Conselho Deliberativo
Conselho Fiscal
O Conselho Deliberativo do Sebrae/PR é formado por representantes de segmentos do setor produtivo, de instituições de ensino, tecnologia e crédito e poder público. Funciona como uma assembleia geral e soberana, que representa a tomada de decisões de forma democrática e compartilhada. Ao todo, são 13 entidades que têm assento no Conselho Deliberativo do Sebrae/PR.
João Luiz Rodrigues Biscaia – Faep
EDITORIAL
Presidente do Conselho Fiscal
Dalton Celeste Rasêra – Faep suplente
Alberto Franco Samways – Fecomércio titular
Edson Luiz Campagnolo
Edson Luiz Guariza – Fecomércio
Presidente do Conselho Deliberativo
suplente
Gerson José Lauermann – Ocepar titular
Caixa Econômica Federal Renato Scalabrin - titular José Amilcar de Lucca Junior - suplente
Centro de Integração de Tecnologia do Paraná (Citpar) Luiz Carlos Baeta Vieira - titular Rubens Maluf Dabul - suplente
Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Ágide Meneguette - titular Carlos Augusto C. Albuquerque – suplente
Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap) Rainer Zielasko - titular Guido Bresolin Junior - suplente
Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Fampepar) Ercílio Santinoni - titular Jonas Bertão - suplente
Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) Edson Campagnolo - titular Evaldo Kosters - suplente
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio)
João Gogola Neto – Ocepar suplente
Darci Piana - titular Ari Faria Bittencourt - suplente
Fomento Paraná Juraci Barbosa Sobrinho - titular Heraldo Alves das Neves - suplente
Sebrae Nacional
Diretoria Executiva
Elizabeth Soares de Holanda - titular Joana Bona Pereira - suplente
Vitor Roberto Tioqueta
Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral
Julio Cezar Agostini
Cyllêneo Pessoa Pereira Junior - titular Mário José Dória da Fonseca - suplente
Diretor-superintendente
Diretor de Operações
José Gava Neto
Diretor de Administração e Finanças
Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) José Roberto Ricken - titular Nelson Costa - suplente
Universidade Federal do Paraná (UFPR) Zaki Akel Sobrinho - titular Elenice Mara Matos Novak - suplente
Parceiro dos pequenos negócios
Expediente Coordenação Fabíola Negrão Gerente de Marketing e Comunicação Edição/Jornalista Responsável Adriano Oltramari Registro Profissional – 3434/13/37-PR Fabíola Ono Dambrós Consultora especialista em Marketing Textos: Adriano Oltramari, Aldy Coelho, Bruna Komarchesqui, Camila Cabau, Giovana Chiquim, Juliana Dotto, Antonio Menegatti Neto e Patrícia Biazetto. Impressão: Speedgraf Gráfica e Editora Ltda. Design Gráfico e Diagramação: Ingrupo//chp Propaganda
Edson Campagnolo Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR
O cenário econômico e institucional do Brasil testa o setor produtivo de forma ainda mais desafiadora no período de crise. Mas, a história mostra que o empreendedorismo é um alicerce para a Nação encontrar forças e o caminho na retomada de crescimento. Neste momento de incertezas e até descrédito, o Sebrae/PR se coloca ao lado dos empreendedores para buscar soluções no período de estagnação. Nossas portas, canais de atendimentos, ambientes virtuais, estão abertos para para apoiar micro e pequenas empresa, especialmente, quando é necessário refletir e ter atitude empreendedora para encontrar soluções mais assertivas diante dos problemas que se apresentam. Quem já está no mercado ou pretende realizar o sonho do próprio negócio, mas está com um receio natural devido ao cenário, pode contar com o Sebrae para desenvolver suas ideias ou fortalecer e melhorar um negócio. As soluções Sebrae e o apoio técnico da nossa equipe, tem ajudado muitos empreendedores que viram uma oportunidade na crise, ou mesmo entenderam as circunstâncias como um momento de planejar mais, inovar, apostar na boa gestão como ferramenta de qualidade e produtividade, compreender melhor o cliente, repensar negócios e analisar novos mercados. Conte sempre com o Sebrae, parceiro dos pequenos negócios. Juntos podemos trabalhar para superar mais essa crise e retomar o crescimento, que passa, necessariamente, pela força empreendedora de todos nós.
Conteúdo para o empreendedorismo
Foto: Arnaldo Neto
Neirim Goulart Duarte - titular Pablo Marcelo Favoretto - suplente
Foto: Gelson Bampi/Fiep
Banco do Brasil
José Gava Neto Vitor Roberto Tioqueta Julio Cezar Agostini Diretoria Executiva do Sebrae/PR
No dia a dia dos negócios, seja em momentos de crise ou de crescimento, quem faz a diferença é o empreendedor. O Sebrae, além de estar presente nas regionais, escritórios, pontos de atendimento, salas do empreendedor e também no ambiente virtual, apresenta mais uma edição da Revista Soluções. Uma publicação já consolidada, que traz exemplos de boas práticas de gestão, iniciativas empreendedoras, ações de cooperação, modelos de inovação e ainda divulga as soluções do Sebrae para micro e pequenos empresários do Paraná e Brasil. Para divulgar ainda mais as inciativas empreendedoras dos paranaenses, a Revista Soluções sai do material impresso e leva seu conteúdo para o ambiente virtual, através de aplicativo próprio, facilitando sua inserção e acesso para mais pessoas. Esta edição, número 25, será a última impressa. A partir da próxima, a Soluções passará a ser totalmente digital, com mais conteúdo e interação. A forma de publicação muda para chegar a mais pessoas e disseminar ainda mais o conteúdo e a cultura empreendedora. O Sebrae aposta na força das micro e pequenas empresas para suplantar os desafios do período de crise e temos a convicção de que o empreendedorismo coopera para a construção de um Brasil melhor. Nesta edição, a revista traz inúmeras iniciativas de empreendedores que inovaram, investiram na gestão e buscaram o nosso apoio e de parceiros para superar problemas e crescer. Tendências de mercado e oportunidades, são outros temas pertinentes, que podem inspirar micro e pequenos empresários. Boa leitura.
ÍNDICE
entrevista
qualidade
capa
De olho no futuro: uma “caçada” em busca de tendências
13
Qualidade se põe na mesa... e na vitrine!
20
Inovação
e inovação a favor 32 Tecnologia dos pequenos negócios Artigo
Capacitação
mini ao super 34 Do projeto auxilia pequenos do O ponto de encontro para os empreendedores na web
10
Edson Campagnolo O voto responsável como instrumento de democracia
setor mercadista
58
Empreender
vai receber 40 Londrina segundo crowdworking
do Telefónica Open Future no Brasil
Desenvolvimento
e Fomento 46 Sebrae/PR Paraná reúnem agentes de
Indicação geográfica
serviço
Goiabas com “pedigree” em Carlópolis e Ribeirão Claro
26
desenvolvimento e de crédito em encontro estadual Economia
apoio para quem 50 Um quer fazer diferente Crédito
possibilitam 52 Garantidoras inclusão de micro e pequenas empresas no sistema financeiro
Entidades preparam a operação do Escritório de Compras Públicas no sudoeste do Estado
06
SOLUÇÕES | SEBRAE/PR
Compras Públicas serviço
Entidades preparam a operação do Escritório de Compras Públicas no sudoeste do Estado Foto: Deonir Spigosso
Com o projeto piloto em desenvolvimento, Sebrae/PR e parceiros pretendem ampliar acesso dos fornecedores locais às licitações de prefeituras e outros órgãos públicos
PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO DO SEBRAE/PR,
Por Antônio Menegatti
EDSON CAMPAGNOLO, ASSINA O CONVÊNIO PARA INSTALAÇÃO DO ECP
A
proximadamente 1 bilhão de reais são movimentados nas compras realizadas por prefeituras e outros órgãos governamentais e do Sistema S na região sudoeste do Paraná. O volume, por si só, já é extremamente significativo, mas assusta quando examinado mais de perto: apenas R$ 400 milhões ficam no mercado sudoestino. Para mudar a situação, e puxar a balança para o lado dos comerciantes do Sudoeste, surgiu o Escritório de Compras Públicas (ECP). Projeto-piloto desenvolvido pelo Sebrae/PR, em parceria com a Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop), a Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Sudoeste do Paraná (Cacispar) e a Agência de Desenvolvimento Regional do Sudo6
este do Paraná, o ECP é uma iniciativa inédita no Brasil para monitorar processos licitatórios e divulgar oportunidades para as pequenas empresas. Oficializado em solenidade realizada no dia 17 de maio, na regional Sudoeste do Sebrae/PR, em Pato Branco, o Escritório de Compras Públicas fica na sede da Amsop, em Francisco Beltrão. Foi uma alternativa para reduzir custos e aproveitar a força da entidade. O consultor e gestor de Políticas Públicas da regional Sudoeste do Sebrae/PR, Gerson Miotto, explica que o escritório funcionará de forma mista, prestando serviço público, por meio de parceria entre órgãos da administração pública, direta ou indireta, e a iniciativa privada. “O objetivo é captar e divulgar de forma personalizada os processos de compras públicas e
O ECP é uma iniciativa para monitorar processos licitatórios e divulgar oportunidades para as pequenas empresas
7
Em construção
Escritório de Compras Públicas funcionará na sede
da Amsop, em Francisco Beltrão
governamentais na região Sudoeste, bem como orientar microempresas e empresas de pequeno porte, aumentando a participação delas nas compras governamentais”, explica Miotto. Na prática, o ECP fará a ponte entre as Administrações Públicas e os microempreendedores individuais (MEIs) e empresários de micro e pequenas empresas (MPEs) e de empresas de
pequeno porte (EPPs). As informações estarão concentradas em um portal na internet (www.comprasudoeste.com.br) e as empresas cadastradas receberão os editais, conforme área de atuação. Por outro lado, os setores de licitação das prefeituras e de outros órgãos públicos terão acesso à listagem com as empresas que podem ser potenciais fornecedoras.
O consultor Gerson Miotto explica que o processo envolve a assinatura de termo de adesão por parte das prefeituras da região. “O termo estabelece o comprometimento das Administrações com o processo. Após a assinatura, as equipes recebem treinamento sobre o escritório e suas funcionalidades”, ressalta. Dois treinamentos foram realizados com servidores municipais. No dia 28 de junho, na sede da Amsop, em Francisco Beltrão, com 48 participantes de Barracão, Capanema, Cruzeiro do Iguaçu, Enéas Marques, Francisco Beltrão, Flor da Serra do Sul, Manfrinópolis, Marmeleiro, Planalto, Pran-
chita, Renascença, Salgado Filho, Santo Antonio do Sudoeste, São João, São Jorge D’Oeste e Vitorino. Em Pato Branco, o treinamento aconteceu no dia 5 de julho, na regional Sudoeste do Sebrae/PR, e contou com 40 inscritos, dos municípios de Ampére, Boa Esperança do Iguaçu, Bom Sucesso do Sul, Chopinziho, Clevelândia, Coronel Vivida, Honório Serpa, Itapejara D’Oeste, Mariópolis, Nova Prata do Iguaçu, Pato Branco, Salto do Lontra, Santa Izabel do Oeste e Saudade do Iguaçu. Fernando Steimbach, diretor do departamento de Compras, Licitações e Contratos da prefeitura de Francisco Beltrão, é um incentivador do projeto. “Será muito proveitoso para a região e também para as prefeituras, pois poderá ser um meio para facilitar a comparação de preços e a qualidade de produtos. Pode, inclusive, gerar um histórico relacionado à execução dos contratos, com informações da atuação de determinada empresa na região”, analisa Steimbach. Porém, o diretor do departamento de Compras e Licitações da prefeitura de Francisco Beltrão faz um alerta. O Escritório de Compras Públicas é um canal de comunicação, não vai eximir as empresas de cumprir suas responsabilidades. “O maior problema que as empresas (MEIs, microempresas e empresas de pequeno porte) enfrentam não está no acesso aos editais e, sim, em aspectos como regularização fiscal, técnica e contábil. O que falta para as pequenas empresas é uma melhor compreensão do processo licitatório em si”, ressalta.
Foto: Deonir Spigosso
Informações para competir
Representantes das entidades parceiras do ECP,
na assinatura do convênio, no Sebrae/PR, em Pato Branco
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O presidente da Amsop, e prefeito de Marmeleiro, Luiz Fernando Bandeira, observa que a implantação segue em bom ritmo e que o escritório será, em breve, uma realidade na região. “Com todos fazendo sua parte, o processo
Foto: Deonir Spigosso
Foto: Deonir Spigosso
A implantação do ECP segue como toda a construção de projeto ambicioso, por etapas. A equipe da Amsop recebeu treinamento no mês de junho e o banco de dados está sendo formado. No momento, mais de mil empresas estão incluídas.
Capacitação de agentes públicos
para operacionalização do ECP, ocorrida em julho
de licitação fica facilitado, e os recursos permanecerão no Sudoeste”, projeta. Para Bandeira, os treinamentos com as equipes e o estímulo aos empreendedores possibilitarão a participação dos empresários nas compras públicas. “As licitações exigem preenchimento de propostas, apresentação de documentos, entre outros requisitos. O Sebrae/ PR está colaborando muito com as consultorias e treinamentos”, assinala. O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, Edson Campagnolo acredita que o projeto pode ser uma alternativa para as MPEs aumentarem a participação no mercado. “O Sebrae/ PR está sempre buscando melhorias no ambiente de negócios. O Escritório de Compras Públicas é um projeto-piloto e que poderá ser ampliado também para outras regiões do Paraná. Sabemos que o setor de compras governamentais é mal falado, mas nos comprometemos a melhorar o sistema, buscando a maior transparência possível”, avalia Campagnolo.
Divulgação com os empresários A Cacispar, que reúne 39 associações comerciais e empresariais (ACEs) da
região Sudoeste, tem o importante papel de divulgar o Escritório de Compras Públicas para o empresariado. Com as ACEs, a divulgação torna-se mais abrangente e efetiva. “Nosso trabalho agora é acompanhar o processo e colaborar para que todas as ACEs cadastrem as empresas dos seus municípios. Outra possibilidade é que as próprias associações façam os cadastramentos, para facilitar o processo e colaborar com empresas. A partir do momento que as empresas começarem a receber os editais, verão os benefícios do escritório”, prevê Jair Divino dos Santos, presidente da Cacispar.
A legislação a favor A Lei Complementar nº 147, de 2014, estabelece uma série de benefícios e condições específicas para empresários de micro e pequenas empresas (MPEs). A legislação oferece uma oportunidade para aumentar o faturamento, negociando com instituições públicas. Mas, muitas dessas possibilidades de negócios não acontecem, seja por desconhecimento dos empresários ou por não acreditarem que possam participar das licitações. 9
SOLUÇÕES | SEBRAE/PR
atização capa Desburocr
Conhecimento compartilhado
O ponto de encontro para os empreendedores na web Sebrae/PR inova no atendimento digital com o Clube do Empreendedor, espaço colaborativo e personalizado para troca de experiências entre empreendedores e especialistas, com conteúdo 100% inédito e gratuito Por Bruna Komarchesqui
C
onteúdos atraem mais do que cheiro de comida.” A premissa, que pode resumir o marketing atual, apoiado mais em conteúdo relevante do que no produto em si, serviu de inspiração para o Sebrae/PR criar um espaço inovador de atendimento digital: o Clube do Empreendedor Sebrae. Com 100% do conteúdo inédito e gratuito, o portal tem como proposta ser o melhor ambiente web com temas relacionados ao empreendedorismo e às boas práticas de gestão do Estado. A proposta é simples: promover a interação e o compartilhamento de experiências entre empreendedores de micro e pequenos negócios e especialistas. Lançado oficialmente em abril deste ano, o Clube do Empreendedor Sebrae já foi acessado por 9 mil usuários e contabiliza 17 mil visualizações em posts. O gerente da Unidade de Gestão e Inovação de Produtos da entidade, Rainer Junges,
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José Gava Neto, “Clube do Empreendedor Sebrae traz linguagem atual e estimula o compartilhamento de conteúdo”
recorda que o ambiente funciona de maneira análoga ao aplicativo musical Spotify. Nele, o usuário ouve determinadas canções e gêneros e, com base no perfil e preferências, o sistema sugere novas opções. “Estamos fazendo o mesmo com conteúdo de empreendedorismo e gestão para pequenos negócios. Quando uma pessoa lê um artigo de marketing, por exemplo, lhe é sugerido outro com base no seu interesse e de outros empreendedores”, detalha. Rainer conta que a ideia surgiu a partir da análise de necessidades de empreendedores que buscam o Sebrae para solucionar dúvidas sobre gestão. “Com o Clube, é possível acessar, de qualquer lugar e a qualquer hora, conteúdos relevantes para a organização dos seus negócios”, explica.
