A revista da pequena empresa no Paraná
Trimestral nº14 Ano 4 Jun/12
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Pequenas hi tech
Hobby vira empresa
Marcas e patentes
Inovação e tecnologia valorizam empreendimentos
Quando a diversão se transforma em negócio lucrativo
Micro e pequenas também podem proteger invenções
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Editorial
Conexão Mais uma edição da Soluções Sebrae, a revista da pequena empresa no Paraná! A cada entrega, a sensação de dever cumprido e de conexão. Para o Sebrae/PR, mais uma prova da importância de disseminar o conhecimento em favor do empreendedorismo e das pequenas empresas. Os leitores conferem nesta edição reportagens sobre mercado, associativismo, comportamento, capacitação, oportunidades e tendências. A entrevista, com o especialista Felipe Morais, deixa um alerta para os empresários de olho na internet: as redes sociais exigem contato contínuo com os consumidores. Destaque para matéria de capa, para quem quer empreender, mas que dispõe de pouco dinheiro. De acordo com especialistas, é possível sim superar este desafio, recorrente no dia a dia de muitos empreendedores. Mas é preciso tomar alguns cuidados e investir em planejamento. A Revista Soluções traz ainda temas como pequenas empresas que apostam em tecnologia e em biotecnologia, para melhorarem produtos e conquistarem mercado. Bem como duas reportagens com orientações úteis sobre marcas, patentes e invenções e sobre parcelamento de dívidas. Nesta edição, abrimos espaço editorial ainda para conhecer um pouco mais sobre o empreendedorismo no outro lado do mundo e como os chineses têm avançado dia após dia, mudando o perfil de suas empresas e tornando-se, de fato, concorrentes globais. Vale a pena ainda conferir a reportagem sobre a iniciativa de um grupo de empreendedores gaúchos, que instituiu o EmpreenDrinks, happy hour para discutir negócios. O movimento nasceu em 2011 e já tem nove edições. Comportamento que virou mania também em centros como São Paulo. E, por fim, tecnologia social é o tema explorado na seção associativismo. Mas que ‘bicho’ é esse? Para que serve? E o que tem a ver com empreendedorismo e micro e pequenas empresas? Todas as respostas podem ser conferidas por você nesta edição da Revista Soluções!
Boa leitura! Leandro Donatti, o editor
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SEBRAE/PR – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná
Índice
Jefferson Nogaroli Presidente do Conselho Deliberativo Allan Marcelo de Campos Costa Diretor Superintendente Julio Cezar Agostini Diretor de Operações Vitor Roberto Tioqueta Diretor de Gestão e Produção
Expediente Coordenação Renata Todescato Gerente de Atendimento Individual e Marketing Edição/Jornalista Responsável Leandro Donatti Registro Profissional– 2874/11/57-PR Ammanda Macedo Especialista em Marketing Adriana Schiavon Gonçalves Especialista em Marketing Reportagens: Adriana De Cunto, Andréa Bordinhão, Beth Matias, Giselle Ritzmann Loures, Katia Michelle Bezerra, Leandro Donatti, Maigue Gueths e Mirian Gasparin. Fotos: Cristiane Shinde, Luiz Costa e Rodolfo Buhrer. sebrae@pr.sebrae.com.br http://asn.sebraepr.com.br Críticas e comentários, mande um e-mail para revistasolucoes@pr.sebrae.com.br
Novos hábitos Capa - Pág. 12 É com satisfação que a equipe da Revista Soluções divide uma informação com você e sobre você, nosso leitor. A cada edição, cresce o número de apreciadores das versões online da publicação. São quase 2 mil downloads, no www.sebraepr.com.br, desde março deste ano, quando entrou no ar a edição que teve como destaque de capa uma reportagem especial sobre empreendedorismo criativo. As edições preparadas especialmente para iPhone, iPad e Android também têm sido sucesso de público e de crítica. Juntas, somam mais de 8 mil acessos, desde o final do ano passado.
Negócios com pouco dinheiro Planejamento, espírito empreendedor e oportunidades com retorno econômico certo ajudam a superar falta de capital inicial
Entrevista
E é nisso que estamos trabalhando a cada edição. Aos poucos, aprimoraremos o processo e conquistaremos novos leitores.
Pág. 8 Redes sociais exigem conexão contínua com o consumidor Para especialista Felipe Morais, a internet permite que pequenas empresas façam uso de seus recursos e colham os louros de seus investimentos
Anuncie na Revista Soluções: publicidade.revistasolucoes@ pr.sebrae.com.br Impressão Artes Gráficas Renascer Ltda. (Mult-graphic)
Mercado
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Biotecnologia é aliada de pequena empresa
PÁG.
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Marcas, patentes e invenções
Serviço
Os números são motivo de comemoração, revelam novos hábitos e reforçam o que defendemos desde a estreia da versão online da Soluções, a necessidade de conteúdos extras e exclusivos para os leitores na rede.
Conheça gratuitamente as versões online no www.solucoessebrae.com.br e dê a sua opinião. Ajude nossa equipe com críticas e comentários. Mande e-mail com suas considerações para revistasolucoes@pr.sebrae.com.br.
Pequenas hi tech
PÁG.
Parcelamento e perdão de dívidas
PÁG.
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‘Receita’ empreendedora
PÁG.
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Capacitação
PÁG.
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PÁG.
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Comportamento Empreendedorismo na telinha
Happy hour exclusivo para negócios
PÁG.
PÁG.
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Tendência PÁG.
Artigos
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PÁG.
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Eloi Zanetti - Pág. 35
Personalidade
...empresas e pessoas vêm e vão e o que fica mesmo são...
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Renata Todescato,
Allan Costa - Pág. 77
gerente de Atendimento Individual e Marketing do Sebrae/PR
...reflexões interessantes para os nossos pequenos negócios...
Quando o hobby vira empresa
Associativismo Tecnologia Social
ISSN 1984-7343
O avanço do ‘dragão’
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Design Gráfico e Diagramação Ingrupo//chp Propaganda Periodicidade Trimestral
A menina do vale
PÁG.
Giro pelo Paraná PÁG.
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Empreendedorismo como marca registrada
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Linha direta com o leitor
Cartas
Redes sociais
A Revista do Sebrae/PR é uma fonte de inspiração para as pessoas
Soluções perguntou: É possível ter sucesso
que sonham em ter um negócio próprio, que, muitas vezes, se inicia
nos negócios com pouco dinheiro?
com um sonho distante. Lendo as matérias, nos encorajamos a acre-
#revistasolucoes
ditar nesse sonho. Uma revista bem escrita, colorida, com um texto acessível e de leitura agradável! Em tempos de discrença e apatia, é muito importante ter exemplos de pessoas que alcançam o sucesso através de boas ideias, de otimismo e perseverança.
Enquete Sim, com criatividade tudo é possível.
Amélia Gomes - Amigos da Horta Teatro de Educação Infantil - Curitiba - PR Gostaria de expressar a satisfação que tive em acessar a Revista
Não, sem dinheiro não é possível ter sucesso.
Soluções. Produto de qualidade tanto no visual como nos conteúdos elaborados. Matérias que realmente fazem a diferença para o empresário brasileiro e contribuem para a atualização das informa-
Radar da pequena empresa
Um ‘jogo rápido‘ sobre os pequenos negócios, geradores de empregos e renda Educação
Criativos
Financiamento
Os educadores que levam o empreendedorismo para faculdades e universidades podem acessar o Portal Educação Empreendedora. O www.educacaoempreendedora.org.br promove o contato e a troca de melhores práticas entre os agentes de ensino de empreendedorismo. Uma oportunidade ímpar para garantir a melhoria da qualidade da oferta de programas educacionais e firmar a cultura empreendedora no País.
A revista norte-americana Fast Company divulgou os 100 empresários mais criativos do mundo. Três brasileiros foram citados, sendo dois donos de pequenas empresas. Lourenço Bustani, da Mandalah Consultoria, ficou na 48ª posição, e Flávio Pripas e Renato Steinberg, do Fashion.me, rede social de moda, na 54ª colocação. Carla Schmitzberger, da Alpargatas (Havaianas), ficou em 97º lugar. Lista completa no www.fastcompany.com/most-creative-people/2012.
O Banco do Empreendedor Paraná oferece linhas de financiamento que variam de R$ 1 mil a R$ 15 mil para microempresas (com faturamento bruto anual de até R$ 360 mil) e de R$ 15 mil a R$ 300 mil para pequenas empresas (com faturamento bruto anual entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões). O governo do Paraná oferece taxas de juros que variam de 0,58% a 1,1% ao mês. Quer saber mais? www.fomento.pr.gov.br.
Empregos
Canal
2014
As micro e pequenas empresas geraram, no Brasil, 70% em média dos postos de trabalho com carteira assinada, em abril de 2012. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
O Facebook lançou no Brasil o programa Rota do Sucesso, para pequenas e médias empresas. A ideia é auxiliar o empreendedor a divulgar seu negócio na rede social, por meio de página no Facebook. Para participar, acesse: www.facebook.com/BrasilMarketing.
Quer conhecer as oportunidades de negócios antes, durante e depois da Copa do Mundo de 2014? O Sebrae/PR tem um site exclusivo sobre o tema. É o www. sebraepr2014.com.br. Você encontrará arquivos gratuitos para download e informações de inteligência competitiva.
Empreendedores
Declaração
Sustentabilidade
O Paraná bateu a marca de 120 mil empreendedores individuais. O número corresponde ao período de setembro de 2009, quando o Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor. gov.br) passou a operar no Estado, até maio de 2012. A figura jurídica do empreendedor individual foi instituída para facilitar a formalização de manicures, chaveiros, artesãos, costureiras, sapateiros, entre outras 400 ocupações.
Aproximadamente 70 mil empreendedores individuais do Paraná entregaram a Declaração Anual do Simples Nacional (DASN), referente ao exercício financeiro de 2011. Do total de 95.553 empreendedores individuais, formalizados até 2011 e que precisavam prestar contas, 68.157 enviaram a declaração. No Estado, o índice de entrega chegou a 71%, maior que a média nacional, que ficou em 60%.
Pesquisa Sebrae Nacional mostra que pequenas empresas ainda precisam avançar sustentabilidade e meio ambiente. Sessenta e cinco porcento dos entrevistados avaliaram o nível de conhecimento que possuem sobre os temas como “médio”. Os empresários realizam ações como coleta seletiva de lixo (70,2%). Apesar disso, percentual expressivo ainda não tem por hábito utilizar matérias-primas ou materiais recicláveis no processo produtivo (51,7%).
ções. Parabéns a todos os envolvidos no processo de criação. Tenham a certeza de que estão fazendo a diferença. Juliano Kaimoto - Grupo SMZTO Participações - Curitiba - PR A revista está ótima!!! Tive uma noção de que não sou uma exceção entre os jovens que querem empreender de modo criativo. Aliás, criatividade acima de tudo! Adorei as dicas para despertar a criatividade. São coisas que vou levar para vida. A revista apenas acrescentou informações valiosas. Parabéns a todos que trabalham pensando em um mundo melhor! Bryan Scheuermann Jacob – Estudante - Florianópolis - SC Gostamos muito da edição passada. Nós da Escola de Criatividade enxergamos que o processo de pensar criativo vale para qualquer pessoa, de qualquer área, perfil ou expertise. Criatividade é para todos, assim como empreender é para todos. Baseado nisso, as abordagens sobre o tema criatividade e empreendedorismo em todo o conteúdo da revista foram muito felizes, pois trouxeram a diversidade de casos de empreendedores com grande
A décima terceira edicão da Revista Soluções teve como tema central o empreendedorismo criativo.
mistura de ideias, setores e histórias. Por meio da conexão de ideias e histórias de propósito e significado é que se desperta ainda mais a vontade de empreender e buscar o diferencial criativo nos negócios e na profissão. Jean Sigel - Escola de Criatividade - Curitiba – PR
Queremos sua opinião revistasolucoes@pr.sebrae.com.br
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Felipe Morais
Para este ano, o número de usuários deverá crescer 19,2% do volume global (chegando a 1,5 bilhão de usuários). A sondagem foi feita pela empresa americana de consultoria e pesquisa Emarketer. Os anunciantes devem investir US$ 7,72 bilhões em divulgação de suas marcas nas mídias sociais este ano, incluindo espaços pagos e presença em jogos e aplicativos. Outra pesquisa, feita pela Ibope Nielsen Online, divulgada em fevereiro deste ano, mostra que, em janeiro, no Brasil, foram veiculadas mais de 6 mil campanhas de 2.124 diferentes anunciantes. Na comparação com janeiro de 2011, o crescimento do número de campanhas foi de 39%. O número de peças publicitárias em formato display passou de 20 mil e representou um aumento de 69% em relação ao mesmo período do ano anterior. E engana-se quem pensa que no contingente de anunciantes apenas as grandes empresas têm vez. A democrática internet permite que micro e pequenas empresas façam uso de seus recursos e colham os louros de seus investimentos a médio e longo prazo.
Redes sociais exigem conexão contínua Internet permite que pequenas empresas usem seus recursos e colham os louros de seus investimentos, mas é preciso olhar sempre para o consumidor
Por Beth Matias
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As redes sociais são grandes aliadas dos pequenos negócios quando o assunto é divulgação. Isso porque o custo ainda é mais baixo do que a publicidade online. Mas para obter sucesso com as redes sociais, é preciso planejamento, indica o especialista em Planejamento Estratégico Digital e E-commerce, Felipe Morais (@plannerfelipe), autor do Blog do Planejamento (plannerfelipemorais.blogspot.com). “A internet ainda é inovação, é algo novo que estamos aprendendo. Estar fora das redes é o mesmo que você ir a uma festa, perguntarem seu e-mail e você dizer que não tem. Causa estranheza, é como se você estivesse mentindo. Estar fora das redes vai além de estar desconectado, é perder negócios.” Em entrevista à Revista Soluções, Morais explica como pequenos negócios podem se organizar para reforçar o valor de sua marca e obter sucesso na rede. Acompanhe.
Revista Soluções - Por que as empresas precisam das redes sociais? Quais as vantagens? Há desvantagens? Felipe Morais - Não iria pelo caminho vantagens x desvantagens nesse quesito. Estar nas redes hoje pode ser considerado como uma obrigação. É preciso estar e ponto. E por que isso? Porque as pessoas já estão lá nas redes falando da sua marca, produto ou segmento. Estão expondo o que acham da concorrência também. É um canal importante de pesquisa e relacionamento. Gera vendas, se for bem trabalhado. Gera relacionamento, se ouvir o consumidor. Hoje as redes se tornaram um grande consultório de psicanálise onde as pessoas entram no seu Facebook, por exemplo, para expor o término de um namoro. Não estou reprimindo isso, mas é um fato e as marcas que sabem trabalhar redes – aí sim um número pequeno – sabem como tirar proveito desses desabafos do consumidor. Revista Soluções - Que tipo de comunicação os empreendedores podem fazer nas mídias sociais? Felipe Morais - Fale de você. As pessoas seguem a Nike porque querem saber do mundo da Nike. Os tênis, os jogadores patrocinados, os eventos esportivos, as roupas, as lojas e, claro, uma promoção é sempre bem-vinda. Mas não é só isso que movimenta uma rede, que é feita por pessoas e, quando a marca entende isso, sabe como lidar com isso, sabe o que oferecer ao consumidor e sabe como conversar com ele. Revista Soluções - É possível uma empresa fazer um planejamento de crescimento envolvendo as redes sociais. Como isso pode ser feito? Felipe Morais - Não só é possível como deve ser feito. Entrar nas redes sem planejar é dar um tiro no pé. É preciso planejar o marketing da empresa incluindo o digital e, dentro dele, as redes sociais. E vamos entender aqui que digital não é apenas as redes sociais. Siga o modelo clássico de planejamento: objetivo, cenário, concorrência, target (público-alvo), estratégia, plano tático e mensuração. Entenda cada ponto como traçar o caminho da marca, mas não esqueça os pontos de contato com o consumidor, seja para pesquisa, para divulgação ou relacionamento. Revista Soluções - Como medir o retorno de investimento feito em uma rede social? Felipe Morais - Não é só em dinheiro que se mede o retorno. Muito se fala do capital
Entrevista
As redes sociais somaram 1,2 bilhão de usuários em 2011, o que representou um avanço de 23,1% sobre o ano anterior. Chineses (21,3%) e americanos (12,3%) dominaram as redes. O Brasil ficou em terceiro lugar com 5,5% e somou 66,2 milhões de usuários.
social. O Danilo Gentili (humorista de televisão), por exemplo, passa dos 2,8 milhões de seguidores no Twitter. O que ele ganha com isso? Lota os shows, aumenta a audiência do programa. As pessoas “rettuitam” seus comentários, interagem com ele. Ele sabe o que as pessoas querem ver no programa, dão dicas de piadas. Por que uma marca não trabalha assim? Uma Nestlé, por exemplo, se ainda não o fizer, pode usar a rede para saber qual sabor do sorvete será a sensação do verão? Ou para saber que tipo de chocolate as pessoas preferem comer no inverno? Isso não é dinheiro imediato para as empresas, é um dinheiro futuro, mas nem todos têm essa visão. Revista Soluções - É correto afirmar que empresas conectadas às mídias sociais têm mais sucesso quando o assunto é valor de marca? Felipe Morais - Sim, desde que o trabalho seja bem-feito. Valor de marca passa muito pela reputação, que é essencial nas redes. Voltando ao Gentili... Ele é um comediante, brinca com todo o tipo de situação, mas tem sucesso no valor da sua marca porque é respeitado, do seu jeito, pelo seu DNA, mas é. O William Bonner (apresentador do Jornal Nacional) tem mais de 1 milhão de seguidores e também é respeitado pelo seu trabalho. Está na hora das marcas seguirem esses exemplos. Revista Soluções - Como uma pequena empresa pode tornar sua marca um sucesso na internet? Felipe Morais - Sendo relevante. Analise o que as empresas não fazem e faça! Entenda o consumidor. Magazine Luiza era uma loja pequena, entrou no e-commerce quando poucos acreditavam e olha hoje o sucesso que é, com faturamento na casa dos bilhões. Parabéns à visão da equipe da Luiza Trajano (proprietária do Magazine Luiza). Vá crescendo aos poucos, vá planejando, entendendo, conversando com as pessoas. Faça promoções, mas não só isso. Analise o que está acontecendo e o que as pessoas querem. Isso é o mais importante. 9
zer um post por mês, não levar nada de novo ou ser muito óbvio. O principal erro é não escutar o que as pessoas estão falando.
Revista Soluções - Quais são as atividades mais comuns que as empresas fazem nas redes sociais?
Revista Soluções - Para estar conectado a uma rede social é preciso mudar o modelo de negócios? Felipe Morais - Não! É preciso entender de pessoas, entender do seu negócio e como as pessoas procuram isso. É preciso saber a dinâmica da internet, em como vender pelo canal sem exclusivamente ter um e-commerce. Não precisa mudar o modelo de negócio para entrar na web, é preciso saber como usar a web a favor do seu modelo. Revista Soluções - As ferramentas de marketing nas redes sociais servem também para as empresas tradicionais, como uma sorveteria, uma mecânica, um posto de gasolina? Felipe Morais - Com certeza. Se um empresário acha que Twitter é só para a Nestlé, Coca-Cola ou Sony está completamente equivocado! As pessoas só compram chocolate Nestlé? Se fosse assim como que as outras empresas iam crescer? Como a Cacau Show ia crescer passando de venda porta a porta para um gigante que fatura R$ 800 milhões por mês se o CEO (sigla em inglês para Chief Executive Officer que designa o mais alto cargo executivo de uma organização) da marca pensasse que as pessoas só consumissem chocolate Nestlé? São essas reflexões que precisam ser feitas diariamente para crescer. Se uma sorveteria tem 400 pessoas que passam lá por mês para comprar um sorvete, são 400 pessoas que se relacionam com ela. Por que não expandir esse relacionamento por mais tempo e ainda entender como as 400 pessoas podem trazer mais 400 pessoas para tomar sorvete? Redes sociais são pessoas falando com pessoas. Se eu mando um tweet “estou na sorveteria do Zezinho tomando um sorvete de flocos delicioso” e tenho 700 pessoas que me seguem no Twitter, olha o impacto que eu gerei. E melhor, de graça para a marca. Revista Soluções - Uma empresa que não está conectada às redes está menos exposta às críticas e reclamações? 10
Revista Soluções - É possível controlar o que se fala da empresa na internet? Foto: Divulgação
Felipe Morais - Promoções, divulgação de produtos, SAC 2.0. Tem muito mais a se fazer, mas esse é um começo. O fato de umas empresas aderirem ao SAC 2.0 já é uma evolução, mas tem que ser one-to-one (atendimento personalizado).
Felipe Morais, especialista
Estar fora das redes vai além de estar desconectado, é perder negócios
Felipe Morais - Não. Independentemente da marca estar ou não, se eu vou a um banco, por exemplo, e por algum motivo fico bravo com o atendimento ou serviço, vou colocar no Twitter e/ou Facebook. Quando uma marca não monitora isso é pior, pois uma crítica pode tomar uma proporção gigantesca se não for solucionada na raiz, no momento em que foi feito o post. Não estar nas redes não significa que as marcas estão menos expostas. As marcas estão, a cada dia mais, nuas. Revista Soluções - Quais são as principais falhas que uma empresa pode cometer nas redes sociais?
Felipe Morais - Não monitorar, ignorar críticas, só responder elogios. Ficar fazendo promoção atrás de promoção. Fa-
Felipe Morais - Impossível. Como vou fazer com que 50, 100, 300 pessoas não postem no Twitter o que elas pensam, suas opiniões? Não estamos na ditadura e sim na democracia. As pessoas têm opiniões sobre tudo, certo ou errado, vai da avaliação de cada um. Eu posso achar um jogador de futebol medíocre e meu amigo achar ele um craque. Quem está certo ou errado? Não tem como controlar o que se fala, mas tem como evitar que comentários, às vezes inocentes, tornem-se grandes problemas. Como? Simples, monitorando, entendendo o que aconteceu e agindo rápido para solucionar o problema. Revista Soluções - Como gerenciar uma crise de marca provocada na rede? Felipe Morais - Sinceridade, transparência, assumindo o erro e chamando as pessoas para ajudar a arrumar o erro. Eu erro, a Coca-Cola erra, a Apple erra. As marcas são conduzidas por pessoas, seres humanos, que estão fadados a erros. Uma marca que erra e não assume, que decide ignorar as pessoas que foram de alguma forma lesadas, tem grandes chances de ser Trend Topics (os mais vistos no Twitter) mundial, de forma negativa. É muito mais fácil ser falado de forma negativa do que positiva nas redes, porque é mais difícil as pessoas elogiarem uma marca. Criticar todo mundo faz, mesmo sem saber o que está acontecendo. Revista Soluções - Quais são os conselhos que um especialista pode dar para uma pequena empresa que pretende se relacionar por meio das mídias digitais? Felipe Morais - Planeje a sua entrada. Entenda o consumidor. Ligue o DNA da sua marca com o que o consumidor quer. Se você tem 1, 3, 5 ou 500 funcionários, para as redes pouco importa. Um funcionário pode fazer melhor o trabalho do que 10 do seu concorrente. Entre na rede, entenda o que acontece, estude a dinâmica. Indique uma pessoa para cuidar dos perfis, monitorar, responder, agir rápido. Depois, colha os frutos. 11
Capa
Sem capital
Por Andréa Bordinhão
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No entanto, especialistas e exemplos de empresários que deram certo com pouco ou sem nenhum dinheiro inicial mostram que é possível ter sucesso mesmo investindo pouco.
Se a ideia é inovadora ou não, é importante que o empreendedor entenda bem do ramo que pretende atuar e de como funciona o mercado
Antes de falar sobre como abrir um negócio sem capital ou quais os melhores meios para obter investimento, o especialista em empreendedorismo José Dornelas ressalta que a falta de dinheiro pode ser um bom motivador para a inovação. Isto é, se o futuro empresário tem em mente um negócio inovador, as chances de ter sucesso mesmo com pouco investimento ou de se obter capital tornam-se mais fáceis. Segundo Dornelas, no Brasil existem linhas de financiamento para projetos inovadores. Além disso, é mais fácil conseguir um sócio-investidor quando o produto é inédito. Porém, propor algo diferente do que já existe no mercado nem sempre é fácil e, muitas vezes, ideias que não são tão inovadoras também têm bom potencial. Para Dornelas, o primeiro passo que o empreendedor deve dar é tirar suas ideias da cabeça. Deve colocá-las no papel em forma de plano de negócios. “Essa é a forma que o futuro empresário consegue visualizar melhor o seu objetivo e o que precisa fazer para alcançá-lo, inclusive quanto precisa para iniciar o negócio”, explica. O especialista diz que o plano de negócios “traz segurança aos empresários”, em especial àqueles que têm recursos escassos. Segundo Dornelas, com o plano de negócios em mãos também é mais fácil correr atrás de capital para iniciar o empreendimento. “No plano, vai ficar mais claro se a oportunidade tem mesmo potencial de retorno econômico, se tem mercado, clientes. Isso tudo facilita na hora de convencer alguém a investir.”
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Algumas dicas para quem vai iniciar um negócio com pouco capital
Se depois de feito o plano de negócios a conclusão for pela necessidade de ir atrás de investidores, o especialista aconselha que as instituições financeiras sejam a última opção. “Fazer um financiamento é a última alternativa porque se começa com uma dívida. Há alternativas que são sociedades, ou seja, são contrapartidas.” Entre os possíveis sócios podem estar familiares, amigos e até mesmo um sócio-investidor – pessoas que têm dinheiro, mas não têm a ideia.
Seja inovador. Procure “vender” algum diferencial aos seus clientes;
Compensações Algumas características, justamente como o espírito empreendedor, podem até compensar a falta de dinheiro. Entre as principais está o conhecimento. Se sua ideia é inovadora ou não, é importante que você entenda bem do ramo que pretende atuar e de como funciona o mercado em que está entrando.
Tenha cuidado ao eleger um sócio, pois a parceria vai durar por muito tempo e é fundamental para o sucesso do empreendimento;
“A ousadia também é muito importante. Isso ajuda o empreendedor a não ver a falta de recursos próprios como impedimento. O futuro empresário precisa estar disposto, motivado e
Liste os principais problemas do dia a dia e crie soluções simples e até automatizadas porque seu tempo será escasso;
Separe um dinheiro para suas despesas pessoais antes de começar o negócio;
preparado para ser um gestor”, conclui Dornelas. Além disso, ter um boa rede de contatos também ajuda a dar o impulso inicial.
Sacrifícios Além dos sacrifícios para abrir o negócio, é importante lembrar-se das mudanças que acontecem na vida pessoal do futuro empresário. Muitos empreendedores deixam a vida de empregado para ter seu negócio próprio. Aí, explica José Dornelas, “é preciso saber equacionar a vida pessoal com o profissional”. Portanto, como o lucro não vem logo no início e nem se deve fazer muitos aportes do caixa da empresa na fase inicial, é preciso ter dinheiro para se manter nos primeiros meses.
Especialistas e empresários que deram certo com pouco ou sem nenhum dinheiro inicial mostram que é possível ter sucesso
Tendência A consultora do Sebrae/PR, Sonia Massae Shimoyama, afirma que é frequente a procura por empreendimentos de baixo investimento, sobretudo por aqueles que querem melhorar sua renda, de forma emergencial. “Muitas pessoas que buscam no Se-
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Espírito empreendedor. Apesar de esta ser uma das características mais importantes para que um empresário de micro e pequena empresa seja bem-sucedido, muitos empreendedores com esse potencial desistem diante de uma barreira muito comum no Brasil: a falta de capital para iniciar o negócio.
Evite muitas retiradas de dinheiro do seu negócio no início – a não ser para reinvestimento;
Fique dentro da lei. Essa dica vale tanto para o seu negócio quanto para seus fornecedores;
Se você era empregado, esteja consciente que a rotina mudará. Tudo agora dependerá de você.
Anderson Domanoski de Camargo, empresário
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Ideias que estão por perto
brae informações para abrir negócios não possuem dinheiro nem capital inicial para começar.” Sonia Shimoyama concorda com Dornelas e também entende que a falta de dinheiro, no entanto, não é impedimento para ser empresário. “Há inúmeras oportunidades de negócios que independem de altos investimentos. São ideias simples, que podem ser implantadas em casa, com poucos recursos, mas que atendem uma demanda de consumo.” A consultora cita como exemplo serviços de comércio online, entregas, comidas prontas, dentre outros que estão em alta (leia mais nesta página).
O espírito empreendedor é fundamental para se começar qualquer negócio, com ou sem dinheiro. Mas a ideia e o talento também são importantes.
A Revista Soluções traz algumas dicas de negócios que requerem pouco capital inicial para aqueles que querem empreender, mas estão desencorajados por causa da falta de dinheiro.
Comércio online Muitas vezes, precisa apenas fazer um website no segmento que quer atuar e divulgá-lo. No entanto, é preciso pensar bem antes de empreender, já que a concorrência na maioria dos segmentos virtuais é muito grande.
Artesanato Quem tem o dom para artes pode confeccionar produtos. A venda pode ser feita de porta em porta, exposições em locais gratuitos, online, entre outros.
Comidas prontas Há mercado para comidas prontas, sejam refeições ou comida premium (para cafés e bares). Este é um negócio que pode se iniciar em casa. Mas além do talento para cozinhar, é preciso criar uma rede contatos. É possível, também, prestar serviços a domicílio para festas, preparando churrascos, massas, dentre outros.
Costura
Serviços domésticos
Este é outro nicho no qual se pode trabalhar em casa. É preciso apenas divulgação e um bom trabalho para garantir a indicação boca a boca.
Existem outros serviços, além da faxina, que também podem ser prestados por empresas: serviços de cozinheira, organização, babá, cuidadores de idosos, dentre outros.
Aula particular
Entregas Serviços simples de entregas, como os prestados por motoboys, podem ser iniciados com pouco capital – apenas o veículo e divulgação. No entanto, não deixe de regularizar o negócio antes de iniciá-lo.
Caso se tenha boa expertise, esse também é um negócio que pode ser tocado em casa ou na casa dos alunos.
O primeiro passo que o empreendedor deve dar é tirar suas ideias da cabeça, deve colocá-las no papel em forma de plano de negócios
“As franquias de baixo valor de investimento também são uma boa opção, porque dispõem de um modelo de gestão (junto ao franqueador).“ Sem falar que um hobby, no seu entendimento, poderá ser o início de um pequeno negócio em casa, com custos fixos bem mais baixos. O ideal para quem não tem dinheiro, segundo a consultora do Sebrae/PR, é começar pequeno, sem dívidas e de forma estruturada, apostando em informação e em orientações técnicas, muitas delas obtidas de forma subsidiada, a baixo custo, em organizações como o Sebrae. “Com conhecimento, o empresário terá condições de oferecer serviços diferenciados, que se reverterão em lucro.”
Desde que se tenha um veículo adequado e a empresa obtenha todas as licenças necessárias para atuar no ramo, este é um nicho aquecido.
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Organizador de eventos Design gráfico Tendo a competência necessária e uma rede de contatos – ou divulgação adequada –, este é um trabalho que pode ser feito em casa.
Este é um nicho que nem sempre exige muito capital inicial, principalmente se o profissional começar organizando eventos menores.
“Eu percebi que muitos conhecidos meus tinham lojas e terceirizavam o serviço de assistência técnica. E, como eu tenho experiência nisso, achei que era minha oportunidade.”
O empresário emprestou dinheiro dos sogros e da irmã para dar o passo inicial. Abriu uma empresa, alugou um imóvel perto de um bairro perto da sua casa e acionou seus contatos no mercado. “Eu abri a loja com menos de R$ 5 mil. Mas fui contatando lojistas, os profissionais do ramo que eu conheço e hoje já tenho um bom volume de serviços.” O empresário, que já está há quase seis meses com a loja aberta, conta que no início trabalhava sozinho e agora já precisou contratar um funcionário para ajudá-lo. “O que eu pude perceber é que faltou acreditar em mim mesmo. Os empreendedores precisam acreditar, meter a cara”, aconselha.
Para Sonia Shimoyama, independente do tamanho do investimento, o planejamento é crucial, pois a responsabilidade do empresário, com o sucesso da empresa, independe de valor. “O pequeno negócio deve ser considerado um início, já que o empreendedor deve vislumbrar um futuro bem maior. Esta é a essência do empreendedorismo.“
Vontade e coragem
Transporte escolar
“Eu sempre tive vontade de abrir uma loja no ramo que atuo, mas tinha medo por não ter capital para iniciar. Mas quando meu filho nasceu comecei a sofrer com a falta de tempo para minha família”, conta. Foi aí que Camargo resolveu que, mesmo sem dinheiro, era hora de tentar voar com as próprias asas.
Anderson Domanoski de Camargo conta que sempre trabalhou como empregado no mesmo segmento: assistência técnica para celulares. Segundo ele, tornou-se especialista em software de celulares e já estava atuando em cargo de chefia. No entanto, estava cada vez mais sem tempo para a família. Isto, aliado à vontade de ser dono do próprio negócio, faz de Camargo um exemplo entre os que resolveram empreender sem dinheiro.
Saiba mais Indicações de livros e sites Empreenda (quase) sem dinheiro, de José Dornelas Como Conseguir Investimento para o seu Negócio - Da Ideia à Abertura de Capital, de Andrew Zacharakis, José Dornelas, Jeffry A. Timmons, Stephen Spinelli www.josedornelas.com.br www.portaldoempreendedor.gov.br
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Em maio do ano passado, a Akiyama foi a primeira empresa selecionada desde a abertura do escritório da Endeavor no Paraná, entrando, assim, para o rol dos renomados empreendedores Endeavor, organização internacional que seleciona empresas e empresários de pequeno e médio porte com o objetivo de colaborar com o desenvolvimento e disseminação de seus negócios. A aprovação da Endeavor foi, na verdade, o reconhecimento a uma incansável carreira do fundador da empresa Ismael Akiyama. Formado como técnico em Eletrônica no antigo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) - hoje Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - Ismael começou a trabalhar aos 19 anos na empresa do pai de um amigo da escola, o empresário João Mario Tareszkiewicz, que criou a Henry Tecnologia, hoje um dos maiores players em controle de ponto e acesso. Ali, ele trabalhou, por oito anos, em diferentes áreas na empresa, até que, em 2001, começou a se interessar por biometria.
Ismael Akiyama, empresário
Pequenas
hi tech São cada vez mais comuns os casos de empreendedores que apostam em negócios que têm como base a tecnologia de ponta
Por Maigue Gueths
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No final de 2005, Ismael deixou a Henry Tecnologia e fundou a Akiyama, que, no início, tinha duas linhas de negócios: a distribuição de componentes eletrônicos e a automação industrial. Isso foi até meados de 2007, quando vislumbrou o mercado promissor da identificação biométrica. Nascia aí o novo negócio da empresa. A companhia de Akiyama acabou transformando o mercado ao possibilitar a coleta de impressões digitais sem necessidade de um papiloscopista (profissional especializado em recolhê-las e analisá-las). Graças à interface simples e inteligível, a ferramenta pode ser usada por qualquer pessoa, sem treinamento prévio, o que torna o procedimento três vezes mais barato e até dez vezes mais rápido que o método convencional. Hoje, a Akiyama é especialista em identificação civil e criminal por meio da biometria. O sistema foi desenvolvido em 2007, quando a empresa aderiu a um projeto do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR),
para identificação dos candidatos à carteira de habilitação dentro das autoescolas paranaenses. O sucesso do programa foi também o primeiro passo para que conquistasse outros clientes de peso, entre eles o governo federal.
Mercado
Foto: Divulgação
Antenados
A empresa paranaense Akiyama Soluções Tecnológicas é, certamente, um dos exemplos mais significativos para mostrar que empresários de micro e pequenas empresas do Paraná podem e devem estar atentos às tecnologias existentes no mundo e às necessidades do mercado.
Um de seus principais trabalhos é o recadastramento de eleitores feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas a Akiyama também está envolvida em outro projeto de importância estratégica para o País: o Registro de Identificação Civil (RIC), um dos maiores programas de cadastramento do mundo. Assim, a empresa que, em 2005, foi fundada com um investimento de apenas R$ 72 mil chegou a um crescimento de mais de 600% nos últimos três anos, o que lhe garantiu o quarto lugar na classificação das micro e pequenas empresas com maior taxa de crescimento nos anos de 2010 e 2011, no ranking da Revista Exame. Atualmente, a empresa possui uma carteira com aproximadamente 1.300 clientes e 70 funcionários. De olho na Copa do Mundo, a Akiyama desenvolveu a tecnologia para o projeto Torcida Legal, do Ministério dos Esportes. O programa pretende proibir a entrada nos estádios de torcedores que participaram de algum ato violento em jogos de seus times ou cometeram outros tipos de infrações, como a venda de ingressos falsos. Para barrá-los, o governo se valerá da identificação digital criada pela Akiyama. Segundo matéria publicada pelo jornal Estado de São Paulo, a venda de 300 equipamentos para o Ministério do Esporte, além da prestação de serviços de assistência técnica e do treinamento de funcionários, rendeu à Akiyama R$ 3 milhões. O valor corresponde a cerca de 10% do faturamento alcançado pela empresa em 2010 (R$ 29,5 milhões).
A inovação e a tecnologia são ingredientes que agregam valor aos produtos, serviços e processos
Criando robôs Coincidência ou não, o empresário Ricardo Vieira de Almeida, de Ponta Grossa, também é técnico em Eletrônica e decidiu investir em alta tecnologia. Em 2010, ele abriu a Brasil Robots, empresa voltada para soluções de vídeo inspeção robotizada, ou, mais especificamente, a primeira empresa do País que produz robôs para vídeo inspeção controlados via rádio. Explicando: são equipamentos que se deslocam ao longo dos dutos e, ao mesmo tempo, geram imagens detalhadas online das tubulações. 19
Não existe milagre, é preciso estar atento ao mercado e ao modelo de negócios, tanto quanto ao desenvolvimento tecnológico
Com essa ideia na cabeça, em 2008 ele começou a trabalhar no projeto. Foram dois anos de pesquisas e cerca de R$ 25 mil em investimentos iniciais para o desenvolvimento da tecnologia, até chegar a seu primeiro protótipo, que ganhou o nome de VOR-38 (Veículo de Operação Remota). Com o primeiro robô com tecnologia 100% nacional e tecnologia capaz de fazer vídeo inspeção com controle remoto, em 2010, ele abriu a Brasil Robots.
servador, se precisa de acessórios, qual a capacidade de armazenamento de bateria. Às vezes, a pessoa já tem uma bicicleta e é preciso fazer só uma adaptação, o que vai diminuir o custo”, conta. Outro diferencial é o tipo de bateria utilizada. As bicicletas elétricas, segundo ele, em geral usam um sistema compartilhado, que exige que o ciclista pedale inicialmente para o motor entrar em funcionamento. Ele optou por um motor que aciona sem necessidade de pedalar.
O modelo, segundo Ricardo de Almeida, é praticamente 100% nacional, o que resultou em preço mais acessível, além de maior garantia na hora de reposição de peças e manutenção. O preço de um robô fabricado por ele é de aproximadamente R$ 11 mil, enquanto um similar importado, segundo ele, ficaria em torno de US$ 20 a US$ 30 mil.
Os testes são feitos em um protótipo. Ele testou bateria de chumbo, optou pela de lítio, produzida na China, com diferentes potências e capacidade de armazenamento, dependendo do uso a que for submetida. Já os quadros, normalmente ele usa modelos prontos, da marca Schwinn, mas Diogo já começa a fazer contatos com serralheiros locais para desenvolver quadros próprios.
O produto atende, hoje, empresas de saneamento, que precisam fazer inspeção de encanamentos e inspeção de dutos de ar condicionado, uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que determina limpeza periódica dessas instalações. Mas Ricardo de Almeida já pensa em usar seus robozinhos também para fins de segurança pública, fazendo-os entrar em ação em situações de perigo.
Diogo Zanardini, empreendedor
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
No começo teve dificuldades, como o desembaraço aduaneiro de uma máquina importada do Japão, que ficou seis meses retida na Receita Federal. Mas a insistência, segundo ele, valeu a pena.
A empresa produz, atualmente, três modelos de robôs para serem usados em tamanhos diferentes de tubulações. Os robôs desenvolvidos possuem alta tecnologia, produzem imagens de alta qualidade e, como grande diferencial, têm manuseio e operação simples e funcionais.
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
Funcionário de uma empresa de manutenção industrial, Ricardo de Almeida conta que percebeu a necessidade de ter um sistema mais prático para trabalhar dentro das tubulações. “Em geral, o mercado só tem robôs com cabos, o que é ruim de trabalhar, porque eles acabam enroscando quando tem uma curva, por exemplo. Às vezes, não chegam a locais de acesso mais difícil, e eu resolvi desenvolver um equipamento sem cabo”, diz.
O empresário se diz otimista com o negócio e acredita que até o final de 2012 conseguirá repor o investimento feito, o que significa os R$ 25 mil iniciais mais R$ 12 mil gastos em maquinário. E esse dinheiro já tem destino certo: será reinvestido em mais uma máquina para aumentar a capacidade de produção e que permita produzir modelos maiores, para outros tamanhos de dutos.
Fazer o que gosta Diogo Zanardini não usa alta tecnologia, mas tem muito em comum com os empresários Ismael Akiyama e Ricardo de Almeida. Como eles, Diogo deixou de lado a função que exercia para se dedicar a um projeto novo. Graduado em Design Gráfico e Produção Multimídia, Diogo simplesmente largou seu trabalho na área de publicidade, para investir naquilo que, até então, era seu hobby, o ciclismo e a paixão pelas bicicletas.
Ricardo Vieira de Almeida, empresário
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Tudo começou, conta, quando decidiu montar uma bicicleta elétrica para uso próprio. A princípio, usou um motor a combustão, mas logo viu que não dava certo. “O motor gerava muito arraste (quando a roda fica presa), e como era um motor dois tempos, que usa gasolina misturada a óleo, produzia muita fumaça”, conta. Sua segunda opção
foi importar um motor elétrico da China. “Foi muito fácil, em quatro horas eu instalei o motor na bicicleta e já estava andando”, diz, lembrando que a primeira montagem já mostrou que esse tipo de motor seria bastante adequado ao seu projeto, pois tinha força e não provocava arraste. Assim que os amigos viram, começaram a pedir por um exemplar. E foi aí que ele pensou: “por que não abrir uma empresa de bicicletas elétricas personalizadas?” Ele, então, procurou o Sebrae/PR para se qualificar e traçar um plano de negócios. Foi quando conheceu pessoas ligadas ao Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), que o convidaram para produzir as bicicletas naquela cidade, tendo sua empresa incubada no PTI. Diogo reconhece que é uma grande oportunidade para sua empresa, que ele pretende abrir em novembro, mas ainda estuda os prós e contras. A marca para suas bicicletas elétricas personalizadas ele já tem: Full Shift. O diferencial de seu produto com as bicicletas elétricas já existentes no mercado é a personalização. Para isso, a produção é artesanal. “A pessoa vai encomendar uma bicicleta e vou fazer um projeto adequado para ela. Vou ver se quer algo mais radical, ou con-
Ele diz que se tivesse mais recursos poderia agilizar mais a produção, importar mais motores, avaliar mais tipos de baterias. Mas, para ele, isso não é problema. O maior desafio, conta, é aprender a ter uma empresa. “O maior desafio é a administração, ver que isso não é mais uma brincadeira. A parte de desenvolvimento do produto é fácil, o difícil é saber ser uma empresa”, diz.
Boa gestão Para a consultora do Sebrae/PR, Ilka Toyomoto, é cada vez mais crescente o número de pequenos negócios que têm por base inovação e tecnologias, sejam de alta complexidade ou não. “Isso mostra que os empresários de micro e pequenas empresas estão antenados num mercado cada vez mais exigente. A inovação e a tecnologia são ingredientes que agregam valor aos produtos, serviços e processos. Nos pequenos negócios, tornam os empreendimentos mais lucrativos e competitivos.” Toyomoto dá um conselho para os empreendedores que têm apostado nas tecnologias, para que não descuidem da gestão empresarial e do planejamento. “São requisitos essenciais para o bom andamento de qualquer negócio. Não existe milagre, é preciso estar atento ao mercado e ao modelo de negócios, tanto quanto ao desenvolvimento tecnológico.” Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a competitividade global exige, cada vez mais, que os processos de inovação se tornem parte da gestão diária das empresas. E não há restrição de porte para isso. “Sejam elas micro ou pequenas empresas, inovação se tornou questão de ordem.” 21
Inovação para o mercado
Em Maringá, noroeste do Paraná, o empresário decidiu investir em uma alternativa para inovar os produtos comercializados na empresa, batizada de Hortaviva Sementes, e, ainda, levar para os produtores de bananas uma possibilidade de melhorar a qualidade e a produtividade no campo.
Com o convênio firmado com a UEM e o projeto aprovado pelo PAPPE, recursos foram liberados para que Constantino de Marchi Júnior investisse na iniciativa, que já apresenta resultados comerciais.
Para tornar viável a ideia, o empresário inscreveu o projeto na Chamada Pública do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (PAPPE Subvenção Paraná). Ao ser selecionado, fechou uma parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM) para pesquisar a carga genética da muda da banana que, com intervenções em laboratório, tenha mais efetividade e qualidade no plantio da fruta. “A biotecnologia é o grande futuro da agricultura. É preciso trabalhar no segmento para aumentar a produtividade no campo. E nós fomos atrás da Universidade, que é um grande centro de pesquisa e detém essa tecnologia”, observa o empresário.
Constantino de Marchi Júnior, produtor
Biotecnologia é aliada
de pequena empresa Empresário em Maringá desenvolve projeto para levar, a produtores de bananas, possibilidade viável de melhorar qualidade e produtividade
Por Giselle Ritzmann Loures
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Na prática, Constantino de Marchi Júnior firmou um convênio com a UEM para, a partir de uma empresa incubada na Universidade, pesquisar mudas de bananas com o uso da biotecnologia. O método investe no estudo de um conjunto de técnicas e conhecimento sobre os processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos para obter produtos de alta qualidade ou assegurar serviços mais eficientes. “A cultura da banana é facilmente atacada por vírus ou pragas. O que nós fazemos é buscar mudas de bananas no campo, que passam por uma bateria de exames. Nesses testes, é possível detectar várias doenças. No material em que não identificamos nenhuma doença, nós o clonamos com a garantia que, no laboratório, esse material está livre de doenças”, explica Constantino de Marchi Júnior. De acordo com o empresário, com esse processo seletivo, é possível produzir mudas de bananas em escala geométrica, a partir de uma única matriz, com a garantia de alto padrão de qualidade.
