Jornal Escola Aberta - Outubro 2009

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Santa Catarina • Outubro 2009

Mari

ana P

ivatto

Blogs são utilizados como ferramentas de aprendizado Página 3

Projeto Lego prepara para torneio nacional de robótica Páginas 6 e 7

Caçador ganha novo prédio da Escola Paulo Schieffler Página 9

Cleo Fante fala sobre o bulliyng e a educação para a paz Página 5

E.E.B. Paulo Schieffler, de Caçador

Escola Pública Canto, dança, música, natação e línguas estrangeiras já fazem parte do cotidiano de 60 mil estudantes Beatriz Menezes dos Santos e Carmelo Cañas

Nas escolas públicas de Santa Catarina, está superada a visão tradicional de apenas construir mais salas para atender a oferta de classes nas áreas de grande demanda. Para enriquecer a relação espaço/aprendizagem, é importante a criação de programas inovadores que ampliem os horizontes das ações educativas. O desafio atual dos gestores da Educação está em fazer com que a escola deixe de ser apenas o lugar que ensina conteúdos curriculares e p a s s e a s e r u m a o rg a n i z a ç ã o e s t ra t é g i c a d e a p re n d i z a d o, u m c e nt ro d e f o r m a ç ã o c o nt i n u a d a , indispensável para que se proporcione aos jovens maior qualidade

no processo de desenvolvimento pessoal e social. Com esta proposta, a Secretaria de Estado da Educação implantou o "Programa de Atividades Curriculares Complementares", beneficiando cerca de 60 mil alunos das séries finais do ensino fundamental e do ensino médio. O objetivo é possibilitar que os estudantes permaneçam mais tempo na escola, atendendo aos anseios da comunidade escolar. Esta iniciativa oferece 11 disciplinas optativas, que incluem aulas de inglês, alemão, italiano, espanhol e francês, além de dança, teatro, natação, canto coral, música e fanfarra. Das 1.324 escolas da rede estadual, 592 já estão participando do programa, com atividades oferecidas no contra-turno das aulas regulares e ministradas por

professores efetivos. Nas instituições onde não há educadores concursados foram contratados profissionais admitidos em caráter temporário (ACTs). A ideia é que algumas escolas se tornem centros culturais, para que num mesmo município seja disponibilizado dança e em outro música, diversificando assim as opções. Neste semestre, o investimento para atender esta demanda será de R$ 206.500,00 mensais. A exemplo de países desenvolvidos, onde o tempo de permanência das crianças nas escolas não é inferior a seis horas diárias, em Santa Catarina os estudantes têm a oportunidade de desenvolver suas habilidades em diferentes áreas culturais, esportivas e em línguas estrangeiras, esta uma necessidade cada vez maior num mundo globalizado.


2 - Editorial

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Educação, a consolidação da dignidade Divulgação

A educação é um direito universal, não somente por ser garantida por documentos internacionais e pela própria Constituição brasileira, mas também por configurar um elemento fundamental para a qualidade de vida humana e a garantia da dignidade. Mas, para assegurar sua qualidade, é preciso que os professores tenham atendidas suas necessidades básicas, proporcionando tranquilidade no exercício profissional. A Secretaria de Estado da Educação tem garantido em lei diversos benefícios que reforçam a convicção da importância do educador na formação dos futuros cidadãos. Com este entendimento, foi sancionada no mês de agosto Lei Complementar nº 015/09, que altera dispositivos do Estatuto do Magistério Estadual (Lei nº 6.844/86) e da Lei de Cargos e Salários (nº 1.139/92). Dentre as modificações contidas nessas leis estão a incorporação, na tabela salarial, do abono de R$ 100, pago em agosto, e previsto para fevereiro, maio e agosto de 2010. Também foi confirmada a instituição do Piso Nacional do Magisté-

rio, a ser implementado este ano, em três parcelas e retroativo a janeiro, e a gratificação de 30% aos Assistentes de Educação ou a quem estiver desempenhando a função. Durante o anúncio feito na webconferência, realizada no Centro Administrativo, na Capital, para as 36 Gerências Regionais de Educação, o secretário da Educação, Paulo Bauer, destacou que

nenhum professor da rede estadual vai ganhar menos do que o piso nacional do magistério. Os educadores catarinenses passaram a receber, no mínimo, R$ 1.020,00, retroativo ao mês de janeiro. Além dessas medidas, foi concedido o prêmio assiduidade aos professores, também estendido aos Assistentes de Educação e aos Assistentes Técnicos Pedagógicos. Outra

novidade é a permissão da venda de licenças-prêmio não usufruídas, bem como a concessão do progresso funcional vertical, incluído a partir da aquisição do direito, na data do aniversário do servidor. Junto a essas medidas importantes para a valorização do Magistério, foram assinados convênios com as Instituições de Ensino Superior de Santa Catarina, possibilitando aos professores a freqüência em cursos de pós–graduação, regulamentados pelo artigo 171, da Constituição Estadual. Da mesma forma, foi garantida a parceria com as mesmas instituições, para cursos do Programa de Desenvolvimento Regional (Proesd). Outra boa notícia divulgada foi a assinatura de um decreto que permitirá que 13.456 servidores próximos da aposentadoria vendam licenças-prêmio acumuladas. São esforços como estes que demonstram o comprometimento do Órgão Central da Educação com a melhoria da qualidade do ensino. Leia nesta edição mais informações sobre projetos de alunos e professores da rede estadual. Arquivo Osvaldo Nocetti

Escola de Educação Básica Jerônimo Coelho, de Laguna, com as aulas de dança, dá exemplo de uma das atividades complementares que são oferecidas aos estudantes Jornalistas: Beatriz Menezes dos Santos 01572 JP Mariana Pivatto SC 0002916 Suely de Aguiar SC 00416 JP Leticia Povoas SC 02219

Editora Responsável: Beatriz Menezes dos Santos/01572 JP

Fotografia: Osvaldo Nocetti James Tavares Mariana Pivatto Thiago Andrade Tatiana de Souza

Diagramação: Girardi Junior Editora Ltda.

