Barreiras Urbanas e as Articulações Intra Bairro

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BARREIRAS URBANAS E AS ARTICULAÇÕES INTRA BAIRRO



“La ciudade del siglo XXI no puede ser proyectada bajo pautas estabelecidas siglos atrás, sino que necesita apoyarse en nuevos instrumentos para lograr realizar lecturas bidirecionales de las urbes, que enriquezcan los espacios urbanos y la ciudadanía que los habita.” Virginia Arnet, 2013. p.34 Memorias Invisibles - Nuevas Oportunidades del patrimonio industrial para la regeneración urbana.

“What if we simply declare that there is no crisis - redefine our relationship with the city not as its makers but as its mere subjects, as its supporters? More than ever, the city is all we have.” What ever happend to urbanism? (from S,M,L,XL - OMA) Rem Koolhaas


Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). De Campos, Camila Yumi Barreiras Urbanas e as articulações intra-bairro. / Camila Yumi De Campos - São Paulo (SP), 2019. 112 f.: il. color. Orientador(a): Rita Canutti Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2019. barreiras urbanas, legibilidade, remanescentes industriais, articulação, bairros I. Canutti, Rita (Orient.) II. Título


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BARREIRAS URBANAS E AS ARTICULAÇÕES INTRA BAIRRO

Este trabalho de conclusão de curso de bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, pertence a estudante Camila Yumi de Campos. Orientado pela professora Me. Rita Canutti 2019


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_agradecimentos

Um grande suspiro, para um coração cheio de agradecimentos. Por todo o tempo, construção, respeito e amadurecimento que o estar com tantas boas companhias me proporcionou ao longo desta caminhada. Primeiramente, aos meus pais, Katia e Paulo, por todo amor, dedicação e instrução, que me motivam a viver pelos meus ideais, ou ainda dizer que sim, existem ideiais pelos quais viver. À minha querida irmã, Alícia, por me mostrar o mundo pelos seus olhos de criança, deixando tudo mais leve e interessante, percepção essa que foi super importante para a minha formação. Às amizades do percurso com as quais todas as angústias e alegrias foram compartidas intensamente, ainda mais nos últimos meses, em especial Aline Maria, Jéssica Pelegrinelle, Larissa Gonçalves, Leonardo Ferrari, Letícia Falco, Michelle Kamijo, Natália Fernandes, Tatiana Moschetta e Thayná Pazzianotto. À oportunidade de intercâmbio estudantil e aos amigos que essa experiência me proporcinou. Esses que foram fonte de muito incentivo e carinho, Fernanda Tejeda, Lucas Baltar, Marcos Vinícius, Roger Silva, Stefanie Rubia e Valéria Frausto. À equipe do escritório SIAA, em especial ao Eduardo Gurian e Shundi Iwamizu, pela oportunidade. Ao Bruno Salvador pelos ensinamentos diários. À Fernanda Britto pelas conversas esclarecedoras no caminho e à Maria Fernanda e Laura Cardone, por tanto companherismo, apoio e disposição. Aos meus queridos professores, que me apresentaram a arquitetura e urbanismo, de dentro pra fora. À Valéria Fialho, pelo incentivo a inúmeras oportunidades durante o curso. Ao Ricardo Luis, por toda orientação, ensinamentos e revelação da cidade contemporânea e suas metaformoses. À minha querida orientadora, Rita Canutti, por toda compreensão, discussão e construção durante o percurso, não só no campo profissional mas também sobre Ser humano. Aos professores convidados, pelo interesse e disposição em dialogar por meio desse presente trabalho.

Muito obrigada!


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_sumário

_resumo

10_11

_introdução

12_13

_a cidade em que vivemos

14_19

_o espaço da cidade

20_23

_o lugar de estudo

24_27

_reconhecimento

28_37

_análises

38_51

_estudos de caso

52_57

_oportunidades

58_65 66_105

_projeto ...concluindo

106_109 110_111

_referências bibliográficas


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_ resumo

O presente trabalho pretende discutir o espaço público da cidade como o meio articulador da vida urbana intra bairro. Para isso, se apoia na leitura da cidade existente, buscando extrair as características e identidades locais de seus habitantes, como uma forma de transformar o lugar a partir de seus potenciais, gerando o máximo de apropriação possível pelos moradores e assim prevendo que grandes transformações urbanas dialoguem com as dinâmicas dos bairros em que estão inseridas, mantendo a legibilidade local. No caso deste trabalho o objeto de estudo, é o eixo Tamanduateí localizado entre Vila Prudente e Vila Carioca, que possui uma grande remanescência industrial como oportunidade de transformação e conexão entre os bairros citados acima. Palavras-chaves: barreiras urbanas, legibilidade, remanescentes industriais, articulação, bairros.


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_ abstract

This thesis aims to discuss the public space of the city as the articulating medium of urban life in the neighborhood scale. For this, it is based on the reading of the existing city, seeking to extract the local characteristics and identities of its inhabitants, as a way to transform the place from its potentials, generating as much appropriation as possible by the residents and so predicting that large urban transformations dialogue with the dynamics of the neighborhoods in which they are inserted, maintaining local readability. In the case of this work the object of study, is the TamanduateĂ­ axis located between Vila Prudente and Vila Carioca, which has a large industrial remains as an opportunity for transformation and connection between the neighborhoods mentioned above. Keywords: urban barriers, readability, industrial remnants, articulation, neighborhoods.


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_ introdução

Viver na cidade, viver a cidade é estar predisposto para todo e qualquer acontecimento. Em um mesmo dia, passamos por lugares diferentes, com espacialidades, composições e tempos distintos. Nenhum dia é igual ao outro, já que vivemos em constante movimento, em uma combinação aleatória de eventos, que geram efeitos sobre objetos e sujeitos, gerando os espaços pelos quais transitamos e as percepções que vivenciamos. Todas essas relações acontecem no espaço da cidade, “são as formas de relações inerentes entre as coisas que garantem nossa existência e a possibilidade de vivermos em sociedade, de socializarmos nossas ações, de produzirmos história.” (NETTO, p.265) Diante dessa reflexão, surge o questionamento: — Vivendo em uma cidade consolidada, como as construções e intervenções arquitetônicas e urbanísticas conseguem agir para além do ponto onde foi materializada? Como costuramos os tecidos urbanos que ativam o mundo da experiência e as relações sociais?

espaço urbano, que mesmo em constante expansão e movimento, ofereça legibilidade para os que o habitam e os convide a apropriação e gere sentimento de pertencimento. Um tecido urbano que narre a sua história feito as narrativas escritas, que são sempre base para a nova experiência (a nova narrativa) mas que não perdem sua essência inicial. O tecido urbano não conturbado, mas uma costura entre tempos, já que é claro que “o espaço urbano é um reflexo tanto das ações que se realizam no presente como também daquelas que se realizaram no passado e que deixaram suas marcas impressas nas formas espaciais do presente.” (CORREA, p.08)

Assim surge uma discussão dos efeitos da arquitetura e urbanismo sobre além de um campo visual, atrelado ao pertencimento do ser com o espaço, baseado na forma e dinâmica urbana, entendendo seus efeitos com a sociedade. “Há um grande desconhecimento e mesmo uma espécie de alheamento a respeito das possíveis influências da forma arquitetônica sobre outros aspectos da experiência humana, como sobre as condições da nossa apropriação do espaço, por exemplo.” (NETTO, p.266)

Um território que se desenvolveu com a implantação e crescimento da indústria na cidade de São Paulo, e sofre desde os anos 2000, uma nova fase de transformações que agregam outra dimensão para esse espaço, como discutido na OUC-Bairros do Tamanduateí, mas que no momento, andam em passos lentos...

Neste trabalho de conclusão final de curso, a autora objetiva entender e explorar a composição do espaço urbano. Evidenciando um possível papel da arquitetura como o fio que tece, articula quadros e os faz pertencentes a uma mesma malha. Uma busca por um

Assim como toda vivência têm seu espaço de acontecimentos, esse trabalho possui como contexto espacial um território industrial remanescente, que se conforma como uma grande barreira urbana, localizado no distrito da Vila Prudente em divisa com o distrito do Ipiranga (Vila Carioca).

O território a ser estudado já não corresponde às dinâmicas de vida de onde está inserido. Os lugares de trabalho já não são os mesmos. O lugar atraiu trabalhadores ontem, hoje não se insere na vida cotidiana. Muito espaço e pouca apropriação do mesmo. Muito espaço... Muito espaço: Oportunidade!


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Para a apreensão do lugar de estudo, o espaço da cidade virou uma discussão, afinal qual é esse espaço? Os mapas são as bases para análises e desenho. A vivência e os relatos, o reconhecimento. Da mesma forma pretende-se inserir o leitor do trabalho no território, entendendo o projeto final como uma das possivéis costuras e resignificações que caberiam a esse lugar.

“Como eu disse, quando era pequeno ficava muito na rua. Basicamente cada rua tinha um grupo de meninos e meninas que brincavam, mas principalmente, jogavam futebol.”

“meu pai que veio morar aqui, faz 70 anos que moro na vila prudente. tão querendo comprar minha casa pra construir edifício novo, se eu tiver que vender, vou ir morar com meu filho em são miguel paulista...”

Thiago A. morador da vila carioca

Maria Jalma moradora da vila prudente


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_a cidade em que vivemos

Neste momento, os questionamentos teóricos, imaginários, perceptivos da autora, necessitam tocar o solo. É muito prazeroso construir o imaginário, assim como os pensadores do modelo de cidade no modernismo... “a cidade, ao invés de ser pensada como processo ou problema, é sempre colocada como uma coisa, um objeto reprodutível. É extraída da temporalidade concreta e torna-se, no sentido etimológico, utópica, quer dizer, de lugar nenhum.” (CHOAY, 2013, p.14). Entretanto, ao viver em uma metrópole como São Paulo hoje, entendemos que não é um modelo de reprodução que resolve nossos problemas atuais e reais. A dinâmica em que esses grandes planejamentos acontecem, não é a mesma em que a sociedade se movimenta. É preciso se aproximar da nossa realidade e entender quais são as possíveis ações que podem nos ajudar a produzir uma cidade mais atemporal, que absorva as mudanças de forma mais harmônica e correspondente a seus habitantes. Primeiramente, que cidade desejamos perpetuar? Para entender a formação da cidade, do espaço urbano e suas relações sociais, propõe-se a construção de uma leitura que possibilite a melhor apreensão do espaço urbano a ser estudado. Logo, compreendemos que a formação de cidade nasce com o processo de sedentarização do indivíduo, que passa a estabelecer uma nova relação entre o homem e a natureza. Para a materialização da cidade, é preciso o domínio sobre o território que se pretende habitar. Esse habitar sugere um suprimento da necessidade da moradia e do trabalho. Segundo Rolnik (1988), assim poderíamos descrever o nascimento e estabelecimento da cidade. “A cidade, enquanto local permanente de moradia e trabalho, se implanta quando a produção gera um excedente, uma quantidade de produtos para além das necessidades de consumo imediato.” (ROLNIK, 1988, p.16) Nesse momento, as cidades passam a crescer, uma vez que seus habitantes não são mais só produtores agrícolas, mas também consumidores. Assim para a administração dessas trocas, a escrita torna-se essencial para o registro da acumulação de riquezas materiais ou não.


