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FUNDAMENTOS DA GESTÃO MINISTERIAL

ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

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FUNDAMENTOS DA GESTÃO MINISTERIAL

GESTÃO

Para compreender a abrangência da gestão ministerial é necessário que se entenda o significado e sentido da palavra “gestão” separadamente da palavra “ministerial”, da qual estamos um pouco mais acostumados.

Após a reflexão sobre a complexidade que envolve tais palavras, talvez surja o medo de atuar numa área tão complexa dentro da Igreja, porém, os resultados alcançados através da aplicação de técnicas de gestão nos mais diversos ministérios, demonstram que vale a pena mergulhar nessa área para que os objetivos propostos sejam alcançados.

Gestão, segundo o Dicionário Houaiss, é um substantivo feminino que significa “ato ou efeito de gerir; administração, gerência”. Contudo, compreenderemos melhor o sentido da palavra se considerarmos que ela possui uma raiz latina, “gest” -, que explica que gestão também é o “ato de dirigir algo, além de administrá-lo ou gerenciá-lo”.

Dessa forma, refletindo sobre o termo gestão, perceberemos que a abrangência de seu significado é muito mais significativa do que simplesmente o “ato de gerenciar algo”, uma Igreja, por exemplo. Gerenciar é muito simples: uma empresa nas mãos de um administrador, provavelmente, será bem gerenciada, quer dizer, bem administrada. Há diferença conceitual entre administrar e gerir uma empresa. De igual maneira, devemos ressaltar as diferenças entre administrar e gerir uma Igreja. A ação de pastorear não encontra relação com a ação de administrar: Igreja não é uma Instituição que deve ser administrada pelo pastor, afinal, pastores não deve-

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riam ser administradores. Porém, o ato de pastorear encontra, em nosso contexto, reforço e complementação no ato de gerir. Pastores podem e devem ser gestores. Isso quer dizer que para pastorear bem, devem gerir a Igreja.

Outra informação sobre a raiz da palavra gestão “gest” - faz menção à “ação de gerir”, mas com uma compreensão mais ampla. Desta mesma raiz, também temos “gestação”; sendo assim, a “gestão como um período e uma preparação necessários que antecede o nascimento...”. A compreensão sobre a gestão é expandida quando se pensa que gestão é o ato de “gestar”.

Gestar uma Igreja é fruto do sonho de Deus para o povo que se reúne em seu Nome; povo de Deus, composto por pessoas que “nasceram de novo” quando aceitaram a Cristo como Salvador. O pastor/gestor é aquele que sonha os sonhos de Deus e os proclama ao povo, para que possam caminhar todos na mesma direção. O gestor é, antes, um sonhador, alguém que sonha o mesmo sonho de Deus, seu Reino presente no meio das pessoas que O servem. O Reino que promove amor, justiça, liberdade, alegria, gratidão e salvação.

Gestar é o ato de trabalhar para a realização deste sonho. Para isso, a liderança pastoral é fundamental. Portanto as técnicas de gestão devem ser ferramentas que contribuam para esse objetivo. O pastor não deve olhar essas técnicas como um fim em si mesmo, mas deve observá-las, para que os resultados resultem na realização do objetivo estabelecido.

O que diferencia um administrador de um gestor é o necessário envolvimento que o gestor tem com o trabalho, pois o acompanhou desde antes do seu nascimento, o viu nascer, sistematizou todas as tarefas, atividades, conhece a razão de algo ser feito de determinada forma, etc. É mais do que administrar ou gerenciar (no sentido mais simples e metodológico), é gestar, cuidar para que a obra cresça, se desenvolva, frutifique do mesmo modo como a mulher “gesta” uma vida dentro do seu ventre.

Há ainda outra forma de compreender a amplitude do radical “gest”-. O radical latino que significa “administrar, gerenciar, gerir”, sugere que isso só é possível através de um gesto daquele que é o gestor. O pastor/gestor é aquele que sonhou, planejou, mobilizou o povo, gesticulou apontando a direção, o destino que deveria

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ser perseguido pelo povo. Evidente! Sonho traduzido em ações, técnicas gerenciais, estratégias e objetivos só existem quando se sabe aonde quer chegar.

