Experimentos Projetuais para a Compreensão Arquitetônica: O uso de modelos físicos no processo

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Experimentos Projetuais para a Compreensão Arquitetônica O uso de modelos físicos no processo projetual

Marvin Sampaio





Centro Universitário Senac Marvin Sampaio

Experimentos Projetuais para a Compreensão Arquitetônica O uso de modelos físicos no processo projetual

Trabalho de conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Senac, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Ms. Ricardo Luís Silva São Paulo 2016 5



Agradeço aos meus pais por todo carinho e compreensão que tiveram comigo ao longo da minha graduação. Aos meus amigos que fiz no Senac que foram não somente companheiros de trabalho, mas pessoas que levarei para sempre comigo. À todos que me ajudaram e aconselharm no desenvolvimento do meu trabalho. Ao Prof. Ricardo que me orientou neste árduo trabalho e acompanhou o processo com muito zelo e dedicação.

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“Arquitetura é uma arte. Fazer maquetes não é uma arte. Não fazemos maquetes para fazer arte. Fazemos maquetes para fazer arquitetura.” - Richard Meier



Resumo: Este trabalho de conclusão de curso pretende abordar a influência de modelos físicos no processo didático do aluno de Arquitetura e Urbanismo por meio de experimentos práticos com a realização de maquetes em projetos elaborados por ele e sua documentação textual e fotográfica a fim de auxililiar na metodologia em seu aprendizado.

Abstract: This course conclusion work aims to address the influence of physical models in the teaching process of Architecture and Urbanism student through practical experiments with the realization of models in projects developed by him and his textual documentation and photo to auxililiar in methodology learning.

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Ă?ndice


Introdução ................................................................ 14 Aproximações ao tema ............................................ 16 Experências com maquetes ....................... 17 As crianças no jardim e infância ................. 18 Analisando os experientes ......................... 19 Compreensão dos estudos ........................ 22 Os Experimentos .................................................... 24 A Proposta ................................................ 25 O Entorno ................................................. 28 A Volumetria ............................................. 36 A Topografia .............................................. 46 A inserção da Volmetria ............................ 52 A Setorização ........................................... 62 As aberturas e vedações .......................... 82 A síntese ................................................... 90 Considerções finais ............................................... 104 Bibliografia ............................................................. 106 Lista de Imagens ................................................... 108


Introdução


Durante o percurso do aluno de arquitetura pelos seus cinco anos de faculdade, não demora muito para ele perceber o quanto os processos de seus trabalhos são tão importantes quanto o resultado. Desde trabalhos relacionados ao mobiliário (escala do homem) quanto ligados à disciplina de Urbanismo (escala da cidade), a maneira que ele começa a fazê-los diz muito sobre como será o resultado final. Isso se dá em conta com o conteúdo do próprio curso de Arquitetura e Urbanismo. Um curso que abrange disciplinas desde técnicas quanto práticas até a questões sociais e filosóficas, dificilmente o aluno conseguirá realizar um bom trabalho se não conseguir domar todas essas questões ao mesmo tempo no curto período que possui para realizá-las. Com este cenário, o aluno que está prestes a se formar, começa a se dar conta do que o mercado exige de um profissional de Arquitetura. Referindo-se ao projeto de construção civil (residências, edifícios, etc.), a faculdade prepara o aluno para este cenário quando disciplinas ligada à projetos ocupam a maior parte da grade curricular do curso. Por ser a disciplina com maior importância e por possuir uma escala de trabalho “intermediária” (se compararmos com mobiliário e urbanismo), decidi abordar a escala dos experimentos com projetos de uma residência unifamiliar para uma família composta por um casal e dois filhos. Especificamente na disciplina de projeto, algo que ficou claro nas minhas experiências foi o quanto as maquetes são uma etapa quase que conclusiva de um projeto já bem definido em apenas desenhos (croquis, cortes, elevação, perspectiva, etc.). A ideia de fazer experimentos em maquetes surgiu após minha inquietação sobre este tipo de processo muito pouco abordado no ambiente acadêmico. Irei abordar mais a frente cada etapa feita neste trabalho demonstrando-as tanto textualmente em registros fotográficos.

