[RE]HABILITA: Centro de Reabilitação para Dependentes Químicos | Emelly Clemente Brito

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[RE] HABILITA

CENTRO DE REABILITAÇÃO PARA DEPENDENTES QUÍMICOS



[RE] HABILITA

CENTRO DE REABILITAÇÃO PARA DEPENDENTES QUÍMICOS



[RE] HABILITA

CENTRO DE REABILITAÇÃO PARA DEPENDENTES QUÍMICOS

Centro Universitário SENAC Bacharelado Arquitetura e Urbanismo Trabalho de Conclusão de Curso Emelly Clemente Brito Orientador: Profº Maurício Petrosino São Paulo Dezembro de 2019



"Há um fim para toda tempestade. Uma vez que todas as árvores tenham sido arrancadas, uma vez que todas as casas forem destruídas, o vento vai silenciar, as nuvens vão se separar, a chuva vai parar e o céu vai clarear em um instante. Só então, naqueles momentos de silêncio depois da tempestade, aprenderemos quem foi forte o suficiente para sobreviver." Grey’s Anatomy



agradecimentos Agradeço a Deus pelo dom da vida e por me dar forças para não me deixar desistir em nenhum momento, concluíndo assim mais um ciclo. Aos meus pais, Elieuda e Oberdan por toda dedicação, carinho, atenção que me deram principalmente nesses cinco anos de faculdade demonstrados desde cada café da manhã feito ou noites em que me buscaram na faculdade após um dia cansativo de trabalho. Por cada vez que se preocuparam nas minhas noite mal dormidas ou não dormidas. Agradeço a minha irmã Annely por todo apoio e incentivo para meu crescimento na vida. A minha melhor amiga, Ellen, por toda compreensão e carinho. Agradeço também aos meus colegas que ao longo desses cinco longos anos compartilharam momentos especiais desde cafés da manhã, comemorações de aniversários ou apenas almoços para esquecer de tudo. Em especial Ana Cláudia e Anny Caroline que estiveram comigo em todos os momentos e que permanceam até hoje, compartilhando sorrisos, conselhos e também puxões de orelha quando necessário. Agradeço ao meu grupo de TCC que sem nenhuma dúvida sem eles este último ano seria mais difícil. Agradeço por cada surto, risada, momento de pânico e também de alívio. Ao corpo docente da faculdade que de alguma forma contribuiu para o meu crescimento pessoal, profissional e acadêmico, em especial ao meu orientador Maurício Petrosino.


RESUMO Este projeto de arquitetura refere-se a um centro de reabilitação para dependentes químicos localizado no bairro da Cidade Dutra em São Paulo, região esta que possui um grande número de usuários de drogas situados ao longo da Avenida Atlântica e Avenida Senador Teotônio Vilela. A construção do pensamento para a edificação tem como premissa compreender o ambiente onde o dependente químico está inserido e projetar um centro de reabilitação onde a arquitetura seja um fator contribuinte para o tratamento e recuperação desses usuários, para que eles possam ser reinseridos na sociedade após o tratamento.

Palavras-chave: Dependente químico, usuário, drogas, arquitetura, centro de reabilitação.


ABSTRACT This architecture project refers to a rehabilitation center for chemical dependents located in the neighborhood of Dutra City in São Paulo, which has a large number of drug users along Avenida Atlântica and Avenida Senador Teotônio Vilela. The construction of the thought for the building has as premise to understand the environment where the dependent chemical is inserted and to design a rehabilitation center where the architecture is a contributing factor for the treatment and recovery of these users, so that they can be reinserted in the society after the treatment.

Keywords: Dependent chemist, user, drugs, architecture, rehabilitation center.


SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO

Introdução Organograma Funcional Justificativa Dependência Química Histórico Perfil dos Usuários

15 16 17 18 19 20

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estrutura pública

Lei 11.343/2006 Lei 13.840/2019 Centro de atendimento psicossocial Programas sociais

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O ESPAÇO

Influência do espaço no comportamento humano

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ESTUDOS DE CASO

Centro Psiquiátrico Friedrichshafen Hospital Psiquiátrico Kronstad Centro de Reabilitação Psicossocial Centro de bem-estar para crianças e adolescentes

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26 26 27 27


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ÁREA DO PROJETO

o projeto

Localização Levantamento fotográfico Uso e ocupação do solo Gabarito de Alturas Cheios e vazios Hierarquia Viária e transporte público Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do

44 46 48 49 50 51 52

Conceito/Partido Programa de necessidade Planta de situação Implantação final Setorização Fluxograma Desenhos técnicos

56 57 58 60 62 63 64

Considerações Finais Referências Bibliográficas

79 80



1 APRESENTAÇÃO


Andrei Bonamin/Ag Luz


INTRODUÇÃO As drogas ainda são um dos grandes problemas enfrentados em todo mundo, pois ainda há grande dificuldade em métodos de combate ao uso, dependência e reinserção do indivíduo na sociedade. Além disso, trata-se de um número que cresce cada vez mais ao decorrer dos anos principalmente entre os jovens. Os danos causados pela dependência química são diretamente ligados aos usuários e suas famílias, pois muitas vezes trazem problemas e consequências graves para dentro de casa que podem resultar em até uma agressão. Também possui vinculo ligado aos fatores sociais, como a desigualdade social e a pobreza. O uso de entorpecentes está relacionado ao crescimento da criminalidade e em casos de abstinência os usuários podem chegar a realização de roubos e homicídios. Para a sociedade os usuários de drogas são considerados pessoas delinquentes, marginais, irresponsáveis e que precisam ser excluídos da sociedade. Entretanto, os mesmos não são ouvidos sobre suas vivências e motivos que o fez chegar até o momento presente, tornando-se esquecidos pela sociedade e não reinseridos na mesma. O sistema público conta com poucos programas que lidam com a situação desses indivíduos e pela quantidade de usuários de drogas a quantidade de locais é insuficiente. Já em relação ao tratamento, as clinicas particulares geralmente possuem valores altos e que muitos dependentes não conseguem pagar, além de serem localizadas afastadas do centro urbano e com métodos antigos de tratamento. É de extrema importância o investimento em clinicas que possam realizar este tratamento aos pacientes. Desta forma, o projeto tem como proposta um centro de reabilitação aos dependentes químicos que atenda às necessidades desses usuários, onde a arquitetura seja um papel contribuinte para que eles possam realizar o tratamento e serem reinseridos na sociedade. O proposto centro de reabilitação para dependentes químicos está inserido no bairro de Cidade Dutra, SP, localizado próximo ao local de passagem diária que me despertou o interesse deste tema devido ao grande número de usuários de drogas localizados ao longo das Avenida Atlântica e Avenida Senador Teotônio Vilela. A região possui poucas clinicas de tratamento, onde a maioria estão localizadas em bairros mais afastados. A estrutura publica na região só conta com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), porém não ocorrem internações e os pacientes apenas são direcionados para outros locais distantes. E aos dependentes químicos o CAPS-AD II que possui apenas um para atender a região dos bairros localizados ao extremo sul.

