Santa Catarina • Junho 2008
Osvaldo Nocetti
Educação: Construindo Qualidade Perspectivas e Desafios da Gestão Escolar 2008-2010 Beatriz Menezes dos Santos
Com o desafio de unir os gestores escolares num programa que represente efetivamente os anseios, as expectativas e os sonhos dos diversos segmentos da escola, a Secretaria de Estado da Educação lança o Programa Educação: Construindo Qualidade, com a meta de consolidar até 2010 o planejamento estratégico da instituição que será executado em três anos. A definição de caminhos buscando erradicar o analfabetismo, o combate à evasão escolar, o acesso à tecnologia, investimentos na formação dos professores, criação de mais vagas para o ensino médio são algumas medidas, entre outras, que irão beneficiar, em curto prazo, cerca de 850 mil estudantes catarinenses. No encontro com este objetivo estão reunidos nos dias 5 e 6 de maio, no Centro de Eventos do Parque Beto Carrero World no município de Penha, 1.500 dirigentes educacionais que irão desencadear a execu-
ção do programa nas 1.323 escolas públicas da rede estadual. Como mediadores das relações entre o professorado, a comunidade e os órgãos normativos, os diretores são os responsáveis pela execução das ações nas escolas, assim como os legitimadores dessa política frente às instâncias superiores da educação. A iniciativa de elaborar um Programa de Gestão Educacional que influencie intencionalmente o cotidiano escolar, não apenas determina uma nova postura da instituição como também estabelece que os novos parâmetros de gerenciamento estarão voltados para a formação dos professores, com ênfase no trabalho coletivo, na importância de se conhecer a realidade em que a escola está inserida, quem são os alunos, os professores, o que se deve ensinar e quais suas dificuldades e necessidades. Além disso, aborda a questão da avaliação do Plano e de seu impacto na aprendizagem dos alunos, na equipe administrativa e nos professores.
A formulação do programa prevê três etapas presenciais e atividades a distância, que terão início este ano com a discussão sobre as Perspectivas e Desafios da Gestão 2008. Por meio de uma pesquisa, a Secretaria vai identificar as principais necessidades da estrutura organizacional e administrativa, além de medir o nível de satisfação do diretor de escola em relação à instituição. A avaliação institucional é uma ferramenta diagnóstica que vai gerar uma base de dados para a tomada de decisões da Gestão de pessoas e de equipes. Na segunda etapa, que acontecerá em 2009, será abordado o tema Gestão Curricular — fios que tecem o ensino e a aprendizagem — alicerçadas na gestão de pessoas e em planos de ação. As medidas terão continuidade em 2010, com a discussão sobre a relação Educação e Trabalho. O artigo na página 3 aprofunda os conceitos sobre o assunto. Confira.
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EDITORIAL
NOVOS
RUMOS PARA SUPERAR OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
Política pública eficiente se faz com planejamento estratégico e ações continuadas estaduais, a expressiva melhoria nestes índices se deve, especialmente, ao compromisso político do Governo para com a educação pública, configurados em investimentos na infra-estrutura das escolas, na distribuição de uniformes e material escolar para aproximadamente 400 mil alunos do ensino fundamental, além dos recursos destinados à tecnologia da aprendizagem e formação dos professores. Para os educadores, porém, o avanço da educação ainda está relacionado ao perfil sócio - cultural das famílias catarinenses, que valorizam o envolvimento das comunidades nos programas de ensino e ao comprometimento dos professores com uma educação de qualidade. Como resultado de todas essas melhorias no acesso e permanência à escola, os dados divulgados em abril pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em parceria com o MEC, demonstram que no ENEM os estudantes catarinenses alcançaram, no ranking nacional, o terceiro lugar (54,13) depois do Distrito Federal (56,84) e do Rio Grande do Sul (56,21). Em outros instrumentos de avaliação, como a Prova Brasil, que define o desempenho das escolas e alunos do ensino fundamental, Santa Catarina também conquistou o terceiro lugar. No levantamento do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 5ª a 8ª séries, alcançamos o segundo lugar nas disciplinas de Matemática e Ciências e o quinto
Jornalistas:
Fotografia:
Beatriz Menezes dos San-
Osvaldo Nocetti
tos/01572-JP Suely de Aguiar/00416-JP
Revisão:
Ester Zanette Barp/ 2241-JP
Antônio Carlos Pereira
Editora Responsável:
Diagramação:
Beatriz Menezes dos Santos
Ivan Girardi Junior
lugar nas séries iniciais, de 1ª a 5ª. Os resultados do PISA (sigla em inglês do Programa Internacional de Avaliação Comparada), aplicado em 57 países pela OCEDE — Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, indicam que o Brasil ocupa as últimas posições no ranking internacional. No entanto, os estudantes catarinenses, na faixa etária dos 15 anos, com a 6ª série concluída, são os mais preparados do país, nos quesitos redação e matemática. Se de um lado as estatísticas nacionais e internacionais permitem que a administração pública realize intervenções presentes ou futuras nas políticas educacionais, de outro, os professores sabem que medir os resultados dos alunos só faz sentido se forem avaliados os fatores que levam ao aprendizado e que dizem aonde se quer chegar. Contribuindo com os debates sobre as perspectivas da educação catarinense, o Escola Aberta traz matérias das áreas de ensino, infra-estrutura e tecnologia e oferece aos leitores a entrevista com o escritor e professor Alcides Buss,
CHARGE
Lançado em 2007 com o intuito de diminuir a distância entre a Secretaria de Estado da Educação e as escolas da rede pública estadual, no que se refere à informação e avaliação das políticas educacionais, o jornal Escola Aberta chega agora a sua quinta edição com o lançamento do Programa Educação: Construindo Qualidade - Perspectivas e Desafios da Gestão Escolar. Pioneira no país a lançar o programa como política pública estadual, a Secretaria de Estado da Educação vai "atacar" pontos considerados fundamentais para o avanço da qualidade na educação, consolidando as conquistas anunciadas pelos instrumentos de avaliação do ensino. Por meio de um gerenciamento eficaz da aprendizagem, nos últimos anos, ampliou-se no Estado o acesso e a permanência dos alunos do ensino fundamental e reduziu-se os números da evasão escolar, cuja queda se mostrou notável com os índices de desistência ao final da 4ª serie, declinando de 3,85% para 0,62% em uma década. Santa Catarina é o terceiro estado mais alfabetizado do Brasil, apresentando o percentual de 94,8%, ficando atrás do Distrito Federal com 95,3%, e do Rio de Janeiro com 95,2%, segundo dados do IBGE. Aqui também está localizado o município de São João do Oeste que possui o maior número de pessoas alfabetizadas do país, exibindo a taxa de 99, 44%. De acordo com os gestores
A escola é o lugar privilegiado de formação da consciência ambiental para que os estudantes se constituam como cidadão em defesa da vida e da ética nas relações com a natureza. O chargista Matheus dos Santos Camargo traduz na charge ao lado a importância de unir a educação com o respeito ao meio ambiente
Números da Educação em SC Índices de desistência ao fim da 4ª série (Resultados obtidos após 10 anos)
3,85%
94,8%
0,62% Índice de alfabetização de SC
Somos o 3º estado mais alfabetizado do Brasil Maior índice de alfabetização do país: São João do Oeste (SC)
400 mil alunos Alunos de SC estão em 3º lugar no ranking do Enem com a média de
sobre o projeto de incentivo à leitura que prevê a doação de livros aos alunos do ensino médio. Na página 3, o artigo da pedagoga Amândia Maria de Borba antecipa as discussões que acontecerão no encontro com os diretores de escola. Confira ainda, na página Central, o entusiasmo dos alunos
99,44% do ensino fundamental receberam uniformes e material escolar
54,13 de Blumenau durante visita à fábrica que confeccionou os uniformes escolares e o deslumbramento dos estudantes ao conheceram o LEGO Zoom, uma inovadora ferramenta tecnológica que será distribuída às escolas da rede estadual em todas as regiões do Estado. Boa Leitura!
Educação ambiental é lei nas escolas públicas de Santa Catarina (Lei 13.558/05)
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A QUALIDADE NA GESTÃO ESCOLAR Por Amândia Maria de Borba* Ao se abordar a gestão no campo educacional, é importante considerar a abrangência e a complexidade da área em questão para que o conjunto de ações empreendidas — sejam operacionais ou estratégicas — possa dar conta de melhorar os processos em todos os níveis da organização escolar. E tudo isso sem fórmulas mágicas. A gestão na área da educação vai além da busca pela eficiência na relação custo/benefício ou do funcionamento dos recursos disponíveis para o alcance das metas estabelecidas. A gestão escolar precisa sobrepujar o cumprimento de normas prescritas pela ordem superior e as rotinas pré-estabelecidas para investir na função educativa do cargo. Pautada nisso, a gestão no campo educacional precisa ser sinônimo de qualidade, pois não se constrói qualidade sem uma gestão atenta ao planejamento amparado nas dimensões ética, política e técnica das relações que se tecem nos meandros do ensino. Da mesma forma, é necessário depreender que um planejamento não terá sentido — nem qualidade — se não atender às expectativas e às necessidades do contexto em que está inserido. Buscar a gestão de qualidade é, assim, observar a qualidade sempre como processo, como olhar atento para a compreensão, a interpretação, o acompanhamento e a intervenção no meio a fim de encontrar alternativas para a resolução de problemas — o que se efetiva à medida que o gestor se presta à observação intensiva do cenário em que atua e ao seu diagnóstico instrumentado por dados como matrícula, evasão, reprovação e freqüência, entre outros. Afinal, gerir a organização escolar é contemplar a compreensão das atitudes e dos comportamentos dos funcionários, professores e alunos,
além de interagir com os seus familiares. E essa condição é fundamental para a regulação do processo e a consolidação dos objetivos traçados. Isso porque a gestão é parte do processo educativo, e a comunicação estabelecida pelos gestores da Escola com seus alunos deve corresponder às atitudes pedagógicas no ambiente de ensino. Como se vê, não há receitas infalíveis. A complexidade das relações sociais, políticas e ideológicas da instituição de ensino não permite reduzir a gestão escolar a um conjunto de atribuições. No entanto, alguns desafios se apresentam ao gestor que almeja implementar uma gestão de qualidade, o que compreende acompanhar e fazer as devidas intervenções: na organização do currículo, nas relações entre famílias, lideranças e Escola (diálogo), na infraestrutura para o PPP (nível de participação, trabalho coletivo, organização do espaço e tempo da aprendizagem), no ambiente físico, na formação continuada dos profissionais envolvidos, no acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem e nas políticas de inclusão — atento às satisfações pessoais e profissionais. Mais que se enquadrar ao estereótipo de um gestor, o de um líder hierarquicamente superior, caberia ao Diretor Escolar atuar como um ouvinte atento às necessidades do grupo, comunicativo na análise das situações e participativo na tomada de decisões, o gestor de qualidade é aquele que consegue se servir de todos esses papéis, administrando conflitos pessoais, os seus e de seus pares, e, sobretudo, tendo discernimento para motivar a sua equipe na realização de sonhos e projetos.
Caminhos que podem ser trilhados Para uma gestão de qualidade a escola deve traçar planos estratégicos respeitando suas peculiaridades, sua missão e valores de sua comunidade. O conjunto destas ações deve ser pensado no presente, mas projetados no futuro, levando em conta as constantes transformações e adequações que devem ser feitas no decorrer do processo. Prof. Mário César Camargo Araújo, Diretor Geral EEB Getúlio Vargas, Pós-graduado em desportos coletivos/UDESC
Uma gestão escolar de sucesso se faz com posicionamentos estratégicos e operacionais eficazes, aliados à capacidade de liderança, com análise e proposições frente aos desafios da sociedade.
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A gestão escolar deve abranger o planejamento nas dimensões ética, política e técnica das relações que se tecem nos meandros do ensino"
* Pedagoga, Doutora em Educação e Pró-Reitora de Ensino da Univali
Maria Letícia Borssoi Baldin, Gerente Regional de Educação de Chapecó Pós-Graduada em Língua Portuguesa/UniChapecó
A avaliação institucional deve ser vista por todos - governo, secretários de educação, diretores, professores, funcionários, pais e alunos - não como mais uma regra buracrática, mas como o melhor meio de buscar a qualidade nos serviços prestados à comunidade, ou seja, a verdadeira gestão. Neide Bittencourt, professora da UFSC e Coordenadora da Sala Ambiente Planejamento e Prática de Gestão do Programa Escola de Gestores. Doutora em Didática/USP
Para a efetivação do Programa Educação: Construindo Qualidade, o investimento na gestão escolar é primordial. Nele são construídos os processos de melhoria no ensino. Por isso, um movimento que tem como objetivo melhorar a qualidade da educação requer o comprometimento ativo de todos os agentes envolvidos. Marlene de Oliveira, Consultora Educacional, Especialista em Assuntos Educacionais e Coordenadora Estadual do Programa Nacional Escola de Gestores
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CONCURSO
CONTRA A CORRUPÇÃO PREMIA MELHORES IDÉIAS DOS ESTUDANTES DE SC Iniciativa foi bem sucedida e agora está sendo levada a escolas de todo o país Fotos Osvaldo Nocetti
Suely de Aguiar
Segundo o levantamento denominado Índice de Percepção de Corrupção entre autoridades públicas e políticos, o Brasil aparece entre os 163 países que convivem com o problema. Em 2007, o nosso país caiu oito posições em relação a esse ano e está no 70º lugar no ranking mundial e em 14º entre os países da América Latina. No entanto, a corrupção não se limita a esses setores. Qualquer cidadão comum pode estar cometendo um ato corrupto ao desrespeitar uma fila (de ônibus, supermercado, banco etc) ou ao jogar lixo na rua. Para ajudar a combater tal prática, o Centro de Apoio da Infância e da Juventude do Ministério Público, em parceria com a Secretaria da Educação, lançou, em 2007, a Campanha "O que você tem a ver com a Corrupção?". Mais de cinco mil estudantes participaram de um concurso sobre o tema e os três primeiros classificados nas categorias desenho, redação e teatro foram premiados, durante solenidade realizada, no dia 10 de março, no auditório da Secretaria. A Campanha foi idealizada pelo promotor de Justiça Affonso Guizzo Neto.
