Revista Soluções - Edição 18

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Editorial

A verdade acima de tudo Quando o sucesso vira um ‘problema’ é o tema de capa desta edição da Revista Soluções. Até situações positivas, como uma demanda acima da esperada, podem se transformar em uma dor de cabeça. Como lidar com a situação é um desafio para empresários até mais experientes. O caso Cold Stone, que você leitor acompanhará nas próximas páginas, traz lições importantes. O ‘braço’ da rede americana de sorvetes no Brasil teve que fechar as portas, por duas semanas, em pleno verão, por não dispor da sua principal matéria-prima. A procura pelo sorvete foi um sucesso, mas a sua falta acabou se tornando um problema. O principal ensinamento, segundo contam os próprios empresários, que sentiram na pele a crise, é que contar a verdade para os clientes foi a mais acertada atitude a ser tomada naquele momento. Em vez de enfraquecer, acabou fortalecendo a marca. Nesta edição, você confere ainda outras reportagens sobre temas como crowdsourcing, um modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos coletivos e voluntários, geralmente espalhados pela internet, para resolver problemas, criar conteúdos e soluções ou desenvolver novas tecnologias. Uma tendência também ao alcance dos empresários de micro e pequenas empresas. Não perca ainda as reportagens sobre business design, m-commerce e feedback. O uso do design em estratégia empresarial, de tablets e smartphones para potencializar as vendas e de sistemas que permitem que os líderes ou gestores avaliem o comportamento de seus colaboradores são questões do momento. Assim como a inteligência competitiva, que ganha cada vez mais espaço de destaque junto aos pequenos negócios. A entrevista desta edição é com Rui Hess de Souza, diretor de varejo da Dudalina. Ele deixa um recado para as micro e pequenas empresas, que encontrem condições de profissionalização para crescer no mercado. O melhor caminho, no seu entendimento, é o da legalidade, fazer as coisas certas e da forma correta. O ideal é criar condições e um ambiente para valorizar as pessoas dentro da empresa. Esse conjunto de ações, diz Rui Hess de Souza, acaba custando mais caro, mas é o que traz melhores resultados para as empresas. A eleição realizada pelo Conselho Deliberativo e a posse da nova Diretoria do Sebrae/PR, que tem como desafio pensar no futuro da organização para os próximos dez anos; os 20 anos de Empretec no Brasil; e os resultados da Feira do Empreendedor 2013 – Paraná, o maior evento de empreendedorismo do Estado, também estão em pauta.

Boa leitura! Leandro Donatti, o editor

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Índice Conselho Deliberativo Modelo de gestão compartilhada, o Conselho Deliberativo do Sebrae/PR é formado por representantes de segmentos do setor produtivo, de instituições de crédito e poder público. Funciona como uma assembleia geral, soberana, que representa a tomada de decisões de forma democrática. Ao todo, são 13 entidades que têm assento no Conselho Deliberativo do Sebrae/PR.

João Paulo Koslovski Presidente do Conselho Deliberativo

Agência de Fomento do Paraná S/A (FOMENTO PARANÁ) Juraci Barbosa Sobrinho – titular Alexandre Teixeira – suplente

Banco do Brasil José Roberto Sardelari – titular Joares Angelo Scisleski – suplente

Caixa Econômica Federal Fabio Carnelos – titular Enilson Araújo – suplente

Centro de Integração de Tecnologia do Paraná (CITPAR) Luiz Carlos Baeta Vieira – titular Rubens Maluf Dabul – suplente

Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) Ágide Meneguette – titular Carlos Augusto Cavalcanti Albuquerque – suplente

Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (FACIAP)

Conselho Fiscal

Jefferson Nogaroli – titular Rainer Zielasko – suplente

João Luiz Rodrigues Biscaia – FAEP (presidente do Conselho Fiscal)

Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas do Paraná (FAMPEPAR)

Dalton Celeste Rasêra – FAEP Suplente

Ercílio Santinoni – titular Jonas Bertão – suplente

Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) Edson Campagnolo – titular Evaldo Kosters – suplente

Federação do Comércio do Paraná (FECOMÉRCIO) Darci Piana – titular Ari Faria Bittencourt – suplente

Capa - Pág. 12

José Georgevan Gomes de Araújo – FIEP Titular Paulo Roberto Munhoz – FIEP Suplente Umberto Marineu Basso Filho – FECOMÉRCIO Titular Alberto Franco Samways – FECOMÉRCIO Suplente

Quando o sucesso vira um ‘problema’ O que fazer para superar obstáculos inesperados nos negócios e qual a melhor maneira de aprender com os próprios erros

SEBRAE Nacional

Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul (SEIM)

Diretoria Executiva

Ricardo José Magalhães Barros – titular Horácio Monteschio – suplente

Vitor Roberto Tioqueta Diretor Superintendente

Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (OCEPAR)

Julio Cezar Agostini Diretor de Operações

João Paulo Koslovski – titular Nelson Costa – suplente

José Gava Neto Diretor de Gestão e Produção

Universidade Federal do Paraná (UFPR) Zaki Akel Sobrinho – titular Joel Souza e Silva – suplente

sebrae@pr.sebrae.com.br http://asn.sebraepr.com.br

Coordenação Renata Todescato Gerente de Marketing

Críticas e comentários, mande um e-mail para revistasolucoes@pr.sebrae.com.br

Edição/Jornalista Responsável Leandro Donatti Registro Profissional – 2874/11/57-PR

Anuncie na Revista Soluções: publicidade.revistasolucoes@pr.sebrae.com.br Impressão Artes Gráficas Renascer Ltda. (Mult-graphic)

Fotos: Cristiane Shinde, Luiz Costa e Rodolfo Buhrer.

PÁG.

Sebrae/PR tem novos diretores executivos

PÁG.

30

Comportamento empreendedor

22

Tendência

Entrevista Design estratégico para negócios

Design Gráfico e Diagramação Ingrupo//chp Propaganda Periodicidade Trimestral Tiragem 20 mil exemplares ISSN 1984-7343

PÁG.

PÁG.

34

‘Multidão’ que faz a diferença

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46

Descisão ‘inteligente’

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Empresas buscam ‘proteção cambial’ Comportamento

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Serviço

Pág. 8

Amor à ‘camisa’

Mobilidade a favor das vendas

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50

Comportamento Empreendedorismo vira mercado editorial

PÁG.

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66

PÁG.

58

Além do ‘horizonte’

Mercado Detalhes que fazem a diferença

Artigos

Feiras e eventos PÁG.

Eloi Zanetti - Pág. 73 ... mas na primeira oportunidade darão o merecido troco...

Um ‘brinde’ ao sucesso

PÁG.

Sucesso de público (e crítica)

74 Personalidade

Allan Costa - Pág. 84 .. o lado bonito desse processo é que o fim...

70

Associativismo

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78

Empreendedorismo na universidade

Giro pelo Paraná PÁG.

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Elizabeth Soares de Holanda - titular Joana Bona Pereira – suplente

Expediente da Revista Soluções

Adriana Schiavon Gonçalves Especialista em Marketing Reportagens: Adriana Bonn, Adriana De Cunto, Andréa Bordinhão, Flora Guedes, Katia Michelle Bezerra, Leandro Donatti, Maigue Gueths e Mirian Gasparin.

PÁG.

Capacitação “Amor-verdade”

Rui Hess de Souza, diretor de varejo da Dudalina, resgata história de empresa catarinense, e diz que o empreendedorismo passa por sentimentos, como amor, paixão e laços familiares

Ammanda Macedo Especialista em Marketing

Sebrae/PR

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Linha direta com o leitor

Cartas

Radar da pequena empresa

Um ‘jogo rápido‘ sobre os pequenos negócios.

Revista Soluções – www.solucoessebrae.com.br

Gosto muito das dicas e oportunidades nas matérias da Revista Soluções. São temas atuais e objetivos que nos ajudam a ter ideias e encontram soluções para problemas que em algum momento do seu negócio acaba enfrentando. Para mim, especiais são reportagens com depoimentos de empreendedores que contam como começaram uma nova ideia, os desafios e as superações, verdadeiros heróis e com certeza inspiram muito. Luciana Bechara – empresária – Curitiba/PR

Parabéns por todas as matérias. Confesso que sempre que leio revistas com a mesma temática, sobre negócios, empreendedorismo, mercados, clientes, etc, leio somente algumas matérias. Mas esta edição

A décima sétima edição da Revista Soluções teve como tema de capa a nova classe média empreendedora. Segundo a reportagem em destaque, mais da metade dos empreendedores brasileiros está na Classe C.

(nº 17) li todas na íntegra. Textos limpos e fáceis de ler... sem uso de jargões corporativos, expressões estrangeiradas como se fosse uma tese de Doutorado. Isso sem contar a qualidade gráfica, papel, fontes e

Crédito

Acumulado

Lei Geral

Depois de dois meses consecutivos de expansão, a procura das empresas por crédito recuou 4,2% em maio, diz a Serasa Experian. Na comparação com maio de 2012, a demanda caiu 9,0% e, no acumulado dos primeiros cinco meses de 2013, a procura reduziu em 5,8%. O feriado prolongado de Corpus Christi e as incertezas quanto à recuperação da atividade econômica doméstica afetaram negativamente a demanda.

O recuo da demanda das empresas por crédito concentrou-se nas micro e pequenas empresas, com queda de 4,4% sobre o resultado de abril. Nas médias empresas, a queda foi de 2,6%. Somente as grandes empresas (alta de 1,4%) expandiram a sua demanda por crédito em maio. No acumulado do ano, os pequenos negócios continuam liderando a queda na procura por crédito: variação de -6,8% frente ao mesmo período do ano passado.

O Paraná deve estadualizar, ainda em 2013, o Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, conhecido como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. O projeto, que tem como objetivo a criação de uma legislação estadual em favor dos pequenos negócios, caminha para ser lei até o final do ano. A expectativa é de representantes do Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Paraná.

Ambiente

Frente

Equilíbrio

O Fórum Permanente, que ‘costura’ a proposta, reuniu-se no final de junho, em Curitiba, para ajustar detalhes do texto, e o projeto, antes de virar lei, passará pela apreciação da Assembleia Legislativa. O texto da futura legislação prevê a criação de um ambiente favorável para negócios, com mais acesso ao crédito, abertura e fechamento de empresas mais ágeis, incentivos fiscais e novos nichos de mercado, como o de compras públicas.

A Assembleia Legislativa aprovou a criação da Frente Parlamentar de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Paraná. A Frente vai formular políticas de estímulo ao empreendedorismo; ajudar no fortalecimento, expansão e formalização de micro e pequenas empresas; apoiará programas de competitividade e inovação; e fará o encaminhamento de propostas em favor dos pequenos negócios ao governo e órgãos públicos.

A relação homem-mulher, quando o assunto é empreendedorismo em sua fase inicial, é equilibrada. Praticamente a metade dos empreendedores brasileiros com até três anos e meio de atividade é formada por homens e a outra, por mulheres. É o que diz a Pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor). A sondagem mostra que 65% dos empreendimentos entre as mulheres nasceram de uma oportunidade de mercado. Em 2002, eram 39%.

Crescimento

Avanço

Marca

Outro estudo, divulgado em maio pelo Sebrae Nacional - “As Mulheres Empreendedoras no Brasil” - mostra outro dado interessante: o crescimento no número de mulheres à frente de empreendimentos, independente do seu tempo de existência. Elas ocupam 31% dos empreendimentos no Brasil, enquanto que os homens os outros 69%. O Paraná está na média nacional, ou seja, 30% de seus empreendedores são do sexo feminino.

Entre 2001 e 2011, o número de mulheres donas do próprio negócio aumentou 21%, o equivalente a mais que o dobro do crescimento verificado entre os homens. O estudo do Sebrae Nacional mostra ainda que as empresárias brasileiras estão mais escolarizadas, têm mais acesso às informações e ousam empreender em atividades, há pouco mais de dez anos, predominantemente masculinas. É um movimento que não tem mais volta.

O Brasil bateu em junho a marca de 3 milhões de microempreendedores individuais (com faturamento bruto anual de até R$ 60 mil). O Paraná está entre os estados com o maior número de empreendedores que aderiram à categoria, em vigor desde 2009, com quase 165 mil, atrás de São Paulo; Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. Os dados estão no Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br).

fotos... 100%. Mais uma vez parabéns. William Cesar Rachinski – gerente comercial – Curitiba/PR

Ameiiiii a edição nº17 da Revista Soluções e fiquei mais feliz ainda pelo prazo de entrega da mesma, parabéns! Elidiane Nascimento – estudante - Sobral/CE

Gostaria de parabenizar o Sebrae/PR pela Revista Soluções. Surpreendo-me positivamente a cada edição, além de conteúdo, a apresentação gráfica é excelente e inspira a leitura das matérias. Frequentemente quando estou querendo informações sobre algum assunto relacionado à gestão da minha empresa, vou dar uma olhada nas edições anteriores e, muitas vezes, encontro o que preciso. Um exemplo disso foi o artigo sobre como as pequenas empresas devem atuar no Facebook que encontrei na última edição. Estou iniciando o trabalho nas redes sociais e as dicas que encontrei ali me ajudaram muito a dar os primeiros passos, atuando como empresa, nesta ferramenta. Continuem assim! Erlon Labatut – empresário – Curitiba/PR Uma coisa muito interessante na Revista Soluções é a abordagem, de fácil compreensão, de temas que nem sempre são simples. Gostei bastante da matéria que falou sobre o poder da marca nas empre-

Queremos sua opinião

sas, com dicas de especialistas e experiências contadas pelos próprios empresários. Marcos Pereira – empresário – Curitiba/PR

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revistasolucoes@pr.sebrae.com.br

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tas ações internas para envolver o nosso

está muito distante da afetividade, Rui

pessoal. Todo mês, as lideranças se encon-

Hess de Souza, diretor de varejo e um dos

tram num almoço descontraído para trocar

sócios da Dudalina, quebra o paradigma.

ideias. Eu ligo para todos os meus funcio-

Todo o caminho percorrido pela empresa

nários do varejo no dia do aniversário. A

catarinense fundada pelos seus pais, em

empresa promove palestras, ginástica la-

1947, que representa quatro marcas - Du-

boral, comemoramos as datas especiais e

dalina, Dudalina Feminina, Base Jeans e

temos um programa voltado para as ma-

Individual – passa por sentimentos, como

mães”, conta.

amor e paixão e pelos laços familiares.

lina é o programa de participação nos re-

misa e às Pessoas”, que integrou a progra-

sultados. No ano passado, os colaborado-

mação da oitava edição do Paraná Business

res receberam quase seis salários mínimos

Collection, realizada em junho passado pelo

porque atingiram todas as metas de pro-

Sebrae/PR, Federação das Indústrias do Es-

dutividade e de nível de qualidade do tra-

tado do Paraná (Fiep) e Conselho Setorial

balho. De todo o lucro da empresa, 27,5%

da Indústria do Vestuário, em Curitiba, Rui

são destinados aos sócios; 12% para os

Hess de Souza apresentou os caminhos tri-

funcionários; e 5% ficam com a diretoria.

sucesso no País, e falou com a Revista Soluções, que traz nesta edição entrevista com o diretor de varejo. Após mudanças estratégicas de mercado e de produção, a Dudalina passou, segundo ele, a atuar também na moda feminina, em 2010, e registra, desde então, o crescimento médio de 25% e um faturamento de R$ 500 milhões, por ano. “A Dudalina Feminina foi o nosso iPad”, define.

Rui Hess, empresário

Amor à

“A legalidade é muito importante na formação de uma empresa. Lembro que deixamos muito de crescer devido a uma concorrência extremamente informal. Mas hoje confirmo que somos até quatro vezes mais lucrativos do que qualquer empresa informal. Deixo esse recado para as empresas que estão começando, para que forma legal e vivermos numa sociedade

dades industriais, uma delas fica na cidade

mais justa”, destaca Rui Hess de Souza.

na Itália; além de 28 franquias. Ainda está prevista a inauguração de mais sete lojas em 2013.

“É muito importante os empresários de miuma empresa como a Dudalina investe em ações como essa ou mesmo em responsabilidade social, porque tudo isso gera resultados de crescimento para a empresa.” Todas as ações, segundo ele, precisam ter como

tante estabelecer uma ideologia, que é a

base a pesquisa e observação de mercado,

soma de valores, e a missão, que quase

a segmentação e estratégias bem funda-

precisa ser traduzida nos produtos e ima-

mentadas. “É preciso trabalhar com profis-

gem da empresa. Criamos produtos que

sionalismo e ética dentro da legalidade,

emocionam as pessoas. Paixão é o senti-

porque o mercado do vestuário não tem

mento que nos move. Queremos que o

espaço para amadorismos”, alerta ele.

nosso cliente vista a blusa da Dudalina e sinta-se feliz. Buscamos construir relações sólidas e duradouras com o cliente, que é a sempre”, explica ele, contando que o tecido da Dudalina passa por uma cadeia de produção que começa no Egito, passa pela Itália e Índia, antes de chegar ao Brasil.

Toda empresa começa com o empreendedor, e, no Brasil, o modelo de empreendedorismo sempre tem o envolvimento da família

cro e pequenas empresas perceberem que

“Para conquistar o sucesso, é muito impor-

nossa prioridade, e temos que seduzi-lo

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seu lucro, entre os anos de 2004 e 2010.

possamos criar nossa base de indústrias de

lojas próprias, das quais uma fica em Milão,

Por Flora Guedes

social, a empresa multiplicou dez vezes o

megaestrutura da corporação: são seis uni-

São Paulo; mais de 2,3 mil funcionários; 44

Diretor de varejo da Dudalina resgata história de empresa catarinense, considerada um dos mais destacados cases de sucesso do País

Desde que implantou a responsabilidade

O sucesso da Dudalina ainda se traduz na

de Terra Boa, no Paraná; um escritório em

‘camisa’

Um das ações de política interna da Duda-

Durante a palestra “Dudalina - Amor à Ca-

lhados pela empresa, considerada case de

Entrevista

Foto: Mauro Frasson/Comunicação Fiep

Rui Hess de Souza

Para quem acha que o profissionalismo

Em família A Dudalina foi fundada pelo casal Duda e Adelina, no ano de 1947, em Luís Alves, Santa Catarina. Do fruto dessa união nasceram os 16 filhos que, hoje, são os sócios proprietários da empresa. “Minha mãe ficou grávida 21 vezes. Eles se amavam mui-

“Amor à Camisa e às Pessoas é o nosso slo-

to, meu pai escrevia quase todo dia um

gan. É preciso ter muito amor e coragem

poema para ela”, lembra Rui Hess de Sou-

para fazer cumprir isso com o cliente e com

za. Adelina resolveu produzir camisas de-

os nossos colaboradores. Realizamos mui-

pois que o marido fez uma compra exage-

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Trabalhar na legalidade sempre vai trazer mais resultados à empresa, que estará colaborando também para construir uma sociedade mais justa

rada de tecidos em São Paulo para vender

integram o Cadastro Nacional de Empre-

no comércio de secos e molhados que ti-

sas Comprometidas com a Ética e a Integri-

nham em Luís Alves. Para que os filhos es-

dade - Cadastro Empresa Pró-Ética. Tam-

tudassem, a família resolveu se mudar

bém realiza ações em benefício da

para Blumenau, também em Santa Catari-

comunidade e apoia algumas instituições,

na, onde abriram duas lojas com o nome

como a Pastoral da Criança e o Instituto

Dudalina.

Ayrton Senna.

“É muito importante que as empresas fa-

A empresa também desenvolve um proje-

miliares façam um acordo de acionistas

to de geração de renda que engloba capa-

A seguir, trechos da entrevista concedida à Revista Soluções.

entre os herdeiros. Isso pode determinar

citação de costureiras e doações de kits de

Revista Soluções - O que a Dudalina tem

que lá na frente se saiba muito bem qual é

processo de falsificação. Estamos firmes

retalhos para produção de sacolas em mui-

a função familiar e qual é a função empre-

para enfrentar isso, a nossa sociedade tem

tos estados do País. “No ano passado, fo-

para ensinar aos empreendedores que estão começando?

sarial. Na empresa, só trabalham eu e a mi-

ram capacitadas 263 pessoas e produzidas 16.443 sacolas de patchwork (trabalho

Rui Hess de Souza - A coisa mais impor-

gem. Querem ter aquilo que não podem ter

nha irmã Sônia, que é a presidente da Dudalina. Os nossos outros 14 irmãos são

com retalhos). Boa parte das sacolas foi

empreendedores. Nosso modelo de ges-

comprada de volta pela Dudalina, por R$ 6

tão é o de governança corporativa, temos

cada. Esse modelo de projeto de geração

os Conselhos de Família, Fiscal e Adminis-

de renda foi adotado pela Organização das

trativo”, esclarece Rui Hess de Souza, que

Nações Unidas (ONU) como um exemplo a

é engenheiro mecânico e realizou especia-

ser seguido na indústria têxtil”, conta Rui

lizações nas áreas de gestão, comércio ex-

Hess de Souza.

terior e comércio de varejo.

Responsabilidade empresarial A Dudalina participa de entidades como o Pacto Global e o Instituto Ethos, além de ser uma das 14 empresas brasileiras que

A empresa também produz um relatório de sustentabilidade, fazendo o registro público da emissão de gases do efeito estufa. “Para neutralizar a emissão de gás carbônico pela produção da Dudalina, a gente faz a compensação plantando árvo-

res. Cada muda, dentro de 15 anos, vai ‘sequestrar’ 160 quilos de gás carbônico do meio ambiente. Só no ano passado, plantamos mais de 7 mil mudas”, relata, acrescentando que a empresa também aplica a logística reversa na reutilização das embalagens dos seus produtos.

tante é que o caminho mais fácil não é o melhor caminho. O melhor caminho é o da legalidade, fazer as coisas certas e da forma correta. O ideal é criar condições e um ambiente para valorizar as pessoas dentro da empresa. Esse conjunto de ações acaba custando mais caro, mas, no final, é o que traz o melhor resultado para a empresa. Para muitos, é sempre mais fácil não pagar os impostos e não pagar os seus colabora-

Foto: Mauro Frasson/Comunicação Fiep

malidade muito grande. Essa informalidade atrasou nosso crescimento. E atuar de uma forma correta, pagar os impostos certinho, num país que tem uma carga tributária tão alta como o Brasil, você acaba tendo uma desvantagem competitiva muito grande. E agora, estamos enfrentando o maior desafio da história da nossa empresa, que é o

muitas pessoas que querem tirar vantae agem de forma ilícita. Isso vem nos causando bastante preocupação porque temos que proteger o nosso produto e o nosso cliente, que quer comprar o produto legal, correto e de qualidade e pode encontrar essas pessoas espertas no caminho. Uma pessoa que veste um produto falso, também é falsa. É uma vergonha alguém vestir um produto falso.

Revista Soluções - Existe espaço no mer-

o que salva a nossa economia são as peque-

Revista Soluções - Qual foi o caminho per-

são elas que empregam a maior parte da

Rui Hess de Souza - Nossa experiência de

cado brasileiro para o crescimento das micro e pequenas empresas?

Rui Hess de Souza - Com certeza. No Brasil, nas e médias empresas. No final das contas, mão de obra desse País. A Itália é um exemplo de perfil de sociedade e economia baseada na pequena empresa. E durante a crise,

desenvolvimento é semelhante ao que se observa dentro da indústria brasileira e no mundo, independente se está no setor têxtil ou não. Toda empresa começa com o empreendedor. E no Brasil o modelo de empreendedorismo sempre tem o envolvimento da família no processo de cresci-

o país encontrou, nas empresas familiares e

mento. Na Dudalina, sempre ouve um envolvimento muito grande da família e a empresa foi crescendo conforme a família foi crescendo também. O mais importante é estar bem estruturada para o crescimento, porque senão vira uma bagunça, e a desorganização acaba atrapalhando muito a capacidade de desenvolvimento de uma empresa.

dias empresas?

Revista Soluções - Quais sãos os principais desafios que se colocaram diante da Dudalina nas últimas seis décadas?

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cer e batalhar contra um mercado de infor-

dores da forma justa e que merecem. Mas, a longo prazo, trabalhar na legalidade sempre vai trazer mais resultados à empresa, que estará colaborando também para construir uma sociedade mais justa.

corrido pela Dudalina desde que começou como um pequeno negócio, em Luís Alves?

Rui Hess, empresário

zes, foi desleal. Sempre tivemos que cres-

Os empresários precisam ter muito amor e coragem para fazer cumprir suas propostas com os clientes e seus colaboradores

nas cooperativas, a melhor forma de tentar superar a crise econômica. Sem sombra de dúvida, o desenvolvimento do Brasil passa pelas pequenas e médias empresas.

Revista Soluções - Qual a recomendação que o senhor deixa para as pequenas e mé-

Rui Hess de Souza - Elas precisam se estruturar e buscar todas as formas possíveis para conquistar isso. As empresas devem encontrar condições de profissionalização para crescer no mercado. Talvez, o Brasil seja um dos países mais bem estruturados nesse sentido, porque disponibiliza a maior quantidade de ferramentas para os pequenos e médios empresários se profissionalizarem e crescerem. O Sebrae é um ícone e cria uma situação extraordinária na formação da base da indús-

Rui Hess de Souza - O principal desafio

tria brasileira. Se você for comparar com ou-

foram as grandes variações do mercado brasileiro, a grande instabilidade econômica, os pacotes econômicos, nesses anos todos. E a nossa concorrência, muitas ve-

tros países, você não vai encontrar uma organização tão bem estruturada e com o alcance do Sebrae. Os empresários precisam se utilizar dessas ferramentas.

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Capa

Risco

Quando o sucesso vira um ‘problema’ O que aprender com o caso da Cold Stone, em Curitiba, que, por falta de seu principal produto, precisou fechar a loja por duas semanas

Por Adriana De Cunto

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perder a oportunidade de experimentar a

com matéria-prima selecionada. Ele pode

sensação do momento. Cerca de 450 sorve-

sinais apontam para um grande sucesso.

ser customizado a partir de muitos ingre-

tes eram vendidos por dia e, aos domingos, a

Os clientes aprovam o produto e o preço e

dientes ofertados pela casa, chamados de

casa chegava a comercializar 1.900 unidades

fazem filas na porta do estabelecimento

mix-ins e tudo acaba misturado sobre uma

da iguaria. Segundo um dos sócios, Joaquin

para comprá-lo. A procura é tanta que,

pedra resfriada. É daí que vem o nome Cold

Fernandez Presas, as vendas eram 40% su-

após avaliar o estoque, você percebe que a

Stone (pedra fria). Entre os sabores, os mais

periores em comparação ao estabelecimen-

mercadoria que adquiriu antes de abrir o

tradicionais, como creme e chocolate, até

to que mais vendia sorvetes na cidade.

negócio - que deveria abastecer a casa por

opções exóticas como massa de bolo e sor-

um período entre nove e 12 meses - será

bet de melancia. Acrescente à mistura uma

suficiente para apenas 180 dias.

boa porção de simpatia, pois a equipe de

Esse cenário é o sonho de todo o empresário e foi realidade para o grupo que iniciou em Curitiba, em agosto de 2012, a operação brasileira da rede americana de sorvetes Cold Stone. Mas o sucesso se transformou em dor de cabeça quando o temido “Custo Brasil” abalou, como um tornado, os dias felizes de ótimas vendas.

vendedores é selecionada levando em consideração a capacidade de entreter e transmitir alegria para o cliente. Para se ter uma ideia, na seleção para as vagas de atendentes, os candidatos mostram até mesmo suas qualidades como cantor e dançarino.

No final de setembro, os proprietários constataram que a matéria-prima base para fazer o sorvete – importada dos Estados Unidos – não daria até a data prevista. Os cálculos foram feitos com a ajuda da própria matriz, que projetou o consumo a partir da experiência das lojas americanas e das unidades localizadas nos outros países. Um novo pedido de importação da matéria-

O que, então, poderia dar errado? A casa foi aberta no dia 21 de agosto do ano passado, com seis meses de atraso por con-

A Cold Stone já era conhecida pelos brasilei-

ta de obstáculos burocráticos. Os proprie-

ros que viajam para os Estados Unidos ou

tários da operação brasileira da Cold Stone

para os outros 20 países que possuem a ope-

pretendiam inaugurá-la no verão. Mas agos-

ração. Os representantes nacionais da grife

to acabou não fazendo tanta diferença. Nos

dizem que é o sorvete mais vendido entre os

primeiros dias, as filas de clientes chama-

americanos. A força da marca se baseia em

vam a atenção de quem passava na Rua Au-

três fatores: produto de qualidade, customi-

gusto Stellfeld e que, por sua vez, também

zação ao gosto do cliente e entretenimento.

acabava se juntando aos demais clientes.

O sorvete é classificado como Super Pre-

Pessoas de outras cidades que visitavam a

mium pelo órgão americano Food and Drug

capital paranaense também não queriam

-prima foi enviado aos americanos em outubro e, no início de dezembro, a encomenda já aguardava em um contêiner refrigerado no Porto de Santos, em São Paulo. Sem motivos justificáveis, a mercadoria só foi liberajaneiro, pleno verão e melhor época para se vender sorvetes no Brasil, a filial curitibana da Cold Stone ficou fechada por 14 dias.

Consequências Tomada a decisão de fechar temporariamente a sorveteria, era preciso encarar ou-

“Nós não tínhamos ideia da complexidade

tro momento delicado: como informar os

que é importar produtos para o Brasil. A

clientes sobre o problema sem afetar a

dificuldade que o Brasil impõe aos seus

imagem da casa? A solução encontrada foi

empresários é inacreditável”, desabafa um

a colocação de uma faixa que cobria quase

dos sócios-proprietários da Cold Stone, Le-

toda a fachada do imóvel explicando a situa-

onardo Ribas Ramos. Veterano do setor

ção. Nela, uma frase chamava atenção:

alimentício, ele é dono de duas franquias

“Ups! Acabou o sorvete :-( Mas não se de-

do Franz Café em Curitiba, localizadas no

sesperem! A nova remessa, que já foi im-

bairro Batel e no ParkShoppingBarigui. Se-

portada há algum tempo, em breve será li-

gundo Leonardo Ramos, os diretores ame-

berada e até 14/01 reabriremos a loja”.

ricanos da Cold Stone que acompanharam o na burocracia brasileira.

Joaquin Presas ressalta a importância de passar a informação ao cliente da maneira mais transparente, mas hoje repensa a co-

Quando os donos da sorveteria percebe-

locação da faixa. Segundo ele, vez por ou-

ram que iria faltar produto, eles começaram

tra a foto da faixa surge nas redes sociais e

a pesquisar outras formas de importar a

muitos clientes não entendem que se trata

matéria-prima e chegaram a comprar uma

de uma imagem antiga.

remessa para ser entregue por avião, muito mais cara do que outros modelos. A encomenda até chegou a tempo de evitar o temido fechamento da loja, no dia 20 de dezembro. Mas a remessa ficou emperrada no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba) até meados de janeiro, esperando a liberação. “Dá uma frustração porque a gente trabalha tanto, investe tanto dinheiro”, constata Leonardo Ramos, lembrando que as

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Sorvete da Cold Stone

da em fevereiro. O resultado disso é que em

drama da loja paranaense não acreditavam

Leonardo Ribas Ramos, empresário

Foto: Luiz Costa/La Imagen

Administration (FDA) porque é elaborado

vidade no País e, desde a inauguração, os

Foto: Luiz Costa/La Imagen

Em qualquer situação, a melhor estratégia é falar a verdade e nisso os empresários precisam ser muito assertivos

Imagine você abrindo um negócio que é no-

dificuldades que provocaram o fechamento

Relacionando-se com pessoas envolvidas em diversos ramos, o empresário vai aprendendo o ‘caminho das pedras’

Para Joaquin Presas, o consumidor sentiu o fechamento da casa. Mas duas semanas após a reabertura, o número de sorvetes vendidos voltava ao nível de antes da suspensão. Segundo Leonardo Ramos, os clientes entenderam as dificuldades e receberam de maneira positiva a reabertura da Cold Stone. “A gente via nas pessoas a felicidade pela sorveteria voltar a abrir”, conta. Na opinião dele, o produto cativou os curitibanos.

da sorveteria por duas semanas fugiram da

Se a interrupção no atendimento não afe-

capacidade de resolução dos sócios.

tou a imagem do produto junto ao público,

15


Foto: Luiz Costa/La Imagen

plos como esse, o professor aconselha: “Não enrole, não tente inventar justificativas ou desculpas. E partilhe da culpa porque a culpa não é só dos outros. Isso faz parte da aprendizagem”.

dificuldades de importação prejudicariam não só a primeira loja, em Curitiba, como

para a imagem do negócio são inevitáveis.

todo o projeto de expansão em franquias

Os comentários nas redes sociais são um

– processo que tem os próprios brasileiros

exemplo e, às vezes, a fofoca nem partiu da

como responsáveis.

oportunidade. “A única solução possível é ter um contato forte com o cliente”, afirma Fumagalli. E esse contato honesto vale, segundo ele, para as ocasiões em que é preciso também reajustar o preço do produto.

três dias, o mecanismo já estava em solo

semanas fechados, em pleno verão, causa-

nacional, mas novamente, a encomenda fi-

ram prejuízo. Os proprietários lembram

cou parada na alfândega mais tempo do

que os preços praticados na inauguração

que ficaria em qualquer um dos outros 20

tinham uma margem de lucro pequena, pois agosto ainda é inverno.

ne. Na tentativa de se prevenir contra ou-

A expectativa dos proprietários era reajus-

tros infortúnios, eles solicitaram mais duas

tar o preço quando o alta temporada de

peças de reserva. Foi o que bastou para o

verão chegasse. Mas a falta de matéria-pri-

pedido ser retido para averiguações.

ma, a suspensão no atendimento e a chega-

Novamente, no segundo período de sus-

da do inverno impediram qualquer ajuste no preço. Sem mencionar a alta do dólar, que passou de US$ 1,90 para US$ 2,15 – boa parte das despesas é paga tomando como base a moeda americana.

16

países que vendem as iguarias da Cold Sto-

pensão no atendimento, a empresa informou a verdade para os fregueses que procuravam a sorveteria. Mas mudou a estratégia. Em vez de uma faixa, um funcionário permanecia no local para dar as expli-

veram certeza que era preciso mudar o for-

giu logo que a loja foi inaugurada, reflexos

de experimentar a iguaria e perderam a

o mesmo não aconteceu com o caixa. Duas

dades, os donos da Cold Stone do Brasil timato de operação, caso contrário as

sentindo falta do sorvete ou que gostariam

Luis André Werneck Fumagalli, especialista em Administração

Após dois períodos de suspensão das ativi-

Na avaliação do professor, como a crise sur-

concorrência, mas de pessoas que estavam

Administrar é saber como lidar com os problemas e, quanto menor a empresa, menor é o poder que ela tem sobre o ambiente

Depois da tempestade

Um bom relacionamento com a matriz norte-americana, que acompanhou o drama da loja curitibana, foi essencial para que fossem abertas algumas concessões. Joaquin Presas revela que a Cold Stone concordou que uma fábrica brasileira com expertise no segmento alimentício ficasse responsável pela produção da base do sorvete.

Fumagalli ressalta que se trata de um gran-

Um especialista veio dos Estados Unidos e,

de exemplo do Custo Brasil – termo utiliza-

entre 40 fornecedores de base láctea sele-

do para descrever as dificuldades estrutu-

cionados, duas fábricas acabaram passan-

rais,

que

do por um rigoroso processo de avaliação

dificultam o desenvolvimento do País e

que incluiu a assinatura de um NDA (Non

atrapalham o recebimento de investimen-

Disclosure Agreement) – acordo de sigilo

tos. Mas como é possível se planejar? “Foi

entre firmas parceiras. “Provavelmente,

uma primeira experiência e são coisas que

em setembro, nós teremos o primeiro for-

vão se ajustando no decorrer do processo”,

necimento brasileiro da matéria-prima

constata. Ele brinca que em Administração

dentro dos padrões da Cold Stone”, conta

de Empresas, a “Lei de Murphy” acontece o

Joaquin Presas.

burocráticas

e

econômicas

tempo inteiro.

Será o primeiro país em que o fornecimen-

Para quem nunca ouviu falar, a Lei de Mur-

to da base para o sorvete será feito local-

phy prega que “se alguma coisa tem a mais

mente. “Isso tira o foco do nosso business,

remota chance de dar errado, certamente

que é vender sorvete”, lembra Joaquin.

dará”. Com base nisso, o professor lembra

Mas acabou sendo estratégia importante

que administrar é saber como lidar com os

para ter controle na logística e garantir o

problemas. “E quanto menor a empresa,

sucesso da operação.

menor é o poder que ela tem sobre o ambiente”, frisa. Por isso, a importância do empresário estar ligado ao ambiente e ao cenário que se forma em torno dele para que possa antecipar os problemas.

Não enrole, não tente inventar justificativas ou desculpas, e partilhe da culpa porque a culpa não é só dos outros

A produção da matéria-prima não é a única mudança. O grupo também abrirá uma representação no Brasil das máquinas italianas Carpigiani, única licenciada para construir as máquinas de fazer o sorvete da

Daí a importância, lembra o docente da

Cold Stone, além de conquistarem o direito

FAE/PUC, para que o empresário reserve

de fabricar as chapas de metal geladas para

tempo na agenda para viajar, observar os

misturar o doce.

cenários interno e externo, ler revistas, li-

O esforço é necessário para garantir que

vros, jornais, conhecer a legislação, infor-

não falte mais matéria-prima, principal-

mar-se sobre marketing e consumo e, prin-

mente agora que o grupo se prepara para

cipalmente, construir networking (rede de

inaugurar a segunda loja, no sofisticado

Aprendendo com as dificuldades

cações sobre o motivo do fechamento.

Mesmo com todas as dificuldades, os pro-

“Em qualquer situação, a melhor estratégia

contatos) de qualidade. “Criar networking

bairro de Moema, em São Paulo. O próxi-

prietários da casa não se deixaram abater

é falar a verdade e nisso eles foram muito

é o aspecto mais importante. Relacionan-

mo passo será a abertura para franquias.

pelo desânimo, nem mesmo quando o es-

assertivos”, comenta Luis André Werneck

do-se com pessoas envolvidas em diversos

Cento e oitenta candidatos já demonstra-

tabelecimento teve que ser fechado tem-

Fumagalli, professor da FAE e da Pontifícia

ramos, o empresário vai aprendendo o ‘ca-

ram interesse em abrir unidades da Cold

porariamente pela segunda vez, no final de

Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

minho das pedras’, fica sabendo que ou-

Stone no Brasil. A expectativa é que o País

maio. Uma peça da máquina de fazer sorve-

Doutor em Administração e Estratégia, ele

tras pessoas já passaram por problemas

conte com no mínimo 34 lojas franqueadas

tes estragou e a reposição foi encaminhada

acompanhou o caso da loja da Cold Stone

semelhantes e podem adaptar a solução

nos próximos cinco anos, espalhadas em

rapidamente pela matriz americana. Em

desde o início dos problemas e, em exem-

para o próprio negócio.”

vários estados.

Saiba mais Quer saber mais? O professor Luis André Fumagalli recomenda as seguintes leituras: HSM Management (www.hsm.com.br/revista/286968); e Economatica (www.economatica.com/PT/quem-somos.html)

17


em Gestão, que é feito em parceria com a

geu em junho passado nova Diretoria Exe-

Fundação Nacional da Qualidade (FNQ),

cutiva. Vitor Roberto Tioqueta, que ocupa-

com o objetivo de aprimorar e dar mais qua-

va a Diretoria de Gestão e Produção, é o

lidade aos processos do Sebrae/PR. “A me-

novo diretor-superintendente do Sebrae/PR,

lhoria contínua da gestão é também uma

no lugar de Allan Marcelo de Campos Cos-

prioridade da nova Diretoria.”

ta, que deixa a organização para dedicar-se à iniciativa privada.

Tioqueta agradeceu a João Paulo Koslovski e ao Conselho Deliberativo a indicação. “Es-

tor de Operações do Sebrae/PR e José

tou honrado em saber que posso dar ainda

Gava Neto, que até então respondia como

mais resultados ao Sebrae/PR, depois de

gerente de Programas Estaduais, assume

25 anos de dedicação às micro e pequenas

como diretor de Gestão e Produção.

empresas paranaenses.”

A eleição, seguida de posse, foi na sede do

‘Sonho empreendedor’

presença de representantes das 13 entida-

Julio Cezar Agostini, que já ocupa há mais

des do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR,

de seis anos a função de diretor de Opera-

um colegiado formado por segmentos do

ções, entende que o papel do Sebrae/PR, e

setor produtivo, instituições de crédito e po-

por consequente de sua Diretoria, é ajudar

der público que dita diretrizes a serem se-

a tornar realidade o ‘sonho empreende-

guidas pela Diretoria Executiva.

dor’, das pessoas que desejam ser donas

A escolha de Vitor Tioqueta, Julio Agostini e José Gava teve apoio unânime dos conselheiros do Sebrae/PR. João Paulo Koslovski, presidente do Conselho Deliberativo, destacou o nível de profissionalização do Sebrae/PR.

Sebrae/PR tem novos

diretores

executivos

mais potencializadoras do desenvolvimento do Paraná e do Brasil, gerando mais riquezas para a sociedade. É necessário ainda oferecer, no seu entendimento, novas soluções para os pequenos

que de fato estão preparadas para assumir

negócios, que estão cada vez mais expos-

e para conduzir ações em favor do empreen-

tos à economia internacional. “Precisamos

dedorismo e das micro e pequenas empre-

contribuir com o desenvolvimento das mi-

sas, razão de o Sebrae existir.”

cro e pequenas empresas, em setores es-

O

novo

diretor-superintendente

do

Sebrae/PR, Vitor Tioqueta, diz que o Projeto Sebrae 2022, que prepara a organização para daqui dez anos, quando completa 50 anos, é uma das prioridades da Diretoria Executiva. “Os pequenos negócios empregam mais que as médias e grandes empresas, geram renda e movimentam a economia. Por isso, merecem um tratamento

Os pequenos negócios empregam mais que as médias e grandes empresas, geram renda e movimentam a economia

tratégicos e nas empresas emergentes, como as startups”, observa do diretor de Operações. Agostini elogiou no discurso de posse a decisão do Conselho Deliberativo em indicar profissionais do Sebrae/PR para compor a nova Diretoria. “Esse voto de confiança só nos engrandece.”

Mais responsabilidade

especial. O Sebrae, parceiro das micro e

Para o novo diretor de Gestão e Produção

pequenas empresas e especialista em pe-

do Sebrae/PR, José Gava Neto, o empreen-

quenos negócios, deve evoluir junto. Preci-

dedorismo e as micro e pequenas empre-

adequar, refinar sua entrega, já que nos é

sa estar sempre atento e aparelhado para

sas não são mais os mesmos de dez anos

exigida uma entrega maior.” Gava diz estar

atender as necessidades de empresários e

atrás. “Hoje, os empreendedores estão

honrado pelo convite e pela confiança de-

potenciais empresários.”

mais de olho nas oportunidades, estão

positada pelo Conselho do Sebrae/PR e

mais preparados, têm necessidades que

pelos diretores que o indicaram para a

precisam ser atendidas em tempo menor e

nova função. “Os novos diretores se com-

de forma diferente, e isso, por consequên-

plementarão e trabalharemos em forma

cia, exige mais de organizações como o Se-

de colegiado.”

das, concomitantemente, com outras ações e sempre em parceria com as entidades que compõem o Conselho Deliberativo. “Pensaremos em 2022, nas metas mobilizadoras, nos programas do Sebrae Nacional, nos projetos locais, e intensificaremos as ações

18

cro e pequenas empresas sejam cada vez

mais uma vez, profissionais da casa, pessoas

tas, com foco em 2022, podem ser trabalha-

Por Leandro Donatti

do próprio negócio, e fazer com que as mi-

“O Conselho Deliberativo está prestigiando,

Para o diretor-superintendente, as propos-

Conselho Deliberativo elege Vitor Tioqueta, Julio Agostini e José Gava Neto como nova Diretoria Executiva; eleição foi em junho passado

No seu discurso, logo após tomar posse,

Julio Cezar Agostini permanece como dire-

Sebrae/PR, em Curitiba, e contou com a

Julio Agostini, Vitor Tioqueta e José Gava, novos diretores

Sebrae/PR

Foto: Antonio More/La Imagen

Mudança

O Conselho Deliberativo do Sebrae/PR ele-

brae. Nossa responsabilidade aumenta à medida que o empreendedorismo se torna cada vez mais uma alternativa para a nova geração”, assinala Gava.

O novo diretor destacou, no discurso de posse, o compromisso de ajudar ainda mais o Sebrae/PR. “O nosso compromisso é o de cumprir a visão e a missão do Sebrae/PR

em gestão”, assinala. Tioqueta refere-se ao

“O acesso à informação também é muito

por meio da gestão eficaz de pessoas, pro-

trabalho do Programa Sebrae de Excelência

mais facilitado. E o Sebrae/PR precisa se

cessos e soluções”, observa.

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Sebrae/PR - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná

Instituição criada há mais de 40 anos para dar apoio aos empresários de micro e pequenas empresas, aos empreendedores interessados em abrir o próprio negócio e aos produtores rurais.

Foto: Antonio More/La Imagen

Raio-x

A entidade chega aos 399 municípios do Estado por meio de atendimento itinerante, pontos de atendimento e de parceiros, como associações, sindicatos, cooperativas, órgãos públicos e privados.

Allan Costa, homenageado pelo Conselho Deliberativo

A missão do Sebrae/PR é promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo.

O Sebrae/PR oferece palestras, orientações, capacitações, treinamentos, projetos, programas e soluções empresariais, com foco em desenvolvimento de empreendedores; impulso a empresas avançadas; competitividade setorial; promoção de ambiente favorável para os negócios; tecnologia e inovação; acesso ao crédito; acesso ao mercado; parcerias internacionais; redes de cooperação; e formação de líderes.

Despedida

Fazem parte do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, que elegeu a nova Diretoria Executiva, a Agência Fomento Paraná; Banco do Brasil; Caixa Econômica Federal; CITPAR; FAEP; FACIAP; Fampepar; FIEP; Fecomércio; Sebrae Nacional; Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul (SEIM); Ocepar; e Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Allan Marcelo de Campos Costa renunciou à superintendência do Sebrae/PR, para dedicar-se à iniciativa privada e a projetos pessoais, depois de 20 anos de Casa, seis anos à frente da superintendência. Num discurso emocionado, logo após a eleição realizada na Sala do Conselho, em Curitiba, o ex-superintendente se despediu. “Saio com o coração partido, mas feliz do dever cumprido e certo que o Sebrae/PR ficará em boas mãos, com profissionais competentes. Foi um orgulho desempenhar um papel tão relevante nesta instituição.” Allan Costa destacou o trabalho desenvolvido pelos colaboradores do Sebrae/PR. “Quem faz as coisas acontecerem são as pessoas. Nosso time de consultores e credenciados não mediu esforços.”

Confira alguns resultados obtidos pelo Sebrae/PR, no primeiro semestre de 2013.

62.614 empresas atendidas 50.890 potenciais empresários atendidos 58.892 horas de consultorias Ao todo, 188.910 orientações técnicas 191.300 informações Organização de 15 missões e caravanas 279 cursos 1.434 palestras, oficinas e seminários Fonte: Boletim SME de janeiro a junho. Números sujeitos a mudanças.

No Brasil, são 27 unidades e 800 postos de atendimentos. No Paraná, seis regionais e 11 escritórios, com cerca de 230 funcionários, somados a uma rede de consultores credenciados.

Julio Agostini, João Paulo Koslovski, Vitor Tioqueta e José Gava 20

21


afetando ou afetando a equipe de manei-

cem o que as empresas esperam deles e

ra positiva ou negativa, porque o feedback

que sabem qual deve ser seu comporta-

pode ser tanto positivo como negativo”,

mento nos diferentes momentos do traba-

explica a consultora.

lho certamente têm mais chances de se desenvolver profissionalmente, além de contribuir para o crescimento da empresa. Para conseguir ter uma equipe sintonizada desse jeito, os empresários podem se valer de inúmeras ferramentas de gestão. Uma delas é o feedback, um sistema que permite que os líderes ou gestores avaliem o

Um problema comum, segundo Luciane Botto, são gestores que não orientam devidamente seus colegas de trabalho sobre as tarefas que devem realizar. Assim, eles vão aprendendo a desempenhar as atividades com colegas que, muitas vezes, já fazem errado. Por isso, é muito importante que no

comportamento de seus colaboradores,

momento de contratar um novo funcioná-

orientando-os a melhorar e a mudar o que

rio fique bem claro a expectativa que o em-

for necessário.

presário tem com relação ao papel que ele

Feedback, um termo usado na eletrônica,

irá desempenhar na empresa.

significa realimentação ou retroalimenta-

“O empregado tem que ter muito claro o

ção. Trata-se de um retorno que as pessoas

que se espera dele. Daí sim será possível

receberão sobre as tarefas que vêm execu-

acompanhar e, depois de algum tempo, dar

tando. O feedback ou, para ser mais sim-

um feedback sobre o seu desempenho”, diz

ples, o retorno no ambiente de trabalho é

Luciane Botto.

importante em primeiro lugar porque mostra aos colaboradores como o seu chefe, e mesmo seus colegas, enxergam o seu comportamento. Aponta se eles estão ou não fazendo suas tarefas de acordo com o que se espera deles e como isso está afetando a vida dos demais que convivem com eles. A partir daí será possível traçar um plano de mudanças, quando necessário.

Para que os colaboradores ajam alinhados com as expectativas, é importante, ainda, que as empresas tenham claros seus objetivos, sua missão, sua visão, de modo que as pessoas conheçam seus valores, identifiquem-se e trabalhem dentro daquele propósito. “Esses valores têm que estar claros, para que as pessoas venham trabalhar ali porque acreditam naqueles valo-

Mas o feedback tem, ainda, um outro as-

res e internalizem isso. É importante que

pecto importante, que é o de abrir um ca-

haja uma identificação”, afirma a consul-

nal de comunicação, ou melhor, um canal

tora do Sebrae/PR.

de troca entre as partes que pode resultar, chefias. É o que explica a consultora do Semomento que chamo para o feedback, também abro a comunicação. Pode ser que o empresário também tenha um comportamento inadequado para com o seu colaborador, então essa conversa franca, e com respeito, vai abrir um canal de diálogo e de

Nossos relacionamentos funcionam como uma conta bancária, sempre que elogiamos alguém, fazemos depósito, e quando criticamos, uma retirada

Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen

“Amor-verdade”

inclusive, em mudanças positivas para as brae/PR, Fernanda Pesarini. “A partir do

Capacitação

Feedback

Funcionários bem orientados, que conhe-

crescimento mútuo inclusive”, diz.

Saiba como avaliar, adequadamente, o comportamento de seus colaboradores, orientando-os a melhorar e a mudar o que for necessário

Mas o que é feedback? Luciane Botto, mestre em Organizações e Complexidade e professora da disciplina Administração da Empresa Moderna do curso de Administração da FAE Centro Uni-

Por Maigue Gueths

versitário, ressalta que trata-se de uma ferramenta de comunicação para avaliar comportamento, com objetivo específico de melhorar os comportamentos. Pesarini define o feedback, ainda, como “uma comunicação amor-verdade”. “Mos-

Fernanda Pesarini, consultora

tra como o seu comportamento está me

22

23


Foto: Luiz Costa/La Imagen

Luciane Botto, professora

O importante é não confundir emoções e sentimentos pessoais com profissionalismo, o ideal é concentrar-se nos fatos

Quando os colaboradores não são orienta-

às reações das pessoas para adequar o seu

dos corretamente e, por isso, não sabem se

comportamento também”, ensina.

estão agindo de modo correto e esperado, o risco é que o feedback aconteça sempre apenas para destacar os erros, o que não é bom. “Nesse caso, os gestores não generalizam, não veem que as pessoas fizeram 15

é planejar. O ideal, segundo as especialistas, é que as empresas criem momentos

os demais colegas. Já o negativo, em geral, não deve ser feito na frente de outras pessoas, para não causar constrangimento para as pessoas que recebem o retorno e nem para a equipe.