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ORGANOGRAMA FUNCIONAL áreas verdes

REABILITAÇÃO

oficinas

reinserção social

objetivo? Um edíficio onde a arquiettura seja um fator contribuinte para o tratamento do paciente.

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como? Através de áreas de convivência, lazer e estar, além de ambientes que acolhedores durante o tratamento.

resultado? Um ex-usuário de drogas que após o tratamento pode/ deve ser reinserido na soceidade.


JUSTIFICATIVA O número de usuários de droga mostra-se cada vez mais elevado ao decorrer dos anos. Além de danos diretos aos usuários, também causam danos as famílias e a sociedade a qual o indivíduo está inserido. A escolha do tema se deu através de um local de passagem diária, onde hoje é considerado a “nova cracolândia” com grande número de usuários de droga localizado ao longo de duas importantes avenidas de ligação dos bairros do extremo sul de São Paulo, sendo elas a Avenida Atlântica e Avenida Senador Teotônio Vilela, e próximo a vários comércios, instituições e residências. Com isto, a inserção do edifício estará em uma área que possui carência neste tipo de equipamento de tratamento, mas que possui um grande número de usuários de drogas, podendo assim atender toda a região dos bairros de Santo Amaro, Grajaú e Parelheiros. A comparação entre o censo de 2009 e 2015 mostram que o número de moradores na região aumentou mais do que o dobro e isto está diretamente ligado aos usuários de drogas. Ambas as notícias abaixo são sobre os usuários de drogas da região do bairro de Cidade Dutra, local conhecido como “nova cracolândia”. Nota-se que o problema não é atual e sim anterior ao ano de 2012, entretanto o poder público não toma as devidas providencias necessárias para tratamentos dos usuários.

Fonte: R7

Fonte: Globo

Fonte: R7

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DEPENDÊNCIA QUÍMICA Atualmente a definição de droga é dada a qualquer substância que é capaz de realizar alterações no funcionamento do organismo de um ser vivo, podendo ser elas fisiológicas ou comportamentais. Portanto, nessa definição são inclusos desde substâncias licitas como álcool, alguns medicamentos e cafeína, a substâncias ilícitas como cocaína, heroína, crack e maconha. A capacidade de alterar estado mental é realizada pelas drogas conhecidas como psicotrópicas, que apresentam grande tendência a dependência as das mesmas aos usuários. Neste grupo de drogas psicotrópicas há subgrupos separados conforme os efeitos ao sistema nervoso central, sendo eles: estimulantes, depressores e alucinógenos. Isto pode variar também conforme a dosagem e a frequência do uso. As drogas estimulantes causam a alta estimulação do sistema nervoso com reações como insônia, nervosismo e aceleração cardíaca e respiratória. Com isto, o usuário pode se sentir levemente eufórico, mas com aumento de irritabilidade. Nesta categoria podemos destacar a cocaína, anfetamina e a nicotina, esta que está presente no cigarro. Já as drogas depressoras reduzem as atividades do sistema nervoso central, diminuindo o ritmo cardíaco, sentidos e a coordenação, causando sonolência. Dentro deste grupo encontram se o álcool, heroína e o ópio. No último grupo, dos alucinógenos, a maconha e o LSD estão inclusos e causam modificações no funcionamento do sistema nervoso central, podendo causar alucinações e delírios aos consumidores. 18

A dependência química é caracterizada pela relação constante e necessária entre o indivíduo e seu modo de consumir determinada droga. Está é considerada uma doença crônica com comportamentos impulsivos decorrentes ao uso de tal substância, utilizada geralmente para sensação de prazer e bem-estar. O primeiro critério utilizado para relacionar à dependência é a tolerância, pois é a necessidade crescente de quantidades de uso das substâncias para que se atinja o efeito desejado ou a diminuição do efeito após uma continuidade da mesma dosagem da substância. Entretanto, a quantidade e gravidade dos sintomas variam de acordo com a substância consumida. Por exemplo o sintoma social e psíquico de um viciado em cigarro é totalmente diferente de um dependente do álcool. É nítido que os usuários utilizam estas drogas para sensação de bemestar e prazer, entretanto a aceitação social também deve ser colocada como um dos pontos. Com estas buscas o ato tende a ser repetido, explicando o motivo de muitos tornarem-se dependentes.


