Experimentos Etnográficos para Requalificação Urbana na Vila Olímpia

Page 1

Experimentos Etnográficos para Requalificação Urbana na Vila Olímpia

Rafael Miléo Scarpa



CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Rafael Miléo Scarpa

Experimentos Etnográficos para Requalificação Urbana na Vila Olimpia

São Paulo 2016



Rafael Miléo Scarpa Experimentos Etnográficos para Requalificação Urbana na Vila Olimpia

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Campus Santo Amaro, como exigência para obtenção do grau no Bacharel de Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Me. Ricardo Luis Silva

São Paulo 2016


Agradecimentos e Dedicatória Primeiramente gostaria de agradecer aos meus pais pois sem eles nada seria possível. Agradecer por todo o estudo proporcionado até hoje, por toda a educação, caráter, e o principal, me ensinaram a nunca desistir dos meus sonhos, independente dos obstáculos. Aos meus amigos por estarem ao meu lado o tempo todo, nos piores e melhores momentos da vida pessoal e acadêmica, por me ensinarem a aproveitar cada dia e por terem tornado os meus dias mais felizes. Ao meu orientador por ter tido paciência, me mostrado que eu era capaz de realizar e ir atrás dos meus objetivos, pela troca de conversas, experiências e vivências e por me apresentar novos meios alternativos de pesquisa. Aos meus professores por terem dividido todo o conhecimento e experiência, pela calma de cada um deles e por sempre acreditarem que nós somos o futuro. E ao meu cachorro, nhoque, por ter ficado ao meu lado nos dias em que passei dedicado a faculdade.

Por todos estes motivos, dedico esta pesquisa a todos eles, sem exceções.


“ Em essência, caminhar é uma forma especial de comunhão entre pessoas que compartilham o espaço público como uma plataforma e estrutura ” GEHL, Jan.


Resumo

Abstract

A rua como conhecida atualmente, composta por suas calçadas, árvores, postes de luz entre outros elementos, tem como função favorecer um caminhar despreocupado, proporcionar encontros e acontecimentos e promover um melhor convívio entre pedestres e automóveis, raramente ocorre desta maneira.

The street as known now-a-days, comprised by sidewalks, trees, light poles, and others elements, has the function to promote a carefree walk, to provide meetings and events and promotes a better interaction (relation, living - search the better) between pedestrians and cars, however it’s not always like that.

Através de estudos e projetos que enfatizam estreitar a relação entre o espaço da cidade, seus elementos urbanos e pessoas, a experiência de estar nestes espaços se torna mais prazerosa e convidativa para o caminhar e o estar.

Through studies and projects that emphasize on strengthening the relationship between city and urban elements, like ourselves, the experience of being in these spaces becomes more pleasant and inviting to walk and stay.

Esta pesquisa consiste em estudar um trecho da Rua Gomes de Carvalho, na Vila Olímpia a qual possui inúmeros impasses que carecem de uma atenção maior.

This research studies one stretch of street Gomes de Carvalho, in Vila Olimpia which has numerous issues that require further attention.

Através de um trabalho de campo que consiste em mapeamentos diversos, registos fotográficos, entrevistas, croquis e estudos de referências, entender como requalificar esta área é essencial, sempre priorizando os pedestres, levando em consideração seus fluxos e problemas.

Through field work consisting of the creation of several maps, photos video records, interviews, sketches and study of references, understanding how reclassify this area, giving priority to pedestrians, considering their flows and problems.

Palavras-chave: Espaço Urbano, Experimentações, Pedestres.

Key-words: Urban, Requalification, Experimentations, Pedestrians.

Requalificação,


Sumário 1. Introdução

10

2. Processo Metodológico Pesquisas Etnográficas Levantamentos Recortes Entrevistas Maquetes

13 14 15 20 22 23

3. Sistematização dos Problemas Calçadas Comércio Ambulante O vem e vai dos não pedestres Mistura dos usos Novo Restaurante

25 26 27 28 29 29

4. Pedestres

30

5. Estudos de caso

33

6. Proposta + Projeto Final

39

7. Considerações Finais

58

8. Lista de Imagens

59

9. Referências

61


Introdução Antes mesmo do semestre de TCC na faculdade, o tema da pesquisa já estava claro e objetivo, planos já tinham sido traçados e referências sido pesquisadas. Porém, um espaço de meu cotidiano que possuía brechas e possibilidades de futuras intervenções e possíveis estudos se tornou visível. brasil

são paulo

Localizado na Zona Sul de São Paulo, o bairro da Vila Olímpia encontra se na posição de ser um dos grandes centros financeiros da cidade, comportando grandes empresas nacionais e internacionais de diversos ramos de atividade. O fluxo de pessoas no bairro é numeroso em horários e dias comerciais, e aos finais de semana se divide em fluxos dos moradores do bairro e no público em busca do lazer. Em razão de esta área abranger um grande polo comercial e dividir espaço com uma área residencial, os meios de transporte para se chegar ao bairro são vastos, tendo acesso pelas vias locais, por 5 avenidas (Avenida Santo Amaro, Avenida dos Bandeirantes, Avenida Juscelino Kubitschek, sendo cortada ao meio pela Avenida Faria Lima e Avenida Hélio Pellegrino), estando próximo da Marginal Pinheiros, possuir pontos de ônibus e ciclovias, além da estação Vila Olímpia de trem da linha 9 Esmeralda, pertencente a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). O lugar de estudo desta pesquisa é o final da Rua Gomes de Carvalho até o seu encontro com a Rua Funchal, fazendo parte também a Rua Beira Rio, localizada próxima a rua de estudo, além da Estação de Trem. O trecho estudado, destacado em vermelho no mapa a direita, se divide entre dois principais usos, um fluxo constante de pedestres e um pequeno comércio ambulante de rua.

região metropolitana de são paulo

O objetivo desta pesquisa é estudar um trecho de uma rua do bairro da Vila Olímpia através de Experimentos Etnográficos. Compreender o trecho pesquisado através dos levantamentos, coleta de referências para o auxílio da pesquisa e perceber quais as reais necessidades deste espaço, são fundamentais para elaboração final de uma proposta cabível para o espaço, onde todos os fluxos e usos possam atuar mutuamente, o bem-estar individual e coletivo seja prioridade e o espaço gerado seja convidativo para as pessoas.

