Centro de Referência em Moradia, Convivência e Apoio para Idosos

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Centro de Referência em Moradia, Convivência e Apoio para Idosos

LARISSA WETZEL



CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC LARISSA WETZEL

CENTRO DE REFERÊNCIA EM MORADIA, CONVIVÊNCIA E APOIO PARA IDOSOS

SÃO PAULO 2016



CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC LARISSA WETZEL

CENTRO DE REFERÊNCIA EM MORADIA, CONVIVÊNCIA E APOIO PARA IDOSOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado no Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro – como exigência para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Me. Ricardo Wagner Alves Martins



AGRADECIMENTOS Agradeço a todos os amigos que sempre estiveram ao meu lado durante essa trajetória, me apoiando e ajudando da melhor maneira, e que por muitas vezes foram indispensáveis. Agradeço especialmente aos meus pais, pois sem eles nada disso seria possível.


RESUMO O Brasil está passando por um processo de envelhecimento de sua população, inclusive dos próprios idosos, desta forma esse estudo busca entender como se deu este processo, a visão da sociedade sobre o tema e o que é qualidade de vida para os que alcançam a terceira idade, além de analisar o surgimento dos asilos destinados aos idosos e suas simbologias. Para um país que se encontra cada vez mais idoso, a oferta de serviços destinados especificamente a esta população ainda é baixa. As questões de acessibilidade, conforto ambiental e ergonomia ainda são muitas vezes esquecidas, de forma que a falta de ambientes projetados com base nas necessidades deste público torna-se um problema que afeta a segurança e a qualidade de vida dos idosos, portanto, o objetivo final deste trabalho será o desenvolvimento de um projeto para um centro de referência que sirva de moradia para os idosos, além de garantir que estes tenham todo o suporte necessário para essa fase da vida, contando com lazer e oportunidades de integração com a sociedade, de forma a contribuir com a qualidade de vida e o envelhecimento saudável. Palavras-chave: idosos; qualidade de vida; centro de apoio


ABSTRACT Brazilian population is going through an aging process, including aging of the elderly themselves, therefore this paper aims to understand how this process started, the opinion of society about aging and also what is quality of life for the elderly, besides it also analyzes the history of nursing homes and their meanings. The country is quickly growing old and yet the amount of specific services offered to the elderly is still low. In our society, accessibility, environmental comfort and ergonomics issues are easily forgotten when it comes to projects, then there is a lack of places designed based on the needs of this people which becomes a problem affecting the safety and quality of life of older people. As a result, it will be developed the project for a new kind of nursing home that offers all the necessary support for these people but also provides them with leisure and integration opportunities ensuring a healthy aging.

Keywords: elderly; quality of life; support center


LISTA DE SIGLAS ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística OMS – Organização Mundial de Saúde ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos NBR – Norma Brasileira Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada RDC – Resolução da Diretoria Colegiada SBGG - Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia UCL - University College London

LISTA DE TABELAS Tabela 01 – p.31 Antropometria funcional de mulheres idosas Tabela 02 – p. 32 Antropometria Funcional de homens idosos


LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 – p. 5 Esperança de vida ao nascer Brasil 2000 – 2015. Gráfico 02 – p. 5 Taxa de fecundidade total Brasil 2000 – 2015. Gráfico 03 – p. 5 Taxa bruta de natalidade por mil habitantes Brasil 2000 – 2015. Gráfico 04 – p. 6 Pirâmide etária absoluta Brasil 2010 Gráfico 05 – p. 7 Pirâmide etária absoluta Brasil 2040 Gráfico 06 – p. 27 Tendência na zona de conforto do idoso sobre a carta de Givoni - 1992 Gráfico 07 – p. 61 Distribuição por sexo, segundo os grupos de idade Bertioga (SP) 2000 Gráfico 08 – p. 61 Distribuição por sexo, segundo os grupos de idade Bertioga (SP) 2010


LISTA DE IMAGENS Imagem 01 – p.35 Dimensões do módulo de referência Imagem 02 – p.35 Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento Imagem 03 – p.36 Área para manobra de cadeira de rodas com deslocamento Imagem 04 – p.37 Largura para deslocamento em linha reta Imagem 05 – p.37 Dimensões referenciais para deslocamento de pessoas em pé Imagem 06 – p.38 Medidas mínimas de um sanitário acessível Imagem 07 – p.38 Box para chuveiro com barras de apoio Imagem 08 – p.39 Área de transferência e manobra para uso da bacia sanitária Imagem 09 – p.39 Área de aproximação para uso do lavatório Imagem 10 – p.42 Hogeweyk – Praça Imagem 11 – p.43 Hogeweyk – Estilo artesão Imagem 12 – p.43 Hogeweyk – Estilo cristão Imagem 13 – p.43 Hogeweyk – Estilo cultural Imagem 14 – p.43 Hogeweyk – Estilo classe alta Imagem 15 – p.44 Hogeweyk – Estilo simples


Imagem 16 – p.44 Hogeweyk – Estilo indiano Imagem 17 – p.44 Hogeweyk – Estilo urbano Imagem 18 – p.45 Hogeweyk – Mercado Imagem 19 – p.45 Hogeweyk – Restaurante Imagem 20 – p.45 Hogeweyk – Ajudando no preparo do alimento Imagem 21 – p.45 Hogeweyk – Fazendo compras Imagem 22 – p.46 Hogeweyk – Implantação Imagem 23 – p.47 Hogeweyk – Planta pavimento térreo Imagem 24 – p.48 Hiléa – Fachada Imagem 25 – p.49 Hiléa – Praça temática dos anos 40 Imagem 26 – p.49 Hiléa – Sala de fisioterapia Imagem 27 – p.49 Hiléa – Piscina aquecida Imagem 28 – p.50 Hiléa – Planta pavimento térreo Imagem 29 – p.51 Hiléa – Planta pavimento tipo Imagem 30 – p.52 Hiléa – Corte Imagem 31 – p.53 Complexo Social em Alcabideche - Horta Imagem 32 – p.54 Complexo Social em Alcabideche – Edifício de apoio


Imagem 33 – p.54 Complexo Social em Alcabideche – Rua Imagem 34 – p.54 Complexo Social em Alcabideche – Diagrama verão Imagem 35 – p.54 Complexo Social em Alcabideche – Diagrama inverno Imagem 36 – p.55 Complexo Social em Alcabideche - Vista noturna com cobertura iluminada em vermelho Imagem 37 – p.55 Complexo Social em Alcabideche – Corte Imagem 38 – p.56 Complexo Social em Alcabideche – Implantação Imagem 39 – p.56 Complexo Social em Alcabideche – Planta baixa, elevações e corte Imagem 40 – p.57 Residence Care - Fachada Imagem 41 – p.58 Residence Care - Sala de cinema Imagem 42 – p.58 Residence Care - Piscina aquecida Imagem 43 – p.58 Residence Care – Sala de fisioterapia Imagem 44 – p.58 Residence Care - Área verde Imagem 45 – p.58 Residence Care - Quarto quádruplo Imagem 46 – p.58 Residence Care - Quarto individual Imagem 47 – p.62 Mapa de localização do terreno, saúde e escolas Imagem 48 – p.63 Avenida Anchieta Imagem 49 – p.63 Terreno


Imagem 50 – p.63 Esquina Av. Anchieta x Rua S. Lima Imagem 51 – p.65 Base de uso e ocupação do solo - 2016 Imagem 52 – p.70 Perspectiva Imagem 53 – p.71 Implantação sem escala Imagem 54 – p.73 Planta pavimento 1 sem escala Imagem 55 – p.75 Planta pavimento 2 sem escala Imagem 56 – p.77 Planta pavimento 3 sem escala Imagem 57 – p.79 Planta cobertura sem escala Imagem 58 – p.81 Corte AA sem escala Imagem 59 – p.83 Corte BB sem escala Imagem 60 – p.85 Corte CC sem escala Imagem 61 – p.87 Corte DD sem escala Imagem 62 – p.89 Elevação 01 sem escala Imagem 63 – p.89 Elevação 02 sem escala Imagem 64 – p.89 Elevação 03 sem escala Imagem 65 – p.91 Elevação 04 sem escala


Imagem 66 – p.91 Vista para Serra do Mar Imagem 67 – p.91 Saguão de entrada


SUMÁRIO Introdução

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1.

Envelhecimento populacional 1.1. O envelhecimento populacional no Brasil 1.2. O envelhecimento e a sociedade 1.3. O idoso em outras culturas 1.4. Qualidade de vida

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2.

O asilo 2.1. Histórico das instituições de longa permanência para idosos 2.2. A simbologia das instituições asilares

19 20 22

3.

A arquitetura e o envelhecimento saudável 3.1. Conforto ambiental 3.2. Ergonomia 3.3. Acessibilidade

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4.

Estudos de caso 4.1. Hogeweyk 4.2. Hiléa 4.3. Complexo Social em Alcabideche 4.4. Residencial Care

41 42 48 53 57

5.

Bertioga 5.1. Sobre o município e sua localização 5.2. Uso e ocupação do solo

59 60 64

6.

Projeto 6.1. Programa 6.2. O projeto

67 68 70

7.

Considerações finais

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8.

Bibliografia

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INTRODUÇÃO Esse trabalho pretende apresentar o projeto para um centro de referência em convivência, moradia e apoio para idosos. Para o desenvolvimento do projeto será necessário entender o processo de envelhecimento da população no Brasil, as características desse público e suas necessidades, para tal serão feitas pesquisas de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e revisão bibliográfica. O público alvo compõe-se de idosos com grau de dependência 1 e 2 segundo a resolução RDC Nº 283/2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), sendo o grau 1, idosos independentes, mesmo que requeiram uso de equipamentos de autoajuda (óculos, bengala, cadeira de rodas, etc.), e o grau 2, idosos com dependência em até 3 atividades de autocuidado para a vida diária, tais como: alimentação, mobilidade, higiene, sem comprometimento cognitivo, ou com alteração cognitiva controlada. O objetivo do projeto é propiciar um ambiente em que os idosos possam viver, contando com todo o suporte necessário para sua saúde e com atividades diversificadas que permitam sua integração com a sociedade de forma a possibilitar o envelhecimento saudável. Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizada em 2011, atualmente o Brasil conta com 3.548 Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) atendendo 83.870 idosos, equivalente a 0,5% da população idosa, e estão localizadas em 28% dos municípios brasileiros, e dois terços destas instituições estão na região Sudeste, sendo que no município de São Paulo foram identificadas 1.219 instituições, número este que face ao processo de envelhecimento da população pelo qual estamos passando, é considerado insuficiente, uma vez que a demanda por cuidados fora do ambiente familiar aumentará decorrente do maior número de idosos, especialmente aqueles com 80 anos ou mais, e da dinâmica da sociedade onde a mulher tem cada vez mais espaço no mercado de trabalho, não restando tempo para os afazeres domésticos e nem para cuidar de seus familiares de idade avançada.

