Revista Soluções - Edição 13

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A revista da pequena empresa no Paraná

Ilustrações: Escola de Criatividade/Cesar Marchesini

Trimestral nº13 Ano 4 Mar/12

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O boom das microfranquias

‘Velhos’ serviços, novos formatos

Games corporativos

Saiba tudo sobre o segmento que, só em 2011, faturou mais de R$ 3,7 bilhões no Brasil

Pequenas empresas apostam em modelos modernos, adequados ao novo consumidor

Situações do dia a dia dos empresários viram ‘febre’ em ambientes virtuais 3


Editorial

Aposte no diferente! A primeira edição da Soluções Sebrae – A Revista da Pequena Empresa no Paraná, em 2012, traz o Empreendedorismo Criativo como tema de capa, sob o viés do comportamento. Dia após dia, empreendedores e empresários de micro e pequenas, com recursos cada vez mais escassos, passam a investir em soluções empresariais baseadas na criatividade. Os resultados, alguns podem ser conferidos na reportagem, têm sido bastante positivos, além de servirem de inspiração para os candidatos a empresário. Uma prova para aqueles que ainda resistem à ideia de apostar no diferente. Temas como novos formatos de negócios, responsabilidade socioambiental e empresarial, microfranquias e games corporativos também entraram em pauta, nossa equipe de repórteres apurou, e ocupam as páginas desta edição. Você sabia, por exemplo, que empreendedores têm apostado em formatos inovadores de serviços, para atender uma nova gama de consumidores, mais conscientes? E que as microfranquias e games corporativos caíram no gosto dos empresários e viraram ‘febre’? Nesta Soluções, você saberá mais sobre esses temas e suas implicações. Assim como conhecerá casos de superação como o de um grupo de empreendedores rurais que aposta em hortas agroecológicas para sobreviver. E de um empreendedor aposentado, que formalizou-se e passou a fornecer para o poder público. Uma novidade que o leitor pode conferir nesta edição é a coluna Radar da pequena empresa, um espaço editorial para notícias rápidas sobre empreendedorismo, micro e pequenas empresas e assuntos correlatos. A ideia é divulgar conteúdos, dicas e serviços de interesse dos pequenos negócios, com informações mais enxutas. Você pode contribuir. Envie sugestões para revistasolucoes@pr.sebrae.com.br.

Boa leitura! Leandro Donatti, o editor

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Linha direta

Ilustrações: Escola de Criatividade/Cesar Marchesini

SEBRAE/PR – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná

Índice

Jefferson Nogaroli Presidente do Conselho Deliberativo Allan Marcelo de Campos Costa Diretor Superintendente Julio Cezar Agostini Diretor de Operações Vitor Roberto Tioqueta Diretor de Gestão e Produção

Expediente Coordenação Renata Todescato Gerente de Atendimento Individual e Marketing Edição/Jornalista Responsável Leandro Donatti Registro Profissional– 2874/11/57-PR Ammanda Macedo Especialista em Marketing Reportagens: Adriana Bonn, Adriana de Cunto, Adriano Oltramari, Beth Matias, Cleide de Paula, Giselle Ritzmann Loures, Juliana Dotto, Leandro Donatti, Maigue Gueths e Mirian Gasparin. Fotos: Lino Trombeta, Sidinei Luiz Brandão, Luiz Costa e Rodolfo Buhrer. sebrae@pr.sebrae.com.br http://asn.sebraepr.com.br

É com muita satisfação que inauguramos nesta edição um espaço dedicado exclusivamente à sua opinião. E agora, você leitor, pode participar ainda mais da Revista Soluções, publicação do Sebrae/PR. A seção Linha direta com o leitor é um canal aberto e democrático, para os mais variados pontos de vista sobre empreendedorismo e micro e pequenas empresas, além de ser um espaço reservado para o debate de ideias. Durante várias edições, provocamos, no bom sentido, nossos leitores. Pedimos a sua participação na construção da publicação que queremos e de sua linha editorial. Os primeiros frutos já estão sendo colhidos. Temos recebido e-mails com sugestões de pauta e também manifestações dos leitores. Muitas de apoio às reportagens realizadas e outras com a proposição de temas de interesse dos empreendedores e empresários. Aos poucos, conquistamos nosso objetivo maior, que é fazer uma revista a ‘quatro mãos’. Todas as sugestões de pauta foram anotadas e, aos poucos, serão exploradas em nossas edições. Quanto mais ideias, melhor. Nesta edição, por exemplo, a reportagem sobre o Business Model Generation, considerado o que há de mais moderno na formulação de modelos de negócios, é fruto de uma demanda recorrente de leitores interessados em saber como é possível abrir uma empresa de forma estruturada.

Capa - Pág. 12 Empreendedorismo criativo Para ter sucesso nos negócios, é preciso reinventar, usar a criatividade e transformar setores sisudos da sua empresa em soluções de simples compreensão e acesso

Este momento também é de comemoração, a Revista Soluções está no seu quarto ano de circulação. Mais madura e cada vez mais focada. As capas reproduzidas abaixo mostram essa evolução. A preocupação constante, em não ser uma publicação institucional do Sebrae/PR, faz da Revista Soluções um veículo de comunicação do empreendedorismo e das micro e pequenas empresas no Paraná. Esta é a sua razão de existir. E é para isso que trabalhamos.

Críticas e comentários, mande um e-mail para revistasolucoes@pr.sebrae.com.br

Entrevista

Comportamento PÁG.

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Modelo leva empresas à ‘reinvenção’

PÁG.

24

Politicamente corretos

PÁG.

Jovens empreendedores

O boom das microfranquias

Pág. 8

‘Velhos’ serviços, novos formatos

PÁG.

42

Ideia ‘testada’ vira negócio rentável

PÁG.

44 Capacitação PÁG.

Artigos

ISSN 1984-7343

Eloi Zanetti - Pág. 59

50

Mulheres determinadas

PÁG.

54

PÁG.

60

Associativismo PÁG.

64

Games corporativos

PÁG.

68 Personalidade PÁG.

Allan Costa - Pág. 77

gerente de Atendimento Individual e Marketing do Sebrae/PR

...o desenvolvimento deverá acontecer.

Giro pelo Paraná PÁG.

6

União transforma comunidade carente

Serviço

...fragilidade nos relacionamentos...

Renata Todescato,

Formalizado, chaveiro vence licitação

Feiras e eventos

‘Sementes’ do otimismo

Design Gráfico e Diagramação Ingrupo//chp Propaganda Periodicidade Trimestral

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Mercado

Ignacy Sachs diz que Brasil tem obrigação de aproveitar bem recursos naturais e que desenvolvimento pede políticas públicas para pequenas empresas

Impressão Artes Gráficas Renascer Ltda. (Mult-graphic)

PÁG.

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O desafio do desenvolvimento sustentável

Anuncie na Revista Soluções: publicidade.revistasolucoes@ pr.sebrae.com.br

Tendência

72

Trajetória empreendedora

74

7


Linha direta com o leitor

Cartas

Redes sociais

Gostaria de parabenizar à toda equipe da Soluções Sebrae, por es-

Soluções perguntou: Empresário, você acha que

tar sempre em busca de conteúdos interessantes e que, realmente,

criatividade é um item importante para o sucesso

fornecem soluções aos empreendedores. A edição da revista está

do seu negócio? Por quê?

cada vez melhor, e espero que em 2012 surpreenda a todos os lei-

#revistasolucoes

tores como fez em 2011. Acredito que sempre podemos melhorar. Tanto a revista, como os empreendedores, quanto nós. Seria inte-

Com certeza. Uma pitada de criatividade e de bom

ressante, acredito, ter um espaço destinado aos universitários que

gosto pode fazer todo o diferencial para o negócio.

querem ser empreendedores. Estamos na Era do Empreendedoris-

@LaidyBarbosa - Twitter

mo. A maioria dos estudantes, segundo pesquisas, pensa em tornar-se empresários. Porém, poucos buscam informações sobre o

Criatividade é relativa à inovação, e, no meu ponto

negócio. Poderia haver um espaço na revista com histórias, e dúvi-

de vista, inovar é preciso!

das de estudantes, as quais podem conter na mesma edição a res-

Maria Noeli de Melo - Facebook

posta por profissionais ou empresários que já atuam no segmento desejado. Uma espécie de “bate-bola” revista-empresário-estudante. Sou um grande apaixonado pelo tema Empreendedorismo e pelas ações do Sebrae. Sempre me atualizo e estou de olho nas iniciativas do Sebrae/PR. Estudo Administração de Empresas, e, assim que me formar, pretendo ser um multiempreendedor, ter dois ou

Radar da pequena empresa

Um ‘jogo rápido‘ sobre os pequenos negócios, geradores de empregos e renda Campeãs do emprego

Abertura e fechamento

Dicas de empreendedorismo

Levantamento do Sebrae Nacional, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostra que as micro e empresas do Paraná geraram 95.176 empregos formais, em 2011. No mesmo período, médias e grandes empresas foram responsáveis por 17.193. No Brasil, o total de empregos gerados pelas empresas de todos os portes chegou a quase 2 milhões. Sozinhas, as micro e pequenas empresas responderam por 1,33 milhão de postos de trabalho, 85% do total de empregos gerados.

O Paraná fechou 2011 com 56.325 novas empresas abertas, das quais 96% em média de pequeno porte. O número faz parte das estatísticas da Junta Comercial do Paraná (Jucepar). O número é maior que o registrado em 2010, quando 54.954 novas empresas foram abertas naquele ano. A extinção de empresas também foi maior em 2011: 20.883, contra 20.229, em 2010.

A coluna do UOL sobre empreendedorismo é uma boa dica para quem está começando. Traz notícias fresquinhas, úteis para os negócios e para o ambiente corporativo. Acesse o www. economia.uol.com.br/empreendedorismo. Na seção de dúvidas frequentes, informações detalhadas sobre a abertura de empresas, gestão, recursos humanos, marketing, tributos e produtividade.

Formalização em alta

Desembolso recorde

Pagadoras e pontuais

O número de formalizações de pequenos negócios saltou no Paraná. Hoje, o Estado tem mais de 110 mil empreendedores individuais, de acordo com o Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br). E está em quinto lugar no ranking nacional, atrás de São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia. Curitiba lidera o ranking estadual, com mais de 22 mil empreendedores recém-formalizados.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou desembolso recorde para micro, pequenas e médias empresas, no ano que passou. A instituição destinou R$ 49,8 bilhões ao segmento, o que representa crescimento de 9,02% em relação a 2010. Foram mais de 846.500 operações contratadas com micro, pequenas e médias empresas em 2011, um incremento de 49,02%.

A pontualidade de pagamento das pequenas empresas atingiu 95,2% em fevereiro. De cada 1.000 pagamentos realizados, 952 foram pagos à vista ou com atraso máximo de sete dias. Os dados são Serasa Experian. O estudo sinaliza que “a situação financeira das micro e pequenas empresas brasileiras está em processo de melhora, após ter registrado quedas ininterruptas na comparação anual entre março e novembro do ano passado”.

mais negócios. A revista sempre tem me ajudado e contribuído para minhas ideias e planos de negócio. Gostaria de agradecer a atenção, e desejar um excelente 2012 para toda a equipe da revista. Rodrigo Stica – Lapa – PR Gostaria de parabenizar a revista, pois traz assuntos da atualidade. Uma fonte de muita informação para quem quer adquirir mais conhecimento para aplicar no negócio próprio ou também para quem quer ser empreendedor. Lucas Ferreira de Quadros - Ponta Grossa – PR Foi com muita satisfação que li a Soluções. Aprecio boas leituras, as quais me mantêm informada sobre as atuais tendências do mercado de trabalho. A revista traz muitas matérias interessantes e aborda os mais variados temas. Como sugestão, poderia haver alguma matéria relacionada à legislação, tributária ou trabalhista, pois tive a oportunidade de trabalhar em um escritório prestador de serviços na área contábil, e percebi a grande dificuldade da maioria dos empresários em conhecer a parte legal da administração de uma empresa. Hoje temos a possibilidade da abertura de empresa, pessoa jurídica, somente com um proprietário, a EIRELI (Empresa Indi-

Queremos sua opinião

vidual de Responsabilidade Limitada). Mesmo sendo divulgado pela mídia, nada se compara a uma boa matéria que podemos tê-la em nossas mãos no momento que precisamos!

revistasolucoes@pr.sebrae.com.br

Sandra Rogero - Santa Bárbara d’Oeste – SP

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Ciências Sociais da França, o polonês, naturalizado francês, e estudioso do Brasil, Ignacy Sachs, aos 84 anos, corre o mundo mostrando que é possível conectar crescimento econômico com inclusão social e respeito ao meio ambiente. Um tripé que ele denomina ecossocioeconomia. Em entrevista à Revista Soluções, o professor Ignacy Sachs discorre sobre a importância de políticas públicas de apoio às micro e pequenas empresas para o desenvolvimento sustentável do País. Para o economista, a condicionalidade ambiental deve ser protegida por políticas públicas que obriguem as empresas a procurarem mecanismos que não agridam o meio ambiente. O fato de haver um potencial de recursos naturais coloca sobre as pessoas, segundo o estudioso, uma obrigação adicional de aproveitar bem este potencial e isso não se fará unicamente por progresso econômico. “É preciso incluir a revolução social indispensável.” A reforma agrária e a questão da educação são temas que preocupam Ignacy Sachs. As inovações tecnológicas, diz ele, devem ser um mecanismo para que as empresas possam contribuir na geração e distribuição de renda e na preservação ambiental. “Mais uma vez é preciso haver política pública com tributos e créditos preferenciais para as pequenas empresas que inovam e

Ignacy Sachs, ecossocioeconomista

respeitam esses conceitos.”

O desafio do desenvolvimento sustentável Para especialista, Brasil tem obrigação de aproveitar bem recursos naturais; desenvolvimento pede políticas públicas para pequenas empresas Por Beth Matias

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Leia a seguir a entrevista de Ignacy Sachs.

uso do intelecto para organizar as decisões de maneira a fazer bom uso dos recursos naturais. Isso se aplica às grandes e pequenas empresas. É óbvio que as pequenas empresas são mais vulneráveis do que as grandes e é óbvio também que elas precisam ter políticas públicas elaboradas para que consigam competir e se adequarem a essas estratégias.

Revista Soluções – Diante das dificuldades que as pequenas empresas enfrentam, elas têm condições, por si só, de participar deste modelo de desenvolvimento? Ignacy Sachs – Nenhuma empresa deixada a si mesma vai se preocupar com as questões ambientais a longo prazo, mesmo sabendo que o meio ambiente em algum momento pode se voltar contra ela. A condicionalidade ambiental deve ser protegida por políticas públicas e obrigando as empresas a procurarem mecanismos que não agridam o meio ambiente.

Revista Soluções – Muito se fala atualmente da necessidade das empresas inovarem para continuarem sobrevivendo. É possível colocar um quarto pé na sua teoria: o da inovação?

Ignacy Sachs – O problema da inovação se aplica às pequenas empresas e só uma parte da solução está na tecnologia. Não podemos buscar unicamente soluções tecnológicas. É preciso pensar como se organizar. As inovações não podem se restringir apenas às inovações tecnológicas. O conceito de inovação precisa ser mais am-

defende a implementação de “estratégias de desenvolvimento socialmente includente, ambientalmente sustentável e economicamente sustentado”, a chamada ecossocioeconomia. Como podemos encaixar o mundo das pequenas empresas nesse contexto?

plo. As inovações que a gente deveria levar para frente devem respeitar três critérios: do ponto de vista social, contribuir com a geração e distribuição de renda. Do ponto de vista ambiental, não ser destrutiva e, por último, ter viabilidade econômica. E outra vez precisa estar aí a política pública que tenha tributos e créditos preferenciais

Ignacy Sachs –

para as pequenas empresas que inovam e respeitam estes conceitos. Eu falo sobre

Revista Soluções – Professor, o senhor

A ecossocioeconomia tem condições sim de ser aplicada nos pequenos negócios. É preciso diferenciar as estratégias de desenvolvimento dentro de um tripé: primeiro são os objetivos sociais. Depois temos de ter uma condicionalidade ambiental, caso contrário, o meio ambiente pode se virar contra nós. O terceiro tripé é construir viabilidade econômica. Desenvolvimento é um conceito relacionado a critérios sociais e ambientais. Eles andam juntos em busca da viabilidade econômica. Existe a condicionalidade ecológica, que requer o

Entrevista

Foto: Andre Telles/ASN

Ignacy Sachs

Professor da Escola de Altos Estudos em

Duas coisas parecem essenciais: não pensar o desenvolvimento em termos exclusivamente tecnográficos, menosprezando a dimensão social, e não desmobilizar achando que as coisas andaram o suficiente para frente

políticas públicas em nível fiscal e financeiro. As pequenas empresas precisam ter acesso ao progresso, ao crédito, ao mercado e esses acessos dependem, em uma boa parte, de políticas públicas “pesadas” para que isso aconteça. As inovações tecnológicas não vão cair do céu.

Revista Soluções – No seu ponto de vista, o Brasil está no caminho certo nas políticas públicas que estão sendo feitas para as pequenas empresas?

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Ignacy Sachs – O Sebrae e o BNDES

Revista Soluções – Na sua opinião, o

(Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-

Brasil é a ‘bola da vez’ no cenário de desen-

mico e Social), e várias outras ferramentas, dão ao Estado brasileiro condições de atuar

volvimento?

de maneira proativa nessa área de apoio se-

países, o Brasil tem um potencial muito

letivo às micro e pequenas empresas.

Revista Soluções – Quais seriam os

É óbvio que as pequenas empresas são mais vulneráveis do que as grandes e é óbvio também que elas precisam ter políticas públicas elaboradas para que consigam competir e se adequarem a essas estratégias

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países que estão aplicando melhor a ecossocioeconomia?

Ignacy Sachs – Temos de avançar em

Ignacy Sachs – Comparado com outros grande tanto de riquezas naturais como um conjunto de universidades de pesquisa. Mas a batalha pelo desenvolvimento continua e há muito chão pela frente e muitos desafios num mercado cada vez mais complicado. O fato de vocês terem um poten-

todos os países e pensar as soluções a par-

cial de recursos coloca sobre vocês uma

tir de seu contexto. Instituições fortes como o Sebrae e bancos públicos colocam

obrigação adicional de aproveitar bem

o Brasil numa situação razoável. Não signi-

este potencial e isso não se fará unicamente por progresso econômico. É preciso in-

fica que não tenhamos como melhorar

cluir a revolução social indispensável. Por

essa situação. É possível, por exemplo,

exemplo, a reforma agrária, que ainda não chegou ao seu final. Ainda há muito chão. O Brasil tem um enorme desafio na área de educação. Duas coisas parecem essenciais: não pensar o desenvolvimento em termos exclusivamente tecnográficos, ou seja, menosprezando a dimensão social. A segunda coisa é não desmobilizar achando que as coisas andaram o suficiente para frente. Agora, pelo seu tamanho, pela sua posição internacional, o Brasil é um dos ‘abre-alas’ dos países emergentes.

aperfeiçoar a relação entre os organismos públicos, as universidades e as micro e pequenas empresas. Há países que estão numa situação muito pior do que o Brasil, mas ainda há espaço para avançar em todas as direções. Para que isso aconteça, é preciso um debate permanente no desenvolvimento entre o Estado e a sociedade civil organizada. Eu acredito muito em um diálogo permanente entre os protagonistas do desenvolvimento.

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Capa

Ilustrações: Escola de Criatividade/Cesar Marchesini

Pensar diferente

Empreendedorismo

criativo Para ter sucesso, é preciso reinventar os negócios, inovar e usar a criatividade em vendas e gestão Por Maigue Gueths

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“Os mais novos compram pelo site sem problema algum, mas pessoas que, como eu, pegaram a transição da internet, são mais céticas”, avalia. João Livoti conta ainda que a inspiração para abrir a Desmobilia veio da Itália, onde estudou Design. Na Europa, ele percebeu a forte demanda pelo retorno dos móveis dos anos 1960 e 1970. “Decidi comprar peças antigas, reformar e vender.” Veio do Velho Continente também a tendência de uso da internet pelas empresas.

Primeiro passo João Livoti, empresário Em 1999, quando a internet ainda era uma grande novidade no mundo dos negócios, o empresário João Livoti decidiu não apenas fazer o site da sua loja de móveis, como também vender seus produtos pelo mundo virtual. Os amigos o chamaram de louco. Naquele tempo, no Brasil, compravam-se e vendiam-se apenas livros, cds e camisetas pela internet. “Vender cadeira não vai dar

Com seis, sete anos, a escola e a família começam a sufocar o potencial criativo que as crianças têm

certo. As pessoas querem sentar no móvel, antes de comprar” diziam. Mas João não desistiu, bateu o pé, e hoje não se arrepende em nada de sua decisão. O site responde, atualmente, por 70% das vendas feitas pela Desmobilia, loja que comercializa móveis com design vintage. Além da internet, as peças são comercializadas em três lojas, uma em Curitiba, aberta também em 1999, e em outros dois endereços em São Paulo. O site www.desmobilia.com.br recebe, atualmente, mais de 100 mil visitas por mês. “Se não tivesse a venda pela internet eu jamais conseguiria levar meus móveis para o Brasil todo”, diz João Livoti, que acredita que o grande diferencial da sua empresa foi, sem dúvida alguma, apostar nas vendas online.

