CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC SANTO AMARO
MAR TIN A O V IES S O U ZA R EU S
Arquitetura para crianças
Experimentações e processos de ensino
S ã o P a u l o 2 019
Arquitetura para crianças: Experimentações e processos de ensino
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Santo Amaro como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Martina Ovies Souza Reus Orientador: Prof. Dr. Ricardo Luis Silva São Paulo, 2019
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Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Reus, Martina Arquitetura para crianças: Experimentações e processos de ensino / Martina Reus - São Paulo (SP), 2019. 45 f.: il. color. Orientador(a): Ricardo Silva Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2019. 1. Arquitetura para crianc&#807as 2. Ensino de arquitetura. 3. Atividades didáticas. 4. Educação. 5. Pedagogia Waldorf I. Silva, Ricardo (Orient.) II. Título
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SUMÁRIO
Introdução ......................................................................................... ++! !!!!!"#$%&'()#!*'+'!#!,-$./# ............................................GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG!+c! !!!!!01$,1(2,-!/,!*+#3,$# ............................................GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG!+c! ! Fundamentação !!!!!4!'+5.%$,$.+'!6#7#!8'-,!/#!7.1/# ...................................................!+e! !!!!!9,/':#:%'!.............................................GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG!+k! ! Desenvolvimento !!!!!;-$./#-!/,!6'-#!...............................................................GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG!)+! !!!!!;-$./#-!1'!*+<$%6'!....................................................................GGGGGGGGGGG!)l! ! Projeto !!!!!=!:.%'!.............................................GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG!ce! !!!!!"'*'!/,!'$%&%/'/,-!....................................GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG!ck! !!!!!4$%&%/'/,-!*+#*#-$'-!.........................................GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG!cm! !! Considerações finais ............................................GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG!d) Referências bibliográficas ............................................GGGGGGGGGGGGGGGGGGGG!dc
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INTRODUÇÃO !"#$%&'()*+,+)-.)*+%-/01$)2,&)*$3&3.4)5+,)6073$+-) &'/+-).)*&-$%8&-999)5+,)02&-)6&0&)6&--&0):.%/.).)6&--&0) *+$-&-999)5+,);0<+0.-)#0+%3+-&-).%/0.)0$+-).)6+%/.-=) >?+)3.)*+%*0./+)&-)*$3&3.-4)>?+)3.)&-#&'/+4)@.)/$A+'+-() &:2&)+2)'&30$'8+-4)"-)*$3&3.-)-?+)#.$/&-)3.)/23+)$--+() ,&-)&%/.-)3$--+)/23+()-?+)#.$/&-)3.)6.--+&-).)3+-) <B%*2'+-)C2.).-/&D.'.*.,).%/0.)-$9)")*$3&3.)%&-*.)3&) %.*.--$3&3.)3.)2,)-.0)82,&%+).-/&0)A2%/+)*+,)+2/0+) -.0)82,&%+9)E&-*.)6&0&)+).%*+%/0+9F) ) GHIJ"()KLMN)) )
O presente estudo se iniciou com a vontade de trabalhar a arquitetura voltada para crianças, e uma das primeiras associações feitas a essas duas palavras juntas é: uma escola infantil; o que nunca foi o objetivo de projeto. Então qual seria o produto a ser alcançado? A partir de uma inquietação com a relação entre as crianças e a cidade no cenário atual, onde já não se brinca na rua e pais dão avisos de que a cidade é um ambiente perigoso, busquei sanar essa dúvida através de livros, vídeos, artigos e projetos que relacionassem as crianças e o espaço urbano, encontrando projetos como o Criança Fala, Cidade que Brinca e Urban95, que buscam uma cidade lúdica, segura e acessível para todos. Mas qualquer urbanista ou cidadão que usufrui da cidade sonha com um lugar assim, não é mesmo? O diferencial nas ações de grupos como esses é a visão das crianças no projeto, são projetos que põe a cidade e a criança na mesma escala, buscam por sua voz, trazendo suas ideias para a realidade e obtendo resultados surpreendentes. Cada indivíduo tem um olhar único para o mundo, e isso não é diferente nas crianças; o que as diferencia é seu olhar brincante e sua imaginação. Mas não podemos nos enganar, pois além dessa brincadeira toda, elas sabem o que há de errado no mundo, e sabem as melhorias que gostariam que fossem feitas onde vivem. Porém o que vemos é uma cidade pensada para o adulto, grande, já formado, sem tempo ou brincadeiras e com muita correria, uma cidade agressiva até mesmo para esses indivíduos. Então como será que as crianças se sentem em relação a esta cidade dura e apressada, numa escala desconexa da sua?
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! Poderia ler e pesquisar sobre o assunto em diversos lugares, mas como buscar respostas relacionadas às crianças, sem crianças? Para ter um contato maior com elas fui a um colégio e durante algumas semanas fiquei junto de duas turmas do período integral, a principio sem pretensão ou ideia alguma, apenas para observações, anotações e eventuais conversas. No primeiro encontro que tivemos eu estava de certa forma despreparada já que a ideia inicial era apenas observá-los, mas tive um horário inteiro livre para falar com os alunos e acabei por fazer uma espécie de oficina onde conversamos sobre as arquitetura e urbanismo, palavras termos como espaço e ambiente e foram apresentados desenhos de planta para que cada um desenhasse a sua casa ou uma casa em que gostariam de morar. Tendo sigo pega de surpresa nesse primeiro momento, não havia nada preparado ou pesquisas mais profundas sobre como abordar questões da arquitetura com as crianças, e com isso percebi que minhas ideias de projeto (que ainda eram muito abstratas) mudariam. Assim, comecei a me perguntar por que princípios da arquitetura e do urbanismo não são comumente abordados em salas de aula de escolas, afinal, são questões tão presentes em nossas vidas e em matérias escolares que é uma surpresa ver que quase não são apresentados pelos professores. Em aulas de português e de literatura são construídos espaços imaginários através das palavras, assim como nas aulas de história ou geografia onde se aprende sobre a construção espacial e social da humanidade em diversas épocas e lugares do mundo; nas disciplinas de exatas temos geometria, leis físicas, estudos de materiais e etc. Além de todas as disciplinas estudadas temos o próprio espaço da sala de aula e da escola, assim como a casa, o bairro e a cidade de cada aluno. De forma geral este projeto busca trazer elementos, olhares e percepções da arquitetura para a sala de aula e para o cotidiano das crianças através de oficinas rápidas e simples. O processo de desenvolvimento, elaboração e aplicação
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dessas atividades visou trabalhar de forma prática e experimental antes de entrar em termos e questões mais técnicas e formais. Visando uma base pedagógica que se encaixasse com a proposta das oficinas, foi encontrada e estudada a Pedagogia Waldorf, que ensina através de vivências artísticas buscando sempre desenvolver os lados físico, espiritual, artístico e intelectual de cada criança de forma que elas tenham um maior conhecimento sobre si mesmas e o mundo a sua volta.
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Hoje em dia muitas crianças quase não prestam atenção nos espaços que as cercam por estarem focadas em ambientes virtuais ou com medo do mundo exterior. Pensando nessa dificuldade atual e na interdisciplinaridade da arquitetura, vejo que seu ensino ou o do urbanismo na maioria das escolas é quase nulo e que sua presença nas aulas seria de fácil introdução, pois são assuntos já tratados no dia a dia mas com abordagens diferentes; além de poderem auxiliar e facilitar o estudo de grande parte das matérias exigidas no currículo escolar, contribuindo assim na formação dos alunos. O intuito não é introduzir a profissão para crianças em idade escolar para que saiam de lá com uma visão ou vontade de se tornarem arquitetos; mas que saiam da escola cidadãos conscientes sobre o lugar em que vivem, conscientes sobre suas casas e escolas, seus bairros, cidade e sobre o planeta como um todo. Como disse Nelson Mandela, “a educação é a arma mais poderosa que você! pode usar para mudar o mundo”, e para mudar o mundo é preciso antes conhece-lo, portanto, é preciso que o apresentemos para nossas crianças; e não apenas porque elas viverão aqui pelos próximos 60 anos, mas principalmente porque estão vivendo o mundo agora, neste momento, e vivendo um mundo que não as escuta e não tem sido pensado para elas.
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01#,1'2,-)/,)*+"3,#") Os principais objetivos desse trabalho foram elaborar e desenvolver atividades que apresentassem e introduzissem a arquitetura e o urbanismo no cotidiano das crianças, visando estimular sua criatividade e compreensão dos espaços e ambientes em que vivem. Para isso, foram estudadas metodologias de ensino e feitas pesquisas sobre grupos que trabalham a arquitetura com crianças, atividades já existentes foram estudadas, analisadas e experimentadas, assim como outras foram desenvolvidas e testadas. A partir de todo o processo de estudos e testes, atividades foram criadas e então organizadas em um guia contendo os exercícios, para que educadores, professores, pais e interessados possam aplicá-las com seus alunos, filhos ou amigos. As atividades foram desenvolvidas buscando dinamismo em sua aplicação, com vivências e atividades artísticas, práticas e manuais, buscando desenvolver o lado criativo e critico das crianças em relação a suas casas e cidade. ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) )
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4)&+5.$#,#.+&)6"7")8&-,)/")7.1/") ) Buscando entender um pouco mais sobre a arquitetura, seus elementos e as sensações que são provocadas por ela no meio e nas pessoas, foram consultados textos como Os olhos da pele de Juhani Pallasmaa e Entender a arquitetura de Leland Roth. Quando se inicia um estudo sobre arquitetura, uma das primeiras coisas com a qual nos deparamos é com o corpo; tudo na arquitetura parte primordialmente do nosso corpo, é com ele que sentimos e nos relacionamos com os outros e com o espaço, sempre usando-o como medida e ponto de partida. Além de ser o instrumento pelo qual reconhecemos o mundo, muitos elementos arquitetônicos primários podem ser facilmente percebidos como “cópias” oriundas de nossa estrutura corporal.
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Sabemos que por si só o nosso corpo pode ser considerado uma obra de arquitetura, mas não é com uma obra gélida e estática que percebemos o mundo ao nosso redor, utilizamos nossos sentidos para isso.
