EPÍSTOLA GERAL - MÓDULO BERILO - SBL

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EPÍSTOLAS GERAIS

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ÀS EPÍSTOLAS GERAIS

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EPÍSTOLA DE TIAGO EPÍSTOLAS DE PEDRO RESUMO DAS EPÍSTOLAS DE PEDRO

60 63 68

EPÍSTOLAS DE JOÃO INTRODUÇÃO ÀS EPÍSTOLAS JOANINAS I EPÍSTOLA DE JOÃO 2 EPÍSTOLA DE JOÃO 3 EPÍSTOLA DE JOÃO

81 82 86 94 95

A EPÍSTOLA DE JUDAS

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REFERÊNCIAS AVALIAÇÃO

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EPÍSTOLAS GERAIS

INTRODUÇÃO ÀS EPÍSTOLAS GERAIS O contexto histórico e geográfico das Epístolas Gerais, como de todo o Novo Testamento, pode ser descrito a partir do contexto histórico-geográfico do Império Romano, regime governamental dominante, ao qual pertenciam as regiões da Palestina e Ásia Menor, regiões onde foram escritas ou para onde foram enviadas as Epístolas Católicas (gerais), escritas por Tiago, Pedro, Judas e João, as quais seguem com as suas possíveis datas e locais onde foram escritas: Epístola

Data

Local onde foi escrita

Hebreus

64 a 67 d.C.

Algum lugar da Itália

Tiago

40 – 50 d.C.

Possivelmente Jerusalém

1 Pedro

63 d.C.

Roma, chamada simbolicamente de Babilônia (5.13)

2 Pedro

63 – 64 d.C.

Roma

1 João

85 – 95 d.C.

Éfeso

2 João

85 – 95 d.C.

Éfeso

3 João

85 – 95 d.C.

Éfeso

Judas

60 – 70 d.C.

Desconhecido

Se tomarmos como base as prováveis datas em que foram escritas as epístolas, conforme o gráfico, tendo sido a primeira escrita por volta do ano 40 d.C. e a última por volta do ano 95 d.C., poderemos destacar alguns fatos e lugares desse período: Conforme Tenney (1995, p. 36-39), no início desse período epistolar o império romano era governado por Cláudio (durante 41 – 54 d.C.), que expulsou os judeus de Roma por causa de tumultos instigados por um tal “Chrestus”. É incerto afirmar se este seria Jesus Cristo ou algum insurgente da época. O último imperador desse período foi Domiciano (durante 81 – 96 d.C.), ao qual foi atribuída uma perseguição aos cristãos, que possivelmente serviu de pano de fundo para o livro do Apocalipse.No ano de 64 d.C. a cidade de Roma, então capital do império, foi incendiada e parte dela destruída, suspeitas recaíram sobre o imperador da época, 48

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EPÍSTOLAS GERAIS Nero, porém os cristãos foram acusados do fato.Nesse período, ocorreu a destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C., pelo então general Tito, que posteriormente se tornaria imperador, substituindo seu pai Vespasiano, segundo Gundry, Tito crucificou cerca de 500 judeus em um só dia.“Segundo a tradição, o apóstolo João viveu em Éfeso nos anos que precederam a sua prisão na Ilha de Patos” (ANDRADE, 2006, p. 252).

Estima-se que a população judaica no Império Romano seria de quatro milhões de judeus, cerca de 7% da população total do mundo romano; a língua oficial falada no império era o latim, porém no lado palestino do império os habitantes falavam o grego, o hebraico e o aramaico. Os sistemas de transportes eram precários, as pessoas viajavam a pé ou em lombo de burro, a cavalo ou em mulas. O transporte também era feito por água, o porto de Alexandria era o principal porto, por onde escoava a produção de cereais.

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EPÍSTOLAS GERAIS AS PRINCIPAIS CIDADES

Os principais lugares que serviram de pano de fundo para as epístolas gerais são: Jerusalém, Roma e Éfeso. Jerusalém A cidade de Jerusalém situa-se entre dois vales principais: o Cedrom, a leste, e o Hinom, a oeste e ao sul. O planalto entre os dois vales onde a cidade está construída está ligado ao planalto da Judeia, ao norte. A data de sua fundação é desconhecida, mas algumas escavações trouxeram evidências que provam que já existia durante a 12ª dinastia egípcia (séculos 19 e 18 a.C.). A primeira menção a Jerusalém na Bíblia é em Gênesis 14.18-20, sob o nome de Salém. Quando o reino foi dividido, Jerusalém era a capital do reino do Sul. Foi palco do primeiro concílio da igreja, registrado em Atos 15. Éfeso Capital da província romana da Ásia, uma das três maiores cidades do litoral leste do mar Mediterrâneo. Cidade da deusa Diana, cujo templo era uma das sete Maravilhas do Mundo Antigo. Roma Fundada em 753 a.C., sobre sete montes, a uma distância de 25 quilômetros da foz do rio Tibre. Atualmente, situa-se em uma planície ao norte dos sete montes. Nos tempos apostólicos, a população da cidade era cerca de 1,2 milhões de pessoas, a metade destes constituía-se de escravos e uma grande parte das pessoas livres vivia de esmolas. CONCLUSÃO

Podemos ver que estas epístolas tiveram como contexto o mundo “globalizado” da época, pois foram escritas por judeus que falavam tanto o grego como o hebraico, para difundir, orientar ou alimentar a fé de pessoas que se encontravam num ambiente gentio-helênico, em cidades que representavam povos diferentes, mas que estavam sob o domínio de um único império, o romano. 50

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EPÍSTOLAS GERAIS QUADRO GERAL

Epístola

Autoria

Data

Destinatário

Cristãos judeus Hebreus Desconhecida 64 a 67 d.C. provavelmente de Roma

Palavra chave

Mensagem central

Fidelidade

A superioridade de Jesus

Obras

Exortações sobre a conduta cristã na vida diária.

Tiago

Tiago meioirmão de Jesus

40 – 50 d.C.

Aos cristãos judeus que estavam fora da Palestina.

1 Pedro

Pedro, o apóstolo

63 d.C.

Cristãos da Ásia Menor

Perseguição

A salvação e a conduta dos crentes que sofrem.

2 Pedro

Pedro, o apóstolo

63 – 64 d.C.

Cristãos da Ásia Menor

Ortodoxia

O verdadeiro conhecimento da fé cristã contra os falsos mestres.

1 João

João, o apóstolo

Cristãos na 85 – 95 d.C. região ao redor Fortalecimento de Éfeso

2 João

João, o apóstolo

85 – 95 d.C.

Certa igreja local

Retidão

O amor cristão e a verdade cristã.

3 João

João, o apóstolo

85 – 95 d.C.

Gaio

Repreensão

Uma disputa eclesiástica.

Judas

Judas, meioirmão de Jesus

60 – 70 d.C.

Cristãos em toda parte

Advertência sobre os falsos mestres da igreja.

Critérios da verdadeira crença e prática cristã, em contraste com o gnosticismo.

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EPÍSTOLAS GERAIS EPÍSTOLA AOS HEBREUS

Mais questões do que respostas se levantam sobre as circunstâncias da escrita do livro de Hebreus. Examinaremos brevemente algumas delas, porque examinar as circunstâncias que fizeram que um livro fosse escrito nos ajuda a entendê-lo. Mas já que há tantas questões sobre Hebreus que não podem ser respondidas, vamos às questões que podem ser conhecidas e discutidas. O ASSUNTO DO LIVRO

A questão mais importante e mais fácil de responder é: qual é o tema do livro? O autor ressalta a superioridade de Jesus. Seu ponto é: Sejam fiéis a Cristo, custe o que custar! Ele é superior aos anjos e a Moisés; seu sacerdócio é superior ao de Levi; e seu sacrifício é superior aos sacrifícios de animais da velha lei. Os cristãos judeus do primeiro século estavam numa posição inigualável. Os judeus tinham sido, durante quinze séculos, o povo escolhido de Deus. Sua lei veio diretamente de Jeová. Os judeus fiéis do Novo Testamento tentavam, arduamente, agradar a Deus, mesmo quando não entendiam exatamente como isso deveria ser feito. Quase todas as cidades do mundo mediterrâneo tinham uma sinagoga de judeus, que se reuniam fielmente todos os sábados. Mas, como nação, eles rejeitaram a declaração de Jesus, de que era o Messias. Os judeus o proclamaram impostor, crucificando-o. Quando um judeu aceitava a declaração de Jesus, tornava-se, imediatamente, alvo de perseguição por aqueles da sua raça. Grande pressão era exercida sobre cada indivíduo, quando se voltava para Cristo, tanto em Jerusalém, onde a igreja começou (veja Atos 1.12), como nas cidades através do mundo romano, onde havia judeus e gentios. Portanto, as lições do livro de Hebreus foram apropriadas a qualquer situação depois que a igreja começou. O cristão judeu recém-convertido podia aliviar rapidamente a oposição exercida contra si, renunciando a sua fé em Cristo. Sem dúvida, a tentação foi grande.

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EPÍSTOLAS GERAIS A QUEM FOI DIRIGIDO?

O conteúdo do livro e seu nome mostram que foi escrito para os cristãos judeus. O autor não se dirige a uma congregação em especial. Portanto, ele foi provavelmente escrito para um grande grupo de judeus, como foi o livro de Tiago. Todos os cristãos judeus enfrentavam a oposição de seus irmãos. Todos poderiam ter questões que surgiam sobre se tinham feito a escolha certa, ao se converterem de sua velha lei para servirem a Cristo. Muitos pensam que o livro foi enviado a uma região onde havia uma considerável concentração de cristãos judeus, mas onde seria esse lugar? Não há muitas alternativas: Jerusalém? Mas os cristãos fugiram de Jerusalém no início das guerras, provavelmente no mesmo tempo em que esse livro foi escrito. Também, os cristãos judeus foram forçados a tomar sua posição por Cristo muito cedo. Mas neste ponto, no primeiro século, o homem da Judeia, fraco, não convencido, provavelmente já teria desistido de sua posição por Cristo. Alexandria, no Egito, e o território próximo à antiga Babilônia tinham grandes colônias judias. É possível que a carta tenha sido enviada a uma delas, mas muitos estudiosos acham que foi a Roma. Se essa teoria é verdadeira, então “os da Itália” que enviam suas saudações (13.24) seriam cristãos de fora de Roma, saudando os de dentro da cidade. Por que estudiosos pensam em Roma? Paulo teve grande sucesso com os judeus de Roma, quando veio à cidade como prisioneiro (Atos 28.24). Esses judeus podem ter formado grandes congregações na cidade. Depois que a perseguição de Nero começou, a pressão sobre os cristãos hebreus se intensificou. Agora, além da oposição do seu próprio povo, suas vidas estavam sendo ameaçadas pelo governo romano. Por ser a perseguição tão severa em Roma, os cristãos que ficaram lá estavam sob forte pressão, para renunciarem a sua fé. Deve ter sido tentador desistir, voltar ao judaísmo, que não estava sendo oposto. A mensagem do livro de Hebreus seria especialmente apropriada num momento assim. Cristo é superior a tudo que possamos compará-lo. Não importa o que acontecer, não desista de sua fé. Não volte ao judaísmo.

