e propôs a troca por outros benefícios no
dades mensalmente. “Chegamos a uma redução de 75% no desperdício, o que nos deu uma economia de pelo menos R$ 1 mil por mês. E ainda dá para melhorar mais”, diz Thiago. Animados com o resultado, eles já estão aplicando o conceito de indicadores de gestão em toda empresa. Apesar do trabalho estar no início, ele acredita que já há uma redução de cerca de 20% nos custos da empre-
é útil, a limpeza e higiene do local, e por último, mostra como manter a ordem.
da parte gestão. Às vezes, o trabalho está tão desorganizado, que o desperdício está ali, mas ele não consegue enxergar.
“A ideia não é fazer altos investimentos para promover as mudanças, porque os pequenos têm dificuldade para investir, mas fazer com criatividade, buscando soluções alternativas”, diz. Shima ressalta que isso pode acontecer, por exemplo, com o reaproveitamento de sobras de madeira ou com a utilização da água da chuva no processo de fabricação.
Sem falar no desperdício de tempo. E logicamente que isso vai afetar a produtividade”, destaca. O objetivo do D´Olho na Qualidade, segundo Shima, é mudar essa mentalidade de não-gestão das empresas. O módulo baseia-se na filosofia japonesa dos 5S (do idioma japonês: Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke, que pode ser traduzido em: descarte, organização, limpeza, higiene e ordem mantida). O empresário é capacitado a aplicar esses conceitos de forma a combater o desperdício, otimizar os recursos, melhorar o bem-estar físico, mental e social de todos, bem como respeitar a relação com o meio ambiente. Em resumo, o método ensina como preparar um ambiente de trabalho, começando pelo descarte do que não tem utilidade: praticando a organização do que
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Fim do desperdício Em Maringá, o empreendimento familiar Sorvetes Gela Boca tem uma boa história de como conseguiu acabar com o desperdício de embalagens dos picolés que a empresa fabrica. A empresa foi criada há 11 anos e hoje tem 30 funcionários e 25 lojas em Maringá e cidades da região. “Buscamos o reposicionamento da marca no mercado, estudando uma mudança visual, padronizando franquias, e resolvemos fazer o programa de excelência na qualidade do Sebrae. No curso, com o processo dos 5S, acabei fazendo contato com
Ramalho, foi a redução no consumo de picolés dentro da empresa pelos empregados. Há três meses, a empresa, que ofere-
e hoje já caiu para uma perda de 250 uni-
pequeno em geral é desorganizado, ele vende, produz e não tem tempo de cuidar
Um dos exemplos, segundo Thiago Luiz
dos proprietários.
solução foi remanejar o empregado. Com a troca, em apenas dois dias, o desperdício reduziu para 400 embalagens por mês,
mesmo valor. Os empregados toparam. De 30 sorvetes por dia, hoje eles só consomem uns cinco por dia. Em troca, conquistaram uma mesa de sinuca e um play station no refeitório. “E nós conseguimos contornar esse gasto, o que deu um retorno financeiro para a empresa. A ideia de tudo é simples: o funcionário ajuda a empresa e a empresa ajuda os funcionários. Agora, nosso próximo objetivo é a divisão de lucros”, finaliza o empresário. (Colaborou nesta reportagem o jornalista Leandro Donatti)
Saiba mais Artigo no site O Gerente: http://www.ogerente.com.br/novo/ colunas_ler.php?canal=13&canal local=45&canalsub2=183&id=1854
Blog da jornalista Lydia Cintra: http://super.abril.com.br/blogs/ ideias-verdes/tag/desperdicio/
Foto: La Imagen
Movimentação no empreendimento familiar Sorvetes Gela Boca, em Maringá
sa. “Tudo é feito passando a ideia de economia, mas sempre com respeito a todos.”
Artigo Como manter um escritório doméstico sem prejudicar o meio ambiente http://casa.hsw.uol.com.br/ escritorio-domestico.htm
Site da Web-Resol: Instituto para a Democratização de Informações sobre Saneamento Básico e Meio Ambiente www.resol.com.br/index/index.php
A ideia não é fazer altos investimentos, porque os pequenos têm dificuldade para investir, mas, com criatividade, buscar soluções alternativas
Site do Instituto Recicle www.reciclevidas.org.br
Site sobre lixo e consumo responsável www.lixo.com.br
Site do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) www.cempre.org.br
Site da Universidade da Água www.uniagua.com.br
Vitor Roberto Tioqueta, diretor de Gestão e Produção do Sebrae/PR
Site do Projeto Meu Planeta, Minha Casa www.meuplanetaminhacasa.com.br
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1
Com
s e p d e r o d r a í t c i i v oe e o
Menos consumo de energia • Substitua lâmpadas incandescentes por fluorescentes.
Elas
consomem 4 vezes menos e duram 12 vezes mais.
• Evite luz acesa durante o dia, aproveite a luz natural, abra as cortinas
de dia e fe che-as à noite, para evitar a perda do calor. Pinte as paredes de cor clara.
a ju d a 4
• Desligue o computador sempre que for ficar mais de duas horas
sem utilizá-lo, e o monitor por até 15 minutos. À noite, desligue também os estabilizadores ou no-breaks. • Considere trocar seu monitor por um LCD, que é mais econômico.
O maior responsável pelo consumo de energia de um computador é o monitor. E doe o antigo ainstituições como o Comitê para a Democratização da Informática. • Desligue o ar condicionado uma hora antes do final do expediente.
Num período de oito horas, isso equivale a 12,5% de economia diária, o correspondente a quase um mês de economia no final do ano. • Para iluminação de espaços exteriores, utilize luzes com sensores
r o Pl aneta Menos consumo de papel
• Imprima apenas o necessário. Para isso, corrija os erros ainda na tela e antes de imprimir, visualize a impressão na tela. • Imprima nos dois lados do papel. • Use o e-mail, em vez do correio tradicional, e mantenha cópias em disco, e não em papel. • Reutilize versos de folhas impressas servem para anotações e etiquetas adesivas cobrem endereços em envelopes antigos. • Separe todo o papel descartado (exceto bobinas de fax) para reciclagem.