Revisão: Antônio Carlos Pereira

Colaboração: Carmelo Cañas – SED Tatiana de Souza- SDR Joinville Thiago Andrade – SDR Itajaí


Artigo

Santa Catarina • Setembro 2009

Blogs: um espaço de criação coletiva na escola *Suênia Izabel Lino Molin

Poucas inovações tecnológicas interpretados por comentários , provocaram tantas mudanças em seguindo uma ordem de postagem tão pouco tempo na sociedade organizada cronologicamente (como como as tecnologias de informação um diário). Também divulgam vozes, e comunicação. Intensificadas nas dão visibilidade a trabalhos construíúltimas décadas com o uso de com- dos na escola. A possibilidade da criação coletiputadores interligados em rede, essas tecnologias invadem o cotidia- va e a aproximação de alunos e prono e estão presentes em forma de fessores são destacadas como a suporte e cultura, alterando as for- principal contribuição que o blog pode trazer para o promas de pensar e aprencesso de ensino-aprender. Os computadores dizagem. Dentre as posinterligados em rede síveis aplicações na inauguraram uma educação, destacamos nova ágora, uma praça a apresentação das pública, e democrática, várias etapas de um para troca de idéias e projeto educativo, trabaconstrução coletiva do lhos que são realizados conhecimento. Essa por alunos ou professopraça virtual - Internet, res nas diversas disciplioferece ferramentas de nas, reflexões em torno fácil utilização e que de temas educativos, possibilitam amplas forcriação de jornal escomas de expressão, lar on-line. Pode ainda comunicação e interaser utilizado como comção, bem como o enriquecimento das prátiA possibilidade plemento ao ensino presencial, visto que nos cas pedagógicas. da criação blogues podem constar O blog é provavelavisos, indicações de mente a ferramenta coletiva e a trabalhos a realizar, mais conhecida e utilidicas para pesquisa, zada em contexto eduaproximação ligações para conteúdos cativo dado o potencial de alunos e de complemento e pedagógico que este apoio às aulas, entre instrumento apresenta. professores outros. É a "febre" da Internet. Seja como for, disTrata-se de uma página são destacadas ponibilizar o recurso da web que, pressudos blogs na escola põe-se, é atualizada como a pode representar um com grande frequência principal salto qualitativo na através de postagens, capacidade de comunique são mensagens contribuição cação e divulgação das constituídas por imacriações realizadas pela gens e textos, denomique o blog comunidade escolar, nadas de post. Tornoualém de permitir particise muito popular por pode trazer pação ativa na nova não demandar conhecipara o ágora e incentivar a mentos de especialista autonomia e a criativiem informática para processo dade, uma vez que sua criação e utilização, hoje a realidade da por serem rápidos de de ensinoescola e da sala de produzir e de serem operados. É uma espéaprendizagem aula é diferente de tempos atrás. Hoje, o públicie de diário virtual utico é diferente, as lizado para tornar acessível à rede de computadores opi- necessidade são outras, por isso é niões, comentários, fatos, noticias importante que a escola atenda às aspirações deste novo aluno, que etc., acerca de diversos assuntos. Os blogs são páginas editadas maneja habilmente as novas ferrapor uma pessoa, eventualmente por mentas tecnológicas. grupos, e utilizam textos de peque*Pedagoga - Mestre em Educação – nas dimensões (muitas vezes incluinUNIVALI - Especialização em Tecnologias do links para sites de interesse do da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem. autor) que são contextualizados e

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Opinião "Blogs podem ser uma ferramenta para que professores e alunos acrescentem interatividade e conteúdo multimídia à vida escolar, além de facilitarem a organização e a pesquisa por material didático." Rogério Mosimann, Msc, jornalista e professor de Mídia Digital - Estácio de Sá/SC

"Para além de uma ferramenta de interação entre professores e alunos, hoje o blog é uma espécie de extensão da memória, sendo um importante mecanismo de registro das relações que se estabelecem no meio educacional"

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Juliane Regina Martins de Almeida Guedes, professora de Informática Educacional, Escola Sinergia - Camboriú.

"Blogs podem proporcionar uma rica experiência no ensino-aprendizagem dos mais diversos níveis. As mídias sociais aproximam professores e alunos, e dinamizam as trocas dentro e fora da sala de aula. Aliás, é justamente além dos limites da escola que blogs e demais ferramentas ampliam a presença dos professores junto aos alunos." Rogério Christofoletti, doutor em Ciências da Comunicação e professor do Departamento de Jornalismo (UFSC).

“A comunidade escolar se beneficia muito do recurso dos blogs, pois esta ferramenta proporciona uma grande evolução no relacionamento entre professores e alunos. Na Secretaria da Educação, utilizamos o blog http://www.culturanateia.blogspot.co m para realizar interação entre educadores de diversas regionais e estudantes” Dayna Maria Bortoluzzi, Gerente de Tecnologias Educacionais e Infraestrtura


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Destaques

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Escolas trabalham conceito de cidadania Vereadores mirins defendem os interesses de suas comunidades na Câmara Municipal Fotos: Divulgação – Câmara Mirim de Balneário Camboriú

Texto: Thiago Andrade, da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional – Itajaí

Estudar pela manhã e trabalhar à tarde se tornou rotina para um jovem de 16 anos, morador da Barra, em Balneário Camboriú. Incomum mesmo é a atividade extra que Jéferson Tiago Alecrim desenvolve uma vez por mês. Estudante do 2º ano do ensino médio da Escola de Educação Básica Francisca Alves Gevaerd, ele representa os jovens do bairro na Câmara Municipal de Vereadores. Na comunidade escolar já é reconhecido como autoridade. Ele e outros nove adolescentes são vereadores mirins e têm voz ativa nas decisões tomadas em benefício da cidade, que atualmente possui cerca de 120 mil habitantes. "Quando me candidatei, meu pensamento era fazer algo pelo meu bairro, pela população que mora aqui", relembra. Para a diretora da escola, Maria Isabel da Silva, Jéferson sempre foi um aluno exemplar e dedicado. "Como membro do grêmio estudantil atuou ativamente nas atividades promovidas pelo grupo. Com isso ganhou a confiança dos colegas", diz. Conquistou o maior número de votos, escolhido por 292, dos cerca de 600 alunos da unidade em que estuda. A votação lhe deu direito de presidir o plenário no dia

da posse dos jovens vereadores. "Esta responsabilidade pesa bastante", alerta aos futuros candidatos. O legislativo local organiza sessões muito similares às que ocorrem no plenário adulto. Em junho, o vereador mirim encaminhou indicação para que o executivo faça obras de saneamento em seis ruas. "Esta é a principal preocupação da comunidade, pois Balneário Camboriú vive do turismo e o comércio da região é beneficiado", justifica. A iniciativa foi aprovada por unanimidade pelos jovens legisladores, aceita pelos vereadores adultos e encaminhada à prefeitura. No decorrer da gestão, Jéferson apresentou ainda mais duas pautas para votação. A criação de um posto policial no bairro e a implantação de uma casa lotérica para facilitar a vida dos moradores, que atualmente tem de se deslocar até o centro da cidade para utilizar os serviços. Segundo ele, as propostas são geradas das próprias reivindicações da população. "As pessoas até me param na rua para cobrar mudanças", conta o estudante que pensa em seguir a carreira política. Executado desde 2005, o projeto Vereador Mirim é uma iniciativa da Câmara de Vereadores, em parceria com as escolas estaduais, municipais e particulares do município. Todo ano são eleitos dez alunos entre 12 e 16 anos, que cumprem mandato durante o ano letivo.

