AMANDA SUEMY MI YAZAKI
SANTO AMARO : PATRI MÔNI O E COTI DI ANO
PROF .M.RALFJOSÉ CASTANHEI RA FLÔRES
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC
Amanda Suemy Miyazaki
METAMORPHOSIS MEMORIALIS Santo Amaro : Patrimônio e Cotidiano.
São Paulo 2016
AMANDA SUEMY MIYAZAKI
METAMORPHOSIS MEMORIALIS SANTO AMARO: PATRIMÔNIO E COTIDIANO
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado como exigência na graduação Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac. Orientador: Prof. M. Ralf José Castanheira Flôres
São Paulo 2016
FOLHA DE APROVAÇÃO
Amanda Suemy Miyazaki
METAMORPHOSIS MEMORIALIS SANTO AMARO: PATRIMÔNIO E COTIDIANO
Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista pelo Centro Universitário Senac, pela seguinte banca examinadora:
Monografia apresentada em: _____/_____/_____
Orientador: ______________________________________________ Prof. Ms. Ralf José Castanheira Flôres
Avaliador 1: ______________________________________________
Avaliador 2: ______________________________________________
Para: Hélio Eliza Miyoko
Em memória: Antônio e Yaeko.
AGRADECIMENTOS
À minha família, que sempre me apoiou, aguentou minhas crises e surtos durante o final do semestre, principalmente a minha mãe Eliza Akemi, o meu pai Hélio Mitsuo, minha batian Miyoko Nagata e a minha irmã Aline Kimy. Aos mestres que passaram pela minha trajetória durante o curso de Bacharelado de Arquitetura e Urbanismo. Entretanto, darei ênfase a um professor: o meu orientador Ralf Flôres, por toda paciência, pelos puxões de orelha, conselhos e pelo ensinamento entregue durante todo o curso; Às minhas amigas Aline Cadinho, Ana Cristina e Ângela Padovani pelas manhãs, tardes, noites e madrugadas fazendo trabalho, pelos conselhos, por me acolherem quando eu mais precisei e pelo 4 A’s; À Ana Brunelo, Adriana Souza, Barbara Gimenes, Bia Figueiredo, Caio Camassari, Mariana Ferraz, Mauricio Carvalho e Thamara Nadais pelas conversas, palavras de apoio e as vivências que tivemos no decorrer do curso; Ao Gabriel Sônego, Giovanni Santos, Fabiana Koschnitzke, Felipe Machado, Isadora Barbosa, Isabella Figuerôa, Larissa Martins, Pedro Victor, Renato Shiguemi e, minha melhor amiga e irmã, Karen Tessarotto, pela amizade de anos, por me fazerem sair do quarto para relaxar a mente em algum canto da cidade, por todo o carinho e pela segunda família que criamos; À Tamires Vaz Arce pela troca de experiências, pelos conselhos, conversas intermináveis e não me fazer desanimar na reta final do projeto; Ao meu casal favorito e irmãos de coração, Mayara Naomi e Gabriel Motta, ao meu primo irmão Marcus Takeshi, que sempre me apoiaram, me abrigaram e pelo Miguel, que com um sorriso melhora meu dia; Aos meus antigos companheiros de trabalho do Hospital Sírio Libanês, por toda aprendizagem e experiência; À Juliana Andrade e Juliana Ketendjian pelos conselhos para enfrentar o TCC; Às professoras Silvia Mac e Eleni Paparounis por todo apoio acadêmico; Ao Gustavo Bento pela companhia as diversas visitas para a realização deste trabalho;
Ao Gabriel Pauletto e Natalia Sapienza por sempre me ajudarem, seja academicamente, fisicamente ou psicologicamente; E, por último e não menos importante, à minha parceira, melhor amiga e confidente:
Tayná
Coutinho
por
todo
o
apoio,
companheirismo,
carinho,
compreensão sobre minha ausência, proteção, ensinamento, amor e por sempre estar presente, apesar da distância que nos separa.
O meu mais sincero obrigado a todos, por sempre me apoiarem e, principalmente, por aceitarem quem eu realmente sou.
RESUMO
Este trabalho aborda a atual situação que Santo Amaro vive, tomando como base todo o processo histórico e as transformações que ocorreram com o passar do tempo, em busca da identidade do local a partir da memória de suas edificações e de seus agentes atuantes. O que pode gerar uma crise de identidade conflitante entre seus transeuntes.
Palavras Chaves: MEMÓRIA – IDENTIDADE – AGENTES – SANTO AMARO METAMORFOSE
ABSTRACT
This assignment addresses the situation which Santo Amaro lives in, taking under consideration the historical process and the transformations occurred throughout team searching for the site 's identity from the memory of its buildings and its active agents . That results in a conflictive identity crisis between its passers.
Keywods: MEMORY METAMORPHOSIS
–
IDENTITY
–
AGENTS
–
SANTO
AMARO
-
LISTA DE IMAGENS
Figura 1 Transformação de Quito após a requalificação do Centro Histórico. Fonte: http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/vivaocentro/usu_doc/quito.pdf. Acesso em: 19 de maio de 2016. .............................................................................. 25 Figura
2
Bell
Street
Park
–
Seattle,
WA.
Fonte:
http://www.svrdesign.com/bellstreetpark/. Acesso: 29 de setembro de 2016. ........... 26 Figura 3 implantação da Bell Street Park. Fonte: http://nacto.org/case-study/bellstreet-park-seattle/. Acesso em: 29 de setembro de 2016. ....................................... 26 Figura 4 Apropriação da Bell Street Park. Fonte: http://nacto.org/case-study/bellstreet-park-seattle/. Acesso em: 29 de setembro de 2016. ....................................... 27 Figura 5 Bell Street antes e depois da intervenção. Fonte: http://nacto.org/casestudy/bell-street-park-seattle/. Acesso em: 29 de setembro de 2016. ....................... 28 Figura 6: Réplica da Imagem de Santo Amaro. (Original está guardada no cofre da igreja).
Fonte:
http://especial.folha.uol.com.br/2015/morar/vila-mariana-campo-
belo/2015/09/1693437-imagem-de-santo-amaro-e-preservada-desde-1552-emigreja.shtm. Acesso em: 27 de abril de 2016............................................................. 30 Figura
7:
Mapa
de
Santo
Amaro
no
inicio
do
século
XX.
Fonte:
http://www.saopauloantiga.com.br/cemiterio-de-santo-amaro/. Acesso: 19 de maio de 2016 ..................................................................................................................... 31 Figura 8: Vista para Catedral do ponto onde está localizada atualmente a Av. Adolfo Pinheiro em 1936. Fonte: Foto retirada do grupo no Facebook: “Botinas Amarelas”, autor desconhecido. .................................................................................................. 32 Figura 9: A última viagem dos bondes de São Paulo ocorreu em Santo Amaro. Fonte: http://gisele-finatti-baraglio.blogspot.com.br/2013/02/sao-paulo-antiga-bairrossanto-amaro.html. Acesso em: 07 de abril de 2016. ................................................ 33 Figura 10: Montagem feita pela autora, esquematizando em uma linha do tempo fotográfica da transformação do Largo 13 de Maio com a vista da Avenida Adolfo Pinheiro. Fonte: Foto retirada do grupo no Facebook: “Botinas Amarelas” e foto atual da autora. ......................................................................................................... 34 Figura 11: Mapa de representação de eixos. Base Gegram, sem escala. Criado pela autora. ....................................................................................................................... 36 Figura 12: 1º imagem: Tempo onde ainda existiam os carros de boi,1900; 2ºimagem: Já com toda parte externa restaurada,2016. Fonte: 1º imagem: Foto
retirada da pagina do Facebook: Botinas Amarelas. Autor desconhecido; 2ºimagem: Foto da autora. 2016. ................................................................................................ 38 Figura 13: 1º imagem: Biblioteca antes da reforma, 2006;
2ºimagem: Após a
reforma, com a fachada refeita, já constando o atual nome e com a instalação de brises
soleils
na
sua
fachada,
2016.
Fonte:
1º
imagem:
http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2015/04/prestes-maia-o-prefeito-de-saopaulo-e.html. Acesso em: 27 de abril de 2016; 2ºimagem: Foto da autora. 2016. ... 40 Figura 14: 1º imagem: Casa de Cultura quando ainda era o Antigo Mercado Municipal, 1936; 2º imagem: Atual Casa de Cultura Santo Amaro, 2016. Fonte: 1º imagem: http://www.brasilhipismo.com.br/noticias/romaria-dos-cavaleiros-do-senhorbom-jesus-de-pirapora-completa-92-anos-de-trascendendo-geracoes. Acesso em: 27 de abril de 2016 2ºimagem: Foto da autora. 2016................................................ 42 Figura 15: 1 º imagem: Cemitério antes do restauro de sua fachada, sem data; 2º imagem: Atual estado de conservação do cemitério,2016. Fonte: 1 º imagem: http://www.saopauloantiga.com.br/cemiterio-de-santo-amaro/. Acesso em: 19 de maio de 2016. 2º imagem: Foto da autora. 2016. .................................................... 43 Figura
16:
Colégio
Alberto
Conte,
1960.
Fonte:
http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2011/07/educacao-rural-escolaexperimental-e-o.html. Acesso em: 19 de maio de 2016. ......................................... 45 Figura 17: Atual estado de conservação do Mercado Municipal de Santo Amaro, 2016. Fonte: Foto da autora. 2016. ........................................................................... 46 Figura 18: 1º imagem: Praça Floriano Peixoto, 1935; 2º imagem: Praça Floriano Peixoto, 2016. Fonte: 1º imagem: Foto retirada da pagina do Facebook: Botinas Amarelas. Autor desconhecido; 2º imagem: Foto da autora. 2016. .......................... 47 Figura 19: 1º imagem: Teatro Paulo Eiró antes da reforma, 2006; 2º imagem: Teatro Paulo Eiró depois da reforma, com o painel feito por Júlio Guerra já recolocado na mesma
praça,
mais
afastado
do
teatro,
2016.
Fonte:
1º
imagem:
http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2015/10/teatro-municipal-de-santo-amaropaulo.html. Acesso em: 27 de abril de 2016. 2º imagem: Foto da autora. 2016. ..... 49 Figura 20: Distrito de Santo Amaro. Fonte: Base Google Maps, 2016. Sem escala. 51 Figura 21: Localização da Praça da Catedral de Santo Amaro: encontro da Alameda Santo Amaro com a Avenida Adolfo Pinheiro. Fonte: Base Google Maps, 2016. Sem escala. ....................................................................................................................... 51
Figura 22: Mapa de representação de eixos em 3D. Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Maps, sem escala. .............................................. 52 Figura 23: Mapa referente às perambulações realizadas na visita em campo. Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Maps, sem escala. ........... 52 Figura 24: Mapa referente à representação da diversidade residencial que denota a diversidade de renda. Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Maps, sem escala. .................................................................................................... 53 Figura 25: Desenho feito no dia do estudo em campo no Largo 13 de Maio (20/05/2016). Fonte: Mapa elaborado pela autora. ................................................... 54 Figura 26: Este mapa refere a lembrança das frases mais ditas no dia a dia em Santo Amaro. Localizadas nos pontos indicados pelos balões de fala. Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Maps, sem escala. ..................... 54 Figura 27: Após as perambulações, este mapa foi feito através da memória guardada diante a vivência do percurso. Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Maps, sem escala. ..................................................................... 55 Figura 28 Rua Barão de Duprat, 1950. Fonte: Foto retirada da pagina do Facebook: Botinas Amarelas. Autor desconhecido; .................................................................... 56 Figura 29: Movimentação da rua Capitão Tiago Luz, 2016. Fonte: Foto da autora. 2016. ......................................................................................................................... 57 Figura 30: Dados referentes à frequência de visitas dos 100 entrevistados. Fonte: Gráfico retirado do Caderno do LAR, acesso em: 31 de março de 2016. ................. 58 Figura 31: Dados referentes ao interesse da população entrevistada. Fonte: Gráfico retirado do Caderno do LAR, acesso em: 31 de março de 2016............................... 58 Figura 32: Dados referentes ao conhecimento da população sobre o Eixo Histórico, onde a cor Cinza representa o “sim”, o azul representa “parte dele” e o amarelo “não”. Fonte: Gráfico retirado do Caderno do LAR, acesso em: 31 de março de 2016. ......................................................................................................................... 58 Figura 33: Foto tirada durante visita técnica, mostrando o comércio ilegal e a utilização de das muretas como bancos. Fonte: Foto da autora. 2016. .................... 63 Figura 34: A vista da praça da Alameda Santo Amaro. Fonte: Foto da autora, 2016. .................................................................................................................................. 64 Figura 35: Foto tirada durante visita técnica, fachadas comercial da praça. Fonte: Foto da autora, 2016. ................................................................................................ 64
Figura 36: Calçada do encontro da Alameda Santo Amaro com a Avenida Adolfo Pinheiro. Fonte: Foto da autora, 2016. ...................................................................... 65 Figura 37: Atual situação da Catedral de Santo Amaro. Fonte: Foto da autora, 2016. .................................................................................................................................. 65 Figura 38: Movimento da Adolfo Pinheiro. Fonte: Foto da autora, 2016. .................. 66 Figura 39: Mapa da situação atual do Largo 13 de Maio. Sem escala. Fonte: Elaborado pela Autora. .............................................................................................. 68 Figura
40:
Rua
Avanhandava.