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1. Envelhecimento populacional

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1.1. O envelhecimento populacional no Brasil O processo de transição demográfica no Brasil ocorreu devido ao processo de urbanização, que alterou as dinâmicas de vida da população, aumentando o custo de vida, o tempo das jornadas de trabalho e a atuação da mulher no mercado de trabalho. (NASRI, 2008). Tradicionalmente o homem era o provedor e a mulher tinha o papel de cuidar da casa e da família, porém hoje a mulher assume também o papel de provedora e sua renda é fundamental para o sustento da família. Com essas mudanças da dinâmica social a mulher passou a ter menos tempo para os cuidados domésticos e consequentemente para cuidar de seus familiares, entretanto podem ter mais recurso financeiro para pagar pelos cuidados deles. (CAMARANO; MELLO, 2010, p. 14). Segundo Nasri (2008), a mortalidade no Brasil começou a diminuir com o início da nossa revolução industrial, nos anos 1940, mas as taxas de fecundidade iniciaram sua queda apenas 30 anos depois. Os avanços da medicina preventiva e o ritmo de vida da sociedade contemporânea permitiram o envelhecimento da população brasileira, uma vez que a medicina preventiva gerou um aumento na expectativa de vida ao nascer, que segundo o IBGE, em 2000 era de 69,83 anos e em 2015 subiu para 75,44 anos. É possível notar também que o atual ritmo de vida da sociedade, onde a mulher busca cada vez mais por seu espaço no mercado de trabalho a fim de obter sucesso profissional, e o maior alcance da informação permitiu a queda das taxas de fecundidade, atualmente consideradas abaixo do nível de reposição, e natalidade, que em 2000 eram de 2,39 filhos/mulher e 20,86 nascidos/mil habitantes, respectivamente, caíram para 1,72 filhos/mulher e 14,16 nascidos/mil habitantes, como pode ser observado nos gráficos a seguir:

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Gráfico 01: Esperança de vida ao nascer (em anos) – Brasil – 2000 a 2015 Fonte: IBGE Disponível em: http://brasilemsintese.ibge.br/população/esperançasde-vida-ao-nascer.html

Gráfico 02: Taxa de Fecundidade Total – Brasil – 2000 a 2015 Fonte: IBGE Disponível em: http://brasilemsintese.ibge.br/populacao/taxas-defecundidade-total.html

Gráfico 03: Taxa Bruta de Natalidade por mil habitantes – Brasil – 2000 a 2015 Fonte: IBGE Disponível em: http://brasilemsintese.ibge.br/população/taxas-brutasde-natalidade.html

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Há ainda o envelhecimento da própria população idosa, com o aumento do número dos considerados muito idosos, isto é, aqueles com 80 anos ou mais, que segundo pesquisa do Ipea foi o grupo populacional que mais cresceu nos últimos anos. Em 2010 estes representavam 14% da população idosa e 1,5% da população total, e, de acordo com as projeções para 2040, representarão aproximadamente 7% da população total, sendo que esta parcela é também a que está mais exposta a doenças e limitações, o que implica em um aumento da demanda por cuidados. (CAMARANO; MELLO, 2010, p. 13) As pirâmides etárias nos permitem observar o envelhecimento da população. No gráfico 04 temos uma pirâmide com a base larga, mas com o número de nascidos menor que o número de crianças e adolescentes, indicando a redução da taxa de natalidade, e com o topo estreito, representando um país de maioria adulta, enquanto que no gráfico 05 temos uma pirâmide envelhecida onde a base ainda é larga, porém mais estreita que o meio, que representa os adultos, e o topo é largo, indicando um grande número de idosos na população, como podemos observar abaixo:

Gráfico 04: Pirâmide etária absoluta - Brasil - 2010 Fonte: IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/ home/estatisticas/ populacao/projecao_da_populacao/2008/pirâmide/ piramide.shtm

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Gráfico 05: Pirâmide etária absoluta - Brasil - 2040 Fonte: IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov. br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2008/piramide/piramide.shtm

Conforme artigo publicado por Barbosa em 2015, o envelhecimento gera limitações de ordem sensorial, relacionadas a redução visual, auditiva, tátil e fala, além da redução de locomoção, coordenação motora e equilíbrio, com a diminuição da força e dos reflexos, entre outros, sendo às vezes necessário o uso de bengalas, andadores ou cadeiras de roda; e os cognitivos, relacionados a redução da capacidade de receber e processar informações, percepção e memória. O envelhecimento é um processo evolutivo reconhecido de duas formas: como a fase final da vida, de declínio resultante em morte, e como a fase de sabedoria, maturidade e serenidade, e é um fenômeno que compreende o biológico, o psicológico, o social e o histórico, portanto não significa necessariamente a aparição de doenças, porém as alterações fisiológicas interferem na interação do idoso com o ambiente, e os idosos apresentam diversidade de comportamentos, ações e desejos. (FLORES, 2010). Ocorre de forma e em tempos diferentes para cada pessoa, assim, não se pode dizer que os idosos são todos iguais. O envelhecimento e é descrito por Forti e Rolim (citados por FLORES 2010, p.36) em três tipos: o físico é quando o indivíduo precisa da ajuda de outros para a realização de atividades básicas; o social depende da cultura, assim, na cultura ocidental relaciona-se à produtividade do indivíduo sendo a aposentadoria um referencial de velhice; e o psíquico refere-se a falhas de memória, dificuldade de orientação, atenção e concentração. 7


Flores (2010) descreve ainda as mudanças físicas como sendo o aparecimento de rugas, diminuição da força muscular, agilidade e mobilidade das articulações, aparição de cabelos brancos, redução da capacidade auditiva e visual, redução da altura corporal e do peso, problemas respiratórios, de memória, etc.; as psicossociais como consciência da aproximação do fim da vida, sensação de inutilidade, solidão, aposentadoria, e afastamento de pessoas, inclusive familiares; as funcionais, que aumentam conforme a idade, são relativas à capacidade do idoso de cuidar de si (capacidade de tomar banho, vestir-se, comer, fazer compras, pagar contas, cuidar da própria saúde e manter a própria segurança); e as socioeconômicas, surgem com as dificuldades econômicas, declínio social e de valorização por parte de outras pessoas, são decorrentes do processo de aposentadoria e podem causar desconforto, ansiedade, falta de motivação, depressão, podendo inclusive acelerar o envelhecimento ou provocar distúrbios. Com o processo de envelhecimento aumenta também o número de aposentados, que podem sofrer com o tédio e a sensação de vazio, esses idosos aposentados passam a fazer parte de um grupo social que os separa da classe ativa produtora, estimulando a busca de atividades de socialização. (BESTETTI, 2006) Segundo dados do IBGE, em 2010 a população idosa do brasil representava 9,95% do total, sendo 10,9% no estado de São Paulo, e as projeções indicam que em 2030 esse número chegará a 18,62% no Brasil, sendo 21% em São Paulo. O número de idosos é de maioria feminina e estes dados comprovam o rápido envelhecimento da população que resultará em uma maior necessidade por locais e programas que atendam estas pessoas. De acordo com a pesquisa “Idosos no Brasil – vivências, desafios e expectativas na terceira idade” realizada em 2007 pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc, em que 3.759 pessoas foram entrevistadas, das quais 2.136 eram idosos, a população idosa urbana está em maior proporção na região sudeste, é predominantemente feminina, católica e menos escolarizada, aproximadamente 50% dos entrevistados frequentaram até no máximo a 8ª série; as mulheres são em maioria viúvas e os homens casados, 68% tem filhos e quase todos os idosos possuem alguma fonte de renda, principalmente a aposentadoria, e contribuem com as despesas da casa, sendo inclusive considerados chefes da família, 31% declararam ter renda familiar de 2 a 5 salários mínimos; a maioria possui residência própria já paga, e vivem com 8


filhos, parceiros, esposa, marido ou netos; entre as atividades preferidas pelos idosos, quando têm tempo livre, destacam-se: assistir televisão, ler, ouvir música, descansar e passear, e entre as atividades costumeiramente realizadas estão: assistir televisão, cuidar de plantas, cuidar de animais, ler e ouvir rádio; a maioria prefere caminhada como atividade física; os assuntos de maior interesse são a saúde, religião e família, e fazem uso da televisão, jornais, revistas e conversas para aprenderem ou se informarem, sendo que apenas 18% usa a internet. Ainda de acordo com a pesquisa, 39% declararam que moraria em uma instituição de longa permanência, 33% disseram que não moraria, 22% talvez e 6% não respondeu.

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1.2. O envelhecimento e a sociedade A expressão “velho” pode significar perda, deterioração, inutilidade, fragilidade, decadência, antigo, gasto pelo uso, tais significados acabaram criando uma concepção pejorativa a respeito da velhice, resumindo-a a estereótipos, preconceitos, mitos e rótulos sempre desabonadores. (SIMÔES, 1994, apud FRANÇOSO, 2010, p. 20)

Desde pequenos ouvimos de nossos pais que devemos sempre respeitar os mais velhos, porém esse ensinamento nem sempre é seguido pelos jovens e às vezes nem mesmo pelos adultos, uma vez que é comum ouvirmos histórias de maus tratos e desrespeito para com os idosos. Antigamente os idosos eram respeitados como pessoas sábias e experientes devido às suas vivências e conhecimentos adquiridos ao longo da vida, fato que deveria ser seguido também nos dias atuais, uma vez que os jovens não tiveram tempo de viver tudo o que um idoso já viveu e que pode ser passado adiante como ensinamento, que, se aproveitado com atenção e respeito pode ajudar o jovem a fazer escolhas melhores para obtenção de sucesso. “O velho não tem nada a esperar. Mas, por isso mesmo está em melhores condições que o jovem, pois o que um espera, o outro já conseguiu. O jovem quer viver muito tempo, o velho viveu muito tempo” (CÍCERO, 1998, apud FRANÇOSO, 2010, p. 22). Segundo Françoso (2010), a vida é dividida em quatro fases onde a velhice é a penúltima e a morte a última, de forma que a velhice é um limite. Ela faz referência aos gregos, que valorizavam a beleza e a forma física perfeita de maneira que a velhice era vista como o “mal da vida”, e também aos romanos, para os quais os mais velhos tinham o papel de “pater família” e tinham força política no Senado, mas a sociedade os ligavam à imagem da deterioração física e mental. Estamos vivendo em uma sociedade onde a juventude é supervalorizada e como podemos observar, as propagandas de televisão, revistas e a internet apresentam produtos que prometem milagres contra os sinais de envelhecimento, as cirurgias plásticas estão cada vez mais populares e o mercado de trabalho busca por profissionais jovens e ágeis, desta forma há entre os mais jovens uma recusa e o medo de 10