Pág. 10


parque do povo

aJ

nid

e Av

lino

e usc

Ku

ck

he

sc bit

Av ida en id ed Ch

prédio comercial

fet Ja

shopping jk

Rua

ena

Hel

prédio comercial

marginal pinheiros

São

é

Tom

da

me

Ala

Rua

Raja

área de estudo

ia

nchal

agl

Gab

Rua Fu

Rua Coliseu

Rua

e es d

Gom

o

valh

Car

Rua Gomes de Carvalho

estação vila olímpia ciclovia rio pinheiros

Ru

a

Be

ira

Ri

o Av

so rdo

a

Dr C

rio pinheiros

Figura 1: Localização da Área de estudo, visão Macro Fonte: Base GEGRAN + Intervenção do autor

ntes

deira

s Ban

Av do

de

lo

Me


Pรกg. 12


Processo Metodolรณgico

Pรกg. 13


Processo Metodológico Pesquisa Etnográfica

Diante dos problemas encontrados, assumi um papel ativo nas atividades locais por um período de tempo indeterminado, que me colocaram em contato direto com a rotina diária deste espaço. O investigador, de uma forma geral, recorre tanto ao método qualitativo como ao quantitativo para desenvolver o seu trabalho, sempre contestando os fatos existentes. A base de uma pesquisa etnográfica é o trabalho de campo. Este tipo de pesquisa baseia-se em observação e levantamento de hipóteses, onde o investigador procura descrever, através de sua interpretação, o que está acontecendo no contexto pesquisado, levando em consideração quaisquer que sejam as informações que possam constituir um horizonte de possibilidades daquilo que se observa. Unir conhecimentos arquitetônicos e urbanísticos à minha função de observador, investigador e crítico, faz com que a pesquisa seja vista por um olhar singular onde detalhes como as sombras das árvores, os jogos de luz, o fluxo das pessoas, os diferentes tipos de pisos e detalhes como o impacto da falta de mobiliário urbano começam a aparecer. Com o intuito de recolher informações e dados que são inacessíveis a uma pessoa passageira pelo lugar, o trabalho consiste em diferentes etapas como entrevistas, mapeamentos, rascunhos, conversas e registros fotográficos, citados no decorrer deste capítulo. Assim, o trabalho de campo é o foco principal da pesquisa, os dados coletados e analisados pelo pesquisador através de seu diário de bordo, constitui um horizonte de possibilidades e tendem a responder as questões que surgem no decorrer do processo. Como referência, em Outubro de 1974 o autor Georges Perec resolveu se instalar em uma cafeteria em Paris por três dias consecutivos. Ele anotava tudo o que via, desde as nuvens, o clima, os automóveis até os animais que passavam, em suas inúmeras anotações, exemplificava a ignorância que temos em “ver’’ e não enxergar a cidade como ela é. Descubra o ritmo (...) ler o que está escrito na rua (...). Decifrando um pedaço de cidade, deduzir provas (...). Decifrando pedaço de cidade. Seus circuitos (...). As pessoas na rua: de onde elas vêm? (...) O tempo passa. (PEREC, 1999, p. 85-8)

Pág. 14

Estudos iniciais sobre o espaço da pesquisa.


Processo Metodológico Levantamento

Para uma melhor compreensão da área a ser estuda, um levantamento da situação atual foi realizado, informações dos tipos de usuários, usos, elementos urbanos entre eles árvores, postes, placas, do que é composto o entorno, tipos de pisos entre outros aspectos que serão vistos na pesquisa, foram recolhidos por meios de esboços manuais, registros fotográficos e alguns rascunhos. Este levantamento foi realizado através de registros fotográficos no nível da rua e no terraço de prédios vizinhos, juntamente a anotações, das quais eram marcados dias e horários em que as fotos eram feitas, assim, formavase uma espécie de diário de bordo. Com estes dados, este diário estava disponível para consultas ao decorrer da pesquisa, detalhando as vivências mais exatas, proporcionando um resultado fiel à realidade.

Figura 02: Foto do local. Fonte: do Autor.

Figura 03: Foto aérea do local. Fonte: do Autor.

Figura 04: Foto do local. Fonte: do Autor.

Figura 05: Foto do local. Fonte: do Autor.

Figura 06: Foto do local. Fonte: do Autor.

Figura 07: Foto área do local. Fonte: do Autor.

Figura 2: Dia 17/04, Domingo, ás 17 horas Figura 3: Dia 18/04, Segunda-feira, ás 09 horas Figura 4: Dia 24/03, Quarta-feira, ás 20 horas Figura 5: Dia 23/02, Terça-feira, ás 08 horas Figura 6: Dia 08/08, Segunda-feira, ás 12 horas Figura 7: Dia 29/09, Quinta-feira, ás 16 horas

Pág. 15


Rua Gomes de Carvalho

Rua hal

c Fun

Ru

aB

ei

ra R

io

Figura 09: Exemplo do Comércio existente. Fonte: do autor.

Comércio

Árvores Consolidadas Novas Árvores

Estacionamentos

Pequenas Árvores Hidrante

Serviço

Sem Uso

Estação Vila Olímpia

Figura 08: Mapa de Uso e Ocupação do Solo Fonte: do autor.

Figura 11: Exemplo de Elementos Urbanos. Fonte: do autor. Sinalização Lixeira

Semáforo Postes de Luz e Energia

Placa de Rua

N Pág. 16

Figura 10: Mapa de Localização dos Elementos Urbanos. Fonte: do autor.


Dentro do levantamento dos ambulantes mostrado ao lado e seguindo a numeração, o comércio se divide em cinco categorias onde cada uma possui uma cor representante: 6 8

7

9

10

5

4

3

12 13 11

14

2

1

18 15

16

17

Eletrônico: 1, 8, 9 e 17. Roupas e Bolsas: 3, 4 e 11. Comidas Salgadas: 5, 7, 10, 12, 14 e 16. Comidas Doces: 2, 15 e 18. Bebidas: 6 e 13.

Além da divisão de categorias, pode-se dividi-los por horários em que se encontram no local: Das 06:00 horas até ás 13 horas: 5, 8, 6, 2, 16, 17 e 18. Das 18:00 horas até ás 20 horas: 12, 11, 7, 10, 14, 15 e 17. De manhã até de noite: 3, 4, 1, 9 e 13. Apenas aos Finais de semana: 14 e 1. Estes dados coletados são resultados de alguns dias de levantamento onde apenas alguns ambulantes possuem lugares fixos, por isso, este mapa com os dados representam uma realidade próxima da atual.

Figura 12: Mapa de Localização dos Ambulantes Fonte: do autor.

N

Figura 13: Foto do Comércio Ambulante Fonte: do Autor. Pág. 17

Figura 14: Foto do Comércio Ambulante Fonte: do Autor.

Figura 15: Foto do Comércio Ambulante Fonte: do Autor.


Figura 17: Foto do fluxo durante a semana Fonte: do Autor. Fluxo: Segunda a Sexta 08hrs ás 13 hrs e 16hrs ás 20 hrs

Fluxo Intenso de Pedestre Fluxo Leve de Pedestre

Fluxo Intenso de automóveis Fluxo Leve de automóveis

N

Figura 16: Mapa de Fluxo 1 Fonte: do Autor.

Figura 18: Mapa de Fluxo 2. Fonte: do Autor.

Fluxo: Sábados e Domingos

Fluxo Leve de Pedestre

Fluxo Leve de automóveis

N

Figura 19: Foto do fluxo durante o final de semana Fonte: do Autor. Pág. 18


Pรกg. 19


Processo Metodológico Recortes

Em virtude do levantamento, registros fotográficos foram feitos em ângulos, dias e horários distintos. Como forma de pesquisa, registrei diferentes pessoas, árvores novas e outras mudas, postes de luz e de energia sem manutenção com adesivos e panfletos colados, placas de sinalização seminovas, um único semáforo funcionando e uma lixeira lotada. Tudo isso em dias e horários distintos. Mediante aos registros fotográficos, quis compreender individualmente cada elemento que compõe aquele local por meio do processo de recortes, onde cataloguei os elementos que constituem o espaço e assim, percebi qual o público que utiliza aquela área, se existe carência de algum elemento e a visível ligação que eles têm entre si.

