Para Darci Piana, parcerias são alternativas inteligentes para a execução de projetos
Revistatrimestral trimestral nº7 nº8Ano2 Ano3Jan/10 Abr/10 Revista
A revista da pequena empresa no Paraná
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Copa do Mundo,
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(43) 3422 - 4439 Umuarama (44) 3523 - 5386 Avenida Brasil, 3404 – Bairro Zona I – CEP: 87.501-000 Fone/fax: (44) 3622-7028 – Fax: (44) 3622-7065 (45) 3321 - 7050 REGIONAL (41) 3330NORTE - 5800 Londrina Av. Santos Dumont, 1335 – Bairro Aeroporto – CEP: 86.039-090 (45) 3522 - 3312 Fone: (43) 3373-8000 – Fax: (43) 3373-8005 (46) 3524 - 6222 Escritório – Apucarana Rua3623 Osvaldo- Cruz, 510 13º andar – Bairro Centro – CEP: 86.800-720 (42) 6720 Fone: (43) 3422-4439 – Fax: (43) 3422-4439 (43) 3472 - 1307 Ivaiporã Rua3527 Professora Diva Proença, 1190 – Bairro Centro – CEP: 86.870-000 (43) - 1221 Fone: (43) 3472-1307 – Fax: (43) 3472-1307 (43) 3373 - 8000 Jacarezinho Rua3220 Dr. Heráclio Gomes, 732 – Bairro Centro – CEP: 86.400-000 (44) - 3474 Fone: (43) 3527-1221 – Fax: (43) 3527-1221 (44) 3423 - 2865 REGIONAL OESTE (46) 3220 - 1250 Cascavel Avenida Pres. Tancredo Neves, 1262 – Bairro Alto Alegre – CEP: 85.805-000 (42) 3225 - 1229– Fax: (45) 3226-1212 Fone: (45) 3321-7050 (45) 3252 - –0631 ESCRITÓRIO Foz do Iguaçu Rua das Guianas, 151 – Bairro Jardim América – CEP: 85.864-470 (44) 3622 - 7028– Fax: (45) 3573-6510 Fone: (45) 3522-3312
oportunidade para bons negócios
No país do futebol, evento se torna um ‘chute’ certeiro para empresários de micro e pequenas empresas
Toledo Largo São Vicente de Paulo, 1333 – 3º andar – sala 30 e 31 – CEP: 85.900-210 Fone: (45) 3252-0631 – Fax: (45) 3252-6175
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Produtos (e ideias) sustentáveis
Cartão de crédito: uma exigência de mercado
Alternativas politicamente corretas podem ser muito lucrativas e preservar, ao mesmo tempo, o meio ambiente
Cerca de 70% dos cartões de crédito do Brasil estão em poder das classes C/D/E, clientes de pequenos negócios
MERCADO
CAPACITAÇÃO
Associativismo
COMPORTAMENTO
Feiras e Eventos
TENDÊNCIA
SERVIÇO
Giro pelo Paraná
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Índice PÁG. 8 – ENTREVISTA
PÁG. 20 - MERCADO
Ozires Silva, criador da Embraer, diz que aos governos cabe incentivar iniciativas empreendedoras, mas que as ideias devem nascer da sociedade.
Micro e pequenas empresas puxam empregos em 2009 e mostram sua importância no mercado formal.
PÁG. 54 – TENDÊNCIA
Campeãs na geração de empregos
“O ponto de partida é sonhar”
Cresce empreendedorismo por oportunidade no País
PÁG. 36 – COMPORTAMENTO Mulheres na liderança
Brasil é o sexto mais empreendedor, num grupo de 54 países analisados pela Pesquisa GEM.
Programa internacional para a formação de lideranças, do SEBRAE/PR, compara a mulher a um diamante.
PÁG. 56 – TENDÊNCIA
Inovação nas empresas ainda é um desafio Numa escala de 1 a 5, o grau de inovação médio das empresas paranaenses avalidas foi de 2.
Para ser grande, sê inteiro
PÁG. 24 – CAPACITAÇÃO
Livro da jornalista Marina Vidigal resgata a história de 20 empreendedores que fizeram diferença no mercado brasileiro.
‘Chave’ para a longevidade
Programa aposta em gestão avançada para a superação de desafios pelas micro, pequenas e médias empresas.
PÁG. 59 - ARTIGO Nelson Luiz Paula de Oliveira, vice-presidente do Ibef/PR, fala sobre fusões e aquisições entre médias empresas. Confira!
PÁG. 44 - COMPORTAMENTO
Produtos e (ideias) sustentáveis
Alternativas politicamente corretas para ganhar dinheiro, preservando, ao mesmo tempo, o meio ambiente.
Foto: Divulgação
PÁG. 42 – COMPORTAMENTO
PÁG. 26 – CAPACITAÇÃO Foto: Divulgação
‘Embalando’ o sucesso
Prêmios referendam acertos de gestão e conferem vantagens de mercado a micro e pequenas empresas paranaenses.
PÁG. 12 – CAPA
PÁG. 30 – CAPACITAÇÃO
Copa do Mundo, oportunidade para negócios
Índice avalia ambiente empresarial no Paraná
No país do futebol, evento se torna um ‘chute’ certeiro para empresários de micro e pequenas empresas.
Curitiba lidera ranking, elaborado pelo SEBRAE/PR e IBQP, que mede o desenvolvimento de pequenos negócios.
PÁG. 60 – SERVIÇO
SEBRAE/PR e BNDES fecham parceria
PÁG. 47 – ARTIGO
SEBRAEtec garante acesso à inovação para pequenas empresas e traz subsídios de até R$ 5 mil.
Professor da FGV do Rio de Janeiro, José Castanhar faz uma análise sobre como a gestão pode transformar uma empresa.
PÁG. 64 – SERVIÇO
Cartão de crédito: uma exigência de mercado
PÁG. 16 - MERCADO
Fotos: Luiz Costa/Agência La Imagen
Foto: Cesar Brustolin/SMCS
Fornecer produtos ou serviços pode ser um negócio lucrativo, desde que com gestão e planejamento.
PÁG. 48 – FEIRAS E EVENTOS Os negócios da moda
Principal evento do gênero no sul do País, Paraná Business Collection movimentou mais de 11 milhões de reais.
PÁG. 32 – ASSOCIATIVISMO Comércio justo e solidário Foto: IAF
Cerca de 70% dos cartões de crédito do Brasil estão em poder das classes C/D/E e pequenas empresas precisam ficar de olho nesse nicho.
PÁG. 68 – SERVIÇO Negócio a Negócio
Foto: Leandro Taques/Agência La Imagen
Nos bastidores da produção
Conceito elaborado pela Federação Internacional de Comércio Alternativo ganha o apoio de adeptos no mundo.
Saiba mais sobre o programa de inclusão empresarial que prevê visitas de consultores nas empresas.
PÁG. 70 – GIRO PELO PARANÁ Um apanhado dos principais acontecimentos e eventos envolvendo o SEBRAE/PR no Estado.
PÁG. 52 – FEIRAS E EVENTOS
Foto: Divulgação
Leia a primeira parte do artigo do especialista Carlos Hilsdorf, que nesta edição fala dos fundamentos de um bom negócio.
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PÁG. 35 – PERSONALIDADE
Funcionários felizes, produtividade maior Acompanhe o perfil “Parceria é a solução ideal”, com o presidente do Sistema Fecomércio/PR, Darci Piana.
Feira do Empreendedor
Paraná vai sediar em 2010 o maior evento de empreendedorismo no Brasil, de 21 a 24 de outubro, em Maringá.
PÁG. 74 – ARTIGO Foto: Arquivo SEBRAE
PÁG. 19 - ARTIGO
Não perca o artigo de Allan Marcelo de Campos Costa, diretor-superintendente do SEBRAE/PR. Nesta edição, ele aborda o tema liderança e como tomar decisões no mundo corporativo.
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Editorial
SEBRAE/PR – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná Jefferson Nogaroli Presidente do Conselho Deliberativo Allan Marcelo de Campos Costa Diretor Superintendente Julio Cezar Agostini Diretor de Operações Vitor Roberto Tioqueta Diretor de Gestão e Produção Expediente Coordenação Renata Todescato Gerente de Marketing e Comunicação Edição/Jornalista Responsável Leandro Donatti Registro Profissional– 2874/11/57-PR Adriana Schiavon Gonçalves Especialista em Marketing Reportagens: Adélia Maria Lopes, Adriana Ribeiro, Andréa Bordinhão, Ellen Taborda, Giselle Ritzmann Loures, Katia Michelle Bezerra, Leandro Donatti, Maigue Gueths, Mari Tortato, Mirian Gasparin e Sílvio Oricolli
Na primeira edição da Revista Soluções em 2010, você leitor confere entrevistas, análises, artigos de opinião, matérias de serviço e reportagens especiais sobre diversos temas, dentre os quais associativismo, mercado, comportamento,capacitação, tendências, feiras e eventos. A entrevista com Ozires Silva, fundador da Embraer e ex-ministro da Infraestrutura e Comunicações, abre esta edição e dispensa qualquer apresentação. Ozires Silva dá uma ‘aula’ sobre empreendedorismo, a importância de se valorizar boas ideias e transformá-las em bons negócios. Destaque também para a matéria de capa que trata das oportunidades que a Copa do Mundo pode representar para os empresários de micro e pequenas empresas, a curto e médio prazos. E também duas reportagens especiais: uma sobre produção sustentável e outra sobre comércio justo e solidário, tendências cada vez mais presentes
Críticas e comentários, mande um e-mail para revistasolucoes@pr.sebrae.com.br Anuncie na Revista Soluções: publicidade.revistasolucoes@ pr.sebrae.com.br Impressão Artes Gráficas Renascer Ltda. (Mult-graphic) Design Gráfico e Diagramação Ingrupo//chp Propaganda Tiragem 20 mil exemplares Periodicidade Trimestral ISSN 1984-7343
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A oitava edição da Soluções SEBRAE traz ainda matérias sobre a geração de empregos em 2009; micro e pequenas empresas vencedoras de prêmios nacionais; empreendedorismo feminino e formação de lideranças; gestão avançada para empresas; Paraná Business Collection; uso cada vez mais comum de cartão de crédito em estabelecimentos comerciais e o perfil da inovação nas empresas do Paraná. O leitor acompanha também, a partir desta edição, uma nova seção, chamada Personalidade. Um espaço reservado pelo SEBRAE/PR para divulgar a opinião de personalidades paranaenses ligadas ao empreendedorismo e detentoras de funções de destaque em entidades de apoio às micro e pequenas empresas. A primeira personalidade ouvida pela Revista Soluções é Darci Piana, presidente do Sistema Fecomércio/PR e conselheiro do SEBRAE/PR.
Boa leitura!
Fotos: Claiton Biaggi, Cristiane Shinde, Hugo Harada, Leandro Taques, Luiz Costa, Marcos Zanella e Wilson Vieira SEBRAE@pr.sebrae.com.br http://asn.sebraepr.com.br
em empresas preocupadas com o meio ambiente.
Leandro Donatti, o editor
Dever cumprido A Revista Soluções entra no seu terceiro ano de circulação focada, cada vez mais, no relacionamento e na integração com seus leitores. Desenvolvemos para 2010 uma nova ferramenta, um hotsite que será disponibilizado para você conhecer melhor a publicação e interagir conosco. O hotsite da Revista Soluções não nasce pronto. Será construído coletivamente e, para isso, sua participação é fundamental. Uma das intenções é, por exemplo, criar um banco de dados contendo casos de sucesso, experiências bem-sucedidas de empreendedorismo. Exemplos e modelos de gestão a serem seguidos.
Os leitores da Revista Soluções também poderão acompanhar e pesquisar conteúdos já desenvolvidos em outras edições. O hotsite armazenará todas as edições, facilitando assim o manuseio e consulta dos conteúdos. Que 2010 seja um ano cheio de novas e boas notícias para o empreendedorismo e para as micro e pequenas empresas!
Renata Todescato, gerente de Marketing e Comunicação do SEBRAE/PR
Queremos ainda construir e executar sugestões de pautas com a sua ajuda, razão pela qual criamos no hotsite a seção “Participe da pauta”. A participação dos leitores se dará de diversas formas, uma delas votando em enquetes, que serão lançadas para discutir temas de relevância para a economia e para o mundo corporativo.
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Ozires Silva
“O ponto de partida é sonhar” Criador da Embraer diz que aos governos cabe incentivar e abrigar iniciativas empreendedoras, mas que as ideias devem nascer de pessoas da sociedade Por Mari Tortato
às dificuldades que temos de enfrentar para empreender no nosso País, os brasileiros se mostram criativos com intensidade, comparativamente a populações de outras nações. Isso é confirmado pelo número imenso de negócios nossos abandonados em menos de dois anos. Revista Soluções - Que posição ocupamos num ranking internacional? Chegamos a ter algum destaque? Ozires Silva - O trabalho de pesquisa do Banco Mundial seleciona uma boa quantidade de parâmetros e estabelece as co-
Ásia. Nesses aspectos, o que se vê agora é a Velha Ásia se renovando e se erguendo. Enquanto, a “Nova” América do Sul (e, em particular a América Latina) parece envelhecida e parece não perceber que estamos num mundo de competição global. Temos de ver que o competidor do cidadão brasileiro não está somente dentro de nossas fronteiras. Os produtos importados, em abundância em nossas lojas, mostram isso de forma clara. Por outro lado, são poucos os produtos brasileiros que se e ncontram à venda em lojas de países estrangeiros.
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
“O mundo da atualidade é globalizado em todos os aspectos. Tudo isso partindo do avanço tecnológico das comunicações que, agora universais e instantâneas, faz com que o que procuramos realizar não vai encontrar competidores só dentro das fronteiras nacionais. A competição vem de todos os lados. O tema é complexo, mas o empreendedor deveria ao menos: Ganhar habilidade de selecionar os riscos a serem assumidos; Pensar muito e procurar identificar oportunidades; Procurar coletar conhecimentos de organização e montar equipes talentosas, ganhando domínio sobre o ramo do seu negócio; Buscar as informações necessárias que o habilitem a tomar decisões; Criar um ambiente de liderança, dinamismo e otimismo; Planejar sempre e manter planos de negócios viáveis e bem identificados com o empreendimento; Desenvolver seu tino empresarial, contando com sua equipe.”
Ozires Silva, empresário O brasileiro é empreendedor por essência, mas nem por isso o Brasil escapa de uma posição ruim no ranking mundial de países com iniciativas inovadoras. A contradição nos é revelada por Ozires Silva, o oficial da Aeronáutica, líder do grupo que fundaria a Embraer em 1970, empresa aeroespacial brasileira que compete em pé de igualdade com as maiores empresas mundiais construtoras de aviões. Sua formação é de engenheiro, do Instituto Tecnológico Aeronáutico, o ITA. A burocracia e os processamentos governamentais numerosos são a causa da morte antes dos dois anos de muitos dos projetos lançados no mercado do Brasil, segundo Ozires Silva. A base para suas afirmações está em pesquisa sobre facilidades e dificuldades para empreender, feita pelo Banco Mundial (Bird) sobre 183 países. Os dados são acessáveis no site www.doingbusiness.org. Ex-ministro da Infraestrutura e Comunicações, Ozires Silva também comandou a Petrobras e dirigiu a Varig no fechamento
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da empresa. Seu livro “Cartas a um Jovem Empreendedor” (Editora Alegro), “uma incursão pessoal no campo do empreendedorismo”, segundo define o autor, tornouse referência na área. Nela ele aconselha os jovens a realizar sonhos e por que vale a pena. Outros três livros são sobre a Embraer. Hoje reitor do Unimonte (Centro Universitário Monte Serrat), de Santos, Ozires Silva se dedica a conferências, artigos e a entrevistas sobre o tema empreendedorismo. Recentemente, a convite da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ozires Silva esteve em Curitiba, onde participou da cerimônia do prêmio que valoriza práticas sustentáveis de empreendedorismo no Paraná, organizado pela entidade e que leva o seu nome. À Revista Soluções, em entrevista exclusiva, o ex-ministro estimula empresários de micro e pequenas empresas a se lançarem aos projetos. E esforço dos governos para ajudá-los a vencer. Ele cita a descoberta do Pré-Sal, grande bacia produtora
de petróleo e gás, como ponto de partida para novos negócios empreendedores. Segue o conteúdo da entrevista: Revista Soluções – É difícil ser empreendedor hoje no Brasil? Ozires Silva - Sim, não é fácil vencer e atender o que requerem a burocracia e os processamentos governamentais brasileiros (que são muitos e em maior número do que se observa em outros países, em particular os de sucesso). Esta não é uma afirmativa pessoal. Tem base em experiências próprias e em pesquisas do Banco Mundial, o Bird, agora em 2010 cobrindo 183 países, comparando as facilidades ou dificuldades para empreender. Os dados tabulados podem ser encontrados no www.doingbusiness.org e, infelizmente, o Brasil não ocupa uma boa posição no ranking pesquisado. Revista Soluções - O País tem cultura empreendedora ou ainda é preciso criar uma? Ozires Silva - No mesmo site do Banco Mundial podem ser encontradas comparações mostrando que, de forma oposta
locações no ranking. Por exemplo, o Brasil, entre os 183 países pesquisados em 2010 está na: 129ª colocação quanto às facilidades para se criar uma empresa; 126ª colocação quanto às dificuldades para se iniciar um novo negócio; 131ª colocação quanto às dificuldades para se encerrar um negócio. Revista Soluções - Pelo seu domínio no tema, qual o país ou quais países decididamente estimulam e tomam iniciativas empreendedoras? Ozires Silva - Sem dúvida, temos de aceitar que quem constrói um país não são os governos, cuja principal missão deveria ser a de estimular os cidadãos a terem sucesso. Desde o nascimento, em todas as fases de sua vida, até a fase de adulto ganhar o suficiente para si e sua família, participando do ciclo virtuoso do progresso e do desenvolvimento da Nação. Assim, não é difícil se afirmar que os países que decididamente estimulam e tomam iniciativas empreendedoras são os de maior sucesso, como os da América do Norte, da Europa e agora os da
Revista Soluções - Por que um país, estado ou município precisa incentivar o empreendedorismo? Ozires Silva - Simplesmente porque a qualidade de vida dos cidadãos e a projeção dos países na competição internacional dependem diretamente da qualidade e do sucesso dos empreendimentos. Podemos perguntar por que a Califórnia é o estado mais rico dos Estados Unidos, com iniciativas pioneiras de repercussão mundial? Simplesmente porque o californiano é um empreendedor por natureza. O Estado criou uma série de mecanismos e dispositivos legais, financeiros e econômicos, apoiados por níveis destacados de educação e formação dos cidadãos, capacitando a população a ter sucesso na sua vocação inata de empreender.
várias regiões. Isso é muito claro, em quase todos os níveis, em particular nos elementares e básicos.
Revista Soluções - O senhor destaca a importância da educação para o desenvolvimento econômico e social. Como acha que estamos nesse quesito? Ozires Silva - Infelizmente, o Brasil desde há décadas apresenta um sistema educacional deficiente e parece decadente em
Revista Soluções - O senhor se dá por satisfeito com o sucesso alcançado como empreendedor na criação da Embraer? Ozires Silva - Eu sou apenas um cidadão deste grande Brasil. Fico contente por ter tido as oportunidades de participar da concepção, criação e crescimento da Embra-
O físico alemão Andreas Schleicher, da OCDE (Organização de Cooperação Econômica e Desenvolvimento), afirma em entrevista à Revista VEJA em agosto de 2008 que os estudantes brasileiros, nos estudos e rankings da organização, aparecem como entre os piores do mundo. Acrescenta que “o Brasil precisa copiar práticas que dão certo em outros países para deixar o grupo dos piores”. E mais, pelos indicadores mundiais, não há dúvida de que povo educado, competente e habilitado é o maior patrimônio a caracterizar uma nação, em todos os aspectos.
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er e agradeço muito àqueles que acreditaram nas nossas propostas, de uma equipe de engenheiros e especialistas competentes e entusiasmados, estendendo para nós um apoio que, sem ele, nada teria sido construído. Muito desse apoio veio do Governo Federal, de presidentes, ministros, diretores e funcionários, mostrando que, quando algo empolga uma administração, um projeto no qual se confia, tudo pode se alterar e grandes coisas podem ser realizadas. Revista Soluções - O que aconselhar a um empreendedor? Pensar grande é premissa de resultado positivo, mesmo quando o investimento é modesto? Ozires Silva - Creio que o ponto de partida é sonhar. Dos sonhos e aspirações nascem as grandes ideias e realizações. Assim, creio que qualquer cidadão que deseja empreender deveria partir de seus sonhos e crenças. Entretanto, logo em seguida, deve oferecer aos seus sonhos painéis de críticas, quanto aos aspectos materiais e de realidades comuns. Se os seus sonhos passam nessa análise, lutar para que eles possam seguir em frente e caminhar em trilhas sólidas. No mundo global de hoje é importante analisar onde o produto pode encontrar interessados, verificar a competição e tentar determinar os desejos dos consumidores, procurar cobrir e vencer in-
troduzindo características inovadoras que possam significar vantagens competitivas. Essas devem englobar tudo o que se possa imaginar, em todas as áreas, da produção, da qualidade, confiabilidade, praticidade, performance... Pensar grande sempre é necessário, sobretudo num Brasil cuja cultura caminha na direção de que qualquer produto fabricado no exterior é melhor do que qualquer similar fabricado aqui. Revista Soluções - Como superar crises globais como a vivida ano passado? Ozires Silva - As crises globais oferecem contornos nem sempre conhecidos e, em grande parte das vezes, torna-se difícil compreendê-las. Daí a dificuldade para superá-las. Os empreendedores, por sua natureza, são lutadores e, nas dificuldades, sempre saem com soluções novas. Acredito que um verdadeiro empreendedor dificilmente sucumbe a uma crise, isso é, sempre acha uma saída criativa para os problemas que enfrenta. Revista Soluções - Como reconhecer um empreendedor de fato? Ozires Silva - A história tem mostrado que uma pequena parcela desses mesmos aventureiros, também chamados de empreendedores, são os grandes responsáveis pelo desenvolvimento econômico e
Os empreendedores, por sua natureza, são lutadores e, nas dificuldades, sempre saem com soluções novas
crescimento do País. Porém, a grande maioria encontra uma nova decepção quando opta pelo negócio próprio e acaba conhecendo uma realidade cruel, a qual mostra quão vil é o mercado com aqueles que não estão preparados. Economia de mercado não permite aos principiantes ou apenas sonhadores saírem vitoriosos. Isso não significa que se devem aceitar os fatos e deixar que o mercado sempre imponha as regras do jogo. Pode-se sim, com um planejamento eficaz, contínuo e, o mais importante, com uma análise realista, construir empresas de sucesso mesmo em tempos de crise. Para isso, o futuro empreendedor deve compreender as regras do jogo antes de jogar e se convencer, a partir de dados concretos, que há uma possibilidade de sucesso no futuro empreendimento. Revista Soluções - Existem fórmulas para se sair bem-sucedido nos negócios? Ozires Silva - Não me parece que existam procedimentos padrões para se sair bem de negócios. O que julgo existir são comportamentos e atitudes que muito ajudam. Por exemplo, crença, dedicação, trabalho duro, obstinação são características fundamentais para o êxito. Nos negócios e em qualquer campo. Revista Soluções - E as escolas, devem ser os berçários do empreendedorismo? Ozires Silva - O empreendedor é dotado de características pessoais, possivelmente mais decorrentes do tipo da sociedade na qual vive, das características da família ou de amigos, do que alguém que tenha aprendido na escola. Acredito que seja possível ensinar algo sobre como empreender, mas, pelo que estou informado, as escolas no Brasil não têm contribuído significativamente para formar, treinar e diplomar empreendedores. Revista Soluções - O que mais destacar aos empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas? Ozires Silva - Os empresários de micro e pequenas empresas, por suas iniciativas e sua importância na economia das nações, se constituem em significativos artífices da construção da riqueza nacional. Creio que precisaríamos, no Brasil, nos empenhar mais no esforço de ajudá-los a vencer. O número de empregos e a variedade e quantidade de produtos que fabricam são importantes para a economia de qualquer país. A grande dificuldade é que o sucesso das pequenas iniciativas esteja limitada pela insuficiência de iniciativas de apoio e de estímulo, que, existindo em outros países, determinam a grande importância das micro e pequenas empresas.
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Copa do Mundo
Uma ‘janela’ de
oportunidades
No país do futebol, a Copa do Mundo se torna um ‘chute’ certeiro para as empresas de brindes, principalmente para os micro e pequenos estabelecimentos e empreendimentos que respondem por aproximadamente 80% desse mercado. Para quem quer montar um negócio, o mercado de brindes tem uma vantagem: exige pouco investimento. Entre os brindes mais procurados para o período de realização da Copa do Mundo estão as camisetas, os bonés, buzinas, chaveiros, bandeiras, bolas e canecas. Para o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana e Vale do Ivaí (Sivale), Jayme Leonel, a Copa do Mundo tem reflexos positivos sobre a economia dos países, principalmente no Brasil. No caso da indústria do vestuário, ele adianta que as empresas já estão estocando, há alguns meses, produtos nas cores verde e amarelo. “Sempre que esse tipo de competição esportiva é realizado, verifica-se um aumento considerável nas vendas de camisetas e bonés. Se o Brasil conquistar o título na África do Sul, as em-
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No Brasil, de um modo geral, a oferta de produtos, na área promocional, é também muito concorrida. Tanto com o atendimento do dia-a-dia, feito por pequenos e médios escritórios, até os grandes projetos onde se debate muitas vezes com a concorrência do mercado promocional chinês, alerta David. “O mais importante é sempre estar presente no dia-a-dia dos clientes. Sabemos que nunca conseguiremos atender todos os pedidos, principalmente pela falta de prazo para a entrega, o que é muito comum, já que essa é uma das grandes características do mercado brasileiro, de deixar tudo para a última hora, bem como pelo preço que algumas empresas praticam. A concorrência é salutar e leva a empresa a ter novas opções em materiais para oferecer para o cliente. A agilidade e a criatividade também são peças importantes para o sucesso”, justifica o empresário. Empresário de Curitiba, Julio Cesar Nacle David é proprietário da única empresa brasileira a ter um site exclusivo voltado para a Copa do Mundo. “Acredito que a capacidade de antever as ações do mercado é uma exigência em qualquer empresa e o sucesso virá para quem conseguir agir antes que as outras.”
No país do futebol, evento se torna um ‘chute’ certeiro para as micro e pequenas empresas de brindes Por Mirian Gasparin
presas terão que se preparar ainda mais para a Copa no Brasil”, alerta. O presidente do Sivale informa que, a partir de março, a produção de bonés no Paraná cresceu entre 10% e 12% ao mês. As indústrias que fazem parte do arranjo produtivo local de bonés de Apucarana, no norte do Paraná, produzem hoje em média 6 milhões de bonés/mês. Segundo ele, em função do elevado preço dos royalties, as empresas paranaenses não puderam assinar o contrato com a FIFA e, desta forma, não poderão utilizar nos bonés o mascote da competição. “Para utilizar o emblema da FIFA, um boné teria que ser vendido entre R$ 50 e R$ 60, o que tornaria a venda inviável. Sem o emblema, o custo cai para algo em torno de R$ 10 a R$ 12”, justifica Jayme Leonel.
No ano passado, os empresários de Apucarana viajaram para Angola com o objetivo de divulgar a produção de bonés fabricados no Paraná. Segundo Jayme Leonel, o mercado externo é bastante seletivo e as empresas locais ainda não têm uma estrutura de exportação definida, o que impediu o fechamento de contratos de exportação. O mercado de brindes é bastante concorrido no Paraná, admite o diretor dos sites Base Promo e Brindes da Copa, Julio Cesar Nacle David. Segundo ele, várias empresas paranaenses estão desenvolvendo, desde linhas de squeezes, canecas de chope, camisetas a bonés. “As indústrias e fornecedores paranaenses de brindes são muito bem estruturados e contam com profissionais de primeira linha que
Surgiu então a Base Promo, onde foram colocadas todas as empresas dentro de um único site, formando um tipo de portal para materiais promocionais. “Hoje temos uma carteira de clientes que engloba empresas desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul. Cada mercado com sua característica e sua capacidade de absorção de produtos. Procuramos sempre estar atentos a essas características”, destaca.
to ou é despachado diretamente da indústria para os clientes. Dessa forma conseguimos uma logística mais ágil.” A empresa de Curitiba também criou um personagem denominado “Futebolito”, que é um mascote para a Copa .
O investimento da Base Promo, visando à venda de brindes para a Copa do Mundo, foi pequeno, informa David. “Os recursos foram usados basicamente para desenvolver o site e selecionar os fornecedores. O estoque de produtos ficou a cargo dos fornecedores, que são fábricas. “Nós somente fazemos a intermediação de venda, colocando o produto para o consumidor final. Personalizamos alguns itens que vêm da fábrica sem a logomarca, mas o grande volume já chega pron-
Já a empresa Oxio Indústria e Comércio de Bolsas, também em Curitiba, não teve o sucesso esperado com a venda de bolsas na Copa de 2006 e para o evento deste ano vai tentar vender o estoque que sobrou. “Nós produzimos bolsas de lona que têm maior valor agregado. Como as bolsas, nas cores verde e amarelo, não são de uso diário e têm um custo maior, a experiência nos mostrou que a tentativa não deu certo”, afirma o diretor administrativo da fábrica, Rodrigo Alves Cordeiro.