histórico O uso das drogas sempre esteve presente na história da humanidade e ao decorrer dos anos cada sociedade delimitou sua forma de uso de acordo com sua cultura, mesmo sabendo de suas proibições e suas consequências. Em um contexto geral, as drogas nem sempre foram tidas como problemas, sendo utilizadas em contextos religiosos, sociais, econômicos, medicinais e culturais. Na antiguidade gregos e romanos utilizavam drogas como meio de remédios e venenos. Já na Idade Média o uso foi condenado pela Igreja Católica, sendo considerado como improprio aos cristãos. Na medicina o uso das drogas tornou-se comum no tratamento de muitas doenças. Os avanços da química proporcionaram as descobertas de novas drogas terapêuticas, possibilitando o controle de dores por exemplo. No início ainda não existiam leis que limitassem a venda e consumo das drogas e os episódios de toxicidade passaram a ser mais comuns no ano de 1920, agravando-se quando as seringas hipodérmicas surgiram no comercio facilitando a chegada maior e mais rápida de cocaína na corrente sanguínea. A Revolução Industrial contribuiu para a passagem de fabricação artesanal para fabricação industrial das drogas, possibilitando assim a produção em grande escala e o acesso para mais pessoas. Um exemplo são as bebidas alcoólicas que passaram a ter o nível de álcool mais elevado e o acesso facilitado. A mudança da população para centros urbanos fez com que as drogas passassem a ser alvo de comercialização para obter lucros.

No século XX o uso de drogas analgésicas nas guerras era comum devido os ferimentos dos soldados e estimulantes com intensões de diminuir a fadiga dos soldados e permanecerem em alerta. Outro fator importante foi a cultura pop, liderada pelo movimento hippie, onde rejeitavam o modo de vida tradicional e a droga era objeto de revolução. Neste período, principalmente a maconha, passou a ser um símbolo de expressão e independência dos usuários. Entretanto, com a atuação dos traficantes a droga passou a consumida para gerar capital e perdendo seu sentido reivindicatório. Nesta mesma época nos Estados Unidos alguns movimentos liderados por grupos de igrejas passaram a criar regulamentações sobre o uso das drogas, pois condenavam o uso das substâncias, determinando a exclusão social dos usuários, propondo a permanência deles em sanatórios, prisões e hospitais psiquiátricos. A partir de 1970 a legislação brasileira passou a ser influencia pela medicina, apoiando o controle das substâncias e o Estado passou a impedir o uso ilegal das substâncias. Desta forma, os usuários das drogas ilícitas passaram a ser considerados doentes, criminosos e marginais.

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PERFIL DOS USUÁRIOS EXPERIMENTADOR Pessoa que experimenta a droga geralmente por curiosidade e possui o interesse em repetir.

HABITUAL Faz uso frequente das drogas, porém sem perda de controle.

OCASIONAL Utiliza uma ou várias drogas em ambientes favoráveis quando disponíveis.

dependente Usa as drogas de forma frequente e exagerada, não conseguindo parar quando quer.

Moradores de rua que fazem uso de algum tipo de droga Não fazem uso 20%

Fazem uso 80%

Fonte: Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (2010)

O uso de substâncias psicoativas é comum nas ruas da cidade de São Paulo. O número entre os jovens de 18 a 30 anos pode chegar em até 80%, sendo o álcool a substância mais consumida (65%) e mais frequente entre os moradores de rua mais idosos. Já os jovens geralmente consomem mais o crack. A maioria da população em rua é formada por homens (86%) que possuem idade entre 31 a 49, sendo a maioria com ensino fundamental incompleto ou analfabetos. Muitos se tornam começam utilizar as drogas, pois possui o acesso mais fácil do que a própria comida nas ruas. 20


Relato de moradores de rua e dependentes químico

“Um dia de cada vez, melhorei muito. Passo o dia catando, olha aqui tudo calejado, e a noite eu uso. Antes, fumava o dia inteiro. Vai chegar o dia que não vou usar nada. Meu nome é Anderson. Eu ainda uso drogas, sou viciado. O meu sonho é parar de usar, mas na primeira vez era envolvido com várias coisas erradas. Hoje, reciclo, trabalho e uso. Da primeira vez que vim pra cá, pra essa, mudei muita coisa em mim. Dessa vez eu “to” há duas semanas na rua. A primeira vez fiquei alguns anos. Meu sonho é parar de usar crack. Só que não acredito muito em clínica. Tem que parar de usar estando perto dela, lutando contra ela. Se eu fico internado, distante. Assim que eu sair e ter vontade, vou usar.” Fonte: SP Invisível | Anderson

“A gente não pode falar as coisas sem conhecer ninguém. Se não quiser ajudar a gente, não precisa, mas também não pode xingar. Xingar é outra história. Já é desrespeito. Meu nome é Wagner. A vida de um ex-presidiário não vale nada para as pessoas. Eu fui preso injustamente. A juíza pedia pra eu assumir que eu reduziria minha pena, mas eu não ia assumir uma coisa que eu não fiz. Nunca, ai fiquei um tempão. Meu sonho? É ir na igreja, mas ir sério. De vez em quando eu vou, mas eu quero me envolver, ser batizado e tal, levar a sério mesmo. Só que eu tenho esse problema da droga, mesmo hoje estando muito melhor.” Fonte: SP Invisível | Wagner

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“As vezes a pessoa passa aqui e pensa que tá bem na vida, mas amanhã também pode ter uma situação ruim, o mundo é doido, dá uma volta. Sabe a Americanas ali naquela rua? Eu era gerente de lá. Tinha guitarra, teclado, carro...em 2017 me mandaram embora. Sou dependente quimico, não tenho vergonha de falar. Uso desde os 17 anos, to com 33. Morei em Milão, na Itália elá eu trabalhei com construção civil. Minha mãe mora lá e tá criando minha filha. Minha ex-mulher também é dependente quimica. Me chamo Bruno. Me queimaram lá na Americanas porque eu ia subir de cargo. Daí comecei a quebrar, vendi meu carro pra pagar o que devia. Essa situação de rua é recente, tem 1 ano e meio. Eu jogava bola, no time de base do Santos. Numa final de campeonato sofri a falta e rompi o ligamento do joelho, acabou tudo. Foi aí que entrei para as drogas. Depois perdi meu pai. Ele dava tudo por mim. O mais dificil de viver na rua é ter paciencia, não arrumar encrenca. Tenho pavio curto. Pessoal tem medo de mim, eu sou forte. Daqui pra frente eu quero alugar um barraco, sair daqui, ter um lugar pra dormir e viver minha vida. Fonte: SP Invisível | Bruno

Fonte: Futuro Quotidiano

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Já o uso das drogas por adolescentes muitas vezes é influenciado por conflitos familiares e/ou aceitação em grupos sociais. Hoje a droga é vista pelos os adolescentes como uma válvula de escape. Segundo o estudo realizado pelo Conselho Nacional de Justiça a maioria dos jovens infratores no Brasil são usuários de drogas. O levantamento foi realizado entre julho de 2010 e outubro de 2011, entrevistando no total de 1898 adolescentes com idades entre 16 e 17 anos.

