NEL: Núcleo de Experimentações Livres

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NÚCLEO DE EXPERIMENTAÇÕES LIVRES Laboratório criativo


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"As cidades precisam criar condições para as pessoas pensarem, planejarem e agirem com imaginação" (Charles Landry, 2013)

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DEDICATÓRIA E AGRADECIMENTO

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A todos os docentes e funcionários do Centro Universitário Senac Santo Amaro pelo conhecimento transmitido e pelo apoio nas dificuldades durante todo o curso. Em especial à quatro docentes que sempre me apoiaram e me conduziram a procurar o melhor caminho de aprendizagem, um obrigado especial à Valéria Fialho, Fabio Robba, Paulo Magri e Myrna Nascimento. Tenho total convicção que seus ensinamentos me conduziram a um amadurecimento muito importante. Sempre vou me lembrar do carinho, amizade e companheirismo que tiveram comigo todos esses anos. Sou muito grato por ter conhecido vocês. A minha família, por sempre me apoiarem e acreditarem no nosso deste trabalho junto comigo. A compreensão deles nos momentos difíceis e seu carinho incondicional. Aos amigos que estiveram do meu lado, me ajudaram a vencer obstáculos e amadurecer em todos os momentos. A companhia de vocês foi de fundamental importância para mim. E por fim, a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a minha vida acadêmica, para o desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso e minha formação em Arquitetura e Urbanismo.

Dedico esse trabalho à vocês, obrigado a todos.

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SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO

FUNDAMENTAÇÃO 1.1 ARQUITETURA E TECNOLOGIA EM SIMBIOSE 1.2 MULTIPLICIDADE: O ESPAÇO CONTEMPORANEO 1.3 A METAMORFOSE COMO REAGENTE DA IDEIA DE PROJETO

A NOVA ERA INDUSTRIAL 2.1 AMBIENTES COLABORATIVOS 2.2 FABLABS

ESTUDOS DE CASO 3.1 BIRMINGHAM LIBRARY 3.2 SEATTLE LIBRARY 3.3 CHU HAI COLLEGE 3.4 INSTITUTO MOREIRA SALLES 3.5 SÍNTESE

NÚCLEO DE EXPERIMENTAÇÕES LIVRES -NEL 4.1

CONCEITO

4.2 O PROJETO

CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS

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INTRODUÇÃO

As transformações ocorridas no âmbito tecnológico e social influenciam diretamente a produção arquitetônica e por sua vez, a cidade que a abriga. A partir deste contexto, é fundamental que os espaços acompanhem de modo evolutivo as mudanças da sociedade, entrando em metamorfose. A sociedade contemporânea demanda espaços que ofereçam infraestrutura adequada para a criação e colaboração livre entre os usuários e neste contexto é reconhecida a influência do ambiente na produção criativa-colaborativa graças às suas características físicas e à interação proposta. Estes são fatores pragmáticos para este tipo de ambiente.

Figura 1 - Diagrama de conceitos a partir do questionamento as relações entre tecnologia, homem e arquitetura. Acervo do autor.

O projeto para o Núcleo de Experimentações Livres pretende dar uma resposta a essa demanda de modo a oferecer infraestrutura para a criação e produção de cultura, com espaços específicos para diversos tipos de usos voltados para a geração de ideias. Compreendido como um sistema complexo, o conceito de projeto parte do entendimento e resolução de pequenos fragmentos até a completa visão de toda a composição do objeto arquitetônico. O diagrama de interioridade, apresentado abaixo, foi elaborado a partir da análise ampla dos diferentes parâmetros que o tema discutido levanta, tais como: arquitetos; obras e pensamentos. Como uma grande nuvem de areia, determinados elementos começam a surgir diante dos levantamentos da pesquisa e são interelacionados ou passíveis de terem uma relação uns com os outros. Deste modo, o diagrama representa a amplitude da pesquisa e, principalmente um complexo sistema conceitual do projeto.

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Figura 2 - Diagrama conceitual de concepção das diretrizes de projeto elaborado pelo autor. Ilustra a evolução do projeto até sua conformidade atual, mas não final.


FUNDAMENTAÇÃO

“De um modo geral, podemos caracterizar um sistema complexo como um fenômeno que não pode ser descrito por uma única teoria simplificada. Nos sistemas complexos nós geralmente encontramos muitos princípios interagindo em diversas escalas diferentes (...)”

Christian Schmeltzer, especialista da Humboldt-Universität de Berlim.

Um sistema é um conjunto de elementos interdependentes em uma condição organizada e interligada, que compõem uma estrutura complexa. A complexidade é estabelecida quando seus fragmentos constituem e incorporam mais atributos, desenvolvendo a si e o sistema como um todo. Portanto, compreender o NEL como sistema exige definir quais são os elementos que o compõe. Vamos adotar neste TCC, como ponto de partida par o desenvolvimento do projeto proposto, três aspectos deste conjunto: tecnologia; multiplicidade e metamorfose. Cada um destes itens será discutido nos capítulos seguintes de forma detalhada.

Arquitetura e Tecnologia em Simbiose. A tecnologia, no seu significado mais amplo, é traduzida como estudos e técnicas em prol da resolução de alguma inquietação da sociedade ou da indústria, seja determinada questão evolutiva ou prejudicial. Sempre atrelada a resolução de problema, é um tipo de estudo que tende a evoluir em paralelo à sociedade, mas sem depender dela para se ampliar e aprimorar seus métodos. No campo da arquitetura, a tecnologia é aprimorada ao longo dos anos vinculada a modificação dos modos de olhar, de projetar e com a descoberta de novos materiais. Para uma melhor compreensão desta evolução, foi determinado, neste trabalho, um recorte temporal das últimas três décadas, exemplificado a partir de acontecimentos da história que ilustram a importância na tecnologia na evolução da arquitetura.

Diagrama ilustrativo do recorte temporal. Este recorte demonstra a evolução da relação tecnologia e ser humano nas últimas três décadas. Acervo do autor.

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80’ Período muito marcante para o século XX, no qual pudemos observar significativos avanços tecnológicos relacionados à aplicação de conhecimento e ao processamento de informações. Historiadores e sociólogos, como o sociólogo espanhol Manuel Castells, consideram a década de 19como o fim da era industrial e o nascimento da idade da informação.

“O essencial é que agora todo o planeta está conectado. Existem sete bilhões de números de telefones celulares no mundo e 50% da população adulta do planeta tem um smartphone. O percentual será de 75% em 2020. Consequentemente, a rede é uma realidade generalizada para a vida cotidiana, as empresas, o trabalho, a cultura, a política e os meios de comunicação. Entramos plenamente numa sociedade digital (não o futuro, mas o presente) e teremos que reexaminar tudo o que sabíamos sobre a sociedade industrial, porque estamos em outro contexto. ” Manuel Castells, sociólogo espanhol. Em entrevista à Fronteiras do Pensamento (2015). Eventos tecnológicos interferiram diretamente no desenvolvimento comportamental da sociedade e, por sua vez, na formação do contexto urbano. Exemplos de tais acontecimentos são: a geração de interfaces de sistema computacionais (Personal Computer); o surgimento dos softwares de específicos de desenho como plataformas CAD (Computer Aided Design) e, a evolução das mídias digitais de transferência de dados com o surgimento dos CDs e a ascensão das descobertas no âmbito espacial. Este cenário de inserção da tecnologia digital no cotidiano da sociedade influenciou diretamente os questionamentos arquitetônicos da época que se desenvolveram com base na utilização de novos materiais e do suporte das novas tecnologias. O movimento pós-moderno estava em progressão no final dos anos 1980 e estes parâmetros ajudaram a desenvolver novas vertentes deste pensamento subversivo. O desconstrutivismo e o estruturalismo, vertentes desta corrente estética, tiveram toda sua fundamentação teórica desenvolvida em âmbito físico por meio da tecnologia de desenho arquitetônico e do avanço nos métodos de construção. Os arquitetos Frank Gehry e Peter Eisenman, são exemplos valorosos de uma geração influenciada por essas mudanças. O canadense Frank Gehry (28 de fevereiro de 1929) usufruiu dos avanços tecnológicos para desempenhar seus ensaios formais artísticos em grande escala usando materiais diferenciados, como o aço da indústria naval. Sua carreira se baseou em seus anseios no desenvolvimento formal com o uso deste tipo de tecnologia como método facilitador, reconhecidos projetos como Wall Disney Concert Wall (FIG 4) e o Museu Guggenheim de Bilbao (FIG 5) seriam projetados como resultado dessa prática.