Sinais Sinalização Placas

O espaço acontece pela ligação que cada elemento tem com outro, sejam eles estáticos como os postes, ou em constante movimento como os transeuntes.

Árvores Vegetação Sombra

Descarte Água Lixo Pág. 20


transeuntes Usuรกrios Pessoas

Pรกg. 21


Processo Metodológico

Entrevista 01

Entrevistas

Nome: Carlos Produto: Pães Pontos Positivos do local: Rotatividade de pessoas

A presença forte do comércio ambulante no local é perceptível, compreender os motivos de estarem ali praticamente diariamente, é uma parte essencial para a pesquisa. Por eu ser um frequentador assíduo do local há alguns anos, diversas vezes já presenciei equipes da prefeitura e policiais vistoriando o local atrás dos ambulantes por estarem praticando o comércio ilegal de mercadorias. Para que houvesse esta aproximação e esse contato inicial com os trabalhadores locais, idealizei um questionário com perguntas simples e objetivas que não iriam expor a identidade de nenhum comerciante, e as respostas obtidas iriam auxiliar na elaboração do projeto final, para que assim, fosse satisfatório para todos. Após algumas tentativas, um grande bloqueio por parte deles aconteceu, por terem medo da exposição todos os entrevistados não deixaram fotografar suas barracas e quando perguntados seus nomes omitiram, sendo assim, nomes fictícios foram dados e serão usados, pois, esta informação é irrelevante para com a pesquisa. As entrevistas foram feitas e após o encerramento delas, compreendi que o medo trabalha junto com eles em todas as barracas. Os medos mais frequentes são de terem as mercadorias apreendidas, de perderem a única renda familiar, de não saberem para onde vão se o pior (grandes empresas investirem naquele espaço ou até de serem presos) acontecer, entre outros sentimentos que todos suportam diariamente.

e a localização

Pontos Negativos do local: Desorganização Quanto tempo está neste ponto: 6 anos e só sairá se

o “mercado” mudar

Entrevista 02 Nome: Luciene Produto: Roupas em geral Pontos Positivos do local: Reside perto, não paga

condução e come em casa Pontos Negativos do local: Não possuir a licença para vender, comentou que o governo não agiliza o processo e nem libera para este tipo de comércio Quanto tempo está neste ponto: 1 semana

A percepção dos comerciantes se desenvolveu mais no ato de observar do que de entrevistar, mesmo que tenha realizado apenas 3 pesquisas formais, as conversas indiretas que tive fluíram melhor, como um batepapo, trazendo mais retorno a pesquisa.

Pág. 22

Entrevista 03 Nome: Maria Produto: Roupas Pontos Positivos do local: Localização e por vender

mais barato do que a região cobra Pontos Negativos do local: O olhar das pessoas em relação a eles e o lixo Quanto tempo está neste ponto: 3 meses


Processo Metodológico Maquetes

A utilização de maquetes de estudo sejam elas volumétricas ou simples, se tornaram uma parte relevante no desenvolvimento de projetos realizados no período acadêmico, junto ao desenho 2D adotar o uso de protótipos permite novas possibilidades e soluções para o projeto.

A próxima maquete foi realizada na escala 1:750 pois nos apresenta uma visão Macro da situação, a qual possibilita entender os vizinhos imediatos, os fluxos intensos, as vias de acessos e propor hipóteses de intervenção.

Paralelamente ao levantamento e já com algumas informações coletadas, senti a necessidade de produzir algumas maquetes, em diferentes escalas para ter uma compreensão total do lugar. Elas possibilitaram um entendimento micro e macro da área, além de servirem de base para futuros estudos de projeto. A primeira a ser realizada foi feita na escala 1:200, conforme a imagem a seguir, nela o terreno já está finalizado. Nota-se que o desnível deste terreno é suave e o maior ocorre atualmente por conta do projeto do corredor de saída da Estação de Trem, e não pelo terreno em si. Ao fazer o trajeto da estação até a Rua Funchal, esse desnível de menos de um metro é imperceptível

Figura 23: Foto da finalização da primeira etapa da maquete 1:200: Terreno com as curvas de nível. Fonte: do Autor.

Figura 24: Fotos da maquete 1:750: Terreno com os vizinhos imediatos e quarteirões + estudos. Fonte: do Autor.

Pág. 23


Pรกg. 24


Sistematização dos Problemas

Pág. 25


Sistematização dos Problemas Por ser uma área com um fluxo intenso de pessoas em horários e dias distintos e possuir diversos usos, este trecho conta com alguns impasses que contribuem para a generalização do caos e complicações ao local.

Calçadas A calçada é parte essencial e fundamental para o pedestre caminhar em um espaço público, lhe garante segurança por separar pessoas dos automóveis e tranquilidade ao andar. Dentro do meu levantamento notei que algumas partes das calçadas do terreno estudado possuem problemas em relação as suas dimensões, aparentemente não foram projetadas para suprirem a demanda de fluxo de pedestres. Se caminhar em sentindo a Rua Funchal deixando a estação para trás, verá que a calçada do lado direto possui uma largura distinta a outra, gerando problemas de circulação, onde os pedestres não veem outra saída a não ser ir pela rua.

Figura 25: Tipologia da calçada encontrada no local estudado Fonte: do Autor.

Pela ausência de manutenção, existem alguns buracos, rachaduras e em casos isolados, alguns pisos soltos, o que apenas dificulta ainda mais o andar. Pela ausência de lixeiras na rua, é visível os entulhos de lixo encontrados.

Pág. 26

Figura 26: Exemplo do lixo encontrado no local estudado. Fonte: do Autor.

Figura 27: Exemplo do lixo encontrado no local estudado e a dimensão da calçada. Fonte: do Autor.


Sistematização dos Problemas Comércio Ambulante

Além de todos os contratempos ocasionados pela calçada, acontece um centro comercial em distintas bancas diluídas, gerenciadas por ambulantes no espaço de travessia dos pedestres. Os produtos vendidos variam de ambulante, onde existem produtos distintos como roupas masculinas e femininas, de inverno a verão, de crianças até adultos; alimentos como doces, lanches, pães, sucos, balas até aparelhos eletrônicos como celulares, fones de ouvido, cartões de memória e capas de celular, como cita Sarlo, 2014, a rua permite um acúmulo que é imediatamente vivido como cenografia. Se comparados a uma loja física, o balcão seria uma lona de plástico, as diversas ripas de madeira erguem a estrutura de um possível balcão, cabides e fios amarrados no muro do estacionamento formam a vitrine, a rua se transforma no cesto de lixo e o carro de onde os vendedores chegam de manhã, é o estoque, nos quais ficam estacionados em frente a “loja”.

Figura 29: Croquis dos ambulantes - Eletrônicos. Fonte: do Autor.