Fabiane Toniazzo da EEB Professor Zelindo Carbonera, de Xanxerê
Alunos do ensino médio contra a corrupção
Com o mesmo título da campanha, "O que você tem a ver com a corrupção?" uma equipe de alunos do ensino médio, da EEB Manoel Henrique de Assis, de Itajaí, ficou em primeiro lugar, sendo premiada em abril, com uma excursão cultural a Florianópolis. São eles: Cleiton Stracke Sudan, Diana Bittencourt Vicenti, Fernanda Klegler, Filipe de Quadra, Frank Silva de Oliveira, Jaqueline Coelho, Joacir Vieira dos Santos, Karen Luana Livinalli e Nikole Fiche-
Na categoria séries finais (5ª a 8ª), Fabiane Toniazzo, estudante da 8ª série da EEB Professor Zelindo Carbonera, de Xanxerê, foi a vencedora. Autora do trabalho "O que transforma a nação brasileira num simples país Brasil", ganhou um computador. No trabalho, a jovem de 14 anos deixa claro que "a corrupção é mais do que roubar, é agir negativamente. São ações que causam danos, não só materiais, como morais". Entre os exemplos de corrupção cita a infração de regras escolares como deixar de usar o uniforme (se for obrigatório); discriminar e julgar pessoas; falsificar assinaturas, entre outros. Para a estudante, o fim da corrupção não depende de um ou outro, mas de todos. "Não como uma família, mas uma Nação, à qual devemos agir com o coração, razão e emoção", salienta.
ter Bayer. Em idades entre 18 e 16 anos, os jovens criaram e encenaram uma peça teatral com o intuito de envolver as crianças e mostrar que a corrupção pode começar quando se fura uma fila, se pega algo sem autorização, falsifica-se uma nota de prova escolar ou mesmo quando se mente para os pais. Na peça, dois personagens se destacam: Gato Atitude, que representa honestidade, em contraponto à Dona Corrupção.
Cleiton Fornari, da EEB Dom Felício Cesar da Cunha Vasconcelos, de Concórdia
Das séries iniciais (1ª a 4ª), o vencedor foi Cleiton Fornari, nove anos, com o desenho "Cuidado, não venda seu voto". Aluno da 3ª série do ensino fundamental da Escola de Educação Básica Dom Felício Cesar da Cunha Vasconcelos, de Concórdia, recebeu da Secretaria um aparelho de TV. Cleiton desenhou uma nota de R$ 50,00 sendo apanhada por uma mão, ao lado a letra X e dentro da nota figura de uma jovem. Acima do desenho escreveu: período de eleições. O desenho por si só diz tudo.
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ENTREVISTA ALCIDES BUSS Suely de Aguiar
Escritor, poeta, professor universitário, incentivador das artes, um artista nato. Perto de completar 60 anos, a expressão no olhar parece ser a mesma do jovem sonhador e revolucionário nascido no município de Salete (SC), no norte catarinense. Diretor de Comunicação da Associação Brasileira de Editoras Universitárias e, desde 1980, professor de Teoria Literária na Universidade Federal de Santa Catarina, iniciou sua carreira literária com o livro Círculo Quadrado, em 1970. Não parou de escrever e publicou mais 19 obras. Uma delas trata de um estudo sobre Cobra Nonato, do modernista Raul Bopp. Durante a década de 70, então diretor de Cultura da Prefeitura Municipal de Joinville (SC), promoveu um projeto de resgate da cultura popular e das artes em geral, ficando conhecido em todo o país. Na UFSC, criou uma das primeiras oficinas literárias do Brasil que, por muitos anos, promoveram a renovação literária, abrindo espaço para outras artes, como o cinema. Ocupou vários cargos expressivos de entidades (estaduais e nacionais) ligadas à Literatura. Intelectual de uma simplicidade própria daqueles que nada têm a provar, realizou uma de suas grandes metas: a formação de uma rede nacional, para distribuição e comercialização das edições acadêmicas, que contemplam mais de cem livrarias. Para o leitor do Jornal Escola Aberta, traça comentários sobre o Programa de Incentivo à Leitura, idealizado pela Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina. Com a palavra, o Mestre Alcides Buss.
JEA - A Secretaria de Estado da Educação está desenvolvendo o Projeto de Incentivo à Leitura e está encaminhando às escolas da rede pública estadual livros de literatura para serem doados aos estudantes do ensino médio. Três obras já foram escolhidas e enviadas às unidades escolares: Dom Casmurro, Senhora e O Cortiço. Uma quarta obra também está cotada: Broquéis e Faróis. Qual a sua opinião sobre o Projeto? AB - Imagino a alegria desses rapazes e moças ao poderem levar para suas casas um livro de José de Alencar ou de Machado de Assis, e dizer em alta voz: -"Ganhei um livro. Este livro é meu!" Pela primeira vez, em muitos destes lares, estará entrando um livro. A família terá acesso a ele. Um grande escritor brasileiro fará parte da casa. Já nada será a mesma coisa. Isto é maravilhoso. De alguma forma, mesmo que não haja esta pretensão, estará nascendo em cada lar uma pequena biblioteca.
de que o aluno tenha acesso a elas, já no 1º ano do ensino médio e levar o livro para casa, pode tornar a leitura mais atraente, já que se tratam de obras densas? AB - Os livros que foram citados são textos fundamentais da literatura brasileira. É preciso que o estudante os conheça, para depois avançar sobre outras obras, inclusive de autores contemporâneos. O fato de poder ter os livros em casa permitirá que estabeleça com eles um contato mais descontraído, livre de pressões. O ato de ler deve ser uma coisa prazerosa. Ler por obrigação, simplesmente, não dá prazer e não constrói leitores. Somente o envolvimento afetivo com as páginas de um romance torna esta experiência uma coisa inesquecível, com gosto de "quero mais". Cabe à escola, através de seus professores e bibliotecários, dar as pistas necessárias para o aprendizado da leitura.