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Temos o tato como pai de todos os sentidos (o som toca meu ouvido para que eu ouça, a imagem toca em minha retina para que eu a veja), mas muitas vezes um deles é muito mais estimulado do que os outros; é possível notar como a visão, por exemplo, tem se tornado cada vez mais importante e estimulada em nossa sociedade. Mantemos ela focada e perdemos aos poucos a visão periférica em nosso contexto urbano e arquitetônico atual o que segundo Pallasmaa (2011, p. 13) nos faz “sentir como forasteiros, em comparação com o extremo envolvimento emocional” comuns em ambientes naturais e históricos. Ao considerarmos os cinco sentidos tradicionais temos o corpo como um mero receptor; entretanto, partindo da hipótese de que os sentidos são mecanismos agressivos e indutores, J. J. Gibson chegou à definição de cinco sistemas perceptivos que são capazes de obter informação de objetos exteriores sem a necessidade de um reconhecimento intelectual, são eles os sistemas: visual, auditivo, gusto-olfativo, de orientação e háptico; sendo os dois últimos os que mais relacionados e importantes para a experiência arquitetônica. O sentido de orientação se refere à posição no espaço, relacionando o que está acima e abaixo e nos trazendo a consciência do chão plano, sendo uma orientação de posição, uma de suas consequências é a tendência de fazer com que os estímulos cheguem a nós de forma simétrica, nos
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fazendo mover o corpo inteiro (BLOOMER, MOORE, 1983). Já o sentido háptico nada mais é do que o tato de forma mais abrangente, considerando todo o corpo e tendo a experiência real de tocar os objetos e sentir todas as sensações que eles podem passar (pressão, dor, calor, frio…), este é o sentido que está mais diretamente relacionado com o universo tridimensional. Todas essas percepções sentidas através do nosso corpo podem ser, e são manipuladas pelos arquitetos, formulando diversos tipos de espaço: o espaço físico, que pode ser facilmente imaginado, manipulado e calculado; o espaço perceptual, sendo o espaço que pode ser visto ou sentido à partir de um edifício por exemplo, sendo relacionado ao espaço conceitual, que pode se definir como o mapa mental do local que carregamos em nossa memória; e há ainda o espaço comportamental, que define o espaço que pode de fato ser utilizado pelo usuário do espaço. C!#-A(/.+.(-#!B!#!#-.+!1&-!)+/&!2#!A(#'!*&$! 2+$'&%#)&$;! #! #-.+! A(+! *&$! +*0&'0+6! ]^_! 1/*.&-+$! +! +$%('.&-+$! #>+.#)! *&$$&$! $+*./2&$!#&!%-/#-+)!)(2#*Q#$!+)!1#2-`+$! +! *#$! -+'#Q`+$! 1-&1&-%/&*#/$! +*.-+! #$! >&-)#$!%&)!#!)#*/1('#QR&!2#!'(5!+!2#!%&-;! )#$! #1+*#$! &$! #-A(/.+.&$! )&2+'#)! &! +$1#Q&!*&!A(#'!*&$!)&0+)&$a!7JGXY;!Z[KO;! 16!b\:!
Segundo Leland Roth “a arquitetura é a arte inevitável”, sendo muito mais do que um simples abrigo ou proteção, ela se mostra como um registro físico da humanidade, sendo nossa herança cultural. O homem descobriu e desenvolveu muitos métodos e técnicas ao longo dos séculos para que pudesse produzir tudo o que existe hoje, sejam arcos, edifícios, casas, pontes, paisagens exuberantes, obras que parecem desafiar leis da gravidade ou de tamanho monumental; segundo o arquiteto Louis Kahn “a arquitetura é o que a natureza não pode fazer”, na realidade a
! arquitetura é algo inerente ao mundo, nossos projetos e construções apenas se desenvolveram em conjunto com nossa espécie, mas é fácil perceber que mesmo o mais simples dos animais são capazes de montar estruturas similares à nossa engenharia, ao repararmos nos menores detalhes da natureza, vemos que a arquitetura está presente.
c/,(-#!Kd!g/*3&!2+!()!19$$#-&!2#!>#)8'/#!2&!E&R&D2+D 4#--&h!%&*$.-(QR&!2+!2&/$!%U)&2&$!%&*+%.#2&$!1&-!()! .<*+'6!f)#,+)!-+./-#2#!2&!'/0-&!T%/.%3.0)&)&0C2$/./20&9)
9,/&:":$&);&</"+=) !!O filósofo austríaco Rudolf Steiner (18611925) idealizou, no início do século XX, uma ciência espiritual, a filosofia chamada Antroposofia (“conhecimento do c/,(-#!Zd!J(2&'>!e.+/*+-! ser humano”), que c&*.+d!f*$./.(.&!J(2&'>! pode ser e.+/*+-! ! caracterizada como um método de conhecimento da natureza do ser humano e do universo, propondo uma forma livre e responsável de pensamento, percepção e atuação, observando e respeitando o ser humano e sua realidade. Essa filosofia amplia os conhecimentos obtidos através do método científico convencional, assim como sua aplicação pode ser associada a diversas áreas de nossa vida: na saúde, educação, artes, convívio social, agricultura e etc. Analisando as atividades anímicas do homem, Steiner chegou a um ser humano tríplice, com uma divisão não apenas anímica, mas que também se constitui de um reflexo no físico e nos graus de consciência da mente, sendo assim temos:
Além de sua análise sobre as atividades inerentes ao ser humano, Steiner afirma que a vida humana não ocorre de forma linear, e sim em ciclos de aproximadamente sete anos, onde uma parte do ‘eu’ se desenvolve em cada um desses ciclos, sendo mais evidente nos três primeiros setênios (até os 21 anos de idade). Quando nasce, o corpo físico do homem já está formado, mas não seu corpo etérico,
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! que ainda precisa se individualizar; então ao fim do primeiro setênio o corpo etérico se liberta, tornando-se autônomo e com a memória e o raciocínio agora “disponíveis” a criança passa a dedicar-se a novas funções e entra no período de maturidade escolar. No segundo setênio o processo de amadurecimento do corpo astral continua, a personalidade da criança toma forma, cheia de sentimentos e emoções, a memória se desenvolve permitindo a assimilação de grande quantidade de conhecimentos. Nessa fase, até os quatorze anos, se desenvolve a individualidade sentimental do jovem, tornando-se autônomo uma vez que está plenamente desenvolvido. Durante o terceiro setênio (o último ciclo no período escolar) as mudanças são menos tangíveis, se dão de forma mais interiorizada e retraída, já que ocorre uma crise entre as forças do eu e as forças anímicas existentes; em choque com o mundo exterior, nada foge de seu senso crítico e raciocínio, desenvolve então a maturidade intelectual e moral.
Levando em conta a concepção dos setênios, o ensino é dado de acordo as características de cada ciclo e um mesmo assunto nunca é abordado da mesma maneira em idades diferentes. Além disso, as matérias são ensinadas em épocas, onde ao invés do aluno estudar cerca de 8 disciplinas por semana, os assuntos são vistos em épocas distintas e durante vários dias corridos, por exemplo: durante duas semanas se vê apenas história nas duas primeiras aulas, encerrado o assunto, a outra semana é de física, onde não se retoma o assunto de história. Essas lições dadas em épocas são mescladas com aulas práticas, artísticas, de música, línguas estrangeiras, educação física e etc.
Para Steiner então, nos primeiros setênios de nossa vida, existem basicamente quatro nascimentos: O corpo físico (Ao nascer)
O corpo etérico (Escolaridade)
O corpo astral (Puberdade)
O eu (Maturidade)
Em 1919, logo após o fim da I Guerra Mundial, Rudolf Steiner introduziu a Pedagogia Waldorf na Alemanha em uma escola para filhos de operários da fábrica de cigarros Waldorf-Astoria. A escola foi criada a pedido do dono da fábrica, que queria um local onde estudantes e professores fossem iguais, um ambiente aberto para todas as crianças e livre de controle político. Nas escolas Waldorf não são friamente atribuídas notas à um aluno, é levado em consideração o trabalho, a aplicação, a forma, a fantasia e a estrutura, avaliando assim sua personalidade, seu esforço, comportamento e espírito social. Desta forma também não há a repetição do ano escolar.
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Sendo uma pedagogia holística, aborda diretamente o desenvolvimento dos lados físico, anímico e espiritual. O querer (agir) é cultivado através de atividades corpóreas, abordadas em quase todas as aulas; o sentir é abordado artisticamente em todas as matérias, além das atividades artesanais específicas; o pensar é cultivado desde a imaginação nos contos e lendas até o pensamento abstrato e científico do último ano.
! Para a Pedagogia Waldorf, a vivência de atividades primárias e artísticas é algo muito importante, pois é onde são passados conteúdos de forma compreensível para as crianças, fornecendo uma abertura de horizonte e enriquecendo sua formação. Através de atividades manuais não se espera formar artistas ou artesão, mas sim proporcionar contato com diversos materiais e atividades básicas, onde o jovem começa a respeitar, compreender e se sensibilizar com trabalhos do gênero, além de facilitar seu enfrentamento com problemas mais para frente, já que produtos artesanais exigem perseverança, esforço contínuo e sua repetição. m(#*.#$!%-/#*Q#$!.T);!3&E+!+)!2/#;!A(#'A(+-! 0/0T*%/#! -+'#%/&*#2#;! 1&-! +S+)1'&;! %&)! #! 1-&>/$$R&!2&!1#/W!]666_!I!#!)R+;!)+$)&!$+*2&! +S%'($/0#)+*.+!2&*#!2+!%#$#W!n!()#!)('3+-! A(+! #1+-.#! 4&.`+$;! ($#*2&! #1#-+'3&$! 2+! >(*%/&*#)+*.&! /*%&)1-++*$80+'6! H#$! #! %-/#*Q#! 1-+%/$#! 2+! %&*.+<2&$! %&)1-++*$80+/$6!]666_!G$!#'(*&$!2+0+)!.+-!#! 0/0T*%/#! 2+! #./0/2#2+$! 1-/)9-/#$! 71#*/>/%#QR&;! %&*$.-(QR&! 2+! %#$#$;! >&-E#$;! E#-2/*#,+);!+.%6:6!7"Cgo;!KLOL;!16!Lp:! Assim, o ideal da pedagogia de Steiner é formar seres humanos livres, de pensamento individual e criativo, com sensibilidade artística, social e para com a natureza, tendo energia para buscar seus objetivos.