Dos jovens entrevistados, 74,8% fazem o uso de drogas ilícitas, tendo em destaque a região do centro-oeste com maior número de adolescentes considerados usuários de drogas. Dentre as substâncias utilizadas por eles a maconha foi a droga mais citada com 89%, seguida da cocaína (43%), exceto no Nordeste que a segunda mais utilizada é o crack (33%). Com isto, concluísse que o uso das drogas entre os adolescentes vem crescendo cada vez mais, se tornando cada vez mais precoce e de fácil acesso. Isto traz graves consequências às famílias e a sociedade. As soluções para os resultados não devem estar associadas somente à adoção de medidas de repreensão, mas sim desenvolver estratégias de prevenção a longo prazo associado ao Estado.

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2 estrutura pĂşblica


lei 13.343/2006 A Lei das Drogas (11.343/2006) prevê medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas, através de medidas de advertência sobre o uso das drogas, prestação de serviços à comunidade e medidas educativas. Em maio de 2019 o senado aprovou uma nova lei antidrogas que amplia o número de pessoas que pode pedir internação involuntária dos dependentes químicos. Ainda diferindo opiniões, os que são contra comparam a forma de tratamento aos manicômios que não humanizados. “Existem relatórios que apontam como uma parte significativa das comunidades terapêuticas sistematicamente violam os direitos humanos dessas pessoas. As pessoas são retiradas do seu ambiente social, colocadas nesses espaços, ficam ali por um tempo e depois são jogadas uma realidade totalmente desigual, permeada pelo racismo e sexismo, que vai empurrá-las de novo para uma situação de vulnerabilidade”, (Pedro Borges, do portal de mídia negra Alma Preta)

lei 13.840/2019 A Lei 13.840/19, que altera a lei antidrogas - 11.343/06, sancionada em julho de 2019 tem como principal mudança a possibilidade de internação involuntária do usuário de drogas, a qual deve ser realizada após médico responsável formalizar decisão por este tipo de internação. Conforme a lei, a família ou o representante legal poderão, a qualquer tempo, pedir ao médico a interrupção do tratamento. A norma também dispõe sobre o acolhimento dos usuários ou dependentes de drogas em comunidades terapêuticas acolhedoras. A norma também inclui entre as competências da União a formulação e a coordenação da Política Nacional sobre Drogas, a elaboração do Plano Nacional de Políticas sobre drogas – em parcerias com os Estados, o DF, municípios e a sociedade; a sistematização e a divulgação de dados estatísticos sobre prevenção, tratamento, acolhimentos, reinserção social e econômica e repressão ao tráfico de drogas.

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CAPS O uso das drogas muitas vezes é associado à saúde mental, com isto, a Reforma Psiquiátrica de 2011 (Lei 10.216) influenciou muito nos avanços do tratamento de dependentes químicos. Nos últimos dez anos foram criados normas da Rede de Atenção Psicossocial publica que compreende os Centros de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (CAPS-AD), Unidades de Acolhimento Adulto e Infantil (UA), Consultórios de Rua e programa de Redução de Danos (RD), criando vagas em leitos de hospitais gerais. O CAPS é um centro de atendimento à saúde mental que possui diversas modalidade, onde o tratamento para usuários de drogas e álcool é feito nos CAPS-AD, funcionando apenas no período diurno onde oferece atividades de atendimento médico e psicológico e oficinas de terapia ocupacional. Os CAPS-AD III possuem leitos de desintoxicação para os usuários que chegam em situações de abstinência ou crises de transtorno mentais por conta do uso de drogas. Este tipo de programa funciona 24 horas por dia, podendo permanecer por até 14 dias. O programa do CAPS-AD é excelente, entretanto em alguns locais ele não está presente ou muitas vezes não possui estrutura suficiente para atender os dependentes químicos.

programas sociais A cracolândia na região da Luz existe há mais de duas décadas e desde então muitas foram as ações da prefeitura junto com a polícia de tentar resolver os problemas dos dependentes químicos. Em doze anos foram lançados três projetos que tratassem deste assunto em diferentes gestões. O projeto mais antigo para a cracolândia é o da gestão Serra-Kassab conhecido como Nova Luz, criado para levar empresas para a região. A prefeitura ofereceu diminuição dos impostos por cinco anos, entretanto o incentivo da prefeitura não aconteceu. A ideia era que as empresas explorassem a área e lucrassem com investimentos imobiliários, investido em áreas públicas e prédios de patrimônio histórico, porém não foi adiante. Na gestão de Fernando Haddad as tentativas de transformar a região continuaram, o projeto Nova Luz foi engavetado e criado o projeto Braços Abertos onde em uma ação em 2014 a prefeitura removeu 180 barracos de duas ruas do centro. Os usuários foram para hotéis e ganharam alimentação, assistência media e de trabalho, onde passaram a receber diariamente para varrer as ruas. O último projeto lançado, agora na gestão do prefeito João Doria, chamado Redenção prevê o fim da cracolândia, tratamento dos usuários e recuperação da área. “Eu estou há seis anos na Santa Ifigênia. Você não vê uma melhoria, você não vê nada, você só vê o pessoal tomando conta de tudo”, reclama o vendedor Luiz Borem.