Para Constantino de Marchi Júnior, o PAPPE Subvenção Paraná foi um instrumento de ligação entre a ideia de pesquisar o uso da biotecnologia e sua aplicabilidade no campo. “Na minha empresa, eu não teria estrutura para criar um laboratório”, afirma o empresário.
“Queria ter um milhão de mudas de bananas, que venderíamos todas no mercado interno. Mesmo com o uso da biotecnologia, o preço da muda chega com um valor acessível para o produtor. Foi importante participar do PAPPE. Eu já tinha a ideia. Gosto muito de plantas. Resolvi inscrever o projeto, que foi selecionado, e demos início ao trabalho”, diz. No futuro, a possibilidade de criar um laboratório na sede da Hortaviva Sementes, que dê continuidade às pesquisas, está nos planos de Constantino de Marchi Júnior.
Instrumento de apoio O PAPPE Subvenção Paraná é um mecanismo criado para atender a demanda de empresários de micro e pequenas empresas que buscam inovar, a partir do desenvolvimento ou adequação de produtos ou processos produtivos. A gestão do PAPPE, bem como a avaliação dos projetos inscritos, é compartilhada por um consórcio institucional, formado pelo Sebrae/PR, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Paraná (IBQP-PR). Já os recursos financeiros, repassados por meio de subvenções não-reembolsáveis, mas que preveem prestação de contas e contrapartidas dos empresários de micro e pequenas empresas, são liberados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O consultor do Sebrae/PR, Aloísio Cerqueira, considera a Chamada Pública uma grande oportunidade para os empresários desenvolverem produtos e serviços com características inovadoras, aproveitando o apoio e os recursos públicos. “O PAPPE é um instrumento valioso de apoio financeiro aos projetos de inova-
Mercado
Foto: Studio Alfa
Mais produtividade
A experiência de quase duas décadas na gestão de uma pequena empresa, que começou com a comercialização de sementes de hortaliças e fertilizantes, mais a visão empreendedora do empresário Constantino de Marchi Júnior resultaram em um projeto inovador, que aproxima a biotecnologia de pequenas propriedades rurais.
ção. Hoje são raríssimas as micro e pequenas empresas que dispõem de recursos para investir em inovação. Com recursos garantidos, o empresário tem condições de pensar no futuro”, explica o consultor. Aloísio Cerqueira ainda salienta que conhecimento do mercado, no qual a empresa está inserida, é crucial. “É o exemplo de Constantino de Marchi Júnior. Um empresário não pode pensar em desenvolver um novo produto ou serviço sem conhecimento, por isso, é necessário se envolver no processo de desenvolvimento, para ter condições de absorver a transferência de conhecimento tecnológico na empresa, conduzida pelos pesquisadores contratados”, observa. Para Felipe Couto, coordenador do Núcleo de Capital Inovador do Centro Internacional de Inovação do Senai, vinculado à Fiep, empresas que investem em melhorias incrementais de produtos ou processos conquistam posicionamento e resultados de mercado, cada dia mais competitivo. “O empresário soube buscar parcerias para inovar, tem experiência e visão de mercado. Observar os concorrentes também é outra característica fundamental”, avalia Felipe Couto. O coordenador do Núcleo de Capital Inovador do Centro Internacional de Inovação do Senai ainda salienta que inovação, aplicada a melhorias de produtos ou serviços, gera valor para as micro e pequenas empresas. O projeto da Hortaviva Sementes está entre os 55 escolhidos pelo PAPPE Subvenção Paraná, que, em recursos financeiros, disponibilizou mais de R$ 13 milhões para incentivar a inovação em pequenos negócios, no Estado.
Saiba mais Quer saber mais sobre o PAPPE Subvenção, acesse www.sebraepr.com.br/pappe
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Propriedade intelectual
No Brasil, apesar de se computar nos últimos anos um aumento nos registros de marcas e patentes, os números ainda deixam muito a desejar. De acordo com a base de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em 2011, o aumento foi de 13% em relação a 2010, somando 31.944 pedidos de patentes, muito abaixo do líder Japão que apresenta, em média, anualmente, 480 mil registros de patentes. As estatísticas do INPI também apontam uma entrada maior de registros nos estados. O Paraná ficou no ano passado em quarto lugar, com 627 pedidos. O líder foi o Rio de Janeiro com 21.315, seguido de São Paulo com 7.115 e do Rio Grande do Sul com 958.
Marcas, patentes e invenções O que os empresários de micro e pequenas empresas precisam saber para proteger o patrimônio imaterial de seus empreendimentos
Por Mirian Gasparin
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Como a estatística é feita a partir do local onde os pedidos foram depositados, e não na origem do depositante, o Rio de Janeiro aparece com um índice bem maior, isso porque, como é a sede do INPI, todas as solicitações de estrangeiros entram por este local, explica o gerente da Agência Paranaense de Propriedade Industrial (APPI), Marcus Julius Zanon. O destaque negativo fica por conta da queda de 10,5% nas solicitações de registros de propriedade industrial de Minas Gerais e de 4,36% de Santa Catarina. Já o Amapá, há pelo menos cinco anos, não apresenta pedidos de patentes. Tecnicamente todas as empresas, independente do porte, deveriam se preocupar mais em proteger o seu ativo intelectual. Entretanto, no Brasil, 70% das micro e pequenas empresas não consideram em seus planos de negócios a proteção de sua marca ou patente, informa o advogado Natan Baril, sócio da Baril & Advogados Associados, de Curitiba. Segundo Baril, que é um dos 30 mais admirados na área de Propriedade Intelectual segundo a Revista Advocacia 500, na Europa e nos Estados Unidos a cultura da proteção é muito maior. Nestes
países existe proteção para inovações feitas até por crianças de 13 a 14 anos. De acordo com Baril, que participou, este ano, nos Estados Unidos, do principal encontro mundial de propriedade intelectual, promovido pela International Trademark Association, e que reuniu 8 mil profissionais de todo o mundo, dois ativos são relevantes para um negócio: a marca e o registro da patente. “Deixar de fazer a proteção da patente do produto é o mesmo que entregá-lo para domínio público”, explica. Mas de que forma os empresários de micro e pequenas empresas podem proteger suas ideias de negócios usando os registros de propriedade intelectual? Segundo Marcus Zanon, ideias não são protegíveis sob nenhuma forma. “A concepção de uma ideia devidamente materializada pode ser protegida conforme a sua natureza. A propriedade intelectual é definida como sendo todas as criações produzidas pelo intelecto humano. Como exemplo, podemos citar as obras musicais; criações literárias; pinturas; esculturas; programas de computador; desenvolvimento de novas tecnologias e diversas outras formas onde a criatividade do homem foi de alguma maneira concretizada. Já a propriedade industrial é uma subdivisão da propriedade intelectual e abrange especificamente as criações que possam ser aplicadas em algum tipo de indústria. A propriedade industrial será considerada como bens intangíveis protegíveis sob a forma de patente de invenção ou de modelo de utilidade; registro de desenho industrial e registro de marcas”, explica.
Serviço
O tema propriedade intelectual deveria ser item obrigatório da agenda empresarial no Brasil. Afinal, no mundo dos negócios, marcas e invenções, devidamente protegidas por legislação, podem se transformar em bens e aumentar a competitividade das empresas. Isso sem falar da função social de disseminação de conhecimento, de transferência de tecnologia e de desenvolvimento.
No Brasil, 70% das micro e pequenas empresas não consideram em seus planos de negócios a proteção de marcas ou patentes
Para o pesquisador do INPI, Dirceu Yoshikazu Teruya, os empresários de micro e pequenas empresas podem utilizar a propriedade intelectual para proteger as criações humanas por meio de patente, marcas, desenho industrial, direito de autor (livro, manual), proteção de novas variedades de plantas, topografia de circuito integrado, de acordo com seu modelo de negócio e se o pedido se enquadrar no escopo de proteção do direito. Em sua opinião, o empresário de pequeno porte ainda tem uma noção restrita de como a propriedade intelectual pode contribuir no desenvolvimento de 25
seu negócio. Teruya chama a atenção para o fato de que a propriedade intelectual não se limita apenas na proteção, mas também como mecanismo de geração de negócio por meio de licenciamento de propriedade industrial ou contratos de transferência de tecnologia. Dessa forma, o empresário de micro e pequena empresa pode adquirir tecnologia por meio de licenciamento de direito de propriedade industrial, contratos de tecnologia e contratos de serviços de assistência técnica para o desenvolvimento de seu plano de negócio. Também o empresário de micro e pequena empresa pode licenciar propriedade intelectual para terceiros e assim obter uma remuneração pela tecnologia desenvolvida.
Para o registro de uma marca, o empresário gastará R$ 1 mil, já para registrar a patente de um produto o gasto será de R$ 3 mil, em média
De acordo com o pesquisador do INPI, a decisão do uso da patente na produção de um produto ou de um processo vai
depender da natureza do produto ou processo produtivo, da viabilidade econômica da produção desse produto ou da implementação do processo e da sua capacidade técnica de incorporar o progresso técnico na produção de bens. “No caso do negócio de uma micro e pequena empresa deve-se levar em consideração a viabilidade econômica da tecnologia para a produção do bem ou do processo, bem como o acesso à fonte de financiamento, disponibilização do know-how para a produção, questão do marketing e propaganda, canais de distribuição e de logística do seu produto até o mercado. Esse contexto é um dos desafios do empresário de micro e pequena empresa brasileiro, ou seja, ter a capacidade de inserir o produto no mercado e ser reconhecido pelo mercado”, ressalta. Também a patente, como fonte de informação, pode
contribuir na tomada de decisão do empresário na hora de fazer investimento.
Como fazer o registro A demora em obter um registro de patente ou de marca é a principal grita dos empresários brasileiros. Segundo informações do advogado Natan Baril, o processo de registro da marca no INPI demora de dois a três anos. Já a concessão de uma patente poderá demorar de quatro a cinco anos. Existem processos que se arrastam por mais tempo ainda. “Nesse sentido, o profissional deve dar tranquilidade e assegurar ao empresário que ele possa usar a marca ou o produto independente de ter ou não o registro. A legislação permite que o invento seja explorado mesmo antes do pedido de patente ter sido aprovado”, informa. Com relação aos custos, para o registro de uma marca o empresário gastará R$ 1
mil. Já para registrar a patente de um produto, o gasto será de R$ 3 mil. “Se compararmos com outros investimentos que uma empresa faz, o custo do registro de uma patente ou de uma marca não é tão elevado”, justifica Baril.
O que é passível de proteção O gerente da APPI, órgão vinculado ao Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Marcus Julius Zanon, explica o que é passível de proteção. A Lei 9.279/96, no artigo 10, diz o que não é patenteável e o que não se considera invenção nem modelo de utilidade. O artigo 18 dispõe o que não é patenteável.
A preocupação em proteger ideias, invenções e marcas é antiga, vem desde o século 18
Considerando que a proteção patentária garante ao titular o direito exclusivo de uso sobre o bem protegido e levando-se em conta que o interesse coletivo deve prevalecer sobre os interesses individuais, cada país, ao reconhecer o sis-
Evolução da propriedade intelectual no Brasil A primeira Constituição do Brasil provê direitos temporários exclusivos a inventores.
D. João VI, em um Ato Real, contempla a concessão de privilégios a inventores.
1809
Primeira lei de proteção a marcas.
Adesão à Convenção de Berna sobre Direito de Autor.
1830
1875
1883
1896
Ratificação da Revisão de Haia do Acordo da Convenção da União de Paris de 1925.
Promulgação da Convenção Pan-Americana de Santiago do Chile (1923) sobre Marcas.
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Adesão à Convenção da União de Paris como membro fundador.
Ato regula a concessão de patentes.
1824
Aprovação dos acordos de Madri sobre Registro Internacional de Marcas e sobre Repressão à Falsa Indicação de Procedência.
1910
1922
1924
Denúncia ao Acordo de Madri sobre Registro Internacional de Marcas.
Aprovação do regulamento do DNPI (Departamento Nacional da Propriedade Industrial) e estabelecimento da profissão de agente oficial da Propriedade Industrial.
1929
1933
Convenção Pan-Americana em Buenos Aires sobre Patentes, modelos e desenhos industriais, direito de autor e marcas que foi ratificada em 1915.
1934
Aprovação do Regulamento para concessão de patentes de desenho ou modelo industrial, para registro do nome comercial e do título de estabelecimento e para repressão à concorrência desleal.
1934
1945
Primeiro Código de Propriedade Industrial.
Ratificação da convenção Inter-Americana de Washington (1946) sobre Direito de Autor.
Nova regulamentação da profissão de agente da Propriedade Industrial.
Novo Código de Propriedade Industrial.
Novo Código de Propriedade Industrial.
Novo Código de Propriedade Industrial. Fundação do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Lei de Proteção do Direito de Autor, substituindo as disposições do Código Civil sobre a matéria.
Promulgação da Revisão de Estocolmo da Convenção de Paris, sem adesão aos artigos 1 a 12 e 28, alínea 1, continuando em vigor no Brasil, nessa parte, o texto da Revisão de Haia.
1946 1949 1967 1969 1970 1971 1973 1975 1978 1987 1992 1994 1995 1996 1997 1998 1998
Lei relativa à proteção e às condições de comercialização de "software". Ratificação e Promulgação do Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PCT, aprovado em 1970, do qual o Brasil é membro fundador.
Extensão da adesão do Brasil aos artigos 1 a 12 e 28, alínea 1, do texto da revisão de Estocolmo da Convenção de Paris.
Nova Lei sobre Direito de Autor. Promulgação da Ata final da Rodada do Uruguai do Acordo GATT (TRIPS).
Promulgação de nova Lei de Propriedade Industrial com vigência a partir de 1997.
Em 1º de janeiro começou a funcionar a OMC (Organização Mundial do Comércio), da qual o Brasil é membro fundador.
Primeira Lei de Proteção de Cultivares.
Nova Lei de Proteção da Propriedade Intelectual de Programas de Computador (Lei do Software), com eliminação das restrições à comercialização, até então existentes.
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Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
Marcus Julius Zanon, da APPI tema patentário e, ser for o caso, dentro das imposições do Acordo TRIPS (do inglês Agreement on Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights), tem o direito, em vista de seus próprios interesses e respeitando os princípios da Convenção da União de Paris (CUP), de delimitar a matéria a ser protegida. Neste sentido, o artigo 18 da Lei de Propriedade Intelectual dispõe o que não é passível de patente. A seguir a relação: 1. O que for contra a moral e aos bons costumes (invenções contrárias aos cultos religiosos e aos sentimentos dignos de respeito e veneração), à ordem pública (invenções contrárias às leis e à segurança pública) e à saúde pública (invenções de finalidade exclusivamente contrária à saúde). Como ordem pública, para os efeitos da presente disposição, incluem-se as invenções contrárias às leis e à segurança pública. A proibição em razão da lei deve ser expressa, incluindo-se as invenções que se refiram a ramos de atividade ou industrial cuja exploração seja proibida, como por exemplo, as invenções relacionadas ao beneficiamento de produtos com fim exclusivamente alucinógeno. Por outro lado, as invenções que se destinem aos jogos de azar (por exemplo, jogo de roleta) não se incluiriam. Necessariamente, nas proibições, uma vez que a lei coíbe tão somente a exploração não 28
autorizada de tais jogos, e não o jogo em si. No que tange à segurança, o exemplo citado a nível internacional diz respeito às denominadas cartas-bomba, uma vez que as mesmas têm como única finalidade o dano, atingindo de forma direta à segurança pública. No que se refere às invenções de finalidade contrárias à saúde não se incluem aquelas que indiretamente possam por em risco a saúde ou mesmo a vida das pessoas que as empregam ou que estejam sujeitas aos seus efeitos ou consequências. Neste caso, seriam incluídas tão somente as invenções que tivessem finalidade exclusivamente contrárias à saúde, hipótese praticamente inexistente.
Proteção ou segredo
4. Quanto à condição de liceidade, este tipo de restrição está presente em praticamente todas as legislações a nível mundial. A disposição legal deve ser entendida de modo a alcançar somente as invenções cujo caráter de licitude se relacione diretamente ao objeto da invenção, não alcançando aquelas cuja ilicitude pode advir de uma das formas ou modos particulares de sua utilização ou emprego, não previstas no relatório descritivo do pedido.
Quase 200 anos depois, surge a primeira legislação conferindo ao criador o direito exclusivo sobre um livro por 14 anos. A lei tinha uma ressalva: se o autor estivesse vivo quando o período de proteção expirasse, poderia renová-lo pelo mesmo tempo. A legislação de propriedade intelectual evoluiu ao longo dos séculos (veja quadro nas páginas 26 e 27), forjando em vários países, principalmente naqueles que precocemente aderiram à Revolução Industrial, a cultura de criar, proteger e comercializar ideias ou produtos.
Também não é passível de proteção no Brasil a ideia, a descoberta, a lei, o brasão, a bandeira e as fórmulas matemáticas.
A preocupação em proteger ideias, invenções e marcas é antiga. Consta que a primeira lei de proteção de ativos intangíveis começou com o direito do autor (copyright), ainda no século 18, quando a Coroa Britânica concedeu à associação de donos de papelaria e livreiros o monopólio real da produção impressa e comercialização de escritos. A lei, a rigor, assegurava o direito aos livreiros e não aos autores.
A primeira legislação de patente no Brasil é de 8 de abril de 1809, quando Dom João VI, recém-chegado, criou o
Deixar de fazer a proteção da patente do produto é o mesmo que entregá-lo para domínio público
Foto: Divulgação
Não é passível de proteção no Brasil a ideia, a descoberta, a lei, o brasão, a bandeira e as fórmulas matemáticas
teabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no artigo 18 o e que não sejam mera descoberta. Organismos transgênicos são definidos no artigo 18, parágrafo único, como sendo organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais.
Quanto às invenções de finalidade contrária à moral, aos cultos religiosos e aos sentimentos dignos de respeitos e veneração, trata-se de interpretação bastante subjetiva e mutável, uma vez que tais conceitos racionam-se aos costumes e valores sociais. 2. Matéria relativa à transformação do núcleo atômico (são patenteáveis somente os equipamentos, as máquinas, os dispositivos e similares e, eventualmente, processos extrativos que não alterem ou modifiquem as propriedades físico-químicas dos produtos ou matérias). 3. Todo ou parte dos seres vivos, exceto os micro-organismos transgênicos que atendam aos três requisitos de paten-
Natan Baril, advogado
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alvará para que fossem tomadas iniciativas em favor da invenção de máquinas que dinamizassem a economia da nova sede da Corte. A primeira invenção oficial brasileira de que se tem registro data de 1822. Tratava-se de uma máquina de descascar café sem quebrar o grão. O registro de uma patente tem duração de 20 anos e depois se torna domínio público. Ou seja, depois da perda de validade, o produto poderá ser produzido livremente por qualquer empresa. Isso tem feito com que muitos empresários optem pelo segredo industrial, alerta o diretor da Phytoplenus, Paulo Chapaval.
O registro de uma patente tem duração de 20 anos e depois se torna domínio público
O segredo industrial nada mais é do que a informação legalmente sob controle de pessoas ou organizações, que não deve ser usada por terceiros, sem o consentimento do detentor. “Ao contrário do registro de patente, o segredo industrial não tem data de validade e pode ser perpetuado se for muito bem guardado”, destaca. E acrescenta que a indústria farmacêutica perde US$ 30 bilhões com o término do registro de patentes. Entre os seis segredos industriais mais cobiçados do mundo estão os da Coca-Cola, o sorvete Häagen-Dazs, Nescafé, o perfume Chanel nº 5, o champanhe Krug e o uísque Johnnie Walker.
Unioeste transfere tecnologia A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) já realizou cinco transferências de tecnologia para empresas, sendo que quatro delas foram objeto de proteção junto ao INPI. Uma das transferências foi para a microempresa Biogás Motores Estacionários Ltda., de Toledo. Segundo informa o professor do curso de Engenharia Química da Unioeste e que está assumindo a divisão de Propriedade da instituição, Camilo Freddy Mendoza Morejon, tratam-se de dispositivos e sistemas da área de energia, resultados de pesquisas desenvolvidas na Unioeste nos últimos anos. “Neste momento, a empresa está fazendo os ajustes finais para a inserção do produto no mercado”, adianta Morejon. A negociação envolveu os seguintes produtos: gasoduto para transporte de biogás proveniente da biodigestão anaeróbica de resíduos orgânicos, com se30
paração simultânea e umidade; sistema para remoção do gás sulfídrico e do gás carbônico contido no biogás resultante da biodigestão anaeróbica de resíduos orgânicos; dispositivo para depuração da umidade residual contida no biogás resultante da biodigestão anaeróbica de resíduos orgânicos; e dispositivo para pré-aquecimento de comburente utilizado em motores de combustão. Além desses produtos, a Unioeste também vem se mostrando forte no desenvolvimento de software, especialmente na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Tecnologias Assistivas, com destaque para o xLupa – software livre para ampliação de tela para alunos/pessoas com baixa visão; SisLattes – sistema de extração automática de informação da base de curriculum Lattes/Capes; dentre outros. A Unioeste participou recentemente da Inovatec – Feira Paranaense de Negócios entre Empresas, Universidades e Instituições de Pesquisa, realizada no Cietep, em Curitiba. Durante o evento, a Unioeste foi procurada por empresas que demonstraram interesse pelos trabalhos apresentados. A Universidade levou para a feira resultados da atividade intelectual, na forma de produtos tecnológicos (equipamentos, processos e softwares), todos eles com pedidos de proteção junto ao INPI e habilitados para a transferência de tecnologia.
Saiba mais Indicações de livros e sites Barbosa DBB. Uma introdução à propriedade intelectual. Rio de Janeiro: Lumen Júris; 2003. Gontijo C. Propriedade industrial no século XXI: direitos desiguais. Brasília: Instituto de Estudos Socioeconômicos/ Rede Brasileira pela Integração dos Povos/Comércio com Justiça/Oxfam International; 2003. Acesse: www.inpi.gov.br
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Segundo o secretário de Fazenda do Paraná, Luiz Carlos Hauly, os contribuintes inadimplentes devem aproveitar para regularizar sua situação, pois este é o primeiro e último refinanciamento de dívidas que o Paraná vai fazer neste governo. A dívida de 70 mil contribuintes com o Fisco estadual totaliza hoje R$ 17 bilhões. Entretanto, segundo o secretário da Fazenda, uma boa parte deste valor é devida por empresas que já fecharam suas portas.