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FUNDAMENTAÇÃO

Figura 4 - Wall Disney Concert Wall,. Los Angeles, Usa.

Figura 5 - O Museu Guggenheim de Bilbao. Bilbao, Espanha.

A concepção filosófica de projeto é o método que Peter Eisenman (11 de agosto de 1932) desenvolve em sua carreira. Um dos pioneiros do movimento desconstrutivista, este arquiteto reproduz embasamentos teóricos em volumes arquitetônicos complexos. Os avanços na área da tecnologia auxiliaram o profissional a tornar realidade ensaios filosóficos e iconográficos que produziu ao longo de diferentes pensamentos, famosos como Casa IV (FIG 6) e a Cidade da Cultura de Galícia (FIG 7).

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Figura 6 — Casa IV . Cornwall, Connecticut , USA

Figura 7 — Cidade da Cultura da Galícia. Galícia, Espanha.

90’ Na última década do século XX o computador deixou de ser uma possibilidade e se tornou um instrumento. Neste período a digitalização foi difundida na maioria dos países e começou a se popularizar entre a sociedade. Chamado por alguns de “Anos Prósperos”, as economias capitalistas tiveram alguns anos de plenitude crescente, viabilizando investimentos e modernizações no ramo da indústria e construção, incluindo mecanismos que possibilitam a sustentabilidade dos edifícios. Processadores, interfaces digitais, a difusão da internet e a tecnologia CAD utilizada obtiveram aperfeiçoamentos importantes que ajudaram a ampliar a produção arquitetônica no mundo. A tecnologia utilizada como instrumento de projeto ampliou a perspectiva do ramo da arquitetura, os softwares passaram a fornecer uma maior precisão e facilidade de elaboração dos conceitos pensados permitiu que arquitetos chegassem a um grande e importante nível de produção em sua carreira, como o caso de Daniel Libeskind (12 de maio de 1946) e Zaha Hadid (31 de outubro de 1950 - 31 de março de 2016).

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FUNDAMENTAÇÃO

No projeto para o Museu Judaico em Berlim, fundado em 1993 [FIG 8], o autor aplica seus traços marcantes de linhas oblíquas e volumes sobrepostos. Além da geometria irregular, o edifício foi projetado em concreto e estrutura metálica em sua maior parte, mas o revestimento e em especificidades da estrutura foram feitos em placas de titânio. Estes são parâmetros, em que o desenvolvimento da tecnologia na construção civil e nos diferentes softwares é fundamental para a realização e compatibilização deste tipo de projeto arquitetônico.

Figura 8 — Museu Judaico de Berlim. Berlim , Alemanha.

Figura 9 — Detalhes estruturais e de acabamento. Museu Judaico de Berlim. Berlim , Alemanha.

A arquiteta Zaha Hadid, cuja característica é explorar a complexidade curvilínea e fluida em suas obras, usa a tecnologia digital como instrumento principal da resolução de seus projetos. A formalidade autoral fez com que sua produção se dedicasse a avanços em tecnologia digital, onde a modelagem tridimensional e paramétrica são ferramentas essenciais.

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Esse tipo de metodologia projetual permitiu o uso emblemático do concreto e das estruturas metálicas na representação pelo desejo da fluidez em suas obras, como vemos na concepção no Museu de Arte do Século XXI (1998 – 2009) (FIG 10) e na Estação de Ski da Áustria (1999 – 2002) (FIG 12), por exemplo.

. Figura 10 - Maquete da Estação de Ski da Áustria . Bergisel, Áustria,

Figura 11 - MAXXI - Museu de Arte do Século 21. Roma, Itália.

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FUNDAMENTAÇÃO

00’ No século XXI a relação do homem com a digitalização se torna uma necessidade para acompanhar o mundo contemporâneo. O que demorava anos para se obter no século XX, nos últimos anos pode ser alcançado em semanas. A transferência e a comunicação de dados, a interação entre os diferentes mecanismos e a velocidade com que todas essas ações são processadas, fazem parte da evolução tecnológica da época. Na construção civil a predefinição e compatibilização são realidades que se desenvolveram de forma significativa. Os softwares com tecnologia BIM (Building Information Modeling), por exemplo, são instrumento de projeto que trabalham com a automação do uso da informação em um sistema paramétrico que, considera todos os parâmetros interligados e inter-relacionados a cada alteração. A impressão 3D é outro exemplo de tecnologia que se difundiu no mundo; sua velocidade, precisão e bom relacionamento com softwares de modelagem a tornaram uma importante ferramenta no desenvolvimento de protótipos estruturais, e em alguns casos, participante ativa da construção efetiva. A modernização das ferramentas de projeto permite que arquitetos consigam dar respostas eficientes para difíceis perguntas questionada a eles, ou seja, com a infraestrutura digital disposta as informações são processadas e detalhadas de modo a proporcionar análises avançadas baseadas no problema proposto, portanto, as possibilidades de uma resolução desenvolvida de forma adequada é muito maior. Uma das principais variáveis discutidas dentro dessas análises é a sustentabilidade dos edifícios e o cuidado com o meio ambiente. Diretrizes que em defendem algumas fachadas responsivas natural ou mecanicamente são enfatizadas, como por exemplo, os projetos dos escritórios americanos Rex e Morphosis. As temperaturas na região do Oriente Médio na maior parte do tempo passam pelo mesmo ciclo dos desertos, com um sol implacável as temperaturas muito são altas durante o dia e baixas ao cair a noite. O escritório de arquitetura Rex participou de um concurso para um complexo de edifícios multifuncionais sob essas condições ambientais extremas e que, por sua vez, se tornaram um dos partidos fundamentais deste projeto. A fachada foi projetada com um elemento inflável em forma de guarda sol, estes se abrem ao longo do dia por meio de sensores digitais de sensibilidade e são retraídos para um vão especial dentro das lajes que os resguardam.

Figura 12— Conjunto de Edifícios Corporativos. Emirados Árabes.

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O mecanismo (FIG 13) permite o resguardo do sol durante a incidência mais forte do mesmo nas duas fachadas abertas do edifício, entretanto, em casos de dias nublados e chuvosos, há o controle para que se receba a entrada maior de luz natural.

Figura 13 — Detalhe de abertura do mecanismo inflável. O mecanismo transcorre para fora dos edifícios por meio de um vazio sob medida na laje. Conjunto de Edifícios Corporativos. Emirados Árabes.