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DESENVOLVIMENTO !X=Y)&)&0/.)7)%.*.--;0$&)6&0&)3.-.%<+'<.0)+)0&*$+*B%$+) <$-2&').)6.0*.6/$<+()6&0&)%+-)0.#.0.%*$&0)*+,+)-.0.-) 82,&%+-)*&6&O.-)3.)*+,60..%3.0)*13$:+-)3$#.0.%/.-) 3.)'$%:2&:.,)6&0&)&'7,)3+)*+%*.$/+)3.)D.'.O&9)@.) #+0,&)&/.,6+0&'()&)&0/.)*+,2%$*&().Z60.--&)<$-[.-) 3B-6&0.-).)-.)*+%-/$/2$).,);0.&)3.)*+%8.*$,.%/+() 6&--B<.')3.)-.0).%-$%&3&).)&60.%3$3&9F) ) RTJE"@T\T)]"^HETS()@_J`"()HEIa`()@`"]()KLMW)
>-#./"-)/,)6&-") ) ))Com o intuito de aumentar meu repertório de atividades como base para o desenvolvimento do projeto, busquei por pessoas e grupos que trabalham questões da arquitetura com crianças pelo mundo. Através dos estudos de caso é possível perceber que a preocupação em apresentar um novo olhar sobre a arquitetura e o urbanismo para as crianças vem crescendo cada vez mais. No Brasil já temos grupos que vem trabalhando isso em escolas, centros culturais e museus, atuando principalmente na cidade, com urbanismo tático e mobilidade urbana. Serão apresentados aqui cinco dos projetos que foram estudados e analisados; os dois primeiros, mais amplos, reúnem diversas atividades de coletivos de vários países, os outros três são grupos que trabalham com atividades pré-estabelecidas em escolas e ambientes culturais. Red OCARA A rede latino-americana formada em dezembro de 2013 reúne projetos e experiências sobre a cidade, arte, arquitetura e o espaço público c/,(-#!bd!"&,&!2#! voltados para crianças. J+2GVCJC!!! A palavra OCARA deriva da palavra “oca” do tupi-guarani e significa praça ou centro da aldeia, assim, a intenção da rede é ser um grande espaço de compartilhamento. Tendo como objetivo compartilhar trabalhos realizados em circunstâncias urbanas e sociais semelhantes para inspirar e ajudar a todos, a rede incentiva colaborações com entidades externas, para programar atividades e encontros de intercâmbio de experiências.
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! arquitetos, profissionais da educação, artistas, organizações governamentais, ONGs e pessoas/coletivos independentes que tivessem alguma atividade relacionada com o tema.
!Etra, infancia y arte moderno
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A plataforma da rede funciona como uma biblioteca de atividades e projetos de toda a América Latina, mapeando ações e experiências por países e temas (como arte, arquitetura, meio ambiente, mobilidade), onde é possível saber mais sobre cada uma das atividades e os grupos responsáveis. Ludantia Em 2018 ocorreu a I Bienal Internacional de c/,(-#!pd!"&,&!2#!F/+*#'6!!! Educação e Arquitetura para crianças e jovens, com o tema: Habitar desde o lúdico: do pátio escolar à cidade como tabuleiro de jogo. A Bienal buscou ser um evento de abertura social de intercâmbio de experiências na educação de arquitetura, mostrando o potencial transformador da infância e da juventude nas cidades, promovendo a inclusão do jovem no meio urbano e para que se tornem mediadores ao ter sua opinião considerada, assim conquistando entornos melhores. Sediada em Pontevedra na Espanha, a Bienal aconteceu entre 10 de maio e 17 de junho de 2018 com diversos seminários, conferências e exposições além de diversas ações e oficinas educativas para as mais variadas idades e vindas do mundo todo. O evento foi aberto a qualquer centro escolar,
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Criado por Cecilia Garavaglia e Mariano Vilela em Buenos Aires no ano de 2013, o Etra, infancia y arte moderno é um projeto de educação c/,(-#!Od!!"&,&!2&!I.-#6! não formal de arquitetura, desenho e arte para crianças de 6 a 12 anos. São oferecidas oficinas em museus, galerias, centros culturais e em sua sede, onde são produzidas atividades que exercitam os sentidos, a percepção e o pensamento crítico e dedutivo, além de experimentações com o espaço, volume, medidas, cortes, proporções e outras chaves da arquitetura. Seus objetivos são estimular e expandir a criatividade das crianças promovendo seu contato com expressões artísticas, científicas e tecnológicas, além de melhorar suas conquistas educativas e sua participação na comunidade, fazendo delas “usuárias formadas de seus entornos construídos”. Incentivam o trabalho em equipe, o diálogo e o respeito da opinião do outro assim como a valorização da identidade própria. Como resultado dessas oficinas temos cidades futurísticas, aldeias mágicas, cubos entrelaçados, megaestruturas e os mais diversos tipos de construções. qg&$$&! &'3#-! 2#! +2(%#QR&! #-A(/.+.U*/%#! +! (-4#*#! *R&! .+)! #! 1&$.(-#! /*>#*./'! 2+! 1+*$#-! A(+;!2#'/;!$#/-R&!#-A(/.+.&$;!)#$!$/)!1+*$#)&$! A(+! +$.#)&$! >&-)#*2&! #$! %-/#*Q#$! 1#-#! A(+! +'#$! $+E#);! 2+$2+! 1+A(+*#$;! ($(9-/#$! >&-)#2#$! 2+! $+(! +*.&-*&! %&*$.-(82&6! G! 1-&E+.&!2&!IXJC!B!2+!+2(%#QR&!#-.8$./%#;!)#$! #! #-A(/.+.(-#! 1+-)/.+! +S1'&-#-! 2/>+-+*.+$! 2/$%/1'/*#$! 2+! %#2#! )#.B-/#6! n! 1&$$80+'! .#*.&! 1/*.#-! #',&! A(#*.&! >#5+-! )#A(+.+$! +! 1+->&-)#*%+$6a!7rf"I"C;!Z[KO:!
! Sendo o Etra um projeto que aborda principalmente a educação artística, é impossível não perceber como a arte pode trabalhar e ensinar sobre a arquitetura e a construção do espaço nas mais diversas formas e escalas. Podem ser utilizados materiais reciclados para construir uma cidade, um ambiente ou uma estrutura, assim como a inspiração para isso pode partir da natureza: de um ninho de pássaro ou de uma teia de aranha, inclusive utilizando ela própria (gravetos, pedras, folhas) para a criação de pequenas obras de arte e construções.
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Acompanhando e estudando as oficinas do projeto é possível ver como a simplicidade das atividades torna mais fácil o trabalho com idades diferentes, assim como a presença de mais de um adulto para acompanhar as crianças, e por vezes tendo os próprios pais presentes auxiliando os pequenos, além de também participarem de oficinas desenvolvidas para toda a família. Tendo em vista o trabalho com atividades e materiais simples, o Etra foi onde mais busquei inspiração para a construção das atividades desenvolvidas para o projeto final, as vezes quase me apropriando de algumas de suas oficinas, mas trazendo propostas distintas; e principalmente combinando, de forma menos evidente, ideias de temas, materiais e modos de usálo para desenvolver outras atividades.
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! Arquitectura para niños O Projeto Didático Arquitectura para niños foi aplicado c/,(-#!KZd!"&,&!2&!1-&E+.&6! no ano de 2015 em uma escola da Espanha, tendo sido o projeto selecionado na III Convocatória de projetos escolares da rede EducaBarrié, que é uma rede de pessoas interessadas em um novo modelo de educação, além de ser uma plataforma onde a Fundação Barrié apoia professores, apostando em novas tecnologias e em inovação educacional. Arquitectura para niños é uma iniciação à arquitetura num sentido amplo, um questionamento sobre a rua, seu sentido, evolução e o meio que a rodeia; buscando se conectar com as ciências naturais, sociais, educação artística e inglês. As oficinas do projeto são divididas em 7 seções que falam sobre: o abrigo; a casa; antropometria, medidas e proporção; escala; as ferramentas do arquiteto e o entorno. Durante as atividades, há um professor e um facilitador do processo, mas é o aluno quem constrói o seu próprio conhecimento. As oficinas têm uma proposta prática dentro e fora da sala de aula para que as crianças descubram sobre o território em que vivem, sobre o entorno da escola e sua cidade. Ao analisar as oficinas e sua conformação é possível perceber o raciocínio presente, que cresce conforme o passar das aulas, tendo início no abrigo animal e humano, que evolui para a habitação, passando por questões de escala e antropometria antes de chegar na cidade. Também é importante notar que as aulas não são apenas teóricas, existe uma parte expositiva e explicativa, mas cada seção tem sua parte prática, onde os alunos executam, de alguma forma, o que aprenderam, seja construindo espaços, maquetes, desenhando ou até mesmo em um trabalho de campo, mapeando o espaço urbano em torno da escola.
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! Arquitetura e Cidade para Crianças) Patrocinado pelo Fundo Municipal de Apoio à Cultura de Blumenau, o projeto Arquitetura e Cidade para Crianças, de 2017, foi criado e desenvolvido pelas c/,(-#!KOd!"&,&!2&! arquitetas Amanda 1-&E+.&6! Tiedt e Fabíola Cordeiro. O projeto contemplou 8 oficinas realizadas com crianças de 7 a 12 anos em espaços públicos e escolas municipais, além de uma cartilha de atividades disponibilizada para professores. O projeto foi idealizado a partir da análise de diversos estudos feitos no mundo sobre a importância de incluir as crianças no planejamento urbano e seus resultados positivos, especialmente pelo fato de serem elas as maiores usuárias de espaços públicos, e geradoras de vida comunitária nas cidades. A inspiração de projeto veio do Arquitectura para niños, realizado na Galícia, Espanha, no ano de 2015. As oficinas foram feitas em quatro módulos: a casa, a cidade, o meio ambiente e cidadania, visando despertar nas crianças a importância da arquitetura e de sua participação na vida urbana. As oficinas culturais e educativas contam com experiências lúdicas e multidisciplinares que buscam reconectar as crianças com a cidade e democratizar o acesso ao patrimônio cultural edificado. O projeto busca sempre a coletividade nas aulas, onde todas as decisões são tomadas em conjunto, não havendo competição entre os alunos. Traz atividades como um grande jogo da memória que mostra as diferenças existentes nas cidades, por exemplo: espaço público X espaço privado, ambiente interno X ambiente externo, cidade para carros X cidade para pessoas, etc. Outras questões que me chamaram a atenção para esse projeto foram a aproximação da criança com a natureza e o meio ambiente através da permacultura urbana; a cartilha de atividades
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desenvolvida para professores e a sugestão e uso de livros infantis voltados para a arquitetura e o urbanismo, como o Casacadabra e A Cidadela.
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! >-#./"-)1&)*+?#$6&) ) Como já dito no início deste trabalho, durante algumas semanas frequentei um colégio onde foi possível passar um tempo com algumas crianças do período integral (onde a parte da tarde é preenchida com exercícios e atividades complementares, não obrigatórias pelo currículo vigente). Essas visitas se iniciaram com a ideia de servirem para observações, anotações e pequenas conversas, de modo a esclarecer a relação das crianças com a cidade e qual caminho de projeto tomar. E então essas visitas se tornaram aulas. Aulas que me levaram a questionar por que a arquitetura e o urbanismo não são tão abordados nas escolas, já que diversas matérias se apoiam ou poderiam se apoiar em seus princípios; como geometria, artes, discussões ambientais e etc.
resultados positivos; ao fim do processo todos os exercícios desenvolvidos tiveram seu rumo ajustado, seguindo uma ordem que será tratada no próximo capítulo. A seguir estão os temas, exercícios, anotações e fotos (autorais) feitas durante as atividades testadas: Dia 1:
7u-(1&!2+!\!#!KZ!#*&$:! ! J&2#!2+!%&*0+-$#!$&4-+!&!A(+!B!C-A(/.+.(-#!+! P-4#*/$)&;! +! #$! 2/>+-+*Q#$! +*.-+! I$1#Q&! +! C)4/+*.+6! ! s+$+*3#-! #! 1'#*.#! 2#! %#$#! &*2+! 0/0+! &(! 2+! &*2+!,&$.#-/#!2+!)&-#-6!