• Não prepare documentos que incluam páginas com pouco texto (só título, por exemplo). • Não use margens ou fontes muito grandes. • Não jogue fora envelopes que possam ser reciclados. • Não use a opção de capa ao enviar um fax. • Não use etiquetas adesivas em envelopes novos. • Não compre envelopes com janelas de plástico, que não podem ser reciclados; existem produtos alternativos feitos com papel cristal.
de movimento que somente acendem durante a noiteou quando alguém está presente.
2
5 Economia de tempo e de combustível • Ligue, não dirija: telefone, teleconferências, e-mails e messengers,
muitas vezes, podem substituir reuniões e negociações sem a perda de qualidade de atendimento. Com isso, muito combustível e tempo serão economizados. • Aumente sua mobilidade: utilizar notebooks e smartphones podem
economizar viagens extras e utilizar melhor o tempo em aeroportos.
3
Menos consumo de materiais • Leve os toners vazios da impressora para recarregar, em vez de
comprar novos. • Dê preferência aos produtos que usam bateria e opte por pilhas
recarregáveis. • Substitua os copos descartáveis por canecas, para uso dos
funcionários, e por copos e xícaras de vidro para os visitantes.
Aplicar o 5S na empresa Muitos problemas de desperdícios (principalmente de tempo e materiais) que ocorrem nas pequenas empresas podem ser resolvidos com ações que visem: • Eliminar materiais, equipamentos, objetos sem utilidade para o trabalho, inclusive os arquivos lógicos. • Adequar o arranjo físico, reduzindo distâncias, transporte, ociosidades e tempos de espera. • Manter mais próximos e acessíveis os materiais e equipamentos mais utilizados. • Organizar e identificar as áreas e equipamentos de trabalho, facilitando sua localização e guarda. • Repensar o consumo, reduzir, reutilizar ou reciclar materiais (4R).
eliminando passos e tarefas desnecessários, que não agregam valor. • Utilizar, sempre que possível, a iluminação natural, assim como vento, energia solar e outros recursos naturais. • Utilizar lixeiras seletivas. • Fazer manutenção preventiva das máquinas e equipamentos. • Instituir pontos de controle no processo antes das etapas críticas onde costumam ocorrer problemas, evitando “retrabalhos”. • Eliminar paredes, portas e tampas desnecessárias. • Educar os colaboradores para melhor utilização dos recursos.
• Rever os processos de trabalho Fonte: Yasushi Shima, consultor de gestão de qualidade.
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Oportunidades da Copa
Consultorias e treinamentos estão na agenda do empresário que mobilizou a equipe do restaurante, composta por dez pessoas, para participar do “Bem Receber Copa”, programa de qualificação profissional do Ministério do Turismo, realizado em parceria com entidades do setor. O empresário enfatiza que é preciso preparar o empreendimento com antecedência. Para complementar todo o trabalho desenvolvido, visando o Mundial, ele contratou um professor de inglês para dar aulas no próprio restaurante. Nas segundas e quartas-feiras, os funcionários do restaurante participam, de maneira espontânea, das aulas.
Sergio Yamawaki, empresário
Empreendedorismo
Assim Sergio Yamawaki, outros empresários paranaenses já estão de olho no Mundial. A concessão de licenças ambientais para obras previstas para a Copa, independente do porte, é o nicho de mercado que a Solis Engenharia e Consultoria Ambiental pretende atuar. A empresa, também em Curitiba, é dos sócios Achilles Dal Col Neto e Guilherme Fernando dos Passos. Formados em Engenharia Ambiental, os dois decidiram abrir um negócio ainda na faculdade. Há dois anos, trabalham no assessoramento para o enquadramento das empresas frente às legislações vigentes. Segundo Achilles Neto, o licenciamento ambiental é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, com o intuito de conciliar desenvolvimento e preservação ambiental. “Vamos procurar os responsáveis pelas obras que vão acontecer para a Copa, oferecendo assessoria nos projetos, para
Para muitos empresários, os dois anos e meio que antecedem o Mundial são uma oportunidade para prospectar clientes e fechar novos negócios
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
“Estou muito otimista com a realização da Copa porque será uma grande vitrine para se destacar no setor do turismo. Vamos receber turistas de várias culturas que terão as suas necessidades e temos que ter o máximo de requisitos para atendê-los bem. Para isso, falar inglês é importantíssimo”, avalia o empresário.
O empresário investe em diferenciais para ser qualificado, pelo Ministério do Turismo, como Tourist Information Point (TIP) ou Ponto de Informação Turística (em português), espaços que funcionam como multiplicadores de informações e que serão preparados para ocupar uma posição de destaque como extensão dos pontos oficiais de apoio ao turista.
Capacitação
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
Sergio Yamawaki, empresário, já entrou em ‘campo’, pensando na Copa de 2014. Proprietário do restaurante japonês No Tubo, em Curitiba, ele traça estratégias para inserir o estabelecimento no guia gastronômico dos turistas que vão visitar a capital paranaense.
verde -amarelo Empresários do Paraná entram em campo e já trabalham na organização de seus empreendimentos, com vistas ao Mundial Por Giselle Ritzmann Loures e Leandro Donatti
Achilles Dal Col Neto
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meio que antecedem o Mundial são, para Achilles Neto, uma oportunidade para prospectar clientes e fechar novos negócios. “Já realizamos um planejamento e avaliamos a nossa infraestrutura até para detalhar nossa capacidade de atendimento. Procuramos ainda informações constantes sobre licitações e onde pode-
tos”, diz Allan Marcelo de Campos Costa, diretor-superintendente do Sebrae/PR.
Foto: La Imagen
que a obras sejam realizadas de maneira correta”, diz o empresário. Os dois anos e
Para Allan Costa, o Sebrae não está estimulando a abertura indiscriminada de em-
de obra, mas pode prestar serviços para grandes empresas. “Mas para isso, planejamento e preparação são fundamentais.”
554 oportunidades
presas, com vistas ao Mundial, mas uma
Para mapear quais são e onde estão as oportunidades de negócios, o Sebrae en-
análise de oportunidades que possam direcionar pequenos negócios já instalados ou estimular a abertura consciente de no-
comendou um estudo à Fundação Getúlio Vargas (FGV). O levantamento identificou
vos empreendimentos.
mos nos inserir.”