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3 O ESPAÇO


influência do espaço no comportamento humano A Arquitetura é a arte de construir para atender aos desejos da sociedade, buscando seu bem-estar, conforto e segurança. Compreende espaços abertos e fechados, cobertos ou não, demonstrando que a arquitetura dos espaços pode expressar sentimentos, além de cumprir sua função básica de abrigar. O ambiente onde estamos inseridos, seja ele construído ou não, emite estímulos que podem nos agradar ou desagradar, gerando sensação de desconforto se houver grande disparidade com os limites do nosso corpo Quando falamos em ambiência, pensamos em humanização por meio do equilíbrio de elementos que compõem os espaços, considerando fatores que permitam o protagonismo e a participação. Pressupõe o espaço como cenário onde se realizam relações sociais, políticas e econômicas de determinados grupos da sociedade, sendo uma situação construída coletivamente e incluindo as diferentes culturas e valores. O estudo da ambiência desejada para cada situação de espaço, em qualquer escala, traz subsídios importantes para o entendimento das condições físicas e emocionais do bem-estar subjetivo, e nisso se consideram os estímulos ao comportamento dos sujeitos inseridos nesse contexto, aprimorando seu relacionamento.Assim, a percepção espacial estabelece parâmetros de orientação, conforto e qualidade ambiental, com os quais esses atores estabelecem encontros com protagonismo e participação ativa. O meio ambiente é construído utilizandose valores objetivos como forma, função, cor, textura, ventilação, temperatura, iluminação, sonoridade e simbologia. Cada um desses valores objetivos compõe o espaço dimensionado e funcional, resultando no espaço da arquitetura e determinando o nível de bem-estar de seus ocupantes. Conforto é a condição de bem-estar relativa às necessidades do indivíduo e sua inserção no ambiente imediato. Envolve não somente a eleição de critérios térmico, acústico, visual ou ainda químico, mas também o acréscimo de emoção e prazer, atribuindo-lhe um caráter Ambiência, espaço físico e comportamento holístico, já que o ambiente construído é um anteparo existencial, sendo abrigo para o corpo e para a alma. Também a adequação dos equipamentos complementares aos espaços, tais como assentos, apoios e dispositivos de acesso. Além disso, ao definir-se uma organização adequada para a circulação de pessoas, deve-se levar em conta a utilização do espaço territorial necessário ao homem e que influencia seu relacionamento com os outros. Mas ambiência não é somente espaço físico, é também encontro entre os sujeitos, propiciado pela adequação das condições físicas do lugar e pelo exercício da humanização.

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No campo das políticas públicas de saúde, humanização diz respeito à transformação dos modelos de atenção e de gestão nos serviços e sistemas de saúde, indicando a necessária construção de novas relações entre usuários e trabalhadores e destes entre si, tornando-os protagonistas e corresponsáveis. O encontro de dois corpos pode aumentar ou diminuir a potência: tudo que está a serviço da opressão alimenta as paixões tristes, das quais o medo (dos castigos) e a esperança (por recompensas) são mecanismos de controle. A ideia de estar acolhido enfatiza o elemento protetor do conforto, caracterizando que todos buscam abrigos, o que ao longo das gerações teria auxiliado a sobrevivência de certos indivíduos e determinado sua vitória no processo de seleção natural.Masetti cita Immanuel Kant, para quem três coisas podem fortalecer o homem contra as tribulações da vida: a esperança, o sono e o riso. Também destaca que a influência dos afetos sobre o organismo foi formalmente incorporada pela Medicina, no início do século XII. A sensação corporal de prazer permite experimentar a alegria ou a felicidade, sendo missão da arquitetura criar espaços sensíveis e estimulantes que favoreçam o desenvolvimento da existência humana. Conforto é algo pessoal, e a razão do conforto de um pode parecer desconforto ao outro.Nessa premissa, se baseia a importância da ambiência nos projetos arquitetônicos e seu impacto no envelhecimento A NBR 9050-2004,11 norma técnica para acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, regulamenta as dimensões, os padrões e os dispositivos que garantem acessibilidade. Portanto, ao pensarmos em espaços novos, devemos pensá-los simplesmente adequados a todos, dentro do princípio de Desenho Universal, que garante acesso de modo indiscriminado. Ou seja, adaptamos espaços já existentes para que atendam a todos, mas projetamos espaços adequados quando pensamos numa arquitetura planejada com acesso amplo e irrestrito. Acessibilidade refere-se à possibilidade de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações e equipamentos. Chama-se barreira arquitetônica qualquer elemento natural, instalado ou edificado que impeça a aproximação, transferência ou circulação no espaço ou equipamento. O Desenho Universal visa atender à maior gama de variações possíveis das características antropométricas e sensoriais da população. Os dispositivos e equipamentos especificados de acordo com a norma, aplicados e dimensionados com cuidado e bom senso, certamente garantirão maior amplitude de uso a diferentes padrões antropométricos, determinando maior bem-estar, melhor qualidade de vida e inclusão social. À medida que houver efetiva acessibilidade nas cidades, mais pessoas com mobilidade reduzida serão qualificadas para assumir os postos de trabalho disponíveis no mercado, havendo efetiva inclusão social e profissional.