Com a mesma premissa de projeto, o escritório de arquitetura Morphosis concebeu a Sede Federal de São Francisco (2007) (FIG 14). No processo de elaboração foi reconhecida a relação entre dois fatores: a eficiência energética e o espaço de trabalho. Ambos se tornaram os principais partidos do projeto, pois as decisões tomadas para maximizar a eficiência do edifício se relacionavam na qualidade do programa de trabalho proposto.

Figura 14 — Edifício Federal de São Francisco. Califórnia, USA

O edifício é revestido com uma pele metálica de painéis controladas por computador que se ajustam diariamente as condições climáticas sazonais, permitindo, além do controle adequado da luz natural, a circulação e troca de ar por dentro do edifício [Fig 14]. Esta solução registrou 70% de ventilação natural ao longo do prédio e 90% das estações de trabalho tem luz natural permeada através da pele e das janelas de vidro. Com desempenho energético que supera os índices da GSA (Geological Society of America), o projeto é de extrema relevância no âmbito da arquitetura sustentável.

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FUNDAMENTAÇÃO

MULTIPLICIDADE: O ESPAÇO CONTEMPORÂNEO A cidade, entendida como uma grande rede de fluxos, um aglomerado de tipologias sobrepostas, rege suas próprias características complexas de uma articulação de meios mas, sobretudo, a mais importante é a apropriação das mudanças de tais meios, que a influenciam. A identidade da cidade, por tanto, é inconstante, estando sempre em transformação à responder aos componentes de sua propriedade. As pessoas, a economia, a cultura histórica e importada, e a urbanização, são unidades de composição desta rede. Em sua maioria, os discursos estavam orientados por proposições de outros campos de saber, tais como a linguística e o estruturalismo e, ainda que tivessem propósitos distintos, permitiram uma análise da configuração urbana, dos fenômenos e dos processos intrínsecos às dinâmicas das cidades — uma tentativa de apreender o real como elemento de leitura e análise. Desse modo, mais que a forma da cidade, colocava-se em debate seu conteúdo. Interessava aos discursos a dimensão sociocultural, política e econômica: fenômenos indispensáveis para a compreensão da tessitura metropolitana. (KOOLHAAS,MAU, 1995) A multiplicidade é um termo que define a união de todos estes estímulos influenciadores, que aplicada em Urbanismo, propõe o entendimento da cidade como uma metrópole. Este é um dos principais termos qualitativos da sociedade atual, evoluindo em simbiose com os avanços da tecnologia e as frequentes modificações e inserções de cultura que mudam o modo de vida das pessoas e conjuntamente das cidades. A internet é um dos fatores primordiais na mudança da cidade e dos objetos arquitetônicos que a compõe, sua evolução altera a percepção da arquitetura, a forma como as pessoas interagem entre si e a expectativa de resposta a Neste sistema complexo estão os objetos arquitetônicos que compõem a malha urbana, compreendidos a partir conceitos e propriedades definidos por cada arquiteto a favor de resposta a demandas da sociedade. Multiplicidade, na escala do objeto, condiz com o modo que os edifícios devem se transformar para absorver alterações que envolvem seu contexto (cultura, internet, uso, demanda e etc.). Neste cenário são compreendidos como uma rede dinâmica de diversos usos, funcionalidades e intensidades de fluxos, em que são encaixados na malha urbana vigente de modo a atualizar, aperfeiçoar e expandir suas potencialidades. Esses edifícios dotados de múltiplas funções podem garantir a diversidade, e fazem com que o convívio entre as distintas atividades - morar, trabalhar, passear, comprar, conviver- e outras, se tornem a base da vitalidade do espaço, se tornando uma alternativa para atualizar e reconstituir a malha urbana.

QR-CODE - https://goo.gl/clUNzh Diagrama conceitual que representa o conceito de multiplicidade citado no capítulo. A transformação de componentes heterogêneos ao se incorporarem a uma composição.

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FUNDAMENTAÇÃO

A METAMORFOSE COMO REAGENTE IDEIA DE PROJETO “Metamorfose” é o termo dado à transformação de um ser ou de um objeto que ocorre no caráter de estado ou de aparência. É uma ação que pode acontecer de modo externo ou âmago ao sujeito. No âmbito da arquitetura, a metamorfose é uma característica que pode ser assumida em sua concepção, de modo a se tornar responsiva a estímulos tecnológicos e acontecimentos de seu ambiente. Uma fachada mecânica projetada para proteger de uma quantidade alta de insolação e calor, são exemplos dos estímulos citados a cima que se tornariam reagentes de uma transformação na arquitetura, no método de projetar. Os edifícios de múltiplas funções têm como principal particularidade a lógica de articulação entre propriedades heterogênicas internas e de seu contexto, enquadrando um tipo de mutação em seu “DNA”, a fim de atuar em meio a tantos estímulos. A partir desse raciocínio, o metamorfismo passa a ser um reagente para o partido arquitetônico, um catalisador entre o objetivo esperado e a idealização do projeto, conforma-se de modo a ampliar as possibilidades físicas ao estimular a mutação conceitual. Movimento, alteração, transformidade, multifuncionalidade, transição e tecnologia. São palavras chave que definem a lógica utilizada por Rem Koolhaas e seu escritório de arquitetura OMA (Office for Metropolitan Architecture), para o projeto do pavilhão mutante Prada Transformer em 2008. Definido por quatro planos de planta tipo individuais em potencial, destinados para diferentes tipos de uso, envolvidos por uma membrana translucida. Movimento. Alterar. Transformidade. Multifunções. Transição. Tecnologia.

Segundo a imagem abaixo (FIG 15), o plano hexagonal foi utilizado para um desfile de vestuário; o segundo plano em forma cruciforme foi projetado pra receber uma instalação de arte; com infraestrutura adequada, o plano retangular recebeu um festival de cinema e o programa do plano circular recebeu eventos de moda.

Figura 13— Diagrama espacial do pavilhão Prada Transformer realizado pelo grupo OMA Architects. Volumes da esquerda para a direita; Exibição de Moda, Área Expositiva, Cinema e Espaço para eventos especiais

Figura 14 — Diagrama esquemático de funcionamento do pavilhão.

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Ao final de cada evento, a estrutura foi içada e rotacionada conforme o evento seguinte, como retrata a figura 15. O conceito de misturar as artes não propôs estabelecer a junção delas, de modo genérico, mas sim trabalhar as estruturas com suas especificidades e autonomias individualizadas compondo um volume único, que alternava de posição acompanhado pelos programas em um único ritmo. Um sistema complexo em que seus elementos compositivos ao se transformarem, alteram o volume como um todo.

Figura 15 — Içamento e rotação da estrutura. Seul, Coreia do Sul https://goo.gl/ieH59R

Outra tipologia que assume a mutação de forma como composição arquitetônica é a que propõe as estruturas infláveis, pois sua flexibilidade permite que sua forma se molde ao convergir com ações do ambiente e que o edifício seja itinerante. O projeto de Arata Isozaki° e Anish Kapoor° para uma sala de concertos no Japão em 2011 é feito de poliéster e inflado por um contêiner especial, com mecanismos de ventilação que o inflam em até duas horas. Com capacidade de até 500 pessoas, a casa de shows foi erguida na província de Tokuro, com o intuído de amplificar a arte musical a cidades periféricas sendo passível de se mover para outras áreas.