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Aproximações ao tema As experiências com maquetes


Um dos primeiros contatos o qual obtive quando o assunto foi estudar as maquetes como processo de tema surgiu com um trabalho de iniciação científica em que se foi estudado algumas obras de Paulo Mendes da Rocha com o auxílio de modelos físicos de investigação sob as potencialidades de cada projeto estudado. Em um dos projetos estudados, foi selecionado o Clube Atlético Paulistano para exemplificar o processo da investigação. Analisando a obra em diversos aspectos (materialidade, tipologia, gabarito, detalhes, etc.) foram elaboradas três maquetes em diferentes escalas de acordo com a necessidade do estudo em questão (1:500 da volumetria, 1:1000 do entorno e 1:250 para os detalhes construtivos). Cada maquete consegue nos mostrar as diferentes especificidades do projeto em si. Este estudo gerou a conslusão dos benefícios do uso de maquetes no processo projetual pois ele consegue abranger questões que nem sempre o desenho por si só consegue. A tridimensionalidade que a arquitetura alcança não pode ser entendida por completo se não forem feitos modelos de investigação por meio de maquetes físicas.

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As crianças no Jardim de infância Outro fato que, coincidentemente, foi divulgado na mesma época do trabalho de Iniciação CIentífica foi de um acontecimento em um jardim de infância em Gjøvik, na Noruega. Na época, foi feito um teste com os alunos em que foram retirado todos os brinquedos na área de lazer das crianças e, ao invés de bonecos e jogos de tabuleiro, foram colocados caixas de papelão, almofadas, folhas, etc. Tal método obteve um resultado em que as crianças começaram a pegar tais objetos e moldarem-as para as suas próprias brincadeiras: varetas viraram espadas, caixas de papelão viraram barcos, folhas viraram dinheiro. Além disto, a competição entre os brinquedos que antes existia cessaram e a criatividade em criarem novas brincadeiras foi nitidamente observada. Tal relato corrobora o quanto o estímulo criativo pode ser incentivado com trabalhos manuais materializando o que se imagina. No caso da arquitetura, traduzir um pensamento projetual não somente no desenho, mas construindo maquetes da maneira mais simples consegue demonstrar a quem esta projetando o caminho da sua obra.

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Foto: Trine Hagen Strandbakken (Mammanett).


Analisando os experientes Outros exemplos voltados para a experimentação projetual com o uso de maquetes que pode ser citado neste trabalho são de alguns arquitetos que utilizam desta forma em suas práticas profissionais ou na sua produção teórica. Podemos citar alguns exemplos como o de Peter Zumthor e Tadao Ando e como arquitetos que usam essa produção no ambiente da produção profissional. Zumthor, em seu documentário, mostra um pouco de seu ateliê e a forma como trabalha. A importância de fazer modelos (as vezes grandes maquetes) como forma de compreensão visual do que se espera. Olhar para maquetes para imaginar fotografias como forma de imagens que ficarão na mente das pessoas. As memórias são tão (as vezes mais) importantes do que a forma da arquitetura. Já no caso de Ando, sua busca pelos experimentos em maquetes vêm desde os tempos em que era um jovem arquiteto iniciante. Sem muita procura por trabalho, Ando resolveu fazer uma maquete em um terreno imaginado. O projeto era de uma igreja sem paredes – com uma vista para um lago o qual nela emergia uma cruz. Ando disse em sua biografia que cria maquetes com frequência que, enquanto faz a topografia, usa o mesmo material para fazer o próprio projeto. Isto demonstra sua preocupação da edificação ter um significado próximo com a topografia existente. Tal projeto, apesar de ser algo apenas feito como um experimento para uma exposição de maquetes, acabou chamando atenção de um visitante que “comprou” o projeto o qual foi construída em Hokkaido.