Embora haja informações por todos os lados na internet, a maioria é pouco relevante para o contexto de quem consome. “Diariamente, recebemos e-mails marketing vendendo coisas que não têm nada a ver conosco. A abordagem por conteúdo vai nessa linha da personalização. A partir do perfil de navegação da pessoa na rede, são sugeridas informações que tenham a ver com o que ela faz e com o local onde está”, explica o consultor do Sebrae/ PR, João Luís de Moura. O diretor de Administração e Finanças do Sebrae/PR, José Gava Neto, reforça que o Clube do Empreendedor Sebrae marca uma nova forma de relacionamento e atendimento ao cliente na história da entidade. “O Clube adota uma abordagem diferenciada e atual, alinhada com as melhores 11
Para ler os posts e compartilhar os conteúdos em outras redes sociais, basta acessar www.sebraepr. com.br/clube
Clube promove a troca de experiências entre empreendedores e especialistas, com conteúdo 100% inédito e gratuito
Foto: Gabriel Bruning
Conteúdo é rei
Everton Rivas acessa o Cube do Empreendedor, em busca de conhecer experiências de outros pequenos negócios que possam trazer inspirações estratégias de marketing digital, com conteúdos personalizados e compartilhados por empreendedores e especialistas”, pondera Gava. Entre as cidades com mais acesso ao Clube, estão Curitiba e Maringá. A faixa etária predominante é de 25 a 34 anos. O portal já conta com inúmeros posts sobre temas diversos, e a meta até o final do ano é que 1.000 textos sejam publicados. “Temos, ainda, eventos exclusivos semanais, ao vivo, com especialistas e empreendedores. Para quem quer saber sobre empreendedorismo, boas práticas de gestão, o Clube é o melhor lugar”, destaca Rainer Junges. 12
Um dos responsáveis pelo Clube, o consultor João Luís de Moura avalia um retorno bastante positivo da iniciativa, diferente de todos os outros sites sobre empreendedorismo. “A grande diferença é a abordagem por conteúdo, trazendo informações relevantes e segmentadas, de acordo com a necessidade do cliente. Isso é positivo para o empreendedor, porque os assuntos refletem o dia a dia dele”, detalha. Ele recorda que, atualmente, o marketing tradicional – “esse é o produto, esse é o preço” – não atrai tanto a atenção do consumidor. “Posso anunciar de outra forma. Posso trazer conteúdo relevante e, assim, fazer a divulgação. Costumamos dizer que o conteúdo é rei. Fomos a uma feira recentemente e percebemos que a abordagem por conteúdo trazia um retorno mais positivo do que quem oferecia degustação. O Clube veio para entrar nessa linha”, pondera João Luís. A intenção, detalha Moura, é que a pessoa leia o post e veja aplicabilidade em seu negócio. “Nos preocupamos em levar um mundo real, não de fantasia. São experiências concretas, soluções que o empreendedor pode
correr atrás, capazes de despertar interesse. Temos usado essa estratégia de ser bem diretos e objetivos, a relevância é o ponto-chave”, justifica.
que fazem dentro de seus negócios, e muitos outros estão dispostos a assistir”, garante João Luís de Moura.
Embora qualquer perfil cadastrado possa publicar conteúdo no Clube do Empreendedor, neste primeiro momento consultores convidados é que têm postado textos na plataforma. “Não é hábito do brasileiro escrever, mas, com o tempo, acreditamos que teremos empresários que queiram compartilhar experiências. Temos estimulado que eles enviem vídeos, que, talvez, seja uma forma mais fácil de comunicação atualmente. Também estamos preparando uma seção com dicas de como postar conteúdos, é importante ter esse apoio, para vencer as dificuldades mais comuns”, ressalta o consultor.
Criar perfil é simples
Trocando Ideias
Pelo menos uma vez por semana, o empresário Everton Rivas acessa o Clube do Empreendedor, em busca de conhecer experiências de outros pequenos negócios que possam lhe trazer boas inspirações. Proprietário da Loja Hestilo, que comercializa acessórios masculinos e itens de cuidados pessoais para homens, no Shopping Jardim das Américas, em Curitiba, ele conta que seu relacionamento com o
Em cerca de três meses, os eventos ao vivo, com consultores do Sebrae/ PR, empreendedores e especialistas, transmitidos via Facebook e YouTube, alcançaram 2,5 mil visualizações. “Tem sido uma experiência muito bacana, com conversas objetivas, tentando trazer o que a empresa tem de boas práticas. Muitos gostam de compartilhar o
Como a plataforma é aberta, para ler os posts e compartilhar os conteúdos em outras redes sociais, basta acessar www.sebraepr.com.br/clube. Para interagir de forma completa, com comentários, likes e postagem de conteúdos no Clube do Empreendedor Sebrae, é necessário criar um perfil na plataforma. O cadastro é feito com base em informações simples e dados pessoais, como em qualquer rede social. Também é possível criar um perfil para a empresa.
Experiência aprovada
Sebrae/PR começou junto com a história do negócio, em 2012. “O contato com o Clube começou quando recebi um e-mail, pedindo para contarmos nossa história”, recorda. Consumidor de conteúdo na plataforma, Rivas ainda não relatou a experiência de sua loja, mas pretende fazê-lo nos próximos meses. “Tenho interagido com comentários, que são respondidos por consultores. Gosto de entrar para fazer uma varredura e ver o que tem de artigo. É diferente de outros sites especializados, que trazem artigos de pessoas que querem se vender, você vê que não são experiências reais, do dia a dia, como no Clube”, reforça o empresário. Consultor de marketing digital em Maringá, no Noroeste do Estado, Felipe Orsoli é um dos produtores de conteúdo da plataforma. “O grande diferencial do Clube é essa aproximação com o pequeno empreendedor. Tenho percebido a alta qualidade dos conteúdos, bem afinados com a proposta de foco na realidade dos pequenos negócios. Para nós, consultores, é interessante ter nosso nome vinculado ao que é publicado”, pontua. A facilidade de link com mídias sociais, de modo a promover opiniões e inte-
rações, é um dos pontos positivos do ambiente digital criado pelo Sebrae/PR, na visão do consultor empresarial Leandro Krug, que atua na área de franquias e varejo. “O Sebrae foi bastante feliz nessa interface de publicação que escolheu. O mais interessante não é ser dono do conteúdo, mas proporcionar um ambiente de trocas de experiências”, afirma ele, que é autor de mais de uma dezena de posts no Clube. Também convidado por e-mail a participar, o consultor empresarial Jameson Moreira conta que, em um primeiro momento, entrou no Clube como consumidor de conteúdo, mas logo passou a contribuir com suas experiências. “A internet é cheia de coisas técnicas, é importante refletir sobre a prática, sobre soluções de pessoas que estão dando resultado, isso agrega”, reforça. Com base nas leituras de artigos no Clube, ele conta que já conseguiu aplicar mudanças em sua empresa, sobretudo no que diz respeito à postura com o cliente. “O retorno imediato é vivencial. Consegui adaptar ideias de atendimento, depois de ler um texto sobre como ter e manter clientes. As dicas geram em nós posturas diferentes”, ressalta Moreira. 13
SOLUÇÕES | SEBRAE/PR
entrevista
Mercado e tendências A cidade, hoje, é um grande laboratório criativo, não só para a administração pública, mas também para as empresas, e para o próprio consumidor
De olho no futuro:
uma “caçada”
em busca de tendências
E
Sabina Deweik é referência mundial em pesquisa de tendência e consumo e expert em antecipar as mudanças de comportamento. A convite do Sebrae/PR, ela percorreu o Estado para falar sobre os novos valores e paradigmas que têm mudado o conceito de consumo, durante a sexta edição do Seminário Desafios do Crescimento, realizado nos meses de junho e julho deste ano. Por Aldy Coelho
A convite do Sebrae/PR, Sabina Deweik
14
Foto: Luis Felipe Miretzki
percorreu o Estado para falar sobre os novos valores e paradigmas que têm mudado o conceito de consumo
les não usam bola de cristal e muito menos têm superpoderes para adivinhar o futuro. Apenas o fazem com duas habilidades: observação e interpretação. Essa previsão de cenários e tendências faz parte de uma profissão relativamente nova no mercado, mas que tem auxiliado grandes empresas a identificar as preferências dos consumidores em médio e curto prazo.
cendo no mundo em termos de moda, design, arquitetura, sustentabilidade, novos locais de agregação social e de consumo. Com essas informações, é feita uma análise dos padrões repetitivos em diferentes locais e de como esses padrões podem se transformar em uma tendência futura. E é essa previsão que tem ajudado empresas de diversos segmentos a ver além do óbvio e inovar na criação de estratégias de sucesso.
Estamos falando dos Cool Hunters, ou caçadores de tendências, profissional que tem desempenhado um papel importante na arte de prever as mudanças de comportamento dos clientes, bem como nortear ações para acompanhar o movimento do seu público-alvo. Faz parte do trabalho do Cool Hunter “radiografar” pessoas, cidades e comportamentos, para descobrir quais os próximos passos que as empresas devem tomar para alcançar o sucesso.
A pesquisadora esteve no Paraná, a convite do Sebrae/PR, para percorrer o Estado e palestrar sobre inovação e previsão de tendências, no 6° Seminário Desafios do Crescimento. Ela esteve em Pato Branco, Cascavel, Maringá, Curitiba, Irati e Londrina, reunindo milhares de empresários e falando sobre como esse estudo pode e deve ser aplicado também nas micro e pequenas empresas.
Na definição da precursora do Cool Hunting no Brasil, Sabina Deweik, o Cool Hunter tem a função de fazer uma observação 360° do que está aconte-
Abordando desde questões de sustentabilidade, agilidade, experiência do consumidor, confiança, compartilhamento e pensamentos que vão do único ao universal, Sabina mostrou cases de empresas que traduzem como es-
sas tendências são viáveis e aplicáveis à realidade das pequenas empresas e como as marcas devem estar alinhadas a esses novos posicionamentos. Jornalista, mestre em Semiótica e Comunicação de Moda, Sabina traz na bagagem clientes internacionais como Illy Caffe, Alessi, Veuve Clicquot, Ferrero Rocher e Samsung. No Brasil, atuou em projetos para Havaianas, H. Stern, Natura, Senai Cetiqt, Grendene, Fiat e Petrobras. “A preocupação atual das empresas deve ser com o que elas querem que o consumidor sinta, dando a ele experiências mais intensas com as marcas e que se integrem ao cotidiano, mas com identidade e posicionamento. A sociedade está passando por mudanças radicais, e as empresas precisam estar alinhadas com essas transformações”, ressalta. Com exclusividade para a Revista Soluções, Sabina Deweik falou mais sobre o seu trabalho e ainda deixou dicas de como aplicar a observação do cotidiano e do comportamento do consumidor na rotina dos pequenos negócios. Confira: 15
Revista Soluções – De onde cos-
tumam surgir essas tendências, quais são seus sinais e como influenciam o comportamento humano?
Sabina Deweik – Existe uma me-
todologia para observar as tendências que a gente chama de 4 Ps. O que seriam os 4 Ps do marketing tradicional se transformam, na pesquisa de tendências, nos 4 Ps do marketing relacional. Ao invés de fazer uma pesquisa do mercado, a gente faz uma pesquisa da sociedade. O primeiro P é de people (pessoas) - a primeira coisa que procuramos entender é quem são as pessoas, antes mesmo de serem consumidores. O segundo P é o de places (locais), quais são esses lugares, dentro das cidades, que encarnam novos comportamentos, e que vão dando indício do que está acontecendo de novo na sociedade. O terceiro P é o de plan (planos)
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que são os planos culturais, e aí a gente olha para a literatura, cinema, teatro, música, de onde podem emergir algum comportamento ou linguagem novos. O último é o P de projects (projetos), onde entram todos os projetos institucionais, governamentais, de empresas, que, de alguma forma, impactam a vida das pessoas ou sua própria cidade. Em São Paulo, quando tiraram os outdoors devido ao projeto Cidade Limpa, a gente começou a perceber a cidade de uma maneira diferente, pois impactou outros setores com a publicidade, que teve que criar novas formas de se comunicar com o consumidor. Tudo isso vai dando indícios de quais são esses novos comportamentos. Essa é a estrutura básica de como a gente olha e identifica os sinais, e, uma vez que se faz isso, olhamos para o que foi pesquisado e começamos a
É importante olhar para os novos modelos de negócios e pensar como isso pode ser aplicado na sua empresa
fazer interpretações e ver onde existem padrões repetitivos, que têm potencial para se tornar tendência.
Revista Soluções – Qual o principal exemplo de tendência que está influenciando atualmente o mercado e as pessoas? Sabina Deweik – Uma tendência é a que chamamos de ‘bright metropolis’, que significa cidade inteligente. A cidade, hoje, é um grande laboratório criativo, não só para a administração pública, mas também para as empresas, e para o próprio consumidor. Hoje, essa questão é muito relevante, e temos visto que muitas empresas estão fazendo ações, por exemplo, o projeto das bicicletas, das ciclovias, os parklets, que são vagas de estacionamento que, em vez
de carros, dão lugar a uma pracinha onde as pessoas podem sentar para conversar. Outro exemplo é uma campanha da IBM, superinovadora e muito simples, em que eles colocaram uma curva em cima do outdoor, que servia para se proteger da chuva, ou faziam uma curva para baixo para as pessoas sentarem. A cidade se tornou uma plataforma criativa, onde as empresas precisam começar a se apropriar e gerar uma nova consciência coletiva e melhorar a qualidade de vida do seu consumidor.
Revista Soluções – Quais são os
valores e paradigmas que têm mudado a sociedade e estão direcionando as tendências de consumo?
Sabina Deweik – Percebemos, na sociedade atual, a emergência de uma
Foto: Rodrigo Czekalski
Foto: Luis Felipe Miretzki
Palestrante no Seminário Desafios do Crescimento, em Irati
nova consciência coletiva, em que as pessoas e as empresas começam a fazer ações que têm um impacto coletivo e se preocupar com o bem maior, o bem dos outros. A sustentabilidade também é um novo paradigma, um eixo muito importante que as empresas não podem mais deixar de olhar. Mas não aquela sustentabilidade chata, só ecológica, mas uma sustentabilidade social, de relações humanas dentro da empresa, uma sustentabilidade criativa. A questão do compartilhamento também é um novo paradigma, não apenas no território virtual, mas, também, no território real, para que uma potencialize a outra. Cada vez mais, percebemos que as empresas também precisam ter uma ação no real, pois a presença física, tangível, é muito importante. E compartilhar também significa cocriar. É importante que o consumidor 17
Revista Soluções – Por que essa
previsão de tendências é importante?