Vejamos alguns fundamentos apresentados para a gestão ser mais bem compreendida:

GESTÃO - ATO DE GERIR, GERENCIAR, LIDERAR

GERENCIAR Administrar os processos para manter o funcionamento do trabalho, e apresentando os resultados esperados.

LIDERAR Estar à frente, mostrar a direção, fazer tudo para alcançar os objetivos.

GESTAR

GESTICULAR

Só é possível “gestar” um sistema de gerenciamento quando se sabe aonde quer chegar, através do estabelecimento de objetivos, estratégicas e ações que são oriundas do processo de sonhar com tais objetivos. Gestar é fundamental para o processo de engajamento de funcionários.

Ato de mostrar a direção ao povo, para que todos cumpram o mesmo caminho; função do líder, daquele que sonhou o local para onde todos, focados, caminharão para alcançar os objetivos estabelecidos.

Apesar de toda essa conceituação, fundamental para a perfeita execução de inúmeras atividades em diversos setores, não devemos perder o conceito de que a gestão é, na prática, um conjunto de normas e funções cujo objetivo é disciplinar os elementos de produção e submeter os resultados da produção a um controle para obtenção de um resultado adequado.

Existem inúmeras ferramentas que fazem parte de um processo de gestão, mas o pastor, mais do que qualquer outro gestor, deve lembrar-se sempre de seu chamado e, em função disso, cumprir a vontade de Deus, em ver sua Igreja organizada e crescendo, sob uma análise crítica (explicaremos isso mais adiante). Quando se sabe quais são os sonhos de Deus e as prioridades organizacionais é possível trans-

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mitir o local que é o destino, estabelecer ações para atendimento dessa direção, desse gesto, de modo que todos percorram o mesmo caminho.

O pastor, que também é gestor e líder, sonha, aponta a direção, define as estratégias e separa os grupos, planeja cada etapa visando o crescimento do trabalho eclesiástico (compra de terreno, construção da Igreja, fechar contrato de prestação de serviços, etc).

MINISTÉRIO

Ministério é uma palavra largamente utilizada pela Igreja para designar uma atividade específica, um departamento ou um grupo de pessoas que têm uma atividade comum. Não deixa de ser uma seção de trabalho dentro do ambiente eclesiástico; contudo, deve ter uma estrutura organizada para que os trabalhos a que se dedicam, possam ser executados e alcancem o resultado esperado.

Alguns exemplos típicos de ministérios dentro de uma Igreja:

a) - Ação Social b) - Música c) - Educação Cristã d) - Teatro e) - Coreografias f) - Oração

A lista é infinita, pois de acordo com a denominação da Igreja, o contexto na qual está inserida, sua localização, seus membros, as pessoas que a freqüentam, as pessoas que se quer evangelizar, surgirão necessidades que deverão ser atendidas por um grupo de irmãos da Igreja que se organizarão num ministério para esses trabalhos específicos.

O pastor/gestor deve compreender, no entanto, que todos os ministérios que

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existirem dentro de sua Igreja serão, em última análise, sua responsabilidade, seja eclesiástica, seja espiritual, seja civil. É importante lembrar-se disto, pois são pessoas que dedicam tempo de sua vida para um ministério que lhes é relevante, e essas pessoas precisam de orientação, de capacitação para o ministério, e de ânimo para que não esmoreçam diante das dificuldades.

O pastor/gestor também deve compreender que, comumente, a Igreja é formada por pessoas que não estão capacitadas para a realização de todo o trabalho. Antes, é bem provável que esse grupo necessite de acompanhamento periódico, principalmente no início do trabalho, pois é comum a expressão de que “Deus não escolhe os capacitados, Ele capacita os escolhidos”. Isso é fato! Encontramos dentro das Igrejas pessoas “de boa vontade”, que apenas precisam de uma motivação, uma direção para que seu ministério seja desenvolvido para a honra e glória de Deus.

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