Perdão e parcelamento de dívidas Governo do Paraná perdoa débitos tributários de até R$ 10 mil e refinancia dívidas em 120 parcelas; Simples Nacional também oferece benefício Por Mirian Gasparin
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No dia 9 de maio, com a entrada em vigor da Lei n° 17.082/2012 e a edição do Decreto n° 4.489, foram perdoados os débitos tributários referentes ao ICMS de 16 mil contribuintes, inscritos em dívida ativa, ajuizados ou não, cujo saldo atualizado até 31 de dezembro de 2010 era igual ou inferior a R$ 10 mil. Por meio do novo Refis estadual, as empresas poderão pagar ou parcelar os débitos, relativos a fatos geradores ocorridos até 30 de setembro de 2011, constituídos ou não, inscritos ou não em dívida ativa, mesmo com a execução fiscal ajuizada. Neste caso, o contribuinte deverá efetuar o pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios da Procuradoria do Estado, limitados ao percentual de 1% do valor consolidado a ser pago.
O pedido deste parcelamento implica na confissão dos débitos fiscais, exigindo, inclusive, para o seu deferimento a expressa renúncia a qualquer defesa ou recurso, administrativo ou judicial, em que se esteja discutindo o respectivo crédito tributário.
Serviço
Refis
Regional da Receita ou na Agência da Receita Estadual, do domicílio tributário do contribuinte. Para fazer jus a esse parcelamento, o ICMS declarado em GIA/ICMS desde outubro de 2011 deverá estar em dia. A GIA-ICMS é uma declaração mensal cujas informações devem refletir os lançamentos efetuados no Livro Fiscal Registro de Apuração do ICMS. Esta declaração tem por finalidade demonstrar o imposto apurado em cada período de apuração, bem como apresentar outras informações de interesse econômico-fiscal.
Débitos de micro e pequenas empresas do Simples Nacional podem ser parcelados em até 60 vezes
A indexação das parcelas será efetuada pelos juros pela Taxa Selic. O vencimento da primeira parcela ocorrerá em 31 de julho de 2012 e das demais até o último dia útil dos meses subsequentes. O valor das parcelas mensais não poderá ser inferior a R$ 1.000 na hipótese de pessoas jurídicas e R$ 300 no caso de pessoas físicas. Admite-se, ainda, a transferência de saldos de parcelamentos em curso para esta nova modalidade. Neste caso, os contribuintes deverão rescindir o antigo parcelamento e solicitar a inclusão dos débitos no novo.
Foto: Divulgação
Os contribuintes paranaenses em débito com o Fisco estadual ganharam uma nova chance para parcelar as dívidas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD) e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). O parcelamento é em até 120 meses, com redução de multas e juros.
Por outro lado, o contribuinte tem que ter em vista que o não pagamento da primeira parcela ou o inadimplemento de três parcelas, consecutivas ou não, por prazo superior a 60 dias, importará na rescisão imediata do parcelamento.
O contribuinte que pagar de uma só vez o débito devidamente atualizado até o dia 31 de julho de 2012 terá redução de 95% do valor da multa e 80% dos juros de mora. Na hipótese de parcelamento, para até 60 parcelas, haverá redução de 80% do valor da multa e 60% dos juros de mora. No caso de até 120 meses, a redução será de 65% da multa e 60% dos juros.
A omissão na entrega da GIA/ICMS mensal ou a falta de recolhimento do ICMS declarado, durante o período de vigência do parcelamento, também acarretará a rescisão do parcelamento. Essa revogação além de ocasionar a exigibilidade imediata do saldo, ainda terá o condão de restabelecer os valores dispensados (multa e juros), prevalecendo os benefícios apenas proporcionalmente aos valores das parcelas pagas.
Mas o empresário disposto a aderir ao Refis estadual deve correr. O pedido de parcelamento terá que ser formalizado até 9 de julho, mediante requerimento a ser protocolado na Delegacia
Há ainda a possibilidade de os contribuintes parcelarem seus débitos, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 30 de novembro de 2009, em 60 meses, recolhendo 25% em até 59 parcelas,
Marcos Quintanilha, especialista
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Simples Nacional Os débitos apurados no Simples Nacional, sistema de tributação das micro e pequenas empresas, também podem ser parcelados a qualquer tempo pelos empresários inadimplentes. A informação é do coordenador estadual de Políticas Públicas do Sebrae/PR, Cesar Rissete. Os débitos de responsabilidade das microempresas e empresas de pequeno porte poderão ser parcelados em até 60 parcelas mensais e sucessivas, observadas as disposições constantes na Instrução Normativa RFB 1.229, de dezembro de 2011. “Os empresários de micro e pequenas empresas podem regularizar sua situação, evitando ficar com pendências, que, em alguns casos, podem representar impedimentos para operações de crédito futuras”, alerta Rissete. Os débitos inscritos em Dívida Ativa da União (DAU), os débitos de ICMS e de ISS inscritos em dívida ativa do respectivo estado e município, as multas por descumprimento de obrigação acessória e, ainda, os débitos relativos à Contribuição Patronal Previdenciária para a Seguridade Social, em alguns casos, não poderão ser parcelados. Os pedidos de parcelamento deverão ser apresentados exclusivamente por meio do site da Receita Federal do Brasil, no www.receita.fazenda.gov.br, por meio da opção “Pedido de Parcelamento de Débitos Apurados no Simples Nacional”. O valor das prestações será obtido mediante divisão da dívida consolidada pelo número de parcelas do parcelamento concedido. O valor mínimo da parcela é de R$ 500.
Como manter o equilíbrio Para o sócio da Ernst & Young Terco, Marcos Quintanilha, o refinanciamento 34
das dívidas tributárias gera concorrência desleal para as empresas que cumprem suas obrigações do Fisco.
Artigo
Entretanto, na sua avaliação, ficar inadimplente não é garantia de que o governo poderá adotar um novo Refis e o negócio poderá fracassar em função da restrição dos fornecedores e bancos.
A palavra é
“O mau pagador tem outros custos que o bom acaba não sofrendo, pois mesmo que possa parcelar seus débitos acabará pagando juros e multas. Além do que ficar inadimplente poderá excluir a empresa da concorrência pública.” O ideal, segundo Quintanilha, é o empresário manter as finanças de seu negócio equilibradas. Algumas medidas podem ser tomadas pelas empresas para que não corram o risco de ficar inadimplentes. Em primeiro lugar, as empresas devem fazer um controle rigoroso do seu fluxo de caixa. “O empresário deve saber qual será a entrada e saída de caixa no período mínimo de três meses. O que ocorre com frequência é que muitas vezes a empresa tem entrada de dinheiro para fazer frente aos seus compromissos, só que o cronograma é diferente das datas de pagamento. Com isso, acaba não pagando em dia os seus débitos, tendo ainda que arcar com juros e multa, ou então tem que recorrer a empréstimos bancários de curto prazo, cujos custos são elevadíssimos”, alerta.
O controle rigoroso do fluxo de caixa pode ajudar o empresário a não se tornar inadimplente
Não controlar adequadamente o fluxo de caixa também poderá implicar no atraso de pagamentos dos impostos. “Muitas vezes, o empresário acaba optando por pagar os fornecedores e deixa os impostos para outra data. Aí além de pagar juros e multa também correrá o risco de ser autuado”, observa o sócio da Ernst & Young Terco.
Saiba mais Acesse: www.fazenda.pr.gov.br Já os empresários inscritos no Simples Nacional podem conhecer as regras de parcelamento de débitos tributários no www.receita.fazenda.gov.br
Eloi Zanetti é consultor e palestrante em Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas. Acesse www.eloizanetti.com.br
Por Eloi Zanetti
Como os protagonistas de histórias, as empresas também percorrem as suas “jornadas de heróis”. Elas nascem, crescem, se desenvolvem, passam por dificuldades, desafios, conquistam aliados, se reinventam, vencem batalhas e, como todos os seres vivos, morrem. Raríssimas são as corporações centenárias.
Empresas e pessoas vêm e vão e o que fica mesmo são as histórias memorizadas por aqueles que gravitaram ao redor da sua existência. É por isso que nos últimos tempos o mundo empresarial percebeu o valor da preservação das suas histórias – até como reforço na construção, gestão e defesa das marcas.
mito fundador? Das dificuldades enfrentadas surgiu alguma inovação significativa que mereça registro? Quando a empresa deu a sua grande virada, e o que isso representou para a região, país ou para o mundo? Públicos internos e externos precisam das histórias – elas criam senso de pertencimento.
Não é difícil de encontrar, em qualquer lugar do mundo, edificações antigas, em ruínas, emolduradas pela tristeza do mato tomando conta do entorno – a outrora grande fábrica, símbolo da pujança e orgulho local, relegada à inclemência do tempo.
Comunicadores precisam saber que têm a obrigação de deixar um rastro na história. Já vi empresas, outrora pujantes, ao serem desligadas, sumirem por completo, sem nenhuma referência para o futuro.
Não nos é dado o poder dos dias vindouros. Trabalha-se no momento em um grande conglomerado e amanhã ele poderá ser apenas uma pálida lembrança. Se as suas narrativas estiveram bem organizadas, sua memória persistirá por muito mais tempo, talvez até por um tempo maior do que a sua existência real.
Nossos olhos veem e indagam: quantas famílias dependeram daquela empresa durante sua existência econômica? Quantos empregos, casamentos e filhos foram criados e educados com o dinheiro gerado pelas suas máquinas?
No caso de expandir os negócios, os empresários devem tomar muito cuidado e olhar o equilíbrio financeiro da empresa, pois há um consumo maior de caixa. “Crescer é saudável, mas a expansão deve ser feita com muito planejamento. Se a opção para crescer for através de empréstimo bancário, deve-se verificar qual a melhor linha. Se ainda assim o custo for elevado, é melhor repensar, pois não há lucro suficiente que possa cobrir o custo do dinheiro emprestado. Essa é uma das armadilhas na hora de financiar”, adverte Quintanilha.
o que fica
Foto: La Imagen
postergando 75% do valor do débito consolidado para pagamento na última parcela, a qual poderá ser paga mediante a utilização de precatórios, próprios ou cedidos até 9 de dezembro de 2010, sujeitos à adesão ao “leilão de deságio” junto à Câmara de Conciliação de Precatórios. Os valores com benefícios estão disponíveis para consulta no portal da Receita do Paraná. Mais informações na Delegacia Regional da Receita ou Agência da Receita Estadual do seu domicílio tributário.
A lembrança está perdida na poeira dos barracões, nas ervas que medram por entre as frestas, no telhado que cai e nos maquinários encostados. E, se não foram para o lixo ou queimados, ainda restam recortes de jornais amarelados, fotos de operários em atividade, de reuniões e turmas em festa. Também pode ter sobrado alguns documentos e diplomas que outrora enfeitaram orgulhosos as paredes das salas de espera, e mais nada. A inexorabilidade do deus Cronos diz: tudo passa.
A memória guarda imagens na forma de fotografias, monumentos arquitetônicos, logomarcas, livros e filmes e essas serão decodificadas e transmitidas pela palavra. Máquinas serão vendidas, desmanchadas ou recicladas, prédios serão demolidos e novos empreendimentos surgirão no local. Ao final, o que restará mesmo serão as histórias – palavras – contadas sobre aquele belo tempo de prosperidade. A literatura e a documentação museológica descobrem e nos apresentam cada vez mais histórias de ciclos econômicos. O último bom lugar está presente no coração de todos nós.
De tudo vai restar um pouco e esse pouco serão as palavras que contarão as façanhas vividas por aquele grupo, que se reuniu em torno de uma ideia, que se tornou tangível pela ação de alguns empreendedores. Um bom trabalho de comunicação institucional, que saiba contar e organizar as boas histórias sobre a sua atual empresa é o que ficará na mente e no coração das gerações futuras.
Por isso, é importante que o comunicador saiba criar, inventar, organizar, registrar e alinhavar com inteligência as histórias da empresa que representa. Existe algum 35
Capacitação
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
Qualidade
‘Receita’
empreendedora Saiba como madeireiro do interior do Paraná mudou de profissão e tornou-se dono de restaurantes especializados em cheeseburger
Por Adriana De Cunto
Junior Durski, empresário
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Em 2009, o empresário paranaense Junior Durski se encontrava diante de um dilema. Continuar trabalhando como madeireiro, profissão que exercia desde 1984, ou investir na gastronomia, um hobby que já havia lhe dado fama e prestígio em Curitiba? Inspirado por uma entrevista do milionário George Soros - que dizia nunca comprar uma empresa sem imaginar como ela estaria em 20 anos -, Durski resolveu fazer também um tipo de exercício de futurologia. Como resultado dessa breve incursão pela arte da previsão, ele transformou os restaurantes Durski e Madero, até então uma atividade secundária, em seu principal empreendimento.
A empresa conta com centro de qualidade, onde se concentram os funcionários que atuam no setor de treinamento e supervisão de produtos e atendimento
Os 13 restaurantes, sendo 12 Maderos, já renderam a Junior Durski vários prêmios, entre eles duas vezes Chef do Ano pela Revista Veja (2009 e 2011) e Restaurateur do Ano pelo Guia Brasil 4 Rodas (2010). Mas não é o glamour dos títulos o que mais impressiona em seu currículo. É a trajetória construída com base em muito trabalho - algumas decisões equivocadas e outras acertadas que chama a atenção na história deste empreendedor de 50 anos. Atraído pelo comércio da madeira, Junior Durski viveu em Machadinho do Oeste, Rondônia, por 15 anos, entre 1984 e 1999. Depois mudou para Curitiba. Na capital paranaense, continuou como madeireiro por mais dez anos, porém, dedicando um bom tempo para o seu hobby, a gastronomia. No mesmo ano em que se mudou para o Paraná, fundou o Durski, casa de pratos típicos da culinária polonesa e ucraniana. No primeiro ano do estabelecimento, a primeira estrela no Guia 4 Rodas. Porém, o negócio não deslanchava e Durski viu-se frente ao primeiro grande problema no ramo da gastronomia: mudar a proposta do restaurante para cozinha internacional, tornando o lugar um sucesso de público e de crítica. Solucionar problemas é uma habilidade que ele desenvolveu - e começou a gostar - com o passar do tempo. “O meu trabalho é resolver problemas”, afirma. “Eu tive sucesso como madeireiro e, algumas vezes, tive insucesso. E todas as vezes que eu tive insucesso foi porque não resolvi problemas, porque tive preguiça, de alguma maneira fui relapso”, comenta.
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Quando se mudou para Rondônia, na década de 1980, havia uma chamada do governo federal para ocupar a Amazônia. “Naquela época, era um orgulho ser madeireiro”, recorda. Com o passar do tempo, a situação mudou, pois a atividade, segundo Durski, tornou-se politicamente incorreta e veio o desejo de mudar de ramo de negócio.
Raio-x do Madero O cheeseburger representa 90% das vendas. 180 mil pessoas são atendidas por mês nos restaurantes e até o final do ano a meta é chegar a 300 mil clientes por mês.
Da madeira para o Madero Em 2005, ainda tendo a gastronomia como hobby, o chef abriu seu segundo restaurante, o Madero, ao lado do Durski, mas totalmente diferente, pois a proposta foi inspirada na paixão do empresário pelo cheeseburger. Tanto que ele viajou pelos Estados Unidos para pesquisar e chegar ao que acredita ser o ideal do famoso sanduíche - ele é preparado artesanalmente com carne selecionada grelhada, queijo cheddar, tiras de tomate e cebola orgânicos e pão de fabricação própria, estilo francês.
As vendas chegam a R$ 6 milhões mensais e até o final do ano a previsão é vender mensalmente R$ 10 milhões.
O quadro total de funcionários é formado por 600 pessoas.
A receita o inspirou o slogan da casa: the best burger in the world (o melhor hambúrguer do mundo). O sucesso foi imediato, tanto que o empresário decidiu abrir mais um Madero no Shopping Palladium, em Curitiba, e vendeu duas franquias da casa, nos shoppings Estação, também na Capital, e São José, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba. Os novos empreendimentos não foram bem, principalmente o de São José dos Pinhais. “Foi uma lástima”, avalia. Reverter a situação exigiu grande esforço de Junior Durski, que passou a trabalhar nas noites e finais de semana ao lado do franqueado para tentar achar uma solução. Eles quase fecharam quatro meses depois da inauguração, quando, em um sábado venderam apenas R$ 380. Foi então que decidiram reduzir os preços em 42%. O erro era posicionamento de preço, constataram. Dois meses depois da redução no valor dos produtos, eles registraram um aumento nas vendas (em reais) de 400%. As duas franquias foram revistas. Junior Durski recomprou a unidade do Shopping Estação e tornou-se sócio em São José dos Pinhais, que vai muito bem. No sábado, 19 de maio de 2012, vendeu R$ 13.800. “É exatamente o mesmo restaurante, o mesmo lugar, no mesmo shopping, agora com preço mais barato e essa foi a diferença”, acrescenta. O posicionamento de preço foi revisto em todas as
R$ 700 mil foram pagos em impostos no mês de abril.
Fonte: Junior Durski
casas, exceto na matriz, localizada no Largo da Ordem, centro de Curitiba. O aumento das vendas em 400% em apenas dois meses na unidade de São José dos Pinhais foi mais um incentivo para Durski se dedicar integralmente ao ramo da gastronomia. “Até então era hobby, mas eu vi que tinha a possibilidade de transformar isso em um bom negócio”, explica. Hoje, o Madero conta com 12 restaurantes, oito deles em Curitiba. Os demais estão em São José dos Pinhais e Londrina, ambos no Paraná; Goiânia, Goiás; e Balneário Camboriú, em Santa Catarina. O sistema de franquia foi abandonado pelo empresário, que encontrou sócios para os novos empreendimentos.
“O modelo de franquia não é fácil de trabalhar em gastronomia de qualidade. Franquia é mais padrão”, acredita Durski. “No nosso caso, não deu certo”. Hoje, ele tem participação em todos os restaurantes e frisa: “É melhor com sócios”. Até o final de 2012, mais quatro restaurantes Madero serão abertos, mais um em Curitiba, no bairro Champagnat; em Maringá, também no Paraná; Joinville, em Santa Catarina; e Manaus, no Amazonas. Quando questionado por que abrir uma casa no norte do País, o chef justifica que não quer perder o vínculo dos 15 anos em que morou na região da Amazônia. Apesar da expansão, Junior Durski não classifica o Madero em rede, termo que
para ele traz uma conotação de atendimento padronizado. “Não somos uma rede, eu não gosto de rede, sou um antirredes. Cada restaurante tem sua característica e arquitetura própria. Quando você entra em um Madero, sabe que está em um Madero, mas um é diferente do outro”, diz.
Mão de obra Para oferecer um serviço diferenciado, é preciso investir na equipe de funcionários e o chef faz questão de treinar todo o pessoal. Ele prefere contratar sem experiência anterior, em cidades da região de Prudentópolis, no Paraná, onde nasceu. A ideia surgiu na concepção do primeiro restaurante, típico da cozinha polonesa e ucraniana. “Eu queria que as 39
tem nenhum vício de trabalho antigo. Ele será formado como nós queremos”, argumenta. Ao chegar a Curitiba, o recém-contratado custa em média R$ 1.500,00 por mês. Recebem um salário durante o período de treinamento e, depois disso, passam a ganhar salários conforme a função desempenhada. Há pouca rotatividade, principalmente no Durski, onde tem garçonete trabalhando há dez anos - realidade difícil nos dias atuais. No Madero, é um pouco diferente. Algumas pessoas deixam a empresa porque querem voltar para o interior ou porque conseguem um cargo melhor - geralmente subgerente em outro restaurante.
Chef empresário
Junior Durski, empresário
pessoas que trabalhassem no Durski fossem desta origem”, explica. Depois que o primeiro grupo de Prudentópolis foi recrutado, familiares e amigos começaram a se interessar e a procurar pelos funcionários de Junior Durski. Entre 2 mil e 3 mil pessoas daquela região trabalharam nos estabelecimentos. “A gente está conhecido na região. Eles nos procuram e dizem que querem trabalhar, estudar, morar em Curitiba”, conta. Na avaliação de Durski, o pessoal do interior é trabalhador, dedicado, educado e respeitoso. A empresa fornece toda a infraestrutura necessária. São vários alojamentos, sempre bem perto dos restaurantes onde os funcionários trabalham. Eles também recebem comida, alimentação, assistência de saúde e odontológica e tempo livre para lazer e estudo. O pessoal recrutado tem, geralmente, entre 20 e 25 anos e passa por um treinamento de três meses. Na primeira semana, é realizada uma integração para os novos empregados entenderem o negócio e adaptarem-se à cidade. Nesse período eles têm aulas de boas maneiras, higiene pessoal e cuidados com a roupa. A empresa dispõe de um restaurante-escola, criado no ano passado, para treinar os futuros profissionais. “A grande vantagem é que ele (o novo contratado) não 40
Uma equipe de dez pessoas trabalha no controle de qualidade dos restaurantes Madero percorrendo todas as casas, embora Junior Durski também visite constantemente as unidades. “Minha receita de empreendedorismo é muito trabalho e gostar muito do que está fazendo”, ensina.
Expansão por franquias Quando um empresário decidir expandir sua marca por meio de franquias é preciso seguir algumas etapas para garantir o sucesso do empreendimento, indica Edson Sillas, professor do Programa de Negócios da FAE e da Universidade Positivo. É necessário formatar o projeto com ajuda de uma consultoria, fazer uma boa seleção de perfil de franqueados e montar uma equipe de orientação, acompanhamento e supervisão de campo. Além disso, é importante realizar treinamentos constantes com os franqueados. Ele cita o exemplo de empresas que cresceram utilizando o sistema de franquias: O Boticário, Cacau Show, Dudalina e Hering. Segundo ele, as franquias são uma boa maneira de projetar a marca usando o dinheiro de terceiros, além de criar um mercado cativo para receber a produção. É importante também prever no contrato a desqualificação do franqueado quando ele não cumprir as orientações e exigências do franqueador.
A empresa conta com um Centro de Qualidade, onde se concentram os funcionários que atuam no setor de treinamento e supervisão de produtos e atendimento. Grande parte dos alimentos servidos é artesanal, com dois locais de fabricação. Uma, no centro de Curitiba, se encarrega dos molhos, doces, embutidos e pães. O outro centro, que se responsabiliza pelo corte e armazenamento das carnes, fica no município de Balsa Nova, na Grande Curitiba. Na opinião dele, crescer como chef de cozinha também envolve muito mais trabalho do que talento nato. “O que difere um chef de outro é o paladar. Não vejo outra coisa que seja tão determinante quanto o paladar”, diz, acrescentando que desenvolver o paladar requer desenvolvimento e trabalho, como experimentar ingredientes, ir a restaurantes diferentes e não fazer nada que prejudique as papilas gustativas, como fumar. Junior Durski reconhece que nesse ramo é raro ficar apenas criando novos cardápios e desenvolvendo pratos diferentes. “É difícil ser só chef e é difícil ser só empresário”, resume. Sorte dele, que gosta dos dois aspectos da profissão. Ele diz que adora ficar na cozinha e no escritório. “Eu sou muito empreendedor, não posso ver oportunidades que eu quero aproveitar”, comenta.