Fonte:
http://observatoriodedescobertas.blogspot.com.br/2013/04/um-passeio-romanticoem-sp-rua.html. Acesso em: 15 de outubro de 2016. ................................................ 69 Figura 41: Mapa referente ao atual fluxo dos ônibus públicos. Sem escala. Fonte: Elaborado pela autora. 2016. .................................................................................... 70 Figura 42: Mapa referente ao estudo das propostas de intervenção no traçado e nas rotas dos ônibus públicos. Sem escala. Fonte: Elaborado pela autora. 2016. .......... 70 Figura 43: Planta do projeto de intervenção e requalificação do Largo 13. Sem escala. Fonte: Elaborado pela autora. 2016. (Verificar no envelope à parte prancha em uma escala maior) ............................................................................................... 71 Figura 44: Detalhe de piso intertravado. Fonte: Elaborado pela autora. 2016. ......... 72 Figura 45: Propostas de mobiliários existentes que podem ser implantados na região como propostas de intervenção, utilizando uma variedade de cores. Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-NO4uXeF1Ho0/VnWdLuIol4I/AAAAAAAAJWg/fEP1z5zasY/s1600/brothers-in-benches-mobiliario-urbano-urban-furniture-recycledpallets-street-art-palets-reciclados-arte-callejero-johanesburgo-r1-morethangreen3.jpg. Acesso em: 15 de outubro de 2016. ................................................................ 72 Figura 46: Base com áreas de propostas marcadas. Fonte: Elaborado pela autora. 2016. ......................................................................................................................... 73 Figura 47: Planta do desenho de piso proposto. Sem escala. Fonte: Elaborado pela autora. 2016. (Verificar no envelope à parte prancha em uma escala maior) ........... 74 Figura 48: Vista para praça. Elaborado pela autora, 2016. ....................................... 75 Figura 49: Implantação do projeto de Intervenção e Requalificação do Largo 13. Elaborado pela autora. 2016. (O terreno está em “degraus” apenas para representar no 3D a topografia do local). ..................................................................................... 75 Figura 50: Realocação da Base da PM e da Banca Largo 13. Elaborado pela autora. 2016. ......................................................................................................................... 75
Figura 51: Vista para canteiro ajardinado, onde cada canteiro possui um design único. Elaborado pela autora. 2016. .......................................................................... 76 Figura 52: Vista para o deck da praça. Elaborado pela autora. 2016. ....................... 76 Figura 51: Implantação da rua compartilhada, seguindo a linha de pensamento: Shared Space e Traffic Calming. Elaborado pela autora.2016. ................................ 76
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO.............................................................................................. 16
1.1. METODOLOGIA ........................................................................................... 18
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 CONCEITOS ...................................................................... 20 2.1.1 Memória ............................................................................................. 20 2.1.1.1 Memória Individual ............................................................................ 21 2.1.1.2 Memória Coletiva .............................................................................. 21 2.1.1.3 Memória Urbana ............................................................................... 22 2.1.2 Identidade ............................................................................ 23 2.1.3 Patrimônio
........................................................................... 23
2.1.3.1 Patrimônio Material ........................................................................... 24 2.1.3.2 Patrimônio Imaterial .......................................................................... 24 2.2 ANÁLISES DE REFERÊNCIAS DE PROJETO ................................... 24
..................................... 24 2.2.2 Bell Street Park – Seattle, WA..................................................... 26 3. MEMÓRIA 3.1 CONTEXTO HISTÓRICO ....................................................... 30 2.2.1 Revitalização do Centro Histórico de Quito
3.2 SANTO AMARO HOJE ................................................................................. 35 3.3
EDIFÍCIOS HISTÓRICOS ....................................................... 35
4. IDENTIDADE 4.1 MAPAS............................................................................. 51 4.1.1 Mapa Eixo ............................................................................ 51 4.1.2 Mapas Psicogeográficos ........................................................... 54 4.2 AGENTES .................................................................................................... 56
..................................................................... 56 4.2.2 População Flutuante ................................................................ 57 4.2.3 Metrópole ............................................................................ 59 4.2.4 Crise de identidade ................................................................. 61 5. METAMORFOSE 4.2.1 Santamarenses
5.1 PROBLEMAS .................................................................................................. 63 5.2 POTENCIALIDADES ...................................................................................... 66 5.3 PROPOSTAS .................................................................................................. 67 5.4 PROJETO ..................................................................................................... 68
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 75 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 77
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 16
1.
INTRODUÇÃO
Vivendo em São Paulo, escolher um tema para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Arquitetura e Urbanismo não é uma tarefa muito fácil. Diante a tantos problemas encontrados cotidianamente, sejam calçadas mal projetadas, edificações que perderam o seu valor com o tempo, algumas abandonadas, outras padronizadas, foi encontrado um terreno para o estudo no qual têm-se grande afinidade pelo tempo vivido no local, pela existência de inúmeras lembranças e devido as transformações que lá ocorreram com o passar do tempo. Como ponto de partida, foi escolhido o Largo 13, mais especificamente a Praça da Catedral de Santo Amaro (ponto marco do bairro). A partir desde pensamento, o TCC era intitulado: "A Praça da Catedral de Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano”. Mas, o que poderia ser feito nesse local? Inicialmente, era cogitado realizar uma intervenção artística, entretanto, em meio a estudos, pesquisas e contato com os mais antigos santamarenses, o assunto baseado na memória chamou mais atenção. Mas por que a memória? No início das aulas, no primeiro semestre, existia uma matéria nomeada: Projeto de Arquitetura - Abrigo. Lembro-me que em uma das primeiras aulas foi pedido para que definíssemos o que era um abrigo. Colegas definiram como edifício, outros como o abraço da mãe e eu defini como memória, e como justificativa argumentei que sempre que buscamos um abrigo, antes de qualquer ato, lembramo-nos do que poderia ser feito para que sentíssemos mais segurança ou até poderíamos recorrer a uma lembrança para se sentir melhor. Ou seja, antes que um indivíduo cometa um ato, mesmo que involuntariamente, a memória remete a cada momento passado. Logo, se está sendo proposta uma intervenção que abrigue a população flutuante e seus moradores, porque não seguir esta linha de raciocínio voltada ao contexto histórico de Santo Amaro? Entretanto, trabalhar com a memória exigiria muito mais do que a Praça da Catedral de Santo Amaro, pois a memória/identidade de um local não se funda de uma construção, mas da conexão dos edifícios históricos que em sua arquitetura guardam marcas e transformações que ocorreram no decorrer do tempo.
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Portanto, diante conversas com o meu orientador, prof.º Me. Ralf José Castanheira Flôres, foram definidos alguns edifícios que pudessem complementar esta conexão: no Eixo Histórico, além da Praça da Catedral de Santo Amaro, fazem parte a Biblioteca Prestes Maia, a Casa da Cultura Santo Amaro, o Colégio Alberto Conte, a Praça Floriano Peixoto (a Casa Amarela). E fora do Eixo Histórico existem três edifícios que completam esse vínculo memorial: o Cemitério Municipal de Santo Amaro, o Mercado Municipal de Santo Amaro e o Teatro Paulo Eiró. Neste
ponto,
o
título
do
meu
TCC
já
havia
se
alterado:
"METAMORPHOSIS MEMORIALIS - Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano.". Metamorphosis, em latim, significa: Transformação, além da forma. E memorialis, em latim, significa: memorial, lembranças. Ou seja, chegar neste tema, exigiu uma reflexão sobre o que foi Santo Amaro no passado, o que é no presente e o que será no futuro. E por esse objeto de estudo, viver nessa constante transformação, foi ressaltado que existem três agentes que atuam sobre ele: Santamarenses, População Flutuante e a Metrópole. Diante aos resultados desta reflexão surgiram às questões: “Será que estes agentes atuantes geram realmente identidades controversas? Será que não há uma ligação entre eles? E essa crise de identidade fará com que Santo Amaro perca a memória do passado?”. Durante a primeira parte do TCC, estudar sobre a história de Santo Amaro, foi de extrema importância para entender todo o contexto da região. Após as pesquisas em livros, teses, artigos, ao procurar em leis, fotografias e realizar comparações entre os acontecimentos do passado, os fatos do presente e as projeções do futuro, entendendo todo o processo de transformação, levantando os problemas e as potencialidades do local, embasando todo o conteúdo e após uma profunda reflexão sobre o fluxo tanto do pedestre como do automóvel, foi proposto um projeto que pudesse interligar a Praça da Catedral com o calçadão da Capitão Tiago Luz, fazendo com que uma parte da Avenida Adolfo Pinheiro se tornasse em um espaço compartilhado, priorizando e visando em um projeto de lazer, permanência na escala do pedestre. O objetivo deste Trabalho de Conclusão de Curso é uma análise da situação paisagística, urbanística, de patrimônio histórico e cultural do bairro de Santo Amaro (SP), como base para a criação de um projeto de intervenção e requalificação, tendo em vista contribuir para a valorização e resgate da memória do Largo 13 de Maio.
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Respondendo
assim
a
questão
do
tema
do
meu
TCC:
“METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano” = “além da forma da memória”, significa que a minha proposta de intervenção visa que o espaço estudado volte a ser um largo como antigamente (pois, atualmente, foi cortado por uma avenida de intenso fluxo), entretanto, com um novo traçado respeitando a nova identidade, mas, não se esquecendo da antiga.
1.1.
METODOLOGIA Seleção
de
material
para
aprimorar
o
conhecimento
sobre
os
acontecimentos históricos e sociais que levaram Santo Amaro ao estado no qual se encontra atualmente. Busca pela fundamentação teórica baseada em conceitos e na realização de uma análise de projetos de praças, centros históricos, espaços compartilhados, optando pela escolha de dois projetos essenciais para embasamento. Desenvolvimento de estudos-base sobre o passado e o presente dos edifícios e eixos selecionados que marcam a história da região, como o levantamento de dados para a realização de mapas de uso e ocupação, psicogeográficos, diversidade residencial, entre outros; a criação de quadros referentes à antiga e atual situação destes edifícios, estudos de fluxos, tendo como fundamento pesquisas em campo, a comparação do acervo fotográfico antigo com o atual, estudos de teses e artigos relacionados com o tema, buscando também referências em livros e na mídia. Organização de todas as informações para a criação de um diagnóstico local, levantando os problemas e potencialidades, para assim chegar em propostas para a realização do projeto de intervenção e requalificação da Praça da Catedral ao calçadão da Capitão Tiago Luz, buscando valorizar e resgatar a memória do Largo 13 de Maio.
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2.1
CONCEITOS
Quando se fala em memória, identidade, patrimônio e valorização do histórico da cidade, mal se sabem que estas questões tornaram-se conhecidas e de interesse a sociedade há pouco tempo. Iniciado no iluminismo existia muito a visão do otimismo futurístico, onde boa parte das sociedades ocidentais deixava de valorizar o teu passado para apenas enxergar o futuro.
Após o colapso dessa
idealização de uma sociedade mais justa, a visão do futuro torna-se incerta e o passado começa a ser revalorizado e o presente a ser vivido. 2.1.1 Memória
Antes de buscar em meio a teses a relação da arquitetura com o termo memória, busquei em um dicionário que dizia a seguinte definição semântica da palavra memória terá como significado a faculdade de conservar e lembrar estados de consciência passados e tudo quanto se ache associados aos mesmos. Dependendo do tipo de área, a palavra memória terá significados diferentes, entretanto, como ponto em comum, ela sempre remeterá ao passado, a conservar algo do passado. E para explicar o termo memória, precisamos saber que o tempo tanto como o espaço, é inseparável e que a memória é a transformação do tempo em espaço. Poucas são as cidades que ainda constituem resquícios de seu passado. Segundo a Professora Historiadora Marly Rodrigues (2016), muitos edifícios que estão tombados no Brasil são apenas uma representação de um passado. Que boa parte destes, a arquitetura foi modificada e que não era necessariamente o que foi na época ou a quem representava, como por exemplo: as casas bandeiristas, que tem o nome bandeirista, mas não representam em nada as casas que os bandeirantes moravam. Contudo, neste trabalho, será abordado sobre a memória urbana nas cidades brasileiras, mais especificamente, em Santo Amaro. Para falarmos sobre memória urbana, primeiramente, temos que entender o que é memória individual e memória coletiva.
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2.1.1.1 Memória Individual Segundo o Professor Lauro César Figueiredo (2004, p.2), “a memória individual é um ponto de vista da memória coletiva, variando de acordo com o lugar que é ocupado”. A memória individual está baseada nas lembranças das pessoas, podendo contribuir para o resgate da memória da cidade. “Segundo Halbwachs, o tempo da memória só se concretiza quando encontra a resistência de um espaço.” (FIGUEIREDO, 2004).
Ou seja, esses compartilhamentos de lembranças podem ajudar a reconstituir um antigo espaço de um bairro, município ou cidade. Entretanto, como a memória é algo passível de mudanças pelo seu autor, seja na dimensão ou contexto, não é uma fonte muito confiável para se basear somente nela, para que seja concreta, é necessário embasamento teórico. Diferente da história, que é objetiva, porque mesmo podendo ser manipulada, busca sempre a verdade por meio de métodos científicos que podem comprovar ou não, confirmando se as memórias estão corretas. E assim como a memória, a história também envolve o espaço e tempo, pois é o resultado de uma ação em um determinado espaço e tempo.
2.1.1.2 Memória Coletiva
Quando a memória é de um lugar, de uma cidade, pode ser considerada como memória coletiva. Esta memória tem como envolvimento as memórias individuais, onde cada pessoa tem sua lembrança, mas por referirem as questões sociais, pode ser algo compartilhado, ou seja, a vivência de um grupo no mesmo espaço durante um tempo. Dificilmente essas memórias pertencem a um passado muito distante, pois só são guardadas algumas vivências do grupo. Segundo o Professor Doutor Mauricio de Almeida Abreu (1998), as memórias coletivas, por viverem em constante transformação, se já não for de interesse ao atual grupo, ela é esquecida, e para que isso não ocorra, é preciso que seja registrada e eternizada, fazendo com que não perca teu caráter e vínculo, tornando-a como memória histórica e desta forma, preservando as memórias das cidades. Mas, vale ressaltar que este tipo de memória é obtida mais em documentos do que em um aspecto físico na paisagem da cidade.
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2.1.1.3 Memória Urbana
As memórias das cidades, boa parte delas, precisam ser regatadas. Sejam na arquitetura, no traçado urbano, nas pessoas ou em documentos, elas precisam ser recuperadas para que se preserve o presente e auxiliem na construção da identidade das cidades no futuro. [...] a verdade é que os termos “memória urbana” e “memória da cidade” vingaram, e dizem respeito, não a capacidade de lembrar de indivíduos ou grupos, mas ao estoque de lembranças essas que são agora objeto de reapropriação por parte da sociedade (ABREU, 1998, p. 17 – 18 ).
Como o próprio Abreu cita, a memória urbana está ligada as lembranças da vida urbana, mas sem uma base física, sem um lugar especifico. Já a memória da cidade está relacionada a um lugar especifico. A história, por sua vez, reavalia e contextualiza os valores e vestígios antigos, o que pode fazer com que ela ganhe o tempo e perca o lugar. Entretanto, o que interessa em história oral (memória) é saber o porquê o entrevistado foi selecionado e qual o seu significado. Trabalhar sobre uma determinada cidade pode fazer com que crie um resultado de dimensão universal, um possível diagnóstico para diversos lugares (memória urbana), fazendo com que se esqueça da dimensão singular (memória da cidade), sua individualidade. Contudo, para a construção da memória de uma cidade é preciso entender que há dois pontos de extrema importância: o contexto histórico e a geografia. Segundo Milton Santos, citado no artigo de Abreu, a história pode ser dividida em dois tópicos: a história urbana (abstrato, geral e interno – atividades geradas em um âmbito urbano de forma geral) e a história da cidade (particular, concreto e interno – processos históricos que materializavam de forma mais objetiva). A história de uma determinada cidade não dispensa, portanto a análise da dimensão única, 22deográfica, do lugar. Ao contrário. Se abandonarmos essa dimensão poderemos até recuperar o urbano, mas não a cidade e, muito menos, a história (e a memória) da cidade que queremos estudar (ABREU, 1998, p.19).
Em outras palavras, para fundamentar a memória, é necessário que a contextualize em tempo e espaço do local para que haja a história específica de determinada cidade. Já a geografia contribui para a memória das cidades mostrando as transformações morfológicas que ocorreram com o passar do tempo, ou seja,
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 23
mostra a evolução da cidade, de forma infográfica, podendo assim resgatar as antigas paisagens da cidade.
2.1.2 Identidade
Identidade é o produto que será gerado a partir da memória de seu agente atuante e através das perguntas de quem, como e porque o agente atua desta maneira. Ou seja, a identidade é o que dá características individuais, próprias e únicas a um individuo ou espaço.
Diante ao traçado urbano de uma cidade,
segundo Figueiredo, baseado pelo pensamento de Le Goff, para o recolhimento de fragmentos para a reconstrução e manutenção do presente e da futura identidade de um povo, devemos identificar que a lembrança e a memória agem de modo diferente. “A lembrança é a sobrevivência do passado” (FIGUEIREDO, 2004, p.3), e podem ser identificadas através de sonhos (puro) ou através de registros fotográficos (impuro). Sem memória, o presente de uma cultura perde as referências ideológicas, econômicas e culturais que a originaram. (...) Como elemento fundamental na identidade cultural de um grupo (...), a memória constitui um sistema seletivo e referencial, que irá localizar no presente os códigos de experiências culturais (FIGUEIREDO, 2004, p.3).
A memória é a representação do passado, o que é produzido diariamente e precisa ser registrado em documentos para que não perca seu caráter, valor e vínculo, e “a idealização do futuro também convive na memória, conferindo ao indivíduo identidade cultural e grupal” (FIGUEIREDO, 2004, p.3).
2.1.3 Patrimônio
Segundo o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), pode-se considerar como patrimônio os bens materiais e imateriais que por lei são tombados, preservados, requalificados e restaurados, considerados de valor inestimável para que possam produzir e representar, material ou simbolicamente, as relações sociais, a história, a memória, identidade e a vida.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 24
2.1.3.1 Patrimônio Material
Segundo o IPHAN, é o conjunto de bens culturais classificados de natureza arqueológica, etnográfico, paisagístico, histórica e artística. Pode ser dividido em bens imóveis: sítios arqueológicos, construções antigas, núcleo urbano, arquitetônico e paisagístico e bens individuais. E bens móveis: documentos, coleções
arqueológicas,
acervo
museológico,
arquivos
seja
documentais,
fotográficos, videográficos e cinematográficos. Exemplo: Ouro Preto, Paraty, Corcovado (paisagístico). 2.1.3.2 Patrimônio Imaterial
Segundo o IPHAN, Patrimônio Imaterial já está ligado às devoções, algum feito culinário característico do local, as habilidades, práticas, comemorações, o modo de ser, as expressões literárias, musicais ou corporais de que constitui a memória e identidade de uma determinada sociedade ou região. Assim como feiras, mercados, praças e demais espaços que constituem e reproduzem as práticas culturais. Exemplo: A capoeira, o frevo, o samba, o acarajé, o modo artesanal do preparo do queijo minas.
2.2 ANÁLISES DE REFERÊNCIAS DE PROJETO
Como análise de projeto, o processo de revitalização do Centro Histórico de Quito e a intervenção na Bell Street em Seattle foram estudados como referência para a realização deste estudo em Santo Amaro.
2.2.1 Revitalização do Centro Histórico de Quito
Quando a cidade de Quito, no Equador, foi tombada pela UNESCO como patrimônio da humanidade em 1978 e com o crescimento da cidade, era necessário preservar o patrimônio. Em 1988, iniciaram estudos para elaboração de um Plano de Recuperação do Centro Histórico, entretanto, em 2003 teve seu ápice após a prefeitura local, depois de um processo democrático, realocar os sete mil
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 25
comerciantes ilegais aos centros comerciais, dando o primeiro passo ao processo de revitalização. Este processo de realocação foi feita após a criação de um sindicato que pudesse representar os comerciantes informais para as conversas com o governo e o processo de escolhas de pontos foram feitas por meio de sorteios. Após a retirada destes comerciantes informais das ruas do Centro Histórico, estas começaram a ser esvaziadas e limpas, retirando as fiações irregulares e toda a poluição visual como placas, madeiras e afins, fazendo com que as construções arquitetônicas voltassem a aparecer. Em parcerias com empresas no ramo civil, os edifícios começaram a serem revitalizadas, começaram restauradas, assim
o
as a
ruas serem
diminuindo índice
de
criminalidade e delinquência, dando mais segurança aos comerciantes
locais
e
trazendo atividades culturais Figura 1 Transformação de Quito após a requalificação do Centro Histórico. Fonte: http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/vivaocentro /usu_doc/quito.pdf. Acesso em: 19 de maio de 2016.
ao centro. Outro
fator
importante neste processo de recuperação foi que o governo
liberou crédito aos moradores locais para revitalizarem suas residências e liberou crédito para melhorar a mobilidade e a infraestrutura urbana, onde foi feito um plano de reorganização de trânsito e transporte, melhorando a mobilidade tanto dos veículos, como dos pedestres. Contudo, todo este processo de recuperação do Centro Histórico aconteceu após as conversas que o governo teve com as pessoas que viviam e frequentavam o local, sabendo os problemas e necessidades da população, foi mais fácil e objetivo solucionar o caso.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 26
2.2.2 Bell Street Park – Seattle, WA.
Belltown cidade
de
densidade
é
a
maior
populacional
de Seattle, é um bairro de uso
misto
(residencial,
comercial e serviços), no qual, na década de 90, houve
um
crescimento fazendo expansão Figura 2 Bell Street Park – Seattle, WA. Fonte: http://www.svrdesign.com/bellstreetpark/. Acesso: 29 de setembro de 2016.