° Arata Isozaki, reconhecido arquiteto japonês ° Anish Kapoor, é um artista plástico indiano. Vencedor do Prêmio Turner.

Figura 16 — Espaços de Concertos Inflável. Matsushima, Japão.

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NOVA ERA INDUSTRIAL

O conceito retratado por Chris Anderson° em seu livro Makers: A Nova revolução Industrial, é fundamentado a partir dos avanços dos últimos dez anos em que surgem novas maneiras de criar, aprimorar e colaborar com a internet. Estes avanços que estão sincronizados com traços principais da Era Digital°. Segundo ANDERSON (2012), a principal característica é a mudança da noção de fábrica no papel da sociedade, pois qualquer pessoa pode desenvolver um projeto e posteriormente disponibilizá-lo em rede. Deste modo, o modelo tradicional ordenado por fabricação, venda e compra do consumidor é subvertido, transformando o comprador no produtor, que repassa rapidamente seus desenvolvimentos de modo colaborativo, a fim de ampliar à rede cooperativa de produção. Tradicionalmente a inovação parte do topo dessa cadeia até a base, a “nova era” pretende inverter a ordem.

° Chris Anderson, jornalista e colunista. Um dos pioneiros na discussão do movimento conhecido como “maker” https://goo.gl/HBAlgt

° Era Digital, termo relatado no livro – Administração em tempos de grandes mudanças. ( DRUKER, Peter)

Figura 17— O diagrama reproduz a subversão dos moldes da cadeia de produção decorrente do pensamento maker Acervo do autor.

° Massachusetts Institute of Technology. Principal centro de pesquisa dos EUA, desenvolve estudos no âmbito da tecnologia em diversos campos de pesquisa. www.web.mit.edu

° Center for Bits and Atoms. Ambicioso centro de pesquisa volta a ciência e fabricação digital. www.cba.mit.edu

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FabLabs Os primeiros questionamentos sobre o modelo de cadeia produtiva começou com estudos de um professor do MIT° (Massachusetts Institute of Technology). Neil Gershenfeld também é diretor e pesquisador do Center for Bits and Atoms° (CBA) trabalha com campos de pesquisa interdisciplinares, da física à computação quântica à nanotecnologia. “A fim de trabalhar questões de fabricação digital, o CBA obteve um financiamento importante para compra de máquinas capazes de fabricar qualquer coisa em qualquer escala. Eu passei muito tempo ensinando aos estudantes como usar estas ferramentas. Para facilitar este processo, criei um curso intitulado How to Make Almost Anything. “(GERSHENFELD, 2006). A partir desse contexto, surgiu o primeiro FabLab (abreviação do termo em inglês Fabrication Laboratory), uma biosfera de criação que oferece infraestrutura para prototipagem rápida de objetos em diferentes escalas, por meio de uma configuração colaborativa.


Figura 18 - Alunos trabalhando em protótipos no FabLab Insper. São Paulo https://goo.gl/HeBztR

As ferramentas de fabricação digital voltadas à prototipagem rápida, entre impressoras de subtração e adição à usinagem programada, são os instrumentos da democratização da manufatura. Ironicamente, mesmo com toda a tecnologia envolvida neste modelo de produção, lembra a fundamentos antecessores em que a produção deixa de ser exclusiva das grandes empresas. Apesar deste tipo de alusão, uma das características do pensamento deste laboratório é não limitar a produção de conhecimento e de objetos em pequena escala.

° Maker. Traduzido ao pé da letra como “fazedores”, é nomeação à ativistas envolvidos com a fabricação digital.

Figura 19— FabLab Barcelona. Barcelona, Espanha

Com a disseminação deste modelo de criação e desenvolvimento de projetos, os usuários se organizaram em um movimento denominado Maker°. Anderson (2012) considera três fatores importantes entre as particularidades do movimento. “Pessoas que utilizam ferramentas digitais de desktop para criar designs à novos produtos; uma norma cultural de partilhar esses designs e colaborar com outros em comunidade online a utilização de ficheiros de design comuns que permitem a qualquer pessoa enviar os seus designs para serviço de fabricação comerciais para serem produzidos em qualquer quantidade”

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NOVA ERA INDUSTRIAL

A importância desses ativistas é o desprendimento do pensamento exclusivista de produção das grandes incorporações; elas não deixam de ser fundamentais na cadeia de produção da sociedade, mas essas empresas não detém mais a produção restrita à elas. Além disso, o regime é democrático a diferentes pessoas com idades variadas e de núcleos sociais diferentes. Este conceito de “libertar barreiras” e conexão em rede entre pessoas possibilita a interação de vivências em prol do conhecimento.

Ambientes Colaborativos A nova era e seus desdobramentos citados anteriormente, não teriam se desenvolvido sem o contexto que os favorecem. Além da internet e da tecnologia nos mecanismos digitais, os laboratórios em que esses ensaios colaborativos de conhecimento acontecem são essenciais para a produção de criatividade. São biosferas° que oferecem infraestrutura para as diferentes atividades propostas. No começo, elas tinham um caráter informal e experimental, mas, com o passar do tempo, adquiriram características particulares e indispensáveis em sua conceituação. Espaços como Hackerspaces° e FabLabs são exemplos de provedores específicos, um relacionado à eletrônica e programação, outro à fabricação digital, respectivamente. A proposição arquitetônica desta tipologia é baseada principalmente na relação dos usuários entre si e na possibilidade de variação do espaço conforme as atividades no decorrer do uso.

° Biosferas . São as condições do ambientais que possibilitam que promovem o estar e vida de quem habita

° Hakerspaces. Espaço destinado a produção de ideias relacionadas a eletrônica. Junto com os FabLabs, já são mais de duzentas sedes pelo mundo

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A estrutura, a ventilação, os acabamentos e o layout são projetados para atender eventualidades que o espaço está disposto a oferecer, de palestras e feiras à fabricação em grandes escalas. Este tipo de ambiente, além de proporcionar condições e mecanismos de trabalho inter-relacionados, prevê que os espaços se transformem ao longo de seu uso de modo responsivo. A natureza destes espaços proporciona a troca de conhecimento e a produção mais ativa dos praticantes, empresas relacionadas as áreas de criação tem incorporado essa tipologia de espaço dentro de seus tradicionais modelos. Famosas incorporações, como a Google, reorganizaram a configuração de seus postos de trabalho baseados nestes conceitos. Sua sede em São Paulo propõe espaços lúdicos e temáticos que buscam recriar áreas de lazer e descontração. Os funcionários são incentivados a trabalharem de modo descontraído em todos os ambientes projetados. Em suma, o ambiente de trabalho influencia diretamente no rendimento e na disposição, estimulando o trabalho de uma maneira mais sutil e menos rígida.