Sabina Deweik – Inovação, hoje, não é uma opção, é questão de sobrevivência. Imagine, um dia você tem uma frota de táxi e, no dia seguinte, surge o Uber que ‘mata’ o seu negócio, só porque ele transformou o jeito de transportar as pessoas. É preciso saber qual o próximo negócio que vai fazer com que o seu vire obsoleto. Precisamos entender o que está acontecendo no mundo, o que os consumidores querem, para que as empresas possam caminhar junto com a sociedade, em direção 18
àquilo que é importante para as pessoas. Estão surgindo negócios muito inovadores, tudo está mudando, e muito, devido ao surgimento da geração digital, que, hoje, está contestando vários modelos da geração dos ‘baby boomers’, em que era tudo muito previsível. A geração dos ‘millennials’ quer empreender. O sonho de consumo do jovem, hoje, é ser empreendedor, trazer um negócio que fale das paixões individuais. Ninguém mais quer, simplesmente, fazer por fazer. Estamos vivendo uma era pela busca de sentidos, propósitos.
Revista Soluções – Grandes em-
presas já utilizam esse conhecimento, mas por que é importante que as pequenas empresas também estejam alinhadas a essas tendências?
Sabina Deweik – Não importa se
é grande, pequena ou média, a inovação é para todos. A inovação não está ligada a gastar muito, mas gerar ideias inovadoras, sintonia com novos valores. Mudar a forma de atender, a disposição da loja, criar um produto que, por algum motivo, é mais bem aceito pelo consumidor, observar o que as pessoas estão querendo. Tem um exemplo de uma inovação, que vi em uma feira de design em Milão, de um designer que inovou em uma xícara de chá. Ele percebeu que, quando alguém passa a xícara de chá quente para a outra pessoa, ela queima a mão, por não ter onde pegar. Então ele criou uma xícara com duas alças. É uma inovação boba, simples, mas ele gerou valor naquele produto, uma comodidade para quem vai utilizá-lo. A inovação nunca surge quando tudo está dando certo, e, sim, quando existem obstáculos.
Revista Soluções – O que as empresas devem ter em mente com relação à inovação e às novas tendências de consumo para se sustentarem no mercado atual? Sabina Deweik – É, justamente,
acompanhar essas mudanças, procurar saber o que está acontecendo no país, no mundo, estudar coisas diferentes, observar outros setores,
Não importa se é grande, pequena ou média, a inovação é para todos. A inovação não está ligada a gastar muito, mas gerar ideias inovadoras, sintonia com novos valores
Foto: Luis Felipe Miretzki
ajude nos processos produtivos e criativos, e que a empresa pergunte cada vez mais o que ele quer do seu negócio, pois o consumidor quer ser mais participativo. Tem, ainda, a junção de dois valores opostos, que é a rapidez, a velocidade, trazer ao consumidor aquilo que ele pede de forma imediata, mas sem perder a profundidade e a qualidade da experiência. A gente começa a ver que o consumidor quer que a marca esteja lá onde ele está, e profundidade não tem a ver com o custo, mas pode ser uma experiência profunda e acessível. O valor da empatia também é superimportante, se colocar na pele dos outros, gerar uma conexão empática. E, hoje em dia, se começa a trazer isso também para as empresas, mudando o perfil do líder, que não é mais aquele que manda, mas aquele que é capaz de gerar uma conexão humana com seus funcionários. Outro paradigma é a valorização do único e universal, de uma não contraposição do que é local e global, mas da ideia de que aquilo que é único torna-se universal. Valorizar cada vez mais uma identidade local, processos únicos, técnicas customizadas, e que tenham uma identidade. Um exemplo é a Havaianas que, ao mesmo tempo em que é universal, mantém a sua identidade local. Outra tendência é a diversidade, que está emergindo na sociedade e pedindo para que as empresas tomem partido com relação a isso. A gente já vê algumas empresas fazendo ações que tocam nesse tema. O consumidor quer marcas que tomem partido e falem de temas que são relevantes para a nossa sociedade.
saber como aquela área inovou e como trazer isso para o negócio. Uma parceria que traga um valor agregado ao consumidor também é uma inovação, não focar apenas no seu setor, estar sempre atento ao que acontece em outras áreas. É importante olhar para os novos modelos de negócios e pensar como isso pode ser aplicado na sua empresa.
Revista Soluções – Que dicas você deixa para os empresários com relação à observação das tendências e à aplicação nos negócios? Sabina Deweik – O principal é estar alinhado a esses novos valores e a como essas tendências podem ser aplicadas. Nas minhas palestras, eu abordo vários exemplos de empresas, para fazer o empresário pensar em
A sustentabilidade também é um novo paradigma, um eixo muito importante que as empresas não podem mais deixar de olhar
como essas ideias podem se conectar ao seu negócio, pois cada exemplo traz uma mensagem, de uma forma diferente de inovar. Tem uma frase do Frei Beto que exemplifica muito bem o que está acontecendo que diz: ‘Nossos avós viveram uma época de mudanças. Nós estamos vivendo uma mudança de época’. É no presente que se constrói o futuro e é a partir da leitura do presente, que vamos construindo futuros possíveis para empresas. Estamos deixando para trás coisas que não estavam funcionando e dando lugar para conceitos como economia criativa, modelos colaborativos e de compartilhamento, que estão trazendo novos valores, bons não só para o indivíduo, mas, também, para o coletivo. Mesmo nos negócios, eu, no papel de empresário, posso fazer algo que toque o bem-estar e a qualidade. 19
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Gestão e mercado
Qualidade
se põe na mesa... e na vitrine! Treze pequenos negócios com o Selo Alimentos do Paraná participam da Fispal, maior feira de alimentação da América Latina; Programa proporciona visibilidade aos produtos e fomenta atividades de mercado com os participantes Por Bruna Komarchesqui
O
s últimos cinco anos vinham sendo bem difíceis para a empresa da família Romani. “Meio esquecidos, no meio do mato”, eles sustentavam a casa e cobriam as contas da Salumeria Romani – que produz embutidos e defumados artesanais, em Mandirituba, Região Metropolitana de Curitiba – com a renda de uma propriedade alugada em Santa Catarina. De um ano para cá, a história tomou novos rumos. Hoje, fornecedora dos renomados restaurantes do Grupo Fasano e Copacabana Palace, a empresa tem feito sucesso entre chefes de cozinha do País e projeta fechar importantes negócios nos próximos meses.
O termômetro mais recente da empresa familiar foi a Fispal Food Service, maior feira de alimentação da América Latina, realizada em São Paulo, em junho deste ano. “Tinha vários chefes fazendo pizzas e cozidos lá. Um veio e provou nosso produto, falou para o outro e, quando vimos, o estande estava lotado”, diverte-se o proprietário Ademir Romani. “Eles ficaram admirados, porque não sabiam que tinha empresa no Sul fazendo esse tipo de embutido. Geralmente, só conhecem importados. Fechamos três negócios e temos mais 15 solicitações”, contabiliza. A Salumeria Romani é uma prova de que produtos de qualidade apenas precisam de boas vitrines para conquistar espaço no mercado. E é isso que o Sebrae/PR tem proporcionado às 66 pequenas indústrias, agroindústrias e distribuidoras de alimentos e bebidas paranaenses certificadas com o Selo Alimentos do Paraná, 20
Foto: Luis Felipe Miretzki
qualidade
Ademir Romani e a esposa, Wanilda Romani,
participaram da Fispal e também divulgaram seu trabalho no 26º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em Curitiba, no mês de julho
chancela que comprova não só a eficiência na gestão da empresa, como a segurança e qualidade alimentar dos produtos. Para conquistar o Selo, é necessário alcançar bons índices de conformidade no Programa Alimentos do Paraná, cujo objetivo é melhorar os processos produtivos, aprimorar a qualidade e incentivar boas práticas
de gestão em empreendimentos de micro e pequeno porte do segmento de alimentos e bebidas, dentro do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). O comitê gestor do Programa é composto por Sebrae/PR, Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR), Federação das Indústrias do Para21
suínos. “Precisam ser animais maiores, alimentados com cereais. Nosso foco são produtos italianos de alto valor agregado. Estamos muito satisfeitos. Com a crise e o dólar alto, oferecemos uma alternativa aos presuntos importados”, festeja.
Com produtos diferenciados, 13 paranaenses foram à Fispal
Foto: Nelson Peixoto
Treze empresas foram selecionadas, por meio de edital, para expor seus produtos no estande do Selo Alimentos do Paraná na Fispal: Apisnutri (alimentos naturais), Anni Conservas (raiz forte, snacks e geleias), Biscoitos Kerber (biscoitos sem glúten, lactose e gordura trans), Citroeste (frutas e verduras), Casquinhas Dishey (casquinhas para sorvetes), Doce Brasil (açúcar mascavo), Empório Café da Casa (cafés especiais do Norte Pioneiro), Naturefibras (tortilhas saudáveis), Prontas Produtos Alimentícios – Oyshi (salgadinhos congelados), Salumeria Romani (embutidos e de-
Coordenadora estadual de Agronegócio do Sebrae/PR, a consultora Andreia Claudino explica que o primeiro critério para participar da Feira era ter o Selo. A seleção dos participantes ocorreu com base nos melhores índices de gestão empresarial, segundo o MEG, e nas exigências legais de segurança dos alimentos. “Durante toda a feira, as empresas puderam fazer prospecção de negócios com importantes restaurantes, bares, hotéis e similares que operam no ramo da alimentação. Todas as participantes têm algum diferencial de valor agregado, como alimentos funcionais, design diferenciado, qualidade premium ou gourmet”, explica Andreia. Segundo a organização, cerca de 50 mil pessoas visitaram os estandes no evento.
Durante toda a feira, as empresas puderam fazer prospecção de negócios com importantes restaurantes, bares, hotéis e similares que operam no ramo da alimentação
Estande do Sebrae/PR abriu portas para microemprensas na Fispal.
Na primeira edição, realizada em 2014, 23 empresas conquistaram o Selo. Nesta, mais 44 se juntaram ao time. Ao atestar a qualidade dos processos e da gestão empresarial, a certificação torna esses negócios mais aptos a ações de mercado e prospecção de clientes. Durante um ano, as empresas participam de atividades de mercado – como a Fispal – fomentadas pelo Programa. Ao final do período, uma nova auditoria proporciona a continuidade das ações, caso os bons índices sejam mantidos ou ampliados.
Selo foi fundamental para equilibrar as contas Os rumos da Salumeria Romani começaram a mudar quando a empresa procurou ajuda no Sebrae para reformular a identidade visual e foi convidada para participar do Programa. “Só temos a agradecer ao Sebrae. Sozinhos, jamais sairíamos daqui para São Paulo, pagando estande e transporte. Está sendo fundamental, porque não temos verba para divulgar na mídia”, pontua Ademir Romani. “Tudo isso que estamos vivendo é fruto do Selo. No ano passado, participamos da Sirha (feira de alimentação no Rio de Janeiro), onde conhecemos o Fasano. Ele veio ver nossas instalações e hoje fazemos alguns produtos adaptados à necessidade
deles, como o salame com erva doce. Conseguimos equilibrar as contas da empresa, e a tendência é aumentar o faturamento”, projeta. Com seis pessoas trabalhando (Ademir, a esposa, dois filhos e dois funcionários) e 16 produtos nobres no catálogo, como o tradicional presunto tipo Parma, Romani planeja ampliar a equipe em breve. “Precisamos de pessoas comprometidas. Nosso produto é registrado no Ministério da Agricultura e tem todo um regulamento, não pode ser injetado ou massageado com máquina. O processo é manual, como o de 300 anos atrás”, explica. A matéria-prima vem de um parceiro do município de Rio Negro, mas Romani já planeja criar os próprios
13 microempresas, de várias regiões do Paraná, fizeram da
feira uma ferramenta de divulgação e abertura de novos clientes
Foto: Nelson Peixoto
ná (Fiep), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio-PR) e Associação Paranaense de Supermercados (Apras). Já as avaliações são feitas pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).
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fumados), Seleção Monjoleiro (carnes selecionadas), Soeto Alhos e Conservas (alhos e conservas) e Verde Brasil Alimentos Orgânicos (geleias, polpas e frutas orgânicas).
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“Gostinho de infância”
O legado para nós são as melhorias de processo. Fomos auditados com padrões rigorosos, isso garante a qualidade perante o mercado Bruno Watanabe
Outro produto paranaense que chamou atenção na Fispal foram as coxinhas Oyshi, de Paranavaí, no Noroeste do Estado. Feitos com massa de mandiocas selecionadas e tempero colhido na hora da produção, os salgados congelados são comercializados para o varejo ou direto para food service. “É um produto com aspecto artesanal. As pessoas provam e dizem ‘nunca vi nada igual’ ou ‘lembrei da infância’. Esse retorno, para nós, é muito satisfatório. Fizemos mil contatos na Fispal e nossa expectativa é fechar bons negócios nos próximos meses”, planeja o proprietário Bruno Watanabe.
Com 50 funcionários, a empresa, fundada em 1999, comemora as melhorias de qualidade trazidas pelo Programa Alimentos do Paraná. “Além desses eventos, frutos do Selo, que abrem excelentes portas e nos colocam em contato com potenciais clientes, o legado para nós são as melhorias de processo. Fomos auditados com padrões rigorosos, isso garante a qualidade perante o mercado”, Watanabe.
Expectativa de ampliar mercado Há 16 anos no mercado, a Soeto Alhos e Conservas, de Joaquim Távora, no Norte do Paraná, produz, mensalmente, cerca de 120 mil toneladas de conservas e alhos, que são comercializados em municípios do Paraná e no interior de São Paulo. Cliente antiga do Sebrae, a empresa comemora os bons resultados da participação no Programa. “Na adequação de processos, enxergamos e corrigimos desperdícios, perda de matéria-prima, avarias. Hoje, temos qualidade atestada e podemos oferecer essa segurança ao cliente”, conta o proprietário Josmar Bagatin. Para a Fispal, a Soeto levou suas variedades de alho, além de produtos diferenciados, como tomate seco e champignon. “Foi uma ótima oportunidade de divulgar a marca e prospectar clientes. Estamos em negociação com novos representantes, que podem introduzir nosso produto em novos mercados”, detalha.
Foto: Nelson Peixoto
O Programa
Bruno Watanabe e sua mãe, Rosângela Watanabe: Negócio familiar ganha força com gestão e qualidade
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A gestora do Programa Alimentos do Paraná explica que, para conquistar o Selo, é necessário alcançar, pelo menos, 80% de conformidade em cada um dos cinco itens da metodologia baseada na legislação sanitária vigente e 50 pontos ou mais no MEG. A validação do processo é feita pelo Tecpar. “O programa dura de três a dez meses, mas, em média, em seis meses, as empresas conseguem melhorar significativamente e ter uma evolução de mais de 40% em sua qualidade produtiva”, detalha Andreia Claudino.
Para participar do Programa, as empresas precisam apresentar o chamado perfil de potencialização. Isso significa negócios com interesse e condições para aprimorar produtos, processos e gestão, a ponto de se tornarem aptos a negociações com o mercado internacional. “Nenhuma empresa que conquistou o Selo até hoje, finalizou o Programa da mesma forma que entrou, todas têm evolução”, afirma Andreia.
Catálogo amplia visibilidade dos pequenos negócios
Na opinião do gerente de Economia, Desenvolvimento e Fomento da Fiep, Marcelo Percicotti, a importância do Programa está diretamente ligada ao grande peso do setor alimentício na economia do Paraná. “Como indústria de transformação, o segmento alimentício é o responsável pela maior geração de emprego e pelo maior valor de transformação industrial”, destaca. “Essa conexão com o agronegócio e a agricultura familiar, que são pujantes, abre um grande leque de possibilidades a serem ainda exploradas. O apoio às boas práticas de gestão, adequação dos processos produtivos e internacionalização, com auxílio da Fiep, traz um grande retorno à economia do Estado”, completa.