Peter Zumthor em seu ateliê manipulando maquete do Zinc Mine Museum. FONTE: Louisiana Channel

Maquete Igreja em Hokkaido. FONTE: Tadao Ando Arquiteto

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Outros dois arquitetos que me chamaram a atenção não somente pela sua produção arquitetônica, mas como a busca pelo aperfeiçoamento se deu pelas pesquisas com o uso da maquete e como há uma ótima documentação das mesmas. Sâo o caso de Frank Gehry e Peter Eisenman. Como descrito no livro “Gehry Talks: Architecture + Process”, Gehry comenta como você usa a sua energia da ideia através do processo e termina com um edifício que possui um sentimento, paixão genuína. Apesar de sua produção ser bem conhecida com o uso da computação gráfica, Gehry não abandonou o uso de maquetes como forma de experimentação. Sua arquitetura possui formas bem complexas que dificilmente seria fácil visualizá-la por meio de croquis e perspectivas. Por isso o experimento por modelos físicos na obra de Gehry é fundamental. Sua documentação é bem extensa e registrada por meio do livro já citado e do documentário Sketches of Frank Gehry. Como alguns exemplos pra serem citados, há obras muito bem trabalhadas com modelos como o Museu Guggenheim de Bilbao e o Walt Disney Concert Hall. Tais obras também há uma investigação exaustiva de forma com modelos físicos e computadorizados. Apesar de suas formas serem bem complexas, engana-se acreditar que elas foram idealizadas inicialmente em computação gráfica.

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Já no caso de Peter Einseman, durante o período na faculdade, passamos algumas vezes pela sua produção. Nessas passagens, vimos sua importância pra arquitetura e como os seus estudos das casas - conhecido como as X Houses são a base para entendê-lo. Especificamente nestes estudos que eu quero focar pois se assemelham muito com o que pretendo fazer em minha pesquisa. Apesar de Eisenman também se usar de softwares, são seus processos que me interessam. Como forma de querer entender como a parametrização pode ser inserida em arquitetura, Eisenman decidiu fazer um estudo de um objeto arquitetônico que seria de fácil maleabilidade para se trabalhar em ambos (parametrização e arquitetura). Tal objeto foram casa pois elas possuem uma escala não tão pequena para tornar sua pesquisa muito simples mas não tão grande aonde as informações poderiam extrapolar muito o seu alcance. Peter Eisenman é conhecido por acreditar que o processo é tão importante quanto o resultado (às vezes até mais). Fazer casas que sua funcionalidade ou forma final sejam consequências de um processo.


Figura 12: Diferentes protĂłtipos para o Walt Disney Concert Hall DisponĂ­vel em: < http://danieltides-arch1390-2010.blogspot.com.br/2010/09/frank-gehrys-walt-disney-concert-hall.html> frank-gehry-walt-disney-con. jpg

Figura 14: Esquema da House VI

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CompreensĂŁo dos Estudos


Os estudos de caso mostrados anteriormente possuem uma grande influência na tomada de decisão de querer estudar como o processo projetual do aluno de arquitetura e urbanismo é uma etapa tão importante quanto a ideia em si do que se irá criar com ele. Os modelos físicos têm um papel importante na apresentação de um projeto pois ele materializa o que antes era apenas uma imaginação de quem o projeta. Apesar da sua importância, as maquetes nem sempre são feitas nos períodos iniciais de um processo projetual, deixando-a como meramente um produto ilustrativo do que foi pensado em croquis e desenhos de computação gráfica. Este trabalho tenta trazer para a disucssão como elas são parte essencial do trabalho de quem o projeta e o quanto isto pode ajudá-los a observar minúcias que somente as maquetes podem mostrar. A priori, o intuito deste trabalho em explorar arquitetos já formados tem como intuito nortear a prática da profissão do arquiteto em experimentos utilizados no ambiente acadêmico. Compreender a importância de modelos físicos vai muito além do que simplesmente adicionar nas grades curriculares das escolas de arquitetura disciplinas sobre a confecção de maquetes, mas o intuito é demonstrar como a cultura sobre o seu uso deve ser modificada nas mentes dos alunos em períodos de ensino para que eles não ganhem o vício de fazerem apenas modelos computadorizados e acharem que apenas isto dá conta da sua complexidade. Apesar de grande auxiliador na nossa produção, em uma profissão que lida tanto com a criatividade como o do arquiteto, conhecer e conseguir domar diferentes formas de expressão (dos mais básicos aos mais contemporâneos) faz do aluno uma pessoa com mente mais aberta para receber novas informações. Outra referência no quesito produção de maquetes estão citadas no livro Maquetes de Papel, de Paulo Mendes da Rocha aonde o mesmo comenta que existe um limite de avanço no estudo e na espacialidade quando se prende apenas ao croqui no desenvolver de um projeto. As maquetes possuem um papel fundamental no processo. Entender que não há limites na tipologia dos materiais quando se quer dar espacialidade numa construção que existe apenas na cabeça de quem o projeta; usa-se papel sulfite, papelão, até mesmo arames quando se quer explicar o que se pretende passar. 23