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4 ESTUDOS DE CASO


centro psiquiátrico friedrichshafen

© Werner Huthmacher

Planta térreo 34

Planta térreo (segunda entrada)


O Centro Psiquiátrico Friedrichshafen é um projeto do escritório Huber Staudt Architekten inaugurado no ano de 2011 com a área total de 3.274 m² sendo uma anexo ao Hospital Friedrichshafen (1960). A área de entrada entre a nova construção e o hospital existente proporciona um espaço ameno e convida os pacientes, visitantes e empregados do hospital a relaxar. O edifício se fecha para um pátio verde de grandes dimensões e aproveitando o contorno da ladeira, proporcionando entradas em dois níveis diferentes. Um amplo corredor envidraçado emoldura a visão generosa da paisagem ondulada e ajuda a enfatizar a inclinação natural, mesmo dentro do pátio coberto. O centro psiquiátrico pode ser facilmente percebido na paisagem ao mesmo tempo em que permite vistas pitorescas desde o seu interior. Grandes salas de terapia com acesso direto ao jardim dos pacientes estão dispostas na planta do térreo para aproveitar as possibilidades de iluminação natural. Os dois materiais, concreto aparente e madeira sem tratamento, dominam as superfícies do edifício interna e externamente. O concreto é trabalhado de maneira sofisticada: grandes superfícies horizontais marcadas pelos painéis e elementos pré-fabricados lineares finos, que correspondem às marcações verticais do revestimento de madeira. O revestimento vertical, composto por perfis de madeira sem tratamento confere ao edifício, através de sua transparência, uma aparência aberta e arejada.

© Werner Huthmacher

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hospital psiquiátrico krönstad Projetado pela equipe OrigoArkitekgruppe no ano de 2013 na Noruega o hospital psiquiátrico Kronstad possui 12.500m² e está inserido em uma área adensada da cidade próximo a linha do trem e grande número de automóveis e pedestres. O projeto do hospital dá forte ênfase em sua abertura e transparência em relação ao público, ao passo que forma um abrigo de proteção para os pacientes. A adição de espaços públicos, da natureza e de visuais para um desafiador ambiente urbano tem sido um ponto central dentro do processo. O edifício inclui departamentos de pacientes internados nos andares superiores, policlínicas nos andares inferiores e ainda um estacionamento subterrâneo. Serviços dentro do edifício incluem equipes móveis, policlínicas para adulto, além de várias enfermarias para estadias curtas. Um grande ponto central do projeto é a praça pública ao norte do edifício, oferecendo um lugar de contemplação e lazer em uma área normalmente dominada por carros e alto tráfego. A praça pública se estende sob os pisos inferiores do edifício exibindo fachadas verdes com seções de grandes janelas. Pontos focais são enfatizadas ao longo do edifício, e a transparência induz à ideia de maior abertura quanto aos problemas de saúde mental na sociedade atual. Além de convidar os pacientes e funcionários ao interior, a cidade inteira é bem-vinda a dar uma olhada.

© Pål Hoff 36


Planta de situação do edíficio O hospital se abre em direção a leste para a vista da montanha Ulriken. Ele é organizado em torno de três grandes átrios que garantem luz natiral, ar e valiosos espaços de lazer ao ar livre. Os átrios proporcionam o contato visual entre os diferentes departamentos, auxiliam no deslocamento por serem pontos geográficos de referência, e proporcionam perspectivas de dentro do edifício para a natureza. Cada um dos departamentos do hospital está conectado a um jardim de cobertura específico: cada jardim tem suas próprias características e difere por sua localização e função. As zonas verdes incentivam a interação social e oferecem espaços para a contemplação em um ambiente composto por materiais e plantas naturais.

Corte longitudinal

Corte transversal

© Pål Hoff

© Pål Hoff 37


CENTRO DE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL

© Pedro Pegenaute

© Pedro Pegenaute 38


O Centro de Reabilitação Psicossocial está localizado no terreno do complexo Centro Dr. Esquerdo, em Alicante na Espanha. Projetado pelo grupo Otxotorena Arquitectos, foi inaugurado em 2014 e possui uma área de 16.657m² que atende às necessidades de duas entidades complementares: a residência para pessoas com transtornos mentais que não necessitam ser hospitalizadas; e o centro de reabilitação de integração social para pessoas com transtornos mentais graves. O projeto desenvolve todos os espaços e necessidades funcionais são agrupadas num único edifício de acordo com a resposta arquitetônica para as peculiaridades do terreno e otimização do espaço. A escala do lugar e a natureza do terreno - grande e periférico - levaram à concepção de um edifício de um único pavimento - com um semi-subsolo ocupado por vagas de automóveis e áreas de serviço - que conta com um amplo espaço translúcido que se volta para um grande e exuberante jardim posterior. A escala do edifício público é destacada pela considerável extensão da fachada, onde um sistema de painéis verticais faz o controle da insolação. A diferença de nível entre o edifício e o jardim reforça a privacidade e faz dessa área verde um agradável oásis.

Planta térreo

Planta subsolo 39


CENTRO DE BEM-ESTAR PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES O Centro de bem-estar, projeto de 2013, está localizado na França e foi realizado pelos arquitetos Marjan Hessamfar & Joe Vérons com o objetivo principal de proporcionar às crianças e adolescentes apoio psicológico e educacional. Desta forma o abrigo foi projetado de forma que cada piso seja ocupado por um grupo de determinada idade, sendo resolvido a partir das limitações do local: a primeira delas é que o centro do terreno estava orientado para o norte; o segundo por ser necessitar de uma grande quantidade de programa para atender às necessidades, a falta de luz poderia ser um dos problemas. Porém, mesmo com essas limitações o edifício foi resolvido em forma de L com níveis escalonados no centro, criando terraços recreativos. Os elementos exteriores pré-fabricados de concreto foram feitos com cimento branco sem eletrodos, portanto, o concreto é auto-limpante.