Planejamento é fundamental
que o Mundial deve gerar, somente em Curitiba e no seu entorno, 554 oportunida-
Em agosto deste ano, o empresário participou do lançamento do Programa Sebrae 2014 e do Encontro Sebrae de Negócios,
O que os empreendedores e empresá-
des de negócios.
rios de micro e pequenas empresas interessados em investir na Copa de 2014 precisam saber? O maior evento esporti-
As oportunidades são em agronegócio (78); tecnologia da informação (81); turis-
vo de futebol vai impactar diretamente diversos setores da economia e, a três
gerente do Sebrae/PR
anos da realização do Mundial, identificar quais são as oportunidades de negó-
Programa Sebrae 2014
cios é o desafio principal.
Em 12 estados brasileiros, onde estão as cidades-sede do Mundial, dentre as quais Curitiba, o Sebrae trabalha para ajudar empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas a enxergarem oportunidades de negócios antes, durante e após o evento. Além de identificar as oportunidades que serão geradas pelo evento, o Sebrae quer também que a Copa do Mundo promova o desenvolvimento, tornando os pequenos negócios mais competitivos.
“Para disponibilizar informações aos empreendedores do Paraná, com antecedência necessária, pesquisamos questões ligadas à legislação, licenciamentos e regras da Fifa (Federação Internacional de Futebol). Essas informações, buscadas em países que já sediaram Copas, são estratégicas e essenciais para aqueles que pretendem investir em novos negócios”, avalia José Gava Neto, gerente de Programas Estaduais do Sebrae/PR.
“O Sebrae quer que a Copa sirva de estímulo para as empresas melhorarem de patamar. O Mundial abre oportunidades, mas o importante é manter-se competitivo sempre e não apenas em grandes even-
José Gava Neto,
Para Gava, a primeira orientação é buscar informações sobre o mercado e quais as demandas de produtos e serviços que serão geradas com a realização da Copa. Uma pequena empresa, na sua avaliação, não vai vencer uma licitação de uma gran-
da página seguinte) foram mapeados num raio médio de 100 quilômetros. São oportunidades que, para darem certo,
Além de oportunidades, o Sebrae quer também que a Copa do Mundo promova o desenvolvimento, tornando os pequenos negócios mais competitivos
A Ernest & Young e a FGV realizaram um amplo estudo investigativo dos possíveis efeitos do evento sobre a sociedade e a economia do Brasil.
Impactos esperados
mo e produção associada (160); comércio varejista (80); vestuário (47), e construção civil (108). Os nichos (leia mais no quadro
precisam ser analisadas tecnicamente. Os nichos foram identificados por recomendações de especialistas e validados por grupos de empresários e representantes locais em cada uma das cidades-sede.
‘Copa verde’ Os empresários de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) que investirem em sustentabilidade terão mais oportunidades de negócios e chances de sucesso com a Copa de 2014. A avaliação é de Jürgen Richter, executivo da Deutsche Telekom, a maior companhia de telecomunicações da Alemanha e União Europeia, que esteve em Curitiba, em outubro, a convite do Sebrae/PR. Richter partici-
“Por que devemos investir no verde?”, questionou o executivo da Deutsche Telekom, que falou sobre a experiência da Copa do Mundo, realizada na Alemanha, em 2006, e, também, das ações desenvolvidas na Copa do Mundo Feminina da Fifa, também realizada naquele país, em 2011. De olho no mercado, a Deutsche Telekom ingressou no processo ao investir em práticas sustentáveis na área de telecomunicações, que incidiram na realização do Mundial em 2006 e tiveram reflexos no evento seguinte. “Devemos investir no verde, porque tivemos experiências de catástrofes, no passado. O Japão foi o último exemplo de catástrofe natural. Há ainda a questão de emissão de gás carbônico. Se você tem, principalmente, crianças em casa é preciso pensar na área ambiental e ser sustentável”, disse Richter. “Porém, ser verde não é fácil. É uma espécie de encruzilhada e muitos pontos devem ser respondidos pelos empresários”, complementou. Para o executivo alemão, as empresas de TIC, sobretudo as micro e pequenas, devem avaliar as inúmeras variáveis que incidem sobre o conceito de sustentabilidade, como práticas internas que reduzam o consumo de energia e evitem o desperdício de materiais. “É preciso incentivar o
comportamento sustentável nas empre-
sas, como a reciclagem. Há 25 anos, começamos a separar o lixo na Alemanha e agora isso é uma prática no mundo inteiro”, salientou Richter. Em 2006, contou, foram discutidas ações, em conjunto, com o governo alemão, para trazer um conceito de ‘Copa Verde’. “Queríamos minimizar os efeitos que um evento tão grande causaria ao meio ambiente e mostramos à Fifa como eles poderiam ganhar dinheiro com isso”, disse. Richter definiu as iniciativas como ‘objetivos verdes’, que envolvem, por exemplo, a utilização consciente de água e energia. “É importante investir em medidas ambientalmente corretas, em produtos e serviços ambientalmente corretos. E é claro que isso não vai e não deve desaparecer depois que a Copa do Mundo terminar”, observou. Na opinião do executivo da Deutsche Telekom, a Copa de 2014 será um evento da tecnologia da informação, no qual as pessoas estarão ainda mais conectadas, “tirando fotos, fazendo vídeos, comprando bilhetes para os jogos, por meio de celulares”. Segundo Richter, essa é uma oportunidade para os empresários do setor desenvolverem serviços que atendam à demanda por conectividade.
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
em Curitiba. “Foi interessante porque conversei com o pessoal do Sebrae e deixei cartões com representantes do SinduconPR (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná)”, avalia Achilles Neto.
pou de um encontro empresarial para discutir oportunidades para o setor, antes, durante e após o Mundial, que acontece no Brasil. O encontro, realizado no auditório do Sebrae/PR, na Capital, também faz parte do Programa Sebrae 2014.
R$ 142.390.000.000
Adicional movimentado na economia entre 2010 e 2014 em razão da Copa.
3.630.000
Saiba mais
Estimativa de empregos a serem gerados no período.
R$ 63.480.000
Renda a ser gerada para a população no período. Fonte: Brasil Sustentável – Impactos socioeconômicos da Copa 2014 (Ernest & Young e FGV)
78
Jürgen Richter, executivo alemão
Acesse o site www.sebrae2014.com.br e cadastre-se para receber, em seu e-mail, informações sobre a Copa do Mundo.
