Jornal Escola Aberta Educação SC - Agosto 2017

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vivências criativas As escolas estaduais estão abertas a metodologias práticas, lúdicas e prazerosas que ressignificam os conteúdos disciplinares, potencializando a aprendizagem e a relação do aluno com o mundo, mediado pelo professor. Nesta edição, algumas iniciativas de sucesso dentro e fora da sala de aula.

andréia oliveira

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO / SC | AGOSTO 2017


Páginas 6 e 7 Central Experimentos inesquecíveis tornam práticas as disciplinas de matemática, física, química e biologia, consideradas difíceis por grande parte dos estudantes. Leia na página central, as estratégias utilizadas pelos professores para reverter esse quadro.

Página 8 Voluntariado Ex-alunos da Escola Aldo Câmara da Silva promovem ações em prol da escola, com a participação da comunidade.

Alunos da Escola Dom Vital, de Ponte Cerrada, escrevem e ilustram suas próprias histórias como incentivo à criatividade e autonomia.

Atividades na Escola Druziana Sartori, de Chapecó, ensinam sobre bons hábitos alimentares que são transmitidos também aos pais.

James Tavares

2 / agosto 2017 / escola aberta

Página 10 Vitrine

Página 11 Infraestrutura O Escola Aberta apresenta o panorama geral das obras de inauguração e ampliação das escolas da rede estadual entregues às comunidades no mês de agosto.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO / SC | AGOSTO 2017

Editor de fotografia: Thiago Marthendal Fotografia: Thiago Marthendal, Osvaldo Nocetti, Andréia Oliveira, Júlio Cavalheiro, Janaína Mônego e James Tavares Revisão: Equipe Ascom

ANDREIA OLIVEIRA

Participaram dessa edição: Beatriz Menezes dos Santos, Edinéia Rauta, Janaína Mônego, Dafnée Canello, Thiago Marthendal, Ana Petry, Sérgio Teixeira e Andréia Oliveira

Janaína Mônego

Página 9 Leitura

Expediente Editora: Beatriz Menezes dos Santos

Janaína Mônego

Beatriz Menezes dos Santos Editora do Escola Aberta

Página 4 Destaque A Escola Balduino Cardoso, de Porto União, comemora os 100 anos com muita festa.

andreia oliveira

“A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca! “Essa frase, lida certa vez em um artigo sobre educação, me conecta com o tema da 44ª edição do jornal, que mostra um ensino vivo e dinâmico nas escolas estaduais, e não apenas um conjunto de matérias a serem cursadas, num horário a ser cumprido. Quando a escola proporciona a seus alunos o contato com diferentes experiências está possibilitando que eles produzam uma visão subjetiva e crítica da realidade que os rodeiam. Ao mesmo tempo, permite a construção de novas vivências e a coragem de criar o novo. O desafio à mudança na educação serve de incentivo aos educadores. Nas unidades da rede, a concepção de um saber partilhado passa por estratégias pedagógicas que reconhecem o estudante como protagonista de sua aprendizagem, por meio de práticas significativas e mais alinhadas aos seus interesses e da comunidade escolar. Nessa perspectiva, os educadores, ao defenderem uma formação cidadã, vêm adotando um ensino Nas unidades da rede, mais flexível e capaz de adequara concepção de um saber -se aos tempos atuais. Aliado a partilhado passa por isso, buscam alternativas para estratégias pedagógicas superar questões como violência, evasão e desinteresse pelo estudo. que reconhecem O diálogo mostra-se como peça o estudante como fundamental nesse processo, que protagonista de sua também incorpora à vida escolar aprendizagem, por meio expressões culturais dos jovens alunos, em contraponto às práticas de práticas significativas curriculares convencionais. Certae mais alinhadas aos mente, as experiências aqui retrataseus interesses e da das na página Central demonstram comunidade escolar as metodologias práticas e atrativas propostas aos alunos das escolas públicas. Confira. A avaliação é outro ponto desse processo. No Artigo, na página 3, o coordenador de currículo, avaliação e formação, Adecir Pozzer, fala a respeito dos fundamentos e prática da avaliação escolar. As parcerias em defesa do direito à educação, como a firmada com o Ministério Público estadual, contribuem para o avanço dos processos socioeducacionais nos estabelecimentos de ensino. Na entrevista, página 5, o Escola Aberta conversou com o promotor de Justiça, João Luiz de Carvalho Botega sobre o Programa Apoia, que combate a evasão escolar por meio de ações conjuntas de escolas, promotorias de justiça e conselhos tutelares. O jornal, pela segunda vez, destaca na página 8, ações voluntárias que unem estudantes, pais e professores. Na Aldo Câmara da Silva, de São José, os ex-alunos se reuniram e formaram um grupo solidário e exemplar. Leia, nas demais páginas, projetos cujas experiências potencialmente criativas se afastam da dimensão funcional de transmissão do conhecimento para estabelecer, de acordo com o educador Paulo Freire, “uma ‘intimidade’ entre os saberes curriculares e a experiência social que os alunos têm como indivíduos”. Boa Leitura!

Índice Sérgio Teixeira

Editorial Aprendizagem significativa

Nossa capa

Diagramação: Bruno Pagani Assessora de Comunicação: Edinéia Rauta / Secretaria de Estado da Educação VIVÊNCIAS CRIATIVAS As escolas estaduais estão abertas a metodologias práticas, lúdicas e prazerosas que ressignificam os conteúdos disciplinares, potencializando a aprendizagem e a relação do aluno com o mundo, mediado pelo professor. Nesta edição, algumas iniciativas de sucesso dentro e fora da sala de aula.

A jornalista Andréia Oliveira registrou os alunos da escola Druziana Sartori, de Chapecó ao participarem de vivências extraclasse.