grande residencial,
com de
que
a
espaços
abertos
não
acompanhasse o mesmo ritmo,
mesmo
que
em
1985, a cidade já tinha iniciado um plano de ruas verdes, buscando melhorias para o ambiente do pedestre. Em 2008, houve uma auditoria com os residentes de Belltown, alertando que a cidade não estava alcançando o objetivo de espaço aberto, o que levou, em 2009, a liberação um financiamento para a criação do Bell Street Park, sob supervisão da Parks & Rec. Durante a criação do projeto, foram apresentadas a população as
Figura 3 implantação da Bell Street Park. Fonte: http://nacto.org/case-study/bell-street-parkseattle/. Acesso em: 29 de setembro de 2016.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 27
vantagens e desvantagens da criação de ruas em modo compartilhado e separado, entretanto, o apoio pelo espaço compartilhado foi quase unânime. Sendo assim, da 1º a 5º avenida, foi criado o primeiro projeto de rua compartilhada da cidade de Seattle, e a transformação por um projeto de inclusão e com forte colaboração tanto da cidade como da comunidade, fez com que se tornasse algo tão bem sucedido que se tornou modelo para a compreensão deste tipo de uso. Sendo planejada em 2009 e com obra finalizada em 2014. O projeto consiste na elevação do nível da rua ao nível da calçada, tornando um espaço sem desnível, demarcado por um caminho sinuoso, com um pavimento texturizado e com cor para sinalizar o motorista a reduzir a velocidade, priorizando o pedestre. Além do desenho de paisagismo, a iluminação e implantação de mobiliários como cadeiras, mesas, esculturas para tornar convidativa a permanência do pedestre. É importante ressaltar que as diversas parcerias ajudaram e, até hoje, ajudam na manutenção do espaço. Desde a conclusão do projeto, Bell Street tem se tornado um local para realização de eventos da comunidade. Houve uma redução de tráfego, fazendo com que as pessoas optassem mais pelo uso de transporte público, garantindo assim uma rua mais calma e priorizada para o pedestre. Além de promover políticas de sustentabilidade, gerou um desenvolvimento econômico e o crescimento da cidade de uso misto e multimodal. Utilizar este tipo de projeto como referência, mesmo constituindo de situações diferentes, a Bell Street é um projeto de grande importância, pois foi
Figura 4 Apropriação da Bell Street Park. Fonte: http://nacto.org/case-study/bell-street-parkseattle/. Acesso em: 29 de setembro de 2016.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 28
pensado minuciosamente cada detalhe de forma que contava com a interação das necessidades da comunidade para a realização da obra. Como já citado, o que tornou tão bem sucedido, além da criação do espaço compartilhado, foi a colaboração tanto da comunidade como do governo. Dando um voto de confiança tanto na opinião e necessidades do pedestre, como na atenção e respeito do condutor para com o espaço.
Figura 5 Bell Street antes e depois da intervenção. Fonte: http://nacto.org/case-study/bellstreet-park-seattle/. Acesso em: 29 de setembro de 2016.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 29
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 30
3.1
CONTEXTO HISTÓRICO
Este item baseia-se em grande parte no livro da Maria Helena Petrillo Berardi, historiadora formada pela PUC, professora e escritora do livro “Santo Amaro – Memória e História: da botina amarela ao chapéu de couro”, no qual contextualiza minimamente a história do bairro e outra parte baseia-se no caderno Lar do projeto de extensão do Centro Universitário Senac. Antes de começar a história de Santo Amaro, é válido contextualizar também a de São Paulo, desde o século XVI. Quando Portugal estava em busca do comércio no Oriente, devido à nova rota tracejada pelo Oceano Atlântico, Cabral encontra uma nova terra: o Brasil. Em 1530, em uma expedição pela nova terra descoberta, sob o comando de Martim Afonso de Sousa, com o intuito de expulsar os franceses (sabendo que ambos
estavam
extraindo
o
pau-brasil)
e
iniciar
povoamentos, fundando a primeira vila de São Paulo: São Vicente. Ao subir o planalto, fundam a aldeia de Piratininga. Em 1533, Inácio de Loyola, fundou uma companhia religiosa que só foi aprovada pelo Papa Paulo Figura 6: Réplica da Imagem
III em 1534 e recebeu o nome de Companhia de Jesus.
de Santo Amaro. (Original está guardada no cofre da igreja). Fonte:
Tinham como estratégia a criação de escolas religiosas, convertendo
os
povos
recém-descobertos
para
o
http://especial.folha.uol.com.
catolicismo. No Regimento de 1548, após a criação do
br/2015/morar/vila-mariana-
Governo Geral, os padres decidem visitar as capitanias
campo-belo/2015/09/1693437-
do Sul.
imagem-de-santo-amaro-epreservada-desde-1552-em-
Sob o comando do padre Manuel de Nóbrega,
igreja.shtm. Acesso em: 27
junto a doze jesuítas, sendo que um deles era o padre
de abril de 2016.
José de Anchieta, ao subir a Serra do Mar, chegaram a
um planalto com vales e rios, quando, em 25 de Janeiro de 1554, entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, ocorre à missa marcada como inicio de São Paulo, construindo uma capela e uma escola jesuíta. E em 1560, o terceiro governador geral, Mem de Sá, eleva São Paulo à categoria de Vila.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 31
Seguindo pelo rio Pinheiros, existia uma aldeia de Jurubatuba1, onde foi erguida uma capela que venerava Nossa Senhora da Penha, onde recebiam a visita constante do padre José de Anchieta. Devido ao difícil acesso e a qualidade de transportes ser precária, as aldeias Itapecerica, Pinheiros, Embu e Ibirapuera (Santo Amaro) se tornaram povos fixos com o apoio dos jesuítas. Em outras palavras, o surgimento de Santo Amaro veio em 1556, após do padre José de Anchieta perceber que ali havia um alto número de índios catequisados e colonos instalados na região, decide criar então um povoado. Ele constrói uma capela no ponto central no aldeamento dos índios, que recebeu como doação do casal (João Paes e Susana Rodrigues), uma imagem em madeira do Santo da devoção do casal: o Santo Amaro (motivo pelo qual, a região ficou conhecida por este nome). Em 1686, a capela de Santo Amaro é transformada em paróquia e Santo Amaro é elevado à Freguesia. Em 1737, sob a Ordem Régia 212, coloca em prática um caminho que ligava Santo Amaro a São Paulo. Por decreto do Dom João VI, em 1820, convida estados alemães 2 a se estabelecerem no Brasil, onde a primeira colônia se estabelece no Rio de Janeiro. Em 1825, o major Jorge Antônio Von Schaeffer, por ordem de Dom Pedro I, vai a Europa a procura de soldados para lutar nas guerras do Sul e colonos alemães para povoar o
Brasil,
prometendo
importantes.
Em
1827,
riquezas os
e
cargos
alemães
são
Figura 7: Mapa de Santo Amaro no inicio
mandados para São Paulo e, em 1829, por do século XX. Fonte: http://www.saopauloantiga.com.br/cemit
decreto de Dom Pedro I, Santo Amaro vira erio-de-santo-amaro/. Acesso: 19 de assentamento para os colonos e ocorre um
maio de 2016
sorteio de terras para noventa e quatro famílias alemãs, tornando assim o local como primeira colônia estrangeira do Brasil. Em 1832, Santo Amaro, por decreto de
1
Ou Jeribatiba, essa era a outra alteração do nome onde era identificada essa aldeia. Até a metade do Século XIX, a Alemanha não era um país, era um conjunto de estados independentes reunidos pela Confederação Germânica, liderados pela Prússia e Áustria. 2
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 32
Dom Pedro I, é elevado a Vila. Na segunda metade do século XIX, Santo Amaro já estava sendo consolidado como eixo comercial, já que a região produzia produtos de primeira necessidade, como arroz, feijão, milho e afins. Em 1886, foi inaugurada uma linha férrea que ligava Santo Amaro a São Paulo com a presença de Dom Pedro II e sua esposa, Imperatriz Tereza Cristina. Em 1888, após a promulgação da lei que aboliu a escravatura, assinada pela Princesa Isabel, o Largo do Tenente Adolfo, antes conhecido como Jogo da Bola, passou a ser conhecido como Largo 13 de Maio. Em 1896, foi inaugurado o Jardim Público (Praça Floriano Peixoto) e o antigo Mercado Municipal (Casa da Cultura). Ainda no Século XIX, a antiga paróquia, feita em taipa de pilão, estava em estado muito precário, o que era uma grande preocupação até para os próprios
Figura 8: Vista para Catedral do ponto onde está localizada atualmente a Av. Adolfo Pinheiro em 1936. Fonte: Foto retirada do grupo no Facebook: “Botinas Amarelas”, autor desconhecido.
vereadores da Câmara. Reformas foram feitas ao longo do Século XIX, como a construção da Torre do Relógio, da Capela Mor, Sacristia, do Altar Mor, da Nave Central, dos Vitrais. E em 1 de novembro de 1924, inaugurava a Igreja Matriz de Santo Amaro. No início do século XX, após a Primeira Guerra Mundial, São Paulo sofreu uma intensa epidemia: a gripe espanhola. Assim como a capital, a região sofreu com a epidemia, “Santo Amaro viveu dias de grande angústia, quase não existiu casa que não pusesse luto por alguém” (BERARDI, 2005. P. 155.). Com a epidemia
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 33
motivou o surgimento do primeiro posto de saúde. Ainda no início do século XX, quando o Governo suspende a imigração de estrangeiros a Santo Amaro, surge o incentivo da vinda de nordestinos que influenciariam o comércio local. Em 7 de julho de 1913, foram inaugurados os bondes elétricos em Santo Amaro que tinham como rota a saída na Praça da Sé até Santo Amaro, tendo como ponto final o Largo 13 de Maio. Em 1935, Santo Amaro é anexado a São Paulo, tornando-se bairro. Em 1958 é inaugurado o novo mercado municipal, localizado em outro endereço
(Rua
Ministro
Roberto
Cardoso Alves). Em 1963 é inaugurado pela
Senhora
Maria
Prestes
Maia,
esposa do prefeito Prestes Maia, a biblioteca Presidente Kennedy 3 . Em 27
Figura 9: A última viagem dos bondes de São
de março de 1968, ocorre o último
Paulo ocorreu em Santo Amaro. Fonte:
passeio do bonde da linha de Santo
http://gisele-finatti-
Amaro4 com a parada final no Largo 13
baraglio.blogspot.com.br/2013/02/sao-paulo-
de Maio, ao lado da Catedral de Santo
antiga-bairros-santo-amaro.html. Acesso em: 07 de abril de 2016.
Amaro e da banca do Senhor Lopes (atual Banca Largo 13 de Maio). Ocorre um plebiscito em 15 de novembro de 1985, onde decidiria se Santo Amaro voltaria a ser um município independente, entretanto, o resultado foi que continuaria anexado a São Paulo. Já no século XXI, em 2004, Santo Amaro passa por um processo de decadência urbana e a prefeita Marta Suplicy, promulga a Lei 13 885/2004 onde foi determinada a revitalização do Centro Histórico. E em 2007, na gestão do prefeito Gilberto Kassab, inicia a remoção dos vendedores ambulantes no Largo 13 de Maio. Em 2014, ocorreram intervenções nos espaços livres públicos, ampliação do calçadão em frente à Praça Floriano Peixoto, a continuação das obras de restauro na igreja (após ela ter sido fechada quando o forro desabou em consequência das obras do metrô e reaberta em 2012) e a inauguração da estação Adolfo Pinheiro.