As experimentações aconteceram com dois grupos diferentes: um de 5 a 7 anos e outro de 8 a 12 anos, sendo que algumas vezes as atividades foram desenvolvidas com todos juntos. Para a aplicação dos exercícios, me baseei em atividades utilizadas pelos grupos dos estudos de caso, além do repertório de exercícios realizados em disciplinas durante o curso. Alguns fatores colaboraram para que as atividades se desenvolvessem de maneira mais ou menos eficaz, como o fato de algumas vezes ter ficado sozinha com as crianças (uma pessoa com a qual não estão acostumados) e a grande diferença de idades em algumas ocasiões; além disso, é possível notar que na maioria das vezes as crianças menores captam, entendem e se entregam muito mais à atividade do que os mais velhos, se mostrando mais abertas e imaginativas. Deixo claro aqui que todo o processo do desenvolvimento das atividades foi feito de modo experimental propositalmente, principalmente no início, sendo avaliado a qual tipo de atividades os grupos respondiam melhor. Por vezes os exercícios não seguem uma ordem lógica, mas foram sempre aplicados com base em atividades estudadas, buscando uma maneira de alcançar os alunos e obter
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Nesse primeiro contato não haviam muitas ideias ou repertório o suficiente sobre que atividades fazer com as crianças, então, para conhecer melhor cada um foi feita uma conversa para saber o que eles já conheciam ou entendiam por arquitetura e urbanismo. Alguns dos alunos já tinham estudado sobre cidade, arquitetura e até desenhado plantas antes; mas mesmo aqueles que nunca haviam escutado essas palavras conseguiam trazer um pouco de realidade a suas conclusões, como relacionar os termos com o corpo e a cidade. Quanto à representação da planta da casa houve uma grande facilidade entre todos os alunos, mesmo aqueles que não sabiam exatamente do que se tratava conseguiram captar a ideia com um rápido exemplo do ambiente em que nos encontrávamos.
! Dia 2:
7u-(1&!2+!M!#!KZ!#*&$:! ! s/$%($$R&! $&4-+! &$! .+-)&$! V#$#! +! C4-/,&! #! 1#-./-! 2+! /)#,+*$! 2+! %#0+-*#$;! %#$#$! 2+! #*/)#/$;! %#$#$! %&*.+)1&-v*+#$;! #4-/,&$! .+)1&-9-/&$;!-&(1#$!+!&!1-=1-/&!%&-1&6! ! V-/#QR&!2+!#4-/,&$!%&)!&!%&-1&6! Ao início da atividade foram apresentadas imagens de ninhos e tocas de animais, cavernas, abrigos temporários, agasalhos e casas modernas, de modo a ativar o raciocínio de cada um sobre o significado das palavras casa e abrigo, que também foram buscadas em dicionários. Esse grupo (dos mais velhos) se mostrou muitas vezes disperso, interagindo pouco com as imagens de referência, mostrando desinteresse, ficando mais animados com a parte prática da atividade, onde foram feitos abrigos em grupo para que um colega pudesse entrar e se abrigar; depois desse grande abrigo em conjunto, foram feitos abrigos em duplas, onde cada dupla devia apresentar uma forma diferente de abrigar seu colega.
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Dia 3:
7u-(1&!2+!\!#!O!#*&$:! ! F-+0+! %&*0+-$#! $&4-+! +'+)+*.&$! A(+! +*%&*.-#)&$!*#!%/2#2+6! ! f)#,/*#-! +! %-/#-! &! %+*9-/&! 2+! ()#! %/2#2+! #! 1#-./-!2+!2+$+*3&$!+!4'&%&$!2+!)&*.#-6! O grupo mais novo se mostrou muito mais interessado e interativo com as atividades propostas. Com uma folha sulfite cortada e colada de forma bem simples, montamos um “palco” para as cidades inventadas que criaram forma através de cenários com desenhos e blocos e ganharam vida com escalas humanas de papel e suas histórias contadas por seus pequenos criadores, mostrando cada detalhe pensado para aquele espaço. Mesmo com pouquíssimas explicações sobre cidades e nenhuma referência ou conversa sobre alguma cidade em específico, surgiram diversos cenários criativos, como uma cidade com um prédio em formato de coração e que une São Paulo e Brasília através de uma ponte, uma escola no formato de um arco-íris, prédios nos mais diversos formatos e cidades com muitas árvores.!! ! !
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Dia 4:
Dia 5:
7u-(1&!2+!\!#!O!#*&$:! ! s/$%($$R&! $&4-+! &$! .+-)&$! V#$#! +! C4-/,&! #! 1#-./-! 2+! /)#,+*$! 2+! %#0+-*#$;! %#$#$! 2+! #*/)#/$;! %#$#$! %&*.+)1&-v*+#$;! #4-/,&$! .+)1&-9-/&$;!-&(1#$!+!&!1-=1-/&!%&-1&6! ! P$&! 2+! .-+*#$! 1#-#! )+2/-! &! +$1#Q&! +! &$! %&'+,#$6! ! V&)!&!#(S8'/&!2#!.-+*#!>&/!>+/.&!&!2+$+*3&!2+! ()!A(#-.&!%&)!>/.#!*&!%3R&6!
7u-(1&!2+!M!#!KZ!#*&$:! ! V&*0+-$#! +! %-/#QR&! 2+! ()! )#1#! )+*.#'! %&'+./0&!2#!+$%&'#6! ! V#-.&,-#>/#! 2#! +$%&'#! %&)&! >&-)#! ()! *&0&! -+%&*3+%/)+*.&6!
Foram apresentadas as mesmas imagens mostradas para o grupo dos mais velhos, aqui tendo sido recebidas de forma muito mais calorosa e com grande interação. Aqui a ideia do exercício era relacionar a proporção dos corpos com seus abrigos, assim as medidas dos animais e suas casas são proporcionais assim como nossas medidas são compatíveis com o espaço que ocupamos. Porém, o modo de abordagem sobre medição se mostrou delicado, tendo sido preciso acompanha-los durante a medição para que não errassem nos números e medidas. O momento de desenhar com a fita no chão foi ainda mais complicado, pois eles já estavam dispersos e brigando por conta das trenas e medidas, o exercício foi interrompido por outra atividade de sua grade e acabei ficando sozinha pois a professora precisou ir embora. Além de todas essas questões externas eles se mostraram desconcentrados pois nem todos estavam fazendo algo prático, e acabavam por não prestar muita atenção ao que era dito ou pedido aos colegas.
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A ideia inicial para a atividade do dia era que cada um criasse um mapa mental do seu trajeto de casa até a escola, porém, a maioria dos alunos alegava não prestar atenção no caminho, apenas mexer no celular ou dormir, mostrando desinteresse em fazer a atividade. Então foi feito na lousa um mapa mental coletivo da escola, onde cada um falava e desenhava o que se lembrava desde o portão até o pátio, os objetos, funcionários e alunos que encontravam durante esse trajeto. Feito o mapa mental, foi passada uma lista de coisas que poderiam ser encontradas e observadas na escola, como texturas e mobiliários e então saímos para encontralas, alguns se empenharam em encontrar coisas que nunca haviam visto e tomaram consciência de objetos ou detalhes que antes passavam desapercebidos.
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! Dia 6:
7u-(1&!2+!\!#!O!#*&$:! ! V-/#QR&! 2+! ()! 1+A(+*&! '/0-&! $&4-+! %#$#$;! &*2+!>&-#)!>+/.&$!2+$+*3&$!%&)!&$!$+,(/*.+$! .+)#$d! !!!!K6!P)#!%#$#! !!!!Z6!C!%#$#!2+!()!#*/)#'! !!!!N6!C!%#$#!2+!()!1+-$&*#,+)! !!!!b6!e(#!%#$#! !!!!\6!P)#!%#$#!2&!>(.(-&! Com uma folha de sulfite dobrada, cortada e grampeada, foi feito um pequeno livro com casas do imaginário de cada um de acordo com os temas dados; a atividade foi muito bem aceita e executada pela maioria das crianças, mas também se mostrou corrida devido ao curto período de tempo que tínhamos disponível. A ideia do exercício era expandir a imagem do desenho comumente feito pelas crianças quando se tratando de casas; nesse caso, como elas já haviam feito outras atividades em que foram estimuladas com outras ideias de casas os resultados foram mais direcionados, por exemplo: no tópico “a casa de um animal” a maioria desenhou um formigueiro ou o ninho de um pássaro, imagens que haviam sido apresentadas algumas semanas antes. Assim, essa atividade se mostra importante nos primeiros encontros para que a criança busque em sua própria memória e imaginação essas casas, sem influências externas anteriores
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! Dia 7:
7u-(1&!2+!M!#!KZ!#*&$:! ! V&*0+-$#;! #1-+$+*.#QR&! +! /*.-&2(QR&! $&4-+! )+2/2#$;!&4E+.&$!2+!)+2/QR&!+!+$%#'#6! ! H+2/QR&! 2#! $#'#! 2+! #('#! +)! ,-(1&$! +! $(#! -+1-&2(QR&!%&)!>/.#!+)!+$%#'#!KdZ6! Novamente os mais velhos se mostraram muito dispersos durante a explicação, mas dessa vez pude contar com a ajuda de outra pessoa, o que foi fundamental pois assim cada um podia conversar com um número menor de crianças ao mesmo tempo, fazendo com que aqueles que se mostraram interessados compreendessem bem as questões de medição e proporção, aplicando isso na prática ao desenharem a sala na escala 1:2 no chão. Foram apresentados objetos de medição como a trena e o escalímetro. Para explicar de forma mais clara as questões de escala, foram utilizadas as medidas de alguns alunos, mostrando como representar cada um deles de forma proporcional à sua altura real. A atividade se mostrou mais proveitosa para aqueles que já tinham um conhecimento maior em matemática, fazendo as contas de forma rápida e acabando por passar na frente dos colegas.
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! Dia 8:
7u-(1&!2+!\!#!KZ!#*&$:! ! t&,&! -+'#%/&*#*2&! #$! f'($.-#Q`+$! 2+! c+2+-/%&! F#4/*#! 2+! CJVYfeX! +! #$! &4-#$! 2+! #-.+! A(+! /*$1/-#-#)!#$!%#$#$6 ! ! IS1&$/QR&! +! %&*0+-$#! $&4-+! N! #-./$.#$! 4-#$/'+/-&$! %&)&! -+>+-T*%/#! 1#-#! 2+$+*3#-! ()#!%#$#d!X#-$/'#!2&!C)#-#';!C')/%#-!2+!V#$.-&! +!YB'/&!G/./%/%#6 ! ! Havendo poucas crianças mais velhas, a atividade fluiu bem, a maioria se mostrou interessada e se divertiu ao relacionar as imagens de Babina com as obras de referência. !"#"$%&'()*)%+*(
Mesmo conseguindo relacionar as obras com as ilustrações de Babina e tendo explorado juntos as características de trabalho dos artistas brasileiros, muitos se confundiram ou se dispersaram ao desenhar sua própria casa baseada nas obras, não tendo entendido exatamente a proposta ou desenhando apenas elementos presentes nos trabalhos dos artistas.