“O ato de ler deve ser uma coisa prazerosa. Ler por obrigação, simplesmente, não dá prazer e não constrói leitores”
JEA- As obras citadas, todas de autores mortos (Machado de Assis, José de Alencar, Aluisio de Azevedo e Cruz e Sousa) continuam sendo abordadas nos vestibulares. O fato
JEA- Além da disciplina de Língua Portuguesa, as obras serão utilizadas em outras disciplinas como História e Geografia e da forma que o professor considerar a leitura mais adequada e atraente. Que estratégias podem ser adotadas para tornar isso possível? AB- Acredito que deva haver uma cum-
Escritor Alcides Buss
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plicidade de toda a escola, inclusive da direção, com os objetivos da leitura. Um bom romance pode ser excelente fonte de conhecimentos, em variadas áreas. Um livro de José de Alencar pode exprimir mais da história do Brasil do que várias aulas específicas da matéria. Se os professores trabalharem em conjunto, levarão os estudantes a entender e aceitar o valor das grandes obras, fazendo disto um valor de vida. JEA - No Projeto, os estudantes do ensino fundamental (1ª a 9ª série) também serão beneficiados com livros de literatura de autores brasileiros e catarinenses. Como incentivar os alunos das séries iniciais a tomarem gosto pela leitura? AB- Penso que é bem mais fácil desenvolver o gosto pela leitura nas séries iniciais. As crianças adoram ler. Cabe à escola orientá-las para que aprendam a escolher adequadamente as leituras. Nesta área há muita coisa de má qualidade. Os professores têm condições de separar o joio do trigo. É importante que atuem também junto à biblioteca da escola, primando pela qualidade do acervo. O trabalho em sala de aula deve privilegiar a liberdade e a criatividade das crianças. Após
os estudos em sala, será valioso levar o autor, quando possível, para uma conversa com os alunos. Deste trabalho, se for constante e bem feito, surgirá o leitor de amanhã e o cidadão preparado para construir um mundo melhor. JEA - O Jornal em Sala de Aula é outro projeto que direta ou indiretamente está ligado ao primeiro. O objetivo é incentivar a leitura utilizando o jornal como mais um instrumento pedagógico e dar liberdade ao aluno de escolher o assunto. O conteúdo dos jornais contribui para estimular o jovem a ler mais? AB - A garotada lê bem pouco jornal. Ela tem na cabeça a idéia de que jornal é coisa do pai, da mãe, de gente de mais idade. Se o jornal for levado à sala de aula de maneira criativa, essa forma de vê-lo vai mudar. É importante que isto aconteça. Todo mundo deve ler jornais, revistas e livros. O mundo da informação gira em torno deles. Penso por mim próprio: se não lesse diariamente jornais, revistas e livros , me sentiria incompleto, me sentiria até um fracassado. Indivíduos vitoriosos são aqueles que sabem ler, iniciando pela escolha de suas leituras.
"Somente o envolvimento afetivo com as páginas de um romance torna esta experiência uma coisa inesquecível, com gosto de quero mais".
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GESTÃO EDUCACIONAL VOLTADA AO ESTUDANTE Beatriz Menezes dos Santos
Uma gestão educacional centrada no aluno e alicerçada em metas é o ponto c e nt ra l d o p ro g ra m a l a n ç a d o p e l a Secretaria de Estado da Educação em busca da qualidade da gestão educacional. Com o planejamento estratégico das ações e a correta destinação dos recursos estaduais e federais para pro-
gramas e projetos de ensino, a instituição busca cumprir seu compromisso com a sociedade. Nesse sentido, promove ações que favorecem o desenvolvimento pleno dos estudantes e proporciona melhorias no espaço escolar. A entrega de kits com materiais didáticos, livros, computadores, equipamentos tecnológicos de aprendizagem e recursos pedagógicos enviados às escolas, unido
aos investimentos aplicados na formação de professores, têm trazido resultados positivos à educação catarinense. Como política de valorização dos estudantes, está distribuindo uniformes para aproximadamente 400 mil alunos do ensino fundamental, uma aquisição de R$ 3,6 milhões que vai fortalecer os vínculos entre as unidades de ensino, a família e a comunidade.
Um carrinho "esperto" para o ensino médio
Foto: Osvaldo Nocetti
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Alunos conhecem processo de confecção dos uniformes Alunos, representantes de APPs e os diretores de seis escolas públicas de Blumenau acompanharam o secretário de Estado da Educação, Paulo Bauer e a diretora de Apoio ao Estudante, Rogéria Diegoli, às instalações da fábrica de uniformes do Grupo Mercosul. Os vinte alunos que participaram da visita foram conhecer as etapas de produção dos uniformes escolares que usarão a partir de junho. São dois conjuntos, um de inverno, composto por dois pares de meias, um agasalho completo, duas camisetas de mangas curtas e um par de tênis. Outro de verão, com uma camiseta, uma bermuda e um par de sandálias tipo havaianas, que será distribuído em setembro. Na opinião do secretário, a medida atende uma antiga solicitação das comunidades escolares e elimina a roupa como indicador de diferenças sociais, além da representar significativa economia às famílias. Para contemplar a avaliação dos alunos sobre o uniforme anterior, foram alterados os componentes do tecido, o design e, o tênis de lona, foi substituído por um em nylon, de três cores, informa Rogéria. Durante a visita, os diretores da empresa explicaram aos estudantes todo o processo de produção, da compra do fio à tecelagem, as fases de tintura, modelagem, corte, costura, inspeção de qualidade, embalagem, distribuição e entrega. Este ano, o grande diferencial é a entre-
ga personalizada dos uniformes, observa Geraldo Lopes, diretor- Superintendente do Grupo. "Cada criança receberá uma caixa com indicação do nome, série, turma e escola. Nossos caminhões já estão percorrendo as estradas catarinenses para entregar o uniforme", informa. Uniforme: símbolo de identidade estudantil É grande a expectativa das famílias com os uniformes. Kátia e Luiz Geremias, residentes no município de Palhoça explicam que seus filhos, Luiz Carlos, da 8ª série e Luiz Fernando, da 3ª, ambos estudantes da Escola Benonívio João Martins receberam pela primeira vez os uniformes escolares em 2006 e agora já fazem os cálculos da economia deste ano. "Considerando que são dois conjuntos, teríamos uma despesa de R$ 200, 00", declara. Na opinião de Kátia, a presença do uniforme é importante pois além de ser sinônimo de igualdade, reforça a segurança de seus filhos. "Assim é fácil identificar aqueles grupinhos que se aproximam dos estudantes cm outros interesses", acrescenta. Indústria têxtil atrai empresários Consolidada como a segunda atividade industrial mais importante do Estado, com participação de 16% no valor da transformação
industrial do país, conforme dados a FIESC, a indústria têxtil catarinense concentra no Vale do Itajaí profissionais e empresas de outros estados, com reflexos no comércio e geração de empregos na região. Atraído pelas possibilidades de ampliar seus investimentos, aliado à reconhecida qualidade da mão de obra vestuarista, o Grupo Mercosul instalou-se há seis anos em Blumenau e hoje é responsável pela geração de 100 empregos diretos, além dos cerca 1.500 indiretos, com a contratação de trabalhadores da área, em pequenas e médias empresas. "Aqui, passam pelas mãos das funcionárias, os uniformes de seus filhos, informa Guilherme Robler, representante da empresa. Especializada na produção de uniformes escolares, o Grupo é responsável pela confecção, embalagem e distribuição de aproximadamente 400 mil uniformes dos alunos do ensino fundamental. São mais de 980 mil camisetas, 400 mil bermudas, além dos agasalhos e meias, observa Geraldo Lopes. "Estamos ampliando. Até o final do ano contaremos com uma área de aproximadamente 6 mil m2, com a construção de uma nova unidade destinada à tecelagem", explica. Também confecciona os uniformes para diversos municípios catarinenses, além de atender a demanda de inúmeras Prefeituras nos estados de São Paulo, Pará, Mato Grosso e Rio Grande do Norte.