3
Atualmente conhecida como Biblioteca Prestes Maia;
4
A Linha de Santo Amaro foi a última a ser desativada em São Paulo. Este tipo de transporte foi
desativado, pois segundo os governadores da época, atrapalhava o progresso.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 34
Figura 10: Montagem feita pela autora, esquematizando em uma linha do tempo fotográfica da transformação do Largo 13 de Maio com a vista da Avenida Adolfo Pinheiro. Fonte: Foto retirada do grupo no Facebook: “Botinas Amarelas” e foto atual da autora.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 35
3.2
SANTO AMARO HOJE
Santo Amaro atualmente é considerado o maior polo comercial da zona sul de São Paulo. Possui características de um município independente, ainda que hoje esteja agregado ao município de São Paulo, com pessoas de diferentes classes sociais, porém distribuídas em diferentes áreas, algo possível de se notar ao andar pelas ruas e ver as mudanças, tanto paisagísticas, como urbanas e de fluxos. Na região mais central, próxima a Catedral de Santo Amaro, ou seja, o Largo 13 de Maio, encontra-se maior fluxo de pedestres e carros. À medida que o eixo vai se distanciando do centro, o fluxo intenso de pessoas vai diminuindo. E nesta região central, há uma quantidade maior de pessoas que possuem renda mais baixa e um alto número de moradores de rua e dependentes químicos (tipo de indivíduos que quase não se vê ao chegar às proximidades do mercado municipal). É interessante notar que por uma rua de ligação (Rua Ministro Roberto Cardoso Alves), a Rua Isabel Schmidt tem características e fluxos diferentes da Rua Padre José de Anchieta (rua paralela) e com maior diferença ainda da Rua Conde de Itu. Ou seja, a Rua Isabel Schmidt tem um intenso fluxo de transporte individual e público e de pedestres, com casas e comércios mais populares, mas ao subir pela Rua Ministro Roberto Cardoso Alves, na travessa da Rua Padre José de Anchieta, tanto os fluxos diminuem, como a características das residências começam a ficar com aspectos de uma classe um pouco mais alta do que se encontra na Isabel, e continuando a seguir pela Rua Ministro Roberto Cardoso Alves, após o mercado municipal e o sacolão, o fluxo urbano e as residências já possuem outra figura: características de uma renda elevada. Estas mudanças acontecem em diversos pontos de Santo Amaro.
3.3
EDIFÍCIOS HISTÓRICOS
Em análise ao Eixo Histórico de Santo Amaro, assim como já foi citado na introdução deste trabalho, foi concluído que este eixo precisaria de outros edifícios
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 36
característicos5 para definir um vínculo memorial e histórico e, assim, poder chegar a uma melhor definição da identidade local. Logo, não denominaria mais como Eixo Histórico e sim como Centro Histórico. Após uma análise do terreno, diante a tantas edificações, foram selecionados sete edifícios, que fazem parte da história de Santo Amaro, sejam pelo destaque, vivências que puderam propiciar aos seus transeuntes e por sua conexão a Catedral de Santo Amaro, que junto a ela, totalizam oito edifícios, todos representados na figura 11. A seguir, por meio de quadros, será feito uma breve ficha técnica da história e atual situação destes edifícios que estão em vermelho no mapa abaixo e em azul encontra-se os eixos que os conectam a Catedral.
Figura 11: Mapa de representação de eixos. Base Gegram, sem escala. Criado pela autora. 5
É importante ressaltar que os edifícios são: o Mercado Municipal de Santo Amaro, o Teatro Paulo Eiró e o
Cemitério Municipal de Santo Amaro e não fazem parte do Eixo Histórico, logo, os eixos que os ligam até a Catedral, também foram delimitados pela autora.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 37
Tabela 1 - 8: Levantamento de dados históricos e atual situação dos oito edifícios selecionados para estudo do bairro de Santo Amaro. Tabelas elaboradas pela autora. 2016.
CATEDRAL DE SANTO AMARO
1556 – 1560: É construída uma capela no ponto central no aldeamento dos índios, que recebe a doação de um casal da imagem de Santo Amaro, o que gerou o nome para a região;
1686: A capela é transformada em paróquia;
1730: É inaugurada a igreja feita em taipa de pilão;
1841: A Câmara se reunia em um dos cômodos da igreja, entretanto, os vereadores se demonstravam preocupados com a má conservação do local;
PASSADO
1842: Acontece a primeira reforma;
1883 – 1886: Acontece a segunda reforma, onde se construiu a fachada da igreja;
1895: A Torre do Relógio foi concluída;
1901 – 1905: Promove-se a construção da Capela Mor, Sacristia e Consistório;
1917: Começa a construção da nave central; 1924: Em 1 de novembro, inaugura-se a Catedral de Santo Amaro;
2002: Tombada pela CONPRESP;
2007: Devido à falta de manutenção, a construção da linha Lilás do metrô, parte do forro da igreja desabou, permanecendo fechada durante anos;
2012: Reabertura da igreja, mas ainda em obras de restauro e preservação. Atualmente, a Catedral de Santo Amaro encontra-se já
no estágio final de sua restauração. Aberta somente pela manhã PRESENTE
(devido às obras de restauro), ainda traz muitos fiéis às missas. É importante notar, que grande parte de seus fiéis são de renda mais baixa, pois a elite em sua maioria, após as mudanças da região, e ao excesso populoso no local, deixou a
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 38
Catedral para frequentar o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, onde a igreja está localizada na parte mais rica do bairro.
Figura 12: 1º imagem: Tempo onde ainda existiam os carros de boi,1900; 2ºimagem: Já com toda parte externa restaurada,2016. Fonte: 1º imagem: Foto retirada da pagina do Facebook: Botinas Amarelas. Autor desconhecido; 2ºimagem: Foto da autora. 2016.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 39
BIBLIOTECA PRESTES MAIA
Foi delegada à Comissão de Construção Escolar da Secretaria da Educação a tarefa de executar o projeto da biblioteca de autoria do Arquiteto Luis Augusto Bertacchi;
1963: Em setembro começaram as obras da biblioteca;
1965: Em 4 de abril, a biblioteca foi inaugurada sob o nome de Presidente Kennedy;
1965: Numa portaria, o Prefeito Prestes Maia decidiu que as
dependências
e
espaços
seriam
ocupados
especificamente para iniciativas de caráter cultural, sem cunho político;
2003: Em março foi agregada definitivamente ao acervo da biblioteca a Coleção Prestes Maia, constituída por 12
PASSADO
mil livros em diversas línguas e de assuntos variados;
2005: Em outubro, pelo decreto 46.434 de criação do Sistema Municipal de Bibliotecas, a Biblioteca Presidente Kennedy teve seu nome alterado para Biblioteca Prefeito Prestes Maia;
2007: A Biblioteca recebeu em doação da Companhia Paulista de Obras do Estado e Serviços de São Paulo, os móveis que pertenceram ao gabinete do prefeito Prestes Maia;
2012: Em 27 de dezembro, a biblioteca Prefeito Prestes Maia foi inaugurada como décima unidade temática, oferecendo uma coleção especializada em arquitetura e urbanismo; Atualmente a biblioteca Prefeito Prestes Maia é
temática em arquitetura e urbanismo e oferece uma coleção PRESENTE
especializada, além do seu acervo geral com cerca de 55 mil itens. São disponibilizados serviços de referência e empréstimo, espaços de leitura e telecentro, além de oferecer oficinas, seminários e palestras. A biblioteca também possui um acervo
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 40
destinado à comunidade cega ou de subvisão que é em braile. Está restaurado, com um estado de conservação ótimo e, aparentemente, as únicas modificações foram a pedra que constituía a fachada foi modificada e adicionaram brises soleils. Há uma praça em frente à biblioteca, com fluxo ameno de pedestres, com alguns mobiliários urbanos (bancos e lixeira) e em um estado de conservação precário e abandono.
Figura 13: 1º imagem: Biblioteca antes da reforma, 2006; 2ºimagem: Após a reforma, com a fachada refeita, já constando o atual nome e com a instalação de brises soleils na sua fachada, 2016. Fonte: 1º imagem: http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2015/04/prestes-maia-o-prefeito-de-sao-pauloe.html. Acesso em: 27 de abril de 2016; 2ºimagem: Foto da autora. 2016.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 41
CASA DE CULTURA SANTO AMARO
1897: Inaugura-se o edifício da Casa de Cultura e funcionou desde então, até o ano de 1958, como Mercado Municipal de Santo Amaro;
PASSADO
1972: O imóvel foi tombado pelo CONDEPHAAT;
1977: Foi criado um programa de revitalização do prédio, executando reforma e restauro pelo Departamento de Patrimônio Histórico;
1980: O prédio foi incorporado à Secretaria Municipal da Cultura. Atualmente, a Casa de Cultura é um espaço
referência que, por intermédio de sua programação e atuação junto à comunidade, contribui na construção da cidadania cultural, proporcionando maior contato e vivência com um repertório cultural diversificado e de qualidade aos seus frequentadores. Funciona também como polo agregador da PRESENTE
comunidade artística e seu público. Através de incentivo a participação das famílias nas oficinas, fortalece vínculos e promove transformações, visando viabilizar e valorizar a produção cultural local. Encontra-se gradeada, o estado de conservação está bom, entretanto, como na parte de trás da Casa de Cultura quanto a praça que está a frente, estão sujas, com muito lixo, pois faltam equipamentos como lixeiras.
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Figura 14: 1º imagem: Casa de Cultura quando ainda era o Antigo Mercado Municipal, 1936; 2º imagem: Atual Casa de Cultura Santo Amaro, 2016. Fonte: 1º imagem: http://www.brasilhipismo.com.br/noticias/romaria-dos-cavaleiros-do-senhor-bom-jesus-depirapora-completa-92-anos-de-trascendendo-geracoes. Acesso em: 27 de abril de 2016 2ºimagem: Foto da autora. 2016. .
EMI
CEMITÉRIO SANTO AMARO
.
1828: Em 1 de outubro foi decretada a Lei Régia elaborada por D. Pedro I. (Essa lei determinava a proibição de sepultamentos dentro das igrejas)
PASSADO
1856: Em 9 de maio foi inaugurado o Cemitério, cumprindo o decreto imperial;
1857: Em 5 de janeiro ocorreu o primeiro enterro;
1935: Foi anexado à capital, anteriormente Santo Amaro possuía autonomia administrativa;
É um cemitério de grande importância histórica, principalmente para os santamarenses. Estão enterrados ali importantes personalidades da história local e até do Brasil, como o poeta Paulo Eiró, ex-prefeitos de Santo Amaro e pioneiros da região, o escultor Júlio Guerra (escultor do PRESENTE
Borba de Gato) e o Comandante José Foster (herói da Guerra Cisplatina), além de que podem ser vistas lápides de famílias
tradicionais
que
muito
contribuíram
para
o
desenvolvimento da cidade. Encontra-se em um estado de preservação bom, onde no velódromo pode se encontrar algumas falhas na
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tinta da estrutura. As lápides são de conservação das famílias, ou seja, algumas lápides são grandes monumentos artísticos, outras estão degradadas.
Figura 15: 1 º imagem: Cemitério antes do restauro de sua fachada, sem data; 2º imagem: Atual estado de conservação do cemitério,2016. Fonte: 1 º imagem: http://www.saopauloantiga.com.br/cemiterio-de-santo-amaro/. Acesso em: 19 de maio de 2016. 2º imagem: Foto da autora. 2016.
COLÉGIO ALBERTO CONTE
Antes de se tornar um colégio fixo, existia o que era conhecido como Ginásio Estadual de Santo Amaro que ocupava duas salas Grupo Escolar Paulo Eiró na atual Rua Mário Lopes Leão (próximo a Praça Floriano Peixoto);
PASSADO
1949: Recebe o nome de Ginásio Estadual Professor Alberto Conte, mas ainda sem dependências próprias;
1951:
Em
junho,
a
prefeitura
de
São
Paulo
desapropria o campo da equipe de Santo Amaro, com uma área de 7243 m²;
1954: São finalizadas as obras de engenharia civil, quando o diretor do ginásio (Octávio Lopes Correâ) solicita
a mudança da
instalações;
escola
para as novas
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 44
1955: Iniciam as atividades no local, sendo implantado o que era conhecido como Ginásio Vocacional e o projeto de “classes experimentais”;
1969:
Com
o
Golpe
de
64,
esses
Ginásios
6
Vocacionais foram fechados e extintos da rede de ensino pelas forças militares. Em 12 de Dezembro deste mesmo ano, essas escolas são invadidas pelo Exército e pela Polícia Militar, perdendo seu acervo e história. Pais e professores tentaram esconder tudo que possuíam e o que foi salvo das escolas. Contudo, por meio de entrevistas feitas para o site da Gvive 7, buscam em memórias e os materiais que comprovam metodicamente
o
complemento
da
história
dos
Ginásios Vocacionais.