© Vincent Fillon 40


Planta térreo

© Vincent Fillon 41



5 O BAIRRO


LOCALIZAÇÃO geográfica

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Vista Avenida Atlântica

Vista Rua Ulisses Cappellano

Vista Nicolau Magnoli 46


Vista Nicolau Alayon 47


USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Através do mapa de Uso e Ocupação do Solo podemos observar que o entorno do terreno é predominantemente residencial e conta com alguns serviços ao longo das Avenidas Atlântica, Interlagos, Papini e Senador Teotônio Vilela. Além disso, existem equipamentos de educação próximo como o CEU Cidade Dutra e também a Garagem de Barcos do arquiteto Artigas e estar próximo ao Autódromo de Interlagos.

legenda residencial serviço/comércio institucional área verde 0

50

200 100

48

400 300


GABARITO DE ALTURAS O gabarito de altura do entorno do terreno é realizaodo edifícios de até dois pavimentos , destacando apenas dois edíficios que possuem de quatro a seis pavimentos e um edifício totalmente residencial que possui mais de dez pavimentos de altura.

legenda até 2 pavimentos de 3 a 6 pavimentos mais de 10 pavimentos área verde 0

50

200 100

400 300

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CHEIOS E VAZIOS O mapa de cheios e vazios tem como grande parte cheios preenchidos pelos lotes residênciais que formam uma barreira de insegurança para o pedestre que esta no local.

legenda cheio vazio terreno área verde 0

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200 100

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400 300


HIERARQUIA VIÁRIA E TRANSPORTE PÚBLICO A principal via de acesso para o terreno é a Avenida Atlântica, sendo as outras ruas ao redor do terreno totalmente locais. Próximo ao local existem dois pontos de ônibus com uma grande quantidade de linhas de ônibus no local. O terreno encontra-se próximo as Avenidas Interlagos, Senador Teotônio Vilela e Papini.

legenda via arterial via coletora ponto de ônibus área verde 0

50

200 100

400 300

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LEI DE PARCELAMENTO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO A Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo estabelece uma divisão em três categorias, que regulam as possibilidades de mudanças, de crescimento ou de conservação de bairros da cidade, sendo amplamente utilizado nos planos diretores, através do qual a cidade é dividida em áreas sobre as quais incidem diretrizes diferenciadas para o uso e a ocupação do solo, especialmente os índices urbanísticos. Essa divisão tem como critério os objetivos que foram determinados para cada território: transformação, qualificação e preservação. Os territórios de transformação são aqueles em que o uso do solo precisa ser adequado à oferta de transporte público. Para isso, são estimuladas novas construções de moradias, além da intensificação das atividades econômicas e dos serviços públicos. Um exemplo são áreas próximas a grandes eixos de mobilidade, como a Marginal Tietê. O segundo grupo, de qualificação, é formado por áreas em que haverá a manutenção das atividades não-residenciais, acompanhada de outras estratégias como fomento às atividades produtivas, diversificação de usos ou ampliação na quantidade de residências. Esta categoria abrange a maior parte dos bairros da Capital e permite a criação de estratégias diferentes para cada localidade. Por fim, nos territórios de preservação poderá haver apenas a promoção de atividades econômicas sustentáveis, visando a preservação ambiental e cultural. Um exemplo de região com esta classificação é o extremo sul, que abriga grandes áreas verdes, como as APAs Bororé-Colônia e Capivari-Monos. Em cada um dos territórios há uma divisão por zonas de uso, que especifica regras para cada um dos lotes. São 35 categorias, que determinam o tipo, o tamanho de empreendimentos e as regras de uso de terrenos e imóveis da cidade. Com isso, o desenvolvimento de cada bairro é regulado de forma a manter ou ampliar a qualidade de vida das pessoas que moram, trabalham, estudam e circulam pelo local.

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O terreno está inserido em uma Zona de Estruturação da Transormação Urbana a(ZEU), que são porçõe que pretende promover usos residenciais e não residenciais com densidades demográfica e construtiva altas e promover a qualificação paisagística e dos espaços públicos de modo articulado ao sistema de transporte público coletivo. Esta zona tem por objetivo consolidar os parâmetros estabelecidos pelo Plano Diretor Estratégico para os eixos, complementando com algumas regras de parcelamento, uso e ocupação, especialmente as condições de instalação de usos e parâmetros de incomodidade. Em específicio ZEUa são zonas inseridas na Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental definidas pelo Plano Diretor Estratégico.

O terreno tem como parâmetros de ocupação dos lotes com o coeficiente de aproveitamento básico 1 e o máximo 2, sem mínimo. Possui também como taxa de ocupação de 0,5, pois o lote possuí mais de 500m² com gabarito máximo de 28 metros respeitando o recuo mínimo de frente de 5 metros.

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6 O PROJETO


CONCEITO/PARTIDO O projeto tem como conceito a transparência física e visual do local, tornando-o um lugar de abrigo e acolhedor para os usuários de drogas da região em que está inserido, fugindo do comum de um ambiente hospitalar. A transformação de uma junção de lotes que estão próximos a um ponto que possui muitos usuários de drogas no bairro e que visualmente é uma barreira por conta de seu grande muro que faz frente à principal via de acesso torna o local mais seguro e convidativo aqueles que realmente buscam ajuda de alguma forma. O projeto conta com jardins internos que dão vista às salas de terapia saindo do comum de um ambiente totalmente fechado e podendo utilizar a luz natural como parte do processo de recuperação. Além disso, conta com uma praça elevada para uso dos pacientes onde eles podem ter momentos de lazer e convivência. O edíficio está implantado em um terreno com acesso principal à Avenida Senador Teotônio Vilela e seguindo a legislação de zoneamento onde o local está inserido possui uma grande área permeável divido em dois pavimentos, seguindo o gabarito de altura do entorno imediato.