Feedback planejado

24

(FGV) e mestre em Economia pela Universi-

comportamento. Uma das formas de fazer

dade de São Paulo (USP), diz que a dificul-

essa avaliação é usando o chamado feedback

dade de fazer avaliações negativas vem de

sanduíche, que começa falando sobre o positi-

duas razões. A primeira é confundir uma

vo, depois aborda o fato negativo e, no fim

oportunidade de melhoria pontual com

volta para o positivo.

uma má avaliação completa da outra pes-

Quem ensina a técnica é a professora

soa. O segundo motivo está relacionado ao

Luciane Botto. A conversa deve começar

fato de que um feedback exige cérebro e

com uma avaliação geral e positiva que se

planejamento de quem vai fazê-lo. Isso por-

tem do empregado, ressaltando o seu ta-

que, para ser eficaz, ele deve ser construti-

lento e qualidades. Só após essa etapa, o

vo e mostrar um caminho prático para a

gestor deve abordar o comportamento

melhoria. “Em geral, é mais fácil enxergar

que acha que deve ser mudado. Isso vai au-

os defeitos do outro do que explicar objeti-

mentar as chances de ele entender que a

vamente como ele pode fazer para corrigir

crítica é somente sobre um determinado

o aspecto em questão”, diz ele no artigo.

fato inadequado e não sobre o seu desem-

Tratar as pessoas com respeito não significa ser conivente com os erros ou abster-se de dar limites

1) Desenvolver os colaboradores de forma individual

2) Mostrar sinais de reconhecimento

formais para dar esse retorno a seus funcionários. “Claro que isso pode acontecer durante o dia a dia, mas é importante que a

3) As pessoas têm necessidade de serem reconhecidas, apreciadas, estimuladas

empresa invista um tempo para fazer isso”, acrescenta a professora da FAE. Segundo ela, é nesse momento que empresa e funcionário vão trabalhar juntos para buscar uma forma de melhorar o comportamento negativo, traçando um plano de ação para o futuro. Pela proximidade que têm com os seus em-

Dar um feedback aos colaboradores é uma

pregados, é comum que micro e pequenas

tarefa que exige cuidados. “Lidar com ser

empresas acabem aplicando o feedback de

humano tem os seus desafios. Quando se

forma espontânea, sem planejamento, no

vai aplicar um feedback, é preciso saber

momento em que o fato acontece. “O risco,

que uma pessoa nunca vai receber da mes-

nesses casos, é que a pessoa não se prepa-

ma forma que outra”, diz Luciane Botto. Ou

ra e envolve a emoção na hora de falar.

seja, primeiro, o empresário terá que des-

Com isso, ela faz o inverso do que deve ser

cobrir os vários tipos de pessoas que tem

um feedback, em vez de relatar o fato que

em sua empresa e adequar a comunicação

aconteceu, de ver como corrigi-lo, ela en-

para cada uma delas.

volve o sentimento que a atitude do cola-

De acordo com a consultora do Sebrae/PR,

borador causou”, diz Pesarini.

há gestores que têm o dom da liderança,

Como dar um feedback negativo

que sabem se comunicar, colocar os fatos,

re-se a apenas um ponto específico em seu

não fazer uma crítica ou julgamento. .

razão”, explica a professora.

mento, pode e deve ser compartilhado com

empregado que a melhoria sugerida refe-

Empresas pela Fundação Getulio Vargas

rar o comportamento de seu colaborador e

Assim, a regra número 1 para dar feedback

malmente para realçar um bom comporta-

primeiro lugar, é preciso deixar claro para o

to Feder, graduado em Administração de

o objetivo do feedback é orientar e melho-

ram já foram julgadas, e, muitas vezes, sem

ser positivo ou negativo. O positivo, nor-

Por isso, ao dar um feedback negativo, em

de circulação nacional, o especialista Rena-

O importante é o gestor ter em mente que

atividades corretamente, mas quando erra-

Já deu para perceber que o feedback pode

favoráveis. Em artigo publicado em revista

mas, em geral, dar um feedback é “um desa-

Dar um feedback positivo é muito fácil. Já

fio enorme”. “O gestor precisa se desenvol-

um feedback negativo exige certa arte, já

ver, estudar, praticar e estar muito atento

que ninguém gosta de ouvir avaliações des-

Por que utilizar o feedback dentro da empresa?

4) As pessoas não se desenvolvem no vazio, precisam e esperam um retorno

5) Reforçar a cooperação e o trabalho em time 6) Fixar os valores da organização no dia a dia

7) Criar uma cultura de aprendizado, estimulando as pessoas a aprenderem com as falhas e extraindo o melhor de cada uma

25


Como dar um feedback efetivo

Com pessoas integradas e trabalhando pelo mesmo objetivo, engajadas com a proposta da empresa, os resultados tendem a ser mais positivos

penho como um todo. Se o colega, chefe ou

outro cuidado importante refere-se à

subordinado entender isso, segundo Fe-

quantidade de feedbacks negativos dados

der, provavelmente a resistência ao feed-

a uma mesma pessoa. Para “equilibrar a

back estará quebrada. “Ele não se colocará

conta”, é preciso que cada feedback negati-

na defensiva e tenderá a aceitar seu ponto

vo tenha a contrapartida de pelo menos

com mais facilidade”, afirma.

outros quatro positivos. Só assim o relacio-

Nessa fase, é importante apenas descrever o comportamento, sem avaliar ou julgar

namento entre as partes vai ficar no “zero a zero” e se manter estável.

com sentimento e emoção. Após isso, pas-

É preciso cuidar também com a frequência

sa-se para o positivo de novo, dessa vez

em dar feedbacks. “Não é porque o vou pra-

tentando buscar uma alternativa para mu-

ticar o feedback, que vou a todo momento

dar o comportamento não desejado. Fer-

chamar para corrigir. É preciso saber orien-

nanda Pesarini ressalta, ainda, que é impor-

tar primeiro, pois muitas vezes os profissio-

1) Planeje e prepare. Tenha claros os objetivos que se quer obter.

tante pedir a opinião da pessoa que está

nais estão errando porque não têm orien-

sendo avaliada, para que ela dê seu parecer

tação, porque a pequena empresa não tem

de como poderá mudar e juntos fazerem

tempo de ensinar, treinar, capacitar. Ela

2) Jamais viole o princípio do respeito. Tratar as pessoas com respeito não significa ser conivente com os erros ou abster-se de dar limites. Dizer “não” também é um gesto de amor.

um plano de ação para que o comporta-

tem que se dar esse tempo para que as coi-

mento indesejado não se repita no futuro.

sas saiam como foram idealizadas”, diz

3) Equilíbrio. É importante saber dosar a quantidade de feedbacks corretivos e positivos. Nossos relacionamentos funcionam como uma conta bancária. Sempre que elogiamos alguém, fazemos um depósito. Quando criticamos, fazemos uma retirada. Acontece que a conta não é um por um. 4) Para cada crítica, precisamos de quatro elogios para voltar a equilibrar a conta. 5) Mantenha contato visual. As pessoas se sentem valorizadas quando as olhamos nos olhos ao falar.

Um detalhe fundamental é saber se a mensagem foi bem compreendida pelo outro lado. Para isso, é interessante perguntar à pessoa se entendeu bem o teor do feedback e pedir para que repita o que foi dito.

Fernanda Pesarini.

Enquanto o feedback se fundamenta em situações que já aconteceram, o feedforward está focado em melhorias nas ações que estão acontecendo agora

Satisfação dos dois lados Seja positivo ou negativo, o feedback é um instrumento valioso, não apenas para melhorar o ambiente de trabalho e o desem-

Como receber um feedback negativo é

penho da empresa, mas também para o

sempre uma experiência mais complicada,

bem-estar do funcionário. Primeiro, por-

Exemplos práticos e etapas essenciais de feedback

6) Seja descritivo em vez de avaliativo. Sem julgamentos, faça o relato de um fato. 7) Específico em vez de geral. Cite exemplos do comportamento indesejável, sem atacar o caráter do sujeito. 8) Dirigido para comportamentos que podem ser modificados. 9) Oportuno. O mais próximo possível do comportamento em questão, dependendo naturalmente do clima emocional. Não fale se estiver nervoso, mas também não deixe passar muito tempo. 10) Assegure se a sua comunicação foi precisa. Se necessário, faça com que o receptor repita o feedback recebido para ver se corresponde ao que você quis dizer.

26

1) Demonstre o significado do que você quer dizer: “Estou pensando em melhorar nosso trabalho como equipe. Gostaria de falar sobre algo seu que acho que pode ser melhorado, tudo bem?” 2) Descreva o comportamento específico: “Quando você se levantou, deu um soco na mesa e passou a falar alto e com o dedo em riste...” 3) Fale sobre as consequências percebidas: “Eu me assustei e percebi que os outros ficaram o resto da reunião calados sem dar mais nenhuma ideia sobre nossos problemas.” 4) Estabeleça combinados, um plano de ação, combinar como agirão daqui para frente: “O que podemos fazer para evitar esse comportamento nas próximas reuniões?”

27


que o tempo despendido pela chefia, ges-

feedforward é que a base das orientações

tor ou líder vai fazer com que ele se sinta

está focada para o potencial, para as forças

reconhecido e valorizado pela empresa. E

da outra pessoa. Ou seja, as orientações

também porque as pessoas gostam de sa-

partem de uma situação que correu bem e

ber se estão no caminho certo.

que pode ficar melhor ainda.

“As pessoas esperam por um feedback para

Feedback que faz a diferença

se desenvolver, ninguém se desenvolve no vazio. As pessoas até preferem um feedback negativo ao silêncio, à falta de comunicação. Sem o feedback, elas se sentem sem rumo, desvalorizadas, como se as pessoas não se importassem com elas”, explica Fernanda Pesarini. A consultora avalia que, em função da facilidade de informação, as pessoas, hoje, têm vontade participar, e o feedback é uma forma de isso acontecer, pois é um jeito das pessoas se desenvolverem, de abrir a comunicação com a empresa. Para Fernanda Pesarini, a prática do feedback traz muitas vantagens para ambos os

Jamais viole o princípio do respeito, tratar as pessoas com respeito não é ser conivente

lados. “O feedback melhora o ambiente de trabalho, a comunicação, os resultados. As empresas são feitas por pessoas e, normalmente, elas precisam comprar a ideia, o sonho de quem fundou a empresa, e uma forma é essa comunicação, esse alinhamento de ela saber que o seu trabalho está sendo entregue de acordo com que o empresário espera. Com pessoas integradas e traba-

de de Cascavel, a Lyllu Acessórios, implantou um sistema de feedback para melhor avaliar suas 15 funcionárias. “Como todas são mulheres, acabava dando muita intriga, eu sempre percebia tarde demais o que estava acontecendo. Às vezes, era só uma besteira, mas aí já tinha virado uma bola de neve”, conta. Com sua experiência de MBA em gestão empresarial e como programador, ele escolheu um sistema chamado Avaliação 360º, que prevê que as colaboradoras respondam diariamente um questionário no qual fazem uma avaliação do desempenho de suas colegas de trabalho naquele dia. Todo dia, elas respondem um questionário de seis perguntas, sendo três sobre o trabalho e três sobre o clima e o bom-humor da equipe. “Se uma funcionária é mal avaliada por todas as outras é porque ela realmente está

tendem a ser mais positivos”, avalia.

fazendo algo errado. Já se só uma pessoa

ações que ocorreram no passado, outra importante ferramenta de avaliação usada pelas empresas é o feedforward. Feedforward significa dar ideias e orientações para o profissional visando o aperfeiçoamento de determinadas competências. Os grandes pilares das ações de feedforward são o presente e futuro e a positividade. O foco da ação de fornecer feedforward é maximizar potencialidades.

2) Ouça-os com atenção e respeito, mesmo que discorde a princípio.

duas lojas de acessórios femininos na cida-

com a proposta da empresa, os resultados

Além do feedback, que tem como base situ-

Como receber um feedback de maneira adequada

3) Se receber um feedback positivo lembre-se de agradecer e dar créditos aos que o tenham ajudado a obter esse resultado. 4) Se receber um feedback negativo não se esquive das responsabilidades, aceite-as. 5) Se receber um feedback injusto verifique se o momento e o estado emocional do interlocutor são favoráveis para a sua contra argumentação. 6) Não confunda emoções e sentimentos pessoais com profissionalismo, concentre-se nos fatos. 7) Entenda toda e qualquer crítica como possibilidade de crescimento e evolução, mesmo que seja nos quesitos de tolerância e paciência. 8) Verifique se compreendeu com clareza o que lhe foi colocado, agradeça e comprometa-se a refletir e rever o que for necessário!

deu avaliação negativa de outra é porque provavelmente está tendo algum problema entre elas duas. Nesses casos, eu passo o caso para a gerente que vai fazer uma conversa com elas e tentar resolver o problema”, observa. A avaliação da equipe, segundo ele, também é feita pelos clientes que, após serem atendidos, recebem um teclado onde vão escolher entre Ruim, Bom e Ótimo para dar

Saiba mais

nota ao atendimento recebido. “Se todas as funcionárias dizem que fulana está de mau humor, se uma cliente avalia como Ruim o atendimento feito por ela é porque

Livros

Enquanto o feedback se fundamenta em

ela está errada. Ela até pode dizer que não

“Agora é Pra Valer”, de Marcia Luz.

situações que já aconteceram no passado,

está de mau humor, mas contra os números

o feedforward está focado em melhorias

não têm argumentos”, afirma.

“O líder-coach: líderes criando líderes”, de Rhandy Di Stéfano, Rio de Janeiro Qualitymark, 2005.

nas ações que estão acontecendo agora e que continuarão no futuro. O método parte do princípio de que o que ocorreu no passado não pode ser mudado, tornando-se importante, então, ver o que fazer dali para frente.

28

sário Vinicius Gonsalez, proprietário de

lhando pelo mesmo objetivo, engajadas

Feedback e feedforward

1) Demonstre e comunique sua confiança e interesse em receber feedbacks.

Há mais ou menos um ano e meio, o empre-

O resultado com o sistema, para ele, é incontestável. “O ambiente de trabalho melhorou muito. A pessoa até pode negar, dizer que não está errada. Mas aí ela vê o resultado da pesquisa e tem que reconhecer e corrigir. Hoje elas sabem que estão sendo avaliadas

Além dessa diferença de foco, outra dife-

todo dia e, por isso, se esforçam mais, man-

rença fundamental entre o feedback e o

têm a qualidade no trabalho.”

“Dicas de feedback: a ferramenta essencial da liderança”, de Bernardo Leite Moreira, Qualitymark. “Feedback 360 graus” de Eduardo Peixoto Rocha, Editora Alínea, 2002. Assista ao vídeo do Sebrae Pocket sobre o tema no www.sebraepr.com.br

29


lizam 60 horas de atividades, o Empretec

mília. Formado em Administração, desde

trabalha as dez principais características de

2009 – quando assumiu a missão de admi-

um empreendedor, que são a busca de

nistrar a Acrílicos Maringá Ltda., na cidade

oportunidade e iniciativa, persistência,

que leva o mesmo nome, vem implantando

comprometimento, exigência de qualidade

medidas que têm dado bons resultados.

e eficiência, riscos calculados, estabeleci-

Em pouco mais de três anos à frente dos

mento de metas, busca de informações,

negócios, Pelizaro garantiu um aumento

planejamento, persuasão e rede de conta-

de 236% no faturamento da empresa e a

tos, independência e autoconfiança.

manutenção dela no mercado.

dos por quem faz o seminário têm mais

pode ser considerado um empresário de

chances de sobrevivência, pois ganham po-

sucesso. De engraxate, profissão que co-

der de competitividade e garantem a per-

meçou a exercer aos oito anos de idade,

manência no mercado. Prova disso são os

quando ainda morava em uma área carente

números constatados em uma pesquisa de

de Londrina, Candido passou a ser vende-

impacto realizada nacionalmente em 2012,

dor de bíblias e também de consórcio, e

quando

hoje é proprietário da Consort Consórcio,

avançadas participaram do Empretec.

profissionalismo lhe garantiram vários prêmios, como de campeão nacional de vendas de consórcios de caminhões e campeão do Prêmio ABAC 2012, da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, na categoria inovação e atendimento.

empresas

consideradas

Em uma amostra de 1.871 empresas, verificou-se que 89% dos empretecos implementaram mudanças em seus produtos e serviços assim que participaram do seminário. Outro dado que demonstra a eficiência dos reconheceram que o Empretec foi fundamental para o aumento do lucro de suas organizações. Em média, de acordo com a

do têm algo em comum: ambos são chama-

pesquisa, os participantes tiveram um cres-

dos empretecos, pessoas que participaram

cimento no seu lucro líquido anual de 7,4%

do Empretec, seminário que é ministrado

e o aumento médio de faturamento men-

no Brasil pelo Sebrae, em parceria com a

sal chegou a R$ 24,6 mil.

atividade no País.

O Empretec trabalha características do comportamento empreendedor e faz com que participantes passem de sonhadores para realizadores de sonhos

da capacitação é que 91% dos entrevista-

rem em cidades distantes, Pelizaro e Candi-

que este ano está completando 20 anos de

empreendedor

7.255

Apesar da diferença de idade e de mora-

Organização das Nações Unidas (ONU), e

Comportamento

Estudos comprovam que os negócios toca-

Antonio Carlos Candido, 44 anos, também

criada em 2007, em Curitiba. A simpatia e o

Capacitação

Durante seis dias de capacitação, que tota-

José Pelizaro comanda as empresas da fa-

Os bons resultados alcançados tornaram o Empretec um dos programas mais conheci-

Pelizaro e Candido fazem parte de um grupo de mais de 185 mil pessoas que encontraram no Empretec, ao longo das últimas duas décadas, formas de aperfeiçoar suas habilidades empreendedoras para criar e conduzir negócios. No Paraná, o Empretec passou a ser oferecido mais tarde, em 1996, e nesse período formou 7.401 empretecos.

Foto: Cristiane Shinde/Studio Alfa

Empretec

Com apenas 26 anos de idade, Fernando

Responsável pela coordenação estadual do Empretec no Paraná, a consultora Paula Tissot França, do Sebrae/PR, diz que o seminário, que hoje faz parte do Sebrae Mais – Programa Sebrae para Empresas Avançadas, é uma grande oportunidade

Em 20 anos, programa da ONU em parceria com Sebrae trabalha características empreendedoras e ajuda 185 mil empresários a realizar sonhos

de potencializar comportamentos empreendedores, tanto para as empresas, quanto para a vida dos participantes. “Isso porque o Empretec trabalha características do comportamento empreendedor e é capaz de fazer com que os participantes passem de sonhadores para realizadores

Por Adriana Bonn 30

de sonhos”, explica.

Fernando José Pelizaro, empresário 31


importante, manter ou não em funciona-

com que a procura pelo seminário seja cada

mento a empresa da família, a Acrílicos Ma-

vez maior. Paula França conta que em 1996,

ringá Ltda., que passava por dificuldades fi-

quando a capacitação foi implantada no Pa-

nanceiras. Na época, a empresa era

raná, foram realizadas apenas três turmas.

administrada pelo pai, Mário Célio Pelizaro,

Hoje a demanda chega a 30 turmas por ano

que estava desanimado com os resultados

e a meta é aumentar ainda mais este núme-

dos negócios.

ro a partir de 2014.

No mesmo ano, o empresário também alcançou uma das metas pessoais traçadas durante os dias em que fez o Empretec: recuperar o apartamento da família vendido em 2008 para injetar dinheiro na empresa. Outra conquista foi a compra de uma área de 3 mil metros quadrados para construção da nova sede.

Desde que participou do Empretec, Fernando contabilizou um aumento do faturamento da empresa de 236%. Nos últimos meses, o empresário está trabalhando em um novo projeto para produção de luminárias, que será lançado no mercado no segundo semestre. Com isso, ele espera triplicar o faturamento em 2015. “O Empretec foi fundamental porque mostrou meu po-

Para a consultora do Sebrae, o diferencial

para colher informações e saiu de lá forta-

do Empretec está no fato de ser uma capaci-

lecido. “O Empretec me fez ver que toda

tação totalmente comportamental. “O Em-

crise é passageira e que, com confiança e

pretec não trabalha gestão. Por meio de di-

determinação, é possível passar por todas

nâmicas e experiências, ele possibilita a

as dificuldades. A metodologia usada no

avaliação do perfil empreendedor do parti-

seminário faz com que a pessoa perceba

cipante, que passa a conhecer as suas capa-

seu potencial. É como se ele ensinasse a

cidades e as que precisa fortalecer”, explica.

gente a vender o lenço e não a chorar.”

Pode-se dizer que o Empretec permite que

Com o apoio do pai, Fernando, que na épo-

os participantes tenham uma visão mais

ca ainda cursava a faculdade de Administra-

clara de suas atividades e gera mudanças

ção, implantou um processo de reestrutura-

de comportamento, sobretudo autocon-

ção da empresa. Uma das estratégias foi

fiança. “Quem faz o Empretec amplia vi-

diversificar a atuação no mercado e, para

vendedor de bíblias e de produtos do Para-

sões já estabelecidas, muda conceitos e

isso, abriu mais duas empresas, desta vez

guai, no interior do Paraná, e depois de con-

amplia horizontes”, resume Paula França.

para produção e comercialização de uma li-

sórcios, já na Capital, onde chegou em 1997.

“Divisor de águas” Os empresários Pelizaro e Candido participaram do Empretec em 2009, um em Maringá e o outro em Curitiba. Entusiasmados com o que vivenciaram, ambos têm a mesma opinião sobre o seminário: “foi o divisor de águas em suas vidas”.

nha de móveis de decoração em acrílico. As vendas alavancaram mês a mês e muitos que pode perceber as mudanças positivas oito meses depois de fazer o Empretec. O empresário considera que 2012 foi o melhor ano para a Acrílicos Maringá, desde 1999, quando a empresa foi fundada. “O

Fernando Pelizaro conta que decidiu parti-

principal contrato foi com o Banco do Bra-

cipar do Empretec para tomar uma decisão

sil, para fornecimento de material de mer-

tencial e ajudou na recuperação e reconhecimento da nossa empresa no mercado.”

Campeão de vendas Antonio Carlos Candido também acredita que o Empretec foi responsável pelo suces-

As dez características empreendedoras trabalhadas durante o Empretec

1

Busca de oportunidade e iniciativa

so de sua empresa, a Consort Consórcios, fundada em Curitiba, em 2007. A empresa surgiu da sugestão de um amigo e de um irmão que achavam que Candido deveria aproveitar melhor sua carteira de clientes, conquistada ao longo dos anos, quando foi

Paula França, consultora

Candido conta que fez o Empretec porque queria melhorar a administração de sua empresa, que estava no início das atividades.

contratos foram fechados. Fernando conta

Foto: Luiz Costa/La Imagen

Programa permite que os participantes tenham uma visão mais clara de suas atividades e gera mudanças de comportamento, sobretudo autoconfiança

O empresário conta que fez o Empretec

chandising o que aumentará o faturamento em 200% mensalmente em um período de 24 meses.”

Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen

dos e bem avaliados do Sebrae. Isso faz

2

Persistência

Empretec. Como eu só tinha a 6ª série, achei que não teria bons resultados. Mas a

3

Comprometimento

4

Exigência de qualidade e eficiência

5

“Fui no Sebrae e me recomendaram fazer o

verdade é que o seminário mudou minha vida, foi o divisor de águas, e eu o recomendo para todas as pessoas”, destaca. O entusiasmo mantido durante os dias em que fez o Empretec garantiu a Candido a conquista do prêmio nacional Empretec 2009, concedido pelo Sebrae Nacional aos melhores

Riscos calculados

participantes do seminário. Entre os ensinamentos que recebeu no Empretec, Candido

Participantes tiveram crescimento no seu lucro líquido anual de 7,4% e o aumento médio de faturamento mensal chegou a R$ 24,6 mil

destaca que aprendeu a administrar a empresa

6

Estabelecimento de metas

com os pés no chão e a correr riscos calculados. Desde que participou do Empretec, Candido vem implantando políticas de atendi-

7

Busca de informações

8

Planejamento

mento e fidelização que têm garantido cada vez mais o sucesso nos negócios. “Eu e minha equipe trabalhamos diariamente para oferecer o melhor atendimento a todos os clientes”, diz. A participação no seminário também moti-

9

Persuasão e rede de contatos

vou o empresário a começar a escrever um sarial ao contar a história do personagem bíblico Neeminas. Candido, que também

10 Antonio Carlos Candido, empresário 32

Independência e autoconfiança

Saiba mais

livro que trata do comportamento empre-

realiza palestras para contar sobre o sucesso de suas realizações, diz que o Empretec

Quer saber mais sobre o Empretec? Procure o Sebrae mais próximo ou ligue para o 0800 570 0800.

lhe ensinou a fazer de cada experiência malsucedida um degrau para o sucesso.

33


civil, a Tecnisa usou o crowdsourcing para

conselho: está na hora de conhecer o

convidar

crowdsourcing. Trata-se de um “modelo de

ideias de serviços e produtos. De 152 parti-

produção que utiliza a inteligência e os co-

cipantes, 15 conseguiram fechar negócios

nhecimentos coletivos e voluntários, geral-

com a construtora.

mente espalhados pela internet, para resolver problemas, criar conteúdo e soluções ou desenvolver novas tecnologias, assim

Tomás de Lara, cofundador da Engage, empresa de estratégia e tecnologia para proje-

ção”. A enciclopédia livre Wikipedia, de

que há um grande número de plataformas

onde essa definição foi retirada, é um

de crowdsourcing, desde aquelas que têm

exemplo de crowdsourcing.

como objetivos a cocriação de projetos so-

brainstorm (‘tempestade’ mental, em portu-

ciais, até aquelas que buscam designers para criação de logomarcas ou estampas de camisetas.

guês), reunião que tem o objetivo de conse-

“Cada uma delas tem sua comunidade, seu

guir as melhores ideias e soluções de um

específico funcionamento, suas regras e

grupo de pessoas.

boas práticas, enfim, cada plataforma, um

Marina Miranda, sócio-diretora da Mutopo, empresa

especializada

em

trabalhar

crowdsourcing no Brasil, explica que se trata de um “modelo de negócio, onde o em-

universo diferente. Não existe fórmula pronta, o que é importante é a noção de que existe um ‘ecossistema’, uma comunidade, e que quanto mais capital (intelectu-

presário conta com a participação de diver-

al, financeiro, social) fluir, e for comparti-

sos stakeholders (partes interessadas, em

lhado de forma justa e adequada nessa

português) ajudando a solucionar um pro-

comunidade de crowdsourcing, mais saudá-

blema ou criando novos produtos. Essa so-

vel será esse ‘ecossistema’ e, consequente-

lução, antes, vinha de uma determinada

mente, mais sustentável será a iniciativa/

área de dentro da empresa. Por exemplo, a

plataforma”, explica Lara.