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“Jamais entrariam 100 mil pessoas em um mês nas minhas lojas, eu também não teria vendido para gente de tantos lugares do Brasil”, comemora. Para o publicitário Eloi Zanetti, especialista em Comunicação e Marketing, está claro que a decisão de João Livoti, de apostar na internet, quando todos os prognósticos e previsões eram contrários, foi o ‘pulo do gato’. Um dos fundadores da Escola de Criatividade, em Curitiba, e referência nacional quando se fala em Empreendedorismo Criativo, Eloi Zanetti afirma que a atitude do empresário foi responsável pelo sucesso da Desmobilia. “Esse é um exemplo de que as vendas também podem ser muito criativas. A Desmobilia é uma empresa de design, o João Livoti repagina móveis e deixa-os fantásticos, mas o grande ‘pulo’ não são os móveis e sim a venda pela internet”, reforça Jean Sigel, sócio de Eloi Zanetti e relações públicas, especialista em Marketing, Turismo, gestão de eventos e desenvolvimento de pesquisas e estratégias sobre o pensar criativo. João Livoti lembra que sua criação teve

Para Eloi Zanetti, o problema é que, geralmente, as pessoas não sabem que são criativas. “Quando faço palestras nas empresas e pergunto quem se considera criativo, só um ou dois levantam a mão em cada 100. Quer dizer, as pessoas não se consideram criativas e esse é o primeiro passo para que o sejam”, afirma. A criatividade, segundo ele, pode acontecer em todas as áreas da empresa, incluindo setores considerados árduos e burocráticos, como a área de vendas ou a gestão do negócio. Ao contrário do que muitos acreditam, explica Jean Sigel, empreendedores não são necessariamente criativos. “Eles têm a vantagem de ser mais versáteis do que uma pessoa que trabalha como empregado, por causa do desafio, porque vão tentar algo novo. Mas há uma diferença entre o empreendedor e o empreendedor criativo, porque este vai sempre buscar o diferencial que o comum não vai”, diz. A 11ª edição da Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2010), que mede o nível de empreendedorismo dos países, e divulgada em abril do ano passado pelo Sebrae, mostrou que no Brasil 70% dos empreendedores abrem um negócio em setores que já são altamente competitivos. Ou seja, preferem abrir uma pizzaria ou um comércio de cachorro quente, em vez de

apostarem em um produto diferente. “Esse é um diferencial. O cara que é criativo pode até abrir um negócio em uma ideia óbvia, em um setor comum, mas vai criar um produto diferente, ou vai fazer uma gestão diferente. É aí que está o grande ‘pulo do gato’”, explica Jean Sigel. Um exemplo simples de Empreendedorismo Criativo, citado pela dupla de especialistas, é o empreendedor Edson da Maia. Ao perceber a carência de serviços em sua cidade, Almirante Tamandaré, na Grande Curitiba, buscou recursos em um site de financiamento colaborativo e abriu a “Ed Tudo”, um pequeno comércio que funciona como lan house, espaço onde as pessoas podem pagar suas contas pela internet, fazer fotocópias, comprar doces e sorvetes.

Soluções e tendências Outro exemplo de criatividade nos negócios, desta vez na área das ideias e não no setor de gestão e administrativo, é a EGGMania, uma empresa de soluções e tendências, criada no fim de 2010, em uma derivação da Refinaria Ilimitada, agência de Marketing e Comunicação. Mário Nicolau, especialista em Comunicação Promocional e sócio de ambas as empresas, explica que a EGG surgiu da multidisciplinaridade dos sócios: um trader internacional, um profissional de Marketing e Eventos, outro diretor de cena, roteirista, gerador de conteúdo, que precisavam ter um espaço para centralizar suas ideias transformadoras.

“São projetos específicos. Se tivéssemos acionistas na empresa, com certeza eles gostariam de investir mais nas perspectivas que estamos gerando”, explica, lembrando que outro diferencial da empresa é trabalhar com tendências de serviços ou produtos, sempre no ‘guarda-chuva’ da inovação, com velocidade e ousadia. Nicolau adverte, no entanto, que criatividade não é tudo. “É preciso ter capacidade de realizar. A criatividade tem que ser extremamente eficiente para poder ter realização, e realizar significa ganhar dinheiro.”

Inovação e criatividade Eloi Zanetti acredita que as empresas falam muito em inovação e pouco em criatividade, esquecendo-se de que para serem inovadoras, elas devem, antes, incentivar a criatividade. O problema, segundo ele, é que as empresas costumam sufocar seus funcionários criativos, querendo enquadrá-los em seus processos de fabricação. “Para ter inovação é preciso ter um ambiente criativo. É preciso saber também que não existe uma empresa criativa e sim pessoas criativas, que têm que ter liberdade para criar. Só depois é que a empresa deve entrar em processos, vendo que produto ele pretende criar, para que mercado. Aí

Foto: Escola de Criatividade

Foto: Luiz Costa/La Imagen

que enfrentar muitas dificuldades que o mundo online apresentava naquele tempo. “A internet era discada, os recursos eram primários. Para passar uma foto, levava uma eternidade”, diz, ressaltando que optou por abrir uma loja em São Paulo por ser a cidade com maior demanda pelo seu produto e porque muitas pessoas, principalmente as de mais idade, ainda preferiam ver e sentar “ao vivo” antes de comprar.

Um dos diferenciais da EGG, segundo ele, é o fato de ter um escritório na China, com um gerente internacional contratado e baseado em Shenzhen, que se mantém antenado nas novidades de todo o mundo em busca de oportunidades. A empresa tem, hoje, quatro clientes fixos, mas o momento atual, segundo Nicolau, é de gerar negócios. “Esses negócios são, na verdade, projetos. E esses projetos têm inovação, ousadia e muita pesquisa”, diz. Entre os produtos criados pela EGG, neste um ano e meio de atividade, estão o EGGTab, que foi o primeiro tablet colorido de 7” lançado no mercado, um fone de ouvido feminino em forma de colar e colorido, além de uma mountain bike e uma FixedGear (bicicletas de pinhão fixo usadas para velódromo), feitas para fábricas locais que têm a necessidade de oferecer produtos customizados, diferentes das bicicletas premium e das populares.

Jean Sigel, relações públicas

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A inabilidade das empresas em trabalhar com funcionários criativos , explica, faz com que uma pessoa que é criativa fora da empresa, pare de criar no ambiente de trabalho. “O cara é criativo em casa, no boteco, tem hobbies criativos, mas quando ele bate o pon-

Para serem inovadoras, as empresas, independente do porte, devem, antes de tudo, incentivar a criatividade de seus funcionários

to ele tem que entrar no processo da empresa, aí não vai sair uma Apple nunca”, avalia.

Cutucando a criatividade Se as pessoas não se consideram criativas, a Escola de Criatividade, criada por Eloi Zanetti e Jean Sigel, nasceu com objetivo de estimular a criatividade. Por conta disso, a Escola atua em duas vertentes, na área de negócios e na educação. A metodologia, segundo Eloi Zanetti, segue os preceitos do filósofo grego Sócrates, que já naquele tempo descrevia dez meios para se desenvolver a arte de pensar. “Sócrates dizia que para ser um pensador é preciso se considerar um pensador. É a mesma coisa. A pessoa criativa tem que se considerar criativa”, explica.

Mário Nicolau, empresário

O criativo é sempre curioso

Procure referências em outros mundos

Saber ligar uma coisa a outra

Insight 18

Não tenha medo de fazer o simples

Saber buscar estímulos

Não tenha medo de fazer perguntas idiotas

A arte de desconstruir suas ideias

Ir a outros lugares e outras tribos

Os outros preceitos de Sócrates, como valorizar a intuição, adotar uma estratégia

O primeiro passo para uma pessoa ser criativa é considerar-se criativa

Apareceu uma ideia, anote

A hora da incubação e das ideias

para atacar o problema, anotar ideias, envolver outras pessoas no processo mental são a base das dicas ensinadas pela Escola

de se preocupar com seu negócio, com suas

em seus workshops e palestras, destinados a despertar a criatividade.

criativo e dar aquela volta que a empresa precisaria. Porque pensar dói e dá trabalho”,

“Nossa outra vertente é a Educação. A ten-

observa Eloi Zanetti.

vendas. Chega no fim do dia, ele não pensou no negócio dele e não tem energia para ser

dência da escola tradicional é ‘matar’ a criatividade das crianças. Com seis, sete anos, a escola e a família começam a sufocar o potencial criativo que a criança tem. À medida em que ela vai crescendo, a criatividade vai sendo cerceada, seja no fundamental, na universidade e depois no emprego, onde tudo é altamente competitivo e em áreas que não têm tanta inovação presente”, acredita Jean Sigel. Assim, a intenção é mostrar às escolas, educadores, empresas e famílias a necessidade de manter aceso o lado criativo das crianças, de modo a garantir mais jovens e mais empreendedores criativos e, em consequência, também negócios mais criativos. “O que se vê é que os empresários estão tão preocupados com o dia a dia, com o imposto que têm que pagar, com funcionário que foi no Ministério do Trabalho para reclamar, com a máquina que quebrou, a transportadora que não trouxe o pedido, que ele deixa

Não julgue as ideias

Não tenha medo da crítica nem do ridículo

Não tenha medo de errar

Incrível

Ouça sua intuição

Saiba mais Site da Escola de Criatividade www.escoladecriatividade.com.br Site dos Empreendedores Criativos www.empreendedorescriativos.com.br Blog Empreendedor Criativo www.empreendedorcriativo.com Recomendação de leitura: Os Criadores, de Paul Johnson A Cabeça, de Steve Jobs O Poder da Mente Criadora, de Alex Osborn De onde vêm as boas ideias, de Steven Johnson Out of our mind, de Ken Robinson

Dê tempo ao processo de pensar

Ilustrações: Escola de Criatividade/Cesar Marchesini

Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen

entra a parte da inovação, que é a parte burocrática”, destaca.

As ideias nunca dirão quando vão aparecer

Não tenha medo de errar 19


Comportamento

Precoces

Jovens

empreendedores Estudo revela que dois terรงos dos estudantes do Paranรก, Santa Catarina e Rio Grande do Sul possuem negรณcio prรณprio ou gostariam de ter Por Adriana de Cunto

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Jovens universitários do sul do Brasil estão

sor, sem chefe, ganhar dinheiro contando

e o reconhecimento de tendências, que au-

mais propensos a se tornarem empreendedores do que no restante do País. Foi o que

as minhas histórias”, diz.

xiliam na tomada de decisões futuras. Como consequência, o custo é reduzido e o desen-

na o empreendedorismo de alto impacto. tes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul possuem negócio próprio ou gosta-

Apoio da família é muito importante para

começou a trabalhar como ator de comerciais de televisão para uma agência de Curitiba. Aos 12 anos, percebeu que não tinha tanta oportunidade para adolescentes quanto havia para crianças e resolveu buscar outro caminho. Pegou a câmera de vídeo da mãe e começou a produzir pequenos filmes mudos e postá-los no Youtube. A criatividade e qualidade das produções chamaram a atenção dos amigos, internautas e empresas, que contrataram os serviços de Horn para criação de vídeos publicitários e institucionais. Sem falar na gigante Youtube, que o convidou para uma parceria e paga três centavos de dólar por clique. Cada vez que as visualizações somam 100 dólares, o Youtube deposita o dinheiro na conta do curitibano. Ao todo, Gustavo Horn tem 32 vídeos online e a média de visualização por trabalho fica entre 200 mil e 300 mil. O “campeão de audiência” foi um vídeo sobre culinária, em que o rapaz ensina a fazer algumas receitas. O trabalho contabilizou 700 mil visitas. “Os vídeos opinativos são aqueles que dão mais acessos”, conta. O filme chamado “Desabafo” conseguiu 500 mil visualizações, enquanto “Eu Confesso” recebeu 150 mil cliques, em apenas dois dias. Horn é autodidata. Aprendeu quase tudo o que sabe de produção de vídeo na internet (edição, fotografia, técnicas de filmagem) e é dessa maneira que ele pretende continuar se aperfeiçoando. Sem frequentar bancos de universidades, mas aproveitando as infinitas possibilidades que a rede de computadores oferece. Como todo empreendedor, o videomaker curitibano sabe que nesse negócio também é preciso ter um diferencial e é importante saber a hora de arriscar. No caso dele, este parece ser o momento. Horn vai parar, por seis meses, de produzir vídeos para empresas e se dedicará inteiramente às criações para o Youtube. “Quero trabalhar sem cen-

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Desde janeiro último, vive no Chile, para atender a um trabalho com o governo da-

na casa deles que está montado um estúdio onde Gustavo trabalha.

Gustavo Horn, 18 anos, é um dos jovens que se encaixa nesse perfil. Com oito anos,

volvimento otimizado. A maioria dos clientes está nos Estados Unidos e na Europa.

apoio da família. A mãe, a artista plástica Andréa Horn, vai ajudar nas produções. É

Segundo o estudo, dois terços dos estudan-

riam de ter a sua própria empresa no futuro.

Empreendedores precoces, do Paraná e Minas Gerais, são prova de que a idade não é impedimento para atuar no mundo corporativo

Nessa empreitada, o moço encontrou total

quele país. “Participo de um programa local chamado Start-Up Chile e uma das exigên-

o jovem empreendedor, acredita o geren-

cias é permanecer no país por no mínimo seis meses. É uma experiência incrível e

te da Endeavor para o Paraná, Leonardo Frade. É justamente essa característica

uma oportunidade para conhecer pessoas do mundo inteiro”, comenta.

que pode diferenciar a região sul do restante do País quando o assunto é disposição para empreender.

Bernardo é um dos 21,1 milhões de brasileiros que atuam em empreendimentos novos (com até três anos e seis meses). O dado é de uma pesquisa divulgada no ano

Pela pesquisa da instituição, 52% dos jovens dos três estados pensam em se tornar empreendedores, enquanto a média nas outras regiões é 48%. Quase 57% dos pais do sul brasileiro, ouvidos pelos pesquisadores, consideraram positiva a ideia dos filhos empreenderem.

passado pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM). O jovem empresário ajudou o País a conquistar o primeiro lugar do ranking em taxa de empreendedorismo entre os países

No sangue Outro exemplo de jovem empreendedor de sucesso vem do estado de Minas Gerais. Insatisfeito com o desempenho do seu computador, Bernardo Porto desenvolveu um aplicativo para otimizar a máquina, que ganhou o nome de “Portinho” (apelido do rapaz). A novidade foi sendo distribuída para amigos e familiares até que uma calorosa recepção na casa de um colega o despertou para o empreendedorismo. “Certo dia, fui jantar na casa de um amigo e, de repente, sua mãe me abraçou e começou a dizer coisas como: ‘Você salvou minha vida. Meu computador está joia! Venha comer um bolo gostoso’. Ela havia utilizado o aplicativo e estava feliz com o resultado. Foi neste momento que percebi a oportunidade de tornar isso um negócio”, conta o jovem empreendedor mineiro, que, na época, tinha apenas 16 anos.

membros do G20 e do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). Inovar e criar novos negócios estão no sangue do brasileiro? Lideranças como Nick Seguin, da Kauffman Foundation (instituição mundial dedicada ao tema) acredita que o Brasil é a ‘bola da vez’ quando se trata de empreendedorismo.

Ele conta que não teve exemplo direto de empreendedorismo dentro de casa, pois os pais eram funcionários do que ele chama de “ótimas empresas”. Mesmo assim, o jovem encontrou na família o apoio necessário quando decidiu, em 2006, com 18 anos, criar sua primeira empresa, a QuickSys. Bernardo era aluno do primeiro ano de Sistemas de Informação na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais. “Em vez de criar um único aplicativo, criei um conjunto deles para aumentar o desempenho do computador. Tudo começou bem simples e contei com a ajuda dos meus pais. Gosto de dizer que foram os meus primeiros investidores e as primeiras pessoas a quem tive que ‘vender a ideia’. Não foi fácil. Após várias conversas, decidimos que eles iriam ajudar nos primeiros meses da empresa e, após isso, eu tinha que tocar o barco sozinho”, lembra.

Em 2007, um aplicativo da QuickSys venceu o concurso de melhor software nacional, realizado pela Revista Info Exame, fato que acabou alavancando as vendas da empresa. Mas o ano seguinte não foi fácil. “Em 2008, ainda bem amador - não tinha experiência profissional nenhuma - e administrando o negócio praticamente sozinho, decidi que deveria vender os nossos produtos para o mundo inteiro. Foi uma decisão equivocada naquela época. Ao mesmo tempo que poderíamos expandir a empresa e aumentar as vendas fora do Brasil, a QuickSys começou a incomodar grandes corporações que estavam presentes no mercado internacional e que tinham um budget (orçamento) muito maior para marketing e contratação de mão de obra qualificada”. O resultado foi um ano de poucas vendas, muito trabalho e resultado abaixo do esperado. Em 2009, aos 21 anos, a decisão mais difícil: desistir e arrumar um emprego ou insistir na empresa? “A conta corrente no banco já não estava atraente e, para piorar, era o meu último ano de faculdade. Todos os meus colegas estavam bem empregados, trabalhando em grandes empresas. Eu, definitivamente, era o ‘ovelha negra’ da família e dos colegas.” A persistência falou mais alto. “Duro, sem nenhum dinheiro, eu esco-

Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen

apontou uma pesquisa da Endeavor, organização internacional que fomenta e dissemi-

O mineiro Bernardo Porto não acredita 100% em vocação, na formação de um bom empresário. “Qualquer pessoa pode atingir um objetivo, basta querer e estar preparada para a batalha. O mesmo vale para o empreendedorismo. A pessoa precisa estar determinada para enfrentar a árdua e longa aventura.”

O preconceito parece estar sendo superado pelos mais velhos e jovens estão cada vez mais bem preparados e proativos nos negócios

Hoje, aos 24 anos, Bernardo tem uma bagagem profissional que muitos empresários só vão experimentar com idade bem mais avançada. Em cinco anos, o moço juntou ao currículo a criação de duas empresas, histórias de muito trabalho, decepções, persistência e, finalmente, o sucesso, que chegou com a DeskMetrics, uma plataforma que fornece, em tempo real, informações estratégicas sobre como um software está sendo utilizado. A plataforma direciona o desenvolvimento de melhorias no aplicativo, a resolução de problemas de maneira mais rápida e eficaz

Gustavo Horn, empreendedor

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lhi arriscar, pois, no fundo, amava tudo aquilo que eu estava fazendo.” Em 2010, pegou o resto - muito pouco dinheiro - que havia guardado na poupança e abriu um pequeno escritório no bairro São Pedro, em Belo Horizonte, hoje também conhecido como San Pedro Valley. Os primeiros meses foram complicados e Bernardo prestou consultorias para algumas start-ups para fechar a conta no final do mês. Contar com ajuda de uma organização que dá suporte ao sistema de gestão e ao de-

Qualquer pessoa pode atingir um objetivo, basta querer e estar preparada para a batalha, e esta regra vale também para o empreendedorismo

senvolvimento de produtos foi essencial. Enquanto discutia um novo modelo para a QuickSys, ele percebeu uma oportunidade, fornecer uma solução para as empresas de software que permitissem que eles verificassem como os seus aplicativos eram utilizados pelos usuários. Assim, a QuickSys foi fechada e nascia, em 2010, o conceito da DeskMetrics. Bernardo Porto trabalhou no desenvolvimento da primeira versão do produto durante quatro meses até o lançamento oficial em no TechCrunch - um dos sites mais

Foto: Divulgação

conceituados sobre start-ups no mundo. Em 2011, as operações efetivamente começaram. “Conquistamos vários clientes no mundo inteiro, inclusive concorrentes da antiga QuickSys. Atualmente, trabalhamos arduamente para formar uma equipe cada vez melhor e prestar um serviço de altíssima qualidade. Processamos mais de 120 milhões de dados todo mês. Monitorar isso tudo não é uma tarefa fácil. É um grande desafio e estamos focados em superá-lo.”

Na opinião dele, não há preconceito contra jovens comandando seus negócios. “Em certos momentos acredito que ocorre até o contrário, admiração por ser tão jovem e enfrentar inúmeros desafios diários. O único momento que realmente sinto um leve preconceito é durante uma venda presencial. Às vezes, você está negociando com um diretor mais experiente, mais velho, e você sente do outro lado que essa pessoa não está confiando muito nas suas palavras, pois você ainda é um ‘menino’. Felizmente isso está mudando. Os jovens estão cada vez mais bem preparados e proativos nos negócios.” Para quem está começando, Bernardo Porto tem um conselho. “Acredite. Siga em frente. Adelante. O início de qualquer negócio não é fácil. Aprendemos bastante e erramos muito. Se estivermos fazendo o que amamos, trabalhando no que acreditamos, uma hora chegamos lá. Tenha sempre persistência e mantenha a alegria. Esta é a minha ‘filosofia’ - também conhecida pelos amigos como lovestartup.” Comentando sua trajetória, Bernardo Porto lembra que não são todos os empreendedores que acertam de primeira, por isso, outro conselho é saber a hora de mudar e partir para novas ideias. Para o futuro, ele planeja a expansão da sua empresa. “Meu plano profissional é contribuir ainda mais para o crescimento internacional da DeskMetrics, trazendo um ótimo retorno para os nossos investidores, acionistas e colaboradores.” Pessoalmente, ele quer ter tempo suficiente para “curtir cada momento especial com a minha família”.