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Com a cidade sendo escrita, ela passa a construir memória, modificando a sua materialidade. A cidade passa a ter registros, marcando uma forma de viver. Além da escrita, o modo de vida também se revela com a arquitetura urbana que também surge, como organização para esse estabelecimento. Os traçados, desenhos de rua, edificações são evidências de formas de vida, uma vez que essas formas traduzem as necessidades daquele que habitou em outro tempo. Assim, ao ler a cidade hoje temos a clareza de que essas já não são folhas em branco que podem ser escritas livremente, mas sim, são como textos em constantes transcrições como se a todo tempo tivéssemos que apresentá-lo em uma nova língua. Perdendo e transformando significados, que talvez numa tentativa de voltar ao original, já não seja possível pelas tamanhas adaptações e pelo tempo do hoje, que já não suporta o anterior. A cidade é revelada pelas suas formas, e essas sofrem contínuas transformações no tempo. Por Italo Calvino: “O catálogo de formas é interminável: enquanto cada forma não encontra a sua cidade, novas cidades continuarão a surgir. Nos lugares em que as formas exaurem as suas variedades e se desfazem, começa o fim das cidades.” (1990, p.126) Assim, poderia considerar que hoje existe alguma forma saindo da nossa cidade e outra chegando, ou então concordar quando Perulli nos diz, com a afirmação de Bergson: “No século XX, a forma encontra o seu limite, ou seja, é negada. Bergson foi o primeiro a fazer essa constatação, em L’évolucion créatice, publicado em 1907: ‘Ora, a vida é uma evolução. Nós concentramos um período desta evolução num aspecto estável que chamamos de forma, e quando a mudança se torna suficientemente relevante para derrotar a feliz inércia de nossa percepção, dizemos que o corpo mudou de forma. Na verdade, porém, o corpo muda de forma a todo momento. Ou melhor, não existe forma, na medida em que a forma diz respeito ao que é imóvel, enquanto a realidade está em movimento. Apenas é real a mudança contínua da forma.’” (PERULLI, 2012, p.14 - grifo autoral)


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estou entendendo... continua...

Com esta leitura, podemos entender que a cidade possui uma forma materializada por suas ruas, calçadas, edifícios, fluxos, entre outros e, também, está em constante transformação, já que o indivíduo que a habita, recebe estímulos a todo momento e se transforma, como reflexo do ambiente e refletindo no ambiente. Portanto, temos que assumir a contínua fluidez dos nossos espaços, e em contrapartida entender que a nossa cidade já está repleta de sobreposições de formas e espacialidades. “’Como todos os fluidos, eles não mantêm a forma por muito tempo. Dar-lhes forma é mais fácil que mantê-los nela. Os sólidos são moldados para sempre. Manter os fluidos em uma forma requer muita atenção, vigilância constante e esforço perpétuo – e mesmo assim o sucesso do esforço é tudo menos inevitável.’” Zygmunt Bauman, Modernidade líquida [Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001] pp. 14/15 Os espaços vão se alterar com o tempo, as formas vão receber novas influências. Porém, como fazer isso de forma harmônica? Reconhecendo a história do lugar, mas também as transformações presentes? Já não é sustentável o pensamento que apenas destruir basta, temos que buscar formas de articulação com o existente, intervir de acordo com que cada localidade nos oferece, sejam esses os vazios urbanos, os “entre lugares”, “sob lugares”, dentro dos lugares ou mesmo acima do existente. Se a cidade é construída por formas que são sólidas, e que a dinâmica que nela habita solicita transformações, sugerindo maior fluidez nas formas durante o tempo, é possível prever a cidade de maneira que ela absorva a liquidez, (re)organize-se e não perca sua identidade? ‘Es posible pensar una arquitectura del tiempo más que del espacio? ¿Una arquitectura cuyo objetivo sea no el ordenar la dimensión extensa, sino el movimiento y la duración?’ Ignasi de Solà-Morales, Territorios [Barcelona: Gustavo Gili, 2002]“ (BOGEA, 2009, p.23-24) Uma pausa.


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Fazemos uma pausa na questão para entender a cidade como a sociedade que a habita. O espaço urbano como o lugar que suporta as ações do cotidiano, o lugar de encontros, que oferece potencialidades de interação social, para a possibilidade do reconhecimento do outro. Se nós, não pensarmos primeiro o papel do espaço para a sociedade, como poderemos nos apropriar de forma devida dele? Neste ponto, nos aproximamos da maior questão desta pesquisa. Se nós, (futuros e atuais) arquitetos e urbanistas, somos produtores de espaços, como podemos/devemos nos apropriar da cidade? Qual a nossa capacidade de interpretar as necessidades locais e transcrevê-las em projeto, sem que se perca a sua leitura, e reconhecimento? Como podemos assegurar alguma leitura espacial entretempos, que assegure uma transformação harmônica? Até que tudo isso já não faça sentido, e a cidade peça por outra condição de espacialidades e urbanidades. O espaço urbano materializa as dinâmicas da sociedade. Podemos discutir a segregação espacial, a apropriação, a alteridade... Entre tantos outros aspectos que precisamos estar conscientes que estão contidos na nossa cidade e sociedade. Que jeito melhor de se apropriar da cidade, do que o reconhecimento que esse espaço também é o espaço do outro? Nas palavras de Solano Benítez¹, “A sociedade é uma extensão de mim para o outro. A ideia de sociedade acontece quando percebo que estou no outro, que o outro é a minha extensão e eu sou a extensão do outro.” Como tratou do projeto “YYVYYVYRA”, “human rehabilitation X urban rehabilitation”. Nós humanos, cidadãos, arquitetos e urbanistas como pessoas na sociedade que podem projetar buscando a qualificação dos espaços, com as primícias de gerar espaços integradores e socializadores, que se esvaziem do nosso eu para que possam perdurar além do momento, e do nosso campo visual. Espaços carregados de possibilidades de experiências, ideologicamente sugerido por Constant Nieuwenhuys, ao propor a New Babylon, uma nova cidade para uma nova sociedade “homo ludens”, entendendo que a cidade está totalmente atrelado a sociedade que a habita, que não adianta propor uma New Babylon para os que não se sentem pertencentes a esta. Ou seja, se a cidade corresponde a sociedade que o habita, temos que interferir na cidade de acordo com as necessidades próximas desses habitantes, e em contra partida, instigar essa população para que percebam suas próprias dinâmicas e não se ausentem da cidade, gerando estímulos que os despertem a cada dia para novas interpretações de um mesmo espaço, que já é de seu reconhecimento. Um espaço da

¹ Anotações da palestra de Solano Benitez no Centro de Formação do SESC - 16/04/2019


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cidade que sugere interações, que instigue os sentidos, que provoquem o homem a perceber o território em que está inscrito. Afinal, o que faz de uma praça muito utilizada e outra não? O que nos faz buscar tipos de lugares? Qual a linha tênue que distancia um espaço do outro, que distancia uma realidade da outra, umas pessoas de outras? Somos tão intolerantes a presença do outro? Ou existe algo mais subjetivo? . . . Qual é a realidade dessa parte da sociedade que busco intervir? Além do que seu espaço mostra, quais são os costumes e as carências? O que aconteceu nessa cidade que já não atende a essas pessoas? Ou o que falta, para melhorar a utilização do espaço público? Já não escrevemos uma nova forma, intervimos na existente, explorando seus potenciais e suas fragilidades, revertendo as últimas, saciando carências socais e espaciais. A cidade está criada, e cabe a nós, reconhecer os pontos urbanos que propaguem vida pelas malhas que tecem nossos espaços já consolidados. Entre tantos questionamentos e reflexões que compõem o caminho da estudante, esse trabalho de conclusão busca ser um recorte, um estudo, mas sobretudo, como o nome da disciplina diz, um trabalho que conclui algo, no caso, uma possível estratégia projetual como resposta da análise e vivência do espaço urbano da cidade de São Paulo. Para tanto, buscou-se um intermediário de proposição projetual entre as composições sociológicas ideais e práticas do desenho urbano, entendendo que o espaço da cidade pode ser um lugar de aprendizado para sociedade tão complexa que somos. Assim, depois de um momento investigativo teórico da monografia, pretende-se apresentar a partir de então, a aproximação com os métodos de leitura e construção da paisagem urbana pretendida.


COMO ESPAÇOS LIVRES COMO ESPAÇOS PÚBLICOS ESPAÇOS EM BRANCO COM A SIGNIFICAÇÃO SUFICIENTE PARA SUA LIVRE APROPRIAÇÃO.

USE-O USEM-OS

OU SIMPLESMENTE, TOME UM RESPIRO NESSE MOMENTO.


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_ o espaço da cidade

Desde sempre o estar na cidade trouxe diversos significados e status para o homem. O espaço da cidade sempre foi o lugar de relacionar-se, primeiramente com o comércio (trocas) e serviços oferecidos, depois aprimorou-se com o sentido como o lugar de ver o outro (que não era tão diferente do eu), o lugar do encontro, do mostrar-se como ser social... E assim foi caminhando, pelos avanços sociais e industriais, o estar na cidade mudou de escala e dinâmica, podendo de fato ser reconhecido como o lugar de ver o outro (que pode ser totalmente diferente do eu). Porém, pós tempos industriais, a sociedade vive o espaço da cidade como um lugar de trânsito, abordando o espaço como um caminho, o lugar cotidiano e ordinário. Passamos a viver em um automatismo, onde somente determinados eventos ou lugares direcionados nos trazem a conotação antiga de cidade, como o lugar que frequento para ver e principalmente relacionar-me com o outro. Essas transformações não são só uma questão social, também espacial. Na época medieval, as cidades possuíam como prioridade o caminhar a pé, as ruas eram sinuosas limitando as passagens de carruagens, somente algumas ruas principais, relacionadas ao abastecimento – entrada/saída – de manufaturas eram mais largas. Logo, pós industrialização, devido aos novos recursos e a crescente demanda populacional, a cidade passa a ter outra característica, alterando a escala de interesse do desenho das ruas, pouco a pouco aumentando vias e fomentando/ necessitando mais do transporte por algum tipo de automóvel, indicando o aumento de velocidade das ações. Assim, o pós guerra, contextualiza a cidade moderna, que formaliza algumas das tendências das cidades pós revolução industrial, onde o desenho principal da cidade está relacionado aos automóveis, dado pela relação destino – destino, além da necessidade de reconstruções do espaço urbano, atrelado aos medos da sociedade que estava se reerguendo, em forma e socialmente. Com o avanço da indústria automobilística, passamos a nos distanciar dos nossos percursos táteis na cidade, nos locomovemos para um objetivo em especial e o demais, são somente um caminho, que “deve” ser feito preferencialmente de carro, já que nos sentimos mais seguros e ágeis. Entretanto, temos uma grande discussão sobre o ideal de cidade, espacialidades, além da busca por cidades que ofereçam mais segurança (em que momento se perde a sensação de segurança na cidade?). Podemos falar da cidade ativa, discutida por Gehl, que acontece ao nível dos olhos e que mais se aproxima as cidades medievais, ao priorizar o pedestre em relação aos automóveis, incentivados pelos desenhos das cidades modernas. Mas nem de toda automatização é pensada a cidade moderna, já que utilizando como exemplo Brasília, existe uma ideologia interessante por trás da concepção da