Um carrinho com todos os elementos básicos para as aulas práticas de ciências, química, física e biologia é outro i nve s t i m e nto re a l i z a d o pela Secretaria da Educação, como recurso pedagógico, buscando atrair a atenção dos alunos e facilitando a aprendizagem de cerca de 290 mil e s t u d a nt e s d o E n s i n o Médio. Nos Laboratórios D i d á t i c o - M ó ve i s , q u e contêm 256 itens diferentes, como microscópio, balança digital, ácidos, bases, pipetas e provetas , foram investidos cerca de R$ 7,5 milhões. São 300 unidades que irão possibilitar a realização de um número significativo de experiências, envolvendo disciplinas do E n s i n o Fu n d a m e nt a l e Médio. O diferencial do equipamento, segundo os professores , é que ele poderá sair do laboratório, ser deslocado para as salas de aula ou até para o pátio da escola. É um carrinho "esperto", dizem os alunos que já conhecem o laboratório. De acordo com o diretor de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação, Antônio Elízio Pa zeto, " é u m re c u r s o didático destinado a experimentos, possibilitando uma maior compreensão dos conceitos envolvidos". Pa ra m e l h o r u t i l i z a r o recurso em sala de aula, como suporte às atividades de ensino-aprendizagem, a Secretaria está promovendo cursos de formação continuada aos professores de ciências, química, física e biologia em todo o Estado.
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Fotos: Osvaldo Nocetti
Escolas públicas incorporam ferramentas na educação tecnológica Beatriz Menezes dos Santos
Peças de todas as cores e tamanhos ligadas a terminais de computadores sinalizam que o tempo da educação tecnológica já chegou nas escolas públicas e que a aprendizagem agora pode se valer dos conceitos da robótica para envolver os estudantes nos conteúdos curriculares. O Projeto LEGO "Aprender Fazendo" é uma ferramenta pedagógica, colocada à disposição dos educadores com o objetivo intensificar o acesso dos alunos ao conhecimento tecnológico. Será implementado, inicialmente, em 96 escolas e vai beneficiar 40 mil alunos do ensino fundamental. Consiste em inúmeras peças
que podem ser montadas com base nos conteúdos das áreas de Ciências, Robótica, Matemática, Português, História e Geografia. São 1.040 kits, que compreendem máquinas do tempo, montanhas russa, bugues, guindastes, atividades de montar, quadrinhos, carros, tudo isso para vencer os desafios propostos pelos professores. A solução dos problemas começa com a programação da atividade no computador, elaborada juntamente com os alunos. Na aquisição do material, que inclui assessoria e capacitação dos professores, a Secretaria da Educação está investindo cerca de R$ 5 milhões. As maletas tecnológicas vêm acompanhadas de material didático com 36 fascículos, direcionado às séries iniciais e 24, aos estudantes de 5ª a 9ª série. As revistas trazem orientações sobre as diversas combinações e utilização dos equi-
pamentos. Vânia dos Santos Ribeiro, da Diretoria de Educação Básica, estima que este material envolverá cerca de 40 mil alunos, considerando que cada kit poderá ser utilizado por até quatro estudantes, em salas com aproximadamente 30 alunos, nos dois turnos. Levando em conta as características didáticas do LEGO, foram adotados alguns critérios de distribuição às escolas, priorizando as que oferecem cursos de Magistério, escolas com grande número de alunos e as que possuem salas de Tecnologia e Informática. O material também será enviado para 32 Escolas Públicas Integradas de 1ª a 4ª séries e para 34, de 1ª a 9ª séries. Além dessas, recebem os kits mais 12 escolas de ensino fundamental, dentre elas a Fundação Catarinense de Educação Especial e outras 18 unidades, que atendem crianças nas séries iniciais.
O kit de robótica pedagógica proporciona aos professores e alunos uma programação iconizada para abordar os conteúdos curriculares
Peças criam "vida" com a programação
Áquila Gedehou de Lima
"Dá para fazer o que quiser, é só usar a imaginação!" Áquila Gedehou de Lima, da 5ª série da Escola Prof Maria da Glória Pereira de Camboriú, ficou encantado com as peças. Acompanhado de alguns coleguinhas, ele e outros estudantes foram conhecer um pouco do programa de robótica educativa, no encontro de capacitação dos professores. "O que mais gostei foi do guindaste. Dá para fazer o que quisermos, é só usar a imaginação", diz. Durante o encontro, a diretora Andréia Luiza Radloff e a Administradora Escolar, Suzana Mirim Córdoba, foram informadas que os 1.500 alunos de sua escola
seriam beneficiados com o material. O objetivo das capacitações que vão envolver todos as escolas integrantes do projeto LEGO ZOOM é preparar os professores para pensar o conteúdo de suas disciplinas sob uma nova perspectiva. A primeira etapa promovida pela Secretaria da Educação aconteceu de 15 a 17 de maio em Balneário Camboriú reunindo cerca de 120 professores de 5ª a 8ª séries de 25 escolas, com a participação de Supervisores de Ensino das Gerências Regionais de Educação A capacitação terá continuidade e também envolverá os professores de 1ª a 5ª séries das demais escolas e de outras regiões do Estado. No total a Secretaria vai promover 24 etapas presenciais de capacitação continuada, sendo que o encerramento ocorrerá em novembro deste ano, via webconferência.
Os professores de Ciências e Matemática que participaram da capacitação aprenderam a manusear as peças para aplicar os conteúdos curriculares teóricos na sala de aula. Eles explicam que muitos alunos têm dificuldades de relacionar as fórmulas matemáticas com as situações do cotidiano. "Estamos preocupados que esses alunos não sejam ape-
nas usuários de ferramentas tecnológicas, mas passem a criar e entender a tecnologia" ressalta Jane Bauer, da Escola Coronel Antônio Lehmkuhl, de Águas Mornas. Professora de Física e Matemática, Jane vai utilizar o bugue para explicar noções de distância, velocidade, força, ângulos, etc. "O bugue não é um carro de controle
remoto. Para que ele se movimente, o aluno deve pensar o conteúdo ministrado", explica. O professor lança o desafio:quero que ande por quatro segundos e depois pare. Aqui se avalia distância, quilometragem e tempo. Basta programar um desses itens no computador para que os alunos obtenham outras variáveis do problema.
