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O início da quarentena e a volta por cima que Antonio deu

No final daquele ano de 2019, a direção do Sebrae-SP queria ter certeza de que, com a nova fase de integração dos esforços dos colaboradores, somada aos investimentos em capacitação, estaria plenamente pronta para promover o desenvolvimento sustentável das comunidades em que atua, aproximando-se cada vez mais de seus clientes. No final de dezembro de 2019, um encontro realizado em Campinas representou o ponto alto desse trabalho. Cerca de três mil pessoas, entre colaboradores, agentes dos postos Sebrae Aqui e agentes locais de inovação (ALIs), reafirmaram os compromissos validados ao longo do ano: um Sebrae mais ágil, eficiente, conectado e promotor da transformação de empresários e de empresas.

Quando 2020 chegou, estava tudo preparado não apenas para dar continuidade ao bom desempenho alcançado no primeiro ano de gestão, mas também para superar os índices alcançados por meio dessa nova perspectiva de trabalho. Para isso foram definidas estratégias capazes de aumentar de modo exponencial as taxas de cobertura no atendimento e gerar resultados tangíveis para os pequenos negócios de clientes, assim como ampliar a prestação de serviços especializados de terceiros.

Então, tudo mudou. Começaram a chegar os primeiros relatos de uma pandemia que, tal qual um tsunâmi, alterou drasticamente a configuração social. Isso modificaria tudo o que acontecia dentro da normalidade e dos desafios conhecidos, que agora deveriam passar a ser superados de maneira ainda mais estratégica. As pessoas entravam em um mundo desconhecido. Afinal, o último acontecimento similar ocorrera havia mais de 100 anos, a epidemia de gripe espanhola, quando os tempos eram muito diferentes.

O início da quarentena e a volta por cima que Antonio deu

Uma das mudanças mais marcantes nesse novo cenário envolveu o reconhecimento das redes sociais como fator de incremento das vendas realizadas pelas empresas em um período de isolamento social, o que se tornou uma tendência sem volta, consolidada durante a pandemia. A incorporação das ferramentas digitais no cotidiano também passou a proporcionar ganhos no faturamento e um relativo otimismo; era possível até pensar em investimentos.

Foi o que aconteceu com Antonio Barros Silva, proprietário da Isttony Shoes, empresa calçadista de Franca (SP), que em 2020 também foi surpreendido pela pandemia e esteve prestes a quebrar. Como sua operação se concentrava fortemente no atacado, o fechamento das lojas, sem previsão de retorno, transformou-se em um pesadelo. Contudo, o que parecia ser um obstáculo intransponível tornou-se uma grande oportunidade.

Com o apoio do Escritório Regional do Sebrae-SP em Franca, Antonio decidiu participar do programa de inclusão digital oferecido pela entidade. Logo digitalizou a operação e desenvolveu e pôs no ar o site da empresa. Como resultado, não só sobreviveu e retomou suas atividades, como também se reposicionou no mercado e triplicou o faturamento.

Capítulo 1

Em 2022, ele celebrou sua mais nova conquista: participou pela primeira vez da Couromoda, um dos maiores eventos de negócios do setor na América Latina, com expectativa de um significativo aumento nas vendas. Em apenas três dias de feira, Antonio fez mais de 20 reuniões com potenciais clientes e saiu de lá projetando um volume de negócios que representa mais de dois meses de faturamento de sua empresa.

A situação da Isttony Shoes, hoje, é muito diferente daquela que se anunciava no primeiro trimestre de 2020. Em 5 de janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia feito o primeiro comunicado oficial a respeito da pandemia, ao relatar o que, então, considerava ser uma “pneumonia de causa desconhecida”. Ao todo, haviam sido detectados 44 casos no mundo. Naquele momento não se fez uma associação com o registro do primeiro caso do novo coronavírus, identificado na cidade chinesa de Wuhan, em dezembro do ano anterior. Isso aconteceu poucos dias depois, em 28 de janeiro, quando a OMS admitiu “alto risco de epidemia no mundo”.

No Brasil, os primeiros sinais de agravamento foram noticiados em 4 de fevereiro, depois que, no dia anterior, o Ministério da Saúde havia declarado “estado de emergência sanitária” – a Portaria MS nº 188 anunciou a decretação de “emergência em saúde pública de importância nacional em decorrência da infecção humana pelo novo coronavírus”. No dia 26 daquele mesmo mês foi confirmado no País o primeiro caso da doença transmitida pelo SARS-CoV-2, que se tornou oficialmente conhecida como covid-19 – o nome, explica o site da Fundação Oswaldo Cruz, é a junção de letras que se referem a (co)rona (vi)rus (d)isease, “doença do coronavírus”, em português. O número 19 identifica o final do ano em que os primeiros casos foram divulgados publicamente.

O primeiro caso brasileiro foi “importado”, ou seja, trazido por um paciente de 61 anos que acabara de chegar de uma viagem à Itália. Até aquele momento, ainda era possível imaginar que fechar as fronteiras seria uma solução para evitar a disseminação da doença. O coronavírus é caracterizado pela rápida transmissão, seja pelo contato direto com pessoas infectadas, seja por meio de superfícies contaminadas. O perigo maior está na chamada transmissão via aerossol, que se dá por meio de gotículas respiratórias menores – elas contêm o vírus e podem permanecer suspensas no ar.

Em 5 de março de 2020 foi confirmado o primeiro caso de transmissão interna no País de covid-19, uma consequência da transmissão comunitária, que é a ocorrência de contágios sem vínculo com um caso confirmado, em área definida. Desse modo, não é possível rastrear qual a origem da infecção, indicando que o vírus circula entre as pessoas, independentemente de terem viajado ou não para o exterior. Começava ali a corrida pela vida de pessoas, empregos e empreendimentos. Uma batalha sem precedentes na história.

Em 11 de março de 2020, a OMS declarou oficialmente a situação de pandemia de covid-19. O governo paulista não tardou a adotar um plano de combate

O impossível gerando o extraordinário. Um relato da atuação do Sebrae-SP na pandemia de covid-19

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