Responsonsabilidade preocupa no começo, mas a vontade de participar é maior

Homenagens por desempenho destacam 103 jovens de Joinville Tatiana de Souza / SDR-Joinville

Tatiana de Souza, da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional – Joinville

O legal de ser homenageado não está em receber o tal reconhecimento, mas sim no fato de merecê-lo. Que o digam os 103 alunos das escolas públicas estaduais de Joinville, que foram homenageados no mês de agosto, em Joinville, pelo empenho e dedicação aos estudos e também pelos relevantes serviços prestados à sociedade. A solenidade, realizada pela Gerência Regional de Educação, aconteceu na Sociedade Glória e contou com a presença de, aproximadamente, 300 pessoas. O ponto alto do evento se deu quando os alunos homenageados recebem do público a salva de palmas, que, para eles, significou a materialização por tudo que fizeram. . Todas as escolas estaduais tiveram a oportunidade de escolher um representante das séries iniciais, um do ensino fundamental e outro do ensino médio para receber a homenagem. Segundo a gerente Regional da Educação, Clarice Portella de Lima, "o prêmio é a forma que o Governo Estadual encontrou para parabenizar os alunos e fazer com que estes

Solenidade contou com mais de 300 pessoas. No destaque, Thiago Schroder da Silva representou seus colegas

sejam destaques para os colegas nas escolas estaduais", afirmou. O aluno do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Rudolfo Meyer, Thiago Schroder da Silva, falou em nome dos colegas e agradeceu a dedicação dos professores. "Sem a colaboração dos nossos professores não

teríamos o suporte necessário para ingressarmos em uma faculdade e alcançar nossos sonhos", garante. Para ser reconhecido como aluno destaque da escola, é verificado os conceitos obtidos em todo o semestre letivo, a participação em atividades extracurriculares em programas desenvolvidos

pela unidade escolar e em trabalhos voluntários fora dela. O objetivo é o reconhecimento dos estudantes que se destacam na rede pública estadual de Santa Catarina, e um incentivo para que o exemplo seja seguido pelos demais alunos. Cada escola da rede estadual pode escolher três representantes, sendo um das séries iniciais, um do ensino fundamental e outro do ensino médio. Conforme a gerente de Educação da SDR-Joinville, Clarice Portella de Lima, entre os quesitos do prêmio é observada a pontualidade, assiduidade, conduta que demonstre respeito e solidariedade humana. "Durante o semestre, o aluno deve ter sido aprovado com nota mínima oito", garante Clarice. O secretário de Estado de Desenvolvimento Regional – Joinville, Manoel Mendonça, comenta que essa é uma iniciativa muito boa. "O troféu que os alunos recebem serve como incentivo para que continuem estudando e se destacando em sala de aula e na comunidade", afirma.


Palavra de Mestre

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Cleo Fante

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“A comunidade escolar deve participar do trabalho preventivo”

Beatriz Menezes dos Santos

O problema da violência na escola vem desafiando especialistas em educação no apontamento das suas causas e consequências. Muitas vezes, o comportamento agressivo dos estudantes não se resume apenas às relações com os colegas, mas também à violência contra educadores e até contra a própria instituição escolar. Este problema é definido, por alguns autores, como bullying, merecendo atenção especial devido a sua complexidade, pois nem sempre ele se apresenta de forma explícita. Para falar sobre o assunto, o Escola Aberta entrevistou a professora Cleo Fante, doutora em Educação e autora do livro "O Fenômeno Bullying”. Também é a idealizadora do "Programa Educar para a Paz", que vem sendo implantado em inúmeras escolas de todo o País e prevê um conjunto de ações em conjunto com a comunidade escolar Escola Aberta - O que é o bullying? Cleo Fante - Bullying é um termo que se emprega para designar a violência entre pares. Na prática ocorre quando um estudante é alvo de reiteradas ações agressivas sem motivos que as justifiquem e contra as quais não consegue se defender ou motivar colegas para que o defenda. São ações marcadas por preconceito e intolerância, por meio de apelidos vexatórios, ameaças, constrangimentos, perseguições, difamações e outras formas de abusos que podem ocorrer no mundo real como no virtual, conhecido como ciberbullying. EA - Quando este fenômeno começou a ser estudado? No Brasil existem pesquisas sobre este assunto? CF - O fenômeno começou a ser estudado na década de 70 na Suécia e Dinamarca e na década de 80 na Noruega, onde o pesquisador da Universidade de Bergen, Dan Olweus, fez uma pesquisa em nível nacional identificando o envolvimento de 15% num total de 100 mil estudantes. O resultado preocupou não somente os pais e educadores como a sociedade de modo geral, o que fez com que o pesquisador desenvolvesse um programa de combate ao bullying, resultando na redução de 50% a 80% dos casos. Os índices mundiais apontam o envolvimento entre 6% e 40% dos estudantes. No Brasil, o tema começou a ser estudado por mim no ano de 2000, onde fiz pesquisa pioneira na região de São José do Rio Preto, interior pau-

FOTO: DIVULGAÇÃO

“O mínimo que a escola pode fazer é discutir o tema com a comunidade escolar e encontrar soluções conjuntas.”