Figura 20— Ambiente interno do escritório da Google sede em São Paulo

Figura 21— Ambiente interno do escritório da Google sede em São Paulo

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ESTUDOS DE CASO

Figura 22— Fotomontagem de Projetos selecionados para um estudo mais profundo sobre sua composição arquitetônica. Da esquerda para a direita: Chu Hai College, Seatle Central Library, Birmingham Library e Instituto Moreira Salles. Acervo do autor

MECANOO - Birmingham Library. Birmingham, Reino Unido - 2013 O projeto da Library of Birmingham (LOB) foi proposto com um programa extenso e multifuncional, desde o plano básico de necessidades de uma biblioteca, incluindo o acervo especial de Shakespeare, até salas de escritórios e um centro de saúde. Somado aos 35 mil m² do complexo programa, a implantação do edifício está localizado na praça entre os edifícios históricos Baskerville House e o Repertory Theatre (REP), cujo projeto se interliga, parâmetros complicados que foram incorporados na conformação arquitetônica. O partido adotado parte do princípio de união dos programas internos por meio de um vazio circular que perfura todo o edifício, comportando e conectando os diferentes fluxos de pessoas. Observando o corte (Fig 23), percebe-se que o programa é dividido em duas situações, no nível inferior e nos primeiros pavimentos se encontram as atividades de uso comum como as áreas de estudo coletivo, de apresentações, áreas infantis e de alimentação. Projetado para ampliar o espaço da praça acolhendo o visitantes e o público itinerante, em que logo ao entrar no edifício já conseguem exercer atividades variadas. Este edifício abriga na parte superior do edifício, referindo -se ao terceiro pavimento em diante, estes abrigam atividades mais reclusas como locais de estudo silencioso, exposições, salas corporativas e as áreas do valioso acervo bibliográfico da edificação. Acervo que dá ao projeto o título de maior biblioteca da Europa, com mais de um milhão de livros.

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Figura 23— Corte em perspectiva da Birmingham Library. Birmingham, Reino Unido

OMA - Seattle Central Library. Seattle, USA - 2003

O projeto em sua concepção pretendia repensar a biblioteca como instituição, como objeto de acesso a pesquisa, e sua configuração espacial. Definir um objeto arquitetônico que não fosse exclusivamente dedicado ao livro mas sim, um arquivo de informações que pudesse acompanhar as mudanças de hábito da sociedade em meio a evolutiva digitalização. O edifício é conformado a partir da definição e setorização do programa pretendido, em que cada composição do programa é projetada como um objeto autônomo em sua unidade e, posteriormente definido, é conectado aos outros fragmentos da composição (Fig 24).

Figura 24— Modelo físico. Expõe os diferentes setores de atividades propostos dentro o edifício. Seattle, USA.

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ESTUDOS DE CASO

Os espaços projetados compreenderem a necessidade programática, mas possibilitam a flexibilidade de organização por meio de grandes lajes abertas espacialmente e que são configuradas por um layout definidor de pequenos espaços dentre um todo. Aglomerados de atividades no interior de um setor do programa da biblioteca, estes fragmentos são definidos internamente, mas seu todo é projetado de modo a ampliar as possibilidades eventuais.

Figura 25— Foto do átrio interno do edifício. Seattle Library. Seattle, USA.

A estrutura é um elemento importante no conjunto arquitetônico, que também configura sua pele. Ela reveste a massa espacial do edifício em uma configuração estrutural de grelha metálica permitindo a entrada de luz natural dentre seu corpo. Por ser uma estrutura externa permite que as lajes sejam mais livres com menor conjunto de estrutura em seu meio. OMA - Chu Hai College Hong Kong, China Concurso vencido pelo escritório com a parceria do Leigh & Orange Architects no ano de 2010 e que está em processo de elaboração. Um sítio de 28 mil m² destinado a um campus universitário da Chu Hai College em Hong Kong. A proposição principal do escritório e demandada pelos idealizadores do concurso era criar um projeto de campus que oferece a melhor infraestrutura possível de educação e de relacionamento entre os alunos e funcionários. O projeto se estrutura em duas laminas de edifícios paralelos que abrigam as salas de aula, laboratórios e todas dependências administrativas da universidade e de seus respectivos cursos. Sendo projetas paralelas, consolidam uma implantação resultada em uma praça central dentre os edifícios, projetada para abrigar todas as atividades multidisciplinares e de convívio coletivo de todos os estudantes (Fig 26).

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Figura 26— Fotomontagem do pátio central entre os edifícios. Além de espaço de circulação, o átrio central abriga os principais usos do edifício, principalmente os de uso comum . Chu Hai College Hong Kong, China

A praça entre os dois edifícios educacionais é a grande matriz do partido projetual (Fig 26). Elemento articulador da circulação por dentro do projeto, é projetada a partir da flexibilização de planos horizontais que se configuram a partir da topografia existente e de um modo que crie situações adversas de convivo. Uma praça com uma série de níveis entre planos que formam espaços de estar e lazer, além de acomodar atividades de uso comum como cafeterias, salas de estudo, ginásio e uma biblioteca.

Figura 27— Foto do modelo físico. Além de espaço de circulação, o átrio central abriga os principais usos do edifício, principalmente os de uso comum . Chu Hai College Hong Kong, China

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ESTUDOS DE CASO

ANDRADE MORETTIN ARQUITETOS - Instituto Moreira Salles. São Paulo, Brasil Em construção (término previsto - 2017). Detentora de um acervo amplo acervo, o Instituto Moreira Salles é uma instituição de muito reconhecimento no panorama cultural brasileiro. O concurso foi elaborado em um terreno na Avenida Paulista com a premissa de proporcionar uma residência a altura das possibilidades que o instituto pode criar. O escritório de arquitetura Andrade Morettin venceu a concorrência com o partido de projeto baseado em um edifício que comportasse um vasto programa cultural, cada um com a sua devida infraestrutura, mas que este se evolvesse no conjunto existente e com a agitação da avenida.

Figura 28— Fotomontagem da inserção do projeto na Avenida Paulista. A permeabilidade visual e de circulação são visíveis como partido de projeto. IMS — Instituto Moreira Salles. São Paulo, Brasil.

A arquitetura partiu do programa pretendido ao edifício que comporta uma série de atividades culturais, cada uma com sua natureza específica, e outras destinadas a serviços e uso comum dos usuários. Como método de projeto, as atividades foram divididas em grupos de áreas mais permeáveis e públicas até lugares que precisam de mais restrição e privacidade, de modo a setorizar o programa dentro do projeto. Como consequência, a circulação é distribuída como articuladora entre os programas e, principalmente projetada para a permeabilidade entre os grupos abertos e os mais restringidos.

Figura 29— Fotomontagem da inserção do projeto na Avenida Paulista. A permeabilidade visual e de circulação são visíveis como partido de projeto. IMS — Instituto Moreira Salles. São Paulo, Brasil.

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O chamado “pavimento térreo”, como conceito, tem a função de abrigar e distribuir o fluxo vindo da rua, que foi elevado a quinze metros de altura com o princípio de distribuir a circulação de visitantes e funcionários, acima o programa mais recluso do projeto que compreendem as salas de exibição e administração e, abaixo o programa mais livre composto por salas de estudo, lojas, áreas técnicas e o estacionamento.

Síntese

Os projetos escolhidos como estudo de caso contém intersecções em sua composição arquitetônica que compõe o partido proposto para este projeto. Sua tipologia e sua disposição foram os principais aspectos para a escolha destes como estudos referenciais. Apesar dos projetos conterem características diferenças, os conceitos; multiplicidade, metamorfose e a relação com a tecnologia são característica que estruturam a concepção de todos os projetos. Além das paridades na ideologia, o arranjo físico e o programa incorporado são dispostos de maneira a ampliar as possibilidades do edifício. O arranjo estrutural é projetado de modo a desvincular ao máximo a relação entre as estruturas, permitindo a maior maleabilidade dos usos entre os pavimentos. O programa, voltado a cultura e educação, é elaborado a partir de uma distribuição dos usos “empilhando” um sob os outros, contendo eixos de circulação definidores e que permitem a interligação dos diferentes setores do projeto. Após a observação detalhada dos projetos escolhidos, enaltecem as relações entre os conceitos abordados e a arquitetura criada a partir de tais elemento. São exemplos físicos dos pensamentos que incorporam o partido de projeto do Núcleo de Experimentações Livres.