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superquadra, a unidade de vizinhança. Abordaremos a visão de cidade ativa de Gehl, junto ao conceito de unidades de vizinhança, visto que são concepções complementares, que se reforçam, uma vez que sugerem a melhor apropriação dos espaços urbanos pela comunidade/ vizinhança que o habita. O conceito de unidade de vizinhança ressalta e fomenta as relações sociais das comunidades. Nos anos 20, Clarence Perry estudou essas relações junto aos equipamentos oferecidos por uma determinada parcela da cidade, identificando a necessidade que as habitações tivessem próximas de equipamentos que fornecessem suporte às “necessidades cotidianas”, e que a circulação de veículos não deveria dificultar o caminhar do habitante neste território, concluindo que a vida social se desenvolve nesse meio onde o habitante consegue ter uma legibilidade espacial. A criação de uma espacialidade comum, onde devido a sua configuração, inevitavelmente criar-se-iam espaços de trocas cotidianas. A unidade de vizinhança para Clarence incluía uma escola, para a população local, espaços livres próximos as escolas, comércios básicos e que não houvesse vias de fluxo intenso que dificultassem o acesso dos pedestres a esses lugares. Atento ainda mais à escala da criança, imaginando os caminhos que elas poderiam realizar sem que fossem colocadas em travessias de risco, como discorre Dinalva Roldan² em seu doutorado. O conceito de UV de Perry estava baseada em seis princípios: 1- Tamanho: relaciona a densidade populacional em função da população de crianças para o funcionamento de uma escola primária. 2- Limites: estabeleciomento de limites reconhecíveis, delimitada por vias arteriais sem interferir no tráfego interno da UV. 3- Sistema de ruas internas: sistemas de ruas que facilitem a circulação interna. 4- Áreas institucionais: conjunto de equipamentos que conformassem um centro comunitário, como a escola primária, biblioteca, teatro, duas igrejas... 5- Espaços abertos: sistema de pequenos parques e espaços de recreação. 6- Comércio Local: comércio com tamanho que pudesse atender uma ou duas unidades de vizinhança, se localizando de preferência, nas vias arteriais e adjacentes a outra UV. Daqui retiramos que a nossa apreensão do espaço que habitamos é importante para nos reconhecermos no território e reconhecermos um território, ou seja, um planejamento que percorra do macro para o micro da cidade, justamente o que é tra-

² A conceituação da unidade de vizinhança foi extraída da tese de doutorado de Dinalva Roldan, com nome: Unidade de vizinhança em suas conexões latino-americanas.


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zido no conceito de unidade de vizinhança. Planeja-se um sistema que potencialize toda sua espacialidade, direcionando seus usos, propondo percusos e estabelecendo limites.

micro_ _ macro O macro como a organização da cidade com o desenho urbano, seus fluxos e pontos de interesse. O micro como as gentilezas urbanas, proporcinando espaços e percusos qualificados na escala do pedestre. “As cidades devem propiciar boas condições para que as pessoas caminhem, parem, sentem-se, olhem, ouçam e falem.” (GEHL, p.118) Entendendo o contexto da cidade contemporânea, na escala macro a intervenção pode ser prevista nos territórios que ainda oferecem possibilidades de transformação, como em áreas industriais remanescentes onde ainda existem grandes lotes a serem restaurados e incorporados a novos usos. A escala micro possibilita a articulação do cotidiano entre as diferentes espacialidades da cidade, sendo um meio importante de conexão das áreas consolidadas com as áreas de grande transformação, por exemplo.

A partir dessa conceituação pretende-se ler e intervir no território de estudo, seguimos...


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_ o lugar de estudo

na região sudeste de são paulo: caracterizada pelo desenvolvimento industrial, linhas férreas e povoamento operário.

distrito da vila prudente

área de estudo: raio de 2 km intra-bairros

distrito do ipiranga

O lugar de estudo possui muitas conexões e importância regional, com a atual rede viária e de mêtro está bem inserido na malha urbana. Entretanto, históricamente, se conformou como um lugar isolado e distante do centro de São Paulo, se desenvolvendo como tal, o que fortaleceu o caráter bairrista da região. Os maiores e qualificados espaços livres próximos são o parque da independência no Ipiranga e o parque do crematório, na Vila Prudente.


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av. paes de barros parque da independência museu do ipiranga av. dos estados CENTRO av. luis ignácio de anhaia melo LESTE

parque do crematório da vila alpina

av. dr. nc

fra n

so

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uita

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esq

sid

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pre

isc

av.

av. juntas provisórias SUL

av. do estado ABC

av. guido caloi SÃO CAETANO DO SUL

perímetro de intervenção direções - conexões parques próximos/ maiores áreas de lazer


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: aproximando início/ centro do bairro da vila prudente

início/ centro do bairro da vila zelina o lugar da igreja e festas comemorativas de tradição lituana e russa

estação ipiranga

estação tamanduateí

rio

linha

férre

a-c

tam

ptm

and

uat

turqu

esa

perímetro de intervenção vila prudente/ vila zelina vila carioca/ vila independencia

0

100

250

500

1000 m

N N


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O perímetro de intervenção corresponde a um território de “divisa” entre duas subprefeituras a da Vila Prudente e a do Ipiranga, correspondendo respectivamente aos bairros da Vila Prudente/ Vila Zelina e a Vila Carioca/ Vila Independência. A grande área possui diversas barreiras urbanas, como duas vias de alto fluxo classificadas como arteriais, uma linha de alta tensão e o rio tamanduateí, as quais abordaremos mais adiante. A barreira que revela a forma do território como loteamentos e separação de bairros, é a linha férrea, a antiga são paulo railway, que correspondente a linha 10 - turquesa da CPTM. Ambos possuem características similares, se desenvolveram pela instalação de indústrias e respectivas vilas operárias, por isso apresentam grandes lotes utilizados como galpões industriais, depósitos ou atualmente, galpões inativos e em contra partida, pequenos lotes sendo a maioria de baixo gabarito, residencias de até dois pavimentos. O perímetro estabelecido é um recorte de bairro, de vida de vizinhança que se manteve até os dias de hoje, mas que cada vez se apaga um pouco mais... Já que os interesses e tipos construtivos da sociedade atual, continuam formalizando as dividas que em outro tempo eram feitas pela construção dos galpões. O bairro que se formou sendo reconhecido como Vila Carioca, posteriormente passou a ser chamado de Vila Independência (o que seus próprios moradores não entendem...), se desenvolveu como território industrial pela Avenida Presidente Wilson, dando costas para a linha de trem e apesar das grandes quadras/ lotes/ construções que a conformam, a vida de vizinhança sempre foi uma característica muito presente, o que é fácil de entender... Uma grande porção de terra, isolada pela linha do trem, viadutos, grandes avenidas, por um braço do rio tamanduateí, e fazendo divisa com a favela do heliópolis. As relações estavam/ estão contidas ali, com limites bem estabelecidos. Já o recorte que fazemos da Vila Prudente, corresponde a ocupação de uma área de várzea do rio tamanduateí, que na história dessa vila, foi ocupada um pouco depois. Saindo da área de várzea, a área de bairro consolidada corresponde ao que reconhecemos como a região da Vila Zelina e Vila Bela. Esse recorte não faz parte da “imagem da vila prudente”, já que não é área dos primeiros loteamentos realizados pelos irmãos Falchi em 1891, mas sim resultado de uma ocupação posterior dada principalmente por lituanos e russos, formando a Vila Bela em 1913 e a Vila Zelina em 1927/28.


“La ‘negación’ de la experiencia es imposible, un absurdo filosófico. La experiencia no presupone nada más que un encuentro entre ‘nosotros’ y ‘aquello que existe.” Entrelazamientos _ Steven Holl 1989-1995 (Introducción por Alberto Pérez-Gómez)


fotografia + colagem da autora 2019 Vista da praรงa Gonรงalo de Fonmseca e Sรก, na rua Gen. Bagnuolo/ rua Maparis.


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_ reconhecimento a vila carioca

A vila que cresceu baseada nas indústrias que se instalaram na avenida Presidente Wilson a partir dos anos 1925. Posteriormente, muitas indústrias migraram para o ABC paulista, deixando muitos terrenos desocupados na região até o início das obras do metro, que movimentou o mercado imobiliário na região, aumentando a quantidade de residências e ativando alguns galpões. Nesse mesmo período, uma parte do bairro passou a ser identificado como Vila Independência e não mais Vila Carioca, o que marca o início de uma transformação desligada com os habitantes e a memória do lugar. Com esse movimento imobiliário crescente na região, hoje temos os primeiros edifícios residenciais construídos no bairro. A vila carioca possui a imagem de ser uma outra parte do Ipiranga, já que está do outro lado do rio e é adjacente a favela do Heliópolis. Os moradores da vila, possuem um comércio local espalhados pelo bairro e mais concentrado na rua auriverde. Para compras maiores e específicas, o shopping central plaza e a rua silva bueno fazem parte dos destinos comerciais, ambos próximos o suficiente para serem feitos a pé. “Eu moro por aqui ainda. Quando era pequeno era um lugar com muita indústria, mas a maioria abandonada. Eu passava boa parte do meu dia na rua. Só passavam muitos carros nas poucas grandes avenidas. Era um lugar tido como quebrada, vizinho à favela mas com um pouco mais estrutura. Isso mudou quando começaram as obras do metrô. O lugar foi virando mais residencial, muitas construções começaram nesses locais de fabrica. Antes disso era difícil vir delivery, net, esse tipo de coisa pra cá.” “A apropriação da rua não é mais feita por pessoas que ficam ali, mas que passam apenas. E por muitos carros... Vez ou outra você vê alguém colocar uma cadeira na calçada e ficar ali. Apesar das ruas terem ficado com esse aspecto de centro urbano.” Relatos Thiago A., 24 anos


31 “Todo dia a Bárbara ia sozinha pro ponto de ônibus pra ir pra escola, ela tinha que sair mais cedo do que eu e iamos pra lugares diferentes. Mas eu não ficava tão preocuapada, o ponto era em frente a vendinha da dona Mariquinha, ela sempre ficava de olho na rua... inclusive sabia da vida da vila toda.”