lista, num grupo de dois mil estudantes, mostrando o envolvimento de 49%. Diante dos dados, desenvolvi um programa antibullying denominado "Educar para a Paz", onde após dois anos da implantação o bullying foi reduzido a 4%, em uma escola onde foi identificado o índice de 66% de envolvidos. Em nosso país não temos uma pesquisa nacional, porém, dados do Centro de Estudos do Bullying Escolar (Cemeobes) mostram que o envolvimento chega a 45%. EA - Como o bullying se reflete nas escolas? CF - O bullying contamina o ambiente escolar, em especial as relações sociais. Os estudantes que são alvos se retraem, se esquivam das amizades e passam com o tempo a não confiar nos colegas e em si mesmos, o que resulta em queda da autoestima, insegurança e dificuldade de socialização. Quanto aos estudos, o bullying reflete na dificuldade de concentração e de aprendizagem, na desmotivação, no absenteísmo, na desmotivação, reprovação e evasão escolar. Na saúde, pode desencadear sintomas psicossomáticos, como dores de cabeça e de estômago, diarréia, febre, vômito, insônia, perda ou aumento de sono e apetite, alergias, estresse, depressão e até ideias suicidas. EA - Que ações a escola pode desenvolver para minimizar este problema? A comunidade escolar pode ajudar? CF - O mínimo que a escola pode fazer é discutir o tema com a comunidade escolar e encontrar soluções conjuntas. O ideal é que as ações de prevenção do bullying façam parte do Projeto Político Pedagógico, que se crie regras antibullying e que estejam previstas no regimento interno escolar, bem como se trabalhe o ECA, conscientizando sobre os direitos das crianças e adolescentes e, sobretudo, dos deveres e dos atos infracionais e suas implicações. A comunidade escolar deve participar do trabalho preventivo, bem como, o estabelecimento de parcerias com instituições como o Conselho Tutelar, o Ministério Público a Polícia Militar, por meio do Proerd, etc. EA - Qual a diferença entre atos de violência e atos de indisciplina? CF - Os atos de indisciplina são contrários às normas da escola, em especial do regimento escolar. A violência é a violação de direitos e nesse aspecto o bullying viola o direito à educação, à segurança, à integridade física, psicológica, moral e à sobrevivência de muitos estudantes.


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Especial

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As aventuras com o

Lego

O projeto LEGO "Aprender Fazendo", desenvolvido em 195 escolas da rede estadual, é mais uma ferramenta pedagógica colocada à disposição dos educadores com o objetivo intensificar o acesso dos alunos ao conhecimento tecnológico. Texto: Beatriz Menezes dos Santos Fotos; Osvaldo Nocetti

O LEGO ZOOM de educação tecnológica consiste em inúmeras peças que podem ser montadas com base nos conteúdos das áreas de Ciências, Matemática, Português, História, Geografia e Artes. Formam um conjunto de 11.070 kits, que compreendem máquinas do tempo, montanhas russa, guindastes, atividades de montar, carros, tudo isso para vencer os desafios propostos pelos professores. As maletas tecnológicas vêm acompanhadas de material didático com 96 fascículos, direcionado às séries iniciais e 24 aos estudantes de 5ª a 9ª séries do ensino fundamental. As revistas trazem orientações sobre as diversas combinações e utilização dos equipamentos, além dos manuais dirigidos aos professores de cada série. A equipe da Diretoria de Educação Básica

estima que este material vai beneficiar cerca de 50 mil alunos, considerando que cada kit poderá ser utilizado por até quatro estudantes, em salas com aproximadamente 30 alunos, nos dois turnos. Levando em conta as características didáticas do LEGO, foram adotados alguns critérios de distribuição. A prioridade serão as escolas que têm mais alunos, unidades com cursos de Magistério, ou escolas que têm salas de Tecnologia e Informática. Além dessas, recebem os kits a Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) e o Instituto Estadual de Educação (IEE). Durante a implantação do projeto os técnicos do programa receberam capacitação. Os professores de 1a a 4a séries participaram de 16 horas de acompanhamento presencial e os de 5a a 9a receberam 24 horas. Além disso, os educadores participam de 36 horas a distância.

Feira Cultural na Escola Tullo Cavallazzi A EEB. Dr. Tullo Cavallazzi, de Siderópolis, localizada ao Sul de Santa Catarina, atende cerca de 200 alunos de 1ª a 8ª séries, em período integral. Desta escola se pode observar a ferrovia "Dona Maria Tereza Cristina", que escola a produção de carvão do município até o porto de Imbituba. Esta unidade de ensino é um exemplo de como a tecnologia pode envolver alunos e professores numa construção coletiva e multidisciplinar, amparada na tecnologia, na pesquisa e no uso da internet. Com o Lego Educacional, a unidade de ensino encontrou novos métodos para oferecer aos estudantes um aprendizado mais envolvente e criativo. Nos trabalhos com o Lego os alunos têm mais possibilidade de "viajar" por dimensões até então desconhecidas. Aos poucos, os antigos conteúdos curriculares vão criando "asas" e saindo do didático, proporcionando à aprendizagem o sabor da descober ta e da conquista. Esse cenário de desafios, certamente, os levará à aquisição de novas habilidades e competências, compatíveis

com o mundo da tecnologia da informação e da comunicação. De acordo com a diretora, Adriana Feltrin Zanellatto, a abordagem do projeto é baseada em situações–problema, por meio das quais os alunos aprendem a trabalhar em equipe, a fim de encontrar soluções criativas e novas idéias para os problemas propostos. O desafio teve a resposta esperada. As coordenadoras do Lego Educacional, Rosângela Rossa de Souza e Andréia Cesa Alécio, com a colaboração de Cristian Goulart Florentino, da Sala de Tecnologia e Informática e demais professores organizaram uma Feira Cultural, expondo os trabalhos dos alunos. Dentre os benefícios, as coordenadoras destacam a atenção, memória, concentração. A partir das orientações expostas nas revistas LEGOZOOM, alunos e professores escolheram o melhor jeito de usar essa tecnologia. Veja como o LEGO pode ser associado aos conteúdos curriculares.

1ªe 2ª series peças sem motores

2ªSérie A Conteúdo: Plantas Experimento: Plantas Carnívoras. Os alunos colheram informações na floricultura da cidade, pesquisaram o nome científico da planta ("Dionéia Droseraseai") e verificaram como a digestão é feita pelo suco digestivo". Professoras: Adriana Perdoná`Pazetto e Ana Paula Alves.

1ªSérie B Conteúdo: Meios de transporte Experimento: Trem lata. Pesquisa sobre a história da roda e a história da ferrovia, representaram a evolução dos meios de transportes, uniram as informações à literatura, música, poesia e pintura. Professoras – Mariani da Silava, Maria Helena Lazarim e Morgana Andróso Gross.

3ª e 4ª série peças com motor

3ªSérie B Conteúdo: Pirâmide Alimentar Experimento: Máquina para construir marmitas. Estudaram as fases da pirâmide alimentar e relacionaram com a falta de tempo, hoje, para cozinhar em casa. Professora: Marlene Larroid Warming e Jucinéia Nunes

3ªSérie A Conteúdo: Tempo Experimento: Relógio Pesquisa sobre as horas, em matemática e na História, a evolução do relógio visitaram uma feira no SESC – conheceram o relógio do fogo e o relógio do Sol que ainda é usado. Estudaram a latitude de Siderópolis e a criação do relógio de pulso.

4ªSérie B Conteúdo: História da tecnologia Experimento: Réplica da Catapulta. Professoras: Tatiana Cristina Rufino e Armi Gava.