Reunidas as informações, estes ambulantes vendem seus produtos nesta localidade por conta do fluxo de pessoas, da procura por produtos mais baratos, onde o retorno financeiro é mais rentável por ser uma região de alto padrão, muitos estão lá por falta de espaço no mercado de trabalho, além de viverem com o medo diário de terem suas mercadorias apreendidas, por estarem ilegalmente no local.

Figura 28: Croquis dos ambulantes - Roupa. Fonte: do Autor.

Com um certo receio e um medo da exposição que eles teriam, poucos se manifestaram e cooperaram em responder algumas perguntas simples, alguns até, omitiram a verdade. Questões como, o porquê da escolha do lugar, idade, nome e se possui alguma profissão foram de difícil resposta, mas de uma maneira interpessoal, algumas informações foram faladas.

Figura 30: Croquis dos ambulantes - Comida. Fonte: do Autor.

Maria, já citada nas entrevistas, levantou um ponto curioso sobre o estar em cima da calçada junto a seu comércio, afirma que foi o espaço que conseguiu para vender e como consequência, ignora diariamente o olhar das pessoas, pois ela sabe que atrapalha o ir e vir delas, mas que está apenas trabalhando, assim como muitos que veem ao bairro para isso.

Pág. 27


Como já visto antes, por conta dos prédios comerciais da região, motos e bicicletas percorrem aquele trecho para fazerem entregas ou utilizam-se da rua como uma alternativa de percurso, indo a favor ou contra a direção da mesma.

Figura 31: Croquis dos ambulantes - Bebidas. Fonte: do Autor.

A grande maioria dos ambulantes já possuem um lugar delimitado na rua, em alguns casos, percebi como alguns fatores influenciaram nesta escolha entre eles, a árvore que proporciona sombra e serve de apoio para alguns cabos de sustentação e os muros dos estacionamentos que servem como apoio das costas dos vendedores ou apenas para sustentação dos produtos. Por terem medo da exposição e de serem expulsos, utilizei croquis para demonstrar os modelos de barracas encontradas no local atualmente.

Figura 32: Movimento a noite de carros e pedestres Fonte: do Autor.

Sistematização dos Problemas O vai e vem do não pedestres

Existem três prédios comercias que possuem as entradas e saídas das garagens próximas ao trecho estudado. Foi observado que a parcela dos frequentadores destes prédios que chegam por transporte público é maior dos que chegam por automóveis particulares. Logo na saída da Estação, encontra-se um ponto de taxi, que basicamente supre a necessidade dos usuários que estão de saída, ou então, quando a estação é o destino final. Por ser uma região que abriga diversos empreendimentos comercias e de serviços, um parque e polos comerciais como os shoppings, existem quatro estacionamentos próximos ao trecho estudado, que suprem está carência de vagas dos prédios e das ruas do entorno. Pág. 28

Figura 33: Movimento a noite de carros e a calçada como estacionamento Fonte: do Autor.


Sistematização dos Problemas Mistura dos Usos

Considerando os fatores citados anteriormente acontecerem no mesmo trecho, o resultado não poderia ser outro senão uma desordem de uso. Situações que são normais atualmente, não deveriam ser, como pedestres dividindo o espaço da rua juntamente com os carros e bicicletas em diferentes sentidos, por conta da obstrução das calçadas ocasionada pelos comerciantes. Alguns pedestres e carros passando por cima dos lixos gerados pelos comerciantes ocasionando mau cheiro e sujeira, entre outros acontecimentos que dependem de um planejamento adequado. Como já mostrado nos levantamentos, o local não possui muito elementos que colaborem para funcionamento do espaço, pelas calçadas serem estreitas, nos horários de pico o local se torna movimentado e barulhento, e fora deste horário, ficam apenas os sons dos carros da Rua Funchal e das pessoas conversando. Existem poucas árvores atualmente no local, porém as de grande porte que existem refrescam o clima local deixando-o agradável de se estar e caminhar.

Figura 34: Intervenções na cidade pelo estudio 6EMEIA. Fonte: 6EMEIA.

A ideologia do grupo 6EMEIA pode ser bem utilizada para explicar um pouco mais este tema. Eles acreditam em um diálogo entre arte, pessoas e a cidade, assim, utilizam-se de elementos como bueiros, faixas de pedestres, postes de luz como base de suas intervenções, e acreditam que grande parte dos problemas das cidades podem ser resolvidos simplesmente com a troca de postura perante o uso compartilhado do espaço público.

Sistematização dos Problemas Novo Restaurante

No meio do processo da pesquisa, um grande estabelecimento comercial da área de fast food, se instalou dentro do perímetro de estudo. Por ser um comércio com grandes investimentos, e destinado a um grupo social, algumas alterações no entorno foram realizadas. Por meio de conversas indiretas com os transeuntes, funcionários e observações próprias em dias e horários diferentes, pude perceber o impacto que a rua sofreu após a chegada do restaurante, e os relatos e observações a seguir, é um aglomerado de todos estes processos. O policiamento que antes era feito esporadicamente, se tornou rigoroso e presente em todos os dias com carros e motos, onde os mesmos davam Pág. 29

apoio aos funcionários da prefeitura, que vinham em grandes carros de remoção e limpeza. Ambos trabalharam em conjunto para que o comércio ambulante não voltasse a atuar no local, para que o mapeamento daquele trecho através da ferramenta Google Street View, que fotografa as ruas da cidade, fosse realizado sem os ambulantes. Porém esta ação de policiamento não durou muito tempo, foi apenas no período de inauguração do restaurante, aos poucos o comércio ambulante foi voltando para a rua e atualmente estão por lá, a única mudança que ficou presente foi a implantação de uma ciclofaixa.


Pedestres Pรกg. 30


Pedestres Esta pesquisa tem como foco uma melhor vivência entre todos os usos e seus usuários encontrados neste espaço estudado, desde o começo, priorizando os pedestres e mantendo uma relação direta com a cidade, assim como enfatiza Gehl: Em essência, caminhar é uma forma especial de comunhão entre pessoas que compartilham o espaço público como uma plataforma e estrutura. (GEHL, Jan. 2013, pág. 19). Por ser um grupo mais sensível a acidentes e estar mais livre ao andar, o atropelamento nas médias e grandes cidades, se tornou um dos principais acidentes de trânsito. Um levantamento feito pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostrou que cerca de 750 pedestres e motoqueiros morreram por atropelamento em 2006.¹ Ser pedestre resulta em grandes vantagens, seja física e saudável, como também possibilita uma sensação de prazer e relaxamento, em que ao caminhar se ter maior facilidade em admirar, conhecer e descobrir muita coisa interessante na cidade em que mora e, principalmente sobre a sociedade com a qual convive.² Após executados os levantamentos, estudos, croquis, registos fotográficos e a vivência no local, observa-se que grande parte dos pedestres estão em um fluxo intenso e constante entre a estação de trem e a Rua Funchal. Uma pequena parcela se mistura neste volumoso fluxo, algumas pessoas que optam por uma alimentação mais rápida encontrada nas barracas de comida, onde comem em pé por falta de bancos e cadeiras e fumantes que se encostam em muros pois não há espaço dedicado a eles

¹ Atropelamentos são os acidentes mais frequentes em grandes cidades; saiba como agir! Disponível em: http://www.pgadvogados.com.br/pg_na_midia/mostrar/atropelamentos_sao_os_acidentes_mais_frequentes_em_grandes_cidades;_saiba_como_agir_ Acessado em 17 de Maio de 2016. ² Respeito ao pedestre: Modelo de Brasília e as vantagens de andar Disponível em: http://www.educacao.cc/transito/respeito-ao-pedestre-modelo-de-brasilia-e-as-vantagens-de-andar/ . Acessado em 17 de Maio de 2016.