Os Experimentos A proposta


A proposta de apresentação deste trabalho será feita por textos e fotografias tanto do processo como da confecção final dos modelos produzidos. Pretende-se explicar a funcionalidade de cada maquete de acordo com o estudo em pauta. Os materiais aplicados também fazem parte do processo pois a escolha deles são dados importantes pois cada um posusi sua característica que auxilia o determinado estudo ser viável de acordo com o que se pretende mostrar e/ou representar. Para uma melhor trabalhabilidade em uma escala que seja de fácil manipulação, foi decidido que o projeto a ser feito será de uma residência unifamiliar térrea de uma família de 4 membros (um casal e dois filhos). Esta tipologia foi escolhida também por um ser um modelo largamente usado como referência pelo mercado e por ter uma vasta produção arquitetônica com este cenário. Com isso, ficaria mais fácil de pensar em um projeto em que há uma certa familiaridade com os leitores desta pesquisa. Foi escolhido um terreno no bairro do Grajaú próximo ao Terminal de Ônibus/Estação de Trem. Um lote abandonado já fazem muitos anos e que possui uma topografia acidentada que permite uma trabalhabilidade do terreno. Este terreno está intacto fazem muitos anos (aproximadamente à 14 anos segundo moradores das redondezas). Imaginei-o como um vazio urbano com grande potencialidades pela sua dimensão e proximidade ao Terminal, equipamento urbano esse que trouxe mudanças positivas para a região. A pesquisa pretende seguir uma linha de raciocínio projetual em que se estuda o entorno, construções das redondezas, volumetria, topografia, setorização, aberturas, etc.

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Figura 27: Vista Frontal. FONTE: Google Street

Av.

Figura 264: Vista Aérea. FONTE: Google Maps


C.P.T.M.

RUA

GIOVANNI

BONONCINI

Área = 487.67m²

RUA

SAINT

GERMAIN

0

ESC 1:500 27 5

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O Entorno


Como etapa inicial do projeto, foi primeiro feito uma análise do terreno com relação a topografia e construções do entorno. No caso da topografia, ela foi levantada com o auxilio do arquivo disponivel pela prefeitura de São Paulo por meio do Mapa Digital da Cidade. Neste arquivo em .DXF (extensão o qual o software AutoCAD consegue ler) possui a topografia e os limites das construções do entorno. Para levantar o gabarito das construções, foi feito um levantamento in loco e algumas dúvidas restantes foram feias pelo Google Street - uma vez que as fotos usadas no site são de Agosto de 2016. Com o auxílio do AutoCAD, foi feito alguns testes em como seria feito a maquete inicial do entorno. Com esses dados em mãos, foi pensando em uma escala que fosse de fácil manuseio pelo seu tamanho total (uma A3, por exemplo, caso queira carregá-la para outros lugares) quanto pelas curvas de nível (algum material que fosse, no máximo, composto por duas camadas e que elas dessem 1 metro de altura na escala escolhida). Foi visto que em uma escala 1:200, nestas dimensões a maquete consegue demonstrar bem as construções do entorno e comparar o gabarito delas (residências aos lados e ruas principais). O material escolhido para as curvas de nível foi o papel paraná de 2,5mm pois com apenas 2 camadas dele se consegue uma altra de 5mm (ou de 1m na escala 1:200). Tal material possui as vantagens de serem vendidos em diversas papelarias com diversos tamanhos e por seu preço bem acessível também. As construções do entorno foram feitas de papel craft - além de possuirem as mesmas vantagens de preço, tamanho e disponibilidade como a do paraná, são mais finos; o que torna fácil montá-los em formatos tridimensionais, e mais escuros que o papel paraná; o que cria um contraste interessante. Como as ferramentas estavam disponíveis em AutoCAD, foi usado este software para preparar um arquivo em que fosse feito desenhos para serem usados na máquina corte a laser disponível no Centro Universitário Senac. Isso iria agilizar o processo de trabalho se comparar as curvas de nível feitas uma por uma sendo decalcadas com um papel manteiga e depois transpostas para o papel paraná. 29