envelhecer. Com o envelhecimento sofremos uma perda de saúde e força, bem como mudanças físicas que podem gerar tristeza. Para as mulheres o que pesa sobre o envelhecimento é a questão da estética e das doenças, e, para os homens a perda da vitalidade, da força e da autonomia bem como surgimento de doenças. Fato comum encontrado entre os idosos é a perda de relações sociais e a solidão, muitos sentem que não tem mais valor para a sociedade nem mesmo para as pessoas próximas, e às vezes essa solidão faz com que idosos busquem interação em grupos e associações. Os idosos institucionalizados são aqueles que vivem em asilos ou casas de repouso por conta de vários fatores como a perda da autonomia, seja por doença ou por redução de mobilidade, entre outros. Apesar de às vezes ser vantajoso ao idoso residir em um local onde ele disponha de cuidados, ele estará em meio a diversas pessoas as quais não conhece, esperando pelo momento em que possa receber visita de alguém próximo, que pode não acontecer. O que sabemos é que a maioria das pessoas, se pudessem escolher, desejariam permanecer em seus lares com autonomia pois as instituições ainda carregam a imagem de abandono e solidão. No livro “As Aventuras de uma Octogenária: Diário de uma Residente”, Elisaveta Renyi, uma senhora, na época com 83 anos, relata sua decisão de se mudar para uma casa de repouso por não querer dar trabalho a sua família e não ter condições financeiras de manter os custos de uma casa ou apartamento. Em seu relato, conta que apesar de todo o serviço e as facilidades oferecidas pelo lar, adaptar-se a um local com pessoas que nunca havia visto antes e ter que dividir o quarto com uma desconhecida, que tinha suas manias, não foi fácil, porém passado o período de adaptação acostumou-se e aprendeu a lidar com as situações de forma que o convívio se tornou mais fácil e agradável. Ela conta também que entre os residentes, na maioria mulheres, a aparência é o fator que mais os preocupa. Para Aboim (2014), muitas pessoas se conformam com fato de se tornarem idosas, uma vez que não é possível evitar o processo, aceitando as marcas que acompanham o envelhecimento, como as rugas e outras mudanças físicas. Com a idade vem também a aposentadoria, para muitos isso pode trazer um sentimento de invalidez, de que não são mais uteis para a sociedade, e muitos buscam manterem-se ativos de alguma forma para evitar tal sentimento. Tal questão é encontrada em maior parte entre idosos do sexo masculino para os quais a perda da 11


atividade é mais difícil de ser aceita. (ABOIM, 2014) E a sociedade atual em que vivemos busca a produtividade: O modelo capitalista fez com que a velhice passasse a ocupar um lugar marginalizado na existência humana, na medida em que a individualidade já teria os seus potenciais evolutivos e perderia então o seu valor social. Desse modo, não tendo mais a possibilidade de produção de riqueza, a velhice perderia o seu valor simbólico. (VERAS, 2002 apud MENDES, 2005, p. 424)

A aposentadoria deveria ser uma fase onde o homem pudesse desfrutar do descanso com o auxílio de uma renda fixa, mas muitas vezes torna-se um problema, pois o homem deixa de competir no mercado, não possui mais um papel definido e sofre uma queda de sua renda, o que gera uma crise no indivíduo que se vê inútil e triste, desta forma ficam angustiados, marginalizados e isolados. (MENDES, 2005). Outra realidade que vivemos é a violência contra os idosos que de acordo com Françoso (2010) é um fenômeno universal dividido em diversas categorias oficializadas no documento de Política Nacional de Redução de Acidentes e Violência do Ministério da Saúde (citado por FRANÇOSO, 2010), sendo estas: abuso físico, usado para ferir, causar dor ou forçar os idosos a fazerem o que não desejam, podendo gerar incapacidade e morte; abuso psicológico composto de agressões verbais de forma a humilhar, aterrorizar e isolar os idosos do convívio social; abuso sexual; abandono; negligência, recusa ou omissão de cuidados, esta é uma das formas mais presentes de abuso no Brasil; e abuso financeiro e econômico. Apesar das visões pessimistas dos idosos percebemos uma mudança nessa situação. Há idosos que são totalmente independentes e ativos, às vezes o idoso escolhe ir para a casa de repouso porque não tem mais pessoas da família próxima, o que será uma realidade comum no futuro já que atualmente muitas mulheres escolhem não ter filhos, de forma que quando atingirem a velhice não terão os filhos para que recebam cuidados, precisando assim, dependendo da situação, mudar-se para um lar de idosos mesmo que ainda sejam independentes. Na pesquisa “Idosos no Brasil – vivências, desafios e expectativas na terceira idade” já citada no capítulo anterior, os idosos foram perguntados se se sentiam idosos, e a maioria, 55%, respondeu que não, enquanto 39% respondeu que sim, porém a maioria também disse acreditar que existem mais coisas ruins em ser idoso do que boas, e acreditam que existe o preconceito com os idosos. Os sentimentos mais fre12


quentes encontrados entre eles, de acordo com a pesquisa, são os sentimentos de saudade do passado, alegria/felicidade e calma/tranquilidade. O envelhecimento traz consequências aos nossos corpos, com a idade o idoso perde a força e o seu equilíbrio também fica comprometido, de forma que as quedas na terceira idade são um dos fatores que mais leva o idoso a ser hospitalizado. (SÁ et al., 2006) Assim sendo, mesmo que o idoso tenha autonomia, muitas vezes ele necessita de cuidados, mesmo que poucos, por isso um ambiente que ofereça esse cuidado pode ser a melhor opção. A sociedade brasileira de geriatria e gerontologia (SBGG) foi quem criou a expressão “instituição de longa permanência para idosos”, antes chamada de asilo, e a define como sendo um estabelecimento para atendimento integral institucional voltado para os idosos que não tem condições de permanecer com a família ou em sua própria residência, sejam dependentes ou independentes. O documentário Envelhescência mostra a vida de seis idosos que apesar da idade avançada continuam ativos, mostrando que a velhice não precisa ser algo ruim e que os idosos são capazes de realizar atividades que nunca poderíamos imaginar que pudessem, como por exemplo surfar, como é o caso da Edmea Correa, que junto de seu marido iniciou aulas de surfe quando tinha 58 anos e não parou mais. Além de Edmea, são apresentados também: Oswaldo Silveira, um maratonista de 84 anos; Ono Sensei, mestre de aikido de 89 anos ainda em atividade; Edson Gambuggi que se formou em medicina aos 82 anos; Judith Caggiano, fez sua primeira tatuagem depois dos 70 anos e atualmente possui muitas outras, além de diversos piercings, e Luiz Schirmer, paraquedista aos 76 anos. Estes idosos relatam em seus depoimentos que para eles a idade não avançou, pois não se sentem velhos e não gostam quando pessoas os veem em suas atividades e estranham que as estejam realizando tendo idade avançada. Em um depoimento dado no documentário, Ono Sensei diz preferir estar em meio aos jovens que aos velhos pois com os jovens sente-se como um.

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1.3. O idoso em outras culturas Enquanto no Brasil os idosos são muitas vezes desrespeitados, desvalorizados, tidos como um fardo e carregam uma imagem de pessoas menos capazes, onde muitas vezes ao completar 60 anos já não conseguem mais emprego, em outras culturas são vistos e tratados de formas diferentes, por exemplo na cultura oriental, como sabemos, o respeito ao idoso é muito forte. Na China e no Japão, a velhice é sinônimo de sabedoria e respeito. O fenômeno envelhecer é natural e inerente a toda espécie e tem sido preocupação da chamada civilização contemporânea. Os idosos são tratados com respeito e atenção pela vasta experiência acumulada em seus anos de vida. A família é o Porto Seguro do idoso. (MASC, 2013)

Desta forma, os mais jovens respeitam e consultam os mais velhos antes de tomarem decisões importantes. No Japão existe um feriado destinado aos idosos, conhecido como o Dia do Respeito ao Idoso, onde as pessoas os agradecem por suas contribuições feitas à sociedade e oram por sua longevidade, e nas empresas, a hierarquia é soberana, assim, respeitar o líder mais velho e experiente é uma norma rígida que deve ser seguida por todos os funcionários. (IGARASHI, 2012) Segundo Masc (2013), no Brasil não devemos perguntar às mulheres sua idade pois podem se sentir ofendidas, como se a idade avançada fosse motivo de vergonha, porém no Japão ao perguntar a idade das mulheres idosas, estas respondem com orgulho. De acordo com o Global AgeWatch Index 2015, o Japão é o país com maior porcentagem da população acima de 60 anos. Na cultura ocidental são os índios que mais respeitam o idoso. Na cultura indígena o idoso tem papel importante, pois cabe ao índio mais velho a função de passar aos mais novos todo o conhecimento, tradição e cultura de suas tribos. Pereira (2016) conta que os mais velhos na Índia também têm papel fundamental na família e na sociedade, eles são responsáveis por transmitir aos mais novos sua sabedoria adquirida ao longo da vida, e nem mesmo as mudanças culturais retiraram dos indianos a cultura do respeito ao idoso. 14


1.4. Qualidade de vida Como já visto anteriormente, o envelhecimento traz consigo algumas mudanças como a redução da capacidade motora, perda de força, piora na visão, audição, entre outros, fatores estes que podem vir a interferir na qualidade de vida do indivíduo que não viva em um ambiente adequado a sua realidade. A qualidade de vida pode ser oferecida ao idoso através de atividades dirigidas a eles com o propósito de manutenção de sua saúde e também através de espaços pensados e projetados de forma a facilitar seu uso, entre outros. De acordo com a gerontóloga Mariana Almeida (2014), qualidade de vida é um termo subjetivo uma vez que para cada indivíduo é qualificada de acordo com aquilo que julgam proporcionar maior bem-estar. A qualidade de vida depende de diversos fatores que nos cercam, tais como o ambiente em que se vive ou trabalha, as relações sociais, o bem-estar físico e psicológico, etc. Ter qualidade de vida significa estar satisfeito com a vida que se tem e com as expectativas em relação ao futuro. Almeida (2014) diz ainda que as pessoas que mantém um padrão de qualidade durante sua vida têm maiores chances de manter esse padrão durante a velhice, entretanto, com a aposentadoria pode haver uma queda nesse nível de qualidade pois é o momento em que muitos dos indivíduos param com as atividades físicas e mentais, por isso, para Almeida, é importante que as pessoas se organizem e se preparem para a velhice ainda quando em plena atividade para que não sofram grande impacto ao se aposentarem. As limitações que surgem com a idade, já citadas anteriormente, de nada impedem que se tenha qualidade de vida, apenas é necessário a adaptação a novas atividades, de acordo com as dificuldades de cada um, e também, que se tome os devidos cuidados com a saúde e busque um ambiente adequado. A autoestima também é importante para a qualidade de vida e todas as pessoas tem essa necessidade, independentemente da idade, para tal, é necessário que haja amor, reconhecimento, respeito e simpatia. As relações sociais são fator que garante um alto nível de qualidade de vida, assim deve ser mantido o convívio social 15