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Nichos que devem estar mais aquecidos com a Copa de 2014 Construção Civil - Obras públicas (mobilidade urbana) e privadas (reforma, expansão de hotéis, bares, restaurantes); - Fornecimento de serviços de alojamento, alimentação e transporte; - Confecção e venda de uniformes; - Venda de equipamentos de proteção individual, material de segurança e sinalização, dentre outros; - Serviços de remoção de entulhos.
Tecnologia da Informação - Desenvolvimento de aplicativos mobile, considerando a expansão da utilização de celulares com recursos cada vez mais avançados; - Soluções de comércio eletrônico; - Serviços de rede de comunicação de dados; - Serviços de vigilância e monitoramento; - Soluções de gestão de segurança pública; - Desenvolvimento de games; - Serviços de instalação de hardware (telões de fan parks, dentre outros); - Serviços de pagamento com segurança (smart cards).
Turismo e Artesanato - Serviços de receptivo; - Serviços de guias de turismo; - Estabelecimentos de “alimentação fora do lar”; - Serviços de locação de equipamentos para eventos, feiras e exposições (fan parks) - Hospedagem; - Produção de souvenirs; - Organização de eventos, espetáculos e shows.
Comércio Varejista - Artigos esportivos; - Materiais de decoração temáticos; - Produtos alimentícios típicos do Brasil e Paraná.
Agronegócio - Produtos típicos regionais e nacionais com apelo ao “orgânico”, ao “comércio justo”; - Produtos a base de café; - Cachaça; - Fabricação de sucos concentrados de frutas, hortaliças e legumes.
Têxtil e Confecções - Design de peças com motivos de brasilidade; - Estamparia artesanal; - Produção de bijuterias e biojoias; - Uniformes profissionais; - Produção de artigos licenciados.
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No entanto, o que ainda não se sabe bem é como os empreendimentos, em especial os de pequeno porte, vão se inserir no contexto comercial da Copa. A Fifa, entidade organizadora do evento, ainda não divulgou as regras oficiais, o que deve fazer em 2012. A Copa de 2014 oferecerá, de acordo com a entidade, procurada pela Revista Soluções, uma grande gama de oportunidades de negócios para os empresários de pequenas e médias empresas, em particular os prestadores de serviços que atuam nas cidades onde haverá jogos. “É possível também comprar pacotes de hospitalidade ou obter autorização para produzir produtos oficiais licenciados da Copa”, afirma a Fifa, por meio de seus porta-vozes. A entidade ressalta que, entre outros fatores, “para se tornar um empresário licenciado para atuar no Mundial será preciso comprovar comprometimento com práticas empresariais éticas e normas de produção que garantam alta qualidade”.
orientações em 2012
Em função disso, a Fifa explica que ainda organiza-se para, a partir de 2012, dar início ao trabalho de orientação aos empresários. Apesar de ainda não haver nada oficial, a entidade divulgou alguns critérios básicos para os empreendedores que têm interesse em obter licenças (leia ao final da reportagem). Já quem quiser produzir materiais como camisetas ou bandeiras do Brasil nãooficiais pode usar imagens genéricas ligadas ao futebol. Entretanto, a Fifa recomenda
que
nunca
haja
nenhuma
associação com o evento, como o uso da palavra Copa e a data 2014, por exemplo. Além disso, a entidade lembra que possui a propriedade intelectual sobre as logomarcas oficiais do torneio, como emblema oficial, o mascote oficial e o troféu. Por isso, para usá-las em qualquer produto é preciso autorização prévia.
Zona de Exclusão Comercial Os negócios ou futuros negócios em volta dos estádios onde acontecerão jogos
minho a seguir para demonstrar capacidade de gestão e produção e qualidade técnica? Segundo a entidade, foi decidido que a
os estabelecimentos comerciais no en-
A Copa oferecerá uma grande gama de oportunidades de negócios para empresários de pequenas e médias empresas
Foto: Divulgação
Fifa divulga
da.
do torneio é outro ponto que interessa e até preocupa alguns empresários. As cidades-sede determinam em cooperação com a Fifa que haja uma Zona de Exclusão Comercial em volta dos estádios. Isso é,
Mas, ainda assim fica a pergunta: qual o ca-
Vista externa de como ficará o estádio do Atlético, em Curitiba
gestão do programa de licenciamento
para o Mundial no Brasil será feito pela própria Fifa e não por empresa terceiriza-
Capacitação
Foto: Divulgação/Clube Atlético Paranaense
Regras do ‘jogo’
É certo que a Copa do Mundo de 2014 promete inúmeras possibilidades de negócios para as empresas brasileiras. Os setores econômicos atingidos pelo Mundial serão tantos que vai haver espaço para empresas de todos os tamanhos, das pequenas às grandes.
No decorrer de 2012, entidade começa a divulgar as regras oficiais de licenciamento e orientar os empresários de olho na Copa Por Andréa Bordinhão
Sede da FIFA, em Zurique, Suíça 82
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torno dos locais onde terão partidas devem ter apenas placas e mobiliários dos patrocinadores da Copa, se for o caso. A Fifa garantiu que não pretende “pedir aos proprietários de estabelecimentos comerciais já existentes que tirem as marcas que já possuem”. “No entanto, em casos individuais, a entidade pode pedir que essas marcas sejam cobertas durante o Mundial”. A Fifa explica que o objetivo de criar uma Zona de Exclusão Comercial é evitar o marketing de emboscada e atividades comerciais não autorizadas nos dias das partidas. “Não queremos que os empresários locais deixem de capitalizar com o grande
fazer campanhas para orientação dos empresários em parceria com as administrações das cidades-sede e também com o Sebrae. Além disso, a Fifa deve promover workshops com os empresários que estão localizados na Zona de Exclusão Comercial, a fim de informar as regras comerciais para o torneio. Apesar de ainda não ter o programa de licenciamento finalizado, a Fifa informa que os empresários interessados podem entrar em contato pelo e-mail sales@fifa.org para obter informações.
número de espectadores, já que isso é parte dos benefícios que a Copa do Mundo traz à comunidade.”