Na adequação de processos, enxergamos e corrigimos desperdícios, perda de matéria-prima e avarias. Hoje, temos qualidade atestada e podemos oferecer essa segurança ao cliente Josmar Bagatin
Credibilidade na gôndola e prospecção de clientes em grandes eventos do setor alimentício são algumas das vantagens do Selo Alimentos do Paraná. Mas não param por aí. Desde abril, as 66 empresas chanceladas pelo Programa integram um catálogo de fornecedores, disponível gratuitamente para download no portal do Sebrae/PR. O lançamento oficial ocorreu durante a Mercosuper, uma das maiores feiras de varejo do País, realizada em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Para facilitar a localização de informações por potenciais clientes, as empresas são divididas nas categorias Alimentos Prontos e Pré-Prontos, Bebidas, Origem Animal e Origem Vegetal. Andreia Claudino ressalta a importância do material em atividades de promoção e prospecção de mercado. “É um diferencial para esses negócios que, depois de participarem do Programa Selo Alimentos do Paraná, alcançaram bons índices de conformidade em segurança alimentar e aspectos de gestão, além de oferecerem garantias ao cliente, como rastreabilidade”, analisa. Para baixar o catálogo e saber mais sobre as empresas do Selo, acesse www.sebraepr.com.br/seloalimentosdoparana. Informações sobre como participar da próxima edição do Programa Alimentos do Paraná podem ser obtidas pela Central de Relacionamento do Sebrae/PR, no 0800 570 0800.
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Valor pela origem
Goiabas com “pedigree” em Carlópolis e Ribeirão Claro Produtores de goiaba de Carlópolis e Ribeirão Claro conquistam indicação geográfica e se preparam para ingressar no mercado de exportação; registro é um bem coletivo e traz reputação, valor agregado e identidade própria para o território e os produtos Por Giovana Chiquim
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inônimo de qualidade e status, o champagne francês chega a custar oito vezes mais do que o espumante produzido naquele país. Para se ter uma ideia, os terrenos onde as uvas utilizadas na produção da bebida são cultivadas valem quase vinte vezes mais em comparação às propriedades localizadas em outras regiões. Tudo isso é fruto do controle de qualidade proporcionado pela Indicação Geográfica (IG), que pode ser definida como um registro que promove um diferencial de mercado. Essa diferenciação atrai consumidores fiéis e ainda é capaz de aumentar o valor de um produto de determinada região. O champagne francês é protegido na França desde 1843 e é o produto precursor da indicação geográfica como diferencial competitivo. No Brasil, essa tendência começa a ganhar força, e é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) que concede o registro da IG, como uma comprovação dos diferenciais de qualidade e origem de determinados produtos.
Foto: Arquivo/APC
O vinho do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, foi o primeiro produto a receber a IG no Brasil, em 2002. Com o registro, houve um aumento na valorização das propriedades rurais de 200% a 500% em cinco anos na região, além de aumento no número de vinícolas, melhorias no padrão tecnológico de produção, maior oferta de empregos, crescimento do turismo, entre outros benefícios.
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O Paraná conquistou, em maio deste ano, a sua terceira IG. Depois dos produtores de cafés especiais da região do Norte Pioneiro do Paraná e dos
Foto: Helio Inumaru
Indicação geográfica
Noriaki Akamatsu, que trabalha com a cultura da goiaba desde 1987, está otimista com a conquista da IG
apicultores de Ortigueira, agora os fruticultores que se dedicam ao cultivo da goiaba, nos municípios de Carlópolis e Ribeirão Claro, também terão um diferencial competitivo com a chancela do INPI. A indicação foi proposta pela Associação dos Olericultores e Fruticultores de Carlópolis (APC), e todo o processo foi conduzido com o apoio do Sebrae, da Emater, da Unesp
e da Prefeitura de Carlópolis. Com a conquista, as goiabas de Carlópolis e Ribeirão Claro serão caracterizadas não apenas pelo signo distintivo, mas, principalmente, pela qualidade, especificidade de produção e por serem provenientes de uma região geográfica específica, como o presunto de Parma, da Itália e o vinho do Porto, de Portugal, que ganharam prestígio 27
SAIBA MAIS
O consultor acrescenta que o projeto caminha ‘de vento em polpa’ e a expectativa é muito boa em torno do registro, que coloca os produtores dos municípios num patamar diferenciado. “Agora eles fazem parte do grupo de fruticultores reconhecidos por sua reputação, valor intrínseco e identidade própria”, diz Capello. O consultor do Sebrae/ PR relata, ainda, que a IG é apenas
Foto: Helio Inumaru
O projeto realizado pelas entidades junto à APC é ancorado na prática do associativismo e visa a melhoria do ambiente de negócios e o fortalecimento dos fruticultores
para melhorar a qualidade, e não um fim. “Além disso, o registro não é individual e identifica produtores de um determinado território. Por essa razão, o capital social e a governança são primordiais para a conquista da IG”, destaca Capello.
o primeiro passo rumo à ampliação de mercado, inclusive externo. Os produtores da APC já estão de olho na Globalgap, uma certificação internacional que ajuda a abrir portas no mercado de exportações. De acordo com Cilso Almeida, a busca pela IG despertou no grupo o interesse em ingressar no comércio exterior. “Hoje, os 18 produtores da APC que seguem o Regulamento estão trabalhando para obter a Globalgap. O processo também está aberto a outros produtores e o grupo deve ser ampliado em breve. Com a indicação concedida, todos precisam atender as normas e se adequar, para usufruir os benefícios do registro.”
A história da produção de goiaba em Carlópolis e Ribeirão Claro está relatada em um vídeo, que se encontra na página do Sebrae/PR no Youtube (www.youtube.com/prsebrae).
Acesse agora
https://www.youtube.com/watch?v=XI_fG0fpum8
Diferenciação A partir da conquista do selo, os produtores que desejarem utilizar o signo distintivo relacionado ao registro de indicação de procedência deverão cumprir normas relacionadas ao regu-
Frutos ensacados para não ser prejudicado por insetos
Associativismo O projeto realizado pelas entidades junto à APC é ancorado na prática do associativismo e visa a melhoria do ambiente de negócios e o fortalecimento dos fruticultores. Foi a união dos produtores em torno da associação que contribuiu com a transformação dos municípios nos maiores produtores de goiabas de mesa da América Latina, com o cultivo de 20 a 30 toneladas da fruta por mês. A ideia de iniciar o processo de busca pela IG da goiaba surgiu du28
rante as reuniões realizadas pelo Comitê Gestor de Carlópolis, com a participação ativa do Sebrae/PR. Nos encontros, o grupo começou a debater sobre a importância do cultivo da fruta na economia do munícipio. Eles perceberam que além de investir no volume da produção, poderiam vender o produto por um preço melhor e ainda abrir novos mercados por meio da IG, segundo Cilso Rodrigues de Almeida, vice-presidente da APC.
elas, a redução das pragas e a poda total, para se adequar às normas estabelecidas pelo Regulamento de Uso vinculado à IG. “Todas as exigências foram implantadas, inclusive as referentes às normas socioambientais, a partir de um convênio com a Unesp, que prestou assessoria para o projeto. Num prazo muito curto, conseguimos apresentar para o INPI a documentação necessária para dar entrada ao pedido da IG”, acrescenta o vice-presidente da APC.
“Foi assim que começou todo o trabalho junto aos produtores. Nós realizávamos duas reuniões mensais para discutir quais eram as exigências do INPI para obter o registro. Antes, o cultivo da goiaba era tratado como um pomar comum. Montamos um grupo de trabalho com essa finalidade e a APC corria atrás dos processos para implementar as exigências”, conta Cilso Almeida.
A obtenção da IG pela associação aconteceu em apenas sete meses, e foi o registro mais rápido até hoje concedido pelo INPI. Odemir Capello, consultor do Sebrae/PR no Norte Pioneiro destaca que os produtores também tiveram agilidade na adequação das exigências do Regulamento. “O processo de registro começou em 2014 e foi protocolado junto ao INPI em outubro de 2015”, relata Capello.
Ele explica que alguns procedimentos, como o ensacamento dos frutos, já fazia parte da rotina dos produtores, mas ainda era necessário prestar mais atenção e incorporar outras técnicas de manejo integrado, entre
Na opinião dele, o registro é fruto de todo um trabalho de governança e desenvolvimento local, realizado pelo Sebrae/PR, prefeituras e outras entidades parceiras, junto às propriedades e deve ser considerado um meio
Cultivo diferenciado começa com a qualidade dos pomares
Foto: Helio Inumaru
mundo afora. Essa indicação traz reputação, valor agregado e identidade própria para os produtos, que passam a ser valorizados também no mercado internacional. “A indicação geográfica reconhece e distingue a produção de goiaba de Carlópolis e Ribeirão Claro por sua qualidade. Além disso, é um fator para a agregação de valor ao produto do território, contribuindo para a competitividade e valorização no mercado”, analisa Julio Cezar Agostini, diretor de Operações do Sebrae/PR.
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foi apresentado no 26º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel)
Foto: Luiz Felipe Miretzki
Produto já com o IG
lamento de uso e mecanismos de controle da indicação geográfica, que tem como conselho regulador produtores e instituições vinculadas ao proponente.
lógico. Quando o consumidor compra um produto de origem, esse produto é mais apreciado e possui um valor agregado”, avalia.
O fruticultor Noriaki Akamatsu está envolvido com a cultura da goiaba desde 1987 e se diz bastante otimista com a conquista da IG. “Nosso produto será diferenciado, terá rastreabilidade e vamos usar defensivos conforme as normas. A segurança alimentar é uma garantia de venda, e acredito que nós teremos a preferência do consumidor por conta do signo”, afirma.
Na avaliação de Andreia Claudino, da coordenadora estadual do agronegócio do Sebrae/PR, os produtores de Carlópolis e Ribeirão Claro estão passando por um momento importante, com a formalização da concessão da IG. “O que observamos é que o grupo já amadureceu bastante e o projeto que culminou no registro também evoluiu. Eles estão preocupados com a padronização, com a abertura de novos mercados, inclusive com vistas à exportação das goiabas”, relata.
Para o engenheiro agrônomo e produtor de goiabas Rodrigo da Silva Viana, o registro é um grande passo. “Estamos acompanhando o mercado, focado no consumidor, que está cada vez mais exigente. Ele quer um produto melhor, nem que tenha que pagar mais caro por isso. A IG veio para somar e melhorar a qualidade do nosso trabalho e será um grande diferencial mercado-
Norte Pioneiro do Paraná tem dois produtos com IGs Assim como as goiabas de Carlópolis e Ribeirão Claro, os cafés especiais produzido no Norte Pioneiro do Paraná receberam, em 2012, o registro de Indicação Geográfica, na modalidade Indicação de Procedência (IP). A indicação de procedência se refere ao nome do local em que o produto se tornou conhecido, seja pelo processo de produção ou história cultural. O registro do Norte Pioneiro como região produtora de cafés especiais é fruto de um trabalho conduzido pelo Sebrae/PR, ao lado dos produtores da região, com a contribuição do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Essa foi a primeira indicação geográfica conferida a um território paranaense. O trabalho para conquistar a IP teve início em 2008. Para o consultor do Sebrae/PR Odemir Capello, o registro torna o café especial do Norte Pioneiro
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Na visão dela, o comportamento dos produtores mostra que eles já entenderam como a IG pode ser utilizada para melhorar a comercialização e a diferenciação do produto. “Eles são exemplo de seriedade e evolução, que sabem também que agora a responsabilidade aumentou”, comenta Andreia.
Benefícios do registro de Indicação Geográfica Afirmação da imagem autêntica de um produto; Ferramenta de reconhecimento internacional; Facilita a presença no mercado; Acesso ao mercado por meio de uma ação coletiva; O consumidor identifica o produto, dentre outros; Estimula a melhoria qualitativa dos produtos.
uma referência no quesito qualidade, além de ser um reconhecimento nacional e internacional do produto da região. “O registro amplia a competitividade dos produtos e ajuda a abrir novos mercados”, afirma. O registro é uma das principais conquistas do projeto Cafés Especiais do Norte Pioneiro, concebido pelo Sebrae/PR em 2006, e desenvolvido junto com a governança, que atua com base em quatro pilares: associativismo, produção, rastreabilidade e mercado. Ao todo, o projeto abrange 45 municípios do Norte Pioneiro e conta com a participação ativa de aproximadamente 300 produtores, sendo que 90% desses são de pequeno porte. O Projeto também impulsionou a criação de 12 núcleos de produção no Norte Pioneiro - São Jerônimo da Serra, Pinhalão, Siqueira Campos, Tomazina, Cornélio Procópio, Abatiá, Congonhinhas, Ribeirão do Pinhal, Japira e Carlópolis, que garantem produtos com sabores e aromas diferenciados.
O projeto possibilitou, ainda, a criação de uma das maiores feiras de cafés especiais do Brasil, a Feira Internacional de Cafés Especiais (Ficafé), que terá sua nona edição em 2016. Além disso, a iniciativa também estimulou a criação da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), proponente do registro, e da Cooperativa de Cafés Especiais e Certificados do Norte Pioneiro do Paraná (COCENPP), responsável pela comercialização do café produzido na região. A COCENPP permite o aumento das vendas de grãos na modalidade fair-trade (comércio justo), UTZ Certified, e agrega valor na produção de cafés especiais. O café do Norte Pioneiro já é exportado há seis anos, e a capacidade e a tecnologia de produção e colheita são aprimoradas constantemente, com o objetivo de aumentar a qualidade dos produtos, agregar valor, atender a demanda por cafés especiais, em franco crescimento, além de garantir melhor lucratividade e qualidade de vida para o homem do campo.
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Sebraetec
Tecnologia e inovação a favor dos pequenos negócios Com suporte e subsídios do Programa Sebraetec, empresas paranaenses podem melhorar a competitividade por meio da inovação em seus processos produtivos e adequação às demandas do mercado; empresas dão exemplo de como a inovação pode ser um bom negócio
O
investimento em inovação tem se tornado um item fundamental para a inserção das empresas em novos mercados, para o aumento da produtividade e competitividade e, principalmente, para a geração de emprego. Sabendo da importância da tecnologia e inovação para o desenvolvimento econômico das empresas, tendo em vista a melhoria de processos, produtos ou serviços, o Sebrae disponibiliza às micro e pequenas empresas o Programa Sebraetec - Serviços em Inovação e Tecnologia. O Programa tem como principal objetivo oferecer acesso subsidiado a serviços tecnológicos e de inovação para as empresas pertencentes às categorias de microempreendedores individuais (MEI), microempresas (ME), empresas de pequeno porte (EPP) e produtores rurais, cujo faturamento anual não ultrapasse o teto da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que atualmente é de R$ 3,6 milhões. Por meio do Sebraetec, o empresário pode implementar melhorias de processos, produtos e serviços, com ajuda de uma rede de prestadores de 32
Por Adriano Oltramari serviços tecnológicos contratada pelo Sebrae/PR, para adequar seu produto, serviço ou processo produtivo à realidade do mercado, com subsídios não reembolsáveis de 60% para microempreendedores individuais e produtores rurais, e de 50% para micro e pequenas empresas. César Rissete, gerente da Unidade de Ambiente de Negócios do Sebrae/ PR, explica que a solução atualmente está dividida nas modalidades Orientação, para empresas que necessitam de serviços tecnológicos de baixa complexidade, e Adequação, para aquelas que carecem de suporte tecnológico classificado como de média ou alta complexidade. “Na modalidade Orientação, como o próprio nome diz, a empresa recebe orientações e consultorias tecnológicas, a fim de ajustar e melhorar seu processo produtivo. Já na modalidade Adequação, o objetivo é adequar, ou até mesmo alterar, de forma significativa, seus produtos, serviços ou processos produtivos, conforme as exigências legais e necessidades do mercado”, explica o gerente. O suporte tecnológico via Sebraetec
vai desde consultorias para identificar as necessidades da empresa, acompanhamento para assegurar os melhores resultados e minimizar os riscos, e até auxílio na melhor escolha para os investimentos em tecnologia e inovação. O Sebraetec atua em sete áreas distintas, como design, produtividade, propriedade intelectual, qualidade, inovação, sustentabilidade e serviços digitais.