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Artigo

Fundamentos e prática da avaliação escolar OSVALDO NOCETTI

Coordenador de currículo, avaliação e formação Secretaria de Estado da Educação/doutorando pela UFSC

“A mudança não deve ser um apêndice do processo de ensino-aprendizagem, mas elemento integrante da atividade educativa durante todo o ano letivo (...)” Outro aspecto que caracteriza a avaliação é o seu caráter classificatório que, quando reduzido a simples hierarquização no contexto escolar contribui com a reprodução da distinção e da desigualdade, estimulando, em muitos casos, a categorização das pessoas como o “bom” ou “mau” aluno, “bom” ou “mau” professor, etc., desconsiderando uma série de condicionantes individuais e sociais. Há também a avaliação diagnóstica que por sua especificidade visa verificar o nível de desenvolvimento da aprendizagem, tanto no início de um processo quando no decorrer do percurso formativo, favorecendo a análise das ações realizadas e a tomada de decisão. Nesta perspectiva, a Secretaria da Educa-

ção publicou a Portaria nº 189, de 09/02/17, regulamentando a sistemática de avaliação do processo ensino-aprendizagem na rede pública estadual, a partir da Resolução nº 183, do CEE, de 19/11/13, que estabelece diretrizes para a avaliação do processo ensino-aprendizagem nos estabelecimentos de ensino de educação básica e profissional técnica de nível médio. Na prática quais foram as mudanças? Basicamente foram duas: a alteração da média bimestral ou trimestral de sete (7,0) para seis (6,0), e a retirada do exame final. Tais mudanças têm causado impacto na compreensão e na prática da avaliação, pois está exigindo da escola um olhar orgânico do sujeito na sua integralidade, de sua aprendizagem e de seu desenvolvimento. Por isso, a existência da recuperação paralela, entendida como novas oportunidades de aprendizagem, sucedidas de avaliação, quando verificado o rendimento insuficiente. A retomada do que não foi apreendido precisa acontecer no decorrer do processo, não mais no final do ano letivo. Embora toda mudança exija um tempo para a sua assimilação e produção de resultados, a Secretaria diagnosticou, pela comparação de dados do primeiro bimestre de 2016 com os do primeiro de 2017, que houve um aumento da média geral em praticamente 60% das escolas. Essa constatação não diminui a preocupação em torno da possibilidade do aumento do índice de reprovação, o que tem motivado a Secretaria, as Regionais e as Escolas investirem na formação dos gestores escolares e professores. O foco da capacitação é o planejamento e monitoramento do trabalho pedagógico. A mudança não deve ser um apêndice do processo de ensino-aprendizagem, mas elemento integrante da atividade educativa durante todo o ano letivo, a fim de que o estudante catarinense construa referenciais de abertura ao diálogo e às muitas possibilidades de aprendizagem e atuação na sociedade.

divulgação

Um recreio muito diferente Atividades dirigidas durante o intervalo possuem um enorme potencial educativo, segundo os educadores. Com essa proposta, a Escola Irmã Irene, de Santa Cecília, melhora as relações sócio-afetivas entre os alunos disponibilizando jogos, brincadeiras, contação de histórias e livrinhos infantis. O recreio monitorado, foco do Plano de Gestão da instituição, já rende frutos, como se observa pela concentração das alunas durante a leitura.

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Realidade Compartilhada REPRODUÇÃO

ADECIR POZZER

O ato de avaliar sempre está permeado por propósitos e interesses de quem avalia, bem como, por expectativas e desafios por parte de quem é avaliado, o que caracteriza a natureza teórico-filosófica e política da avaliação. No contexto da educação escolar, os alunos, ao mesmo tempo em que são avaliados pela escola, acabam avaliando os gestores e os professores na forma de se relacionarem com o conhecimento e com os próprios estudantes. O que muda entre esses agentes escolares são os parâmetros utilizados e os interesses que os mobilizam em torno da avaliação que, devido a finalidade da escola, prevalece o processo avaliativo proposto por ela, priorizando a totalidade de ensino-aprendizagem. Um dos aspectos característicos da avaliação é seu caráter formativo, pois quem é avaliado opera com uma série de conhecimentos, habilidades e competências para demonstrar que se apropriou de determinados saberes. Isso exige do sujeito a mobilização de seu capital cognitivo e sociocultural.

Com todo o investimento em novas tecnologias para filmes e animações, a Disney gosta também, vez ou outra, de investir em novas opções de interação entre a tecnologia e os seres humanos. O novo campo de trabalho tem sido a Realidade Aumentada, com o projeto Banco Mágico. Utilizando um conjunto que combina câmeras de alta definição, sensores de profundidade, projetor e aplicativos desenvolvidos especialmente para o sistema, o projeto consegue fazer com que várias pessoas interajam ao mesmo tempo com animações de computador. O sistema já está em fase de testes e poderá ser utilizado para reuniões a distância, funções didáticas e, é claro, como uma nova atração nos parques Disney. Agora nos resta aguardar o lançamento, que ainda não tem data, e imaginar as possibilidades.

Textos com acessibilidade

O Microsoft Word, programa de edição de texto mais utilizado no mundo, está passando por uma série de atualizações que vão melhorar em muito a acessibilidade do programa. Voltado aos deficientes visuais, portadores de dislexia e outras dificuldades de concentração ou leitura, a atualização, que por enquanto está em fase de testes, vai trazer a função Read Aloud, que lê em voz alta trechos do texto de volta para seu autor. Além de ler todo o conteúdo, a função permitirá correções facilitadas na gramática e vai contar também com uma série de opções de voz e velocidade de leitura, para que, independente da dificuldade, todos possam escrever e editar com qualidade.

Escola aberta / agosto 2017 / 3


Sérgio Teixeira

O corpo docente uniu a comunidade e planejou ações que se estendem ao longo do ano letivo. As famílias participam da festa com orgulho

Destaque

Balduino Cardoso

100 anos de educação Pais, alunos e professores se engajaram para comemorar o aniversário, unidos pela gratidão à escola que educou diferentes gerações Sérgio Teixeira da Silva - ADR de Canoinhas

A

Escola Balduíno Cardoso, do município de Porto União, vem realizando desde o início do ano uma série de eventos alusivos ao seu primeiro centenário, dia 28 de setembro. Para festejar a data, a escola lançou um vídeo ressaltando a educação catarinense e promove, até dezembro, diversas atividades com a participação das famílias. A diretora, Alice Vogel Vilicginski, comenta que para cada mês foi planejada uma ação diferente. “Já apresentamos o concurso do

logotipo dos 100 anos, galeria de gestores, encontro de ex-diretores, exposição, e ainda teremos muitas outras atividades, incluindo o jantar comemorativo a ser realizado no mês de outubro”, informa. Em agosto foi lançado mais um vídeo contando a história da escola com a biografia do professor Balduíno Cardoso. Também será realizada a Roda de Chimarrão, com ex-alunos e ex-professores. Para o final do ano está previsto o Show de Talentos, envolvendo também os ex-alunos e a comunidade. As

ações dos 100 anos estão sob coordenação da assistente técnico pedagógico Jucélia Gotardo, junto com a equipe docente e administrativa.