4ªSérie A Conteúdo: Aquecimento Global Experimento: Ventilador. Pesquisa sobre a poluição e a degradação do meio ambiente. Professores: Elisete Bento da Silva e Carla Fabiano Martins


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Santa Catarina • Setembro 2009

5ª a 8ª – Robótica

Torneio de Robótica incentiva o estudo da Ciência e da Tecnologia nas escolas públicas

Com o programa "robolab", fizeram as programações transmitidas através de uma torre para o "RCX", que programa a peça e faz o experimento funcionar.

5ªSérie Conteúdo: O movimento os astros Experimento: Sistema solar.

6ªSérie

Professora: Fabíola Caetano Bez

Conteúdo: Os Seres Vivos Experimento 1: Galinha Maluca, que anda para todos os lados Experimento 2: Robô "Contador de Ovos". Pesquisa em livros para saber a classificação científica das galinhas. Professoras: Rosângela Rossa de Souza, Andréia Cesa Alécio.

7ªSérie Conteúdo: Visão e seu funcionamento. Experimentos: O corpo humano e a Circulação do sangue.

Estudantes da rede pública estadual que utilizam o Lego Educacional vão participar do VI Campeonato Nacional de Robótica desenvolvido em sintonia com o maior torneio mundial de robótica o FLL (First Lego League). A First garantiu as inscrição das escolas estaduais e a Secretaria de Estado da Educação, com a Edacom/Lego, promovem o torneio em Santa Catarina. As informações sobre o regulamento já foram enviadas às unidades de ensino e também estão disponíveis no portal da Secretaria de Estado da Educação, que promove o acesso à tecnologia na aprendizagem. As equipes representantes das escolas se inscrevem diretamente no site da First (www.brfirst.org). A competição envolve alunos de escolas públicas e privadas de todo o País, com o objetivo de incentivar o estudo da ciência e da tecnologia associado aos conteúdos curriculares. No Estado, participam do campeonato somente as escolas da rede estadual. Vânia Ribeiro, coordenadora do programa, informa que com o recurso pedagógico disponibilizado pela revista LEGO ZOOM os alunos escolhem o tema e formam equipes sob a orientação dos professores. "Estas equipes terão o desafio de utilizar a robótica para solucionarem problemas do cotidiano, combinando imaginação e criatividade com o estudo das Ciências tradicionais", ressalta. Os trabalhos que se destacarem nas unidades de ensino serão apresentados nas feiras regionais previstas para outubro. De cada Gerência Regional de Educação será selecionada uma escola para participar do torneio estadual. Para incorporar as novas ferramentas de educação tecnológica no ensino a Secretaria da Educação investiu aproximadamente R$ 10 milhões.

Mais Informações: First (for inspiration and recognition of tecnology and science) - incentivo a programas em ciência e tecnologia Site: www.brfirst.org

Professoras: Andréia Cesa Alécio, Rosângela Rossa de Souza e Silvana Leão.

8ªSérie Conteúdo: Pêndulo Simples Experimentos: barca Viking, montanha russa, e turbo drop (big tower)

O Pêndulo representa o movimento oscilatório – mostraram sua evolução, desde a barca viking e sua importância hoje para o funcionamento de brinquedos, esportes radicais e parques temáticos. Utilizaram os conceitos da física sobre o pêndulo simples para verificar a longitude, indagar sobre a massa e a amplitude e através de fórmulas, chegar à conclusão que o que muda o período é a longitude. Além das réplicas com o Lego, produziram um vídeo, além da programação no computador .

Datas do torneio regional SC • São Miguel do Oeste - 06/10 • Chapecó – 08/10 • Videira - 14/10 • Lages - 16/10 • Criciúma - 19/10 • Blumenau - 21/10 • Itajaí - 23/10 • Etapa Estadual – previsto para o final de Outubro.


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Projetos

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Telejornal na Sala de Aula Projeto conquistou o 2º lugar no 4º prêmio

Capacitação O projeto "Telejornal da Escola", reconhecido pela mídia como "jornal de gente grande", é resultado da força de vontade da educadora Tatiana Bianca Rebelo Basso, que atua na Escola de Educação Básica Júlia Lopes. Professora da 4ª série e sem especialização na área de Tecnologia, ela soube aproveitar o que lhe foi oferecido: um curso de capacitação (de uma semana) sobre o software movie maker, oferecido pela Secretaria de Estado da Educação. Foi a partir do curso, que Tatiana aprendeu a fazer montagem e roteiro de peças teatrais, a filmar e editar, utilizando equipamentos tecnológicos, começando pelo computador. Segundo a professora, os alunos souberam usar com inteligência e criatividade a sala de tecnologia da escola. “Os estudantes aprenderam a digitar, a usar a câmera e editar textos e imagens. Foi a disposição e o entusiasmo deles que nos ajudou a trazer a tecnologia para a escola", declara Tatiana.

MIcrosoft Educadores/2009

Texto: Suely de Aguiar

Com computador, uma câmera digital, um microfone e valendo-se de muita criatividade, estudantes da 4ª série do ensino fundamental da Escola Júlia Lopes de Blumenau, produziram o Telejornal da Escola. Idealizado pela professora Tatiana Bianca Rebelo Basso, o projeto conquistou o segundo lugar na categoria "Inovação e Colaboração" no 4º Prêmio Microsoft Educadores 2009, cuja premiação aconteceu em julho, em São Paulo. Somada a outras três modalidades, o projeto ficou entre os doze finalistas de 702 trabalhos educacionais avaliados em todo o País. Em sua primeira edição, o telejornal envolveu alunos de 1ª a 8ª séries do ensino fundamental, sendo que a apresentação ficou por conta dos que estudam nas 4ª séries. Foram eles, também, que entrevistaram merendeiras, professores, alunos e direção da unidade escolar. Com duração de 20 minutos e exibido no pátio da escola, o programa reuniu os conhecimentos obtidos em sala de aula, trabalhos de estudantes, os eventos e o histórico da escola. Segundo a professora, foram os próprios alunos que elaboraram as pautas, os roteiros

Fotos Divulgação

de entrevistas, pesquisa de campo e o trabalho no Word. Também filmaram e editaram as matérias no Movie Maker (software de produção de vídeos). O telejornal exibiu uma matéria especial sobre a "Semana do Meio Ambiente", entre 1º e 5 de junho, abordando a importância das atitudes para preservação ambiental. O telejornal está disponível na internet, no blog telejornaldaescola.blogspot.com e em uma comunidade do Orkut.

A próxima edição está programada para setembro. "É um projeto contínuo e que interage com a comunidade escolar. Queremos ampliar por meio de intercâmbio com toda a escola, proporcionando espaço destinado a leitura de textos e crônicas de alunos", planeja a autora do projeto. Outra meta é selecionar estudantes de outras séries do ensino fundamental para a produção, edição e apresentação do programa.