Preconceito x talento Com a DeskMetricks consolidada em apenas um ano, chegou a vez do jovem empresário ajudar quem deu suporte no início. Os pais dele largaram as atividades, como funcionários de grandes empresas, e estão iniciando uma jornada empreendedora também na área de Tecnologia da Informação (TI). “Eu, por sinal, estou dando o maior apoio”, afirma Bernardo. Ele sabe das dificuldades e alegrias de montar seu próprio negócio. “Existem vá-

Bernardo Porto, empreendedor

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rias dificuldades em empreender jovem. Entre as dificuldades, podemos citar a falta de experiência profissional, que pode ser amenizada com ótimos mentores e muita determinação, e um networking profissional limitado. As pessoas são fundamentais para os negócios e o jovem deve se preocupar com isso desde o início”, ensina.

Saiba mais Recomendação de leitura: “Diferencial Competitivo”, de John L. Nesheim, Editora Best Seller “Como fazer uma empresa dar certo em um país incerto”, Instituto Empreender Endeavor, Editora Campus

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Diálogo

Casos mal-sucedidos como o da Kodak, que viu o seu modelo de negócios ruir com o avanço da tecnologia, e de empresas que precisaram se adaptar como é o caso da Fujifilms e da Motorola, colocam um sinal de interrogação na cabeça do empresário brasileiro.

Modelo leva empresas à

‘reinvenção’ Empresários buscam no Business Model Generation reestruturação para negócios; especialistas dizem que ferramenta é diálogo para inovação

Segmentos de negócios inteiros se transformam com o avanço da tecnologia, como é o caso do pequeno comércio que trabalhava com revelação de fotos no Brasil. Com o advento da máquina digital, as empresas não mais revelam filmes, mas oferecem as mais diferentes ampliações e produção de álbuns com design, desenvolvendo um relacionamento mais próximo com o cliente. Há também o caso dos restaurantes self-service, criados a partir das facilidades do autoatendimento. E para se juntar à tecnologia, o mundo vive agora o ciclo dos valores éticos, colaborativos e inovadores. É a era da sustentabilidade social, ambiental e econômica. Fatores antes estáveis, como a própria tecnologia,

hábitos de consumo, matérias-primas, mudam rapidamente e exigem que tanto os

Tendência

O avanço da tecnologia nos últimos 30 anos provocou mudanças significativas nos hábitos de consumo e no perfil das empresas, tanto no Brasil como no resto do mundo. O reposicionamento recente de grandes empresas, com o fechamento ou a mudança no modelo de negócios, fez com que muitos empresários repensassem também como estarão suas empresas daqui a cinco ou dez anos e se seus clientes ainda serão os mesmos.

modelos de negócios tradicionais como os inovadores sejam simplificados. Por isso, pequenas, médias e grandes empresas têm buscado no Business Model Generation (BMG), modelo de negócios criado por Alex Osterwalder, Ph.D. em Sistemas de Informações Gerenciais da Universidade de Lausanne, na Suíça, uma forma de reinventarem suas empresas rapidamente. O brasileiro Luis Eduardo de Carvalho, coautor de Osterwalder no livro de Business Model Generation com mais 470 pessoas, acredita que a grande contribuição que BMG

permite a descrição modelos de negócio, por meio de nove grandes blocos: 1. Segmentos de clientes: para quem estamos criando valor? Quem são nossos clientes mais importantes?

‘conversar’ sobre o negócio.

2. Propostas de valor: que valor entregamos a nossos clientes? Design? Customização? Acessibilidade? Preço? Redução de Custo? Novidade? Que problema da empresa estamos ajudando a solucionar? Que necessidades estamos satisfazendo?

“No fundo, ele é uma ferramenta de diálogo. O modelo permite visualizar produção, entrega de valor e como a empresa é remunerada por isso. O BMG faz de uma maneira muito simples, intuitiva, os gestores lida-

3. Canais: como alcançamos e queremos alcançar nossos clientes? Comunicação, distribuição e vendas. Estamos usando lojas próprias, e-commerce, atacado, lojas de parceiros?

rem com os building blocks, as partes com-

4. Relacionamento com clientes: que tipo de relacionamento esperamos ter com nossos clientes? Autosserviço? Assistência pessoal? Automatização? Comunidades?

traz às empresas é a estrutura simplificada que permite ao empresário ou ao gestor

ponentes do negócio. Eles começam a pensar a empresa como se fosse um ‘Lego’. As peças podem ser encaixadas de acordo com muitas variações.”

5. Fluxo de receitas: por que valor os clientes estão dispostos a pagar?

Canvas Para isso, dentro do BMG existe uma ferramenta muito simples, que pode ser criada numa folha de cartolina e funciona como um mapa: é o Business Model Canvas, que

6. Recursos-chave e pessoais: quais os principais recursos que nossa proposta de valor requer? Os principais são físico, intelectual, humano, financeiro.

Para entender o modelo Canvas, é preciso ter um mapa Por Beth Matias e Leandro Donatti

Processos/Atividades Competências-chave

Propostas de valor

Relacionamento com clientes

Segmentos de clientes

Parceria-chave

Estrutura de custos 26

Recursos-chave e pessoais

Canais

Fluxo de receitas 27


7. Processos/Atividades/Competências-

olhar, assim como músico desenvolve suas

-chave: quais as principais atividades re-

habilidades ouvindo música. O gestor precisa

queridas por nossa proposta de valor? Haverá produção? Plataforma em rede?

desenvolver o seu repertório.”

8. Parceria-chave: quem são nossos principais parceiros? Vamos trabalhar no formato cooperativa? Comprador-fornecedor? Joint-venture?

O professor da Fundação Dom Cabral e

O Canvas é muito simples de ser utilizado, mas, segundo o professor Luis Eduardo de

pós-doutor pela Sauder School of Business,

Carvalho, é preciso construir um ambiente

no Canadá, Hugo Ferreira Braga Tadeu, diz

de inovação dentro da empresa para que

que o modelo é tão simples que está sendo aplicado inclusive em negócios tradi-

novos modelos sejam pensados. O especialista acredita em quatro pré-condições para

cionais como empresas de transporte, si-

inovação: tempo livre, confiança, diversida-

derurgia e o sistema financeiro. “É possível

de e abertura ao erro. Condições necessá-

9. Estrutura de custos: quais são nossos principais drivers de custo? Custos fixos, variáveis, economia escala.

Indicadores de desempenho

colocar no modelo Canvas apenas um pro-

O Canvas (veja a figura nesta reportagem) nada mais é do que um exercício para extrair propostas de valor que atendam e potencializem os principais objetivos desejados, antes de partir de fato para a formatação do produto, do serviço ou mesmo do processo de uma empresa. Ele pode ser subdividido em duas grandes dimensões, sendo a dimensão mais à direita os elementos mais subjetivos e “emocionais” e os elementos da parte esquerda os mais estruturais e lógicos.

cesso e identificar os gargalos e as possí-

Luis Eduardo de Carvalho sugere que as todas as empresas deveriam submeter seus atuais modelos de negócios ao Canvas. “Organize a planilha e traduza o atual modelo de negócios nela. Depois faça uma nova, com as inovações que podem ser implementadas. Veja onde você pode inovar e agregar valor. Para ter inovação, é preciso desenvolver o

Por enquanto a ferramenta ainda não tem

veis soluções para aquele processo, sem

necessariamente analisar todo o modelo de negócios da empresa.” Muitos autores, reforça Tadeu, acreditam que o Canvas precisaria de um ajuste quando o assunto é indicadores de desempenho. “Principalmente para os pequenos negócios, é preciso que o empresário possa avaliar a empresa por meio de indicadores de desempenho.” esses medidores de avaliação. O professor da Dom Cabral diz também que há bancos de investimento que estão aceitando o modelo Canvas para validar recursos. “Ele é tão bacana que muitos bancos se predispõem a entender o modelo Canvas para criar linhas de financiamento para as em-

Um dos Canvas construídos durante o Projeto Sebrae/PR 2022 Parceriachave:

Processos/Atividades Competências-chave:

Propostas de valor:

Relacionamento com clientes:

Canais:

Segmentos de clientes:

presas. Há bancos avaliando, inclusive, os produtos em seu portfolio”, destaca Tadeu.

Inovação

rias, mas não suficientes, segundo ele para provocar inovação. A ausência delas, diz, vai

balham no limite. E inovação precisa do tempo livre, do tempo descompromissado, do tempo que olha o outro, que pesquisa. Muitas empresas não perceberam isso. Essa ficha está demorando a cair.” São vários os aspectos da confiança que podem estar bloqueando o processo da inovação: como o medo do ridículo, falta de compromisso das empresas com novas ideias e o risco de cópia. Luis Eduardo de Carvalho acredita também que, no ambiente propício à inovação, é preciso ter públicos diferentes dos habituais, como recém-contratados, pessoas da periferia geográfica da empresa e jovens aprendizes. A última pré-condição está relacionada ao erro. Segundo Luis Eduardo de Carvalho, o erro precisa ser visto no Brasil como um processo intermediário.

Sebrae/PR 2022 zar, em 2011, o Business Model Generation de negócio e planejar as ações da organização. O Projeto Sebrae/PR 2022 desencadeou um período de intensa reflexão, provocado pelo presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, Jefferson Nogaroli, para repen-

Fluxo de receitas:

sar a organização e prepará-la para os desafios da sociedade empreendedora do futuro.

28

4

3 Não tente fazer sozinho. Chame amigos para ajudá-lo

5 Traga três tendências inovadoras para o seu modelo de negócios

vai impedir a inovação de acontecer.

O tempo livre está relacionado ao fato de que a inovação tem de estar na agenda de alguma forma. “É preciso parar para pensar no que pode ser feito de novo. As empresas mais inovadoras, Google por exemplo, já perceberam isso e já colocaram o tempo na agenda. As empresas, na sua busca por eficiência operacional, otimizaram tudo e, muitas vezes, as pessoas tra-

2 Mapeie seu negócio utilizando post-its

acontecer, mas a falta delas, com certeza,

como ferramenta para analisar seu modelo

Estrutura de custos:

1

dificultar muito a chance de a inovação

De olho no futuro, o Sebrae/PR passou a utili-

Recursos-chave e pessoais:

Dicas para o uso do BMG

7

6

“O Sebrae/PR, em sintonia com o Sebrae Nacional, e a partir dos anseios da comunidade empresarial paranaense, iniciou uma importante jornada rumo a 2022, quando a organização completará, no Paraná e no Brasil, 50 anos de serviço e apoio às micro e pequenas empresas”, conta Allan Marcelo de Campos Costa, diretor-superintendente do Sebrae/PR. A premissa de todo o trabalho (leia mais nas páginas 77 e 78) foi envolver nos debates, de forma ampla e irrestrita, a comunidade empresarial do Paraná. “Na crença do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, o futuro da instituição deve ser construído coletivamente, por representantes da sociedade paranaense, dentre eles empreendedores, empresários de micro e pequenas empresas, conselheiros, lideranças empresariais, parceiros, clientes e não-clientes.” O Sebrae/PR, com o apoio técnico da Fundação Dom Cabral, promoveu 15 encontros em todo o Estado, chamados de Workshops de Ideação. Ao todo, quase 500 lideranças e empresários, marcando o start do processo de repensar a organização. Os workshops deram origem a 338 ideias, elaboradas e construídas pelos participantes. Essas ideias foram

Não confie em apenas um modelo, construa vários protótipos

Aprenda com o negócio dos outros

8 Construa um modelo de negócio autossustentável

Visualize seu modelo de negócios

9 Mostre onde está o dinheiro que será usado

consoli dadas e organizadas em 5 linhas de atuação principais. A etapa seguinte do trabalho contemplou a estruturação das linhas de atuação, definidas nos workshops, em modelos de negócio concretos, prevendo, entre outras coisas, quais as propostas de valor e segmentos de clientes para cada linha de atuação. Para esse processo, foi utilizada a metodologia Business Canvas, descrita na obra Business Model Generation. “Esta metodologia de construção de modelo de negócios é muito eficiente, pela sua capacidade de, a partir de uso intensivo de design thinking, permitir a modelagem de negócios de forma simples e visual. Assim como o Sebrae/PR, as pequenas empresas podem se valer do modelo para reinventar seus negócios. A cocriação é, sem dúvida, uma forma inteligente de construir, e preparar, os empreendimentos para o futuro”, acredita Allan Costa. Durante o trabalho de aprofundamento das linhas de ação e construção dos modelos de negócio, diz o diretor-superintendente, aspectos comuns que sintetizam a essência do Sebrae/PR foram identificados e validados, a fim de que possam servir de referência.

Considere além do lucro

“Ainda há muito a ser feito”, afirma Allan Costa. As etapas, dentre as quais a do Business Canvas, foram fruto de intenso diálogo e “seguramente representam anseios da comunidade empresarial paranaense e sinalizam um caminho pelo qual o efeito da atuação do Sebrae/PR será ainda mais efetivo e valorizado, com contribuição ainda mais decisiva para o desenvolvimento do Paraná por meio das micro e pequenas empresas”.

Saiba mais Entenda mais sobre o Business Model Generation, acesse: www.alexosterwalder.com http://migre.me/8qB20 E leia ainda o livro Business Model Generation – Inovação em Modelos de Negócios, 2011, Alta Book Editora.

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Foto: Luiz Costa/La Imagen

Sob medida

competir chegam diariamente aos mais diversos cantos do planeta. Para sobreviver a essa ‘selva’ de negócios, não basta a melhoria contínua dos processos, é preciso reinventá-los. Existem hoje inúmeros casos de serviços tradicionais, que têm sido ofertados em formatos novos, mais modernos, mais adequados aos novos consumidores. Para o professor da Escola de Negócios da Universidade Positivo, Valmor Rossetto, nenhum negócio sobrevive sem inovação. “O mundo continua rodando 24 horas. A velocidade dos processos e da tecnologia aumentou. Se o empresário não estiver antenado com as exigências de mercado e os anseios dos seus clientes, seu negócio se inviabilizará”, alerta. Esta também é a visão do professor de pósgraduação da FAE, Rafael Araújo Leal. Segundo ele, a empresa que não inovar está fadada a perder competitividade. “Pequenas empresas quando têm um serviço inovador conseguem colocar em risco muitas empresas gigantes.” Na avaliação de Rossetto, inovação não é tornar o produto ou serviço mais bonito, mas sim fazer com que seja uma solução para o cliente. Ele lembra que, na história do Paraná, todas as empresas que foram criadas de 50 anos para cá e que não inovaram, ou foram vendidas ou simplesmente não se sustentaram.

Rodrigo Assis e José Angelo Simão, empresários

Ao reinventar formatos de serviços e negócios, os empresários devem seguir alguns passos. De acordo com a diretora da Con-

‘Velhos’ serviços,

novos formatos Saiba como reinventar negócios, e sobreviver no mercado, levando em conta o desejo e as exigências dos consumidores Por Mirian Gasparin

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sultoria ValuConcept, Emanuele Caroline de Oliveira, em primeiro lugar, o empresário deve encarar a inovação como um investimento, que tem custos, riscos, mas que deve gerar retorno financeiro. “O principal risco é a não aceitação e resistência do consumidor”, destaca. Outro passo é conhecer o que o cliente deseja e necessita. Segundo Emanuele, para tal, o empresário deve investir tempo no planejamento dessa reinvenção. A grande vantagem de ser uma empresa inovadora num determinado ramo ou produto, segundo a diretora da ValuConcept, é que ela acaba saindo do lugar comum entre os concorrentes porque segue novos caminhos e, com isso, pode cobrar diferente, pois está entregando algo novo para o consumidor. A análise do ambiente externo para identificar oportunidades de negócios e o desen-

volvimento de estratégias para criar um ambiente inovador também são passos fundamentais que devem ser tomados pelas empresas que desejam inovar, explica o professor Rafael Leal.

Tendência

Novos competidores e novas maneiras de

Preço Na opinião do professor da Universidade Positivo, Valmor Rossetto, o preço do produto ou serviço pode ser um condicionante para a venda, mas a qualidade do atendimento é o que realmente fará a diferença. “O empresário deve estar consciente de que em seu negócio deve haver um equilíbrio entre preço, qualidade, atendimento e responsabilidade.” Já para o professor da FAE, Rafael Leal, é essencial que a empresa apresente preços competitivos. “De nada adianta desenvolver um produto ou serviço inovador se ela não tiver competência para ter um preço competitivo”, afirma. “Hoje em dia, o valor dos produtos e serviços percebido pelo consumidor depende cada vez mais da quantidade de inovação, tecnologia e inteligência que foi incorporada. Então uma cultura inovadora nas empresas, onde os funcionários são estimulados a inovar, é fundamental. É importante deixar um canal aberto para que todos possam dar sua opinião sobre problemas e necessidades e busca de soluções para os clientes”, justifica Emanuele. Quanto à importância de se reinventar formatos nos negócios, a diretora da ValuConcept afirma que, ao criar novos formatos, as empresas estão respondendo às exigências dos consumidores e continuando vivas no mercado, seja adaptando e melhorando os seus produtos e serviços ou desenvolvendo novos processos de produção, de gestão ou de marketing. “Ao investir em inovação, a empresa está aplicando na sua competitividade, na sua lucratividade e na sua continuidade no mercado, ou seja, quem reinventar um novo conceito economicamente viável sairá vencedor.”

Existem hoje inúmeros casos de serviços tradicionais, que têm sido ofertados em formatos novos, mais modernos, mais adequados aos novos consumidores

Canecas com sentimento Quem é que não aprecia tomar um chá ou um café numa caneca? E se ela for personalizada, feita exclusivamente para você? A empresária Carolina Farion de Carvalho enxergou numa simples caneca mais do que um recipiente para beber, e resolveu inovar. Ela utilizou a caneca como suporte para a expressão de sentimentos. “É um produto que pode ser útil numa declaração de amor.”

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Carolina é formada em Design. Começou

Shopping Palladium. “Nossa meta agora é

passo foi a compra de uma van, na qual fo-

suas atividades empresariais com a abertura de uma agência de comunicação especia-

abrirmos pontos próprios e, para 2013, já

ram feitas as adaptações necessárias”, informa Rodrigo. “Nossos primeiros serviços foram gratuitos para que pudéssemos apresentar o nosso trabalho e conquistássemos os clientes”, lembra.

“Percebi que a indústria que produz canecas o faz em larga escala. Comecei explorando o produto no varejo, mas usando o produto como suporte de sentimento. Iniciei o negócio com 12 modelos”, conta. Em 2006, nasceu a Canecaria, uma marca curitibana que desenvolve e produz canecas exclusivas, além de outros produtos, bem como faz catálogos utilitários de mesa, em cerâmica e vidro. A marca tem uma linha de produtos que agrada a todas as idades e perfis. Carolina começou com um sócio. Hoje tem 20 funcionários e ainda terceiriza alguns

humor, amizade, família, profissões, esportes, entre muitas outros. Além disso, a Canecaria também trabalha com personalização. O empreendimento possibilita fazer uma única caneca para presentear alguém especial ou centenas de canecas para empresas, por exemplo. As vendas iniciais da Canecaria foram por meio de uma loja virtual. Em 2009, foi aberto o primeiro quiosque no Shopping Estação, em Curitiba. Um ano depois, foi inaugurado o segundo quiosque, desta vez no

O Esquadrão do Carro oferece serviços de limpeza externa e interna, enceramento, cristalização de vidros, higienização interna (parcial e completa), hidratação de bancos de couro. O diferencial é que a equipe vai até o local onde o veículo está estacionado. Os horários são agendados por telefone ou pelo site da empresa, que aplica a tecnologia de limpeza a seco em seus serviços, com o objetivo de diminuir o desperdício de água. A limpeza é feita com produtos regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que tem como objetivo proteger a saúde da população.

artistas locais e nacionais, bem como ocupar um espaço deixado pela indústria de cerâmica e vidro, no que diz respeito à variedade de modelos. “Quando começamos há seis anos, o nome Canecaria não existia nas pesquisas do Google. Hoje, as pessoas perguntam em qual Canecaria tal caneca foi comprada”, afirma Carolina, com grande orgulho.

Lava-carros até o cliente Foi pensando no pouco tempo que as pessoas dispõem atualmente que nasceu em maio de 2011, em Curitiba, a empresa O Esquadrão do Carro. De propriedade dos sócios Rodrigo Assis e José Angelo Simão, a empresa traz um conceito inovador em termos de limpeza de veículos e sem a necessidade de deslocamento do cliente. O projeto de criação do negócio saiu na faculdade, quando Rodrigo e José cursavam Administração de Empresas no Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba).

Ainda como estratégias de mercado, O Esquadrão do Quadro realiza demonstrações dos seus serviços em condomínios residenciais, blitze em postos de combustíveis, fazem visitas a clubes de amigos e colecionadores de veículos antigos. “Através desse modelo de negócio, não vendemos apenas o nosso serviço, mas o tempo que o cliente ganha”, afirma o empresário.