Com a movimentação em torno da Copa do Mundo desde o ano passado, David resolveu agregar a venda de brindes e materiais dirigidos à competição para a sua empresa, que está no mercado desde 1992. Ele estima que, para a Copa do Mundo de 2014, o volume de investimentos em ações promocionais movimentará alguns bilhões de reais e quem tiver produtos e estrutura, com certeza, terá condições de lucrar com o evento. Para a Copa na África do Sul, o empresário diz que seu foco é atender clientes em todo o mercado nacional, desde o cliente de pequeno porte, que deseja itens para distribuir para amigos em uma torcida organizada, bem como para clientes de médio e grande porte, que estejam planejando ações promocionais em pontos de venda ou distribuição de brindes para clientes. “Localizamos e selecionamos os fornecedores dos principais itens como camisetas, bonés, bandeiras, cornetas, bolas, canecas, bandanas, e acertamos as negociações, para termos ótimos custos e agilidade no envio dos produtos aos clientes.” David começou a trabalhar no segmento de brindes promocionais há 18 anos com
Foto: Luiz Costa / Agência La Imagen
A Copa do Mundo de Futebol, que será realizada de 11 de junho a 11 de julho próximos, na África do Sul, já está movimentando o mercado paranaense de brindes. Empresas de todos os portes fazem altas apostas para colocar em exposição suas marcas e produtos. E o otimismo dos empresários não termina em 2010. As atenções e os trabalhos, por incrível que pareça, já estão voltados para 2014, quando o Brasil será sede do maior evento de futebol do mundo, que movimenta milhões em negócios.
a estruturação da Brindart. Posteriormente, agregou-se ao segmento de infláveis de propaganda através da Balonar. Com o aparecimento de outros segmentos como a linha de squeeze, onde lançou o site www.squeeze.ppg.br, achou por bem desenvolver uma outra identidade de marca para a empresa que agregasse todos os segmentos.
podem atender com agilidade, qualidade e ótimo preço as necessidades do mercado”, destaca o empresário.
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Julio Cesar Nacle David empresário
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As indústrias e fornecedores paranaenses de brindes são muito bem estruturados e contam com profissionais de primeira linha que podem atender com agilidade, qualidade e ótimo preço O mercado esportivo é considerado um dos mais promissores da economia mundial neste século. Engloba ampla e diversificada gama de negócios, como a comercialização dos direitos federativos dos atletas, patrocínios, licenciamentos, comercialização dos direitos de tevê e realização de eventos. Estima-se que esse mercado deva crescer 37% até 2013, movimentando cerca de US$ 141 bilhões. No Brasil, representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e emprega 300 mil pessoas. Sua expansão anual deverá ser de aproximadamente 7% nos próximos quatro exercícios. “A Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, serão estímulos imenso ao setor, tornando cada vez maior a oferta de postos de trabalho para profissionais qualificados”, observa o diretor-geral da Trevisan Escola de Negócios, Fernando Trevisan.
Construção civil A realização da Copa do Mundo em 2014 no Brasil trouxe um ânimo extra para o setor da construção civil. Segundo o consultor do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon/PR), Marcos Kathalian, a Copa do Mundo é si-
nônimo de oportunidade e, nesse primeiro momento, já está gerando movimentação em cima das obras públicas. No mercado privado, a movimentação ainda não está acontecendo, mas são grandes as expectativas com relação a obras no setor hoteleiro, não somente referente à construção de novos hotéis, mas principalmente à reforma dos hotéis estabelecidos em Curitiba. Kathalian chama a atenção para o fato de que as oportunidades não são somente para Curitiba, uma das 12 sedes da competição. “Empresas paranaenses do setor da construção civil podem e devem ir em busca de serviços em outras cidades”, destaca.
Planejar para lucrar Faltam quatro anos para a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, tendo Curitiba como uma das 12 cidades-sede. Mas o momento de se planejar, seja para investir em qualificação profissional ou para montar um negócio, é agora. Segundo o consultor de empresas e diretor da ValuConcept, Wesley Figueira, um evento da magnitude da Copa do Mundo, que é considerada uma grande ‘janela’ de oportunidades, exige que os interessados
em ganhar dinheiro se preocupem, e muito, com a prestação de serviços e com a oferta de produtos de qualidade, já que estarão no País turistas de todos os cantos do planeta, com alto nível de exigência. Dominar o inglês também é fundamental e isso não se consegue a curto prazo. Para Figueira, a Copa do Mundo não trará oportunidades de negócios só para grandes empresas. As micro e pequenas empresas também poderão participar desse balcão de oportunidades, desde que se programem com antecedência. Entre as opções de renda que poderão ser exploradas estão a comercialização de souvenirs, como bonés, camisetas, bandeirinhas, chaveiros e broches; a produção de artesanato unindo os motivos da Copa e da cidade-sede; o aluguel de equipamentos, como telões e sonorização para bares e restaurantes. “Os empresários devem estar conscientes que não devem ver a Copa como a possibilidade de ganhar dinheiro por apenas 30 dias. O importante é ter a visão de olhar muitos anos à frente, já que se a cidade souber ser hospitaleira o grande fluxo de visitantes continuará nos anos seguintes e o mercado se consolidará”, explica o consultor.
Foto: Luiz Costa/Agência La Imagen
Para conhecer mais as experiências empresariais nessa área, acesse
www.basepromo.com.br e www.brindesdacopa.com.br
Um evento como a Copa do Mundo exige que os interessados em ganhar dinheiro se preocupem com a prestação de serviços e com a oferta de produtos de qualidade
Wesley Figueira, consultor
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Fornecedores
Segundo o professor, além da capacidade produtiva e técnica e do padrão de qualidade, as empresas que pretendem atender a terceirizações precisam estar com a documentação em dia, já que grandes compradores, muitas vezes, impõem regras complicadas, e ter garantia da capacidade para atender a demanda e previsão para eventual aumento. Além disso, o ideal é nunca ficar dependente de um único cliente, por maior e mais lucrativo que este seja.
Nos bastidores da produção Fornecer produtos ou serviços pode ser um negócio lucrativo para empresas com boa gestão e planejamento Por Andréa Bordinhão
Foco
Fotos: Luiz Costa / Agência La Imagen
O empresário Jakson Polese sabia exatamente o tipo de negócio que queria empreender e, com base nisso, desenvolveu o produto e a gestão. Proprietário da JACP, que produz espaçadores para construção civil, Polese conta que quando ingressou no curso técnico de edificações já tinha a ideia de desenvolver um produto novo no mercado e fornecê-lo a construtoras ou lojas de materiais de construção. “Depois que desenvolvi o produto e abri a empresa, estudei o mercado. Levei três anos para começar a
Rodrigo Papov, Jakson Polese e Antonio Carlos Perioto, empresários
Rede de parceiros. Essa tendência mundial, que cria um ciclo virtuoso de negócios na cadeia produtiva, começou nas grandes indústrias e multinacionais e se espalhou pelo mercado. Com a otimização como lema, muitas empresas, de todos os tamanhos, optam por terceirizar parte ou, algumas vezes, toda sua produção e serviços. E aí se encaixa uma boa oportunidade de negócio que, por sinal, está cada vez mais na mira das micro e pequenas empresas. Entretanto, tornar-se fornecedor requer mais do que um bom produto ou serviço. É preciso gestão adequada e planejamento para se criar parcerias prósperas e duradouras.
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Historicamente, um bom exemplo de mercado com uma cadeia de fornecedores longa e forte é o japonês. Como iniciou lá, o sistema se popularizou com grandes empresas liderando uma série de parceiros e, assim, diminuindo seus custos. Com o tempo, a expansão do mercado levou a terceirização para empresas de todos os tamanhos e dos mais diversos ramos, aumentando as oportunidades para novos negócios. “Ser fornecedor é uma vontade de muitos empresários, pois isso ajuda bastante no crescimento da empresa. Mas para isso é fundamental que o empreendedor se prepa-
re para fazer uma boa gestão. É uma exigência do mercado”, afirma o professor de Finanças da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fábio Gallo. Como não se está vendendo um produto ou prestando um serviço direto ao consumidor, quem deseja tornar-se fornecedor tem que ter em mente que as exigências serão mais rigorosas, assim como a pressão em relação a preços competitivos também será maior. E é justamente aí que entra a boa gestão e o planejamento.
Grandes motivam pequenas Abrir um negócio próprio com um contrato com uma grande empresa já em vista é um caminho mais difícil, porém, se concretizado, bastante promissor para quem deseja trabalhar com fornecimento de produtos ou serviços. Segundo o professor Fábio Gallo, esse tipo de oportunidade, normalmente, é percebida por quem está de olho nos movimentos do mercado ou já está prospectando nichos de atuação. Mas, às vezes, a oportunidade surge de repente e só cabe ao empreendedor abraçá-la. Foi quando trabalhava como químico industrial em O Boticário que Roberto Papov enxergou, ali mesmo, a oportunidade de empreender por conta própria. Em 1998 abriu uma indústria para produzir e fornecer sabonetes para O Boticário. Sua empresa, a Leclair, começou com cliente certo e, com exclusividade a ele, perdurou por cinco anos, até expandir os negócios. “A fabricação de sabonetes é muito específica. As máquinas só produzem isso. Então uma
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bém terceiriza a produção de alguns itens, criando a cadeia de parcerias. Fornecer para expandir Assim como Polese e Papov, alguns empreendedores percebem um bom nicho de demanda ou uma boa oportunidade de negócio e abrem a empresa já com o foco no fornecimento. No entanto, o caminho mais comum e, segundo o professor Fábio Gallo, muitas vezes mais seguro, é usar o fornecimento de produtos ou serviços como for-
Abrir um negócio próprio com um contrato com uma grande empresa já em vista é um caminho mais difícil, porém bastante promissor para quem deseja trabalhar com fornecimento de produtos ou serviços vender. Optei pelas grandes construtoras, que aceitaram melhor o produto”, lembra. Hoje, Polese fornece os espaçadores responsáveis por dar mais durabilidade às estruturas de concreto armado para obras de todo o País. A demanda pelo produto de Polese, criado e patenteado em 1992, aumentou ao longo dos anos e em 2003 a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou uma norma recomendando sua utilização. Com tudo isso, similares surgiram no mercado. Porém, Polese garante que não tem medo de perder seu espaço de venda, mesmo que até hoje continue tendo o espaçador como único produto da sua empresa. E a segurança do empresário é sustentada em razões interessantes de serem observadas. Segundo ele, a JACP segue regras rígidas de qualidade, de atendimento ao cliente, de prazos e tem comprometimento com a evolução tecnológica do produto.
grande indústria com fabricação própria fica com o setor ocioso. O volume não justifica a produção própria”, explica o gerente de Marketing e Produtos da Leclair, Rodrigo Papov. O gerente de Marketing enfatiza que o planejamento foi fundamental para o sucesso, uma vez que por muitos anos a indústria da família Papov se sustentou em um único cliente. “Chegou um momento em que percebemos que também estávamos ficando com capacidade ociosa e que era hora de expandir o fornecimento para outras empresas. Hoje aumentamos a linha de produtos e também temos marca própria”, afirmou Rodrigo Papov. Além de O Boticário, a Leclair fornece para outras 16 empresas. A indústria já tem canais de comercialização dos próprios produtos e abriu uma segunda empresa, que presta serviço para o setor de cosméticos. Assim, o empresário tam-
ma de expandir os negócios. Depois de consolidada no mercado e, principalmente, com estrutura garantida para o atendimento adequado, é mais fácil para a empresa ir atrás de clientes que buscam a terceirização. E isso também é uma garantia de que a empresa não vai ficar dependente de um único cliente. “Começamos com três linhas próprias. Com o tempo fomos criando novas linhas e também surgiu a oportunidade de fabricar produtos para outras empresas.” O depoimento é do proprietário da indústria de cosméticos, Agreste Brasil, Antonio Carlos Perioto, há 24 anos no mercado. Segundo ele, hoje cerca de 30% do seu faturamento vêm da produção de produtos para outras empresas. Perioto diz que quer aumentar seu rol de clientes que terceirizam sua indústria. Mas ele salienta que, apesar de ser um bom mercado, o lucro desse tipo de negó-
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Artigo “Precisamos viabilizar comercialmente a linha própria, o que demanda mais investimentos. Já o produto terceirizado se vende a um custo mais baixo para ter mais competitividade. Então os ganhos se equiparam”, explica. “Mas um lado muito positivo da terceirização é que ela simplifica o negócio para todos os lados, pois cada uma trabalha na sua especialidade”, completa.
Keiretsu Após a destruição que sofreu com a II Guerra Mundial, o Japão adotou um sistema de rede empresarial denominado keiretsu para recuperar suas indústrias. O sistema é composto por diversas empresas que colaboram entre si, formando uma coalização em prol do crescimento econômico. Uma das características desse sistema é a
escala hierárquica: ele é comandado por uma grande indústria, que se relaciona com os fornecedores, que por sua vez também terceirizam produtos e serviços. Algumas empresas que se destacam nesse modelo empresarial são a Mitsubishi, Mitsui e Toyota. Como a necessidade era levantar a economia, o keiretsu surgiu como um sistema protecionista em relação ao mercado internacional. A intenção principal era diminuir o tempo e os custos de produção, horizontalizar a integração entre as empresas, estabilizar o mercado, ajudar no crescimento das pequenas e médias empresas e proteger as empresas nacionais eficientes. Apesar de ser um sistema bastante rígido e em que, algumas vezes, as empresas líderes acabam determinando quem serão os fornecedores de uma forma não muito democrática, no keiretsu a qualidade é um fator importante e determinante.
Tornar-se fornecedor requer mais do que um bom produto ou serviço, é preciso sobretudo uma gestão bastante adequada e planejamento para se criar parcerias prósperas e duradouras
Confira algumas dicas para tornar-se fornecedor Conhecer bem o mercado em que se quer atuar; Conhecer bem o produto que se está oferecendo;
Os fundamentos de um bom negócio - Parte 1 Você já parou para pensar o que esporte, arte e negócios têm em comum? Além da disciplina, garra e perseverança, para se sair bem em qualquer um deles, a semelhança fundamental é a necessidade de conhecer bem e praticar os FUNDAMENTOS! Não importa quanto tempo você tem de prática em esportes ou em qualquer arte, nunca poderá esquecer os fundamentos. Um bom cantor terá que fazer vocalizações diárias para o resto da vida, um bom karateca terá que continuar fazendo seus Katas, assim como os jogadores de basquete, vôlei, futebol, deverão continuar a praticar diariamente os fundamentos, etc.
Os fundamentos são a base, o alicerce sobre o qual você constrói o seu sucesso. Não adianta possuir muito talento, garra e força de vontade. Dizemos, de forma irônica, que nada é pior para uma empresa que um incompe-
tente motivado, porque ele vai destruindo tudo o que encontra pela frente, achando que está fazendo o melhor. A incompetência dessa pessoa reside na falta de conhecimento.
Não podemos ignorar os fundamentos em negócios. Ignorá-los significa matar o próprio negócio. Como esse tema é muito longo, vamos dividi-lo em vários artigos sucessivos aqui na Revista Soluções, do SEBRAE/PR. Trataremos nesta edição de quatro desses fundamentos. Dedique-se a eles. Todo o tempo e carinho que você investir neles retornará em forma de lucro e prosperidade.
Quem esquece os fundamentos, esquece o caminho. E quem esquece o caminho, jamais chega aonde quer... Até a continuação desse tema na próxima edição! Lembre-se: vencer em negócios não é apenas saber o que deve ser feito, mas fazê-lo de uma forma como ninguém mais consegue fazer.
Torne-se único!
Foto: Divulgação
cio se equilibra com o rendimento obtido por meio dos produtos próprios.
Ter conhecimentos sólidos e boa orientação para se fazer uma boa gestão; Garantir a capacidade produtiva antes de se comprometer;
Sua maior matéria-prima é o conhecimento.
Informe-se, pesquise, pergunte, leia, converse com quem sabe, participe de palestras, cursos, seminários e workshops. Converse com os consultores do SEBRAE. Não pare nunca de alimentar-se com novos e mais aprofundados conhecimentos. Não empreenda na ausência de informação e conhecimento. Em negócios, caminhar no escuro ou na corda-bamba nunca acaba bem.
Ter conhecimento legal e fiscal mínimo ou buscar orientação com parceiros como o SEBRAE; Trabalhar desde o início na legalidade. Apesar dos custos, em médio prazo, percebe-se as vantagens competitivas e financeiras; Atender sempre bem aos clientes para que a parceria se prolongue;
Planeje antes de fazer. O hábito de aprender fazendo já foi muito bom na época em que o mundo era mais lento e menos competitivo. Hoje, aprender por ensaio e erro pode custar mais que seu negócio, pode custar todas as conquistas que você fez antes de iniciar o negócio atual. Planejar reduz as margens de erro, aumenta as possibilidades de acerto e permite compreender antecipadamente (antes de gastar tempo e dinheiro) possíveis inconsistências que precisam ser corrigidas para que o negócio dê certo!
Quando assumir um contrato, cumprir rigorosamente os prazos; Estar preparado para eventual aumento de demanda; Assumir o ônus, caso o produto tenha deficiências claras;
Você não é o cliente! Lembre-se de montar seu negócio orientado para o seu público-alvo, para os seus clientes. Não adianta você achar ótimo, maravilhoso - o que importa é o que os clientes pensam, acham e sentem a respeito! Um dos enganos mais frequentes, cometidos por empreendedores iniciantes, é montar o negócio baseando-se em gostos pessoais. Não faça isso, monte seu negócio com base em pesquisa e em conceitos que motivem seus clientes a fazerem negócios com você!
Observar a saúde financeira do parceiro para o qual se vai fornecer ou já está fornecendo; Quando se começa com um único grande parceiro, usar o know-how e o lucro como investimentos para ampliações e novos negócios.
Sugestão de livros e sites, para saber mais sobre o tema: • Comakership: A nova estratégia para os suprimentos, de Giorgio Merli; • Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência, de Michael E. Porter; • TQC: Controle de Qualidade Total (No estilo japonês), de Vicente Falconi Campos; • Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva, de David A. Garvin.
Seus maiores capitais são o tempo e as pessoas. O capital financei-
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ro sozinho não serve para nada. O dinheiro deve servir às pessoas e não as pessoas ao dinheiro. Valorize o tempo e as pessoas. Monte uma excelente equipe, procure contratar os melhores e pagar acima da média de mercado. Assim, com reconhecimento, respeito e dignidade nas relações, você manterá os melhores trabalhando com você. Mas lembre-se, não basta pagar bem as pessoas, elas precisam sentir-se valorizadas e reconhecidas moralmente. Pessoas que valem a pena jamais trabalham somente por dinheiro...
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Carlos Hilsdorf Palestrante do Congresso Mundial de Administração (Alemanha). Economista, pós-graduado em Marketing pela FGV e consultor de empresas. Autor do best seller “Atitudes Vencedoras”, apontado como uma das 5 melhores obras do gênero. Referência nacional em desenvolvimento humano. Site oficial: www.carloshilsdorf.com.br
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Carteira assinada Foto: Luiz Costa/ Agência La Imagen
Campeãs
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
na geração de
empregos
Carlos Roberto Santin, empresário O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou recentemente o estudo ‘Atualidade e Perspectivas das Ocupações nos Pequenos Empreendimentos no Brasil’. Os pequenos negócios com até dez funcionários foram responsáveis por dois de cada três empregos gerados na iniciativa privada não-agrícola, entre os anos de 1989 e 2008. O levantamento demonstra, em números, como as micro e pequenas empresas acabam exercendo um papel crucial na geração de emprego e renda e, também, a sua influência na dinâmica da economia, aquecendo o mercado formal de trabalho. Segundo o IPEA, 54,4%, ou seja 38,4 milhões de postos de trabalho, do total da ocupação nacional do setor privado, que corresponde a 70,6 milhões, foram criados, em 2008, nessas empresas. Os trabalhadores por conta própria geraram mais postos de trabalho (48,7%), o equivalente a 18,7 milhões de vagas. Ainda de acordo com o estudo do IPEA, o Paraná está em quarto lugar no ranking de pessoas ocupadas em estabelecimentos de até dez funcionários. Em 2008, haviam 2.268.191 pessoas ocupadas nesses estabelecimentos paranaenses. Liderando a lista, aparece São Paulo, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Micro e pequenas empresas puxam empregos em 2009 e dados do IPEA e Caged mostram como pequenos negócios são fundamentais para a consolidação do mercado formal de trabalho Por Giselle Ritzmann Loures
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Os dados foram analisados a partir de um conjunto de informações estatísticas primárias provenientes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Cadastro Geral de Empregos e Pesquisas da Economia Informal Urbana, e Ministério do Trabalho e Emprego - Relação Anual de In-
formações Sociais e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Não foram contabilizados no estudo os funcionários públicos e o setor agropecuário.
SEBRAE exercem, também, um papel importante no desenvolvimento dos pequenos negócios, oferecendo apoio aos empresários de micro e pequenas empresas.
Na avaliação de Fernando Mattar, bolsista da Assessoria da Presidência do IPEA e professor da Universidade Federal Fluminense, a melhoria da política econômica brasileira, principalmente nos últimos cinco anos, com a adoção de medidas para fortalecer o mercado interno, foi um dos fatores que influenciou os resultados apresentados pelo estudo com relação ao número de ocupações criadas no ambiente da pequena empresa.
Aquecendo a economia
“O crédito facilitado e o aumento do salário mínimo também foram fatores importantes, já que são iniciativas que geram um efeito positivo no aumento do consumo”, observa o especialista do IPEA. Para Fernando Mattar, essas medidas adotadas pelo Governo Federal para fortalecer o mercado interno, além da instituição da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa – legislação que prevê uma série de benefícios voltados a promover o desenvolvimento dos pequenos negócios e que foi aprovada em âmbito federal em 2006 – favoreceram para o desenho desse cenário. “A pequena empresa vende para o mercado interno, poucas vendem para o mercado externo. Se o mercado interno vai bem, os pequenos negócios também vão”, avalia. O especialista do IPEA ainda ressalta que “as grandes empresas são importantes porque fazem as pequenas aparecerem”. O especialista ainda completa que é no entorno de grandes empresas que surgem oportunidades para as pequenas e que entidades como o
Em maio de 2008, o empresário Carlos Roberto Santin investiu no desafio de administrar o próprio negócio e escolheu o ramo de locação de carro para atuar. No início da Curitiba Rent a Car, apenas ele e um funcionário eram responsáveis pela operação da empresa, sediada na capital paranaense. “Identifiquei um nicho de mercado, que antes as grandes locadoras desprezavam. Passamos a oferecer locações de carros com um prazo mais curto. As grandes locadoras exigiam contratos de locação de até 12 meses”, explica o sócio-proprietário da empresa. Nesse nicho, a Curitiba Rent a Car cresceu e se desenvolveu. No início de janeiro de 2009, a empresa já operava com quatro empregados. Na época, o pequeno negócio detinha uma frota de 55 carros. Já no final do mesmo ano, a frota chegou a 130 veículos. Para Santin, o crescimento da empresa é resultado de uma boa gestão empresarial, pautada no conhecimento do mercado e na busca pelo aperfeiçoamento empresarial. “Não é um ramo para amadores”, enfatiza o empresário. “No início de 2009, passamos a fazer alguns cursos no SEBRAE/PR, como o VarejoMAIS (uma parceria firmada entre o SEBRAE/PR e o Sistema Fecomércio/PR, que oferece um pacote de soluções voltadas para tornar o comércio do Paraná mais forte e competitivo), o que foi fundamental para a nossa empresa”, avalia.
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Jonas Bertão, emprasário Ainda de acordo com Carlos Santin, uma estratégia mais agressiva para divulgar o negócio foi decisiva nesse crescimento expressivo da empresa. “Por exemplo, consultores do SEBRAE/PR identificaram que nosso site tinha problemas no visual. Contratamos uma empresa para reformular nossa página. Com o novo site, os clientes passaram a ficar mais tempo navegando na página da empresa”.
aquelas com até 99 funcionários.
Carlos ainda conta que a divulgação da marca Curitiba Rent a Car em páginas da internet, como sites de relacionamento, também foi utilizada como estratégia para ampliar a participação da empresa no mercado.
No Paraná, as micro e pequenas empresas foram responsáveis por 67.079 novas vagas de trabalho, o que coloca o Estado em quinto lugar no ranking nacional, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Já as grandes e médias empresas geraram no Paraná 2.005 novos empregos, o que demonstra a força-motriz das pequenas empresas na criação de novos empregos.
Reagindo à crise O ano de 2009 começou sob a ameaça da crise financeira mundial, que deu seus primeiros sinais no final de 2008 e resultou em previsões que os mercados sofreriam uma retração. Porém, os pequenos negócios reagiram bem a esse cenário, preservando os empregos e aquecendo a economia. Com quadros de colaboradores bem mais enxutos e uma capacidade de interagir com mais agilidade às variáveis que atingem o mercado, empresários de micro e pequenas empresas não deixaram de observar oportunidades e nem investir em planejamento, estratégias que contribuíram para superar os impactos da crise. De acordo com dados extraídos pelo SEBRAE Nacional do balanço do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), vinculado ao Ministério do Trabalho, as micro e pequenas empresas foram as que mais geraram empregos com carteira assinada no País em 2009 e o maior saldo positivo é das empresas com até quatro empregados. O levantamento considerou como micro e pequenas empresas
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Ao longo do ano, essas microempresas geraram 1.186.284 postos formais de trabalho. Mesmo considerando as perdas das demais empresas do segmento, o saldo positivo é de 1.023.389. O saldo total do País em 2009, no entanto, foi de 995.110 empregos - considerando as demissões de todas as empresas do País, incluindo médias e grandes.
Outra razão que ajuda a explicar a geração expressiva de postos de trabalho no Paraná, em 2009, foi o recorde de novas empresas abertas no Estado, de acordo com dados da Junta Comercial do Paraná. Foram 56.023 novas empresas no ano passado, 96% em média micro e pequenas. O Estado manteve ritmo de abertura de 200 estabelecimentos produtivos por dia útil, dos quais 89,3% foram enquadrados como micro e pequenas empresas e 3,65% como empresas de pequeno porte.
Planejamento prévio “Enquanto todo mundo falava em crise, nós crescíamos”, diz Carlos Santi, da Curitiba Rent a Car. Só em 2009, o empresário contratou quatro colaboradores para atuar na empresa, o que fez o quadro de funcionários saltar para oito empregados. Em Apucarana, região norte do Paraná, o empresário Jonas Bertão abriu três novas
vagas de trabalho na Prismaflex Embalagens Plásticas, em 2009. A empresa, que fabrica produtos utilizando plástico reciclável, foi fundada em 1996 e mantém em seu quadro 27 colaboradores. “Eu segui o que estava no planejamento estratégico da empresa”, diz o empresário sobre as contratações. Jonas Bertão ainda conta que dos três novos funcionários, dois foram trabalhar na área de produção da empresa e um no escritório. “Muitas vezes eu tenho que treinar essa mãode-obra. São jovens com pouca ou nenhuma experiência no mercado”, observa. A contratação de pessoas com pouca experiência também é uma característica observada por especialistas na dinâmica da pequena empresa. Geralmente os pequenos negócios contratam profissionais com menor nível de capacitação do que as grandes empresas e treinam esses funcionários para o serviço. Além da Prismaflex Embalagens Plásticas, Jonas Bertão também é sócio da CBM Recuperadora de Termoplásticos, empresa que faz todo o processo de reciclagem do plástico, utilizado pela Prismaflex para a fabricação de produtos como sacos para lixo para coleta seletiva, sacos para lixo doméstico em rolos, filmes em bobinas ou sacos plásticos para estofados entre outros. Em 2009, nós mantivemos o mesmo quadro de dez funcionários trabalhando na CBM. Não demitimos ninguém no ano da crise”, conta o empresário, que trabalha no ramo de plástico desde 1990. Entre os clientes da Prismaflex estão empresas na região norte do Paraná, sul de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Belo Horizonte. Mesmo fora do universo do levantamento divulgado pelo IPEA e da análise dos dados extraídos do Caged, outro exemplo de pequena empresa que gerou empregos vem
A empresária Tânia Maria de Oliveira Berto, que há cinco anos está à frente da gestão do negócio, diz que no início de 2009 a empresa enfrentou algumas dificuldades. “A gente precisa meter a cara. Sempre falo para os meus funcionários que crise está lá fora e não dentro da empresa”, ressalta a empresária. Tania assumiu o negócio depois que o marido passou a ser sócio da Alumínios Belmar. “Eu sou farmacêutica e bioquímica, mas tinha saído da farmácia em que trabalhava. Nessa época, eu estava entrando em depressão e resolvi ajudar meu marido na empresa. Acabei me apaixonando tanto que passei a gerenciar o negócio”, lembra.
(Colaborou nesta reportagem o jornalista Leandro Donatti).
Foto: Zanella
Foto: Wilson Vieira/ Videographic
No Paraná, as micro e pequenas empresas foram responsáveis por 67.079 novas vagas de trabalho, o que coloca o Estado em quinto lugar no ranking nacional
do sudoeste do Paraná. A Alumínios Belmar, empresa de Francisco Beltrão, emprega no total 150 colaboradores. Em 2009, 11 empregos diretos foram gerados na pequena indústria de alumínio que produz itens de utilidade doméstica.