Inovação faz a diferença A inovação está mais acessível aos pequenos negócios e tem se transformado na palavra de ordem nas empresas participantes do Programa Sebraetec, que estão descobrindo como transformar pequenas mudanças em grandes resultados. Uma delas é a Habitable, empresa curitibana fabricante de cadeiras, bancos, mesas e poltronas com design diferenciado e alta qualidade. Administrando a fábrica e a loja, o empresário Miguel Feres Rodrigues percebeu que o processo de fabricação e entrega dos produtos gerava um atraso significativo para o cliente. Com a ajuda do Sebraetec, na modalidade Adequação, foi possível redesenhar duas das linhas mais vendidas na loja,
Foto: Luis Felipe Miretzki
inovação
Miguel Feres Rodrigues: aprendemos que é possível adequar os processos apenas com modificações internas, sem grandes investimentosde alimentos
que apresentavam maior demora na entrega, devido à complexidade de suas estofarias. Uma delas é composta por três modelos de cadeiras, em que os encostos e assentos foram feitos com sobras de madeiras maciças e compensadas. A outra é uma linha de luminárias produzidas com as madeiras restantes das cadeiras. “Aprendemos que é possível adequar os processos apenas com modificações internas, sem grandes investimentos. Conseguimos padronizar nossa produção e, consequentemente, agilizar o período de entrega, que passou de 40 para 20 dias. Agora, consigo produzir mais em menos tempo, e dando espaço para criarmos novas linhas de produtos”, conta o empresário. Com duas lanchonetes, uma delas no Aeroporto Internacional de Curitiba, Simone Silva Belo, da Lanchonete Jatinho, buscou o Sebraetec Orientação para capacitar seus funcionários em boas práticas de manipulação de alimentos. “Era uma solicitação da Infraero que tivéssemos esse curso, e como havia muitos funcionários novos, o Sebrae/PR possibilitou o acesso a uma empresa executora de sua rede de serviços tecnológicos, que realizou o treinamento”, conta. Para ela, a grande transformação se deu na mudança de hábito dos funcionários com relação à produção e manipulação dos alimentos, de forma segura para a saúde dos consumidores e atendendo às exigências legais. “A didática foi o que mais marcou os
Foto: Luis Felipe Miretzki
SOLUÇÕES | SEBRAE/PR
Simone Silva Belo, buscou o Sebraetec para capacitar seus funcionários em boas práticas de manipulação de alimentos
funcionários, pois foram mostradas as fotos dos erros mais comuns. Agora, ficou muito mais fácil perceber quando algo está errado ou não está sendo feito da melhor forma”, afirma Simone.
Caminho mais seguro Outro negócio que comemora o aumento na produtividade e, por consequência, a qualidade em seus produtos é a Admir Pancote, CEO da Núcleo de Software e Inovação (NSInova), empresa de tecnologia da informação que, com a ajuda do Sebraetec Adequação, conquistou a certificação MPS-BR, coordenada pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), que visa a melhoria de processos e em qualidade na produção de softwares. “Como não há como medir a qualidade dos softwares, é preciso que a empresa siga métodos para a melhoria do seu processo de desenvolvimento, e é essa melhoria nos processos que vai gerar produtos com mais qualidade. A implantação do MPS-BR trouxe ordem e métrica ao nosso processo”, explica Admir. Segundo ele, o apoio do Sebrae foi fundamental para a conquista da cer-
tificação, por dar o respaldo no acesso as entidades executoras e por indicar o caminho mais seguro e confiável para validar os trabalhos. “Com a certificação, aumentamos a nossa produtividade, otimizamos os custos e estamos mais organizados e equilibrados financeiramente”, destaca o empresário. De acordo com o gerente da Unidade de Ambiente de Negócios do Sebrae/ PR, cerca de 4,5 mil pequenos negócios do Estado foram beneficiados pelo Sebraetec em 2015, e novas 3,2 mil empresas já estão sendo atendidas pelo Programa em 2016. Rissete também indica, para aquelas que têm interesse, que ainda dá tempo de procurar os serviços do Sebraetec. “As pequenas empresas interessadas nesse suporte tecnológico podem procurar, a qualquer momento, o atendimento do Sebrae/PR. O consultor irá identificar quais são as necessidades e prioridades da empresa, de acordo com a demanda e os serviços oferecidos via Sebraetec, e indicar quais são os procedimentos de participação no Programa, que vai ajudar a empresa a melhorar sua gestão interna, sua produtividade e seu posicionamento de mercado, principalmente nesse momento de retomada da economia”, assinala César Rissete.
Mais informações sobre o Programa Sebraetec 2016 estão disponíveis para consulta no site do Sebrae/PR www.pr.sebrae.com.br/sebraetec. Os empresários interessados em participar do Programa podem agendar uma orientação empresarial pela Central de Atendimento do Sebrae/PR, no 0800 570 0800.
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SOLUÇÕES | SEBRAE/PR
Cooperação e desenvolvimento capacitaçÃO
Do mini ao super projeto auxilia pequenos Capacitar e preparar os empreendedores de minimercados para o crescimento e conseguir competir com as grandes redes é o foco de programa de sucesso do Sebrae/PR, Fecomércio PR e Apras Por Camila Cabau
Foto: Luis Felipe Miretzki
do setor mercadista
empresários participantes do projeto,
realizaram visita técnica à Mercosuper, em Curitiba (PR)
C
omo uma muda de planta, que mesmo pequena já é capaz de mostrar suas características e seu potencial de crescimento, assim são os empreendimentos de minimercados que, com ajuda capacitada e na medida certa, conseguem se transformar em árvores singulares e com fortes raízes. É o que está acontecendo com o mercado de Márcio José Stedile, de Campina Grande do Sul, que lançou mão de diversas estratégias, como reforma da loja, criação de promoções estratégicas e gestão de controle dos produtos, resultando no aumento de 10% das vendas no mês de junho, em comparação com o mesmo mês de 2015. “Mesmo na crise, eu consegui crescer e ainda percebo que a minha clientela está mais fiel. Meu negócio
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está muito mais sólido, enraizado”, garante o empresário. Essa é justamente a proposta do Varejo Top Loja – Minimercados, programa do Sebrae/PR, Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Paraná (Fecomércio PR) e a Associação Paranaense de Supermercados (Apras), que já coleciona casos de sucesso, como o do Márcio José Stedile, e chega à sua segunda edição. A iniciativa está presente em 13 cidades, Curitiba, Maringá, Paranavaí, Campo Mourão, Umuarama, Paranavaí, Realeza, São João, Dois Vizinhos, Chopinzinho, Pato Branco, Clevelândia e Palmas.
Os minimercados participantes da primeira edição obtiveram, em média, 40% de evolução no faturamento
No total, são atendidas cem empresas do segmento de supermercados, mercados de bairro e mercearias. O Top Loja – Minimercados capacita empre35
cadorias em setores e outras facilidades ao consumidor. Porém, nem sempre o empresário possui condições de cuidar do aprimoramento da sua gestão. O programa Varejo Top Loja preencheu essa lacuna, oferecendo cursos e consultorias, introduzindo conceitos, técnicas e tendências especialmente aplicados aos minimercados. A parceria entre Sebrae/PR e Fecomércio PR tem sido um marcante exemplo de sucesso.” Piana observa que os empresários participantes tornam-se multiplicadores do conhecimento adquirido, ampliando o interesse para os seus concorrentes. “A estrutura do programa, dividido em 162 horas, e em seis módulos – gestão varejista, pessoal, comercial, administrativo-financeiro e operacional – igualmente facilita o aproveitamento, com a utilização da pedagogia apropriada. É um programa estruturante, já com mais de 10 mil empresas participantes, que veio para ficar.”
Foto: Luis Felipe Miretzki
sários em diversas áreas, como planejamento, finanças, liderança, marketing e processos eficazes, fortalecendo os empreendedores e seus negócios.
Foto: Ivo Lima
O empreendimento de minimercados faz parte do segundo maior segmento em número de pequenos negócios do País, cerca de 416 mil estabelecimentos. Também chamado como varejo alimentar de autosserviço, os minimercados representam 6% do PIB do País e respondem por 35% das vendas do setor supermercadista.
Piana, presidente da
Fecomércio, observa que os empresários participantes tornam-se multiplicadores do conhecimento adquirido
Fernanda Pesarini, consultora do Sebrae/PR e gestora do Top Loja – Minimercados, em Curitiba. Diz que a ascendente expansão do setor de Minimercados no Brasil é resultado do novo hábito de consumo do brasileiro, que vem trocando as compras mensais por pelo menos três idas semanais ao mercado. Outros fatores cruciais para seu sucesso são a proximidade e o atendimento personalizado. “Este contato é um grande diferencial
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que já foi percebido até mesmo pelas grandes redes, nacionais e internacionais, que estão investindo em formatos de mercado de vizinhança. E aí vem mais uma missão para o Top Loja, fazer com que as micro e pequenas empresas deste segmento se profissionalizem, se destaquem e compitam de igual para igual com este novo formato das grandes redes”, garante a consultora.
Exemplo de sucesso O presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná, Darci Piana, destaca que o Varejo Top Loja – Minimercados provoca uma mudança de paradigma. “Os minimercados representam a verdadeira aproximação do empresário aos seus clientes, para oferecer algo além dos produtos disponíveis em um armazém tradicional. Eles trazem conceitos como eliminação do balcão, autoatendimento, check-out, a divisão das mer-
Para essa grande mudança, Marcelo Martins contratou e treinou cinco novos funcionários, investiu no projeto de design de interiores do estabelecimento, criou novos setores, como o da padaria, e ampliou todos os demais, assim como o mix de produtos. “Estou com muito gás e sinto que saí na frente, antes mesmo que uma grande rede pegasse este novo ponto, eu fui à frente. Depois da consolidação no novo prédio, eu almejo abrir mais lojas em Maringá, criar a minha rede”, conta o empresário.
Em 2013 e 2014, o Varejo Top Loja Minimercados foi realizado pela primeira vez na região sudoeste do Paraná
O consultor do Sebrae/PR, e gestor do Programa no Noroeste do Estado, Marcelo Wolff diz que assim como o
Com esta vontade, de crescer ainda mais e de competir diretamente com os grandes, o empresário maringaense Marcelo Moreira Martins é dono de um mercado que atualmente ocupa uma construção de 150 metros quadrados. O empreendedor faz parte da primeira turma do programa formada no Noroeste e que teve início há um ano. Já na metade do processo, Marcelo garante não ser o mesmo empresário e nem o dono do mesmo negócio. “Assim que comecei a ter contato com os consultores, a conhecer novas formas de gestão e a aplicar o que aprendi, os resultados apareceram. Hoje, sei que para crescer é preciso ser diferente e investir na qualidade da minha equipe e dos meus produtos e serviços”, relata o empreendedor. O mercado de Marcelo está prestes a dar o maior salto de sua história, ao contabilizar o aumento nas vendas, que só neste primeiro semestre foi 23% acima do mesmo período do ano passado, resultado da qualificação prestada aos seus funcionários e
Enquanto não muda para a nova loja, Marcelo Moreira Martins, de Maringá, atende e informa seus clientes sobre as mudanças que virãO
Foto: Rafal Moreschi
Márcio José Stedile,
de Campina Grande do Sul, lançou mão de diversas estratégias como reforma da loja, promoções estratégicas e gestão de controle dos produtos
das ações e ofertas promovidas aos seus clientes. Agora, a empresa mudará para uma construção localizada do outro lado da rua e quase quatro vezes maior do que a atual.
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Perfil dos Minimercados 83,6%
das empresas comercializam frios e 50,2% trabalham com frutas, legumes e verduras
67,7%
das empresas têm até duas caixas registradoras
33,3%
dos minimercados estão de portas abertas há mais de 15 anos
48,9%
das empresas empregam até quatro pessoas
38,3%
dos minimercados ouvidos atendem até 50 clientes por dia
20,6%
dos minimercados são microempresas, pois faturam entre R$ 5 mil e R$ 30 mil/mês
34,7%
dos empresários contam com até dez fornecedores para abastecer a loja
41,6%
das empresas têm loja com até 100 m2
Rodrigo Aurélio de Oliveira,
de Palmas, promoveu mudanças na gestão e pretende ampliar o mercado
Foto: Antonio Menegatti
Novidades também no Sudoeste
mercado maringaense, outros da região também já conseguem colher frutos gerados pela capacitação de seus gestores. “Todo este movimento gerado pelo programa fortalece o setor, gera uma visão compartilhada de crescimento entre os empresários que ficam abertos à inovação. Todos ganham com a profissionalização deste segmento”, assegura.
Comportamento empreendedor O coordenador estadual do Setor de Comércio, Bens e Serviços do Sebrae/ PR, Osmar Dalquano Junior, ao analisar os resultados apresentados na primeira metade do atual programa, revela que o grau de profissionalização dos participantes tem aumentado. Os conteúdos e informações relevantes voltados ao setor são apenas parte da explicação. “O comportamento empreendedor também é abordado no Vare38
jo Top Loja - Minimercados. Muitos dos participantes são ex-funcionários de mercados, por isso trabalhamos a formação de lideranças, com acompanhamentos específicos para que o dono se veja como um profissional. Não adianta ter acesso a conteúdos se a pessoa não está preparada para assumir a mudança, enfrentar os desafios. O projeto tomou o cuidado de preparar o lado comportamental dos empresários”, exemplifica Dalquano. Dalquano também elogia os parceiros no programa: Fecomércio PR e Senac PR, Associação Paranaense de Supermercados (Apras) e o Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios do Estado do Paraná (SincaPR). “As parcerias permitiram contratar consultorias extremamente especializadas, como a Academia de Vendas da Apras, que conta com ex-diretores ou gerentes de grandes redes, que levam suas experiências para os donos de minimercados.”
O Mercado Central, de Palmas, é um dos integrantes da atual turma do Varejo Top Loja – Minimercados na região Sudoeste do Paraná. Rodrigo Aurélio de Oliveira, sócio-gerente do estabelecimento, conta que as consultorias financeiras permitiram enxergar com mais clareza a situação financeira da empresa. “A gestão financeira sofreu mudanças e agora estamos trabalhando para ter maior controle das receitas e despesas. São informações que auxiliam na tomada de decisões”, afirma. O Mercado Central tem 34 anos de existência e 28 colaboradores, e Oliveira adianta que pretende mudar o visual da loja e ampliar a estrutura no segundo semestre deste ano. O sócio-gerente também elogia a troca de experiências entre os proprietários de mercados e mercearias que estão no programa. “Temos conversado sobre as ações que têm dado certo nos empreendimentos. Só de Palmas, são cinco mercados no Varejo Top Loja. Apesar de concorrentes, vamos juntos aos treinamentos, cooperamos, trocamos informações”, finaliza Oliveira. Sabino Oltramari, consultor do Sebrae/PR e gestor do projeto Varejo Top
Fonte: Pesquisa Minimercados do Brasil, feita pelo Sebrae Nacional, em 2015.
Loja – Minimercados na regional Sudoeste, comenta que o programa promove a possibilidade de empresários do setor ao constante aprendizado. E lembra ainda a participação dos empresários em eventos paralelos, como as visitas técnicas realizadas em mercados de Curitiba e a feiras de novas tecnologias para o setor em São Paulo neste ano (Mercosuper e Fispal).
empresários foram na contramão, apoiados em ações inovadoras e criativas. Eles conseguiram fidelizar clientes, melhorar o relacionamento com a vizinhança e se tornar parte do bairro, além de estarem cada vez mais fortes para competir com seus concorrentes” analisa a consultora do Sebrae/PR.