Saiba mais Associação Brasileira de Bares e Restaurantes: www.abrasel.com.br Gestão de Restaurantes: www.gestaoderestaurantes.com.br
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E é justamente a pouca idade que a paulistana radicada nos Estados Unidos pretende desmistificar no primeiro capítulo do seu livro, “A menina do vale - como o empreendedorismo pode mudar sua vida”, lançado este ano. Para Bel Pesce, não importa idade se a pessoa realmente quer empreender. Ela dá exemplos de empresários bem-sucedidos que começaram seus negócios em diferentes fases da vida, como Ray Croc, que, aos 52 anos, iniciou a expansão da Rede Mc Donald’s; os irmãos Catherine e Dave Cook, que criaram (quando ainda estavam no ensino médio) o aplicativo My Year Book, adquirido depois pela rede social Quepasa por 100 milhões de dólares; ou Jack Arnold Weil, que, em 1946, então com 40 anos, fundou a Rockmount Ranch Wear. A companhia estabeleceu novos padrões de estilo caubói e Jack esteve envolvido com a empresa até o último dia de vida - ele tinha 107 anos quando morreu.
A moça descobriu onde o ex-aluno da universidade americana morava, colocou em uma caixa todos os seus diplomas e certificados que, acreditava, ajudariam no processo e ficou por 20 minutos em frente à porta do homem convencendo-o a ajudá-la. Obviamente, que ele não resistiu aos apelos da jovem. “Naquela hora eu aprendi, nunca desista, tem sempre um jeito”, afirma. A aprovação no MIT, o tempo que passou no campus da conceituada instituição e o trabalho no Vale do Silício serviram de inspiração para uma frase que Bel Pesce faz questão de estampar com destaque na sua página na internet e que lhe serve como um mantra: “Sonhe o impossível. Faça acontecer”. Bel Pesce trabalhou no próprio MIT para pagar a universidade e aproveitou intensamente a vida acadêmica. Conseguiu duas graduações, Engenharia Elétrica e Ciências da Computação, e três diplomas de cursos compactos: Administração, Economia e Matemática. Além de fazer aulas bem inspiradoras e diferentes dos outros estudantes de Engenharia, como Japonês, Coreografia e Música.
Capacitação
Ilustração/Capa do livro "A menina do vale"/Agencia Yeah!
Lições
Duas graduações e três cursos compactos pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), passagens pelo Google e Microsoft e hoje dona da própria empresa, no Vale do Silício, reduto da tecnologia mundial. Bel Pesce, com apenas 24 anos, é dona do currículo invejável.
A importância de ter uma boa equipe é inestimável, as ideias vêm e vão e você pode encontrar dezenas e dezenas de novas ideias em questão de horas
A trajetória de Bel Pesce é surpreendente, principalmente quando se leva em conta a forma inusitada como ingressou no MIT, o principal instituto de tecnologia dos Estados Unidos. Garota de classe média paulistana, apaixonada por Matemática, ganhou bolsa de estudos para fazer o ensino médio em uma boa escola particular de São Paulo. Sonhava em estudar no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) quando descobriu que não era preciso ser cidadão americano para se candidatar a uma vaga no MIT.
Brasileira Bel Pesce revela, em seu livro recém-lançado, como Vale do Silício, nos Estados Unidos, é inspiração para quem quer sucesso Por Adriana De Cunto
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O detalhe é que restavam apenas 20 dias para encerrar o prazo de um processo que demora meses e envolve várias etapas, como entrevista, cartas de recomendação, provas de matérias, redação. A chance era mínima, mas para ela, se há uma probabilidade, mesmo que seja pequena, vale a pena tentar. O ano era 2006 e a menina passou na primeira tentativa, depois de enfrentar situações de forte estresse, como convencer um brasileiro representante do MIT a entrevistá-la mesmo depois de terminado o prazo. 43
Ainda na faculdade, Bel Pesce trabalhou em empresas que fazem parte do sonho de muita gente, a Microsoft e o Google. Essa experiência a ajudou a formatar seu próprio grande sonho: empreender no Vale do Silício, região da Califórnia, Estados Unidos, que reúne empresas com inclinação para inovar em tecnologia. “Eu sou doida por esse lugar. É apaixonante”, resume. Com os diplomas do MIT na mão, ela desistiu de um Mestrado para trabalhar na Ooyala, plataforma de vídeo digital. Depois, aos 23 anos e em sociedade com dois empresários latino-americanos, fundou a empresa Lemon, que produz um aplicativo no telefone celular utilizado para organizar as finanças. Após três meses do lançamento, a Lemon já contava com 1 milhão de usuários. Na Microsoft, a brasileira trabalhou quando tinha apenas 19 anos, fazendo parte do Office Labs, um setor que se dedica a inovações relacionadas à produtividade. Chegou a liderar uma equipe e administrar projetos do começo ao fim. No Google, atuou no setor de pesquisas para inovar os sistemas do Google Translate.
Conquistar um currículo como esse no MIT exigiu grande esforço, pois enquanto um aluno do instituto faz em média quatro matérias por semestre, ela chegou a fazer 13 disciplinas no mesmo período. “Não tenho nada de especial. Só determinação e iniciativa”, justifica.
Após três meses do lançamento, a Lemon, pequena empresa da empreendedora Bel Pesce, já contava com 1 milhão de usuários
Faça acontecer Foi graças a um trabalho no MIT que Bel Pesce descobriu a paixão pelo empreendedorismo. Aos 19 anos, ela participou de uma competição em equipe chamada MIT 100K, concorrendo com um projeto para aumentar a cobertura de telefonia celular na área rural da África. A proposta não ganhou prêmio, mas a moça descobriu como era bom criar um produto, formar e motivar um time e trabalhar duro e com entusiasmo para fazer acontecer. O empreendedorismo não é herança de família, pois o pai é funcionário de uma empresa e a abertura de um próprio negócio não fazia parte das conversas da casa. Embora, hoje, Bel Pesce avalie que a vocação já se manifestava nela desde pequena, quando fazia bijuterias para vender.
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Para Bel Pesce, empreender envolve “trabalhar pesado, se possível com muito amor”. A trajetória de sucesso em tão pouco tempo não tira a humildade da paulistana. “Eu estou construindo a minha história. Preciso aprender muita coisa”, diz. O desejo de transmitir as lições que aprendeu no MIT e no Vale do Silício virou mais um empreendimento, o e-book “A menina do vale - como o empreendedorismo pode mudar sua vida”, disponibilizado gratuitamente pela internet. O livro é mais um exemplo de como a paulistana vê a missão do empreendedor - a criação de produtos que toquem positivamente a vida das pessoas. Com essa obra, ela espera ajudar jovens (ou não tão jovens) a buscar inspiração e soluções para a carreira. Na opinião dela, as lições que o Vale do Silício ensinaram podem ser aplicadas em qualquer lugar do mundo.
Lições valiosas “A menina do vale - como o empreendedorismo pode mudar a sua vida” é dividido em 18 capítulos. Qualquer pessoa pode baixá-lo gratuitamente pela internet acessando o site www.ameninadovale.com.
A Revista Soluções antecipa, a seguir, alguns trechos das lições inspiradoras de Bel Pesce. Acompanhe: 1- Idade “Se você realmente sonha em empreender, a sua idade não importa. O que importa é ser extremamente apaixonado por solucionar problemas e melhorar as vidas das pessoas, e estar disposto a trabalhar arduamente para fazer as coisas acontecerem. O que importa é entender que, às vezes, nem tudo sairá como você espera e estar sempre pronto para aprender e tentar novamente.” 2 - Inspiração “Ao longo da sua vida, ter a quem admirar ajuda a se manter focado nas conquistas que realmente importam. Além disso, pessoas admiráveis em geral mostram horizontes muito amplos e fazem com que você não limite as suas ambições.” “Pessoas que admiro me ajudam a ver que posso e devo sonhar alto. Ao entender o que eu admiro nelas, eu acabo conhecendo-me muito melhor e entendendo o que realmente importa para mim.” 3 - Dificuldades “Começar uma empresa é uma experiência emocionante, mas não é fácil. Constantemente, você estará dormindo pouquíssimas horas, trabalhando intensamente e, ainda assim, as coisas, muitas vezes, não sairão conforme o planejado.”
“Algo que ajuda muito nesses momentos de agonia é simplesmente conversar com outras pessoas (...). Se você pedir opiniões para as pessoas certas, é bem possível que alguém que tenha tido um problema semelhante ao seu e possa ajudá-lo a seguir na direção certa.”
cometem erros são aquelas que não estão correndo riscos suficientes. Como empreendedor, você terá que aprender a lidar com alguns fracassos. Muitos fundadores de sucesso são capazes de aprender rapidamente com os erros. Esta é a chave.”
4 - Equipe
“O networking está no coração do Vale do Silício e é responsável por grande parte do que a região é hoje. Ser bom em conectar pessoas pode ajudá-lo a encontrar um parceiro de negócios, um mentor e um advogado.”
“A importância de ter uma boa equipe é inestimável. As ideias vêm e vão. Você pode encontrar dezenas e dezenas de novas ideias em questão de horas.” “Os membros de sua equipe precisam ser extremamente apaixonados por construir uma empresa.” 5 - Experiência “Recentemente, aprendi que, juntamente com trabalho árduo e paixão, há algo que faz com que você cresça muito mais rapidamente: conselhos pertinentes.” “Vale muito a pena procurar pessoas que passaram por algo semelhante ao que você está vivenciando agora. Encontre-se com essas pessoas, conte a sua história e alguns de seus planos para elas. Peça conselhos. Não tenha medo de mandar e-mails para pessoas que você ainda não conhece pessoalmente. Além disso, certifique-se de manter contato e cuidar muito bem desses seus mentores.” 6 - Erros “Mesmo as pessoas mais trabalhadoras e inteligentes ainda cometem vários erros. Aliás, em geral, as únicas pessoas que não
7 - Networking
8 - Desânimo “O maior risco é aceitar ‘não’ como resposta quando o ‘sim’ é uma possibilidade.” 9 - Zona de conforto “As pessoas geralmente adoram comodidade, o que as faz continuar a viver a vida do mesmo jeito, dia após dia. Muitas pessoas evitam mudanças, e se apegam a seus hábitos diários, sempre fugindo do desconhecido. No entanto, ao fazer isso, elas acabam fechando as portas para aventuras emocionantes.” 10 - Iniciativa “É ótimo conseguir tudo o que os outros esperam de você. Mas é sensacional quando você vai completamente além das expectativas. A melhor maneira de surpreender as pessoas é tendo iniciativa. Não tenha medo de pensar de modo diferente ou iniciar seus próprios projetos. Comece agora, não espere até alguém lhe pedir algo.”
Ilustrações por Agência Yeah! E fazem parte do livro “A menina do vale - como o empreendedorismo pode mudar sua vida”
Saiba mais Acesse: www.belpesce.com/pt/ e www.ameninadovale.com Bel Pesce aconselha alguns livros sobre empreendedorismo: “Perdendo Minha Virgindade”, de Richard Branson, Editora Cultura; e “Se eu soubesse aos 20... - Lições para ser bem-sucedido em qualquer idade”, de Tina Seelig, Editor da Boa Prosa.
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O sócio desistiu do negócio pouco tempo depois. Edinaldo continuou. No início, levava a pequena loja e ainda tinha que trabalhar fora, mas não demorou a dedicar-se apenas aos consertos e vendas de peças de bicicletas, em Colombo, na Grande Curitiba. O resultado foi próspero. A dedicação de Edinaldo à sua loja de bicicletas e o seu esforço empreendedor é tema do episódio-piloto da série de tevê “Plano de Negócios”, da produtora curitibana Arte Nove. Com projeto aprovado pela Lei do Audiovisual da Agência Nacional do Cinema (Ancine), a série está em fase de captação de recursos e vai contemplar 16 histórias de empreendedores paranaenses de baixa renda. Os empreendedores foram escolhidos por uma extensa pesquisa feita pela Aliança Empreendedora, ONG especializada em empreendedorismo de baixa renda. A produtora executiva Manuela Abdo conta que foram entrevistados cerca de 50 empreendedores para escolher os participantes do projeto.
Manuela Abdo, produtora, e Luiz Fernando Gaio, diretor de fotografia
Empreendedorismo
na telinha Série produzida no Paraná, com apoio da Ancine, retratará histórias de empreendedores de baixa renda que apostam nos negócios para sobreviver
Por Katia Michelle Bezerra
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O critério de seleção, além do baixo investimento, era que os empreendedores fossem da periferia e que os negócios estivessem inseridos na comunidade. Assim, histórias como a de Edinaldo, no episódio-piloto “A Bicicletaria de Edinaldo”, ganham corpo, contadas pelos próprios empreendedores em episódios de 12 minutos, dirigidos pela documentarista Bianca Krebs.
série, os projetos selecionados tratam dos nichos de mercado mais variados, desde jardinagem, salão de beleza, até uma pequena fábrica de barra de cereais. Além de revelar como os empreendedores começaram o negócio – e prosperaram com a dedicação ao trabalho -, a ideia é mostrar as soluções criativas que cada empresário encontrou para fazer com o que o negócio desse certo. Edinaldo, por exemplo, personagem principal do piloto da série, nunca havia trabalhado com reparos e peças de bicicleta e precisou da ajuda de amigos para começar a entender do negócio. Ele chegou a pedir um empréstimo para comprar novas peças e investir na loja de bicicletas e fez um planejamento rigoroso para conquistar o retorno no investimento. E conseguiu. O empresário viu na Vila Zumbi dos Palmares, local de Colombo onde montou a bicicletaria, um nicho importante de mercado, já que muitos moradores da região vão trabalhar de bicicleta. Dados sociais e culturais do local de origem do negócio estão contemplados no episódio. E quando a série for ao ar, após a captação de recursos e as parcerias realizadas, também será possível acessar a um site com informações complementares. “A ideia é que essas histórias sirvam de inspiração para outras pessoas. Para mostrar que montar um negócio pode ser difícil, mas não é impossível”, afirma Manuela Abdo.
Experiência O diretor de fotografia e coordenador do projeto Luiz Fernando Gaio ressalta que o processo de escolha dos empreendedores foi uma experiência única. Ele compara as histórias com a própria experiência dos realizadores.
O projeto começou a ser pensado há cerca de dois anos. Formada em Administração de Empresas, a produtora Manuela Abdo lembra que sempre desejou fazer um projeto documental para contar, de forma simples, ações empreendedoras de sucesso.
Sócio da produtora Arte Nove, ele e os parceiros do projeto investiram recursos próprios no episódio-piloto da série antes mesmo do projeto ser aprovado pela Ancine. Agora já estão com várias propostas de patrocínio e uma parceria sendo negociada com a TV Futura.
“São histórias inspiradoras, que mostram a realidade brasileira de pessoas que empreendem por necessidade e não por oportunidade”, salienta.
“É muito importante para ver essas pessoas empreendedoras que, mesmo sem recursos, superam qualquer dificuldade. É um aprendizado para nós, que também somos empreendedores”, diz. Para Manuela Abdo, conhecer as histó-
A proposta é contar as histórias pela ótica dos próprios empreendedores. Na
Comportamento
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Documentário
O paranaense Edinaldo Dias de Souza chegou a Curitiba ainda adolescente para fazer um tratamento de saúde. Gostou da cidade e resolveu não voltar mais para o interior. Começou a trabalhar e logo um amigo o convidou para montar uma bicicletaria.
rias dos empreendedores de baixa renda é uma lição de vida. “Eles foram atrás e fizeram acontecer. É muito inspirador e nosso objetivo com o projeto é justamente inspirar outras pessoas.” As histórias que serão filmadas ainda estão em processo de seleção, mas Manuela Abdo revela que cerca de dez já estão praticamente fechadas. Os episódios ainda não têm data para serem exibidos, mas a E-Paraná (antiga TV Educativa, mantida pelo governo do Estado) já é parceira da veiculação do projeto. A proposta é também expandir a exibição gratuitamente para mais tevês Educativas e redes IFES (TVs Universitárias). O programa será exibido durante um período de quatro meses, sendo um episódio por semana.
Patrocínio Empresas podem patrocinar o projeto da série de tevê “Plano de Negócios” por meio da Lei do Audiovisual e ainda abater o valor do Imposto de Renda. Os patrocinadores poderão ter sua logomarca aplicada na abertura e no final do programa. Os 16 capítulos do programa, de 12 minutos cada, terão exibição inédita e serão reprisados.
Saiba mais Quem quiser saber mais sobre o projeto pode entrar em contato com a produtora executiva Manuela Abdo, através do e-mail manuela@artenove.com.br
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Comportamento
China
O avanço do
‘dragão’ Segunda potência econômica do mundo tem feito lição de casa e mudado perfil de seus empresários e de seus produtos
Por Andréa Bordinhão
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Na China, pequenos empreendimentos também ganharam excelente ambiente para se desenvolver e hoje representam a maior parte das empresas
Voltando alguns milhares de anos e olhando para a história da China, é possível identificar um povo obstinado e adaptável. Após passar por diversas guerras ao longo de centenas de anos, o país perdeu e recuperou diversas partes do seu território, mas manteve sua cultura intacta. Em 1949 os comunistas tomaram o poder, estatizaram as empresas e propriedades rurais. E foi assim, fechados ao mundo, que os chineses viveram até o final da década de 1970. O crescimento econômico começou com Deng Xiaoping, em 1978. A China, que teve sua economia desenvolvida em um terreno socialista, que impunha penas a atitudes capitalistas, mudou de trilhos a partir de 1978. Mesmo com o regime político ainda fechado, é a partir daí que começa a história do ‘dragão’ asiático que conhecemos hoje. Após uma série de reformas econômicas, com fartos subsídios estatais, o país se tornou um grande exportador de produtos de baixo custo e, com a mão de obra barata, atraiu multinacionais. O governo chinês criou um ambiente propício aos negócios. Com a intenção de atender às grandes empresas estrangeiras atraídas ao país, o governo investiu em infraestrutura, energia e matéria-prima. E as multinacionais levaram a tecnologia. Assim, a China ganhou competitividade no mercado internacional, os governantes continuaram a investir e chegamos à China de hoje: a segunda potência econômica do mundo, organizada, competitiva e adaptável às mudanças e exigências globais. O ranking Doing Business, feito todos os anos pela International Finance Corparation (IFT), entidade ligada ao Banco Mundial, mostra a facilidade de se fazer negócios em 183 países. A República Popular da China ficou na 91ª posição neste ranking. Já o Brasil está no 126ª lugar.
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Com o crescimento econômico acelerado da China, os micro e pequenos empreendimentos também ganharam um excelente ambiente para se desenvolver e hoje representam a maior parte das empresas chinesas. “Uma das razões de os empresários chineses chegarem onde estão é a adaptação de se desenvolver com pouco capital”, explica o economista Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da Columbia University e especialista do Instituto Millenium. Além de muitas vezes empreender com pouco capital, Troyjo afirma que uma das grandes lições que o empresário chinês de micro e pequena empresa tem a dar é o “sacrifício”. “Essa palavra quer dizer que a pessoa sofre em nome de algo sagrado. E os chineses veem o trabalho desta forma.” O diretor de Gestão e Produção do Sebrae/PR, Vitor Roberto Tioqueta, que participou do Global Leadership Program, uma iniciativa da entidade que, em maio passado, levou empresários paranaenses à China, voltou da missão entusiasmado com o avanço chinês. “A China não está mais produzindo produtos de baixa qualidade, como muitos empresários brasileiros pensam, mas melhorando a sua produção com alta tecnologia. O país está focado em assumir o primeiro lugar no ranking das economias mundiais”, assinala. E para isso, na avaliação de Tioqueta, as empresas têm o governo como o principal aliado, responsável pelos investimentos em modernização, infraestrutura e tecnologia de ponta. “Houve um planejamento de Estado na China e parte do PIB (Produto Interno Bruto) é revertida na melhoria do país, em estradas, aeroportos, portos inovadores. Há uma convergência rumo a um interesse comum: os chineses querem ser os primeiros do mundo e caminham para isso.” O diretor do Sebrae/PR diz que o país é hoje um grande “canteiro de obras”, que tem melhorado os salários dos trabalhadores e que, a cada ano que passa, consolida ainda mais sua renda média. Para a consultora do Sebrae/PR, Rosângela Angonese, que também integrou o Global Leadership Program à China, como coordenadora do grupo, a questão cultural influencia muito na forma de fazer negócios dos chineses. “Os valores pessoais são transferidos para as empresas. O respeito é um valor muito forte. Eles têm respeito incondicional às hierarquias, aos mais velhos.” Os chineses, lembra a con-
sultora, também demoram para fechar negócios porque têm a necessidade de estabelecer bases de confiança. Outra característica apontada pela consultora é o foco na oportunidade. Segundo Rosângela Angonese, os chineses são muito ágeis em detectar oportunidades. “E eles querem se tornar uma economia global, por isso empreendem mundo afora, em busca de oportunidades de negócios, de investimentos, de parceria e de mercados para seus produtos, e não só regionalmente. Os chineses têm uma visão de longo prazo e muita persistência e comprometimento com a meta futura”, destaca a consultora. Para Vitor Tioqueta, a China é um celeiro de oportunidades para os empreendedores brasileiros. No entanto, segundo ele, é preciso levar em conta todas estas características para se “aprender” a fazer negócios com os chineses. Além disto, explica, quando se quer os chineses como fornecedores, é preciso desenvolvê-los justamente por causa das diferenças culturais. O diretor do Sebrae/PR percebeu durante a missão técnica que os chineses veem os brasileiros como importantes parceiros
comerciais. “Para isso, no entanto, os empresários brasileiros precisam estar atentos a outras questões também como a produção em escala. Tudo o que é vendido na China, é vendido em grandes quantidades. As micro e pequenas empresas, por meio de produção associada, podem suprir essa exigência do mercado chinês”, sugere Tioqueta.
Inovação, qualidade e produtividade Segundo os especialistas, a China está melhorando a qualidade dos seus produtos, inovando e evoluindo muito tecnologicamente. “A China percebeu esta necessidade. Por isso a economia do país está passando por uma mudança de DNA. Isto é, está passando da produção de mercadorias com baixo valor agregado para a fabricação produtos de alta tecnologia. As empresas estão investindo em ciência e tecnologia. Além disso, a mão de obra está cada vez mais qualificada e mais bem remunerada”, afirma Marcos Troyjo.
É um celeiro de oportunidades para os empreendedores brasileiros, que só ganharão o mercado chinês se também produzirem em escala
“A qualidade e o design também já fazem parte dos produtos chineses”, conta a também consultora do Sebrae/PR, Carla Werkhauser, que participou de visita téc-
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Made in China. Obviamente não há quem que não leia esta frase com frequência nos produtos que consome no Brasil e em boa parte do mundo. Para muitos consumidores, no entanto, esta procedência significa falta de qualidade. Porém, o ‘dragão’ asiático, como é conhecido o país, está fazendo a lição de casa e mudando o perfil de seus empresários e de seus produtos. Com a pequena e média empresa consolidada como base da economia, os chineses ainda têm muito a mostrar e a ensinar.
Grupo Global Leadership Program na China
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Números trazidos pela pesquisa A transformação da China em economia orientada à inovação, feita pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), divulgada em agosto de 2011, mostram que desde 1999 o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na China cresce, em média, 20% ao ano. A meta do ‘dragão’ asiático é investir 2,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em P&D até 2020.
