Requalificação Urbana - As Avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia como eixo qualificador.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

Larissa Gonçalves Silva

REQUALIFICAÇÃO As avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia como eixo qualificador.

URBANA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Campus Santo Amaro, como exigência para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orintação: Prof. Ma. Rita Cassia Canutti

SÃO PAULO 2019



“Sob a aparente desordem da cidade tradicional, existe, nos lugares em que ela funciona a contento, uma ordem surpreendente que garante a manutenção da segurança e da liberdade. É uma ordem complexa. Sua essência é a complexidade do uso das calçadas, que traz consigo uma sucessão permanente de olhos” JANE JACOBS



Agradecimentos

Agradeço a Deus pela minha existência, aos meus pais por todo o apoio que me deram durante os anos de estudo. Ao meu noivo Henrique, que tanto apoiou e incentivou esse trabalho. Agradeço aos amigos que fiz durante a graduação, com os quais compartilhei muitos momentos de aprendizado e desejo levar para o resto de minha vida. De maneira muito especial, agradeço a minha orientadora, Profª Ma. Rita Cassia Canutti, por contriuir para o desenvolvimento do presente trabalho e à Profª Dra. Jordana Zola, que fez o parecer deste trabalho no primeiro semestre de 2019. Aos docentes da graduação, que muito me ensinaram e inspiraram durante os últimos cinco anos.



Resumo Esse trabalho pretende compreender as dinâmicas pelas quais as imediações do Brás e Belém passaram ao longo dos anos e diagnosticar em que condições atualmente se encontram os respectivos distritos, propondo um projeto de intervenção urbana a partir do eixo das avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia. As questões dissecadas pelo escopo dessa análise são o caráter paradoxal verificado no povoamento do perímetro de estudo – uma vez que zonas de baixa densidade demográfica estão equipadas com infraestrutura – e a monofuncionalidade dos espaços, posta em detrimento do pedestre. Ambos fatores são tomados como desencadeadores das disfunções urbanísticas que serão salientadas. Ademais, a luz do processo histórico que acarretou tais aspectos negativos, o trabalho dá realce aos vetores que catalisaram a gentrificação da região. Pautado pelo diagnóstico realizado acerca da referida problemática, o trabalho pondera um conjunto de intervenções orientado no sentido de superar as limitações urbanísticas encontradas. Grosso modo, o adensamento populacional, a qualificação do passeio público e a valorização da escala do pedestre e o rompimento de extensas áreas monofuncionais com a implantação de edifícios de uso misto, vêm ao debate que segue como alternativas efetivas para a reversão da dinâmica de ociosidade, degradação e subutilização de imóveis Palavras-chave: Urbanismo, Intervenção urbana, Adensamento populacional, Monofuncionalidade urbana, Infraestrutura urbana.



Sumário 1. INTRODUÇÃO.............................................................................13 Objetivos Justificativa Metologia 2. HISTÓRICO..................................................................................20 2.1 O surgimento do eixo de estudo 3. FUNDAMENTAÇÃO..................................................................24 3.1 Os conceitos da requalificação urbana 3.2 Vida e segurança nas ruas 4. O SÍTIO...........................................................................................30 4.1 Localização 4.2 A importância regional 4.3 O perímetro de estudo 5. DADOS...........................................................................................36 5.1 Uso predominante do solo 5.2 Densidade demográfica 5.3 Assentamentos precários 5.4 Renda e indicadores municipais 5.5 Ociosidade e subutilização 5.6 Ciclofaixa 5.7 Polos locais 6. DIAGNÓSTICO............................................................................46 6.1 Divisão em setores 6.2 Caracterização do setor 1 6.3 Caracterização do setor 2 6.4 Caracterização do setor 3

7. ESTUDO DE CASO....................................................................52 7.1 Requalificação da Avenida Santo Amaro 7.2 Projeto Urbano Alameda Providencia 7.3 Regeneração do eixo comercial da Rua Teodoro Sampaio 7.4 Edifício Corujas 8. PROPOSIÇÃO..............................................................................68 8.1 Plano de intervenção 8.2 Implantação 8.3 Estratégia habitacional 8.4 Setor 1 8.4.1 Terreno 1 8.4.2 Terrenos 2 e 3 8.5 Setor 2 8.5.1 Terreno 4 8.6 Setor 3 8.6.1 Terreno 5 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................90 BIBLIOGRAFIA ANEXOS



1. Introdução



Introdução Com o passar dos anos, São Paulo adquiriu uma mancha urbana espraiada. Ao passo que a cidade crescia aceleradamente, sua população, cada vez maior, se acostumou a dispender parcelas de tempo significativamente maiores nos trajetos cotidianos, como trabalho, estudo, consumo e lazer. Concomitante a esse vertiginoso crescimento, novas centralidades surgiam ao passo que as tradicionais - como o Centro Histórico - se esvaziavam e perdiam sua vitalidade urbana, passando a ser estigmatizadas, feito áreas de violência e abandono. Desse modo, o espaço da cidade se tornava paulatinamente segregado. Para compreender o processo de horizontalização de São Paulo é necessário considerar a abrupta desigualdade social que, embora seja evidente nos espaços públicos contemporâneos, era ainda mais severa nesse período. Atraída pelo baixo custo dos aluguéis e dos terrenos das bordas da cidade, a população de baixa renda migra para as periferias paulistas, apesar da carência de infraestrutura desses espaços – como abastecimento de água, saneamento básico ou transporte. Quanto às tradicionais centralidades paulistas, a degradação e, por consequência, a violenta queda na qualidade de vida passam a estigmatizá-las. A população desassistida que persiste residindo nos antigos centros da cidade se amontoa nos insalubres cortiços, que proliferam em um ritmo acelerado. Assim, o cor-

tiço se torna alvo de políticas higienistas inclinadas à sua erradicação e desprovidas de medidas afirmativas que amparassem seus moradores. O movimento de consolidação de novas centralidades paulistas ainda mais elitizadas, de territorialização periférica das classes mais baixas e de deterioração urbana das centralidades tradicionais da cidade acaba gestando a segregação espacial que é observada no perímetro analisado por esse trabalho. Embora a displicência e a morosidade manifestadas pelo poder público nos faça caminhar para a metade da vida útil do Plano Diretor Estratégico (PDE) de 2014 sem que as ações por ele discutidas tenham sido efetivadas, leis como essa e a de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo fomentam diretrizes para a reparação das mazelas urbanas que configuram o cenário deprimente que historicamente tem sido (e persiste sendo) viver na cidade.

com uma estruturada rede de transporte público e uma oferta cultural ímpar. A qualidade de ambos espaços urbanos está muito aquém do potencial que esse perímetro sugere. Assim sendo, a discussão que se segue infere intervenções que habilitem novas dinâmicas urbanas capazes de superar as limitações afiguradas, democratizando a ocupação dessas centralidades tradicionais deterioradas, assistindo às necessidades caras ao bom funcionamento da rotina das comunidades locais e, por fim, contribuindo para a reversão da segregação socioespacial decorrente da gentrificação empregada na horizontalização de São Paulo.

O distrito do Brás é um polo de atração de mão de obra devido à presença de indústrias, serviços e comércio – com destaque aos atacadistas e varejistas do ramo vestuário. Inserido no início da Região Leste do município, o distrito do Belém apresenta um perfil mais residencial e possui zonas em que se vê uma mistura entre comércios e indústrias degradadas e subutilizadas. Ambas localidades estão próximas ao Centro Histórico de São Paulo - outro polo de intensa atividade comercial e atração de mão-de-obra, que conta

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Objetivo geral Com o intuito de fomentar e acomodar devidamente o adensamento urbano e o rompimento de longas áreas notadamente monofuncionais em função de uma multifuncionalidade urbana mais plástica e eficiente, o objetivo geral desse trabalho concentra-se no desenvolvimento de um projeto de intervenção urbana ajustado de modo a conformar uma nova paisagem no eixo das avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia. Como já dito, o conjunto de ações composto pela qualificação do passeio público, valorização da escala do pedestre e implantação de edificações de uso misto em lotes lindeiros ao referido eixo é apresentado como a ferramenta urbanística capaz de atualizar a dinâmica vigente, produzindo um espaço que contemple múltiplos usos e tenha como prerrogativa a inclusão.

Objetivo específico De modo mais circunscrito, a intervenção urbana proposta pretende aprimorar os deslocamentos a pé e incitar o uso de bicicletas e modais congêneres ao longo do referido eixo, bem como nas vias transversais. Criar áreas de vegetação arbórea e equipamentos públicos que tornem mais aprazível tanto o deslocamento pelas imediações quanto a permanência nesses locais. E, ainda, fortalecer o comércio e os núcleos geradores de renda e emprego. As ações aqui elencadas delineiam uma centralidade paulista que atenda uma multiplicidade de usos - extrapolando a lógica restrita à produção, circulação e consumo de mercadorias para abranger, por exemplo, apropriações lúdicas do espaço urbano – e tenha como imperativo a inclusão da população dos setores mais pobres da sociedade.