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EPÍSTOLAS GERAIS Localização do Autor Onde o livro foi escrito? O encerramento do livro diz: “Os da Itália os saúdam” (13.4). Portanto, foi escrito em algum lugar da Itália, mas possivelmente não na própria Roma. Se tivesse sido escrito em Roma, talvez o autor teria sido mais explícito. Também, uma vez que a perseguição era mais agressiva em Roma, muitos cristãos saíram da cidade. Lembre-se que, quando Lucas menciona Áquila e Priscila pela primeira vez, eles tinham vindo recentemente de Roma (Atos 18.2)? Foram para Éfeso com Paulo, no fim da segunda viagem dele (Atos 18.18-19). Perto do fim da terceira viagem de Paulo, quando ele escreveu o livro de Romanos (57 d.C.), o casal estava de volta a Roma (Romanos 16.3). No período em que Paulo escreveu sua segunda carta a Timóteo (depois de 64 d.C.), eles tinham saído de Roma e estavam, possivelmente, vivendo de novo em Éfeso (2 Timóteo 4.19). Provavelmente, Priscila e Áquila estavam entre os muitos cristãos que fugiram de Roma quando a perseguição começou. Quando o Livro Foi Escrito? Os cristãos judeus enfrentavam tribulações desde o começo da igreja, mas quase todos os estudiosos datam o livro depois de 64 d.C., quando começou a perseguição romana. Nesse tempo, a perseguição era muito mais intensa. Ele pode ter sido escrito, aproximadamente, no tempo em que as guerras judias começaram, em 66 d.C., mas antes da destruição de Jerusalém. Se a escrita fosse muito depois de começarem as guerras judaicas, então não teria sido atraente voltar ao judaísmo, por causa do tremendo sofrimento dos judeus da Palestina. A data da escrita é normalmente estimada entre os anos 64 e 67 d.C. O livro pode ter sido escrito depois da morte de ambos, Pedro e Paulo. Esse último fato levanta nossa próxima questão. Quem Escreveu o Livro de Hebreus? Os autores de vários livros do Antigo Testamento são conhecidos, mas Hebreus é o único livro do Novo Testamento cujo autor é desconhecido. Portanto, a questão tem levantado muita especulação. Ninguém pode dar uma resposta satisfatória. Desde os primeiros dias da igreja, alguns disseram que Paulo escreveu o livro. Eusé54

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EPÍSTOLAS GERAIS bio diz que havia dúvida, até mesmo naquela época, sobre quem o escreveu. Muitos da igreja antiga consideravam Barnabé como o autor. Apolo é outro candidato favorito de muitos, ainda que, aparentemente, seu nome nunca tenha aparecido entre os antigos como o autor. Desde que incluímos o livro nesta parte da matéria, em vez de juntar às epístolas de Paulo, mostramos que estamos entre aqueles que dizem não ser Paulo o autor. Considere estas razões: O estilo da escrita do livro de Hebreus é muito diferente daquele dos livros que levam o nome de Paulo. O mesmo Espírito Santo inspirou cada um dos autores da Bíblia, mas permitiu a cada homem escrever em seu próprio estilo. Por exemplo, os escritos de Paulo e os de João são muito diferentes, ainda que ensinassem o mesmo evangelho. Os escritos de Moisés são muito diferentes dos Salmos de Davi, ainda que ambos os homens fossem inspirados pelo Espírito Santo. Essa é uma das provas da inspiração da Bíblia. Se todos os estilos fossem exatamente os mesmos, então alguém argumentaria que a Bíblia era uma grande falsificação, feita por um só homem ou por um grupo de homens. Em vez disso, Moisés, que foi instruído em toda a sabedoria dos egípcios, pôde descrever o mesmo Deus como um pastor da vila de Belém. João, que era da Galileia, um pescador sem instrução, pôde descrever a divindade de Jesus numa linguagem tão sublime, como Paulo, que foi instruído aos pés de Gamaliel. Compare o começo de treze livros, que sabemos serem de Paulo, com o começo de Hebreus. Todos os treze começam com saudações semelhantes. Hebreus é muito diferente. Paulo e o autor de Hebreus, ambos citam o texto do Antigo Testamento muito frequentemente, mas o modo pelo qual introduzem suas citações é diferente. As fórmulas de Paulo — “como (ou segundo) está escrito” (19 vezes), “está escrito” (10 vezes), e “a Escritura diz” (5 vezes) — nunca ocorrem em Hebreus. Outro forte contraste entre os escritos de Paulo e o livro de Hebreus não transparece em nossas traduções. Hebreus é escrito no melhor grego do Novo Testamento. Paulo escreve como um homem altamente instruído, mas instruído como judeu. Hebreus é o escrito de um homem instruído formalmente em um estilo mais 55

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EPÍSTOLAS GERAIS clássico e em retórica. Um homem não escreve treze cartas em um nível de grego e então, subitamente, eleva seu nível de escrita a um estilo muito mais sofisticado. Por que Paulo escreveria seu melhor grego numa carta aos Hebreus, aos judeus como ele, e não aos efésios ou aos coríntios? O terceiro argumento é o mais poderoso. Paulo não media esforços para defender seu apostolado, especialmente contra os mestres judaizantes. Veja esta amostra de seu raciocínio: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gálatas 1.11-12). A estatura de Paulo como apóstolo estava em grande perigo entre os cristãos hebreus. Poderia ser possível, portanto, que fosse Paulo quem escreveu: “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram, dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade” (Hebreus 2.3-4)? O autor distingue claramente entre “nós” a quem o evangelho foi confirmado e “eles”, aqueles que ouviram o Senhor e a quem Deus deu poderosos sinais. Não, Paulo nunca teria se removido das fileiras dos apóstolos para colocar-se nas fileiras daqueles a quem o evangelho tinha sido confirmado pelos apóstolos. Como já se passaram quase dois mil anos desde o tempo da escrita, parece que Apolo seria uma boa escolha como um autor. Ele era um judeu de Alexandria (Atos 18.24). Era um homem eloquente, o que significa que foi treinado em discurso formal e argumentação. Era poderoso nas Escrituras e procurou judeus de Éfeso, a quem pregar sua mensagem. É razoável que ele estivesse especialmente interessado no bem-estar dos hebreus. Como já afirmamos, porém, nenhum dos primeiros autores sugeriu que ele tivesse escrito o livro. Então ele o escreveu? Não sabemos. Nem ninguém mais. Assim, considere a questão e logo passe ao estudo do texto. A mensagem é o que mais importa.

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EPÍSTOLAS GERAIS – Eusébio de Cesareia em “História Eclesiástica” cita sobre a epístola dos Hebreus: “Por outro lado, é evidente e claro que as catorze cartas são de Paulo. Contudo, não é justo ignorar que alguns rechaçaram a carta aos Hebreus, dizendo que a Igreja de Roma não a admite por crer que não é de Paulo. O que foi dito sobre ela por aqueles que me precederam será exposto a seu devido tempo. Naturalmente, também não aceitei entre os escritos indiscutidos os Atos que se dizem ser dele. Mas, como ocorre que o mesmo apóstolo, nas despedidas finais da carta aos Romanos, menciona, junto com outros, a Hermas – de quem se diz que é o livro do Pastor-, deve-se saber que alguns também rechaçam este livro e que por causa deles não se pode contá-lo entre os admitidos; por outro lado, outros julgam-no muito necessário, especialmente para os que precisam de uma introdução elementar. Por esta razão sabemos que foi lido publicamente nas igrejas e comprovamos que alguns escritores dos mais antigos fizeram uso dele”.

E Quanto à Situação de Timóteo? O autor diz que Timóteo “foi posto em liberdade” (13.23). Significa isso que Timóteo tinha estado na prisão? Muitos cristãos foram aprisionados nessa época, tanto em Roma como em algumas províncias. Contudo, é extremamente improvável que Timóteo, sendo posto em liberdade, signifique que ele tenha estado na prisão, a menos que fosse por causa de algum problema local, como Paulo enfrentou em Filipos. Se ele estivesse na prisão por causa das perseguições de Nero, não teria sido libertado. Esse tipo de coisa simplesmente não acontecia durante esse tempo de intensa perseguição. Há uma explicação bem plausível para Timóteo ter sido posto em liberdade. Aproximadamente no início das guerras judaicas, o apóstolo João se mudou para Éfeso, onde, naturalmente, tornou-se uma figura predominante nas igrejas da Ásia. Timóteo não era mais necessário e poderia juntar-se ao autor de Hebreus na Itália. Assim, “foi posto em liberdade”.

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EPÍSTOLAS GERAIS Resumo de Hebreus A argumentação do livro de Hebreus se divide em três partes distintas: – Jesus é incomparável, e mesmo assim Ele se fez homem para cumprir o propósito divino de Deus (1.1; 2.18). – Então, reflita sobre o nosso Sumo Sacerdote e vamos ousadamente ao trono de Deus, para receber suas bênçãos (3.1; 10.39). – Em vista de sua grandeza, continue fiel e persevere (11.1; 12.29). Sinopse de Hebreus O livro de Hebreus é, basicamente, um argumento a que os hebreus não abandonassem Jesus. Não cometam os enganos que seus ancestrais cometeram, tanto em serem infiéis como deixando de reconhecer o valor do que eles tinham. Depois de expor a incomparável grandeza de Cristo, nos dois primeiros capítulos, o autor nos faz considerar o Apóstolo e o Sumo Sacerdote a quem confessamos. A maior parte da carta é uma comparação entre o antigo sacerdócio e o sacerdócio de Jesus. O sacerdócio de Jesus é o supremo, o inexcedível sacerdócio. Assim como o sacerdócio do Antigo Testamento tinha seus regulamentos, seu santuário, seus sacrifícios e sua aliança, também o de Cristo, nosso Sumo Sacerdote, tem seu santuário, seu sacrifício, sua aliança. As funções do sacerdócio do Antigo Testamento não eram suficientes para aperfeiçoar os homens, mas as do sacerdócio de Cristo são completamente adequadas para todas as nossas necessidades. Perto do final da carta, o autor apresenta um argumento emocionante e poderoso. Tome como seu exemplo aquelas pessoas da história judaica que empregavam a fé para vencer as provações. Corram com paciência a corrida que está diante de vocês, olhando para Jesus como o maior exemplo de todos. Em seu último argumento importante, o autor diz: “Lembrem-se de que vocês não vieram ao Monte Sinai físico, mas ao Monte Sião, a cidade do Deus vivo. Não se recusem a ouvir aquele que fala do céu”. O livro encerra com vários mandamentos sobre a conduta em geral.

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DIVISÕES PRINCIPAIS:

Há seis divisões que incluem cinco passagens parentéticas de exortação especial: A grande salvação (1, 2); o descanso de Deus (3, 4) ; nosso Grande Sumo Sacerdote (5-8) ; o Novo Concerto (9, 10) ; o caminho da fé (11) ; o Crente-Sacerdote (12, 13). 4. CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS: A pressão imposta aos primitivos cristãos hebreus era tremenda. Zelosos rabinos faziam tudo o que podiam para fazer os convertidos cristãos voltarem à religião judaica, menos matá-los. A. perseguição e ameaças, eles somavam argumentos, admoestações e súplicas ancoradas nas excelências do judaísmo. Nenhum livro do Novo Testamento contém tantas advertências. As palavras “para que não” ou equivalente são usadas sete vezes, para apresentar o perigo (2.1; 3.12, 13; 4.11; 12.3, 13, 15, 16). A apostasia é mostrada como o pecado mais sombrio que alguém pode cometer. ENSINAMENTOS NOTÁVEIS: Os primeiros quatro versículos consistem numa das mais grandiosas passagens da Bíblia. Algumas pessoas consideram o capítulo 11 como a passagem mais grandiosa de todas as Escrituras. Hebreus é o maior livro da Bíblia para encorajar os crentes na fé, e para desafiá-los a “prosseguir” até a maturidade da perfeição. Enquanto os Evangelhos e os Atos enfatizam a obra consumada de Cristo, este Livro enfatiza a obra “inacabada” que se processa dia a dia à mão direita de Deus (7.25).