“O reflexo deste conjunto de aprendizados, aos poucos, começa a ser percebido, uma vez que o programa ainda tem muito a percorrer, pois será concluído no final de 2017”, completa Sabino Oltramari.
Passo a passo
Resultados em meio à crise Para a consultora Fernanda Pesarini, estas empresas que participam do programa estão, literalmente, conquistando mercado. “Em tempos de pessimismo e descrença, estes
Com duração de dois anos, o Varejo Top Loja – Minimercados começa com um diagnóstico do empresário e do estabelecimento, que acontece por meio de cliente oculto que visita o estabelecimento e registra as suas impressões. Outra ferramenta aplicada é o diagnóstico do Modelo de Excelência em Gestão (MEG), da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Depois, desenvolve-se um planejamento estratégico personalizado, que atenda aos diagnósticos iniciais
e às necessidades apontadas pelos empreendedores. Em seguida, têm início as capacitações em diversas áreas, como planejamento, finanças, liderança, marketing e processos eficazes. Também acontecem as formações específicas do setor, com noções dos cenários econômicos e tendências para o varejo, liderança e comunicação, desenvolvimento do empresário e da gestão de recursos humanos, legislação trabalhista, marketing para o varejo, controladoria e prevenção de perdas, logística e distribuição, tributação, administração, controle de compras e vendas, gestão de perecíveis e gestão da loja e resultados. Um diferencial do programa é que todos os empresários passam por coaching, com o objetivo de desenvolver o gestor como empreendedor. Além de missão técnica direcionada a eventos de relevância nacional. 39
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empreender
Empreendedorismo e Inovação
Proposta do espaço colaborativo é aproximar as startups do Grupo Telefônica; projetos contemplados poderão usufruir dos mecanismos de aceleração que a empresa oferece no mundo todo e ainda terão a possibilidade de fazer negócios com a operadora Por Giovana Chiquim
Foto: Rogério Lorenzoni
Londrina vai receber segundo crowdworking do Telefónica Open Future no Brasil Renato Valente, diretor do Telefónica Open Future no Brasil
A
cidade de Londrina e os municípios vizinhos consolidaram a região norte do Paraná como um polo em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). A região possui vários ativos que fortalecem o ecossistema de TIC e abriga um Arranjo Produtivo Local (APL) de Tecnologia da Informação atuante, desde 2006, sendo escolhida, entre cinco mil municípios brasileiros, para sediar o Instituto Senai de Tecnologia (IST), que será um centro de pesquisa com foco exclusivo em TIC, com investimentos na ordem de R$ 10 milhões. A região também respira conhecimento e conta com 17 universidades que possuem cursos para formação de empreendedores e profissionais na área de TI, com mais de 40 mil estu40
dantes de nível superior. Além disso, abriga incubadoras de aceleração de projetos inovadores, como a Incubadora de Inovações da Universidade Tecnológica (IUT), que fica na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus Cornélio Procópio, e a Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da UEL (Intuel), da Universidade Estadual de Londrina (UEL). De olho no setor promissor, o Sebrae/ PR também tem projetos no Norte do Paraná voltados para o desenvolvimento do setor de TIC, que estimula certificações de alto nível, e ainda uma linha de atendimento voltada exclusivamente para o atendimento das startups, que são empresas ancoradas em um modelo de negócios repetível e escalável.
Programa vai fomentar o empreendedorismo, o talento e a internacionalização dos negócios de base tecnológica
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O espaço colaborativo será instalado na sede da Aintec, em Londrina De acordo com Fabrício Bianchi, consultor do Sebrae/PR, a ação para fomentar o surgimento de novas startups teve início em 2015 e, até junho de 2016, já tinha 202 projetos cadastrados, sendo que mais de 50 já se tornaram empresas formalizadas e estão comercializando seus produtos e serviços no mercado nacional. “Cerca de 35% desses empreendimentos estão hospedados em incubadoras e hotéis tecnológicos de Londrina e região, e verificamos que essas startups tornam-se mais competitivas em função do compartilhamento de ideias que existe com outros empreendedores”, conta Bianchi. E, neste segundo semestre de 2016, Londrina recebe mais um espaço que vai gerar a troca de informações, inclusive com empreendedores e mentores que se destacam no segmento de startups no cenário internacional. 42
Trata-se do Crowdworking, um espaço colaborativo do Telefónica Open Future, um programa global que agrega as iniciativas do Grupo Telefônica (controlador da Vivo), relacionadas ao empreendedorismo e à inovação aberta, que conta com a parceria do Sebrae/PR e da Intuel. O Crowdworking de Londrina será o segundo do Brasil – o primeiro funciona no campus do Instituto em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais – e vai contemplar startups de base tecnológica, que serão selecionadas nos próximos meses, por meio de edital, com vistas ao desenvolvimento de negócios nas áreas de Internet of Things (IoT), aplicativos B2B, soluções de digitalização “end to end” (E2E), Redes, Segurança, Big Data e Agrobusiness, entre outros segmentos estratégicos. O espaço colaborativo será instalado na sede da Aintec - Agência de Inova-
ção Tecnológica, por meio da Intuel. A intenção das entidades parceiras com o Programa é fomentar o empreendedorismo, o talento e a internacionalização dos negócios de base tecnológica. Renato Valente, diretor do Telefónica Open Future no Brasil, explica a intenção da Telefônica Vivo, por meio do Crowdworking, é chegar a diferentes pontos de contato com os distintos ecossistemas de inovação espalhados pelo País. “Identificamos em Londrina um ambiente bastante favorável para o desenvolvimento do espaço de Crowdworking, com uma estrutura muito bem montada na UEL, muitos talentos inovadores e uma disposição muito grande por parte do Sebrae/ PR em apoiar e incentivar o empreendedorismo local. O apoio do Sebrae/ PR foi chave para a concretização do acordo”, afirma.
A intenção do Sebrae/PR, segundo o diretor de Operações, é transformar as empresas participantes, que tenham um desenvolvimento escalável, em líderes no seu segmento. “O espaço irá contribuir com a formação de jovens talentos e transformá-los em empreendedores. O Crowdworking promove um networking internacional, além de oferecer mentorias de alta qualidade, as quais os jovens dificilmente teriam acesso”, analisa.
Foto: Natalia Malvezzi
Foto: Natalia Malvezzi
Na avaliação do diretor de Operações do Sebrae/PR, Julio Cézar Agostini, a assinatura desse convênio, que busca dinamizar o ecossistema de tecnologia de informação (TI) no Norte do Paraná, é um passo muito importante. “Estamos fazendo uma aliança estratégica. O Crowdworking instalado em Londrina será uma porta de entrada para levar essa experiência para as demais 22 incubadoras que são parcerias do Sebrae/PR no Estado”, diz Agostini.
Diretor do Sebrae/PR, Julio Agostini,
na assinatura do convênio para o Crowdworking
Projeto contemplados As startups inscritas no Programa Telefónica Open Future no Brasil vão apresentar os projetos para uma banca examinadora, composta por integrantes da Waira, da Aintec e do Sebrae/PR. A infraestrutura do Crowdworking será de responsabilidade da Waira, e o espaço colaborativo será abrigado dentro da Aintec. Com a parceria, a Intuel se torna uma incubadora internacional. A Intuel tem trabalhado nos últimos 15 anos na promoção do empreendedorismo inovador em Londrina e Região, de acordo com Edson Miura. “Essa parceria vai contribuir para o desenvolvimento de novas empresas, trazendo para o nosso ecossistema de inovação, uma proposta de capilaridade internacional de promoção de startups. Queremos, com isso, gerar mais negócios, promover a interação em inovação aberta e possibilitar a projeção de empresas em grande escala”, salienta.
Fabrício Bianchi, que conduziu todo o processo para a instalação do Crowdworking em Londrina, relata que a disponibilidade da Aintec para fazer mudanças para receber o espaço colaborativo contribuiu para a escolha da agência para firmar a parceria. “A chegada do Crowdworking em Londrina mostra que o ecossistema da região está maduro para receber um player global, que está à frente de uma iniciativa arrojada, em termos de propulsão da inovação de empresas com modelos de negócios reconhecidos como startups”. Renato Valente enfatiza que o objetivo do Programa é oxigenar a Telefônica Vivo com ideias inovadoras e criar uma relação profissional que beneficie todas as partes. “Ou seja, a expectativa é de que essa parceria contribua para o desenvolvimento de novas empresas, o que certamente beneficiará o município de Londrina e toda a região”, finaliza. 43
Foto: Natalia Malvezzi
e ideias com outros Crowdworking em três continentes: Europa, Ásia e América. Além disso, terão a oportunidade de receber da Waira US$ 50 mil para acelerar o projeto, durante 24 meses. O Programa é, também, uma grande vitrine, já que os participantes terão acesso aos 150 milhões de assinantes do Grupo Telefônica no mundo inteiro”, destaca Miura.
Evento de lançamento do Crowdworking de Londrina, que será o segundo do Brasil, ocorreu em 17 de maio
Impulsionar talentos Rentato Valente esclarece que a Telefônica Vivo incentiva e investe em pessoas, ideias e projetos viáveis, baseados em tecnologia, que estejam em qualquer fase de desenvolvimento, de forma aberta e em conexão com organizações públicas e privadas. “No caso específico do Crowdworking, o objetivo é reunir empreendedores que estejam num estágio inicial de desenvolvimento, em espaços compartilhados de trabalho para que a interação acelere seu crescimento”, pondera. A ideia, conforme o diretor do Telefónica Open Future no Brasil, é ajudar a impulsionar o talento local, tirar as ideias do papel e incentivar jovens com vocação empreendedora a colocar em prática suas iniciativas, fornecendo infraestrutura de espaço, suporte técnico e mentoria para que, caso o projeto avance, possa continuar a ser apoiado por meio de outros projetos que integram o Open Future. “Os empreendedores de sucesso poderão, então, receber apoio da Wayra, a aceleradora de startups da Telefônica Vivo, e futuramente obter financiamento de fundos de capital de risco”, diz Renato Valente. Ele acrescenta que Telefônica Vivo utiliza uma metodologia de desenvolvimento de negócios moderna e já testada nesses espaços de Crowdworking, 44
além de ajudar a ampliar os contatos dos empreendedores com um ecossistema mundial de inovação do Grupo Telefônica, presente em 17 países. Na visão de Edson Miura, diretor da Aintec, a ampliação do networking promovida pelo Crowdworking é uma das principais vantagens do Programa. “As startups selecionadas terão mentores internacionais, aproximação com setor produtivo na área de telefonia e oportunidade de trocar informações
Fabrício Bianchi também acredita que o Crowdworking é uma grande oportunidade para a aceleração dos projetos, fator que pode tornar as startups selecionadas ainda mais competitivas. “Um grande diferencial da parceria é que os empreendedores que participam dessa rede global de empreendedorismo e inovação pelo projeto Telefónica Open Future passam a ter oportunidade de usufruir de toda a estrutura física dos Crowdworkings nos diversos continentes, bem como facilidade para internacionalização dos projetos. Eles ainda vão integrar uma rede com mais de 35 mil empreendedores espalhados em 11 escritórios em oito países”, ressalta.
Programa de inovação aberta O Telefóncia Open Future é um programa completo de inovação aberta e apoio ao empreendedorismo, que engloba desde projetos de inovação social (Pense Grande, desenvolvido pela Fundação Telefônica), de apoio a empreendedores em universidades (Crowdworking), de aceleração de startups (Wayra) e, também, de financiamento dessas novas empresas, por meio de fundos de venture capital (Amerigo/Invest Tech). O Open Future atua por meio de parcerias públicas e privadas e já acumula um portfólio de mais de 1.200 startups aceleradas e cerca de 670 financiadas, além de escritórios em 17 países da América Latina, Europa e Ásia. Além de crowdworkings e da aceleradora Wayra, o programa também está presente no Brasil por meio do Fundo Amerigo/Investech, e o fundo Corporativo Telefónica Ventures, veículos de investimento que ajudam startups em fase de crescimento a obter financiamento para sua escalabilidade e internacionalização.
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Experiências para o desenvolvimento
Sebrae/PR e Fomento Paraná reúnem agentes de desenvolvimento e de crédito em encontro estadual Evento permitiu a integração entre os agentes que atuam no Estado, a troca de experiências e o intercâmbio de boas práticas em favor do desenvolvimento
Foto: Rodrigo Czekalski
Por Patrícia Biazetto
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Grupo que participou do encontro em Faxinal do Céu
O
Sebrae/PR e a Fomento Paraná realizaram nos dias 31 de maio e 1º de junho, em Faxinal do Céu, município de Pinhão, o Encontro Estadual de Agentes de Desenvolvimento e de Crédito. Com o objetivo de promover a capacitação e integração dos participantes, a iniciativa colaborou para evidenciar as melhores experiências e para o intercâmbio de boas práticas. O evento teve a participação de 280 agentes de diversos municípios do Estado. A programação do Encontro incluiu apresentações lúdicas, como o Circo Vox, de São Paulo. Nelas, os artistas destacaram e reforçaram questões como a ética, parceria, cooperação e iniciativa para os agentes. Na sua palestra de automotivação, o psicólogo Rafael Baltresca contou com a interação dos presentes, que participaram de números de ilusionismo e técnicas de auto-hipnose e autossugestão. O premiado jornalista Caco Barcellos, criador do programa Profissão Repórter, da Rede Globo, também detalhou sua experiência em palestra para os agentes. Caco, inclusive, articulou a apresentação das melhores experiências dos agentes, realizadas nas regionais do Sebrae/PR. Foram realizadas, ainda, durante os dois dias do evento, palestras, atividades coletivas e premiações. Em uma das palestras, o empreendedor social João Carlos Leite relatou como ajudou a transformar o município de São Roque de Minas/MG, com o estímulo ao associativismo e cooperativismo. Ele foi pioneiro na criação da cooperativa de crédito da região e fundador de uma escola modelo para jovens na cidade mineira.
Foto: Rodrigo Czekalski
DESENVOLVIMENTO
Caco Barcellos, palestrou e articulou a apresentação das melhores experiências dos agentes Para o coordenador de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Sebrae/PR, Luiz Marcelo Padilha, o Encontro reforçou a importância da atuação dos agentes de desenvolvimento e crédito do Paraná. “Compartilhamos as boas práticas das diversas regionais do Sebrae/PR e reforçamos a importância dos agentes serem transformadores, de buscarem parcerias para o desenvolvimento. Os agentes têm papel fundamental em seu município, pois, ao contribuir com a realização do sonho de um empreendedor, a economia da localidade é beneficiada”, frisa.
A estratégia de trabalhar parcerias com os funcionários dos municípios e do setor produtivo, resultou no crescimento de liberação de microcrédito no Estado nos últimos anos
Na avaliação do coordenador estadual de Acesso a Serviços Financeiros do Sebrae/PR, Flávio Locatelli Junior, o agente de crédito auxilia que os micro e pequenos negócios tenham acesso a linhas mais adequadas às demandas 47
Guaracy Pacheco,
Paraná, destacou que a parceria entre o Sebrae/PR e a Fomento Paraná fortalece o trabalho dos agentes
dos empreendedores. “Os agentes de crédito de cada município têm mais conhecimento e noção da realidade do empreendedor local. Com isso, é possível ofertar crédito de maneira mais assertiva, o que permite, por exemplo, evitar o crescimento da inadimplência, que é uma causa do crédito mal ofertado”, explica Locatelli. Para o presidente da Fomento Paraná, Juraci Barbosa Sobrinho, a parceria entre o Sebrae/PR e a Fomento Paraná fortalece o trabalho dos agentes, em função do alinhamento que existe entre as entidades. “De nada adianta o empreendedor ter a orientação de como fazer, se ele não tiver o acesso ao crédito. O trabalho realizado no Encontro foi de novos estímulos, conceitos e sinergia entre os dois agentes: o de desenvolvimento e o de crédito”, pontua. Para ele, a estratégia de trabalhar parcerias com os funcionários dos municípios e do setor produtivo resultou no crescimento de liberação de microcrédito no Estado nos últimos anos. Conforme o Diretor de Mercado e Relações Institucionais da Fomento 48
Paraná, Luiz Hauly, a Fomento Paraná liberou, em 2015, R$ 35 milhões em microcrédito, que é o financiamento de até R$ 20 mil, e que conta, na maioria das vezes, com subsídio do Estado. “Em contrapartida, o empreendedor precisa participar de cursos de capacitação, seja por meio do Bom Negócio Paraná ou dos cursos do próprio Sebrae/PR”, explica. Neste ano, a meta é liberar R$ 45 milhões em crédito.