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Justificativa As avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia compõem um importante eixo de conexão entre o centro da cidade de São Paulo e a Zona Leste, sendo que o itinerário percorrido pela maioria das linhas de ônibus que ligam esses extremos é feito através dessas vias. Essa também é a principal rota de acesso ao importante polo econômico de vestuário no distrito do Brás. O eixo conta ainda com uma quantidade remanescente de galpões industriais operantes e está equipado com infraestrutura, que, sendo aperfeiçoada – com, por exemplo, o aproveitamento das áreas subutilizadas, ociosas, degradadas e monofuncionais -, suportaria um influxo de adensamento urbano. Isto é, embora o perímetro tenha sido maculado por um esvaziamento populacional e industrial, sua vocação viabiliza a reversão desse quadro. Como corolário do déficit habitacional, a presença de cortiços no perímetro de estudo é marcante e a população periférica está fadada a se deslocar por longas distâncias a fim de acessar os ambientes que fornecem o básico de suas tarefas cotidianas - como trabalho, estudo, lazer e consumo. Por conseguinte, esse projeto de intervenção urbana manipula o eixo formado pelas avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia na conformidade de estruturar o comércio, a moradia, o passeio público, as áreas de lazer e, no limite, a vitalidade urbana. Para além do mero atendimento ao funcionalismo da sociedade moderna ção urbana por hora proposta é orientada no âmbito de reabilitar a habitação blica e privada, ressignificando a condição de apêndices da organização técnica ram impelidas. A aposta do projeto se concentra na dinâmica social inerente a

industrial, a qualificae a vida cotidiana púdo trabalho a que foespaços multifuncionais.

Em “O Direito à Cidade”, Henri Lefebvre denuncia a ausência de dimensões lúdicas na sociabilidade prevista pelo urbanismo moderno. As ruas, para Lefebvre, são elementos promotores de interação e imaginação criativa, pois possuem o potencial de desprender as pessoas do isolamento e da insociabilidade. São fontes de liberação de energia coletiva. Desse modo, restaurar o componente lúdico das ruas, na visão do filósofo francês, é o mesmo que promover uma vida social mais densa e vibrante, contemplada por encontros criativos e atividades participativas. A monofuncionalidade é o instrumento empregado pelos interesses da prática econômica para organizar o espaço urbano racionalmente, de modo a atender aos imperativos da produção, circulação e consumo de mercadorias e serviços. Assim sendo, a miríade de funcionalidades que poderiam ser atendidas pelo espaço urbano, como o lazer, é posta em detrimento do funcionamento econômico. Em última instância, o pleno exercício da cidadania é virtualmente negado aos despossuídos da sociedade por esse modelo urbanístico, uma vez que condições básicas e indispensáveis à qualidade de vida são transformadas em privilégios.

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Metodologia A metodologia adotada por esse trabalho, a fim de compreender o processo histórico responsável por constituir os distritos tal como estão contemporaneamente, inclui uma pesquisa bibliográfica acerca do parcelamento do solo, da abertura de viários e ferrovias e das alterações sofridas pelas dinâmicas sociais desenroladas no perímetro ao longo dos anos bem como os vetores que as modificaram. No âmbito de uma análise quantitativa, foi realizado um levantamento de uma cadeia de dados relativos ao perímetro de estudo. Legislações municipais e uma série de indicadores municipais -como uso e ocupação do solo; polos locais e extensão e localização de ciclo-faixas; densidade demográfica; quantificação e localização de assentamentos precários; oferta de transporte; concentração de empregos formais, renda per capta e pobreza extrema – são mobilizados para aferir o grau de ociosidade e subutilização diagnosticados no eixo. Considerando a pertinência de um repertório referencial composto por ações bem-sucedidas e projetos promissores para a elaboração das soluções aqui desenroladas, alguns estudos de caso foram feitos. O Projeto de Requalificação da Avenida Santo Amaro serve de referência para as intervenções defendidas por esse trabalho em razão das estratégias empregadas para a reformulação da paisagem serem igualmente pertinentes ao eixo das avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia. O projeto busca a conformação do passeio público pela extensão da avenida St. Amaro, qualificando-o com a ampliação de calçadas, implementação de novo piso e piso tátil, novas paradas de ônibus, paisagismo e iluminação pública. As ações utilizadas para a conformação de uma nova paisagem propostas pelo projeto de regeneração do eixo comercial da rua Teodoro Sampaio integram o referido repertório adequadamente: o projeto prevê enterramento de fiação, implementação de mobiliário urbano - as varandas urbanas -, nivelamento do leito carroçável com a calçada e paisagismo. Outro caso coerente a ser considerado é o Edifício Corujas – complexo de escritórios localizado no bairro paulista de alto padrão da Vila Madalena. Através da permeabilidade visual, alargamento de calçada, implementação de vegetação e nítida adequação à paisagem do entorno, o edifício mantém uma relação harmônica com o espaço público assegurando a escala do pedestre. Outro caso que integra o repertório de referências estudado por esse projeto, o Projeto Urbano Alameda Providencia (CHILE) abarca uma rota de acesso a uma centralidade, atingindo também os bairros lindeiros. No projeto chileno, a setorização da área selecionada de acordo com a vocação dos espaços representa uma estratégia oportuna e inventiva a ser emprestada por esse trabalho.

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2. Histรณrico



2.1 O surgimento do eixo de estudo Cabe aqui uma curta retrospectiva histórica da formação

funcionou até 1947, quando se tornou a Estrada de Fer-

das Avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia. O bairro do

ro Santos Jundiaí, que deu origem a atual CPTM- Com-

Brás surgiu dentro de uma grande gleba de terras, cha-

panhia Paulista de Transportes Municipais. O Metrô de

mada “Várzea do Nicolau” inserida no chamado “cin-

São Paulo por sua vez só iniciou sua operação em 1968,

turão das chácaras” que aos poucos foi penetrado pela

mas a estação Brás só passou a funcionar em 1979.

expansão da cidade e instalação de fábricas e estabe-

A característica de centro de compras do bairro do Brás foi

lecimentos de grande porte durante os anos de 1872 e

adquirida já em 1897. Em 1914 muitas indústrias funcio-

1879, na gestão do presidente Dr. João Teodoro Xavier.

navam no bairro do Brás e Mooca e estavam diretamente

A origem dos cortiços desta região está marcada no ano

associadas com o traçado ferroviário da São Paulo Railway.

de 1886 quando são proibidas as construções de cortiços

“Apesar na média nacional nos anos 50, quando a co-

na capital dentro do perímetro urbano. O Brás, passa a ser

bertura da área urbana com saneamento básico era de

considerado como subúrbio para receber a construção

40% para água e 25 % de esgoto, já em 1900, os bair-

de cortiços que pudessem acomodar a classe operária.

ros Brás e Mooca dispunham de iluminação pública em

Quando se trata da infraestrutura, nas atuais avenidas

50% de sua área urbana. Em 1928, a cobertura para água

Rangel Pestana e Celso Garcia existiam as linhas de bonde.

e esgoto no Brás era 100%. (...)” (RODRIGUEZ. 2006)

No ano de 1818, o bairro foi elevado à categoria de fre-

O traçado da atual Avenida Rangel Pestana é eviden-

guesia. A única praça do bairro era conhecida como largo

te já nos anos 1868, conforme a imagem 01. Na ima-

do Brás atualmente conhecido como Largo da Concór-

gem 02 de 1914 já é perceptível o nível de consolida-

dia. Em 1890 o Brás já possuía um traçado ortogonal de

ção e quadras fechadas que já existiam no bairro do

vias que eram paralelas à ferrovia São Paulo Railway que

Brás, assim como o traçado da Avenida Rangel Pestana.

RODRIGUEZ, Maria. “Radial Leste, Brás e Mooca: diretrizes para requalificação urbana.” Dissertação de Mestrado. P.30 - FAU/USP, 2006.

RODRIGUEZ, Maria. “Radial Leste, Brás e Mooca: diretrizes para requalificação urbana.“Dissertação de Mestrado. P.30 - FAU/USP, 2006.

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3. Fundamentação



3.1 Os conceitos da Requalificação Urbana Dentro de tantas terminologias exis-

lidades que se perderam nos últi-

seja de edificações, de uso do solo,

tentes para os projetos de inter-

mos anos e atribuir novas qualidade

gabarito etc., proteção e recuperação

venção urbana como: reabilitação,

que talvez nunca tenham existido.

do patrimônio histórico e cultural seja

renovação, reestruturação, etc., de-

O discurso central da requalificação

de qual ordem este for, integração

finiu-se o termo requalificação ur-

urbana vislumbra a inclusão social em

dos aspectos econômicos, ambientais

bana, pois este é o que melhor sin-

novos espaços sadios e revalorizados

e socioculturais, a busca pela melhor

tetiza os objetivos deste trabalho.

onde as relações sociais includentes

qualidade de vida e a dinamização

A partir do estudo e desenvolvi-

seriam estabelecidas e reforçadas por

social e econômica do espaço urbano.

mento do presente trabalho, en-

novas funções urbanas. Dentro da in-

tendo como necessário reatribuir a

tervenção urbana que tem por obje-

este espaço urbano - consolidado

tivo requalificar o espaço urbano, es-

e dotado de infraestrutura - qua-

tão previstas ações de reorganização,

Diagrama autoral.