Pรกg. 32


Estudos de Caso

Pรกg. 33


Estudos de Caso Como parte do processo de estudo, referências similares com as desta pesquisa foram buscadas pela sua relevância em questões de novas soluções, além de compreender a metodologia usada por outras pessoas com circunstâncias semelhantes.

23 Sul Um dos estudos encontrados foi o de um concurso fechado para o projeto de requalificação urbana e segurança viária da área 40 em São Miguel Paulista. Realizado pela Iniciativa Bloomberg de Segurança no Trânsito (BIGRS) com o apoio da Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP) e da WRI Brasil Cidades Sustentáveis, o projeto tinha como objetivo à redução de mortes no trânsito e promoção de segurança viária entre pedestres e ciclistas. A região de São Miguel concentra grande volume de pedestres, sendo necessárias velocidades menores para promover condições seguras e confortáveis de circulação a esses usuários, que ainda representam o maior número de vítimas no trânsito em São Paulo. Este estudo demonstrou que os pedestres eram os usuários mais vulneráveis do sistema viário, onde a convivência pacífica e a redução de acidentes e atropelamentos era o foco do estudo. Como solução, 56 placas verticais de sinalização, advertência e educativas de regulamentação serão utilizadas, além de 46 m² de sinalização horizontal nas vias afetadas pela mudança. O escritório ganhador foi o 23 Sul. Compreender o processo do escritório para o planejamento deste projeto foi de grande aprendizado, eles dividiram-no em 3 fases: fundamentais, complementares e futuras, além de obra civil e sinalização. Relacionando o estudo de caso desta pesquisa a referência de metodologia apresentada, idealizar a hipótese de planejamento da obra em fases, é uma saída cabível ao trecho estudado.

Pág. 34

Figura 35: Projeto vencedor do escritório 23 SUL para área 40 em São Miguel Paulista. (Fonte: Archdaily).


Micro Planejamento Através da leitura do livro Micro Planejamento - Práticas Urbanas Criativas de Marcos L. Rosa 2011, percebi como o autor decompõe na introdução o termo Micro Planejamento, e assim, ao decorrer da leitura, ele esclarece a importância do urbano e da função do arquiteto. Como parte das análises ele apresenta símbolos com definições, que serão utilizados nas apresentações das intervenções no decorrer do livro. Rosa também agrupa os elementos-chaves que compõe cada lugar estudado em forma de recorte, onde nomeia cada objeto e logo em seguida, sua função ou possíveis usos.

Figura 37: – Observatório (Fonte: BUENO,2015).

Figura 39: – Corporate (Fonte: BUENO6, 2005).

Figura 38: – Painéis para Workshop. (Fonte: BUENO).

Figura 40: – Janela da Esquina do meu primo. (Fonte: BUENO, 2011).

Figura 36: Exemplificações de categorização do autor. (Fonte: ROSA, 2011, pág. 108).

Juliana Russo e Daniel Bueno Juliana Russo e Daniel Bueno são dois artistas que tem em comum trabalhos que representam a sociedade, as pessoas e a cidade de forma singular, através de colagens, desenhos e cores especificas, em suas manipulações a essência de cada pessoa é retratada de tal maneira que intriga quem as olha, transformando a rotina do dia a dia em composições únicas. Pág. 35

Figura 41: Croquis e experimentações da ilustradora Juliana Russo. (Fonte: GG Brasil).


6EMEIA Moradores do bairro da Barra Funda, os artistas Anderson Augusto e Leonardo Delafuente criaram o projeto duo 6emeia, o qual leva vida e bom humor a todos e provam que arte não precisa necessariamente estar emoldurada ou pendurada em galerias e museus. Segundo descrição dos próprios artistas, o objetivo é modificar o meio ao qual todos vivemos propondo um novo olhar e uma reflexão em cima de temas gerados pelo trabalho inusitado e criativo, que consiste em pintar bueiros, postes, tampas de esgoto e qualquer outro objeto que construa o cenário urbano.

Figura 45: Intervenção do estúdio 6EMEIA (Fonte: Nous Aimons L’Art). Figura 44: Intervenção do estúdio 6EMEIA (Fonte: Noize).

Escritório White O centro de Malmö, na Suécia, costumava ser um lugar bem calmo e não muito movimentado. Devido a uma nova estação de metrô, o lugar passou a ser um dos mais vivos da cidade, após o escritório White ganhar o concurso de um projeto urbano em volta da nova estação. Com elementos simples como piso de concreto flexível de 2 por 3 m que podem ser retirados facilmente para abrigar alguma exposição e evento temporários, até o uso de bancos e iluminação simples que suprem a necessidade do local, além de uma fonte de água e ser interligado com a rede de transporte pública do local, o que transmite mais segurança aos pedestres.

Figura 42: Foto do Projeto já realizado. (Fonte: Archdaily).

Figura 43: Foto do Projeto já realizado. (Fonte: Archdaily). Pág. 36

Figura 46: Implantação do projeto do escritório White. (Fonte: Archdaily).


Ocupe o largo

Guia do Espaço Público

Movimento 90

A Batata Precisa de Você foi uma das 35 iniciativas selecionadas em 2014 na categoria C, para grupos/coletivos de pessoas físicas do Edital Redes e Ruas, da Prefeitura de São Paulo.

Este guia traz informações importante e fundamentais sobre o Espaço Público. Ele oferece ideias e práticas para ajudar cidadãos a criar e manter estes espaços através de ocupações urbanas e culturais, e foi baseado nos princípios da PPS (Project Public Spaces) uma organização sem fins lucrativos de Nova York.

O movimento 90 é um escritório que trabalha com projetos de impacto socioambiental que tem como causa o aumento de área verde em grandes metrópoles por todo o mundo. Através da instalação de jardins verticais, os parques verticais, em empenas cegas, muros, paredes internas e ou externas impactam a paisagem urbana no contexto urbano.

Ele começa descrevendo o que é espaço público e cada tema que envolve ele, e como e o que, nós cidadãos podemos fazer parar ter um ambiente público mais harmonizado. Dentro do texto, eles citam diversas iniciativas que usam a arte seja ela cénica, pintada, ilustrada para transformar ruas, praças e parques em ambientes seguros e convidativos.

A tecnologia usada por eles contém produtos retornáveis, reciclados além de material sintético. Entre as vantagens do jardim vertical está a melhora na qualidade do ar através da purificação feita pelas plantas e o aumento da umidade relativa do ar ao seu redor.