O "coração" Da mesma forma, na Biologia, Kátia Regina Rickmann, da Escola D. Pedro II de Blumenau, pretende trabalhar o sistema circulatório. Na sala de Tecnologia e Informática da escola, os alunos poderão montar um "coração" com o lego. Em equipe, progra-
mam o funcionamento do principal órgão humano com diferentes batimentos, simulando o sistema cardíaco em repouso ou durante intensa atividade física, cuja velocidade de um e outro poderá ser medida e analisada por toda a classe.
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Santa Catarina • Junho 2008 Divulgação ABPM
Conselhos escolares e grêmios estudantis definem os rumos da escola Beatriz Menezes dos Santos
Projeto “Mais Frutas na Escola” destaca a maçã como ingrediente na alimentação “É na infância que formamos hábitos alimentares que vão acompanhar o cidadão pelo resto da vida” Osvaldo Nocetti
Com o objetivo de promover a autonomia escolar, a Secretaria da Educação está revitalizando os Conselhos Deliberativos e as agremiações estudantis nas unidades de ensino da rede estadual. Para desencadear o processo de democratização, os Supervisores de Apoio ao Estudante farão palestras e discussões envolvendo alunos e comunidade em todas as regionais. Com a função de analisar, discutir e aprovar questões referentes ao ensino na unidade escolar, os conselhos são formados por representantes de pais, alunos, professores e funcionários, estabelecidos como entidades de caráter político, porém não partidário e sem fins lucrativos.
Suely de Aguiar
Frutas, legumes e verduras, além de serem extremamente nutritivos, podem prevenir muitas doenças, aponta a Organização Mundial da Saúde. Com base nessas e outras informações científicas, a Secretaria da Educação implantou, em 2006, o Projeto Mais Frutas na Escola, idealizado pela Associação Brasileira de Produtores de Maçã, inspirado em um programa britânico. Nos últimos dois anos, o projeto funcionou em caráter piloto em cinco regionais do Estado, beneficiando cerca de 130 mil alunos. Agora o Mais Frutas na Escola, que tem como carro chefe a maçã, será ampliado para onze regiões em 2008, e atenderá mais 209.736 estudantes. De caráter pedagógico, o projeto é inédito no Brasil e iniciou com a maçã em função da excelente produção catarinense, explica a diretora de Apoio e Valorização do Educando da SED, Rogéria Diegoli. Outras frutas como a banana e a laranja, também estão sendo, gradativamente, inseridas nessa ação à medida que os produtores se estruturarem para atender à rede de ensino. Além disso, as unidades escolares da rede pública estadual já recebem uma verba para a compra de produtos perecíveis, entre eles, frutas. Com a finalidade de melhorar os hábitos alimentares das crianças, dos jovens e comunidade escolar em geral, o projeto não se limita a inclusão de frutas nos cardápios das escolas. O tema é utilizado de forma multidisciplinar, desenvolvendo ações pedagógicas planejadas com pesquisas, palestras, debates e seminários entre outros. A Secretaria lançou uma campanha incentivando o consumo de mais frutas. Paralelo a
Entidades representativas participam do planejamento escolar
"Maçã crocante, escola interessante, dupla prática para um futuro brilhante" Marcos Agostinho Felizardo, aluno da EEB Samuel Sandrini, de Orleans. Esta é uma das frases vencedoras do Concurso “Fruto da Vida”
campanha, promoveu o concurso “Fruto da Vida” entre os alunos do ensino fundamental, com a finalidade de escolher as melhores frases sobre as propriedades da maçã. "É na infância que formamos hábitos alimentares que vão acompanhar o cidadão pelo resto da vida", ressalta a gerente de Alimentação escolar da SED, Terezinha Lorenzi.
Os vencedores de cada regional foram premiados com uma viagem de estudos e turismo de dois dias em Fraiburgo, onde conheceram os pomares, a produção, os valores nutricionais e a culinária da maçã. A Secretaria enviou às escolas kits com vídeo, folders e caderno de receitas para as merendeiras. O projeto reforça os investimentos na alimentação escolar e está apoiando o escoamento da safra da maçã de Santa Catarina, referência nacional de sabor e qualidade, e responsável por 75% da produção brasileira. As regionais pioneiras na execução do Mais Frutas na Escola responderam uma pesquisa de dez itens sobre o projeto. No que diz respeito à aceitabilidade pelos alunos os resultados apontam a Grande Florianópolis (80%), Criciúma (98%), Joinvile (96%), Chapecó (95%) e Lages (98%).
A medida atende às determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº 9394/96, e da Lei Complementar do Sistema Estadual de Ensino, nº 170/98, que abriu a possibilidade legal de organização dos Conselhos Deliberativos Escolares, possibilitando a participação da comunidade na formulação, execução e avaliação de políticas educacionais. Com esse entendimento, o Decreto nº 3429/98 regulamenta o Conselho Deliberativo como entidade colegiada, para atuar em assuntos pedagógicos , administrativos e financeiros. N e s s e c o ntex to, e s t á o Grêmio Estudantil como um dos mecanismos para o fortalecimento da cidadania, criando a possibilidade dos estudantes participarem ativamente na execução e, até na reelaboração dos Projetos PolíticoPedagógico das escolas.