Tânia Maria de Oliveira Berto, empresária
EMPREGOS GERADOS NO ANO DE 2009, POR UF E PORTE UF
MPE
MÉDIAS E GRANDES
TOTAL
MPE
TOTAL
TOTAL
1.023.389
-28.279
995.110
RANKING
RANKING
SP MG RJ RS PR SC BA CE PE GO DF ES RO PA PB MT MS RN PI MA AM SE AL TO RR AC AP
299.264 110.681 83.973 69.612 67.079 57.230 54.985 43.018 40.554 27.773 25.692 19.868 15.393 14.687 12.668 12.010 11.272 11.043 9.388 8.839 7.845 7.521 7.036 3.410 951 921 676
-21.691 -20.073 4.902 -5.386 2.005 -6.216 16.185 21.418 6.163 6.631 -8.270 -893 9.482 -7.307 623 -6.598 1.628 -6.243 3.339 -13.623 -9.253 3.677 785 -365 238 1.048 -485
277.573 90.608 88.875 64.226 69.084 51.014 71.170 64.436 46.717 34.404 17.422 18.975 24.875 7.380 13.291 5.412 12.900 4.800 12.727 -4.784 -1.408 11.198 7.821 3.045 1.189 1.969 191
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
1 2 3 7 5 8 4 6 9 10 13 12 11 19 14 20 15 21 16 27 26 17 18 22 24 23 25
Fonte: MTE/CAGED
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Gestão avançada
‘Chave’ para a longevidade Programa lançando pelo SEBRAE/PR e Sistema Fiep aposta em gestão avançada para a superação de desafios pelas micro, pequenas e médias empresas do Paraná Por Ellen Taborda
A falta de conhecimento gerencial é o principal motivo do fechamento de micro e pequenas empresas no Brasil. Entre as razões apontadas pelos empreendedores que não conseguem manter seus negócios funcionando estão falhas como a escolha de local inadequado e o desconhecimento do mercado. Deficiências como essas foram responsáveis pela elevada taxa de aproximadamente 50% de mortalidade de empreendimentos do gênero no Brasil entre 2000 e 2002, de acordo com pesquisa feita pelo SEBRAE.
Além da carga de 108 horas cumpridas em sala de aula, o Programa prevê 27 horas de consultoria individual em todas as empresas participantes ao final de cada módulo. O consultor irá, “in loco”, ajudar a preencher o diagnóstico do empreendimento. “Com os contatos feitos durante o programa, o empresário ainda poderá criar um interessante networking”, diz a consultora do SEBRAE/PR.
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riscos, integração e qualidade. Os participantes do Programa também terão uma visão inovadora do processo de liderança e motivação. O objetivo é desenvolver atitudes de comunicação e relacionamento interpessoal, autocontrole e gestão das emoções, entre outros. A ferramenta do marketing estratégico com foco em prospecção dee novos clientes é tratada em outro treinamento. Serão desenvolvidas habilidades para identificar, selecionar, abordar e conquistar clientes, com o objetivo de tornar a empresa mais competitiva no segmento em que atua. O módulo de gestão de design trará embasamento teórico sobre questões de sustentabilidade, seus aspectos relevantes e exemplos de boas práticas nas empresas dos setores produtivos a serem contemplados. Gerir a inovação para competir é o desafio proposto por outro treinamento oferecido pelo Programa. Um workshop de sensibilização à inovação irá apresentar cases de sucesso. No final do PGA, haverá ainda um módulo internacional, que será opcional. Os participantes que desejarem poderão vivenciar experiências em visitas técnicas, durante dez dias em um país europeu a ser definido.
Cada encontro do PGA vai proporcionar conhecimento para a aplicação imediata na própria empresa
Mais informações sobre o PGA podem ser obtidas no: (41) 3271-7685 ou adriana.jardim@sesipr.org.br. Se você quer ter mais informações sobre gestão e inovação, pode acessar os seguintes sites: www.facadiferente.sebrae.com.br; www.protec.org.br; www.anpei.org.br; www.bndes.gov.br; www.brde.com.br.
O conteúdo do PGA baseia-se nas demandas das indústrias paranaenses levantadas em sondagens feitas pelo Sistema Fiep. Também responde às necessidades apontadas em pesquisa desenvolvida pelo SEBRAE, que mostra que 40% do empresariado procuram por educação continuada para desenvolver competências de gestão inovadora.
O PGA foi desenvolvido especialmente para micro, pequenas e médias indústrias. Para aproveitar melhor os conhecimentos que serão passados, o empreendimento já deve estar estruturado. “A empresa tem que estar pronta para crescer, se capacitar e elevar o seu potencial de inovação”, observa Valéria Paixão.
Os empresários trazem as experiências dos seus negócios e elas são discutidas e estudadas em sala de aula. “Cada encontro vai proporcionar conhecimento para a aplicação imediata na própria empresa”, afirma.
Segundo a coordenadora de projetos da Unindus, Adriana Jardim, a ideia do Programa é que a empresa possa se antecipar às necessidades do mercado. “Com a concorrência cada vez mais acirrada, trazer inovação é fundamental para o desenvolvimento do negócio”, afirma. O objetivo é, acima de tudo, melhorar o planejamento estratégico, a qualidade de vida e a responsabilidade social na empresa de cada participante.
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Segundo a coordenadora do PGA pelo SEBRAE/PR, Valéria Paixão, o Programa foi criado com o objetivo de reverter as taxas preocupantes de mortalidade e de suprir a falta de conhecimentos gerenciais e de mercado. A iniciativa também foi fruto de uma demanda crescente por parte dos sindicatos filiados ao Sistema Fiep. “Faltava um curso que oferecesse capacitação em conceitos não básicos de inovação e planejamento”, conta.
Para a criação do Programa, SEBRAE/PR e Fiep uniram expertises e recursos para oferecer um treinamento de alta qualidade com custos subsidiados, em sete módulos. “A grande diferença do PGA é que ele é vivencial”, esclarece Valéria Paixão.
Simulações, palestras, técnicas participativas e oficinas vivenciais também facilitam o aprendizado. O participante constrói o conhecimento através do processo de entendimento e de interpretação.
Para garantir a qualidade do PGA, cada turma vai receber um total de 25 participantes. Uma empresa pode inscrever, no máximo, duas pessoas para cada módulo. O empresário pode participar de todos e eleger alguns gestores e dirigentes para acompanhar treinamentos específicos. Para ter acesso ao PGA, a indústria deve ser filiada a um dos sindicatos do Sistema Fiep. É através do sindicato que será feita a matrícula.
Essa situação pode ser evitada com o planejamento adequado. A necessidade de uma preparação mais avançada em gestão e inovação fez com que o SEBRAE/PR e o Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) – por meio da Universidade da Indústria (Unindus) – se unissem para criar uma nova capacitação com foco na indústria. O Programa de Gestão Avançada (PGA), que inicia em maio, é voltado a empresários, dirigentes, líderes e gestores de micro, pequenas e médias empresas dos 18 principais setores produtivos de todas as cinco regiões do Paraná.
Vivência e consultoria
A empresa tem que estar pronta para crescer, se capacitar e elevar o seu potencial de inovação
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
O PGA é voltado a empresários, dirigentes, líderes e gestores de micro, pequenas e médias empresas dos 18 principais setores produtivos
Os sete módulos do Programa vão tratar de aspectos decisivos para a sobrevivência das empresas. Os participantes serão capacitados em gestão de estratégia, que vai aprofundar o aprendizado de planejamento empresarial, com definição de indicadores para a evolução da empresa. Outro módulo é voltado à gestão financeira, que desenvolve competências para controlar, analisar, planejar e simular situações para uma eficiente tomada de decisão. Gerir projetos é o foco de outro treinamento. Nele, é possível aprender desde a visão de conjunto, escopo, prazos e custos até
Valéria Paixão, consultora
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Prata da casa
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
‘Embalando’ o sucesso Prêmios referendam acertos de gestão e conferem vantagens de mercado a micro e pequenas empresas paranaenses Por Sílvio Oricolli
Praticamente não há quem não tenha sonhado, ao menos uma vez na vida, ter o seu próprio negócio. Há, no entanto, pessoas com perfil empreendedor que, a partir do sonho, planejam, preparam-se com afinco, e vão à luta. E começam a pavimentar o caminho do sucesso, em geral, não muito fácil. Há bons exemplos disso, que inclusive acabam sendo reconhecidos por outros empreendedores, por instituições representativas, pelo mercado. Tudo isso referenda que o desejo de empreender sempre é possível quanto mais próximos os empresários estiverem da realidade, sobretudo de olho nas demandas futuras, voltados para a construção de um próspero negócio. E os acertos são mensurados pelas conquistas do dia-a-dia, pela expansão das atividades, rentabilidade e também pelos prêmios, que avalizam a condução do empreendimento e agregam valor às empresas, seus produtos e serviços. É assim que a empresária Maria José do Nascimento, proprietária da KL do Brasil Componentes Elétricos, em Peabiru, no noroeste do Paraná, se sentiu ao receber no ano passado o Prêmio SEBRAE Mulher de Negócios – Edição 2008/2009. Maria José foi a vencedora da categoria “Micro e Pequena Empresa Formal”, na etapa nacional do Prêmio, uma realização do SEBRAE Nacional, em parceria com a Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres (SPM), Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil (BPW) e Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).
criar a minha família no interior”, diz que, antes de iniciar o negócio, fez uma pesquisa para saber da viabilidade de instalar uma fábrica de resistência no Paraná. “Foi quando descobrimos que havia carência nesse setor. E começamos com novidades, como a coleira e o cartucho, que não têm nem em São Paulo, para atender a demanda de empresas paranaenses que trabalham na parte de injetáveis e inclusive fábricas de biscoitos”, diz a empresária, lembrando que os seus principais clientes são fabricantes de fornos elétricos e da área de ar-condicionado no Brasil todo. E o principal mercado é Curitiba. A empresária, 43 anos, adianta que a KL do Brasil, que criou em parceria com o ex-marido, começou a operar com dez funcionários, que aumentaram para os atuais 80. Ela começou na parte administrativa, mas há cerca de sete anos está à frente da produção. “O que não é nenhuma surpresa e nem representa dificuldade para mim, pois trabalhei durante quatro anos em uma fábrica de resistência em São Paulo. Conheço muito bem do setor”, garante. E se mantém sintonizada no mercado para saber o que há de novidades para melhorar a performance da empresa, tanto no que se refere à melhoria da qualidade dos produtos como também em ganho de produtividade, que contribuem para melhorar a rentabilidade do negócio. Equilibrando o tempo entre a atenção à família – tem quatro filhas e três netas - e as demandas da empresa, Maria José afirma
Há 14 anos, Maria José, que trocou São Paulo por Peabiru, para realizar o “sonho de
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Hamilton Barretto, empresário e mais importante troféu em 14 anos de atuação, o Prêmio ACP de Comércio Exterior 2009 – Categoria Empreendedor Pequena Empresa. Na avaliação de Hamilton Barretto, presidente da empresa, a premiação, na verdade, referendou o trabalho que vem desenvolvendo na área internacional, desde 2007. “Investimos muito nesse setor, só que o retorno financeiro não é rápido. Então, um prêmio dessa envergadura mostra que estamos no caminho certo, revela o compromisso com a internacionalização dos nossos produtos”, conceitua o empresário, ao acrescentar que ele poderá render dividendos no mercado interno também. “Ocorre que boa parte das empresas que atendemos no Brasil tem operações lá fora. Aliás, foi isso que nos levou a montar um plano de internacionalização, uma vez que esses clientes começaram a mandar os nossos softwares para unidades no exterior”, esclarece.
Mesmo considerando que 2009 foi ruim para as vendas, como resultado da crise financeira internacional - tanto que Maria José revela que “os lucros foram irrisórios se comparados com os anos anteriores. E isso também porque decidi não demitir ninguém, pois o meu quadro de funcionários está bem redondinho” – a empresária diz que conseguiu aumentar a carteira de clientes, que compraram menos por causa da retração nos negócios. Para este ano, no entanto, espera que as vendas cresçam 25%, que é a média de outros anos. A KL do Brasil só produz sob encomenda e atende clientes de todo o Brasil, informa a empresária.
Dividendos A Xtrategus Group, empresa curitibana da área de Tecnologia da Informação (TI), conquistou, também em 2009, o seu primeiro
Foto: Cristiane Shinde / Studio Alfa
“O Prêmio representou marketing, deu e continua dando mídia, mas com isso também acentuou o compromisso de estar me atualizando cada vez mais e de me preocupar com a qualificação constante da equipe”, avalia Maria José, dona de uma pequena empresa. Para a empresária, a premiação não surge do nada, mas é resultado do bom conceito da empresa. “Ninguém fala bem de você à toa, mas por causa do resultado do empreendimento, do bom exemplo, portanto não é algo só pessoal. E esse reconhecimento amplia as oportunidades no mercado”, acredita.
que investiu em infraestrutura da planta industrial e, entre 20 e 30 de novembro do ano passado, foi à China atrás de novidades. Acabou comprando máquinas, que logo serão incorporadas ao parque da KL do Brasil. “É tecnologia que estamos incorporando à fábrica, o que irá agilizar o processo e assegurar ganho em qualidade”, acrescenta. A empresária acentua que qualidade é sua grande preocupação, tanto que tem a certificação ISO 9001. “Eu me preocupo muito em garantir a qualidade dos nossos produtos aos nossos clientes. Por isso, o rigor começa na hora de comprar a matéria-prima”, assegura.
Maria José do Nascimento, empresária
Com 27 funcionários e desenvolvendo e fornecendo softwares de gestão da qualidade e gestão ambiental, a Xtrategus, que atende clientes do Brasil, América do Sul e América Central, além do México, sentiu os efeitos das turbulências da crise que afetou seriamente o mercado no ano passado. “A expectativa, no entanto, é de boa recuperação, o que, na verdade, começamos a sentir a partir de novembro do ano passado. Por isso, estamos esperando um crescimento de 15% nos negócios em 2010”, estima. O empresário acrescenta que o mercado de software é muito competitivo, por isso leva vantagens quem oferece mais serviços e também o pioneirismo influi muito na conquista e manutenção de mercado. “No nosso caso, isso pesa muito, afinal o primeiro diferencial é a experiência no setor, pois fomos a primeira empresa brasileira a oferecer softwares para esses setores. Eu era gerente da Refinaria Gabriel Passos, que fica
em Betim, em Minas Gerais, e montei o plano de gestão de qualidade e ambiental. E ela foi a primeira empresa da área a ser certificada pela Petrobras. Em função disso, tivemos de estender os programas a outras refinarias. Com isso, desenvolvemos o knowhow. Aí decidi deixar o emprego, que havia conquistado em concurso, para abrir a minha empresa, em 1995. A partir daí começamos a criar toda uma estrutura de produtos, pois, no início, era um software para cada cliente. Mas entre 1999 e 2000, desenvolvemos o primeiro produto e partimos para a abertura de revendas, porque percebemos que o tínhamos de focar mais em produtos e não só em serviços”, diz, ao acrescentar que a empresa mantém revendas nas principais capitais brasileiras e também em oito países. Barretto acrescenta ainda que o mercado no setor tem crescido estimulado pela preocupação das empresas em se adequar às exigências voltadas à qualidade e ao ambiente, para obter as certificações ISO 9001 e ISO 14000, respectivamente. “Na Europa tem muitas grandes empresas preocupadas com isso, a ponto de estamos pensando em abrir representações por lá”, adianta, ao destacar que o crescimento da demanda é reflexo da maturidade das empresas diante das exigências do mercado.
Reconhecimento, por meio de prêmios, amplia as oportunidades para novos mercados e ajuda no marketing das micro e pequenas empresas
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Votorantim e apoio da construtora Odebrecht. No Paraná, a premiação é realizada em conjunto pelo SEBRAE/PR e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), por meio do Movimento Paraná Competitivo (MPC), com o patrocínio da Gerdau, Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e conta ainda com a parceria da Federação das Associações Comerciais do Estado do Paraná (Faciap) e Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio/PR).
Para Rodrigo Miranda, dono da curitibana Vininha Fast Food, o MPE Brasil – Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas – Edição 2008, conquistado nacionalmente na modalidade Comércio, foi decorrência natural da preocupação da empresa com a qualidade e a eficiência, em todos os seus processos.
De prático, na avaliação de Miranda, “o Prêmio mostrou os acertos que estamos promovendo na empresa e, portanto, tem mais efeito interno e até para dar um gás novo para todos nós, afinal fazemos parte de uma história que está sendo reconhecida”. Com isso, o empresário deixa claro que faz bem ser distinguido em um certame que contou com a inscrição de 210 mil empresas brasileiras, das quais 53 mil eram do segmento específico ao qual concorreu.
Criado em 2004, o MPE Brasil é promovido pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), SEBRAE Nacional, Grupo Gerdau e Fundação Nacional da Qualidade, com patrocínio do Governo Federal, Petrobras,
Para conquistar o MPE Brasil, Miranda diz que não foi fácil, pois foi preciso atender a normas rígidas, visando à qualidade e à gestão. “O Prêmio segue uma metodologia que contempla desde a avaliação de liderança,
Saboroso e rentável
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gestão de resultados, comunidade e meio ambiente, ações sociais, recursos humanos, marketing, até como nos comunicamos com o mercado”, exemplifica, ao acrescentar que quando decidiu participar do prêmio, em 2006, pela FNQ, seu desafio era ter um parâmetro de como estavam indo em relação ao mercado e, com base nisso, foram se aperfeiçoando. “Mesmo porque o processo de qualidade não é um fim, mas um meio em constante evolução, ou seja, quanto mais se cresce maior é o foco que tem de ser dado a este processo.” O MPE Brasil também deu a oportunidade a Miranda de participar de um seminário, durante uma semana, em São Paulo, quando teve oportunidade de entrar em contato com presidentes de grandes empresas. Além disso, “a FNQ promoveu um encontro entre os vencedores de cada categoria com o presidente Lula. Foi show de bola. O presidente quebrou o protocolo e puxou conversa com a gente. Foi um encontro de quase duas horas.
Trajetória Em 2002, aos 22 anos, Michel André Felippe Soares fundou a Patrimonium Monitoramento 24 Horas, em Maringá, na região noroeste do Paraná. Na trajetória do empresário, a busca constante por diferenciais, que fizessem a empresa se destacar no mercado, elevou o patamar de competitividade do negócio. No final de março deste ano, o trabalho desenvolvido pela empresa, especializada no monitoramento de veículos e segurança eletrônica patrimonial, foi reconhecido na cerimônia de premiação do MPE Brasil, em Brasília. A Patrimonium Monitoramento 24 Horas foi a vencedora nacional do Prêmio, na categoria Comércio, conferindo vitória a uma empresa paranaense, pelo segundo ano consecutivo, nesta categoria. Criado para reconhecer empresas que mais se destacam nos quesitos como qualidade da gestão e capacidade empreendedora, o
24 Horas como melhor empresa do MPE Brasil, na categoria Comércio, demonstra o profissionalismo da gestão dos empresários paranaenses. Para nós do SEBRAE/PR, é uma honra ter uma empresa que busca nossas soluções como vencedora nacional do prêmio”, observa José Gava Neto, gerente da Unidade de Programas Estaduais do SEBRAE/PR. Gava ainda ressalta que a empresa maringaense foi destaque no Programa VarejoMAIS – Mais Vendas, Mais Competitividade no ano de 2006, quando recebeu o prêmio de Loja Referência. O programa é uma parceria entre o SEBRAE/PR e Sistema Fecomércio para ampliar a competitividade do comércio paranaense. Segundo Francisco Teixeira Neto, coordenador do MPE Brasil, da área de avaliação e premiação da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), a categoria Comércio é a mais disputada, representando, em média, 50% do total de empresas inscritas. “A Pa-
As micro e pequenas empresas do Paraná sempre
cio. No entanto, segundo o empresário, o início da Patrimonium Monitoramento 24 Horas foi difícil. “Eu trabalhava com cargo de gerente na empresa dos meus pais. Já na minha empresa, tive que começar do zero. É diferente de você ter uma estrutura prémontada. Tive algumas dificuldades como a contratação de colaboradores e alguns erros na administração por atuar em um mercado que eu não conhecia”, exemplifica. Segundo Soares, empresários precisam estar em contínua busca por aperfeiçoamento. “O mercado é muito dinâmico e você precisa trabalhar para que a empresa tenha um crescimento sustentável”, avalia. Hoje, a Patrimonium Monitoramento 24 Horas atua no segmento de monitoramento de veículos e segurança eletrônica patrimonial. Segundo o empresário, a segmentação de clientes potencializou a competitividade da empresa. “O mercado é muito exigente, então é preciso inovar a forma de atendimento. Passamos a oferecer produtos e serviços que o cliente realmente precisava, identificando a necessidade de cada cliente”, explica Michel André Felippe Soares. “Até o início de
2009, atendíamos clientes em Maringá e Região. Agora temos clientes em mais de 40 cidades do Brasil”, ressalta. A empresa, que começou com o trabalho apenas do empresário e um estagiário, chega a 2010 com um quadro de 20 funcionários e ainda gera 15 empregos indiretos. Segundo Soares, o investimento da empresa na capacitação dos colaboradores foi um dos requisitos que levou a Patrimonium Monitoramento 24 Horas a conquistar o Prêmio MPE Brasil. “Nossa empresa foi finalista da premiação em 2007. No final do ano passado, nós conquistamos a etapa estadual do Prêmio, o que nos levou à etapa nacional. Sabíamos que estávamos concorrendo com empresas de alto nível, de todo o Brasil”, ressalta. Na etapa paranaense do MPE Brasil, a Patrimonium Monitoramento 24 Horas recebeu a melhor pontuação das empresas premiadas, somando 99,4 pontos, de um total de 100. “É uma satisfação redobrada, pois é sinal que estamos no caminho certo”, finaliza o empresário. (Colaborou nesta reportagem a jornalista Giselle Ritzmann Loures).
O processo de qualidade, medido em diversas premiações, não é um fim, mas um meio em constante evolução
Para saber mais, acesse: www.mbc.org.br/mpe/; www.acpr.com.br/concex/ premio_concex_2009/; www.mulherdenegocios. sebrae.com.br/
são destaque em prêmios nacionais como o MPE Brasil e o SEBRAE Mulher de Negócios O encontro com as lideranças empresariais de grande porte também foi muito importante, porque trouxe muitos benefícios para nós”. Aos 34 anos e desde 2000 em Curitiba, Miranda, que é gaúcho de Porto Alegre, diz que a Vininha Fast Food está no mercado desde 2002, inovando no setor de lanches, com miniaturas de sanduíches. “Nós produzimos e entregamos em caixinhas térmicas, a partir de dez unidades, prontos para o consumo. A ideia é ofertar um produto bom e prático para substituir outros tipos de lanches, até mesmo pizza, para o pessoal de escritórios, por exemplo. Cada lanche é embalado e a caixinha serve de lixo, contribuindo para a reciclagem do material. Então, o conceito é simples, mas gostoso e serve para matar aquela fome que aparece no meio do dia”, diz. A empresa, que produz em torno de 200 mil sanduíches por mês, atende diariamente das 10 às 23 horas. Atualmente tem duas lojas uma no bairro Batel e outra no Shopping Estação, ambas em Curitiba. A Vininha tem atualmente 32 funcionários. Mas, nos quatro primeiros anos, trabalhava apenas com três pessoas – um motoqueiro, o encarregado da produção e um atendente de telefone –, além de Miranda. “Nessa época eu estava juntando dinheiro para montar a primeira loja, em 2006, no Batel”, conta.
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MPE Brasil recebeu, em 2009, mais de 57 mil inscrições, de todos os estados do País. Ao todo, 151 empresas foram selecionadas para concorrer à etapa nacional nas categorias Agronegócio, Comércio, Educação, Indústria, Saúde, Tecnologia da Informação, Turismo, Serviços e destaque em Responsabilidade Social. Michel André Felippe Soares diz que a participação no MPE Brasil possibilita avaliar a gestão empresarial e seus resultados. “O dia-a-dia da empresa é muito dinâmico, assim como o mercado também é. Trabalhamos com indicadores, realizamos reuniões com os colaboradores periodicamente, mas às vezes algum processo acaba passando. E no processo seletivo do Prêmio, você consegue avaliar em que ponto a sua empresa está e evoluir na administração estratégica do seu negócio”, observa o empresário. Para Soares, a conquista do Prêmio não é só da Patrimonium Monitoramento 24 Horas e sim de todos os colaboradores da empresa. “Existe um comprometimento da equipe, que, muitas vezes, está sob a pressão de conquistar resultados. O MPE Brasil valoriza esse trabalho e indica que estamos no caminho certo”, avalia. “A conquista da Patrimonium Monitoramento
trimonium Monitoramento 24 Horas concorreu com outras 38 empresas finalistas do comércio, conquistando o primeiro lugar. E as melhores pontuações das empresas estão nas categorias de comércio e tecnologia da informação”, informa Teixeira. O consultor do SEBRAE/PR e coordenador estadual do Prêmio MPE Brasil, pela entidade, André Rossi, destaca que a conquista de uma empresa paranaense na categoria mais concorrida do Prêmio é fundamental para dar visibilidade às empresas do Paraná. “O reconhecimento da Patrimonium Monitoramento 24 Horas mostra que os empresários paranaenses estão preparados para enfrentar desafios e superar seus níveis de eficiência. Ao participar do Prêmio, as empresas recebem um relatório de avaliação, que identifica os pontos fortes e fracos do negócio. Assim, os empresários paranaenses podem trabalhar as melhorias no negócio, o que demonstra uma mudança transformadora desses empresários para aumentar o nível de competitividade de suas empresas”, avalia Rossi. Formado em Direito e Administração, Michel André Felippe Soares começou a trabalhar aos 16 anos, na pequena empresa dos pais. Para ele, essa experiência foi importante para administrar o seu próprio negó-
Rodrigo Miranda, empresário
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Índice avalia ambiente empresarial no Paraná Por Adriana Ribeiro
Foto: Cesar Brustolin/ SMCS
IDMPE
apoio às micro e pequenas empresas e presença de entidades empresariais. Rissete lembra que existe uma forte relação entre os desenvolvimentos humano, local e empresarial. “O desenvolvimento do ambiente institucional e do entorno competitivo gera ambiente de negócios favorável para o desenvolvimento empresarial e à expansão do mercado, como também produz o capital social favorável para promoção do desenvolvimento humano local”, diz. Uma prova disso é que geralmente os municípios de maior IDH possuem uma condição humana mais adequada para o desenvolvimento empresarial e para a criação de condições favoráveis para o surgimento de novos negócios.