próximo e estável. E as atividades intelectuais atuam como forma de prevenir os declínios cognitivos que ocorrem com o envelhecimento, e juntamente com atividades físicas e lazer contribuem para uma vida feliz. (ALMEIDA, 2014). Assim, um ambiente projetado que atenda da melhor maneira as necessidades dos idosos, livre de barreiras, e que ofereça a oportunidade de convívio e interação entre diversos indivíduos contribui de forma positiva para a qualidade de vida. Para o geriatra Roberto Miranda (2014), a qualidade de vida depende, além dos fatores citados acima, da aceitação do indivíduo com o seu envelhecimento, pois caso contrário há uma tendência ao isolamento social, diminuindo a interação com outras pessoas podendo ter consequências negativas como a perda de satisfação, prazer e motivação com a vida. Depende também da sua capacidade de lidar com os afazeres básicos do cotidiano como por exemplo tomar banho, e afazeres mais complexos como lidar com as finanças. Miranda (2014) diz que não basta apenas a longevidade, é necessário também a felicidade, e cita um estudo realizado em 2012 por pesquisadores da University College London (UCL), no Reino Unido, que conclui que “os idosos que gostam da vida tendem a viver mais e com uma condição física melhor do que os indivíduos infelizes. ” (MIRANDA, 2014) Um grupo de estudantes da área da saúde realizou um estudo em 2003 intitulado “qualidade de vida na terceira idade: um conceito subjetivo” onde entrevistaram 365 idosos da cidade de Botucatu, interior de São Paulo, apresentando a seguinte pergunta: “O que é qualidade de vida para o (a) Sr. (a)? ” O objetivo era estudar a satisfação com a vida e o estilo de vida dos idosos. Os resultados apresentam, os aspectos que para o idoso significa qualidade de vida: • Relacionamentos interpessoais: manter o bom relacionamento com amigos, vizinhos e principalmente com a família, além de manter a capacidade de fazer novas amizades - 49% • Manter a boa saúde através de hábitos de vida saudáveis (alimentação, atividades físicas, sono adequado e o não uso de drogas) – 38,9% • Possuir motivação para as atividades diárias; tranquilidade; satisfação com a vida; bom humor e estabilidade emocional – 34,25% •

Acumulo de bens materiais: acreditam que poupar o salário durante a vida, ter 16


sua casa própria, entre outros, pode lhes garantir autonomia em relação a alimentação, medicamentos, transporte, etc. – 28,5% • Lazer: viagens, passeios, dançar, ouvir música, fazer artesanato, plantar, encontrar amigos, cuidar de animais de estimação, etc. – 22,46% •

Trabalhar com prazer e dedicação – 6,3%

Espiritualidade – 8,22%

Praticar solidariedade, caridade e honestidade – 4,93%

Acesso à educação (seja no passado ou no presente) – 4,11%

Viver em ambiente favorável com segurança – 2,46%

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2. O asilo

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2.1. Histórico das instituições de longa permanência para idosos Em 1790 foi criada a primeira instituição para idosos no Brasil, conhecida como Casa dos Inválidos, onde eram acolhidos os soldados portugueses que participaram da campanha de 1792 e que já eram considerados velhos e cansados de trabalho, portanto, pelo serviço que haviam prestado mereciam ter o descanso. Esta instituição era restrita apenas aos soldados militares e não a todos os idosos. Em 1808 a Família Real Portuguesa chegou ao Brasil e a Casa dos Inválidos foi cedida ao médico particular do rei, assim, os internos foram transferidos para a Casa de Santa Misericórdia que oferecia serviços de hospitalização e davam assistência àqueles que eram doentes e pobres, mas os indigentes, soldados e marinheiros também se beneficiavam destes serviços; a manutenção do local dependia de doações, caridade dos habitantes e arrecadação de dízimos. (LIMA, 2005 apud COSTA; MERCADANTE, 2013, p. 212) Em 1868 foi inaugurado o Asilo dos Inválidos da Pátria, criado para amparar os militares que se tornassem inválidos em serviço, porém não havia relação com a velhice. (SANTOS, 2007) Segundo Lima (citado em Costa; Mercadante, 2013, p. 213), até o século XVIII todos aqueles que eram excluídos socialmente, como por exemplo idosos e mendigos, eram tratados da mesma forma, e apenas no final do século XIX foram organizados os espaços institucionalizados separados de acordo com o tipo de paciente. Lima diz ainda que os miseráveis eram considerados como propagadores de doenças de forma que não poderia ser aceito sua convivência com as outras pessoas, assim, em 1854 foi criado o “Asilo de Mendicidade” para abrigá-los. De acordo com Groisman (1999), em uma sociedade que era escravista, muitos preferiam mendigar a fazer trabalho escravo pois achavam mais honroso, assim, os que mendigavam por serem considerados inválidos para o trabalho eram tolerados e entre estes estavam os idosos, porém os jovens que praticavam a mendicância eram considerados “vagabundos” e vistos como ameaça a estabilidade social, portanto não eram tolerados. Então no fim no século XIX a velhice desamparada é separada das outras categorias, assim, é criado no Rio de Janeiro, o primeiro asilo exclusivamente destinado aos velhos, em 1890, com o nome de Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada. Era uma instituição particular com o objetivo de recolher os velhos pobres 20


desamparados dando-lhes abrigo, comida, vestimentas, cuidados médicos e medicamentos. A partir de 1909, passou a manter uma ala que se destinava àqueles que podiam pagar uma mensalidade. (CHRISTOPHE; CAMARANO, 2010). A instituição logo se tornou modelar e obteve visibilidade, e Groisman (1999) diz que: “Podemos pensar que, a partir do asilo, a velhice ganhou um ‘lugar’ na cidade, lugar este geográfico e ao mesmo tempo simbólico, pois o asilo de velhos era – e continua sendo – um lugar carregado de significados. ” O Asilo São Luiz está em funcionamento até hoje e é considerado como uma instituição para idosos de alta renda. (CHRISTOPHE; CAMARANO, 2010). Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2011 localizou, naquele ano, 3.584 instituições no Brasil encontradas em 28,8% dos municípios, sendo a maioria concentrada na região sudeste, e nelas moravam 83.870 idosos, ou seja, 0,5% da população idosa. A maioria das instituições (65,2%) eram filantrópicas, seguida pelas privadas (28,2%) e em menor número as públicas ou mistas (6,6%). A pesquisa revelou também que em média as instituições são pequenas, abrigando 30,4 residentes. Apenas 15% das instituições atendem 50 idosos ou mais.

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2.2. A simbologia das instituições asilares Ao pensar em como será a vida na velhice, muitos expressam o desejo de permanecer em sua própria residência e caso precisem de cuidados esperam que estes venham de seus filhos e netos, porém este desejo nem sempre é possível de ser atendido devido ao fato de atualmente a mulher ter seu papel no mercado de trabalho, ficando impossibilitada de cuidar de seus familiares, ou pelo fato de alguns idosos não terem filhos, restando como alternativa mudar-se para uma instituição. Apesar das instituições asilares serem a modalidade mais comum de cuidados ao idoso em todo o mundo, ainda são vistas com preconceito e carregam uma imagem negativa sendo muitas vezes consideradas como depósito de idosos que estão esperando a chegada da morte. (NOVAES, 2003; BORN, 2001; DAVIM, 2004 apud CAMARANO; CHRISTOPHE, 2010, p. 145). Estas instituições carregam a imagem de um local onde os idosos ficam abandonados, porém, idosos que são abandonados nessas instituições, muitas vezes já estavam abandonados antes de irem para lá. Por estarem associadas a pobreza e abandono as famílias buscam pela instituição apenas em último caso, quando não tem possibilidade de cuidar, e, quando os levam para as instituições sentem-se culpados. (BORN, 2001 apud CAMARANO; CHRISTOPHE, 2010, p. 145) Segundo Camarano e Christophe (2010), na sua história o termo asilo era considerado como uma instituição para idosos pobres, fato que pode ter gerado parte do preconceito existente hoje. Existe o preconceito no brasil de que os asilos são locais de solidão, mas a realidade é que com o aumento da população idosa, especialmente os acima de 80 anos, que são os que em geral apresentam maiores dificuldades e doenças, e o novo ritmo de vida da sociedade onde os homens e mulheres precisam trabalhar cada vez mais tendo cada vez menos tempo de cuidar do lar, se faz necessário locais de apoio aos idosos como as ILPIs, centros dia, creche para idosos, etc. e a oferta de serviços destes lugares é variada, assim como o custo. Existem desde locais que oferecem serviços básicos até locais que oferecem serviços de hotel de luxo. Muitos entendem o cuidado institucional como uma prática de restrição e controle, considerando o asilo como uma instituição total, como prisões, manicômios, 22


entre outros, na qual todas as atividades são realizadas em um mesmo lugar e as pessoas são obrigadas a fazer as mesmas coisas em horários predeterminados, impondo as pessoas um isolamento em relação ao ambiente externo, assim, pressupõe-se que os asilos são um espaço social fechado. (CAMARANO; CHRISTOPHE, 2010) Ainda de acordo com Camarano e Christophe (2010), o grau de totalidade das instituições depende do grau de dependência dos idosos, e, segundo pesquisa do Ipea, 21,2% das instituições declaram funcionar em regime aberto, 29% em regime fechado e o restante em regime semiaberto. Sendo uma ILPI um ambiente coletivo, é necessário que se estabeleça horários para as atividades, principalmente as refeições, para sua própria organização. Davim (2004) e Novaes (2003), citados por Christophe e Camarano (2010), acreditam que as instituições de longa permanência provocam consequências negativas para a qualidade de vida uma vez que favorecem o isolamento e a inatividade física e mental do idoso. “Sentimentos de desamparo e abandono tendem a ser gerados entre os residentes, que estão vivendo a última fase de suas vidas, mas isso, de maneira geral, independe do lugar de moradia. ” (SCHARFSTEIN, 2006 apud CHRISTOPHE; CAMARANO, 2010, p. 153). É normal que o idoso sinta que está ficando sozinho pois, como sabemos, os filhos saem de casa para constituir suas próprias famílias e às vezes moram longe, não podendo visitar sempre, e, há também a perda de amigos e parentes pela morte. A questão de ruptura de laços sociais que muitos acreditam acontecer quando o idoso se muda para as instituições nem sempre é verdadeira. (CAMARANO; SCHARFSTEIN, 2010). Muitos idosos decidem procurar moradia em uma ILPI devido à ausência de família, fato que pode tornar-se cada vez mais comum uma vez que as famílias estão cada vez menores e muitas mulheres optam por não ter filhos, por não desejarem não dar trabalho a sua família e também pela necessidade de contato social, então, para muitos, morar em uma instituição possibilita a renovação de laços sociais. O fato de os asilos serem destinados a pessoas que estão na última fase da vida também é motivo de preconceito pois existe o medo da morte. A mídia tem uma visão negativa sobre o envelhecimento, Camarano e Christophe (2010) recordam que na década de 90 houve uma tentativa de espalhar a imagem 23