Gratidão pela escola Márcia das Graças de Mello, ex-aluna e professora, fala com carinho sobre a Balduíno. “A escola faz parte da minha vida, é minha família também”, destaca emocionada. Márcia explica que estudou na unidade de 1971 a 1974, do 5º ao 8º

ano, e depois de concursada, lecionou por vários anos na instituição. Mesmo aposentada, continua ministrando aulas como ACT, no curso de Magistério. “Sinto gratidão. Minha irmã e meu cunhado também estudaram aqui na mesma época que eu, e tenho muito orgulho de ser professora até hoje. São mais de 17 anos atuando aqui, e é gratificante ver as mudanças e melhorias que ocorreram”, ressalta. Quem também valoriza a escola é a aluna do Magistério, Elvira Silva Moraes, hoje com 69 anos. Conta

que cursava o Ensino Fundamental em 1956, mas por problemas familiares foi obrigada a parar os estudos. Somente aos 58 anos pode voltar à sala de aula, fazendo o EJA. Agora Elvira está no 4º ano noturno. “Não pude estudar quando era criança, tive que trabalhar muito cedo, mas voltei a estudar. Meu grande desejo é atuar na educação infantil”, fala orgulhosa. Elvira diz que seu filho e duas netas também estudaram na escola, sendo que uma delas já concluiu o curso de Magistério.

Ziraldo como didática e inspiração da exposição, levando em conta ser um autor de grande relevância no mundo da literatura infantil. É o criador do personagem de quadrinhos O Menino Maluquinho e de livros infantis como a Turma do Pererê, A fábula das três cores e Uma professora muito maluquinha, dentre outras obras bastante utilizadas pelos educadores na iniciação à leitura. Além de escritor, Ziraldo, de 84 anos, é cartunista, desenhista, jornalista, cronista, chargista, pintor, dramaturgo e foi um dos fundadores do jornal humorístico de caráter

4 / agosto 2017 / escola aberta

Sérgio Teixeira

U

m dia mágico e encantador na Escola Santa Cruz, de Canoinhas. Essa foi a definição dos alunos do curso de Magistério (4º ano vespertino), responsáveis pela exposição O fantástico mundo de Ziraldo, realizada no final do primeiro semestre. A mostra, aberta ao público e apresentada nos três turnos, recebeu ainda a visita de crianças do 4º e 5º ano, da Escola João José de Souza Cabral. Foram os alunos do Magistério que escolheram Ziraldo como tema

Os alunos da Escola João José de Souza Cabral visitaram a exposição e ficaram encatados com o universo de Ziraldo, tema de projeto do curso de Magistério

político, O Pasquim, criado na década de 70, sendo um dos maiores fenômenos editoriais do período. Segundo a professora responsável pelo projeto, Francisleine Alves, o assunto faz parte do conteúdo da disciplina de Fundamentos do Português e Literatura Infantil. “Estudamos os grandes autores da literatura infantil brasileira”, destaca. Nessa atividade, além de informações a respeito da vida e obra do autor, os alunos realizaram contação de histórias para o público e montaram cenários de fotos temáticas.

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Entrevista APOIA / MP e SED

João Luiz de Carvalho Botega

Todos no combate à evasão escolar Escola Aberta: A proteção à infância e o direito à educação são direitos sociais constitucionalmente protegidos. De que forma as instituições que compõem o Apoia podem contribuir para tornar efetivos esses direitos?

por Beatriz Menezes dos Santos

Embora no Brasil os índices de evasão escolar sejam preocupantes, em Santa Catarina um número crescente de estudantes regressa à escola por meio do Programa APOIA, firmado em 2001 entre o Ministério Público e a Secretaria de Estado da Educação.

João Luiz: A atuação articulada das instituições que integram o APOIA tem grande relevância para a garantia e a efetivação dos direitos infantojuvenis, pois tanto o Ministério Público como o Conselho Tutelar e as unidades escolares são atores primordiais do Sistema de Garantias dos Direitos. O Estatuto da Criança e do Adolescente confere a tais órgãos uma série de instrumentos a serem utilizados para concretização desses direitos. Dentre eles, podemos destacar a requisição direta de prestação de serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social etc., pelo Conselho Tutelar, e a promoção do inquérito civil e da ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência pelo Ministério Público.

Pelo acordo, escolas, promotorias de justiça e conselhos tutelares unidos na mesma ação, formam uma rede de apoio sólida e assumem o compromisso de trazer de volta à sala de aula, crianças e jovens, de 4 a 17 anos que não completaram o ensino obrigatório. Desde sua criação, o programa vem obtendo resultados positivos. Em 2014, com o inicio do sistema online, houve um salto bastante significativo: 24.456 alunos retornaram à escola, a partir de um total de 62.793 Apoias emitidos. Em 2016, 15.862 alunos retornaram por intermédio do Programa.

EA: Pela sua experiência à frente do Centro de Apoio da Infância e Juventude, quais as maiores causas da evasão escolar? JL: Por meio do sistema informatizado disponibilizado pelo Programa APOIA, é possível extrair as maiores causas de infrequência escolar no Estado. Mediante a análise do panorama apresentado, constata-se que a resistência do aluno – a escola não lhe é mais atrativa –, dificuldades de aprendizagem e problemas familiares despontam como os principais fatores que levam os estudantes a abandonar os bancos escolares.

Para falar sobre a parceria, o Escola Aberta convidou o promotor de Justiça, João Luiz de Carvalho Botega, coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude/ SC, que está à frente do programa no Ministério Público Estadual.

EA: O APOIA é um sistema intersetorial de apoio ao aluno infrequênte e à sua família. Como as famílias são envolvidas? JL: O Programa APOIA estabelece um fluxo de atuação entre os órgãos de proteção infantojuvenil, visando organizar seu trabalho de forma integrada. Dessa forma, tanto escola como Conselho Tutelar e Ministério Público exercem seu papel com enfoque no resgate do aluno infrequente. Por certo, todas essas medidas passam pelo envolvimento da família do estudante, uma vez que elas devem ser sempre contatadas e ouvidas pelos órgãos envolvidos.

Todas essas medidas passam pelo envolvimento da família do estudante, uma vez que elas devem ser sempre contatadas e ouvidas pelos órgãos envolvidos.”