Quem são O Agente de Desenvolvimento ficou institucionalizado em âmbito nacional a partir de 2008, como uma extensão da Lei Geral das Micros e Pequenas Empresas. Cabe a ele, segundo a Lei Complementar 128, a articulação das ações públicas para a promoção da economia local. Assim, a presença de um agente no município é de grande importância para o avanço dos capítulos da Lei, fazendo a integração entre todos os envolvidos para a promoção do desenvolvimento local. No Paraná, atuam hoje 480 agentes.
Foto: Rodrigo Czekalski
Foto: Rodrigo Czekalski
Foto: Rodrigo Czekalski
Juraci Barbosa Sobrinho, presidente da Fomento
Dilene Maria da Silva (na esquerda),
de Laranjeiras do Sul, foi um dos agentes premiados
“As palestras e os painéis apresentados tiveram temas muito relevantes, e a própria forma descontraída entre as apresentações quebrou a tensão e melhorou a percepção dos assuntos abordados. Não posso deixar de relatar, também, os trabalhos em grupos, que acrescentaram bastante na troca de experiência e na construção de um networking confiável”, enfatiza Guaracy Emerson Pacheco, agente em Laranjeiras do Sul. O Agente de Crédito também possui papel importante, uma vez que é ele quem faz o atendimento inicial ao empresário e levanta os dados necessários para a análise da viabilidade de concessão do financiamento. Assim, ele contribui com o desenvolvimento da economia nos municípios por relacionar-se diretamente com os empresários de micro e pequenas empresas. No Paraná, hoje, são cerca de 250 agentes, que, por serem membros das próprias comunidades, têm condições de identificar, mais adequadamente, as potencialidades regionais e orientar os empresários interessados em financiamentos.
Premiações No Encontro Estadual de Agentes de Desenvolvimento e Crédito foram premiados aqueles que estão ajudando a fazer diferença nos locais em que atuam. Foram destaques as Salas do Empreendedor de Francisco Beltrão, Ponta Grossa, Piraquara, Nova Londrina, Siqueira Campos e Tupãssi.
de Icaraíma, recebeu o reconhecimento pelo trabalho
as experiências vivenciadas por eles em seus trabalhos foi o grande diferencial. Pude verificar na apresentação de João Carlos Leite, fundador do Saromcredi (de São Roque de Minas/ MG), o real impacto que ações voltadas ao microcrédito podem proporcionar ao desenvolvimento de uma região”, exemplifica.
“No encontro pude notar a garra e a cumplicidades com que cada agente desenvolve seu trabalho junto ao seu município. Percebi que ainda tenho muito trabalho pela frente para ser desenvolvido, juntamente com o poder público municipal e as lideranças do setor privado local”, destaca a agente de desenvolvimento Dilene Maria da Silva, de Icaraíma, na região Noroeste do Paraná.
Os agentes de desenvolvimento premiados foram Maristela Borges, de Irati; Ana Cláudia Klosouski, de Guarapuava; Andréa Zeglin, de Tijucas do Sul; Marcel de Castilhos, de Colombo; Ronei Faxina, de Tapejara; Dilene Maria da Silva, de Icaraíma; Adaueber Rodrigues, de Ibiporã; Maria Cesco, de Bandeirantes; Guaracy Pacheco, de Laranjeiras do Sul; Danielli Mick, de Entre Rios; Inelves Onder, de Santo Antônio do Sudoeste; Ângela Paludo, de Francisco Beltrão.
Para a agente de desenvolvimento Fernanda de Oliveira Moreira, de Toledo, o conhecimento sobre crédito foi fundamental. “Este ano posso destacar que o fato de termos também a participação dos agentes de crédito e
Já o Prêmio Fomento Paraná reconheceu os agentes de crédito que tiveram o maior número absoluto de contratos (produção), maior número relativo de contratos, considerando a inadimplência e número de empresas
do município (qualidade) e o desenvolvimento municipal. Na categoria Produção, os premiados foram Otto Luiz Haab, de Marechal Cândido Rondon, em 1º lugar; Ademar Jairo Bertol, de Pato Branco, em 2º lugar; e Itacir Camilo Rovaris, de Francisco Beltrão, em 3º lugar. Já na categoria Qualidade os destaques foram para Volnei Lampert, de Foz do Iguaçu, na 1ª colocação; seguido por Sandra Regina Faria da Costa, de Cianorte, e por Frederico Negri, de Cornélio Procópio. Na categoria Desenvolvimento Local foram premiados Osmárcia Lourdes Martins da Silva, de Querência do Norte, em 1ºlugar; Ivanilde Miranda Tomazini, de Alto Piquiri, na 2ª colocação; e Andrea Cristina Falcão, de Palmas, em 3º lugar. As premiações incluem para os primeiros colocados a participação no Fórum Nacional de Inclusão Financeira do Banco Central, com todas as despesas pagas. Já os segundos e terceiros colocados receberão cursos de coaching. 49
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Economia
Inovação para os pequenos negócios
Um apoio
par a quem quer fazer
diferente
Edital Sebrae de Inovação nos Pequenos Negócios destina R$ 20 milhões a projetos inovadores, para fomentar competitividade e sustentabilidade em micro e pequenas empresas Por Adriano Oltramari
A
inovação é parte fundamental da estratégia de competitividade e sustentabilidade dos negócios, sobretudo em tempos de crise. Para auxiliar as micro e pequenas empresas a fazer de um jeito novo e, assim, se diferenciar no mercado, o Sebrae Nacional lançou o edital Inovação nos Pequenos Negócios, que vai destinar R$ 20 milhões para o desenvolvimento de projetos inovadores, nas modalidades desenvolvimento tecnológico e encadeamento tecnológico em 25 unidades da federação, incluindo o Paraná. As inscrições podem ser feitas até 23 de setembro. Responsável pelo edital no Estado, o consultor do Sebrae/PR Aloísio Cerqueira explica que o objetivo é fomentar o desenvolvimento de processos, produtos e serviços inovadores em micro e pequenas empresas. “No cenário atual, o investimento em inovação é muito baixo, porque as empre50
sas estão mais preocupadas com a manutenção do negócio”, argumenta. Serão destinados R$ 10 milhões para projetos de desenvolvimento tecnológico e outros R$ 10 milhões para encadeamento tecnológico. Em ambos os casos, o subsídio máximo do Sebrae é de R$ 120 mil por projeto. Enquanto, no desenvolvimento tecnológico, o Sebrae subsidia até 60% do valor do projeto (cujo valor-base é R$ 200 mil) e a pequena empresa entra com 40% ou mais do valor, na modalidade encadeamento tecnológico, além do subsídio do Sebrae, o pequeno negócio inovador pode atrair investimentos de uma média ou grande empresa interessada no projeto de inovação. Nesse caso, o subsídio máximo do Sebrae é de 30% do total do projeto (cujo valor-base é R$ 400 mil), o pequeno negócio entra com 20% do
valor, e a média ou grande empresa aporta, pelo menos, 50% do valor do projeto. “Essa é uma maneira de atrair a média ou grande empresa que será atendida por aquela tecnologia desenvolvida pela pequena. No fim, todos saem ganhando”, pontua Cerqueira. Gerente da Unidade Ambiente de Negócios do Sebrae/PR, Cesar Rissete explica que, além do subsídio financeiro de parte do projeto de inovação, a entidade também vai contratar instituições de ciência e tecnologia, que auxiliem as pequenas empresas na execução de suas ideias. “Essas costumam ser duas grandes dificuldades das empresas: encontrar instituições que possam auxiliá-las e ter as condições financeiras para acesso a serviços que contribuam para a inovação”, detalha. Médias e grandes empresas, acrescenta Rissete, por vezes contam com
departamentos de pesquisa, desenvolvimento, inovação e engenheiros em sua equipe. “A micro e pequena empresa, dificilmente, vai ter uma estrutura interna que dê condições de fazer um projeto de inovação. Então, esse edital vai possibilitar acesso a instituições que contribuirão para ela inovar”, comenta.
Envio de documentação O edital está disponível para download no www.sebraepr.com.br. As inscrições de projetos podem ser feitas pela plataforma InovAtiva (www.inovativabrasil.com.br). Para se inscrever, é necessário um Termo de Habilitação, concedido na entrega da documentação especificada no item 9 do edital. “É importante se atentar com relação a isso. A empresa envia a documentação, o Sebrae analisa e concede o Termo de Habilitação, peça integrante no ato da inscrição na plataforma InovAtiva, isso para o caso de desenvolvimento tecnológico. Já no caso de encadeamento tecnológico, além do Termo de Habilitação, é necessário o Termo de Parceria com a Média e Grande Empresa”, explica Cerqueira. A documentação pode ser entregue na sede do Sebrae/PR, em Curitiba (Rua Caeté, nº 150 – Prado Velho – CEP: 80220-300), ou encaminhada ao mesmo endereço pelos Correios, aos cuidados de Aloísio Cerqueira. Informações sobre o edital podem ser obtidas pelo e-mail: editalsebraedeinovacao.pr@pr.sebrae.com.br. Empresas incubadas, aceleradas ou finalistas do Programa InovAtiva ganham um adicional de 10% na nota do projeto. Os projetos aprovados serão divulgados em 16 de dezembro.
O edital está disponível para download no www.sebraepr.com.br
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Crédito
Círculo virtuoso do crédito
possibilitam inclusão de micro e pequenas empresas no sistema financeiro Quase três mil empresas de micro e pequeno porte de mais de 160 municípios paranaenses já conseguiram acesso a empréstimos bancários por meio de uma das SGC no Estado. Até o primeiro semestre deste ano, o sistema movimentou R$ 98,2 milhões em operações no PR Por Juliana Dotto
O
Paraná é, hoje, o estado com o maior número de Sociedades de Garantia de Crédito (SGC) constituídas no Brasil. Seis das doze garantidoras em operação estão em território paranaense e foram propostas a partir de 2008, quando o Sebrae lançou chamada pública para apoiar projetos de criação de novas SGC. Até então, apenas a GarantiSerra, fundada em 2003 e com sede em Caxias do Sul-RS, auxiliava micro e pequenas empresas a terem acesso ao crédito em condições diferenciadas. As SGC são sociedades de caráter privado e sem fins lucrativos que têm como objetivo geral conceder garantias (aval, fiança) e, principalmente, orientar empresários de micro e pequenas empresas na busca pelo crédito saudável e acompanhá-lo até o final do processo. Apesar de terem surgido com base em modelos internacionais, elas também são resultado da evolução da modalidade de Fundos de Aval brasileiros, que também ofereciam garantias ao pedido de crédito solicitado pelas empresas às instituições financeiras. “Toda empresa, em algum momento, precisa de crédito. E esse crédito, se bem planejado e aplicado, vai resultar no aumento da competitividade
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Foto: Arquivo Star Woman
Garantidoras
Ricardo Costa, de Salto do Lontra, já contratou o quinto financiamento com aval da GarantiSudoeste
do negócio. Entretanto, as pesquisas comprovam que as empresas de micro e pequeno porte têm dificuldade de acesso a esses recursos, seja pela falta de garantias, conhecimento do sistema financeiro, planejamento ou limites baixos para o empréstimo”, explica o coordenador estadual de Acesso a Serviços Financeiros do Sebrae/PR, Flavio Locatelli Junior. Desta maneira, as SGC tiveram como principal ponto de partida o “artigo 60 A”, do Estatuto Nacional da Micro e Pequena Empresa (Lei Geral da Micro e Pequena Empresa ou LC 123/2006), que trata da possibilidade de criação de um Sistema Nacional de Garantias de Crédito que tenha como objetivo “facilitar o acesso das microempresas e empresas de pequeno porte a crédito e demais serviços das instituições financeiras”, oferecendo a elas
Toda empresa, em algum momento, precisa de crédito. E esse crédito, se bem planejado e aplicado, vai resultar no aumento da competitividade do negócio
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Sistema Paranaense de Garantias de Crédito
“tratamento diferenciado, favorecido e simplificado, sem prejuízo de atendimento a outros públicos-alvo”.
Fundo garantidor De início, para que as Sociedades de Garantia de Crédito possam ser “avalistas” dos empresários, foi necessário constituir um “Fundo de Risco Local” em nome de cada SGC. Os aportadores desse recurso do fundo são empresas, instituições ou até mesmo o poder público. O Sebrae/ PR, por exemplo, já aportou R$ 22 milhões em fundos. Hoje, as seis SGC do Estado já somam um fundo garantidor estimado em R$ 23 milhões, o que pode garantir cerca de R$ 172,5 milhões em operações de crédito para as empresas de pequeno porte. São esses os recursos utilizados como garantia aos empréstimos nas instituições financeiras parceiras às SGC. “Essas instituições são os bancos públicos, privados ou as cooperativas de crédito conveniadas que, por meio do aval da garantidora, conseguem conceder empréstimo a juros mais baixos e com melhores condições de pagamento. É um círculo virtuoso, no qual há a inclusão financeira planeja54
www.garantinortepr.com.br Telefone (43) 3374-3000 Sede em Londrina
www.noroestegarantias.com.br Telefone (44) 3023-2283 Sede em Maringá
SCG centro sul-PR
Garantioeste-PR
www.garantisudoeste.org.br Telefone (45) 3055-2604 Sede em Toledo
Foto: Divulgação
“O grande benefício que as SGC oferecem para os pequenos negócios não é somente o aval para a obtenção de crédito com taxas de juros mais baixas e melhores condições de pagamento, como conseguido em alguns Fundos de Aval, mas, sim, a assessoria em gestão financeira e acompanhamento que elas proporcionam. É a certeza da obtenção do que chamamos de ‘crédito saudável’, ou seja, que não comprometa demais a capacidade de pagamento/endividamento da empresa”, observa Flavio Locatelli Junior.
Garantinorte-PR Noroestegarantias
www.sgccentrosul.com.br Telefone (42) 3621-5548 Sede em Guarapuava Garantisul-PR
Telefone (41) 3307-7028 Sede em Curitiba
Garantisudoeste-PR
www.garantisudoeste.org.br Telefone (46) 3524-7983 Sede em Francisco Beltrão
Em Guarapuava, João Adriano Balhs, foi um dos primeiros
associados da Sociedade Garantidora de Crédito (SGC) Centro Sul
da e o desenvolvimento econômico local, pois o recurso será investido na micro e pequena empresa e retido no município”, destaca o gerente da Unidade de Ambiente de Negócios do Sebrae/PR, Cesar Rissete. As SGC trabalham com uma probabilidade estatística de inadimplência e perdas de tal forma que o Fundo de Risco Local pode ser alavancado em até dez vezes. “Um fundo garantidor de R$ 1 milhão, por exemplo, pode gerar R$ 10 milhões em garantias, o que pode representar um volume de até R$ 20 milhões em operações de crédito para as micro e pequenas empresas”, enfatiza Rissete. No entanto, complementa, com a implantação de uma instituição que abranja um grupo de SGC, como a exemplo do Sistema Paranaense de Garantias de Crédito, que engloba as seis garantidoras em operação, o fundo garantidor pode ser alavancado ainda mais. “Chamamos as SGC de instituições de 1º piso e as mais abrangentes, de 2º piso. Estas, constituem um fundo de contragarantia para as SGC, é como se fosse um ‘resseguro’, que diminui o risco da SGC e aumenta o fundo em até 60 vezes, como nos modelos europeus”, assinala.