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3.2 Vida e segurança nas ruas Para o desenvolvimento deste trabalho procurei me referenciar por fundamentos que sempre acreditei, como os que são postos no livro “Morte e vida de grandes cidades” Neste livro algumas questões sobre a segurança, a vitalidade do espaço urbano e a quebra da monofuncionalidade através dos usos mistos estão presentes e também se fizeram recorrentes durante todo o percurso de produção e estudo deste trabalho. Para a autora, a principal qualidade de um distrito urbano próspero ”é que as pessoas se sintam seguras e protegidas na rua em meio a tantos desconhecidos. Não devem se sentir ameaçadas por eles de antemão(...)” (JACOBS, 2011) além disso coloca a questão de que uma rua movimentada pode garantir segurança enquanto uma rua deserta não. Para uma rua receber os chamados ‘desconhecidos’ e ter segurança são colocados pela autora três características vitais:

1

2

3

“Deve ser nítida a separação entre o espaço público e o espaço privado. O espaço público e o privado não podem misturar-se, como normalmente ocorre em subúrbios ou em conjuntos habitacionais.” (JACOBS, 2011)

“Devem existir olhos para a rua, os olhos daqueles que podemos chamar de proprietários naturais da rua. Os edifícios de uma rua preparada para receber estranhos e garantir a segurança tanto deles quanto dos moradores devem estar voltados para a rua. Eles não podem estar com os fundos ou um lado morto para a rua e deixa-la cega.” (JACOBS, 2011)

“A calçada deve ter usuários transitando ininterruptamente, tanto para aumentar na rua o número de olhos atentos quanto para induzir um número suficiente de pessoas de dentro dos edifícios da rua a observar as calçadas.” (JACOBS, 2011)

Croqui da autora

Croqui da autora

Croqui da autora

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Para que existam olhos voltados para as ruas, fazendo a segurança dos conhecidos e desconhecidos é necessário um número considerável de “estabelecimentos e outros locais públicos dispostos ao longo das calçadas do distrito; deve haver entre eles sobretudo estabelecimentos e espaços públicos que sejam utilizados de noite.” Por que, esta configuração dá às pessoas motivos reais para usar as calçadas onde estes estabelecimentos estão implantados. Além disso, fazem com que as pessoas andem por calçadas, que não possuem nenhum interesse de uso, mas acabam por se tornar frequentados por que são o caminho para outro lugar e os próprios lojistas e comerciantes tendem a “incentivar a tranquilidade e a ordem;(...)” (JACOBS, 2011) Sobre os usos mistos e a quebra da monofuncionalidade dos bairros, a autora diz: “Para compreender as cidades, precisamos admitir de imediato, como fenômeno fundamental, as combinações ou as misturas de usos, não os usos separados.” (JACOBS, 2011)

1

“Os distritos, e sem dúvida o maior número possível de segmentos que o compõem, deve atender a mais de uma função principal; de preferência mais de duas. Estas devem garantir presença de pessoas que saiam de casa em horários diferentes e estejam nos lugares por motivos diferentes, mas estejam capazes de utilizar boa parte da infraestrutura.” (JACOBS, 2011)

2

“A maioria das quadras deve ser curta; ou seja, as ruas e as oportunidades de virar esquinas devem ser frequentes.” (JACOBS, 2011)

3

”O distrito deve ter uma combinação de edifícios com idades e estados de conservação variados, e incluir boa porcentagem de prédios antigos, de modo a gerar rendimento econômico variado. Essa mistura deve ser bem compacta.” (JACOBS, 2011)

4

”Deve haver densidade suficientemente alta de pessoas, sejam quais forem seus propósitos. Isso inclui alta concentração de pessoas cujo propósito é morar lá.”(JACOBS, 2011) Requalificação urbana | 26



4. O sítio



4.1 Localização

Google Earth. Adaptado

Geosampa. Adaptado

Dentro da mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo, o local de estudo está inserido no município de São Paulo, entre a zona central e a zona leste, nos distritos do Brás e Belém..

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4.2 A importância regional

Google Earth. Adaptado

A começar pelas Avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia, a importância regional está no deslocamento de passageiros entre o centro x zona leste, principalmente através do transporte coletivo com o modal ônibus, além da presença de ciclofaixas que incentivam o uso de um modal alternativo na região. Além disso as avenidas possuem um caráter comercial e estão próximas do importante polo econô-

mico de vestuários no distrito do Brás, pelo qual é conhecido estadualmente. Segundo as regionalizações do Município de São Paulo, o distrito do Brás está inserido na Zona central da cidade, enquanto o Belém está na Zona Leste, mas ainda muito próximo do centro histórico da cidade (aproximadamente 1,5 km), local de grande concentração de empregos, atividades culturais e patrimônios históricos.

A região como um todo, além de estar próxima de grandes centros de emprego, possui infraestrutura de água, saneamento básico e boa oferta de transporte, com os modais: ônibus, trem e metrô o que retifica a importância regional do perímetro de estudo. Mais informações sobre o perímetro de estudo serão demonstradas no Capítulo 5.

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4.3 O perímetro de estudo

A orientação do perímetro será sempre dada de acordo com o Norte nos mapas. O perímetro de estudo se projeta a partir das Avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia, cortando os distritos do Brás e Belém até encontrar a Avenida Salim Farah Maluf. O início do perímetro se dá na Pra-

ça Benemérito José Brás, na saída do Metrô Brás, e segue de encontro com a Avenida Rangel Pestana englobando quadras a norte e sul do eixo das avenidas citadas. A norte do eixo o perímetro engloba apenas quadras lindeiras, exceto na região de comércio es-

pecializado próximo ao Largo da Concórdia a Oeste e a gleba do Parque Belém a Leste. A sul do eixo, o perímetro se estende até encontrar a linha férrea do Metrô e CPTM.

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5. Dados



5.1 Uso Predominante do solo Mapa de predominância do uso e ocupação do solo

Fonte: Geosampa. Adaptado

Por evidenciar áreas monofuncionais, o mapa de uso predominante do solo é um instrumento essencial, pois auxilia a compreensão do funcionamento dos distritos. Quando lido em conjunto com outros dados, enseja a reflexão sobre problemas e potencialidades que os espaços analisados manifestam – etapa imprescindível à formu-

lação de alternativas de intervenção. Muitos lotes lindeiros ao eixo de estudo possuem uso industrial, no geral existem grandes áreas monofuncionais ao longo do eixo. Deslocando-se no sentido da Zona Leste, o uso do solo no início do eixo está voltado notoriamente ao comércio

e à prestação de serviços. Após esse trecho, de aproximadamente 1,5 km, há uma predominância de uso industrial. A circulação de pedestres é prejudicada pela estrutura fundiária, marcada por extensas quadras.

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5.2 Densidade demográfica Mapa de distribuição da densidade demografica

Fonte: Geosampa. Adaptado

O mapa de densidade demográfica é fundamental para explorar as questões de adensamento. O levantamento de densidade demográfica é relevante por demonstrar quais áreas

são mais apropriadas para uma intervenção, seja ela direta ou indireta, simples ou complexa. Grandes áreas do perímetro de estudo possuem baixa densidade demográfica, em-

bora estejam próximas ao transporte e a polos comerciais e de empregos.

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5.3 Assentamentos precários Mapa de localização e quantificação de assentamentos precários

Fonte: Geosampa. Adaptado

Dada a grande concentração de assentamento precários no perímetro de estudo, sobretudo cortiços, o mapeamento dessas habitações é uma tarefa necessária à proposta de adensamento populacional desse projeto. Os distritos do Brás e Belém estão englobados à Subprefeitura da Mooca. Alguns dados fornecidos por estudos da Prefeitura de São Paulo mostram com maior clareza qual o

perfil socioeconômico das pessoas que vivem nos cortiços distribuídos nessa região (capítulo 5.4). Também há no entorno uma favela, a comunidade Nelson Cruz. A prefeitura estima a existência de 600 domicílios em uma área de 18.570m². Embora a finalidade desse projeto não seja a reurbanização de favelas, a alta densidade demográfica e a precariedade dessas moradias são aspectos fundamentais para o entendimento das

dinâmicas sociais do perímetro de estudo assim como seus protagonistas. A partir do levantamento demográfico, desenvolverei a questão do adensamento populacional em áreas estratégicas e a implantação de equipamentos de cultura e lazer em locais próximos às áreas já adensadas. O propósito dessas medidas está norteado pela reversão das mazelas sociais acometidas pelos assentamentos precários.

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5.4 Renda e indicadores municipais

CORTIÇOS a experiência de São Paulo. Disponível em:<https://sobejantedalei.files.wordpress.com/2016/08/corticos-a-expe-

SEADE. Disponível em<http://www.perfil.seade.gov.br/>. Acesso em: Março de 2019.

riencia-de-sc3a3o-paulo.pdf>. Acesso em: Fevereiro de 2019.