“Nossa preocupação inicial era ter todo o respaldo, pois somos nós que vamos até o cliente para executar o serviço. O primeiro

Foto: Luiz Costa/La Imagen

O valor dos produtos e serviços percebido pelo consumidor depende cada vez mais da quantidade de inovação, tecnologia e inteligência que foi incorporada

produtos. Ao todo, produz 200 modelos de canecas divididos por temas como amor,

Segundo a empresária, para 2012, o objetivo é lançar um produto novo por semana. A Canecaria tem como fundamentos incentivar e dar suporte à criatividade de

Segundo Rodrigo de Assis, no começo das atividades, a empresa focou o negócio em grandes volumes. Com o passar dos meses, os sócios perceberam a necessidade de um serviço especial. Hoje por exemplo, 80% do faturamento são provenientes dos serviços especiais (espelhamento, hidratação de bancos de couro e higienização de interiores), que, por sua vez, correspondem a 50% do trabalho geral. Atualmente, uma média de 200 carros são lavados mensalmente. “Pretendemos ampliar a parte de serviços especiais e termos um ponto fixo para atendimento, já que a van amarela serve como um outdoor ambulante”, conclui.

Panfletagem diferente Um novo tempo exige uma nova forma de se comunicar com os consumidores. A empresa Fórmula Midia do Brasil, que nasceu em Curitiba, em 2008, trouxe uma nova

Valmor Rossetto, professor

ideia para esta comunicação: a distribuição de material publicitário e sampling (amostragem) no interior de veículos. Este novo canal traz vantagens significativas para campanhas onde a personalização é a palavra-chave. “Cada vez mais, em vez da dispersão, as mensagens devem ser direciona-

das para o público-alvo e esta comunicação

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Foto: Divulgação

lizada em design gráfico. Mas, logo em seguida, viu nas canecas um negócio inovador.

estamos nos preparando para oferecer a franquia da nossa marca”, informa.

Alexandre Moura, empresário é o alvo da Fórmula Midia”, afirma o empresário Alexandre Moura. A empresa curitibana trouxe o conceito inovador de mídia OOH e hoje é a única especializada em veiculação de campanhas em estacionamentos e valets. Há quatro anos, começou com 20 estacionamentos e duas campanhas-piloto. Atualmente, conta com 1.200 estacionamentos e valets conveniados em nove estados do Brasil e está ampliando a atuação para outras cidades. Para que as pessoas não se sintam incomodadas por encontrar algo dentro dos seus automóveis, a Fórmula Midia tem muito cuidado com o tipo de informação veiculada. Por isso não faz publicidade de bebidas alcoolicas, religião ou futebol. Já o índice de rejeição é muito baixo, pois o cliente sempre terá algum tipo de benefício. “A inovação tem que fazer parte do processo produtivo. O consumidor está cada vez mais exigente e quem não inovar fica para trás”, alerta Moura.

O preço do produto ou serviço pode ser um condicionante para a venda, mas a qualidade do atendimento é o que realmente fará a diferença

Ainda com o propósito de inovar, a empresa criou uma revista de bolso com cupons de descontos, que é colocada em locais apropriados, tais como retrovisores de automóveis, puxadores de portas, grades de portão, entre outros, ampliando a divulgação de diversos serviços e produtos.

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Este quadro pode servir como um facilitador sobre o mercado o qual o empreendedor pretende reinventar, desenvolvendo uma perspectiva de como agregar valor para o consumidor e criar uma nova demanda.

O QUE ELIMINAR?

O QUE AUMENTAR?

Segundo Moura, as publicidades promocionais, realizadas por meio de mídia impressa, apresentam algumas vantagens frente às demais formas, pois não necessitam de equipamento específico para sua exposição, diferentemente do rádio, tevê e equipamentos eletrônicos. Ou seja, a impressão em papel ou equivalente tem fácil acesso ao consumidor, adapta-se ao ritmo de leitura do consumidor, permite releitura ou leitura seletiva, não possui um horário específico de distribuição, apresenta custo unitário reduzido quando comparada a outras mídias, entre outras vantagens. Já o maior inconveniente das mídias impressas - folhetos, folders, catálogos, jornal

Quais os fatores competitivos mais utilizados no mercado devem ser eliminados?

Quais fatores devem ser valorizados bem acima do padrão já oferecido no mercado?

- Eliminar os fatores onde tem muita competição.

- Eliminar o comprometimento que os consumidores têm com a concorrência.

- Descobrir se houve alguma mudança que os consumidores valorizam.

O QUE REDUZIR?

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ou cupons – é que a distribuição do material é realizada de forma aleatória, de mão em mão, ou distribuída através de encartes em revistas e jornais. Isso leva à dispersão da mídia por meio do descarte, e, consequentemente, gerando lixo, ainda que reciclável. No caso da Revista Coupons, explica Moura, a distribuição é realizada em estacionamentos, sendo colocada no interior dos veículos estacionados podendo ser segmentada, de acordo com o público-alvo e região da cidade. “Essa segmentação permite a veiculação de várias revistas em uma única cidade”, informa.

O QUE CRIAR?

Quais fatores devem ser reduzidos bem abaixo do padrão já oferecido no mercado?

Quais os fatores que deverão ser criados e que a concorrência nunca ofereceu?

- Determinar se os produtos ou serviços que são oferecidos atualmente estão supervalorizados.

- Descobrir novas formas de criar valor para os consumidores e criar uma nova demanda, e mudar a estratégia de preço.

Saiba mais Sugestão de leitura: A Estratégia do Oceano Azul - Como Criar Novos Mercados e Tornar a Concorrência Irrelevante, W. Chan Kim e Renée Mauborgne

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Tendência

Consciência

Politicamente

corretos Nessas pequenas empresas, a sustentabilidade do meio ambiente e da sociedade deixou de ser alvo de ações isoladas para ser foco dos negócios Por Maigue Gueths

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37


Nessa onda, os exemplos são vários. Um profissional da área de informática montou a EcoBike Courier, serviço de entregas express, feitas com bicicletas, meio de transporte com poluição zero. A bicicleta, aliás, é ‘personagem’ de vários outros negócios em Curitiba, como a Roda Livre Bikers, que aposta no cicloturismo e organiza passeios em estradas rurais no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Há, ainda, uma nutricionista que decidiu plantar alimentos orgânicos em sua chácara e hoje trabalha entregando os produtos na casa ou no trabalho de clientes. A entrega de alimentos saudáveis foi também a opção de uma engenheira de alimentos, que, depois de perder o emprego, abriu um serviço de entrega de frutas prontas para o consumo no trabalho das pessoas. Há até

um escritório colaborativo, que tem como filosofia reunir pessoas com projetos que visem o bem. Foto: Marco Lima/La Imagen

A diferença do empreendedorismo normal para o sustentável, segundo Renato Mendes Curto Junior, professor de Empreendedorismo, Negociação, Análise Organizacional e Marketing da Faculdade Estácio Curitiba, é que o sustentável tem uma visão de médio e longo prazo, com capacidade de assegurar melhor qualidade para o mundo que vamos deixar. “Ele busca uma vida equilibrada. São ações que vão desde o uso de canecas em substituição a copos plásticos; empresas poluidoras que adotam medidas compensatórias; ou, ainda, aquelas que liberam seus funcionários em horário de expediente, para que desenvolvam ações sociais pela empresa.” Para Renata Pinheiro de Aquino, psicóloga, pós-graduada em Estratégia e Sustentabilidade Empresarial pela FAE Business School, mais do que uma tendência, essa postura empresarial já é uma “necessidade”. “As pessoas, hoje, têm necessidade de saber de onde vem e como é produzido o que estão consumindo. É uma preocupação mundial do consumidor e as empresas não podem deixar isso de fora de suas prioridades”,

Sílvia Bettega Nascimento e Amélia Gomes, cliente e empresária

Foto: Luiz Costa/La Imagen

A empresa, independente do seu porte, vai ter seu marketing mostrando que está preocupada com as gerações futuras, e essa sustentabilidade é que será capaz de assegurar a vida do empreendimento, a médio e longo prazo

Que tal abrir um negócio para ganhar dinheiro e, de quebra, ajudar a fazer um mundo melhor? Pois é exatamente o que alguns novos empreendedores estão fazendo. Nessas empresas, a sustentabilidade do meio ambiente e da sociedade deixou de ser alvo de ações e iniciativas específicas, como programas sociais e adoção de processos ecologicamente corretos, para se tornar foco principal de suas atividades.

diz. Como exemplos, cita os casos recentes de marcas denunciadas por trabalho escravo e por vender artigos feitos de pele de animais. E, por isso, ambas enfrentam campanhas de boicote pelos consumidores. “A tendência está virando uma necessidade e, no futuro, vai estar implícito que a empresa tem que ser sustentável para estar inserida no mercado”, diz, explicando que as empresas buscam tornar públicas suas ações, que visam o equilíbrio social, econômico ou social, mas no futuro essa postura deverá ser normal para qualquer negócio, sob risco de não dar certo. Algumas empresas, explica, já têm em si o foco principal da sustentabilidade, outras o fazem em forma de projetos para a questão social ou a ecologia. Para mostrar a diferença, ela aponta o caso de um banco comercial que mantém projetos de responsabilidade social, e de um banco de microcrédito, que é totalmente sustentável por ter como objetivos centrais a inclusão social e a redução da pobreza.

Gisele de Carvalho, empresária

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Para Curto Junior, as pessoas tornaram-se mais conscientes a partir do Código do Consumidor. Apesar de outros países estarem adiantados nesse processo em relação ao Brasil, Renata acredita que a situação já

está consolidada e não há como regredir. “Dos anos 1990 para cá, isso é bem mais explícito, e é difícil ver hoje empresas que não tenham relatórios sociais para mostrar ao público o que vêm fazendo nesta área”, diz. “Todo esse processo gera uma consciência não egoísta de não se pensar só no lucro da empresa. É o que se chama de Empreendedorismo Consciente”, afirma o professor, ressaltando que a grande vantagem para a empresa está na maior aceitação de seus produtos pelos clientes. “A empresa vai ter seu marketing mostrando que está preocupada com as gerações futuras, e essa sustentabilidade que será capaz de assegurar a vida da empresa a médio e longo prazo”, avalia. Renata vai ainda mais além. “Espero que no futuro tudo seja inovador, que as empresas já promovam as mudanças por suas próprias atividades, que esta questão já esteja incluída nos empreendimentos.”

Dos anos 1990 para cá, essa tendência tem sido bem mais explícita no mundo corporativo, e é difícil ver hoje empresas que não tenham relatórios sociais para mostrarem ao público o que elas vêm fazendo

Escritório do bem Renata fala por experiência própria. Há um ano e meio, ela e mais três amigos associaram-se para fundar o Hub Curitiba, um espaço de coworking, ou melhor, um escritório colaborativo, que dispõe de toda estrutura e equipamentos necessários a

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a rapidez. As bicicletas são campeãs dos

de receber também benefícios, como vale-

hora, dependendo da necessidade do cliente. A diferença entre o Hub e outros escri-

desafios intermodais, que são feitos todos os anos para medir qual o meio de transporte que consegue percorrer mais rapidamente um trajeto de dez quilômetros em horário de pico. No ano passado, em São Paulo, a ‘magrela’ fez o percurso em 22 minutos e 50 segundos, chegando cinco minutos à frente da motocicleta, a segunda colocada, e deixando para trás modais como ônibus, metrô e carro.

alimentação. “Eles ganham bem mais que

tórios colaborativos é que o seu objetivo é atrair empreendedores engajados em desafios sociais, culturais, ambientais e econômicos do mundo atual. “Sabemos que outro mundo não é apenas possível, ele já está acontecendo, e é liderado por pessoas que veem e fazem as coisas de um jeito diferente”, adverte o site do Hub Curitiba, deixando clara qual é a filosofia do grupo. Renata explica que o Hub é um movimento global de 30 espaços físicos existentes em cidades de vários continentes, com objetivo de reunir pessoas que buscam um mun-

A diferença do empreendedorismo normal para o sustentável, segundo os especialistas, é que o sustentável tem uma visão de médio e longo prazo, com capacidade de assegurar melhor qualidade para o mundo que vamos deixar

do melhor. São empreendedores que usam esses espaços para trabalhar, fazer eventos, para se conectar. O movimento começou em 2005, quando foi criado o primeiro Hub em Londres. Hoje, mais de 4.500 empreendedores estão nestes Hubs por todo o mundo. No Brasil, são apenas duas unidades, uma em São Paulo, pioneira no País, e uma em Curitiba. O Hub Curitiba, segundo ela, abriu com espaço físico próprio, há apenas dois meses. Primeiro, os amigos buscaram formar uma rede de pessoas que tinham interesse em desenvolver projetos para melhorar a cidade. Hoje são 24 membros que utilizam algum plano de horas para trabalhar no local. Além disso, eles participam de palestras e cursos. Uma vez por mês, um consultor do Sebrae/PR também vai ao local para capacitá-los. “São pessoas que têm negócios inovadores com impactos positivos. Tem desde quem trabalha com turismo, informática, arquitetura. São diferentes atividades com preocupação social, política, cultural, ambiental”, explica. Segundo ela, mais do que uma imposição, o alinhamento dos membros à filosofia de boas práticas permite uma colaboração maior entre os membros, que, no local, têm contatos com novos parceiros e clientes, o que amplia as possibilidades das boas práticas terem sucesso.

Rápidas e sem poluição Em vez de motoboys, bikeboys que fazem a entrega de encomendas rápidas utilizando a bicicleta como transporte. Além de muito mais sustentável, o serviço pode custar até 30% menos do que a entrega feita por motocicletas, uma vez que não há gastos com gasolina. Outra vantagem é

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Em Curitiba, o empresário Cristian Trentin, que já possuía um empreendimento de tecnologia de desenvolvimento para web, abriu, há cerca de oito meses, a EcoBike Courier. Ele conta que, à época, queria abrir um segundo negócio, com caráter inovador. Após descobrir o serviço de entrega com bicicletas em Nova York, teve a ideia de aplicá-lo em sua cidade. Primeiro, ele procurou a Carbono Zero, empresa semelhante já existente em São Paulo, com objetivo de abrir uma franquia. Como eles não ofereciam franquia, decidiu adaptar o serviço a Curitiba. No começo, Trentin contratou três ciclistas. Hoje, tem seis entregadores contratados, que pedalam em média 70 quilômetros por dia fazendo corridas esporádicas e mais outros três, que atuam fixos, atendendo apenas três empresas, em função da grande demanda de entregas exigidas por elas. “Nós estamos crescendo entre 60 e 70% por mês”, revela. Hoje, a empresa já tem 150 clientes. A EcoBike tem duas sedes, uma na região central e outra no bairro Água Verde, o que permite atender 42 bairros, localizados num raio de 15 quilômetros a partir do centro. Com isso, o empreendimento já consegue atender 80% da demanda da Capital. Os planos, segundo ele, são de crescimento. A intenção é implantar mais cinco bases na cidade, o que permitiria ampliar o raio de atendimento também para a região metropolitana. Trentin está desenvolvendo, também, um sistema de microfranquias (leia mais na seção Mercado). Ele não sabe precisar ainda qual será o valor aproximado das franquias. Para abrir uma empresa deste tipo, o investimento mínimo é de R$ 40 mil a R$ 50 mil para compra das bicicletas, ponto comercial e pagamento da mão de obra. Pagamento de pessoal, segundo ele, é o item mais caro do negócio, uma vez que todos os ciclistas são empregados com carteira assinada, além

um motoboy”, garante. Trentin conta que não entrou no negócio por ideais ecológicos. “Eu sou um empresário, procurava por algo inovador e abri a empresa como um investimento. Mas acabei abraçando a causa da bike”, afirma ele,

Foto: Luiz Costa/La Imagen

um escritório e que pode ser alugado por

que vendeu o carro e, atualmente, só anda de bicicleta. “É a tendência do mercado. No primeiro mundo, a bicicleta é um dos meios de transporte mais usados e isso já está ocorrendo aqui também.” De olho em novas oportunidades, Trentin já pensa em abrir uma terceira empresa, focada também na sustentabilidade. “Ainda tem muita oportunidade para este tipo de negócio no Brasil, o mercado é muito carente de soluções.”

De olho na saúde Há vários anos, a nutricionista Amélia Gomes e o marido, o músico Rodrigo Campos, montaram um teatro de fantoches para levar a escolas uma apresentação de educação nutricional, ensinando às crianças o valor de cada alimento. Um dia, enquanto fazia o teatrinho, pensou na possibilidade de vender cestas com os produtos orgânicos cultivados em sua chácara, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba. Começou com dez pessoas conhecidas. Quase cinco anos depois, o casal atende uma lista de aproximadamente 50 clientes, que recebem semanalmente uma cesta com oito itens, entre verduras e legumes. Alguns recebem em casa. Outros, que trabalham em empresas onde mais funcionários contrataram o serviço, recebem os produtos no trabalho. Cada cesta custa R$ 22 ou R$ 17, no caso de muitas entregas em um mesmo endereço. Alguns produtos, segundo ela, são fixos, como cenoura, beterraba, alface. Outros variam conforme a sazonalidade. “Quando temos algo diferente na nossa horta, como amora, castanha portuguesa, mandamos como cortesia. Também mandamos receitas, dicas nutricionais e de aproveitamento de alimentos porque, muitas vezes, a pessoa nem sabe como usar alguns alimentos”, explica Amélia. As gentilezas não param por aí. Como ela conhece a maioria de seus clientes, as cestas, muitas vezes, são adaptadas às necessidades de cada família, colocando alimentos que terão melhor aceitação para quem tem

Cristian Trentin, empresário, e Jucemara Chiarotti Soares, bikegirl

bebês ou idosos na família, por exemplo.

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Para a infraestrutura, ela precisou apenas de um carro para transporte das cestas. O trabalho é feito pelo casal, mas ela também ajuda a economia local, contratando pessoas da região, que moram próximas à chácara, para ajudar no plantio e limpeza dos alimentos. “A verdura é colhida em um dia e entregue no outro ou fica murcha. Com isso, quando o cliente recebe, tem uma carga de nutrientes, como vitaminas, minerais, enzimas, muito mais forte do que quando é comprada no mercado, que é colhida há mais tempo”, diz Amélia. A possibilidade de comer alimentos mais saudáveis, segundo Amélia, é o grande chamariz para os clientes.

A tendência está virando uma necessidade e, no futuro, vai estar implícito que a empresa tem que ser sustentável para estar inserida no mercado

É o caso da professora aposentada Sílvia Bettega Nascimento, uma de suas primeiras clientes. “Eu sempre me preocupei com a questão ecológica, em comer coisas saudáveis. Por isso, adoro receber as cestas com produtos orgânicos, sem veneno”, diz. Ela conta que, normalmente, ela, a irmã e uma filha adquirem duas cestas, que são divididas entre as famílias, cada uma composta por um casal. Ela acredita, ainda, que, além da facilidade de receber os alimentos em casa, a cesta é também mais econômica do que se adquirisse os alimentos no mercado.

Frutas no trabalho Outra que está satisfeita com o serviço que contratou é a bancária Eliane Cardoso. Toda manhã, ela recebe no trabalho duas frutas diferentes, limpas, descascadas e cortadas, quando o produto requer corte, prontas para serem consumidas. “Antes eu não fazia lanche durante o trabalho, e acabava ficando muitas horas sem comer, o que não é bom. Agora sempre como uma fruta, de manhã e à tarde. Se tivesse que trazer, não iria comer”, diz. Eliane é um dos 400 clientes, de 19 empresas, atendidos atualmente pela Peça Frutas, empreendimento criado pela engenheira de alimentos Gisele de Carvalho há apenas cinco meses. A proposta do Peça Fruta é de criar o hábito de uma alimentação saudável nas pessoas, com a substituição de lanches e doces no ambiente de trabalho por frutas selecionadas e prontas para consumo.

cas possibilidades de encontrar uma colocação com o mesmo salário. “Com 39 anos, filhos crescendo, um com seis, outro com nove, eu fiquei meio perdida, desorientada”, conta. Foi nessa época que ela conheceu um casal de idade, que tinha trabalhado com a entrega de frutas no trabalho, mas que não mais exercia essa atividade. “Eu sempre pensava que seria muito bom se alguém levasse água e frutas na minha mesa de trabalho, porque eu não me alimentava direito, não tomava água”, diz. Foi então que ela colocou em prática seu próprio desejo. Diariamente, ela vai a Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa) para selecionar frutas da época que serão entregues no dia. Cada cliente recebe duas frutas por dia. Na semana, ele receberá duas bananas, uma maçã, uma laranja – chamadas de frutas universais - duas frutas cortadas (mamão, abacaxi, melancia, melão) e quatro inteiras (ameixa, pêssego, kiwi, tangerina, dentre outras). O preço é de R$ 38 por mês. Gisele tem, hoje, muitos clientes de empresas. “Um conta pro outro e a clientela aumenta. As pessoas garantem diversidade e vão receber frutas que, muitas vezes, nem iam comer. Uma pessoa que mora sozinha, por exemplo, nunca compraria um abacaxi”, diz Gisele, que revela que nunca foi “natureba”, mas que sempre se preocupou com o bem-estar das pessoas. Gisele já precisa e necessita de ajuda. Duas pessoas trabalham com ela, uma na manipulação dos alimentos, na higienização, preparo e embalagem e outra na entrega das frutas. Seu próximo passo, conta, será a formalização da empresa, necessária para viabilizar alguns contratos maiores, que exigem o fornecimento de nota fiscal, por exemplo.