Ocupe o largo da batata é uma publicação bem clara e objetiva do coletivo A batata precisa de você, onde defendem o direito à cidade e reconhece que a permanência na rua torna a cidade mais viva. O Largo da Batata em Pinheiros São Paulo, foi o palco central durante 18 meses. Além do texto ser um mini manual de pensar ocupações regulares no espaço público de maneira colaborativa e acessível, eles incentivam outros grupos a fazerem o mesmo.

1

Figura 47: Capa do manifesto Ocupe o Largo. (Fonte: Largo da Batata).

Figura 48: Capa do Guia do Espaço Público (Fonte: Conexão Cultural). Pág. 37

Figura 49: Exemplo de Jardim Vertical (Fonte: Movimento 90).


Pรกg. 38


Pro

posta jeto

Pรกg. 39


Pรกg. 40


Pรกg. 41


Projeto Com o andamento da pesquisa, a percepção do urbano e de seus elementos, da rua e das calçadas, dos pedestres e dos ambulantes, enriqueceu por conta de todos os levantamentos feitos até o momento. Compreender e traduzir o lugar através destes estudos, ajuda a compreender a essência do urbano, como cita Rosa: Aceitamos a cidade real, como um produto de decisões políticas, projetos e vontades coletivas e pessoais e acreditamos existir nessa cidade enorme potencial para reorganização, rearticulação, recodificação. (ROSA, M. 2011, pág. 20).

Figura 52: Área Principal de atuação do projeto. (Fonte: do autor).

Como visto antes, o meio urbano é composto por diversos elementos que contribuem para um melhor convívio social, enfatizando-os de modo harmônico com a cidade e com este levantamento, certas experimentações projetuais aconteceram. Devemos considerar algumas questões da atualidade como a acessibilidade da Mobilidade Urbana que está em fase de expansão, os impasses ambientais, a redução de impactos ao meio ambiente e a interação das pessoas com a cidade, para que assim, levá-las em conta na hora de escolher quais caminhos deverão ser tomados para que haja uma proposta sensata.

Figura 53: Em laranja, destaca-se a área em que os pedestres têm atualmente para andar. (Fonte: do autor).

Pág. 42


Projeto Após realizados os levantamentos, ter vivenciado e compreendido o espaço urbano com todos os seus elementos, diferentes soluções começaram a surgir em meio aos croquis e estudos mais aprofundados, onde algumas propostas se destacaram. A primeira proposta que surgiu foi a de utilizar o terreno da garagem entre as ruas Gomes de Carvalho e Funchal para o projeto. Dentro de algumas tentativas, duas propostas se sobressaíram, uma delas mudava a rota dos carros, transpondo a rua atual para o terreno da garagem, assim transformando todo o espaço em um grande calçadão, e para não atrapalhar o fluxo de pedestres, uma singela ponte seria instalada para que fosse feita a travessia das pessoas.

Na proposta, a subutilização do estacionamento encontrado no cruzamento das ruas citadas anteriormente torna-se evidente por ser um lote amplo e que possui uma área equivalente a 3.800 m². Com esta área, um projeto de paisagismo, um centro comercial, áreas de estar e descanso podem ser projetadas e incrementadas dando ao lugar um ar requalificado, e um espaço mais urbanizado. Espaços conectados que funcionam bem durante as horas de pico da semana bem como nas manhãs tranquilas de domingo. Para o antigo estacionamento, foram delimitadas 3 funções: Distribuir o fluxo de pedestres, setorizar um polo comercial para os ambulantes locais e criar um novo acesso dos automóveis ao prédio comercial ao lado da estação. A segunda proposta, que escolhi para aprofundar os desenhos e estudos, transforma o terreno da garagem em uma grande praça que serve como base de transição para o fluxo atual intenso de pedestres. A proposta, que tem como ponto de partida a Estação Vila Olímpia, inicia-se na retirada da grade entre a saída da estação com a rua ao lado, o que torna mais ampla a entrada para o prédio comercial e o espaço de fluxo dos pedestres.

A instalação de lixeiras para um descarte adequado dos resíduos, um tratamento nas calçadas de ambos os lados e uma boa iluminação, são também principais diretrizes e partes essências para que esta proposta seja inclusa na rotina do local e supra suas necessidades atuais. Distribuído pelo projeto, existem diversos pontos de se estar e ficar, com sombra proporcionada pelas árvores, vistas para toda a extensão do projeto, interação com outras pessoas, ou se preferir, um canto individual. Pág. 43


-0,20

722,80

0,00 723

1,50

724,50

0,00

723

1,00 724

-0,20

722,80

-0,20

0,30

722,80

723,30

0,00

723

0,00 723

Implantação do Projeto No final do caderno, existe uma cópia desta implantação em escala 1:200 com uma visão e uma compreensão melhor do projeto como um todo.

Pág. 44


Ponto de partida da Paginação.

Piso O piso foi uma das primeiras premissas pensadas para este projeto, tendo em vista que após muito pesquisar e reunir referências, o desenho final sempre foi de ser um piso que indicasse leveza ao andar, contrastasse com o entorno e que fosse de fácil aplicação na hora implanta-los. O padrão visto acima se repete por toda malha do terreno, sua cor é uma variação de 3 tons diferentes de cinza que contrasta com a madeira da área comercial, e o verde presente em toda vegetação. A dimensão de cada peça do piso é de 1m por 2m e seu material é o concreto.

Pág. 45


Mobiliário Urbano Entender o projeto como um todo é essencial ao desenvolvimento do mesmo, cada elemento é relevante e precisar ser bem estudado para que o seu uso seja bem aproveitado. É fundamental que em projeto desta extensão, elementos como lixeiras e postes de luz apareçam. Aqui encontram-se lixeiras e objetos de iluminação de vários modelos, materiais e fornecedores dos quais pesquisei. Os modelos com a cor vermelha em volta foram os escolhidos para serem utilizados no projeto por serem de matérias e dimensões que mantém uma relação com o desenho proposto. As referências das imagens usadas para estudo serão descritas no final deste livro. Pág. 46


A

A

A iluminação atual não deixa a desejar no perímetro de estudo, mas com a implantação do projeto, uma nova rede deverá ser instalada. A iluminação acontece pelo uso de postes de luz altos espalhados por todo o espaço, balizadores baixos em áreas com mais vegetação e baixo fluxo de pedestres e na rua de trás, luzes altas para que o caminhar a noite seja feito sem preocupação. LEGENDA Poste de Iluminação

Poste de Iluminação 1m 5m

0,70 m

Lixeira

Planta de Iluminação Sem Escala

Luminária

0,35 m 0,70 m

0,45 m

0,35 m 1m

Pág. 47

Corte AA AA -- Demonstração Demonstraçãoda daluz Luz


Uma das observações da pesquisa levou-me a compreensão de que que a permanência dos ambulantes na rua não é exatamente um problema, sim o espaço que ocupam. Por isso foi pensado em um modo de ocupação coerente as dimensões da rua, onde são uma das premissas para o projeto. Foi pensado em uma maneira de desloca-los da área de passagem dos pedestres para inseri-los em um espaço mais amplo e adequado para seu trabalho, com área de estoque, saída e entrada de mercadorias e espaço interno aconchegante para receber os usuários. Com o projeto, nenhum ambulante seria retirado do local, e teria sua área garantida dentro do novo espaço, podendo assim, trabalhar agrupados por linhas de produtos diferentes. Planta - Comércio Escala 1:200

Para o espaço criado, foi projetado um teto verde com área verde, plantas e bancos instalado na cobertura do complexo de lojas, para que assim, mais um espaço de estar, sentar, relaxar e apreciar a vista fosse incluído no projeto.