O Colégio Alberto Conte faz parte da formação de inúmeros Santamarenses. Atualmente, ele se encontra em PRESENTE
uma região de fluxo intenso, tanto de pedestres como de transportes. Com estado de conservação razoável e sem grandes modificações na arquitetura.
6
Os Ginásios Vocacionais é a renovação do ensino público paulista. Este movimento dá inicio as “classes experimentais” que deu origem em 1950, após um encontro com o Consulado Francês. Neste encontro estava o diretor do Instituto de Educação Alberto Conte, Professor Luís Contier, onde ele foi convidado a fazer um estágio nas “Classes Nouvelles” ou “Classes Experimentais”. Após dois anos na França, o Professor inicia em sua escola um projeto semelhante, era detectar aptidões nas séries iniciais e praticar a orientação vocacional para ajudar os alunos nas escolhas de sua profissão e continuidade de estudos. Em 1957, o diretor do MEC, Professor Gildásio Amado, autoriza o funcionamento destas “classes experimentais” a partir de 1958. 7 Site da Associação dos ex-alunos e amigos do vocacional;
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 45
Figura 16: Colégio Alberto Conte, 1960. Fonte: http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2011/07/educacao-rural-escolaexperimental-e-o.html. Acesso em: 19 de maio de 2016.
MERCADO MUNICIPAL
1958: Em 13 de novembro foi inaugurado o Mercado Municipal;
PASSADO
1961: Passou a funcionar com vendas no varejo, tendo em vista que anteriormente iniciou na venda de produtos no atacado; O Mercado Municipal é um importante centro de
abastecimento da região de Santo Amaro e bairros adjacentes, operando em diversos ramos de atividade, PRESENTE
possui 25 boxes como quitandas, açougues, peixaria, empórios/mercearias,
lacticínios,
utilidades
domésticas,
floricultura, lanchonete, farmácia e banca de jornal. Gradeado, está em ótimo estado de conservação, sem modificações e boa parte da população que frequenta o
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 46
local é de classe média e alta, pois, é uma área mais elitizada, sabendo que seu entorno só há residenciais de maior renda.
Figura 17: Atual estado de conservação do Mercado Municipal de Santo Amaro, 2016. Fonte: Foto da autora. 2016.
PRAÇA FLORIANO PEIXOTO
Inicialmente conhecida como Largo do Rosário;
1837: a Câmara Municipal aprovou um valor de quinhentos réis para a construção de uma cadeia pública, motivo pelo qual, o local ficou conhecido como
PASSADO
Largo da Cadeia;
1888: Em 9 de Julho, após a inauguração da sede do Governo Municipal e a Câmara da cidade de Santo Amaro, visto que Santo Amaro ainda era um município independente de São Paulo, o nome passa a ser Largo do Municipal;
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 47
1894: Em 26 de maio, o Largo Municipal recebe o nome de Praça Floriano Peixoto em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto (segundo presidente do Brasil);
1986: ocorre o redesenho da Praça como um jardim público, modelo muito parecido com o jardim que se encontra atualmente, com exceção aos modelos de arbustos que continham na época. Atualmente, a Praça Floriano Peixoto encontra-se
gradeada, degradada, com problemas de segurança devido ao alto número de moradores de rua e usuários de drogas que se encontram no local. O prédio da Câmara permanece PRESENTE
rente à praça, entretanto, hoje o edifício é conhecido como Casa Amarela (Paço Cultural Júlio Guerra). Também gradeada, a Casa Amarela está em um estado de conservação razoável, com algumas rachaduras em sua estrutura.
Figura 18: 1º imagem: Praça Floriano Peixoto, 1935; 2º imagem: Praça Floriano Peixoto, 2016. Fonte: 1º imagem: Foto retirada da pagina do Facebook: Botinas Amarelas. Autor desconhecido; 2º imagem: Foto da autora. 2016.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 48
TEATRO PAULO EIRÓ
Projetado por Roberto Tibau, onde a arquitetura é inspirada nas obras do Le Cobusier (Palais des Soviétes);
Construído através do Convênio Escolar firmado entre o Estado e a Prefeitura – PREF-CE;
1957: Em 23 de março foi oficialmente inaugurado;
1968: É prestada uma homenagem ao poeta Paulo Eiró, com colocação do mural em frente ao teatro, idealizado e construído pelo escultor Júlio Guerra (santamarense e escultor da estátua do Borba Gato);
1971: De julho a agosto ocorreu à primeira reforma parcial do teatro;
1972: Em março e abril o teatro permaneceu fechado para diversos reparos;
1975: Foi criada a Secretaria Municipal de Cultura, e os teatros municipais passaram a pertencer ao
PASSADO
Departamento dos Teatros;
1979:
Em
março,
com
o
novo
Departamento
estruturado, foi possível a tão esperada reforma do Teatro Paulo Eiró, que permaneceu fechado por cinco meses;
1979: Em 4 de agosto deu-se sua reinauguração;
1980: Inicia-se uma grande reforma na política cultural, com o intuito de descentralização dos eventos culturais;
1984: Um trabalho de dinamização do teatro é iniciado, visando uma maior identificação entre ele e a comunidade, tornando o espaço aberto de criação e difusão cultural;
1990
–
1992:
Permanece
fechado
recursos para uma reforma geral;
aguardando
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 49
1992: O teatro foi tomado pela Conpresp;
2011 – 2015: Fechado para Reforma, ampliação, requalificação e modernização das instalações do teatro, colocando acessibilidade total para deficientes.
2015: Em 28 de Setembro, o teatro é reaberto. Atualmente, o Teatro Paulo Eiró possui instalações
modernas e de total acesso e segurança para o cadeirante, é considerado um dos melhores teatros municipais, com instalações como o fosso para orquestra, algo só encontrado PRESENTE
neste e no Theatro Municipal no centro de São Paulo e com a segunda maior capacidade para o público: 467 lugares. Bem conservado, e suas peças gratuitas levam um número elevado de público, agradando e satisfazendo tanto com a peça como pelo conforto do teatro.
Figura 19: 1º imagem: Teatro Paulo Eiró antes da reforma, 2006; 2º imagem: Teatro Paulo Eiró depois da reforma, com o painel feito por Júlio Guerra já recolocado na mesma praça, mais afastado do teatro, 2016. Fonte: 1º imagem: http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2015/10/teatro-municipal-de-santo-amaropaulo.html. Acesso em: 27 de abril de 2016. 2º imagem: Foto da autora. 2016.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 50
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 51
4.1
MAPAS
Após a seleção dos edifícios que fariam parte deste Centro Histórico que poderá reconstituir a memória e a identidade local da região, foram desenvolvidos alguns mapas de estudos, após as visitas no terreno, com o objetivo de selecionar os eixos que ligariam esses edifícios ao ponto inicial onde nasceu Santo Amaro, ou seja, o ponto da Catedral de Santo Amaro.
Figura 20: Distrito de Santo Amaro. Fonte:
Figura 21: Localização da Praça da Catedral
Base Google Maps, 2016. Sem escala.
de Santo Amaro: encontro da Alameda Santo Amaro com a Avenida Adolfo Pinheiro. Fonte: Base Google Maps, 2016. Sem escala.
4.1.1 Mapa Eixo
Após a escolha dos edifícios, estes eixos de ligação foram marcados por possuírem características parecidas. Ou seja, à medida que se aproxima do Largo 13 de Maio, o fluxo de pessoas é intenso e à medida que vão se distanciando, este fluxo diminui, aumentando o fluxo automotivo. Outra característica em comum é o uso e ocupação dos lotes presentes no eixo, como principal utilização comércios e serviços. Após algumas visitas em campo e perambulações pelo terreno estudado, foram feitos alguns mapas que pudessem representar o percurso percorrido.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 52
Figura 22: Mapa de representação de eixos em 3D. Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Maps, sem escala.
Figura 23: Mapa referente às perambulações realizadas na visita em campo. Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Maps, sem escala.
Este último mapa mostra a diversidade de residenciais que podem ser encontradas em Santo Amaro. Onde a camada rosa representa as residências de maior poder aquisitivo, a camada azul royal representa as residências de médio poder aquisitivo e o azul claro representa as residências de menor poder aquisitivo e
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 53
onde há um fluxo maior de pessoas de diversas regiões da Zona Sul que vem atrás de comércios e serviços populares.
Figura 24: Mapa referente à representação da diversidade residencial que denota a diversidade de renda. Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Maps, sem escala.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 54
4.1.2 Mapas Psicogeográficos
Figura 25: Desenho feito no dia do estudo em campo no Largo 13 de Maio (20/05/2016). Fonte: Mapa elaborado pela autora.
Figura 26: Este mapa refere a lembrança das frases mais ditas no dia a dia em Santo Amaro. Localizadas nos pontos indicados pelos balões de fala. Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Maps, sem escala.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 55
Figura 27: Após as perambulações, este mapa foi feito através da memória guardada diante a vivência do percurso. Fonte: Mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Maps, sem escala.
No mapa psicogeográfico 8 representado na figura acima é importante notar que três cores são destacadas no desenho. Essas cores representam o fluxo de pessoas que foi encontrado em cada ponto perambulado no dia da visita em campo (20/05/2016). Cada cor tem uma representação diferente, onde o vermelho
8
Seguindo a linha do pensador Guy Debord (principal criador da psicogeografia urbana), o mapa
psicogeográfico é “uma experiência cartográfica que relaciona elementos subjetivos como sentimentos, impressões e memórias, com observação objetiva do meio”, resultante de uma deriva. “A deriva é a sistematização do flanêur. Andar sem rumo pela cidade apenas sujeito às diversas correntes formais (...). O conceito de deriva busca reconhecer os efeitos da psicogeografia e criar um comportamento criativo que se opõe as ideias tradicionais de viagem e passeio. Os limites de tempo e espaço da deriva estão relacionados aos seus objetivos, pode-se derivar dentro de um quarto ou por
todo
o
mundo,
durante
alguns
minutos
ou
por
um
http://www.laparola.com.br/psicogeografia-ou-a-cidade-e-um-jogo-meu-amigo. 10/11/2016.
dia
todo”.
Fonte:
Acesso
em:
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 56
representa um fluxo mais intenso, o amarelo representa um fluxo médio e o verde representa um fluxo baixo.
4.2
AGENTES
Diante da segregação que se encontra nas diferentes ruas de Santo Amaro e as mudanças que ocorreram com o decorrer do tempo, notou-se que há agentes que atuam sobre a região e, aparentemente, cada agente se refere a um tempo diferente: 1) Santamarenses (Passado) 2) População Flutuante (Presente) 3) Metrópole (Futuro)
4.2.1 Santamarenses
Este primeiro agente é constituído pelos moradores, exmoradores e comerciantes mais antigos desta região. Este tipo de agente foi identificado pelas memórias
compartilhadas
nas
páginas do Facebook “Botinas Amarelas”, em sites sobre a história e de historiadores de Santo
Amaro,
em
fotografias
Figura 28 Rua Barão de Duprat, 1950. Fonte: Foto retirada da pagina do Facebook: Botinas Amarelas. Autor desconhecido;
antigas, no documentário “São Paulo – Memória em Pedaços: Santo A http://www.laparola.com.br/psicogeografia-ou-a-cidade-e-um-jogo-meu-amigomaro” exibido pela TV Cultura, no livro “Santo Amaro – Memória e História” da autoria de Maria Helena Petrillo Berardi e nas entrevistas realizadas durante festejos tradicionais do local com os mais antigos santamarenses. Diante aos relatos desta população residente mais antiga, muitos relembram as histórias do passado, ou como dizem, os “bons tempos”. Entretanto, quando estes relatos remetem ao
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 57
presente, estes se transformam em críticas negativas da atual situação do local. Por esse motivo, este tipo de agente foi identificado referente ao tempo passado.