do idoso ativo e saudável, porém ainda assim prevaleceu a tradicional, do idoso portador de doença, decadente e dependente, reforçando o preconceito para com os que não mantinham uma vida ativa, fazendo com que idosos se sentissem culpados por suas fragilidades. A mídia também ajuda a disseminar o preconceito com os asilos através de denúncias de violência praticada nas instituições, porém viver com a família nem sempre é garantia de cuidado e ausência de maus tratos uma vez que pode ser considerado um espaço de disputa de poder entre gerações. (CHRISTOPHE; CAMARANO, 2010) Muitos acreditam que ao se mudar para uma ILPI os idosos perdem a privacidade e a individualidade uma vez que é muito comum que os quartos sejam compartilhados. Existem opções de quartos individuais, mas estes apresentam um custo maior. Sendo assim, é difícil manter a total privacidade de cada idoso, geralmente os armários individualizados são o único espaço de intimidade, onde os idosos guardam suas lembranças através de fotos, roupas, etc. (CHRISTOPHE; CAMARANO, 2010) Parte da culpa do preconceito é devido a serviços de baixa qualidade prestados por instituições de longa permanência, é fato também que existem casos de denúncias de maus tratos e abandono em asilos, mas casos semelhantes também são encontrados nas famílias. Como consequência do processo de envelhecimento a demanda por estes serviços tende a aumentar, por isso é necessário que haja a melhora da qualidade dos mesmos e uma fiscalização que garanta tal qualidade. Apesar de todo o preconceito que ainda existe, é possível notar uma mudança na percepção das instituições como alternativa de cuidado e moradia para os idosos decorrente das mudanças que estão ocorrendo nas famílias, e, segundo pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo e pelo Serviço Social do Comércio (SESC), as gerações mais jovens tem uma visão mais favorável em relação a residir em uma ILPI, que pode ser alternativa de amparo para aqueles que não tem família ou que passam por situação de conflito familiar. (CAMARANO; CHRISTOPHE, 2010). Existe também uma redução de idosos que esperam pelo cuidado dos filhos, de forma que muitos escolhem ir para uma ILPI. É necessário mudar a imagem que temos e também devemos buscar soluções cada vez melhores, uma vez que no futuro somos nós que talvez precisemos destes serviços. 24


3. A arquitetura e o envelhecimento saudรกvel

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3.1. Conforto ambiental O conforto ambiental está relacionado às condições físicas de temperatura, umidade, ventilação, iluminação e acústica, além da questão da satisfação e identificação com o local. (FREITAS, 2005) Para Barbosa (2015), “O conforto ambiental nos ambientes construídos contribui para o bem-estar, saúde física, equilíbrio mental e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. ”, assim, todos necessitam de conforto em suas casas, não sendo elemento associado apenas ao luxo. Em seu artigo, Barbosa divide o conforto em dois grupos: cultural e fisiológico, sendo o fisiológico: os geológicos, luminosos, térmicos, espacial, de movimento e geográfico, enquanto o cultural refere-se aos fatores de ordem moral, social e histórica. Com o envelhecimento, o metabolismo e as atividades do ser humano diminuem, assim, a quantidade de água nos órgãos e na pele sofre uma redução, fazendo com que o idoso sinta mais frio. A isto se deve os gestos comuns entre os idosos de curvar o corpo ou esfregar as mãos e usar blusas ou casacos mesmo quando para nós não parece necessário, e também, há uma perda gradativa da sensibilidade do idoso, de forma que tenha maior dificuldade de adaptação às variações de temperatura, não percebendo se seu corpo está quente ou frio demais, correndo risco de hipotermia ou hipertermia. (BARBOSA, 2015) Nosso organismo passa diariamente por uma fase de repouso e outra de fadiga, sendo esta última dividida em três tipos: fadiga física, fadiga nervosa, e a fadiga termo-higrométrica, que sendo relacionada ao frio ou calor, é consequência de esforços excessivos devido às condições ambientais desfavoráveis de temperatura e umidade do ar, desta forma, os idosos estão mais vulneráveis à fadiga física e à fadiga termo-higrométrica mesmo tendo suas atividades reduzidas pois ambientes com maiores variações higrométricas exigem maior esforço do aparelho termorregulador que controla as perdas de calor do organismo. (BARBOSA, 2002 apud ROJAS, 2002, p.35) O conforto higrotérmico é o que diz respeito ao bem-estar do indivíduo em relação às condições de temperatura ambiente e umidade relativa do ar. Em 1992, Givoni elaborou uma carta bioclimática para países em desenvolvimento, conhecida 26


como Carta de Givoni, relacionando a temperatura e a umidade relativa do ar. (ROJAS, 2005) O gráfico 08 demonstra as variações na zona de conforto decorrentes do envelhecimento.

Gráfico 06: Tendência na zona de conforto do idoso sobre a carta de Givoni - 1992 Fonte: BARBOSA 2002 apud ROJAS 2005

A carta bioclimática é um instrumento que permite avaliar se os ambientes estão em condições de comportar as atividades humanas de forma que a zona de conforto identifica os limites de temperatura e umidade e a necessidade ou não de vento, além disso serve também para registrar as sensações humanas como irritabilidade e ansiedade, assim, a zona de conforto térmico varia entre 22ºC e 28ºC com umidade entre 20% e 70%. (FREITAS, 2005, p.729) Para temperaturas próximas de 18ºC, recomenda-se evitar o vento, e, para as temperaturas próximas de 29ºC, recomenda-se controlar a incidência da radiação solar sobre as pessoas, de forma que próximo a esta temperatura o conforto térmico é possível se as pessoas estiverem com roupas leves e em um local com ventilação. (LAMBERTS et al 1997 apud ROJAS 2005) De acordo com Freitas (2005), o conforto térmico depende de quarto grandezas físicas que são influenciadas pela arquitetura, são elas: a temperatura do ar, as temperaturas das superfícies, a umidade do ar e a velocidade do vento. A temperatura é o fator que melhor percebemos, assim, os projetos devem ser pensados de acordo 27


com a diversidade climática. Freitas diz ainda que as vestimentas são importantes e devem estar adequadas ao clima e as atividades. Conforme Barbosa (2015), uma vez que os fatores da fisiologia e da cultura variam com a idade, o conforto é avaliado subjetivamente, assim, as necessidades de iluminação, conforto térmico e as auditivas variam conforme a idade de cada um. Os idosos necessitam de maior nível de iluminação na área de execução de tarefas, são mais sensíveis ao ofuscamento e precisam de mais tempo de adaptação a mudanças repentinas de luminosidade. Também há perda gradual da audição representando uma redução na inteligibilidade da fala. Há também o conforto acústico, que depende da qualidade do som no ambiente e do isolamento dos ruídos, e o conforto lumínico, que depende da quantidade de luz necessária para o desenvolvimento de atividades, e da qualidade da luz. Para os idosos, a paisagem e as cores dos ambientes são importantes pois influenciam no ânimo, na saúde, no bem-estar e no comportamento dos indivíduos. Um ambiente adequado é aquele que conta com iluminação e ventilação naturais, além disso, o uso de plantas no interior do edifício contribui para criar um ambiente equilibrado e estimulante. (EDWARDS, 2001 apud ROJAS, 2005, p. 45)

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3.2. Ergonomia “A ergonomia é uma ciência multidisciplinar que, através de conhecimentos científicos de diversas áreas, tais como Fisiologia, Antropologia, Sociologia, Antropometria e Biomecânica, analisa a relação homem / ambiente / trabalho. ” (PASCALE, 2002). Buscando adequar os ambientes e seus equipamentos às características antropométricas, fisiológicas, comportamentais, gênero, idade habilidades e capacidades das pessoas. Para Pascale (2002) o humano é o foco principal da ergonomia de forma que esta visa contribuir para a melhoria da qualidade de vida através do estudo das características psicológicas, anatômicas e fisiológicas do homem, para tal, faz uso da Antropometria, área que estuda as dimensões do corpo humano e suas partes. A ergonomia estuda também o ambiente físico e seus fatores como temperatura, ruídos, vibrações, iluminação, entre outros, e a forma como estes influenciam na qualidade de vida dos indivíduos, se preocupando com as pessoas em si, de forma a considerar as diferenças, potenciais e limitações de cada um. Cambiaghi (2011, p.44) diz que “[...] a ergonomia analisa as interações entre o ser humano e os outros elementos de determinado sistema, visando obter melhorias quanto a respostas motoras, conforto, fadiga, esforço e bem-estar. ” Segundo Hazin (2012), os equipamentos, sistemas e tarefas devem atender 95% da população e com o envelhecimento, a postura e o movimento sofrem grandes alterações que podem influenciar o desempenho de atividades, assim, estes fatores têm papel importante na ergonomia, uma vez que são determinados pela tarefa. “A função do ergonomista consiste em contribuir para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas, de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. ” (HAZIN, 2012) Pascale (2002) cita que em países como Japão e Holanda a participação de ergonomistas nos projetos é inquestionável. No Brasil, segundo Hazin (2012), pelo fato de a sociedade encarar o envelhecimento como o fim da fase produtiva, a ergonomia, em relação as limitações dos idosos, é uma ergonomia de correção, aquela 29


que adapta os espaços existentes ao uso do idoso, e não de concepção voltada a tais limitações, que é a ergonomia que planeja os espaços desde o início com o objetivo de atender aos idosos. A idade é fator importante a ser considerado pela Antropometria uma vez que as medidas do corpo variam de acordo com a idade, e ainda, com o envelhecimento há redução da visão, audição, estatura e flexibilidade muscular, o que também influencia na Antropometria. De acordo com Panero e Zelnik (2006, p. 47) os idosos possuem medidas de alcance vertical menores que pessoas mais jovens, esta redução deve-se à incidência de artrite e outras limitações dos movimentos articulares, além disso, os idosos tendem a ser mais baixos que os jovens. A ergonomia visa definir as características ideais dos meios térmico, luminoso, sonoro e vibratório do ambiente de acordo com as atividades a serem exercidas no mesmo. A temperatura quando fora dos limites válidos gera desconforto e risco para o homem, e causa diferentes sensações em diferentes pessoas. A iluminação quando pouca ou em excesso pode causar distúrbios fazendo com que o ambiente seja desagradável. O ruído também pode causar desconforto em certos níveis. (PASCALE, 2002) Ainda segundo Pascale (2002), o uso de cor pode tornar os ambientes mais estimulantes e agradáveis, pois as cores têm relação com os sentimentos e com os estados emocionais das pessoas. Este fator por mais simples que pareça, quando se tratando de idosos, pode trazer benefícios uma vez que, como já visto anteriormente, muitos tendem ao isolamento e a angustia, entre outros, e o uso correto de cores que estimulem os sentimentos positivos pode ajudar para uma recuperação de auto estima destes indivíduos, contribuindo para uma melhor qualidade de vida.