Quando olhamos os dados de ren-

à média do estado, porém quando

res nos distritos do Brás e Belém

da per capta fornecido pelo SEADE,

avaliamos indicadores sociais bási-

até os anos 2000 quando aos pou-

não encontramos distorções tão re-

cos podemos perceber questões de

cos a densidade demográfica vol-

levantes com o restante de tantas

concentração de renda e do aumen-

ta a crescer, principalmente no dis-

outras localidades da cidade. O dis-

to da população pobre nos distritos

trito do Brás, onde também existe

trito do Belém inclusive possui uma

inseridos no perímetro de estudo.

a maior concentração de cortiços.

renda per capta superior a média

Nos gráficos abaixo podemos ver

do município e também em relação

a expressiva perda de

Densidade demográfica - Brás

moradoDensidade demográfica - Belém

Requalificação urbana | 39 SEADE. Disponível em<http://www.perfil.seade.gov.br/>. Acesso em: Março de 2019.


Famílias em pobreza extrema ‐ Brás

Concentração do emprego formal ‐ Brás 2,5

1.800,00 1.600,00

2

1.400,00 1.200,00

1,5

1.000,00 800,00

1

600,00 0,5

400,00 200,00 0,00 2013

2014

2015

2016

Fonte: http://observasampa.prefeitura.sp.gov.br/ Acesso em Abril de 2019.Adaptado.

0 2004

1,4

3.000,00

1,2

2.500,00

1

2.000,00

0,8

1.500,00

0,6

1.000,00

0,4

500,00

0,2

2013,5

2014

2014,5

2015

2015,5

2016

2010

2012

2014

2016

2018

Concentração do emprego formal ‐ Belém

3.500,00

2013

2008

Fonte: http://observasampa.prefeitura.sp.gov.br/ Acesso em Abril de 2019.Adaptado.

Famílias em pobreza extrema ‐ Belém

0,00 2012,5

2006

2016,5

Fonte: http://observasampa.prefeitura.sp.gov.br/ Acesso em Abril de 2019.Adaptado.

0 2004

2006

2008

2010

2012

2014

2016

2018

Fonte: http://observasampa.prefeitura.sp.gov.br/ Acesso em Abril de 2019.Adaptado.

A queda populacional nos distritos

são moradores de rua e famílias que

mos observar como a oferta de em-

se deu até os anos 2000, após esse

por não ter acesso ao mercado for-

pregos cresceu nesses distritos , con-

ano podemos perceber um cresci-

mal de habitação buscam sobreviver

firmando o quão atrativa esta região

mento da população residente nos

em regiões com oferta de emprego

- que ainda possui grandes áreas de

ditritos. Os gráficos acima nos mos-

e infraestrutura se submetendo às

baixa densidade demográfica - é

tram o padrão de vida que parte

condições insalubres

para grande parte da sua população.

dessa população vive. Possivelmente

Nos

dos cortiços.

gráficos acima também pode-

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5.5 Ociosidade e subutilização Mapa de levantamento de imóveis ociosos e subutilizados

Fonte: Geosampa. Adaptado

Perfilando ao lado das questões atinentes ao objeto desse estudo, há os muitos imóveis subutilizados e ociosos. Desse modo, o levantamento desses casos - imóveis e lotes com elevado grau de degradação física, desocupados e não edificados, servindo para estacionamento ou com extensas áreas muradas – ganhou centralidade no escopo da pesquisa.

Os dados de uso e ocupação do solo, densidade demográfica e assentamentos precários foram fundamentais para auxiliar na divisão do perímetro de estudo em setores. Contudo, eram insuficientes para que se tornasse viável a seleção de lotes passíveis de receberem adequadas intervenções. Após o referido levantamento, visitas de campo e o cruzamento dessas in-

formações com os demais dados disponíveis, foi possível determinar de modo coerente as áreas de intervenção direta com a finalidade de fazer cumprir a função social dos imóveis ociosos/subutilizados. A partir disso, a proposição total do projeto de intervenção urbana foi consolidada.

Requalificação urbana | 41


5.6 Ciclofaixa Mapa de localização e extensão de ciclofaixas

Fonte: Geosampa. Adaptado

Segundo dados apontados pela Pesquisa de Mobilidade Urbana de 2012, a maior parcela dos deslocamentos desenrolados pela região central é composta por viagens a pé. Como podemos observar no mapa, a oferta de ciclofaixa dentro do perímetro de estudo é muito reduzida.

A despeito das avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia não disporem de uma infraestrutura adequada para a implementação de ciclofaixas, as vias paralelas e transversais dão condição para essa intervenção, podendo conectar localidades relevantes, como as estações de metrô e o parque Belém.

As ciclofaixas habilitariam um novo modo de deslocamento nessa região.

Requalificação urbana | 42


5.7 Polos locais Mapa de localização de equipamentos de educação, saúde e lazer

Fonte: Geosampa. Adaptado

Segundo dados apontados pela Pesquisa de Mobilidade Urbana de 2012, a maior parcela dos deslocamentos desenrolados pela região central é composta por viagens a pé. Como podemos observar no mapa, a oferta de ciclofaixa dentro do pe-

rímetro de estudo é muito reduzida. A despeito das avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia não disporem de uma infraestrutura adequada para a implementação de ciclofaixas, as vias paralelas e transversais dão condição

para essa intervenção, podendo conectar localidades relevantes, como as estações de metrô e o parque Belém. As ciclofaixas habilitariam um novo modo de deslocamento nessa região.

Requalificação urbana | 43


6. Diagnรณstico



6.1 Divisão em setores

Fonte: Geosampa. Adaptado

Diante de um perímetro que não possui características homogêneas, a divisão em setores se faz fundamental para que as proposições possam ser mais efetivas. O perímetro de estudo foi separado em três setores com configurações distintas, o principal filtro de separação entre eles foi

o uso predominante do solo, que muda bruscamente três vezes ao longo do eixo das Avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia. No primeiro setor há uma forte presença do uso comercial e serviços, no segundo setor há predominância do uso industrial e no terceiro setor há predominância do uso residencial. Em

toda a extensão do eixo existem concentrações, maiores ou menores, de cortiços e imóveis ociosos e subutilizados, por isso esses dados não foram tão relevantes para a divisão em setores, assim como a densidade demográfica que é predominantemente de baixa densidade por todo o perímetro, como pudemos analisar no capítulo 5.

Requalificação urbana | 46


6.2 Caracterização do setor 1 O setor 1 possui um uso do solo

importante polo de emprego, além

soas que frequentem a área após o

predominantemente

comer-

da presença do Largo da Concór-

horário comercial. Ainda que exista

cial e serviços, com poucas qua-

dia e o Parque Benemérito José Brás.

uma grande quantidade de cortiços

dras que possuem uso industrial.

Neste setor existem polos educacio-

na área e portando, há uma relevan-

Existe

concentração

nais e poucos imóveis subutilizados

te concentração de pessoas vivendo

de cortiços à sul, onde a densida-

ou ociosos lindeiros ao eixo. A ciclo-

lá, não há atividade ou atrativos para

de demográfica é média e o restan-

faixa que se estender por parte da

que as pessoas circulem pelas ruas

te do setor tem baixa densidade.

Avenida Rangel Pestana, tem seu fim

após o horário comercial, e, portan-

Dentro deste estão localizadas as en-

na Rua Bresser, dentro desse setor.

to, não existem “os olhos para a rua”.

tradas para a estação Brás, com inte-

Devido à forte operação comercial

Sobre a estrutura fundiária, existem

gração entre trem ( linhas 10 Turque-

deste setor, há uma volumosa quan-

muitas quadras longas, as oportu-

sa,11- Coral e 12-Safira da CPTM) e

tidade de pessoas circulando ininter-

nidades de cruzar uma esquina são

metrô ( linha 3 - Vermelha), estação

ruptamente pelas calçadas do eixo da

restritas em determinadas áreas, por-

Bresser-Mooca

(linha3-vermelha),

Avenida Rangel Pestana e por outras

tando a circulação de pedestres é

o polo econômico de vestuário do

ruas do setor, porém pela monofun-

comprometida e causa insegurança.

bairro do Brás, portanto também um

cionalidade do espaço, não há pes-

uma

grande

Imagem 01 (autoral) - Vista da Rua José de Alencar mostrando uma extensa quadra murada.

Imagem 02 (autoral) - Vista da Avenida Rangel Pestana mostrando o comércio e circulação de pedestres. Requalificação urbana | 47


6.3 Caracterização do setor 2 O setor 2 possui um uso do solo

As calçadas do eixo das avenidas

xadas, muradas e sem abertura para

predominantemente industrial com

de estudo são muito deterioradas,

a rua. Sobre a estrutura fundiária,

poucas quadras de uso comercial.

com buracos e desníveis. O trânsito

existem muitas quadras longas, as

Existe uma relevante concentração de

de pessoas pelas calçadas é quase

oportunidades de cruzar uma esquina

cortiços à norte e sul, onde a densi-

inexistente mesmo durante o horá-

são restritas em determinadas áreas,

dade demográfica é predominante-

rio comercial. Ainda que exista uma

portando a circulação de pedestres é

mente baixa, com poucas áreas de

relevante

comprometida e causa insegurança.

densidade média. Neste setor existem

na área e portando, há uma con-

muitos polos educacionais, além de

centração de pessoas vivendo lá,

uma grande concentração de imó-

não há atividade ou atrativos para

veis subutilizados ou ociosos lindei-

que as pessoas circulem pelas ruas.

ros ao eixo. Neste setor não existe

As indústrias possuem um padrão

ciclofaixa ou estação de trem/metrô.

de funcionamento com portas abai-

quantidade

Imagem 03 (autoral) - Vista da Avenida Celso Garcia mostrando imóveis não utilizados.

de

cortiços

Imagem 04 (autoral) - Vista da Avenida Celso Garcia mostrando extensa áreas murada que é o fundo da indústria Goodyear.