Saiba mais

Gisele conta que sempre trabalhou em

Acesse os sites

grandes indústrias de alimentos, e que a ideia surgiu em maio do ano passado. Na

Eco Biker Courier www.ecobikecourier.com.br

época, o departamento em que trabalhava foi extinto e ela, que antes tinha um cargo

Hub Curitiba www.hub-curitiba.com

gerencial, se viu sem emprego e com pou-

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Equipamentos que fazem a diferença na redução de custos, segurança e logística. A empresa criou uma linha com enroladora de cós, passadeira de cós anatômico, suporte para desvirar calça, e uma embaladora seladora, considerada o carro-chefe da empresa. O empresário relata que, com base na sua atuação em uma grande indústria do setor, identificou, na área de expedição, uma demanda por agilidade. A expedição, em uma indústria de confecções, exige muita mão de obra para estocar, montar e fechar caixas de papelão. Elzir lembra que outra necessidade estava relacionada à segurança no transporte da mercadoria. “A gente pensou na questão de agilidade e custo, na parte ambiental, pois no caso da embaladora e seladora, ela utiliza o plástico, que é reciclável, abolindo o uso do papel, que precisa de árvores”, considera.

Elzir Natal Rossetti, empresário

Ideia ‘testada’ vira negócio rentável Pequena empresa familiar, no interior do Estado, desponta para o mercado nacional com a produção de equipamentos inovadores

Por Adriano Oltramari

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A embaladora funciona com a matériaprima de plástico em forma tubular, onde o operador corta na medida desejada, sela uma extremidade, encaixa a outra extremidade na máquina que tem acionamento pneumático para manter um lado da embalagem aberta. Assim, o operador introduz as peças dentro do saco, sela a outra extremidade e está pronta para transporte. “Como ficam as duas extremidades seladas com plástico de alta resistência, o pacote é 100% seguro, inviolável e impermeável”, descreve. Com a máquina, uma empresa automatiza o processo de embalagem e, com uma pessoa na sua operação, é possível embalar até 5 mil peças ao dia. Além disso, a embalagem plástica traz outra vantagem na hora de transportar, com um ganho na quantidade embarcada de até 15% no volume de mercadorias. Do projeto inicial até o início da atividade da empresa, em 2009, a Maqcon trilhou

um caminho de pesquisa e ajustes para ganhar mercado. “O primeiro equipamento ficou em testes numa empresa de grande porte e teve uma boa aceitação. A partir deste piloto, percebemos que existia um

Tendência

Foto:Vsi Produções

Inovação

A experiência de 17 anos no ‘chão de fábrica’, em indústrias da confecção em Dois Vizinhos, no sudoeste do Paraná, levou Elzir Natal Rossetti a montar a própria empresa com base na inovação. Assim nasceu a Maqcon, fundada com uma visão empreendedora e inovadora na fabricação de máquinas, feitas para otimizar processos de produção e expedição em indústrias do setor de confecções.

caminho positivo e um mercado muito amplo para ser explorado, onde a maioria dos equipamentos do setor era importada”, recorda Elzir. A partir da máquina embaladora e seladora, a Maqcon começou a desenvolver outros produtos e hoje comercializa suas inovações no mercado do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. A empresa estruturou uma rede de representantes, lançou o site www.maqcon.ind.br e atende pedidos por encomenda. A empresa ainda gera oportunidades para outras cinco, uma vez que utiliza peças especiais na produção das máquinas, adquiridas de fornecedores específicos.

Inovação com apoio Para a sócia e filha do idealizador da empresa, Tarsilla Rossetti, a ideia do seu pai, hoje materializada nos produtos da indústria, é uma demonstração de que a inovação é um diferencial de mercado para as micro e pequenas empresas. “As possibilidades de inovar são imensas, temos um amplo mercado para ser explorado; mão de obra que se especializa, com

Para que as ideias se tornem realidade e os negócios, sólidos, é preciso trabalhar muito e contar com o apoio de entidades que fomentam a inovação

indicadores positivos; e boas ideias. Para que as ideias se tornem realidade e os negócios, sólidos, temos que trabalhar muito e contar com o apoio de entidades que fomentam a inovação, como o Sebrae, agente de apoio às pequenas empresas.” O empresário Elzir sugere até um caminho para às micro e pequenas empresas que pretendem inovar. “A partir de uma ideia viável, faça uma pesquisa de mercado. O produto, por exemplo, é vendável? O que eu vou produzir? Qual é o meu custo de produção? Tenho bons fornecedores de insumos? Para quem eu vou vender? Onde eu vou vender? Como vou mostrar o meu produto ao consumidor? O valor do produto aliado ao seu desempenho técnico terá seu retorno satisfatório para o consumidor? “Analisando todos esses fatores, siga em frente que o seu negócio lhe dará retorno!”, aconselha.

Saiba mais Quer saber como o Sebrae/PR pode ajudá-lo, no desenvolvimento de projetos focados em inovação? Acesse: www.sebraepr.com.br/sebraetec

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Mercado

Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen

Nicho

O boom

das microfranquias Elas representam 17% do total de marcas e 4% do faturamento do segmento, que, no ano passado, foi de R$ 3,7 bilhĂľes Por Adriana Bonn

Wagner Rover, empresĂĄrio

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47


O brasileiro é o povo mais empreendedor do mundo, mas, muitas vezes, sem ter muito dinheiro no bolso, não consegue colocar em prática o sonho de ter o próprio negócio. Para essas pessoas, as microfranquias se tornaram a melhor opção, já que exigem investimento inicial baixo, de R$ 10 mil a R$ 50 mil, e garantem retorno rápido e um bom faturamento mensal aos franqueados. O Brasil vive o boom das microfranquias há cinco anos, aproximadamente, e 2012 promete ser ainda mais promissor para o segmento. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram que em 2011 o número de microfranquias passou de 213 para 336. Elas representam 17% do total de marcas e 4% do faturamento do segmento,

A microfranquia funciona como uma parceria onde o proprietário de um negócio disponibiliza para pessoas interessadas o uso de sua marca comercial, além de todo o seu know-how e tecnologia para o negócio

que, no ano passado, foi de R$ 3,7 bilhões. A vice-presidente da ABF, Maria Cristina Franco, diz que o crescimento é sustentável e acompanha a economia do País. “O surgimento das microfranquias aconteceu como resposta ao novo momento econômico do Brasil, que viu surgir uma nova classe média e uma sociedade com maior poder de consumo nas classes C e D.” Existem hoje no Brasil 260 redes de microfranquias, que possuem pouco mais de 12 mil unidades espalhadas pelo País. Mais de a metade das marcas, 54%, estão localizadas no estado de São Paulo. O Paraná ocupa o segundo lugar no ranking, com 28 marcas, o que lhe garante 11% de participação no mercado. Educação e treinamento são as áreas de atuação mais comuns (25%); beleza, saúde e produtos naturais (16%); seguido de negócios, serviços e conveniência (11%). Cosméticos e perfumaria correspondem a 9% do total de unidades de microfranquias, alimentação e serviços automotivos 7%, escolas de idiomas 6% e limpeza e conservação 5%.

O que são microfranquias

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A microfranquia funciona como uma parceria onde o proprietário de um negócio disponibiliza para pessoas interessadas o uso de sua marca comercial, além de todo o seu know-how e tecnologia para o negócio. Em alguns casos, os franqueadores chegam a fornecer os produtos que serão comercializados pelos franqueados. A vice-presidente da ABF diz que, embora as microfranquias sejam a ‘bola da vez’ na economia, os interessados devem tomar alguns cuidados antes de adquirir uma. A primeira orientação é não comprar por impulso; se identificar com o negócio e gostar muito do que vai fazer; ter consciência que o capital investido é reservado e que não deverá ser usado para despesas pessoais; ter suporte de um advogado para verificar a documentação da empresa e avaliar a visibilidade da marca.

Sacos de papel viram publicidade Publicitário e dono de uma empresa especializada em mídia direta, a AzDirect, de Curitiba, Wagner Rover um dia olhou para um pacote de pão e enxergou nele uma nova opção de mídia. Em 2010, passou a produzir sacos de pão de papel que traziam propaganda publicitária e eram distribuídos gratuitamente em panificadoras da ca-

mil exemplares que, depois, são doados a 15 ou 20 panificadoras, que, sem qualquer custo, distribuem aos seus clientes. “Hoje as empresas buscam segmentação, querem conversar diretamente com seus clientes. Os empresários de um bairro querem impactar diretamente as pessoas que vivem naquela região e não em outros pontos da cidade. Por isso, os sacos são trabalhados para regiões específicas”, diz o publicitário. Para comprar uma microfranquia da DivulgaPão, o interessado precisa desembolsar em torno de R$ 25 mil. Neste total, estão incluídos R$ 12 mil, no mínimo, como taxa de franquia - isso porque o valor vai variar de acordo com o número de habitantes da cidade onde a marca será disponibilizada -; capital de giro e taxa de royalties. Para todo interessado, Rover faz um alerta: o trabalho é simples e pode ser muito rentável, mas depende do empenho do franqueador.

Franqueado Desde novembro do ano passado, Vinícius Cardoso, de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, é um dos franqueados da DivulgaPão. Mesmo trabalhando em uma empre-

sa de engenharia da família, que tem 23 anos de mercado, ele e a mulher resolveram buscar uma nova alternativa para aumentar a renda. “A construção é um ramo de altos e baixos e nós queríamos ter outro meio de ganhar dinheiro”, conta. Depois de ler uma matéria em uma revista de empreendedorismo, Cardoso se interessou pelo setor de microfranquias. Entrou em contato com duas marcas que usavam sacos de pão para anúncios publicitários, uma delas a DivulgaPão. Ele diz que o atendimento que recebeu e a qualidade do material disponibilizado aos franqueados foram decisivos para a escolha da empresa curitibana. Cardoso investiu R$ 20 mil na aquisição da microfranquia e já espera o início do retorno financeiro em abril, dois meses antes do previsto. “Meti o peito nesse projeto e já penso em levar a microfranquia para duas cidades vizinhas a Volta Redonda”, conta. Para conquistar cada vez mais clientes, o empresário divulga seu trabalho nas ruas da cidade e nas redes sociais e, em breve, deverá distribuir adesivos para carros com o nome da marca.

pital paranaense.

Microfranquias – tempo de franquia

O produto foi tão bem aceito que Rover recebeu vários telefonemas de pessoas interessadas em levar a ideia para suas cidades. Foi assim que surgiu a DivulgaPão, uma microfranquia que, apesar de estar há somente seis meses no mercado, já conta com 22 franqueados em 14 estados, como Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Diferente do primeiro projeto, que oferecia apenas um anúncio publicitário, a DivulgaPão divide os pacotes de pão em 32 espaços. “Assim garantimos a redução do preço

O mercado divide o setor de franchising em franquias e microfranquias. A diferença entre elas está apenas no valor do investimento. Enquanto as microfranquias exigem, no máximo, R$ 50 mil de aplicação financeira inicial, as franquias podem chegar a centenas de reais, dependendo da marca.

do anúncio e fazemos com que essa mídia possa ser usada por empresas de todos os tamanhos”, explica Rover. Os anúncios cus-

Maria Cristina explica que, independente de serem pequenas, as microfranquias estão sujeitas, assim como as franquias, às determinações da Lei nº 8.955/94, chamada de Lei das Franquias Empresariais.

tam a partir de R$ 300 por um espaço e po-

Nº de marcas

% Participação por Ano

Até 1 ano

15

12%

Até 2 anos

33

26,4%

Até 3 anos

14

11,2%

Até 4 anos

11

8,8%

Até 5 anos

9

7,2%

Início

21

16,8%

Acima de 10 anos

19

15,2%

Pão recebe o direito de uso da marca e todo

Acima de 20 anos

3

2,4%

o apoio para manter o negócio, como uma equipe que faz a criação dos anúncios para cada franqueado da marca, produção e envio

Total

125

100%

Quem compra a microfranquia da Divulga-

dos pacotes. Em cada leva, são produzidos 30

Saiba mais Quer saber mais sobre microfranquias?

Acima de 5 anos

dem chegar a R$ 10 mil para quem quiser ser o único anunciante.

O novo momento econômico do Brasil, que viu surgir uma nova classe média e uma sociedade com maior poder de consumo nas classes C e D, criou um ambiente propício para as microfranquias

Acesse o site da ABF www.portaldofranchising.com.br e a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios www.revistapegn.globo.com Os dois veículos de comunicação sempre têm informações atualizadas sobre o tema.

Base: Recad – associados

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Microfranquias - Ranking por unidades

Microfranquias - Ranking por faturamento

Segmento

Marca

UF

Nº de unids. da rede

1

Educação e Treinamento

kumon

SP

1.655

2

Beleza, Saúde e Produtos Naturais

hoken

SP

892

SP

3

Cosméticos e Perfumaria

le sénéchal perfumes

PR

791

PR

4

Serviços Automotivos

unepx mil 48horas

SP

514

JADLOG

SP

5

Bebidas, Cafés, Doces e Salgados

carrinho chopp brahma

SP

504

Educação e Treinamento

PREPARA CURSOS PROFISSIONALIZANTES

SP

6

Negócios, Serviços e Conveniência

jadlog

SP

412

Bebidas, Cafés, Doces e Salgados

CARRINHO CHOPP BRAHMA

SP

7

Educação e Treinamento

prepara cursos profissionalizantes

SP

380

8

Construção e Imobiliárias

DOUTOR RESOLVE

SP

8

Construção e Imobiliárias

doutor resolve

SP

303

9

Beleza, Saúde e Produtos Naturais

HOKEN

SP

9

Bebidas, Cafés, Doces e Salgados

ambev - quiosque chopp brahma

SP

240

10

Escolas de Idiomas

UPTIME CONSULTANTS - COMUNICAÇÃO EM INGLÊS

MG

10

Limpeza e Conservação

washtec tingimento

MG

238

11

Bebidas, Cafés, Doces e Salgados

AMBEV - QUIOSQUE CHOPP BRAHMA

SP

11

Beleza, Saúde e Produtos Naturais

purific

PR

237

12

Hotelaria e Turismo

CLUBE TURISMO

PB

12

Educação e Treinamento

pet cursos franchising

PR

228

13

Negócios, Serviços e Conveniência

CF CREDFACIL

PR

13

Serviços Automotivos

multipark

SP

218

14

Beleza, Saúde e Produtos Naturais

EMAGRECENTRO

SP

14

Beleza, Saúde e Produtos Naturais

emagrecentro

SP

202

15

Beleza, Saúde e Produtos Naturais

PURIFIC

PR

15

Comunicação, Informática e Eletrônicos

mctel

SP

177

16

Construção e Imobiliárias

CENTURY 21

SP

16

Escolas de Idiomas

alps

SP

156

17

Serviços Automotivos

MULTIPARK

SP

17

Negócios, Serviços e Conveniência

seguralta - bolsa de seguros

SP

153

18

Negócios, Serviços e Conveniência

SEGURALTA - BOLSA DE SEGUROS

SP

18

Escolas de Idiomas

uptime consultants - comunicação em inglês

MG

148

19

Beleza, Saúde e Produtos Naturais

OLIGOFLORA

SP

19

Negócios, Serviços e Conveniência

costura do futuro

SP

143

20

Escolas de Idiomas

ALPS

SP

20

Negócios, Serviços e Conveniência

cartório postal

SP

137

Segmento

Marca

UF

Qtde.

1

Serviços Automotivos

UNEPX MIL 48HORAS

SP

2

Educação e Treinamento

KUMON

SP

3

Negócios, Serviços e Conveniência

CARTÓRIO POSTAL

4

Cosméticos e Perfumaria

LE SÉNÉCHAL PERFUMES

5

Negócios, Serviços e Conveniência

6 7

Qtde.

Base: Recad – associados / não associados

Microfranquias - Ranking por segmento

Microfranquias - % Participação por Estado/sede

Nº de marcas

% part. sobre marcas

Nº de unid.

% part. sobre unidade

Posição

Educação e Treinamento

41

16%

3.004

25%

Negócios, Serviços e Conveniência

40

15%

1.348

11%

Comunicação, Informática e Eletrônicos

35

13%

640

5%

Beleza, Saúde e Produtos Naturais

27

10%

1.876

16%

Escolas de Idiomas

19

7%

780

Alimentação

18

7%

902

Construção e Imobiliárias

12

5%

Serviços Automotivos

12

5%

Cosméticos e Perfumaria

11

Limpeza e Conservação Entretenimento, Brinquedos e Lazer

UF

Nº de marcas

% Part. por UF

SP

141

54%

PR

28

11%

RJ

19

7%

MG

17

7%

6%

RS

14

5%

7%

SC

10

4%

589

5%

PE

7

3%

906

7%

CE

6

2%

4%

1.074

9%

AL

3

1%

11

4%

650

5%

10º

BA

3

1%

10

4%

65

1%

11º

ES

3

1%

Vestuário

7

3%

31

0%

12º

DF

2

1%

Acessórios Pessoais e Calçados

6

2%

80

1%

13º

GO

2

1%

Móveis, Decoração e Presentes

4

2%

57

0%

14º

PB

2

1%

Hotelaria e Turismo

3

1%

33

0%

15º

MA

1

0,4%

Fotografia, Gráficas e Sinalização

2

1%

2

0%

16º

MS

1

0,4%

17º

RN

Segmento

Livrarias e Papelarias

2

1%

48

0%

260

100%

12.037

100%

Base: Recad – associados / não associados

50

Base: Recad – associados / não associados

1

0,4%

260

100% Base: Recad – associados / não associados

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Capacitação

Foto: Rodrigo Czekalski/La Imagen

Compras públicas

Formalizado,

chaveiro vence licitação Aposentado, Manoel dos Reis decidiu continuar no mercado de trabalho e, para isso, se formalizou como empreendedor individual Por Giselle Ritzmann Loures

Manoel dos Reis, empreendedor individual

52

53


Depois de trabalhar décadas no setor da construção civil, Manoel dos Reis se aposentou. Aos 61 anos, insatisfeito com o valor pago pela aposentadoria e com ânimo para continuar, decidiu investir em uma nova atividade para complementar a renda. A escolha foi atuar como chaveiro, em Telêmaco Borba, centro-sul do Paraná. Sem experiência na área, Seu Manoel buscou informação. Na internet, o empreendedor encomendou um DVD com o passo a passo para aprender a produzir cópias de chaves e, também, comprou uma máquina para dar início ao negócio, que começou na informalidade. Em uma conversa com um funcionário da Prefeitura Municipal, Seu Manoel ficou sabendo que era possível prestar serviço ao poder público. Porém, para isso, ele precisava legalizar seu pequeno empreendimento. Interessado na possibilidade, ele foi até a Sala do Empreendedor, instalada em Telêmaco Borba, para prestar atendimento na formalização de empreendedores e orientações sobre a gestão de pequenas empresas. O espaço foi criado para atender a uma das determinações previstas no Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, também conhecido como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, e conta com o apoio do Sebrae/PR. Na Sala do Empreendedor, o aposentado foi atendido pela agente de desenvolvimento local Gilda Maria de Paula Rocha, profissional treinada para monitorar as atividades no local e prestar atendimento à comunidade empresarial. “As orientações que recebi na Sala do Empreendedor foram muito importantes e a Gilda me explicou todo o processo de formalização”, lembra Seu Manoel. A consultora do Sebrae/PR, Sandra Trujillo Costa, afirma que idade não é impedimento para quem quer empreender. “Todos os dias, no Sebrae/PR, auxiliamos empreendedores que, mesmo aposentados, viram empresários e possuem energia, vitalidade e capacidade para iniciar novos negócios. O Seu Manoel é um exemplo típico. A cautela é sua característica mais forte. Assim como ele,

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A consultora orienta que o processo de planejamento de uma micro ou pequena empresa deve ser constante. Segundo ela, analisar a viabilidade da empresa, como obter acesso a financiamentos, controlar contas e pagamentos, participar de licitações e planejar vendas são itens fundamentais para o sucesso dos pequenos negócios. “O Sebrae/PR quer que outros empreendedores individuais e empresários de microempresas participem de licitações públicas, para que cada vez mais tenhamos nos municípios o ambiente favorável para o fortalecimento e criação de novos empreendimentos”, ressalta Sandra Trujillo Costa.

Formalização gera negócios A atividade de chaveiro é uma das mais de 400 que se encaixam na categoria do

Mas não é só possibilidade de vender para o poder público que anima Seu Manoel. “A minha meta é me aperfeiçoar cada vez mais. Tenho uma máquina para fazer um tipo de chave e quero comprar outro equipamento, para chaves com chip. Com a minha empresa formalizada, posso, inclusive, fazer um empréstimo no banco, com juros mais baixos”, avalia o empresário. A partir de 2012, passou a valer a nova faixa de enquadramento para empreendedores individuais. Com a iniciativa do governo federal, a expectativa é que aumente a base de empreendedores que podem optar pela modalidade. Com a nova regra, o limite para o Empreendedor Individual passou de R$ 36 mil, ao ano, para R$ 60 mil.

Empreendedor Individual, figura jurídica instituída pela Lei Complementar 128/08 que alterou o dispositivo da Lei Geral. Com o Empreendedor Individual, mais de 2 milhões de empreendedores já saíram da informalidade, em todo o Brasil, desde a entrada em vigor da legislação, em julho de 2009. No Paraná, são mais de 110 mil empreendedores individuais, que passaram a ter acesso a uma série de benefícios, entre previdenciários e fiscais. Com a formalização e a possibilidade de emitir nota fiscal, esses novos empresários ganharam uma carteira de identidade empresarial com o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). “Formalizado, participei de uma licitação da Prefeitura para a prestação de serviços de chaveiro e ganhei. Meu contrato é de um ano e pode ser prorrogado por mais cinco anos. Com a minha empresa, tive a oportunidade de ganhar uma licitação e estou muito feliz”, comemora Seu Manoel.

Formalizados, empreendedores podem participar de licitações públicas, um nicho de mercado que passou a ser melhor explorado com a Lei Geral

Com a aprovação da Lei Geral, o acesso ao mercado de compras públicas ganhou um tratamento diferenciado. Pela legislação, que traz um capítulo específico sobre compras governamentais, empreendedores individuais, micro e pequenas empresas passaram a ter incentivos para participar em processos de licitação, de uma maneira mais competitiva, com médias e grandes empresas.

vários empreendedores procuram informações e é nesse momento que o Sebrae/PR, junto com o futuro empresá-

“A Prefeitura tem bastante serviço. Com a volta das aulas, eu acredito que essa procura pelo serviço de troca de fechadura e cópias de chaves vai aumentar nas esco-

rio, planeja o empreendimento.”

las”, observa otimista.

Saiba mais Mais informações sobre formalização: Portal do Empreendedor www.portaldoempreendedor.gov.br

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Feiras e eventos

Prêmio

Mulheres determinadas

Elas, que participam cada vez mais da política e dos negócios, são protagonistas de histórias inspiradoras de empreendedorismo Por Cleide de Paula e Giselle Ritzmann Loures

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O relato de como surgiu a Dancing Patinação, escola com sede em Londrina, venceu a etapa estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios na categoria Pequenos Negócios. O concurso, desde 2004, reconhece histórias de mulheres que encontraram no empreendedorismo uma fonte de renda e de transformação social.

Foto: Luiz Costa/La Imagen

A entrega do Prêmio ocorreu em Curitiba, em março, durante cerimônia realizada na sede do Sebrae/PR na Capital. A história da empreendedora de Londrina também foi reconhecida na etapa nacional do Prêmio. Juliana levou o troféu prata em sua categoria.

às mulheres empreendedoras. Segundo ela, outro ponto que chama atenção é o

A empresária lembra que seu principal desafio como empreendedora foi tomar a decisão de deixar de ser empregada para tornar-se empresária “porque a carga de trabalho é bem intensa. No mundo dos negócios, é preciso equilíbrio para juntar o sonho com o real. A lição que deixo é ter a cabeça nas estrelas, mas os pés no chão”, aconselha.

prias famílias.”

Em 2011, a Dancing Patinação chegou a ter 360 alunos. A empresa recentemente transformou-se em uma franquia e já conta com uma franqueada em Londrina. Nesse modelo, uma professora de patinação vai onde os alunos estão. A consultora do Sebrae/PR, Simone Millan, diz que a capacidade de superar desafios e a persistência são características comuns

fato dos negócios criados por mulheres surgirem mais por necessidade do que por oportunidade. “As histórias mostram que as empresárias nem sempre acertam na primeira vez. Em geral, cometeram erros de gestão e têm alguns contratempos, mas logo levantam. A trajetória dos negócios está intimamente ligada às histórias de vida pessoal. Den-

Superação A história empreendedora de Giane Borges, também vencedora da etapa paranaense do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, só que na categoria Negócios Coletivos, começou a ser escrita há mais de dez anos. Diante das dificuldades, ela se viu obrigada a buscar uma alternativa para sustentar a família. Natural de Curitiba, decidiu morar com o irmão, em Araucária. De família pobre, encontrou na reciclagem de materiais uma esperança. Hoje, é presidente da Reciclar – Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis, responsável pela separação, enfardamento e comercialização de materiais recicláveis provenientes da coleta seletiva do município. A atividade é realizada por meio de um termo de parceria técnica, firmado entre a Associação e a Prefeitura de Araucária. Toda a renda obtida com o trabalho é repartida entre os associados. “Com o Prêmio, tivemos a oportunidade de, alguma maneira, contar nossa história. Tenho muito orgulho de ser presidente da Associação, porque dali vem não só o meu sustento, mas o sustento de 38 famílias. Hoje, eu sou vista como uma liderança e gostaria muito que a associação crescesse. A nossa conquista é de todos”, diz Giane Borges, que, nacionalmente, também foi reconhecida com o troféu bronze do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. Para a consultora do Sebrae/PR, Virginia Allgayer, a conquista da presidente da Reciclar foi a coroação de um trabalho. “Ela

Giane Borges, empreendedora

é um exemplo de superação, que, ao ficar sozinha e tendo que cuidar dos filhos, encontrou uma saída. É o reconhecimento de um esforço diário”, avalia a consultora do Sebrae/PR.

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A capacidade de superar desafios e a persistência são características comuns às mulheres empreendedoras

tre os desafios enfrentados, elas citam, o enfrentamento de resistência e de preconceitos, inclusive, dentro de suas pró-

Juliana Sanches, empresária

Giane lembra que, ao se mudar para Araucária, ela observou que uma senhora passava sempre em frente à sua casa. Curiosa, ela perguntou qual era a sua atividade. “Ela me explicou que seu sustento vinha do que ela catava nas ruas e que participava de uma associação de catadores”, diz. Foi dona Ivani que, além de ensinar Giane a atividade de catadora, a levou em uma reunião da associação. “Eu fui e posso dizer que ela foi muito importante para que eu pudesse aprender a tirar o sustento dos meus filhos do lixo. Foi uma decisão difícil, pois eu tinha vergonha de ser uma catadora. O que minha família acharia de tudo isso?” Segundo Giane, ela teve apoio dos catadores, que a acolheram na Associação. Quando ela foi à primeira reunião, a entidade ainda era informal. A formalização só veio em 2001. “Antes da formalização, já sabíamos que seria necessária uma estrutura. A Prefeitura de Araucária, que sempre nos apoiou, cedeu um barracão no Bairro Tupi. Ficamos lá de 2000 até 2010. Nessa época, fazíamos reuniões quinzenais e éramos em uns 25 associados. O espaço ficou pequeno e novamente os associados pediram ajuda para a Prefeitura, com o intuito de conseguir uma estrutura maior.” Após alguns meses, a nova sede foi conquistada. “Quase não acreditamos. Essa nova estrutura, que foi conseguida pelo esforço da Prefeitura em buscar os recursos

financeiros, permitiu aumentar a produtividade, pois temos cinco prensas, dois elevadores e duas esteiras, o que permite trabalhar com as seis toneladas que recebemos por dia”, avalia a presidente da Reciclar. De acordo com Giane, a Associação é responsável por tirar cerca de por mês de 60 a 70 toneladas de material, por mês, que sai da natureza. Hoje, 38 famílias garantem o seu sustento graças ao trabalho realizado na Reciclar.

Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen

Porém, ao conhecer a história de um engenheiro que largou uma sólida carreira para trabalhar confeccionando pipas, veiculada no programa, não pensou duas vezes e disse para si mesma: “se ele pode viver de pipas, poderei viver de patinação”.

Juliana conta que está envolvida com patinação há 40 anos. Mudou-se para Londrina em 1989, atuou como professora em um Clube da cidade, por seis anos e abriu a escola em 1995, com o apoio do marido e do sogro. “Aquela história das pipas, para mim foi um presente e um estímulo para eu buscasse o que realmente eu gostava de fazer. Hoje, sou extremamente feliz com que eu faço. Da mesma forma de uma história me motivou lá trás, também quis repassar minhas experiências para outros. O Prêmio é um banho de autoestima e algo inspirador.”

Foto: Luiz Costa/La Imagen

A dúvida sobre qual carreira seguir desapareceu quando Juliana Sanches, aos 17 anos e prestes a prestar o vestibular, assistia a uma das edições do Programa Pequenas Empresas, Grandes Negócios, veiculado nacionalmente aos domingos, pela Rede Globo. Apaixonada por patinação desde a infância, até aquele momento, a atleta, que foi campeã brasileira e panamericana, não sabia se deveria investir em seu sonho.

Prêmio Com o mote “Sua trajetória pode abrir caminho para milhares de outras mulheres”, a edição 2011 do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, cuja divulgação das premiadas só acontece no ano subsequente, recebeu mais de 3,6 mil inscrições em todo o Brasil. No Paraná, a premiação contou com 283 inscrições e 20 finalistas concorreram à premiação estadual. A consultora do Sebrae/PR e coordenadora estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, Ammanda Macedo, diz que as inscrições registradas no Prêmio foram significativas, porque são histórias que servirão de inspiração para outras mulheres empreendedoras. “A representatividade feminina, na direção de entidades empresariais e na política, é cada vez maior. Prova de que somos determinadas e que estamos conquistando espaço”, afirma a consultora. (Colaborou nesta reportagem o jornalista Leandro Donatti)

Ammanda Macedo, consultora

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Artigo

As finalistas do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios

– não dê ouvidos à maldade alheia

Categoria Pequenos Negócios Maria Lucia Silveira

Atelier Lucinha Silveira (Cascavel)

Elisângela Miximiano Lizotti de Moura

Passiphlora Farmácia de Manipulação (Londrina)

Juliana Bicalho Sanches

Dancing Patinação (Londrina)

Angela Faria da Silva Munhoz

Atacadão da Indústria (Maringá)

Luciane Bertão Kayukawa

Casa das Cortinas (Apucarana)

Gracia Aparecida da Silva Crescêncio

Estilinho (Alvorada do Sul)

Hilkka Tellervo Ewert

Restaurante Bauernhaus (Palmeira)

Roseli Dreissig Morgenstern

Demorgan (Maringá)

Viviane Cristina Dalmas

Farmácia Viviane (Cambé)

Marcia Cristhina Teixeira

Pequeno Anjo (Cascavel)

Vera Lucia Scanagatta de Oliveira

Catarinense Garden Center (Cascavel)

Sandra Soto Ruiz

Pede Gás e Água (Maringá)

Marise Damke

Damke Móveis (Itaipulândia)

Joseffah Barros Genez

Judith Cabelereiro e Estética (Londrina)

Marli Aparecida Alberti

Essência do Sabor Pães e Doces (Guarapuava)

Quase 300 mulheres empreendedoras do Paraná inscreveram-se para o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, edição 2011

Elisabethe Dalazoanna Bittencourt

60

ATIART – Associação Tibagiana de Artesanato (Tibagi)

Marie Sakamoto Nishio

Artesanato Santo Antônio – Associação de Artesanato Santo Antônio (Maringá)

Elizangela de Paula Kuhn

ACIFI – Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Foz do Iguaçu)

Giane Marisa Borges

Reciclar – Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis (Araucária)

Angela Maria Sfendrych

Ryo & Mar – Associação dos Curtidores Artesanais de Pele de Peixe Ryo & Mar (Guaratuba)

Saiba mais Acesse: www.mulherdenegocios.sebrae.com.br As inscrições para mais edição já estão abertas e seguem até o dia 31 de agosto de 2012.

Eloi Zanetti é consultor e palestrante em Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas. Acesse www.eloizanetti.com.br

Por Eloi Zanetti

Ela está em toda parte, nas empresas de todos os portes, sofisticadas, técnicas, canteiros de obras, ‘chão de fábrica’ – daí o nome, nas universidades, nas famílias, na vizinhança, entre amigos e inimigos e, principalmente, no ambiente governamental. Ela corre solta entre os políticos, que a alimentam e usam como arma torpe contra os seus desafetos. É a rádio-peão, o falatório, o disse-me-disse, o dizem a boca-pequena, ouvi dizer não sei de quem, mas é a mais pura verdade que… Boatos e maledicências andam céleres e tal qual a velha brincadeira infantil do “telefone sem fio”: começam de um modo, logo são desvirtuados e chegam totalmente diferentes das suas versões originais ao final da linha. Aí é que está o perigo, já saem deformados de nascença e viram monstros ao passar de um ouvido para o outro.

Categoria Negócios Coletivos

Foto: La Imagen

Rádio-peão

Difícil saber quem começa a espalhar um boato, pois fofoqueiros existem em todos os ambientes. A característica do seu comportamento é previsível. Eles sempre sabem das coisas, juram que a fonte é fidedigna, não se dão ao trabalho de checar a origem e a veracidade do fato, simplesmente repassam o que ouviram de forma deturpada sem perceber o estrago que causam à imagem da empresa.

As pessoas adoram a rádio-peão, principalmente as do escalão mais baixo das hierarquias. Os motivos da sua existência são vários, quase todos calcados nas nossas inseguranças e fraquezas: é o medo da perda do emprego, o ressentimento por uma promoção não merecida, uma vingancinha do chefe autoritário e a perda de privilégios. Ela retrata a fragilidade dos relacionamentos humanos mal administrados, alimenta-se da inveja, da maldade, expõe vilania, covardia e, muitas vezes, é apenas ingenuidade. Uma das formas mais práticas para atenuar fofocas é promover o contato pessoal do “chefão” com o resto da turma, para os devidos esclarecimentos. Prepare um café da manhã ou um happy-hour para expor os assuntos da maneira mais transparente possível. Criado o ambiente, procure fazer com que apareçam perguntas sobre os comentários que estão circulando na empresa. Algumas questões precisam ser direcionadas para fazer vir à tona os assuntos mais maldosos. Manter, de tempos em tempos, encontros constantes, entre alguns funcionários, escalonados, e a alta direção, para esclarecer o que está acontecendo na empresa e explicar seus rumos, ajuda a diminuir a força dos boatos. Jamais subestime o poder da fofoca e da maledicência

em promover estragos, esteja atento e não as deixe crescer. A forma mais brilhante que já vi sobre como acabar com a rádio-peão foi a música “Disseram que voltei americanizada”, interpretada por Carmem Miranda, respondendo, na própria rádio, ao povo que começou a falar mal dela, depois que voltou dos Estados Unidos. Sua resposta é um primor de comunicação bem-feita. Mostrarei algumas partes do texto, que virou música de sucesso: “Disseram que eu voltei americanizada… Com o burro do dinheiro, que estou muito rica. Que não suporto mais o breque de um pandeiro… E corre por aí que ouvi um certo zum-zum… que já não tenho molho, ritmo, nem nada… Mas pra cima de mim, pra que tanto veneno?” E vai terminando a música com uma fina ironia, a arma dos inteligentes. Ao perceber notícias ruins e mal-intencionadas correndo dentro da empresa, cabe, na maioria das vezes, ao comunicador, atenuá-las. Empresas que trabalham de forma profissional e competente os seus assuntos de comunicação interna sofrem menos deste mal. A transparência da comunicação, a agilidade em expor fatos e esclarecer situações inibe o surgimento de boatos, não deixando campo propício para falação descabida.

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Valdirene e Edinaldo José Proença, empreendedores rurais

‘Sementes’ do otimismo

Grupo de produtores rurais descobre que trabalho coletivo na agricultura orgânica pode trazer mais saúde e renda para famílias Por Juliana Dotto

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“Muito mais do que melhorar a vida de Valdirene e Edinaldo, o projeto de construção de estufas agroecológicas começaria a mudar a vida de muita gente”, conta o consultor do Sebrae/PR e gestor do Projeto Territórios da Cidadania - Cantuquiriguaçu, Edson Braga da Silva. Hoje, são 25 estufas distribuídas em duas comunidades rurais do município, de Santa Luzia e Faxinal Soares, melhorando a qualidade de vida de famílias carentes. E, pelo conhecimento de plantio e cultivo, as mudas que abastecem todas as estufas saem da propriedade do casal.

os produtores são treinados para darem início à produção de alimentos orgânicos. A horta é circular, abriga um galinheiro no centro, e os canteiros são irrigados por gotejamento. A área de compostagem supre a necessidade de adubação do que é plantado e ainda há um tipo de quintal, também circular, destinado ao plantio de frutas ou grãos”, explica. Nas propriedades de Santa Luzia e Faxinal Soares, a estrutura do PAIS foi adaptada e, no lugar da horta circular, foram construídas estufas de 7x25 metros. “O principal objetivo de levar as estufas às famílias era auxiliar no desenvolvimento, para que saíssem da extrema pobreza e passassem a empreender”, declara o prefeito de Reserva do Iguaçu, Sebastião Campos. “Antes, a maioria dessas famílias vivia de ‘bicos’, do extrativismo ou nas carvoarias. As estufas trouxeram uma perspectiva de vida mais saudável e melhoraram a renda familiar”, considera o prefeito. Além de saúde e renda, acrescenta Sebastião Campos, poder trabalhar com a produção nas estufas trouxe otimismo e entusiasmo para as famílias. Foi o que aconteceu com Alvino dos Santos de Oli-

O projeto de estufas agroecológicas em Reserva do Iguaçu trouxe união, qualidade de vida e geração de renda para todas famílias envolvidas

Foto: Anderson Silva de Lima/Lino Trombeta

“Nunca pensamos em sair daqui. Juntamos dinheiro e compramos uma pequena propriedade para trabalhar com pecuária de leite. Queríamos mais, mas não tínhamos recursos para investir, pois, com a venda do leite, só dava para se manter”, conta o casal. Em meados de setembro de 2011, uma parceria entre o Sebrae/PR e a Prefeitura de Reserva do Iguaçu deu a oportunidade que faltava para que melhorassem o rendimento e a qualidade de vida no campo.

Associativismo

Foto: Anderson Silva de Lima/Lino Trombeta

Hortas comunitárias

Nascidos e criados em Reserva do Iguaçu, município no interior do Paraná, e casados há seis anos, Valdirene Claudia Motta Proença e Edinaldo José Proença conheceram-se ainda no colégio. Ela, estudando Pedagogia e trabalhando como estagiária em uma escola do município, e ele, atuando como técnico-agrícola, não imaginavam que o conhecimento no campo poderia ajudar famílias a sair da miséria e tirar o sustento da própria terra onde moram.

“Temos um cronograma de plantio para que não falte nenhum produto”, diz Valdirene Proença. “Meu plano já era trabalhar com estufas, mas não tinha como fazer. O projeto veio em boa hora e o legal é que todo mundo ajuda, desde a armação, irrigação até a cobertura da estufa. São mais ou menos seis pessoas para erguer uma estufa. No último feriado de Finados, por exemplo, conseguimos reunir mais de 30 pessoas das comunidades para ajudar a fazer as estufas. Hoje, plantamos tomates, rabanetes, beterrabas e outros. Tudo de maneira coletiva”, reforça Edinaldo Proença. A inspiração para o projeto, comenta Edson Braga, veio a partir da implementação do Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), em uma escola rural, há cerca de três anos. “No processo produtivo do PAIS não se usam fertilizantes sintéticos ou agroquímicos e

Edson Braga, consultor do Sebrae/PR

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te come o que está plantando e, com a venda dos produtos, também podemos dar um futuro melhor para nossos filhos. Nosso pensamento é fazer dessa, mais duas estufas”, comemoram.

vez que as famílias têm em média quatro pessoas. Indiretamente, o número sobe para 200, contando professores e alunos, consumidores dos produtos orgânicos na merenda. Em um ano, a produção nas estufas deve movimentar cerca de R$ 120 mil para a comunidade”, assegura. Márcia Aparecida dos Anjos e Valdir dos Santos Oliveira, que também têm a estufa agroecológica na propriedade, ainda utilizam a horta somente para alimentação. “Estamos começando o cultivo na estufa, com alface e almeirão. Mas de agora em diante, queremos aumentar a produção para poder vender também”, planejam. Assim como Márcia e Valdir, pouco a pouco, as famílias começam a enxergar, nas estufas, oportunidade.

Alvino e Ivanil têm quatro filhos, entre 16 e dez anos de idade, que também ajudam a produzir na estufa. “Plantamos pepino, tomate, alface, brócolis, beterraba. E os filhos também ajudam e aprendem a plantar junto com a gente. Antes a renda era difícil de contar, porque às vezes tinha trabalho, às vezes não. Com a estufa, temos a venda certa. Já conseguimos contar com uns R$ 500 a R$ 600 por mês. E sem ter que sair de casa pra arrumar serviço”, enumera Ivanil Oliveira.

Esforço coletivo Além da ajuda do casal, Valdirene e Edinaldo Proença (que preparam as mudas para o plantio nas 25 estufas agroecológicas), as famílias contam com a ajuda contínua de um técnico da Prefeitura, João Fernando Nunes, e mais dois consultores credenciados do Sebrae/PR, Ana Maria Ferreira Ribas e Dimorvan Antônio Santos. “Os três estão sempre em contato com as famílias, ajudando e dando suporte no que for preciso”, afirma Edson Braga, do Sebrae/PR.