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Conceito O projeto proposto deseja contribuir com atividades culturais e de criação, de modo a oferecer infraestrutura que possibilite tais ações. Assim como, por exemplo, a biblioteca oferece infraestrutura de pesquisa, o NEL (Núcleo de Experimentações Livres) pretende acomodar situações culturais que estimulam a criatividade, dispondo condições específicas para cada prática. O compromisso do edifício é cooperar com as pessoas na formação de ideias criativas e inovadoras, dispondo condições favoráveis por meio de sua arquitetura. O programa do edifício é dividido em três grupos de atividades: o primeiro, denominado Corpo, propõe espaços que integrem atividades ligadas a dramaturgia, dança, palestras e debates; Objeto é o nome do segundo grupo, que oferece ambientes relacionados a fabricação digital e marcenaria, com intuído de facilitar a manufatura. E por fim, o terceiro grupo, nomeado como Hub°, é projetado para oferecer espaços de estudo, reunião e de estar seguindo princípios de ambientes colaborativos

A intenção do edifício é ser o “meio” entre o campo das ideias e o da criação, de modo a disponibilizar os instrumentos para tal. Portanto, o melhor local para a implantação deste objeto arquitetônico e a zona central da cidade de São Paulo, por conta de sua posição geográfica e em relação ao seu território, por possuir uma ótima disposição de infraestrutura e de transporte coletivo.

° Hub , Denominação de espaço que oferece encontro e produtividade. São elaborados seguindo os princípios da uso colaborativo. Pode ser referenciado a escritórios ou a ambientes mais informais dos de costume.

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Figura 30— Fotomontagem representativa das atividades propostas pelo edifício. Acervo do autor


O Projeto

Figura 31— Foto aérea do bairro da Barra Funda. Autor desconhecido.

A região da Barra Funda nasceu de uma divisão do Sítio Iguape, de propriedade do barão na época. Antigamente, a barra do rio Tietê na região era muito funda – daí o nome do bairro. Durante o século XIX, a chácara foi loteada e, por estar próxima do centro e receber trilhos da São Paulo Railway° em suas terras, cresceu rapidamente. Com os trilhos e os moradores vieram também as indústrias, o que fez a região crescer e se consolidar. Hoje o bairro da Barra Funda tem predominância de áreas residenciais e institucionais, além de parques e empresas. Entretanto, sua antiga tipologia chácara/fabril deixou como herança grandes quadras e por sua vez, grandes lotes.

° São Paulo Raixay, antigo companhia de trens metropolitanos da cidade de São Paulo

Figura 32— Recorte da área de intervenção. Barra Funda, São Paulo. Acervo do autor.

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Situado entre as ruas Fuad Naufel e Doutor Alfredo de Castro, esquina com a Avenida Auro Soares de Moura está um edifício abandonado. Com aproximadamente 7,736m², no passado funcionava ali uma grande indústria de impressão de jornais. Por motivos não encontrados, em meados dos anos de 1980, o edifício parou de exercer as funções e deste então está sem uso e completamente abandonado.

Figura 33— Foto aérea do edifício relatado a cima. Acervo do autor

Localização geográfica estratégica e ótima infraestrutura de transportes, um grande espaço subutilizado na escala da cidade, bairro e quadra. Integração com seus arredores, o Memorial da América Latina e a Estação de Metro e Trens da CPTM. Metragem favorável do terreno para abrigar um edifício de larga escala. Estas são as características fundamentais para a escolha dessa localização. O NEL pretende atender as diferentes tipologias de uso, divididas em três grupos; Corpo, Objeto e Hub. Cada um demanda de uma infraestrutura diferenciada, que posso atender não só a utilização definida, como se adaptar a eventuais mudanças de atividades. Essas condições necessárias citados a cima, englobam tanto as questões de iluminação e dos objetos, quanto o arranjo da estrutura afim de permitir a melhor maleabilidade dos ambientes no dia a dia do edifício. O projeto tem como principal partido a concepção de um sistema. Para isso, sua composição heterogênea é projetada isoladamente, com o objetivo dos seus componentes sejam independentes e resolvidos quanto arquitetura. A partir deste raciocínio, com os diferentes fragmentos projetados, elementos de propriedade articuladora unem os diferentes pedaços componentes projetados, interligando-se a eles, eles aos outros, harmonizando um sistema. A partir da análise do programa proposto, foi elaborado uma quantificação de áreas possíveis para abrigar as atividades, e um agrupamento dos espaços de acordo com a sua particularidade, criando um gradiente que vai do mais aberto e permeável até o mais restrito e controlado. O diagrama a seguir (FIG 34), representa a intenção de reforçar as conexões e continuidades entre os diferentes programas. A concepção do projeto partiu da elaboração cada atividade de modo único e separado do restante, em que posteriormente seria conectado as outras que também foram concebidos desde modo. Por conta deste método, o projeto é pensando dos andares mais altos ao mais baixos, do uso mais restrito ao mais variado, do acesso mais controlado até o quase público.

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Figura 34— Diagrama de Usos. Acervo do autor

A área destinada a performances faz parte do grupo de atividades denominado Corpo. Este espaço de 1000m² prevê o uso ligado á dança, teatro e de comunicação. São dois perímetros divididos por uma das circulações verticais do edifício. Eles contem portas acústicas móveis em suas extremidades, permitindo a variação dos tamanhos e dos layouts de cada sala. O pé direito de oito metrôs foi projetado para que possa ser realizado eventos que preveem urdimentos em sua produção. Para que aja uma maior flexibilidade no uso desse espaço de laje plana, a proposta de utensílios é livre e pensada para ser móvel, ou seja, arquibancadas pode ser feitas com praticáveis e palcos podem ser desmontáveis. Com 1,300m² , o maior setor do edifício é destinado ao uso variado. Ou seja, uma enorme área passível de receber exposições, oficinas, palestras, atividades temporárias, eventos de outros lugares e até mesmo se tornar uma extensão dos outros usos do edifício.

Abaixo das performances, o pavimento foi projetado para ser o ambiente de estudo colaborativo. Dentro do grupo de atividade Hub, são 1,240m² de laje ampla para abrigar diferentes layouts de ocupação. A proposta é haver um lugar com uma infraestrutura que facilite o estudo e potencialize as chances de grandes ideias e projetos. O servidor é a grande caixa preta do projeto. Preso apenas por uma estrutura na laje superior, o volume voa pelo meio do edifício. Sua função é guarnecer todas as funções de infraestrutura digital propostas no projeto, deste sistemas de rede e iluminação, até todo o servidor de programação que controla a fachada mecânica.