O programa transmite os conteúdos escolares e está disponível em blogs e Orkut

Escola Comendador Arno Zadrozny funda a Academia de Letras e Arte - ALAEAZ Fotos Divulgação

Texto: Leticia Povoas - Secretaria de Desenvolvimento Regional de Blumenau

A Escola de Educação Básica Comendador Arno Zadrozny, está instalada num pequeno morro do bairro Garcia, em Blumenau. No espaço compreendido entre seus muros, sonhos estão sendo redescobertos. Com o objetivo de oportunizar o desenvolvimento das competências comunicativas, discursivas e interpretativas, a escola implantou em 2006 o projeto: "Em defesa da vida – Redescobrindo os Sonhos na Escola". E o que é sonho? Na busca de uma resposta para esta pergunta, os alunos encontraram o belo e por meio dele, a poesia. De lá pra cá, sonharam muito e realizaram, fundaram uma Academia de Letras e Artes (ALAEAZ) - a primeira aberta em uma escola catarinense - produziram inicialmente cerca de 300 poesias e agora buscam parcerias

Além da escrita, o projeto desenvolve a sensibilidade, a emoção e a criatividade e serve de exemplo para outras escolas públicas

para a publicação do primeiro livro. Enquanto esta parte do sonho não se realiza, os alunos vêm contribuindo com suas produções, nas diferentes linguagens, dentro de cada evento promovido pela ALAEAZ. "No início, era apenas um trabalho da grade curricular de uma escola que participa do programa "Período Integral", do Governo do Estado. Em pouco tempo, o projeto cresceu, ultrapassando as barreiras da sala de aula. Chegou a Florianópolis, pela troca de e-mails com poetas e literários de lá. Foi da capi-

tal do Estado que vieram os escritores, que visitaram o colégio, ajudaram a desenvolver o projeto e doaram mais de 400 livros", informou o secretário de estado da secretaria de desenvolvimento regional de Blumenau, Paulo França. O poeta e escritor Augusto de Abreu foi o primeiro a visitar o educandário. Membro das academias São José e desterrense de Letras, Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses, trouxe mais quatro parceiros: Paulo Berri, Artêmio Zanon, Vilca

Marlene Merízio, Izabel Hesne Marun. Os cinco juntaram materiais e ideias que contribuíssem para a construção do estatuto da Academia de Letras da Escola Arno Zadrozny e ajudaram aos quase 330 estudantes e 20 professores a fundarem a Academia. Implantada em abril de 2007, a Academia de Letras e Artes possui hoje 14 cadeiras e nove cargos executivos. Os patronos são os próprios professores que tem como papel incentivá-los. Para entrar na Academia o aluno é elei-

to por sua produção literária e artística, como em concursos de poesias, artes e recitais. O patrono da Academia é o poeta blumenauense Lindolf Bell, e o presidente de honra, Augusto de Abreu. Entre 2007 e 2008, com a ajuda do presidente de honra, o projeto ganhou dimensões e participou de um concurso de lusofonia, de países que falam a Língua Portuguesa ficando muito bem classificado ao lado de grandes nomes. "O projeto surgiu com a percepção da dificuldade de alguns alunos com a escrita, a interpretação e a leitura. A poesia vem sanar esta questão", comenta a professora Mariza Líder, uma das coordenadoras do projeto juntamente com a professora Vânia Rafaela Marchiori. A academia conta ainda com a participação da coordenação pedagógica por meio da professora Cíntia Lopes Luciani, da secretária Sabrina Venturini e da diretora Anna Tarcízia Zago Fleiming.


Obras

Santa Catarina • Setembro 2009

Escola conta a história de Caçador

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NÚMEROS Divulgação

Mariana Pivatto

Paulo Schieffler é o maior investimento em obras da Educação

1934 Grupo Escolar Paulo Schieffler • 3 salas de aula • 2 turnos • 5 turmas • 181 alunos

Texto Mariana Pivatto Secretaria de Desenvolvimento Regional de Caçador A Escola de Educação Básica Paulo Schieffler faz parte da história do município Caçador. O moderno complexo educacional reinaugurado dia 21 de agosto de 2009, conta agora com um novo prédio, um centro poliesportivo e um centro cultural para atender cerca de 1.200 alunos. O custo total de construção e projeto de paisagismo foi de quase R$ 4 milhões, maior investimento em obras no setor da educação em 2009. A E.E.B. Paulo Schieffler é uma das mais antigas e importantes escolas de toda a região do meio-oeste catarinense. Foi fundada em 1934, mesmo ano de emancipação do município de Caçador. O edifício onde o educandário estava instalado tinha 66 anos de idade e estava sem condições de uso. A nova instalação possui três andares, 20 salas de aula, biblioteca, laboratórios, banheiros em todos os andares e pátio coberto. Para o Secretário de Educação Paulo Bauer, o investimento na ampliação e construção de novas unidades escolares é fundamental para um Estado que deseja sempre elevar o nível da Educação. "A melhoria da infraestrutura serve de motivação para que educadores e alunos desenvolvam o máximo de sua capacidade em um ambiente que propicie todos os recursos necessários para a prática educacional", afirma.

• 1 diretor • 5 professores • 1 servente

James Tavares

No moderno complexo educacional de Caçador, inaugurado em 21 de agosto, foram invetidos R$ 4 milhões James Tavares

2009 Escola de Educação Básica Paulo Schieffler • 17 salas de aula com dois turnos – matutino e vespertino

• 16 turmas ensino fundamental (5º a 8º série)

• Equipe diretora e pedagógica: 2 diretoras 1 secretária 2 técnicas admnistrativas 2 supervisores 2 orientadores 2 assistentes tecnicopedagógico 52 prodessores

• 18 turmas de ensino médio

• 6 funcionários de serviços gerais

• 9 salas de aula noturnas • 9 turmas de séries iniciais

O ginásio poliesportivo tem capacidade para 1.600 pessoas sentadas, além de camarins, palco e vestiários Mariana Pivatto

Mariana Pivatto

NÚMERO DE ALUNOS: 1.133 QUEM FOI PAULO SCHIEFLER? O professor Paulo Schiefler nasceu em Brusque (SC) em 1864 e faleceu com apenas 47 anos, em 1911. Muito provavelmente não conheceu a localidade que, 23 anos após sua morte, tornaria-se o município de Caçador e onde seria fundada uma escola pública estadual batizada com o seu nome. Ele falava e escrevia em cinco

