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PROPÓSITOS DA ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

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PROPÓSITOS DA ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

“Gestão ministerial é o conjunto de atividades coordenadas ou executadas por uma pessoa ou grupo com o objetivo de dar objetividade, transparência, coerência para uma atividade de modo que essa possa ser gerenciada, avaliada e melhorada continuamente para se alcançar os propósitos estabelecidos.”

O propósito de um pastor estudar gestão ministerial encontra fundamento em dois princípios que remetem ao seu chamado pastoral:

1) Não deve fazer relaxadamente a obra que o Senhor lhe confiou; 2) Deve ser responsável e não atribuir, covardemente, eventuais fracassos a Deus.

Atualmente as Igrejas se proliferam por todos os cantos das cidades e muito tem se discutido sobre o valor real da capacidade pastoral de alguns homens e mulheres que, deliberadamente, se auto-intitulam pastores, apóstolos, bispos, além de outros termos. Portanto, é importante que o pastor adote sérias medidas para que seu ministério seja mais organizado, planejado e alcance resultados que, espiritualmente, também será fruto do empenho e da dedicação do próprio pastor.

Além disso, é sabido que há muitas “Igrejas” que abusam da ingenuidade das pessoas e promovem encontros pseudo-espirituais que arrebanham corações dilacerados e vidas desestruturadas. Porém, são muito bem gerenciadas (mas não geridas, certo?) por pessoas que enxergam a Igreja tão somente como uma “loja de serviços espirituais”, sem se importarem realmente com a vida das pessoas.

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A diferença entre gerenciar e gerir encontra-se no papel de alguém que de fato é chamado para o trabalho pastoral. A partir dessa verdadeira motivação e chamado, as ferramentas de gestão da qualidade utilizadas passam a ser um instrumento a mais, que têm apenas o objetivo de ajudar o pastor e sua equipe de ministérios a cuidar do rebanho. Não se trata de utilizar técnicas mercadológicas para aumentar a “clientela”, e sim, de usar técnicas de planejamento para que os frutos da dedicação e empenho demonstrados pelo servo de Deus sejam maiores, visto que foram cuidados, geridos, sonhados e planejados da melhor maneira.

A principal ferramenta de organização de uma Instituição que preza pela qualidade é a norma ISO 9000. Ela apresenta um conjunto de conceitos que, quando bem empregados, organizam todas as rotinas e planejamentos da organização que tem um objetivo comum. Da mesma forma, a Igreja pode e deve utilizar-se de tais diretrizes normativas para regulamentar suas formas de trabalho.

A seguir, iremos analisar alguns cenários comuns dentro das Igrejas evangélicas em relação com seus ministérios. Provavelmente são situações que muitos de nós já vivenciamos, e, em algum momento lamentamos pela falta de organização de um trabalho que é para a honra e glória do Senhor.

CENÁRIO 1

O pastor e o grupo de jovens decidem que o evangelismo juvenil será o grande tema do mês de Julho, aproveitando que é período de férias e muitos jovens poderão se envolver mais com a Igreja. Numa reunião, surgem idéias de programações para que os jovens da Igreja possam convidar outros jovens não-evangélicos para momentos de comunhão e confraternização.

Após o início da reunião, que estava previsto para quinze horas do sábado, mas que teve início somente às quinze horas e quarenta e cinco minutos, o líder do grupo diz que pretende fazer um culto com o Dia do Sorvete no último sábado do mês. Os jovens consideram a programação insuficiente e resolvem fazer um Festival

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de Louvor durante os sábados tendo o grande encerramento no Dia do Sorvete. Reunião encerrada ficou combinado que a partir do próximo sábado já aconteceria o primeiro “Louvorzão” do mês.

Foi necessária uma reunião de emergência na segunda semana para alinharem questões que envolviam brigas internas no Grupo de Louvor devido ao número de cânticos e horário dos ensaios, além de se questionar a razão de terem poucos visitantes. O pessoal não entendia bem o que estava acontecendo, pois na sexta-feira à noite haviam se reunido para orar pela programação.

CENÁRIO 2

Uma Igreja tradicional resolveu fazer um Culto Evangelístico com um músico evangélico de grande expressão. Tiveram essa idéia, pois pensaram que o público que não costuma freqüentar Igrejas ficaria muito desapontado em ver uma péssima apresentação, então era melhor garantir a qualidade musical do Culto Evangelístico.

Cantor agendado. Começou o trabalho de divulgação para conhecidos, amigos, parentes. Optaram por não avisarem outras Igrejas como forma de não encher a Igreja com pessoas que já eram crentes.

O grande dia chegou! O Ministério de Visitação foi destacado para receber os visitantes e pegar nome e telefone para um futuro contato. Tinha uma iluminação especial no templo e a Igreja estava enchendo. No início do evento, o cantor famoso foi apresentado pelo Ministro de Louvor.

