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COVID19: última chamada à regeneração
Apesar de ainda se continuar a estudar o contexto ambiental e zoonótico da atual pandemia da COVID19, bem como o risco de futuros surtos de zoonose, tudo aponta para que existam certos fatores que promovem o aparecimento destas doenças, provocadas quando um vírus passa de uma espécie animal para o ser humano. As Nações Unidas resumem sete fatores fundamentais (PNUMA-FAO-OIE-OMS, 2020):
1) o aumento da procura de proteínas animais;
2) a intensificação da agricultura;
3) a exploração das espécies selvagens;
4) a utilização insustentável de recursos naturais acelerada pela urbanização, alterações do uso do solo e indústria extrativa;
5) o aumento dos deslocamentos e do transporte;
6) as alterações no fornecimento de alimentos; e
7) a mudança climática.
Destes sete fatores, quatro estão diretamente relacionados com o modelo agroalimentar e todos são indicadores de um desenvolvimento degenerativo em consequência da nossa forma de habitar o planeta.
Trabalhar com a abordagem de “uma só saúde”, regenerando as capacidades da natureza para evitar estes sete fatores é a melhor maneira de prevenir os surtos e pandemias seguintes, bem como de lhes dar resposta. Adotar esta abordagem significa inovar agora, pensando que a saúde humana, animal e de todas as espécie está completamente relacionada. É tempo de reforçar alianças e reunir conhecimentos especializados de
médicos, veterinários, ecologistas, ambientalistas e também do setor público e privado, cidadania e sociedade civil, para agir sobre a saúde de forma integral, sendo conscientes de que, tal como já vimos anteriormente, é necessário inovar para abordar alternativas económicas.
Esta pandemia representou talvez o sinal mais amargo e mais inequívoco de que não há tempo a perder. Este é o último apelo para, não só alcançar a neutralidade em termos de emissões e extração de recursos daqui a 30 anos, mas também para recuperar nesse prazo as três últimas décadas, em que temos vindo a acumular um deficit ecológico que nos coloca à beira da incerteza.
As boas notícias são subjacentes à capacidade inigualável do ser humano para a inovação e a transformação, e à capacidade demonstrada pela natureza para a regeneração, embora os seus tempos sejam muito dilatados.