46 m²

10,60 m²

46 m²

14,30 m²

Legenda Energia - Comércio de produtos eletrônicos

10,60 m²

14,30 m²

Área Total de 111,40 m²

Vestir - Roupas em geral Área Total de 92 m² Merenda - Comida doces e Salgadas e Bebidas Área Total de 57,60 m²

14,30 m²

Toiletes - Banheiro

Área Total de 21,20 m²

Área de Circulação do Comércio / Entrada e Saída de mercadorias

Pág. 48

14,30 m²

14,40 m²

14,40 m²

14,40 m²

14,40 m²


Corte AA

6,60

729,60

3,30

3,00

726,30

726

0,0

723

A

Pรกg. 49

A


Corte BB Corte BB 9,90

732,90

9,90

732,90

6,60

729,60

6,60

729,60

3,30

726,30

3,30

726,30

10 m 10 10 m m 10 m

1,50

1,00 0,00 723

0,00 723

724,50

724,00 724,00

2.70 2.70mm

1,50

1,00

724,50

33 m m 3m

33 m m 3m

44 m m

-0,20

722,80

2.70 m

-0,20

722,80

4m

B B

Contribui Este�camente para o cenário da cidade Contribui Este�camente para o Ameniza os problemas acús�cos e cenário da cidade a poluição sonora Ameniza os problemas acús�cos e Regula a temperatura e umidade a poluição sonora do ambiente Regula a temperatura e umidade do ambiente

Pág. 50

B B


VESTIR

Corte CC CC Corte

19 m 19 m 3,10

1m 1m

726,10

44 m m -0,20

1,90 mm 1,90

722,80

A arte pode ins�gar a cria�vidade das pessoas

0,20

-0,20

723,20

722,80

C C

Pode mudar a relação dos espaços com a cidade A rua se torna palco para grandes intervenções e infinitas possibilidades Arte feito pelo artista plástico Zezão

Pág. 51

C


ENERGIA ENERGIA

Corte DD Corte DD

0,60 723,60 0,60

0,00 723 0,00

-0,20 722,80 -0,20

723,60

723

-0,20 722,80 -0,20

722,80

3m 3m

1m 1m

722,80

3m 3m

Projeto: Palácio da Abolição Projeto: Palácio da Abolição Localização: Fortaleza - Ceará, Brasil Localização: Fortaleza - Ceará, BrasilDuarte Arq. Responsável: Robledo Valente Arq. Responsável: Robledo Valente Duarte Ano: 2011 Ano: 2011

Projeto: Museu do Amanhã Projeto: Museu Localização: Rio do de Amanhã Janeiro, Brasil Localização: Rio deSan�ago Janeiro, Calatrava Brasil Arq. Responsável: Arq. Responsável: San�ago Calatrava Ano: 2015 Ano: 2015

Referências de projetos que possuem Referências dee como projetos que ajudam possuem Espelhos d’água o uso deles o Espelhos d’água e como o uso deles ajudam o ambiente estar mais convida�vo e sereno. ambiente estar mais convida�vo e sereno.

Pág. 52

D D

D D


Corte EE Corte EE

3,10

726,10

3,10

726,10

3m

0,00 723

3m

0,00

-0,20

722,80

-0,20

723

722,80

5,10 m

6m

5,60 m

5,10 m

6m

5,60 m

Feito de Ferro, o mesmo material u�lizado dos pontos de Ônibus Feito de Ferro, o mesmo material u�lizado dos pontos de Ônibus Estes passadores são objetos de passagem,

E E

ponto de referência Estes passadores são objetos de passagem, ponto de os referência Compõe Elementos Urbanos do projeto Compõe os Elementos Urbanos do projeto

Pág. 53

E E


Elevação 01 Elevação 01

Elevação 02 Elevação 02

01

01

Pág. 54

02


Pรกg. 55


Pรกg. 56


Pรกg. 57


Considerações Finais Já com a pesquisa iniciada, me encontrei na posição de investigador do local, por ser um espaço que faz parte do meu dia a dia, estava confortável e com uma grande responsabilidade em mãos de projetar algo que fizesse parte da rotina da cidade, sendo assim, um espaço que proporcionasse um melhor convívio entre pessoas, e elas com o resto do local. O trabalho de campo foi fundamental para a pesquisa, mediante a levantamentos, croquis, fotos, conversas indiretas e a vivência, pude observar e compreender o local e todos os seus elementos com mais precisão. Alguns dos pontos principais vistos no levantamento, foram em relação ao comércio ambulante na rua, onde até então os ambulantes trabalham no meio da calçada e com o receio de que podem não trabalhar no próximo dia por estarem ilegais, e também a falta de espaços dedicados aos pedestres.

A cidade cada vez mais está criando condomínios e espaço privativos, fechados com grandes muros, onde se dividem do resto da cidade, projetar um novo espaço no meio urbano, como foco as pessoas é ter a segurança dos pedestres como fator determinante. Uma cidade viva se torna uma cidade mais valorizada, ter pessoas de diferentes grupos socioeconômicos circulando pelo mesmo espaço em seus afazeres do cotidiano é uma consequência destes fatores, afinal, qualidade para as pessoas e segurança para os pedestres devem ser preocupações básicas.

Em seguida do levantamento, ter pesquisado referências e experimentado tentativas para o local, auxiliaram a experimentar algumas soluções para as adversidades do espaço. Através do piso que contrasta com o entorno e indica um fluxo, os pedestres se sentem familiarizados com o projeto. Por ser a passagem de um grande fluxo de pessoas em horários e dias de pico, a implantação de áreas verdes arborizadas e espelhos d’água, transformam o local inserido no meio urbano em um espaço mais aconchegante e puro. O comércio instalado dentro do projeto proporciona um fluxo dos pedestres entre a estação e o bairro, separa pessoas dos automóveis e permite um convívio melhor entre todos os usuários do local. O fato de encontrar a destinação final de forma direta quando caminhamos, sem grandes desvios e hesitações, com o uso de novos elementos, iluminação adequada e sinalização, é sinal de qualidade urbana.