Na Zona de Exclusão Comercial, a entidade pode pedir para que as marcas sejam cobertas
No entanto, a entidade ressalta que “essas atividades comerciais devem ser justas” e afirma que os empresários não podem alugar suas propriedades para que “companhias não patrocinadoras do evento que estão interessadas no marketing de emboscada coloquem placas ou mobiliários”.
Workshops e campanhas A Fifa deve publicar informações mais detalhadas sobre sua política de licenciamento a partir de 2012 e também deve
Saiba mais Acesse o manual de uso de marcas oficiais (apenas em inglês) em: www.fifa.com/mm/document affederation/markting/01/37/85/97/ 2014_fifapublicguidelines_eng_ 25012011.pdf
Critérios considerados chave pela Fifa para empresários que têm interesse em obter licenças para produzir materiais ou trabalhar na Copa do Mundo de 2014: - Imagem da empresa no mercado (inclusive se a gestão está de acordo com práticas empresariais éticas);
- Expertise em seu negócio; - Interesse em esporte; - Portfolio dos produtos que pretende produzir; - Gestão de licenciamentos; - Plataforma de comunicação bem estabelecida; - Grande rede de distribuição; - Estrutura sólida; - Estratégias de implementação e de controle; - Cooperação (se se encaixa na estratégia de licenciamento da Fifa);
- Situação financeira.
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por empresários de pequenas empresas. Atual presidente da Junta Comercial do Paraná (Jucepar), vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Curitiba, Akel, que também é representante do Sebrae Nacional no Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, desde garoto.
trabalha
Quando ainda cursava o ginásio (ensino fundamental), já ajudava o pai Naim Akel na panificadora localizada na Rua XV de Novembro, a maior de Curitiba na época. “Meu pai acordava muito cedo todos os dias para fazer pão. Então quando eu saía da escola ia tomar conta da panificadora para que papai descansasse”, lembra saudoso. Formado em Direito, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e pós-graduado em Administração, pela EASP/Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, o curitibano de 68 anos começou a empreender em abril de 1964 quando entrou como sócio na empresa de confecção dos tios Zaki , Thomé e Gebran Sabbag, e do irmão Omar Akel. A Dinâmica Indústria do Vestuário Ltda., que começou confeccionando uniformes profissionais, existe até hoje e ainda está sob o seu comando. Há 25 anos, fundou a Cia. da Roupa, que conta com três lojas em Curitiba.
Ardisson Akel, dirigente empresarial
DNA
Para Akel, o empreendedorismo faz parte do DNA dos brasileiros, que é um dos povos que mais vêm empreendendo em todo o mundo. “O brasileiro gosta de ser patrão, de se arriscar. Eu mesmo vi
empreendedor Presidente da Jucepar explica que, hoje, existe uma consciência maior do que realmente é ser um empresário, comparando com 30 anos atrás Por Mirian Gasparin
toda a minha família empreendendo e arriscando, inclusive, o nosso próprio patrimônio”, enfatiza. Entretanto, apesar do risco fazer parte de qualquer negócio, o dirigente empresarial é da opinião que, atualmente, é mais fácil ser um empreendedor do que há 30 anos. “Hoje existe uma consciência maior do
geração de empregos, distribuição de renda, inclusão social, incentivo à inovação tecnológica e fortalecimento da economia, com benefícios diretos para toda a sociedade.
Desafios Segundo Akel, um dos maiores desafios das empresas nacionais é enfrentar a concorrência das companhias internacionais que produzem mercadorias com tributação baixa, que não têm regulamentação com relação aos direitos trabalhistas e que entram aqui com preços incompatíveis com a indústria brasileira. No varejo, o maior obstáculo é concorrer com as grandes redes que trabalham com a importação de produtos. “O empresário brasileiro tem que ter muito jogo de cintura para sobreviver. Tem que ser criativo, procurar nichos de mercado, ficar de olho nos seus custos, não trabalhar com margens negativas e nunca guiar seus negócios pela intuição, mas sim buscar uma base gerencial eficaz.” Na avaliação do conselheiro do Sebrae/PR, o empresário acima de tudo deve ser otimista e, em caso contrário, jamais deve se lançar num negócio. Para ele, o otimismo e a confiança são as molas propulsoras de qualquer empreendimento. “Jesus já dizia: Vai-te, e seja feito conforme a tua fé.” Akel é contra a palavra sobrevivência, que, na sua opinião, deveria ser substituída por desenvolvimento. “A pequena empresa que não cresce não é pequena. Já aquela que não inova nunca terá condições de crescer. Tem que crescer para gerar emprego e para que isso aconteça tem que inovar.”
Um dos maiores desafios das empresas nacionais é enfrentar a concorrência das companhias internacionais, que produzem com tributação baixa
Em 2011, assumiu a presidência da Jucepar, com a missão de fazer um choque de gestão, modernizando a autarquia para melhor atender a classe empresarial. Com o apoio da Celepar, a Jucepar investe na digitalização de documentos e no desenvolvimento de novas plataformas. Também os processos administrativos estão sendo modernizados.
que realmente é ser um empresário. Uma prova é a redução dos índices de mortalidade das micro e pequenas empresas”, destaca. A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa é apontada por Akel como um dos mais importantes instrumentos adotados pelo governo brasileiro para a re-
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dução da informalidade, estratégia de
Personalidade
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Perfil
Ardisson Naim Akel nasceu em ‘berço’ empreendedor. Sua família é formada
Veja também Acesse www.sebraepr.com.br.
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Giro pelo Paraná
Sebrae/PR Bairro Empreendedor
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
O Bairro Empreendedor levou, em 2011, soluções empresariais do Sebrae/PR a cerca de 400 micro e pequenos empreendimentos da região sul de Maringá, localizados nas avenidas Carlos Correia Borges, Prefeito Sincler Sambatti, 22 de Maio, Nildo Ribeiro da Rocha e Cerro Azul, e ruas do entorno, que representam eixos importantes para a economia de Maringá, com alta densidade de empresas. O Bairro Empreendedor, uma iniciativa de sucesso do Sebrae/PR e da Prefeitura de Maringá, objetiva o desenvolvimento de empreendimentos localizados em bairros do município. Desde o início, em 2007, o Programa já atendeu mais de 1.300 empresas e capacitou quase 5 mil pessoas.