EA: Qual o papel de cada instituição no programa?

thiago marthendal

secretaria de estado da educação

JL: A unidade escolar na qual o aluno está matriculado constata a situação de infrequência é a primeira instância a empreender esforços para solucioná-la. O contato com a família e a orientação informal sobre a importância do retorno do aluno consiste em uma medida comumente adotada pelas escolas e, muitas vezes, tem efetividade na viabilização do regresso do estudante. É muito importante que a escola esteja atenta às causas da evasão, para que assim possa construir alternativas para evitar que a situação se repita. Em situações mais graves, a unidade escolar encaminha o caso ao Conselho Tutelar, que, por sua vez, adota medidas que também envolvem o

contato com a família do estudante, como atender e aconselhar os pais ou responsáveis, aplicando, por exemplo, as medidas previstas no art. 129 do Estatuto. O Ministério Público também exerce suas atribuições, no fluxo do APOIA, sem dissociar-se dessa lógica de trabalho conjunto com a entidade familiar. Prova disso são as reuniões que o Promotor de Justiça realiza com o estudante e sua família, a fim de elucidar as causas da evasão e, assim, orientá-los sobre a medida que melhor se compraz à resolução da situação, como a inscrição da família em programas de inclusão social, encaminhamento da família ao CRAS, CREAS, CAPS etc., dentre outras medidas que envolvem direta ou indiretamente a resolução do problema constatado. Independentemente de todas essas medidas, é papel da família sempre buscar valorizar a educação, participando da vida escolar de seus filhos. EA: O registro da infrequência é realizado em todo o Estado? JL: Atualmente o registro de infrequência é realizado pelo site do Programa em 281 municípios catarinenses. Nos 14 municípios remanescentes, em contrapartida, os registros de infrequência continuam a ser realizados por meio de fichas de papel, que já eram utilizadas desde 2001 até a sua informatização. EA: A ferramenta online trouxe melhores resultados? JL: O sistema informatizado trouxe avanços notáveis desde sua implantação. A partir daí o fluxo de informações entre os órgãos tornou-se muito mais célere e a compilação dos dados coletados permite que cada órgão tenha um panorama concreto da problemática da infrequência escolar, propiciando um trabalho preventivo do enfrentamento de suas motivações. É possível ilustrar um claro aumento na resolutividade do Programa por meio da análise comparativa do seguinte dado: de 2002 a 2013, a média anual de retornos propiciados pelo Programa era de 6.000 retornos. Por outro lado, apenas no ano de 2014, que marcou o início da implantação do Sistema online, constatou-se 24.456 retornos, representando assim um aumento de aproximadamente 300% na média de retornos anual obtida por intermédio do Programa APOIA. EA: Qual o papel do Promotor de Justiça no Apoia? JL: O Promotor de Justiça detém um papel central no Programa APOIA, uma vez que a educação consiste em um dos direitos fundamentais indisponíveis, cuja incumbência de defesa lhe foi outorgada pelo art. 127 da Constituição Federal. Na maioria das vezes, os casos de infrequência encaminhados ao Ministério Público são aqueles de maior gravidade, pois tanto a unidade escolar como o Conselho Tutelar não conseguiram solucioná-los a partir de sua atuação. Em razão disso, muitas das situações que chegam ao Ministério Público envolvem a atuação judicial ou extrajudicial do Promotor de Justiça, sobretudo no âmbito coletivo, como a assinatura de termos de ajustamento de condutas e a propositura de ações para exigir estrutura de educação inclusiva, transporte escolar, serviços de saúde etc.

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Aprendizagem

por Janaína Mônego - ADR de Xanxerê

Aprender matemática, física, química e biologia não é uma tarefa simples. Essas disciplinas costumam ser as vilãs para muitos estudantes. Mas é claro, existem aqueles apaixonados pelo mundo dos números e das reações químicas, como os alunos das escolas Presidente Artur da Costa e Silva, de Xanxerê, e Antonia Gasino de Freitas, de Lajeado Grande. Os professores destacam que é preciso dedicação, concentração e muito interesse para absorver o conteúdo e construir

janaína mônego

Experimentos inesquecíveis no ensino das Ciências O

laranja se tornou incolor”, disse Amanda Siqueira, 15 anos, estudante do primeiro ano do Ensino Médio, da Escola Presidente Artur da Costa e Silva, de Xanxerê. Ela tem as experiências de laboratório fresquinhas na memória, como a do refrigerante de laranja com água sanitária. “Nós fizemos a mistura e a cor do refrigerante desapareceu. Foi uma reação química que me chamou muito a atenção, pois fiquei pensando também sobre o que ingerimos. Não temos a noção, muitas vezes, do quanto estamos ingerindo substâncias químicas e artificiais contidas nos produtos”, explica a aluna. A prova de que as atividades em laboratório fixam o conhecimento está na rápida resposta da aluna. Ela lembra as experiências realizadas no primeiro semestre e garante que não esquecerá jamais, pois além de compreender na prática as transformações químicas, ainda relaciona com o dia a dia e as transformações que acontecem no ambiente em que vive.

As experiências são eficazes à iniciação científica,tornando práticos os conteúdos estudados em sala de aula

Do laboratório para o céu janaína mônego

o conhecimento nessas áreas. Com o auxílio dos laboratórios, o ensino fica mais fácil, permitindo estabelecer conexões entre a atividade experimental e os conceitos das disciplinas.

O “arco-íris” ficou na memória dos estudantes

Segundo a aluna Mireli Silveira Fernandes, 15 anos, o colorido do arco-íris no estudo da densidade ficou na memória. Ela diz que na sala não entende tanto quanto no laboratório. “Aqui colocamos a mão na massa”, afirma. Mireli fala da experiência que mais gostou, a do arco-íris, em que utilizaram a gelatina para trabalhar a densidade. “Usamos várias cores de gelatina e a mesma quantidade de água e aumentamos a quantidade de açúcar. Conforme íamos aumentando a quantidade de açúcar, a cor foi ficando mais densa. Depois sobrepomos camadas e ficou igual ao arco-íris”, conta.