Foto: Anderson Silva de Lima/Lino Trombeta

Segundo João Fernando Nunes, a grande maioria das estufas está em famílias assentadas em terrenos da Prefeitura Municipal. “Essas famílias não tinham onde morar e a Prefeitura fez uma seleção para que houvesse o repasse dos lotes. A maioria desses assentados não tinha opção de renda e estava com a terra há muitos anos. O projeto das estufas trouxe união, qualidade de vida e geração de renda para todas”, aponta. “No assentamento, cedido pela Prefeitura à comunidade de Santa Luzia, por exemplo, são 22 lotes pequenos que têm em média 0,5 hectares. Bem abaixo dos módulos familiares da região, que são de 15 hectares. Encontrávamos, nas propriedades,

Alvino dos Santos de Oliveira e Ivanil Fátima da Cruz Oliveira, empreendedores

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problemas com a fertilidade do solo e falta de água, além de famílias em situação de vulnerabilidade. Para trabalhar com as estufas, também foi preciso melhorar o

Marcia A. dos Anjos, empreendedora

Destino De acordo com Ana Ribas, 25% da produção nas estufas estão destinados à merenda escolar. “Inicialmente, o destino da produção é para o consumo próprio, visando à segurança alimentar e nutricional dessas famílias. O excedente é comercializado na comunidade e destinado para os Programas de Aquisição de Alimentos (PAA), Compra Direta e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) no município”, assinala. Se a produção exceder a esses consumos,

“Meu marido trabalha em Pinhão e só vem pra casa no fim de semana. Sempre trabalhamos na roça, mas de outras pessoas. Agora que temos nosso cantinho e, com a ajuda da comunidade, já estamos plantando tomate, pepino e almeirão na estufa. Assim que der, vamos melhorar a casa e ganhar um pouco de dinheiro pra viver melhor”, projeta Ivandir Aparecida da Cruz que divide o tempo do trabalho na estufa com as filhas, de 15 e 13 anos, com as tarefas do lar e a criação de um bebê, de apenas dois meses.

A inspiração para o projeto veio a partir da implementação do Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), em uma escola rural

Foto: Anderson Silva de Lima/Lino Trombeta

aqui, empenhados, na horta. Antes não tínhamos salada para comer, agora a gen-

cerca de 100 pessoas diretamente, uma

Foto: Anderson Silva de Lima/Lino Trombeta

veira e Ivanil Fátima da Cruz Oliveira. “Antes a gente vivia de ‘bicos’, agora ficamos

os produtos são comercializados numa parceria com a Cooperativa Mista de Produção Agropecuária e Extrativista das Famílias Trabalhadoras Rurais de Pinhão (COOPERAFATRUP), do município vizinho a Reserva do Iguaçu, para que sejam entregues em Guarapuava, no PNAE, que atende 25 colégios estaduais da cidade. “Além disso, também existe a estratégia de venda porta a porta nas cidades da região”, sustenta. Quanto à rentabilidade, ressalta Dimor-

solo e capacitar as famílias para a produ-

van, a ideia é agregar, em média, R$ 350 ao mês por família, com a produção nas estu-

ção”, relata Dimorvan Antônio Santos.

fas. “Até agora, a produção já beneficia

Ivandir Aparecida da Cruz, empreendedora 65


Associativismo

Reaproveitamento

UniĂŁo transforma comunidade carente Considerada lixo, pele de peixe vira couro; beneficiamento gera trabalho e renda para empreendedores no litoral do ParanĂĄ

Angela Sfendrych, empreendedora

66

Foto: Luiz Costa/La Imagen

Por Cleide de Paula

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para entrar em uma nova fase.

Retirar, coletar, tratar, transformar e conscientizar. Desde 2008, esses verbos são conjugados diariamente pela ACPRM. A associação surgiu a partir de um curso de curtimento de couro, realizado em 2006, que teve, entre os participantes, Angela Sfendrych, proprietária, na época, de uma papelaria e comércio de embala-

A meta dos dirigentes é lançar um site na

gens na localidade.

internet para divulgar o trabalho e comercializar o couro de peixe e as peças

A empresária teve a ideia de aproveitar a

artesanais derivadas da matéria-prima, como bolsas, bijuterias e outros acessórios. A presidente da ACPRM, Angela Sfendrych, acredita que quando o site da Ryo e Mar

Depois de enfrentar, e superar, desafios comuns aos pequenos negócios, como a sobrevivência num mercado altamente competitivo, a Associação dos Curtidores de Pele de Peixe Artesanal Ryo e Mar (ACPRM), fundada em 2008, no município de Guaratuba, litoral do Paraná, prepara-se

entrar no ar, a venda e a procura pela pele vão aumentar. “Para isso, teremos que ter uma ou duas pessoas dedicadas exclusivamente para o

Iniciativa transforma atividade em negócio sustentável, capaz de melhorar a vida de pessoas da comunidade e promover maior consciência ambiental

comércio eletrônico. Por sermos uma comunidade carente, ainda não temos pessoal capacitado para lidar com essas questões de informática, mas em breve deveremos superar essa deficiência”, acredita. Outra meta dos dez associados, empreendedores de primeira linha, é conquistar uma nova sede para o funcionamento da ACPRM que hoje se encontra instalada em um imóvel alugado. “Estamos pleiteando na Prefeitura de Guaratuba a assinatura de um convênio para que possamos nos mudar de endereço e também receber apoio para adquirir equipamentos como uma máquina de costura semi-industrial e equipamentos para curtimento artesanal, melhorando assim nossos resultados”, detalha.

a Associação foi pensada e organizada

peixe marinho é vendido por aproximada-

Emoções o Ano Inteiro” e “Competitivida-

como uma empresa na qual o resultado fi-

mente R$ 750 - o quilo.

de do Vestuário”. A entidade auxiliou a as-

nal depende da dedicação de cada um. Para começar as atividades do curtume, os fundadores investiram recursos próprios para a aquisição de equipamentos e compra dos insumos necessários”, conta.

Angela Sfendrych avalia que, dentre os benefícios da Ryo e Mar para a comunidade de Guaratuba, estão a geração de renda, a conscientização dos pescadores para os impactos que o descarte da pele gera no

pele de peixe que era descartada pelos

A ACPRM é dirigida por um Conselho Diretor composto por quatro membros: presidente, vice-presidente, tesoureiro e secretário. Todas as decisões são tomadas

pescadores de Guaratuba em lixos comuns

a partir de reuniões nas quais todos os as-

resíduos e também pelo tratamento corre-

ou no próprio mar. Após o treinamento, a

sociados podem participar e votar. Mesmo

to dos efluentes gerados pelo processo de

aluna empenhou-se em aprimorar o méto-

contrariando todos os prognósticos, desde

curtimento”, informa.

do de curtimento para transformar pele de

o início das atividades, a Associação buscou

peixe em peças de qualidade. O couro de

o licenciamento para o processamento de

A presidente destaca que a ACPRM mudou

quase todos os peixes de mar pode ser

efluentes, que foi concedido pelo Instituto

aproveitado, como de tilápia, linguado, ro-

Ambiental do Paraná (IAP).

balo, corvina e tainha.

meio ambiente e a preservação da natureza. “Nosso cuidado com o meio ambiente se dá pela coleta e reaproveitamento dos

ciação estão a limpeza e conservação das

plementar a renda familiar e oportunida-

da atividade e a padronização da qualidade

peles, o curtimento e tingimento artesanal,

des para conhecer novos lugares no Brasil.

de produção renderam à entusiasta um

o acabamento do couro e o tratamento dos

“A primeira viagem que fizemos foi para

convite para ministrar cursos de curtimen-

efluentes gerados pelo processo. O méto-

Ponta Grossa. Algumas delas não queriam

to de couro. Ao final da capacitação, ela

do de curtimento do couro demora cinco

nem entrar em elevador. Hoje, viajam de

e mais quatro participantes, decidiram

dias para se completar. Nos três primeiros,

avião para participar de feiras. É uma gran-

transformar a atividade em um negócio

é feita a preparação das peles e, nos dois

de conquista para a autoestima e inclusão

sustentável, capaz de melhorar a vida de

últimos, o tratamento dos efluentes. O im-

social das mulheres”, conta.

pessoas da comunidade e promover maior

pacto ambiental gerado é mínimo, pois os

consciência ambiental para os impactos do

reagentes utilizados passam por um trata-

Conquistas

descarte irregular.

mento dentro do próprio curtume. A práti-

“O começo não foi nada fácil. As pessoas

ca garantiu à sociedade o selo de Projeto

da região estavam desacreditadas e não

Ecologicamente Correto.

pele de peixe em diversos estados do

apostavam nos resultados do trabalho co-

A aquisição das peles é feita diretamente

letivo. Para mudar essa mentalidade, foi

com os pescadores que recebem R$ 2 para

Bahia e Santa Catarina. “Recentemente, ca-

preciso muita persistência. Desde o início,

cada quilo do produto vendido. Entre os

Foto: Luiz Costa/La Imagen

pagar as despesas de funcionamento do curtume. O controle da produção é feito por documentos que incluem, por exemplo, a ficha do associado e a ficha de curtimento. “O custo da energia elétrica é bem alto, bem como o da locação do imóvel. Os novos associados passam por uma capacita-

Peças artesanais feitas com couro de peixe

Nos dois últimos anos, a Ryo e Mar vem ministrando cursos sobre o curtimento da Brasil, como São Paulo, Rio Grande do Sul,

atuou para fomentar o artesanato como uma atividade ligada ao Turismo. Além disso, articulou, com parceiros, a realização de oficinas de design; e, também, o auxílio à busca por informações de mercado para subsidiar a criação de novos produtos no segmento de vestuário, acessórios e souvenirs. As ações foram passos importantes no processo de preparação da Associação para o crescimento.

Com cinco quilos de pele de peixe, é possível produzir um quilo de couro; atividade representa rendimento médio mensal de R$ 500

pacitamos três comunidades no litoral de Itapoá, em Santa Catarina. Para este ano, já recebemos várias propostas e estamos estudando pedidos”, diz. A característica sustentável da produção, que alia a preservação do meio ambiente com geração de renda às associadas, ganhou reconhecimento nacional. A Associação Curtume do Couro do Peixe Ryo Mar recebeu, em São Paulo, o Prêmio Planeta Casa 2011, na categoria Ação Social.

ção e devem acompanhar pelo menos dois

Apoio

processos completos de curtição e de

A Ryo & Mar, pioneira no artesanato com

tratamento de efluentes para estarem ha-

couro de peixe, é uma das organizações

bilitados a conduzir, sozinhos, o processo.

apoiadas pelo Ministério da Integração

Um associado dedicado chega a ganhar

Nacional. Também é assistida pelo Conse-

R$ 500 mensais com a atividade”, assinala

lho Regional de Desenvolvimento Rural,

Angela Sfendrych.

Pesqueiro e do Artesanato do Litoral Para-

Com cinco quilos de pele de peixe, é possí-

naense (Cordrap), Prefeitura de Guaratuba,

vel produzir um quilo de couro. A capaci-

empreendedorismo e associativismo e

zação, o trabalho associativo significou para elas a geração de recursos para com-

mento, é de R$ 30. A soma é utilizada para

estratégico, ministrou capacitações sobre

ria mulheres de pescadores. Além de reali-

O esforço para a regularização ambiental

ciado paga uma mensalidade, que, no mo-

sociação a redigir seu planejamento

a vida das associadas, em sua grande maio-

Dentre as atividades realizadas pela Asso-

sócios, há curtidores e artesãos. Cada asso-

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Após quase quatro anos de existência,

Secretaria Estadual da Família e Desenvol-

dade produtiva mensal do curtume arte-

vimento Social e Sebrae/PR.

sanal de Guaratuba é o processamento de

A ACPRM é atendida pelo Sebrae/PR pelos

60 quilos de peles de peixe. O couro de

projetos “Turismo no Litoral do Paraná –

Saiba mais A Associação dos Curtidores de Pele de Peixe Artesanal Ryo e Mar (ACPRM) funciona na Rua Paranavaí, 17, em Guaratuba, no Paraná. Informações podem ser obtidas pelo e-mail: acprmrioemar@hotmail.com

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Os chamados games corporativos, que recriam situações do dia a dia das empresas em um ambiente virtual, já fazem parte de muitas corporações e estão se tornando uma tendência mundial. Cacau Guarnieri, estrategista web, atua há mais de 13 anos no mercado digital, na criação de soluções. Ele diz que os games empresariais são resultado da popularização do videogame, da explosão dos games sociais e da chegada a postos de gestão de profissionais que cresceram envolvidos nesse universo. “Tais fatores têm criado dentro das organizações uma demanda crescente pela utilização de games ou dinâmicas baseadas em jogos que auxiliam no treinamento de pessoal de uma forma mais atrativa”, explica. Segundo Guarnieri, os games corporativos usam linguagens e processos novos para atingir, de forma diferente, antigos objetivos ou até mesmo criar outros deles.

Aldir Oliveira Brandão Júnior, sócio-proprietário da CINQ, explica que os jogos empresariais passaram a fazer parte dos serviços oferecidos pela empresa em 2010. O desenvolvimento acontece sob encomenda e a maioria dos clientes está no Brasil. “Os games corporativos são uma interessante ferramenta de trabalho porque ajudam os empresários em várias etapas, como de diagnóstico e de autoconhecimento, por exemplo, necessárias para o bom desempenho da empresa”, diz Brandão. O empresário também destaca outro fator importante: a possibilidade de atingir um público amplo, com baixo investimento. O preço de um game corporativo vai depender do conceito que utiliza. Os de baixa complexidade custam a partir de R$ 7 mil, em média, enquanto os de maior dificuldade de produção, até dez vezes este valor. Mas, segundo os especialistas, o investimento vale a pena.

O uso de games pode ser benéfico para todas as empresas, pois é capaz de auxiliar na aprendizagem, criação de novos processos, troca de informações

Os games simulam situações de negócios em um ambiente de jogo que permite ao usuário entrar na pele de um personagem na tela do computador. Assim, o funcionário pode praticar suas tarefas quantas vezes precisar sem colocar em risco o negócio e a empresa.

Game Perfil do Empreendedor, desenvolvido pela Ingrupo//CHP para o Sebrae/PR

Games

corporativos

Ferramentas, cada vez mais utilizadas por empresários, recriam situações do dia a dia das empresas em ambientes virtuais Por Adriana Bonn

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A CINQ Technologies, empresa curitibana especializada em projetos de desenvolvimento de software, design de soluções e serviços profissionais de Tecnologia da Informação (TI), faz parte do grupo de desenvolvedores de games corporativos no País.

Foto: Divulgação

Simulação

trabalhar competências e desenvolver ações motivacionais e de grupo entre os seus funcionários, mas, nos últimos anos, essa ferramenta, que antes ficava limitada a salas fechadas, ganhou um novo formato: o digital.

Serviço

Há décadas, as empresas usam jogos para

Guarnieri explica que, além de jogos para o público interno, os games corporativos também podem ser uma ferramenta para a promoção de produtos, serviços e da marca ou na utilização de mecânicas para buscar engajamento e fidelização de usuários na web. “O uso de games pode ser benéfico para todas as empresas, independente de seu tamanho, pois é capaz de auxiliar na aprendizagem, criação de novos processos, troca de informações, marketing, e-commerce, mapeamento de perfis de empreendedores, entre outros.”

Produção nacional No Brasil, os games corporativos ainda são novidade e despertam a curiosidade dos empresários, mas em países como Estados Unidos, Japão, Coréia do Sul e Europa são bastante difundidos.

Cacau Guarnieri, estrategista web

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Foto: Ingrupo//chp Propaganda

Games corporativos, ainda uma novidade em países como o Brasil, tornam-se ferramenta de trabalho e melhoram desempenho das empresas André Santocchi, empresário Em função da curiosidade que se formou em torno desse momento de “gamificação”, o estrategista web Cacau Guarnieri tem viajado pelo Brasil para fazer palestras sobre o tema. Entre seus clientes estão o Sebrae, a BASF, o Corinthians e a Universidade Anhembi Morumbi. Para ele, os games corporativos não são apenas um modismo, mas também não devem ser considerados uma solução milagrosa para desafios corporativos ou de marketing de uma empresa. “É preciso ter pé no chão.”

Veio para ficar A Ingrupo//chp Propaganda, empresa especializada em comunicação integrada e marketing, também desenvolve games corporativos. O diretor André Santocchi explica que a empresa, instalada em São Paulo, mas com atuação em todo o Brasil, oferece games para treinamento e capacitação de profissionais e para divulgação de produtos. Entre seus clientes, está o Sebrae/PR,

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que utiliza games corporativos para apresentar soluções aos empresários. A Ingrupo//chp trabalha com projetos de interatividade há dez anos, mas a comercialização dos games corporativos ganhou intensidade nos últimos cinco. Santocchi destaca que o aumento da procura se deve à maior divulgação de informações sobre os games. “As pessoas estão conhecendo e sabendo cada vez mais sobre esses produtos e os benefícios que podem trazer para as empresas.” Santocchi diz que os games corporativos estão ganhando cada vez mais espaço porque são interessantes, capazes de treinar pessoas de forma lúdica e interativa. Além disso, ele acredita que a receptividade tem relação com identificação que a nova geração que está entrando no mercado de trabalho tem com a tecnologia. Por isso, Santocchi garante que os games corporativos não são apenas uma onda e sim uma tendência que veio para ficar.

Saiba mais Acesse: www.ingrupochp.com.br www.games4b.com.br www.newzoo.com

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no, apontados pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Para-

do empresário de 52 anos, que hoje representa as indústrias paranaenses, não

abriu uma lanchonete. “De dia trabalhava na loja e de noite cuidava da lanchonete.

foi nada fácil. “Todas as pessoas têm suas dificuldades. Se não contarem com

Sueli, minha esposa, e a mãe eram minhas

grossense, Campagnolo vendeu o seu

tamento médico. “O resultado foi positi-

Em 1978, junto com a mãe, dona Dirce, que ficara viúva, iniciou a vida empresarial, justamente pelo conhecimento que ela tinha como costureira e modelista, prática que aprendeu sozinha, lendo as revistas de moda, que seu pai trazia na volta de viagens. Assim nasceu a Malharia Campagnolo em Curitiba. Como os clientes estavam no interior, Edson Campagnolo dividia os dias da semana entre o interior e a Capital. “Com uma agenda lotada e sem tempo, não pude cursar uma universidade. Cheguei a tentar vestibular, mas nem à última prova pude comparecer”, lembra. O conselheiro do Sebrae/PR diz que preencheu a falta do ensino acadêmico fazendo cursos ministrados primeiramente pelo Ceag (então Centro “Minhas empresas sempre contaram com a ajuda da consultoria do Sebrae. Aliás, as micro e pequenas empresas do Paraná têm no Sebrae/PR um grande aliado para aprimorar seus negócios, seja através de serviços de consultoria, capacitação de pessoal,

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Depois de cinco anos no comércio mato-

Curitiba, em 1969, quando tinha apenas dez anos. Seu pai, motorista de caminhão,

de Apoio Gerencial) e depois pelo Sebrae.

Por Mirian Gasparin

sócias do negócio, só que elas não tinham nada a ver com o ramo do negócio.”

negócio e acompanhou a mulher a Florianópolis, Santa Catarina, para um tra-

Aos 17 anos, ficou sem pai e irmã, que morreram num acidente trágico. Permaneceu no Bamerindus até completar 18 anos e daí deu início à carreira de empreendedor. “Carrego, no meu DNA, o empreendedorismo. Meus avós, maternos e paternos também foram empreendedores.”

Presidente da FIEP diz que, apesar da crise global, economia brasileira continua se sustentando e há ainda muito campo para crescer

uma loja de móveis e eletrodomésticos e

Campagnolo, natural de Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná, passou a morar em

queria que os filhos cursassem boas escolas para usufruírem de um futuro melhor. Aos 14 anos, para ajudar a família, Campagnolo começou a trabalhar como garçom no extinto Bamerindus. Três meses depois já estava trabalhando na agência do banco da família Vieira, localizada no bairro Portão.

empreendedora

Grosso. Com o dinheiro da venda da malharia em Curitiba, para um primo, montou

campo da vida”, destaca.

Trajetória

fácil. Aos 24 anos, Campagnolo casou e foi morar em Lucas do Rio Verde, em Mato

ná (FIEP) e conselheiro do Sebrae/PR, Edson Campagnolo. Evangélico, a vida

uma força espiritual, dificilmente conseguirão superar as barreiras em qualquer

Edson Campagnolo, presidente da FIEP

A vida trilhada pelo empreendedor não foi

cursos e treinamentos”, enfatiza.

Personalidade

Foto: Sistema FIEP

Edson Campagnolo

Espiritualidade, família e trabalho são os mais importantes valores do ser huma-

vo e ela conseguiu engravidar do filho Matheus e depois teve o Thiago.” Na sequência, foi para Cascavel, no oeste paranaense, onde pretendia fixar seus negócios. Entretanto, depois de sofrer um sequestro, voltou a Curitiba, onde permaneceu por mais dois anos.