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c/,(-#!ZKd!CJVYfeX!VfX@6!c&*.+d!c+2+-/%&!F#4/*#6)
! Dia 9:
7u-(1&!2+!\!#!KZ!#*&$:! ! C1-+$+*.#QR&! 2+! /)#,+*$! 2+! -(#$;! %/2#2+$! +! %#$#$!%&)!+!$+)!9-0&-+$6 ! ! qV#/S#! )9,/%#ad! 2+)&*$.-#QR&! 2+! &4E+.&$! +! $+(!.+)1&!2+!2+%&)1&$/QR&!*#!*#.(-+5#6! ! i'#*./&!2+!$+)+*.+$!*#!%#$%#!2&!&0&! ! Havendo um grande número de crianças e nenhuma professora para suporte, a atividade não ocorreu como o esperado, a grande maioria conversava, brincava ou não prestava atenção, quando um grupo se concentrava o outro dispersava; deste modo, não foi possível fazer a atividade da “caixa mágica” (retirada da cartilha do Arquitetura e Cidade para Crianças). Outro fator que influenciou a dispersão dos alunos foi o ambiente onde estávamos, sendo um ambiente externo, amplo e com ar descontraído; assim, ao apresentar as imagens de ruas e casas selecionadas foi muito difícil de manter a atenção de todos, já que eram muitas pessoas para verem imagens pequenas em um ambiente aberto. Ao dar início na atividade de plantio alguns alunos se mostraram mais interessados e receptivos, principalmente os mais novos, que pareciam atraídos pela ideia de mexer na terra e cuidar das sementes plantadas.
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PROJETO !C!#-A(/.+.(-#!B!#!#-.+!/*+0/.90+'6!C!.&2&!)&)+*.&;! #%&-2#)&$!&(!2&-)/)&$;!+$.#)&$!+)!+2/>8%/&$;!1+-.&! 2+!+2/>8%/&$;!+)!+$1#Q&$!2+>/*/2&$!1&-!+2/>8%/&$;!&(!+)! 1#/$#,+*$!>&-)#2#$!1+'&!#-./>8%/&!3()#*&6!]^_!i+$$&#$! %+,#$!&(!$(-2#$!1&2+)!*R&!0+-!1/*.(-#$!&(!&(0/-! )<$/%#;!)#$;!%&)&!.&2&$!&$!&(.-&$!$+-+$!3()#*&$;! 1-+%/$#)!'/2#-!%&)!#!#-A(/.+.(-#6a) ) JH\b()KLMc)
@):.$&) ) ))O projeto final de todo o processo de estudos e experimentações é um livro que funciona como um guia de atividades voltado para professores e educadores, para que usem durante suas aulas ou em oficinas complementares em conjunto com seus alunos. A ideia inicial era que esse livro tivesse oficinas que pudessem ser utilizadas por qualquer pessoa e aplicadas a qualquer idade, porém, para manter a simplicidade e o foco foram estabelecidas algumas restrições durante a criação das atividades e do guia. Seu uso é voltado para professores do ensino fundamental, tendo as atividades focadas em crianças de até 14 anos (ainda assim, nada impede o seu uso como base para atividades ministradas por outras pessoas e para outras idades). Como apresentado no início deste trabalho, a Pedagogia Waldorf permeou meus estudos sobre metodologias pedagógicas, o que não significa que tais atividades seriam utilizadas apenas por professores ou escolas Waldorf; a metodologia apenas me serviu de base para algumas questões como: a escolha das idades abordadas (entre o 1º e o 2º setênios); a linha de pensamento utilizada, onde os alunos são tratados como indivíduos livres, tendo suas ideias e processos valorizados; o ensino através de aulas práticas e artísticas; e a formulação das aulas dadas em blocos. Durante o desenvolvimento das atividades, se estabeleceram quatro bases para o planejamento das oficinas: Artes C!#-.+!B!()#!2#$!)+'3&-+$!>&-)#$!2+!$+!+S1-+$$#-;! #.-#0B$! 2+'#! .-#*$)/./)&$! +! +S1+-/)+*.#)&$! +)&Q`+$! +! $+*$#Q`+$6! G! 2+$+*3&! B! &! *&$$&! 1-/)+/-&!)+/&!2+!%&)(*/%#QR&!+!&!)#/$!%&*3+%/2&;! 2+!()#!>&-)#!&(!2+!&(.-#!.&2&$!&!+*.+*2+)6! Natureza C! *#.(-+5#! B! #! *&$$#! %#$#;! *&$$&! 1'#*+.#6! X&2&$! .T)!()!$+*./)+*.&!4&)!+)!-+'#QR&!#!+'#;!)+$)&!
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Diretrizes gerais: )
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Concluídos os estudos, as análises e as experimentações, e já tendo as bases, diretrizes e atividades pré-estabelecidas, foi o momento de começar a organizar os exercícios de forma a construir, aos poucos, uma linha de raciocínio que unisse todas as oficinas de forma coerente. As atividades se iniciam de forma leve, num nível mais fácil de compreensão, com algo simples ao invés de jogar de uma vez significados, leituras e termos relacionados à arquitetura e à cidade em cima das crianças; mostrando a elas dessa forma que mesmo as coisas mais simples podem se relacionar de maneiras complexas.
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! !&*&)/&-)&#$%$/&/,-) ) Ao passo em que as atividades foram se desenvolvendo surgiam dúvidas como: quem seria o público alvo? Seria um guia apenas para professores? Para uma faixa etária específica? Essas questões logo foram resolvidas, mas ainda restava uma dúvida: quando aplicar as atividades? Ao início a ideia era que as oficinas fossem soltas, sendo aplicadas individualmente ou durante algum período do ano letivo escolar, à escolha do professor. Com o tempo surgiu a necessidade de se estabelecer um roteiro pré-definido para que a narrativa estabelecida entre as oficinas continuasse a fazer sentido. Tendo em mente a quantidade final de atividades e julgando que para cada uma seria necessário em torno de 2 ou 3 horas, o período de recesso escolar foi escolhido como ponto de partida para o roteiro das atividades (mas elas continuam podendo ser aplicadas em qualquer época do ano).
Cada vez mais as escolas e os ambientes educadores oferecem atividades durante o recesso escolar, já que muitos pais continuam trabalhando sem uma folga para ficar com os filhos. Pensando então que este pequeno curso de arquitetura seria aplicado no mês de julho, as atividades foram divididas em semanas. Cada uma das três semanas aborda um tema-base das atividades: a primeira semana, sendo a semana introdutória, se inicia de forma leve e discutindo elementos da arte e da natureza em nosso dia a dia; na segunda semana a abordagem da arquitetura se torna mais forte, onde são trabalhados elementos e ferramentas utilizados por arquitetos, e na última semana é trabalhada uma escala maior: a cidade, onde todos os elementos anteriores podem ser retomados. É importante dizer que mesmo existindo um roteiro pré-definido, este é um guia livre, onde cada um pode estabelecer uma ordem, de modo a aproveitar ao máximo de suas atribulações.
Semana 1 – arte e natureza
A$&)B)))))))))))))))))))))))A$&)C))))))))))))))))))))))))))))A$&)D)))))))))))))))))))))))))))))))A$&)E)))))))))))))))))))))))))))A$&)F)) ) g#!%#$%#!!!!!!!!!IS1+-/)+*.#*2&!!!!!!!!!!"/0-&!2#$!V#$#$!!!!!!!!!!!!!!V#$#!2&!C-./$.#!!!!!!!!!!!I'+)+*.&$! !!2&!&0&!!!!!!!!!!!!!!!!!!#!#-.+!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!2#!*#.(-+5#!! Semana 2 - arquitetura
A$&)G))))))))))))))))))))))))A$&)H)))))))))))))))))))))))))))))A$&)I)))))))))))))))))))))))))))))))A$&)J)))))))))))))))))))))))))))A$&)BK)) )) C4-/,&!!!!!!!!!!!!!!!!!H+(!A(#-.&!!!!!!!!!!!!!!i'#*.#!+!V&-.+!!!!!!!!!!!!!!!m(+$.R&!2+!I$%#'#))))))))))dS$<0.!
Semana 3 – cidade
A$&)BB)))))))))))))))))))))))A$&)BC))))))))))))))))))))))))))A$&)BD))))))))))))))))))))))))))))A$&)BE))))))))))))))))))))))))))A$&)BF)) ) I$.-(.(-#$!!!!!!!!!!!!!!!!dS$<0.)))))!!!!!!!!!!!!!!!!H/*3#!%/2#2+!!!!!!!!!!!!!!!!!g&$$#!%/2#2+!!!!!!!!!!!!!!!!!!dS$<0.)
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! 4#$%$/&/,-)*+"*"-#&-) ) Seguindo as quatro bases estabelecidas para as atividades e o roteiro pré-definido de suas aplicações, temos aqui cada uma delas de forma mais detalhada.