área do marketing resolvia os problemas do marketing, a área de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) solucionava P&D.” Mas

que faz diferença

apresentarem

tos de cidadania e inovação social, explica

ser considerado uma ampliação da famosa

‘Multidão’

a

como também para gerar fluxo de informa-

Em alguns aspectos, o crowdsourcing pode

Fiat Mio, fruto de crowdsourcing

profissionais

agora as discussões ganharam novos agentes no processo porque foram ‘ampliadas’ na internet.

Tendência

mosas batatinhas. No ramo da construção

Para quem não entendeu a provocação, um

Recentemente, ele esteve em Singapura, onde participou do Crowdssourcingweek e ministrou palestra sobre cultura open source (código aberto), negócios em rede e projetos

Pequenas empresas podem usar o crowdsourcing para selecionar ideias, revelar novos talentos, desenvolver produtos, entre outras possibilidades

brasileiros de inovação social que têm como base a troca de ideias e a colaboração online.

Marina Miranda lembra que são muitas as possibilidades oferecidas pela ferramenta. Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Crowdsourcing

Faltou ideia? Então, chama a ‘multidão’!

Além de encontrar soluções para problemas, as empresas e Organizações Não-Governamentais (ONG) podem usar o crowdsourcing para selecionar ideias, revelar novos talentos, desenvolver produtos, entre outras possibilidades. A partir dessa modalidade, quando uma empresa tem um problema, os seus administradores buscam a solução também fora da firma e não apenas internamente. Há exemplos que ficaram conhecidos mundialmente, como o caso da Fiat, que usou a internet para per-

Cresce adesão a modelo de produção que utiliza inteligência e conhecimentos coletivos e voluntários, geralmente espalhados pela internet

guntar às pessoas como deveria ser o carro do futuro. Centenas de internautas de vários países opinaram e as melhores sugestões foram usadas na concepção do veículo, o Fiat Mio. Ou a Ruffles, que também usou a ferramenta para perguntar na rede de computadores

Por Adriana De Cunto

34

como deveria ser o sabor agregado às fa-

Marina Miranda, especialista 35


Foto: Divulgação

O crowdsourcing, no Brasil, ainda está começando, se comparado ao mercado dos Estados Unidos, onde essa indústria já movimenta bilhões de dólares

Tomás de Lara, especialista

O Santander também recorreu à platafor-

sourcing pelo menos uma vez por mês. As

ma Itsnoon para uma ação realizada de 23

duas mais recentes foram chamadas criati-

de maio a 27 de junho em que o banco per-

vas para o Dia do Rock e o CrowdArt. Na

guntava aos internautas: “Qual a Cara da

primeira promoção, os artistas eram convi-

Sua Cidade?” Uma semana antes do final do

dados a fazer uma gravura mostrando

prazo, 300 respostas já haviam sido envia-

cena de um show fictício de sua banda fa-

das em formato de texto, imagem ou áudio.

vorita, enquanto a segunda selecionava

Os 50 selecionados receberão R$ 200 e

trabalhos para uma exposição simultânea

R$ 5 mil serão distribuídos em forma de

em nove galerias da empresa. Para Diniz, o

apoio criativo. “Identificamos na Itsnoon

crowdsourcing é uma alternativa muito in-

mais uma oportunidade de considerarmos a

teressante, mas ele alerta: “Não é a solu-

voz das pessoas como inputs de informação

ção para tudo. Depende do projeto, da ne-

para as nossas atividades e ações de comu-

cessidade do empresário, pois é difícil

nicação futuras”, explica Paula Nader, dire-

gerenciar uma multidão”.

tora de Marca e Marketing do Santander.

No caso da Urban Arts, que começou com

Para ela, o resultado do projeto é positivo

uma galeria na Rua Oscar Freire, nos Jar-

por conta da grande participação e das

dins, em São Paulo, e abriu mais 11 fran-

ideias, com conteúdo bastante rico. Segun-

quias em cinco estados, a open inovation

do a diretora, o crowdsourcing é mais uma

(inovação aberta) representa a reunião de

oportunidade do Santander se manter pre-

ideias e conteúdos bastante ricos. Um

sente nas redes sociais. “Acreditamos que

exemplo é o CrodArt, que havia reunido 300

soluções que consideram as pessoas em pri-

participações antes mesmo do prazo de ins-

meiro plano são sempre bem-vindas. É isso

crição para o concurso chegar ao fim.

que fará com que as empresas, sejam elas de

Empresários precisam ter consciência de que, hoje em dia, é preciso pensar o futuro de maneira plural e participativa

Capacidade X currículo O termo crowdsourcing foi usado pela pri-

do ao mercado dos Estados Unidos, onde

meira vez pelo professor e escritor Jeff

essa indústria já movimenta bilhões de dó-

Howe em um artigo para a revista america-

lares anualmente. Mas vemos diversos no-

na Wired. É dele o livro “Crowdsourcing -

vos projetos surgindo a cada semana, inclu-

Como o Poder da Multidão Impulsiona o

sive temos uma conferência anual sobre

Futuro dos Negócios”, que aborda justa-

crowdsourcing que se encontra em sua ter-

mente o processo de como gerar e captar o

ceira edição”, comenta Tomás de Lara. A

talento criativo da ‘multidão’ na realização

Conferência Crowdsourcing Colaboração e

de tarefas que antes ficavam a cargo de um

Cocriação aconteceu dias 23 e 24 de julho,

grupo restrito de especialistas.

em São Paulo.

Com a tecnologia aproximando pessoas de

Na opinião dele, a ferramenta é uma boa

todas as partes do mundo, a capacidade

alternativa para os empresários de peque-

para resolver com sucesso determinadas

nas e médias empresas, como para as gran-

tarefas está se tornando tanto ou até mais

des corporações. “Pequenas empresas, que

importante que um currículo invejável. Ma-

muitas vezes não têm dinheiro para contra-

rina Miranda exemplifica lembrando que se

tar uma grande agência de comunicação ou

www.wedologos.com.br

um empresário precisa de uma nova fórmu-

branding (gestão de marcas), podem lançar

(Crowdsourcing de logos)

la de sabão em pó, ele não vai conversar na

uma chamada de criação de uma logomarca

rede com um grande público, mas com pes-

ou de uma campanha publicitária em plata-

soas que têm capacidade para resolver esse

formas de crowdsourcig. Essas pequenas

problema. Mas isso não implica uma chama-

empresas irão dizer o quanto estão dispos-

da apenas para cientistas, pois há leigos

tas a pagar pela criação dessa logo ou cam-

que estudam o assunto e poderão apresen-

panha e a comunidade das plataformas de

tar ideias. Para a sócio-diretora da Mutopo,

crowdsourcing decidirá se está disposta a

o processo de crowdsourcing deve começar

dedicar seu tempo a criar essa logo ou cam-

com o empresário se questionando qual é a

panha e concorrer ao valor que será pago ao

demanda que realmente vale a pena mobili-

trabalho que for selecionado pela pequena

zar as pessoas para o ajudarem. “Definir o problema é sempre o mais difícil”, frisa. A ferramenta ainda não está amplamente

36

da plataforma Itsnoon, faz ações de crowd-

empresa que lançou o desafio”, exemplifica.

Ideias e conteúdo

difundida por aqui. “O crowdsourcing, no

O empresário André Diniz, proprietário da

Brasil, ainda está começando, se compara-

galeria de arte Urban Arts e um dos sócios

Exemplos de plataformas brasileiras de crowdsourcing www.portoalegre.cc (Crowdsourcing de problemas e ideias geolocalizadas para a cidade de Porto Alegre)

www.itsnoon.net (Crowdsourcing de chamadas criativas, artísticas e campanhas publicitárias)

www.camiseteria.com (Crowdsourcing de estampas de camisetas)

www.festivaldeideias.org.br (Crowdsourcing e cocriação de projetos sociais)

www.catarse.me (Site de Financiamento Coletivo "Crowdfunding")

www.mineo.co (Plataforma de Crowdsourcing colaborativo para o desenvolvimento de produtos sustentáveis)

www.materiabrasil.com (Materioteca de materiais de baixo impacto ambiental e responsáveis socialmente. Site ainda em construção)

37


pequeno ou grande porte, tenham relevância para o consumidor”, diz Paula Nader.

Um carro inovador Um dos projetos mais conhecidos de crowdsourcing no Brasil é o do Fiat Mio, cujo site, abrindo para a proposta, foi lançado em agosto de 2009. O gerente de Planejamento Estratégico e Inovação da Fiat, Paulo Matos, conta que, após lançar dois carros-conceito no Brasil, o Fiat Concept Car I (FCC I) e o FCC II , a montadora sentiu-se preparada para uma inovação que desafiaria os padrões mundiais de desenvolvimento automotivo, o Projeto Fiat Mio. Matos justifica o uso do crowdsourcing dizendo que “é preciso pensar o futuro de maneira plural e participativa. Para o desenvolvimento do Fiat Mio, as portas da empresa foram abertas de forma totalmente integrada

Modelo não é solução para tudo, e depende do projeto, da necessidade do empresário, pois é difícil gerenciar uma ‘multidão’

às

expectativas

de

clientes

e

consumidores. Foi o primeiro carro concebido em Creative Commons (CC), que permite que qualquer pessoa, marca ou empresa venha a utilizar as ideias coletivas”. Segundo o gerente, o processo de desenvolvimento do Mio recebeu mais de 2 milhões de visitas no site do projeto e mais de 17 mil ideias sobre propulsão, materiais, segurança, ergonomia, design, dentre outras soluções tecnológicas e de mobilidade urbana. Internautas de cerca de 160 países enviaram sugestões.

Casa Mio, que serviu por um ano como hub de desenvolvimento. Outro local de referência foi o Centro de Desenvolvimento Giovanni Agnelli, também em Betim. Nele, trabalham cerca de mil pessoas, entre engenheiros e técnicos, com alta capacitação e recursos de última geração para o desenvolvimento integral de um novo veículo, desde o conceito de design até fabricação dos protótipos e realização de testes técnicos. O gerente lembra que ideias apresentadas para o Mio estão sendo aproveitadas em modelos de automóveis já lançados pela montadora. “O projeto mostrou, na prática, o quanto é importante desenvolver canais eficientes de comunicação com os consumidores, capazes de escutar e dialogar com cada um deles. Muitas ideias do projeto estão sendo estudadas e aproveitadas, como, por exemplo, o sistema Fiat Social Drive, lançado em junho de 2012 com o Novo Punto. Ele surgiu de uma discussão sobre conectividade no Fiat Mio. O serviço permite ao motorista se conectar com suas redes sociais por áudio, enquanto dirige, sem tirar as mãos do volante, garantindo a segurança”, observa. Ele lembra ainda que o projeto desencadeou também uma mudança cultural da empresa na direção de maior capacidade de inovação. “Segundo 77% dos participantes da plataforma, a percepção sobre a marca Fiat melhorou significativamente após o projeto Mio”, diz Matos.

As ideias foram inspiradas na seguinte pergunta-chave: “No futuro que queremos ter, o que um carro deve ter para que eu possa chamar de meu, sem deixar de servir ao próximo?”. “Desde o início, estávamos orientados a captar a visão de futuro dos consumidores, mas sem ficar presos às tecnologias disponíveis ou à viabilização industrial. Um conjunto de tecnologias se sobressaiu, dentre elas, teto com células fotovoltaicas, touch screen, motor elétrico nas rodas, drive-by-wire, vidros com transparência variável,

Saiba mais

computador in-dash, som direcional e recarregamento wireless (sinal de internet). Do ponto de vista de configuração do carro, as ideias apontaram para um veículo urbano, de emissão zero, com convergência de tecnologias e conectividade. Na opinião dos participantes, ainda, o Fiat Mio representou uma oportunidade única de participar da ‘construção’ de um automóvel”, explica. Matos conta que na planta da Fiat Automó-

1. Conferência Internacional de Crowdsourcing, Colaboração e Cocriação. (www.conferenciacrowdsourcing.com.br); 2. Crowdsourcing.org. (www.crowdsourcing.org). Dica de leitura: “Crowdsourcing - Como o Poder da Multidão Impulsiona o Futuro dos Negócios”, de Jeff Howe. Editora Actual.

veis, em Betim, Minas Gerais, foi criada a

38

39


Para a consultora do Sebrae/PR, Marielle

leiro passou a mostrar um interesse cres-

Rieping, mudou também o modo como os

cente na utilização do design de produtos e

empresários veem o design. Antigamente, o

serviços como forma de solucionar proble-

design era secundário no processo de cria-

mas e desafios empresariais. O nome dessa

ção e produção. “Uma empresa que ia criar

nova tendência, já bastante disseminada

um refrigerante, por exemplo, pensava na

em outros países, é business design, uma de-

composição química, no público-alvo e, por

finição que podemos traduzir, de modo sim-

último, só depois da concepção do produto,

plificado, para o uso do design com foco em

é que pensava no design da embalagem, na

estratégia.

marca.”

Essa nova orientação dos empresários, para

A proposta de business design, então, veio

o designer Marcelo Gallina, mestre em Enge-

incorporar um novo conceito, o de que o de-

nharia de Produção e coordenador do curso

sign deve ser implementado como parte da

de pós-graduação de Branding - Gestão de

estratégia da empresa. “Pegando o refrige-

Marcas, da Universidade Positivo, não sur-

rante ainda como exemplo, pensando com

preende. É resultado de uma procura cons-

foco em business design e estratégia orien-

tante das empresas em se diferenciar de

tada ao cliente, vou analisar também como

seus concorrentes.

esse refrigerante vai se posicionar no mer-

“No mercado atual, tanto para as pequenas como para as grandes empresas, a matéria-prima e a tecnologia são sempre as mesmas, o negócio é mais ou menos a mesma coisa, está quase virando uma comoditização. Hoje não dá mais para dizer que atendimento e qualidade, apenas, são diferen-

para negócios

cado, se terá embalagens diferenciadas, se terá uma linha de sabores diferenciadas para atender ao mesmo tempo um público adolescente e outro mais velho também, e a linguagem da comunicação que deverá estar alinhada ao design estratégico proposto”, explica.

ciais, isso já virou obrigatório. Então

De acordo com o professor Gallina, as em-

aparecem outras ferramentas que vão fa-

presas trabalham normalmente gestão em

zer a diferença e o design é uma ferramenta

três níveis, o estratégico, o tático e o opera-

forte de diferenciação nesse momento. As

cional. “Estratégico são aqueles que tomam

empresas vão atrás de uma boa solução vi-

as decisões. Tático é como são essas deci-

sual, ou seja, de uma boa marca, uma boa

sões e o operacional é quem faz. Antigamen-

comunicação, boa sugestão do layout inter-

te, o design era visto como operacional, já

no da empresa, bom desenvolvimento de

hoje em dia acredita-se que a chance de su-

seus uniformes, de embalagens ou mesmo

cesso para a empresa que coloca o design no

de um produto”, diz o professor.

nível estratégico é muito maior. Isso porque

Vivemos na era da economia criativa e não podemos pensar e agir no formato criado para a revolução industrial

Foto: Luiz Costa/La Imagen

Design estratégico

Tendência

Business design

De uns tempos para cá, o empresário brasi-

Procura constante das empresas, para enfrentar concorrentes num mercado acirrado, faz nascer uma nova e moderna ferramenta de diferenciação

Por Maigue Gueths

40

Marcelo Gallina, designer

41


Foto: Luiz Costa/La Imagen

casa dele. São detalhes que mostram como o

“Para saber o que colocar neste kit foi fácil,

design vai ser usado com foco no mercado, e

pois eu podia ver. Sempre que termina o sa-

sob orientação do cliente”, afirma.

quinho de pipoca podemos apresentar cas-

Ou, ainda, de um arquiteto que procurou auxílio do Sebrae/PR e está criando uma empresa que constrói casas de cachorro com foco na arquitetura. “Não é mais aquela casinha de madeira simples para deixar o cachorro no quintal. Ele percebeu uma mudança no comportamento do consumidor e no mercado: que o cachorro, hoje, faz parte da família. Então por que não ter um quarto especial para ele em formato de casinha dentro de casa?”, questiona Marielle Rieping.

Pensando no design A orientação do cliente é ponto-chave nes-

bem: pipoca se come com as mãos, assim os dedos ficam cobertos de sal, gordura ou outras coisas. Vai ser necessário limpar as mãos. Somente essas duas informações sobre o meu cliente foram suficientes para eu criar meu kit. Nele eu coloquei um palito de dente embalado individualmente e um guardanapo para limpar as mãos quando terminar a pipoca”, conta. Ou seja, atendendo as necessidades de seus clientes, Valdir conseguiu inovar por meio de um processo de design, simples claro e objetivo. Para a consultora Marielle Rieping, as gran-

ness design há também o conceito de design

des empresas já incorporam o conceito de

thinking, que vai trabalhar junto com usuá-

business design, seja dentro de Departa-

ela cria um produto muito mais focado nas

rios, clientes e funcionários para definir de-

mentos de Produtos & Desenvolvimento,

necessidades de seu consumidor”, diz.

terminado produto ou serviço. Ou seja, tra-

de Tecnologia ou de Inovação. Mas por ser

ta-se necessariamente de um sistema de

um assunto relativamente novo, o business

cocriação.

design ainda não foi totalmente incorpora-

fala-se muito que as empresas precisam achar sua vantagem competitiva, e quanto

Segundo a consultora, é importante para as

mais concorrido for o mercado mais difícil é

empresas que querem descobrir como ino-

encontrar essa vantagem. O design, nesse

var por meio do design e, para isso, é preciso

caso, pode ser a diferenciação que vai ga-

ouvir e entender os clientes, os usuários.

rantir essa vantagem dentro de um merca-

“Por exemplo, se há 15 anos perguntassem

do acirrado.

para um consumidor se ele queria um iPad,

A analista cultural e pesquisadora de tendências Paula Abbas, da Anima Trends, empresa especializada em pesquisa de tendências, estratégias para inovação, pesquisa de comportamento de consumo e design thinking, também acredita que o design pode ser o diferencial para a empresa se tornar

exemplos da pizzaria, da casinha de cachorro, e são simples de fazer”, diz ela, ressal-

Micro e pequenas empresas, de acordo com ela, devem se atentar ao fato de que podem incluir o design como estratégia de inovação também, não só para criar novos pro-

guiria imaginar um tipo de computador sem teclado. Hoje em dia é tendência. Por isso, a empresa deve não somente ouvir seus consumidores, mas entender o estilo de vida de seus consumidores, tendências envolvidas no processo e setor de atuação, além de estar sempre antenada, para ter nos seus pro-

“Já não cabe resolver os problemas atuais

ração, uma fonte de direção para tomada de

mia criativa e não podemos pensar e agir no

ser incorporado, como aconteceu nos

ele diria que não, porque talvez não conse-

competitiva.

da forma antiga. Vivemos na era da econo-

do às práticas das pequenas. “Mas ele pode

É comum também os empresários de micro e pequenas empresas deixarem de inovar porque acreditam que não terão recursos suficientes ou, ainda, não sabem sequer por onde começar. “Muitas vezes, o business design é uma ideia, um insight que vem da percepção do consumidor dele, quando ele vê que o cliente tem determinado problema e ele pode resolver com seu produto. Ou seja, ele consegue transformar em estratégia e, consequentemente, seu diferencial, com foco em design”, diz a consultora.

O consumidor é puramente visual, emocional, então quanto mais as empresas focarem no design será melhor para seus resultados

Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen

Gallina lembra, ainda, que, em marketing,

42

causa muito desconforto. Além disso, pense

se novo conceito. Tanto que dentro do busi-

Valdir Novaki, pipoqueiro

O business design é uma ideia, um insight que vem da percepção do consumidor, quando se percebe que o cliente tem determinado problema

cas de milho presas entre as gengivas, o que

tando que, em geral, quando se fala em design o que vem à cabeça dos empresários é o desenho gráfico da empresa, como o logotipo, a marca, cartão de visitas. “O design é muito mais amplo. Quando falamos em logotipo, é uma esfera dentro das inúmeras possibilidades do design. Nesse caso, quando falamos de logotipo, falamos da criação da identidade e de design gráfico, mas até a criação de um logotipo envolve um processo estratégico, que chamamos de branding”, completa Marielle.

blemas, necessidades e desafios uma inspidireção”, afirma.

formato criado para a revolução industrial”,

Um exemplo dessa nova orientação dos em-

diz ela, que acredita, ainda, que esse pode

presários é Valdir Novaki, conhecido como

ser um bom caminho para os pequenos,

Valdir, o Pipoqueiro, que todo dia está com

pois nem sempre apostar em design sai

seu carrinho de pipocas na Praça Tiradentes,

caro. “Às vezes, pode inclusive ser uma for-

no centro de Curitiba, e que já foi inclusive

ma de baratear e otimizar os custos da em-

personagem de matéria sobre empreende-

presa”, ressalta.

dorismo publicada na Revista Soluções.

A consultora do Sebrae/PR cita inúmeros

Valdir é um exemplo de como pode ser sim-

exemplos de business design. É o caso, por

ples e eficaz ao incorporar os conceitos de

exemplo, de uma pizzaria que, para se dife-

design em seu negócio. Atento ao comporta-

renciar, cria formatos diferentes de pizzas.

mento de seus clientes, ele percebeu as in-

“Por que não criar uma pizza em forma de

formações necessárias para a melhoria do

coração no Dia dos Namorados? É uma estra-

serviço oferecido, e passou a distribuir gra-

tégia diferenciada que vai surpreender o

tuitamente um kit para quem adquire um

cliente quando o produto for entregue na

pacote de pipoca no seu carrinho.

Gabriela e Ana Abdulmassih, empresárias

43


Foto: Vinicius Rieping/Fun Photos

abrir a empresa justamente para explorar esse lado criativo. O forte da marca são as peças sociais, prêt-à-porter, lançadas duas vezes por ano em coleções de temporadas primavera/verão e outono/inverno. Além disso, a marca também se diferencia por fazer peças exclusivas para cada cliente, por encomenda, trabalhando com alfaiataria. Graças a essa maleabilidade, Ana conta que a Ab Couture tem um público, hoje, que vai desde moças com 17 anos a mulheres de 60, pois tanto pode lançar peças mais fashionistas, com cores, recortes mais ousados, como peças mais sociais, executivas, que atingem um público mais conservador.

A proposta de business design incorpora um novo conceito, o de que o design pode ser implementado como parte da estratégia da empresa

Marielle Rieping, consultora dutos, mas novos serviços ou implantar novos processos.

Saiba mais

Para inovar, diz ela, a empresa não pode ter medo de aceitar mudanças ou novas ideias. É por isso que, muitas vezes, é importante chamar um profissional da área, um designer, que tem a cabeça aberta a receber novas ideias e não terá restrições a experimentar, testar, criar protótipos. Tudo isso sem esquecer de ouvir seus clientes. “O consumidor é puramente visual e emocional, então quanto mais as empresas focarem em design será melhor para seus resultados. E quanto mais o empresário entender o consumidor dele, e trazer isso para seu negócio, mais trabalhará com business design”, ensina.

Roupas com foco Desde a faculdade, a estilista Gabriela Abdulmassih se destacava das demais colegas pela criação de roupas cheias de estilo próprio, marcadas por recortes, modelagens diferentes, mescla de texturas e com detalhes inovadores. Com várias premiações na bagagem, há dois anos, ela e a irmã, a publicitária Ana, criaram juntas a marca Ab Couture, com foco em design. “O que nos diferencia, sem dúvida, é essa característica da Gabriela, de mexer com a

Links interessantes Apresentação sobre a importância do design nos negócios (Sebrae): http://prezi.com/ us73xhfj0dxh/a-importancia-do-design-para-os-negocios-servico/ Centro Brasil Design http://www.cbd.org.br/downloads/ Artigo Business Design (Harvard Review) http://www.hbrbr.com.br/materia/business-design Livros “Design para negócios na prática: como gerar inovação e crescimento nas empresas utilizando o business design”, de Heather Fraser, Editora Elsevier Campus “Gestão do design: usando o design para construir valor de marca e inovação corporativa”, de Brigitte Borja de Mozota, Editora Bookman “Design thinking: inovação em negócios”, de vários autores – Disponível para download gratuito em: http://livrodesignthinking.com. br/download/livro_dt_MJV.pdf Vídeo “Design the new business” http://vimeo.com/dthenewb/dtnb-portuguese

modelagem dos tecidos, de unir texturas diferentes, essa é uma característica natural dela que aparece nas criações”, diz Ana, explicando que as duas irmãs decidiram

44

45


A importância da inteligência competitiva

a concorrência só existem entre as grandes

se dá com o crescimento do comércio glo-

corporações? Certamente que não. Então

bal e o desenvolvimento tecnológico que

por que pensar que a chamada inteligência

muda o ambiente empresarial de hoje mui-

competitiva seria algo reservado apenas

to mais depressa do que antes. “Os execu-

para os grandes negócios? E, afinal de con-

tivos já não podem tomar decisões empre-

tas, o que é inteligência competitiva?

sariais ou estratégicas, baseadas em seus

brae/PR, Fabio Hideki Ono, ensina que inteligência competitiva é um programa sistemático, e ético, para coletar, analisar e gerenciar informações externas que têm influência nos planos, decisões e operações de uma empresa. O objetivo desse programa é disponibilizar inteligência ao tomador de decisão, gerando assim recomendações com base em eventos futuros, e não somente mediante à compilação de informações que retratem a uma situação do passado. De acordo com o gerente de Consultoria Brasil da Cortex Intelligence, Leonardo de Assis Santos, inteligência competitiva é um processo no qual o mais importante é estabelecer uma forma sistemática de coletar e analisar as informações que serão utilizadas pelas empresas no momento de tomar

Competitiva - Como fazer IC acontecer na sua empresa”. É importante deixar claro que inteligência competitiva não se faz apenas com a coleta de informações já publicadas. Participar de eventos, conversar com consumidores, fornecedores, parceiros, empregados, especialistas na área e até mesmo concorrentes também fazem parte desse processo. A área de inteligência competitiva, que começou nos Estados Unidos, no serviço militar, e foi levada às empresas na década de 1980, tendo chegado ao Brasil no início dos anos 2000, tem ainda muito para crescer, na avaliação de Leonardo de Assis.

cia competitiva deve ser adotada em empresas que atuam diretamente com os

chos de negócios que impactarão os resul-

consumidores, pois ela identificará nichos

tados da empresa”, explica.

que vão fazer a diferença em relação aos

telligence, que possui escritórios no Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa, em Portugal, fornece ferramentas na área de inteligência competitiva tendo realizado projetos em todo o Brasil e em diversas localidades do mundo.

estão iniciando suas atividades e que precisam coletar informações no ambiente onde vão atuar e que as ajudarão na tomada de decisões.