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Epístola de Tiago Eusébio de Cesareia descreve minuciosamente o tipo de vida que Tiago levou, e diz que ele era chamado o Justo. O historiador conta que depois que Paulo apelou para César e frustrou a esperança dos judeus de capturá-lo em armadilhas que tinham preparado, eles voltaram seu ódio para Tiago. Aproximadamente na época em que Festo morreu e antes que Albino se tornasse o governador (cerca de 62 d.C., enquanto Paulo era prisioneiro em Roma), os judeus pediram a Tiago que ficasse em uma ala do templo e contasse ao povo a verdade sobre Jesus. Mas quando Tiago começou a afirmar a verdade das declarações de Jesus, os sacerdotes e fariseus se aproximaram de Tiago e o jogaram ao chão, dizendo: “Apedrejemos Tiago, o Justo”. Quando começaram a apedrejá-lo, ele orou: “Eu te imploro, ó Senhor Deus e Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem”. Enquanto apedrejavam-no, um sacerdote dos filhos de Recabe (isto é, um dos recabitas a quem Jeremias falou em Jeremias 35), disse: “Parem! O que estão fazendo? Justo está orando por vocês”. Então um homem da multidão, um pisoeiro (aquele que lavava roupas para o público), esmagou a cabeça de Tiago com o pisão que ele usava para bater as roupas que lavava. Os judeus enterraram Tiago próximo do templo, onde, de acordo com Eusébio, sua lápide permanecia. Eusébio cita Hegesipo na maior parte de suas informações sobre Tiago. Ele se refere aos escritos de Clemente e cita Josefo, que também fala da morte de Tiago. AUTOR Não pode haver dúvida de que Tiago, o irmão de Jesus, escreveu o livro de Tiago. Paulo o identifica como o Tiago que era proeminente na igreja de Jerusalém (Gálatas 1:.9). Eusébio e outros também o identificam como o irmão do Senhor. DATA Estudiosos discordam sobre se o livro de Tiago foi escrito antes da conferência

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EPÍSTOLAS GERAIS de Jerusalém (49 d.C.) ou pouco antes de sua morte. Há poucas evidências em que basear a decisão. A influência de Tiago em cerca de 60 d.C. teria sido muito maior do que no período anterior à conferência de Jerusalém. Também, ainda que houvesse perseguição nos anos antes da conferência, o clima no ano 60 d.C. era muito mais de iminente perseguição e sofrimento. Os argumentos não são conclusivos para nenhuma das duas datas, mas cremos que a evidência é mais forte para o ano 60 d.C. Se nossa estimativa é correta, então a escrita aconteceu por volta da mesma época ou pouco depois da escrita do Evangelho segundo Lucas (58-60 d.C.). Paulo ainda estaria na prisão, em Cesareia, ou a caminho de Roma, no navio que naufragou. Tiago morreu antes que a perseguição romana sob Nero começasse. Portanto, quando ele fala da “provação da vossa fé”, ele se refere à perseguição pelos judeus. Lembre-se de que ela também era intensa, especialmente em certas localidades. DESTINATÁRIO

Tiago endereça seu livro às “doze tribos que se encontram na Dispersão”. Ele poderia estar usando o termo “doze tribos” figuradamente para significar o “Israel espiritual”, isto é, todos os santos, quer judeus quer gentios. Mas mais provavelmente, ele estava se dirigindo aos judeus fiéis, onde quer que vivessem. Tiago realizou a maior parte do seu trabalho em Jerusalém, com os cristãos judeus de lá. Até mesmo os judeus que estavam espalhados por todo o mundo mediterrâneo teriam sentido um laço íntimo com Tiago, uma vez que ele concentrava seu trabalho entre eles. O livro não é escrito para os judeus incrédulos, mas aos que acreditavam que Jesus era o Cristo. Já que o Novo Testamento está preenchido com tantos escritos de Paulo, às vezes esquecemos que muitos judeus também acreditavam na boa-nova do evangelho (veja Atos 21.20). Sinopse de Tiago Estudiosos concordam que é difícil encontrar um tema central em Tiago. Precisamos ser precavidos, para que não forcemos Tiago num molde em que ele não se ajusta. 61

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EPÍSTOLAS GERAIS A coisa mais próxima de um tema que eu encontro em Tiago é a fé. Ele discute a comprovação da nossa fé no capítulo 1. Também nos adverte a não mantermos a fé de nosso Senhor Jesus Cristo com acepção de pessoas em 2.1-13; e mostra o estado morto da fé sozinha em 2.14-26. Há a oração da fé em 5.15. Se há um tema, é o exercício de nossa fé em resistir à tentação, em buscar as bênçãos de Deus, em praticar a verdadeira religião, em nossa conduta para com os outros, em nossa demonstração dela por meio de obras, no ensino e na vida, em planejar nossos negócios e em oração. Lembre-se do que avisamos antes: Fazemos uma análise do livro para o nosso benefício e não para o benefício de Tiago. Ele pode não ter tido nossa análise em mente, quando escreveu sua carta, mas se a análise nos ajuda a entender sua mensagem, então ele tem bastante valor. O PONTO CEGO DE LUTERO

“Se eu tivesse que ficar sem uma ou outra – ou as obras ou a pregação de Cristo – eu antes ficaria sem suas obras do que sem sua pregação. Pois as obras não me ajudam, mas suas palavras dão vida, como ele mesmo diz. Ora, João escreve muito pouco sobre as obras de Cristo, mas muito sobre sua pregação. Os outros evangelistas escrevem muito de suas obras e pouco de sua pregação. Portanto, o evangelho de João é aquele terno, verdadeiro, de longe o principal evangelho a ser preferido aos outros três e colocado acima deles. Assim, também, as epístolas de São Paulo e São Pedroultrapassam de longe os outros três Evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas. Numa palavra, o Evangelho de São João e sua primeira epístola, as epístolas de São Paulo, especialmente Romanos, Gálatas e Efésios, e a primeira epístola de São Pedro são os livros que nos mostram Cristo e que nos ensinam tudo o que é necessário e bom para conhecermos, ainda que nunca se veja nem ouça qualquer outro livro ou doutrina. Portanto, a epístola de São Tiago é realmente uma epístola de palha, comparada com as outras, pois não tem nada da natureza do evangelho nela” (Luther, Works of Martin Luther – The Philadelphia Edition, trans. C. M. Jacobs, vol. 6. Preface to the New Testament, Grand Rapids: Baker Book House, 1982), 62

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EPÍSTOLAS GERAIS p. 439-444. Conforme citado em Bercot, David W., Will The Real Heretics Please Stand Up, Scroll Publishing, 1989, p. 112). Algumas observações: O esquema de Lutero exigia uma crença na justificação somente pela fé. As Escrituras dizem ”que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé somente” (Tiago 2,24). Lutero diz para não prestar atenção porque Tiago é apenas “uma epístola de palha”, não tendo “nada da natureza do evangelho nela”. Então, por que nosso Senhor inspirou Tiago a escrevê-la? A quem atenderemos? Ao inspirado autor Tiago, ou ao reformador Lutero? O Evangelho de João tem a passagem bem conhecida” Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Isto faz dele o evangelho favorito de Lutero, que ele classifica como “muito acima” dos outros. Mateus, Marcos e Lucas são demasiado dependentes de obediência (Mateus 7.12-23; Marcos 16.16 etc.). Lutero diz que eles, diferentemente de João, salientam as obras antes que a pregação de Cristo, mas isso simplesmente não é o caso. O Evangelho de Mateus contém muito mais da pregação de Cristo do que o faz o Evangelho de João. E João disse que escreveu seu evangelho para destacar os sinais que Jesus fez (João 20.30-31). Além de tudo isso, João também mostra a necessidade de guardar os mandamentos de Jesus (João 14.15-21 etc.). Cuidado com quem quer que seja que nos encoraje a ignorar Escrituras de sua escolha! A maioria do mundo evangélico toma o esquema de salvação pela fé somente, como Lutero ensinou, como evangelho. Para manter tal doutrina, eles removem enormes porções do evangelho que a contradizem. Mas se começamos a fazer assim, então se torna mudo se a fé somente salva ou não, porque a fé não remove nem degrada qualquer das Escrituras de Deus. Isso não seria um ato de fé, não importa quem fará tal coisa, se Lutero, ou Calvino, ou qualquer de nós.

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EPÍSTOLAS DE PEDRO QUEM ERA PEDRO?

Pedro é o personagem mais contraditório da História. Oscilava como uma gangorra desde os picos mais altos da coragem até as profundezas da covardia mais vil. Com a mesma velocidade que avançava rumo à devoção mais fiel, dava marcha à ré e tropeçava em suas próprias palavras. Pedro é mais do que um homem paradoxal; é um emblema. Pedro é o nosso fiel retrato. É a síntese da nossa biografia. O sangue de Pedro corre em nossas veias e o coração de Pedro pulsa em nosso peito. Temos o DNA de Pedro. Oscilamos também entre a devoção e a apostasia. Subimos aos píncaros e caímos nas profundezas. Falamos coisas lindas para Deus e depois tropeçamos em nossa língua e blasfemamos contra Ele. Prometemos inabalável fidelidade e depois revelamos vergonhosa covardia. Revelamos uma fé robusta num momento e em seguida naufragamos nas águas revolta da incredulidade. É isso que somos, Pedro! Quem era Pedro? Pedro era filho de Jonas e irmão de André. Nasceu em Betsaida, bucólica cidade às margens do mar da Galileia. Pedro era um pescador rude e iletrado, mas detentor de uma personalidade forte. Era notório o seu dom de liderança. Pedro era casado. Fixou residência em Cafarnaum, quartel-general de Jesus em seu ministério. Nessa cidade tinha uma empresa de pesca em sociedade com Tiago e João, os filhos de Zebedeu. Pedro foi levado a Cristo pelo seu irmão André. Desde que foi chamado por Cristo para ser um pescador de homens, ocupou naturalmente a liderança do grupo apostólico. Seu nome figura em primeiro lugar em todas as listas neotestamentárias que apresentam os nomes dos apóstolos. Foi o líder inconteste dos apóstolos antes da morte de Cristo e o destacado líder depois da ressurreição de Cristo. Ele foi o homem que abriu as portas do evangelho tanto para os judeus como para os gentios. Seu ministério foi direcionado especialmente aos judeus, aos da circuncisão. Foi o grande pregador da Igreja Primitiva em Jerusalém, aquele que levou a Cristo

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EPÍSTOLAS GERAIS cerca de três mil pessoas em seu primeiro sermão depois do Pentecostes. Também foi dotado pelo Espírito Santo para operar grandes milagres. Até mesmo sua sombra era instrumento poderoso nas mãos de Deus para curar os enfermos. Pedro foi como uma pedra bruta burilada pelo Espírito Santo. De um homem violento, tornou-se um homem manso. De um homem afoito e precipitado, tornou-se um homem ponderado. De um homem explosivo, tornou-se um homem controlado e paciente. De um homem covarde tornou-se um gigante, que enfrentou prisões, açoites e a própria morte com indômita coragem. Pedro foi um homem de oração. Tinha intimidade com Deus. Porque prevalecia secretamente diante de Deus em oração, levantava-se com poder diante dos homens para pregar. Pedro foi um pescador de homens e um presbítero entre outros presbíteros. Jesus colocou em sua mão o cajado de pastor e ordenou-lhe a apascentar Seus cordeiros e a pastorear Suas ovelhas. Pedro foi um homem que encorajou a igreja a enfrentar o sofrimento da perseguição e também denunciou com inabalável coragem os falsos mestres que perturbavam a igreja. Esse foi o teor respectivo de suas duas epístolas. Pedro foi um missionário que, com sua esposa, anunciou o evangelho em muitos redutos do Império Romano. Pedro exaltou a Cristo em sua vida e glorificou a Deus por meio de sua morte. Que você e eu sigamos as pegadas desse homem de Deus e que em nossa geração Cristo seja conhecido em nós e por meio de nós! SUA LIDERANÇA NO GRUPO APOSTÓLICO

A. Existem quatro listas de apóstolos (cf. Mateus 10.2-4; Marcos 3.16-19; Lucas 6.14-16; Atos 1.13). Pedro é sempre o primeiro a ser relacionado. Os doze são divididos em três grupos de quatro. Eu acredito que isso permitia que fizessem um rodízio para visitarem suas famílias. B. Pedro frequentemente servia como porta-voz do grupo apostólico (cf. Mateus 16.13-20; Marcos 8.27-30; Lucas 9.18-21). Essas passagens são usadas com frequência para afirmar a autoridade de Pedro com o grupo (cf. Mateus 16.18). Contudo, nesse mesmo contexto ele é repreendido por Jesus como um instrumento de Satanás (cf. Mateus 16.23; Marcos 8.33). 65

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C. Pedro não era o líder da Igreja de Jerusalém. Isto coube a Tiago, o meio-irmão de Jesus (cf. Atos 12.17; 15.13;21.18; 1 Coríntios 15.7; Gálatas 1.19; 2.9,12). SEU MINISTÉRIO DEPOIS DA RESSURREIÇÃO DE JESUS

A. A liderança de Pedro é claramente vista nos primeiros capítulos de Atos: 1. Ele conduziu a eleição de Judas (cf. Atos 1.15-26) 2. Pregou o primeiro sermão em Pentecoste (cf. Atos 2) 3. Curou um paralítico e pregou o segundo sermão registrado (cf. Atos 3.1-10; 3.11-26). 4. Falou ousadamente no Sinédrio em Atos 4. 5. Presidiu a igreja na disciplina de Ananias e Safira em Atos 5. 6. Falou no Concílio de Jerusalém em Atos 15.7-11. 7. Diversos outros eventos e milagres são atribuídos a ele em Atos. B. Pedro, contudo, nem sempre incorporava todas as implicações do Evangelho: 1. Ele manteve a mentalidade do AT (cf. Gálatas 2.11-14) 2. Precisou receber uma revelação especial para incluir Cornélio (cf. Atos 10) e outros gentios. OS ANOS DE SILÊNCIO

A. Há pouca ou nenhuma informação sobre Pedro depois do Concílio de Jerusalém de Atos 15 1. Gálatas 1.18 2. Gálatas 2.7-21

3. 1 Coríntios 1.12; 3.22; 9.5; 15.5

B. Tradição da Igreja Primitiva 1. Pedro sendo martirizado em Roma é mencionado na Carta de Clemente de Roma para a igreja em Corinto no ano 95 d.C.