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Tabela 01: Antropometria funcional de mulheres idosas Fonte: ROBERTS, 1960 apud PANERO; ZELNIK, 2006

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Tabela 02: Antropometria funcional de homens idosos Fonte: DAMON; STOUDT, 1963 apud PANERO; ZELNIK, 2006

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3.3. Acessibilidade e Desenho Universal Na realidade de uma população que se encontra cada vez mais velha, como já visto anteriormente, é importante garantirmos uma arquitetura que seja inclusiva e acessível a todos, desde os mais novos até os mais velhos e os deficientes. De acordo com Cambiaghi (2011), os idosos podem apresentar deficiência na visão e audição, e ter reação mais lenta, sofrem redução gradual de suas capacidades motoras e sensoriais, desta forma são mais atingidos pelos efeitos de um projeto inadequado de serviços e produtos, mas, quando o projeto atende corretamente as necessidades desse público, o uso de itens como barras de apoio, assentos especiais, etc. pode ser reduzida ou ser inexistente. Uma forma de garantir uma cidade onde a discriminação não faça parte da realidade é com a inclusão dos conceitos de desenho universal, o qual diz que os projetos devem ser pensados para todos, considerando padrões variados de pessoas e necessidades, projetar de forma a excluir todas as barreiras físicas e criando espaços e trajetos que sejam confortáveis a todos, pois uma escada por exemplo, representa uma barreira física àqueles que apresentam deficiências físicas mas também aos que possuem mobilidade reduzida, seja permanente ou temporária, como no caso de grávidas, pessoas carregando caixas ou sacolas, etc. As limitações físicas são diversas, o que dificulta a determinação de parâmetros para a supressão de barreiras arquitetônicas, mas é possível estabelecer grupos com condições semelhante, sendo estes: usuários de cadeira de rodas, dificuldade ao executar certos movimentos, dificuldades sensoriais e dificuldade cognitiva, além destes grupos é necessário considerar aqueles que não possuem deficiência mas que podem estar com sua mobilidade reduzida temporariamente, assim, um espaço pensado adequadamente é capaz de reduzir as deficiências das pessoas com mobilidade reduzida. (CAMBIAGHI, 2011) Cambiaghi (2011) diz também que uma sociedade que deseja ser inclusiva necessita de ambientes acessíveis a todos, inclusive aos idosos, que apresentam dificuldade para vencer desníveis, andar sobre piso escorregadio, equilibrar-se, entre outros.

É muito comum os projetos serem feitos pensando em “pessoas normais”, 33


aquelas que estariam dentro de uma média estabelecida pela curva de Gauss, que segundo Cambiaghi (2011) é um método que distribui a maioria das dimensões lineares do corpo em um gráfico, porém nós somos caracterizados pela diversidade sendo normal que os usuários diferenciem muito uns dos outros sendo necessário que os projetos sejam pensados de forma a atender as necessidades funcionais do maior número de pessoas possível. Para Panero e Zelnik (2006) o “homem médio” não existe. Projetar de acordo com o desenho universal, e também fazendo uso das normas de acessibilidade, facilita a circulação e o uso de qualquer pessoa, garantindo a inclusão social. Desta forma, o projeto a ser desenvolvido considerará que o espaço será utilizado não apenas por idosos, mas por diferentes pessoas que poderão fazer uso de ambientes que servirão como áreas de integração, além dos funcionários, e assim, todos poderão interagir uns com os outros em um ambiente que estimule a igualdade através da acessibilidade e do desenho universal. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) revisou no ano de 2015 a NBR 9050, norma técnica para projetos arquitetônicos e urbanos que trata da acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Segundo a NBR 9050, a norma tem o objetivo de permitir que a maior quantidade de pessoas, independentemente de idade ou limitações, possam fazer uso do ambiente, edificações, mobiliários e equipamentos de forma autônoma, segura e independente, e define o termo acessibilidade como: [...] possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. (NBR 9050, 2015)

Para que que tenhamos ambientes cada vez mais acessíveis, é necessário que a norma seja seguida e que também haja a fiscalização. Barbosa (2015) afirma que é importante o planejamento arquitetônico acessível, uma vez que ambientes que possuam projetos inadequados podem causar acidentes, gerando gastos com hospitalização e previdência. E diz ainda que, antes, o termo 34


acessibilidade era visto como necessidade apenas das pessoas portadoras de deficiência física e hoje o entendemos como um elemento facilitador na vida de todos.

Abaixo podemos observar os parâmetros da NBR 9050 para a acessibilidade:

Imagem 01: Dimensões do módulo de referência Fonte: NBR 9050

Imagem 02: Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento Fonte: NBR 9050

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Imagem 03: Ă rea para manobra de cadeira de rodas com deslocamento Fonte: NBR 9050

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Imagem 04: Largura para deslocamento em linha reta Fonte: NBR 9050

Imagem 05: DimensĂľes referenciais para deslocamento de pessoas em pĂŠ Fonte: NBR 9050

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Imagem 06: Medidas mínimas de um sanitário acessível Fonte: NBR 9050

Imagem 07: Box para chuveiro com barras de apoio Fonte: NBR 9050

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Imagem 08: Área de transferência e manobra para uso da bacia sanitária Fonte: NBR 9050

Imagem 09: Área de aproximação para uso do lavatório Fonte: NBR 9050

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4. Estudos de caso

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4.1. Hogeweyk Village, Holanda

Imagem 10: Hogeweyk – Praça Fonte: TwistedSifter. Disponível em: http://twistedsifter.com/2015/02/amazing-village-in-netherlands-just-forpeople-with-dementia/

Localizada na cidade de Weesp na Holanda, Hogeweyk é uma vila projetada para idosos que sofrem com demência, especialmente o Mal de Alzheimer, e atende 152 idosos. A vila é composta por 23 casas que comportam de 6 a 8 pessoas, onde cada indivíduo tem seu próprio quarto, mas sala e cozinha são compartilhados com os outros moradores, além disso, foi projetada de forma a lembrar a época em que os idosos eram jovens, uma vez que os indivíduos que sofrem com o Mal de Alzheimer não possuem memória recente, portanto o intuito é garantir maior conforto aos moradores. As casas estão separadas em 7 estilos de vida diferentes, de forma que o idoso se sinta em sua própria casa, os estilos são: artesão, cristão, cultural, classe alta, simples, indiano e urbano.

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Imagem 11: Hogeweyk – Estilo artesão Fonte: Hogeweyk. Disponível em: http://hogeweyk.dementiavillage.com/en/interieur/

Imagem 12: Hogeweyk – Estilo cristão Fonte: Hogeweyk. Disponível em: http://hogeweyk.dementiavillage.com/en/interieur/

Imagem 13: Hogeweyk – Estilo cultural Fonte: Hogeweyk. Disponível em: http://hogeweyk.dementiavillage.com/en/interieur/

Imagem 14: Hogeweyk – Estilo classe alta Fonte: Hogeweyk. Disponível em: http://hogeweyk.dementiavillage.com/en/interieur/

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Imagem 15: Hogeweyk – Estilo simples Fonte: Hogeweyk. Disponível em: http://hogeweyk.dementiavillage.com/en/interieur/

Imagem 16: Hogeweyk – Estilo indiano Fonte: Hogeweyk. Disponível em: http://hogeweyk.dementiavillage.com/en/interieur/

Imagem 17: Hogeweyk – Estilo urbano Fonte: Hogeweyk. Disponível em: http://hogeweyk.dementiavillage.com/en/interieur/

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Hogeweyk foi criada de modo a evitar a desumanização, permitindo que os residentes vivam uma vida normal, assim, segundo o site da vila, os moradores contam com restaurante, mercado, teatro, café, salão de cabelereiro, loja de ferramentas, centro para atividades, salas para reuniões, além de banheiros públicos, ruas, praças e jardins por onde podem circular livremente. Os funcionários não vestem uniformes, de forma que ficam disfarçados entre os idosos, se passando por vizinhos, caixas de mercado, empregados, garçons, etc. Os idosos fazem suas próprias compras, porém sem o uso de dinheiro (o valor já está incluso na mensalidade), e ajudam com as tarefas domésticas, como o preparo dos alimentos e limpeza.

Imagem 18: Hogeweyk – Mercado Imagem 19: Hogeweyk - Restaurante Fonte: TwistedSifter. Disponível em: http://twistedsifter.com/2015/02/amazing-village-in-netherlands-just-for-people-with-dementia

Imagem 20: Hogeweyk – Ajudando no preparo do Imagem 21: Hogeweyk – Fazendo compras alimento Fonte: TwistedSifter. Disponível em: http://twistedsifter.com/2015/02/amazing-village-in-netherlands-just-for-people-with-dementia/

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A vila ocupa todo um quarteirão e é toda cercada, abrindo-se para o centro da quadra, o que gera um ambiente seguro onde os moradores podem circular livremente como se estivessem em uma vila como outra qualquer, o que os torna mais ativos e permite um envelhecimento com mais qualidade, além disso, outro fator importante é a humanização, o fato de os funcionários se vestirem como pessoas normais, ao invés do uniforme branco, contribui para a qualidade de vida na vila, pois permite que os idosos se sintam realmente em casa. Segundo funcionários, os moradores da vila se tornaram mais calmos e necessitam de menos medicamentos.

Imagem 22: Hogeweyk – Implantação Fonte: Hogeweyk. Disponível em: http://hogeweyk.dementiavillage.com/en/stedenbouw/

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Imagem 23: Hogeweyk – Planta pavimento térreo Fonte: Hogeweyk. Disponível em: http:// hogeweyk.dementiavillage. com/plattegrond/ en/stedenbouw/

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4.2. Hiléa, São Paulo

Imagem 24: Hiléa – Fachada Fonte: Aflalo/Gasperini Arquitetos. Disponível em: http://aflalogasperini.com.br/blog/ project/hilea/

Projetado pelo escritório Aflalo / Gasperini Arquitetos, o Hiléa foi criado para ser um complexo voltado a pessoas da terceira idade, especializado em idosos com Mal de Alzheimer. Localizado no bairro do Morumbi, o local oferecia moradia com serviços especializados e clube aos idosos. O edifício é formado por dois blocos: um na posição vertical, onde encontravam-se as suítes e uma UTI em sua cobertura, e o outro na posição horizontal, com os espaços de convivência, lazer e atividades. No térreo havia restaurante, sala de reuniões e festas, sala de estar com lareira, bilhar, praça e recepção. A decoração remetia aos anos 50 para maior conforto dos residentes. Construído em um terreno com 8 metros de declive, o primeiro subsolo abria-se para um jardim e contava com piscina coberta, sauna, salas de musculação, fisioterapia, ateliês de pintura, salão de cabelereiro e sala para crianças, como estímulo a visitas de amigos e familiares. 48


Imagem 25: Hiléa – Praça temática dos anos 40 Fonte: Aflalo/Gasperini Arquitetos. Disponível em: http://aflalogasperini.com. br/blog/project/hilea/

Imagem 26: Hiléa – Sala de fisioterapia Fonte: Aflalo/Gasperini Arquitetos. Disponível em: http://aflalogasperini.com. br/blog/project/hilea/

Imagem 27: Hiléa – Piscina aquecida Fonte: Flickr. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/hilea/3347517828/in/photostream/

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O local oferecia uma infraestrutura de luxo, mas não obteve número suficiente de residentes, pois além das mensalidades de custo muito elevado (a partir de R$ 6 mil), os ambientes de convivência dos idosos, como o salão temático dos anos 40, não possuíam luz e ventilação natural e nem mesmo vista para o exterior do edifício. Então, em 2009 o Hiléa foi fechado por falta d e verba, e o edifício teve sua atividade modificada sendo atualmente o Instituto de Reabilitação Lucy Montoro.