GINÁSIO POLIESPORTIVO

idiomas e lecionou línguas em várias esco-

Antiga escola fundada em 1934, hoje tem amplas salas de aula e serve de motivação para professores e alunos

O ginásio poliesportivo tem quadra oficial, arquibancada nas laterais e fundos com capacidade para 1.628 pessoas sentadas, palco, camarins, cabine de imprensa, vestiários, placar eletrônico e banheiros. Também foi desenvolvido um plano de paisagismo, que inclui uma quadra aberta, espaços para lazer entre outras melhorias. Um antigo pavilhão foi mantido e transformado em centro cultural, para atender a demanda da comunidade que pedia pela preservação histórica. Assim como o Ipê Amarelo que fica em frente à escola, por tratar-se de um símbolo desta instituição de ensino.

las, terminando sua carreira acadêmica no ano de seu falecimento na Antiga Escola

Memória preservada em documentos e fotografias

Normal de Florianópolis, da qual também

Além da antiga arquitetura da escola, que foi mantida com a construção do centro cultural, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional de Caçador, Gerência de Educação e profissionais da escola realizaram uma pesquisa para resgatar a história do educandário através de depoimentos, documentos e fotografias. Deste trabalho, surgiu a idéia de fazer uma cartilha para registrar e compartilhar este material com a comuni-

denominada Grupo Escolar Paulo Schief-

Embora fosse uma edificação antiga, fora dos critérios de funcionalidade, em processo de deterioração e sem o espaço necessário para acolher todos os alunos, a confirmação que o antigo prédio da Escola de Educação Básica Paulo Schief fler seria demolido causou cer ta comoção popular. Muitas pessoas manifestaram sua tristeza ao imaginar que parte de sua história seria destruída.

dade, além de comemorar a inauguração do novo complexo educacional. Segundo a diretora da E.E.B. Paulo Schieffler, Tanha Braum, o objetivo de todo esse esforço foi contar e manter viva a história desta instituição de ensino. "Assim, os alunos que passaram por aqui podem recordar o seu passado e os estudantes de hoje em dia têm consciência da importância histórica do local onde estudam", explica.

foi diretor. Em 1934, a nova escola foi fler, em reverência a sua contribuição para a educação do Estado de Santa Catarina. Apenas em 2009, ao ser realizado o resgate histórico do educandário, descobriu-se que desde a sua fundação, em 1934, o sobrenome do professor está escrito com a grafia errada: Schiefler tem apenas uma letra "F".

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Santa Catarina • Setembro 2009

Conferência Nacional de Educação

NOTÍCIAS

Ideias para a Educação que devem gerar projetos para as próximas décadas estão sendo discutidas desde maio até agosto deste ano pelos 293 municípios de Santa Catarina, reunidos nas 36 Gerências Regionais de Educação. As conferências, em âmbito municipal, fazem parte das preparatórias para as regionais e para a Conferência Nacional de Educação (CONAE) que será realizada, de 15 a 19 de abril, de 2010, em Brasília. O cronograma completo por cidade e região está publicado no site da Secretaria de Estado da Educação www.sed.sc.gov.br.

Fanfarra na Escola

Fotos: Osvaldo Nocetti

Salas de tecnologia da rede pública estadual de ensino são utilizadas mais de um milhão de vezes em três meses A Diretoria de Controle e Avaliação (Dioc), da Secretaria da Educação confirmou que as Salas de Tecnologia e Informática das escolas da rede pública estadual foram utilizadas 1.013.185 vezes entre os meses de abril e junho de 2009. Este dado revela o interesse dos estudantes

catarinenses no uso da tecnologia como ferramenta de aprendizagem. As 1.480 Salas registraram um total de 54.190 aulas, equivalente a uma média de 18 alunos por aula. Segundo o diretor Fábio Alexandrini, o crescente interesse no uso das ferramentas digitais vem acontecendo

graças à decisão de manter professores monitores nas salas durante todos os períodos. Além de auxiliar os professores das variadas disciplinas oferecidas nas escolas, estes profissionais ainda orientam os alunos quanto ao uso adequado da informática e da internet.

EEB Silva Jardim é a representante catarinense em premiação nacional A EEB Silva Jardim, do município de Alfredo Wagner, é a representante de Santa Catarina no Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar. A unidade, pertencente à Gerência Regional de Ituporanga, venceu a etapa estadual realizada em agosto na Secretaria de Estado da Educação. O Comitê Estadual de Avaliação selecionou o projeto apresentado pela EEB Silva Jardim como o melhor entre os 30 trabalhos das instituições escolares do Estado que se inscreveram na premiação. Além da oportunidade de representar Santa Catarina nacionalmente, a escola recebeu uma premiação em dinheiro de R$ 2 mil e uma coletânea de vídeos educativos concedidos pela Fundação Roberto Marinho. O Diretor da Instituição foi contemplado o diploma de Liderança em Gestão Escolar e uma viagem de intercâmbio no Brasil e/ou no exterior. O Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar é uma iniciativa do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Educação (Consed), em parceria com a União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Unesco e Fundação Roberto Marinho.

Agasalhos para os Professores de Educação Física A Secretaria da Educação distribuiu neste segundo semestre uniformes destinados aos 2.500 professores de Educação Física das escolas da rede pública estadual. Cada professor receberá um conjunto composto por dois agasalhos, três camisetas, três meias e um par de tênis. Na aquisição dos 7.500 pares de meia, 7.500 camisetas, 5 mil agasalhos e

2.500 pares de tênis, a Secretaria investiu R$ 396.450 mil. Nas próximas semanas, a instituição estará providenciando a distribuição de guarda-pós para os professores que atuam em sala de aula. Os profissionais desta área comemoram, dia 1º de setembro, o "Dia do Professor de Educação Física", data em que a profissão foi regulamentada pela lei federal 9.696/98.

A Secretaria da Educação distribui 230 Fanfarras para unidades escolares da rede pública estadual de 28 regionais. Na aquisição dos conjuntos musicais, formados por oito instrumentos, foram investidos R$ 320 mil. A ação faz parte do Projeto "Fanfarra na Escola", desenvolvido pela Secretaria nas 1.323 escolas, e seguiu critérios das 36 Gerências Regionais de Educação. Por meio de um levantamento elas apontaram quais escolas ainda não possuíam fanfarras, também indispensáveis aos desfiles de 7 de setembro. Implantado nessa gestão, o Projeto "Fanfarra na Escola" tem como objetivo resgatar esse conjunto de instrumentos como patrimônio cultural e cívico, motivando os estudantes no ambiente escolar, promovendo a sensibilidade dos adolescentes por meio da música. De acordo com a diretora Rogéria Diegoli, o projeto também permite desenvolver o senso crítico, o trabalho coletivo e a tomada de decisões conscientes por parte dos estudantes.

