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1. Características dos Livros Poéticos

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Introdução

Introdução

LIVROS POÉTICOS

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CARACTERÍSTICAS DOS LIVROS POÉTICOS

Há uma característica peculiar da poesia hebraica chamada paralelismo. Tal paralelismo se divide em três formas: a antitética, a sinônima e a sintética. Cada forma admite muitas variações e também, às vezes, se combinam duas formas em um só verso.

A forma antitética (que denota contraposição) consta de duas cláusulas, uma fazendo contraste com a outra, e, assim, esclarecendo a significação de ambas. É muito utilizada no ensino, e é muito usada no Livro de Provérbios, por exemplo:

“O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto” (Provérbios 12.1).

“Balança enganosa é abominação para o SENHOR, mas o peso justo é o seu prazer” (Provérbios 11.1).

“A memória do justo é abençoada, mas o nome dos ímpios apodrecerá” (Provérbios 10.7).

Às vezes, há duas frase ou cláusulas na primeira afirmação, e duas na segunda, como no Salmo: “Pois não foi por sua espada que possuíram a terra, nem foi o seu braço que lhes deu vitória, e sim a tua destra, e o teu braço, e o fulgor do teu rosto, porque te agradaste deles” (Salmo 44.3).

A forma sinônima (de significado semelhante) da poesia hebraica consta das passagens em que o mesmo pensamento geral é repetido em duas ou mais cláusulas. Em alguns versos as cláusulas paralelas repetem idêntica verdade com palavras diferentes, enquanto que, em outros casos, há somente uma semelhança geral. Vejamos alguns exemplos:

“Pois do SENHOR é o reino, é ele quem governa as nações” (Salmo 22.28).

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“Praza-te, ó Deus, em livrar-me; dá-te pressa, ó SENHOR, em socorrer-me” (Salmo 70.1).

“Sejam envergonhados e cobertos de vexame os que me demandam a vida; tornem atrás e cubram-se de ignomínia os que se comprazem no meu mal” (Salmo 70.2).

“A falsa testemunha não fica impune, e o que profere mentiras não escapa” (Provérbios 19.5).

Há nas Escrituras casos de paralelismo em que as cláusulas chegam a ser tão numerosas que, constituem uma série de frases com o mesmo significado, como: “Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos?” (Provérbios 23.29).

Às vezes, as cláusulas paralelas são precedidas ou seguidas por uma frase curta, como: “SENHOR, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim” (Salmo 131.1).

A terceira forma de paralelismo é a sintética (termo grego que significa “reunido” ou “juntado”). Nesta, é necessária uma cláusula para explicar a significação da outra. A relação de uma cláusula a outra pode ser a da comparação, ou de causa e efeito, ou de causa e efeito, ou de esclarecimento. Exemplos:

“A estultícia do homem perverte o seu caminho, mas é contra o SENHOR que o seu coração se ira” (Provérbios 19.3).

“Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz” (Provérbios 27.1).

“Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto” (Provérbios 27.5).

“O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará” (Salmo 23.1).

Há varias combinações dessas três formas na poesia hebraica, fazendo versos bem variados e graciosos. Nos Salmos, por exemplo, encontramos três paralelismos sintéticos (uma clausula independente da outra), os quais formam um paralelismo sinônimo (de igual significação) tríplice:

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“Pois quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto está longe o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece daqueles que o temem” (Salmos 103.11-13).

Às vezes, em estrofes de quatro linhas, as cláusulas se correspondem alternadamente - a primeira linha corresponde à terceira e a segunda linha à quarta:

“O SENHOR olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens; da sua morada contempla todos os moradores da terra” (Salmos 33.13-14).

A característica saliente da poesia hebraica é o uso de paralelismos, que se dividem em três espécies conforme vimos. Visto que a poesia hebraica consta de um ritmo ou correspondência de idéias, e não tanto de sons, por se está admiravelmente, para a tradução em outras línguas, sem perder muito de sua beleza.

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