Pelo segundo ano consecutivo, Curitiba obteve o primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas (IDMPE), que mede o ambiente para o desenvolvimento dos pequenos negócios no Paraná. Pioneiro no País, o IDMPE foi lançado em 2008 pelo SEBRAE/PR e Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e já se transformou em uma ferramenta que subsidia estratégias e ações de programas de desenvolvimento local. O IDMPE de Curitiba, divulgado em abril, foi de 0.7312, índice 0,82 acima do resultado alcançado pelo município em 2008. O IDMPE varia de zero até 1.0, Quanto mais próximo deste valor, melhor é o ambiente local para o desenvolvimento de negócios. Maringá ficou em segundo lugar no ranking com o índice 0.6762. O município passou do terceiro para o segundo lugar no ranking. Com esse índice, está à frente de Londrina, que passou a ocupar a terceira colocação ao apresentar o IDMPE de 0.6744. No ano passado, o índice de desenvolvimento de Londrina foi 0.6692, indicando que o município avançou, mas em taxa menor que Maringá. Assim como em 2008, quando obteve um IDMPE de 0.6498, Paranaguá obteve o quarto lugar no último ranking. Em 2009, o município registrou uma variação positiva de 0.17, alcançando o índice de 0.6508. Cascavel também manteve a mesma colocação nos dois levantamentos. Com o quinto melhor índice de desenvolvimento do
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Estado, o município viu seu IDMPE passar de 0.6483, em 2008, para 0.6481, no ano passado. O economista César Reinaldo Rissete, consultor e coordenador de Políticas Públicas do SEBRAE/PR, diz que fatores como a concentração de empresas, o mercado consumidor ativo, a infraestrutura, a logística, o transporte e a comunicação fazem com que Curitiba apresente o melhor índice de desenvolvimento do Estado. “Isso é resultado de um ciclo virtuoso que surge com a instalação de uma empresa, que gera emprego e que ajuda na formação de um mercado consumidor”, exemplifica. Mas, segundo Rissete, o esgotamento da região da Grande Curitiba vem provocando, nos últimos anos, um processo de crescimento de outras regiões do Estado. Hoje Ponta Grossa, Guarapuava, Londrina, Campo Mourão, Cascavel, Foz do Iguaçu e Pato Branco concentram polos de desenvolvimento, impulsionados por diversas atividades empresariais. “Quando um município identifica alguma vocação, ele tem condições de se sobressair aos demais à sua volta.” Rissete lembra ainda que fatores históricos e culturais também fazem com que alguns municípios estimulem mais empreendedores do que outros. Espalhar cada vez mais o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis e que levem a uma maior descentralização da geração de renda e emprego no Estado é um dos desafios do SEBRAE/PR. Com a cria-
ção do IDMPE, a entidade pretende fornecer diagnósticos e monitoramentos do ambiente institucional dos municípios, favorecendo o desenvolvimento local, com base na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Para isso, o SEBRAE/PR também desenvolve o Programa de Desenvolvimento Local, que oferece suporte técnico e metodológico para que os municípios elaborem estratégias de desenvolvimento. Hoje, 117 municípios paranaenses participam do Programa, mas a meta é atingir os 399 existentes no Estado. O IDMPE foi criado com inspiração no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pelas Nações Unidas (ONU), em 1990, e que leva em consideração a esperança de vida ao nascer, as taxas de alfabetização e de matrícula e a renda dos cidadãos. Já o IDMPE é composto por indicadores do Índice de Desenvolvimento Empresarial (IDE), que considera a criação e a sobrevivência de empresas, a expansão e o volume de negócios e o empreendedorismo; o Índice de Desenvolvimento do Mercado Consumidor Local, que mede a criação de emprego, a dimensão e a evolução da massa salarial, o mercado local, o crescimento da renda per capta e a população; e o Índice de Desenvolvimento do Ambiente Institucional (IDI), que avalia a qualidade da educação, empregos em ciência, tecnologia e inovação, capacidade de investimento público municipal, sistema financeiro, infraestrutura de comunicação, mecanismos de
O ranking mostra que as regiões de maiores índices de desenvolvimento empresarial coincidem com os grandes eixos econômicos do Paraná, como o chamado eixo metropolitano, composto por Paranaguá, Região Metropolitana de Curitiba e Ponta Grossa; o eixo norte, que tem Londrina e Maringá; e o eixo oeste, com Cascavel, Toledo e Foz do Iguaçu. Elas funcionam como centros econômicos, políticos e universitários e apresentam as condições mais favoráveis ao empreendedorismo. Para Rissete, os Arranjos Produtivos Locais (APLs) e as cooperativas existentes no Paraná vêm sendo fundamentais no processo de promover o desenvolvimento empresarial dos municípios. “As ações devem ser parceirizadas, envolvendo governos e
Ranking Com apenas dois anos de existência, o IDMPE já se tornou uma ferramenta para muitos municípios no desenvolvimento de ações que promovam o crescimento empresarial e local. Um deles é Telêmaco Borba que vem apoiando as micro e pequenas empresas, com base na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Entre elas estão incentivos para a criação de empresas e também para formação de empreendedores. Tanto trabalho fez com que o município desse um salto no ranking do IDMPE: da 35ª colocação, em 2008, para a 11ª, no ano passado. Gilberto Keserle, consultor do SEBRAE/PR, diz que as ações têm trazido resultados positivos para o município. Nos últimos 12 meses, Telêmaco Borba registrou um aumento da renda per capta, que passou de R$ 3,54 mil para R$ 4,12 mil; e um aumento de 31% no Produto Interno Bruto (PIB). A Taxa de criação de empregos do município também cresceu 57,25%, passando de 5,17% para 8,13%. Assim como Telêmaco Borba, que registrou uma variação positiva de 8,21% nos rankings de 2008 e 2009, Guaporema (14,12%), Jardim Olinda (12,63%), Nova América da Colina (9,21%), Manfrinópolis (9,15%), Sulina (9,03%), Brasilândia do Sul (8,53%) e Tibagi (8,41%) foram os municípios que apresentaram os maiores aumentos no segundo IDMPE. Nova América da Colina, Guaporema e Sulina também se destacaram por terem sido os municípios que mais ganharam posições no ranking. O maior salto foi dado por Nova América que saiu da 320ª posição para a 167ª. Em segundo lugar ficou Guaporema, que deixou a 392ª para ocupar a 269ª colocação; e em terceiro está Sulina, que saiu da 373º para o 250º lugar.
Confira o ranking estadual e as características dos municípios Curitiba dinamismo do mercado Maringá confecção e turismo Londrina mobilização dos empresários e do governo e atividades ligadas à Ciência e Tecnologia Paranaguá atividade portuária Cascavel atividade agrícola
Leia mais sobre o tema nos sites www.sebraepr.com.br/leigeral; www.leigeral.com.br; www.receita.fazenda.gov.br/ simplesnacional. http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_ pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/especial/desenvol.pdf
Foto: Rivaldo Rezende
Curitiba lidera ranking, elaborado pelo SEBRAE/PR e IBQP, que mede o desenvolvimento das micro e pequenas empresas
Por outro lado, regiões com menor IDH costumam apresentar menores IDMPE e IDI, o que acontece, por exemplo, no centro e no extremo noroeste do Estado e no Vale do Ribeira. Nessas regiões o dinamismo econômico é pequeno, baseado normalmente na agricultura de subsistência e no extrativismo. A presença da produção primária, a falta de perspectiva de emprego e de empreendedorismo também faz com que esses municípios percam a população.
entidades de classe, como sindicatos, associações comerciais e federações, consideradas molas propulsoras nesse processo”, assinala.
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
Telêmaco Borba
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Movimento No Brasil, aos poucos o movimento vem
Comércio justo e solidário
conquistando espaço, por meio da participação decisiva do Sistema SEBRAE e de Organizações
Conceito elaborado pela Federação Internacional de Comércio Alternativo ganha o apoio de adeptos no mundo
florestal Bernardo Hakvoort (IAF) beneficia 96 famílias de 22 comunidades, ligadas à Cooperativa de Produtos Agroecológicos Florestais e Artesanais de Turvo. São todos agricultores de pequenas propriedades que praticam a agroecologia produzindo plantas medicinais, condimentares e aromáticas. Entre as ações previstas pelo projeto, estavam a participação em feiras, construção de um site para fazer vendas, desenvolvimento de embalagens e de material de divulgação.
Foto: IAF
Foto: IAF
Por Maigue Gueths
Não Governamentais (ONGs)
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
Roseli Cordeiro Eurich, presidente do IAF e produtora de plantas medicinais na comunidade de Arvoredo, conta que parte da produção tem destino certo para grandes empresas como a Natura, que usa as ervas em suas linhas de cosméticos e chás. Os produtores, no entanto, estavam limitados a vender as ervas a granel, pois não tinham embalagens.
Colheita de camomila movimenta cooperativa em Turvo Uma prática econômica que movimenta quase R$ 3 bilhões no mundo começa a ganhar impulso no Paraná, garantindo mais renda para artesãos e produtores de pequenas propriedades rurais. É o Comércio Justo e Solidário, movimento que tem suas origens em iniciativas pessoais de missionários, que nas décadas de 1940 e 1950, compravam artesanato em países do sul para vender em países europeus, em uma tentativa de reduzir a exploração econômica da Europa sobre os trabalhadores de suas colônias. A ideia frutificou e ganhou raízes em iniciativas existentes em todo mundo. No Brasil, aos poucos o movimento vem conquistando espaço, por meio da participação decisiva do Sistema SEBRAE e de Organizações Não Governamentais (ONGs), que buscam implementar essa modalidade de comercialização, cujo objetivo maior não é o lucro, mas sim a inclusão social de seus participantes.
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A definição de Comércio Justo e Solidário foi elaborada pela Federação Internacional de Comércio Alternativo (IFAT - International Federation of Alternative Trade, sigla em inglês), em 2001. De acordo com a IFAT, “comércio justo é uma parceria comercial, baseada em diálogo, transparência e respeito, que busca maior equidade no comércio internacional”. Ainda, segundo a federação, o movimento propõe desenvolvimento sustentável, melhores condições de troca e garantia dos direitos a produtores e trabalhadores de todo mundo que estão à margem do mercado internacional. No Brasil, segundo dados da ONG internacional FLO, 8,5 mil famílias brasileiras estão envolvidas na cadeia produtiva do comércio justo. Em 2008, o SEBRAE Nacional lançou um edital convocando instituições, entidades e ONGs que tivessem um projeto de comércio solidário a desenvolver. Das 295 propostas apresentadas no Brasil, 79 foram selecionadas.
No Paraná, quatro instituições de apoio foram selecionadas como entidades proponentes e receberam R$ 640 mil para, em parceria com o SEBRAE/PR, desenvolver ações nas comunidades envolvidas. Os projetos apresentados estão sendo desenvolvidos junto a grupos de artesãos e associações e cooperativas de produtores orgânicos, de café e mel do Estado. Segundo o consultor do SEBRAE/PR, Marcos Uda, o edital é claro. Os recursos não podem ser usados em infraestrutura, apenas em ações que venham melhorar a comercialização dos produtos. A função do SEBRAE, segundo ele, é acompanhar essas ações, assessorar os grupos e replicar os resultados para outros grupos de artesãos e agricultores, para que esses também possam, futuramente, saber como participar de feiras, fazer um site, sempre dentro do conceito de comércio justo. Na região de Turvo, no centro do Estado, o projeto apresentado pelo Instituto Agro-
“As embalagens vieram agregar valor, possibilitaram que fôssemos para outros nichos de mercado”, diz. Uma das maiores conquistas do grupo foi conseguir participar, em fevereiro, da BioFach, a maior feira de negócios do setor orgânico internacional, realizada em Nuremberg, na Alemanha. Em um ano do projeto, os resultados já superaram as expectativas. A meta era aumentar em 25% a renda média familiar, que era de R$ 242. Em agosto, uma oficina feita pelo SEBRAE mostrou que a renda média das famílias já passou para R$ 600. A comercialização também vai aumentar mais do que os 50% pretendidos. O objetivo, agora, é conseguir envolver mais cerca de 70 famílias agricultoras da região dentro do projeto e, num segundo passo, investir na construção de uma estrutura física para processamento do produto. “Com o comércio justo, nós estamos vendendo também uma proposta de manutenção das famílias nas comunidades, de preservação das florestas, do meio ambiente e da biodiversidade. Quem compra, está ajudando a manter tudo isso”, afirma Roseli.
Colheita de melissa Também no campo da agroecologia, 27 produtores de café da Associação dos Produtores do Médio Oeste do Paraná (APOMOP) e 97 de mel da Cooperativa Agrofamiliar Solidária dos Apicultores da Costa oeste do Paraná (Coofamel) são beneficiados pelo projeto apresentado pelo Instituto Maytenus. A APOMOP produz 600 quilos de café orgânico por mês, que são comercializados para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no Mercado Municipal de Curitiba e em uma cafeteria no centro da Capital. Para o mel, a participação em feiras tem ajudado a aumentar as vendas. Segundo o apicultor Wagner Grazziero, 155 dos clientes atuais dos produtores foram conquistados em feiras. “Nosso problema era a comercialização, hoje vemos que quando se tem um produto de qualidade e com apresentação adequada a comercialização é garantida”, afirma. “São produtos fáceis de comercializar, o problema é que não existe um mercado específico para o comércio justo, como
tem para orgânicos. É diferente do mercado das ervas medicinais, que são compradas pela Natura, por exemplo. Com o café e o mel há mais dificuldade de se conseguir quem valorize esses produtos”, explica o consultor do SEBRAE/PR. Por isso, o setor caminha para obter certificação internacional, o que viabilizaria a exportação. De acordo com a consultora do Maytenus, Maíra Janice Crocetti Burgardt, a certificação internacional é o grande objetivo atualmente. Para isso, os produtores estão estudando os vários certificadores existentes para ver o que mais se adequa à realidade local. O projeto do Instituto de Tecnologia Social (PTS) também está focado nos apicultores. Além da Coofamel, beneficia produtores do Vale do Ribeira, somando 175 famílias. A meta é grande: somar 600 famílias no comércio justo e aumentar a produção de 265 toneladas em 2008 para mil toneladas, ou seja, um incremento de 400%. Uma ação de destaque é o pedido de Indicação Geográfica junto ao
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Darci Piana Para saber mais sobre Comércio Justo, acesse:
Parceria é a solução
Foto: Instituto Maytenus
http://www.facesdobrasil.org.br/; www.fairtrade.net; www.ifat.org; www.sebrae.com.br/customizado/ acesso-a-mercados
Defensor do empreendedorismo e das micro e pequenas empresas, presidente do Sistema Fecomércio/PR diz que iniciativas conjuntas são mais efetivas
Produtor da APOMOP, na plantação de café orgânico Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpe). Com isso, o mel do Vale do Ribeira ganharia status parecido com o da castanha do Pará, por exemplo. Em outra ponta de atuação, a Aliança Empreendedora desenvolve um projeto junto a 22 empreendimentos que reúnem cerca de 180 artesãos de Curitiba, algumas cidades da Região Metropolitana e de Guaraqueçaba, no Litoral. A maioria trabalha com confecção, mas há também produtos feitos com fibras. A meta é aumentar em no mínimo 40% a renda mensal média familiar de R$ 300. “A ideia é beneficiar empreendimentos de baixa renda que não tinham acesso ao mercado”, explica Tiago Dalvi, diretor-executivo da ONG Solidarium, braço da Aliança que se dedica às ações de incentivo à comercialização.
“Eu sabia que nosso produto era bom, mas nós não sabíamos como vender”, conta a artesã Divair do Rocio de Souza Paganardi, presidente da Associação dos Empreendedores Zumbi dos Palmares (AEZP), localizada na Vila Zumbi, no município de Colombo, um dos empreendimentos beneficiados. Só na AEZP, reúne 45 artesãos, em sua maioria mulheres, mães de família, que buscam alternativas para incrementar a renda familiar. Cerca de 90% dos produtos são feitos com retalhos de sofá doados pela fábrica de colchões Ronconi e de brim doados pela fábrica Bardusch.
“Não há solução melhor do que a formação de parcerias. Elas evitam a sobreposição de esforços, permitem gastos menores e possibilitam o aumento da produção.” A opinião é do presidente do Sistema Fecomércio, Sesc Senac Paraná, Darci Piana, que vem utilizando essa estratégia, com bastante sucesso, desde que assumiu a presidência da Federação do Comércio do Paraná, em junho de 2004.
No Paraná, quatro instituições de apoio foram selecionadas como entidades proponentes e receberam R$ 640 amil para, em parceria com o SEBRAE/PR desenvolver ações nas comunidades envolvidas
Defensor das micro e pequenas empresas, o trabalho de Piana, que ocupa um dos assentos do Conselho Deliberativo do SEBRAE/PR, ajuda, direta e indiretamente, a fortalecer as parcerias entre as entidades representativas, que ele define como o G8, grupo formado pela Fecomércio, Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Instituto Brasileiro de Produtividade e Qualidade (IBPQ), Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), Associação Comercial do Paraná (ACP) e Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap). Foto: Aliança Empreendedora
Nesse sentido, as ações prioritárias do projeto foram no sentido de adequar os produtos à demanda do mercado e buscar novos canais de venda. Os resultados surgi-
ram com parcerias para venda dos produtos pela rede de Supermercado All Mart, que inclui Big e Mercadorama, e contratos com as Lojas Renner e Toc Stock. Só o contrato com a Renner, segundo Dalvi, gerou um aumento de mais de 100% na renda dos produtores naquele mês. Outro resultado positivo é que agora as famílias têm uma constância de encomendas.
Grupo AEZP da Vila Zumbi
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ideal
A união das entidades, segundo Piana, é fundamental no processo produtivo, econômico e empresarial não só do Estado como de todo o País. “Em conjunto, essas entidades podem dividir os serviços e multiplicar as ações”, salienta o dirigente. Um dos exemplos de parceria que mais tem dado resultado, na avaliação de Piana, é o Programa VarejoMAIS – Mais Vendas, Mais Competitividade. O Programa, criado em março de 2006, é uma iniciativa do SEBRAE/PR e Sistema Fecomércio e tem como objetivo aumentar a competitividade do comércio varejista do Estado, por meio da profissionalização da gestão e do desenvolvimento das pessoas, destacando a importância de trabalhar ações cooperadas, como uma alternativa viável aos comerciantes para elevar suas vendas. Quando foi implantado, o VarejoMAIS atingia comerciantes de 19 cidades do Paraná. “Hoje, 139 cidades já participam do Programa, sendo que 5.700 micro e peque-
Por Mirian Gasparin
nas empresas comerciais já foram atendidas. Os resultados são fantásticos”, comemora Piana. Defensor do empreendedorismo, Piana reconhece que, nos últimos dez anos, muitas mudanças (para melhor) ocorreram no mundo dos negócios. “O empreendedor de dez anos atrás era intuitivo, abria o negócio sem qualquer base. Hoje, as novas ferramentas da administração permitem que ele pesquise o mercado, encontre subsídios para a compra de equipamentos e ainda disponha de mão-de-obra qualificada. Isso está sendo possível devido às parcerias e ao trabalho conjunto das entidades de classe”, informa. Diante desse trabalho, as micro e pequenas empresas não estão mais morrendo tão cedo. O Paraná, na avaliação de Piana, está à frente de inúmeros estados brasileiros. Hoje, a taxa de sucesso das micro e pequenas empresas paranaenses, nos dois primeiros anos, é de 25% em média. “Isso significa que as entidades de classe do Paraná estão melhor preparadas para ajudar os empreendedores que se lançam no mercado em busca de novas oportunidades”, afirma. Entre as prioridades no Sistema Fecomercio/PR, onde permanecerá até julho de 2014, estão a melhoria do atendimento, a ampliação da capacidade de atendimento e a construção da nova sede. A previsão é que dentro de dois anos, o novo prédio que abrigará a Federação do Comércio do Paraná, em Curitiba, esteja concluído. A construção terá 13 pavimentos, num total de 17 mil metros quadrados. A nova sede permitirá que a entidade, que hoje tem uma receita de R$ 250 milhões/ano, triplique a sua capacidade de atendimento.
Quem é Darci Piana Natural de Carazinho, Rio Grande do Sul, Darci Piana, aos 67 anos, considera-se um paranaense de coração, pois desde os 16 anos mora no Paraná. Sua primeira residência no estado foi na cidade de Palmas e desde 1964 reside em Curitiba. Formado
em Economia e Ciências Contábeis, passou a atuar no setor de autopeças logo que iniciou sua trajetória profissional. Durante toda a sua carreira, Piana esteve ligado a entidades representativas. Foi presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Veículos, Peças e Acessórios (Sincopeças) no Estado do Paraná, de 1996 a 2003, onde desenvolveu inúmeros trabalhos em prol do segmento automotivo. Também presidiu a Sincocredi, que é a Cooperativa de Crédito do Sincopeças/PR, da qual foi fundador, em 2004, e seu primeiro presidente. Como empresário, Piana é sócio-proprietário da DASA Distribuidora e também é proprietário da empresa de carvão Cepevil, instalada em União da Vitória, que exporta 97% da sua produção para 29 países. Seu hobby preferido é a pescaria, mas devido ao grande número de atividades em função de seu trabalho à frente da Fecomércio/PR, não tem tido muito tempo para pescar. Piana gosta também de viajar e de uma boa alimentação. Na sua prateleira de livros não podem faltar obras que tratem do processo de gestão.
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Líder Mulher
Mulheres na liderança Programa internacional para a formação de lideranças compara a mulher a um diamante
A capacidade de adaptação, entre outras características essencialmente femininas, tem transformado as mulheres em um grupo com extremo potencial de crescimento. É por tudo isso que o SEBRAE/PR lançou em março, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o Líder Mulher - Programa Internacional de Formação de Lideranças. O Programa, que tem as mulheres como público-alvo, quer ampliar o poder de influência transformadora das líderes de organizações de representação empresarial. “O objetivo é inserir a mulher no cenário internacional e institucionalizar as lideranças femininas no cenário socioeconômico paranaense”, explica Alba Silva Anastácio Soares, gerente de Gestão de Pessoas do SEBRAE/PR.
O Líder Mulher começou em abril e, até outubro, serão promovidos quatro encontros nacionais em Curitiba, um internacional em Foz do Iguaçu e outras duas missões internacionais. Durante esse período, serão realizadas palestras, workshops e treinamentos voltados para o tema. “Não existia um programa específico para a formação de líderes mulheres. Geralmente, elas são guerreiras. O conteúdo do Líder Mulher quer estimular e incentivar essa capacidade de liderança feminina”, salienta Alba Soares. “Cada vez mais as mulheres conquistam espaço no mercado de trabalho, mas falta um modelo feminino de liderança, assim inevitavelmente uma referência masculina é utilizada. O Líder Mulher vai trabalhar com o universo e o papel das líderes nesse contexto.” Para ser realizado, o Programa conta com instituições parceiras, como a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio/PR), Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Federação das Indústrias do Paraná (Fiep)/Universidade da Indústria (Unindus), Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), e tem como símbolo um diamante. “Porque os diamantes são como as mulheres.
Cada vez mais as mulheres conquistam espaço no mercado de trabalho, mas falta um modelo feminino de liderança, assim inevitavelmente uma referência masculina é utilizada
Foto: Luiz Costa/ Agência La Imagen
Por Katia Michelle Bezerra
Não foi por acaso que o diamante foi escolhido como símbolo de uma nova solução do SEBRAE/PR, voltada para mulheres líderes. Assim como a pedra preciosa, as mulheres têm a capacidade de manter características essenciais, mesmo após a lapidação. Comparado ao mercado de trabalho, por exemplo, as mulheres tornam-se líderes, empreendedoras e, cada vez mais, ocupam cargos antes exclusivos para homens, mas não deixam de levar para o lado profissional qualidades como sensibilidade, paciência e organização, aplicadas na família e típicas do universo feminino.
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
Marli Voguel, líder empresarial
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Foto: ACP
Para ser uma empreendedora de sucesso é preciso algumas características básicas, além da sensibilidade comum ao universo feminino, é preciso ter boas ideias, planejar e buscar conhecimento mulheres analisam as situações com mais sensibilidade e paciência”, considera. Acostumada a lidar com homens e mulheres de negócios, Avany revela que sempre se preparou muito para enfrentar o mercado. “Nunca sofri preconceito por ser mulher, mas também nunca deixei de me preparar. Acho que, independente do sexo, as pessoas precisam estar bem informadas e preparadas para exercer suas funções”, salienta a presidente da ACP, complementando que o fato de ser homem ou mulher não torna a pessoa mais ou menos empreendedora, mas sim o seu talento e determinação.
Avany Slomp, presidente da ACP Não se moldam, são lapidados, mantendose suas características preciosas”, reforça a gerente do SEBRAE/PR. O Programa foi implantado após muita pesquisa e também após a constatação do SEBRAE/PR do crescimento gradativo da ocupação das mulheres nas empresas, em cargos de liderança e na criação de seu próprio negócio. A Pesquisa GEM - Global Entrepreneurship Monitor, divulgada em abril deste ano, apontou que, pela primeira vez, a proporção de mulheres empreendendo por oportunidade superou a de homens na mesma condição. As brasileiras estão praticando um empreendedorismo cada vez mais planejado e consistente. Do total de empreendimentos por oportunidade detectados pela Pesquisa GEM no Brasil, 53% são comandados por mulheres e os outros 47% por homens.
mas. Dentre os quais, a economia mundial em transformação, oportunidades de negócios no Brasil, convergência e divergências entre o desenvolvimento econômico e social, sustentabilidade, inovação e tecnologia, sistema político brasileiro e cenário socioeconômico paranaense. Em pauta, também estão previstos debates sobre a dinâmica da mudança organizacional num mundo plano, o tripé liderança-poder-influência, os desafios da inserção das pequenas empresas, melhores práticas de governança corporativa, ética e condição feminina nas organizações, articulação institucional e governança corporativa.
Programação
Já estão confirmadas as presenças, como conferencistas do Líder Mulher, Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza; Angela Tamiko Hirata, da Alpargatas/Havaianas; Chieko Aoki, do Grupo Blue Tree; Joaquim Rubens Fontes Filho, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro; o economista Ricardo Amorim; o professor Belmiro Valverde; e Silvio Meira, especialista em inovação e tecnologia, dentre outros. A carga horária dos encontros mensais, programados para as quintas-feiras à tarde e à noite, e sextas-feiras o dia todo, totaliza 16 horas.
Durante o Líder Mulher, as lideranças femininas paranaenses discutirão diversos te-
Para a consultora do SEBRAE/PR, Rosângela Angonese, gestora do projeto, um
Com o desempenho, as brasileiras estão entre as mais empreendedoras do mundo, segundo a GEM. Quem entende do tema atribui a mudança ao comportamento feminino e às diferenças das mulheres na hora de encarar o mercado de trabalho.
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Na última década ficou mais claro o poder que as mulheres têm em conciliar as atribuições da casa e família com o mercado de trabalho bom líder não pode estar fechado às diferentes realidades. “Nosso País carece de líderes. Essa frase parece bem atual, mas foi dita por Assis Chateaubriand na década de 1950. As líderes empresariais não podem perder essa oportunidade de ampliar seus conhecimentos, assim como ampliar o poder da influência transformadora. Atualizar-se faz parte do perfil de um líder, seja homem ou mulher”, defende a consultora.
Multifuncionalidade “As mulheres levam a capacidade de administrar e cuidar da casa e da família para a empresa”, diz a presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP) Avany Slomp. Ela ressalta que o comportamento empreendedor não é exclusivamente feminino, mas que as mulheres se adaptam mais facilmente às situações. “Não quero privilegiar as mulheres na avaliação, mas os homens são mais impulsivos, enquanto as
E de comportamento empreendedor, aliás, ela entende muito bem. Aos 22 anos, Avany deixou a segurança de um cargo público para abrir uma empresa de telas e arames ao lado do marido. Começou com uma pequena loja que, aos poucos, foi se transformando em uma grande empresa, que hoje atende todo o Brasil. “Em muitos aspectos, o fato de ser mulher até me abriu as portas, mas principalmente porque as mulheres têm mais criatividade para lidar com as situações”, conta. Para ela, para ser uma empreendedora de sucesso é preciso algumas características básicas, além da sensibilidade comum ao universo feminino. “É preciso ter boas ideias, planejar e buscar conhecimento.”
Foco na liderança O conhecimento é considerado pela diretora geral da Câmara das Mulheres de Negócio da Fecomércio, Elisabeth Lobo, a principal “arma” para lidar com as dificuldades do mercado de trabalho. E na avaliação dela, as mulheres estão se saindo muito bem com as novas atribuições. “Acho que a grande diferença entre homens e mulheres é que as mulheres são mais associativas”, diz, avaliando que o mercado mudou para a mulher nos últimos anos e está muito mais aberto. “A mulher paranaense está correspondendo ao mercado de trabalho e tem procurado se desenvolver cada vez mais”, salienta Elizabeth. Em resposta a essa demanda, a Fecomércio planeja oferecer cursos voltados para as mulheres empre-
endedoras. “Nós queremos igualdade, não queremos que apenas a mulher se sobressaia, mas que ela tenha cada vez mais capacidade de competir no mercado”, salienta. A empresária Neide Sosvianin faz parte das estatísticas de sucesso das mulheres empreendedoras. Desde pequena, ela foi estimulada pela família a pensar soluções criativas para os negócios. Nascida na Bahia, ela mudou-se ainda pequena para São Paulo, com a família. Na década de 1980, já casada, mudou para Curitiba para “tentar a vida”. “Mas eu já mudei com um plano de negócio mentalizado. Não dá fazer as coisas sem planejamento”, conta. Assim, ela abriu a primeira loja de locação de andaimes, a Versátil Andaimes. Para isso, fez cursos no SEBRAE/PR e contou principalmente com a vocação empreendedora para seguir em frente. Hoje a empresa é referência no ramo da construção civil, tem cerca de 130 funcionários, sede própria e mais três filiais. O sucesso veio com a perseverança. “No início, éramos apenas eu e meu marido na empresa. Ele construiu uma traquitana para o telefone para dar a entender que tínhamos secretária, mas na verdade era eu mesma que atendia as ligações com vozes diferentes”, diverte-se. A empresa já tem mais de duas décadas e nesse meio tempo, Neide dividiu-se entre a criação dos três filhos, o trabalho e a informação, pois nunca deixou de investir no conhecimento. Sobre o fato de atuar em um mercado quase que essencialmente masculino, ela conta que driblou as dificuldades justamente com informação. Formada em Direito e pós-graduada em Administração, ela acumula também informações técnicas sobre a área de construção e conta que muitos homens ainda ficam espantados com o conhecimento adquirido por ela. “Mas o mercado está mudando e hoje a mulher é bem mais aceita em quase todas as áreas de atuação”, revela. Sobre a dificuldade de conciliar o trabalho de empresária com a família, ela revela que sempre conversou abertamente com os filhos. Explica que precisa trabalhar e não pode estar presente em todos os momen-
tos, mas em contrapartida, eles podem contar com uma mãe atuante e capaz de conversar sobre todos os assuntos e, acima de tudo, com uma mulher feliz com seu trabalho e com sua vida.“Eu agradeço a Deus todos os dias as oportunidades que tive, mas é preciso saber que as oportunidades são como o sol. Ele está lá, você se aquece se quiser”, diz.
Entre o trabalho e a família Também acostumada a dividir-se entre o trabalho e a família, a empresária Marli Vogel acumula histórias de sucesso ao longo da carreira, mas sempre com uma palavra-chave como guia: determinação. Atual presidente do Conselho Municipal da Mulher Empresária de São José dos Pinhais e do Conselho Estadual da Mulher Empresaria da Faciap, ela analisa que o mercado está em ascendência para a mulher, mas ainda há muito espaço para ocupar. Marli começou a trabalhar cedo e seu primeiro negócio foi uma empresa de uniformes executivos. Formada em Administração de Empresas, ela também fez cursos e especializações em moda e chegou a ter ateliê no centro de São José dos Pinhais. “Acho que empreendedorismo vem de berço. Eu sempre fui batalhadora. Trabalhava de 12 a 15 horas por dia”, conta Marli, que ainda mantém um ritmo intenso de trabalho. “Mesmo assim não deixei de fazer nada, casei, tive filhos. Acho que sempre dá para conciliar”, avalia. Para a líder e empresária, na última década ficou mais claro o poder da mulher nesse sentido, o de conciliar as atribuições da casa e família com o mercado de trabalho. “Tenho certeza que o salário da mulher em relação ao salário do homem não se equipara. O que mostra que a mulher ainda tem muito a conquistar”, enfatiza. Mas o caminho está sendo percorrido. E para alcançar sucesso no mercado, Marli Vogel dá a dica importante. “Pesquise, planeje e quando montar um negócio faça sempre parte de uma associação comercial e nunca deixe de formalizar a empresa. Se o mercado a que você se dedicar não estiver saturado, as chances de sucesso serão grandes”, conclui.