Os empresários brasileiros têm que atuar aonde os chineses não chegam, vender para nichos específicos ou para classes mais altas
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O estudo do IEDI lembra que o governo da China vê “o progresso científico e tecnológico como principal meio de obter ganhos substanciais de produtividade e promover o desenvolvimento econômico e social, de forma coordenada e sustentável”. Esta visão está no Programa Nacional de Médio e Longo Prazo para o Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, iniciado em 2006 e que tem o objetivo de transformar a China em uma economia orientada à inovação até 2020. Em números, os principais objetivos deste Programa, que já estão sendo alcançados, são reduzir a dependência nacional de tecnologia estrangeira para menos de 30%, ampliar o gasto do PIB com P&D para 2,5%, elevar a contribuição das atividades de ciência, tecnologia e inovação a 60% do crescimento do PIB e posicionar a China entre os cinco principais países do mundo em número de patentes domésticas e em citação internacional de artigos científicos. Tudo isso até 2020.
com educação subiram de 3,4% do PIB em 2002 para 4% em 2010. Segundo o estudo do IEDI, em 2009, mais de 20,2 milhões de chineses cursavam graduação e 1,3 milhão estavam em cursos de pós-graduação. Em 2010, o governo chinês lançou o Plano de Médio e Longo Prazo de Desenvolvimento de Talentos com o objetivo de elevar o número de pesquisadores a 3,8 milhões até 2020, sendo 40 mil destes cientistas de altíssimo nível em áreas-chave de inovação.
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nica à China em 2011. Na sua avaliação, além de já estarem pagando melhores salários, as empresas também estão remunerando os empregados por produtividade. “E, em muitas empresas, já se encontra certificações ISO. Os chineses perceberam a necessidade de adequação da sua operação industrial aos padrões mundiais”, completa.
Os valores pessoais são transferidos para as empresas e o respeito é muito forte; eles têm obediência incondicional às hierarquias, aos mais velhos
Dados coletados em visita à China por Rosângela Angonese mostram a consequência do investimento em educação. Segundo ela, o custo da mão de obra chinesa está aumentando ano a ano justamente pelo fato de as pessoas estarem se capacitando. Dados obtidos na China pela consultora dão conta que em 1978 o trabalhador industrial chinês ganhava, em média, US$ 50. Em 2009, esse valor médio subiu para US$ 2 mil.
Incentivo governamental É clara a conclusão de que o empresário chinês é tão competitivo porque é empenhado, se adapta às necessidades e às exigências mundiais, busca inovar e investe em tecnologia. No entanto, o governo também tem um papel importante para o desenvolvimento das empresas, em especial das micro e pequenas. Além de investir em infraestrutura e proporcionar um bom ambiente para os negócios, os empreendedores chineses têm financiamento fácil e abundante e uma carga tributária menos pesada. “O principal empresário na China é o Estado, que garante financiamento às empresas. Lá o empreendedorismo se dá de mãos dadas com o Estado e isso traz algumas características específicas ao modelo de negócio chinês”, afirma Marcos Troyjo.
Investimentos em inovação são um fator estratégico para os chineses. “Um mito que caiu por terra depois que estive lá é de que eles só fazem cópias. Isso existe sim. Mas eles investem muito em tecnologia porque sabem que para competir globalmente precisam melhorar seus produtos, agregar valor, e inovar cada vez mais”, conclui Rosângela Angonese.
A carga tributária chinesa imposta aos empresários, segundo os especialistas, é quase metade do que é cobrado no Brasil. “O governo chinês opta por gerar empregos, muitos nas indústrias têxteis e de calçados, pois entende que essas pessoas vão gastar parte dos seus salários localmente e movimentar a economia”, diz a consultora do Sebrae/PR, Carla Werkhauser.
Educação
Competir é difícil, mas possível
Todo aporte feito em pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico também tem reflexo no investimento em educação feito pelos chineses. As despesas
O principal temor, e para muitos um problema real, dos empresários brasileiros em relação à China é a dificuldade de competição com os produtos mais baratos
Marcos Troyjo, economista
produzidos por lá. No entanto, os especialistas argumentam que é possível se adaptar e encontrar nichos de mercado no Brasil aonde os produtos chineses não chegam.
petitividade das nossas indústrias também passa por uma gestão profissional dos recursos, investimentos em tecnologia, pesquisa e redução de custos.”
A consultora do Sebrae/PR, Carla Werkhauser, lembra que os produtos da China são comprados para atender, principalmente, às classes C, D e E, já que a indústria chinesa trabalha com grandes volumes e compete fortemente por preço. “Por outro lado, os empresários brasileiros têm uma boa oportunidade atuando com a diferenciação de produto e co-criação, atendendo nichos específicos e a classe B e parte da classe C. Uma estratégia é agregar valor através do design e produzir em lotes menores, abastecendo o pequeno e médio varejo sempre com novos produtos”, exemplifica.
Experiência ímpar
Carla Werkhauser, que foi à China participar de uma feira da área de vestuário, deu um bom exemplo de nichos de mercado: “os produtos chineses demoram até quatro meses para chegar ao Brasil. Então, eles dificilmente conseguirão copiar uma tendência que é lançada por uma novela, por exemplo”. “O Brasil tem um mercado imenso. Temos que conhecê-lo e saber as ansiedades do nosso consumidor. A com-
O sócio-proprietário da Fiasul, Rainer Zielasko, integrou o grupo que viajou para a China, no Global Leadership Program, do Sebrae/PR. O empresário, que preside a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap), conta que, para os gestores da empresa, com sede em Toledo e no mercado desde 1994, viagens internacionais são sempre enriquecedoras. “Quando eu vi a programação da viagem, onde você tem visitas a empresas e a universidades, com toda uma organização de palestras, fiquei interessado porque a absorção de conhecimento é boa. Eu até posso ir sozinho para a China, mas eu não entraria em uma universidade ou em uma empresa para conversar com um empresário”, observa Rainer Zielasko. Na sua avaliação, o olhar in loco, diante da dinâmica empresarial, e o potencial de consumo do ‘dragão’ asiático se caracterizam como uma fonte promissora de informa-
ções, que ajuda a compreender a China não apenas como uma ameaça para o mercado brasileiro. Para ele, o Brasil perde em competitividade para os chineses em questões relacionadas, por exemplo, à logística. “O país mantém um infraestrutura excelente, com estradas em ótima conservação, portos e grandes aeroportos. Isso contribui na questão da logística da produção, além da carga tributária ser menor. Mas eu posso olhar um copo com água pela metade e dizer que está ou meio cheio ou meio vazio. O que nos anima é pensar que há 500 milhões de chineses querendo gastar. Se a gente quiser bater eles em commodities, vamos perder. Mas, se oferecermos produtos diferenciados, com moda e design, eles vão comprar.” De acordo com Zielasko, é importante que os empresários busquem conhecer outras realidades, para não ficar exclusivamente envolvidos no ambiente do próprio negócio. “Muitos não saem da empresa, e até tem aquele ditado que diz que é o olho do dono que engorda o gado. É preciso acompanhar, mas é preciso sair, também. Conhecer tendências para não ser engolido pelo mercado. Cada vez mais que você fica só na sua ‘caixinha’ é perigoso.” 53
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Grupo Global Leadership Program na China Para o empresário Edenir Zandoná Junior, que há 13 anos preside o Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado do Paraná (Sindifarma), a viagem para a China, no Global Leadership Program, foi uma excelente oportunidade para conhecer o potencial competitivo daquele país. “Eu sempre tive a curiosidade de ver como era o mercado chinês, conhecer as cidades e compreender esse crescimento tão expressivo. Curiosidade de conhecer como eles realizam, por exemplo, a Feira de Cantão (realizada em Guangzhou), que reúne 26 mil empresas em um único local. Achei muito interessante. Eu já visitei outros países, mas essa viagem à China ultrapassou as minhas expectativas”, diz Edenir Zandoná Junior.
Pequenos estão chegando Receosos em um primeiro momento, agora os proprietários de micro e pequenas empresas do Brasil também estão sendo atraídos pelas oportunidades do mercado chinês. “Por uns quatro anos tive vontade de conhecer as empresas chinesas, mas não tinha coragem por causa da distância, da língua, da diferença cultural. Resolvi ir a primeira vez no final do ano passado 54
para visitar algumas fábricas. E já voltei para lá este ano”, conta o proprietário da loja Relopeças, Guilherme Zarpellon. O empresário curitibano, que foi por conta própria, descreve sua primeira ida à China como uma “aventura”, já que descobriu as primeiras fábricas que visitou pela internet. “E este ano voltei para uma feira do setor de bijuterias para descobrir mais fornecedores.” Zarpellon procura, do outro lado do mundo, um fornecedor que desenvolva uma linha exclusiva para a sua empresa como complemento à sua linha nacional de produtos. E garante que voltou com uma ótima impressão dos empresários chineses. “A tecnologia de acabamento, forma e materiais deles está bem à frente”, afirma. Segundo o empresário, desde que respeitada a quantidade mínima de produção exigida pelos chineses, é possível encomendar qualquer produto com o acabamento que se desejar e com um preço bastante atrativo. Além disso, Zarpellon achou os empresários chineses receptivos desde o primeiro contato. “A maioria das empresas que atuam no meu setor é familiar. Mas eles per-
ceberam a importância de falar inglês para se comunicar com os empresários de outras culturas. Eu também percebi uma vontade muito grande de atender bem, agradar, fazer negócios. Isso me parece já ser reflexo da nova educação que a China vem dando à população.” A boa impressão do empresário deve render frutos. Para continuar sua jornada de negócios com o outro lado do mundo, Zarpellon vai fazer um curso de importação para microempresas com o intuito de aprender toda a parte burocrática deste tipo de comércio. “A partir disso, posso começar a fazer pedidos a partir das amostras que recebi dos chineses”, aposta. (Colaborou nesta reportagem o jornalista Leandro Donatti)
Saiba mais Acesse www.apexbrasil.com.br www.iedi.org.br www.imil.org.br migre.me/9tkig
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Unir esses dois grupos em um mesmo espaço, fugindo das reuniões tradicionais e dos ambientes formais, é a proposta de um evento realizado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, desde 2011, e que começa a ganhar visibilidade em grandes centros como São Paulo. O EmpreenDrinks é uma espécie de happy hour que reúne em um mesmo local, empreendedores, investidores, meio acadêmico e startups (empresas iniciantes) para falar sobre um tema ou simplesmente se conhecerem. O evento já está na sua nona edição e seis grandes investimentos já foram realizados a partir dos encontros. O publicitário Guilherme Masseroni, um dos fundadores e organizadores do evento, conta que o encontro tem como objetivo instigar os participantes a fazer novos negócios. “Qualquer pessoa pode participar, mediante inscrição prévia. Mas na hora é que se descobrem quem são os investidores e quem são os empreendedores”, conta.
Happy hour
exclusivo para negócios Evento, lançado em Porto Alegre, estimula empreendedores e investidores a se conhecerem fora de ambientes convencionais de trabalho
Por Katia Michelle Bezerra 56
Inspirado em um modelo norte-americano, o EmpreenDrinks é realizado uma vez por mês em um bar e, claro, como o próprio nome diz, é possível aproveitar o encontro também para descontrair. “Com esse modelo ágil de encontro, é possível ‘vender’ ideias em um ambiente descontraído. As pessoas precisam ser rápidas e, principalmente, focadas”, salienta Masseroni.
Ele ressalta que nesse tipo de encontro, o empreendedor tem que estar preparado para defender suas ideias com objetividade. “Os investidores também estão sendo formados e aprendendo sobre esse mercado, mas, na escala de necessidade, os empreendedores precisam ainda mais dos investidores do que o contrário”, analisa Masseroni. O evento já vai para nona edição, reunindo cerca de 150 pessoas em cada uma delas. “O fato de acontecer em um ambiente informal faz com que as coisas aconteçam de uma maneira mais natural”, defende Masseroni. Para o organizador do evento, quando um empreendedor apresenta um pitching de forma clara e objetiva, a possibilidade de um investidor se sentir atraído pelo negócio é muito maior. “A apresentação de pitching no EmpreenDrinks estimula a evolução dos empreendedores e os treina os para que eles estejam prontos para encarar dois, três, cinco minutos com um investidor”, assinala.
Logomarca do evento
Durante o EmpreenDrinks, cada empreendedor tem alguns minutos para apresentar suas ideias e mais alguns outros minutos para responderem perguntas. Os organizadores, no entanto, estimulam que os participantes passem por todas as mesas para fazer o que é a proposta principal do evento: trocar ideias. Estabelecendo essa primeira relação,
EmpreenDrinks, em Porto Alegre
Foto: Divulgação
EmpreenDrinks
Comportamento
Independente da economia, da cultura e da região em que se vive, no mundo empresarial há sempre uma regra simples: há pessoas com boas ideias e pessoas querendo investir em um bom negócio.
Durante os eventos, os participantes são convidados a fazer seus pitchings. Para esclarecer: o pitching é uma maneira rápida, fácil e dinâmica de convencer alguém de que a ideia que você tem para apresentar é muito boa. “Um dos objetivos do EmpreenDrinks é dar espaço para apresentação de pitching e ‘treinar’ os empreendedores para estarem frente a frente com investidores”, diz o organizador do evento, explicando que o pitching é uma ferramenta fundamental para atrair parceiros, sócios, investidores, clientes e colaboradores para o seu negócio. 57
mais informal, fica mais fácil partir para um “segundo encontro” até a efetivação do negócio. Outra curiosidade do evento é o fato dele ser divulgado nas redes sociais e atrair cada vez mais pessoas por esse meio. O Twitter, o Facebook e outras redes ajudam a expandir a divulgação do evento, que, a cada edição, tem atraído mais participantes, conforme salienta Masseroni.
Qualquer pessoa pode atingir um objetivo, basta querer e estar preparada para a batalha, e esta regra vale também para o empreendedorismo
Rede social A empresária Manoela Barreto, 21 anos, dona da Agência 352 X soube do evento a partir dos seus contatos nas redes sociais. Decidiu participar da primeira edição e, desde então, só faltou a um evento das nove edições já realizadas. “É um evento ótimo para quem está começando. Você pode trocar experiências e também dar a sua opinião sobre os negócios que estão sendo realizados”, conta exemplificando que, ao passar de mesa em mesa para conhecer pessoas e apresentar seu negócio, os participantes acabam indicando possíveis clientes. A empresa de Manoela tem dois anos e, a partir da experiência no evento, ela já está reformulando algumas premissas, incluindo a oferta de serviços. “É bem interessante verificar outros cases e também poder contar a própria experiência para quem está começando também”, revela.
Para ela, ao enxergar a operação de outras startups, há situações que podem ser utilizadas efetivamente no dia a dia da sua própria empresa. Outra questão avaliada pela jovem empresária é o ambiente em que essas apresentações são realizadas. “Faz muita diferença o fato desse evento acontecer em um ambiente informal. Acho que os empreendedores têm menos medo de errar e de expor suas dúvidas”, conclui.
Em busca do novo E para quem quer buscar novas ideias, o evento também é um prato cheio. O consultor internacional para marcas digitais, Ricardo Cappra, é um empreendedor investidor e está sempre em busca de novas propostas de negócio. Em maio, foi convidado para integrar, pela primeira vez, o público do evento. “Eu achei muito bacana. É um método simples de apresentação e que dá muitos resultados”, diz.
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Coworking Startup A Associação Brasileira de Startups (www.abstartups.com.br) define startup como uma empresa de base tecnológica, com um modelo de negócios repetível e escalável, que possui elementos de inovação e trabalha em condições de incerteza. Algumas pessoas defendem que a startup é uma empresa iniciante, com custo baixo de manutenção e com potencial de crescimento.
“Para um investidor, esse tipo de evento é muito importante. É quando o investidor consegue ter ideia do poten-
Como funciona Em um bar, as pessoas convidadas podem apresentar seus pitchings por alguns minutos e responderem às eventuais questões. Posteriormente, as pessoas são estimuladas a conhecer todos os participantes e trocar experiências.
União de um grupo de pessoas que trabalham de forma independente umas das outras, mas compartilham ideias e ideais e dividem o mesmo espaço, trocando experiências.
Tendência
Com esse modelo ágil de encontro, é possível vender ideias em um ambiente descontraído
Pitching Não há uma tradução literal, mas no mundo dos negócios, um pitching é compreendido como a forma como você pode vender a sua ideia para alguém. Há escritores que defendem técnicas de pitching.
cial do negócio e se os empreendedores sabem do que estão falando, ou seja, têm capacidade para levar a ideia adiante”, diz. Para ele, a grande vantagem desse tipo de encontro é unir gente jovem, com boas ideias, mas com pouca experiência de mercado, com pessoas que já acumulam experiência e têm visão de mercado para saber a potencialidade do negócio.
Cappra acredita que esse tipo de evento atrai jovens empreendedores, com muita energia para começar um novo negócio. Ele próprio já se interessou pela ideia de um jovem empreendedor, apresentada durante o evento, mas prefere não dar detalhes até que a negociação esteja concluída.
O que é EmpreenDrinks é um evento mensal realizado em Porto Alegre, que liga empreendedores , startups, meio acadêmico, investidores e entusiastas de startups.
Entenda os termos
Para a socióloga Karla Gobo, coordenadora dos cursos de Ciências Políticas, Relações Internacionais e Gestão do Centro Universitário Internacional Uninter, é cada vez mais natural que as pessoas se encontrem em ambientes informais e que as relações de trabalho saiam do universo do escritório.
Esse movimento, na opinião de Karla, traz vantagens e desvantagens. A vantagem, intrínseca, é aumentar as relações de trabalho, agregar conhecimento e expandir negócios. No entanto, ela alerta, que a divisão entre o trabalho e a vida pessoal fica cada vez menor. “Você nunca sai do ambiente de trabalho e – consequentemente – nunca relaxa.” O desafio é equilibrar essas duas funções e, claro, fomentar a vida profissional sem esquecer que ter uma vida pessoal é imprescindível.
“Dá para perceber esse tipo de movimento, mas é importante salientar que um encontro de empreendedores fora do ambiente formal não quer dizer ausência de burocracia.” Para a socióloga, as tecnologias atuais permitem que as relações de trabalho possam acontecer em qualquer ambiente e é por isso que movimentos como o home office (executivos que trabalham em casa ) e o coworking (executivos de áreas diferentes que trabalham em um mesmo ambiente) são cada vez mais comuns. “O EmpreenDrinks segue essa tendência”, salienta.
Saiba mais Acesse www.abstartups.com.br www.empreendrinks.com.br
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atleta. Foi campeã estadual paulista, tricampeã paulista, tetracampeã brasileira, bicampeã sul-americana e em um campeonato mundial, chegou ao 20º lugar. Viajou várias vezes para os Estados Unidos para cursos com técnicos renomados.
Antes de ceder à tentação de atender ao conselho amigo, é necessário seguir os mesmos passos que a abertura de qualquer negócio exige: planejamento, pesquisa de mercado, análise dos pontos fortes e fracos da concorrência e estudo de viabilidade financeira.
Optar por transformar o hobby em profissão não foi fácil. A mãe de Juliana queria que a jovem, prestes a enfrentar o vestibular, escolhesse a carreira de dentista. A decisão foi tomada após assistir ao Programa Pequenas Empresas, Grandes Negócios, veiculado aos domingos pela manhã em rede nacional, quando a adolescente viu o depoimento de um engenheiro que, insatisfeito com a profissão, resolveu abandonar tudo e fabricar pipas.
“Ninguém se iluda pensando que, porque é um negócio fruto de uma paixão, pode se dar ao luxo de atropelar as práticas de administração e marketing já consagradas para qualquer atividade envolvendo a produção, venda e distribuição de produtos e serviços”, avisa Mario Persona, consultor e professor de Estratégias de Comunicação e Marketing.
Quando o vira
hobby
negócio
Conheça três histórias de quem começou, brincando, negócios que se transformaram em empreendimentos rentáveis
Por Adriana De Cunto
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Persona aconselha o potencial empreendedor a procurar a ajuda especializada de um consultor ou instituição antes de dar primeiro passo. “Ele não precisa reinventar a roda da atividade empresarial, basta aproveitar a experiência dos que a inventaram e a mantêm rodando para poder dedicar seu tempo, esforços e criatividade à roda de sua paixão, o hobby”, afirma. Ganhar a vida com a patinação artística sempre foi o sonho da paulistana Juliana Bicalho Sanches, que, em 1989, levou a modalidade para Londrina, no norte do Paraná. Contrariando todas as probabilidades e conselhos - o esporte era pouco difundido na região -, a ex-atleta começou dando aulas em um clube da cidade para uma turma de 30 pessoas e agora é dona de uma academia, a Dancing Patinação, com picos de 370 alunos matriculados. Ela também começa a expandir o negócio por meio de franquias e a escola extrapolou os muros, atendendo ainda 90 adolescentes em um grande colégio particular da cidade. A patinação entrou cedo na vida de Juliana, ainda criança, na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB) de São Paulo. Ela se destacou como
O programa mostrava que a fabricação do brinquedo foi um sucesso, tanto que o produto era transportado para a Itália. “Se ele podia viver fazendo pipas, por que eu não poderia viver ensinando patinação?”, pensou a moça, que acabou cursando Educação Física e seguiu como professora de patinação na AABB. “Aquele programa de televisão mudou a minha vida”, recorda. Quando se casou e mudou para Londrina, ela não mediu esforços para levar adiante o sonho da escola de patinação. Mesmo intuitivamente, Juliana Bicalho usou técnicas de marketing para chamar a atenção dos londrinenses para o esporte. Ela sabia que o lançamento dos trabalhos tinha que ser em grande estilo e conseguiu que os colegas da AABB de São Paulo fizessem uma grande apresentação no Canadá Country Clube de Londrina. O ingresso era um quilo de alimento não-perecível, que foram doados a uma entidade assistencial.
Tendência
Profissionalização
Muita gente que leva a sério um hobby, em algum momento já foi questionado por que não começar a ganhar dinheiro com a habilidade, na maioria das vezes, desenvolvida desde criança. Mas transformar um hobby em um negócio lucrativo nem sempre é garantia de sucesso.
Ninguém se iluda pensando que, porque é um negócio fruto de uma paixão, pode se dar ao luxo de atropelar as práticas de administração e marketing
A apresentação conquistou o público e, em poucos dias, 70 alunos estavam matriculados para as aulas no clube, onde Juliana trabalhou por seis anos, até que vendeu dois carros, pegou as economias, emprestou dinheiro com familiares, alugou uma casa em um bairro nobre de Londrina e partiu para realizar o sonho da academia. Hoje, a Dancing Patinação tem 14 funcionários e a comunicativa e vibrante proprietária não para de sonhar: com61
Foto: VSI Produções
trabalhado em restaurante e preparado salgados para festas e eventos. Como acontece com a maioria das pessoas que deseja profissionalizar um hobby, a moça usou mais a intuição do que a pesquisa e começou a produzir uma séria de produtos, de marmitas, passando por massas, biscoitos e doces. Segundo a empresária, o desgaste era grande e, muitas vezes, os resultados não compensavam tanto esforço. A variação de alimentos estava tirando a competitividade do Da Mama. Quando percebeu o problema, Janete procurou a consultoria do Sebrae/PR e frequentou alguns cursos que a ajudaram a definir uma área de atuação. “O Da Mama passou a ser um negócio quando eu coloquei um foco na empresa”, afirma. A pequena produção caseira de alimentos se transformou em uma cozinha industrial que atua no ramo de alimentação transportada, ou seja, o Da Mama produz a comida que é servida em restaurantes de 20 empresas de Pato Branco e Região.