A professora Eliane Coradi dos Santos, orientadora do laboratório de física e matemática, ressalta que a ferramenta permite aos alunos observarem os conceitos estudados em sala de aula. A Artur da Costa e Silva conta com três laboratórios para experiências e práticas das aulas de física, química, matemática e biologia. Além dos elementos químicos utilizados apenas no laboratório e sob orientação dos professores, também são usados materiais alternativos e de fácil acesso e manuseio. Muitas experiências que não envolvem elementos químicos e fogo, por exemplo, podem ser feitas em casa pelos alunos junto com seus pais, alertam os professores.

As exatas na prática

janaína mônego

6 / agosto 2017 / escola aberta

O grande desafio é dos professores, em transformar as aulas em verdadeiros experimentos. Ao estudar a velocidade média constante, por exemplo, em física, é difícil exemplificar. “No dia a dia a gente não tem uma velocidade média constante, e sim variável. Desta forma conseguimos fazer a experiência com bolha de água que dá ao aluno o exemplo prático estudado em sala”, destaca a professora Eliane. Conforme a necessidade, os experimentos são construídos pela professora titular da disciplina e a do laboratório. “Neste caso, construímos o nosso

experimento com régua e mangueira. Enchemos a mangueira com água e deixamos uma bolha de ar já que é ela que terá maior ou menor velocidade constante, dependendo da inclinação da régua”, explica. Mais do que um espaço para experimentos, os laboratórios são os grandes incentivadores da paixão pelas exatas. “As disciplinas de exatas, muitas vezes geram receio aos alunos e são tidas como difíceis. Mas quando eles vêm pra cá e colocam a mão na massa, começam a gostar e assimilam melhor o conhecimento”, garante a orientadora de laboratório.


Transformação e aplicação janaína mônego

O abstrato da química e o estudo da célula na biologia são revelados de forma simples e prazerosas nos experimentos Nas aulas de química essa premissa não é diferente. Os alunos do Ensino Médio, por exemplo, são super curiosos e querem entender as reações químicas e as transformações. A professora Viviane Leal conta que a mudança de cor da chama a partir da inserção de elementos químicos já é algo que surpreende os alunos. “A química trabalha muito com o abstrato, então quando eles enxergam ficam surpresos com as experi-

ências, elas são novidades. Na teoria por si só, eles não conseguem ver”. A relação também se dá com o dia a dia, ou seja, onde as experiências se aplicam. No caso da chama, onde há alteração da cor de acordo com o elemento em contato, pode ser observado nos fogos de artifício, onde cada cor que vislumbra os nossos olhos está relacionada a sua composição, a um elemento químico.

A biologia instiga O corpo humano também pode ser estudado nos mínimos detalhes. Os laboratórios de biologia da Escola Artur da Costa e Silva possuem equipamentos como microscópios, torços, painéis, fetos humanos e de animais, que podem ser utilizados pelos alunos. “Eles usam lâminas, que muitas vezes vêm prontas pra nós. Outras são preparadas com os próprios alunos, para que eles pos-

sam observar as células e os diferentes formatos”, comenta a professora de biologia, Simone Pércio. Com o torso, que é uma representação do corpo humano, os alunos conseguem visualizar os órgãos, seu formato e ainda manuseá-los. “A coloração do material é semelhante, e utilizar estes recursos instiga os alunos a saber cada vez mais”, salienta Simone.

Material reciclável na Antonia Gasino de Freitas Ao apertar o litro a pressão aumenta, pressionando a água para dentro do ludião que então afunda. “Assim conseguimos simular um submarino que consegue submergir enchendo de água tanques especiais para este fim. Os mesmos compartimentos são esvaziados, por meio de bombas muito potentes para que ele volte a superfície. O material reciclável pode ser muito bem utilizado para as nossas experiências”, afirma Márcia. Física, química, matemática ou biologia, não importa qual a disciplina. Professores e alunos entendem que elas podem se tornar mais atraentes e leves quando trabalhadas com criatividade, aliando a teoria e a prática na construção do saber.

janaína mônego

Para quem pensa que as experiências são apenas com elementos químicos, grandes feitos e efeitos, se engana. O material reciclável também pode ser um grande aliado para aplicar os conhecimentos de física adquiridos em sala de aula. Na Escola Professora Antonia Gasino de Freitas, de Lajeado Grande, a garrafa pet é utilizada em laboratório para exemplificar o “empuxo”, a força vertical estudada na disciplina de física. A professora Márcia Percio utilizou uma garrafa pet, o ludião, um aparelho que serve para demonstrar o Princípio de Pascal, no estudo de corpos submersos, e água, para criar o mesmo sistema de um submarino.

Escola aberta / agosto 2017 / 7


Programas

Divulgação

Exemplo do BEM Mais de 100 ex-alunos das décadas de 70 e 80 se reuniram para ajudar a escola Aldo Câmara da Silva, de São José, deixando como legado o compromisso de todos com a coletividade por ana petry

Q

uando alunos, ex-alunos e comunidade escolar se unem em prol de um bem comum o resultado é sempre positivo. Na EEB Aldo Câmara da Silva, em São José, não é diferente. Pessoas que estudaram na unidade nas décadas de 70 e 80 se unem para realizar ações que contribuem para o bom atendimento aos atuais alunos. A ideia partiu de Paulo Sérgio Ferreira, motivado pelo sentimento de solidariedade e amor pela escola. Ele, que hoje é músico, conseguiu com a ajuda de alguns colegas reunir os ex-alunos da instituição. “Sempre senti amor pelo colégio, pelos amigos que fiz, porque tivemos muitas histórias bonitas. Sinto que todos têm amor nesse grupo, isso é o que move nossa história”, destaca. O resultado do ape-

O grupo se reencontrou pelas redes sociais e mobilizou a comunidade escolar

lo foi a adesão de mais de 100 pessoas para agirem junto com a diretora Marcileia Pereira Santos.

Grupo no Whatsapp O reencontro dos estudantes começou em maio deste ano, quando Ferreira, conhecido como Palika, foi até a escola em busca do logotipo para confecção de camisetas personalizadas. Ao observar problemas na infraestrutura, resolveu entrar em contato com os antigos colegas do ensino fundamental, formando um grupo no whatsapp. “Senti que precisava fazer alguma coisa pela escola e comunidade”, explica o músico. Outro ex-aluno, Amilton Espíndola, diz que o grupo quer servir de exemplo. “Queremos que as pessoas

ajudem as outras, seja na comunidade, dentro do colégio, ou onde for. Não se pode contar somente com a ajuda do governo para resolver tudo. Ao visitar a escola, vimos que está organizada e limpa, mas faltam algumas coisas”, esclarece.