Exemplos de empreendedorismo Máquinas de costura que tecem os sonhos de mulheres em Toledo, oeste do Paraná, e a beleza dos projetos de paisagismo executados por um escritório localizado em Ponta Grossa, na região dos
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Segundo Lilian, a empresa de paisagismo traz esse diferencial. “A madeira é aconchegante. Fazemos o projeto de paisagismo e já sugerimos ao cliente quais peças artesanais produzidas por nós, como bancos de madeira, ficariam interessantes nesse jardim”, explica. Hoje, além dos três artesãos que trabalham na produção dos móveis artesanais, a empresária emprega sete funcionários e atende clientes em alguns municípios da região dos Campos Gerais. “Fui me qualificar no SEBRAE/PR desde o começo. Os consultores me ajudaram a organizar as ideias que eu tinha para a minha empresa. Vencer a etapa estadual do Prêmio SEBRAE Mulher de Negócios e ser reconhecida como exemplo de empreendedorismo feminino no Paraná foi muito bom. O paisagismo é como montar uma tela, só que com plantas ”, diz a empresária.(Colaboraram nesta repor-
tagem os jornalistas Giselle Ritzmann Loures e Leandro Donatti).
Foto: Hugo Harada/ Agência La Imagen
Foto: Claiton Biaggi
Geni Theobald, empreendedora
pessoas que passaram a trabalhar essas peças de forma artesanal”, conta. A partir daí, o casal passou a enxergar na madeira uma oportunidade de negócio.
Lilian Taques, empresária
Quer saber mais sobre Líder Mulher Programa Internacional para a Formação de Lideranças? Acesse o Portal do SEBRAE/PR, no www.sebraepr.com.br
Geni Theobald, empreendedora Campos Gerais. Duas histórias que trazem em comum a força e a garra de mulheres empreendedoras de sucesso. Suas protagonistas, Geni Theobald, presidente da Cooperativa de Mulheres Empreendedoras Sociais em Ação, e Lilian Taques Fonseca Buzato, proprietária da Arte da Terra Garden, venceram em fevereiro deste ano a etapa estadual do Prêmio SEBRAE Mulher de Negócios. Geni Theobald foi a vencedora na categoria ‘Negócios Coletivos’ e Lilian Taques Fonseca Buzato, na categoria ‘Proprietária de Micro e Pequena Empresa’. As duas, que tiveram suas histórias concorrendo com outras 334 em todo o Estado, são exemplos de empreendedorismo feminino. Em Toledo, sob o comando de Geni Theobald, 22 mulheres transformam malotes e uniformes usados, que já não apresentam condições de uso pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, em novos produtos, como bolsas, mochilas, jaquetas e outras peças. A iniciativa também foi reconhecida como a melhor prática de empreendedorismo feminino da região sul na etapa nacional do Prêmio SEBRAE Mulher de Negócios, em abril deste ano. A Cooperativa de Mulheres Empreendedoras Sociais em Ação (Coopermesa) é um exemplo de como o trabalho cooperado pode transformar a vida e a realidade de muitas famílias. Geni conta que aprendeu a costu-
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rar ainda menina para ajudar na renda da família. A infância passou e Geni, ao lado de duas amigas, começou a vender peças produzidas com tecidos e retalhos em feiras e festas gastronômicas, em Toledo. “Nós transformávamos produtos que já existiam em novos”, diz. “Nessa época, eu ia muito à sede da Associação Comercial e Empresarial de Toledo e lá fui convidada para ajudar outros artesãos. Assim, começamos a cooperativa e aprendemos a caminhar com as nossas próprias pernas.” A matéria-prima para as atividades da Coopermesa vem de uma parceria bem-sucedida com os Correios, por meio do projeto Eco Postal, um programa socioambiental com geração de emprego e renda. A presidente da Coopermesa explica que, no caso dos malotes usados, 95% do material são aproveitados. “Nossa clientela para essas bolsas e mochilas são, principalmente, os estudantes que perceberam a importância de reutilizar um produto. Uma ideia que eles compraram e passaram a usar como um produto ecologicamente correto.” Além de contribuir para o processo de preservação ambiental, a cooperativa também está sendo fundamental para transformar a vida dessas 22 mulheres. “Temos pessoas que trabalham com a gente, desde a costura até o atendimento ao público, com
idade entre 22 a 75 anos. A Coopermesa está oportunizando a essas mulheres uma nova chance para ingressar no mercado de trabalho e, também, está mostrando a outras mulheres que isso é possível”, avalia Geni. “Com o dinheiro, pagamos todos os nossos impostos, investimos em infraestrutura e dividimos essa renda entre as mulheres. Com a cooperativa, essas mulheres podem chegar em casa e pagar uma conta de água ou de luz. E isso já faz uma grande diferença.” A engenheira-agrônoma Lilian Taques Fonseca Buzato, vencedora do Prêmio SEBRAE Mulher de Negócios, na categoria ‘Proprietária de Micro e Pequena Empresa’ sempre gostou muito de paisagismo. Com especialização em Gestão Ambiental, Lilian abriu o próprio negócio em 2005, um escritório de paisagismo, em Ponta Grossa, região dos Campos Gerais, que também comercializa móveis artesanais fabricados com madeira de demolição e objetos de decoração. A ideia de associar jardinagem e móveis veio de uma parceria com o marido. “Ele gostava de comprar madeira de demolição. Essa madeira ele não usava, apenas estocava em Bandeirantes (município do norte paranaense), onde mora a minha sogra. Há uns dez anos, construímos uma casa em uma fazenda que temos em Tibagi, usando as madeiras que estavam estocadas. Já os móveis, nós contratamos
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mais diversos contextos culturais, familiares e sociais”, relata.
Para ser grande, sê inteiro Livro da jornalista Marina Vidigal resgata a história de 20 empreendedores que fizeram diferença no mercado brasileiro Por Katia Michelle Bezerra
Um poema do escritor português Fernando Pessoa inspirou a jornalista Marina Vidigal a escrever um livro cujo tema é o empreendedorismo. Ou melhor, a vida dos empreendedores que fizeram história no Brasil. Não por acaso. A analogia feita pela jornalista é que, assim como Pessoa afirmou nos versos do famoso poema (“Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes”), um verdadeiro empreendedor é aquele que mergulha de corpo e alma naquilo que faz e se entrega totalmente ao que acredita. Essa foi a premissa utilizada por ela para escolher os 20 entrevistados que dão seus depoimentos no livro “Para ser Grande - As histórias de sucesso de 20 empreendedores brasileiros”, lançado pela Panda Books.
Capa do livro de Marina Vidigal
Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive. (Poema de Fernando Pessoa que inspirou o livro “Para ser Grande”)
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A escritora conta que a ideia era escrever um livro que falasse das virtudes dos empreendedores. “Conforme fui fazendo o levantamento desses ‘empreendedores virtuosos’, fiquei encantada com suas histórias”, revela. Fazem parte do livro, trajetórias como a de Elói D’Ávila de Oliveira, um menino de rua que se tornou dono da maior emissora de bilhetes aéreos da América Latina – a Flytour. “Conheci também Ivan Zurita, que entrou na Nestlé como estagiário e é hoje o presidente da empresa no Brasil; conheci Alberto Saraiva, médico filho de padeiro e que fundou o maior fast-food de comida árabe do Brasil o Habib’s”, lembra Marina. Mas diante da riqueza das histórias levantadas, Marina constatou que as virtudes passaram a ser apenas um dos enfoques do livro, dividindo espaço com as trajetórias profissionais e pessoais de cada um dos 20 empreendedores presentes no livro. “Todos eles mergulham de corpo e alma naquilo que fazem, entregaram-se totalmente àquilo em que acreditam. Foi essa atitude, inclusive, que deu nome ao livro. Para Ser Grande é o início de um poema de Fernando Pessoa assinado pelo heterônimo Ricardo Reis”, conta. O poema está presente na abertura do livro e, para
Marina, define a essência de todas as histórias relatadas na obra. Para escolher os perfis retratados, Marina buscou pessoas que, antes de tudo, tiveram uma história marcada por importantes conquistas profissionais. Em empresas próprias ou de terceiros, todos os 20 empreendedores presentes em Para ser Grande protagonizaram importantes viradas e realizações. É o caso de Luiz Sebastião Sandoval, que começou a vida como engraxate e na presidência do Grupo Silvio Santos fez revoluções tão importantes quanto a criação do Banco PanAmericano (que viria a se tornar uma das maiores empresas do grupo). Além disso, Marina destaca apenas empreendedores que tiveram uma conduta sabidamente ética e norteada por bons valores. “Esse levantamento foi feito em mídias especializadas, em conversas com jornalistas e nas próprias entrevistas com empreendedores”, destaca. Ao todo, foram dois anos de trabalho, entre pesquisas em revistas, jornais, sites e livros, agendamento e realização de entrevistas, transcrições, contatos para atualização de informações e a redação propriamente dita, conforme conta a autora. Desafios, claro, não faltaram. “O primeiro grande desafio foi chegar nesses 20 entrevistados. Eu não conhecia nenhum deles pessoalmente e houve casos em que levei até seis meses para conseguir a primeira entrevista. Outro desafio foi lidar com o enorme volume de informações levantadas”, recorda. A experiência fez com que a escritora definisse um ponto em comum entre os empreendedores citados e mais ainda construísse a sua própria versão do empreendedorismo. “O empreendedor é uma pessoa com muita paixão, garra, determinação e ousadia – fora isso, claro, é um grande romântico e sonhador”, enfatiza. Para ela, o meio e a família influenciam sim no comportamento empreendedor. Tanto que, no livro, ela fez questão de falar da infância, da família e da origem de cada um dos entrevistados. “A formação do indivíduo é sem dúvida a base para todos os caminhos percorridos ao longo da vida e, ainda assim, é curioso notar que o perfil empreendedor pode ‘brotar’ nos
A escritora cita ainda algumas das histórias que mais a emocionaram e impressionaram no decorrer do trabalho. Como a de Ozires Silva, que transformou o sonho de menino de fazer aviões na Embraer (leia mais sobre Ozires Silva na seção Entrevista). “A história é fantástica. Com a ajuda de alguns parceiros e sem verba disponível, ele se debruçou na construção do protótipo de um avião feito com peças de reposição da FAB (Força Aérea Brasileira), motores doados e mão-deobra emprestada. Fez o Bandeirante e depois lutou pela criação da Embraer”, diz a escritora. Outra história que ela cita é a de Ângelo Salton Neto, ex-presidente da Vinícola Salton. “Extremamente carismático, ele revolucionou a vinícola nos 28 anos em que esteve em seu comando. Pegou a empresa cheia de dívidas e transformou-a em referência em vinhos na América do Sul. Ele morreu durante o processo de confecção do livro, por conta de um infarto. Ele tinha 56 anos, estava ótimo até então e era outro empreendedor absolutamente apaixonado pelo que fazia”, diz. Com bases em todos os relatos que ouviu, ela dá um conselho para aqueles que têm vontade de crescer profissionalmente. “Vá atrás do que você acredita. Estude, leia histórias de empreendedores, aprofunde-se em sua área, arregace as mangas, construa um bom networking e, acima de tudo, atue sempre de acordo com seus princípios – só assim você será capaz de fazer uma entrega verdadeira e aumentar efetivamente suas possibilidades de vencer.”
Determinação e coragem Uma das histórias presentes no livro “Para ser Grande”, da escritora Marina Vidigal, é a do paranaense Robinson Shiba. Hoje, a empresa dele, a China in Box, é sinônimo de comida chinesa em todo o Brasil, mas mais ainda símbolo de inovação. Foi a China in Box, por exemplo, a empresa pioneira a vender “comida em caixinhas” e a criar a mochila de entrega para os motoboys. A inovação foi sempre focada na demanda e oportunidade, duas palavras constantes na vida e carreira de Shiba. Formado em Odontologia, o paranaense abriu a primeira loja da China in Box, em Moema, um bairro essencialmente vertical, em São Paulo. A ideia surgiu depois de uma viagem aos Estados Unidos. “Eu passei um tempo fora e percebi que lá as
pessoas tinham o hábito de comer em caixinhas, coisa que ainda não tinha visto no Brasil”, conta. Quando voltou, em 1992, decidiu investir num restaurante de comida chinesa, mas antes planejou muito. “Eu não tinha conhecimento nenhum, era amador e tinha que correr atrás da informação. Visitei muitos restaurantes de comida chinesa para constatar algumas questões fundamentais para o negócio”, revela. E brinca: “Comi muita comida chinesa, ganhei conhecimento e alguns quilos a mais.” Mas a brincadeira, enfatiza Shiba, tornouse coisa séria. Para ele, quem quer montar um negócio, deve conhecer seus concorrentes, saber os defeitos e as falhas para evitar cometê-las no próprio negócio. A dedicação também é fundamental. Nos primeiros meses, Shiba ainda chegou a conciliar o consultório odontológico com o restaurante, mas logo depois passou a dedicar-se integralmente ao mercado de gastronomia. “É preciso avaliar também como está a economia do país. Na época que abri o restaurante, era um período difícil, mas também de mudanças. A mulher estava entrando no mercado de trabalho e isso abria um novo nicho de comida a domicílio”, pondera.
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
O mercado é muito rápido, por isso é importante sempre buscar informações sobre o ramo que se pretende atuar
Tanta análise e dedicação deram resultado. A primeira loja aberta na década de 1990 abriu espaço para 138 lojas espalhadas por todo o Brasil atualmente, além das franquias no México. A meta é abrir, só neste ano, mais 15 lojas China in Box em território brasileiro. “Para crescer, é preciso ação, não dá para ficar só no planejamento”, ensina Shiba. E para quem quer conselhos para crescer no mercado, Shiba não poupa ensinamentos: “O mercado é muito rápido, por isso é importante sempre buscar informações sobre o ramo que se vai atuar, saber o nicho que se quer ocupar, conhecer o público-alvo e fazer visitas constantes aos concorrentes. O erro que ele cometeu, você não pode cometer também”, conclui.
Para navegar e saber mais sobre empreendedorismo, acesse:
Robinson Shiba, empresário
Foto:Divulgação
Casos de sucesso
www.parasergrande.com.br; www.endeavor.org.br; www.sebrae.com.br e www.sebraepr.com.br.
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Nova Cultura Os móveis coloridos e de design arrojados, por enquanto, têm lugar garantido apenas no mundo corporativo, sendo usados em estandes e eventos. Sem produção em escala, apenas alguns amigos e clientes adquiriram as peças pelo site da empresa. Didus reconhece que é uma quebra de paradigma. “As pessoas têm medo de sentar nas nossas poltronas, elas acham que o que é reciclável não é durável”, diz.
Produtos (e ideias) sustentáveis Pequenas empresas buscam alternativas politicamente corretas para ganhar dinheiro, preservando, ao mesmo tempo, o meio ambiente Redesign, reuso, pós-uso, durabilidade... São esses alguns dos novos conceitos que povoam cabeças de empresários e profissionais da criação nos dias de hoje no momento de desenvolver um novo produto. A regra geral agora é ser sustentável, ao contrário da mentalidade reinante no século passado, marcado pelo sucesso do American way of life, que apontava o consumo como caminho para o status e felicidade. Um novo século começou e, com ele, a constatação de que esse consumismo exagerado não apenas resultou em crise financeira mundial, como também está colocando nosso planeta em risco, ao produzir cenários de aquecimento global, efeito-estufa, crescimento dos lixões e esgotamento dos recursos naturais. A surpresa nesse processo foi que esse quadro sombrio produziu um efeito positivo sobre pessoas de todo mundo, que passaram a buscar um novo estilo de vida, que gere menos impactos ao planeta. Para ter ideia do tamanho desse movimento, em Curitiba, os irmãos Adélio Alves e Adeilde Alves, mais conhecidos como Small e Didus, inventaram até móvel feito de pa-
pelão. É isso mesmo, trata-se da Paper Art, empresa que nasceu a partir da evolução de técnicas que os dois já usavam para fazer protótipos, caixas e portfolios para agências de publicidade. Em um primeiro momento, retalhos produzidos nesse trabalho foram usados para fazer pequenos objetos, como quadros e luminárias. Daí foi um passo para aprimorarem as técnicas e apostarem em objetos maiores, como mesas, cadeiras e armários, entre outros móveis. “Nosso conceito é em torno do pós-consumo, queremos fazer um produto que seja fácil de reciclar, que dissolva na natureza quando acabar seu uso”, explica Small. Para isso, eles tiveram que pesquisar novas técnicas, que garantissem resistência e durabilidade aos objetos, sem deixar de lado um design atrativo para decoração. Foi assim que chegaram em móveis feitos a partir da técnicas de aplicação do papelão ondulado, que atinge uma resistência semelhante à de madeiras como o mdf. Revestimento final feito com papéis especiais, artesanais e reciclados e tecidos 100% algodão, cola e verniz, à base de água, garantem produtos 100% biodegradáveis.
Sonia Knopik,
empresária
A designer Sonia Knopik, proprietária da Ecofábrica, pequena empresa focada no ramo de brindes e presentes corporativos feitos de material reciclado, concorda. “As pessoas têm preconceito com produto reciclado, pensam que se veio do lixo é de qualidade inferior, acham que devia ser mais barato”, diz. A Ecofábrica surgiu em 2001 dentro da incubadora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que decidiu apostar em um projeto da recém-formada, interessada em “aliar conhecimentos de design e meio ambiente na criação de agendas feitas de papel reciclável com capa de lona removível, de modo a não misturar as duas matérias-primas, dificultando seu destino final”. Depois da lona de caminhão, vieram outros materiais reciclados, como papéis, plástico de garrafas PET e sobras de couro, usados em uma extensa linha de produtos, que inclui bolsas, sacolas, pastas, mochilas, cadernos, agendas, crachás, chaveiros, canetas e produtos de escritório. Mais recentemente, a empresa passou a reaproveitar a lona vinílica usada em banners e toldos para confeccionar sacolas. Aprimorando técnicas, desenvolveu, ainda, a primeira caneta feita com plástico PET reciclado, chamada de Caneta Ecológica EcoPet. Hoje a Ecofábrica tem uma equipe de 15 funcionários e uma clientela que reúne grandes empresas nacionais do setor privado e público, como Caixa Econômica, Coca-Cola, Itaipu e Kraft, só para citar algumas. O próximo passo, este ano, será mudar da sede atual, no bairro Portão, na Capital, para um local maior. “Aos poucos, estamos mostrando que com tecnologia aplicada o produto reciclado pode ser tão bom quanto outro de matéria-prima virgem”, afirma. A Forplas, empresa que há mais de 50 anos fabrica escadas em Curitiba, é outra pequena empresa a apostar na produção sustentável. A ideia surgiu a partir de um problema: o que fazer com o amontoado de tocos de madeira, pelo menos 10 metros cúbicos do material, que sobravam
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todo mês da produção das escadas? Durante mais de 40 anos, a única solução era pagar para a retirada do “lixo” do pátio. “Começamos a pensar, será que não dava para termos uma outra linha e até gerar emprego com isso?”, lembra Giancarlo Stahlke, um dos sócios da empresa. Veio, então, a ideia de montar novas placas de madeira, a partir dos tocos prensados e colados com cola atóxica, para fazer novos produtos. Amigos e a própria fábrica foram cobaias para as primeiras peças, até que, há quatro anos, o designer e cliente da loja, Paulo Dias, veio se somar à equipe. Hoje, os resíduos são criteriosamente selecionados, para se transformarem em cadeiras, mesas, biombos, treliças e redes de madeira, seu item mais vendido. A criação fez sucesso. Além da linha vendida direto na fábrica, localizada no bairro Água Verde, a fábrica tem contratos com duas grandes lojas de móveis, a Desmobilia, com sede em Curitiba, e Futton Company, de São Paulo, para desenvolver peças com exclusividade. Em novembro, o banco Maak, desenhado por Paulo Dias, e que homenageia o ambientalista Reinhard Maak, defensor da mata das araucárias do Paraná, foi um dos vencedores na categoria Produtos de decoração do Prêmio Planeta Casa 2009, concedido pela Revista Casa Cláudia, da Editora Abril. A produção ainda é pequena. A Forplas tem, hoje, 33 funcionários e produz 12 mil escadas por ano, sendo que a linha de móveis representa apenas 5% do faturamento. Mas a intenção, segundo Stahlke, é aumentar essa participação. Para isso, a fábrica está à procura de lojas interessadas nesse perfil de produto. O perfil de produto ecológico, aliás, é amplo. Uma das iniciativas mais interessantes vem do designer de joias Rodrigo Alárcon, que expõe na joalheria que leva o seu nome, em uma galeria do Batel, também em Curitiba, peças feitas a partir de uma diversidade de materiais, que de certa for-
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ma rompem com o conceito tradicional sobre o que é uma joia. “As pessoas acham que joia é feita em ouro e diamante. Hoje isso é muito mais amplo”, declara. Para começar, a principal matéria-prima usada por ele é a prata, material que é totalmente obtido a partir da purificação de chapas de raio-x, por uma empresa que compra o material de hospitais e retira a prata. As chapas de acetato, por sua vez, são encaminhadas para indústrias de embalagens e capas de caderno. A natureza é sua grande inspiração. Nos colares, broches, brincos e tiaras, ele pode usar gemas orgânicas (de origem vegetal ou animal) ou inorgânicas (minérios). Junto, usa e abusa de materiais como fibras vegetais, couro, osso e chifre de boi - subprodutos da agropecuária - casca de ovo de avestruz, e uma de suas marcas registradas, as pérolas e madrepérolas que, segundo ele, são um dos materiais “mais ecologicamente corretos”, uma vez que são gerados pelo cultivo da ostra. “Gosto mais de trabalhar com materiais orgânicos, que têm uma linguagem mais interessante, essa deformidade deles tem um efeito bem plástico”, afirma. Ele ressalta, no entanto, que o uso desses materiais requer pesquisas para que sejam desenvolvidas técnicas de como melhor aproveitar cada um deles.
Adélio Alves, o Small, empresário
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Artigo
Os irmãos Rodrigo e Marcelo Alarcón, empresários Ainda na linha de sustentabilidade, Rodrigo aposta na reforma de joias. “Se o cliente tem uma joia que não usa mais, é possível dar um novo uso, reutilizando as pedras, o metal”, diz. Pedras podem ser relapidadas, formas podem ser refeitas. Nessa customização, ele já chegou a usar cacos de porcelana de um bule de estimação, que era da avó de uma cliente, que foram transformados em pingentes e presenteados para cada membro de uma família.
Design Menos é cada vez mais para a criação de produtos. O desafio para profissionais de design, hoje, é trabalhar com o redesign, ou seja, desenvolver produtos que não gerem resíduos para o ambiente. Maior desafio, ainda, está em se pensar em novos produtos, que consumam menos energia, menos matéria-prima, menos insumos, em substituição aos atuais. “Esse processo é lento, o empresário não vai jogar fora o projeto que ele tem hoje, mas é preciso pensar em mudanças no estilo de vida atual”, diz o professor de Design de Produtos da Universidade Positivo e mestre em gestão Ambiental, Alexandre Marinho. Na busca pela sustentabilidade, segundo ele, o meio acadêmico trabalha com conceitos para cenários futuros. A tendência é que os produtos voltem a aumentar seu ciclo de vida. Isso significa que devem trilhar o caminho inverso dos últimos anos e tornarem-se mais resistentes, de modo a que “permaneçam mais tempo em cima da terra e não embaixo dela”. Ao perderem utilidade, terão outra função. ”Um monitor de tevê vira aquário, uma garrafa vira vaso”, diz. Por último, os materiais serão reciclados. Mas não adianta, segundo ele, pensar apenas em novos produtos, se não houver uma mudança também no estilo de vida das pessoas. Na linha da sustentabilidade, o cenário ideal, de acordo com ele, seria
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um estilo de vida que consumisse 90% menos do que os moldes atuais. Assim, em vez de vender produtos, as empresas iriam oferecer serviços. “Em vez de cada um comprar uma bicicleta, por exemplo, o condomínio teria cinco bicicletas para serem usadas por todos. Ou a própria Caloi iria ganhar com a prestação de serviços e não com a venda”, explica.
Atitude No comércio varejista, os consumidores começam a dar sinais que estão atentos aos produtos sustentáveis. Atualmente, o consumidor está mais preocupado com os produtos que consome, a procedência, a matéria-prima utilizada e o que fazer para se desfazer deles, quando não mais for utilizá-los. A afirmação é da consultora do SEBRAE/PR, Walderes Bello. “Como o varejo está na posição intermediária entre indústria e consumidor, cabe a ele comunicar ao cliente a origem dos produtos, bem como o melhor uso e a forma de descartálos, observando os cuidados na preservação do meio ambiente.” “Assim, antecipando-se a essa tendência cada vez mais confirmada nos dias de hoje, o varejo já responde com ações que vão desde apenas oferta de produtos ecologicamente corretos até a transformação do ponto de venda em um espaço de respeito ao meio ambiente, utilizando embalagens recicladas e retornáveis, usando racionalmente os recursos de energia, água, dentre outros, encaminhando corretamente os resíduos produzidos pelo seu negócio, desenvolvendo campanhas educativas entre funcionários, clientes, moradores e muitas outras ações.”, diz Walderes Bello. Para a consultora do SEBRAE/PR, os acontecimentos recentes - terremoto, enchentes, desmoronamentos - que chocaram o mundo, diante de tamanha destruição e abalo na sociedade e que atinge indiscriminadamente a todos - pobres e ricos - fazem as pessoas refletirem no que
estão contribuindo para reverter essa situação. “Essas tragédias, próximas ou não de nós, dão início a movimentos de mudança no comportamento que são necessários e urgentes: o consumidor adotando o comportamento de um consumo mais consciente, tanto na escolha criteriosa do que consumir, como na quantidade efetivamente necessária; a indústria começando a caminhar para a busca de soluções para produzir produtos, que sejam adequados a essa nova realidade; e o varejo, parte dessa cadeia produtiva, inicia um processo de disseminação de práticas sustentáveis que ajudam a melhorar a realidade onde está inserido.” Ao atender bem o cliente, na opinião de Walderes Bello, a equipe de vendas já está fazendo uma ação de sustentabilidade, uma vez que faz parte desse bom atendimento oferecer informações do melhor uso do produto, da preservação e manutenção dele, assim como orientações sobre a forma correta de descartá-lo. Dessa forma, treinamentos dirigidos ao conhecimento do produto e entendimento sobre sustentabilidade são ações que devem estar inseridas num programa de sustentabilidade que as empresas possam desenvolver. “A loja como um todo pode, aos poucos, ir se transformando, otimizando os recursos disponíveis e implantando ações para a melhoria e preservação do meio ambiente. Com um mix de produtos ecológicos e não ecológicos, a loja pode dar um destaque especial, assim como faz quando elabora promoções por preço, lançamentos, dentre outras ações.” Ao destacar esses produtos em prateleiras ou em ilhas dentro da loja, diz a consultora do SEBRAE/PR, a comunicação também deve ser bem elaborada, oferecendo informações que auxiliem o consumidor na escolha do produto. Isso pode se repetir também para outras ações, como o uso racional de energia elétrica, captação e uso de água, a coleta seletiva, o uso de embalagens de material reciclado ou retornáveis. “Dessa forma, a empresa comunica ao cliente, de diferentes formas, a sua preocupação e consciência em estabelecer uma relação de confiança e de respeito para com o consumidor e para com o ambiente onde está inserida.”
Para saber mais sobre produtos sustentáveis, leia os livros: “Haverá a idade das coisas leves”, organizado por Thierry Kazazian e “O desenvolvimento de Produtos Sustentáveis”, de Ezio Manzini e Carlo Vezzoli.
Olho vivo:
existem oportunidades batendo à porta José Cezar Castanhar
Durante anos, os estudos sobre gestão dedicaram-se a identificar e analisar os atributos dos empreendedores bem-sucedidos, baseando-se na crença de que se um empresário apresentasse os traços que caracterizariam um empreendedor de sucesso, a rota para o sucesso empresarial seria mais simples, ou mesmo inexorável. Nas últimas três décadas, esses estudos, sem abandonar o interesse pelas características do empreendedor, passaram a relacionar o êxito das empresas a um “modo empreendedor de gestão”. A vantagem dessa abordagem é que, ao contrário das características individuais de um empreendedor, um modo de gestão pode ser traduzido, explicado e ensinado. Dentre as dimensões (ou características) que constituem um “modo empreendedor de gestão”, duas se sobressaem quando se estuda a trajetória de empresas e empreendedores bem-sucedidos: a capacidade de identificar e explorar oportunidades e a disposição em assumir riscos. Nunca é demais lembrar que o Brasil vive atualmente uma conjuntura econômica com uma extraordinária abundância de oportunidades, algumas delas visíveis outras nem tanto. Em qualquer um dos casos, o desafio para os empreendedores é estar atento para identificar oportunidades e exercitar sua capacidade de assumir riscos para explorá-las. Esse é um momento rico para os proprietários de pequenas e médias empresas, habitat natural dos empreendedores. Dentre os setores que podem oferecer oportunidades atraentes está o da construção civil, que vem apresentando taxas espetaculares de crescimento e que devem continuar nos próximos anos. É interessante notar que as oportunidades associadas ao setor podem ocorrer de três maneiras distintas e, em todas elas, com possibilidade para uma presença real de pequenas e médias empresas.