Prefeitos posam para foto no Sebrae/PR
União faz a força Um grupo de empresários da Rua Saldanha Marinho, no centro de Curitiba, uniu esforços para apoiar o movimento mundial da luta contra o câncer de mama, conhecido como Outubro Rosa. Os comerciantes investiram recursos próprios e decoraram a via pública com bandeiras rosa, cartazes e faixas explicativas. Durante todo o mês, trajaram camisetas rosa, estampadas com a frase “Eu Previno. Estou Rosa”. O apoio à campanha faz parte de uma mobilização dos empresários da Saldanha Marinho, para promover melhorias na rua e desfazer a imagem de insegurança da localidade. Em novembro, o mesmo grupo lavou o Calçadão, preparando-se para as vendas de Natal. A proposta de transformação da via pública conta com o apoio do Sebrae/PR e é fruto de uma construção coletiva, que prevê capacitações para empresários e colaboradores, melhoria no visual dos estabelecimentos, investimentos em infraestrutura, padronização de mobiliário urbano, campanhas promocionais, entre outros.
Central de negócios
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Parceria de peso Dirigentes de 18 associações municipais, vinculadas à Associação de Municípios do Paraná (AMP), reuniram-se em Curitiba, para discutir temas relacionados ao desenvolvimento local. O encontro foi conduzido pelo presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, Jefferson Nogaroli, e pelo diretor de Operações do Sebrae/PR, Julio Cezar Agostini. Em pauta, um panorama da implantação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa; Sociedades de Garantia de Crédito; Programa Agentes Locais de Inovação; e fóruns regionais com foco em micro e pequenas empresas no Paraná.
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
O gosto pelo cultivo de orquídeas em Maripa, no oeste do Paraná, passou de hobby à atividade lucrativa e, a partir de agora, ficará ainda mais forte com o auxílio de metodologia de cooperação e associativismo criada pelo Sebrae Nacional. Iniciativa pioneira no segmento, a Central de Negócios de Orquidicultores de Maripá foi lançada em outubro. A intenção de organizar uma central de negócios entre os orquidicultores surgiu da necessidade de comercialização. O grupo já tem algumas ações em conjunto e faz parte de uma associação. Com a central, além da comercialização coletiva, os orquidicultores poderão minimizar custos e ganhar mercado. Além da parceria do Sebrae/PR, a central de negócios conta com auxílio da Prefeitura, por meio do Comitê Gestor da Lei Geral; do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), com ajuda técnica aos orquidicultores; e do Sicredi, com apoio financeiro. A proposta é inovadora e já conta com a adesão de sete produtores. A ideia é dobrar o número de associados até o início de 2012.
Empresários de Curitiba reforçam campanha contra o câncer 89
Foto: Daniel Dereveck/La Imagen
Comitiva conhece empreendimentos em Curitiba
Empreendedorismo criativo
Novo IDMPE
A segunda edição do 15x15 – Empreendedorismo Criativo movimentou a sede do Sebrae/PR, em Curitiba. O evento, para disseminar o empreendedorismo sob o viés da criatividade, foi em novembro. Quinze histórias inspiradoras foram analisadas por uma plateia seleta e exigente. Cada empreendedor teve 15 minutos para apresentar a sua história de sucesso, e nesse tempo destacar os principais pontos em seus negócios. O 15x15 foi uma realização da Escola de Criatividade, com co-realização do Sebrae/PR e HUB Curitiba. As seis horas de efervescência criativa foram abertas a empresários, profissionais, educadores, estudantes, professores e interessados em aplicar o processo criativo em sua vida pessoal. As apresentações foram mediadas pelos fundadores da Escola de Criatividade, o publicitário Eloi Zanetti; e o relações públicas, Jean Sigel. Entusiasta do assunto, o diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo de Campos Costa, coordenou, um debate entre os palestrantes e o público. Em suas apresentações, os empreendedores contaram como colocaram em prática ideias e como se valeram da criatividade para solucionar problemas em seus negócios e carreiras.
O Sebrae/PR lançou mais uma edição do Índice de Desenvolvimento Municipal para Micro e Pequenas Empresas (IDMPE). O levantamento, que está na sua terceira edição, traz um ranking dos 399 municípios do Paraná. O objetivo do IDMPE é monitorar o ambiente institucional para pequenos negócios, favorecendo, assim, o desenvolvimento local, com base no Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, também conhecido como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. O IDMPE é uma ferramenta de apoio na elaboração de estratégias pró-desenvolvimento. Com apenas três anos de existência, o IDMPE, aliado à Lei Geral, tem servido de apoio para os municípios paranaenses, na execução de ações focadas em atividades produtivas sustentáveis, levando a uma maior descentralização da geração de empregos e de renda. Instituída em 2006, a Lei Geral traz benefícios como desburocratização, desoneração tributária, empreendedor individual e acesso a novos mercados. Vantagens nunca antes oferecidas às micro e pequenas empresas. Quer conhecer o ranking? Acesse o www. sebraepr.com.br/leigeral.
Laboratório do conhecimento
Cooperação
Um dos questionamentos mais comuns, ouvidos pelos consultores do Sebrae/PR, é sobre que tipo de negócio dá mais dinheiro. Para a entidade, a tão perseguida “fórmula de sucesso” depende de variáveis. Com base nessa expectativa, nasceu o Laboratório do Conhecimento, espaço lúdico da Feira do Empreendedor 2011 - Paraná, realizada em março de 2011. Como a procura foi intensa, o Sebrae/PR lançou um aplicativo de internet para que os interessados construam sua “fórmula” a partir do www.labconhecimento.com.br e do https:// apps.facebook.com/labconhecimento/. Depois de preencher um rápido cadastro, o empreendedor responde questões relativas a três áreas do conhecimento (o que eu sei sobre mim mesmo; o que eu sei sobre o mercado; o que eu sei sobre o negócio que desejo iniciar). A “fórmula de sucesso” é uma combinação de elementos, como sonhos, relacionamentos, responsabilidade, escolhas, planejamento, ambiente, ramo e tendências do negócio, clientes, concorrentes, resultados esperados. O resultado traz recomendações e pode ser impresso, enviado por e-mail e compartilhado nas redes sociais.