Pág. 58


Lista de Imagens Figura 01 | Localização da Área de Estudo Figura 02 | Foto do local Figura 03 | Foto área do local Figura 04 | Foto do local Figura 05 | Foto do local Figura 06 | Foto do local Figura 07 | Foto área do local Figura 08 | Mapa de uso e ocupação do solo Figura 09 | Exemplo do comércio existente Figura 10 | Mapa dos Elementos Urbanos Figura 11 | Exemplo de elementos urbanos Figura 12 | Mapa de localização dos ambulantes Figura 13 | Foto do comércio ambulante Figura 14 | Foto do comércio ambulante Figura 15 | Foto do comércio ambulante Figura 16 | Mapa de fluxo 1 Figura 17 | Foto de fluxo durante a semana Figura 18 | Mapa de fluxo 2 Figura 19 | Foto do fluxo durante o final de semana Figura 20 | Montagens de estudo sobre os elementos da rua Figura 21 | Recortes realizados por fotografias do autor Figura 22 | Recortes realizados por fotografias do autor Figura 23 | Foto da maquete 1:200 Figura 24 | Foto da maquete 1:750 Figura 25 | Tipologia da calçada Figura 26 | Exemplo de lixo Figura 27 | Exemplo do lixo e da dimensão da calçada Figura 28 | Croqui dos ambulantes - roupas Figura 29 | Croqui dos ambulantes - eletrônicos Figura 30 | Croqui dos ambulantes - comida Figura 31 | Croqui dos ambulantes - bebidas Figura 32 | Movimento a noite de carros e pedestres Figura 33 | Movimentos a noite de carros Figura 34 | Intervenção na cidade pelo estúdio 6EMEIA Figura 35 | Projeto vencedor do escritório 23 SUL Figura 36 | Exemplificações de categorização do autor Figura 37 | Observatório

11 15 15 15 15 15 15 16 16 16 16 17 17 17 17 18 18 18 18 19 20 21 23 23 26 26 26 27 27 27 28 28 28 29 34 35 35 Pág. 59


Figura 38 | Painéis para Workshop Figura 39 | Corporate Figura 40 | Janela da Esquina do meu primo Figura 41 | Juliana Russo Figura 42 | Foto do Projeto já realizado Figura 43 | Foto do Projeto já realizado Figura 44 | Intervenção do estúdio 6EMEIA Figura 45 | Intervenção do estúdio 6EMEIA Figura 46 | Implantação do projeto do escritório White Figura 47 | Capa do manifesto Ocupe o Largo Figura 48 | Capa do Guia do Espaço Público Figura 49 | Exemplo de Jardim Vertical Figura 50 | Croquis de estudo Figura 51 | Croquis de estudo Figura 52 | Área Principal de atuação do projeto Figura 53 | Estudos sobre a área de passeio atual Figura 54 | Proposta 01 Figura 55 | Proposta 02 Figura 56 | Implantação Figura 57 | Detalhamento do piso Figura 58 | Exemplo de luminária Figura 59 | Exemplo de luminária Figura 60 | Exemplo de luminária Figura 61 | Exemplo de luminária Figura 62 | Exemplo de luminária Figura 63 | Exemplo de luminária Figura 64 | Exemplo de luminária Figura 65 | Exemplo de luminária Figura 66 | Exemplo de luminária Figura 67 | Exemplo de luminária Figura 68 | Exemplo de luminária Figura 69 | Exemplo de luminária Figura 70 | Exemplo de luminária Figura 71 | Exemplo de luminária Figura 72 | Exemplo de luminária Figura 73 | Exemplo de luminária Figura 74 | Exemplo de lixeira Figura 75 | Exemplo de lixeira Figura 76 | Exemplo de lixeira Figura 77 | Exemplo de lixeira

35 35 35 35 36 36 36 36 36 37 37 37 40 41 42 42 43 43 44 45 46 46 46 46 46 46 46 46 46 46 46 46 46 46 46 46 46 46 46 46

Figura 78 | Exemplo de lixeira Figura 79 | Exemplo de lixeira Figura 80 | Exemplo de lixeira Figura 81 | Exemplo de lixeira Figura 82 | Exemplo de lixeira Figura 83 | Exemplo de lixeira Figura 84 | Planta de iluminação Figura 85 | Corte AA – Demonstração de luz Figura 86 | Planta comércio Figura 87 | Planta comércio – uso e área Figura 88 | Modelo do complexo de comércio Figura 89 | Corte AA Figura 90 | Corte BB Figura 91 | Corte CC Figura 92 | Corte DD Figura 93 | Corte EE Figura 94 | Elevação 01 Figura 95 | Elevação 02 Figura 96 | Croqui Figura 97 | Croqui Figura 98 | Croqui Figura 99 | Inserção do projeto na realidade atual Figura 100 | Inserção do projeto na realidade atual

Pág. 60

46 46 46 46 46 46 47 47 48 48 48 49 50 51 52 53 54 54 55 56 57 58 59


Referências A batata precisa de você. Ocupe Largo da Batata. Disponível em: < http://largodabatata.com.br/publicacao/>. Acesso em: 22 de Agosto de 2016. Archiproducts (luminárias e lixeiras). Disponível em: < http://www.archiproducts.com >. Acesso em 21 de outubro de 2016. Atropelamentos são os acidentes mais frequentes em grandes cidades. Disponível em: <http://www.pgadvogados.com.br/ pg_na_midia/mostrar/atropelamentos_sao_os_acidentes_mais_frequentes_em_grandes_cidades;_saiba_como_agir_/> Acessado em 17 de Maio de 2016. BARATTO, Romulo. Resultado do concurso de requalificação urbana e segurança viária em São Miguel Paulista. Archdaily, São Paulo, 19 de Fevereiro de 2016. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/782314/resultado-do-concurso-derequalificacao-urbana-e-seguranca-viaria-em-sao-miguel-paulista/> Acessado em 27 de Abril de 2016. CONEXÃO CULTURAL. Guia do Espaço Público. Disponível em:< http://www.conexaocultural.org/ >. Acesso em: 26 de Agosto de 2016. GEHL, Jan. Cidade para pessoas. Editora Perspectiva, Edição 02, 2014. MOVIMENTO 90º. Disponível em: < http://movimento90.com/home >. Acesso em 15 de Outubro de 2016. PEREC, Georges. Tentativa de esgotamento de um local parisiense. Original Tentative d’epuisement d’un lieu parisien, 1975. Respeito ao pedestre: Modelo de Brasília e as vantagens de andar. Disponível em: <http://www.educacao.cc/transito/respeitoao-pedestre-modelo-de-brasilia-e-as-vantagens-de-andar/>. Acessado em 17 de Maio de 2016. Revista Noize, out. 2009. Disponível em: < http://noize.com.br/projeto-6emeia-skate-na-usina-urbana/ >. Acesso em 23 de Setembro de 2016. ROSA, L. Marcos. Micro Planejamento: Práticas Urbanas Criativas. Editora De Cultura, 2011. RUSSO, Juliana. São Paulo Infinita. Editora Gustavo Gili, 2015. SARLO, Beatriz. A cidade vista: mercadorias e cultura urbana. Editora Martins Fontes, São Paulo, 2014. Artistas utilizados na elevação por ordem: ZEZÃO, Disponível em: < http://www.zezaoarts.com.br/galeria.php >. Acesso em 20 de Novembro de 2016. MINHAU, Disponível em: < http://www.sampacriativa.org.br/concurso-escolhe-grafite-para-tapume-da-linha-5-do-metro/ >. Acesso em 20 de novembro de 2016. CHIVITZ, Disponível em: < http://www.sampacriativa.org.br/concurso-escolhe-grafite-para-tapume-da-linha-5-do-metro/ >. Acesso em 20 de novembro de 2016. Pág. 61


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.