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EPÍSTOLAS GERAIS 2. Tertuliano (150-222 d.C.) também registra o martírio de Pedro em Roma sob Nero (54-68d.C). 3. Clemente de Alexandria (200 d.C.) diz que Pedro foi morto em Roma. 4. Orígenes (252 d.C.) diz que Pedro foi martirizado pela crucificação, de cabeça para baixo, em Roma.

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RESUMO DAS EPÍSTOLAS DE PEDRO Como em todos os livros que foram escritos fora da estrutura histórica do livro de Atos, há incerteza sobre as circunstâncias envolvendo a escrita das epístolas de Pedro. Qualquer posição tomada por nós será incerta. Desde que o tempo da escrita e as circunstâncias são tão incertas, combinemos a informação de ambas as epístolas para compilar todos os pormenores que podemos. A QUEM FORAM ENDEREÇADOS OS LIVROS?

A epístola de 1 Pedro é endereçada aos “forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia”. Essas eram as principais províncias da península da Ásia Menor. Paulo fez um extenso trabalho no lado sul da Ásia Menor, mas nenhum nas províncias do lado norte, ou seja, Ponto e Bitínia, nem na província do lado oeste, ou seja, Capadócia. Obviamente, outros estiveram trabalhando arduamente, pois Pedro se dirige aos cristãos em toda a área. Note o termo “forasteiros” ou “Dispersão”. Pedro afirma determinada ideia ao usar essas palavras. Os cristãos estão apenas de passagem através desta vida; eles são estrangeiros, forasteiros, peregrinos a caminho de uma pátria melhor (veja também 1 Pedro 1.17; 2.11). Já a carta de 2 Pedro é endereçada a um grupo mais geral: “aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa”. Isso inclui todos os santos. Com certeza, Pedro enviou essa carta aos santos de determinado lugar, ainda que essa localidade não seja declarada. Desde o princípio, Pedro pretendia que ela fosse passada a todos os santos, conforme a oportunidade se apresentasse. QUANDO OS LIVROS FORAM ESCRITOS?

O período da escrita dos livros de Pedro é muito difícil de estabelecer. Seus livros são numerados primeiro e segundo por causa de seu tamanho e não necessariamente por causa de quando foram escritos seu tamanho. Seu assunto indica que 2 Pedro pode ter sido escrita primeiro. 2 Pedro lida com o perigo dos falsos mestres. 1 Pedro se refere à perseguição iminente, aparentemente de uma natureza severa e extensa. 68

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EPÍSTOLAS GERAIS Como mencionamos, Nero começou uma severa perseguição aos cristãos depois do desastroso incêndio de Roma, de 19 de julho de 64 d.C. Ainda que haja alguma dúvida entre estudiosos sobre quão extensas eram as perseguições de Nero fora da Itália, há indicações de que os governantes provinciais tendiam a seguir a orientação de Roma. Somente uma perseguição imperial poderia explicar tão extensas perseguições, como aquelas abrangendo o Ponto, a Ásia, a Bitínia, a Galácia e a Capadócia. É evidente que 1 Pedro foi escrita num momento de extensa perseguição, porque um dos principais pontos que Pedro diz é que a salvação vale qualquer perseguição que venha. Apesar do fato de haver perseguições contra a igreja desde o dia em que ela começou, eram esporádicas e locais até o começo da perseguição romana. Portanto, parece que 1 Pedro se ajusta melhor ao tempo de Nero. Se for, ela foi escrita no fim de 64 d.C., depois do estouro da perseguição. Pedro, provavelmente, morreu antes do fim desse ano, ou em algum momento de 65. Se 2 Pedro foi escrita depois de 1 Pedro, é de se admirar que nada seja dito sobre a perseguição, tão devastadora naquele tempo. Muito poucos meses se passaram entre o tempo em que a perseguição irrompeu, no verão de 64, e a morte de Pedro. Portanto, se 2 Pedro foi a segunda a ser escrita, então os dois livros foram escritos quase na mesma época. Por outro lado, entretanto, Pedro descreve sua morte como iminente em 2 Pedro 1.4. Também se refere a 2 Pedro como sua segunda epístola (3.1). Porém, isso não prova necessariamente que ele estava se referindo ao livro que chamamos 1 Pedro. Já vimos pelos escritos de Paulo que o Espírito Santo não escolheu incluir cada palavra que esses homens escreveram no Novo Testamento (veja Colossenses 4.16). Ainda que o assunto seja tão diferente, e ainda que Pedro não mencione perseguição em 2 Pedro, suas advertências contra os falsos mestres se ajustariam em qualquer ano que ele escolhesse para escrever o livro. Paulo advertiu Timóteo contra os falsos mestres e a ameaça deles à sua fidelidade, enquanto enfrentava a morte (2 Timóteo 2.14-18, 23; 3.1-9, 13; 4.3-4). Os argumentos não são conclusivos. Muitos estudiosos pensam que 2 Pedro foi escrita primeiro, provavelmente cerca de 61 ou 62. Esses seriam os anos em que Paulo esteve preso em Roma pela primeira vez. Isso faria que o tempo da sua escrita fosse aproximadamente o mesmo, ou 69

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EPÍSTOLAS GERAIS pouco mais cedo, do que o das quatro cartas de Paulo, que ele escreveu em Roma (Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom). Quase todos os estudiosos concordam que 1 Pedro foi escrita em 64 d.C., depois de a perseguição de Nero irromper. Mesmo concordando que 2 Pedro foi provavelmente escrita primeiro, preferimos estudá-las na ordem em que aparecem nas Escrituras. ONDE ESTAVA PEDRO QUANDO ESCREVEU SEUS LIVROS?

A única maneira de podermos saber onde e quando um livro foi escrito é examinar o próprio livro. Lucas não fez uma pausa na sua narrativa para dizer: “Paulo escreveu duas cartas aos irmãos de Tessalônica enquanto estava em Corinto”. Nem interrompe a história das viagens de Paulo para nos contar que Pedro também fez jornadas a fim de pregar o evangelho. Há poucas informações nos escritos dos cristãos primitivos que nos ajudam a recompor a história, mas essas notas são muito infrequentes. Portanto, a localização de Pedro no momento em que escreveu seus livros é difícil determinar. II Pedro não menciona qualquer localidade, nem na saudação de Pedro, no começo do livro, nem nas observações do fim. Não há qualquer nota pessoal no livro, por isso é inútil especular sobre onde ele poderia ter estado. À primeira vista, parece fácil encontrar a localização de Pedro ao escrever 1 Pedro. Ele escreve: “Aquela que se encontra em Babilônia, também eleita, vos saúda” (1 Pedro 5.13). Assim, parece que ele estava na antiga cidade de Babilônia, quando ele escreveu aos santos da Ásia Menor. Mas não é tão fácil assim! Examinemos algumas razões porque essa localização é questionada: Pedro e os outros apóstolos continuaram o trabalho na região de Jerusalém e da Judeia depois que as primeiras perseguições espalharam os santos (Atos 8.4). Mesmo depois que a maioria dos apóstolos saiu para outros lugares, Pedro permaneceu em Jerusalém. Ele estava lá quando Paulo e Barnabé foram à reunião sobre o assunto da circuncisão, em Atos 15. Ele era uma “coluna” da igreja, naquela época (Gálatas 2.9). O Senhor deu a Pedro a tarefa de pregar aos judeus (a circuncisão), assim como dera a Paulo a tarefa de pregar aos gentios (a incircuncisão) (Gálatas 2.7). 70

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EPÍSTOLAS GERAIS Depois da reunião em Jerusalém, Pedro foi a Antioquia da Síria por um tempo. Paulo o repreendeu, nesse momento, por ter se afastado dos gentios (Gálatas 2.11-14). O relato histórico não segue o trabalho de Pedro depois disso. Paulo menciona as viagens de Pedro em 1 Coríntios 9.5. Paulo diz que Pedro levava sua mulher consigo em suas viagens. Há poucas evidências confiáveis, contudo, sobre onde ele viajou e trabalhou. Ele não é mencionado no grupo em Jerusalém, quando Paulo voltou à cidade, no fim de sua terceira viagem de pregação. Em vez disso, foram Tiago e os anciãos que aconselharam Paulo (Atos 21.17-18). A antiga cidade de Babilônia não era mais uma cidade importante. A última referência histórica certa a Babilônia como uma cidade é uma tabuinha de argila que foi encontrada, datando de 10 a.C. A cidade pode nem ter existido mais nos dias de Pedro. Há registros, contudo, de uma grande colônia judaica na área. Pode ser que ele estivesse, de fato, na colônia judaica da baixa Mesopotâmia, na região da antiga Babilônia. Ninguém pode provar que Pedro não estava na Babilônia literal. A linguagem do resto do livro não é figurada, então por que sua menção a Babilônia seria figurada? Há alguns argumentos significativos, contudo, de que essa referência fosse figurada referente a Roma. O argumento mais forte é que diversos dos primeiros cristãos dizem que ele estava em Roma. Uma vez que os pormenores em seus registros não são completos, e às vezes são difíceis de confirmar, não nos apoiamos nos seus registros exclusivamente. Mas quando não conflitam com o registro da Bíblia, e quando concordam uns com os outros, seu registro histórico é aceito como confiável. Há forte evidência histórica de que Pedro morreu em Roma, quase certamente durante a perseguição de Nero, isto é, num tempo entre 64 e 68 d.C. Eusébio representa esses primeiros cristãos quando diz: “Mas Pedro faz menção a Marcos na primeira epístola, a qual também diz-se ter sido escrita na mesma cidade de Roma, e que ele mostra esse fato, ao chamar a cidade pela figura incomum, Babilônia; assim, ‘A igreja de Babilônia, eleita junto com vocês, saúda-os, como também meu filho Marcos’”. Babilônia foi a cidade que levou Judá em cativeiro no Antigo Testamento, tornando-se assim o símbolo profético de poder mundial. Mas por que Pedro usaria tal nome simbólico? Por que não dizer simplesmente: “Estou escrevendo de Roma”? 71

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EPÍSTOLAS GERAIS Talvez Pedro estivesse fazendo uma afirmação acerca do que ele sentia sobre Roma. Talvez ele estivesse disfarçando o nome da cidade, usando outro nome, mas um nome que qualquer um versado nas Escrituras entenderia. Se Nero estivesse perseguindo todos os santos que pudesse encontrar em Roma, então é fácil entender por que Pedro escreveria “a igreja na Babilônia” em vez de “a igreja em Roma”. Babilônia ficava longe, muito longe de Roma e das províncias da Ásia Menor. O território da Mesopotâmia estava sob o domínio dos partos, e não dos romanos, naquele tempo. A perseguição de Nero foi severa enquanto durou, mas teve vida curta e limitada a Roma e às províncias que eram mais simpáticas à causa do imperador. Pedro saberia muito mais sobre a perseguição nas áreas visadas se estivesse em Roma do que se estivesse na Babilônia. Se ele estivesse na Babilônia literal, é surpreendente que lidasse com uma situação tão afastada no ocidente. Se Pedro escrevesse aos irmãos da Ásia Menor da própria Roma, os encorajaria saber que Pedro escrevia da própria cova da víbora. Daria menor peso se ele estivesse muito longe da perturbação, dizendo àqueles no calor da perseguição que permanecessem fiéis. Portanto, ainda que hesitemos em afirmar que um nome figurado é usado num livro literal, são fortes os argumentos sobre Pedro estar em Roma. Sua fidelidade em face de provações severas encoraja outros (de todas as gerações) a tomar a mesma postura. Afortunadamente, nosso entendimento do livro não depende da localização de Pedro. SINOPSE DE 1 PEDRO

A salvação dos cristãos é tão grande que vale qualquer sacrifício que precise ser feito. Vivam como filhos de Deus, como santos sacerdotes a serviço de Deus. Se sofrerem, não sofram como criminosos, mas como cristãos. O tema de 1 Pedro é: Fé na vida e fé no sofrimento, sustentada pela esperança na salvação eterna. A Primeira Carta de Pedro é considerada a mais pastoral e terna do Novo Testamento. A nota dominante é o permanente alento que Pedro dá a seus leitores para que se mantenham firmes em sua conduta, mesmo em face da perseguição. Myer Pearlman diz que a carta foi escrita para animar os fiéis a estarem firmes durante o sofrimento e levá-los à santidade. De fato, trata-se de uma das mais comoventes peças da literatura do período da perseguição. Pedro se dirige aos cristãos da Ásia 72