Semana 1: Arte e Natureza ! ))L&)6&-6&)/")"%") ! C!#./0/2#2+!$+!/*/%/#!%&)!()#!%&*0+-$#!$&4-+! #! >#'.#! 2+! #-4&-/5#QR&! A(+! .+)&$! 3&E+! *#! %/2#2+;!1&2+*2&!$+-+)!#1-+$+*.#2#$!/)#,+*$! 2+!#)4/+*.+$!%&)!+!$+)!9-0&-+$;!.-#.#*2&!2+! #$$(*.&$! -+'#%/&*#2&$! w! 2+$.-(/QR&! +! w! 0#'&-/5#QR&!2&!)+/&!#)4/+*.+6!! ! C!1#-.+!1-9./%#!2&!+S+-%8%/&!B!>#5+-!&!1'#*./&! 2+!$+)+*.+$!&(!4-&.&$!+)!%#$%#$!2+!&0&$;!A(+! $R&! %&)&! 0#$&$! *#.(-#/$6! g+'+$! #$! %-/#*Q#$! 1&2+)! +$%-+0+-! +! 2+$+*3#-! 1#-#! A(+! /2+*./>/A(+)!$(#$!1'#*.#$;!)#$!.+*2&!$+)1-+! )(/.&! %(/2#2&! %&)! #! 0/2#! A(+! +$.9! +)! $(#$! )R&$!1&/$!+'#!B!#/*2#!)(/.&!>-9,/'6) ) @83,#$%") C! 1#-./-! 2#! %&*0+-$#! $&4-+! )+/&! #)4/+*.+! +! *#.(-+5#;! $+! +$1+-#! A(+! 3#E#! ()#! 1-/)+/-#! .&)#2#!2+!%&*$%/T*%/#!2#$!#Q`+$!2+!%#2#!()! $&4-+!#!*#.(-+5#!+!$(#!-+$1&*$#4/'/2#2+!$&4-+! &! A(+! B! >+/.&! %&)! +'#6! C! %#$%#! 2+! &0&! B! ()! -+%/1/+*.+! 4/&2+,-#290+'! +! *(.-/./0&! 1#-#! &! $&'&! +! 1#-#! #$! 1'#*.#$;! )#$! .#)4B)! B! >-9,/';! 1-+%/$#*2&! 2+! .&2&! &! %(/2#2&! +! %#-/*3&! 2#$! %-/#*Q#$6! ) ) ))>M*,+$7,1#&1/")&)&+#,)) ! g+$$+! +S+-%8%/&! #! /2+/#! B! A(+! $+! >#Q#)! .-#4#'3&$! #-.8$./%&$! 2+! )#*+/-#$! 2/>+-+*.+$;! 4($%#*2&! #! .-/2/)+*$/&*#'/2#2+! #! 1#-./-! 2+! &4E+.&$;!'+.-#$!+!1#'#0-#$6!H&$.-#*2&!%&)&!B! 1&$$80+'! $+-! $($.+*.90+'! *#! #-.+! (./'/5#*2&! &4E+.&$!A(+!1&2+-/#)!/-!1#-#!&!'/S&;!#'B)!2#! 1-&2(QR&!2#!./*.#!2+!.+--#6! ) 38
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Semana 3: Cidade ))>-#+.#.+&-)
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) ))Tendo como proposta de projeto um guia de atividades que aproximasse a arquitetura e o urbanismo de crianças, vejo que o desenvolvimento e o resultado dos exercícios e do produto final se deu, principalmente, pela possibilidade de pôr algumas das atividades estudadas e desenvolvidas em prática para saber como as crianças realmente reagem frente aos exercícios propostos; resultando em maneiras distintas de se pensar e desenvolver uma atividade, buscando um meio que chame a atenção ou gere maior interesse nos alunos, ou mesmo pensando e buscando modos diferentes de se abordar um mesmo tópico. O método utilizado durante todo o processo de desenvolvimento dos exercícios se deu de forma muito mais empírica do que lógica e racional, tentando entender e adaptar melhor as atividades para cada turma; além de buscar maneiras de testar atividades estudadas e ver na prática seus resultados. Depois de todo esse processo experimental e quase caótico, as atividades foram organizadas com a construção de um raciocínio coerente, buscando mantê-las da forma mais limpa e clara possível para quem for aplica-las. Sinto por não ter conseguido colocar em prática todas as oficinas produzidas em sua conformação final, mas ainda espero ter essa oportunidade de modo a aperfeiçoar os exercícios e o guia.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ) ) ) ) ) )
) ) BERNADETE ZAGONEL, (Org.); DÓRIA, Lílian Fleury; ONUKI, Gisele; DIAZ, Marília. Metodologia do ensino de arte. Curitiba: Editora Intersaberes, 2013.
BLOOMER, Kent C.; MOORE, Charles W. Cuerpo, memoria y arquitectura: Introducción al diseño arquitectónico. Madrid: Hermann Blumes Ediciones, 1983.
BRETTAS, Nayana. Cidade que Brinca. São Paulo: Paulus, 2018.
LANZ, Rudolf. A pedagogia Waldorf: Caminho para um ensino mais democrático. São Paulo: Antroposófica, 2016.
MOURA, Rodrigo de; CRIACIDADE; GRAVATÁ, André; GOULART, Bia; BRETTAS, Nayana. O Glicério por suas crianças. São Paulo, 2016.
PALLASMAA, Juhani. Os olhos da pele: A arquitetura e os sentidos. Porto Alegre: Bookman, 2011.
ROTH, Leland M. Entender a arquitetura: Seus elementos, história e significado. São Paulo: Gustavo Gili, 2017.
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Um livro de atividades
Um livro de atividades
Olá leitor! Dentro desse livro você irá encontrar algumas atividades que relacionam a arte, a natureza, a arquitetura e a cidade; mostrando como cada um desses elementos estão presentes e podem modificar o nosso dia a dia. O volume em suas mãos e suas atividades foram desenvolvidas como o projeto de um TCC de Arquitetura¹, tendo sido pensado para professores que queiram utilizar algum exercício complementar ou aulas extras e dinâmicas, as atividades foram preparadas e experimentadas com crianças de 5 a 12 anos. A ordem das atividades segue da mais simples até a mais complexa em questões de execução e compreensão dos temas, mas nada impede que sejam utilizadas separadamente e de maneiras diferentes, assim como podem ser feitas com crianças e adultos das mais diversas idades; a idade não é um fator limitante para aprender, outras atividade e desafios podem ser adicionados sempre, basta ter imaginação!
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¹ <https://issuu.com/martinaovies/docs/arquitetura_para_crianc_as>
Cronograma de atividades Organização do guia Diretrizes gerais
p. 3 p. 10 p. 12 p. 13
Na casca do ovo Experimentando a arte Livro das casas Casa do artista Elementos da natureza
p. 14 p. 16 p. 18 p. 20 p. 22 p. 24
Abrigo Meu quarto Planta e corte Questão de escala
p. 26 p. 28 p. 30 p. 31 p. 32
Estruturas Minha cidade Nossa cidade
p. 34 p. 36 p. 38 p. 40
Jogo da memória Geodésicas
p. 41 p. 43 p. 51
Você pode estar se perguntando agora: “Por que eu usaria atividades de arquitetura com crianças? E como eu faria isso?" Muito bem, é para isso que estamos aqui! Mas vamos com calma. Talvez você também não saiba exatamente o que é arquitetura, seus pontos fundamentais ou todos os seus campos de atuação, então traremos aqui um breve resumo sobre isso. A primeira coisa que você deve saber é que toda a arquitetura é baseada no CORPO HUMANO; e é com base no nosso corpo, nossos sentimentos e sensações que surge o principal papel do arquiteto: CRIAR ESPAÇOS, sejam esses espaços reais ou imaginários.
Dentro da arquitetura existe um grande estudo sobre questões culturais, sociais e comportamentais que analisam nossas relações e percepções sobre o espaço das mais diversas formas. Através desses estudos entendemos como quatro paredes e um teto podem afetar as pessoas de acordo com as características desse cômodo, despertando em nosso corpo sensações muito variadas. Podemos ver ainda como uma casa ou uma rua podem despertar ideias tão diferentes em cada um de acordo com as memórias de quem a vê, os espaços também são construídos e modificados em nosso imaginário através das experiências que temos, sejam boas ou ruins.
Nossas memórias estão muito ligadas com a nossa história, e sendo a arquitetura um elemento durador mas em constante transformação é possível aprender muito sobre o desenvolvimento social, cultural e tecnológico da humanidade através dos séculos.
Provavelmente o campo mais conhecido da arquitetura é o de projeto, da construção efetiva do espaço. Nessa área o arquiteto pode pôr em prática e trazer para a realidade tudo aquilo que é estudado sobre nossa relação com o meio físico, é onde se trabalha a criação, composição e organização dos espaços que habitamos. A arquitetura procura abrigar as atividades humanas da forma mais prática e funcional possível, mas sempre com certa intenção plástica, buscando beleza e leveza para os ambientes. Os projetos de arquitetura podem ter os mais variados tamanhos e propósitos, podendo ser objetos ou mobiliários, casas, escolas, grandes edifícios, pontes, monumentos e tantas outras possibilidades.
Para que todas as ideias possam sair da cabeça do arquiteto e se tornar realidade temos diversas formas de representar seus pensamentos.
Hoje em dia temos diversos softwares que agilizam e facilitam o entendimento do projeto idealizado, mas antes do computador temos nossas mãos. O desenho feito à mão, ou o desenho de observação, trazem em seus traços as sensações e percepções, deixando características mais evidentes ou mais amenas de acordo com o observador. O croqui é um dos primeiros registros de projeto, são as primeiras linhas que trazem as ideias do arquiteto de forma rápida. Depois do croqui passamos para o desenho técnico, preciso e de linguagem universal. E claro, como a arquitetura é feita para pessoas, nunca podemos nos esquecer de utilizar a escala humana nos desenhos; que nada mais é do que a representação de nossos corpos utilizado aquele espaço.
Para que todas essas ideias e representações saiam do papel não basta a imaginação, são precisos muitos cálculos e técnicas. Atualmente temos muitos meios diferentes e avançados de estruturas e técnicas utilizadas nas construções. O método de construção de um projeto diz muito sobre ele e pode alterar totalmente sua estrutura; uma casa pode ser construída tanto de tijolos quanto de madeira, mas ao determinar com qual ela será feita sua forma e seu sistema serão alterados.
A linha de tecnologia também estuda questões relacionadas à sustentabilidade, buscando técnicas e materiais econômicos e ecológicos que criem e mantenham um ambiente saudável para as próximas gerações.
A criação de espaços não acontece apenas em ambiente fechados, pelo contrário, temos diversos lugares projetados por arquitetos que estão à céu aberto pelas cidades. Através do paisagismo e do urbanismo o arquiteto constrói não só o espaço, mas também a imagem de cidades, parques ou jardins. O paisagismo tem o olhar mais voltado para a natureza, através do projeto e do planejamento busca a preservação de espaços livres e coletivos, e a organização e formação da paisagem com o uso adequado da vegetação. Já o urbanismo tem um caráter mais técnico e abrangente, sendo responsável pelo estudo, organização, regulamentação e planejamento das cidades, incluindo sistemas viários, habitação, saneamento básico e etc.
Agora que você já sabe um pouco mais sobre a arquitetura vamos falar sobre as atividades contidas neste livro. Durante o desenvolvimento dos exercícios foram estabelecidas quatro bases de trabalho:
A arte é uma das melhores formas de se expressar através dela transmitimos e experimentamos emoções, sentimentos, a vida. Todos têm arte dentro de si, o desenho é o nosso primeiro meio de comunicação, e o mais vasto, de uma forma ou de outra todos o entendem. A arte trás a vida e a alegria para os lugares. Imagine uma sala toda branca e sem vida, ela começa a se tornar cansativa com o tempo; agora imagine que essa sala começa a se encher de quadros vivos e coloridos, cheios de detalhes. Será que a cidade também não seria mais “leve” e divertida com várias cores, pinturas e esculturas por aí?