Requalificação urbana |48


6.4 Caracterização do setor 3 O setor 3 possui o uso do solo predo-

educacionais, de saúde e lazer, e ape-

estrutura fundiária, existem muitas

minantemente residencial com poucas

sar de ser o setor com maior densidade

quadras longas, as oportunidades

quadras de uso comercial ou industrial.

demográfica, é a área onde menos se

de cruzar uma esquina são restritas

Existe uma pequena concentração

vê a circulação de pedestres pelas cal-

em determinadas áreas, portando

de cortiços a sul e a favela Nelson

çadas do eixo da Avenida Celso Gar-

a circulação de pedestres é com-

Cruz a norte. A densidade demográ-

cia. Apesar de haver espaço de lazer e

prometida

fica varia de baixa até a mais alta.

convívio, as pessoas não circulam pe-

Dentro desse setor está localizada a

las calçadas ou pelo parque ainda que

entrada para à estação Belém do metrô

dentro do horário comercial e, portan-

(Linha 3 - vermelha), além da presen-

to, não existem “os olhos para a rua”.

ça do Parque Belém, porém não existe

Há quantidade relevante de imóveis

ciclofaixa. Neste setor existem polos

subutilizados ou ociosos e sobre a

Imagem 05 (autoral) - Vista da entrada para o Parque Belém.

e

causa

insegurança.

Imagem 06 (autoral) - Vista da Avenida Celso Garcia mostrando edifício residencial com o térreo sem utilização e a Fábrica de cultura ao fundo.

Requalificação urbana | 49


7. Estudo de caso



7.1 Requalificação da Avenida Santo Amaro O projeto de Requalificação da Avenida Santo Amaro abrange 2,7 km de um total de 7,4 km de extensão da avenida. O trecho do projeto é delimitado entre a Avenida Presidente Juscelino Kubitschek e Avenida dos Bandeirantes e considera a importância que a Avenida tem na rede estrutural de transporte da cidade, visto que é um eixo fundamental para a mobilidade da zona sul de São Paulo, além da importância que tem para os bairros lindeiros, que concentram diversas atividades. O corredor de ônibus da Avenida Santo Amaro foi implantado em 1985, deixando a avenida com passeios estreitos que em alguns momentos se torna insuficientes para o fluxo de pedestres, intenso tráfego de ônibus,

poluição sonora e outras questões que prejudicaram a qualidade urbana deste eixo. Ainda que a avenida atravesse áreas valorizadas da cidade, é possível identificar muitos imóveis deteriorados que não possuem aderência significativa à Operação Urbana Consorciada Faria Lima, sem transformações e adensamentos previstos pelo Plano Diretor Estratégico de São Paulo. O projeto que foi desenvolvido entre 2014 e 2015, tem como “premissa principal considerar os percursos humanos em todas suas dimensões: a pé, de bicicleta e no transporte coletivo. Engloba as conexões entre os diferentes modais e o atendimento às necessidades de cada meio de locomoção: percursos acessíveis, es-

paços de estar, lazer, descanso e alimentação ao longo dos percursos sombreados; atendimento aos ciclistas através de cruzamentos seguros, paraciclos, serviços básicos e bicicletários; conforto e segurança no acesso e permanência nas paradas de ônibus e diminuição do tempo de espera. Para atendimento destes objetivos, o projeto prevê, em ambos os lados da avenida, a ampliação de calçadas, nova pavimentação de vias e espaços públicos, melhoria da infraestrutura para transporte coletivo, enterramento de redes, melhoria da drenagem urbana, iluminação, sinalização e semáforos, implantação de mobiliário urbano, comunicação visual, paisagismo e ajardinamento.”

O PROJETO

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

Ampliação de calçadas. Novo piso. Pista de ultrapassagem. Abrigo para ônibus. Paisagismo e ajardinamento. Iluminação. Piso Tátil.

Gestão Urbana. Disponível em< https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/04/OFL_CartilhaSantoAmaro_apresentacao-de-projeto_v08_visualizacao.pdf >. Acesso em: Abril de 2019.

Requalificação urbana | 52


A MOBILIDADE

ESTRATÉGIAS DE PROJETO MOBILIDADE Qualificação do corredor de ônibus _________________________________________ • Implantar paradas em canteiro central em toda a avenida. • Implantar novas tecnologias para redução da poluição sonora e atmosférica. • Implantar ultrapassagem livre em todas as paradas. • Renovar abrigos. • Implantar acessibilidade universal.

Gestão Urbana. Disponível em< https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/04/OFL_CartilhaSantoAmaro_apresentacao-de-projeto_v08_visualizacao.pdf >. Acesso em: Abril de 2019.

O AMBIENTE URBANO

ESTRATÉGIAS DE PROJETO AMBIENTE URBANO Qualificação da vida urbana _________________________________________ • Ampliar as calçadas. • Ampliar e conectar as áreas verdes. • Ampliar a infraestrutura para pedestre e ciclistas. • Conectar equipamentos existentes.

Gestão Urbana. Disponível em< https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/04/OFL_CartilhaSantoAmaro_apresentacao-de-projeto_v08_visualizacao.pdf >. Acesso em: Abril de 2019.

Requalificação urbana | 53


USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

ESTRATÉGIAS DE PROJETO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Incentivo à construção de novos empreendimentos e melhorias urbanas. _________________________________________ • Utilizar a fruição pública. • Promover fachadas ativas. • Incentivar uso misto. • Incentivar o remembramento de lotes.

Gestão Urbana. Disponível em< https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/04/OFL_CartilhaSantoAmaro_apresentacao-de-projeto_v08_visualizacao.pdf >. Acesso em: Abril de 2019.

O PAISAGISMO

O paisagismo foi pensado como um longo corredor arbóreo dos dois lados da avenida, que complementa a vegetação já existente. A proposta é de implantação de árvores de grande e médio porte, nos corredores, nos canteiros centrais e praças. A implantação da massa arbórea leva em consideração interferências com as paradas de ônibus, iluminação e sinalização. As espécies foram escolhidas para que se tenha floração o ano todo.

Gestão Urbana. Disponível em< https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/04/OFL_CartilhaSantoAmaro_apresentacao-de-projeto_v08_visualizacao.pdf >. Acesso em: Abril de 2019.

Requalificação urbana | 54


O CORREDOR DE ÔNIBUS O projeto do corredor possui 3 faixas para cada sentido sendo uma delas exclusiva para ônibus e duas para tráfego geral. Todas as paradas possuem faixa de ultrapassagem e um canteiro central.

Gestão Urbana. Disponível em< https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/04/OFL_CartilhaSantoAmaro_apresentacao-de-projeto_v08_visualizacao.pdf >. Acesso em: Abril de 2019.

NOVOS USOS E ATIVIDADES As diretrizes incentivam a criação de fruição pública, usos não residenciais no térreo e o uso misto nos edifícios, para criar maior permeabilidade, fachadas ativas e maior circulação de pessoas com passagens entre ruas.

Gestão Urbana. Disponível em< https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/04/OFL_CartilhaSantoAmaro_apresentacao-de-projeto_v08_visualizacao.pdf >. Acesso em: Abril de 2019.

Requalificação urbana | 55


7.2 Projeto Urbano Alameda Providencia O Eixo Alameda Providencia, está localizado em Santiago do Chile. O eixo possui 12 km de extensão e estrutura a principal centralidade metropolitana da cidade de Santiago, com a presença de diversos centros econômicos, cívicos, simbólicos e sociais em usos e ocupações variados. As principais vias são Libertador Bernardo O’Hig-

gis, Providencia e Nueva Providencia. A complexidade do eixo, atrelada à necessidade de melhoria do transporte coletivo e dos espaços públicos foram os motivadores do Concurso Público Internacional de 2015, no qual o escritório Vigliecca e associados produziram esse projeto. O projeto é estruturado a partir da

divisão em três setores com características distintas e que, portanto, necessitavam de proposições diferentes para cada setor.

Vigliecca e associados. Disponível em<https://issuu.com/viglieccaeassociados/docs/lamrv_providencia_book_r17_web>. Acesso em: Abril de 2019.

Vigliecca e associados. Disponível em<https://issuu.com/viglieccaeassociados/docs/lamrv_providencia_book_r17_web>. Acesso em: Abril de 2019.

Requalificação urbana | 56


SETOR 1 - PONIENTE Este setor é o que possui maior densidade populacional com baixa concentração de postos de trabalho em relação aos demais setores. O território possui potencial para desenvolvimento, visto que há disponibilidade de áreas para que o uso do

solo possa ser renovado. A presença de infraestrutura de equipamentos e transporte serve como indutor da transformação do uso do solo. As premissas para esse setor são: a conexão do Eixo com os bairros lindeiros, equipamentos, estações de transporte, novos usos e atividades,

através da ampliação e requalificação dos espaços públicos no Eixo Alameda e vias de circulação transversais.

Vigliecca e associados. Disponível em<https://issuu.com/viglieccaeassociados/docs/lamrv_providencia_book_r17_web>. Acesso em: Abril de 2019.

Requalificação urbana | 57


SETOR 2 - CENTRAL Neste setor estão instalados os centros administrativos regional e nacional, concentrando diversas atividades públicas e institu-

cionais, universidades e conjuntos de patrimônio histórico edificado. As premissas para este são: manutenção da estrutura urbana, da qualidade urbanística e paisagística que

serão associadas à implantação do corredor de transporte do Eixo Alameda com o objetivo de melhorar e consolidar as atividades existentes.

Vigliecca e associados. Disponível em<https://issuu.com/viglieccaeassociados/docs/lamrv_providencia_book_r17_web>. Acesso em: Abril de 2019.

Requalificação urbana | 58


SETOR 3 - ORIENTE

concentração de centros financeiros,

consolidação da estrutura pública

Este setor possui alta densidade po-

hotéis, bares, restaurantes, universida-

atrelada à implantação do corre-

pulacional e grande concentração de

des e equipamentos culturais e de lazer.

dor de transporte do Eixo Alameda.

comércio e serviços. Existe grande

As premissas para este setor são:

Vigliecca e associados. Disponível em<https://issuu.com/viglieccaeassociados/docs/lamrv_providencia_book_r17_web>. Acesso em: Abril de 2019.

Requalificação urbana | 59


7.3 Regeneração do eixo comercial da Rua Teodoro Sampaio Neste projeto modelo desenvolvido

apresenta diversos obstáculos para os

crie áreas de sombra e permeabilidade,

por um grupo de pesquisa da Univer-

pedestres. A paisagem da rua é com-

criação de mobiliário urbano que seja

sidade Presbiteriana Mackenzie, a Rua

posta por cabos elétricos, falta de ilu-

interativo, reorganização dos fluxos da

Teodoro Sampaio é dita como um im-

minação pública e mobiliário urbano.

rua em si e ruas no entorno, criação de

portante eixo comercial de Pinheiros

A proposta aborda a necessidade de

um edifício garagem, articulação en-

que atualmente possui sua vocação

nivelamento do leito carroçável com a

tre VLT, ônibus e metrô, áreas de con-

comercial pouco valorizada. O espaço

calçada, enterramento da fiação e im-

vívio e lazer em nós estratégicos e im-

público da rua é subdimensionado e

plantação de projeto paisagístico que

plantação de HIS no entorno do eixo.

LPP - FAU Mackenzie. Disponível em<https://www.viesarquitetonico.com.br/l/revitalizacao-da-rua-teodoro-sampaio/>. Acesso em: Abril de 2019.

Requalificação urbana | 60


OS FLUXOS A rua Teodoro Sampaio sofreria fe-

fluxo de passagem, concentrando o

quação de piso e iluminação, insta-

chamento parcial para tráfego, com

fluxo nas principais vias estruturais.

lação de mobiliário urbano e criação

o fluxo deslocado para via paralela.

As vagas de estacionamento seriam

de praças. O acesso é facilitado pela

No trecho norte o tráfego seria des-

deslocadas para as ruas transver-

implantação do VLT ao longo de toda

locado para a Rua Oscar Freire nos

sais e para atender ao comércio, a

a rua com ligação direta com a linha

dois sentidos com acesso à Avenida

construção de um edifício garagem

2- Verde e 4 - Amarela de metrô.

Rebouças e Avenida Doutor Arnaldo.

dobraria a oferta de vagas locais.

As mudanças de sentido e interrup-

O comércio seria beneficiado com a

ções garantem ao bairro um menor

ampliação do passeio público, ade-

LPP - FAU Mackenzie. Disponível em<https://www.viesarquitetonico.com.br/l/revitalizacao-da-rua-teodoro-sampaio/>. Acesso em: Abril de 2019.

Requalificação urbana | 61


O VLT

LPP - FAU Mackenzie. Disponível em<https://www.viesarquitetonico.com.br/l/revitalizacao-da-rua-teodoro-sampaio/>. Acesso em: Abril de 2019.

ENTERRAMENTO DE FIOS E DRENAGEM

LPP - FAU Mackenzie. Disponível em<https://www.viesarquitetonico.com.br/l/revitalizacao-da-rua-teodoro-sampaio/>. Acesso em: Abril de 2019. Requalificação urbana | 62


MOBILIPARIO URBANO E A ATIVAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO

LPP - FAU Mackenzie. Disponível em<https://www.viesarquitetonico.com.br/l/revitalizacao-da-rua-teodoro-sampaio/>. Acesso em: Abril de 2019.

Requalificação urbana | 63


7.4 Edifício Corujas O Edifício Corujas está localizado

de vidro espelhado, os quais po-

era que o desenho de cada escritório

na Vila Madalena. Este é um edifício

demos observar pelos eixos da Av.

pudesse viabilizar além da área fecha-

de escritórios de diversos tamanhos

Fria Lima e Av. Berrini, por exemplo.

da, espaços com varandas espaçosas

e formatos. A proposta para o edi-

O gabarito do local, de apenas nove

e jardins privativos. Para isso foram

fício era a de criar um espaço mais

metros, foi o grande impulsionador

usados recursos como: tetos jardins,

humanizado para o trabalho, alte-

da volumetria e ‘espraiamento’ do

planos de vidro, vãos e varandas.

rando os padrões de edifícios cubos

conjunto. O desejo dos projetistas

FGMF. Disponível em<http://fgmf.com.br/portfolio-item/edificio-corujas/>. Acesso em: Abril de 2019.

Alguns mecanismos de projeto permitiram uma espacialidade característica deste projeto. Essa espacialidade é adequada para onde o edifício se insere, no bairro boêmio e cultural da Vila Madalena, em que a escala do pedestre e o convívio entre as pessoas está em primeiro lugar. A edificação reforça essas questões com a permeabilidade visual que existe entre rua e interior do edifício, além do amplo espaço cedido ao passeio público com alargamento da calçada e criação de uma área de espera e permanência. FGMF. Disponível em<http://fgmf.com.br/portfolio-item/edifiRequalificação urbana | 64 cio-corujas/>. Acesso em: Abril de 2019.



8. Proposição



8.1 Plano de intervenção

Geosampa. Adaptado

O projeto de intervenção urbana prevê a implantação de edificações de uso misto e, atrelados à fruição pública, sistemas de áreas verdes nos espaços demarcados no mapa como “áreas estratégicas para intervenção”. Além disso, é estudada uma requalificação do eixo das avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia, considerando uma implementação de novo piso, acessibilidade nas calçadas e travessias, paradas de ônibus autosusten-

táveis, mobiliário urbano, fiação enterrada e, para auxiliar a drenagem de águas pluviais, jardins de chuva. Com a presença de vegetação arbórea, áreas de sombra são criadas no passeio público. Desse modo, uma nova paisagem do eixo é configurada. A ideia é que a identidade visual do eixo se espalhe por vias paralelas e transversais. Algumas ruas sofreram intervenções de modo a facilitar e aprimorar

os deslocamentos a pé ou via bicicleta, que são feitos entre o referido eixo e a linha férrea. Outras foram selecionadas dada a sua importância para a ambiência - como as ruas Bresser e Belém e o valor histórico que carregam. Assim, as edificações propostas se encaixam adequadamente à mobilidade dentro do perímetro de estudo.

Requalificação urbana | 68


8.2 Implantação Quando se trata do eixo das Avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia, pensou-se na implementação de uma nova paisagem que valorizasse o passeio público, que pudesse fortalecer as atividades geradoras de empregos e renda, além de trazer qualidade de vida para população moradora, e implantação de novas edificações de uso misto no lugar de imóveis ociosos ou subutilizados. A partir das áreas estratégicas selecionadas para o desenvolvimento de um projeto de edificação, buscou-se implementar soluções arquitetônicas e urbanas que pudessem criar espaços de lazer e permanência associadas aos usos convencionais, como fruição pública, térreo livre e áreas verdes. Sobre os usos dessas edificações, foram escolhidos para que priorizassem a maior carência do setor, cumprisse a função social da propriedade e pudesse trazer a diversidade de usos para áreas evidentemente monofuncionais. No que diz respeito a paisagem, as intervenções estão ligada a implementação de um novo piso nas calçadas, na manutenção do asfalto do corredor de ônibus , implantação de jardins de chuva para auxiliar na drenagem de águas pluviais e trazer áreas de sombra sobre o passeio com a implan-

tação de árvores de médio e grande porte, nova iluminação pública com a fiação enterrada, novas paradas de ônibus autossustentáveis que através de um sistema de placas solares mantem a atividade de iluminação artificial e informação de chegada de ônibus em tempo real e mobiliário urbano que promove a permanências de pedestres ao longo das calçadas . Os fluxos de pedestres estão organizados a partir de uma faixa de serviço de 1,20 m de largura, esta é fixa, e a faixa de circulação e acesso aos lotes varia de acordo com a largura das calçadas.

complexo de ruas que valorizam os deslocamentos a pé, porém se diferenciam das demais pela implantação da nova ciclofaixa que agora corta os distritos chegando até a entrada no parque Belém pela Av. Álvaro Ramos, facilitando de maneira mais segura os deslocamentos via bicicleta. Nas imagens 07, 08 e 09, podemos observar o que se pretende para a construção de uma nova paisagem para o perímetro de estudo e na planta anexa I, a implantação geral do projeto de intervenção urbana.

As ruas Bresser e Belém passam por modificações para fortalecer a atividade comercial existente nessas vias, a medida que o passeio público é qualificado através da implementação de novo piso, iluminação pública com a fiação da rede enterrada, canteiros para implantação de vegetação arbórea de médio e grande porte gerando áreas de sombra no passeio. As ruas Hipódromo, São Leopoldo passam pelas mesmas modificações por que estão atreladas à implantação das novas edificações e também aos percursos qualificados para valorizar e reforçar os deslocamentos feitos entre o eixo e a linha férrea. As ruas Dr. Almeida Lima, 21 de Abril e Visconde de Parnaíba também fazem parte desse

Requalificação urbana | 69


CORTE I-I Escala 1:125 Imagem 07 (autoral) - Planta e corte esquemático da Avenida Celso Garcia

Requalificação urbana | 70


CORTE J-J Escala 1:125

Imagem 08 (autoral) - Planta e corte esquemático da Avenida Celso Garcia mostrando uma parada de ônibus e mobiliário

Requalificação urbana | 71


CORTE K-K Escala 1:125 Imagem 09 (autotal) - Planta e corte esquemático da Rua Visconde de Parnaíba com a implantação da ciclofaixa.

Requalificação urbana |72


8.3 Estratégia habitacional Visto que contribuir para a demanda habitacional é um dos objetivos do presente trabalho, desenvolveu-se estratégias para que exista uma diversidade de classes sociais sem que o atendimento à população de baixa renda seja esquecido, pela contrário, as estratégias aqui desenvolvidas pretendem priorizar o adensamento populacional através de unidades HIS atendendo principalmente a população que já vive dentro do perímetro de estudos em condições de insalubridade e vulnerabilidade. E para ajudar a viabilizar o custo da implantação contamos com uma porcentagem menor de vendas de unidades HMP e unidades cujo pú-

blico alvo está mais próxima da parte de cima da pirâmide social brasileira. Desenvolveu-se uma planta que comtempla três tipologias. As unidades de 40 m² atendem a população mais vulnerável (HIS), as unidades de 60 m² atendem o mercado popular (HMP) e as unidades de 80 m² atendem uma população que se distancia das questões de vulnerabilidade social encontradas no perímetro de estudo.

distribuídas da maneira mais adequada para cada conjunto residencial de acordo com as demandas do setor em que estão inseridos.

A imagem10 demonstra a possibilidade de arranjos com diferentes metragens das unidades habitacionais, permitindo assim que as porcentagens de cada tipo possam ser

Legenda 40 m² 60 m² 80 m² Imagem 10 (autoral) - Planta esquemática das unidades habitacionais.

Requalificação urbana |73


8.4 Setor 1

Geosampa. Adaptado

No que se trata das edificações propostas para o setor 1, foram selecionados três terrenos para o desenho de novas edificações que contribuam para a diversidade de usos e auxiliem no projeto de requalificação urbana. No terreno 1, desenvolveu um projeto com os usos cultural e serviços. Funcionam neste lote um centro cultural, um hotel com o térreo comercial (fachada ativa) e duas torres corporativas, onde uma delas poderia centralizar os serviços administrativos da CPTM, visto que esse terreno seria fruto de desapropriação de uma área de estacionamen-

to e galpão da estação Brás (CPTM). A ideia é que as edificações estejam inseridas numa grande área de parque/ praça. As divisões entre espaço público x privado são estabelecidas através da diferença de piso e dos fechamentos. O terreno 2 funciona como uma fruição pública entre as ruas Hipódromo e José de Alencar e está associada às edificações do terreno 3. Neste foram desenvolvidas duas fachadas comerciais e duas torres residenciais voltadas para a fruição pública. No terreno 3 foi desenvolvida uma

edificação para empresa de pesquisa tecnológica - segundo previsto pelo zoneamento - com o térreo comercial (fachada ativa) e a doação de uma área da esquina para criação de uma praça associada ao passeio público e a fachada ativa. Além disso, foi desenhada uma galeria com praça que desenvolve mais uma fruição pública, agora entre as ruas José de Alencar e Dr. Costa Valente, e um conjunto residencial de nove torres.

Requalificação urbana | 74


8.4.1 Terreno 1 Devido à falta de equipamentos culturais na região, este centro cultural foi pensando para atender a população dos distritos englobados no perímetro de estudo e principalmente a população que vive nos cortiços existentes entre as ruas Dr. Almeida de Lima e Hipódromo, visto que a maior concentração de cortiços dos dois distritos se encontra entre as vias citadas. A edificação de uso cultural possui um térreo aberto para permanência e convívio, e os demais andares abrigam serviços administrativos, manutenção e atividades diversas como funcionam a unidades da rede SESC. O hotel possui um térreo comercial de fachada ativa que propor-

ciona um movimento de pedestres na calçada da R. Dr. Almeida Lima, enquanto os quartos de hotel ficam mais reservados ao fundo. Visto a implementação de novos usos e atividades econômicas propostas por esse projeto de intervenção urbana, o hotel poderia receber pessoas de outras localidades para desenvolverem as atividades durante o período comercial com mais tranquilidade, além do fácil acesso por estar ao lado da estação Brás.

assim receita acessória para empresa e contribuindo para a chegada de novas empresas para a região. A planta anexa II mostra a implantação das edificações propostas para o terreno 1, assim como nova conformação da Avenida Rangel Pestana e Rua Dr. Almeida de Lima que se torna uma rua de uso compartilhado entre pedestres, automóveis e bicicletas a partir da implantação da ciclofaixa.

As torres corporativas abrigariam os serviços administrativos das CPTM, como uma Sede Unificada da empresa, e permitiria a locação dos andares remanescentes, trazendo

Área total (m²) Área edificada Área livre (*)

Terreno 1

11.603,83 4.672,42 6.931,41

(*) Áreas dedicadas a fruição, praças, parques e área permeável.

Requalificação urbana | 75




8.4.2 Terrenos 2 e 3 A capacidade de abrigar atividades comerciais desse setor é muito significativa, porém nota-se a necessidade de criar usos alternativos para contribuir para a diversidade de usos ainda que estes estejam associados ao uso comercial. Por este motivo desenvolve-se no terreno 2 uma atividade comercial desenhada a partir da fruição pública entre as ruas Hipódromo e José de Alencar, também contando com duas torres residenciais que estão voltadas para a circulação entre as vias citadas. No terreno 3 desenvolve-se uma edificação para empresa de tecnologia aplicada, este tipo de uso está previsto pelo zoneamento do munícipio, e

contribui para a diversidade de usos e consequentemente para a circulação de pessoas em horários alternativos ao funcionamento do comércio local. Como esta edificação faz frente para a Av. Rangel Pestana, num setor onde o uso é predominantemente comercial, aproveito essa vocação para criar nessa frente uma fachada ativa com a doação de uma área da esquina da Rua José de Alencar com Avenida Rangel Pestana para uma praça associada ao térreo comercial e à edificação de tecnologia aplicada. Mais uma fruição é desenhada neste terreno entre as ruas José de Alencar e Dr. Costa Valente, associada a uma galeria comercial e um conjunto residencial de dez torres.

Área total (m²) Área edificada Área livre (*)

Terreno 2

Para o conjunto residencial do terreno 2 estabeleceu-se uma porcentagem de 50% para unidades HIS, 20% para unidades HMP e 30% para outras unidades que diferem desses padrões. Para o conjunto residencial do terreno 3 estabeleceu-se uma porcentagem de 50% para unidades HIS, 30% para unidades HMP e 20% para outras unidades que diferem desses padrões. A planta anexa III mostra a implantação das edificações propostas para os terrenos 2 e 3 , assim como nova conformação da Avenida Rangel Pestana e Rua do Hipódromo.

2.195,68 1.181,19 1.014,49

(*) Áreas dedicadas a fruição, praças, parques e área permeável.

Terreno 3 Área total (m²) 18.944,28 Área edificada 11.241,41 Área livre (*) 7.702,72 (*) Áreas dedicadas a fruição, praças, parques e área permeável.

Requalificação urbana | 78



Residencial IndĂşstria de tecnologia aplicada

Galeria

CORTE C-C Escala 1:750

Residencial Residencial

Galeria

CORTE D-D Escala 1:750

Av. Rangel Pestana



8.5 Setor 2

Geosampa. Adaptado

No que se trata das edificações propostas para o setor 2, foi selecionado um terreno para o desenho de novas edificações que contribuam para a diversidade de usos e auxiliem no projeto de requalificação urbana. Neste terreno, existem os comercial, residencial,

usos ser-

viços,

educacional

e

lazer.