Representantes do poder público e de entidades de apoio ao empreendedorismo e às micro e pequenas empresas firmaram um termo de cooperação com o objetivo de dinamizar o ambiente empresarial em regiões de baixo desenvolvimento do Paraná. O acordo vai beneficiar quatro territórios do Estado: Vale da Ribeira; Paraná Centro; Norte Pioneiro; e Cantuquiriguaçu. Juntas, as regiões reúnem 74 municípios, aproximadamente 1 milhão de habitantes e cerca de 30 mil pequenos empreendimentos. São municípios com baixos Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Índice de Desenvolvimento Municipal da Micro e Pequena Empresa (IDMPE). A ideia é melhorar o ambiente empresarial nessas regiões, historicamente, desfavorecidas. Com micro e pequenas empresas mais fortes, haverá maior geração de empregos com carteira assinada e renda. Batizados de “Territórios da Cidadania”, as quatro regiões paranaenses receberão apoio do poder público e das entidades, para, entre outras coisas, o fortalecimento das governanças territoriais e das entidades empresariais; desenvolvimento de uma sociedade cívica ativa; identificação de oportunidades de negócios; e disseminação e desenvolvimento da cultura empreendedora e da inovação.
Missão do varejo Um grupo de aproximadamente 30 empresários de micro e pequenas empresas do comércio varejista, de diferentes municípios do Paraná, conheceu de perto, em Curitiba, empreendimentos e práticas de gestão consideradas de sucesso. A comitiva participou, em setembro, de mais uma missão técnica do Programa VarejoMAIS - Mais Vendas, Mais Competitividade, uma parceria entre o Sebrae/ PR e o Sistema Fecomércio/PR. O objetivo foi colocar o grupo em contato com novas ideias para que aprendam a olhar suas empresas de forma diferente, com mais inovação e mais lucro. Não é uma viagem, mas um investimento. Ao ter contato com propostas ousadas, os empresários absorvem estilos e novos comportamentos que os inspiram a melhorarem seus negócios. A proposta das missões do Sebrae/PR e Fecomércio/PR – para Curitiba, São Paulo e destinos internacionais como Nova York - é que, ao final das visitas, os participantes implantem, em seus negócios, pelo menos duas novas práticas empresariais. Para saber mais sobre a Missão do Varejo, para Curitiba, visite o http://portal. pr.sebrae.com.br/blogs/blog/missaocuritiba.
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2011 será lembrado como o ano em que o Sebrae/PR iniciou formalmente sua viagem rumo a 2022. Um período de intensa reflexão, provocado pelo presidente do Conselho Deliberativo, Jefferson Nogaroli, com o objetivo de repensar a organização e prepará-la para o futuro. Repensar o Sebrae/PR é um brinde às vésperas do aniversário de 40 anos, marcados pelo apoio ao desenvolvimento do Paraná, por meio do empreendedorismo e das micro e pequenas empresas. “O momento para a reinvenção, aliás, não poderia ser melhor. O Sebrae/PR acumula excelentes resultados. Evoluímos de 14 mil empresas atendidas, em 2006, para quase 140 mil, em 2010, com índices de satisfação acima de 90%. 2011 vai fechar com excelentes resultados também. No entendimento da Diretoria Executiva, são nesses momentos de bons resultados que devemos nos empenhar para evitar o perigo da acomodação, decorrente do sucesso, e devemos iniciar a reflexão sobre o nosso futuro”, diz Allan Costa. O trabalho de reposicionamento da entidade tem como parceira a Fundação Dom Cabral, uma das melhores escolas de negócios do mundo. Foram realizados no ano que passou 15 workshops em todo o Estado, com a participação de mais de 450 pessoas, entre conselheiros do Sebrae/PR, clientes, parceiros e convidados. Como será o Brasil em 2022? Como serão as empresas? Como serão os empreendedores? Como criar condições para a inovação? Os eventos discutiram todos esses temas e, a partir deles, geraram subsídios que têm ajudado a traçar os novos rumos do Sebrae/PR.
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Artigo
Empreendedor Rural
Desafio Sebrae A equipe Velotroll, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), venceu a etapa estadual do Desafio Sebrae 2011. A Eng Tec Retorns, equipe da Faculdade Pitágoras de Londrina, ficou com o segundo lugar na competição, que simula a gestão de uma pequena empresa, e conquistou também a segunda colocação na etapa nacional do Prêmio, em Brasília. Com o desafio de administrar, de forma virtual, uma fábrica de bicicletas, os estudantes de Curitiba, Anis Assad Neto, Danilo Orion Valerio, Gabriel Nelsen Marcondes, Jorge Luiz Hagy de Oliveira e Leonardo Fontana, integrantes da Velotroll; e os universitários Felipe Luz Caminha, Helio Mario Oricoli Junior, Marcos Cristiano Buracof e Rogerio Chlusewicz Guilherme, da equipe Eng Tec Retorns, conquistaram a melhor pontuação dentre 3.340 equipes formadas no Paraná. Os estudantes dos dois times representaram o Estado na etapa nacional do jogo. As duas vagas foram conquistadas graças ao volume de inscrições no Desafio Sebrae, que garantiu ao Paraná o primeiro lugar no número de inscritos no País. Ao todo, 14.564 paranaenses se inscreveram de um total de 144.641 estudantes brasileiros.
O Programa Empreendedor Rural reuniu, em Curitiba, mais de 4 mil produtores paranaenses no encontro estadual de encerramento das atividades em 2011. A iniciativa já capacitou, desde 2003, mais de 17 mil produtores. Somente em 2011, cerca 1,5 mil produtores passaram pela capacitação que formou turmas em todo Paraná. A construção de uma granja de suínos, um aviário e a aquisição de uma plantadeira foram os três projetos desenvolvidos durante o Programa, em 2011, que transformaram a vida de produtores e que ganharam reconhecimento público, durante o evento, promovido pelo Sistema Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep)Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Paraná (Senar-PR), Sebrae/PR e Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Paraná (Fetaep), parceiros no Programa.