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OBRAS MODERNIZAM A INFRA-ESTRUTURA DAS ESCOLAS Espaço escolar carrega símbolos, signos e vestígios das relações sociais constituídas no seu meio Texto e fotos: Ester Zanette Barp, Assessora de Imprensa da SDR de Araranguá
Pedreiros, carpinteiros, serventes, eletricistas e pintores trabalham diariamente na conclusão das obras de construção, reforma e ampliação das Escolas de Educação Básica Jacinto Machado, Apolônio Ireno Cardoso (Balneário Arroio do Silva) e Professora Isabel Flores Hübbe (Araranguá). Mais de 2,2 mil alunos do pré-escolar, ensino fundamental e médio serão beneficiados com a melhoria na infra-estrutura das unidades de ensino. A previsão da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Araranguá é que essas obras, que receberam investimento de R$ 3.415.835,59, sejam concluídas em julho. Na EEB Apolônio Ireno Cardoso, o Governo do Estado aplicou R$ 1.245.667,24 na construção de um novo bloco, com 1.078,26 m2, que abrigará salas de aula e banheiros, e reforma de 1.185,59 m2 dos blocos um e dois. A e s c o l a re c e b e r á o i to novas salas de aula, laboratório de artes, biblioteca, sala para professores, cozinha, lavanderia, depósitos de alimentos e materiais, refeitório, recreio coberto, cantina, sanitários adaptados, rampas, muros e calçadas. A unidade de ensino atende 950 alunos do pré-escolar ao ensino médio nos períodos matutino, vespertino e noturno e desde 2004 desenvolve o projeto Ambial, que tem como objetivo promover atividades educativas na comunidade escolar, visando amenizar o problema da fome, considerando a sustentabilidade do meio ambiente. Oferece ainda um conjunto de novas atividades curriculares no campo da Tecnologia, Cultura, do Esporte, da Arte e Iniciação a Pesquisa Científica. REFORMA As obras da EEB Professora Isabel Flores Hübbe receberam investimentos de R$ 1.327.911,90, e irão beneficiar 420 alunos do pré-escolar a 8ª série do ensino fundamental. Foram reformados 438,11 m2 e construído um bloco de dois pavimentos , de 1.030,77 m2, com salas de aula e dos professores, banheiros, recreio coberto, refeitório, laboratórios de química e informática, cantina, cozinha, lavanderia,
EEB Apolônio Ireno Cardoso: nova estrutura prevê acessibilidade dos deficientes físicos
depósitos, salas para direção e orientador, secretaria e rampa. A diretora da EEB Professora Isabel Flores Hübbe, Marli Goulart Vieira Fontanella, destaca que a obra vai ampliar o espaço físico e oferecer mais conforto aos alunos e professores. "Teremos mais espaço para realizar as atividades escolares, principalmente as do projeto Ambial que é desenvolvido desde março de 2006 na escola", argumenta. Com a reforma e ampliação da EEB Jacinto Machado, a unidade escolar recebeu mais três salas de aula, sanitários, biblioteca, laboratórios de química, física e informática para 20 computadores, caixa d’água de 40 mil litros, sanitários adaptados para portadores de deficiência física, guarita e passarela. Os blocos um, dois e quatro foram reformados, totalizando 1.175,64 m2. A cobertura de três blocos foi substituída, as instalações elétricas e hidrosanitárias foram refeitas.
RAMPAS DE ACESSO AOS ALUNOS ESPECIAIS
EEB Jacinto Machado: reforma e ampliação vai beneficiar alunos do pré-escolar ao ensino médio
A EEB Jacinto Machado também foi contemplada com sistema de proteção atmosférica (pára-raios) e instalação preventiva de incêndio. Foram aplicados R$ 842.256,45 na reforma e ampliação da unidade de ensino, que conta com 950 alunos do pré-escolar ao ensino médio e magistério, e funciona nos períodos matutino, vespertino e noturno. O secretário de Desenvolvimento Regional, Heriberto Schmidt, diz que essas obras visam melhorar a estrutura física e a acessibilidade dos alunos, principalmente os com deficiência física e possibilita a criação de novas vagas.
ESCOLA MAIS BONITA Para o aluno Gabriel Machado Daitx, da 4ª série da EEB Apolônio Irene Cardoso, a obra melhorou o espaço físico, e assim a escola pode receber mais estudantes. "Agora também vamos ter mais salas para participarmos do projeto Ambial", acrescenta. "Com a reforma, a escola ficou mais bonita. Também adorei a cor, que lembra a bandeira do Estado. Dá até mais vontade de vir estudar", afirma Guadalupe Gonçalves Réus, estudante da 4ª série da EEB Apolônio Irene Cardoso. Segundo a gerente de Educação, Rosa Nagel, nos próximos meses mais escolas da região devem receber melhorias na infra-estrutura.
EEB Isabel Flores Hübbe: espaço escolar fica mais atrativo para os alunos
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NOTÍCIAS Salas de Tecnologia e Informática para as escolas As novas salas possuem uma tecnologia inovadora, de baixo custo e durabilidade, permitindo maior interação entre os professores e os alunos. Com apenas um computador, conectado a doze monitores, teclados antivandalismo e mouses embutidos, a estrutura diferenciada permite a navegação de milhares de alunos simultaneamente, sob a visualização do professor. Por meio de um único servidor, ligado aos terminais, são filtrados os sites educativos e de entretenimento e ainda bloqueados os de conteúdos inapropriados ao ambiente escolar. O objetivo do investimento de R$15 milhões nestas 413 salas, que estão sendo entregues às escolas, é ampliar o acesso dos estudantes da rede pública à tecnologia digital.
Tênis Júnior O projeto Tênis Júnior Escolar foi reforçado este ano com a entrega de mais 203 kits para 203 escolas distribuídas em todo o Estado, envolvendo cerca de 90 mil estudantes. Cada kit contém 100 bolas de tênis, 40 raquetes e 4 redes de suporte. A Secretaria da Educação, que investiu cerca de R$ 700 mil no projeto, vai promover curso de capacitação nos meses de agosto e setembro para os professores de Educação Física. O projeto será implementado em 116 municípios catarinenses e é uma parceria entre Secretaria e o Núcleo de Estudo de Tênis de Campo (NETEC) da UFSC.
Material Esportivo Os alunos da rede pública estadual também serão beneficiados com a entrega de materiais esportivos, um investimento de aproximadamente R$ 1,8 milhões. São cordas sisal, colchonetes, bolas de borracha, vôlei, basquete, handebol e redes de diversas modalidades esportivas que serão enviadas às escolas para melhorar as aulas de educação física.
Com um incremento de R$10 milhões em relação a 2007, a Secretaria da Educação e a Federação Catarinense de Municípios (FECAM) definiram os valores do transporte escolar dos alunos da rede pública estadual para 2008. Pela primeira vez, o convênio inclui além dos estudantes do ensino fundamental, os do ensino médio. O acordo prevê o investimento total de R$ 45 milhões que serão repassados em nove parcelas aos municípios conveniados às Secretarias de Desenvolvimento Regional.
Incentivo à Leitura
Salas com estrutura diferenciada
Profissionais ganham mais Como medida de valorização dos profissionais do Magistério, o Governo do Estado criou o Prêmio Educar, uma verba indenizatória, que proporciona melhorias na remuneração dos profissionais da Educação. Acrescido a outras vantagens, o benefício representa um acréscimo de 110% na remuneração dos professores, considerando o período de 2003 a 2008. A partir de agosto, já computado o pagamento dos R$ 200, 00 do Prêmio, um professor da mesma formação, que atue de 5a a 8a série e no ensino médio, num contrato de 40 horas semanais, estará percebendo uma remuneração total de R$ 1.469,75 no início de carreira e de R$ 2.386, 42, em final de carreira, além de outras vantagens adquiridas por méritos ao longo da atividade profissional. Isso confirma que os professores da rede
pública estadual estão entre os melhores salários do país, conforme ranking divulgado nos veículos de comunicação. Agora, chegou a vez dos aposentados, que serão contemplados com o Prêmio Jubilar. Para os educadores que atuaram nas salas de aula até a aposentadoria e tiveram acesso a todos benefícios do Plano de Carreira, receberão a partir de agosto, o mesmo valor de R$ 200,00, totalizando um vencimento de R$ 2.386,42, descontados apenas o auxílio alimentação. Além dos professores, também receberão o Prêmio Educar e Jubilar os Especialistas em Assuntos Educacionais (Administrador, Orientador e Supervisor Escolar) e os profissionais que atuam nos cargos de Assistente Técnico Pedagógico e Assistente em Educação, todos no valor de R$ 150,00.