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Relatos Rose G., 53 anos localizador de imagens

“A Vila Carioca foi onde cresci, onde meu pai se criou. Meus pais trabalhavam em uma daquelas indústrias, se conheceram lá. Aliás, todo mundo se conhecia lá. Era comum estar andando de bicicleta nas ruas de paralelepípedos e alguém sentado na calçada me parar e dizer que eu era muito parecida com a minha avó, que viveu ali, mas eu nem conheci.” Relatos Bárbara G., 24 anos

A Avenida Presidente Wilson é a via que concentra as fábricas, que faz divisa com a linha do trem. O início da Vila Carioca. Grandes lotes, alto fluxo de automóveis. De dia grande circulação dos caminhões para cargas e descargas nos depósitos, à noite a rua escura com pouca circulação.

imagem 1 - colagem da autora


32

Rua Álvaro do Vale - um dos acessos mais utilizados, conecta-se diretamente com a avenida juntas provisórias e com o bairro do Ipiranga. O gradil verde na imagem pertence a um grande terreno utilizado pelo metro. imagem 2 - fotografia da autora

Rua Álvaro do Vale/ Rua Aida - foto complementar a imagem anterior (2), vista sentido avenida juntas provisórias, onde vemos o fura-fila. imagem 3 - fotografia da autora

Avenida Presidente Wilson - considerada uma das vias com mais buracos de São Paulo, possui fluxo considerável por ser uma via de escoamento dos depósitos e também fazer ligação com o abc paulista, mais precisamente com São Caetano do Sul. imagem 4 - fotografia da autora

imagem 5 - fotografia da autora

imagem 6 - google earth 2019

Avenida Presidente Wilson - foto complementar à anterior (4). Podemos ver uma pequena favela na esquerda e o quanto a rua é desapropriada para os pedestres

Rua Aida - acesso a estação de metrô e cptm tamanduateí, conformando uma grande praça que se tornou um lugar de encontro de grupos, inclusive de dança.


33

6 2

3 10 9 8 7

4

5

localizador de imagens

Avenida Carioca - eixo importante dentro do bairro, conecta-se com o heliópolis e é via de acesso para o bairro do ipiranga, e com grandes avenidas como tancredo neves e anchieta. A av. Carioca possui muitos galpões e alguns residências de até 2 pavimentos. Devido aos grandes lotes e localização, é de interesse imobiliário para os novos edifícios residênciais que começam a surgir na vila. imagem 7 - google earth 2019

Rua Albino de Morais - rua que possui papel parecido ao da Avenida Carioca, é uma das continuações da rua Álvaro do Vale, sendo um caminho possível do Ipiranga para a Vila Prudente ou ABC. Ainda que possua grandes lotes, abriga mais residências e serviços menores, oferecendo uma rua mais esparça e agradável para o pedestre. imagem 8 - google earth 2019

imagem 9 - google earth 2019

Rua Auriverde - a rua que é mais reconhecida como a de comércio no bairro. É mais ativa com usos comérciais na próximidade do metrô, passando por uso residencial e em seus extremos, industrial.

imagem 10 - google earth 2019

Rua Aida - de um dos lados da via, que possui o metrô como uma barreira e crescente interesse imobiliário.


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_ reconhecimento a vila prudente

A Vila Prudente que é a borda do bairro, o lugar que é a transição das grandes avenidas para o espaço onde o bairro se consolida, mais conhecida como Vila Zelina, Vila Bela e até Jardim Ibitirama. Marcado também pela conformação industrial, com grandes lotes que deram lugar para a favela da vila prudente, e outras pequenas ocupações; assim como edifícios COHAB, alguns galpões de fábrica e espaços subutilizados (como muitos na região, se tornaram estacionamento com a chegada dos metros). A frente para a avenida francisco mesquita: distância das travessias para pedestre para se comunicar com as estruturas oferecidas do outro lado do rio, utilizados pela população local - o shopping central plaza e a estação tamanduateí. Segundo, o vazio gerado pela construção do metro e os adjacentes, que possuem industria ativa e murada, ou estacionamentos. Como se já não bastasse a circulação de veículos de grande porte, que pelo seu volume trazem inseguraça para o pedestre, a situação é reforçada pela má qualidade das calçadas e proteção dos pedestres. O “largo das COHAB’s” tornou-se o lugar de apropriação pelos moradores, já que as praças próximas que são os únicos respiros e espaços públicos, não oferecem infra-estrtutura alguma para o estar. A borda de um bairro consolidado, um lugar de passagem : do residencial para a avenida para os grandes lotes. Quais são as possibilidades de qualificação desse espaço da cidade?

“Se comprarem minha casa, não vou ter como continuar morando aqui no bairro. Eu gosto daqui, conheço tudo, já estou acostumada né?! A vida toda morando aqui. Mas já estou velha... Antes aqui era longe de tudo, não tinha metrô, monotrilho perto, nem fura-fila, agora que têm tudo, todo mundo quer vir morar aqui.” Relatos Maria Jalma, 70 anos

“Estão construindo sobrados novos aqui na rua, mas o térreo vai ser só de comércio. Mas eu não to gostando da ideia, pra mim vai ser ruim. Mais gente vindo estacionar na nossa rua, não vai ser mais sossegado assim.” Relatos Kelly T., 42 anos


35

12 13 11

localizador de imagens

Rua Vila Prudente onde por vezes a rua se faz extensão da casa, do bar. o lugar da espera do ônibus, o largo das cohabs imagem 11 - colagem da autora

Avenida Dr. Francisco Mesquita relação casas - rua lado oposto ao predominantemente industrial, com o rio como barreira. imagem 12 - colagem da autora

Avenida Dr. Francisco Mesquita do outro lado do rio o shopping a falta de preocupação com o pedestre imagem 13 - colagem da autora


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Vista do metrô tamanduateí para a Vila Prudente - em primeiro plano a linha do trem, o presídio e o fura-fila junto ao viaduto que encontra a Av. Dr. Francisco Mesquita. imagem 15 - fotografia da autora

Vista do metrô tamanduateí também para Vila Prudente - em primeiro plano a linha do trem, os lotes que dão costas para a linha - alguns sem uso, com as fachadas mantidas e o edifício garagem, construído com a demanda do metrô, em terceiro plano o edificício horizontal do shopping central plaza e logo o bairro. imagem 16 - fotografia da autora

Da calçada que margeia o shopping central plaza, a Av. Dr. Francisco Mesquita, o metrô linha 2 verde - que para cruzar a linha do trem e o rio, é elevado, até encontrar a cota mais adequada e voltar a ser enterrado. Podemos ver como o lugar do pedestre é praticamente inexistente. imagem 17 - fotografia da autora

imagem 18 - google earth 2019

Rua Guamiranga - rua de circulação entre os galpões e o shopping, que divide espaço com a faixa de servidão das linhas de alta tensão.

Rua Fernandópolis - o encontro dos galpões nas esquinas numa área predominantemente residencial.


37

20 19 14 15 17 21 16 18

localizador de imagens imagem 14 - colagem da autora

ilustração de situação recorrente na vila prudente - a casa antiga e os sobrados novos.

Rotatória na rua Leonor Monteiro da Silva - a vista de dentro do bairro para a av. Dr. Francisco Mesquita. À direita um misto de residências com galpões e à esquerda o terreno que foi desocupado para interligação do metrô, mas que possui terreno utilizado para estacionamento. imagem 19 - fotografia da autora

Rua São José dos Campos de encontro com a rua Barão Anibal Pepi (que encontra a rua Leonor da imagem acima), o extenso muro do terreno que é em maior parte desapropriação do metrô e está subutilizado. O encontro das residências com uma barreira física/ visual. imagem 20 - fotografia da autora

Vista da praça Gonçalo Fonmseca e Sá na rua Gen. Bagnuolo/ rua Maparis - que são continuação da rua Barão Anibal Pepi. Um respiro depois de aproximadamente 250m de muro barrando a vista do horizonte. imagem 21 - fotografia da autora


“Nossa experiência é construída por sentidos que capturam informação sensorial do ambiente, um ambiente largamente moldado sob forma de cidades. Cidades passam a ser formas de mediação da nossa experiência física, material do mundo.” NETTO, Vinícius. 2014, p. 195 Cidade e Sociedade: as tramas da prática e seus espaços.


fotografia + colagem da autora 2019 Onde a rua da praça chega e as casas fazem fundo para avenida. Entretanto, lugar que ainda possui o horizonte como uma vista possível.


40

_ análises

Para compreender melhor a composição dos bairros e perímetro de intervenção, neste capítulo são apresentados uma série de mapas de levantamento de dados que ajudaram a estabelecer o perímetro. Assim, identificamos claramente o perímetro de intervenção e o perímetro de transformação. O primeiro pretende ser a aproximação com os bairros estudados, a relação intra bairro do perímetro de transformação, o qual por sua formação histórica, não pertence a relação de bairro, gerando uma margem sem imaginário e possibilidades de apropriação. O perímetro de transformação possui grande influência sobre seu entorno, assim o seu entendimento e caracterização é de extrema importância para a leitura que se pretende dar para os bairros onde está inserido, esse dirá a imagem de cidade que queremos ter. Saindo da escala do bairro e da visão do morador, ou ainda, revelando a forma da cidade que seus habitantes revelam pela experiência, inserimos o lugar de interesse na escala da cidade, evidenciando a construção espacial tão descrita até o momento.


41

mapa: base aérea - apresentação dos perímetros de intervenção. fonte base: google earth 2019 edição autoral

perímetro de intervenção perímetro de transformação

0

100

250

500

1000 m

N N


42

mapa : áreas com risco de alagamento fonte base: geosampa 2019 produção: qgis + edição autoral

perímetro de intervenção área 1 área 2

0

100

250

500

1000 m

N N

A área 1 costuma alagar com as fortes chuvas, tendo reflexos na Avenida Anhaia Melo e logo a área 2, na Avenida das Juntas Provisórias. O alagamento da área 2, têm reflexos para dentro do bairro da Vila Carioca e nas bordas bairro do Ipiranga, já que são mais planos que o entorno.


43

mapa: topografia

0

fonte base: geosampa 2019 produção: qgis + edição autoral

100

250

500

1000 m

N N

745

730

perímetro de intervenção pontos de maior desnível e falta de conexão entre ruas

O perímetro de intervenção não apresenta a topografia como um grande desafio a ser enfrentado. O desnível existe ao adentrar o bairro vila zelina/ vila bela - marcado pelas setas amarelas no lugar de menor conexão entre ruas.


44

mapa : uso predominante do solo

0

fonte base: geosampa 2019 produção: qgis + edição autoral

100

1000 m

N

3

1

4

áreas verdes

residencial vertical baixo padrão

perímetro de intervenção

residencial vertical médio/ alto padrão

indútrias e armazéns

residencial/ indústrias e armazéns

comércio e serviços/ indústrias e armazéns

escolas

sem informação

residencial hor. baixo padrão

equipamento público

outros

residencial hor. médio/ alto padrão

500

N

2

sem predominancias

250

*as áreas marcadas como sem informação correspondem ao shopping central plaza (1) e a frente, favela (2), cohab(2 e 3) e residência de baixo padrão (4).