Davi contra
Golias
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Por Allan Marcelo de Campos Costa
Tal como no episódio bíblico de Davi e Golias, imaginar que pequenas empresas podem sair vitoriosas na competição com grandes corporações pode parecer um objetivo inatingível à primeira vista. Entretanto, da mesma forma que o pequeno pastor derrotou o gigante usando inteligência e as condições existentes a seu favor, as pequenas empresas possuem vantagens impor-
de clientes estão surgindo e trazendo a reboque alto potencial de consumo no médio prazo? Que recursos precisam ser mobilizados para aproveitar essas oportunidades? As respostas a essas perguntas podem sinalizar um caminho que poder ser percorrido pelas pequenas empresas com maior probabilidade de sucesso do que pelas grandes empresas;
tantes que podem e devem ser usadas em seu benefício. A seguir, cito algumas delas:
• Ambidestralidade: o conceito de empre-
• Velocidade: a estrutura enxuta e normal-
sas ambidestras é recente e, apesar da expressão “difícil”, simboliza empresas que
mente informal das pequenas empresas favorece enormemente a sua velocidade.
conseguem, ao mesmo tempo, ser inovadoras e eficientes do ponto de vista dos
Grandes empresas têm brutal dificuldade para reagir a mudanças no ambiente de ne-
processos estruturados. Parece simples, mas não é. Um dos pressupostos de organi-
gócios e para conseguir se posicionar, para aproveitar novas oportunidades. Pequenos negócios, ao contrário, podem se repo-
zações criativas e inovadoras reside num certo nível de caos e desorganização, já que este é um pré-requisito básico para a
sicionar rapidamente e estar prontos para
geração de ideias. Do outro lado, organiza-
“surfar novas ondas” ou para explorar novas oportunidades em um piscar de olhos. O processo decisório é muito mais ágil e a
ções que pretendem ser verdadeiramente eficientes precisam de processos formalmente estruturados, sistematizados e, geralmente, baseados em “melhores práticas”. Assim, fica evidente a dificuldade de conciliar essas duas características em um mesmo ambiente. As grandes empresas
disseminação das diretrizes por toda a em-
Professora Rosa Cristina Hoffmann, com as equipes vencedoras 92
presa é mais efetiva e envolvente. Que oportunidades estão surgindo no seu setor? E em outros setores? Que segmentos
Grandes empresas têm brutal dificuldade para reagir a mudanças no ambiente de negócios e para conseguir se posicionar, para aproveitar novas oportunidades
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têm investido milhões de reais em consultorias e modificação de processos com o intuito de se tornarem minimamente ambidestras. Já nas pequenas empresas, basta estar disposto. A concentração de funções em poucas pessoas, normalmente característica de pequenos negócios, torna mais fácil moldar o comportamento e as atitudes dos colaboradores para o estabelecimento de uma cultura que reflita de forma bastante efetiva essa ambidestralidade. Como no caso da qualidade, criar uma empresa ambidestra começa pela conquista dos corações e mentes dos colaboradores, a partir de práticas implantadas pela alta gerência. Em empresas com poucos colaboradores, esse processo pode ser mais dinâmico e efetivo; • Colaboração: a realidade do ambiente competitivo torna quase impossível para grandes corporações colaborarem de forma efetiva. Salvo exceções, em geral localizadas em setores específicos, grandes empresas percebem empresas que atuam no
O conceito de empresas ambidestras é recente e simboliza empresas que conseguem, ao mesmo tempo, ser inovadoras e eficientes do ponto de vista dos processos estruturados
mesmo setor como adversários mortais que devem ser, de alguma forma, aniquilados. No caso de pequenas empresas, existem várias oportunidades de colaboração com outras pequenas empresas no mesmo segmento ou em segmentos diferentes. Essa colaboração pode ter como objetivo o desenvolvimento de produtos e/ou serviços complementares, a ampliação da proposta de valor para atingir novos segmentos de clientes ou simplesmente aumentar o poder de barganha de empresas trabalhando em rede. Nesse caso, fica evidente que o maior problema da pequena empresa não é ser pequena, mas sim, ser sozinha; • Capacidade de improviso: alguém consegue imaginar uma Toyota ou uma Coca-Cola
improvisando no que quer que seja? Controles rígidos e inflexíveis são uma característica inerente a grandes corporações, onde há, por natureza, uma certa aversão ao risco. Entretanto, o ambiente de negócios é cada vez mais dinâmico e apresenta desafios cada vez maiores e mais complexos e que mudam com enorme velocidade. Aí está a oportunidade para os pequenos negócios. Muitas vezes, a chave para aproveitar “oportunidades-relâmpago” é a capacidade de improvisar, algo que é quase impossível em uma grande empresa; • Proximidade: grandes empresas estabelecem relacionamento próximo com seus clientes na base dos call centers, em geral com atendentes mal-preparadas e que apenas cumprem um papel “brilhante” no
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processo de afastar clientes. Qualquer pessoa que já tentou apresentar sua necessidade a uma empresa de telefonia fixa ou móvel ou a operadoras de cartões de crédito sabe do que eu estou falando. Aí está outra imensa oportunidade para pequenos negócios: criar intimidade e estabelecer um relacionamento verdadeiramente próximo com seus clientes. Esse é, sem dúvida, o maior fator conhecido de retenção de clientes. E, uma vez mais, essa prática está a anos-luz do alcance de grandes empresas e seus serviços de teleatendimento. As pequenas empresas não são vistas como receita de crescimento e competitividade nos países desenvolvidos por acaso. Entretanto, há um longo caminho a ser percorrido no Brasil. Se em países como Espanha e Itália a participação das pequenas empresas no PIB já atingiu índices de 50% e 55%, respectivamente, no Brasil ainda estamos estacionados em 20%. A observação e a exploração das oportunidades acima podem ajudar a contribuir para acelerar o desenvolvimento das nossas pequenas empresas e para aumentar a sua fatia na geração de riqueza do nosso País.
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Allan Marcelo de Campos Costa é diretor-superintendente do Sebrae/PR. Mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e mestre pela Universidade de Lancaster, Inglaterra, tem MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC Business School, é pós-graduado em Desenvolvimento Gerencial pela FAE/CDE e cursou o Programa de Desenvolvimento de Dirigentes Empresariais do INSEAD, França. Coautor do livro “Electronic Business in Developing Countries”, possui artigos publicados no Brasil e no exterior, em países como Chile, África do Sul, Reino Unido, Holanda, Hungria e Eslovênia. Em 2010, participou, durante dois meses, do Advanced Management Program, da Harvard Business School, em Boston, nos Estados Unidos.
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