Janete Rhoden Zanmaria, empresária
Antigamente, os hobbies que viravam negócio estavam restritos a atividades ligadas a necessidades básicas das pessoas
prou um terreno e pretende construir uma segunda sede. Para o futuro, Juliana tem uma preocupação: conquistar a excelência na qualidade dos serviços prestados. “O desafio é que todos os funcionários falem a mesma língua, comunicando-se bem, querendo fazer sempre o melhor”, avalia. O show de final de ano da Dancing Patinação já faz parte do calendário do município. No ano passado, oito mil pessoas assistiram às apresentações dos alunos da escola. Como no lançamento das aulas, em 1989, o ingresso continua sendo um quilo de alimento não-perecível. Nessa empreitada de 23 anos, desde a mudança para Londrina, Juliana conta que o apoio da família foi essencial. O marido, empresário do setor de alimentos, ajudou na administração da academia e a sogra dá o suporte nos cuidados com o filho de 16 anos da professora. Para quem deseja transformar um hobby em profissão, Juliana lembra que nesse
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negócio também vale a velha operação matemática: 5% inspiração e 95% transpiração. “A gente precisa ter disciplina e traçar metas para um, dois, 15 anos”, afirma. As metas da professora já estão traçadas até quando ela fizer 80 anos e se aposentar da academia. “Quero aprender dança de salão e italiano.”
A hora de mudar Janete Rhoden Zanmaria não sonhava trabalhar com gastronomia, um hobby praticado por ela e pelos irmãos desde criança, incentivados pela mãe, Alindair Rhoden, cozinheira de mão cheia. Ela cursou Pedagogia na cidade onde mora, Pato Branco, no sudoeste do Paraná, mas a experiência na área da Educação não passou do estágio obrigatório. Na hora de pensar em ganhar dinheiro, ela buscou nas tradições da família o know-how para criar, há 11 anos, o Da Mama – Massas e Marmitas. O negócio em família prosperou. Janete tem a irmã como sócia e, na cozinha, conta com a ajuda da mãe, que já havia
Seiscentas pessoas são alimentadas de segunda a sexta-feira pelo Da Mama, hoje com 15 funcionários, sendo uma nutricionista, uma administradora de empresa, três motoristas e dez auxiliares de cozinha. Nos finais de semana, o número cai para cerca de 200. “As empresas têm que se adequar à realidade e buscar um foco.” Mesmo transformando a produção caseira em industrial, Janete fez questão de continuar com uma característica do antigo negócio, mantendo alguns pratos com a receita herdada de dona Alindair. O macarrão, por exemplo, é confeccionado pelas auxiliares de cozinha e não são comprados prontos. “O macarrão é feito da mesma maneira que minha mãe ensinou. A diferença é que a máquina manual foi substituída por uma máquina elétrica.” O Da Mama trabalha de segunda a segunda, pois algumas fábricas mantêm a produção 24 horas por dia. Os funcionários seguem uma escala de final de semana em que a proprietária também faz plantão. Claro que Janete acaba passando por lá mesmo em dias de folga, para dar uma olhada nas panelas. “Cozinhar é o meu hobby”, justifica.
Ateliê de ideias A estilista Lisa Simpson transformou a paixão pela costura em um pequeno negócio. O ateliê da artista, batizado de AGENTE (costura), foi inaugurado há cerca de três anos, no Largo da Ordem, no centro histórico de Curitiba. Nas araras, roupas customizadas que, com suas ideias, renovam velhos modelos. Lisa descobriu na obrigação de frequentar aulas de costura em uma escola no Canadá, onde morou por cerca de dez anos, um talento. “Eu me apaixonei”, lembra. Quando voltou ao Brasil, a inspiração para tornar roupas em peças únicas motivou Lisa, que passou a dar uma ‘cara’ diferente às próprias roupas. “As pessoas pediam as coisas que eu usava. E, de repente, quando eu vi, estava cheia de encomendas”, conta. As palavras que soavam como incentivo para que Lisa transformasse o hobby de costurar em um negócio foram avaliadas pela artista, já que, trabalhando em casa, ela começou a fazer a sua clientela. Para ‘testar’ como o seu trabalho seria recebido pelo público, Lisa transferiu seu ateliê e passou a costurar no mesmo prédio de um café, uma estratégia para divulgar suas ideias para as pessoas que frequentavam o local. Decidida a ter o próprio espaço, Lisa procurou apoio no Sebrae/PR para buscar informações sobre a abertura de uma empresa. Ao andar pelo Largo da Ordem, ela lembra que se encantou pelo ponto comercial. “Eu passei em frente e vi o imóvel para alugar. Eu vi que era um preço que eu podia pagar e ainda tinha a questão da Feirinha do Largo (realizada todo domingo), que reúne muitas pessoas. Eu ainda tenho algumas dificuldades na área de gestão, mas a empresa está andando”, conta.
A internet permite o encontro virtual de comunidades de olho num mesmo tema e possibilita que o hobbista venda seus produtos pelo comércio eletrônico
No ateliê, as pessoas interessadas em customizar uma roupa podem entrar em bater um papo com a empresária e artista Lisa Simpson. “É bom fazer o que a gente gosta e eu estou cheia de encomendas”, diz.
A internet mudou o mercado “Como acontece com qualquer outro produto ou serviço, a pessoa que deseja transformar seu hobby em um negócio precisa ter visão empresarial”, diz o 63
O fato de o hobbista ser um estudioso pode ser uma vantagem se ele souber aproveitar o conhecimento e transformá-lo em valor agregado. “Vimos muitas lojas de informática abrirem e fecharem no início da história da computação, e, em muitas delas, o
Mario Persona, especialista
Foto: : Luiz Costa/La Imagen
As empresas precisam se adequar à realidade e buscar sempre um foco
Mario Persona aconselha ao empreendedor a abrir a mente para receber opiniões, sugestões e críticas de outras pessoas. ‘’É comum o hobbista viver em um mundo à parte dos meros mortais e se considerar um incompreendido ou até um excêntrico. Porém, quando ele decide participar do mercado é bom entender que encontrará aí todos os tipos de pessoas, desde os puristas como ele até aqueles que não terão qualquer respeito por seu hobby, mas pagarão para tê-lo. É o caso do artista que monta sua própria galeria e acaba descobrindo que as pessoas vão até lá, não para comprar sua tão querida arte, mas para encontrar um quadro na cor que combine com o sofá’’, ensina.
Para o consultor, a internet abriu um grande leque de oportunidades para o hobbista que deseja empreender. Antigamente, os hobbies que viravam negócio estavam restritos a atividades ligadas a necessidades básicas das pessoas. É o caso da costureira que decidia transformar sua arte em uma confecção ou o churrasqueiro de final de semana que acabava abrindo um restaurante. Hoje, a rede permite o encontro virtual de uma comunidade de aficcionados pelo mesmo tema e permite que o hobbista venda os seus produtos pelo comércio eletrônico. Para quem deseja se aventurar na internet, Persona alerta que é preciso uma boa estratégia de atendimento, entrega e divulgação.
Foto: Divulgação
consultor e professor Mario Persona. Isso implica em separar a paixão da profissão, condição não muito fácil porque, gostando demais do que faz, o apaixonado tende a acreditar que as outras pessoas também vão gostar e comprar a sua ideia.
Lisa Simpson, empresária
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A pessoa que quer transformar hobby em negócio necessita de visão empresarial
que fez a diferença foi o conhecimento aliado ao tino comercial. O cliente sempre preferia ser atendido por alguém que soubesse explicar como usar seu novo computador, a simplesmente comprá-lo em um supermercado. No início, os computadores não eram nada amigáveis e muitos grandes magazines fizeram tentativas frustradas de entrar nesse mercado, mas faltava aos seus vendedores justamente o know-how que qualquer hobbista possuía”, explica. Porém, o consultor lembra que os clientes jamais saberão que esse conhecimento está disponível se não existir uma estratégia adequada de comunicação. Persona alerta ainda para oportunidades paralelas ao hobby, que podem se tornar atividades mais vantajosas. “É o caso do artista cuja galeria do início acaba se transformando em uma oficina de molduras, ou da estilista de moda, que abre sua confecção de vestidos finos e depois vê suas máquinas e costureiras melhor aproveitadas fabricando bonés para empresas de brindes’’, explica. (Colaborou nesta reportagem a jornalista Giselle Ritzmann Loures)
Saiba mais Livros: Dia de Mudança, Marketing de Gente, Marketing Tutti-Frutti, Gestão de Mudanças em Tempos de Oportunidades, Receitas de Grandes Negócios e Crônicas de uma Internet de Verão, todos do professor Mario Persona. Dicas para pesquisa acesse: www.mariopersona.com.br.
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Foto: Studio Alfa
Transformação
Na Região Metropolitana de Curitiba, a transformação vem da agricultura, com a experiência do biólogo Ricardo Luiz Vieira, que viajou para a China e, de volta para o Brasil, decidiu adaptar para a realidade local um sistema de baixo custo para produzir uma espécie de cogumelo, o shitake, hoje o segundo cogumelo comestível mais consumido no mundo. A ideia é oferecer aos agricultores do município de Almirante Tamandaré uma nova opção de produção e aumentar, assim, a renda da população local.
Maria Felomena Sandri, administradora
Tecnologia
social
Movimento transforma realidades, melhora a qualidade de vida das pessoas, cria empregos, aumenta renda e contribui para o meio ambiente
Por Maigue Gueths
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Em Umuarama, a Associação de Defesa do Meio Ambiente (Adema), capitaneada pela engenheira Maria Felomena Sandri, administra um projeto que tem como objetivo transformar a realidade das obras de construção civil da cidade, um setor conhecido pelo alto grau de geração de resíduos, para “lixo zero” nos canteiros. Para isso, a Adema viabilizou a criação de uma usina de transformação do lixo produzido pelas obras, capacitou todos os operários contra o desperdício e até mudou as leis da cidade.
Também com objetivo de ser uma alternativa de renda sustentável para a comunidade, a Associação MarAberto toca um projeto de cultivo de moluscos mais adequado à realidade dos pescadores da orla paranaense. Em vez de fazer o cultivo em regiões costeiras abrigadas, como é feito normalmente, a maricultura acontece em mar aberto. Com isso, além de beneficiar os pescadores, que têm como cenário de trabalho praias extensas e desabrigadas, o projeto ainda trouxe ganhos para o meio ambiente.
Afinal, o que é Tecnologia Social “Tecnologia social é um produto, um método, uma técnica, um processo criado para solucionar algum tipo de problema social e que atenda aos quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicação, que possa ser reaplicado com facilidade e que tenha um impacto social”, explica Flávio Locatelli, consultor do Sebrae/PR e um dos responsáveis pelo acompanha-
mento no Paraná de 13 instituições, que foram contempladas em 2008, por um edital do Sebrae Nacional, para realizar seus projetos de tecnologia social e de comércio justo.
Associativismo
Tecnologia social? Quem não ouviu falar, vai ouvir. Quando aliada ao empreendedorismo, pode transformar realidades, melhorar a qualidade de vida das pessoas, criar empregos, aumentar renda ou contribuir para o meio ambiente. E é essa transformação que buscam algumas iniciativas em andamento no Paraná.
O site da Fundação Banco do Brasil (FBB), instituição que em 2001 criou o Prêmio FBB de Tecnologia Social, e que hoje detém um enorme banco com essas tecnologias, vai mais além. “É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras”, explica em sua página da internet. Para Locatelli, no entanto, talvez, o maior objetivo de uma tecnologia social seja a disseminação. “O grande objetivo é que ela seja disseminada, multiplicada, que outras comunidades possam copiar a ideia e se beneficiem também. Só aí a tecnologia social vai cumprir o seu papel de melhorar a vida das pessoas, a renda das famílias”, diz. Ou seja, quando se fala que uma tecnologia é social, está subentendido que carrega em seu DNA uma mensagem diferente das tecnologias convencionais, criadas dentro de universidades e centros de pesquisa. “Em geral, a tecnologia social tem a ver com as soluções criadas na interação com a população, em resposta aos problemas que ela enfrenta, levando em conta suas tradições, seus arranjos organizacionais, os saberes locais e o potencial natural da região”, complementa Irene Hoffeider Vioti, consultora credenciada do Sebrae/PR nas áreas de empreendedorismo, sustentabilidade e gestão.
Surge nos anos 1940 a 1950 do século passado, na Índia e República Popular da China, em resposta ao alto custo das tecnologias duras
Diz-se, ainda, que a tecnologia social não se define apenas pelos impactos e resultados que ela produz. Ela é essencialmente um modo de fazer, um modo de produzir conhecimento, que presta atenção em valores como a participação e o aprendizado, a disseminação de informações e do conhecimento entre todas as partes envolvidas, a transformação das pessoas e da realidade social, entre outros aspectos, procurando caminhar para o desenvolvimento socioeconômico sustentável. 67
Dentro desse conceito, talvez o principal exemplo de tecnologia social seja o soro caseiro, mistura de água, açúcar e sal que combate a desidratação e reduz a mortalidade infantil. Não por acaso, segundo a especialista em Desenvolvimento Regional, Marilia Weigert Ennes, consultora credenciada do Sebrae Nacional, grande parte das tecnologias sociais criadas tem relação com o agronegócio. “Isso ocorre porque a demanda é maior nessa área, principalmente quando se fala em agricultura familiar. O pequeno precisa ter ganhos de produção para se manter no mercado. E a tecnologia social dá a possibilidade do próprio usuário fazer a adaptação para a sua realidade, porque ele vai ter domínio do processo que envolve a tecnologia social a ser aplicada, sem precisar buscar investimentos externos”, explica. Como exemplo, ela cita a experiência do Instituto Maytenus, que vem difundindo várias tecnologias sustentáveis junto a agricultores orgânicos da região sudoeste do Estado. Uma dessas tecnologias é um sistema de aquecimento de água via energia solar. “É uma tecnologia muito barata, com uso de garrafas pet, muito simples, que traz economia no uso da energia elétrica e pode ser reaplicada em cima de qualquer casa de agricultor”, diz.
Qualidade de vida Para Irene Vioti, sempre que uma técnica ou processo novo provocam uma melhoria na qualidade de vida ou na produção, como resultado há também um incentivo ao empreendedorismo. “É interessante porque a tecnologia social, quando é disseminada, acaba despertando na cabeça do agricultor, do artesão ou do empresário de microempresa a oportunidade de um negócio. Esse pequeno vê que pode usar uma tecnologia que lhe foi ensinada e, com isso, vai gerar melhorias. É um processo muito bacana.” Retorno social, aliás, é a grande vanta68
gem das tecnologias sociais, segundo Marilia Ennes. “Em geral, elas têm grandes retornos para a sociedade, seja pela apropriação das populações locais dos processos e métodos, pela geração de renda para a população, pelo emprego múltiplo de mão de obra, pela preservação dos meios ambientais, pelo baixo custo ou pela apropriação e adequação pelos próprios usuários em função das especificidades dos recursos locais”, destaca.
Alternativa de renda Consolidar o cultivo de mariscos como alternativa de geração de renda sustentável no litoral do Paraná é o objetivo do projeto “Maricultura em Mar Aberto”, uma iniciativa da Associação MarBrasil, e
A tecnologia social tem a ver com soluções criadas na interação com a população
um dos vencedores do edital do Sebrae para tecnologias sociais. Tendo como parceiros a Universidade do Vale do Itajaí (Univali), o Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Instituto Federal do Paraná (IFPR) e a colônia de pescadores de Pontal do Paraná, o projeto consistia em instalar um sistema de cultivo em mar aberto, um sistema com menor impacto ambiental do que o cultivo em lugares abrigados, como as baías, como é feito normalmente. “É uma iniciativa pioneira do Paraná. Em mar aberto, a água que o molusco filtra é muito mais limpa do que na baía, que sofre com a poluição, como óleo das barcas, por exemplo”, explica o turismólogo André Petick Dias, diretor-executivo da MarBrasil.
Mas o maior objetivo, segundo ele, era mesmo gerar uma nova alternativa de renda para os pescadores, que só têm a pesca para sustento, e ainda gerar novos postos de trabalho. Para isso, os pescadores foram qualificados para fazer a manutenção das estruturas, o manejo do cultivo até a época de colheita. Os resultados, no entanto, ainda não podem ser medidos. Hoje, cinco famílias de pescadores de duas comunidades, das praias de Ipanema e de Shangri-lá trabalham no cultivo dos mariscos, que estão instalados em uma estrutura chamada de longline. Ali os moluscos ficam pendurados em pencas, submersos a 1m50 de profundidade, por todo período de engorda, de cerca de sete meses. A colheita acontecerá no fim do ano, época em que o litoral paranaense tem maior quantidade de veranistas, potenciais consumidores do produto. “Por enquanto, nós só estamos monitorando, analisando esta primeira experiência, para ver se o método é condizente com a realidade das comunidades, se temos algum ajuste para fazer. Será nosso indicador de desempenho, e só depois vamos pensar em reaplicar essa tecnologia”, explica Petick.
de bioconversão de resíduos florestais em alimentos de alto valor agregado. Essa tecnologia, por sua vez, foi amplamente difundida entre os agricultores e outros empreendedores interessados. Aproximadamente 80 pessoas passaram pelos treinamentos. Os blocos fermentados passaram a ser oferecidos aos produtores interessados. O problema, conta, é que houve um interesse muito pequeno da comunidade local, que era o público-alvo inicial. “Por falta de conhecimento sobre o cultivo, medo de ter que correr atrás para conseguir comercializar para valer, a adesão foi pequena”, diz Vieira. Por outro lado, outras pessoas com maior grau de instrução e com mais recursos financeiros se interessaram pela atividade. Hoje, três estufas em três propriedades estão na produção, e geram receitas a partir de vendas em bandejas de 200 gramas de cogumelos frescos em diversas prateleiras. Entre 2009 e 2011, em três anos do projeto, segundo Vieira, foi possível processar cerca de 7,5 toneladas de matéria-prima (biomassa florestal), com produção de aproximada-
mente 400 quilos de cogumelos frescos no período, o que representou um valor agregado de R$ 9 mil em produtos. O desafio maior, agora, é aumentar a produção e as vendas. “O brasileiro não tem o hábito de comer esse tipo de cogumelo, é preciso trabalhar nesse sentido. Outro problema é a concorrência do cogumelo que vem de São Paulo, com preços mais baixos” diz ele, que já traçou uma meta para este ano: aumentar as vendas em 150% para, assim, conseguir manter o cultivo nas propriedades.
Pelo meio ambiente A cadeia produtiva da construção civil consome entre 14% e 50% dos recursos naturais extraídos em todo o planeta, incluindo quantidades de brita, areia, calcário para cimento, argila para cerâmicas, entre outros itens. Para piorar, grande parte desse material vai simplesmente parar em lixões ou é abandonada em terrenos. Basta saber que, no Brasil, os resíduos da construção e demolição representam entre 51% a 70% dos resíduos sólidos urbanos domésticos coletados.
O grande objetivo é que a tecnologia social seja disseminada, multiplicada, que outras comunidades possam copiar a ideia e se beneficiar
Pouca disseminação Enquanto no Litoral são os pescadores que precisam de apoio para melhorar a renda, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, os agricultores são o foco do projeto do Instituto Mycena de Pesquisas Ecológicas, que aplica tecnologias sociais para implantar um sistema de cultivo de cogumelos comestíveis e medicinais. O projeto é uma iniciativa do biólogo Ricardo Luiz Vieira, coordenador do projeto, que, após passar um tempo na China, decidiu experimentar uma técnica usada naquele país à realidade local. O sistema usa como matéria-prima podas e resíduos agroflorestais (encontradas na própria propriedade), que são triturados e misturados com serragem e outros ingredientes. Esse substrato é umedecido e submetido a um tratamento de vapor. É nesse ambiente que nascem os dois tipos de cogumelos cultivados ali: shitake e pleurotus. Para ele, a primeira etapa do projeto atingiu seu objetivo, que foi desenvolver uma tecnologia própria, simples e barata
Marilia Weigert Ennes, especialista
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
“A tecnologia social se vincula, assim, à ampliação da cidadania e à inclusão social, porque possibilita a aprendizagem, a transformação da sociedade, e que os instrumentos de conhecimento sejam apropriados por aqueles que, ao longo da História, não tiveram acesso ao sistema de Ciência e Tecnologia”, reforça Locatelli, do Sebrae/PR.
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Tecnologia social é produto, método, técnica, processo criado para solucionar algum tipo de problema social e que atenda quesitos como simplicidade
Preocupados com os impactos e perigos causados pelo descarte desses resíduos no ambiente, em 2008 a Associação de Defesa ao Meio Ambiente (Adema) e a Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Noroeste do Paraná (Aeanopar) criaram, em Umuarama, a Cooperativa Ambiental de Resíduos da Construção Civil (Coopercon). Coube à cooperativa, então, levar à frente um projeto de tecnologia social, contemplado pelo edital do Sebrae, e que tem como foco central reduzir a zero o lixo gerado pelas obras da cidade. A ideia partiu da engenheira civil Maria Felomena Sandri, então presidente da Adema e da Aeanotar e hoje responsável pela Usina de Reciclagem da Cooperativa, que transforma o lixo coletado nos canteiros. Além das duas entidades e do Sebrae, que juntos aplicaram R$ 180 mil no projeto, a iniciativa também contou com apoio da Prefeitura, que doou o terreno onde a usina foi construída. Em linhas gerais, o projeto prevê que os caçambeiros levem o lixo das obras para a Cooperativa. Ali, é feita a separação dos materiais, já que cada um é reaproveitado de maneira diferente. Depois de 70
moídos, concreto, gesso e outros resíduos serão novamente utilizados como pedra brita, para impermeabilização de estradas rurais ou para a confecção de blocos de concreto, meio fio, tampas de fossa e de tijolos ecológicos. A ideia da Cooperativa é destinar 5% do material produzido para o Programa Casa Fácil, que beneficia famílias com renda até três salários mínimos.
Para as lâmpadas, a Cooperativa agregou uma máquina de reciclagem, com capacidade para triturar 5 mil lâmpadas por mês. O vidro moído é vendido depois a fábricas de cerâmica que usam o produto para vitrificar as peças. Outro viés do projeto foi no sentido de capacitar a mão de obra utilizada nas obras. “Fomos às maiores construtoras da cidade, dando curso para todos os empregados, mostrando a importância de separarem os materiais na obra. Fazendo isso, uma obra pode ficar até 20% mais econômica. Sem falar que a reutilização depois é muito maior”, diz Felomena. Ela afirma, no entanto, que alguns pontos do projeto ainda precisam avançar. “Nós queríamos criar uma cooperativa de economia solidária, mas isso acabou não acontecendo.” O objetivo do projeto era, além de reduzir os impactos ambientais, gerar uma fonte de renda e empregos para os catadores. Hoje, no entanto, quem atua na usina são 20 engenheiros, arquitetos e ambientalistas. Outro problema enfrentado pela Cooperativa é o desvio do lixo gerado nas obras. Dos cerca de dez caçambeiros existentes na cidade, só dois entregam material com frequência à usina e um esporadicamente. Isso acontece, segundo Felomena, porque, no processo de aprovação da legislação sobre o assunto na Câmara Municipal, alguns pontos foram retirados, sem o conhecimento da Associação. Um deles dizia que, para obter o Habite-se do seu empreendimento, a construtora teria que comprovar a destinação dos resíduos gerados na obra. “Sem isso, os caçambeiros preferem vender o lixo para outro lugar do que dar para a cooperativa”, afirma a engenheira. Segundo ela, a situação é agravada em função falta de fiscalização.