Semelhante ao espaço de estudo colaborativo, tem a mesma área e o mesmo propósito mas ele tem uma espacialidade diferente. A proposta haver um espaço de estudo reservado e mais privado, auxiliando o estudo individual e mais reservado. Sua extremidade contem um acabamento que torna essa laje uma caixa reclusa dentro do edifício.] O átrio é o ponto interligador de todos os setores do edifício. Da acesso a todos os pavimentos, distribuindo os visitantes ao logo do programa. O andar da fabricação é voltado para a produção de protótipos e de objetos. Com uma área de 1500m² de laje livre, se prevê uma oficina de fabricação digital e para manuseio de materiais mais pesados. O permeabilidade visual e de fluxo possibilita a maior interação entre os usuários e suas ideações. O térreo é a grande interligação do edifício com a cidade. O saguão de entrada abre a visualização do visitante para edifício como um todo, é possível avistar todos os núcleos de atividades ao entrar. Seu interior transparente e ao mesmo tempo englobado pela fachada, permite que o espaço acomode quase qualquer tipo de atividade proposta a ele. A parte posterior do projeto é uma ligação entre as ruas laterais e um acesso para carga e descarga de objetos.

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A administração se encontra no térreo, facilitando a circulação privada e de carga no edifício.

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Área não utilizada

Circulação

Possibilidades

Acervo do autor. 1:1000

Diagrama esquemático das possibilidades de uso das salas voltadas para performances. A variação permite um maior número de salas independentes ou até a expansão para todo o pavimento.

1:500 - Pavimento 5

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das grandes preocupações do projeto. O antigo edifício ocupava quase 100% do terreno, bloqueando qualquer tipo de permeabilidade. O edifício é implantado solto no lote, permitindo o fluxo tanto a sua frente quanto em suas costas. O intuito é viabilizar o fluxo ao redor do edifício e entre quadra abrindo caminho para pedestres. Além disso, o antigo acesso para a Av. Auro Soares estava fechado e subutilizado, o projeto engloba seu

A implantação é uma

1:750 - IMPLANTAÇÃO

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1:500 - CORTE BB.

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A ilustração a cima reproduz o arranjo estrutural principal do edifício. Percebesse a estruturação em dois núcleos conectados por um vazio articulador.

A imagem a direita ilustra a composição do edifício explodida, suas camadas e sobreposições. Cada aglomerado independente se interconectando formando um sistema.


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A composição estrutural é envolvida por um sistema de fechamento mecânico autoportante. O projeto propõe uma involucro em formato de membrana em que, além de fazer o fechamento do edifício, protege seu interior da insolação e das altas temperaturas durante o dia. Esta pele é composta por um arranjo estrutural metálico cruzado, vidro e sobrepondo essas camadas, aletas mecânicas que reagem as mudanças de temperatura. A adaptação das aletas é feita com sensores digitais, ao perceberem o aumento de temperatura liberam estímulos de abertura e fechamento com o intuído de proteger o interior do projeto. Seu design tem a intenção de facilitar o processo de abertura e fechamento e de propor a melhor eficiência nas posições responsivas ao clima presente.

Figura 35 - As aletas abrem e fecham conforme o clima presente,. Ao identificar um aumento de insolação, as aletas se fecham para proteger o interior do edifício. Acervo do autor

O propósito funcional das aletas é proteger da intensidade do sol em determinados horários do dia. Entretanto, sua função não pode privar o interior do prédio da entrada de luz natural, por este motivo, as aletas são distribuídas sem preencher todo o módulo afim permitir a entrada de luz durante todo o dia. O design pretende atender o propósito mecânico e de proteção do edifício, prevendo a situação de abertura em baixas intensidades de radiação e em posição fechada para o contrário

QR-CODE - https://youtu.be/ZVBIgc2Np8s Protótipo elaborado a partir da fabricação digital. Demonstra o movimento funcional proposto para as aletas do módulo.

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°Rhinoceros , software de modelagem tridimensional Figura 36 - Código paramétrico elaborado em Grasshopper. Acervo do autor

O movimento foi simulado em Rhinoceros° com ajuda do plugin Grasshopper°. A parametrização do modelo e de seu movimento são simuladas no programa, permitindo testes de movimento em relação a estímulos programados, a radiação solar por exemplo. Deste modelo digital, foi gerado um código de programação compatível com plataformas digitais e robóticas. O código aliado a uma plataforma de Arduino° e pequenos motores originaram o protótipo retratado anteriormente

°Grasshopper, plugin de programação ilustrada. Os códigos são representados por pequenas imagens facilitando seu uso. ° Arduino, é uma plataforma de prototipagem eletrônica de hardware livre e de placa única. Com sua funcionalidade simples, é uma ferramenta de baixo custo e acessível.

Simulações criadas em softwares paramétricos permitem variações da composição do código, a fim de testar diferentes situações possíveis. Este princípio possibilitou experimentações da fachada se relacionando com a intensidade de radiação, testando sua funcionamento prático. Além da radiação, a inclinação do sol e a variação de intensidade em algo da fachada foram estímulos considerados. Os testes foram feitos simulando o horário do meio dia.

Este primeiro diagrama é relacionado a fachada voltada para a Av. Auro Soares. Esta fachada recebe luz durante a maior parte do dia, pois esta voltada para a rotação natura do sol. Ao receber o estimulo de maior radiação (cor mais avermelhada), as aletas se inclinam e assumem uma posição quase completamente fechadas, diferentes das aletas mais a esquerda, no qual, ao receberem menor radiação do que as da direita, conseguem diminuir a intensidade se abrindo em mais.

**A leitura dos diagramas é sempre feita da esquerda para a direita,

A fachada retratada ao lado esta voltada para a rua Dr. Alfredo de Castro. Nessa situação, ela recebe a maior radiação apenas nas primeiras horas da manhã, conseguindo equilibrar a entrada dentro do edifício se inclinando para cima e fechando em alguns pontos. Isso acontece por contar do sol da manhã ser mais fraco, sua intensidade menor e por ajustar a programação para que este sol permeie mais o interior do edifício.

Por fim, fechando o prédio por completo, está a fachada voltada para a Rua Fuad Naufel. Esta fachada recebe a menor quantidade de sol em relação as outros simuladas, entretanto recebe o sol da tarde, responsável pelo horário de maior intensidade de radiação durante o dia. O sistema de aletas responde de maneira mais extrema a esse estimulo, mantem a maior parte da fachada fechada, inclinando apenas em alguns pontos.

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A imagem simula um dia ensolarado no começo da tarde. Acervo do autor.

Perspectiva da composição da fachada com o foco no módulo. Como uma escama, as aletas protegem o edifício das altas radiações durante o dia.

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Fachada frontal do edifício. A entrada principal fica logo após a passagem por baixo da fachada em balanço. A impressão espacial proposta deste ponto de vista é que a pele esteja sendo sustentada pelo cubo de vidro que envolve o saguão de entrada. Como a estrutura do saguão é mais limpa formalmente, permite o entendimento de algo pesado carregado por algo leve esbelto.

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Perspectiva 3D do interior do edifício. Visualização feita do pavimento voltado para a fabricação e design. A imagem revela o vazio articulador entre os dois polos do edifício. A forma como ele estrutura o fluxo e as diferentes funções possíveis.

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O servidor flua sob o interior, atua como a caixa preta do edifício tanto no sentido figurado quando na sua essência real.

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Perspectiva 3D do interior do edifício. Visualização feita do último pavimento previsto para múltiplos usos.

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O ponto especial do projeto, um mirante a mais de trinta metros de altura apontado para seu entorno próximo. Além de uma visualização peculiar do bairro, se vê a pele do edifício como um tecido que envolve a composição, movendo-se conforme as horas do dia.