4.2.2 População Flutuante
Este
segundo
agente é constituído pela população
que
vem
de
vários pontos de São Paulo (grande maioria da Zona Sul) atrás dos comércios e serviços
populares
de
Santo Amaro (lembrando que o local é o maior polo comercial da Zona Sul). Identificado Figura 29: Movimentação da rua Capitão Tiago Luz, 2016. Fonte: Foto da autora. 2016.
através
das
pesquisas realizadas pelo projeto de extensão do LAR
(Laboratório de Arquitetura Responsável) do Centro Universitário SENAC e pelas visitas em campo. Diante aos resultados dessas pesquisas, nota-se que boa parte desta população frequenta cotidianamente a região, entretanto, são poucos que sabem reconhecer o Eixo Histórico e seus edifícios, pois não vivenciam o lugar. Em outras palavras, as ruas, atualmente degradadas, são apenas locais de passagem e rotina, é um tipo de agente que está sempre com pressa e vivem em lojas de departamentos e comércio popular. O local atualmente é tomado por este tipo de uso, a população flutuante toma o lugar de segunda á sábado e quase nem reconhecem a rica história de Santo Amaro. Por esse motivo, este tipo de agente foi identificado referente ao tempo presente.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 58
Figura 30: Dados referentes à frequência de visitas dos 100 entrevistados. Fonte: Gráfico retirado do Caderno do LAR, acesso em: 31 de março de 2016.
Figura 31: Dados referentes ao interesse da população entrevistada. Fonte: Gráfico retirado do Caderno do LAR, acesso em: 31 de março de 2016.
Figura 32: Dados referentes ao conhecimento da população sobre o Eixo Histórico, onde a cor Cinza representa o “sim”, o azul representa “parte dele” e o amarelo “não”. Fonte: Gráfico retirado do Caderno do LAR, acesso em: 31 de março de 2016.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 59
4.2.3 Metrópole
Este terceiro agente é constituído pelo avanço da metrópole para o polo comercial de Santo Amaro, visionando o local como uma potência econômica em desenvolvimento devido ao deslocamento da população para a região em busca dos comércios e serviços encontrados. Este tipo de agente é identificado através do Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de Santo Amaro: Art.6º - São objetivos da Política de Desenvolvimento Urbano e Ambiental do Plano Regional Estratégico: (...). VIII. Preparar a região para a recepção de atividades macro metropolitanas; (...). XV. Promover o desenvolvimento econômico, orientado para a criação e manutenção de empregos e rendas; (...). (SÃO PAULO. Das Políticas Públicas Regionais nº 13.885, de 25 de agosto de 2005. Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de Santo Amaro. Capítulo I – Dos objetivos da Política de Desenvolvimento Urbano e Ambienta da Região, p. 2). Art.9º - São objetivos para o Desenvolvimento Humano e Qualidade de vida I. Requalificar e reestruturar usos e ocupação do solo para ampliar e consolidar as funções do perfil urbanístico do território como centro de atividade de âmbito macrorregional para a Zona Sudoeste da Cidade de São Paulo; II. Incentivar a instalação de empresas com serviços de alta tecnologia; III. Visar melhor aproveitamento e desenvolver o perfil terciário da cidade, com a criação de novas oportunidades de trabalho, abrigando novos usos junto à infraestrutura atual e àquela a ser implantada; (...) (SÃO PAULO. Das Políticas Públicas Regionais nº 13.885, de 25 de agosto de 2005. Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de Santo Amaro. Capítulo III – Dos Objetivos para o Desenvolvimento Humano e Qualidade de Vida, p.3). Art.39 – São objetivos para a Rede Estrutural de Eixos e Polos de Centralidades: I. Propiciar condições de desenvolvimento, mediante parâmetros urbanísticos, considerando a situação de indução existente nas vias estruturais, vias coletoras e subcentros, por meio de usos comerciais, de serviços e institucionais, além de edifícios e áreas de uso público; (...) (SÃO PAULO. Do Plano Urbanístico-Ambiental nº 13.885, de 25 de agosto de 2005. Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de Santo Amaro. Seção IV – Rede Estrutural de Eixos e Polos de Centralidades, p.8). Art.42 – São consideradas centralidades polares: I. O largo 13 de Maio, sendo centralidade com características históricas e de ocupação do território e referência macrorregional, localizada na área central da Subprefeitura Santo Amaro em seu Centro Histórico; (...) (SÃO PAULO. Do Plano Urbanístico-Ambiental nº 13.885, de 25 de agosto de 2005. Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de Santo Amaro. Seção IV – Rede Estrutural de Eixos e Polos de Centralidades, p.9)
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 60
Art. 43 – São definidas as vias comerciais sujeitas ao Programa de Intervenções em Ruas Comerciais, em toda sua extensão ou somente em trechos: (...). II. Avenida Adolfo Pinheiro; (...). XVIII. Largo Treze de Maio; (...). XXVII. Rua Capitão Tiago Luz; (...). XXIX. Rua Desembargador Bandeira de Mello; (...). (SÃO PAULO. Do Plano Urbanístico-Ambiental nº 13.885, de 25 de agosto de 2005. Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de Santo Amaro. Seção IV – Rede Estrutural de Eixos e Polos de Centralidades, p.9). Art. 60 – São diretrizes para o no Centro Histórico de Santo Amaro: I. Favorecer o comércio do tipo varejo e de cotidiano nos setores qualificados como centro histórico; II. Limitar em troca a possibilidade de instalação de comércio do tipo atacado; III. Melhorar os acessos do bairro em geral; IV. Prever a instalação de estacionamentos periféricos verticais ou não; V. Racionalizar os itinerários para os pedestres, contribuindo indiretamente à manutenção da capacidade comercial que o bairro apresenta neste momento; VI. Melhorar a oferta turística da região como um fator importante para evolução de Santo Amaro; VII. Favorecer a integração do setor com a estrutura da cidade, mediante ações coordenadas; VIII. Criar acessos, à circulação e aos estacionamentos do bairro, ao permitir e regular a instalação de novas lojas turísticas e outras, de todos os tipos. (SÃO PAULO. Do Uso e Ocupação do Solo nº 13.885, de 25 de agosto de 2005. Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de Santo Amaro. Subseção II – Das Zonas Especiais de Preservação Cultural - ZEPEC, p.13).
Diante as estas diretrizes apresentadas pelo Plano Regional Estratégico, percebe-se o interesse da Subprefeitura em preparar a região para atividades econômicas
macro
metropolitanas,
respeitando
seu
centro
histórico,
mas
objetivando o interesse do deslocamento da população, investidores e comerciantes para a região. Por este motivo, há uma possível previsão futura do que poderá ocorrer em Santo Amaro, sendo assim, este agente será identificado referente ao tempo futuro. Portanto, este terceiro agente não é necessariamente uma pessoa, o que é o caso dos santamarenses e da população flutuante, mas o interesse econômico no polo comercial de Santo Amaro.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 61
4.2.4 Crise de identidade
Santo Amaro encontra-se com dois de seus agentes (Santamarenses e População Flutuante) atuando cotidianamente, o que gera uma crise de identidade na região devido a não haver uma ligação um ao outro, ou seja, por agirem individualmente. E com a chegada deste novo agente (Metrópole), não se sabe qual será a relação entre eles, gerando a dúvida de uma possível nova identidade.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 62
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 63
5.1 PROBLEMAS Em meio às visitas técnicas e as pesquisas realizadas durante esse processo foram identificadas os problemas9 que acontecem na região:
Local com alto número de usuários de drogas e moradores de ruas, trazendo insegurança aos frequentadores; A praça se encontra em péssimo estado de preservação e sem acessibilidade, apesar de ser muito movimentada. Apenas a parte da calçada que vem de encontro com a Alameda Santo Amaro e Avenida Adolpho Pinheiro está com um piso feito recentemente, a parte de trás da praça, continua com o mesmo piso degradado, esburacado, cheios de poças de água suja. Os canteiros onde se encontram alguns coqueiros viraram espaços onde moradores de ruas dormem. Local é infestado de pombos e, algumas vezes, ratos são avistados;
Figura 33: Foto tirada durante visita técnica, mostrando o comércio ilegal e a utilização de das muretas como bancos. Fonte: Foto da autora. 2016.
9
Desvalorizado em equipamento urbano. O local não possui bancos, fazendo com que as pessoas sentem nas muretas encontradas na região e existem poucas lixeiras, o que facilita o acúmulo de lixo encontrado no chão;
Verificar envelope à parte prancha abordando o capítulo;
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 64
Figura 34: A vista da praça da Alameda Santo Amaro. Fonte: Foto da autora, 2016.
A praça é um espaço de grande fluxo para os frequentadores diários de Santo Amaro, entretanto, o aproveitamento é quase nulo, porque apesar da área que possuem, a permanência nessa região é problematizada (como citado no tópico anterior), não há bancos ou mobiliários que facilitem a vivência dos transeuntes; Poluição visual e sonora. Não há uma linguagem visual nas lojas, gerando placas e produtos de vendas nas calçadas (como por exemplo, na Casa do Xodó do Norte, além dos latões de grãos deixados nas calçadas e as carnes secas penduradas em sua fachada poluírem visualmente, é anti-higiênico) e caixas de som onde anunciam as ofertas das lojas;
Figura 35: Foto tirada durante visita técnica, fachadas comercial da praça. Fonte: Foto da autora, 2016.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 65
Existência de comércio ilegal. É comum encontrar vendedores ambulantes de cigarros falsos, meias, água, bolsas, roupas e afins; As grades rentes às calçadas diminuem o espaço estreito já existente, dificultando a passagem de pedestres;
Figura 36: Calçada do encontro da Alameda Santo Amaro com a Avenida Adolfo Pinheiro. Fonte: Foto da autora, 2016.
As grades que cercam a Catedral, também existente em outros espaços públicos patrimoniais, além de ocuparem um grande espaço da praça que poderia ser utilizada para outros usos e causar desvalorização estética, transmite a imagem de insegurança na região.
Figura 37: Atual situação da Catedral de Santo Amaro. Fonte: Foto da autora, 2016.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 66
5.2 POTENCIALIDADES Assim como os problemas foram identificados, existem também as potencialidades da região:
Santo Amaro é muito procurada diariamente pela zona sul de São Paulo. A população vai à busca de comércios e serviços, pois a região possui diversas lojas populares e de departamentos, assim como consultórios e outros tipos de serviços; Devido ao alto número de visitas diárias na região, Santo Amaro é favorecido em transporte público. Pois além de possuir um terminal rodoviário, conta com inúmeras linhas que partem para vários lugares de São Paulo e possuem a linha lilás de metrô (Estação Largo 13 e Estação Adolfo Pinheiro) que liga com a linha esmeralda da CPTM (Estação Santo Amaro); A Praça da Catedral e o calçadão da Rua Capitão Tiago Luz, mesmo com pouca preservação e quase sem equipamento urbano, existem uma grande potência de se tornar um espaço de permanência e vivência, por ser locais com grande fluxo de pessoas e por possuírem uma rica história que podem atrair visitantes, turistas e os próprios antigos moradores que atualmente criticam a região por ter sido tomada pelo avanço da metrópole.
Figura 38: Movimento da Adolfo Pinheiro. Fonte: Foto da autora, 2016.
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5.3 PROPOSTAS
Após a análise realizada através do levantamento dos problemas e potencialidades da região, junto ao diagnóstico realizado no local, foram elaboradas algumas propostas que pudessem chegar ao projeto de intervenção da praça, objetivando a possível conexão entre os edifícios históricos de Santo Amaro.