Figura XX - Tamanho do terreno comparado Ă uma folha A3 (sem escala)

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Arquivo editado com as curvas de nĂ­vel para serem cortado na impressora corte a laser. A cor verde representa as curvas de nĂ­vel a serem cortadas. As linhas vermelha sĂŁo o entorno, que foram apenas marcadas no papel paranĂĄ.

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A volumetria


Com ao terreno e entorno prontos, foi tomada a decisão de começar a pensar em volumetrias para a casa. Como a casa terá apenas um pavimento, foi pensada em colocá-la nas cotas superiores do terreno por dois motivos: 1. Hà uma horizontalidade maior em uma cota nos fundos do terreno. 2. Como a casa será térrea, é mais interessante ela se localizar em um ponto alto da topografia por conta da sombra projetada pelas residências ao redor. Ambos os motivos foram possíveis de serem notados quando se foi observado a maquete anterior. Apesar de serem mateiriais diferentes (craft e o papel paraná), eles se assemelham na cor castanho - sendo diferenciadas apenas por claro (terreno) e escuro (entorno). Para criar o contraste com a volumetria inserida no terreno do projeto, foi escolhido o papel cartão na cor cinza. Tal papel possui uma gramatura inferior ao craft, mas nada que deixe-o mole suficiente para não conseguir fazer as formas os quais será vista logo mais. Os volumes criam essas escalonadas na construção para poder ser possível criar áreas que consigam mesclar o interno/externo e assim conseguir criar pátios internos, garagem juntas à construção, etc. Uma qualidade quase que inexistente nas construçãos ao redor. Vale salientar que as volumetrias serão dividas em quatro conjuntos, A, B, C e D. Outro ponto é que os volumes foram alocados dentro dos recuos obrigatórios por lei (5m frontal e 1,50m laterais e nos fundos) segundo o zoneamento local. Isto pode ser verificado na página 40 e 41 o perímetro do recuo na cor vermelha. Apesar de ser uma conclusão preliminar, as volumetrias se encaixam de maneira eficiente no contexto do projeto. Essa escala nos permite ver como elas ficam em uma cota que não se prejudica se imaginarmos a projeção da sombra vinda das residências ao redor. Apesar ser possível verificar tais questões, ainda há estudos que esta maquete não consegue proporcionar, como questões relacionadas a topografia, setorização, entre outros que ainda serão estudados neste trabalho. 37


a Volumetria A

Volume B 38


Volumetria C

c

Volumetria D 39


a 40


c 41


a

O escalonamento na parte frontal da casa tenta quebrar a horizontalidade das fachadas das outras casas na rua. Tal escalonamento tenta criar um recuo maior na parte direita do terreno, o que pode ser interessante como uma área de “respiro” da construção com o entorno imediato.

Uma proposta bem semelhante à opção “A”, só que o vão maior fica na parte central da casa; as duas paredes laterais podem servir uma visão interessante entre os diferentes cômodos da casa.

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c

Uma espécie de “sobreposição” de planos quandos se tenta colocar no sentido perpendicular uma possível área social que interligue a área de serviço e a íntima. Possui também um páto interno nos fundos da casa com grande potencialidade.

Apesar de aparentar uma volumetria paralelepipedal, possui dois volumes internos que divide a casa e que seja interligada por um corredor interno que rasga-a no meio. Uma opção que reserva as áreas íntimas com a social.