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EPÍSTOLAS GERAIS como um verdadeiro pastor que cuida do seu rebanho, obedecendo ao desiderato recebido de Cristo (João 21.15-17). Algumas características especiais podem ser notadas nesta epístola: Em primeiro lugar, a carta tem o melhor grego do Novo Testamento. A Primeira Carta de Pedro foi escrita num grego bastante culto. Isso provocou sérias suspeitas acerca da autoria petrina. Alguns comentaristas chegam a rejeitar peremptoriamente a autoria de Pedro, uma vez que ele era um pescador galileu, homem iletrado e inculto que não teria condições de usar linguagem tão escorreita e imagens tão vívidas, no melhor grego da época. Em face desse arrazoado, destacamos algumas ponderações. 1) Pedro morava na Galileia, a região mais influenciada pelo helenismo, ou seja, pela cultura e pela língua grega. Consequentemente, os galileus falavam o grego e ainda estavam familiarizados com a Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento. Sendo assim, a autoria de Pedro não é de todo improvável. Reforçando esse pensamento, Mueller escreve: “A Galileia no tempo de Jesus era uma região mista e bastante cosmopolita. Certo é que a influência helenista lá se fazia sentir como em nenhuma outra parte da Palestina”. Mueller prossegue informando que o grego era linguagem corrente na Palestina no tempo de Jesus, o que valeria especialmente para a Galileia, mais ao norte e mais aberta ao comércio e cultura, bem como, a imigrantes gentios. Holmer enfatiza que, para o império romano como um todo, a “Bíblia” não era o Antigo Testamento hebraico, mas a Septuaginta. Por essa razão, é provável que Pedro também estivesse familiarizado com ela, do mesmo modo que os destinatários da carta. Um missionário, porém, utiliza a Bíblia que é entendida na terra em que atua, nesse caso, a Septuaginta. 2) Pedro diz que escreveu esta epístola em parceria com Silvano (5.12), um dos homens “notáveis” da Igreja Primitiva (Atos 15.22). Esse Silvano foi o mesmo Silas que acompanhou Paulo na segunda viagem missionária. Ele era cidadão romano e também profeta (Atos 15.32). Bem poderia ser que Pedro fosse o autor da carta e Silvano o seu amanuense. Barclay sugere que Silvano foi o agente ou instrumento de Pedro para escrever esta carta. 73

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3) O mesmo Espírito que inspirou o conteúdo da carta poderia ter capacitado Pedro para escrevê-la de forma erudita e bela. Em segundo lugar, a carta destaca a chegada de um grande sofrimento. Matthew Henry afirma que a principal intenção de Pedro em escrever esta carta foi preparar os cristãos para o sofrimento. Pedro refere-se ao sofrimento em pelo menos quinze ocasiões ao longo da missiva, usando para isso seis termos gregos diferentes. O tema “sofrimento” percorre toda a epístola. As pessoas para as quais Pedro escreve estão sofrendo múltiplas provações (1.6). Submetidos a uma prova de fogo (1.7), padecem uma campanha de difamação (2.12,15; 3.16; 4.4). A perseguição aos cristãos está crescendo (4.12,14,16; 5.9) e eles não devem ficar surpresos com o sofrimento (4.12). Ao contrário, devem estar preparados a sofrer por causa da justiça (3.14,17) e ser coparticipantes do sofrimento de Cristo (4.13). Em virtude do encorajamento que esta carta traz à igreja sofredora, Warren Wiersbe chega a descrever Pedro como o apóstolo da esperança, enquanto Paulo é o apóstolo da fé, e João é o apóstolo do amor. Os cristãos da Ásia, além de estarem espalhados pelas províncias romanas no continente asiático, ainda se sentiam sem pátria, sem chão, como peregrinos. A dispersão não era apenas geográfica. Agora, era impulsionada também pelos ventos furiosos da perseguição. A perseguição atingia os cristãos não porque eles praticavam o mal, mas porque praticavam o bem. Os cristãos eram perseguidos não porque eram rebeldes, mas porque eram cordatos. Ser cristão passou a ser ilícito no império. Os cristãos passaram a ser caçados, espoliados, torturados e mortos pelo simples fato de professarem o nome de Cristo. Esse fogo ardente da perseguição não atingia apenas os cristãos da Ásia, mas se espalhava por todo o mundo. Em terceiro lugar, a carta destaca a graça de Deus. Warren Wiersbe tem razão quando afirma que somente quando dependemos da graça de Deus é que podemos glorificá-lo em meio ao sofrimento. Pedro escreve: ... vos escrevo resumidamente, exortando e testificando, de novo, que esta é a genuína graça de Deus; nela estai firmes (5.12). A palavra “graça” é usada em todos os capítulos de 1 Pedro (1.2,10,13; 2.19,20; 3.7; 4.10; 5.5,10,12). 4) A carta destaca a glória de Deus. Está coberto de razão Warren Wiersbe quando diz que tudo começa com a graça de Deus que conduz à glória (5.10). Assim, sofrimento, graça e glória unem-se para formar uma mensagem de enco74

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EPÍSTOLAS GERAIS rajamento para os cristãos que enfrentam tribulações e perseguições. Esses temas são resumidos em 1 Pedro 5.10. 5) A carta destaca a doutrina de Deus. A doutrina de Deus é central na epístola de Pedro. O apóstolo enfatiza logo no início de sua epístola a doutrina do Deus Triúno: o Pai elegeu seu povo de acordo com sua presciência, Jesus Cristo verteu seu sangue por esse povo, e o Espírito Santo o santificou (1.1,2). 6) A carta destaca a doutrina de Cristo. Pedro enfatiza tanto a humanidade quanto a divindade de Cristo. Mostra Cristo como nosso exemplo (2.21), nosso substituto (2.24) que morreu pelos nossos pecados (3.18). Pedro apresenta Cristo como Senhor (1.3; 3.15). 7) A carta destaca a doutrina do Espírito Santo. Mesmo em esparsas referências, o apóstolo descreve de maneira ampla a obra do Espírito Santo. O Espírito santifica o povo de Deus (1.2) e orienta a pregação (1.12). Agiu na ressurreição de Cristo (3.18) e repousa sobre os cristãos que sofrem (4.14). 8) A carta destaca a doutrina da igreja. Embora a palavra igreja não apareça na carta, toda a epístola se refere a ela ao descrever o povo de Deus como “eleitos” e “forasteiros do mundo” (1.1,2); “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (2.9). 9) A carta destaca um chamado veemente à santidade em meio ao sofrimento. O sofrimento pode trazer endurecimento de coração e decepção com a fé. Muitos, como a semente lançada entre os espinhos, sucumbem diante da dor. Outros se revoltam, como a mulher de Jó. Há outros que preferem a apostasia ao martírio, como Demas. Pedro escreve essa missiva para encorajar os cristãos à santidade em meio ao sofrimento. 10) A carta destaca a salvação como o fundamento da nossa alegria. Os cristãos não tinham pátria permanente. Viviam dispersos pelos cantos da terra, mas podiam, mesmo nessas fugas constantes, alegrar-se na salvação. Essa salvação foi planejada pelo Deus Pai, executada pelo Deus Filho e aplicada pelo Deus Espírito Santo. A própria Trindade estava engajada nessa gloriosa salvação, e os cristãos, mesmo provando o fogo ardente da perseguição, deveriam exultar por causa de sua herança imarcescível e gloriosa. 75

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EPÍSTOLAS GERAIS 11) A carta destaca as mesmas ênfases dos sermões de Pedro em Atos. Citando C. H. Dodd, Barclay diz que a pregação da Igreja Primitiva estava ancorada em cinco pontos principais: 1. O tempo do cumprimento tinha amanhecido; a idade messiânica havia começado. Esta é a última palavra de Deus. Inaugurou-se uma nova ordem e os eleitos são chamados a unir-se à nova comunidade (Atos 2.14-16; 3.1226; 4.8-12; 10.34-43; 1Pedro 1.3,10-12; 4.7). 2. Essa nova era tinha chegado por causa da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, em cumprimento às profecias do Antigo Testamento e como resultado do definido conselho e presciência de Deus (Atos 2.20-31; 3.13,14; 10.43; 1 Pedro 1.20,21). 3. Em virtude da ressurreição, Jesus foi exaltado à destra de Deus como o cabeça messiânico do novo Israel (Atos 2.22-26; 3.13; 4.11; 5.30,31; 10.3942; 1 Pedro 1.21; 2.7,24; 3.22). 4. Esses acontecimentos messiânicos alcançarão pleno cumprimento com a volta de Cristo em glória e com o juízo dos vivos e dos mortos (Atos 3.1923; 10.42; 1 Pedro 1.5,7,13; 4.5,10-18; 5.1,4). 5. Esses fatos são a base de um apelo ao arrependimento e do oferecimento do perdão, do Espírito Santo e da promessa da vida eterna (Atos 2.38,39; 3.19; 5.31; 10.43; 1 Pedro 1.13-25; 2.1-3; 4.1-5). 12) A carta destaca a segunda vinda de Cristo, a consumação da nossa esperança. A esperança da segunda vinda de Cristo, como a consumação de todas as coisas, tal qual um fio dourado, percorre toda a epístola (1.5,7,13; 2.12; 4.17; 5.1,4). Estamos no mundo, mas não somos do mundo. Nossa herança não está aqui. Nossa recompensa não está aqui. Nossa pátria permanente não está aqui. Aguardamos nosso Senhor que está no céu. Mueller diz que essa carta inteira respira essa perspectiva e os leitores são exortados repetidamente a fazerem dela a sua perspectiva de vida.

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EPÍSTOLAS GERAIS Sinopse de 2 Pedro A mensagem de 2 Pedro é centrada nos falsos mestres. O primeiro capítulo ressalta a necessidade do verdadeiro conhecimento, se quisermos gozar as bênçãos de Deus. O segundo capítulo avisa que haverá falsos mestres. Só porque tais mestres estão ativos não significa que Deus os está ignorando: “Sua destruição não dorme” (2.3). Pedro descreve o caráter dos falsos mestres. O terceiro capítulo assegura aos santos que o julgamento está vindo, apesar dos zombadores que o negam. Portanto, prestem atenção. Como deveremos viver tendo em vista esse dia? AUTORIA A. Esse é dos livros mais questionados do NT quanto à sua autoria tradicional. B. A razão para essas dúvidas são tanto internas (quanto ao estilo e conteúdo) quanto externas (sua aceitação posterior). QUESTÕES INTERNAS

1. Estilo a. O estilo é muito diferente de 1 Pedro. Isso foi reconhecido por Orígenes e Jerônimo. i. Orígenes reconheceu que alguns rejeitavam a autoria de Pedro, ainda que ele tenha citado 2 Pedro seis vezes em seus escritos. ii. Jerônimo atribuiu isso ao fato de Pedro ter usado diferentes escribas. Ele também reconheceu que em seus dias alguns rejeitaram a autoria de Pedro. iii. Eusébio direciona essa preocupação em seu livro Eccl. His. 3:3:1: “mas a assim chamada segunda Epístola que nós não temos recebido como canônica, de qualquer maneira tem aparecido ser útil a muitos, e tem sido estudada com outras Escrituras”. b. O estilo de 2 Pedro é muito distinto. Na Epistola de Tiago, Pedro e Judas na Bíblia Ancora, p. 146-147, B. Reicke chama isso de “Asianismo”: “Isso foi chamado de estilo ‘asiático’ por que seus mais importantes representantes vieram da Ásia Menor, e era caracterizado por uma carregada, detalhada e 77

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EPÍSTOLAS GERAIS altissonante expressão conduzindo para o romance e o bizarro, e sem preocupação com a violação da ideia clássica de simplicidade... Nossa epístola era escrita indubitavelmente em conformidade com as regras a escola asiática, que era muito importante no primeiro século”. c. É possível que Pedro estivesse tentando escrever em uma linguagem (o grego Koine) com a qual não era muito familiarizado. Sua língua natal era o aramaico. 2 – Gênero a. Ela é uma carta típica do primeiro século? i. Ela tem uma abertura e um encerramento. ii. Ela, contudo, parece ser uma carta circular para diversas igrejas, como aos Gálatas, Efésios, Tiago e I João. b. Parece um gênero judaico especializado chamado “testamento”, que é caracterizado por i. Um discurso de despedida a) Deuteronômio 31-33 b) Josué 24 c) O Testamento dos doze Patriarcas d) João 13-17 e) Atos 20.17-28 ii. A predição da morte iminente (cf. 2 Timóteo) iii. Uma admoestação de seus ouvintes para que se mantivessem em sua tradição. 3. A relação entre 2 Pedro e Judas a. Obviamente, houve alguns empréstimos literários. b. A referência feita às fontes não canônicas tem provado muitas rejeições tanto a Judas quanto a 2 Pedro, ainda que mesmo 1 Pedro faça alusões a 1 Enoque e Paulo eventualmente cite poetas gregos.