A primeira delas é atuando diretamente no setor por meio da construção de habitações, especialmente para a denominada “nova classe C”, que vem obtendo importantes ganhos de renda e onde existe uma importante demanda não atendida. A segunda maneira é explorando a demanda por reforma de habitações, sendo que nesse caso a demanda está mais concentrada nos centros urbanos maiores. Esse é um setor em que empresas que investirem na melhoria da qualidade dos serviços podem ganhar espaço e crescer.
O que torna uma empresa bem sucedida? Os atributos do empreendedor que a criou ou a maneira como ela é gerida?
Finalmente uma terceira oportunidade, impulsionada pelo crescimento da construção civil, refere-se aos setores que produzem os bens de consumo duráveis destinados a equipar a casa nova. Ora, quem adquire uma nova casa tem que equipá-la com eletrodomésticos, eletrônicos e principalmente, mobiliários. O setor de mobiliário, seja de móveis préfabricados, seja de móveis feitos sob medida é, tradicionalmente, constituído de pequenas e médias empresas. Assim, esse é um setor que, possivelmente, permanecerá aquecido, inflado pelos ventos positivos do setor de construção. Para se explorar com competência e êxito essas oportunidades é essencial se apresentar no mercado com um diferencial. Como esse é um setor em que a estratégia de competição é baseada no preço baixo, esse diferencial resultará cada vez mais de outros atributos de gestão como a capacidade de inovar no desenvolvimento de produtos e no atendimento aos clientes e, principalmente, a manutenção de padrões de qualidades comparáveis aos das classes de renda mais alta. Ou seja, essa “nova classe média” quer ser tratada com a mesma atenção e reverência da classe média mais experiente e da classe alta. Aqueles que forem capazes de enfrentar esse desafio sairão na frente nesses mercados.
José Cezar Castanhar é engenheiro civil, doutor em Gestão e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro
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Paraná Business Collection
Principal evento do gênero no sul do País, realizado pelo SEBRAE/PR e Sistema FIEP, movimentou mais de R$ 11 milhões em negócios fechados e prospectados Por Adélia Maria Lopes
Realizado de 22 a 26 de fevereiro, em Curitiba, pelo SEBRAE/PR e Sistema FIEP, o Paraná Business Collection compreendeu desfiles de coleções e salão de negócios, reunindo marcas estabelecidas e promissores estilistas. Tanto na passarela quanto nos estandes, a presença de marcas de todo o Estado. E o salão de negócios ganhou, neste ano, amplo espaço no Cietep. “Esta edição foi muito melhor”, comemora Adilson Filipaki, sócio da marca Joyfull. O volume de vendas também ilustra a bemsucedia iniciativa de dar visibilidade à moda paranaense: mais 11 milhões de reais em negócios fechados e prospectados, o dobro da edição passada, realizada em 2009, quando foram movimentados em plena crise mundial cerca de 5 milhões de reais. Desse total, 10,6 milhões de reais correspondem a negócios fechados e prospectados com empresas do próprio País e 270 mil dólares em vendas para países vizinhos. “A retomada da economia, o clima de otimismo entre os empresários e o aumento do número de expositores (de 25 para 48) ajudaram a dobrar o valor arrecadado no showroom de negócios. Tudo isso associado ao alto padrão e preparo das empresas participantes”, avalia Allan Marcelo de Campos Costa, diretor-superintendente do SEBRAE/PR. “O Paraná Business Collection consolida-se como o principal evento de moda do sul do Brasil e destaque no calendário nacional de lançamentos para a temporada. Em quatro edições, o evento, que é uma mescla de moda, negócios, oficinas de criatividade, exposições, debates, cursos de atualização e lançamento de tendências, cresceu em número e, sobretudo, em qualidade.” No entendimento do diretor-superintendente do SEBRAE/PR, a cada edição, os empresários do showroom de negócios – e do setor da moda, vestuário e confecções como um todo - ganham experiência e conhecimento, características fundamentais para a consolidação da Marca Paraná.
“Neste ano, os compradores puderam perceber a força e a maturidade da indústria paranaense, com coleções cada vez mais competitivas, arrojadas e com maior valor agregado”, acredita Allan Costa. Para o coordenador do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário da Fiep, Marcos Tadeu Koslovski, os resultados foram excelentes. “O que devemos ressaltar é a qualidade dos produtos oferecidos pelas empresas expositoras. Essa foi a principal razão da elevação dos valores arrecadados no showroom do Paraná Business Collection.” Na sua avaliação, a qualidade da produção oferecida no showroom e o envolvimento dos empresários serviram para superar o volume de negócios movimentado no ano passado.
Pode crescer mais
Do volume total de negócios fechados e prospectados, R$ 10,6 milhões corresponderam a negócios com empresas brasileiras e US$ 270 mil em vendas para países vizinhos
Com coleções nos segmentos de moda feminina, masculina, fitness, fashion e, pela primeira vez, acessórios, participaram as marcas Miravest, Núbia, Perfect Way, Lucia Figueiredo, Gold Box, Lafort, Richini, Zunnck, Joyful, Smel, Rawell, Raffer, De’Celo, All Purpose, Tema X, Guilherme Baggio, Mittotex, Mastertex, Social Club, H’Lu, Dhoti, La Bijorca, Fernanda Nadal, Griffe Company, Rodrigo Alarcón, Moça Prendada, Cagi Brasil, AKamizaria, Dizzem, Full Hill, La Rossi, Akazzus, OM Jeans, Pura Raça, Betu’s, Fido Dio, Max Blue, Zaaz, Lyslee, Dona Dita, Mairom, Meteora Brasil, Camoa Brasil, Mulher Elástica, Fábio Bartz, Sinistra, Chita Brasil e picnicdelefante.
Carla Werkhauser, coordenadora estadual do Vestuário do SEBRAE/PR, destaca: “Neste ano abrimos o showroom para acessórios e temos espaço para abrigar ainda moda infantil, íntima, praia e fitness. Afinal, são importantes segmentos da indústria têxtil no Paraná que, ao todo, abriga 5,5 mil micro, pequenas e grandes empresas por todas as regiões do Estado”.
“Essa foi a melhor edição do Paraná Business Collection. O evento se solidificou e, com esse resultado, alcançamos o patamar de terceiro evento mais importante do setor no Brasil”, conta Marcos Koslovski. Ele destaca que um dos fatores que impulsionou o aumento dos negócios foi a retomada da economia e o investimento das empresas em qualidade e diferenciação de produtos.
Foto: Leandro Taques/ Agência La Imagen
Os negócios da moda
“Um só cliente valeu todo o salão de negócios.” “Venho aqui em busca de parcerias para a minha marca.” “O showroom me tirou do varejo para me preparar para o mercado atacadista.” “Essa foi, sem dúvida, a melhor edição do evento.” Esses quatro pontos de vista resumem bem o universo de 48 expositores, de 11 estilistas, de realizadores e de cerca de 600 compradores convidados para participarem do Showroom de Negócios da primeira edição de inverno do IV Paraná Business Collection.
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
Isabela Seghese, estilista
Foto: Leandro Taques/Agência La Imagen
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Mendes, vencedor do Prêmio João Turin de Incentivo aos Novos Designers de Moda, deste ano, para um evento de moda na cidade de Riccione, na Itália.
O Paraná Business Collection revelou-se um importante elo de integração entre produção e mercado, entre marcas, estilistas, lojistas e representantes comerciais Tirando o boné E foi justamente no estreante segmento de acessórios que se encontrava o mais exultante dos expositores, Júlio César Mariano, proprietário da Griffe Company, uma das 350 confecções de boné de Apucarana. Com seis anos de vida e 60 mil peças produzidas ao mês, a empresa produz bonés promocionais, para outras marcas, e tem a sua própria, Griffe Co, tendo os adeptos da surfwear e similares como público-alvo. Com seu maior mercado em São Paulo seguindo-se o Rio de Janeiro, a Griffe Company, há três anos, prospectava um cliente no Rio Grande do Sul. E sua busca foi coroada no Paraná Business Collection, com um cliente de Novo Hamburgo. “Fechei um negócio para desenvolver os bonés para o ano todo. Foi muito melhor do que levá-lo à fábrica”, disse Júlio César Mariano, autor da frase: “Um só cliente valeu todo o salão”. Também é do Rio Grande do Sul um grande parceiro da curitibana Abbici, empresamãe da recém-criada Joyfull, marca aplaudida em pé pela plateia do Paraná Business Collection. Dulce Dias, gerente comercial da Rui Spohr, sexagenária grife de altacostura de Porto Alegre, pela quarta vez esteve presente no evento. Da primeira vez, estabeleceu parceria com a malharia, que vem desenvolvendo a coleção de tricô.
Aberta ao prêt-à-porter, “buscamos agora parcerias na área de jeans e de alfaiataria feminina. A Rui Spohr quer parceiros no Paraná não só pela qualidade, mas também porque possuem critérios de sustentabilidade e responsabilidade social”, disse Dulce Dias, em sua sondagem pelos estandes. A Camoa Brasil, marca de moda praia, estreou sua primeira coleção de inverno e Juliano Wisnieski, diretor comercial, ficou satisfeito com a receptividade. “Lojistas de Curitiba, que já comercializam nossos produtos, fizeram pedidos da nova coleção e
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Júlio César Mariano, empresário os clientes internacionais, passada a crise, retomam o contato.” A marca, que festeja cinco anos, tem mais de 100 pontos de venda no País e sua fábrica curitibana produz cerca de 3 mil peças por mês.
Collection”, anunciava Lorena Gizzi, que dá surporte às lojas de multimarcas.
Canal de relacionamento
Uma comitiva de argentinos e paraguaios, organizada pelo Centro de Desenvolvimento de Tecnologias para a Integração de Micro e Pequenas Empresas do Mercosul e América Latina (SEBRAE CDT-AL), circulou pelos estantes do Showroom de Negócios do Paraná Business Collection. Ricardo Brizuela, presidente da Câmara de Empreendedores da Região do Iguaçu, na Argentina, ficou impressionado com a qualidade dos produtos que encontrou. Resultado: “Trocamos telefones para conversar sobre negócios e pretendemos levar produtos paranaenses para a Argentina”.
O evento revelou-se ainda elo de integração entre produção e mercado, entre marcas, estilistas, lojistas e representantes comerciais. A marca picnicdelefante, nascida em Maringá, mas estabelecida há dois anos em Curitiba, também participou pela primeira vez do salão de negócios e estreou no mercado atacadista. “Até hoje eu só vendia no varejo pela internet”, conta Isabela Seghese, a estilista tão bem recebida pelo público e pela mídia que foi encorajada pela própria coordenação do evento a crescer. “Tenho costureiras em Curitiba e Maringá e trabalho com facção, todos capazes de atender pedidos de lojistas de qualquer região do País”, conta a estilista, responsável por uma encantadora coleção de inverno. Chita Brasil, a grata surpresa vinda de Mandaguari, fez bonito ao estrear na passarela ao lado de Jefferson Kulig, Lafort, Fabio Bartz, Lucia Figueredo, Sinistra, picnicdelefante, Basic, All Purpose, Raffer, Joyfull e Silmar Alves. E, mais uma vez participante do Showroom de Negócios, abriu canal com compradores de São Paulo e Espírito Santo. Já presente em cerca de 300 pontos de venda, a Chita Brasil produz 20 mil peças mensais em sua fábrica de 54 funcionários. “E queremos voltar, sim, ao Paraná Business
O convite para o Riccione Moda Itália, que acontece de 19 a 25 de julho, foi oficializado no último dia do Paraná Business Collection, por Antonio Franceschini, executivo da CNA – Federmoda, e pelo diretor de Operações do SEBRAE/PR, Julio Cezar Agostini. “Essa parceria abre portas para que intensifiquemos ainda mais o intercâmbio Brasil-Itália”, assinala Franceschini.
Foto: Leandro Taques/Agência La Imagen
Foto: Leandro Taques/ Agência La Imagen
A CNA – Federmoda representa mais de 25 mil pequenas empresas do setor têxtil e é parceira do SEBRAE/PR e da Regione Emilia-Romagna em projetos de cooperação no Paraná.
Interesse dos países vizinhos Antonio Franceschini, executivo italiano da CNA Federmoda
O Riccione Moda Itália é um evento tradicional na Europa, que, graças à parceria SEBRAE/PR, Federmoda e Regione Emilia-Romagna, agora abre espaço para a moda brasileira. Cerca de 1,5 mil jovens talentos apresentam-se anualmente e 30 são selecionados, por especialistas de marcas como Max Mara, Fiorucci, La Perla, para participar de um desfile especial. (Colaborou nesta reportagem o jornalista Leandro Donatti).
A cada edição, os empresários do showroom e do setor em geral ganham experiência e conhecimento, características fundamentais para a consolidação da Marca Paraná
Brizuela integrava um grupo de 20 argentinos de Porto Iguaçu. Já Suzel Vaider, diretora da Agência para o Desenvolvimento Econômico de Misiones, desembarcou em Curitiba com 15 lojistas de Posadas. E constatou: “Estamos longe em qualidade dos produtos e competitividade empresarial em comparação ao Paraná”. Pedro Vargas, integrante da comitiva de 30 lojistas de Assunção, no Paraguai, também reparou que “a confecção paranaense tem uma boa qualidade e um desenho expressivo”.
Prêmio João Turin O IV Paraná Business Collection trouxe surpresas também na tradicional premiação de estilistas novos talentos. A CNA Federmoda, o SEBRAE/PR, a Regione EmiliaRomagna anunciaram que vão levar Acácio
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Nos 10 mil metros quadrados de área do Parque de Exposições, serão expostas cerca de 100 oportunidades de negócios, 30% delas exclusivas para os empreendedores e empresários de Maringá, já que uma das premissas da Feira do Empreendedor 2010 - Paraná, organizada pelo SEBRAE/PR, é a busca pela dinamização da economia local. Para conhecer o potencial da região, um estudo de oportunidades foi iniciado em abril deste ano. “A ideia é dividir Maringá em sete regiões e mapeálas, fazendo um raio-x dos espaços e das áreas com oportunidades para novos negócios”, diz a consultora do SEBRAE/PR Joana D´Arc Julia de Melo, gestora da Feira do Empreendedor 2010 - Paraná.
Feira do Empreendedor Paraná sedia o maior evento de empreendedorismo no Brasil, de 21 a 24 de outubro, em Maringá Por Leandro Donatti
Foto: Gabriel Teixeira
De acordo com Joana de Melo, o processo de seleção das oportunidades de negócios a serem oferecidas durante a Feira do Empreendedor seguirá um edital público e obedecerá critérios, fixados pelo SEBRAE/PR, para atender as expectativas do público. “Teremos oportunidades de negócios que demandam pequenos investimentos e também outras que exijam um aporte financeiro maior. A Feira do Empreendedor tem como objetivo principal difundir a cultura do empreendedorismo por meio de boas oportunidades de negócios para os mais diversos públicos”, assinala Joana de Melo, lembrando que hoje no Brasil o empreendedorismo é mais movido por oportunidade que por necessidade.
Feira do Empreendedor 2010 - Paraná Inovação, conhecimento e oportunidades de negócios, todos reunidos num só lugar e disponíveis gratuitamente para empresários e candidatos a empresários. A receita, aparentemente simples, é a razão para o sucesso de um dos eventos mais importantes de empreendedorismo realizados anualmente no Brasil, a Feira do Empreendedor, que, no circuito nacional de 2010, também passará pelo Paraná, de 21 a 24 de outubro, no Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro, em Maringá, noroeste do Estado. A Feira do Empreendedor 2010 - Paraná é uma realização do SEBRAE/PR e tem a Prefeitura de Maringá como co-realizadora. Serão quatro dias exclusivamente dedicados à difusão do empreendedorismo; ao oferecimento de conhecimento em empreendedorismo e gestão; a mostrar e difun-
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dir o conceito de inovação; ao oferecimento de soluções práticas e viáveis para pequenas empresas; ao estímulo, surgimento ampliação e diversificação de novos empreendimentos; e à prestação de esclarecimentos e orientações. “A Feira do Empreendedor acontece, no atual formato, desde 1994, com mais de 80 edições e 1,5 milhão de visitantes. Mais de 400 mil empreendedores já foram capacitados nas várias edições por todo o Brasil. No Paraná, já foi realizada duas vezes em Curitiba (1997 e 2004), uma vez em Arapongas (1998) e recentemente em Londrina (2208). É um dos eventos de maior sucesso, promovidos pelo SEBRAE, com oportunidades, informações, conhecimento, em um único lugar, capazes de estimular e gerar negócios. Todos os conteúdos e soluções são
adequados à realidade local”, afirma a gerente de Marketing e Comunicação do SEBRAE/PR, Renata Todescato. O maior evento de empreendedorismo no Paraná promete grandes atrações, adianta a gerente. Segundo Renata Todescato, estão previstos cerca de 20 mil visitantes de todo o Estado, uma média de 5 mil visitantes ao dia; 200 caravanas com empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas; participação de empreendedores e empresários de 350 dos 399 municípios do Paraná e da região transfronteiriça, englobando Argentina, Paraguai e Uruguai; quatro palestras-magnas com especialistas de renome nacional; mais de 50 ações de capacitação ao dia, entre palestras empresariais e oficinas; e mais de 300 mil informações técnicas disponibilizadas durante todo o evento.
“Os empreendedores brasileiros não estão mais abrindo pequenos negócios, simplesmente como complemento salarial e do orçamento doméstico. Muitos empreendedores agora estão enxergando e apostando em oportunidades, nichos de negócios que, num médio prazo, podem vir a representar empreendimentos lucrativos e bem estruturados. Por isso, o investimento em planejamento e em gestão tende a crescer. A Feira do Empreendedor é um evento que tem por excelência oferecer oportunidades de negócios, aliadas à inovação e conhecimento para quem já é empresário e também para aqueles que desejam transformar em realidade o sonho do negócio próprio”, analisa Joana de Melo, do SEBRAE/PR. A Feira do Empreendedor 2008 - Paraná, realizada em Londrina, revelou tendências que estão sendo observadas pelo SEBRAE/PR e Prefeitura de Maringá, na organização desta edição. Pesquisa realizada em 2008, durante o evento, revelou que 52,04% dos visitantes eram homens e 47,96%, mulheres. Dos cerca de 17 mil visitantes registrados em Londrina, 62,88% disseram ser candidatos a empresários e 37,12%, empresários. Analisando a faixa etária, 36,7% classificaram-
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
se entre 20 e 30 anos; 24,96%, de 30 a 40; 19,21%, de 40 a 50; 8,96%, de 50 a 60; 7,34%, de 10 a 20; e 2,44%, de 60 a 70 anos. Perguntados sobre o objetivo da visita, 32,73% disseram estar na Feira do Empreendedor para conhecê-la; 30,42%, para abrir um negócio futuramente; 27,76%, melhorar e diversificar sua empresa; e 9,09%, abrir um negócio. “A Feira do Empreendedor 2010 - Paraná tem compromisso expresso com a sustentabilidade e está baseada nos pilares social, econômico e meio ambiente”, diz Joana de Melo. A gratuidade no acesso aos eventos e área de expositores de oportunidades, acessibilidade aos portadores de necessidades especiais e a doação de alimentos arrecadados para o Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar) são os elementos do pilar social. O conhecimento, a informação para a geração de negócios e a melhoria dos já existentes com base em sólidos conceitos econômicos, financeiros e de sustentabilidade são elementos do pilar econômico. Enquanto que o uso máximo de materiais reciclados ou recicláveis e plano de neutralização de emissão de carbono, elementos do pilar meio ambiente. O público da Feira do Empreendedor 2010 - Paraná é formado por empresários interessados em aprimorar suas atividades; interessados em iniciar um novo negócio; profissionais liberais; público em busca de capacitação; jovens entre 16 e 23 anos; universitários, visitantes em busca de informação e conhecimento; público transfronteiriço e dekasseguis (nipo-brasileiros que trabalham no Japão e juntam economias com o objetivo, muitas vezes, de abrir um negócio próprio no retorno ao Brasil).
Serão quatro dias dedicados à difusão do empreendedorismo e ao oferecimento de conhecimento em gestão
O SEBRAE/PR prepara um hotsite especial para a Feira do Empreendedor 2010 - Paraná Acesse:
www.sebraepr.com.br/feira
Foto: Gabriel Teixeira
Oportunidades
Feira do Empreendedor 2008 - Paraná, em Londrina
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Pesquisa GEM
Cresce empreendedorismo por oportunidade no Brasil Nas últimas nove edições, o índice no País vem demonstrando crescimento Por Beatriz Borges
sou de 2,93%, em 2008, para 5,78%, em 2009. Desse último dado, 4,3% são empreendimentos nascentes por oportunidade. O IBQP é a instituição executora da pesquisa no Brasil, que conta com a parceria do SEBRAE Nacional. No ranking dos países com nível comparável de desenvolvimento econômico da GEM 2009, o Brasil é o sexto mais empreendedor, com taxa de 15,3%, o que equivale a 18,8 milhões de pessoas. A taxa geral se refere à soma dos empreendimentos novos (que surgiram nos últimos três anos e meio), que foi de 9,75%, e dos empreendimentos nascentes (com até três meses de vida ou ainda em processo de criação), que ficou em 5,78%. A atual taxa está acima da média histórica do Brasil, que é de 13%. Em 2008, a taxa ficou em 12%. A partir dos dados da GEM é possível concluir que a atividade empreendedora é uma das causas para a geração de renda e elevação do Produto Interno Bruto (PIB) dos países. Assim ocorreu no Brasil. Durante a crise financeira internacional, a economia brasileira manteve-se dinâmica, devido, principalmente, ao mercado interno, abastecido por micro e pequenas empresas, nascentes ou não, em sua maioria, dos setores de Comércio e Serviços. O mesmo não ocorreu nos Estados Unidos. Devido a opções diferentes do país nos anos anteriores, não surgiram, no ápice da crise, oportunidades visíveis de negócios que estimulassem a ação empreendedora.
O brasileiro tende a enxergar na crise uma oportunidade. A nova edição da Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, a GEM 2009, lançada no início de abril, confirma essa afirmação. Segundo o estudo, no ano passado, mesmo com a crise financeira internacional, o Brasil atingiu, pela primeira vez, a maior taxa de empreendedorismo por oportunidade – 9,4% contra 5,9% da taxa de empreendedorismo por necessidade. Para cada 1,6 empreendedor por
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oportunidade, há um por necessidade. Nas últimas nove edições da Pesquisa GEM, a taxa de empreendedorismo por oportunidade vem demonstrando crescimento gradativo, passando de 8,5%, em 2001, para 9,4%, em 2009. A pesquisadora do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), Simara Greco, explica que a elevação em 2009 se deve ao alto crescimento ocorrido isoladamente nos empreendimentos nascentes, que pas-
O Brasil é o sexto país mais empreendedor, com taxa de 15,3%, o que equivale a 18,8 milhões de pessoas
Segundo o diretor-técnico do SEBRAE Nacional, Carlos Alberto dos Santos, “a Pesquisa GEM comprova que o Brasil está mudando para melhor”. “Estamos já vivendo um ciclo virtuoso de crescimento, com inclusão social, e isso se reflete na disposição das pessoas em empreender”, afirma. “A motivação para abrir o próprio negócio e se aperfeiçoar na atividade desempenhada baseia-se em horizontes promissores, que não se fecharam para o Brasil nem quando grande parte dos países mergulhou na recente crise financeira. No auge da crise, sondagem feita pelo SEBRAE mostrava que os pequenos negócios continuavam apostando em um bom 2009. Mais uma vez, o segmento mostrou ser o lastro confiável do crescimento sustentado que se espera para o Brasil”, assinala Carlos Alberto dos Santos.
Outros países Na China, 18,8% da população adulta (169 milhões de pessoas) é empreendedora. Apesar desse grande número, a
proporção é de um empreendedor por oportunidade para cada um por necessidade. Já na Rússia, o número de empresários é menor, com taxa de 3,9% (1,3 milhão), porém, a proporção de empreendedores por oportunidade é maior: 2,35 para cada um por necessidade. Quando comparada aos países citados acima, a Suíça apresenta maior disparidade entre as proporções. A Suíça possui taxa de empreendedorismo (TEA) de 7,72%. Além desse alto índice de empreendedores, para cada adulto que empreende por necessidade, 13 o fazem por oportunidade. Nos Estados Unidos, a TEA é de 8%, com proporção equilibrada de três empreendimentos gerados por oportunidade e um por necessidade.
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
Ao analisar 13 países membros do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo) que participaram do estudo, a GEM 2009 constatou que a população da China é a mais empreendedora, com taxa de 18,8% (169 milhões de pessoas), seguida do Brasil, com 15,3% (18,8 milhões); Argentina, 14,7% (3,5 milhões); Estados Unidos, 8% (15,4 milhões); Coréia do Sul, 7% (2,3 milhões); África do Sul, 5,9% (1,7 milhão); Reino Unido, 5,7% (2,2 milhões); Arábia Saudita, 4,7% (501 mil); França, 4,3% (1,6 milhão); Alemanha, 4,1% (2,1 milhões); Rússia, 3,9 % (3,7 milhões); Itália, 3,7% (1,3 milhão); e Japão, 3,3% (2,5 milhões).
Criado em 1999, o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) é o maior estudo independente do mundo sobre a atividade empreendedora, cobrindo 54 países consorciados
Sete países que integram o G-20 não participaram desta edição da GEM. São eles: Austrália, Canadá, Índia, Indonésia, México e Turquia.
ceiros o SEBRAE, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/PR) e o Serviço Social da Indústria (Sesi/PR).
Metodologia Criado em 1999, o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) é o maior estudo independente do mundo sobre a atividade empreendedora, cobrindo 54 países consorciados, o que representa 95% do PIB e dois terços da população mundial. O GEM é atualmente coordenado pelo Global Entrepreneurship Research Association (GERA) – organização composta e dirigida pela London Business School (Inglaterra), pelo Babson College (Estados Unidos) e por representantes dos países participantes do estudo. No Brasil desde 2000, o GEM vem se consolidando como uma importante referência nacional para as iniciativas relacionadas ao tema empreendedorismo. A iniciativa é liderada pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), entidade que coordena e executa o Projeto GEM, tendo como par-
Para compor a pesquisa no Brasil, em 2009, foram entrevistados 2 mil indivíduos de idade adulta, entre 18 e 64 anos, de todas as regiões brasileiras, selecionados por meio de amostra probabilística, e mais de 180 mil pessoas no mundo. A pesquisa, que tem nível de confiança de 95% e erro amostral de 1,47%, conta ainda com opiniões de 36 especialistas brasileiros. Entre os anos de 2000 a 2009 foram entrevistados no Brasil, 21,9 mil adultos. (Colaboraram nesta reportagem os jornalistas Beth Matias e Alessandro Soares, da Agência SEBRAE de Notícias).
Para conhecer a íntegra da Pesquisa GEM 2009, acesse www.sebraepr.com.br, no link Pesquisas e tendências – Multisetorial.
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Mudança
Agentes locais As 530 empresas mensuradas pelo estudo “Perfil do Grau de Inovação das MPEs do Paraná” fazem parte do Projeto Agentes Locais da Inovação, que começou a ser desenvolvido como projeto-piloto no primeiro semestre de 2008, com o objetivo de desmistificar a inovação e transformá-la em uma rotina nas micro e pequenas empresas do Paraná.
Inovação nas empresas ainda é um desafio
Por decisão do SEBRAE Nacional, além do Paraná, o Projeto foi lançado simultaneamente no Distrito Federal. Diante do sucesso e dos resultados, hoje, o Agentes Locais de Inovação foi estendido para 25 estados.
Numa escala de 1 a 5, o grau de inovação médio das empresas paranaenses avaliadas foi de 2 Por Adriana Ribeiro
O diagnóstico avaliou 530 empresas, de pequeno porte, instaladas em todo o Estado e atendidas pelo Projeto Agentes Locais de Inovação – uma iniciativa do SEBRAE Nacional, SEBRAE/PR, Fundação Araucária e Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - nos setores de confecção e vestuário, construção civil e agronegócio, no período de dezembro de 2008 a julho do ano passado. O setor que apresentou o maior grau de inovação foi o de confecções e vestuário, o que até certo ponto era esperado, por se tratar de um negócio considerado dinâmico. Isso porque, com a necessidade de “seguir” a moda, o empresário se obriga a manter contato com o ambiente externo. Além disso, nesse setor é preciso buscar continuamente a oferta de novos produtos com o mínimo de investimento, o que ajuda no desenvolvimento da criatividade, fundamental para quem quer inovar. Olavio Schoenau, consultor do SEBRAE/PR e gestor do Projeto Agentes Locais de Inovação, diz que, por outro lado, de acordo com o levantamento, o setor que menos investiu em inovação foi o da construção civil, enquanto o agronegócio ficou na posição intermediária. “A integração da cadeia produtiva do agronegócio, envolvendo os
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fornecedores de insumos, de transporte e estocagem e de intermediários para a comercialização da produção, contribui para esse resultado.” De acordo com o estudo, o grau de inovação do setor de confecção e vestuário foi de 2,17, enquanto o de agronegócio 1,95, e o de construção civil, 1,89.