Imagem 28: Hiléa – Planta pavimento térreo Fonte: Aflalo/Gasperini Arquitetos. Disponível em: Disponível em: http://aflalogasperini.com.br/blog/project/hilea/

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Imagem 29: Hiléa – Planta pavimento tipo Fonte: Aflalo/Gasperini Arquitetos. Disponível em: Disponível em: http:// aflalogasperini.com.br/blog/project/ hilea/

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Imagem 30: Hiléa – Corte Fonte: Aflalo/Gasperini Arquitetos. Disponível em: http://aflalogasperini.com.br/blog/project/hilea/

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4.3.Complexo Social em Alcabideche

Imagem 31: Complexo Social em Alcabideche Horta Fonte: Archdaily Disponível em: http://www.archdaily.com. br/br/761557/complexoem-alcabideche-guedescruz-arquitectos

Projeto do escritório Guedes Cruz Arquitectos, fica localizado na área metropolitana de Lisboa, em uma área de aproximadamente 10.000 m², e é composto por 52 casas e um edifício de apoio dispostos sobre uma malha com módulos de 7,5m, onde, segundo os arquitetos responsáveis, as ruas, praças e jardins funcionam como extensão das casas. As circulações externas contam com piso liso, fosco e sem desenhos de forma a garantir maior conforto aos usuários e os desníveis são vencidos através de pequenas escadas e rampas com inclinação sutil e proteção, os caminhos também contam com corrimão e guarda corpo por grande parte de sua extensão, porém, em alguns espaços como à beira das piscinas, não há proteção. A distribuição das casas no terreno criou uma vila por onde os idosos podem circular com segurança, pois além do cuidado com a inserção de rampas, corrimões e guarda-corpos, a utilização de piso sem contrastes foi importante uma vez que, como já visto anteriormente, com o envelhecimento há uma piora na visão e coordenação motora, de forma que pisos desenhados ou com mudanças de cor podem dificultar a mobilidade desses indivíduos. 53


Imagem 32: Complexo Social em Alcabideche Imagem 33: Complexo Social em Alcabideche Edifício de apoio Rua Fonte: Archdaily. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/761557/complexo-social-em-alcabideche-guedes-cruz-arquitectos

As casas são formadas por uma caixa de concreto aparente com grandes janelas de vidro que permitem a entrada de luz natural e sua cobertura é formada por uma caixa branca translúcida que reflete a luz do sol, e, entre esta e a caixa de concreto aparente é formado um colchão de ar que, juntamente ao filtro de ventilação instalado entre a parede de concreto e a cobertura, garante o conforto térmico durante o verão. Durante o inverno o piso é aquecido por painéis solares ajudando a manter uma temperatura agradável.

IImagem 34: Complexo Social em Alcabideche – Imagem 35: Complexo Social em Alcabideche Diagrama verão Diagrama inverno Fonte: Archdaily. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/761557/complexo-social-em-alcabideche-guedes-cruz-arquitectos

54


Durante o dia os volumes das casas garantem a sombra nos caminhos e ao anoitecer a cobertura se acende, fazendo a iluminação dos mesmos. Em caso de emergência o idoso pode acionar um alarme que avisa a central de segurança localizada no edifício de apoio e a cobertura de sua casa torna-se vermelha para facilitar sua localização.

Imagem 36: Complexo Social em Alcabideche - Vista noturna com cobertura iluminada em vermelho Fonte: Archdaily. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/761557/complexo-social- em-alcabideche-guedes-cruz-arquitectos

Imagem 37: Complexo Social em Alcabideche – Corte Fonte: Archdaily. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/761761/complexo-social-em-alcabideche-guedes-cruz-arquitectos

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Imagem 38: Complexo Social em Alcabideche – Implantação Fonte: Archdaily. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/761557/complexo-social-em-alcabideche-guedes-cruz-arquitectos

Imagem 39: Complexo Social em Alcabideche – Planta baixa, elevações e corte Fonte: Archdaily. Disponível em: http://www. archdaily.com.br/br/761761/ complexo-social-em-alcabideche-guedes-cruz-arquitectos

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4.4. Residence Care

Imagem 40: Residence Care Fachada Fonte: Residence Care. Disponível em: http://www. residencecare.com.br/Imagens-do-Residence

Residence Care é uma casa de repouso localizada em São Bernardo do Campo, considerada de luxo devido ao alto custo de suas mensalidades que começam em R$ 3.800,00. Está inserida no local de um antigo hotel que foi adaptado para receber o novo uso, para tal, foram instaladas rampas metálicas no interior do edifício e no jardim, corrimões. O residencial oferece atividades diversificadas a seus residentes, como fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, dentista, terapias alternativas e hidroginástica, que não estão inclusas na mensalidade, atividades de entretenimento como por exemplo sessões de cinema, além de visita médica e serviço de lavanderia. O local conta também com diversas câmeras de segurança espalhadas pelos ambientes as quais os familiares têm livre acesso, permitindo que se sintam mais seguros em relação aos cuidados que seus parentes estão recebendo. Os residentes contam com uma infraestrutura completa com sala de televisão e cinema, salas para terapias, piscina aquecida, academia, refeitório, área verde com lago onde há marrecos, e dois pavões que ficam soltos, enfermaria, farmácia onde todos os medicamentos são organizados nas doses corretas de cada idoso, lavanderia, e quartos nas opções quadruplo ou individual. São aceitos desde idosos dependentes até os independentes, sendo o primeiro pavimento reservado àqueles que precisam de cuidado integral. 57


Imagem 41: Residence Care Sala de cinema

Imagem 42: Residence Care Piscina aquecida

Imagem 43: Residence Care Sala de fisioterapia

Imagem 44: Residence Care Área verde

Imagem 45: Residence Care Imagem 46: Residence Care Quarto quádruplo Quarto individual Fonte: Residence Care. Disponível em: http://www.residencecare.com.br/Imagens-do-Residence

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5. Bertioga

59


5.1. Sobre o município e sua localização Bertioga é um município localizado no litoral norte de São Paulo, a 120 Km da capital, e faz limite com Salesópolis, Biritiba Mirim e Mogi das Cruzes ao norte, Guarujá e Oceano Atlântico ao sul, São Sebastião a leste e Santos a oeste. Para a cidade de São Paulo e a Região do Grande ABC o acesso é feito através da Rodovia Anchieta e da Rodovia dos Imigrantes . O município é categorizado como Estância Balneária, este título o garante uma verba maior do Estado para a promoção do turismo regional. De acordo com dados do IBGE, sua área é de 490.148 Km², com 85% de seu território em área de preservação permanente e uma população de 47.645 habitantes segundo o Censo 2010. A população de Bertioga ainda é considerada jovem, porém entre os anos de 2000 e 2010 notou-se um aumento no envelhecimento da população com 65 anos ou mais, que passou de 5,6% para 7,6% do total de acordo com o IBGE. Nos gráficos 07 e 08 ao lado é possível notar tal mudança. Uma significativa parte da população de Bertioga é considerada flutuante, ou seja, ocupam o município apenas durante finais de semana e períodos de férias, assim, de acordo com o Censo 2010, 62,18% dos domicílios particulares de Bertioga são de uso ocasional, portanto pode-se dizer que a cidade é um local tranquilo e de pouco movimento durante a maior parte do tempo. Atualmente Bertioga não possui Instituições de Longa Permanência para Idosos, de forma que a população da terceira idade conta apenas com um centro de convivência para idoso chamado de Cento de Convivência do Idoso Zeferino Orlandini, onde podem passar o dia e participar de oficinas, mas ao final do dia retornam para suas casas. A cidade de Bertioga foi escolhida para a implantação do projeto visto que atualmente não conta com um programa de moradia aos idosos que ofereça todo o suporte necessário, e também, como sabemos, a cidade de São Paulo é poluída, não oferece ar de boa qualidade para seus moradores e carece de locais tranquilos, de forma que o projeto buscará oferecer um local de descanso próximo a natureza e com qualidade de vida, servindo como refúgio para aqueles que desejam buscar uma melhor qualidade de via. 60


Gráfico 07: Distribuição por sexo, segundo os grupos de idade – Bertioga (SP) – 2000. Fonte: IBGE

Gráfico 08: Distribuição por sexo, segundo os grupos de idade – Bertioga (SP) 2010. Fonte: IBGE

61


O principal acesso ao município é feito pela Avenida Dezenove de Maio que liga a Rodovia Rio-Santos à praia, cortanto o município no sentido transvesal. Além desta, outra avenida importante para a cidade é a Av. Anchieta, que corta todo o município longitudinalmente, e com a crescente oferta de comércio e serviço está se tornando um novo centro para a região. Outra opção de acesso é a balsa que liga Bertioga ao Guarujá. Bertioga conta com apenas um hospital, o Hospital Municipal de Bertioga, localizado a 500 metros do terreno, e com clínicas particulares.

Hospital Municipal de Bertioga

Escola Pública Imagem 47: Mapa de loclização do terreno, entorno e principais vias Fonte: Google Earth

Escola Pública

Av. Tomé de Souza

Av. Anchieta

Terreno 62

Av. Dezenove de Maio


Imagem 48: Avenida Anchieta Fonte: Autora

Imagem 49: Terreno Fonte: Autora

Imagem 50: Esquina Av. Anchieta x R. S. Lima Fonte: Autora

63


5.2. Uso e Ocupação do Solo Após visitas ao local foi possível produzir o mapa de uso e ocupação do solo (imagem 51) utilizando como base arquivo fornecido pela prefeitura de Bertioga. Neste mapa é possível observar que o entorno imediato do terreno escolhido para implantação do projeto é predominantemente de uso residencial de até dois pavimentos. Os comércios e serviços ocorrem ao longo da Av. Anchieta e também são em maior parte de gabarito baixo.