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EPÍSTOLAS GERAIS 4. O livro afirma ser da autoria de Pedro, o apóstolo a. Ele se nomeia em 1.1. Ele é chamado de Simão Pedro. Pedro é o nome dado a ele por Jesus (cf. Mateus 16). Simeão (não Simão) é raro e eventual. Se alguém estivesse tentando escrever em nome de Pedro, a escolha desse apelido semítico seria muito surpreendente e um pseudônimo contraprodutivo. b. Ele afirma ter sido uma testemunha ocular da transfiguração (cf. Mateus 17.1-8; Marcos 9.2-8; Lucas 9.28-36) in 1.16-18. c. Ele afirma ter escrito a primeira carta cf. 3.1), o que quer dizer 1 Pedro. 5. Ortodoxia a. Não há nada nessa carta que contraindique o ensino apostólico do NT. b. Existem alguns tópicos únicos (isto é, o mundo destruído por fogo e os escritos de Paulo vistos como Escrituras), mas nada gnóstico ou obviamente herético. DATA

A. Isso depende da autoria. B. Se alguém é convencido da autoria de Pedro, então o tempo é antes da sua morte (cf. 1.14). C. A tradição da igreja afirma que o apóstolo Pedro morreu em Roma enquanto Nero era o césar. Nero estabeleceu a perseguição contra os cristãos em 64 d.C. Ele se matou em 68 d.C. D. Se um seguidor de Pedro escreveu em seu nome, então uma data tardia entre 130-150 d.C. é possível, por que 2 Pedro é citado em o Apocalipse de Pedro, assim como em O Evangelho da Verdade e o Apócrifo de João. E. O renomado arqueólogo norte-americano W. F. Albright afirma que ele foi escrito antes de 80 d.C. por causa de suas similaridades com os Rolos do Mar Morto.

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EPÍSTOLAS GERAIS DESTINATÁRIOS

A. Se 1 Pedro é mencionado em 2 Pedro 3.1, então os destinatários seriam os mesmos (ou seja, nordeste da Turquia). B. 2 Pedro pode ter sido um testemunho de encorajamento a todos os crentes para perseverarem debaixo das provações, resistirem aos falsos mestres e a viverem fielmente na tradição do evangelho em antecipação à Segunda Vinda. OCASIÃO

A. Assim como Pedro fala sobre perseguições e sofrimentos, 2 Pedro fala sobre os falsos mestres. B. A natureza exata desses falsos ensinamentos é incerta, mas pode ter sido relacionada ao gnosticismo antinomiano (cf. 2.1-22; 3.15-18). Isso pode ter sido uma técnica apologética proposital para atacar sua teologia. C. Esse livro, como 2 Tessalonicenses, fala sobre o assunto do retardamento, mas certa, Segunda Vinda, quando os filhos de Deus serão glorificados e os incrédulos julgados (cf. 3.3-4). É interessante que 1 Pedro caracteristicamente usa o termo apucalupsis para se referir ao retorno de Jesus, enquanto 2 Pedro usa parousia. Isso possivelmente reflete o uso de diferentes escribas (cf. Jerônimo).

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EPÍSTOLAS GERAIS

EPÍSTOLAS DE JOÃO QUEM ERA JOÃO?

Filho de Zebedeu e de Salomé. Ele e seu irmão Tiago eram pescadores (Mt 4.21). João Batista o apresentou a Jesus (João 1.35-39), que o chamou para ser apóstolo (Marcos 1.19-20). Era do grupo mais íntimo de Jesus (Marcos 5.37; Mateus 17.1; 26.37). Ele e Tiago são chamados de BOANERGES. João é provavelmente o discípulo amado (João 13.23). Foi ele o único discípulo que permaneceu perto da cruz (João 19.26-27) e o primeiro a crer na ressurreição de Cristo (João 20.110). Após o Pentecostes, trabalhou inicialmente com Pedro (Atos 3.1-26; 4.1-22; 8.14-17; Gálatas 2.9). A tradição diz que João viveu em Éfeso até uma idade bem avançada. É considerado o autor do Evangelho de João, das três epístolas que levam o seu nome e do Apocalipse.

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EPÍSTOLAS GERAIS

INTRODUÇÃO ÀS EPÍSTOLAS JOANINAS Considerando John Stott, autor de vários livros, que tem contribuído muito com seus escritos para a formação de pensamentos e conhecimento da Palavra de Deus. Propõe em seu comentário das epistolas de João dirimir todas as dúvidas com relação a essas cartas, apresentando, por meio de acurada investigação sobre os escritos joaninos, assim denominados, todas as ideias levantadas sobre a autoria, mensagem, e propósito das cartas. Percebe-se que as epístolas joaninas são diferentes de outros livros, exceto Hebreus, visto que essas cartas não revelam o nome de seu autor. Observa-se que quem escreveu a primeira carta denominada de 1 João, também não fez qualquer saudação introdutória. Entende-se que a carta fora destinado a um grupo de pessoas muito queridas pelo autor devido à sua forma de tratamento. O modo como esse grupo de pessoas é tratado leva a crer que havia um grande sentimento em relação a eles. Ainda, pode-se dizer que é uma carta de mensagem genuinamente pessoal, dirigida a um grupo de pessoas a quem João amava muito, e no momento ele precisava resolver uma situação particular dos irmãos. Stott se favorece então das evidências externas para poder atribuir essas cartas ao apóstolo João. Principalmente, no caso da primeira epístola, são diversos escritos que fazem referências aos textos Joaninos, onde os autores o atribuem a João. Em meados do segundo século, foi feita a primeira referência ao texto de João por Papias de Hierápolis. Também, foi citada por Irineu de Lião (cerca de 130-200), Clemente de Alexandria; Tertuliano; Orígenes de Alexandria; O Cânon de Muratori; Cipriano, bispo de Cartago, em meados do terceiro século. Quanto à segunda e à terceira epístola, usa-se da mesma evidência externa para poder mostrar que são de autoria joanina, apesar de não serem tão fortes as evidências como da primeira carta. Embora sejam poucas as evidências, todavia, são o suficiente para afirmar que se trata de João. A primeira citação definida ocorre em Irineu (Adversus Haereses iii.16.3,8), também a segunda carta é citada por Eusébio, referido a “a santa igreja” e, por fim, a aceitação 82

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EPÍSTOLAS GERAIS de que seriam escritos de João foi definido em Jerônimo, que diz que as duas epístolas mais curtas eram atribuídas a João, o presbítero, ideia essa que fora depois confirmada também por Erasmo. Percebe-se que as evidências externas apresentadas não são suficientes para muitos estudiosos do assunto para definir se as cartas são de autoria joanina. Apropriam-se do propósito do evangelho e fazem comparações com as epístolas, e assim apresentam várias formas de discursos que, segundo eles, são contraditórias ao Evangelho de João. Diante dessas considerações, Stott afirma que não se pode fundamentar uma teoria de autoria diferente ancorado na ênfase das cartas, visto que as cartas foram escritas em tempos diferentes e também para ambientes diferentes. O Evangelho de João fora escrito para pessoas incrédulas com propósito de mostrar os feitos de Cristo Jesus e que crendo eles pudessem ter a vida eterna. E as epistolas foram escritas para pessoas crentes, com o objetivo de aprofundar a fé deles e dar-lhes a certeza da salvação. Nota-se isso a partir dos temas. O tema do evangelho é: “Jesus é o Cristo”, e das epístolas “o Cristo é Jesus”. Ao trabalhar diretamente o texto bíblico da primeira carta, Stott diz que o principal objetivo é a proclamação apostólica do evangelho, ancorando-se na preexistência eterna, na manifestação histórica, na proclamação autorizada, na coparticipação comunitária e na alegria que era completada pormeio da certeza da vida no céu. João retoma as ideias escritas no evangelho, o que era desde o princípio, tanto a referência da apresentação de Jesus como o Verbo como o princípio de todas as coisas. A mensagem das epístolas vai fundamentar na certeza que o cristão deve ter segurança e conhecimento de uma religião verdadeira e confiável. João escreve aos seus contemporâneos que também é válida e aplicável para os dias de hoje, afirmando que Cristo não mudou Sua mensagem, também não mudou a alerta contra o gnosticismo que era ferrenho no primeiro século, e que perpassa para os dias atuais. Outra mensagem das epistolas é a certeza da vida eterna. Depois de uma apresentação de quem é Cristo, e a certeza de que não se tratava somente de uma pessoa normal, mas do Messias prometido, João coloca o fundamento da fé dizendo a respeito do conhecimento de Cristo, a permanência nele, e Ele em nós, e assim essa pessoa passa ser de propriedade exclusiva de Deus, 83

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EPÍSTOLAS GERAIS e que no momento dessa aceitação do senhorio de Cristo o homem, conforme ele diz, já passou da morte para a vida. Percebe-se que João apresenta ao povo um advogado agindo de forma totalmente atípica, onde ele não defende que o homem é inocente, mas, sobretudo, se coloca no lugar de objeto de propiciação ou expiação. O propiciador poderia muito bem usar outro meio para a expiação do pecado, e no caso apresentado por João, Jesus faz dele próprio a oferta propiciatória. O sentido deste termo propiciação significa “satisfação”, onde ele mesmo paga com sua própria vida a ira de Deus sobre a humanidade. O problema estava presente no meio dos cristãos, o pecado, a imoralidade, a ética, sobretudo a idolatria. Stott observa que essa idolatria pode ser tanto entendida no sentido comum da palavra, ou também sendo referência às ilusões dos sentidos em oposição à realidade última, onde estaria sendo formulado e ensinado que Jesus não era Deus pelos falsos mestres, no qual João adverte os irmãos. Na segunda epístola, Stott observa que era costume dos gregos iniciarem uma carta com saudações e apresentações, e o autor faz a apresentação, porém não com o nome pessoal, mas com o seu título de presbítero, visto que seus leitores o reconheciam e saberiam sem qualquer dúvida de quem se tratava. A carta é endereçada à “senhora eleita”. Há duas linhas de pensamento, visto que alguns pensam ser uma pessoa e outros pensam ser a uma igreja. Portanto, a mais provável seja a igreja, visto que a linguagem de João não é apropriada para uma pessoa real. A personificação feminina para se referir à igreja é muito normal em toda a Escritura, e assim Stott afirma que essa personificação refere-se a uma comunidade cristã. A mensagem de João focaliza o ensino do relacionamento da igreja com os irmãos e também com os que não pertenciam à igreja, e alertando a igreja a respeito do perigo doutrinário daqueles que não faziam parte daquele grupo específico. Muitos heréticos estavam espalhando seus ensinos errados, e João preocupa-se em mostrar novamente àquela igreja a prática do amor e da verdade. A terceira epístola de João é mais pessoal, pois o seu destinatário é Gaio, o qual o evangelista por várias vezes expressa o seu amor, pelo qual ele o chama também de amado. A epístola é uma correspondência particular dirigida a um irmão cha84

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EPÍSTOLAS GERAIS mado Gaio. Esse nome era bastante comum naquela época. Temos sua ocorrência em Atos 19.29, Atos 20.4, Romanos 16.23, 1 Coríntios 1.14, além de 3 João. Contudo, tais passagens não se referem sempre à mesma pessoa. Gaio e Demétrio são apresentados como cristãos fiéis (vs. 3-6,12). Diótrefes é visto como ambicioso, estava na liderança, contudo João não o reconhece como tal. O apóstolo diz que Diótrefes “gosta de ter entre eles a primazia.” (v. 10). Ele gostava de ser líder, contudo não era vocacionados para aquele trabalho. Visto que recusava dar acolhida aos irmãos ministros itinerantes. A preocupação de João era que Gaio não seguisse o exemplo de Demétrio. João alerta para que ele não imitasse o que era mau, senão o que era bom. O autor em sua obra consegue alcançar todos os seus objetivos, mostrando que as epístolas joaninas, como um todo, têm o propósito de ensinar sobre os falsos ensinos que surgiam diariamente no meio dos cristãos, levando os amados irmãos a terem uma verdadeira conduta. Tendo como princípio a prática do amor, que João diz que são mandamento de Deus para a igreja. Alertando os leitores sobre os falsos mestres e enganadores que surgiriam no meio da igreja, ensinando a humildade e reprovando o orgulho, com o exemplo de Demétrio, que queria exercer a primazia na igreja, o qual João afirma que tal prática não condiz com atitudes de um verdadeiro cristão.