Fanfarras A Secretaria de Estado da Educação está adquirindo 450 fanfarras em um investimento de R$ 480 mil. Cerca de 430 escolas da rede estadual que solicitaram as bandas escolares receberão oito instrumentos musicais diferentes, dentre cornetas, jogos de pratos e bumbos. EEB São Miguel, de São José
Transporte Escolar
A Secretaria da Educação está enviando às escolas da rede pública estadual 750 mil livros de literatura brasileira destinados aos estudantes do ensino médio. São obras de José de Alencar, Aluísio de Azevedo, Machado de Assis e Cruz e Sousa que serão doadas aos alunos como incentivo à leitura. Em seguida, os estudantes do ensino fundamental receberão kits completos de autores brasileiros destacando-se Ziraldo, Ruth Rocha e a catarinense Luíza Meyer, em um investimento total de mais de R$ 17 milhões. Esses livros deverão ficar na unidade escolar para serem lidos, também, pelos professores.
Curso Pré - Vestibular A partir de agosto deste ano serão implantados nas regiões de Joinville, Chapecó, Blumenau, Lages e Criciúma cursos pré-vestibulares para alunos do 3º ano do ensino médio. As escolas onde os cursos funcionarão ainda serão selecionadas, mas as aulas devem iniciar em agosto. Pioneiro no projeto, que vai para seu segundo ano, o Instituto Estadual de Educação, na capital, oferece o curso para os estudantes da instituição e unidades escolares mais próximas.
Convênios com as APAEs
Mutirão da Pintura As tintas para a 2ª etapa do Mutirão da Pintura serão enviadas às Gerências Regionais de Educação para serem distribuídas para as escolas que já prestaram contas da 1ª etapa. Nesta ação, a Secretaria vai investir um total de R$2,9 milhões. O mutirão teve início em março, envolvendo 243 escolas, além das 240 atuais.
A Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) assinou este mês em São José, convênios com as APAEs da Grande Florianópolis e demais Escolas Especializadas. Pelo acordo, o Governo cede professores efetivos e ACTs para atuarem nessas instituições. Os convênios devem ser assinados, também, com entidades localizadas nas 36 regiões do Estado. Completando 40 anos de existência (06/05), a FCEE tem sido referência nacional no atendimento de pessoas com deficiências.
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MÃOS TREINADAS LEVAM COMUNICAÇÃO
E EDUCAÇÃO PARA ALUNOS MUITO ESPECIAIS “A Libras dá o direito da pessoa surda de ser diferente na sua diferença” Fotos: Osvaldo Nocetti
Suely de Aguiar
Resgatar o imaginário "mundo do silêncio", e proporcionar aos surdos o acesso à Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e ao Português escrito faz parte da construção uma nova história de inclusão em Santa Catarina. Para reforçar essa política, a Secretaria da Educação aposta no trabalho dos educadores. A dedicação da professora Silvani de Souza, da Escola de Educação Básica Nossa Senhora da Conceição, localizada no bairro Roçado em São José, é um exemplo deste processo. Mãe de dois filhos, a professora passa boa parte do seu tempona escola. Um dia na semana ela trabalha exclusivamente em uma turma de 3ª série, como professora bilíngüe. Nos demais dias atua como intérprete de LIBRAS dos professores de todas as séries e disciplinas. Pós - graduada em Educação de Surdos pelo Cefet de Santa Catarina, Silvani tem 14 anos de profissão. Já lecionou na Fundação Catarinense de Educação Especial e na rede regular de ensino do município de Santo Amaro da Imperatriz. Além da escola Nossa Senhora da Conceição, é professora intérprete do curso Interativo, com alunos surdos, no período noturno.
“COMO EU TRABALHO” A professora Silvani de Souza resume as atividades que fazem par te do seu cotidiano escolar: Quando atuo como intérprete na turma da sétima série da Escola Nossa Senhora da Conceição, trabalho com todos os professores das disciplinas e não planejo as aulas, pois nesse momento minha função é de interpretar o conteúdo que está sendo repassado aos alunos. Acompanho os estudantes surdos em todas as aulas. Quando estou atuando na minha turma de terceira série, com crianças surdas, sou professora bilíngüe e faço meu planejamento geral com os demais professores . No cotidiano, troco experiências com minha colega da 4ª série, também bilíngüe, e utilizo recursos visuais para elaboração conceitual. Sobre a divulgação da LIBRAS na mídia declara: "Pelo meu trabalho e o empenho da comunidade surda é muito importante esse tipo de reportagem, pois temos a oportunidade de levar esse conhecimento à população, falar de LIBRAS, do respeito à essa Língua e a sua cultura.
LIBRAS reforça a inclusão educacional
VOCABULÁRIO ADEQUADO Na entrevista concedida ao Jornal Escola Aberta, demonstrou preocupação com os termos referentes à deficiência visual, nem sempre utilizados de forma correta pela mídia. A própria autora dessa reportagem recebeu, educadamente, "um puxão de orelhas" quando se referiu aos alunos como surdosmudos. "Não se usa surdos-mudos, simplesmente mudos", ressaltou. Com a mesma veemência, esclareceu que LIBRAS é uma língua e não uma linguagem como já ouvimos algumas vezes. "A LIBRAS é reconhecida por lei e, é através dela, que as pessoas surdas se comunicam e interagem com o mundo a sua volta e transmitem sua cultura", declara. As aulas dessa educadora dedicada são ministradas com o recurso da Língua de Sinais e em Português na modalidade escrita. Para ela, a LIBRAS deve ser reconhecida e usada por todas as pessoas envolvidas com surdos tanto na escola como nas famílias.
Débora é professora intérprete e bilingüe
LÍNGUA
DE DE SINAIS TEM ORIGEM FRANCESA
LIBRAS – De origem francesa, as línguas de sinais não são as mesmas em todo o mundo. Cada país possui a sua, com influências da cultura nacional. Os sinais se formam a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto do corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Utilizadas para comuniProfessora Silvani de Souza (EEB Nossa Senhora da Conceição)
cação das pessoas surdas, não são simplesmente mímicas ou gestos soltos. Elas também são compostas por níveis lingüísticos como o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. O que diferencia essa língua das demais é a sua modalidade visual-espacial. Aprender Libras é como aprender outro idioma como o francês, o inglês, o espanhol. Com a Língua de Sinais as pessoas podem conversar sobre qualquer assunto (filosofia, política etc).
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PANORAMA DA EDUCAÇÃO CATARINENSE EM NÚMEROS
GRÁFICO ESTATÍSTICA SEDE