Ações concretas Em contato uns com os outros, os alunos conversaram com a diretora e decidiram ajudar na organização da Festa Julina. Recolheram alimentos e prêmios, e ainda produziram shows com os próprios ex-alunos que são músicos. “Foi uma festa muito grande, participaram cerca de mil pessoas e conseguimos quase R$ 8.000,00 de lucro”, contou Marciléia. A segunda ação realizada pelo

grupo também obteve sucesso. Criaram uma conta corrente para arrecadar dinheiro e cada um ajudou da forma que pode. Espíndola informa que a conta, encerrada dia 15 de julho, conseguiu R$ 2.420,00, que foram entregues à APP da escola. “A aplicação dos valores arrecadados nas duas ações será decidido em reunião com todos os participantes”, destaca a diretora. Depois disso, o grupo e a direção realizaram um café coletivo para entrega de um cheque simbólico e dos certificados de menção honrosa aos ex-alunos. De acordo com a Marciléia, intervenções como estas trazem benefícios não só à escola, mas a todos os envolvidos, sejam merendeiras, alunos e comunidade. “As ações irão continuar”, finaliza.

Investimentos do Estado Em 2016 a EEB Aldo Câmara da Silva recebeu recursos do Governo do Estado na ordem de R$ 78.542,44, aplicado no novo sistema de esgoto. No início de 2017 foram realizadas a troca do forro, iluminação das salas de aula e um novo calçamento na entrada principal da unidade. Os ex-alunos receberam certificados de menção honrosa na entrega do cheque simbólico

8 / agosto 2017 / escola aberta

secretaria de estado da educação


JANAÍNA MÔNEGO

Leitura

Pequenos autores, grandes idEias Alunos da primeira série da Escola Dom Vital, de Ponte Serrada, escrevem e ilustram suas próprias histórias. O lançamento dos livrinhos será em outubro, com direito à autógrafos dos 120 novos escritores por Janaína Mônego, ADR de Xanxerê

P

rojeto proporciona aos alunos a escrita de sua própria obra. Reza a lenda que durante a nossa vida, um dos projetos que devemos colocar em prática é escrever um livro. Na Escola Dom Vital, de Ponte Serrada, os alunos do 1º e 4º ano estão sendo os autores de suas próprias histórias.

Sarah Rodrigues está apenas na primeira série, mas já imagina e escreve sua obra sobre o cão Thor. Mesmo com as mãozinhas ainda não tão firmes para a escrita, ela descreve o quão sapeca é o seu melhor amigo. O cãozinho que faz parte do seu dia a dia, agora, será eternizado em seu próprio livro.

Escola Irmã Irene

A

Incentivo à criatividade O projeto tem o objetivo de incentivar os alunos à escrita, dar a oportunidade de cada criança ter sua própria obra, além de contribuir com a evolução pedagógica de cada aluno. Segundo a diretora Nádia Poletto, a atividade também

aproxima os pais da escola, incentiva a criatividade e a autonomia dos alunos. Além de escrever a história, os alunos também fazem as ilustrações. A diretora explica que neste momento está na fase de produção do livro. Os alunos escrevem e criam a ilustração. “Quando ele

estiver pronto, vai para a gráfica e volta em formato de e-book para os alunos e os pais aprovarem e em seguida a gente faz a impressão”, informa. O projeto encerra no mês de outubro com o lançamento dos livros em uma noite de autógrafos dos 120 pequenos autores que participam do projeto.

Um recreio que educa

por elizeu tomasi

Mudanças de atitudes

Fotos divulgação

tendendo mais de mil alunos do ensino fundamental ao médio, a Escola Irmã Irene, de Santa Cecília, vem otimizando os quinze minutos de intervalo por meio do projeto Recreio Monitorado. O objetivo é diminuir os conflitos e pequenos acidentes nesse período, e ainda possibilitar aos alunos outras vivências que não às usualmente praticadas. O Recreio Monitorado é uma das ações propostas no Plano de Gestão da diretora Ana Rambo, que tem como foco a humanização e a democratização da escola com a participação ativa das famílias. Este ano o recreio passou a ter jogos e brincadeiras diversificadas como dominó, peteca, pula-corda e campeonatos de vôlei e futsal, tudo isso acompanhado por uma equipe de professores, pais e alunos. As atividades valorizam o espírito de cooperativismo, a solidariedade e o respeito entre os colegas, segundo a diretora. “São momentos de recreação e aprendizagem, fortalecendo novos laços de amizade entre os alunos, em um local atrativo e organizado”, acrescenta.

As atividades diversificadas são acompanhadas por uma equipe de professores, pais e alunos

secretaria de estado da educação

Após um ano e meio da implantação, já é possível observar mudanças positivas no comportamento dos alunos. Neste primeiro semestre foi visível a diminuição de brigas, e os “encontrões”, praticamente desapareceram. No ano passado, quando a atual gestão assumiu, observava-se uma grande incidência de conflitos e acidentes. A solução, segundo a assessora de direção e coordenadora do projeto, Marinei Pedon, foi tornar esse tempo o mais significativo possível para os alunos, ocupando-os de forma lúdica e prazerosa. Para Marinei, o recreio é um momento de aprendizagem, onde novas significações estão sendo constantemente construídas. “Desse modo, os alunos têm a oportunidade de desenvolver o conceito do ‘cuidar um do outro e do espaço’, exercitando o respeito tanto com o espaço físico, como com os colegas e professores e ainda com os materiais disponibilizados para as atividades recreativas”, afirma. Este ano, a escola ganhou um novo parceiro, o Poder Judiciário, via Fórum da Comarca de Santa Cecília, que vendo a importância do programa ajudou na aquisição de brinquedos, kits esportivos e uma cama elástica.

Escola aberta / agosto 2017 / 9


andreia oliveira

Vitrine

Escola Cristo Rei

Práticas interativas de geografia por Dafnée Canello

Divulgação

Fazendo a lição de casa Na Escola Druziana Sartori as crianças aprendem e ensinam sobre bons hábitos alimentares por meio de experiências significativas por Andréia Oliveira, ADR de Chapecó

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nsino para minha mãe que ela não pode comer muito açúcar. É com esta frase que a pequena Paloma Grando, da Escola Druziana Sartori, de Chapecó, fala espontaneamente sobre Alimentação Saudável. O tema faz parte do projeto Desenvolvendo e Avaliando a Criatividade e o Pensamento Crítico, aplicado dentro e fora de sala de aula. A estudante Laís Bolles está fazendo a lição de casa. “Agora estou arrasando! Eu não comia nenhuma fruta e até ensinei minha família que eles precisam comer frutas”, afirma. De acordo com o programa, os alunos da segunda série estão aprendendo sobre a importância de ingerir alimentos saudáveis e de

ter equilíbrio no consumo de carne, gordura, açúcar, vegetais e frutas. O conteúdo teórico é abordado de forma prática, proporcionando vivências como o cultivo da horta, o diário da plantinha, apresentações artísticas e joguinhos.