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EPÍSTOLAS GERAIS

I EPÍSTOLA DE JOÃO RESUMO DE 1 JOÃO

A primeira carta de João não diz a quem ela é endereçada. Desde que o assunto discutido era corrente em Éfeso, nesse tempo, é seguro aceitar que os efésios estavam incluídos entre aqueles para quem a carta foi escrita. Provavelmente, João pretendia que sua carta fosse amplamente circulada e lida em muitos lugares. Em livros como 1 João, onde não há indivíduo ou congregação a quem foram dirigidos, o livro era designado como uma declaração escrita de doutrina necessária, não somente àquela geração, mas às gerações futuras. Era a declaração do Espírito Santo da vontade de Deus sobre o assunto. Sem dúvida, os escritos de João, com todos os outros escritos inspirados, eram muito apreciados e largamente distribuídos. Um falso mestre chamado Cerinto estava ativo em Éfeso nesse tempo. A doutrina que ele ensinava era uma precursora do sistema doutrinário conhecido como gnosticismo. De acordo com Cerinto, Jesus era apenas um ser humano, o filho físico de José e Maria. Ele ensinava que o “eon Cristo” desceu sobre Jesus no seu batismo, mas deixou-o antes de Seu sofrimento e morte. Assim, Jesus sofreu e ressurgiu, enquanto o Cristo permaneceu acima do sofrimento, visto que Ele era um ser espiritual. Cerinto usava partes do Evangelho de Mateus, mas repudiava os escritos de Paulo, afirmando que ele era um desviado da lei. Ele tinha sua interpretação peculiar dos profetas e era judaico em seu estilo de vida. Relata-se que Cerinto ensinava que haveria um reino de Cristo de mil anos sobre a terra. Esta doutrina se originou entre judeus do primeiro século. Portanto, alguns ensinavam que Cerinto escreveu o livro do Apocalipse. Por algum tempo, houve aqueles que rejeitavam o livro por causa de sua suposta autoria. Os argumentos de João mostram claramente que alguns afirmavam que era possível continuar no pecado, sem de modo algum afetar a alma. Esta doutrina era particularmente atribuída aos nicolaítas (veja Apocalipse 2.6, 14, 15).

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EPÍSTOLAS GERAIS Os três pontos de doutrina que João ressalta em 1 João são: a. O próprio Cristo realmente veio em carne, e manifestava Deus enquanto estava nessa forma. b. Não se pode declarar amar a Deus e odiar seu irmão. c. Não se pode ser um filho de Deus e continuar na prática do pecado. Sinopse de 1 João Jesus foi Cristo vindo à carne. Não se pode ser filho de Deus e não amar seus irmãos e irmãs, e não se pode ser filho de Deus e continuar pecando. Esses pontos ressaltam a fé em quem Jesus foi: O Cristo, o Filho de Deus na carne. Ressaltam também que a relação com Deus exige conduta especial. O pecado é incompatível com a afirmação de que se é um filho de Deus.

CENÁRIO OBSERVADO POR JOÃO

A situação da igreja inspirava cuidados. Notamos isso pelo que se lê nas cartas às sete igrejaa da Ásia (Apocalipse 2 e 3). As heresias grassavam em muitas comunidades. Em Apocalipse, livro escrito na mesma época, João menciona as expressões “sinagoga de Satanás” (Apocalipse 2.9), “nicolaítas” (Apocalipse 2.6,15), “doutrina de Balaão” (Apocalipse 2.14) etc. O gnosticismo, sistema que mistura ideias filosóficas, crenças judaicas e cristãs, era uma das principais fontes de heresias da época. Assim, muitos cristãos se tornaram gnósticos. Criam em Jesus, mas negavam a realidade de sua encarnação e morte. O fato de se denominarem cristãos gerava uma situação confusa. Quem eram os verdadeiros cristãos? Os que criam de uma forma ou os que criam de outra? João observou a necessidade de identificação, discernimento, definição e posicionamento. Observemos as perguntas-chave que o autor apresenta: 1 – “Quem é o mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo?” (1 João 2.22). 2 – “Quem é o que vence o mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1 João 5.5). 87

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EPÍSTOLAS GERAIS O autor se mostra bastante interessado em mostrar “QUEM É O QUÊ”. São usados pronomes demonstrativos e indefinidos para apresentar especificações bem definidas, que permitem identificar os indivíduos em relação a Cristo. João usa repetidamente a fórmula: “Quem não faz isso não é aquilo”. Ou “Quem faz tal coisa é outra coisa”. Aquele – 2.6,11,17,22,23,26,29; 3.4,6,17; 5.1,5,16,18 (Veja também 2 João 1.9). Alguém – 2.1,15,27; 4.20; 5.16. Quem – 4.7,8,9,10. O mentiroso e o verdadeiro precisam ser identificados. Essa é a missão de João em sua primeira epístola. O autor ajuda a identificar os personagens do cenário e a situação dos próprios leitores no contexto da verdade e da mentira. O exemplo clássico utilizado é o de Caim e Abel (1 João 3.11-12), representando dois grupos de pessoas que estavam dentro da igreja. O autor identifica quem está em comunhão com Deus e quem não está. No quadro a seguir, listamos diversas expressões da epístola pormeio das quais se traça uma linha divisória entre os dois grupos. Vamos chamá-los, alegoricamente, de “grupo de Abel” e “grupo de Caim”. “Grupo de Abel”

“Grupo de Caim”

Vida (1.1,2; 2.16,25; 3.14,15,16; 5.11,12,13,16,20)

Morte (3.14; 5.16-17)

Verdade – 1.6,8; 2.4,5,8,21,27; 3.18,19; 4.6; 5.7,20.

Mentira – 1.6,10; 2.4,21,22,27; 4.20; 5.10 Erro – 4.6 Engano - 1.8; 2.26; 3.7

Verdadeiro (2.8,27; 5.20) Espírito da verdade (4.6) Cristo (1.3, etc.) Amor ao irmão (2.10) Sofre ódio do mundo (3.13) Luz –1.5,7; 2.8,9, 10.

Falso ou mentiroso (2.22) Espírito do erro (4.6) Anticristo (2.18,22) Amor ao mundo (2.15) Ódio ao irmão (2.11; 3.15) Trevas – 1.5,6; 2.8,9,11.

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EPÍSTOLAS GERAIS É possível passar de um lado para o outro. Esse trânsito pode ser chamado conversão ou, no sentido contrário, apostasia. João disse que “passamos da morte para a vida” (3.14). E o seu cuidado era para que não acontecesse o processo contrário com alguns irmãos que, envolvidos pela heresia, pudessem passar da verdade para a mentira. IDENTIFICANDO A DOUTRINA, O MESTRE E O ESPÍRITO A heresia é uma doutrina errada, mas isso pode não estar tão claro no início. O que chega até nós é simplesmente uma doutrina. Esta deve ser então identificada. Por meio dos parâmetros encontrados na epístola, o autor identifica a doutrina, o mestre e o espírito que está por trás (2.22-23, 4.1-6). As chaves identificadoras são:

• Relação com Cristo (2.22-23); • Relação com os irmãos (3.10,17). • Relação com o mundo (2.15).

Estes são os “instrumentos” que nos farão identificar a verdade e a mentira. Tais indicadores são complementares entre si. Se alguém negar que Cristo é o Filho de Deus, estará reprovado. Não está na verdade. Se alguém afirma que Cristo é o Filho de Deus, mas nega Sua encarnação e morte, estará reprovado. Se alguém diz ter uma fé correta a respeito de Cristo, então o próximo teste é a relação com os irmãos. Se a pessoa odeia os irmãos ou lhes nega auxílio nas necessidades, então estará reprovada. Se a pessoa ama o mundo, anda segundo o mundo, vive de modo agradável ao mundo, pecando habitualmente, então está do lado da mentira. A relações com os irmãos e com o mundo constituem evidências visíveis do tipo de relação que temos com Cristo, uma vez que esse vínculo é espiritual e invisível. O objetivo dessas colocações não é sairmos julgando as pessoas dentro da igreja. Em primeiro lugar, cada um deve julgar e purificar a si mesmo (1 João 3.3; 5.10; 1 Coríntios 11.28,31; 2 Coríntios 13.5; 2 João1.8). Depois, é preciso que saibamos julgar as profecias e as doutrinas que recebemos (1 Coríntios 14.29; 1 Tessalonicenses 5.20-21; 1 Coríntios 10.15). 89

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EPÍSTOLAS GERAIS Se uma doutrina é contrária a Cristo, contrária à comunhão dos irmãos ou favorável ao mundanismo, então deverá ser rejeitada. Finalmente, a vida de um mestre deverá ser avaliada para que se decida sobre a sua doutrina. “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7.15-16). Muitos irmãos podem apresentar uma série de erros e até mesmo pecados por uma questão de imaturidade, fraqueza, ignorância etc. Não devem ser alvos de julgamentos, mas de orientação. O objetivo de João era alertar contra aqueles que se colocavam como mestres da igreja. ESTAR E PERMANECER – POSIÇÃO E PERSEVERANÇA. No cenário da verdade e da mentira, precisamos nos localizar. Onde estamos? João usa diversas vezes o verbo “estar”. Em algumas delas, ele se preocupa em “localizar” espiritualmente as pessoas. Se guardarmos a palavra e amarmos os irmãos, isso indica que “estamos” em Cristo. Quem não ama seu irmão, “está” nas trevas. Finalizando, o autor diz que “estamos” em Cristo, que é o verdadeiro Deus (1 João 2.5,6,9; 5.20). Podemos ter nossa posição muito bem definida. Entretanto, vamos mantê-la? Outro verbo muito importante para João é “permanecer”. Lembre-se do capítulo 15 do Evangelho de João: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”. “Se alguém permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto.” “Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora.” “Se vós permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós pedireis o que quiserdes e vos será feito.” “Permanecei no meu amor...” etc. Na primeira epístola, a ênfase continua nos seguintes textos: 2.10,14,17,19,24,27,28; 3.6,9,14,15,17,24; 4.12,13,15,16. Em todos esses versículos aparece o verbo “permanecer”. Isso demonstra a preocupação do autor com a perseverança dos irmãos no caminho da verdade. (Veja também 2 João 1.2,9).

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EPÍSTOLAS GERAIS COMBATE AO GNOSTICISMO João se mostrou bastante combativo em relação ao gnosticismo. Essa palavra vem do termo grego “gnosis”, que significa “conhecimento”. Os gnósticos criam e ensinavam que a salvação da alma dependia do conhecimento de alguns mistérios só revelados aos que participavam de seus rituais de iniciação. O apóstolo usou então a mesma palavra, “conhecimento”, para combater as heresias gnósticas. Tanto no evangelho como na primeira epístola, ele mostrou o que realmente importa conhecer: A verdade, que é o próprio Cristo e o amor, que é o próprio Deus. O conhecimento sem amor pode causar tragédias. A bomba atômica é um exemplo clássico. O verbo “conhecer” aparece nos seguintes versículos: 1 João 2.3,13,14,18,20; 3.1,6,16,19,20,24; 4.2,6,7,8,13,16; 5.2.20 (2 João 1.1). A carta destaca a palavra “luz”, que também é um símbolo do conhecimento: 1.5,7; 2.8,9, 10. Outro verbo similar é o “saber”. Essa palavra tem um sentido muito forte, pois não admite dúvida, insegurança, medo nem ignorância. O comentário da Bíblia Thompson chama a primeira epístola de João de “a carta das certezas”. O autor usa o verbo “saber” de uma forma bastante clara e determinada (1 João 2.3,5,11,21,29; 3.2,5,14,15; 5.15). Ele diz: “Sabemos que somos de Deus”. Não estamos perdidos nem confusos. SABEMOS quem somos, onde estamos e para onde vamos. O gnosticismo afirmava que o mal residia na matéria. Portanto, negavam que Deus pudesse se encarnar. Em relação a Cristo, João escreveu: “nós ouvimos, vimos, contemplamos, nossas mãos tocaram...” (1 João 1.1-3). Ou seja, o apóstolo estava afirmando insistentemente que o corpo de Cristo era matéria, pois poderia ser tocado, como de fato o foi. Não se tratava de um espírito, uma aparição, como os gnósticos afirmavam (1 João 4.2; 5.6).

