4 minute read

INTRODUÇÃO

ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

A necessidade de organização é inerente às atividades humanas, que desde muito tempo estão presente nas preocupações das pessoas que pretendem melhorar os resultados de suas ações. Tradicionalmente, a palavra gestão é utilizada no ambiente corporativo das grandes empresas, relacionada à necessidade de se garantir uma boa organização financeira, profissional e técnica para se atingir os objetivos estabelecidos pelos acionistas. Para isso, as empresas fazem uso de planejamentos, gráficos, planilhas, indicadores, procedimentos e um batalhão de funcionários para garantir sua organização e seu bom funcionamento.

Advertisement

Contudo, muitas são as empresas de pequeno e médio porte que observaram a filosofia por trás da Gestão da Qualidade e concluíram que também poderiam aplicar algumas dessas técnicas, para que seus negócios tivessem resultados mais expressivos. Os clientes também esperam, e até exigem, que os níveis de qualidade aumentem, pois as expectativas são cada vez maiores à mesma medida que as exigências do mercado se tornam igualmente maiores.

A globalização dos mercados influenciou a natureza e a organização das empresas, que, para terem seus objetivos econômicos alcançados, precisaram adequar suas estratégias e formas de trabalhar, demonstrando objetividade, transparência e comprometimento em melhorar continuamente a qualidade de seus produtos e/ ou serviços. Afinal de contas, qual é a empresa que pretende relacionar-se comercialmente com outra, contando com os materiais ou serviços fornecidos, sem saber como anda a saúde da qualidade e das finanças do parceiro comercial que pode, num caso de falência, prejudicar o seu próprio negócio?

Dessa forma, a Gestão se apresenta como uma ferramenta que contribui imensamente às empresas de grande, médio e pequeno porte a alcançarem seus objetivos. Na área comercial, esses objetivos giram em torno do lucro, crescimento e consolidação.

Porém, observamos facilmente que há instituições sem fins lucrativos que fa-

95

ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

zem parte da nossa sociedade, e que necessitam igualmente de eficácia para atingirem seus objetivos, como é o caso de entidades filantrópicas, ONGs, além de várias outras. Obviamente, o objetivo de entidades desse tipo não é – ou não deve ser – o lucro; mas trata-se de objetivos fundamentais para a nossa vida em sociedade, como contribuições nas áreas da educação, arte, cultura, saúde, preservação do meio ambiente, entre outras.

Entidades desse tipo nasceram fruto do amadorismo e do voluntariado de muitas pessoas. Mas com o tempo surgiu a necessidade de maior e melhor organização desses setores. Pois, muito embora não buscassem o lucro, seus objetivos não eram menos valiosos e também precisavam ser alcançados. Observamos, então, a profissionalização de entidades sem fins lucrativos como uma necessidade de se firmarem e darem a sua contribuição à sociedade.

Neste contexto, podemos observar também as Igrejas, que claramente tem um objetivo muito diferente de qualquer empresa ou entidade sem fins lucrativos: a missão da Igreja é a de proclamar o Evangelho de Jesus Cristo, que é salvação! Mas de igual forma, as Igrejas precisam ser eficientes na sua missão, sob o risco de serem totalmente descartáveis para o Reino de Deus e para a sociedade na qual está inserida.

Ora, se nas empresas nas quais as pessoas trabalham são utilizadas ferramentas gerenciais que promovem o crescimento e evolução da organização, por que essas pessoas precisam se envolver com as questões do Reino de Deus sem o mesmo cuidado?

Além do mais, a necessidade de organização para que se possa atingir melhores resultados não é estranha à Bíblia. Um dos casos mais antigos e famosos é o de Moisés e de seu sogro Jetro. Jetro deu conselhos a Moisés, que estava encontrando muitas dificuldades na difícil tarefa de liderar o povo de Deus, na saída do Egito em busca da Terra Prometida. Moisés não estava conseguindo atender e resolver todos os problemas que lhe apareciam, e Jetro o aconselha a criar um regime de governança, no qual Moisés deveria localizar pessoas aptas entre o povo, desafiá-las e posicioná-las, de maneira que as responsabilidades fossem divididas e sobrasse mais tempo para que Moisés se ocupasse dos assuntos mais difíceis e importantes.

96

ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

É através dessa reflexão que a Gestão Ministerial nasce dentro das Igrejas. O objetivo não é transformar a Igreja numa grande empresa, como infelizmente observamos que em alguns casos o resultado foi esse. Isso é enormemente prejudicial para a causa do Evangelho, pois as Igrejas acabam imitando as empresas e enxergando as pessoas como números e peças de uma engrenagem.

Porém, isso não significa que, em função de um ambiente “amador”, as mesmas devam estar fadadas ao fracasso, quando devemos ter o objetivo de trabalhar em prol do Evangelho e do Reino de Deus. Saibamos que podemos fazer isso de modo organizado, planejado e objetivo, promovendo o desenvolvimento da Igreja, de seus departamentos e de seus membros, dentro do conceito de missão integral.

Desta forma, vamos estudar algumas ferramentas de gestão aplicadas ao ministério eclesiástico, sem nos esquecermos que são, justamente, ferramentas, meios para se alcançar o objetivo de estar a serviço do Reino de Deus. Nunca nos esqueçamos que os meios não devem substituir o fim. Ou seja, a Gestão Ministerial só tem importância enquanto contribuir para a causa do Evangelho!

97

This article is from: