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Odair Cabeça de Poeta Lado A
1975
Sesc Belenzinho
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Dias 21 e 22 de março de 2014
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Sexta e sábado, às 21h30 ae
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Projeto Álbum Se o avanço tecnológico trouxe novas e importantes possibilidades para a música, afora nostalgias e romantismos – o vinil praticamente definiu um formato de fruição musical, consolidando grande parte do arquivo sonoro feito no país com o manuseio da agulha entre uma faixa e outra para mudar de música, a capa em formato grande, o conceito de um trabalho expresso na sequência das faixas e o lado A e o lado B. O projeto Álbum remonta períodos da música brasileira por meio de registros fonográficos que ajudaram a construir sua história. São discos considerados clássicos por apresentarem em seu conteúdo inovações estéticas que influenciaram gerações, trazendo à tona o contexto político e a estética de uma época. Resgatar títulos expressivos da discografia da música brasileira e apresentá-los para o público em formato de show, abre uma possibilidade sem precedentes para a revitalização da memória cultural do país, bem como para a difusão de uma cultura que deve, necessariamente, ser dinâmica e transformadora. Lançar um olhar para o passado compreendendo-o como um ponto norteador para o entendimento do presente, propiciando assim um campo fértil para construção do que está por vir, é uma das ações constantes do SESC. A tradição e a inovação mantêm diálogo no dia-a-dia da instituição, ambas entendidas de maneira que o estreitamento e a permeabilidade do relacionamento entre gerações contribuam e incentivem o surgimento de novos paradigmas para a arte e para a cultura.
Sesc Belenzinho
Eles estão preocupadíssimos com o nosso forró... Início dos malfadados – considerando os crimes praticados pela ditadura militar no Brasil – anos 1970, em vez de entrincheirar palavras e sons contra a claustrofobia reinante, como tantos cantores de protesto, que direcionaram a “artilharia” de sua arte com sentido preciso e conhecimento de causa, o cara resolveu adotar outra estratégia. O cara não só, os caras, pois ele e o Grupo Capote (criado pelo dito cujo) empunharam a bandeira e eletrificaram o forró, deram um talento pop rock nele, ampliando seu alcance para além dos bailões risca-faca, dos puteiros de praxe, dos lugares da deliciante práxis mundana – calma lá esquerda a(r)mada –, de sua área firmeza, mas confinada – o Nordestão e filiais. Foram eles que o apresentaram a boa parte do respeitável público brasuca – ou ao diverso pessoal das arquibancadas menos comportadas daqui ou de alhures (só para contrariar os preconceitos tão em voga nos 2000 e alguns, de classe, gênero e cor). Odair Cabeça de Poeta (o cara) – baiano tornado músico profissional em São Paulo – e sua trupe (Capote) driblaram a vigília e o ceticismo dos “doutores” e fizeram com que o ritmo brasileiríssimo – o forró, caramba! – fosse para as altas esferas da “academia popular” sem passar pelo vestibular altamente especializado – a piada pronta, os forrozeiros universitários e críticos que me perdoem, dialoga com a boa repercussão comercial e o título do álbum cuja existência me cabe comentar. Sim, O forró vai ser doutor (CID/1975) não é mais um disco que se deixou datar pela circunstância
ou dependeu do crivo analítico para acontecer. Seu repertório, além do devir e das “profecias” embutidas, depois de décadas, não perdeu viço e beleza – e passa distante da simplificação. Se muitos dançam para não dançar (valeu, Rita Lee!) ou se esbaldam balançando as cadeiras – ou melhor, as ancas abundantes deste país de roliças figuras –, um tanto devem à ousadia rítmica desse álbum e das sinapses e volúpias que sua sonoridade e letras provocam.. Se o prólogo complicou pelo estilo, vou tentar ser o mais direto possível: envelhecer fez muito bem ao conjunto de canções de O forró... Se em “Sertão de Nova York”, vocais e frases marcantes de acordeom – do incomparável Oswaldinho – dão a deixa para a poesia plasmar o exílio da rejeição amorosa: “Com o espinho que você me machucou/ escrevi com tristeza e com saudade/ o teu nome no tronco da jaqueira”; na música que dá título ao LP, que sequer chegou à era digital, na introdução, o discurso panfletário e afirmativo não é sem razão – à época, a produção norte-americana, digamos, de repertório médio dominava o dial –, porém é o timbre pé-de-serra que comanda a rima eventual e a transação: “O que o forró precisa é estudar na academia, é comer muita banana, senhoras e senhores, pra poder tapar a boca da música americana”; em “Luar de iô iô”, vocabulário antigo é usado para criticar a artificialidade – a lírica da seresta democraticamente pede: “Me devolva o luar de iaiá, de ioiô”; duas versões de clássicos do cancioneiro nacional comparecem com nova pulsação, “Estrada de Canindé”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e “Filomena e Fedegoso”, de Jackson do Pandeiro e Elias Soares, ambas com alguma crítica social e reverência à vida simples; em “Solada”, é a vez da música instrumental no estilo que Odair forjou: o forrock.