A natureza é a nossa casa, nosso planeta; é de onde tiramos tudo o que precisamos para viver. Todo mundo tem um sentimento bom em relação à natureza, mesmo sem saber explicar; pode ser: escutar os passarinhos cantando, ver uma paisagem bonita, subir em uma árvore, mexer na terra ou simplesmente sentir o sol num dia frio ou o vento no verão. A natureza é muito importante para nós, para a saúde do corpo e da mente; mas com o crescimento das cidades ela vem diminuindo aos poucos, com as pessoas tentando domina-la ao invés de reaprender a conviver com ela..
A arquitetura é uma forma de arte que cria ambientes, espaços e diferentes sensações nas pessoas. Nossas casas, escolas, museus e muitos outros prédios e construções foram pensados e desenhados por arquitetos; e cada um desses edifícios foi feito para passar uma sensação diferente, planejados para pessoas diferentes: uma escola infantil tem que ser feita pensando na pequena altura das crianças, já um museu de esculturas deve ser muito amplo e forte para abrigar peças grandes e pesadas. A natureza também é muito importante na arquitetura e pode influencia-la! Os quartos de uma casa são pensados de acordo com a posição do sol para que não fiquem quentes demais, as árvores podem ajudar a diminuir essa temperatura; se em um local venta muito podem ser feitas algumas proteções para que não fique tão frio e proteger a construção; assim temos infinitos problemas e soluções que podem existir em um projeto de arquitetura.
Muitos arquitetos trabalham como urbanistas, que são pessoas que fazem o planejamento da cidade para que ela fique cada vez melhor; infelizmente é um trabalho difícil e demorado, já que a cidade é muito grande e muda o tempo todo, dessa forma quase nunca é possível mudar tudo o que está ruim na cidade.
Dentro dela encontramos os três tópicos anteriores: há muita arte espalhada por aí, seja em museus ou nas ruas (muros?), também encontramos a natureza em praças, parques e plantada nas calçadas oferecendo alguma sombra; e vemos também a arquitetura em todos os lugares, em casas, prédios, pontes, museus, shoppings, escolas, parques... Nem sempre estão juntos ou em harmonia, mas cada um de nós pode mudar um pedaço da cidade aos poucos!
Mas afinal, como de fato esse guia funciona? Muito bem, os exercícios desse livro foram organizados em um formato que servissem como atividades extracurriculares de férias, com a duração a de três semanas, seguindo o mapa abaixo:
Arte e Natureza
Na casca do ovo
Experimentando a arte
Livro das casas
Casa do artista
Elementos da natureza
Planta e corte
Questão de escala
*Livre
Arquitetura
Abrigo
Meu quarto
Cidade
Estruturas
*Livre
Minha cidade
Nossa cidade
*Livre
A maioria dos exercícios não são diretamente relacionados, podendo ser aplicados também individualmente de acordo com a necessidade ou vontade do professor como atividade complementar para alguma matéria específica. Nada impede também que as atividades sejam aplicadas em outros ambientes que não o escolar ou com idades diferentes das sugeridas, o importante é que elas sejam adaptadas e que as pessoas se divirtam!
Como explicado nas páginas anteriores, os exercícios possuem quatro bases que podem ser identificadas dentro do guia por cores de referência utilizadas como o fundo das páginas de atividades:
O livro se divide em três seções referentes às semanas de duração das oficinas, como visto no mapa da página anterior. E cada atividade se organiza da seguinte maneira:
Para ser lida com as crianças
As oficinas tem um tempo médio de 2 a 3 horas de duração, o que pode parecer bastante tempo mas quando não organizado e mal utilizado pode passar voando! Para o melhor aproveitamento das atividades foram estabelecidas algumas diretrizes gerais como sugestão.
Ter mais de um tutor em sala (em especial quando houver muitas crianças); Quando possível trabalhar em um ambiente fora da sala de aula e em roda, tornando o espaço mais acolhedor, onde todos podem se ver; Fazer uma exposição e apresentação do trabalho desenvolvido no dia para que todos interajam com as ideias dos colegas; Estabelecer regras para perguntar e falar, como um objeto da fala, para que aprendam o momento certo de ouvir e de serem ouvidos; Não limitar ideias ou o raciocínio da criança; nem o uso de materiais (quando possível), incentivando o compartilhamento e uso de forma coletiva.
Semana 1 Arte e Natureza
Como nós temos tratado o nosso planeta? Já reparou que não temos muitas árvores nas ruas, mesmo elas nos fazendo tão bem? Elas nos oferecem sombra e alimento, e nós as prejudicamos quando não descartamos o lixo de forma correta ou não nos importamos com o meio ambiente. Mas cada um de nós pode mudar isso aos poucos, olhando e cuidando mais de pertinho da natureza do nosso mundo. Para usar as cascas de ovos elas devem ser bem lavadas antes!
Cascas de ovos Canetinhas Brotos e sementes Terra
Depois de lavadas deve ser feito um pequeno furo no fundo da casca com uma faca ou um palito para a drenagem de água.. Com as canetinhas podem ser feitos desenhos nas cascas para sua identificação, você pode desenhar aquilo que foi plantado, rostos, ou apenas escrever seu nome.
Ao plantar as sementes é importante verificar a época do ano para se fazer um plantio correto. Algumas sementes germinam mais rápido que outras, como: tomate, alface, rabanete, milho, feijão, girassol, pimenta e pimentão. A casca de ovo é um recipiente biodegradável e nutritivo para o solo e para as plantas, mas também é frágil, precisando de todo o cuidado e carinho.
Com as cascas limpas, furadas e identificadas é hora de plantar! É só encher o ovo com terra, colocar as sementes e cobrir; ou plantar, com cuidado, alguns brotos. Se necessário fazer uma primeira rega.
A partir de uma conversa sobre o meio ambiente e a natureza, onde podem ser mostradas imagens comparativas de espaços com e sem árvores e espaços verdes, se espera que haja uma primeira tomada de consciência das ações de cada um sobre a natureza e sua responsabilidade sobre o que é feito a ela.
O que é arte para você? Aquilo o que se vê em museus, feito por um artista distante? O desenho que você fez semana passada não é arte? E será que apenas desenhos são formas de se fazer arte? Aqui faremos isso de uma forma diferente, usando a tridimensionalidade, objetos do dia a dia e a sustentabilidade a nosso favor. Nessa atividade serão feitas esculturas de formas diferentes, e vamos precisar de muita imaginação!
Papéis variados Objetos diversos Tesoura Terra Cola
Recortar várias letras nos papéis e dobrar, amassar e colar elas em um papel de base para a nossa escultura. Podem ser feitas com as letras do seu nome ou de uma palavra nova que você aprendeu.
Sabe aquela aquela caneta sem tinta? Por que ao invés de jogar ela fora não damos um novo uso pra ela? Muitos materiais que usamos podem ser arte: um lápis pode virar uma árvore e uma borracha um barquinho! Para que a tinta de terra fique boa, o ideal é uma terra sem areia e com pouca matéria orgânica. Existem vários tipos e cores de terra que podem ser usadas, também podem ser feitas outras com cores com alimentos e plantas. Lembre de misturar materiais e técnicas nas obras de arte!
Você já pensou em fazer sua própria tinta? E uma tinta ecológica! É muito simples de se fazer, basta misturar muito bem: 1 medida de água 1 medida de terra 15% de cola branca
Além de desconstruir a ideia de arte apenas como desenhos e pinturas, a atividade incentiva a experimentação de novos materiais e técnicas, produzindo objetos tridimensionais a partir de objetos abstratos (palavras) e objetos do dia a dia, mostrando formas alternativas de arte e de forma sustentável ao reutilizar materiais e produzir sua tinta com elementos da natureza.
Você já pensou em quantos tipos diferentes de casas podem existir na sua sua rua, ou na sua cidade; e no mundo todo?! Como será que nossos antepassados se abrigavam, e como vamos nos proteger no futuro? Com um pouquinho de criatividade e imaginação podemos descobrir e fazer um livro cheio de casas para morar.
Papel A4 Grampeador Material de desenho
Como demonstrado nas imagens, afolha A4 deverá ser dobrada e cortada ao meio duas vezes e grampeada formando um pequeno livro. O livro será completado e aos poucos, tendo um título revelado à medida em que o desenho anterior é terminado.
O títulos dos desenhos são: 1. Uma casa 2. A casa de um animal 3. A casa de um personagem 4. Sua casa 5. Uma casa do futuro
Já reparou como a maior parte das crianças desenha casas iguais, com um telhado de duas águas e uma chaminé com fumacinha, mesmo que em sua cidade não existam muitas casas assim? Essa atividade tem como objetivo estimular sua imaginação e memória de cada um para que enxerguem as diversas possibilidades de habitar um lugar.
Como seriam nossas casas e cidades se vivêssemos em uma obra de arte?Junte arte, arquitetura e muita criatividade e você pode criar casas super coloridas e divertidas.
Jogo da memória Fotos de arte Material de desenho Papel
No final deste livro existe um pequeno jogo da memória feito com ilustrações do artista Federico Babina,; este jogo relaciona ilustrações de casas e as obras de arte que foram usadas de referência. Depois de terminar o jogo e conversar sobre as relações das obras, devem ser apresentadas e discutidas algumas obras diferentes das do jogo. Então será feito um trabalho parecido, onde cada um irá fazer o desenho de uma casa à partir das obras de arte apresentadas pelo professor.
Para as obras de referência, a sugestão são alguns artistas brasileiros: Tarsila do Amaral, Lasar Segal, Victor Brecheret e Almicar de Castro. Ao apresentar as obras o ideal é que se discuta em grupo suas principais características. Podem ser trabalhados artístas específicos de uma época ou vanguarda por exemplo.
Obra de Lucio Fontana.
Com todos os desenhos terminados pode ser feito um novo jogo, onde o objetivo é adivinhar a obra que cada colega escolheu para representar sua casa.
Com essa atividade as crianças começam a ver a arquitetura de maneira diferente, abstraindo o modo como vivemos na realidade e pondo a imaginação em prática de forma artística; além de aprender um pouco mais sobre movimentos e artistas conhecidos no mundo.
A natureza é importante para nós não apenas por nos fornecer alimento, mas também o sol, a chuva e o vento; e para construir nossas casas e cidades tivemos que aprender a lidar com ela para que fiquemos protegidos e confortáveis. Você sabe a importância do sol, ventos e chuva para o planeta e como isso afeta nossas casas e cidades?
Bloquinhos Bússola Papel de seda Lanterna Papel
A partir dessa conversa o professor deve ensinar o grupo a localizar o Norte através do sol (podendo ter o auxílio de uma bússola), mostrando sua importância e indicando as luzes e sombras formadas pelo movimento do sol em um bloquinho (algo que simbolize uma casa). Em um lugar ensolarado cada um deixará um bloquinho num papel, onde será marcada sua sombra no início e no fim da oficina para ver a trajetória do sol no dia.