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a 44


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A topografia


Há um desnível de 7 metros entra a cota mais baixa e e mais alta do terreno; um desnível considerável levando em conta o tamanho do terreno e a escala da costrução proposta. Foi pensado em como trabalhar a topografia em relação ao projeto usando a mesma maquete do entorno, mas foi notado dois problemas para tal: 1. A maquete inicial possui uma escala (1:200) que deixa os objetos muito pequenos o suficiente para serem feitos trabalhos manuais com uma boa visualização (como já dito, 1m em 1:200 é equivalente à 5 mm). 2. A chapa dupla que foram usadas pra dar a altura correta das curvas de nível deixaram-a muito espessa para ser cortada com o estilete. 3. Como a maquete engloba uma área bem maior que o terreno do projeto, fica difícil trabalhar a topografia sem modificar o entorno. Com isto, foi pensado em fazer uma maquete em escala maior que dê uma certa trabalhabilidade tanto com a topografia como a volumetria. Foi visto que se estiver em escala 1:100, o terreno teria 25cmX20cm aproximadamente. Nesta escala também seria mais fácil de encontrar materiais que tenha exatos 1cm (1m em escala) de espessura para não haver a sobreposição de chapas; o que dificulta o corte com o estilete. Foi encontrado chapas de EVA Seller que, além de possuirem chapas de 1cm de espessura, é um material bem leve; o que deixa o corte com estilete mais fácil. Para a montagem, foi feito uma impressão em uma A3 do terreno em 1:100 com o auxílio novamente do AutoCAD. Como apenas o terreno do projeto era o foco, foi feito um recorte das curvas de nível da cota mais baixa para a mais alta de acordo com a chapa que era preciso cortar. Como há a intenção de trabalhar com a topografia, a cola usada foi colocada apena nas bordas das chapas cortadas para assiim, o interior possa ser cortado com mais facilidade.

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A inserção da volumetria


Com o terreno concluído, foi pensado em uma maneira de criar um método em que possamos fazer um plano de massas para o projeto da casa. Com isto, foi pensando em dividir a casa em três ambientes básicos e suas devidas cores para diferenciá-las quando inseri-las no terreno:

Quartos (área íntima - 80m²)

Sala (área social - 49m²)

Cozinha + Lavanderia (área molhada/de serviço - 33m²)

Tais metragens conseguem suprir o básico para cada ambiente e deixar um espaço livre caso seja necessário subtrair ou adicionar área entre um e outro de projeto para projeto que será feito. Com a inclusão das áreas na topografia, foi visto que em alguns casos, seria necessário cortar o terreno em algumas partes do projeto e colocar aterro em outras. As potencialidades entre cada projeto também será feita e mostrada na maquete: como dito anteriormente, alguns vazios que são gerados pela forma não paralelepipedal dos volumes poderão visto como potencialidades.

Corte + Aterro

Potencialidades

Exemplo de plano de massa.

Exemplo de Corte + Aterro e Potencialidades

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a

Foi observado que esta proposta é a que menos modifica a topografia mas possui uma pouca interação com o resto do terreno. Apesar da área azul ser bem pequena, há uma boa potencialidade para uma próxima etapa de desenvolvimento.

Há muitas modificações na topografia e uma área bem menor na cor azul se compararmos com outras propostas.

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c

Como na proposta A, há certas modificações na topografia, mas há uma boa quantidade de áreas com potencialidades do entorno imediadto da construção com o terreno. O caso do pátio interno na parte de trás da residência demonstra ser um espaço bem interessante para o contexto da casa. Tal proposta será levada para a próxima etapa.

Apesar de possuir uma cobertura plana retangular, há um vazio que se pretende criar uma espécie de corredor interno que ligue as duas áreas da casa dividindo-as entre a área social com a íntima/serviço. Apesar de tal potencialidade, acredita-se que esta proposta altera demasiadamente o terreno se levar em conta as demais propostas.