Avaliando o desempenho Uma das atividades proposta aos alunos é a autoavaliação, realizada periodicamente, com o objetivo de estimular o pensamento crítico e a troca de experiências. Para isso, em um quadro de avaliação as crianças expõem os avanços e as falhas para alcançar alimentação saudável e apontam o desempenho que tive-

ram. A gerente de Educação da ADR de Chapecó, Maria Seben explica que além do pensamento crítico, o projeto desperta a criatividade. A professora Marli dos Santos não esconde a satisfação e o orgulho de ver os resultados. “Após as vivências, eles contam experiências, analisam a quantidade de gordura, do açúcar. Ainda ensinam os pais e irmãos a comer melhor. Já estão querendo construir hortinha em casa, levando o que aprenderam para casa”, informa. De acordo com a secretária da ADR de Chapecó, Astrit Tozzo, as escolas precisam oferecer uma educação inovadora para desenvolver habilidades que estejam em consonância com a formação do cidadão para o século XXI.

andréia oliveira

Agora estou arrasando! Eu não comia nenhuma fruta e até ensinei minha família que eles precisam comer frutas.” Laís Bolles

O tema Alimentação Saudável está sendo aplicado por meio do projeto Desenvolvendo e Avaliando a Criatividade e o Pensamento Crítico e está presente em 12 escolas da rede estadual de Chapecó. É implantado de formas diferentes, de acordo com o conteúdo determinado pela escola. A iniciativa é do Instituto Ayrton Senna, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação, por meio da Gerência Regional, e do Movimento Santa Catarina pela Educação, da FIESC.

10 / agosto 2017 / escola aberta

João Pedro apresenta seu projeto sobre os aspectos físicos do continente europeu

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stimular a análise, a interpretação e a leitura de mapas e toda a linguagem cartográfica, foi o foco do trabalho desenvolvido pela professora de geografia, Gabriela Salgado, na Escola Cristo Rei, de São José. Os alunos do 9º ano, dentro do projeto Produção de maquetes e folders como instrumentos facilitadores da aprendizagem, compartilharam conhecimentos inspirados no continente europeu. Para João Pedro Pereira, de 15 anos, o trabalho é uma chance dos colegas se aproximarem e de todos aprenderem juntos. “A minha maquete foi sobre a Suécia. É mais interessante e diferente aprender assim. A gente pesquisa mais e acaba aprendendo”, conta o aluno. Segundo a professora, a ideia inicial foi reforçar os conceitos teóricos de espaço e território, como ponto de partida para o estudo da Ciência Geográfica. “O uso de técnicas que complementam a teoria facilitam e estimulam a aprendizagem, permitindo que o aluno visualize outra realidade, como a de outros países”, explica Inicialmente, os 17 estudantes da turma estudaram as características geográficas da Europa e a partir de pesquisas sobre os países, os alunos criaram folders informativos e publicitários. De acordo com a idealizadora, quando o professor assume o papel de orientador no sentido de sugerir, explicar e incentivar a produção de atividades práticas, o aluno assimila o conteúdo de forma didática e muito mais duradoura. “Foi possível perceber nos estudantes a criatividade, interação e a capacidade de observar, experimentar, inventar e relacionar conteúdos e conceitos”, destaca Gabriela.

secretaria de estado da educação


Infraestrutura

Foram investidos quase R$50 milhões nas oito escolas entregues no início do segundo semestre. Os recursos são do Pacto Pela Educação, Governo do Estado, FNDE e BNDES EEB Cruz e Sousa - Tijucas Com o dobro da estrutura anterior, a escola, que atende 940 estudantes foi inaugurada no dia 1º de agosto, recebendo o investimento de R$ 7.254.897,31. Planejada com acessibilidade, conta com elevador e rampas de acesso, além de um sistema de reaproveitamento da água das chuvas para utilização nos sanitários. Foram construídas 14 novas salas e reformadas outras 13, além de quatro novos laboratórios, salas de apoio para coordenação, secretaria e diretoria, refeitório, biblioteca, auditório e um amplo ginásio de esportes.

EEB Fridolino Hülse - São Martinho

Osvaldo Nocetti

Festa nas escolas EEB Fridolino Hulse São Martinho

O Governo do Estado entregou a Fridolino Hülse no início de julho. O educandário de 81 anos é o maior estabelecimento de ensino do município, com 1.931 metros quadrados e atende 360 alunos dos anos iniciais ao ensino médio. Para a reforma e ampliação foram investidos R$ 3,7 milhões. Os recursos foram aplicados na construção de centro cultural e esportivo, biblioteca, quatro salas de aula, laboratórios de matemática, química, artes e informática, refeitório, banheiros, além da reforma de cinco salas de aula, da direção e do setor administrativo.

EEB Cruz e Sousa Tijucas

EEM Valmir Omarques Nunes - Bom Retiro

Julio Cavalheir

A unidade recebeu investimento de R$ 8,2 milhões e tem capacidade para atender 700 alunos. A estrutura de 9 mil metros quadrados de área construída dispõe de 12 salas de aula e sete laboratórios. Possui também teatro arena e auditório com capacidade para 220 pessoas. No Ginásio de Esportes, que inclui arquibancadas, foi previsto palco, sala de jogos e vestiários. O prédio possui centro de convivência, biblioteca com dois pisos e centro administrativo integrado com sala dos professores.

o

James Tavares

EEB Mauro Gonçalves

de Farias Lages

EEB Visconde do Cairu - Lages Passou por uma reforma geral no valor de R$ 3.406.911,70 para a construção de seis novas salas de aulas, laboratórios de química e biologia, refeitório, cozinha, pisos, pintura, esquadrias, substituição do telhado, rede elétrica e fechamento da área. A estrutura tem sistema preventivo de incêndio e acessibilidade em todas as áreas.