Foto:Claiton Biaggi
A inovação e a tecnologia ainda são pouco exploradas nas micro e pequenas empresas paranaenses. É o que mostra o estudo “Perfil do Grau de Inovação das MPEs do Paraná”, desenvolvido pelo SEBRAE/PR em parceria com a Bachmann & Associados, empresa de consultoria especializada em medição de desempenho e benchmarking, método usado para melhorar a gestão de uma empresa por meio da realização de análises de práticas de outras corporações. Numa escala de 1 a 5, o grau de inovação médio das empresas paranaenses avaliadas foi de 2.
Olavio Schoenau, do SEBRAE/PR, diz que a ideia de realizar o estudo foi mediar o grau de inovação nas empresas no início do projeto. “Com ele será possível estabelecer uma referência para avaliar o impacto das ações voltadas à inovação como instrumento de competitividade das organizações paranaenses”, diz.
A localização geográfica das empresas provoca diferenças que afetam a facilidade de acesso a serviços tecnológicos e outros recursos importantes para a inovação, explica o consultor do SEBRAE/PR. Acredita-se ainda que aspectos culturais e socieconômicos influenciem a inovação nas organizações. Mas, ao analisar esse aspecto, o levantamento mostrou que a região oeste – que envolve os municípios de Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo – obteve o melhor escore (2,48), superando inclusive a região centro-sul, que tem em seu grupo Curitiba, Ponta Grossa e Guarapuava (2,11). A região noroeste do Paraná, que integra os municípios de Maringá, Paranavaí, Campo Mourão e Cianorte, apresentou o escore mais baixo (1,64). O estudo também avaliou as regiões norte, com Londrina, Jacarezinho, Ortigueira e Apucarana; e a sudoeste, com Pato Branco, Francisco Beltrão e Capanema. Segundo o tamanho, o estudo mostrou que as pequenas empresas são mais inovadoras que as micro, principalmente no setor da construção civil. A falta de organização e a pouca participação dessas empresas em sindicatos, associações e federações comerciais, estão entre os fatores que contribuem para esse resultado. Dórian Bachmann, sócio-diretor da Bachmann & Associados, responsável pela metodologia do estudo, diz que a inovação ainda é vista como um mito que cria bar-
Maria Oliveira, empresária reiras principalmente para os empresários de microempresas. “Muitas pessoas pensam que inovar envolve apenas o uso da tecnologia, mas isso não é verdade. Inovar é prestar atenção, olhar para fora e criar uma habilidade de fazer algo”, explica. Para o consultor, até “copiar do vizinho” é uma inovação.
A metodologia usada para medir o grau de inovação das micro e pequenas empresas paranaenses usou como base o Radar da Inovação, criado pelo professor Mohanbir Sawhney, da Kellogg School of Management, dos Estados Unidos. Esse radar relaciona 12 dimensões que devem ser levadas em conta pelo empresário que pretende inovar. São elas: oferta, plataforma, marca, clientes, soluções, relacionamento, agregação de valor, processos, organização, cadeia de fornecimento, presença e rede. A Bachamnn & Associados, contratada pelo SEBRAE para a realização do estudo, adicionou ainda mais uma dimensão, chamada ambiência inovadora. Para Olavio Schoenau, a existência de um clima organizacional propício à inovação é um pré-requisito importante para uma empresa inovadora. Os dados foram coletados por profissionais com no mínimo até três anos de for-
mados, os chamados agentes locais de inovação. Hoje, 26 agentes percorrem o Estado, visitando os empresários e divulgando o Projeto. Desde o lançamento do Projeto Agentes Locais de Inovação, 3 mil empresários conheceram as ações do SEBRAE/PR na busca por fazer da inovação um processo diário. Dessas, cerca de 1 mil aderiram ao Projeto e a expectativa é que pelo menos outras 250 façam parte do grupo até junho deste ano, quando se encerra o projeto-piloto e se inicia uma nova fase. Durante os dois anos de duração do Projeto, que é gratuito, os empresários recebem inicialmente um diagnóstico de sua empresa e depois um plano de trabalho para um processo de inovação. Em junho deste ano, SEBRAE Nacional, SEBRAE/PR, Fundação Araucária e Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior iniciarão uma nova ação de atendimento aos empresários. Desta vez, 25 agentes locais acompanharão empresários dos setores de vestuário, agronegócio, turismo e metal-mecânico. Um edital de seleção dos novos agentes locais está em trâmite desde meados de março deste ano. Em abril, cerca de 2,5 mil currículos ja haviam sido encaminhados. Desses, serão selecionados 40 jovens, que passarão por uma capacitação em Curitiba, marcada para acontecer de 3 de maio a 4 de junho. Durante esse período, os profissionais vão receber informações sobre inovação e gestão da inovação; micro e pequenas empresas no Paraná e no Brasil; orientações na área comportamental; mensuração do grau de inovação; ferramentas de acesso a instituições financeiras, entre outros temas. Olavio Schoenau explica que os agentes locais realizam um diagnóstico gerencial das micro e pequenas empresas que visitam e fazem uma mensuração do estágio de inovação, para, a partir disso, promoverem
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná correções e indicar aos empresários os melhores caminhos rumo à inovação. “No primeiro ano, os agentes locais vão a campo em busca de empresas interessadas em participar e vão medir a qualidade da estrutura organizacional e mensurar o grau de inovação que essas empresas se encontram. Na sequência, é submetido ao empresário um plano de trabalho contendo propostas de correções e complementações que, a seu critério, são contratadas com alguma provedora de soluções, e em caso positivo, imediatamente implementadas. Já no segundo ano do projeto, esses profissionais vão auxiliar os empresários a implantarem ações que resultem em empresas mais inovadoras”, observa o coordenador estadual. Schoenau ainda enfatiza que “empresas inovadoras são aquelas que praticam rotineiramente a gestão da inovação.” Schoenau completa que a gestão da inovação é um campo visivelmente carente na gestão empresarial. “Nessa iniciativa, formamos jovens com incomum preparação para atuar em inovação, na medida em que receberam capacitação de alto nível nesta área. A capacitação é um curso de imersão, cujo conteúdo não se encontra nos currículos dos cursos universitários”, diz.
Transformação A Marmoraria Altas Pedras, de Casca-
Para desmistificar o conceito de inovação, Bachmann cita como exemplo um empresário, fabricante de amendoim salgado, que mudou a embalagem de seu produto, imprimindo uma borda em torno dela, para esconder o pó escuro que se acumula no fundo do pacote. “Isso é inovação”, diz.
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Artigo
Maria Oliveira, proprietária da Altas Pedras, conta que por confiar no trabalho desenvolvido pelo SEBRAE/PR, decidiu participar do Projeto Agentes Locais de Inovação, que foi apresentado pelo agente local Clayton Duarte Oliveira, que trabalha na região. “Sabemos que o SEBRAE/PR foi criado para dar apoio e ajudar no crescimento das microempresas e pequenas empresas paranaenses e tivemos a sorte de receber a visita do agente local de inovação”, diz.
A Altas Pedras também passou a reutilizar as sobras de materiais na confecção de peças de mosaicos. Maria lembra que a Altas Pedras precisava urgentemente melhorar a qualidade de sua produção, o atendimento e a manutenção dos aos clientes, aumentar a visibilidade da empresa e seu faturamento. Clayton Oliveira também considera que o maior problema da Altas Pedras estava na área organizacional da empresa. “O diagnóstico do Agentes Locais de Inovação nos mostrou que a empresa não tinha nem mesmo uma definição de cargos e funcionários e a falta de liderança da empresária comprometia o trabalho”, conta. Por se tratar de uma microempresa, Maria Oliveira diz que todas as ações implantadas tiveram um custo considerado médio. Mas ela considera que o investimento valerá à pena em médio prazo. “O ramo de atividade que trabalhamos é muito competitivo e, por isso, precisamos buscar medidas que garantam a sobrevivência da empresa.” (Colaborou a jornalista Giselle Ritzmann Loures).
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entre empresas médias
A empresária conta que, com a orientação do agente local de inovação, vem desenvolvendo ações de marketing como a distribuição de folders e de mala-direta. Também criou um site, uma ferramenta que permite às pessoas conhecer a marmoraria e seus produtos pela internet. Para aumentar as vendas, contratou um vendedor externo e para saber a opinião de seus clientes, vem fazendo contato pós-venda. Maria Oliveira investiu na confecção de novos uniformes, importante para a imagem da empresa; e também na compra de compressores que diminuem a poeira provocada pelo corte dos mármores e granitos, garantindo mais segurança e reduzindo os riscos à saúde dos trabalhadores.
Fusões e aquisições (M&A) Nelson Luiz Paula de Oliveira
Clayton Duarte Oliveira,
agente local de inovação
Os agentes locais de inovação realizam um diagnóstico gerencial das micro e pequenas empresas que visitam e fazem uma mensuração do estágio de inovação, para, a partir disso, promoverem correções
Quer saber mais sobre inovação? Acesse www.fiepr.org.br; www.sebraepr.com.br e www.fgv.br.
Depois de um morno ano de 2009, resultado da crise global, o mercado de fusões e aquisições voltou a ficar aquecido na virada de ano. Além das mega-fusões, entre grandes grupos, o que se observa agora é um movimento entre as médias empresas no Brasil. Até porque essas empresas precisam se reposicionar para enfrentar os grandes grupos, hoje ainda mais fortes, destino de quase a totalidade de suas vendas, no caso das indústrias, ou seus concorrentes, no caso do mercado varejista. Ocorre que as empresas médias não são alvos dos grandes players desse mercado. A maioria delas não tem estruturas internas preparadas para suportar algum processo nessa área, devido à sua complexidade. Também grande parte é formada por empresas familiares, ainda conduzidas por seus fundadores ou seus herdeiros. Há poucas assessorias especializadas em fusões e aquisições, preparadas para atender essa demanda crescente de operações com empresas de médio porte. A fusão é uma operação societária que envolve duas ou mais empresas que juntam seus patrimônios para formar uma nova sociedade comercial, o que faz com que elas passem a não existir mais individualmente. Do ponto de vista teórico, é diferente da incorporação, que é quando os patrimônios de uma empresa passam para o controle de outra. Na teoria, esse processo faz com que a nova empresa exista sem a predominância de nenhuma das empresas antigas, o que na prática nem sempre acontece, já que muitas das fusões são na verdade uma compra ou incorporação de grupos empresariais. Podemos citar, como fatores que determinam o processo de fusão, a racionalização da produção, a qual o objetivo é cortar custos e manter a qualidade dos produtos; a adoção de processos tecnológicos novos para ajudar no processo produtivo; e a reorganização da estrutura e o fortalecimento para a
concorrência no setor de atuação. Um processo de fusão leva entre sete a 12 meses para ser concluído, desde que todos os elementos necessários à sua realização estejam disponibilizados e nenhum problema ocorra no caminho. São três fases distintas, começando por um estudo estratégico da situação atual (Fase I, que dura dois meses), passando pela seleção de alternativas estratégicas (Fase II, leva cerca de um mês) e chegando à Fase III, mais complexa, que envolve toda a preparação do projeto, definição do público-alvo, apresentação do trabalho aos interessados, identificação dos potenciais ganhos decorrentes das transações em negociação, elaboração de minutas de documentos e contratos e apoio negocial. O trabalho de assessoria não acaba com a negociação final, pois é necessária uma apresentação da nova estrutura ao mercado e aos futuros parceiros comerciais e financeiros. Como se vê são diversos detalhes que devem ser definidos e muito bem embasados, pois a empresa deve iniciar o processo com todo o ganho de valor possível, com as informações e estratégias atualizadas e com sua estrutura preparada para os novos e bons tempos que se espera. O movimento das médias empresas em direção à profissionalização, às boas práticas de governança, ao cuidado com as questões ambientais, à velocidade de transformação dos mercados e dos produtos, é inexorável. Ter o domínio de seu negócio e a busca incansável por resultados positivos serão fundamentais.
Foto: Agência La Imagen
vel, oeste do Estado, vem passando por um processo de transformação, desde maio do ano passado, quando recebeu a primeira visita do agente local de inovação. Desde então, a empresa vem desenvolvendo ações para melhorar a produção, a qualidade dos serviços, a interação dos funcionários, tornar a empresa mais conhecida pelos consumidores e aumentar as vendas.
Hoje, além de participar do Projeto Local de Inovação, Maria também aderiu a outros programas do SEBRAE/PR. Entre eles o de Programa SEBRAE de Gestão da Qualidade (PSGQ). Nesse período, Maria Oliveira assistiu ainda a palestras sobre planejamento estratégico e excelência no atendimento.
Foto: Claiton Biaggi
A falta de organização e a pouca participação das empresas em sindicatos, associações e federações comerciais, estão entre os fatores que contribuem para o baixo nível de inovação
Nelson Luiz Paula de Oliveira é administrador e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças – Ibef/PR. E-mail para contato: nelson@zhcconsultores.com.br
Em muitos casos, a saída será a aglutinação de forças com empresas do mesmo setor ou de atividades complementares. Aí entra o serviço de profissionais especializados, permitindo aos empresários que se dediquem ao seu negócio e percorram o caminho do sucesso e da continuidade.
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SEBRAEtec
SEBRAE/PR e BNDES fecham parceria
O SEBRAE/PR é o primeiro do Sistema SEBRAE no País a operar com o Cartão BNDES para Micro e Pequenas Empresas, que é uma linha de crédito oferecida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O sistema entrou em operação em março passado e está valendo para todo o Estado. Os empresários de micro e pequenas empresas podem utilizar o Cartão BNDES para usufruir das soluções da entidade em inovação e tecnologia, mais especificamente o antigo PADTEC – Programa de Adequação Tecnológica, que, em 2010, passou a chamar-se SEBRAEtec - Serviços em Inovação e Tecnologia. Os empresários de micro e pequenas empresas do Paraná saem ganhando, já que podem se valer das vantagens do Cartão do BNDES. O SEBRAEtec, que já tem cerca de 30 projetos inscritos, é destinado a empresas com faturamento anual inferior a R$ 2,4 milhões, dos setores do comércio, indústria, serviços e agronegócio. Por meio do SEBRAEtec, os serviços tecnológicos podem ser subsidiados pelo SEBRAE/PR em até R$ 5 mil por empresa. A subvenção deve representar, no máximo, 40% do valor dos projetos, cabendo às empresas, no mínimo, 60% de contrapartida financeira, de acordo com o tipo de serviço atendido. O SEBRAEtec facilita ainda mais o acesso à tecnologia para as micro e pequenas empresas e possibilita maiores investimentos. As empresas interessadas na contratação do serviço poderão parcelar sua contrapartida financeira em até 48 vezes, por meio do uso do Cartão BNDES. Os serviços tecnológicos oferecidos pelo SEBRAE/PR abrangem as áreas de design, metrologia, alimentos seguros, desenvolvimento de novos produtos, meio ambiente, eficiência energética, saúde e segurança no trabalho e tecnologia industrial básica.
Programa garante acesso à inovação para pequenas empresas e traz subsídios de até R$ 5 mil por empresa; interessados podem usar cartão para financiar contrapartidas Por Leandro Donatti
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As consultorias referentes às melhorias dos processos de produção e adequação aos sistemas de qualidade visando certificação e normalização são as mais buscadas pelas empresas atendidas, de acordo com levantamento feito sobre o PADTEC, com base em dados de 2009. Em seguida, as consultorias na área ambiental. As empresas interessadas no SEBRAEtec devem procurar uma das unidades de atendimento do SEBRAE/PR ou a Central de Relacionamento da entidade, por meio do 0800 570 0800. De acordo com a
necessidade descrita, o consultor encaminhará a solicitação a uma instituição tecnológica previamente credenciada, para detalhamento do projeto e orçamento.
Cartão BNDES Criado em 2003, o Cartão BNDES é uma linha de crédito rotativo e pré-aprovado, com limite de até R$ 1 milhão por banco emissor (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Banco Nossa Caixa e Banrisul), com prestações fixas, prazo de pagamento de 3 a 48 meses, além de taxa de juros bastante atrativa (0,99% ao mês, em fevereiro de 2010). Mais de 125 mil itens estão disponíveis para compra através do Cartão BNDES.
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
“Atualmente, os itens mais comercializados são máquinas e equipamentos, computadores, softwares, móveis comerciais, veículos utilitários e motocicletas para serviços de entrega”, informa Vitor Hugo J Ribeiro, gerente de Fomento do Cartão BNDES, para as regiões sul e sudeste. Até março deste ano, em todo o Brasil, foram emitidos 250 mil Cartões BNDES, somando R$ 9,5 bilhões em limite de crédito pré-aprovado para investimentos. Em 2009, foi responsável por mais de 185 mil transações, que representaram R$ 2,7 bilhões em negócios, com crescimento da ordem de 200% em relação ao ano anterior. Em junho de 2009, o Cartão BNDES passou a permitir a contratação de serviços de pesquisa, desenvolvimento e inovação, relacionados à pesquisa aplicada para o desenvolvimento de produtos e processos, contratados junto às Instituições Científicas e Tecnológicas reconhecidas.
Além do subsídio financeiro que o SEBRAE/PR injeta em cada projeto, um consultor da instituição, acompanha as fases da implantação da solução
Ao contrário de outras linhas e programas governamentais de apoio à inovação, o Cartão BNDES não exige a elaboração de projetos. Para a empresa solicitar o Cartão BNDES é muito simples, basta acessar o site www.cartaobndes.gov.br, clicar no menu “Solicite seu Cartão BNDES”, preencher a proposta de solicitação e encaminhá-la ao banco emissor, com os demais documentos necessários. Para obter mais informações sobre como solicitar o Cartão BNDES ou se tornar um fornecedor credenciado, assista ao tutorial no site www.cartaobndes.gov.br, clicando no banner do centro da tela.
Cultura da inovação A consultora do SEBRAE/PR, Ilka Midori Toyomoto Furtado, diz que dentre os fatores que dificultam o acesso das micro e pequenas empresas à tecnologia e à inova-
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vação e tecnologia nas micro e pequenas empresas.
o carvão animal para amenizar os impactos da indústria no meio ambiente.
Palavra de ordem
“O carvão animal é um removedor de cor, além de excelente para o tratamento de metais pesados, despejos industriais, e, também, pode ser utilizado como filtro no tratamento da água. No Brasil, começou a se falar em meio ambiente há pouco tempo, tanto que passamos a atender o mercado interno há apenas três anos”, diz. Segundo o empresário, mesmo com a experiência adquirida ao longo dos anos, uma das dificuldades enfrentadas foi a pouca literatura sobre as propriedades do carvão animal. Diante do fato, Francisco passou a fechar parceiras com o meio acadêmico. “Os alunos precisavam de material para seus estudos e como eu tinha pouco dinheiro para pesquisas, busquei uma alternativa. Hoje, estamos colhendo esses frutos”, diz.
Francisco Cangussú Meira, 59 anos, foi um dos 760 empresários atendidos pelo SEBRAE/PR com o PADTEC, em 2009. Francisco conheceu muito cedo a utilização do carvão animal, obtido da queima de matéria animal, como ossos. Sua família trabalhava para dois poloneses que deixaram a Europa após a Segunda Guerra Mundial. Em terras brasileiras, os poloneses se instalaram em Maringá, noroeste do Paraná.
Foto: Cristiane Shinde/Studio Alfa
Assim que chegaram, escolheram a cultura cafeeira para trabalhar. Depois investiram na pecuária e nos anos 1960 instalaram os primeiros fornos para a produção de carvão animal. Francisco cresceu acompanhando esse trabalho e se envolvendo, cada vez mais, com a atividade que ele define como “inovadora para a época”.
Francisco Cangussú Meira, empresário
ção estão os custos financeiros, desconhecimento, resistência a mudanças e descrença nos benefícios do investimento em serviços tecnológicos. “Apesar do tema inovação e tecnologia ser bastante abordado nos últimos anos, o conceito de inovação ainda assusta muitos empresários. Então, eles resistem, alegando que esse tipo de investimento é desnecessário ou inacessível para empresas de pequeno porte, porém os temas inovação e tecnologia são muito mais simples do que se imagina.” Segundo Ilka Furtado, faz-se inovação não apenas no desenvolvimento de produtos, mas na melhoria de processos, na mudança do modelo organizacional, na forma de atendimento aos clientes, na implementação de ferramentas de marketing, etc. “O investimento em tecnologia nem sempre significa aquisição de máquinas e equipamentos, mas felizmente essa cultura está
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mudando”, explica a consultora do SEBRAE/PR. Entre 2007 e 2009, mais de 760 empresários de pequenas empresas do Paraná se beneficiaram com o PADTEC, agora SEBRAEtec. Nesse período, foram apoiados 700 projetos de tecnologia, no Estado. Além do subsídio financeiro que o SEBRAE/PR injeta em cada projeto, um consultor da instituição acompanha todas as fases da implantação da solução. A entidade executora competente realiza um diagnóstico e prepara um plano de trabalho de acordo com as características da empresa solicitante. Para que o projeto seja executado, é necessária a aprovação do cliente e do SEBRAE/PR. O prazo máximo de execução de cada projeto é de seis meses. Os objetivos do SEBRAEtec são fortalecer a capacidade competitiva das micro e pequenas empresas paranaenses; estimular a transferência de tecnologia entre instituições de pesquisa e empresas; superar gargalos tecnológicos; estimular o processo de ino-
Por meio da SEBRAEtec,
A experiência que Francisco adquiriu observando e depois trabalhando no ramo foi decisiva para traçar seu rumo empresarial. Quando os dois fundadores da empresa começaram a se afastar do negócio, em consequência da idade, Francisco decidiu aproveitar o conhecimento que tinha conquistado e ele mesmo assumir um empreendimento. Em 1987, ele fundou uma pequena empresa, a Bonechar – Carvão Ativado do Brasil, produzindo farinha de osso calcinado e farinha de carne e ossos e, ainda, subprodutos de origem animal. “Só você sendo o dono para ser ousado. Investi em melhorias e inovações na minha empresa”, observa. Em 1997, a Bonechar também passou a produzir carvão ativado de origem animal. “Atendíamos pequenas refinarias de açúcar no Brasil, mas o grande mercado consumidor sempre foi os Estados Unidos e a Europa”, conta o empresário. Francisco explica que os americanos e europeus demandam
Francisco conta que, além da parceria com as universidades, também foi em busca de outros parceiros. O empresário procurou o SEBRAE/PR para informações sobre processo de certificação. Na entidade, recebeu orientações de consultores pelo antigo PADTEC. “O mercado vai criando exigências, então é um desafio constante”, ressalta Francisco.
Entre 2007 e 2009, foram apoiados no Paraná 700 projetos de tecnologia com o PADTEC, hoje SEBRAEtec
Toda a dedicação e o trabalho do empresário, que manteve um olhar atento à área organizacional da empresa e ao mercado, resultaram em um importante reconhecimento. A Bonechar conquistou Kosher Certificate, uma certificação que atesta que o carvão animal produzido pela empresa é 100% orgânico. “Hoje, para atender o mundo, nós precisamos desse selo de pureza do produto. Não se pode ter nada de químico no processo produtivo, uma prática que já era adotada na empresa, mas que não era certificada. Agora, temos esse diferencial”, explica o empresário. “Vou dormir e levanto pensando em inovação.” (Colaborou nesta reportagem a jornalista Giselle Ritzmann Loures)
Para saber mais sobre o tema, acesse : www.sebraepr.com.br e www.cartaobndes.gov.br
os serviços tecnológicos podem ser subsidiados pelo SEBRAE/PR em até R$ 5 mil por empresa
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Dinheiro de ‘plástico’ Foto: Divulgação
Portanto, o fato de as grandes credenciadoras estarem com o foco mais voltado para regiões com maior movimentação financeira dificulta a expansão dos POS. No entanto, segundo Juliana, a informalidade também é um grande empecilho para a implantação dos cartões como forma de pagamento em pequenos negócios. “As operadoras são instruídas a credenciarem apenas empreendedores formais. Nesse sentido, a nova lei do Empreendedor Individual facilitará muito a expansão dos POS”, acredita a especialista. Além dessa barreira, alguns empresários sofrem com os custos de manutenção das máquinas (aluguel e taxas).
Cartão de crédito:
exigência de mercado 70% dos cartões de crédito do Brasil estão em poder das classes C/D/E Por Andréa Bordinhão
Competitividade Apesar de ter um ticket médio de venda baixo – na casa dos R$ 15,00 –, é com a palavra competitividade que o empresário Haidar Mustapha Hamdar justifica a oferta do cartão de crédito como forma de pagamento para os seus clientes. Proprietário de duas lojas de acessórios femininos em locais populares de Curitiba, Hamdar já fez o cálculo: cerca de 20% das suas vendas são pagas com cartão de débito ou crédito. “Vale a pena aceitar, principalmente o cartão de crédito. O cliente não volta mais quando a loja não aceita. Agora estou aumentando o número de bandeiras”, conta. Hamdar lembra ainda que, mesmo muitas vezes o valor da compra sendo baixo, a clientela quer usar o cartão de crédito para parcelar. Isso é, aí está uma das grandes vantagens que o cartão de crédito trouxe à baixa renda: aumentar o prazo de pagamento sem nenhum ônus.
Renato Meirelles, especialista
“O crescimento no uso do cartão de crédito está em perfeita sintonia com o aumento do poder de compra que essas camadas tiveram nos últimos anos. Hoje, essas classes movimentam cerca de R$ 864 bilhões por ano no Brasil. Portanto, à medida que têm espaço maior na economia e no consumo, é normal que os meios de pagamento acompanhem”, constata o sócio-diretor da empresa Data Popular, especialista em estudos e pesquisas das classes
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C/D/E, Renato Meirelles. Números da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) mostram, claramente, que o uso dessa forma de pagamento está se disseminando no País, junto com o poder de compra das classes mais baixas. Entre 2005 e 2009, o número de cartões de crédito em circulação no Brasil dobrou, passando de 68 milhões para 136 milhões. Ainda de acordo com a Abecs, ao mesmo tempo em que o número de cartões de crédito está aumentando, cresce também o número de pequenas empresas que possuem as máquinas (incluindo para débito), somando, atualmente, cerca de 1,3 milhão de estabelecimentos. “É crescente, especialmente nos últimos três anos, a adoção de POS (máquinas usadas para passar o cartão) pelos empreendedores de micro e pequeno porte. Isso ocorre por que a base de pessoas usando cartão nas classes C/D/E, principais consumidores das micro e pequenas empresas, cresceu e porque as credenciadoras dos cartões de crédito estão investindo em colocar
POS nesse segmento”, explica a consultora do SEBRAE/RJ e autora do livro “Estudo sobre o mercado dos cartões de crédito no Brasil e sua relação com as micro e pequenas empresas”, Juliana Estrella. Mas, apesar de estar aumentando o número de máquinas nos micro e pequenos negócios, Juliana enfatiza que ainda há muito espaço para se preencher. Dados do Banco Central referentes a 2008 dão conta que 55% dos terminais usados para passar cartões estavam na região sudeste (33,4% em São Paulo, 11,2% no Rio de Janeiro, 8,3% em Minas Gerais e 1,8% no Espírito Santo). O restante, 18% estavam no Nordeste (sendo 5,9% na Bahia), 16% no Sul (6,3% no Paraná, 6% no Rio Grande do Sul e 3,7% em Santa Catarina), 7% no Centro-Oeste e 4% estavam no Norte. A especialista explica que “as principais praças de atuação das grandes credenciadoras na busca de empreendedores, para adotarem o cartão de crédito, estão em São Paulo e no Rio de Janeiro”. “Nos outros estados, há maior atuação de credenciadoras de cartões regionais”, explica.
Novas regras Começamos a aceitar o cartão de crédito para abrir um leque maior para os clientes. Foi uma exigência do mercado”, conta o proprietário da mercearia Tropicale, Camilo Américo. Apesar disso, o comerciante explica que ampliou o número de bandeiras de cartões aos poucos, de acordo com os pedidos dos clientes e limita um valor mínimo para passar cartão. Tudo isso por causa de um dos principais problemas que os pequenos empresários se deparam ao aceitar esta forma de pagamento: o custo com aluguel das máquinas, taxas por cada transação e o pulso telefônico.
Boa parte do mercado de cartão de crédito brasileiro está nas mãos de duas grandes bandeiras, a Cielo e a Redecard. E cada uma delas tem a sua máquina. No entanto, esse ônus, que é pesado principalmente para o empresário de pequena empresa, que normalmente tem um tíquete médio de venda baixo, pode diminuir significativamente a partir do segundo semes-
O cartão de crédito funciona como um meio de financiamento menos burocrático que o carnê
Foto: Luiz Costa/ Agência La Imagen
Segurança, praticidade, facilidade e uma forma de “esticar” o orçamento. Não é novidade que é assim que o cartão de crédito é visto, há bastante tempo, por seus usuários. A novidade está justamente nos usuários. Ao longo dos últimos cinco anos, esse tipo de cartão começou a chegar às mãos das classes C/D/E. E atualmente esse processo está se consolidando: cerca de 70% dos cartões de crédito no Brasil estão em poder das classes de renda mais baixa. E, para os empresários, esse movimento do mercado tem uma implicação importante: essas pessoas fazem a maior parte das suas compras nas micro e pequenas empresas.
Confirmando essa facilidade de crédito, Renato Meirelles aponta que entre os movimentos relacionados com o cartão de crédito está a diminuição dos descontos à vista por parte de muitos empresários para, com isso, atender melhor à demanda pelo parcelamento das compras. “O cartão funciona como um meio de financiamento muito menos burocrático que o carnê”, explica. E isso, no final das contas, torna-se bom para os dois lados, já que o empresário diminui o risco de inadimplência, uma vez que quem o assume é o emissor do cartão, e diminui o perigo de ter dinheiro ou cheque no caixa.