Parte da quadra, onde o terreno está inserido, foi redesenhada para abrigar uma praça que funciona como fruição pública entre as ruas Dr. Silva Leme e São Leopoldo, associada à Creche São Francisco de Assis que foi redesenhada e ampliada. Além de um

complexo de galeria comercial com duas torres de serviços voltadas para um pátio central de convívio e um complexo residencial de nove torres.

Requalificação urbana | 82


8.5.1 Terreno 4 A quadra onde o terreno 4 está inserido, foi redesenhada de modo a implementar um espaço de lazer associado à uma fruição pública entre as ruas Dr. Silva Leme e São Leopoldo e a ampliação da existente Creche São Francisco de Assis, onde agora o programa da creche se desenvolve a partir de um pequeno pátio central e conta com ‘jardins particulares’ no fundo das salas de aula, que fazem frente para a praça de fruição pública. Os ‘olhos’ dos moradores do conjunto residencial de dez torres se voltam para a praça de fruição pública, para o eixo da Avenida Celso Garcia e também para o pátio central a partir do

qual de desenvolve a galeria comercial, que cria fachada ativa para a Rua São Leopoldo e doa parte desta esquina com a Av. Celso Garcia uma praça associada ao passeio público e às atividades que acontecem no entorno. Logo a cima das lojas desenvolve-se duas pequenas torres de serviços. A implementação desses usos garante um adensamento populacional, traz a diversidade de usos e consequentemente faz com pessoas tenham motivos para circular pelas ruas e frequentar os espaços públicos em diferentes momentos do dia, principalmente depois do horário comercial, contribuindo assim para

a vitalidade e segurança das ruas. Para o conjunto residencial estabeleceu-se uma porcentagem de 40% para unidades HIS, 30% para unidades HMP e 30% para outras unidades que diferem desses padrões. A planta anexa IV mostra a implantação das edificações propostas para o terreno 4, assim como nova conformação da Avenida Celso Garcia e Rua São Leopoldo.

Terreno 4

Área total (m²) 11.887,72 Área edificada 4.605,82 Área livre (*) 7.281,90 (*) Áreas dedicadas a fruição, praças, parques e área permeável.

Requalificação urbana | 83


Serviços

Avenida Celso Garcia

Creche São Francisco de Assis Galeria

Residencial

Serviços Galeria

Rua São Leopoldo



8.6 Setor 3

Geosampa. Adaptado

No que se trata das edificações propostas para o setor 3, foi selecionado um terreno para o desenho de novas edificações que contribuam para a diversidade de usos e auxiliem no projeto de requalificação urbana. Neste terreno, existem os usos comercial, residencial, serviços e lazer.

Os usos implementados se constroem a partir de uma fruição pública entre a rua Evaristo da Veiga e Avenida Celso Garcia.

público da avenida e da fruição pública, que conta com espaço de praça.

Dois conjuntos residenciais fazem frente para a fruição e ao passo que se aproxima na Avenida Celso Garcia os usos comerciais e serviços se desenvolvem de maneira articulada ao passeio

Requalificação urbana | 86


8.6.1 Terreno 5 A fruição pública entre a Rua Evaristo da Veiga e Avenida Celso Garcia é a grande articuladora dos novos usos. Esta fruição foi desenvolvida para favorecer o deslocamento de funcionários de indústrias ainda ativas que se encontram a norte do eixo. Para que o espaço não seja apenas concebido como área de passagem e sim de permanência, cria-se dois conjuntos residenciais que fazem frente para a fruição central e esta se desenvolve mais a sul como um espaço de

praça associado à atividade comercial. O fundo da indústria da Goodyear, que faz frente para Avenida Celso Garcia, possui aproximadamente 100 metros de área murada. A partir de um recuo de 10 metros do fundo da cria-se uma fachada ativa para a Avenida Celso Garcia com andares corporativos e mais duas torres residenciais.

dades HMP e 25% para outras unidades que diferem desses padrões. A planta anexa V mostra a implantação das edificações propostas para o terreno 5, assim como nova conformação da Avenida Celso Garcia.

Para o conjunto residencial estabeleceu-se uma porcentagem de 50% para unidades HIS, 25% para uni-

Terreno 5

Área total (m²) 14.485,71 Área edificada 6.314,22 Área livre (*) 8.171,49 (*) Áreas dedicadas a fruição, praças, parques e área permeável.

Requalificação urbana | 87


Residencial

Residencial

Rua Evaristo da Veiga

Área de lazer/fruição

CORTE G-G Escala 1:750

Residencial

Serviços

Fachada comercial

CORTE H-H Escala 1:750

Terraço

Terraço

Avenida Celso Garcia



Consideraçþes finais


Considerações finais O presente trabalho foi concentrado no estudo e posterior proposição de um projeto de intervenção urbana, pautado nas diretrizes da requalificação urbana, paras os distritos do Brás e Belém a partir do Eixo das Avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia. Através do levantamento de dados quantitativos, referências e fundamentação teórica, algumas hipóteses iniciais puderam ser confirmadas, como a baixa densidade demográfica, que é inadequada para locais onde o acesso a uma vasta oferta de transporte é tão facilitado e onde a oferta de empregos é considerável e veio crescendo ao longo dos anos, principalmente pelo crescimento e importância do polo econômico de vestuários situado no bairro do Brás. A concentração de cortiços, que em sua maioria apresentam questões de insalubridade e

possuem densidade populacional altíssima, o perfil social das pessoas que vivem nesses assentamentos e outros tipos de assentamentos precários. A relevância de desenvolver um projeto de intervenção urbana a partir das Avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia, se justifica principalmente pelo fator da conexão entre o centro e a Zona Leste, principalmente através do modal ônibus, e se reafirma quando notamos as questões de má qualidade do passeio público, a ociosidade e subutilização de imóveis existentes por todo o eixo e o padrão monofuncional de funcionamento dos distritos pondo em detrimentos a diversidade de usos. As relações que se estabelecem neste território de estudo são diversas e muito complexas. Este trabalho acontece como uma tentativa de analisar os diversos fatores condicionantes

do cenário atual, para compreender as dinâmicas, potencialidades e problemas para estabelecer uma série de intervenções capazes de explorar as potencialidades de uma área dotada de infraestrutura, incluindo uma população de baixa renda e que fosse capaz de dinamizar o uso do solo, a diversidade de usos e fatores econômicos, sociais e ambientais fazendo com que o espaço da cidade seja de fato mais democrático e nos proporcione o direito à cidade.


Bibliografia RODRIGUEZ, Maria. Radial Leste, Brás e Mooca:diretrizes para a requalificaçã urbana. Tese de mestrado.Pós-graduação FAUUSP. São Paulo, 2006. PASQUOTTO, Geise. Renovação, Revitalização e Reabilitação: Reflexões sobre as terminologiasnas intervenções urbanas. Artigo. CEUNSP. São Paulo, 2010. GATTI, Simone. Entre a permanência e o deslocamento.Tese de doutoradi. Pós-graduação FAUUSP. São Paulo, 2015. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades.São Paulo. Martins Fontes, 2011. MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades alternativas para a crise urbana. São Paulo. Vozes, 2001. FRÚGOLI, Heitor. Espaços públicos e interação social. São Paulo. Sesc, 1995. LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. Tradução: Rubens Eduardo. Frias. São Paulo: Centauro, 2001. SEHAB. Cortiços a experiência de São Paulo. São Paulo, 2009. Legislação Consultada Plano Diretor Estratégico de São Paulo - 2014 Lei Municipal nº 16.050 de 31 de Julho de 2014 Parcelamente, Uso e Ocupação do solo - 2016 Lei Municipal n°16.402 de 22 de Março de 2016 Órgãos para pesquisa de dados oficiais IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas SEHAB - Secretaria Municipal de Habitação METRÔ - Cia do Metropolitano de São Paulo CPTM - Companhia Paulista de trens Metropolitanos SEADE - Fundação Sistema Estadual de Análise de dados GEOSAMPA- Mapa digital da cidade de São Paulo OBSERVA SAMPA - Observatório de Indicadores da cidade de São Paulo


Sites visitados Ecco! Archi Studio - https://www.ecco.arq.br/parada-verde Google Maps - https://www.google.com.br/maps/preview Geosampa - http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx# Habitasampa - http://www.habitasampa.inf.br/ Seade - http://www.seade.gov.br/ Cortiรงos - https://sobejantedalei.files.wordpress.com/2016/08/corticos-a-experiencia-de-sc3a3o-paulo.pdf ObservaSampa - http://observasampa.prefeitura.sp.gov.br/ FGMF - http://fgmf.com.br/ LPP-FAU Mackenzie - https://www.viesarquitetonico.com.br/l/revitalizacao-da-rua-teodoro-sampaio/ Vigliecca e associados - https://issuu.com/viglieccaeassociados/docs/lamrv_providencia_book_r17_web Gestรฃo urbana - https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/04/OFL_CartilhaSantoAmaro_ apresentacao-de-projeto_v08_visualizacao.pdf


Anexos




A

B

B

ESTAÇÃO BRÁS

PLANTA II Escala 1:750 A



C

D

D

C

PLANTA III Escala 1:750



E

F

F

E

PLANTA IV Escala 1:750



PLANTA V Escala 1:750





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