EEB Professor Flordoardo Cabral - Lages A reforma geral foi planejada com acessibilidade e os recursos de R$ 2.840.207,38 foram aplicados em melhorias no refeitório, cozinha, pisos, pintura e esquadrias, além da construção do um centro de lazer cultural e desportivo. Houve também a substituição do telhado, da rede elétrica e implantação do sistema preventivo de incêndio.

EEB Professor Mauro Gonçalves Faria - Lages O investimento de quase R$ 2 milhões foi utilizado na reforma geral do refeitório, cozinha, pisos, pintura, esquadrias, revitalização da quadra coberta, substituição do telhado e da rede elétrica. A estrutura passou agora a ter sistema de preventivo de incêndio e acessibilidade.

CEDUP Padre Afonso Robl Mafra

CEDUP Padre Afonso Robl - Mafra A nova unidade de ensino profissionalizante tem capacidade para atender 1,2 mil alunos e terá gestão compartilhada com a Udesc. A estrutura de 3,5 mil metros quadrados tem 12 salas de aula, seis laboratórios para atividades de pesquisa e extensão, duas oficinas, biblioteca, salas para atividades administrativas, refeitório, cozinha, depósito, ginásio de esportes e auditório. O espaço conta ainda com estacionamento e área de convivência. Para a obra, foram utilizados recursos de R$ 8,6 milhões oriundos do MEC/FNDE e contrapartida do Governo do Estado via BNDES. A Prefeitura de São Bento do Sul também foi parceira com a doação do terreno. divulgação

EEB Bailarina Liselott Martins - Joinville Com o investimento de quase R$ 11 milhões, a nova escola atende 780 estudantes matriculados nos períodos da manhã, tarde e noite, tendo capacidade total para até 1,4 mil alunos. A unidade conta com 5,9 mil de área construída, possuindo uma estrutura diferenciada para melhor qualidade do ensino. Tem 12 salas de aulas, ginásio coberto, auditório para 200 lugares, teatro arena, centro de vivência, espaço de direção integrado com dos professores, biblioteca com dois pisos e amplo estacionamento. EEM Bailarina Liselott Trinks Joinville

Ana Paula Keller

secretaria de estado da educação

Escola aberta / agosto 2017 / 11


Notícias da SED

Mais velocidade na internet das escolas

É de conhecimento geral que a internet está cada vez mais ligada a todas as atividades do dia-a-dia de jovens e adultos. No ambiente escolar não é diferente. Com o objetivo de enriquecer o trabalho pedagógico e melhorar a velocidade de internet nas escolas, a Secretaria da Educação, por meio da Diretoria de Tecnologia e Inovação (DITI), está efetuando um trabalho de atualização e agilidade na transmissão de dados. Dentre os critérios de implantação estão as escolas de EMI, unidades com maior quantidade

OSVALDO NOCETTI

Neste segundo semestre 80 escolas da rede estadual terão melhoria na velocidade de conexão beneficiando mais de 100 mil alunos, professores e equipes gestoras de alunos e outras que têm maior necessidade de conexão. Neste momento, o trabalho de implantação vai beneficiar mais de 100 mil alunos da rede estadual, professores e equipes gestoras. Outras ações estão previstas para serem executadas até o final do ano letivo. Este é o segundo pacote de melhorias na conexão em 2017. O primeiro foi voltado à escolas de quatro regionais que atendem o novo modelo de EMIEP e outras 15 escolas com o EMTI. Nessas unidades, a rede passa a ter velocidade de 30mbps.

Curtas divulgação

Sistema de prevenção divulgação

Pensando na segurança dos alunos, professores e equipes que atuam nas escolas, a Secretaria da Educação está realizando a manutenção e instalação de novos equipamentos contra incêndio em 888 unidades. O programa é executado em parceria com o Corpo de Bombeiros Militares de Santa Catarina. Em todo o Estado serão entregues mais de 12 mil extintores de incêndio e nove mil unidades de iluminação de emergência, além de milhares de placas de sinalização de abandono de local e demais itens de infraestrutura para colocar os sistemas em funcionamento. A ação foi possível a partir da parceria entre a Secretaria da Educação e o FNDE, com investimento de R$ 12,2 milhões.

O curso oferece também aulões preparatórios para os estudantes

PRÓ UNIVERSIDADE PRESENCIAL E ONLINE

Estudantes dos terceiros anos do ensino médio das escolas públicas vão se preparar para o ENEM e vestibulares por meio do Pró Universidade. As aulas presenciais serão realizadas nas escolas definidas em diversas regiões do Estado. O curso disponibiliza ainda 30 mil vagas online para acesso ao portal de estudos, que possui mais de 10 mil exercícios. Também oferece aulões preparatórios, que este ano acontecerão em 18 turmas. A parceria entre a Secretaria da Educação e a FAPEU/UFSC, que teve início em 2013, continua se destacando pelos índices de abrangência e aprovação nos últimos exames.

concurso professores OSVALDO NOCETTI

Mais de mil profissionais efetivos irão atuar nas escolas da rede estadual partir do próximo ano letivo. A Secretaria da Educação lançou edital para contratar 600 professores para escolas regulares e indígenas e mais 400 destinados aos cargos administrativos: Assistente de Educação, Supervisor Escolar, Administrador Escolar e Orientador Educacional. Mais informações no edital publicado no site acafe.org.br. As inscrições encerram dia 12 de setembro e a prova objetiva será realizada dia 8 de outubro.

12 / agosto 2017 / escola aberta

IEE NO SISTEMA GOOGLE

A união entre a Secretaria da Educação e o Google continua dando frutos na rede estadual de ensino. No final de julho, o Instituto Estadual de Educação concluiu o processo de migração de dados das quase 6 mil contas de e-mails dos alunos, professores e equipe administrativa da instituição. Pelo acordo, o IEE já está usufruindo da segurança e praticidade da plataforma Gmail e também de uma série de outros aplicativos voltados exclusivamente à educação e interação entre professores e alunos. Para uso adequado das ferramentas disponíveis, a Secretaria realizou curso de formação aos professores e às equipe administrativa, focado não somente na parte técnica, mas principalmente nas possibilidades pedagógicas do novo sistema.

fique sabendo

As três professores de Santa Catarina, Gislane Freitag, Andréia Viliczinski e Raquel Gullini estão entre as 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10.

secretaria de estado da educação


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