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A setorização


Como visto na etapa anterior, foi escolhido duas opções (A e C) que tinham potencialidades para um bom projeto no cenário demonstrado. Com isto, foi pensado em aumentar a escala para poder trabalhar em uma etapa que na 1:100 não seria tão fácil: a setorização. Para poder trabalhar, foi notado que as escalas utilzadas até agora eram 1:200 (entorno) e 1:100 (topografia). Foi concluído que seria interessante aumentar novamente a escala pelo dobro (1:50). Neste aspecto, as paredes já teriam uma espessura visível que deixa a visualização de setores em uma residência mais nítida. Com isto, foi feito a opção do material Spumapaper não-revestido de 5mm (em escala 1:50, essa espessura deixaria as paredes com aproximadamente 20cm; que é uma medida padrão). Tal material possui uma facilidade de ser cortado com estilete e consegue facilmente ser colocado “em pé” com a espessura em contato com o chão caso as alturas não sejam grandes. Como as paredes vão possuir um tamanho padrão de 3m em escala (6cm no total), a altura não será um problema. Como etapa inicial, foi feito a laje do chão da casa e assim, colocado as paredes que inicialmente fecham a casa (sem pensar em aberturas como janelas, portas, etc). Não foi colocado também a cobertura pois precisamos ter a visualização sem ela pra poder estudar melhor os ambientes internos. Cada proposta de setorização possuirá uma numeração de acordo com a volumetria (A1, A2, A3, B1, B2 e B3) Para facilitar o trabalho, foi feito tiras longas de 6cm de altura (3m em escala) em que eram cortadas de acordo com o tamanho que se achava necessário criar as paredes. Essas peças eram coladas no piso com fita crepe para agilizar o trabalho de visualização dos ambientes em que eram criados.criados.

Exemplo das tiras citadas de Spumapaper

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A proposta A1 coloca os quartos no volume maior e um corredor de acesso aos quartos para deixá-lo mais reservado ao resto da casa que possui uma ideia de ambientes abertos com a sala e cozinha. O pequeno cômodo no lado esquerdo seria uma área de serviço - que ficaria ao lado da cozinha. Foi feito na A2 uma tentativa de uma parede que tentasse fugir da ortogonalidade. A grande parede que a segue ficou demasiadamente grande pois traria a circulação dos quartos para os fundos da casa, o que não pareceu algo tão agradável para o convívio do dia a dia. No caso da A3, foi feito uma pequena área na região dos quartos em que o banheiro dos filhos seria compartilhado pelo banheiro que fica no meio deles. A área de serviço ficaria na mesma que a A1. Apesar de ser bem interessante, a solução da A1 se sobressaiu na solução dos quartos e dos banheiros - que no caso, ficariam um atrás do outro junto com o da suíte.


c

Na proposta C1, foi pensada em uma suíte, dois quartos com metragens quadrada iguais com que a sala + cozinha fossem a centralidade da casa, sendo que o lado esquerdo fosse os quartos e o volume direito, as áreas molhadas (cozinha e serviço). Após as fotografias, as paredes foram removidas para poder começar um projeto do zero e, quando a proposta C2 foi concluída e comparada com a C1, foi notado que a área dos quartos ficaram praticamente idênticas. Apesar de não ter a intenção de copiá-los, vale o comentário das propostas serem bem iguais neste aspecto. Houve também uma tentativa de criar uma parede como um “biombo” que dividisse a sala e cozinha em dois e dimiuir a área de serviço. Esta proposta não se mostrou tão atraente se comparar com a anteior pois a ação de dividir a sala não agrada tanto em um projeto que tenta integrar os ambientes e a área de serviço aparenta estar demasiadamente pequena. Já na proposta C3, querendo deixar a área central livre, pensou em fechá-la pelos cantos e isolar a área de serviço e a de quartos. Não mostrou muito atraente entre as três propostas pois se fecha muito com o resto da casa. Entre elas a opção C1 se mostrou a mais interessante entre as opções do conjunto “C” e “A”.

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As aberturas e vedaçþes


Com a volumetria e setorização já definidas, foi pensado em como pensar aonde ficariam as aberturas (janelas e portas) e a cobertura. Como os ambientes já possuem seus lugares definidos, não houve muitos problemas em pensar em lugares para alocá-los. O que foi feito foi desenhar em caneta nanquim onde poderiam ter tais aberturas. Foi desenhado sem muita intenção de verificar se tais aberturas seriam boas ou não pois no final, as escolhidas seriam cortadas e as descartadas, marcadas com caneta vermelha. No caso da cobertura, foi imaginado inicialmente uma laje para as áreas de serviço e quarto - por questões de serem locais mais reservados. No caso da área central (sala de estar e de jantar), imaginou uma cobertura que desse uma “abertura” maior em pé-direito e se possível, uma iluminação lateral. Por isso, foi pensada em uma cobertra “borboleta”. Tal cobertura libera espaço nas laterais para entrada de luz - lateral essa que não possui aberturas na área central da casa.