64


Imagem 51: Base de uso e ocupação do solo - 2016 Fonte: Prefeitura de Bertioga

RUA ESTEVÃO

RUA ÊNIO BAR

DA COSTA

BATO

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A

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RUA CAP. PEDR

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RESIDENCIAL - ATÉ 02 PAVIMENTOS

RESIDENCIAL - ACIMA DE 02 PAVIMENTOS

COMÉRCIO E SERVIÇO RUA MESTRE PESSOA

RESIDENCIAL - ATÉ 02 PAVIMENTOS

INSTITUCIONAL

RESIDENCIAL - ACIMA DE 02 PAVIMENTOS

ÁREA VERDE

COMÉRCIO E SERVIÇO

ÁREA VAZIA

INSTITUCIONAL

65

ÁREA VERDE



6. Projeto

67


6.1. Programa O programa foi pensado de forma a proporcionar aos idosos um local confortável que garanta não apenas uma moradia, mas um local onde além de se sentirem em seu lar possam ter a oportunidade integração e interação com diferentes pessoas, pois como já visto em capítulos anteriores, a socialização é questão importante para os idosos. Portanto foram inseridas no programa de atividades de lazer e cultura com a possibilidade de interação com o público da região. O terreno escolhido ocupa a esquina da Av. Anchieta com a Rua S. Lima e nele foram dispostos três edifícios interligados formando uma praça central. O edifício número 1 está inserido na Av. Anchieta e possui dois pavimentos: no pavimento térreo está localizada a recepção onde é feito o controle de acesso dos visitantes, um saguão de espera e convívio e todo o setor administrativo, por onde é feito o acesso dos funcionários separadamente; o pavimento superior é destinado as oficinas de informática, artesanato, música e conta também com uma sala multiuso. As oficinas oferecem a possibilidade de participação do público como forma de integração com os idosos e também podem servir como fonte de renda para o local através de eventuais cursos que podem acontecer no mesmo. Além disso podem ser firmados convênios com escolas da região a fim de incentivar a troca de conhecimentos entre idosos e adolescentes e crianças. A cobertura do edifício 1 abriga um terraço jardim que é interligado ao edifício 2 através de uma passarela e o acesso acontece neste segundo edifício, que, não estando em frente a nenhuma das ruas, abriga os espaços de lazer e saúde. No pavimento térreo estão o café com acesso a praça central, uma biblioteca, uma piscina aquecida, além da enfermaria e psicologia; no pavimento superior encontram-se a academia de fisioterapia com vista para a piscina, um salão de beleza com serviços terceirizados, sala de estar e tv e uma sala de cinema; e no terceiro pavimento há um volume interligado ao edifício número 3 que abriga um salão de baile e eventos com acesso ao terraço jardim. O edifício número 3, de uso residencial, fica localizado paralelo à Rua S. Lima. No pavimento térreo estão 5 suítes, o refeitório, a cozinha, e a lavanderia onde os idosos podem lavar suas próprias roupas caso queiram. Os pavimentos superiores 68


contam com 10 suítes cada, sendo 8 duplas e 2 individuais, assim, este edifício conta com 35 suítes no total, sendo 7 suítes individuais e 28 suítes duplas, somando uma capacidade total de 63 idosos. A disposição dos 3 edifícios cria uma praça central de convivência e no restante dos espaços externos estão distribuídos um espaço ecumênico ao ar livre, uma academia da terceira idade, a horta e o viveiro. Margeando a divisa com os vizinhos há uma circulação de serviços que liga a Av. Anchieta à Rua S. Lima e é escondida por uma cerca viva que funciona como muro para o local juntamente com o gradil. As hortas e o viveiro possuem funções terapêuticas para os idosos, pois o contato com a natureza contribui para a qualidade de vida. Os vegetais são plantados e colhidos pelos próprios idosos e podem ser utilizados para a alimentação dos mesmos e/ou postos à venda para o público da região, assim como os artesanatos produzidos nas oficinas.

69


6.2. O projeto

Imagem 52: Perspectiva Fonte: autora

70


D

Imagem 53: Implantação sem escala Fonte: autora

RUA

4

. LIMA

S

6

7

5

B 13

10

C

14

10

9

12

10

15

16

8 3

S

2

8

B 8

4

19 1

17 11

8

20

18 3 30

21

23

25

24

32

34

34

33

35

26

A

27

A

S S

AV

10

36

38

IDA

EN

37

41

AN

39

CH A IET

40

IMPLANTAÇÃO 5

C 10

N

D

1

10

28

0 1

3

31

29 S

22

20

2

71

1.

ESTACIONAMENTO VISITANTES

2.

ESTACIONAMENTO FUNCIONÁRIOS

3.

ACESSO FUNCIONÁRIOS

4.

ESPAÇO ECUMÊNICO

5.

ACADEMIA AO AR LIVRE

6.

ACESSO DE SERVIÇOS

7.

LIXO

8.

SUÍTE DUPLA

9.

SUÍTE INDIVIDUAL

10.

SANITÁRIO

11.

HALL DE ENTRADA

12.

REFEITÓRIO

13.

COZINHA

14.

DESPENSA

15.

SALA DE HIGIENIZAÇÃO

16.

ROUPARIA

17.

LAVANDERIA

18.

SALA DOS FUNCIONÁRIOS

19.

DML

20.

VESTIÁRIO FUNCIONÁRIOS

21.

COPA / REFEITÓRIO FUNCIONÁRIOS

22.

SECRETARIA

23.

SALA DE REUNIÃO

24.

ALMOXARIFADO

25.

DIRETORIA

26.

ACESSO VISITANTES

27.

RECEPÇÃO / SAGUÃO DE ENTRADA

28.

SALA DE SEGURANÇA E MONITORAMENTO

29.

PRAÇA CENTRAL

30.

PISCINA AQUECIDA

31.

VIVEIRO

32.

CAFÉ

33.

BIBLIOTECA

34.

VESTIÁRIO

35.

HORTA

36.

SALA DE PSICOLOGIA

37.

FARMÁCIA

38.

ENFERMARIA

39.

ACESSO AMBULÂNCIA

40.

CIRCULAÇÃO DE SERVIÇOS

41.

SALA DE MANUTENÇÃO



D

Imagem 54: Planta pavimento 1 sem escala Fonte: autora

RUA

A

S. LIM

B 8

C

8

9 9

8 8

8

8

8

43

8

S

B

10

42

19 10 44

45

46

50

A

S

S

47

48

19

10

10

51

PLANTA 1º PAVIMENTO N

0 1

5

D

TA

HIE

NC AA

NID

E AV

49

C

10

73

A

8.

SUÍTE DUPLA

9.

SUÍTE INDIVIDUAL

10.

SANITÁRIO

19.

DML

42.

OFICINA DE MÚSICA

43.

DEPÓSITO

44.

OFICINA DE ARTESANATO

45.

HALL DE CONVIVÊNCIA

46.

SALA MULTIUSO

47.

OFICINA DE INFORMÁTICA

48.

CINEMA

49.

SALA DE ESTAR / TV

50.

FISIOTERAPIA

51.

SALÃO DE BELEZA



D

Imagem 55: Planta pavimento 2 sem escala Fonte: autora

RUA

A

S. LIM

B 8

C

8

9 9 8 8

8

S

B

8

8

8 52

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10

A

53

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54

PLANTA 2º PAVIMENTO N

0 1

5

D

IDA

EN AV

10

C

10

75

A

8.

SUÍTE DUPLA

9.

SUÍTE INDIVIDUAL

10.

SANITÁRIO

52.

CAIXA D’ÁGUA

53.

TERRAÇO JARDIM

54.

CASA DE MÁQUINAS

55.

SALÃO DE BAILE E EVENTOS



D

Imagem 56: Planta pavimento 3 sem escala Fonte: autora

RUA

A

S. LIM

B 8

C

8

9 9 8 8

8

s

B

8

8

8

LAJE IMPERMEABILIZADA

ID EN

AV D

NC

AA

A

PLANTA 3º PAVIMENTO N

0 1

5

D

TA

HIE

53

C

10

77

A

8.

SUÍTE DUPLA

9.

SUÍTE INDIVIDUAL

53.

CASA DE MÁQUINAS



D

Imagem 57: Planta cobertura sem escala Fonte: autora

RUA

A

S. LIM

B C

LAJE IMPERMEABILIZADA

+13.40

+17.65

B

+9.20

+15.90

LAJE IMPERMEABILIZADA

+10.05

TERRAÇO JARDIM

+6.70

+14.30

0.00 +6.70

TA HIE

NC

AA

ID EN AV

A

PLANTA COBERTURA N

0 1

5

+12.55

D

+9.20

C

10

79

A



Imagem 58: Corte AA sem escala Fonte: autora

+ 14.30

+ 10.05

+ 6.70

+ 3.35

0.00

CORTE AA 0 1

5

10

81



Imagem 59: Corte BB sem escala Fonte: autora

+ 13.40

+ 10.05

+ 6.70

+ 3.35

0.00

CORTE BB 0 1

5

10

83



Imagem 60: Corte CC sem escala Fonte: autora

+ 6.70

+ 3.35

0.00

CORTE CC 0 1

5

10

85



Imagem 61: Corte DD sem escala Fonte: autora

+ 13.40 + 12.55

+ 10.05

+ 6.70

+ 3.35

0.00 - 1.50

CORTE DD 0 1

5

10

87



Imagem 62: Elevação 01 sem escala Fonte: autora

Imagem 63: Elevação 02 sem escala Fonte: autora

Imagem 64: Elevação 03 sem escala Fonte: autora

89



Imagem 65: Elevação 04 sem escala Fonte: autora

Imagem 66: Vista para Serra do Mar Fonte: autora

Imagem 67: Saguão de entrada Fonte: autora

91



7. Consideraçþes finais

93


O programa foi pensado de forma a proporcionar aos idosos um local conDados do IBGE mostram que a população está em acentuado processo de envelhecimento, de forma que em um futuro próximo a demanda por locais destinados aos idosos aumente significativamente, uma vez que a mulher, antigamente destinada a cuidar de seus familiares, possui lugar importante no mercado de trabalho e muitas optam por não ter filho e também pelo não casamento, assim, a tendência é uma população idosa que pode não ter familiares próximos como apoio, portanto se faz necessário a criação de projetos pensados para este público que garantam segurança e conforto, além da possibilidade de criação de vínculos sociais. O projeto desenvolvido buscou ao máximo atender as necessidades da população idosa buscando além do seu conforto e socialização, criar um espaço que contribua para que a sociedade possa mudar sua visão em relação às instituições de longa permanência para idosos, de forma que no futuro o preconceito para com esses locais possa deixar de existir.

94


8. Bibliografia

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