Como surgiu Marilia Ennes explica que o princípio dos programas de tecnologia social está alicerçado no espírito de reconstrução da época do pós-guerra. “Associados a essa época, surgem na Europa e em outros continentes a necessidade de soluções que amparem simultaneamente o bem-estar das populações atingidas pelo pós-guerra e a geração de melhores condições de vida. Tal fato se dá naqueles países e nos países asiáticos e Terceiro Mundo, pelo aumento populacional”, explica.
Assim, as tecnologias sociais surgem nos anos 1940 a 1950 do século passado, especialmente em países da Índia e da República Popular da China, em resposta ao alto custo das tecnologias “duras”. Pressionados pelo aumento populacional e diante das crescentes demandas sociais, buscam-se soluções alternativas de produtividade para a produção agrícola, animal e energética. Inicialmente eram chamadas de tecnologia apropriada, numa referência à adequação de métodos e processos justapostos ao saber popular. Essas tecnologias, adequadas ao saber local e com componentes de sustentabilidade, acabaram se propagando aos demais continentes do nosso planeta. Elas desembarcam nas Américas Central e do Sul nos anos 1960 e 1970, em programas de desenvolvimento patrocinados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por alguns outros organismos internacionais de cooperação mútua.
Saiba mais Site da Fundação Banco do Brasil www.fbb.org.br/tecnologiasocial/ Site da Rede de Tecnologia Social www.rts.org.br
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Juraci sente orgulho quando fala do Bom
registrada na vida de Juraci Barbosa So-
Negócio, que tem como objetivo promover
brinho. O presidente da Fomento Paraná
o desenvolvimento econômico local dos
S/A e conselheiro do Sebrae/PR começou
bairros, através da capacitação, consultoria
muito jovem a trabalhar. Com 11 anos, foi
e acompanhamento de empreendedores,
contratado para ser o office-boy da Alian-
fortalecendo as iniciativas que possam re-
ça Francesa, mas foi na década de 1970
sultar na sustentabilidade das empresas e
que pode vivenciar o verdadeiro sentido
na geração de novos negócios.
do ensinar e do empreender.
Bom Negócio está sendo copiado por di-
uma sociedade civil de ação social, cuja ta-
versos municípios brasileiros”, enfatiza.
refa era estimular as igrejas do Paraná e de
Para ele, se a grande massa da economia
Santa Catarina a não só fornecerem roupas
brasileira é formada pelas micro e peque-
e alimentos à população carente, mas que
nas empresas não há como o setor público
promovessem cursos de formação profis-
não apoiar este segmento, acrescenta.
sional visando à colocação dessas pessoas
No Paraná, o Bom Negócio deve atingir 40
dessem, por meio dos conhecimentos obtidos, abrir pequenos negócios.
estimular os empreendedores que bus-
des físicas para viajar, ele o acompanhava.
quem capacitação permanente.” Ainda se-
“Foi nas viagens pelo interior que aprendi
gundo Juraci, o microcrédito para o empre-
como era importante o braço da prefeitura
endedor qualificado tem juro menor.
por chefiar o escritório da Diaconia.
Presidente da Fomento Paraná fala sobre a importância da capacitação empresarial e de programas de apoio aos pequenos negócios
Por Mirian Gasparin 72
dia, Pato Branco e Londrina. “Ao levar esta proposta aos municípios, nosso objetivo é
da.” E nos anos 1975 a 1980 Juraci acabou
como marca registrada
em quatro cidades-pilotos: Palotina, Rolân-
sor da Diaconia, mas como tinha dificulda-
por um negócio para gerar sua própria ren-
Empreendedorismo
municípios este ano. O Programa começou
Jaime Barbosa, o pai de Juraci, era supervi-
no momento em que as pessoas optavam
Juraci Barbosa Sobrinho, presidente da Fomento Paraná
“Diante dos bons resultados alcançados, o
Juraci iniciou suas atividades na Diaconia,
no mercado de trabalho ou então que pu-
Personalidade
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Juraci Barbosa Sobrinho
Capacitar empreendedores é uma marca
Não há como ser um bom empresário, hoje no Brasil, sem conhecer as ferramentas de gestão e sua aplicabilidade
No ano passado, ele assumiu, a convite do governo, a presidência da Fomento Paraná, que é a única instituição financeira (de economia mista) genuinamente do Estado que
Formado em Direito pela Universidade Fe-
tem por objetivo apoiar o desenvolvimento
deral do Paraná (UFPR), Juraci chegou a
econômico e social do Paraná, mediante li-
exercer a advocacia. Seu escritório tinha
nhas de crédito disponibilizadas a toda po-
um bom número de clientes, entre eles,
pulação empreendedora, cujas metodolo-
grandes bancos, mas acabou ingressando
gias de concessões de financiamento
no Estado como advogado, onde atuou
transformaram-na em uma instituição fi-
No primeiro trimestre de 2012, a Fomen-
como assessor jurídico e coordenador jurí-
nanceira com um dos menores graus de
to Paraná possuía R$ 354 milhões de re-
dico de diversas secretarias estaduais.
risco do País.
cursos para financiar os setores público e
No período de 1995 a 1998, presidiu o
Para Juraci, é fundamental ter mecanis-
Instituto Paranaense de Pesos e Medidas
mos para que os empresários de micro e
(Ipem). Em seu currículo consta ainda a
pequenas empresas possam se desenvol-
subchefia da Casa Civil no governo de
ver. Neste sentido, a Fomento Paraná
Somente através do Banco Social foram li-
Jaime Lerner. De 2001 a 2004, foi asses-
tem criado novas linhas de crédito, iden-
berados, entre novembro de 2011 e abril de
sor do então vice-prefeito de Curitiba,
tificado parceiros, concentrado esforços
2012, R$ 6,7 milhões para operações de mi-
Beto Richa, tendo se tornado presidente
em ações que injetam recursos nas eco-
crocrédito no Estado por meio de um con-
da Companhia de Desenvolvimento de
nomias locais e regionais, e reduzido as
vênio com a Caixa Econômica Federal, no
Curitiba (Curitiba S/A), que, depois, se
disparidades entre regiões.
valor total de R$ 10 milhões. O acordo per-
transformou em Agência Curitiba de Desenvolvimento, de 2005 a 2011.
A atuação da Fomento Paraná, como parceira no desenvolvimento econômi-
privado. Em igual período do ano passado, este valor era de R$ 294 milhões, ou seja, R$ 57 milhões a menos.
mite operações de crédito com valores entre R$ 300 e R$ 15 mil, para capital de giro, investimento fixo e investimento misto. A
Em 2005, sob a gestão de Juraci, foi cria-
co com linhas de crédito, encontra-se
do o Programa Bom Negócio, premiado
em destaque a partir das ações de mi-
pela Financiadora de Estudos e Projetos
crocrédito do Programa Banco Social,
Na opinião do presidente da Fomento Para-
(Finep), órgão ligado ao Ministério da Ci-
do crédito e apoio às micro e pequenas
ná, o empresário de microempresa de hoje
ência e Tecnologia, tendo sido posiciona-
empresas através do Programa Banco
está mais preparado para enfrentar o merca-
do como um dos cinco melhores projetos
do Empreendedor e demais linhas de
do e o Sebrae/PR consolidou sua imagem
de desenvolvimento econômico da Amé-
crédito, e por meio do fortalecimento e
como referência. Também as escolas e o acor-
rica do Sul no 10º Fórum Interamericano
expansão dos financiamentos ao setor
dar das universidades para o empreendedo-
da Microempresa, do Banco Interameri-
público em especial as prefeituras muni-
rismo têm contribuído para o surgimento de
cano de Desenvolvimento (BID).
cipais do Estado.
empreendedores mais preparados.
taxa de juro varia de 0,58% a 1,1% ao mês.
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Sebrae/PR
O Paraná foi destaque nacional na sétima edição do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor, criado para promover o desenvolvimento municipal por meio do apoio ao empreendedorismo e às micro e pequenas empresas. O Estado venceu em três das oito categorias do Prêmio às quais concorreu. O anúncio foi em Brasília, em maio. O prefeito de Bom Sucesso do Sul, Elson Munaretto, venceu na categoria Melhor Projeto – Região Sul. A prefeita de Jacarezinho, Valentina Helena de Andrade Toneti, como Melhor Projeto Nacional em Planejamento e Gestão Pública para o Desenvolvimento Sustentável. E o prefeito de Cascavel, Edgar Bueno, como Melhor Projeto Nacional em Formalização de Empreendimentos e apoio ao Empreendedor Individual. Outras cinco iniciativas paranaenses, vencedoras da etapa estadual do Prêmio, divulgada em novembro do ano passado, chegaram à final nacional: Iretama (Promoção do Desenvolvimento Rural); Serranópolis do Iguaçu (Crédito e Capitalização); Lindoeste (Compras Públicas dos Pequenos Negócios Locais); Cambará (Lei Geral Municipal); e Curitiba (Médios e Grandes Municípios).
Sebrae Pocket O Sebrae/PR tem uma novidade para empresários de micro e pequenas empresas do Paraná. É a Coleção Sebrae Pocket, vídeos com miniaulas que contêm dicas e informações sobre finanças, marketing, gestão e recursos humanos, apresentadas de forma simples e direta. Basta os empresários assistirem e aplicarem os conteúdos em suas empresas! No Sebrae Pocket Microempresas, estão disponíveis os títulos “Como identificar se a minha empresa está tendo lucro?”; “Como divulgar a minha empresa no Facebook?”; “Como elaborar um folder para minha empresa?”; “Como obter uma linha de crédito para minha empresa?”; e “Como encontrar funcionários?”. Já no Sebrae Pocket Pequenas Empresas, “Como elaborar o plano orçamentário da minha empresa?”; “Como faço para me tornar um franqueador?”; “Como faço uma pesquisa de satisfação dos clientes que atendo?”; “Como gerar inovação na minha empresa?”; e “Como implantar um modelo de excelência de gestão na minha empresa?”. São temas atuais, que podem fazer a diferença nas empresas! O Sebrae/PR informa que o número de DVDs em estoque é limitado. Mais informações, ligue para 0800 570 0800 ou acesse o site do Sebrae/PR no www.sebraepr.com.br.
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Giro pelo Paraná
Prefeito empreendedor
Mulher de negócios
Celebração Em 2012, o Sistema Sebrae completa 40 anos de serviço. Para marcar a trajetória, o Sebrae/PR realiza em 5 de outubro, no Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa, evento, no Castelo do Batel, na Capital. A ideia é fazer um balanço, para a sociedade, do apoio prestado ao empreendedorismo e às micro e pequenas empresas, geradores de emprego e de renda.
Ainda dá tempo para inscrever-se no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, que seleciona e premia relatos de vida de mulheres empreendedoras. O objetivo do Prêmio é reconhecer histórias de mulheres donas de negócios, integrantes ou presidentes de associações ou cooperativas e empreendedoras individuais, que transformaram sonhos em realidade. Para saber mais, acesse agora o www.mulherdenegocios.sebrae.com.br. As inscrições vão até 31 de agosto.
Emilia-Romagna Empresários e lideranças empresariais da Região da Emilia-Romagna cumpriram no final de maio agenda oficial no Paraná. Eles integraram a maior missão internacional italiana já realizada no Brasil e que reuniu representantes de 15 regiões e 250 empresas italianas, em diversas cidades do País, dentre as quais Curitiba. A comitiva italiana, comandada pelo secretário das Atividades Produtivas da Emilia-Romagna, Gian Carlo Muzzarelli, esteve na sede do Sebrae/PR, na Capital. O grupo participou de uma reunião técnica com conselheiros da entidade, integrantes da Diretoria Executiva e gestores de projetos de cooperação desenvolvidos entre o Sebrae/PR e a região italiana, desde julho de 2008, quando da instalação de um escritório de representação da Região Emilia-Romagna no Paraná. Na avaliação de Muzzarelli, os quatro anos que marcam o início dos projetos realizados em conjunto com o Sebrae/PR e a Região da Emilia-Romagna são positivos. O diretor de Operações do Sebrae/PR, Julio Cezar Agostini, fez um balanço do processo de cooperação entre a entidade e a Região da Emilia-Romagna, nos seis eixos temáticos em atuação: agronegócio, Tecnologia da Informação (TI) e vestuário, desenvolvimento de lideranças cooperativistas, consolidação de Sociedades de Garantia de Crédito e criação de um Sistema de Inovação.
Microcrédito Um convênio assinado entre representantes da Caixa Econômica Federal e do Sebrae/PR tem mudado a realidade de empreendedores de micro e pequeno porte em quase 80 municípios do Estado. A parceria faz com que empresários formais e informais tenham acesso aos recursos do Microcrédito Produtivo Orientado – Programa Crescer. Nessa modalidade, entre janeiro e maio de 2012, cerca de 1 mil operações de crédito foram realizadas por meio da Caixa, no Paraná. O volume de recursos tomados ficou em R$ 10,5 milhões. A expectativa da Caixa é que, até o final deste ano, sejam realizadas no Estado 3 mil operações. O empreendedor que necessitar tomar recursos para ampliar os negócios será atendido por um agente de crédito da Caixa que fará o trâmite legal da operação. O tomador de recursos do Programa receberá uma cartilha de finanças autoexplicativa, elaborada pelo Sebrae, que traz informações sobre controles financeiros, margem de lucro, controle de caixa, de estoque e de resultados, contas a pagar e a receber, inclusive com modelos de planilhas que poderão ser utilizadas em qualquer tipo de negócio. Após a realização da operação, o Sebrae/PR fará contato para esclarecer dúvidas sobre gestão financeira e colocará outras soluções empresariais à disposição. Além da Caixa, o Sebrae/PR também mantém um convênio com o Banco do Brasil, outra instituição credenciada a operacionalizar o Crescer no Paraná, no qual também realiza orientação aos empreendedores que tomam empréstimos
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Artigo
Lições Cafés especiais
Missões do varejo O Sebrae/PR e o Sistema Fecomércio/PR realizam três missões técnicas focadas no comércio, neste segundo semestre, para Nova York, São Paulo e Curitiba. As viagens são uma oportunidade para gestores de lojas paranaenses conhecerem, na prática, modelos de gestão empresarial. A primeira missão é para Nova York, de 25 de agosto a 3 de setembro. De 23 a 26 de setembro, o destino será a capital do Paraná e, fechando a programação, as entidades realizam a missão para São Paulo, de 21 a 24 de outubro. Nas viagens, os participantes conhecerão exemplos de modelos utilizados pelo comércio, como a fidelização de clientes; capacitação e avaliação da equipe, serviços agregados que valorizam o negócio; estratégia da experimentação, na qual o cliente pode sentir o produto ou serviço oferecido; layout diferenciado; constante monitoramento de resultados; posicionamento e definição clara do negócio, o que diferencia a empresa no mercado, entre outras. Todas as visitas serão acompanhadas por consultores do Sebrae/PR, especialistas em varejo, e contam, também, com a realização de workshops diários. Para saber mais sobre as missões, os empresários devem entrar em contato com o Sebrae/PR, no 0800 570 0800, ou acessar www.sebraepr.com.br/varejo. 76
No Dia Nacional do Café, celebrado em 24 de maio, os produtores de cafés especiais do Norte Pioneiro do Paraná receberam a notícia de que a região conquistou a Indicação Geográfica de Procedência (I.G.P.), conferida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A certificação garante a origem, os processos de produção e algumas características sensoriais dos cafés do Norte Pioneiro. Além dos paranaenses, apenas outras duas regiões brasileiras, localizadas em Minas Gerais, apresentam o registro oficial. O trabalho para a obtenção da I.G.P. iniciou em 2008 e confere maior visibilidade para a produção paranaense. A conquista mostra o sucesso de um trabalho coletivo. Ao ser reconhecido oficialmente, o café da região passa a servir de referência, como o que acontece com o presunto de Parma, com os vinhos de Bordeaux e Borgonha. A certificação beneficiará 7,5 mil cafeicultores e suas famílias, espalhados por 45 municípios do Norte Pioneiro e responsáveis pela produção de 1,3 milhão de sacas beneficiadas por ano, o que corresponde em média a 50% da produção paranaense de café.
Desafio Sebrae Aproximadamente 13 mil estudantes universitários do Paraná inscreveram-se no Desafio Sebrae, edição 2012. Eles vão administrar virtualmente, nos próximos meses, as diversas fases de um empreendimento, desde vendas até a diversificação de produtos do segmento de frutas tropicais. O Paraná foi o segundo estado em número de inscritos, atrás de São Paulo, que registrou 16.380 inscrições dentre uma população universitária seis vezes superior à paranaense. O centro-sul do Estado registrou 3.127 inscrições. Seguido do norte, com 3.220; noroeste, com 3.145; oeste, com 2.471; e sudoeste, com 964. No Brasil, a edição 2012 do Desafio Sebrae recebeu 153.027 inscritos. Com isso, o maior game empresarial para universitários do País ultrapassa a marca de 1 milhão de participantes desde que foi criado, em 2000. Durante o jogo, os universitários terão que contratar empregados, gerenciar lojas, definir preços e comercializar os artigos.
do Oriente Por Allan Marcelo de Campos Costa
Escrevo o artigo desta edição da Revista Soluções a bordo de um Shinkansen, o trem bala japonês que, neste caso, faz o percurso entre Tóquio e Hamamatsu, para onde me desloco, a fim de costurar uma parceria entre o banco japonês Iwata Shinkin Bank e o Sebrae/PR, com o intuito de viabilizar investimentos de empresas japonesas no estado do Paraná. Durante os dias em que estive no Japão, investi tempo em observar costumes e hábitos da cultura local que pudessem, de alguma forma, gerar reflexões interessantes para os nossos pequenos negócios no Brasil. Dentre vários aprendizados, destaco alguns que me chamaram a atenção de forma especial.
Valorização da cultura e tradição O ambiente empresarial japonês e a cultura do país em si são permeados pelos valores milenares herdados dos antepassados e até hoje cultivados com respeito e atenção. Não conheci em nenhum outro lugar um ambiente que seja mais repleto de rituais do que o das empresas japonesas. Estes rituais
se iniciam pela troca de cartões de visita, cercada de reverências e protocolos; passam pela atenção com a hierarquia e o respeito às figuras de mais alta patente presentes em cada ambiente; e chegam ao cuidado com o lugar onde os visitantes estarão sentados na sala de reunião (jamais de costas para a porta, por exemplo, num costume herdado do tempo dos samurais em que estes assentos eram os mais vulneráveis ao ataque de inimigos, por exemplo).
Atenção aos detalhes A obsessão com os detalhes é levada ao extremo pelos japoneses, e se faz perceber em tudo, principalmente, naquilo que os olhos não veem. A impressão que se tem é que o mesmo cuidado que é dedicado àquilo que está aparente é colocado naquilo que está escondido ou fora do primeiro plano. Se uma mesa é revestida por um material especial do lado de cima, ela também o será pelo lado de baixo (quem nunca presenciou uma mulher desfiar a meia calça raspando a perna embaixo da mesa de um restaurante no Brasil?). Os fios e conexões que
Em um mundo cada vez mais padronizado, são os detalhes que fazem a diferença
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Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
O ambiente empresarial japonês e a cultura do país são permeados pelos valores milenares, herdados dos antepassados e até hoje cultivados com respeito e atenção Allan Marcelo de Campos Costa
ficam ocultos por trás de uma construção são instalados com o mesmo esmero e precisão dedicados a afixar o que está aparente. Não há “sujeira embaixo do tapete” e, pelo que pude perceber, tudo está relacionado com uma questão de respeito e responsabilidade em se fazer o trabalho bem feito.
Espírito de servir Ao desembarcar em Narita e embarcar no ônibus que faria o trajeto entre o aeroporto e a cidade, observei que, após o embarque dos passageiros, uma moça com o uniforme da empresa de transportes embarcou, parou no corredor de embarque de frente para os passageiros, falou algumas palavras e fez um gesto de reverência, antes de desembarcar para que o ônibus seguisse o seu trajeto. Descobri que a função daquela simpática senhorita nada mais é do que transmitir aos clientes o agradecimento pelo privilégio que representa para a empresa que eles a tenham escolhido para fazer seu trajeto do aeroporto até o centro da cidade. A partir daí, todos os contatos com funcionários encarregados do trato com os clientes foram uma sucessão de bons momentos. Sorriso permanente no rosto, reverências constantes, vontade e disposi78
ção de ajudar. Ao perguntar a uma mensageira na recepção do hotel onde era o local do café da manhã, ela fez questão não apenas de me apontar o caminho, mas de me conduzir pessoalmente até o restaurante e de me deixar aos cuidados da funcionária responsável por mostrar a mesa que eu deveria ocupar. Este tipo de postura faz com que o cliente se sinta verdadeiramente especial. Esses três exemplos ilustram aspectos nos quais nossas empresas têm muito a aprender com nossos amigos do Oriente. No caso do respeito à cultura e à tradição, precisamos compreender que toda empresa possui na sua essência uma história que não vai desaparecer jamais e que a compreensão e valorização desta história e da cultura decorrente em vigência na empresa podem se transformar em fatores-chave de sucesso, uma vez que esta é a única coisa que não pode, de forma alguma, ser copiada pelos concorrentes. No que tange à atenção aos detalhes, é importante que nossos pequenos negócios desenvolvam a consciência de que a velha máxima de que “o que os olhos não veem o coração não sente” não se sustenta mais. Em um mundo cada vez mais padronizado, são os detalhes que fazem a diferença.
é diretor-superintendente do Sebrae/PR. Formado no Programa de Gestão Avançada pela Harvard Business School, nos Estados Unidos, é mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e pela Universidade de Lancaster, na Inglaterra. Cursou o Programa de Desenvolvimento de Dirigentes Empresariais do INSEAD, França, é coautor do livro “Electronic Business in Developing Countries”, e possui artigos publicados no Brasil, Chile, África do Sul, Reino Unido, Holanda, Canadá, Hungria e Eslovênia. Já foi secretário de Estado do Planejamento e Coordenação Geral do Paraná.
E, finalmente, o autêntico espírito de servir traz a reboque a capacidade de fazer com que nossos clientes se sintam verdadeiramente especiais. Ao se sentirem especiais, esses clientes seguramente se transformarão em evangelizadores da nossa marca, dos nossos produtos e da nossa empresa. No frigir dos ovos, são aspectos como estes que diferenciam as empresas vencedoras do resto.
REGIONAL SUDOESTE Pato Branco Avenida Tupi, 333 - Bairro Bortot – CEP: 85.504-000 Fone: (46) 3220-1250 – Fax: (46) 3220-1251
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