Paraná A primeira SGC constituída no estado foi a Noroeste Garantias, em junho de 2008, instalada em Maringá, que hoje atende mais de 115 municípios. Em 2009, o Oeste e Sudoeste paranaense passaram a contar com a GarantiSudoeste, em agosto; e GarantiOeste, em novembro. Com sedes nas cidades de Francisco Beltrão e Toledo, atendem, respectivamente, a 42 e 50 municípios. Ambas deram início às operações de crédito em 2011, ano em que a GarantiNorte, com sede em Londrina; e a SGC Centro Sul, em Guarapuava; foram fundadas. No ano passado, a mais nova SGC paranaense, a GarantiSul, foi constituída em Curitiba, tendo suas operações iniciadas neste segundo semestre de 2016. O empresário de Toledo e vice-presidente da GarantiOeste, Augusto José Sperotto, há tempos acompanha a evolução das garantidoras, tendo sido o primeiro presidente da GarantiOeste. “Vimos muita coisa mudar e estamos quase chegando aonde almejamos. Começar o que é diferente não é fácil, mas aos poucos, fomos amadurecendo a ideia da importância das garantidoras e hoje
temos muitos resultados reais para mostrar. Isso, graças ao trabalho de base das entidades parceiras, como o Sebrae/PR e instituições bancárias conveniadas”, ressalta. Sobre a importância das garantidoras, Sperotto analisa que gerou um elo de confiança entre os atores do processo. “Costumo dizer que dinheiro é como oxigênio, ele está por aí e você nem percebe, mas, se faltar, você não sobrevive. Nas empresas, ele é essencial, e poder contar com um sistema garantidor que funcione como aliado do empresário tem promovido muito o desenvolvimento dos pequenos negócios. É um sistema de geração de confiança entre quem busca o crédito com quem o tem (bancos), por meio do aval da garantidora”, atesta.
Na prática O empresário de Guarapuava, na região Centro-Sul do Estado, João Adriano Balhs, da Topazyo Bijuterias, foi um dos primeiros associados da Sociedade Garantidora de Crédito (SGC) Centro Sul. Em abril de 2015, o empresário fez a primeira operação de crédito para capital de giro, por meio do Sicoob, o que veio a se repetir em outras duas ocasiões. “A Sociedade Garantidora de Crédito teve papel fundamental para o meu negócio, tendo em vista que consegui juros mais atraentes para a captação de capital de giro”, diz. Antenado às tendências do mercado, os recursos obtidos foram utilizados para a aquisição de novos produtos, permitindo a diversificação e atualização dos itens comercializados. No estabele-
cimento, fundado em abril de 2006, são vendidas peças para montagens de bijuterias e bordados em chinelos, além de armarinhos e aviamentos. Com pouco mais de cinco anos de atividades, a empresa de André Luiz Galant, prestadora de serviços na área da tecnologia da informação, em Maringá, já caminhava bem. Em uma autoanálise, o empreendedor da Galanti Design percebeu que estava na hora de crescer e ampliar sua área de atuação. “Nós já estávamos consolidados ao desenvolver e hospedar sites, ao produzir design gráfico e no setor de marketing digital. Mas, ainda falta um serviço que está em alta e é essencial, as mídias sociais”, conta o empreendedor. Para passar a oferecer este novo serviço, era preciso a contratação de um novo profissional,
Processo simplificado Empresa associa-se à SGC. Apresenta para a SGC sua demanda de crédito e documentos cadastrais.
A SGC visita e analisa a demanda por crédito e decide pela concessão ou não da garantia.
Os bancos ou Cooperativas de Crédito analisam e decidem a operação. Aceitam a garantia da SGC e concedem o crédito.
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O Paraná é referência em número de SGC e desempenho* Número total de associados às SGC no PR: 2.930 Volume de garantias já emitidas pelas cartas de aval: R$ 74,8 milhões Volume em operações de crédito: R$ 98,2 milhões
tivemos necessidade de garantia física”, comenta destacando, ainda, que, se a empresa não tivesse feito o financiamento via garantidora, não conseguiria recursos para crescer. “As alternativas seriam nulas porque a Star Woman não apresentava garantias físicas. Mesmo que um financiamento viesse a acontecer, seria mais caro e de muito menor valor”, analisa. A construção da loja da indústria saiu e resultou em ampliação de 40% no faturamento, em média, além de dar
No último mês de maio, Ricardo Costa, que é diretor-administrativo da Star Woman, indústria de lingerie de Salto do Lontra, contratou o quinto financiamento com aval da GarantiSudoeste, no Sicoob Vale do Iguaçu. Ao todo, foram feitos empréstimos para capital de giro, compra de equipamentos e para a construção da loja da fábrica no período de 30 meses. Experiente nos pedidos, Ricardo Costa observa que o processo para receber o aval da SGC não foi complicado. “Tivemos que apresentar os documentos normais que qualquer financiadora pediria. Mas, no momento de apresentar garantias, a empresa, a carteira de clientes e o projeto têm valor de garantia. Não 56
Foto: Arquivo pessoal
uma estação de trabalho, composta por mesa, cadeira e computador de última geração. “Para esta ampliação, eu não tinha como dispor rapidamente de recursos, foi aí que procurei a Noroeste Garantias e protocolei o meu pedido que logo foi aceito”, lembra André Galant. Após dois meses de implantação do setor, alguns resultados já são perceptíveis, como o aumento de 20% no faturamento, a fidelização dos antigos clientes, que passaram a usufruir um novo serviço da empresa de André e a conquista de novos clientes. “O resultado foi tão bom que já solicitei mais recurso para aumentar o setor de programação de sites”, diz o empreendedor.
visibilidade e valor agregado aos produtos da Star Woman. Há cerca de um ano, o empresário Edvaldo Osmari, da Osmaresco Representações Comerciais, sentiu os reflexos da crise. Ele é de Medianeira, no Oeste do Paraná, mas vende seus produtos em outros estados brasileiros e chegou a ter um declínio de até 40% nas vendas. O cenário não estava favorável e, quando percebeu, já estava usando o limite bancário e, com
Edvaldo Osmari, de Medianeira, trocou a dívida
com juro alto por um crédito ‘saudável’
A empresa de André Luiz Galant, de Maringá, cresceu com apoio da garantidora de crédito
cio. Vieram até a empresa, coletaram informações sobre o que queríamos, nos orientaram sobre como proceder, vieram atrás de toda a documentação necessária para o crédito. Isso foi essencial, pois se não fosse esse acompanhamento, acho que estaríamos até hoje no processo”, resume. Com a nova impressora, a empresa dobrou a qualidade do serviço de impressão e diminuiu pela metade o tempo de produção. “O processo foi tão positivo e o resultado tem sido tão eficaz,
o tempo, a dívida foi tomando conta das finanças da empresa. “Quando percebi, a dívida já estava alta. Então o gerente que cuida da minha conta sugeriu um empréstimo para quitar a dívida, mas havia uma dificuldade, pois eu não tinha bens para deixar em garantia. Foi então que ele me orientou sobre a GarantiOeste e foi o que me tirou do sufoco em que estava”, conta. O empresário ‘trocou’ a dívida com juro alto por um crédito ‘saudável’, com menor taxa e mais prazo para quitar o empréstimo obtido. “Foi o que me deu um fôlego a mais para poder sair vender mais tranquilo”, acrescenta. “Além disso, quando buscamos o crédito direto nos bancos, a burocracia é muito grande, o que também inviabiliza o pedido. Pela GarantiOeste, o processo foi muito mais simples e rápido”, lembra Edvaldo Osmari que, agora, consegue concentrar seus esforços na venda dos seus produtos em vez de perder horas ‘correndo atrás’ de dinheiro para quitar a dívida que estava alta. André Luiz Ferreira é sócio-proprietário de empresa de comunicação visual em Londrina com o irmão Regis Alexandre Ferreira. Em busca de crédito para aquisição de uma impressora de grande formato, entrou em contato com o Sicoob, um dos bancos que possui relacionamento, e foi aí que ficou sabendo da existência da GarantiNorte. “Eles nos assessoraram desde o iní-
Foto: Divulgação
* até o 1º semestre de 2016
Foto: Rafael Moreschi
Municípios já beneficiados: 162
O grande benefício das SGC não é somente o aval para o crédito mas, a assessoria em gestão financeira e acompanhamento que elas também proporcionam
que já estamos pensando em adquirir mais uma máquina com o aval da GarantiNorte”, enfatiza o empresário da Arprint Comunicação Visual que, além da agilidade e assessoria da garantidora, conseguiu o crédito a juros mais baixos e, ainda, com uma carência de 90 dias para começar a pagar o empréstimo. “Isso não teríamos conseguido de maneira alguma sem o aval da garantidora, nem em bancos com os quais já temos relacionamento de anos”, constata.
André Luiz e o irmão Regis, utilizaram a garantia para adquirir uma nova máquina
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SOLUÇÕES | SEBRAE/PR
Artigo
O voto responsável como instrumento de democracia
AS REGIONAIS DO SEBRAE/PR E SEUS ESCRITÓRIOS
Por Edson Campagnolo
REGIONAL CENTRO
pitais brasileiras. De imediato, a conclusão a que se chega é que o eleitor está desiludido com a classe política, resultado da enxurrada de escândalos de corrupção que toma conta do noticiário e parece não ter fim. Não há dúvidas de que vivemos uma das maiores crises políticas de nossa história, uma crise essencialmente ética e moral, que faz com que a população desconfie de seus representantes a ponto de perder o interesse pelo voto.
Infelizmente, porém, no Brasil muita gente parece não entender a relevância do voto. Diversas pesquisas comprovam essa realidade. Uma delas, realizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), poucas semanas após as eleições de 2014, apontou que quase metade dos entrevistados não conseguia lembrar em quais candidatos havia votado, especialmente para os cargos legislativos. O índice foi de 43,5% no caso da escolha de deputados estaduais, 40,7% para deputados federais e 11,8% para senadores.
Mas é justamente isso que nós, cidadãos, não podemos deixar acontecer. Muito do que vem ocorrendo no Brasil é fruto justamente de nossa omissão. O fato de a maioria das pessoas não se envolver na vida política do País abre oportunidades para que políticos mal intencionados, que colocam interesses partidários e pessoais acima dos interesses da sociedade, conquistem espaço nos poderes Executivo e Legislativo.
Mais recentemente, no início de julho, uma pesquisa Ibope sobre intenções de voto para prefeito de Curitiba revelou outro dado alarmante: 20% dos entrevistados afirmaram estar dispostos a anular seu voto ou votar em branco nas eleições municipais deste ano. Caso esse índice se materialize em outubro, equivale a dizer que 258 mil dos quase 1,3 milhão de eleitores curitibanos aptos a votar irão simplesmente abrir mão do direito de definir os rumos políticos de sua cidade. Proporções semelhantes de intenções de votos em branco ou nulos aparecem também em outras ca58
Envolver-se na vida política não é necessariamente candidatar-se a um cargo público. É, sim, acompanhar de perto a atuação de governantes e parlamentares, fiscalizar suas ações, a forma como o dinheiro público vem sendo aplicado e, acima de tudo, cobrar constantemente para que tomem decisões que beneficiem o conjunto da sociedade. E o começo de todo esse processo se faz justamente com uma escolha responsável de nossos representantes. Para despertar essa consciência entre os eleitores, a Fiep e dezenas de instituições parceiras lançaram o movimento Vote Bem. Iniciativa apartidária, a campanha quer esti-
Foto: Gelson Bampi/Fiep
V
ivemos em uma democracia, um regime em que, por definição, a soberania é exercida pelo povo. Nela, um dos principais instrumentos para que essa soberania se concretize é o voto. É por meio dele que o cidadão indica quem serão os representantes que defenderão os interesses da sociedade nas diferentes esferas de poder, seja nos municípios, nos estados ou no país.
Ponta Grossa Rua Doutor Lauro Cunha Fortes, 450 Bairro Uvaranas CEP: 84.025-002 Fone: (42) 3228-2500
Edson Campagnolo é presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Foi eleito em 2011 para comandar a entidade, tendo sido reeleito em 2015 para mais quatro anos. É também presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR
mular a reflexão sobre o voto, fornecendo o máximo de informação possível para que o eleitor tenha condições de escolher seu candidato de maneira criteriosa. No Vote Bem, mostramos ainda que a obrigação do cidadão não acaba no voto, sendo necessário o monitoramento permanente do trabalho dos eleitos. Todas essas informações estão concentradas no portal www. votebem.org.br e são disseminadas por meio dos parceiros e também das redes sociais. Existe uma parábola bíblica que nos mostra a importância de se separar “o joio do trigo”. Transferindo essa mensagem para as eleições, temos bons e maus políticos. O que devemos é saber escolher bem. Somente assim alcançaremos uma democracia plena, em que a soberania seja exercida, efetivamente, pelo povo e em seu benefício. Bom voto para você!
Guarapuava Rua Arlindo Ribeiro, 892 Bairro Centro CEP: 85.010-070 Fone: (42) 3623-6720 Telêmaco Borba Av. Vice-Prefeito Reginaldo Guedes Nocera, 250 Bairro Centro CEP: 84.261-020 Fones: (42) 3372-9854 / 3271-252
REGIONAL LESTE Curitiba Rua Caeté, 150 Bairro Prado Velho CEP: 80.220-300 Fone: (41) 3330-5800 Paranaguá Av. Gabriel de Lara, 1.098 Bairro Leblon CEP: 83.203-550 Fone: (41) 3426-2900
REGIONAL OESTE Cascavel Avenida Presidente Tancredo Neves, 1262 Bairro Alto Alegre CEP: 85.805-003 Fone: (45) 3321-7050 Foz do Iguaçu Rua das Guianas, 151 Bairro Jardim América CEP: 85.864-470 Fone: (45) 3521-5300 Toledo Avenida Parigot de Souza, 2.339 Bairro Centro CEP: 85.905-380 Fone: (45) 3277-4200
REGIONAL NOROESTE Maringá Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto, 1.116 Bairro Zona 07 CEP: 87.030-010 Fone: (44) 3220-3474
Campo Mourão Rua Santa Cruz, 1085 Bairro Jardim Florida CEP: 87.300-440 Fone: (44) 3599-2600 Paranavaí Rua Souza Naves, 935 Bairro Jardim São Cristóvão CEP: 87.702-220 Fone: (44) 3423-2865 Umuarama Rua Floraí, 4295 Bairro Zona I CEP: 87.501-290 Fone: (44) 3622-7028
REGIONAL NORTE Londrina Av. Santos Dumont, 1.335 Bairro Aeroporto CEP: 86.039-090 Fone: (43) 3373-8000 Apucarana Avenida Irati, 602 Bairro Barra Funda CEP: 86.800-220 Fone: (43) 3422-4439 Arapongas Rua das Garças, 850 Bairro Centro CEP: 86.700-285 Fone: (43) 3274-9600 Ivaiporã Avenida Minas Gerais, 530 Bairro Centro CEP: 86.870-000 Fone: (43) 3472-8450 Jacarezinho Rua Coronel Figueiredo, 749 Bairro Centro CEP: 86.400-000 Fone: (43) 3511-3200
REGIONAL SUDOESTE Pato Branco Avenida Tupi, 333 Bairro Bortot CEP: 85.504-000 Fone: (46) 3220-1250 Francisco Beltrão Rua Ponta Grossa, 2.509 Bairro Nossa Senhora Aparecida CEP: 81601-600 Fone: (46) 3524-6222
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