Inteligência para pequenas O gerente de Gestão Estratégica do Sebrae/PR, Fabio Ono, alerta para o fato de que as micro e pequenas empresas também sofrem com a competitividade, precisam ter informações para tomar decisões estra-

hora para outra que uma empresa tomará

tégicas e não precisam ter exatamente uma

as melhores decisões. Quanto mais dados

área de inteligência competitiva para fazer

a empresa tiver, mais relacionamentos ela

inteligência.

capacidade para captar as informações. O resultado vem após um ano de trabalho de inteligência. O gerente da Cortex Intelligence explica que a inteligência competitiva começa com o estabelecimento de metas para que, poste-

As empresas brasileiras ainda têm dificuldades de trabalhar com informações, principalmente as micro e pequenas empresas

concorrentes e também por empresas que

Segundo Leonardo de Assis, não é de uma

fará. Ele explica que a empresa deve ter a

46

sor da ESPM e autor dos livro “Inteligência

visualizar os espaços, encontrar novos ni-

as micro e pequenas empresas. A Cortex In-

Por Mirian Gasparin

mercado”, adverte Alfredo Passos, profes-

Segundo o gerente da Cortex, a inteligên-

trabalhar com informações, principalmente

Saiba como monitorar o mercado, visualizar espaços, encontrar novos nichos de negócios que impactarão nos resultados da empresa

rar a empresa da liderança ou mesmo do

competitiva ajuda a monitorar o mercado,

presas brasileiras ainda têm dificuldades de

‘inteligente’

econômicos, uma decisão errada pode ti-

as decisões. “O trabalho de inteligência

Na avaliação de Leonardo de Assis, as em-

Decisão

instintos ou intuições. Em muitos setores

Foto: Divulgação

O gerente de Gestão Estratégica do Se-

Tendência

Inteligência competitiva

A busca pela melhoria da competitividade e

Segundo Fabio Ono, para fazer inteligência competitiva em pequenos negócios é possível adotar alguns passos, a partir de algumas dicas, que você passa a conferir a partir de agora. 1. Identificar ambiente e concorrentes

riormente, se sinta os efeitos das ações. “É

O empresário deve olhar a sua volta, bus-

um processo continuado de revisão e me-

car identificar seus concorrentes diretos e

lhorias”, acrescenta.

também os indiretos. Alguém já pensou

Leonardo de Assis, especialista 47


que uma academia de ginástica pode ser concorrente de uma loja de doces? Esse é um exemplo de concorrentes indiretos, pois pessoas que buscam fazer exercícios físicos tenderiam a comprar menos doces. É muito importante definir algumas perguntas ou tópicos a serem respondidos. Por exemplo, o que os meus clientes mais apreciam ou menos apreciam nos produtos

3. Processar a inteligência Esta é a etapa mais nobre do processo de inteligência. É nesse momento em que se formulam hipóteses, se avaliam as informações coletadas, se unem as peças de um “quebra-cabeça”, possibilitando assim que se compreendam melhor os cenários e reduzindo algumas incertezas. É possível a

e serviços que eu ofereço? Qual pode ser o

aplicação da experiência e senso comum

impacto da instalação de uma loja de uma

para análise de informações brutas levan-

grande rede em meu bairro?

tadas anteriormente, ou ainda pode-se re-

2. Coletar informações

correr a técnicas como análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças)

As pessoas não se dão conta da variabilida-

ou o modelo de 5 forças de (Michael) Por-

de e o do volume de informações facilmen-

ter (que considera o poder de barganha de

te disponíveis. As informações internas po-

fornecedores, o poder de barganha de

dem ser obtidas por meio de funcionários e

clientes, a ameaça de novos concorrentes,

documentos ou arquivos. As informações

a rivalidade entre concorrentes e a existên-

externas podem ser coletadas conversando

cia de produtos substitutos).

com clientes, fornecedores, distribuidores, concorrentes, amigos, família, dentre outros.

4. Usar inteligência

As informações também poderão ser obtidas

Por último, o mais importante é utilizar a

em materiais publicitários através de folders,

inteligência competitiva. Ou seja, o empre-

propagandas e folhetos distribuídos nas

sário deve tomar as decisões, criar e con-

ruas. Outros tipos de informação podem

trolar o seu plano de ação. Ter atitude é

ocorrer com a observação do comportamen-

essencial. O empreendedor já demonstrou

to de clientes, de lojas e de movimentos, ou

ousadia ao desafiar a incerteza e abrir o seu

via web por meio dos sites de concorrentes, notícias e do próprio Google.

próprio negócio. Com o tempo é comum que o empresário torne-se mais conserva-

Segundo Fabio Ono, há muitos sites, como o

dor e não tome decisões mais ousadas, le-

Yahoo Respostas, o Quora ou o Ledface com

vando-o possivelmente ao fracasso ou a

a proposta de responder a qualquer dúvida

perda de espaço para a concorrência. A fi-

que os empresários tiverem utilizando a ex-

nalidade da inteligência competitiva é di-

periência e a opinião das ‘multidões’. Entre-

minuir a incerteza ao se tomar decisões ou

tanto, o pacote de soluções gratuitas do

em outras palavras favorecer a tomada de

Google merece destaque. O gerente de

decisões. Outra dica importante para um

Gestão Estratégica do Sebrae/PR aponta

empresário de micro e pequena empresa é

algumas dessas ferramentas. O Google

que a inteligência competitiva pode ser fei-

Alerts pode ser utilizado como uma ferra-

ta pelos próprios funcionários. Contudo, a

menta de apoio ao monitoramento da con-

prática e cultura devem vir do dono para os

corrência ou setor e questões relevantes ao

demais colaboradores.

negócio. O Google Trends faz comparações dos termos, assuntos, pessoas mais procu-

O Sebrae/PR coloca à disposição dos em-

radas no Google. Já o Google News é uma

presários de micro e pequenas empresas

página de busca e de agregação de notícias

alguns serviços de Inteligência Competitiva

de diversas fontes.

como o Foco Cenários&Tendências, cujo

Com relação a notícias, o empresário ávido por informações geralmente acessa um conjunto de websites de notícias e de blogs. A tarefa de acessar diariamente cada um dos sites favoritos pode ser desgastante. “Com a utilização de um RSS Feed pode-se subscrever esse conjunto de sites e vê-los numa única página web, tomando conheci-

Fabio Hideki Ono, gerente de Gestão Estratégica

conteúdo para download é gratuito.

Saiba mais Livros • “Inteligência competitiva de mercado: como capturar, armazenar, analisar informações de marketing e tomar decisões num mercado competitivo”, de Rogério Garber. São Paulo: Editora Madras, 2001. • “Inteligência competitiva: como transformar informação em um negócio lucrativo”, de Elisabeth Gomes e Fabiane Braga. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2001. • “O milênio da inteligência competitiva”, de Jerry P. Miller. Porto Alegre: Editora Bookman, 2002. • “Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: como superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa”, de Alfredo Passos. São Paulo: Editora LCTE Editora, 2007. Site Associação Brasileira de Analistas de Inteligência Competitiva www.abraic.org.br

mento rapidamente das alterações ocorridas a cada dia”, explica Fabio Ono.

48

49


Segundo Tiago Dias, uma das grandes van-

forma exagerada, mas, ao mesmo tempo,

tagens dessa mídia é que o resultado é

precisa para definir o avanço tecnológico

100% mensurável. “É possível calcular exa-

ocorrido nos últimos anos. As novidades,

tamente qual foi o retorno, o que é ótimo

muitas vezes, atropelam sem sequer dar

para a pequena empresa, que tem pouco

tempo para adaptação. Mas é preciso

orçamento.”

acompanhar o ritmo dessa evolução.

Essa mídia está ganhando espaço entre os

Mais do que o setor de processos, o depar-

empresários de micro e pequenas empre-

tamento de vendas deve ficar especial-

sas aos poucos. Segundo o gerente de

mente atento ao progresso. Há tempos,

marketing da Basekit, startup inglesa que

sabe-se que boa parte dos clientes está na

criou uma plataforma online para desenvol-

internet. Mas agora eles estão conectados

vimento de sites para computadores e dis-

por meio de uma nova plataforma: os ta-

positivos móveis, Gabriel Smirne, o foco

blets e smartphones. É para lá que as em-

inicial da empresa era atender designers

presas estão se dirigindo. E os empresários de micro e pequenas empresas também podem tirar proveito dessa forma de comunicação com os clientes.

que queriam facilitar a parte de codificação e focar no visual do site. No entanto, conta, no decorrer do caminho a empresa percebeu o potencial do mercado de pequenas

Os números, base que comprova a impor-

empresas e empreendedores que queriam

tância da presença das empresas nessa

construir um site por conta própria.

plataforma, impressionam: dados do Ibope Media deste ano apontam que 52 milhões de brasileiros têm acesso à internet pelo telefone móvel. Nesse universo, o Ibope Media distinguiu a quantidade de smartphones conectados à internet, que em maio deste

“De todos os países em que estamos presentes, vemos que o Brasil tem o maior potencial pelo número de pequenas empresas criadas diariamente e a crescente importância da presença online”, conclui.

ano era de aproximadamente 20 milhões.

uma questão de inovação, mas sim de adaptação aos novos hábitos do consumidor.

Mobilidade

Portanto, apesar de novo, o formato mobi-

a favor das vendas

Foto: Divulgação

Tudo isso mostra que estar presente e atuando na plataforma mobile já não é mais

Serviço

M-commerce

Acontece em um piscar de olhos. É uma

le está expandido rapidamente e é uma

Uma empresa que tem um site convencional deve adaptá-lo para o meio mobile, caso contrário perderá de 10% a 15% do seu tráfego na rede

mídia flexível, que proporciona diversas possibilidades para a participação dos empresários. Ainda de acordo com o Ibope Media, em 2012 foram investidos cerca de R$ 6,5 bilhões na web de uma maneira geral, valor 21% superior a 2011. “Há dois, três anos para cá os smartphones se tornaram mais baratos e a mídia mobile se tornou massiva e não mais de nicho. Então, em muitos casos, ela pode ser o único canal de venda e não apenas parte da estratégia”, afirma Tiago Dias, sócio-proprietário da agência Reweb, especializada em desenvolvimento de sites e aplicativos. Tiago Dias explica que esta é uma mídia para todos os tamanhos de empresa. Se-

Empresários precisam ficar atentos aos novos consumidores que, além da internet, estão conectados por meio de tablets e smartphones

gundo ele, o valor para se investir nesse meio de comunicação pode variar de R$ 8 mil a R$ 150 mil, dependendo da estratégia. “Na minha visão, o ideal seria o empresário alocar 5% da sua verba para o marketing. E, à medida que vai obtendo resultados, pode aumentar o valor. O in-

Por Andréa Bordinhão 50

Gabriel Smirne, especialista

vestimento precisa ser paulatino”, explica.

51


Foto: Luiz Costa/La Imagen

selecionados com o dedo. Mapas, opções

lular, mas ele começa a olhar o produto lá.

para ligar ou mandar e-mail são característi-

Isso porque o dispositivo móvel ainda não

cas fundamentais”, completa.

oferece uma interface amigável para com-

Quanto aos aplicativos, os especialistas afirmam que ainda é um mercado para ni-

pra. Mas ele impulsiona a venda. É uma mídia de assistência à conversão, portanto”,

chos mais específicos e que a tendência da-

diz Tiago Dias.

qui para frente é a padronização. “Um pon-

Agregador

to complicado em se desenvolver um aplicativo é que cada plataforma tem um

Entre os 53,5 milhões de usuários ativos da

formato diferente. Então, o ideal é que se

internet no Brasil, 86% estão presentes em

desenvolvam aplicativos nativos, que fun-

alguma rede social. Os números são do

cionem em todos os tipos de aparelhos. E

Ibope Media e referem-se a janeiro deste

os celulares ainda estão evoluindo para su-

ano. Ainda segundo o levantamento, na

portar os mesmos aplicativos. Com a padro-

comparação com janeiro de 2012, houve

nização, há também a tendência de fazer

um aumento de 15% no número de inter-

mobile sites onde se possa acessar os recur-

nautas presentes nas redes sociais.

sos dos aplicativos”, explica Tiago Dias.

Como há tanta gente presente nas redes sociais, estar lá significa publicidade para as empresas. Além disso, as redes sociais ajudam a difundir involuntariamente o negócio quando alguém comenta sobre ele. “Com um outdoor eu estou impactando apenas as pessoas que olham para ele. Mas na rede social, quando uma pessoa curte, compartilha ou faz um check-in está mais do que somente sendo impactada. Ela está passando a mensagem para sua rede de amigos”, acredita Tiago Dias. Mas é preciso ter uma boa gestão de redes sociais para manter a imagem positiva, já que isso pode funcionar de maneira contrária também.

Para o sócio-proprietário da Reweb, Tiago

M-commerce

Dias, os dados representam muito para os

Apesar de ser um mercado em expansão,

empresários, em especial para os de pe-

segundo os especialistas os brasileiros ain-

Tiago Dias, especialista Smirne conta que cerca de 30% dos seus

frente. E é importante lembrar que uma

clientes optam pelo pacote que inclui o de-

pesquisa feita no Google pelo celular traz

senvolvimento de site mobile.

resultados diferentes quando feita pelo

conta que desde que começou a trabalhar com desenvolvimento de websites e mobile sites focou nos empresários de micro e pequenas empresas, em especial aqueles que

Os empresários de micro e pequenas empresas também podem tirar proveito de novas formas de comunicação com os clientes

52

da fazem poucas compras pelo celular. No

mento limitado para investir em marke-

entanto, é preciso levar em conta o uso

ting. “Antigamente, a principal atividade

dessa funcionalidade porque é mídia de

online das pessoas era ver o e-mail. Houve

conversão complexa, segundo eles. Isso é,

uma mudança de paradigma. Com a mobili-

o usuário olha o produto no celular e com-

dade, as pessoas pararam de usar e-mail e

pra pelo computador ou pessoalmente.

passaram a se conectar por meio das redes

“Geralmente o cliente não compra pelo ce-

de relacionamento.”

computador. O buscador leva em consideração se o site possui uma versão mobile na hora de ranquear”, afirma.

Foto: Reweb

O designer e publicitário Tiago Facchini

quenos empreendimentos, que têm orça-

Saiba mais

Como estar presente

estão entrando no mercado. Segundo ele,

Uma empresa pode estar representada na

Para consulta

os negócios mobile estão começando a ex-

plataforma móvel de várias formas. A di-

pandir agora e a perspectiva é de cresci-

vulgação pode ser feita por meio de um

mento vertiginoso. “É importante todas as

mobile site, pode-se oferecer algum tipo

pequenas empresas estarem acessíveis na

de serviço por meio de um aplicativo, utili-

Fique por dentro do Mobile Commerce e Mobile Payment – artigo da especialista em marketing Sandra Turchi, publicado na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios

mídia mobile hoje porque, como ainda es-

zar links patrocinados ou usar adequada-

tão em fase de crescimento, todos os

mente as redes sociais. “Uma empresa que

meios de comunicação que estiverem ao

tem um site convencional deve adaptá-lo

seu alcance podem influenciar positiva-

para o meio mobile. Se não tiver um site

Mobile Marketing e empreendedorismo digital – programa da TV UOL sobre mobile marketing

mente no negócio.”

que seja acessível em celulares e tablets já

http://goo.gl/W6sto

A principal demanda recebida pelo designer

http://goo.gl/6Pe4P

está perdendo de 10% a 15% do seu tráfe-

rantes, lojas e de profissionais autônomos.

“Um site otimizado leva em consideração

Empreendedorismo no mundo mobile – artigo do especialista em computação móvel Ricardo Ogliari no site It Web

Facchini lembra que esse tipo de negócio

que o cliente está recebendo o conteúdo

http://goo.gl/cSqTN

depende da visita do cliente ao estabeleci-

por meio de um smartphone, ou seja, a cone-

mento e, como a tendência é das pessoas

xão pode ser ruim, o espaço de visualização

cada vez mais pesquisarem o que precisam

é menor, o dedo será o mouse, entre outros

enquanto estão procurando em um bairro

detalhes”, explica Gabriel Smirne. Por isso,

ou dirigindo, por exemplo, é importante

ressalta o gerente de marketing, “o site mo-

que as empresas estejam bem colocados

bile deve ser leve e prático e o usuário deve

em buscadores ou redes sociais. “Quem es-

encontrar o que quer com muita facilidade”.

tiver melhor adequado a essas buscas sai na

“Os botões devem ser pensados para serem

vem de pequenos negócios, como restau-

go”, afirma Tiago Dias.

Sites que contêm informações sobre o tema www.basekit.com.br www.reweb.com.br www.sitefix.com.br

Exemplo de telas utilizadas na plataforma mobile

53


versos tipos de moedas, quer exportando seus produtos ou importando mercadorias, estão sujeitas a prejuízos ou ganhos extras por conta da variação cambial.

fazer o pagamento de divisa nos próximos seis meses, ao fazer uma operação de hedge terá a certeza que pagará sua dívida pelo valor acertado inicialmente. Em um caso real, um importador, para se defender da

comercial, que é utilizado nas operações de

alta recente do dólar, pode fazer uma ope-

importação e exportação, subiu 7%. Em ju-

ração de compra de dólares no mercado

nho passado, a alta continuou, obrigando o

futuro estabelecendo o preço de R$ 2,22

Banco Central a intervir várias vezes no

para dezembro. Esse será o preço que irá

câmbio, inclusive, com a moeda norte-ame-

pagar pelo dólar quando chegar a data,

ricana atingindo as cotações mais altas dos

mesmo que a moeda esteja cotada a R$

últimos quatro anos.

2,30 ou acima, por exemplo.

Para se proteger das oscilações bruscas no

Com relação ao prazo ideal para fechar uma

câmbio, boas práticas de gestão financeira

operação de hedge, Eduardo Vanin afirma

determinam que as empresas recorram ao

que vai depender da necessidade da em-

chamado hedge, explica o diretor da Agrin-

presa. Se a liquidação se der num prazo de

vest Commodities, Eduardo Vanin. “Fazer

seis meses, o hedge deve ser feito para esse

hedge é fundamental para melhorar a ges-

período.

ser de pequeno, médio ou grande porte”, acrescenta.

‘proteção cambial’

Uma empresa, por exemplo, que tem que

Nos primeiros cinco meses do ano, o dólar

tão financeira da empresa, independente de

Empresas buscam

seu pagamento/recebimento.

A média mundial fica em torno de 70% para operações de curto prazo e 30% para contratos de longo prazo. Ainda que as taxas

O hedge nada mais é do que uma operação

pagas no Brasil sejam mais altas do que nos

que tem por finalidade proteger o valor de

Estados Unidos e Europa, muitas vezes uma

um ativo contra uma possível redução de

empresa se vê obrigada a assinar um con-

seu valor numa data futura ou, ainda, asse-

trato por um período maior. “Tudo vai de-

gurar o preço de uma dívida a ser paga no

pender do que a empresa vislumbra dentro

futuro. Esse ativo poderá ser o dólar, uma

da operação, e os riscos que ela pode cor-

commodity, um título do governo ou uma

rer”, salienta Eduardo Vanin.

ação. Os mercados futuros e de opções possibilitam uma série de operações de hedge.

Fazer hedge é fundamental para melhorar a gestão financeira da empresa, independente de ser de pequeno, médio ou grande porte

Quanto ao custo da operação, alguns consultores financeiros consideram que o hed-

Por exemplo, através de mercado futuro

ge acima de um ano é bastante caro, o que

de dólar (negociado na BM&FBovespa),

faz com que os empresários ou produtores

uma entidade que possui dívidas em dólar

rurais pensem duas vezes. O diretor da

pode reduzir o risco de uma perda provo-

Agrinvest não concorda que esse tipo de

cada por uma elevação da cotação da moe-

operação seja cara no Brasil. Para ele, o que

da norte-americana, desde que compre

é elevado aqui é a taxa de juros embutida

contratos futuros de dólar em valor equi-

no preço.

valente à sua dívida. Proteções semelhantes podem ser feitas para reduzir riscos de outros mercados, com taxas de juros, bolsas de valores, contratos agrícolas e outros, dependendo das necessidades de quem está à procura do hedge.

Foto: Luiz Costa/La Imagen

Consultoria financeira

outros países e fecham contratos com di-

Serviço

As empresas brasileiras que negociam com

No passado, esse tipo de operação era buscado apenas por grandes empresas. Hoje, o hedge é utilizado também por pequenas e

Boas práticas de gestão financeira ajudam empresas, independente do porte, a enfrentar bruscas variações cambiais

médias empresas exportadoras e importadoras brasileiras. Segundo explica o analista e trader da Agrinvest, Caíque Pires Tossulino, em uma operação de hedge, a empresa investe para travar ou fixar o câmbio na data de recebimento de divisas. Isso evita prejuízos caso a cotação va-

Por Mirian Gasparin 54

Eduardo Vanin, analista

rie entre a data de assinatura do contrato e o

55


Foto: Divulgação

bro de 2012 é que passou a fazer operações de hedge. A empresa de médio porte produz e comercializa óleos químicos como metil-ester, glicerina loira e bidestilada, ácidos, álcool graxo, óleos vegetais e gorduras animais nos mercados nacional e internacional. São produtos intermediários para a indústria farmacêutica, cosmética, alimentícia, tintas, resinas, vernizes, plástico, borracha e materiais de limpeza.

Parque industrial da empresa Meridional Apesar de todas as vantagens trazidas pelo

duto no mercado. Mas, caso o preço do mi-

hedge, quando se considera operações em

lho ultrapasse o preço fixado na opção de

bolsa, o número de empresas brasileiras que

venda, o produtor não é obrigado a exercer

se utiliza desse tipo de operação é ainda pe-

a operação. Isso é uma forma de hedge.

queno. Segundo Caíque Tossulino, em países desenvolvidos a maioria das empresas faz hedge e no Brasil a maior parte das operações de hedge é feita indiretamente, via bancos.

o pequeno investidor pode fazer, sem precisar recorrer à BM&FBovespa. Por exemplo: uma família que fará uma viagem ao exte-

“O primeiro passo é buscar uma corretora

rior e vai debitar a maioria de suas despesas

que vai intermediar a operação entre a em-

no cartão de crédito. Como qualquer gasto

presa e a bolsa. Nesse tipo de operação,

no exterior é calculado em dólar pela admi-

não há riscos, mas sim um seguro que se

nistradora, o valor das contas virá indexado

está fazendo contra possíveis oscilações”,

à variação da cotação dessa moeda.

explica o analista da Agrinvest.

o investidor deve calcular o quanto gastará

do dólar em relação ao real devem continu-

em média em sua viagem e comprar o mes-

ar. “O câmbio está refletindo mais a questão

mo valor em dólar ou simplesmente aplicar

interna do País do que o dólar em relação às

o dinheiro num fundo cambial, que é atrela-

demais moedas”, acrescenta. Na sua opinião,

do ao dólar. Ao retornar da viagem, pode

se o Banco Central não estivesse atuando no

vender os dólares comprados e, com o equi-

câmbio, o dólar comercial certamente já te-

valente em reais, pagar sua fatura. Agindo

ria alcançado a cotação de R$ 2,30. Ele avalia

assim estará se protegendo do risco de uma

que são necessárias intervenções mais

crise cambial, com a desvalorização da mo-

agressivas, o que ajudaria no combate à in-

eda nacional, no caso o real.

R$ 2,00 a R$ 2,05 até o fim do ano.

Como funciona

Para a diretora financeira da Meridional TCS a BM&FBovespa é muito cara em relação às bolsas mundiais. “É que o volume de operações feitas na bolsa de mercadorias e de futuros do Brasil é ainda pequeno, além do que ela não tem concorrentes. Nós até que poderíamos fazer um hedge maior, mas só não fazemos por que a BM&FBovespa exige uma garantia muito alta”, destaca.

Saiba mais

Para se proteger de qualquer crise cambial,

Na avaliação de Eduardo Vanin, as oscilações

flação e poderia nos levar a um dólar entre

56

Existem também alguns tipos de hedge que

De acordo com Patrícia, em 2008 quando ocorreu a crise financeira global, que levou à falência muitas instituições financeiras nos Estados Unidos e dos países europeus, a variação cambial foi grande e acabou impactando no caixa da empresa, que naquela época não operava com hedge.

Risco menor Há nove meses, a empresa Meridional TCS Indústria e Comércio de Óleos S/A, com sede

Tomemos como exemplo um produtor de

em Londrina, e planta industrial em Ponta

milho que esteja planejando sua colheita

Grossa, vem realizando operações de hedge

para daqui a quatro meses e que não sabe a

com o objetivo de diminuir o risco da variação

que preço estará o produto naquela época.

cambial. Segundo a diretora financeira da em-

Para evitar perdas, caso haja uma queda

presa, Patrícia Nasser Gardemann, tudo o que

brusca de preço, ele pode comprar uma op-

a Meridional compra para exportar faz o equi-

ção de venda. Com isso, garantirá que vai

valente em hedge. “Não buscamos ganhos e

vender o produto a um certo preço, em de-

nem perdas. Fazemos o hedge para diminuir o

terminada data.

impacto da variação cambial.”