45

mapa : legislação

0

fonte base: geosampa 2019 produção: edição autoral

100

250

500

1000 m

N N

ZEMP ZEM

ZEIS -2

ZEIS -1 zc

ZEM

ZEIS -5

ZOE

ZEIS -3

ZEIS -3

perímetro de intervenção ZPI -1

ZEIS - 1

ZER - 2

ZEIS - 3

ZDE - 2

ZEPAM

ZC

ZM

ZEU

ZEIS - 2

ZCOR - 1

ZEUP

ZEM

ZCOR - 3

ZEIS - 5

ZEMP

ZER - 1

praças e canteiros


46

mapa : densidade fonte base: ibge - sinopse senso 2010 edição autoral

perímetro de intervenção 991.72 a 10300.29 10.417.6 a 13151.03 13334 a 16403.07 16755.4 a 24248.98 30736.49 a 403868.7

0

100

250

500

1000 m

N N

O perímetro de intervenção é majoritariamente de baixa densidade, com alguns adensamentos que correspondem às favelas do bairro, cohabs e edifícios altos.


47

mapa: cheios e vazios fonte base: geosampa 2019 produção: qgis + edição autoral

perímetro de intervenção perímetro de transformação

0

100

250

500

1000 m

N N

Analisando desde o perímetro de transformação até o perímetro de intervenção, podemos ver como o bairro se consolida e muda de característica. O perímetro de tranformação possui loteamentos maiores e vazios que correspondem à barreiras urbanas: a linha do trem, a linha de alta tensão, a avenida e ao rio.


48

mapa : pontos de interesse 1

0

fonte base: geosampa 2019 produção: qgis + edição autoral

100

250

500

1000 m

N N

áreas verdes

escolas

perímetro de intervenção

saúde

áreas de lazer particular - quadras rua principal de comércio

balneário shopping central plaza - único lugar marcado como lugar de cultura nos arredores segundo geosampa, por possuir cinema privado.


49

mapa : pontos de interesse 2

0

fonte base: geosampa 2019 produção: qgis + edição autoral

áreas verdes perímetro de intervenção terrenos subutlizados - muito espaço livre dentro do lote

100

250

500

1000 m

N N

terrenos sem uso - vazios terrenos ocupados de forma esparsa - vulnerável e com ruínas industriais

terrenos subutlizados - utilizados como estacionamento

favela

terrenos em obra

terrenos desocupados pelo metro


50

mapa: síntese

0

fonte base: geosampa 2019 produção: qgis + edição autoral

100

250

500

1000 m

N N

áreas verdes

terrenos subutlizados - muito espaço livre dentro do lote

perímetro de intervenção

terrenos subutlizados - utilizados como estacionamento

áreas de lazer particular - quadras rua principal de comércio

terrenos em obra

escolas saúde

terrenos sem uso - vazios terrenos ocupados de forma esparsa - vulnerável e com ruínas industriais

balneário

favela

shopping central plaza

terrenos desocupados pelo metro


51


52

_ estudos de caso operação urbana consorciada - bairros do tamanduateí (OUCBT) Gestão Urbana - Prefeitura de São Paulo

MAIS ÁREAS VERDES E ÁREAS DE VÁZEA! LAZER, DRENAGEM = MAIS SEGURANÇA DENTRO E FORA DAS CASAS

!


53

apropriação da autora: Os planos desenvolvidos para a operação urbana, orientam o crescimento social, político e econômico da cidade. Acabam sendo aderidos ou não pelo interesse imobiliário junto aos interesses econômicos de uma parcela da sociedade. A OUCBT oferece uma leitura que ajuda a formalizar o presente trabalho, já que o setor vila prudente e o setor vila carioca correspondem ao perímetro de intervenção desse trabalho, evidenciando o potencial de transformação do lugar numa escala regional e é neste ponto que o presente trabalho dialoga com a OUCBT - Como realizar essas transformações mantendo a imagem da memória? Ou como podemos dialogar entre as escalas de intervenção? A operação possui as seguintes diretrizes: 1. SOCIALIZAR OS GANHOS DE PRODUÇÃO NA REGIÃO 2. ASSEGURAR O DENTRO À MORADIA DIGNA PARA QUEM PRECISA 3. MELHORAR A MOBILIDADE URBANA 4. QUALIFICAR A VIDA URBANA DOS BAIRROS 6. REORGANIZAR AS DINÂMICAS METROPOLITANAS PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DA CIDADE 5. ORIENTAR O CRESCIMENTO DA CIDADE NAS PROXIMIDADES DO TRANSPORTE PÚBLICO 7. INCORPORAR A AGENDA AMBIENTAL AO DESENVOLVIMENTO DA CIDADE 8. FORTALECER A PARTICIPAÇÃO POPULAR NAS DECISÕES DOS RUMOS DA CIDADE

9. PRESERVAR O PATRIMÔNIO E VALORIZAR AS INICIATIVAS CULTURAIS. Essas diretrizes foram pontos importantes para a reflexão do trabalho, porém a autora pretendeu realizar uma intervenção em outra escala e refletindo sobre diferentes questões, enfrentando o território e sua potencialidade como uma oportunidade de criar experiências ligadas a vida dos bairros existentes e a própria educação social e ambiental, buscando criar mais conexões com a água, com os espaços de brincar, aprender e estar, não debatendo dentro das diretrizes de um crescimento econômico diretamente. Ainda que se entenda claramente que a geração de novas grandes edificações e empregos possam ser bem vindas para a região. Acreditamos que para assegurar a cidade que queremos, o direcionamento dos espaços livres e de educação são um bom primeiro passo, para a transformação de uma região. Com o reconhecimento desse novo lugar pela população que já o habita, o seu desenvolvimento econômico ocorrerá de forma natural e saudável. Transformações previstas na escala da OUCBT são muito complexas, porque por mais que seja um desejo garantir a moradia, o emprego e o direto à cidade, nada disso está seguro, conhecendo a nossa realidade e a vulnerabilidade que está presente no perímetro de intervenção. Por tanto, esse estudo de caso é muito importante para a reflexão e amadurecimento do presente trabalho.


54

parques bibliotecas de MedellĂ­n de diversos projetos/arquitetos - Plano da Prefeitura


55

os parques bibliotecas: Poderíamos associar os parques bibliotecas de Medellín aos nossos territórios CEU’s, na correspondência de um equipamentos de cultura e de espaço público que pretendem qualificar e ser acessível, atendendo a comunidade em que esta inserida, normalmente às periferias. Porém, os parques bibliotecas possuem uma abrangência maior e uma outra característica importante: cada projeto é distinto do outro, e destoa do lugar onde está inserido, se tornando um marco na paisagem e referência. Já os CEU’s possuem uma padronização construtiva que vem com a carga do que é e acaba se direcionando a um público e uso específico. Além de serem bibliotecas, são parques. São lugares criados para promover conhecimento, cultura mas principalmente, são lugares de encontro. Para isso, não só o reconhecimento desse lugar existe visualmente, possui fácil acesso. Os transportes públicos são conectados a esses lugares da cidade, fazendo que deixe de ser um atrativo local e passe a ser regional, por exemplo. São criados espaços de permanência em meio a uma comunidade. O potencial

do equipamento é tanto, que se associa a noção de pertencimento e segurança de um lugar. Uma modificação na paisagem que gera identidade para o local. Tratando da nossa realidade, podemos explorar e ampliar a forma de implantação dos nossos territórios CEUs, como o CEU em si, as Praças CEUs e seus territórios de vivências (que são áreas envoltórias a essa). Temos propostas muito ricas em planos, que podem qualificar nossos espaços públicos de São Paulo. Para o perímetro de estudo, os parques bibliotecas parecem uma boa resposta de uso e aderência aos espaços a serem transformados. A criação de um possível parque linear que abrigue os diferentes usos, já existentes ou não, pode dar a cidade um respiro. O parque como um auxílio na recuperação do rio, da drenagem das águas, e como presença para a conscientização ambiental. A biblioteca, como um equipamento de cultura, que pode estar atrelado a escolas e centros de cultura, podem aumentar as possibilidades de permanências, encontros e uso do espaço público. E tudo isso, acessível por transporte público.


56

bankside urban forest Witherfor Watson Mann Architects

“the urban interior”

“institucional players”

“project mapping and illustrative projects”

“hidden places”

“illustrative project 2”


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apropriação da autora: O projeto foi desenvolvido para tratar uma área em Londres que possui barreiras muito claras, que separa esse lugar da cidade. A questão é como melhorar a condição dos habitantes desse lugar por meio da leitura do bairro. Para tanto, foram identificados diversos fluxos e usos, marcando as possibilidades e interesses de proposição. Em bankside urban forest existem 5 propostas principais: 1 Aumentar as oportunidades de compartilhamento - relação social e física. 2- A expressão de “floresta urbana”, se da pela caracterização dessa área distinta de Londres, com base nas qualidades existentes que sustentam a identidade local. 3- Previsão de uma mudança evolutiva que se dê de forma coordenada, com a geração de projetos e iniciativas existentes com novas oportunidades. 4- Busca a aproximação ecológica para regeneração urbana - buscando uma autossuficiência e equilíbrio econômico, cultural e social.

Assim, o projeto do bankside se dá com a intervenção em diferentes pontos do bairro, iluminando áreas e caminhos apagados, oferecendo possibilidades de percursos e de experiências que essa área da cidade que se encontra debilitada devido ao seu crescimento e desenvolvimento histórico na cidade de Londres. A metodologia desse projeto é muito interessante e ajudou a formalizar as ideias do presente trabalho, já que como primícia de intervenção é previsto uma relação e engajamento social da comunidade que já existe e pertence a esse espaço. As relações sociais e físicas com o espaço, estão atreladas a potencialização de uma leitura de preexistências, o que ao ver da autora, é um princípio importante como processo de apropriação e revelador de identidade.


“(...)la industria, la fonte de todo mal y todo bien, se ja convertido en el verdadero protagonista en la transformación de la ciudade (ROSSI, 1966).” ARNET, Virginia. 2013. p.37 Memorias Invisibles - Nuevas Oportunidades del patrimonio industrial para la regeneración urbana.


fotografia + colagem da autora 2019 Vista da estação tamanduateí sentido ABC. A linha do trem como fundo dos lotes.