As micro e pequenas empresas do Paraná têm no Sebrae um grande aliado para aprimorar seus negócios

No final dos anos 1980, voltou para Capanema, no sudoeste do Paraná, onde parte da sua família residia, e montou a Indústria de Confecções Rocamp. Começou com três colaboradores. Hoje são 330 funcionários. Possui fábricas, além de Capanema, em Santo Antônio do Sudoeste, Planalto e Itaipulândia. Em sua trajetória empresarial, Edson Campagnolo sempre defendeu o associativismo. Foi presidente da Associação Comercial de Capanema, coordenador da Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná (Caciopar), presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário do Sudoeste, membro do Conselho da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap). Em 2003, foi convidado pelo então presidente da FIEP Rodrigo da Rocha Loures para o cargo de vice-presidente da entidade e, no ano passado, foi eleito presidente da entidade. Na avaliação de Campagnolo, as políticas públicas implementadas nos últimos anos contribuíram para ampliar o número de micro e pequenas empresas, que respondem por 99%, em média, do total das companhias existentes no País. “Não podemos nos esquecer que o Paraná é o berço do Simples (Nacional). Políticas de incentivo fiscal e tributário, do governo, significam dar um fôlego maior ao empresariado.”

Embora reconheça que existam hoje mais incentivos e estímulos para as empresas do que há dez anos, a carga tributária ainda é muito elevada. “Menos impostos incentivam o empresário a trabalhar na formalidade.” O presidente da FIEP afirma que, apesar da crise global, a economia brasileira continua se sustentando e há ainda muito campo para crescer, principalmente em regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O líder empresarial faz questão de destacar a importância que a FIEP dá às micro e pequenas empresas do Estado. Como exemplo, cita o Conselho Temático das Micro e Pequenas Empresas, que tem como objetivo contribuir para a elaboração e a aplicação de políticas relativas ao tratamento diferenciado aos pequenos negócios industriais, visando a sua competitividade e desenvolvimento. Uma das bandeiras do Conselho é a ampliação do teto para enquadramento de micro e pequenas empresas. Campagnolo defende que os tetos sejam revistos periodicamente, levando em conta a inflação.

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Giro pelo Paraná

Sebrae/PR Turismo criativo Vender um destino turístico em 15 minutos foi o desafio que empresários do setor encararam durante o 18º Salão Paranaense de Turismo, realizado em março, em Curitiba. Eles tiveram exatamente este tempo para apresentar as potencialidades e os atrativos de algumas regiões turísticas do Estado, bem como os produtos e serviços a agentes e operadores de viagem, no Portfolio 15x15. O formato, uma parceria da Escola de Criatividade, Sebrae/PR e Secretaria de Estado do Turismo (SETU), foi desenhado para aproximar, de uma maneira inovadora e criativa, fornecedores e potenciais parceiros compradores. Nas apresentações, além de informações básicas sobre os destinos e empreendimentos turísticos, os empresários explicaram as vantagens e os diferenciais competitivos. A ideia é que, a partir de uma abordagem simples, porém original, os proprietários de pequenas empresas do setor vendam o seu ‘peixe’ para o mercado. A realização do Portfolio 15x15 marca o início do Projeto Turismo Criativo, que pretende trabalhar a questão da criatividade como alternativa para o desenvolvimento da atividade turística, de uma forma inovadora, fora dos padrões convencionais e velhos conceitos.

Agentes locais

MPE Brasil Duas pequenas empresas do Paraná estão entre as vencedoras nacionais da edição 2011 do MPE Brasil - Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas. São a Megasult, de Francisco Beltrão, na categoria Serviços, e a Accion – Sistemas para Excelência em Gestão, de Maringá, na categoria Serviços de Tecnologia da Informação. Criada em 1996, a Megasult investiu na gestão participativa. Conquistou o apoio de colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros para promover a constante melhoria dos seus processos. Depois de aderir ao Modelo de Excelência em Gestão (MEG), da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), melhorou a imagem diante do público interno, clientes e da comunidade. A Accion foi fundada no ano 2000 com foco no atendimento a clientes da indústria. Atualmente, está entre as empresas com maior índice de crescimento no setor. Depois de implantar o MEG, o empreendimento passou a investir maciçamente na capacitação dos colaboradores, com cursos acima de 200 horas ao ano. A empresa também faz pesquisas de opinião com os clientes para adequar os produtos às reais necessidades do mercado. O objetivo do MPE Brasil é reconhecer o empenho de micro e pequenas empresas na gestão de qualidade, com resultados consistentes, como o aumento da produtividade e da competitividade.

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O Sebrae/PR inicia em 2012 mais um ciclo do Programa Agentes Locais de Inovação, que tem como meta elevar a competitividade por meio da inovação de 3 mil micro e pequenas empresas de nove segmentos econômicos - construção civil, comércio varejista, móveis, agroindústria, metalmecânico, vestuário, software , saúde e turismo - em 39 cidades do Estado. Implantado como projeto-piloto em 2008, desde então a proposta já atendeu 2.500 empresas e formou mais de 80 agentes de inovação no Paraná.

Sala do Empreendedor Empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, ganharam um espaço próprio para buscar orientações sobre formalização, gestão e capacitações. A Sala do Empreendedor, recém-inaugurada, atende a uma das premissas do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, também conhecido como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Na oportunidade, também foi lançado o Programa Cidade Empreendedora, para auxiliar na regulamentação e aplicação da Lei Geral. A Sala do Empreendedor, instalada junto à Agência do Trabalhador, é resultado da parceria entre o Sebrae/PR, Prefeitura de Francisco Beltrão, Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Economia Solidária e o Comitê Gestor da Lei Geral Municipal.

Paraná-Barcelona Representantes do Sistema Fecomércio/PR, Prefeitura de Curitiba, Sebrae/PR e Institut Cerdà firmaram em março convênio de cooperação, com foco na revitalização do comércio, no entorno do antigo paço municipal de Curitiba, e no fortalecimento do turismo na Capital. O convênio foi assinado com a presença do prefeito Luciano Ducci, durante almoço na sede da Fecomércio. Josep Maria Oliveras, Juan Ortiz Taboada e Ángel Díaz González, do Cerdà, também cumpriram agenda em Londrina, em audiência com o prefeito Homero Barbosa Neto, sobre o projeto do Arco Norte; em Maringá, sobre o Centro de Inovação; e em Foz do Iguaçu, no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI) e no Sebrae CDT-AL. O Cerdà é uma fundação privada catalã, criada em 1984. Com sede em Barcelona, tem expertise em turismo, inovação, infraestrutura e planejamento e reabilitação de núcleos urbanos.

Duas edições A partir de 2012, o Paraná Business Collection terá duas edições. As deste ano acontecem de 26 a 30 de junho e de 6 a 10 de novembro. Realizado pelo Sebrae/PR e Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), por meio do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário e Têxtil do Paraná, o PBC já teve cinco edições e está entre os principais eventos do calendário brasileiro da moda. A mudança deve-se a uma nova estratégia dos realizadores de ampliar o PBC e consolidá-lo, ainda mais, no cenário nacional e internacional. Para alcançar este objetivo faz parte da proposta a abertura do evento também para marcas de outros estados. Com duas edições, uma com as coleções de verão e outra de inverno, a agenda de 2012 inclui a realização do Showroom de Negócios apenas na edição de novembro, destacando, assim, o Estado como produtor de moda inverno. Diferencial importante para o varejo de todo o Brasil.

Certificação na saúde A certificação é um caminho sem volta e os empreendedores que não se adequarem à nova realidade irão perder espaço no mercado. Os selos que comprovam a qualidade não se restringem às empresas que comercializam produtos e já alcançou o setor de prestação de serviços, inclusive na área médica. Para atender as necessidades dos pacientes, cada vez mais exigentes e conscientes de seus direitos, os profissionais do ramo buscam a acreditação, um sistema de certificação da qualidade de serviços de saúde. A acreditação é concedida pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) e tem um caráter educativo e voluntário, voltado para a melhoria contínua dos serviços prestados na área da saúde, sem finalidade de fiscalização ou controle. Com o objetivo de sensibilizar os profissionais da saúde sobre a importância da qualidade nos serviços relacionados à saúde e da certificação do setor, a Associação Médica de Londrina (AML), em parceria com o Sebrae/PR, realizou o 1° Encontro Norte Paranaense de Acreditação em Serviços de Saúde. O evento foi destinado para médicos, profissionais de saúde, administradores e gestores, proprietários de estabelecimentos de saúde e educadores.

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Artigo

Central de negócios Empresários de micro e pequenas empresas do ramo agropecuário organizam a criação de uma central de negócios na região oeste do Paraná. Com apoio do Sebrae/PR, Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap) e Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná (Caciopar), o grupo reúne empresas de 16 municípios da região. A ideia é utilizar a central como diferencial competitivo em negociações coletivas para compras, ações para comercialização, acesso à mídia, capacitação de equipes, estratégias de marketing, entre outras. No oeste do Paraná, o Sebrae/PR tem um projeto específico para trabalhar a formação de centrais de negócio. A constituição da central de negócios iniciou em meados de fevereiro, quando ocorreu um encontro com empresários na Associação Comercial e Empresarial de Vera Cruz do Oeste (ACIV). Na oportunidade, foi realizada palestra sobre associativismo, apresentada a metodolodia do Sebrae para a formação de centrais de negócios e também assinado o termo de adesão à nova central.

Missão China O Sebrae/PR, por meio do Global Leadership Program, promove uma missão empresarial para a China. A viagem tem início no final de abril deste ano e os participantes retornam ao Brasil em 17 de maio. O roteiro inclui visitas técnicas a empresas de referência mundial e a universidades nas localidades chinesas de Guangzhou (Cantão), Pequim, Shanghai e uma escala em Dubai, nos Emirados Árabes. Entre os empreendimentos visitados, estão empresas-referência em seus segmentos. Dentre as quais Embraco, Lenovo, Baidu (terceiro maior site de busca do mundo, líder na China), Alcoa, Beijing Auto Works, Vale S.A (antiga Companhia Vale do Rio Doce), GE, Mac Donalds, Sany (fabricante de máquinas de construção) e Tencent (maior portal de serviços de internet na China). O Global Leadership Program faz parte do Sebrae Mais – Programa Sebrae para Empresas Avançadas, solução voltada a pequenas empresas já consolidadas no mercado e em busca do crescimento.

Rumo ao futuro Por Allan Marcelo de Campos Costa

Em edições anteriores, neste mesmo espaço, comentei sobre o risco da acomodação para empresas envolvidas em um ambiente de negócios dinâmico como este em que vivemos nos tempos atuais. A velha postura do “em time que está ganhando não se mexe” já não se sustenta mais. Empresas que busquem elevado nível de competitividade devem estar atentas, o tempo todo, ao que acontece à sua volta, a fim de que possam antecipar tendências e caminhar, de forma veloz, a um futuro promissor.

SGC em pauta Representantes das Sociedades de Garantia de Crédito (SGC) brasileiras e do Sebrae reuniram-se em Foz do Iguaçu, em março, com lideranças do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com membros da Confederação Andina de Fomento (CAF). O objetivo do encontro, realizado no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), foi o desenvolvimento de uma proposta de ação conjunta. Participaram do encontro cerca de 40 pessoas. Além do Paraná, existem SGC em operação e em processo de constituição nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba e Rio de Janeiro. O BNDES e CAF estudam formas de apoiar as SGC do Paraná e de todo o Brasil. A CAF pode fornecer apoio em questões técnicas, como marco legal e a formação de fundos. Os Fundos de Contragarantia, por exemplo, são formados por entidades públicas e privadas para fortalecer o Sistema de Garantias no caso de eventual insuficiência de recursos de algum Fundo de Risco Local. O Fundo de Risco Local é o volume de recursos utilizados para honrar as garantias prestadas pelas SGC nos casos de inadimplência.

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Evidentemente, este risco também se faz presente para uma Instituição como o SEBRAE/PR. Nos últimos anos, conseguimos dar saltos importantes no que tange à

Este projeto foi batizado de SEBRAE/PR 2022, e caracterizou-se como um período de intensa reflexão para repensar a organização e prepará-la para os desafios da sociedade empreendedora do futuro. A premissa básica de todo o trabalho foi envolver nos debates, de forma ampla e irrestrita, a comunidade empresarial do estado do Paraná. Na crença do nosso Conselho Deliberativo, o futuro da instituição deve ser construído coletivamente, por representantes da nossa comunidade empresarial. Assim, com o suporte técnico da Fundação Dom Cabral, promovemos 15 encontros em todo o Estado, envolvendo quase 500 lideranças, empresários e cola-

quantidade de pequenos negócios atendidos pelo SEBRAE no Paraná ao mesmo tempo em que conseguimos elevar o nível

boradores do SEBRAE/PR, que dedicaram tempo e energia na construção do futuro da nossa Instituição.

de satisfação de nossos clientes, conforme evidenciado em nossas constantes pesquisas de monitoramento. Entretanto, temos consciência de que é preciso fazer

A partir da formulação de cenários e da análise de macrotendências do ambiente de negócios, discutimos as formas de atuação do SEBRAE/PR, hoje e no futuro, as

ainda mais e com mais efetividade. Assim,

tendências percebidas que exercerão for-

iniciamos no segundo semestre de 2011 uma importante jornada rumo a 2022, quando o SEBRAE completará, no Paraná

te impacto sobre o ambiente das pequenas empresas e elaboramos sugestões e ideias sobre como enfrentar o futuro que

e no Brasil, 50 anos de serviço e apoio às

se desenha, de forma competitiva e sus-

micro e pequenas empresas.

tentável. Como resultado deste amplo es-

Na crença do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, o futuro da instituição deve ser construído coletivamente, por representantes da comunidade empresarial

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nhas de atuação que deverão orientar a nossa estratégia futura. Um dos pontos de maior relevância de todo este processo foi a definição do foco estratégico que norteará as nossas ações no caminho até 2022. O Sistema SEBRAE como um todo e em particular o SEBRAE/PR têm trilhado um caminho de consistente sucesso na sua missão de promover o empreendedorismo e o desenvolvimento dos pequenos negócios. E este histórico de bons resultados sempre se baseou na oferta de soluções que permitam aos empreendedores construir negócios sólidos e fortes, e aos empresários melhorar a gestão e

Os pequenos negócios passam a ser instrumento pelo qual empreendedores e líderes transformarão a sociedade Allan Marcelo de Campos Costa

a competitividade de seus negócios. Entretanto, também é inegável que a velocidade das transformações em curso torna imprescindível uma reflexão sobre o rumo a ser seguido nos próximos anos. E esta reflexão, no projeto SEBRAE/PR 2022, teve como ponto de partida a premissa de que a missão do Sistema SEBRAE é promover transformações na sociedade a partir do empreendedorismo e dos pequenos negócios. Portanto, se o papel da instituição é promover transformações, a questão fundamental é: qual é o agente elementar de transformação? Este raciocínio conduziu a uma conclusão simples, mas de extrema profundidade. O agente de transformação da sociedade através do empreendedorismo e dos pequenos negócios não é a pequena empresa, mas sim, o empreendedor. Evidentemente, que pela própria natureza da existência do SEBRAE, os pequenos negócios sempre serão o instrumento a partir do qual o desenvolvimento deverá acontecer. Mas se queremos transformar a sociedade, o agente de transformação a partir da qual as mudanças ocorrem é o empreendedor. Em outras palavras, é o ser humano por trás das micro e pequenas empresas. Assim, o direcionamento estratégico das ações do SEBRAE/PR deve incorporar, ao longo dos próximos anos, uma gradativa ampliação do foco no desenvolvimento e entrega de soluções que tenham como intuito o desenvolvimento integral do empreendedor. Questões como formação de líderes empresariais; desenvolvimento de competências duráveis; construção de propósito e significado; conscientização do papel do empreendedor na sociedade; de-

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Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen

forço, foram geradas nada menos que 338 ideias, as quais foram agrupadas em li-

senvolvimento sustentável; ética, valores e princípios, dentre outras, passam a ser determinantes para o futuro da Instituição e da comunidade empresarial paranaense. Na essência, trata-se de uma evolução no foco: da instrumentalização das micro e pequenas empresas para o desenvolvimento de empresários de pequenas empresas e empreendedores. Assim, os pequenos negócios deixam de ser um fim em si mesmos e passam a ser o instrumento através do qual empreendedores e líderes empresariais transformarão a sociedade. No entendimento gerado a partir do projeto SEBRAE/PR 2022, dessa forma, será possível construir, de forma efetiva, um legado para as gerações futuras e tornar, cada vez mais, o SEBRAE/PR indispensável para a sociedade e para o País. Ainda temos muito trabalho pela frente. Nos próximos meses, avançaremos no entendimento desta nova orientação estratégica e desenvolveremos o planejamento das ações necessárias para sua implementação. E desde já, quero convidá-lo (a) a ser parte deste processo de transformação. Encaminhe contribuições e sugestões sobre o tema para o e-mail

é diretor-superintendente do Sebrae/PR. Mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e mestre pela Universidade de Lancaster, Inglaterra, tem MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC Business School, é pós-graduado em Desenvolvimento Gerencial pela FAE/CDE e cursou o Programa de Desenvolvimento de Dirigentes Empresariais do INSEAD, França. Coautor do livro “Electronic Business in Developing Countries”, possui artigos publicados no Brasil e no exterior, em países como Chile, África do Sul, Reino Unido, Holanda, Hungria e Eslovênia. Em 2010, participou, durante dois meses, do Advanced Management Program, da Harvard Business School, em Boston, nos Estados Unidos.

REGIONAL SUDOESTE Pato Branco Avenida Tupi, 333 - Bairro Bortot – CEP: 85.504-000 Fone: (46) 3220-1250 – Fax: (46) 3220-1251

Escritório – Umuarama Avenida Brasil, 3.404 – Bairro Zona I – CEP: 87.501-000 Fone/fax: (44) 3622-7028 – Fax: (44) 3622-7065

Escritório – Francisco Beltrão Rua São Paulo, 1.212 - sala 01 - Bairro Centro – CEP: 85.601-010 Fone: (46) 3524-6222 – Fax: (46) 3524-5779

REGIONAL NORTE Londrina Av. Santos Dumont, 1.335 – Bairro Aeroporto – CEP: 86.039-090 Fone: (43) 3373-8000 – Fax: (43) 3373-8005

REGIONAL CENTRO-SUL Curitiba Rua Caeté, 150 - Bairro Prado Velho – CEP: 80.220-300 Fone: (41) 3330-5800 – Fax: (41) 3330-5768/ 3332-1143

Escritório – Apucarana Rua Osvaldo Cruz, 510 13º andar – Bairro Centro – CEP: 86.800-720 Fone: (43) 3422-4439 – Fax: (43) 3422-4439

Escritório – Guarapuava Rua Arlindo Ribeiro, 892 - Bairro Centro – CEP: 85.010-070 Fone: (42) 3623-6720 – Fax: (42) 3623-6720

Escritório – Ivaiporã Rua Professora Diva Proença, 1.190 – Bairro Centro – CEP: 86.870-000 Fone: (43) 3472-1307 – Fax: (43) 3472-1307

Escritório – Ponta Grossa Av. João Manoel dos Santos, 500 - Bairro Nova Rússia – CEP: 84.051-410 Fone: (42) 3225-1229 – Fax: (42) 3225-1229

Escritório – Jacarezinho Rua Dr. Heráclio Gomes, 732 – Bairro Centro – CEP: 86.400-000 Fone: (43) 3527-1221 – Fax: (43) 3527-1221

REGIONAL NOROESTE Maringá Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto, 1.116 – Bairro Zona 07 – CEP: 87.030-010 Fone: (44) 3220-3474 – Fax: (44) 3220-3402

REGIONAL OESTE Cascavel Avenida Pres. Tancredo Neves, 1.262 – Bairro Alto Alegre – CEP: 85.805-000 Fone: (45) 3321-7050 – Fax: (45) 3226-1212

Escritório – Campo Mourão Rua Santa Cruz, 1.085 - Bairro Centro – CEP: 87.300-440 Fone: (44) 3523-2500 – Fax: (44) 3523-2500

ESCRITÓRIO – Foz do Iguaçu Rua das Guianas, 151 – Bairro Jardim América – CEP: 85.864-470 Fone: (45) 3522-3312 – Fax: (45) 3573-6510

Escritório – Paranavaí Rua Souza Naves, 935 – Jardim São Cristóvão – CEP: 87.702-220 Fone: (44) 3423-2865 – Fax: (44) 3423-2865

Escritório – Toledo Avenida Parigot de Souza, 2.339 - Bairro Centro - CEP: 85.905-380 Fone: (45) 3252-0631 - Fax: (45) 3252-6175

superintendencia@pr.sebrae.com.br. Quero assegurar que você seja ouvido (a) porque tenho certeza que quanto mais amplo for envolvimento dos empreendedores paranaenses neste projeto, maior a probabilidade de sucesso em nossa jornada, cujo principal intuito é construir um SEBRAE/PR ainda mais forte e sintonizado com os anseios e necessidades da co-

Siga o SEBRAE/PR no Twitter twitter.com/sebrae_pr

0800 570 0800 www.sebraepr.com.br

munidade empresarial paranaense.

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