Quando foi dada a palavra ao cantor, ele quis saber quantos visitantes não crentes estavam presentes. Milagrosamente uma pessoa levantou a mão! Sabiamente, o cantor reviu toda sua programação em cinco segundos e fez uma programação que mais “puxava a orelha” dos crentes do que evangelizava.

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CENÁRIO 3

O Ministério de Sustento da Igreja precisou começar a dar avisos e colar cartazes para que os membros contribuíssem com alimentos não-perecíveis e também com produtos de higiene pessoal para a montagem das cestas básicas que atendiam, entre famílias da Igreja e outras famílias, aproximadamente cinqüenta lares.

Após um processo eleitoral que acabou por acrescentar um obreiro ao Ministério, foi realizada uma reunião para apresentar a sistemática de trabalho e, para variar, houve um grande tempo de lamento pelo não envolvimento da Igreja num Ministério tão importante para o Reino de Deus, o Ministério de dar pão a quem tem fome.

O obreiro, naquela semana, foi visitar as famílias que eram assistidas pelo Ministério do Sustento e voltou chocado com o que viu! Famílias que tinham automóveis, filhos em escolas particulares, cestas básicas com produtos melhores para famílias da Igreja, cestas básicas incompletas para aqueles que “não eram irmãos”. No fim das contas, somente quinze famílias foram consideradas carentes que realmente precisavam do sustento oferecido pelo Ministério.

CENÁRIO 4

Ao fim do ano, quando o pastor reuniu sua equipe ministerial formada por vinte ministérios que agregavam os mais diversos trabalhos que uma Igreja poderia oferecer para uma Igreja composta por quinhentos membros, verificou-se que:

1) Houve cinqüenta membros novos no ano; 2) Destes cinqüenta, trinta eram pessoas que haviam vindo de outras Igrejas; 3) O grupo de Louvor não havia lançado nenhuma música nova durante o ano; 4) O departamento de Assistência Social continuou entregando vinte cestas básicas mensais; 5) Por problemas de tempo, o Ministério de Artes não conseguiu apresentar a

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peça de Natal; 6) A arrecadação apresentada pela Tesouraria mostrou uma inconstância na contribuição, e; 7) A idéia de dois cultos por domingo poderia ser reconsiderada devido ao aumento de membros.

Ao final da reunião, decidiram que a Liderança da Igreja deveria programar um jejum e uma vigília para que Deus abençoasse os trabalhos, pois o ano não tinha sido fácil, mas estavam gratos a Deus, pois Sua vontade tinha sido realizada e estavam felizes, pois mais uma vez, tinham sido usados por Deus.

COMENTÁRIOS

Em todos os cenários vemos problemas que são corriqueiros nas Igrejas. Pessoas se frustram por trabalhos mal organizados e planejados. Além destes cenários, há inúmeras outras situações que prejudicam o trabalho da Igreja porque não foram plenamente organizadas. Por exemplo:

1) Estudos bíblicos desinteressantes; 2) Pregações que não tem nada a ver com o contexto da Igreja; 3) Programações repetitivas; 4) O descaso das Igrejas frente às novas tecnologias; 5) O fato de as crianças, adolescentes e jovens serem esquecidos pelas Igrejas tradicionais; 6) O fato de a Igreja não ter relevância no local onde está plantada.

Os propósitos da Gestão Ministerial são relacionados aos problemas que as Igrejas atualmente enfrentam, como:

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1) A concorrência entre as próprias Igrejas evangélicas; 2) O descaso de algumas Igrejas frente às necessidades do público que a freqüenta; 3) A atuação e resultados frustrantes dos ministérios, aliados a um desgaste de energia que desanima os líderes e a própria Igreja; 4) O fato de a Igreja não saber para aonde caminhar, como se não existisse razão de existir.

Nessa etapa, chamada de Diagnóstico, é que o pastor/gestor e sua equipe de líderes devem reunir-se, preparados espiritualmente, para, depois de ouvirem a voz de Deus, discutirem com maturidade quais são os passos que a Igreja deve trilhar para cumprir seu propósito dentro do Reino de Deus.

A norma ISO 9001.2000 – que será revisada ao final de 2008 sem alteração em sua estrutura e propósito, mantendo os mesmos requisitos e tendo ajustes em terminologias – é uma ferramenta para a gestão da qualidade dentro de uma organização. Ela, portanto, pode ser aplicada dentro de uma Igreja, com restrição aos requisitos voltados para o ambiente empresarial e industrial. Enfim, sua organização baseada no PDCA (ferramenta de avaliação e tomada de decisão) é fundamental para que as Igrejas se estruturem e se preparem inteligentemente para alcançar corações e mentes cada vez mais exigentes, mesmo em assuntos espirituais.

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