Enquanto nosso bloquinho está no sol, serão apresentados elementos usados em construções e que servem para proteger e filtrar o sol e o vento, como cobogós e brises. Com o papel de seda cortado em quadrados, serão feitas dobras e cortes, formando desenhos como num cobogó. O sol será simulado com uma lanterna, mostrando o desenho formado pelos “cobogós de papel”. Através desses exercícios o objetivo é que as crianças comecem a perceber como a natureza e o meio externo afetam a nós e nossas construções, reconhecer a natureza como aliada ao mesmo tempo em que precisamos nos proteger, conhecendo algumas técnicas utilizadas para esse fim na arquitetura.
Semana 2 Arquitetura
Já vimos que a natureza é importante para nós, mas que também precisamos nos proteger dela; como será que nós começamos a nos abrigar? Será que nós somos os únicos seres que buscam proteção do sol e das chuvas? E que outros tipos de abrigo podemos encontrar por aí além de nossas casas?
Imagens de diversos tipos de abrigo
As palavras casa e abrigo podem parecer muito parecidas num primeiro momento, mas se procuradas no dicionário ou pensarmos um pouco sobre elas, vemos que na realidade elas podem ser bem diferentes. Durante a conversa sobre essas palavras, mostrar imagens de cavernas, casas, casas de animais, abrigos e formas de proteção, começando pelo nosso próprio corpo. Devemos reparar que cada forma de abrigo, casa e sociedade é adaptada para os seus seres.
Para a parte prática os alunos farão um grande grupo e criar um abrigo com seus corpos, onde um colega deve conseguir entrar e se proteger. E então será feito o mesmo exercício em duplas ou trios. Cada grupo terá alguns minutos para pensar em formas diferentes de se abrigar e então apresentam suas soluções para o grupo todo..
Nessa atividade, a ideia é mostrar a necessidade de proteção de todos os seres vivos e como isso evoluiu e mudou a vida do ser humano ao longo da história, nos proporcionando diversas formas de habitar e ocupar o espaço e o planeta.
Nós passamos tanto tempo em casa, em nossos quartos, é onde vivemos, brincamos e dormimos. Mas será que conseguimos nos lembrar de cada detalhe desses lugares e reproduzir eles?
Papelão, caixas Tesoura e cola Materiais de desenho Papel
De forma rápida e prática, deve ser apresentado o conceito de maquete (a redução de um espaço para estudo) e como se faz uma. Então cada aluno um reproduzirá o seu quarto e seus elementos como: a porta, a janela, a cama, o guarda roupa.; com o máximo de detalhes que conseguirem se lembrar. Ao finalizarem as maquetes cada um apresentará o seu espaço; onde gosta de brincar, o que mais gosta no quarto e contar se foi fácil ou não se lembrar de todos os detalhes dele.
Neste primeiro contato com o mundo reduzido, a ideia é que a criança tenha que se lembrar e de fato pensar no espaço que ela vive, que ela ocupa, para que possa reproduzi-lo corretamente.
Agora já sabemos como fazer a maquete de um ambiente, mas como o arquiteto usa o desenho para mostrar suas ideias e representar os detalhes do lugar que ele imaginou? Como ele faz para mostrar as paredes, portas e janelas, os pisos e degraus e todas as medidas e alturas de uma casa? Ele faz isso usando desenhos que chamamos de plantas e cortes.
Planta do espaço Material de desenho Frutas Papel
Para mostrar a ideia da visão de desenho das plantas e cortes, podem ser usadas frutas cortadas. As frutas serão desenhadas inteiras e depois da maneira que forem cortadas. Além das frutas, será desenhada a planta. de sua casa ou do quarto, podendo usar a maquete de auxílio. Para que o desenho seja relacionado com o espaço físico, será feita uma "caça ao tesouro", os alunos receberão uma planta do espaço onde devem marcar os locais em que encontrarem algo diferente, podendo ser algo nunca visto ou algo escondido pelo professor.
Nesta aula serão apresentadas as formas de representação do arquiteto, mostrando como ele constrói o espaço e como relacionamos esses desenhos com o espaço em que de fato vivemos e ocupamos, que por vezes se mostra como algo abstrato e longe da realidade.
Você já se perguntou como são feitas as medidas que usamos? Por que as coisas são como são? Uma porta poderia ser mais alta, uma cadeira poderia ser maior e por que as réguas têm as mesmas medidas? Imagine que todas essas coisas fossem feitas para um elefante, as portas e janelas seriam enormes não é mesmo? Por isso tudo ao nosso redor é baseado nas medidas do nosso corpo!
Papel (jornal) Fita adesiva Objetos de medição
Com o jornal serão feitos bonecos para que as crianças busquem lugares em que ele fique abrigado de forma confortável. Ele cabe em baixo da mesa, da cadeira? Dentro de uma caixa? E você? Cabe? Medir a sala com o seu próprio corpo: pés, mãos, braços, pernas, tronco, cada um terá uma medida diferente. Serão apresentadas ferramentas para medição e então, usando a trena, os grupos irão fazer uma planta rápida e anotar as medidas da sala e seus objetos.
Os bonecos de jornal foram pensados para crianças menores. Com os mais velhos é possível pular esta etapa e também lhes ensinar um pouco mais sobre escalas.
Com as medidas corretas anotadas, ir para um espaço aberto e desenhar a sala no chão com a fita, colocando também o desenho das mesas ou cadeiras .Com os mais velhos é possível reduzir a escala, desenhando o cômodo em 1:2, pela metade.
Aqui a ideia é construir uma relação de corpo-espaço, mostrando como as nossas medidas refletem no espaço que habitamos, além da importância da unificação das medidas (cada pessoa é única e com medidas diferentes, mas seria uma loucura ter 7 bilhões de medidas diferentes não é mesmo?). Com alunos mais velhos também é pos
Semana 3 Cidade
Temos leis da natureza atuando sobre nós o tempo todo, e são essas leis e forças que nos ajudam a construir prédios, pontes, túneis... Nós aprendemos a calcular e testar forças como a ação e reação e a gravidade para nos ajudar a fazer sistemas que são muito fortes para nos proteger e construir nossas cidades.
Imagens de estruturas Papel Palitos Massinha
Apresentar exemplos de estruturas e como elas se comportam: pontes, túneis, casas e até mesmo as mesas e cadeiras da sala da oficina . Construir com o próprio corpo uma mesa humana, uma pirâmide ou brincar com o centro de gravidade através de exercícios de equilíbrio, mostrando na prática como funcionam os pilares, as vigas e a força da gravidade. Materiais se comportam de formas diferentes de acordo com suas condições, por exemplo, podemos estruturar uma folha apenas com dobras. aqui a atividade é criar estruturas abrigadoras apenas com dobras e cortes, sem cola,
Os exercícios corporais de equilíbrio do centro gravidade podem ser simples como ao lado. No anexo no fim do livro existem mais informações sobre as estruturas geodésicas.
No segundo dia da oficina serão apresentadas estruturas mais complexas: as geodésicas. Feita a pequena geodésica, é hora de ocupar o espaço com uma megaestrutura, que pode ser feita de qualquer material ou formato, podendo ser uma geodésica (se houver a possibilidade) ou apenas um emaranhado de palitos colados formando uma "cidade conectada". Aqui demonstramos como as leis e forças da natureza estão atuando em tudo a todo momento. A ideia deste exercício é exemplificar sua lógica, sem cálculos e complicações, e sim através de experimentações corporais, materiais e de observação.
Você presta atenção quando anda pela cidade? O que tem dentro de uma cidade? O que você gosta ou não gosta na sua cidade? Cada um tem uma visão única de onde mora e de como esse lugar poderia ser melhor, como seria a cidade ideal para você? Com a folha de papel A3 será montado uma espécie de palco, como exemplificado nas fotos.
Papel A3 Material de desenho Blocos/caixas de papel
Tendo este palco feito, cada um irá desenhar uma cidade, aquela que imagina ideal, onde gostaria de viver, uma cidade do futuro... Com blocos de montar ou caixas, podem ser adicionados elementos 3D ao seu cenário como casas, torres, pontes, árvores e pessoas, construindo a história da cidade.
Com todos os cenários prontos, chegou a hora de sentar numa grande roda e conhecer a história de todas aquelas cidades imaginárias.
Para que a criança comece a pensar, de forma sútil, sobre o que é cidade, quais elementos que caracterizam uma cidade, relacionar coisas boas e ruins sobre o lugar onde vivem e criar uma narrativa sobre como isso poderia ser diferente.
Nós passamos muito tempo em nossas casas e muitas vezes não nos lembramos de detalhes. E na cidade? Será que nos lembramos de tudo? Um lugar tão cheio de vida e detalhes diferentes; será que nós prestamos atenção de verdade nela? E será que mesmo morando na mesma cidade todos tem a veem igual ou cada um pensa nela de um jeito? Pode ser que onde você mora existam várias cidades que você não conhece. Cada um irá listar e desenhar o trajeto até o local da atividade: objetos, pessoas, animais, prédios encontrados..
Rolo de papel/papel grande, material de desenho, caixas de papel.
Em uma conversa sobre o trajeto devem ser encontrados itens ou locais em comum. Ao reconhecer esses itens, identificar porque eles fazem parte e formam a cidade. E então todos irão desenhar juntos em uma grande folha de papel, uma cidade: a que moram ou como ela seria se fosse adequada e boa para todos. A partir do mapa coletivo, será feita uma maquete dessa cidade, utilizando materiais recicláveis como caixas, copos, papelão e etc.
Aqui o objetivo é reconhecer elementos que compõe uma cidade indiferentemente de onde seja, e as características e percepções de cada um sobre ela, sobre o que dá vida a ela e como uma única cidade pode ter diversas interpretações. São retomados os exercícios de planta e maquete, sendo também um espaço para reaproveitamento de exercícios anteriores, como as esculturas, que podem aparecer para enfeitar a cidade.
As geodésicas são estruturas fascinantes por sua auto sustentação e aparente complexidade, mas estudando e entendendo o funcionamento de sua geometria triangular se torna algo de fácil reprodução. A volumetria básica da geodésica é o icosaedro, e à medida em que são feitas subdivisões em suas faces ele se aproxima mais de uma esfera. Essas subdivisões são chamadas de Frequência e simbolizadas por "V". Para começar a entender mais sobre essas estruturas e aprender a montá-las, é possível consultar diversos materiais gratuitos, assim como uma calculadora de domos, no site do grupo "Ameríndia Design em Sustentabilidade"¹, o grupo também tem um guia para iniciantes no assunto disponível no issuu.²
________________________________________________________ ¹ <http://amerindia.eco.br/index.html> ² <https://issuu.com/viniciusmaron/docs/c_pulas_geod_sicas_-_guia_para_inic>
Este livro é o produto de um trabalho de conclusão de curso de Arquitetura e Urbanismo. Neste guia você irá encontrar atividades sobre arte, natureza, arquitetura e cidade que podem ser trabalhadas em sala para aulas mais dinâmicas ou como atividades extracurriculares.