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O projeto conectado ao sistema urbano ao seu redor.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As pesquisas de fundamentação auxiliaram na compreensão da relação entre tecnologia e arquitetura. A composição de sistema como partido de projeto é fundamental para o pensamento do conjunto, mas que a visão geral dos elementos se torne mais focada nos objetos, pois no momento em que forem resolvidos, transformaram o todo.

O desenvolvimento do projeto possibilitou a compressão exata o conceito tratado, sistema. Não só pela complexidade encontrada em cada fragmento projetado, mas como a composição dos elementos é grande, multável e em inconstante transformação. O principio do sistema NEL, simulava uma grande nuvem de areia (FIG 2), em que pontos de importância surgiam, se interligavam e expandiam sua relevância. O tempo, o amadurecimento e a novas descobertas se tornaram reagentes de uma mutação desta ideia, resultado em uma evolução de conceito (FIG 37). A concepção deste sistema não só se expandiu e se interligou, mas multiplicou e envolveu novas ideias e diretrizes fundamentais para a resolução do projeto. Entrou em metamorfose. Um dos fragmentos do sistema é o edifício projetado. Sua espacialidade é dada e percebida sobretudo a partir do vazio central, que é o espaço de circulação e encontro conector dos programas e da pele. As circulações verticais perfuram as lajes transformando as ideias até biosferas próprias para seu desenvolvimento. A pele, um composto paramétrico, encobre seu volume e permite a melhor entrada de luz o todo ou para cada ambiente. A materialidade proposta é manter a originalidade da estrutura, propondo acabamento apenas com o intuído de enaltecer uma dos vários conjuntos do todo. A localização foi escolhida de maneira estratégica para que qualquer pessoa usufrua do sistema mas também, se conecte a ele entrando juntos em transformação. Esse trabalho retrata mais do que um projeto arquitetônico, mas sim, a poderosa capacidade do arquiteto em criar elementos que não só atendam as questões exigidas, mas transforme tudo aquilo que esta a sua volta, que entra e que sai, que observa mesma que por um momento. Essa habilidade se torna o reagente que pessoas e cidades precisam para se transformarem em algo melhor, a habilidade conhecida como arquitetura.

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LISTA DE IMAGENS

Figura1 – Diagrama de palavras chave - acervo do autor Figura2 – Figura 2 - Diagrama conceitual de concepção das diretrizes de projeto elaborado pelo autor. Demonstra os diferentes e independentes parâmetros que unidos se transformam em um enorme sistema complexo. Representa o começo da conformação do sistema NEL, representado neste trabalho. Figura3 – Walt Disney Concert Hall - http://turismo.culturamix.com/atracoes-turisticas/waltdisney-concert-hall Figura4 – Museu Guggenheim de Bilbao - http://tourism-spot.com/pt/spectacular-architecture-of -guggenheim-museum-of-bilbao-spain/ Figura5 – Casa IV - http://www.archdaily.com/63267/ad-classics-house-vi-peter-eisenman Figura6 – Museu Judaico. Editado pelo autor - http://libeskind.com/ Figura 7 – Detalhes estruturais da fachada do Museu Judaico - http://pt.slideshare.net/ C_W_X/2012-13-mat-3-lect-2-lightwt-fac-met-clad?nomobile=true Figura8 – Estação Bergisel Ski Jump - http://www.zaha-hadid.com/ Figura9 – MAXXI - http://www.zaha-hadid.com/ Figura10 – MEDIA HEADQUARTERS BUILDINGS - http://www.rex-ny.com/ Figura11 – Detalhe do mecanismo - http://www.rex-ny.com/featured-project-introduction/? act=featured Figura12 – San Francisco Federal Building - http://www.morphosis.com/ Figura 13 – Diagrama espacial do pavilhão Prada Transformer realizado pelo grupoOMAarchitects - http://robotics-in-architecture.blogspot.com.br/2009/03/oma-prada.html Figura14 – Lançamento da estrutura - https://www.youtube.com/watch?v=whiPt4Vd6jc Figura 15 – Diagrama que representa a evolução da manufatura - acervo do autor Figura16 – FabLab Insper. - acervo do autor Figura17 – FabLab Amsterdãm - acervo do FABLAB INSPER. Figura 18 – Ambiente interno do escritório da Google sede em São Paulo. - http:// tecnologia.uol.com.br/album/2013/01/16/google-inaugura-novo-escritorio-em-sao-paulo-para300 -funcionarios.htm Figura 19 – Ambiente interno do escritório da Google sede em São Paulo. - http:// tecnologia.uol.com.br/album/2013/01/16/google-inaugura-novo-escritorio-em-sao-paulo-para300 -funcionarios.htm Figura20 – Seattle Central Library - http://oma.eu/ Figura21 – Seattle Central Library - http://oma.eu/ Figura22 – Chu Hai College-Render - http://oma.eu/ Figura23 – Chu Hai College-Modelo - http://oma.eu/ Figura24 – Instituto Moreira Salles - Render - http://www.andrademorettin.com.br/ Figura25 – Instituto Moreira Salles- Render Noturno - http://www.andrademorettin.com.br/ Figura26 – Grupo de atividades. - acervo do autor

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Figura27 – Foto do modelo físico Chu Hai College Hong Kong, China - http://oma.eu/ projects/chu-hai-college Figura 28 - Fotomontagem da inserção do projeto na Avenida Paulista. http:// www.andrademorettin.com.br/projetos/ims/ Figura 29 - Fotomontagem da inserção do projeto na Avenida Paulista. http:// www.andrademorettin.com.br/projetos/ims/ Figura 30 - Fotomontagem representativa das atividades propostas pelo edifício. Acervo do autor Figura 31 - Foto aérea do bairro da Barra Funda. Autor desconhecido. Figura 32 - Recorte da área de intervenção. Barra Funda, São Paulo. Acervo do autor. Figura 33— Foto aérea do edifício relatado a cima. Acervo do autor

Figura 34— Diagrama de Usos. Acervo do autor Figura 35 - As aletas abrem e fecham conforme o clima presente,. Ao identificar um aumento de insolação, as aletas se fecham para proteger o interior do edifício. Acervo do autor Figura 36 - Código paramétrico elaborado em Grasshopper. Acervo do autor

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REFERÊNCIAS

ANDERSEN, C. Makers - A Nova Revolução Industrial. [S.l.]: Elsevier - Campus, 2012. Citado na página 29. LANDRY, C. Origens E Futuros Da Cidade Criativa. [S.l.]: SESI-SP EDITORA, 2013. Citado na página 2.

OMA; KOOLHAAS, R.; MAU, B. S,M,L,XL. [S.l.]: The Monacelli Press, 1995. Citado na página 23. SCHMELTZER, C. 3º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação. 2014. Acesso em 23 de abril de 2016. Disponível em: <http://dwih.com.br/pt-br/noticias/o-que-sao-sistemascomplexos>. Citado na página 9 MONTANER, Josep Maria - Sistemas Arquitetônicos Contemporaneos. GG Brasil 2015

MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento complexo. São Paulo: Sulinas, 2003 Revista Monolito— Edição Concurso Instituto Moreira Salles/SP Igor Fracalossi. "Disjunções / Bernard Tschumi" 26 Abr 2012.

. Acessado

. <http://www.archdaily.com.br/45675/disjuncoes-bernard-tschumi> NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura. Antologia teórica (1965-1995). Coleção Face Norte, volume 10. São Paulo, Cosac Naify, 2006. MONTANER, Josep Maria - A condição contemporânea da arquitetura. 2016 GG Brasil

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