Pré-vestibular da UFSC aprova 83 alunos nos vestibulares de inverno das Universidades Públicas O Pré-vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação e com as Escolas Públicas do Estado atingiu 38% de aprovação nos vestibulares de inverno das Universidades Públicas. Já em Curitibanos, na unidade localizada na EEB Casimiro de Abreu, o percentual foi maior: 44% dos alunos do projeto que prestaram o Vestibular para o Curso de Ciências Rurais da UFSC foram aprovados. Na mesma unidade também tivemos a aprovação em primeiro lugar entre os estudantes de Escolas Públicas, do aluno Marcos Rodolfo Goetten, que concluiu o Ensino Médio na EEB Solon Rosa. Esses resultados comprovam que a parceria: Escola Pública + Prévestibular Público oportuniza a inclusão no ensino superior, transformando vidas, promovendo a cidadania e a solidariedade. Este é o resultado do Prévestibular público que mais aprova no Brasil. 72 alunos aprovados no Vestibular UFSC 2009 Suplementar: 13 - Biblioteconomia 32 - Ciências Rurais 04 - Educação do Campo 03 - Engenharia da Mobilidade 04 - Engenharia Eletrônica 01 - Letras Libras 04 - Fonoaudiologia 06 - Química 05 - Tecnologia da Informação e Comunicação 10 alunos aprovados no Vestibular Vocacionado UDESC 2009/2: 02 - Ciência da Computação 02 - Matemática 01 - Agronomia 02 - Engenharia Florestal 01 - Medicina Veterinária 02 - Administração Pública 1 aluna aprovada no Vestibular da UFSM Universidade Federal de Santa Maria: 01 - Kátia Caroline Pertille - Engenharia Ambiental


Perfil

Santa Catarina • Setembro 2009

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Verônica Cíntia Ferreira

Um exemplo de superação Fotos: Osvaldo Nocetti

Texto: Suely de Aguiar

O Jornal Escola Aberta já abordou o perfil de professores, diretores de escolas, educadores aposentados, entre outros. Neste número, a protagonista é mãe de aluno e estudante da Educação de Jovens Adultos. Dentro de sua simplicidade, risonha a ponto de não transparecer pelo que já passou, Verônica Cíntia Ferreira é o perfil dessa edição. Com uma história que renderia um enredo de cinema, na categoria drama, Verônica Cíntia Ferreira, 39 anos, viúva e casada pela segunda vez, encontrou na Educação vontade para não desistir da vida. Criada em um orfanato até os 18 anos, mãe de dois filhos (um falecido há 3 anos) e ambos nascidos com hidrocefaléia (doença congênita) e leucemia, decidiu se alfabetizar. Isso facilitaria melhor entendimento dos textos que, diariamente, ia buscar na escola para o filho, Luiz Eduardo, quando estivesse internado, não perdesse o conteúdo ministrado em sala de aula. Os professores davam um apanhado geral das aulas para ajudá-la a repassar ao adolescen-

Mãe dedicada ao filho doente e estudante assídua, encontrou nos estudos a força para não desistir de tocar a vida adiante. Ela fala com orgulho de sua batalha te. Em 2008, ela foi alfabetizada e cursou a 1ª e a 2ª séries do ensino fundamental, na Escola de Educação Básica Donato Olímpio Campos, do município de Biguaçú. Atualmente cursa a 3ª e a 4ª série no mesmo colégio, no período das 19h15min as 21h45min. "Sou muito grata aos professores Raquel e Geraldino que sempre me incentivaram", declara a estudante. Dona de uma boa retórica, gosta de falar sobre os cadernos que usa, todos encapados com muito capricho. Durante o dia, faz

uma verdadeira maratona pelos órgãos públicos para conseguir ajuda na compra de remédios que o SUS não possui. "Mas, a maioria, o Governo dá e sempre pude contar com a ajuda de muitas pessoas boas, entre funcionários públicos, políticos, desembargadores e os responsáveis pelas instituições que nunca barraram minha entrada para conseguir as doações", reconhece. A cirurgia de transplante de medula a qual Luiz Eduardo se submeteu foi realizada nos Estados Unidos e Verônica precisou arrecadar R$ 180 mil. Para complementar o total de recurso arrecadado, foi ao Ministério da Saúde, em Brasília, acompanhada do então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Lúcio Botelho. Conseguiu o suficiente para viajar com o filho e o transplante de medula ocorreu positivamente. Em julho deste ano fez questão de agradecer, pessoalmente, a todos que a ajudaram, incluindo direção e funcionários da Secretaria de Estado da Educação. "Graças a Deus e a todos que me estenderam a mão, o transplante foi um sucesso e Luiz Eduardo voltou à escola", comemora.

Criada num orfanato até os 18 anos, aos 9 sofreu maus tratos do pai, analfabeta até os 35 anos, sobreviveu, amou e está estudando!

"A Educação é tudo na vida"

Na Escola Donato Olímpio Campos, de Biguaçu, a estudante demonstra todo seu entuasiasmo pelo aprender

Luiz Eduardo, aluno da EEB Maria da Glória, com a mãe

Há dois anos afastada muito. "Ela sempre repete a do trabalho, por sofrer do mesma frase: Educaç ão é mal de Parkison, Verônica tudo na vida"! Não gosta de Cíntia Ferreira, lidou desde a falar do irmão falecido, pois o gestação com a doença dos sofrime nto ainda é muito filhos. Luiz Eduardo, 18 anos, latente . Consid erando por do 2º ano do ensino médio tudo que passou e ainda vem passou por quatro cirurgias passando, devido a rígidos de transplante de medula, tratamentos com muita medinove de Hidrocefaleia, duas cação, Luiz Eduardo só reprodo joelho e uma da coluna. vou dois anos. Segun do a mãe, ela O tratamento continua e ele só falta as aulas em casos entreg ou 110 cópias de extremos. Sua última cirurgia atestados médicos à unidaocorreu no dia 10 de feverei- de escolar, mas foram extraviados. "Apesar de analfabero deste ano. Apesar da doença e de ta, na época, eu sabia exataser tímido, tem amigos, pro- mente o que estava fazendo cura levar uma vida normal e e tinha clareza de que se não desiste dos estudos. Atri- uma empresa justifica as falbui tudo isso ao fato da mãe, tas com os atestados, por "uma lutadora", incentivá-lo que não a escola?".


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Estatísticas permitem avaliar as políticas públicas na educação

Santa Catarina • Setembro 2009


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