60

_ oportunidades

Com as análises em mapas e o reconhecimento dos bairros que conformam o perímetro de estudo, levantamos as oportunidades de intervenção. “As manifestações das distintas civilizações, ou através do legado histórico, caracterizam de forma positiva um território, e as políticas territoriais irão as interligar com o propósito de as adequar ao meio ambiente e desenvolvimento urbano, como elementos facilmente assimilados pelo cidadão, que se inserem pontualmente na trama da cidade como uma acupuntura urbana dotada de identidade. O objetivo final passa por intervenções singulares: ativar o sistema, o território, o patrimônio, e a produção através de pequenas ações que atuam sobre a identidade dele, mantendo, alterando ou recuperando. (Arnet, p.41 – tradução autoral) Os terrenos e antigas construções industriais são muitas, isso gera uma boa quantidade de espaços ociosos e subutilizados, que contribuem para a degradação do espaço público da cidade. Entretanto, para a qualificação desse espaço, são lugares importantíssimos, uma vez que possibilitam a intervenção sem desapropriações. A rica diversidade cultural e econômica local gera uma falta de reconhecimento espacial e de expressão, fazendo com que sempre se considere como espaço do outro e não meu, deixando de incentivar as possíveis trocas comuns da sociedade. Essa diversidade indica o potencial de identidade que a região possui, e que ao serem materializadas, podem oferecer a maior aderência ao espaço público. Grandes infraestruturas urbanas ligadas ao transporte – metrôs, fura fila e monotrilho ajudam muito o desenvolvimento da região, tanto para os moradores da Vila Prudente, como aqueles que precisam chegar à Vila Prudente, da mesma forma está o metrô tamanduateí para a Vila Carioca. Essas estruturas fazem com que cresça o interesse imobiliário local, o que por um lado pode gerar gentrificação, por outro é indício de transformação, que se aplicada com boas diretrizes, pode qualificar ainda mais a vida dos habitantes existentes. A linha tênue desse tema é que a população mais vulnerável do local, e considerando uma população que não corresponde somente a favela, podem ter que mudar de região pelo aumento de custos, ou compras de terrenos pelo mercado. As praças e os parques próximos, são pouco para tamanha população que vive na região. Junto a isso, podemos indicar a falta de equipamentos de lazer e cultura, os quais podem ser potencializadores do espaço urbano.


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POTENCIALIDADES

DEFICIÊNCIAS _legibilidade, reconhecimento, apropriação _integração do bairro

_patrimônio histórico e industrial _centralidades (largo da vila zelina - auriverde) _trabalho com drenagem, enchentes _comércios potencionais locais _travessias, conexões _interesse do mercado crescente _espaços de cultura e lazer _rede de transporte _educação (infantil ao médio)

_universidades

_diversidade cultural, marcas de diferentes nacionalidades Como identificamos nos mapas de análise, dentro do perímetro do estudo existe uma área de maior interesse para intervenção. A área que é formada pelas principais barreiras identificadas no perímetro e com a maior formação industrial, apresentando grandes possibilidades de transformação. Após identificada essa grande área como centro da ação projetual, para realizar a conexão intra bairro recorremos a identificação/ classificação das ruas, para entender os fluxos e caminhos existentes nos bairros, compreendendo que esses são os meios em que a intervenção se expande, conectando os bairros consolidados entre si. Essas ruas são as que reverberam imagem pretendida de cidade legível, indicando acessos e conexões possíveis.


62

diagrama: classificação das ruas existentes

0

100

250

500

1000 m

N N

perímetro de intervenção vias arteriais leito do rio tamanduateí canalizado linha de alta tensão vias coletoras


63

diagrama: identificação de oportunidades

0

100

250

500

1000 m

N N

áreas verdes

terrenos subutlizados - muito espaço livre dentro do lote

perímetro de intervenção

terrenos subutlizados - utilizados como estacionamento

áreas de lazer particular - quadras rua principal de comércio

terrenos em obra

saúde

terrenos sem uso - vazios terrenos ocupados de forma esparsa - vulnerável e com ruínas industriais

balneário

favela

escolas

terrenos desocupados pelo metro


64

Todo o percurso do trabalho, procurou construir uma leitura que indicasse a importância da nossa vivência de um lugar para que por meio da apreensão e consciência, possamos propor alguma intervenção que ofereça aos seus moradores a maior legibilidade e apropriação espacial. Para isso, também se entende que este trabalho é um espaço para o estudo de possibilidades, que certamente contém ingenuidades do campo prático da arquitetura, funcionamento/ tempo de mercado e de aproximação afetiva. Um espaço para uma discussão. Uma proposição que quer questionar nossas relações sociais no espaço, e ao tempo, não se desfazer da cidade consolidada, entendendo que não adianta querer partir do zero, as complexidades que permeiam nosso espaço urbano, é o que o torna tão instigante, por mais que sejam em muitos casos, desprezados. Assim, dentro do perímetro de estudo, identificamos como pontos de interesse aqueles que podem motivar os deslocamentos, principalmente a pé, no bairro. Esses são: escolas, centros esportivos, lugares centrais - comércios locais, estações de metrô e áreas verdes. Em contrapartida, também foram levantados os pontos que prejudicam o caminhar no bairro, que são os espaços ociosos, subutilizados e os mais diversos galpões industriais e de serviços. É característica do bairro ter um misto de construções que o permeiam, temos uma residência antiga, ao lado de um conjunto de sobrados recém-construídos, ao lado de um galpão industrial ou de um pequeno comércio local. Além disso, existem as ruas comerciais que são o lugar da padaria, do pequeno mercado, açougue. Esse tipo de comércio diário não permeia todo o bairro, ou existem miolos de bairro que perdem a conotação “bairrista” por não oferecer essas facilidades, ou simplesmente, não se existe a leitura espacial que convide as pessoas a realizarem mais esse tipo de atividade a pé - na volta do trabalho, da escola... Existem escolas no perímetro, alguns centros de esporte/futebol que funcionam, outros que estão abandonados e pequenas praças espalhadas. É evidente que o bairro carece de equipamento cultural e espaços de lazer mais qualificados, espaços que sejam convidativos, lugares de encontro, continuação das escolas. Com mais espaços de educação e cultura acessíveis nos mais diversos sentidos, a população poderia pouco a pouco, mudar a ideia de que lazer se alcança indo em shoppings center e de que foi-se o tempo em que se apropriava do espaço público como extensão da casa...


65

A falta de segurança que sentimos na rua é fato, é realidade, porém não se combate a insegurança gerando mais insegurança, com os muros e com a criação de uma cidade cada vez mais isolada de si mesmo. A proposição, gira em torno da requalificação de vias e espaços livres existentes, em conjunto a proposição de novas edificações institucionais ou espaços livres a partir de apropriações de terrenos subutilizados. Uma proposta de regeneração territorial, uma intervenção que atua sobre as barreiras urbanas a fim de amenizá-las, entendendo que essas são totalmente limitadoras da vida urbana. “A imagem da cidade agradável não é uma experiência visual, mas um preceito incorporado que se baseia em uma fusão dupla peculiar: habitamos a cidade e a cidade habita em nós.” (PALLASMAA, 2017, p.43) Diferentes escalas são abordadas pelos estudos de caso, o que ajuda a construção dos diferentes cenários de propostas. Outro ponto importante, é a abordagem de diferentes barreiras urbanas, já que no projeto do Vigliecca da OUCBT a intenção é enfrentar uma barreira física (num mesmo espaço de barreira socioeconômica - barreira invisível); os parques biblioteca, desconstroem uma barreia social, e ao ser um equipamento de tamanha potência e alcance, quebra outras barreiras espaciais invisíveis, criando um espaço acessível de interesse para toda cidade e visitantes. Os projetos estudados ajudam a construir o imaginário do macro pro micro e vice-versa. Um olhar não está desconectado do outro, caminham juntos, visto que são totalmente consequência entre si. Assim partimos para o ato de projetar, como a reflexão dos estudos e análises apresentados até aqui, permitindo que esse seja uma construção do imaginário que se construiu do lugar de estudo.




_ projeto em diagrama

0

100

250

500

1000 m

N N

perímetro de intervenção novo eixo da avenida francisco mesquita vias arteriais - intervenção tipo 1 vias escolares - intervenção tipo 2 vias coletoras- intervenção tipo 3 vias coletoras - intervenção tipo 4 áreas de projeto 1 áreas de projeto 2 largo das cohab - intervenção tipo 5


localização das ruas de intervenção e área de projeto_

projeto

existência

perímetro de intervenção linha de alta tensão linha do trem avenida arterial principal* rio tamanduateí largo das cohab - intervenção tipo 5

vias coletoras - intervenção tipo 4 vias coletoras- intervenção tipo 3 vias escolares - intervenção tipo 2 vias arteriais - intervenção tipo 1 alargamento do rio mudança do eixo da Av. Dr. Francisco Mesquita

*junção das avenidas: Av. dos Estados, Av. Dr. Francisco Mesquita e Av. do Estado.

pontos de interrupção da linha do trem - trecho enterrado


70

_ projeto 0

100

250

500

1000 m

N N

V

V

V V

V

V

V

V

ARIA ESCAD

V

V

V

ESCADARIA

740,00

741,00

734,00

738,00

742,00

ARIA ESCAD

PASSA RELA

ESCADARIA

LA PASSARE

C


71

Ações projetuais: - Um trecho da linha férrea é enterrada para o deslocamento da Avenida Dr. Francisco Mesquita, a fim de facilitar as transições em nível entre os bairros. Esse novo eixo que hoje se configura como o fundo dos lotes, tende a gerar a transformação dos usos e acessos dos galpões, aumentando a atividade local. - Alargamento do rio Tamanduateí e criação margem de recuperação e drenagem, com o uso de wetlands para o tratamento do esgoto despejado no rio, áreas de gramado, áreas de piso permeável e semipermeável. Neste projeto imagina-se um rio recuperado e limpo para banho. - Tratamento de algumas ruas intra bairro, compreendendo a escala em que funcionam e a relação com seus usos. - Utilização de 3 terrenos subutilizados para instalação de um centro de cultura, quadras, escola e biblioteca. - Apropriação de outros 3 terrenos ao lado do metrô, na parte posterior do shopping: 2 sem uso algum (apenas com fachadas preservadas) e um utilizado como edifício garagem. Para esses são propostos novos usos de comércio e serviço (com a função dos mercados municipais), também são propostas praças, criando espaços de permanência e abrindo caminhos para nova avenida. Essas medidas pretendem fortalecer a relação dos moradores locais com o espaço onde vivem, além de serem vistas como uma primeira etapa para a transformação e regeneração dessa grande porção de terra.


72

_ projeto : pontos a serem explorados - diretrizes para o desenho do espaço do cotidiano da vizinhança as atividades e experiências

E

A OL C S

a locomoção no bairro, a necessidade de chegar a outro ponto e o atrativo para isso - a causa de outras atividades do cotidiano. :percurso

busca por sombras na caminhada ou a vegetação como proO teção para o pedestres as ruasJmovimentadas. OÃ :abrigo EU

S

o lugar de sentar nos longos percursos, no intervalo do trabalho, para socializar ou simplesmente estar. :descanso

CA E T LIO B I B

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

a água como atrativo e conscientização, ela que está sempre presente, que permeia toda a cidade de são paulo e é vista como a que causa catástrofes. que tal reconhecermos seu espaço? :atrativo e conscientização

as crianças precisam de lugar para brincar e se comunicar com o mundo ao qual pertence, os lugares de brincar reunem famílias e tornam a paisagem mais lúdica. :jogar e brincar


73

os lugares

E

A OL C S

escolas, primeira inserção na sociedade antes da vivência da própria cidade. :lugar de aprendizado e socialização.