1. Retirada das grades que contornam a Catedral de Santo Amaro, permitindo assim que o espaço tomado pelas grades seja mais bem aproveitado com atividades voltadas ao lazer na escala do pedestre; 2. Retirada das grades instaladas rentes às calçadas, que tinham como objetivo proteger e diminuir o número de atropelamento da região. Entretanto, assim como já citado, diminui o espaço das calçadas, e em certo ponto, atualmente, a barreira foi destruída para que as pessoas consigam atravessar sem precisar ir pela faixa de pedestre; 3. Aterramento dos fios suspensos encontrados nos postes, que poluem visualmente a região; 4. Implantação de equipamentos urbanos, como lixeiras e bancos, buscando um espaço convidativo para permanência do público; 5. Implantação de banheiros públicos, diminuindo assim um dos maiores problemas encontrados na região, como urina e dejetos; 6. Padronização das fachadas das lojas, para redução da poluição visual; 7. A Avenida Adolfo Pinheiro, entre as ruas Capitão Tiago Luz e Senador José Bonifácio, terá o piso nivelado, contínuo e ininterrupto com a finalidade de tornar um espaço compartilhado entre o pedestre e automóvel, objetivando interligar a Praça da Catedral de Santo Amaro com o calçadão da Capitão Tiago Luz; 8. Instalação de lombo-faixas na Alameda Santo Amaro e Avenida Padre José Maria, para que os automóveis já reduzem a velocidade antes de chegar ao piso nivelado da Avenida Adolfo Pinheiro; 9. Instalação do piso intertravado no espaço compartilhado, seguindo outra cor (vermelha) para que sinalize ao condutor a permanência da velocidade reduzida e extrema atenção ao espaço; 10. Instalação de balizadores durante o percurso elevado da Avenida Adolfo Pinheiro, com distância de 1.50m, para evitar com que os automóveis ultrapassem a área permitida, de forma que não crie uma barreira ao pedestre; 11. As árvores implantadas no projeto possuem a distância de 5m, com a finalidade que sua copa forme um espaço de sombra natural para região e torne o local com o clima mais agradável ao transeunte.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 68
5.4
PROJETO Após contextualizar o processo de construção e compreensão da
identidade e memória de Santo Amaro, estudando os edifícios que constituem a história do local, o projeto de intervenção e requalificação terá como ponto inicial a praça onde o bairro nasceu, ou seja, a Praça da Catedral de Santo Amaro, estendendo-se ate a Rua Capitão Tiago Luz (atualmente se tornou o calçadão) e no qual foi proposto um desenho de piso que criará uma identidade por toda área de calçada do Largo 13 de Maio. Com base nas pesquisas realizadas durante todo o processo até agora, foram definidas propostas de forma que torne o espaço convidativo ao público, pensando em um projeto com um traçado mais atual, valorizando a herança patrimonial existente, resgatando a identidade que foi perdida com o tempo, mas que converse com a nova identidade encontrada na região.
Figura 39: Mapa da situação atual do Largo 13 de Maio. Sem escala. Fonte: Elaborado pela Autora.
METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 69
Seguindo estas premissas, como forma de interligar os dois lados do Largo 13 de Maio, que atualmente é cortado pela Avenida Adolfo Pinheiro, inicialmente, apenas foi pensado em um desenho de piso que criasse uma identidade no local, entretanto, a região proporcionava algo maior; As linhas de pensamento como Shared Space e Traffic Calming começaram a tornar convidativas ao espaço. É importante ressaltar que Shared Space (espaço compartilhado) tem como filosofia o compartilhamento do espaço entre pedestre, ciclistas e automóveis, de forma que um espaço livre de regulação torne o usuário mais consciente e responsável pelos seus atos, podendo resultar
de
forma
mais
eficaz
a
segurança e a qualidade do espaço. E Traffic acalmar
Calming o
são
tráfego,
medidas
para
priorizando
o
pedestre, como a implantação de ilhas centrais, rotatórias, estreitamento de vias, espaços compartilhados e afins. Entretanto,
ambas
as
linhas
de
pensamentos são utilizadas em outros países, mas, aqui no Brasil, existem poucos
exemplos
como
a
Rua
Avanhandava, levantando a questão se
Figura 40: Rua Avanhandava. Fonte: http://observatoriodedescobertas.blogspot.co m.br/2013/04/um-passeio-romantico-em-sprua.html. Acesso em: 15 de outubro de 2016.
seria possível esta solução.
A partir do diagnóstico da região, foi observado como funcionava os usos e ocupações, o fluxo tanto do pedestre como do automóvel. A partir deste momento, para que pudesse dar continuidade ao projeto, houve um estudo para uma intervenção nas rotas dos ônibus públicos, buscando proporcionar mais segurança aos transeuntes.
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Figura 41: Mapa referente ao atual fluxo dos ônibus públicos. Sem escala. Fonte: Elaborado pela autora. 2016. Figura 42: Mapa referente ao estudo das propostas de intervenção no traçado e nas rotas dos ônibus públicos. Sem escala. Fonte: Elaborado pela autora. 2016.
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Figura 43: Planta do projeto de intervenção e requalificação do Largo 13. Sem escala. Fonte: Elaborado pela autora. 2016. (Verificar no envelope à parte prancha em uma escala maior)
O próximo passo foi nivelar parte da Avenida Adolfo Pinheiro com os calçadões (espaço entre o calçadão da Rua Capitão Tiago Luz até a da Rua Senador José Bonifácio), de forma a priorizar o pedestre e tornar novamente o espaço um largo10, em um espaço compartilhado11. Desta maneira, foi necessário tomar medidas12 para que o automóvel diminua a velocidade e entenda que aquele respectivo local necessitaria de extrema atenção e respeito para com os pedestres.
10
O termo largo é uma grande área livre pública definida a partir de um equipamento usualmente
comercial, geralmente, próximo às igrejas e centros comerciais; 11
Verificar figura 46;
12
Estas medidas podem ser encontradas no capitulo sobre as propostas;
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Em todo o Largo, será
utilizado
o
intertravado,
piso apenas
brincando com as cores para desenho
do
mesmo.
A
escolha deste tipo de piso se dá
por
conta
durabilidade,
tanto como
da da
resistência do material e o fato deste ser permeável. Com
o
piso
permeável,
Figura 44: Detalhe de piso intertravado. Fonte: Elaborado pela autora. 2016.
anula as chances da criação de poças e possíveis alagamentos. O desenho é baseado nas linhas de topografia da região,
em
cada nível possui um
desenho diferente tanto da cota inferior como da superior13, ou seja, o desenho da cota 755 possui listras totalmente diferentes da cota 754. É importante pontuar que as árvores implantadas por todo o projeto são alfeneiros e murtas, podendo ser passíveis de mudança. Foram
criados
canteiros
ajardinados, onde cada canteiro possui um desenho próprio e mobiliário como bancos para uso do pedestre. A praça possui
todo
um
mobiliário
Figura 45: Propostas de mobiliários existentes que podem ser implantados na região como propostas de intervenção, utilizando uma permitindo assim brincar com cores. variedade de cores. Fonte: http://3.bp.blogspot.com/A área em frente à igreja NO4uXeF1Ho0/VnWdLuIol4I/AAAAAAAAJWg/fEP1z5zasY/s1600/brothers-in-benches(área 1), permanece somente em praça mobiliario-urbano-urban-furniture-recycledpallets-street-art-palets-reciclados-artecallejero-johanesburgo-r1-morethangreen-3.jpg. Acesso em: 15 de outubro de 2016. 13 Ver desenho de piso representado na figura 47;
preferencialmente feito em madeiras,
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seca, para que a fachada principal possa ser vista tanto da Alameda Santo Amaro quanto da Av. Padre José Maria. Ao lado da igreja, há um platô referente à cota 753.5 (área 3), onde pode ser utilizado para usos como ponto de encontro, realização de festas religiosas, quermesses, saraus e afins. Na cota 754 (área 2), entre a igreja e o platô, pode ser utilizado tanto como os usos da área 3 como para eventos gastronômicos para veículos de baixo porte, por exemplo: food bikes, carrinhos de pequeno porte (churrasqueiras, carrinhos de pipoca, churros), barracas e afins. No calçadão da Capitão Tiago Luz, atualmente possui uma feira de artesanatos, porém está totalmente desorganizado, logo, com a implementação da fileira de árvores alfeneiros, com distância de 5m em 5m, entre os troncos das árvores, serão colocadas as barracas padronizadas de tamanho de 1m x 0.80m. Para que haja um melhor policiamento da região, será realocada a base da policia militar, esta ficará no encontro da Capitão Tiago Luz com a Avenida Adolfo Pinheiro.
Figura 46: Base com áreas de propostas marcadas. Fonte: Elaborado pela autora. 2016.
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Figura 47: Planta do desenho de piso proposto. Sem escala. Fonte: Elaborado pela autora. 2016. (Verificar no envelope à parte prancha em uma escala maior)
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Figura 48: Vista para praça. Elaborado pela autora, 2016.
Figura 49: Implantação do projeto de Intervenção e Requalificação do Largo 13. Elaborado pela autora. 2016. (O terreno está em “degraus” apenas para representar no 3D a topografia do local).
Figura 50: Realocação da Base da PM e da Banca Largo 13. Elaborado pela autora. 2016.
Figura 53: Implantação da rua compartilhada, seguindo a linha METAMORPHOSIS MEMORIALIS – Santo Amaro: Patrimônio e Cotidiano | 76 de pensamento: Shared Space e Traffic Calming. Elaborado pela autora.2016.
Figura 52: Vista para o deck da praça. Elaborado pela autora. 2016.
Figura 51: Vista para canteiro ajardinado, onde cada canteiro possui um design único. Elaborado pela autora. 2016.
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Estudar Santo Amaro foi um tanto quanto desafiador para meu crescimento tanto pessoal, quanto profissional, pois todo o projeto se baseia no reflexo da vivência e do estudo com um olhar mais técnico de uma futura arquiteta e urbanista, onde o objetivo deste projeto era analisar a situação paisagística, urbanística, de patrimônio histórico e cultural do bairro, como base para a criação de um projeto de intervenção e requalificação, tendo em vista contribuir para a valorização e resgate da memória do Largo 13 de Maio. Durante todo este processo, foi concluído que apesar de ter sido anexado ao munícipio de São Paulo desde 1935, Santo Amaro ainda representa características de um município independente.
Estudando a memória das
edificações que constituem a história do bairro e as modificações de seus eixos que os conectam ao ponto inicial da região, ou seja, a Catedral de Santo Amaro. Percebeu-se que estas transformações criaram dois tipos de agentes: os Santamarenses e a População Flutuante. Entretanto, o crescimento do bairro, ao invés de basear e preservar o passado, fez com que os edifícios e o traçado da região fossem muito desfigurados ao que eram originalmente, fazendo com que cada agente atuasse individualmente, sendo o motivo que gerou essa crise de identidade que se encontra em Santo Amaro. Contudo, o crescimento do bairro não para. Logo, a chegada de um novo agente é evidente, devido a grande importância que o bairro tem conquistado, podendo ser transfigurado para um uso macro regional. Este tipo de agente pode ser denominado de Metrópole devido à prefeitura e subprefeitura identificarem a região como uma potência comercial. E com a chegada da Metrópole, este novo atuante poderá unificar os dois agentes, gerando assim uma terceira identidade coerente a todos os atuantes, ou elevando ainda mais a crise identidária. O projeto busca uma nova experiência para Santo Amaro. Para voltar ao conceito de largo, foi necessário contextualizar historicamente e buscar em fotografias antigas do local para compreender como a avenida que corta atualmente a região (Av. Adolfo Pinheiro), que apesar de ser importante, dividiu o Largo 13 de Maio no meio. Logo, foi proposto a ideia de rua compartilhada (que inicialmente foi vista como um projeto utópico, devido a filosofia de compartilhamento de espaço, dando prioridade ao pedestre), pois devido a região possuir um intenso fluxo de pessoas, o local necessita desta ligação para valorizar e resgatar a memória do
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Largo 13. Desta forma, o projeto busca induzir novas metamorfoses, tanto da identidade, como do transeunte, propondo um novo traçado, baseado no conceito do passado. Portanto, ao olhar para Santo Amaro na situação atual, é possível perceber que o local se encontra em constante transformação tanto física como identitária, e não é possível fazer com que isso se estagne, pois tudo ao nosso redor está em constante mudança, tanto a metrópole, como a sociedade, o espaço, o cidadão. Mas são essas transformações que levam ao crescimento. Dizer que sou a mesma pessoa da época em que entrei na instituição de ensino seria mentira, eu sou a metamorfose. A cidade é a metamorfose, mas, como dizia Antonie Lavousier (1777), “[...] nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Em outras palavras, a MEMÓRIA é a base dessa METAMORFOSE.
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Documentário:
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