Essa opção de venda protege o produtor

A Meridional TCS exporta óleos químicos

contra as fortes oscilações do preço do pro-

para a Ásia desde 2007, mas só em setem-

Livros “Mercado Financeiro, Produtos e Serviços”, de Eduardo Fortuna. Qualitymark Editora, Rio de Janeiro, 14ª edição, 2000. “Introdução aos Mercados Futuros e de Opções”, de John Hull. Cultura Editores Associados, São Paulo, 2ª edição, 1996. “Mercados Futuros e de Opções Agropecuárias”, P.V. de Marques; P.C. de Mello & J.G. Martines. Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP, 2006. Sites Bolsa de Mercadorias e Futuros: www.bmfbovespa.com.br Cetip: www.cetip.com.br Portal do Investidor www.portaldoinvestidor.gov.br Site da Agrinvest: www.agrinvest.agr.br

57


Em novembro do ano passado, ele realizou

prios limites podem parecer algo impossível

um antigo sonho. Sempre quis conhecer a

para a maioria das pessoas, mas quando real-

Antártica e quando descobriu que tinha uma

mente se deseja alcançar um objetivo há

concorrida maratona lá, não pensou duas ve-

quem não meça esforços. Exemplos de su-

zes para realizar o que era o seu desejo. A

peração não faltam e são verdadeiros cases

prova é considerada uma das mais difíceis do

de sucesso para quem busca motivação. É o

mundo e Marcelo foi o único brasileiro entre

caso do empresário curitibano Marcelo Al-

50 competidores de 14 países a participar.

ves, formado em Administração. Ele passou de funcionário de uma multinacional e sedentário na vida pessoal, para dono do próprio negócio e maratonista, conquistando metas antes consideradas improváveis para sua realidade. “Eu vivia uma vida estressante. Trabalhava mais de dez horas por dia e chegava a pegar dez voos por semana para participar de reuniões. Não fazia nenhum exercício físico e não tinha tempo para mim e para minha família”, conta o empresário. A mudança na carreira e na vida pessoal aconteceu paralelamente e foi ativada por uma observação aparentemente banal. “Eu vi uma foto minha e percebi o quanto estava acima do

Comportamento

Foto: Arquivo Pessoal

Superação

Mudar a vida, sair da rotina e superar os pró-

Os 42 quilômetros da maratona foram percorridos no gelo, em condições extremas de frio, mas mesmo assim ele não desistiu e ainda conquistou a oitava posição na linha de chegada. Na Antártica, Marcelo ainda atrelou o seu desafio a outro desejo: divulgou a causa da doação da medula óssea, levando para o gelo uma bandeira feita por uma criança de 12 anos, que fez o transplante em um hospital de Curitiba. Levando a bandeira para a

É preciso ter um objetivo claro, tanto pessoal quanto profissional, e saber aonde quer chegar para depois correr atrás e realizar

maratona, ele queria despertar nas pessoas de todo o mundo a importância da doação da medula. Depois da Antártica, foi a vez da maratona no Polo Norte.

Foi o início da mudança. Ao mesmo tempo em que começou a se exercitar, seguiu atrás

Marcelo Alves, no Polo Norte

do seu sonho de alterar também a vida profissional e alcançar maior qualidade de vida. As duas coisas aconteceram praticamente juntas. Marcelo pediu demissão da multina-

Foto: Luiz Costa/La Imagen

peso”, revela.

cional em que trabalhava – e que tinha possibilidade de crescimento na carreira - para associar-se ao que era uma então uma pe-

Além do

‘horizonte’

quena empresa, a Overstress. “Uma empresa de fundo de quintal”, brinca Marcelo. A Overstress foi criada para oferecer soluções de qualidade de vida para funcionários de empresas e grupos. Exatamente o que Marcelo procurava na época. Há 11 anos, quando ele se associou, a empresa tinha apenas dez clientes. Hoje já são 70 clientes em todo o Brasil. A sinergia do empresário com os objetivos da empresa foi imediata e a mudança ocorrida na última década, considerável. “Somos uma empresa de gestão de estresse, oferecemos a possibilidade de uma vida melhor

Olhar para o futuro e imaginar aonde se quer chegar são os pontos de partida para alcançar metas

para as pessoas”, comemora. Marcelo atualmente acumula, além de experiências profissionais gratificantes, metas pessoais incríveis. Ele começou a correr pequenas distâncias e hoje acumula participações nas mais importantes maratonas mun-

Por Katia Michelle Bezerra

diais, como as que acontecem na Antártica e no Polo Norte. A primeira maratona conquis-

Marcelo Alves, empresário e maratonista

tada, em 2011, foi nos Estados Unidos.

58

59


não é dela. Ela se boicota. É a sociedade que

mento, os treinamentos e a própria partici-

cobra que ela esteja no peso ideal, mas para

pação nas maratonas, onde importa mais o

ela está tudo bem. Quando o objetivo for

percurso do que os rankings de chegada, fi-

dela, ela terá motivação suficiente para mu-

zeram com que Marcelo chegasse a uma con-

dar”, exemplifica.

clusão: é preciso ter um objetivo claro, tanto pessoal quanto profissional. “Precisa saber aonde quer chegar para depois correr atrás e realizar”, ressalta.

A corrida e a participação em maratonas podem ser comparadas aos desafios encontrados no dia a dia do trabalho, nas empresas

Superação E como uma pessoa, antes sedentária e acima do peso, em pouco tempo consegue correr maratonas dedicadas a profissionais, terminar os trajetos e ainda conquistar boas posições? E mais: também fazer dessa experiência uma oxigenação na carreira e apoiar causas importantes? Para Marcelo, a força

as empresas precisam oferecer soluções mais completas para seus funcionários”, defende Marcelo. Os programas de qualidade de vida já foram implantados em grandes empresas, como a Votorantim, Petrobras,

Exemplos encontrados em sua experiência

Accenture e ExxonMobil, entre outras.

de maratonista também estimulam Marcelo a seguir em frente, como o caso de um se-

Os resultados, conta o empresário, vão des-

nhor de 76 anos que concluiu o percurso da

de a redução do número de faltas até a redu-

maratona da Antártica, superando todas as

ção da utilização dos planos de saúde. Ganha

dificuldades. Marcelo coleciona experiências

o empresário, que investe nos programas de

nesse sentido, nas viagens que agora faz

melhoria de qualidade de vida, e ganha o

para correr, literalmente, atrás do seu so-

funcionário, que aprende a equilibrar a vida

nho, mas conta que reserva as curiosidades

pessoal e profissional.

para o público das palestras que vem fazen-

“A saúde é fundamental e não dá para colocar

do, inclusive para empreendedores que par-

empecilhos para não se cuidar. É preciso ape-

ticipam de cursos do Sebrae/PR.

nas disciplina”, ensina Marcelo. Ele mesmo

de vontade e o desejo de mudança são as

Na maratona do Polo Norte, inclusive, ele

reserva a manhã ou a noite, quatro vezes por

principais motivações. “Não dá para deixar a

levou a bandeira do Sebrae/PR para divul-

semana para treinar e assim continuar partici-

vida levar. Precisa de um foco. O meu foi me-

gar a importância do empreendedorismo.

pando das maratonas, ao mesmo tempo em

lhorar a minha qualidade de vida e conquis-

Para ele, a corrida e a participação das maratonas podem ser comparadas aos desa-

que se dedica à empresa. “Sempre tenho tê-

tei isso”, conta. Ele enfatiza que não é difícil encaixar uma rotina de qualidade dentro da rotina de trabalho, mas as pessoas costumam se boicotar. “E fazem isso porque não têm um objeti-

Foto: Arquivo Pessoal

“A ginástica laboral está ultrapassada. Hoje

Foto: Arquivo Pessoal

As viagens, conquistadas com muito planeja-

nis e shorts comigo. Não importa o lugar, se

fios encontrados no dia a dia do trabalho e as pessoas podem encontrar suas próprias metas pessoais e não poupar esforços para

Marcelo Alves, com a bandeira do Sebrae

vo claro”, afirma citando o exemplo de uma

“O fato de você ter um objetivo e atingi-lo

objetivo, o que importa é saber se fará a pes-

Mudar a vida profissional e pessoal, como

mulher na faixa de 30 anos, bem-sucedida

acaba se tornando um vício. Você sempre vai

soa se sentir feliz e realizada. “É interessan-

aconteceu com Marcelo Alves, não é uma ta-

profissionalmente, casada e acima do peso.

querer correr atrás dos seus sonhos porque

te o quanto você atingir um objetivo, inde-

refa fácil. Exige dedicação, atenção e, princi-

“Ela não consegue emagrecer, mas por quê?

sabe que é possível realizá-los”, compara

pendente de qual área da sua vida, melhora

palmente, foco. “Para mudar, a pessoa preci-

Porque, entre outras coisas, esse objetivo

Marcelo. Para ele, não importa qual seja o

o desempenho em outras. Quando se tem

sa sair da sua zona de conforto. Perceber o

uma realização, tudo fica mais leve e você

que está errado e saber o que pode melho-

começa a se desenvolver em todas as outras

rar”, enfatiza a psicóloga e coach Simone

áreas”, enfatiza.

Steilen Nosima.

Driblando o estresse

Para ela, quando a mudança envolve a vida

E foi justamente para ajudar as pessoas a en-

ção de perda da estabilidade, de saber que

Marcelo, a Overstress, desenvolveu programas para funcionários de grandes empresas. “Nosso objetivo é levar qualidade de vida

profissional, o maior desafio está na sensahá riscos e que é necessário assumir as consequências das decisões. “Quando uma pessoa quer deixar o emprego e abrir um negócio próprio, muitas vezes têm medo de que

para as pessoas.” Inspirado na própria expe-

dê algo errado”, conta. E o medo faz com

riência dentro de uma multinacional, Marce-

que a pessoa paralise e acabe desistindo dos

lo sabe que é preciso incorporar soluções

próprios sonhos.

inovadoras dentro das empresas, visando melhorar a vivência dos funcionários.

60

O importante é não parar”, ressalta.

Quebrando barreiras

conquistá-las.

contrarem seus objetivos que a empresa de

Marcelo Alves, no Polo Norte

não consigo correr pela manhã, corro à tarde.

Para mudar, é preciso sair da zona de conforto, perceber o que está errado e saber o que pode melhorar

Saiba mais

A mudança, no entanto, acontece quando

Sites

as pessoas percebem que estão infelizes.

www.overstress.com.br

Para isso, a empresa desenvolve programas

“Perceber que a vida não está de acordo

www.scsnosima.com.br/site

personalizados de gestão de estresse, de

com o que se deseja e ficar constantemente

www.omeueverest.com

acordo com a necessidade de cada grupo e

estressado e doente são alguns alertas de

empresa. São programas voltados para a

que algo não está bem”, ressalta a psicólo-

saúde preventiva, a nutrição, a sustentabili-

ga. O limite está no bem-estar, por isso é

dade e também o relacionamento e a segu-

preciso se observar e ter metas claras para

rança dentro da empresa. Questões interli-

o futuro. “Se a pessoa não sabe aonde quer

gadas desenvolvidas por um time formado

chegar, acaba seguindo o ritmo da empresa,

por nutricionistas, fisioterapeutas e educa-

do trabalho, da sociedade e nunca dela

dores físicos capacitados.

mesma”, conclui.

Livros recomendados por Marcelo Alves sobre o tema. “Inteligência Positiva”, de Shirzad Chamine “A semente da vitória”, de Nuno Cobra” “Meu Everest”, de Luciano Pires

61


de sete cabeças. Além disso, já tem livros

para o sucesso de um empreendedor é con-

digitais que se aproximam de outras mídias.

seguir perceber e interpretar as necessida-

O livro também está virando multimídia”,

des do mercado e ter habilidade para mon-

analisa o presidente da editora Évora, Hen-

tar e gerenciar um negócio para atender a

rique Farinha.

essas necessidades. No entanto, essa percepção de oportunidades não ocorre em insights repentinos ou só acontecem com mentes muito criativas.

preendedorismo representam 7% do total de publicações de negócios da editora, atrás somente das biografias, e 20% do total das vendas. No entanto, o presidente da

ção de uma boa ideia está diretamente liga-

Évora ressalta que qualidade não significa

da à informação e dados estatísticos. Dian-

quantidade. Para ele, essa é uma mudança

te do número crescente de pessoas

mais lenta, mas que também está aconte-

querendo empreender e, consequente-

cendo com o aumento no número de publi-

mente, da necessidade de subsídios para

cações para esse público.

identificando nesse nicho um público interessado em consumir boa informação e está dando passos largos na ampliação do seu mercado consumidor.

“Tem várias publicações na área, mas falta qualidade. Muitos livros vão na linha da autoajuda. Ainda faltam livros práticos, de mais conteúdo, que se preocupem em mostrar o que o empreendedor tem que fazer. É

O crescimento editorial voltado para em-

preciso mostrar para eles como pensar e

preendedores está acontecendo em diver-

como agir”, afirma.

sos segmentos. A quantidade de livros publicados está crescendo, o número de sites e blogs especializados no tema está aumentando e o investimento da grande imprensa em editorias ou páginas específicas para esse público também está subindo.

Uma das razões para o aumento do público que busca esse tipo de publicação, aponta Farinha, não é só a procura de empreendedores que querem abrir empresas para oferecer produtos. O setor de serviços, inclusive clínicas de saúde, também está se

“Hoje o acesso ao conteúdo está mais fácil.

profissionalizando cada vez mais. “É uma

Não precisa mais ser especialista para lidar

mudança importante e esse nicho todo pre-

com conteúdo editorial e desenvolver con-

ciso de produtos e marketing específicos

teúdo para livros não é mais nenhum bicho

para eles”, salienta.

Com o aumento de pessoas querendo empreender, o mercado editorial brasileiro identifica nesse nicho público interessado em consumir informação

Foto: Gazeta do Povo

Empreendedorismo

Segundo Farinha, os livros voltados ao em-

Além da profunda observação, a identifica-

isso, o mercado editorial brasileiro está

Comportamento

Informação

Sabe-se que um dos principais quesitos

vira mercado editorial Em busca de informação, empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas tornam-se consumidores de conteúdos

Por Andréa Bordinhão

62

Marisa Valério, jornalista

63


Publicações da Editora Évora “Empreendedorismo Inovador”, de vários autores “Do sonho à realização em 4 passos”, de Steven Blank “Nunca procure emprego”, de Scott Gerber

dia a dia”, comenta a criadora do site Canal

“O assunto entrava junto com outros temas

do Empreendedor, Adriana Noviski. Ela

econômicos e, por isso, perdia um pouco de

criou a página há cerca de oito meses e con-

espaço”, conta. “Eu acho que era um merca-

ta que o número de acessos está aumentan-

do editorial carente no Paraná. Na impren-

do muito nos últimos meses.

sa local não havia um canal assim. Mas pro-

“Os empreendedores gostam de ler histórias de outros que deram certo. Mas, por conta

A página traz, além de matérias jornalísti-

isso. É muito. Os sites independentes estão

cas e colunistas, temas que estão em voga

mudando isso. Só ‘pintar’ o cenário falando

entre os empreendedores, como dicas so-

do lado bom de empreender não ajuda na re-

bre franquias. “Além disso orientamos os leitores de como é importante estar sem-

sa ou já é um empreendedor. Tem gente que

pre bem informado”, afirma Marisa.

não tem noção da quantidade de impostos

Interação

que vai pagar, não sabe que quando registrar os funcionários eles custarão muito mais,

A internet tem a vantagem da interação. A

dentre outras coisas. Nós tocamos mais nes-

página Empreender da Gazeta do Povo ga-

ses pontos”, explica Adriana.

nhou uma versão digital com conteúdo am-

Ela conta que montou o site justamente

quanto Adriana contam que os leitores usam

porque tinha muito contato com publicações voltadas ao tema, porém achava a maioria com textos longos e linguajar complicado e sem muitas dicas práticas.

As histórias de sucesso, que contam como empresários chegaram lá, dão lugar a publicações com conteúdos mais práticos

pliado há quatro meses. E tanto Marisa os canais de contato para mandar dúvidas. “Temos uma ferramenta em que nos dispomos a responder o empreendedor. Às vezes, são perguntas específicas, mas, no geral, são ques-

A editora-executiva do jornal paranaense

tões que importam para todos”, conta Marisa.

Gazeta do Povo, Marisa Valério, conta que o

Adriana também diz que recebe muitas dúvi-

Ao citar os livros campeões de venda da sua

jornal enxergou a necessidade de investir

das de leitores. “As que não conseguimos dar

editora, fica clara a mudança de foco da pro-

nesse público há pouco mais de um ano. Foi

uma ‘luz’ com algum conteúdo que já temos

cura do consumidor descrita por Farinha. As

quando criou uma página semanal voltada

publicado, direcionamos para outros lugares

histórias de sucesso, que contam como em-

ao tema, batizada de Empreender.

que podem auxiliar melhor”, explica.

presários conseguiram chegar lá, estão cada

Saiba mais

vez mais dando lugar a livros práticos.

Algumas editoras onde achar lançamentos de livros sobre empreendedorismo

Segundo Farinha, os mais vendidos da sua edi-

www.editoraevora.com.br

tora atualmente são títulos como “Empreen-

www.elsevier.com.br

dedorismo Inovador”, espécie de manual de

Só ‘pintar’ o cenário falando do lado bom de empreender não ajuda na realidade de quem quer abrir uma empresa ou já é um empreendedor

prestação de serviços”, completa.

disso, 80% do conteúdo são voltados para

alidade da pessoa que quer abrir uma empre-

Página sobre pequenas e médias empresas da Gazeta do Povo

curamos suprir de forma interessante, com

www.editoraatlas.com.br

como criar startups de tecnologia no Brasil, “Do sonho à realização em 4 passos”, que traz

Sites voltados ao empreendedorismo

estratégias para criação de empresas, e “Nun-

www.canaldoempreendedor.com.br

ca procure emprego”, espécie de guia para empresários sem experiência superarem bem

www.pme.estadao.com.br

as dificuldades dos primeiros anos do negócio.

www1.folha.uol.com.br/especial/2012/ mpme

Um mundo de informações

www.gazetadopovo.com.br/economia/ empreender-pme

Assim como acontece com os mais diversos temas, a internet também virou uma enciclopédia vasta, com todos os tipos de infor-

Livros citados na matéria

mações sobre empreendedorismo. Inúme-

“Empreendedorismo Inovador: como criar startups de tecnologia no Brasil”, de vários autores.

ros sites e blogs independentes, além de publicações direcionadas da grande imprensa, surgem na rede o tempo todo.

“Do sonho à realização em 4 passos - Estratégias para criação de empresas de sucesso”, de Steven Gary Blank.

Nesses meios de comunicação, as dicas e orientações também estão fazendo mais

“Nunca procure emprego! - Dispense o chefe e crie o seu negócio sem ir à falência”, de Scott Gerber.

sucesso. “Cada vez mais a atenção dos leitores é disputada e o tempo é mais precioso. Por isso, a forma precisa ser mais concisa,

Canal do Empreendedor

com linguagem simples e vocabulário do

64

65


Saramandaia, a criação foi exclusiva para a

ros, que ficam de olho nas tendências lan-

personagem, que tem toda uma caracteri-

çadas pelos artistas. Ser convidado para

zação específica. Elyane chegou a acompa-

fazer parte dessa rede, portanto, é garan-

nhar a caracterização da personagem e

tia de projeção.

conta que ficou encantada com a monta-

A empresária paranaense Elyane Fiuza sabe disso desde que suas bolsas estilizadas foram parar nas mãos de atrizes, como Marisa Ortiz e Adriana Birolli, e chamou a atenção

mida são acessórios que dão o toque final nessa caracterização.

peças exclusivas para a personagem da

pal diferencial para conquistar mercado,

atriz Vera Holtz, em Saramandaia.

sem deixar de lado, claro, a qualidade do

Vera, uma voluptuosa dona de casa amante da gastronomia. Assim, bolsas em formato de morango, cupcakes e outros temas foram confeccionadas exclusivamente

produto e o atendimento personalizado. Elyane já tem representantes em seis regiões do Brasil – em Curitiba, Goiânia, Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina - e conta que algumas lojas já começaram a se interessar pela venda das peças.

pela empresária, que comemora a conquis-

A produção é feita em Curitiba e ela já

ta. “É muito bom saber que tem uma coisa

chega a fazer 300 peças por mês. A maior

só sua em uma novela, por exemplo, e que

dificuldade, no entanto, não é a mão de

o produto pode ser divulgado de forma

obra e sim a revenda. “Quero pessoas que

tão ampla”, diz.

revendam as peças com a mesma exclusi-

Elyane trabalha no ramo de bolsas há mais de duas décadas. Natural de Paranavaí, ela começou a fazer bolsas de tecido, de forma informal, mas sempre apostando na exclusividade. Nunca fez, por exemplo, duas bolsas iguais. O atendimento acaba sendo per-

Detalhes que fazem a diferença

ficar pronta.” As bolsas em formato de co-

Essa exclusividade, para Elyane, é o princi-

parte da concepção da personagem de

Bolsas paranaenses nas novelas da Globo

gem. “Ela leva mais de quatro horas para

de figurinistas que a convidaram para criar

As bolsas em formato de comida fazem

sonalizado e vai ao encontro do gosto e da

vidade com que elas são feitas”, diz a empresária, que já pensa em alçar voos mais tação”, destaca.

De olho no mercado Além das novelas, claro, existem outras maneiras de chamar a atenção do público e

Para ela, essa personalização do produto é o

principalmente se o produto em questão é

mercado. O atendimento acaba sendo exclusivo também e acontecendo não apenas no momento da venda, mas depois que o cliente adquire o produto. “Damos assistência técnica e se acontece algum problema que não podemos consertar, oferecemos outro

O produto tem que saltar aos olhos e o empreendedor deve analisar o mercado para saber a melhor forma de fazer com que isso aconteça

altos. “Meus planos futuros são de expor-

personalidade do cliente.

que faz com as peças ganharem destaque no

Mercado

Já para a personagem de Vera Holtz em

cia de consumo para milhares de brasilei-

obter projeção nacional e até internacional, exclusivo. Foi o que aconteceu com dois projetos sociais liderados pela designer Luciana Marinque Braga. O EcoCalema, da cidade de Capitão Leônidas Marques, e o Ecojoias, da cidade de Corbélia, são realizados por mulheres com renda familiar baixa, que

produto no lugar”, exemplifica a designer. A projeção das suas peças começou quando ela decidiu apoiar algumas peças de teatro e presenteou atrizes com suas bolsas. A di-

Foto: La Imagen

Foto: Luiz Costa/La Imagen

Projeção

As novelas ‘globais’ sempre foram referên-

vulgação foi acontecendo no boca a boca até que a área comercial da Rede Globo a

Empresas paranaenses apostam na exclusividade para alcançar projeção nacional e, com produtos diferenciados, conquistam mercado

convidou para criar algumas peças que apareceriam nas novelas da emissora. Primeiro foi a vez de personagens de “Amor à Vida” usarem os acessórios. A coleção apresentada na novela foi desenvolvida depois de uma extensa pesquisa na cidade ita-

Por Katia Michelle Bezerra

liana de Camerino. Inspirada na cultura italiana, a Nuova Collezione mistura formas clássicas com geométricas e também apos-

Luciana Braga, designer

ta na exclusividade.

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67


estratégia e mudar. Essa visualização é fundamental para obter sucesso, conforme analisa a consultora do Sebrae/PR. Avaliar o produto e questionar se há melhorias para realizar, sair da rotina e avaliar outras possibilidades do mercado são questões fundamentais para conquistar o crescimento e a projeção no mercado. Tudo isso, claro, destacando o profissionalismo. “Não dá para atirar para todo lado, é preciso ter foco, adequação e – principalmente – ser profissional. O mercado não tem espaço para amadorismo”, conclui Carla Werkhauser.

Ela exemplifica com uma empresa que já tinha expertise de décadas em camisaria masculina e decidiu abrir o mercado também para a camisaria feminina. A empresa conseguiu analisar o mercado, estabelecer uma

Confira as dicas da coordenadora estadual do Setor de Vestuário do Sebrae/PR, Carla Werkhauser, para se destacar no mercado.

Desfile com peças Ecocalema e Ecojoias encontraram no artesanato uma oportuni-

guês e – além disso – possuem aroma espe-

dade de melhorar de vida.

cífico. “Temos toda uma preocupação com a

“Essas mulheres trabalhavam com artesanato de repetição, com muita cópia e sem

Não dá para atirar para todo lado, é preciso ter foco, adequação e, principalmente, ser muito profissional

nossos produtos”, diz Luciana Braga. Os dois projetos sociais, no entanto, tiveram

desenvolvendo uma linha de produtos para

patrocínio encerrado nos municípios. Isso

cada uma dessas cidades”, conta a designer.

não impediu Luciana de levar a ideia adiante.

No projeto Ecocalema, por exemplo, a linha

Ela está estruturando uma empresa que vai

de bolsas, colares e pulseiras foi trabalhada

garantir que as mulheres artesãs que partici-

em trançado de palha de trigo. “Uma técni-

pam do projeto continuem trabalhando nas

ca passada de pai para filho e que estava

peças. “A maior dificuldade é colocar os pro-

esquecida. Nós agregamos o design e con-

dutos no mercado, mas essa etapa já pas-

seguimos inserir o produto no mercado de

sou”, conta, citando a repercussão positiva

moda”, conta Luciana.

dos produtos criados. A empresa ainda está

Frankfurt, na Alemanha, e em Paris, na França. No ano passado, estiveram presentes no

em fase de estruturação, mas quer valorizar o trabalho artesanal agregando design e buscando mercados diferenciados para o produ-

Paraná Business Collection e, este ano, esta-

to, principalmente no universo da moda.

vam à venda na SPFW Pop up, uma loja mon-

Sem segredos

tada durante a maior semana de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week.