U SE

ÃO JO

A EC T LIO BIB

feiras de rua vendinhas, pequenos mercados : compras pequenas e diárias

bibliotecas, centros culturais relevância de educação, oportunidades de encontro e motivações de lazer. : espaços importantes para a expressão da sociedade

quadras públicas, lugares para prática esportiva - questão de saúde e o espaço para todas as idades. : motivação da reunião do bairro


727,50

74 730,50

727,50

: vias arteriais - intervenção tipo 1

730,50

730,50

AMP. 01

ESC.:1/2500

N

5 10 20

50

PASSEIO PEDESTRE

3.59

VIAS ARTERIAIS - INTERVENÇÃO TIPO 1

SITUAÇÃO EXISTENTE ESC.: 1/125

PASSEIO PEDESTRE

12.56

3.76


75

caracteríticas da via: avenida de alto fluxo, com tráfego de carros, ônibus e caminhões. usos voltados para comércio e serviço - serviço na vila carioca e comércio na vila prudente. qualificação: 1. árvores altas 2. zonas mista: zonas tipos implantadas de acordo com o uso. possibilidades de: parklet - paradas de ônibus, lombofaixas e estacionamento. 3. iluminação alta e a baixa implantada nos equipamentos de apoio. 4. fiação enterrada - pela quantidade de informação e fluxo que já existe, a fiação cruzando entre os postes e os edifícios prejudica ainda mais a relação do pedestre com a paisagem do entorno.

FIAÇÃO ENTERRADA

FAIXA DE SERVIÇO

PASSEIO PEDESTRE

3.00

1.50

FIAÇÃO ENTERRADA

ZONA MISTA

2.10

INTERVENÇÃO TIPO 1 - ZONA MISTA

VIAS ARTERIAIS - INTERVENÇÃO TIPO 1

SITUAÇÃO PROPOSTA ESC.: 1/125

0 .5 1

2

5m

ZONA MISTA

6.71

2.40

FAIXA DE SERVIÇO

1.80

INTERVENÇÃO TIPO 1 - ZONA MISTA

PASSEIO PEDESTRE

2.40


76

: vias arteriais - intervenção tipo 1 possibilidades da via A zona mista foi uma forma de identificar em corte, as possibilidades de intervenções ao longo da via, já que essas intervenções pretendem melhorar a relação e uso do pedestre, mantendo o fluxo e necessidades existentes para a via.

INTERVENÇÃO TIPO 1 - ZONA MISTA

INTERVENÇÃO TIPO 1 - ZONA MISTA

FIAÇÃO ENTERRADA

FAIXA DE SERVIÇO

1.50

FIAÇÃO ENTERRADA

ZONA MISTA

ZONA MISTA

2.10

2.40

FAIXA DE SERVIÇO

1.80

LOMBOFAIXA ESC.: 1/125

LOMBOFAIXA ESC.: 1/125

INTERVENÇÃO TIPO 1 - ZONA MISTA

INTERVENÇÃO TIPO 1 - ZONA MISTA


77

FIAÇÃO ENTERRADA

FAIXA DE SERVIÇO

1.50

FIAÇÃO ENTERRADA

ZONA MISTA

ZONA MISTA

2.10

2.40

FAIXA DE SERVIÇO

1.80

LOMBOFAIXA ESC.: 1/125

LOMBOFAIXA ESC.: 1/125

INTERVENÇÃO TIPO 1 - ZONA MISTA

INTERVENÇÃO TIPO 1 - ZONA MISTA

FIAÇÃO ENTERRADA

FAIXA DE SERVIÇO

1.50

FIAÇÃO ENTERRADA

ZONA MISTA

ZONA MISTA

2.10

2.40

FAIXA DE SERVIÇO

1.80

ESTACIONAMENTO ESC.: 1/125

ESTAR E DESCANSO - PEDESTRES/ FUNCIONÁRIOS ESC.: 1/125

INTERVENÇÃO TIPO 1 - ZONA MISTA

INTERVENÇÃO TIPO 1 - ZONA MISTA

FIAÇÃO ENTERRADA

FAIXA DE SERVIÇO

1.50

PONTO DE ÔNIBUS ESC.: 1/125

FIAÇÃO ENTERRADA

ZONA MISTA

ZONA MISTA

2.10

2.40

ESTACIONAMENTO ESC.: 1/125

FAIXA DE SERVIÇO

1.80


727,50

78 730,50

727,50

: vias escolares - intervenção tipo 2

730,50

730,50

AMP. 01

ESC.:1/2500

N

5 10 20

50

caracteríticas da via: rua de fluxo local, com usos diversos como: residencial, comércio, serviço e principalmente institucional. essa rua identifica acessos para escolas e equipamentos culturais. qualificação: 1. árvores frutíferas e que deêm flores - criando um caminho de afetivo e de apredizado. 2. sinalização e lombofaixas. 3. ciclovia fixa. 4. espaços de descanso e permanência. 5. iluminação alta geral da via. 6. iluminação baixa nas instituições e em equipamentos soltos. 7. troca de muros por divisas que permitam olhos para a rua, o exemplo mais simples é o uso de gradil - já que ainda necessário para cidade/ sociedade que vivemos.


79

PASSEIO PEDESTRE

2.84

PASSEIO PEDESTRE

10.09

3.15

VIA ESCOLAR - CORTE TIPO SITUAÇÃO EXISTENTE ESC.: 1/125

GRADIL

PASSEIO PEDESTRE

1.60

VIA ESCOLAR - CORTE TIPO SITUAÇÃO PROPOSTA ESC.: 1/125

0 .5 1

2

5m

CICLOVIA

1.40

ZONA PERMEÁVEL

1.50

7.40

ZONA MOBILIÁRIO URBANO

2.00

PASSEIO PEDESTRE

2.50


727,50

80 730,50

727,50

: vias coletoras - intervenção tipo 3

730,50

730,50

AMP. 01

ESC.:1/2500

N

5 10 20

50

caracteríticas da via: ruas de fluxos moderado - incluindo tráfego de ônibus para conexão com vias arteriais de forma direta. possui usos diversos, mas predominantemente serviço. qualificação: 1. árvores médias e baixas - trazendo sombra e escala visual para o pedestre. 2. ciclovia fixa. 3. zona mista: espaços de descanso e permanência/ ponto de ônibus, estacionamento, área verde totalmente permeável. 4. iluminação alta geral da via. 5. iluminação baixa nas edificações

INTERVENÇÃO TIPO 3 - ZONA MISTA

ZONA MISTA

PASS

ZONA MISTA

2.00

PONTO DE ÔNIBUS ESC.: 1/125

PASS

ZONA MISTA

2.00

ESPAÇO DE SENTAR ESC.: 1/125

2.00

ESTACIONAMENTO ESC.: 1/125

PASS


81

PASSEIO PEDESTRE

PASSEIO PEDESTRE

2.57

.60

10.71

2.49

VIAS COLETORAS - INTERVENÇÃO TIPO 3

SITUAÇÃO EXISTENTE ESC.: 1/125

PASSEIO PEDESTRE

ZONA PERMEÁVEL

2.00

1.17

VIAS COLETORAS - INTERVENÇÃO TIPO 3

SITUAÇÃO PROPOSTA ESC.: 1/125

0 .5 1

2

5m

CICLOFAIXA

2.40

FAIXA DE SERVIÇO

1.00

5.83

ZONA MISTA

PASSEIO PEDESTRE

2.00

2.00

INTERVENÇÃO TIPO 3 - ZONA MISTA


727,50

82 730,50

727,50

: vias coletoras - intervenção tipo 4

730,50

730,50

AMP. 01

ESC.:1/2500

N

5 10 20

50

caracteríticas da via: ruas de fluxos moderado - conexão com vias arteriais de forma direta, via complementar a coletora tipo 3. possui usos diversos, mas predominantemente residencial. qualificação: 1. árvores médias e baixas - trazendo sombra e escala visual para o pedestre. 2. zona mista: espaços de descanso, ciclovia e estacionamento. o espaço de descanso alterna lugar com a ciclovia, sempre na parte interna, tornando a ciclovia sinuosa. 3. iluminação alta geral da via. 4. iluminação baixa em equipamentos soltos.

INTERVENÇÃO TIPO 4 - ZONA MISTA

ZONA MISTA

ZONA MISTA

2.10

2.10

CICLOVIA + ESTAR ESC.: 1/125


83

PASSEIO PEDESTRE

PASSEIO PEDESTRE

2.69

10.97

2.63

VIAS COLETORAS - INTERVENÇÃO TIPO 4

SITUAÇÃO EXISTENTE ESC.: 1/125

PASSEIO PEDESTRE

ZONA MISTA

ZONA MISTA

1.70

2.10

2.10

INTERVENÇÃO TIPO 4 - ZONA MISTA

VIAS COLETORAS - INTERVENÇÃO TIPO 4

SITUAÇÃO PROPOSTA ESC.: 1/125

0 .5 1

2

5m

7.39

ZONA PERMEÁVEL

1.20

PASSEIO PEDESTRE

1.80


727,50

84 730,50

727,50

: largo das cohabs - intervenção tipo 5

730,50

730,50

AMP. 01

ESC.:1/2500

N

5 10 20

50

caracteríticas da via: rua de fluxo moderado, importante conexão do bairro com a Avenida Dr. Francisco Mesquita. nomeado no trabalho de “largo das cohabs”, este lugar possui vida urbana muito ativa - é uma via mais larga onde os moradores locais usam da forma que podem a rua para o convivío, é o lugar da feira de rua, do churrasco no bar - porém possui muito espaço dedicado ao estacionamento de carro, não alcançando todo o potencial que possui. o largo é a extensão das casas, ainda nos dias de hoje. qualificação: 1. árvores altas e médias. 2. calçadão e praça - espaços para uso livre. 3. iluminação alta geral da via. 4. faixas de serviço dedicadas para o tratamento/ drenagem da água e apoio para fiações e postes. 5. faixa de extensão para as residências, comércios e seviços.

retomando o texto de _reconhecimento Rua Vila Prudente onde por vezes a rua se faz extensão da casa, do bar. o lugar da espera do ônibus, o largo das cohabs

agora com seus mínimos espaços previstos.