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A sĂ­ntese


Após todo este processo, conseguimos chegar em um ponto de afinamento do anteprojeto em que é possível elaborarmos uma maquete final de apresentação que consegue demonstrar todos os estudos realizado até o momento. Como a escala permanece 1:50, foram escolhidos para as paredes a madeira balsa de 4mm (20cm em escala). Apesar de ser um material relativamente caro, ele dá um acabamento melhor do que os outros já usados neste trabalho. Como as chapas de madeira balsa não são tão largas para se fazer as lajes, foi usado o papel paraná pois possui uma coloração semelhante à madeira balsa e possui as medidas necessárias para as lajes/ coberturas necessárias. No caso da topografia, foi escolhido placas de isopor de 1mx50cm de 2cm de espessura (o que na escala, dá 1m). Este material são um dos poucos no mercado que possui espessuras grandes e de fácil trabalhabilidade em cortá-las com estilete. A maneira de cortá-lo foi semelhante ao EVA já descrito no capítulo A Topografia.

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Por fim, com todos estes elementos em mãos, foi feito um desenho técnico (plantas e cortes) do projeto para a visualização tradicional de projetos em arquitetura e uma proposta de layout para ocupação da residência.

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C.P.T.M.

RUA

RUA

GIOVANNI

SAINT

BONONCINI

GERMAIN ESC 1:500 0

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5

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B

A

B

A

ESC 1:200 0

2

4

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3.20

B

4.94

4.60

3.34

10.70

A 2.14

4.74

A 2.80

1.25 1.25

2.80

7.25

4.35

2.30 2.15

2.80

2.24

2.95

4.50

4.60

B

3.20

2.30 3.30

1.07

3.14

2.95

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PLANTA TÉRREO ESC 1:100 0

1

2

3


B

A

B

A

PLANTA COBERTURA ESC 1:100 105 0

1

2

3


ELEVAÇÃO FRONTAL

ELEVAÇÃO POSTERIOR

ESC 1:100

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0

1

2

3


CORTE AA

CORTE BB

0

ESC 1:100 107 1

2

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Considerações Finais


No caminhar deste percurso, ficou nítido como o processo em fazer as maquetes, apesar de ser um trabalho que envolve muito um esforço físico além do intelectual, consegue dar uma amplitude no processo projetual de um trabalho com foco no aprendizado do aluno de arquitetura e urbanismo. A liberdade em experimentar os materiais e assim, aos poucos, materializando a imginação em um aspecto tridimensional coloca em questão o quanto há liberdade em pegar um pedaço de papel e, ao invés de desenhar, montá-los em formas que dão a cara do projeto que se pretende. Óbviamente não querendo colocar o desenho à mão como descartável no processo; ele ainda é tão necessário quato o fazer da maquete. Mas a proposta deste trabalho foi querer mostrar também o quanto é possível se dedicar à modelos físicos ao ponto de conseguir criar uma arquitetura à partir dela. Como dito na introdução, o aluno de arquitetura é exposto à diversas áreas do conhecimento a todo momento e conseguir domá-las é o que irá lhe fazer um ótimo profissional no futuro. Este trabalho quis se dedicar às maquetes para poder mostrar aos seus leitores que, se necessário, ter a proatividade quando for projetar em pensar mais em modelos tridimensionais em momentos iniciais do projeto. Vale salientar também que este trabalho possui uma conclusão na etapa de anteprojeto. O que refelte a falta de estudos em etapas mais adiantes de um projeto comum (estudo preliminar, detalhes construtivos, etc.). Apesar disto, foi mostrado como o trabalho em escolher as escalas e materiais a serem trabalhados com determinada tipologia pode ser moldada de acordo com a necessidade de quem o projeta.

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Este trabalho de conclusão de curso pretende abordar a influência de modelos físicos no processo didático do aluno de Arquitetura e Urbanismo por meio de experimentos práticos com a realização de maquetes em projetos elaborados por ele e sua documentação textual e fotográfica a fim de auxiliar na metodologia em seu aprendizado.


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