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
Haidar Mustapha Hamdar, empresário
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Cuidados ao implantar o pagamento por meio do cartão de crédito
Foto: Luiz Costa/ Agência La Imagen
• Negociar os custos de aluguel das máquinas e das taxas por transação (que variam de 2% a 5%); • Calcular os custos do aluguel, taxas e pulso telefônico em relação ao incremento de faturamento; • Calcular o fluxo de caixa com os recebimentos em cartão, já que o empresário recebe o pagamento feito pelo cliente 30 dias após a venda. Há taxas, caso queira receber antes; • Para quem pretende vender pela internet, é preciso ficar atento ao risco de fraudes, que é bem maior.
Camilo Américo, empresário tre deste ano. O governo federal aprovou novas regras para os cartões de crédito e, como principal mudança, está a quebra do monopólio dessas empresas. Na prática, isso significa que o empresário vai poder escolher qual máquina vai usar para passar os cartões.
“O fato de não precisar mais pagar aluguel para as várias empresas vai aumentar a competição e isso ajuda a negociação por condições melhores. É um momento para o empresário de micro e pequena empresa negociar o que não pode ser perdido”, afirma Renato Meirelles. O sócio-diretor da Data Popular diz ainda que, além de aluguéis e taxas menores, essas mudanças podem trazer novos modelos de negócio ao mercado, como máquinas comunitárias, que também podem beneficiar os pequenos negócios.
Cartão de crédito corporativo O cartão de crédito também pode trazer vantagens quando usado do lado de dentro do balcão. É o cartão de crédito empreendedor, um cartão jurídico para os gastos da empresa. Segundo Juliana Estrella, uma das principais vantagens de se usar esse instrumento para as compras e contas do empreendimento é ter, na fatura do cartão, “uma espécie de demonstrativo de gastos da empresa, facilitando o controle das contas do negócio”. Um exemplo de cartão corporativo que se enquadra no perfil dos empresários de micro e pequenas empresas, por causa de algumas facilidades que oferece, é o Cartão BNDES. Além do demonstrativo financeiro, o cartão
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de crédito empreendedor pode servir como instrumento de crédito para compra de estoque, ajuda a reduzir os custos com boletos bancários, facilita o registro das compras e o pagamento de contas com luz, água, telefone, o que permite ao empreendedor programar melhor seu fluxo de caixa e controlar melhor os gastos e custos de estoque. “Esse instrumento, associado a uma capacitação de controles financeiros, oferecida pelo SEBRAE, permite ao empreendedor fortalecer a gestão do seu negócio e planejar melhor os seus compromissos financeiros”, finaliza Juliana.
Onde surgiu A história é contada por materiais disponibilizados pelo Centro Cultural do Banco do Brasil. O cartão de crédito surgiu nos Estados Unidos na década de 1920. Estabelecimentos comerciais maiores, como postos de gasolinas, hotéis e grandes firmas começaram a oferecer essa forma de pagamento aos seus clientes mais fiéis. Um cartão mais moderno e abrangente surgiu no início da década de 1950, lançado nos Estados Unidos, pela Diners Club. Em 1958, foi a vez da American Express lançar o seu cartão de crédito nos Estados Unidos. Foi quando os bancos daquele país perceberam que estavam perdendo um nicho de mercado e resolveram introduzir seus próprios cartões de crédito. O primeiro foi lançado pelo Bank of America que, em 1977, passou a chamar-se Visa. No Brasil, o primeiro cartão também foi lançado pela Diners, em 1956. Era, na verdade, um cartão de compra. Já no final dos anos 1960, surgiu o primeiro cartão de crédito associado a um banco.
Vantagens em se adotar o cartão de crédito como opção de pagamento • Redução expressiva da inadimplência; • Aumento nas vendas, já que os consumidores estão cada vez mais optando por essa forma de pagamento; • Depósitos regulares; • Antecipação de crédito, pois quando o empreendedor precisa de recursos pode pedir a antecipação do depósito das vendas (mediante taxa); • Diminuição do risco de ter dinheiro ou cheque no caixa.
Sugestão de livros e sites, para saber mais sobre o tema: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/ bds/BDS.nsf/88203BFC8F7E21658325 735C006A8C9A/$Filen/T00036152.pdf Banco Central www.bcb.gov.br Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs) www.abecs.org.br Projetos de lei que dispõem sobre as mudanças nas regras dos cartões de créditos http://www.senado.gov.br/sf/atividade/ materia/Consulta_Parl. asp?intPag=2&strtipo=&RAD_TIP=&Tipo_ Cons=15&p_cod_senador=3622 S
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Inclusão empresarial cio de abril. “Na primeira visita, o consultor conversou sobre o nosso negócio, respondemos a um questionário e ele nos falou do que tínhamos de certo e daquilo que era errado dentro da empresa. Na segunda visita, fizemos o planejamento de ações para minimizar os erros e melhorar os resultados”, complementa.
Negócio a
negócio
Incentivo ao contador O Negócio a Negócio é também uma campanha de incentivo e reconhecimento ao desempenho de contadores do Estado que mais se destacarem na formalização de empreendedores e na inclusão e atendimentos a micro e pequenas empresas.
Programa quer realizar 240 mil atendimentos e consultorias em 80 mil micro e pequenas empresas do Paraná Por Leandro Donatti
“O SEBRAE vai até você.” Com esse mote, o SEBRAE/PR lançou em março deste ano uma campanha focada no atendimento de empresários de micro e pequenas empresas e também na sua formalização. O Negócio a Negócio, como é chamado o programa, prevê três consultorias de orientação empresarial gratuitas, mediante agendamento prévio. Basta os empresários ou empreendedores individuais solicitarem as consultorias por meio da Central de Relacionamento do SEBRAE/PR, no 0800 570 0800. “É um programa de inclusão empresarial que tem como objetivo levar informações técnicas para os empresários de micro e pequenas empresas que nunca receberam atendimento do SEBRAE/PR e empreendedores recém-formalizados que apostam no conhecimento como uma alternativa para sobreviver no mercado e tornarem-se cada vez mais competitivos”, explica o diretor de Operações do SEBRAE/PR, Julio Cezar Agostini, lembrando que o programa atuará em duas frentes, uma atendendo empresas constituídas e outra, empreendimentos individuais. “Queremos orientar e capacitar os empreendedores individuais, assim como as empresas já constituídas para torná-las mais sólidas”, reforça Agostini. Para os que se enquadram categoria do empreendedor individual, o Negócio a Negócio ajuda a analisar os benefícios previdenciários e novas oportunidades para quem trabalha por conta própria e está na informalidade. Para quem já tem uma pequena empresa em
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atividade e nunca recebeu o atendimento do SEBRAE/PR, o programa vai apoiar os empresários na busca por melhores resultados, tornando suas empresas mais competitivas. Em 2009, o SEBRAE/PR atendeu mais de 50 mil micro e pequenas empresas localizadas em todo o Estado. A meta em 2010, só com o Negócio a Negócio, é chegar a 80 mil micro e pequenas empresas e empreendedores individuais, o que representará cerca de 240 mil atendimentos/consultorias. Para isso, uma estratégia foi articulada, com foco nos atendimentos préagendados; na mobilização de uma rede de parceiros; na disseminação de informações; e no desenvolvimento e consolidação das micro e pequenas empresas. Em Cascavel, por exemplo, entidades parceiras como a Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná (Caciopar) e a Associação de Micro e Pequenas Empresas do Oeste do Paraná firmaram convênio com o SEBRAE/PR para atender os empreendedores individuais e empresários. Em Curitiba, consultores treinados promovem visitas em ruas com alta concentração de micro e pequenas empresas. Em Londrina, estudantes auxiliam no processo, assim como um acordo firmado com a Prefeitura Municipal. Em Maringá, além da visita agendada por telefone, o SEBRAE/PR também fez um mapeamento estratégico das cidades onde há escritórios de atendimento, identificando os pontos de concentração de empresas e a partir daí traçado trabalho de porta em porta.
Visitas O atendimento do Negócio a Negócio é realizado por meio de visitas e orientações empresariais realizadas por profissionais capacitados pelo SEBRAE/PR. Ao todo, são três visitas em cada empresa: a primeira para diagnóstico, a segunda para a elaboração de um plano de ação e a terceira para acompanhamento dos resultados. Os empresários também podem receber orientação em entidades parceiras por meio de material didático sobre os temas: “Como Garimpar Clientes”, “Passo a Passo do Planejamento Estratégico” e “Inovação na Prática”. São parceiros do SEBRAE/PR entidades empresariais, Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis no Estado do Paraná (Sescap-PR), Conselho Regional de Contabilidade (CRC), Junta Comercial do Paraná (Jucepar), Prefeituras.
O coordenador estadual de Empreendedorismo do SEBRAE/PR, Emerson Cechin, fala da importância do programa, destacando que, além da oportunidade de formalização, os empreendedores individuais e os empresários de pequenas empresas necessitam de orientação e de acompanhamento. “É muito importante que os contadores participem dessa iniciativa por que eles têm condições de avaliar mensalmente o desempenho de seus clientes. Tanto empreendedores individuais, quanto empresas já atendidas pelos contadores precisam ser orientados sobre os vários aspectos do negócio, e, em muitos casos, isso não acontece. A campanha vem justamente estimular que os contadores façam o acompanhamento das micro e pequenas empresas e estimulem a melhoria contínua da performance delas”, analisa Emerson Cechin. Quanto mais cadastros os contadores realizarem, maiores serão as possibilidades de eles serem contemplados com os prêmios como notebooks, impressoras, mo-
nitores, cursos sobre temas diversos promovidos pelos parceiros do Programa e viagens internacionais. Para participar, o contador interessado deverá cadastrar os atendimentos realizados no hotsite www.sebraepr.com.br/ negocios. Mais informações podem ser obtidas por meio do 0800 570 0800 Serão premiados os empresários contábeis que alcançarem os melhores resultados durante o período da campanha que vai de fevereiro a novembro de 2010.
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
Empreendedor Individual O Empreendedor Individual é uma figura jurídica com foco na formalização de empresários que trabalham por conta própria, a exemplo de manicures, pintores, costureiras, carpinteiros, cabeleireiros, artesãos, entre outras profissões. Enquadram-se na categoria, empresários que trabalham sozinhos ou com até um funcionário e possuam renda bruta anual de até R$ 36 mil. Com a legalização de Empreendedor Individual, o empresário passa a contar com todos os benefícios previdenciários, como aposentadoria, auxílio-doença e auxíliomaternidade; direitos empresariais, como emissão de nota fiscal e acesso a linhas de crédito; além de ganhar poder de negociação como pessoa jurídica. Tudo isso, com pagamento de impostos reduzidos para 11% do salário mínimo (R$ 56,10), de INSS; R$ 5,00 de ISS e R$ 1,00 de ICMS.
Ao todo, são três visitas à empresa: a primeira para diagnóstico; a segunda, para a elaboração de um plano de ação; e a terceira, para acompanhamento dos resultados
Com a parceria do segmento contabilista, os empreendedores individuais têm garantido, de forma gratuita, a abertura de sua empresa e a primeira declaração do Imposto de Renda. (Colaborou nesta reportagem a jornalista Juliana Dotto)
Ubiratan Portes é dono de automecânica em Cascavel. Associado à AMIC, o empresário foi um dos primeiros casos atendidos no Negócio a Negócio no município. A filha, Carla Andréia Portes, ajuda a administrar a microempresa que possui mais dois funcionários. “Pensávamos em participar de cursos do SEBRAE/PR, mas nunca sobrava tempo para ir até lá. Quando ficamos sabendo do Negócio a Negócio, percebi que era a nossa chance. Marcamos a consultoria por meio da AMIC e já estamos dando início aos processos de melhoria na empresa”, comenta Carla Portes. A automecânica recebeu a segunda no iní-
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SEBRAE/PR Pontos de atendimento
Missão italiana
O SEBRAE/PR e parceiros inauguraram nos meses de fevereiro, março e abril deste ano seis novos Pontos de Atendimento ao Empreendedor, em Astorga, Ortigueira, Palotina, Rolândia, São José dos Pinhais e Ubiratã, totalizando 50 em todo o Estado. As estruturas disponibilizam para as cidades-sede e municípios do entorno soluções do SEBRAE/PR, como orientações para a abertura de empresas, gestão de negócios, consultorias, palestras, capacitações, oficinas e programas de incentivo individuais ou coletivos. Os Pontos de Atendimento fazem parte de uma estratégia do SEBRAE/PR para incentivar a cultura empreendedora, o surgimento de novos negócios e o fortalecimento de micro e pequenas empresas, em municípios onde não há uma estrutura física da entidade. Os municípios que passam a ser sedes dos novos pontos participaram de edital público lançado pelo SEBRAE/PR.
De 1º a 5 de março, o SEBRAE/PR recebeu uma missão italiana em Curitiba. Os técnicos do Sistema Cooperfidi/Confidi e do SEBRAE/PR discutiram o tema Sociedades de Garantia de Crédito. A Cooperfidi e a Confidi são modelos em cooperativismo e consórcio de garantia na Europa. A vinda da comitiva italiana, integrada por Massimo Mota, presidente AGCI; Lucio Nardi, do Departamento Econômico Financeiro da Legacoop; e Paulo Camanzi, consultor financeiro, ao Paraná é fruto da participação do SEBRAE/PR na missão internacional à Itália, Portugal e Espanha, no final do ano passado. Os italianos conheceram o trabalho realizado pelo SEBRAE Nacional e
SEBRAE/PR e parceiros nas regiões noroeste, oeste e sudoeste do Estado, onde estão sendo constituídas Sociedades de Garantia de Crédito, de apoio às micro e pequenas empresas que hoje têm dificuldades de acesso às instituições financeiras. Os italianos ficaram impressionados com os trabalhos e a fase em que se encontram as propostas no Paraná.
Entrevista Mercado Capacitação Associativismo Comportamento Feiras e Eventos Tendência Serviço Giro pelo Paraná
Pappe Subvenção As micro e pequenas empresas do Paraná que apostam na inovação como um diferencial de mercado participam, desde fevereiro, da Chamada Pública do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe). A Chamada Pública, que vai disponibilizar R$ 11,4 milhões para projetos de inovação, foi lançada em dezembro de 2009 por um consórcio formado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia; SEBRAE/PR; Fiep e Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). Ao todo, 317 projetos de inovação foram inscritos por empresas paranaenses. Especialistas em inovação, selecionados pelo Comitê Gestor do Pappe Subvenção Paraná, têm até 21 de maio para analisar as propostas. O resultado final das empresas contempladas sai até 1º de julho, depois de analisados eventuais recursos. O Pappe Subvenção é uma oportunidade para as empresas que precisam estar cada vez mais competitivas e o objetivo da Chamada Pública é selecionar boas propostas e subsidiá-las, fomentando a pesquisa e o desenvolvimento de produtos, serviços e processos inovadores para o País.
Portal do Empreendedor
Foto: Claiton Biaggi
O Portal do Empreendedor passou por ajustes e está mais fácil, desde março, de ser acessado pelos informais do Paraná que queiram se formalizar. A simplificação do processo, para os futuros empreendedores individuais, foi uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e pode ser sentida a partir do clique no botão “Formalize-se Agora”, momento em que o interessado é levado para o sistema de registro. Os interessados em se formalizar não precisam mais assinar nem entregar qualquer documento em papel na Junta Comercial. Também caiu de 41 para apenas um o número de telas a serem abertas pelos informais interessados. As informações requeridas foram reduzidas de 41 para apenas 15, sendo que o empreendedor só precisa preencher sete delas. As demais são preenchidas automaticamente, logo após ele digitar o número do CPF e endereço. No Paraná, até o final de março, 13.646 empreendedores individuais já haviam concluído o processo de inscrição. O Portal do Empreendedor abriu inscrições no Estado no dia 4 de setembro de 2009, dois meses após a entrada em vigor da lei que instituiu o empreendedor individual.
Diálogo produtivo Cerca de 250 autoridades internacionais e representantes de entidades, instituições e organizações de apoio às micro e pequenas empresas no Mercado Comum do Sul (Mercosul) participaram, em março, em Foz do Iguaçu, do Seminário de Cooperação e Diálogo Produtivo Transfronteiriço na América Latina. O Seminário, uma realização do SEBRAE Nacional e do SEBRAE/PR, por meio do Centro de Desenvolvimento de Tecnologias para Integração Transfronteiriça de Micro e Pequenas Empresas do Mercosul e América Latina (SEBRAE CDT-AL), foi um sucesso. Catorze instituições argentinas e paraguaias, parceiras do SEBRAE/PR, expuseram serviços e projetos institucionais. Representantes do SEBRAE Nacional, SEBRAE/PR e do Centro de Estudos de Política Internacional (CeSPI), associação independente que realiza estudos e pesquisas em coo-
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peração internacional e desenvolvimento territorial, com sede em Roma, na Itália, firmaram um protocolo de intenções, com o objetivo de formalizar parcerias num futuro bem próximo. Na pauta do Seminário, foram discutidas experiências de integração e cooperação internacional que mostram como o Sistema SEBRAE está preocupado em desenvolver iniciativas que gerem empregos, renda e sobretudo negócios, nas regiões de fronteira. O presidente do SEBRAE Nacional, Paulo Okamotto, e os diretores técnico, Carlos Alberto dos Santos, e de Administração e Finanças, José Claudio dos Santos, estiveram presentes na abertura. Paralelamente ao Seminário, realizou-se reunião técnica da ABASE, a Associação Brasileiras dos SEBRAE Estaduais. Cerca de 50 superintendentes e diretores de 26 estados brasileiros participaram das discussões.
MBA do Varejo Os alunos do MBA em Gestão do Varejo, promovido pelo SEBRAE/PR e pelo Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (ISAE/FGV), vão participar, no final de agosto, do Módulo Ciclo de Visitação de Operações no Varejo. O objetivo será mostrar, em três dias, conceitos e métodos avançados relacionados com o varejo a partir de palestras e visitas em médios e grandes varejos, fabricantes de produtos de consumo de massa, distribuidores e fabricantes de equipamentos. O MBA em Gestão do Varejo foi formatado para empresários e gerentes de pequenas e médias empresas varejistas do Paraná, com o objetivo de contribuir na formação e capacitação do setor. O programa, que atende 42 alunos, tem duração de 18 meses e as aulas são ministradas mensalmente na sede do SEBRAE/PR, em Curitiba, sempre às quintas-feiras, das 18 às 23 horas; às sextas-feiras, das 13 às 17 horas e das 18 às 23 horas; e aos sábados, das 8 às 16 horas. Essa primeira turma, que começou o MBA em março de 2009, finaliza o curso em outubro com a apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
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Recorde O Paraná foi o estado brasileiro que registrou o maior número de inscrições do Desafio SEBRAE 2010. Ao todo, 21.196 universitários paranaenses manifestaram interesse em participar do jogo que simula, virtualmente, o dia a dia de uma empresa.
Café certificado
O Estado ficou na frente, em números absolutos, de outros estados com populações universitárias maiores, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. São Paulo registrou 17.790 inscrições; Minas Gerais, 12.247; Rio Grande do Sul, 11.187; Pará, 9.510; Bahia, 7.861 e Mato Grosso, 7.035. Em todo o Brasil, foram 158.484 inscrições. Comparando-se com a edição de 2009, o SEBRAE/PR registrou 1.181 inscrições a mais. No ano passado, 20.015 universitários paranaenses formaram cerca de 4 mil equipes. Neste ano, disputarão o Desafio SEBRAE, novamente, mais de 4 mil equipes, formadas por estudantes de faculdades e universidades de todo o Estado. Desde fevereiro, quando o Desafio SEBRAE foi lançado oficialmente com cafés da manhã para professores e representantes de instituições de ensino superior, o Estado vinha registrando um número estável de inscrições. Porém, o número disparou nos últimos dias, na medida em que a estratégia do SEBRAE/PR, para divulgar e apresentar o jogo no Paraná, começou a surtir resultados.
Depois de conquistar, em 2009, o código de conduta 4C - Código Comum para a Comunidade Cafeeira, um grupo de 20 cafeicultores paranaenses, associados da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), se articula para obter a UTZ Certified, um dos principais programas de certificação do café no mercado internacional. A certificação foi instituída em 1997 por produtores de café da Guatemala e a torrefadora europeia Ahold Coffee Company. O SEBRAE/PR auxilia os cafeicultores interessados em obter a certificação, que tem como objetivo atestar a qualidade do café produzido, melhorar os processos produtivos e agregar mais valor à produção. Paralelamente às etapas necessárias para a obtenção da UTZ Certified, o SEBRAE/PR vai promover um programa para capacitar cafeicultores do norte pioneiro em gestão de propriedades e disponibilizar consultores especializados para ajudá-los a implantar o conhecimentos aprendido em suas propriedades. Os produtores serão certificados por um auditor independente que confere se a propriedade está de acordo com o Código de Conduta da UTZ. A inspeção é feita anualmente. Uma vez certificados, os produtores passam a contar com orientações sobre formas de gerenciamento das fazendas, redução de custos de produção e acesso ao crédito.
Novas cores A Riachuelo, uma das ruas mais antigas da Capital e conhecida pelo forte comércio de móveis e roupas, está ganhando novas cores. O SEBRAE/PR, o Sistema Fecomércio e a Prefeitura de Curitiba fecharam uma parceria com a Tintas Coral. O acordo foi selado em março, na própria Riachuelo, e é mais uma ação do “Projeto Nova Rua Riachuelo - A Rua do Reciclar, do Reinventar e do Reencatar”. A Tintas Coral vai disponibilizar as tintas e o material para pintura das fachadas dos imóveis e das lojas. Já os empresários e proprietários de casas e prédios interessados em participar da ação terão de arcar com os custos da mão-de-obra. A campanha se chama “Tudo de cor para Curitiba” e segue o mesmo padrão de parcerias semelhantes fechadas pela Tintas Coral em São Paulo, Rio, no Pelourinho e em Olinda. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) fez um estudo das cores dos imóveis da Riachuelo, levantamento que já foi apresentado, aos proprietários interessados em aproveitar a revitalização da rua. As cores sugeridas para cada imóvel não são obrigatórias. Apenas 11 imóveis, Unidades de Interesse de Preservação, deverão necessariamente atender as orientações do estudo.
Visita técnica Telêmaco Borba foi a primeira cidade dos Campos Gerais a receber em 2010 o Projeto Visita Técnica com Rodada de Negócios, do SEBRAE/PR. O evento, que aconteceu no fim de março, teve como objetivo a integração entre iniciativa privada e órgãos públicos da região, para estimular, desenvolver e divulgar os produtos turísticos da região. A avaliação técnica analisou equipamentos e serviços que atendem a demanda turística do município. A programação começou com a visita dos principais atrativos turísticos e, também, com um jantar de confraternização entre os participantes vindos de toda a região. Já no segundo dia, aconteceu a Rodada de Negócios, realizada com o intuito de promover as empresas locais. Os empresários do município tiveram a oportunidade de apresentar e oferecer seus produtos e serviços a agentes e operadores de turismo, técnicos dos municípios do setor público e da iniciativa privada. Fechando a programação, foi realizado o workshop “Qualidade em Serviços Turísticos”, com Sandra Linsingen, especialista em Marketing e RH.
Turismo em Capanema
Moda Oeste O Projeto Moda Oeste, lançado em Cascavel no final de março, é uma oportunidade de desenvolvimento para as indústrias do vestuário instaladas na região. Representantes do SEBRAE/PR, FIEP, Senai, do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Oeste do Paraná (Sindiwest), do Núcleo de Confecções de Toledo, do Arranjo Produtivo Local (APL) Moda Bebê de Terra Roxa e da Universidade Paranaense (Unipar) assinaram termo de cooperação. O Moda Oeste faz parte de uma estratégia do SEBRAE/PR, para mudar conceitos no setor têxtil do Paraná. O Estado já se destaca na qualidade e produtividade da indústria. O objetivo agora é que seja reconhecido, também, como produtor de moda e estilo. As ações desenvolvidas terão duração média de 50 horas em capacitações empresariais, mais 20 horas de consultorias especializadas nas empresas participantes. A primeira fase será de Gestão de Processos para a Moda e as demais, segunda e terceira, versarão sobre Gestão e Design para a Moda. Estão previstas ainda a formação de uma Central de Negócios, palestras, capacitações, telessalas, consultorias, caravanas e missões.
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Capanema, no sudoeste do Paraná, fronteira com a Argentina, começa a explorar seu potencial turístico de forma planejada. Em março, depois de um ano de trabalho, o SEBRAE/PR, Prefeitura Municipal, Parque Nacional do Iguaçu, Associação
de Turismo Doce Iguassu e parceiros concluíram o estudo técnico do Programa de Desenvolvimento do Turismo, o qual será a referência para o município desenvolver seu potencial e atrair visitantes numa viagem ao encontro da natureza, sabores, cores e valores do campo e cultura da fronteira. De produtos agroindustriais a balneários, cujo o privilégio é ter de fundo um patrimônio natural da humanidade como é o caso do Parque Nacional do Iguaçu, o estudo mostrou oportunidades e definiu estratégias para tornar o turismo uma realidade no desenvolvimento de Capanema. Artesanato, áreas de camping, rafting, ecoturismo, mirante e produtos agroindustriais formam um roteiro de atrativos turísticos nas margens do Rio Iguaçu. O trabalho envolveu 480 horas de consultoria, diagnóstico, encontros e atendimento a 20 empreendimentos do setor. Capanema tem uma localização privilegiada junto ao Parque Nacional, com o qual possui quase 60 quilômetros de limites pelas curvas do Rio Iguaçu. O Parque, o segundo a ser criado no Brasil, em 1939, na fronteira com Argentina, é um dos principais santuários da Mata Atlântica no sul do País.
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Artigo
Discernimento
e decisão Allan Marcelo de Campos Costa
Sempre tendo a acreditar que, por trás de questões complexas, é possível encontrar respostas simples (mas não simplistas). O fenômeno da liderança tem sido alvo de recorrentes estudos e intensos debates na academia e no mundo empresarial. Hoje sabemos que líderes não necessariamente nascem prontos, mas podem se desenvolver ao longo da vida. Sabemos que, muitas vezes, líderes são dotados de carisma acima da média, mas que esse mesmo carisma pode ser substituído por aspectos como caráter, exemplos positivos, atitudes pró-ativas e coerência, entre tantas outras virtudes comumente associadas a líderes de sucesso. Mas no fim do dia, o que efetivamente diferencia os líderes está relacionado à forma como eles fazem as escolhas que devem ser feitas e à forma como essas escolhas se refletem na vida real. Por isso, em última análise, me arrisco a afirmar que a essência da liderança está diretamente relacionada a duas coisas: discernimento e capacidade de decidir. Não há como ser um líder efetivo no mundo em que vivemos sem discernimento. É impossível para qualquer ser humano conseguir tratar de todas as questões que nos são apresentadas todos os dias, ao mesmo tempo. E, é
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evidente, quanto mais relevante a posição de um profissional numa organização, maior é a quantidade de assuntos trazidos diariamente à sua apreciação. Tentar lidar com tudo, ao mesmo tempo, só pode gerar estresse, dispersão e decisões de baixa qualidade.
Foto: Mauro Frasson/Arquivo SEBRAE/
Muito se fala sobre o determinante papel dos líderes na sociedade em que vivemos. Líderes empresariais, comunitários, políticos, religiosos, não importa. O fato é que a cultura do mundo ocidental aprendeu a reconhecer e, muitas vezes, a idolatrar a figura do líder. Mas afinal de contas, do que são feitos tais líderes? O que diferencia pessoas “normais” dos chamados “líderes”?
Por isso, o discernimento torna-se uma característica absolutamente imprescindível. É papel indelegável do líder saber discernir entre o que é importante e o que é periférico e pode, portanto, ser delegado. Quais os assuntos realmente relevantes? O que é prioritário? Onde vale a pena investir tempo e energia? Onde é possível fazer, de fato, a diferença? São esses os temas que devem constituir a agenda do líder. E então, finalmente, chegamos ao processo decisório. Não raro, ouço pessoas manifestando sua dificuldade para tomar decisões. Esse é um sentimento que deve ser encarado e trabalhado a fim de que se possa superá-lo. Muito pior do que tomar decisões equivocadas (e ter a chance de corrigi-las, quando necessário) é não decidir. Isso leva à chamada “paralisia por análise” e pode colocar a empresa e seus colaboradores num estado de letargia muito perigoso. Pense nisso na próxima vez que sua mesa for abarrotada pela enxurrada de problemas e decisões a tomar. Seja seletivo e invista seu tempo naquilo que realmente vale a pena. E, a partir daí, exercite sua liderança com decisões rápidas e firmes. Converse, ouça, informe-se, mas, sobretudo, decida! Tenho certeza que esse exemplo de liderança efetiva repercutirá entre seus colaboradores e fará diferença nos resultados da sua empresa.
Allan Marcelo de Campos Costa é diretor-superintendente do SEBRAE/PR. Mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e Mestre pela Universidade de Lancaster, Inglaterra, tem MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC Business School, é pós-graduado em Desenvolvimento Gerencial pela FAE/CDE e cursou o Programa de Desenvolvimento de Dirigentes Empresariais do INSEAD, França. Co-autor do livro “Electronic Business in Developing Countries”, possui artigos publicados no Brasil e no exterior, em países como Chile, África do Sul, Reino Unido, Holanda, Hungria e Eslovênia.
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