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EPÍSTOLAS GERAIS OUTRAS PALAVRAS, EXPRESSÕES E CONCEITOS EM DESTAQUE

VIDA – 1.1,2; 2.16,25; 3.14,15,16; 5.11,12,13,16,20 Vida de Deus para nós por meio de Cristo. MUNDO – nosso posicionamento: não amamos o mundo; somos odiados por ele; haveremos de vencê-lo (1 João 2.2,15,16,17; 3.1,13,17; 4.1,3,4,5,9,14,17; 5.4,5,19). VERDADEIRO – Mandamento – 2.8. Luz – 2.8. Unção – 2.27. Jesus – 5.20. Deus – 5.20. AMOR (e verbo amar) 2.5,10,12,15; 3.1,10,14,16 (x João 3.16). 3.17,18,23; 4. 7,8,9,10,11,12,16,17,18,19,20,21; 5.1,2,3. (Obs. 2 João 1,3,6, 3 João 1,6,7 Apocalipse 2.3,4,19; 3.9,19). São da autoria de João alguns dos mais famosos versículos bíblicos sobre o amor: “Deus é amor” e “Porque Deus amou o mundo de tal maneira...” Na primeira epístola, o autor usa o verbo amar em diversas conjugações: ama, ameis, amamos, amemo-nos, amado, amados, amou, amar-nos, amo, amar, ame, amemos. O amor vem de Deus, através de Jesus. “Ele nos amou primeiro”. Daí em diante, o amor deve ter livre curso em direção aos irmãos, mas não em direção ao mundo. O amor deve “circular como sangue” no Corpo de Cristo, que é a igreja. COMUNHÃO – 1.3,6,7. MANDAMENTO(s) – 2.3,4,7,8; 3.22,23,24; 4.21; 5.2,3.

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EPÍSTOLAS GERAIS O QUE SE DIZ E O QUE SE É – 1.6,8,10; 2.4,6,9; 4.20; MANDAMENTOS NEGATIVOS NÃO AMEIS o mundo – 2.15. NÃO CREIAIS a todo espírito – 4.1. O amor e a fé só são positivos quando bem direcionados.

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EPÍSTOLAS GERAIS

2 EPÍSTOLA DE JOÃO RESUMO DE 2 JOÃO

Nada é certo sobre a escrita de 2 João. Foi, provavelmente, escrita em Éfeso, uma vez que esta era onde João residiu o resto de sua vida. Não temos nada em que possamos nos apoiar para datar o escrito. Seu assunto é semelhante a 1 João e parece muito intimamente relacionado com o conteúdo de 3 João. Portanto, datamos as três cartas mais ou menos no mesmo tempo, talvez em torno de 80-85. A carta é endereçada à “senhora eleita”. Portanto, é incerto se João estava escrevendo a determinada senhora, a eleita (escolhida) Cyria, ou à igreja eleita (escolhida). A evidência mostra a possibilidade que João escreveu a uma igreja. No versículo seis, ainda falando à senhora, João diz: “. . . como ouvistes . . . é que andeis nesse amor”. No versículo 8: “Acautelai-vos para não perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes completo galardão”. Quando João escreve: “Se alguém vier ter convosco”, a palavra convosco é plural (versículo dez). Assim também recebais e deis. No versículo 12, vos e convosco, ambas no plural. [Todas as palavras sublinhadas estão no plural.]. Senhora, então, parece uma referência figurativa a uma congregação. Não é uma referência à igreja em geral, porque no versículo 13 João diz: “Os filhos da tua irmã eleita te saúdam”. Assim, a senhora eleita tem uma irmã eleita. As duas irmãs eram duas congregações, e seus “filhos” eram os indivíduos das congregações. SINOPSE DE 2 JOÃO

João elogia alguns membros da igreja por andarem na verdade, e admoesta-os a guardarem o mandamento de amarem-se uns aos outros. Ele adverte contra o abandono do ensinamento de Cristo. Não devemos nem apoiar os falsos mestres, pois fazer isso é participar de suas más ações.

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EPÍSTOLAS GERAIS

3 EPÍSTOLA DE JOÃO RESUMO DE 3 JOÃO

A terceira carta de João é, claramente, a um indivíduo, chamado Gaio. A carta tem um elogio de Gaio, e uma contundente condenação de Diótrefes. Provavelmente, Gaio era um membro da igreja onde Diótrefes estava. Pelo menos ele estava bem a par da situação, para que João pudesse escrever-lhe sobre o assunto, e Gaio entenderia. Alguns pensam que 2 João foi escrita à igreja da qual Gaio era membro e 3 João foi escrita a Gaio, membro dessa igreja, a mesma igreja que Diótrefes governava. As cartas foram possivelmente entregues por Demétrio, que recebeu a recomendação de João a Gaio (3 João 12). SINOPSE DE 3 JOÃO

João elogia Gaio pela sua fidelidade em geral, e especialmente pela sua ajuda àqueles que pregam o evangelho. Ao mesmo tempo, condena as ações de Diótrefes, que não somente não queria receber certos irmãos que chegaram, mas recusou-se a permitir que alguém o fizesse. João recomenda Demétrio a Gaio, provavelmente porque ele era o mensageiro que lhe levou esta carta.

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EPÍSTOLAS GERAIS

A EPÍSTOLA DE JUDAS O livro de Judas segue de perto o modelo de 2 Pedro. Percebe-se claramente que o autor do livro tinha diante de si o livro de 2 Pedro enquanto escrevia. Contudo, a epístola de Judas difere em algumas maneiras principais. Essas diferenças nos dão a escassa evidência que temos para determinar a data e as circunstâncias da escrita do livro. Enquanto Pedro advertia contra a vinda de uma queda espiritual (2 Pedro 2.1), Judas diz: “Certos indivíduos se introduziram com dissimulação” (Judas 4). Em outras palavras, Pedro prediz; Judas diz que já aconteceu. Judas nos relembra as “palavras anteriormente proferidas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam: No último tempo, haverá escarnecedores, andando segundo as suas ímpias paixões” (Judas 18). Essa passagem é uma citação de 2 Pedro 3.3. Portanto, podemos estar certos de que Judas foi escrito depois de 2 Pedro. Estimativas da data variam de 64 d.C., logo depois da morte de Pedro, a 80 d.C. Além de saber que Judas foi escrita depois de 2 Pedro, não podemos ter certeza quanto a uma data. Colocamos aqui nosso resumo, depois da destruição de Jerusalém, sugerindo a data na década entre 70 e 80. Ninguém pode dar uma data definida. AUTOR

Críticos modernos dizem que Judas não escreveu Judas e que Pedro não escreveu 2 Pedro. Eles dizem que um falsificador escreveu 2 Pedro, copiando Judas, que também foi escrito por um falsificador. Duas questões são óbvias: Por que alguém, querendo forjar uma carta com o nome de outro, haveria de escolher uma personagem obscura como Judas? E por que o forjador de 2 Pedro copiaria o trabalho de outro forjador? Também é de admirar que ninguém descobriu essas “falsificações” até os tempos modernos! Judas era o irmão do Senhor e de Tiago (Mateus 13.55; Marcos 6.3; Judas 1). Nem a Bíblia nem os historiadores antigos dão mais informações sobre ele ou sua 96

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EPÍSTOLAS GERAIS obra. Ele não diz onde estava quando escreveu seu livro, nem a quem escreveu. Muitos acham que ele escreveu aos mesmos a quem Pedro se dirigiu. O problema é que Pedro também não diz quem eram eles. O erro tinha entrado no meio dos leitores de Judas. Ele começou a escrever a eles, em vista dessa invasão do erro, provavelmente pretendendo discutir os argumentos específicos que estavam sendo apresentados pelos falsos mestres. Mas, então, ele se sentiu compelido a exortar seus leitores a lutarem diligentemente pela fé, “que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas 3). Esta é uma exortação adequada para quem quer que enfrente falsa doutrina, em qualquer geração. Não importa a forma que o erro tenha, é responsabilidade do cristão ficar firme pela fé que nos foi entregue. Data: entre 64 e 70 d.C. Tema de Judas A curta epístola de Judas é, claramente, uma advertência contra os falsos mestres. Ele usa exemplos que envolvem descrença, recusa de respeito à autoridade e às coisas sagradas. Os falsos mestres mostram o espírito de Caim e de Balaão. Eles são as poluições que estragam todas as boas coisas. Ainda que pareçam dignos de confiança, são irresponsáveis, pois são fúteis e vazios, como nuvens sem água. O Senhor advertiu por intermédio dos seus apóstolos que tais homens viriam. Judas encoraja seus leitores a oporem se a tais influências perniciosas, fortalecendo sua fé, mantendo-se no amor de Deus e orando no Espírito Santo. ESBOÇO 1 – Saudações – 1-2. 2 – Defesa da fé cristã – 3-4. 3 – Os deturpadores do evangelho – 5-16. 4 – Instruções práticas – 17-23. 4 – Doxologia – 24-25.

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EPÍSTOLAS GERAIS

REFERÊNCIAS ANDRADE, Claudionor Correa de. Geografia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. BÍBLIA. Português. Bíblia Shedd. Traduzida por João Ferreira de Almeida. São Paulo: Vida Nova; Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1997. BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. 2 ed. São Paulo: Editora Vida, 2006. Dicionário Bíblico. CULLMAN, Oscar, Os Escritos do Novo Testamento – Ed. Sinodal. DOCKERY, David S. Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2001. GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. 4. ed. São Paulo: Vida Nova, 1987. STTOT, John, Homens com uma mensagem – Ed. Ultimato. STOTT, John R.W. As epístolas de João, Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1ª edição. 2006. TENNEY, Merrill C. O Novo Testamento: Sua origem e análise. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1995.

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EPÍSTOLAS GERAIS AVALIAÇÃO DE EPÍSTOLAS GERAIS

Aluno: ________________________________________________ Data: ___/___/___ Responda as questões: 1) RELACIONE AS COLUNAS ( 1 ) 3 JOÃO ( 2 ) JUDAS ( 3 ) 2 JOÃO ( 4 ) HEBREUS ( 5 ) 1 JOÃO ( 6 ) 2 PEDRO ( 7 ) TIAGO ( 8 ) EUSÉBIO DE CESAREIA ( 9 ) 1 PEDRO (10) ROMA

( ( ( ( ( ( ( ( ( (

) Capital do Império ) Escreveu “História Eclesiástica” ) Combate ao Gnosticismo ) Envia a carta para cristãos de Ponto e Bitínia ) Livro com autoria muito questionada ) Autor era meio-irmão de Jesus ) Alguns dizem que Paulo a escreveu ) Elogio a Gaio ) Enviada à “senhora eleita” ) Considerada por Lutero “Epístola de Palha”

2) PREENCHA AS LACUNAS A) O apóstolo Paulo é apontado por alguns historiadores como autor da epístola _________________ B) _____________ e ____________ autores de epístolas, eram meios-irmãos de ­Jesus. C) O apóstolo que mais escreveu epístolas gerais foi _____________________ D) A palavra “Gnosis” significa __________________ 3) ASSINALE (V)ERDADEIRO OU (F)ALSO a) ( ) Barnabé, Apolo e Paulo são prováveis autores da Epístola aos Hebreus b) ( ) A Epístola de 1 Pedro contém o capítulo sobre os Heróis da Fé c) ( d) (

) O reformador que não gostava da Epístola de Tiago era João Calvino ) Os gnósticos criam em Jesus, mas negavam a realidade de sua encarnação 99

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EPÍSTOLAS GERAIS 4) MARQUE COM “X” A ALTERNATIVA CORRETA A) A carta que tem o melhor grego do NT é: (

) Tiago (

) I Pedro (

) Hebreus

(

) Judas

B) O historiador que mais descreve a vida de Tiago é: ( ) Flávio Josefo ( ) Cícero ( ) Heródoto ( ) Eusébio de Cesaréia C) Pedro morreu em Roma, sob a perseguição do Imperador: ( ) Otavio Augusto ( ) Nero ( ) César Augusto (

) Domiciano

D) Um dos livros mais questionados em sua autoria é o livro de: ( ) Judas ( ) I Pedro ( ) II Pedro ( ) III João

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