Para conquistar o mercado e projetar-se –

“A exclusividade é fundamental para a in-

seja nacional ou internacionalmente – não

serção no mercado da moda e também para

existe segredo, “mágica” ou “receita de

obter sucesso”, enfatiza.

bolo”, como revela a consultora e coordena-

No projeto de Ecojoias, todas as peças são feitas com metais banhados a ouro. Trabalhar com semi-joias, conforme revela Luciana, foi uma escolha exatamente por conta da exclusividade. “Pouca gente trabalha com esse mercado”, analisa. Peças banhadas a outro são misturadas a resíduos têxteis e a pedras naturais. Os produtos ga-

68

embalagem para diferenciar ainda mais

inovação, o que fizemos foi agregar valor,

Os produtos foram expostos nas feiras de

Foto: Luiz Costa/La Imagen

Foto: La Imagen

está inserido para saber a melhor forma de fazer com que isso aconteça”, diz. O caminho para o reconhecimento, no entendimento de Carla Werkhauser, está na empresa expandir a visão de mercado. Para ela, muitos empresários, focam apenas no seu cotidiano e não ampliam os horizontes para saber se existem outras oportunidades de investimento.

1

Avalie o seu produto e questione se há melhorias a realizar.

Saia da rotina e analise outros mercados em potencial.

3 Planejamento e capacidade de adequação são fundamentais para o crescimento.

dora estadual do Setor de Vestuário do Se-

2 Trace uma estratégia para atingir outros nichos de mercado. Elyane Fiuza, empresária

4

brae/PR, Carla Werkhauser. “O que vale para um empreendedor, pode não valer para outro”, ressalta. Segundo ela, o produto não pode ter apenas qualidade, já que qualidade é obrigação. Não importa a área, o produto precisa ter um diferencial e buscar destaque de forma inovadora.

nham etiqueta com o selo “Feito por

“O produto tem que saltar aos olhos e o em-

pessoas”, com descrição em inglês e portu-

preendedor deve analisar o mercado em que

5

Aposte na inovação e no profissionalismo.

Saiba mais Conheça mais sobre a personagem Dona Redonda, da novela Saramandaia, que usa as bolsas exclusivas feitas pela empresária paranaense Elyane Fiuza: http://goo.gl/Aowuw

69


Feira do Empreendedor

Fotos: La Imagen

Histórias como as dos amigos Luciano Borges Pereira e José Santos. Eles são empresários e visitaram a Feira do Empreendedor em busca de oportunidades de negócios. Ambos tiveram interesse em adquirir uma máquina de personalização de brindes, uma das 60 ideias de negócio apresentadas presencialmente no evento. “Já fiz várias capacitações do Sebrae/PR e achei essa feira muito completa. Trabalho com marketing para micro e pequenas empresas, que não costumam fazer brindes em grandes quantidades. Com a aquisição da máquina, eu poderei atendê-los com pequenas quantidades e, dessa forma, agregar mais um setor na minha empresa”, afirma Luciano, que ainda está em negociação com a empresa fornecedora da máquina. Para José, “a máquina de brindes será utilizada para presentear os meus clientes”. “Acredito que possa ser um fator de decisão na hora da venda dos produtos de limpeza que minha empresa comercializa”, reforça.

Feiras e eventos

Aproximadamente 13,5 mil empresários e potenciais empresários de micro e pequenas empresas participaram da Feira do Empreendedor 2013 – Paraná, totalizando mais de 17 mil visitas. Essa edição, que aconteceu de 21 a 24 de março em Curitiba, será lembrada pelas histórias.

Ambos assistiram diversas palestras ministradas na Feira. “Aprendi muito aqui no evento. A Feira do Empreendedor é uma ‘escola’ de empreendedorismo. Na palestra do economista Ricardo Amorim, por exemplo, vi que preciso ter uma visão macroeconômica de onde eu quero estar daqui dez anos e como a minha empresa deve estar posicionada no mercado”, diz Luciano.

Força empreendedora Para Edson Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), que esteve na abertura do evento como representante do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, o sucesso da Feira do Empreendedor confirma o crescimento do interesse paranaense pelo empreendedorismo. “O evento se consolida a cada edição e é uma oportunidade imperdível para aqueles que querem começar e para aqueles que já têm micro e pequenas empresas.” Campagnolo destacou a força empreende-

O espaço criado para o evento, com games empresariais para quem tem empresa e para quem quer abrir, foi acessado por mais de 4 mil visitantes

dora encontrada em todas as regiões do Paraná. “Nosso Estado é reconhecidamente um estado empreendedor. Transformou-se num grande celeiro de empreendimentos de sucesso graças à força de homens e mulheres”, disse.

Foto: Carlos Poly/La Imagen

Sucesso de público (e crítica) Maior evento de empreendedorismo do Estado contou com presença maciça de empresários e potenciais empresários da Grande Curitiba Edson Campagnolo, vice-presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR e presidente da Fiep Por Leandro Donatti

70

71


Foto: Daniel Dereveki/La Imagen

Artigo

não perdoa arrogância

Mais de 7,5 mil pessoas nas palestras-magna

Campagnolo também relembrou sua própria trajetória como empreendedor, até a fundação da Rocamp, indústria de confecção instalada em Capanema, no sudoeste do Paraná. “Há 23 anos eu estava na mesma posição de vocês, em busca de oportunidades e através do Sebrae/PR eu pude percebê-las. Hoje minha empresa tem aproximadamente 350 funcionários e fabrica uniformes para grandes times do futebol brasileiro”, afirmou. Além de aconselhar os participantes da Feira e se capacitarem antes de entrar no mundo dos negócios e apostarem na inovação, o presidente da Fiep afirmou que a perseverança é fundamental para quem quer ter sucesso no mundo empresarial. “É preciso ter fé sempre e nunca desistir dos seus objetivos”, declarou.

Resultados Realizada de dois em dois anos, a Feira do Empreendedor faz parte de um circuito nacional. O evento, em Curitiba, registrou a participação maciça de microempreendedores individuais – recém-saídos da informalidade e que faturam até R$ 60 mil ao ano; e de interessados em se formalizar e ampliar seu conhecimento em empreendedorismo e negócios. Os visitantes encontraram - gratuitamente e num só lugar – informações; games empresariais; loja-modelo com tendências em

72

varejo; oportunidades de negócios, presenciais e virtuais, para Curitiba e Região Metropolitana; cinema 5D sobre sustentabilidade; e orientações com especialistas do Sebrae/PR. A Feira do Empreendedor ofereceu também aproximadamente 180 palestras, com duração média de uma hora cada, sobre temas relevantes para o dia a dia empresarial como gestão de negócios, tendências de mercado, inovação, economia criativa, startups e comportamento empreendedor. Só as palestras-magna, realizadas no Teatro Positivo, ao lado da área de exposição do ExpoUnimed, com um ‘time de feras’ formado pelo apresentador Serginho Groisman, pelo empresário Mario Gazin, pelo economista Ricardo Amorim e pelo especialista em interatividade Walter Longo, mobilizaram mais de 7,5 mil empresários e potenciais empresários, nos quatro dias de evento. A edição ficará marcada pela seleção de oportunidades de negócios; disseminação de conhecimento para abertura e fortalecimento de empresas; orientações sobre administração, gestão financeira, inovação; e por oferecer tudo o que o empresário precisa para tornar o seu negócio mais lucrativo. A Feira do Empreendedor deixa um legado de progresso e desenvolvimento, que

vai ser sentido nos próximos anos não só em Curitiba e Região Metropolitana, raio de abrangência do evento, mas em todo o Paraná.

Foto: Ruy Prado

Cliente

Eloi Zanetti é consultor e palestrante em Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas. Acesse www.eloizanetti.com.br

Por Eloi Zanetti

Na hora do almoço e ao passar em frente a

serviços exclusivos pelo maior tempo possí-

aparecem, concorrentes se instalam ofere-

A inovação também ficará como marca registrada. O espaço criado para o evento, com games empresariais para quem tem empresa e para quem quer abrir, foi acessado por mais de 4 mil visitantes. Um sinal de que os empreendedores buscam formas alternativas de obter conhecimento.

um restaurante famoso, fiquei triste ao

vel é o sonho de todos os empresários, mas

cendo produtos e serviços melhores e mais

constatar que quase não havia movimento,

tratar mal e de forma arrogante esses clien-

baratos. O cliente maltratado vê a oportu-

poucos carros no estacionamento, salão va-

tes não é boa política comercial. Hoje, o

nidade da desforra e migra para outros lu-

zio e garçons encostados.

Por instantes

acesso a novos fornecedores está mais fá-

gares. O orgulhoso só perceberá a perda

tive pena em ver aquele estabelecimento,

cil, substituições podem ser feitas a qual-

com o correr do tempo. A decadência se

antes tão conceituado e bem frequentado,

quer hora em qualquer lugar do mundo.

instala de forma lenta e gradual.

A história geralmente começa assim: com a

Por isso, cuidado: quando sua empresa esti-

Para Joana D’Arc Julia de Melo, coordenadora estadual da Feira do Empreendedor 2013 - Paraná, o evento “cumpriu sua missão que é proporcionar experiência empreendedora, por meio de ambiente de oportunidades, conhecimento e inovação, que impulsione a concretização dos sonhos dos participantes.”

Outros congêneres na mesma região esta-

casa lotada ou a carteira cheia de pedidos, o

ver por cima, vendendo bem e a casa cheia,

vam lotados. Lembrei-me também de que

pessoal do atendimento começa a fazer

faça um exercício de humildade. Fique aten-

há muito tempo não entrava naquela casa.

corpo mole e a colocar aqueles que preci-

to em como o seu pessoal anda tratando a

O que teria acontecido para tal perda de

sam atender em filas e esperas sem neces-

freguesia. Observe você mesmo como os

em tal estado de abandono.

fregueses? Por que só agora tive esta percepção de decadência? Ando mais algumas quadras e a memória me refresca: talvez a consequência fora a dos seus proprietários e atendentes terem assumido um dos piores pecados do ser humano - a arrogância. Clientes suportam o comportamento so-

Saiba mais Acesse www.feiradoempreendedorpr.com.br

sidade. Muitos assumem ares e comportamentos prepotentes e mal-educados. Não dão atenção às reclamações, não querem conversa, não respondem a pedidos de informações, desprezam com empáfia clientes e subestimam concorrentes.

seus compradores estão se comportando, converse com eles, pergunte suas opiniões sobre o atendimento e tente descobrir o que o seu pessoal está fazendo de errado. Bom restaurante é aquele em que o dono anda por entre as mesas conversando com seus clientes, garçons ficam mais atentos e

berbo dos seus fornecedores enquanto

É só fazer um pouco de sucesso que algu-

precisam deles por uma dependência qual-

mas empresas aproveitam a oportunidade

quer, mas na primeira oportunidade darão

para aumentar preços e a impor condições

o merecido troco. Aconteceu com esse res-

draconianas. “Quer ou não quer? Se não,

taurante e acontecerá com tantas outras

procure outro lugar”, dizem do alto das

empresas que, quando estão vendendo

suas vaidades, sabendo que o pobre clien-

bem, começam a tratar com desprezo, de-

te, naquela ocasião não tem mais opções de

satenção e a fazer exigências absurdas,

escolha. O sucesso cega qualquer um.

àqueles que as ajudaram a subir.

O tempo passa e o velho slogan de uma

da mesma categoria e uma das característi-

Manter clientes vinculados às suas empre-

transportadora paulista: “O mundo gira. A

cas do arrogante é não querer ouvir o que

sas por meio de processos, sistemas de ven-

Lusitana roda”, ainda é válido para explicar

os outros têm a dizê-lo. Primeiro passo para

das, produtos, máquinas, equipamentos e

as muitas mudanças da vida: novas opções

a derrocada.

o pessoal da cozinha capricha mais. Se até o Papa tem um assistente para lembrar-lhe sobre a sua condição de mortal, sussurrando ao seu ouvido a frase “Sic transit gloria mundi”, ou seja, a glória é passageira, por que a nós não cabe uma reflexão sobre nosso comportamento? A arrogância, a soberba e a vaidade são pecados capitais

73


a vez do avô e depois do pai manter a tradi-

mil habitantes, Bituruna está localizada na

ção, desta vez em Bituruna, região que es-

região centro-sul do Estado. A economia

colheram para viver.

do município é movimentada pela extra-

Foto: Rodrigo Czekalski/La Imagen

ção de madeira, de um polo têxtil em desenvolvimento e da agroindústria, mas é na produção de uva e de vinhos que os biturunenses, principalmente os pequenos produtores rurais, estão enxergando uma alternativa para transformar suas propriedades em empreendimentos rentáveis. A valorização da fruta e da bebida ganhou força nos últimos dez anos, mas se intensificou a partir de 2011, quando o Sebrae/PR

“Como as pessoas gostavam e elogiavam a bebida, ele percebeu que aquela tradição poderia se transformar em um negócio.” Nascia então, em 2005, a Vinícola Bertoletti.

Competitividade

uva e fabricação de vinho na cidade. Até

Bituruna foi um dos objetivos do progra-

abril deste ano, nove produtores da fruta e

ma de boas práticas agrícolas implanta-

proprietários de quatro vinícolas participa-

do na cidade. “Identificamos a capacida-

ram de projeto-piloto que teve o objetivo

de existente em Bituruna e decidimos

de ensinar o manuseio correto da uva para

ajudar os produtores, primeiro para a

aumentar a qualidade da matéria-prima,

produção de uva de qualidade e depois

melhorar o produto final e ampliar a quan-

para o correto processamento do vinho,

tidade produzida.

tudo para alavancar a competitividade

pou da capacitação do Sebrae/PR e que tem tirado bom proveito dos ensinamentos que recebeu. “As atividades foram boas e abriram nossa visão para o negócio. Percebemos que acompanhando a

74

servir às pessoas que visitavam a casa.

dutores de uva e fabricantes de vinho de

maiores de Bituruna, conta que partici-

Por Adriana Bonn

eram usadas para consumo da família e para

boas práticas agrícolas para a produção da

que leva o nome da família, uma das

Produtores de Bituruna, no interior do Paraná, descobrem na uva e no vinho uma atividade rentável em pequenas propriedades

sim produzia pequenas quantidades que

Ampliar essa visão empresarial dos pro-

tra junto com mais três irmãos a vinícola

Um ‘brinde’ ao sucesso

vasilhames para elaborar vinho e mesmo as-

passou a oferecer uma capacitação de

A enóloga Eliane Bertoletti, que adminis-

Claudinei e Eliane Bertoletti, produtores

Eliane conta que no começo o pai não tinha

tecnologia e a evolução podemos ter melhores resultados.”

deles no mercado nacional”, explica a consultora do Sebrae/PR, Maria Isabel Rosa Guimarães. Durante a capacitação, os vitivinicultores (produtores de uva e vinhos) aprenderam os princípios e regras para o correto manuseio do alimento, desde a matéria-prima até o produto final, com o objetivo de garantir a qualidade sanitária e conformidade dos produtos com os regulamentos técnicos. Entre os temas abordados na capacitação estavam os controles da con-

Bisneta dos primeiros imigrantes italianos

taminação pelo ambiente, pelo produtor e

que foram destinados inicialmente à serra

por uso de produtos químicos, controle de

gaúcha, em 1875, Eliane conta que durante

pragas, água, limpeza e instalações.

a capacitação ela e o irmão Claudinei aprenderam a fazer a gestão de segurança, atendimento à legislação, ter controle de produção e, principalmente, implantar sistemas de produção, que mostram a importância de se fazer registros, desde o plantio até a industrialização. “Antes de participar do curso, não tínhamos nada no papel e agora aprendemos a fazer tabelas de controle”, explica.

Associativismo

Boas práticas

Com uma população de pouco mais de 16

Bituruna está sendo estudada para um trabalho de Identificação Geográfica (I.G.), devido ao clima e solo muito favoráveis ao cultivo de uvas

Maria Isabel Guimarães informa que Bituruna está sendo estudada para um trabalho de Identificação Geográfica (I.G.), devido ao clima e solo muito favoráveis ao cultivo de uvas. A I.G. garante a origem, os processos de produção e algumas características sensoriais dos produtos de uma determinada região, conferindo-lhes destaque no mercado brasileiro e internacional.

De acordo com a enóloga, até então a Viní-

Diagnóstico nacional

cola Bertoletti usava um sistema antigo de

O potencial vitivinicultor de Bituruna foi

controle, implantado ainda pelo pai, Car-

identificado em um levantamento nacio-

los, proprietário da empresa, há quase três

nal das regiões produtoras de uva e vinho

décadas. A produção de uva e vinho vem

e de caracterização de roteiros de enotu-

de gerações na família. O bisavô chegou ao

rismo no Brasil realizado pelo Sebrae Na-

Brasil e na bagagem trouxe mudas de vi-

cional, em parceria com o Instituto Brasi-

deiras, que foram plantadas em Bento

leiro do Vinho (Ibravin), que tem sede em

Gonçalves, Rio Grande do Sul. Em 1927, foi

Bento Gonçalves.

75


de uva de Bituruna, mas também dos co-

suco de uva que produz e que apenas 5%

na, o trabalho conjunto tem metas para os

merciantes da cidade. Bituruna recebe

da uva de mesa são destinadas à exporta-

vitivinicultores de todo o País, entre elas o

anualmente, em média, 50 mil visitantes.

ção. Menos de 1% dos vinhos produzidos

aumento da comercialização de vinho, ca-

Muitos chegam à cidade para participar

no país é comercializado no mercado ex-

pacitação das empresas para o mercado

principalmente das festas da Uva e do Vi-

terno. Hoje 22 países compram o vinho

nacional e facilitação do acesso a informa-

nho, criadas para aproveitar o atrativo

brasileiro, entre eles os Estados Unidos,

ções de mercado para as pequenas e mé-

existente no município. Otimistas com o

Alemanha, Inglaterra e República Tcheca.

dias vinícolas.

futuro, os biturunenses querem agora fa-

Em Bituruna, de acordo com a consultora do Sebrae/PR, os resultados estão sendo favoráveis. “O melhoramento da produção da uva e da elaboração do vinho é visível”, diz Maria Isabel Guimarães. A Viníco-

rismo na região.

Destaque nacional A viticultura (produção de uva) no Brasil

oferecida pelo Sebrae está mudando a

surgiu no século 16 com a chegada dos co-

realidade dos produtores e empresários

lonizadores portugueses. O cultivo da fru-

do setor do município.

ta se espalhou por todas as regiões, mas

quando iniciou o curso, a vinícola da família processava 50 mil litros de vinho por ano, finos e de mesa, produção que saltou para 80 mil litros em 2012. A meta agora é aumentar a industrialização da bebida em 10 mil litros a cada ano. Eliane diz ainda que a empresa, que hoje usa tecnologia de ponta na produção de seus produtos, tem planos audaciosos para a fabricação de suco de uva, que também tem boa aceitação. Em cinco anos a empresária pretende aumentar de 30 mil para 100 mil litros/ano a produção. Para

mente abastecidas com a uva produzida no

A produção nacional de uva chega a 1,2 milhão de toneladas por ano, do qual 45% são destinados para a elaboração de vinho, sucos e outros derivados

restrita às regiões sul e sudeste. No Paraná, a consolidação da viticultura tropical foi consolidada dez anos depois. A partir de 1990 surgiram no país vários polos, voltados à produção de uvas de mesa e de uvas para a elaboração de vinho e suco.

tares, com vinhedos existentes desde o extremo sul até regiões próximas à linha do Equador. Em função da diversidade ambiental, há polos com características de regiões temperada, subtropical e tropical.

ro do Vinho (Ibravin), a produção nacional de uva chega a 1,2 milhão de toneladas

mudas de videiras, incentivos que serão

por ano. Deste total, aproximadamente

pagos com uva três anos depois, quando

45% são destinadas para a elaboração de

tem início a primeira safra da fruta.

vinho, sucos e outros derivados. Os 55% restantes são comercializadas como uvas de mesa.

mercializa, além de vinho e suco de uva,

Do total de produtos industrializados, 77%

geleia e a fruta in natura, na época de sa-

são vinhos de mesa e 9% sucos de uva, ela-

fra, que acontece no início de cada ano.

borados a partir de uvas de origem ameri-

Eliane conta que 70% de todos os produ-

cana, 13% vinhos finos e 1% outros deriva-

tos são vendidos no balcão, principalmen-

dos de uva e vinho.

carro próprio.

de acordo com o Ibravin.

Até a década de 1960, a viticultura ficou

empresa. Todos recebem adubo, arame e

turistas que chegam à cidade de ônibus e

tinadas à produção de vinhos espumantes,

na região sul, a partir de 1875.

De acordo com dados do Instituto Brasilei-

te para viajantes que passam pela região e

ões do planeta para o cultivo de uvas des-

que imigrantes italianos se estabeleceram

produtores trabalhando em parceria com a

da de Bituruna, a Vinícola Bertoletti co-

País é considerado uma das melhores regi-

cialmente no início do século 20, depois

município. A Vinícola Bertoletti possui 40

Localizada na margem da PR-446, na entra-

do já está sabendo disso. Atualmente, o

no País. A atividade só foi liberada comer-

uma área de aproximadamente 77 mil hec-

vinícolas existentes em Bituruna são total-

produção de vinhos de qualidade e o mun-

diu a produção e comercialização de vinho

Atualmente, a viticultura no Brasil ocupa

uva”, explica Eliane. Atualmente, as quatro

vido uma capacidade cada vez maior para a

gal proibiu o plantio de uvas, o que impe-

fabricação da bebida.

incentivar os agricultores a produzir mais

A boa notícia é que o Brasil tem desenvol-

em 1789, um decreto assinado por Portu-

isso, planeja construir uma nova área para

“Para atingirmos essa meta teremos que

76

propulsora para o desenvolvimento do tu-

la Bertoletti é prova de que a capacitação

A enóloga Eliane conta que em 2011,

Claudinei Bertoletti, produtor

zer com que a uva e o vinho sejam a mola

Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen

Foto: Rodrigo Czekalski/La Imagen

Assim como para os produtores de Bituru-

Saiba mais

Grande parte da produção nacional da uva

Quer saber mais sobre vitivinicultura? Acesse o site do Ibravin, no www.ibravin.org.br.

e do vinho é destinada ao mercado interno. O suco de uva é o principal produto ex-

Para a enóloga, a capacitação do Sebrae

portado. Dados do Ibravin mostram que o

não mudou apenas a vida dos produtores

Brasil vende para outros países 15% do

Maria Isabel Guimarães, consultora 77


papel da universidade é oferecer cursos e pro-

Universidade Federal do Paraná (UFPR), e mem-

gramas de capacitação de novos empreende-

bro do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR,

dores e o desenvolvimento de negócios.

Zaki Akel Sobrinho, aprendeu, desde pequeno juntamente com os quatro irmãos mais velhos (Ardisson, Omar, Ricardo e Naim Filho), as inúmeras lições do comércio na loja dos pais Naim e Lourdes, a Kiko Moda Infantil.

que esta é a realidade da maioria das universi-

bra com carinho. Atualmente, procura apoiar as

dades e cursos no Brasil. No entanto, na sua

filhas em suas iniciativas empreendedoras e

opinião, algumas soluções já estão sendo imple-

fica muito orgulhoso por suas vitórias. Mas as

mentadas. Por exemplo, várias das disciplinas

alerta para a necessidade de um plano de negó-

da UFPR já contam com estratégias de aprendi-

O reitor da UFPR aponta duas formas das uni-

cios e estruturar-se bastante para buscar con-

zagem mais dinâmicas, focadas mais no com-

versidades estimularem a inovação nas empre-

cretizar suas iniciativas. “Minha filha mais nova

portamento empreendedor e menos na assimi-

sas. A primeira delas é por meio de políticas

e seu sócio fizeram curso no Sebrae e, inclusive,

lação de teorias.

públicas. “A universidade tem contribuído para

receberam apoio de um consultor para elaborar

A força do ensino superior

a compreensão do empreendedorismo, de-

Graduado em Administração pela UFPR, com

organizações.” Esses conhecimentos são utili-

Mestrado em Administração pela Universidade

zados para o desenvolvimento de políticas pú-

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em

blicas mais coerentes e eficientes, na sua ava-

Administração pela Universidade de São Paulo

liação. “A segunda forma é pela formação

(USP), Zaki Akel Sobrinho vê o ensino superior

acadêmica, formando alunos/cidadãos capa-

como um dos responsáveis pelo aumento do

zes de gerenciar o processo de inovação e cria-

número de empreendedores por oportunidade

ção de valor”, acrescenta.

luiu muito no Brasil. “Desde os anos 1980, com os sucessivos planos econômicos, sabe-se que o primeiro sonho do brasileiro é a casa própria e, em segundo lugar, a empresa própria. Esse im-

no Brasil.

necessário ao desenvolvimento dos negócios. Por outro lado, elas conseguem lidar com as incertezas típicas da criação e do desenvolvimento de novos negócios de forma especial.”

senvolvimento regional, inovação e gestão de

No tocante ao fortalecimento das empresas

pulso de tornar-se seu próprio patrão é muito

“Podemos perceber isso em nossas salas de

brasileiras, Zaki Akel Sobrinho acredita que o

forte e está presente em muitas pessoas de di-

aula. Há pouco tempo (em torno de cinco anos)

maior investimento deve ser feito em proces-

versos níveis socioeconômicos, independente

tínhamos bem menos pessoas interessadas nas

sos de gestão, transferindo conhecimento

de gênero”, explica.

disciplinas de empreendedorismo ou em abrir

para os empresários e executivos, deixando-os

um novo negócio. Hoje, essa realidade é muito

mais bem preparados para lidar com um mun-

diferente. Várias empresas têm sido abertas an-

do em constante transformação. Entre as áre-

tes mesmo dos nossos alunos se formarem.

as empresariais que podem ser fortalecidas na

Nossa contribuição tem sido dada na produção

avaliação do reitor e conselheiro do Sebrae/PR

e socialização do conhecimento, nos mais dife-

estão a inteligência competitiva, desenvolvi-

rentes níveis de formação. Isso envolve a pes-

mento de competências nas diversas áreas te-

quisa de novos mercados; desenvolvimento de

máticas, preparação do grupo de colaborado-

novos produtos e serviços, bem como a forma-

res, uso de ferramentas de tecnologia da

ção de quadros técnicos para a exploração de

informação, criação de estratégias competiti-

novas oportunidades.”

vas diferenciadas, melhorar a estrutura de ca-

Para Zaki Akel Sobrinho, a universidade é uma das melhores formas de se praticar o empreendedorismo. No caso dos alunos, oferecendo conteúdos relacionados ao empreendedorismo. “Em nossa universidade, isso é trabalhado em disciplinas específicas, mas também como conteúdo transversal ministrado em vários cursos e disciplinas. Além disso, existem vários projetos de extensão, como a oficina de empreendedorismo e gestão, e a incubadora de empresas que oferecem uma base para o com-

O empreendedorismo feminino tem crescido

portamento empreendedor.”

em todo o mundo nas últimas décadas e as bra-

pital, investimento em inovação e programas de comunicação integrada.

sileiras estão entre as mais empreendedoras do

Como conselheiro do Sebrae/PR, Zaki Akel So-

mundo. O aumento da participação feminina na

brinho tem acompanhado de perto a evolução

vida econômica do País está intimamente liga-

dos programas e atividades destinados às mi-

do ao avanço delas na formação educacional e

cro e pequenas empresas, cujos números têm

também nas mudanças na estrutura familiar.

apresentado um crescimento exponencial.

Para Zaki Akel Sobrinho, o empreendedorismo

“São inúmeras iniciativas, visando não apenas

A academia também pode ajudar os pequenos

é uma atividade dinâmica e multifacetada. A

disseminar o espírito empreendedor, como

negócios através de pesquisa e extensão. Para

identificação e exploração de novas oportuni-

também dar suporte de modo concreto à me-

o reitor da UFPR, pela pesquisa a universidade

dades envolvem tanto questões racionais quan-

lhoria da tecnologia de gestão, ao aconselha-

contribui para a compreensão do empreende-

to subjetivas. “Nessas duas vias as mulheres

mento e orientação estratégico e tático-opera-

dorismo e da gestão. “A academia pode tam-

têm oferecido respostas interessantes. Em pri-

cional, além de uma grande diversidade de

bém aprimorar as práticas empreendedoras e

meiro lugar, com o aumento da participação das

eventos e exposições que oportunizam a troca

direcionar o desenvolvimento de políticas pú-

mulheres no mercado de trabalho e nas salas

de experiências e debate sobre as tendências

blicas”, informa. Já por meio da extensão, o

de aula, elas têm dominado o conteúdo técnico

nos diversos setores do mundo dos negócios.”

Quanto aos professores e técnicos, a universidade pode contribuir por meio de um ambiente que incentiva e promova ações empreendedoras, como projetos de pesquisas e projetos

78

leiros não está preparada para empreender e cursos nessa área, Zaki Akel Sobrinho concorda

nas últimas décadas, o empreendedorismo evo-

Por Mirian Gasparin

maior parte dos estudantes universitários brasi-

foram muito exercitados naquele período, lem-

mandato consecutivo e conselheiro do Sebrae/PR,

Para conselheiro do Sebrae/PR, ambiente acadêmico é uma das melhores formas de se praticar conhecimento em pequenos negócios

rismo em todo o mundo, que aponta que a

que as universidades do País ainda carecem de

Na avaliação do reitor da UFPR pelo segundo

na universidade

entidade dedicada a difundir o empreendedo-

pessoas, em especial, colaboradores e clientes,

bam de iniciar”, relata Akel Sobrinho.

Empreendedorismo

Sobre a pesquisa recente feita pela Endeavor,

Iniciativa, resiliência, pró-atividade e foco nas

o plano de negócios para a empresa que aca-

Zaki Akel Sobrinho, conselheiro do Sebrae/PR e reitor da UFPR

Personalidade

Foto: UFPR

Zaki Akel Sobrinho

Reitor da universidade mais antiga do Brasil, a

de extensão.

79


O Sebrae/PR intensificou ainda mais o atendimento prestado aos empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas dos municípios que formam a região central do Paraná. O escritório da entidade em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, transformou-se, desde abril, em sede regional, e passou a ser responsável por levar e disseminar soluções empresariais para 46 municípios da região. A Regional Centro, como passou a ser chamada, é a sexta regional do Sebrae/PR e nasceu com o desmembramento da extinta Regional Centro-Sul, com sede em Curitiba. Agora, além da Regional Centro, o Sebrae/PR tem a Regional Leste, com sede em Curitiba; a Regional Norte, com sede em Londrina; a Regional Noroeste, com sede em Maringá; a Regional Oeste, com sede em Cascavel; e a Regional Sudoeste, com sede em Pato Branco. As Regionais do Sebrae/PR são polos distribuídos nas principais regiões do Estado, dotadas de infraestrutura física e de uma equipe técnica própria e preparada para a execução de projetos e ações para o atendimento de clientes sob sua jurisdição. A Regional Centro do Sebrae/PR funciona no mesmo endereço, na Avenida João Manoel dos Santos Ribas, nº 500, Bairro Nova Rússia.

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Giro pelo Paraná

Também por conta do desmembramento da antiga Regional Centro-Sul do Sebrae/PR, novo escritório do Sebrae/PR, vinculado à Regional Leste, começou a funcionar, em junho, em Paranaguá. A estrutura conta com equipe para atender empreendedores, empresários e potenciais empresários de sete municípios do litoral paranaense: Antonina, Morretes, Guaraqueçaba, Pontal do Paraná, Paranaguá, Matinhos e Guaratuba. O novo escritório, recém-criado, vai potencializar as ações do Sebrae/PR no Litoral. A entidade já desenvolve inúmeros projetos com foco no turismo local; no empreendedorismo; na qualificação para atender a cadeia produtiva do petróleo, gás e energia; e na Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. O escritório no Litoral fica na Avenida Gabriel de Lara, nº 1.404, Bairro Leblon.

Minimercados O Sebrae/PR e o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR firmaram, em junho, convênio para a execução do Projeto Varejo TOP Loja Minimercados. A iniciativa propõe qualificar e elevar a performance das micro e pequenas empresas do segmento para competir com grandes redes que passaram a atuar também no formato de minimercados nos bairros. O segmento corresponde, no Brasil, a mais de 400 mil empreendimentos, e é o segundo maior em número de lojas no setor do comércio varejista, ficando atrás do segmento de vestuário, acessórios e calçados. Participaram também da assinatura do termo de cooperação técnica do Projeto, na sede do Sebrae/PR, em Curitiba, outros dois parceiros da iniciativa, o Sindicato do Comércio Atacadista (SINCA) e a Associação Paranaense de Supermercadistas (APRAS). O Varejo TOP Loja Minimercados será realizado em quatro municípios paranaenses, em 2013. Em Ivaiporã e Francisco Beltrão, o Projeto já está em andamento. Em Curitiba e Ponta Grossa, iniciou no mês de julho.

Rede Farmácias de pequeno porte, familiares e tradicionais, encontraram na união a força que faltava para competir num mercado acirrado de grandes marcas. Mesmo em cidades diferentes - Toledo, Formosa do Oeste, Mercedes, Entre Rios do Oeste, Marechal Cândido Rondon, Palotina, Guaíra e Maripá -, 15 farmácias conseguiram, por meio de uma metodologia própria para a formação de centrais de negócios, desenvolvida pelo Sebrae, encontrar um novo modelo para os negócios: o associativismo. A necessidade de um novo caminho era clara, para os empresários da central de negócios Rede Mega Farma. Grandes fusões acabaram extinguindo farmácias pequenas, tradicionais nas cidades. Com menor competitividade, compreenderam que era a hora era de buscar um diferencial para sobreviver. Hoje, as farmácias estão constituídas em uma associação; desenvolveram um sistema de compras em grupo, com melhores preços junto aos laboratórios farmacêuticos; criaram uma marca em conjunto; e desenvolvem o marketing, com campanhas, tabloide, sacolas e fachadas.

Pocket

Foto: La Imagen

Regional

Escritório

Foto: La Imagen

Sebrae/PR

Já estão disponíveis no portal do Sebrae/PR (www.sebraepr. com.br) os novos vídeos da série Sebrae Pocket. São dez miniaulas sobre gestão de negócios. Gratuito, o conteúdo da segunda edição tem como proposta facilitar o acesso a informações práticas que possam ser aplicadas no dia a dia dos pequenos negócios. A expectativa é que a segunda edição tenha o mesmo sucesso da primeira, apresentada em 2012. O Sebrae Pocket recebeu, em sua primeira edição, mais de 9 mil visualizações e foram distribuídos 20 mil dvds com o conteúdo, apenas para empresários com atividades no Paraná. Nesta edição, os novos vídeos estão mais ‘encorpados’ e têm duração média de dez minutos. Para serem acessados, os empresários devem preencher um cadastro com informações básicas. Dentre os temas dos da segunda edição: “Liderar: ciência, arte ou prática?”; “Como criar o modelo de negócios para minha empresa?”; “Como dar um feedback para meu funcionário?”; “Como atender bem o meu cliente?”; e “Como formar e reter talentos na minha empresa?”.

Pinhão O 1º Festival de Lazer e Gastronomia Rotas do Pinhão segue até o próximo dia 11 de agosto. O evento, para destacar os atrativos turísticos e gastronômicos de 15 estabelecimentos localizados na Região Metropolitana de Curitiba, foi idealizado para divulgar e para valorizar o potencial turístico de pequenas pousadas, hotéis, spas, ‘pesqueiros’, restaurantes e chácaras. Durante o período, é possível provar pratos com a semente-símbolo do Paraná, elaborados exclusivamente para o Festival, e desfrutar de atividades ligadas ao turismo. Os visitantes que comprovarem presença em três estabelecimentos da Rotas do Pinhão, como a região ficou conhecida, concorrem a prêmios, que incluem diárias e almoços gratuitos. Durante o lançamento do Festival, em junho, no Mercado Municipal de Curitiba, estima-se que mais de 2.400 pessoas puderam provar as receitas com pinhão e conhecer os destinos integrantes da Rotas do Pinhão. Foram servidas 7.200 porções de pratos, como pesto de pinhão, torta de pinhão e rolinho de pinhão com soja.

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Hortifruti Curitiba foi sede em maio da primeira edição da Hortifruti Brasil Show. Nos três dias de evento, circularam pela Ceasa/PR, 2 mil pessoas, entre produtores, distribuidores, representantes de entidades de apoio, atacadistas e visitantes. A Hortifruti Brasil reuniu 43 expositores, um encontro de negócios, programação com quase 30 atividades, entre palestras, workshops, oficinas tecnológicas e exposição. Na abertura, a conferência de Dráuzio Varella sobre “Vida Saudável e Alimentos Saudáveis” lotou o auditório do pavilhão com mais de 700 pessoas. O Fórum Internacional de Tecnologia, Hortaliças, Frutas & Flores contou com a participação de especialistas italianos, da Região da Emilia-Romagna e Programa Brasil Próximo, de cooperação entre Brasil e Itália, que apresentaram as boas práticas e inovações realizadas na região italiana, referência mundial em hortifrutigranjeiros. A Hortifruti Brasil Show foi uma iniciativa das entidades do fórum de promotores do agronegócio paranaense.

Business

Patentes

Neste ano, o Salão de Negócios do Paraná Business Collection teve um ‘sotaque’ diferente. Aliás, vários ‘sotaques’. Isso porque a seção do business abriu espaço para a participação de empresas de moda e vestuário de outros estados brasileiros. A oitava edição do evento de moda e negócios contou com 44 marcas. Do total, 30% eram do Paraná, 30% de Minas Gerais, 13% de Santa Catarina e 13% do Rio Grande do Sul. A abertura trouxe reconhecimento ao evento, além de ter sido uma oportunidade para os empresários do Paraná conhecerem as tendências, visualizarem o que é importante no atendimento aos lojistas e na negociação e para agregarem valor aos seus produtos.

O registro de uma patente passa pelo depósito do pedido no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Para orientar a redação de pedidos, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – campus de Dois Vizinhos, o Sistema Regional de Inovação (SRI) e o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico, de Pesquisa e Inovação do Sudoeste do Paraná (IDETEP), com o Sebrae/ PR, promoveram o 1º Workshop para Redação de Patentes. O evento, na UTFPR, trabalhou as ca-

Foto: La Imagen

racterísticas básicas do processo de redação de patentes, uma vez que existe uma demanda diante do crescimento no número de registros de novos produtos e processos na região sudoeste. Participaram pesquisadores, professores e acadêmicos com produtos desenvolvidos e que buscam mais informações sobre o tema.

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Artigo

Como construir uma

grande empresa Por Allan Marcelo de Campos Costa

Em praticamente todas as situações da vida,

de complexidade embutida em certas propos-

acredito que é na simplicidade que se esconde

tas. A ideia em pauta pode ser compreendida

a sabedoria. Na base das teorias de desenvolvi-

por um leigo no assunto? Se sim, ótimo. Do

mento empresarial criadas nas escolas de ne-

contrário, não serve!

gócios mundo afora, acredito que estejam coisas simples e efetivas e que estão ao alcance

3. Amplie as referências

de qualquer empreendedor. Nesta edição da

A única coisa capaz de limitar até onde um indi-

Revista Soluções, resolvi compartilhar algu-

víduo ou uma empresa podem chegar são suas

mas crenças pessoais a esse respeito:

referências. Se as referências são limitadas, o

1. Acredite nas pessoas Uma empresa é feita de seres humanos. Todo

ras há muito tempo. O conhecimento (e as re-

o resto é acessório. Acredite na capacidade das

ferências...) estão a um clique de distância

pessoas de contribuir, construir, realizar. Acre-

após o surgimento da internet. Se você estabe-

dite no seu potencial e, como líder, proporcio-

leceu uma referência de classe mundial e con-

ne a elas a melhor condição possível para que

seguiu atingi-la, ótimo! Amplie-as. Sempre e

elas possam dar o seu melhor. Lembre-se que

mais! Sonhar pequeno e sonhar grande dá exa-

são essas pessoas que empregarão toda e

tamente o mesmo trabalho.

qualquer tecnologia, agregando a inteligência e a sensibilidade necessárias para que bons resultados sejam gerados. Sem isso, toda tecno-

Super-heróis só existem nas histórias em qua-

logia é obsoleta e inócua.

drinhos e no cinema. Na vida, ninguém faz

2. Busque obstinadamente a simplicidade A afirmação de Da Vinci talvez seja uma das maiores lições a serem aplicadas ao mundo corporativo, e porque não, à vida em geral: o

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4. Delegue

nada sozinho. Por isso a capacidade de delegar é imprescindível para um líder que busca construir uma grande empresa, formada por grandes seres humanos.

5. Ouse

máximo da sofisticação é a simplicidade. As

O mundo está cercado de bons motivos para

melhores ideias são as que todos entendem.

que você não faça o que precisa ser feito. Re-

As melhores contribuições são as que parecem

pleto de armadilhas que consomem energia

óbvias (não por acaso um traço evidente de

das pessoas e das organizações arrastando-as

sabedoria é enxergar o óbvio antes que os ou-

para o comodismo. Fuja dessas armadilhas. O

tros o façam). Nunca complique o simples. Ja-

desenvolvimento de qualquer empresa envol-

mais caia na armadilha de se deixar levar por

ve risco. É preciso ter consciência disso e, até

uma linguagem sofisticada ou pela impressão

certo ponto, é preciso ter atração pelo risco.

6. Inspire Ninguém pode se apaixonar por um trabalho cujo único objetivo seja colocar dinheiro no bolso do dono da empresa no final do mês e pagar um salário razoável aos colaboradores. Seres humanos só dão o seu melhor se estiverem engajados em causas maiores, que falem não apenas às suas mentes, mas aos seus corações. Se você quer construir uma grande empresa, baseie esse desenvolvimento em algo maior, que faça sentido coletivamente e que esteja, de alguma maneira, conectado a causas maiores. A forma mais efetiva de liderança passa pela capacidade do líder de inspirar seus liderados.

7. Crie sonhos compartilhados

caminho também o será. Amplie-as sempre e constantemente. O mundo não possui frontei-

Risco ponderado, avaliado e consequente, é claro. Mas assim como não há energia sem atrito, não há crescimento sem risco. Isso só se faz com razoável dose de ousadia. Ousadia para pensar diferente, para fugir dos padrões, para fazer o que os outros acham impossível.

O que você e sua empresa deixarão para os que virão na sequência, inclusive seus filhos, se você os tiver?

Praticamente uma complementação da anterior, a criação de sonhos compartilhados é, talvez, o fator com maior potencial de inspirar colaboradores. Se você acha que seu colaborador vai compartilhar o seu sonho de comprar uma mansão na praia com um iate na marina, pense outra vez. Sonhos compartilhados necessariamente se conectam com o bem maior, com a busca de uma sociedade melhor e dentro da qual, de alguma maneira, o sonho compartilhado por todos em uma organização desempenha algum papel relevante.

8. Seja implacável com a mediocridade Nada aniquila uma empresa mais rapidamente do que a mediocridade. O termo pode parecer forte, mas ser medíocre nada mais é do que ser mediano. Você quer uma vida mediana pra você? Para os seus filhos? Sonha viver em uma sociedade mediana? Se você concorda que essas aspirações não são válidas, comece a se perguntar de que forma sua empresa construirá uma história que a diferenciará das demais, que a colocará em uma posição de destaque. E lembre-se: pessoas medianas não constroem grandes empresas. Não tolere indivíduos com comportamento predominantemente medíocre, se você quiser construir uma grande empresa.

9. Trabalhe! Essa é óbvia. Já diz o ditado que o único lugar onde sucesso vem antes de trabalho é no dicionário. Podem haver exceções (raras!), mas

no mundo real, sucesso pressupõe trabalho árduo, dedicação, entrega e perseverança.

10. Exija verdade e transparência A única coisa ainda pior do que uma mentira é uma meia verdade. Grandes empresas conseguem criar ambientes de confiança, onde não há nada que não possa ser dito e onde a única coisa que importa é a verdade. Nesse tipo de ambiente os problemas são tratados abertamente, críticas não são personalizadas e são percebidas com naturalidade. Ainda que doa, esse tipo de postura faz com que, no final do dia todos tenham crescido.

11. Seja espontâneo Quem disse que o ambiente de trabalho precisa ser chato e austero? Passamos mais da metade das nossas vidas nesse ambiente. Alguém sonha em passar metade da vida em um ambiente sisudo, carrancudo, tedioso? Cultive uma postura espontânea, aberta, descontraída. Espalhe essa postura pela empresa. Incentive-a nos seus colaboradores. O resultado virá na forma de equipes mais motivadas, inspiradas e dispostas a fazer a diferença.

12. Contrate pelas atitudes Toda e qualquer competência técnica pode ser ensinada. Com paciência e perseverança, tudo se aprende. Entretanto, é muito difícil transformar as atitudes que constituem o padrão de comportamento em um ser humano. Aqui, não há juízo de valor, tampouco há certo ou errado. Mas se você tem claro o tipo de atitude que espera dos seus colaboradores, busque, antes de qualquer coisa, identificar essas atitudes quando for contratar as pessoas que comporão o seu time.

Grandes empresas conseguem criar ambientes de confiança, onde não há nada que não possa ser dito e onde a única coisa que importa é a verdade

13. Tenha medo Quem disso que ter medo é para os fracos? Os grandes vencedores manifestam expressamente a presença constante do medo em suas vidas. Por uma razão muito simples: é o medo que obriga os indivíduos a se prepararem cada vez melhor para enfrentar os desafios; é o medo que prepara o corpo e o espírito para as batalhas. O medo transformado em pânico paralisa. Mas a ausência de medo não é coragem, e sim loucura.

14. Por fim, pergunte-se todos os dias: qual será o seu legado? Essa é uma questão de escolha pessoal, mas se você deseja construir uma grande empresa, penso que ela seja de extrema relevância. De forma simples, legado é o que uma pessoa

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deixa quando morre. A definição é autoexplicativa. Pelo que você será lembrado? Pelo que a sua empresa será lembrada? Que exemplo ficará quando você não estiver presente? O que você e sua empresa deixarão para os que virão na sequência, inclusive seus filhos, se você os tiver? Esse conjunto de crenças, de certa forma, foi construído ao longo de 20 anos como colaborador do Sebrae/PR e pautou minha contribuição como diretor-superintendente da instituição nos últimos seis anos. E é com essas reflexões que me despeço deste espaço na Revista Soluções. Sempre acreditei que tudo no Universo obedece a ciclos e que todos os ciclos obedecem a uma lógica irrefutável e por vezes cruel: começo, meio e fim. O lado bonito desse processo é que o fim de cada ciclo, obrigatoriamente, representa o início de um novo. Com este artigo, encerro um ciclo pessoal nessa instituição que, pelos últimos 20 anos, foi minha casa e minha causa. Sob a orientação de um Conselho Deliberativo integrado e de visão arrojada, ao lado dos meus parceiros de Diretoria Executiva, Vitor Tioqueta e Julio Agostini,

dos hoje cerca de 240 colaboradores do Sebrae/PR e da nossa rede de mais de 800 credenciados em todo o Estado, encerro um ciclo que ficará marcado por avanços importantes. Um ciclo cuja marca foi a ousadia de fazer diferente; a perseguição obstinada por padrões de excelência de referências globais; a ampliação exponencial da capacidade do Sebrae/PR de chegar aos empreendedores e aos empresários de pequenos negócios; a busca incansável pela valorização das pessoas, que são as grandes responsáveis por tudo, por todas as realizações, por todos os resultados; a coragem de assumir os riscos necessários para o desenvolvimento do Sebrae/PR e para perseguir obstinadamente os caminhos que julgávamos adequados para a instituição; e a construção de uma proposta ímpar de olho no futuro, que deixa um legado a ser consolidado pelos próximos dez anos através do Projeto Sebrae 2022, com o objetivo de contribuir de forma ainda mais significativa no desenvolvimento de uma sociedade empreendedora e cada vez mais senhora do seu destino. Escolher renunciar ao cargo de diretor-superintendente foi uma decisão difícil, porque trabalhar no Sebrae sempre foi muito mais do

que apenas um emprego. Atuar nessa instituição acaba por se transformar em uma espécie de propósito de vida, afinal, ter a oportunidade de fazer a diferença na vida de milhares de pessoas, todos os dias, é uma daquelas coisas que realmente não tem preço. Por isso deixo essa casa com o coração partido. Mas ao mesmo tempo, saio realizado, pela certeza de ter dado minha singela contribuição com a construção de uma sociedade melhor e por ter conquistado aqui aquilo que de mais relevante qualquer ser humano pode conquistar: a amizade, o respeito e o carinho de um grupo de pessoas extraordinário. Nesse novo ciclo que se inicia, passo para a iniciativa privada e assumo também o papel de empreendedor, tirando projetos pessoais do papel. Levo comigo a paixão pelo empreendedorismo e a certeza de que, mais do que nunca, o caminho para o desenvolvimento de uma sociedade melhor e mais justa passa e passará pelos pequenos negócios. Continuarei escrevendo sobre empreendedorismo, gestão e liderança no meu site pessoal, no endereço www.allancosta.com. Me despeço deste espaço, mas espero você por lá. Até breve!

Escritório - campo Mourão rua santa cruz, 1.085 - Bairro centro - cEP: 87.300-440 Fone: (44) 3523-2500 - Fax: (44) 3523-2500

REGIONAL CENTRO Ponta Grossa Avenida João Manoel dos santos, 500 - Bairro Nova rússia cEP: 84.051-410 Fone: (42) 3225-1229 - Fax: (42) 3225-1229

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REGIONAL LESTE

REGIONAL NORTE

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cascavel Avenida Presidente tancredo Neves, 1.262 - Bairro Alto Alegre cEP: 85.805-000 Fone: (45) 3321-7050 - Fax: (45) 3226-1212 Escritório - Foz do iguaçu rua das Guianas, 151 - Bairro Jardim América - cEP: 85.864-470 Fone: (45) 3522-3312 - Fax: (45) 3573-6510

Allan Marcelo de Campos Costa Allan Marcelo de Campos Costa é diretor-presidente da Cooper Card (empresa de meios de pagamento eletrônico e cartões de benefícios), conselheiro da Supernova Aceleradora de Startups e da Snowman Labs (empresa de soluções para plataformas móveis), cônsul-honorário da Grã-Bretanha no Paraná e palestrante. Ex-diretor superintendente do SEBRAE/PR, é formado pelo Programa de Gestão Avançada da Harvard Business School e mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Acredita que não há desenvolvimento sem pequenas empresas competitivas e é, e sempre será, um entusiasta do empreendedorismo como instrumento transformador de vidas. Pode ser encontrado no e-mail allan.costa@outlook.com.

Escritório - toledo Avenida Parigot de souza, 2.339 - Bairro centro - cEP: 85.905-380 Fone: (45) 3252-0631 - Fax: (45) 3252-6175 REGIONAL NOROESTE Maringá Avenida Bento Munhoz da rocha Neto, 1.116 - Bairro Zona 7 cEP: 87.030-010 Fone: (44) 3220-3474 - Fax: (44) 3220-3402

Londrina Avenida santos Dumont, 1.335 - Bairro Aeroporto - cEP: 86.039-090 Fone: (43) 3373-8000 - Fax: (43) 3373-8005 Escritório - Apucarana rua osvaldo cruz, 510 - 13° andar - Bairro centro - cEP: 86.800-720 Fone: (43) 3422-4439 - Fax: (43) 3422-4439 Escritório - ivaiporã rua Professora Diva Proença, 1.190 - Bairro centro - cEP: 86.870-000 Fone: (43) 3472-1307 - Fax: (43) 3472-1307 Escritório - Jacarezinho rua coronel Figueiredo, 749 - Bairro centro - cEP: 86.400-000 Fone (43) 3527-1221 - Fax: (43) 3527-1221 REGIONAL SUDOESTE Pato Branco Avenida tupi, 333 - Bairro Bortot - cEP: 85.504-000 Fone: (46) 3220-1250 - Fax: (46) 3220-1251 Escritório - Francisco Beltrão rua são Paulo, 1.212 - sala 1 - Bairro centro - cEP: 85.601-010 Fone: (46) 3524-6222 - Fax: (46) 3524-5779

0800 570 0800 www.sebraepr.com.br

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