Também as demais canções do repertório merecem nota, mas “A dor é curta e o nome cumprido” – com Tom Zé, uma das cinco parcerias inclusas –, além de aproximar o groove e a tradição, extrapolou os limites territoriais e fez o percurso inesperado, cumprindo a “profecia”, indo parar (no “sertão” de Nova York e), quem diria, no CD Art Official Intelligence (2000), do De La Soul. O trio ianque de rap, que usa e abusa do humor e do duplo sentido como Odair, incluiu um sample dessa gravação em “The Art of Getting Jumped”. Menos conhecido que Tom Zé – que teve a colaboração dele e do Grupo Capote nos discos Se o caso é chorar e Todos os olhos e shows que definiram sua sonoridade ainda nos anos 70 –, Raul Seixas e outros mestres irreverentes e inovadores, Odair foi longe ao divulgar os ritmos nordestinos fora do circuito regional. Agora, contraditoriamente, ele merece ser de novo ouvido e valorizado pelos conterrâneos e contemporâneos tupiniquins. Cabeça de Poeta, você é sempre muito bem-vindo!
Fabio Giorgio Escritor, autor de Na BOCA do BODE – Entidades Musicais em Trânsito, e produtor audiovisual, dirigiu Beleléu Cá Entre Nós – Itamar Assumpção antes do Nego Dito. Nasceu e vive em São Paulo.
repertório* O forró vai ser doutor (1975) 1. Sertão de Nova York (Odair Cabeça de Poeta / Tom Zé) 2. O forró vai ser doutor (Odair Cabeça de Poeta / Tom Zé) 3. Luar de Iô Iô (Odair Cabeça de Poeta / Tom Zé) 4. Estrada de Canindé (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira) 5. Solada (Odair Cabeça de Poeta) 6. Loucura amor (Odair Cabeça de Poeta) 7. Filomena e Fedegôso (Jackson do Pandeiro / Elias Soares) 8. Seu Nepomuceno (Odair Cabeça de Poeta) 9. Você inventa (Tom Zé / Odair Cabeça de Poeta) 10. Placar diferente (Odair Cabeça de Poeta) 11. A dor é curta e o nome cumprido (Tom Zé / Odair Cabeça de Poeta) 12. Os pingos da chuva (Oswaldinho / Odair Cabeça de Poeta) * a apresentação das músicas não será necessariamente nessa ordem
ficha técnica Odair Cabeça de Poeta voz, guitarra e percussão Marina Cortopassi vocal e percussão Carneiro Sândalo bateria e percussão Tonho Penhasco violão e guitarra Caio Góes baixo Marco Scolari acordeom e teclado
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O forró vai ser doutor (1975) 1 • Sertão de Nova York (Odair Cabeça de Poeta / Tom Zé) 2 • O forró vai ser doutor (Odair Cabeça de Poeta / Tom Zé) 3 • Luar de Iô Iô (Odair Cabeça de Poeta / Tom Zé) 4 • Estrada de Canindé (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira) 5 • Solada (Odair Cabeça de Poeta) 6 • Loucura amor (Odair Cabeça de Poeta) 7 • Filomena e Fedegôso (Jackson do Pandeiro / Elias Soares) 8 • Seu Nepomuceno (Odair Cabeça de Poeta) 9 • Você inventa (Tom Zé / Odair Cabeça de Poeta) 10 • Placar diferente (Odair Cabeça de Poeta) 11 • A dor é curta e o nome cumprido (Tom Zé / Odair Cabeça de Poeta) 12 • Os pingos da chuva (Oswaldinho / Odair Cabeça de Poeta)
*sujeito a alterações a apresentação das músicas não será necessariamente nessa ordem
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