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programa de necessidades área do lote:12.254m² área construída: 6.002m² área permeável: 6.251m²

funcionários

pacientes

Adminstração Almoxarifado cozinha Depósito de lixo Depósito de material de limpeza dispensa Sala de descanso funcionários Sala de reunião Sanitários

Área de jogos Biblioteca Consultório clínico geral Consultório nutricionista Consultório psicologo Consultório psiquiátra Consultório triagem Dormitórios Enfermaria Quadra Refeitório Sala assistente social Sala multiuso Sala terapia ocupacional em grupo Sala terapia ocupacional individual Sanitários

visitantes Recepção Área de espera

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PLANTA DE SITUAÇÃO

RUA NICOLAU ALAYON

RUA ULISSES CAPE

AVENIDA

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RUA NICO

LA MAGN

OLI

ELLANO

ATLÂNTICA

ESCALA: 1:1000 59


RUA NICOLAU ALAYON

RUA ULISSES CAPELANO

AVENIDA ATLÂNTICA

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RUA NICO

LAU MAG

NOLI

IMPLANTAÇÃO FINAL

ESCALA: 1:500 61


SETORIZAÇAO

LEGENDA: pacientes funcionários “moradores” área livre

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FLUXOGRAMA

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PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO NÍVEL 742 LEGENDA: 1- sala terapia ocupacional em grupo 2- dispensa 3- cozinha 4- depósito de lixo 5- depósito de material de limpeza 6- lavanderia 7- sala terapia ocupacional individual 8- refeitório 9- sala descanso funcionários 10- sanitários 11- consultório psiquiátra 12- consultório psicólogo 13- almoxarifado 14- sala assistente social 15- recepção 16- espera 17- administração 18- enfermaria 19- consultório nutricionista 20- consultório clínico geral 21- triagem 22- sala de reunião ESCALA: 1:250 65


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PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO NÍVEL 746,25 LEGENDA: 23 - DORMITÓRIOS 24 - SALA MULTIUSO 25 - BIBLIOTECA * ÁREAS DE LAZER E JOGOS DISTRIBUÍDAS POR TODO O PAVIMENTO * ÁREA LIVRE ABERTA PARA CONVÍVIO E USO DOS PACIENTES MORADORES

ESCALA: 1:250

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planta de cobertura

ESCALA: 1:500 69


70


ampliação quarto

modelo padrão do quarto para todos os usuários que permancem no tratamento de reabilitação. o quarto com uma área de estudo, além de banheiro privativo.

esc: 1:25 71


cortes

corte aa esc: 1:200

corte bb esc: 1:200 72


73


fachadas

elevação frontal esc: 1:200

elevação lateral direita esc: 1:200 74


75


fachadas

elevação posterior esc: 1:200

elevação lateral esquerda esc: 1:200 76


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77


considerações finais Concluo este trabalho ressaltando a importância da implantação de equipamentos como este por toda a cidade. A reabilitação de um dependente químico, apesar das tentativas de programas sociais do governo, ainda é um assunto bastante complexo e que possui poucas unidades de tratamento levando assim a vulnerabilidade social e tornando os usuários marginalizados e excluídos da sociedade. Ao conviver diariamente observando o grande número de usuários de drogas que existe na região só concluiu a falta deste tipo de equipamento na região e com o programa de necessidades como ele ajudaria no tratamento dos mesmos. A proposta de criar um Centro de Reabilitação para dependentes químicos parte da ideia de respeito, igualdade e valorização à todas as pessoas, auxiliando aquelas que são excluídos da sociedade tornarem parte da mesma através de acompanhamento de profissionais, educação, convivência e respeito.

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referências bibliográficas BESTETTI, MLT. Ambiência: espaço físico e comportamento. São Paulo: FAU USP 2014. MELO, Juliana Felix. MACIEL, Silvana Carneiro. Representação Social do Usuário de Drogas na Perspectiva de Dependentes Químicos. Paraiba: UFP. 2016 DIAS, Maria Angelina Beltrani. Politicais Publicas para o combate às drogas no Brasil. Barbacena, 2012. FONTES, Maria Alice. O que é dependência química? Tipos de drogas, efeitos e tratamentos. FONSECA, Ana Clara Martins. Hospital Psiquiátrico. Itaperuna, 2016. DALPIAZ, Ana Kelen. JACOB, Maria Helena, DA SILVA, Karen. BOLSON, Melissa. HIRDES, Alice. Fatores associados ao uso de drogas: depoimentos de usuários de um CAPS AD. GABATZ, Ruth Irmgard Bartschi et al. Percepção do usuário sobre a droga em sua vida. Esc. Anna Nery [online]. 2013, vol.17, n.3, pp.520-525. ISSN 1414-8145. http://dx.doi.org/10.1590/ S1414-81452013000300016. CADINHO, ALINE. Centro de Reabilitação para Dependentes Químicos. São Paulo, 2016. BARREIRO, Leticia. SILVA, Luan. PUGLIELLI, Vincius. A arquitetura no tratamento da dependência química. São Paulo, 2016. LEITE, Marcela. RESIGNA. Centro de Reabilitação para ressignificação de usuários de drogas. Campinas, 2017.

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Folha de São Paulo UOL: www.folha.uol.com.br Acesso em: 03 de junho de 2019 G1 Globo <https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/em-12-anos-prefeitura-lancou-3-projetos-diferentes-para-cracolandia.ghtml?fbclid=IwAR3LGqjG3kfru1LVdI5jiQ-QnehlYD8nSWMvD5lF2-XO1gNcwPhdqUJmIfA> Acesso em: 03 de junho de 2019 UNODC <https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/drogas/relatorio-mundial-sobre-drogas.html> <https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2018/06/relatorio-mundial-drogas-2018. html> Acesso em: abril de 2019 G1 GLOBO <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/04/75-dos-jovens-infratores-no-brasil-sao-usuarios-de-drogas-aponta-cnj.html?fbclid=IwAR3evn0T4WcVEQGxp6pjQZrzvS3OLSLjA12NT9urLTyv9Sha80Cmzjvnw9M> Acesso em: abril de 2019 Último segundo <https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/3-em-cada-4-moradores-de-rua-usam-alcool-ou-drogas/n1237648458532.html?fbclid=IwAR0CuOlJiKZ4UeF6Qg1xyUegIcvsEcy8En2VWBu0PD_xdyZjJ30D4sXosu0> Acesso em: abril de 2019 UNESCO www.unesco.org/new/pt/brasilia/> Acesso em: 31 de maio de 2019 Ministério da saúde <http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental> Acesso em: abril de 2019

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emelly clemente brito

[RE] HABILITA

CENTRO DE REABILITAÇÃO PARA DEPENDENTES QUÍMICOS


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