85

PASSEIO PEDESTRE

PASSEIO PEDESTRE

12.36

1.00

1.89

LARGO DAS COHABs - INTERVENÇÃO TIPO 5 SITUAÇÃO EXISTENTE ESC.: 1/125

ZONA PERMEÁVEL

22.52

LARGO DAS COHABs - INTERVENÇÃO TIPO 5 SITUAÇÃO PROPOSTA ESC.: 1/125

0 .5 1

2

5m

FAIXA DE SERVIÇO

1.00

ZONA PERMEÁVEL

6.90

2.00

FAIXA DE SERVIÇO

1.50

PASSEIO PEDESTRE

2.00

EXTENSÃO/ ESTAR

2.50


86

: projeto - implantação

LA CO ES

ES

LA CO

A LO CO OÃ ESU J

LA CO ES

SE

U SE

ÃO JO

A

LA CO

CA TE LIO BIB

P

ES

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

E

A OL SC

U SE

ÃO JO

CA TE LIO B I B

U SE U SE

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

ÃO JO

LA CO P

ES

ÃO JO

s

U SE

ÃO JO

CA TE LIO B I B

C TE LIO BIB ÁGUA? PRECISAMOS SABER

P

U SE

ÃO JO

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

CA TE LIO BIB

s

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

CA TE LIO BIB

V

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

A

C

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

C TE LIO BIB

A

s

s

ES

LA CO

U SE

ÃO JO

ES

LA CO

CA TE IO L BIB

LA CO

C

C

ES

ES

U SE

LA CO

ÃO JO

U SE

U SE

ÃO JO

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

ESC.:1/5000 0

10

20

0

50

50

C TE LIO BIB

B N

100 M

150

250

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

A

CA TE LIO BIB

ÃO JO

CA TE LIO BIB


ES

87

U SE

ÃO JO

ESC.:1/2500

ES ES

LA CO

LA CO

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

5 10 20

c

LA CO

P

P

ES

N

CA TE LIO B BI

CA TE LIO BIB ÁGUA? PRECISAMOS SABER

ÃO JO

CA TE LIO BIB

P

U SE

ÃO JO

CA TE LIO BIB

P

U SE

U SE

ÃO JO

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

LA CO

C

ES

U SE

R

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

C

ÁGUA? PRECISAMOS SABER

C

C

ES

LA CO

U SE

ÃO JO

CA TE LIO B I B ÁGUA? PRECISAMOS SABER

ÃO JO

CA TE LIO BIB

5


88

: projeto - corte AA

os patamares tornam-se praças: lugar de estar e convívio.

743,00

742,00

738,00

735,00

735,00 732,00

0 1

0

5

10

2,5

5

20 m

10 m

centro de cultura e biblioteca enterrados, aproveitando o desnĂ­vel do terreno, abrindo a vista entre bairros.


89

A

ESC.:1/2500

wetlands - estações de tratamento para água.

730,00

730,00 728,00

aumento do leito subterrâneo do rio - como controle do nível da água.

ESGOTO BRUTO

N

5 10 20

5


90

: projeto - corte BB

os antigos galpĂľes subutilizados, possui fachadas mantidas e ganham novo uso com caracterĂ­stica de mercado municipal.

729,00 729,00

0 1

0

2,5

5

5

10

10 m

20 m

729,00 729,00


91

ESC.:1/2500

N

B

5 10 20

trecho da avenida que vira ponte, a passagem de pedestres encontra o acesso a linha de trem que foi enterrada.

731,00

730,00

731,00

730,00 726,00 726,00

721,50 720,00 721,50 720,00

passagem livre de pedestres

5


92

: projeto - corte CC

a altura da escola, corresponde a média dos galpões locais - mantendo a identidade e leitura da paisagem, porém com usos potencializadores do espaço urbano.

733,00

732,00

0 1 2,5 5 0 1 2,5 5

01

5

10

0

520 m 10

5

10 m 10 m

2,5

5

20 m

ESC.:1/1000 0

N

10

733,00

733,00

732,00

20 m

10 m

a posição dos edifícios cria uma grande praça, como espaço livre para a recreação e estar.

732,00

733,00

731,00

732,00

731


93

C

ESC.:1/2500

N

5 10 20

do outro lado do rio, estão as quadras, com arquibandas que aproveitam o desnível para criar oportunidades de estar - em um terreno tão plano, os desníveis são interessantes pontos de se estar, olhar e apreender o entorno.

734,00 733,00 731,00

730,00

730,00

734,00 733,00

1,00 730,00

730,00

731,00

740

740

5


94

: projeto - pisos

piso grama

piso drenante: com saĂ­da de ĂĄgua

rio

grama

piso drenante cinza

piso drenante cinza natural


95

esgoto

lagoa anaeróbica wetlands horizontal

rio

esquema do funcionamento das wetlands - o esgoto passa por uma série de sistemas até chegar nas wetlands como o último estágio do tratamento.

: ampliação corte AA - esquema wetlands construídas

MACRÓFITAS

WETLANDS HORIZONTAL CONSTRUÍDO

IMPERMEABILIZAÇÃO

ZONA RADICULAR

CASCALHO


727,00

96

: imaginário de usos e paisagens ampliação 1 730,50

ampliação 2

727,50

730,50

727,50

ESC.:1/2500

N

5 10 20

50

730,50

ESC.:1/2500

N

5 10 20

50

730,50

AMP. 01

ESC.:1/2500

1. patamares de estar

N

5 10 20

50


97

2. a orla do rio

ESC.:1/2500

N

5 10 20

50

50

ESC.:1/2500

ESC.:1/2500

N

5 10 20

N

5 10 20

50

50


727,00

98

: imaginário de usos e paisagens ampliação 3

730,50

727,50

730,50

727,50

730,50

730,50

ampliação 4

AMP. 01

ESC.:1/2500

N

5 10 20

50

3. praça seca - feiras de rua ES

LA CO

U SE

ÃO JO

CA TE LIO BIB ÁGUA? PRECISAMOS SABER


99

4. praça do metrô

rampa de acesso ao trem conexão entre eixos


727,00

100

: imaginário de usos e paisagens ampliação 6 730,50

727,50

730,50

727,50

730,50

730,50

ampliação 5 AMP. 01

ESC.:1/2500

N

5 10 20

5. mercadão/ passagem - comércio e serviços

50


101

6. praรงa Gonรงalo de Fonmseca e Sรก


727,00

102

: imaginário de usos e paisagens ampliação 8 730,50

727,50

730,50

727,50

730,50

730,50

ampliação 7 AMP. 01

ESC.:1/2500

7. do largo das cohabs - praça

N

5 10 20

50


103

8. do largo das cohabs - o calรงadรฃo


727,00

104

: imaginário de usos e paisagens ampliação 9 730,50

727,50

730,50

727,50

730,50

730,50

ampliação 10 AMP. 01

ESC.:1/2500

9. as quadras

N

5 10 20

50


105

10. passagem interativa - abertura de via entre galpĂľes


106

?


107

Interrogar o habitual. Mas se é justamente o que estamos habituados. Não o interrogamos, não nos interroga, não estabelece problemas, vivemos o habitual sem pensar sobre ele, como se não articulasse nem perguntas nem respostas, como se não fosse portador de informação. Isto não é nem sequer condicionamento: é anestesia. Dormimos nossa vida em uma letargia sem sonhos. Mas nossa vida, onde está? Onde está nosso corpo? Onde está nosso espaço? (PEREC, 2008, p.23, tradução da autora)


108

... concluindo:

Como caminho, o primeiro desdobramento do trabalho, foi sobre o bairro da Vila Prudente, e logo com as remanescências industriais como grande oportunidade de transformação e regeneração do espaço público, até encontrar a Vila Carioca como possibilidade de articulação, enfrentando as barreiras urbanas existentes. O desenvolvimento do projeto revela-se como uma possível primeira etapa de transformação desse lugar, como uma tentativa de garantir que com devida apropriação de seus habitantes pelo espaço público, todas as transformações posteriores, respeitariam a legibilidade espacial existente. Essa legibilidade se dá pelo conjunto de espaços públicos educacionais e lúdicos de lazer, como momentos em que ocorrem as interações sociais que transcendem diferenças sociais. - A urbanidade pretendida é aquela que favorece a troca social entre diferentes. Para tanto, as grandes transformações deste trabalho querem evitar a segregação espacial. . Este trabalho teve início com muitos questionamentos, sobre a prática da profissão ou ainda, sobre o lugar da prática. Sobre como é possível ou não, intervir na construção do espaço da cidade contemporânea, em frente a todas as suas complexidades formais e informais, visíveis e invisíveis. Os questionamentos continuam... Como discutido até então, não existe resposta única e obvia para a situação, mas existem nós, pensadores de espaço, para articular e transitar entre a teoria, percepção e formalização. Existem histórias e identidades para caracterizar os espaços. Existe o mundo sensível das crianças para nos lembrar a essência das relações sociais, como espaço invisível mas necessário para troca e desenvolvimento, porque somente por meio do outro, aprendemos sobre nós mesmos. Precisamos continuar nos questionando sobre os espaços que estamos criando, precisamos pensar a cidade que queremos viver e também refletir nosso papel como cidadão, porque nas condições atuais, as práticas das comunidades por meio da representação


109

de bairro, tem fornecido bem feitorias justas para seus habitantes. A leitura da população de um bairro, como “dona” e pertencente àquele espaço da cidade, é o que tem gerado as qualificações da vida urbana de forma simples e transformadora. Esse trabalho revela um caminho de amadurecimento e também um momento de reflexão da estudante, no papel de estudante que é imaginar e projetar sem pretensões de obter um aval para iniciar as obras do projeto, tal característica foi desenvolvida durante o curso, marcando a trajetória e interesses investigativos da aluna.


110

_referências bibliográfica

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ROLDAN, Dinalva. Unidade de vizinhança em suas conexões latino-americanas - A construção do conceito e suas apropriações nas obras de Josep Lluís Sert, Carlos Raúl Villanueva e Afonso Eduardo Reidy entre 1945 e 1958. FAUUSP: São Paulo, 2019. Sítios digitais:

thecityfixbrasil.com/2016/10/24/unidades-de-vizinhanca-uma-forma-sustentavel-de-promover-a-conectividade-nas-cidades/ portogente.com.br/colunistas/edesio-elias-lopes/54781-desenho-urbano-unidade-de-vizinhanca Dados históricos PRADO, Caio Junior. A cidade de São Paulo: geografia e história. São Paulo: Brasiliense, 1998. RONCO, Mario e MAUERBERG, Gilberto. O bairro de Vila Prudente. “Um gigante paulistano” sua história, sua gente. ZADRA, Newton. Vila Prudente – do bonde ao metrô. Um relato histórico sobre o grande bairro paulistano. São Paulo, 2010.


111

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Geosampa - http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br (acesso durante 2019) IBGE - https://censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores/ (acesso durante 2019) https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br Estudos de caso Sítios digitais:

https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br - OUCBT https://www.archdaily.com.br/ - Cidade como ferramenta de equidade: 4 estratégias de Medellín para combater a violência https://betterbankside.co.uk/buf - Bankside Urban Forest Oportunidades ARNET, Virginia. Memórias Invisibles – Nuevas oportunidades del patrimonio industrial para la regeneración urbana. SOLÀ-MORALES, Ignasi de. Los artículos de Any. Barcelona, Fund. Caja de Arquitectos, 2009. Wetlands Sítios digitais:

https://www.wetlands.com.br/tipos-de-wetlands


2019


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